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UNICENP – CENTRO UNIVERSITÁRIO POSITIVO NÚCLEO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS CURSO DE ENGENHARIA DA COMPUTAÇÃO SISTEMA DE BIOTELEMETRIA PARA MONITORAÇÃO DE ATIVIDADE FÍSICA EM TEMPO REAL Autor: Bruna Segantini Prof. Orientador: José Carlos da Cunha Curitiba 2003

UNICENP – CENTRO UNIVERSITÁRIO POSITIVO · Sistema de Biotelemetria Para Monitoração de Atividade Física em Tempo Real José Carlos da Cunha 1, Bruna Segantini 2 1Professor

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  • UNICENP – CENTRO UNIVERSITÁRIO POSITIVO NÚCLEO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS

    CURSO DE ENGENHARIA DA COMPUTAÇÃO

    SISTEMA DE BIOTELEMETRIA PARA MONITORAÇÃO DE ATIVIDADE FÍSICA EM TEMPO REAL

    Autor: Bruna Segantini Prof. Orientador: José Carlos da Cunha

    Curitiba 2003

  • Sistema de Biotelemetria Para Monitoração de Atividade Física em Tempo Real

    José Carlos da Cunha1, Bruna Segantini2

    1Professor de Engenharia da Computação

    2Aluna do 4o ano do Curso de Engenharia da Computação Departamento de Engenharia da Computação,

    Centro Universitário Positivo (UNICENP), Brasil, 81280-330 Fone: +55 41 317 3000, Fax: +55 41 317 3000

    [email protected], [email protected] Resumo – Problemas cardíacos são uma das grandes causas de mortes no Brasil. O eletrocardiograma (ECG), que consiste no registro da atividade elétrica do coração, é um exame essencial para o acompanhamento da função cardíaca e, conseqüentemente, é de extrema importância no diagnóstico de suas patologias.Com a monitoração da freqüência cardíaca, a pessoa tem maior segurança e eficiência durante a realização do exercício físico.

    A freqüência cardíaca deve variar sempre entre um limite máximo e mínimo. Esta varia de pessoa para pessoa. No caso de alguma variação que não esteja nesses limites, pode-se constatar desde uma baixa eficiência do condicionamento físico e em caso extremo, até o óbito do indivíduo.O monitoramento cardíaco em práticas de exercícios físicos é de extrema importância para se detectar um possível problema ou alguma alteração indesejada.

    Em face disso, o projeto objetiva ser uma ferramenta que fará uma monitoração contínua da freqüência cardíaca durante a prática do exercício, proporcionando uma maior segurança à saúde da pessoa e uma maior eficiência no processo de condicionamento físico.

    Este trabalho tem o intuito de desenvolver um equipamento eletrônico portátil, capaz de transmitir o eletrocardiograma do indivíduo a ser monitorado. Este dispositivo é interfaceado a um computador para o cálculo da freqüência registrada em tempo real, bem como, a visualização do eletrocardiograma.

    Com este projeto pretende-se facilitar o monitoramento da atividade física para uma detecção rápida e eficiente de algum problema indesejado.

    Palavras-chave: Eletrocardiograma, Biotelemetria, Freqüência Cardíaca. Abstract – Cardiac problems are one of the biggest causes of death in Brazil. The electrocardiogram (ECG), which is a registry of the electrical activity from the heart, is a very important examination for accompaniment’s heart function and, consequently, is a great tool in diagnostic’s pathologies. The accompaniment of the cardiac frequency offers more security and efficiency along physical exercises. Cardiac frequency must be, always, between a maximum value and a minimum one. If appears a different value from those limits, it can cause a low efficiency in the physical activity or, in a extreme case, causes the death. In face of this, the project pretends to be a tool to accompany cardiac frequency in real time though the exercises, offering a better security to person’s health and a bigger efficiency in physical activity. Keywords: Electrocardiogram, Biotelemetry, Heart Frequency.

  • 3

    SUMÁRIO , i LISTA DE ABREVIATURAS..............................................................................................ii LISTA DE FIGURAS...........................................................................................................iii LISTA DE TABELAS..........................................................................................................iv 1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................09

    2. ESPECIFICAÇÃO........................................................................................................10 2.1. Descrição........................................................................................................................................... 10

    2.1.1. Objetivo geral.......................................................................................................................10

    2.1.2. Objetivo específico...............................................................................................................10

    2.2. Fundamentação Teórica.....................................................................................................................11

    2.2.1.Arritmias e freqüência cardíaca durante o exercício físico........................................................11

    2.2.2.Fisiologia do coração..................................................................................................................13

    2.2.3. Eletrocardiograma.....................................................................................................................15

    2.2.4. A aquisição e o registro do eletrocardiograma..........................................................................19

    2.2.5. Transmissão via rádio................................................................................................................22

    2.3. Especificação do Hardware................................................................................................................24

    2.3.1. Amplificador de instrumentação...............................................................................................24

    2.3.2. Filtros ativos..............................................................................................................................26

    2.3.3. Conversor A/D...........................................................................................................................28

    2.3.4. Módulo de transmissão e recepção............................................................................................28

    2.3.5. Porta paralela.............................................................................................................................30

    2.3.6. Eletrodos................................................................................................................................... 32

    2.3.7. Conversão tensão-freqüência e freqüência-tensão....................................................................32

    2.3.8. Diagrama de blocos do hardware..............................................................................................34

    2.4. Especificação do Software.................................................................................................................35

    2.4.1. Ferramentas de desenvolvimento..............................................................................................35

    2.4.2. Linguagem C/C++.....................................................................................................................35

    2.4.3. Software no sistema...................................................................................................................35

    2.4.4. Diagrama de blocos do software...............................................................................................37

    2.4.5. DFD...........................................................................................................................................38

  • 4

    2.5. Especificação de Validação...............................................................................................................38

    3. PROJETO.............................................................................................................................................40 3.1. Visão geral.........................................................................................................................................40

    3.2. Funcionamento...................................................................................................................................40

    3.3. Módulos.............................................................................................................................................43

    3.3.1. Descrição do hardware..............................................................................................................43

    3.3.1.1. Lista de componentes...............................................................................................43

    3.3.1.2. Diagrama do hardware.............................................................................................43

    3.3.2. Descrição do software...............................................................................................................45

    3.3.2.1. Casos de uso.............................................................................................................45

    3.3.2.2. Diagrama de classes.................................................................................................46

    3.3.2.3. Diagrama de seqüência.............................................................................................46

    3.3.2.4. Interface....................................................................................................................47

    3.3.2.4. Ciclo de execução.....................................................................................................48

    4. IMPLEMENTAÇÃO........................................................................................................................49 4.1. Circuito de alimentação.....................................................................................................................49

    4.2. Amplificador de instrumentação e filtros...........................................................................................50

    4.3. Conversão tensão/ freqüência e transmissão......................................................................................51

    4.4. Aquisição do sinal..............................................................................................................................53

    4.5. Conversão A/D............................................. .....................................................................................56

    4.6. Software................................................................ ............................................................................57

    5. RESULTADOS....................................................................................................................................59

    6. CONCLUSÃO.................................................................................................................................... 63

    7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................64

    8. ANEXOS... ............................................................................................................................................65

  • 5

    LISTA DE ABREVIATURAS,ii A/D - Analógico /Digital AI – Amplificador de instrumentação Bpm – Batimentos por minuto CMRR – Common mode rejection rate ou Razão de rejeição em modo comum dB – decibéis ECG – Eletrocardiograma EEG – Eletroencefalograma EMG – Eletromiograma FCM – Freqüência cardíaca máxima FM - Frequency Modulation (Modulação em freqüência) FPF – Filtro passa – faixa freq – Freqüência F/V – freqüência/ tensão kbps – Kilo bits por segundo mA – Mili Ampères MHz - Mega Hertz RC – Resistor /capacitor Rx – Módulo de recepção Tx – Módulo de transmissão V – Volts V/F – tensão/ freqüência

  • 6

    LISTA DE FIGURAS,iii

    Fig.1. As partes principais do coração.................................................................................15

    Fig.2. Eletrofisiologia do coração........................................................................................16

    Fig.3. Ondas do Eletrocardiograma......................................................................................17

    Fig.4. Eletrocardiograma padrão..........................................................................................19

    Fig.5. Circuito de amplificador do ECG..............................................................................21

    Fig.6. Circuito mais simplificado de amplificador do ECG.................................................21

    Fig.7. Amplificador de instrumentação INA118 da Texas Instruments...............................25

    Fig.8. Curva de resposta em freqüência de um filtro passa – faixa......................................27

    Fig.9. Tipos de antenas.........................................................................................................30

    Fig.10. Eletrodos metal plate ..............................................................................................31

    Fig.11. Diagrama em blocos do conversor V/F...................................................................32

    Fig.12. Diagrama em blocos do conversor F/V...................................................................33

    Fig.13. Exemplo da conversão V/F e F/V............................................................................33

    Fig.14.Diagrama em blocos do hardware.............................................................................34

    Fig.15. Cálculo usado para saber a faixa de freqüência indicada para o individuo.............36

    Fig.16. Diagrama em blocos do software.............................................................................37

    Fig.17. DFD (Diagrama de Fluxo de Dados).......................................................................38

    Fig.18. Diagrama em blocos do projeto...............................................................................41

    Fig.19. Módulo de transmissão do projeto...........................................................................44

