111
1 UMA PROPOSTA PARA EXPANSˆO SEM´NTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOM˝NIO ESPEC˝FICO

UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Dissertação apresentada como pré-requisito para conclusão do Mestrado Profissional em Engenharia de Software do CESAR.EDU.A área de RI trata essencialmente de indexação, busca e classificação de documentos, normalmente textuais, com o objetivo de satisfazer necessidades de informação de seus usuários, expressas através de consultas. No entanto, encontrar a informação relevante não é uma tarefa trivial. Isso porque a consulta, em nosso contexto, é formulada utilizando um conjunto de palavras- chave. Tendo esse cenário, esta proposta pretende auxiliar o usuário na formulação de suas consultas através da aplicação de técnicas de expansão semântica de termos, utilizando ontologias como conteúdo estruturado de um domínio específico. Para validação da proposta, foi realizado um estudo de caso voltado para a área da ciência da computação. Sendo assim, foi utilizada uma coleção de referência como base, composta por artigos publicados em conferências da área, além de uma ontologia pública de domínio, onde foi avaliado o mecanismo de expansão de consulta acoplado a um sistema de Recuperação de Informação. Os resultados indicam que a combinação do conteúdo de uma consulta e a informação proveniente da ontologia de domínio possibilita ganhos na ordem de 13,18% no desempenho geral do sistema.

Citation preview

Page 1: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

1

UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE

CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE

DOMÍNIO ESPECÍFICO

id2901500 pdfMachine by Broadgun Software - a great PDF writer! - a great PDF creator! - http://www.pdfmachine.com http://www.broadgun.com

Page 2: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

2

C.E.S.A.R

Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife

Dissertação de Mestrado

UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE

CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE

DOMÍNIO ESPECÍFICO

Átila Andrade Bittencourt Paula

Simone Santos

Orientadora

Vinicius Garcia

Co-Orientador

Mestrado Profissional em Engenharia de Software

Março, 2010

Page 3: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

3

Agradecimentos

A minha orientadora, professora Simone Santos, e meu co-orientador, Vinicius

Garcia, pela disponibilidade e contribuições de opinião e decisão.

Aos colegas do C.E.S.A.R. pelo compartilhamento de conhecimento e pela

contribuição durante a preparação e desenvolvimento deste estudo.

Aos meus pais, Eronides França e Semadar Bittencourt, pelo exemplo de vida,

sempre me apoiando e ensinando a lutar pela minha carreira acadêmica e

profissional.

Aos meus amigos e familiares que sempre torceram pelo meu sucesso.

A minha namorada Rafaella e sua avó (dona Teresinha) por ter paciência e me

incentivar nos momentos difíceis.

Page 4: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

4

Sumário

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................................11

1.1 DESCRIÇÃO DO PROBLEMA ...........................................................................................................13 1.2 PRINCIPAIS ENGENHOS DE BUSCA ................................................................................................15 1.3 VISÃO GERAL DA SOLUÇÃO PROPOSTA ........................................................................................16 1.4 OBJETIVOS DO TRABALHO ............................................................................................................16

1.4.1 Objetivo Geral .........................................................................................................................16 1.4.2 Objetivos Específicos ...............................................................................................................16

1.5 DELIMITAÇÕES DA PESQUISA ........................................................................................................17 1.6 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO......................................................................................................18

2. RECUPERAÇÃO DE INFORMAÇÃO............................................................................................20

2.1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .........................................................................................................20 2.2 CONCEITOS BÁSICOS EM RI ..........................................................................................................22

2.2.1 Indexação ................................................................................................................................22 2.2.2 Recuperação e Consulta ..........................................................................................................23 2.2.3 Avaliação do desempenho de pesquisa ....................................................................................25

2.3 RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO X RECUPERAÇÃO DE DADOS .....................................................29 2.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................................................30

3. ONTOLOGIA .....................................................................................................................................31

3.1 DEFINIÇÃO ....................................................................................................................................31 3.1.1 Ontologias e Tesauros .............................................................................................................33 3.1.2 Classificação (Tipos) ...............................................................................................................34

3.2 CARACTERÍSTICAS E ESTRUTURA .................................................................................................36 3.3 APLICAÇÃO EM RI ........................................................................................................................39 3.4 ANOTAÇÃO SEMÂNTICA ...............................................................................................................41 3.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................................................42

4. EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS UTILIZANDO ONTOLOGIA ...........................43

4.1 PROCESSO DE CONSULTA ..............................................................................................................43 4.2 EXPANSÃO DE CONSULTA .............................................................................................................45 4.3 TRABALHOS RELACIONADOS ........................................................................................................48

4.3.1 FoQuE .....................................................................................................................................48 4.3.2 PICSEL ....................................................................................................................................49 4.3.3 Experimento de Voorhees ........................................................................................................50 4.3.4 Ontologies Manager Framework (OMF) ................................................................................50

4.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................................................51

5. PROPOSTA E PROTÓTIPO: PROCESSO DE EXPANSÃO UTILIZANDO ONTOLOGIA...53

5.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PROPOSTA .............................................................................................54 5.2 ESPECIFICAÇÃO DO PROCESSO PROPOSTO ....................................................................................54 5.3 ETAPA DE INFERÊNCIA E BUSCA NA ONTOLOGIA ..........................................................................59 5.4 PROTÓTIPO QUESO ......................................................................................................................65

5.4.1 Funcionamento ........................................................................................................................65 5.4.2 Tecnologias utilizadas .............................................................................................................68 5.4.3 Modelo Funcional do Protótipo ..............................................................................................70

5.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................................................72

6. EXPERIMENTO: UM ESTUDO DE CASO ...................................................................................73

Page 5: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

5

6.1 DEFINIÇÃO DO ESTUDO ................................................................................................................73 6.2 FRAMEWORK DE AVALIAÇÃO .......................................................................................................75 6.3 PREPARAÇÃO PARA O EXPERIMENTO ............................................................................................78 6.4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS ............................................................................80

6.4.1 Hipótese utilizando precisão geral ..........................................................................................81 6.4.2 Hipótese utilizando medida-F ..................................................................................................83

6.5 PONTOS DE MELHORIA ..................................................................................................................88 6.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................................................90

7. CONCLUSÕES ...................................................................................................................................92

7.1 OBJETIVOS ALCANÇADOS .............................................................................................................94 7.2 TRABALHOS FUTUROS ..................................................................................................................95

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................................97

APÊNDICES ..............................................................................................................................................102

APÊNDICE A - EXEMPLO DE CONCEITOS E RELACIONAMENTOS DA ONTOLOGIA UTILIZADA. ...................103 APÊNDICE B - EXEMPLO DE CONSULTAS APLICADAS E SUAS EXPANSÕES ................................................108

Page 6: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

6

Lista de Figuras

Figura 2.1 � Processo de Recuperação (Google) ................................................. 23

Figura 2.2 � Fórmulas dos indicadores de revocação e precisão........................ 24

Figura 2.3 � Processo de avaliação de um SRI (CARDOSO, 1996) ...................... 25

Figura 2.4 � Métrica medida-F............................................................................. 26

Figura 3.1 � Representação gráfica de uma ontologia ....................................... 36

Figura 4.1 � Funcionamento padrão de um SRI.................................................. 42

Figura 4.2 � Classificação para expansão de consultas (EFTHIMIADIS, 1996) ... 46

Figura 5.1 � Hierarquia de conceitos em uma ontologia.................................... 55

Figura 5.2 � Processo de expansão de consulta ................................................. 56

Figura 5.3 � Trecho da ontologia (relacionamento de hierarquia) .................. 59

Figura 5.4 � Trecho da ontologia (relacionamento de restrição) ...................... 60

Figura 5.5 � Trecho da ontologia (instâncias) .................................................... 61

Figura 5.6 � Exemplo de estrutura de uma classe ............................................. 64

Figura 5.7 � Protótipo: Tela Principal................................................................. 65

Figura 5.8 � Modelo Funcional do QuESO........................................................... 68

Figura 6.1 � Precisão geral por tipo de consulta................................................ 80

Figura 6.2 � Medida de precisão e revocação por tipo de consulta................... 82

Figura 6.3 � Medida-F nas consultas simples e expandidas................................ 84

Figura A.1 � Representação gráfica ontologia utilizada................................... 101

Figura A.2 � Trecho da ontologia utilizada....................................................... 102

Page 7: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

7

Lista de Tabelas

Tabela 3.1 � Classificação ontológica - adaptado de Almeida e Bax (2003)..... 34

Tabela 6.1 � Perfil dos Participantes................................................................. 78

Tabela 6.2 � Precisão Geral: Exemplo de uma consulta e sua expansão......... 80

Tabela 6.3 � Precisão Geral: Descrição Estatística........................................... 81

Tabela 6.4 � Precisão e Revocação para as duas abordagens........................... 82

Tabela 6.5 � Medida-F: Descrição Estatística.................................................... 85

Tabela B.1 � Consultas simples e medidas obtidas no experimento................ 104

Tabela B.2 � Consultas expandidas e medidas obtidas no experimento......... 107

Page 8: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

8

Glossário

GQM Goal Question Metric

IA Inteligência Artificial

NI Necessidade de Informação

OWL Web Ontology Language

RI Recuperação de Informação

SADT Structured Analysis and Design Technique

SMART System for the Mechanical Analysis and Retrieval of Text

SQL Structured Query Language

SRI Sistema de Recuperação de Informação

TREC Text REtrieval Conference

URI Uniform Resource Identifier

W3C World Wide Web Consortium

WEB World Wide Web

Page 9: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

9

RESUMO

A área de Recuperação de Informação trata essencialmente de indexação,

busca e classificação de documentos, normalmente textuais, com o objetivo de

satisfazer necessidades de informação de seus usuários, expressas através de

consultas. No entanto, encontrar a informação relevante não é uma tarefa

trivial. Isso porque a consulta, em nosso contexto, é formulada utilizando um

conjunto de palavras-chave. Tendo esse cenário, esta proposta pretende

auxiliar o usuário na formulação de suas consultas através da aplicação de

técnicas de expansão semântica de termos, utilizando ontologias como

conteúdo estruturado de um domínio específico. Para validação da proposta,

foi realizado um estudo de caso voltado para a área da ciência da computação.

Sendo assim, foi utilizada uma coleção de referência como base, composta por

artigos publicados em conferências da área, além de uma ontologia de domínio

público, onde foi avaliado o mecanismo de expansão de consulta acoplado a um

sistema de Recuperação de Informação. Os resultados indicam que a

combinação do conteúdo de uma consulta e a informação proveniente da

ontologia de domínio possibilita ganhos no desempenho geral de um sistema de

recuperação de informação.

Palavras-chave: expansão de consultas, recuperação de informação, ontologia,

seleção de termos.

Page 10: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

10

ABSTRACT

The information retrieval is an area based essentially on indexing, searching

and sorting documents, usually textual. Ones the main goal of this area is to

find useful information in a large number of documents. However, this is not a

trivial task. The query in this context is formulated using a set of keywords. In

this scenario, this study aims to help users create queries by the application of

techniques of semantic expansion of terms using ontologies from a specific

domain as structured content. Own proposal was validated through a case study

focused on the area of computer science. A reference collection which consists

of papers published in conferences and a public domain ontology were used as

a benchmark for this analyze. The query expansion engine was added to a

system of information retrieval to evaluate its performance. As a result, the

combination of the content of a query with the information from domain

ontology provided an improvement on the system performance.

Keywords: query expansion, information retrieval, ontology, term selection.

Page 11: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

11

1. Introdução

Hoje, recuperar informações armazenadas é uma necessidade para pessoas de

todas as áreas e com os mais variados interesses, como acessar o histórico do

seu correio eletrônico ou buscar conteúdo relacionado à sua atividade

profissional. Com o advento da WEB 2.0, os sites colaborativos e as redes

sociais promovem a interatividade e assim tanto facilitam o acesso quanto à

publicação de conteúdo cada vez mais heterogêneo. Além disso, vemos hoje

um crescente número de bibliotecas digitais sendo disponibilizadas. Por isso, a

quantidade de informação disponível para os internautas tem aumentado a

cada dia.

Esse crescimento, de certa forma não controlado, gerou um enorme problema

quando se procura recuperar informações contidas na rede. Além do mais,

apesar de vários serviços da WEB 2.0 possuir mecanismos de classificação da

informação através da utilização de tags, normalmente as bases de informações

não realizam a categorização das informações no momento de armazená-las.

Com este cenário, percebemos que se tornou humanamente impossível

recuperar manualmente a informação desejada.

Um fator importante que aumenta a complexidade da atividade de recuperar

informações é o fato dos usuários não conhecerem a forma como as

informações são estruturadas e representadas nos repositórios de busca em que

estão acessando (PRINCE and ROCHE, 2009). No entanto, mesmo quando o

utilizador do sistema possui conhecimento sobre um determinado domínio, as

informações armazenadas podem não corresponder à forma como as

informações estão representadas. Logo, uma grande quantidade de informação

desestruturada e sem classificação motivou o surgimento de ferramentas e

Page 12: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

12

recursos desenvolvidos e estudados pela área denominada de Recuperação de

Informação (RI).

Normalmente o usuário formula uma primeira consulta e verifica se o resultado

atende à sua necessidade. Na maioria das vezes é preciso analisar uma grande

quantidade de documentos retornados como resultado de sua consulta. Em

outro cenário, o usuário restringe tanto sua consulta que não consegue obter a

informação que precisa. Por isso, formulação de consultas com poucos termos e

a escolha errônea dos mesmos são dificuldades freqüentemente encontradas na

utilização de ferramentas de busca (YATES and NETO, 1999).

Como normalmente não é possível formular consultas objetivas em sua primeira

tentativa, o usuário precisa refazê-las até encontrar o conteúdo de seu

interesse. Essa reformulação de termos pode ser frustrante pela quantidade de

tentativas necessárias para obter a informação desejada (ALLAN et al., 2005;

LUCRÉDIO et al., 2004). Nesse contexto, a expansão de consultas se propõe a

manipular os termos da consulta inicial para torná-la mais eficaz, seja

diminuindo a quantidade de informações irrelevantes, seja influenciando no

processo de consulta para que resultados relevantes não sejam desprezados

(TOMONARI et al., 2005).

Para realização do nosso estudo levantou-se como questão central �como um

usuário pode se beneficiar com a expansão de consultas aplicadas a uma base

específica de domínio?�. No intuito de tentarmos solucionar o problema que

limita a tradução da necessidade do usuário em um conjunto de termos

isolados, a nossa proposta é utilizar ontologias como mecanismo para

relacionar semanticamente conceitos de um mesmo domínio para adicionar

contexto e sugerir termos durante o processo de formulação de consulta.

Alguns sistemas de expansão de consultas discutidos na academia têm utilizado

ontologia como fonte de informação semântica (BARROS et al., 1998; BIDAULT

et al., 2000; NECIB and FREYTAG, 2004; YAGUINUMA et al., 2007; BARTH and

Page 13: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

13

TIMOSZCZUNK, 2008). Neste âmbito, a ontologia tem sido utilizada para lidar

com problemas de conflitos semânticos, como por exemplo, termos

polissêmicos (termo com vários sentidos dependendo do contexto). Contudo,

este trabalho se restringe ao uso de ontologias de domínio específico para

sugestão de termos durante a formulação de uma consulta.

1.1 Descrição do Problema

A área de RI tem progredido consideravelmente nos últimos anos (BEPPLER,

2008). Porém, alguns problemas persistem e refletem diretamente na

experiência de uso dos sistemas de recuperação de informação (SRIs). No

âmbito do nosso estudo, os usuários dos sistemas de busca utilizam linguagem

natural para se expressar, dando espaço para ambigüidade no entendimento da

necessidade. Além disso, pesquisas indicam que normalmente consultas

realizadas pelos usuários contêm em média apenas dois termos (YATES and

NETO, 1999). Isso ocorre porque, normalmente, o próprio usuário não tem uma

visão completa do problema a ser resolvido, não conseguindo definir

claramente sua necessidade de informação (SILVEIRA, 2003). No entanto, a

falta de clareza e objetividade de uma consulta construída dessa forma

contribui para aumentar a quantidade de documentos não relevantes

retornados por consulta.

As bases que serão analisadas para este estudo são acessadas através de

consultas baseadas em palavras-chave. Entretanto, essa abordagem apresenta

diversos problemas de ambigüidade na definição da relevância dos documentos

recuperados a partir de uma consulta realizada (HSIEH-YEE, 1997; YATES and

NETO, 1999; ZOBEL and MOFFAT, 2006). Como normalmente as consultas são

analisadas apenas sintaticamente1, os engenhos de busca não permitem a

recuperação de documentos que contém termos semanticamente relacionados.

1 A sintática investiga como algo é escrito assim como as funções básicas de uma linguagem como: sujeito

e predicado; enquanto a semântica refere-se ao estudo do significado, buscando todos os sentidos de um termo.

Page 14: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

14

O autor Soergel (1989) classifica alguns desses problemas por atividade de

busca. Para ele, um sistema de recuperação desempenha três atividades

básicas:

a) determinar qual a necessidade de informação;

b) buscar informações; e

c) utilizar a informação recuperada.

O problema inicial, segundo ele, é auxiliar o usuário a analisar o problema,

determinar as necessidades de informação (NI) e formular uma consulta

contendo apenas palavras-chave. Esse problema ocorre porque existe uma

distância entre a necessidade do usuário e o entendimento computacional de

uma consulta, conhecido como gap semântico ou ainda �Semantic Conceptual

Gap� (YE and FISCHER, 2002; LUCRÉDIO et al., 2004; GARCIA et al. apud

HENNINGER, 2006). Logo, quando uma consulta referente a um contexto é

formulada utilizando uma linguagem poderosa como a linguagem natural, esta

não é propriamente traduzida em uma representação formal (DURÃO, 2008). A

grande questão é que a semântica de uma consulta está diretamente ligada ao

contexto que ela está sendo aplicada.

Normalmente, a composição de termos para formar uma expressão de busca

não consegue representar de forma clara a informação desejada. Isso acontece

porque o usuário precisa primeiramente realizar uma atividade não trivial:

traduzir sua necessidade para um conjunto de termos ou palavras-chave

(FRAKES and YATES, 1992; YATES and NETO, 1999; GAMMA, 2005). Essa consulta

é comumente denominada de query. Portanto, o objetivo principal para um SRI

é recuperar qualquer tipo de informação que seja útil ou relevante para o

usuário, por meio de uma query fornecida.

Levando esses problemas em consideração, este trabalho pretende mitigá-los

oferecendo o mínimo de contexto e auxiliando o usuário durante a formulação

Page 15: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

15

de uma consulta através da recomendação de termos baseado em informações

providas por uma ontologia de domínio.

1.2 Principais Engenhos de Busca

Alguns estudos comparam, com os mais diversos parâmetros e variáveis, o

desempenho geral dos principais mecanismos de busca comercialmente

disponibilizados na Internet (RIECKEN, 2008). Por trás de uma infinidade de

algoritmos que em geral possuem o mesmo objetivo principal, recuperar

apenas documentos relevantes, existe um interesse comercial que pode desviar

ou distorcer qualquer avaliação realizada.

Normalmente é difícil avaliar e comparar esses engenhos de busca (como

Google2, Yahoo!

3, Bing

4) por eles atuarem em um ambiente não controlado,

diferentemente das bases específicas de domínio ou bibliotecas digitais. Por

isso, segundo Griffiths e Brophy (2005) não é adequado aplicar o modelo

tradicional de avaliação, mensurando medidas de revocação e precisão, para

analisar o desempenho desses SRIs. Para um melhor entendimento, estas

medidas serão detalhadas na Seção 2.2.3. Outra característica relevante do

ambiente em que estes motores de busca atuam é que a web é essencialmente

dinâmica, ou seja, tem o seu conteúdo freqüentemente atualizado.

Entretanto, é importante destacar que o cenário em que esses SRIs atuam é

bastante diferente do pretendido para este estudo, normalmente em um

domínio irrestrito. Com isso, as estratégias de RI aqui utilizadas e avaliadas não

têm intenção de serem aplicadas no ambiente descrito anteriormente, apesar

de possivelmente serem úteis para melhorar seus resultados.

2 Google: www.google.com 3 Yahoo!: www.yahoo.com 4 Bing: www.bing.com

Page 16: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

16

1.3 Visão Geral da Solução Proposta

A solução proposta consiste em módulo de expansão de consulta que pode ser

acoplado a um SRI com o intuito de auxiliar o usuário a satisfazer sua

necessidade de informação com mais eficácia. Embora o processo de busca

envolva um ciclo completo de tratamento das informações contidas no texto

como definição lógica dos documentos (índice), formulação da consulta,

execução da pesquisa e, finalmente, ordenação por relevância dos documentos

recuperados, a solução proposta pretende avaliar apenas a fase de formulação

de consulta. No entanto, os benefícios obtidos com o enriquecimento dessa

fase podem ser refletidos no processo de busca como um todo.

1.4 Objetivos do Trabalho

Nesta seção será abordado o objetivo geral e específico utilizados como

direcionamento para o trabalho.

1.4.1 Objetivo Geral

Este trabalho tem como principal objetivo investigar a utilização de ontologias

de domínio específico quando aplicadas para fornecer subsídio aos mecanismos

de expansão de consultas baseadas em palavra-chave.

