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11 1 INTRODUÇÃO São inúmeras as mudanças que se processaram na sociedade ao longo do tempo levando a construção de novos valores e a um novo padrão cultural. Essas mudanças afetam diretamente a escola que precisa estar preparada para acompanhar a evolução da sociedade, em todos os sentidos. Partindo desse pressuposto considera-se que o professor deve estar preparado para mediar as informações, esclarecendo ideias e conceitos para os educandos. A escola deve ter papel fundamental nos temas importantes na vida de crianças e adolescentes, favorecendo as discussões que levem a reflexão e contribua de forma efetiva com o desenvolvimento social e intelectual do aluno. Dentre os temas que mais chamam a atenção dos jovens é a sexualidade, daí a necessidade que esse tema seja discutido na escola complementando as informações que os estudantes trazem. Embora seja um assunto pertinente a todas as disciplinas é no ensino de Ciências e Biologia que se tem mais espaço em trabalhar com a temática. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’S) visam uma educação voltada para a construção da cidadania, sugerindo em forma de temas transversais, a inclusão da orientação sexual no currículo escolar, fornecendo assim contribuições importantes para o trabalho dos docentes. A percepção que o docente tem a respeito dessa temática influenciará em sua atuação metodológica. Para que haja uma efetiva educação sexual a atuação do docente, especialmente do ensino de Ciências e Biologia, objeto desse trabalho, deve ir além das explicações sobre a anatomia e fisiologia do corpo humano. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’S): Praticamente todas as escolas trabalham o aparelho reprodutivo em Ciências Naturais. Geralmente o fazem por meio da discussão sobre a reprodução humana, com informações ou noções relativas à anatomia e fisiologia do corpo humano. Essa abordagem normalmente não abarca as ansiedades e curiosidades das crianças, nem o interesse dos adolescentes, pois enfoca apenas o corpo biológico e não inclui a dimensão da sexualidade (BRASIL, 1998, p.292).

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1 INTRODUÇÃO

São inúmeras as mudanças que se processaram na sociedade ao longo do tempo

levando a construção de novos valores e a um novo padrão cultural. Essas

mudanças afetam diretamente a escola que precisa estar preparada para

acompanhar a evolução da sociedade, em todos os sentidos. Partindo desse

pressuposto considera-se que o professor deve estar preparado para mediar as

informações, esclarecendo ideias e conceitos para os educandos.

A escola deve ter papel fundamental nos temas importantes na vida de crianças e

adolescentes, favorecendo as discussões que levem a reflexão e contribua de forma

efetiva com o desenvolvimento social e intelectual do aluno. Dentre os temas que

mais chamam a atenção dos jovens é a sexualidade, daí a necessidade que esse

tema seja discutido na escola complementando as informações que os estudantes

trazem. Embora seja um assunto pertinente a todas as disciplinas é no ensino de

Ciências e Biologia que se tem mais espaço em trabalhar com a temática.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e os Parâmetros Curriculares

Nacionais (PCN’S) visam uma educação voltada para a construção da cidadania,

sugerindo em forma de temas transversais, a inclusão da orientação sexual no

currículo escolar, fornecendo assim contribuições importantes para o trabalho dos

docentes.

A percepção que o docente tem a respeito dessa temática influenciará em sua

atuação metodológica. Para que haja uma efetiva educação sexual a atuação do

docente, especialmente do ensino de Ciências e Biologia, objeto desse trabalho,

deve ir além das explicações sobre a anatomia e fisiologia do corpo humano.

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’S):

Praticamente todas as escolas trabalham o aparelho reprodutivo em Ciências Naturais. Geralmente o fazem por meio da discussão sobre a reprodução humana, com informações ou noções relativas à anatomia e fisiologia do corpo humano. Essa abordagem normalmente não abarca as ansiedades e curiosidades das crianças, nem o interesse dos adolescentes, pois enfoca apenas o corpo biológico e não inclui a dimensão da sexualidade (BRASIL, 1998, p.292).

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Destaca-se então a necessidade de uma atuação em sala de aula que viabilize aos

educandos uma tomada de consciência sobre atitudes e comportamentos

relacionados à sexualidade.

Em uma sociedade na qual sexualidade tem sido explorada de forma inconsequente

é cada vez mais necessário que os educadores estejam preparados para propiciar

uma orientação segura às crianças e adolescentes. De acordo com Teles (2001), “o

professor responsável pela educação sexual na escola deve apresentar uma postura

que favoreça sua atuação de modo a suprir a carência de informações por parte da

família”.

Com todas as mudanças ocorridas na sociedade não é mais possível que a

sexualidade seja vista apenas como ato sexual e que os educadores estejam

despreparados para atuarem de forma eficaz com relação a essa problemática. A

orientação sexual que é dada para os educandosfornece subsídios para que assim

possam enfrentar problemas com relação direta à sexualidade. Sendo assim para

evitar esses problemas existem um outro aliado que é a informação correta, fazendo

com que esses adolescentes reflitam e façam um autoconhecimento de sua própria

sexualidade (BRASIL, 1998, p. 292).

Discutir sobre a sexualidade com crianças e adolescentes na escola é importante

para que os mesmos tenham esclarecimentos seguros e condições de avaliar as

informações recebidas pela mídia, pelos amigos e familiares. Embora a escola seja

cobrada no sentido de orientar seus alunos sobre as questões sexuais o que se

observa é que nem sempre consegue obter resultados efetivos.

