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UMA 1 Economia Pública Aula 2a 1.2 - Teorias sobre o papel do Estado 1.2.1 Introdução 1.2.2 - O Estado “mínimo”: a primazia do mercado 1.2.2.1 - A escola clássica inglesa: o deixar fazer (laissez-faire) 1.2.2.2 - Nozick: o mercado como processo justo 1.2.3 - O Estado de bem estar (ou protector) 1.2.3.1 Definição 1.2.3.2 – A redistribuição de rendimento

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Economia PúblicaAula 2a

1.2 - Teorias sobre o papel do Estado 1.2.1 Introdução 1.2.2 - O Estado “mínimo”: a primazia do mercado 1.2.2.1 - A escola clássica inglesa: o deixar fazer

(laissez-faire) 1.2.2.2 - Nozick: o mercado como processo justo 1.2.3 - O Estado de bem estar (ou protector) 1.2.3.1 Definição 1.2.3.2 – A redistribuição de rendimento

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Bibliografia Obrigatória:

Livro Economia e Finanças Públicas (Escolar Editora) cap.2

Livro Economia e Finanças Públicas (Almedina) cap.2: Resumo

Complementar: “A brief history of fiscal doctrine”, Richard

Musgrave, in Handbook of Public Economics

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Conceitos a reter

Laissez faire Estado mínimo Estado de bem-estar (welfare state) Rawlsianismo

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1.2 - Teorias sobre o papel do Estado

1.2.1 - Introdução

Diferentes concepções sobre as finanças públicas e o papel do sector público baseiam-se em diferentes concepções acerca: Do papel do Estado Do papel dos mercados

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Três questões fundamentais

A. Qual a justificação para a existência do Estado?

B. Qual a dimensão ideal do sector público?

C. Qual a composição desejável da despesa pública?

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Três tipos ideais de concepções do Estado

O Estado mínimo

O Estado protector ou de bem-estar

O Estado imperfeito

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2.2 - O Estado “mínimo”: a primazia do mercado

Estado “mínimo” ou liberal: Peso reduzido do sector público na

economia mista (10-15% do produto)

Provisão de bens públicos necessários ao bom funcionamento dos mercados

Direitos de propriedade (definição e manutenção)Regulação e protecção jurídica dos contratosInfraestruturas

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Defensores do Estado liberal

Escola clássica inglesa: laissez-faire (Sé. XVIII/XIX) Adam Smith: defensor do sistema de

“liberdade natural” David Ricardo (citando J.B.Say): “the very best of all taxes is that wich is least in amount”

John Stuart Mill: “laissez-faire should be the general practice: every department from it, unless required by some great good, is a certain evil”

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Defensores do Estado liberal (cont.)

Ética utilitarista (Jeremy Bentham): O bem estar de uma sociedade é

identificado como a soma dos níveis de bem-estar de todos os indivíduos dessa sociedade.

A riqueza das nações é o objectivo (não a redistribuição do rendimento e da riqueza).

(Implícito utilidade marginal do rendimento constante)

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Funções essenciais do príncipe, segundo Adam Smith

Proteger a sociedade contra a invasão estrangeira

Proteger cada membro da sociedade contra as injustiças que possam ser cometidas por outros membros

Fornecer certas instituições e obras públicas que o mercado não fornece

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Papel do Estado liberal, em síntese:

Criar condições para que os mercados possam funcionar (defesa nacional, segurança, justiça)

Fornecer alguns bens que, mesmo que os mercados funcionem livremente, nunca serão produzidos

A razão da intervenção do Estado tem a ver, essencialmente, com a função afectação.

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Defesa contemporânea do Estado mínimo

Nozick: o mercado como processo justo “A minimal state, limited to the narrow

functions of protection against force, theft, fraud, enforcement of contracts, and so on, is justified; any more extensive state will violate persons rigths not to be forced to do certain things, and is unjustified”

(Nozick, Anarchy, State and Utopia, 1974: ix)

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Três argumentos para a defesa do Estado mínimo

A ideia da existência de direitos invioláveis dos indivíduos (esfera privada) – critério de liberdade.

Uma teoria sobre a criação de desigualdades (baseada na diferença de atitudes dos agentes – consumo/poupança; trabalho/lazer)

A noção do Estado como associação voluntária de indivíduos (relação quid pro quo entre cidadãos e governo)

Em certas condições, o mercado é um processo justo

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2.3 - O Estado de bem-estar ou protector Parte de uma concepção diferente dos mercados

Se forem competitivos, são um mecanismo poderoso e insubstituível de transmissão de informação entre agentes económicos (afectação eficiente de recursos)

Mas, não constituem um processo plenamente justo, e podem (re-)produzir enormes desigualdades, sobretudo se partirem de uma distribuição inicial muito desigual dos direitos de propriedade

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Definição de Estado de bem-estar (wellfare state)

“Um ‘Estado de bem-estar’ é um estado em que o poder organizado é deliberadamente usado num esforço de modificar o funcionamento das forças de mercado em pelo menos três direcções:

1. Garantindo aos indivíduos e às famílias um rendimento mínimo independente do valor de mercado da sua propriedade;2. Diminuindo a extensão da insegurança, permitindo aos indivíduos e famílias fazerem face a ‘contingências sociais’

3. Assegurando que a todos os cidadãos, sem distinção de status ou classe, seja oferecido um certo tipo de serviços sociais.

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O Estado protector (cont.) A razão essencial do Estado de bem-estar é a função distribuição, assegurada

a dois níveis:

1. Redistribuição de rendimento (utilitarismo) 2. Fornecimento de bens e serviços básicos, ou primários (rawlsianismo)

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O Estado redistribuidor

Pode fundamentar-se numa versão modificada do utilitarismo clássico: utilidade marginal decrescente

A utilidade de um euro adicional para um indivíduo pobre é muito superior à desutilidade de um euro para um indivíduo rico

Logo, a redistribuição do rendimento a favor dos mais pobres aumenta o bem-estar social (a soma das utilidades de todos os indivíduos)

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O Estado como fornecedor de bens primários: Rawls

Papel do Estado baseado na noção de sociedade justa, assente em dois princípios:

PRIMEIRO – Princípio de iguais liberdades: cada pessoa deve ter as mais extensas liberdades básicas, compatíveis com semelhantes liberdades dos outros.

SEGUNDO – Princípio da diferença: Desigualdades sociais e económicas devem ser arranjadas de modo a serem simultaneamente: a) vantajosas para todos; b) ligadas a lugares acessíveis a todos.

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Rawlsianismo (cont.) Aspectos a ter em conta:

O primeiro princípio tem prioridade sobre o segundo - não se podem sacrificar liberdades básicas (de expressão, de pensamento) para obter vantagens económicas e sociais

Desigualdades são definidas em termos de bens primários, e não em termos de rendimentos.

Deve haver igualdade de oportunidades, e pode justificar-se uma discriminação positiva face a grupos marginalizados (ex: negros, mulheres,...) As desigualdades só se justificam se conduzirem à melhoria da situação dos mais desfavorecidos - princípio do maximin

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Rawlsianismo (conclusão)

As instituições sociais tendem a reproduzir as desigualdades naturais e as que resultam de opções de vida, escolhas decisões

Papel do Estado: assegurar o acesso aos bens primários sociais (direitos, liberdades e garantias, poderes e oportunidades, rendimento e riqueza), sobretudo aos mais pobres

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O Estado de bem-estar (conclusão)

O Utilitarismo, dá um fundamento normativo à política redistributiva do Estado de bem-estar.

O Rawlsianismo dá um fundamento normativo à provisão de bens primários (saúde, ensino básico) pelo estado de bem-estar