22
Uma Rota fundada nas memórias do românico, que convida a uma viagem inspiradora a lugares com História, junto de singulares conjuntos monásticos, igrejas, capelas, memoriais, pontes, castelos e torres senhoriais, amadurecida em terra forjada de verde, repleta de saberes e sabores.

Uma Rota fundada nas memórias do românico, que convida a ...§ões/PROVERE/Provere... · da um conjunto de mais de uma centena de projetos pro-movidos por parceiros da Rota do Românico,

Embed Size (px)

Citation preview

Uma Rota fundada nas memórias do românico, que convida a uma viagem inspiradora a lugares com História, junto de singulares conjuntos monásticos, igrejas, capelas, memoriais, pontes, castelos e torres senhoriais, amadurecida em terra forjada de verde, repleta de saberes e sabores.

2

3

4

4

4

5

6

7

8

10

12

14

16

18

19

20

Nota de abertura

Rota do Românico

O PROVERE da Rota do Românico

Projetos complementares

Projetos complementares aprovados

> Conservação e Valorização do Património Rural

> Preservação da Igreja Matriz de Santa Maria de Idães

> Preservação, Reabilitação e Divulgação da Igreja Matriz de Regilde

> Quinta da Lixa – Turismo Rural

> Casa da Torre

> Quinta das Lagoas

> Reconstrução e Adaptação para Instalação de TER – Casa Valxisto –

Quintandona

> Turismo Rural em Paço de Sousa – Quinta do Lobo Branco

> Centro Cultural de Louredo | Centro Cívico de Louredo

> Centro de Interpretação das Minas de Castromil e Banjas

> Restaurante Solar da Brita

3

Nota de Abertura

A Rota do Românico é um projeto de desenvolvimento e de ordenamento do território, baseado em recursos de natureza cultural, de que deverá resultar a reabilitação do património histórico edificado e o envolvimento da comu-nidade, bem como a garantia de que ela seja a grande be-neficiária de toda a intervenção (das práticas espirituais e culturais à atividade económica e de geração de riqueza).

Esta matriz de implicação do património com o seu ter-ritório, mil vezes repetida para que não subsistam quais-quer dúvidas ou hesitações, é a que melhor interpreta essa arquitetura que “só assim, inserida na paisagem e no habitat local, ela é verdadeiramente compreensível e só assim se tem uma rica lição para contar”1.

PROVERE: uma estratégia colaborativa público-privada

O românico é o testemunho evidente da importância histórica e cultural e da relevância política do Tâmega e Sousa − a notoriedade artística, a relevância simbólica deste património para a comunidade e a qualidade das intervenções de reabilitação conferem uma qualidade global da oferta de grande valor. E esse é o requisito bá-sico para competir no setor das viagens de touring cultu-ral. Mas este território tem que se afirmar pela excelência da qualidade dos serviços prestados ao visitante: essa é a condição básica para sua afirmação como destino de viagens do segmento sofisticado do touring cultural. Isto

1 Almeida, Carlos Alberto Ferreira de − Arquitectura. In Nos confins da Idade Média. Lisboa: IPM, 1992. p. 75.

Rota do Românico: um projeto público de desenvolvimento

JOSÉ PORTUGAL Quaternaire Portugal, Consultoria para o Desenvolvimento, SAEntidade Consultora da Implementação da EEC PROVERE da Rota do Românico

significa que a qualidade do património cultural tem que ter correspondência na qualidade dos serviços presta-dos ao visitante.

A Estratégia de Eficiência Coletiva PROVERE surge jus-tamente desta consciência e pretende dar um contributo sólido para a sua concretização. Um dos objetivos estra-tégicos é exatamente assegurar um padrão de qualidade uniforme capaz de garantir uma oferta equilibrada e harmo-niosa dos diferentes tipos de bens e serviços disponibiliza-dos ao turista e visitantes do território do Sousa e Tâmega.

É com este objetivo que estão em curso os trabalhos com vista à criação de um sistema de certificação de produtos e serviços de natureza turística que irá permitir:

> Preservar o património cultural, de natureza material e imaterial, do território do Sousa e Tâmega, e a autentici-dade da sua oferta turística;

> Consolidar o produto turístico de forma integrada e aumentar o nível de confiança e satisfação de visitantes e turistas;

> Melhorar a imagem e o prestígio da Rota do Români-co e do turismo da região;

> Acrescentar valor à Rota do Românico enquanto pro-duto turístico;

> Estimular nos intervenientes da indústria turística uma melhoria nos padrões de qualidade, em produtos, serviços e recursos humanos;

> Garantir uma maior cooperação entre todos os agen-tes, públicos e privados, que participam no setor do turismo.

4

Uma experiência fundada na HistóriaA Rota do Românico é um projeto que visa o desen-

volvimento do Tâmega e Sousa partindo de um recurso comum deste território: o rico património de origem româ-nica, expresso em mosteiros, igrejas, capelas, memoriais castelos, torres e pontes.

Este legado histórico românico − estilo artístico que se desenvolveu em Portugal entre os séculos XI e XIII e que perdurou nesta região até ao século XV − está inti-mamente ligado à fundação da nossa Nacionalidade e testemunha o papel relevante deste território na história da nossa nobreza e das ordens religiosas.

Constituída, desde 1998, pelos seis concelhos que integram a VALSOUSA − Associação de Municípios do Vale do Sousa (Castelo de Paiva, Felgueiras, Lousada, Paços de Ferreira, Paredes e Penafiel), a Rota do Româ-nico alargou-se, em 2010, aos restantes municípios da NUT III − Tâmega (Amarante, Baião, Celorico de Basto, Cinfães, Marco de Canaveses e Resende).

Ancorada num conjunto de 58 monumentos de grande valor e de excecionais particularidades, a Rota do Româ-nico procura assumir um papel de excelência no âmbito do turismo cultural e paisagístico, capaz de tornar esta região no destino turístico de referência do românico.

Definem-se ainda como objetivos da Rota do Români-co a promoção do ordenamento do território através da valorização do património; a criação de um novo setor produtivo gerador de riqueza, assente no turismo; a mu-dança da imagem interna e externa da região, tornando--a mais atrativa; e o incremento da qualificação e da em-pregabilidade dos seus recursos humanos.

Ao longo destes 14 anos têm sido diversos os campos de intervenção da Rota do Românico. Procederam-se a obras de conservação e salvaguarda dos monumentos e das áreas envolventes, qualificaram-se centenas de pro-fissionais da região nas áreas do turismo e do património, produziram-se materiais informativos e promocionais e instalaram-se centros de informação em cinco monumen-tos, destinados ao acolhimento dos turistas e visitantes.

A requalificação do património edificado continua a ser uma das grandes prioridades da Rota do Românico, mas pretende-se cimentar outras componentes do proje-to. Uma das apostas está ligada ao reforço da vertente turística e cultural do produto, com a apresentação de um calendário de eventos e de programas de visitas diri-gidos ao mercado nacional e internacional.

A Rota do Românico pretende, ainda, através do seu Serviço Educativo, assumir-se como um instrumento fun-damental para a definição e realização de um projeto de educação patrimonial, capaz de difundir e valorizar o pa-trimónio deste território.

O Centro de Estudos do Românico e do Território, cria-do em 2010, assume-se igualmente como uma das novas valências do projeto. Este pretende ser um polo de pro-dução e disseminação de conhecimentos, fundamentais para a compreensão deste legado histórico e patrimonial.

Outra das apostas serão as mais modernas tecnologias de informação e comunicação, nomeadamente através da disponibilização de visitas virtuais aos monumentos e de aplicações para dispositivos móveis de última geração.

A par disto, a implementação de um sistema de mo-nitorização e certificação dos produtos e serviços asso-ciados à Rota do Românico constitui igualmente um dos grandes objetivos do projeto.

O trabalho desenvolvido pela Rota do Românico viria a ser publicamente reconhecido em 2010, com a atribui-ção de quatro importantes galardões nacionais e inter-nacionais − a Medalha de Mérito Turístico, pelo Governo português; o Prémio Turismo de Portugal − “Requalifica-ção de Projeto Público” 2009, pelo Turismo de Portugal; o Prémio Novo Norte − “Norte Civitas” 2009, pela CCDR-N e pelo Jornal de Notícias; e o XXXV Troféu Internacional de Turismo, Hotelaria e Gastronomia − e em 2012, com a Medalha de Ouro de Mérito Municipal, da Câmara Muni-cipal de Lousada, e com o Prémio Inovação de Produto/Serviço, atribuído no âmbito da BiT − Bolsa de inovação em Turismo.

