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Universidade do Sul de Santa Catarina
PalhoçaUnisulVirtual
2007
Introdução ao Design Gráfi co
Disciplina na modalidade a distância
3ª edição
revista e atualizada
introducao_design_3aedicao.indb 1introducao_design_3aedicao.indb 1 14/6/2007 10:02:2514/6/2007 10:02:25
CréditosUnisul - Universidade do Sul de Santa CatarinaUnisulVirtual - Educação Superior a Distância
Campus UnisulVirtualAvenida dos Lagos, 41 Cidade Universitária Pedra BrancaPalhoça – SC - 88137-100Fone/fax: (48) 3279-1242 e3279-1271E-mail: [email protected]: www.virtual.unisul.br
Reitor UnisulGerson Luiz Joner da Silveira
Vice-Reitor e Pró-Reitor AcadêmicoSebastião Salésio Heerdt
Chefe de Gabinete da ReitoriaFabian Martins de Castro
Pró-Reitor AdministrativoMarcus Vinícius Anátoles da Silva Ferreira
Campus SulDiretor: Valter Alves Schmitz NetoDiretora adjunta: Alexandra Orsoni
Campus NorteDiretor: Ailton Nazareno SoaresDiretora adjunta: Cibele Schuelter
Campus UnisulVirtualDiretor: João VianneyDiretora adjunta: Jucimara Roesler
Equipe UnisulVirtual
AdministraçãoRenato André LuzValmir Venício Inácio
Avaliação InstitucionalDênia Falcão de Bittencourt
BibliotecaSoraya Arruda Waltrick
Capacitação e Apoio Pedagógico à TutoriaAngelita Marçal Flores (Coordenadora)Caroline BatistaEnzo de Oliveira MoreiraPatrícia MeneghelVanessa Francine Corrêa
Coordenação dos CursosAdriano Sérgio da CunhaAloísio José RodriguesAna Luisa MülbertAna Paula Reusing PachecoCharles CesconettoDiva Marília FlemmingFabiano CerettaItamar Pedro BevilaquaJanete Elza FelisbinoJucimara RoeslerLauro José BallockLívia da Cruz (Auxiliar)Luiz Guilherme Buchmann FigueiredoLuiz Otávio Botelho LentoMarcelo CavalcantiMaria da Graça PoyerMaria de Fátima Martins (Auxiliar)Mauro Faccioni FilhoMichelle D. Durieux Lopes DestriMoacir FogaçaMoacir HeerdtNélio HerzmannOnei Tadeu DutraPatrícia AlbertonRaulino Jacó BrüningRodrigo Nunes LunardelliSimone Andréa de Castilho (Auxiliar)
Criação e Reconhecimento de CursosDiane Dal MagoVanderlei Brasil
Desenho EducacionalDesign Instrucional
Daniela Erani Monteiro Will (Coordenadora)Carmen Maria Cipriani PandiniCarolina Hoeller da Silva BoeingFlávia Lumi MatuzawaKarla Leonora Dahse NunesLeandro Kingeski PachecoLigia Maria Soufen TumoloMárcia LochViviane BastosViviani Poyer
Acessibilidade
Vanessa de Andrade Manoel
Avaliação da Aprendizagem
Márcia Loch (Coordenadora)Cristina Klipp de OliveiraSilvana Denise Guimarães
Design Gráfi coCristiano Neri Gonçalves Ribeiro (Coordenador) Adriana Ferreira dos SantosAlex Sandro XavierEvandro Guedes MachadoFernando Roberto Dias ZimmermannHigor Ghisi LucianoPedro Paulo Alves TeixeiraRafael PessiVilson Martins Filho
Disciplinas a DistânciaTade-Ane de AmorimCátia Melissa Rodrigues
Gerência AcadêmicaPatrícia Alberton
Gerência de EnsinoAna Paula Reusing Pacheco
Logística de Encontros PresenciaisMárcia Luz de Oliveira (Coordenadora) Aracelli AraldiGraciele Marinês LindenmayrLetícia Cristina BarbosaKênia Alexandra Costa HermannPriscila Santos Alves
Formatura e Eventos
Jackson Schuelter Wiggers
Logística de MateriaisJeferson Cassiano Almeida da Costa (Coordenador)José Carlos TeixeiraEduardo Kraus
Monitoria e SuporteRafael da Cunha Lara (coordenador)Adriana SilveiraAndréia DrewesCaroline MendonçaCristiano DalazenDyego RachadelEdison Rodrigo ValimFrancielle ArrudaGabriela Malinverni BarbieriJonatas Collaço de SouzaJosiane Conceição LealMaria Eugênia Ferreira CeleghinRachel Lopes C. PintoVinícius Maykot Serafi m
Produção Industrial e SuporteArthur Emmanuel F. Silveira (coordenador)Francisco Asp
Relacionamento com o MercadoWalter Félix Cardoso Júnior
Secretaria de Ensino a DistânciaKarine Augusta Zanoni Albuquerque(Secretária de ensino)Ana Paula Pereira Andréa Luci MandiraCarla Cristina SbardellaDeise Marcelo AntunesDjeime Sammer Bortolotti Franciele da Silva BruchadoGrasiela MartinsJames Marcel Silva RibeiroJenniff er CamargoLamuniê SouzaLauana de Lima BezerraLiana Pamplona Marcelo José SoaresMarcos Alcides Medeiros JuniorMaria Isabel AragonOlavo LajúsPriscilla Geovana PaganiRosângela Mara SiegelSilvana Henrique SilvaVanilda Liordina HeerdtVilmar Isaurino Vidal
Secretária ExecutivaViviane Schalata Martins
TecnologiaOsmar de Oliveira Braz Júnior(Coordenador)Jeff erson Amorin OliveiraRicardo Alexandre Bianchini
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Apresentação
Este livro didático corresponde à disciplina Introdução ao Design Gráfi co.
O material foi elaborado visando a uma aprendizagem autônoma. Assim, aborda
conteúdos especialmente selecionados e adota linguagem que facilite seu estudo
a distância.
Por falar em distância, isso não signifi ca que você estará sozinho/a. Não esqueça
que sua caminhada nesta disciplina também será acompanhada, constantemente,
pelo Sistema Tutorial da UnisulVirtual. Entre em contato sempre que sentir
necessidade, seja por correio postal, fax, telefone, e-mail ou Ambiente Virtual
de Aprendizagem. Nossa equipe terá o maior prazer em atendê-lo/a, pois sua
aprendizagem é nosso principal objetivo.
Bom estudo e sucesso!
Equipe UnisulVirtual.
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João Batista Ferreira
PalhoçaUnisulVirtual
2007
Introdução ao Design Gráfi co
Livro didático
Design Instrucional
Daniela Erani Monteiro Will
3ª edição
revista e atualizada
introducao_design_3aedicao.indb 5introducao_design_3aedicao.indb 5 14/6/2007 10:03:1914/6/2007 10:03:19
Copyright © UnisulVirtual 2007
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.
Edição – Livro didático
Professor Conteudista João Batista Ferreira
Design Instrucional
Daniela Erani Monteiro Will Flavia Lumi Matuzawa
(3ª edição revista e atualizada)
ISBN 978-85-7817-009-7
Projeto Gráfico e Capa Equipe UnisulVirtual
Diagramação Alex Sandro Xavier
Revisão Ortográfica Amaline Boulus Issa Mussi
741.6
F44 Ferreira, João Batista
Introdução ao design gráfico : livro didático / João Batista Ferreira ; design
instrucional Daniela Erani Monteiro Will, [Flavia Lumi Matuzawa]. –
3. ed. rev. e atual. – Palhoça : UnisulVirtual, 2007.
142 p. : il. ; 28 cm.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-7817-009-7
1. Desenho gráfico. 2. Desenho gráfico – História. 3. Artes gráficas.
I. Will, Daniela Erani Monteiro. II. Matuzawa, Flávia Lumi. III. Título.
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul
Sumário
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03Palavras do professor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
UNIDADE 1 – O homem e seus signos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15UNIDADE 2 – A expressão artística das culturas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29UNIDADE 3 – Movimentos artísticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55UNIDADE 4 – Semântica do objeto e introdução ao design . . . . . . . . . . . 89UNIDADE 5 – A produção gráfi ca e os meios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
Para concluir o estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135Sobre o professor conteudista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137Respostas e comentários das atividades de auto-avaliação . . . . . . . . . . . . 139
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Palavras do professor
Caro estudante,
na introdução ao design gráfi co, você vai descortinar o universo
das descobertas do homem, como ele vê e interpreta o mundo
que o cerca, como lida com seus medos, receios, suas alegrias, a
fertilidade, a força da natureza ao seu redor e como tudo isto des-
perta seu imaginário, criando símbolos repletos de signifi cados.
Vai compreender como o ser humano desenvolveu suas simbolo-
gias e como as utilizamos até os presentes dias.
E, uma vez compreendido o universo simbólico, você vai ingres-
sar no mundo prático do web design.
Todo o conhecimento a respeito do universo gráfi co é usual-
mente apresentado por uma infi nidade de imagens. Desta forma,
apresento uma série delas, organizadas de maneira que você possa
acompanhar todo o conteúdo do livro. Essas mesmas imagens do
livro constam com cor e com uma melhor qualidade gráfi ca no
Ambiente Virtual de Aprendizagem.
Bom estudo!
Professor João Batista Ferreira.
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Plano de estudo
O plano de estudo visa a orientá-lo/a no desenvolvimento da Disciplina. Nele, você encontrará elementos que esclarecerão o contexto da Disciplina e sugerirão formas de organizar o seu tempo de estudo.
O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva em conta instrumentos que se articulam e se complementam. Assim, a construção de competências se dá sobre a articulação de metodologias e por meio das diversas formas de ação/mediação.
São elementos desse processo:
o livro didático;
o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem - EVA;
as atividades de avaliação (complementares, a distância e presenciais).
EmentaHistória da arte e correntes artísticas. Conceitos de estética e
elementos da comunicação visual. História do design gráfi co.
Design gráfi co em websites, histórico e tendências.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Objetivo geral
Esta disciplina tem como objetivo apresentar vários aspectos
do universo de produção de imagens, sua simbologia repleta de
signifi cados, assim como dotar o aluno de bom conhecimento
geral sobre o mundo artístico, ampliando seus conhecimentos,
tornando-o mais capacitado ao desenvolvimento de produtos
gráfi cos.
Carga horáriaA carga horária total da disciplina é 60 horas-aula, incluindo
o processo de avaliação. Para termos de convenção acadêmica,
1(uma) hora-aula equivale a 50 minutos hora-relógio.
Agenda de atividades/ Cronograma
Verifi que com atenção o EVA, organize-se para acessar periodicamente o espaço da Disciplina. O sucesso nos seus estudos depende da priorização do tempo para a leitura; da realização de análises e sínteses do conteúdo; e da interação com os seus colegas e tutor.
Não perca os prazos das atividades. Registre no espaço a seguir as datas, com base no cronograma da disciplina disponibilizado no EVA.
Use o quadro para agendar e programar as atividades relativas ao desenvolvimento da Disciplina.
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Lógica de Programação I
Atividades
Demais atividades (registro pessoal)
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UNIDADE 1
O homem e seus signos 1Objetivos de aprendizagem
� Ter visão e compreensão de quando e de que forma o homem iniciou o desenvolvimento do seu universo imaginativo, representado-o através de imagens.
� Compreender o universo dos signos humanos, o que encerra signifi cado, simbologia.
Seções de estudo
Seção 1 A arte na era PaleolíticaSeção 2 A arte no período Neolítico
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Para início de conversa
Nesta unidade, vamos fazer uma jornada pela história humana,
para tentar entender quais os signos e quais os sentimentos, nos
mais diversos períodos, que orientaram o homem na descoberta
da arte e do seu signifi cado.
Este é o panorama que você estará descortinando para melhor
compreender os processos que levam o homem a produzir arte e
para se capacitar a perceber e compreender o seu universo. Trata-
se de uma visão mais abrangente sobre o que tem signifi cado em
cada cultura (os signos); do modo como as culturas se expressam;
e, ainda, de como se dá a compreensão do mundo que as cerca.
SEÇÃO 1 A arte na era Paleolítica
Há inúmeras visões e entendimentos acerca das funções da arte no cotidiano do homem. Antes de conhecer alguns deles, você pode tentar desenvolver alguma refl exão sobre estas questões: Por que pintamos nossas paredes? Qual é a função da arte na vida humana? Como a arte pode transformar o que nos cerca?Se preferir, anote suas refl exões.
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Introdução ao Design Gráfi co
Unidade 1
Não se sabe, exatamente, o que teria despertado as habilidades
artísticas, o que levou o homem a buscar a compreensão,
entendimento e representação do meio que o envolve.
As primeiras representações preservadas, que foram encontradas,
datam do fi nal da era Paleolítica, entre 40.000 e 10.000 a.C. e
demonstram ser tão bem feitas que se supõe constituírem uma
prática milenar.
Em paredes de cavernas do norte da Espanha e sudoeste da
França, foram encontradas pinturas de beleza singular. O bisão
ferido de Altamira (Espanha), de aproximadamente 20.000 a.C.,
demonstra exemplar expressão de movimento e conformação do
corpo. Veja a seguir.
A pintura rupestre do bisão evidencia apurada capacidade de
observação e profunda intuição da natureza animal. Também
evidencia habilidade e, acima de tudo, revela a relação do caçador
com sua presa, da qual depende para a sua subsistência.
É desta forma que nasce o convívio do homem com a percepção
de natureza ótica, a captura como caça, a captura da imagem,
a propriedade e a autoria aqui parecem nascer juntas. Os
animais, o que ele vê, a natureza ao seu redor, esta percepção o
leva a exprimir o que é mais representativo em suas atividades.
Agora ele se apropria de seus sentimentos, da caça, de seus
instrumentos, e é também o autor, pois começa, a seu modo, a
reinventar a natureza a partir das suas percepções e vivências. O
homem, no exercício de suas habilidades, vivencia o seu interior,
o seu contato mais íntimo com o universo que o cerca.
Hegel apresentou a idéia de que as artes plásticas teriam
cumprido sua função, colocando em dúvida seu futuro. Na
verdade, ele nos diz que, com o desenvolvimento humano e das
sociedades, o homem foi fi cando progressivamente distante da
representação mais pura dos seus sentimentos.
A habilidade do homem de representar o meio em que estava
inserido nunca se limitou à mera reprodução. Estas habilidades
sempre foram desenvolvidas, desencadeando, simultaneamente,
de um lado, um incrível processo de elaboração de ferramentas e,
sobretudo, de outro, um processo de refl exão sobre a realidade. É
impossível pensar a arte desprovida de sentimento e signifi cado.
Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada: período da pré-história de onde datam os mais antigos fósseis humanos.
Figura 1.1 - Pintura rupestre da era Paleolítica.
Figura 1.2 - Vênus de Willendorf (20.000 a.C., com 10,5 cm de altura). Escultura em pedra da era Paleolítica - exposta no Viena Kunsthistorisches Museum.
Georg Friedrich Hegel (1770-1831), fi lósofo alemão, sugeriu o universo como uma totalidade integrada, sujeita a um movimento gerado por sucessivas contradições e orientada para uma fi nalidade última, que equivale à realização plena de sua essência espiritual, a dialética.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Desde a pré-história a atividade artística servia à interpretação
do universo – sempre provida de sentimentos – e este é primeiro
legado do homem. Depois surgiram a arquitetura, a música, a
literatura e as demais modalidades artísticas.
Mas, quando foi que a humanidade tomou consciência do processo de criação artística?
Alguns autores determinam que o processo de criação artística
se teria tornado consciente há aproximadamente 500 anos, ou
seja, por volta do início da Idade Média. Muito anteriormente
aos determinados 500 anos, podemos imaginar que a arte já
se teria desenvolvido bastante, em especial nas construções,
nas vestimentas, nos adornos em geral, nos utensílios, e eram
ensinadas de um indivíduo para os demais, deixando claro que
havia um aprendizado e, portanto, um processo consciente.
Aqui deve ser salientado o seguinte: o que mudou foi a ótica do observador, a qual, de tempos em tempos, ou de sociedade para sociedade, pode ser inteiramente diversa. Portanto alguns autores tentam conceber a atividade artística com algum grau de consciência apenas a partir desta ou daquela data, mas é bem provável que devêssemos obter mais conhecimento sobre os diversos grupamentos e tipos de sociedade para, a partir daí, entender que é muito difícil estabelecer uma data para a consciência da arte.
O que parece óbvio é que os termos arte e artista no início das
atividades de arte não existiam, nem mesmo no fi m dos períodos
Paleolítico e Neolítico, ou, se existiam, teriam sido pouco
empregados. O que os indivíduos desenvolviam eram ofícios de
carpintaria, ferraria, e outros criavam algo que não tinha nada a
ver com ofícios e, sim, com arte.
Podemos imaginar quão especiais seriam os homens que
conseguissem desenvolver técnicas e dominar a capacidade de
expressar seus sentimentos, suas inquietações e sua visão da
realidade por meio de representações gráfi cas.
O quão interessante estes seres se terão tornado para seus grupos,
uma vez que expressavam os sentimentos de muitos indivíduos
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Introdução ao Design Gráfi co
Unidade 1
que não conseguiam desenvolver tais habilidades? Que aura os
cercava: seriam deuses, sacerdotes, magos ou bruxos?
Voltando à pré-história, as pinturas são encontradas geralmente
em locais de difícil acesso em cavernas, em espaços
nãoutilizados para maior permanência, mas diferenciado,
algo como espaços para cultos. Sobre estas imagens
pintadas eram lançadas fl echas para treinamento de caça.
O signifi cado disto tudo é que as representações são uma
tentativa de domínio do universo, cujas forças assustadoras
ou benéfi cas são personifi cadas (ganham signifi cado) nos animais.
Pelas esculturas encontradas, há uma indicação de que a magia
exercida pela fertilidade tornava esta a segunda função mais
importante da vida humana, depois da alimentação.
Nas pequenas esculturas, como a estatueta pintada da Vênus de Willendorf, de, aproximadamente 20.000 a.C., que já citei (Fig. 1.2), a fertilidade aparece pela evidencia dos seios, ventre e sexo, enquanto não tem rosto e os braços e pernas aparecem de forma bem menos saliente.
Tais imagens ainda não representam nenhuma deusa-mãe, mas
eram suas precursoras, e foram produzidas por toda a pré-história,
através de milênios, sempre com características muito semelhantes.
Figuras como o Ídolo Feminino (Fig. 1.3), as quais, muito embora estivessem distantes de representar a forma real humana, ressaltavam o papel feminino na reprodução pelo realce dado ao quadril e coxas, juntamente com seios e sexo. Isto se torna mais evidente, porque, nessas imagens, os membros aparecem sem expressão.
Os ídolos das Cíclades da cultura egéia, certamente sofreram
infl uências destas formas.
Figura 1.3 - Ídolos femininos de argila. Cerca de 3500-2900 a.C. Brünn, Museu Moravsky.
Ídolos: estatuetas e objetos normalmente utilizados em cultos de adoração.
Cíclades: conjunto de ilhas gregas.
Egéia: relativa ao Mar Egeu na Grécia.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Um dos caminhos que levou as culturas primitivas da Europa
ao contato com as culturas elevadas do Oriente, justamente as
da região do Mar Egeu (Micênia, Cíclade, Cretense-Minóica
e Cretense-Micênica), foi a travessia até os Balcãs, subindo o
Danúbio.
Por toda parte, a estilização é um sinal de fases pré-históricas
tardias. Pode ser observada já por volta do fi m do período
Paleolítico, no qual o homem também aparece em cenas de caça,
em luta ou em danças rituais.
A transição de fi guras realistas até a sua estilização pressupõe
refl exões mentais. Este fenômeno representou um passo decisivo
na evolução do homem.
Na África do Sul e na Austrália, onde se pode observar até quase
o presente, a forma de representação correspondia aos desenhos
em rocha de 10.000 anos atrás.
Na fi gura 1.4, temos o bisão entalhado em chifre de rena,
encontrado na caverna La Madeleine, em Dordogne, 20.000 a.C.
Em função de sua forma, foi utilizado um pedaço de chifre para
representar o animal com mais precisão, do mesmo modo que as
pinturas rupestres, as quais também escolhiam os elementos da
própria rocha para melhorar a representação.
O cervo de Kostromskaya, do Séc. VI a.C., em ouro amolgado,
com comprimento de 31 cm., é a obra mais impressionante dos
cavaleiros citas, vindos da Ásia, e que submeteram as infl uências
das culturas elevadas orientais e também da cultura grega a seu
próprio estilo pré-histórico tardio. Veja a seguir.
Não existem razões aparentes para uma representação especial,
havendo uma clara demonstração de que a formalidade da
natureza pode ser transformada.
Para os nômades citas, os animais eram tão importantes quanto
para os caçadores do período Paleolítico, mas a natureza da
relação dos citas com os animais já não residia mais na questão
da vida e da morte, como nos grupos anteriores. Desta maneira,
estes artistas citas já diferenciavam a intenção de seu traço, saíam
do confl ito da vida e da morte com os animais e começavam a
descobrir a beleza contida na imagem dos animais. Portanto sua
Estilização: forma de reprodução de imagens que não retrata a realidade, mas, através de linhas e traços, remete-nos à lembrança do que é reproduzido.
Figura 1.4 - Bisão entalhado em chifre de rena – 20.000 a.C.
Amolgado: moldado a frio.
Cavaleiros citas: cavaleiros e guerreiros nômades que habitaram desde o Mar Negro até a Sibéria, dir-se-ia de origem indo-chinesa.
Figura 1.5 - Cervo de Kostromskaya - Séc. VI a.C. - São Petersburgo, Hermitage.
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Introdução ao Design Gráfi co
Unidade 1
obra já apresenta inconfundível beleza e delicadeza, e, certamente,
o cervo de Kostromskaya teria sido um adorno de escudo ou de
couraça e, muito provavelmente, o símbolo de poder de um nobre
ou, talvez, de seus antepassados.
A arte dos citas ao norte do Mar Negro, cujos achados se
estendem a oeste até a Hungria e província de Brandemburgo,
ensejou conhecer amplamente os períodos históricos.
Os povos celtas na Europa Central do século V a.C.
(período de La Téne) também desenvolveram produtos
surpreendentes como, por exemplo, a fíbula com máscaras de
bronze de Pasberg, na Bavária. Veja na Figura 1.6.
As cabeças humanas nas extremidades, com olhos enormes e
fi xados e dentes aparentes, parecem assustadoras. Aqui é visível
que a intenção não era ornamental: sua função era a de afugentar
os maus agouros, protegendo seus usuários. Da mesma maneira
que entre os povos citas, as obras celtas também provêm de
túmulos e como oferenda aos mortos, sempre fazendo alusão a
um sentido mágico.
A arte dos povos primitivos permaneceu viva até o nosso século,
de maneira que, ainda hoje, podemos conviver com formas
primitivas de expressão e entender melhor o pensamento e a
elaboração das criações pré-históricas.
As formas de estilização e das intenções de culto à fertilidade, aos
mortos e aos antepassados é o que se observou sempre das últimas
fases da arte pré-histórica. Esta era, portanto, a visão de mundo
destes povos, que, de acordo com o grau de desenvolvimento,
podem estar distantes uns do outros até mesmo em milênios.
— Agora que você já conheceu um pouco sobre as primeiras
manifestações artísticas na era Paleolítica, veja como a arte se
desenvolveu no último período da pré-história: o Neolítico.
Período de La Téne: período da história também conhecido como a idade do bronze.
Figura 1.6 - Fíbula - 8,9cm. Nürnberg, Germanisches Nationalmuseum.
Negros, ilhéus dos mares do sul, esquimós e índios.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
SEÇÃO 2 A arte no período Neolítico
Você se lembra do que estudou na escola sobre a pré-história, suas características e seus períodos? Tente recordar estas questões antes de iniciar o estudo da Seção 2.
O último período da pré-história é conhecido como Neolítico ou
Período da Pedra Polida.
A técnica de construção de armas e outras ferramentas e
instrumentos por atrito acaba por dar o nome a este período da
pré-história.
É conhecido, ainda, por ser o período onde se originou a
agricultura e a domesticação de animais. Desta forma, o homem
começa a substituir a vida nômade pela vida de assentamentos.
