22
UNINORTE JURÍDICO Julho 2012 | Nº 004

Uninorte juridico_#4

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Uninorte juridico_#4

Abril 2012 | Informativo Jurídico 3

UNINORTEJURÍDICO Julho 2012 | Nº 004

Page 2: Uninorte juridico_#4

Informativo Jurídico | Julho 20122

Estimada Comunidade Acadêmica,

Chegamos ao fim de mais um semestre. Alguns encerram a primei-ra fase da vida acadêmica e, em breve serão bacharéis em Direito. Aos concluintes, nossos sinceros votos de sucesso e realizações. Continuem a contar com o apoio da Equipe de Professores, Advogados e demais colaboradores do UNN. Aos demais, que possamos melhorar continu-amente a qualidade de ensino na nossa IES. A jornada acadêmica exige comprometimento, seriedade, autodisciplina, honestidade, aspiração, pra-zer, diligência, iniciativa e cooperação. Vamos caminhar unidos em busca da excelência do ensino jurídico.

Profa. Marklea Ferst, M.Sc. Coor-denadora do Curso de Direito.

EDITORIAL

Page 3: Uninorte juridico_#4

Julho 2012 | Informativo Jurídico 3

Continuamos nesta edição a elucidar dúvidas, recorrentes, que maculam a nossa língua falada e escrita. Como profissionais da área do Direito, devemos saber manejar muito bem a palavra o bom uso da língua leva ao sucesso e demonstra a verdadeira formação do profissional. Então, vamos corrigir os pequenos erros e colaborar, na elaboração de nossas peças, com a campanha da simplificação da linguagem jurídica, divulgada pela Associa-ção dos Magistrados do Brasil (AMB).

* USO DE INICIAL MINÚSCULA.Algumas pessoas quando estão peticionando tem o hábito de usar letra maiúscula quan-

do o correto deveria ser minúscula. Por exemplo, “(...) no exato momento em que o Re-querente(...)” quando melhor seria: “(...) no exato momento em que o requerente (...)” .

O mesmo se repete no meio das orações ao se escrever “autor, apelante, reclamante etc”. Não são nomes próprios e não devem ser escritos com iniciais maiúsculas. Vejamos alguns casos de emprego da inicial minúscula:

a) Nos nomes dos dias da semana, dos meses e das estações do ano: segunda-feira, outubro, primavera.

b) Nos usos de fulano, sicrano e beltrano.c) Nos nomes de obras literárias, após o primeiro elemento, que é com maiúscula, os

demais vocábulos podem ser escritos com minúscula, salvo nos nomes próprios neles con-tidos, tudo em grifo: O Crepúsculo dos Deuses ou O crepúsculo dos deuses.

d) Nos pontos cardeais: norte, sul. Nas formas abreviadas, usam-se maiúsculas: SW (sudoeste).

e) Nos axiônimos (nomes com que se presta reverência a determinada pessoa): senhor doutor, bacharel, etc.

f) Nos nomes próprios tornados comuns: Ele é um judas.g) Nos nomes próprios que entram na formação de vocábulos compostos comuns liga-

Prof. Maria LenirMestra em Ciências Jurídicas pela UNIVALI

Escreva DIREITO!

Page 4: Uninorte juridico_#4

Informativo Jurídico | Julho 20124

dos por hífen: coco-da-baía, joão-de-barro.h) Nos nomes de povos: brasileiros, paulistas, gaúchos, sul-americanos.

* USO DE INICIAL MAIÚSCULA.Bem, como esclarecemos acerca do uso correto da letra minúscula, nada melhor do que

revisar o uso da inicial maiúscula. Vamos a algumas regas básicas:a) Nos antropônimos (nomes de pessoas), reais ou fictícios: Pedro Marques, Branca de

Neve.b) Nos topônimos (nomes de lugares), reais ou fictícios: Rio de Janeiro, Bósnia.c) Nos nomes de seres antropomorfizados (transformados em nomes de pessoas) ou

mitológicos: Adamastor, Netuno.d) Nos nomes que designam instituições: Instituto Nacional do Livro. e) Nos nomes de festas e festividades: Natal, Ramadão, Todos os Santos.f) Nos títulos de periódicos, sempre em grifo: O Estado de São Paulo (ou S. Paulo).g) Em siglas, símbolos ou abreviaturas internacionais ou nacionalmente reguladas com

maiúsculas: FAO, INSS, V. Ex.ª. h) Nos nomes que designam atos normativos, quando determinados: Lei 4.842, a Porta-

ria de 14 de dezembro, Decreto-Lei 2.102.i) No vocativo de cartas e ofícios, por deferência: Prezado Amigo, Senhor Diretor.j) Nos nomes que expressam homenagens a profissões, a pessoas da família, a institui-

ções, etc.: Dia das Mães, Dia do Professor, Descobrimento do Brasil.k) Nos nomes de eras históricas e épocas notáveis: Idade Média, Renascimento, Ro-

mantismo.l) Nos nomes de setores, divisões, departamentos, repartições, corporações e agremia-

ções, públicos ou privados: Departamento de Cobrança, Secretaria-Geral, Tesouraria, Al-moxarifado.

Não basta apenas ler, o ato de redigir de forma correta é exercício. Exercite, escreva direito e até a próxima edição

Escreva DIREITO!

Page 5: Uninorte juridico_#4

Julho 2012 | Informativo Jurídico 5

Erivaldo CavalcantiDoutor. Professor do Centro Universitário do Norte e buarqueano.

Chico Buarque de Holanda mereceria o epíteto que, pole-micamente, o cineasta Glauber Rocha chamou de gênio da Raça (embora este o chancelou ao mago do regime militar General Golbery do Couto e Silva), por ser quem melhor re-sume em suas músicas a trajetória do Brasil de 1964 aos dias atuais. Retratar Chico passo a passo é uma longa tarefa que não caberia nos números de linhas definidos neste texto. Irei ater-me exclusivamente aos seus já consagrados romances embora pudéssemos desfilar pelas letras das suas músicas, ou pelas peças teatrais e novelas como Roda Viva (1968), Ópera do Malandro (1979), Chapeuzinho amarelo (1979), Calabar: O elogio da traição (1973) com Ruy Guerra, Fazenda Modelo: novela pecuária (1974) e Gota D’ Água (1975) com Paulo Pon-tes; além do seu fabuloso protesto exposto no artigo “Nem toda loucura é genial nem toda lucidez é velha” publicado no jornal “Última Hora” em 9 de dezembro de 1968 quando ele entra num curto-circuito com os tropicalistas; ou quem sabe – mais bombástica ainda – a sua consagrada entrevista em 1974 usando o pseudônimo de Julinho da Adelaide, desvenda a hi-pocrisia reinante.