    Fig.20. Módulo de aquisição do projeto...............................................................................44

    Fig.21. Protótipo da tela do software...................................................................................47

    Fig.22. Fluxograma do ciclo de processamento do software...............................................48

    Fig.23. Circuito de estabilização de tensão..........................................................................49

    Fig.24. Circuito de aquisição do ECG e do filtro passa-faixa..............................................50

    Fig.25. Forma de onda do ECG capturado do simulador.....................................................51

    Fig.26. Forma de onda do ECG capturado do simulador.....................................................51

    Fig.27. Circuito do conversor V/ F LM331 (Texas Instruments)........................................52

    Fig.28. Formas de onda do ECG capturado e de sua modulação digital..............................52

    Fig.29. Circuito de transmissão via rádio.............................................................................53

    Fig.30. Circuito de aquisição via rádio.................................................................................54

  • 7

    Fig.31. Circuito do comparador de zero...............................................................................54

    Fig.32. Circuito do conversor F/V LM331 (Texas Instruments).........................................55

    Fig.33. Formas de onda do sinal recuperado após a transmissão e o sinal de ECG após a

    conversão F/V.......................................................................................................................56

    Fig.34. Circuito de conversão A/D.......................................................................................57

    Fig.35. Teste realizado com simulador..... ..........................................................................60

    Fig.36. Teste realizado com indivíduo 1..............................................................................60

    Fig.37. Teste realizado com indivíduo 2..............................................................................60

    Fig.38. Teste realizado com indivíduo 3..............................................................................61

    Fig.39. Tela do software do teste com simulador.................................................................61

    Fig.40. Tela do software do teste com simulador.................................................................62

  • 8

    LISTA DE TABELAS,iv Tab.1. Tabela das atividades de teste do sistema proposto..................................................39

  • 9

    1. INTRODUÇÃO

    Problemas cardíacos são uma das grandes causas de mortes no Brasil. O

    eletrocardiograma (ECG), que consiste no registro da atividade elétrica do coração, é um

    exame essencial para o acompanhamento da função cardíaca e, conseqüentemente, é de

    extrema importância no diagnóstico de suas patologias.

    O projeto tem como objetivo fazer a monitoração da freqüência cardíaca e do

    eletrocardiograma (ECG) da pessoa, em tempo real, enquanto a mesma está praticando sua

    atividade física. Tal monitoração é de extrema importância, tanto para indivíduos com

    histórico de problemas cardíacos quanto para indivíduos tidos como saudáveis, pois podem

    ser diagnosticadas patologias cardíacas e arritmias que se detectadas precocemente, podem

    ser tratadas e não ocasionar danos ao indivíduo. Além disso, o monitoramento pode ser

    interpretado de maneira que um professor de educação física, fisioterapeuta, médico ou

    qualquer outro profissional da saúde possa dizer se a atividade está de acordo com as

    expectativas. Esta pode estar resultando em um desempenho físico baixo, ocasionando uma

    baixa eficiência do exercício físico, e por outro lado, o paciente pode estar excedendo a

    freqüência cardíaca máxima, o que pode comprometer sua saúde.

    Para realizar este procedimento, a pessoa a ser monitorada deve estar conectada a

    eletrodos, os quais levantarão os dados os dados de sua atividade elétrica cardíaca, que

    serão transmitidos em tempo real a um módulo de aquisição. Este módulo está conectado a

    um computador com o software do projeto, que permite a visualização do ECG da pessoa e

    a freqüência cardíaca da mesma em tempo real. Além disso, um flag de alerta é acionado

    sempre que a freqüência da pessoa esteja fora da faixa ideal para a mesma durante a prática

    do exercício físico.

    Vários tópicos foram estudados para a realização desse projeto, entre eles, pode-se

    citar: transmissão via rádio, aquisição do sinal de ECG, circuitos de tratamento e

    recuperação do sinal, conversão analógica/ digital. Nesse documento estão os princípios de

    funcionamento de tais circuitos, bem como, o estudo da parte teórica necessária para o

    entendimento do assunto para a realização do projeto.

  • 10

    2. ESPECIFICAÇÃO

    2.1. Descrição

    Durante a prática de exercícios físicos, alterações indesejadas podem ocorrer

    colocando em risco a vida da pessoa. Desta forma, o monitoramento da freqüência cardíaca

    durante a atividade é de extrema importância para a segurança da pessoa bem como para a

    eficiência do treinamento ou condicionamento.

    Problemas cardíacos são uma das grandes causas de mortes no Brasil. O

    eletrocardiograma (ECG), que consiste no registro da atividade elétrica do coração, é um

    exame essencial para o acompanhamento da função cardíaca e, conseqüentemente, é de

    extrema importância no diagnóstico de suas patologias [2].

    2.1.1. Objetivo Geral

    O monitoramento cardíaco em práticas de exercícios físicos é de extrema

    importância para se detectar um possível problema ou alguma alteração indesejada. Em

    face disso, o projeto teve por objetivo ser uma ferramenta que fará um monitoramento

    contínuo da freqüência cardíaca durante a prática do exercício, proporcionando uma maior

    segurança à saúde da pessoa e uma maior eficiência no processo de condicionamento

    físico.

    2.1.2. Objetivo Específico

    Para monitorar o indivíduo durante a prática do exercício, será necessário conhecer

    a idade do mesmo e sua freqüência basal, que consiste na freqüência em repouso. Esta será

    medida durante a calibração do sistema. Antes de começar a atividade física, a pessoa

    coloca três eletrodos no tórax. Com base na idade calcula - se a freqüência mínima e

    máxima da pessoa [10].

  • 11

    A freqüência cardíaca em tempo real será mostrada na tela, bem como flags de

    ‘okay’ e ‘alerta’. Se a freqüência registrada estiver entre a freqüência mínima e a máxima,

    o flag de ‘okay’ estará acionado, do contrário, o flag ‘alerta’ será acionado.

    2.2. Fundamentação Teórica

    2.2.1. Arritmias e freqüência cardíaca durante o exercício físico

    O ECG [6] pode ser valioso na detecção de anormalidades cardíacas anatômicas,

    fisiológicas ou funcionais. Devido ao seu baixo custo, simplicidade e uso comum durante

    os últimos 50 anos, o ECG ainda é um dos instrumentos clínicos mais eficiente em toda

    medicina. Além do ECG de repouso, que se tornou um estudo diagnóstico essencial na

    investigação cardiológica, existem duas aplicações especiais do ECG que têm utilidade

    clínica em situações: eletrocardiografia ambulatorial e eletrocardiografia durante esforço.

    A freqüência cardíaca nos indivíduos normais é determinada pela freqüência de

    descarga das células marcapasso no nódulo sinoatrial. Embora as células marcapasso

    tenham uma freqüência intrínseca da formação do impulso, a freqüência cardíaca normal é

    influenciada por controle extrínseco que inclui o sistema nervoso autônomo, as

    catecolaminas circulantes e outras substâncias bioquímicas produzidas no organismo ou

    administradas como drogas [10].

    Em repouso, a freqüência cardíaca está em geral entre 60 e 90 batimentos por

    minuto (bpm) e fica, predominantemente, sob influência do sistema nervoso

    parassimpático. Durante atividades físicas, a freqüência cardíaca aumenta, na medida em

    que a atividade nervosa parassimpática diminui e os estímulos simpáticos e catecolaminas

    circulantes aumentam [10].

    Nos indivíduos sadios a freqüência máxima de descarga do nódulo sinoatrial é

    determinada pela idade, sendo aproximadamente 220 menos a idade. Existe uma variação

    considerável da freqüência cardíaca máxima entre os indivíduos da mesma idade, com

    desvio-padrão de mais ou menos 10 bpm. Por essa razão, com o avanço da idade, a

    freqüência cardíaca máxima diminui em aproximadamente 1 bpm/ano [6].

  • 12

    A realização bem-sucedida de exercícios físicos requer a interação coordenada de

    três importantes sistemas orgânicos: os músculos esqueléticos, o sistema cardiovascular e o

    sistema respiratório. Esses três sistemas estão diretamente acoplados para prover a troca

    gasosa homeostática, isto é, oxigênio e dióxido de carbono entre o ambiente externo e as

    fibras musculares em atividade. Durante atividades progressivas de exercício cada sistema

    ajusta sua função em uma base de momento a momento, de acordo com as necessidades

    metabólicas do organismo, principalmente aquelas dos músculos em exercício [7].

    É importante observar que um distúrbio ou queda dentro de um ou mais desses

    sistemas orgânicos pode ser a causa de uma tolerância limitada do individuo ao exercício

    [7]. O trabalho de constatação de uma incapacidade suspeita ou da intolerância ao

    exercício pode necessitar de uma avaliação abrangente de todos os três sistemas orgânicos

    a fim de determinar os mecanismos específicos responsáveis pela alteração do paciente.

    O ecocardiograma e o eletrocardiograma têm um papel essencial no diagnostico de

    distúrbios cardiovasculares que podem predispor atletas jovens à morte cardíaca repentina

    durante atividades relacionadas a esportes. Com este método de diagnóstico,

    anormalidades estruturais do miocárdio, da aorta e das válvulas cardíacas podem ser

    detectadas e acompanhadas permitindo verificar a progressão da enfermidade que pode

    impedir a participação segura em esportes [8].