Este fato é extremamente importante e transforma de maneira
profunda a sua história.
Quando o homem se fi xa, as populações aumentam , e surgem,
por conseqüência, as primeiras instituições como a família e a
divisão do trabalho. O homem, então, em tais circunstâncias,
acaba por desenvolver as técnicas de tecelagem, a cerâmica
e a construção das primeiras moradias. Através do atrito,
conseguiu produzir o fogo e, a partir daí, passa a fazer
trabalhos com metais.
O homem do período Neolítico não precisava mais caçar;
portanto, já como agricultor, não necessitava mais dos sentidos
aguçados do caçador do período Paleolítico.
Inicia-se a substituição da observação pela abstração e
racionalização, surgindo um estilo simplifi cador e geométrico.
A primeira grande transformação da história da arte se dá
exatamente naquele momento. Com a substituição das fi guras
de fi éis representações da natureza, passam a produzir fi guras
que mais sugerem do que reproduzem seres. São imagens que
não procuram representar os seres de forma fi el e sim com traços
simplifi cados, o que já nos leva a perceber uma certa estilização.
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Introdução ao Design Gráfi co
Unidade 1
Não apenas as maneiras de pintar e desenhar sofreram
transformações, começando a surgir representações da vida
coletiva com movimento, como rituais, plantio e trabalho.
Buscando o movimento, os artistas passaram a produzir fi guras
com traços e linhas muito simples, com poucas cores, mas que
comunicavam algo para quem as observasse.
Estes desenhos é que levam seguramente o homem a desenvolver
a primeira forma de escrita, a escrita pictográfi ca, que consiste
em representar seres e idéias pelo desenho.
Os povos do período Neolítico produziram uma cerâmica que já
demonstra intensa preocupação com a beleza e não apenas com
a utilidade do objeto. Os exemplares desta cerâmica podem ser
representados pela ânfora em terracota da Dinamarca (Figura
1.8) e pelo vaso escandinavo também em terracota, ambos
expostos no Museu Nacional de Copenhague.
Artesãos e artistas deste período começaram a utilizar metal em
seus trabalhos e, provavelmente, utilizaram o método da forma
com barro, ou da técnica da cera perdida. Estas esculturas do
período Neolítico são extremamente ricas em detalhes, fornecendo
preciosas informações sobre vestuário e atividades deste período.
Estas esculturas foram encontradas na Escandinávia e na
Sardenha.
Conheça mais detalhes sobre o método da forma com barro e a técnica da cera perdida.
� Método da forma com barro: o primeiro passo consistia em fazer uma forma com este material. Nela era derramado o metal já derretido em fornos. Uma vez resfriado o material, a forma era quebrada.
� Técnica da cera perdida: o primeiro passo consistia em fazer um modelo de cera. O modelo era revestido com barro, que era aquecido. Com o calor do barro, a cera derretia e, por um orifício que era deixado, ela escorria. Desta maneira se obtinha um objeto oco, que era a forma onde se derramava, depois, o metal derretido.
Figura 1.7 - Pinturas rupestres encontradas em Tassili, região do Saara a.C.
Ânfora: pequeno recipiente usualmente destinado a guardar líquidos aromáticos.
Figura 1.8 – Ânfora em terracota da Dinamarca.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
No período Neolítico, o homem começou a abandonar as
cavernas e a construir as primeiras moradias de que se tem
notícia. Deste período, as construções são conhecidas como
nuragues, edifi cações em pedra, sem argamassas e em forma de
cone truncado, encontradas na aldeia de Barumini, na Sardenha
(Figura 1.9).
Do mesmo período são as construções denominadas dolmens.
Esta forma de construção consiste em duas ou mais pedras
cravadas verticalmente no chão, quase como se fossem paredes,
e uma outra pedra colocada horizontalmente sobre as demais,
como se fosse um teto. Até o presente momento, a antropologia
e a história ainda não conseguiram compreender o signifi cado
dessas construções.
O melhor exemplo de dolmens de que se tem notícia é o
Santuário de Stonehenge, na Inglaterra.
Os monumentos de pedra estão dispostos de forma circular, e
o círculo externo tem 100 m de diâmetro. As pedras que estão
dispostas como pilares medem 4,5 m de altura.
Bem: até aqui você teve contato com o homem em sua pré-
história, o homem às voltas consigo mesmo, seus medos e suas
evocações, sua imagem e semelhança, suas representações, o que
ele observa, sua ótica, seus signifi cados. Portanto, não lhe será
difícil concluir que a arte é sempre repleta de conteúdo simbólico
e de signifi cado.
Figura 1.9 – Construções nuragues. Barumini, Sardenha.
Figura 1.10 – Dolmens no Santuário de Stonehenge.
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Introdução ao Design Gráfi co
Unidade 1
Síntese
Quando nos referimos a aprendizado de uma maneira geral,
talvez devêssemos sempre buscar, em todas as áreas, o máximo de
informações históricas, pois, para tudo, para que tenhamos um
completo entendimento das coisas em geral, é muito importante
que entendamos o seu desenvolvimento. Podemos ter certeza
de que o design gráfi co começou em algum lugar desta remota
caminhada do homem.
A próxima unidade abordará o período que vai de 3.200
a.C. a 2.200 a.C., quando a humanidade já vive uma maior
complexidade social e cultural, com importantes refl exos em sua
arte.
Faça agora as atividades de auto-avaliação da Unidade 1.
Atividades de auto-avaliação
1. Descreva como os homens primitivos se comportavam e
se sentiam diante de ameaças como uma tempestade, por
exemplo.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
2. Cite, em forma de texto, as diversas situações que, de alguma
maneira, fi zeram parte do cotidiano do homem primitivo,
ou o afetaram e infl uenciaram para que ele começasse a
representar ou desenvolver utensílios.
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Introdução ao Design Gráfi co
Unidade 1
Saiba mais
Livros
� ARGAN, Giulio Carlo, FAGIOLO, Maurizio. Guia
de história da arte. Lisboa: Estampa, 1994.
� BAUMGART, Fritz. Breve história da arte. São
Paulo: Martins Fontes, 1999.
� PROENÇA, Graça. Historia da arte. São Paulo:
Ática, 1989.
Websites
� Portal de arte e história da arte
www.portalartes.com.br
� Portal de arte
www.theart.com.br/
� Site de história e história da arte
www.historianet.com.br
� Museu britânico com maior acervo da cultura egípcia
www.british-museum.ac.uk
� The Metropolitan Museum – NY
www.metmuseum.org
� Banco de dados sobre arte
www.getty.edu/art
� Site do Smithsonian Institute, sobre arte história e ciência
www.si.edu
Filmes
� A guerra do fogo, 1981. Direção Jean Jacques
Annaud. História romanceada da descoberta do fogo,
125min.
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UNIDADE 2
A expressão artísticadas culturas 2
Objetivo de aprendizagem
� Reconhecer a importância e a influência das culturas antigas para o desenvolvimento da arte ocidental, através dos tempos, até os dias de hoje.
Seções de estudo
Seção 1 A arte no Egito
Seção 2 A arte da civilização egéia
Seção 3 A arte micênica
Seção 4 A arte na Grécia
Seção 5 A arte dos períodos arcaico e clássico
Seção 6 A arquitetura dórica e jônica
Seção 7 O período helenístico
Seção 8 A arquitetura
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Para início de conversa
Para sua refl exão: Em algum lugar, num grande deserto ou em outras
remotas partes do planeta, as comunidades foram desenvolvendo
suas crenças, seus deuses, suas escritas, adornos, ciências e, assim,
empreendendo o grande fl orescimento das artes gráfi cas.
SEÇÃO 1 A arte no Egito
Conheça, agora, um pouco da maravilhosa organização social do
Egito, no período entre 3.200-2.200 a.C. e toda a complexidade
de sua arte. Antes de prosseguir, responda à questão que segue.
O que lhe vem à mente ao falar do Egito? O que você já conhece sobre a história dessa civilização?
O povo egípcio produziu uma escrita bem estruturada, a partir da
qual foi possível desenvolver, posteriormente, amplas pesquisas sobre
a sua cultura. Esta escrita era composta de ideogramas fi gurativos, na
realidade cenas fi guradas, com os quais exprimiam as idéias. Neles se
reconhecem os signos usados: o sol, um pássaro etc.
É fundamental o entendimento do papel que a religião
desempenhou para este povo, tendo em vista que todos os problemas
de ordem natural, como enchentes, fertilidade dos solos e outros
distúrbios da natureza eram sempre resolvidos por meio de cultos.
Na visão deste povo, haveria vida pós-morte, e entendiam que o
faraó seria capaz de ações divinas.
Desta maneira, a religiosidade estava presente em toda a ordem
social egípcia - sua organização social, política, o papel de cada
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Introdução ao Design Gráfi co
Unidade 2
classe social - sendo, conseqüentemente, o centro temático de
toda a produção artística egípcia.
Por isso a arte egípcia se fez, naquele período, muito presente em
túmulos, estatuetas, adornos, vasos e utensílios deixados sempre
junto aos mortos.
Da mesma forma, a arquitetura egípcia sempre esteve
representada nas construções mortuárias. Os faraós tinham em
suas tumbas reproduções das casas de sua propriedade. As pessoas
de origem humilde eram sepultadas em construções pequenas,
retangulares, conhecidas por mastabas. As grandes pirâmides
tiveram origem nessas pequenas construções.
A sociedade egípcia se dividia em classes sociais: a mais alta, com
os faraós cercados por nobres e sacerdotes; as mais baixas, com
comerciantes, artesãos, camponeses; e, ainda, numa situação de
submissão total, os escravos, os quais representavam uma parcela
importante da população.
Por volta de 3.200 a 2.200 a.C., o faraó Djoser deu início ao
período conhecido como Antigo Império, transformando o
Baixo Egito no mais importante centro do reino. Deste período
foram deixados importantes monumentos, os quais, com suas
imensas estruturas, conferiam grandiosidade e poder político e
religioso ao faraó.
Construídas naquele período, destacam-se majestosas as
pirâmides dos reis Quéops, Quéfren e Miquerinos no deserto de
Guizé.
Junto às três pirâmides, temos a Esfi nge, que é uma obra de 20m
de altura e 74m de comprimento. Esta obra representa a fi gura
do faraó Quéfren.
A capital deste centro era Mênfi s.
Figura 2.1 - Pirâmide de Djoser, na região de Sacará, construída pelo arquiteto Imotep, muito provavelmente a primeira grande construção egípcia.
Quéops é a maior delas. Tem 1,46m de altura e ocupa uma superfície de 54.300m2.
Figura 2.2 - As pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos, deserto de Guizé; séc. XXVIIa.C. a XXVIa.C.
Figura 2.3 – Esfinge.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
A arte egípcia servia para divulgar e propagar as crenças
religiosas. Não era inventiva, tinha um signifi cado preciso e pré-
determinado. A formalidade técnica e gráfi ca a ser seguida, fez
com que jamais se salientassem uns dos outros. E é assim que se
explica o anonimato de todos os artistas egípcios.
Tanto nas pinturas como nos baixos-relevos,havia muitas regras
a serem seguidas, como a lei da frontalidade, que é a principal
formulação da arte egípcia. Nesta forma de representação, o
tronco era sempre visto de frente, enquanto pernas e cabeça eram
sempre retratadas de perfi l.
Esta convenção na forma de representação das imagens humanas
servia para que as fi guras nunca fossem confundidas com uma
fi gura naturalista, que sugerisse uma ilusão da realidade.
No Antigo Império, mesmo com inúmeras regras de representação,
a escultura foi a arte que teve as mais belas manifestações.
No Novo Império (1.580-1.085 a.C.), o Egito viveu o auge
de seu poderio e de sua cultura. Os faraós recomeçaram as
construções das grandes obras, e as mais preservadas são
os templos de Carnac e Luxor, os quais foram erguidos em
homenagem ao deus Amon. Esses templos apresentaram um
novo desenho para suas colunas, que reproduzem elementos da
natureza, como a fl or de lótus e o papiro.
Formalidade técnica e gráfi ca: Maneira de praxe de produzir arte, tanto na forma de executar quanto no resultado obtido, não havendo espaço para muitas inovações.
Figura 2.4 - Baixo-relevo de túmulo próximo a Sacará 2.500 a.C. Museu do Louvre, Paris.
Figura 2.5 - O escriba sentado, 2.500 a.C. achado em um túmulo em Sacará, Museu do Louvre, Paris. Esta estátua revela traços especiais, como etnia e condição social.
Figura 2.6 - Colunata do Templo de Amon, mandado construir por Amenófis III em Luxor (Séc. XIV-XII a.C.). Esta construção apresenta sete pares de colunas com 16m de altura e cada capitel representa uma flor de papiro.
Este monumento é dos mais importantes. A forma de sua
concepção o torna muito interessante: a montanha rochosa que lhe
serve de fundo passa a fazer parte do conjunto, ocorrendo assim
Baixo-relevo: Escultura em que as fi guras são escavadas em um plano que lhes serve de fundo.
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Introdução ao Design Gráfi co
Unidade 2
total integração com o prédio. (O reinado da rainha Hatshpsut vai
de 1.511 a 1.480 a. C., durante a menoridade de Tutmés I).
A pintura apresenta criações mais leves, com cores mais alegres e
variadas. A forma rígida de representação das fi guras é abandonada.
Mas abandonada por quê? É o que você verá a seguir.
Todas essas transformações ocorreram graças a mudanças
políticas lideradas por Amenófi s IV. Este sacerdote conseguiu
paralisar o poder exercido pelos sacerdotes sobre os faraós.
Com a morte de Amenófi s IV, os sacerdotes conseguiram
recuperar o poder paralelo exercido sobre os faraós. No caso, o
próximo: Tutancâmon.
Tutancâmon morreu com apenas 18 anos de idade. Junto com a
sua tumba no Vale dos Reis, foi encontrada, em 1922, uma grande
construção. Ela é formada por um salão de entrada, onde se
encontram duas portas secretas. Através delas tem-se acesso à sala
sepulcral e à câmara do tesouro.
O tesouro era composto por inúmeros vasos, arcas, um trono,
carruagens, inúmeras peças de escultura, esquifes e estátuas de
quase dois metros representando o rei.
Figura 2.8 - Trono de Tutancâmon séc. XI a.C. Feito em madeira esculpida, coberto com fina lâmina de ouro e adornado com incrustações multicoloridas em vidro, cerâmica esmaltada, prata e pedras. Esta é sem dúvida uma das mais espetaculares peças do tesouro de Tutancâmon. Museu Egípcio do Cairo.
Figura 2.9 - Segundo sarcófago de Tutancâmon.
Figura 2.7 - Templo da Rainha Hatshpsut em Deir el Bahari, início do séc. XV a.C.
Esquifes: urnas funerárias.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
A múmia de Tutancâmon estava protegida por três sarcófagos: um
em madeira esculpida, revestida com lâminas de ouro; outro, de
madeira, com muitas pedras incrustadas; e o terceiro, todo em ouro
maciço, com aplicações em lápis-lazúli, turquesas e coralinas.
Posteriormente a Tutancâmon, os reis da dinastia seguinte
trataram de expandir o Império Egípcio. Ramsés II foi o grande
imperador do período de expansão.
Você percebe como toda a arte deste povo esteve sempre ligada às celebrações?
Em acordo com o contexto histórico, a arte deste período
correspondia à própria demonstração de força e poder. Estátuas
gigantescas e colunas com temas decorativos foram elaboradas no
reinado do faraó Ramsés II.
Neste período, os hieróglifos eram utilizados muitas vezes nas
fachadas e colunas de templos. Foi desta maneira que Ramsés II
deixou gravados os seus feitos para a posteridade.
SEÇÃO 2 A arte da civilização egéia
Apenas em 1870 o pesquisador alemão Heinrich Schliemann
descobriu indícios da cidade de Tróia. Eram os primeiros indícios
a apontar para os povos que habitaram as ilhas do Mar Egeu.
Estas civilizações fl oresceram antes da civilização grega. Já em
1876, Heinrich encontrou as ruínas das cidades de Tirinto e
Micenas. Em meados do início do século XX, Sir Arthur Evans
localizou o que ainda restava do palácio de Cnosso, na ilha de
Creta.
O palácio de Cnosso apresenta planta arquitetônica muito
avançada, com muitas salas dispostas em torno de um pátio central.
Parece que este palácio tinha dois andares, mas é muito provável
que tivesse três ou quatro. O que fi ca claro é que os construtores
precisaram resolver questões como posicionamento de escadas, de
colunas e de iluminação.
Figura 2.10 - Templo de Abu-Simbell na Baixa Núbia, séc. XII a.C. Esta é a mais grandiosa obra do faraó Ramsés II que aparece representado em quatro figuras com 20m de altura.
Figura 2.11 - Pequeno templo de Abu-Simbell dedicado à deusa Hator (séc.XII a.C.) - hieróglifos nas fachadas.
Hieróglifo: ideograma fi gurativo.
Figura 2.12 - Palácio de Cnosso (1.700-1.500 a.C.), em Creta.
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Introdução ao Design Gráfi co
Unidade 2
A pintura é a mais expressiva demonstração da natureza dinâmica desse povo. A pintura cretense era, desta forma, mais importante que a pintura egípcia.
O artista cretense ainda fez uso de cores vivas e contrastes, com
muito azul, vermelho, branco, marrom, verde e amarelo.
Na escultura, o que se encontrou foram pequenas peças como a
Deusa com as Serpentes. Veja na Figura 2.14.
Figura 2.13 - Afresco pintado na parede do Palácio de Cnosso (cerca de 1.600 a.C.), Museu Arqueológico de Cândia, Grécia.
Figura 2.14 - Escultura em marfim, com 17cm de altura. Museu de Belas Artes de Boston.
Até 1.400 a.C., Creta dominava várias ilhas do Mar Egeu e, logo,
sua arte se estendeu junto com seu domínio. Após o apogeu,
Creta foi invadida e dominada pelos aqueus, povo vindo do norte.
SEÇÃO 3 A arte micênica
O povo que se estabeleceu em Micenas apresentou uma arte em
muito vinculada à arte de Creta. Mas, na arquitetura, criou seus
próprios caminhos.
Suas construções eram longas, retangulares e tinham as seguintes
características: um vestíbulo, uma antecâmara e um grande salão,
este o principal ambiente do palácio.
O povo micênico também decorou as paredes de seus palácios
com pinturas cujos motivos eram, entre outros, os desfi les de
carros, as cenas de caçadas, diferentes, portanto, dos que se vêem
na arte mais leve da cultura cretense.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Muitos historiadores já sugerem que teriam sido os micênicos
os invasores de Tróia. O que se sabe dessa história chegou até
nós pelos poemas homéricos. Homero descreve locais em seus
versos, de que só recentemente os arqueólogos encontraram
vestígios. Em suas obras Ilíada e Odisséia, Homero descreve jóias
e objetos de ouro que são equivalentes, em beleza e delicadeza,
à máscara do príncipe micênico encontrada por Schliemann
(Figura 2.17).
Figura 2.17 - Máscara de Armagenon (c.1.600 a.C.). Museu Arqueológico Nacional de Atenas.
Os Copos de Váfi o também são exemplos da arte micênica. São
copos em ouro, baixo-relevo, com fi guras de touros e elementos
da natureza. Este povo detinha grande domínio da ourivesaria
(Figura 2.18).
A imponência desta enorme escultura (Fig. 2.15) sugere que
a cultura micênica tivesse como principais valores a força e a
agressividade.
Figura 2.16 - A Porta dos Leões (séc. XIV a.C.).
Obras literárias também chamadas de epopéias clássicas, estruturadas em forma de poemas com métrica, mas sem rima, para facilitar a memorização pelos menestréis, que, acompanhados de uma lira, as recitavam em público.
Figura 2.15 - Tumba dos Átridas, construção de pedra feita no interior de uma colina, e cujo nome está ligado a uma família nobre dos aqueus. Trata-se de obra bastante elaborada.
Váfi o, cidade onde os dois copos foram encontrados.
Figura 2.18 - Copos de Váfio 1.600 a.C. Museu Nacional de Atenas.
Schliemann cita a máscara como sendo de Agamenon, rei dos micenas, que participou da guerra de Tróia.
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Introdução ao Design Gráfi co
Unidade 2
A arquitetura produzida pelo povo micênico, com grandes
vãos, como o tesouro de Atreu, não encontrou similaridade
nas culturas egípcia, mesopotâmica ou cretense, em escala de
monumentalidade.
Vários séculos após a decadência da cultura cretense, ocorrida
no séc. XIV a.C., novas tribos gregas vindas do norte iriam
desenvolver uma sociedade com fortes infl uências das culturas
antigas elevadas. Porém essa cultura tornou-se algo inteiramente
novo na história da humanidade e passou a constituir o grande
fundamento de todas as culturas posteriores no mundo ocidental.
SEÇÃO 4 A arte na Grécia
Não é totalmente correto afi rmar que a imigração dórica em
1100 a.C. tivesse destruído a cultura micênica. Na realidade, com
a extinção da cultura de Creta no séc. XII a.C., a cultura micênica
havia refl uído ao estágio pré-histórico.
A sobrevivência da cultura micênica foi constatada através de
peças de argila encontradas no período conhecido como período
micênico tardio, o qual praticamente remonta à pré-história.
Como membros dos povos cavaleiros do Norte, os dóricos não
trouxeram nada de diferente consigo, de forma que não houve
ruptura, mas permanência na fase da estilização pré-histórica
tardia em seus vasos protogeométricos que, nos séc. X e IX
a.C., gradualmente, foram chegando, ao domínio dos motivos
abstratos.
Desta maneira, anunciou-se o surgimento de um estilo próprio,
como aconteceu com os ídolos das Cíclades. De qualquer
forma, pode-se considerar esta como a primeira fase de uma
concepção artística a qual conduziu a uma cultura elevada.
O centro de tudo isto foi Átina e Atenas, o único domínio
micênico que havia permanecido livre dos dórios, enquanto os
outros gregos micênicos foram, em sua maioria, para as ilhas e a
costa ocidental da Ásia Menor.
Com diâmetro de 14,50m e altura de 13,20m.
A cultura cretense teve seu início na imigração dórica, no séc.XII.
Protogeometria: estilização primitiva das formas.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Não é sabido até que ponto a antiga população se misturou com
os dórios, porém. Parece que os gregos micênios na Ática, nas
ilhas e na Ásia Menor (jônios e etólios) tornaram-se os elementos
criadores da nova cultura, após sua fase de adaptação às diferentes
formas de domínio e organização social desenvolvidas pelos
dórios. Os gregos entram, assim, defi nitivamente para a história,
no séc. VII a.C.
Na arte geométrica do séc. VIII, pode-se compreender os
fundamentos da formação do estilo da arte grega.
Aos motivos abstratos são acrescentadas representações
fi gurativas, e é neste período que a cerâmica estava em primeiro
plano. Também surgiram pequenas esculturas.
A arquitetura de pedra e as esculturas monumentais ainda não
apareceram neste período.
No caso da fi gura 2.19, os dois frisos decorativos mostram um
morto no ataúde e pessoas lamentando. Abaixo, um grupo de
guerreiros sobre carros e a pé. O momento narrativo é fortemente
reprimido para dar lugar a uma representação atemporal de
lamento e celebração.
Quando nos voltamos às epopéias de Homero, do mesmo
período, torna-se nítida, por exemplo, na descrição do escudo de
Aquiles a distância entre a poesia e a arte fi gurativa, distância esta
que só se reduziu muito mais tarde.
A palavra descreve com vitalidade; a mesma que é observada nos
copos de Váfi o cretense. Por outro lado, a pintura em cerâmica
parece uma abreviatura de símbolos.
Na segunda metade do séc. VIII a.C., os gregos começaram a
fundar colônias em quase toda a costa do Mediterrâneo.
Desta forma entraram em contato com a arte do Egito e da
Mesopotâmia, e assim, o estilo geométrico, quase que enraizado
no pré-histórico, cede dessa vez ao estilo orientalizante entre
725 e 650 a.C.
Os ornamentos geométricos estão limitados às bordas, enquanto
agitadas faixas trançadas se destinam à articulação principal.
Pequenas palmetas, rosetas e espirais servem como auxiliar nesta
Cerâmica: Arte de fabricação de artefatos de argila cozida, tais como louças, vasos, tijolos, telhas.
