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Apostila de Economia: Ao final, esperamos que você atinja os seguintes objetivos de aprendizagem: • Conceituar e explicar o objeto de estudo da ciência econômica; • Identificar os fatores que influenciam a demanda por bens e a oferta de bens e como se chega ao equilíbrio de mercado • Detalhar como estão condicionadas as diferentes estruturas de mercado, como concorrência perfeita e monopólio, e as conseqüências para os consumidores; • Explicar o objeto da macroeconomia e listar as metas e instrumentos da política macroeconômica; • Mostrar como acontece a formação e a distribuição de produto e renda gerados pela atividade; • Analisar o instrumental desenvolvido por Keynes para determinar o nível de renda nacional e avaliar questões macroeconômicas como desemprego e inflação; • Compreender os principais conceitos associados ao balanço de pagamentos; • Identificar como acontece a determinação da taxa de câmbio praticada pelo mercado; • Explicar o motivo pelo qual o mercado não consegue atingir uma solução eficiente em alguns casos e as razões que exigem a atuação governamental; • Analisar o déficit público, seus conceitos e como o governo consegue recursos para se financiar; • Apresentar os principais conceitos da Teoria do Crescimento e Desenvolvimento Econômico, bem como identificar as estratégias de longo prazo que devem ser adotadas para se atingir um crescimento econômico equilibrado e auto- sustentado.

UNEB - Economia Descomplicada

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Apostila de Economia:

Ao final, esperamos que você atinja os seguintes objetivos de aprendizagem:

• Conceituar e explicar o objeto de estudo da ciência econômica;

• Identificar os fatores que influenciam a demanda por bens e a oferta de bens e como se chega ao equilíbrio de mercado

• Detalhar como estão condicionadas as diferentes estruturas de mercado, como concorrência perfeita e monopólio, e as conseqüências para os consumidores;

• Explicar o objeto da macroeconomia e listar as metas e instrumentos da política macroeconômica;

• Mostrar como acontece a formação e a distribuição de produto e renda gerados pela atividade;

• Analisar o instrumental desenvolvido por Keynes para determinar o nível de renda nacional e avaliar questões macroeconômicas como desemprego e inflação;

• Compreender os principais conceitos associados ao balanço de pagamentos;

• Identificar como acontece a determinação da taxa de câmbio praticada pelo mercado;

• Explicar o motivo pelo qual o mercado não consegue atingir uma solução eficiente em alguns casos e as razões que exigem a atuação governamental;

• Analisar o déficit público, seus conceitos e como o governo consegue recursos para se financiar;

• Apresentar os principais conceitos da Teoria do Crescimento e Desenvolvimento Econômico, bem como identificar as estratégias de longo prazo que devem ser adotadas para se atingir um crescimento econômico equilibrado e auto-sustentado.

 

 

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Unidade 1 - Introdução

Vamos iniciar o estudo da Economia

Nesta primeira unidade, vamos entender seus principais conceitos e aplicação no dia-a-dia. Veremos aqui que, ao contrário dos recursos disponíveis, as necessidades humanas são ilimitadas

e a sociedade tem que decidir o quê, como e para quem produzir, de acordo com a forma de organização econômica vigente.

 

Unidade 1.

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Antes de iniciarmos o nosso estudo, vamos conhecer a origem da palavra “economia” e seu objeto de estudo.

Qual a origem da palavra e qual é o objeto da economia?

Uma idéia muito boa da utilidade do estudo da ciência econômica vem da sua própria etimologia: a palavra economia vem do grego oikos (casa) e nomos (norma, lei). Ou seja, trata da administração da casa, que pode ser estendida para a administração das

empresas, para a administração do país.

Conceitualmente, podemos dizer que o objeto de estudo da ciência econômica é a questão da escassez.

A escassez surge em virtude das necessidades humanas ilimitadas e da restrição de recursos disponíveis. Vejamos: quando conseguimos atender nossas necessidades básicas (alimentação, vestuário, moradia), passamos a desejar mais como uma casa

maior, um carro mais potente, uma viagem internacional, ou seja, na prática, nunca estamos satisfeitos.

Produzir o quê? Como? Para quem?

Ocorre que os recursos são limitados, o que significa que nem todas as necessidades podem ser simultaneamente atendidas. Dessa maneira, as pessoas, os governos, a sociedade como um todo, qualquer que seja seu tipo de organização econômica, ou regime político, é obrigada a fazer

opções, escolhas. Assim, também podemos definir a economia como o estudo pelo qual a sociedade decide o quê (quais desejos serão safisfeitos e em que quantidade), como (qual técnica será utilizada para se conseguir o máximo de produção com a menor quantidade de recursos) e para

quem produzir (quem será o beneficiário da produção, como o produto será distribuído).

Veja o resumo no diagrama a seguir:

Quadro I.1.

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Se os recursos são limitados, significa que nem todas as necessidades podem ser simultaneamente atendidas?

Sim. Dessa maneira, as pessoas, os governos, a sociedade como um todo, qualquer que seja seu tipo de organização econômica, ou regime político, são obrigadas a fazer escolhas.

     

Introdução

Curva de Possibilidade de Produção – Custo de Oportunidade

Para ilustrar a questão da escassez de recursos, a economia dispõe de um gráfico chamado de curva de possibilidade de produção. Essa representação mostra o máximo que uma sociedade pode produzir, dados os recursos produtivos limitados.

Primeiramente, vamos definir “fatores de produção”: São todos os insumos utilizados para produzir bens e serviços.

E o que podemos considerar como “fatores de produção”?

Tradicionalmente, são considerados fatores de produção:

• a terra (campos cultiváveis, minas)• o trabalho (recursos físicos e mentais do homem)

• e o capital (máquinas, instalações, matérias-primas).

Agora, vamos supor que usamos todos os fatores de produção para produzir dois tipos de bens: automóveis e alimentos.

As alternativas de produção de automóveis e alimentos estão expressas na tabela I.1 e representadas no gráfico I.1:

Dada a escassez de recursos, a sociedade deve decidir qual ponto da curva de possibilidades de produção será escolhido. A tomada de decisões exige escolher um objeto em detrimento do outro.

   Curva de Possibilidade de Produção – Tab I1.1 - gráfico I.1

 

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 No ponto A do gráfico I.1, a sociedade escolheu canalizar todos os fatores, todos os recursos, para produzir unicamente automóveis. No ponto F, a sociedade optou por produzir apenas alimentos. As outras alternativas são situações intermediárias. Por exemplo, no ponto D, a economia produz 10

mil automóveis e 8 mil toneladas de alimentos.

Note que temos um ponto G, que está além da curva (externo a ela). Esse ponto retrata uma situação que não pode ser atingida com os recursos disponíveis. Só conseguiríamos atingir o patamar G se houvesse recursos extras (veremos nos módulos seguintes como fazer para aumentar os

recursos produtivos de uma sociedade).

Atente também para a existência de um ponto H (interno à curva). Nesse caso, temos uma situação ineficiente, pois não se está utilizando todos os recursos disponíveis. Há desemprego de fatores. E como resolver esse problema do desemprego? Tenha calma, também estudaremos isso nos

próximos módulos.

Em suma, a curva de possibilidades de produção nos mostra que, quando os recursos são escassos, a sociedade só pode obter mais de algumas coisas se receber menos de outras. Voltando ao nosso exemplo: se estivermos no ponto B, estarão sendo produzidas 3 mil toneladas de alimentos e 14 mil automóveis. Suponha que a sociedade decidiu que queria mais alimentos, o equivalente a 6 mil toneladas. Nesse caso, para conseguir essa

produção de alimentos, a produção de veículos cairá para 12 mil unidades (ponto C).

Esse sacrifício de 2 mil carros (ao irmos do ponto B para o ponto C) é o que denominamos de custo de oportunidade, ou seja, custo de oportunidade é o quanto temos de abrir mão de algo para conseguir mais de outro item.

Essa situação remete à famosa frase do economista norte-americano:

  "Não existe almoço grátis”

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Milton Friedman (Prêmio Nobel norte-americano)

isto é, nada é de graça numa situação de pleno emprego dos fatores.

Quer dizer que vivemos sempre em situações de escolhas?

A todo momento estamos fazendo escolhas que implicam conseguir um bem ou serviço, mas, em conseqüência, deixamos de ter outro. Por exemplo, um casal recebe sua renda mensal e tem de decidir se gastará o dinheiro com roupas, alimentos e lazer ou se aplicará sua renda em uma caderneta

de poupança ou um plano de previdência privada. Daí, vem uma palavra muito utilizada em teoria econômica: Tradeoff. Esse termo define uma situação de escolha conflitante, quer dizer, ao optarmos por alguma coisa, deixamos de ter outra.

 

Sistemas Econômicos:

Como vimos, os recursos disponíveis são limitados e, portanto, deve-se decidir o quê, como e para quem produzir. No entanto, as respostas a essas questões dependem da forma de organização econômica vigente.

Existem três tipos básicos de organização econômica:

• Economia de mercado• Economia de planejamento central

• Economia Mista

Em uma economia de mercado, o mecanismo de preços resolve os problemas econômicos fundamentais e promove o equilíbrio. Se as empresas estiverem ofertando muitos bens, o preço deles deve cair para que a produção seja escoada. Por outro lado, se os consumidores estiverem dispostos a comprar muito de algo, a tendência é o preço desse bem subir. É dessa forma que o mercado usa os preços para conciliar decisões sobre consumo

e produção. Voltaremos mais detalhadamente a esse assunto no próximo módulo.

Na economia de planejamento central, os meios de produção são de propriedade do Estado, isto é, terras, fábricas, máquinas, residências, tudo pertence ao Poder Público. As questões o quê, como e para quem são respondidas somente pelo Estado. Na atualidade, os países que mais se

aproximam desse sistema econômico são Cuba e China.

Por fim, há uma solução intermediária entre os dois sistemas comentados: o de economia mista, em que o governo e o setor privado interagem buscando soluções para os problemas econômicos. Na realidade, esse é o sistema adotado por todos os países, sendo que alguns tendem mais para

a economia de mercado e outros, para a de planejamento central.

Síntese

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Vimos que, como os recursos são limitados, devemos fazer escolhas. A curva de possibilidades de produção ilustra essas decisões de optarmos por um bem em detrimento de outro. A sociedade decide o quê, como e para quem produzir, conforme o tipo de organização econômica vigente. Todos os

países tendem a ser economias mistas, com mais ou menos intervenção estatal.

    

Oferta, Demanda e Equilíbrio de Mercado.

 Como já citamos na unidade 1 do primeiro módulo do curso, em uma economia de mercado, o mecanismo de preços resolve problemas econômicos fundamentais.

 Nesta unidade vamos entender como se processa essa dinâmica do mercado e como os preços têm o poder de harmonizar a oferta com a demanda, gerando um equilíbrio.

Oferta, Demanda e Equilíbrio de Mercado

Introdução

A Economia divide-se tradicionalmente em dois amplos ramos:

• Microeconomia• Macroeconomia

A microeconomia, objeto desta unidade, é o estudo de como as famílias e empresas tomam decisões e de como elas interagem em mercados específicos.

Por exemplo, o microeconomista estuda as preferências dos indivíduos, se as famílias preferem comprar laranjas a maçãs e quanto os produtores, nesse caso, oferecem de cada uma das frutas. Estuda ainda os preços relativos e a produção relativa desses dois bens (laranjas e maçãs).

Teoria da Demanda e da Oferta

Pense agora na seguinte situação: nos bares e restaurantes de uma cidade, consomem-se X garrafas de cerveja e Y garrafas de vinho. Suponha também que os consumidores tenham mudado sua preferência e passaram a beber mais vinho e menos cerveja (talvez porque

tenham divulgado que vinho faz bem à saúde). Considerando que a renda dos consumidores não foi alterada e que a produção de cerveja e

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vinho permaneceu a mesma em um primeiro momento, o que vai acontecer com o preço dos produtos? Será que as quantidades produzidas de cerveja e vinho serão alteradas num segundo momento?

Vejamos outros casos: você já percebeu que o preço da água de coco sempre aumenta no verão, que as roupas de frio ficam mais caras no inverno ou que os artigos de papelaria custam mais no início do período escolar?

Pois é, essas questões são estudadas pela teoria da oferta e da demanda, a serem introduzidas neste

módulo. Analisam-se como compradores e vendedores se comportam e como interagem uns

com os outros. Mostra-se como a oferta (comportamento dos vendedores) e a demanda

(comportamento dos compradores) determinam os preços em uma economia de mercado e como os

preços influenciam a alocação dos recursos escassos da economia.

Análise da demanda

A demanda (ou procura) é a quantidade de determinada mercadoria (bem ou serviço) que os compradores (consumidores) desejam adquirir de acordo com cada preço dado. A quantidade demandada de um produto qualquer é a quantidade desse bem que os compradores desejam e podem comprar.

Normalmente, temos uma relação inversa entre o preço do bem e a quantidade demandada. Pensemos em uma mercadoria em particular: chocolate. Quando o preço do chocolate cai, você tem uma inclinação maior para comprar mais barras e bombons; no entanto, se o chocolate ficar mais caro,

você provavelmente vai se conter e comprará menos.

Como a quantidade demandada diminui quando o preço aumenta e aumenta quando o preço diminui, dizemos que a quantidade demandada é negativamente relacionada com o preço (em um gráfico, isso se traduz por uma curva decrescente).

Vamos supor a seguinte escala de demanda (tabela II-1.1), ou seja, quantas barras de chocolate as pessoas estão dispostas a comprar conforme seja o preço da mercadoria. Note que quanto mais alto o preço, menos chocolate as pessoas comprarão. Se a barra custar R$2,00, apenas 10 barras de

chocolate serão adquiridas.

Vejamos agora a representação desses valores em um gráfico. A junção dos pontos forma a curva da demanda (linha inclinada para baixo).

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Acompanhe as setas no gráfico: quando os preços caem, a quantidade demandada aumenta (também vale o contrário, se os preços subirem, a quantidade demandada diminui).