Rota do Românico

ROSÁRIO CORREIA MACHADODiretora da Rota do Românico

5

O PROVERE da Rota do Românico

A Estratégia de Eficiência Coletiva (EEC) PROVERE da Rota do Românico, gerida pela VALSOUSA – Associação de Municípios do Vale do Sousa, foi formalmente reco-nhecida a 29 de julho de 2008.

Esta EEC PROVERE, que tem como objetivo principal a valorização do património arquitetónico românico, com-plementado pelo da sua envolvente natural, existente nos concelhos do Vale do Sousa, pretende ser a alavanca de um novo modelo de desenvolvimento para este território.

No âmbito desta EEC PROVERE prevê-se a concreti-zação, até 2015, de cinco grandes projetos-âncora:

> Dinamização Cultural e Turística da Rota do Românico;> Conservação e Requalificação do Património Cultu-

ral da Rota do Românico;> Implementação do Sistema de Monitorização e Certi-

ficação do Produto Turístico-Cultural “Rota do Românico”;> Salvaguarda e Valorização do Território e do Patrimó-

nio Vernacular e Intangível;> Dinamização da Estrutura de Gestão do Consórcio

PROVERE da Rota do Românico.

A EEC PROVERE da Rota do Românico contempla ain-da um conjunto de mais de uma centena de projetos pro-movidos por parceiros da Rota do Românico, de natureza pública e privada, que visam o enriquecimento e sucesso da iniciativa PROVERE.

A adesão destes parceiros ao PROVERE da Rota do Românico foi formalizada com a assinatura do contrato de consórcio em janeiro de 2009, tendo sido objeto de reformulação em julho de 2011.

O Programa de Ação da EEC PROVERE da Rota do Românico é composto por um conjunto de 191 projetos complementares, em diversas áreas de intervenção, pro-movidos por parceiros de entidades públicas e privadas.

Embora o PROVERE não constitua nenhuma linha de financiamento direto, os projetos que integram a EEC PROVERE da Rota do Românico têm prioridade, no âm-

bito das candidaturas a cofinanciamento que apresen-tem ao QREN, face a outros que não possuam o estatuto PROVERE. Este assume-se, assim, como uma espécie de “via verde” dos projetos, já que a majoração dos mes-mos poderá atingir um limite máximo de 10% ou existir convites para apresentação de candidaturas exclusiva-mente para parceiros PROVERE.

PROJETOS COMPLEMENTARES APROVADOS

Na brochura PROVERE, publicada em agosto de 2012, demos já a conhecer alguns dos projetos complementares que integram a EEC PROVERE da Rota do Românico e cujas candidaturas obtiveram financiamento no âmbito do QREN: PRODER − Programa de Desenvolvimento Rural − Subprograma 3 e Sistema de Incentivos à Inovação.

Nestas páginas apresentamos outros exemplos de projetos complementares aprovados.

Projetos complementares

6

O rigor das chuvas de inverno estava a deixar marcas profun-das na Igreja de São Miguel de Lousada. As constantes infiltrações de água e de humidade ameaçavam o património do templo e pro-vocavam o desconforto dos paroquianos que, enquanto assistiam às celebrações eucarísticas, tinham de se proteger da chuva que caía no interior da igreja.

“O povo há muito tempo que achava que o telhado estava a necessitar de obras, porque estava podre, e foi esse mesmo povo que exigiu e se chegou à frente”, conta António Correia, pároco da freguesia desde 1997 e Presidente da Fábrica da Igreja Paroquial da Freguesia de Lousada (São Miguel). A oportunidade surgiu em abril de 2011, com a candidatura ao PRODER − Programa de De-senvolvimento Rural − Subprograma 3, gerido neste território pela Ader-Sousa − Associação de Desenvolvimento Rural das Terras do Sousa, mas a tardia aprovação, que só viria a acontecer um ano depois, obrigou à tomada de medidas preventivas.

A paróquia contou com o apoio da Câmara Municipal de Lousa-da na elaboração e acompanhamento do projeto e as obras avança-ram com o dinheiro angariado junto da população da freguesia, uma vez que, como refere António Correia, “os paroquianos já andavam a contribuir para estas obras, porque se a candidatura fosse en-tretanto aprovada nunca obteríamos o financiamento na totalidade”.

Conservação e Valorização do Património Rural

Todos os meses, durante um ano, uma comissão de obras composta por 16 pessoas, divididas por seis grupos, percorria as casas da freguesia para recolher a quantia que os paroquianos haviam prometido, conseguindo juntar o dinheiro necessário para darem início à obra. “A candidatura foi aprovada este ano [2012] depois de a obra estar praticamente feita. Disseram-nos: se vocês quiserem avançar avancem, que poderá haver ainda possibilida-des de vir um subsídio. (...) Quando foi aprovado já estava tudo feito”, sublinha o pároco.

O telhado foi substituído por um novo, as paredes interiores foram rebocadas e pintadas e as exteriores foram limpas, mas o pároco ga-rante que “têm previsto mais coisas para quando houver dinheiro. Nós queríamos dourar os altares, que o douramento que têm atualmente já foi feito há mais de um século, e com a humidade vão apodrecendo”.

A igreja apresenta um retábulo de talha policromada e dourada que, de acordo com a tradição oral, terá vindo de uma outra igreja ou capela da região do Porto, e que ao ser colocado na Igreja de São Miguel, parte da sua arcada teve de ser cortada e adaptada à altura do edifício.

Os altares ficarão para uma próxima fase, assim como a pavi-mento da envolvente da igreja. “A pavimentação do adro já está pronta, mas ainda não sabemos se vamos pavimentar o resto, por-que há sepulturas perto desta área”. Trata-se de duas sepulturas antropomórficas escavadas na rocha, atribuíveis ao século X-XI, vi-síveis junto à fachada norte da igreja, o que leva a supor a existên-cia de um templo já nesta data, e uma tampa sepulcral medieval no lado sul do templo, nas proximidades da parede. O pároco avança, ainda, com o desejo de fazer um estudo arquitetónico, artístico e arqueológico da igreja, o que permitiria conhecer as suas origens e a sua evolução no tempo.

A população já mostrou a sua disponibilidade para contribuir para a conservação e valorização da sua igreja. “Eles já andam a pergun-tar: “então, não vêm pedir mais?””, revela o pároco com um sorriso, embora reconheça que “apesar de já estarem preparados, com a crise e uma parte deles desempregada não vão poder dar tanto”. O mais importante é verificar que a união dos paroquianos atravessa obstáculos e consegue sobrepor-se às questões financeiras.

Designação: “Conservação e Valorização do Património Rural”Promotor: Fábrica da Igreja Paroquial da Freguesia de São Miguel de Lousada Apoio: PRODER – Programa de Desenvolvimento Rural – Subprograma 3Investimento elegível aprovado: 23.925,01 eurosTaxa do apoio concedido: 60% (apoio não reembolsável)

7

Preservação da Igreja Matriz de Santa Maria de Idães

Aqueles que conheciam a Igreja de Santa Maria de Idães, no concelho de Felgueiras, jamais poderiam imaginar o perigo que esta representava para os seus paroquianos e visitantes. Um olhar superficial sobre as manchas de humidade no teto da nave e nas paredes e as fissuras nos caixotões do teto da cape-la-mor não permitia antever o avançado estado de degradação da igreja e do seu espólio patrimonial.

Desde 2009 que a Fábrica da Igreja Paroquial da Freguesia de Santa Maria de Idães vinha procurando soluções para o pro-blema. Nesse ano não foi possível, por questões burocráticas, apresentar uma candidatura, mas foram trabalhando nos bas-tidores até que, em 2011, surgiu uma nova oportunidade. No entanto, a situação da igreja foi-se deteriorando, nomeadamente ao nível do telhado, tendo sido necessário intervir de urgência mesmo antes da aprovação da candidatura ao PRODER − Pro-grama de Desenvolvimento Rural − Subprograma 3, gerido nes-te território pela Ader-Sousa − Associação de Desenvolvimento Rural das Terras do Sousa.

Se inicialmente a obra duraria apenas seis meses, o decorrer da mesma levou a que o cronograma de intervenções se prolon-gasse por um ano e meio. As razões são apontadas por Manuel Ferreira, pároco da freguesia desde 2005 e Presidente da Fábri-ca da Igreja Paroquial da Freguesia de Santa Maria de Idães: “na capela-mor, os caixotões de uma arte sacra lindíssima e mui-to valiosa estavam completamente degradados. Com as obras

Designação: “Preservação da Igreja Matriz de Santa Maria de Idães”Promotor: Fábrica da Igreja Paro-quial da Freguesia de Santa Maria de IdãesApoio: PRODER – Programa de Desenvolvimento Rural – Subpro-grama 3Investimento elegível aprovado: 198.801,62 eurosTaxa do apoio concedido: 60% (apoio reembolsável)

iniciais verificámos que os altares laterais, que estavam pintados e muito bonitos, não foram anteriormente intervencionados como deveriam. Estavam a degradar as toalhas das zeladoras e a criar buracos por baixo. O altar, que eu imaginava que estava muito bem, porque não se via nada aparentemente, quando tivemos de retirar o arco para chegar às paredes, estava todo podre. O teto, quando começámos a retirar o estuque, caiu aos pedaços. Conseguíamos ver os buracos no meio do corpo da igreja, ou seja, na assembleia. A qualquer momento podia cair.”

