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256OUTUBRO 2019
ANO 23
UMA SUBLIME HOMENAGEM
SUPER PODEROSO
CAIXAS ACÚSTICAS WILSON AUDIO SASHA DAW
AMPLIFICADOR INTEGRADO HEGEL H590
www.clubedoaudioevideo.com.br
ARTE EM REPRODUÇÃO ELETRÔNICA
MUSICIAN: EGBERTO GISMONTI - PIANO SOLO - VOL. 1
E MAIS
TESTES DE ÁUDIO
OPINIÃO
DISCOS DO MÊS
CÁPSULA SOUNDSMITH HYPERION MKII ES
TODO EQUIPAMENTO, ASSIM COMO UM INSTRUMENTO MUSICAL, POSSUI SUA ASSINATURA SÔNICA
UM AFRICANO, UMA TRILHA SONORA & UM ROCK ALTERNATIVO
3OUTUBRO . 2019
ÍNDICE
30CAIXAS ACÚSTICAS SASHA DAWDA WILSON AUDIO
40
46
56
HI-END PELO MUNDO 12
Novidades
EDITORIAL 4
Uma conjuntura rara
NOVIDADES 6
Grandes novidades das principais marcas do mercado
TESTES DE ÁUDIO
Caixa acústica Sasha DAWda Wilson Audio
30
Amplificador integrado Hegel H590
40
TESTES DE ÁUDIO
Cápsula Soundsmith Hyperion MKII ES
46
ESPAÇO ABERTO 70
Exercitando a percepção auditiva
VENDAS E TROCAS 74
Excelentes oportunidades de negócios
DESTAQUES DO MÊS - MUSICIAN
Bibliografia: Egberto Gismonti
Discografia I: A obra deEgberto Gismonti
Discografia II: Egberto Gismonti - Piano Solo - Vol. 1
56
62
68
OPINIÃO 14
Todo equipamento, assim como um instrumento musical, possui sua assinatura sônica
Um africano, uma trilha sonora & um rock alternativo
DISCOS DO MÊS 20
4 OUTUBRO . 2019
Não me lembro de uma mesma edição com três testes de equi-
pamentos de nível tão superlativo! É realmente raro chegar tantos
produtos de alto nível simultaneamente, o que demonstra que esta-
mos vendo uma luz no final do túnel depois de uma crise econômica
tão aguda e persistente. Como no Brasil sempre vivemos de ‘bolhas’
que nunca se sustentam por pelo menos uma década (não ao ponto
de mudarmos definitivamente de patamar no nível econômico e so-
cial), temos que esperar 2020 para ver se é uma tendência de fato,
ou apenas mais um mero sinal de fumaça. Mas, voltando ao pre-
sente (pois futurologia é departamento de videntes e economistas),
estas últimas três edições do ano estão forradas de grandes surpre-
sas e certamente darão um alento - pelo menos aos olhos e a nossa
imaginação - de que o mercado hi-end no mundo continua firme e
competitivo, desde os produtos de entrada, aos do alto do pódio.
Em um esforço de otimismo e perseverança, os importadores estão
investindo e buscando se posicionar para uma possível retomada
econômica para os próximos dois anos. E sabemos que quem esti-
ver pronto para quando a ‘engrenagem’ reagir, terá maiores chances
de aumentar sua participação em um mercado tão competitivo.
Nesta edição, os três produtos testados realmente têm uma his-
tória muito interessante por trás de seu desenvolvimento. A Wilson
Audio Sasha DAW é uma homenagem do filho ao pai, David Wilson,
fundador da empresa e principal projetista, que faleceu no final de
2018. Uma homenagem carregada de um forte teor emocional e
tecnológico. O amplificador integrado da Hegel, o top de linha H590,
mostra todo o esforço desta empresa norueguesa em galgar mais
um degrau e se estabelecer com uma excelente opção no patamar
dos integrados Estado da Arte. E a cápsula Soundsmith Hyperion 2,
de Peter Ledermann, traduz em forma de produto a trajetória de um
homem que dedicou toda a sua vida à retificar cápsulas famosas e
decidiu desenvolver seus próprios produtos. Eu sempre narro que
atrás de grandes produtos hi-end existe o sonho e o desejo de um
projetista em apresentar suas ideias e conhecimentos. E que o ta-
lento e a necessidade desses homens de pensar ‘fora da caixa’ do
que é ‘correto’, é que de tempos em tempos reescrevem a história
da audiofilia. São produtos que, depois de lançados, transcendem o
objetivo inicial de serem ‘diferentes’ e passam a fazer parte da evo-
lução do hi-end. Os três certamente farão parte deste restrito grupo
de produtos que se tornam ‘divisores de águas’. Não tenho dúvida
que qualquer um deles será, daqui em diante, objeto de desejo de
muitos de vocês leitores. E os que conseguirem concretizar este
upgrade, certamente darão esta etapa (da busca de melhorias no
setup) por encerrada.
Também nesta edição, continuo na seção opinião a dar meus ‘pi-
tacos’ a respeito de como ampliar a percepção auditiva, deixando
de lado a ‘teoria’ e colocando em prática tudo que a neurociência
descobriu a respeito de nosso cérebro e como usar este conheci-
mento a nosso favor. Assistam ao vídeo que coloquei para ilustrar a
seção, com um fone de ouvido, e vejam como cada guitarra possui
sua assinatura sônica e, se quiser fazer o teste da qualidade do
equilíbrio tonal de seu sistema e dos amigos, veja os exemplos de
CDs que indico. São três gravações de piano solo ‘matadoras’, que
desnudam sem artifícios se o equilíbrio tonal está correto ou não.
Jamais subestime a capacidade do leitor de querer saber, disse meu
pai, quando ainda esboçava a linha editorial da revista em 1995.
Esta é a nossa missão. Enquanto tiver força, determinação e paixão.
Espero que vocês apreciem e nos contem suas observações,
críticas e dicas, para atendermos a todos vocês antigos e novos
leitores!
EDITORIAL
UMA CONJUNTURA RARA
Fernando [email protected]
5OUTUBRO . 2019
6 OUTUBRO . 2019
NOVIDADES
SMARTTV RU7100 É O MODELO PERFEITO PARA O CONSUMIDORQUE QUER ADQUIRIR A SUA PRIMEIRA 4K
A Smart TV RU7100 chegou como sendo uma opção ideal para este
público, por contar com diversas vantagens, que, juntas, proporcionam
um bom custo-benefício.
Com o controle remoto único da Samsung RU7100, é possível con-
trolar outros aparelhos como soundbar, videogame, leitor de Blu-Ray
e até decoder de TV a cabo, tudo isso usando apenas o controle da
TV, ergonômico, prático e conta apenas com botões necessários para
tornar a navegação bem simples.
O problema dos fios atrás da TV terminou graças ao design com
cabos escondidos. A RU7100 conta com canaletas traseiras dedica-
das a passar os fios com discrição, e presilhas que os prendem nos
pés, possibilitando um ambiente um ambiente mais limpo e organizado,
sem fios aparentes. Além disso, o bom acabamento e a espessura fina
fazem do televisor um modelo elegante e completo para combinar com
o ambiente.
Este modelo de TV também facilita a vida de quem gosta de usar
aparelhos sem fio. Pelo bluetooth integrado, é possível conectar sem
fio usar fones de ouvido para obter imersão total nos seus programas
preferidos ou até mesmo conectar o soundbar e outros aparelhos que
tenham esta conectividade à RU7100.
“Desenvolvemos um produto que é a porta de entrada para o uni-
verso de 8 milhões de pixels de resolução que uma 4K oferece. São
diversas polegadas, para atrair todos os gostos, e oferecendo a pos-
sibilidade de o consumidor vivenciar uma experiência de cinema com
uma tela grande”, afirma Erico Traldi, diretor de produto das áreas de TV
e Áudio Da Samsung Brasil.
A RU7100 está disponível nos tamanhos: 43” R$ 1.999,00, 49” R$
2.199,00, 50” R$ 2.799,00, 55” R$ 3.399,00, 58” R$ 3.699,00, 65” R$
4.999,00 e 75” R$ 7.999,00 polegadas, todas com resolução 4K de
verdade e qualidade: maior nitidez das imagens e fidelidade de cores,
sem o subpixel branco. O fato de ser uma Smart TV, torna a experiência
de assistir televisão mais prazerosa. Pela internet, possibilita acessar
diversos aplicativos de conteúdo.
Para mais informações:
Samsung
www.samsung.com.br
7OUTUBRO . 2019
8 OUTUBRO . 2019
NOVIDADES
SOM MAIOR ANUNCIA SUA MAIS RECENTE PARCERIA - TRINNOV
A Som Maior é agora a representante exclusiva no Brasil da
Trinnov, fabricante francesa de produtos de áudio estéreo e de
home theater de extrema qualidade.
A Trinnov Audio, fundada em 2003, colocou como sua
missão o avanço da qualidade do som por toda a cadeia do
áudio de entretenimento, desde a produção e mixagem até a
distribuição comercial. Incluídos nessa cadeia estão desde 800
estúdios de áudio profissional e mais de 1.500 salas de cinema até os
consumidores domésticos. No mercado do home theater, é a única
empresa capacitada a reproduzir os 32 canais do sistema Dolby Atmos
para uso doméstico, enquanto produtos competidores vão até dezes-
seis canais (geralmente 7.1.4, 9.1.6 ou 11.1.4).
A linha de produtos para home theater e estéreo hi-fi da Trinnov é
composta dos processadores Altitude16 e Altitude32, amplificadores
multicanais Amplitude8 e Amplitude8m e dos préamplificadores estéreo
Amethyst e ST2, ambos com conversores ADC (analógico para digital)
e DAC (digital para analógico).
Um dos grandes diferenciais dos processadores Altitude16 e Altitu-
de32 e dos prés Amethyst e ST2 da Trinnov é a inclusão da tecnologia
digital Speaker/Room Optimizer de otimização da resposta das caixas
acústicas de acordo com as condições acústicas do ambiente onde
estão instaladas, realizando correções em termos de amplitude, fase
e resposta a impulsos com a utilização de um microfone 3D especial-
mente desenvolvido pela Trinnov. Convém ressaltar que se trata de uma
tecnologia muito complexa e avançada e que não deve ser confundida
com outras abordagens mais simples comumente utilizadas para con-
seguir tais correções. Como resultado, são obtidas notáveis melhorias
na qualidade geral da reprodução de todas as fontes, principalmente
na forma de graves mais naturais e bem definidos. No caso dos pro-
cessadores Altitude16 e Altitude32, os benefícios vão ainda mais longe,
incluindo, por exemplo, sua capacidade de compensar, através de um
processo chamado remapeamento (remapping), todas as irregularida-
des nas distâncias entre a posição de audição e as caixas acústicas
impostas pelo ambiente. Sem esse remapeamento, qualquer diferença
entre uma “perfeita” localização das caixas acústicas e a configuração
real de um determinado ambiente tem como consequência distorções
espaciais que reduzem a sensação de envolvimento pretendida pelos
criadores de um filme. Já com o remapeamento, o resultado é um nível
absoluto de envolvimento e realismo na reprodução de filmes de ação e
aventuras, extraindo simplesmente o máximo que sistemas de surrou-
nd como Dolby Atmos e DTS-X são capazes de proporcionar.
NOVIDADES
Os processadores Altitude16 e Altitude32 se caracterizam ainda por
sua grande capacidade de ampliação do número de canais que podem
gerar dependendo das necessidades impostas pelas dimensões de
uma sala de home theater, podendo chegar a 16 canais no Altitude16
e nada menos que 64 canais no Altitude32! Outro diferencial desses
processadores é sua compatibilidade com a tecnologia de surround
Auro-3D, concorrente do Dolby Atmos e do DTX-X que utiliza uma con-
figuração diferente de caixas acústicas, formada basicamente pelas três
frontais, quatro de surround, duas frontais colocadas acima das frontais
esquerda e direita e uma única caixa posicionada no teto, acima da ca-
beça dos ouvintes. A partir dessa configuração básica, o sistema pode
ser ampliado para 16 ou até 48 canais, dependendo do modelo de
processador da Trinnov utilizado. Para isso, assim como no caso dos
sistemas Dolby Atmos e DTS-X, as trilhas sonoras dos filmes precisam
vir codificadas no sistema correspondente - o Auro-3D.
Altitude16
Altitude32
9OUTUBRO . 2019
Para mais informações:
Som Maior
www.sommaior.com.br
Altitude8
Amethyst
ST2
Os processadores Altitude16 e Altitude32 têm como companhia perfeita os amplificadores de
oito canais Amplitude8 e Amplitude8m, cujas principais características são seus índices baixíssimos
de distorção, elevada potência e faixa dinâmica e som com uma impressionante clareza, resolução
e musicalidade, resultado do seu projeto duplo de quatro canais, com duas fontes e topologia de
amplificação classe D Hypex Ncore®, a mesma usada nos melhores amplificadores monobloco de
nível audiófilo. São 225W RMS em 8 Ohms e 375W RMS em 4 Ohms em cada um dos seus oito
canais no modelo Amplitude8 e 220W RMS em 8 Ohms e 300W RMS em 4 Ohms no Amplitude8.
Para sistemas de áudio estéreo hi-fi, a Trinnov oferece os pré-amplificadores Amethyst e ST2,
ambos com conversores ADC (analógico para digital) e DAC (digital para analógico) da mais alta qua-
lidade. Através dos conversores ADC de 96 kHz/24 bits, além da preservação do nível de qualidade
proporcionado por fontes analógicas, como um tocadiscos de vinil, isso permite que também essas
fontes se beneficiem da tecnologia Speaker/Room Optimizer, já que toda ela é realizada no âmbito
digital. Por outro lado, os conversores DAC de 192 kHz/24 bits do Amethyst e do ST2 extraem o
máximo que todas as fontes digitais de alta resolução são capazes de proporcionar, gerando um
som de incrível clareza de timbres e excepcional musicalidade.
Através de sua grande capacidade de integração com a acústica do ambiente onde são insta-
lados, são produtos que redefinem aquilo que se pode esperar de um sistema de home theater ou
estéreo hi-fi, superando todas as expectativas.
10 OUTUBRO . 2019
PIONEER ATUALIZA SEUS MODELOS DECD PLAYERS AUTOMOTIVOS
A Pioneer do Brasil, lança no mercado a atualização dos modelos
DEH-S4180BT e DEH-S1180UB, que serão substituídos pelos no-
vos DEH-S4280BT e DEH-S1280UB, os quais se destacam pelas
múltiplas possibilidades de conectividade e recursos de áudio.
O novo CD Player DEH-S4280BT se destaca por seus diferenciais
exclusivos, como as conexões via Bluetooth, para reprodução de
arquivos de áudio contidos em outros dispositivos (smartphones,
pendrives, CD’s) e realização de chamadas telefônicas em seguran-
ça, mesmo com o condutor ao volante; e também com Spotify, para
execução das playlists salvas no aplicativo.
O aparelho é compatível tanto com smartphones com sistema
operacional Android quanto iOS. O CD Player é acessível ainda às
funcionalidades do aplicativo Pioneer Smart Sync, para que o usuá-
rio personalize o seu som automotivo de acordo com as próprias
preferências.
Já o DEH-S1280UB é um CD Player com entrada USB para cone-
xão com pendrives ou smartphones (apenas com sistema operacio-
nal Android) e uma série de recursos de áudio, tais como: reprodutor
de arquivos nos formatos MP3, WMA e WAV, equalizador gráfico de
cinco bandas e reforçador de graves.
Em relação ao design, a iluminação nas cores âmbar ou azul dão
um toque especial ao aparelho. Este novo CD Player conta ainda
com os exclusivos recursos do aplicativo Pioneer ARC, o controle
remoto digital da Pioneer.
DEH-S4280BT
DEH-S1280UB
Principais características
DEH-S4280BT
CD Player, Ligações hands-free e streaming de áudio, entradas
USB Frontal, auxiliar e para comando de volante, duas saídas pré-
-amplificadas, interface para Android, compatibilidade com o apli-
cativo Pioneer Smart Sync, equalizador de 13 bandas e equalizador
gráfico de 31 bandas, além de Função Karaoke.
Preço sugerido: R$ 579,00
DEH-S1280UB
CD Player, Entradas USB Frontal, auxiliar e para comando de vo-
lante, duas saídas pré-amplificadas, equalizador de cinco bandas,
interface para Android e compatibilidade com o aplicativo Pioneer
ARC, o controle remoto digital da Pioneer.
Preço sugerido: R$ 419,00
NOVIDADES
Para mais informações:
Pioneer
www.pioneer.com.br
11OUTUBRO . 2019
12 OUTUBRO . 2019
HI-END PELO MUNDO
PRÉ DE FONO LAMPIZATOR MC1
A empresa polonesa Lampizator, célebre por seu criador e
projetista Lucasz Fikus, anunciou seu primeiro pré de fono, o
Vinyl Phono MC1, um pré “sem concessões”, segundo Fikus,
para estar à altura dos famosos DACs da empresa. O MC1 tem
circuito valvulado, com fonte regulada também valvulada, sem
realimentação negativa, somente com entrada MC (diz Fikus
que a topologia de circuito não permite MM), e com carga sele-
cionável para as cápsulas MC no painel frontal. O valor do Vinyl
Phono MC1 é de 6.600 Euros, na Europa.
www.lampizatorpoland.com
NOVO TOCA-DISCOS SOL DA SCHIIT AUDIO
Com seu nome diferenciado, a americana Schiit Audio é famo-
sa por produzir DACs, prés, amplificadores e acessórios com al-
tíssimo custo/benefício. Após seis anos de desenvolvimento, seu
mais recente lançamento é o primeiro modelo de toca-discos de
vinil da empresa, o Sol, que é belt-drive, com estrutura em alumí-
nio, motor externo e braço unipivô de 11 polegadas feito de fibra
de carbono com numerosas opções de ajuste. O preço do belo
Sol é de apenas US$799, nos EUA, sem cápsula.
www.schiit.com
CAIXAS ATIVAS AARKA DA RETHM
Fundada nos EUA, a fabricante de caixas acústicas Rethm é
hoje sediada na Índia, onde seus drivers exclusivos e seus gabi-
netes complexos são produzidos. A mais recente adição à uma
linha de caixas focadas em drivers full-range, são as caixas mo-
nitoras ativas Aarka, montadas em corneta back-loaded com a
adição de dois woofers virados para trás, estes amplificados
por uma placa classe AB de 75 W, sendo que o full-range fron-
tal usa um amplificador classe A de 10 W híbrido com válvu-
la 6922, trazendo resposta de frequência de 35 Hz a 20 kHz.
O preço da Aarka ainda não foi divulgado.
www.rethm.com
13OUTUBRO . 2019
CAIXAS ACÚSTICAS LA DIVA DA HECO
Com uma extensa linha, a fabricante alemã de caixas acústi-
cas HECO, fundada em 1949, acaba de anunciar sua nova caixa
topo de linha. Com falantes desenvolvidos pela própria empresa,
o modelo La Diva vem equipado com a segunda geração do
tweeter Fluktus com flange de alumínio sólido e duplo magneto
de AlNiCo, médio e woofers com cone de papel kraft, sendo que
cada caixa vem com seis woofers - quatro deles radiadores pas-
sivos - fazendo a resposta de frequência descer à 17 Hz. O preço
das La Diva da HECO ainda não foi divulgado.
www.heco-audio.de
NP5 PRISMA NETWORK PLAYER DA PRIMARE
A empresa sueca Primare, que possui uma extensa linha de
prés, amplificadores e fontes digitais, acaba de lançar o NP5
Prisma que, com seu tamanho reduzido, permite trazer a tecno-
logia de streaming e network player da linha Prisma para qual-
quer equipamento com entrada digital. O NP5 inclui AirPlay 2,
Chromecast, Roon Ready, Spotify Connect, além de conexão
de rede RJ45 e conexão USB para disco rígido externo, pendri-
ve, etc. O preço sugerido do NP5 Prisma Network Player é de
500 Euros, na Europa.
www.primare.net
POWER ACCUPHASE ESTÉREO A-48
A conhecida marca japonesa Accuphase acaba de lançar seu
mais recente modelo de power estéreo. O A-48 tem um cir-
cuito classe A com uma arquitetura push-pull de transistores
MOSFET, chegando à 360 W em 1 Ohm e com um fator de
amortecimento de 800, com um banco de capacitores de
60.000 μF na fonte junto à um grande transformador toroidal,
provendo uma relação sinal/ruído de 117 dB. O preço do power
estéreo Accuphase A-48 ainda não foi divulgado.
www.accuphase.com
14 OUTUBRO . 2019
OPINIÃO
TODO EQUIPAMENTO, ASSIM COMO UM INSTRUMENTO MUSICAL, POSSUI SUA ASSINATURA SÔNICA
Não importa se você é analítico, sintético, ou tem uma curva de
resposta de equalização em sua audição que parece com um sorriso
ou com a cara de um sovina. Todos nós conseguimos reconhecer
o timbre de qualquer instrumento e memorizar suas características
para toda a vida. Então só precisamos querer aprender para poder
usar este conhecimento auditivo como uma importante ferramenta
na hora de escolher nosso sistema de áudio.
Coloquei para ilustrar esta matéria um interessante vídeo feito
com inúmeras guitarras, ligadas ao mesmo amplificador, captado
pelo mesmo microfone, e tocadas pelo mesmo guitarrista. Algo se-
melhante ao que realizamos no CD Timbres, com o mesmo intuito:
ajudar todos que queiram descobrir todas as limitações e qualidades
de seus sistemas e realizar os ajustes convenientes a seus bolsos
e gostos.
Sugiro aos interessados que utilizem seu melhor fone de ouvido
para assistir ao vídeo e descobrir a timbragem (assinatura sônica) de
cada uma das lendárias guitarras escolhidas para este projeto. Você
irá se surpreender como soam diferentes, ainda que todas soem,
logicamente, como guitarras! Umas mais encorpadas, com mais
corpo no médio-grave. Outras com mais ataque e menos harmôni-
cos (deixando o som mais seco), e equilíbrios tonais também bem
distintos, com algumas a prevalecer a região média nos acordes,
Fernando [email protected]
15OUTUBRO . 2019
outras com um pouco mais de ênfase nos graves, com decaimento mais suave, e outras em
que os agudos se sobressaem. Um único instrumento solo e a possibilidade e riqueza de nos
mostrar como a assinatura sônica pode variar do sutil ao explícito.
O mesmo ocorre, meu amigo, com a caixa acústica, o amplificador integrado, o pré-ampli-
ficador, power, CD-Player, DAC, cápsula e cabos - sim, os tão famigerados cabos sobre os
quais, em pleno século 21, assim como terraplanistas duvidam que a terra é redonda, existem
audiófilos que não aceitam que cabos também possuem assinatura sônica.
Aliás já escrevi algumas vezes a este respeito, pois o fato de não ouvir ou não entender, não
significa que não existam diferenças. Pois, afinal, se formos esmiuçar a fundo os que afirmam
não existir diferenças, são os mesmos que afirmam que todos escutam muito diferente uns dos
outros.
Ora, senhores, se para defender seu peixe, todos ouvimos diferente, então por que cargas
d’água eu não posso escutar diferenças significativas entre cabos, fusíveis, racks, pedestais,
etc? Talvez esta resposta esteja em um divã e não na lógica cartesiana.