Essa relação entre quantidade demandada e preço funciona para a maioria dos bens e serviços existentes. Na verdade, é tão universal que é chamada de lei da demanda.

Lei da demanda: considerando todas as demais variáveis constantes, a quantidade demandada de um bem diminui à medida que o preço dele aumentar.

Preços, Bens Substitutos, Preferências e Renda

Imagine agora a seguinte situação: você vai a um restaurante e pede o cardápio para escolher seu jantar. Para fazer sua escolha, você olha primeiramente os preços. Vamos supor que sua opção seja por um filé de carne vermelha. No entanto, o garçom lhe informa que existe um peixe em

promoção. O peixe, por ser um substituto da carne vermelha, pode alterar sua escolha. Se os preços fossem parecidos, você levaria em conta apenas seu gosto. Mas então você percebe que está com muita fome e poderia comer os dois pratos, porém, a decisão de consumir mais ou menos

irá depender da sua renda disponível.

Vimos que a curva da demanda mostra a relação entre preço e quantidade demandada, mantendo todos os outros fatores constantes. Ocorre que, como a história do restaurante retrata, existem outros fatores além do preço que são relevantes para a demanda: o preço dos bens relacionados, a

renda dos consumidores e seus gostos ou preferências.

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Bens Substitutos e Complementares

Relativamente ao preço dos bens relacionados, temos dois casos. O primeiro deles trata dos bens substitutos. Isso acontece quando o consumo de um bem substitui o consumo do outro. São exemplos de bens substitutos: coca-cola e guaraná, viagem de ônibus e de metrô, carne de vaca e de

peixe, etc.

O outro caso de bens relacionados são os bens complementares. Nesse caso, os bens são consumidos em conjunto, como pão e manteiga, carro e combustível, computador e software, etc.

Um aumento no preço de um bem impulsiona a demanda por seus substitutos, mas reduz a demanda de seus complementares (e vice-versa).

Vejamos:Uma vez que tanto a viagem de ônibus quanto a de metrô atendem a mesma finalidade de transporte público, esses dois serviços são considerados substitutos e, portanto, se a passagem de ônibus aumentar, aumentará a quantidade demandada das viagens de metrô. Agora imagine que o preço

dos computadores caia; isto implica que a quantidade demandada de computadores aumentará, mas também aumentará a demanda de programas de computador (software), pois não faz sentido ter um computador sem programas (caso dos bens complementares).

Quais outros fatores alteram a demanda?

Outro fator que altera a demanda é a renda. Se ela aumenta, a demanda da maioria dos bens aumenta, ou seja, os consumidores compram mais de todas as coisas. Quando isso acontece, chamamos os bens de normais. No entanto, há exceções, como os bens inferiores. Nesse caso, quando o indivíduo tem um aumento na renda, ele passa a consumir menos dos bens inferiores (normalmente, são bens de baixa qualidade e baratos). Um

exemplo disso é a carne de segunda, só compramos esse tipo de carne quando dispomos de pouco dinheiro, se a nossa renda aumenta um pouco, passamos a comprar carne de primeira.

Por fim, temos a questão do gosto. A demanda por bens pode ser alterada se houver mudanças no gosto dos indivíduos. Isso pode acontecer por meio de campanhas publicitárias, modismos, atitudes sociais, etc. Por exemplo, se as protagonistas de novelas usam um determinado tipo de roupa, a

demanda por essa roupa crescerá.

E qual será o reflexo na curva da demanda decorrente de alterações na renda, nos bens relacionados e no gosto?

Já vimos que mudanças ao longo da curva da demanda são causadas por mudanças nos preços (a quantidade demandada varia conforme o preço), lembre-se do gráfico II-1.1. Mas e alterações nos outros fatores?

A curva da demanda se desloca toda para a direita ou para a esquerda em resposta a mudanças nos preços dos bens substitutos e complementares, na renda e nos gostos.

Retornemos ao nosso exemplo das barras de chocolate. Se acontecer um aumento da renda, ou uma elevação do preço de algum bem substituto do chocolate, ou uma diminuição do preço de algum bem complementar a ele, ou, por fim, uma alteração no gosto de forma que os indivíduos queiram

mais chocolate, então a curva da demanda se desloca toda para a direita (de D vai para D’).

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Note que, para todos os preços, a demanda ficou maior, ou seja, as famílias estão comendo mais chocolate independentemente do preço dele. O aumento no consumo ocorreu devido a alterações nos fatores renda, bens relacionados e gosto. Analogamente, temos a situação de diminuição do

consumo retratada por um deslocamento da curva da demanda para a esquerda.

Análise da oferta

A oferta é a quantidade de determinada mercadoria (bem ou serviço) que os vendedores querem oferecer de acordo com cada preço dado. A quantidade

ofertada de um produto qualquer é a quantidade desse bem que os produtores (vendedores) estão dispostos e aptos a vender.

Qual é a relação entre o preço do bem e a quantidade ofertada?

Em geral, temos uma relação direta. Continuemos com o nosso exemplo do chocolate. Quando o preço do chocolate sobe, o produtor (vendedor) tem uma inclinação maior para produzir (vender) mais barras e bombons; no entanto, se o chocolate ficar mais barato, ele tem menos incentivos para

fabricar e vender chocolates .

Como a quantidade ofertada aumenta quando o preço sobe e diminui quando o preço cai, dizemos que a quantidade ofertada é positivamente relacionada com o preço (em um gráfico, isso se traduz por uma curva crescente).

Vamos supor a seguinte escala de oferta (tabela II-1.2), ou seja, quantas barras de chocolate os produtores estão dispostos a vender conforme seja o

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preço da mercadoria. Note que quanto mais alto o preço, mais chocolate será posto à venda. Se a barra custar R$2,00, então 50 barras de chocolate serão fabricadas e oferecidas no mercado.

O conjunto desses dados, representados em um gráfico, forma a curva da oferta S (linha inclinada para cima). Usualmente a curva da oferta é representada pela letra S em referência à palavra inglesa supply (oferta).

Acompanhe as setas no gráfico II-1.3: quando os preços sobem, a quantidade ofertada aumenta (também vale o contrário, se os preços caírem, a quantidade ofertada cai). Esse movimento dá origem à chamada lei da oferta .

 

Lei da oferta: considerando todas as demais variáveis constantes, a quantidade ofertada de um bem aumenta à medida que o preço dele aumentar.

 

Bom, então a curva da oferta mostra a relação entre preço e quantidade ofertada, mantendo todos os outros fatores constantes.

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Quais outros fatores alteram a oferta?

Ocorre que, analogamente à demanda, existem outros fatores além do preço que são relevantes para a oferta. Citamos dois dos principais: a tecnologia e o preço dos insumos (matérias-primas).

A tecnologia se destaca, pois ela tem o papel de reduzir os custos das empresas e incrementar a produção. Por exemplo, quando o chocolate é fabricado artesanalmente, a produção é muito menor do que quando se utilizam máquinas que propiciam a fabricação do chocolate em escala

industrial. Uma tecnologia melhor desloca a curva da oferta para a direita, pois os produtores ofertam mais que antes, para cada um dos preços (veja o gráfico II-1.4).

Para produzir o chocolate, os produtores usam diversos insumos, como leite, açúcar, cacau, máquinas para fabricação, trabalhadores, etc. Se algum desses insumos fica mais caro, a produção do chocolate se torna menos lucrativa, logo o produtor passa a oferecer menos do produto, o que desloca a curva da oferta toda para a esquerda. Analogamente, preços menores dos insumos (como salários mais baixos) induzem as empresas a produzirem mais a cada preço, deslocando a curva da oferta para a direita (um motivo das elevadas taxas de crescimento econômico da China é a mão-de-obra

barata disponível por lá, mas voltaremos a discutir isso mais tarde).

O equilíbrio de mercado

O preço em uma economia de mercado é determinado tanto pela oferta quanto pela demanda. Vamos colocar em um único gráfico as nossas curvas de oferta e de demanda de chocolate.

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Observe, no gráfico II-1.5, que há um único ponto de interseção das curvas de oferta e de demanda: elas se cruzam no ponto E. Esse ponto é chamado de equilíbrio de mercado. Nele temos o preço de equilíbrio que faz com que a quantidade ofertada seja igual a quantidade

demandada. Em relação ao nosso exemplo, o preço de equilíbrio é R$1,20 que implica uma quantidade ofertada e demandada de chocolate igual a 30 barras.

VALE DESDE O CHUCHU AO DÓLAR(extraído da revista Veja de 22/02/2009)

“Desde a introdução do sistema de câmbio flutuante no país, em 1999, as cotações oscilam de acordo com a lei mais básica da economia, a da oferta e

da procura. Quando a oferta é pequena e a procura é elevada, os preços sobem.

Vale tanto para chuchu quanto para moedas sob o regime de câmbio flutuante”.

As ações de compradores e vendedores conduzem naturalmente o mercado em direção ao equilíbrio entre demanda e oferta. Vejamos o que acontece se o mercado estiver em desequilíbrio

No nosso exemplo, ao preço de R$1,20, a quantidade que os compradores desejam comprar e os vendedores desejam vender é 30 barras de chocolate. Se o preço for cotado acima de R$1,20, os vendedores vão querer vender mais de 30 barras, mas os compradores estarão dispostos a

comprar menos que isso. Haverá um excesso de oferta de barras de chocolate. Em conseqüência, os vendedores acumularão estoques não planejados e terão de diminuir seus preços de forma que a produção seja escoada. No final do processo, o preço volta ao equilíbrio.

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Analogamente, gráfico II-1.6, se o preço for cotado abaixo de R$1,20, os vendedores vão produzir menos de 30 barras, mas os compradores estarão dispostos a comprar mais que isso. Haverá um excesso de demanda de barras de chocolate e os consumidores estarão dispostos a pagar mais pelo

chocolate escasso. Novamente, o sistema voltará ao equilíbrio.

Síntese

A demanda é a quantidade de bens que os compradores desejam comprar conforme o preço adotado. Considerando as outras variáveis constantes, quanto maior o preço, menor será a quantidade demandada.

A oferta é a quantidade de bens que os vendedores ou produtores estão dispostos a vender conforme o preço estipulado. Tendo os demais valores constantes, quanto maior o preço, maior será a quantidade ofertada.

O mercado está em equilíbrio quando a quantidade ofertada é igual a quantidade demandada em um determinado preço de equilíbrio. Isso acontece no cruzamento das curvas de oferta e de demanda.

 

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Estruturas de Mercado

     

Estudamos, na unidade passada, que o mercado está em equilíbrio quando a quantidade ofertada é igual a quantidade demandada em um determinado preço de equilíbrio.

Isso acontece no cruzamento das curvas de oferta e de demanda.

Nesta unidade vamos conhecer as estruturas de mercado existentes e suas características, esperando que, ao final, você possa: identificar o impacto de cada uma dessas estruturas nos preços e no lucro dos produtores.

 

Estruturas de Mercado

Introdução

Recentemente, presenciamos uma disputa entre os postos de gasolina para ver qual estabelecimento oferecia o combustível a um preço menor, a competição chegava a centavos. Nesse ambiente, vamos supor que o posto próximo a sua casa venda o litro da gasolina a um preço 10% maior que a

média dos concorrentes. O que acontecerá com esse posto? Os clientes, ao perceberem a diferença de preço, certamente procurarão outro estabelecimento onde a gasolina esteja mais barata e o posto careiro ficará vazio.

Vejamos agora outra situação: a companhia que oferece energia elétrica na sua cidade, além de prestar um serviço ruim com falta de luz a todo momento, ainda decidiu majorar a tarifa em 20%. O que você vai fazer? Provavelmente vai tentar não deixar tanto as luzes da casa acesas, mas será

impossível deixar de usar a energia elétrica ou trocar de fornecedor.

Com esses exemplos, percebemos que existem mercados com estruturas diferentes que geram formas distintas de se fixar o preço do bem (ou do serviço).

Basicamente, no mercado de bens e serviços, existem quatro tipos de estrutura que estudaremos neste módulo:

• Concorrência perfeita.• Monopólio.

• Concorrência monopolística.• Oligopólio.

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Concorrência perfeita

O mercado em concorrência perfeita é um modelo hipotético que retrata uma situação ideal. Sua importância reside no fato de servir de base para a avaliação das outras estruturas de mercado.

Quais as características do mercado em concorrência perfeita?

As seguintes condições devem ser preenchidas para que o mercado seja considerado perfeitamente competitivo (em concorrência perfeita):

• Há muitos compradores e vendedores no mercado.

Isso significa que cada agente é muito pequeno em relação ao mercado como um todo sendo, em conseqüência, incapaz de influenciar os níveis de oferta e de demanda e o preço de equilíbrio. Assim, cada comprador e vendedor é um tomador de preços, ou seja, ele simplesmente aceita o preço

dado pelo mercado, não tem poder nenhum de modificá-lo.

• Os diversos vendedores oferecem bens homogêneos.

Ou seja, os produtos são parecidos de forma que não há margem para haver diferenciação de preço por conta de características individuais dos produtos de cada vendedor.

Infere-se das duas hipóteses acima que, num modelo de concorrência perfeita, todas as firmas do mercado praticam o mesmo preço p0 e tudo o que for ofertado por cada firma será vendido. Se alguma firma tentar praticar um preço mais alto, perderá todos os clientes. Se quiser vender a um preço mais baixo, não estará sendo racional, pois, se vende quanto quer no preço p0, não há motivo para diminuir sua receita vendendo a um preço menor.

Mas então vem a dúvida: por que todos os vendedores desse mercado não combinam uma medida para empurrar o preço para cima, obrigando os compradores a aceitarem esse preço mais alto (principalmente se for um bem cujo consumo é necessário)? Para que isso não aconteça, há uma

terceira hipótese no modelo de concorrência perfeita:

• Há livre entrada de firmas e compradores no mercado.

Mesmo que os preços fossem elevados, o conseqüente aumento dos lucros atrairia novas firmas para esse mercado, aumentando a oferta total e empurrando o preço para baixo.