1.4.2 Objetivos Específicos

Para atingir o objetivo geral, alguns objetivos específicos são requeridos:

a) Através da investigação do estado da arte em RI, utilizar conceitos

discutidos na academia para verificar como os recursos providos por uma

ontologia de domínio podem orientar pesquisas e localizar informações

relevantes com mais eficácia;

b) Caracterizar o problema para formulação de consultas utilizando apenas

palavras-chave através de trabalhos relacionados e propostas que

Page 17: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

17

abordam a utilização de técnicas de expansão de consultas para mitigá-

lo;

c) Construir um protótipo que viabilize a interação direta com o

conhecimento especificado em uma ontologia para sugerir termos que

podem ser selecionados para ajudar na objetividade da pesquisa. Através

desse protótipo será possível desenvolver um estudo de caso capaz de

validar a efetividade da proposta;

d) Avaliar o desempenho da abordagem proposta através da definição e

realização de um experimento baseado em estudo de caso. Dados

estatísticos e percentuais devem ser coletados para fundamentar e

discutir os resultados do experimento de forma conclusiva.

1.5 Delimitações da pesquisa

Para este trabalho será considerado fora do escopo da investigação:

a) Indexação e recuperação. Para este estudo foi utilizado um engenho de

busca de código aberto baseado no Lucene5. Por isso, está fora do

escopo desta pesquisa investigar qualquer parâmetro de eficiência ou

eficácia referente ao mecanismo de indexação e recuperação realizado

pelo framework;

b) Impacto em outras áreas do processo de RI. Nossa proposta está

preocupada com a fase de formulação da consulta no processo de busca.

Assim, estamos interessados em como esta fase pode ser melhorada

através da solução proposta. Logo, está fora do âmbito da nossa análise

verificar o seu impacto ou melhoria em outras fases do processo; e

c) Criação de ontologia. Fazemos uso de uma ontologia de domínio como

um dos principais componentes da proposta. Entretanto, cabe ressaltar

que este trabalho não está focado em métodos ou técnicas para a

construção de ontologias. Algumas discussões envolvendo este assunto

podem ser encontradas no trabalho de López et al. (1999).

5 Lucene: framework Java para indexação e pesquisa de documentos. http://lucene.apache.org/

Page 18: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

18

1.6 Estrutura da Dissertação

Além desta introdução, este documento está organizado em mais seis capítulos:

a) O Capítulo 2, Recuperação de Informação, descreve em linhas gerais

alguns conceitos básicos relacionados a essa área, assim como a

estrutura geral e as principais atividades necessárias para compor um

SRI. Além disso, nesse capítulo serão descritos alguns mecanismos para

avaliar o desempenho de recuperação;

b) No Capítulo 3 são apresentados os principais conceitos relacionados a

ontologias, incluindo conceitos básicos, elementos estruturais,

classificação e as suas possíveis aplicações na área de RI;

c) No Capítulo 4 descrevemos alguns problemas encontrados em soluções

de RI convencionais e como os mesmos podem ser mitigados utilizando

expansão de consultas. Foram abordadas as características e o

funcionamento da expansão semântica de consultas baseada em

ontologias, sendo apresentados alguns trabalhos relevantes existentes na

literatura;

d) No Capítulo 5 especificamos o modelo de expansão de consulta proposto

enfatizando o comportamento do mecanismo de inferência aplicado a

ontologia de domínio. Na seqüência documentamos o protótipo QuESO,

onde foram descritos seus módulos e o modelo funcional;

e) O Capítulo 6 apresenta o estudo de caso detalhando como ele foi

concebido e executado. Além disso, através da análise dos resultados

obtidos com o experimento foi possível avaliar os resultados alcançados

com a aplicação da proposta; e

f) Por último, no Capítulo 6 descrevemos as contribuições obtidas com a

utilização da proposta, a relevância do trabalho e sugestões para

trabalhos futuros.

Page 19: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

19

Page 20: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

20

2. Recuperação de Informação

Neste capítulo fizemos uma pesquisa bibliográfica e documental para

contextualizar a solução proposta dentro da área de RI como um todo. Para

isso, a Seção 2.1 investiga de forma analítica o estado da arte dessa área de

conhecimento. Na Seção 2.2 analisamos alguns dos conceitos básicos e

introduzimos alguns conceitos utilizados para avaliar sistemas de RI. A Seção

2.3 faz uma comparação distinguindo a área de recuperação de informação e a

recuperação de dados. E por último, uma breve conclusão do que foi discutido

neste capítulo.

2.1 Fundamentação Teórica

Como em qualquer outro tipo de sistema, normalmente usuários de sistemas de

busca preferem não perder muito tempo para localizar a informação de que

necessitam (BEPPLER, 2008). Com isso, ao verificar a complexidade para

manipular informações, foram definidos alguns mecanismos para estruturar as

informações de forma que fosse possível acessá-las de forma suficientemente

rápida e com qualidade. Esses mecanismos são estudados e discutidos por uma

disciplina definida como recuperação de informação. Essa disciplina trata da

representação, armazenamento, organização e acesso as informações (YATES

and NETO, 1999).

Estimar ou definir a relevância de cada documento em relação à consulta de

um usuário é a tarefa base dos sistemas de RI. Essa estimativa é feita

associando-se uma importância a cada documento da resposta, usualmente

referido como o rank do documento (SILVEIRA, 2003). Este rank é o que

possibilita a ordenação dos documentos por similaridade com relação à

consulta. Diferentes algoritmos de ordenação são utilizados em sistemas de RI,

Page 21: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

21

como os baseados em álgebra booleana, modelagem probabilística e em

representações vetoriais (SILVEIRA, 2003). Maiores informações sobre o

funcionamento desses algoritmos podem ser encontradas em Yates e Neto

(1999).

O mecanismo mais importante para auxiliar o processo de recuperação de

informações é denominado de índice. Índice é definido como uma coleção de

termos que indicam o local onde a informação desejada pode ser facilmente

localizada (FRAKES and YATES, 1992). Porém, utilizar apenas a técnica de

busca por palavra-chave para acesso ao índice, como acontece na maioria das

soluções de busca convencionais na web, normalmente compromete a

eficiência da busca (CROFT, 1993). Isso ocorre pela dificuldade em organizar e

co-relacionar semanticamente, e não apenas sintaticamente, os termos de

forma a facilitar sua recuperação. Como as palavras em um índice são tratadas

de forma isolada, é fácil perceber que o contexto em que uma determinada

palavra se encontra no texto é completamente perdido (YATES and NETO,

1999). Com o intuito de enfatizar a importância e complexidade da utilização

de uma estrutura de índice, na Seção 2.3 descrevemos a diferença chave entre

sistemas para recuperação de informação e sistemas de recuperação de dados.

Além disso, a Seção 2.2.1 apresenta um processo genérico de indexação com o

objetivo de exemplificar como essa estrutura é criada.

As técnicas utilizadas para recuperação da informação na web como um todo

normalmente não são eficazes, pois realizam busca em informações não

estruturadas (NUNES and FILETO, 2005). A eficácia de um mecanismo de busca

normalmente é medida pela quantidade de documentos relevantes retornados

nos primeiros resultados (YATES and NETO, 1999). Com o surgimento do

conceito de web semântica, onde cada palavra utilizada na internet possui um

significado associado a ela, é possível que o conteúdo seja processado, ou

ainda, �entendido pelos computadores�. A importância desse conceito está em

possibilitar a recuperação da informação na web utilizando conteúdo

Page 22: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

22

semanticamente relacionado (CANTELE and FEREIRA, 2008). Porém, é preciso

que se tenham fontes comuns de informações, sendo um vocabulário de dados

organizado para cada domínio de aplicação. Por isso, surge a necessidade de

compreender o conceito de ontologias. Na web semântica, o significado e o

relacionamento das palavras de um determinado domínio são principalmente

obtidos através do uso deste conceito.

2.2 Conceitos Básicos em RI

Alguns dos conceitos utilizados para este estudo serão abordados nas seções a

seguir. O entendimento destes conceitos será útil para a compreensão da

proposta.

2.2.1 Indexação

O índice é uma lista de termos que apontam para uma segunda lista de

documentos correspondentes. Esse é considerado o componente mais

importante na arquitetura de um SRI (YATES and NETO, 1999). Diferentes

estruturas de índices podem ser criadas, mas a estrutura de índice invertido

(inverted file) é a mais popular. Podemos dizer que um índice invertido é uma

lista ordenada de palavras-chave, onde cada palavra tem uma lista de

apontadores para os documentos que contêm essa palavra em seu conteúdo

(ZOBEL and MOFFAT, 2006). Para Yates e Neto (1999) essa lista de palavras-

chave representa uma visão lógica dos documentos que será manipulado pelos

engenhos de busca.

Para que essa estrutura seja criada, o processo de indexação consiste na

criação de estruturas de dados associadas aos termos contidos nos documentos,

com o objetivo de acelerar seu processo de recuperação. Normalmente existe

um pré-processamento aplicado aos termos que compõem um índice, onde são

extraídos os termos que irão compor os índices de um determinado documento

da coleção. Como um conjunto de termos indexados representará um

Page 23: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

23

documento, uma preocupação está em não indexar palavras que não tragam

representação semântica ao documento. Algumas operações são executadas no

pré-processamento, tais como eliminação de stopwords e stemming.

A primeira operação trata de filtrar as palavras que aparecem com muita

freqüência ou são consideradas irrelevantes para identificação de documentos.

Artigos, preposições e conjunções são candidatos naturais à lista de stopwords,

não sendo necessário indexá-los. Como essa operação é capaz de comprimir o

tamanho do índice em 40% ou mais, é relevante incrementar esta lista e tratar

alguns verbos, advérbios e adjetivos como stopwords (YATES and NETO, 1999).

Assim como no processo de indexação, a eliminação de stopwords pode ser

utilizada no processo de pesquisa.

A operação de stemming analisa as características gramaticais das palavras,

como grau, gênero e número, a fim de encontrar sua forma primitiva. Para

isso, os algoritmos de stemming removem os sufixos e prefixos das palavras.

Além disso, pode ser analisado o tempo verbal do termo e quanto a sua forma

no gerúndio (YATES and NETO, 1999). Dessa forma, variações em uma palavra

de mesmo valor semântico são reduzidas a um radical comum. Assim como a

remoção de stopwords, a utilização de stems (radical comum) reduz o tamanho

do índice e melhoram o seu desempenho. Isso porque as variações de um

mesmo conceito são reduzidas a uma única entrada no índice. A Seção 4.1

descreve, de forma genérica, um processo completo de busca.

2.2.2 Recuperação e Consulta

Utilizando a estrutura descrita na seção anterior, é possível recuperar

informações com bastante eficiência. O processo comum de recuperação inicia

com a submissão de uma consulta. Em seguida, os termos que compõe essa

consulta serão comparados com a estrutura de índice. De forma simplificada,

Page 24: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

24

essa comparação apenas procura pelos documentos que utilizam os termos

especificados na consulta. Na Figura 2.1 temos a representação gráfica

utilizada pelo Google6 para descrever seu processo de consulta.

Figura 2.1 � Processo de Recuperação (Google Inc.).

Sob o ponto de vista da busca, no primeiro passo é executada a operação de

similaridade (matching) entre os termos da consulta e a estrutura de índice. No

segundo momento, além das atividades descritas na figura, é realizada a

operação de ordenação (scoring) dos documentos identificados como relevantes

6 Google Tecnologia: http://www.google.com/corporate/tech.html

Page 25: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

25

no passo 1. Por último, uma lista ordenada de documentos é exibida para o

usuário.

2.2.3 Avaliação do desempenho de pesquisa

Para avaliação da qualidade de um SRI, as medidas mais utilizadas são a

revocação (recall) e precisão (precision) (YATES and NETO, 1999). Estas

medidas são baseadas na condição de relevância para o usuário, de acordo com

a necessidade de informação em questão. A revocação mede a proporção de

documentos relevantes que foram recuperados avaliando a base como um todo.

Por outro lado, a precisão calcula a proporção de documentos relevantes

contidos no resultado da pesquisa.

Para obter o valor de revocação de uma consulta é preciso calcular a relação

entre a quantidade de itens relevantes retornados e a quantidade total de itens

relevantes contidos na coleção. Já a o valor de precisão é obtido através da

relação entre a quantidade de itens relevantes recuperados e a quantidade

total de itens recuperados. Logo, o ideal almejado por um SRI é reduzir a

quantidade de respostas irrelevantes, tendo assim uma alta precisão, e garantir

que resultados relevantes não sejam desconsiderados, garantindo assim uma

alta revocação. Na Figura 2.2 podemos visualizar a fórmula dos dois indicadores

citados, onde |RR| são os itens relevantes recuperados, |TR| é o total de itens

relevantes da coleção e |RE| é o resultado da pesquisa retornado pelo SRI.

Figura 2.2 � Fórmulas dos indicadores de revocação e precisão.

A avaliação de um SRI pode ser observada utilizando um gráfico com as médias

de precisão x revocação, como podemos verificar na Figura 2.3. Neste

exemplo, o sistema de avaliação compara o resultado do SRI a um conjunto

Page 26: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

26

ideal de resultados. Nesta comparação é possível calcular os indicadores de

precisão e revocação e assim gerar um gráfico relacionando as duas medidas.

Figura 2.3 � Processo de avaliação de um SRI (CARDOSO, 1996).

Contudo, a decisão de quais medidas a serem utilizadas em uma avaliação

depende da aplicação, havendo sempre discussões sobre a confiabilidade de

tais medidas. Por exemplo, para Yates e Neto (1999) o gráfico relacionando

precisão e revocação deve ser aplicado na avaliação de algoritmos de

ordenação (ranking). Algumas dessas medidas citadas nesta seção serão

utilizadas para avaliação do experimento aplicado a esta proposta, como

apresentado na Seção 6.2.

Page 27: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

27

2.2.3.1 Revocação Relativa

Devido ao tamanho e dinamismo das bases disponíveis para consulta é inviável

avaliar a qualidade de recuperação pela medida padrão de revocação. Para

obter a medida de revocação, como mencionado na seção anterior, em cada

consulta todos os documentos da coleção teriam de ser inspecionados por um

ser humano e marcado como relevantes ou irrelevantes. Como alternativa,

pode ser utilizado a revocação relativa (Gonçalves et al., 1998). Relativa

porque são valores calculados com base no número de documentos relevantes

de uma dada consulta, número esse gerado a partir de uma amostra de

documentos da coleção. Para a obtenção da revocação relativa é necessário

apenas elaborar um conjunto de consultas sobre um determinado tema e

considerar o resultado como sendo o todo. Todos os documentos relevantes

recuperados por este conjunto de consultas é considerado como "o conjunto de

documentos relevantes existentes na coleção". Dessa forma, apenas é

necessário consultar os documentos recuperados para o referido conjunto de

consultas, em vez de toda a coleção.

Para a avaliação desta proposta, pretendemos utilizar a medida de revocação

relativa para medir a abrangência da proposta.

2.2.3.2 Medida-F

Para Barros et al. (1998) a métrica mais conveniente para avaliar o

desempenho global de um SRI é a �Medida-F� ou média harmônica, dada por:

Figura 2.4 � Métrica medida-F.

Como podemos ver na Figura 2.4 esta métrica utiliza tanto a medida de

precisão quanto a de revocação. O objetivo desta métrica é se manter o mais

Page 28: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

28

próximo possível de (F = 1). Note que esta métrica apenas se aproxima de (F =

1) quando ambos, precisão e revocação, se mantêm alto. Para se obter uma

boa medida-F é preciso ter uma boa precisão assim como uma boa revocação

(GARCIA et al., 2006).

2.2.3.3 TREC (Text REtrieval Conference)

Conferência formada por um grupo de pesquisadores da área de RI que provê

várias coleções de dados homologadas por especialistas. O seu objetivo é

apoiar a investigação de novas técnicas sugeridas pela comunidade de

pesquisadores, fornecendo a infra-estrutura necessária para a avaliação em

larga escala de metodologias aplicadas a RI. O intuito desta conferência é

incentivar o desenvolvimento de pesquisas nessa área.

A maioria das coleções disponibilizadas pela TREC é composta por três partes:

a) o conjunto de documentos ou base de informações;

b) exemplos de consultas a serem aplicadas à base (chamado de tópicos

na nomenclatura do TREC); e

c) o conjunto de documentos relevantes para cada exemplo de

consulta. Usualmente este conjunto de documentos são os 100 mais

relevantes, de acordo com o julgamento de vários participantes

durante a definição da base.

Para o desenvolvimento deste trabalho optou-se pela construção de uma

coleção de referência em detrimento da utilização de uma coleção

disponibilizada pelo TREC. A decisão foi tomada porque essas bases possuem os

resultados classificados e contabilizados com base em uma consulta específica

e já previamente construída. No entanto, o intuito desta proposta é oferecer

subsidio para que o usuário possa, com auxilio de conhecimento semântico,

construir sua própria consulta. Segundo Yates e Neto (1999), bases como as

definidas pelo TREC, conhecida como bases de referência, são criadas,

Page 29: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

29

principalmente, para avaliar algoritmos de indexação e até mesmo algoritmos

de �rankeamento� (ordenação do resultado da consulta). Contudo, para o

experimento aplicado a este trabalho foi construído manualmente uma base de

documentos utilizando alguns critérios que serão discutidos na Seção 6.3.

2.3 Recuperação da Informação x Recuperação de dados

No contexto da RI, a recuperação de dados consiste principalmente em

determinar quais documentos de uma coleção contêm as palavras-chave que

aparecem na consulta. Por outro lado, os sistemas de recuperação de

informação devem retornar conteúdo que seja relevante para o usuário (YATES

and NETO, 1999). Por isso, os SRI têm como tarefa básica comparar consultas

de usuários com um conjunto de documentos armazenados em uma coleção,

sempre por ordem de relevância ao pedido de busca.

Entretanto, a recuperação de informação busca interpretar a necessidade de

um usuário que procura sobre um determinado assunto, enquanto a

recuperação de dados está focada em satisfazer as restrições de uma

especificação. Apesar dessa distinção, as duas abordagens têm como principal

objetivo prover aos usuários acesso facilitado ao conteúdo de seu interesse.

A recuperação de informação é mais fácil de ser entendida, pois trata da

recuperação de um assunto ou de um documento relacionado a uma consulta

fornecida, normalmente utilizando linguagem natural. Por outro lado, a

recuperação de dados se propõe a recuperar objetos que satisfaçam

claramente uma condição definida, tal como uma expressão regular ou uma

expressão algébrica (YATES and NETO, 1999). Neste último, um único objeto

errado encontrado em um conjunto de milhões de objetos retornados significa

uma falha completa da busca. Um objeto �errado� significa algo que não

satisfaça as condições de uma consulta. Já em sistemas de recuperação de

informação, pequenos erros são completamente aceitáveis. A eficácia desse

Page 30: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

30

tipo de abordagem pode ser dimensionada através da quantidade de

documentos relevantes em relação à quantidade total de documentos

retornados. Isso quer dizer que embora pequenos erros durante o processo de

recuperação sejam aceitáveis, a precisão dos resultados é algo fundamental.

Contudo, como este estudo está interessado em ajudar o usuário a traduzir seu

interesse em um conjunto de palavras-chave, utilizaremos conceitos

relacionados a RI.

2.4 Considerações Finais

Neste capítulo foi possível evidenciar que a área de RI se preocupa,

principalmente, com a organização da informação e mecanismos que facilitem

o processo de recuperar a informação requerida. Além da análise teórica da

área, utilizaremos os conceitos básicos discutidos para o entendimento da

proposta.

Como apoio a área de RI, pretendemos utilizar uma ontologia de domínio como

coleção independente de conhecimento para dar suporte ao enriquecimento

das consultas aplicadas a um SRI. Para tal, esta proposta tem como base

ontologias abordadas no próximo capítulo.

Page 31: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

31

3. Ontologia

Neste capítulo discutiremos sobre o que vem a ser uma ontologia dentro do

contexto utilizado nesse trabalho. Serão abordadas as principais vantagens de

seu uso, suas possíveis aplicações, sua classificação e a importância das

anotações semântica. Além disso, realizaremos um breve comparativo com

outra conhecida tecnologia que utiliza conceito semântico, os tesauros. Essas

atividades são essenciais para contextualizar o problema e verificar o potencial

do uso das ontologias de domínio na análise semântica de termos.

3.1 Definição

Na filosofia, a palavra ontologia significa uma teoria sobre a natureza do ser.

Ainda nesse contexto, a ontologia é definida como uma consideração

sistemática da existência e da essência. O objetivo dessa técnica é organizar as

informações que são ligadas a um determinado domínio. Sendo assim, a

ontologia tem sua estrutura baseada na descrição de conceitos e dos

relacionamentos semânticos entre eles, gerando uma especificação formal e

explícita de uma conceitualização compartilhada (BORST, 1997). Entretanto,

esse mesmo termo foi aproveitado pela área de IA (Inteligência Artificial)

dando resultado a uma mistura de significados. De acordo com Gruber, no

contexto da IA, tudo o que existe é o que pode ser representado. O que a

ontologia possui em comum entre o conceito filosófico e computacional é a

representação das entidades, idéias, e eventos, juntamente com as suas

propriedades e relações, de acordo com um sistema de categorias (SOUZA,

2008). Uma definição clara e bastante difundida sobre o significado da

ontologia no contexto da ciência da computação pertence ao próprio Gruber.