Mas, voltando ao tema deste mês, este vídeo coloca por terra abaixo que não só podemos
escutar as diferenças de timbragem das guitarras como este exemplo pode nos ajudar (e muito)
a ampliar nossa memória auditiva na hora de realizarmos a escolha dos componentes que irão
montar nosso sistema, como também no ajuste fino na sala, elétrica e setup. Se você já passou
da fase de apenas reconhecer os instrumentos que estão tocando e seu sistema, o ajuda a ouvir
que aquele piano é um Yamaha e não um Steinway ou um Bosendorfer, você já avançou muitas
casas, meu amigo. Pois tanto você fez a lição de casa de ouvir ao vivo esses instrumentos,
para mantê-los em sua memória auditiva de longo prazo (hipocampo), como seu sistema ao lhe
mostrar as diferenças (nada sutis entre esses três pianos), também já se encontra em um grau
de equilíbrio tonal bastante satisfatório, assim como nos quesitos: textura, corpo harmônico e
transientes.
O mesmo ocorre com guitarras, violões, violinos, violas, cellos, contrabaixos acústicos, ins-
trumentos de sopro (metais e madeiras), pratos, bumbos, etc, etc… E, acredite, quanto mais
bem ajustado estiver seu sistema, a acústica de sua sala e a elétrica, mais impressionante
ficará a inteligibilidade e a qualidade dos instrumentos e a virtuosidade dos músicos. Chegando
ao cúmulo de você observar, sem nenhum esforço, a intencionalidade por trás de cada nota,
acorde, arranjo, silêncio entre as notas, complexidade do arranjo e do solo. Levando-o a querer
cada vez mais se aprofundar nesta direção, como um arqueólogo sonoro, querendo descobrir
a ínfima parte perdida no sulco dos LPs ou nos Zeros e Uns do digital.
Na maturidade da audiofilia, dizia meu pai, todos buscam apenas três coisas: inteligibilidade
plena, musicalidade e conforto auditivo. As mesmas qualidades que observamos sem esforço
algum em uma excelente sala de concerto, com uma excelente orquestra e maestro.
Não temos que ficar buscando informação alguma, tudo chega até nós de maneira clara e
precisa - claro que muitas vezes precisamos nos munir de paciência com o sujeito que não para
de falar ou com os pigarros e tosses intermitentes. Fora estes pequenos percalços, podemos
usufruir sem esforço adicional de todas as nuances do micro ao macro em termos dinâmicos e
ainda sairmos revitalizados com aquela apresentação.
Nosso sistema pode nos proporcionar o mesmo. Desde que as fases de dar mais sentido a
determinados elementos da reprodução sonora já tenham sido ultrapassadas, é claro - como a
fase da pirotecnia, por exemplo.
www.hifiexperience.com.br
16 OUTUBRO . 2019
A partir deste estágio, que irá predominar será apenas a assinatu-
ra musical que cada um aprecia mais. Aí entra novamente o exemplo
do vídeo das guitarras e do CD Timbres, pois não estamos mais
falando de preferências por agudos, médios ou graves. Ou por um
som mais frontal ou recuado, ou por maior inteligibilidade, ainda que
com a perda da musicalidade. Nesta fase, todos os quesitos da Me-
todologia estão absolutamente corretos e homogêneos, o sistema
totalmente sinérgico e coerente (em termos de padrão e assinatura
sônica), a lição de casa de acústica e elétrica devidamente feita.
Com todos esses objetivos alcançados, como um músico expe-
riente o audiófilo pode finalmente desfrutar do melhor deste hobby:
descobrir sua assinatura sônica pessoal! E o que significa isto? É
a capacidade de ‘lapidar’ o ajuste fino, ao seu gosto, deixando o
sistema mais quente, com ênfase nas texturas e intencionalidades,
ou acentuando a capacidade de manter a precisão em termos de
transientes e dinâmica. Ou ainda buscando o equilíbrio ideal entre
folga e organização do acontecimento musical entre as caixas (in-
vestindo, para este resultado, em uma acústica que proporcione um
foco, recorte e planos bem arejados e com excelente ambiência).
Citei esses exemplos pois são os que mais pedem em minhas
consultorias. Mas existem outros, afinal a imaginação humana e
suas expectativas são infinitas. Porém, é preciso deixar claro que
essas assinaturas sônicas são a ‘cereja do bolo’ - quando a receita e
a lição de casa foram inteiramente feitas, e o audiófilo já entendeu o
abismo entre o certo e o errado. Pois nada será profícuo em um sis-
tema desequilibrado tonalmente, ou cheio de pontas e elos fracos.
E todo o custo e energia gastos em sistemas desequilibrados serão
sempre, no final, uma enorme decepção e frustração.
Levante a mão quem já não viu um amigo audiófilo morrer na praia
ou abandonar de vez este hobby! São muitos em todos os continen-
tes, que depois de inúmeras tentativas e um caminhão de dinheiro
gasto, desistem, pois acreditaram que existia ‘almoço grátis’, que
era possível pular etapas, corrigir deficiências acústicas investindo
em sistemas cada vez mais caros.
Se você não conhece as regras meu amigo, não comece, ou se
contente em ter um sistema honesto e simples para ouvir sua mú-
sica. Pois as regras são muito claras e o ideal é conhecer os erros
dos amigos audiófilos antes de iniciar esta incrível jornada, para não
cometer os mesmos erros.
Como sempre disse e escrevi, existe uma regra que, se você se-
guir, garantirá 75% de acerto já na largada. Ora, é melhor partir com
75% de acerto ou arriscar? Você que sabe.
OPINIÃO
17OUTUBRO . 2019
E este equilíbrio tonal, para a escolha dos componentes, depende
é óbvio de referências seguras de instrumentos acústicos reais. Sem
este conhecimento e memória auditiva, dificilmente você irá acertar
de primeira (a não ser que você tenha a graça de ter nascido com
Ouvido Absoluto). Então, ouvir o maior número possível de sistemas
bem ajustados é essencial para se dar o pontapé inicial.
Aí, alguém lá de trás resmunga: “Como vou saber se o equipa-
mento do amigo está correto tonalmente ou não?”. Ouvindo os dis-
cos certos para se tirar a ‘prova dos nove’. Nossas edições estão
forradas de gravações primorosas para essas avaliações. Mas vou
lhe dar uma dica amigo: pegue duas ou três excelentes gravações
de piano solo. E as decore em sua memória auditiva nota por nota.
Leve-as em todos os sistemas que for escutar. Certifique-se que as
gravações são realmente impecáveis.
Se a última oitava da mão direita soar com som de vidro, bingo!
Este sistema está desequilibrado tonalmente.
Se a última oitava da mão esquerda não tiver peso e sustentação,
este sistema está desequilibrado.
Se toda a região média der a sensação que está com mais energia
que as pontas, este sistema está desequilibrado tonalmente.
Percebe como é simples? Não tem mistério, você não precisa
escalar o Himalaia, se banhar nas águas puras do Oceano Índico,
A segunda regra de ouro: se você seguir a primeira regra (a do
acerto de 75%), é entender que seu sistema sempre irá soar o elo
mais fraco. Não importa que mirabolância você faça, seu sistema
sempre soará o elo mais fraco.
Terceira regra, sem referências de instrumentos reais acústicos e
vozes - também não amplificadas - você jamais conseguirá acertar
seu sistema corretamente.
Estas três regras já asseguraram que centenas de leitores que
fizeram nossos cursos de percepção auditiva, estejam hoje desfru-
tando de seus sistemas com aquela sensação de que chegaram lá.
E hoje todos estão na última fase: a de ‘lapidar’ o sistema para o seu
gosto pessoal. Pararam de colocar a carroça na frente dos cavalos
e ficar batendo o pé de que gosto não se discute, que cabos não
fazem diferença, que é preciso uma equalização individual para cada
pessoa, ou preciso, antes de mais nada, descobrir se sou analítico
ou sintético.
Fizeram a lição de casa e desfrutam e podem mostrar aos amigos
todo o seu esforço, conhecimento e dinheiro investido.
Para os milhares de novos leitores preciso dizer do que se trata
os ‘75% de acerto inicial’, certo? Vamos lá: a elétrica dedicada e
bem-feita significa 25%, a acústica outros 25%, e o equilíbrio tonal
correto do sistema (independente se categoria Ouro, Diamante ou
Estado da Arte), os outros 25%.
HTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=CTPCWI1O210
ASSISTA AO VÍDEO CITADO NO ARTIGO, CLICANDO NA IMAGEM:
18 OUTUBRO . 2019
ou tirar a cera do ouvido com cocô de macaco prego da Amazônia. Ou ter que assistir a uma hora do show da Anita!
Só precisa das gravações certeiras. E saber, em uns sistemas cor-retos tonalmente, como devem realmente soar. Fácil! Os que que-rem fazer você se embrenhar por caminhos tortuosos, na verdade estão escondendo de si mesmos que também não sabem como sair do labirinto que se meteram, aí criam teorias e argumentos insanos e pseudocientíficos para perpetuar suas crendices.
Ninguém se aventura a entrar em uma mata virgem sem o aparato necessário para conseguir sair. Neste hobby, se você estiver ciente das regras básicas e tiver vontade de aprender, eu garanto que irá chegar lá! Sempre foi assim, desde os anos 60, quando tudo come-çou. Os que tinham uma cultura musical solidificada, sempre soube-ram separar o joio do trigo. Pois esses audiófilos eram, na verdade, melômanos que queriam estender o prazer de ouvir música ao vivo para o recôndito de seu lar.
Já os audiófilos sem esta cultura da música ao vivo, que vieram a partir da década de 70, foram os que mais bateram cabeça. Meu pai chamava esses seus clientes de Navegantes sem Bússolas! Tenho que concordar integralmente com ele.
Se queres ter a satisfação de montar um sistema que irá lhe pro-porcionar imenso prazer por toda a sua vida, inicie esta trajetória munido de todas as informações que permitam diminuir os riscos e erros.
Acredite: fará bem para o seu bolso e para o seu ego!
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20 OUTUBRO . 2019
21OUTUBRO . 2019
UM AFRICANO, UMA TRILHA SONORA & UM ROCK ALTERNATIVO
Christian [email protected]
Selecionar três discos todo mês não é bolinho. Primeiro porque eu
tenho que ter em mente boa música que vá agradar ao maior núme-
ro de pessoas, e segundo porque esses discos têm que ser decen-
temente gravados - ou, diria, mais do que decentemente gravados.
E a variedade da incidência concomitante dos dois quesitos acima
não é nem de longe tão comum quanto as pessoas imaginam.
Eu leio e acompanho vários reviewers de áudio no mundo - alguns
deles meus ‘Amigos de Facebook’ até. E a coisa que mais vejo é
que os reviewers e articulistas pararam de sugerir música mais ‘uni-
versal’ já faz algum tempo, preferindo sugerir seus gostos pessoais
- ou apenas serem totalmente tradicionalistas. Aí, esta semana, um
deles estava ouvindo a música tema do desenho do Scooby-Doo da
década de 70! (não, não é brincadeira). Ok, eu ouço algumas coi-
sas estranhas, mas nada que chegue perto disso. Pelo contrário, a
qualidade musical para mim é tão importante que quem me conhece
sabe que eu sempre fiz críticas intensas à péssima qualidade musi-
cal das gravações dos selos audiófilos (datadas, simplistas, bregas,
etc) - estas quase sempre, porém, são de ótima qualidade sonora.
Então, meu trabalho aqui é para fazer crescer a discoteca - e os
horizontes musicais - dos que querem curtir seu amor pela música,
e seus sistemas, sem ter que apelar para o tema do Scooby-Doo
ou mesmo aderir à esquisitices musicais eletrônicas e variações es-
tranhas de misturas de hip-hop com excentricidades barulhentas e
banais - que assolam o repertório adorado por muitos reviewers e
colunistas de áudio mundo afora (será que eu entreguei a minha
idade, rs?).
Velho ou não, chato ou não, tenho visto dois extremos no mundo
audiófilo: de um lado pessoas que são mais jovens ou têm mais afini-
dade com bandas e gêneros musicais mais modernos e alternativos
(os quais eu iria adorar curtir ‘se’ fossem bons, rs), e do outro lado
vejo muita gente que ouve a música que lhes apela apenas pelo lado
sentimental. Nada contra esses últimos, até porque eu mesmo ouço
muita música por razões sentimentais.
A questão passa a ser: eu não posso ditar ou mesmo sugerir o
que seja de apelo sentimental para outra pessoa que não eu mes-
mo. E não posso, e nem vou, sugerir música simplesmente por ser
DISCOS DO MÊS
‘atual’, ‘moderna’ ou conectada com algum tipo de juventude ou
mainstream. Sugiro música apenas que eu considere que tenha
qualidade em sua composição, arranjo e interpretação - e que, por
eu mesmo gostar dela, espero que tenha uma qualidade técnica de
gravação interessante, decente.
Outro dia me perguntaram porque os discos que eu tenho publi-
cado nesta coluna todos têm notas que não excederam nota 4 de
5. Bom, acho que deveria ter explicado minha categorização desde
o começo.
A nota de musicalidade é um pouco subjetiva, mas eu tenho uma
certa experiência no assunto, de conhecimento por ter circulado
dentro de estúdios, dentro de orquestras sinfônicas (não na hora
que eles estavam tocando, infelizmente…), junto a uma longa série
de músicos, e por ter respirado música de uma maneira ou de outra
nos últimos 40 anos.
A nota de qualidade de som, de qualidade técnica de gravação,
é outra história. É baseada na mesma experiência, no conhecimen-
to dos aspectos qualitativos da sonoridade de muitos instrumentos
individualmente, e de como grupos de instrumentos de vários tama-
nhos soam juntos, assim como conhecimento de várias técnicas de
gravação e mixagem.
Eu diria que conheço muito poucos discos que receberiam nota
5 de qualidade de gravação. Quem sabe algum deles ainda, um
dia, não aparecerá aqui nesta coluna. E depois, eu estou esperando
a qualidade técnica de gravação evoluir até o ponto de justificar a
‘Nota 5’ e eu não ter que estender a categorização até à nota 6… rs.
Portanto, nota 3 eu considero excelente, nota 4 é fenomenal, e nota
5 é reservada à alguns poucos trabalhos de algumas poucas grava-
doras. A maior parte das gravações comerciais multi-microfonadas
e multipista, com algum tipo compressão, dificilmente chegaria na
nota 2. Ou seja, trato aqui de gravações especiais.
No cardápio de hoje: temos um blues-worldmusic de um guitar-
rista africano, uma trilha sonora meio cult com toques de jazz, e um
rock alternativo com viés de progressivo quase esotérico, rs!
Vamos à eles:
22 OUTUBRO . 2019
Minha mãe, pianista formada em conservatório - apesar de não
praticar como profissão - me perguntou outro dia sobre composi-
tores eruditos africanos, e os únicos que eu consegui lembrar de
bate e pronto foram o egípcio Hamza El Din e o ugandense Justi-
nian Tamusuza, ambos com obras gravadas pelo quarteto de cordas
Kronos Quartet. Existem outros, claro, mas o número é pequeno e o
acesso às obras, ainda menor.
Agora, desde a fusão do jazz e do blues com outros gêneros, que
músicos africanos de percussão e instrumentos típicos começaram
a aparecer na cultura musical euro-americana. Um célebre fomen-
tador desse gênero que chamamos de worldmusic é o inglês Peter
Gabriel - ex-integrante do grupo de rock progressivo Genesis e cujo
rico trabalho solo sempre inclui músicos africanos. Outro que fez
dois excelentes discos com músicos africanos é o cantor e compo-
sitor americano Paul Simon (a metade da dupla Simon & Garfunkel).
Um terceiro a ser mencionado seria o guitarrista de blues, com-
positor e arranjador americano Ry Cooder, em cujo currículo está o
fenomenal trabalho feito de recuperação do pessoal do Buena Vista
Social Club, de Cuba, que juntava alguns dos melhores instrumen-
tistas da ilha que começaram a inserir elementos do jazz dentro da
música tradicional cubana, indo contra as regras do regime de Fidel,
que proibia essa influência americana.
Outro trabalho de Cooder, muito menos conhecido, mas de exce-
lente qualidade artística e de gravação, é o disco Talking Timbuktu
que ele fez em 1996 com o violonista de blues Ali Farka Touré, faleci-
do em 2006. Aliás, o disco é, nominalmente, de Touré, com Cooder
como parceiro - que também produziu o disco.
Nascido Ali Ibrahim Touré, na região de Timbuktu, em Mali, em
1939, Touré era o décimo filho (e único a sobreviver além da infância)
de um soldado do exército francês - morto quando Touré tinha ape-
nas um ano de idade. Segundo ele mesmo, é costume na África
que uma criança receba um apelido estranho quando teve outros
irmãos que morreram quando crianças, então sua mãe o apelidou
de “Farka” - que significa “Jegue” - por sua teimosia e tenacidade.
A popularidade de Touré na África é enorme: como um bluesman
que toca também alguns instrumentos africanos - como a percus-
são de mão Afuxê e o Njarka, semelhante a um violino - além de
sempre cantar em línguas africanas, como songhay, fulfulde, tama-
sheq e bambara. Ali Farka Touré é frequentemente chamado de “O
John Lee Hooker Africano”!
O disco em questão, Talking Timbuktu, foi o que mais vendeu
e deu projeção à Touré fora da África - e apesar dele ser virtual-
mente desconhecido no resto do mundo, sua discografia contém
20 álbuns, que mostram seu trabalho por um período de mais de
30 anos.
Talking Timbuktu, além de ser excepcionalmente bem gravado,
conta com Touré cantando e tocando violão, guitarra elétrica, banjo,
njarka e percussão, acompanhado de Cooder no violão, guitarra,
bandolim e marimba. Como convidados, temos os percussionistas
africanos Hamma Sankare e Oumar Touré, e o guitarrista e violista
Gatemouth Brown. O disco traz também os bastante célebres Jim
DISCOS DO MÊS
Ali Farka Toure
Ali Farka Touré with Ry Cooder - Talking Timbuktu (Hannibal Records / World Circuit, 1994)
23OUTUBRO . 2019
QUALIDADE DE SOM
MUSICALIDADE
David Lynch é um cineasta bastante controverso, e que divide
opiniões. Eu mesmo adoro Twin Peaks (a série original da década de
90), mas desgosto de muitos outros trabalhos do Lynch.
Mas, independente de qualquer esquisitice, do quão herméticos
podem ser os longa metragens de Lynch, Twin Peaks como série de
TV foi uma tremenda ‘bola dentro’, trazendo uma atmosfera, foto-
grafia, visuais, roteiros e situações que inovaram completamente a
TV - lembrem-se que isso foi em 1990.
Especialistas em TV estimam que uma quantidade de séries de
extremo sucesso simplesmente não teria existido se, antes, Twin
Peaks não tivesse mudado o paradigma - como, por exemplo,
Arquivo X, Lost, American Horror Story e Wayward Pines, entre ou-
tras. Isso para não dizer as que, obviamente, foram influenciadas
por Twin Peaks, como Fringe, Hannibal, Desperate Housewives,
Riverdale, The Sopranos, Top of the Lake, etc e tal.
Angelo Badalamenti - Music From Twin Peaks (Warner, 1990)
Não precisa ser admirador, ou mesmo um fã ferrenho (como eu)
da série para curtir sua música - que não só é tão atmosférica e
emocional quanto o visual e teor dos episódios, mas inclusive é uma
trilha notória por ser um personagem à mais, não apenas pano de
fundo.
O que faz a trilha ser tão interessante é a instrumentação dela
ser praticamente acústica - com exceção de uma eventual guitarra
e teclados clássicos como o Fender Rhodes - e ter um viés meio
jazzístico meio blues.
Premiado por seu trabalho como compositor de trilhas para fil-
me e TV - como Coração Selvagem, A Praia, e Água Negra - o
nova-iorquino Angelo Badalamenti já havia trabalhado antes com o
diretor David Lynch na trilha de seu filme Veludo Azul. Porém, por
Twin Peaks, Badalamenti recebeu um Grammy em 1990, sendo que
é considerada umas das melhores trilhas de série de TV até hoje.
Uma anedota, contada pelo próprio Badalamenti, diz que como
ele e Lynch são amigos, e já haviam trabalhado juntos, o diretor es-
tava começando a produção da série e foi procurá-lo para conversar
sobre a trilha sonora. Lynch sentou-se com Badalamenti ao teclado
do Fender Rhodes e começou a descrever a situação da persona-
gem principal, Laura Palmer, mas de maneira bem abstrata, apenas
as sensações e sentimentos, enquanto o compositor improvisava
no teclado. Lynch então disse: “É isso! Está praticamente pronto!
Isso é Twin Peaks!”, e Badalamenti falou que ia trabalhar em cima do
tema, mas o diretor falou para não mexer, pois estava “75% pronto”!
O resultado, a faixa Love Theme, exemplifica todo o sentimento em
torno das agruras da vida da personagem, cujo assassinato choca
uma pequena cidade do interior americano, e traz um genial agente
do FBI para resolver o crime.
O lado climático e de atmosfera densa, que ajuda a dar o tom para
a levada da própria série, é realmente mais interessante para quem
conhece e gosta de assistir Twin Peaks. Mas, acredito que a música
sobrevive sozinha, graças à sua brilhante composição e à beleza
com que é tocada. O próprio compositor define que boa parte da tri-
lha é de Cool Jazz, pulsante, com piano elétrico, baixo e percussão,
como música de bar.
Outra parte da trilha é densamente sentimental e atmosférica,
como o Love Theme, mostrando um contraste entre a aparente
normalidade e até felicidade de algumas situações e pessoas na
cidade, em oposição aos terríveis crimes e à vida secreta que quase
todos os personagens levam.
A terceira faceta dessa trilha sonora - que é quase toda instru-
mental - são algumas canções interpretadas de uma maneira quase
Keltner, na bateria, e John Patitucci, no baixo - que dispensam apre-
sentações para os aficionados de jazz e blues.
Destaque para as faixas Gomni e Lasidan, dentre várias outras!
Pode ser encontrado em: CD / Vinil / Streaming
24 OUTUBRO . 2019
QUALIDADE DE SOM
MUSICALIDADE
sonhadora pela cantora americana Julee Cruise. A necessidade de
sua voz e interpretação etéreas surgiu durante a filmagem de Lynch
de seu filme Veludo Azul, onde Badalamenti - que já havia trabalhado
com Cruise - sugeriu a cantora. A ligação com as idéias de Lynch foi
tão grande que, depois do filme, ele e Badalamenti produziram um
CD para Julee Cruise: Floating Into the Night, com letras escritas por
Lynch e música composta por Badalamenti. Parte dessas canções
acabou sendo utilizada na trilha de Twin Peaks, no ano seguinte.
O disco aqui sugerido é a primeira edição da trilha da série, ampla-
mente lançada em CD e LP no Brasil, à época - aliás, o vinil nacional
é surpreendentemente bom. Com a continuidade de Twin Peaks por
mais uma temporada, um segundo disco (que eu acho que só saiu
em CD) foi lançado - Twin Peaks Music: Season Two Music and
More - além da trilha do longa metragem Twin Peaks: Fire Walk With
Me, que acho que foi traduzido aqui como Os Últimos Dias de Laura
Palmer, lançado após a série terminar, que conta o que aconteceu
nos últimos meses antes do assassinato da personagem.