    Métodos especiais de registro da freqüência e do ritmo cardíaco podem ser eficazes

    na detecção de alterações do ECG. A telemetria, ou registro do ECG sem fio, pode ser

    apropriada em quadros nos quais a freqüência e o ritmo podem ser acompanhados

    visualmente por um técnico em ECG: isto pode ser realizado durante jogos como basquete

    ou futebol. O registro de eventos (com o uso de um dispositivo de gravação portátil

    acionado pelo individuo) pode revelar distúrbios do ritmo de uma pessoa sintomática

    durante o evento e que consegue acionar a gravação durante o quadro clínico [9].

    O músculo cardíaco, ao contrário do que ocorre com os músculos esqueléticos,

    encontra-se em constante atividade. A mobilização energética para o constante trabalho de

    contração dá-se, sobretudo através de processos aeróbicos. A grande quantidade de

    mitocôndrias das células cardíacas denota sua especialização neste tipo de mobilização

    energética – até 30% do volume cardíaco pode se dever às mitocôndrias, enquanto que em

    células musculares esqueléticas de pessoas treinadas este percentual atinge de 5 a 10%-, as

  • 13

    células cardíacas apresentam também uma grande atividade de enzimas envolvidas na

    mobilização aeróbica de energia. A oxidação de ácidos graxos é responsável pelo

    fornecimento de até 80% da energia; a glicose e lactose, por 10% [10].

    Um grande débito cardíaco é a base para o trabalho cardíaco de atletas treinados em

    resistência em âmbito submáximo e um pré-requisito para o trabalho cardíaco sob carga

    máxima.

    É interessante notar que o volume cardíaco não apresenta correlação somente com o

    volume sistólico, com a concentração de oxigênio fornecida (menos a quantia de oxigênio

    consumida para o trabalho cardíaco), com o consumo máximo de oxigênio e com a

    capacidade de resistência, mas também com o volume total de sangue, com a quantidade

    total de hemoglobina, com a capilarização na musculatura, e com um intenso

    funcionamento hepático, devido ao fato do fígado ser um órgão central nas trocas

    metabólicas. Deste modo observa-se que o treinamento possibilita o aprimoramento dos

    parâmetros participantes do desempenho esportivo e da correlação harmônica entre os

    mesmos.

    2.2.2. Fisiologia do Coração

    A função primária do sistema cardiovascular é a de levar sangue para os tecidos,

    fornecendo, dessa maneira, os nutrientes essenciais para o metabolismo das células,

    enquanto, ao mesmo tempo, remove os produtos finais de metabolismo das células [2].

    O coração atua como uma bomba, ao se contrair, gerando a pressão necessária para

    deslocar o sangue ao longo da seqüência dos vasos sangüíneos. Os vasos que conduzem o

    sangue do coração para os tecidos são chamados de artérias. As artérias funcionam com

    pressão elevada e contém porcentagem pequena de volume sangüíneo. Já as veias são

    aquelas que conduzem o sangue dos tecidos de volta ao coração; estas funcionam com

    pressão baixa e contém a maior porcentagem do volume sangüíneo. As trocas de nutrientes

    de produtos finais do metabolismo e de líquido ocorrem através das paredes dos vasos

    capilares. Estes são vasos sangüíneos de paredes muito finas localizados nos tecidos [2].

  • 14

    O sistema cardiovascular também participa de diversas funções homeostáticas,

    como:

    • Regulação da pressão arterial;

    • Entrega de hormônios reguladores, de seus locais de secreção, as glândulas

    endócrinas, a seus locais de ação, nos órgãos-alvo;

    • Regulação da temperatura corporal;

    • Está envolvido nos ajustes homeostáticos em estados fisiológicos alterados,

    como hemorragia, exercício e alterações posturais.

    O coração pode ser visto como uma bomba pulsátil, que possui fibras musculares

    especializadas na produção e condução de estímulos elétricos que promovem a contração

    sincronizada do músculo cardíaco e assim, impulsionando o sangue para a circulação dos

    pulmões e de todo o corpo.

    Para atuar como uma bomba, os ventrículos devem ser eletricamente ativados e, em

    seguida, contrair. No músculo cardíaco, a ativação elétrica se deve ao potencial de ação

    cardíaco que, normalmente, se origina do nodo sinoatrial (SA ou NSA). Os potenciais de

    ação, gerados no nodo SA são conduzidos para todo o miocárdio, em seqüência ordenada e

    temporalmente definida. A contração também segue uma seqüência ordenada. Esta

    seqüência é crítica, visto que os átrios devem ser ativados e contraídos antes dos

    ventrículos e, os ventrículos devem contrair, do ápice para a base, para a ejeção eficiente

    de sangue [2]. A Fig.1 ilustra um coração, mostrando suas partes principais.

  • 15

    2.2.3. Eletrocardiograma

    Nas células dos músculos do coração, a ativação elétrica acontece pela mesma

    razão que nas células nervosas, pelo fluxo de íons de sódio cruzando a membrana da

    célula. A amplitude também é similar (100 mV) para os nervos e músculos. A duração do

    impulso do músculo cardíaco é duas vezes superior que qualquer célula nervosa ou

    muscular do corpo humano.

    Uma fase de platô segue a despolarização cardíaca, e a seguir ocorre a

    repolarização que é conseqüência do fluxo de íons de potácio saindo pela membrana da

    célula. Associado a ativação elétrica das células do músculo cardíaco, existe a sua

    contração mecânica, que ocorre com um pequeno atraso [5].

    Uma importante diferença entre os músculos cardíacos e os músculos comuns é que

    no músculo cardíaco a ativação pode se propagar de uma célula para qualquer outra

    Fig.1- As partes principais do coração

  • 16

    direção, por isso o sinal do coração possui uma onda característica de forma mais

    complexa. A única exceção é a barreira entre o átrio e os ventrículos, onde a ativação

    normalmente não pode atravessar visto que uma barreira não-condutora está presente [5].

    A Fig.2 ilustra a eletrofisiologia da célula cardíaca.

    O eletrocardiograma é a medida das pequenas diferenças de potencial que refletem

    a atividade elétrica do coração. Essas diferenças de potencial podem ser medidas, na

    superfície do corpo, em função das seqüências temporal e da despolarização e

    repolarização do coração. Observa-se que o miocárdio não é despolarizado a um só tempo

    [5].

    Os átrios despolarizam antes dos ventrículos e estes despolarizam em seqüência

    definida. Os átrios repolarizam enquanto os ventrículos estão despolarizando e os

    ventrículos repolarizam em seqüência específica. Em virtude dessa seqüência e dos tempos

    da propagação e da repolarização, são produzidos no miocárdio diferenças de potencial

    entre as diversas regiões do coração, que podem ser detectadas por eletrodos colocados na

    superfície do tórax.

    Fig.2- Eletrofisiologia do coração

    Direção de condução Tempo

    Despolarização Repolarização Restauração iônica

  • 17

    As diferentes formas de onda para cada uma das células especializadas encontradas

    no coração são demonstradas na Fig.3. As diferenças de tempo são referentes ao que é

    comumente encontrado em um coração saudável [2].

    Para um estudo completo das formas de ondas, foi isolado um coração de um

    indivíduo que tinha tido morte cerebral, e que não apresentava nenhum histórico de

    doenças cardíacas. O coração foi removido somente 30 minutos após ser decretada a morte

    cerebral. Posteriormente, 870 eletrodos foram colocados nos músculos cardíacos e a

    atividade elétrica do coração foi gravada e reproduzida em papel, com uma resolução de

    amostragem de 1 ms [2].

    A Fig.3 mostra o resultado destes dados. Os ventrículos são mostrados com a

    parede anterior e parte do ventrículo direito abertos; as superfícies isocrônicas mostram

    claramente que a ativação ventricular começa na parede interna do ventrículo esquerdo e

    procede radialmente para o epicárdio. Na parte terminal da ativação ventricular, a

    excitação procede mais tangencialmente. Este fenômeno e seus efeitos são utilizados no

    eletrocardiograma, para avaliação da saúde de um paciente [2].

    Fig.3- Ondas do eletrocardiograma

  • 18

    As diversas ondas representam despolarizações ou repolarizações das diferentes

    partes do miocárdio e recebem rótulos por letras, como pode ser visto pela Fig.4. Os

    intervalos e os segmentos, entre essas ondas, também são identificados. A diferença entre

    intervalos e segmentos é a de que os intervalos incluem as ondas, enquanto os segmentos

    não o fazem. As seguintes ondas, intervalos e segmentos estão representados no ECG [5]:

    1. Onda P: representa a despolarização dos átrios. A duração da onda P está

    correlacionada com o tempo de condução pelos átrios. Por exemplo, se a velocidade de

    condução ficar diminuída, a onda P aparecerá alargada;

    2. Onda Q: representa a deflexão negativa inicial da despolarização ventricular;

    normalmente é uma onda pequena e negativa;

    3. Onda R: primeira deflexão positiva. É geralmente mais pronunciada e positiva;

    4. Onda S: deflexão negativa que segue a onda R. É similar à Q;

    5. Intervalo PR: é o tempo decorrido, desde a despolarização inicial dos átrios até a

    despolarização inicial dos ventrículos. Assim, o intervalo PR inclui a onda P e o

    segmento PR, parte isoelétrica (em linha reta) do ECG. Normalmente, o intervalo PR é

    de 160ms, tempo da primeira despolarização dos átrios até a primeira despolarização

    dos ventrículos;

    6. Complexo QRS: consiste em três ondas, Q, R e S. Em seu conjunto, essas ondas

    representam a despolarização dos ventrículos. A duração total do complexo QRS é

    semelhante à da onda P. Isso acontece pois os ventrículos despolarizam tão

    rapidamente quanto os átrios, visto que sua velocidade de condução é muito maior do

    que a do sistema condutor dos átrios;

    7. Onda T: representa a repolarização dos ventrículos;

    8. Intervalo QT: inclui o complexo QRS, o segmento ST e a onda T. Representa a

    primeira despolarização ventricular até a última repolarização ventricular. O segmento

    ST é um trecho isoelétrico do intervalo QT;

    9. Onda U: raramente vista, ainda não se conhece seu significado.

  • 19

    2.2.4. A Aquisição e o Registro do Eletrocardiograma

    Os batimentos cardíacos geram um sinal elétrico que pode ser usado como

    ferramenta de diagnóstico para examinar algumas das funções do coração. Esses sinais

    podem ser captados através de quaisquer pontos com a mesma diferença de potencial da

    linha de campo elétrico do coração, como pulsos direito e esquerdo do paciente.

