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UNI UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA CRISTIAN HENRIQUE MONTEIRO POUSADA GOMEZ JERKED BEEF FERMENTADO. DESENVOLVIMENTO DE NOVA TECNOLOGIA DE PROCESSAMENTO LONDRINA 2006

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UNI UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA

CRISTIAN HENRIQUE MONTEIRO POUSADA GOMEZ

JERKED BEEF FERMENTADO. DESENVOLVIMENTO DE NOVA

TECNOLOGIA DE PROCESSAMENTO

LONDRINA

2006

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CRISTIAN HENRIQUE MONTEIRO POUSADA GOMEZ

JERKED BEEF FERMENTADO. DESENVOLVIMENTO DE NOVA

TECNOLOGIA DE PROCESSAMENTO

Projeto de Dissertação apresentado ao Programa de Pós Graduação em Ciência de Alimentos do Departamento de Tecnologia de Alimentos e Medicamentos da Universidade Estadual de Londrina, como requisito à obtenção do título de Mestre em Ciência de Alimentos.

Orientador: Profº Dr. Massami Shimokomaki

LONDRINA

2006

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COMISSÃO EXAMINADORA

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Londrina, ____ de ___________ de 2006

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“Para ser grande, sê inteiro: nada Teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és No mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda Brilha, porque alta vive”.

“Ricardo Reis” (Fernando Pessoa)

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DEDICATÓRIA

À minha mãe (in memorian), exemplo restrito de caráter, honestidade, determinação, Amor incondicional e uma vida de dedicação aos filhos; ao meu pai, pelo apoio nos momentos difíceis; à minha irmã, razão de orgulho e amizade; à Simoni, pelos momentos de felicidade e compreensão nas horas difíceis; aos amigos, pelo companheirismo e crescimento pessoal; à Deus, por mais uma vez ajudar-me na superação de obstáculos.

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AGRADECIMENTOS

Ao prof. Dr. Massami Shimokomaki pela orientação e amizade.

À coordenação e docentes do Programa de Pós Graduação em Ciência de Alimentos pela

atenção dispensada.

Aos funcionários do Departamento de Alimentos e Medicamentos, especialmente à Nelson e

Alessandra, pela amizade e colaboração constantes.

Aos colegas deste Programa, em especial ao Cláudio e ao estagiário Alberto.

Ao laboratório Chr Hansen pela gentileza em fornecer a cultura iniciadora.

À CAPES pela bolsa fornecida à execução desse trabalho.

A minha família e amigos pela contribuição nos momentos difíceis.

À Deus pela existência e sabedoria proporcionadas.

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SUMÁRIO

• DEDICATÓRIA • AGRADECIMENTOS • LISTAS DE FIGURAS, QUADROS E TABELAS • RESUMO • ABSTRACT

1. INTRODUÇÃO .....................................................................................................1

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................................4

2.1 Charque e Jerked Beef.......................................................................................4

2.1.1 Processamento do Charque e Jerked Beef.....................................................6

2.2 Tecnologia de Obstáculos ..................................................................................9

2.2.1 Atividade de Água ...........................................................................................10

2.2.2 Concentração de Cloreto de Sódio .................................................................11

2.2.3 Embalagem .....................................................................................................12

2.2.4 pH....................................................................................................................12

2.2.5 Nitrito e Nitrato de Sódio .................................................................................13

2.2.6 Contaminação Inicial .......................................................................................15

2.3 Produtos Cárneos Fermentados ........................................................................16

2.3.1 Alimentos Fermentados...................................................................................16

2.3.2 Culturas Iniciadoras.........................................................................................17

2.3.3 Gênero Staphylococcus ..................................................................................19

2.4 Textura ...............................................................................................................25

2.5 Cor .....................................................................................................................27

2.6 Características e Funções dos Lipídios..............................................................29

2.6.1 Aspectos Gerais da Oxidação Lipídica............................................................31

2.6.2 Oxidação Lipídica em Carnes e Derivados Cárneos.......................................34

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2.6.3 Aroma de Requentado (Warmed-Over Flavour)..............................................36

3. OBJETIVOS...........................................................................................................37

3.1 Objetivo Geral......................................................................................................37

3.2 Objetivos Específicos...........................................................................................37

4. MATERIAIS E MÉTODOS....................................................................................38

4.1 Materiais.............................................................................................................38

4.1.1 Matéria-prima ..................................................................................................38

4.1.2 Cultura Iniciadora BACTOFERM C-P-77 ........................................................38

4.1.3 Preparo das Sub-amostras..............................................................................38

4.1.4 Retirada das Alíquotas Amostrais ...................................................................46

4.2 Avaliação Microbiológica ....................................................................................46

4.2.1 Contagem de Aeróbios Mesófilos....................................................................46

4.3 Avaliações Físico-Químicas ...............................................................................46

4.3.1 Umidade ..........................................................................................................46

4.3.2 Proteínas .........................................................................................................47

4.3.3 Lipídios ............................................................................................................47

4.3.4 Cinzas e Cloreto de Sódio...............................................................................47

4.3.5 Potencial Hidrogeniônico (pH).........................................................................47

4.3.6 Atividade de Água (Aw) ...................................................................................48

4.3.7 Oxidação Lipídica............................................................................................48

4.3.8 Aroma de Requentado (WOF).........................................................................48

4.3.8.1 Dessalga das Alíquotas Amostrais ...............................................................49

4.3.8.2 Cozimento ....................................................................................................49

4.3.9 Nitrito e Nitrato de Sódio .................................................................................50

4.3.10 Maciez ...........................................................................................................50

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4.3.11 Cor.................................................................................................................50

4.3.12 Análise Sensorial...........................................................................................51

4.3.13 Análise Estatística .........................................................................................52

5. RESULTADO E DISCUSSÃO................................................................................53

5.1 Composição Química de Jerked Beef e Jerked Beef Fermentado......................53

5.2 Atividade de Água (Aw) e pH...............................................................................56

5.3 Maciez..................................................................................................................60

5.4 Oxidação Lipídica.................................................................................................62

5.5 WOF.....................................................................................................................65

5.6 Cor........................................................................................................................67

5.7 Nitrito e Nitrato de Sódio......................................................................................73

5.8 Contagem de Aeróbios Mesófilos........................................................................74

5.9 Índice de Aceitação do Produto...........................................................................75

6. CONCLUSÕES......................................................................................................78

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................79

8. ANEXOS................................................................................................................95

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Fluxograma de processamento do jerked beef .......................................... 8

Figura 2. Etapas do processo de oxidação lipídica ................................................... 34

Figura 3. Fluxograma do processamento de jerked beef fermentado ....................... 40

Figura 4. Evolução da atividade de água (Aw) durante o processamento de jerked

beef e jerked beef fermentado................................................................................... 57

Figura 5. Evolução do pH durante o processamento de jerked beef e jerked beef

fermentado ................................................................................................................ 59

Figura 6. Evolução da oxidação lipídica durante o processamento de jerked beef

e jerked beef fermentado .......................................................................................... 65

Figura 7. Evolução do aroma de requentado durante o processamento de jerked

beef

e jerked beef fermentado .......................................................................................... 67

Figura 8 Efeitos do processamento e tratamento térmico sobre a luminosidade de

jerked beef e jerked beef fermentado........................................................................ 68

Figura 9. Efeitos do processamento e tratamento térmico sobre a intensidade da

cor

vermelha de jerked beef e jerked beef fermentado ................................................... 70

Figura 10. Efeitos do processamento e tratamento térmico sobre a intensidade da

cor

amarela de jerked beef e jerked beef fermentado..................................................... 71

Figura 11. Efeitos do processamento e tratamento térmico sobre a razão a*/b* de

jerked beef e jerked beef fermentado........................................................................ 73

Figura 12. Freqüência de respostas dos provadores utilizando valores de 1 à 9 da

escala hedônica ........................................................................................................ 76

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Diferenças do processamento do charque e do jerked beef .......................6

Quadro 2. Espécies microbianas empregadas como culturas iniciadoras em

carnes ..........................................................................................................................18

Quadro 3. Características fisiológicas importantes sob o aspecto tecnológico das

Micrococcaceae ...........................................................................................................20

Quadro 4. Identificação dos principais microrganismos em amostras de matéria-

prima,

salmoura e jerked beef.................................................................................................24

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1.Composição química aproximada de músculos Vastus lateralis bovinos

utilizados no processamento de jerked beef e jerked beef fermentado, em base

úmida ................................................................................................................... .... 53

Tabela 2. Atividade de água (Aw) e pH de músculos Vastus lateralis bovinos

utilizados

no processamento de jerked beef e jerked beef fermentado, em base úmida. ............56

Tabela 3. Força de cisalhamento de músculos Vastus lateralis bovino utilizados no

processamento de jerked beef e jerked beef fermentado. ...........................................60

Tabela 4. Oxidação lipídica em músculos Vastus lateralis bovinos utilizados no

processamento de jerked beef e jerked beef fermentado, em mg TBARS/kg..............63

Tabela 5. Aroma de requentado em músculos Vastus lateralis bovinos utilizados

no processamento de jerked beef e jerked beef fermentado, em mg TBARS/kg. ........66

Tabela 6. Cor em músculos Vastus lateralis bovinos utilizados no processamento

de jerked beef e jerked beef fermentado......................................................................68

Tabela 7. Valores de nitrito e nitrato de sódio em jerked beef e jerked beef

fermentado ...................................................................................................................73

Tabela 8. Contagem total de aeróbios mesófilos em músculos Vastus lateralis

bovinos utilizados para processamento de jerked beef e jerked beef fermentado. ......74

Tabela 9. Teste de preferência em jerked beef e jerked beef fermentado. ..................75

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NOMENCLATURA

a* - Intensidade da Cor Vermelha

AGI – Ácidos Graxos Insaturados

Aw – Atividade de Água

b* - Intensidade da Cor Amarela

CIE – Comission Internacionale de l’Eclairage

HACCP – Hazard Analysis and Critical Control Points

ISO – International Organization for Standardization

JB – Jerked Beef

JBDC – Jerked Beef Dessalgado Cozido

JBF – Jerked Beef Fermentado

JBFDC – Jerked Beef Fermentado Dessalgado Cozido

L* - Luminosidade

MP – Matéria-Prima

NO – Óxido Nítrico

PVC – Polivinilcarbonato

R. – Radical Livre

RH – Lipídio Insaturado

RIISPOA – Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem

Animal

RO2. – Radical Peróxido

RO2H – Hidroperóxido

RO2OH – Hidroperóxido

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RESUMO

As condições atuais de processamento de charque e jerked beef são higienicamente precárias, acarretando dificuldades na implementação da gestão de controle de qualidade. Nesse sentido é notória a necessidade de desenvolvimento de tecnologia para modernizar a produção artesanal e assim expandir o mercado consumidor. Os objetivos do projeto foram desenvolver uma nova tecnologia de processamento de jerked beef e avaliar sua qualidade pela introdução de cultura iniciadora BACTOFERM C-P-77, cepa Staphylococcus carnosus M17. As amostras foram elaboradas com músculo Vastus lateralis bovino. A solução de salmoura foi preparada com mistura de 100 ppm de nitrito e 100 ppm de nitrato de sódio, 20 % de cloreto de sódio e inóculo padronizado equivalente a 106 UFC/g. O volume da solução de salmoura inoculada foi fixado em 10 % sobre o peso da carne (v/p). A inoculação dessa solução foi realizada em múltiplos pontos visando sua melhor distribuição e homogeneização. Após inoculação da solução de salmoura, as sub-amostras foram adicionadas superficialmente com 5 % de sal grosso sobre peso da sub-amostra (p/p) e armazenadas em estufa à 30ºC/24 h. Após armazenamento das sub-amostras na etapa de salga úmida inoculada foi realizado manteamento das mesmas, originando “bifes” de 1,5 cm de espessura. A etapa de salga seca foi realizada sob dois intervalos de tempo de 24 horas, sendo os “bifes” acondicionados em bandejas de polipropileno com camadas de sal grosso na razão de 2:1 (p/p). Após 24 horas de salga seca, as bandejas foram higieneizadas, sal grosso foi reposto e a ordem dos “bifes” invertida. O monitoramento do processamento de JBF e JB foi realizado com medições periódicas da atividade de água até atingir o valor final já conhecido entre 0,70 a 0,75. Os resultados da contagem de aeróbios mesófilos nas matérias-primas mostraram valores abaixo de 104 UFC/g. Os parâmetros físico-químicos mostraram que os níveis de proteína, cinzas, cloreto, atividade de água e pH foram similares (P ≥ 0,05). Os teores de umidade de JBF e JB foram de 53,31 e 54,62%, respectivamente, (P < 0,05). O teor de lipídios de JBF foi cerca de 36,67% menor ao JB, refletindo possível atividade da lipase presente na cultura. Os valores da oxidação lipídica de JBF e JB foram de 0,25 e 0,41 mg TBARS/kg, respectivamente, (P < 0,05), sendo 39,02% menor em JBF. O desenvolvimento do aroma de requentado durante 90 dias de armazenamento foi cerca de 38,80 % menor em JBF. Esses inesperados resultados podem ser explicados pela menor concentração de nitrato observado em JBF indicando maior atividade da enzima nitrato redutase e, consequentemente, maior disponibilidade de nitrito de sódio. Como já conhecido, a presença de nitrito inibe a oxidação lipidica. Os valores de a* foram maiores em JBF (P < 0,05) refletindo novamente a maior concentração de nitrito e maior intensidade da cor vermelha pela formação de nitrosohemocromo. Testes de aceitação medidos através dos valores hedônicos médios de JBF e JB foram 7,1 e 6,0, respectivamente (P < 0,05) enquanto os índices de aceitação de JBF e JB foram de 93,33% e 70 %, respectivamente. Os parâmetros benéficos desta nova tecnologia de produção de JB foram a significativa redução de tempo de 20 para 3 dias de processamento e elevada aceitação de JBF pelos panelistas. Finalmente, a oportunidade de se implementar as ferramentas de controle de qualidade foi viabilizada, uma vez que todas as etapas do processamento foram controladas, com possibilidades de se implementar HACCP e ISO e melhorar, dessa maneira, a segurança alimentar desses produtos.

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ABSTRACT

The current conditions of charqui meat (CHM) and jerked beef (JB) processing are hygienically poor bringing about difficulties for implementing quality control tools. It is obvious the needs of technology development in order to modernize the old technology thus having the opportunity to enlarge the consumption market. The aims of this project were to develop a modern of JB processing thus its quality by the introduction of BACTOFERM C-P-77, cepa Staphylococcus carnosus M17 starter culture. JB samples were produced from beef Vastus lateralis. Brine was prepared with a mixture of 100 ppm of sodium nitrite and 100 ppm of sodium nitrate, 20% sodium chloride and standardized starter culture equivalent to 106 UFC/g. The quantity of brine injected was 10% in relation to meat weight (v/w). The injection of this solution was carried out at multiple locations aiming the best brine components distribution and homogenization within the muscle. Further, samples were sliced at 1.5 cm thickness and submitted to dry salting at the proportion of salt:meat of 2:1 when the meat pieces were stacked into piles separated each other by layers of coarse marine salt. This assay was repeated at 24h interval in a polypropylene tray and this time the meat was restacked and the uppermost meat pieces were repositioned on the bottom of the new piles. In this manouvre every sliced sample suffered similar weight treatment. The processing was monitored by carrying out frequent Aw measurement up to the known final value of 0.70-0.75 typical of intermediate moisture meat products. Original fresh meat total counts of mesophilic anaerobes showed a low contamination of 104 UFC/g. The determined physical-chemical parameters showed no statistically difference in both samples of JB and fermented JB (JBF) in relation to values of protein, ash, chloride, Aw and pH (P ≥ 0.05). On the other hand, contents of moisture were 53.31and 54.62 % for JBF and JB, respectively (P < 0.05). JBF lipid fraction values was around 36.67% lower than JB reflecting a possible lipases starter culture activity. However there was a value of 0.25 and 0.41 mg of TBARS/kg, respectively, for JBF and JB, 39.02% less lipid oxidation in relation to JB. Warmed over flavour was also evaluated throughout storage and at 90 days again values for JBF were 38.8% lower. All these confliting results has an explanation in the lower nitrate concentration in the JBF indicating a higher nitrate reductase activity making more availability of nitrite. As we know, the presence of nitrite inhibits lipid oxidation. Color measurement was also carried out and L* and b* values were not statistically different in these two samples and a* values were higher in JBF (P < 0.05) reflecting again the higher contents of nitrite forming more red colour towards the formation of nitrosohemochrome in JBF. Sensorial tests through the average hedonic values of JBF and JB were 7.1 and 6.0 , respectively (P < 0.05) while the acceptance index was 93.3 and 70.0%, respectively, for JBF and JB. The beneficial parameters of this developed new technology for JB production is the significative reduction of time for 3 days of production instead of the current 20 days with a very high acceptance of the JBF by the panelists. Finally, the opportunity to implement the quality control tools has arisen since every step of its production was under control opened up possibilities to implement quality control tools such as HACCP and ISO improving therefore the food safety of these products.

