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3 Capítulo 1 - Educação José Osmar Novach - SESP Renato Marchetti - SESP Valmir de Souza - SESP Selmo José Bonatto - UNIOESTE 1 Introdução Nos últimos cinqüenta anos a evolução no tratamento da informação vem ocorrendo em diversas áreas, destacando-se, entre elas, as áreas de comunicação e de processamento de informações (SOARES, LEMOS e COLCHER, 1995). E por decorrência desta evolução nas sociedades contemporâneas, a educação aberta e à distância aparece cada vez mais como uma modalidade de educação extremamente adequada e desejável para atender demandas decorrentes de mudanças na nova ordem econômica mundial (BELLONI, 1998). Desde o final do século XIX, a profissionalização tem sido usada como palavra de ordem para as reivindicações dos reformadores da polícia, e continua sendo usada até a atualidade, o que tornou o treinamento e a educação um elemento de primeira necessidade ao policial (BRODEUR, 2002). As Polícias Militares Estaduais (PPMM), e por extensão a Polícia Militar do Paraná (PMPR), como integrante do sistema de controle social, tem sua competência definida no Art. 2.º, do item 27, do Decreto n.º 88.777/83, que estabelece os seguintes tipos de policiamento ao seu encargo, “... Ostensivo Geral, Urbano e Rural, de Trânsito, Florestal e de Mananciais; Rodoviário e Ferroviário, nas estradas estaduais; portuários; fluviais e lacustre; de radiopatrulha terrestre e de área externa de estabelecimentos penais do Estado; outros fixados em Legislação da Unidade Federativa, ouvidos o Estado Maior do Exército, através da Inspetoria Geral das Polícias Militares” (Diário Oficial da União n.º 201, 1987). Como se observa, a área da atuação da PMPR é muito vasta e de grande complexidade, uma vez que depende para sua perfeita execução do conhecimento e interpretação de um grande conjunto de normas legais, além da adoção de técnicas policiais militares dinâmicas e corretamente empregadas. Em complementação a este raciocínio, necessária se faz citar o Princípio de Universalidade do Policiamento Ostensivo, definido pela IGPM (Inspetoria Geral das Polícias Militares), que diz: O Policiamento Ostensivo se desenvolve para a manutenção da Ordem Pública, tomada no seu sentido amplo. A natural, e às vezes imposta, tendência à especialização, não constitui óbice à preparação do PM capaz de dar tratamento adequado aos diversos tipos de ocorrências. Aos PM especialmente preparados para determinado tipo de policiamento, caberá a adoção de medidas ainda que preliminares, em qualquer ocorrência policial militar. O cometimento de tarefas policiais militares específicas não desobriga o PM do atendimento a outras ocorrências, que presencie ou para as quais seja chamado ou determinado (Manual Básico do Policiamento Ostensivo, 1988, p. 05). A Polícia Militar do Paraná se insere neste contexto, contudo, a manutenção da instrução na instituição passa uma carência, pois desde o projeto de manutenção programada, aplicado na década de 90 (este projeto consistiu em aplicação de prova por módulos vinculados a cartilhas fornecidas aos policiais pela instituição), não se instituiu outro programa que pudesse fazer com que a totalidade dos policiais militares do Paraná se mantivessem atualizados no que concerne aos assuntos profissionais da área policial. A grande área de cobertura dos batalhões, a falta de oficiais (que em determinados casos não estão tão familiarizados com os assuntos a serem ministrados), as grandes distâncias entre as sedes UMA PROPOSTA PARA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE INSTRUÇÃO À DISTÂNCIA NA PMPR

UMA PROPOSTA PARA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE … · do conhecimento e interpretação de um grande conjunto de normas legais, ... COMPANHIA DE FORÇA POLICIAL ... em levantamentos

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3Capítulo 1 - Educação

Gestão de Políticas Públicas no Paraná

José Osmar Novach - SESPRenato Marchetti - SESPValmir de Souza - SESP

Selmo José Bonatto - UNiOEStE

1 Introdução

Nos últimos cinqüenta anos a evolução no tratamento da informação vem ocorrendo em diversas áreas, destacando-se, entre elas, as áreas de comunicação e de processamento de informações (SOARES, LEMOS e COLCHER, 1995).

E por decorrência desta evolução nas sociedades contemporâneas, a educação aberta e à distância aparece cada vez mais como uma modalidade de educação extremamente adequada e desejável para atender demandas decorrentes de mudanças na nova ordem econômica mundial (BELLONi, 1998).

Desde o final do século XiX, a profissionalização tem sido usada como palavra de ordem para as reivindicações dos reformadores da polícia, e continua sendo usada até a atualidade, o que tornou o treinamento e a educação um elemento de primeira necessidade ao policial (BRODEUR, 2002).

As Polícias Militares Estaduais (PPMM), e por extensão a Polícia Militar do Paraná (PMPR), como integrante do sistema de controle social, tem sua competência definida no Art. 2.º, do item 27, do Decreto n.º 88.777/83, que estabelece os seguintes tipos de policiamento ao seu encargo, “... Ostensivo Geral, Urbano e Rural, de trânsito, Florestal e de Mananciais; Rodoviário e Ferroviário, nas estradas estaduais; portuários; fluviais e lacustre; de radiopatrulha terrestre e de área externa de estabelecimentos penais do Estado; outros fixados em Legislação da Unidade Federativa, ouvidos o Estado Maior do Exército, através da inspetoria Geral das Polícias Militares” (Diário Oficial da União n.º 201, 1987).