    Os amplificadores são bastante importantes na medida dos biopotenciais do corpo.

    Eles são necessários para aumentar a amplitude do sinal mantendo sua forma original. A

    função essencial dos amplificadores de biopotenciais é pegar um sinal original biológico

    elétrico, geralmente de baixíssima amplitude, e aumentá-la. Para que, posteriormente, seja

    possível o processamento, gravação, análise e a apresentação dos sinais capturados do

    corpo do indivíduo.

    Fig.4- Eletrocardiograma padrão

  • 20

    Os amplificadores de ECG possuem alguns requisitos para um bom funcionamento,

    como:

    • Alta impedância de entrada;

    • Alto CMRR;

    • Alto ganho;

    • Baixo ruído;

    • Resposta em freqüência de 0,1 a 100Hz.

    O sinal captado diretamente do paciente possui uma diferença de potencial muito

    baixa, sendo necessário um circuito capaz de amplificar essa diferença de potencial, para

    que o sinal possa ser representado na forma de um ECG. Um ganho considerável seria

    maior ou igual a 500.

    Na tentativa de diminuir os ruídos existentes no circuito, é aconselhável utilizar

    baterias, ao invés da fonte de alimentação que gera mais ruído, principalmente 60 Hz.

    Além disso, em especial nesse projeto, o equipamento final deveria ser bastante pequeno,

    já que será carregado durante o exercício físico, reforçando a necessidade do uso de

    baterias.

    Dois exemplos do circuito de aquisição do ECG são descritos. O primeiro deles,

    visto na Fig. 5, mostra que o eletrodo da perna da pessoa é ligado à saída de um

    amplificador operacional auxiliar. Este feedback negativo aumenta a rejeição de modo

    comum, diminuindo os ruídos. Além disso, esse tipo de circuito proporciona maior

    segurança elétrica. Em caso de uma tensão entre o paciente e o terra, o amplificador

    auxiliar satura, isolando o paciente.

    Já na Fig.6, observa-se um circuito bastante similar, porém com a perna do

    indivíduo ligada diretamente no terra.

  • 21

    Fig.5- Circuito de amplificador do ECG

    Fig.6- Circuito mais simplificado de amplificador do ECG

  • 22

    A freqüência cardíaca é medida pela contagem dos complexos QRS por minuto [5].

    O comprimento do ciclo é o intervalo R-R (período de tempo entre duas ondas R

    sucessivas). A freqüência cardíaca é relacionada à duração do ciclo da forma seguinte:

    As variações de freqüência cardíaca provocam variações na duração do potencial de

    ação e, por isso, alterações nas durações dos períodos refratários e da excitabilidade [2].

    Se a freqüência cardíaca aumenta, ocorre redução da duração do potencial de ação.

    Não apenas serão gerados mais potenciais de ação, por unidade de tempo, como esses

    potenciais de ação terão menor duração e menores períodos refratários. Devido à relação

    entre freqüência cardíaca e período refratário, o aumento da freqüência cardíaca poderá ser

    fator para a gênese de arritmias, isto é, ritmos cardíacos anormais. À medida que a

    freqüência cardíaca aumenta e os períodos refratários encurtam, as células miocárdias

    passam a ficar excitáveis precocemente e com maior freqüência.

    2.2.5. Transmissão via Rádio

    Neste projeto, a transmissão do eletrocardiograma adquirido da pessoa deve ser

    transmitido via rádio. Para esse tipo de transmissão faz-se necessário a modulação do sinal

    que se deseja transmitir.

    Para melhor entender essa teoria temos os seguintes conceitos: o sinal que contém a

    informação é dito sinal modulante e o sinal de alta freqüência é chamado de onda

    portadora. O resultado da interferência de um sinal sobre o outro é um terceiro sinal

    elétrico chamado sinal modulado e o processo que envolve a geração desse sinal a partir

    dos dois primeiros é conhecido por modulação. Resumindo, modulação é um processo que

    consiste em se alterar uma característica da onda portadora, proporcionalmente ao sinal

    modulante[4].

    Freqüência cardíaca = 1/ duração do ciclo (unidade bpm)

  • 23

    A partir desse conceito de modulação, podemos dividir os sistemas de comunicação

    em dois grandes grupos:

    - um que usa portadora senoidal

    - outro que utiliza como portadora um trem de pulsos.

    Para portadora senoidal, há duas características alteráveis: a amplitude e a

    freqüência, gerando a modulação em amplitude – AM (Amplitude Modulation) e a

    modulação em fase – PM(Phase Modulation) ou em freqüência –FM (Frequency

    Modulation). Devido a grande semelhança entre PM e FM, estas são classificadas como

    Modulação Angular.

    Na implementação do projeto deu-se a prioridade em utilizar a modulação do tipo

    Angular, já que esta é menos vulnerável aos ruídos.

    Esse tipo de modulação pode ser classificado em dois tipos[4]:

    - FM de Faixa Estreita

    Essa técnica é utilizada quando se necessita agrupar vários sinais modulados em

    FM em uma faixa relativamente restrita de freqüências, que consiste basicamente

    em limitar o índice de modulação para restringir a largura de faixa ocupada.

    - FM de Faixa Larga

    O processo consiste em escolher uma freqüência do gerador senoidal,

    suficientemente grande, para não causar problemas na filtragem do filtro mecânico

    e reduzir a amplitude da senóide a praticamente zero.

    Basicamente, existem dois métodos de se obter um sinal modulado em freqüência.

    Um deles age diretamente sobre a freqüência de ressonância de um circuito oscilador e

    outro método, indireto, é o sistema Armstrong de obtenção do sinal FM de Faixa Estreita,

    seguido de uma multiplicação de freqüência e heterodinação. Uma terceira alternativa

  • 24

    bastante aproveitada é a geração do sinal FM a partir de um PFM (Pulse Frequency

    Modulation-Modulação em Freqüência de Pulso), o que não deixa de ser forma indireta,

    mas é normalmente conhecido como método digital.

    A modulação em FM implementada no projeto foi feita através de um conversor

    tensão-freqüência, pois se trata de um circuito de relativa fácil implementação e supriu as

    necessidades do projeto. Nesse tipo de modulação, para cada valor de tensão de ECG há a

    conversão do mesmo para uma freqüência diferente.

    2.3. Especificação do Hardware

    2.3.1. Amplificadores de Instrumentação

    Os amplificadores de instrumentação (AI) são amplificadores diferenciais

    acoplados diretamente e que apresentam alto ganho, alta impedância de entrada e uma alta

    rejeição de modo comum (CMRR) [1].

    Os AIs amplificam sinais diferenciais de baixa amplitude, como, por exemplo, os

    produzidos por transdutores, que podem ter um alto nível de ruído em modo comum.

    As CMRRs podem chegar facilmente a 80 ou 120 dB de atenuação [1].

    A Fig.7 mostra um amplificar de instrumentação acoplado em um único circuito

    integrado, como é o caso do INA118 fabricado pela Texas Instruments. Esse tipo de

    circuito integrado foi utilizado no projeto.

  • 25

    Com base na Fig.7 pode-se observar que os amplificadores operacionais do

    primeiro estágio (de entrada) estão configurados como amplificadores não inversores. O

    circuito elimina a desvantagem da baixa impedância de entrada do amplificador

    operacional diferencial, o que reduz o carregamento na fonte de sinal, visto se tratarem de

    buffers.

    Como os buffers têm ganho unitário, o amplificador do segundo estágio (de saída)

    terá uma alta CMRR.

    No amplificador da Fig.7 o ganho é calculado pela fórmula abaixo e depende do

    resistor Rg [Texas Instruments]:

    Fig.7. Amplificador de Instrumentação, INA118 Texas Instruments

    G= 1+ 50kO Rg

  • 26

    2.3.2. Filtros Ativos

    Há algum tempo, os filtros eram feitos com componentes passivos como indutores

    e capacitores. O problema é que para baixas freqüências os indutores se apresentam

    muito volumosos e caros [3]. Utilizando-se amplificadores operacionais, é possível

    construir um filtro RC ativo eliminando o problema dos indutores volumosos em baixas

    freqüências. Qualquer filtro que usa um amplificador operacional é chamado de filtro

    ativo. O filtro é um dispositivo que tem por finalidade eliminar sinais de uma

    determinada freqüência ou de uma faixa de freqüências acima ou abaixo de um valor

    limite. Pode ser passivo, quando empregam apenas componentes passivos (resistores,

    capacitores e indutores), ou ativo, quando empregam componentes ativos (transistores,

    circuitos integrados). Há várias configurações de projeto de filtros ativos, conhecidos

    como Butterworth, Chebyshev, Bessel e outros.