A prática do docente juntamente com a teoria é muito importante para a efetivação

da educação sexual. Essa prática, entretanto estará pautada na percepção que o

docente tem a respeito daquilo que está ensinando. Será que se sentem

preparados? Consideram a educação sexual realmente importante para a vida do

educando?

O presente estudo fez uma análise da percepção e atuação dos professores de

Ciências sobre o tema sexualidade no Colégio Municipal Edivaldo Machado

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Boaventura, em Cabaceiras do Paraguaçu-Ba, como meio de identificar se a escola

está cumprindo com o seu papel de facilitar a compreensão dos alunos a respeito do

tema sexualidade e suas implicações na vida cotidiana.

O docente tem que se sentir a vontade para abordar assuntos relacionados a

sexualidade e entrar em contato com algumas discussões sobre a temática e suas

diferentes abordagens, não sendo necessariamente preciso que ele seja um

especialista em orientação sexual (SAYÃO, 1997, p. 115).

A percepção do docente sobre a sexualidade irá direcionar sua prática para a

construção de um saber incorporado a história de vida do educando. Portanto o

ensino não é simplesmente a transmissão do conhecimento, mas sim um meio para

que possam ser criadas algumas possibilidades para a construção do conhecimento

(FREIRE, 2004). Desta forma quando se trabalha com a educação sexual é

importante que durante todo o processo haja a reflexão, envolvendo assim as

percepções de cada indivíduo e seus valores.

A percepção que o docente tem a respeito do tema conduzirá sua prática em sala de

aula. Sendo assim é relevante saber de que modo os professores de Ciências dos

anos finais do Ensino Fundamental percebem a sexualidade e como esta percepção

afeta sua atuação em sala de aula.

Desta forma, o objetivo geral deste trabalho foi analisar de que modo os docentes

de Ciências dos anos finais do Ensino Fundamental do Colégio Municipal Edivaldo

Machado Boaventura percebem a educação sexual e quais são as formas de

atuação que resultam desta percepção. Objetivou-se fazer com que os docentes

reflitam sobre o conceito de sexualidade; identificar se os professores de Ciências

sentem-se preparados para abordar a orientação sexual; mostrar o posicionamento

e a atuação dos docentes de Ciências nas aulas de orientação sexual.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 O CONCEITO DE SEXUALIDADE

Entretanto percebe-se que a educação sexual sempre foi muito repressora para

homens e mulheres. Antigamente as regras sociais dizia que a prática sexual era

permitida para os jovens apenas no matrimônio, restringindo-se ao crescimento

familiar, ou seja, para a reprodução (CONCEIÇÃO,1988).

A sexualidade, nas últimas décadas, passou rapidamente por mudanças que acabou

deixado os pais um pouco perdidos. Antigamente não havia dúvidas em querer

discernir sobre o que é certo ou errado por parte das famílias. Sendo assim

enfrentamos hoje uma questão muito complexa para a construção de princípios

voltados para a sexualidade (SUPLICY, 1991).

Assim que uma criança nasce, ela já recebe diferenciação sexual pela família

através das cores, roupas e brinquedos. Cabendo aos pais a incorporação das

diferenças existentes entre meninos e meninas, no qual a sociedade molda

conforme alguns elementos externos. Contudo só depois de um longo processo

biopsicossocial é que se define a identidade sexual do indivíduo, no qual suas

atitudes se justificam por influência da família (KNOBEL, 1992).

Ávila; Gouveia (1996, p. 166-167), fazem algumas considerações a respeito da

sexualidade, dizendo que:

[...] a sexualidade é um domínio cercado de mistérios, tabus, proibições, ao mesmo tempo em que tem sido secularmente, um discurso repetido até a exaustão, uma fala pública para uma prática privada, vivida como domínio de pura emoção, da natureza [...] A sexualidade, tem sido fortemente regulada, não tanto no âmbito da legislação, mas das relações cotidianas: é a religião, a família, a medicina, a psicanálise, a mídia que se constituem em elaboradores e repassadores de códigos e definições. Paralelamente, ela é o lugar por excelência de transgressão, numa eterna e séria brincadeira de ocultação e desvelamento.

De acordo com Cano; Ferriani; Gomes (2000, p. 20):

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[...] O exercício da sexualidade por homens que foram educados sob repressão, não lhes dava liberdade e nem sempre trazia benefícios, podendo mesmo haver prejuízos e cita como exemplos mais relevantes dessa situação o uso do sexo para agredir o sistema, o sexo com finalidades econômicas, além de sua exploração e vulgarização pelos meios de comunicação de massa [...]

Significando que a iniciação sexual da mulher se dava apenas no casamento, com

finalidades de reprodução, já para o homem era consentido à busca pelo prazer

extraconjugal e a prática sexual sem restrições (CANO; FERRIANI; GOMES, 2000).

A sexualidade, antigamente, tratava-se de um tema problemático, pois era

considerada como algo feio e imoral (BERALDO, 2003),apresentando este

pensamento uma forte ligação com a cultura e até mesmo ideias religiosas em

algumas décadas atrás.

Segundo Favero (2007, p.1):

[...] O termo “sexualidade” nos remete a um universo onde tudo é relativo, pessoal e muitas vezes paradoxal. Pode-se dizer que é traço mais íntimo do ser humano e como tal, se manifesta diferentemente em cada indivíduo de acordo com a realidade e as experiências vivenciadas pelo mesmo [...].