Como se observa, a área da atuação da PMPR é muito vasta e de grande complexidade, uma

vez que depende para sua perfeita execução do conhecimento e interpretação de um grande conjunto de normas legais, além da adoção de técnicas policiais militares dinâmicas e corretamente empregadas. Em complementação a este raciocínio, necessária se faz citar o Princípio de Universalidade do Policiamento Ostensivo, definido pela iGPM (inspetoria Geral das Polícias Militares), que diz:

O Policiamento Ostensivo se desenvolve para a manutenção da Ordem Pública, tomada no seu sentido amplo. A natural, e às vezes imposta, tendência à especialização, não constitui óbice à preparação do PM capaz de dar tratamento adequado aos diversos tipos de ocorrências. Aos PM especialmente preparados para determinado tipo de policiamento, caberá a adoção de medidas ainda que preliminares, em qualquer ocorrência policial militar. O cometimento de tarefas policiais militares específicas não desobriga o PM do atendimento a outras ocorrências, que presencie ou para as quais seja chamado ou determinado (Manual Básico do Policiamento Ostensivo, 1988, p. 05).

A Polícia Militar do Paraná se insere neste contexto, contudo, a manutenção da instrução na instituição passa uma carência, pois desde o projeto de manutenção programada, aplicado na década de 90 (este projeto consistiu em aplicação de prova por módulos vinculados a cartilhas fornecidas aos policiais pela instituição), não se instituiu outro programa que pudesse fazer com que a totalidade dos policiais militares do Paraná se mantivessem atualizados no que concerne aos assuntos profissionais da área policial.

A grande área de cobertura dos batalhões, a falta de oficiais (que em determinados casos não estão tão familiarizados com os assuntos a serem ministrados), as grandes distâncias entre as sedes

UMA PROPOSTA PARA IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE INSTRUÇÃO À DISTÂNCIA NA PMPR

4 Uma proposta para Implantação de um Sistema de Instrução à Distância na PMPR

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de pelotões, companhia e batalhões, sem contar a falta de meios de adequar as escalas operacionais e as de instrução fazem com que não se consiga manter projetos de manutenção de instrução na Corporação. A carência de se manter programas de atualização profissional é premente.

Nesse cenário de mudanças proporcionado pelas novas idéias de se manter o policial militar bem preparado, pretende-se iniciar com o presente projeto experiências inovadoras na difusão do conhecimento e manutenção da instrução. Neste contexto se insere o Programa de Manutenção do Ensino à Distância (PMED) e as novas propostas introduzidas em sua concepção.

Com esta visão que o ensino à distância vem surgindo nos últimos anos como uma das mais importantes ferramentas de difusão do conhecimento e de democratização da informação, o incremento da diversidade dos recursos humanos colocados à disposição dos envolvidos que o aprendizado a distância propicia, pode colaborar de maneira bastante eficaz na preparação de profissionais de polícia militar que estão direcionados para a atividade de rua.

O fato de a PMPR possuir policiais por todos os municípios do Estado dificulta a interação e a difusão do conhecimento aos seus integrantes. Por outro lado o desenvolvimento de tecnologias interativas que possibilitam contato em tempo real entre locais espalhados geograficamente começam a surgir dentro da instituição, o que pode possibilitar uma maior interação entres o membros da PMPR, além de se mostrar uma ferramenta muito importante. É o caso da intranet que é muito utilizada para divulgar as notícias, normas, avisos e atos do comando da corporação.

Neste trabalho o objetivo é mostrar como a PMPR pode se preparar para esta nova realidade, que é o ensino à distância, criando projetos que privilegiem o uso das tecnologias mais avançadas em cursos direcionados ao aperfeiçoamento e atualização de profissionais de polícia militar.

2 Objetivos

Como objetivo geral, buscou-se analisar a viabilidade e propor a implantação de um novo modelo de instrução, por meio de tecnologia digital, para os policiais militares pertencentes aos quadros da PMPR.

Para a obtenção do objetivo geral do trabalho foram elaborados os seguintes objetivos específicos: conceituar ensino à distância, seus elementos e suas características; apresentar as características da instrução na PMPR; empregar nova metodologia de ensino visando à manutenção dos conhecimentos adquiridos pelos policiais militares, quando dos cursos de atualização ao longo de sua vida profissional; padronizar e uniformizar a linguagem de ensino empregada pela PMPR através de tecnologia digital; apresentar os aspectos a serem considerados para a organização e implementação dos cursos; identificar os prováveis reflexos de um novo modelo de instrução comparado com o atual.

O trabalho justifica-se baseado em que a Polícia Militar do Paraná tem sua existência como Corporação regularmente organizada a partir da Lei Provincial n.º 7 de 10 de agosto de 1854, sancionada após o desmembramento da antiga 5.ª Comarca da Província de São Paulo, pelo primeiro Presidente da nascente Província do Paraná, Conselheiro Zacarias de Goes e Vasconcelos, que criou a COMPANHIA DA FORÇA POLICIAL.

A primeira Lei sancionada por Zacarias foi a de 28 de julho de 1854, que fixou a Vila de Curitiba como Capital da Província.

Nessa mesma legislatura foram votados e sancionados mais dezenove projetos, destacando entre eles, aquele que autorizou a organização da COMPANHIA DE FORÇA POLICIAL – primeira denominação da atual POLÍCIA MILITAR DO PARANÁ.