A CONCORRÊNCIA DERRUBA OS PREÇOS

O filósofo e economista escocês Adam Smith, pai do pensamento econômico moderno, escreveu no clássico A Riqueza das Nações, de 1776,

que não é da benevolência do padeiro ou do açougueiro que devemos esperar nosso jantar, “mas sim do comprometimento deles com seus próprios interesses”.

Ou seja, é a concorrência, com cada comerciante tentando vender mais que o outro, que derruba os preços, beneficiando toda a sociedade

 

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Voltemos ao exemplo da gasolina. Em uma cidade grande, existem vários postos oferecendo combustível e, é claro, vários motoristas para comprarem a gasolina. O produto é o mesmo: em tese, não há diferença na gasolina entre os estabelecimentos (a exceção se faz quando adulteram o combustível

misturando água). Assim, o mercado de gasolina se aproxima bastante do mercado perfeitamente competitivo, mas ainda não é uma concorrência perfeita. Por quê?

Bom, não é qualquer um que consegue montar um posto. Para tanto, é necessário um capital alto e licenças de funcionamento especiais. Ou seja, não há livre entrada de firmas. O não-cumprimento dessa condição abre espaço para a formação de cartéis, isto é, as empresas fornecedoras se unem

para manipular o preço.

As três hipóteses mencionadas são as mais citadas para se caracterizar uma concorrência perfeita. No entanto, ainda podemos enumerar outras:

• Transparência de mercado: compradores e vendedores detêm informação completa sobre preços, locais de vendas, qualidade dos produtos, lucro dos concorrentes.

• Mobilidade dos bens: livre movimentação dos fatores de produção e dos produtos. Não existem custos de transportes.

Cabe frisar novamente: a concorrência perfeita é um modelo hipotético. É usado apenas por seu valor analítico, pois não existe na prática.

Monopólio

Após termos discutido a concorrência perfeita, passamos agora ao caso oposto: o monopólio. Uma firma é chamada monopolista se ela é a única fornecedora de determinado produto. Mais ainda, uma empresa é um monopólio se é a única vendedora de seu produto, se o produto não tem

substitutos próximos e se há barreiras à entrada de outras empresas.

A grande questão do monopólio é saber o motivo pelo qual outras empresas não vendem o produto do monopolista. Isso acontece justamente pelas barreiras existentes que impedem outras firmas de atuarem no mercado monopolizado. Como podem ocorrer essas barreiras? Vejamos.

• Monopólio natural

Esse tipo de estrutura surge quando há economias de escala na produção. Isto é, a empresa monopolista, já estabelecida, tem condições de operar com baixos custos. Qualquer outra empresa que tente entrar no mercado terá que fazer muitos investimentos e não conseguirá oferecer o produto a

um preço equivalente ao da firma monopolista.

Um exemplo de monopólio natural está na distribuição de energia elétrica. Para levar energia a uma cidade, uma empresa precisa de equipamentos caros e postes com fiação por todo o perímetro municipal. Outra empresa não tem interesse em explorar esse ramo, porque o custo fixo de construção

da rede é muito alto e, com duas firmas competindo na prestação desse serviço, as duas teriam desembolsado esse valor alto e o custo médio do serviço de fornecimento de energia elétrica seria mais elevado, diminuindo os lucros.

• Controle exclusivo sobre as matérias-primas

Uma única empresa é detentora de um recurso-chave. Por exemplo, em uma cidade isolada, existe apenas uma fonte de água de propriedade de uma firma e não há outra maneira de se obter água. Essa modalidade de barreira à entrada é rara, pois hoje as economias são grandes, inclusive mundiais,

os recursos estão distribuídos por vários proprietários e há fácil transporte deles por entre áreas distantes.

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• Monopólios criados pelo governo

Em muitos casos, os monopólios surgem porque o governo concede a uma só firma o direito exclusivo de vender algum bem ou serviço. A lei de patentes é um exemplo de como o governo cria um monopólio para atender ao interesse público. Com a autorização para produzir exclusivamente algum bem, o preço deve ficar num patamar mais elevado do que ocorreria se houvesse competição. Mas, concedendo a patente, o governo cria

incentivos maiores à atividade criativa e à pesquisa.

Podemos resumir até aqui os conceitos estudados. A principal diferença entre uma empresa competitiva e uma monopolista é a capacidade que esta última tem de influenciar o preço do seu produto. Uma empresa competitiva é pequena em relação ao mercado em que opera e, portanto, toma o preço do seu produto como dado pelas condições do mercado. Em contrapartida, uma monopolista, como única produtora em seu mercado, pode

alterar o preço de seu bem, garantindo lucros acima do normal (chamamos de lucros extraordinários).

Como lidar com o poder do monopólio?

Do ponto de vista da política pública, os monopólios produzem menos do que a quantidade socialmente eficiente e cobram preços superiores ao que deveriam. Nesse caso, o governo pode reagir com uma legislação antitruste para tentar tornar as firmas mais competitivas. Pode, por exemplo, proibir fusões de grandes corporações quando o resultado disso for um mercado monopolizado. No Brasil, um dos órgãos responsáveis por esse controle é o

Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE.

O governo pode também transformar o monopólio em estatal, de forma a controlar o comportamento da firma em nome do interesse público (exemplo: Petrobrás). Ou pode ainda regulamentar os preços cobrados pelos monopolistas, como faz algumas agências reguladoras (exemplo: ANEEL –

Agência Nacional de Energia Elétrica).

 

Concorrência monopolística

A concorrência monopolística abrange os mercados que possuem algumas características do mercado competitivo e algumas características de monopólio. Trata de um modelo muito mais próximo da realidade do que a concorrência perfeita.

Vejamos um exemplo. Você decide almoçar num shopping e vai à praça de alimentação. Lá você se depara com restaurantes de diversos tipos: comida italiana, japonesa, natural, etc. Parece ser um mercado competitivo, todos os restaurantes estão disputando seu apetite. No entanto, também

parece um monopólio, pois cada estabelecimento oferece exclusivamente um tipo de comida, com seu tempero próprio.

Assim, a concorrência monopolística tem as seguintes características principais:

• Muitas empresas produzindo um dado bem ou serviço.• Os produtos são diferenciados, mas são substitutos próximos.

• Cada empresa tem certo poder sobre preços, dado que o produto é diferenciado. O consumidor tem opção de escolha, de acordo com sua preferência.

Como não existem barreiras para a entrada de firmas, a longo prazo há tendência apenas para lucros normais, como em concorrência perfeita.

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Oligopólio

É um tipo de estrutura de mercado que apresenta pequeno número de empresas no setor. Um ótimo exemplo de oligopólio é a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). Grande parte do petróleo do mundo é produzida por um pequeno grupo de países, a maioria deles localizada

no Oriente Médio. Juntos eles tomam decisões sobre a quantidade extraída de petróleo e influenciam o preço do barril em escala mundial.

Em oposição à concorrência monopolística e de forma semelhante ao monopólio, as empresas pertencentes ao oligopólio garantirão lucros extraordinários, pois sempre haverá barreiras à entrada de novos concorrentes, principalmente no oligopólio natural, como é o caso do petróleo.

Síntese

Vimos quatro tipos de estrutura de mercado. A concorrência perfeita pressupõe um mercado com muitos compradores e vendedores negociando produtos idênticos, de modo que cada comprador e cada vendedor é um tomador de preço. O monopólio consiste em uma empresa que é a única

vendedora de um produto que não tem substitutos semelhantes. A concorrência monopolística é uma estrutura de mercado em que muitas empresas vendem produtos que são similares, porém existe uma diferenciação. Por fim, temos o oligopólio, em que há poucos vendedores oferecendo produtos

muito similares ou idênticos.

O funcionamento da economia de mercado passou por diversas alterações na atualidade, como o gigantismo das modernas unidades industriais e o crescente intervencionismo do Estado na economia. Em conseqüência, prevalece, entre as situações de mercado, o monopólio e o oligopólio.

Vimos na unidade anterior, que a Microeconomia, um dos amplos ramos da Economia, estuda as preferências dos indivíduos, os preços relativos e a produção relativa dos bens.

Nesta unidade vamos entender o objeto de estudo da Macroeconomia, suas metas e instrumentos de política utilizados para atuar sobre a capacidade produtiva e sobre a despesa planejada da sociedade.

 

Política Macroeconômica.

Qual é o objeto de estudo da Macroeconomia?

A macroeconomia tem como objeto de estudo as relações entre os grandes agregados: a renda nacional, o nível de emprego e dos preços, o consumo, a poupança e os investimentos totais.

A macroeconomia, ao tentar responder como o mercado de bens e serviços se comporta, efetua uma agregação de todos os bens produzidos pela economia durante certo período de tempo. Esse conjunto é chamado de produto agregado, ou seja, o somatório de todos os bens

produzidos pela economia. O preço de produto agregado é uma média de todos os preços produzidos. A isso, dá-se o nome de nível geral de preços.

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Para que as compras e vendas de mercadorias e serviços aconteçam, é necessário um elemento comum

de troca: o dinheiro. Para tanto, existe o mercado monetário, em que

são determinadas as taxas de juros e a quantidade de moeda necessária para efetuar as transações

econômicas. A moeda tem importância na determinação dos preços e nas quantidades produzidas.

Analogamente, a macroeconomia também vê o mercado de trabalho como uma agregação de todos os tipos de trabalho existentes na economia. Como resultado temos outras duas variáveis macroeconômicas: a taxa salarial e o nível de emprego.

A macroeconomia se incumbe ainda de estudar as relações do nosso país com o resto do mundo. Analisa o mercado cambial, de forma a conhecer a taxa de câmbio que permite calcular a relação de troca entre diferentes moedas.

Em síntese, a macroeconomia é o estudo de fenômenos que englobam toda a economia.

O que deve estudar um macroeconomista?

Um macroeconomista estuda assuntos como os efeitos de empréstimos feitos pelo governo federal, as mudanças da taxa de desemprego ao longo do tempo ou políticas alternativas para promover a elevação do padrão de vida nacional.

Metas da política macroeconômica

São metas da política macroeconômica: alto nível de emprego, estabilidade de preços, distribuição de renda socialmente justa e crescimento econômico.

• Alto nível de emprego

As pessoas que gostariam de trabalhar, mas não conseguem encontrar um emprego, não estão contribuindo para a produção de bens e serviços da economia (além de terem sua auto-estima completamente abalada). Embora um certo grau de desemprego seja inevitável em uma economia

complexa, quando um país consegue manter a maior parte de seus trabalhadores plenamente empregados, atinge um nível de PIB (Produto Interno Bruto) maior do que se deixasse muitos deles ociosos.

• Estabilidade de preços

Define-se inflação como um aumento contínuo e generalizado no nível geral de preços, o que provoca uma perda do poder aquisitivo da moeda. A inflação é um problema porque gera distorções de toda ordem no sistema econômico, como uma piora na distribuição de renda (os pobres têm mais

dificuldade em se defender da inflação) e incertezas sobre o futuro, o que desestimula os investimentos produtivos. Daí a necessidade de políticas que preservem a estabilidade dos preços.

Page 22: UNEB - Economia Descomplicada

• Distribuição de renda socialmente justa

A distribuição de renda resultante do sistema econômico pode não ser a desejada pela sociedade. O governo pode intervir, por meio de impostos, subsídios ou transferências, no sentido de fazer ajustes e tornar a distribuição mais justa, mais eqüitativa. No caso do Brasil, isso é ainda mais urgente,

dadas as diferenças absurdas existentes na sociedade brasileira.

A distribuição de renda também tem sido assunto recorrente nos países emergentes que conseguiram um crescimento econômico rápido, como a Índia (cresce a uma média anual de 6% desde 1990), pois a riqueza produzida demora a chegar às camadas mais pobres.

• Crescimento econômico

Crescimento econômico é o aumento da capacidade produtiva da economia e, portanto, da produção de bens e serviços de determinado país. O melhor indicador para isso é aferir o aumento da renda nacional per capita, isto é, o aumento da razão entre a quantidade produzida e a população.

Para termos incremento na renda nacional per capita, o aumento dos bens e serviços produzidos deve superar o crescimento populacional.

Essa meta deve ser uma das prioridades nacionais.

BRASIL NA LANTERNA DA DISTRIBUIÇÃO DE RENDA(publicado na Folha Online de 01/06/2008)

O Brasil tem a segunda pior distribuição de renda do mundo de acordo com o índice de Gini - que mede a desigualdade de renda em valores de 0 (igualdade

absoluta) a 1 (desigualdade absoluta). O índice do Brasil é de 0,60, sendo superado só por Serra Leoa (0,62). A Áustria é uma das nações que tem a

melhor distribuição de renda do mundo (0,23).

Segundo o Radar Social, estudo divulgado pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), embora o país tenha conseguido melhorar alguns de seus

principais indicadores sociais, a distribuição de renda ainda é um dos piores problemas do país.

De acordo com a pesquisa, 1% dos brasileiros mais ricos (1,8 milhão de pessoas) detém uma renda equivalente a da parcela formada pelos 50% mais

pobres (86,5 milhões de pessoas).

 

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Instrumentos da política macroeconômica

O governo, para atingir as metas, deve atuar sobre a capacidade produtiva (oferta agregada) e sobre a despesa planejada da sociedade (demanda agregada). Basicamente, os instrumentos de política macroeconômica utilizados para isso são:

• Política fiscal

• Política monetária

• Políticas cambial e comercial

A política fiscal diz respeito às decisões dos governos sobre gastos e tributos. Seus efeitos podem ser sentidos diretamente na demanda agregada, por meio da variação dos gastos públicos em consumo e investimento, ou indiretamente, pela redução dos impostos, o que eleva a renda disponível

no setor privado. Estudaremos, no módulo III-3, como funcionam esses mecanismos.