Figura 2.19 - Vaso de Dipilon, 1m de altura. Da necrópole ateniense de Dipilon. Este é um excelente exemplar do gênero conservado em várias peças.
Analise melhor a imagem no Ambiente Virtual de Aprendizagem.
Estilo orientalizante: que sofre infl uência das culturas orientais.
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Introdução ao Design Gráfi co
Unidade 2
função. As representações fi gurativas ocupam agora a maior parte
do vaso.
O cegamento de Polifemo no gargalo e, no copo, a perseguição
de Perseu pelas Górgonas deixam claro o surgimento de uma
dinâmica e de uma narrativa bastante articulada. Tratava-se
do despertar, para sempre, de uma linguagem natural que iria
superar a arte geométrica.
A infl uência oriental aqui é percebida no friso com animais sobre
o ombro da ânfora.
A imagem da Figura 2.21 apresenta gargalo e boca em forma de
cabeça de leão; o ombro é ornamentado com uma folhagem de
fl ores de lótus; o friso principal, com representações de guerreiros
em luta; e o campo de baixo, com uma corrida de cavalos. Na
base, há algo semelhante a uma fl or que se abre e, ainda, um friso
estreito com cães caçando coelhos.
A linguagem da decoração torna-se mais agitada e menos
sistemática. Vive-se aqui uma profunda revolução na arte: a busca
de algo novo. Este período de transição termina no séc. VII. A
arte arcaica, que agora se inicia, desenvolve, num curto espaço de
tempo (um século e meio), todos os princípios de conformação
e estilo que constituem os principais fundamentos para a criação
artística dos milênios posteriores.
Neste período, os oleiros e pintores colocaram assinatura em suas
obras, o que retrata uma nova consciência para com a obra de
arte, tanto dos artistas quanto dos compradores de arte.
SEÇÃO 5 A arte dos períodos arcaico e clássico
O período arcaico situa-se entre o século VII a.C. e a época das
Guerras Pérsicas no século V a.C. O período clássico vai até
o fi nal da guerra de Peloponeso (séc. IV a.C.). O período dito
especial é o século V a.C., conhecido como o século de Péricles,
época em que as atividades intelectuais e políticas fi caram
conhecidas como o esplendor da cultura helênica.
Figura 2.20 - Ânfora proto-ática de cerca de 670 a.C. Museu Eleusis.
Não deixe de observar melhor os detalhes desta imagem no Ambiente Virtual de Aprendizagem.
Figura 2.21 - Vaso protocoríntio para bálsamo 650 a.C. Altura de 6,8cm. Londres, Museu Britânico.
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No fi m do séc. VII a.C., os gregos iniciaram as grandes esculturas
em mármore, com fi gura de homens. Nestas esculturas, a
infl uência do Egito aparece como fonte de inspiração e como
técnica de esculpir blocos grandes.
Porém os egípcios procuraram fazer uma imagem realista,
enquanto os gregos procuraram fazer não apenas uma imagem
realista, mas um objeto belo.
O escultor grego do período arcaico, assim como o escultor
egípcio, apreciava a simetria natural do corpo humano.
Os personagens masculinos eram esculpidos nus, em posição
frontal, eretos, vigorosos e com o peso do corpo igualmente
distribuído entre as duas pernas. Este padrão de escultura é
conhecido como kouros, palavra grega que signifi ca homem
jovem.
Os artistas gregos não estavam submissos às religiões. Assim, deram
vazão à necessidade de evoluir. Não satisfeitos com as repetições,
foram além das imagens das fi guras rígidas.
Figura 2.22 - Kouros, final do séc. VII a.C., altura de 1, 84m Metropolitan Museum of Art. New York.
Figura 2.23 - Efebo de Crítios. (480 a.C.), altura de 86cm Museu da Acrópole, Atenas.
Figura 2.24 - Zeus de Artemísio (c. 470 a.C.) altura de 2,09 m Museu Arqueológico Nacional, Atenas.
A estátua Efebo de Crítios apresenta algumas variações: ao invés
de olhar para frente, o modelo tinha a cabeça ligeiramente voltada
para o lado, e o corpo aparece com o peso não mais distribuído
entre as duas pernas, mas repousando sobre uma das pernas.
Na tentativa de alcançar outras formas, o mármore não
demonstrou ser um bom material, pois se apresentava fraco
e quebradiço. Na procura por um material mais resistente,
Simetria: Correspondência, em grandeza, forma e posição relativa, de partes situadas em lados opostos de uma linha ou plano médio, ou, ainda, que se acham distribuídas em volta de um centro ou eixo.
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Unidade 2
começaram a fazer esculturas de bronze. A fi gura de Zeus de
Artemísio (2.24) é um exemplo do uso do bronze.
O problema de imobilidade do tronco ainda persiste na
conhecida estátua do Discóbolo de Míron. Podemos observá-la na
cópia romana do Discóbolo, pois a escultura original em bronze
foi perdida. Aparece aí uma intensa atividade dos membros, com
o tronco aparentando pouca atividade.
Policleto, o escultor, conseguiu dar solução para este tipo de
problema em sua estátua Dorífero (lanceiro). Este trabalho só é
conhecido através da cópia romana em mármore. A escultura
apresenta excelente alternância entre músculos tensos e relaxados.
Figura 2.25 - Discóbolo de Míron (cópia romana). O original grego é de 440 a.C., altura de 125cm, Museo Nazionale delle Terme, Roma.
Figura 2.26 - Cópia romana do Dorífero, de Policleto. O original grego é de 440 a.C., altura de 199cm, Museo Nazionale, Nápoles.
SEÇÃO 6 A arquitetura dórica e jônica
Das obras dos gregos, as que mais chamam atenção são os
templos. Estes edifícios não foram construídos para abrigar
grupos durante cultos em seus interiores, mas para proteger as
imagens de suas adorações.
As colunas e o entablamento eram construídos segundo os
modelos das ordens dórica e jônica.
A ordem dórica era mais ornamentada e delicada. As colunas
apresentavam fustes (corpo da coluna) mais delgados, e que não
se fi rmavam diretamente sobre a estilóbata (base), mas sobre uma
base decorada.
Entablamento: Nas ordens clássicas, o conjunto da arquitrave, friso e cornija, ou seja, o coroamento das colunas.
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Figura 2.27 - Esquema da ordem dórica.
Figura 2.28 - Esquema da ordem jônica.
Nas ordens dórica e jônica, as formas eram constantes, mas podia
haver alterações de seus elementos. A ordem jônica oferecia mais
liberdade, de maneira que, no fi m do século V a.C., foi criado o
capitel coríntio.
O frontão destes templos era um espaço triangular resultante
das arestas dos telhados, e era intensamente ornamentado. Dos
frontões gregos, chama muita atenção o frontão leste do templo
de Zeus em Olímpia (465-457 a.C.), pela forma harmoniosa
com que as esculturas ocupam os espaços.
Para projetar as esculturas que ornamentassem os frisos, os
artistas tinham que procurar um tema para ocupar aquela longa
faixa. No Partenon, o tema apresentado é uma procissão em
honra à deusa Atena.
Fig.2.29 - Friso das Ergastinas Partenon, com altura de 159cm Museu do Louvre, Paris.
Na pintura em cerâmica, os gregos foram brilhantes em
ornamentos de vasos e paredes: pintavam fi guras em preto;
depois, com uma ferramenta pontiaguda, sulcavam o contorno do
desenho e tiravam a tinta de dentro. O equilíbrio e a delicadeza
dos vasos se eternizaram.
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Por volta de 530 a.C., um discípulo de Exéquias realizou a
inversão e passou a pintar de preto o fundo e deixando as fi guras
em tom de barro. O efeito foi logo percebido e seguido, pois
acabara de conseguir produzir um excelente contraste.
SEÇÃO 7 O período helenístico
As cidades gregas conhecidas como cidades–Estados estiveram
sob domínio de Felipe II, o rei da Macedônia, até o fi m do século
V a.C. Depois da morte de Felipe II, seu fi lho Alexandre assumiu
e construiu um gigantesco império. Com a morte de Alexandre,
seu império fragmentou-se em vários reinos.
Recentemente, alguns historiadores têm designado o nome de
helenísticos a estes reinos, termo que é utilizado para denominar
esta cultura similar à dos gregos, que se desenvolveu após a morte
de Alexandre, até serem conquistados por Roma. Todas estas
transformações interferiram intensamente na arte grega.
A escultura
A escultura deste período se apresenta, progressivamente, com
características estilísticas do naturalismo. Neste período, os seres
humanos são representados de acordo com seus estados de espírito,
e as esculturas passam, portanto, a ter muita expressão. São agora
representados sentimentos de paz, liberdade, amor, vitória e muitos
outros. Neste mesmo período surgiu, também, o nu feminino,
pois, nos períodos anteriores – o arcaico e o clássico – as mulheres
apareciam sempre vestidas.
A Afrodite de Cnido (370 a.C.) foi a obra mais importante do
escultor Praxíteles, estando exposta no Museu de Roma, no Vaticano.
Ainda em IV a.C., temos a Afrodite de Cápua, de autoria de
Lisipo. Esta estátua foi copiada e serviu de inspiração para
várias outras, em diferentes lugares. No século II a.C., aparece a
Afrodite de Melos, ou Vênus de Milo (designação romana).
No século III a.C., a escultura procurava expressar mais
mobilidade, algo que despertasse a curiosidade do observador, de
Figura 2.30 - Ânfora com figuras negras pintadas por Exéquias 540 a.C., altura de 61cm. Museu Gregoriano-Etrusco, Roma.
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circular em torno da obra. Um belo exemplo deste espírito é a
Vitória de Samotrácia, 190 a.C., com 275cm de altura, Museu do
Louvre, Paris (Fig. 2.31).
O grande desafi o da escultura do período Helenístico era a
representação não apenas de uma fi gura, mas de grupos de fi guras
que fossem belos de onde quer que fossem observados. Veja
na Figura 2.32. o soldado de Gálata e sua mulher: ele acaba de
matá-la e está pronto para suicidar-se.
Figura 2.31 - Vitória de Samotrácia c. 190 a.C., com 275cm de altura, Museu do Louvre, Paris.
Figura 2.32 – Soldado Gálata e sua mulher, Museu Nazionale delle Terme, Roma.
A arquitetura
No século V a.C., as moradias dos gregos eram muito simples, e
havia maior ostentação apenas nos prédios públicos. Já no século IV
a.C., as moradias dos cidadãos passaram a ser mais elaboradas. Esta
mudança do sentimento comunitário para o sentimento individual
vai tornando-se mais complexa a partir do século IV a.C.
No teatro, este sentimento aparece com algumas modifi cações.
O coro, que, no período clássico, seria o espaço que representava
o povo ou pequenos grupos humanos, passa para um segundo
plano. Neste momento, os autores adquirem maior importância.
Na Grécia clássica, os teatros eram divididos em três espaços bem
distintos: o espaço circular chamado orquestra, que era o local
para danças e onde o coro e os atores representavam; o espaço
para os espectadores, que era uma espécie de arquibancada;
o palco, local onde os atores se preparavam para entrar em
cena e onde eram guardados os cenários e roupas usadas nas
representações.
Figura 2.33 - Teatro de Epidauro, IV a.C., com 55 degraus. Chegava a acomodar 14.000 pessoas.
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Unidade 2
Aos poucos, os atores ganharam tal importância, que a
construção dos teatros foi-se adequando. Na alteração que sofreu
o Teatro de Priene no século II a.C., a principal transformação
se deu no palco. No período clássico, havia na frente desta
construção uma fachada de um só andar chamada Proscênio,
onde eram apoiados os cenários e toda a ação dramática se dava.
O telhado do Proscênio passa a ser um piso e, já no séc. II a.C.,
os atores irão apresentar-se mais isolados do público. Atrás do
Proscênio, ergue-se mais um andar, e sua fachada ganha grandes
aberturas, onde se fi xam agora os cenários.
A concepção do teatro como espaço único, não mais dividido em
três partes, atinge sua maturidade um pouco mais tarde, com os
romanos.
SEÇÃO 8 A arte e a arquitetura romana
A arte em Roma
O aparecimento da cidade de Roma se deve, em parte, à ocupação de
regiões da Itália pelos gregos e etruscos nos séculos XII e VI a.C.
As infl uências sofridas pela arte romana vieram da arte etrusca
popular, voltada para a expressão da realidade vivida; e da arte
greco-helenística, voltada para a expressão de um ideal de beleza.
A arquitetura romana
Os etruscos deixaram para os romanos o uso do arco e das
abóbadas. Com estes dois elementos, passaram a ser possíveis os
ambientes mais amplos, com grandes vãos, que não existiram na
Grécia, onde os templos eram repletos de colunas.
No fi nal do século I a.C., Roma já havia superado as infl uências
etruscas e gregas e estava produzindo uma arte original e
independente.
A moradia romana era rigorosa e invariavelmente desenhada a
partir de um retângulo básico. A porta de entrada conduzia a
um espaço conhecido como átrio: um espaço central com uma
Arco: Peça curva, que se emprega para vencer vãos de portas, janelas ou outras aberturas.
Abóbada: Cobertura de curvatura côncava e contínua, levantada num espaço.
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abertura retangular no telhado. Por esta abertura entrava luz, ar
e água da chuva, que era coletada em um tanque, o implúvio,
colocado exatamente sob a abertura. Em linha reta, da porta ao
interior da residência, após o implúvio fi cava o tablino, que era o
principal ambiente da casa.
Os outros cômodos davam para o átrio, mas sua disposição não
tinha muito rigor.
No contato com os gregos no período helenístico, os romanos
apreciaram muito a elegância e a fl exibilidade das moradias
gregas e acabaram trazendo daí o peristilo. Como eram zelosos
por suas tradições e não queriam alterar muito suas plantas
originais, os romanos acabaram por acrescentar nos fundos de
suas casas o peristilo, em torno do qual se dispunham vários
ambientes.
Figura 2.34 - Átrio de casa romana em Pompéia. O tanque sob a abertura é o implúvio.
Figura 2.35 - Peristilo. Figura 2.36 - Planta da casa romana.
E as fachadas da arquitetura romana, como eram?
Os romanos deram importância à fachada principal dos edifícios,
não se importando muito com as laterais e com os fundos.
As fachadas eram normalmente marcadas com escadarias e
imponência, diferente dos gregos, que davam igual importância
às fachadas frente e fundos e laterais, fazendo com que se
equivalessem, dois a dois. Enquanto a arquitetura era concebida
pelos gregos para ser admirada do seu exterior, a concepção
romana criava espaços interiores grandes e especiais. O Panteão,
espaço circular criado no período do imperador Adriano, foi
feito para abrigar muitas imagens e o público. Esta concepção
arquitetônica explica o porquê do Panteão ser um dos únicos
templos pagãos hoje ocupados por uma igreja cristã.
Peristilo: Galeria de colunas em volta de um pátio.
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Introdução ao Design Gráfi co
Unidade 2
As cavidades quadradas que compõem a cúpula do Panteão
diminuem à medida que se vão apertando e indo para uma
abertura com 9m de diâmetro (acompanhe na Figura 2.37).
Figura 2.37 - Panteão.
Figura 2.38 - O Coliseu iniciado no reinado de Vespasiano e terminado em 82 pelo imperador Domiciano. Este anfiteatro chegava a acomodar 40.000 pessoas sentadas e mais 5.000 pessoas em pé.
O Coliseu foi o mais belo anfi teatro criado pelos romanos. O
edifício era decorado, externamente, com arcos e colunas, que,
na verdade, eram meias colunas, pois estavam nas estruturas
das arcadas e apresentavam função apenas ornamental e não
estrutural. O mais interessante é observar que, nesse momento,
devido ao desenvolvimento da estruturação dos prédios, não era
mais necessário fazer a arquibancada nas encostas dos morros.
— Conheça agora as características da pintura romana.
A pintura romana
A maioria das pinturas romanas que conhecemos hoje vieram das
cidades de Pompéia e Herculano, as quais foram soterradas pela
erupção do Vesúvio em 79 d.C.
A classifi cação das pinturas em quatro estilos foi feita por
especialistas. O primeiro não se refere propriamente à pintura, pois
era costume, no século II a.C., recobrir as paredes das salas com
uma camada de gesso pintado, o que dava impressão de placas
de mármore. Mais tarde o gesso foi dispensado, e a impressão do
mármore era conseguida apenas com a pintura. A descoberta de que,
através da pintura, se conseguia criar a ilusão de superfícies diferentes
como relevos, saliências, acaba por conduzir ao segundo estilo.
Os artistas passaram, então, a pintar janelas como se estivessem
abertas para o exterior, visualizando paisagens, campos com animais,
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pássaros e até pessoas. Esta pintura leva os romanos a pintar grandes
murais em forma de barras, com representações de pessoas.
No fi m do século I a.C., este estilo começa a ser substituído por
outro, o terceiro estilo, que terminou com as representações da
realidade para valorizar a delicadeza e os pequenos detalhes.
Figura 2.39 - Pintura do 2º estilo na Vila dos Mistérios, Pompéia, século I a.C. As figuras têm, aproximadamente, 150cm de altura.
Figura 2.40 - Pintura do 3º estilo na Vila dos Mistérios, Pompéia, século I a.C.
Então, os artistas voltam a combinar as pinturas que simulam
ampliação do espaço com a delicadeza do 3º estilo e, desta
combinação, surge o 4º estilo.
Os artistas romanos, ora toscos, ora mais brilhantes, apresentaram
inúmeros adornos nas paredes de sua arquitetura.
A escultura romana
Os romanos admiravam bastante a arte grega, mas eram
completamente diferentes em sua observação e sua ótica. Por
terem um espírito prático e realista, os romanos ativeram-se a
uma representação fi el dos personagens de sua arte e não mais a
perseguir o ideal de beleza dos gregos.
A acomodação entre a arte grega e romana pode ser melhor
compreendida na escultura do imperador romano Augusto,
feita por volta do ano 19 a.C. O autor utilizou o Doríforo
de Policleto como referência, mas efetuou várias alterações,
adaptando a escultura à ótica romana. Além disto, posicionou
a cabeça e braço de modo a parecer que se esta dirigindo
fi rmemente aos seus súditos.
Mural ou pintura mural: a que é feita diretamente sobre uma parede ou nela aplicada.
Figura 2.41 - Casa dos Vetti, Pompéia, séc. I a.C.
Figura 2.42 - Augusto de Prima Porta, ano 19 a.C., altura de 204 cm. Museu Chiaramonti, Vaticano.
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Introdução ao Design Gráfi co
Unidade 2
Os romanos ainda esculpiram fatos de sua história para
ornamentar sua arquitetura, diferentemente dos gregos, os quais
utilizavam motivos mitológicos e atemporais.
Após a morte de Jesus Cristo, seus discípulos prosseguiram
na transmissão de seus ensinamentos na província da Judéia,
província romana onde Jesus viveu e morreu. Mais tarde,
estes ensinamentos tiveram continuidade, com a dispersão da
comunidade cristã por todo o império romano.
No ano de 64, do período do imperador romano Nero, houve
a primeira grande perseguição aos cristãos. A última grande
e violenta perseguição aos cristãos, que continuaram sendo
perseguidos por 249 anos, ocorreu entre 303 e 305, no período do
imperador Diocleciano.
Devido às perseguições, os cristãos começaram a enterrar seus
mortos em galerias subterrâneas chamadas catacumbas. Quando
havia certa importância na fi gura dos mortos, essas catacumbas
eram maiores e passaram a receber nos seus tetos e paredes as
primeiras manifestações da pintura da era cristã.
No início, eram pintados, apenas, os símbolos cristãos: a cruz,
símbolo do sacrifício de Jesus; a palma, símbolo do martírio; a
âncora, símbolo da salvação; e o peixe, símbolo predileto dos
artistas cristãos, porque a palavra peixe tem em suas letras em
grego (ichtys) as letras iniciais da expressão Iesus Christo Th eou Yios
Soter, que signifi ca “Jesus Cristo fi lho de Deus, salvador”.
Mais tarde, estas evoluíram e começaram a representar, também,
Jesus Cristo como o bom pastor.
Esta arte cristã primitiva não era executada por grandes artistas,
mas por pessoas do povo, portanto eram representações muito
simples.
Em 313, o imperador Constantino, com a gradativa diminuição
das perseguições aos cristãos, acabou por se converter ao
cristianismo. Desta forma, o cristianismo expandiu-se muito e
em 391, o imperador Teodósio tornou o cristianismo a religião
ofi cial do império.
Catacumbas: galerias subterrâneas em cujas paredes se faziam tumbas e onde os primeiros cristãos se reuniam secretamente.
Figura 2.44 - Pintura mural das catacumbas de São Calixto, Roma século II.
Figura 2.43 - Capela das catacumbas de Priscila. Roma, século II.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Síntese
Esta unidade descreveu as grandes transformações sociais
advindas do domínio de alguns povos sobre os outros e do fi m
de impérios. A partir desses conhecimentos, é possível relacionar
e entender, em sua origem, as constantes e signifi cativas
transformações artísticas então ocorridas.
Atividades de auto-avaliação
1. Descreva, com suas próprias palavras, o que aproximava em
muito a arte dos gregos e dos egípcios até o período Arcaico,
e por que eles tinham algumas formas de representação
predeterminadas, em especial na escultura.
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Unidade 2
2. O que muda na arte dos gregos no fi nal do período Arcaico e
início do período Helenístico, e o que teria acontecido com os
artistas deste período?
3. Procure localizar nesta unidade em que momento os artistas
conseguiram alcançar progressiva liberdade das instituições
religiosas e ganharam mais autonomia, utilizando sua arte
para outros fi ns que não os religiosos ou submissos à coroa dos
impérios. Explique com suas próprias palavras.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
4. Procure identifi car em nosso material didático ou em outra
fonte de pesquisa alguma peça de arte destes períodos que,de
alguma forma, continue sendo representada até o presente
entre nós. Exemplifi que, justifi que e debata a questão com seus
colegas no Ambiente Virtual de Aprendizagem.
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Introdução ao Design Gráfi co
Unidade 2
Saiba mais
Websites
� Portal de arte e história da arte
www.portalartes.com.br
� Portal de arte
www.theart.com.br/
� Site de história e história da arte
www.historianet.com.br
� Museu britânico com maior acervo da cultura egípcia
www.british-museum.ac.uk
� The Metropolitan Museum – NY
www.metmuseum.org
� Banco de dados sobre arte
www.getty.edu/art
� Site do Smithsonian Institute, sobre arte história e ciência
www.si.edu
Filmes
� Egito em busca da eternidade, 1983. Produção da
National Geographic sobre a antiga civilização egípcia,
60 min.
� Ulisses, 1955. Direção Carlo Ponti. Adaptação da
Odisséia de Homero, trata de algumas histórias do
herói Ulisses após a guerra de Tróia, 104 min.
� Tróia, 2004. Direção Wolfgang Petersen.
Superprodução baseada no poema épico de Homero, A
Ilíada, 162 min.
� Spartacus, 1960. Direção Stanley Kubrick.
Superprodução baseada no romance histórico de
Howard Fast sobre a revolta de escravos liderada por
Spartacus em 73 a.C., 190 min.
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UNIDADE 3
Movimentos artísticos 3Objetivo de aprendizagem
� Ampliar a visão sobre os desdobramentos da arte nos diversos períodos da história, sua intrínseca relação com o poder dos imperadores e do sacerdócio, e, sobretudo, a grande transformação da arte decorrente do crescente desenvolvimento social.
Seções de estudo
Seção 1 A arte bizantina
Seção 2 A arte bárbara
Seção 3 A arte no Império Carolíngio
Seção 4 A arte românica
Seção 5 A arte gótica
Seção 6 O Renascimento na Itália
Seção 7 A arte barroca
Seção 8 O neoclássico e o romântico
Seção 9 O realismo
Seção 10 Art Nouveau
Seção 11 O impressionismo
Seção 12 O pós-impressionismo
Seção 13 As artes no século XX
Seção 14 A arte moderna e suas últimas tendências
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Para início de conversa
Diante dessa profusão de títulos e diversidade de estilos e
momentos na história, você pode questionar a necessidade de
acessar tal conhecimento. Tenha em mente, porém, o seguinte:
estará sendo apresentado aqui, sem dúvida, um conteúdo que o
artista gráfi co deverá ter sempre à disposição em sua brilhante
caixa de ferramentas. Mas, não apenas. A parte gráfi ca, o
conhecimento de sociedades e pessoas tão distantes também
farão parte deste repertório. É que este saber sempre nos ajudará
na composição de signos, ambientes performáticos ou virtuais.