Ao longo dos anos, a Corporação foi ganhando novas denominações até que no ano de 1946 é denominada POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO PARANÁ, entrando de fato em sua fase contemporânea, tornando-se uma organização moderna, estruturada e aperfeiçoada.

Os regulamentos que norteiam a conduta e a estrutura da Polícia Militar foram baseados em regulamentos utilizados pelo Exército Brasileiro, dando à Polícia uma estrutura militar.

Os cargos são distribuídos de acordo com a hierarquia militar, indo de soldado – menor graduação existente, a coronel – maior posto na hierarquia da Corporação, divididos nas categorias: Praças, Praças Especiais e Oficiais, sendo que Praças compreendem do Soldado ao Subtenente, Praças

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Especiais são os alunos da Escola de Formação de Oficiais – Cadetes e os Aspirantes a Oficiais (uma espécie de estágio que o aluno, quando se forma, tem de passar para conseguir a patente de Oficial) e Oficiais do Tenente ao Coronel.

A estrutura da PMPR tem forte propensão à centralização e pode ser resumida basicamente em quatro divisões: batalhão, companhia, pelotões e destacamentos. A centralização das decisões se dá por ser ela uma instituição militar que por natureza é baseada na centralização do comando. Tudo isto é fruto de um processo iniciado na década de 1960 e intensificado em meados da década de 1980, período em que as atuais estruturas se formaram, sendo poucas as inovações realizadas nos últimos 20 anos.

No que concerne à difusão do ensino, esta centralização causa certos problemas à instituição. A estrutura de ensino está centralizada em Curitiba, isto sempre gerou preocupação por parte daqueles que vivem no interior do Estado. Assim, se um policial militar que se encontra no interior pretender aprimorar ou reciclar seus conhecimentos por meio da instituição deve sempre se deslocar à capital do Estado.

Isto causa sempre desconforto aos policiais interioranos, que por vezes deixam suas vidas particulares em segundo plano para se dedicaram aos anseios próprios, é bem verdade, mas, também anseios da corporação que sempre deseja servidores bem formados e preparados profissionalmente.

Assim a distância física sempre foi o a causa da discrepância entre o que se praticava num determinado local e noutro, tendo em vista que os avanços da informação se davam muitas vezes por livros ou pessoas, que por motivos de velocidade dos meios de transporte não chegavam com rapidez ou nem mesmo chegavam aos mais longínquos rincões. Este panorama pode ser encaixado no meio técnico, que parece ainda ser o que domina a PMPR, no pilar chamado ensino.

3 Metodologia

A metodologia da pesquisa se fundamentará em levantamentos de dados junto à Polícia Militar do Paraná com vista a retratar qual a real situação da manutenção do conhecimento profissional.

Serão enviados questionários a uma amostra dos Oficiais de todas as unidades operacionais do

interior do Estado do Paraná, visando identificar as carências existentes nessa área, e se fará pesquisa de campo aplicando entrevistas, por meio de questionário padrão.

Tendo por fundamento a compilação de informações, desenvolver-se-á o arcabouço conceitual que servirá para compreender, explicar e dar significado aos fatos a serem estudados.

Serão destacados os resultados da pesquisa e a sua relevância, e finalmente, as conclusões a que chegou o estudo, frente aos resultados da pesquisa realizada e da análise da aplicação de um novo modelo de instrução para a PMPR.

4 Fundamentação Teórica

Hoje a instantaneidade da informação globalizada aproxima os lugares, homogeneíza o espaço, eliminando as diferenciações regionais. O mundo já avançou. A década de 1970 pode ser considerada o marco da transição do meio técnico para o meio técnico-científico informacional. E o entendimento das conseqüências desta mudança é que nos permite compreender as atuais relações do homem com o território. Esta transição modificou o território, que sofreu um processo de cientificização e tecnicização e informacionalização, conforme Milton Santos explica:

Os espaços assim requalificados atendem, sobretudo, aos interesses dos atores hegemônicos da economia, da cultura e da política e são incorporados plenamente às novas correntes mundiais. O meio técnico-científico informacional é a cara geográfica da globalização (SANtOS, 2002, p.239).

Vive-se na era da informação onde os avanços tecnológicos acarretam uma intensa sobrecarga de conhecimento, modificando a natureza do trabalho e a relação com o saber. Segundo LÉVy (2000, p. 157), a maioria das competências adquiridas por uma pessoa no início de seu percurso profissional estarão obsoletas ao final de sua carreira.

Os milicianos são afetados por este processo tendo em vista a natureza de sua atividade, que na maioria das vezes é aliada a uma sobrecarga nas horas trabalhadas, sobretudo em destacamento das cidades menores. Nestes, as escalas de trabalho chegam a ser de vinte e quatro horas

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trabalhadas por vinte e quatro horas de folga. Este quadro inviabiliza os programas de instrução que necessitem de deslocamento de pessoal.

Os moldes do ensino e do conhecimento na PMPR são os mesmos da década de 1970, com legislação deste período, em que a idéia era atender os compromissos da instituição, não se preocupando com o ser humano policial, este estava à total disposição da corporação e sua função era somente cumprir a missão.

