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UNEP/CBD/COP/8/31 Página 262 /… VIII/28. Avaliação de impacto: Diretrizes voluntárias sobre avaliações de impacto que abrangem a biodiversidade A Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica 1. Observa que as Diretrizes Voluntárias Akwé: Kon para a Realização de Avaliações dos Impactos Culturais, Ambientais e Sociais relacionados a Projetos de Desenvolvimento a serem Realizados em Lugares Sagrados e em Terras e Águas Tradicionalmente Ocupadas ou Usadas por Comunidades Indígenas e Locais ou que Possam Afetar esses Lugares (decisão VII/16 F, anexo) devem ser utilizadas em conjunto com as diretrizes voluntárias para avaliações do impacto ambiental que abrangem a biodiversidade contidas no anexo II da nota do Secretário Executivo sobre diretrizes voluntárias para avaliações de impacto que abrangem a biodiversidade (UNEP/CBD/COP/8/27/Add.2); 2. Acolhe com prazer a base de dados com estudos de caso sobre biodiversidade e avaliações de impacto estabelecida no âmbito do mecanismo de intermediação de informações da Convenção 40 / como uma ferramenta útil para o compartilhamento de informações, e encoraja as Partes, outros Governos e organizações relevantes a utilizá-la e contribuir para seu desenvolvimento adicional; Avaliações do impacto ambiental 3. Endossa as diretrizes voluntárias sobre avaliações do impacto ambiental que abrangem a biodiversidade incluídas no anexo da presente decisão; 4. Enfatiza que as diretrizes voluntárias para avaliações do impacto ambiental que abrangem a biodiversidade têm a intenção de servir como orientação para as Partes e outros Governos, sujeita às suas legislações nacionais, e para autoridades regionais ou agências internacionais, conforme apropriado, no desenvolvimento e implementação de seus instrumentos e procedimentos de avaliação de impacto; 5. Exorta as Partes, outros Governos e organizações relevantes a aplicar as diretrizes voluntárias para avaliações do impacto ambiental que abrangem a biodiversidade, conforme apropriado, no contexto da sua implementação do parágrafo 1 (a) do Artigo 14 da Convenção e da meta 5.1 do arcabouço provisório de objetivos e metas para avaliar o progresso em direção a 2010 e a compartilhar suas experiências através, entre outros, do mecanismo de intermediação de informações e relatórios nacionais; 6. Encoraja os acordos ambientais multilaterais que endossaram as diretrizes contidas na decisão VI/7 A, em particular a Convenção de Ramsar sobre Áreas Úmidas de Importância Internacional Especialmente como Habitat de Aves Aquáticas e a Convenção sobre a Conservação de Espécies Migradoras de Animais Silvestres, a informar-se sobre as diretrizes voluntárias para avaliações do impacto ambiental que abrangem a biodiversidade contidas no anexo I da presente decisão e, se apropriado, endossá-las; 7. Convida outros acordos ambientais multilaterais a informar-se sobre as diretrizes voluntárias para avaliações do impacto ambiental que abrangem a biodiversidade e, se apropriado, a aplicá-las; 8. Solicita ao Secretário Executivo que: (a) Continue a colaborar com organizações relevantes através, entre outros, da Associação Internacional para Avaliações de Impacto e seu projeto sobre capacitação em biodiversidade e avaliação 40 / http://www.biodiv.org/programmes/cross-cutting/impact/search.aspx

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UNEP/CBD/COP/8/31 Página 262

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VIII/28. Avaliação de impacto: Diretrizes voluntárias sobre avaliações de impacto que abrangem a biodiversidade

A Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica

1. Observa que as Diretrizes Voluntárias Akwé: Kon para a Realização de Avaliações dos Impactos Culturais, Ambientais e Sociais relacionados a Projetos de Desenvolvimento a serem Realizados em Lugares Sagrados e em Terras e Águas Tradicionalmente Ocupadas ou Usadas por Comunidades Indígenas e Locais ou que Possam Afetar esses Lugares (decisão VII/16 F, anexo) devem ser utilizadas em conjunto com as diretrizes voluntárias para avaliações do impacto ambiental que abrangem a biodiversidade contidas no anexo II da nota do Secretário Executivo sobre diretrizes voluntárias para avaliações de impacto que abrangem a biodiversidade (UNEP/CBD/COP/8/27/Add.2);

2. Acolhe com prazer a base de dados com estudos de caso sobre biodiversidade e avaliações de impacto estabelecida no âmbito do mecanismo de intermediação de informações da Convenção 40/ como uma ferramenta útil para o compartilhamento de informações, e encoraja as Partes, outros Governos e organizações relevantes a utilizá-la e contribuir para seu desenvolvimento adicional;

Avaliações do impacto ambiental

3. Endossa as diretrizes voluntárias sobre avaliações do impacto ambiental que abrangem a biodiversidade incluídas no anexo da presente decisão;

4. Enfatiza que as diretrizes voluntárias para avaliações do impacto ambiental que abrangem a biodiversidade têm a intenção de servir como orientação para as Partes e outros Governos, sujeita às suas legislações nacionais, e para autoridades regionais ou agências internacionais, conforme apropriado, no desenvolvimento e implementação de seus instrumentos e procedimentos de avaliação de impacto;

5. Exorta as Partes, outros Governos e organizações relevantes a aplicar as diretrizes voluntárias para avaliações do impacto ambiental que abrangem a biodiversidade, conforme apropriado, no contexto da sua implementação do parágrafo 1 (a) do Artigo 14 da Convenção e da meta 5.1 do arcabouço provisório de objetivos e metas para avaliar o progresso em direção a 2010 e a compartilhar suas experiências através, entre outros, do mecanismo de intermediação de informações e relatórios nacionais;

6. Encoraja os acordos ambientais multilaterais que endossaram as diretrizes contidas na decisão VI/7 A, em particular a Convenção de Ramsar sobre Áreas Úmidas de Importância Internacional Especialmente como Habitat de Aves Aquáticas e a Convenção sobre a Conservação de Espécies Migradoras de Animais Silvestres, a informar-se sobre as diretrizes voluntárias para avaliações do impacto ambiental que abrangem a biodiversidade contidas no anexo I da presente decisão e, se apropriado, endossá-las;

7. Convida outros acordos ambientais multilaterais a informar-se sobre as diretrizes voluntárias para avaliações do impacto ambiental que abrangem a biodiversidade e, se apropriado, a aplicá-las;

8. Solicita ao Secretário Executivo que:

(a) Continue a colaborar com organizações relevantes através, entre outros, da Associação Internacional para Avaliações de Impacto e seu projeto sobre capacitação em biodiversidade e avaliação

40/ http://www.biodiv.org/programmes/cross-cutting/impact/search.aspx

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de impacto, para contribuir para o desenvolvimento das capacidades necessárias para a aplicação das diretrizes sobre avaliações do impacto ambiental que abrangem a biodiversidade, levando em consideração as circunstâncias específicas dentro das quais elas serão aplicadas;

(b) Compile informações sobre as experiências das Partes, outros Governos, organizações relevantes e profissionais na aplicação das diretrizes dentro das circunstâncias em que devem ser aplicadas, e a relatar para a reunião do Corpo Auxiliar para Aconselhamento Científico, Técnico e Tecnológico antes de uma futura reunião da Conferência das Partes na qual as avaliações de impacto serão revisadas;

Avaliação ambiental estratégica

9. Endossa a versão preliminar da orientação sobre avaliação ambiental estratégica que abrange a biodiversidade contida no anexo II da nota do Secretário Executivo sobre diretrizes voluntárias para avaliações de impacto que abrangem a biodiversidade (UNEP/CBD/COP/8/27/Add.2);

10. Encoraja as Partes, outros Governos e organizações relevantes a levar essa orientação em consideração, conforme apropriado, no contexto da sua implementação do parágrafo 1 (b) do Artigo 14 da Convenção e outros mandatos relevantes e a compartilhar suas experiências através, entre outros, do mecanismo de intermediação de informações;

11. Convida outros acordos ambientais multilaterais a informar-se sobre a versão preliminar da orientação sobre avaliações ambientais estratégicas que abrangem a biodiversidade, e a considerar sua aplicação dentro dos seus respectivos mandatos;

12. Solicita ao Secretário Executivo que:

(a) Facilite, em colaboração com a Associação Internacional para Avaliações de Impacto e outros parceiros relevantes, atividades de desenvolvimento de capacidades enfocando a tradução das orientações para avaliações ambientais estratégicas que abrangem a biodiversidade em abordagens e diretrizes práticas nacionais, sub-regionais, regionais ou setoriais;

(b) Continue a colaborar com a Seção de Economia e Comércio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e outras organizações relevantes no desenvolvimento de orientações práticas para avaliações dos impactos do comércio sobre a biodiversidade e na compilação de informações sobre boas práticas e impactos positivos do comércio sobre a biodiversidade, e tornando essas informações disponíveis;

(c) Compile informações sobre as experiências das Partes, outros Governos, organizações e profissionais no uso das orientações;

(d) Prepare, para consideração de uma reunião do Corpo Auxiliar para Aconselhamento Científico, Técnico e Tecnológico antes de uma futura reunião da Conferência das Partes na qual as avaliações de impacto serão revisadas, propostas sobre a complementação dessas orientações com exemplos da sua aplicação prática.