SEÇÃO 1 A arte bizantina
No ano de 395, durante o governo do Imperador Teodósio, o
Império Romano foi dividido em dois: o Império Romano do
Ocidente e o Império Romano do Oriente.
O Império Romano do Ocidente, que fi cou com a capital em
Roma, foi vítima de diversas e sucessivas invasões bárbaras, e
passa, defi nitivamente, ao poder dos invasores no ano de 476.
Esta data marca o fi m da idade antiga e o início da idade média.
O Império Romano do Oriente permaneceu em atividade até
1453, quando teve Constantinopla, sua capital, tomada pelos
turcos. Constantinopla havia sido fundada pelo Imperador
Constantino em 330, no local onde fi cava Bizâncio, uma antiga
colônia grega. Sua localização no estreito de Bósforo, entre a
Europa e a Ásia, favoreceu a fusão entre as culturas grega, romana
e oriental.
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Introdução ao Design Gráfi co
Unidade 3
O termo Bizantino, derivado de Bizâncio, foi utilizado para
todas as manifestações culturais de todo o Império do Oriente,
não servindo apenas àquela cidade.
Foi no governo do Imperador Justiniano que o Império
Bizantino, como fi cou conhecido todo o Império Romano do
Oriente, chegou ao seu apogeu político, social e cultural.
A arte bizantina era regida por uma série de convenções, da mesma forma como ocorria com a arte egípcia.
Essas convenções foram estabelecidas como expressão da
autoridade absoluta do Imperador. Sobre ele havia uma aura
de espiritualidade. Era um representante de Deus, e, como tal,
detinha totais poderes.
Os sacerdotes determinavam praticamente tudo, por exemplo,
como deveriam estar os personagens, o que deveria gerar uma
atitude de respeito, devoção e veneração ao observador.
Também as personalidades do império eram representadas
de forma a sugerir que fossem sagradas. Muitas vezes os
personagens sagrados eram reproduzidos com características das
autoridades do império.
Cristo chega a aparecer como rei e Maria como rainha.
A procissão de santos e apóstolos aproxima-se de Jesus de
maneira solene, da mesma forma como eram feitos os cortejos
dos imperadores.
Na arquitetura, os Bizantinos eram majestosos e construíram
templos espetaculares, com grandes cúpulas, pilares, com capitéis
coríntios e muitos outros detalhes.
Bom exemplo desta arquitetura é a Basílica de Santa Sofi a em Istambul (532-537).
Na arte do mosaico, os bizantinos tiveram muita desenvoltura
e esta se tornou a arte cristã preferida no Império Romano do
Oriente. Os gregos haviam utilizado esta arte nos pisos, enquanto
O governo de Justiniano foi de 527 a 565.
Figura 3.1 - Imperador Justiniano. Detalhe do mosaico da Igreja de São Vital, em Ravena (526-547).
Mosaico: Embutido de pequenas pedras, ou de outras peças de cores, que, pela sua disposição, aparentam desenho.
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que os romanos a utilizaram na cobertura de algumas paredes,
demonstrando muita habilidade com as fi guras e as cores.
Na América, no período dos povos pré-colombianos, os maias e
os astecas já haviam trabalhado murais com esta técnica, e, para
executá-la, faziam uso de quartzo, jade e outras rochas coloridas.
Em 540, Justiniano consegue recuperar Ravena depois de
sucessivas tentativas de reunifi car os Impérios Romanos do
Oriente e do Ocidente. O Império Romano do Ocidente estava
dominado há muito tempo pelos ostrogodos. Ravena, após a
retomada, torna-se o centro do domínio Bizantino na Itália.
Ravena já havia tido contato com a cultura bizantina, e é
desta época o monumento mais conhecido e signifi cativo de
sua arquitetura: o Mausoléu da Imperatriz Gala Placídia. Sua
arquitetura é simples, mas contrasta com a delicadeza dos
mosaicos em seu interior, com predomínio da cor azul.
Com a morte de Justiniano em 565, os impérios do Oriente e
do Ocidente tiveram muitas difi culdades de permanecer unidos.
Houve aí um período de declínio cultural, o qual culmina, no fi m
da Idade Média, com a invasão de Constantinopla, a capital do
Império Romano do Oriente, pelos turcos.
Os ícones bizantinos são quadros que representam fi guras
sagradas, como Cristo, a Virgem, os Apóstolos, santos e outros
mártires.
SEÇÃO 2 A arte bárbara
Os povos bárbaros, por terem culturas nômades, não possuíam os
mesmos valores dos povos greco-romanos, que produziram a arte
mais tarde conhecida como clássica. Na arte clássica, os greco-
romanos produziram fi guras humanas, adornos para arquitetura.
Os povos bárbaros, como conseqüência de sua natureza nômade,
desenvolveram a arte de pequenos objetos: colares, brincos,
pulseiras, fi velas, braceletes e outros.
O brilho dos metais e as cores das pedras preciosas propiciaram
uma infi nidade de combinações e tornaram estes povos
Figura 3.2 - Mausoléu da Imperatriz Gala Placídia, Ravena, séc.V.
Ícone: palavra grega que signifi ca imagem.
Figura 3.3 - Coroa de ferro (consta que Carlos Magno foi coroado com esta peça, Tesouro da Catedral de Monza). Séc. VI.
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Unidade 3
especialistas em ourivesaria, e foi aí que a arte bárbara deixou
preciosas peças para a arte européia deste período, como a coroa de
ferro e a cruz votiva de Agilulfo.
A decadência da vida cultural no ocidente
Depois das invasões dos povos bárbaros, o Ocidente tenta reorganizar-
se em torno de uma nova ordem política. Enquanto este processo se
desenrola, a produção artística do Ocidente cai a um patamar muito
inferior à arte alcançada nos períodos clássicos antigos.
A transição política para a Idade Média ocorre à medida que a
autoridade da Igreja Católica colabora para a preservação das culturas
clássicas.
Aos poucos, as grandes propriedades agrícolas foram se solidifi cando
e tornando-se a base de produção desta sociedade. Os grandes
proprietários foram tornando-se muito poderosos e passaram
a exercer, dentro de suas propriedades, a autoridade própria de
estado. O rei torna-se soberano apenas em suas terras, que, muitas
vezes, eram até menores que as dos grandes proprietários. Assim, a
autoridade resultante da posse da terra estabelece uma nova relação de
poder entre o rei e seus súditos, e acaba por deslocar o centro da vida
das cidades para o campo.
A conseqüência desta nova ordem sociopolítica é que, neste período,
não surgiu nenhuma cidade importante no Ocidente.
Os centros onde os reis permaneciam temporariamente, como Paris
ou Reims, deixaram de ser centros prósperos e com alta densidade
demográfi ca. Não houve construção de edifícios ou monumentos
nestas cidades, durante este período. Os mosteiros eram muito pobres
e neles houve somente a preservação da memória artística.
Foi como fonte de educação e evolução das artes que a Igreja, única
escola de formação de cultura e formação monástica, passa a exercer
total infl uência até mesmo sobre o estado. As escolas monásticas
eram as únicas instituições educacionais para onde as famílias podiam
mandar seus fi lhos. A Igreja neste período continuou a contratar
artistas, vidraceiros, construtores, carpinteiros e marceneiros, pois as
igrejas foram os únicos edifícios públicos que se construíram.
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SEÇÃO 3 A arte no Império Carolíngio
Em vários períodos das sociedades, as alternativas de poder e
coordenação das sociedades vão-se formando de acordo com seus
próprios caminhos e experiências até obter unidade e prosperidade.
Desta forma, em 800, o Papa Leão III coroa Carlos Magno o
Imperador do Ocidente. O poder real e papal são unidos, e ele
passa a ser o rei protetor da cristandade.
Carlos Magno tem importante papel no desenvolvimento cultural.
Surge, então, uma academia literária e desenvolvem-se ofi cinas
onde são produzidos objetos de arte e manuscritos ilustrados.
Nesse período, não houve desenvolvimento de grandes
monumentos ou obras: as ofi cinas de arte sempre estiveram
voltadas para pequenas peças.
Após a morte de Carlos Magno, a corte deixou de ser o grande
centro para as atividades de produção artística e intelectual, as
quais acabaram sendo recolhidas às ofi cinas dos mosteiros.
Das atividades desenvolvidas aí, a mais importante foi a
ilustração de manuscritos. Também as ofi cinas dos mosteiros
passaram a se interessar por arquitetura, escultura, pintura,
ourivesaria, cerâmica, vidraçaria, fundição e muitas outras
atividades.
Este misto de centro educacional e centro formador de mão-de-
obra especializada, para que os ali formados fossem ter profi ssões
junto às grandes famílias nas construções e outras atividades, iria
conferir real importância para os mosteiros nesta época. Estas
atividades originaram o que passou a ser conhecido como escolas
monásticas.
SEÇÃO 4 A arte românica
As ofi cinas de arte criadas no período de Carlos Magno levaram
os artistas à superação do estilo ornamental da época das invasões
bárbaras e ao reencontro com a tradição cultural e artística do
mundo greco-romano.
Figura 3.4 - Miniatura da corte carolíngia, representando São Mateus Evangelista (cerca de 800). Museu Britânico de Londres.
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Unidade 3
Na arquitetura, isto foi mais percebido com o surgimento de
um novo estilo para as igrejas do fi nal dos séculos XI e XII na
Europa. A estrutura destas igrejas lembrava as construções dos
romanos, por isto a designação estilo românico.
A arquitetura românica na Itália
Diferente do restante da Europa, a arte românica na Itália não
apresenta formas pesadas, duras e primitivas. Pela proximidade
da cultura greco-romana, os construtores italianos deram às
igrejas uma forma mais leve e delicada. Também sob infl uência
greco-romana, usaram muitos frontões e colunas. Das
construções com estas características, uma das melhores é o
conjunto da Catedral de Pisa.
Pintura “a fresco”, hoje este termo signifi ca uma pintura de
mural. A origem deste nome se deu pela técnica de pintar sobre a
parede ainda úmida. Sobre o reboco aplicado na parede, era ainda
aplicada uma camada fi na e bem lisa de gesso. O pintor executava
sua obra sobre esta última camada.
SEÇÃO 5 A arte gótica
Na Europa do século XII, a economia se baseia no comércio. Isto
leva todo o movimento da vida social para as cidades, ou seja,
a vida volta a ocorrer mais intensamente do que nos campos.
Novamente, a cidade é o espaço renovador das artes e da própria
sociedade. Houve uma verdadeira revolução nos projetos de
arquitetura.
No século XVI, a nova arquitetura criada nos séculos
anteriores foi chamada por estudiosos, pejorativamente, de
Gótica, numa referência à aparência bárbara que bem poderia
ser fruto da criação dos godos, povo bárbaro que invadiu o
Império Romano e destruiu inúmeras obras. Mais tarde, o
nome gótico perdeu força depreciativa e passou a indicar a
arquitetura feita em arcos ogivais.
Figura 3.5 - Catedral de Pisa, este conjunto de edifícios teve sua construção iniciada em 1063.
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A escultura gótica
A arquitetura deste período sempre foi o grande receptáculo para
as peças de escultura.
Observe o vigor e equilíbrio na composição do volume dos
corpos do cavalo e do cavaleiro. Esta estátua revela também
a cultura da cavalaria medieval, uma organização que acabou
por estabelecer nova estrutura social nas cortes européias, que
passaram a assumir a liderança da vida intelectual, até então
dominada pelos monges e confi nada aos mosteiros.
Figura 3.6 - O cavaleiro, Catedral de Bamberg, aproximadamente 1235. Alemanha.
Figura 3.7 - Nobre Uta, Catedral de Naumburg, esculpida aproximadamente em 1249.
A obra O Cavaleiro surpreende pelo naturalismo e realismo em
que é retratada uma pessoa ligada à aristocracia.
O que são os manuscritos ilustrados?
Por volta do século XII e XIII, a Europa estava produzindo
vários objetos, feitos em marfi m, prata, ouro, esmalte e pedras.
Os manuscritos ilustrados eram produzidos sobre pele de
carneiro ou vitela curtida, que recebia o nome de velino e era
usada no lugar do papel dos livros de hoje. Havia toda uma linha
de produção para esta arte.
Inicialmente estavam os curtidores, depois as pessoas que
deixavam as folhas cortadas, depois vinham os copistas, que
transcreviam textos. Na realização das transcrições eram deixados
espaços para que os artistas fi zessem as ilustrações, os títulos com
letras maiúsculas. Este trabalho decorativo fi cou conhecido com
o nome de iluminura.
Figura 3.8 - Pentecostes, Ilustração de uma página do Saltério de Ingeborg , cerca de 1195. (Museu Condé, Chantilly).
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Unidade 3
A pintura gótica
A principal característica da pintura gótica foi a procura
do realismo na representação dos seres. Esta arte teve seu
desenvolvimento entre os séculos XIII, XIV e início do século
XV, período que anuncia o Renascimento.
O pintor mais importante deste período é Giovanni Gualteri,
conhecido como Cimabue. Ainda ocorre profunda infl uência dos
ícones e mozaicos bizantinos, mas já existe uma preocupação com
o realismo das fi guras. O artista procura conferir movimento às
suas obras, aos anjos e santos, mas ainda não consegue provocar
a ilusão da profundidade do espaço.
Gualteri acabou por descobrir Giotto, do qual foi mestre. Pouco
se sabe da vida de Ambrogiotto Bondone, conhecido como
Giotto.
A maior parte das obras deste artista foram afrescos para igrejas.
Produziu A Prédica diante de Honório III, para a igreja de São
Francisco, em Assis; e O Juízo Final, para a capela dos Scrovegni,
em Pádua.
A principal característica da pintura de Giotto é que os santos
por ele pintados tinham aparência de homens comuns. Os santos
com ar de homens comuns apenas passavam a ocupar espaços
de mais destaque. Para se compreender melhor esta composição,
devemos entender os processos culturais do século XIII.
Com o crescimento do comércio, as cidades se desenvolveram e a
sociedade passou a apresentar uma nova estrutura, com relações
sociais mais complexas e não mais tão rígidas como tinham sido,
até então, as relações do senhor feudal todo poderoso com os
camponeses pobres. Surgia aqui uma nova classe, a burguesia, que
acaba por assumir o poder econômico e político das cidades.
O ser humano se fortalece, e Giotto é em parte a expressão deste
mundo mais humanista, visão esta que se iria afi rmar totalmente
no Renascimento.
Figura 3.9 - Madona Entronizada (1295-1300) de Cimabue, Museu do Louvre, Paris.
Sabe-se que nasceu em 1266, em uma pequena aldeia perto de Florença, e que teria morrido em 1337, também em Florença.
Figura 3.10 - Retiro de São Joaquim entre os pastores, (1.304-1.306), Giotto, Afresco da Capela de Scrovegni, Pádua.
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SEÇÃO 6 O Renascimento na Itália
O termo renascimento se aplica a um período que vai de 1300 a
1600 na Europa.
Este período, que alguns autores entendem como uma simples
recuperação das culturas greco-romanas, na verdade foi muito
mais amplo.
O ideal de humanismo se tornou o grande referencial deste
processo e foi o propulsor de todas as realizações no campo das
artes, ciências e literatura.
O humanismo valorizou o homem e a natureza, em oposição ao
divino, ao sobrenatural, que estavam presentes em toda a cultura
da Idade Média. No período do Renascimento havia um rigor
científi co nas artes, que se fez presente na arquitetura, na pintura,
na escultura e em toda a produção em geral.
Como era a pintura renascentista?
Você viu que os artistas do período gótico haviam conseguido
conferir profundidade a seus quadros e utilizar bem a luz. Já, no
Renascimento, existe uma tendência à interpretação científi ca do
mundo. Desta forma se desenvolveram os estudos de perspectiva
segundo os princípios da geometria e da matemática.
O emprego da noção de luz e sombra confere às artes o perfeito
efeito de volume e profundidade.
Durante toda a Idade Média, a arte era anônima, ou seja, seus
artistas eram desconhecidos. Isto aconteceu, porque havia uma
concepção que já estava formada, os artistas não inovavam,
pintavam o que o poder eclesiástico ou o poder real estabeleciam.
O Renascimento surge, portanto, com inúmeros artistas, cada
qual com suas características e com suas obras agora assinadas.
O primeiro artista a ter desenvolvido a pintura como fi el
reprodução do real, foi Masaccio.
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Unidade 3
Masaccio (1401-1428)
Esse artista apresenta uma preocupação tão grande com o realismo de seus quadros que se percebe a clara intenção de convencer os observadores da realidade das cenas apresentadas.
Obras mais conhecidas: São Pedro Cura os Enfermos, Adão e Eva Expulsos do Paraíso.
Figura 3.11 - Madona com o Menino, aproximadamente em 1427, de Masaccio, Galeria Nacional, Londres.
Fra Angélico (1387 (?)-1455)
O primeiro grande discípulo dos trabalhos de Masaccio foi Fra Angélico. Sua obra segue os mesmos princípios do Renascentismo: apresenta perspectiva, elementos de luz e sombra. Apresenta, em acréscimo, profundo sentido místico.
O ser humano representado em sua obra não sugere angústia ou afl ição diante da realidade, mas serenidade e aceitação de uma força superior divina.
Figura 3.12 – Anunciação, aproximadamente em 1433, Fra Angélico, Museu de São Marcos. Florença.
Paolo Uccello
Viveu entre 1397 e 1475, pintou uma arte bastante ligada às lendas e fantasias da Idade Média, que, para o Renascentismo, já eram coisas do passado. Também estava representado, em sua arte, o movimento, o momento contido, músculos fi gurando a exata ação.
Figura 3.13 - São Jorge e o Dragão, 1455, Paolo Uccello, Galeria Nacional de Londres.
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Botticelli (1445-1510)
Seus quadros, fossem pintados com temas tirados da antigüidade grega ou da arte tradicional cristã, sempre tiveram em seu contexto o ideal de beleza. Botticelli foi considerado o artista de melhor expressão gráfi ca, devido aos traços delicados e suaves das fi guras que pintava.
A criação mais famosa deste artista é o Nascimento de Vênus, mas onde suas qualidades melhor aparecem representadas é no quadro A Primavera (Fig. 3.14). O tema é uma representação do mundo pagão. Ao centro está a deusa Vênus; acima de sua cabeça está o cupido, o qual dispara fl echas que acendem
o sentimento do amor. À esquerda, Flora, a Primavera, uma jovem com um ramo de fl or na boca, Zéfi ro, o vento oeste na mitologia grega. À direita estão as três Graças e Mercúrio, o mensageiro dos deuses. Aparentemente as fi guras não têm muita relação entre si, mas é dada uma leitura de conjunto.
Figura 3.14 – A Primavera.
Leonardo da Vinci (452-1519)
Aos 17 anos, estudou em Florença como aprendiz. Em 1482, foi para Milão. Mostrou preocupações com urbanismo, e, em 1482, fez um projeto completo para a cidade.
Dedicou-se a estudos de perspectiva e óptica (física), proporções e anatomia.
Leonardo da Vinci pintou pouco, mas desenhou e desenvolveu milhares de estudos.
Pintou o afresco da Santa Ceia, no Convento de Santa Maria Della Grazzie, em Milão; pintou ainda a Anunciação, Gioconda, Santana e A Virgem e o Menino.
Este quadro apresenta Maria, São João Batista, Jesus e um anjo. Estes personagens estão dispostos em forma de um triângulo. O
rosto mais iluminado de Maria, nesta fi gura geométrica, é o centro da obra. As atenções se voltam para o Menino Jesus, o que o torna o principal personagem pelo envolvimento do seu corpo pela luz. A profundidade da obra se dá pela escuridão da superfície das pedras.
Figura 3.15 - A Virgem dos Rochedos, Museu do Louvre, Paris. 198x123cm, 1483.
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Michelangelo (1475 - 1564)
Foi discípulo de Domenico Ghirlandaio, conhecido pintor do Renascimento, que vivia em Florença.
Entre 1508 e 1512, Michelangelo trabalhou na pintura de teto da Capela Sixtina, no Vaticano. Para estes trabalhos, Michelangelo desenvolveu e realizou um grande número de quadros com
temas do velho testamento. Muito provavelmente, destes quadros, a cena mais representativa de sua genialidade foi A Criação do Homem, 1511, Capela Sixtina, Vaticano (veja no AVA).
Deus aparece envolto em anjos e com a mão estendida para tocar a mão de Adão, que é representado por um jovem com o ideal físico de beleza do Renascimento.
Esculturas do Renascimento
Que artistas se destacaram na escultura renascentista?
Com certeza, Michelangelo e Verrocchio se destacaram.
Acompanhe a seguir.
Andrea Del Verrocchio (1435 - 1488), que vinha de uma escola
de ourivesaria, desenvolve de maneira surpreendente os detalhes
de suas obras. Foi também considerado o precursor do jogo de
luz na escultura.
Figura 3.16 - Davi, cerca de 1476, de Verrocchio, h 126 cm., Bargello, Florença.
Figura 3.17 - Davi, 1501, de Michelangelo, h 410 cm., Museu da Academia, Florença.
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Os dois Davis são completamente diferentes: o de Verrocchio
representa um adolescente, ágil e astuto; já o Davi de Michelangelo
não é tão jovem, também não representa ser tão ágil, mas tem uma
expressão nunca manifestada antes na escultura, uma expressão de
capacidade de enfrentar as adversidades da existência.
Os artistas do renascimento alemão e dos países baixos
Albrecht Dürer (1471-1528)
Este foi o primeiro artista alemão a expressar em sua arte a fi el
representação da realidade. Pintou o povo, soldados, camponeses.
Sua obra se destacou por buscar os traços psicológicos dos
personagens que pintava.
Hans Holbein (1498-1543)
Retratou autoridades e personagens das sociedades dos Países
Baixos e Inglaterra.
Este artista transmitia aos seus personagens a expressão de
serenidade. Dos retratos mais conhecidos do artista está o de
Erasmo de Roterdã.
Erasmo de Roterdã, amigo de Holbein, foi considerado o grande
humanista de sua época. Defendeu a internacionalização das
culturas e condenou os exageros dos regimes nacionalistas,
que, segundo ele, conduzem a preconceitos e restringem o
desenvolvimento humano.
Hieronymus Bosch (1450-1516)
Bosch foi o criador de uma pintura única, cheia de simbologia da
astrologia, alquimia e magia conhecidas no fi m da Idade Média.
Sua pintura é delirante, cheia de fi guras de sonhos ou
imaginativas. Muitos especialistas vêem, na pintura de Bosch, a
própria inquietação do homem da Idade Média (fi nal da Idade
Média).
Os confl itos entre o pecado e os prazeres materiais, as crenças nas
manifestações demoníacas e divinas assolavam a cultura popular
do fi m da Idade Média.
Figura 3.18 - A Pietá. Esta obra retrata Maria Mãe de Jesus recolhendo o filho da cruz. Foi produzida quando Michelangelo tinha 23 anos.
Figura 3.19 - Oswolt Krel , retrato de comerciante alemão, 1499, Munique. Neste retrato, Dürer retrata não apenas o cidadão, mas também seu caráter austero.
Figura 3.20 - Erasmo de Roterdã, aprox. 1523, Hans Holbein, 42x30cm, Museu do Louvre, Paris.
Figura 3.21 - O Jardim das Delícias, ano 1500, Bosch. Museu do Prado, Madri.
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Unidade 3
Pieter Bruegel, o Velho (1525 - 1569)
Viveu na região de Flandres, pintou com desenvoltura os
aglomerados das cidades em que viveu. Sua característica mais
forte é a melancolia de seus personagens.
Também são quadros seus: Caçadores da Neve, Dança Campestre.
SEÇÃO 7 A arte barroca
Ao fi nal do século XVI, um importante episódio marca o início
de algumas transformações: é a Reforma Protestante, que começa
na Alemanha e depois se desenrola também em outros países.
Mesmo sendo de caráter religioso, a Reforma Protestante teve
refl exos importantes na cultura da civilização européia: encerra
a submissão dos governos ao Papa, e, desta maneira, surgem os
Estados com governos absolutos.