CONSUMO DO GOVERNO SOBE EM ANO ELEITORAL(publicado na Folha de São Paulo de 11/06/2008)

Na comparação com o quarto trimestre de 2007, o consumo governamental aumentou 4,5%, considerando as três esferas de governo (federal, estadual e municipal). Nesse caso, é a maior variação de toda a série do IBGE, que teve início em 1996. A despesa do governo corresponde a 19% do PIB.

E para financiar tanta despesa os impostos subiram, mais uma vez, num patamar superior ao do PIB, segundo o IBGE. O volume de tributos cresceu 8% no primeiro trimestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2007.Desde o terceiro trimestre de 2006, os impostos aumentam sistematicamente mais do que o PIB.

A política monetária refere-se à atuação do governo sobre a quantidade de moeda, de crédito e das taxas de juros. Na atualidade, o principal instrumento da política monetária é a taxa de juros e seu objetivo primordial é o controle da inflação.

As políticas monetária e fiscal representam diferentes alternativas para as mesmas finalidades. A política macroeconômica deve utilizar uma combinação das duas.

A política fiscal apresenta maior eficácia na distribuição de renda, utilizando como instrumentos, por exemplo, a taxação de rendas mais altas ou promovendo gastos públicos para os setores menos favorecidos.

A política monetária possui a vantagem de ser facilmente implementada, pois só depende de decisões das autoridades monetárias (no caso brasileiro, temos as famosas reuniões do COPOM – Comitê de Política Monetária do Banco Central). A política fiscal depende, normalmente, de votação no

Congresso Nacional e, portanto, exige um período maior para sua implementação.

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Por fim, a política cambial envolve as ações para afetar a taxa de câmbio e a política comercial trata dos incentivos às exportações e dos desestímulos (ou em alguns casos estímulos) às importações, que pode acontecer por meio de alterações nas tarifas, no crédito ou via cotas.

Síntese

Vimos que a macroeconomia se preocupa com os grandes agregados da economia. Suas metas são obter níveis satisfatórios de emprego, ausência de inflação, uma distribuição de renda mais eqüitativa e altas taxas de crescimento econômico. Para tanto, pode utilizar-se das políticas fiscal,

monetária, cambial e comercial.

Conceitos e Identidades Fundamentais

Introdução

Como já vimos anteriormente, o principal objeto da macroeconomia é a formação e a distribuição do produto e da renda gerados pela atividade econômica. Esses agregados representam importantes medidas de desempenho econômico e bem-estar da sociedade. Assim, para entendermos os

modelos macroeconômicos, é essencial conhecer alguns conceitos, bem como seus sistemas de contabilização.

Consideraremos, num primeiro momento, que existem apenas dois agentes na economia: as famílias e as firmas. Estudaremos como ocorrem as relações entre esses dois agentes. A seguir, permitiremos que haja acumulação de capital no nosso sistema, adicionaremos o governo ao modelo e

abriremos nossa economia para o comércio internacional.

Famílias e Firmas

As famílias são compostas por todos os indivíduos da sociedade. Para que essas famílias consigam suprir suas necessidades (alimentos, vestuário, lazer, ou qualquer outro item de que precisem), alguém deve produzir. Assim, os próprios indivíduos da sociedade formam as firmas, com o objetivo de

fabricar tudo que é demandado pelas pessoas. Ou seja, as firmas ou empresas são os locais onde se organiza e ocorre a produção.

Para que todos os itens demandados sejam fabricados, as firmas precisam de vários elementos, ou melhor, são necessários os fatores de produção, definidos como todos os insumos utilizados para produzir bens e serviços. Tradicionalmente, são considerados fatores de produção a terra (campos

cultiváveis, minas), o trabalho (recursos físicos e mentais do homem) e o capital (máquinas, instalações, matérias-primas). E quem são os detentores dos fatores de produção? São as próprias famílias.

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Bem, então a atividade produtiva requer a utilização de fatores produtivos – terra, trabalho, capital – que devem ser remunerados quando

utilizados. Ou seja, as famílias, quando fornecerem os fatores de produção às firmas,

devem receber uma contrapartida, uma remuneração por esses fatores que foram

entregues ao processo produtivo.

As remunerações dos fatores de produção são: salários (remuneração do fator trabalho), juros (remuneração do capital monetário), lucros (remuneração do risco incorrido pelo empresário) e aluguéis (remuneração do capital físico). Essas remunerações constituem a renda das famílias.

As firmas produzem os bens e serviços e os oferecem às famílias que os compram, utilizando a renda que tinham auferido.

Dessas relações, saem alguns importantes conceitos:

• Produto agregado (Y): soma de todos os bens e serviços finais produzidos na economia durante determinado período de tempo (expresso em unidades monetárias). Algebricamente, é o somatório da quantidade (q) de cada bem i produzido, multiplicado pelo seu respectivo preço (p):

Y = Produto = ∑ qi.pi

• Renda agregada (Y): soma de todas as remunerações dos fatores de produção (trabalho, capital, terra) pagas na economia:

Y = Renda Agregada = salários(w) + juros(j) + aluguéis(a) + lucros(l)

Obs.: Representa-se salário pela letra w em virtude da palavra inglesa wage

• Consumo agregado(C): total da aquisição de bens de consumo pelas famílias. Lembrando que bens de consumo são aqueles para satisfação das necessidades pessoais, como alimentação, saúde, lazer, etc.

• Demanda agregada(DA) (ou Despesa Agregada): despesa com o produto ou a destinação do produto.

Considerando uma economia hipotética que seja fechada (isto é, sem relações com o exterior), que não tenha governo e que produz apenas bens de consumo, a despesa agregada é igual ao consumo agregado (C = DA).

Outra maneira de analisarmos essas relações é por meio de um diagrama chamado de Fluxo Circular da Renda, que descreve todas as transações que envolvem as famílias e as empresas de uma economia simples.

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Fluxo Circular da Renda

 

Note que existem dois fluxos no diagrama: um, com linha tracejada, que representa o lado real da economia, ou seja, insumos e produtos e outro, com linha contínua, que é o fluxo de dinheiro. As famílias fornecem os fatores de produção para as firmas e são remuneradas por isso (renda agregada). As firmas utilizam os fatores produtivos e produzem bens e serviços (produto agregado). A remuneração recebida pelas famílias é gasta com os bens e serviços produzidos pelas firmas (demanda agregada). O dinheiro que as firmas recebem pela venda dos bens e serviços serve para pagar os fatores de produção oferecidos pelas famílias e aí voltamos ao ponto de partida.

Pelo Fluxo Circular da Renda, pode-se inferir a Identidade Macroeconômica Básica:

Produto Agregado = Demanda Agregada = Renda Agregada

Essa identidade mostra que o valor de todos os bens e serviços produzidos em uma economia equivale ao gasto total da população com bens e serviços que, por sua vez, é igual ao valor de todos os rendimentos recebidos pela população, tudo considerado no mesmo período de tempo. Essa

identidade faz com que o fluxo circular da renda esteja sempre equilibrado.

Vazamentos e injeções

Até então, estamos trabalhando com uma economia que só produz bens de consumo. No entanto, as empresas também produzem e investem em bens de capital. Além disso, as famílias podem não gastar toda sua renda, isto é, podem poupar uma parte.

Antes de continuarmos a discussão, cabe apresentarmos algumas definições:

• Bens de capital: são bens destinados à produção de outros bens, como máquinas e equipamentos. Os bens de capital não se destinam ao consumo final dos indivíduos.

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• Investimento (I): são gastos que visam a aumentar a capacidade produtiva da economia, como a aquisição de bens de capital, a construção de hidrelétricas, a construção ou ampliação de fábricas. Cuidado para não confundir investimento com aplicação

financeira. Se você colocou seu dinheiro na bolsa de valores, você fez uma aplicação financeira e não um investimento.

• Poupança (S) : é a parcela da renda que não foi gasta com consumo.

Obs.: Poupança é representada pela letra S em virtude da palavra inglesa Savings

Bem, de posse desses conceitos, podemos estabelecer algumas relações algébricas.

O produto agregado (Y), que é igual à demanda agregada (DA), é composto não só de bens de consumo, mas também dos bens de capital e de toda a produção destinada a produzir outros bens, ou seja, o produto agregado é equivalente ao consumo agregado (C)

mais o investimento agregado (I) da economia:

Y = DA = C + I

Por outro lado, a renda agregada (Y), que antes era toda gasta com consumo, pode agora ter uma parte poupada:

Y = C + S

Pela identidade básica, sabemos que a renda agregada é igual à demanda agregada, de onde resulta que o valor da poupança equivale ao valor dos investimentos:

C + S = C + I ↔ S = I

Perceba que a poupança é um vazamento do fluxo circular, pois é um dinheiro das famílias que não retorna às firmas na forma de gasto com consumo. Em contrapartida, temos os investimentos, que são considerados uma injeção. A parte poupada pelas famílias se converte em investimentos para aumentar a capacidade produtiva da economia. Assim, o dinheiro poupado retorna ao fluxo que

se equilibra novamente.

Agora vejamos o que acontece quando colocamos o governo na nossa economia. Cabe lembrar que o governo desempenha inúmeras atividades e, para a consecução de suas atividades, promove gastos. Para fazer frente a esses gastos, o governo arrecada

tributos.

Dessa maneira, a renda das famílias terá mais um destino, pagamento de tributos (T):

Y = C + S + T

Por outro lado, conforme dissemos, o governo também adquire bens e serviços, logo a DA fica acrescida dos gastos públicos (G):

DA = C + I + G

No caso do governo, os gastos com bens de consumo são chamados de despesas correntes, ou seja, são gastos destinados à manutenção da máquina pública, como material de expediente ou pagamento dos funcionários públicos.

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Note que os tributos se configuram como um vazamento no fluxo circular da renda enquanto os gastos do governo são uma injeção para o fluxo. Novamente, utilizando a identidade básica da macroeconomia (Y = DA), temos:

S + T = I + G ↔ S – I = G – T

Isso significa que, se houver déficit público, ou seja, se os gastos do governo superarem sua arrecadação (G > T), deverá haver excesso de poupança do setor privado para financiar o governo

(S > I). Em outras palavras, recursos que deveriam estar à disposição da iniciativa privada para financiar aumentos da capacidade produtiva, estão sendo canalizados para financiar o governo que gasta demais. Esse é exatamente o caso do Brasil.

O que entrava o crescimento econômico?(extraído da revista Conjuntura Econômica de fev/2008)

Segundo Dório Fernandes – Presidente do Banco Opportunity – o principal entrave ao crescimento econômico são o “tamanho e a ineficiência do Estado. Ao longo dos anos foi construído um Estado cada vez maior e que para sobreviver precisa sugar cada vez mais recursos do setor privado.

Além disso, esses recursos são desperdiçados no financiamento de despesas correntes e na manutenção de um aparato distante dos padrões de eficiência necessários para viabilizar um maior dinamismo da iniciativa privada.”

Por fim, vamos acrescentar ao nosso modelo o setor externo, isto é, vamos permitir que aconteçam importações (denominada por M) e exportações (denominada por X).

Apesar de termos um novo vazamento, as importações (recursos gastos com bens produzidos no exterior), temos também uma nova injeção, as exportações (recursos externos comprando bens e serviços produzidos no país).

Nesse contexto, temos a demanda agregada global que é a soma da demanda agregada até então vista mais as exportações (X). Isso se deve ao fato de que parte da produção está sendo consumida por agentes no exterior. Em outras palavras, as exportações se caracterizam por ser um elemento de

demanda por produção interna.

Demanda Agregada Global = C + I + G + X

Por outro lado, além dos produtos produzidos no país, temos produtos estrangeiros sendo ofertados internamente, são as importações (M). Então podemos definir a oferta agregada global como a soma do produto agregado interno (Y) mais as importações (M).

Oferta Agregada Global = Y + M

Igualando a demanda agregada global com a oferta agregada global, temos o seguinte:

Y + M = C + I + G + X

Assim, a demanda agregada interna ou produto agregado interno (Y) é dado por:

Y = C + I + G + X – M

Essa, provavelmente, é a principal expressão existente na literatura macroeconômica. A parte (X-M) é chamada de gastos líquidos do setor externo e (C+I+G) é a absorção interna.

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Lembre-se que a renda das famílias é gasta com consumo, poupança e tributos (Y=C+S+T). Como, pela identidade básica, a renda agregada é igual ao produto agregado que é igual à demanda agregada, temos que:

C + S + T = C + I + G + X – M

S + T + M = I + G + X

Essa última expressão mostra que os vazamentos se igualam às injeções no fluxo circular da renda.Pode-se ainda escrever a equação anterior como:

(X – M) = (T – G) + (S – I)

Isso é interpretado da seguinte maneira, se houver um superávit externo (X>M, exportações maiores que as importações), deve ocorrer um superávit ou no setor privado (S>I) ou no governo (T>G), ou em ambos. Analogamente, se houver déficit externo, vai haver déficit interno

no setor privado ou déficit público. É sabido que o Brasil está batendo recordes de superávit no setor externo (X>M). O que está acontecendo então com as outras variáveis? Discutiremos isso em um estudo de caso mais adiante.

Outra maneira de escrever a equação anterior é:

I = S  + ( T – G ) + ( M – X )

↓ ↓ ↓ ↓

Investimentoglobal

Poupança

privada

 

ó Poupança

pública

Poupança

externa

Poupança interna

Isto é, os investimentos de um país podem ser financiados ou pela poupança privada, ou pela poupança pública, ou pela poupança externa. Note que a poupança externa é dada por (M-X), isso acontece porque pensamos em termos reais, ou seja, as importações representam recursos reais que

entram no país, como máquinas e equipamentos. Se as exportações superam as importações, temos uma poupança externa negativa.

Síntese

Estudamos várias expressões que nos permitem aferir e analisar macroeconomicamente um país. A principal identidade a que chegamos é a do produto agregado ou demanda agregada (podemos, simplificadamente, chamá-lo de PIB - Produto Interno Bruto): Y = C + I + G + X – M. Essa medida

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é importante por que permite quantificarmos tudo que está sendo produzido no país em termos de bens e serviços. Permite também sabermos como está o crescimento da economia, ou seja, como está a ampliação da produção da economia.