O telhado já foi substituído, as paredes exteriores foram lim-pas e colocaram-se novas portas e proteções nas janelas para resguardar o templo da humidade. Na candidatura está, ainda, contemplada a implementação de um sistema de drenagem de águas pluviais e a pavimentação do adro. O restauro dos altares e dos caixotões não estava previsto, uma vez que a candidatura incluía apenas as intervenções ao nível infraestrutural, mas a sua retirada permitiu descobrir, na parede do lado esquerdo do arco triunfal, vestígios de uma belíssima pintura mural a fresco.

Manuel Ferreira lança, ainda, outras ideias que pretende ver concretizadas: “queremos fazer um vídeo documentário, de in-ventário paroquial, um catálogo fotográfico e a sinalética, que serão importantes para ficar com uma marca histórica na paró-quia. Filmámos como é que a igreja estava, a última celebração que se fez antes das obras e como vai ficar. (...) Estamos tam-bém a ver se descobrimos urnas no chão da igreja que, segun-do o que o povo diz, foram tapadas, a ver se trazíamos de volta o passado da igreja”.

O pároco define as gentes de Idães como sendo bairristas e, por isso, empenhadas no bem comum da freguesia, mas reco-nhece que a existência do Santuário do Bom Jesus, localizado na vila de Barrosas, onde reside a maior parte da população e dos empresários da freguesia, ofusca a igreja matriz. Contudo, como refere, “contra as marés, vamos trabalhando. Vamos fa-zendo peditórios, atividades, convívios, cortejos, leilões. Tudo o que fizemos para a primeira fase vamos continuar a fazer para a segunda. E acreditamos que o povo entenda isto (...) e que a obra os encha de orgulho.” A renovada igreja dará as boas-vindas aos seus paroquianos em agosto, mês em que se celebra a Festa de Santa Maria de Idães.

8

Preservação, Reabilitação e Divulgação da Igreja Matriz de Regilde

Desde 2005 que os paroquianos de Regilde, no concelho de Felgueiras, celebram a eucarística dominical no salão paroquial da freguesia. A par do conforto espiritual, neste espaço encontraram a comodidade que a sua igreja há muito lhes sonegava, constan-temente ameaçada por infiltrações de água que a tornavam num edifício frio, húmido e em decadência.

“Entrava água por tudo quanto era lado, o soalho tinha furos, havia telhas partidas e até já se usavam bacias no coro-alto”, des-creve-nos Filipe Ferreira, pároco da freguesia desde 2009 e Presi-dente da Fábrica da Igreja Paroquial da Freguesia de Santa Com-ba de Regilde, acrescentando que “no inverno raramente fazíamos a eucaristia na igreja. Celebrávamos aos sábados se não estivesse um inverno muito rigoroso, na perspetiva de não abandonar a igre-ja, mas aos domingos já celebrávamos só no salão paroquial”.

Embora o estado de degradação da igreja fosse evidente e re-conhecessem que a opção tomada seria apenas temporária, as obras no templo só se iniciariam seis anos depois. “As pessoas tinham pago o salão paroquial. Depois veio um pároco para cá e avançaram com a residência paroquial. Entretanto, tiveram uma folga de 2/3 anos, que foi quando eu cheguei e, então, avançámos. Surgiu a oportunidade do PRODER e nós aproveitámos”, conta o pároco, explicando a demora da intervenção.

A candidatura ao PRODER − Programa de Desenvolvimento Rural − Subprograma 3, gerido neste território pela Ader-Sousa − Associação de Desenvolvimento Rural das Terras do Sousa, foi apresentada em abril de 2011, mas quando as obras se iniciaram, em setembro do mesmo ano, a paróquia já tinha conseguido reunir 25% do valor candidatado. Foi feito um levantamento do montan-te que os paroquianos pretendiam dar, sendo esse valor recolhido mensalmente por elementos da comissão fabriqueira. O restante foi conseguido com recurso a crédito bancário. “Claro que o apoio da população baixou um bocadinho com a crise, mas tem dado, pelo menos, para cobrir os juros. Aliás, o financiamento do banco não chega nem a metade e a intenção é que se vá cobrindo, que nunca se chegue a depender totalmente do banco”, sublinha o pároco.

A intervenção na igreja deverá estar terminada em março de 2013, embora as ações propostas no âmbito da candidatura es-tejam praticamente concluídas. O interior e o exterior do edifício foram totalmente reabilitados e alguns erros litúrgicos foram cor-rigidos: a pia batismal, que estava junta ao altar, será colocada à entrada da igreja, e o coro-alto, inclinado, irá retomar a sua posi-ção tradicional. Está a ser, ainda, realizado um vídeo documentário com as tradições locais e uma exposição fotográfica.

Se inicialmente previam um investimento de cerca de 200 mil euros, as expetativas geradas em torno da “nova” igreja fizeram duplicar a fasquia. “Claro que com o entusiasmo já acrescentámos algumas coisas”, confessa o pároco. “Em vez de fazermos só uma limpeza ao teto, vamos fazer um novo, os altares vão ser todos res-taurados, as portas eram para ser tratadas, mas, se calhar, vamos fazer umas novas, os bancos serviam e estão bons, mas começá-mos a pensar que depois da obra feita vão ficar mal, e o mobiliário litúrgico também vai ser novo”.

O pároco justifica as opções tomadas, acreditando que as mes-mas têm eco e são partilhadas pelos paroquianos de Regilde. “Em tempos disse às pessoas: nós vamos restaurar a igreja, não vamos só levantar pedras. Vamos fazer um restauro do seu edifício e do seu património cultural. Vamos recuperar a memória coletiva”.

Designação: “Preservação, Reabilitação e Divulgação da Igreja Matriz de Regilde”Promotor: Fábrica da Igreja Paroquial da Freguesia de Santa Comba de Regilde Apoio: PRODER – Programa de Desenvolvimento Rural – Subprograma 3Investimento elegível aprovado: 197.988,99 eurosTaxa do apoio concedido: 60% (apoio não reembolsável)

9Na Quinta da Lixa o vinho convoca os cinco sentidos. Ali pode-

mos sentir, ver, tocar, ouvir e cheirar o néctar que, desde 1986, dá corpo a esta empresa de produção e comercialização de vinhos que tem granjeado reconhecimentos nacionais e internacionais.

As distinções são justificadas pelo constante elevar dos pa-drões de qualidade e pelo exponencial aumento da área de produ-ção própria. Óscar Meireles, diretor-geral da empresa, explica-nos a sua estratégia: “nós somos uma empresa vinificadora − vinifica-mos à volta de três milhões e meio a quatro milhões de quilos de uva − e no nosso negócio temos de ter alguma capacidade de acompanhar as tendências dos mercados e de dar respostas rapi-damente. Por isso, há cerca de 15 anos decidimos comprar alguns

Quinta da Lixa − Turismo Rural

A Quinta da Lixa é o testemunho vivo da paixão que a família Meireles sempre teve pelos Vinhos Verdes. Presente em diversas áreas do mundo empresarial, esta família, que já era proprietária de vinhedos localizados em redor da pequena vila da Lixa, decide em 1986 criar uma pequena empresa que se viria a tornar naquela que é hoje a Quinta da Lixa - Sociedade Agrícola, Lda.

O vinho produzido era inicialmente vendido a granel, mas rapidamente se percebeu que a sua qualidade e aceitação eram tais, que o engarrafamento na propriedade era imperativo. Devido ao aumento de produção, torna-se necessário a construção de novas instalações para substituir a primitiva adega.

Surge, então, na Quinta da Lixa um moderno centro de vinificação com uma capacidade instalada de 4 milhões de litros, escritórios, laboratório, sala de provas e um local de venda direta ao público.

Em 1999 a Quinta da Lixa compra uma nova propriedade, a Quinta de Sanguinhedo, com 30 hectares, dos quais 20 vieram a ser ocupados com vinha. Neste momento a em-presa tem um total de 60 hectares de vinha distribuídos pelas seguintes quintas: Quinta da Lixa, Quinta de Sanguinhedo, Quinta de Tarrio, Quinta da Corredoura, Quinta de Coveiros e Quinta das Maias.

Preparando-se para o exigente século XXI, a empresa aposta fortemente na diversifi-cação dos seus vinhos, colocando no mercado vários vinhos varietais e espumantes de Vinho Verde.