A Igreja Católica se organizou contra a Reforma Protestante.
Desde o início do século XV, havia um movimento na Igreja
Católica pela reorganização da vida nos mosteiros, para que se
acabasse com os abusos e houvesse o fortalecimento da vida
espiritual.
Este movimento culmina, no século XVI, com a chamada
Contra-Reforma, que é marcada pelo Concílio de Trento.
A Igreja Católica, através de vários concílios e das Ordens,
retoma sua força e, com isso, são recomeçadas as construções de
grandes igrejas. Mais uma vez, a arte passa a ser vista como um
instrumento para propagar o catolicismo.
Michelangelo pintou, na Capela Sixtina, “O Juízo Final”, que,
com intensidade de expressão e imagens em profusão, parece ter
marcado o início de um novo estilo, o qual fi cou conhecido como
Barroco.
O Barroco, que teve início na Itália, logo se espalhou pela
Europa. Das características da arte barroca, as principais são: a
disposição em diagonal dos elementos, a acentuação do contraste
claro-escuro. A arte barroca não se serviu de temas da corte ou da
aristocracia, e sim pintou cenas do cotidiano do povo.
Figura 3.22 - Jogos Infantis, 1560, Pieter Bruegel, 118x161, Kunsthistorisches Museum, Viena.
Figura 3.23 - O Juízo Final, 1536-1541, Michelangelo, Capela Sixtina.
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Outros pintores barrocos italianos: Tintoretto, Andrea Pozzo e Caravaggio.
Caravaggio pintou pessoas comuns, e o que melhor identifi ca sua
pintura é a iluminação que ele criou, a qual não é um refl exo da
luz solar, mas sim uma iluminação criada por ele, e que determina
o ponto de atenção dos quadros. No quadro da Vocação de São
Mateus, a luz vem de outra direção que não a janela aberta, o que
seria o natural.
Andrea Pozzo (1642-1709)
A pintura barroca cobriu os tetos de igrejas com pinturas que
representavam o céu, e desenvolveu inúmeros tesouros em
perspectiva.
Andrea Pozzo pintou o teto da Igreja de Santo Inácio, Roma:
obra brilhante pelo número de fi guras e pela ilusão criada com a
perspectiva, dá a impressão de que as colunas e paredes se abrem
para o céu.
A escultura barroca é marcada por uma grande quantidade de
detalhes decorativos. Até a escultura renascentista, havia muita
preocupação com o equilíbrio; agora a escultura barroca expressa
movimento.
Figura 3.24 - Baldaquino da Basílica de São Pedro, Roma. Este Baldaquino lavrado por Bernini (1624) é considerado a primeira obra romana realmente barroca.
Figura 3.25 - Êxtase de Santa Tereza, 1645-1652, Bernini, Capela Cornaro, Santa Maria della Vittoria, Roma.
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Pintores barrocos na Espanha
El Greco (1541-1614). Seu nome era Domenikos
Th eotokopoulos, nasceu na ilha de Creta, passou por Roma e
Madri, mas acabou por fi rmar-se em Toledo.
Velasquez (1599-1660) pintou muitos retratos de pessoas da
corte, mas procurou documentar também a vida dos populares.
Rubens (1577-1640): sua pintura utilizava cores fortes, em
contraste com a iluminação nas peles claras.
Hals (1581-1666), juntamente com Rubens, fazem parte do
grupo de artistas dos Países Baixos. Hals apresentou inúmeros
quadros que retratavam os costumes da elite holandesa. Ocorre
em sua pintura uma evolução muito interessante do ponto de
vista do uso da iluminação, apresentando, no início, contrastes
fortes, depois tons mais suaves, e, por último, um quadro leve,
com equilíbrio de iluminação.
Outras obras de Hals : O Alegre Bebedor e O Retrato de Isaac Abrahansz.
Rembrandt (1606-1669): este pintor foi um dos grandes mestres
da luz e da sombra, seus quadros têm uma infi nidade de tons e
meios-tons, sombras e áreas bem iluminadas.
Outras obras de Rembrant: A Mulher no Banho, A Ronda Noturna e Os Negociantes de Tecidos.
O Rococó
O Rococó se iniciou na França, durante o século XVIII, depois
se espalhando por toda a Europa, e até a América. O sentido
desta imagem está nos traços curvos que lembram a curvatura
das conchas. Alguns historiadores sugerem que o Rococó foi uma
evolução natural do Barroco.
O Rococó exacerbava a beleza, tentando fazer com que o prazer e
a alegria de viver estivessem acima dos problemas.
Figura 3.26 - Espólio, 1579, 285x173. El Greco, Catedral de Toledo, Espanha.
Figura 3.27 - O Jardim do Amor, 1632, Rubens, Museu do Prado, Madri.
Figura 3.28 - A Lição de Anatomia do Doutor Tulp, 1632, acervo do Mauritshuis, Amsterdã.
O termo Rococó originou-se da palavra francesa Rocaille, que signifi ca concha.
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O Barroco servia-se de temas religiosos, cheios de drama e
heroísmo, enquanto que o Rococó pintava cenas mundanas em
parques, jardins ou onde quer que elas pudessem existir.
Antoine Watteau é considerado o mestre do Rococó francês.
Citera é uma ilha do Mediterrâneo, centro do antigo culto
pagão a Vênus, deusa do amor. Citera é um local onde o amor
sempre acontece. O quadro Embarque para Citera mostra
uma boa iluminação com neblina, tudo muito claro e difuso
simultaneamente, uma arte delicada e bonita.
SEÇÃO 8 O neoclássico e o romântico
Estas Escolas surgiram na Europa com o fortalecimento da
burguesia e com uma nova ordem social que se consolidou após a
revolução francesa e em pleno domínio do Imperador Napoleão.
O Academicismo ou o Neoclassicismo surgiu no fi nal do século
XVIII e início do século XIX.
A designação Neoclássico aparece com a retomada dos princípios
da arte antiga greco-romana, e a designação Academicismo
apareceu, porque os conceitos básicos da arte greco-romana eram
utilizados pelo ensino nas academias mantidas pelos governos.
Era fundamental para esta escola a réplica dos princípios do que
já havia sido criado.
Jacques Louis David (1748-1825) foi o maior representante da
pintura Neoclássica, e fez quadros como pintor ofi cial da corte
de Napoleão.
A natureza, que aparecia em segundo plano no Neoclássico,
agora, algumas vezes, é ela própria o tema da pintura.
Os pintores românticos mais conhecidos são Goya, Delacroix,
Turner e Constable.
Francisco José Goya y Lucientes (1746-1828) teve uma obra
repleta de temas, e um de seus principais temas é o espírito da
luta pela liberdade. O quadro que melhor demonstra este espírito
é Os Fuzilamentos de 3 de Maio de 1808).
Figura 3.29 - O Balanço, Fragonard, The Wallace Collection, Londres.
Figura 3.30 - A Morte de Marat, 1793, Jacques Louis Davi, Museu Real de Belas-Artes, Bruxelas.
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Unidade 3
Figura 3.31 - Os Fuzilamentos de 3 de Maio de 1808.
Este quadro é a representação do fuzilamento de espanhóis
contrários à ocupação da Espanha por Napoleão I.
Goya procurou pintar sempre a revolta popular contra a situação
de opressão dos tiranos.
Da visita de Eugéne Delacroix (1799-1863) ao Marrocos, como
membro da comitiva do embaixador francês, com a fi nalidade de
retratar os hábitos e os costumes do povo, surge a obra
A Agitação do Tanger. Alguns especialistas dizem que o céu
muito claro e com muita luz refl etida nas construções deste
quadro seria um prenúncio do Impressionismo.
Joseph Mallord William Turner (1775-1851) especializou-se em
retratar a natureza. Com um arranjo diferenciado da iluminação
procurava fazer uma atmosfera, criar um clima bastante
impressivo em suas obras.
John Constable (1776-1837) pintou paisagens serenas e muito
nítidas.
A Carroça de Feno é um excelente exemplo desta pintura.
Figura 3.33 - A Carroça de Feno.
Veja a obra no AVA.
Figura 3.32 - O Grande Canal, Veneza, Turner.
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SEÇÃO 9 O realismo
No século XIX, a pintura deve descrever a realidade com grande
técnica, procurando estudá-la sempre ao máximo. A pintura,
assim, terminou por não ter mais temas bíblicos ou mitológicos:
a realidade é que deveria ser expressa. Alguns historiadores
afi rmam que a representação do real levou o artista a uma outra
função, a política.
Neste período, o avanço da industrialização levou uma multidão
de operários a viver nas cidades de maneira muito precária e
miserável. A pintura começa a ser chamada de “Pintura Social”.
Gustave Courbet (1832-1877) criou a pintura social.
Eduard Manet (1832-1883), vindo de família rica, não
apresentava qualquer preocupação social com o seu realismo.
Seus quadros representaram uma ruptura com o academicismo,
provocando até alguns escândalos. Em 1863, no salão dos artistas
franceses, Manet entrou com o quadro Almoço na Relva (Veja
no AVA), no qual aparecia uma mulher nua na companhia de
dois homens em primeiro plano.
Mais tarde descobriu-se que Manet teria dado uma nova versão
para uma obra, possivelmente de Ticiano: O Concerto Campestre.
SEÇÃO 10 Art Nouveau
Em 1835, o governo inglês, através das escolas ofi ciais, passou
a estimular a melhora dos produtos oferecidos pela indústria.
Neste período, fi cou claro que não era possível suprir o avanço do
consumo com as técnicas de produção artesanal.
A Revolução Industrial criou uma nova realidade, e a arte
necessita, agora, de um trabalho artístico mecanizado.
William Morris acaba por estimular o Movimento das Artes e
Ofícios (Arts and Crafts Movement).
O Art Nouveau era uma arte em muito inspirada na delicadeza
da arte oriental e foi muito utilizada na indústria da arquitetura.
Figura 3.34 - Moças Peneirando Trigo, de Courbet.
Figura 3.35 - O Concerto Campestre, 1505, de Giorgione ou Ticiano.
Figura 3.36 - A Mulher Libélula, René Lalique (1860-1945).
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Unidade 3
Foram grandes nomes deste movimento os ingleses Walter
Crane, Kate Greenaway, Charles Mackintosh e Christopher
Dresser.
O estilo Art Nouveau também apareceu na América, e seu
principal representante foi Louis Confort Tiff any (1848-1933),
que trouxe muita infl uência da arte moura e arte japonesa.
SEÇÃO 11 O impressionismo
Como movimento artístico, o Impressionismo revolucionou
de modo marcante a pintura e lançou um ciclo de inovações
das grandes escolas de arte do século XX. Os artistas do
Impressionismo desenvolveram obras, trabalhando muito, em
princípio, com as cores e a forma e como elas se modifi cavam
quando a luz do sol batia nos objetos.
Outro ponto que o Impressionismo trabalhou, é o fato das
fi guras não apresentarem contorno nítido com traços, porque
as linhas de contorno seriam já uma abstração da visão real. As
sombras deveriam ter bastante luz e ter cores, exatamente como
enxergamos, não seriam mais pretas ou escuras.
As tonalidades de cores não seriam mais obtidas na paleta dos
pintores, a observação é que determinaria as cores, deixando aí de
constituir uma mistura técnica, para ser óptica, visual.
Em 1874, numa coletiva em Paris, estas obras apareceram pela
primeira vez. O público da época não se agradou, mas, entre
os artistas, estavam Monet, Renoir, Degas, Pissarro, Cézanne e
muitos outros.
— Conheça mais sobre Claude Monet (1840-1926) a seguir.
A partir do quadro Mulher no Jardim, Monet se entusiasma com
a pintura ao ar livre, com os muitos desdobramentos dos efeitos
da luz do sol.
Pintando a fachada da Catedral de Rouen, Monet, procurando
fi gurar as impressões que lhe causava a luz do dia em diferentes
momentos, torna-se o principal pintor impressionista.
Figura 3.37 - Mulheres no Jardim, 1866, Monet, Museu do Louvre, Paris.
Figura 3.38 - Baile de Moulin de La Galette, Renoir, 1876, Museu do Louvre, Paris 131x175 cm.
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O importante era a impressão, não a imagem pronta, precisa,
depurada com a razão.
Os quadros de Pierre Auguste Renoir (1841-1919) apresentavam
intensa movimentação e alegria.
Edgar Degas (1834-1917): este artista apresentou poucas
pinturas ao ar livre, e não se utilizou apenas de cores, pois adorava
o esmero do traço, do desenho. Fez muitas pinturas em ambientes
fechados, com iluminação artifi cial.
SEÇÃO 12 O pós-impressionismo
Os pintores pós-impressionistas trabalharam com tendências
diversas. Alguns deles: Cézanne, Van Gogh, Seurat e Gauguin.
O pós-impressionismo é uma produção artística que vai de 1886
até 1907 e 1908, desde a última exposição impressionista até o
surgimento do Cubismo.
Paul Gauguin (1848-1903) iniciou sua carreira como pintor
impressionista, mas, aos poucos, foi voltando-se ao pós-
impressionismo.
Figura 3.40 - Jacó e O Anjo, 1888, Galeria Nacional da Escócia, Edimburgo.
Este trabalho (Fig. 3.40) demonstra uma notável mudança a
partir do impressionismo: agora vemos linhas de contorno bem
demarcado, as pessoas e os objetos não têm mais volume, e o jogo
de luz e sombra desapareceu.
No ano de 1890, Gauguin foi viver no Taiti, onde produziu a
parte mais conhecida de suas obras.
Figura 3.39 - O Ensaio, Degas, Galeria de Arte, Glasgow.
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Unidade 3
Nesse período, pintou pessoas simples e de cultura muito
diferente da européia.
Paul Cézanne (1839-1906)
Figura 3.41 - O Castelo de Médan, Cézanne, Galeria de Arte, Glasgow.
Henri de Toulouse-Lautrec (1864-1901): desde o início, o
trabalho deste artista, que morreu com apenas 37 anos, mostrou-
se totalmente independente de qualquer outra tendência do fi m
do século XIX.
São obras suas: Circo Fernando, A Amazona e O Moulin Rouge.
Vincent Willem van Gogh (1853-1890): foi muito além da
própria autoria. Buscou, de maneira obcecada, a beleza dos seres
humanos e da natureza. Nasceu na Holanda e foi contemporâneo
de pintores como Toulouse-Lautrec e Gauguin, dos quais esteve
próximo em muitas ocasiões.
No primeiro período, apareceu como pregador religioso entre
mineiros belgas, tornando-se companheiro de trabalho. Então,
suas obras apresentavam personagens melancólicos.
Depois da Bélgica, voltou para a Holanda e, mais adiante, foi
para Paris, sempre acompanhado por problemas de ordem
psicológica e pessoal. Na França, passou a pintar ao ar livre. Van
Gogh torna-se um usuário de cores intensas e puras, pois, para
ele, representavam suas emoções.
O artista teve muitas crises nervosas e passou por internações,
com uso de medicamentos fortes, que, segundo alguns
historiadores, seriam os grandes responsáveis pela evolução de
sua obra.
Figura 3.42 - Os Comedores de Batata, 1885, Van Gogh, Rijksmuseum, Vincent van Gogh, Amsterdã.
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Depois de muitos tratamentos médicos, mudou-se para Auvers,
pequena cidade do norte da França, Neste local, num espaço
muito curto de tempo, pintou aproximadamente oitenta telas,
todas com cores muito fortes e com linhas retorcidas. Alguns
exemplos desta fase são A Igreja de Auvers (1890) e Campo de
Trigo com Corvos (1890).
Van Gogh suicidou-se no mesmo ano de 1890, deixando uma
obra de 879 pinturas e 1756 desenhos, sem nunca ter obtido o
reconhecimento em vida.
SEÇÃO 13 As artes no século XX
O século XX aparece avançando no mesmo sentido que já
havia sido lançado no século anterior. A indústria e a sociedade
organizada na força do capital se consolidam. A sociedade está
mais estratifi cada e dividida em classes, como a burguesia e o
proletariado em geral. Logo eclode a Primeira Guerra Mundial,
e, com ela, na Itália, o fascismo, e, na Alemanha, o nazismo.
Então, o mundo se envolveu em um novo confl ito bélico.
O expressionismo
Este movimento surgiu na Alemanha, em Dresden. O
expressionismo importou-se com os sentimentos humanos e
com a problemática da sociedade moderna, ao contrário do
impressionismo que o antecedeu.
Van Gogh já havia feito obras expressionistas, e, além de Van
Gogh, o pintor norueguês Eduard Munch (1863-1944) também
ajudou a fundamentar o movimento.
Ernest Ludwig Kirchner (1880-1938): no quadro Cinco
Mulheres na Rua (Fig. 3.44), 1913, Kirchner explora a arrogância
da representação da classe a que pertencem: a burguesia.
Figura 3.43 - O Grito, 1893, de Munch, Nasjonalgalleriet, Oslo.
Figura 3.44 - Cinco Mulheres na Rua.
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Unidade 3
O fauvismo
No salão de outono de 1905 em Paris, jovens pintores foram
chamados de “fauves”, que signifi ca feras, devido às cores puras e
intensas que utilizavam. A simplicidade das formas e das fi guras,
com o emprego de cores puras, era o que regia este movimento.
Foram pintores fauvistas: André Derain (1880-1954), Maurice
Vlaminck (1876-1958), Othon Frietz (1879-1949) e Henri Matisse
(1869-1954). Matisse foi o maior de todos os pintores fauvistas.
O cubismo
Historicamente, o cubismo se teria originado na obra de
Cézanne. Para este artista, as formas da natureza poderiam estar
impressas dentro de formas geométricas como cones, cilindros,
esferas e outras.
Os cubistas foram mais longe e procuravam decompor a
volumetria dos objetos e seres em três dimensões.
Picasso e Bracque desenvolveram o Cubismo analítico, em
que o importante era a simplicidade cromática e o tema bem
apresentado, o qual pudesse ser desdobrado em todas as suas faces.
Em reação à fragmentação em excesso dos objetos e à perda da
referência óptica, os cubistas passaram a desenvolver o Cubismo
sintético, o qual não chegou a mudar a forma de apresentação,
conforme se pode observar no quadro a seguir.
Figura 3.46 - A Mulher com Violão, 1908, Bracque.
Figura 3.45 - Natureza Morta com Peixes Vermelhos, 1911, Matisse, Museu de Arte Moderna, NY.
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Pablo Picasso (1881-1973) viveu por 92 anos e começou a
pintar desde muito cedo, mas só depois de ter contato com a
pintura e a escultura africanas, passou a compreender que os
artistas africanos não estavam vinculados a nenhuma corrente
de pensamento artístico. Foi aí que Picasso começou a imprimir
liberdade à sua produção e desvinculou-se dos conceitos estéticos
existentes.
Nesta fase, elabora a obra cubista Les Demoiselles D’Avignon.
Figura 3.47 - Les Demoiselles D’Avignon (1907).
Picasso se volta ainda para os problemas humanos, as guerras, os
confl itos e o sofrimento. Em 1937, pinta Guernica (Fig. 3.48).
Georges Bracque (1882-1963), juntamente com Picasso,
apresentou inúmeras inovações aos conceitos estéticos da arte do
início do século XX. Para ele, a pintura seria algo diferente de
uma descrição da realidade.
Fernando Léger (1881-1955), pintor cubista, foi considerado
importante por ter uma ótica bastante otimista do início do
século. Apresentou um cubismo colorido, claro e diferenciado.
São obras suas: Elementos Mecânicos (1918) e O Tipógrafo.
O abstracionismo
A principal característica desta corrente artística é não apresentar
nenhuma forma da realidade que nos cerca. A maior parte dos
historiadores de arte considera o pintor russo Vassily Kandinski
(1866-1944) o artista que primeiro sugeriu a pintura abstrata.
Figura 3.48 – Guernica, Pablo Picasso.
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Unidade 3
Os pintores russos Mikhail Larinov (1881-1964) e Natália
Gontcharova (1881-1962), que tiveram contínuo contato com
Kandinsky, também valorizaram bastante o uso das cores, não se
importando muito com o tema ou formalidade de seus quadros.
Ainda deste grupo de artistas, Vladimir Tatlin (1885-1956), em
visita a Paris em 1912, impressionou-se com os artistas cubistas e
passou a produzir obras com relevo, colagens e diversos materiais.
Fizeram parte deste movimento os escultores Antoine Pevsner
(1886-1962) e Naum Gabo (1890-1977).
Outros artistas abstratos:
Piet Mondrian (1872-1974) foi o mais representativo dos
abstracionistas, assim como Cézanne, este buscou nos seres o
que ainda fosse representativo, mesmo que muito distante da
realidade. Segundo Mondrian, cada coisa, seja ela qual for, seja
uma casa, uma planta ou uma paisagem, possui uma essência que
está por trás de sua aparência.
O papel do artista, para ele, seria revelar esta essência oculta, esta
harmonia universal, pois esta essência estaria em harmonia com o
universo.
SEÇÃO 14 A arte moderna e suas últimas tendências
O futurismo
Em 1910, foi lançado em Milão outro manifesto futurista,
dirigido à pintura e assinado por Umberto Boccioni, Carlo Carrà,
Luigi Russolo, Giacomo Balla e Gino Severini. No manifesto,
esses artistas afi rmam que o interessante não é mais o corpo em
movimento, mas o próprio movimento.
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Veja um bom exemplo deste conceito:
Figura 3.49 - Velocidade Abstrata- O Carro Passou, 1913, Giacomo Balla, Tate Gallery, Londres.
Pintura metafísica
Giorgio de Chirico (1888-1978) é o artista mais conhecido deste
gênero, e seus quadros representam paisagens urbanas, sempre
com uma iluminação estranha e melancólica. As paisagens se
apresentam sempre vazias. Suas obras despertam inquietação e
perturbação aos observadores.
Dadá e surrealismo
No período da Primeira Grande Guerra Mundial, vários artistas
de diferentes nacionalidades, contrários à guerra, acabaram por
exilar-se na Suíça. Neste país, lançaram um movimento literário
que manifestava o descrédito nas ciências, nas religiões e na
fi losofi a existentes, incapazes de impedir a grande destruição.
A este movimento, o húngaro Tristan Tzara deu o nome de
DADÁ. A palavra dada foi escolhida ao acaso, quando abriu o
dicionário e deixou o dedo correr sobre as palavras. Não havia
mais importância no nome ou no signifi cado, pois, com a guerra,
o irracionalismo dominava os homens.
Neste período, estudos de psicanálise de Freud desvendavam
alguns aspectos do automatismo e da irracionalidade humana.
A arte ingressara realmente em outro universo, buscando o intrínseco
do ser, o que pode se libertar como irracional, fora da razão.
Em francês signifi ca cavalo em designação infantil.
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Unidade 3
Foi desta forma que o Dadaísmo impulsionou o surgimento
do Surrealismo em 1924, na França. O poeta e escritor André
Breton (1896-1966) foi o líder deste novo movimento da arte a
partir do automatismo psíquico puro.
Para o artista surrealista, a arte não é mais uma manifestação lógica,
racional ou consciente necessariamente, e seu produto não precisa
mais ter conteúdo estético, formal ou moral aceitos pela sociedade.
Salvador Dali (1904-1989) foi o artista surrealista mais conhecido.
Dali criou o conceito da paranóia-crítica para se referir à atitude de
quem rejeita a lógica e reage à vida comum. Dali dizia, ainda, que
era preciso contribuir para o total descrédito da realidade.
Dali representou a atriz Mae West dos westerns americanos
como uma grande sala, com quadros, sofá e lareira.
Outros pintores surrealistas: Marc Chagall (1887-1985), de
tendência fi gurativa; Joan Miró (1893-1983) e Max Ernest
(1891-1976), de tendência abstrata.
O op-art
A expressão op-art vem do inglês (optical art), que signifi ca arte
óptica. O iniciador deste movimento foi Victor Vasarely.
As manifestações modernistas ocorreram do fi nal do século
passado até o início da década de 60. As tendências posteriores a
partir da op-art passaram a ser conhecidas como pós-modernistas.
Alguns dos movimentos dentro do pós-modernismo: Minimalismo,
Hiper-realismo, Body-art, Arte por computador e Pop-art.