    Filtro Butterworth é um filtro projetado para produzir a resposta mais uniforme

    possível até a freqüência de corte. Em outras palavras, a tensão de saída permanece

    constante por quase todo o percurso até a freqüência de corte. Em seguida, ela diminui

    20n dB por década, onde n é o número da ordem do filtro.

    A freqüência de corte é dada por: 1/ (2πRC). Abaixo dessa freqüência, a tensão de

    saída diminui 20 dB por década em filtro de primeira ordem.

    Um filtro ativo permite a passagem de todas as freqüências até a freqüência de

    corte. Acima desta a resposta de freqüência cai. Um filtro como esse é chamado de filtro

    passa baixa.

    É possível transformar um filtro Butterworth passa baixa (FPB) num filtro

    Butterworth passa alta (FPA) usando circuitos de acoplamento em vez de redes de

    desvio. Um circuito como esse permite a passagem das freqüências altas, porém

    bloqueia as freqüências baixas.

    Os principais pontos que se deve ter em mente em se tratando de filtros, de maneira

    resumida, são [3]:

    - os amplificadores operacionais podem ser utilizados na construção de filtros

    - filtro passa baixa permite a passagem de todas as freqüências, a partir de zero

    até a freqüência de corte;

  • 27

    - filtro passa alta permite a passagem de todas as freqüências, a partir da

    freqüência de corte até o infinito;

    - o número de pólos em um filtro ativo é igual ao número de circuitos de

    acoplamento ou desvio. Cada pólo produz uma diminuição ou atenuação de 20

    dB por década.

    Para um correto tratamento do sinal, faz-se necessário a montagem de um filtro

    passa-faixa, ou seja, que permita a passagem de uma faixa de freqüência definida.

    Um filtro passa-faixa (Bandpass Filter) nada mais é que um circuito que só permite

    a passagem de sinais de freqüências compreendidas entre dois valores estabelecidos. Ou

    seja, é possível a passagem de uma faixa de freqüência desejada. Como resultado do

    circuito, obtemos um filtro que só permite que uma faixa de freqüência passe, o que

    acaba resultando em um filtro passa-faixa. A resposta em freqüência de onda resultante

    desse filtro pode ser visto pela Fig.8.

    Fig.8- Curva de resposta em freqüência de um filtro passa- faixa

  • 28

    2.3.3. Conversor A/D

    Muitas tensões e correntes em eletrônica variam continuamente ao longo de uma

    faixa de valores. Em circuitos digitais, os sinais estão em um de dois níveis, representando

    os valores binários de um ou zero. Um conversor analógico-digital produz uma tensão

    digital a partir de uma tensão analógica de entrada.

    Um método bastante popular de conversão A/D [1]usa um circuito em escada com

    circuitos contadores e comparadores. Um contador digital avança zero enquanto um

    circuito em escada fornece, através das saídas do contador, uma tensão em escada, a qual

    aumenta por um incremento de tensão em cada passo de contagem. Um circuito

    comparador, recebendo as tensões em escada e a tensão de entrada analógica, fornece um

    sinal para parar a contagem quando a tensão da escada se eleva acima da tensão de entrada.

    O valor do contador neste instante é a saída digital desejada.

    O incremento de tensão do sinal em escada depende do número de bits de contagem

    utilizado. A taxa de clock do contador afeta o tempo requerido para fazer a conversão. O

    tempo de contagem necessário para realizar uma conversão varia entre os extremos

    máximos e mínimos. Um contador, usando poucos estágios de contagem, faz mais

    conversão por segundo. A precisão da conversão depende da precisão do comparador.

    2.3.4. Módulo de Transmissão e Recepção

    Uma das melhores opções encontrada no mercado para a transmissão dos dados é

    constituída por um módulo de transmissão e outro de recepção fabricado pela empresa

    inglesa Radiometrix, cujo modelo é o TX2&RX2 [Radiometrix].

    Esses módulos transmitem a uma taxa de 160kbps e seu alcance é de 75 metros em

    ambientes fechados e 300 metros em área externa. Opera na freqüência de 433.92 MHz, o

    que é muito bom, já que essa freqüência é liberada para o uso. Além disso, a modulação é

    do tipo FM, menos vulnerável aos ruídos. Por se tratar de um módulo pequeno e de

    alimentação baixa, este é ideal para aplicações portáteis e alimentação feita com baterias.

  • 29

    O módulo de transmissão opera com uma alimentação entre 2V a 6V e é disponível

    na freqüência de 433.92MHz. O receptor possui uma taxa de recepção de 160kbps e

    alimentação de 3V a 6V, drenando uma corrente de 14mA quando está recebendo dados.

    A descrição dos pinos do transmissor é a seguinte:

    • RF GND: Pino do terra;

    • RF out: Saída RF para a antena, isolado internamente;

    • Vcc: Pino de alimentação;

    • 0V: Conexão de alimentação do terra;

    • TXD: Aceita dados digitais (níveis 0V a Vcc) ou sinais lineares de alto

    nível.

    Já descrição dos pinos do módulo de recepção é dada por:

    • RF in: Entrada RF da antena;

    • RF GND: Pino de alimentação;

    • CD (Carrier Detect): Usado para ligar um transistor PNP para obter um

    nível lógico de detecção de sinal. Se não for requerido no projeto, ligar ao

    pino de Vcc.

    • 0V: Conexão de alimentação do terra;

    • Vcc: Pino de alimentação;

    • AF: Trata-se da saída com buffer e filtrada do demodulador FM;

    • RXD (Data out): Essa saída interna é a versão ao quadrado do sinal de AF.

    Pode ser ligado a um decodificador externo.

    Para aumentar o alcance da transmissão se faz necessário a construção de uma

    antena, para a utilização desses módulos, há a sugestão de três tipos de projetos de antenas,

    que podem ser vistos pela Fig.9.

  • 30

    A antena utilizada no projeto foi a vertical, já que esta pôde ser facilmente

    implementada e ficar localizada dentro dos módulos de transmissão e recepção, sem

    atrapalhar a pessoa durante a atividade física. Além disso, seu alcance é maior em relação

    aos outros dois tipos de antena.

    2.3.5. Porta Paralela

    A porta paralela é uma interface de comunicação entre o computador e um

    periférico [1]. Quando a IBM criou o primeiro PC (Personal Computer) ou Computador

    Pessoal, a idéia era conectar a essa porta uma impressora, mas atualmente, são vários os

    periféricos que se utilizam desta porta para enviar e receber dados para o computador

    (exemplos: scanners, câmeras de vídeo, unidade de disco removível e outros).

    Na transmissão bidirecional, a porta avançada EPP ( Enhanced Parallel Port ) chega a

    atingir uma taxa de transferência de 2 MB/s. Já a porta avançada ECP (Enhanced

    Fig.9- Tipos de antenas: (A) Antena helicoidal, (B) Antena em curva, (C) Antena vertical

  • 31

    Capabilities Port) tem as mesmas características que a EPP, porém, utiliza DMA (acesso

    direto à memória), sem a necessidade do uso do processador, para a transferência de dados.

    Utiliza também um buffer FIFO de 16 bytes.

    2.3.6. Eletrodos

    A fim de medir e registrar os biopotenciais do corpo, faz-se necessárias uma

    interface entre o corpo e o dispositivo eletrônico. Esta interface é obtida pela utilização de

    eletrodos de biopotenciais, que desempenham um papel de transdutores nos quais são

    convertidas correntes iônicas, que circulam pelo corpo, em correntes de elétrons.

    Com o passar do tempo vários tipos de eletrodos vêm sendo desenvolvidos para

    registrar os biopotenciais[5]. Existem eletrodos externos, internos, microeletrodos,

    flexíveis e muitos outros.

    No projeto foram utilizados eletrodos externos conhecidos como metal plate. Em

    sua forma simplista, este consiste de um condutor metálico em contato com a pele.

    Geralmente usa-se um gel apropriado para manter o contato elétrico do eletrodo com a

    pele. Esse tipo de eletrodo pode ser visto pela Fig.10.

    (topo) (atrás)

    Superfície adesiva

    Alça de metal Disco de metal e eletrólito

    Fig.10. Eletrodo metal plate

  • 32

    O eletrodo pode ser feito de diferentes tipos de materiais. Sua estrutura faz com que

    possa ser conectado ao tórax da pessoa para detecção do ECG ou monitoração cardíaca por

    um longo período de tempo. Para essas aplicações o disco do eletrodo é fabricado com

    cloreto de prata. O eletrodo metal plate também é utilizado na monitoração de EMG e de

    EEG, porém, nesses casos o eletrodo usado é menor.

    Para utilizar os eletrodos corretamente, sugere-se seguir os seguintes

    procedimentos:

    • o gel deve ser aplicado de maneira correta e na quantidade certa;

    • pressionar levemente o eletrodo contra a pessoa;

    • para não cair o eletrodo é aconselhável o uso de esparadrapos.