Angelo Badalamenti e David Lynch
DISCOS DO MÊS
Para quem curtir essa trilha, recomendo fortemente o segundo
CD, assim como a trilha do longa metragem citado acima.
Em 2017 a série foi continuada por mais uma temporada - como
uma ‘Limited Series’ contando o que aconteceu 25 depois - e uma
nova trilha foi lançada, mas acho que ela não tem nada a ver com a
que estou sugerindo aqui.
Destaque para as faixas Twin Peaks Theme, Dance of the Dream
Man e Audrey’s Dance, particularmente interessantes.
Pode ser encontrado em: CD / LP / Streaming
25OUTUBRO . 2019
Do repertório desta semana, este disco é o mais ‘difícil’ de ouvir.
Ou seja, não vai interessar à todos. Mas não o considero, por isso,
menos interessante.
Como acontece com muitos gêneros musicais, eles continuam
evoluindo, mudando ao longo dos anos. E isso aconteceu também
com o Rock Progressivo. Aquela estrutura toda de banda e de ar-
ranjos do Yes, Genesis e Emerson Lake & Palmer, do ‘básico’ (rs!)
guitarra, baixo, bateria e teclados foi aos poucos dando espaço (ou
compartilhando espaço) para virtuosismo de instrumentistas e solis-
tas, complexidade e variações rítmicas, inserção de percussionistas
junto ao baterista, elementos de música étnica de várias origens, im-
provisos quase jazzísticos, adição de instrumentos étnicos, influên-
cia de vários tipos de música eletrônica, etc.
E aí você se pergunta por que não acompanhou essa evolução.
A resposta é: o ‘fim’ do rock progressivo da década de 70 como o
conhecíamos, dando espaço ao punk, ao Disco e ao pop na para-
da de sucessos, não significou que as banda sumiram. O Yes, por
exemplo, virou mais pop na década de 80, e existe até hoje num
nicho de saudosismo progressivo. O Genesis virou mais pop e en-
riqueceu ainda mais com a genialidade de Phil Collins. E o ELP foi
ativo até à década de 90!
Só que algumas bandas passaram por algumas ou todas aquelas
modificações e influências que eu citei dois parágrafos acima - ape-
sar de terem um público menor, mais alternativo, menos comercial.
Um exemplo é o King Crimson, fruto da cabeça genial do guitarrista
virtuoso Robert Fripp, banda que está na ativa - de uma maneira ou
de outra - desde sua fundação em 1969, chegando a gravar e apre-
sentar-se, até pouco tempo atrás, em formação double-trio: dois
bateristas percussionistas, dois guitarristas e dois baixistas. E com
um virtuosismo enorme.
Gorn, Levin, Marotta - From the Caves of the Iron Mountain (Canyon International / Papa Bear Records, 1997)
Outro exemplo é o trabalho solo do multi-instrumentista inglês Pe-
ter Gabriel, uma vez vocalista e letrista do Genesis, um dos pilares
do progressivo tradicional. O trabalho solo de PG (para os íntimos),
iniciado no fim da década de 70, ousou sempre com complexidades
rítmicas africanas - que eram a obsessão dele, que já tinha sido ba-
terista - somado à instrumentações européias com boa dose de im-
proviso, alguns instrumentos étnicos, um time completo de músicos
de estúdio de altíssimo nível, muitos sintetizadores fazendo coisas
muito além e longe do banal, somado a seus vocais consagrados
desde à época do Genesis.
Um desses instrumentistas é o baixista americano Tony Levin -
protagonista do disco aqui sugerido: From the Caves of the Iron
Mountain. Músico de estúdio, Levin já tinha um currículo invejável
no final da década de 70, tendo trabalhado em discos de Lou Reed,
Alice Cooper, John Lennon, Buddy Rich e Paul Simon. Considerado
um peso pesado em seu instrumento, Levin foi baixista de quase
todas as formações do King Crimson da virada da década de 80 até
hoje! Inclusive a atual! E, também, é o baixista da banda do Peter
Gabriel desde seu primeiro disco solo, de 77, até hoje. Nada mal…
Da década de 80 em diante, Tony Levin teve como instrumentos
o baixo elétrico ‘upright’ (normalmente tocado com arco), baixo elé-
trico normal, e um baixo diferenciado de 10 ou 12 cordas chamado
de Chapman Stick, que é tocado especificamente com técnica de
‘tapping’, e tem uma sonoridade bastante própria. Uma variedade
desses instrumentos foi usada por Levin em álbuns do Yes, Pink
Floyd, Joan Armatrading, Richie Sambora, David Bowie, e inúmeros
outros discos de estúdio e projetos próprios, álbuns solo e projetos
de amigos - como o celebrado Black Light Syndrome, do trio Bozzio
Levin Stevens, disco conhecido e curtido por muitos audiófilos ro-
queiros (e quem sabe um dia ele não apareça nesta coluna).
Nosso próximo protagonista do From the Caves of the Iron
Mountain é o baterista e percussionista americano Jerry Marotta,
cujo currículo também inclui ser da banda do Peter Gabriel, desde
o primeiro solo até meados da década de 80 com o célebre disco
So, que tinha o sucesso Sledge Hammer. Ou seja, durante 10 anos,
Marotta com Levin faziam a ‘cozinha’ da banda do PG, participando
ativamente das adaptações de rítmos africanos que ele trazia em
suas composições.
Como músico de estúdio, Jerry Marottta trabalhou com nomes fa-
mosos como Hall & Oates, Stevie Nicks (ex-Fleetwood Mac), Sarah
McLachlan, Suzanne Vega, Iggy Pop, Tears For Fears, Paul McCart-
ney, Elvis Costello, Robert Fripp (do King Crimson), e uma variedade
de outros músicos de primeiro time.
O terceiro protagonista é o também americano Steve Gorn, um
flautista especializado na flauta de bambu bansuri, originária da
26 OUTUBRO . 2019
índia, e no saxofone soprano, com participações em discos e shows
de diversos músicos orientais e ocidentais, tendo trabalhado com
nomes conhecidos como Paul Simon e o célebre baterista de jazz
Jack DeJohnette. Seu conhecimento das sutilezas da música hindu,
e capacidade interpretativa, fazem dele um dos poucos ocidentais
reconhecidos na Índia.
Para completar o artigo, é preciso comentar sobre o quarto prota-
gonista deste interessante disco: Tchad Blake. Apesar de ser o disco
de um trio, parte da mágica dele se deve ao engenheiro de grava-
ção, Blake, que é um aficionado experimentador da técnica de gra-
vação binaural - e acabou fazendo um trabalho interessantíssimo.
Aí já vem alguém perguntar: “mas binaural não é para ouvir no
fone de ouvido?”. Sim, mas gravações binaurais funcionam proven-
do uma ambiência e um palco maravilhoso quando ouvidas em um
sistema de caixas estéreo normal - isso se as caixas estiverem mi-
nimamente bem posicionadas para a formação da ilusão de palco.
Quanto melhor posicionadas, melhor será o resultado sonoro, tanto
com gravações convencionais quanto com binaurais.
E o trabalho de Blake nesse disco tem alguns diferenciais. Pri-
meiro ele não usou aquela ‘cabeça’ com microfones da Neumann,
que é comumente usada em gravações binaurais. Blake escolheu
as cápsulas de microfone que queria usar, e pôs as ditas cápsulas
QUALIDADE DE SOM
MUSICALIDADE
em suas próprias orelhas - com um gravador DAT portátil - o que
permitiu que ele andasse para todos os lados captando e gravando
o mesmo que ele estava, ‘in loco’, ouvindo.
E o segundo diferencial - que eu não consegui descobrir até hoje
de quem foi a ideia - é o próprio conceito do disco: são um baixis-
ta, um percussionista e um flautista, tocando uma música bastante
calcada em improvisos com tons de worldmusic, rock progressivo
e afins, dentro das cavernas de uma antiga e desativada mina de
cimento, no estado de Nova York, nos EUA. E tudo isso, toda essa
tremenda acústica natural e ambiência, ainda são gravadas com
uma técnica binaural minimalista! Com um par de caixas bem posi-
cionadas, você se sente assistindo ao concerto, visualizando a mina
e sua acústica, e perfeitamente cada instrumentista. Com um fone
de ouvido, você está literalmente com eles, dentro da mina.
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Sax Soul Ágata II - 103 pontos (Estado da Arte) - Sax Soul - Ed.251Sunrise Lab Quintessence - 102 pontos (Estado da Arte) - Sunrise Lab - Ed.244
van den Hul CNT - 100 pontos (Estado da Arte) - Rivergate - Ed.211Nordost TYR 2 - 99 pontos (Estado da Arte) - AV Group - Ed.250
TOP 5 - AMPLIFICADORES DE POTÊNCIACH Precision M1 - 106 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.238Goldmund Telos 2500 - 104 pontos (Estado da Arte) - Logical Design - Ed.200Audio Research 160M - 102 pontos (Estado da Arte) - German Audio - Ed. 251Hegel H30 - 99 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.210D´Agostino Momentum - 99 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.185
29OUTUBRO . 2019
GUIA BÁSICO PARA A METODOLOGIA DE TESTES
Para a avaliação da qualidade sonora de equipamentos de áudio, a Áudio Vídeo Magazine utiliza-se de alguns pré-requisitos - como salas com boa acústica, correto posicionamento das caixas acústicas, instalação elétrica dedicada, gravações de alta qualidade, entre outros - além de uma série de critérios que quantificamos a fim de estabelecer uma nota e uma classificação para cada equipamento analisado. Segue uma visão geral de cada critério:
EQUILÍBRIO TONAL
Estabelece se não há deficiências no equilíbrio entre graves, médios e agudos, procurando um resultado sonoro mais próximo da referência: o som real dos instrumentos acústicos, tanto em resposta de frequência como em qualidade tímbrica e coerência. Um agudo mais brilhante do que normal-mente o instrumento real é, por exemplo, pode ser sinal de qualidade inferior.
PALCO SONORO
Um bom equipamento, seguindo os pré-requisitos citados acima, provê uma ilusão de palco como se o ouvinte estivesse presente à gravação ou apresentação ao vivo. Aqui se avalia a qualidade dessa ilusão, quanto à localização dos instrumentos, foco, descongestionamento, ambiência, entre outros.
TEXTURA
Cada instrumento, e a interação harmônica entre todos que estão tocando em uma peça musical, tem uma série de detalhes e complementos sonoros ao seu timbre e suas particularidades. Uma boa analogia para perceber as texturas é pensar em uma fotografia, se os detalhes estão ou não presentes, e quão nítida ela é.
TRANSIENTES
É o tempo entre a saída e o decaimento (extinção) de um som, visto pela ótica da velocidade, precisão, ataque e intencionalidade. Um bom exemplo para se avaliar a qualidade da resposta de transientes de um sistema é ouvindo piano, por exemplo, ou percussão, onde um equipamento melhor deixará mais clara e nítida a diferença de intencionalidade do músico entre cada batida em uma percussão ou tecla de piano.
DINÂMICA
É o contraste e a variação entre o som mais baixo e suave de um acontecimento musical, e o som mais alto do mesmo acontecimento. A dinâmica pode ser percebida até em volumes mais baixos. Um bom exemplo é, ao ouvir um som de uma TV, durante um filme, perceber que o bater de uma por-ta ou o tiro de um canhão têm intensidades muito próximas, fora da realidade - é um som comprimido e, portanto, com pouquíssima variação dinâmica.
CORPO HARMÔNICO
É o que denomina o tamanho dos instrumentos na reprodução eletrônica, em comparação com o acontecimento musical na vida real. Um instru-mento pode parecer ‘pequeno’ quando reproduzido por um devido equipamento, denotando pobreza harmônica, e pode até parecer muito maior que a vida real, parecendo que um vocalista ou instrumentista sejam gigantes.
ORGANICIDADE
É a capacidade de um acontecimento musical, reproduzido eletronicamente, ser percebido como real, ou o mais próximo disso - é a sensação de ‘estar lá’. Um dos dois conceitos subjetivos de nossa metodologia, e o mais dependente do ouvinte ter experiência com música acústica (e não ampli-ficada) sendo reproduzida ao vivo - como em um concerto de música clássica ou apresentação de jazz, por exemplo.
MUSICALIDADE
É o segundo conceito subjetivo, e necessita que o ouvinte tenha sensibilidade, intimidade e conhecimento de música acima da média. Seria uma forma subjetiva de se analisar a organicidade, sendo ambos conceitos que raramente têm notas divergentes.
METODOLOGIA DE TESTESHTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=ZMBQFU7E-LC
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31OUTUBRO . 2019
TESTE ÁUDIO 1
Caixas acústicas são como instrumentos musicais! Ouvi pela pri-
meira vez esta frase quando tinha apenas 7 anos de idade. Meu pai
a dizia a todos os seus clientes e amigos. Com o passar dos anos e
acompanhando seu trabalho, fui assimilando que seu ponto de vista
além de correto, era um apelo para que os audiófilos e melômanos
levassem aquele alerta à sério. Afinal, grande parte da assinatura
sônica de qualquer sistema será a soma das duas pontas (caixas
acústicas e fonte). E, se queremos que todo nosso esforço e investi-
mento tenham um final feliz, cuidemos para que essas duas pontas
trabalhem em conjunto e não se degladiando.
Caixas acústicas foi o produto que mais testei nesta vida de ar-
ticulista. Já ouvi de tudo, tudo mesmo. Dos projetos mais exóticos
aos mais simples e singelos (como a pequena coluna da JVC com
cone de madeira) e se tem algum produto no áudio que não tem
uma única receita, este produto são as caixas acústicas.
Aqueles que defendem que os gabinetes precisam soar como
instrumentos musicais têm exemplos de sucesso. Assim como os
que defendem que o gabinete tem que ser o mais inerte possível. O
mesmo podemos dizer em relação ao material utilizado nos tweeters
de domo: seda, diamante, berílio, titânio, etc. Então, meu amigo, se
quiser uma dica: esqueça os ‘prés conceitos’ que você possa ter, e
ouça-as antes de julgar se é bom ou ruim.
Agora, uma coisa é fato incontestável: são exigentes ao extre-
mo. Não existe nem um componente de áudio mais exigente do
que caixas acústicas. Pois necessitam de cuidados extremos, com
a colocação na sala, amplificação, cabeamento e, como já disse, a
fonte inevitavelmente precisa remar na mesma direção em termos
de assinatura sônica.
Sem esses ‘esmeros’, você pode ter uma jóia rara sendo tratada
como bijuteria barata!
CAIXAS ACÚSTICASWILSON AUDIO SASHA DAW
Fernando [email protected]
32 OUTUBRO . 2019
CAIXAS ACÚSTICAS WILSON AUDIO SASHA DAW
Em nossos Cursos de Percepção Auditiva, no nível básico, muitos
leitores se espantam quando afirmo que um sistema deveria come-
çar a ser definido pelas caixas e depois a fonte. E que para definir a
caixa, o consumidor deveria fazer um pente fino no seu gosto mu-
sical e nas deficiências do ambiente em que o sistema será usado.
Pois o que já vi de ‘bode’ enfiado no meio da sala de audiófilo, daria
para escrever um livro de mais de 200 páginas.
E o audiófilo é um bicho que deveria ser estudado a fundo, pois
em vez do ‘mea culpa’, está sempre botando a culpa no equipamen-
to, e as pobres caixas são as que mais levam chumbo.
Gosto muito de ouvir caixas (ainda que seja o produto que dê
mais trabalho para o amaciamento), pois ouvi muitas que me encan-
taram pela sua sonoridade, equilíbrio e musicalidade. Sim, as caixas
possuem uma magia, totalmente distinta de qualquer outro produto.
Podem nos fazer repensar até mesmo como ouvimos nossa música
preferida (principalmente se o seu equilíbrio tonal for de alto nível),
pois aquela música que tínhamos que ouvir em volume mais acentu-
ado, pode dar o mesmo prazer em volumes mais baixos.
Outras nos levam a descobrir camadas e camadas de informa-
ções que estavam ‘opacas’ ou submersas em informações com
maior dinâmica. E uma qualidade que todo audiófilo adora: uma
apresentação exuberante de um grandioso soundstage, com foco,
recorte, planos e ambiência que dissolvem as paredes laterais e a
dos fundos de nossa sala de audição! Por todas essas qualidades,
é que as caixas também carregam nas costas tantas responsabili-
dades e expectativas.
Testei oito caixas da Wilson Audio em 23 anos da revista. Come-
çando pela CUB em 1998 e tendo a honra de sermos a primeira
revista no mundo a testar a Alexia. Tive a CUB por três anos como
referência em caixas bookshelf e depois nunca mais tive nenhuma
caixa deste fabricante. Mas alguns modelos me balançaram (como a
Alexandria XLF), porém muito longe da minha capacidade financeira.
Então, ainda que tivesse a oportunidade de ouvir em nossa sala
de testes os modelos mais recentes deste fabricante, sempre soube
que por mais impressionante que fosse a impressão deixada, elas
tinham dia e hora para partirem.
Percebi que a Wilson estava em processo de ‘transformações’
ao ouvir a Alexandria XLF, com o novo tweeter de seda e logo em
seguida a Alexia, já com este novo tweeter. Escrevi no teste da Alexia
que achei um salto e tanto em termos de equilíbrio tonal de ambas
as caixas, e que aquela direção me agradava e muito, tanto como
articulista, como consumidor.
Lembro, ao mostrar a caixa Alexia para o nosso colaborador
Christian Pruks, dele ter virado para mim e dito: “Um dos melhores
médios que ouvi em toda a minha vida”. E balancei a cabeça, con-
cordando integralmente com ele.
33OUTUBRO . 2019
A Alexia tinha uma magia difícil de traduzir em palavras, mas muito
fácil de reconhecer auditivamente. Com a morte do fundador David
Wilson, no final de 2018, seu filho Daryl, o novo CEO da empresa
que já havia finalizado os projetos da Sabrina e Yvette (leia teste na
edição 255), resolveu prestar sua homenagem ao pai e definiu que
o ideal seria desenvolver uma nova Sasha, e a batizou de Sasha
DAW (as iniciais de David Andrew Wilson). Ainda que muitos possam
pensar que se trata de uma Sasha 3, a ideia é manter a Sasha 2 em
linha.
O projeto da Sasha DAW teve a colaboração direta de Vern Credille
(responsável pelo projeto da Alexia 2). Definida a equipe, Daryl deu
as coordenadas do que tinha em mente em termos deste novo pro-
jeto: nenhuma restrição orçamentária e uso de todo o conhecimento
adquirido com a WAMM e as novas caixas Alexx e Alexia 2, tanto em
termos de uso de componentes como de tecnologia.
Ainda que em termos estéticos a DAW seja muito semelhante à
Sasha 2, as modificações e o resultado distanciaram muito uma da
outra. Tudo é novo: os woofers de 8 polegadas, que foram redese-
nhados para ter uma maior linearidade nas baixas frequências com a
nova câmera com 13% a mais de volume, o painel frontal que acopla
os woofers agora possui uma inclinação de 3 graus para trás, para
uma perfeita integração temporal com o cabeçote em que o médio
e o tweeter se alojam.
As paredes internas do gabinete de graves utiliza o Material X,
mas agora ainda mais reforçado (como na caixa WAMM). A base
que suporta o cabeçote também foi redesenhada e recebeu refor-
ço para evitar que a interferência de vibração do módulo de graves
passe para o cabeçote, além do desenvolvimento de um novo me-
canismo de degraus para o apoio do cabeçote e sua facilitação no
ajuste do módulo superior (ver foto).
O cabeçote também foi completamente redesenhado, as paredes
mais espessas ganharam um novo padrão interno de recorte para
diminuir ainda mais (em relação à Sasha 2) as reflexões internas,
e houve um aumento de volume em 10%. O falante de médio e o
tweeter são os mesmos utilizados na WAMM. O gabinete foi cons-
truído com o Material S (proprietário da Wilson Audio).
34 OUTUBRO . 2019
O crossover também é completamente novo, assim como o pór-
tico em que estão instaladas as resistências de agudos para ajuste
fino em relação à sala de audição. Na Yvette, este tampo do pórtico
é de metal e precisa ser desparafusado para se ter acesso às resis-
tências. Na DAW, foi colocada uma tampa de acrílico e esta pode ser
retirada manualmente (ver foto acima).
A equipe de engenharia também melhorou toda a cabeação que
vai do módulo de graves para o cabeçote, e ‘finalmente’ mudaram
os terminais de cabo, que agora aceitam plugue banana.
Mas o que mais me chamou a atenção foi o novo degrau para
determinar o ângulo de alinhamento temporal do cabeçote. Agora
muito mais prático e preciso, e com um erro máximo de 8 milisse-
gundos. Esta precisão permite um ajuste temporal perfeito para que
a caixa soe na sala como um único falante full-range. Foi um dos
maiores acertos (na minha opinião) da Sasha DAW, pois pude ouvir,
na prática, a diferença que faz quando encontramos o ponto exato
para a audição.
Em termos de resposta, a Sasha DAW, segundo o fabricante, res-
ponde de 20 Hz a 30 kHz (+- 3 dB). Possui uma impedância nominal
de 4 Ohms (sendo o mínimo 2,48 Ohms em 85 Hz), e sua sensibili-
dade é de 91 dB/w/m. Montada, a Sasha DAW pesa 107 kg.
Para o teste utilizamos os seguintes equipamentos:
Sistema analógico: toca-discos Storm da Acoustic Signature,
cápsula Soundsmith Hyperion 2 (leia teste 3 nesta edição), braço
SME Series V. Pré de fono: Boulder 500 com cabos de interconexão
Sunrise Lab Quintessence e Sax Soul Ágata 2. Fontes digitais: dCS
Vivaldi e Scarlatti. Pré-amplificadores: Dan D’Agostino Momentum
Reference, e Nagra HD. Powers: Hegel H30 e Nagra monoblocos
Classic Amp. Cabos de caixa: Dynamique Audio Halo 2 e Sunrise
Lab Quintessence. Cabos de interconexão: Dynamique Audio
Apex, Transparent Opus G5, Sunrise Lab Quintessence e Sax Soul
Ágata 2.Cabos de Força: Transparent PowerLink MM2, Sunrise Lab
Quintessence e Dynamique Audio Halo 2.
CAIXAS ACÚSTICAS WILSON AUDIO SASHA DAW
35OUTUBRO . 2019
Enquanto testávamos a Yvette, fomos amaciando a DAW com o
Hegel H590 (leia teste 2 nesta edição). Foi um aprendizado e tanto,
ter as duas Wilson Audio ao mesmo tempo em nossa sala de teste.
Acho que isto jamais voltará a ocorrer. É que nem o cometa Halley:
acontece uma vez por século! E ainda desfrutamos por uma sema-
na, antes da Yvette ir para o seu dono, de ambas amaciadas, para
poder fechar a nota da Sasha DAW.
Foram mais de 20 páginas de anotações pessoais, para quando
estivesse a escrever este teste, tivesse a mão todos os detalhes
observados desde a queima inicial até às 300 horas de amaciamen-
to, quando ela finalmente entrou em teste.