Uma ontologia é uma especificação explícita e compartilhada de uma

conceitualização formal. É uma descrição dos conceitos e dos

Page 32: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

32

relacionamentos que podem existir para um agente ou para uma

comunidade de agentes (BORST apud GRUBER, 1997).

Para entender essa definição, primeiramente é preciso entender o significado

de alguns termos aplicado a esse contexto. Conceitualização representa a

interpretação de uma parte do mundo, para que pessoas possam utilizá-la para

pensar e se comunicar de forma uniforme (ALMEIDA and BAX, 2003). Ou ainda,

trata-se de um modelo abstrato que especifica uma hierarquia de conceitos

relevantes para algum domínio de conhecimento (SOUZA, 2008). Com relação

ao compartilhamento, significa que o conhecimento deve existir através de um

consenso e aceito por toda comunidade (PICKLER, 2007). Quanto à

formalidade, significa que a ontologia deve ser um padrão passível de

processamento através de máquinas (ALMEIDA and BAX, 2003).

Outra definição bastante aceita entre os pesquisadores é que as ontologias

geram uma especificação formal e explícita de uma conceitualização

compartilhada (BERNERS-LEE and HENDLER, 2001). Esta definição enfatiza a

existência de um acordo comum no aceite da conceituação especificada. Logo,

a informação contida nas ontologias tende a ser de alta credibilidade.

Guarino (1998) revê a definição de conceitualização aplicado a ontologia como

sendo um artefato construído por termos utilizado para descrever certa

realidade, somado a uma série de fatos explícitos e aceitos que dizem respeito

ao sentido pretendido para um determinado conjunto de termos (vocabulário).

Esses termos são co-relacionados e a ontologia então define as regras que

regulam a combinação entre os termos e suas relações.

Entretanto, apesar de serem criadas por especialistas é necessário que uma

ontologia seja �homologada� para que ela tenha capacidade de reutilização. A

falta de uma definição consensual do que de fato é uma ontologia de domínio,

tende a gerar expectativas irreais a respeito do que as ontologias podem

Page 33: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

33

alcançar (SCHULZ and STENZHORN, 2009). As seções subseqüentes irão detalhar

as principais características de uma ontologia e como esta pode ser aplicada.

3.1.1 Ontologias e Tesauros

Para efetiva organização do conhecimento foi identificada a necessidade da

adoção de uma linguagem documentária que buscasse uma padronização da

linguagem natural. O intuito seria eliminar o principal problema da utilização

da linguagem natural em qualquer que seja sua aplicação, a polissemia (uma

única palavra com vários significados). Com isso, os tesauros foram criados para

formalizar a padronização de termos de uma determinada área de

conhecimento, não permitindo ambigüidades (PICKLER, 2007).

Um tesauro define um conjunto de termos e seus relacionamentos. Porém, a

única relação possível de ser definida é a de generalização, ou seja, os

conceitos partem do geral para o específico (BREITMAN, 2005). Segundo

Breitman (2005), os tesauros contam com alguns tipos de relacionamentos

estruturais, como de hierarquia (termos genéricos e específicos) e associação

(termos relacionados), que auxiliam na organização dos dados. Entretanto,

esses relacionamentos são pré-definidos, ou seja, não podem ser estendidos ou

modificados. Logo, os tesauros são bastante úteis na criação de vocabulários e

dicionários controlados, mas não são suficientes para modelar aspectos do

mundo real (PICKLER, 2007).

Reforçando a definição citada na seção anterior, o emprego do termo ontologia

na área de ciência da computação denomina uma estrutura de termos e as

relações entre eles em um determinado domínio. Com base nas definições

descritas nessa seção para ontologias e tesauros, fica clara a confusão entre a

definição desses dois termos, uma vez que estes, da mesma forma, podem ser

considerados estruturas de termos e as relações entre eles (PICKLER, 2007).

Contudo, a afirmação de Breitman (2005) deixa clara a distinção os dois

conceitos.

Page 34: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

34

Muitas vezes é necessário relacionar conceitos utilizando

relacionamentos do tipo parte-de, membro-conjunto, causa-efeito, entre muitos outros. Um tesauro não permite a seus usuários

a criação destes e novos tipos de relacionamento, para tal é

necessário utilizar uma ontologia (BREITMAN, 2005).

Sendo assim, podemos considerar que as ontologias são mais completas,

complexas e flexíveis por possibilitarem que novos relacionamentos sejam

criados. No entanto, apesar de existirem pontos comuns entre ontologias e

tesauros e ainda alguns autores classificarem os tesauros como um tipo

simplificado de ontologia, tratam-se de ferramentas distintas e com propósitos

distintos (PICKLER, 2007). Para Moreira (2003) o tesauro nasceu como um

instrumento prático para auxiliar na indexação e busca de documentos

enquanto a ontologia surgiu da necessidade de descrever os objetos digitais e

suas relações.

3.1.2 Classificação (Tipos)

Um ponto importante na conceitualização de uma ontologia são os seus tipos,

que podem ser classificados quanto ao seu conteúdo, grau de formalismo,

aplicação, estrutura ou função. Como podemos verificar na Tabela 3.1, cada

classificação foi definida por um autor na literatura (ALMEIDA and BAX, 2003).

A que nos parece mais interessante, por utilizar uma característica chave das

ontologias, é o sistema de classificação por conteúdo.

Para realização deste estudo estamos interessados nas ontologias classificadas

como sendo de domínio. Isso porque a abordagem definida para este estudo

trata de sugerir termos relacionados semanticamente dentro de um mesmo

domínio durante a formulação de uma consulta. Em destaque na Tabela 3.1,

este tipo de classificação pode estar associado a sua função, estrutura ou

conteúdo. Entretanto, de forma resumida podemos sintetizar como sendo uma

representação e especificação de um �micro-mundo�, independente da

classificação utilizada.

Page 35: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

35

Tabela 3.1 � Classificação ontológica - adaptado de Almeida e Bax (2003).

Abordagem Classificação Descrição

Quanto à função Mizoguchi, Vanwelkenhuysen & Ikeda (1995)

Domínio Reutilizáveis no domínio fornecem vocabulários sobre

conceitos, seus relacionamentos, sobre atividades e regras que os governam.

Tarefa Fornecem um vocabulário sistematizado de termos,

especificando tarefas que podem ou não estar no

mesmo domínio. Gerais Incluem um vocabulário relacionado a coisas, eventos,

tempo, espaço, casualidade, comportamento, funções e

etc. Quanto ao grau de

formalismo Uschold & Gruninger (1996)

Altamente Informais Expressa livremente em linguagem natural. Semi-informais Expressa em linguagem natural de forma restrita e

estruturada. Semiformais Expressa em uma linguagem artificial definida

formalmente. Rigorosamente Formais Os termos são definidos com semântica formal,

teoremas e provas. Quanto à estrutura Haav & Lubi (2001)

Alto Nível Descrevem conceitos gerais relacionados a todos os elementos da ontologia (espaço, tempo, matéria,

objeto, evento, ação etc.) os quais são independentes do

problema ou domínio. Domínio Descrevem o vocabulário relacionado a um domínio,

como, por exemplo, medicina ou automóveis. Tarefa Descrevem uma tarefa ou atividade, como, por

exemplo, diagnósticos ou compras, mediante inserção

de termos especializados na ontologia. Quanto ao Conteúdo

Van-Heijist, Schreiber & Wielinga (2002)

Modelagem do Conhecimento

Especificam conceitualizações do conhecimento, têm

uma estrutura interna semanticamente rica e são

refinadas para uso no domínio do conhecimento que

descrevem. Domínio Expressam conceitualizações que são específicas para

um determinado domínio do conhecimento. Genéricas Similares às ontologias de domínio, mas os conceitos

que as definem são considerados genéricos e comuns a vários campos.

Ainda uma subclassificação pode ser feita com relação a ontologias de domínio

específico ou de domínio geral. Segundo Gruber (1993), a classificação das

ontologias pode ser simplificada em dois domínios de investigação:

a) a engenharia ontológica sendo definida por um trabalho empírico,

onde são definidas as categorias e as relações no domínio a ser

representado; e

b) o trabalho mais abstrato sobre a teoria ontológica, que visa

classificar todos os objetos existentes no mundo, bem como os

aspectos de tempo, espaço, causalidade, etc.

Page 36: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

36

Como exemplo do primeiro tipo de ontologia temos o MeSH (Medical Subject

Headings) e UMLS (Unified Medical Language System) que são ontologias ligadas

à área biomédica. No caso das ontologias de domínio geral, podemos citar a

WordNet7 e EuroWord-Net

8.

3.2 Características e Estrutura

As ontologias não apresentam sempre a mesma estrutura, mas existem

características e componentes básicos comuns presentes em grande parte

delas. Na prática a ontologia tem com estrutura principal um catálogo das

definições do vocabulário formal de um determinado domínio. Além do

vocabulário aplicado a um domínio, uma ontologia também trabalha os

relacionamentos entre esses conceitos, instâncias desses conceitos e

relacionamentos entre instâncias (ALMEIDA and BAX, 2003). Normalmente as

relações entre os termos são criadas por especialistas, e os usuários formulam

consultas na ontologia usando os conceitos especificados. Uma descrição

relevante sobre o que compõe de fato uma ontologia foi proposta por Gómez-

Pérez (1999) que a dividiu em cinco componentes:

a) Conceitos agrupados em uma hierarquia (taxonomia). Os conceitos

podem ser abstratos (por ex.: lar), concretos (por ex.: casa) ou

fictícios. Para exemplificar a característica de hierarquia podemos

dizer que o conceito casa é uma subclasse do conceito lar;

b) Além do relacionamento de hierarquia (filho/pai/irmão), existe um

conjunto de relacionamentos específicos entre os conceitos. O

relacionamento faz-parte entre os conceitos garagem e casa é

um exemplo de relacionamento. Como exemplos de relacionamentos

predefinidos podemos citar os inversos, transitivos e simétricos;

7 WordNet: http://wordnet.princeton.edu/ 8 EuroWord-Net: http://www.illc.uva.nl/EuroWordNet/

Page 37: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

37

c) Um conjunto de funções. Uma função é um caso especial de

relacionamento em que um conjunto de elementos tem uma relação

única com outro elemento;

d) Um conjunto de axiomas, ou seja, regras que são sempre verdade.

Um exemplo de axioma é afirmar que toda pessoa tem uma mãe;

e) Um conjunto de instâncias que são um conhecimento prévio

existente na ontologia. Por exemplo, o elemento Fortaleza é uma

instância do conceito Cidade, considerando o domínio referente a

uma república.

Na Figura 3.1 temos representação gráfica de uma ontologia, mostrando como

os conceitos podem se relacionar, assim como os recursos disponíveis.

Figura 3.1 � Representação gráfica de uma ontologia.

Neste exemplo temos os três recursos básicos de uma ontologia: conceitos,

relacionamentos e instâncias. Os elementos é_um, tem_parte e subClasse,

representados por uma seta, são relacionamentos predefinidos e genéricos na

ontologia que podem ser modificados ou até incrementados com a adição de

Page 38: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

38

relacionamentos transitivos. Já os relacionamentos dirido_por e

produzido_por são relacionamentos específicos do domínio em questão, ou

melhor, são relacionamentos com significado próprio dentro do domínio

aplicado. Por fim, o elemento Ferrari, com cor diferenciada na figura,

representa uma instância do conceito Montadora, ou seja, é considerado um

termo previamente conhecido dentro do domínio de automóveis.

Alguns autores discordam que as instâncias fazem parte da ontologia, mas sim

fazem parte da base de conhecimento (YAGUINUMA, 2007). Entretanto, é fato

que algumas instâncias são inerentes ao próprio conhecimento prévio do

domínio. Apesar de a ontologia possuir estes elementos típicos, eles não são

obrigatórios. Com isso, uma ontologia pode assumir várias formas, entretanto,

necessariamente, deve incluir um vocabulário de termos (conceitos) e alguma

especificação do significado de suas definições.

Além dos elementos citados, outro recurso importante das ontologias são as

restrições. As restrições são basicamente condições impostas às entidades.

Qualquer individuo que satisfaça as condições predefinidas pode ser

considerado uma instância dessa entidade (GÓMEZ-PÉREZ, 1999). Por exemplo,

para ser um carro é necessário que possua rodas, tenha um motorista e

possua um motor. Logo, essas são as restrições para que um conceito seja

considerado um carro.

Segundo Gruber (1993) existem alguns critérios a serem observados para avaliar

as ontologias:

a) ser clara e objetiva na definição dos termos e descrição das classes;

b) ser extensível o bastante para suportar a incorporação de novos

termos sem revisar conceitos já definidos; e

c) permitir seu compartilhamento e reuso.

Page 39: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

39

Existem várias propostas na literatura sobre como construir uma ontologia de

forma a atender esses e outros critérios desejáveis. López et al. (1999) realizou

um estudo comparativo das principais metodologias já publicadas para tentar

destacar os pontos fortes e de melhoria para cada uma. Como já mencionado

na delimitação do escopo deste trabalho, apenas a utilização (e não a criação)

de ontologias é relevante para nossa proposta.

3.3 Aplicação em RI

Muitas bases não-estruturadas estão sendo desenvolvidas para armazenar

informações. Porém, não se tem um acesso eficiente a essas informações

(PRINCE and ROCHE, 2009). Uma das estratégias inclui o uso de recursos

lingüísticos para melhorar o acesso as informações. Segundo Almeida e Bax

(2003) alguns desses tipos de estruturas utilizados na organização dessas

informações são:

a) glossários e dicionários, estruturas que se organizam a partir da

utilização de termos;

b) taxonomias, estruturas que se organizam com a classificação e a

criação de categorias e;

c) ontologias e tesauros, estruturas que se organizam a partir de

conceitos e de seus relacionamentos.

Em última instância, o que se busca com a utilização dessas estruturas são

melhorias nos processos de recuperação da informação. Uma abordagem que

tem recebido atenção é a utilização de ontologia para organização do conteúdo

das bases de informação (ALMEIDA and BAX, 2003). Para Barth e Timoszczunk

(2008), o ponto crítico na utilização de ontologia é estruturar adequadamente

os termos do domínio tal como empregados nas fontes de informação

utilizadas.

Exemplificando como a ontologia pode ser aplicada podemos descrever um caso

prático. Por exemplo, para um engenheiro mecânico, uma ferramenta pode ser

Page 40: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

40

classificada em grupos denominados como cortantes, ajuste em parafusos,

hidráulica, entre outros. O agrupamento ocorreu porque as ferramentas

pertencentes ao mesmo grupo possuem manuseio semelhante, por exemplo.

Além disso, cada um desses grupos pode ser subcategorizado dependendo do

material a que se deve ser aplicado, como madeira ou metal. Contudo, para

uma área diferente desta, uma ferramenta provavelmente não terá esses

grupos, nem muito menos haverá essas subcategorias para classificação de uma

ferramenta. O entendimento e conceituação do termo ferramenta podem

variar de acordo com o domínio ao qual é aplicado.

A justificativa para a utilização de ontologia está em aplicar a mesma estrutura

de informação entre softwares e pessoas, compartilhando de forma uniforme o

conhecimento do domínio. Com relação a RI, na formação de uma ontologia os

sinônimos contribuem para uma maior abrangência na cobertura do domínio.

Por outro lado, a hierarquia gerada pela decomposição de um domínio pode ser

utilizada para fazer uso de conceitos mais específicos ou mais genéricos,

dependendo da necessidade. Neste contexto, o uso de ontologia em sistemas

de busca vem para melhorar os resultados obtidos através da formulação de

consultas que utilizam linguagem natural, ou seja, não possuem um vocabulário

controlado. Portanto, a aplicação deste tipo de estrutura em sistemas de busca

torna realidade a recuperação de informação semanticamente relacionadas. Ao

fazer uso de termos adicionais do próprio domínio para expandir uma consulta,

a ontologia vem para aumentar a probabilidade de recuperação de documentos

que seriam ignorados pela consulta original ou ainda reforçar o seu índice de

relevância. Contudo, este trabalho tem o objetivo de usufruir de duas

características providas por uma ontologia: o conhecimento estruturado e

independente.

Page 41: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

41

3.4 Anotação Semântica

A principal utilidade de uma anotação semântica é fornecer uma ligação entre

uma informação armazenada em um documento e uma estrutura semântica

associada a ele. Uma anotação semântica identifica, formalmente, conceitos e

relações presentes nos recursos com a finalidade de facilitar a descoberta,

localização e utilização deles por máquinas (NUNES and FILETO, 2005). Para a

aplicação neste trabalho, utilizaremos os conceitos de anotação semântica

especificamente aplicada a ontologias.

Uma anotação semântica deve ser bem definida, não ambígua e fácil de ser

compreendida pelos especialistas de domínio. Apenas assim uma anotação pode

ser útil no processo de recuperação de informação (NUNES and FILETO, 2005).

Usualmente, a referência aos termos contidos em uma ontologia é realizada

através de uma anotação semântica. Como boa prática do processo de

anotação, os especialistas normalmente seguem uma hierarquia ontológica para

facilitar o seu entendimento. Uma entidade, termo contido no texto analisado,

possui relação direta com um ou mais conceitos da ontologia. A identificação

das entidades de um texto é o primeiro passo do processo de anotação.

Logo depois é preciso ligar as entidades identificadas no documento com as

suas respectivas descrições semânticas contidas na ontologia. A ligação de uma

entidade com sua descrição no repositório semântico pode ser feita de forma

rápida e precisa através de uma URI9 (Uniform Resource Identifier). Depois

disso, o resultado do processo de anotação é associado a uma ontologia e

gravado em um repositório através de uma representação que pode ser

intrusiva ou não. Como o nome já diz, a anotação intrusiva insere as

informações de relacionamento com o repositório semântico no próprio

documento. Por outro lado, a não-intrusiva utiliza ponteiros externos para

9 URI: Padrão definido pela W3C para identificar recursos. http://www.w3.org/TR/uri-clarification/

Page 42: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

42

referenciar os termos do repositório e as entidades identificadas no texto

(NUNES and FILETO, 2005).

3.5 Considerações Finais

Neste capítulo foram discutidos os principais conceitos, elementos estruturais e

classificações referentes à ontologia. As ontologias possibilitam adicionar

semântica aos documentos de uma coleção de forma que as ferramentas de

inferência possam �raciocinar� sobre os mesmos. Além disso, falamos sobre as

anotações semânticas que são mapeamentos diretos entre os termos contidos

em uma coleção e os conceitos definidos em uma ontologia.

Conforme abordado na Seção 3.3, através do uso de ontologia aplicado a RI

podemos utilizar sua estrutura de sinônimos para obter uma maior abrangência

na cobertura do domínio como também fazer uso de sua hierarquia para obter

conceitos mais específicos ou mais genéricos, definindo o nível de precisão

ideal para quem realiza a consulta.

Os mecanismos e recursos necessários para aplicar a expansão semântica de

consultas em um SRI serão apresentados no próximo capítulo.

Page 43: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

43

4. Expansão semântica de consultas utilizando ontologia

Na primeira seção deste capítulo será apresentado um processo de consulta

genérico para que seja possível identificar como, e em que parte do processo,

os mecanismos de expansão de consulta podem ajudar a trazer melhores

resultados. Além disso, será descrito o funcionamento de um processo de

expansão convencional assim como a classificação definida pela academia para

tais mecanismos de expansão, como poderemos verificar na Seção 4.2.

Na Seção 4.3 serão discutidos alguns trabalhos relacionados com o objetivo de

identificar semelhanças e divergências com as soluções propostas pela

academia. Por último, no Capítulo 4.4, faremos as considerações finais

enfatizando a expectativa quanto aos benefícios obtidos com a utilização de

ontologia no processo de expansão de consultas.

4.1 Processo de Consulta

Segundo Croft (1993), existem três processos básicos em um sistema de

recuperação de informação:

a) representação do conteúdo dos documentos (processo de indexação,

como especificado na Seção 2.2.1);

b) representação das necessidades de informação do usuário

(processamento da consulta, foco do nosso trabalho); e

c) comparação entre as duas representações (tarefa executada pelos

engenhos de busca).

Através da Figura 4.1 podemos visualizar cada um dos três processos básicos

representados graficamente pelos retângulos com bordas arredondadas. Os

retângulos normais representam os recursos necessários para que este processo

funcione. Por último, o retângulo em vermelho representa a atividade foco do

nosso trabalho. Ela está associada a etapa de processamento e reformulação de

Page 44: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

44

consulta com o objetivo de realizar operações que transformem a necessidade

do usuário em uma consulta bem formada, utilizando apenas um conjunto de

palavras-chave.

Figura 4.1 � Funcionamento padrão de um SRI.

Em uma ferramenta de RI convencional, para cada consulta enviada, o sistema

devolve uma lista de documentos ordenados de acordo com a sua pertinência

em relação à consulta. Os documentos que contém os termos da consulta são

retornados independentemente do contexto em que são utilizados. O usuário

então analisa esta lista de documentos, retira os documentos relevantes e

descarta os não relevantes. Este cenário se trata de uma recuperação de

informação perfeita, onde o usuário em sua primeira tentativa consegue

localizar a informação desejada.