Designação: “Quinta da Lixa – Turismo Rural”Promotor: Quinta da Lixa – Sociedade Turística, Lda.Apoio: Sistemas de Incentivos à Inovação do QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional | Portugal 2007-2013Investimento elegível aprovado: 3.500.000,00 eurosTaxa do apoio concedido: 75% (apoio reembolsável)

terrenos para fazermos experiências com algumas castas menos trabalhadas na região, como é o caso da Touriga Nacional. Face à presença da Quinta da Lixa em diversos mercados internacionais, temos que oferecer uma gama alargada de vinhos, de modo a con-seguir satisfazer todas as solicitações dos nossos clientes.”

Assim, em 1999 adquirem a Quinta de Sanguinhedo, localizada em Telões, no concelho de Amarante, uma propriedade com 30 hectares, dos quais 20 viriam a ser ocupados com vinha. A Quinta cumpria a estratégia delineada, mas seria também a semente de um sonho maior de Óscar Meireles. “Eu tenho um fraquinho pelo enoturismo. Eu dizia aos meus colaboradores que nunca conse-guiria ter o meu projeto concluído se a Quinta da Lixa não tivesse

10

um projeto turístico. A cada visita de importadores, jornalistas ou novos clientes, fico sempre com pena de não os poder convidar a pernoitar no nosso enoturismo e aproveitarem um pouco mais a sua estadia para conhecer melhor a nossa região”, confessa.

Não foi por acaso que nessa altura criou nas instalações da Quinta da Lixa a “Sala dos Arcos”, onde se fazem provas de vi-nhos, jantares gastronómicos e convívios vínicos. Mas Óscar Mei-reles queria um projeto mais ambicioso, algo que completasse a sua missão na empresa. Começava assim a germinar aquilo que viria a ser o Green Sense Hotel Resort & Spa, desenhado para a Quinta de Sanguinhedo.

As obras iniciaram-se em janeiro, mas naquele espaço conden-sa-se já a alma do hotel. A casa principal, construída em finais do século XIX, inícios do século XX, por emigrantes portugueses vin-dos do Brasil, será o polo principal do empreendimento, onde fun-cionará a receção, o restaurante e a zona de lazer. Os 30 quartos serão divididos pelas três restantes casas, uma delas convertida em suite. Junto ao polo principal haverá uma adega experimen-tal, na qual os hóspedes poderão colher as suas uvas, vinificar o seu vinho e, mais tarde, engarrafá-lo, uma adega-museu equipada com cozinha, onde decorrerão as provas, os cursos de iniciação

ao vinho, de compotas, de bolos de forno tradicional, de ervas aro-máticas Todavia, a diva do hotel será o spa vínico com vista para uma paisagem 20 hectares pintada de verde.

Às valências do hotel Óscar Meireles acrescenta as potenciali-dades da região onde este está inserido: “temos a Rota do Româ-nico, várias rotas enogastronómicas, um rio fantástico, onde ainda há moinhos em funcionamento, a cidade berço de Guimarães aqui bem perto, os campos de golfe de Amarante e de Ponte de Lima, e estamos a apenas 45 minutos do aeroporto e da cada vez mais tu-rística cidade do Porto”. Predicados que o diretor-geral considera fundamentais para conquistar o mercado internacional, com clien-tes já cativados nos 28 países para os quais exportam vinho, mas também o público nacional, com destaque para os mais citadinos.

Óscar Meireles mostra-se assertivo na sua missão. “Queremos fazer um projeto de qualidade, que seja um marco na região, não só na do Vale do Sousa, porque aí estou convicto que irá sê-lo, e por es-tar tão confiante disso já quero mais; quero que seja a nível de toda a Região dos Vinhos Verdes. Quem vier à Região dos Vinhos Verdes, quer vá ao Alto Minho, quer vá ao Douro Litoral, terá de passar pelo Green Sense Hotel Resort & Spa da Quinta da Lixa”. O hotel abre a suas portas em finais de 2014. Até lá, saudações vínicas!

11

Casa da Torre

A Casa da Torre constitui uma incontornável referência do espó-lio patrimonial da freguesia de Sobrosa, no concelho de Paredes. Edificada em finais do século XVIII, o imóvel está intimamente ligado aos tempos áureos daquela terra, que chegou a ser honra e sede de concelho, mas também por ter sido o berço de gente ilustre.

As pesquisas sobre as Casas e Famílias de Sobrosa, efetuadas e cedidas pelo historiador José Pinto, permitem-nos saber que da Casa da Torre é oriundo Custódio José Ferreira, enteado do patriar-ca da família Torres − apelido assumido da toponímia −, que entre 1777 e 1786 foi vigário de Sobrosa e responsável pela construção da Capela de Nossa Senhora das Dores, anexada à Casa, e pelas

A Associação de Solidariedade Social dos Professores (ASSP) foi constituída em 8 de abril de 1981. Todavia, mesmo antes dessa data, houve em Lisboa, durante dois anos, várias diligências para a criação de uma associação que desse resposta a situações de desamparo na velhice de alguns professores.

A ASSP funcionou com uma comissão organizadora até maio de 1983. Neste período foram feitas várias campanhas de divulgação que permitiram a abertura das delegações de Setúbal e do Porto. Apesar disso, a primeira experiência de residência, com características diferentes de um lar, foi criada em Lisboa, recorrendo ao aluguer de duas habitações em Chelas pertencentes à Câmara Municipal.

Em 19 de maio de 1983 foram eleitos os primeiros corpos gerentes da ASSP. Até ao final desse ano contabilizavam-se 1046 sócios em todo o país. A ASSP foi-se expandindo ao longo destes anos, tendo hoje delegações em 15 distritos ou regiões (Aveiro, Beja, Coim-bra, Évora, Faro, Funchal, Guimarães, Leiria, Lisboa, Ponta Delgada, Portalegre, Porto, Santarém, Setúbal e Viseu), com um número de associados a rondar os 18 mil.

Se nos primeiros anos da ASSP as preocupações se centravam no apoio à velhice e apenas para os sócios, hoje, com necessidades sociais em muito maior número e mais diversas, sendo a classe dos professores uma das que mais sente estes constrangimen-tos, as respostas tendem a ser mais alargadas e adequadas. Nesse sentido, a ASSP fez, há cerca de um ano, uma revisão dos seus estatutos e regulamentos, mas o período de adaptações e alterações não está encerrado.

A Casa da Torre, projeto de Turismo Rural − Casa de Campo, é o primeiro exemplo da ASSP nesta valência. Procura-se responder numa vertente económica com a rentabi-lização do imóvel, mas, ao mesmo tempo, ter um serviço social de turismo, de lazer e de convívio para associados e professores.

Designação: “Casa da Torre”Promotor: Associação de Solidariedade Social dos ProfessoresApoio: PRODER – Programa de Desenvolvimento Rural – Subprograma 3Investimento elegível aprovado: 287.239,90 eurosTaxa do apoio concedido: 50% (apoio não reembolsável)

obras de ampliação desta. A ela está também ligada o major Albino Dias Torres, que integrou, em 1828, o regimento de milícias de Pena-fiel, por altura da guerra civil entre absolutistas e liberais, e Maurício José Pacheco, cujos filhos se destacaram na vida pública: Arnaldo Pacheco Dias Torres, coronel médico, Albano Pacheco Dias Torres, capelão do Hospital Militar do Porto, e Albino Pacheco Dias Torres, abade de Besteiros que terminou os seus dias a celebrar missa na capela da Casa da Torre.

Em 1989 a Associação de Solidariedade Social dos Professo-res (ASSP) tornou-se proprietária do imóvel, legado em testamento pela única herdeira, Alice Bravo Torres Magalhães, então sócia e

12

fundadora da ASSP. Desde essa data que a entidade tem procura-do potenciar e rentabilizar a Casa da Torre como unidade de alo-jamento, mas a dispendiosidade das obras foi retardando a sua concretização. Entretanto, foram investindo noutras delegações através da implementação da experiência “quarto de passantes”, que facilitava o alojamento de um ou mais sócios, mas que não satisfazia por completo as intenções da ASSP.

Assim, inspirados por esta experiência, mas procurando algo mais consistente, decidiram dar um novo passo. “Dadas as condi-ções da Casa da Torre e a sua localização geográfica convidámos, em 2008, os arquitetos Carla Almeida, Marco Fernandes e Arman-do Lima a elaborarem um estudo prévio para uma solução similar nesta casa. A ideia foi evoluindo chegando-se à proposta final de Turismo de Habitação − Casa de Campo, que é uma boa solução para os nossos objetivos”, conta o Presidente da Delegação do Porto da ASSP, Manuel Armando Almeida.