A sexualidade, segundo Foucault (2007, p.295) é o nome que pode ser dado a um

dispositivo histórico:

Não à realidade subterrânea que se apreende com dificuldade, mas à grande rede da superfície em que a estimulação dos corpos, a intensificação dos prazeres, a incitação ao discurso, a formação dos conhecimentos, o reforço dos controles e das resistências encadeiam-se uns aos outros, segundo algumas estratégias de saber e de poder.

Mas afinal como podemos conceituar a sexualidade? Para Cardoso (2008, p.77) os

“conceitos são construções artificiais ou constructos mentais criados pelo ser

humano para expressar uma ideia ou um conjunto de ideias inter-relacionadas”.

A pessoa que trouxe primeiro uma concepção da sexualidade diferenciando-a do

sexo, foi o Sigmund Freud, trazendo a sexualidade para o sentido de algo que desde

o nascimento é próprio de qualquer ser humano. Reportando-nos desde a fase do

desenvolvimento fetal identificando as diferentes manifestações da pulsão sexual,

que influem na organização do desenvolvimento psicossexual segundo as

instabilidades do desejo na fase adulta (MAIA, 2010).

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Por questões do envolvimento de sentimentos incentivando-nos a ter um contato

físico e afetivo, com relações íntimas, no qual a reprodução pode acontecer ou não,

é que se percebe que a sexualidade não se trata apenas do ato sexual. Sendo

assim, entende-se que a sexualidade faz parte da vida do ser humano desde o

nascimento até a morte. Enquanto que o sexo se restringe as questões biológicas,

com a diferenciação de particularidades físicas, como por exemplo, machos e

fêmeas (BRASIL, 2013; JESUS et al., 2008).

2.2 A EDUCAÇÃO SEXUAL NA ESCOLA

A educação sexual, de acordo com Suplicy (1991), pretende diminuir algumas

carências na qual são geradas pela “falta de informações, tentando acabar com o

preconceito e incentivando as discussões sobre sentimentos, ampliando a visão

sobre sexualidade”. Portanto considera-se que a educação sexual é fundamental

para facilitar o entendimento por parte de docentes, pais e educandos sobre essa

temática.

Os PCN’S (BRASIL, 1998, p. 291) afirmam que:

As manifestações da sexualidade afloram em todas as faixas etárias. Ignorar, ocultar ou reprimir são respostas habituais dadas por profissionais da escola, baseados na ideia de que a sexualidade é assunto para ser lidado apenas pela família.

De fato, cabe à família realizar a orientação sexual dos filhos, por meio de

informações adequadas e sem preconceitos, contudo, não é o que se verifica na

maioria das famílias.

Segundo os PCN’S:

A finalidade do trabalho de Orientação Sexual é contribuir para que os alunos possam desenvolver e exercer sua sexualidade com prazer e responsabilidade. Esse tema vincula-se ao exercício da cidadania na medida em que propõe o desenvolvimento do respeito a si e ao outro e contribui para garantir direitos básicos a todos, como a saúde, a informação e o conhecimento, elementos fundamentais para a formação de cidadãos responsáveis e conscientes de suas capacidades (BRASIL, 1998, p. 311).

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Sendo assim, para Saito; Leal (2000), a escola tem a função de desenvolver uma

educação sexual pautada na valorização do sujeito e de suas ações, propiciando

uma conscientização do respeito a si e ao outro. Deste modo percebe-se então que

a escola deve exercer o seu papel, enquanto uma instituição formadora de cidadãos,

fornecendo aos educandos a aprendizagem sobre a sexualidade a partir do seu

cotidiano.

A fase do desenvolvimento dos seres humanos em que passam por mudanças

significativas tanto orgânicas quanto socioculturais, interferindo em seu

comportamento e relações com a família e sociedade, chama-se adolescência

(MARTINI; BANDEIRA, 2003).

Segundo Beraldo (2003, p. 103), os adolescentes em sua maioria:

passam a maior parte do tempo na escola onde começam a se sociabilizar, aflorando sua sexualidade devido ao desenvolvimento corporal gerado pelos hormônios. A escola é o ambiente onde a interação com o mundo ao redor e com as pessoas que o cercam acontece. Depois do ambiente familiar é a escola que complementa a educação dada pela família onde são abordados temas mais complexos que no dia-a-dia não são ensinados e aprendidos, tendo esta uma imensa responsabilidade na formação afetiva e emocional de seus alunos.

Destaca-se que há diferenças quando falamos sobre a educação sexual e a

orientação sexual, tendo estes suas particularidades e abordagens em ambientes

diferenciados. Onde a educação sexual ocorre no meio familiar, que para Beraldo

(2003) “É uma experiência pessoal contida de valores e condutas transmitidos pelos

pais e por pessoas que o cercam desde bebê”. Ainda ressalta o autor que a

orientação sexual “é dada pela escola onde são feitas discussões e reflexões a

respeito do tema de uma maneira formal e sistematizada que constitui em uma

proposta objetiva de intervenção por parte dos educadores” (BERALDO, 2003).

Muitas das vezes a vulnerabilidade é favorecida pela falta de informação, resultando

em maiores riscos de contaminação por essas doenças, aumentando assim a

incidência de forma significativa entre os jovens (MARTINI; BANDEIRA, 2003).