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1. INTRODUÇÃO

Produtos cárneos de umidade intermediária são processados em

escala global, apresentando cada qual características específicas (Chang et al.,

1996). Charque e jerked beef são produtos cárneos genuinamente brasileiros,

secos, salgados e de umidade intermediária com boa aceitação nacional

(Shimokomaki et al., 1998; Biscontini et al., 1992), sendo caracterizados como

alimentos de alto valor biológico e importante fonte protéica de baixo custo. São

produtos que apresentam fonte de divisas importantes ao país, com movimentação

financeira estimada em 2 bilhões de dólares em 1999 (Lara et al., 1999) e consumo

per capita em torno de 3,0 kg (Fayrdin, 1991).

O Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de

Origem Animal (RIISPOA) define que o charque deve conter 45 % de umidade e 15

% de resíduo mineral fixo na porção muscular, aceitando-se tolerância de ± 5 %

(Brasil, 1962). O maior consumo de charque ocorre principalmente nas regiões Norte

e Nordeste, porém as migrações de parte dessas populações e a utilização do

produto como ingrediente em pratos típicos, tais como, a “feijoada” foram fatores de

suma importância para a difusão nacional do charque (Pinto et al., 1993a).

A forma de processamento do charque mantém-se inalterada

durante séculos, dificultando a implementação de melhorias na padronização do

produto.

No intuito de melhorar a qualidade do produto e em decorrência de

necessidades por melhores condições higiênico-sanitárias de processamento surgiu

uma nova variação do charque, denominado “jerked beef”, na década de 80

(Shimokomaki et al., 1987; Biscontini et al., 1992).

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De acordo com a legislação vigente, jerked beef caracteriza-se como

produto cárneo curado, salgado, com 55 % de umidade e 15 % de resíduo mineral

fixo na porção muscular, com tolerância de ± 5 % (Brasil, 2000), além de atividade

de água intermediária e antioxidantes, tais como, nitrato e nitrito de sódio. Além

desses fatores, jerked beef difere do charque em alguns aspectos, tais como,

matéria-prima de melhor qualidade, injeção automática de salmoura contendo nitrato

e nitrito de sódio em ambiente climatizado, processo de salga seca climatizada e

embalagem à vácuo (Fayrdin, 1991).

Ambos os produtos apresentam atividade de água intermediária,

entre 0,7 a 0,75, sendo estáveis à temperatura ambiente por meses (Torres et al.,

1994). São derivados da Tecnologia dos Obstáculos ou “Hurdle Technology”,

postulada por Leistner (1985), segundo a qual a estabilidade de um produto é

atribuída a dois ou mais obstáculos que, de forma isolada, não produziriam esse

efeito (Shimokomaki et al., 1998).

Avanços importantes têm sido conduzidos por pesquisadores sobre

as modificações dos constituintes e parâmetros qualitativos. Torres et al. (1989) e

Correia (1998) avaliaram as modificações bioquímicas na composição; Torres et al.

(1994), os aspectos físico-químicos; Biscontini et al. (1996), os aspectos

histológicos; Pinto et al. (1998), Senigalia (1999) e Lara (2000), os aspectos

microbiológicos; Garcia (2000) e Garcia et al. (2003), os nutricionais; Sabadini et al.

(1998), a transferência de massa e difusão de sal e Youssef (2000), mudanças

físico-químicas nos componentes que afetam a textura e cor.

As recentes descobertas motivaram a continuação do

aprimoramento das técnicas do seu processamento. Ressalte-se a importância da

utilização de culturas fermentadoras na sua produção (Pinto, 1996). Além disso, vale

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ressaltar a importância da utilização de culturas fermentadoras no produto, passível

de fermentação (Pinto, 1996), bem como a análise sistemática da evolução de

parâmetros físico-químicos.

A preocupação em obter um produto de melhor qualidade e

produzido sob condições higiênico-sanitárias satisfatórias têm sido fundamental para

atender as necessidades do mercado consumidor. Nesse sentido, tem ocorrido uma

busca incessante para melhorar o aspecto tecnológico do processamento e

incrementar características sensoriais, nutricionais, microbiológicas e de estabilidade

físico-química no produto.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Charque e Jerked Beef

Produtos cárneos de umidade intermediária são processados em

todo o mundo, apresentando cada qual características específicas (Chang et al.,

1996). Charque e jerked beef são produtos nacionais, secos, salgados, de umidade

intermediária e com boa aceitação no mercado interno (Shimokomaki et al., 1998;

Biscontini et al., 1992). São produtos alimentícios de alto valor biológico e destacada

fonte protéica.

A tradição da produção industrial de charque remonta desde o

século XVIII, no Nordeste e por volta do século XIX, no Rio Grande do Sul. Nos anos

de 1890/91, o Estado do Rio Grande do Sul abatia anualmente mais de 450.000

bovinos para a produção de charque, tendo sido o maior produtor brasileiro no

período de 1933/37, com 57 % da produção nacional. Em 1982, o maior produtor

nacional de charque passou a ser o Estado de São Paulo, com 68,3 %, seguido pelo

Estado do Rio de Janeiro, com 15,9 %. Em 1987, São Paulo continuava com a

liderança de produção, com taxa de 67,6 %, porém seguido do Estado de Minas

Gerais, com 12,9 % e Rio de Janeiro, com 12,4 % (Pardi et al., 2001).

Segundo Lara et al. (1999), a produção nacional de charque em

1999 foi de 500 mil toneladas, representando financeiramente, 2 bilhões de dólares.

De acordo com Fayrdin (1991), o consumo per capita foi em torno de 3,0 kg.

O Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de

Origem Animal (RIISPOA) caracteriza o charque como produto cárneo com 45 % de

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umidade e 15 % de resíduo mineral fixo na porção muscular, com tolerância de ± 5

% (Brasil, 1962).

A forma de processamento do charque mantém-se praticamente

inalterada durante séculos, dificultando a implementação de melhorias em seu

padrão qualitativo.

Na década de 80, em virtude de necessidades crescentes dos

consumidores por um produto elaborado sob condições higiênico-sanitárias

satisfatórias e com melhor padrão qualitativo surgiu o “jerked beef”, nova variação do

charque (Shimokomaki et al., 1987; Biscontini et al., 1992).

O jerked beef caracteriza-se como produto cárneo curado, salgado,

apresentando 55 % de umidade e 15 % de resíduo mineral fixo na porção muscular,

aceitando-se tolerância de ± 5 % (Brasil, 2000). Este produto difere do charque em

alguns aspectos, tais como, matéria-prima de melhor qualidade, injeção automática

de salmoura com nitrato e nitrito de sódio, realizada em ambiente climatizado,

processo de salga seca em ambiente climatizado e embalagem à vácuo (Fayrdin,

1991; Shimokomaki et al., 2006).

Ambos os produtos apresentam atividade de água intermediária,

sendo estáveis à temperatura ambiente por meses (Torres et al., 1994). Além disso

são derivados da Tecnologia dos Obstáculos ou “Hurdle Technology”, postulada por

Leistner (1985), segundo a qual a estabilidade de um produto é atribuída a dois ou

mais obstáculos que, isoladamente, não produziriam esse efeito (Shimokomaki et al.,

1998).

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2.1.1 Processamento do Charque e Jerked Beef

O quadro 1 representa diferenças do processamento de charque e

jerked beef. O processamento do charque tem sido descrito por diversos autores

(Torres et al., 1994; Pinto, 1996; Pavia et al., 1997; Pinto et al., 1998; Lira &

Shimokomaki, 1998; Shimokomaki et al., 1998), sendo realizado para promover a

diminuição da atividade de água nos tecidos, devido à adição de cloreto de sódio e

etapa de secagem ao sol.

Quadro 1. Diferenças do processamento do charque e do jerked beef.

Charque

Matéria Prima (cortes dianteiros)

Desossa e Manteação (3-5 cm)

Salga Úmida (imersão em solução de salmoura com 25 % de cloreto de sódio durante 40 minutos)

Salga Seca

Tombos (3-5)

Lavagem

Secagem/Abafamento (alternância de 6-8h de secagem ao sol com 40-42h de abafamento em lonas, durante 3 ciclos)

Embalagem à Vácuo (opcional)

Comercialização

Jerked Beef

Matéria Prima (cortes traseiros)

Desossa e Manteação (3-5 cm) (sala climatizada)

Salga Úmida (injeção automática de salmoura com 25 % de cloreto de sódio,

nitrito e/ou nitrato de sódio/sala climatizada)

Salga Seca (sala climatizada)

Tombos (3-5) (sala climatizada)

Lavagem

Secagem/Abafamento (alternância de 6-8h de secagem ao sol com 40-42h de abafamento em lonas, durante 3 ciclos)

Embalagem à Vácuo

Comercialização

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No processamento, a carne bovina (matéria-prima) é desossada,

adelgaçada e cortada em camadas de 3 a 5 cm, denominadas “mantas”. Estas são

submetidas à salga úmida, por meio de imersão em solução de salmoura com 25 %

de cloreto de sódio, durante 40 minutos ou por injeção automática da solução salina.

Posteriormente à salga úmida, as mantas são intercaladas com sal

grosso e empilhadas até altura máxima de 2 metros, etapa denominada de salga

seca. Após período aproximado de 24 horas, a ordem da pilha é invertida e sal

grosso é reposto. As pilhas de carne são invertidas diariamente, durante 3 a 5 dias,

procedimento conhecido como “tombo”.

No final do último tombo, as mantas são lavadas para retirar excesso

de sal grosso superficial e levadas para exposição ao sol, em varais. Ocorre

alternância da exposição das mantas ao sol com a cobertura das mesmas em lonas,

fato caracterizado como “abafamento”. A cada 6 a 8 horas de exposição das mantas

ao sol há intercalação das mesmas em lonas, entre 40 a 42 horas. Geralmente são

empregados 3 ciclos de sol-abafamento para que o produto esteja apto ao consumo

(Shimokomaki et al., 1998).

O processamento do jerked beef é semelhante ao charque, exceto

pela utilização de matéria-prima de melhor qualidade, injeção de salmoura com

nitrato e nitrito de sódio, refrigeração nas etapas de salga seca e úmida e

embalagem à vácuo (Fayrdin, 1991; Shimokomaki et al., 2003). A figura 1 representa

o fluxograma de processamento de jerked beef.

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2.2 Tecnologia de Obstáculos

Esse sistema foi descrito por Leistner (1985, 1987), na qual aborda o

mecanismo de processamento de produtos para garantir sua estabilidade. De acordo

com o autor, um produto obtido pela Tecnologia dos Obstáculos é estável à

temperatura ambiente pela ação de dois ou mais fatores (“obstáculos”) que, de

forma isolada, não produziria tal efeito.

Nesse sentido, a conceituação de obstáculos aborda, de forma

genérica, o modo em que as interações responsáveis pela estabilidade em alimentos

podem ser utilizadas no monitoramento da qualidade, desenvolvimento de

processamento e de novos produtos.

Alimentos preservados por métodos combinados continuam estáveis

e seguros, mesmo sem refrigeração e apresentam intensas propriedades sensoriais

e nutritivas, mesmo com os processos aplicados (Leistner, 1992).

Até o ano de 1995, cerca de 50 diferentes obstáculos tinham sido

identificados para a preservação dos alimentos. Os obstáculos mais importantes e

freqüentemente usados são as alta e baixa temperaturas, baixa atividade de água,

acidez, baixo potencial redox, microrganismos competitivos (bactéria acidolática) e

conservantes (nitrito, sorbato e sulfito) (Leistner & Gorris, 1995). A combinação de

vários obstáculos na preservação e armazenamento de alimentos visa garantir

produtos seguros e estáveis, em relação aos microrganismos deteriorantes (Leistner

& Gorris, 1995).

Leistner (1985) cita vários exemplos de alimentos de umidade

intermediária, como presuntos crus e embutidos fermentados, na Europa; charque,

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no Brasil; pemmican, na América do Norte; dendeng giling, na Indonésia; njor

sougam, na China.

O desenvolvimento dos sistemas de processamento e

armazenamento de jerked beef, produto obtido pela tecnologia dos obstáculos

(Leistner, 1985) pressupõe uma análise acurada dos seus principais obstáculos

durante o processamento e armazenamento, nas quais supõem serem a atividade

de água, concentração de cloreto de sódio, pH, contaminação inicial da matéria-

prima, nitrito e nitrato de sódio e embalagem à vácuo.

2.2.1 Atividade de Água

A atividade de água e a concentração de sal são os principais

parâmetros para garantir a estabilidade do jerked beef. Dentro das especificações

legais de umidade e concentração salina, o produto encontra-se em faixa

intermediária de atividade de água. Vale ressaltar que a atividade de água não é tida

como parâmetro oficial de padronização do produto (Biscontini et al., 1992; Torres et

al., 1994).

Nessa faixa de atividade de água, os únicos microrganismos

capazes de se desenvolver são os bolores xerofílicos, leveduras e bactérias

halofílicas (Franco & Landgraf, 1996). Apenas as bactérias halofílicas têm sido

relacionadas com a deterioração do charque. No entanto, em virtude de serem

estritamente aeróbias apresentam desenvolvimento comprometido, em função da

presença da embalagem à vácuo (Pinto, 1996).

Durante o processamento de jerked beef ocorre drástica redução da

umidade, variando de 75 % para cerca de 45 % (Biscontini et al., 1992), sendo os

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principais fatores para a retirada de água do produto a elevada concentração salina

na superfície e no interior do produto, temperatura e pressão mecânica durante o

empilhamento.

De acordo com Offer et al. (1989), a carne fresca pode perder água

pela evaporação superficial ou exsudação, por meio dos canais existentes ao nível

de perimísio, fato observado em jerked beef em estudos de microscopia

ultraestrutural (Biscontini et al., 1996).

No decorrer do processamento de jerked beef há dois pontos

potenciais de contaminação microbiana. O primeiro refere-se à matéria-prima, cuja

atividade de água não estando em faixa intermediária facilita o desenvolvimento de

patógenos, tais como, Staphylococcus aureus, bactéria facultativamente anaeróbia e

halotolerante (Buchanan & Gibbons, 1974; Bergdoll, 1979) e o segundo ponto, a

etapa de secagem das mantas ao sol, desprovidas de qualquer proteção contra

insetos, pássaros e poeira. O controle do obstáculo representado pela microbiota

competitiva é de fundamental importância para a inibição de Staphylococcus aureus.