A princípio, parece ser trivial armazenar e recuperar a informação desejada

através de uma consulta fornecida, assim como a solução descrita

anteriormente. Entretanto, na prática esta solução é obviamente inviável, uma

vez que nenhum usuário consegue em tempo hábil ler e identificar, dentre uma

Page 45: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

45

coleção de milhares de documentos, quais os documentos de seu interesse

(YATES and NETO, 1999).

Para explicar de forma simples a estrutura principal de um sistema de busca na

WEB, podemos separá-la em duas partes: (a) um robot conhecido como crawler

que captura o conteúdo das páginas a serem indexadas; e (b) uma página WEB

para realização de consultas aos documentos indexados (BEPPLER, 2002). A

primeira parte alimenta a estrutura de índice e a segunda apenas provê uma

interface simples para entrada de termos ou palavras-chave. Embora esta seja

a estrutura utilizada pela maioria dos mecanismos de busca, ainda existem

problemas como volume de documentos e resultados não customizados

(BEPPLER, 2008). Com relação ao último, isto é causado pela falta de

interatividade que sistemas de busca oferecem, onde uma mesma consulta

feita por pessoas diferentes tem o mesmo resultado como retorno.

4.2 Expansão de Consulta

A expansão de consulta é definida como uma fase do processo de RI onde a

consulta inicial do usuário é reforçada pela adição de termos de pesquisa para

melhorar o rendimento da recuperação. A expansão de consulta é centrada no

fato que a formulação inicial da consulta nem sempre reflete a necessidade de

informação exata do usuário. Como mencionado no Capítulo 1, o processo de

selecionar documentos relevantes pode exigir várias interações e

reformulações da consulta inicial, tornando-se uma atividade trabalhosa e

demorada. Além de tentar melhorar o contexto da consulta, a utilização de

expansão de consulta tende minimizar o problema de diferenças no uso das

palavras contidas na consulta e os termos utilizados pelos autores na escrita

dos documentos (ANDREOU, 2005).

Uma forma clássica de expansão de consulta se baseia na co-ocorrência

estatística de palavras-chave em documentos do domínio considerado,

adicionando à consulta termos que frequentemente ocorrem em conjunto com

Page 46: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

46

os termos da consulta original (BEPPLER, 2002). Esta abordagem aumenta a

revocação, por recuperar documentos relevantes que não seriam retornados

pela consulta original, mas prejudicam a precisão, pois não consideram a

semântica dos termos durante a verificação das ocorrências.

Em RI, como citado na Seção 2.2.3, revocação e precisão são freqüentemente

objetivos contraditórios (YATES and NETO, 1999). Isso porque, a flexibilidade

de uma consulta, com o objetivo de obter um resultado com mais informação

relevante, prejudica a precisão por retornar também informação irrelevante.

Com isso, ontologia aplicada à expansão de consulta vem para balancear essas

duas medidas e lidar com os problemas das técnicas de co-ocorrências de

palavras chave. Segundo Neto et al. (2000), a aplicação de ontologias nesse

sentido tornou-se uma área de interesse crescente.

Diversos métodos para expansão de consultas têm sido propostos. Estes

métodos são divididos por Yates e Neto (1999) em três categorias:

a) os que utilizam a interação com o usuário (user feedback, user-

assisted);

b) os que possuem informações recuperadas a partir dos documentos

inicialmente recuperados (local approach); e

c) os que possuem informações recuperadas de todos os documentos

armazenados (global approach).

Outro tipo de classificação pode ser visualizado na Figura 4.2. De acordo com a

figura, o primeiro nível de classificação especifica a metodologia usada, assim

como a classificação anterior.

No segundo nível, a classificação é feita de acordo com a fonte de informação

utilizada para prover subsidio ao processo de expansão de consultas. As

informações baseadas nos resultados da consulta fazem uso dos documentos

recuperados como também da análise de consultas anteriores realizadas por

outros usuários. Segundo o autor Efthimiadis (1996), os tipos de expansão de

Page 47: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

47

consultas em destaque na Figura 4.2 são os mais comumente utilizados pelos

mecanismos de busca.

Figura 4.2 � Classificação para expansão de consultas (EFTHIMIADIS, 1996).

Várias abordagens fazem uso de diferentes fontes de termos de pesquisa e

ainda uma variedade de técnicas de expansão (EFTHIMIADIS, 1996). A utilização

de conhecimento estruturado manipula informações contidas em bases

específicas como tesauros e ontologias. No caso de ontologia, utilizada para a

validação do nosso estudo, classificamos ainda como sendo uma coleção

independente, ou seja, se trata de uma especificação formal que independe de

instâncias de bases de dados. No caso da aplicação de ontologias para realizar

o processamento de consultas, os termos são alterados, adicionados ou

removidos utilizando conceitos e relacionamentos que estejam

semanticamente associados aos termos especificados na consulta original. Para

obter esses conceitos, são aplicados mecanismos de raciocínio automático

(inferência) sobre ontologias. Portanto, é interessante que um sistema de

expansão de consultas seja capaz de efetuar diversos tipos de expansão

semântica, com o intuito de obter resultados aproximados que sejam tanto

relevantes como também abrangentes (BEPPLER, 2002).

Page 48: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

48

Os experimentos aqui relatados são baseados na abordagem de expansão de

consulta com assistência ao usuário (user-assisted). Assim, esta investigação

situa-se na categoria "interativa". Nesse tipo de expansão, os usuários são

responsáveis pela seleção dos termos sugeridos pelo SRI. No entanto, os termos

são sugeridos e não impostos ou expandidos automaticamente (SPINK and

SARACEVIC, 1993).

4.3 Trabalhos Relacionados

Nesta seção iremos descrever alguns trabalhos que são diretamente

relacionados à expansão semântica de consultas baseadas em ontologias.

Trataremos sobre alguns trabalhos e conceitos discutidos na academia como

também algumas ferramentas existentes no mercado.

4.3.1 FoQuE

Realiza expansão de consultas com base na análise de conceitos e

relacionamentos difusos. Através da ontologia difusa é possível representar a

intensidade dos relacionamentos e axiomas por meio de graus difusos. A autora

Yaguinuma (2007) defende também que a utilização de ontologias tradicionais

(crisp) não considera informações imprecisas como a intensidade ao qual um

conceito está relacionado com outro ou o grau de pertinência de uma instância

da ontologia para uma determinada classe. Para isso, a autora utiliza lógica

difusa, a fim de aumentar a expressividade da representação do domínio.

Com relação às características comuns a esta proposta, o sistema FoQuE

implementa as regras semânticas utilizadas para capturar informações

relevantes ao processamento das consultas (NECIB and FREYTAG, 2004). Por

outro lado, o sistema FoQuE utiliza SQL como linguagem para as consultas a

serem expandidas, quando este trabalho está focado na expansão de consultas

baseadas em palavras-chave e utilizando a linguagem natural. Além disso,

Page 49: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

49

apesar dos ganhos obtidos com a utilização de ontologias difusas, em relação

ao controle do nível de intensidade dos conceitos e relacionamentos, nem

todos os mecanismos de inferência suportam conceitos de lógica difusa, pois

aumentam a complexidade do mecanismo de raciocínio. Por último, o FoQuE

expande a consulta manipulando termos automaticamente sem a intervenção

do usuário.

4.3.2 PICSEL

Assim como o sistema FoQuE descrito na seção anterior, o sistema PICSEL é um

sistema de integração de dados que se baseia em ontologias para modificar

consultas. Para este trabalho os autores identificaram conflitos semânticos e os

caracterizam como sendo os causadores de insatisfação dos resultados de uma

consulta (BIDAULT et al., 2000). Então, construíram um conceito denominado

de �reparo�. Este conceito consiste na geração de em uma consulta sem

conflitos e semanticamente próxima a consulta original. Para isso, os termos da

consulta, que são mapeados com os conceitos da ontologia, são generalizados

com base na hierarquia de generalização/especialização da ontologia.

Embora o sistema PICSEL considere somente a generalização de conceitos para

reparar consultas, as ontologias possibilitam que outros tipos de expansões

sejam realizadas. Exatamente nesse ponto esta proposta pretende se

diferenciar por utilizar outros tipos de relacionamentos da ontologia para

prover conteúdo semântico ao processo de expansão de consulta. Além disso, o

PICSEL é focado na aplicação de ontologia em outra área da RI através de

mecanismos de integração de dados.

Além das características exploras pelo PICSEL, existem alguns trabalhos que se

propõem a solucionar expansão de consulta de forma mais abrangente, não se

limitando a análise da taxonomia de conceitos e sinônimos. Mas sim

Page 50: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

50

considerando também outros tipos de relacionamentos semânticos e casos de

ambigüidade em consultas (NECIB and FREYTAG, 2004).

4.3.3 Experimento de Voorhees

O experimento utilizou o WordNet como apoio semântico às expansões de

consultas e a base TREC como coleção de testes. Foram utilizadas as relações

léxicas de sinonímia, hiperonímia, hiponímia e relacionado_a presentes na

ontologia para expansão. O experimento foi realizado sobre o sistema de

recuperação de informação SMART, que é baseado no modelo vetorial clássico

(YATES and NETO, 1999). De forma a selecionar os termos corretos para a

expansão, os conjuntos de sinônimos foram escolhidos manualmente e sendo

levado em consideração todo o contexto da consulta. Ou seja, um mecanismo

semi-automático de expansão de consultas (VOORHEES, 1994).

De acordo com a classificação de ontologia descrita na Seção 3.1.2, o WordNet

é uma ontologia de domínio geral. Nossa proposta pretende utilizar ontologias

de domínio específico para tentar extrair informações pertencentes ao

domínio, como descrito na �Regra de Característica� descrita na Seção 5.2.

Além disso, esse experimento realiza expansão automática das consultas,

enquanto nossa abordagem propõe que o próprio utilizador da ferramenta

selecione os termos sugeridos pelo mecanismo de expansão.

4.3.4 Ontologies Manager Framework (OMF)

O OMF é um sistema flexível que possibilita a expansão de consultas através da

navegação dos conceitos na ontologia. Segundo Barros et al. (1998) o sistema é

flexível pois possibilita a seleção de diversos mecanismos de busca, seleção de

qualquer ontologia pública e ainda criar ontologias privadas, na própria

ferramenta, que podem ser integradas com as ontologias públicas.

Page 51: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

51

No mecanismo de expansão, é apresentada aos usuários uma hierarquia de alto

nível dos conceitos definidos na ontologia para orientar pesquisas e permitir a

construção de consultas com a adição de contexto (BARROS et al., 1998). Com

relação a nossa proposta, a principal diferença identificada é a técnica

utilizada para manipulação da ontologia, a navegação (browsing).

Diferentemente da nossa proposta que sugere termos baseado na consulta

inicial fornecida ao sistema, o OMF permite que o usuário navegue nos

conceitos da ontologia para então expandir a consulta utilizando os conceitos

selecionados durante a navegação.

4.4 Considerações Finais

O objetivo principal deste capítulo foi investigar o real potencial de uso ou

ainda quais os possíveis ganhos a serem obtidos com a utilização de uma

ontologia no processo de expansão de consultas. Além disso, baseado na

proposta deste trabalho algumas comparações foram realizadas para analisar os

resultados obtidos em trabalhos que utilizam abordagem, de certa forma,

similar a nossa.

Como descrito na Seção 4.2 deste capítulo, a aplicação de ontologias para

expansão de consulta podem ser classificados, além de outras classificações,

em dois grupos básicos:

a) baseado em resultados da pesquisa. O usuário classifica quais

documentos, dentre os documentos retornados, são relevantes em

sua concepção e realimenta o processo de busca ou

b) baseado em alguma forma estruturada de conhecimento, como é o

caso das ontologias.

O primeiro grupo depende plenamente do processo de pesquisa e utiliza o

conceito de retorno de relevância (relevance feedback) como recurso para

identificar os termos a serem adicionados a consulta seguinte. Por outro lado, o

segundo grupo independe do processo de pesquisa e adiciona termos baseado

Page 52: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

52

unicamente na estrutura do conhecimento. No entanto, nossa proposta

pretende utilizar ontologia como �meta-conhecimento� de um domínio

específico e utilizar este recurso para expandir semanticamente termos de uma

consulta, independente do processo de pesquisa.

Os trabalhos discutidos neste capítulo foram analisados e confrontados com a

proposta deste estudo sob o ponto de vista da abordagem utilizada para

expandir semanticamente as consultas. O ponto em comum entre os trabalhos

é que todos utilizaram ontologia para auxiliar o mecanismo de expansão. No

entanto, os métodos de avaliação utilizados nos trabalhos não foram

investigados durante essa análise. Para isso, o Capítulo 6 apresenta o

framework de avaliação definido nesta proposta, referenciando os resultados

alcançados por alguns trabalhos publicados.

No próximo capítulo descrevemos o processo de busca que pretende adicionar

contexto às consultas fornecidas a um SRI independente do seu mecanismo de

pesquisa.

Page 53: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

53

5. Proposta e Protótipo: Processo de expansão

utilizando ontologia

Neste capítulo apresentamos o modelo proposto com o objetivo de melhorar os

resultados gerados para uma consulta utilizando os recursos providos por uma

ontologia de domínio. Como já discutido no capítulo anterior, a ontologia será

utilizada para expandir semanticamente os termos de uma consulta inicial com

o objetivo de adicionar conceito a essa consulta. A ontologia é utilizada, neste

trabalho, como fonte estruturada de informação. Uma justificativa para a

utilização dos seus conceitos e relacionamentos é que estes recursos permitem

a formulação de consulta com termos que o próprio usuário julga útil para

resolver sua necessidade de informação. Através da ontologia, sugerimos novos

termos relacionados à consulta original, isto é, inferimos o que o usuário

poderia estar querendo dizer baseado no contexto provido pela ontologia de

domínio.

Detalhando o conteúdo deste capítulo, a Seção 5.1 contextualiza a solução

proposta dentro da área de RI em uma visão macro, reforçando a discussão

realizada na Seção 4.2. A Seção 5.2 documenta o processo de expansão

detalhando as entradas, saídas e o que influencia cada etapa da proposta.

Enfatizando o funcionamento do núcleo da proposta, a Seção 5.3 detalha o

funcionamento do mecanismo de inferência aplicado a ontologia.

Adicionalmente, um protótipo foi desenvolvido com o objetivo de instanciar e

validar o processo proposto, o QuESO (Query Expansion Search using Ontology).

Os detalhes de seu funcionamento, as tecnologias utilizadas e a arquitetura em

alto nível serão apresentados na Seção 5.4. Por último, na Seção 5.5

descrevemos as considerações finais obtidas após a definição do processo.

Page 54: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

54

5.1 Contextualização da proposta

Durante um processo de recuperação de informação convencional, não existe

uma resposta exata para uma consulta, sendo necessário obter aproximações

que satisfaçam a necessidade do usuário (YAGUINUMA, 2007). Então, a

expansão de consulta objetiva modificar a consulta original com o objetivo de

torná-la mais abrangente e eficaz. A literatura abrange duas das principais

abordagens existentes, a probabilística e a utilização de relacionamentos

semânticos (YATES and NETO, 1999; ANDREU, 2005). Como já mencionado na

Seção 4.2, a abordagem probabilística normalmente efetua cálculos a partir da

co-ocorrência em documentos da coleção e selecionam os termos que mais se

relacionam aos termos da consulta (BEPPLER, 2002; ANDREU, 2005). A segunda

abordagem utiliza relacionamentos semânticos extraídos de uma fonte de

conhecimento estruturado para selecionar ou sugerir os novos termos.

Seguindo a segunda abordagem como fonte de conhecimento e para lidar com

problemas relacionados a divergência semântica dos termos, utilizaremos uma

ontologia de domínio como fonte de informação semântica.

5.2 Especificação do Processo Proposto

Considerando uma consulta qualquer e utilizando seus termos como entrada,

um processo de inferência na ontologia de domínio deve ser realizado a fim de

identificar sinônimos, anotações semânticas ou qualquer tipo de

relacionamento referente a cada um dos termos. Além disso, termos com

pouco valor de discriminação10

para o contexto serão removidos da consulta.

Este é o procedimento de eliminação de stopwords, mencionado na Seção

2.2.1. Caso nenhuma referência dos termos da consulta inicial seja encontrada

10 Termos com pouco valor de discriminação são aqueles presentes em quase todos os documentos. São

fortes candidatos os artigos, preposições e até mesmo termos muito comuns para um determinado domínio.

Page 55: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

55

na ontologia, o processo de análise e expansão semântica da consulta será

finalizado e o mecanismo de consulta segue sem qualquer intervenção.

Para manipulação dos dados semânticos de uma ontologia de domínio,

propomos aplicar algumas das regras semânticas definidas por Necib e Freytag

(2004) em seu framework:

a) Regra de Vocabulário: deriva informações da ontologia utilizando

informações dos relacionamentos de sinônimos e especialização de

conceitos. Exemplo: carro é sinônimo de automóvel e veículo.

(Além disso, possui relacionamentos de especialização com os

conceitos utilitário e passeio);

b) Regra de Característica: explorar relacionamentos específicos do

domínio para obter características adicionais dos objetos contidos na

base. Através de um mecanismo de raciocínio que infere novas

informações de um objeto, obter mais informações a serem aplicadas

no processamento de consultas. Exemplo: Em uma ontologia que

descreve carros, uma regra de domínio pode estabelecer que

caminhonetes classificadas como esporte, são caminhonetes com

mais de 300hp. Assim, caso o usuário deseje buscar as instâncias de

caminhonetes esporte, a consulta deve ser expandida para recuperar

instâncias de carros que são classificados como caminhonetes e estão

associadas ao atributo maior que 300hp. As restrições contidas na

ontologia, especificado na Seção 3.2, determinam esses

relacionamentos específicos da ontologia;

c) Regra de Sensibilidade: utilizada para identificar consultas ambíguas.

Como exemplo de consulta ambígua, podemos formular uma consulta

contendo um termo que possui homônimos homógrafos (termos com

significado diferentes e com a mesma grafia). O objetivo da regra é

identificar qual o contexto, dentro do domínio, que a palavra deve

ser aplicada.

Page 56: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

56

No caso em que um termo seja classificado como �ambíguo�, utilizando a regra

de sensibilidade, a exibição dos resultados deverá conter quais os contextos,

dentro do domínio, que o termo pode ser aplicado. Na Figura 5.1, podemos

visualizar como o termo monitor pode ter vários relacionamentos e

significados dependendo do contexto. Para exibição dos contextos podemos

apresentar uma lista de termos diretamente relacionados à hierarquia definida

pela ontologia. Assim, o usuário pode decidir em qual contexto o termo é mais

adequado para a consulta.

Figura 5.1 � Hierarquia de conceitos em uma ontologia.

O intuito é controlar o nível de abstração da consulta, focalizando ou

generalizando, para reduzir a quantidade de tentativas na obtenção da

informação desejada. Com isso, o sistema juntamente com o usuário será capaz

de manipular os termos para compor a nova consulta. Embora sejam fornecidos

recursos para tentar definir o contexto de uma consulta, a forma como as

Page 57: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

57

informações estão armazenadas na estrutura de índice, assim como os

mecanismos de ranking a serem utilizados, não são levados em consideração.

Logo, documentamos apenas o processo de expansão propriamente dito.

Para documentação do processo utilizamos práticas do SADT (Structured

Analysis and Design Technique), uma metodologia de desenvolvimento de

software utilizada para descrever e ajudar a entender o funcionamento de

sistemas computacionais (KITCHENHAM and CHARTERS, 2007). Na Figura 5.2,

podemos verificar a representação gráfica do processo proposto utilizando o

SADT.

Figura 5.2 � Processo de expansão de consulta.

Page 58: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

58

Esta representação permite que sejam visualizadas as entradas, saídas e os

processos intrínsecos que influenciam cada parte do processo de reformulação

de consulta. O processo pode ser separado em quatro módulos:

a) �Busca�, etapa de pré-processamento que recebe a consulta do

usuário e realiza operações textuais como eliminação de stopwords e

stemming, a fim de obter uma representação mais aproximada e

clara da necessidade da consulta. Além disso, este módulo decompõe

a consulta em partes para que o módulo de inferência seja capaz de

identificar quais conceitos podem ter relação com a consulta;

b) �Inferência�, através de regras e mapeamentos realiza o raciocínio

sobre os relacionamentos e conceitos contidos na ontologia para

obter termos semanticamente relacionados aos termos originais da

consulta. Antes de retornar a estrutura de conceitos identificados

como relevantes para consulta, o processo de inferência ordena os

conceitos utilizando dois critérios, como podemos verificar na Seção

5.3;

c) �Exibição dos Resultados�, nesta etapa ocorre a construção da árvore

de conceitos retornados pelo processo de inferência. Esta árvore

contém o conceito localizado como raiz, os tipos de relacionamentos

como nós intermediários e os termos identificados como nó folha. A

estrutura e conteúdo da árvore poderão ser melhor visualizados na

Seção 5.4, onde são detalhados os componentes do protótipo; e

d) �Conceitos�, etapa que permite a navegação na árvore de conceitos

e a seleção dos termos adequados para o contexto da consulta. Os

termos selecionados são utilizados na expansão da consulta.