Ressalta-se que se o assunto não é tratado em casa e nem na escola, as crianças e

adolescentes vão ter acesso a informações erradas sobre a sexualidade, veiculadas

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em sua maioria pela televisão, internet e outros. Sendo assim, cabe a família e a

escola, auxiliar o adolescente para que ele possa discernir e evitar situações riscos

(JARDIM; BRÊTAS, 2006).

Desta forma a escola é um ambiente adequado para o desenvolvimento de

atividades relacionadas a educação sexual, exercendo ações que diretamente

influem os educandos, e ao mesmo tempo incitando a família a realizar o seu papel,

de forma indireta. Destaca-se que o papel da escola não é o de tomar o lugar da

família, mas sim facilitar o crescimento do indivíduo por completo, através de

abordagens utilizadas na aprendizagem de forma apropriada (JARDIM; BRÊTAS,

2006; BERALDO, 2003).

O desenvolvimento sexual é uma das várias vulnerabilidades da adolescência,

tornando-se atualmente um dos temas de maior importância dessa fase, levantando

problemas como às Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST’s) e ao Vírus da

Imunodeficiência Humana (HIV), a gravidez precoce e o aborto inseguro (MARTINI;

BANDEIRA, 2003; JARDIM; BRÊTAS, 2006; ALMEIDA et al., 2011).

De acordo com Ribeiro (2009, p. 24): verifique se ele disse isso mesmo

A escola tem como responsabilidade prezar pela saúde de seus alunos e, sobretudo, formar cidadãos conscientes, críticos e responsáveis, tanto em uma dimensão individual quanto social. A educação sexual, no meio escolar, é um componente primordial para a construção desse cidadão, bem como na prevenção de agravos à saúde e à integridade física e mental dos estudantes, desconstruindo mitos, tabus e preconceitos.

Esses fatos tornaram-se algo tão preocupante que órgãos oficiais, como Ministério

da Educação e Cultura (MEC) vieram a expandir projetos sobre a orientação sexual

nas escolas, e incluir a temática nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’S)

levando em consideração como um tema transversal (ALMEIDA et al., 2011).

2.3 O DOCENTE E A EDUCAÇÃO SEXUAL

Goldberg (1988, p. 91) destaca que para essa tarefa “exige educadores na linha de

ação norteados pela reflexão permanente sobre seus objetivos e seus

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condicionamentos sociais”. Afirmando ainda o autor que os educadores poderiam

assim definir melhor seu papel, bem como identificar seus limites e necessidades de

informações sobre a sexualidade.

Para desenvolver um bom trabalho com a orientação sexual no âmbito escolar, os

docentes precisam estar bem preparados, no entanto, o que se percebe é que

muitas vezes o docente ignora ou não compreende o comportamento dos

educandos, frente as suas necessidade e dúvidas sobre a sexualidade. De acordo

com Suplicy (1991) “a criança chega à escola com todo tipo de falta de informação e

geralmente com uma atitude negativa em relação ao sexo. As dúvidas, as crendices

e posições negativas serão transmitidas aos colegas”.

O docente ao trabalhar com a sexualidade é essencial que esteja de bem consigo

mesmo, para poder estar mais a vontade ao se deparar com questões relacionadas

a esse tema, e também se identificando como um indivíduo sexual (NADYER;

VIVAS, 2000).

Estudar sobre a sexualidade, é uma procura do entendimento de nós mesmos,

enquanto indivíduos que tem uma vida ativa social, emocional e até mesmo sexual.

Alguns pais raramente falam com seus filhos sobre sexo, muitas das vezes por

constrangimento em relação ao tema ou por terem recebido uma educação

repressora de seus pais. Deste modo, os filhos sem a orientação correta que deveria

ser provida pela família, vão consultar informações de fontes erradas sobre esse

tema, resultando assim em conflitos (BERALDO, 2003).

Tendo o docente o papel de mediador e/ou facilitador para que as questões

trabalhadas em sala de aula envolvam reflexões de modo individual e coletivo,

permitindo que os educandos entendam o seu reconhecimento enquanto sujeito de

sua própria sexualidade, no qual construam práticas saudáveis para o

desenvolvimento de sua vida (SILVA; BENEVIDES-PEREIRA; SANTIN FILHO,

2008).

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Segundo Ribeiro (2009, p. 24):

Apesar da visível e urgente necessidade de abordar o tema da sexualidade, deparamo-nos com instituições e/ou profissionais de educação que não se comprometem, não se importam e/ou não se sentem capazes ou à vontade para tratá-lo de forma adequada e aberta com seus alunos. A sexualidade, como um aspecto inerente ao ser humano, acompanha o indivíduo em cada fase da vida e se manifesta sob formas multifacetadas, portanto não é possível ignorar as diversas maneiras de expressá-la por parte de crianças e adolescentes no âmbito escolar.

Ribeiro (2009) aponta que, abordar o tema da sexualidade na escola ainda é

complicado, pois existem educadores que não tratam desse tema como se fosse

algo que faz parte da vida, sendo assim não se deve ignorar algo que faz parte do

nosso ser.

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3 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo do tipo transversal, descritivo e de abordagem qualitativa,

realizado no período de 05 a 10 de outubro de 2012, com docentes do Colégio

Municipal Edvaldo Machado Boaventura, no município de Cabaceiras do Paraguaçu-

Bahia.