O pop-art
Esta expressão vem do inglês e signifi ca arte popular. Este
movimento começou nos Estados Unidos na década de 60 e teve
repercussão internacional.
Houve uma sugestão de romper a barreira da arte, relativamente
ao povo, ao mais comum dos seres. A pop-art se utiliza muito dos
meios de comunicação de massa, como fi lmes, TV, out-door e etc.
Figura 3.50 - Mae West,1934, Dali, Institute of Art, Chicago.
Figura 3.51 - Triond, 1973, Vasarely, Galeria Denise René, Paris.
Figura 3.52 - Marilyn Monroe, 1967, Andy Warhol, Tate Gallery, Londres.
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Síntese
Essa unidade alinhou muitos conhecimentos sobre história,
sobre arte, sobre sociologia, mas sobretudo, a respeito do próprio
homem, do que vai em sua mente, como isto se manifesta nas
mais distantes e remotas províncias e épocas, simultaneamente
em várias partes do globo, como algo que, de um jeito ou de
outro, sempre esteve por acontecer, e aconteceu.
Atividades de auto-avaliação
1. Descreva com suas próprias palavras como nasceram as
escolas eclesiásticas em 800 depois de Cristo; diga qual foi
o Imperador que teria precedido o processo das escolas de
arte; e explique a importância que elas teriam tido para o
Renascimento.
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Introdução ao Design Gráfi co
Unidade 3
2. Os povos bárbaros, por terem sua cultura nômade,
desenvolveram na arte da Europa Ocidental valores e estéticas
diferentes das culturas greco-romanas. Descreva o que você
aprendeu sobre estes povos e também sobre suas produções
artísticas.
3. De que maneira o Impressionismo revolucionou a pintura?
Explique com suas próprias palavras.
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4. Escolha três pintores pelos quais se tenha interessado, escreva
sobre sua arte e sua importância para a história da arte, não se
esquecendo de citar o período em que viveram.
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Introdução ao Design Gráfi co
Unidade 3
Saiba mais
Livros
� BAUMGART, Fritz. Breve história da arte. São
Paulo: Martins Fontes, 1999.
� PEVSNER, Nikolaus. Os pioneiros do desenho
moderno. Ed. Martins Fontes.
Websites
� Portal de arte e história da arte
www.portalartes.com.br
� Portal de arte
www.theart.com.br/
� Site de história e história da arte
www.historianet.com.br
� Museu britânico com maior acervo da cultura egípcia
www.british-museum.ac.uk
� The Metropolitan Museum – NY
www.metmuseum.org
� Banco de dados sobre arte
www.getty.edu/art
� Site do Smithsonian Institute, sobre arte história e ciência
www.si.edu
Filmes
� O nome da rosa, 1986. Direção Jean Jacques Annaud.
Baseado no romance de Humberto Eco, 130 min.
� 1492 – A conquista do paraíso, 1997. Direção Ridley
Scott. A descoberta do novo mundo, 150 min.
� Barry Lindon, 1975. Direção Stanley Kubrick.
Retrata a vida inglesa no séc. XVIII, 185 min.
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� Goya, 1999. Direção Carlos Saura. Vida do famoso
pintor espanhol, 106 min.
� Os amores de Picasso, 1996. Direção James Ivory.
Conta a vida do pintor espanhol sob a ótica de uma de
suas mulheres, 125 min.
� Basquiat – Traços de uma vida, 1996. Direção
Julian Schnabel. Vida do artista e grafiteiro
americano, 106 min.
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UNIDADE 4
Semântica do objeto e introdução ao design 4
Objetivo de aprendizagem
� Conhecer os significados e a linguagem dos objetos.
Seções de estudo
Seção 1 História do design
Seção 2 A signifi cação da imagem
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Para início de conversa
Até agora, você conheceu conteúdos acerca da linguagem visual,
culturas e estilos diversos. Observou a origem dos objetos,
dos artefatos e situações que deixaram impressão indelével na
memória ancestral da raça humana. Nesse momento, começará
a tomar contato com a origem e defi nição do design, bem como
a observar os signifi cados e a linguagem de cada objeto, cada
sensação, identifi cando elementos que o capacitem a desenvolver
seus próprios produtos gráfi cos com signifi cação e conceitos.
SEÇÃO 1 História do design
Embora o homem sempre tenha produzido, artesanalmente,
produtos para o seu próprio uso e comunicação, costuma-se traçar
as origens do design junto ao apogeu da revolução industrial.
A produção em série de produtos para consumo das massas
necessitou de rigor no projeto e raciocínio inédito. Isto fez com que
surgissem novos profi ssionais, os quais, apesar de não elaborarem
os produtos, projetavam-nos.
Por designar uma área do conhecimento e da atuação do ser
humano bastante ampla, mas que se difundiu em publicações
americanas, tornou-se de uso comum a palavra em inglês.
Na Bauhaus, adotou-se a palavra “gestaltung”, que signifi ca o
ato de praticar a gestalt, ou seja, lidar com as formas. Quando
traduzida para o inglês, adotou-se “design”, palavra já usada para se
referir a “projetos”. Dessa maneira, fi cava estabelecida a diferença
entre o design (a ação ou produto) e o drawing (o desenho). O
mesmo acontece no espanhol: existem as palavras diseño (que se
refere ao design) e dibujo (que se refere ao desenho).
Em 1919, o arquiteto alemão Walter Gropius (1883-1969) integrou duas escolas existentes na cidade de Weimar, a Escola de Artes e Ofícios e a de Belas-Artes, e fundou uma nova escola de arquitetura e desenho, a que chamou Staatliches Bauhaus (Casa Estatal de Construção), com sede em um edifício construído em 1905 por Van de Velde. Primeira escola de desenho industrial moderno, funciona desde 1919 até 1933 com o objetivo de ligar arquitetura à arte. Propõe uma arte não apenas decorativa, mas também funcional, de modo a atender às necessidades da sociedade industrial e tornar mais harmonioso o cotidiano das pessoas. <http://www.multimeios.org/bauhaus/>
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Introdução ao Design Gráfi co
Unidade 4
Inicialmente, no Brasil, por volta das décadas de 50 e 60,
adotou-se a palavra “desenho” (e, em especial, a expressão “desenho
industrial”, que se pensava ser uma tradução literal do inglês
“industrial design”) para se referir ao design. Nas décadas seguintes,
passou a ser cada vez mais comum usar a palavra original, design.
O arquiteto Villanova Artigas tentou resolver a questão
propondo a palavra desígnio, como sendo a tradução correta de
design. Desta forma, iria diferenciar-se do simples “desenho”.
Apesar de ser desenho, o design possuiria algo mais: uma
intenção (ou desígnio). Entretanto, apesar das pesquisas
realizadas pelo arquiteto, sua proposta foi ignorada.
O design no Brasil
O professor Walter Zanini, no seu livro Pioneiros da Comunicação
Visual, da coleção História Geral das Artes no Brasil, traça um
apanhado do surgimento do design no Brasil:
Somente após a Segunda Grande Guerra é que se desen-volve a fi gura do designer gráfi co como um especialista de problemas técnicos da criação dos elementos estru-turais do comportamento visual; um profi ssional que desponta, a partir dos anos 50, após o aparecimento dos grandes conglomerados industriais.
Figuras 4.1 - Projetos de Alexandre Wollner 1
Esta afi rmação parece imprecisa, pois dá a entender que não
havia design no Brasil no início do século. Havia, mas não tão
desenvolvido quanto na Europa e Estados Unidos, onde não era
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mais chamado de “design”. O trabalho de pioneiros do design
brasileiro, como Aloísio Magalhães e Alexandre Wollner, só
ganha impulso na década de 50.
Esta década é a mesma do aparecimento da televisão e do
auge das revistas (principalmente as ilustradas) como meios de
comunicação de massa. Para Walter Zanini, é nessa época que
o designer “passa a programar os meios de comunicação através
da estruturação racional, efi ciente, não só da comunicação em si,
mas em função do somatório de elementos técnicos, econômicos
e materiais – enquanto elementos de identidade visual – ou seja,
o profi ssional a que hoje denominam programador visual ou
designer gráfi co”.
Zanini continua, então, apresentando o que ele considera como
“os três perfi s” de designers atuantes no mercado:
� o pintor/ desenhista/ gravador (metal, madeira e pedra)
disponível no mercado como ilustrador de livros, capas
de disco etc;
� o artista gráfi co com noções de arte e conhecedor de
princípios técnicos (impressão, tipos, cores, etc.), atuante
no mercado nas funções mais elevadas de diretor de arte
em publicidade ou em editoras de revista etc;
� o designer gráfi co programador racional dos meios de
comunicação visual e da elaboração de programação de
identidade visual.
Figura 4.2 - Logo Hugo Kovadloff
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Introdução ao Design Gráfi co
Unidade 4
Um problema que existe (ou resiste) até hoje é a ocupação do
mercado de Design por profi ssionais que não são designers e não
possuem formação específi ca de comunicação visual e que, muitas
vezes, simplesmente desprezam essa formação, por considerarem
o Design uma simples variação ou extensão de suas próprias
profi ssões. Esse fato pode ser encarado como conseqüência da
indefi nição de design gráfi co e da área de atuação do designer; ou
também, como a própria causa dessa indefi nição, pois o processo
entra aí em um círculo vicioso.
Figura 4.3 - Capa de disco - Rico Lins
Um pensamento difundido, que colabora com esse desprezo
dos profi ssionais de artes, arquitetura e publicidade para com a
formação profi ssional do designer, é a idéia de que “design é arte”.
Ora, arte todo mundo faz, seja boa ou ruim. O chamado artista
gráfi co, quando chamado para atuar em comunicação visual,
possivelmente fará trabalhos de arte, mas não Design, se não
possuir conhecimentos básicos de comunicação e como combinar
os elementos visuais para realizar essa comunicação. Hoje, a
mídia chama artistas plásticos de designers e, às vezes, vice-e-
versa. Isso é apenas um refl exo do papel ainda enevoado, mas
necessário, que o designer tem na sociedade.
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Uma visão distinta nos dá o designer carioca André Villas-Boas,
logo no início de seu livro “O que é [e o que nunca foi] Design
Gráfi co: Th e Dub Remix” (que é texto adaptado de seu mestrado
em comunicação). Ele enuncia:
Design gráfi co é a área de conhecimento e a prática pro-fi ssional específi cas que tratam da organização formal de elementos visuais, tanto textuais quanto não textuais, que compõem peças gráfi cas feitas para reprodução, que são reproduzíveis e que têm um objetivo expressamente co-municacional, ou seja, foi feito para comunicar, não co-munica por acaso ou porque tudo comunica, mas porque este é o seu objetivo fundamental.
Toda arte tem de produzir sua própria forma de comunicação,
mas isto tudo se torna mais verídico quando nos referimos a
design gráfi co.
Para muitos historiadores, o desenvolvimento
das linguagens escritas implicam um longo
processo de desenvolvimento do design gráfi co,
e é muito importante perceber que as escritas,
gradualmente, associaram certos símbolos que
passaram a representar certos universos, sons ou
mesmo culturas.
O desenvolvimento da escrita passa a incorporar
os signos de cada universo cultural.
Por séculos e séculos estes símbolos foram sendo
refi nados, clarifi cados, simplifi cados através de
gerações de designers anônimos.
O design, como conhecemos hoje, teve seu desenvolvimento
crescente e uma tomada de consciência a partir do século XV,
com a invenção da imprensa e um pouco mais tarde com a
Revolução Industrial nos séculos XVIII e XIX. A imprensa
escrita possibilitou a divulgação de notícias que podiam ser
reproduzidas milhares de vezes e distribuídas rapidamente.
Nesse processo, algumas pessoas em lugares diversos, começaram
a desenvolver hipóteses e decidir como deveriam se parecer os
anúncios e as notícias. Passou-se assim a discutir quais palavras
deveriam ser apresentadas desta ou daquela maneira, com letras
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Introdução ao Design Gráfi co
Unidade 4
grandes ou pequenas, ou ainda com alguma outra diferenciação;
se o texto estaria emoldurado ou não, e, se emoldurado, a linha
seria trabalhada com desenhos, ou simples. Ainda deveriam
decidir se os textos seriam acompanhados de fi guras, ou não.
A Revolução Industrial, por sua vez, incrementou
dramaticamente a aplicação comercial do design gráfi co.
Anteriormente à Revolução Industrial, a maioria das produções
gráfi cas eram desenvolvidas e atendiam num âmbito local, a
serviço das populações do entorno destas produções.
O advento da evolução da produção da indústria
traz consigo o desenvolvimento da rotulação e das
embalagens, como um apelo para diferenciação dos
produtos. Ao mesmo tempo, a imprensa teve sua
evolução com impressoras automáticas rápidas, fotografi a
e outros recursos, acabando por se expandirem, em muito,
as possibilidades dos designers, bem como o crescimento
dos jornais, o que também acabou contribuindo com o
desenvolvimento destes profi ssionais.
Atualmente, o comércio internacional, a comunicação
e a globalização e a facilidade de deslocamento com
viagens freqüentes passaram a exigir do designer
gráfi co uma nova linguagem, quase integrada às mais longínquas
comunidades e culturas. O mais notável deste desenvolvimento
aparece com a informática, descortinando uma imensa gama de
possibilidades, que continuam a ser ampliadas.
O objetivo do designer é destacar e aplicar um desenvolvido
senso e conhecimento estético e funcional para a comunidade
industrial mundial. O design trabalha e cria formas e
simultaneamente expressa valores culturais. Muitos designers
vêem-se como artistas, enquanto outros preferem situar-se como
criativos solucionadores de problemas.
Conceitos e princípios técnicos do design são a base para que
se entenda como os designers aplicam suas habilidades para as
questões do design e como trabalham para melhorar os produtos,
tanto em relação à mecânica quanto aos aspectos funcional, visual
e mesmo material.
A palavra design tem duplo signifi cado: um verbal e outro, um
substantivo. O design é igualmente o processo e o produto.
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Para desenvolver design é necessário, como processo, organizar
vários aspectos de uma linha de trabalho - espaço, luz, cor, tempo
e movimento, em uma totalidade do conjunto de informações. A
totalidade destas informações, a que mais comumente chamamos
de design, também o produto. Entenda: algumas pessoas podem
reconhecer a organização e composição de dados no produto fi nal.
Os artistas gráfi cos estão entre nós, com seus trabalhos, em todos
os dias da nossa vida, interagindo com as pessoas em diversas
situações do dia-a-dia.
Esta forma de apresentação e apreciação de arte é totalmente
diferenciada das outras artes, as quais, normalmente, estariam
apresentadas em salões (galerias). Isto dá aos artistas gráfi cos
uma inigualável oportunidade de informar, persuadir, deleitar,
aborrecer ou causar repulsa.
Boa parte do design gráfi co envolve desenvolvimento de
materiais para a imprensa, livros, revistas, embalagens, pôsteres e
mídia eletrônica.
O design gráfi co é um criativo processo de aplicação de arte e
tecnologia para a comunicação de idéias: com conhecimento de
simbologia, tipos (letras), cores e ilustrações, o designer gráfi co
produz composições focadas em atração, informação e persuasão.
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Introdução ao Design Gráfi co
Unidade 4
Signos e símbolos
Por trás do nome, do produto ou da proposta de uma empresa ou
organização, há sempre o incrível trabalho de um designer gráfi co.
Uma marca muito conhecida,
desenvolvida a partir de letras,
é conhecida como logotipo.
Uma marca desenvolvida a
partir de uma arte que não se
utiliza de letras, é conhecida
como símbolo. No sentido
mais básico, toda comunicação
humana é feita através de
símbolos.
O som da sílaba “dog”, por exemplo, não tem necessariamente
relação direta com o animal que representa. No idioma
germânico, “hund” representa o mesmo animal. Cada palavra
é parte de um grande sistema de símbolos, a linguagem. A
comunicação visual também é largamente simbólica. Letras
são símbolos que representam sons; as linhas que costumamos
desenhar representam imagens, que são percebidas e decifradas.
Alguns são tão simples e comuns que nos custa acreditar que não
tenham sempre existido. Quem teria, por exemplo, usado pela
primeira vez setas para indicar direção? Atualmente, tendemos a
seguir setas (fl echas) instintivamente, mas em algum momento
este símbolo foi novo e teve que ser explicado.
Vários símbolos são utilizados em diversos países com a
fi nalidade de auxiliar estrangeiros em viagens: são, portanto,
embora simples, repletos de expressão e signifi cação. Quando
estes símbolos não são facilmente compreendidos acabam por
causar muitos problemas.
Em 1974, o “US Department
of Transportation” contratou o
“American Institute of Graphic
Arts” para desenvolver um grupo
de símbolos que comunicassem
informações essenciais para viajantes, informações que
transcendessem as barreiras das linguagens. O grupo fi nal de
símbolos foi desenhado por Cook and Shanosky Associates
Figura 4.4 Pictogramas de Mariana Hardy e Fernando Maculan
Figura 4.5 - Símbolos- Cook & Schanosky
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e apresentados em um pôster que explica o signifi cado dos
mesmos. Atualmente comuns em aeroportos, estações de trem,
são sempre utilizados para ajudar viajantes a encontrar hotéis,
telefones, táxis, restaurantes e fornecer outras informações úteis.
Entre os mais persuasivos símbolos nos dias atuais, estão as
logomarcas ou emblemas (trademarks), que são símbolos de
organizações ou produtos. Simples, claros, diferentes, com
personalidade, passam a ser comuns a milhares de pessoas no
mundo todo, instantaneamente, lembrando produtos ou serviços.
Figura 4.6 - logomarcas
Como todo símbolo, uma logomarca sozinha tem pouco ou nenhum
signifi cado: é necessário divulgar e apresentar a empresa ou os serviços.
Muitas vezes, ela é o elemento chave, para que se desenvolva um
plano de identidade ou imagem coorporativa de uma empresa.
Os símbolos são utilizados para assegurar associações com idéias
e emoções. Sendo assim, um dos caminhos mais efi cientes para
renovar ou alterar a imagem de uma empresa ou corporação é
modifi car ou redesenhar a logo.
A imagem corporativa correponde a algo como o uniforme dos alunos
de uma escola. Trata-se da uniformização das imagens. Concebem-
se, com a logo da empresa, cartazes para avisos, pôsteres, embalagens,
pastas, folders, cartas comerciais e todo material impresso.
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Unidade 4
Ilustração
Ilustração é um material de decoração, para melhorar a aparência
ou para clarear uma idéia ou signifi cado de um impresso.
Ilustradores criam imagens para livros, revistas, caixas de cds,
cartões e muitos outros materiais.
Muitas das mais suntuosas ilustrações foram feitas à mão, durante
séculos e séculos. Desde o início dos processos de impressão, a
ilustração era produzida em uma placa de pedra, madeira ou de
metal, preparada por litografi a, entalhe ou gravação por pequenas
moldagens. Estas peças eram embebidas em tinta e então a
gravação era feita.
A junção das gravuras e dos tipos (letras) que eram montados em
placas davam vida aos textos ilustrados.
Os processos mais recentes de reprodução gráfi ca permitem que
o ilustrador possa retocar o seu trabalho gráfi co.
As técnicas de impressão, aliadas às técnicas de informática,
ampliam a capacidade dos ilustradores.
A diferença entre a arte dos ilustradores e a arte que encontramos
em galerias ou museus está no propósito do trabalho. Ambos os
trabalhos podem ser fotografi as, pinturas, desenhos etc.
Os prazos curtos e a linha de produção rápida
dos jornais diários dão aos ilustradores um tipo
de ambiente bem diferente. O trabalho de uma
ilustração à tinta a óleo está fora de questão, mas
um imaginativo artista desenvolve um olhar
diferenciado e um signifi cado distinto nesta ótica
do trabalho sob pressão. Desenvolve colagens e
traços que dão à produção intensa, a velocidade e
efi ciência desejadas.
Já o desenvolvimento de pôsteres, que conseguem
atrair a atenção e transmitir uma mensagem,
integram informação, design e serviços de
impressão, ou seja, uma composição de serviços. Figura 4.7 - Poster Bob Dylan - Milton Glaser
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A criatividade de um ilustrador gráfi co na execução de um
pôster, outdoor ou produtos similares é utilizada com propósitos
muito claros e específi cos, portanto com uma proposta de
entendimento simples e leitura instantânea.
O desenvolvimento de pôsteres é um trabalho ainda barato. Sua
arte tanto infl uencia grandes artistas como pode ser infl uenciada
por eles. Trata-se, assim, de um ambiente de intensa produção e
desenvolvimento de arte.
Nos anos mais recentes, muitos designers estão mais cautelosos
na elaboração das concepções, e a maioria está mais atenta
aos textos, não os tratando como secundários, mas como parte
integrante dos processos.
A tradicional ilustração de narrativa de textos não está
necessariamente relacionada à evolução dos tempos. O jornalismo
mundial e a pintura moderna reinventaram a comunicação através
da imagem nas décadas que sucederam a II Guerra Mundial.
Imagens passaram a conter não apenas informação narrativa, mas
também idéias e conceitos. Muito provavelmente, a escola de artes
que mais desenvolveu estes conceitos na nossa história bem recente
teria sido a Bauhaus alemã, porém diversas outras escolas também
ajudaram neste desenvolvimento, como o Art Nouveau, que se
teria referenciado em estudos das artes orientais, e o Art Decô,
que, por caminhos diferentes, acabaram por traçar os destinos da
modernidade, rompendo defi nitivamente com as linguagens que as
precederam.
A simples ilustração de textos passou a não mais atender a
necessidade de comunicação dos tempos modernos. Na explosão
de informações que ocorreu a partir da segunda metade do século
XX, a história dos designers foi reavaliada como uma biblioteca
de formas e imagens.
Na segunda metade do século, uma inspiração em especial caiu
no gosto dos artistas gráfi cos: os avanços dos movimentos da
arte do século XX, nas confi gurações espaciais do cubismo,
nas justaposições, deslocamentos e alteração de escala do
surrealismo, nas referências cromáticas do expressionismo e do
fauvismo e na reciclagem das imagens da pop art.
A partir deste período, os artistas gráfi cos tiveram oportunidade
de desenvolver seus critérios e imagens próprias. A arte visual
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Unidade 4
fi cou desfocada e os conceitos começaram a ser reelaborados
na Polônia, nos Estados Unidos, na Alemanha e em Cuba. Isso
tudo foi percebido nos trabalhos de diversos designers em todo
o mundo. No mais original trabalho do artista italiano Armando
Testa (http://armandotesta.it/), por exemplo, combinações
metafísicas são usadas para transmitir informações precisas sobre
o objeto em foco. Testa foi um artista abstrato até os anos que
sucederam o fi m da Segunda Guerra, quando estabeleceu o ateliê
em Turim, sua terra natal. Sua campanha publicitária de 1950,
para a Pirelli Pneus, teve enorme infl uência no desenvolvimento
do design mundial.
Testa levava o observador a uma curiosa
combinação do universo surrealista com o seu
objeto de publicidade, os pneus, onde a imagem
obtinha mais espaço e maior signifi cado que o
conteúdo verbal. Este poderia ser, simplesmente,
o nome do produto, e apareceria sempre de forma
mais discreta, o que não signifi cava uma exclusão,
mas sim uma inteligente e diferenciada leitura.
Durante os anos 50, anos dourados da ilustração
americana, até cinqüenta anos após, os designers
americanos continuaram traçando sob forte
infl uência da ilustração narrativa. Avanços nos
papéis, impressão e fotografi a trouxeram rápido
declínio à prevalência do ilustrador sobre o fotógrafo.
Os ilustradores da época eram levados a trabalhar com
cores fortes, contornos mais nítidos e contrastes mais
exagerados, para criar imagens mais convincentes até
mesmo que fotografi as, mas as novidades nos materiais e
processos da fotografi a aumentaram a gama de condições de
iluminação e fi delidade das imagens. Assim, se a fotografi a
roubara a tradicional função da ilustração (criação de imagens
narrativas e descritivas), surgia uma nova abordagem na
ilustração, e uma arte mais conceitual iria abrir espaço.
Atualmente, vivemos essa busca por uma linguagem própria:
milhares de designers em todo o mundo trabalham no sentido
de dar uma identidade a seus trabalhos. Dizer em que direção
caminhamos seria precipitado, pois a cada instante são produzidos
pequenos, mas, relevantes avanços na produção gráfi ca mundial.