A materialização desta ideia só viria, contudo, a acontecer em 2011, quando viram aprovada a candidatura ao PRODER − Progra-ma de Desenvolvimento Rural − Subprograma 3. “O financiamento da obra, numa altura em que as entidades sentem bastantes di-ficuldades, pode-se dizer que foi a alavanca necessária e indis-pensável para avançar”, sublinha António José Cunha, Presidente do Núcleo do Sousa e Tâmega da ASSP e impulsionador da obra.

Em agosto de 2012 arrancaram com os trabalhos de reabilitação, que deverão estar concluídos em julho de 2013. A “nova”unidade de

alojamento estará equipada com quatro quartos duplos e um apar-tamento, ideal para o alojamento de uma família, duas salas − uma de jantar e uma de estar −, um espaço para exposições, reuniões ou outros eventos, uma cozinha e uma adega.

O alojamento será o motor da Casa da Torre, mas pretende--se igualmente fomentar outras vertentes. Na opinião de Manuel Armando Almeida, “a atividade turística da Casa da Torre deve abarcar um conjunto de iniciativas complementares à atividade principal. (...) Estamos a reformular as várias ideias para a dinami-zação e utilização deste equipamento, contando com o apoio e co-laboração de algumas entidades locais”. Percursos pedestres e de bicicleta, passeios de burro, atividades pedagógicas e ambientais, pequenos mercados de produtos da região, exposições, tertúlias, espetáculos de música, dança, teatro e poesia são apenas alguns dos exemplos. A realização de cerimónias religiosas, aproveitando a capela anexa da Casa, é também uma ideia a implementar.

As portas da Casa da Torre estarão abertas a todos, mas sendo este um projeto de turismo social da ASSP, o público-alvo a privi-legiar será os professores e os seus familiares, particularmente os associados da ASSP. “Será a primeira unidade de turismo que a ASSP está a criar em todo o território nacional. Há, por isso, uma grande expetativa quanto aos resultados esperados”, revela An-tónio Amaro Correia, Presidente da Direção Nacional da ASSP. A inauguração da Casa da Torre está já agendada para a segunda semana de setembro de 2013.

13

Quinta das Lagoas

Quando Ana Fontes e Miguel Castro avistaram a Quinta das La-goas, em Sebolido, Penafiel, esta não era mais que uma manta de retalhos. Ambos trabalhavam em Bruxelas, mas procuravam nas mar-gens do Douro uma propriedade com acesso ao rio para aí puderem praticar desportos náuticos, uma paixão partilhada pelo casal.

“Começámos por ver uma casa do outro lado do rio, que nos in-teressava, mas que não tinha acesso ao rio. E o senhor disse-nos: “se querem acesso ao rio, olhem para o lado de lá e temos ali uma quinta muito grande””, conta Miguel Castro. Atravessaram para a outra margem e, munidos de luvas e tesouras de poda, consegui-ram desbravar o mato que impedia a entrada. O primeiro contac-to deixou-os deslumbrados: “com a dimensão que isto tinha, dois hectares na altura, achámos que isto tinha mais potencial do que fazer aqui uma casa de fim de semana”, relembra Miguel Castro.

Foram maturando as ideias e partilhando com os amigos eu-ropeus os encantos da propriedade. “Alguns clubes que frequen-távamos ficavam maravilhados com as fotografias que levávamos daqui e com as visitas que aqui faziam. Quando começaram a ver que aqui a água do rio estava a 24-25 graus no verão e que no in-

A Dourowake é uma empresa com um projeto inovador, ao qual foi atribuído a Declaração de Interesse para o Turismo. Este é fruto da paixão da Ana Fontes e seu marido, Miguel Castro, pelo wakeboard, pelo Douro e pela natureza.

Depois de carreiras internacionais na área da consultoria e da gestão de operações indus-triais em empresas multinacionais, o casal optou por fazer um forte investimento na área do turismo que os ancorasse a Portugal.

O centro de atividades náuticas e ecoturismo − DouroWake − encontra-se integrado na Quinta das Lagoas, 80.000m2 de floresta protegida, com sobreiros e carvalhos centenários, que confronta numa extensão de 400m com o rio Douro. Está destinado à prática e apren-dizagem de ski aquático, wakeboard, canoagem, remo, windsurf e vela. Propõe ainda o uso da praia fluvial privada e atividades de ecoturismo, nomeadamente rotas de observação da natureza, caminhadas pedestres e percursos BTT.

A oferta é complementada pelo alojamento no Solar de Sebolido, edifício do século XVIII com vista sobre o Douro e recuperado em 2012 pelos arquitetos Luís Fontes e Jessica Malm-borg para turismo rural. A casa principal dispõe de seis quartos duplos (todos podem ser dotados de cama extra e berço), cozinha para uso comum, várias salas com lareira, jardim com churrasco e piscina. O solar aluga-se integralmente em regime de self-catering.

Designação: “Quinta das Lagoas”Promotor: Dourowake – Actividades Náuticas e Ecoturismo, Unipessoal, Lda.Apoio: PRODER – Programa de Desenvolvimento Rural – Subprograma 3Investimento elegível aprovado: 175.976,53 eurosTaxa do apoio concedido: 50% (apoio não reembolsável)

verno estava a pouco menos e que conseguíamos fazer uma tem-porada de ski ou náutica desde março/abril a setembro/outubro, pensámos: vamos capitalizar este clima e esta paisagem fantásti-ca. E foi daí que surgiu a ideia de transformarmos isto num centro de ecoturismo e de desportos náuticos”.

Embora a candidatura PRODER – Programa de Desenvolvimen-to Rural – Subprograma 3, gerido neste território pela Ader-Sousa − Associação de Desenvolvimento Rural das Terras do Sousa, só te-nha sido aprovada em maio de 2012, desde 2010 que têm vindo a investir no projeto. A propriedade foi crescendo com a aquisição de pequenos pedaços de terra e conta atualmente com oito hectares. Ana e Miguel começaram por cuidar de todo o património natural, eliminando as plantas infestantes e reflorestando o espaço com es-pécies autóctones. Plantaram 2700 árvores à mão, entre carvalhos, sobreiros, oliveiras, medronheiros e cerejeiras bravas, e ao longo da margem do rio e do ribeirinho colocaram freixos e amieiros.

Seguiu-se a limpeza dos caminhos da quinta, tornando-os acessíveis a peões e bicicletas, a reconstrução dos muros, desmo-ronados pelas raízes dos eucaliptos, a criação de trilhos e a con-

14

solidação dos pavimentos. Todas as intervenções foram pautadas por um pensamento ecológico, optando-se pelo xisto e inertes da propriedade e pelo direito a não-caça no local.

Na primavera de 2013 o Dourowake estará já a funcionar em pleno, com três pacotes de multiactividades desportivas e de na-tureza: um pensado para eventos corporativos de empresas, com jogos de team building e formação outdoor; outro dirigido a clu-bes e federações das diversas modalidades aquáticas do norte da Europa, com propostas de boot camp − uma semana de treinos intensivos de canoagem, ski ou wakeboard −; e um outro mais di-recionado para os clientes do Eurostars Rio Douro Hotel & Spa, si-tuado na margem oposta do centro náutico e com o qual já estabe-leceram uma parceria, e do Solar de Sebolido, a poucos metros do empreendimento e do qual Ana e Miguel são proprietários. Estes terão ao seu dispor atividades como ski, windsurf, padlle surfing,

caiaque ou vela, mas poderão também desfrutar da própria quinta a pé ou de bicicleta, fazendo escalada ou piqueniques junto às duas pequenas praias.

Se inicialmente os mercados-alvo eram, a nível internacional, a Bélgica, a Holanda, o Luxemburgo e o Reino Unido, onde Ana e Miguel têm já vários contactos com federações e praticantes de atividades náuticas, no âmbito nacional pensaram apenas na or-ganização de eventos para empresas. “Estávamos a pensar que íamos ter uma percentagem muito menos significativa de pessoas a praticar individualmente estas modalidades, mas estamos a che-gar à conclusão que não. Depois do ano zero de colaboração com o hotel [Eurostars Rio Douro Hotel & Spa], todos os fins de semana tínhamos pedidos para fazer uma sessão de ski ou wakeboard”, sublinha Miguel Castro. Esperemos que o turismo náutico continue a florescer nas margens do Douro!

15

Há dois anos Helder Moreira e Ana Cristina Oliveira receberam como presente de Natal a Quinta de Valverde. Localizada na peque-na Aldeia Preservada de Quintandona, classificada como aldeia de Portugal, no concelho de Penafiel, a casa pertence à família de Hel-der Moreira, que viria a herdá-la em dezembro de 2010.