O público alvo da pesquisa foram sete (07) docentes que ministram aulas de

Ciências do 6º ao 9º ano neste colégio.

3.1 TÉCNICA DE COLETA DE DADOS

As estratégias para o desenvolvimento deste trabalho foram realizadas

primeiramente através de pesquisas bibliográficas nos bancos de dados: SCIELO,

LILACS, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Google Acadêmico, visando um

embasamento teórico a respeito do tema abordado.

Foi utilizado um questionário estruturado (APÊNDICE) com 6 questões abertas, no

intuito de identificar qual o perfil e as percepções dos docentes de Ciências do 6º ao

9º ano, têm sobre a sexualidade e principalmente a sua importância no âmbito

escolar.

3.2 PARÂMETROS AVALIADOS

Os parâmetros avaliados neste experimento foram a identificação e análise das

concepções dos docentes a respeito do tema.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com vistas a favorecer um melhor detalhamento dos resultados encontrados,

buscou-se apresentar no primeiro momento o perfil dos docentes entrevistados, e,

no segundo momento, algumas associações que destacaram aspectos relevantes

sobre a educação e sexualidade para a análise.

4.1 PERFIL DOS DOCENTES ENTREVISTADOS

Tabela 1 – Grupo de docentes entrevistados no Colégio Municipal Edvaldo Machado

Boaventura, Cabaceiras do Paraguaçu-Ba, 2013.

Nome Idade Sexo Formação Profissional Tempo de atuação em sala de aula

Docente 1 26 Masculino Biomedicina (Incompleto) 2 anos

Docente 2 27 Masculino Ciências Biológicas

(Incompleto)

5 anos

Docente 3 28 Feminino Educação Física 4 anos

Docente 4 33 Feminino Ciências Biológicas 7 anos

Docente 5 34 Feminino Pedagogia 12 anos

Docente 6 45 Feminino Pedagogia 6 meses

Docente 7 47 Feminino Pedagogia 20 anos

A Tabela 1, nos mostra que a maioria dos docentes é do sexo feminino (n=5; 72%) e

o tempo de atuação em sala de aula variou entre 6 meses a 20 anos. Resultados

similares foram encontrados, Silva; Benevides-Pereira; Santin Filho (2008), que

realizaram um estudo com 5 docentes de ambos os sexos, de escolas públicas

jurisdicionadas no noroeste do Paraná, constataram que a maioria dos docentes

(n=4; 80%) era do sexo feminino.

Quanto à formação profissional dos docentes, identificou-se que existem quatro (04)

docentes com cursos de formação diferentes, sendo eles: Biomedicina, Ciências

Biológicas, Educação Física e Pedagogia, e que dois ainda não concluíram o ensino

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superior, o que equivale a 28%, sendo esse valor inferior ao evidenciado pela

UNESCO (2004, p.76):

Sobre a educação superior dos professores, 67,6% deles afirmam ter concluído este nível de ensino – sendo que 61,9% o fizeram com formação pedagógica, ou seja, estão licenciados para a função que desempenham. Os docentes com apenas o ensino médio somam 32,3%, sendo que, dessa parcela, 83% têm formação pedagógica.

Segundo o artigo 62 da LDB nº 9.394/1996, a formação dos docentes para atuar na

educação básica far-se-á:

Em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio na modalidade normal (MESSEDER, 2012, p. 52).

De acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE)

“Atualmente, do universo de um milhão de professores da educação básica, cerca

de 700 mil não têm formação adequada para o nível em que atuam”. Relatando

ainda que um dos obstáculos enfrentados em busca de uma educação com

qualidade é a falta de formação (MÁTRIA, 2009, p.14).

Pode-se perceber que a recomendação para atuar como docente é a sua formação,

porém a realidade da escola estudada, apesar de não atender à LDB, é mais

favorável do que aquela apresentada pela Organização das Nações Unidas para a

Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Sendo assim, é importante conhecer a

trajetória de formação acadêmica do docente, pois nos fornecer informações

importantes quanto ao seu perfil profissional.

4.2 CONCEITUANDO SEXUALIDADE E SUA RELEVÂNCIA NO ÂMBITO

ESCOLAR

Com base nos resultados referentes ao que os docentes pensam sobre a

sexualidade, obteve-se respostas variadas. O Docente 1 relatou que:

A sexualidade é um termo amplo que está intimamente ligado ao desejo carnal, não só propriamente o ato sexual, mas a descoberta do corpo, que se inicia na adolescência. E a orientação sexual deve ser tratada de forma natural, pois é de grande relevância para o social, evitando problemas causados pela falta de informações na fase adolescência.

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O Docente 2 entende a sexualidade como um “conjunto de comportamentos ligados

aos instintos que geralmente se manifesta na adolescência”. Destacando que “a

orientação sexual é de suma importância, pois possibilita aos alunos uma maior

compreensão sobre o que diz respeito à sexualidade”.

Para o Docente 4 é o “conjunto de características que define cada indivíduo, está

diretamente relacionada com os sentimentos, sensualidade, prazer etc”.

Ressaltando que “é de grande importância por diversos fatores: confronta seus

valores; pode auxiliar no diagnóstico como conflitos interiores e exteriores,

angústias, dúvidas, mitos e dentre outros”.