    2.3.7. Conversão tensão -freqüência e freqüência-tensão

    Para a realização da transmissão via rádio, fez-se necessário converter o sinal de

    ECG em pulsos digitais, pois os módulos de transmissão/ recepção a serem utilizados não

    fazem a transmissão analógica do mesmo sinal.

    Uma alternativa encontrada foi converter a tensão do sinal de ECG em freqüências

    e fazer o processo inverso para se recuperar o sinal, ou seja, converter as freqüências

    recebidas em valores de tensão.

    A Fig.11 mostra o diagrama em blocos do conversor tensão-freqüência, já a Fig.12

    mostra o diagrama do conversor freqüência-tensão.

    Valor de tensão da onda

    Conversão da tensão para um

    valor em freqüência

    Fig.11- Diagrama em blocos do conversor V/F

  • 33

    No projeto foi implementado um conversor V/F que gera como saída uma

    freqüência máxima de 100k Hz para a onda de ECG, para que não haja perda de sinal na

    transmissão. A Fig.13 ilustra uma foto do osciloscópio com um sinal de ECG convertido

    em freqüência e posteriormente recuperado em valores de tensão.

    Fig.12- Diagrama em blocos do conversor F/V

    Freqüência dos pulsos digitais

    Conversão da freqüência para um determinado valor

    de tensão

    Sinal original

    Conversão V/F do sinal original

    Puls os digitais recuperados da

    transmissão

    Sinal original recuperado pela conversão F/V

    Fig.13- Exemplo da conversão V/F e F/V

  • 34

    2.3.8. Diagrama de blocos do Hardware

    O diagrama em blocos do hardware pode ser visto pela Fig.14.

    via porta paralela

    Eletrodos

    Amplificador de

    Instrumentação

    Filtro passa-faixa

    Módulo de transmissão

    Módulo de recepção

    Conversor A/D

    Fig.14- Diagrama em blocos do hardware

    Conversor tensão-freqüência

    Conversor freqüência-tensão Detetor de zero

  • 35

    2.4. Especificação do Software

    2.4.1. Ferramentas de Desenvolvimento

    Para a realização do software fez-se necessário a utilização de uma linguagem de

    programação de conhecimento relativo. Além disso, tal linguagem deveria possuir os

    recursos necessários para o desenvolvimento do programa.

    2.4.2. Linguagem C/C++

    A linguagem de programação escolhida para o desenvolvimento do programa foi a

    linguagem C/C++ que possui as ferramentas necessárias para o software do projeto.

    Para a comunicação entre o computador remoto e o transmissor foram utilizadas as

    rotinas outputb e importb que faz a comunicação com a porta paralela. O restante do

    software não utiliza recursos específicos, mas sim, os recursos usuais de programação.

    2.4.3. Software no Sistema

    O software desenvolvido teve como objetivo mostrar os dados na tela utilizando

    uma interface clara e amigável para o usuário. Este mostra os dados da pessoa, os sinais de

    ECG capturados da pessoa e dois flags de monitoração.

    O programa é responsável por mostrar o ECG em tempo real do indivíduo. Além

    disso, com base nas freqüências mínima e máxima o programa deve acionar um

    determinado flag. Há dois flags: ‘okay’ e ‘alerta’. Caso a freqüência registrada esteja entre

    os valores de mínimo e máximo o flag ‘okay’ é acionado, do contrário, o flag ‘alerta’

    acionará.

    O usuário deve digitar seu nome e sua idade para que o programa possa calcular a

    freqüência ideal ao longo do exercício físico. As freqüências máximas e mínimas são

  • 36

    calculadas com base na FCM, ou seja, freqüência cardíaca máxima. Esta é calculada da

    seguinte maneira [10]:

    A Fig.15 ilustra o cálculo utilizado no software para calcular a freqüência mínima e

    máxima no exercício físico.

    FCM = 220 – idade da pessoa

    Fig.15- Cálculo usado para saber a faixa de freqüência indicada para o individuo

    ZONA ALVO DE TREINAMENTO (segundo Karvonen e col., 1957)

    (o indivíduo deve procurar controlar seus batimentos entre a faixa mínima e máxima durante o exercício)

    FCM x 0,60 = freqüência cardíaca mínima FCM x 0,70 = freqüência ideal na atividade aeróbica FCM x 0,85 = freqüência cardíaca máxima

  • 37

    2.4.4. Diagrama de Blocos do Software

    O diagrama do software pode ser visualizado pela Fig.16 abaixo:

    Aquisição dos valores vindos

    da porta paralela

    Plotagem desses valores em um

    gráfico para formar a onda do ECG da

    pessoa

    Cálculo da freqüência cardíaca

    Aciona flag ALERTA

    Aciona flag OKAY

    Valor calculado > freq.máx ou Valor calculado < freq.mín

    Valor calculado está entre freq.mín e freq.máx

    Fig.16- Diagrama em blocos do software

  • 38

    2.4.5. DFD

    2.5. Teste de Validação

    Para a validação do projeto foram feitos testes com um simulador de arritmias

    cardíacas, bem como, com indivíduos conectados aos eletrodos e deverá ocorrer a

    transmissão dos seus dados para o módulo remoto.

    O módulo de aquisição dos sinais onde está o responsável pelo exercício (professor,

    médico, fisioterapeuta ou outro) deve estar a uma distância inferior a 200 metros da pessoa

    e este deve visualizar a freqüência cardíaca e o sinal de ECG em tempo real do indivíduo

    através da tela do software do projeto.

    A tabela Tab.1 descreve as atividades de teste do sistema.

    Estado do flag

    Flag

    Idade do usuário usuário Plotagem do ECG

    Cálculo da freqüência

    cardíaca ideal

    Acionamento do flag

    Valores do ECG

    Fig.17- DFD do software do projeto

  • 39

    Fase do Projeto Descrição do Teste Resposta Esperada

    Implementação da captação

    do ECG

    Colocação dos eletrodos na

    pessoa

    Visualizar o ECG do

    individuo através de um

    osciloscópio

    Conversão tensão -

    freqüência (V/F)

    Na entrada do conversor

    V/F o ECG e a saída na

    entrada do conversor

    freqüência- tensão (F/V)

    Reconstrução do ECG

    inicial na saída do conversor

    F/V

    Implementação da

    transmissão

    Separar os módulos de

    transmissão e aquisição do

    sinal

    Transmissão correta doa

    dados, sem perdas que

    possam comprometer o sinal

    original

    Tab.1- Tabela das atividades de teste do sistema proposto

  • 40

    3. PROJETO

    3.1. Visão Geral

    O projeto se insere na disciplina de Instrumentação Biomédica, por se tratar de um

    projeto que utilizará ferramentas da engenharia para solucionar um problema na área

    médica. O sistema a ser desenvolvido visa ser uma ferramenta para ajudar na monitoração

    da atividade cardíaca de um indivíduo sob atividade física em tempo real.

    Uma aplicação bastante clara do projeto é no caso da prática de exercício físico. A

    pessoa é monitorada através de três eletrodos e os sinais de seu eletrocardiograma (ECG)

    são transmitidos a um módulo remoto. Nesse módulo remoto será feito o processamento

    dos sinais recebidos e, então, os parâmetros (ECG) da pessoa serão transmitidos a um outro

    computador, um lap top, por exemplo, onde estará o profissional responsável pelo

    exercício físico. Em posse das informações da pessoa, o treinador poderá monitorar o

    indivíduo de uma maneira bastante segura e orientar o exercício de forma mais eficiente.

    3.2. Funcionamento

    O sistema faz a aquisição do ECG do indivíduo, utilizando-se de três eletrodos que

    deve estar conectados a mesma. Após a aquisição do sinal, este passa para o estágio de

    processamento e só então é transmitido, via rádio, ao computador do profissional (técnico,

    professor, médico, etc) responsável pelo exercício físico da pessoa. A faixa de freqüência

    utilizada fica em torno de 433 MHz e o tipo de modulação é em FM.

    Após a transmissão do sinal, ocorre a recepção bem como o processamento e

    recuperação do mesmo. Depois de recuperado, o sinal passa por uma conversão analógica/

    digital, para então ser enviado ao computador via porta paralela. A Fig.18 exemplifica o

    projeto.

  • 41

    No computador há o software que tem as seguintes funções:

    • Receber os dados vindos da porta paralela e amostrar o eletrocardiograma

    (ECG) da pessoa na tela;

    • Com base nos dados da pessoa, emitir um pequeno diagnóstico a seu respeito.

    Aquisição do ECG

    Processamento do sinal

    Transmissão via rádio

    Recepção do sinal

    Conversão A/D

    via porta paralela

    Processamento e recuperação

    do sinal

    Fig.18- Diagrama em blocos do projeto

  • 42

    A pessoa a ser acompanhada deve, após colocar os eletrodos, ficar em repouso por

    alguns instantes para que seja registrada sua freqüência cardíaca basal. É com base nesta,

    as freqüências mínimas e máximas serão calculadas pelo software. Caso a freqüência

    registrada seja maior ou menor que as freqüências máxima e mínima calculadas,

    respectivamente, um sinal de alerta é acionado no software.

    3.3. Módulos

    O projeto pode ser dividido em cinco módulos:

    1. transmissão/ Recepção dos dados;

    2. circuito de detecção do eletrocardiograma;

    3. união dos módulos 1 e 2;

    4. desenvolvimento do software;

    5. integração dos quatro módulos acima.