Helder Moreira ponderou mudar-se para lá, mas a sua espo-sa, Ana Cristina Oliveira, achava-a demasiado grande para viver e com potencialidades para ser mais do que uma casa de habitação. “No dia seguinte a termos herdado a quinta já estávamos a pensar o que é que havíamos de fazer com ela. (...) Começámos a imagi-

Reconstrução e Adaptação para Instalação de TER − Casa Valxisto − Quintandona

A Valxisto, Unipessoal, Lda. foi constituída no âmbito do projeto de instalação de uma casa de campo, na Quinta de Valverde, Aldeia Preservada de Quintandona, localizada na freguesia de Lagares, concelho de Penafiel. Este projeto surge do sonho dos promotores, Helder Moreira e Ana Cristina Oliveira, ambos com formação superior ligada à indústria, mas com fortes raízes ao meio rural.

A casa de campo será divulgada com a marca “Casa Valxisto” e terá como missão ser um empreendimento de turismo atrativo, com oferta de alojamento e lazer num ambiente confortável e agradável, em harmonia com o espaço rural envolvente.

A visão que os gerentes têm para o negócio é contribuir para o desenvolvimento da oferta turís-tica local, integrada com as iniciativas regionais, como a Rota do Românico e a Aldeia Preservada de Quintandona, e promover a gastronomia, usos e costumes locais.

Para alcançar o sucesso foi definido um conjunto de valores que são a base de todo o projeto: integrar e valorizar o meio rural envolvente; promover a qualidade dos serviços, primando pela di-ferenciação; divulgar os costumes gastronómicos locais e regionais (sabores e tradições); promover os produtos regionais, como o artesanato; e respeitar o ambiente e a sua sustentabilidade.

Designação: “Reconstrução e Adaptação para Instalação de TER – Casa Valxisto – Quintandona”Promotor: Valxisto, Unipessoal, Lda.Apoio: PRODER – Programa de Desenvolvimento Rural – Subprograma 3Investimento elegível aprovado: 298.801,22 eurosTaxa do apoio concedido: 60% (apoio não reembolsável)

nar uma coisa daqui, outra dali e, então, o projeto surgiu. Foi muito rápido, mas acho que está um projeto bastante interessante”, diz Ana Cristina Oliveira com entusiamo.

O projeto a que se refere é a instalação de uma unidade de turismo rural na tipologia de casa de campo. Para o concretizar criaram a empresa Valxisto, Unipessoal, Lda. e em abril de 2011 candidataram-se ao PRODER – Programa de Desenvolvimento Ru-ral – Subprograma 3, gerido neste território pela Ader-Sousa – As-sociação de Desenvolvimento Rural das Terras do Sousa. No final desse ano viram aprovada a candidatura e com ela o suporte finan-

16

ceiro que permitiria a concretização do sonho. Ana Cristina Oliveira é perentória ao afirmar que “se não houvesse financiamento não avançaríamos, pois não teríamos capital próprio para avançar com esta obra sem financiamento”.

A integração da Casa na Aldeia de Quintandona, composta por um conjunto de habitações construídas em xisto, granito amare-lo e ardósia, aliada às preocupações ambientais, contribuiu para que apostassem na preservação da traça arquitetónica do imóvel, reveladora das três faces de Quintandona: na fachada principal encontramos o granito, numa das fachadas laterais vemos a mis-tura entre o granito e a ardósia, materiais típicos, e nas traseiras a ardósia alinhada, utilizada nas casas recuperadas da aldeia. “É uma recuperação tendo como base a sustentabilidade e, como tal, tem sempre como princípio recuperar todos os bens já existentes na Casa. Tentámos ao máximo que tudo fosse feito com o que já existia, para que não tivéssemos de abater mais árvores ou poluir mais”, destaca Ana Cristina Oliveira.

A futura unidade de alojamento, que abrirá as suas portas em maio de 2013, será dotada de oito quartos: dois duplos, três para pessoas com mobilidade reduzida, dois com tipologia mais fami-liar e equipados com kitchenette e outro, uma espécie de T0 com kitchenette, com acesso a partir das escadas exteriores da Casa, que permitirá usufruir do serviço “chave na mão”. A ideia, segundo

Ana Cristina Oliveira, “é ter uma vasta gama de tipologias de quar-to para ir ao encontro das mais diversas necessidades do nosso público. Aqueles que gostam de vir para o turismo rural e não se-rem servidos pelos donos da casa têm uma opção; aqueles que gostam de ser servidos em tudo têm outra”.

No exterior haverá uma piscina com água a cair para a vinha da Casa, para que os hóspedes possam relaxar num ambiente natu-ral ou, se preferirem, usufruírem dos dois hectares de terreno que circundam a quinta, nos quais encontrarão um jardim de ervas aro-máticas, árvores de fruto, uma plantação de frutos vermelhos e de hortícolas, que poderão colher, comer, levar para casa e até plantar.

Para os que pretendem aventurar-se pela Aldeia ou pelo con-celho, a Casa Valxisto vai ter ao seu dispor a comida e o meio de transporte, ou seja, piqueniques e bicicletas. Ana Cristina Oliveira explica a ideia: “vamos ter dois tipos de piqueniques: o desportivo, para os jovens que querem ir de mochila às costas na bicicleta, e o piquenique de cesto, mais romântico, para os que vão de carro”.

Apesar de pretender uma unidade de alojamento confortável e acolhedora, Ana Cristina Oliveira quer que os hóspedes tirem proveito da riqueza da região. “Queremos que as pessoas tenham contacto com o rural, que percebam as vivências desta gente, que sintam a necessidade de ir ao encontro do ancestral e que, no final do dia, tenham o conforto de uma Casa de Campo”.

17

“É um projeto de vida. É um sonho para nós. É mesmo uma aposta pessoal e nós investimos tudo o que tínhamos para con-seguir isto”. É deste modo que João Pereira descreve a essência da Quinta do Lobo Branco. As palavras são de uma única pessoa, mas condensam uma aura partilhada pelos cinco elementos da família que idealizaram o projeto.

Da ideia à concretização do sonho, os contornos foram-se definindo espontaneamente, ao ritmo das experiências de cada um. “Todos nós fizemos aprendizagens formais nas nossas áre-as, mas também muitas aprendizagens informais, como viagens, retiros, meditações. E decidimos que era altura de termos um es-

Turismo Rural em Paço de Sousa− Quinta do Lobo Branco

Somos um grupo que se move pelo amor e sente a vida a pulsar intensamente. Desta união surgiu um sonho: viver na natureza, educar os nossos filhos num ambiente rural mais simples e mais puro, respirar realmente fundo e partilhar tudo isto com outras pessoas!

Juntos cantamos, aprendemos e divertimo-nos. Juntos vamos descobrindo que a vida é um mis-tério sem fim. Resolvemos expandir este modo de sentir e procurámos um espaço para materializar e partilhar o que é sentirmo-nos bem. Foi assim que encontrámos o terreno que é hoje a Quinta do Lobo Branco, o qual demorámos dois anos a descobrir! Concorremos a um subsídio do PRODER, através da Ader-Sousa, e o nosso projeto foi aprovado. Entretanto deixámos os nossos empregos para nos dedi-carmos de alma e coração à Quinta e temos a ajuda da família e de bons e preciosos amigos.

Queremos que este espaço seja um local de boa disposição, amabilidade, informalidade e que quem dormir na Quinta preencha a face com um sorriso ao acordar. Consideramos que a vida é ale-gria, humor e descontração. Sentimos que as pessoas têm necessidade de sair da rotina do trabalho, de descansar, de suspirar, de espreguiçar, esticar o corpo e observar a mente. Na Quinta há tempo porque não há obrigações, as pessoas podem sintonizar com a liberdade, exprimir sentimentos, ouvir os pássaros.

Temos formação académica em áreas tão distintas como Línguas, Gestão e Direito. Temos tam-bém experiência na área da restauração. No entanto, é no yoga, na meditação, nos cristais e noutras terapias que estamos imersos.

Abrimos também um espaço em Fânzeres, Gondomar, que se chama Semente. Começámos por plan-tar a Semente e regamo-la todos os dias para brevemente despontar ao sol da Quinta do Lobo Branco.

Designação: “Turismo Rural em Paço de Sousa − Quinta do Lobo Branco”Promotor: Quinta do Lobo Branco, Lda. Apoio: PRODER – Programa de Desenvolvimento Rural – Subprograma 3Investimento elegível aprovado: 297.369,00 eurosTaxa do apoio concedido: 60% (apoio não reembolsável)

paço onde pudéssemos dar tudo aquilo que tínhamos aprendido ou permitir às pessoas estar num espaço junto da natureza onde pudessem fazer o que nós fazemos, como uma ferramenta de au-toconhecimento, mas também lúdica”, explica João Pereira.