2.2.2 Concentração de Cloreto de Sódio

Os microrganismos capazes de se desenvolverem em jerked beef

são os halofílicos e halotolerantes. Os halofílicos estão subdivididos em levemente

halofílicos, nas quais requerem níveis de cloreto de sódio entre 0,5 e 3,0 %, os

moderadamente halofílicos, entre 3 e 15 % e os halofílicos extremos, entre 15 e 30

% (Franco & Landgraf, 1996). Staphylococcus aureus merece destaque por

desenvolver-se em concentração salina de até 15 % (Buchanan & Gibbons, 1974) e

produzir enterotoxina termoestável.

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2.2.3 Embalagem

Os únicos microrganismos capazes de se desenvolver no produto

são bolores, leveduras e bactérias halofílicas (Shimokomaki et al., 1987), sendo

estas últimas pertencentes ao gênero Halobacterium e Halococcus (Buchanan &

Gibbons, 1974). Estas bactérias produzem pigmentos vermelhos e uma alteração

putrefativa, denominada “vermelhão”. Por outro lado, essas bactérias têm

crescimento lento, ainda que as condições do meio sejam ideais e são estritamente

aeróbias (Buchanan & Gibbons, 1974).

A embalagem à vácuo previne o desenvolvimento das bactérias

halofílicas, bem como bolores e leveduras, pois a maioria desses microrganismos é

aeróbio (Geisen et al., 1992).

2.2.4 pH

A utilização de abates supervisionados por serviços oficiais de

inspeção tem acarretado melhorias na padronização do produto. O Regulamento de

Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA) preconiza

jejum sólido e hídrico de 24 horas aos animais destinados ao abate, visando a

repleção das reservas musculares de glicogênio, depletadas pelo estresse de

transporte, embarque e desembarque (Brasil, 1962; Pardi et al., 2001).

Após o abate, em virtude da diminuição do aporte de oxigênio

decorrente do colapso circulatório, a obtenção de energia proveniente do glicogênio

para manter a integridade muscular passa a ocorrer principalmente por via

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anaeróbica, resultando em acúmulo de ácido lático e, em consequência, diminuição

do pH muscular. Carnes provenientes de animais exauridos antes do abate, sem

prévio repouso para repleção das reservas de glicogênio muscular sofrem uma

menor diminuição do pH muscular (Judge et al., 1989).

O pH apresenta efeito significativo na capacidade de retenção de

água da carne. Quanto menor o valor do pH, mais próximo situa-se o ponto

isoelétrico das proteínas miofibrilares, onde há equivalência de grupos carregados

positiva e negativamente. Nesse sentido restam poucos grupos excedentes para

ligar água. Essa influência do pH denomina-se net charge effect (Judge et al., 1989)

e explica a menor capacidade de retenção de água da carne em animais abatidos

sob condições preconizadas pelo RIISPOA (Judge et al., 1989; Geisen et al., 1992).

Dessa forma, a maior produção de ácido lático favorece a maior

redução do valor de pH, que contribui para maior abaixamento da capacidade de

retenção de água, sendo um obstáculo importante para assegurar a estabilidade

microbiológica do produto.

2.2.5 Nitrito e Nitrato de Sódio

O nitrito de sódio é um dos obstáculos mais importantes e

comumente usados. Nos estágios iniciais de produção de salame, o nitrito e cloreto

de sódio são importantes obstáculos, por inibirem o desenvolvimento de muitas

bactérias presentes na massa cárnea (Leistner & Gorris, 1995).

Nitrito e nitrato de sódio são usados há séculos para curar carnes,

sendo seu uso regulado nos EUA desde os anos 90. As carnes curadas resultam em

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propriedades na cor, sabor e textura, com boa aceitação pelos consumidores. Além

disso, o nitrito proporciona proteção específica contra Clostridium botulinum

(Cassens, 1995).

Em condições apropriadas, o nitrito de sódio atua em reações de

nitrosação para produzir compostos nitrosos, muitos dos quais são específicos e

potentes carcinógenos (Cassens, 1995). Nesse sentido torna-se imperiosa a

racionalização de nitrito em produtos cárneos curados.

Dentre as ações do nitrito, a atividade antimicrobiana é a mais

importante, especialmente em relação à inibição de Clostridium botulinum (Cassens,

1995). Em determinadas condições, o nitrito pode reagir com aminas secundárias e

terciárias, originando compostos carcinogênicos, conhecidos como N-nitrosaminas.

Além disso, nitratos e nitritos podem originar quadros de metahemoglobinemia,

principalmente em crianças (Toledo, 1996).

Nitrito e não nitrato é aparentemente o componente efetivo dos sais

de cura. Age com a mioglobina, originando nitrosomioglobina, de cor avermelhada,

que sob ação térmica passa a nitrosohemocromo, composto responsável pelo

aspecto rosado das carnes curadas (Toledo, 1996).

O nitrato de sódio atua como fonte de nitrito e sua conversão ocorre

por meio de algumas bactérias durante o processamento e estocagem (Cassens,

1995). Torres (1987) não encontrou nenhum efeito inibidor oxidativo ao adicionar

nitrato de sódio no estudo da oxidação lipídica em charque. Sugeriu que a elevada

concentração salina do produto impediu a conversão de nitrato em nitrito de sódio.

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2.2.6 Contaminação Inicial

A contagem em placas de bactérias aeróbias mesófilas é realizada

para indicar a qualidade sanitária do alimento. Mesmo na ausência de patógenos e

condições organolépticas inadequadas, a contagem elevada de microrganismos

pode indicar alimento insalubre, exceto em alimentos fermentados (Franco &

Landgraf, 1996).

A contagem elevada de aeróbios mesófilos em alimentos não

perecíveis indica matéria-prima contaminada ou processamento insatisfatório, sob

aspecto sanitário. Já em alimentos perecíveis pode ser sinônimo de irregularidades

durante o armazenamento, em relação ao binômio tempo/temperatura. É importante

salientar o fato da grande maioria das bactérias patogênicas de origem alimentar

serem mesófilas, sendo que altas contagens nos alimentos indicam a existência de

condições propícias ao desenvolvimento desses microrganismos (Franco &

Landgraf, 1996).

É importante a quantidade de cultura iniciadora adicionada em

alimentos. De forma geral, o número de microrganismos iniciadores deve superar o

número da contagem total da matéria-prima em dois ciclos logarítmos, visando

obtenção de êxito no trabalho. O número máximo de microrganismos aeróbios

mesófilos (contagem total) aceitável na carne refrigerada é de 106 UFC/g (Terra,

2003).

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2.3 Produtos Cárneos Fermentados

2.3.1 Alimentos Fermentados

Nas sociedades ricas, os consumidores têm dado muita importância

para aspectos responsáveis por melhorias na qualidade de vida. Nesse sentido, a

dieta tem sido considerada como um dos fatores mais importantes ao bem-estar e

saúde (Colmenero et al., 2001).

Alimentos fermentados atuam como substratos para microrganismos

comestíveis, cujas enzimas, particularmente amilases, proteases e lipases

hidrolisam polissacarídeos, proteínas e lipídios, respectivamente, e são importantes

na obtenção de produtos não tóxicos, providos de sabor, aroma e textura atrativos

ao consumidor (Steinkraus, 1997).

O desenvolvimento de alimentos fermentados deu-se por meio de

dois fatores ocorridos na metade do século XIX. O primeiro, baseado no suprimento

alimentar de grandes concentrações populacionais, devido à Revolução Industrial. E

o segundo, a partir do desenvolvimento da ciência microbiológica, resultando em

técnicas de fermentação mais controladas e eficientes (Caplice & Fitzgerald, 1999).

Exemplos de alimentos fermentados são: “ogi”, na Nigéria e África

Ocidental; “Bongknek” e “Oncom”, na Indonésia; “kenkey”, em Gana; “mahewu”, na

África do Sul; “gari”, na África Ocidental, “kimchi”, na Coréia; “tempeh”, na Indonésia

e Suriname; “nan”, na Índia; “olives”, no Mediterrâneo (Caplice & Fitzgerald, 1999).

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2.3.2 Culturas Iniciadoras

Culturas iniciadoras são preparações de microrganismos que

desenvolvem no substrato de fermentação as desejáveis atividades metabólicas.

Geralmente, esses microrganismos multiplicam-se no substrato (Hammes & Hertel,

1998).

A adição de microrganimos desejáveis em carne pode ter quatro

diferentes propósitos: 1. melhorar a segurança (inativação de patógenos); 2.

melhorar a estabilidade (estender a vida útil de prateleira pela inibição de mudanças

indesejáveis, ocasionadas por microrganismos deteriorantes ou reações abióticas);

3. produzir diversidade (modificação da matéria-prima para obter novas propriedades

sensoriais); 4. produzir benefícios à saúde (benefícios positivos sobre a microbiota

intestinal) (Lucke, 2000).

As culturas iniciadoras são usadas para modificar as propriedades

sensoriais dos alimentos. Nas fermentações cárneas, bactérias acidoláticas

geralmente desempenham os propósitos 1 a 3, enquanto microrganismos

denominados cocos catalase positivos (Staphylococcus, Kocuria), leveduras

(Debaryomyces) e fungos (Penicillium) normalmente atuam e estabilizam as

propriedades sensoriais desejáveis (propósito 3) (Lucke, 2000).

A quantidade de cultura iniciadora a ser adicionada na carne

depende do potencial de crescimento dos microrganismos nos produtos. Além disso,

a distribuição homogênea dos microrganismos adicionados é importante para

promover os efeitos desejados (Katsaras & Leistner, 1991).

O uso de culturas antagônicas para inibir patógenos e/ou estender a

vida útil (propósitos 1 e 2), enquanto modificam as propriedades sensoriais dos

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produtos são denominadas de “culturas protetoras”. A utilização destas ou de seus

produtos metabólicos, bacteriocinas ou enzimas é designado como biopreservação

(Lucke, 2000).

Culturas probióticas são utilizadas pelos seus efeitos benéficos à

saúde (Hammes & Hertel, 1998). Além da atuação nas propriedades sensoriais, as

culturas iniciadoras podem atuar na cor, firmeza e qualidade higiênica dos produtos

(Montel et al., 1996).

Os componentes bacterianos dos iniciadores consistem de

micrococci, staphylococci, bactéria acidolática e, em menor importância,

Streptomyces griseus ou Aeromonas sp. Para selecionar os microrganismos

apropriados e garantir ótima performance no processo fermentativo, as propriedades

tecnológica, ecológica, fisiológica e genética deveriam ser bem conhecidas

(Hammes & Knauf, 1994). O quadro 2 mostra espécies empregadas em culturas

iniciadoras em carnes (Hammes & Hertel, 1998).

Quadro 2. Espécies microbianas empregadas como culturas iniciadoras em carnes (Hammes & Hertel, 1998).

Bactéria Bactéria Ácidolática Lactobacillus acidophilusa, L. alimentariusb, L. caseia, L. curvatus, L. platarum, L. pentosus, L. sakei, Lactococcus lactis, Pediococcus acidilactici, P. pentosaceus Actinobactéria Kocuria variansc, Streptomyces griseus, Bifidobacterium spec.a Staphylococci Staphylococcus xylosus, S. carnosus subsp. Carnosus, S. carnosus subsp. Utilis, S. equorumb Halomonadaceae Halomonas elongatab Enterobactéria Aeromonas spec. Fungo Penicillium nalgiovense, P. chrysogenum, P. camemberti Levedura Debaryomyces hansenii, Candida famata

a usadas em culturas probióticas.

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22

b usadas em estudos de mercado para escala industrial.

c designado, anteriormente como Micrococcus varians.

2.3.3 Gênero Staphylococcus

Staphylococci são microrganismos fermentativos capazes de

sobreviver em baixo pH e em condições osmóticas estressantes. Certas espécies

são regularmente encontradas em produtos cárneos “fermentados naturalmente”,

nas quais são produzidos sem adição de culturas iniciadoras e têm sido relacionadas

ao desenvolvimento de aromas específicos (Berdagué et al., 1993). Geralmente

apresentam níveis elevados das atividades catalase e nitrato redutase, podem

metabolizar eficientemente lipídios e apresentar endo e exopeptidases (Miralles et

al., 1996). Estudos mostram que essas atividades têm sido relacionadas com

desenvolvimento de cor específica e possivelmente aroma de produtos cárneos

fermentados (Lucke & Hechelmann, 1987).

As espécies mais comuns são Staphylococcus xylosus e

Staphylococcus carnosus (Miralles et al., 1996), sendo S. carnosus exemplo

específico de sucesso de bactéria modificada para utilização em carnes (Hammes &

Knauf, 1994). O quadro 3 mostra características fisiológicas importantes das

Micrococcaceae.

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Quadro 3. Características fisiológicas importantes sob o aspecto tecnológico das Micrococcaceae (Hammes et al., 1985 Apud Terra, 2003).

Características M. varians S. xylosus S. carnosus catalase ++ ++ ++

redução do nitrato ++ ++ ++ hidrólise da caseína - - - hidrólise do amido - - -

hidrólise da gelatina - + - ácido láctico L L(D) DL

Produção de ácido de: D-sacarose - ++ - S-maltose - + - D-lactose + + ++

Crescimento em presença de NaCl:

7,5 % ++ ++ ++ 10 % ++ ++ ++ 15 % - ++ ++

Crescimento a: 15 ºC ++ ++ ++ 45 ºC ++ ++ ++

De forma a operar eficientemente sobre a microbiota da carne, a

quantidade de iniciadores deve-se sobrepor ao número de microrganismos

presentes na microbiota. Os mecanismos envolvidos incluem competição por

nutrientes, formação de um meio desfavorável e competição por fixação/adesão

(Caplice & Fitzgerald, 1999).

Staphylococci têm sido utilizados como iniciadores na produção de

salsichas, por serem as espécies mais importantes na produção de compostos de

aroma, ainda que haja pouca informação sobre a capacidade de produção de aroma

e como essa capacidade é afetada por parâmetros de processamento envolvidos na

produção de salsicha (Stahnke, 1999).

A característica de aroma de carne fresca, produtos cárneos

fermentados e pernil seco curado dá-se por um sutil balanço entre componentes não

voláteis contendo propriedades de sabor e componentes voláteis, havendo interação

de ambos com proteínas e lipídios. Os aromas distinguindo os produtos cárneos são

associados às variações no tipo desses diferentes componentes e o desbalanço

entre eles pode gerar perda de aromas. O processo de formação de aroma tem

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relação com as atividades enzimáticas endógenas e microbianas e com as reações

químicas sobre o processamento tecnológico (Montel et al., 1998). A oxidação

lipídica atua como componente importante na formação de aroma (Hammes &

Hertel, 1998).

A característica de aroma de diferentes tipos cárneos geralmente

acredita-se ser derivada das fontes de lipídios. Aldeídos, principais produtos de

degradação de lipídios estão provavelmente envolvidos em certas espécies

características. O mecanismo é baseado na relação direta entre teor de ácidos

graxos insaturados com produção de aldeídos voláteis insaturados (Mottram, 1998).

Berdagué et al. (1993), ao estudarem efeitos de iniciadores na

formação de compostos de aroma em salsichas mostraram que salsichas produzidas

com diferentes culturas iniciadoras pertencentes à família Micrococcaceae

apresentaram diferentes padrões voláteis, indicando que estes poderiam resultar em

salsichas com diferentes perfis sensoriais (Berdagué et al., 1993).

A contribuição relativa da microbiota dá-se pela caracterização e

quantidade dos microrganismos, suas atividades metabólicas intrínsecas e a

expressão dessas atividades nos produtos. Essas atividades dependem da

composição da carne, quaisquer ingredientes adicionados, tais como, açúcar, sal,

nitrato, nitrito e sobre variáveis tecnológicas, tais como, pH, temperatura, tempo de

secagem e constituintes gasosos do ambiente (Montel et al., 1998).

Lucke (2000) mostrou que microrganismos, em particular cocos

catalase positivos podem afetar o aroma e sabor de salsichas fermentadas pela

transformação de componentes da degradação de lipídios e proteínas em

componentes que apresentam características desejáveis de aroma.