Sem dúvida, existem pessoas que nasceram para despertar o pecado e a inveja, Chico e sua misteriosa distribuição de atri-butos é uma destas, como se não bastasse à consagração uni-versal como cantor-compositor ele vai aos poucos se tornando um respeitável escritor: Estorvo (1991), Benjamim (1995), Bu-dapeste (2003) e o último romance Leite Derramado (2009).

Como leitor e apreciador da sua arte, primeiro pela brevi-dade do seu texto, embora isto não defina uma grande obra, como vemos em Dante, Cervantes, Dostoievski, Euclides da Cunha e Guimarães Rosa; segundo pelo seu domínio da lín-gua, elegância no estilo e fluidez da narração; e em terceiro,

pela sua originalidade na tessitura da trama, do enredo, do con-teúdo do livro em si.

Em Estorvo o personagem sem nome convive com o medo, enxerga o mundo deformado pelo olho mágico da porta do seu apartamento e por isso vê o homem côncavo. Persegue e é perseguido pelos desejos insatisfeitos; Em Benjamim o que prevalece é o tempo circular começando e terminando com a cena do fuzilamento, já que involuntariamente o nosso pro-tagonista fora o responsável pelo assassinato da sua amada Castana Beatriz pelos agentes da repressão política; Enquanto em Budapeste retrata uma cidade na sua visão onírica com a intenção de torna-la uma realidade. A trama traz a história de José Costa, um ghost-writer que na volta de um congresso é obrigado a fazer uma escala imprevista na cidade de Budapeste, o que desencadeará uma série de acontecimentos, envolvendo uma surpreendente história. Casado com Vanda uma famosa apresentadora de telejornais no Brasil, Costa conhece Kriska, com ela aprende húngaro que, segundo dizem “é a única língua que o diabo respeita”, durante diversas idas e vindas entre o Rio de Janeiro e Budapeste, Costa alterna-se com seu fascínio pela língua húngara e entre a paixão por Vanda e por Kriska.

Já Leite Derramado narra à saga da decadência - talvez a herança do Machado das Memórias Póstumas esteja presente - do moribundo Eulálio d’Assumpção e o seu ciúme de Matilde - tal qual o de Bentinho e Capitu - por conta de uma indefinível traição, que varia por conta das suas memórias. É assim que o filho do sociólogo Sérgio Buarque de Holanda e de dona Maria Amélia do Cesário Alvim, narra à saga da velhice cujo resultado é o mais pungente abandono. Paro por aqui para que todos se debrucem diante do texto. Fica, portanto, o convite para a leitura!

O arquiteto das letras, melodias e palavras.

Opinião

Page 6: Uninorte juridico_#4

Informativo Jurídico | Julho 20126

Opinião

Prof. Maurilio Casas MaiaMestre em ciências jurídicas pela UFPB.

A tutela jurisdicional executiva sofreu nos últimos 7 (sete) anos mudanças cruciais que conduziram o processo civil ao seu estágio atual de evolução. Nessa quadra, foram as Leis 11.232/2005 e Lei 11.382/2006 que, respectivamente, altera-ram a execução de título executivo judicial e de título extra-judicial. Entre essas duas supracitadas leis, deve-se destacar a primeira (Lei 11.232/2005), a qual efetivou o processo sin-crético (“cognição + execução”). Dessa forma, mitigou-se o dogma da separação absoluta entre as medidas de cognição e de execução, as quais, até 2005, somente poderiam ser obtidas por meio de processos distintos.

Destarte, o sincretismo processual se instalou no proces-so civil brasileiro, caracterizando-se como instrumento da reforma do Judiciário (Emenda Constitucional 45/2004), em prol da efetividade e celeridade processual (art. 5º, in-cisos XXXV e LXXVIII, Constituição).

Após breve introdução sobre o tema, adentra-se no tópico central do presente comentário, que é a classificação – não exaustiva –, das execuções no atual cenário jurídico:

(I) De acordo com a necessidade de instauração de novo processo: (I.a) Execução mediata ou ex intervalo: é a execução que necessita de instauração de novo processo para ser efetivada; (I.b) Execução imediata ou sine in-tervalo: É a execução que se faz como continuidade de um processo já iniciado, através da chamada fase, etapa ou módulo de cumprimento de sentença;

(II) Quanto à origem do título executivo lastreador da exe-cução: (II.a) Execução de título executivo judicial: resta configurada quando o título executivo tem origem judicial,

nos termos do artigo 475-N do Código de Processo Civil (CPC); (II.b) Execução de título executivo extrajudicial: É aquela cuja base provem de meio extrajudicial, como por exemplo cheques e notas promissórias, entre outros previstos no art. 585, CPC e legislação extravagante.

(III) Quanto à consolidação do título executivo: (III.a) Exe-cução definitiva: É aquela baseada em título judicial transita-do em julgado e, em regra, nos títulos executivos extrajudiciais; (III.b) Execução Provisória: É aquela cujo fulcro é título executivo impugnado por recurso recebido sem efeito suspen-sivo (CPC, art. 475-O) e que ocorre também, excepcionalmen-te, na execução de título executivo extrajudicial, quando houver apelação em Embargos à Execução anteriormente recebidos com efeito suspensivo da execução (CPC, art. 587).

(IV) Quanto à técnica executiva empregada: (IV.a) Exe-cução por sub-rogação: na qual o Estado-Juiz se coloca no lugar do devedor-executado, realizando atividade que cabia originariamente ao executado. Exemplo disso é a realização da penhora e posterior adjudicação (“entrega”) de bens ao credor-exequente; (IV.b) Execução por co-erção: É a execução na qual o devedor-executado é com-pelido, coagido ou induzido a efetivar por si a prestação devida, por receio de, por exemplo, ser atingido por multa diária (“astreintes”) ou prisão civil, no caso de alimentos.

Longe de esgotar o tema aqui proposto, o presente ma-terial é mero convite ao aprofundamento do estudo da tu-tela executiva processual civil. Em outras palavras, deseja--se estimular o estudo da tutela que torna direitos abstratos e realidades palpáveis.