Este é o processo criado para sugerir termos e possibilitar que eles sejam

selecionados e adicionados a consulta. Reforçando a definição do processo, a

Seção 5.3 descreve em detalhes o módulo de inferência assim como o

mecanismo de ordenação aplicado às classes definidas como relevantes durante

a execução desse módulo. Com o objetivo de investigar a efetividade da

Page 59: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

59

proposta, instanciamos este processo através de um protótipo que pretende

prover contexto a consultas aplicadas em um ambiente mais próximo possível

do cenário real. A estrutura do protótipo assim como o seu comportamento

está descrito na Seção 5.4.

Utilizando um mecanismo de expansão que substitui ou adiciona novos termos

de forma automática, sem intervenção do usuário, pode gerar um efeito

conhecido como query-drift para a nova consulta gerada. Query-drift nada

mais é do que gerar uma nova consulta que seja distante do interesse inicial do

usuário. Um meio comum de gerar esse tipo de efeito é expandir

automaticamente a consulta inicial com termos relacionados a um dos termos

específico da consulta e não a consulta como um todo. Para evitar esse tipo de

engano, em nossa abordagem todas as palavras adicionadas à consulta são

efetivamente escolhidas pelo usuário.

5.3 Etapa de Inferência e Busca na Ontologia

Por definição, temos por inferência a derivação de novos dados, fatos ou

conhecimentos, a partir de um segundo conjunto de dados (BEPPLER Apud

PEARL, 2008). No âmbito da ontologia, um processo de inferência representa

derivar relações implícitas, verificar quais conceitos são especializações,

generalizações ou sinônimos de outros e ainda identificar instâncias e as

possíveis relações entre elas (BEPPLER, 2008).

Para documentação de uma ontologia, dentre as diversas linguagens baseadas

no formalismo de descrição, a OWL (Web Ontology Language) é uma das mais

difundidas por ser uma codificação ontológica recomendada pelo consórcio

W3C. Para Beppler (2008), quanto maior a expressividade oferecida pela

linguagem, ou seja, quanto mais recursos a ontologia oferece, mais complexa e

poderosa uma máquina de inferência deve ser. Em nosso trabalho, optamos por

utilizar uma ontologia escrita com a versão mais simples de codificação OWL, a

Page 60: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

60

OWL Lite. Apesar de ser menos complexa, atende as nossas necessidades por

representar os relacionamentos necessários para o processo de expansão. Mais

detalhes sobre a ontologia utilizada será descrita na próxima seção que detalha

os elementos utilizados no protótipo.

A etapa de inferência do nosso processo de expansão é responsável por buscar

conceitos que são semanticamente relacionados aos termos da consulta

fornecidos como entrada. Durante esta busca, ao identificar um conceito ou

classe, que menciona em sua descrição um dos termos fornecido como entrada,

esta classe é analisada quanto aos seus relacionamentos de hierarquia e

restrição, como também as suas instâncias.

A análise da hierarquia naturalmente recupera os conceitos que possuem

relacionamento de é_filho_de e é_pai_de. Para esses dois relacionamentos

não existe limite de quantidade, ou seja, é possível que um conceito tenha

vários pais e filhos. Porém, todos os nós da ontologia possuem

obrigatoriamente pelo menos um relacionamento é_filho_de, com exceção

do nó raiz da ontologia (LÓPEZ et al., 1999). Na Figura 5.3 apresentamos um

trecho da ontologia utilizada para exemplificar como esse tipo de

relacionamento é codificado utilizando a linguagem OWL (utilizando a notação

XML da linguagem).

Page 61: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

61

Figura 5.3 � Trecho da ontologia (relacionamento de hierarquia).

Neste exemplo, o processo de inferência identificou o conceito Reuse como

sendo relevante para a consulta. Como podemos ver na primeira parte da

figura, este conceito possui relacionamento é_filho_de ou subClassOf com

os conceitos Object-Oriented_Programming, Requirements_

Management e Software_Design, ou seja, o conceito Reuse é filho de

todos esses conceitos. Por outro lado, na segunda parte da figura podemos ver

o conceito Reuse sendo referenciado em outro ponto da ontologia. Nesse caso,

o conceito Reuse é pai do conceito Design_Patterns.

Page 62: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

62

Figura 5.4 � Trecho da ontologia (relacionamento de restrição).

Na análise de restrições, o mecanismo de inferência procura por

relacionamentos específicos definidos pela ontologia. Para exemplificar esse

tipo de relacionamento podemos utilizar os conceitos Secondary_Storage e

WSDL.

Como podemos ver na Figura 5.4, no primeiro exemplo a relação de restrição

define que um dispositivo físico de armazenamento tem como característica

usar um armazenamento secundário (Characteristics_of_Physical_

Storage_Devices uses Secondary_Storage). Isso quer dizer que para ser

Page 63: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

63

um dispositivo físico de armazenamento é preciso usar um mecanismo de

armazenamento secundário. No segundo exemplo, define que a tecnologia

WebService tem como parte a linguagem WSDL (Web_Services hasPart

WSDL). Segundo Beppler (2008) essa característica permite a criação de novos

relacionamentos entre os conceitos, além dos definidos pela hierarquia,

também conhecido como relacionamento indireto.

Além dos relacionamentos, as ontologias também oferecem o recurso de

determinar as instâncias de um determinado conceito. Este é um recurso

interessante que permite descrever as particularidades de um determinado

domínio através da associação de uma entidade a um conceito definido pela

ontologia.

Figura 5.5 � Trecho da ontologia (instâncias).

No exemplo da Figura 5.5 temos as entidades ODBC e JDBC como instâncias do

conceito Database_Application_Interface e as entidades HTML, SGML e

XML como instâncias do conceito Markup_Languages. Hierarquia, restrições e

instâncias são exemplos de recursos simples que os mecanismos de inferência

podem navegar e localizar conceitos relacionados contidos na ontologia.

Após o processamento executado pela ontologia temos como resultado uma

lista de classes identificadas como sendo relacionada semanticamente à

consulta. Como o processo de inferência pode retornar um número razoável de

classes, surgiu a necessidade de ordenar essas classes por relevância. Isso

ocorre quando a consulta contém um termo bastante genérico, mesmo dentro

Page 64: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

64

do domínio. Por exemplo, o termo �requirements� sendo aplicado ao

processo de inferência retorna 45 classes relacionadas.

Para a ordenação utilizamos dois critérios, a identificação da classe na

ontologia e a quantidade de termos recuperados após a análise dos seus

relacionamentos e instâncias. De acordo com a abordagem, a identificação da

classe foi considerada como recurso principal durante a ordenação. Utilizando

a consulta �functional requirements� como exemplo, temos dentre os

resultados as classes Analyzing_Functional_Requirements e

Analyzing_Non-functional_Requirements_External_Features.

Vemos que a composição do identificador da primeira classe é formada por três

termos, onde dois deles fazem parte da consulta original. Enquanto o

identificador da segunda classe possui cinco termos que distorce bastante o

objetivo principal da consulta. Sendo assim, a exibição das classes será

ordenada pelo maior nível de �semelhança� entre o identificador da classe e os

termos que compõem a consulta. Já o segundo critério seria pela quantidade

de termos obtidos a partir dos relacionamentos e instancias de cada classe. Ou

seja, serão exibidas primeiramente as classes com maior quantidade de

conexões com outros termos da ontologia, o que conseqüentemente gera uma

maior quantidade de termos sugeridos. Assim, utilizando estes dois critérios é

possível exibir primeiramente as classes que possivelmente serão mais

utilizadas pelos usuários, tanto por terem identificadores mais objetivos em

relação à consulta, quanto pela quantidade de termos sugeridos.

Logo, mesmo com uma grande quantidade de classes relacionadas, essa

abordagem permite que sejam utilizadas primeiramente as classes

possivelmente mais relevantes sem que as demais classes também sejam

analisadas.

Page 65: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

65

5.4 Protótipo QuESO

O processo de expansão discutido até agora neste capítulo foi instanciado

através do protótipo QuESO. Construímos uma ferramenta WEB utilizando a

tecnologia JAVA para efetuar as seguintes atividades: (a) expandir os termos

inicialmente aplicados a consulta utilizando conteúdo semântico; e (b)

recuperar documentos utilizando uma consulta baseada em palavras-chave.

Durante sua execução, cada atividade é desempenhada por um módulo

independente do protótipo. Por disso, podem ser executadas simultaneamente

durante a realização da busca.

Como já mencionado, o objetivo principal do protótipo é auxiliar o usuário a

obter o maior número de documentos relevantes possíveis. Sendo assim, o

QuESO foi concebido para que o estudo de caso, definido no Capítulo 6, seja

realizado em um ambiente de busca mais próximo de um cenário real. O

funcionamento de cada módulo do QuESO, as tecnologias utilizadas e a

arquitetura em alto nível do protótipo serão detalhadas nas próximas seções.

5.4.1 Funcionamento

O módulo de expansão, foco deste trabalho, utiliza o framework Jena11

como

máquina de inferência para manipulação e localização dos conceitos contidos

na ontologia de domínio. Este framework nos possibilita certo nível de

abstração com relação à atividade de utilização de URIs para localizar os

recursos da ontologia assim como identificar relacionamentos e instâncias. O

funcionamento deste módulo inicia com uma requisição do usuário para

expandir a consulta utilizando os termos da consulta inicial. Antes de utilizar

de fato a máquina de inferência, o QuESO recebe a consulta a ser expandida e

realiza o tratamento dessas informações, eliminando stopwords e caracteres

especiais por exemplo. Logo depois é efetuado de fato o processamento da

11 Jena: http://jena.sourceforge.net/

Page 66: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

66

ontologia utilizando o Jena, assim como descrito na Seção 5.3. A saída desse

processamento é uma lista ordenada de classes. Como podemos ver na Figura

5.6, cada classe recuperada possui uma estrutura contendo uma lista de

termos, classificados pela fonte de onde foram obtidos.

Figura 5.6 � Exemplo de estrutura de uma classe. Essa estrutura é aplicada a cada conceito recuperado pelo processo de

inferência sendo utilizada para que o usuário possa navegar e procurar os

termos que julga adequado para o contexto de sua consulta. Considerando a

hierarquia de conceitos exemplificada na seção anterior, o elemento PARENTS

lista os termos extraídos das classes com relacionamento é_pai_de enquanto

o elemento SUB_CLASSES lista os termos extraídos das classes com

relacionamento é_filho_de. O elemento SENTENCE apenas decompõe a

descrição da própria classe para que o usuário possa selecionar, caso

necessário, partes de sua descrição. Por exemplo, para a classe

Database_Application_Interface temos em SENTENCE a lista de termos

contendo database, application e interface. Considerando o exemplo

de restrições citado na seção anterior, o conceito web_service teria em seu

elemento RESTRICTIONS o termo WSDL. Por último, durante a análise do

conceito Markup_Languages o elemento INSTANCES teria em seu conteúdo

os termos HTML, SGML e XML.

Page 67: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

67

Na Figura 5.7 apresentamos a tela principal da ferramenta para tentar

exemplificar o mecanismo de seleção de termos utilizados para expandir uma

consulta. Como destacado com as letras na figura, os principais campos são:

a) Barra de pesquisa: esta é a parte da ferramenta em que os usuários

podem inserir suas consultas. É também nesse campo, onde os termos

selecionados na árvore de conceitos são adicionados;

b) Árvore de conceitos: utilizando o protótipo é possível expandir a

estrutura de árvore apresentada e selecionar os termos listados. Ao

clicar em algum dos termos esse é adicionado à barra de pesquisa;

c) Resultado da pesquisa: como mecanismo secundário do protótipo, o

módulo de recuperação realiza a busca nos documentos contidos no

índice. O funcionamento deste módulo inicia com uma requisição de

consulta utilizando os termos contidos na barra de pesquisa. Para

realizar o mecanismo de pesquisa propriamente dito utilizamos o

framework Lucene/Solr12

, nosso protótipo apenas apresenta os

documentos recuperadas como mostra a figura.

Figura 5.7 � Protótipo: Tela Principal.

12 Lucene/Solr: http://lucene.apache.org/solr/

Page 68: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

68

Neste exemplo, o usuário está procurando por informações relacionadas a

requisitos não funcionais. Em sua consulta inicial, ele apenas forneceu o termo

�non-funcional�. O usuário então solicitou a expansão da consulta e obteve

duas classes como resposta. Na primeira classe sugerida, utilizando os termos

da própria sentença, ele selecionou o termo requirements. Ainda na

primeira classe, utilizando os termos providos pelas subclasses o usuário

selecionou o termo safety. Ou seja, de acordo com a expansão o usuário, ele

estava a procura de informações relacionadas a requisitos não funcionais, no

entanto, durante a navegação, selecionou o termo relacionado a segurança por

provavelmente fazer parte de seu interesse.

Além desses campos, durante a apresentação dos resultados informamos os

dados comumente exibidos em um SRI como número de documentos retornados

e os mecanismos de paginação. Os detalhes das tecnologias utilizadas para

construção do protótipo serão apresentados na próxima seção.

5.4.2 Tecnologias utilizadas

Para a construção desse protótipo utilizamos três tecnologias entre linguagens

e frameworks, aplicando-as em cada uma das atividades discutidas na seção

anterior.

A tecnologia JAVA foi utilizada como base para construção do background do

protótipo. A escolha da linguagem deve-se ao uso de duas bibliotecas, uma

aplicada ao processo de indexação e consulta (Solr/Lucene) e a outra ao

processo de expansão (Jena framework).

O Lucene é uma das mais famosas e mais usadas bibliotecas para indexação e

consulta de textos, disponível em código aberto. Sob o domínio da Apache

Page 69: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

69

Foundation13

, a biblioteca contempla duas etapas principais do processo de

busca: indexação e pesquisa. A indexação processa os dados originais gerando

uma estrutura de dados inter-relacionada eficiente para a pesquisa baseada em

palavras-chave. A pesquisa, por sua vez, consulta o índice pelas palavras

digitadas em uma consulta e organiza os resultados pela similaridade do texto

com a consulta. Portanto, a biblioteca Lucene é responsável por indexar e

recuperar documentos utilizando um algoritmo de ordenação baseado no

modelo vetorial clássico, segundo a classificação de Yates e Neto (1999).

Entretanto, o Lucene contém apenas o núcleo do "motor" de busca, não

incluindo qualquer parser para diferentes formatos de documentos ou

mecanismos de acesso através da WEB. Para isso, utilizamos o Solr como

plataforma de pesquisa e utilizamos seus parsers nativos para indexar

documentos do tipo PDF. Além disso, utilizamos o Solr como um servidor

independente de pesquisa. Através de uma simples requisição HTTP/GET ao

servidor de pesquisa é possível ter como resposta um objeto do tipo XML ou

JSON14

.

Por último, utilizamos a biblioteca Jena como máquina de inferência para

buscar termos relacionados a uma consulta fornecida. Jena é um projeto

originado do núcleo de pesquisa em Web Semântica da Hewlett-Packard15

. Seu

objetivo é proporcionar um framework para dar suporte à manipulação de

ontologias documentadas utilizando, dentre outras linguagens, a linguagem

OWL. Com isso, aplicamos essa biblioteca na ontologia de domínio e

construímos o objeto contendo a lista de termos classificados pelo tipo de

relacionamento que foram recuperados, assim como especificado na Seção

5.4.1.

13 Apache: http://www.apache.org/ 14 JSON: http://www.json.org/ 15 HP Labs: http://www.hpl.hp.com/

Page 70: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

70

A importância ao descrever as tecnologias utilizadas para construção do QuESO

está em delimitar as responsabilidades atribuídas a cada módulo a fim de

atender as necessidades de um processo completo de recuperação de

informação. O modelo funcional do protótipo, apresentado na próxima seção,

servirá para reforçar a idéia de independência entre os módulos.

5.4.3 Modelo Funcional do Protótipo

O QuESO utiliza uma ontologia de domínio como artefato principal para a

criação de módulos e componentes que se comunicam entre si. Sendo composto

por dois módulos principais, as responsabilidades são divididas da seguinte

forma: (a) indexar e recuperar documentos; e (b) expandir semanticamente os

termos da consulta original baseado na ontologia de domínio. A Aplicação como

um todo é responsável por interagir com esses dois módulos e apresentar

componentes interativos em uma página WEB. No entanto, os módulos foram

concebidos com base nas definições e necessidades discutidas pelo modelo

proposto. A Figura 5.8 mostra uma estrutura em alto nível do protótipo

enfatizando a independência entre os processos de consulta e expansão.

Page 71: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

71

Figura 5.8 � Modelo Funcional do QuESO.

O processo de expansão começa com a solicitação do usuário em expandir os

termos iniciais de sua consulta. O módulo de análise e expansão então realiza o

processo de inferência utilizando a ontologia de domínio. Como reposta a esse

processo temos uma estrutura, em árvore, contendo os conceitos e instâncias

inferidos como relevantes para o contexto da consulta. O usuário então

seleciona os termos que deseja expandindo sua consulta para atender a sua

necessidade de informação. A partir desse ponto, é possível executar um

processo convencional de recuperação onde o usuário aplica sua consulta

expandida e o engenho de busca utilizado realiza a recuperação e ordenação

dos resultados. O processo de consulta então finaliza com a exibição da lista

ordenada de documentos.

Assim, o protótipo foi projetado de forma não acoplada, para que tanto a base

de dados, utilizada no módulo de indexação e consulta, quanto à ontologia de

Page 72: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

72

domínio, utilizada no módulo de expansão, pudessem ser facilmente

substituídos e aplicados a novos estudos. No entanto, esta foi a infra-estrutura

definida para atender os requisitos de um processo completo de RI que utiliza

expansão semântica de consulta. Além disso, foi necessária a construção de

uma interface de interação e fornecimento de dados, mostrado na Figura 5.7,

uma vez que o experimento realizado neste trabalho contou com a participação

de usuários, como veremos na Seção 6.3.

5.5 Considerações Finais

Como pudemos ver, neste capítulo apresentamos uma proposta possibilitando

que o usuário realize suas próprias classificações controlando o contexto da

consulta através da manipulação de termos sugerido durante o processo de

consulta. O QuESO foi construído para colocar em prática o uso de uma

ontologia de domínio aplicado a expansão de termos com o objetivo de auxiliar

o usuário a formular a consulta mais adequada para sua necessidade de

informação.

Alguns trabalhos têm sido difundidos na academia utilizando coleções

independentes de conhecimento estruturado, como ontologias e tesauros,

aplicados a categorização de informação (MOREIRA, 2003; PICKLER, 2007). Essa

categorização normalmente é feita durante o processo de indexação, onde os

documentos contidos em uma coleção são previamente classificados por

categorias também previamente definidas. Diferentemente dessa abordagem,

nossa proposta realiza a classificação do conteúdo no momento da realização

da consulta, utilizando conhecimento estruturado de um domínio para expandir

semanticamente os termos da consulta

O próximo capítulo apresenta um estudo de caso executado em um ambiente

experimental para avaliar os resultados obtidos com a utilização do módulo de

expansão em um processo de busca.

Page 73: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

73

6. Experimento: Um Estudo de Caso

No capítulo anterior abordamos uma proposta para expansão de consultas

utilizando ontologia de domínio como estrutura independente de

conhecimento. Neste capítulo apresentamos o framework de avaliação definido

para analisar a eficácia da proposta. Nossa validação é baseada em um estudo

de caso na área da ciência da computação. Para realizar a validação do modelo

proposto, um protótipo foi desenvolvido e um ambiente foi montado para

execução do experimento, como descrito na Seção 5.4 do capítulo anterior.

Este capítulo, essencialmente, busca validar a utilidade da expansão de

consulta aplicada na RI. Na Seção 6.1 serão apresentadas as hipóteses que

pretendemos confirmar assim como a definição do estudo utilizado para avaliar

a proposta. Na Seção 6.2 mostramos o framework de avaliação utilizado,

detalhando os parâmetros e métricas a serem aplicados no estudo. Na Seção

6.3 mostrados como foi feita a preparação do ambiente de execução do estudo,

como também os recursos utilizados. Na Seção 6.4 apresentamos os resultados

experimentais assim como uma análise crítica desses resultados. A Seção 6.5

foi destinada a discussão de alguns pontos de melhorias identificados antes e

durante a execução do experimento. Por último, na Seção 6.6 apresentamos as

considerações finais obtidas com a execução e avaliação do experimento.

6.1 Definição do Estudo

O método Goal Question Metric (GQM) (BASILI et al., 1986) foi utilizado para

fornecer direcionamento ao estudo de caso. Segundo Basili, o GQM consiste na

definição de um objetivo para o estudo, um conjunto de perguntas a serem

respondidas e as métricas relacionadas que devem ser coletadas para ajudar a

responder as perguntas. Com essa estrutura tivemos recursos para embasar a

pesquisa.