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Anexo

DIRETRIZES VOLUNTÁRIAS SOBRE AVALIAÇÕES DO IMPACTO AMBIENTAL QUE ABRANGEM A BIODIVERSIDADE

ÍNDICE

A. Estágios do processo 265

B. Questões relacionadas à biodiversidade em diferentes estágios da avaliação do impacto ambiental 266

1. SELEÇÃO ...................................................................................................................... 266

2. ABRANGÊNCIA ............................................................................................................. 270

3. ANÁLISE E AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS, E DESENVOLVIMENTO DE ALTERNATIVAS ................................................................................................................... 274

4. RELATÓRIO: O RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL (EIS) .......................................... 276

5. REVISÃO DO RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL ..................................................... 276

6. PROCESSO DECISÓRIO .................................................................................................. 277

7. MONITORAMENTO, CUMPRIMENTO, FISCALIZAÇÃO E AUDITORIA AMBIENTAL ....................................................................................................................... 278

Apêndices

1. CONJUNTO INDICATIVO DE CRITÉRIOS DE SELEÇÃO A SEREM MAIS DETALHADAMENTE ELABORADOS NO NÍVEL NACIONAL ............................................................................................................................ 280

2. LISTA INDICATIVA DE SERVIÇOS AMBIENTAIS ......................................................................................................... 281

3. ASPECTOS DA BIODIVERSIDADE: COMPOSIÇÃO, ESTRUTURA E PROCESSOS CHAVE ..................................... 282

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DIRETRIZES VOLUNTÁRIAS SOBRE AVALIAÇÕES DO IMPACTO AMBIENTAL QUE ABRANGEM A BIODIVERSIDADE

1. As diretrizes estão estruturadas de acordo com a seqüência internacionalmente aceita dos passos processuais que caracterizam boas práticas em avaliações do impacto ambiental (EIA). 41/ Elas têm o propósito de integrar melhor as considerações relacionadas à biodiversidade no processo de EIA.

2. Sistemas nacionais de EIA são regularmente avaliados e revisados. Essas diretrizes têm o propósito de ajudar as autoridades nacionais, autoridades regionais ou agências internacionais, conforme apropriado, a incorporar melhor as considerações relacionadas à biodiversidade durante essas revisões, nas quais um aprimoramento significativo do sistema de EIA pode ser feito. Isso também implica em que uma elaboração adicional de diretrizes práticas será necessária para refletir as condições ecológicas, sócio-econômicas, culturais e institucionais para a qual o sistema de EIA foi planejado.

3. As diretrizes focalizam em como promover e facilitar um processo de EIA que abranja a biodiversidade. Elas não fornecem um manual técnico sobre como conduzir um estudo de avaliação que abranja a biodiversidade.

4. A seleção e a definição da abrangência são considerados estágios críticos do processo de EIA, e conseqüentemente recebem atenção especial. A seleção fornece o gatilho para iniciar um processo de EIA. Durante a definição da abrangência, impactos relevantes são identificados, resultando nos termos de referência para o estudo de impacto propriamente dito. O estágio da definição da abrangência é considerado crítico no processo por definir a questão a ser estudada e por fornecer as informações de referência nas quais a revisão dos resultados do estudo será baseada. A definição da abrangência e a revisão são normalmente conectadas a alguma forma de informação, consulta ou participação pública. Durante a definição da abrangência, alternativas promissoras podem ser identificadas, que podem reduzir significativamente ou evitar inteiramente os impactos adversos sobre a biodiversidade.

A. Estágios do processo

5. A avaliação do impacto ambiental (EIA) é um processo para avaliar os prováveis impactos ambientais de um projeto ou projeto de desenvolvimento proposto, 42/ levando em consideração os impactos sociais, culturais e na saúde humana inter-relacionados, tanto benéficos quanto adversos. A participação efetiva das lideranças relevantes, incluindo comunidades indígenas e locais, é uma pré-condição para o sucesso de uma EIA. Embora as legislações e práticas variem ao redor do mundo, os componentes fundamentais de uma EIA envolvem necessariamente os seguintes estágios:

(a) Uma seleção para determinar quais projetos ou projetos de desenvolvimento exigem um estudo completo ou parcial do impacto ambiental;

(b) Definição da abrangência para identificar quais impactos potenciais são relevantes para serem avaliados (com base em exigências legais, convenções internacionais, conhecimentos especializados e envolvimento público), para identificar soluções alternativas que evitem, mitiguem ou compensem impactos adversos sobre a biodiversidade (incluindo a opção de não seguir adiante com o projeto de desenvolvimento, encontrar desenhos ou lugares alternativos que evitem os impactos,

41/ Ver, por exemplo, os princípios das melhores práticas de Avaliação do Impacto Ambiental da Associação

Internacional para Avaliação de Impacto – www.iaia.org 42/ Os termos projeto, atividade e projeto de desenvolvimento são utilizados de forma permutável; não há uma

intenção de distinção entre eles.

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incorporar salvaguardas no desenho do projeto, ou fornecer compensação pelos impactos adversos), e finalmente para preparar os termos de referência para a avaliação do impacto;

(c) Análise e avaliação dos impactos e desenvolvimento de alternativas, para prever e identificar os potenciais impactos ambientais de um projeto ou projeto de desenvolvimento proposto, incluindo a elaboração detalhada de alternativas;

(d) Relatório: o relatório do impacto ambiental (EIS) ou relatório de EIA, incluindo um plano de manejo ambiental (EMP) e um resumo não-técnico para o público geral;

(e) Revisão do relatório do impacto ambiental, com base nos termos de referência (abrangência) e participação pública (incluindo as autoridades);

(f) Processo decisório sobre se o projeto deve ser aprovado ou não, e sob quais condições; e

(g) Monitoramento, cumprimento, fiscalização e auditoria ambiental. Monitora se os impactos previstos e medidas de mitigação propostas ocorrem conforme definido no EMP. Verifica o cumprimento do EMP por parte do proponente, para assegurar que impactos imprevistos ou medidas fracassadas de mitigação sejam identificados e tratados em tempo hábil.

B. Questões relacionadas à biodiversidade em diferentes estágios da avaliação do impacto ambiental

1. Seleção

6. A seleção é usada para determinar quais propostas devem ser sujeitadas a uma EIA, para excluir aquelas que provavelmente não causarão impactos prejudiciais ao meio ambiente e para indicar o nível de avaliação necessário. Os critérios de seleção precisam incluir medidas de biodiversidade, caso contrário haverá o risco de que propostas com impactos potencialmente significativos sobre a biodiversidade não sejam selecionadas para passar por uma EIA. O resultado do processo de seleção é uma decisão da seleção.

7. Uma vez que exigências legais para EIA não garantem necessariamente que a biodiversidade seja contabilizada, deve-se considerar a incorporação de critérios de biodiversidade nos critérios existentes de seleção, ou no desenvolvimento de novos critérios de seleção. Informações importantes para o desenvolvimento de critérios de seleção podem ser encontradas nas estratégias nacionais de biodiversidade e planos de ação (NBSAPs) ou documentos equivalentes. Essas estratégias fornecem informações detalhadas sobre prioridades de conservação e sobre os tipos de ecossistema e seu estado de conservação. Além disso, elas descrevem tendências e ameaças nos níveis de ecossistemas e espécies, e fornecem uma visão geral das atividades de conservação planejadas.

8. Perguntas pertinentes da perspectiva da biodiversidade. Levando em consideração os três objetivos da Convenção, perguntas fundamentais que precisam ser respondidas num estudo de EIA incluem:

(a) A atividade pretendida afetaria o ambiente biofísico diretamente ou indiretamente, causando tais mudanças biológicas ou de tal modo que aumente os riscos de extinção de genótipos, cultivares, variedades, populações de espécies, ou as chances da perda de habitats ou ecossistemas?