A instrução na PMPR é regulada pela Diretriz Anual de Instrução, que teve a última edição no ano de 2002. Nela estão previstos os seus objetivos, sua finalidade e a forma de execução. Os seus objetivos são elencados da seguinte forma:

a) Conscientização do papel da Polícia Militar, no quadro da defesa pública e social, na preservação e restauração da ordem pública, nas atividades de bombeiro e defesa civil;

b) internalização da doutrina de emprego nas OPM/OBM, nos diversos processos e modalidades, segundo sua destinação institucional;

c) Desenvolvimento do espírito de corpo;

d) Dar ênfase aos compromissos com os resultados, e responsabilidade individual de cada integrante da Corporação;

e) Reforçar a cultura dos direitos humanos, como meio indispensável ao pleno exercício da cidadania;

f) Reforçar o conhecimento, habilidades e destrezas referentes ao preparo físico, defesa pessoal e tiro policial, como condições essenciais ao bom desempenho técnico profissional;

g) Enfatizar o conhecimento, habilidades e destrezas referentes ao preparo físico, maneabilidade dos materiais e equipamentos de bombeiro, as técnicas de busca e salvamento, bem como socorros de urgência;

h) Motivar nossos recursos humanos, através da instrução, agindo sobre suas necessidades secundárias, a auto-realização, auto-estima, ego, e relações sociais entre outros;

i) Conscientização que como prestadores de serviços à Comunidade, a ênfase deve ser dada a instrução, adestramento e

aprestamento dos recursos humanos, para obtenção de eficiência, eficácia e efetividade, tendo em vista que uma das características principais da prestação de serviços, é que os mesmos são produzidos e consumidos ao mesmo tempo;

j) Minimizar os efeitos do estresse, da ansiedade, dos problemas cardiovasculares, através do trabalho físico, orientado de forma científica; e

k) Manter o policial militar e o bombeiro militar permanentemente atualizados com os conhecimentos técnicos, habilidades, destreza e atitudes necessárias à operacionalização das funções típicas da profissão, dirigidas a consecução dos objetivos e metas da PMPR, cujo “foco” sempre deve ser a qualidade total dos serviços prestados à comunidade (Diretriz n.º 010/2.002).

Observa-se que os objetivos são abrangentes e visam numa forma geral à manutenção dos conhecimentos adquiridos durante sua formação (seja do Soldado, Sargento ou Oficial), a fim de garantir que o policial militar esteja cada vez melhor preparado para o atendimento de ocorrências, bem como para aumentar seu conhecimento sobre temas atuais e que são utilizados na rotina de policiamento.

A instrução também tem como objetivo melhorar o preparo físico do efetivo da PMPR, melhorando assim também a qualidade de vida do policial militar, pois o condicionamento físico residualmente minimiza os efeitos do estresse e problemas cardiovasculares.

Segundo a Diretriz, a instrução será semanal, devendo ser planejada e executada por todo o efetivo dos OPM/OBM, com duração de no mínimo 02 (duas) horas, sendo que os Subcomandantes das Unidades serão os coordenadores da instrução nas respectivas Unidades (Batalhões).

Para objeto deste trabalho, será considerado apenas o conteúdo indicado aos policiais militares. A Diretriz também faz referência aos assuntos de Bombeiro Militar, porém, somente serão inseridos os conteúdos referentes ao emprego na atividade policial militar, os quais são divididos em quatro áreas: fundamental, instrumental, operacional e complementar, ficando a critério do Comandante da Unidade, através das necessidades por ele estabelecidas a aplicação dos assuntos visando o

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aprimoramento constante do seu efetivo. O rol de assuntos foi assim estabelecido na Diretriz:

a) Área de instrução fundamental, onde são tratados assuntos de doutrina PM/BM, jurídicos abrangendo todas as áreas do direito que interfere na atividade do policial, ética, história da PMPR, e outros assuntos essenciais à preparação intelectual do policial.

b) Área de instrução instrumental, onde são tratados assuntos referentes a armamento, comunicações, legislação policial militar e outros assuntos da administração policial.

c) Área de instrução operacional, visa dar suporte técnico ao policial na sua atividade fim, melhorando e reciclando suas técnicas de atuação operacional.

Na obra “Policiamento Ostensivo”, com ênfase no processo motorizado, o autor Manoel, (2004, p.47 e 48) refere-se ao Princípio da Universalidade no Policiamento Ostensivo como sendo:

[...] a natural e às vezes imposta tendência de especialização não constitui óbice à preparação do PM capaz de dar tratamento adequado aos diversos tipos de ocorrências. Aos PM especialmente preparados para determinado tipo de policiamento, caberá a adoção de medidas, ainda que preliminares, em qualquer ocorrência policial. O cometimento de tarefas policiais específicas não desobriga o PM do atendimento a outras ocorrências, que presencie ou para as quais seja chamado ou determinado. [...].

A pedagogia utilizada na PMPR está baseada na abordagem presencial do professor e do aluno. Por certo que na formação dos que hoje ingressam na corporação não vislumbramos outra forma de se garantir uma boa formação policial militar que não o acompanhamento presencial dos alunos. Tendo em vista as características da corporação que exigem acompanhamento não só da vida acadêmica dos alunos (recrutas), mas também da vida particular destes.

Contudo, a dinâmica do trabalho policial com escalas diferenciadas, distâncias entre as sedes das unidades e destacamentos isolados, gera uma particularidade que distingue a PMPR de uma empresa ou outro órgão da administração pública que concentra seus integrantes em determinadas

região ou horário de trabalho, facilitando assim a difusão do conhecimento planejado pela instituição. Para a PMPR, que precisa manter atualizados seus integrantes, realizar o ensino presencial é engessar a instituição e não possibilitar o crescimento dos seus agentes. Uma abordagem presencial não se apresenta flexível o bastante para abranger todos os estilos de aprendizagem, pois diferentes indivíduos passam por um mesmo processo de transmissão de conteúdos. As particularidades de cada situação são muitas vezes desconsideradas, gerando inconvenientes de carga horária inadequada.