Como sempre faço com toda Wilson Audio, só tirei as ‘benditas’
rodinhas quando tive a certeza que nada mais havia para amaciar.
E, ao contrário da Yvette, que já sai tocando bonito, a DAW precisa
de pelo menos 100 horas de rodagem para começar a mostrar suas
‘impressionantes’ qualidades.
E o fato da Yvette ser um único gabinete, o ajuste desta na sala é
muito mais simples e amigável. A Sasha DAW, ao contrário, é pre-
ciso esperar toda a queima antes de realizar todos os ajustes de
posicionamento, e o do cabeçote para o alinhamento de tempo.
Sabendo desses macetes desde o teste da Sasha 2, resolvi fazer
as primeiras impressões bem curtas (apenas 4 horas), e a coloquei
junto com o Hegel H590, para ambos amaciarem simultaneamente.
Fiquei tão impressionado com a Yvette, que achei que a Sasha
DAW teria apenas maior poder dinâmico, maior refinamento nas al-
tas e maior peso e energia nos graves. Voltei a ouvir a DAW com
100 horas e percebi que estava completamente errado nas minhas
expectativas iniciais, pois sua sonoridade tinha algo ainda mais ca-
tivante que a Yvette. A música parecia brotar de um silêncio ainda
mais intenso, sem esforço ou qualquer tensão.
Tudo fluía com tamanha naturalidade que o que era para ser uma
audição de apenas 6 faixas, se estendeu por quase 7 horas. Como
a Yvette tinha apenas mais duas semanas antes de ser devolvida,
tratei de acelerar o amaciamento, pois não poderia perder a oportu-
nidade de compará-las. Estipulei, então, o próximos encontro para
as 250 horas. E tratei de encerrar o teste da Yvette, já sabendo que
viria ‘chumbo grosso’ mais adiante.
Com as melhoras audíveis com as 250 horas, decidi retirar as ro-
dinhas e colocar os spikes e tentar o primeiro ajuste de alinhamento
temporal na DAW, e depois esperar a visita do querido amigo Fred
Ribeiro para realizar o ajuste final. O único detalhe é que a posição
da DAW, já com os spikes, era muito semelhante com a Yvette, en-
tão o trabalho de colocar uma e tirar a outra, impediu aquela audição
aXb como eu desejava. Então remarquei para o último final de sema-
na em que a Yvette estaria conosco.
Foi muito elucidativa esta audição, pois permitiu entender clara-
mente as diferenças e semelhanças entre as caixas e para mim ficou
bem claro a direção que os novos projetos deste fabricante querem
imprimir e mostrar ao mercado.
Ambas as caixas possuem um grau de musicalidade que só tinha
visto (em tamanha proporção) na Alexandria XLF. E quando falo em
musicalidade, estou inserindo neste contexto os nossos 7 quesitos
da metodologia (equilíbrio tonal, soundstage, textura, transientes,
corpo harmônico, organicidade e dinâmica).
A DAW vai muito além da correção e conforto auditivo da Yvette,
pois possui performance de caixas Wilson Audio muito maiores
(como a Alexia 2 e a Alexx). Ela não se intimida com absolutamente
nada, nenhum gênero musical, mesmo com obras de inteira com-
plexidade dinâmica.
Mesmo em nossa sala de 50 m², em que já tivemos e testamos
caixas de maior gabinete, a Sasha DAW se comportou como ‘gente
grande’ de verdade. Certamente grande parte desta incrível perfor-
mance se deve aos detalhes que foram muito pontuais e assertivos.
Busquei nas minhas anotações as faixas que mais trabalho deram
para a Sasha 2 e para a Alexia, e lá fui eu repassar todas essas
faixas, com o mesmo SPL, nas DAW. E para meu espanto e sur-
presa, o comportamento foi primoroso. Total controle dinâmico e
tonal, nenhuma ‘rusga’ ou qualquer tipo de endurecimento no sinal.
Impávidas e sempre prontas para o próximo desafio.
Seu equilíbrio tonal nos faz repensar muitas coisas, pois é difícil
deduzir como essa nova Wilson Audio consegue ter tamanha ex-
tensão e corpo nas altas e nunca endurecer o sinal, mesmo em
gravações que tecnicamente falharam na escolha do microfone ade-
quado. Ouvi dezenas de gravações em que a última oitava da mão
direita do pianista quase endurece, retirando todo o feltro do martelo
e nos ‘brindando’ com um som de vidro. Na DAW, a reprodução
ainda que não seja correta, não nos agride e nem tão pouco diminui
a intensidade do ataque, extensão e decaimento.
É absolutamente incrível o que este novo tweeter da Wilson Audio
é capaz de nos mostrar em termos de correção e precisão. Achei
que os agudos da minha Kharma Exquisite Midi eram o ‘suprassu-
mo’ em termos de clareza e conforto auditivo, e agora essa ganhou
um concorrente à altura. E com uma vantagem: o corpo dos pratos,
a embocadura de instrumentos de sopro como sax soprano, flauta
e trumpete, são ainda mais corretos!
A região média tem muito do realismo da Alexia, mas achei que
alguma coisa foi ainda mais aprimorada em relação à primeira
Alexia, pois a velocidade, ambiência, textura e organicidade, são
ainda mais verossímeis. O acontecimento musical se materializa a
nossa frente de forma tão palpável, que nosso cérebro demora um
36 OUTUBRO . 2019
lapso de segundos para entender o que está ocorrendo. Algo nos
avisa, interiormente, que estamos recebendo sensações auditivas
que ainda não haviam sido escutadas e depuradas!
Minha única esperança de que vocês entendam o que aqui escrevo,
é que possam um dia escutar esta espantosa caixa em um setup e sala
adequados. E se tiverem essa oportunidade, tenho absoluta certeza
que suas referências a respeito de caixas acústicas sofrerão alguns
abalos, pois tocam como caixas muito maiores, possuem um controle
dinâmico inimaginável e o fazem com uma ‘finesse’ inacreditável!
Um amigo, ao escutar, teceu o seguinte comentário: “Possuem a
energia de PA, com o refinamento de caixas Hi-End Estado da Arte!”.
Esta observação foi compartilhada depois de ouvirmos a faixa 8,
Dangerous Curves, do disco do King Crimson - The Power To Believe.
Quem conhece esta gravação, sabe o quanto é difícil estabelecer
um volume e não ter que diminuir quando a música atinge seu clímax
final. O sistema, e principalmente a caixa, precisam ter ‘muita folga’
para transmitir o que os engenheiros captaram nesta difícil gravação.
Mas, a DAW vai mais adiante que sua irmã Yvette e que a minha
caixa de referência, ao nos mostrar detalhes quase que subterrâne-
os nos riffs e na condução de tempo do baterista. Robert Fripp nos
brinda com sutis variações no tempo forte, que passam completa-
mente despercebidas em todas as outras caixas em que já ouvimos
este disco. Essas micro variações aparecem no meio de uma parede
de distorções em um crescendo semelhante ao do Bolero de Ravel,
versão eletrônica.
CAIXAS ACÚSTICAS WILSON AUDIO SASHA DAW
É isto que denominamos com entender a intencionalidade por trás
da obra, da virtuosidade do músico, do arranjo, etc. E os graves
da Sasha DAW, para decifrar como conseguem com dois falantes
de oito tamanha precisão, velocidade e deslocamento de ar, recorri
de novo as anotações dos testes da Sasha 2 e da Alexia. E posso
garantir que ambas não tinham este grau de requinte e emoção.
Mesmo a Alexia com um woofer de 8 e um de 10 polegadas!
O que os engenheiros da Wilson conseguiram neste projeto é um
assombro de avanço tecnológico de quebrar com paradigmas da
física em relação ao tamanho dos falantes e área do gabinete. Mas
esqueçam aquele grave balofo, que você sai da sala e quando volta
ele ainda está soando. Nada disso! É um grave incisivo e cirúrgico,
que não embola, não colore e não ofusca o médio-grave. Está ali
pelo tempo em que o engenheiro de gravação e os músicos queriam
que estivesse.
Seu soundstage só não será impressionante se não foi feito o
alinhamento temporal correto, ou a sala tiver problemas sérios de
acústica, como por exemplo não dar o espaço mínimo necessário
para as caixas respirarem. É preciso entender que é uma caixa de
porte médio, mas que resulta em uma sonoridade de caixa grande.
Então são essenciais as mínimas condições necessárias de areja-
mento entre elas, entre as paredes laterais e às suas costas.
Dadas as condições, o ouvinte terá um palco monumental, tanto
em largura, como altura e profundidade. Seu foco, recorte e repro-
dução de ambiência eu só havia escutado na Alexandria XLF, com
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38 OUTUBRO . 2019
tanto respiro e silêncio entre os instrumentos. Um foco e recorte tão
preciso que é possível ‘ver’ enquanto ouvimos que no CD The Civil
Wars - Barton Hollow, a voz masculina é alguns centímetros mais
alta que a voz feminina (veja a foto na contracapa do disco, e terão
uma ideia do que estou dizendo). A DAW é capaz de nos mostrar em
detalhes até essas sutis diferenças de altura nas vozes.
Agora transporte essa preciosidade para reprodução de música
sinfônica e você terá em sua sala todos os planos dispostos como
foram captados pelos microfones, todos os naipes devidamente
apresentados, tanto em largura, como altura e profundidade! Agora
vá somando todos esses atributos, e imagine como seu cérebro se
sente depois de se acostumar com tamanha interação e conforto
auditivo! Você não quer de forma alguma voltar a nada inferior a isto.
Este é o problema! (ou a solução, dirão outros!).
Agora falemos da apresentação de texturas: geralmente as gran-
des caixas e os projetos mais corretos apresentam texturas subli-
mes na região média (onde está concentrada 70% de toda infor-
mação da música). Dificilmente notamos as variações de pele de
instrumentos de percussão (não falo de afinação), a qualidade das
peles, a qualidade dos músicos, dos microfones escolhidos, enfim
de informações que muitas vezes nos passam batido. Para a DAW
tudo é muito relevante para ficar em segundo plano, tão relevante
que obras que escutamos centenas de vezes como Música para
Cordas, Percussão e Celesta de Bartok, ganham uma dimensão em
termos de apresentação dos solos que você pensa estar ouvindo
uma nova versão daquela obra. Tudo é mais presente, refinado. A
sensação é que os músicos estão tocando com maior atenção e
precisão (claro que parte deste efeito é consequência da qualidade
dos transientes, mas ambos se juntam nesta obra de maneira a nos
fazer perceber um mar de nuances, nunca antes observadas), e a
tonalidade e a paleta de cores nos diversos instrumentos utilizados
nesta obra, ganham enorme evidência.
O mesmo fenômeno ocorreu com todos os exemplos de grava-
ções de quartetos de cordas. É possível perceber até mesmo se a
crina do arco dos instrumento está muito velha ou se é ainda muito
nova (os músico dizem que o ideal é quando a crina está com alguns
dias de uso, assim a sonoridade, além de mais viva, exprime melhor
as qualidades do instrumento).
Parecem apenas detalhes certo? Mas são detalhes que, se soma-
dos, exprimem exatamente o ‘caráter’ sônico da Sasha DAW. Como
já adiantei, os transientes são irretocáveis. Aliás isto talvez explique
o fato de todos os articulistas que tiveram o prazer de testar esta
caixa, escrevem que sua reprodução de instrumentos de percussão
são as mais corretas, precisas e naturais que já tiveram o prazer de
escutar.
E que melhores exemplos do que instrumentos de percussão para
se testar transientes? E quando falamos de instrumentos de per-
cussão, estamos incluindo, é claro, o piano. E as apresentações de
pianos nesta caixa são de nos fazer, literalmente, prender a respira-
ção. Você escuta em detalhes o corpo do instrumento, a digitação
e técnica nos pedais do pianista, a qualidade do piano, a qualidade
da captação e até o respirar do músico enquanto executa a obra
solo. Achava que a respiração evidente do pianista só aparecia nas
gravações da Philips do Claudio Arrau. Para minha surpresa, na
esmagadora maioria das gravações solistas que escutei na Sasha
DAW, é possível escutar a respiração de todos eles! O que torna a
sensação de materialização física do acontecimento musical ainda
mais realista, pois temos o corpo exato do piano a nossa frente, a
precisão na apresentação das texturas e transientes, o mais perfeito
equilíbrio tonal em todas as oitavas do instrumento, e ainda ouvimos
o pianista respirando enquanto executa a obra!
O que mais nosso cérebro e nossos ouvidos podem desejar?
Foi esta a pergunta que um amigo me fez, depois de ouvir Claudio
Arrau, Nelson Freire e Hèlène Grimaud. Só pude balançar a cabeça
positivamente e concordar que ouvir nossos discos desta maneira
vai muito além de ter um sistema perfeitamente ajustado, pois ex-
trapola nossas expectativas e nos apresenta uma nova ‘realidade
virtual’.
Sim entramos em uma nova era em que ‘vemos’ o que ouvimos, e
isto fará uma mudança significativa em como serão trabalhado, da-
qui para a frente, os sistemas Estado da Arte de padrão superlativo.
Como o sistema da Nagra que estamos testando também se en-
contra neste mesmo patamar das caixas DAW, resolvi descer o nível
e às liguei no nosso sistema de referência (Pré Dan D’Agostino e
power Hegel), e para minha surpresa o comportamento da DAW
em todos os quesitos da nossa Metodologia não sofreram grandes
alterações. Claro que, com os Nagras, a DAW se sente muito mais
confortável, pois são do mesmo nível. Mas com o Hegel, por ter o
dobro de potência que os monoblocos da Nagra, a Sasha DAW
pôde mostrar sua capacidade de tocar nos volumes das gravações
sem mostrar nenhum tipo de saturação.
CAIXAS ACÚSTICAS WILSON AUDIO SASHA DAW
39OUTUBRO . 2019
CONCLUSÃO
O nosso leitor assíduo deve estar se perguntando: se a Yvette
já foi tão impressionante, o que a Sasha DAW pode ter de tão me-
lhor? Eu também me fiz esta mesma pergunta, meu caro. E algumas
respostas são dadas como um soco capaz de nos levar à lona no
primeiro segundo ao soar o gongo.
As Yvette são caixas com enorme apelo, e que conseguem mos-
trar o que uma caixa acústica pode realizar com as suas músicas
preferidas. Mas a Sasha DAW vai muito além, ao mostrar o que exis-
te na música e que ainda não foi apresentado com tanto requinte e
precisão. Ela não se intimida em ser comparada com nenhuma outra
grande caixa, seja da própria Wilson Audio ou de outros fabricantes
também altamente conceituados. E pode acreditar, se você der essa
chance a ela, de ser comparada com a caixa que você julga ser de
um nível também superlativo, ela não fará feio de maneira alguma.
Para mim é de todas as caixas da Wilson Audio que testei, de
longe, a que achei mais impressionante. Claro que tenho que deixar
de lado a Alexandria XLF, pois está fora das minhas possibilidades
totalmente, mas se formos avaliar apenas por custo e performan-
ce, é a melhor caixa da Wilson Audio que podemos sonhar em ter
(desde que este seja o objetivo, a melhor caixa Estado da Arte pelo
menor valor). Se o critério for performance, a Sasha DAW me parece
imbatível em sua faixa de preço.
Suas qualidades se mostram por todos os ângulos: construção,
tecnologia, capacidade de ajuste para diversas salas e, claro, sua
performance de caixas muito mais caras e maiores. Ela me con-
venceu completamente e depois de 4 anos e meio com a Kharma
Exquisite Midi, passa a ser nossa nova caixa de Referência.
Veja que estamos falando de uma caixa que custa, nos Estados
Unidos (Exquisite Midi), mais que o dobro da Sasha DAW, e ainda
assim este modelo da Wilson Audio se mostrou inteiramente supe-
rior. Se eu não tivesse ouvido, eu não acreditaria isto ser possível!
ES
PE
CIF
ICA
ÇÕ
ES
Drivers por Caixa
Woofers
Médios
Tweeters
Gabinetes e Materiais
Modulo Superior
Modulo de Graves
Medições
Sensibilidade
Impedância nominal
Amplificação mínima
Resposta de frequência
Dimensões (L x A x P)
Peso (cada)
Peso do par embalado (aprox.)
2x 8 polegadas
1x 7 polegadas
1x domo de 1 polegada
Duto traseiro, Materiais X&S
Duto traseiro, Material X
91 dB (1 Watt a 1 metro a 1 kHz)
4 Ohms (mínimo 2.48 Ohms @ 85 Hz)
25 Watts por canal
20 Hz a 30 kHz (+/- 3 dB)
36.83 x 113.67 x 58.26 cm
107.05 kg
322.05 kg
VOCAL
ROCK . POP
JAZZ . BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
CAIXAS ACÚSTICAS WILSON AUDIO SASHA DAW
Equilíbrio Tonal 13,0
Soundstage 13,0
Textura 13,0
Transientes 13,0
Dinâmica 12,0
Corpo Harmônico 13,0
Organicidade 13,0
Musicalidade 13,0
Total 103,0
Ferrari Technologies(11) 5102.2902
US$ 76.000
PONTOS POSITIVOS
Uma caixa Estado da Arte capaz de concorrer com caixas
até mesmo custando o dobro dela.
PONTOS NEGATIVOS
Pela sua performance, absolutamente nada.
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41OUTUBRO . 2019
Muitos dos nossos leitores já haviam perdido a esperança de que
testaríamos o integrado top de linha da Hegel ainda neste ano. Eu
também, pois foi um ano tão maluco, de tantas idas e vindas, que as
duas vezes que o importador conseguiu ter um em estoque, o mer-
cado foi mais rápido em comprá-lo do que eu em pedí-lo para teste.
Então, quando a transportadora chegou trazendo os Edges da
Cambridge Audio, as Evokes da Dynaudio e o H590, tratei de co-
locar ele imediatamente em amaciamento, imaginando que ele não
ficaria muito tempo conosco. Felizmente estava enganado, pois já
se encontra em nossa sala de testes há dois meses e meio, tempo
suficiente para uma queima de 300 horas e um mês inteiro de testes
com diversos parceiros em termos de caixa e eletrônica.
Como consumidor de Hegel (já que tenho em nosso sistema de
referência um power H30) e por ter testado diversos produtos deste
fabricante, já me familiarizei com o ‘jeito’ que todo Hegel tem em
fazer sua apresentação inicial: sempre discreto, sem pressa, como
se os dias fossem mais longos do que realmente são. Mas sempre
já se impondo e mostrando à qualquer caixa acústica que, em suas
mãos, terão que sempre apresentar a melhor performance possível.
A Hegel nunca tinha dado um passo nesta direção, de apresen-
tar um integrado acima do H360 - agora já foi lançado o H390 - e
de certa forma esta estratégia parece ter sido muito assertiva, pois
colocou a empresa ainda mais em evidência no mercado de integra-
dos acima de 12 mil dólares! Um segmento que conta com marcas
de peso, como Gryphon, Vitus, darTZeel, Mark Levinson, Krell, etc.
Então só podemos elogiar o trabalho da empresa norueguesa em
querer uma fatia deste mercado mais acima.
Lendo os testes que começaram a pipocar a partir de novembro
de 2018, quando o H590 chegou ao mercado, os elogios são elo-
quentes e efusivos, exceto com a sua aparência, que para muitos
dos articulistas precisava ser revista, já que os concorrentes nesta
faixa do mercado cuidam muito bem da aparência e design de seus
AMPLIFICADOR INTEGRADO HEGEL H590
TESTE ÁUDIO 2
Fernando [email protected]
42 OUTUBRO . 2019
integrados. Acho pertinente, mas sou da opinião que mais vale o
que ouvimos do que o que vemos, em se tratando de equipamentos
de áudio. Então, como consumidor, o que irá realmente me fazer
levar um produto será o conjunto performance/custo, sempre!
Agora, se neste pacote vier junto um acabamento e design impe-
cáveis, isto para mim é um bônus!
E em termos de performance e versatilidade o H590 é impecável!
Mas, dos seus atributos sonoros e tecnologia, falarei mais adiante.
O Hegel foi ligado as seguintes caixas: Wilson Audio Yvette,
Dynaudio Evoke 50, Wilson Audio Sasha DAW (leia Teste 1 nesta
edição) e Kharma Exquisite Midi. Cabos de caixa: Quintessence da
Sunrise Lab, Tyr 2 da Nordost, e Halo 2 da Dynamique Audio. Fon-
tes digitais: MSB Select DAC, e Vivaldi e Scarlatti da dCS. Cabos
digitais: Transparent Reference Coaxial, Sunrise Lab Quintessence
Coaxial. Cabos de força: Sunrise Lab Quintessence, Transparent
PowerLink MM2, e Halo 2 da Dynamique Audio.
Segundo o fabricante, o Hegel 590 possui potência de 301 Watts
em 8 Ohms. Alguém perguntou ao CEO da Hegel a razão de 301
e não 300 Watts, e a resposta foi: “ Queríamos algo acima de
300 Watts para nos posicionarmos bem nesta faixa do mercado” -
parece mais uma brincadeira, mas está lá na ficha técnica 301 Watts
em 8 Ohms por canal. Humor é sempre bem-vindo, afinal este mer-
cado tornou-se bastante sisudo.
Outra crítica que li é o fato do H590 não ter um pré de phono
ou uma saída de fone de ouvido. Ora, a Hegel sempre defendeu
que seus clientes deveriam buscar o melhor pré de phono externo
possível, pois o foco da empresa sempre foi no digital e na topologia
de suas amplificações. Então acho que esta crítica só seria justa se
eles tivessem abandonado esta plataforma, mas não foi este o caso.
A frente continua como em todos os seus integrados: dois enor-
mes botões com a tela de LED ao centro. E a chave de liga/desliga
agora se encontra no centro, embaixo do aparelho, e não mais no
canto como era no H360.
Atrás, o H590 disponibiliza três entradas RCA e duas XLR no lado
analógico, e duas entradas coaxiais (uma BNC), três óticas, uma
USB e uma Ethernet, no lado digital - e uma saída coaxial BNC. Aqui
faço minha crítica à ausência de uma entrada digital AES/EBU.
Em relação à saída para fone de ouvido, a crítica tem algum senti-
do, já que a Hegel tem um circuito de amplificação de fone compe-
tente e não disponibilizar este recurso em seu integrado top, precisa
ter uma excelente justificativa para não tê-lo disposto.
Todas as tecnologias patenteadas pela Hegel, como:
SoundEngine, DualAmp (que separa os estágios de ganho de
tensão e corrente) e o DualPower (que fornece recursos específi-
cos à fonte de alimentação), e as mais recentes patentes no do-
mínio digital como: SyncroDAC (sincronização em oposição ao
assíncrono-upsampling), que trabalha em conjunto com a tecnolo-
gia LineDrive (que filtra as altas frequências). Todas são utilizadas e
aperfeiçoadas no H590.
Na parte de amplificação, o H590 trabalha em classe AB, mas se-
gundo o fabricante se trata de uma classe AB de alto bias (deixando
o H590 em classe A por muito mais tempo que o H360).
Agora são 12 pares de transistor por canal, e um transformador
totalmente remodelado para suportar sua fonte de alimentação
superdimensionada. Este é o motivo do H590 ser mais alto que o
H360.