(b) A atividade pretendida ultrapassaria a produção máxima sustentável, a capacidade de carga de um habitat/ecossistema ou o nível máximo permitido de perturbação de um recurso, população ou ecossistema, levando em consideração o espectro completo de valores daquele recurso, população ou ecossistema?

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(c) A atividade pretendida resultaria em mudanças no acesso a recursos biológicos e/ou nos direitos sobre eles?

9. Para facilitar o desenvolvimento de critérios de seleção, as perguntas acima foram refeitas para os três níveis de diversidade, e reproduzidas na tabela 1 abaixo.

Tabela 1. Perguntas pertinentes para a seleção de impactos sobre a biodiversidade

Nível de diversidade

Conservação da biodiversidade Uso sustentável da biodiversidade

Diversidade de ecossistemas 43/

A atividade pretendida levaria, direta ou indiretamente, a sérios danos ou perda total de ecossistema(s), ou tipo(s) de uso da terra, levando assim à perda de serviços ambientais de valor científico/ecológico, ou de valor cultural?

A atividade pretendida afeta a exploração antrópica sustentável de ecossistema(s) ou tipo(s) de uso da terra de tal modo que a exploração se torna destrutiva ou não sustentável (ou seja, com perda de serviços ambientais de valor social e/ou econômico)?

Diversidade de espécies 43/

A atividade pretendida causaria a perda direta ou indireta da população de uma espécie?

A atividade pretendida afetaria o uso sustentável da população de uma espécie?

Diversidade genética

A atividade pretendida resultaria na extinção da população de uma espécie endêmica localizada de valor científico, ecológico ou cultural?

A atividade pretendida causaria a perda local de variedades/cultivares/raças de plantas cultivadas e/ou animais domesticados e seus parentes, genes ou genomas de importância social, científica e econômica?

10. Tipos de mecanismos existentes de seleção incluem:

(a) Listas positivas que identificam projetos que exijam EIA (listas de inclusão). Uma desvantagem dessa abordagem é que o grau dos impactos dos projetos varia de forma substancial, dependendo da natureza do ambiente que os recebe, o que não é levado em consideração. Alguns países usam (ou já usaram) listas negativas, identificando aqueles projetos que não são sujeitos à EIA (listas de exclusão). Os dois tipos de lista devem ser reavaliados para analisar sua inclusão de aspectos relacionados à biodiversidade;

(b) Listas que identificam as áreas geográficas importantes em termos de biodiversidade, nas quais projetos estariam sujeitos à EIA. A vantagem dessa abordagem é que a ênfase é na sensibilidade do ambiente exposto aos impactos, em vez de no tipo do projeto;

(c) Opinião de especialistas (com ou sem um estudo limitado, algumas vezes conhecido como exame ambiental inicial ou avaliação ambiental preliminar). Especialistas em biodiversidade devem ser incluídos em equipes de especialistas; e

(d) Uma combinação de uma lista com a opinião de especialistas para determinar a necessidade de uma EIA.

11. Uma decisão da seleção define o nível de avaliação apropriado. O resultado de uma decisão da seleção pode ser que:

43/ A escala na qual ecossistemas são definidos depende dos critérios de definição em um país, e deve levar em

consideração os princípios da abordagem ecossistêmica. De modo similar, o nível em que uma “população” é definida depende dos critérios de seleção usados por um país. Por exemplo, o status da conservação de uma espécie pode ser avaliado dentro das fronteiras de um país (para a proteção legal), ou pode ser avaliado globalmente (Listas Vermelhas da IUCN).

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(a) O projeto proposto é “fatalmente falho” por ser inconsistente com convenções, políticas ou leis internacionais ou nacionais. É aconselhável não prosseguir com o projeto proposto. Se o proponente quiser prosseguir por sua própria conta e risco, uma EIA será exigida;

(b) Uma EIA é exigida (tais projetos são freqüentemente referidos como projetos de categoria A);

(c) Um estudo ambiental limitado seria suficiente, porque apenas impactos ambientais limitados são esperados; a decisão da seleção é baseada num conjunto de critérios com gradações quantitativas ou valores limite (tais projetos são freqüentemente referidos como projetos de categoria B);

(d) Ainda não há certeza se uma EIA seria exigida e um exame ambiental inicial deve ser realizado para determinar se o projeto requer uma EIA ou não; ou

(e) O projeto não precisa de uma EIA.

12. Critérios de seleção que incluem a biodiversidade apresentam as circunstâncias nas quais uma EIA é justificada com base em considerações sobre a biodiversidade. Eles podem ser relacionados a:

(a) Categorias de atividades que conhecidamente causam impactos sobre a biodiversidade, incluindo limites referentes ao tamanho e/ou magnitude da área de intervenção, duração e freqüência da atividade;

(b) A magnitude das mudanças biofísicas causadas pela atividade; ou

(c) Mapas indicando áreas importantes para a biodiversidade, freqüentemente com seu status legal.

13. Uma abordagem sugerida para o desenvolvimento de critérios de seleção que incluam a biodiversidade, combinando os tipos de critérios acima, inclui os seguintes passos: (i) preparação de um mapa de seleção da biodiversidade indicando as áreas nas quais uma EIA seria exigida; (ii) definição de atividades para as quais uma EIA seria exigida; (iii) definição de valores-limite para distinguir entre uma EIA completa, limitada/indefinida ou desnecessária (ver apêndice 1 para um conjunto genérico de critérios de seleção). A abordagem sugerida leva em consideração o valor da biodiversidade (incluindo o valor de sistemas ambientais) e atividades que possam impactar fatores que levam a mudanças na biodiversidade.

14. Se possível, os critérios de seleção que incluem a biodiversidade devem ser integrados com o desenvolvimento (ou revisão) de uma estratégia nacional de biodiversidade e plano de ação. Esse processo pode gerar informações valiosas, tais como uma avaliação espacial nacional da biodiversidade, incluindo prioridades e metas para a conservação, que podem orientar o desenvolvimento adicional de critérios de seleção para EIA.

15. Passo 1: De acordo com os princípios da abordagem ecossistêmica, um mapa de seleção da biodiversidade é preparado, indicando serviços ambientais importantes (substituindo o conceito de áreas sensíveis – ver apêndice 2 abaixo). O mapa é baseado na opinião de especialistas e precisa ser formalmente aprovado.

16. Categorias sugeridas de áreas definidas geograficamente, relacionadas a serviços ambientais importantes, são:

(a) Áreas com serviços reguladores importantes em termos da manutenção da biodiversidade:

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Áreas protegidas: dependendo das estipulações legais de um país, essas podem ser definidas como áreas onde nenhuma intervenção humana é permitida, ou como áreas onde avaliações de impacto são sempre exigidas num nível adequado de detalhe;

Áreas contendo ecossistemas ameaçados fora de áreas formalmente protegidas, onde certas classes de atividades (ver passo 2) sempre exigiriam uma avaliação do impacto num nível adequado de detalhe;

Áreas identificadas como sendo importantes para a manutenção de processos ecológicos ou evolutivos fundamentais, onde certas classes de atividades (ver passo 2) sempre exigiriam uma avaliação do impacto num nível adequado de detalhe;

Áreas conhecidas como habitats de espécies ameaçadas, que sempre exigiriam uma avaliação do impacto num nível adequado de detalhe.

(b) Áreas com serviços reguladores importantes para a manutenção de processos naturais com relação ao solo, água ou ar, onde avaliações de impacto num nível apropriado de detalhe seriam sempre exigidas. Exemplos seriam áreas úmidas, altamente sensíveis à erosão ou solos movediços protegidos por vegetação (por exemplo: encostas íngremes, campos de dunas), áreas florestadas, áreas costeiras ou áreas de amortecimento a alguma distância da costa; etc.

(c) Áreas com serviços importantes de abastecimento, onde uma avaliação de impacto com nível adequado de detalhe seria sempre exigida. Exemplos seriam reservas extrativistas, terras e águas tradicionalmente ocupadas ou utilizadas por comunidades indígenas e locais, áreas de reprodução de peixes; etc.

(d) Áreas com serviços culturais importantes, onde uma avaliação de impacto com nível adequado de detalhe seria sempre exigida. Exemplos seriam paisagens cênicas, locais de patrimônio, locais sagrados; etc.