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Estudos em salsichas sugerem a ocorrência da má fermentação,

quando fatores ecológicos e condições tecnológicas são desfavoráveis durante o

processo fermentativo, tais como, a presença de peróxido de hidrogênio,

acarretando rancidez e descoloração (Hammes & Hertel, 1998).

Montel et al. (1996), ao estudarem 19 cepas de Micrococcaceae em

salsichas secas detectaram que cepas de S. carnosus e S. xylosus produziram o

mais intenso odor de curado. As cepas apresentaram atividades lipolítica e

proteolítica de baixa intensidade e não produziram acetoína, porém apresentaram

papel importante na redução de nitrato. Além da baixa atividade proteolítica de S.

carnosus, Reuter (Apud Pérez & Legarreta, 2003) verificou ausência desta atividade,

sugerindo a limitação da proteólise, em virtude de as proteínas endógenas estarem

bem estruturadas.

Montel et al. (1996) sugeriram que enzimas tissulares são

suficientemente ativas para prover ácidos graxos e aminoácidos necessários ao

desenvolvimento do aroma.

Estudo de Stahnke (1999) mostrou que culturas iniciadoras

provenientes de S. carnosus e S. xylosus produziram uma grande quantidade de

voláteis em concentrações de importância sensorial, sugerindo a habilidade de

Staphylococcus estar relacionada à catálise de aminoácidos.

Nitratos e nitritos são usados em produtos cárneos com a finalidade

de desenvolver e fixar a cor, inibir microrganismos, tais como Clostridium botulinum

(Cassens, 1995) e conferir sabor e aroma específicos (Toledo, 1996). O nitrito em

carnes reage com a hemoglobina formando nitrosomioglobina, de cor avermelhada

que, sob ação térmica transforma-se em nitrosohemocromo, responsável pelo

aspecto rosado de carnes curadas (Cassens, 1995).

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Papamanoli et al. (2002), ao estudarem a caracterização de

Micrococcaceae em salsichas fermentadas secas isolaram uma centena de cepas

durante quatro estágios diferentes no processamento. Observaram que 91 % dos

isolados pertenciam ao gênero Staphylococcus. Dentro deste, as espécies mais

isoladas foram S. saprophyticus (22 %), S. carnosus (20 %) e S. xylosus (10 %),

observando crescimento da maioria das cepas de 10 a 15 % de cloreto de sódio e

redução do nitrato à 18 ºC (Papamanoli et al., 2002).

Estudos de Miralles et al. (1996) para selecionar cepas de

Staphylococcus como potenciais culturas iniciadoras em carnes verificaram que a

maioria das cepas testadas apresentaram acentuada atividade nitrato redutase,

conforme staphylococci foram mantidos em condições anaeróbicas ou

microaerofílicas. A atividade da catalase foi quase proporcional à atividade nitrato

redutase.

Montel et al (1996), ao estudarem as atividades bioquímicas de

Micrococcaceae observaram redução efetiva de nitrato quando salsichas eram

inoculadas com cepas de S. carnosus e S. xylosus.

A ação nitrato redutase e catalase de espécies de Staphylococcus

foram verificadas por Montel et al. (1998) e Hugas & Monfort (1997). Essas ações

têm sido correlacionadas como fatores limitantes na oxidação de ácidos graxos e

produção de aldeídos (Montel et al., 1998).

As espécies de Micrococcaceae são usadas para enriquecer a

quantidade de microrganismos fermentativos durante a maturação dos produtos,

visando acentuar a estabilidade de cor de carnes curadas e prevenir rancidez

(Papamanoli et al., 2002).

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27

Montel et al (1996) relataram a importância de desenvolvimento da

cor pelo uso comercial de culturas iniciadoras, ao estudarem as atividades

bioquímicas das Micrococcaceae. Testes bioquímicos para seleção de cepas de

Staphylococcus conduzidos por Miralles et al. (1996) mostraram intensa atividade

nitrato redutase em muitas cepas. A atividade de lipase foi encontrada em diferentes

cepas de Staphylococcus.

Pinto (1996), ao estudar culturas iniciadoras no processamento de

jerked beef observou a evolução dos principais microrganismos identificados em

amostras de matéria-prima, produto final e salmoura. De acordo com o quadro 4,

verificou-se que as condições de processamento de jerked beef selecionam a

microbiota, permanecendo no produto final apenas bactérias da família

Micrococcaceae, com predominância de estafilococos coagulase negativos, com

84,2 %, seguido de Micrococcus spp, com 15,8 %. (Pinto et al., 1993b; 1996).

Quadro 4. Identificação dos principais microrganismos em amostras de matéria-prima, salmoura e jerked beef (Pinto, 1996).

Amostra Composição da microbiota Porcentagem (%)

Staphylococcus spp (coagulase

negativo)

47,2

Micrococcus spp 17,6

Lactobacillus spp 17,6

Matéria-prima

Corineformes 17,6

Staphylococcus spp (coagulase

negativo)

84,2 Produto Final

Micrococcus spp 15,8

Staphylococcus spp (coagulase

negativo)

63,0

Micrococcus spp 14,8

Bacillus spp 7,4

Salmoura

Corineformes 14,8

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28

O teor de nitrito de sódio do produto final não ultrapassou 40 ppm.

Não foi verificada diferença de textura em amostras de jerked beef, elaborado com e

sem culturas iniciadoras, ainda que tais culturas tenham promovido um aumento na

proteólise do produto (Pinto, 1996). Youssef (2000) mostrou que a adição de nitrato

e nitrito de sódio no processamento de jerked beef confere menor índice nos valores

de TBARS, em relação ao desenvolvimento de aroma de requentado e as amostras

analisadas apresentaram valores médios de 13,98 ppm de nitrito de sódio.

Youssef et al. (1998) mostraram que os números de TBARS para o

charque foram quase duas vezes maiores do que os encontrados em jerked beef,

indicando que a adição de sais de cura (nitrito e nitrato de sódio) resulta em menores

teores de rancidez para jerked beef.

As culturas iniciadoras de estafilococos inibiram o desenvolvimento

de Staphylococcus aureus provavelmente por mecanismo competitivo, em virtude da

ausência de produção de compostos ativos. E amostras de jerked beef elaboradas

com as culturas iniciadoras apresentaram maior aceitabilidade, em comparação ao

controle (Pinto, 1996).

2.4 Textura

A textura da carne bovina adquiriu importância com o advento de

animais zebuínos em rebanhos taurinos. O genótipo zebuíno introduziu grande

variação na maciez da carne de bovinos europeus (Monteiro, 2001).

A textura de um alimento é a soma das sensações sinestésicas

derivadas da degustação, que englobam sensações percebidas na cavidade oral,

propriedades mastigatórias, residuais, acústicas e/ou a relação de aplicação de uma

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força em um alimento. Vários métodos têm sido empregados para correlacionar as

características de textura com as propriedades sensoriais, com destaque para a

força de cisalhamento (Campos, 1989).

A textura é um dos atributos mais importantes da qualidade em

carnes e está diretamente associada ao tecido conjuntivo, proteínas miofibrilares

(Light et al., 1985; Bailey & Light, 1989). Outros fatores também merecem destaque,

entre os quais, enzimas do sistema calpaína e calpastatina, gordura marmórea

(Taylor et al., 1995) e quantidade de água no músculo (Offer et al., 1989).

A textura da carne depende de fatores ligados aos períodos ante e

pós mortem do animal (Light et al., 1985; Shorthose & Harris, 1990; Dransfield,

1994), além do tipo de músculo, idade e sexo (Avery & Bailey, 1995; Bosselmann et

al., 1995).

De acordo com Bailey & Light (1989), as características físico-

químicas e bioquímicas sofrem influência das temperaturas de armazenamento e

cozimento, sendo a maciez da carne cozida influenciada pela temperatura de

cozimento dos componentes do conjuntivo e miofibrilar. A resistência da estrutura

miofibrilar sofre influência do encolhimento do músculo e condições de pré-rigor, pH

final, idade e binômio tempo/temperatura durante a cocção (Harris & Shorthose,

1981).

Shimokomaki et al. (1972) mostraram que a concentração e o tipo de

ligação cruzada nos diferentes tipos de colágeno contribuem para a dureza da carne

e verificaram a relação entre o aumento de ligações cruzadas com o envelhecimento

do animal, estando diretamente relacionada à maior dureza da carne.

A adição de sal afeta a hidratação de proteína e a capacidade de

retenção de água, influenciando os fenômenos “salting in” e “salting out”. Com o

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aumento da concentração salina, a solubilidade de algumas proteínas diminui, em

virtude da competição entre proteína e íons do sal pela molécula de água, na qual

remove água de hidratação da proteína. Nesse sentido, verifica-se aumento da

interação proteína-proteína (“salting out”), em relação à interação proteína-água,

seguido de precipitação (Offer & Night, 1989; Samejima et al., 1992; Damodaram &

Paraf, 1997). Por outro lado, na presença de baixa concentração salina e na

dependência do pH e temperatura há aumento da solubilidade da maioria das

proteínas, em virtude da estabilização das interações eletrostáticas do sal com

cargas na superfície das proteínas (“salting in”).

O tamanho e o espaço entre os filamentos da fibra muscular na

imobilização de moléculas de água dependem do pH. Nos valores de pH próximos

ao ponto isoelétrico ocorre a menor capacidade de retenção de água e a carne

apresenta a maior liberação de fluido e menor extração de proteína, provocando

redução da maciez (Wismer-Pedersen, 1994).

Tal fato ocorre em função da diminuição dos espaços

interfilamentares e aumento dos espaços extracelulares. Valores acima e abaixo do

ponto isoelétrico sinalizam excesso de cargas negativas e positivas,

respectivamente, provocando repulsão entre os filamentos e aumento do espaço

interfilamentar, que pode conter mais água. Dessa forma ocorre maior solubilização

e extração de proteínas (Biscontini et al., 1996; Laack & Solomon, 1994; Wismer-

Pedersen, 1994).

2.5 Cor

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31

A cor da carne é um importante parâmetro de qualidade e utilizado

pelos consumidores na aquisição de produtos cárneos, por ser indicativo de sabor,

frescor, suculência e maciez (Laack et al., 1996).

A cor da carne deve-se sobretudo ao pigmento mioglobina e, em

menor grau, à hemoglobina. A quantidade de mioglobina nos animais varia com a

espécie, a idade, o sexo, o músculo e a atividade física. Via de regra, a carne de

bovinos possui mais mioglobina do que a de suínos, peixes e aves (Pardi et al.,

2001).

As diferenças de teor de mioglobina nas diversas espécies

dependem dos tipos de fibras musculares de cada espécie. As fibras vermelhas,

com alto teor em citocromo e mioglobina predominam nos membros dos mamíferos;

as fibras brancas, com baixo teor em citocromo, mioglobina e mitocôndrias são

típicas dos músculos peitorais de peru e galinha. E existem as fibras intermediárias

entre os dois tipos citados (Pardi et al., 2001).

A mioblobina consiste de duas porções, a protéica globular (globina)

e a não protéica (grupo heme) (Judge et al., 1989), sendo a cor determinada

primariamente pela concentração e estado de oxidação ou oxigenação do ferro do

grupo heme da mioglobina (Laack et al., 1996).

Este pigmento ocorre em três formas em carnes frescas: 1)

desoximioglobina ou mioglobina reduzida, cor vermelho púrpura, com átomo de ferro

no estado Fe+2; 2) oximioglobina ou mioglobina oxigenada, cor vermelho brilhante,

com átomo de ferro no estado Fe+2 e 3) metamioglobina ou mioglobina oxidada, cor

marrom, com átomo de ferro no estado Fe+3 (Rust & Olson, 1973; Conforth, 1994).

A oxigenação da desoximioglobina para oximioglobina (forma ferrosa

para férrica), fisiologicamente é um processo lento e pode durar horas ou dias (Rust

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& Olson, 1973; Conforth, 1994). A interconversão entre as três formas do pigmento

mioglobina é reversível. No entanto, em virtude de transformações químicas da

mioglobina reduzida e presença de aquecimento, responsável pela desnaturação

protéica ocorre a formação de um pigmento marrom denominado de metamioglobina

desnaturada, irreversível, com átomo de ferro na forma Fe+3 (Rust & Olson, 1973).

O mecanismo pormenorizado da interconversão ainda não foi

totalmente elucidado. Sabe-se que há interdependência da oxidação lipídica e

formação de metamioglobina. A oxidação do pigmento pode atuar como catalisador

da oxidação lipídica. Esta pode ser induzida por compostos que contêm ferro, tais

como, ferritina e ferro livre. Radicais livres oriundos da oxidação lipídica podem

oxidar o grupo heme (Rhee et al., 1988; 1996).

Em produtos curados com sais de cura contendo nitrito e nitrato de

sódio há formação de óxido nítrico (NO) pela decomposição do nitrito e nitrato. O

óxido nítrico reage com a mioglobina para formar nitrosomioglobina, de cor vermelho

escuro, com ferro no estado Fe+2. Sob ação térmica, o nitrosomioglobina desnatura e

dá origem ao nitrosohemocromo, de cor róseo, com ferro+3 (Belitz & Grosch, 1997).

2.6 Características e Funções dos Lipídios

Os lipídios consistem em um amplo grupo de compostos, geralmente

solúveis em solventes orgânicos, mas pouco solúveis ou insolúveis em água. São os

principais componentes do tecido adiposo e junto com proteínas e carboidratos

constituem os principais componentes estruturais de todas as células vivas. Os

ésteres de glicerol de ácidos graxos, nas quais representam 99% dos lipídios de

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33

origem vegetal e animal são tradicionalmente chamados de gorduras e óleos,

dependendo do estado físico à temperatura ambiente (Fennema, 1996).

Os lipídios são importantes na alimentação, em virtude do alto valor

energético, dos ácidos graxos essenciais, das vitaminas lipossolúveis e dos

fosfolipídios. Atuam nas características organolépticas. O maior valor calórico

procede dos ácidos graxos, triglicerídios e fosfolipídios (Pardi et al., 2001).

Constituem o componente mais variável da carne, cuja proporção

oscila de acordo com a espécie, raça, sexo, manejo, alimentação, região anatômica,

idade do animal e clima (Pardi et al., 2001). Caracterizam-se como excelentes fontes

de armazenamento de energia, além de proverem o organismo com compostos

essenciais, tais como, ácidos linoléico, linolênico, vitaminas A, D, E, K e facilitam a

absorção das vitaminas solúveis (Pomeranz & Meloan, 1994).

A estabilidade dos lipídios em carne e produtos cárneos é

influenciada por muitos fatores, incluindo a espécie, tipo de músculo, a quantidade e

tipo de gordura na dieta, o status nutricional do animal no abate, a presença ou

ausência de doença ou infecção e o tipo de processamento a qual a carne é

submetida (moagem, adição de sal, irradiação, refrigeração, congelamento e

cozimento) (Morrissey et al., 1998).

A dieta de lipídios tem importante atuação na nutrição. Fornece

calorias e aminoácidos essenciais, atuam como carreadores de vitaminas e

aumentam a palatabilidade de alimentos, mas durante décadas têm sido centro de

controvérsias em relação à toxicidade, obesidade e doenças (Fennema, 1996).

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34

2.6.1 Aspectos Gerais da Oxidação Lipídica

O interesse de pesquisadores e consumidores no fenômeno

oxidativo tem sido um problema nos últimos anos. A relação entre oxidação e saúde

é atualmente um assunto de considerável interesse e uma série de desordens

metabólicas têm sido associadas a doenças relacionadas direta ou indiretamente

com a oxidação (Chizzolini et al., 1998).