Flutuações Econômicas

Vimos na unidade anterior, as principais identidades macroeconômicas e como usá-las para análise de economias reais.

Nesta unidade estudaremos como ocorrem as flutuações de curto prazo na atividade econômica e o impacto das políticas fiscal e monetária sobre a economia.

Introdução

As flutuações de curto prazo na economia são comuns, acontecem em todos os países. Nos períodos de expansão econômica, em que temos um rápido crescimento do PIB real, ou seja, um aumento da produção de bens e serviços, a taxa de desemprego diminui, o lucro das firmas são

crescentes e a tendência é de alcançar um melhor padrão de vida para toda a população. Por outro lado, há períodos em que as empresas não conseguem vender tudo o que produzem, reduzem a produção e demitem trabalhadores, a taxa de desemprego aumenta, o PIB e a renda caem. Isso

caracteriza uma situação de recessão.

Vamos então, entender como ocorrem as flutuações de curto prazo na atividade econômica e o impacto das políticas fiscal e monetária sobre a economia.

O modelo básico para tanto é o de demanda agregada e oferta agregada. Sua ilustração consta do gráfico III-3.1. No eixo vertical está o nível geral de preços da economia. No eixo horizontal está a quantidade geral de bens e serviços. A curva de demanda agregada mostra a quantidade de bens e

serviços que as famílias, as empresas e o governo desejam comprar a cada nível de preços. A curva de oferta agregada mostra a quantidade de bens e serviços que as empresas produzem e vendem a cada nível de preços. A produção e o nível de preços se ajustam até chegar ao ponto (Y0,P0) em

que as curvas de oferta agregada e de demanda agregada se cruzam.

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Vamos detalhar essa teoria nos tópicos seguintes.

Demanda Agregada

Como vimos, a curva de demanda agregada mostra a quantidade de bens e serviços que as famílias, as empresas e o governo desejam comprar a cada nível de preços. Note pelo gráfico III-3.2, que a curva da demanda agregada é decrescente (negativamente inclinada).

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Isso significa que quando o nível de preços diminui de P1 para P2, a quantidade demandada de bens e serviços aumenta de Y1 para Y2. (veja o gráfico III-3.2).

Mas qual o motivo da demanda agregada ser negativamente inclinada? Para tanto, lembremos seus componentes: consumo (C), investimentos (I), gastos do governo (G) e exportações líquidas (X – M). Se tiver dúvida, releia o módulo III-2.

Y = C + I + G + X – M

Vejamos a contribuição de cada um dos componentes para o comportamento decrescente da demanda agregada, exceto pelos gastos públicos, cujo valor é fixado por critérios políticos e não econômicos.

Primeiramente analisemos o consumo. Quando os preços das mercadorias caem, nós, consumidores, conseguimos comprar mais itens com nosso dinheiro. Generalizando, quando o nível de preços de toda a economia diminui, o dinheiro das pessoas passa a ser mais valioso, permitindo que os

consumidores adquiram mais bens e serviços e, por conseqüência, a demanda agregada aumenta. Note a relação inversa que caracteriza a inclinação negativa da demanda agregada: nível de preços cai e quantidade demandada aumenta. Esse fato é conhecido na literatura econômica por efeito

riqueza.

Vejamos agora o caso dos investimentos. As firmas, objetivando aumentar seus lucros, sempre querem expandir suas plantas industriais e seus equipamentos. Assim, as firmas têm projetos de investimentos para aumentar sua capacidade produtiva, que, se implementados, geram uma

determinada taxa de retorno. No entanto, se a taxa de juros praticada pelo mercado financeiro for alta, o retorno dos investimentos da firma talvez não seja o suficiente. É melhor para o empresário fazer uma aplicação financeira do que aumentar sua capacidade produtiva. Porém, se a taxa de juros cai, será lucrativo empreender mais e mais projetos. Em suma, taxas de juros altas reduzem a demanda de investimento. Mas onde está a relação

disso com o nível de preços?

Começamos a responder com um novo questionamento: quando o nível de preços está baixo, você precisa de mais ou menos moeda (dinheiro) para suas transações diárias? Ora, se tudo custa pouco, vou precisar de pouco dinheiro para pagar minhas contas e comprar o que necessito. Bem, então

quando o nível de preços é baixo, a demanda por moeda para transações é menor. Mas se a necessidade de reter moeda é pequena, as famílias racionalmente depositam o excedente de seu dinheiro em uma poupança de forma a receber juros. Os bancos, ao receberem esses depósitos,

colocam o dinheiro à disposição para empréstimos, afinal essa é uma das funções do sistema bancário: servir de intermediador financeiro.

Quanto mais dinheiro estiver à disposição, é mais fácil consegui-lo (dinheiro mais barato) e, por conseguinte, menores serão as taxas de juros. Já vimos que, com taxas de juros baixas, os projetos de investimentos das firmas ganham prioridade, além disso, é menos custoso financiar o

investimento (tomar empréstimos).

Resumindo, quando o nível de preços é baixo, a necessidade de moeda é menor, o que acarreta taxas de juros menores, que incentiva o investimento, que aumenta a demanda agregada.

Por fim, temos que as exportações líquidas também aumentam quando o nível de preços está mais baixo. Isso ocorre por meio da taxa de câmbio. Deixaremos para explicar melhor esse tema na unidade IV.

Bem, vimos até agora que oscilações no nível de preços alteram a quantidade demandada de bens e serviços e, assim, caminhamos sobre a curva da demanda agregada.

Além desse caso, existem outros fatores que alteram a quantidade demandada deslocando a curva da demanda agregada para outro patamar, sem alterar o nível de preços. Tais flutuações podem ser causadas, por exemplo, por um aumento generalizado de impostos que diminui a renda disponível

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da população e sacrifica o consumo, deslocando a curva da demanda agregada para a esquerda.

Esse mesmo movimento pode ser causado por quedas no investimento decorrentes, por exemplo, do pessimismo dos empresários em relação a um novo governo que propõe intervir demasiadamente na economia.

A demanda agregada pode ainda ser deslocada para a esquerda se o governo opta por uma política de superávit (economizar recursos) tendo por base a contenção das compras de bens e serviços pelo Estado. Ou, por fim, o deslocamento para a esquerda pode acontecer se as exportações

diminuem porque um importante parceiro comercial do Brasil, como os Estados Unidos, entra em recessão.

Todos esses eventos podem ser ilustrados pelo gráfico III-3.3.

Demos exemplos que deslocaram a curva da demanda agregada para a esquerda, diminuindo o PIB, mas, é claro, podemos ter os mesmos exemplos fazendo a demanda agregada ir para a direita, refletindo um aumento do PIB (diminuição dos impostos, otimismo com um próximo governo, gastos

públicos maiores e o exterior comprando mais do Brasil). Vejamos em seguida a oferta agregada.

Oferta Agregada

Como dissemos, a curva de oferta agregada mostra a quantidade de bens e serviços que as empresas produzem e vendem a cada nível de preços.

Neste ponto, temos de fazer a distinção entre a oferta agregada de longo prazo e a de curto prazo.

No longo prazo, presume-se que a economia estará sempre no seu produto potencial, isto é, estará produzindo o máximo que pode considerando os fatores de produção disponíveis. Nesse caso, o produto de equilíbrio é independente do nível de preços e, portanto, é representado por uma reta

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vertical (gráfico III-3.4). A oferta agregada de longo prazo não é influenciada pelos preços porque depende apenas da oferta de trabalho, capital, recursos naturais e da tecnologia disponível.

Como se aumenta o produto potencial? Ou seja, como se desloca a curva da oferta agregada para a direita? No longo prazo, isso se consegue por meio de aumento da força de trabalho (como pela promoção da entrada de imigrantes), de aumento do estoque de capital o que eleva a produtividade,

a descoberta de novas fontes de recursos naturais e inovações tecnológicas. Esses eventos permitem que mais bens e serviços sejam produzidos, elevando o produto potencial.

No curto prazo, porém, a economia não tem tempo para fazer os ajustes necessários quando há alterações nos preços, de modo que o produto pode se desviar do nível potencial (em que há pleno emprego dos fatores de produção). Nesse caso, a curva de oferta é representada por uma curva

crescente, em que uma queda do nível de preços produz uma queda na quantidade de bens e serviços ofertados (gráfico III-3.5).

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Os mesmos eventos que deslocam a curva de oferta agregada de longo prazo podem deslocar a de curto prazo.

Unidade 6 - Flutuações Econômicas - pág. 04

Flutuações econômicas e o equilíbrio

Vamos supor uma situação em que estejamos no nível do produto potencial (gráfico III-3.6). A economia está equilibrada no ponto O (a oferta agregada é igual à demanda agregada).

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No entanto, por alguma conjuntura pessimista (uma guerra, por exemplo), as famílias diminuem seu consumo e as firmas param de investir. Isso causa um deslocamento da demanda agregada para a esquerda (de DA0 para DA2). No curto prazo, isso causa uma diminuição do PIB e uma queda dos

preços (ponto B). No entanto, nessa nova realidade, depois de transcorrido mais tempo (longo prazo), os custos das empresas também irão diminuir, elas passarão a pagar salários menores. Com menor custo, a margem de lucro aumenta e as firmas têm incentivos a ofertar mais bens e serviços, o

que desloca a oferta agregada para a direita (de OA0 para OA2) e o equilíbrio da economia fica no ponto C. Ou seja, no longo prazo, a economia volta a se estabilizar no seu produto potencial, mas com nível de preços bem abaixo do equilíbrio inicial. Veja a ilustração no gráfico III-3.7.

Page 37: UNEB - Economia Descomplicada

ESTABILIDADE DE PREÇOS É PILAR DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (publicado na Folha Online de 13/06/2008)

A ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC), divulgada ontem, apontou preocupação da autoridade monetária ante o aumento de preços no país. No documento, os diretores do BC informam que a política de aumento dos juros será mantida "enquanto for necessário" para assegurar que a inflação fique dentro da meta, cujo centro é 4,5%. A ata do Copom é divulgada na semana seguinte à reunião que decide os rumos da taxa básica de juros, a Selic. Na semana passada, o BC elevou os juros de 11,75% para 12,25% ao ano. O Copom avaliou que o risco de um cenário inflacionário "menos benigno segue elevado" e que todos os cenários de previsões econômicas indicaram uma inflação acima desse patamar, caso os juros fossem mantidos em 11,75% ao ano.

 

Unidade 6 - Flutuações Econômicas.

A influência das políticas monetária e fiscal

Estudamos na unidade IV que a política monetária refere-se à atuação do governo sobre a quantidade de moeda, crédito e das taxas de juros, mas que, na atualidade, o principal instrumento da política monetária é a taxa de juros.

O Banco Central, ao alterar a taxa de juros (Taxa SELIC – Sistema Especial de Liquidação e Custódia – é a taxa que baliza as operações financeiras realizadas pelos bancos na liquidação de títulos/ é a taxa básica de juros na economia brasileira), promove mudanças na demanda agregada. Se a taxa de juros fica

menor, reduz o custo dos empréstimos e o retorno da poupança. Em conseqüência, as famílias compram mais e as firmas investem em novas fábricas e equipamentos. Como resultado, a quantidade demandada de bens e serviços a um dado nível de preços aumenta, deslocando a curva da demanda agregada para a direita.

No Brasil, toda a sociedade fica atenta às reuniões do COPOM (Comitê de Política Monetária do Banco Central), que tem por atribuição fixar a taxa SELIC. O

resultado dessas reuniões tem reflexos por todo o ambiente econômico. 

Você percebeu que normalmente os noticiários divulgam a taxa SELIC e informam logo em seguida o impacto na bolsa de valores? Isso acontece porque o mercado de

Page 38: UNEB - Economia Descomplicada

ações é muito sensível às mudanças na taxa básica de juros, mas por quê? Um aumento na taxa de juros faz o índice da bolsa de valores cair porque surgem aplicações financeiras mais atraentes que as ações da bolsa, como os títulos públicos. Além disso, uma elevação das taxas de juros impacta

negativamente a economia, diminuindo os lucros das empresas e diminuindo o valor de suas ações.

Vejamos agora os efeitos da política fiscal. O governo pode aumentar a demanda agregada, comprando mais bens e serviços. Isso desloca a demanda agregada para a direita e, no curto prazo, teremos um aumento do PIB. O governo pode também atuar por meio da política tributária. Por

exemplo, se a alíquota do imposto de renda diminui, os cidadãos passam a ter mais renda disponível. Parte dessa renda extra será gasta com consumo, o que aquece a demanda agregada. Analogamente, se os impostos aumentam, a demanda agregada se contrai.

Por fim, cabe enfatizar que tanto a política fiscal quanto a monetária podem ser usadas para estabilizar a economia. Se estivermos em um período de extremo otimismo e as pessoas estão consumindo muito além da capacidade das firmas de ofertarem produtos, isso causaria elevação generalizada dos preços, ou seja, inflação. O governo, desejando manter a estabilidade dos preços, pode tomar medidas para contrair a demanda agregada, como aumentar a taxa de juros ou cortar os gastos públicos. Por outro lado, se passamos por um momento de recessão, o governo vai querer incentivar a

economia a crescer. Para tanto, pode baixar as taxas de juros, diminuir os impostos ou aumentar os gastos públicos.

Síntese

Vimos que as oscilações econômicas são causadas por alterações na oferta ou demanda agregada. Essas alterações podem ser incentivadas pelos governos, usando como instrumentos macroeconômicos a política fiscal e a política monetária.

Se a ação desejada é um aquecimento da economia, fortalecendo o crescimento econômico no curto prazo, pode-se diminuir a taxa de juros, aumentar os gastos públicos ou diminuir os tributos.

No entanto, se a intenção governamental é manter a estabilidade dos preços, pode-se contrair a demanda agregada por meio de elevações da taxa de juros, diminuição dos gastos públicos ou aumento dos tributos.