Já o Docente 5 afirma que “é o conhecimento do corpo, do próprio corpo, suas

necessidades, vontades e cuidados. Descobertas sobre o seu corpo”. Trazendo que

a “orientação sexual dentro da escola é entendida como um processo de intervenção

pedagógico que visa transmitir informações, problematizar questões polêmicas

sobre sexualidade”.

De acordo com o Docente 6 “a sexualidade são pensamentos, sentimentos, ações e

interações que influenciam tanto a saúde física como mental”. Em que cabe a escola

abordar os diversos pontos de vista e crenças existentes na sociedade para auxiliar

o aluno a construir um ponto de auto referência por meio da reflexão.

O Docente 7 nos diz que:

Quando falamos de sexualidade estamos pensando nas energias que são canalizadas no nosso corpo, estamos falando de nossos desejos, de sensações prazerosas de nossa compreensão sobre a maneira como sentimos e lidamos com as questões que envolvem essas energias e de como controlamos os nossos impulsos relativos ao sexo.

Criados a partir das concepções humanas, os conceitos, podem ser diferentes para

alguns fenômenos iguais ou um mesmo conceito para fenômenos diferentes,

acontecendo então o mesmo com a sexualidade humana (CARDOSO, 2008). Sendo

assim a sexualidade, segundo Favero (2007), trata-se de “um termo amplamente

abrangente que engloba inúmeros fatores e dificilmente se encaixa em uma

definição única e absoluta”.

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Cada docente tem seus conceitos sobre a sexualidade que se completam, e

percebem a importância de se discutir sobre esse tema em sala de aula com os

seus educandos, pois se trata de algo importante para a vida de qualquer ser

humano que está em fase de desenvolvimento, principalmente para crianças e

adolescentes.

O docente 3 relata que a sexualidade trata-se de:

Um tema que deve ser abordado publicamente nas conversas entre colegas, pais, tios entre outros. Além de ser debatido nas escolas, revistas, tevês, jornais etc. [...] É de fundamental importância porque desperta a curiosidade e o desejo de aprender, evitando assim uma gravidez precoce. Pois a sociedade ou seja alguns pais ainda não são preparado para tratar desse assunto. Então a escola é um local apropriado.

Dessa forma entende-se que a sexualidade é um tema que deva ser discutido no

âmbito escolar e familiar, bem como nos meios de comunicação, sendo estes

verdadeiros aliados quando usados de maneira correta.

Diante das concepções acerca da sexualidade e da importância da orientação

sexual, destaca-se a concepção do Docente 7 afirmando que:

A orientação sexual é um trabalho formal e sistemático tem como relevância selecionar informações adequadas fugindo de preconceitos, no intuito de conscientizar o jovem de seu papel na sociedade, um jovem que recebe uma orientação adequada está bem mais apto a estabelecer relações afetivas saudáveis e ter uma vida sexual ativa e responsável.

Remetendo-se a refletir sobre o que havia sido exposto anteriormente, em relação a

postura que o docente deve ter em sala de aula se isentando de qualquer

preconceito, visando apenas em cumprir seu papel de orientar seus educados,

expondo de forma dinâmica sobre as questões relacionadas a sexualidade.

Sabe-se que existem formas diferentes de se abordar a sexualidade, que muitas das

vezes, o indivíduo o coloca de acordo com suas crenças e percepções. Identifica-se

que em determinados ambientes o tema é abordado de forma mais aberta e bem

aceito, mas em outros ambientes já pode ser visto com um olhar mais

preconceituoso (FAVERO, 2007).

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Foi feita uma pergunta para os docentes sobre o seu cotidiano pedagógico, no

intuito de identificar quais questões eram mais evidenciadas pelos educandos

relacionadas a sexualidade. Segundo o Docente 5, “Os educandos sempre reportam

virgindade, à postura que meninas devem ter sobre sexo na maioria das vezes

preconceituosa e questões sobre doenças sexualmente transmissíveis”.

Ainda assim foi colocado pelos Docentes 1; 2; 3; 4; 6 e 7, que as perguntas

frequentes são sobre “A puberdade, a importância da preservação do corpo,

métodos contraceptivos, gravidez precoce, aborto, e informações sobre Doenças

Sexualmente Transmissíveis (DSTs)”.

O papel da sexualidade na escola é levar os educandos, segundo suas percepções

e experiências, a promover a reflexão fornecida através de informações sobre as

várias abordagens da sexualidade (RIBEIRO, 2009).

Sendo perceptível que existe uma demanda por parte dos educandos em querer

saber mais sobre o seu corpo e sua sexualidade, e não só a parte biológica, mas

também no contexto social. Infelizmente, no Colégio Municipal Edvaldo Machado

Boaventura, percebe-se que essa demanda pouco é suprida. Sabe-se que a função

do docente e da escola é justamente esclarecer e informar os educandos sobre

como enfrentar essas questões da sexualidade de forma muito mais responsável e

consciente.

4.3 O PAPEL DA ESCOLA FRENTE À ORIENTAÇÃO SEXUAL

Quanto ao processo de formação dos docentes frente a educação sexual, observa-

se que 58%, relataram que durante a sua formação profissional não tiveram

preparação para trabalharem com educação sexual, 28% responderam que sim e

14% responderam que muito pouco (Gráfico 1).

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Gráfico1 – Porcentagem dos docentes do Colégio Municipal Edvaldo Machado

Boaventura sobre a preparação para se trabalhar com a educação sexual

durante sua formação. Cabaceiras do Paraguaçu-Ba, 2012.