(e) Áreas com outros serviços ambientais relevantes (tais como áreas de amortecimento de enchentes, áreas de recarga de aqüíferos, áreas de captação de água, áreas com qualidade de paisagem valiosa, etc.); a necessidade de avaliação de impacto e/ou o nível da avaliação fica a ser determinada (dependendo do sistema de seleção estabelecido);

(f) Todas as outras áreas: nenhuma avaliação de impacto exigida do ponto de vista da biodiversidade (uma EIA pode ainda assim ser exigida por outras razões).

17. Passo 2: Definir atividades para as quais uma avaliação do impacto pode ser exigida do ponto de vista da biodiversidade. As atividades são caracterizadas pelos seguintes fatores causadores de mudanças:

(a) Modificação no uso da terra ou cobertura do solo, e extração do subsolo: acima de uma determinada área afetada, uma EIA seria sempre exigida, independentemente do local da atividade – definir limites para o nível da avaliação em termos de área de superfície (ou subsolo) afetada;

(b) Mudança no uso de ecossistemas marinhos e/ou costeiros, e extração de recursos do fundo do mar: acima de uma determinada área afetada, uma EIA seria sempre exigida, independentemente do local da atividade – definir os limites para o nível da avaliação em termos da área de superfície (ou subsolo) afetada;

(c) Fragmentação, normalmente relacionada a infra-estruturas lineares. Acima de um comprimento determinado, uma EIA seria sempre exigida, independentemente do local da atividade –

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definir limites para o nível da avaliação em termos do comprimento das obras propostas de infra-estrutura;

(d) Descargas, efluentes ou outras emissões químicas, térmicas, de radiação ou sonoras – relacionar o nível da avaliação ao mapa de serviços ambientais;

(e) Introdução ou remoção de espécies, mudanças na composição do ecossistema, na estrutura do ecossistema ou em processos ecossistêmicos fundamentais responsáveis pela manutenção dos ecossistemas e dos serviços ambientais (ver apêndice 2 abaixo para uma lista indicativa) – relacionar o nível da avaliação ao mapa de serviços ambientais.

18. Deve-se observar que esses critérios são relacionados apenas à biodiversidade, e servem como um adendo em situações onde a biodiversidade não foi completamente coberta pelos critérios existentes de seleção.

19. A determinação de normas ou valores-limite para a seleção é um processo em parte técnico e em parte político, e o resultado desse processo pode variar entre países e ecossistemas. O processo técnico deve pelo menos fornecer uma descrição de:

(a) Categorias de atividades que criam fatores diretos que causam mudanças (extração, colheita ou remoção de espécies, modificação no uso da terra ou cobertura do solo, fragmentação e isolamento, contribuições externas tais como descargas, efluentes ou outras emissões químicas, de radiação, termais ou sonoras, introdução de espécies exóticas invasoras ou organismos geneticamente modificados, ou mudança na composição ou estrutura de ecossistemas, ou em seus processos fundamentais), levando em consideração características tais como: tipo ou natureza da atividade, magnitude, extensão/localização, cronograma/sintonia, duração, reversibilidade/irreversibilidade, se é insubstituível, probabilidade, e importância; possibilidade de interação com outras atividades ou impactos;

(b) Onde e quando: a área de influência desses fatores diretos causadores de mudanças podem ser modelados ou previstos; o cronograma e duração da influência também podem ser definidos;

(c) Um mapa dos serviços ambientais valiosos (incluindo a própria manutenção da biodiversidade) com base no qual os tomadores de decisão podem definir os níveis de proteção ou medidas de conservação para cada área definida. Esse mapa é a contribuição dos especialistas na definição das categorias incluídas no mapa de seleção da biodiversidade referido acima no passo 1.

2. Abrangência

20. A definição da abrangência é usada para definir o foco do estudo de avaliação do impacto e para identificar questões chave, que devem ser estudadas em maior detalhe. Ela é usada para preparar os termos de referência (algumas vezes referidos como diretrizes) para o estudo de EIA e para estabelecer a abordagem e a metodologia propostas. A definição da abrangência também permite à autoridade competente (ou profissionais de EIA em países onde a definição da abrangência é voluntária) o seguinte:

(a) Orientar equipes de estudo sobre questões significativas e alternativas a serem avaliadas, esclarecer como elas devem ser examinadas (métodos de predição e análise, profundidade da análise), e de acordo com quais diretrizes e critérios;

(b) Fornecer uma oportunidades às lideranças para que tenham seus interesses levados em consideração na EIA;

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(c) Assegurar que o Relatório de Impacto Ambiental resultante seja útil para o tomador de decisão e seja compreendido pelo público.

21. Durante a fase de definição da abrangência, alternativas promissoras podem ser identificadas para serem consideradas detalhadamente durante o estudo de EIA.

22. Consideração de medidas de mitigação e/ou melhoria: O propósito da mitigação na EIA é procurar meios de alcançar os objetivos do projeto evitando ao mesmo tempo os impactos negativos, ou reduzindo-os a níveis aceitáveis. O propósito da melhoria é buscar meios de otimizar os benefícios ambientais. Tanto a mitigação quanto a melhoria dos impactos deve tentar assegurar que o público ou indivíduos não arquem com custos que sejam maiores que os benefícios resultantes para eles.

23. Ações remediais podem tomar várias formas, por exemplo, evitar (ou impedir), mitigação (através da consideração de mudanças na escala, desenho, local, situação, processo, seqüência, número de fases, gerenciamento e/ou monitoramento da atividade proposta, assim como a restauração ou reabilitação de locais), e compensação (freqüentemente associada a impactos residuais após ter evitado e mitigado). Uma ‘abordagem de planejamento positivo’ deve ser usada, onde evitar o impacto tem prioridade e a compensação é usada como uma medida de última instância. Deve-se reconhecer que a compensação nem sempre é possível: existem casos onde é apropriado rejeitar uma proposta de projeto de desenvolvimento por causa de prejuízo irreversível à biodiversidade, ou perda de biodiversidade insubstituível.

24. Experiências práticas com relação à mitigação sugerem que:

(a) A atenção ampla e em tempo hábil dada à mitigação e compensação, assim como a interação com a sociedade, reduzirão grandemente o risco de publicidade negativa, oposição pública e atrasos, incluindo os custos associados. As contribuições de especialistas sobre biodiversidade podem ser recebidas antes de iniciar o processo de EIA legalmente exigido, como um componente da proposta de projeto. Essa abordagem melhora e torna mais eficiente o processo formal da EIA, identificando e evitando, impedindo ou mitigando impactos sobre a biodiversidade no estágio mais inicial possível do planejamento;

(b) A mitigação exige um esforço conjunto do proponente, planejadores, engenheiros, ecólogos e outros especialistas, para chegar à melhor opção ambiental praticável;

(c) Medidas potenciais de mitigação ou compensação precisam ser incluídas em qualquer estudo de impacto para avaliar sua viabilidade; conseqüentemente, elas são melhor identificadas durante a fase de definição da abrangência;

(d) No planejamento do projeto, precisa-se manter em mente que pode levar tempo para os efeitos se tornarem aparentes.

25. A seguinte seqüência de perguntas fornece um exemplo do tipo de informação que deve ser solicitada nos termos de referência de um estudo de impacto se a seleção do projeto sugeriu que a atividade proposta provavelmente terá impactos adversos sobre a biodiversidade. Deve-se observar que essa lista de passos representa um processo iterativo. A definição da abrangência e o estudo do impacto são duas rodadas formais da iteração; durante o estudo, outras rodadas iterativas podem ser necessárias, por exemplo, quando alternativas ao desenho do projeto proposto precisam ser definidas e avaliadas.