Execução Civil: Classificação

Page 7: Uninorte juridico_#4

Julho 2012 | Informativo Jurídico 7

Aconteceu

Neste mês de junho, foram ofertadas diversas ofici-nas aos acadêmicos de direito do Uninorte pelo Núcleo de Práticas Jurídicas. Destaque para as Oficinas de Recursos, Competência, ação anulatória e contesta-ção, ministradas, respectivamente, pelos professores Simone Minelli, Fábio Agustinho da Silva, Haroldo Ja-

tahy e Marco Evangelista. O Curso de Direito do UNN comumente oferece cursos extras para consolidação do aprendizado e desenvolvimento do aluno. Além das oficinas de prática jurídica, o NPJ tem desenvolvido di-versos atendimentos jurídicos no interior do Estado em parceria com a Justiça Itinerante.

OFICINAS E CURSOS JURÍDICOS PARA ALUNOS UNN

02/06/12 Curso Revisional Direito Processual Civil Prof. Fábio Agustinho

02/06/12 Oficina sobre ação anulatoria Prof. Haroldo Jatahy

02/06/12Oficina sobre contestação cível Prof. Marco Evangelista

Page 8: Uninorte juridico_#4

Informativo Jurídico | Julho 20128

Aconteceu

Contando com a participação de 163 alunos e 80 servidores da SEJUS, foi re-alizado o Primeiro Seminário de Direitos Humanos e Sistema Penitenciário. Es-tiveram presentes: Secretário de Justi-ça e Direitos Humanos, Dr. Marcio Rys Meireles de Miranda e os palestrantes: Félix Valois Coelho Junior que falou so-bre Mídia, Prisão e Direitos Humanos e o Juiz Henrique Veiga de Lima, que falou sobre o a atuação do TJAM no sistema Penitenciário Estadual. O Semi-nário é fruto do convênio firmado entre o Uninorte/Laureate e a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do Estado do Amazonas.

Com grande alegria o Curso de Direito do UniNorte informa a celebração do Convênio com a Secretaria de Justiça do Estado do Amazonas, o qual oportunizará aos alunos da Escola de Ciên-cias Humanas e Sociais, a realização de estágios e projetos de pesquisa e extensão.

A “Sexta Cultural”, verdadeira atividade de pesquisa e integra-ção, foi em dois momentos: Na primeira parte os alunos fizeram exposição dos trabalhos de pesquisa realizados durante o semes-tre, e houve apresentação de palestras por docentes e discentes. No segundo momento foi realizada integração com apresentação de bandas e venda de comidas regionais por alunos.

De olho na aprovação dos alunos e egressos do curso de direito do Centro Universitário do Norte foi realizado simulado direciona-do para 2ª fase da OAB. Os alunos compareceram na sede da pós-graduação no sábado a tarde para realizar a prova simulada. A medida é um dos instrumentos de verificação de aprendizagem e estímulo ao aluno que prestará o Exame nacional da OAB.

SEMINÁRIO DE DIREITOS HUMANOS E SISTEMA PENITENCIÁRIO

CELEBRADO O CONVÊNIO SEJUS – UNN

SEXTA CULTURAL

SIMULADO DA 2ª FASE DA OAB

Page 9: Uninorte juridico_#4

SÚMULA n. 472A cobrança de comissão de permanência – cujo valor não pode ultrapassar a soma dos encargos remuneratórios e moratórios previstos no contrato – exclui a exigibilidade dos juros remuneratórios, moratórios e da multa contra-tual. Rel. Min. Luis Felipe Salomão, em 13/6/2012. SÚMULA n. 473O mutuário do SFH não pode ser compelido a contratar o seguro habitacional obrigatório com a instituição finan-ceira mutuante ou com a seguradora por ela indicada. Rel. Min. Luis Felipe Salomão, em 13/6/2012. SÚMULA n. 474A indenização do seguro DPVAT, em caso de invalidez parcial do beneficiário, será paga de forma proporcional ao grau da invalidez. Rel. Min. Luis Felipe Salomão, em 13/6/2012. SÚMULA n. 475Responde pelos danos decorrentes de protesto indevido o endossatário que recebe por endosso translativo título de crédito contendo vício formal extrínseco ou intrínseco, ficando ressalvado seu direito de regresso contra os endossantes e avalistas. Rel. Min. Luis Felipe Salomão, em 13/6/2012. SÚMULA n. 476O endossatário de título de crédito por endosso-mandato só responde por danos decorrentes de protesto indevido se extrapolar os poderes de mandatário. Rel. Min. Raul Araújo, em 13/6/2012. SÚMULA n. 477A decadência do art. 26 do CDC não é aplicável à prestação de contas para obter esclarecimentos sobre cobrança de taxas, tarifas e encargos bancários. Rel. Min. Raul Araújo, em 13/6/2012. SÚMULA n. 478Na execução de crédito relativo a cotas condominiais, este tem preferência sobre o hipotecário. Rel. Min. Raul Araújo, em 13/6/2012.

NOVAS SÚMULAS DA2ª SEÇÃO DO STJ

Julho 2012 | Informativo Jurídico 9

Notas de Jurisprudência

Page 10: Uninorte juridico_#4

SUSPEIÇÃO. INTERVENÇÃO. CONSELHO DE MAGISTRATU-RA.

É ilegal e abusiva a intervenção do Conselho de Magistratura do tribunal de origem que invalidou a manifesta-ção do julgador que se declarou suspei-to por motivo de foro íntimo (art. 135, parágrafo único, do CPC), uma vez que essa declaração é dotada de imuni-dade constitucional, por isso ressalva-da de censura ou de crítica da instância superior. Essa declaração relaciona-se com os predicamentos da magistratura (art. 95 da CF) – asseguradores de um juiz independente e imparcial, inerente ao devido processo legal (art. 5º, LIV, da CF). A decisão do colegiado cons-trangeu o julgador, subtraindo-lhe a in-dependência, ao obrigá-lo a conduzir o processo para o qual não se considera-va apto por razões de foro íntimo – as

quais, inclusive, não tinha que declinar – mas que por óbvio comprometiam a indispensável imparcialidade. De modo que os atos decisórios pratica-dos no processo pelo julgador suspei-to importam a nulidade do processo, caracterizando o direito líquido e certo do impetrante de ter reexaminados, por outro julgador, os pedidos formu-lados na ação em sua defesa, os quais foram objeto de indevidas delibera-ções pelo juiz suspeito. RMS 33.531-SC, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 5/6/2012, Informativo 499/STJ.

RECURSO REPETITIVO. DIS-

PENSÁRIO DE MEDICAMEN-TOS. PRESENÇA DE FARMA-CÊUTICO.