    Os módulos 1, 3 e 4 puderam ser desenvolvidos separadamente e

    independentemente da ordem, desde que sejam realizados testes adequados para a correta

    validação do módulo.

  • 43

    3.3.1. Descrição do Hardware

    3.3.1.1. Lista de Componentes

    Os componentes utilizados no desenvolvimento do projeto foram:

    • amplificador de instrumentação modelo INA118 ou INA121 da Texas

    Instruments;

    • amplificadores operacionais;

    • baterias de 9V;

    • cabo blindado;

    • capacitores;

    • componentes diversos;

    • conector DB-25 macho;

    • conversor A/D;

    • conversor F/V;

    • conversor V/F;

    • eletrodos;

    • módulo TX2&RX2 (transmissão /recepção) da Radiometrix.

    3.3.1.2. Diagrama do Hardware

    O hardware foi dividido em dois circuitos diferentes: o da transmissão e o da

    recepção.

    Na transmissão, estão os circuitos de aquisição do ECG, de tratamento do sinal, de

    conversão tensão/ freqüência e, é claro, o circuito de transmissão. A Fig.19 ilustra esse o

    módulo.

  • 44

    Já no módulo de aquisição os seguintes circuitos estão presentes: circuito de

    aquisição do sinal, conversor freqüência/ tensão, conversor analógico/ digital. A Fig.20

    ilustra o módulo de aquisição.

    antena

    Amplificador de instrumentação Tratamento do sinal

    Conversão tensão- freqüência

    Transmissão via rádio

    eletrodos

    Fig.19- Módulo de transmissão do projeto

    Conversor A/D

    Conversão freqüência- tensão Aquisição via rádio

    Porta paralela

    Fig.20- Módulo de aquisição do projeto

    antena

  • 45

    3.3.2 Descrição do Software

    3.3.2.1 Casos de Uso

    Roteiros dos casos de uso:

    - Nome: Aquisicionar o sinal de ECG;

    - Caminho Básico: Os eletrodos fazem a aquisição dos sinais de ECG e estes

    são enviados para o sistema de tratamento dos dados;

    - Caminho de exceção: Os eletrodos e/ou o circuito de aquisição do ECG não

    estarem funcionando corretamente.

    - Nome: Calcular a freqüência cardíaca;

    - Caminho Básico: O sistema recebe os dados do ECG e calcula a freqüência

    cardíaca registrada em tempo real;

    - Caminho de exceção: O sistema não consegue adquirir os dados.

    Aquisicionar o sinal de ECG

    Calcular a freqüência cardíaca

    usuário Porta paralela

    flags

  • 46

    3.3.2.2 Diagrama de Classes

    3.3.2.3 Diagrama de seqüência

    Aquisicionar o sinal de ECG e Calcular a freqüência cardíaca

    1. Ler_dados( );

    :: Aquisição :: Controlador :: Flags

    Porta paralela

    :: Aquisição :: Controlador :: Flags

    2. Set_dados( ); 3.Acende_Okay( );

    3.Acende_Alerta( );

  • 47

    3.3.2.4 Interface

    A tela do software pode ser visto pela Fig.21. Pode-se visualizar o flag de ‘okay’

    acionado, os campos preenchidos com os dados da pessoa e o ECG deverá estar no gráfico.

    Fig.21- Tela do software

  • 48

    3.3.2.5 Ciclo de execução

    O ciclo de execução do software segue o fluxograma ilustrado pela Fig.22.

    não sim

    sim

    sim

    não

    Campo de idade preenchido

    Acionar botão “começa”

    Leitura da porta paralela

    não

    thread

    Plotagem do gráfico na tela

    Cálculo da FCM e da freq mínima e

    máxima

    Freqüência cardíaca ideal

    Aciona flag vermelho

    Aciona flag verde

    Fig.22- Fluxograma do ciclo de processamento do software

  • 49

    4 IMPLEMENTAÇÃO

    4.1. Circuito de alimentação

    Tanto no módulo de transmissão e de recepção do projeto foi necessário o uso de

    baterias, por duas razões principais:

    • os módulos são portáteis, logo, não se faz possível o carregamento de

    fontes juntamente com os circuitos;

    • principalmente no módulo de transmissão, onde há a aquisição do ECG da

    pessoa, o circuito poderia sofrer interferência da rede caso fossem

    utilizadas fontes de alimentação.

    Por essas razões foram implementados dois circuitos iguais de estabilização da

    tensão, um para o módulo transmissor e outro para o de aquisição que, utilizando-se de

    duas baterias de 9V cada, consiga fornecer como saída os seguintes valores de tensão:

    +5V, -5V e o terra do circuito. A Fig.23 ilustra o circuito implementado.

    Fig.23- Circuito de estabilização de tensão

  • 50

    4.2. Amplificador de instrumentação e filtro

    Após o amplificador de instrumentação fez-se necessário a utilização de um filtro

    passa-faixa, cuja faixa de freqüência é de 0,5Hz até 80Hz. Foi implementado um filtro de

    primeira ordem. Com sua utilização, o circuito fica protegido dos ruídos de alta freqüência

    que poderiam comprometer o sinal de ECG captado pelos eletrodos.

    A Fig.24 ilustra o circuito implementado de aquisição do sinal de ECG e o

    tratamento desse sinal feito pelo filtro passa-faixa.

    Foram realizados testes de validação tanto com o simulador de batimentos

    cardíacos como com pacientes e os resultados foram ambos satisfatórios.

    Após a implementação do filtro, o circuito não sofreu interferência de ruídos de alta

    freqüência. Antes da implementação, o circuito apresentou problemas em algumas

    situações, como perda do sinal de ECG em decorrência dos ruídos de 120 Hz das lâmpadas

    de luz fria.

    Fig.24- Circuito de aquisição do ECG e do filtro passa-faixa

  • 51

    As formas de onda do ECG captado tanto do simulador quanto de pessoas podem

    ser vistas pelas Fig.25 e Fig.26, respectivamente. Podem-se observar as formas de ondas

    satisfatoriamente.

    4.3. Conversor tensão/ freqüência e transmissão

    Após a saída do filtro o sinal é submetido a uma conversão tensão/ freqüência, a

    fim de se realizar a modulação do sinal de ECG, para que este possa ser transmitido, para

    tal foi utilizado o circuito integrado LM331. Feita a conversão o sinal transforma-se em

    pulsos digitais. A Fig.27 ilustra o circuito implementado para fazer tal conversão. Um

    exemplo da conversão da modulação do sinal de ECG pode ser visto pela Fig.28, onde

    cada tensão do sinal de ECG é convertida para um dado valor de freqüência, resultando nos

    pulsos digitais.

    Fig.25- Forma de onda do ECG captado do simulador

    Fig.26- Forma de onda do ECG captado do indivíduo

  • 52

    Fig.27- Circuito do conversor V/ F LM331 (Texas Instruments)

    Fig.28- Formas de onda do ECG capturado e de sua modulação digital

  • 53

    Tais pulsos são transmitidos pelo TX2 da Radiometrix. O circuito de transmissão

    desses dados é ilustrado na Fig.29. A saída do LM331(pino3) é conectada ao pino 5 do

    transmissor. Como antena foi utilizada uma antena vertical de aproximadamente 12cm, no

    pino 2 do transmissor.

    4.4. Aquisição do sinal

    A aquisição do sinal é feita utilizando-se o módulo RX2 da Radiometrix,

    compatível com o transmissor. Na recepção também é utilizada uma antena de 12cm, no

    pino 1. O circuito implementado pode ser visto na Fig.30. Os dados recebidos pelo módulo

    podem ser vistos pelo pino 7 através de um osciloscópio.

    Fig.29- Circuito de transmissão via rádio

    Radiometrix TX2 UHF Transmitter

  • 54

    Para uma melhor precisão e confiabilidade dos dados recebidos, foi implementado

    um circuito detector de zero que pode ser na pela Fig.31. Esse circuito tem como objetivo

    detectar os picos que eventualmente chegam com alguma distorção e recuperá-los para a

    correta recomposição do sinal.

    Para a recuperação do sinal, faz-se necessário a implementação de um conversor

    freqüência/ tensão. Porém, foram encontrados alguns problemas na sua implementação.

    Primeiramente, foi montado o circuito de conversão V/F com o circuito integrado

    LM331, depois o circuito de conversão F/V foi montado utilizando-se o circuito integrado

    LM2907. Nessa primeira montagem, foi possível recuperar o sinal de ECG

    satisfatoriamente. Quando separado os módulos, ou seja, foi realizada a transmissão do

    Fig.30- Circuito de aquisição via rádio

    Fig.31- Circuito de detecção de pico

  • 55

    sinal convertido, notou-se que acima de 12kHz havia perda de dados na transmissão.

    Fazia-se necessário ajustar o conversor V/F para este apresentar como saída máxima de

    10kHz, para que não houvesse perda na transmissão. Após o ajuste, a conversão F/V foi

    implementada corretamente utilizando-se o LM331, que pode ser usado tanto como um

    conversor tensão-freqüência quanto um conversor freqüência-tensão, dependendo da sua

    configuração. O circuito do conversor F/V pode ser visto na Fig.32.