Page 74: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

74

O objetivo do estudo foi analisar a efetividade de um módulo para seleção de

termos, semanticamente relacionados, durante a formulação de consultas em

um ambiente de busca baseado em palavras-chave. O intuito foi compreender

quais fatores podem impactar na recuperação de informação, considerada

como relevante, durante um processo de expansão de consulta. Contudo,

temos como questão central do experimento: utilizando uma mesma

necessidade de informação, o protótipo retorna mais resultados relevantes com

a utilização do módulo de expansão? Este é o ponto de partida do nosso estudo.

Para atingir o objetivo pretendido, quatro métricas já comentadas na Seção

2.2.3 foram consideradas: revocação, precisão, precisão geral e medida-F. Em

resumo, estas medidas são utilizadas para avaliar a eficácia de um SRI. Através

delas é possível mensurar a habilidade do sistema em recuperar documentos

relevantes ao mesmo tempo em que evita os não relevantes (SILVEIRA, 2003).

De acordo com o estudo de caso, estabelecemos as hipóteses nulas e

alternativas. As hipóteses nulas são aquelas que o pesquisador quer rejeitar,

enquanto as hipóteses alternativas são aquelas que se deseja confirmar

(CAVALCANTI apud WOHLIN et al.,2008).

Definimos como hipóteses nulas:

- H0a: o uso do módulo de expansão aumenta a precisão absoluta das

pesquisas

- H0b: o uso do módulo de expansão prejudica o desempenho geral do

sistema (medida-F)

Para rejeitar essas hipóteses, nós esperamos as seguintes hipóteses

alternativas:

- H1: o uso do módulo de expansão prejudica a precisão absoluta das

pesquisas

Page 75: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

75

- H2: o uso do módulo de expansão aumenta o desempenho geral do

sistema (medida-F)

Se a hipótese nula H0a for rejeitada, os resultados indicarão que o uso do

mecanismo de expansão abrange demasiadamente a consulta. Por outro lado, o

que se espera é que utilizando os termos sugeridos pelo módulo de expansão,

aumente o rank dos resultados de fato relevantes, trazendo-os para os mais

bem classificados da consulta (top 20, por exemplo). Portanto, o principal

resultado esperado vem da hipótese nula H0b. Caso seja rejeitada, os resultados

indicam que o uso do módulo de expansão produz um resultado melhor no

geral.

6.2 Framework de Avaliação

O framework de avaliação foi definido baseado nos trabalhos de Garcia et al.

(2006) e Barros et al. (1998). O procedimento de avaliação consiste nos

seguintes passos:

a) Escrita das necessidades de informação (NI): Foi definido um grupo

de participantes para escrever um conjunto de necessidades de

informações específicas do domínio. Cada necessidade ni do

conjunto NI tem uma descrição utilizando linguagem natural com o

conteúdo dos documentos que devem ser considerados relevantes

para a ni. Essas necessidades foram cuidadosamente selecionadas

para avaliar o comportamento da solução para o tratamento de

tópicos amplos e restritos;

b) Definição prévia do conjunto de documentos relevantes para cada

necessidade R(ni): Esta atividade deve ser executada por um grupo

de pessoas com experiência no domínio em questão. Na Seção 6.3

detalhamos como a base de informações como um todo foi montada,

assim como a estratégia utilizada para inserir documentos

previamente conhecidos no repositório;

Page 76: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

76

c) Escrita das consultas: para cada ni, o usuário deve escrever uma

consulta c(ni) que será submetida ao mecanismo de pesquisa.

Vamos nos referir a essa consulta como �consulta simples�;

d) Associação de contexto às consultas definidas no passo 2: Para cada

consulta c(ni) o usuário deve expandi-la e selecionar os termos

sugeridos pelo processo de inferência para que seja adicionado algum

tipo de contexto. Nós chamaremos esta nova consulta gerada de

�consulta expandida�. Uma lista contendo todas as consultas

aplicadas e suas expansões são apresentadas no Apêndice B -

Exemplo de consultas aplicadas e suas expansões;

e) Limitação de documentos avaliados: como o mecanismo de pesquisa

realiza a ordenação dos documentos por relevância exibindo os de

melhor rank primeiro, analisaremos apenas os L primeiros

documentos classificados. Assumindo também que os usuários, na

maioria dos casos, não avançam mais do que a segunda página de

documentos durante a análise dos resultados (SILVERSTEIN et al.,

1998), para nosso estudo definimos L=20. Além disso, para um

melhor embasamento desta abordagem, foi investigado que os

trabalhos de Barros et al. (1998), Silva et al. (2003) e Andreou (2005)

utilizaram esta mesma abordagem durante o processo de avaliação; e

f) Efetuar duas execuções: (a) aplicar o conjunto de consultas simples

CS(ni); e (b) aplicar o conjunto de consultas expandidas CE(ni).

Durante a execução de cada consulta c(ni), seja simples ou

expandida, contabilizar o número de documentos relevantes

recuperados, que chamamos de nrr(c(ni)). Além disso,

contabilizar a número de documentos recuperados na execução da

c(ni), que chamamos de ntr(c(ni)). No entanto, é importante

lembrar que serão analisados apenas os L primeiros resultados da

consulta.

Page 77: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

77

Uma das métricas utilizadas é a revocação relativa. Para cada consulta c(ni),

calcular a razão entre nrr(c(ni)) e a quantidade de documentos da coleção

R(ni), que chamamos de nR(ni). Com isso, temos:

Em outras palavras, dado uma ni, temos o número de documentos relevantes

recuperados para a consulta, pelo número de documentos previamente

conhecidos como relevantes. A segunda métrica a ser coletada é a precisão.

Para cada consulta c(ni), calcular a razão entre nrr(c(ni)) e

ntr(c(ni)). Calculamos da seguinte forma:

Utilizando o ntr(c(ni)) ou número total de documentos retornados

aplicando o limite L, temos a precisão considerada como relativa ou precisão

normalizada, onde a precisão é calculada apenas sobre os L documentos de

maior rank (BARROS et al., 1998; HIEMSTRA and MIHAJLOVIC, 2005). Dessa

forma, essas medidas não dependem do número total de itens relevantes e sim

do número de itens relevantes que são conhecidos. Segundo Hiemstra e

Mihajlovic (2005), essa abordagem também é utilizada em vários trabalhos do

TREC para reportar a precisão normalizada de uma consulta, sendo conhecida

como precision cut-off.

Por outro lado, adotando o ntr(c(ni)) sem a normalização, ou seja,

considerando todos os documentos retornados, temos a precisão absoluta ou

geral. Para este trabalho, foi decidido calcular as duas medidas de precisão.

Então, a precisão tradicional será utilizada para avaliar se ocorre uma variação

expressiva quando o processo de expansão de termos é utilizado, de acordo

com a hipótese H1, enquanto a normalizada será combinada a revocação

relativa para gerar uma nova métrica, a medida-F. Durante esta avaliação

Page 78: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

78

chamaremos a precisão normalizada simplesmente de precisão, enquanto a

segunda chamaremos de precisão geral.

Por último, a medida-F, também conhecida como média harmônica, é utilizada

para mensurar o desempenho geral de um mecanismo de busca. Dessa forma, o

desempenho geral do mecanismo de busca proposto será calculado para apoiar

a hipótese H2. Na Seção 2.2.3.2 foi detalhado como essa métrica pode ser

obtida.

Concluindo, essas são as medidas utilizadas para mensurar a eficácia do

mecanismo de busca utilizando consultas semanticamente expandidas como

também as consultas sem adição de contexto.

6.3 Preparação para o experimento

Como participantes do experimento, selecionamos colaboradores do

C.E.S.A.R.16

para elaboração das consultas e utilização dos termos sugeridos

pelo processo de expansão. As instruções sobre a execução do experimento

foram detalhadas previamente para os participantes. Além da definição das

consultas, os integrantes mais experientes deste grupo também colaborou para

a seleção dos documentos adotados como relevantes para cada NI definida. Na

Tabela 6.1 contém o perfil de cada participante do experimento. As

informações contidas na tabela são um indicativo de que os usuários do

protótipo possuem afinidades e interesses na área de ciência da computação,

ou seja, não se comportam como usuários convencionais. Logo, os termos

sugeridos, referentes ao domínio de atuação, puderam ser julgados e utilizados

de forma coerente pelos utilizadores do protótipo.

16 C.E.S.A.R: Recife Center For Advanced Studies and Systems. Uma empresa com CMMi nível 3 e aproximadamente 400 funcionários. http://www.cesar.org.br

Page 79: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

79

Tabela 6.1 � Perfil dos Participantes.

ID Idade

(anos)

Tempo desde

a graduação

(anos)

Participações

em projetos

na área

Formação

1 24 4 6 Graduado em Sistemas de Informação, Mestrando em

Engenharia de software

2 27 5 3 Graduado em Ciência da Computação

e Especialização em Teste de

Software

3 32 10 15 Graduado em Ciência da Computação

e Mestre em Engenharia da Computação

4 30 4 8 Graduado em Sistemas de Informação, Mestrando em

Engenharia de software

5 31 10 20 Graduado em Matemática e Nível

técnico em Ciência da Computação

6 26 4 4

Graduado em Ciência da

Computação, Especialista em

Engenharia de Software e Mestrando em Engenharia de Requisitos

Em relação a coleção de documentos a serem pesquisados, foi montada uma

base de dados experimental contendo artigos publicados em diversas

conferências na área de ciência da computação17

. A base montada contém 889

documentos abrangendo informações das mais variadas subáreas dentro da

ciência da computação como linguagens de programação, banco de dados, rede

de computadores, redes neurais, entre outros.

Como relatado na seção anterior, uma tarefa bastante complexa é obter uma

medida precisa da revocação, uma vez que é necessário saber exatamente

quantos componentes relevantes existe no repositório para cada consulta. Para

contornar este problema um conjunto de documentos inseridos no repositório,

17 Conferências: SBC 2005 (www.sbc.org.br/sbc2005), IJCNN07(www.ijcnn2007.org), SBBD-SBES 2008 (sbbdes.ic.unicamp.br).

Page 80: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

80

chamado de documentos conhecidos, foi selecionado para cada NI definida. A

seleção destes documentos foi feita em conjunto por parte do grupo de

participantes do experimento e por alguns pesquisadores com domínio nas

áreas que o experimento abrange. Desta forma, para cada NI, foi possível

fornecer um número de componentes relevantes com alguma garantia, já que

um grupo de pessoas da área selecionou os documentos. Essa mesma estratégia

foi utilizada no trabalho de Garcia et al. (2006).

Por último, utilizamos uma ontologia de domínio para ser aplicada ao

mecanismo de expansão. O Apêndice A - Exemplo de Conceitos e

Relacionamentos da ontologia utilizada � apresenta um trecho dessa ontologia

de domínio, além de representar graficamente como os conceitos se

relacionam. Essa ontologia foi construída utilizando a ferramenta Protegé18

,

uma plataforma open-source para construções de modelos de conhecimentos

baseados em ontologias. Ela especifica termos utilizados na área de ciência da

computação, onde 2966 conceitos são codificados utilizando a linguagem OWL

(COMPUTING-ONTOLOGY, 2009). Apesar de trabalhar com um domínio restrito,

poderia ter sido escolhido qualquer outra ontologia, contanto que seja

referente ao domínio especificado. Porém, é importante lembrar que a

qualidade dos termos propostos é baseada na qualidade da ontologia como um

todo. Apesar de não fazer parte do escopo de nosso trabalho, a qualidade de

uma ontologia pode ser aferida utilizando as características ideais descritas na

Seção 3.2.

6.4 Análise e Interpretação dos Resultados

Esta avaliação está principalmente focada em medir o desempenho geral de um

sistema de RI comparando a utilização de consultas e consultas expandidas. De

acordo com o framework de avaliação descrito na Seção 6.2, nós tivemos 6

usuários para escrever consultas relacionadas a 13 NIs, com um total de 156

18 Protegé; http://protege.stanford.edu

Page 81: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

81

consultas. Assim, nós calculamos a relevância para os 20 primeiros documentos

retornados referente a cada consulta, simples e expandida, considerando as

métricas definidas no framework de avaliação (precisão, revocação e medida-

F). Entretanto, além dessa abordagem, calculamos também a precisão geral,

ou seja, calculada através da relação do número de documentos relevantes

pela quantidade total de documentos recuperados pelo processo de busca.

Essas duas abordagens são utilizadas para apoiar as hipóteses definidas na

Seção 6.1.

Além disso, é importante destacar que esta avaliação está focada na qualidade

dos resultados obtidos, medindo a efetividade da utilização de um módulo de

expansão semântica de consulta. Parâmetros como tempo de pesquisa,

usabilidade ou quantidade de clicks, não fazem parte do foco desta avaliação.

Por isso, nosso estudo esteve focado principalmente nos resultados das

pesquisas em vez de avaliar o processo de pesquisa como um todo.

6.4.1 Hipótese utilizando precisão geral

Com a adição de novos termos, naturalmente se aumenta a abrangência da

consulta. No entanto, a expansão de consulta pode vir a prejudicar a precisão

ou objetividade da consulta, dependendo dos termos selecionados. Por

exemplo, como podemos ver nos dados da Tabela 6.2, a consulta simples

utilizando o termo �wsdl� obteve uma precisão geral de 84% em relação ao

total de documentos retornados. Após a expansão da consulta, adicionando

apenas o termo �services� foi possível aumentar de 11 para 13 o número de

documentos relevantes retornados, ou seja, temos um aumento da abrangência

da consulta. Contudo, a nova consulta obteve uma precisão geral de 7% em

relação ao total de documentos retornados.

Page 82: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

82

Tabela 6.2 � Precisão Geral: Exemplo de uma consulta e sua expansão.

Abordagem Consulta Relevantes Total Precisão

Simples Wsdl 11 13 0,8462 Expandida wsdl services 13 166 0,0783

Assim, considerando que este é o pior caso de degradação, temos uma queda

na ordem de 91% na precisão geral da consulta expandida em relação à

consulta inicial. Ainda analisando o prejuízo na precisão utilizando consultas

expandidas, na Figura 6.1 apresentamos a precisão geral para todas as NIs

comparando o desempenho obtido por cada abordagem.

Figura 6.1 � Precisão geral por tipo de consulta.

Observando o gráfico podemos destacar os assuntos NI(�agile�,

�data_security�,�web_service�). Especificamente para essas três

necessidades, ao utilizar a consulta simples temos níveis de precisão acima da

média. Entretanto, para essas mesmas necessidades, a consulta expandida

prejudicou consideravelmente a precisão geral das consultas. Por isso,

consultas iniciais com boas taxas de precisão podem ser prejudicadas pela

seleção de novos termos sugeridos durante o processo de expansão.

Page 83: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

83

Calculando a média para as duas abordagens é possível concluir de fato que a

expansão de consulta é capaz de prejudicar a precisão geral do sistema.

Levando em consideração a precisão geral para as duas abordagens, a Tabela

6.3 mostra algumas estatísticas sobre o resultado do experimento através da

média de todas as consultas aplicadas, o desvio padrão e a variância. Para

consultas simples temos uma média de 5% na precisão geral, com um desvio

padrão de 0,10. Já as consultas expandidas obtiveram uma média de apenas 1%

com desvio padrão de 0,01. Com isso, mesmo considerando o melhor caso de

desvio padrão para as consultas expandidas, a hipótese nula H0a - o uso do

módulo de expansão aumenta a precisão absoluta das pesquisas � deixa de ser

rejeitada se existe a possibilidade da expansão de consulta aumentar a

precisão absoluta do sistema.

Tabela 6.3 � Precisão Geral: Descrição Estatística.

Abordagem Precisão

Média Desv. Pad. Variância Simples 0,0596 0,1006 0,0101

Expandida 0,0104 0,0100 0,0001

No entanto, com os dados da Tabela 6.3 podemos concluir estatisticamente que

a hipótese nula H0a é rejeitada, favorecendo assim a hipótese alternativa H1 -

o uso do módulo de expansão prejudica a precisão absoluta das pesquisas.

6.4.2 Hipótese utilizando medida-F

Utilizando informações de precisão e revocação relativa, a Figura 6.2 mostra as

medidas para todas as 13 NIs, distinguindo-as em consultas simples e

expandidas.

Como podemos ver na descrição do eixo horizontal, cada barra do gráfico

representa a média obtida para o conjunto de consultas referentes a uma NI

específica. Por exemplo, para a NI(�agile�) foram aplicadas 12 consultas, 6

do tipo simples e 6 do tipo expandida. Logo, tomando o gráfico de Precisão

Page 84: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

84

como exemplo, a primeira barra do gráfico representa a média de precisão

(0,47) para as 6 consultas simples aplicadas para atender a NI(�agile�). Já a

segunda barra, representa a média de precisão (0,35) para as 6 consultas

expandidas para a mesma NI. Evidentemente o gráfico de revocação segue

esse mesmo raciocínio.

Figura 6.2 � Medida de precisão e revocação por tipo de consulta.

Page 85: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

85

Na Tabela 6.4 podemos observar o resultado para a precisão e revocação

relativa calculada para as duas abordagens. Assim, a tabela apresenta os

valores médios de precisão e revocação considerando todas as consultas.

Tabela 6.4 � Precisão e Revocação para as duas abordagens.

Abordagem Precisão Revocação

Simples 0,2328 0,4395 Expandida 0,2514 0,5213

Observando as informações da tabela, foi conseguido um ganho em torno de 9%

na precisão das consultas. Isso quer dizer que, observando apenas os L

primeiros resultados, identificamos uma proporção maior de documentos

relevantes quando aplicadas as consultas expandidas. Com relação à revocação,

foi possível obter um ganho de 19%, uma vez que os termos selecionados

conseguiram fazer com que o mecanismo de busca retornasse um subconjunto

maior dos documentos classificados como relevantes, considerando também os

L primeiros resultados. Isso ocorre porque através da seleção de termos o

usuário consegue expressar melhor suas necessidades. Logo, fornecendo uma

consulta com termos mais específicos, o mecanismo de busca pode aumentar

rank dos documentos relevantes melhorando assim tanto a revocação quanto a

precisão.

Diferentemente dos resultados obtidos por Pizzato (2003) que enquanto

conseguiram aumentar a revocação tiveram prejuízo na precisão dos

resultados, nosso experimento obteve tanto uma melhoria na abrangência

quanto na precisão. Já o trabalho de Barros et al. (1998), assim como o nosso,

obteve melhores resultados nas duas medidas quando utilizadas as consultas

expandidas. Contudo, uma vez que entendemos essas duas medidas como tendo

objetivos contraditórios (YATES and NETO, 1999), uma melhoria conjunta pode

ser considerada como um bom resultado.

Page 86: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

86

É importante destacar que essas duas medidas foram úteis para o cálculo da

medida-F, utilizada para medir o desempenho geral de um SRI e apoiar a

hipótese H2. A Figura 6.3 mostra a média de medida-F calculada para cada NI

com o objetivo de observar e comparar o comportamento do mecanismo de

busca quando consultas simples e expandidas são utilizadas.

Figura 6.3 � Medida-F nas consultas simples e expandidas.

Com base na figura percebemos que em apenas dois pontos do gráfico o

desempenho geral do sistema foi inferior para consultas expandidas. Isso

demonstra a uniformidade da melhoria provida pelo processo de expansão de

consultas utilizando ontologias de domínio.

Durante a execução do experimento, 10 consultas simples não retornaram

qualquer resultado relevante, não podendo assim calcular as medidas de

precisão e revocação. Dessas consultas, que podemos chamar de consultas

nulas, 4 delas obtiveram pelo menos um resultado relevante após a expansão

de consulta. Sendo assim, podemos considerar que essas consultas nulas

representam o pior caso da análise aumentando consideravelmente a

Page 87: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

87

variabilidade dos resultados. Mesmo assim, decidimos utilizar essas amostras

contendo as consultas nulas para manter a consistência do experimento.

Ainda referente à superioridade da medida-F para as consultas expandidas, a

Tabela 6.5 mostra algumas estatísticas sobre o resultado do experimento para

todas as consultas aplicadas utilizando a média, o desvio padrão e a variância.

Tabela 6.5 � Medida-F: Descrição Estatística.

Abordagem Medida-F

Média Desv. Pad. Variância Simples 0,2951 0,1624 0,0264

Expandida 0,3340 0,1833 0,0336 Expandida

x Simples

13,18% --- ---

Essas medidas mostram uma melhoria consistente no desempenho qualitativo

do sistema pelo uso de ontologias para expandir semanticamente as

consultas. Embora as métricas de revocação e precisão geralmente sejam

conflitantes, como já citado nesta seção, a aplicação da técnica proposta pôde

proporcionar um crescimento conjunto o que refletiu um aumento de 13,18% na

média da medida-F. Com isso, considerando a hipótese nula H0b - o uso do

módulo de expansão prejudica o desempenho geral do sistema � poderíamos

rejeitá-la apenas utilizando os valores médios, comparando diretamente as

duas abordagens. No entanto, se consideramos o pior caso de desvio padrão

descrito na Tabela 6.5 para a abordagem expandida, a média para a medida-F

pode mudar radicalmente sendo a abordagem simples superior à abordagem

expandida.

Assim, considerando o ganho médio de 13,18% na medida-F com a utilização do

mecanismo de expansão semântica de consultas, nossa decisão favoreceria a

hipótese alternativa H2 - o uso do módulo de expansão aumenta o desempenho

geral do sistema. Porém, estatisticamente falando a hipótese nula H0b não

Page 88: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

88

pode ser rejeitada, uma vez que existe a possibilidade da abordagem simples

superar a abordagem expandida no desempenho geral do nosso experimento.