No músculo vivo, o controle do processo oxidativo previne a

destruição oxidativa de lipídios em membranas, proteínas e ácidos nucléicos. A

estabilidade oxidativa do músculo esquelético depende da composição,

concentração e reatividade do substrato da oxidação, catálise oxidativa e

antioxidantes. Há vários sistemas no músculo esquelético para manter o balanço

entre os fatores responsáveis pelas reações de oxidação. No entanto, o balanço

pode ser rompido, acarretando descontrole do processo oxidativo e desencadear

alterações musculares, responsáveis pelo desenvolvimento de “off-flavours” em

músculos processados (Decker & Xu, 1998).

O desbalanço oxidativo do músculo esquelético dá-se por três

fatores: a) redução do tamanho da partícula, acarretando catálise oxidativa dos

lipídios e introdução de oxigênio intracelular; b) cozimento, responsável pela

desnaturação protéica, resultando na perda das atividades das enzimas

antioxidantes e liberação de ferro ligado à proteína e c) salga, responsável por

acelerar a atividade catalítica do ferro e reduzir a atividade das enzimas

antioxidantes (Decker & Xu, 1998).

A oxidação lipídica é um dos principais fatores limitantes da

qualidade e aceitabilidade de carnes e produtos cárneos. Danos oxidativos em

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lipídios ocorrem no animal vivo, em virtude de desbalanço entre a produção de

espécies reativas de oxigênio e mecanismos de defesa animal. Isso pode ser

conduzido por um influxo elevado de lipídios oxidados ou ácidos graxos

polinsaturados ou baixo influxo de nutrientes envolvidos no sistema antioxidante de

defesa (Morrissey et al., 1998; Sárraga & Regueiro, 1999).

Os danos aos lipídios podem ser acentuados imediatamente após o

abate e, em particular, durante o manejo, processamento, armazenamento e

cozimento (Morrissey et al., 1998). Produtos de oxidação lipídica são muito comuns

em alimentos, ainda que exista muita variação nos níveis presentes. Ainda que estes

níveis estejam geralmente baixos, o problema da oxidação lipídica compromete

severamente a qualidade de muitos alimentos e limita a vida útil de outros (Addis,

1986).

A oxidação lipídica representa uma barreira ao desenvolvimento de

novos produtos alimentícios e processos de manufatura. Mudanças danosas em

alimentos ocasionadas pela oxidação lipídica incluem perda de aroma,

desenvolvimento de “off-flavours”, perdas de cor, valor nutricional, funcionalidade e

acúmulo de compostos, que podem ser maléficos à saúde dos consumidores (Addis,

1986).

O substrato às reações de oxidação lipídica estão presentes nas

frações dos fosfolipídios, ao nível das membranas subcelulares, ricas em ácidos

graxos insaturados (AGI) (Buckley et al., 1995). Estes, ao serem oxidados podem

gerar processo autocatalítico (St. Angelo, 1996).

O teor total de lipídios não é o fator mais importante ao

desenvolvimento das reações oxidativas, mas a quantidade de AGI (Labuza, 1971),

sendo a velocidade da reação dependente do grau de insaturação da molécula de

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ácido graxo. Os principais ácidos graxos em carne bovina são oléico, linoléico e

linolênico (Belitz & Grosch, 1997).

A peroxidação autocatalítica inicia-se após o abate do animal

(Morrissey et al., 1994), em função do colapso circulatório e falha do sistema

antioxidante natural. As condições de pré-abate, tais como, alimentação, estresse e

as condições pós-abate, como temperatura da carcaça, pH e técnicas de

estimulação elétrica influenciam a extensão da oxidação lipídica em carnes (Asghar

et al., 1988; Buckley et al., 1995).

A quebra da integridade da membrana celular pela desossa

mecânica, moagem e cozimento altera os compartimentos celulares, ocasionando

liberação de AGI dos fosfolipídios e íons Fe+2 da mioglobina e de outras proteínas

(Asghar et al., 1988; Buckley et al., 1995). A desnaturação protéica, além da

liberação de íons metálicos ferro também libera íons cobre. Estes, uma vez

dissociados das proteínas tornam-se potentes catalisadores da rancidez (Morrissey

et al., 1998). Dessa forma há interação dos prooxidantes com os AGI formando

radicais livres e propagando as reações oxidativas (Asghar et al., 1988; Buckley et

al., 1995).

O mecanismo da oxidação lipídica pode ser explicada por três

etapas: iniciação, propagação e terminação, de acordo com a figura 2. Na etapa de

iniciação há formação de radical livre (R.), a partir de uma molécula de lipídio

insaturado com grupo metileno alílico (RH) ou a partir de um hidroperóxido (RO2H).

Esta etapa ocorre sob ação de um iniciador, como luz, temperatura ou metais (St.

Angelo, 1996).

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Figura 2. Etapas do processo de oxidação lipídica (St Angelo, 1996). Etapas Reações

Iniciação RH + iniciador → R. + H.

RO2H → RO2.

Propagação R. + O2 → RO2.

RO2. + RH → RO2H + R.

terminação R. + R. → R-R

RO2. + R. → RO2

ROO. + ROO. → ROOR + O2

Na etapa de propagação, o radical livre (R.) pode reagir com o

oxigênio para formar radical peróxido (RO2.). Este pode reagir com uma molécula de

lipídio (RH) e formar hidroperóxido (RO2OH) e radical livre (R.). E na etapa de

terminação, dois radicais reagem entre si formando produtos estáveis que não

prolongam a reação. Esta etapa também pode ocorrer quando antioxidantes ou

supressores de radicais reagem com radicais livres formados na etapa de

propagação (St. Angelo, 1996).

2.6.2 Oxidação Lipídica em Carnes e Derivados Cárneos

A rancidez oxidativa acarreta perda de qualidade em carnes e

derivados, em função da fragmentação dos hidroperóxidos, originando compostos

intermediários de baixo peso molecular, tais como, aldeídos, cetonas, álcoois e

ácidos (Asghar et al., 1988; Kanner, 1994; Shahidi, 1994). Os compostos

intermediários podem reagir com proteínas, carboidratos e vitaminas (Labuza, 1971)

e comprometer a textura, solubilidade, cor, sabor, odor, valor nutricional (Pearson et

al., 1983; Torres et al., 1989; Buckley & Morrissey, 1992) e a segurança dos

alimentos (Kanner, 1994).

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38

Os catalisadores da oxidação lipídica em carnes e derivados são

mioglobina, hemoglobina, citocromos, ferro não hemínico, outros metais pesados de

transição (Kanner, 1994; Ahn et al., 1995; Pegg & Shahidi, 1997) e cloreto de sódio

(Torres et al., 1989).

Na carne há dois tipos de ferro: o heme, presente na mioglobina e

hemoglobina, sendo o mais importante na catálise da oxidação lipídica e o não

heme, também com capacidade de oxidar os AGI (Pegg & Shahidi, 1997).

As proteínas heme, nos estados ferroso e férrico são ativadas pelo

peróxido de hidrogênio e originam o estado intermediário ferril (Fe+4) do radical oxo-

ferril. As proteínas heme ativadas podem oxidar compostos orgânicos, formar

ligações com proteínas e iniciar a lipoperoxidação. Dessa forma, o ferro heme da

mioglobina oxida-se, transformando-se em metamioglobina (Kanner, 1994; Pegg &

Shahidi, 1997).

De acordo com Kanner et al. (1991), o pH, umidade e atividade de

água são importantes nos processos lipoxidativos em carnes e derivados, além do

emprego do sal. Torres et al. (1994) verificaram elevação da oxidação lipídica em

charque, em decorrência da diminuição da atividade de água.

O efeito prooxidante do cloreto de sódio deve-se à habilidade em

alterar a distribuição e reatividade do ferro (Decker & Xu, 1998). O cloreto de sódio

também está associado à liberação de íons ferro de macromoléculas (Kanner et al.,

1991). A habilidade do cloreto de sódio em formar um complexo cataliticamente ativo

com o ferro tem sido destacada (Oscinchak et al., 1992, apud Decker & Xu, 1998).

No charque, a secagem das mantas em temperaturas elevadas e as

elevadas concentrações salinas favorecem o desenvolvimento de reações oxidativas

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(Torres et al., 1988). A catálise da rancidez oxidativa também pode estar associada

aos níveis de ferro e cobre, presentes no sal grosso (Torres et al., 1989).

2.6.3 Aroma de Requentado (Warmed-Over Flavour)

O aroma de requentado ou “warmed-over flavour” (WOF) representa

um dos mais importantes problemas oxidativos em carnes. O fenômeno WOF ocorre

com o desenvolvimento de aromas oxidados em carnes cozidas e refrigeradas, cujo

processo de rancidez ocorre em torno de 48 horas, à 4ºC, após cozimento das

carnes. Tal fenômeno difere da rancidez verificada em carnes cruas e tecidos

gordurosos (Pearson et al., 1977; Asghar et al., 1988). O aroma de requentado

também pode ocorrer em carnes cruas moídas (Asghar et al., 1988).

A oxidação dos fosfolipídios da membrana e a degradação de

proteínas e compostos associados com o aroma da carne fresca cozida são

responsáveis pela formação de sabor desagradável (oxidado/rançoso/azedo). O

aquecimento libera o ferro da mioglobina e de outras metaloproteínas que atuam

como catalisadores, acelerando a reação da oxidação de fosfolipídios, transforma a

mioglobina em molécula prooxidante, induz à decomposição de peróxido e

desnatura enzimas protetoras que atuam no controle da oxidação (Monteiro, 2001).

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3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Desenvolver nova tecnologia de processamento de jerked beef e

modernizar sua produção com utilização de cultura iniciadora BACTOFERM C-P-77,

cepa Staphylococcus carnosus M17 em músculo Vastus lateralis bovino (patinho).

3.2 Objetivos Específicos

- Avaliar a nova tecnologia de processamento sob parâmetros físico-químicos

de jerked beef (JB) e jerked beef fermentado (JBF);

- Avaliar os níveis de oxidação lipídica durante o processamento e

armazenamento de JB e JBF;

- Avaliar aroma de requentado (WOF) de JB e JBF;

- Determinar as alterações de cor durante processamento de JB e JBF;

- Determinar os níveis residuais de nitrito e nitrato de sódio de JB e JBF;

- Avaliar a contaminação inicial das matérias-primas utilizadas para elaboração

de JB e JBF;

- Avaliar o índice de aceitação de JB e JBF.

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4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Materiais

4.1.1 Matéria-Prima

As amostras embaladas à vácuo foram obtidas em supermercado na

região de Londrina e mantidas sob refrigeração. Foram utilizados músculos bovino

Vastus lateralis, vulgo “patinho”, com peso médio de 4,4 kg, provenientes de seis

animais precoces da espécie Bos indicus, raça Nelore, criados em confinamento

parcial.

4.1.2 Cultura Iniciadora BACTOFERM C-P-77

A cultura iniciadora foi gentilmente cedida pelo laboratório Chr

Hansen e mantida à -18ºC, de acordo com recomendação técnica. Não houve

necessidade de prévia dissolução, tendo sido a mesma adicionada diretamente em

solução de salmoura com 20% de concentração de cloreto de sódio e concentrações

de 100 ppm de nitrato e nitrito de sódio.

4.1.3 Preparo das Sub-amostras

As amostras embaladas à vácuo foram acondicionadas em caixas

de isopor contendo gelo e transportadas para o laboratório de Tecnologia de

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Alimentos e Medicamentos (TAM) da Universidade Estadual de Londrina. Foi

realizada retirada de excesso de tecido conjuntivo e gordura e duas porções de cada

peça para análises. A primeira porção foi destinada para análises de umidade,

proteína, lipídio, cinzas, pH, atividade de água, maciez, oxidação lipídica e cor. A

outra porção foi destinada para contagem total de aeróbios mesófilos.

Posteriormente, cada amostra foi dividida em duas sub-amostras, uma controle e

outra teste.

Foi realizada prévia contagem da quantidade total de

Staphylococcus carnosus viáveis no envelope fornecido pelo laboratório, por meio

de diluições diferentes, cujo meio de cultura foi o ágar Baird Parker.

As sub-amostras foram pesadas sob condições assépticas e

inoculadas com solução de salmoura contendo 20 % de cloreto de sódio, 100 ppm

de nitrito e 100 ppm de nitrato de sódio, sendo o volume de cada solução

correspondente à 10% sobre o peso da respectiva sub-amostra (v/p). As sub-

amostras foram inoculadas sob múltiplos pontos, de forma a garantir melhor

distribuição e homogeneização da solução de salmoura. Nas sub-amostras testes, a

solução de salmoura apresentava inóculo padronizado, com concentração de 106

UFC/g de peso da carne. A inoculação da solução de salmoura foi realizada de

forma criteriosa, por meio de seringa de plástico e agulha de canulação 45x18 cm,

previamente esterilizadas.

Após a inoculação, as sub-amostras foram recobertas,

superficialmente, com 5 % de cloreto de sódio sobre peso da carne (v/p) e, em

bandejas de polipropileno foram cobertas com filme PVC e acondicionadas em BOD

à 30ºC por 24 horas. Posteriormente, as sub-amostras, sob condições assépticas,

foram manteadas na espessura de 1,5 cm e acondicionadas em sal grosso, na

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proporção de 2:1, com reposição de cloreto de sódio em dois períodos pré-

determinados. No tempo de 24 horas de salga seca houve higieneização das

bandejas de polipropileno, inversão da posição dos “bifes” e reposição de sal grosso.

A duração da etapa de salga seca em estufa foi realizada à 30ºC, por 48 horas.

Após a etapa de salga seca, o excesso de cloreto de sódio dos

“bifes” foi retirado e estes foram embalados à vácuo e acondicionados em BOD à

25ºC durante o período de armazenamento.

Figura 3. Fluxograma do processamento de jerked beef fermentado.

Matéria-Prima (carne bovina traseira)

Preparo da Matéria-Prima

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Pesagem da Sub-Amostra

Preparo da Solução de Salmoura 20% com Antioxidantes

Pesagem da Cultura Iniciadora

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Inoculação da Solução de Salmoura com Antioxidantes e Cultura Iniciadora

Término da Inoculação

Pesagem do Sal Grosso

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Armazenamento em BOD à 30ºC/24 h

Preparo e Manteamento da Sub-Amostra

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1ª Etapa da Salga Seca

2º Etapa da Salga Seca

Retirada do Excesso de Sal Grosso

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Embalagem à Vácuo

Armazenamento em BOD à 25ºC

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4.1.4 Retirada das Alíquotas Amostrais

As alíquotas amostrais para a realização das análises físico-

químicas durante o período de armazenamento foram retiradas, em triplicata, dos

“bifes” das respectivas sub-amostras, previamente embalados à vácuo e

armazenados em BOD, marca Marconi, modelo MA 415/5, sob temperatura de 25ºC.

4.2 Avaliação Microbiológica

4.2.1 Contagem de Aeróbios Mesófilos

A contagem total de aeróbios mesófilos nas matérias-primas foi

realizada, de acordo com os métodos descritos no Manual do Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em “Métodos de Análise Microbiológica de

Alimentos” (Brasil, 1992).

4.3 Avaliações Físico-Químicas

4.3.1 Umidade

A avaliação da umidade foi determinada em estufa regulada à

temperatura de 105ºC (AOAC, 1995).

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4.3.2 Proteínas

A determinação de proteína foi realizada pelo método de Kjeldahl,

adotando-se o fator 6,25 para conversão do nitrogênio (AOAC, 1995).

4.3.3 Lipídios

A determinação de lipídios foi realizada pela técnica da hidrólise

ácida, ao utilizar água fervente e ácido clorídrico 8,0 N, seguida de aquecimento por

quinze minutos, filtração do material e secagem do papel de filtro em estufa regulada

à 105ºC por duas horas. O material foi submetido à extração em Soxhlet e a

quantidade de lipídios determinada por diferença de peso (AOAC, 1995).