LEI N. 5.991/1973. SÚM. N. 140/TFR. A Seção, ao apreciar o REsp submetido ao regime do art. 543-C do

CPC e Res. n. 8/2008-STJ, por maioria, entendeu que o teor da Súm. n. 140/TFR – e a desobrigação de manter profissional farmacêutico – deve ser compreendido a partir da regulamen-tação existente, pela qual o conceito de dispensário atinge somente “pequena unidade hospitalar ou equivalente” (art. 4º, XV, da Lei n. 5.991/1973). Atual-mente é considerada como pequena a unidade hospitalar com até cinquenta leitos, segundo o teor da regulamenta-ção específica do Ministério da Saúde; os hospitais e equivalentes com mais de cinquenta leitos realizam a dispen-sação de medicamentos por meio de farmácias e drogarias, portanto são obrigados a manter farmacêutico cre-denciado pelo conselho profissional. REsp 1.110.906-SP, Rel. Min. Hum-berto Martins, julgado em 23/5/2012, Informativo 498/STJ.

DIREITO CONSTITUCIONAL EADMINISTRATIVO

Notas de Jurisprudência

Informativo Jurídico | Julho 201210

Page 11: Uninorte juridico_#4

PETIÇÃO ELETRÔNICA. ADVOGADO PÚBLICO. NOME QUE NÃO CONSTA NO CER-TIFICADO DIGITAL.

Em preliminar, a Turma entendeu ser possível o conhecimento de peti-ção eletrônica encaminhada por advo-gado representante ex lege de pessoa jurídica de direito público, mesmo que

não seja o titular do certificado digital utilizado para assinar a transmissão eletrônica do documento. Para o Min. Relator, o certificado digital gera uma presunção técnica de autoria (auten-ticidade), de identificação única entre o titular desse certificado e o arquivo de dados que ele subscrevera. Tal fato possibilita o conhecimento do recur-

so ou petição assinada por represen-tante processual que decorra da pró-pria lei (como é o caso dos advogados públicos), mesmo que conste, no documento assinado digitalmente, o nome de outro procurador. No méri-to, o recurso especial não foi conheci-do, pois o tribunal de origem decidiu a questão com base em legislação local,

DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL

Notas de Jurisprudência

Julho 2012 | Informativo Jurídico 11

Page 12: Uninorte juridico_#4

Informativo Jurídico | Julho 201212

o que atrai o óbice da Súm. n. 280/STF. AgRg no REsp 1.304.123-AM, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 22/5/2012, Informativo 498/STJ.

HC. EXECUÇÃO DE DÉBITO ALIMENTAR. PRISÃO CIVIL. NATUREZA DAS VERBAS.

Apenas o inadimplemento de ver-bas de caráter alimentar autoriza a execução nos termos do rito previsto no art. 733 do CPC. A verba destina-da à ex-esposa para manutenção de sítio – que não constitui sua mora-dia – até a efetivação da partilha dos bens comuns do casal não tem natu-reza jurídica de alimentos. Logo é in-suficiente para embasar o decreto de prisão civil por dívida alimentar. Na espécie, tal verba foi estabelecida com o objetivo de impedir que a ex-espo-sa, responsável pela administração do bem comum do casal até a partilha, retirasse da sua pensão alimentícia, destinada, única e exclusivamente, a sua subsistência, o valor necessário ao custeio de outras despesas, no caso, a manutenção de bem imóvel de res-ponsabilidade de ambos os litigantes. HC 232.405-RJ, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em 22/5/2012, Infor-mativo 498/STJ.

DENUNCIAÇÃO DA LIDE. CDC. DEFEITO NA PRESTA-ÇÃO DE SERVIÇO.

A Turma, ao rever orientação do-

minante desta Corte, assentou que é incabível a denunciação da lide nas ações indenizatórias decorrentes da relação de consumo seja no caso de responsabilidade pelo fato do produ-to, seja no caso de responsabilidade pelo fato do serviço (arts. 12 a 17 do CDC). Asseverou o Min. Relator que, segundo melhor exegese do enuncia-do normativo do art. 88 do CDC, a vedação ao direito de denunciação da lide não se restringiria exclusivamen-te à responsabilidade do comercian-te pelo fato do produto (art. 13 do CDC), mas a todo e qualquer respon-sável (real, aparente ou presumido) que indenize os prejuízos sofridos pelo consumidor. Segundo afirmou, a proibição do direito de regresso na mesma ação objetiva evitar a procras-tinação do feito, tendo em vista a de-dução no processo de uma nova cau-sa de pedir, com fundamento distinto da formulada pelo consumidor, qual seja, a discussão da responsabilida-de subjetiva. Destacou-se, ainda, que a única hipótese na qual se admite a intervenção de terceiro nas ações que versem sobre relação de consumo é o caso de chamamento ao processo do segurador – nos contratos de se-guro celebrado pelos fornecedores para garantir a sua responsabilidade pelo fato do produto ou do serviço (art. 101, II, do CDC). Com base nesse entendimento, a Turma negou provimento ao recurso especial para

FOTO: DIVULGAÇÃO

Page 13: Uninorte juridico_#4

Julho 2012 | Informativo Jurídico 13

manter a exclusão de empresa pres-tadora de serviço da ação em que se pleiteia compensação por danos mo-rais em razão de instalação indevida de linhas telefônicas em nome do au-tor e posterior inscrição de seu nome em cadastro de devedores de inadim-plentes. REsp 1.165.279-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 22/5/2012, Informativo 498/STJ.

CITAÇÃO. TEORIA DA APA-RÊNCIA.

A pessoa jurídica – ente evidente-mente abstrato – faz-se representar por pessoas físicas que compõem seus quadros dirigentes. Se a própria diretora geral, mesmo não sendo a pessoa indicada pelo estatuto para falar judicialmente em nome da asso-ciação, recebe a citação e, na ocasião, não levanta nenhum óbice ao oficial de justiça, há de se considerar válido o ato de chamamento, sob pena de, consagrando exacerbado formalismo, erigir inaceitável entrave ao andamen-to do processo. Precedente citado: AgRg nos EREsp 205.275-PR, DJ 28/10/2002. EREsp 864.947-SC, Rel. Min. Ministra Laurita Vaz, julgados em 6/6/2012, Informativo 499/STJ

JUROS COMPENSATÓRIOS (“JUROS NO PÉ”). INCIDÊN-CIA ANTERIOR À ENTREGA DAS CHAVES. COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA.