No domínio digital, o H590 já utiliza o mais recente chipset AKM
que disponibiliza a segunda geração de processamento MQA
AMPLIFICADOR INTEGRADO HEGEL H590
43OUTUBRO . 2019
juntamente com PCM para 32-bit/384 kHz e DSD256 (pela entrada
USB). Com esta segunda geração, o usuário pode utilizar Tidal via
comando do smartphone ou tablet, com um arquivo MQA autenti-
cado diretamente do roteador para a decodificação feita completa-
mente dentro do H590.
Eu continuo afirmando: ainda que o streamer tenha evoluído mui-
to nos últimos 5 anos, este ‘muito’ é pouco quando você tem um
setup Estado da Arte para tocar sua coleção física de CDs, e um bom
setup analógico. E como estamos muito bem servidos nestas duas
frentes (analógico e digital), tratei de usar as duas entradas XLR para
ligar, em uma, o Boulder 500 com o toca disco Storm da Acoustic
Signature, meu braço SME Series V com a cápsula Soundsmith
Hyperion 2 (leia Teste 3 nesta edição). Os cabos XLR utilizados fo-
ram: Sax Soul Ágata 2 e Sunrise Lab Quintessence do Boulder para
o H590, e o Apex da Dynamique Audio e Transparent Opus G5 dos
DACs (MSB,Vivaldi e Scarlatti) para o H590.
44 OUTUBRO . 2019
AMPLIFICADOR INTEGRADO HEGEL H590
É o tipo de amplificador que já sai tocando agradável da embala-
gem, mas não espere dele, nas primeiras 300 horas, cenas de arrou-
bos pirotécnicos para a admiração de ‘plateias’, pois não ocorrerá.
Ele precisa ir se acostumando com o ‘ambiente’ em que foi coloca-
do, com o par de caixas que escolheram para trabalhar em dupla e,
principalmente, as fontes que irão fornecer o material sonoro.
Mas, a partir das 200 horas, quando as duas pontas começam
a desabrochar, anime-se, pois o despertar do H590 é contagiante.
Pois ele nunca se mostra acuado ou sem fôlego para disponibilizar
a demanda que lhe for pedida. Mas o faz sem ranger de dentes ou
colocar as garras de fora. Tudo com a mais alta finesse e controle
integral da situação. Nenhuma caixa utilizada o colocou nas cordas,
com nenhum gênero musical ou complexidade dinâmica!
Ele lembra muito o H30 em termos de autoridade e folga. Uma as-
sinatura sônica quente, na fronteira exata entre a topologia de tubos
e o estado sólido, que nos encanta por não acrescentar nada e nem
tão pouco se omitir.
Uma sonoridade inebriante, que nos faz querer descobrir o limite
do volume de cada gravação, e esmiuçar sem receio o ‘âmago’ da
captação, mixagem e masterização de cada faixa de cada disco.
Para os nossos leitores que possuem o H160 ou o H360, imagi-
nem tudo que vocês mais admiram nesses amplificadores, e elevem
exponencialmente todas essas qualidades ao limite, e terão uma
ideia exata do potencial deste integrado.
E aos que não são familiarizados com o ‘DNA’ da Hegel, mas tem
enorme curiosidade em conhecer, imaginem a maior folga possível
aliada à um conforto auditivo extremo e terão um vislumbre do que o
H590 é capaz de fazer em termos de amplificação.
Mas não confundam esta ‘maior folga’ com impetuosidade ou,
pior, com pirotecnia, pois o H590 desconhece esses ‘truques’ de
tentar turbinar algo mal feito ou repleto de compressão. O que ele
oferece é a medida exata do que se é possível extrair em termos de
amplificação, com os defeitos e qualidades inerentes a cada disco.
Se você se contenta em colocar a qualidade artística acima da
técnica, este integrado pode ser perfeito para você. Mas não se ilu-
dam, pois ao subir de patamar para o andar de cima, o H590 se
tornou ainda mais seletivo com seus pares (ouço que muitos leitores
desistiram do Hegel 300 e 360, por ser preciso colocar cabos cor-
retos para se extrair todo o seu potencial - como se isto fosse um
defeito e não uma qualidade).
Mas, voltando aos pares ideais, busque cabos de força, de caixa e
de interconexão que possuam a mesma assinatura sônica do H590:
quentes sem serem fechados nos agudos. É preciso que tenham
arejamento, velocidade, corpo de cima a baixo, e o melhor equilíbrio
tonal possível. Com esses cuidados, o resultado, meu amigo será
exuberante!
Seu silêncio de fundo permite um resgate da micro-dinâmica que
muitos sistemas de pré e power separados não possuem. Seu sou-
ndstage (palco, foco, recorte e ambiência) é infinitamente superior
ao do H360, o que permitiu audições de música clássica com uma
imersão ainda maior.
O que sempre me agradou no H30 é que não há nenhuma faixa
do espectro audível em que ele jogue luz, ou tente inventar qualquer
coisa. E no H590 neste aspecto é exatamente semelhante, pois seu
silêncio de fundo não o torna mais transparente e, consequente-
mente, mais analítico e frio. Pelo contrário, as audições são sempre
confortáveis pela soma de sua folga absurda e sua naturalidade,
graças ao excelente equilíbrio tonal.
E este conjunto ‘harmonioso’ de qualidades é que proporciona
texturas magníficas e um convite a se ‘memorizar’ todo tipo de tim-
bre de qualquer instrumento - qualquer um! Coloquei o Bolero de
Ravel, a gravação que indiquei no meu último Opinião, para escutar
no Hegel H590 com as caixas Sasha DAW. A facilidade de acompa-
nhar mesmo os solos de mais de dois instrumentos foram incríveis!
Muito próximo do sistema de referência, tanto em termos de confor-
to auditivo, como de inteligibilidade. O que significa muito em termos
de resolução para um integrado!
ANALISANDO O DAC INTERNO
O DAC interno do H590 parece ser de uma outra geração em
relação ao DAC que ouvimos no H360.
Mais silêncio, timbres mais reais, melhor foco, recorte, silêncio
em volta de cada instrumento, e uma sensação de materialização
do acontecimento musical (Organicidade) que não havia no DAC do
H360. Realmente os engenheiros da Hegel avançaram substancial-
mente neste novo DAC, colocando em ‘xeque’ muito DAC externo
de grandes empresas.
Musical, preciso em termos de tempo e ritmo, equilíbrio tonal cor-
retíssimo e excelente corpo harmônico. Em relação às nossas refe-
rências utilizadas (todos Estado da Arte, custando dez vezes mais)
as diferenças estão na materialização do acontecimento musical e
no soundstage - tudo soa mais entre as caixas, os planos são me-
nores (altura, largura e profundidade) e falta aquele último grau de
3D na apresentação, deixando as orquestras muito mais bidimen-
sionais.
Volto a ‘enfatizar’ que estamos falando de um comparativo com o
suprassumo da referência digital do mercado, então parece até des-
leal essa comparação. Mas é importante passar para vocês o nível
em que o digital se encontra lá no topo, e os avanços atingidos pelo
H590 em relação ao H360, pois foi um salto grande!
45OUTUBRO . 2019
CONCLUSÃO
Quem tiver o H300 ou o H360 são os mais sérios candidatos a
realizar este upgrade, pois além de totalmente seguro, o prazer em
descobrir todos os avanços existentes no H590 compensará todo o
dinheiro investido, acreditem!
Engana-se quem achar que encontrará apenas mais ‘músculo’,
pois não é apenas mais potência que faz do H590 um integrado tão
especial. O conjunto de avanços e os cuidados no aprimoramento
do que já era muito bem feito, levou a Hegel a pular de patamar e en-
trar para o hall dos fabricantes que desejam o consumidor que bus-
ca o sistema definitivo, e que está disposto a investir neste sonho.
Tirando algumas ‘brechas’ de quem ainda é novo neste segmento
mais top, como o design, em matéria de sonoridade o H590 não fica
devendo absolutamente nada aos que já estão há anos trabalhando
este audiófilo mais exigente.
Se você almeja um integrado definitivo e seu foco é puramente na
performance e custo, meu amigo, escute com enorme atenção o
H590. Pois, como diria o mineirinho: “É um baita de um amplificador
ES
PE
CIF
ICA
ÇÕ
ES
Potência de saída
Fator de amortecimento
Entradas
Saída de linha
Dimensões (L x A x P)
2x 301 W em 8 Ohms
Mais de 4000
3 óticas, 2 coaxiais (1 BNC), USB, rede, 2 XLR, 3 RCA
2 RCA (variável e fixa)
43 x 17,1 x 44,5 cm
PONTOS POSITIVOS
Uma relação custo e performance muito alta para um
Estado da Arte.
PONTOS NEGATIVOS
A falta de uma entrada digital AES/EBU, e um design mais
simplista para esta faixa de preço.
VOCAL
ROCK . POP
JAZZ . BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
AMPLIFICADOR INTEGRADO HEGEL H590AMPLIFICADOR INTEGRADO HEGEL H590 -
NOTA COMO DAC
Equilíbrio Tonal 13,0
Soundstage 12,0
Textura 12,0
Transientes 13,0
Dinâmica 11,5
Corpo Harmônico 12,0
Organicidade 12,0
Musicalidade 12,0
Total 97,5
Equilíbrio Tonal 12,0
Soundstage 11,5
Textura 11,5
Transientes 12,5
Dinâmica 10,5
Corpo Harmônico 11,5
Organicidade 11,5
Musicalidade 12,0
Total 93,0
Mediagear(16) 3621.7699
R$ 78.764
integrado, sô”, com recursos de sobra que atendem a todas as no-
vas demandas digitais e uma autoridade integral com qualquer par
de caixas disponível no mercado.
Se é esta solução que você busca para ouvir sua coleção de dis-
cos, coloque-o no seu radar de possíveis upgrades futuros e defi-
nitivos.
HTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=F65MODZN4GK
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47OUTUBRO . 2019
Às vezes somos levados a um novo caminho, por uma série de
eventos inesperados. E meio que atordoados, a princípio sequer
imaginamos o que ocorrerá. Assim posso descrever meu contato
com a linha de cápsulas da Soundsmith e, em particular, com a nova
Hyperion MkII.
Tudo começou quando a minha referência em cápsulas, a Air
Tight PC-1 Supreme, foi para o estaleiro, após quase 5 anos de uso
diário, e precisou praticamente serem refeitos a agulha e o cantilever.
Para você que está pensando em se aventurar a montar um sistema
analógico, lembre-se que cápsulas se desgastam e necessitam de
manutenção de tempos em tempos. Claro que a maioria de vocês
não submeterá seu sistema analógico a 4 a 5 horas diárias de uso
(como eu).
Mas mesmo que você utilize apenas nos finais de semana, ou por
uma ou duas horas diárias, um dia ele irá abrir o bico e pedir retifica
na certa. Afinal estamos falando de atrito mecânico, e por melhor
que seja o material utilizado, sempre haverá desgaste.
Pois bem, nesses 11 meses que aguardei o retorno da minha cáp-
sula, me aventurei em ouvir muitas outras cápsulas, e este processo
forçado me levou a conhecer excelentes opções, como por exem-
plo a Transfiguration Proteus (também japonesa), com uma relação
custo/performance impressionante (custa literalmente a metade do
preço da PC-1 Supreme), ouvi e testei também a Grado Statement 2
(outra cápsula muito correta e musical, ainda mais barata que a
Proteus) e a Quintet Black da Ortofon, excelente custo/benefício
para quem deseja uma cápsula de entrada, mas com atributos de
cápsula definitiva para sistemas analógicos Diamante Referência
com um pé no Estado da Arte.
O interessante é que, cada vez que me aventurava a escutar uma
nova cápsula, lá vinha o nosso colaborador André Maltese insta-
lar a dita cuja e sempre ele me dizia: “Você precisa escutar a nova
Hyperion MkII ou alguma cápsula intermediária da Soundsmith.
E me contava a história de como conheceu Peter Ledermann e
ficaram amigos.
CÁPSULA SOUNDSMITHHYPERION MKII ES
TESTE ÁUDIO 3
Fernando [email protected]
48 OUTUBRO . 2019
CÁPSULA SOUNDSMITH HYPERION MKII ES
Quem conhece o Maltese sabe de sua paixão por analógico e
seu vastíssimo conhecimento (com muita propriedade) de cápsulas,
braços, toca-discos, prés de fono, etc. Você pode passar dias e
dias conversando com ele, e aprender uma enormidade de ‘causos’
e histórias deste mercado analógico. O cara é uma enciclopédia,
capaz de dizer até o ano de fabricação de uma determinada série de
cápsulas que foram vendidas apenas 100 unidades.
Mas, seu conhecimento vai mais longe, ao nos mostrar o ‘caminho
das pedras’, o que casa bem com o que, e o que desanda. Pois bem,
depois de contar-me toda a história do fundador da Soundsmith,
Peter Ledermann e como o conheceu e o ajudou a arrumar um dis-
tribuidor no Brasil, e começou a descrever do que é feito o cantilever
de suas cápsulas, uma luz de interesse acendeu na minha cabeça.
Peter ainda hoje realiza a retificação de inúmeras cápsulas de vários
fabricantes. Como diria o ex-presidente americano Barack Obama:
“Ele é o cara”. Com tamanha expertise e a possibilidade de ver o que
todos os grandes fabricantes de cápsulas faziam, para diferenciar
seus produtos ele resolveu fabricar suas próprias cápsulas.
Esses anos todos de retificação o ajudaram principalmente a sa-
ber o que ele não deveria fazer, para poder conquistar seu lugar ao
sol como fabricante de cápsulas. Então começou por estudar o que
poderia ter de diferencial em relação à concorrência, e descobriu
dois caminhos que o diferenciariam de todos: o sistema que ele ba-
tizou de DEMS (Dynamic Energy Management System) e seu can-
tilever feito de espinho de cactus - sim meu amigo, você entendeu
perfeitamente: cactus, aquela planta exótica que você encontra em
regiões áridas e que aparecem nos filmes de Hollywood nos anos 60
para descrever paisagens na divisa com o México.
49OUTUBRO . 2019
O sistema DEMS consiste no estudo de direcionar as forças vibratórias do atrito da agulha
com os sulcos, para longe da agulha, sem reflexões e que sejam dispersadas adequadamente
pelo braço do toca-discos. A ausência dessas reflexões permite que a agulha permaneça em
um contato muito maior com a parede dos sulcos dos discos. Resultado: aumento de todos
os detalhes do micro ao macro, e redução drástica do ruído de fundo dos discos que tanto nos
incomodam entre uma faixa e outra ou nas passagens em pianíssimo.
Mas, o sistema DEMS vai ainda mais adiante, ao repensar a construção da cápsula saindo do
convencional design quadrado, que a maioria dos fabricantes utiliza. Peter percebeu que esta
construção interna quadrada influi nas reflexões vibratórias, causando inúmeros problemas que
voltam para a agulha, fazendo-a vibrar ainda mais.
Ele nos dá o exemplo de cantar em um campo aberto em comparação a cantar no chuveiro.
As reflexões do cantar no chuveiro se misturam, causando ondas vibratórias impossíveis de
serem isoladas depois de iniciadas. Para contornar este problema, suas cápsulas não utilizam
construções internas quadradas, sendo visualmente mais largas lateralmente.
Peter, de tanto retificar cápsulas consideradas ‘superlativas’, percebeu que pequenas mu-
danças resolveriam problemas óbvios. Decidiu, ao produzir suas cápsulas, que desafiaria todas
as convenções de construção das mesmas, mudando e estudando tudo que fosse possível.
E, de tanto retificar cantilevers de tubos, feitos de inúmeros materiais rígidos, percebeu que se
conseguisse aliar as suas descobertas do sistema DEMS a um novo material rígido o suficiente
para suportar o atrito mecânico da agulha com o disco, mas que fosse maleável o suficiente
para diminuir as reflexões, ele daria um salto gigantesco. E foi aí que surgiu o cantilever de es-
pinho de cactus.
Depois de pesquisar uma infinidade de materiais que tivessem alta rigidez e, ainda assim,
fossem maleáveis, sua resposta não veio da mistura de metais, e sim da natureza. Peter fez
alguns protótipos com cactus e descobriu que este possuía as condições ideais para trabalhar
com o sistema DEMS.
Mas, faltava ainda um último passo para suas ideias fugirem do convencional. Ele queria
avançar também no desenvolvimento de suas bobinas, e defende com enorme veemência e
muita argumentação sua escolha pelo que ele chama de Bobina Fixa Soundsmith. Em um artigo
em seu site, Peter defende sua ideia de bobina fixa com muitos números e diferenças sônicas e
de medições. Darei uma breve pincelada nos principais argumentos, caso contrário este teste
terá 20 páginas, rs.
Segundo Peter, as vantagens mais relevantes são: até 1600% menos massa interna do ‘ge-
rador’ em movimento, que resulta em uma recuperação de microdetalhes muito maior. Energia
armazenada muito menor, diminuindo drasticamente as energias refletidas. Frequência resso-
nante natural muito mais alta - ressonância de amplitude mais baixa. Suspensão muito mais
robusta, permitindo a eliminação de desvio de azimute, com capacidade de ser reconstruída
inúmeras vezes (outra vantagem do uso de cactus) e probabilidade de ‘sobreviver’ a um aciden-
te sem distorcer a suspensão interna.
Outras vantagens citadas pelo fabricante: seu design diferenciado, com seis lados totalmente
blindados, permitem uma proteção de Faraday à bobina e uma rejeição de ruídos e zumbidos
muito superior à qualquer projeto de cápsulas MC, MI ou MM.
50 OUTUBRO . 2019
CÁPSULA SOUNDSMITH HYPERION MKII ES
O seu sistema Fixed Coil reduziu drasticamente a massa que deve
ser movida entre a agulha e o cantilever (veja foto acima).
Peter esclarece que sua tecnologia de bobina fixa permite pelo
menos 5 vezes menos massa móvel interna. E as leis da física tra-
duzem isso em um desempenho 10 vezes melhor devido à menor
energia armazenada no movimento angular. Pois quanto mais mas-
sa, mais energia armazenada e mais tempo leva para movê-la, e
a energia refletida volta para a agulha - o que consequentemente
causa a vibração da agulha, trazendo perda de detalhe, barulho de
sulco, menor inteligibilidade e menor prazer em ouvir a música.
Outra questão essencial dessa vibração que volta para agulha,
é que a mesma começa a pular dentro dos sulcos (como um carro
não apropriado para isso andando em off road). Consequentemente,
o que ouvimos não é mais o sinal resultante do sulco do disco. É o
resultado audível da vibração das ranhuras e do contato impreciso
da agulha com as paredes do sulco. E Peter descreve esta situação
como: “Tentar entender uma história com o livro faltando páginas”.
Por isso, ele insiste: “Se você diminuir a massa do gerador, duas
coisas acontecem: menos esforço é necessário para movê-lo e me-
nos energia refletindo de volta ao cantilever e a agulha, resultando
em muito menor vibração da agulha no sulco, aumentando drastica-
mente o contato da agulha com as ranhuras do sulco”.
Eu realmente aconselho a leitura completa do artigo, pois além
de muito bem fundamentado, dará uma ideia clara da seriedade e
do conhecimento de Peter Lederman à respeito do assunto. Além
de ser uma sumidade, ele tem o cuidado de escrever também
para o leigo que está apenas iniciando neste maravilhoso universo
analógico.
O que certamente todos que chegaram a esta altura do teste
devem estar se perguntando é: todo este diferencial é audível? Já
chegarei lá.
Para o teste, que foi feito em duas etapas, utilizamos os seguintes
equipamentos. Toca-discos: AVM 5.3 (leia teste na edição 255), e
Storm da Acoustic Signature. Braços: original do AVM, e SME Se-
ries V. Pré de fono: Boulder 500. Eletrônica: prés de linha Nagra HD
e Dan D’Agostino Momentum, power Hegel H30 e Nagra Classic
Amp. Caixas Acústicas: Wilson Audio Yvette e Sasha DAW (leia Tes-
te 1 nesta edição), e Kharma Exquisite Midi. Cabos de interconexão:
Dynamique Audio Halo 2 e Apex (RCA e XLR), Sunrise Lab Quintes-
sence, Transparent Opus G5, e Sax Soul Ágata 2. Cabos de força:
Transparent PowerLink MM2, Dynamique Audio Halo 2, e Sunrise
Lab Quintessence.
O fabricante solicita 50 horas de queima. Diria que com 40 horas
já se terá uma ideia exata da exuberância desta cápsula, e que as
10 horas restantes são apenas de ‘acomodação’ dos dois extremos
e do soundstage. E que com apenas 20 horas, o consumidor que
escolher esta cápsula como referência já terá uma ideia cristalina do
‘Efeito Soundsmith’ em seu sistema.
Sou tão conservador com cápsulas como sou com pré-amplifica-
dores. Costumo ficar muitos anos com a mesma cápsula, quando
esta atende à dois critérios básicos: servir como cápsula de referên-
cia para testes e me atender como melômano. E como são critérios
distintos, poucas cápsulas realmente conseguiram me atender nes-
ses dois quesitos.
Sempre me perguntaram a razão de já não ter optado pelo uso
de dois braços. A resposta é simples: manter dois braços SME Se-
ries V e duas cápsulas de alto nível, e um pré de fono com duas
entradas simultâneas, custa caro - e com o dólar nas alturas, mais
caro ainda.
Então, prefiro manter tudo como está e buscar a cápsula que
atenda à esses dois requisitos da melhor maneira possível. A Benz
LP-S atendia mais ao meu lado de melômano com sua doce musi-
calidade, mas rapidamente foi superada em termos de performance
por cápsulas mais sofisticadas. Foi aí que, ao testar a PC-1 Su-
preme, descobri o ‘canto do cisne’ irresistível, e sucumbi aos seus
encantos.
À esquerda uma armadura de bobina móvel relativamente
pequena e nos padrões dos melhores fabricantes. À direita,
o maior modulador de fluxo da Sounsmith, diminuindo
drasticamente a inércia
51OUTUBRO . 2019
O que sempre gostei na PC-1 Supreme foi seu grau de precisão
e capacidade de extrair, mesmo em gravações tecnicamente mais
limitadas, a essência, sem tornar a audição cansativa ou desinte-
ressante. Seu poder de sedução nos prende do começo ao fim,
não nos deixando desviar do acontecimento musical nem por um
segundo. É uma cápsula que exige dos seus pares completa abne-
gação em transportar tudo que ela consegue extrair dos sulcos, não
aceitando nenhum desvio deste propósito. Com isso, cabos, pré de
fono e todo o resto têm que estar na mesma direção. Quando se
consegue este compromisso, estamos no paraíso sonoro. E, nes-
te aspecto, consegui por muitos anos manter meu setup analógico
ajustado para atender a todos os seus caprichos.
Mas, e quando tenho que testar cabos de braço, prés de fono,
cabos de interconexão, etc, que não estejam à sua altura de exigên-
cia, como faço? Pois bem, meu amigo, eu não fazia. Dava para os
nossos colaboradores testarem, pois não teria como aplicar nossa
Metodologia usando a Air Tight PC-1 Supreme. Eu a apelidei de
‘implacável’, tanto com os parceiros, como com os discos de longa
data, já marcados por décadas.