Contudo, para fornecer uma confirmação mais sólida a esta hipótese são

necessários mais experimentos ou até algumas modificações e adaptações

neste mesmo experimento. A próxima seção descreve alguns pontos

considerados como frágeis ou que poderiam ser melhorados para que as

hipóteses sejam mais bem fundamentadas.

6.5 Pontos de melhoria

Com base no experimento definido neste capítulo alguns pontos de melhoria

foram identificados como segue:

a) Utilizar mais de uma ontologia de domínio durante o experimento

para identificar a importância da qualidade da ontologia para o

processo de inferência e conseqüentemente para a qualidade dos

termos sugeridos;

b) A definição dos documentos conhecidos como relevantes deve ser

feita por um especialista para cada área de uma NI. Esta atividade foi

considerada como um risco do nosso experimento e, caso ajustada,

pode aumentar a credibilidade do experimento além de garantir a

consistência das medidas coletadas;

c) Número de documentos utilizados na base de informações do

experimento. Quanto maior o número de documentos em uma

coleção, melhores e mais condizentes com a realidade serão as

métricas extraídas do experimento;

d) Computar também as consultas que não obtiveram termos sugeridos.

Esta informação seria importante para avaliar a real utilidade do

mecanismo de expansão, calculando o percentual de consultas que

foram auxiliados de fato pelo mecanismo de expansão. Uma

explicação para a constatação de quantas buscas foi modificada

poderia ser o fato de que em um ambiente de pesquisa com auxílio

Page 89: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

89

de ontologia, onde os usuários dispõem de termos semanticamente

relacionados a seus termos de pesquisa inicial, tendem a selecionar e

adicionar, ou não, termos de suas consultas;

e) Assim como o experimento de Shiri e Revie (2006), Andreou (2005) e

Tomonari et al. 2005, contabilizar a quantidade de termos utilizados

para expandir as consultas. Experimentos indicam que o melhor

desempenho foi alcançado com adições entre 20 e 40 termos

(CARDOSO apud HARMAN, 1996). Evidentemente que este número

depende da coleção e da técnica de expansão utilizada. Sendo assim,

a intenção é identificar se existe alguma relação entre a quantidade

de termos selecionados e qualidade dos resultados obtidos; e

f) Calcular as medidas de revocação e precisão separadamente para

cada fonte de informação da ontologia em que o termo utilizado na

expansão foi selecionado. Isso quer dizer que seria possível distinguir

qual tipo de relacionamento da ontologia foi mais relevante durante

a seleção de termos dentre os relacionamentos de restrição,

hierarquia ou instância, por exemplo. Essa abordagem foi utilizada

por Silveira (2003) como também no Shiri e Revie (2006).

Com relação aos pontos de melhoria para a solução em si, identificamos que a

utilização de operadores booleanos na geração das consultas expandidas

poderia ajudar a controlar melhor os níveis de abrangência e precisão das

consultas. Os trabalhos de Shiri e Revie (2006), e Andreou (2005), utilizaram

operadores lógicos na geração de suas consultas.

Outro ponto de melhoria para a solução seria permitir que usuário, além de

navegar nas classes inferidas, utilizasse a própria ontologia para procurar o

conceito de seu interesse. O trabalho de Barros et al. (1998) tornou possível

esta abordagem e obteve bons resultados.

Page 90: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

90

Portanto, esses são os pontos de melhoria, tanto do experimento quanto da

solução, levantados para fornecer um direcionamento às investigações

aplicadas à área de RI e especificamente a expansão e reformulação semântica

de consultas utilizando ontologia de domínio.

6.6 Considerações Finais

Este capítulo apresentou a definição, preparação, análise e interpretação do

experimento executado para avaliar a utilidade do mecanismo de expansão

proposto. O experimento foi conduzido por 6 participantes que produziram um

total de 156 consultas baseada em 13 necessidades de informação (NI). As

estatísticas apresentadas mostraram que a utilização do processo de expansão

de consulta teve um desempenho melhor do que a busca baseada apenas em

palavras-chave, as consultas simples. Entretanto, a abordagem utilizada para

comparar o desempenho geral do sistema não obteve dados estatisticamente

suficientes para rejeitar a nossa principal hipótese nula H0b e chegar de fato a

uma conclusão. Apesar disso, foi identificado que na maioria das consultas os

termos selecionados foram úteis para melhorar tanto a abrangência quanto a

precisão da busca.

Considerando a média para todas as consultas, as taxas de revocação e precisão

foram muito próximas aos valores obtidos por outros autores que fizeram uso

de ontologia no processo de expansão, 50% e 20% respectivamente (BARROS et

al., 1998; SILVEIRA, 2003; ANDREOU, 2005). No entanto, apesar de facilitar a

execução e análise do experimento como também ser vastamente utilizado na

avaliação dos SRIs, um ponto de risco pode ser a utilização da precisão

normalizada (precision cut-off). Essa abordagem pode distorcer as medidas

para o estudo, uma vez que, dada uma consulta, documentos mais relevantes

do que os documentos conhecidos podem ser sempre retornados. Sendo assim,

há possibilidade dos documentos conhecidos ficarem sempre em uma posição

acima do limite L especificado e por sua vez não fazerem parte dos

Page 91: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

91

documentos classificados como relevantes para a consulta. Neste cenário, a

medida de precisão pode não representar a realidade das respostas.

As principais dificuldades encontradas durante a execução do experimento

estão relacionadas a definição da coleção de dados utilizada. Considerando que

o conceito de relevância é bastante abstrato, é difícil construir uma base de

informações e classificar quais documentos são relevantes considerando apenas

uma necessidade de informação como referência. Além disso, o número de

participantes e conseqüentemente o número de consultas aplicadas a coleção

de referência pode ser julgado como insuficiente para obtenção de dados

conclusivos. Logo, esses podem ser considerados como pontos negativos da

avaliação.

Portanto, mais experimentos devem ser realizados aplicando os pontos de

melhoria levantados anteriormente, como também os descritos na seção

anterior. Com estes ajustes, acreditamos que novos experimentos possam obter

conclusões mais concretas quanto a eficácia da utilização de um módulo de

expansão de consultas apoiado por uma ontologia de domínio.

No próximo capítulo apresentamos as conclusões alcançadas e as propostas de

trabalhos futuro para essa dissertação.

Page 92: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

92

7. Conclusões

Este trabalho propôs e avaliou uma solução para o problema de formulação de

consultas utilizando apenas palavras-chave. Os SRIs convencionais tentam

estabelecer diretamente um padrão entre as palavras-chave da consulta e os

termos contidos no índice (coleção de documentos). Como já descrito, esse

mecanismo acarreta um problema recorrente, uma vez que o usuário tem a

tarefa de traduzir sua necessidade de informação em um conjunto de palavras-

chave para formar sua consulta. Sendo assim, a distância entre a necessidade

do usuário e o entendimento computacional de uma consulta é conhecida na

academia como gap semântico, tendo em vista que as consultas normalmente

não representam o real interesse do usuário. Com isso, a principal

conseqüência deste problema é uma quantidade excessiva de tentativas na

busca pela informação desejada. Em outras palavras, os usuários desse tipo de

ferramenta são desencorajados a utilizá-las por não conseguir expressar sua

necessidade de forma objetiva e eventualmente não obter o resultado

esperado.

Nesse trabalho foi proposto um modelo que utiliza ontologias para orientar

consultas aplicadas a uma coleção de documentos referente a um domínio

restrito e controlado. Portanto, o objetivo foi melhorar a abrangência e a

precisão das consultas através da associação de contexto durante a atividade

de busca. A idéia foi utilizar o conhecimento codificado na ontologia para

tentar especificar as consultas de forma a encontrar a maior quantidade de

documentos relevantes possível nos primeiros resultados. Além do mais, por se

tratar de um conhecimento compartilhado e difundido, a ontologia pode ser

considerada uma fonte de informação confiável para qualquer procedimento na

área de RI, ou em qualquer área. No entanto, o foco específico do trabalho

Page 93: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

93

tratou da seleção de novos termos de pesquisa para expandir consultas baseado

em conteúdo estruturado provido por uma ontologia de domínio.

Para verificar a viabilidade da proposta foi desenvolvido um protótipo que

fornece mecanismo de interação e seleção de termos para expansão de

consultas, o QuESO. Embora seja possível aplicar nossa proposta de expansão

de consultas utilizando ontologias de domínio a diferentes áreas, este trabalho

verificou experimentalmente a qualidade e eficácia da proposta para uma área

específica do conhecimento, a área de ciência da computação. A ontologia

utilizada é conhecida como ontologia computacional (Computing Ontology) e os

experimentos foram executados sobre uma coleção de documentos da área,

montada especificamente para este trabalho.

Respondendo a pergunta central da proposta - como um usuário pode se

beneficiar com a expansão de consultas aplicadas a uma base específica de

domínio? - podemos concluir que a utilização de ontologia pode melhorar os

resultados das buscas utilizando texto livre e aplicados a uma coleção de

documentos destinada a um domínio específico. Foi possível demonstrar a

utilidade da ontologia ao proporcionar termos alternativos (sinônimos) e

adicionais (hierarquia) na expansão de consultas. Porém, assim como o

trabalho de Voorhees (1994), não foi possível oferecer qualquer benefício ao

mecanismo de busca quando as consultas já são bastante especificadas, ou

seja, possuem termos suficientes para atender a necessidade pretendida.

Os resultados avaliados neste trabalho indicam que a expansão semântica de

consultas, através da seleção de termos sugeridos por um processo de

inferência, possibilita a recuperação de respostas relevantes para o usuário de

forma melhorada. Considerando as consultas expandidas, obtivemos um

resultado 13,18% melhor do que os obtidos com as consultas simples. Esse

ganho foi identificado na medida-F, métrica que mede o desempenho geral de

um SRI. Embora esse valor seja considerado baixo, é um valor próximo do

Page 94: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

94

obtido na avaliação dos trabalhos de Barros et al. (1998), Silveira (2003) e

Garcia et al. (2006). Além disso, o valor máximo para medida-F pode ser

interpretado como a tentativa de encontrar o melhor resultado tanto para a

revocação quanto para a precisão, ou seja, retornar todos (e apenas)

resultados relevantes (YATES and NETO, 1999). No entanto, como já

mencionado na Seção 2.2.3, essas métricas são conflitantes e difíceis de serem

melhoradas em conjunto. Sendo assim, benefícios obtidos em medidas que

unem esses dois conceitos já podem ser consideradas como relevantes.

Então, através da definição de um estudo de caso, este trabalho conseguiu

utilizar hipóteses e métricas, vastamente utilizadas em avaliações de sistemas

de recuperação, para investigar os benefícios obtidos com a adição de contexto

durante a formulação de consultas.

7.1 Objetivos alcançados

Como resultado do desenvolvimento deste trabalho, foi possível atingir os

seguintes objetivos:

a) Estado da arte: considerando a área de RI, foi realizado um trabalho

de contextualização da proposta destacando qual a etapa de atuação

e os possíveis benefícios obtidos com a utilização de técnicas de

expansão de consulta dentro de um processo completo de busca.

Posteriormente, foram discutidas várias abordagens utilizadas na

literatura para técnicas de expansão propriamente dita confrontando

com a proposta deste trabalho;

b) Caracterização do problema: através da explanação de dados

difundidos na academia, foi discutido se a ausência de contexto

durante a formulação de uma consulta é considerado um problema

real. Além disso, investigamos qual o impacto deste problema através

da análise de resultados obtidos por trabalhos relacionados e

compreensão das soluções utilizadas para este problema,

Page 95: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

95

considerando especificamente como solução as técnicas de expansão

semântica de consultas;

c) Protótipo: construção de um protótipo que expande consultas

baseadas em palavras-chave de forma não intrusiva, por independer

da forma como as informações são armazenadas no índice. Esse

protótipo utiliza ontologia como recurso e viabiliza interação direta

com o conhecimento do domínio. Além disso, oferece uma infra-

estrutura modular que possibilita a substituição da ontologia ou até

mesmo da coleção de dados, sem impactar na atividade de expansão

de consulta. Portanto, é possível também aplicar a infra-estrutura

definida para a expansão de consultas em qualquer outro domínio;

d) Experimento e estudo de caso: após o desenvolvimento do protótipo,

foi definido um estudo de caso para avaliar a eficácia do mecanismo

de expansão de consulta proposto. Após esta definição um

experimento foi executado com o objetivo de identificar os pontos

fortes e os pontos de melhoria da proposta. Os resultados desse

experimento foram apresentados e discutidos através de dados

estatísticos e verificação de hipóteses, definidas pelo estudo de caso.

7.2 Trabalhos Futuros

Durante o desenvolvimento da proposta, diversos estudos que podem ser

desenvolvidos foram identificados como continuidade a este trabalho:

Assim como identificado em um dos pontos de melhoria da aplicação,

utilizar operadores lógicos durante o mecanismo de expansão. Além

disso, definir um algoritmo para realização de expansão automática

da consulta. Utilizando a infra-estrutura proposta, o usuário deve

poder optar por utilizar operadores lógicos e expandir

semanticamente a consulta inicial de forma automática;

Page 96: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

96

Um trabalho secundário ao descrito anteriormente seria a

comparação entre a técnica de expansão utilizada neste trabalho e a

técnica de expansão automática de consulta;

Análise da complexidade da consulta antes de ativar o processo de

expansão. Segundo Voorhees (1994), o uso de recursos lingüísticos

externos como tesauros e ontologias apresentam pouca contribuição

para consultas �completas� ou bem construídas. Contudo, vários

autores investigam o comportamento de um processo de expansão de

consulta baseado na complexidade da consulta inicial (SHIRI and

REVIE, 2006). Segundo esses autores, os usuários interagem muito

mais com o sistema quando as consultas são consideradas complexas,

uma vez que o sistema será mais útil na sugestão de termos. Uma

forma de mensurar a complexidade de uma consulta pode ser pela

quantidade de termos da consulta inicial ou pela quantidade de

operadores lógicos utilizados;

Além das medidas convencionais de precisão e revocação, utilizar

parâmetros como tempo de pesquisa e usabilidade durante a

avaliação do mecanismo de expansão. A intenção é avaliar não

somente a qualidade dos resultados de pesquisa, mas a qualidade do

processo de pesquisa como um todo. Com isso, deveríamos avaliar

também como o usuário utiliza e interage com o mecanismo de

expansão e como isso afeta a seleção de termos durante a expansão.

Os autores Robertson e Beaulieu (1997) enfatizaram a importância de

levar em consideração a interação do usuário, a percepção e

satisfação do processo de pesquisa para avaliação de qualquer SRI.

Eles sugerem que a avaliação de um SRI não apenas considere a

questão de quão bom ou ruim é um sistema, observando friamente os

índices de precisão e revocação, mas sim analise empiricamente a

satisfação do usuário considerando sua experiência de uso em uma

ferramenta de RI.

Page 97: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

97

Referências Bibliográficas

Almeida, M. B. and Bax, M. P. Uma visão geral sobre ontologias: pesquisa sobre

definições, tipos, aplicações, métodos de avaliação e de construção. Ciência da

Informação, Brasília, v.32, n. 3, pp. 7-20, 2003.

Allan, J.; B. Carterette.; Joshua, L. When will Information Retrieval be "Good

Enough?". Proceedings of the 28th annual ACM SIGIR, 2005.

Andreou, A. Ontologies and Query expansion. 2005. 81f. Dissertação (Mestrado

em Ciências) � Universidade de Edimburgo, Escócia.

Barros, F. A.; Goncalves, P. F. and Santos, T. L. V. L. Providing Context to Web

Searches: The Use of Ontologies to Enhance Search Engine's Accuracy. J. Braz.

Comp. Soc. [online], vol.5 n.2, 1998.

Barth, F. J. and Timoszczunk, A. P. Expansão Automática de Consultas

utilizando Ontologias, Fundação Atech Tecnologias Críticas, 2008.

Basili, V.; Selby, R. and Hutchens, D. Experimentation in software engineering.

IEEE Transactions on Software Engineering, pp. 733�743, 1986.

Beppler, F. D. Emprego de RBC para Recuperação Inteligente de Informações.

2002. 112f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Universidade

Federal de Santa Catarina (UFSC), Santa Catarina.

Beppler, F. D. Um Modelo para Recuperação e Busca de Informação Baseado em

Ontologia e no Círculo Hermenêutico. 2008. 135f. Dissertação (Doutorado em

Engenharia e Gestão do Conhecimento) - Universidade Federal de Santa

Catarina (UFSC), Santa Catarina.

Berners-Lee, T. and Hendler, J. The semantic web. Scientific American, 2001.

Bidault, A.; Froidevaux, C. and Safar, B. Repairing Queries in a Mediator

Approach, Proc. 14th European Conf. Artificial Intelligence, pp. 406-410, 2000.

Borst, W. Construction of Engineering Ontologies for Knowledge Sharing and

Reuse, 1997. Disponível em http://doc.utwente.nl/17864/1/t0000004.pdf.

Acessado em: 05 de dezembro de 2008.

Breitman, K. K. Web Semântica: a Internet do futuro. Rio de Janeiro: LTC,

2005.

Page 98: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

98

Cantele, R. C. and Fereira, M. A. G. V. Web Semântica na Educação: de

metadados a ontologias, 2008. Disponível em: http://www.grow.ic.ufal.br/

events/accepted-full-and-short-papers-second-brazilian-wswed/web-

semantica-na-educacao-de-metadados-a-ontologias, acessado em dezembro de

2008. Acessado em: 30 de março de 2009.

Cardoso, O. N. P. Recuperação de Informação, Universidade Federal de Larvas,

Larvas (MG), 1996.

Cavalcanti, Y. C. A Bug Report Analysis and Search Tool. 2009. 124 f.

Dissertação (Mestrado em Ciência da Computação) � Universidade Federal de

Pernambuco, Recife.

Computing-Ontology. Disponível em: <http://www.owl-ontologies.com/

ComputingOntology.owl>. Acesso em: 28 julho 2009.

Croft, W. B. Knowledge-based and statistical approaches to text retrieval. IEEE

Intelligent Systems and Their Applications, pp. 8-12, 1993.

Efthimiadis, E. N. A user-centred evaluation of ranking algorithms for

interactive query expansion. In R. Korfhage, E. Rasmussen, & P. Willett (Eds.),

Proceedings of the 16th annual conference on Research and Development in

Information Retrieval of the Association for Computing Machinery Special

Interest Group on Information Retrieval (ACM/SIGIR), pp. 146�159, 1993.

Efthimiadis, E. N. Query expansion. In M.E. Williams (Ed.), Annual review of

information science and technology, pp. 121�187,1996.

Chen, H.; Ng T. D.; Martinez, J. and Schatz, B. R. A concept space approach to

addressing the vocabulary problem in scientific information retrieval: na

experiment on the worm community system. MIS Department, University of

Arizona, 1996.

Durão, F. A. Applying a Semantic Layer in a Source Code Search Tool, MSc.

Dissertation, Federal University of Pernambuco, Recife, Pernambuco, Brazil,

February, 2008.

Frakes, W. B. and Yates, R. B. Information Retrieval Data Structures &

Algorithms, Prentice Hall, 1992.

Gamma, E; Helm, R; Johnson, R and Vlissides, J. Design Patterns: Elements of

Reusable Object-Oriented Software, Addison-Wesley, MA, USA, 2005.

Garcia, V. C.; Lucrédio, D.; Durão, F. A.; Santos, E. C. R.; Almeida, E. S.;

Fortes, R. P. M. and Meira, S. R. L. From Specification to the Experimentation:

A Software Component Search Engine Architecture, In The 9th International

Page 99: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

99

Symposium on Component-Based Software Engineering (CBSE), Lecture Notes in

Computer Science, Springer-Verlag, Sweden, 2006.

Gómez-Pérez, A. Tutorial on Ontological Engineering. International Joing

Conference on Artificial Inteligence. IJCAI�1999, Estocolmo, Suécia, 1999.

Gonçalves, P. F.; Robin, J.; Santos,T. L. V. L.; Miranda, O. and Meira, S. L.

Measuring the Effect of Centroid Size on Web Search Precision and Recall. In

Proceedings 8th Annual Conference of the Internet Society (INET�98). Geneva,

Switzerland, July, 1998.

Griffiths, J. R. and Brophy, P. Student Searching Behavior and the Web: Use of

Academic Resources and Google. Library Trends, v. 53 n. 4, pp.539-54, 2005.

Gruber, T. R. Towards principles for the design of ontologies used for

knowledge sharing, In Guarino and Poli, R., Eds. International Workshop on

Formal Ontology. N. Padova, Italy, 1993. http://www-

ksl.stanford.edu/people/gruber/publications.html

Guarino, N. Formal Ontology and Information Systems. In: Proceedings of

FOIS'98, N. Guarino (ed.), IOS Press, 1998.

Harman, D. Relevance Feedback Revisited, Proceedings of the 15th ACM

Conference on Research and Development in Information Retrieval (SIGIR),

1992.