O Docente 7, argumenta que:

A sexualidade sempre foi um tema de difícil discussão é necessário que a escola tenha educadores preparados para esclarecer as dúvidas dos alunos. É importante que o professor compreenda as manifestações da sexualidade como parte do desenvolvimento saudável, prazeroso de todo ser humano.

Já o Docente 5, afirma que não teve preparação em relação a esse tema durante

sua graduação, mas que buscou por necessidade cursos de formação sobre

sexualidade e orientação sexual.

Segundo Nadyer; Vivas (2000, p. 155), entre os profissionais da área da Educação

existe:

Um consenso a respeito de que a orientação sexual é essencial para crianças e adolescentes, não podendo ficar fora das salas de aula. Entretanto, não existe nos cursos de graduação e formação de educadores disciplinas que realmente os preparem para compreender e atuar com a sexualidade nas escolas, deixando de lado velhos tabus e levando em conta a realidade sociocultural em que o aluno se encontra inserido.

Na pesquisa, os docentes relatam que buscam por conta própria, cursos de

capacitação sobre o tema para estarem aptos as questões manifestadas pelos

educandos no que diz respeito a sua sexualidade. Nesse sentido, compreendemos o

porquê de ainda existir dificuldades por parte da escola e de alguns docentes em

28%

58%

14%

SIM

NÃO

MUITO POUCO

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trabalhar sobre essa temática em sala de aula, pois frequentemente não é abordado

na graduação.

Outro ponto de vista observado dos docentes, foi em relação, ao papel da escola em

orientar os educandos de maneira consciente e responsável. Após a análise conclui

que 72% dos docentes disseram que nesse sentido a escola não estava exercendo

o seu papel, 14% disseram que sim, e 14% às vezes (Gráfico 2).

Gráfico 2 – Porcentagem das percepções dos docentes sobre a atuação do Colégio

Municipal Edivaldo Machado Boaventura no cumprimento do seu papel de

orientar sexualmente seus alunos. Cabaceiras do Paraguaçu – Ba, 2012.

Segundo o Docente 3 “apesar de ser um tema que hoje faz parte da realidade dos

adolescentes, a escola trabalha muito pouco com essa questão”. Enquanto que o

Docente 1, afirma que “sente falta de projetos relacionados às informações sobre a

sexualidade”.

Concordando com os demais, o Docente 4 diz que:

o conhecimento é o único caminho para que o jovem não se exponha a mitos que possam impedi-lo de viver de forma saudável sua sexualidade uma vez que, não existem projetos amplos para trabalhar o tema em todas as turmas.

14%

72%

14%

SIM

NÃO

AS VEZES

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Em contrapartida, o Docente 2 afirma que “a escola atua, mas o necessário é

projeto, pois surte mais efeito, principalmente se existir feira de Ciências ou feira de

orientação sexual”.

Para o Docente 5, “dentro da escola a sexualidade ainda é vista como um tabu

ficando a cargo do professor de Ciências tentar explorar o tema dentro do seu

conteúdo curricular, deixando defasagens”, sendo assim a falta de preparação de

alguns docentes de outras áreas influência nesse ponto. O Docente 7 nos diz que “a

orientação sexual não pode ser uma matéria escolar porque a sexualidade faz parte

da vida, é uma matéria dinâmica do cotidiano e não dos livros, do quadro de giz”.

Esse resultado nos mostra, a lamentável realidade desse colégio, e de tantos outros

no Brasil, que teriam que afirmar o seu compromisso enquanto uma instituição e/ou

ambiente que venha a nortear os seus educandos acerca das questões que os

envolvem. Desta forma, Ribeiro (2009) afirma que “a escola tem que estar preparada

para apreender e compreender todas as manifestações do educando”, com a

finalidade de “orientá-lo em suas buscas, ajudá-lo a sanar dúvidas e superar medos,

incitá-lo a refletir, questionar e descobrir o melhor caminho a ser trilhado”.

Posteriormente foi feita aos docentes a seguinte pergunta: Enquanto educador como

tem atuado com a questão sexual dentro da sala de aula? Sente-se a vontade em

tratar desta questão com os seus alunos?

O Docente 1, nos respondeu que :

O entendimento das fases da vida é de grande interesse pelos alunos ao se tratar da puberdade, formação do corpo, produção de hormônios, anatomia dos sistemas sexuais. Observa-se uma maior atenção dos alunos. Sinto-me a vontade ao falar sobre essas questões.

O Docente 7, busca “trabalhar a orientação sexual com base nos Parâmetros

Curriculares Nacionais (PCN) que auxilia nas discussões pedagógicas escolares.

Este docente se mostra disponível para a conversa e tenta abordar as questões de

forma direta e esclarecedora”. Afirmando também o Docente 4, que procura

“contribuir da melhor forma possível para o amplo conhecimento dos discentes,

transmitindo informações aos jovens a respeito da sexualidade humana”. O docente

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ao trabalhar com a orientação sexual em sala de aula é essencial que seja capaz de

analisar sua postura e seus conhecimentos, evitando desse modo que haja alguma

abordagem preconceituosa acerca do tema (ALMEIDA et al., 2011).