Procuraram o espaço ideal para materializar as suas aspira-ções e encontraram-no em Penafiel, perto do Mosteiro do Salvador de Paço de Sousa. João Pereira revela que não foi por acaso que escolheram este local: “estivemos bastante tempo à procura de um sítio e esta parte da Rota do Românico deu-nos algum valor para sustentarmos este projeto. Estes valores artísticos, culturais e espirituais têm a ver com o fundamento do nosso projeto”.

18

Na altura pretendiam apenas construir um centro multiusos no meio da natureza, mas foram as experiências que uma vez mais os guiaram além. “Um dia fomos parar a um turismo rural e esta-vam lá pessoas que tinham um pensamento e uma forma diferente de estar e eu fui entrando e conhecendo. Já estivemos em mui-tas partes do mundo e foram os sítios onde ficámos e as pessoas que lá estavam que nos abriram portas e nos foram mostrando outras possibilidades. O turismo rural é bom por isso: as pessoas chegam, ficam, veem o que se passa e podem incluir-se e estar juntos”, conta a irmã, Rute Pereira.

Depois de adquirirem o terreno, o PRODER − Programa de De-senvolvimento Rural − Subprograma 3 abriu-lhes uma nova porta. Candidataram-se em abril de 2010 e meio ano depois obtiveram a aprovação para edificaram um projeto que espelhasse os seus quotidianos. “Nós vamos morar aqui, fazer aqui o nosso dia a dia e as pessoas que quiserem vão ser integradas nesse espaço. Este turismo rural vai refletir as nossas experiências”, diz João Pereira. “No fundo nós já temos isto nas nossas vidas; o que queríamos agora era ter um espaço físico grande e na natureza para as pes-soas terem acesso àquilo que nós temos, porque achamos que é benéfico”, acrescenta Rute Pereira.

João e Rute Pereira falam do ioga, da meditação, da cristalote-rapia, da aromaterapia, da música, da pintura, da olaria. Atividades que condensam os seus quotidianos e que pretendem dinamizar no pavilhão multiusos, mas também em plena natureza, aprovei-tando o cenário natural que abraça toda a quinta. Até os caminhos que ligam as várias unidades convidam ao contacto com a natu-reza. Basta erguer os braços ao nível dos ombros e tocar com as palmas das mãos na relva enquanto se caminha.

A unidade de alojamento inspira tranquilidade. O branco im-pera por dentro e por fora; no primeiro piso as paredes de betão foram substituídas pelo policarbonato, num permanente contacto com o exterior; as portas foram supridas pela fluidez entre divisões; as janelas no teto dos seis quartos abrem-se a contemplações do céu; e na cozinha anseia-se pelo aroma dos produtos biológicos e pelo pão acabado de cozer.

A partir de maio de 2013 tudo isto poderá ser experienciado na Quinta do Lobo Branco. Rute Pereira lança o convite: “quem chegar e quiser fazer connosco, assistir ou participar, nós estamos à espera!”.

19

Centro Cultural de Louredo | Centro Cívico de Louredo

A Junta de Freguesia e a Fábrica da Igreja Paroquial de São Cris-tóvão de Louredo, no concelho de Paredes, sempre trabalharam em conjunto em prol da comunidade local. Depois das obras de con-servação e restauro da igreja matriz, era consensual para ambas as entidades que o arranjo urbanístico do espaço envolvente só estaria terminado com a recuperação da residência paroquial, um edifício centenário que se encontrava abandonado e em avançado estado de degradação. Assim, em maio de 2010, aliaram-se numa nova aventura para recuperar as ruínas da casa, que será brevemente transformada no Centro Cívico e Cultural de Louredo.

A ideia foi acolhida com agrado pelas gentes e coletividades da freguesia que até então só dispunham da sede da Junta ou da igreja para se reunirem e dinamizarem as suas iniciativas sociais e culturais. “Tínhamos necessidade de espaços com mais condi-ções e qualidade para os encontros e o facto de termos várias as-sociações, que precisam de um espaço para fazer reuniões onde se discute o desenvolvimento da nossa freguesia, motivou-nos a fazer esta candidatura”, justifica Adelino Costa, presidente da Jun-ta de Freguesia de Louredo. Motivos corroborados por Armando Neto, pároco local: “há um salão ao qual a paróquia recorre, mas é de uma associação, e tem as suas limitações. Um edifício próprio para determinados eventos a paróquia não tinha”.

Apesar de as duas candidaturas ao PRODER − Programa de Desenvolvimento Rural − Subprograma 3 terem sido aprova-das logo em finais de 2010, a construção do Centro Cívico ficou suspensa até novembro de 2012, altura em que foi garantido o financiamento para avançar com a obra. Entretanto, a Junta de Fre-guesia e a Fábrica da Igreja Paroquial empenharam-se no projeto

do Centro Cultural, um espaço dinamizador de novas realidades sociais e culturais no meio rural. O edifício será dotado de um audi-tório com capacidade para cerca de 150 pessoas e salas de apoio, para o qual estão previstos espetáculos de teatro, música, cinema, conferências, ações de formação, entre outras iniciativas.

Embora a população de Louredo tenha comparticipado com as suas ofertas e donativos, o Centro Cultural terá as suas portas abertas a todos. “Temos já protocolos com várias entidades, desde a Junta de Freguesia, a Associação Social e Cultural de Louredo, a Câmara Municipal de Paredes, mas estamos abertos a todas as instituições que queiram servir-se do edifício. Não queremos que seja exclusivo de Louredo. Pretendemos promover eventos de outras entidades e disponibilizá-lo a quem dele queira usufruir”, refere o pároco.

Quanto ao Centro Cívico, que deverá estar concluído em finais de 2013, será um espaço multifacetado ao serviço da população, do associativismo e do património local. Nesse sentido, a comuni-dade e as coletividades locais terão ao seu dispor vários espaços para a realização de reuniões e atividades e para o desenvolvi-mento de pequenos grupos de trabalho social. No Centro Cívico haverá ainda um espaço dedicado ao espólio religioso de Louredo. “Vamos aproveitar a parte que era da habitação do pároco para instalar um museu, uma vez que a nossa igreja tem um património muito rico. Fizemos o restauro da igreja e há peças muito valiosas que não podem estar expostas por falta de espaço. Por isso, va-mos criar um espaço museológico no Centro Cívico, que será ge-rido em conjunto pela Junta de Freguesia e pela Fábrica da Igreja de Louredo”, conta Adelino Costa.

Apesar dos constrangimentos financeiros atuais, a Junta de Freguesia tem contado com o apoio da Câmara Municipal de Pare-des, que aprovou a atribuição de 80 mil euros para as obras, e com os muitos donativos da população. Adelino Costa elogia o empe-nho coletivo: “temos de estar todos de mãos dadas para conseguir − e vamos conseguir, pois temos as contas controladas − terminar as obras nos prazos definidos”.

Designação: “Centro Cultural de Louredo”Promotor: Fábrica da Igreja Paroquial da Freguesia de São Cristóvão de LouredoApoio: PRODER – Programa de Desenvolvimento Rural – Subprograma 3Investimento elegível aprovado: 484.701, 60 eurosTaxa do apoio concedido: 41% (apoio não reembolsável)

Designação: “Centro Cívico de Louredo”Promotor: Junta de Freguesia de LouredoApoio: PRODER – Programa de Desenvolvimento Rural – Subprograma 3Investimento elegível aprovado: 277.572, 96 eurosTaxa do apoio concedido: 72,05% (apoio não reembolsável)

20

Centro de Interpretação das Minas de Castromil e Banjas

A freguesia da Sobreira, no concelho de Paredes, guarda um im-portante espólio geológico e mineiro: as minas de ouro de Castromil e Banjas. A este território terão chegado os romanos há cerca de dois mil anos e, desde logo, reconheceram a riqueza escondida no seu solo. Durante três séculos dedicaram-se à extração e exploração de ouro, como ainda hoje o demonstram as covas existentes no local.

Depois da saída dos romanos, a zona só voltaria a ser explorada em 1941, ano em que a companhia Minas de Ouro do Douro iniciou trabalhos de prospeção no local. Contudo, a escassez de verbas di-tou o fim da atividade cinco anos mais tarde. Só no final do século XX, inícios do século XXI, é que voltaria a ser equacionada a possibilida-de de explorar ouro em Castromil e nas Banjas, embora sem sucesso.

Apesar do infortúnio empresarial, a riqueza geológica e mineira do local despertou o interesse de professores e alunos da Faculda-de de Ciências da Universidade do Porto, que fizeram do espaço um campo de estudo. As incursões científicas tornaram-se uma constante e, anos mais tarde, no âmbito de um protocolo estabe-lecido entre esta instituição académica e a Câmara Municipal de Paredes, nascia o primeiro fruto desta estreita relação: um percur-so pedestre estruturado que serviria de fio condutor às visitas pe-dagógicas dinamizadas pelo município, e reconhecido, em 2007, com o Prémio Geoconservação – Menção Honrosa.