Figura 4.8 - Cartaz Pirelli
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SEÇÃO 2 A significação da imagem
O homem principiou o seu desenvolvimento da mesma forma
que sua percepção e habilidades avançavam para o futuro,
evolução esta que o acompanha até os dias de hoje. Suas
necessidades, seus problemas, seus sonhos, sua história, sua
cultura, tudo é tecido de forma precisamente intrínseca, um elo
de combinações que constroem e transformam tudo que o cerca,
e é desta forma que o homem elabora seus objetos.
Olhando para o nosso passado, para os primeiros objetos que o
homem possa ter empunhado, veremos que, certamente, foram
paus e pedras.
Com a natureza à sua volta sempre hostil e precisando ser
compreendida, e, em alguns momentos, dominada, foi neste
ambiente que o homem lascou as primeiras pedras e, assim,
construiu suas primeiras lanças e seus primeiros tacapes.
As pontas cortantes de suas lanças, por exemplo, inspiraram-se
em diferentes imagens da natureza. Ao observá-las, o homem
encontrava dentes afi ados, os bicos das aves, as garras de animais,
que poderiam penetrar e ferir outros animais ou agressores.
A impressão ótica do signifi cado de um objeto pontiagudo, sua
fi nalidade e sua agressividade fi caram eternizadas. É impossível
desenharmos qualquer objeto pontiagudo e não percebermos a
história ótica que está diretamente impressa por detrás do objeto.
É esta lembrança que nos remete para a semivisão do objeto, para o que não estamos vendo. Na realidade, trata-se das evocações que suas formas, cores ou materiais podem provocar, sem que as tenhamos vivas na memória.
Como você já estudou nas unidades anteriores, desde as primeiras
pinturas feitas nas cavernas, as impressões que o homem tem
da natureza, como os ventos, as chuvas, os raios, os trovões, seus
medos e suas esperanças começam a imprimir em sua memória
um universo abstrato de crenças, superstições e anseios diversos.
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Unidade 4
O poder e a força dos animais eram os seus contatos mais
presentes e mais terrenos.
Começam então a aparecer o louvor, as fi guras divinas, o poder, o
domínio sobre as massas impresso pelo medo do desconhecido, o
temido, o pós-morte. Daí para diante o repertório do poder e da
força foi-se desenrolando. De um lado o armamento, as espadas,
os escudos, as fl echas, as catapultas, e, de outro, as maravilhas do
saber, a arte, as construções, as pinturas, as esculturas, a idéia do
divino, os grandes templos, as grandes obras.
Até o fi m da Idade Média, a signifi cação humana poderia ser
resumida na complexa reunião do bem e do mal, com seus
desdobramentos, sobre a qual o homem edifi ca a consciência de
sua existência.
Por séculos e séculos, o homem adora imagens e sonha com um
universo perfeito. O sonho do universo perfeito desencadeou
no homem a visão do belo, do paraíso, e, à medida que vai
desenvolvendo a visão do belo, vai trazendo-o também para o
seu cotidiano. E, da mesma forma, o feio, o pavoroso, o inferno e
todo o seu arsenal bélico, que signifi ca a destruição.
Todas as civilizações e épocas da nossa história, com seus medos
e esperanças similares, mas com crenças diversas, expressaram, a
seu modo, o belo e o feio; desenvolveram seus objetos de adoração,
de ataque ou de defesa e de utilidade, com suas particularidades.
Assim fundamentados, os conceitos básicos do belo, do feio e do
funcional serão sempre diferentes, em culturas distintas.
Como profi ssional gráfi co, você percebe e identifi ca estes signos no seu dia-a-dia?
Quando ingressamos em um ambiente qualquer, como
a sala de uma residência, por exemplo, acabamos de nos
inserir no universo das pessoas que ali residem. Podemos
observar seus valores, sua cultura. Observaremos o que há
pendurado ou pintado nas paredes, os quadros, as fotos
de família, a Nossa Senhora Aparecida, ou a Santa Ceia,
e também o escudo do time de futebol de preferência do
dono da casa ou, ainda, um pôster do Preto Velho.
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Nessa residência veremos ainda tecidos de cortinas, de poltronas,
que podem ser lisos, com cores fortes ou suaves, cheios de
motivos, e assim por diante. Todos os objetos nos levam à sua
observação e, conseqüentemente, os nossos sentidos são sempre
ativados diante deles.
Objetos de madeira são mais “quentes” do que pedras, metais ou vidros. Cada material nos transmitirá uma sensação. As formas arredondadas são mais próximas dos animais e dos vegetais e, portanto, são ditas orgânicas, já as mais geométricas sugerem algo produzido pelo homem, portanto manufaturado.
Assim, visitamos não apenas um ambiente, mas um universo
de sensações que sempre experimentaremos ao observarmos
qualquer objeto, ou quando o manusearmos. Estas sensações
serão sempre uma semivisão do objeto, algo que está presente,
mas que não é visível, algo que será sentido e interpretado
diferentemente, em cada cultura.
A esta semivisão do objeto damos o nome de semiótica. Logo, todo e qualquer trabalho gráfi co, algo que será visualizado e até utilizado por alguém, deve conter conceitualização e fundamentação.
Cito inicialmente os projetos de produtos, como por exemplo, o
design de automóveis. Neste segmento, temos uma infi nidade de
produtos voltados ao trabalho, deslocamento, conforto, bem-estar,
segurança, desempenho e status. Sobre todas estas qualidades e a
contento de todos esses veículos existe um traço, uma impressão
ótica que os identifi ca mais ou menos com cada grupo, faixa
etária ou sexo.
Algumas questões que, no presente, começam a mudar todo o
processo produtivo são as questões referentes à indústria auto-
sustentável. Mesmo considerando toda sorte de qualidade dos
veículos, não podemos mais omitir o seu combustível. Este é um
dado essencial: cada dia mais todos devemos nos preocupar com
materiais e fontes de energia limpa, pura e reciclável.
Semivisão: Relativo à semiótica, o que está presente nos objetos enquanto signifi cação (signos) e que não está presente na visão física. Estes signifi cados estão sempre repletos de conteúdo cultural.
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Introdução ao Design Gráfi co
Unidade 4
Este último conceito, o
mais recente da indústria
automobilística, estará
também, contido no traço
desses veículos de alguma
forma, e, num plano
semiótico, será também absorvido pelo público de interesse. Este
não entende “no todo” o conteúdo do projeto, porém será levado
a este ou aquele produto por algo que ele não consegue dizer bem
o que seja.
Agora você começa a entender que as pessoas se relacionam com os objetos que as cercam, existe uma afi nidade, ou repulsa, existe um encanto ou idolatria, cada objeto causando uma impressão diferente para cada observador.
É natural que, vindos de uma mesma classe social, porém com
faixas etárias diferentes, as pessoas tenham interesses diferentes.
Um jovem de 18 anos terá uma visão de mundo diferente de um
adulto de 50 anos e, conseqüentemente, de tudo que o cerca. O
que verifi camos é que os objetos observados são os mesmos, o
que muda é o conteúdo abstrato e psíquico que cada indivíduo
desenvolve.
Além dos materiais, as cores são recursos imprescindíveis quando
se trata de comunicar, de tornar um objeto visível para alguém.
Um objeto para uso de um jovem, na prática de um esporte, será
mais interessante, se ele tiver cores vivas e chamativas. Para um
adulto, a necessidade já não é a mesma, pois, para ele, a efi ciência
e o desempenho do objeto falarão mais alto do que as cores. Sua
experiência de vida e seu conhecimento o fazem enxergar além
da aparência do objeto.
Para que você tenha uma visão mais ampla a respeito das
diversidades culturais, de onde vieram e de onde provém a
inspiração na origem de seus vários traços diferentes, selecionei
alguns trabalhos sobre culturas de grande signifi cação, com as
quais ainda não tivemos contato. Eles podem ser visualizados no
EVA, na Unidade 4.
introducao_design_3aedicao.indb 105introducao_design_3aedicao.indb 105 14/6/2007 10:03:3214/6/2007 10:03:32
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Síntese da unidade
A leitura de um objeto se faz pela compreensão dos seus signos e
de todo o conteúdo cultural que está por trás dele. A observação e
o estudo da produção gráfi ca das mais remotas culturas contribui
para esse repertório.
Atividades de auto-avaliação
1. A banalização da violência e do horror é uma realidade muito
próxima de nós, no contexto social e cultural em que vivemos.
Faça uma refl exão a respeito de objetos que produzimos com a
fi nalidade de causar horror e também com objetos de adoração
e fé divina.
introducao_design_3aedicao.indb 106introducao_design_3aedicao.indb 106 14/6/2007 10:03:3214/6/2007 10:03:32
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Introdução ao Design Gráfi co
Unidade 4
2. Descreva os sentimentos que os objetos a seguir lhe trazem, e
a que outros fatos ou coisas você os relaciona.
Bola:
Panela:
Lâmpada:
Poltrona:
introducao_design_3aedicao.indb 107introducao_design_3aedicao.indb 107 14/6/2007 10:03:3214/6/2007 10:03:32
108
Universidade do Sul de Santa Catarina
Saiba mais
Livros
� DONIS, A Dondis. Sintaxe da linguagem visual. 2ª
ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
� NIEMEYER, Lucy. Elementos de semiótica
aplicados ao design. Rio de Janeiro: 2AB, 2003.
� PANOSFSKY, Erwin. Significado nas artes visuais.
São Paulo: Perspectiva, 2002.
� PEVSNER, Nikolaus. Os pioneiros do desenho
moderno. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
� VILLAS-BOAS, André. O que é [e o que nunca foi]
Design Gráfico: The Dub Remix. Rio de Janeiro:
2AB, 1999.
� ZANINI, Walter. História Geral das Artes no
Brasil. Vol 2. São Paulo: Inst. Walter Moreira Salles, 1983.
Websites
� Revista digital do Centro Interdisciplinar de Semiótica
da Cultura e da Mídia
http://www.cisc.org.br/ghrebh
� Grupos de estudos semióticos - USP
http://www.fflch.usp.br/dl/semiotica/
� Portal de sites de comunicação
http://www.acaocomunicativa.pro.br/jo03000.htm
� Guia de design – links comentados
http://www.sobresites.com/design//
� Associação dos designers gráficos do Brasil
http://www.adg.org.br
introducao_design_3aedicao.indb 108introducao_design_3aedicao.indb 108 14/6/2007 10:03:3214/6/2007 10:03:32
UNIDADE 5
A produção gráfi ca e os meios 5Objetivos de aprendizagem
� Conhecer os conceitos fundamentais da produção gráfica.
� Pesquisar e desenvolver conceitos para agregar significado a um projeto gráfico.
� Conhecer os principais veículos de comunicação, verificando seus universos singulares.
� Verificar como funcionam os veículos de comunicação e quais as suas funções.
� Identificar como se comportam os grupos sociais que utilizam os veículos de comunicação.
Seções de estudo
Seção 1 Conceitos da produção gráfi ca
Seção 2 O outdoor
Seção 3 Os panfl etos
Seção 4 O rádio
Seção 5 O jornal
Seção 6 A televisão
Seção 7 As revistas
Seção 8 Os websites
Seção 9 Leitura crítica do design gráfi co na web
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Para início de conversa
Como você viu na unidade anterior, tudo o que desenhamos
é repleto de signifi cados, portanto cabe ao profi ssional gráfi co
desenvolver seu projeto a partir de conceitos claros e bem
defi nidos.
Nesta unidade, você conhecerá, ainda, os principais veículos de
comunicação, verifi cando seus universos singulares, aprendendo
um pouco sobre como funcionam e quais suas funções.
Você, com certeza, ampliará seus conhecimentos, sua visão do
público em geral, de como são atingidos e como se comportam
estes grupos sociais e os veículos de comunicação.
O nosso principal veículo nesse curso é a web. No entanto, a
unidade aborda veículos mais convencionais, para que você possa
entender seus papéis, verifi car suas linguagens e universos.
SEÇÃO 1 Conceitos da produção gráfica
Todo projeto gráfi co executado é um produto de mídia, que vai
sempre ser visto e observado mais atentamente por alguém e
dirigido a um determinado público, certo?
De regra, no desenvolvimento desses projetos, de início, obter
amplo conhecimento a respeito:
� do produto, sua finalidade, seu público consumidor,
sua história, detalhes de sua produção; � da visão que o fabricante tem do seu produto;� da visão que o público consumidor tem do produto.
introducao_design_3aedicao.indb 110introducao_design_3aedicao.indb 110 14/6/2007 10:03:3214/6/2007 10:03:32
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Introdução ao Design Gráfi co
Unidade 5
Ao obter estas informações, estamos desenvolvendo os conceitos que orientarão nossos projetos.
Para desenvolver os conceitos da produção gráfi ca de alguns
segmentos bem diferenciados do mercado, é necessário responder
a algumas perguntas clássicas, como:
� Qual ou quem é o nosso cliente?� Qual a fi nalidade do projeto gráfi co?� A quem é dirigido o projeto e qual o seu público-alvo?
Faça uma ou algumas entrevistas com seu cliente. Durante a
entrevista busque compreender, com bastante clareza, a visão que
o proprietário (ou as pessoas envolvidas no processo) tem do seu
negócio, da mesma forma a visão que ele gostaria de passar para
o público consumidor de seus serviços. Desta forma, você estará
agregando conceitos ao seu projeto gráfi co.
Como se desenvolve este estudo?
Os conceitos devem sempre ser desenvolvidos com o apoio, a
experiência e a aceitação dos proprietários da marca.
Todo o desenvolvimento de propostas deve sempre contar com ampla discussão, aceitação e, portanto, o entendimento e aval do cliente.
Acompanhe, agora, dois exemplos de desenvolvimento dos
conceitos da produção gráfi ca.
Exemplo 1
Imagine que você necessita desenvolver um projeto gráfi co para
a divulgação de uma escola particular de educação infantil, sendo
seu enfoque especialmente voltado para o maternal (2 a 4 anos) e
a pré-escola (5 a 6 anos).
introducao_design_3aedicao.indb 111introducao_design_3aedicao.indb 111 14/6/2007 10:03:3214/6/2007 10:03:32
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Como você acabou de ver, para desenvolver conceitos ao projeto
gráfi co é necessário responder às seguintes questões:
1. Qual, ou quem é o cliente?
Neste caso, o cliente você já conheceu: é uma escola particular de
educação infantil, sendo seu enfoque especialmente voltado para
o maternal (2 a 4 anos) e a pré-escola (5 a 6 anos).
2. Qual a fi nalidade do projeto gráfi co?
Divulgar o que o colégio tem de melhor: seu espaço verde, suas
áreas de ensino, sua estrutura, seu carinho e atenção com os
alunos e um ensino de qualidade.
3. A quem é dirigido o projeto gráfi co?
É dirigido, em especial, aos pais, porque, devido à faixa etária dos
alunos, são os pais que decidem o que é melhor para seus fi lhos.
Não se esqueça nunca do principal: que durante o processo deve haver muita troca de informações, experiências e sugestões entre os proprietários e os profi ssionais gráfi cos.
4. Que produtos o profi ssional gráfi co pode desenvolver?
O profi ssional gráfi co pode desenvolver a logomarca, letreiros,
cartões de apresentação, papéis personalizados, placas de
sinalização, personalização de veículos e o website.
Todo este conjunto de produtos, conhecido como conjunto de
comunicação visual, também pode ser chamado de Imagem
Corporativa.
5. Quais meios de comunicação podem ser utilizados para a
divulgação da escola?
Uma escola dos primeiros períodos normalmente terá seu raio de
atuação mais focado, preferencialmente, nas comunidades mais
próximas. Com esta noção, proponha-se a fazer uma divulgação
mais simples nos meios de comunicação de abrangência mais local.
Logomarca: trata-se de desenho usualmente desenvolvido a partir das letras (caracteres) que representam uma empresa. E utilizada para a sua divulgação e reconhecimento.
Letreiro: trata-se de placa composta por desenhos, textos, logomarcas, que pode possuir uma infi nidade de formas e é utilizada para divulgação ou identifi cação de estabelecimentos, produtos ou serviços.
introducao_design_3aedicao.indb 112introducao_design_3aedicao.indb 112 14/6/2007 10:03:3214/6/2007 10:03:32
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Introdução ao Design Gráfi co
Unidade 5
Você pode contar, então, com o rádio, panfl etos, outdoors. E, para
uma exposição mais seleta, através da qual poderá passar mais
informação e uma melhor apresentação aos que tiverem interesse
de conhecer a instituição, pode dispor do website.
Exemplo 2
Imagine, agora, que você precise desenvolver o conjunto de
comunicação visual para uma escola particular de ensino médio.
1. Qual, ou quem é o cliente?
O cliente você já conhece: é uma escola particular de ensino
médio.
2. Qual a fi nalidade do projeto de divulgação?
Divulgar o que o colégio tem de melhor: a dinâmica de ensino,
as práticas esportivas, os bons ambientes, a possibilidade de um
aprendizado técnico de qualidade ou ainda uma boa preparação
para o vestibular.
3. Qual é o público ou a quem é dirigido o projeto?
É dirigido aos jovens que buscam qualidade de ensino com
boas práticas desportivas e um ambiente propício ao bom
desenvolvimento físico, intelectual e social.
Como você acabou de ver, somente no segmento educacional
teremos uma infi nidade de modalidades de escola e conceitos
diferenciados de instituições de ensino.
Acompanhe a seguir mais alguns exemplos.
Exemplo 3
Você precisará desenvolver um nome, uma logomarca, e uma
página para o website de uma indústria de doces fi nos (observe
que não são doces comuns, são mais refi nados).
Primeiro, responda às questões básicas:
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Universidade do Sul de Santa Catarina
1. Quem ou qual é o cliente?
O cliente você já conhece: é uma indústria de doces fi nos.
2. Qual é o público?
O público é um conjunto de pessoas que apreciam doces
diferenciados, portanto conhecem outros doces fi nos e têm, em
geral, um bom nível socioeconômico.
3. Qual a fi nalidade do projeto gráfi co?
Dar ao produto um aspecto fi no, delicado e diferenciado do
mercado de doces comuns.
— Conheça outras perguntas as quais devem ser respondidas para
agregar conceitos ao projeto gráfi co.
4. Quais veículos devem ser escolhidos?
Isto vai depender muito da capacidade de distribuição e produção
da empresa.
Como o produto é consumido por um público seleto, muito
provavelmente terá de buscar consumidores em praças distantes.
Nestes casos, deverá recorrer a veículos de abrangência
pelo menos estadual ou nacional. Logo se terá um bom
website, anúncios em revistas, rádios e, até, os veículos mais
regionalizados, como outdoors e rádios FM.
Após responder às questões básicas, você poderá criar o conjunto
de comunicação visual (Imagem Corporativa) desta empresa e
produto.
Sugestões de sites que podem ser visitados: www.chuvisco.com.br www.arcor.com.br
Exemplo 4
Desenvolva o mesmo processo trabalhado até agora, mas voltado
a uma indústria calçadista. O produto de interesse para ser
divulgado é uma linha de calçados mais esportivos, para passeio.
introducao_design_3aedicao.indb 114introducao_design_3aedicao.indb 114 14/6/2007 10:03:3214/6/2007 10:03:32
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Introdução ao Design Gráfi co
Unidade 5
1. Quem ou qual é o cliente?
O cliente você já conhece: trata-se de uma indústria calçadista,
cujo produto a ser divulgado é uma linha de calçados esportivos.
2. Imagine um nome e crie uma logomarca para essa linha de
calçados.
3. Qual a fi nalidade do projeto gráfi co?
Divulgar uma linha de calçados mais esportivos.
4. A quem o projeto gráfi co é dirigido?
A um público amplo, de várias idades: pessoas que desejam
sentir-se jovens, jovens que gostam de sapatos, mas querem
também um pouco mais de conforto e despojamento.
5. Como desenvolver este estudo?
Novamente você vai contar com a ampla experiência dos
proprietários da marca e também poderá fazer uma ampla
pesquisa, vindo a conhecer o que existe de bom nestes segmentos
de mercado.
6. Quais veículos de comunicação podem ser utilizados?
A indústria calçadista tem, geralmente, boa capacidade de
produção e uma grande abrangência de mercado, podendo até se
estender ao mercado externo.
Em se tratando de uma linha de calçados, como você precisará
divulgar em primeiro lugar, não necessariamente para o
consumidor fi nal, mas para os lojistas em geral, a capacidade de
produção da indústria e seus critérios de produção, um website
bem feito pode ajudar na boa divulgação do produto.
Você ainda pode contar com o apoio publicitário para a
divulgação direta ao consumidor fi nal. Nesta tarefa, podem entrar
revistas, rádios, outdoors e televisão.
Sugestões de sites para conhecimento das linguagens utilizadas:www.samelo.com www.ferracini.com.br
introducao_design_3aedicao.indb 115introducao_design_3aedicao.indb 115 14/6/2007 10:03:3314/6/2007 10:03:33
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Exemplo 5
Imagine que seu cliente agora é uma indústria metal-mecânica,
que pretende desenvolver e divulgar ferramentas.
1. O cliente você já conhece.
2. Qual a fi nalidade do projeto de divulgação?
Apresentar ao mercado ferramentas fortes, resistentes, duráveis e
efi cazes em suas tarefas.
3. Qual é o público ou a quem é dirigido?
É dirigido aos profi ssionais de diversas atividades profi ssionais,
que, por profi ssão ou passatempo, necessitam de ferramentas em
suas tarefas.
4. Como se desenvolve este estudo?
A série de entrevistas com os responsáveis pela empresa vai leva-
lo à exata compreensão do universo das tarefas e do desempenho
das ferramentas, sua linguagem de precisão, força, e até seu
design. Desta maneira você estará apto a percorrer este novo
mundo e desenvolver um trabalho a altura do que sempre é
esperado de nós.
5. Quais veículos de informação você pode empregar?
O universo das ferramentas é, em geral, o de pessoas que as
utilizam em casa, nas ofi cinas, nas pequenas manufaturas.
Portanto este universo é muito amplo e espalhado, as atividades
são milhares. Isto tudo responde a nossa pergunta. Você vai
precisar de exposições em rádios, revistas, jornais, outdoors,
televisão e um excelente website, o qual possibilite uma visão
mais ampla da estrutura onde se fabricam tais ferramentas, e
informações complementares a respeito do que produz.
Sugestões de sites que podem ser visitados, para que você tenha mais informações deste universo:www.minerbo-fuchs.com.br www.gedore.com.br www.starret.com.br
introducao_design_3aedicao.indb 116introducao_design_3aedicao.indb 116 14/6/2007 10:03:3314/6/2007 10:03:33
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Introdução ao Design Gráfi co
Unidade 5
Você pode, ainda, desenvolver este exercício com outros segmentos.
— Agora que você conheceu os principais aspectos do desenvolvimento
de conceitos para um projeto gráfi co, acompanhe nas próximas seções
as possibilidades de divulgação dos produtos gráfi cos, a linguagem
utilizada pelos veículos de comunicação, assim como os seus diferentes
papéis.
SEÇÃO 2 O outdoor
— Muito provavelmente você já sabe o que é um outdoor, certo?
Estude esta seção para conhecer um pouco mais sobre esse veículo de
comunicação.
São placas publicitárias enormes, externas, normalmente dispostas
em ruas ou estradas. Têm caráter de divulgação rápida, para leitura
de um público muito variado e em curto espaço de tempo.
A característica do tempo curto de exposição dá-se, porque se trata
de colagens sobre placas de metal, feitas com papéis impressos que
não têm boa durabilidade, quando expostos ao tempo.
Como se trata de veículos para leitura rápida – porque as pessoas
estão em trânsito e não têm muito tempo para a leitura – esses
painéis devem ser desenvolvidos com uma linguagem clara, leve e
de fácil leitura à distância.
São utilizados, em primeiro lugar, para uma larga divulgação e
fi xação de marcas.
É comum encontrarmos propagandas de automóveis, cremes dentais, roupas de marcas de maior circulação e muitos outros produtos.
introducao_design_3aedicao.indb 117introducao_design_3aedicao.indb 117 14/6/2007 10:03:3314/6/2007 10:03:33
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Universidade do Sul de Santa Catarina
SEÇÃO 3 Os panfletos
Este é um veículo de comunicação de aspecto bastante simples
e barato. Os panfl etos são produzidos para serem deixados em
lojas, sobre os seus balcões, ou para serem distribuídos nas ruas,
em mãos.