   

Unidade 7 - Taxa de Câmbio e Regimes Cambiais

Page 39: UNEB - Economia Descomplicada

 

Vimos na unidade anterior os fundamentos da macroeconomia cujas metas são obter níveis satisfatórios de emprego, ausência de inflação, uma distribuição de renda mais eqüitativa e altas taxas de crescimento econômico.

Nesta unidade, estudaremos como acontece a definição da taxa de câmbio, os regimes cambiais existentes e o impacto, nas variáveis macroeconômicas, decorrente de alterações no mercado cambial.

 

Sugestões para um bom estudo:

Procure participar dos fóruns de debates - eles são instrumentos valiosíssimos de interação com o grupo, além de integrarem a avaliação;

Afinal o que é globalização?

Atualmente, as economias de todos os países estão interligadas, havendo uma integração cada vez maior dos mercados, dos meios de comunicação e dos transportes. A esse processo de interligação das economias chamou-se globalização.

Com essa maior interação entre os países, as relações econômicas internacionais ocupam, cada vez mais, papel fundamental para as nações.

No entanto, cada país possui sua própria moeda. Para que as transações econômicas aconteçam entre eles, é preciso que haja uma regra de conversão que permita a comparação entre moedas diferentes. Essa regra é a taxa de câmbio.

Com funciona o mercado cambial?

Você se lembra da unidade 2 em que estudamos as leis de mercado? Vimos que quando havia um excesso de chocolate, a tendência era o preço cair e quando havia falta, o preço das barras de chocolate aumentava. O mesmo acontece no mercado cambial.

Basta imaginar a moeda estrangeira, ou divisa, como se fosse um bem e a taxa de câmbio como se fosse seu preço. Assim, a taxa de câmbio é determinada pela oferta de divisas (agentes que precisam trocar dólares por reais, como os exportadores) e pela demanda de divisas (agentes que precisam trocar reais por dólares, como os importadores). Atualmente (13/04/2006), a taxa de câmbio está no seguinte patamar: 1 dólar = 2,14 reais

(US$1,00 = R$2,14).

Page 40: UNEB - Economia Descomplicada

 

Por simplificação, estaremos sempre comparando o real ao dólar; no entanto, a taxa de câmbio existe entre todas as moedas, como libra, iene, euro, etc.

A taxa de câmbio é um reflexo de diversas variáveis como o resultado do balanço de pagamentos (que será estudado no módulo seguinte), especulações financeiras e políticas governamentais. Assim, é comum a taxa de câmbio não refletir a paridade do poder de compra entre as moedas.

Unidade 7 - Taxa de Câmbio e Regimes Cambiais.

Paridade do poder de compra, o que é isso?

Se a taxa de câmbio fosse equivalente ao poder de compra, bastaria fazermos a conversão das moedas e conseguiríamos comprar os mesmos bens em países diferentes. Por exemplo, considerando que um refrigerante aqui custa R$2,14, nos Estados Unidos, esse mesmo

refrigerante deve custar US$1,00 (uma vez que a taxa de câmbio é US$1,00=R$2,14). No entanto, isso não acontece, pois um refrigerante custa em torno de dois dólares nos EUA.

Em 1986, a revista inglesa The Economist criou o índice Big Mac, que é um indicador do poder de compra das principais moedas mundiais, tendo como referência o preço do sanduíche, que é produzido com as mesmas matérias-primas e vendido em praticamente todo o

mundo.

ÍNDICE BIG MAC

Conforme o site www.oanda.com, que é um provedor de informações sobre comércio e moedas internacionais, o Big Mac custa o seguinte em dólar:

Estados Unidos – US$3,00Brasil – US$2,55

Page 41: UNEB - Economia Descomplicada

China – US$1,31Suíça – US$4,80Argentina – US$1,48

Por esses dados, o maior poder de compra do dólar americano é na China e o menor poder de compra é na Suíça? Sim, é isso!

Como todo equilíbrio, a taxa de câmbio oscila conforme as forças de mercado (oferta e demanda). A seguir, apresentamos um gráfico que ilustra as oscilações do real em relação ao dólar.

Note, pelo gráfico IV-1.2, dois momentos interessantes da história econômica recente do Brasil. O real começou a vigorar em julho de 1994. Um dos grandes alicerces da nova moeda era a âncora cambial: instrumento utilizado para manter a estabilidade da moeda, fixando-se seu valor em uma taxa de câmbio valorizada. Veremos esse tópico mais detalhadamente logo adiante. Por causa da âncora cambial, um dólar, ao final de 1995, valia apenas 97 centavos de real.

Já em 2002, quando as eleições presidenciais se concluíram, Lula foi o vencedor. Como existiam incertezas sobre a condução da política econômica de um presidente do Partido dos Trabalhadores, o dólar atingiu uma de suas cotações mais altas: valia R$3,53 no final do ano. Após a posse de Lula, em 2003, percebeu-se que não haveria mudanças na economia, o que causou o declínio do câmbio desde então.

Em 1995, podemos dizer que o real estava valorizado, mas como se define valorização cambial?

Trata-se de um aumento do poder de compra da moeda nacional (1 real compra mais dólares). Corresponde a uma queda na taxa de câmbio.

Já no exercício de 2002, o real estava muito desvalorizado, ou seja, a desvalorização cambial representa uma perda do poder de compra da moeda nacional (1 real compra menos dólares). Corresponde a um aumento da taxa de câmbio.

Page 42: UNEB - Economia Descomplicada

Unidade 7 - Taxa de Câmbio e Regimes Cambiais.

Regimes cambiais

Um regime cambial descreve as regras estabelecidas pelo governo que permitem a determinação da taxa de câmbio. Basicamente, existem dois tipos de regimes cambiais:

• Regime de Câmbio Fixo: o Banco Central - BACEN fixa o valor da taxa de câmbio. Nesse caso, o BACEN deve possuir moeda estrangeira suficiente para atender uma situação de excesso de demanda por esta moeda (a exemplo de uma situação de déficit no Balanço de Pagamentos, que será detalhada no módulo IV-2). Além disso, o BACEN perde liberdade na condução da política monetária, tendo de adquirir qualquer oferta de moeda

estrangeira.

• Regime de Câmbio Flutuante: a taxa de câmbio deve ajustar-se de modo a equilibrar o mercado de divisas. O excesso de demanda por divisas elevará o preço da moeda estrangeira (a moeda nacional se desvalorizará) e vice-versa. Baseia-se num mercado de divisas do tipo concorrência perfeita. O problema desse regime é que gera instabilidade em virtude da maior volatilidade da taxa de câmbio. Isso pode desestabilizar os fluxos

comerciais e reduzir os investimentos.

Existem outros regimes, baseados nos dois primeiros? Vamos ver quais são:

• Flutuação Suja (dirty-floating): baseia-se no regime flutuante, mas com intervenções do BACEN, limitando as instabilidades.

• Bandas Cambiais: estipula-se uma taxa de câmbio central e um intervalo de variação para cima e para baixo. Enquanto a taxa de câmbio estiver dentro do intervalo estipulado, segue-se o regime flutuante; atingindo os limites de variação, o BACEN age como se fosse regime de câmbio fixo.

No Brasil, hoje, o câmbio é dito pelas autoridades monetárias como flutuante, mas sabe-se que o Banco Central atua para limitar as instabilidades.

Como reconhecer os efeitos da variação da taxa de câmbio?

Com desvalorização cambial, a taxa de câmbio sobe, um dólar passa a valer mais reais, em conseqüência os produtos brasileiros ficam mais baratos e os estrangeiros mais caros. Há um estímulo às exportações e desestímulo às importações. Na valorização cambial, acontece o contrário.

Com relação aos aumentos generalizados de preços, o controle da inflação por meio da valorização cambial chama-se âncora cambial. Com a valorização, a moeda nacional tem maior poder de compra no exterior, as importações aumentam, crescendo a concorrência com os produtos nacionais, o que provoca pressão pela queda dos preços internos. Essa política representa um custo para o setor exportador e para a indústria

nacional.

Hoje não se discute tanto a dívida externa quanto antigamente, pois ela passou a não ser tão expressiva quanto à dívida interna. Mas, de qualquer forma, no curto prazo, uma desvalorização cambial aumenta o estoque da dívida externa em reais. Num médio prazo, a desvalorização, ao estimular

exportações e desestimular importações, pode aumentar a oferta de dólares, com conseqüente queda da moeda estrangeira. Isso levaria a uma queda da dívida externa.

Há ainda o efeito da taxa de juros sobre a taxa de câmbio. Com taxa de juros interna alta, há uma tendência a um aumento do fluxo de capitais financeiros internacionais para o país. Isso aumenta a oferta de divisas, fazendo cair a taxa de câmbio. No caso de queda da taxa de juros interna, o

movimento se dá ao contrário.

Page 43: UNEB - Economia Descomplicada

Síntese

A taxa de câmbio é o meio utilizado para os países, com moedas diferentes, realizarem transações econômico-financeiras.

Quanto mais valorizada for a moeda local, menor será a taxa de câmbio e maior poder de compra terá essa moeda.

Uma taxa de câmbio desvalorizada incentiva as exportações do país, uma vez que o bem produzido internamente fica mais barato em relação aos concorrentes internacionais.

O regime cambial do Brasil é o flutuante, embora se aceite intervenções do Banco Central para manter uma certa estabilidade da taxa de câmbio.

Unidade 8 - Balanço de Pagamentos

 

Na unidade anterior vimos a importância da taxa de câmbio na realização de transações econômico-financeiras.

Vimos, também, a relação entre a taxa de câmbio e as importações e exportações, ou seja, quanto mais valorizada for a moeda local, menor será a taxa e câmbio e maior poder de compra terá essa moeda.

Sugestões para um bom estudo:

Consulte com regularidade o cronograma do curso - o não cumprimento de algumas das datas implicará no cancelamento de sua matrícula;Procure realizar as atividades dentro dos prazos previstos - eles são planejados de forma a otimizar os resultados pretendidos e a pontualidade

demonstra seu compromisso com o processo de aprendizagem; 

Unidade 8 - Balanço de Pagamentos - pág. 01

Mas, afinal qual a relação entre taxa de câmbio, importações e exportações e balanço de pagamento?

 

Ao longo do tempo, o comércio internacional foi ganhando mais e mais importância. Face a essa atividade crescente, os países começaram a sentir necessidade de medir o valor das transações efetuadas com o exterior, principalmente devido às dificuldades advindas de problemas econômicos

como inflação, escassez de divisas, contingenciamento de importações, etc.

Page 44: UNEB - Economia Descomplicada

Como o assunto tornou-se de interesse geral por grande parte do mundo, o Fundo Monetário Internacional (FMI) criou um modelo padronizado para fazer essa contabilização das transações internacionais. Tal modelo foi chamado de Balanço de Pagamento - BP. 

Em suma, o Balanço de Pagamentos de um país representa o resumo contábil das transações econômicas que esse país faz com o resto do mundo, durante certo período de tempo. Possibilita avaliar a situação econômica internacional do país.

Como é a estrutura do Balanço de Pagamentos no Brasil?

No Brasil, o BP é elaborado pelo Banco Central. A contabilização é feita em dólar e segue, desde 2001, a mais recente metodologia do Fundo Monetário, divulgada na quinta edição do Manual de Balanço de Pagamentos do FMI.

A atual estrutura do BP é a seguinte:

A. Transações Correntes

1. Balança Comercial (operações com mercadorias)

1.1. Exportações FOB

1.2. Importações FOB

2. Serviços (viagens, transportes, seguros, serviços governamentais, etc)

3. Rendas (salários, juros, lucros, dividendos)

4. Transferências Unilaterais (donativos)

B. Conta Capital (transferências de patrimônio)

C. Conta Financeira

1. Investimentos Diretos2. Investimentos em Carteira3. Derivativos4. Outros Investimentos

Page 45: UNEB - Economia Descomplicada

D. Erros e Omissões

Resultado do Balanço (A+B+C+D)

E. Transações Compensatórias (Financiamento Oficial Compensatório)

1. Variações de Reservas (moeda estrangeira e ouro)2. Operações de Regularização (acordo com bancos internacionais, FMI)3. Atrasados Comerciais (não-pagamento de um compromisso no prazo)

 

Unidade 8 - Balanço de Pagamentos - pág. 02

Qual a finalidade da Balança Comercial?

A Balança Comercial registra as exportações e as importações pelo seu valor FOB (free on board, significa que a mercadoria é contabilizada pelo seu valor de embarque no país de origem, antes de acontecer o transporte). As exportações são contabilizadas como receitas e as importações, como

despesas. No caso brasileiro, a Balança Comercial é a maior fonte de divisas.

O que é a conta Serviços?

A conta Serviços, como o próprio nome diz, registra todos os serviços pagos ou recebidos pelo país, como viagens internacionais, fretes, manutenção de embaixadas, etc. As entradas de divisas são contabilizadas com sinal positivo e as saídas, com sinal negativo.

O que é “contabilizado” em Rendas?

Em Rendas, constam as remunerações do fator trabalho (salários), bem com as remunerações dos investimentos (juros, lucros e dividendos).

O que é representado em Transferências Unilaterais?

Transferências Unilaterais representam transações que não criam contrapartidas. São exemplos os donativos, remessas de dinheiro de não-residentes (como os brasileiros de Governador Valadares que migram para os EUA e constantemente enviam ajuda para suas famílias aqui no Brasil), auxílios a

instituições beneficentes ou religiosas, etc.

E a Conta Transações Correntes?

A conta Transações Correntes é a soma da Balança Comercial, de Serviços, de Rendas e das Transferências Unilaterais.

O saldo em Transações Correntes é chamado de poupança externa. Se esse saldo for negativo (déficit), temos poupança externa positiva - estamos absorvendo recursos reais (não financeiros) do resto do mundo. Porém, se o saldo em Transações Correntes for positivo (superávit), existe uma

poupança externa negativa - estamos transferindo bens e serviços para o resto do mundo.