(a) Descreva o tipo do projeto, e defina cada atividade do projeto em termos da sua natureza, magnitude, localização, cronograma, duração e freqüência;

(b) Defina as alternativas possíveis, incluindo alternativas de “nenhuma perda líquida de biodiversidade” ou “restauração da biodiversidade” (tais alternativas podem não ser prontamente

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identificáveis no início do estudo de impacto, e é preciso passar pelo estudo de impacto para determinar tais alternativas). As alternativas incluem alternativas de local, escala, situação ou plano, e/ou alternativas de tecnologia;

(c) Descreva as mudanças biofísicas esperadas (no solo, água, ar, flora, fauna) como resultado das atividades propostas ou induzidas por mudanças sócio-econômicas causadas pela atividade;

(d) Determine a escala espacial e temporal de influência de tais mudanças biofísicas, identificando efeitos sobre a conectividade entre ecossistemas e potenciais efeitos cumulativos;

(e) Descreva os tipos de ecossistemas e usos da terra localizados dentro da área de influência das mudanças biofísicas;

(f) Determine, para cada um desses ecossistemas ou tipos de uso da terra, se as mudanças biofísicas provavelmente terão impactos adversos sobre a biodiversidade em termos de composição, estrutura (espacial ou temporal), e processos fundamentais. Dê indicações do nível de certeza das predições, e leve em consideração as medidas de mitigação. Destaque quaisquer impactos irreversíveis e qualquer perda irreparável;

(g) Para as áreas afetadas, colete informações disponíveis sobre as condições da situação inicial e qualquer tendência antecipada para a biodiversidade na ausência da proposta;

(h) Identifique, em consulta com lideranças, os serviços ambientais potenciais fornecidos pelos ecossistemas ou tipos de uso da terra afetados e determine o valor que essas funções representam para a sociedade (veja o quadro 1). Forneça uma indicação dos principais beneficiários e daqueles afetados de maneira adversa do ponto de vista dos serviços ambientais, focalizando nas lideranças vulneráveis;

(i) Determine quais desses serviços serão significativamente afetados pelo projeto proposto, fornecendo os níveis de confiança nas predições, e levando em consideração as medidas de mitigação. Destaque qualquer impacto irreversível e qualquer perda insubstituível;

(j) Defina as possíveis medidas para evitar, minimizar ou compensar danos significativos à biodiversidade e/ou serviços ambientais ou perda deles; defina as possibilidades de melhorar a biodiversidade. Faça referência a quaisquer exigências legais;

(k) Avalie a importância de impactos residuais, ou seja, em consulta com as lideranças, defina a importância dos impactos esperados para as alternativas consideradas. Relate a importância dos impactos esperados para uma situação de referência que pode ser a situação existente, a situação histórica, uma situação futura provável (por exemplo, situação ‘sem o projeto’ ou ‘desenvolvimento autônomo’), ou uma situação externa de referência. Ao determinar a importância (peso), considere a importância geográfica de cada impacto residual (por exemplo, impacto de importância local / regional / nacional / continental / global) e indique sua dimensão temporal;

(l) Identifique os levantamentos necessários para reunir as informações necessárias para apoiar o processo decisório. Identifique lacunas importantes de conhecimento;

(m) Forneça detalhes sobre a metodologia e a escala de tempo exigidas.

26. Deve-se manter em mente que a não implementação de um projeto pode, em alguns casos, também ter efeitos adversos sobre a biodiversidade. Em casos raros, os efeitos adversos podem ser mais significativos que os impactos de uma atividade proposta (por exemplo, projetos que combatem processos de degradação).

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27. Uma análise da prática atual de avaliação de impacto 44/ forneceu uma série de recomendações práticas para a abordagem de questões relacionadas à biodiversidade:

(a) Além do foco sobre espécies protegidas e áreas protegidas, maior atenção precisa ser dada (i) ao uso sustentável dos serviços ambientais; (ii) à diversidade no nível de ecossistema; (iii) biodiversidade não protegida; e (iv) processos ecológicos e sua escala espacial;

(b) Os termos de referência devem ser inequívocos, específicos e compatíveis com a abordagem ecossistêmica; muito freqüentemente os termos de referência são muito gerais e impraticáveis;

(c) Para fornecer uma base sólida para avaliar a importância dos impactos, as condições iniciais precisam ser definidas e entendidas, e quantificadas onde possível. As condições iniciais são dinâmicas, significando que os desenvolvimentos atuais e futuros caso o projeto proposto não seja implementado (desenvolvimento autônomo) precisam ser incluídos;

(d) Levantamentos de campo, dados quantitativos, análises significativas e uma ampla perspectiva de longo prazo que permita monitorar cadeias de causa e efeito ao longo do tempo e espaço são elementos importantes da avaliação de impactos sobre a biodiversidade. Impactos potenciais indiretos e cumulativos devem ser melhor avaliados;

(e) Alternativas e/ou medidas de mitigação precisam ser identificadas e descritas em detalhes, incluindo uma análise de seu provável sucesso e do potencial realista para contrabalançar impactos adversos do projeto;

(f) Orientações para definir a abrangência de questões relacionadas à biodiversidade na EIA precisam ser desenvolvidas em nível nacional, mas devem, quando apropriado, considerar também os aspectos regionais para impedir impactos trans-fronteiriços;

(g) Orientações para determinar os níveis aceitáveis de mudanças na biodiversidade precisam ser desenvolvidas em nível nacional para facilitar os processos decisórios;

(h) Orientações para analisar e avaliar impactos sobre processos ecossistêmicos, em vez de sobre a composição ou estrutura, precisam ser desenvolvidas em nível nacional. A conservação dos processos ecossistêmicos que sustentam a composição e a estrutura exige uma proporção significativamente maior da paisagem do que a exigida para representar a composição e a estrutura da biodiversidade;

(i) O desenvolvimento de capacidade é necessário para representar efetivamente as questões relacionadas à biodiversidade no estágio de definição da abrangência; isso resultará em melhores orientações para o estudo de EIA.

44/ Veja o documento UNEP/CBD/SBSTTA/9/INF/18.

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3. Análise e avaliação de impactos, e desenvolvimento de alternativas

28. A EIA deve ser um processo iterativo para avaliar impactos, redesenhando alternativas e fazendo comparações. As principais tarefas da análise e avaliação do impacto são:

Quadro 1: Lideranças e participação A avaliação de impacto preocupa-se com (i) informações, (ii) participação e (iii) transparência do processo decisório. O envolvimento do público é conseqüentemente um pré-requisito para a EIA efetiva e pode ocorrer em diferentes níveis: informativos (fluxo unidirecional de informações), consultas (fluxo bidirecional de informações), ou participação “real” (análise e avaliação compartilhadas). Em todos os estágios da EIA a participação pública é relevante. As exigências legais para participação e o nível de participação diferem entre países, mas é geralmente aceito que consultas públicas nos estágios de definição da abrangência e revisão são essenciais; é geralmente reconhecido que a participação durante a avaliação melhora a qualidade do processo. Com respeito à biodiversidade, as lideranças relevantes no processo são:

Beneficiários do projeto – grupos alvo que usam, ou dão valor a serviços ambientais conhecidos que são propositadamente melhorados pelo projeto;

Pessoas afetadas – ou seja, aquelas pessoas que experimentam, como resultado do projeto, mudanças intencionais ou não intencionais nos serviços ambientais que elas valorizam;

Lideranças em geral – ou seja, instituições e grupos formais ou informais que representam pessoas afetadas ou a própria biodiversidade.

Gerações futuras – “lideranças ausentes”, ou seja, aquelas lideranças de gerações futuras que talvez dependam da biodiversidade sobre a qual decisões estão sendo tomadas atualmente.

Existem várias dificuldades potenciais para a participação pública efetiva. Elas incluem:

A identificação deficiente das lideranças relevantes pode tornar o envolvimento público ineficiente; Pobreza: envolvimento exige tempo passado longe das tarefas que produzem renda; Ambientes rurais: maiores distâncias tornam a comunicação mais difícil e cara; Analfabetismo: ou falta de domínio dos idiomas não locais pode inibir o envolvimento representativo

se meios impressos forem usados; Valores/cultura locais: padrões de comportamento ou práticas culturais podem inibir o envolvimento

de alguns grupos, que podem não se sentir à vontade para discordar publicamente com grupos dominantes;

Idiomas: em algumas áreas vários idiomas ou dialetos diferentes podem ser falados, tornando a comunicação difícil;

Sistemas legais: podem estar em conflito com sistemas tradicionais, e podem causar confusões sobre direitos e responsabilidades com relação aos recursos;

Grupos de interesse: podem ter pontos de vista e interesses diretos conflitantes ou divergentes; Confidencialidade: pode ser importante para o proponente, que pode ser contra o envolvimento inicial

e a consideração de alternativas. Consulte também a decisão VII/16 F contida das Diretrizes Voluntárias Akwé: Kon para a Realização de Avaliações dos Impactos Culturais, Ambientais e Sociais Relacionados a Projetos de Desenvolvimento a serem Realizados em Lugares Sagrados e em Terras e Águas Tradicionalmente Ocupadas ou Usadas por Comunidades Indígenas e Locais ou que Possam Afetar esses Lugares.