A Diretriz n.º 004/2000, de 16 de junho de 2000, foi editada com a finalidade de estabelecer diretrizes básicas para o planejamento, coordenação, execução e controle, em todo o Estado, da polícia ostensiva de prevenção criminal, de segurança, de trânsito urbano e rodoviário, de proteção e conservação do meio ambiente e das atividades relacionadas com a preservação e restauração da ordem pública, defesa civil, a prevenção e combate a incêndio busca e salvamento e a garantia do exercício do poder de polícia dos órgãos da administração pública.

Nela estão previstas todas as formas para planejamento, coordenação, execução e controle das atividades da Polícia Militar do Paraná. Os objetivos da Diretriz são de que os procedimentos operacionais da PMPR sejam adequados às Diretrizes do Comandante Geral e também às disposições legais vigentes no país, estabelecendo orientações operacionais, bem como estabelecer parâmetros de controle interno das atividades de polícia ostensiva com vistas à qualidade total.

A capacidade técnica do policial militar é um dos pressupostos básicos previstos na Diretriz de Planejamento e Emprego. Ela pode ser definida como a capacidade de conhecer bem os aspectos técnicos da profissão, dando assim sustentação aos conhecimentos adquiridos no seu período de formação, sendo esses conhecimentos complementados com as experiências práticas do dia-a-dia. Em virtude do progresso tecnológico, e também da evolução da criminalidade, é necessário para manter a capacidade técnica do efetivo da PMPR que as técnicas sejam atualizadas.

Além dos assuntos práticos, ressalta-se que se deve dar a importância devida aos ensinamentos jurídicos, os quais proporcionam ao policial militar

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maior segurança e convicção para realizar o seu serviço.

É de competência dos Comandos intermediários (Comandante do Policiamento do interior e Comandante do Policiamento da Capital) a execução das seguintes atribuições: “Exercer a coordenação e controle da atividade fim, conforme Diretrizes em vigor, em particular a instrução” (Diretriz n.º 004, 2000).

Já no âmbito das Unidades Operacionais da PMPR (Batalhões PM), cabe ao Comandante da respectiva OPM organizar a instrução individual e o adestramento de seus quadros, conforme o previsto na Diretriz, sendo ainda que compete ao Comandante ministrar instrução procurando levar ao conhecimento da tropa os principais fatos ocorridos, abordando assuntos que mereçam atenção especial do policiamento a ser lançado.

Hoje cada vez mais trabalhar e aprender converge para uma relação de interdependência. A educação continuada vai além dos conteúdos técnicos e profissionalizantes, atendendo também aos interesses pessoais. A aprendizagem deixa de ser apenas um ideal do indivíduo ao longo de sua vida e passa a ser uma necessidade para se manter em sintonia com o mundo globalizado em que vivemos.

A valorização do ser humano é cada vez mais um objetivo das instituições, que procuram incrementar e fomentar seu capital intelectual. FORTUNE (1991) explica que o capital intelectual é a soma do conhecimento de todas as pessoas que compõem uma empresa, constituindo-se no que há de mais importante para a excelência do seu negócio.

Para instituições públicas que prestam serviço ao cidadão, a gerência do ativo intelectual é que vai determinar a qualidade do atendimento e a satisfação em contribuir com a democracia e uma participação mais efetiva na sociedade.

Uma instituição da dimensão da PMPR, que tem seu quadro de pessoal distribuído por toda a extensão territorial do Estado, e necessita que seus agentes tenham o mesmo modo de agir em todos os lugares onde se encontram, realizar investimento em um plano de aprendizagem continuada torna-se fundamental para que o seu capital intelectual possa manter-se constantemente atualizado.

A opção pelo modelo de Ensino à Distância (EAD) parece ser a melhor alternativa para uma

organização dinâmica como a PMPR, tendo em vista as suas peculiaridades. O EAD possibilita uma aprendizagem continuada autônoma e flexível, forma que se encaixa perfeitamente às necessidades da PMPR, que conseguiria democratizar o ensino e alcançar a totalidade dos policiais militares.

As instituições públicas precisam incorporar os novos modelos de gestão, as novas tecnologias e a globalização econômica, as quais estão produzindo reflexos e oportunidades de mudanças em todos os setores da nossa sociedade. A economia mundial vive um processo de intensificação na competitividade e na capacidade de gerar inovação tecnológica. Hoje, processos que permitem o ganho de tempo no acesso à informação e a capacidade de aprender são valorizados e tornam-se aliados na vida dos indivíduos e organizações, na medida em que se vive um momento em que está imposto para todos um ritmo vertiginoso em prol da competência.

O material disponibilizado para o ensino e instrução poderia ser disponibilizado em CD-ROM, DVD aliado a outros meios on-line, tais como salas de bate-papo, com instrutores dirimindo dúvidas (modelo hoje utilizado pela Marinha do Brasil). Assim, as tecnologias podem assumir muitas das funções do corpo docente e liberá-lo para novos modos de assistência aos alunos, bem como pode incrementar o processo comunicacional (CRUZ, 2001).