Page 46: UNEB - Economia Descomplicada

O fato de o país apresentar superávit em Transações Correntes é importante porque inspira confiança no mercado internacional, facilitando a obtenção de créditos. Por outro lado, se o saldo em Transações Correntes for negativo, o país fica vulnerável a crises cambiais e suscetível a desvalorizações

da moeda nacional.

E a Conta Capital?

A Conta Capital envolve as transferências de patrimônio por migrantes, incluídas aí as marcas e patentes.

E a Conta Financeira?

A Conta Financeira abrange os investimentos diretos (de estrangeiros no Brasil ou de brasileiros no exterior), os investimentos em carteira (negociações de títulos de crédito: aplicações brasileiras em títulos estrangeiros e aplicações estrangeiras em títulos brasileiros), os derivativos (que

registram fluxos financeiros relativos à liquidação de alguns tipos de haveres e obrigações) e outros investimentos (contabiliza transações como empréstimos e financiamentos, movimentação de depósitos mantidos no exterior e alguns outros fluxos).

E, finalmente, o que é “contabilizado” em Erros e Omissões?

Por fim, temos Erros e Omissões que destinam-se a sanar falhas de contabilização que podem acontecer devido ao fato de o Balanço de Pagamentos ser consolidado a partir de informações de diversas fontes.

O resultado do Balanço: positivo ou negativo

Somando A, B, C e D, conforme a estrutura do BP, temos o resultado do Balanço. O saldo será superavitário quando o total de créditos das transações (entradas de divisas) for superior ao total dos débitos (saída de divisas). O saldo positivo serve principalmente para incrementar

as reservas do país, úteis em momentos de turbulência cambial. Na história recente do Brasil, passamos por três graves momentos internacionais que causaram, em 1999, a adoção do câmbio flutuante: Crise do México (1994), Crise Asiática (1997) e Crise da Rússia

(1998).

OLHANDO PARA O FUTURO(publicado na Folha de SP de 24/02/2009)

Por várias vezes, nos últimos meses, tenho manifestado meu otimismo sobre o futuro da economia brasileira. A primeira mudança que chamou minha atenção

foi a das contas externas brasileiras. Por conta do rumo correto seguido na política econômica durante os anos FHC e mantido no governo Lula, pudemos

colher os frutos de transformações que vêm ocorrendo hoje no mundo. O resultado foi uma melhora extraordinária no nosso balanço de pagamentos, que levou à redução do risco cambial da economia brasileira. Por conta disso, está

em curso uma inversão da dinâmica perversa da inflação, outrora muito ligada a desvalorizações abruptas da taxa de câmbio.

Unidade 8 - Balanço de Pagamentos.

Em oposição, o resultado do Balanço pode ser negativo. Nesse caso, deve-se tomar alguma medida para corrigir o desequilíbrio. O país pode usar as reservas de ouro ou moeda acumuladas em períodos anteriores e pode pedir empréstimos para cobrir o rombo (operações de regularização). Se não

Page 47: UNEB - Economia Descomplicada

conseguir as opções anteriores, deixará de pagar os compromissos externos, declarando moratória. Os pagamentos não realizados passam a constituir os atrasados comerciais.

Estudo de caso

Conforme o Banco Central divulgou, o setor externo da economia brasileira passa por um ótimo período. Veja trecho da análise transcrito a seguir:

“As contas externas brasileiras começaram a sofrer transformações intensas a partir de 1999, quando foi adotado o regime de câmbio flutuante.

O elemento propulsor da mudança vem sendo o desempenho da balança comercial, que atingiu superávits inéditos em 2003 e 2004.”

“Os resultados positivos do setor externo da economia brasileira contribuíram não somente para a expansão da atividade econômica, mas para a

significativa melhora nos indicadores de solvência externa. Registrou-se acentuada diminuição do risco-Brasil, favorecida pelas expectativas de crescimento

mundial e pela elevação moderada da taxa de juros norte-americana, apesar das incertezas quanto ao comportamento daquela economia no médio prazo, em

razão do crescimento de seus déficits externo e fiscal”.

 

RISCO-PAÍSLucas Lautert Dezordi

(publicado na revista FAE Business, nº 3, set/2002)

O Emerging Market Bond Index-Plus, o EMBI+, é calculado pelo Banco JP Morgan. Ele representa o principal índice de risco-país, utilizado por investidores internacionais, na avaliação dos preços dos títulos de 11 países emergentes que tenham significativa emissão de títulos no mercado

internacional (mínimo de US$ 500 milhões), entre eles: Argentina, Brasil, Bulgária, Equador, México, Nigéria, Panamá, Peru, Polônia, Rússia e Venezuela.

O risco-país é calculado pela taxa de juros que os certificados de dívida do governo pagam acima do rendimento dos títulos do Tesouro americano, considerados de risco nulo. Por exemplo, se o risco-país estiver a 1.500 pontos, então os títulos nacionais pagam, neste caso, um ágio de 15% em

relação aos do Tesouro americano. O índice tem como finalidade refletir o grau de incerteza no futuro de uma economia. Um índice elevado demonstra, portanto, maior insegurança quanto ao futuro de uma determinada economia, o que significa maior possibilidade de calote da dívida

pública (default). O risco zero seria a certeza do pagamento do título, que, neste índice, é representado pelos títulos do Tesouro americano.

Para termos uma ideia da situação externa brasileira, veja a próxima tabela que apresenta a consolidação dos valores do Balanço de Pagamentos de 2004:

Page 48: UNEB - Economia Descomplicada

 

Como se pode ver, o grande herói do Balanço de Pagamentos, que propiciou seu saldo superavitário, foi a balança comercial, em especial as exportações. 

   

Page 49: UNEB - Economia Descomplicada

Síntese

O Balanço de Pagamentos registra todas as transações econômico-financeiras realizadas por residentes de um país com os residentes do restante do mundo.

Sua estrutura é formada por quatro grandes contas – Transações Correntes, Conta Capital, Conta Financeira e Erros e Omissões – que, somadas, formam o resultado do Balanço de Pagamentos.

Se o resultado for positivo, saldo superavitário, o destino dos recursos é normalmente o incremento das reservas do país, úteis em momentos de turbulência cambial. Se o resultado for negativo, saldo deficitário, deve-se corrigir o desequilíbrio usando as reservas armazenadas anteriormente ou

obtendo empréstimos. Se isso não for possível, o país será obrigado a decretar moratória.

Unidade 9 - Por que precisamos de Governo?

Vimos, nas unidades anteriores, o setor externo da economia: taxa de câmbio, regimes cambiais e o balanço de pagamentos, que é o resumo contábil das transações econômicas que o país faz com o resto do mundo.

A partir desta unidade, vamos analisar o setor público. Diariamente, ouvimos notícias sobre intervenções do governo na economia, como a alocação dos gastos públicos, as metas de inflação, mudanças na taxa de câmbio, fixação dos juros e medidas de incentivo ao crescimento econômico.

 

Sugestões para um bom estudo:

Procure elaborar suas respostas em um editor de texto para, posteriormente, copiar e colar no local apropriado da plataforma;

Unidade 1 - Por que precisamos de Governo? - pág. 01

Mas, qual a influência de tudo isso em nossas vidas ?

Page 50: UNEB - Economia Descomplicada

Nossas vidas são constantemente influenciadas pelo governo. Seja pelo que é oferecido a nós por meio dos serviços públicos (no caso do Brasil, muitas vezes de baixa qualidade), seja pelo que é retirado de nós por meio da tributação (atualmente, o governo brasileiro retira da sociedade 37,8%

do PIB em tributos!).

Por mais que nós nos irritemos com o governo (independentemente do partido ao qual pertença), os governos são fatos: eles existem, quer gostemos ou não. Mas por que existe a necessidade de um governo?

O mundo vem se tornando cada vez mais complexo, de forma que é necessário um governo que faça a regulação da economia e promova a estabilidade do nível de atividade, do emprego e dos preços.

O que diz a Teoria Econômica Tradicional?

A Teoria Econômica tradicional ensina que um ambiente de concorrência perfeita pode levar a economia a uma situação eficiente (denominada na literatura de ótimo de Pareto). Uma alocação é eficiente, conforme Pareto, quando ninguém pode melhorar de situação sem que pelo menos uma outra

pessoa piore.

Vamos ver um exemplo concreto?

Suponha que temos 10 maçãs para distribuir entre João e Maria. Se dermos 5 para João e 4 para Maria, temos uma situação ineficiente, pois não estamos usando todos os bens disponíveis (no caso 10 maçãs). Em outras palavras, é ineficiente porque Maria pode ter mais maçãs sem que João

tenha que abrir mão das que recebeu. Se Maria e João receberem 5 maçãs cada um, teremos uma situação eficiente, pois, para que um deles aumente sua cota, o outro terá de perder maçãs. Da mesma forma, se Maria receber 8 maçãs e João receber 2 maçãs, caracteriza-se uma situação

eficiente, embora menos justa que a repartição igualitária.

O fato de os mercados competitivos gerarem uma situação eficiente é uma visão idealizada do sistema. Na realidade, existem algumas circunstâncias conhecidas como falhas de mercado, que impedem que ocorra uma situação ótimo de Pareto. São as seguintes as principais falhas de mercado:

• Existência de bens públicos.• Falha de competição que se reflete na ocorrência de monopólios naturais.

• Externalidades.• Ocorrência de desemprego e inflação.

Assim, a existência do governo se faz necessária para guiar, corrigir e complementar o sistema de mercado. Passamos a comentar agora as falhas de mercado citadas.

Unidade 9 - Por que precisamos de Governo? - pág. 02

O que são Bens Públicos?

Os bens públicos são caracterizados por serem indivisíveis e por responderem ao princípio da “não-exclusão” no consumo desses bens. Indivisíveis porque o consumo por parte de um indivíduo ou de um grupo social não prejudica o consumo do mesmo bem pelos demais integrantes da sociedade. São não-excludentes porque, em geral, é difícil ou mesmo impossível impedir que um determinado indivíduo usufrua de um determinado bem público.

São exemplos clássicos de bens públicos: iluminação pública, justiça, segurança pública e defesa nacional.

A questão que se coloca é como ratear os custos de produção dos bens públicos entre a população, uma vez que é impossível determinar o efetivo benefício que cada indivíduo derivará do seu consumo. Se as pessoas fossem informar quanto valeria aquele bem para elas, a tendência é que todos

Page 51: UNEB - Economia Descomplicada

subestimem a real utilidade para pagar menos. Além disso, como não há como individualizar o consumo, é natural que apareçam caronas (free riding) dizendo que não querem aquele bem e não pagarão por ele, ainda que acabem usufruindo do benefício do bem público.

É justamente o princípio da “não-exclusão” no consumo dos bens públicos que torna a solução de mercado, em geral, ineficiente para garantir a produção da quantidade adequada de bens públicos requerida pela sociedade. O sistema de mercado só funciona adequadamente quando o princípio da “exclusão” no consumo pode ser aplicado. Por exemplo, se José comprou um sapato é porque pagou o preço do sapato, enquanto João, que não pagou por esse bem, é excluído desse consumo. É por esta razão que a responsabilidade pela provisão de bens públicos recai sobre o governo, que

financia a produção desses bens por meio da cobrança compulsória de impostos.

Revendo o conceito de Monopólios Naturais...

Como vimos na Aula 3, os monopólios naturais são setores cujo processo produtivo caracteriza-se pelos retornos crescentes de escala (quanto maior é a produção, menor é o custo da unidade produzida). Sendo assim, dependendo do tamanho do mercado consumidor dos

bens desses setores, pode ser mais vantajoso haver apenas uma empresa produtora do bem em questão.

Por exemplo, pode ser mais eficiente a existência de apenas uma empresa de distribuição de energia

elétrica servindo um mercado consumidor local, uma vez que os custos de distribuir energia são muito altos,

como postes e cabos por toda a cidade.

No caso da ocorrência do monopólio natural, a intervenção do governo pode tomar duas formas possíveis. Ele pode exercer apenas a regulação dos monopólios naturais, a fim de impedir que o forte poder de mercado detido pelas empresas monopolistas reflita-se na cobrança de preços abusivos

junto aos consumidores, o que representaria uma perda de bem-estar para a sociedade como um todo. Ou o governo pode responsabilizar-se diretamente pela produção do bem ou serviço referente ao setor caracterizado pelo monopólio natural.

Unidade 9 - Por que precisamos de Governo?

O que são Externalidades?

Externalidade é um conceito utilizado na ciência econômica para referir-se aos efeitos exercidos pela produção de uma empresa ou o consumo de um indivíduo sobre terceiros de forma positiva ou negativa.

Por exemplo, uma fábrica de cimento exerce um impacto positivo numa comunidade quando faz uma praça para a comunidade da região onde está instalada. De outro lado, uma externalidade negativa dessa atividade pode ser dada pela fumaça lançada na atmosfera, trazendo

prejuízos à saúde das pessoas moradoras na região.

Page 52: UNEB - Economia Descomplicada

Outro exemplo é o investimento em setores de infra-estrutura que, garantindo um aumento da oferta de insumos importantes como a energia elétrica, traz

benefícios para todos os outros setores da economia.

Pode-se usar o conceito de externalidade até em situações do cotidiano: o latido dos cachorros cria uma externalidade negativa porque os vizinhos são perturbados pelo barulho. Os donos não arcam com o custo total do barulho e, por isso, tendem a tomar poucas precauções para que seus cães

não latam.

A existência de externalidades justifica a intervenção do Estado, que pode se dar por meio de:

• produção direta ou concessão de subsídios, para gerar externalidades positivas;

• multas ou impostos, para desestimular externalidades negativas;

• regulamentação.

Desemprego e Inflação

O livre funcionamento do sistema de mercado não soluciona problemas como a existência de altos níveis de desemprego e inflação. Neste caso há espaço para a ação do Estado no sentido de implementar políticas que visem à manutenção do funcionamento do sistema econômico o mais próximo

possível do pleno emprego e da estabilidade de preços.