Seção, por maioria, decidiu que não é abusiva a cláusula de cobrança de juros compensatórios incidentes em período anterior à entrega das cha-ves nos contratos de compromisso de compra e venda de imóveis em construção sob o regime de incorpo-ração imobiliária. Observou o Min. Antonio Carlos Ferreira que, a rigor, o pagamento pela compra de um imó-vel em fase de produção deveria ser feito à vista. Não obstante, em favo-recimento financeiro ao comprador, o incorporador pode estipular o adim-plemento da obrigação mediante o parcelamento do preço, inclusive, em regra, a prazos que vão além do tem-po previsto para o término da obra. Em tal hipótese, afigura-se legítima a cobrança dos juros compensatórios, pois o incorporador, além de assumir os riscos do empreendimento, ante-cipa os recursos para o seu regular andamento. Destacou-se que seria injusto pagar na compra parcelada o mesmo valor correspondente da compra à vista. Acrescentou-se, ain-da, que, sendo esses juros compen-satórios um dos custos financeiros da incorporação imobiliária suportados pelo adquirente, deve ser conven-cionado expressamente no contrato ou incluído no preço final da obra. Concluiu-se que, para a segurança do consumidor, em observância ao direito de informação insculpido no art. 6º, II, do CDC, é conveniente a

Page 14: Uninorte juridico_#4

Informativo Jurídico | Julho 201214

Notas de Jurisprudência

previsão expressa dos juros compen-satórios sobre todo o valor parcelado na aquisição do bem, permitindo, des-sa forma, o controle pelo Judiciário. Além disso, afirmou o Min. Antonio Carlos Ferreira que se esses juros não puderem ser convencionados no con-trato, serão incluídos no preço final da obra e suportados pelo adquiren-te, sendo dosados, porém, de acordo com a boa ou má intenção do incorpo-rador. Com base nesse entendimento, deu-se provimento aos embargos de divergência para reconhecer a legali-dade da cláusula contratual que previu a cobrança dos juros compensatórios de 1% a partir da assinatura do contra-to. EREsp 670.117-PB, Rel. originário Min. Sidnei Beneti, Rel. para acórdão Min. Antonio Carlos Ferreira, julgados em 13/6/2012, Informativo 499/STJ.

AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO. CONVER-SÃO DO DEPÓSITO EXTRAJU-DICIAL EM JUDICIAL.

Compete ao depositante o ônus de comprovar à instituição financeira de-positária a efetiva propositura da ação de consignação em pagamento para que o depósito extrajudicial passe a ser tratado como judicial (art. 6º, parágra-fo único, da Res. n. 2.814 do Bacen). Isso porque nos depósitos feitos ex-trajudicialmente incide a correção mo-netária pela TR e, com o ajuizamento da ação consignatória, passam a incidir

as regras referentes às cadernetas de poupança. Assim, o banco depositá-rio não está obrigado a efetuar a com-plementação dos depósitos feitos, de início, extrajudicialmente, para fazer incidir a remuneração conforme os ín-dices da caderneta de poupança, quan-do o depositante não o informou da propositura da ação. Portanto, o ônus de complementar os valores faltantes cabe ao depositante, pois foi ele quem deixou de cumprir seu dever de notifi-car o banco. RMS 28.841-SP, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 12/6/2012, Informativo 499/STJ.

DANO MORAL. PRESERVATI-VO EM EXTRATO DE TOMATE.

A Turma manteve a indenização de R$ 10.000,00 por danos morais para a consumidora que encontrou um preservativo masculino no inte-rior de uma lata de extrato de tomate, visto que o fabricante tem responsa-bilidade objetiva pelos produtos que disponibiliza no mercado, ainda que se trate de um sistema de fabricação totalmente automatizado, no qual, em princípio, não ocorre intervenção humana. O fato de a consumidora ter dado entrevista aos meios de comu-nicação não fere seu direito à indeni-zação; ao contrário, divulgar tal fato, demonstrando a justiça feita, faz parte do processo de reparação do mal cau-sado, exercendo uma função educado-ra. Precedente: REsp 1.239.060-MG,

DJe 18/5/2011. REsp 1.317.611-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 12/6/2012, Informativo 499/STJ.

AÇÃO CAUTELAR. COMPE-TÊNCIA. JUÍZO ESTATAL E TRIBUNAL ARBITRAL.

A constituição de tribunal arbitral implica, em regra, a derrogação da jurisdição estatal, devendo os autos da ação cautelar – ajuizada antes da formação do tribunal – ser encami-nhados de imediato ao juízo arbitral regularmente constituído. No caso, antes de ser instaurado o procedimen-to arbitral, a recorrida ingressou com a medida cautelar amparada na possibi-lidade de que, na pendência da nomea-ção dos árbitros, admite-se que a parte recorra ao Judiciário para assegurar o resultado que pretende na arbitragem. Negado provimento ao pedido for-mulado na inicial, foi interposta ape-lação. Antes do julgamento do apelo recursal, que concedeu a tutela, as par-tes subscreveram ata de missão con-firmando a constituição do tribunal arbitral. Assim, a Turma entendeu que o juízo arbitral deve assumir o proces-samento da ação na situação em que se encontra, para reapreciar e ratificar ou não a cautelar que foi concedida em caráter precário pelo Poder Judi-ciário. Precedente citado: SEC 1-EX, DJe 1º/2/2012. REsp 1.297.974-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 12/6/2012, Informativo 499/STJ.

Page 15: Uninorte juridico_#4

Julho 2012 | Informativo Jurídico 15

Notas de Jurisprudência

“‘HABEAS CORPUS’. EX-TINÇÃO DA PUNIBILIDA-DE. PRESCRIÇÃO. AGENTE MAIOR DE 70 (SETENTA) ANOS NA DATA DA APELA-ÇÃO. HIPÓTESE QUE NÃO PREENCHE A FINALIDADE DO ART. 115 DO CÓDIGO PE-NAL. ORDEM DENEGADA.

1. Na data da publicação da sen-tença condenatória, o paciente ain-da não contava 70 (setenta) anos de idade. Situação que não autoriza a aplicação da causa de redução do prazo prescricional de que trata o art. 115 do Código Penal. A juris-prudência do Supremo Tribunal Fe-deral é no sentido de que tal redução não opera quando, no julgamento de apelação, o Tribunal confirma a condenação (HC 84.909, da relato-ria do ministro Gilmar Mendes; HC 86.320, da relatoria do ministro Ri-cardo Lewandowski; HC 71.711, da relatoria do ministro Carlos Velloso; e HC 96.968, da minha relatoria). 2. Ordem indeferida.” (HC 106.385/DF, Rel. Min. AYRES BRITTO –

grifei, Informativo 671/STF).

INVASÃO DE IMÓVEL PAR-TICULAR. VENDA DIRETA AOS DETENTORES. PARCE-LAMENTO IRREGULAR E EXTORSÃO.