Segundo o Docente 2, “varia muito com a turma, e esta relacionado com a faixa de

idade. Mais eu me sinto a vontade em responder as perguntas que eles fazem”. Já

para o Docente 5, o mesmo relata que “mesmo sentindo-se capaz de falar

claramente de sexualidade, não tem espaço para atuar”. Esta fala remete-se sobre o

papel da escola, e principalmente no apoio que ela tem que dar para que esse

assunto seja ampliado significativamente no âmbito escolar. Dentre os docentes,

apenas o Docente 6, relatou que “durante o período em sala ainda não tive a

oportunidade de trabalhar com o tema”.

O Docente 3, diz que “procuro tratar de forma natural, porém não me sinto

confortável quando são levantadas algumas questões relacionada a tal tema”.

Entretanto a reação do docente frente a essa questão, pode ser consequência de

sua formação pessoal e/ou profissional, tratando-se de uma concepção já existente

sobre a sexualidade (ALMEIDA et al., 2011).

Desta forma o docente de Orientação Sexual, segundo Beraldo (2003), deve ser

“uma pessoa aberta, livre de mitos e preconceitos referentes a sexualidade para

melhor ministrar a turma sem causar problemas com a instituição, pais, alunos e

professores”. Desta forma possa estar abordando assuntos relacionados ao tema

por meio de aulas dinâmicas e expositivas (BERALDO, 2003).

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5 CONCLUSÃO

Conclui-se que os docentes, encaram a sexualidade como algo que faz parte do

desenvolvimento natural de qualquer ser humano e demostraram que abordagens

sobre o tema são relevantes e essenciais em sala de aula. E que durante a

formação dos docentes, o tema sexualidade é colocado de forma bem superficial

como parte de seu currículo, ficando dessa maneira, grande parte dos docentes,

sem a base para fornecer orientação sexual.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante da análise dos dados e discussões expostos ao longo do texto, pôde-se

perceber que a equipe do Colégio Municipal Edvaldo Machado Boaventura ainda

encontra muitas dificuldades em se trabalhar com a sexualidade no âmbito escolar.

Essa questão foi apontada pelos docentes, os quais relataram que a escola não

exercia o seu papel, em orientar os educandos de maneira consciente e

responsável.

Nota-se que é imprescindível também a conscientização dos docentes, pois eles

passam a maior parte do tempo com os educandos, sendo importante o preparo

para lidarem com a sexualidade de acordo com o cotidiano deles. Entretanto apesar

da LDB e dos PCN’S fornecerem orientações que apoiem o trabalho dos docentes

com a orientação sexual, ainda é preciso outros trabalhos que sejam mais eficazes

no campo da educação sexual.

Os resultados deste estudo evidenciaram a importância de se fazer mudanças nos

currículos de formação dos docentes, preparando-os para trabalharem com o tema

sexualidade e assim, lidarem com as situações manifestadas pelos educandos em

sala de aula.

Fica explícito nos resultados do referido estudo, que os docentes fazem o que

podem para proporcionar a orientação sexual em sala de aula, apesar da escola em

que eles atuam não ter um trabalho estruturado com o tema transversal. Com os

resultados identificou-se a existência de docentes que não se sentem a vontade em

tratar desse tema em sala de aula, mas a maioria dos docentes questionados, o

trabalho com sexualidade tem sido feito à medida que os alunos manifestem as

dúvidas sobre o assunto. Sendo assim sugere-se que haja um trabalho em conjunto

com a direção desse colégio e a Secretaria de Educação Municipal, que venham

promover projetos (capacitação, oficinas, realização de palestras), voltado para essa

temática de forma que contemple a todos os envolvidos no âmbito escolar.

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Cabe ao docente se remeter a questões nas quais o educando possa se

conscientizar dos seus atos. Simplesmente mostrando-os quais são as principais

consequências e riscos caso façam escolhas erradas.

Espera-se que este estudo possa contribuir para a compreensão da complexidade

encontrada para a prática da educação sexual nas escolas, e que também sirva de

base para futuras pesquisas.

Algumas sugestões para outros estudos podem ser oferecidas: “Como as escolas da

rede municipal de Cabaceiras do Paraguaçu desenvolvem suas atividades sobre

orientação sexual?”, “Quais as percepções dos educandos sobre o tema

sexualidade?” e “Como estimular as escolas do município para que desenvolvam

projetos consistentes para a educação sexual?”.

Desta forma, para que tenhamos uma educação libertadora e transformadora, é

essencial que o docente leve em consideração a relevância do tema e aprenda a

lidar com ele, isentando-se de mitos e preconceitos, podendo assim dar a orientação

necessária para a criança e o adolescente sobre a sexualidade.

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APÊNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA

CENTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES

CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS DA NATUREZA

QUESTIONÁRIO

1. Perfil dos Docentes

Nome:______________________________________________________________

Idade:_________________Tempo de atuação em sala de aula:_________________

Formação:___________________________________________________________

2. Percepções sobre a Sexualidade na Educação

1) O que você pensa sobre a sexualidade?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

2) Como educador, qual a relevância da orientação sexual dentro do âmbito escolar?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3) No seu cotidiano pedagógico, que questões relativas a sexualidade são mais

evidenciadas pelos educandos?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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4)No seu processo formativo você foi preparado para o trabalho com educação

sexual? Justifique.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

5) Na sua opinião a escola tem cumprido o seu papel de orientar sexualmente os

alunos de maneira consciente e responsável?Justifique.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

6) Enquanto educador como tem atuado com a questão sexual dentro da sala de

aula? Sente-se a vontade em tratar desta questão com os seus alunos?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________