4.3.4 Cinzas e Cloreto de Sódio

A determinação do resíduo mineral fixo foi obtido pela incineração

em mufla sob temperatura de 550 à 570ºC e a partir das cinzas, determinou-se o

teor de cloreto de sódio, de acordo com o método descrito pela AOAC (1995).

4.3.5 Potencial Hidrogeniônico (pH)

O pH foi medido em potenciômetro, marca Hanna, modelo HI 8314,

após calibração em pHs 4,0 e 7,0, de acordo com metodologia recomendada pela

(AOAC, 1995).

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4.3.6 Atividade de Água (Aw)

A atividade de água foi determinada com auxílio de um aparelho

automático da marca Aqualab-Decagon Devices Inc., modelo CX-2, sob temperatura

de 25ºC (± 1).

4.3.7 Oxidação Lipídica

A análise da oxidação lipídica foi determinada pelo método do ácido

2-tiobarbitúrico, conforme procedimento descrito por Tarladgis et al. (1964),

modificado por Crackel et al. (1988), conforme recomendações de Shahidi et al.

(1985). O método consistiu em determinar, espectrofotometricamente à 530 nm, o

complexo de coloração vermelho formado pela condensação de dois mols de ácido

2-tiobarbitúrico (TBARS) com um mol de malonaldeído e/ou outras substâncias

reativas ao TBARS, por meio de espectofotômetro modelo Cinta 20, marca GBC. Os

valores foram expressos em mg de TBARS por kg de amostra analisada.

4.3.8 Aroma de Requentado (WOF)

Na análise do aroma de requentado ou warmed-over flavour (WOF),

as alíquotas amostrais foram tratadas de acordo com metodologia descrita por Igene

& Pearson (1979). As alíquotas amostrais foram embaladas à vácuo em saco

plástico e aquecidas em banho-maria à 85ºC, até a temperatura interna atingir 75ºC

± 5ºC.

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Após o aquecimento foram colocadas em bandejas de polipropileno

cobertas com uma camada de filme permeável e armazenadas por 48 horas sob

refrigeração à 6 ± 1ºC com luz fluorescente.

Posteriormente foram reaquecidas em banho-maria até a

temperatura interna do músculo atingir 75±5ºC. Em seguida foram analisadas

conforme procedimento descrito no item 4.3.7 e os resultados expressos em mg de

TBARS/kg de amostra.

4.3.8.1 Dessalga das Alíquotas Amostrais

As alíquotas amostrais de jerked beef e jerked beef fermentado

foram dessalgadas em água destilada sob imersão, na proporção de 1:5 (p/v), na

faixa de temperatura entre 8 à 10ºC.

4.3.8.2 Cozimento

As alíquotas amostrais pesando entre 100 a 150 gramas foram

embaladas em sacos de polipropileno e seladas em seladora à vácuo, marca

Selovac 120B. O cozimento foi realizado em banho-maria à 85ºC, até a temperatura

interna atingir 75±5ºC. Posteriormente foram retiradas do banho-maria, resfriadas à

temperatura ambiente e enxugadas com papel absorvente (Avery et al., 1996).

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4.3.9 Nitrito e Nitrato de Sódio

Os teores de nitrito e nitrato de sódio foram determinados, de acordo

com a metodologia descrita pela AOAC (1995).

4.3.10 Maciez

Os testes foram realizados na matéria-prima “in natura” (MP), jerked

beef (JB), jerked beef dessalgado cozido (JBDC), jerked beef fermentado (JBF),

jerked beef fermentado dessalgado cozido (JBFDC). A força de cisalhamento foi

analisada em analisador de textura, marca SMS, modelo TA-XT2i, equipado com o

acessório Warner-Bratzler, lâmina com corte em “V” invertido, pressionada em

direção transversal em relação à fibra muscular (Bouton et al., 1971). Os parâmetros

adotados foram distância (20,0mm), pre test (5,0 mm/s), test (5,0 mm/s), pos test

(5,0 mm/s), type auto, force (0,20 N).

Os “bifes” de cada sub-amostra foram cortados em 16 cubos, com

dimensões de 2x1x1 cm (Avery et al, 1996). A dessalga e o cozimento foram

determinados, conforme itens 4.3.8.1 e 4.3.8.2, respectivamente. Os resultados

foram expressos como força máxima de cisalhamento em Newtons (N).

4.3.11 Cor

As medidas de cor foram realizadas para verificar a oxidação do

jerked beef e jerked beef fermentado. Esse ensaio foi realizado com auxílio de um

colorímetro da marca Minolta CR10, calibrado de acordo com especificação do

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fabricante. O programa empregado para a determinação da cor foi o CIELab

(Comission Internacionale de l’Eclairage) L*, a*, b*. Os valores obtidos foram em L*

(luminosidade ou porcentagem de refletância), valores positivos de a* (intensidade

da cor vermelha) e positivos de b* (intensidade da cor amarela).

As alíquotas amostrais de matéria-prima (MP), jerked beef (JB),

jerked beef dessalgado cozido (JBDC), jerked beef fermentado (JBF) e jerked beef

fermentado dessalgado cozido (JBFDC) foram analisadas em quadruplicata,

tomando-se quatro pontos de leitura diferentes de cada sub-amostra analisada. O

cozimento foi igual ao descrito no item 4.3.8.2.

A razão entre os valores positivos dos componentes a* e b* do

CIELab foi utilizada, de forma indireta, para determinar o teor de oximioglobina e

metamioglobina presentes nas sub-amostras analisadas, de acordo com Stewart et

al. (1965) e adotado por Mitsumoto et al. (1998). Dessa forma, valores com

tendência maior que 1 apresentaram maior teor de oximioglobina e valores com

tendência a zero, maior teor de metamioglobina.

4.3.12 Análise Sensorial

A análise sensorial realizada no jerked beef e jerked beef

fermentado foi baseada em teste afetivo, com uso de escala hedônica de nove

pontos (Ferreira et al., 2000). Foram utilizados 30 provadores não treinados para

ambos os produtos.

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4.3.13 Análise Estatística

A análise estatística foi determinada com auxílio do programa

Statistica® for Windows versão 5.0, da Statsoft (1995).

Os resultados foram submetidos à análise de variância e teste de

Tukey para verificar as diferenças entre médias.

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56

5. RESULTADO E DISCUSSÃO 5.1 Composição Química de Jerked Beef e Jerked Beef Fermentado

Os efeitos das novas condições de processamento de jerked beef e

jerked beef fermentado após três dias de processamento sobre a composição

química de músculos bovinos Vastus lateralis estão representados na tabela 1,

expressos em base úmida.

Tabela 1. Composição química aproximada de músculos Vastus lateralis bovinos utilizados no processamento de jerked beef e jerked beef fermentado, em base úmida.

MP JB JBF umidade (%) 73,28a

(± 2,43) 54,62b

(± 0,91) 53,31c

(± 1,09) proteína (%) 23,89b

(± 0,78) 24,67a,b (± 2,71)

25,7a (± 1,03)

lipídio (%) 3,45a,b (± 0,75)

4,2a (± 1,56)

2,66b (± 0,59)

cinzas (%) 1,02b (± 0,07)

19,14a (± 0,75)

19,68a (± 0,79)

cloreto (%) 0,57b (± 0,008)

11,96a (± 0,38)

12,41a (± 0,54)

Os resultados são médias de análises dos músculos em triplicata, provenientes de 6 animais diferentes, com desvio padrão entre parênteses. MP (matéria-prima) - JB (jerked beef) - JBF (jerked beef fermentado). Médias com letras minúsculas iguais, na mesma linha não diferem entre si pelo teste de Tukey (P ≥ 0,05).

Os resultados encontrados para umidade em jerked beef e

jerked beef fermentado foram, em média, de 54,62 e 53,31 %, respectivamente, com

pequena diferença significativa entre si (P < 0,05). Os teores de cinzas em jerked

beef e jerked beef fermentado foram de 19,14 e 19,68 %, respectivamente, sem

variação significativa (P ≥ 0,05), sendo os valores encontrados para umidade e

cinzas dentro das especificações legais. A redução dos teores de umidade e

aumento dos teores de cinzas em jerked beef e jerked beef fermentado, em relação

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à matéria-prima é resultado da adição de cloreto de sódio nas etapas de salgas

úmida e seca durante o processamento.

A drástica redução da umidade durante o processamento,

ocasionando perda considerável de água dos produtos é resultado das elevadas

concentrações de cloreto de sódio na superfície e no interior dos produtos,

temperatura e pressão osmótica durante o empilhamento (Biscontini et al., 1992).

Torres (1987) ao estudar a oxidação lipídica em charques

encontrou valores de umidade entre 46 e 54 % e, em charques recém-processados,

valores médios correspondentes à 30,8 % (Torres et al., 1994). Correia (1998)

encontrou valores de umidade de 45,7 % em charque e 51,7 % em jerked beef.

Biscontini et al. (1996) ao estudarem jerked beef processados com diferentes tipos

musculares encontraram valores de umidade entre 45,94 e 51,23 %. Youssef (2000)

encontrou valores entre 46,35 e 43,32 % em charques processados com músculos

Vastus lateralis, provenientes de bovinos de 54 e 72 meses de idade,

respectivamente.

Biscontini et al. (1992) encontraram em jerked beef teores de

cinzas entre 17,38 e 18,98 %. Estudo conduzido por Correia (1998) em charque e

jerked beef comercializado em Recife encontrou valores de 17,25 e 18,07 %,

respectivamente. Youssef (2000) encontrou valores de 23,32 e 23,63 % em

charques provenientes de animais com 54 e 72 meses de idade, respectivamente,

estando estes valores acima dos permitidos pela legislação (15 a 20g/100g de

produto), provavelmente em virtude da exposição da matéria-prima à etapa de salga

úmida durante 10 horas.

Os valores encontrados para cloreto de sódio em jerked beef e

jerked beef fermentado foram de 11,96 e 12,41 %, respectivamente, sem variação

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significativa entre si (P ≥ 0,05), estando de acordo com os padrões oficiais (Brasil,

2000). Youssef (2000) encontrou valores entre 22,87 e 21,65 % em charques

processados com músculos Vastus lateralis de bovinos entre 54 e 72 meses de

idade, respectivamente. Estes níveis não estão de acordo com os padrões oficiais

(Brasil, 2000).

Os valores de proteína encontrados para jerked beef e jerked

beef fermentado foram de 24,67 e 25,7 %, respectivamente, sem diferença

significativa (P ≥ 0,05). Lira & Shimokomaki (1998), ao estudarem o efeito de

processamento em carne de sol elaborada com músculo bovino Vastus lateralis

detectaram perda de 19 % das frações protéicas após a salga, em base seca.

Youssef (2000) detectou perda de proteínas totais em charques

processados com músculos Vastus lateralis provenientes de bovinos de 54 e 72

meses de idade entre 45,28 e 45,09 %, respectivamente, expressos em base seca.

Biscontini et al. (1996) observaram perdas protéicas entre 35 e 40 % durante as

etapas de salga seca no processamento de jerked beef, em base seca. A perda da

fração protéica decorre da adição de cloreto de sódio, que favorece a desnaturação

e solubilização de proteínas miofibrilares e sarcoplasmáticas (Offer et al., 1989;

Samejima et al., 1992).

De acordo com os teores de proteína verificados neste estudo e

cultura iniciadora utilizada, a atividade proteolítica da cultura pode ter sido de baixa

intensidade (Montel et al., 1996) ou mesmo ausente, em virtude de as proteínas

endógenas estarem bem estruturadas (Reuter Apud Pérez & Legarreta, 2003).

Os teores de lipídios de jerked beef e jerked beef fermentado

foram de 4,2 e 2,66 %, diferindo significativamente entre si (P < 0,05). Biscontini et

al. (1992) ao estudarem jerked beef elaborado com ponta de agulha e pescoço

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bovinos encontraram valores de lipídios de 5,3 e 3,2 %, respectivamente. Youssef

(2000) encontrou em músculos provenientes de animais com 54 e 72 meses de

idade valores de lipídios de 2,47 e 4,64 %, respectivamente.

Em virtude dos teores de lipídios encontrados em jerked beef e

jerked beef fermentado diferirem entre si (P < 0,05) e o teor de jerked beef

fermentado ser menor ao da matéria-prima, mesmo não diferindo estatisticamente

desta (P ≥ 0,05) sugere-se que a cultura iniciadora, em virtude de seu potencial para

metabolizar de forma eficiente lipídios (Miralles et al., 1996) apresentou destacada

atividade lipolítica. Montel et al. (1996) também detectaram a atividade lipolítica de

Staphylococcus carnosus, ao estudarem 19 cepas de Micrococcaceae em salsichas.

5.2 Atividade de Água (Aw) e pH

Os resultados da Aw e pH para matéria-prima e processamento

de jerked beef e jerked beef fermentado sob três tempos fixos encontram-se na

tabela 2. O parâmetro adotado para término do processamento de ambos os

produtos foi a redução da Aw para níveis intermediários.

Tabela 2. Atividade de água (Aw) e pH de músculos Vastus lateralis bovinos utilizados no processamento de jerked beef e jerked beef fermentado, em base úmida.

MP JB JB JB JBF JBF JBF 0 h 24 h 48 h 72 h 24 h 48 h 72 h

Aw 0,98a (± 0,001)

0,95b (± 0,02)

0,76c (± 0,002)

0,76c (± 0,004)

0,94b (± 0,02)

0,76c (± 0,007)

0,76c (±

0,002) pH 5,80a

(± 0,18) 5,84a

(± 0,1) 5,66b

(± 0,1) 5,72b

(± 0,09) 5,81a

(± 0,06)5,67b

(± 0,09) 5,69b

(± 0,09) Os resultados são médias de análises dos músculos em triplicata, provenientes de 6 animais diferentes, com desvio padrão entre parênteses. MP (matéria-prima) - JB (jerked beef) - JBF (jerked beef fermentado). Médias com letras minúsculas iguais, na mesma linha não diferem entre si pelo teste de Tukey (P ≥ 0,05).

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De acordo com a tabela 2, a Aw da matéria-prima foi de 0,98. Os

valores de Aw das sub-amostras para processamento de jerked beef e jerked beef

fermentado, dentro de tempos fixos de 24, 48 e 72 horas não apresentaram

diferenças significativas entre si (P ≥ 0,05). E nos tempos de 48 e 72 horas, os

valores de Aw das sub-amostras de JB e JBF não diferiram estatisticamente entre si

(P ≥ 0,05). Embora as sub-amostras para processamento de JB e JBF tenham

apresentado valores intermediários de Aw no tempo fixo de 48 horas, a etapa de

salga seca sob condições controladas foi mantida por mais 24 horas, de modo a

assegurar maior homogeneidade dos valores de Aw em todas as regiões dos

produtos. A figura 4 mostra a evolução dos valores de Aw durante o processamento

de JB e JBF.

Figura 4. Evolução da atividade de água (Aw) durante o processamento de jerked beef e jerked beef fermentado.

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 24 48 72

Tempo (horas)

Ativ

idad

e d

e ág

ua

aw

A Aw e a concentração de sal são os principais parâmetros para

garantir a estabilidade de jerked beef. Na faixa intermediária de Aw, os únicos

microrganismos capazes de se desenvolver são bolores, leveduras e bactérias

halofílicas (Franco & Landgraf, 1996).

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61

Sabadini et al. (1998), em estudos de transferência de massa

verificaram que a Aw foi diretamente influenciada pela penetração de sal e perda de

água, nas quais ocorreram de forma simultânea.

Biscontini et al. (1996) observaram encolhimento das fibras

musculares e formação de espaços intra e extracelulares, fato que propiciou a saída

de água e de outros componentes, caracterizando reduções dos teores de umidade

e Aw.

Torres et al. (1994) verificaram que o valor de 0,75 de atividade

de água caracteriza ponto de equilíbrio entre a difusão de cloreto de sódio ao interior

da carne, com estabilização do teor de umidade do produto.