    A recuperação da onda de ECG após a transmissão e demodulação pode ser vista

    pela Fig.33. A primeira onda trata-se da saída do detector de zero, que é o sinal modulado e

    recebido pelo receptor, já o segundo sinal é a saída do conversor F/V, ou seja, o sinal de

    ECG recuperado.

    Fig.32- Circuito do conversor F/V LM331 da Texas Instruments

  • 56

    4.5. Conversão A/D

    Para fazer a conversão analógica/ digital foi usado o conversor ADC0804. Foi

    optado por se utilizar este conversor por possuir apenas 20 pinos e suprir as necessidades

    do projeto. Além disso, o conversor ADC0804, não necessita da implementação de um

    circuito de clock externo, pois possui um clock interno que pode ser configurado através

    dos valores do resistor e capacitor ligados nos pinos CLK R (pino 19) e CLK IN (pino 4).

    Os valores desses componentes configuram a freqüência de amostragem do

    conversor através da fórmula abaixo:

    Os valores do resistor e do capacitor utilizados foram: R= 10kO e C= 56pF e de

    acordo com a fórmula acima, a freqüência de amostragem do conversor é de 1,05 M Hz. A

    Fig.34 ilustra o circuito de conversão A/D.

    Fig.33- Formas de onda do sinal recuperado após a transmissão e o sinal de ECG após a conversão F/V

    1 F ck =

    1.7 RC

  • 57

    4.6. Software

    O software desenvolvido tem as seguintes funções básicas:

    • mostrar o ECG na tela e

    • acionar os flags de acordo com a freqüência registrada em tempo real.

    Primeiramente, na versão do protótipo do software para a visualização do ECG foi

    usado o componente gráfico do Borland Builder PerformanceGragh, porém, tal

    componente foi substituído por outro, o TChart, pois a onda visualizada na tela foi de

    melhor qualidade.

    O único campo obrigatório a ser preenchido pelo usuário é o campo idade, pois os

    valores de freqüência mínima e máxima são calculados com base nessa informação.

    Além disso, há dois requisitos básicos para que o programa rode corretamente,

    primeiramente, a porta paralela do computador deve estar liberada para que o envio dos

    dados da onda do eletrocardiograma seja possível. Outro requisito é que a porta paralela

    esteja configurada no modo EPP, configuração que pode ser feita pela BIOS do

    computador.

    Vin

    Fig.34- Circuito de conversão A/D

  • 58

    No acionamento do flag vermelho, ou seja, quando a freqüência está fora dos

    limites desejáveis, faz-se necessário um alerta de maior apelo visual. Por isso, além do

    flag, inicialmente de cor verde, ficar na cor vermelha, a tela do sistema também fica na cor

    vermelha, causando um alerta maior ao profissional que estará monitorando o indivíduo.

    Não houve muitos problemas no desenvolvimento do software, a sua

    implementação foi feita utilizando-se o mecanismo de programação chamado thread. As

    threads de um programa são executadas sem interrupção e continuamente, até a finalização

    da execução do programa. A implementação não poderia se dar de maneira diferente, já

    que o sistema precisa fazer aquisições, processamentos e mostrar dados em tempo real e de

    forma contínua.

    O maior problema ao logo do desenvolvimento do programa foi a visualização da

    onda do eletrocardiograma, inicialmente, houve perda significativa do sinal. Após

    configuração da freqüência de leitura dos dados pela porta paralela, houve uma melhora na

    forma de onda.

    De forma geral, o programa funciona satisfatoriamente, mostrando o ECG de

    maneira contínua e em tempo real, bem como, o valor da freqüência registrada e o

    acionamento dos flags. Porém, eventualmente, pode haver uma pequena perda do sinal do

    eletrocardiograma, ocasionando um valor errado da freqüência cardíaca. Através dos testes

    realizados, observou-se que esse problema ocorre eventualmente, não sendo motivo de

    comprometimento do programa.

  • 59

    4 RESULTADOS

    Para a validação do sistema foram realizados vários testes, tanto com o simulador

    de arritmias cardíacas como com indivíduos. Obviamente, o resultado final utilizando-se o

    simulador foi de melhor qualidade em comparação com o resultado com pessoas, isso

    porque o simulador não utiliza eletrodos e não existem outras atividades elétricas como

    ocorre com pessoas. Neste caso, a correta colocação de eletrodos é essencial, do contrário,

    há perda do sinal.

    Além disso, o movimento do indivíduo pode prejudicar seriamente a aquisição do

    sinal de ECG. Isso ocorre porque os músculos em movimento possuem atividade elétrica e

    esta é captada pelos eletrodos, interferindo seriamente na detecção do sinal do

    eletrocardiograma. Esse problema pode ser resolvido através da implementação de filtros

    que façam com que essa atividade elétrica não prejudique a captação do ECG.

    Outro problema encontrado nos testes foi na transmissão do sinal. Em lugares com

    muitos dispositivos eletrônicos ligados, há perda significativa do sinal, porém tal problema

    não será encontrado na aplicação final do sistema, já que o mesmo é para ser usado em

    campo e não no interior de uma sala onde existam vários equipamentos funcionando. Com

    a realização dos testes foi verificado que, eventualmente, pode ocorrer pequenas perdas de

    sinal no caso de muitos anteparos entre o transmissor e o receptor, como várias pessoas

    circulando entre eles. A distância máxima testada foi de aproximadamente 60 metros em

    área interna. Em área externa não foram realizados testes.

    Os testes feitos na captação do eletrocardiograma, modulação, transmissão,

    aquisição e demodulação podem ser vistos a seguir. Esses testes foram realizados no

    mesmo dia com uma distância aproximada de 20 metros em área interna. A Fig.35 mostra

    o resultado dos testes realizados com o simulador. Já as Fig.36, Fig.37 e Fig.38 foram

    realizadas com pessoas. A primeira parte da figura trata da captação do ECG do simulador

    ou da pessoa pelos eletrodos, bem como a modulação do sinal. Já a segunda parte é o sinal

    recebido pelo RX2, sendo a outra forma de onda, o sinal demodulado, recuperação do sinal

    do eletrocardiograma.

  • 60

    Fig.37- Teste realizado com indivíduo2

    Fig.35- Teste realizado com simulador

    Fig.36- Teste realizado com indivíduo1

  • 61

    A seguir são mostrados os resultados de dois testes, o primeiro com simulador e o

    segundo com pessoa. As figuras mostradas são da tela do sistema, a Fig.39 mostra a tela do

    sistema para o simulador com uma freqüência de 60 Hz, já a Fig.40 mostra a tela

    mostrando o ECG captado de um indivíduo.

    Fig.38- Teste realizado com indivíduo3

    Fig.39- Tela do software do teste realizado com simulador

  • 62

    Fig.40- Tela do software do teste realizado com indivíduo

  • 63

    5 CONCLUSÃO

    O projeto implementado proporcionou um estudo sobre vários assuntos e detalhes

    não vistos anteriormente, como a implementação dos conversores V/F e F/V e transmissão

    via rádio. Os resultados obtidos no projeto foram satisfatórios em comparação com o

    esperado, além disso, sua implementação mostrou-se viável.

    Há vários aspectos que podem ser melhorados para que o projeto torne-se

    comercialmente viável, entre eles, pode-se citar:

    • implementação de filtros que permitam o movimento do indivíduo sem a

    perda do sinal do eletrocardiograma;

    • os módulos podem se tornar menores fisicamente, com a utilização de

    circuitos integrados do tipo SMD e otimização do espaço durante a

    montagem das placas;

    • a substituição do cabo de ECG por um mais leve e com garras menores.

    A perspectiva futura do projeto é bastante interessante para a implementação das

    melhorias descritas acima. Pensa-se em tornar o sistema um Projeto de Iniciação Científica

    para o próximo ano. Além disso, pretende-se apresentar o projeto no Congresso Latino-

    Americano em Biomédica que ocorrerá em João Pessoa em 2004.

    Com relação aos testes realizados, observou-se que apesar destes terem se mostrado

    mais claros e precisos com o uso do simulador de arritmias, com indivíduos conseguiram-

    se bons resultados em termos de sinal de ECG e da freqüência cardíaca. Observou-se que a

    utilização de eletrodos de qualidade e novos gerou resultados mais precisos e eficientes, ou

    seja, recomenda-se o uso de eletrodos descartáveis e do tipo teste de esforço.

  • 64

    6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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    Janeiro: Editora Prentice Hall Ltda, 1998.

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    Circuits. Nova York: Mc Graw Hill Companies, 1997.

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    Paulo: Editora Érica Ltda, 2001.

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    John Wiley & Sons Inc., 1995.

    [6] FARDY, P. S. et al. Reabilitação Cardiovascular Aptidão Física do Adulto e Teste

    de Esforço. Rio de Janeiro: Editora Revinter Ltda, 1998.

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    Conduta. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.A., 2002.

    [8] FLETCHER, G.F. O Eletrocardiograma do Atleta. Departamento de medicina,

    Mayo Medical School, Mayo Clinic, Jacksonville, Florida 32224.

    [9] ASCHER, C.R., et al. Perfis Ecocardiográficos de Doenças Associadas com Morte

    Cardíaca Súbita em Atletas Jovens. Departamento de Cardiologia, The Cleveland

    Clinic Foundation, Cleveland, Ohio 44195.

    [10] WEINECK, J.. Treinamento Ideal. São Paulo: Editora Manole Ltda, 1999.

  • 65

    7 ANEXOS