A Hyperion MkII parece ser muito mais zen na forma de tratar
seus pares e discos. Dizer que é melhor ou pior que as cápsulas que
passaram de 100 pontos em nossa Metodologia, não será o mais
relevante para apresentar seus diferenciais. Eles estão na soma de
detalhes, e na sua abordagem diferenciada de construção e concei-
tos, que a fazem tão diferente e única.
O Maltese estava absolutamente correto ao descrever a Hype-
rion MkII como a cápsula que exprime a música em sua totalidade,
sem esforço ou algum truque na manga. Ela parece tão segura de si
na sua capacidade de extrair das gravações o sumo do sumo, que
mesmo que seus pares não acompanhem, o prazer de continuar
ouvindo é tão intenso que você não irá parar de escutar, por achar
que algo em termos de sinergia precisa ser melhorado.
Claro que todos irão querer saber o seu teto, sua capacidade
de nos brindar com o maior prazer auditivo possível. Mas você irá
conviver com as limitações sem ansiedade ou frustração. Isto é um
exemplo claro de duas coisas: sua folga inigualável e sua compatibi-
lidade com pares de menor calibre, como cabos e eletrônica.
Suas virtudes são tantas que prefiro me concentrar em detalhar
as mais explícitas, aquelas que nos criam impressões sonoras para
sempre em nossa memória auditiva. A primeira, e a mais eviden-
te, é sua reconstrução dos detalhes. São tantos e em tão grande
abundância, que nos primeiros dias a sensação é que você foi
52 OUTUBRO . 2019
CÁPSULA SOUNDSMITH HYPERION MKII ES
presenteado com remasterizações exclusivas de todos os seus dis-
cos. Nenhum disco que ouvi nesses dois meses de convivência to-
cou sem apresentar algum detalhe que eu jamais havia escutado em
setup analógico algum!
Sabe o que isso significa, amigo leitor? Espanto, espanto e mais
espanto! Da incredulidade passamos rapidamente para aquela
empolgação de termos sido surpreendidos com aquele presente
inusitado, que sempre desejamos ter, mas não sabíamos se existia
de fato!
À medida que o amaciamento avançou (para mais de 30 horas), o
segundo round é perceber o quanto de degraus a mais existe entre
um crescendo do forte para o fortíssimo. É impressionante como
a Hyperion MkII se comporta na resposta dinâmica, seja na micro,
como na macro. A lei do mínimo esforço sempre, como se o que
estivesse a nos mostrar fosse o acontecimento musical mais singelo
e simples de reproduzir, como um alaúde, ou um triângulo!
Coloque o que você quiser, como The Firebird, de Stravinsky, na
gravação da Telarc, ou a apresentação do pianista Vladimir Horowitz
no Carnegie Hall, com o programa que incluiu Schubert, Chopin,
Scriabin e Liszt, E com toda a variação dinâmica dessas obras, pode
ouvir a Hyperion MkII soar impávida e solene, sem perder jamais a
compostura ou folga.
Claro que as cápsulas acima de 100 pontos por nós já testadas,
todas possuem atributos suficientes para figurar entre as melhores
das melhores. Cada uma com sua assinatura sônica conquistou seu
lugar no pódio mais alto, justamente pela capacidade de dar um
enorme prazer auditivo. Isto obviamente explica a razão de termos
um leque de excelentes marcas e modelos hoje à disposição de
melômanos e audiófilos. Algumas muito mais exigentes com o setup
de braço, cabos e pré de fono, e outras como a Hyperion MkII, mais
maleáveis.
Esta maleabilidade ficou evidente ao usarmos, no teste, braços
tão distintos como o do AVM e o SME Series V (meu braço de re-
ferência há quase 8 anos). Em ambos, a Hyperion MkII se mostrou
inteiramente à vontade, sem ter perda alguma de suas maiores vir-
tudes: folga e detalhe. Claro que, no braço SME V, suas qualidades
foram ainda mais realçadas e refinadas, mas um braço mais simples
não tirou nada de seu ‘DNA’.
Uma outra característica que nos chamou muito a atenção, foi
sua capacidade de trilhar tanto discos mais novos como os mais
rodados, de 80 gramas e 90 gramas. De 33RPM ou 45RPM. Em
qualquer situação, sua capacidade de extrair a essência existente
no disco, realmente impressiona.
Não falo apenas de extrair mais informações, como ruídos de
boca, chaves de instrumentos de sopro, microvariações dinâmicas,
etc. Falo daquelas passagens que eram difíceis de entender que
instrumento estava dobrando uma oitava acima, das frases sus-
surradas que não conseguíamos entender, do trastejar de notas
que pareciam mais um esbarrão ou um vibrato sutil, ou uma micro
mudança tonal realizada na digitação - tudo está lá, ao nosso alcance,
Hastes não condutivas de Alumina para isolar o terra da cápsula para o braço sem alterar a transferência de energia entre eles.
53OUTUBRO . 2019
nos dando a oportunidade de perceber o grau de virtuosidade dos
nossos músicos preferidos e o grau de dificuldade técnica daquela
obra.
Para quem nunca ouviu um setup com essas características,
pode achar tudo isto bastante irrelevante. Mas não é. Acreditem.
As grandes interpretações se diferenciam das comuns exatamen-
te pelos detalhes, e são estes detalhes que expressam gostarmos
de uma determinada interpretação e não de uma outra que é, às
vezes, até mais bem arranjada e executada. São os detalhes que
podem nos levar às lágrimas ao ouvir determinada obra, ou nos fazer
prender a respiração em júbilo àquele momento imortalizado.
Tenho certeza que todos nós, que somos apaixonados por mú-
sica, temos dezenas de exemplos para mostrar aos amigos, filhos,
esposas, namoradas, daquela obra que arrepia os pêlos dos braços
e nos faz querer repetir aquele momento tão único por toda nossa
existência.
A Hyperion MkII é deste naipe, senhores. Capaz de nos levar da
lágrima à euforia em uma simples mudança de narrativa musical.
Ela não me parece muito distante da minha referência, que também
tanto admiro, mas tenho que admitir que o 1 ponto que as separam
em nossa Metodologia está exatamente em todos esses detalhes
que acabei de descrever.
Um ponto em nossa Metodologia é irrelevante, e parece algo frio
quando escrito em palavras. Mas, no caso específico desta cápsula,
este 1 ponto é o resultado do esforço de seu projetista, que ousou
pensar ‘fora da caixa’ e mostrar ao mundo que se pode criar e re-
alizar diferentemente, que pode-se questionar as razões que fazem
todos seguirem uma receita que funciona, para se lançar no abismo
de incertezas.
Claro que Peter não jogou tudo para o alto e começou do zero.
Sua perspicácia em aprender com os erros e acertos dos outros
é que o levou a ter a capacidade de ampliar suas ideias e buscar
soluções para os problemas .Este 1 ponto a mais, que coloca a
Hyperion MkII como a cápsula de maior nota já dada nesta revista,
pode parecer irrisório no segmento Estado da Arte, mas diz muito
em termos de esforço e o comparo aos recordes que, de quatro em
quatro anos, são alcançados nas Olimpíadas. Lá falamos em termos
de décimos de segundos, muitas vezes, e aqui estamos falando de
1 ponto apenas!
54 OUTUBRO . 2019
PONTOS POSITIVOS
A melhor cápsula Estado da Arte já testada por nós.
PONTOS NEGATIVOS
Preço.
VOCAL
ROCK . POP
JAZZ . BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
SINFÔNICA
CÁPSULA SOUNDSMITH HYPERION MKII ES
Equilíbrio Tonal 13,0
Soundstage 13,0
Textura 14,0
Transientes 14,0
Dinâmica 13,0
Corpo Harmônico 12,0
Organicidade 13,0
Musicalidade 14,0
Total 106,0
Performance AV Systems Ltda(11) 5103.0033
US$ 11.000
ES
PE
CIF
ICA
ÇÕ
ES
Tipo
Montagem
Diamante
Cantilever
Força de rastreamento recomendada
Massa efetiva da ponta
Compliância
Resposta de freqüência
Separação de canais (a 1000 Hz)
Separação de canais (@ 50 a 15.000 Hz)
Diferenças de canais
Tensão de saída (@ 5cm / seg)
Resistência DC
Indutância da bobina (por canal)
Ganho sugerido no pré-amplificador
Peso da cápsula
Resistência de carga recomendada
Capacitância de carga recomendada
Bobina fixa / ferro móvel (MI)
½ ” (padrão)
Contact-Line, nude
Espinho de Cactus seleciona-do e tratado
1,8 - 2,2 g
0,30 mg
- 12 μm / mN vertical, 7 μm / mN horizontal - 10 μm / mN (versão LT)
20 Hz a 20 kHz (± 1,0 dB)
> 36 dB > 34 dB (versão LT) Não disponível (versão Mono)
> 25 dB Não disponível (versão Mono)
<0,5 dB <1,0 dB (versão Mono)
> 0,40 mV
10Ω
2,75 mH
58 a 64 dB
12,2 g (série ES)
≥ 470Ω
Não disponível
Mas, assim como os superatletas que conseguem tamanho feito
e se tornam lendas dos esportes, diria que Peter Ledermann figurará
certamente entre os projetistas de cápsulas mais audaciosos e de-
terminados que o mercado de áudio hi-end já produziu. Sua maneira
de pensar e produzir irá representar, para as futuras gerações de
melômanos e audiófilos, como um divisor de águas.
Da minha parte, só posso afirmar que nossa nova cápsula de re-
ferência passa a ser a Hyperion MkII. Espero, em breve, também
poder testar as cápsulas abaixo da Hyperion e compartilhar com
vocês nossas impressões.
Pelo que tenho lido lá fora, o DNA da Hyperion está presente em
toda a linha, desde o modelo de entrada, às mais sofisticadas. Se
o seu desejo é colocar em seu setup analógico uma cápsula com
esta conjunção de qualidades, não perca tempo: ouça a Hyperion
MkII, uma cápsula que irá ditar os novos rumos das cápsulas de
nível Estado da Arte!
CÁPSULA SOUNDSMITH HYPERION MKII ES
55OUTUBRO . 2019
56 OUTUBRO . 2019
BIBLIOGRAFIA
EGBERTO GISMONTIMariana [email protected]
Egberto Gismonti
Fluminense de nascimento e de coração, torcedor inveterado do
time, Egberto Gismonti transita entre o popular e erudito sem o me-
nor problema. Ele invade o limite dos dois gêneros naturalmente,
mostrando-nos que o que realmente importa é a música. Esta foi
uma lição aprendida com seu tio Edgar (irmão de sua mãe), que en-
fatizava muito ao sobrinho, que existe apenas uma música, apenas
isso, sem qualquer outra adjetivação. Um bom exemplo é a música
‘Bodas de Prata’, composta para o disco ‘Academia de Danças’,
que posteriormente foi tocada por Wayne Shorter, Sarah Vaughan
(1924-1990), Mauro Senise, Nivaldo Ornelas, Jane Duboc, Yo-Yo Ma
e Martha Argerich. Ou seja, uma única composição tocada por artis-
tas das mais diversas vertentes musicais do mundo.
A vida e a obra de Gismonti podem ser contadas através de seus
discos e trilhas sonoras, por dois importantes motivos: o primeiro,
porque lançou mais de 60 discos, e o segundo, é que se ouvir a sua
obra cronologicamente é possível observar os ciclos composicionais,
EM COMEMORAÇÃO AOS 23 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 202
23
57OUTUBRO . 2019
marcados pelo seu aprendizado, mestres, influências e descobertas.
Egberto Gismonti nasceu em 5 de dezembro de 1947, em Carmo,
no interior do Estado do Rio de Janeiro, onde é conhecido como
Betinho, já em uma família de músicos. Seu avô materno era com-
positor e pianista, mas foi seu tio Edgard o principal inspirador mu-
sical. Clarinetista, mestre de banda e compositor oficial da cidade
do Carmo, ele é considerado seu maior exemplo, como músico e
pessoa. Era um grande músico, mas decidiu que não queria sair
de sua cidade para poder viver com sua família, criar e educar seus
filhos e netos.
Como um bom membro da família Gismonti, Egberto, desde muito
cedo, entre cinco e seis anos, já demonstrava interesse pela música,
ao ‘tirar de ouvido’ as músicas que sua irmã mais velha aprendia
nas aulas de piano. Este talento chamou a atenção dos pais, que
o colocaram para estudar piano com a mesma professora de sua
irmã. Depois, foi estudar no Conservatório Brasileiro de Música, em
Nova Friburgo (RJ), onde ficou por nove anos. Fez todas as matérias
obrigatórias, diversos métodos, mas o mais importante de tudo para
Gismonti foi sempre gostar da música. Com uma sólida formação
em piano, passou a estudar sozinho o violão. Para isso, aplicou tudo
que havia aprendido no Conservatório - solfejo harmonia, contra-
ponto, composição - para o violão em instrumento com seis, oito,
dez, doze e quatorze cordas.
Gismonti sempre foi um estudante dedicado, tendo como lema
estudar aquilo que não se domina. Para ele, de nada adianta estudar
o que já se sabe bem. Certa vez, em uma palestra no Conservatório
de Tatuí, durante o Festival Brasil Instrumental, ele enfatizou muito
esta prática, alegando que estudar o que já se conhece é cômodo,
o importante é dedicar-se ao que não se sabe direito ainda. Quando
perguntado quem foram seus mestres, Gismonti indica diversos
amigos e companheiros de palco, como Naná Vasconcelos, Zeca
Assumpção, Zé Eduardo Nazário, Wilson das Neves, Robertinho
Silva e assim por diante. Já Baden Powell (1937-2000), além de
mestre, é uma de suas maiores influências, tanto que gravou a
música ‘Salvador’ logo em seu primeiro disco solo (1969).
Além de mestres, Gismonti sempre fala em dívidas com seus
grandes amigos. Entre as já acertadas, está a com o poeta Manoel
de Barros, que escreveu sobre o disco ‘Música de Sobrevivência’
(1993). Em 2010, Manoel de Barros lançou o livro ‘Encontros’, e pe-
diu que Gismonti escrevesse a apresentação como ‘pagamento’ da
dívida e, assim sendo, o compositor não teve outra escolha. Outro
mestre e inspiração, no mesmo patamar do que tio Edgard é Ennio
Morricone, maestro e compositor italiano, conhecido por compor tri-
lhas para cinema, especialmente para os filmes de Frederico Fellini
(1920-1993).
Uma das composições mais conhecidas de Gismonti, ‘O Palhaço’,
do disco ‘Circense’ (1980), é inspirada na obra de Morricone. Além
disso, o estilo de vida do compositor italiano também serve de mo-
tivação. Morricone, depois da fama e consagração, mudou-se para
sua cidade natal na Itália e, atualmente, vive no anonimato, mesmo
mantendo uma agenda de shows com bastante atividade. Esta é a
meta de Gismonti, que considera sua obra já realizada importante.
O ano de 1968 marca o início de sua carreira, ao participar da ter-
ceira edição do Festival Internacional da Canção, no Rio de Janeiro,
com a música ‘O Sonho’, interpretada pelo grupo Os Três Moraes.
A música não ganhou nenhum prêmio, porém Gismonti fez o arranjo
para uma orquestra composta por cem integrantes, e foi isso que
chamou atenção de muitas pessoas. Mas uma em especial, mudaria
o rumo de sua vida.
A atriz e cantora francesa Marie Laforet ouviu a música e chamou
Gismonti para escrever os arranjos de seu novo trabalho, com a cer-
teza de que estava lidando com um músico muito experiente, visto
pela qualidade do que ouvira. Mas mal sabia que aquela tinha sido a
primeira grande apresentação de Gismonti. No início, ele escrevia os
arranjos e enviava pelo correio. Até que um dia, Marie Laforet ligou
para o compositor e o convidou para fazer um trabalho juntos em
Paris. Assim, em 1968, deixou o Rio de Janeiro, cidade que morou
pouco tempo, rumo a Paris. Chegando lá, Gismonti e Laforet forma-
ram uma parceria internacional e, como ela era muito conhecida e
respeitada, ele ganhava um salário jamais imaginado.
Quando Gismonti percebeu que ficaria mais tempo do que o
planejado na Europa, resolveu procurar professores de música.
Estudou análise e orquestração com Nádia Boulanger (1887-1979),
que foi professora de Quincy Jones, Astor Piazzolla (1921-1992),
Almeida Prado (1943-2010), entre outros. Além dela, também teve
aulas de música dodecafônica com o compositor Jean Baralaque,
um discípulo de Arnold Schoenberg (1874-1951) e Anton Webern
(1883-1945). Em 1969, lançou seu primeiro disco ‘Egberto Gismonti’
que, segundo ele, foi incentivado por Carlos Monteiro de Souza
(1916-1975), Durval Ferreira (1935-2007) e João Mello (1921-2010).
58 OUTUBRO . 2019
BIBLIOGRAFIA
Depois disso, vieram mais três discos: ‘Sonho 70’ no Brasil, ‘Janela
de Ouro’ e ‘Computador’ na França. Em 1971, lançou ‘Orfeu Novo’
e Água & Vinho’ em 1972, este aclamado e considerado a continui-
dade de seu processo musical. Alguns críticos da época afirmavam
que este representava mais um passo no caminho da construção da
obra de Gismonti.
A partir da década de 1970, diversas companhias de dança pas-
saram a coreografar as músicas de Gismonti. Entre elas está o Ballet
Stagium (São Paulo), que utilizou como trilha as músicas ‘Maracatu’,
‘Conforme a altura do sol, conforme a altura da lua’, ‘Dança das
Cabeças’, ‘Pantanal’ e ‘Variações sobre Villa-Lobos’. Já o Corpo de
Baile do Teatro Castro Alves (Salvador) dançou as músicas: ‘Sonhos
de Castro Alves’, ‘Jogo de Búzios’, ‘Berimbau’ e ‘Orixás’. Esta prá-
tica o inspirou a compor o disco em homenagem aos grupos que
escolhiam suas músicas para compor seus espetáculos. A história
deste disco é da época que era contratado da EMI-Odeon, em um
momento que a gravadora estava dispensando diversos artistas.
Então, com a certeza de que seria mais um deles, resolveu apro-
veitar seu último disco previsto em contrato para gravar ‘Academia
de Danças’ (1974). Ele passou por uma série de problemas para
ser lançado. O primeiro foi a escolha do nome, pois os executivos e
produtores da gravadora não gostaram. Depois de engolir o nome, a
gravadora teve sérias indigestões com o conteúdo do disco. Naquela
época, havia uma audição coletiva antes do lançamento, o lado A
todo passou sem nenhuma pausa e nenhuma palavra de ninguém
também. Decidiram nem ouvir o lado B, pois acharam o disco muito
difícil, mas lançaram mesmo assim porque havia custado muito caro.
Para surpresa de todos, inclusive do Gismonti, o disco foi muito bem
aceito e vendeu mais do que o esperado.
Gismonti também fez trilhas para o cinema. A primeira delas foi
para a comédia ‘A Penúltima Donzela’, com direção de Fernando
Amaral. Entre muitas outras, fez uma para o documentário ‘Terra do
Guaraná’, o filme francês ‘Raoni’, dirigido por Jean Pierre Dutilleux,
‘Amazônia’, dirigido por Monti Aguirre nos Estados Unidos, ‘El Viaje’,
dirigido por Fernando Solanas na Argentina, ‘Estorvo’, dirigido por
Ruy Guerra no Brasil etc. Além de danças e trilhas para cinema, a ver-
satilidade de Gismonti permitiu que ele fizesse trilhas para teatro tam-
bém. Começando em 1969, com a peça ‘Maria Minhoca’, de Maria
Clara Machado; depois, ‘Encontro no Bar’, de Bráulio Pedroso. A sua
relação com a França sempre foi muito estreita, por isso, em 1978,
fez a trilha para o clássico ‘O Pequeno Príncipe’, de Saint-Exupéry;
‘Sonhos de uma Noite de Verão’, de William Shakespeare e direção
de Werner Herzog; e ‘Água Viva’, de Clarice Lispector, com direção
de Maria Pia.
Entre 1977 e 1978, quando Gismonti tocava com o grupo forma-
do por Robertinho Silva, Luiz Alves e Nivaldo Ornelas, foi convidado
para gravar um disco pela alemã ECM. Nesta época, o Governo
Militar exigia um depósito compulsório, que consistia na obrigato-
riedade de um pagamento por todos que fossem viajar para o ex-
terior. Como o valor era alto, Gismonti teve que ir sozinho para a
Noruega gravar. Mas antes fez uma breve parada em Paris, onde
logo na primeira noite, enquanto jantava no restaurante La Coupolle,
encontrou o amigo e ator Zózimo Bul Bul, que o apresentou a Naná
Vasconcelos. Imediatamente, o chamou para gravar na Noruega e
ele aceitou. Eles ensaiaram um pouco nos dois dias que ficaram em
Paris e logo seguiram para Oslo. Como o próprio Naná disse, eles
tentaram colocar a Floresta Amazônica dentro do piano. O disco
foi uma grande ousadia musical para a época, primeiro por causa
da instrumentação: Gismonti tocando piano, violão de oito cordas e
flauta; Naná tocando diversos instrumentos de percussão, sendo um
deles seu próprio corpo, e tudo isso sob o selo de uma gravadora
alemã. Segundo motivo: as composições chocaram a todos, porque
o objetivo do disco era passar a ideia de dois curumins andando
pela floresta vendo os pântanos, clareiras, animais, rios e tudo mais
representado em duas suítes, uma em cada lado do disco. ‘Dança
das Cabeças’ (1977) ganhou diversos prêmios pelo mundo, entre
eles o Grammy de melhor disco estrangeiro e nota máxima (cinco
estrelas) da revista Downbeat. Depois deste trabalho, Naná foi con-
vidado pela ECM para gravar seu primeiro disco solo, onde realizou
um sonho: fazer um concerto com orquestra para o berimbau, com
arranjos do Gismonti.
No ano seguinte ao ‘Dança das Cabeças’, Gismonti homenageou
sua cidade natal, Carmo, com um disco homônimo. Teve início a
fase mais brasileira do compositor, que é consolidada com disco
‘Nó Caipira’. Neste último, aparecem diversos ritmos brasileiros,
como frevo, samba e maracatu. Gismonti aproveitou para fazer
uma homenagem à voz e violão de João Gilberto e, ainda, voltou ao
folclore musical brasileiro com a música ‘Saudações’. Em apenas
dez anos de carreira, Gismonti já havia lançado mais de dez discos,
ganho diversos prêmios internacionais, entre eles o Grande Prêmio
Alemão do Disco, e tinha um enorme reconhecimento na Europa e
nos Estados Unidos. Mas no Brasil, a crítica sobre sua obra não era
EM COMEMORAÇÃO AOS 23 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 202
23
59OUTUBRO . 2019
unânime, pois o País estava vivendo a Era da Jovem Guarda e do
Tropicalismo. Como sua música não tinha nenhuma destas rotula-
ções, sua consagração foi mais difícil.
Continuando seu processo de criação a partir das influências
mais brasileiras, surgiu o aclamado disco ‘Circense’, lançado pela
EMI-Odeon e produzido por Mariozinho Rocha. Às pessoas que
desejam conhecer a obra de Gismonti, este é o disco mais reco-
mendado para ser ouvido primeiramente. A música ‘O Palhaço’ é
uma das mais conhecidas e tocadas do compositor. Outro destaque
é a desafiante ‘Equilibrista’, que é quase um piano se equilibrando
em uma escola de samba. O disco ‘Em Família’ (1981) marca uma
importante fase musical e pessoal ao mesmo tempo. Foi um ano
especial por causa do nascimento de seu primeiro filho, Alexandre, e
o momento que decidiu dar uma pausa em seus trabalhos para ficar
com sua família, mostrando assim a força da influência de seu tio
Edgard, que colocou a família em primeiro lugar em suas escolhas.