 

Estudo de caso

Por que a gasolina é tributada tão pesadamente?(caso baseado em texto de N. Gregory Mankiw, Introdução à Economia)

Em muitos países, a gasolina está entre os bens mais pesadamente tributados da economia: nos Estados Unidos, por exemplo, cerca

de metade do preço que os mototristas pagam pela gasolina se deve a impostos. Em muitos países europeus, o imposto é ainda mais

elevado e o preço da gasolina é três ou quatro vezes maior do que nos Estados Unidos.

Por que esse imposto é tão comum? Uma resposta possível é que o imposto sobre a gasolina tenha por objetivo corrigir

externalidades negativas associadas aos carros:

Page 53: UNEB - Economia Descomplicada

· Congestionamentos: quanto mais cara a gasolina, mais as pessoas são incentivadas a usar transporte público, fazer rodízio de

carros ou morar mais próximo de suas atividades.

· Acidentes: pesquisas revelam que os carros grandes ou veículos utilitários geram mais riscos para as pessoas de modo geral. O

imposto sobre a gasolina é uma forma indireta de fazer com que as pessoas paguem pelo risco que seus carros grandes e de

elevado consumo impõem aos outros.

· Poluição: a queima de combustíveis fósseis como a gasolina é tida como causa do aquecimento global. O imposto sobre a

gasolina reduz o problema na medida em que reduz o uso da gasolina.

Assim, o imposto sobre a gasolina faz com que a economia funcione melhor. Ele representa menos congestionamentos, estradas

mais seguras e um meio ambiente mais limpo.

Síntese

O governo tem um papel fundamental nos mercados porque é o ente autorizado a tentar solucionar as falhas existentes, como bens públicos, monopólios naturais, externalidades, desemprego e inflação.

 

Unidade 10 - Défict Público.

 

Já sabemos quais são as “falhas de mercado” que impedem que ocorra uma situação ótimo de Pareto e a necessidade do governo em guiar, corrigir e complementar o sistema de mercado.

Nesta unidade, vamos entender os conceitos de déficit público, desfazer mitos relativos às finanças públicas e conhecer as formas de financiamento do governo.

Sugestões para um bom estudo:

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Execute as atividades propostas em seqüência de módulos/unidades - os exercícios respondidos fora da ordem ficam aguardando a vez para serem corrigidos e você corre o risco de se esquecer de retomá-los;

Unidade 10 - Défict Público.

Quando ocorre o superávit das contas públicas?

Ocorre superávit das contas públicas quando a arrecadação dos tributos supera os gastos do governo em um determinado período. Ao contrário, quando os gastos públicos superam a arrecadação tributária, temos o déficit público.

O que é défict?

O déficit é o resultado negativo das contas públicas medido normalmente pelo período de um ano (coincidente com o calendário). Para tapar o buraco, o governo pode emitir moeda; no entanto, essa saída gera inflação, pois o excesso de dinheiro em circulação faz os preços dos bens e serviços

aumentarem. A outra alternativa do governo é emitir títulos públicos, vendê-los no mercado e, com o dinheiro arrecadado, fechar a diferença. Essa é a saída utilizada por todos os países na atualidade, inclusive o Brasil.

O problema é que esses recursos obtidos por intermédio da venda de títulos terão, em algum momento, de ser devolvidos, ou seja, quem comprou o título vai entregá-lo ao governo e receberá seu dinheiro de volta acrescido de juros. Funciona exatamente como um empréstimo normal. Enquanto

essa devolução do dinheiro não acontece, o valor da venda dos títulos se soma a um imenso reservatório chamado dívida interna. Se, no momento do vencimento de parte dessa dívida e do pagamento dos respectivos juros, o governo não arrecadar tributos o suficiente (o que tem sido nosso caso nas

últimas décadas), terá que apelar outra vez para a emissão de mais títulos, pois apresentará novamente um déficit em suas contas.

Com certeza você ouviu dizer que o governo está fazendo um esforço enorme para conseguir um superávit em suas contas. Mas está obtendo sucesso? Ou será que existem várias metodologias diferentes que não nos deixam entender direito o que está acontecendo? Vamos esclarecer essas

e outras questões neste módulo sobre finanças públicas.

Unidade 10 - Déficit Público.

Conceitos:

Existem algumas formas diferentes de se aferir os déficits públicos, principalmente devido a importância que se dá ao pagamento de juros. Os principais conceitos de déficit público são os seguintes:

• Déficit Primário: diferença entre gastos públicos correntes e a receita fiscal corrente, sem considerar o pagamento de juros.

• Déficit Operacional (ou nominal): é medido pelo déficit primário acrescido dos juros reais da dívida contraída anteriormente.

Nos 12 meses terminados em fevereiro de 2006, o Banco Central divulgou que o superávit primário acumulado pelo setor público (União, Estados, municípios e estatais) estava em 4,38% do PIB. Ou seja, o setor público arrecadou mais do gastou, se não considerarmos o

pagamento de juros. No entanto, em termos operacionais, o Brasil continua apresentando déficit. 

DÉFICIT ZERO(publicado na FolhaOnLine de 05/09/2005)

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Delfim Netto defendeu sua proposta de zerar o déficit nominal (receitas menos despesas, incluindo os gastos com juros). Para ele, passado o período de estabilização da economia, a prioridade agora deve ser o crescimento. "O superávit primário é um grande truque para dar a impressão que o governo está fazendo um

esforço fiscal".

Considerando o exercício de 2007, o Banco Central divulgou que o superávit primário acumulado pelo setor público (União, Estados,

municípios e estatais) ficou em 3,97% do PIB. Ou seja, o setor público arrecadou mais do gastou, se não considerarmos o pagamento de juros. No

entanto, em termos operacionais, o Brasil continua apresentando déficit. Em 2007, o déficit nominal representou 2,26% do PIB.

Por que a gasolina é tributada tão pesadamente?

 

Síntese

O governo, ao gastar mais do que arrecada, tem de se financiar. Isso acontece por emissão monetária ou emissão de títulos públicos. A segunda opção é a que vem sendo usada, uma vez que não gera inflação. Apesar dos esforços do Brasil em obter um superávit primário, quando se considera

as despesas com pagamento de juros da dívida, temos um déficit nominal, o que só faz aumentar o estoque de nossa dívida interna.

Vai doer, mas não tem jeito

Unidade 11 - Análise da Situação Brasileira

Existem modelos que buscam explicar a elevação da capacidade produtiva ao longo do tempo. Tais modelos são tratados na literatura econômica como modelos de crescimento de longo prazo.

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Nesta unidade, estudaremos quais medidas ajudam um país a crescer e quais criam obstáculos ao crescimento, especialmente no caso do Brasil. Antes, porém, cabe uma breve explicação sobre a diferença entre crescimento e desenvolvimento econômico.

 

Sugestões para um bom estudo:

Procure participar dos fóruns de debates - eles são instrumentos valiosíssimos de interação com o grupo, além de integrarem a avaliação;

Unidade 11 - Análise da Situação Brasileira.

O que é Crescimento Econômico?

Crescimento Econômico é a expansão do produto real ao longo do tempo. Se, no curto prazo, agregados como consumo ou gastos do governo são importantes para a expansão do produto (considerando que o grau de utilização da capacidade produtiva está abaixo de seu

máximo), no longo prazo, o crescimento depende de outras variáveis, como acumulação de capital, inovações tecnológicas ou elevação da eficiência do trabalho.

O processo de crescimento econômico sofre influência tanto do comportamento

conjuntural dos cenários e das políticas macroeconômicas

como dos fatores estruturais e institucionais mais

permanentes.

Crescimento Econômico X Desenvolvimento Econômico.

O crescimento econômico diz respeito à elevação do produto agregado do país e pode ser avaliado a partir das contas nacionais. Desenvolvimento Econômico é um conceito bem mais amplo, que leva em conta a elevação da qualidade de vida da sociedade e a redução das diferenças econômicas e sociais entre seus membros.

Nesse sentido, uma elevação do produto agregado do país pode não significar elevação da qualidade de vida da população. Em outras palavras: ainda que o crescimento econômico seja fundamental para o processo de desenvolvimento, o último não se reduz ao primeiro.

Para exemplificar, crescimento, por si só, não reduzirá de forma significativa o contingente de indivíduos abaixo da linha de pobreza. Isso evidencia a necessidade de políticas sociais complementares que possibilitem às camadas mais pobres da população se integrarem ao processo de

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desenvolvimento

 

MUITO CRESCIMENTO, POUCA DISTRIBUIÇÃO(publicado na revista VEJA, de 08/03/2006)

A Índia enfrenta um problema recorrente em países emergentes que conseguem um crescimento econômico muito rápido: apesar de esse ser o caminho mais consistente para melhorar a vida da população, a riqueza produzida demora para chegar às camadas mais pobres. Isso acontece, em

parte, porque é necessário mais de uma geração para qualificar a mão-de-obra de um país – a maneira mais segura de ascensão social. O crescimento econômico costuma se concentrar nos centros urbanos. Dos 2,3 bilhões de habitantes da Índia e da China, mais da metade, ou 1,5 bilhão

de pessoas, vive na zona rural e ganha menos de 2 dólares por dia. O crescimento indiano dos últimos anos fez diminuir a miséria absoluta, mas o contraste entre campo e cidade aumentou. Há quinze anos, o país abandonou o modelo estatizante, abriu a economia e investiu pesado em educação. A renda per capita elevou-se de 359 para 640 dólares. Os primeiros beneficiados foram os mais de 200 milhões de indianos que engrossam a classe

média nas grandes cidades – mas o abismo da desigualdade continua profundo.

 

Unidade 11 - Análise da Situação Brasileira.

O que favorece altas taxas de crescimento?

Para que o crescimento seja sustentado, ou seja, não apresente volatilidade acentuada, é necessário que se atendam alguns requisitos. Duas condições são necessárias. A primeira se refere à existência de estabilidade macroeconômica. Isto quer dizer sustentabilidade das contas públicas no longo prazo juntamente com a existência de um regime monetário que garanta taxas de inflação baixas e estáveis. A segunda se refere à estabilidade

política que garanta o cumprimento dos calendários eleitorais previamente estabelecidos em um regime democrático.

Uma vez satisfeitas as duas condições acima, o processo de crescimento sustentado requer também uma contínua evolução estrutural e institucional da economia. Esta evolução tem como função principal a supressão das distorções que influenciam negativamente o processo de crescimento

econômico.

O processo de crescimento sustentado e a evolução da economia.

No âmbito da literatura sobre o tema, podem-se ressaltar duas correntes e suas implicações de políticas públicas.

A primeira corrente enfatiza que a acumulação de capital está no centro do processo de crescimento econômico. Assim, para que um país consiga elevar sua taxa de crescimento de equilíbrio seria preciso elevar a taxa de poupança necessária para financiar novos investimentos e,

conseqüentemente, aumentar a formação de capital.

Na segunda corrente, apesar de considerar importante também a acumulação de capital, coloca sua ênfase principalmente na formação de capital humano, na acumulação de conhecimento e na geração de novas tecnologias. Neste caso, as recomendações de política econômica passam pelos

diversos mecanismos por meio dos quais o conhecimento é produzido e acumulado. O candidato mais imediato para a ação da política pública são os investimentos em educação e pesquisa. Em ambos os casos, as mudanças nestas variáveis de política requerem uma atuação permanente e por

períodos longos. Além disso, os frutos do crescimento não são colhidos num curto espaço de tempo.

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Investimentos em educação, além de ajudar o crescimento econômico, também propiciam desenvolvimento econômico. Evidências empíricas têm demonstrado que maior escolaridade está correlacionada com o aumento de renda do indivíduo. Assim, incrementos na educação, principalmente na

primária, devem fazer parte de uma política de redução da pobreza e de melhor distribuição de renda.

Além disso, evidências indicam que criar as condições para a acumulação produtiva de capital é tão ou mais importante que a acumulação de capital. Isto é, deve-se incentivar que os meios de produção consigam produzir mais com menos insumos. Dessa maneira, os governantes devem focar mais

nas políticas que estimulem o crescimento da produtividade da economia como um todo do que na acumulação de capital.

Unidade 11 - Análise da Situação Brasileira.

Sugestões para o Brasil crescer

São praticamente consensuais alguns gargalos existentes no Brasil que atrapalham o crescimento econômico. Assim, as sugestões deixadas pelos estudiosos que, se aplicadas, dinamizariam a economia e facilitariam o crescimento, são as seguintes:

• Organizar a política tributária de forma a evitar constantes mudanças no regime fiscal brasileiro, pois a instabilidade gera incerteza no retorno do investimento, desestimulando o setor privado a fazê-lo. Além disso, é necessária uma ampla reforma com o intuito de acabar com distorções criadas

pelo sistema tributário brasileiro e de diminuir a elevada carga tributária.

• Atentar para o equilíbrio orçamentário, uma vez que déficits orçamentários no setor público sugam recursos do setor privado. Além disso, déficits orçamentários exigem elevadas taxas de juros para o governo se financiar, o que encarece o dinheiro.

• Investimentos em infra-estrutura (energia, transporte e comunicação) poderão elevar a taxa de crescimento econômico tanto pelos ganhos de produto associados ao investimento do governo, como pelo aumento da produtividade dos investimentos privados.

• São necessárias reformas institucionais, especialmente as relacionadas com o aparato legal e jurídico do país, como diminuir o excesso de burocracia imposta aos empresários e reformar a legislação trabalhista que hoje favorece a informalidade.

Síntese

O crescimento econômico é caracterizado pela variação positiva do PIB. Pode acontecer de um país crescer, mas não ter desenvolvimento econômico, ou seja, o crescimento não se reflete em melhoria de qualidade de vida para toda a população.

Situações importantes que favorecem o processo de crescimento econômico são a acumulação de capital, a formação de capital humano, a

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acumulação de conhecimento, a geração de novas tecnologias e o incremento da produtividade.

O Brasil precisa resolver alguns gargalos que dificultam o crescimento, como a elevada carga tributária, os sucessivos déficits públicos, a infra-estrutura deficiente e alguns problemas institucionais.