A lacuna que existe hoje na manutenção do ensino na PMPR pode ser preenchida com o EAD, que alcançaria a todos os policiais militares, indistintamente, pois hoje se encontra um “tocador de DVD” ou mesmo um vídeo-cassete em qualquer lugar, acoplados a uma TV. Isto já seria suficiente para iniciar a idéia do EAD vinculada à estrutura de intranet existente nas unidades da corporação.

A PMPR, como qualquer empresa, precisa manter seus colaboradores em um processo contínuo de aprendizagem. Isso só é possível através do treinamento motivado através da instrução.

MILTON HALL, citado por LOPES (1978, p.176), define treinamento como sendo o processo de ajudar empregados a adquirirem experiência no seu trabalho presente ou futuro, através do desenvolvimento de apropriados hábitos de pensamento e ações, habilidades,

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conhecimentos e atitudes. O indivíduo é treinado para aprender alguma coisa. Aprender significa modificar a conduta e não, simplesmente, acumular conhecimentos.

Do mesmo modo, e se valendo deste princípio, é possível afirmar que a PMPR também tem a sua partitura, que se constitui na Doutrina Policial Militar, a qual deve ser desenvolvida através de um modelo de instrução bem programado e estruturado, por um órgão diretivo central, que abranja de forma global todo segmento policial militar, ou seja, os Praças, proporcionando-lhes uma uniformidade de conduta operacional, com reflexos positivos na qualidade de seu desempenho e por conseqüência na produtividade da corporação. Porém, para que um programa desta natureza obtenha êxito, há a necessidade de engajamento por completo de todos aqueles que direta ou indiretamente detenham uma função de comando no sistema operacional, bem como que o modelo didático adotado suscite aspectos motivacionais no Policial Militar atingido pela ação do ensino.

5 Desenvolvimento de um Sistema de Instrução à Distância na PMPR

A proposta a ser apresentada para tornar mais eficiente o sistema de instrução da PMPR será a criação de um Sistema de Instrução à Distância (SID) na PMPR, tendo como filosofia e fundamentos as teorias empregadas na Educação a Distância (EAD), organizado e obedecendo as características da instituição, atendendo as necessidades mais urgentes de manutenção do aprendizado do policial.

O sistema sugerido contará com os seguintes componentes:

a) o aluno: o policial militar que irá aprender à distância estando sua participação nos cursos condicionada à autorização prévia pela chefia imediata ou, em alguns casos, escalados, quando a instrução for essencial à formação policial militar;

b) os professores especialistas : são policiais, oficiais ou praças, que detêm o conhecimento do tema a ser disseminado e, portanto, os mais indicados para possíveis responsáveis pela elaboração do conteúdo dos cursos, criação de apostilas e vídeos que serão utilizados nas aulas. Serão,

preferencialmente, indicados pela chefia da Unidade de Ensino da PMPR, por estarem ali localizadas as áreas de concentração de conhecimento, sendo-lhes exigido fornecer orientações e esclarecer dúvidas dos tutores e proceder às adequações no programa, caso necessário;

c) os tutores: são policiais militares, oficiais ou praças, que devem possuir conhecimentos acerca do assunto a ser apresentado no curso. Da mesma forma que os professores especialistas, serão indicados pelas chefias de suas respectivas Unidades. Deve-se considerar, prioritariamente, a utilização dos talentos lotados nas diversas Unidades, de forma a facilitar a interação com os alunos. Deverão acompanhar a turma enquanto durar o treinamento, realizando todo o acompanhamento e suporte aos alunos, atuando como elemento de ligação entre estes, o professor especialista e o gestor do treinamento. A interação com o professor especialista se dará através de e-mail, contatos telefônicos ou de funcionalidade específica do ambiente SID, além de diálogos remotos, grupos de discussão, banners e quadros de aviso;

d) o material didático : consiste de instrumentos para tornar disponível o conteúdo dos cursos, através de vídeo-aula, podendo ser apresentado na forma de material impresso ou outras mídias e sítios para consulta de bibliografia suplementar;

e) o Centro de Especialização em SID – CESID - a Academia Policial Militar do Guatupê será o Centro de Especialização, manterá uma equipe de especialistas, visando o atendimento às Unidades para fins de apoio aos professores especialistas, tutores e usuários na utilização de métodos e ferramentas de SID. O CESID tem como principais atribuições: prospecção, absorção e internalização de tecnologias aplicadas a EAD (metodologias e ferramentas de TI); apoio aos professores especialistas, tutores e usuários; orientação sobre o tema EAD para os usuários; orientação e suporte técnico para construção de conteúdos para os cursos.

10 Uma proposta para Implantação de um Sistema de Instrução à Distância na PMPR

Gestão de Políticas Públicas no Paraná

6 Apresentação de Dados

Levando-se em conta a falta de efetivo, retratada na própria capital do Estado, local considerado privilegiado em número de efetivo, e mesmo assim as unidades responsáveis pelo policiamento ostensivo em Curitiba possuem enorme defasagem em seus quadros.

Este quadro de falta de efetivo em confronto com a Diretriz Anual de Instrução levanta a hipótese de existirem dificuldades em cumprir fielmente a determinação de que a instrução será semanal, com duração de no mínimo 02 (duas) horas.

Justamente em função de seu reduzido contingente, acreditou-se que as Unidades da PMPR localizadas no interior do Estado poderiam ter comprometimento da instrução dos seus Policiais. Coloca-se, portanto, dois problemas: analisar se esta hipótese poderia realmente se confirmar e, caso a hipótese fosse confirmada, analisar em que grau a implantação de um sistema de instrução à distância satisfaria as necessidades dos policiais militares.