Os panfl etos têm caráter informativo e de divulgação. Por serem
distribuídos em grande quantidade e sem distinção de público-
alvo, seu raio de abrangência não é, usualmente, muito grande e,
por conseqüência, sua efi ciência é menor. Neste sentido, seu custo
de produção não deve ser alto.
A informação contida em panfl etos deve ser simples e direta.
Portanto é indicado o uso de fotos de boa qualidade (quando
houver), textos simples e bem claros, dizendo o que você está
oferecendo, quais serviços ou produtos oferece, assim como
telefone e endereço.
Utilizam muito este tipo de veículo de informação as imobiliárias, lojas, supermercados e muitos outros.
SEÇÃO 4 O rádio
O rádio não está contido no universo do design gráfi co, mas
sua linguagem é de muita importância para o entendimento
do desenvolvimento de produtos gráfi cos.
Existem várias emissoras de rádio, sendo que cada uma delas
é voltada a um público específi co.
Quando se produz uma publicidade para divulgar um
produto ou uma empresa através do rádio, é importante que
se perceba que tudo o que se fala, torna-se, na imaginação do
ouvinte, à sua maneira e cultura, uma imagem cheia de símbolos.
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Introdução ao Design Gráfi co
Unidade 5
Uma propaganda de cerveja no rádio, por exemplo, jamais será a mesma daquela da televisão. Não haverá muito sol, praia ao fundo e mulheres bonitas. O que se faz é utilizar sons como o da garrafa abrindo, frases que componham estes ambientes de praia e calor. Porém a publicidade se concentrará sobretudo num texto para o produto.
Pode-se até imaginar: “Você está cansado, o dia foi
extremamente quente, o patrão não o interpretou bem como
sempre, relaxe, beba “Iceberg”, a cerveja bem gelada, e tudo vai
acabar bem.” (Beba com moderação, e se beber não dirija.).
SEÇÃO 5 O jornal
Os jornais são veículos de comunicação bastante diferenciados,
pois o leitor de jornais é usualmente um leitor atento, o qual
gosta de se manter bem informado.
A maior parte dos jornais tem abrangência estadual ou regional,
e raros são os jornais que têm abrangência nacional.
Os jornais se prestam a anunciar bens duráveis – como
automóveis – que são sempre anunciados em cadernos
especiais.
Logo, trata-se de um veículo bastante interessante, pois é lido
e apreciado por um grupo de leitores muito especial e atento.
Não é habitual encontrarmos publicidade colorida nos jornais. No
entanto é possível fazer boas fotos, tanto coloridas quanto em preto
e branco. Mas o principal são as informações para o leitor sobre as
condições de pagamento, um bom esclarecimento sobre o produto
e, principalmente, boas idéias como mascotes, algo que promova
uma chamada de atenção maior, que se destaque na folha.
introducao_design_3aedicao.indb 119introducao_design_3aedicao.indb 119 14/6/2007 10:03:3314/6/2007 10:03:33
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Universidade do Sul de Santa Catarina
SEÇÃO 6 A televisão
A televisão é um veículo de largo alcance, atingindo todas as classes
sociais. Portanto se presta à divulgação de produtos que podem ser
distribuídos em larga escala e em todo o território nacional.
Vêem-se anunciados pela televisão produtos
extremamente variados, como bebidas, laticínios,
material esportivo, roupas, calçados e muitos outros.
Como e por que a televisão é um veículo do dia-a-dia das massas?
Em primeiro lugar, a televisão é a imagem viva, com movimento,
dentro dos ambientes, o fi lme, a fotografi a, o som e os textos sem
a necessidade da leitura. Tudo vem pronto para o telespectador.
A publicidade na televisão diverte, emociona, informa, cria a
ilusão. E, com um instrumento tão rico em opções e abrangência,
não é de se estranhar que os custos de inserção de imagens sejam
muito mais altos do que os de outros veículos de comunicação.
As equipes de produção têm um completo mapeamento do
número de domicílios que estão sintonizados neste ou naquele
canal, em cada horário, o que tornam diferenciados os preços de
inserção de publicidade.
Por exemplo, uma propaganda de perfumes que vá ao ar no horário da novela das 20 horas certamente custa muito mais caro do que uma publicidade que vá ao ar às 15 horas. Isto porque, às 20 horas, o índice de audiência é maior, logo este horário é mais concorrido, o que, automaticamente, eleva seus preços.
Outro detalhe muito importante da televisão é a própria
linguagem. Os roteiros podem estar tanto voltados a um público
bastante simples, ou a um público mais elitizado, ou ainda a um
público infantil ou juvenil, e assim por diante.Roteiros: textos das estorietas dos fi lmes.
introducao_design_3aedicao.indb 120introducao_design_3aedicao.indb 120 14/6/2007 10:03:3314/6/2007 10:03:33
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Introdução ao Design Gráfi co
Unidade 5
Quando se produz uma publicidade para a televisão, o que se
produz na verdade são pequenos fi lmes, com um roteiro, que
é bem estudado e desenvolvido. Portanto são desenvolvidas
estorietas para este ou aquele público, com humor ou
dramaticidade, ou apenas informativas. Tudo é produzido
exatamente como num fi lme.
O último e maior diferencial da televisão é que, normalmente,
ela não expõe textos. O telespectador não é levado a se deter por
muito tempo diante de algo que lhe é apresentado. Não há tempo
para refl exão: na realidade é só sentar-se e assistir ao conteúdo
que vai sendo transmitido e recebido.
SEÇÃO 7 As revistas
Diferentemente dos jornais, as revistas têm um caráter muito
especial, pois não se trata de impressos diários: usualmente são
editadas semanalmente, ou mensalmente.
A variedade das revistas é extraordinária. Neste sentido elas têm,
cada uma, seu público alvo preciso, com conteúdo voltado a este
público. Podemos encontrar revistas de moda, de automóveis, de
agropecuária, de futebol, de arquitetura e muitas outras.
Quando você quiser criar algum produto gráfi co para qualquer
revista, é fundamental lembrar que o conteúdo gráfi co deste
produto deve ser inteiramente voltado ao perfi l dos leitores desta
ou daquela revista.
SEÇÃO 8 Os websites
O ambiente de rede web é um ambiente de trânsito constante
de todos os tipos de informação. Mas, quando se trata de obter
informações sobre produtos, departamentos, empresas e muitos outros
detalhes, a internet se mostra um veículo de excelente efi ciência.
Assim, quando alguém acessa a internet à procura de
informações, é de extrema importância que essas informações
estejam disponíveis de forma clara e bem legível.
introducao_design_3aedicao.indb 121introducao_design_3aedicao.indb 121 14/6/2007 10:03:3314/6/2007 10:03:33
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Universidade do Sul de Santa Catarina
A internet é ainda um veículo de interação entre o navegador
e sua página de acesso ou site, o que lhe permite uma série de
caminhos e escolhas para a sua pesquisa.
Portanto a internet é o mais recente veículo de comunicação, como
também veículo publicitário. Ainda vai evoluir bastante, pois,
exatamente por ser muito recente, estamos apenas começando
a desenvolver seu conteúdo. Seu futuro parece cada dia mais
promissor.
SEÇÃO 9 Leitura crítica do design gráfico na web
Acompanhe agora uma leitura crítica do design gráfi co de
algumas páginas da web.
Em primeiro lugar, vamos voltar nossa atenção para a questão
ética, que será vista sempre em todo o contexto do curso. A
análise destes sites é feita única e exclusivamente com fi nalidade
didática. É importante observar que, quando a fazemos, não
consideramos um diálogo com os autores do site para saber o
que os levou a estes ou aqueles caminhos. Portanto reitero a
importância do respeito com aos autores dos mesmos.
Para acompanhar os comentários e análises apresentadas nesta
seção, acesse os sites indicados.
Lojas Americanaswww.americanas.com.br
Desde o primeiro momento em que começamos a ler e escrever,
aprendemos que existem algumas coisas que são convenções,
como, por exemplo ler da esquerda para a direita e de cima para
baixo. Certamente, foi isto que levou o autor a optar por colocar
o nome ou logomarca do site no canto superior esquerdo, o que é
uma ótima opção.
introducao_design_3aedicao.indb 122introducao_design_3aedicao.indb 122 14/6/2007 10:03:3314/6/2007 10:03:33
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Introdução ao Design Gráfi co
Unidade 5
Logo a seguir, da esquerda para a direita, encontramos o “atendimento
ao cliente”; “veja todos os produtos”; ”loja mais próxima”.
Todas estas opções foram muito bem escolhidas, inclusive a seqüência.
Já, em outra parte, para os clientes, produtos e proximidade
geográfi ca da loja, a tentativa de representação com ícones não
fi cou boa, pois os ícones são difíceis de serem representados, e, na
tentativa de dar importância aos ícones, acabou-se por dar pouca
importância ao texto, o que resultou em um ponto da página de
difícil visualização e leitura.
No centro da página, na parte superior, encontramos o acesso à
pesquisa, que está muito bem colocado, isolado de tudo, sobre
fundo claro e bem legível. O autor, aqui, optou por utilizar poucas
cores e muita simplicidade. Não foi intenção do mesmo criar uma
obra de arte, e, sim, deixar claro o acesso e facilitá-lo ao cliente.
Neste caso, a simplicidade foi uma opção clara.
No canto superior direito, o autor optou por colocar o
atendimento por telefone. Neste processo, deixa transparecer que
tem consciência de haver criado uma faixa na parte superior, e,
quando cria o quadro de serviços telefônicos, tenta criar como
quadro um elemento o qual garanta certo equilíbrio com o
quadro da Americanas, do outro lado.
Figura 5.1 - Site das Lojas Americanas
introducao_design_3aedicao.indb 123introducao_design_3aedicao.indb 123 14/6/2007 10:03:3314/6/2007 10:03:33
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Todavia, o equilíbrio não aconteceu: fi cou tudo muito leve.
Talvez o autor tivesse realizado melhor sua intenção, se houvesse
engrossado um pouco as letras e enquadrado o texto.
Portanto, neste texto, mesmo que tenha sido intenção do autor
deixar este quadro em segundo plano (pois, afi nal, estamos na
internet e o telefone é apenas outro recurso), como intenção é
compreensível mas, na composição gráfi ca, neste momento o
elemento perdeu, de certo modo, a interação com o todo.
Um pouco abaixo da faixa superior, o autor criou uma faixa de
acessos, barra de navegação, que emoldura a faixa superior. Como
barra de navegação, está muito fácil de ser localizada, e a intenção
fi cou clara, mas, na tentativa de colocar todos os botões de acesso
alinhados, acabou por apertar demais os textos dentro dos botões,
o que não fi cou bem. As letras em branco, com pouca espessura
acabam por difi cultar um pouco a leitura.
Daí para diante, a página se abre, fi ca leve, clara e com pouco
conteúdo. Sobretudo fi ca muito nítida na intenção de divulgar
produtos. Trata-se de uma opção simples e efi ciente.
Poderíamos dizer que este é um site institucional, como se fosse a
vitrine de uma loja, e, como tal, refl ete a instituição, a empresa, a
qual tem uma linguagem simples e popular.
Gradiente
Mais uma vez, segundo a convenção, a marca Gradiente aparece
no canto esquerdo superior, o que não é necessariamente uma
regra, é apenas uma opção.
Da esquerda para a direita, encontramos o espaço para pesquisa
colocado no meio da parte superior da página. E mais uma
vez, nos deparamos com uma leitura fácil e uma forma de
apresentação bastante simples.
Ligeiramente abaixo do espaço de pesquisa, temos uma barra de
navegação gerando um cabeçalho da página que juntamente com
a marca e uma barra cinza, fazem quase que uma faixa. A barra
de navegação é simples e de fácil leitura.
Pouco abaixo, no centro da página, aparece o destaque maior,
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Introdução ao Design Gráfi co
Unidade 5
um aparelho de som, que é o que nos remete à marca, pois, falou
Gradiente, já fi cou gravado, vamos sempre lembrar de som.
A exposição do aparelho está ótima, nítida e ganha destaque com
a criação de uma bolha texto associada à imagem. Ficou ótimo,
foi uma opção sugestiva e adequada.
Quase na metade da altura da página, à esquerda, temos o botão
“loja virtual”, muito destacado e alegre, e, logo a seguir, exposição
de produtos com uma nota de chamada para lançamentos.
No lado direito da página, apenas realçados, estão os ícones, estes
bastante claros, legíveis e acompanhados de textos sem destaque,
muito bem posicionados, ajudando no total da composição da
página com um padrão visual muito bom, de fácil leitura e rápido
entendimento.
Ao pé da página, o autor fez uma espécie de fechamento com o
quadro simples de notícias.
O resultado fi nal é muito bom.
Casa de pão de queijo
A estrutura da página está muito bem distribuída, o autor
destacou bem a marca, a qual praticamente encabeça a página.
Logo a seguir, no lado esquerdo da página, aparece um
funcionário, o que evidencia o atendimento, fazendo uma excelente
conexão do principal produto com o serviço de atendimento.
No centro da página, de forma bem colorida, está a área de
navegação, que se encontra sobre fundo branco, o que dá um bom
destaque e facilita a leitura.
No lado direito, são apresentados, e o cliente pode dar retorno
em uma pesquisa.
Ao pé de página, aparecem mais alguns acessos, como
lançamentos e informações.
Como você pode observar, o site apresenta uma confi guração,
composição muito clara para o perfeito diálogo com os
navegadores, com um começo, meio e fi m.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
De uma maneira geral, o site da Casa do Pão de Queijo
apresenta-se muito bem, claro, (colorido com bastantes cores),
mas, ao mesmo tempo, leve e muito bem focado no seu produto.
Manneswww.mannes.com.br
Figura 5.2 - Site da Mannes
O site da Mannes colchões e estofados tem uma característica
muito interessante, trata-se da suavidade da fusão da imagem na
página com a página toda. Isto, de alguma forma, nos remete a
uma situação, à lembrança de repouso.
O que acaba ocorrendo é uma deliciosa intenção de remeter
os clientes aos produtos que a Mannes fabricam, ou melhor, à
sensação que colchões e poltronas podem nos dar.
A marca está bem destacada, como o seu produto, este muito
bem representado, um belo quadro, com uma boa fusão com o
fundo, tudo muito suave.
A barra de navegação está muito clara, e pequenas faixas ajudam
a fazer um enquadramento para a página.
O que mais se pode dizer deste site, é que ele é muito leve, claro,
fi no, simples e muito bom.
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Introdução ao Design Gráfi co
Unidade 5
Penalty
A página de abertura da Penalty apresenta uma série de quadros
e fotos e, à medida que você movimenta o cursor, este vai abrindo
cenas de atletas praticando os esportes.
A logomarca da Penalty aparece logo no início da página, em
acordo com, pode-se dizer, quase que uma convenção.
No todo, é uma apresentação de primeira página e tem como
principal característica a expressão do movimento, a exaltação da
marca e do esporte.
É uma página bastante elaborada. Neste sentido, poderíamos
discutir sua forma de apresentação, a qual, talvez, tenha
concentrado o volume de informações, de certo modo. Mas, ainda
assim, cumpre o seu objetivo de divulgar e respaldar o esporte.
Síntese
Como você pôde ver, cada produto, serviço ou cliente tem sua
própria imagem, seu próprio público e seu mercado. A nós cabe
obter o máximo de informações para que nos habilitemos a
atendê-los também com produtos gráfi cos de boa qualidade.
Você aprendeu como desenvolver produtos gráfi cos, como torná-
los consistentes e interessantes, sua conceituação e toda a jornada
que o profi ssional gráfi co percorre para confeccionar sua arte.
Esta unidade tratou, também, da relação que existe entre o
produto e o produtor gráfi co com o seu público. Você conheceu
as ferramentas deste processo, os veículos de comunicação, como
e quais são os meios que apresentam o nosso produto ao público.
Agora imagine seu produto gráfi co sendo reproduzido aos
milhares, indo por todas as partes - televisão, rádio, sites, a todos
os lugares, desempenhando seu papel informativo e publicitário.
Pois é, agora você também pode fazer parte deste show e deve
manter-se atento a todos os detalhes: o seu cliente, o seu público,
o seu produto, os veículos de comunicação. Estou certo de que
você dará o melhor de si, em cada detalhe, pois já deu a largada
para esta grande carreira.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Atividades de auto-avaliação
1) Baseado nos exemplos e nos sites indicados para consulta,
desenvolva um nome e crie uma logomarca para uma indústria
calçadista voltada ao público feminino, com foco voltado para
calçados de estação (verão), sandálias abertas e tamancos em
geral.
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Introdução ao Design Gráfi co
Unidade 5
2) Agora você poderá criar o nome, criar uma logomarca e
também uma frase para promover o produto (slogan) de
ferramentas para jardinagem e pequenos serviços rurais.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
3) Procure em um jornal uma publicidade para venda de
apartamentos de um edifício em lançamento. Faça suas
análises e observações, e desenvolva uma publicidade similar.
4) Agora, procure em uma revista uma publicidade do mesmo
tipo daquela da questão 3. Pode ser uma de venda de
automóveis ou outro produto qualquer. Desenvolva uma
publicidade similar e faça um texto descrevendo o que e
por que as coisas aparecem diferentes em cada veículo de
comunicação.
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Introdução ao Design Gráfi co
Unidade 5
5) Faça você mesmo o seu comentário crítico a respeito de, pelo
menos, duas páginas dos sites apresentados na seção 9. Se
possível, faça as indicações das modifi cações que considerar
necessárias.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Saiba mais
Livros
� HOLLIS, Richard. Design gráfico. Ed. Martins
Fontes, 2001.� TRESIDDER, Jack. O grande livro dos símbolos.
Ed. Ediouro.� RADFHARER, Luli. Design/Web/Design. Ed.
Market Press, 1999.� MUNARI, Bruno. Design e Comunicação Visual.
Ed. Martins Fontes.
Websites
� www.designgrafico.art.br (portal da comunidade
brasileira de design).� www.arcdesign.com.br (revista brasileira de design).� http://www.design-italia.it/ (portal do design
italiano).� http://www.designboom.com/ (portal de design
americano).� http://www.coolhomepages.com/ (portal com as
melhores homepages).
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Para concluir o estudo
A abordagem do assunto remeteu a uma breve história do
homem neste planeta, isto em consonância com muitos outros
autores - um modo de lhe garantir melhor compreensão deste
complexo universo de informações.
Nesta linha, você pode observar o homem em seus primeiros
passos, avançando em direção aos seus sentimentos, suas
refl exões, suas descobertas, habilidades, tudo por descobrir, tudo
por evoluir.
E você já despertou para o principal: neste maravilhoso
caleidoscópio do homem e suas produções, tudo o que ele
desenvolve e concretiza, vem a eternizar mais um cristal
desta sua existência. De alguma forma, você estará sempre lá,
com a sua produção sendo aprimorada, tornando tudo mais
preciso, decifrando cada sentimento, cada expressão, dando
conteúdo e signifi cado a tudo, a cada texto, a cada imagem, pois
absolutamente nada ocorre ao acaso.
Caro aluno/a, aqui está você, frente ao homem, seu universo
signifi cativo, simbólico, e a sua produção gráfi ca, agora mais do
que nunca pronto/a a tecer suas descobertas, seus comentários,
produzir também várias, ou quem sabe milhares de obras que
possam sugerir ao homem suas novas e melhores descobertas, o
seu melhor caminho.
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Referências
ARGAN, Giulio Carlo; FAGIOLO, Maurizio. Guia de história
da arte. Estampa, 1994. 160 p.
BAUMGART, Fritz. Breve história da arte. 2 ed. Martins
Fontes, 1999. 376 p.
DONIS, A. Dondis. Os pioneiros do desenho moderno. 3. ed.
Martins Fontes, 2002. 236 p.
HOLLIS, Richard. Design gráfi co. Martins Fontes, 2001.
MUNARI, Bruno. Design e Comunicação Visual. Martins
Fontes.
PANOFSKY, Erwin. Sintaxe da linguagem visual. 3. ed.
Perspectiva, 2002. 439 p.
PEVSNER, Nikolaus. Os pioneiros do desenho moderno. 3. ed.
Martins Fontes, 2002. 240 p.
RADFHARER, Luli. Design/Web/Design. Market Press, 1999.
SANTOS, Maria das Graças Vieira Proença dos. Historia da
arte. 11. ed. Ática, 1998. 279 p.
TRESIDDER, Jack. O grande livro dos símbolos. Ed. Ediouro,
2003.
introducao_design_3aedicao.indb 135introducao_design_3aedicao.indb 135 14/6/2007 10:03:3414/6/2007 10:03:34
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Sites
www.portalartes.com.br (portal de arte e história da arte).
http://www.theart.com.br/ (portal de arte).
www.historianet.com.br (site de história e história da arte).
www.british-museum.ac.uk (museu britânico com maior acervo
da cutura egípcia).
www.metmuseum.org (Th e Metropolitan Museum – NY).
www.getty.edu/art (banco de dados sobre arte).
www.si.edu (site do Smithsonian Institute, sobre arte história e
ciência).
www.virtualuffi zi.com (galeria degli Uffi zi - Itália).
http://museoprado.mcu.es/ (Museu do Prado).
www.louvre.fr (museu do Louvre – Paris).
www.designgrafi co.art.br (portal da comunidade brasileira de
design).
www.arcdesign.com.br (revista brasileira de design).
http://www.design-italia.it/ (portal do design italiano).
http://www.designboom.com/ (portal de design americano).
http://www.coolhomepages.com/ (portal com as melhores
homepages).
introducao_design_3aedicao.indb 136introducao_design_3aedicao.indb 136 14/6/2007 10:03:3414/6/2007 10:03:34
Sobre o professor conteudista
João Batista Ferreira
Nascido em 04-10-1960, trabalhou em agências de publicidade
nas áreas de criação e arte fi nal, desenvolveu inúmeros serviços
de ilustração em jornais diários, livros e boletins. Graduado em
Arquitetura pela UFSC em 1985. Trabalhou como designer
de mobiliário, fez estágio no LDI (Laboratório de Design
Industrial) e trabalha na empresa “505 ARQUITETURA
arquitetos associados”, onde coordena e desenvolve serviços
ligados às áreas de arquitetura e design.
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Respostas e comentários das atividades de auto-avaliação
Unidade 1
1. Resposta subjetiva.
2. Resposta subjetiva.
Unidade 2
1. Na 2a metade do século XIII a.C., os gregos começam a fundar colônias em quase toda a costa do Mediterrâneo, entrando assim em contato com a arte do Egito, e tanto numa com em outra cultura, havia padrões rígidos de representação, normalmente utilizadas com fi ns rituais.
2. Os gregos iniciaram a execução de grandes esculturas. Enquanto os egípcios desenvolviam imagens realistas, os gregos procuravam desenvolver imagens belas.
3. No período helenístico, os gregos se apropriaram defi nitivamente de um espírito diferente, e passaram a desenvolver trabalhos que apresentavam o estado de espírito dos personagens de suas esculturas, dando aos artistas, a partir de então, maior liberdade.
4. Resposta subjetiva.
Unidade 3
1. Em 800 d.C., o Papa Leão III coroou Carlos Magno como Imperador do Ocidente. O poder papal e real foram reunidos e passaram a ter o rei como protetor da cristandade. Carlos Magno criou neste período as ofi cinas de arte, desempenhando um papel fundamental para o desenvolvimento das artes até os nossos dias. Após o falecimento de Carlos Magno, as artes permaneceram sendo desenvolvidas, apenas no recolhimento dos mosteiros, por um longo período.
2. Resposta subjetiva.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
3. Lançando novas técnicas, a partir das quais utilizavam muito as cores e exploravam ao máximo suas alterações, quando a luz do sol batia nos objetos. Outro fator muito importante foi o fato de não representarem mais as linhas de contorno dos objetos, pois passaram a considerar que as linhas de contorno eram uma abstração da realidade.
4. Resposta subjetiva.
Unidade 4
1. Resposta subjetiva.
2. Resposta subjetiva.
Unidade 5
1. Atividade livre.
2. Atividade livre.
3. Resposta subjetiva.
4. Resposta subjetiva.
5. Atividade livre.
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