Este foi um momento também dedicado à reclusão necessária para
reflexão sobre seus novos caminhos, já que seu receio era produzir
discos repetitivos.
Como resultado desta parada e dando continuidade à exploração de
suas influências brasileiras, Egberto Gismonti lançou o ‘Trem Caipira’,
em homenagem a Heitor Villa-Lobos. A primeira faixa, ‘Trenzinho do
Caipira’, é uma parte da obra ‘As Bachianas Brasileiras nº 2’, que
originalmente foi composta para orquestra com o intuito de imitar
o som do movimento de uma locomotiva. Em sua livre adaptação,
Gismonti quis ‘contar um causo’ sobre o ‘Trenzinho do Caipira’, que
começa com o trem devagar, como se saindo da estação, depois
vai acelerando, acelerando. Quando chega ao seu ritmo máximo, ele
para de repente porque há vários bois nos trilhos, e é preciso que o
maquinista os tire para que o trem continue sua viagem. Tudo escrito
acima é ‘contado’ na música inteiramente instrumental, através de
muitos efeitos sonoros e sintetizadores.
Depois de 33 discos lançados em 18 anos de carreira, Gismonti
resolveu revisitar sua obra com o disco ‘Alma’ (1986), sem músicas
inéditas, e sim, com suas composições recriadas e acompanha-
das das respectivas partituras. É um disco mais tranquilo e sereno,
representando a fase vivida na época pelo próprio compositor. Ele
explica que este disco foi o resultado de tantas coisas ruins que viu
durante suas viagens pelo mundo, como guerras e bombardeios,
60 OUTUBRO . 2019
BIBLIOGRAFIA
que o fizeram pensar na ausência da alma da humanidade. Para
contrapor seus últimos discos, onde explorou a tecnologia, através
de sintetizadores e computadores, Gismonti utilizou ao máximo o
som do piano. A ideia dele era também ir contra uma tendência ao
artificialismo, por isso, fez um disco totalmente natural, com o míni-
mo de efeitos sonoros.
Durante as décadas de 1970 e 1980, além de lançar seus discos
e compor trilhas, Gismonti fez muitos arranjos para outros artistas,
entre eles Marlui Miranda, cantora, compositora e pesquisadora de
música indígena. Entre outros trabalhos, ela foi integrante do grupo
Pau Brasil (com Teco Cardoso, Lelo Nazário e Rodolfo Stroeter).
Além dela, Gismonti fez arranjos também para Wanderléa, Maysa
(1936-1977), Agostinho dos Santos (1932-1973), Johnny Alf (1929-
2010), Flora Purim, entre outros. Na década de 1990, Gismonti deci-
diu diminuir o ritmo das gravações. Mas são deste período os discos
‘Infância’ e ‘Música de Sobrevivência’, gravados na Alemanha,
‘Casa das Andorinhas’ (Brasil), A Revolta (Brasil) e Meeting Point
(Alemanha). A partir dos anos 2000, Gismonti começou a manifes-
tar interesse em comprar os direitos autorais de suas músicas, que
pertenciam a EMI. Foi preciso ter aulas com advogados renomados
na área, por cerca de dois anos, para poder se inteirar do assunto
e negociar com as gravadoras e distribuidoras. Inicialmente, a ideia
em adquirir os direitos era para disponibilizá-la pela internet, mas
naquela época, isso era quase impossível, porque ia de encontro
aos interesses de toda indústria fonográfica mundial. Depois de
três anos, conseguiu comprar os direitos de toda a sua obra, que
pertence ao selo Carmo e é distribuída na Europa pela ECM. Como
não podia disponibilizar gratuitamente, passou a lançar CDs a um
custo baixo, com o objetivo de levar sua música ao maior número
de pessoas, pois isso condiz com o que Gismonti sempre acreditou,
que o que importa é a música.
Em quarenta anos de carreira, Egberto Gismonti lançou mais de 60
discos. Apesar de não ser possível rotulá-lo, suas composições se-
guiram por um caminho de aprendizado musical e pessoal. Isso fica
claro quando analisamos o desenvolvimento de suas composições e
seus arranjos. A primeira fase, até 1976, foi marcada pela sua forma-
ção erudita e influências europeias. Talvez, depois do contato com
Naná Vasconcelos e de homenagear sua cidade natal, ele passou
a querer mostrar seu lado mais brasileiro, mas não calcado em um
único gênero, e sim, em vários: frevo, maracatu, música indígena,
EM COMEMORAÇÃO AOS 23 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 202
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61OUTUBRO . 2019
suas influências. A partir de meados da década de 1990 e início dos
anos 2000, Gismonti começou a dar preferência para as gravações
ao vivo, mas opta em gravar apenas o áudio, sem vídeo, não por
timidez, mas por opção. Depois de adquirir os direitos de sua obra,
passou a querer disseminá-la, não por ego, e sim por reconheci-
mento de sua importância. Segundo Gismonti, sua obra para violão
é tocada por metade dos violonistas do mundo*, isso justifica sua
preocupação em obter os direitos autorais, pois é seu legado.
*Dados do jornal O Estado de São Paulo, de 3 de dezembro de
2010 (Caderno 2).
DISCOGRAFIA SELECIONADA
- Sonho 70 (1970): vocal e instrumental - produção: Roberto
Menescal - Phonogram / Philips / Fontana - Brasil - lançado em
LP e CD.
- Água & Vinho (1972): vocal e instrumental - produção: Geraldo
Carneiro - EMI-Odeon - Brasil - lançado em LP e CD.
- Academia de Danças (1974): vocal e instrumental - produção:
Geraldo Carneiro - EMI-Odeon - Brasil - lançado em LP e CD.
- Corações Futuristas (1976): vocal e instrumental - produção:
Mariozinho Rocha / Dulce Nunes - EMI-Odeon - Brasil - lançado em
LP e CD.
- Dança das Cabeças (1977): instrumental - produção: Manfred
Eicher - ECM Records - Noruega - lançado em LP e CD.
- Carmo (1977): vocal e instrumental - produção: Egberto
Gismonti / Wanderléa - EMI-Odeon - Brasil - lançado em LP e CD.
- Nó Caipira (1978): vocal e instrumental - produção: Egberto
Gismonti - EMI-Odeon / Carmo Produções Artísticas - Brasil - lan-
çado em LP e CD.
- Mágico (1980): com Charlie Haden e Jan Garbarek - instrumen-
tal - produção: Manfred Eicher - ECM Records - Noruega - lançado
em LP e CD.
- Circense (1980): vocal e instrumental - produção: Egberto
Gismonti - EMI-Odeon - Brasil - lançado em LP e CD.
- Em Família (1981): vocal e instrumental - produção: Egberto
Gismonti - EMI-Odeon - Brasil - lançado em LP e CD.
- Cidade Coração (1983): instrumental - produção: Egberto
Gismonti - EMI-Odeon - Brasil - lançado em LP e CD.
- Duas Vozes com Naná Vasconcelos (1985): instrumental -
produção: Manfred Eicher - ECM Records - Noruega - lançado em
LP e CD.
- Trem Caipira (1985): instrumental - produção: Carmo Produções
Artísticas - EMI-Odeon - Brasil - lançado em LP e CD.
- Alma (1986): instrumental - produção: Carmo Produções
Artísticas - EMI-Odeon - Brasil - lançado em LP e CD.
- Feixe de Luz (1988): instrumental - produção: Carmo Produções
Artísticas - EMI-Odeon - Brasil - lançado em LP e CD.
- Dança dos Escravos (1989): instrumental - produção: Manfred
Eicher - ECM Records - Noruega - lançado em LP e CD.
- Infância (1991): instrumental - produção: Manfred Eicher - ECM
Records - Noruega - lançado em LP e CD.
- Música de Sobrevivência (1993): instrumental - produção:
Manfred Eicher - ECM Records - Noruega - lançado em LP e CD.
- In Montreal - Egberto Gismonti e Charlie Haden (2001):
instrumental - produção: Daniel Vachon - ECM Records - Montreal
Jazz Festival - lançado em CD.
- Dueto de Violões - Egberto e Alexandre Gismonti (2009):
produção: Egberto Gismonti - ECM Records / Carmo Produções
Artísticas - Brasil - lançado em CD.
samba, folclore e bossa nova. Esta etapa é claramente percebida
em seus discos ‘Sol do Meio Dia’ - este composto em homenagem
a um índio que conheceu no Xingu - ‘Nó Caipira’, ‘Circense’ e ‘Trem
Caipira’. Depois, veio a fase de reflexão de sua obra e vida, com
o álbum ‘Em Família’, que mostra bem seu amadurecimento mu-
sical, grande domínio dos instrumentos e técnicas e, mais do que
isso, a sua consagração, tanto no Brasil, quanto no exterior. A outra
fase pode ser considerada de regravações, tanto de suas músicas,
quanto de outros autores. Esta é marcada pelo disco ‘Alma’, que
não é apenas uma coletânea, mas sim uma visita a si mesmo e às
62 OUTUBRO . 2019
A OBRA DE EGBERTO GISMONTIChristian [email protected]
ÁLBUNS & CDs
Egberto Gismonti
- Egberto Gismonti (1969).
- Sonho 70 (1970).
- Janela de Ouro (1970) - França.
- Computador (1970) - França.
- Orfeu Novo (1971) - Alemanha.
- Água & Vinho (1972).
- Egberto Gismonti (1973).
- Academia de Danças (1974).
- Corações Futuristas (1975).
- Dança das Cabeças (1976) - Alemanha.
- Carmo (1977).
- Sol do Meio-Dia (1978) - Alemanha.
- Nó Caipira (1978).
- Solo (1979) - Alemanha.
- E. Gismonti & N. Vasconcelos & W. Smetak (1979).
- Antologia Poética de João Cabral de Mello Neto (1979).
- Antologia Poética de Ferreira Gullar (1979).
- Antologia Poética de Jorge Amado (1980).
- Mágico - com Charlie Haden e Jan Garbarek (1980) - Alemanha.
- Circense (1980).
- Sanfona (1980) - Alemanha.
- A Viagem do Vaporzinho Tereré - com Dulce Bressane (1980).
- O País das Águas Luminosas (1980).
- O Dirigível Tereré - com Francis Hime (1981).
- Folk Songs - com Charlie Haden e Jan Garbarek (1981) - Alemanha.
DISCOGRAFIA I
EM COMEMORAÇÃO AOS 23 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 202
23
63OUTUBRO . 2019
ÁLBUNS & CDs
PRODUÇÃO E/OU ARRANJO
- Em Família (1981).
- Fantasia (1982).
- Guitar From ECM (1982) - França.
- Sonhos de Castro Alves (1982).
- Cidade Coração (1983).
- Egberto Gismonti & Hermeto Paschoal (1983).
- Works (1984) - Alemanha.
- Egberto Gismonti (1984).
- Duas Vozes (1985) - Alemanha.
- Trem Caipira (1985).
- Alma (1986).
- Feixe de Luz (1988).
- Pagador de Promessas (1988).
- Dança dos Escravos (1989) - Alemanha.
- Kuarup (1989) - trilha sonora de filme.
- Duo Gismonti - Vasconcelos (1989) - gravação ao vivo - Alemanha Oriental.
- Infância (1990) - Alemanha.
- Amazônia (1991) - trilha sonora de filme.
- El Viaje (1992) - trilha sonora de filme - França.
- Casa das Andorinhas (1992).
- Música de Sobrevivência (1993) - Alemanha.
- Egberto Gismonti (1993) - Live at the 87’ Festival in Freiburg Proscenium (CDV) - Alemanha.
- Egberto Gismonti (1994) - Ao vivo em 93 em São Paulo no Tom Brasil.
- Zigzag (1996) - Alemanha.
- Dulce - ‘O Samba do Escritor’ (1969).
- Maysa (1969).
- Agostinho dos Santos (1969).
- Marie Laforet (1970) - França.
- Johnny Alf - ‘Nós’ (1973).
- Airto Moreira - ‘Identity’ (1975) - EUA.
- A Barca do Sol (1975).
- A Revolta (1996) - Egberto Gismonti Trio e Orquestra de Câmara de Curitiba - Música baseada nas esculturas de Frans Krajcberg.
- Meeting Point (1997) - Egberto Gismonti e a Orquestra Sinfônica de Vilnius - Alemanha.
- In Montreal (2001) - Egberto Gismonti e Charlie Haden - Montreal Jazz Festival - Alemanha.
- Brasil de A a Z (2002) - compilação da EMI-Odeon.
- Antologia (2 CDs) (2003) - Obras de Egberto Gismonti - EMI-Odeon.
- Rarum (antologia de gravações da ECM) (2004) - Alemanha.
- Brasil de A a Z (segundo CD) (2004) - compilação da EMI-Odeon.
- Retratos (2004) - compilação da EMI-Odeon.
- Solo (Concerto de piano no Teatro Colón) (2005) - Alemanha e Brasil.
- Live (2005) - Egberto Gismonti, Josep Pons e a Orquestra de Câmara de Barcelona - Harmonia Mundi - Espanha (aguardando lançamento).
- Gaijin 2 (2005) - Trilha sonora de filme dirigido por Tizuka Yamasaki.
- Rarum II (antologia de gravações da ECM) (2006) - Alemanha.
- Sertões Veredas - Camerata Romeo (ECM / Carmo) (2009) - Alemanha.
- Duetos - Egberto e Alexandre Gismonti (ECM / Carmo) (2009) - Alemanha.
- Viva Tina - com a Orquestra Pro Arte (2011) (aguardando lançamento).
- Carta de Amor - com Charlie Haden e Jan Garbarek - gravação ao vivo no ‘American House Theater’ em Munique (2012) - Alemanha.
- Rarum III (antologia de gravações da ECM) (2013) - Alemanha.
- Flora Purim - ‘Open Your Eyes, You Can Fly’ (1975).
- Paul Horn - ‘Altura do Sol (High Sun)’ (1976) - EUA.
- Wanderléa - ‘Vamos que Eu Já Vou’ (1977).
- Marlui Miranda - ‘Olho D’Água’ (1979).
- Nana Vasconcelos - ‘Saudades’ (1979) - Alemanha.
- A Cor do Som - ‘Intuição’ (1984).
- Bernard Wystraete - ‘Intromission’ (1985) - França.
64 OUTUBRO . 2019
PRODUÇÃO E/OU PERFORMANCE - LPS DO SELO CARMO LANÇADOS NO BRASIL
- André Geraissati - ‘Entre Duas Palavras’ (1983).
- Nando Carneiro - ‘Violão’ (1983).
- Luiz Eça - ‘Luiz Eça’ (1984).
- Robertinho Silva - ‘Bateria’ (1984).
- Piry Reis - ‘Caminho do Interior’ (1984).
- Aleuda - ‘Oferenda’ (1984).
- Antonio José - ‘Um Mito Uma Coruja Branca’ (1984).
- Carioca - ‘Sete Dias, Sete Instrumentos, Música’ (1984).
- Grupo Papavento - ‘Aurora Dorica para o Embaixador de
Júpiter’ (1984).
- Artistas Carmenses - ‘Carmo Ano I’ (1985).
- Luigi Irlandi - ‘Azul e Areia’ (1985).
- MU - ‘Meu Continente Encontrado’ (1985).
- William Senna - ‘O Homem do Madeiro’ (1985).
- Nando Carneiro - ‘Mantra Brasil’ (1986).
- Luiz Eça, Robertinho Silva, Luiz Alves - ‘Triângulo’ (1986).
- Marco Bosco - ‘Fragmentos da Casa’ (1986).
- Piry Reis - ‘Rio Zero Grau’ (1986).
- Fernando Falcão - ‘Barracas Barrocas’ (1987).
PRODUÇÃO E/OU PERFORMANCE - CDS DOS SELOS CARMO / ECMLANÇADOS NO EXTERIOR
- ‘Árvore’ - Egberto Gismonti, Grupo e Orquestra (1991).
- ‘Circense’ - Egberto Gismonti, Grupo e Orquestra (1991).
- ‘Violão’ - Nando Carneiro (1991).
- ‘Kuarup’ - Egberto Gismonti, Grupo e Orquestra (1991).
- ‘Academia de Danças’ - Egberto Gismonti, Grupo e
Orquestra (1992).
- ‘Trem Caipira’ - Egberto Gismonti e Grupo (1992).
- ‘Nó Caipira’ - Egberto Gismonti, Grupo e Orquestra (1992).
- ‘Amazônia’ - Egberto Gismonti e Grupo (1992).
- ‘7 Dias, 7 Instrumentos, Música’ - Carioca (1992).
- ‘Alma’ - Egberto Gismonti (1996).
- ‘Guitarreros’ - Ernest Snajer & Palle Windfeld (1999).
- ‘Antonio’ - Delia Fischer (1999).
- ‘Quaternaglia’ - Quaternaglia (2000) (aguardando lançamento).
- ‘Água & Vinho’ - Rodney Waterman & Doug de Vries (2000).
- ‘Silvia Iriondo’ - Silvia Iriondo (2004).
- ‘Strawa no Sertão’ - Bernard Wistraete Group (2004).
MÚSICAS PARA BALÉ
- ‘Maracatu’ - coreografia de Décio Otero com o Ballet Stagium
(1974).
- ‘Corações Futuristas’ - coreografia de Vitor Navarro com o Corpo
de Baile do Theatro Municipal de São Paulo (1976).
- ‘Conforme a Altura do Sol, Conforme a Altura da Lua’ -
coreografia de Décio Otero com o Ballet Stagium (1978).
- ‘Dança das Cabeças’ - coreografia de Décio Otero com o Ballet
Stagium (1978).
- ‘Construção’ - coreografia de Klaus e Angel Vianna (1978).
- ‘Sol do Meio-Dia’ - coreografia de Antonio Carlos Cardoso com
o Corpo de Baile do Theatro Municipal de São Paulo (1980).
- ‘Libertas Quae Sera Tamem’ - coreografia de Luiz Arrieta -
direção de roteiro de Iacov Hillel - Cecília Meireles - Corpo de Baile
do Theatro Municipal de São Paulo (1981).
- ‘Sonhos de Castro Alves’ - coreografia de Antonio Carlos
Cardoso com o Corpo de baile do Teatro Castro Alves - Salvador
(1982).
- ‘Variações’ - coreografia de Graziela Figueroa com o Grupo
Coringa (1984).
DISCOGRAFIA I
EM COMEMORAÇÃO AOS 23 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 202
23
65OUTUBRO . 2019
MÚSICAS PARA BALÉ
TRILHAS SONORAS DE FILMES
- ‘Pantanal’ - coreografia de Décio Otero com o Ballet Stagium (1986).
- ‘Maracatu’ - coreografia e performance do Ballet Babinka (1986) - Uruguai.
- ‘Variações Sobre Villa-Lobos’ - coreografia de Décio Otero com o Ballet Stagium (1987).
- ‘Jogo de Búzios’ - coreografia de Antonio Carlos Cardoso com o Corpo de Baile do Teatro Castro Alves (1988).
- ‘Natura’ - coreografia de Laura Dean com Laura Dean Dancers and Musicians (1988) - performance ao vivo nos EUA.
- ‘Sonhos de Castro Alves 2’ - coreografia de Victor Navarro com o Corpo de Baile do Teatro Castro Alves (1988).
- ‘Inconfidentes’ - coreografia de vários artistas com o Corpo de Baile do Teatro do Palácio das Artes (1988).
- ‘Iemanjá’ - coreografia de Joe Alegado com Tanz-Forum (Balé da Ópera de Colônia) (1990) - performance ao vivo com a Filarmônica de Colônia - Alemanha.
- ‘Danças Solitárias’ - coreografia de Jochen Ulrich com Tanz-Forum (Balé da Ópera de Colônia) (1990) - performance ao vivo com a Filarmônica de Colônia - Alemanha.
- ‘A Penúltima Donzela’ - direção de Fernando Amaral (1969).
- ‘Em Família’ - direção de Paulo Porto (1971).
- ‘Confissões do Frei Abóbora’ - direção de Braz Chediak (1972).
- ‘Janaina’ - direção de Olivier Perroy (1973).
- ‘Quem tem Medo do Lobisomem’ - direção de Reginaldo
Farias (1973).
- ‘Terra do Guaraná’ - documentário (1974).
- ‘Nem os Bruxos Escapam’ - direção de Valdir Ercolani (1974).
- ‘Polichinelo’ - direção de Jean Pierre Albicoco (1975).
- ‘Raoni’ - direção de Jean Pierre Dutilleux (1976) - França.
- ‘Parada 88’ - direção de José Anchieta (1977).
- ‘Cruising’ - direção de William Friedkin (1979) - EUA.
- ‘Ato de Violência’ - direção de Eduardo Escorel (1980).
- ‘Pra Frente Brasil’ - direção de Roberto Farias (1981).
- ‘Euridyce’ - direção de Mauro Alice - documentário (1983).
- ‘Avaeté’ - direção de Zelito Vianna (1985).
- ‘7 Anéis’ - coreografia de Jochen Ulrich com Tanz-Forum (Balé da Ópera de Colônia) (1990) - performance ao vivo com a Filarmônica de Colônia - Alemanha.
- ‘Carmen’ - coreografia de Jochen Ulrich com Tanz-Forum (Balé da Ópera de Colônia) (1993) - performance em Colônia, Ludwigsburg e Ludwigshafen - Alemanha.
- ‘Berimbau’ - coreografia de Luis Arrieta com o Corpo de Baile do Teatro Castro Alves (1993).
- ‘Orixás’ - coreografia de Luis Arrieta com o Corpo de Baile do Teatro Castro Alves (1995).
- ‘Sonhos de Castro Alves Sinfônico’ - coreografia de Victor Navarro com o Corpo de Baile do Teatro Castro Alves e a Orquestra Sinfônica da Bahia (1997).
- ‘Impromptu’ - coreografia de Tindaro Silvano com a Companhia de Dança Cisne Negro (1997).
- ‘Selva’ - coreografia de Armando Duarte com a Companhia de Dança Cisne Negro (1997).
- ‘Festa no Interior’ - coreografia de Lilian Shaw e Robson Lourenço com o Corpo de Baile do Theatro Municipal de São Paulo (1998).
- ‘Various’ - Miami City Ballet (2003) - EUA.
- ‘La Bela Palomera’ - direção de Rui Guerra (1987).
- ‘Kuarup’ - direção de Rui Guerra (1988).
- ‘Amazônia’ - direção de Monti Aguirre (1990) - EUA.
- ‘El Viaje’ - direção de Fernando Solanas (1991) - Argentina.
- ‘Estorvo’ - direção de Rui Guerra (1999) - DVD lançado em 2001.
- ‘Gaijin II’ - direção de Tizuka Yamasaki (2004).
- ‘Amazon Forever’ - direção de Jean Pierre Dutilleux (2004) -
França.
- ‘Ventura’ - direção de Sylvie Opipari e Carmen Timbert (2007).