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Pessoas afetadas beneficiário

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(a) Aperfeiçoamento do entendimento sobre a natureza dos impactos potenciais identificados durante a seleção e a definição da abrangência e descritos nos termos de referência. Isso inclui a identificação de impactos indiretos e cumulativos, e das cadeias prováveis de causa e efeito;

(b) Identificação e descrição dos critérios relevantes para os processos decisórios podem ser um elemento essencial nesse estágio;

(c) Revisão e redesenho das alternativas; consideração de medidas de mitigação e melhora, assim como de compensação por impactos residuais; planejamento do gerenciamento do impacto; avaliação dos impactos; e comparação das alternativas; e

(d) Relato dos resultados do estudo num relatório de impacto ambiental (EIS) ou relatório da avaliação do impacto ambiental.

29. A avaliação de impactos normalmente envolve uma análise detalhada da sua natureza, magnitude, extensão e duração, e um julgamento de sua importância, ou seja, se os impactos são aceitáveis para as lideranças e sociedade como um todo, exigem mitigação e/ou compensação, ou se são inaceitáveis.

30. As informações disponíveis sobre a biodiversidade são normalmente limitadas e descritivas, e não podem ser usadas como base para predições numéricas. Existe a necessidade de desenvolver critérios de biodiversidade para a avaliação de impactos e padrões mensuráveis ou objetivos contra os quais a importância de impactos específicos possa ser avaliada. As prioridades e metas estabelecidas pelo processo da Estratégia Nacional de Biodiversidade e Plano de Ação podem orientar o desenvolvimento desses critérios. Será necessário desenvolver ferramentas para lidar com a incerteza, incluindo critérios sobre a utilização de técnicas para avaliar riscos, da abordagem da precaução e do manejo adaptativo.

31. Várias lições práticas relacionadas ao processo do estudo surgiram, inclusive indicando que a avaliação deve:

(a) Permitir tempo suficiente para os levantamentos para levar em consideração as características sazonais; os níveis de certeza da previsão sobre a importância dos impactos são baixos sem esse levantamento;

(b) Focalizar nos processos e serviços que são críticos para o bem-estar humano e para a integridade dos ecossistemas. Explicar os principais riscos e oportunidades para a biodiversidade;

(c) Utilizar a abordagem ecossistêmica e buscar ativamente informações junto às lideranças relevantes e comunidades indígenas e locais. Responder adequadamente a qualquer solicitação das lideranças por maiores informações e/ou investigações. Isso não significa necessariamente que todas as solicitações precisam ser honradas; entretanto, razões claras devem ser fornecidas para solicitações que não forem honradas;

(d) Considerar toda a gama de fatores que afetam a biodiversidade. Esses incluem os fatores diretos causadores de mudanças associados com uma proposta (por exemplo, conversão de terras, remoção da vegetação, emissões, perturbação, introdução de espécies exóticas invasoras ou organismos geneticamente modificados, etc.) e, na medida do possível, fatores indiretos causadores de mudanças, incluindo fatores demográficos, econômicos, sócio-políticos, e intervenções ou processos culturais e tecnológicos;

(e) Avaliar os impactos de alternativas com relação à situação inicial. Comparar com padrões, limites, metas e/ou objetivos legais para a biodiversidade. Usar as estratégias nacionais de biodiversidade e planos de ação e outros documentos relevantes para informações e objetivos. A visão, os objetivos e as metas para a conservação e uso sustentável da biodiversidade contidos em planos, políticas

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e estratégias locais, assim como os níveis de preocupação pública, dependência ou interesse sobre a biodiversidade fornecem indicadores úteis para as mudanças aceitáveis;

(f) Levar em consideração as ameaças e impactos cumulativos resultantes de impactos repetidos de projetos do mesmo tipo ou de tipos diferentes ao longo do tempo, e/ou de planos, programas ou políticas propostos;

(g) Reconhecer que a biodiversidade é influenciada por fatores culturais, sociais e biofísicos. A cooperação entre diferentes especialistas na equipe é, portanto, essencial, assim como a integração das conclusões relevantes para a biodiversidade;

(h) Fornecer percepções sobre cadeias de causa e efeito. Explicar também porquê certas cadeias não precisam ser estudadas;

(i) Se possível, quantificar as mudanças na composição, estrutura e processos fundamentais da biodiversidade, assim como nos serviços ambientais. Explicar as conseqüências esperadas da perda de biodiversidade associada à proposta, incluindo os custos de substituir os serviços ambientais se eles forem negativamente afetados pela proposta;

(j) Indicar as disposições legais que orientam o processo decisório. Liste todos os tipos de impactos potenciais identificados durante a seleção e a definição da abrangência e descritos nos termos de referência, e identifique os dispositivos legais aplicáveis. Assegure que os impactos potenciais para os quais nenhuma disposição legal seja aplicável sejam considerados durante o processo decisório.

4. Relatório: o relatório de impacto ambiental (EIS)

32. O relatório de impacto ambiental consiste em: (i) um relatório técnico com anexos, (ii) um plano de manejo ambiental, fornecendo informações detalhadas sobre como as medidas para evitar, mitigar ou compensar os impactos esperados devem ser implementadas, gerenciadas e monitoradas, e (iii) um resumo não técnico.

33. O relatório de impacto ambiental é desenhado para ajudar:

(a) O proponente a planejar, desenhar e implementar uma proposta de forma a eliminar ou minimizar o efeito negativo sobre os ambientes biofísico e sócio-econômico e maximizar os benefícios para todas as partes afetadas com a melhor relação custo-benefício;

(b) O Governo ou autoridade responsável a decidir se uma proposta deve ser aprovada e os termos e condições que devem ser aplicados; e

(c) O público a entender a proposta e seus impactos sobre a comunidade e o meio ambiente, e oferece uma oportunidade para comentários sobre a ação proposta para a consideração dos tomadores de decisão. Alguns impactos adversos podem ter grande abrangência e ter efeitos além dos limites de habitats/ecossistemas específicos ou fronteiras naturais. Portanto, os planos e estratégias de gerenciamento ambiental contidos no relatório de impacto ambiental devem considerar os impactos regionais e trans-fronteiriços, levando em consideração a abordagem ecossistêmica. A inclusão de um resumo não técnico da EIA, compreensível para a audiência geral interessada, é fortemente recomendada.

5. Revisão do relatório de impacto ambiental

34. O propósito da revisão do relatório de impacto ambiental é assegurar que as informações sejam suficientes para os tomadores de decisão, focalizadas nas questões principais, e que o documento seja cientificamente e tecnicamente preciso. Adicionalmente, a revisão deve avaliar:

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(a) Se os prováveis impactos são aceitáveis do ponto de vista do meio ambiente;

(b) Se o desenho está de acordo com as normas e políticas relevantes, ou padrões de boas práticas onde normas oficiais não existirem;

(c) Se todos os impactos relevantes, incluindo os impactos indiretos e cumulativos de uma atividade proposta foram identificados e adequadamente abordados na EIA. Para esse fim, especialistas em biodiversidade devem ser chamados para a revisão e para informar sobre normas oficiais e/ou padrões de boas práticas a serem compiladas e disseminadas.

35. O envolvimento público, incluindo a participação plena e efetiva das comunidades indígenas e locais, é importante em vários estágios do processo, e particularmente nesse estágio. As preocupações e comentários de todas as lideranças são adequadamente considerados e incluídos no relatório final apresentado aos tomadores de decisão. O processo estabelece o sentimento de propriedade local com relação à proposta e promove um melhor entendimento sobre as questões e preocupações relevantes.

36. A revisão também deve assegurar que as informações fornecidas no relatório de impacto ambiental sejam suficientes para que um tomador de decisão determine se o projeto está em conformidade ou é contraditório aos objetivos da Convenção sobre Diversidade Biológica.

37. A efetividade do processo de revisão depende da qualidade dos termos de referência que definem as questões a serem incluídas no estudo. A definição da abrangência e a revisão são, portanto, estágios complementares.

38. Os revisores devem, na medida do possível, ser independentes e diferentes das pessoas ou organizações que prepararam o relatório de impacto ambiental.

6. Processo decisório

39. As decisões são tomadas ao longo do processo de EIA, de forma incremental desde os estágios de seleção e definição da abrangência, passando por decisões tomadas durante a coleta e análise de dados e previsão de impactos, até as escolhas feitas entre alternativas e medidas de mitigação, e finalmente a decisão de recusar ou autorizar o projeto.

40. As questões relacionadas à biodiversidade devem desempenhar um papel ao longo de todo o processo decisório. A decisão final é essencialmente uma escolha prática sobre se a proposta deve ou não continuar, e sob que condições. Se for rejeitado, o projeto pode ser redesenhado e re-submetido. É desejável que o proponente e o corpo decisório sejam duas entidades diferentes.