“Ao longo do percurso pedestre nós orientamos o público para uma observação in loco de todos os elementos visíveis: desde a falha geológica, às covas exploradas pelos romanos, à visita sub-

Câmara Municipal de ParedesDesignação: “Centro de Interpretação das Minas de Castromil e Banjas” Promotor: Câmara Municipal de ParedesApoio: PRODER – Programa de Desenvolvimento Rural – Subprograma 3Investimento elegível aprovado: 151.324,05 eurosTaxa do apoio concedido: 60% (apoio não reembolsável)

terrânea e às características geológicas”, explica Maria Antónia Sil-va, do Gabinete de Arqueologia da Câmara Municipal de Paredes, que tem acompanhado o crescimento do número de visitantes às minas de Castromil e Banjas, procuradas tanto por miúdos como por graúdos, especialistas ou simplesmente interessados em des-cobrir este património.

O aumento de visitantes, conjugado com necessidade de in-terpretar e contextualizar as singularidades deste património ge-omineiro, tornou premente a vontade de criar um espaço multi-funcional. Começava, assim, a viagem exploratória do Centro de Interpretação das Minas de Castromil e Banjas.

Pedro Mendes, vereador da Câmara Municipal de Paredes, explica as vicissitudes que nortearam o projeto: “é um percurso pedestre que começa junto ao aluvião do rio, que vai subindo a montanha até às covas da exploração e, ao longo do percurso, há várias paragens e informações de diferentes tipos. Precisávamos, obviamente, de um espaço em que toda essa informação estivesse concentrada e que, de alguma forma, fosse potenciada”.

Em finais de 2009 a autarquia apresentou uma candidatura ao PRODER – Programa de Desenvolvimento Rural – Subprograma 3, que viria a ser aprovada em meados de 2010. Pedro Pinto revela que o projeto nasceu antes de ter surgido a possibilidade de finan-ciamento, mas reconhece que o apoio financeiro foi determinante na sua redefinição. “Queríamos aproveitar o facto de ter aqui uma exploração romana e, em parceria com a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, desenvolvemos um projeto com base nas minas de ouro. Mas depois, obviamente, que foi construído um projeto muito mais amplo, que passava por criar aqui uma verda-deira rota de conhecimento, estudando quer as espécies da fauna e da flora do espaço, quer conhecendo as origens da região, que não deixam de estar ligadas à mineralogia, nomeadamente à ex-ploração de ouro”.

O Centro de Interpretação das Minas de Castromil e Banjas, que estará instalado na antiga escola primária da aldeia, funcionará como núcleo expositivo, onde os visitantes poderão aceder, de modo didático e interativo, a informação sobre as minas, mas também observar algum espólio associado às explorações efetuadas na época dos romanos. Um excelente ponto de partida para o percurso pedestre a esta zona mineira, que estará em funcionamento nos primeiros meses de 2013.

21

Restaurante Solar da Brita

Perto do pelourinho e da forca de Louredo ergue-se o restau-rante “Solar da Brita”. Em conjunto, os três remanescem como símbolos do poder do antigo concelho de Louredo, pois naquele edifício supõe-se que terá funcionado a casa da audiência até à extinção, em 1837, do concelho de Louredo, atualmente integrado no de Paredes.

A casa formava parte da Quinta da Brita, entretanto dividida por vários herdeiros e adquirida, há cerca de cinquenta anos, por Geor-gina Silva, atual proprietária do espaço. Todavia, a história do restau-rante como o conhecemos começa a desenhar-se apenas passados trinta anos. “Primeiro funcionávamos como mercearia e taberna de vinhos e petiscos e chegámos também a fazer feiras com um res-taurante ambulante. Quando deixámos de fazer as feiras, todas as pessoas que conheciam a nossa comida perguntaram por que é que não abríamos um restaurante”, conta Manuela Barbosa, filha da proprietária e cozinheira do restaurante.

Georgina Silva acedeu às solicitações dos seus antigos clientes e amigos e, no rés-do-chão da casa, abriu um novo espaço para o restaurante que, até setembro de 2012, laborou lado a lado com a mercearia e a taberna. Os comensais foram aumentando, as salas tornaram-se exíguas e as marcas da antiguidade da casa eram cada vez mais visíveis. Tornava-se evidente a necessidade de re-novar e de repensar a organização de todas as áreas.

Assim, depois de tomarem conhecimento que outras entidades de Louredo tinham submetido candidaturas ao PRODER – Progra-ma de Desenvolvimento Rural – Subprograma 3, em abril de 2010 tentaram a sua sorte, que, por falta de verbas do programa, só chegaria dois anos mais tarde. O tempo de espera e a burocracia do processo levou-os a ponderar desistir. “As candidaturas são muito boas, mas a maior parte das pessoas arrepende-se. É muita burocracia e só nos dão a percentagem que nos pertence depois de já termos pago”, desabafa José Barbosa, filho da proprietária e funcionário do restaurante. Os incentivos dos amigos e dos clien-tes ajudaram a ultrapassar as barreiras e o novo restaurante enche a família de orgulho.

Desde muito nova que Georgina Silva se tornou a cozinheira da família. Oriunda de uma família numerosa, teve, desde tenra idade, de ajudar os pais a criar vários irmãos. Com habilidade para fazer pratos de crescer “água na boca”, os pais nomearam-na cozinheira oficial da família. Assim que casou, também o marido se tornou admirador dos seus cozinhados.

Algum tempo depois, quando surgiu a oportunidade de tomarem conta de um negócio ligado à restauração, não houve dúvidas que, com o talento desta mulher, seria um sucesso. Ainda hoje, esta excelente cozinheira mantém a arte e o engenho que faz dela e do restaurante de que é proprietária − o Solar da Brita − um exemplo de reconhecimento por parte dos fãs de boa gastro-nomia e entendidos da especialidade.

Georgina Silva conta com o empenho da família na gestão do restaurante, considerada uma segunda casa, e para quem os clientes já fazem parte da família.

Designação: “Restaurante Solar da Brita”Promotor: Georgina Silva, Unipessoal, Lda. Apoio: PRODER – Programa de Desenvolvimento Rural – Subprograma 3Investimento elegível aprovado: 128.276,05 eurosTaxa do apoio concedido: 60% (apoio não reembolsável)

A mercearia e a taberna cederam lugar a uma ampla sala de jantar, onde será colocado um ponto de venda de produtos regio-nais. “Com as obras acabámos com a mercearia, que já estava praticamente fechada. Nós eramos os melhores clientes; era a nos-sa despensa”, justifica Manuela Barbosa.

O novo mobiliário e a nova decoração tornaram a antiga sala de jantar mais acolhedora e o espaço deixa agora transparecer a rustici-dade das suas paredes de pedra, anteriormente caiadas de branco.

Ao lado fica a adega, com o lagar e a prensa, onde faziam e guardavam o vinho. Apesar da renovação, o espaço conservou a sua traça e é o preferido daqueles que preferem um ambiente mais tradicional. Contudo, este não está reservado só para almoços e jantares: “pretendemos fazer, de vez em quando, uma feirinha de coisas antigas, queremos mostrar às crianças como é que se faz o vinho e o pão. As professoras já nos pediram ajuda nesse sentido e vamos ter protocolos com a Junta de Freguesia e com a Asso-ciação Social e Cultural de Louredo para fazer aqui atividades de ocupação de tempos livres”, revela Manuela Barbosa.

Apesar das transformações no espaço, a ementa mantém-se in-tocável. “Os nossos pratos são mesmo os tradicionais; não mudou nada”, assegura a cozinheira, “e as pessoas não querem outros”, remata Ludovina Mendes, esposa de José Barbosa e funcionária do restaurante. O arroz de pato, o cozido à portuguesa, o arroz de cabidela, as papas de sarrabulho, o frango, o capão ou o cabrito assados em forno de lenha, o bacalhau com broa ou à “Solar da Brita” são algumas das iguarias gastronómicas.

Nas sobremesas, o leite-creme, o pudim e as rabanadas são o ex-libris da casa. “Pode ser em qualquer altura do ano, mas estas três sobremesas temos de ter sempre, e quando servimos cozido à portuguesa temos de ter sopa seca”, conta sorridente Manuela Barbosa. Ludovina Mendes revela, ainda, alguns desejos peculia-res dos clientes: “aqui festejam-se os aniversários com sopa seca ou com rabanadas”. Todos se empenham em aceder aos pedidos, pois, como refere Manuela Mendes, “os nossos clientes não são só amigos; são quase família”.