- ‘Wenceslau e a Árvore do Gramofone’ - direção de Adalberto
Müller (2008).
- ‘Tempos de Paz’ - direção de Daniel Filho (2009).
- ‘Chico Xavier’ - direção de Daniel Filho (2009).
- ‘Senhor do Labirinto’ - direção de Geraldo Tome (2010).
- ‘Viva Marajó’ - direção de Regina Jeha (2010).
66 OUTUBRO . 2019
MÚSICAS PARA ESPECIAIS E SÉRIES DE TV
MÚSICAS PARA TEATRO (BRASIL)
MÚSICAS PARA EXPOSIÇÕES DE PINTORES E ESCULTORES
- ‘As Nadadoras’ (Art Video) - TV Manchete - de Mariza Alvares
Lima (1986).
- ‘Pantanal’ (documentário) - TV Manchete - de Washington
Novaes (1986).
- ‘? - Diadorim’ (Art Video) - de José de Anchieta (1987).
- ‘O Pagador de Promessas’ (minissérie de 15 episódios) -
TV Globo - de Dias Gomes - direção de Tizuka Yamasaki (1988).
- ‘Um Grito pela Vida’ (Conservation International Production) -
Haroldo e Flavia Castro (1991) - EUA.
- ‘Amazônia Parte II’ (série de 120 episódios) - TV Manchete - de
Tizuka Yamasaki e Regina Braga - direção de Tizuka Yamasaki (1992).
- ‘Maria Minhoca’ - de Maria Clara Machado (1969).
- ‘Encontro no Bar’ - de Braulio Pedroso - direção de Celso Nunes
- com Camila Amado e Zanoni Ferrite (1973).
- ‘Seria Cômino se Não Fosse Sério’ - de Durrenmat - direção
de Celso Nunes - com Fernanda Montenegro, Mauro Mendonça e
Fernando Torres (1974).
- ‘Festa de Sábado’ - de Braulio Pedroso & Geraldo Carneiro
- direção de Daniel Filho e Antonio Pedro - com Camila Amado e
Antonio Pedro (1976).
- ‘Dor de Amor’ - de Braulio Pedroso - direção de Paulo Cesar
Pereio - com Paulo Cesar Pereio e Scarlet Moon (1976).
- ‘Os Muito Universos’ - de Marilda Pedroso (instalação) (1985).
- ‘Ita-Parica’ (fragmentos de uma exposição) - de Marilda Pedroso
(instalação) (1985).
- ‘Kuarup’ (minissérie de cinco episódios) - TV Manchete - de Rui
Guerra (1992).
- ‘Los Ramos Talleros Guaranies’ - de Ana Maria Zanotti (Mejor
Video Iberoamericano en el XX Festival de Cine Cientifico en
Andalucia) (1998) - Espanha.
- ‘Biodiversidade’ - de Washington Novaes (2001).
- ‘Arte para Todos’ - de Zelito Vianna (2004).
- ‘A Necessidade da Arte - Ferreira Gullar’ - de Zelito Vianna (2005).
- ‘Viva Marajó’ (documentário) - direção de Regina Jeha (2010).
- ‘Chico Xavier’ (documentário) - direção de Daniel Filho (2010).
- ‘O Pequeno Príncipe’ - de Saint-Exupéry - com Carlos Vereza e
Susane Carvalho (1978).
- ‘Passageiro da Estrela’ - direção de Sergio Fonta - com Lidia
Brondi (1984).
- ‘Bandeira dos Cinco Mil Réis’ - de Geraldo Carneiro - direção de
Aderbal Jr. - com Maria Padilha e Marco Nanini (1985).
- ‘O Homem Sobre o Parapeito da Ponte’ - de Guy Foissy - com
Carlos Vereza e Clemente Vizcaino (1987).
- ‘Sonhos de Uma Noite de Verão’ - de William Shakespeare -
direção de Werner Herzog (1992).
- ‘Água Viva’ - de Clarice Lispector - direção de Maria Pia (2003).
- ‘Figueira Branca’ - de Akiko Fujita (escultura & instalação) (1986).
- ‘Os Sete Anéis’ - de Antonio Peticov (escultura) (1986).
- ‘A Revolta’ - de Frans Krajcberg (escultura) (1995).
DISCOGRAFIA I
EM COMEMORAÇÃO AOS 23 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 202
23
67OUTUBRO . 2019
OUÇA TRINTA SEGUNDOS DE CADA FAIXA, DO NOVO CD HEITOR VILLA-LOBOS, SINFONIAS Nº 1 E 2:
• Faixa 01
• Faixa 02
• Faixa 03
• Faixa 04
• Faixa 05
• Faixa 06
• Faixa 07
• Faixa 08
68 OUTUBRO . 2019
DISCOGRAFIA II
EGBERTO GISMONTI - PIANO SOLO - VOL. 1
Christian [email protected]
Com a palavra, Egberto Gismonti!
Iniciando em grande estilo a série Música Instrumental Brasileira
com o CD Egberto Gismonti Piano Solo, não poderiam faltar co-
mentários gentilmente cedidos pelo próprio compositor e intérprete
sobre cada uma das faixas:
FAIXA 1 - Ruth (Antonio Gismonti)
‘Composição de meu avô, Antonio Gismonti, dedicada à minha
mãe: uma das nove filhas dos 11 filhos que ele teve. Compôs valsas
para todos os filhos, repetidas vezes. Ele era músico, sonhador e
alfaiate. Certamente foi nele que a música nasceu em nossa família.’
FAIXA 2 - 7 Anéis (Egberto Gismonti)
‘Música composta para a escultura Os Sete Anéis, de Antônio
Peticov, exposta na Galeria do Centro Empresarial, no Rio de Janeiro,
em 1986. Em seguida à exposição dediquei-a a minha tia Amélia,
pianista que tinha um programa na televisão na década de 1970 e
que muito me ajudou na compreensão do choro.’
FAIXA 3 - Sanfona (Egberto Gismonti)
“Composta em homenagem ao instrumento ‘órgão indiano’, que
conheci na minha primeira viagem à Índia, na década de 1970. Este
órgão é tocado com a mão esquerda movendo o fole traseiro e a
EM COMEMORAÇÃO AOS 23 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 202
23
69OUTUBRO . 2019
mão direita tocando nas teclas. Desde o início me pareceu um belo
instrumento para fazer música nordestina... uma ‘sanfona’.”
FAIXA 4 - A Fala da Paixão (Egberto Gismonti)
‘Música que funcionou bem na reconciliação com uma pessoa
amada.’
FAIXA 5 - Forró (Egberto Gismonti)
‘Composição da série em que busco a compreensão de ritmos
brasileiros. Esse forró tem várias partes seguindo a tradição das val-
sas do meu avô. Se por um lado forrós não precisam de três partes,
a influência do meu avô foi definitiva.’
FAIXA 6 - Karatê (Egberto Gismonti)
‘Música veloz que deve durar o tempo de um golpe de karatê,
quanto mais rápida melhor. Também com as três partes…’
FAIXA 7 - Infância (Egberto Gismonti)
“Feita em homenagem ao nascimento dos filhos Alexandre e Bianca.
Seguindo a tradição do avô, tem várias partes que revelam várias influên-
cias da minha vida musical. A curiosidade dessa versão é que foi grava-
da na inauguração do teatro da cidade de Tórshavn, que é a capital das
Ilhas Faroe. O nome ‘Tórshavn’ significa ‘Porto de Thor’.”
OUÇA UM MINUTO DE CADA FAIXA DO CD HISTÓRIA DA MÚSICA INSTRUMENTAL BRASILEIRA - EGBERTO GISMONTI - PIANO SOLO - VOL. 1:
• Faixa 01
• Faixa 02
• Faixa 03
• Faixa 04
• Faixa 05
• Faixa 06
• Faixa 07
PROMOÇÃO CD HISTÓRIA DA MÚSICA INSTRUMENTAL BRASILEIRA - EGBERTO GISMONTI - PIANO SOLO - VOL. 1
A Editora AVMAG disponibilizará também para você esse mês, que não adquiriu na época
de lançamento, este CD para quem enviar um e-mail para:
O leitor apenas terá de pagar o frete + embalagem de Sedex.
NÃO PERCA ESSA OPORTUNIDADE!! - promoção válida até o término do estoque.
70 OUTUBRO . 2019
ESPAÇO ABERTO
Muitos leitores desta nova fase da revista online nos pedem dicas,
literatura e discos que possam ajudar no desenvolvimento da per-
cepção auditiva. É muito gratificante ter esse feedback dos leitores,
principalmente dos mais jovens, que querem aprender a andar com
as próprias pernas. Então resolvi abordar esta questão por etapas,
para que todos os interessados possam buscar as gravações indi-
cadas e fazer os exercícios ao seu tempo e ritmo.
Li certa vez, do escritor Ernest Becker (ganhador do prêmio Pulit-
zer de 1994 com seu livro A Negação da Morte), que o nosso cére-
bro é bastante preguiçoso e se contenta em aprender o mínimo ne-
cessário. Não só concordo com sua afirmação, como podemos ver
como o conhecimento se tornou raso nos dias de hoje. As pessoas
se contentam com respostas superficiais (quando não são muitas
vezes fruto de ‘fake news’) e saem defendendo estes pseudoconhe-
cimentos como realidades absolutas!
A única forma de sabermos se sabemos é conhecendo a fundo e
realizando consigo mesmo todas as experimentações possíveis acer-
ca do que queremos aprender. Ou seja: trabalhando arduamente,
até conseguirmos tirar nosso cérebro do “lugar comum”. Todos nós
já tivemos percepções diferentes de um mesmo acontecimento, e
à medida que percebemos e criamos um grau de maior atenção,
sentimos o quanto nossos cinco sentidos realmente trabalham no
‘automático’ na lei do mínimo esforço.
Quem não se lembra de ter observado algo na superficialidade e
depois se abismar com a quantidade de detalhes existentes naquela
observação, ao ampliar seu grau de atenção? Percepção auditiva é
a capacidade de nos fazer aumentar gradativamente nosso grau de
atenção até que possamos ouvir o todo sem se perder nas partes.
E o quanto isso é importante para a audiófilia? Já ouvi esta pergunta
uma centena de vezes nos nossos cursos.
E minha resposta é sempre com uma outra pergunta: o que você
quer com a audiófilia? Se a resposta for: apenas status quo, o céu
será sua conta bancária. Agora, se o que lhe fez desembocar na
audiófilia foi sua paixão pela música, desenvolver sua percepção au-
ditiva irá ajudá-lo significativamente a ouvir sua música com o maior
prazer auditivo possível, e gastando o mínimo possível!
EXERCITANDO A PERCEPÇÃO AUDITIVA
71OUTUBRO . 2019
Deixo claro no Curso Básico que existe o audiófilo apaixonado por equipamentos e o melô-
mano que descobriu a audiófilia e deseja um sistema hi-end para extrair de suas obras prefe-
ridas o máximo de inteligibilidade e de conforto auditivo. E sem uma ampliação da percepção
auditiva, para a montagem do sistema que cabe no seu bolso e no seu gosto, os riscos serão
muito constantes.
Voltando ao tema da ampliação da percepção auditiva, a primeira lição prática é aprender
a escutar o todo sem se perder nas partes, com um único instrumento. E nada melhor que o
piano para iniciarmos essa longa jornada de tirar nosso cérebro que se contenta em ouvir ape-
nas a melodia, sem se preocupar com o resto. E, dos pianistas dispostos a nos ajudar neste
‘pontapé inicial’, ninguém melhor que o compositor francês Erik Satie (1866-1925). Sua obra
para piano Gymnopedie (em suas três versões, da mais longa com 4 minutos à mais curta de
2:58 minutos), pode nos ajudar e incentivar à medida que vamos vendo os resultados na nossa
ampliação da percepção auditiva.
É uma obra em que a mão direita apresenta o tema, com notas curtas, quase sem intervalos
(silêncio entre as notas), e a mão esquerda dita tempo e variação dinâmica, e os acordes pos-
suem decaimento mais suave que as notas executadas pela mão direita. O objetivo é conseguir
que o cérebro ouça integralmente a execução da mão esquerda e direita sem lapso de perda
de nenhuma passagem.
Como nosso cérebro é muito astuto em querer se desviar de aprender coisas novas, na
segunda vez que você repetir a música ele já irá começar a se queixar. Não desista, meu
amigo, pois quando ele entender o que está ocorrendo, acredite, ele não só vai apreciar como
irá desejar ‘mostrar serviço’ para poder avançar nos exercícios. Pois que cérebro não adora
desafios?
Para quem não está familiarizado com o tema, uma dica: memorize primeiramente a me-
lodia, sem pressa, então as primeiras audições serão todas dedicadas a ouvir a mão direita.
Quando finalmente você conseguir antecipar a nota que virá na mão direita, sem errar mais
nenhuma, você estará pronto para ouvir todos os acordes feitos com a mão esquerda. Perceba
o grau de sustentação de cada acorde, como eles decaem, e o seguinte se sobrepõe ao que
ainda está soando. Concentre-se integralmente só na mão esquerda. No começo será mais
difícil acompanhar e memorizar a mão esquerda, pois como nosso cérebro quer sempre usar a
lei do mínimo esforço, ele irá querer voltar para a melodia, que ele já decorou.
Concentre-se e force seu cérebro a aprender tudo que a mão esquerda está executando.
Se você fizer este exercício até conseguir escutar finalmente o todo, sem se perder nas par-
tes, você irá se surpreender como terá ampliado sua percepção auditiva.
E o fenômeno mais interessante da amplitude da percepção auditiva, é que seu cérebro irá
fazer menos esforço para se concentrar a cada novo exercício proposto. E você perceberá
que seu foco na atenção ao que está ouvindo não precisa mais ficar sendo redirecionado
cada vez que algo o distrai. Ao contrário, será muito mais difícil se distrair com o que ocorre
a sua volta.
Um aluno do nosso curso, ao iniciar esses exercícios e começar a sentir o resultado e os
benefícios, relatou que ao ligar seu sistema, era como se na verdade ele estivesse utilizando
um grande fone de ouvido e seu contato com o mundo externo tivesse sido desligado. Outros
relataram que o grau de imersão se tornou tão mais fácil e prazeroso, que um deles deu o
nome de ‘cérebro domesticado”. E o mais importante: todos descrevem que seu senso de
concentração para outras atividades também melhorou significativamente.
DIRETOR / EDITOR
Fernando Andrette
COLABORADORES
André Maltese
Antônio Condurú
Clement Zular
Guilherme Petrochi
Henrique Bozzo Neto
Jean Rothman
Juan Lourenço
Julio Takara
Marcel Rabinovich
Omar Castellan
RCEA * REVISOR CRÍTICO
DE EQUIPAMENTO DE ÁUDIO
Christian Pruks
Fernando Andrette
Rodrigo Moraes
Victor Mirol
CONSULTOR TÉCNICO
Víctor Mirol
TRADUÇÃO
Eronildes Ferreira
AGÊNCIA E PROJETO GRÁFICO
WCJr Design
www.wcjrdesign.com
Áudio Vídeo Magazine é uma publicação mensal,
produzida pela EDITORA AVMAG ME. Redação,
Administração e Publicidade, EDITORA AVMAG ME.
Cx. Postal: 76.301 - CEP: 02330-970 - (11) 5041.1415
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Todos os direitos reservados. Os artigos assinados
são de responsabilidade de seus autores e não
refletem necessariamente a opinião da revista.
72 OUTUBRO . 2019
Fernando [email protected]
Fundador e atual editor / diretor das revistas Áudio Ví-deo Magazine e Musician Magazine. É organizador do Hi-End Show (anteriormente Hi-Fi Show) e idealiza-dor da metodologia de testes da revista. Ministra cur-sos de Percepção Auditiva, produz gravações audiófi-las e presta consultoria para o mercado.
ESPAÇO ABERTO
cria
ção:
msv
desig
ner@
hotm
ail.c
om
[email protected] - 2606.4100
[email protected] - 2606.4100 sistemas de energiasistemas de energia
MóduloIsolador
Condicionador
CondicionadorEstabilizado
Eu utilizo o CD do Michel Legrand tocando Erik Satie, que saiu
pelo selo Erato, mas vocês podem buscar qualquer gravação com
esta obra (ideal apenas que seja uma captação decente do piano e
uma interpretação artística também de bom nível).
Mês que vem darei a dica de como subir mais um degrau com
dois instrumentos. Espero que apreciem e façam os exercícios em
casa e nos passem seus avanços, e dúvidas que porventura ocor-
ram.
Até lá!
OUÇA O CD ERIK SATIE - JOHANNES CERNOTA - FAIXA 1: 1.GYMNOPÉDIE, NO SPOTIFY:
73OUTUBRO . 2019
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MóduloIsolador
Condicionador
CondicionadorEstabilizado
74 OUTUBRO . 2019
VENDAS E TROCAS
VENDO
Toca discos J.A. Michell GYRO SE
MKII, com: 01 J.A. Michell Armboard
(base) para braços Rega, 01 J.A. Michell
3 Point VTA Adjuster, 01 J.A. Michell
Record Clamp, 01 J.A. Michell
De-Coupler Kit (desacoplador do bra-
ço), 01 J.A. Michell HR DC Never
Connected Power Suply (bivolt), 01
braço Rega RB 303 com contrapeso
original, 01 contrapeso de braço
Isokinetic Isoweight Off Centre,
01 cápsula MC Ortofon Rondo Blue.
Uma obra de arte sonora e de design.
R$ 20.000.
Rodrigo Moraes
VENDO / TROCO
- Cápsula Clearaudio Stradivari V2.
Trata-se da última versão desse mode-
lo, com corpo em ébano, agulha HD e
bobina totalmente simétrica em ouro
24 kt. Sua saída é de 0.6 mV, O que
torna ela compatível virtualmente com
todos os prés de Phono MC. A cápsula
não possui ainda 50 horas de uso. Está
realmente em estado de nova e sempre
foi tocada utilizando discos limpos em
máquina especial. US$ 3.750.
Conforme o material, posso aceitar
troca. Posso também combinar a insta-
lação com o cliente.
- DAC Gryphon Kalliope.
Em estado de novo, na caixa. Um dos
mais acalmados DACs da Atualidade.
Conversão 32bit/384KHz assíncrono
baseado no conversor ESS SABRE
ES9018. Conversão DSD e PCM até
32bit/384 KHz. Controle de fase, mute,
seleção de entradas e seleção de filtro
digital via controle remoto. R$ 52.000
André A. Maltese - AAM
(11) 99611.2257
VENDO- Nakamichi Power amplifier PA5E II – Stasis by Nelson Pass.• 220V 50 - 60 Hz • 450W de consumo• 150W por canal (8 ohms )• Frequencia de resposta: 20 -
20.000 Hz• Imput sensitivity / impedance:
1.4 V / 75 kOhms (rated powew)• 10 transistors por canal• Output current capability 12 A
contínuos, 35 A peak (por canal)Peso: 16KgEquipamento em ótimo estado de conservação, 220VR$ 3.500- Yaqin MC-100B Tube amplifier. Output power:• 30 Wx2 (8 Ohms) tríodo (TR)• 60 Wx2 (8 Ohms) ultralinear (UL)• Frequencia de resposta:
5hz - 80Khz (-2 db)• Distorção: 1,5%• Signal noise ratio: 90 db(A)• Packed mode: 0,25VInput sensitivity:• Pro mode: 0,6V• Valvulas: KT88 Svetlana +
4 originais chinesas 6sn7 12ax7Caixa e manuais originaisOBS: up grade de trafos de saída e componentesR$ 5.200Reginaldo Schiavini(21) 97199 [email protected]
VENDO
Set de válvulas casados e calibradas
pela Air Tight, para os monoblocos
ATM-3. Lacradas e sem nenhum uso.
R$ 4.000 (o pacote completo para os
monoblocos).
Fernando Andrette
75OUTUBRO . 2019
VENDO
Cápsula Transfiguration Phoenix S
Motivo da venda: por ser tão boa, vou
fazer o upgrade para o modelo topo da
marca, a Proteus. Mesmo custando uma
fração do valor da Proteus, a Phoenix é
muito, muito próxima de sua “irmã mais
velha” - uma barganha se compararmos
performance X custo. A agulha é exata-
mente a mesma (Ogura PA) montada no
mesmo cantiléver de bóro.
Trata-se de uma cápsula de bobina mó-
vel (MC) de baixa saída (~0.4mV) e com
4 Ohms de impedância interna. Casa
perfeitamente com a grande maioria
dos prés de Phono MC. Na casa de
um amigo - que também comprou essa
cápsula por minha indicação - casou
magnificamente bem com o setor de
Phono interno do integrado Luxman
L-590AX, com 100 ohm de impedância.
A Phoenix S possui uma transparên-
cia única, excelente foco e recorte,
muita velocidade e muita musicalidade.
Assinatura Transfiguration. Muito mais
próxima da Proteus do que diferença de
preço possa indicar, acredite.
Possui cerca de 150 horas de uso,
sempre usada em toca-discos extre-
mamente bem ajustado e sempre com
discos limpos por meio de máquina
com sucção a vácuo.
- Acompanha a caixa, manual e o con-
junto de parafusos originais.
O valor pedido (US$ 3.000) está bem
abaixo do valor dessa cápsula, que é de
US$ 4.500 nos EUA. Faça os cálculos
(frete, impostos, riscos).
Valor: R$ 11.500
https://www.soundstageultra.com/
index.php/equipment-menu/500-transfi-
guration-phoenix-s-phono-cartridge
Samy
(11) 98181.8585
VENDO
Toca-discos REGA P3 (Planar 3), com
braço original Rega RB330.
Pouquíssimo uso, comprado novo há
menos de 1 ano! Acompanha a caixa
original e o manual.
Sobre o toca-discos:
O Planar 3 (P3) possui um novo braço,
base e muitas outras revisões em rela-
ção à versão anterior (RP3).
Isso resultou em performance sonora
marcante, além de ficar muito mais
bonito. Ele tem apenas duas peças do
RP3 anterior, o resto é tudo novo!
Especificações:
- novo braço RB330
- nova base de vidro Optiwhite 12 mm
- reforço de feixe mais espesso
- acabamento acrílico de alto brilho em
preto ou branco
- subplastro redesenhado
- carcaça de rolamento principal
redesenhada
- motor de 24V com novo PCB de
controle de motor
- pode ser feito upgrade com o contro-
lador de velocidade externo TT-PSU
- pés redesenhados
- contrapeso redesenhado
“Não é difícil perceber que o desenvolvi-
mento de dois anos da Planar 3 valeu a
pena. Para os nossos ouvidos, ele soa
consideravelmente mais limpo e claro
do que seu antecessor - o RP3. Há
mais transparência aqui e mais resolu-
ção de detalhes também.” (Whathifi)
https://www.whathifi.com/rega/planar-
3-elys-2/review#J5ecLu4iSB5r71Zu.99
Obs: Não inclui a cápsula
(Transfiguration Phoenix S)
Valor: R$ 4.500
Samy
(11) 98181.8585
76 OUTUBRO . 2019
VENDAS E TROCAS
VENDO
Sistema de som Grimm Audio LS1 -
sem a primeira via, (sub-woofer).
R$70.000
Fernando Alvim Richard
Tel.: (21) 9.9898.0566
77OUTUBRO . 2019