41. É importante que existam critérios claros para levar a biodiversidade em consideração dentro do processo decisório, e para orientar trocas entre as questões sociais, econômicas e ambientais que incluem a biodiversidade. Esses critérios valem-se de princípios, objetivos, metas e normas para a biodiversidade e para os serviços ambientais, contidos em leis, políticas, planos e estratégias internacionais e nacionais, regionais e locais.

42. A abordagem da precaução deve ser aplicada no processo decisório nos casos de incerteza científica quando existe um risco de sérios danos à biodiversidade. Riscos mais altos e/ou um maior potencial de dano à biodiversidade exigem maior confiabilidade e certeza da informação. O contrário implica em que a abordagem da precaução não seve ser seguida ao extremo; no caso de risco mínimo, um nível maior de incerteza pode ser aceito. Diretrizes para a aplicação do princípio da precaução à conservação da biodiversidade e gerenciamento de recursos naturais foram desenvolvidas no âmbito do Projeto Princípio da Precaução, uma iniciativa conjunta da Fauna & Flora Internacional, IUCN – União

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Mundial para a Conservação, ResourceAfrica e TRAFFIC, e estão disponíveis em inglês, francês e espanhol em: http://www.pprinciple.net/.

43. Em vez de comparar as metas de conservação com as metas de desenvolvimento, a decisão deve buscar alcançar um equilíbrio entre a conservação e o uso sustentável para soluções economicamente viáveis, e socialmente e ecologicamente sustentáveis.

7. Monitoramento, cumprimento, fiscalização e auditoria ambiental

44. A EIA não acaba com a produção de um relatório nem com uma decisão sobre o projeto proposto. As atividades que precisam assegurar que as recomendações do EIS ou EMP sejam implementadas são normalmente agrupadas sob o título de “Continuidade da EIA”. Elas podem incluir atividades relacionadas ao monitoramento, cumprimento, fiscalização e auditoria ambiental. Os papéis e responsabilidades com relação a essas atividades são variáveis e dependem das regulamentações estabelecidas.

45. O monitoramento e a auditoria são usados para comparar os resultados reais depois que a implementação do projeto foi iniciada com aqueles previstos antes da implementação. Servem também para verificar se o proponente está cumprindo o plano de gerenciamento ambiental (EMP). O EMP pode ser um documento separado, mas é considerado parte do relatório de impacto ambiental. Um EMP é normalmente exigido para obter permissão para implementar um projeto. Em vários países, o EMP não é uma exigência legal.

46. Planos, programas e sistemas de gerenciamento, incluindo metas claras de gerenciamento, responsabilidades e monitoramento adequado, devem ser estabelecidos para assegurar que a mitigação seja de fato implementada, que efeitos ou tendências negativas imprevistas sejam detectadas e enfrentadas, e que os benefícios esperados (ou desenvolvimentos positivos) sejam alcançados conforme o projeto avança. Boas informações sobre a situação inicial e/ou o monitoramento pré-implementação são essenciais para fornecer um marco confiável contra o qual as mudanças causadas pelo projeto possam ser mensuradas. Estipulações devem ser feitas para medidas de resposta emergencial e/ou planos de contingência para o caso de eventos imprevistos ou acidentes ameaçarem a biodiversidade. O EMP deve definir as responsabilidades, orçamentos e qualquer treinamento necessário para o monitoramento e gerenciamento dos impactos, e descrever como os resultados serão reportados e a quem.

47. O monitoramento focaliza naqueles componentes da biodiversidade que têm maior probabilidade de sofrer mudanças como resultado do projeto. O uso de organismos ou ecossistemas indicadores que sejam mais sensíveis aos impactos previstos é portanto apropriado, para fornecer a indicação mais inicial possível de mudanças indesejadas. Como o monitoramento freqüentemente tem que considerar fluxos naturais assim como efeitos induzidos por humanos, indicadores complementares podem ser adequados para o monitoramento. Os indicadores devem ser específicos, mensuráveis, alcançáveis, relevantes e oportunos. Onde possível, a escolha dos indicadores deve ser alinhada com processos existentes sobre indicadores.

48. Os resultados do monitoramento fornecem informações para a revisão periódica e alteração dos planos de gerenciamento ambiental, e para otimizar a proteção ambiental através de um bom gerenciamento adaptativo em todos os estágios do projeto. Os dados sobre a biodiversidade gerados pela EIA devem ser disponibilizados e devem poder ser usados por outros, e devem ser ligados a processos de avaliação da biodiversidade que estejam sendo desenhados e realizados nos níveis nacional e global.

49. Estipulações são feitas para a auditoria regular, para verificar o cumprimento do EMP pelo proponente, e para avaliar a necessidade de adaptar o EMP (normalmente incluindo a renovação da licença do proponente). Uma auditoria ambiental é um exame e uma avaliação independente sobre o

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desempenho (passado) de um projeto. É parte da avaliação do plano de gerenciamento ambiental e contribui para fazer cumprir as decisões de aprovação da EIA.

50. A implementação das atividades descritas no EMP e formalmente regulamentadas na licença ambiental do proponente depende, na prática, do cumprimento dos procedimentos formais. Normalmente observa-se que a falta de fiscalização leva a um cumprimento reduzido e à implementação inadequada de EMPs. As autoridades competentes são responsáveis por fazer cumprir as regulamentações pertinentes da avaliação do impacto, quando existirem regulamentações formais estabelecidas.

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Apêndice 1

CONJUNTO INDICATIVO DE CRITÉRIOS DE SELEÇÃO A SEREM MAIS DETALHADAMENTE ELABORADOS NO NÍVEL NACIONAL 45/

Categoria A: Avaliação do impacto ambiental obrigatória para:

• Atividades em áreas protegidas (definir o tipo e nível de proteção);

• Atividades em ecossistemas ameaçados fora de áreas protegidas;

• Atividades em corredores ecológicos identificados como importantes para processos ecológicos ou evolutivos;

• Atividades em áreas conhecidas por fornecer serviços ambientais importantes;

• Atividades em áreas conhecidas como habitats de espécies ameaçadas;

• Atividades de extrativismo ou atividades que levam à mudança no uso da terra, ocupando ou influenciando diretamente uma área no mínimo de um certo tamanho limite (de terra ou água, na superfície ou subsolo – limite a ser definido);

• Criação de infra-estrutura linear que leve à fragmentação de habitats acima de um comprimento mínimo (limite a ser definido);

• Atividades que resultam em descargas, efluentes e/ou outros meios de emissão química, de radiação, térmica ou sonora em áreas que fornecem serviços ambientais fundamentais (áreas a serem definidas); 46/

• Atividades que levam a mudanças na composição do ecossistema, estrutura do ecossistema ou processos fundamentais 47/ responsáveis pela manutenção dos ecossistemas e dos serviços dos ecossistemas em áreas que fornecem serviços ambientais fundamentais (áreas a serem definidas).

Categoria B: A necessidade ou o nível da avaliação do impacto ambiental devem ser determinados para:

• Atividades que resultam em descargas, efluentes e/ou outras emissões químicas, térmicas, de radiação ou sonoras em áreas que fornecem outros serviços ambientais relevantes (áreas a serem definidas);

• Atividades que levam a mudanças na composição do ecossistema, na estrutura do ecossistema, ou nas funções do ecossistema, responsáveis pela manutenção dos ecossistemas e dos serviços ambientais em áreas que fornecem outros serviços ambientais relevantes (áreas a serem definidas);

• Atividades de extração, atividades que levam a mudanças no uso da terra ou mudanças no uso de ecossistemas de águas continentais ou mudanças no uso de ecossistemas marinhos e costeiros, e criação de infra-estrutura linear abaixo do limite da Categoria A, em áreas que fornecem serviços ambientais fundamentais e outros serviços ambientais relevantes (áreas a serem definidas).

45/ Nota: Esses critérios referem-se apenas à biodiversidade e, portanto, devem ser aplicados como critérios

adicionais aos critérios existentes de seleção. 46/ Para uma lista de serviços ambientais, ver o apêndice 2 abaixo. Essa lista não inclui todos os serviços ambientais

possíveis. 47/ Para exemplos desses aspectos da biodiversidade, ver o apêndice 3 abaixo.