A ameaça de exercício de direito de reintegração da posse durante nego-ciação de venda direta aos detentores de terreno irregularmente ocupado não configura o crime de extorsão ou de parcelamento irregular de solo urbano. No caso, durante os anos 70, houve irregular ocupação e fraciona-mento de terreno próximo ao municí-pio. Tempos depois, foi reconhecida pela municipalidade a irreversibilida-de da ocupação e foram realizadas obras de urbanização no local. No fi-nal da década de 90, os proprietários do terreno obtiveram judicialmente a reintegração da posse. Utilizan-do o argumento de possibilidade de execução da reintegração, o pacien-te – na qualidade de procurador dos proprietários – passou a negociar a venda dos lotes irregularmente ocu-

pados diretamente com seus deten-tores. Com base nessa conduta, foi oferecida denúncia contra o pacien-te pela prática dos crimes previstos no art. 50, I, da Lei n. 6.766/1979, art. 71 do CDC e art. 158, caput e § 1º, do CP. Absolvido em primeiro grau, o paciente foi condenado pelos crimes de extorsão, na modalidade continuada, e parcelamento irregu-lar do solo. O Min. Jorge Mussi re-gistrou que a previsão do art. 50, I, da Lei n. 6.766/1979 visa tutelar o interesse da Administração Pública na ordenação da ocupação do solo urbano, bem como o interesse dos adquirentes das áreas parceladas em obter legitimamente a propriedade. Para a configuração do crime, é ne-cessário que o agente faça as altera-ções no solo, com intenção de fracio-nar a área, sem a prévia autorização do órgão público competente ou em desacordo com a legislação aplicável. No caso, após a ocupação irregular, à revelia dos proprietários, a própria municipalidade realizou as obras de urbanização. Assim, não se pode atri-

DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL

Page 16: Uninorte juridico_#4

Informativo Jurídico | Julho 201216

Notas de Jurisprudência

buir ao paciente qualquer conduta que pudesse ser tipificada no referido dispositivo legal. Quanto ao crime de extorsão, o Min. Jorge Mussi asseve-rou que na hipótese não há descrito na conduta nenhum dos dois ele-mentos do delito, quais sejam, a van-tagem indevida e o constrangimento ilegal. De fato, o paciente represen-tava os interesses dos legítimos pro-prietários quando negociava a venda direta aos detentores das frações do terreno irregularmente ocupado, não havendo falar em obtenção de vanta-gem indevida. Ressaltou, ainda, que eventual vício de vontade no negócio celebrado é matéria a ser discutida no âmbito civil, sem repercussão pe-nal. HC 121.718-PR, Rel. originário Min. Adilson Vieira Macabu (De-sembargador convocado do TJ-RJ), Rel. para acórdão Min. Jorge Mussi, julgado em 5/6/2012, Informativo 499/STJ.

JÚRIS. REFORMATIO IN PEJUS INDIRETA.

In casu, o paciente foi condenado à pena de 42 anos de reclusão pelos crimes praticados e, ao apelar, teve sua pena reduzida para 33 anos, 7 meses e 6 dias de reclusão, momen-to em que foi afastado o concurso material, reconhecida a continui-dade delitiva e deferido o protesto por novo júri. Neste, a condenação foi fixada em 39 anos de reclusão.

FOTO: DIVULGAÇÃO

Page 17: Uninorte juridico_#4

Julho 2012 | Informativo Jurídico 17

Notas de Jurisprudência

Ao recorrer novamente, o paciente teve a pena redimensionada para 37 anos e 7 meses de reclusão, superior àquela da primeira apelação. As-sim, alegou o paciente que ocorreu reformatio in pejus indireta e que, em recurso exclusivamente da defe-sa, não se pode piorar a situação do paciente, como ocorreu. Conforme ressaltou o Min. Relator, o STF de-cidiu que os jurados têm liberdade para decidir a causa conforme sua convicção, tanto no primeiro quan-to no segundo júri. No entanto, no novo julgamento, o juiz, ao proce-der à dosimetria, ficaria limitado à pena obtida no primeiro julgamen-to. Na hipótese, a diferença se deu por um detalhe incapaz de acarretar uma mudança na dosimetria da pena do paciente. Isso porque, enquanto, no primeiro julgamento, os jurados reconheceram a qualificação do de-lito pelo motivo torpe (art. 121, § 2º, I, do CP), no segundo, esses crimes foram qualificados pelo motivo fútil (art. 121, § 2º, II, do CP), de modo que os julgamentos não se deram de forma tão diferente a ponto de permitir mudanças drásticas na do-simetria. Além do mais, na primei-ra condenação, foi aplicada a regra do concurso material, que é mais gravosa do que aquela referente à continuidade delitiva que incidiu na segunda. Concluiu-se que, embora um dos princípios do Tribunal do

Júri seja o da soberania dos veredic-tos, tal princípio deve ser conciliado com os demais listados na Consti-tuição Federal, principalmente o da plenitude de defesa. Com essas considerações, a Turma concedeu a ordem para determinar ao juízo das execuções que proceda a novo cál-culo da pena, considerando a sanção fixada na primeira apelação, deven-do ser cumprida no regime fechado. Precedentes do STF: HC 89.544-RN, DJe 15/5/2009, e do STJ: HC 58.317-SP, DJe 30/3/2009, e HC 102.858-RJ, DJe 1º/2/2011. HC 205.616-SP, Rel. Min. Og Fernan-des, julgado em 12/6/2012, Infor-mativo 499/STJ.

LEI MARIA DA PENHA. BRI-GA ENTRE IRMÃOS.

A hipótese de briga entre irmãos – que ameaçaram a vítima de mor-te – amolda-se àqueles objetos de proteção da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha). In casu, ca-racterizada a relação íntima de afe-to familiar entre os agressores e a vítima, inexiste a exigência de coa-bitação ao tempo do crime, para a configuração da violência doméstica contra a mulher. Com essas e outras ponderações, a Turma, por maioria, denegou a ordem de habeas cor-pus. Precedentes citados do STF: HC 106.212-MS, DJe 13/6/2011; do STJ: HC 115.857-MG, DJe

2/2/2009; REsp 1.239.850-DF, DJe 5/3/2012, e CC 103.813-MG, DJe 3/8/2009. HC 184.990-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 12/6/2012, Informativo 499/STJ..

APLICAÇÃO. REPARAÇÃO. ART. 387, IV, DO CPP.