Henninger, S. Using Iterative Refinement to Find Reusable Software. IEEE

Software, 11(5), pp 48�59, 1994.

Hiemstra, D. and Mihajlovic, V. The simplest evaluation measures for XML

information retrieval that could possibly work. In: Proceedings of the INEX

2005 Workshop on Element Retrieval Methodology, Glasgow, UK, 2005.

Hsieh-Yee, I. Effects of search experience and subject knowledge on the search

tactics of novice and experienced searchers. Journal of the American Society

for Information Science, pp 161�174, 1993.

Kitchenham, B. A. and Charters, S. Guidelines for performing Systematic

Literature Reviews in Software Engineering, Version 2.3, Keele University,

EBSE Technical Report, EBSE-2007-01, 2007.

López, M. F.; G.-P. Asunción, et al. Building a Chemical Ontology Using

Methontology and the Ontology Design Environment. Intelligent Systems and

their Applications IEEE, v.14, n.1, p.37-46. 1999.

Page 100: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

100

Lucrédio, D.; Almeida, E, S. and Prado, A, F. A Survey on Software Components

Search and Retrieval, In the 30th IEEE EUROMICRO Conference, Component-

Based Software Engineering Track, 2004, Rennes - France. IEEE Press,2004.

MOREIRA, A. Tesauros e Ontologias: estudo de definições presentes na

literatura das áreas das Ciências da Computação e da Informação, utilizando-

se o Método Analítico-Sintético. 2003. 150 f. Dissertação (Mestrado em Ciência

da Computação) - Escola de Ciência da Informação da UFMG, Belo Horizonte.

Necib, C. B. and Freytag, J. C. Using Ontologies for Database Query

Reformulation. In: East European Conference on Advances in Databases and

Informations Systems (ADBIS), 2004.

Neto, B. R.; Silva, I. and Muntz, R. Soft Computing in Information Retrieval

Techniques and Applications, chapter Bayesian Network Models for IR, pp 259-

291. Springer Verlag, 2000.

Nunes, A. M. and Fileto, R. Uma Arquitetura para Recuperação de Informação

Baseada em Semântica e sua Aplicação no Apoio a Jurisprudência, UFSC, 2005.

Pearl, J. Probabilistic Reasoning in Intelligent Systems: Networks of Plausible

Inference: Morgan Kaufmann, 1988.

Pickler, M. E. V. Web Semântica: ontologias como ferramentas de

representação do conhecimento referencia. Perspectivas em Ciência da

Informação, v. 12, n. 1, pp. 65-83, 2007.

Pizzato, L. A. S. Estrutura Multitesauro para Recuperação de Informações.

2003. 112f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Computação) - Pontifícia

Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

Prince, V. and Roche, M. Information Retrieval in Biomedicine. Medical

Information Science Reference, 1 edition, 2009.

Riecken, R. F. Estudo comparativo entre diferentes modelos de organização de

acervos de dados eletrônicos. Perspectivas em Ciência da Informação v. 13, n.

2, 2008.

Robertson, S. E. and Beaulieu, M. Research and evaluation in information

retrieval. Journal of Documentation, 53(1), 51�57, 1997.

Schulz, S. and Stenzhorn, H. Vantagens e limitações das ontologias formais na

área biomédica. RECIIS � R. Eletr. de Com. Inf. Inov. Saúde. Rio de Janeiro, v.3

n.1, pp.33-48, 2009.

Page 101: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

101

Shiri, A. and Revie, C. Query expansion behavior within a thesaurus-enhanced

search environment: A user-centered evaluation, Journal of the American

Society for Information Science and Technology, v.57 n.4, pp.462-478, 2006.

Silva, M. J.; Martins, B. and Costa, M. Avaliação de Sistemas de Recuperação de

Informação da Web em Português: Proposta Inicial à Comunidade. Universidade

de Lisboa, Portugal, Avalon'03, 2003.

Silveira, M. L. Recuperação Vertical de Informação Um Estudo de Caso na Área

Jurídica. 2003. 114f. Dissertação (Doutorado em Ciência da Computação) -

Universidade Federal de Minas Gerais, Minas Gerais.

Silverstein, C.; Henzinger, M.; Marais, H. and Moricz, M. Analysis of a very

large altavista query log. Technical Report 1998-014, Digital SRC, 1998.

Soergel, D. Important problems in information retrieval. University of

Maryland, College of Library and Information Services, 1989.

Souza, A. Ontologias � filosofia versus ciências cognitivas, s.d. Disponível em:

http://co-labor.blogspot.com/2007/10/ontologias-filosofia-versus-incias.html.

Acessado em: 21 de dezembro de 2008.

SPINK, A.; SARACEVIC, T. Dynamics of search term selection during mediated

online searching. In: ASIS ANNUAL MEETING, 56th, v. 30, p. 63-72, 1993.

Tomonari, M.; Teruhito, K.; Atsuhiro, T. and Jun, A. Improving Web Search by

Query Expansion with a Small Number of Terms. Proceedings of NTCIR-5

Workshop Meeting, Tokyo, Japan, 2005.

Voorhees, E. M. Query expansion using lexical-semantic relations. In:

Proceedings of the 17th annual international ACM SIGIR conference on Research

and development in information retrieval, 1994.

Yaguinuma, C. A. ; Biajiz, M. and Santos, M. T. P. Sistema FOQuE para

Expansão Semântica de Consultas Baseada em Ontologias Difusas. In: XXII

Simpósio Brasileiro de Banco de Dados, v.1, pp. 208-222, 2007.

Yates, R. B. and Neto, B. R. Modern Information Retrieval: ACM Press, Addison-

Wesley, 513p, 1999.

Ye, Y. and Fischer, G. Supporting Reuse By Delivering Task-Relevant and

Personalized Information, ICSE 2002 � 24th

International Conference on

Software Engineering, pp. 513-523, 2002.

Wohlin, C.; Runeson, P.; Martin Höst, M. C. O.; Regnell, B. and Wesslén, A.

Experimentation in Software Engineering: An Introduction. The Kluwer

Page 102: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

102

Internation Series in Software Engineering. Kluwer Academic Publishers,

Norwell, Massachusets, USA, 2000.

Zobel, J. and Moffat, A. Inverted Files for Text Search Engines, ACM Computing

Surveys, 2006.

Apêndices

Page 103: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

103

Apêndice A - Exemplo de Conceitos e Relacionamentos da ontologia utilizada.

Para melhor compreender a estrutura da ontologia utilizada, nesta seção

mostraremos trechos da ontologia que representa uma parte da hierarquia de

classes e os recursos para o conceito Collision Resolution Techniques

(técnicas de resolução de colisão). De acordo com a Figura A.1, as elipses são

os conceitos, as setas são os relacionamentos e os quadrados são as instâncias.

O relacionamento destacado na cor vermelha representa uma restrição entre os

conceitos Hashing e Hashed File Organization. Já a Figura A.2

apresenta um trecho da ontologia especificado utilizando a linguagem OWL, a

Computing Ontology.

Figura A.1 � Representação gráfica ontologia utilizada

Page 104: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

104

<owl:Class rdf:ID="Collision_Resolution_Techniques"> <rdfs:subClassOf rdf:resource="#Hashing"/>

</owl:Class> <owl:Class rdf:about="#Hashing">

<rdfs:subClassOf> <owl:Restriction> <owl:someValuesFrom>

<owl:Class rdf:ID="Hashed_File_Organization"/> </owl:someValuesFrom> <owl:onProperty>

<owl:TransitiveProperty rdf:ID="UsedBy"/> </owl:onProperty> </owl:Restriction> </rdfs:subClassOf> <rdfs:subClassOf>

<owl:Classrdf:about="#Important_Instruction..."/> </rdfs:subClassOf>

</owl:Class> <owl:Class rdf:about="#Hashed_File_Organization">

<rdfs:subClassOf> <owl:Restriction> <owl:onProperty>

<owl:TransitiveProperty rdf:about="#Uses"/> </owl:onProperty> <owl:someValuesFrom rdf:resource="#Hashing"/> </owl:Restriction> </rdfs:subClassOf> <rdfs:subClassOf rdf:resource="#File_Organization"/>

</owl:Class> <owl:Class rdf:about="#Important_Instruction...">

<rdfs:subClassOf> <owl:Class rdf:ID="Algorithms"/>

</rdfs:subClassOf> </owl:Class> <!-- Instances --> <Collision_Resolution_Techniques rdf:ID="Clustering"/> <Collision_Resolution_Techniques rdf:ID="Probing"/> <Collision_Resolution_Techniques rdf:ID="Chaining"/>

Figura A.2 � Trecho da ontologia utilizada

Page 105: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

105

Apêndice B - Exemplo de consultas aplicadas e suas expansões

As tabelas seguintes demonstram as consultas iniciais e as consultas na forma

expandida, com o resultado de precisão, precisão geral, abrangência e medida-

F, quando aplicadas a coleção utilizada no experimento. As consultas estão

agrupadas por necessidade de informação.

Tabela B.1 � Consultas simples e medidas obtidas no experimento.

NI: agile Consulta Revocação Precisão

Geral Precisão Medida-F

Agile method 0,7778 0,0094 0,3500 0,4828

agile 0,7778 0,5000 0,5000 0,6087

scrum 0,6667 1,0000 1,0000 0,8000

extreme programming 0,6667 0,0124 0,3000 0,4138

agile methods 0,7778 0,0094 0,3500 0,4828

tests agile 0,7778 0,0113 0,3500 0,4828

NI: data_base Consulta Revocação Precisão

Geral Precisão Medida-F

Data base 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000

trigger 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000

data transaction 0,5385 0,0090 0,3500 0,4242

data base 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000

database convertion 0,4615 0,0151 0,3000 0,3636

concurrency transaction 0,6154 0,0203 0,4000 0,4848

NI: data_security Consulta Revocação Precisão

Geral Precisão Medida-F

security data 1,0000 0,0121 0,4500 0,6207

cryptography 0,3333 0,3750 0,3750 0,3529

public key 0,3333 0,0082 0,1500 0,2069

security biometrics 0,7778 0,0551 0,3500 0,4828

cryptography methods 0,3333 0,0040 0,1500 0,2069

digital signature 0,2222 0,0079 0,1000 0,1379

NI: fuzzy Consulta Revocação Precisão

Geral Precisão Medida-F

Fuzzy 0,7143 0,0338 0,2500 0,3704

set theory 1,0000 0,0086 0,3500 0,5185

fuzzy logic 1,0000 0,0225 0,3500 0,5185

Page 106: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

106

fuzzy algorithm 0,4286 0,0045 0,1500 0,2222

mathematic 0,2857 0,0065 0,1000 0,1481

fuzzy description 0,5714 0,0093 0,2000 0,2963

NI: image_process Consulta Revocação Precisão

Geral Precisão Medida-F

process image 0,5455 0,0076 0,3000 0,3871

face recognition 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000

imaging 0,5455 0,0186 0,3000 0,3871

neighbor 0,0909 0,0063 0,0500 0,0645

linear algebra 0,0909 0,0020 0,0500 0,0645

segmentation algorithms 0,0909 0,0015 0,0500 0,0645

NI:

language_programming Consulta Revocação

Precisão

Geral Precisão Medida-F

Program language 0,8182 0,0188 0,4500 0,5806

methods 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000

programming 0,7273 0,0204 0,4000 0,5161

development ide 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000

big o 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000

scope variable 0,2727 0,0059 0,1500 0,1935

NI: network_hardware Consulta Revocação Precisão

Geral Precisão Medida-F

Computers networks 0,2727 0,0036 0,1500 0,1935

tcp 0,3636 0,1429 0,2000 0,2581

Network 0,0909 0,0014 0,0500 0,0645

ethernet topology 0,7273 0,0457 0,4000 0,5161

peer to peer 0,1818 0,0556 0,1000 0,1290

bridge configuration 0,2727 0,0112 0,1500 0,1935

NI: neural_network Consulta Revocação Precisão

Geral Precisão Medida-F

neural network 0,2500 0,0027 0,1000 0,1429

artificial 0,1250 0,0026 0,0500 0,0714

neural 0,1250 0,0016 0,0500 0,0714

agents 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000

neural learning environment 0,2500 0,0026 0,1000 0,1429

NI: object_oriented Consulta Revocação Precisão

Geral Precisão Medida-F

Object oriented 0,3333 0,0052 0,1500 0,2069

Page 107: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

107

abstract 0,2222 0,0025 0,1000 0,1379

inheritance 0,5556 0,1000 0,2500 0,3448

java 0,2222 0,0213 0,1000 0,1379

object instance 0,2222 0,0032 0,1000 0,1379

multiple inheritance 0,5556 0,0108 0,2500 0,3448

NI: project_managment Consulta Revocação Precisão

Geral Precisão Medida-F

project manager 1,0000 0,0121 0,3000 0,4615

business 0,1667 0,0083 0,0500 0,0769

tracking 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000

human resources 0,5000 0,0068 0,1500 0,2308

project goals 1,0000 0,0112 0,3000 0,4615

risk management 0,6667 0,0120 0,2000 0,3077

NI: quality_software Consulta Revocação Precisão

Geral Precisão Medida-F

Quality software 0,9091 0,0227 0,5000 0,6452

Code coverage 0,0909 0,0027 0,0500 0,0645

commitment 0,0909 0,0145 0,0500 0,0645

quality assurance 0,6364 0,0228 0,3500 0,4516

configuration management 0,2727 0,0075 0,1500 0,1935

quality software audit 0,8182 0,0200 0,4500 0,5806

NI: systems_distributed Consulta Revocação Precisão

Geral Precisão Medida-F

systems distributed 0,6250 0,0062 0,2500 0,3571

clusters 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000

distributed 0,6250 0,0095 0,2500 0,3571

message driven beans 0,1250 0,0042 0,0500 0,0714

storage 0,5000 0,0323 0,2000 0,2857

remote procedure call 0,3750 0,0043 0,1500 0,2143

NI: web_service Consulta Revocação Precisão

Geral Precisão Medida-F

web service 0,7857 0,0476 0,5500 0,6471

wsdl 0,7857 0,8462 0,8462 0,8148

service 0,8571 0,0745 0,6000 0,7059

soap 1,0000 0,8235 0,8235 0,9032

web service classification 0,8571 0,0234 0,6000 0,7059

Page 108: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

108

interface generation 0,4286 0,0088 0,3000 0,3529

Tabela B.2 � Consultas expandidas e medidas obtidas no experimento.

NI: agile Consulta Revocação Precisão

Geral Precisão Medida-F

Agile method scrum extreme programming development 0,7778 0,0084 0,3500 0,4828

agile scrum extreme programming 0,7778 0,0144 0,3500 0,4828

scrum development 0,7778 0,0111 0,3500 0,4828

extreme programming development 0,7778 0,0095 0,3500 0,4828

agile methods extreme programming file management 0,7778 0,0085 0,3500 0,4828

tests agile reliability artifacts strategy 0,7778 0,0099 0,3500 0,4828

NI: data_base Consulta Revocação Precisão

Geral Precisão Medida-F

Data base stored procedures sql triggers persistent semistructured information query 0,6154 0,0092 0,4000 0,4848

trigger database 0,3077 0,0122 0,2000 0,2424

database failure recovery concurrency control integrity 0,5385 0,0094 0,3500 0,4242

data base query performance 0,1538 0,0023 0,1000 0,1212

database convertion backup recovery relational 0,4615 0,0078 0,3000 0,3636

concurrency transaction management 0,6154 0,0150 0,4000 0,4848

NI: data_security Consulta Revocação Precisão

Geral Precisão Medida-F

security data attacks protection malware 1,0000 0,0119 0,4500 0,6207

cryptography algorithms encryption 0,7778 0,0105 0,3500 0,4828

public key signatures 0,3333 0,0077 0,1500 0,2069

security biometrics authentication penetration 0,6667 0,0423 0,3000 0,4138

cryptography methods access file management 0,5556 0,0062 0,2500 0,3448

digital signature cryptosystems key 0,3333 0,0070 0,1500 0,2069

NI: fuzzy Consulta Revocação Precisão

Geral Precisão Medida-F

Fuzzy possibility theory uncertainty 1,0000 0,0092 0,3500 0,5185

Page 109: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

109

set theory set theory structures discrete possibility 0,8571 0,0070 0,3000 0,4444

fuzzy logic uncertainty 1,0000 0,0194 0,3500 0,5185

fuzzy algorithm theory uncertainty 1,0000 0,0094 0,3500 0,5185

mathematic logics uncertainty deduction complexity 1,0000 0,0099 0,3500 0,5185

fuzzy description representation theory 0,8571 0,0084 0,3000 0,4444

NI: image_process Consulta Revocação Precisão

Geral Precisão Medida-F

process image computer vision 0,2727 0,0035 0,1500 0,1935

face recognition object 0,0909 0,0015 0,0500 0,0645

imaging preservation 0,1818 0,0051 0,1000 0,1290

neighbor algorithm learning 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000

linear algebra operations manipulation 0,2727 0,0040 0,1500 0,1935

segmentation algorithms region-based layer parsing 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000

NI:

language_programmi

ng

Consulta Revocação Precisão

Geral Precisão Medida-F

Program language markup procedural 0,8182 0,0137 0,4500 0,5806

methods abstracting 0,0909 0,0012 0,0500 0,0645

programming algorithms problem-solving procedural 0,5455 0,0076 0,3000 0,3871

development ide software tools 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000

big o complexity analysis 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000

scope variable control declarations 0,4545 0,0071 0,2500 0,3226

NI: network_hardware Consulta Revocação Precisão

Geral Precisão Medida-F

Computers networks topologies architecture physical 0,4545 0,0059 0,2500 0,3226

tcp network 0,3636 0,0055 0,2000 0,2581

Network topologies hardware switches routers 0,7273 0,0104 0,4000 0,5161

ethernet topology protocol examples 0,6364 0,0097 0,3500 0,4516

peer to peer architectural styles 0,1818 0,0046 0,1000 0,1290

bridge configuration network 0,2727 0,0039 0,1500 0,1935

NI: neural_network Consulta Revocação Precisão

Geral Precisão Medida-F

neural network machine learning 0,2500 0,0025 0,1000 0,1429

artificial intelligence 0,1250 0,0018 0,0500 0,0714

Page 110: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

110

neural net architectures 0,3750 0,0039 0,1500 0,2143

agents robotic multi-agent state-of-the-art 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000

neural learning environment supervised 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000

NI: object_oriented Consulta Revocação Precisão

Geral Precisão Medida-F

Object oriented encapsulation polymorphism inheritance 0,6667 0,0101 0,3000 0,4138

abstract methods 0,1111 0,0012 0,0500 0,0690

inheritance object-oriented 0,5556 0,0490 0,2500 0,3448

java languages examples 0,1111 0,0014 0,0500 0,0690

object instance programming classifications 0,2222 0,0026 0,1000 0,1379

multiple inheritance polymorphism 0,4444 0,0086 0,2000 0,2759

NI:

project_managment Consulta Revocação

Precisão

Geral Precisão Medida-F

project manager estimation scheduling planning software 1,0000 0,0081 0,3000 0,4615

business information management philosophy 0,3333 0,0026 0,1000 0,1538

tracking milestones scheduling 1,0000 0,0256 0,3000 0,4615

human resources management training staffing 0,8333 0,0066 0,2500 0,3846

project goals metrics reporting analysis milestones effort risk 1,0000 0,0074 0,3000 0,4615

risk management contingency planning analysis 0,6667 0,0054 0,2000 0,3077

NI: quality_software Consulta Revocação Precisão

Geral Precisão Medida-F

Quality software attributes organizational standards 0,8182 0,0133 0,4500 0,5806

Code coverage coverage-based 0,1818 0,0054 0,1000 0,1290

commitment theory 0,0909 0,0021 0,0500 0,0645

quality assurance concepts culture process 0,5455 0,0074 0,3000 0,3871

configuration management version control evolution 0,4545 0,0068 0,2500 0,3226

quality software audit overview process 0,7273 0,0098 0,4000 0,5161

NI:

systems_distributed Consulta Revocação

Precisão

Geral Precisão Medida-F

Page 111: UMA PROPOSTA PARA EXPANSÃO SEMÂNTICA DE CONSULTAS BASEADA EM ONTOLOGIA DE DOMÍNIO ESPECÍFICO

111

systems distributed storage replication fragmentation 0,7500 0,0073 0,3000 0,4286

clusters clusters grid 0,1250 0,0032 0,0500 0,0714

distributed design organization detection 0,2500 0,0025 0,1000 0,1429

message driven beans communications management 0,1250 0,0021 0,0500 0,0714

storage replication vertical fragmentation allocation distributed databases 0,6250 0,0071 0,2500 0,3571

remote procedure call middleware 0,3750 0,0043 0,1500 0,2143

NI: web_service Consulta Revocação Precisão

Geral Precisão Medida-F

web service wsdl soap 1,0000 0,0591 0,7000 0,8235

wsdl services 0,9286 0,0783 0,6500 0,7647

service uddi wsdl soap application 1,0000 0,0192 0,7000 0,8235

soap web services 1,0000 0,0591 0,7000 0,8235

web service classification soap retrieval performance 0,8571 0,0152 0,6000 0,7059

interface generation web services 0,8571 0,0167 0,6000 0,7059