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Apêndice 2

LISTA INDICATIVA DE SERVIÇOS AMBIENTAIS

Serviços reguladores responsáveis pela manutenção dos processos e dinâmicas naturais

Serviços reguladores relacionados à biodiversidade

- manutenção da composição genética, de espécies e do ecossistema

- manutenção da estrutura do ecossistema - manutenção de processos ecossistêmicos

fundamentais para a criação ou manutenção da biodiversidade

Serviços reguladores terrestres - decomposição de matéria orgânica - dessalinização natural dos solos - desenvolvimento / prevenção de solos ácidos

com sulfato - mecanismos de controle biológico - polinização de cultivos - limpeza sazonal dos solos - capacidade de armazenamento de água no solo - proteção costeira contra enchentes - estabilização da área costeira (contra

acréscimos / erosão) - proteção do solo - adequação para assentamentos humanos - adequação para atividades de lazer e turismo - adequação para a conservação ambiental - adequação para infra-estrutura

Serviços reguladores relacionados à água - filtragem da água - diluição de poluentes - descarga de poluentes - lavagem / limpeza - purificação bioquímica/ biofísica da água - armazenamento de poluentes - regulagem do fluxo para controle de enchentes - regulagem do fluxo dos rios - capacidade de armazenamento de água - capacidade de recarga de lençóis d’água - regulagem do equilíbrio hídrico - sedimentação / capacidade de retenção - proteção contra erosão hídrica - proteção contra a ação das ondas - prevenção da intrusão de água salgada

subterrânea - prevenção da intrusão de água salgada

superficial - transmissão de doenças - adequação para navegação

Serviços reguladores relacionados à água (cont.) - adequação para atividades de lazer e turismo - adequação para a conservação ambiental

Serviços reguladores relacionados ao ar - filtragem do ar - carreamento pelo ar para outras áreas - processamento fotoquímico do ar (smog) - barreiras contra o vento - transmissão de doenças - seqüestro de carbono Serviços fornecedores: bens que podem ser colhidos Produção natural: - madeira - lenha - gramas (construção e uso artesanal) - forragem & esterco - turfa que pode ser extraída - produtos secundários (menores) - carne de caça que pode ser apanhada - peixes e moluscos - suprimento de água potável - suprimento de água para irrigação e indústria - suprimento de água para energia hidroelétrica - suprimento de água superficial para outras paisagens - suprimento de água subterrânea para outras

paisagens - material genético

Produção humana com base no meio ambiente - produtividade de cultivos - produtividade de monoculturas arbóreas - produtividade de florestas manejadas - produtividade de pastos/gado - produtividade da aquacultura (água doce) - produtividade da maricultura (água salobra/salgada) Serviços culturais que fornecem uma fonte de enriquecimento artístico, estético, espiritual, religioso, de recreação ou científico, ou benefícios imateriais. Serviços de sustentação necessários para a produção de todos os outros serviços ambientais - formação de solos - ciclagem de nutrientes - produção primária. - processos evolutivos

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Apêndice 3

ASPECTOS DA BIODIVERSIDADE: COMPOSIÇÃO, ESTRUTURA E PROCESSOS FUNDAMENTAIS

Composição Influenciada por:

População mínima viável de: (a) variedades/cultivares/raças legalmente

protegidas de plantas cultivadas e/ou animais domesticados e seus parentes, genes ou genomas de importância social, científica e econômica;

(b) espécies legalmente protegidas; (c) aves migradoras, peixes migradores,

espécies protegidas pela CITES; (d) espécies não legalmente protegidas, mas

ameaçadas (Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN); espécies que são importantes para os modos de vida e culturas locais.

- remoção seletiva de uma ou algumas espécies pela pesca, atividades florestais, caça, coleta de plantas (incluindo recursos vivos botânicos e zoológicos);

- fragmentação dos seus habitats, levando ao isolamento reprodutivo;

- introdução de organismos geneticamente modificados que possam transferir transgenes para variedades / cultivares / raças de plantas cultivadas e/ou animais domesticados e seus parentes;

- perturbação ou poluição; - alteração ou redução de habitat; - introdução de predadores, competidores ou parasitas (não

endêmicos) de espécies protegidas.

Estrutura Influenciada por: Mudanças na estrutura espacial ou temporal, na escala de áreas relevantes, tais como: (a) áreas legalmente protegidas; (b) áreas que fornecem serviços ambientais

importantes, tais como (i) manutenção de alta diversidade (hot spots), grandes números de espécies endêmicas ou ameaçadas, necessários para espécies migradoras; (ii) serviços de importância social, econômica, cultural ou científica; (iii) ou serviços de sustentação associados com processos evolutivos fundamentais ou outros processos biológicos.

Efeitos das atividades humanas que funcionam numa escala similar (ou maior) do que a área em consideração. Por exemplo, por emissões para a área, desvio de água superficial que flui através da área, extração de água subterrânea em um aqüífero compartilhado, perturbação por barulho ou luzes, poluição através do ar, etc.

Estrutura e interações da cadeia alimentar: Espécies ou grupos de espécies desempenham certos papéis na cadeia alimentar (grupos funcionais); mudanças na composição de espécies pode não levar necessariamente a mudanças na cadeia alimentar, desde que os papéis sejam preenchidos por outras espécies.

Todas as influências mencionadas para a composição podem levar a mudanças na cadeia alimentar, mas apenas quando um papel inteiro (ou grupo funcional) for afetado. Conhecimentos ecológicos especializados são necessários.

Presença de espécies fundamentais: Espécies fundamentais freqüentemente representam singularmente um dado tipo funcional (ou papel) na cadeia alimentar.

Todas as influências mencionadas para a composição que afetam diretamente as espécies fundamentais. Esse é um campo relativamente novo do conhecimento ecológico, mas que está se desenvolvendo rapidamente. Exemplos: - lontras marinhas e florestas de algas gigantes (kelp) - elefantes e a savana africana - estrelas-do-mar e meso litoral - salmões na floresta úmida temperada - tubarão-tigre em alguns ecossistemas marinhos - castores em alguns habitats de água doce - cão-da-pradaria de cauda preta e pradarias

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Processos fundamentais (apenas exemplos selecionados)

Influenciados por:

Padrões de sedimentação (transporte de sedimentos, sedimentação e crescimento por aluvião) em sistemas do meso litoral (mangues, lodaçais, leitos de gramas marinhas)

Aporte de sedimentos reduzido pela barragem de rios; interrupção da deriva litorânea por estruturas que avançam sobre o mar

Dependência planta-animal para polinização, dispersão de sementes, ciclo de nutrientes em florestas tropicais úmidas

Remoção seletiva de espécies através do corte de madeiras, coleta ou caça

Estabilidade superficial do solo e processos edáficos em florestas montanas

O corte imprudente de madeiras leva ao aumento da erosão e perda da camada superficial do solo

Ciclo de nutrientes feito por invertebrados e fungos em florestas decíduas

Acidez do solo e da água subterrânea pelo uso de produtos químicos agrícolas

Umidade disponível para as plantas em montanhas íngremes e não florestadas

Excesso de pastoreio e compactação do solo levam à redução da umidade disponível no solo

Pastoreio por mamíferos herbívoros em savanas Práticas de pecuária Sucessão depois de um incêndio, e dependência do fogo para completar ciclos de vida em savanas

Exclusão do fogo resulta em perda da diversidade de espécies

Nutrientes disponíveis e penetração de luz solar em lagos de água doce

Afluxo de fertilizantes e atividades que levam ao aumento da turbidez da água (dragagem, emissões)

Regime hidrológico em várzeas, florestas inundadas e áreas úmidas de maré

Mudanças na hidrologia de rios ou ritmo das marés devido a infra-estruturas hidráulicas ou desvios de água

Condições de encharcamento permanente em charcos turfosos e solos ácidos com sulfato

A drenagem leva à destruição da vegetação (e do processo de formação da turfa), oxidação das camadas de turfa e subseqüente rebaixamento do solo; solos ácidos com sulfato degradam rapidamente quando oxidados

Excedente de evaporação em lagos salinos / alcalinos

A desembocadura de drenagem de água para dentro desses lagos modifica o equilíbrio hídrico

Prisma de maré e equilíbrio de água salgada e doce em estuários

Infra-estrutura que cria bloqueios à influência da maré; mudanças na hidrologia do rio mudam o equilíbrio de salinidade em estuários

Processos hidrológicos como a convecção, correntes e derivas verticais, e a circulação transversa em mares costeiros

Infra-estrutura costeira, dragagem

Dinâmica populacional Redução do habitat leva a uma queda dramática no tamanho da população, levando à extinção