A alteração advinda da Lei n. 11.719/2008, que determinou ao juiz que, ao proferir a sentença condenatória, fixe o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração considerando os pre-juízos sofridos pelo ofendido (art. 387, IV, do CPP), é norma proces-sual. Tal norma modificou apenas o momento em que deve ser fixado o mencionado valor, aplicando-se imediatamente às sentenças profe-ridas após a sua entrada em vigor. Ocorre que, no caso, inexistem elementos suficientes para que o juiz fixe um valor, ainda que míni-mo, para reparar os danos causa-dos pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido (ou seus sucessores). Além disso, na hipótese, o delito é homicídio e eventuais danos não são de simples fixação, até porque provavelmente são de natureza material e moral. Assim, não houve contrariedade ao dispositivo legal supradito. REsp 1.176.708-RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 12/6/2012, Informativo 499/STJ.

Page 18: Uninorte juridico_#4

Informativo Jurídico | Julho 201218

Justiça reconhece vínculo entre motoboys e empresas com entrega delivery. (...)

A dúvida sobre o direito ao vínculo empregatício é um grande problema que atinge os motoboys. Muitos con-tratados como prestadores de serviço acabam requerendo o vínculo na Jus-tiça. A maioria dos motoboys, ou mo-

tofretistas, trabalha na informalidade, sem o registro na carteira de trabalho. Em São Paulo, por exemplo, de cada dez motoboys, somente dois são regis-trados. Atualmente, são inúmeras as empresas que utilizam os serviços dos motoboys para fazer entregas, como farmácias, lanchonetes, restaurantes, pizzarias, supermercados, entre ou-

tros que dependem completamente desses trabalhadores para atender aos clientes. Muitos recorrerem a empre-sas terceirizadas para obter essa mão de obra. E terceirizam para pagar me-nos encargos, é o que afirma o advo-gado especialista em acidente de tra-balho Igor Vasconcelos. Segundo ele, inúmeras terceirizadas não cumprem

DIREITO DO TRABALHO E PROCESSUAL DO TRABALHO

Page 19: Uninorte juridico_#4

Julho 2012 | Informativo Jurídico 19

as normas de saúde e segurança do trabalho e ainda exigem do motoboy uma jornada extenuante. Ele ressalta que a profissão em si é de alto risco: risco por dirigir moto, risco de aciden-te de trabalho e também por prestar serviço terceirizado e acabar ficando sem receber os direitos trabalhistas. São muitas as causas que o advogado tem defendido para esses profissio-nais, sendo mais comuns os pedidos de vínculo de emprego. Há casos em que a Justiça do Trabalho tem se posi-cionado a favor do vínculo, como no processo julgado pelo Tribunal Regio-nal do Trabalho de São Paulo que re-conheceu a relação de emprego entre um motoboy que trabalhou sete me-ses numa pizzaria, como entregador, mas sem registro na carteira. Também o Tribunal Superior do Trabalho tem entendido de forma semelhante. A Terceira Turma julgou recurso do Mi-nistério Público do Trabalho de Mi-nas Gerais em ação civil púbica contra a Drogaria Araújo S/A que mantinha 48 entregadores terceirizados. A Tur-ma condenou a Drogaria a se abster de contratar o serviço de entregas domiciliares de seus produtos por meio de empresa interposta, sob pena de pagar multa diária de R$ 200 por cada trabalhador irregular. Em outro julgamento no TST, um motofretista que trabalhou para uma lanchonete em Belo Horizonte conseguiu obter o

vínculo de emprego e as parcelas daí decorrentes. A Sexta Turma concluiu que a lanchonete necessitava conti-nuamente do trabalho dos motoboys para entregar seus sanduíches e pi-zzas, utilizando-se, permanentemente da mão de obra de entregadores. Evi-denciou-se para a Turma que a entre-ga é um dos fatores essenciais ao fun-cionamento da empresa, inserindo-se na sua atividade-fim. Para a desem-bargadora convocada no TST Maria Laura Franco Lima de Faria é inegá-vel a existência de vínculo entre mo-tofretistas e empresas que têm como atividade essencial a entrega delivery. Ela classifica a relação de motoboy e empresas como eventual, habitual e essencial. No último, sempre haverá vínculo de emprego. “Nas empresas delivery a atividade do motoboy é essencial. Nesse caso não é correta a terceirização” destaca a desembarga-dora. Mas, mesmo nos casos em que a terceirização é permitida, a respon-sabilidade por eventuais acidentes de-correntes da atividade, também recai ao contratante do serviço. Maria Lau-ra destaca que a lei 12.009/2009 pre-vê que as pessoas físicas ou jurídicas que firmarem contrato de prestação continuada com condutores de moto são responsáveis solidárias por danos cíveis decorrentes da atividade. Já os autônomos ficam completamente desamparados, sujeitos à responsa-

bilização decorrente das leis de trân-sito. (...) (Disponível em: < http://www.tst.jus.br/home/-/asset_pu-blisher/nD3Q/content/justica-re-conhece-vinculo-entre-motoboys-e--empresas-com-entrega-delivery?redirect=http%3A%2F%2Fwww.tst.jus.br%2Fhome%3Fp_p_id%3D101_I N S TA N C E _ n D 3 Q % 2 6 p _ p _l i f e c y c l e % 3 D 0 % 2 6 p _ p _s t a t e % 3 D n o r m a l % 2 6 p _ p _m o d e % 3 D v i e w % 2 6 p _ p _ c o l _i d % 3 D c o l u m n - 3 % 2 6 p _ p _c o l _ p o s % 3 D 1 % 2 6 p _ p _ c o l _count%3D5>).

Atendente da Dado Bier incor-

pora gorjetas ao salário. (...) A Segunda Turma do Tribunal Su-

perior do Trabalho manteve condena-ção imposta pela Justiça do Trabalho da 4ª Região (RS) ao pagamento de di-ferenças decorrentes da integração ao salário das gorjetas recebidas por uma atendente do Restaurante e Cervejaria Dado Bier, em Porto Alegre (RS). A Turma não conheceu de recurso da Cubo Comércio de Alimentos Ltda., proprietária do estabelecimento. A funcionária da cervejaria alegava que recebia, a título de pagamento “por fora”, cerca de R$ 800 por mês pro-venientes da taxa de serviço de 10% sobre o total das despesas dos clien-tes. Pedia a integração desse valor ao salário, com reflexos em férias, horas