O raciocínio da premissa básica que sustenta a hipótese central deste trabalho é o seguinte: da maneira como está sendo realizada à instrução na PMPR, em se instalando um sistema de instrução à distância, este satisfaria, o problema seria amenizado e a satisfação dos policiais militares em relação ao assunto aumentaria.

Sendo assim, considerou-se importante: entrevistar os oficiais subalternos de cada uma das unidades do interior do Estado, pois, imagina-se que são aqueles que geralmente são responsáveis por ministrar as instruções; conhecer como está sendo desenvolvida a instrução nas unidades do interior do Estado; avaliar em que grau um sistema de instrução à distância satisfaria os policiais militares, e saber qual a idéia do entrevistado em relação a um sistema de instrução à distância.

Diante destas ponderações foi realizada uma pesquisa em que foram entrevistados 22 oficiais da PMPR que atualmente prestam serviços nas unidades operacionais que estão localizadas fora da área geográfica de Curitiba.

É interessante notar que pistas importantes para as respostas aos problemas levantados neste trabalho começam a aparecer já na busca do perfil dos entrevistados no que tange ao seu local de trabalho. Os entrevistados são lotados em unidades do interior do Estado e também no 17.º BPM que está localizado na Região Metropolitana de Curitiba (esta unidade abrange 22 Municípios que estão dispostos desde a divisa com o Estado de São Paulo até a divisa com o Estado de Santa Catarina). Como se percebe, a área de abrangência deste batalhão é muito dispersa, ficando caracterizada a mesma problemática dos Batalhões do Interior.

O primeiro ponto de importância que foi levantado sobre os oficiais subalternos serem os responsáveis pela instrução se confirmou nas respostas obtidas na pesquisa, conforme o gráfico 1, onde 90% dos entrevistados afirmaram que quem mais comumente ministra as instruções na área de suas respectivas unidades são os oficiais subalternos, sendo que em somente 10% das respostas encontramos oficiais intermediários responsáveis por tais tarefas.

A distribuição dos entrevistados está vinculada a todas as unidades do interior do Estado, somando-se ainda mais 03 (três) oficiais do 17.º BPM localizado em São José dos Pinhais, sendo que um está lotado em São José dos Pinhais, outro em Colombo e o terceiro em Araucária. Considera-se que com este público que abrange todas as unidades fora de Curitiba, será possível traçar um perfil geral de como está realmente a instrução na PMPR, pois os oficiais entrevistados não têm responsabilidade direta sobre as informações oficiais dadas pela própria instituição.

Em análise as respostas obtidas nos questionários e representadas pelo Gráfico 1 – Freqüência da instrução, observa-se que a determinação da Diretriz Anual de Instrução não está sendo cumprida, pois a instrução que deveria ser semanal na maioria dos Batalhões está sendo realizada acima deste período. Apenas 02 (dois) dos 22 (vinte e dois) entrevistados responderam que a instrução está sendo realizado dentro da determinação definida pela PMPR.

11Capítulo 1 - Educação

Gestão de Políticas Públicas no Paraná

Gráfico 1. Freqüência da instrução

Freqüência da instruçãoSemanal 2 Quinzenal 1 Mensal 2 Maior que um mês 14 Não sabe informar 3

Total 22

Fonte: Questionários respondidos pelos Oficiais.

Não obstante esta contradição, pois a idéia oficial dá conta de que as normas estão sendo efetivamente cumpridas, os entrevistados foram unânimes (Gráfico 2) em afirmar que a instrução de manutenção é fator de importância para o desenvolvimento e aperfeiçoamento profissional do Policial Militar, bem como para a qualidade do serviço. Isto demonstra que a PMPR deve manter e aperfeiçoar um sistema que atenda as necessidades dos policiais militares.

Gráfico 2. Importância da instrução de manutenção

Acha importante a instruçãoSim 22 Não 0

Total 22

Fonte: Questionários respondidos pelos Oficiais.

Conforme o Gráfico 3, verifica-se que 86,36% dos entrevistados afirmaram que as instruções são realizadas nas sedes dos Batalhões que se localizam, em tese, nas cidades que são pólos regionais. Isto faz inferir que os deslocamentos são regra no momento em que são chamados a participar das instruções, ou caso não se desloquem, não participam destas instruções.

Gráfico 3. Locais de instrução

Locais da instrução

Dest. PM 0

Pelotões 2

Companhias 1

Batalhões 19

Total 22

Fonte: Questionários respondidos pelos Oficiais.

Mais da metade dos oficiais entrevistados, 54% (Gráfico 4), informaram que a forma que se desenvolve atualmente a instrução na PMPR é insuficiente para atender as necessidades dos policiais militares.

Gráfico 4. Forma que se desenvolve a instrução atualmente

Forma da instrução

Ótimo 0

Bom 3

Regular 7

Insuficiente 12

Total 22

Fonte: Questionários respondidos pelos Oficiais.

12 Uma proposta para Implantação de um Sistema de Instrução à Distância na PMPR

Gestão de Políticas Públicas no Paraná

Como se vê, no Gráfico 5, mais de 81% dos oficiais responderam que aqueles que são responsáveis pela instrução em suas unidades não têm tempo suficiente para preparar as aulas que serão ministradas aos policiais militares.