Segundo Pinto (1996), as condições de processamento de

jerked beef selecionam a microbiota, permanecendo no produto final apenas

bactérias da família Micrococcaceae, com predominância de estafilococos coagulase

negativos, com potencial para atuar como culturas iniciadoras, viabilizando o

emprego de Staphylococcus carnosus.

De acordo com a tabela 2, o pH da matéria-prima foi de 5,80. Os

valores de pH das sub-amostras para processamento de JB e JBF dentro de tempos

fixos de 24, 48 e 72 horas não foram significativos entre si (P ≥ 0,05). Nos tempos de

48 e 72 horas, os valores de pH das sub-amostras de JB e JBF não diferiram

estatisticamente entre si (P ≥ 0,05). A figura 5 mostra a evolução dos valores de pH

durante o processamento de JB e JBF.

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62

Figura 5. Evolução do pH durante o processamento de jerked beef e jerked beef fermentado.

5,6

5,65

5,7

5,75

5,8

5,85

5,9

0 24 48 72

Tempo (horas)

pH

Os valores de pH associados às elevadas concentrações salinas

constituem importante obstáculo à estabilidade dos produtos. Youssef (2000)

encontrou valores de pH para matérias-primas provenientes de músculos Vastus

lateralis bovinos de animais entre 54 e 72 meses de idade correspondentes a 6,1 e

5,8, respectivamente. Os valores de pH encontrados para charques provenientes de

músculos Vastus lateralis bovinos de animais entre 54 e 72 meses de idade foram

de 5,92 e 5,7, respectivamente. Lira & Shimokomaki (1998) encontraram na matéria-

prima e carne de sol valores de pH correspondentes a 6,09 e 5,78, respectivamente.

Biscontini (1996), ao trabalhar com músculos bovinos Sternomandibulares e

Sternomastoideo no processamento de jerked beef encontrou valores similares aos

obtidos por Lira & Shimokomaki (1998).

Torres et al. (1988), ao estudarem o efeito do sal sobre o pH

verificaram que o valor inicial de pH na carne não salgada no pré-rigor (6,78) foi em

torno de uma unidade de pH mais elevada aos das amostras salgadas no pré-rigor,

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63

cujos valores 6,65, 6,63 e 6,62 corresponderam às concentrações de cloreto de

sódio de 0,5, 2,0 e 4,0 %, respectivamente.

5.3 Maciez

A tabela 3 mostra os valores da força de cisalhamento de JB,

JBDC, JBF, JBFDC e MP, expressas em Newtons (N), provenientes de músculos

bovinos Vastus lateralis.

Tabela 3. Força de cisalhamento de músculos Vastus lateralis bovino utilizados no processamento de jerked beef e jerked beef fermentado.

Força de Cisalhamento (N) MP 29,70d

(± 4,83) JB 59,22a,b

(± 5,71) JBDC 46,41c

(± 3,22) JBF 62,39a

(± 8,27) JBFDC 52,74b,c

(± 7,26) Os resultados são médias de análises dos músculos em 12 cubos, provenientes de 6 animais diferentes, com desvio padrão entre parênteses. MP (matéria-prima) - JB (jerked beef) – JBDC (jerked beef dessalgado cozido) - JBF (jerked beef fermentado) – JBFDC (jerked beef fermentado dessalgado cozido). Médias com letras minúsculas iguais, na mesma coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (P ≥ 0,05).

De acordo com os valores obtidos da força de cisalhamento, JBF

apresentou maior valor ao JB, seguido de JBFDC e JBDC. JBF e JB apresentaram,

em média, força de cisalhamento duas vezes maior à MP, embora não variaram

significativamente entre si (P ≥ 0,05), sugerindo que as condições de processamento

de ambos os produtos não foram relevantes para diferença significativa em relação à

textura. Em relação aos produtos dessalgados cozidos, a força de cisalhamento foi

maior em JBFDC ao JBDC, porém sem diferença significativa (P ≥ 0,05).

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64

A força de cisalhamento de JB foi maior ao JBDC, com diferença

significativa entre si (P < 0,05). Resultado semelhante ocorreu com JBF, cuja força

de cisalhamento foi maior ao JBFDC, ao nível de significância estabelecido (P <

0,05).

A drástica redução dos teores de umidade dos dois produtos

provocaram o aumento da força de cisalhamento. A MP com 73,28 % de umidade

apresentou força de cisalhamento de 29,70 N, enquanto JB e JBF com teores de

umidade de 54,62 e 53,31 % apresentaram forças de cisalhamento de 59,22 e 62,39

N, respectivamente. Youssef et al. (2001), ao estudarem os fatores que influenciam

a textura do charque observaram a importância da redução da umidade ao aumento

da força de cisalhamento do produto.

A resistência da estrutura miofibrilar é influenciada pelo

encolhimento, decorrente das condições de pré-rigor, pH, aumento da idade e

condições de tempo e temperatura durante o cozimento (Harris & Shorthose, 1981).

No presente estudo, as forças de cisalhamento dos dois

produtos dessalgados cozidos foram menores aos seus respectivos produtos crus.

Isso pode ser explicado pelo fato de a temperatura interna de cozimento da carne ter

ultrapassado 80 ºC. Nesse sentido, a resistência ao cisalhamento tende a diminuir,

em função da gelatinização e aumento da solubilidade de colágeno pelo calor,

fazendo com que a fibra perca sua característica de ligação e torne a carne mais

macia (Burson & Hunt, 1986).

Em virtude dos valores das forças de cisalhamento observados

entre os dois produtos crus e dessalgados cozidos, somado a ausência ou baixa

atividade proteolítica da cultura iniciadora, a textura não sofreu influência da cultura

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65

iniciadora. Este resultado está de acordo com o obtido por Pinto (1996), ao estudar

culturas iniciadoras em JB.

5.4 Oxidação Lipídica

A oxidação lipídica foi determinada pelo número de substâncias

reativas ao ácido 2-tiobarbitúrico (TBARS) e avaliada durante processamento e

armazenamento de JB e JBF por 90 dias. O método apresentou porcentagem de

recuperação de 96,95 %, indicando exatidão satisfatória. A análise está

representada na tabela 4 e figura 6.

As matérias-primas apresentaram, em média, 0,16 mg

TBARS/kg de amostra. Os níveis de oxidação encontrados ao final do

processamento de JB e JBF foram de 0,13 e 0,10 mg TBARS/kg, respectivamente.

De acordo com a tabela 4, os níveis máximos de oxidação de JB

e JBF ocorreram no 45º dia de armazenamento e após esse período houve

tendência de queda dos níveis de TBARS. Os níveis encontrados neste período para

JB e JBF foram de 0,55 e 0,34 mg TBARS/kg, respectivamente. Neste período, JB e

JBF apresentaram níveis de oxidação maiores em relação às matérias-primas, de

3,5 e 2 vezes, em média, respectivamente. Ao final do período de 90 dias de

armazenamento, JB e JBF apresentaram níveis de oxidação de 0,38 e 0,27 mg

TBARS/kg, respectivamente, tendo a média geral de JB e JBF apresentado

diferença significativa entre si (P < 0,05).

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66

Tabela 4. Oxidação lipídica em músculos Vastus lateralis bovinos utilizados no processamento de jerked beef e jerked beef fermentado, em mg TBARS/kg.

0 d 15 d 30 d 45 d 60 d 75 d 90 d Média Geral

JB 0,13 (± 0,12)

0,37 (± 0,14)

0,44 (± 0,22)

0,55 (± 0,23)

0,50 (± 0,2)

0,48 (± 0,3)

0,38 (± 0,12)

0,41ª (± 0,14)

JBF 0,10 (± 0,09)

0,20 (± 0,11)

0,30 (± 0,17)

0,34 (± 0,22)

0,28 (± 0,13)

0,26 (± 0,06)

0,27 (± 0,14)

0,25b (± 0,08)

Os resultados são médias de análises dos músculos em triplicata, provenientes de 6 animais diferentes, com desvio padrão entre parênteses. MP (matéria-prima) - JB (jerked beef) – JBF (jerked beef fermentado). Médias com letras minúsculas iguais, na mesma coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (P ≥ 0,05).

Youssef (2000), ao estudar o processamento de charque com

músculos Vastus lateralis provenientes de animais com 54 meses de idade detectou

nível máximo de oxidação lipídica no 82º dia de armazenamento, com valor de 1,63

mg TBARS/kg, sendo que após esse período houve tendência de diminuição dos

valores de TBARS.

Amostras de jerked beef processadas com adição de nitrito de

sódio na salga úmida apresentaram níveis de rancidez inferiores aos verificados nas

amostras controles (Youssef et al., 1998), sinalizando ação antioxidante do nitrito de

sódio.

Pinto (1996) encontrou valores decrescentes de TBARS em

jerked beef após dois meses de armazenamento. Torres (1987) encontrou valores

máximos de oxidação de 4,53 mg TBARS/kg, no processamento de charques

elaborados com ponta de agulha.

As elevadas concentrações de cloreto de sódio no

processamento de JB e JBF apresentam relação direta com os níveis de oxidação

encontrados, em virtude do efeito catalítico do cloreto de sódio (Decker & Xu, 1998).

O tipo de sal, refinado ou grosso é outro fator que colabora à rancidez. De acordo

com Torres et al. (1989), o sal grosso apresenta metais, como ferro e cobre, nas

quais aceleram a oxidação lipídica. Lira et al. (2000), ao avaliarem a influência do sal

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67

na oxidação de carne de sol elaborada com músculos bovinos Vastus lateralis

encontraram valores para matéria-prima e carne de sol de 0,075 e 0,101 mg

TBARS/kg, respectivamente, com concentração de sal intramuscular de 5 % em

carne de sol.

Torres et al. (1989, 1994), ao estudarem oxidação lipídica em

charques elaborados com músculos bovinos Sternomandibulares demonstraram a

atuação prooxidante do sal e a atuação da embalagem à vácuo, como fator

responsável ao aumento dos níveis de oxidação.

Processos de desidratação e congelamento, que diminuem o

teor de água livre em alimentos são responsáveis pelo aumento da viscosidade e

rancidez (Kanner, 1994). Torres et al. (1994) verificaram que a diminuição da

atividade de água para valores intermediários em charque está relacionado ao

aumento da oxidação lipídica.

De acordo com Melton (1983), o método de TBARS monitora a

oxidação lipídica somente na fase final de iniciação e durante a propagação. Durante

o armazenamento, os níveis de oxidação são frequentemente reduzidos pelas

reações de malonaldeído com proteínas (Ledward, 1981), transformando-as em

compostos insolúveis. Nesse sentido, os compostos originados da oxidação lipídica

não podem ser detectados de forma analítica, em virtude dos valores obtidos

encontrarem-se abaixo dos níveis reais de rancidez do produto (Greene & Cumuza,

1982).

O nível de oxidação de JBF foi em média 39,02 % menor ao JB

durante o período de armazenamento, com diferença significativa entre as médias

gerais (P < 0,05). Os baixos níveis de oxidação encontrados em ambos os produtos

provavelmente são decorrentes da utilização de matéria-prima de melhor qualidade,

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68

nitrito de sódio e novas condições de processamento. JBF apresentou níveis de

rancidez menores ao JB, possivelmente em virtude da ação da atividade nitrato

redutase da cultura iniciadora.

Figura 6. Evolução da oxidação lipídica durante o processamento de jerked beef e jerked beef fermentado.

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Escala de tempo

Oxi

daçã

o (m

g TB

ARS

/kg)

jbf jb

Escala de tempo: 1 = 0 dia; 2 = 15 dias; 3 = 30 dias; 4 = 45 dias; 5 = 60 dias; 6 = 75 dias; 7 = 90 dias. 5.5 WOF

O desenvolvimento de aroma de requentado (WOF) em JB e

JBF durante o armazenamento foi avaliado pelo método de TBARS, sendo os

resultados expressos em mg de TBARS/kg de amostra, conforme tabela 5 e figura 7.

Foi realizada prévia dessalga das amostras para simular condições reais de

consumo.

De acordo com os resultados da tabela 5, nota-se que houve

aumento nos níveis de oxidação de ambos os produtos, ao longo dos diferentes

tempos de armazenamento, sendo as médias gerais dos dois produtos apresentado

diferença significativa entre si (P < 0,05). O desenvolvimento do aroma de

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69

requentado durante armazenamento até 90 dias foi cerca de 38,80 % menor nas

amostras de JBF.

Tabela 5. Aroma de requentado em músculos Vastus lateralis bovinos utilizados no processamento de jerked beef e jerked beef fermentado, em mg TBARS/kg.

30 d 60 d 90 d Média Geral JB

0,64a

(± 0,13) 0,68a

(± 0,17) 0,7a

(± 0,14) 0,67a

(± 0,03) JBF

0,3b

(± 0,1) 0,44b

(± 0,13) 0,47b

(± 0,19) 0,41b

(± 0,09) Os resultados são médias de análises dos músculos em triplicata, provenientes de 6 animais diferentes, com desvio padrão entre parênteses. MP (matéria-prima) - JB (jerked beef) – JBF (jerked beef fermentado). Médias com letras minúsculas iguais, na mesma coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (P ≥ 0,05).

Youssef (2000), ao estudar o desenvolvimento de WOF em

charque e jerked beef, provenientes de músculos bovinos Vastus lateralis de animais

com 54 meses de idade obtiveram valores de 1,54 e 0,56 mg TBARS/kg,

respectivamente. No tempo de 30 dias de armazenamento, o valor de JB de animais

com 54 meses de idade é cerca de duas vezes maior ao JBF.

A oxidação dos fosfolipídios da membrana e a degradação de

proteínas e compostos associados com o aroma da carne fresca cozida são

responsáveis pelo sabor desagradável. O aquecimento libera o ferro da mioglobina e

de outras metaloproteínas que atuam como catalisadores, acelerando a oxidação de

fosfolipídios, transforma a mioglobina em molécula prooxidante, induz decomposição

de peróxido e desnatura enzimas importantes ao controle oxidativo (Monteiro, 2001).

O maior desenvolvimento do aroma de requentado de JB ao

JBF, provavelmente tenha decorrido da ação da atividade nitrato redutase da cultura

iniciadora, cuja maior conversão de nitrato em nitrito tenha sido responsável por

maior deposição de nitrito em lipídios das membranas celulares, estabilizando-as e

diminuindo os fenômenos oxidativos.

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70

Figura 7. Evolução do aroma de requentado durante o processamento de jerked beef e jerked beef fermentado.

00,10,20,30,40,50,60,70,80,9

0 1 2 3

Escala de tempo

Oxi

daçã

o (m

g TB

AR

S/kg

)

jbf jb

Escala de tempo: 1 = 30 dias; 2 = 60 dias; 3 = 90 dias.

5.6 Cor

A tabela 6 e figuras 8, 9, 10 e 11 apresentam os resultados de

luminosidade (L*) da MP, JB, JBDC, JBF e JBFDC. Os resultados de L* de JB e JBF

foram de 35,71 e 35,05, respectivamente, sem diferença significativa (P ≥ 0,05).

Estes valores foram menores aos respectivos produtos dessalgados cozidos. Os

valores de L* de JBDC e JBFDC foram de 43,66 e 43,94, respectivamente, sem

diferença significativa entre si (P ≥ 0,05).

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71

Tabela 6. Cor em músculos Vastus lateralis bovinos utilizados no processamento de jerked beef e jerked beef fermentado.