Page 20: Uninorte juridico_#4

extras, aviso prévio e 13°salários não computados no cálculo de sua resci-são do contrato de trabalho. A empre-sa, em sua defesa, sustentou que os valores recebidos eram gorjetas dadas pelos clientes de forma facultativa, como determina o Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/1990). O total arrecadado era depositado em conta administrada por um comitê de funcionários que efetuava o rateio quinzenalmente conforme a atividade desempenhada por cada um. O pro-cedimento, segundo a empresa, tinha como objetivo o controle sobre quan-to cada funcionário recebia. Dessa forma, pagava conforme o estipulado em norma coletiva da categoria, em folha, para que fossem efetuados os recolhimentos e integrações legais. A 20ª Vara do Trabalho de Porto Ale-gre decidiu que os valores deveriam ser integrados ao salário, com refle-xos nas demais verbas, à exceção do aviso prévio, adicional noturno, horas extras e repousos semanais. Segundo a sentença, ficou comprovado que a funcionária recebia valores por fora, a título de gorjeta, que não eram re-gistrados nos recibos de pagamento. Para o juízo de primeiro grau, mes-mo que se admitisse que se tratasse de gorjetas, os valores deveriam in-tegrar a remuneração, em obediência ao disposto na Súmula 354 do TST. O Tribunal Regional o Trabalho da 4ª

Região manteve a condenação, com o entendimento de que as gorjetas rate-adas entre os empregados não eram espontâneas, mas sim decorrentes da cobrança da taxa de serviço. Dessa forma, a empresa tinha condições de saber exatamente quanto cada fun-cionário recebia a título de “gorjetas compulsórias”, e os valores devem ser integralizados à sua remuneração. A decisão observou que, conforme es-tabelecido no artigo 457 da CLT, para todos os efeitos legais, as gorjetas devem integrar a remuneração, além do salário devido e pago diretamen-te pelo empregador. Contra essa de-cisão, a empresa interpôs recurso de revista ao TST, que teve seguimento negado pelo Regional, o que a levou a interpor o agravo de instrumento agora julgado pela Segunda Turma. A Turma indeferiu o processamen-to do recurso de revista e manteve a condenação. Para o relator, ministro Guilherme Caputo Bastos, a decisão regional que decidiu pela não aplica-ção da norma coletiva no caso e de-feriu as diferenças postuladas à aten-dente não violou os artigos 7º, inciso XXVI, da Constituição da República, e 611 da CLT, que garantem o reco-nhecimento das convenções coletivas. Conforme observa o relator, para se concluir que o caso tratava de hipó-tese de gorjeta espontânea, com a aplicação consequente da norma co-

letiva, seria necessário o reexame de provas, procedimento vedado pela Súmula 126 do TST. (...) Processo: RR-105400-92.2009.5.04.0020. (Dis-ponível em: < http://www.tst.jus.br/noticias/-/asset_publisher/89Dk/content/atendente-da-dado-bier--incorpora-gorjetas-ao-salario?redirect=http%3A%2F%2Fwww.tst.jus.br%2Fnoticias%3Fp_p_id%3D101_I N S T A N C E _ 8 9 D k % 2 6 p _ p _l i f e c y c l e % 3 D 0 % 2 6 p _ p _s t a t e % 3 D n o r m a l % 2 6 p _ p _m o d e % 3 D v i e w % 2 6 p _ p _ c o l _i d % 3 D c o l u m n - 3 % 2 6 p _ p _c o l _ p o s % 3 D 2 % 2 6 p _ p _ c o l _count%3D5>).

Terceirização na administração pública é tema com mais proces-sos sobrestados no TST. (...)

A responsabilidade subsidiária da Administração Pública por encargos trabalhistas gerados pelo não pa-gamento de verbas trabalhistas por prestadoras de serviços é o tema com maior número de processos sobres-tados na Vice-Presidência do Tribu-nal Superior do Trabalho. Segundo levantamento da Coordenadoria de Recursos, o TST encerrou o primeiro semestre com 13.059 recursos extra-ordinários aguardando que o Supre-mo Tribunal Federal decida o caso-pa-radigma que, por ter repercussão geral

Informativo Jurídico | Julho 201220

Page 21: Uninorte juridico_#4

reconhecida, servirá de fundamento para as demais decisões sobre a ma-téria. Ao todo, estão sobrestados no TST 36.166 recursos extraordinários – nos quais uma das partes pretende que o caso seja examinado pelo STF por considerar que se trata de maté-ria constitucional. O segundo tema com maior número de processos – a

questão do recolhimento de FGTS em casos de contratação de servidor público sem aprovação em concurso público – foi decidido recentemente pelo STF (leia mais aqui). O sobres-tamento ocorre quando o STF, no exame de um recurso extraordinário, reconhece a existência de repercus-são geral na matéria constitucional

discutida – ou seja, entende que o tema é relevante do ponto de vista econômico, político, social ou jurídi-co e ultrapassa os interesses apenas das partes envolvidas –, os demais recursos aguardam a definição da-quela Corte. Confira abaixo os temas com maior número de processos so-brestados:

Disponível em: < http://www.tst.jus.br/noticias/-/asset_publisher/89Dk/content/terceiriza-cao-na-administracao-publica-e-te-ma-com-mais-processos-sobrestados

- n o t s t ? r e d i r e c t = h t t p %3 A % 2 F % 2 F w w w . t s t . j u s .br%2Fnoticias%3Fp_p_id%3D101_I N S T A N C E _ 8 9 D k % 2 6 p _ p _l i f e c y c l e % 3 D 0 % 2 6 p _ p _

s t a t e % 3 D n o r m a l % 2 6 p _ p _m o d e % 3 D v i e w % 2 6 p _ p _ c o l _i d % 3 D c o l u m n - 3 % 2 6 p _ p _c o l _ p o s % 3 D 2 % 2 6 p _ p _ c o l _count%3D5>

Temas sobrestados no STF:Total de sobrestados até 30/06/2012: 36166

Quantidade Tema13059 RE-603397/SC – Responsabilidade subsidiária – entre público.6798* RE-596478/RR - Contrato nulo. FGTS. Lei 8036.5599 RE-586453/SE – Complementação de aposentadoria1382 RE-590415 - PDV. BESC. Rescisão contratual.1001 RE-589998/PI – ECT. Correios. Dispensa. Motivação.797 RE-812687 – Execução de sentença. Fraude à execução.357 RE-635546 – Equiparação dir. trab. terceirização X emp. Público* Tema já julgado pelo STF. Aguardando publicação de acórdão

Julho 2012 | Informativo Jurídico 21

Page 22: Uninorte juridico_#4

Informativo Jurídico | Abril 201224

www.uninorte.com.br

CoordenaçãoRua Emílio Moreira, nº 601

Praça 14 de Novembro Tel.: (92) 3212-5085