Gráfico 5. Tempo para preparação da instrução

Existe tempo para preparar a instrução Sim 4 Não 18

Total 22

Fonte: Questionários respondidos pelos Oficiais

Esta constatação tem influência direta no desempenho dos policiais militares que desenvolvem o policiamento ostensivo ordinário, o reflexo deste panorama está na percepção que os entrevistados têm sobre o nível de conhecimento dos policiais militares que atuam no policiamento ostensivo de rua.

Conforme o Gráfico 6, a ampla maioria, 77% dos entrevistados, entende que o conhecimento teórico do efetivo da PMPR está enquadrado entre os níveis regular e bom. Este é um dado preocupante que reflete que a manutenção da instrução na PMPR está aquém do que determina a Diretriz Anual de Instrução.

Gráfico 6. Grau de conhecimento teórico do efetivo

Conhecimento atual do efetivo Insuficiente 3 Regular 14 Bom 5 Ótimo 0

Total 22

Fonte: Questionários respondidos pelos Oficiais

No conjunto de questões que abordam o sistema de instrução à distância, verifica-se uma boa receptividade dos entrevistados.

Quase a totalidade dos entrevistados, 95%, como se verifica no Gráfico 7, entende que uma instrução utilizando um vídeo contendo os assuntos teóricos e práticos previstos na Diretriz Anual de Instrução, tornaria mais proveitoso o processo de aprendizagem.

Gráfico 7. Instrução com vídeo

Validade da instrução com vídeo Sim 21 Não 1

Total 22

Fonte: Questionários respondidos pelos Oficiais

Na opinião de todos os entrevistados (Gráfico 8), a realização de instrução através de vídeo-aula, em cada sede de Destacamento PM, Pelotão PM,

13Capítulo 1 - Educação

Gestão de Políticas Públicas no Paraná

Cia. PM e Sede do Batalhão, agilizaria o processo de instrução na sua OPM, bem como diminuiria gastos de combustível e de tempo com deslocamento do efetivo.

Gráfico 8. Agilização do processo de instrução com vídeo-aula

Agilização com a vídeo-aula Sim 22 Não 0 Total 22 Fonte: Questionários respondidos pelos Oficiais

Mais uma vez 95% (Gráfico 9) dos oficiais entrevistados entenderam que as instruções ministradas através de vídeo-aula, elaborado por instrutores com reconhecido e notório conhecimento do assunto, garantem a padronização dos temas abordados trazendo resultados positivos à PMPR.

Gráfico 9. Padronização da instrução com a vídeo-aula

Aprovação da padronização da instruçãoSim 21 Não 1

Total 22

Fonte: Questionários respondidos pelos Oficiais

Os dados expostos indicam que a implantação de um sistema de manutenção da instrução por meio de vídeo-aulas, tende a ser uma boa solução

para o problema que a PMPR vem enfrentando neste setor tão delicado e de suma importância para o desenvolvimento da Instituição.

7 Resultados

O resultado da pesquisa realizada com os oficiais das unidades operacionais da PMPR aponta para uma boa receptividade por parte dos integrantes da corporação, bem como resultados positivos que auxiliariam no melhor desempenho e qualidade do serviço prestado pelos policiais militares que atuam no policiamento ostensivo ordinário.

Por certo também traria benefícios no aspecto social. O impacto, de um modo geral, é positivo, pois, conforme os dados apresentados no gráfico 8, caso existisse um sistema de instrução à distância isto diminuiria gastos de combustível e de tempo com deslocamento do efetivo. O fato de os policiais militares permanecerem por mais tempo na sede de seus municípios (onde moram e trabalham) causa menor desgaste físico, pois deixam de realizar grandes deslocamentos, permanecendo próximos de seus familiares. Deixando de se deslocar de uma cidade para outra, os policiais militares ficam menos tempo à disposição da corporação, o que acarreta menor carga-horária de trabalho (que hoje se verifica sobrecarregada) e conseqüentemente mais tempo para seus assuntos particulares. A relação de benefício se torna óbvia, e o policial passa a ter mais tempo para sua vida social.

8 Considerações Finais

A análise dos impactos (econômicos, sociais, profissional, culturais etc.) resultantes da implementação de um sistema de instrução à distância se mostra especialmente necessária ao se tratar das especificidades da PMPR, pois sua construção geralmente obedece a uma lógica corporativa, em que o objetivo posto a priori é favorecer a melhor prestação do serviço de policiamento e melhor qualidade de vida dos policiais militares.

O presente trabalho objetivou analisar os impactos sobre os policiais militares e PMPR, em virtude da criação de um sistema de instrução à distância, e seus efeitos multiplicadores sobre toda a corporação e assim as conseqüências benéficas sobre a população paranaense.

14 Uma proposta para Implantação de um Sistema de Instrução à Distância na PMPR

Gestão de Políticas Públicas no Paraná

Conforme demonstraram os resultados desta pesquisa, pode-se dizer que existem mais reflexos positivos a serem considerados na implantação de um sistema de instrução à distância, que negativos. A constituição de um novo sistema de instrução apresenta grandes ganhos de qualidade de vida, economia de tempo e dinheiro, bem como, otimização de recursos humanos e financeiros, tanto por parte dos entrevistados como do restante dos policiais militares.

Portanto, a hipótese central deste estudo, que

admitia a possibilidade de ocorrerem problemas

no atual modelo de instrução da PMPR, não

apenas mostrou-se verdadeira, como também

confirma que a adoção de um sistema de educação

à distância se mostra viável para a PMPR, pois se

constatou que, na verdade, o impacto institucional

e social, de um modo geral, se mostra positivo.

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