L* (0 d) a* (0 d) b* (0 d) a*/b* (90 d) MP 34,10b

(± 3,09) 19,88ª

(± 2,38) 10,82ª,c (± 1,63)

1,85a (± 1,7)

JBCRU 35,71b (± 4,41)

8,84c (± 3,3)

9,43b,a,c (± 2,03)

0,94b,c (2,46)

JBDC 43,66a (± 5,11)

7,92c (± 3,21)

12,49a (± 2,93)

0,63c (± 2,06)

JBFCRU 35,05b (± 2,15)

16,09a,b (± 2,94)

9,17b,a,c (± 1,81)

1,76a (± 2,99)

JBFDC 43,94a (± 4,07)

14,32b (± 3,09)

11,11ª,b (± 3,70)

1,29b (± 2,17)

Os resultados são médias de análises dos músculos em triplicata, provenientes de 6 animais diferentes, com desvio padrão entre parênteses. MP (matéria-prima) - JB (jerked beef) – JBF (jerked beef fermentado). Médias com letras minúsculas iguais, na mesma coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (P ≥ 0,05).

Comparando o valor de L* da MP com JB e JBF, nota-se que

não houve diferença significativa (P ≥ 0,05), sugerindo que a adição dos

antioxidantes nitrito e nitrato de sódio aos dois produtos mantém o parâmetro L*

mais próximo da cor natural da carne não processada, em decorrência de

modificações irrelevantes no estado de oxidação da mioglobina.

Figura 8. Efeitos do processamento e tratamento térmico sobre a luminosidade de jerked beef e jerked beef fermentado.

05

101520253035404550

MP JB JBDC JBF JBFDC

Amostras

Lum

inos

idad

e (L

*)

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72

A avaliação do parâmetro a*, intensidade da cor vermelha é

mostrada na tabela 6 e figura 9. Nota-se que os valores de a* para JB, JBDC, JBF e

JBFDC são menores aos da MP. Os valores de a* da MP e JBF foram de 19,88 e

16,09, respectivamente, sem diferença significativa entre si (P ≥ 0,05), sendo que

este último apresentou diferença significativa do valor de a* de JB, de 7,92.

Os valores de a* de JBF, JBFDC, JB e JBDC foram de 16,09,

14,32, 8,84 e 7,92, respectivamente, sendo que não houve diferença significativa (P

≥ 0,05) entre JBF com JBFDC e entre JB com JBDC.

A variação de a* da MP para JB, JBDC, JBF e JBFDC foram de

11,04, 11,96, 3,79 e 5,56 unidades, respectivamente. De acordo com os resultados,

nota-se que os valores de JB e JBDC foram menores aos valores de JBF e JBFDC,

respectivamente, indicando menor tendência para cor vermelha de JB e JBDC.

O maior valor de a* de JBF ao JB pode ser explicado, em função

da atividade nitrato redutase da cultura, sugerindo maior formação e concentração

endógena de óxido nítrico, proveniente da degradação de nitrato, resultando maior

concentração de nitrosomioglobina.

O menor valor do parâmetro a* de JBDC ao JBFDC pode ter

ocorrido em função de dois fatores: maior concentração de nitrosomioglobina e

menor desnaturação protéica. Sabe-se que a valência +2 do átomo de ferro é

mantida com a formação de nitrosomioglobina, de cor vermelho escura, antes do

cozimento, e após cozimento há desnaturação da proteína (Judge et al., 1989; Pegg

& Shahidi, 1997; Belitz & Grosh, 1997).

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73

Figura 9. Efeitos do processamento e tratamento térmico sobre a intensidade da cor vermelha de jerked beef e jerked beef fermentado.

0

5

10

15

20

25

MP JB JBDC JBF JBFDC

Amostras

Cor

verm

elha

(a*)

Os valores do parâmetro b*, intensidade da cor amarela são

mostrados na tabela 6 e figura 10. Observa-se que o valor da MP, de 10,82 não

apresentou diferença significativa com os valores de JB, JBDC, JBF e JBFDC.

Os valores de b* para JB e JBDC foram de 9,43 e 12,49,

respectivamente, com diferença significativa entre si (P < 0,05). Os valores de b*

para JBF e JBFDC foram de 9,17 e 11,11, respectivamente, com diferença

significativa entre si (P < 0,05).

Ainda que o valor de b* de JB tenha sido ligeiramente maior ao JBF,

sinalizando maior tendência para intensidade de cor amarela, a diferença observada

não foi significativa (P ≥ 0,05).

Fato semelhante ocorreu com JBDC e JBFDC, cujos valores de b*

foram 12,49 e 11,11, respectivamente, sem diferença significativa (P ≥ 0,05), porém

com maior tendência de JBDC apresentar maior intensidade de cor amarela, em

relação ao JBFDC.

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74

Figura 10. Efeitos do processamento e tratamento térmico sobre a intensidade da cor amarela de jerked beef e jerked beef fermentado.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

MP JB JBDC JBF JBFDC

Amostras

Cor

amar

ela

(b*)

Os resultados da razão a*/b* são mostrados na tabela 6 e figura

11 e utilizados para avaliar indiretamente as modificações ocorridas no estado de

oxidação do ferro do grupo heme da mioglobina.

Os valores de a*/b* da MP e JBF foram de 1,85 e 1,76,

respectivamente, sem diferença significativa (P ≥ 0,05). Os valores de a*/b* de JB e

JBDC, de 0,94 e 0,63, respectivamente, não apresentaram diferença significativa (P

≥ 0,05), enquanto JBF e JBFDC, cujos valores foram 1,76 e 1,29, respectivamente

apresentaram diferença significativa entre si (P < 0,05). De acordo com a tabela 6,

JBF e JBFDC apresentaram as maiores razões a*/b* do que JB e JBDC,

respectivamente, com diferenças significativas (P < 0,05).

Em produtos curados com sais de cura contendo nitrito e nitrato

de sódio há formação de óxido nítrico (NO) pela decomposição do nitrito e nitrato de

sódio. O óxido nítrico reage com a mioglobina para formar nitrosomioglobina, de cor

vermelho escura, com ferro no estado Fe+2 que, sob ação térmica desnatura e

origina nitrosohemocromo, de cor rósea, com ferro no estado Fe+3 (Belitz & Grosch,

1997). A mudança de cor das carnes também pode ser influenciada pela oxidação

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75

lipídica, por meio da transformação de oximioglobina em metamioglobina (Kanner,

1994).

A cor é determinada primariamente pela concentração, estado

de oxidação ou oxigenação do ferro do grupo heme da mioglobina (Laack et al.,

1996), além de sofrer influência das espécies pertencentes à família Micrococcaceae

(Lucke & Hechelmann, 1987; Papamanoli et al., 2002).

O maior valor do parâmetro a*/b* de JBF ao JB pode ser

justificado pela atividade nitrato redutase da cultura iniciadora, responsável por

aumento da formação de óxido nítrico e maior interação deste com grupo heme da

mioglobina, conservando parte considerável dos átomos de ferro na valência +2 e

caracterizando menores deslocamentos de a* e b*, em relação ao JB.

JBFDC apresentou maior razão a*/b* ao JBDC. A explicação de

tal fato pode ter sido em virtude da maior formação do pigmento nitrosohemocromo,

de cor rósea, por JBFDC, em relação ao JB, uma vez observada a maior

concentração sérica de nitrosomioglobina de JBF, decorrente da atividade nitrato

redutase e, possivelmente, do menor estado de oxidação, decorrente da

desnaturação protéica de JBFDC.

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76

Figura 11. Efeitos do processamento e tratamento térmico sobre a razão a*/b* de jerked beef e jerked beef fermentado.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

MP JB JBDC JBF JBFDC

Amostras

Raz

ão a

*/b*

5.7 Nitrito e Nitrato de Sódio

A tabela 7 apresenta os níveis residuais de nitrito e nitrato de

sódio em JB e JBF, expressos em ppm/kg. Os níveis residuais de nitrato de sódio de

JB e JBF foram de 0,46 e 0,29 ppm/kg, respectivamente, com diferença significativa

entre si (P < 0,05).

Tabela 7. Valores de nitrito e nitrato de sódio em jerked beef e jerked beef fermentado.

JB JBF nitrito

(ppm/kg) 8,6a

(± 0,09) 8,54a

(± 0,08) nitrato

(ppm/kg) 0,46a

(± 0,16) 0,29b

(± 0,09) Os resultados são médias de análises dos músculos em triplicata, provenientes de 6 animais diferentes, com desvio padrão entre parênteses. JB (jerked beef) – JBF (jerked beef fermentado). Médias com letras minúsculas iguais, na mesma linha não diferem entre si pelo teste de Tukey (P ≥ 0,05).

De acordo com a tabela, os níveis residuais de nitrito de sódio

de JB e JBF foram de 8,6 e 8,54 ppm/kg, respectivamente, sem diferença

significativa entre si (P ≥ 0,05). Youssef (2000) encontrou em amostras de JB

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valores médios de 13,98 ppm/kg de nitrito de sódio. Pinto (1996), ao estudar culturas

iniciadoras no processamento de jerked beef verificou níveis de nitrito de sódio

inferiores a 40 ppm/kg durante o processamento e inferiores a 10 ppm/kg no produto

final, em virtude da ação das culturas pertencentes à família Micrococcaceae.

Nesse estudo, os níveis residuais de nitrito de sódio presentes

nos dois produtos estão dentro das condições preconizadas pela legislação, cujo

limite residual máximo no produto final não pode exceder 50 ppm/kg (Brasil, 2000).

Devido às diferenças significativas dos níveis residuais de nitrato

de sódio nos dois produtos e presença da atividade nitrato redutase em

estafilococos (Miralles et al., 1996; Papamanoli et al., 2002; Montel et al., 1996,

1998; Hugas & Monfort, 1997), sugere-se que a cepa utilizada neste estudo

apresentou a ação desta atividade no processamento de JBF.

5.8 Contagem de Aeróbios Mesófilos

A tabela 8 apresenta os valores da contagem total de aeróbios

mesófilos das matérias-primas utilizadas para produção de JB e JBF.

Tabela 8. Contagem total de aeróbios mesófilos em músculos Vastus lateralis bovinos utilizados para processamento de jerked beef e jerked beef fermentado.

Amostra Contagem total 1 1,0.103 UFC/g 2 5,33.102 UFC/g 3 1,0.102 UFC/g 4 6,0.103 UFC/g 5 6,66.102 UFC/g 6 3,66.104 UFC/g

Em virtude de o número máximo aceitável de microrganismos

aeróbios mesófilos na carne refrigerada ser de 106 UFC/g e a necessidade da

quantidade de microrganismos da cultura iniciadora superar em dois ciclos

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logarítmicos o número de microrganismos das matérias-primas (Terra, 2003) para

promover os efeitos desejáveis, nota-se que as contagens totais obtidas nas

matérias-primas estão dentro da condição para atuação da cultura.

Além disso, as contagens totais verificadas de bactérias

aeróbias mesófilas sinalizam boas condições sanitárias das matérias-primas

utilizadas para produção de JB e JBF (Franco & Landgraf, 1996).

5.9 Índice de Aceitação do Produto

A tabela 9 apresenta valores hedônicos médios de jerked beef e

jerked beef fermentado de provadores não treinados, utilizando-se escala hedônica

de 9 pontos. Nota-se que JBF apresentou maior valor hedônico médio, em

comparação ao JB, com diferença significante entre si (P < 0,05).

Tabela 9. Teste de preferência em jerked beef e jerked beef fermentado.

Amostra Valor Hedônico Médio* jerked beef fermentado 7,1a

jerked beef 6,0b * Valor médio de 30 provadores. Médias acompanhadas pela mesma letra na mesma coluna não diferem significativamente entre si (P ≥ 0,05). A análise do índice de aceitação baseou-se em 3 intervalos de

valores hedônicos estabelecidos. Valores compreendidos de 1 a 4 indicam

reprovação; valor 5, indiferença e valores entre 6 a 9 aprovação.

De acordo com os resultados presentes na figura 12, JBF

apresentou a maior porcentagem de aprovação, com 93,33 % de notas iguais ou

acima de 6 e a menor rejeição, com 6,67 % de notas iguais ou menores a 4. JB

apresentou taxa de aprovação de 70 %, com 26,67 % de rejeição. As taxas de

indiferença de JBF e JB foram de 0 e 3,33 %, respectivamente.

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79

Figura 12. Freqüência de respostas dos provadores utilizando valores de 1 à 9 da escala hedônica.

0 0 0

2

0

6

8

13

10

12

5

1

9

4

7

1

0

2

4

6

8

10

12

14

1 2 3 4 5 6 7 8 9

Valores Hedônicos

Núm

ero

de R

espo

stas

jerked beef fermentado jerked beef

A contribuição relativa da microbiota decorre da caracterização e

quantidade dos microrganismos, bem como a expressão de suas respectivas

atividades metabólicas intrínsecas, nas quais dependem da composição da carne e

ingredientes, tais como, açúcar, sal, nitrato e nitrito de sódio, além de variáveis

tecnológicas, quer sejam, pH, temperatura, tempo de secagem e constituintes

gasosos (Montel et al., 1998).

Em virtude das variáveis tecnológicas terem sido similares nos

dois produtos, bem como a composição da matéria-prima das sub-amostras para

ambos os produtos e concentração de sal, sugere-se que a maior porcentagem de

aceitação de JBF ao JB pode estar relacionada aos antioxidantes nitrito e nitrato de

sódio (Toledo, 1996) e cultura iniciadora (Hammes & Hertel, 1998). Culturas de

estafilococos têm sido utilizadas para modificar as propriedades sensoriais e atuar

no sabor (Lucke, 2000; Terra, 2003). Berdagué et al. (1993) verificaram diferentes

culturas iniciadoras pertencentes à família Micrococcaceae responsáveis pela

formação de diferentes perfis sensoriais.

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Pinto (1996) verificou que jerked beef elaborado com culturas

iniciadoras de estafilococos, S. carnosus e S. xylosus apresentaram maior

aceitabilidade em amostras controles. Em virtude das concentrações dos

antioxidantes nitrito e nitrato de sódio terem sido utilizadas de forma similar nos dois

produtos, sugere-se que o maior índice de aceitação de JBF ao JB tenha decorrido

da utilização da cultura iniciadora no presente estudo.

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6. CONCLUSÕES

- a tecnologia de processamento implementada contribuiu de forma

satisfatória para acelerar o processamento dos produtos e padronizá-los, de acordo

com as especificações legais;

- o teor de lipídios de jerked beef fermentado (JBF) foi 36,67 %

menor ao jerked beef (JB), devido à ação lipolítica da cultura iniciadora;

- os teores protéicos de JBF e JB não apresentaram diferenças

significativas, em virtude da ausência ou baixa atividade proteolítica da cultura;

- a textura de ambos os produtos não variou de forma significativa;

- o uso da cultura reduziu cerca de 39,02 % os níveis de oxidação de

JBF durante o armazenamento e diminuiu o desenvolvimento de aroma de

requentado de JBF em aproximadamente 38,80 % em 90 dias de armazenamento;

- a cor sofreu influência da cultura iniciadora. A intensidade da cor

vermelha e razão a*/b* de JBF foram de 45,06 e 46,59 % maiores aos valores

obtidos de JB, respectivamente;

- JBF e JB apresentaram boa aceitação junto aos provadores, com

índices de aceitação de 93,33 e 70 %, respectivamente, com maior preferência ao

JBF;

- finalmente, as condições de processamento mostram que JB pode

ser elaborado em três dias, mantendo e melhorando as características originais de

jerked beef.

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98

ANEXOS

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99

Anexo I. Ficha de Avaliação do Índice de Aceitação.

Nome_______________________________________________Data:___________

Avalie a amostra codificada e use a escala abaixo para indicar o quanto você gostou

ou desgostou da amostra.

1. desgostei muitíssimo

2. desgostei muito

3. desgostei regularmente

4. desgostei ligeiramente

5. indiferente

6. gostei ligeiramente

7. gostei regularmente

8. gostei muito

9. gostei muitíssimo

Amostra: _________Valor: ___________

Cometário(s):

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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100

Anexo II. Curva Padrão de Oxidação Lipídica.

y = 0,7034x - 0,0021R2 = 0,9999

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0 0,1 0,2 0,3 0,4

Concentração (mols)

Abso

rbân

cia

(nm

)

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101

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