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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - UNIVALI ALESSANDRA CAROLINA DE SOUZA SAPIENS PARQUE: O desenvolvimento do turismo do conhecimento em Florianópolis/SC. TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO - TCC São José 2006

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - UNIVALI

ALESSANDRA CAROLINA DE SOUZA

SAPIENS PARQUE:

O desenvolvimento do turismo do conhecimento em Florianópolis/SC.

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO - TCC

São José

2006

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - UNIVALI

ALESSANDRA CAROLINA DE SOUZA

SAPIENS PARQUE:

O desenvolvimento do turismo do conhecimento em Florianópolis/SC.

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO - TCC

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Turismo e Hotelaria, da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação São José. Orientadora: Profª MSc. Renata Silva.

São José

2006

ALESSANDRA CAROLINA DE SOUZA

SAPIENS PARQUE: O desenvolvimento do turismo do conhecimento em

Florianópolis/SC.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título

de bacharel em Turismo e Hotelaria, da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação

São José e examinado pelos seguintes professores:

___________________________ Profª MSc. Renata Silva

Orientadora

___________________________ Membro Examinador

___________________________ Prof. Karine Von Gilsa

Membro Examinador

Dedico este trabalho à minha família, em especial aos meus pais,

Vânia e Édio, pela educação e pelo amor incondicional e a minha avó

Izaltina Cravo (in memorian) pelo exemplo de força e sabedoria.

iii

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Édio e Vânia, por acreditarem no meu potencial e incentivarem meu trabalho

arduamente. Aos meus irmãos, Renato, Sérgio e Fernanda, pelo apoio e amparo. À minha avó,

Francisca, pelo carinho e atenção. Ao Amilton, pelo amor sincero e pela compreensão nos

momentos de ausência. Aos colaboradores do Sapiens Parque, por terem me recebido de uma

maneira tão especial e por me munirem de ensinamentos profissionais tão valiosos. Às minhas

amigas, Marina, Laila e Aline pela torcida por sucessos. À minha orientadora Renata, pela

sinceridade, pelos ensinamentos e pelas orientações tão pertinentes ao longo da pesquisa.

Agradeço a Deus, pela motivação, pela saúde e pelas oportunidades concedidas, e a todos que

direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho.

iv

Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais,

dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo

em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós.

Charles Chaplin

v

SUMÁRIO

PARTE I – Projeto de Pesquisa RESUMO........................................................................................................................ 10 1 INTRODUÇÃO........................................................................................................... 11 1.1 Contextualização ..................................................................................................... 11 1.2 Definição do problema ............................................................................................ 14 1.3 Justificativa .............................................................................................................. 17 2 OBJETIVOS................................................................................................................ 23 2.1 Objetivo geral .......................................................................................................... 23 2.2 Objetivos específicos ............................................................................................... 23 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................................. 24 3.1 Turismo..................................................................................................................... 24 3.1.1 Histórico.................................................................................................................. 24 3.1.2 Conceitos e definições............................................................................................ 27 3.2 Planejamento turístico............................................................................................. 30 3.2.1 Sistema de turismo (SISTUR)................................................................................ 32 3.2.2 Desenvolvimento turístico sustentável................................................................... 35 3.3 Tipos de turismo....................................................................................................... 40 3.4 Ciência, tecnologia e inovação................................................................................ 46 3.5 Parques de inovação e parques tecnológicos......................................................... 49 4 RESULTADOS DA PESQUISA................................................................................ 51 4.1 Procedimentos metodológicos ................................................................................ 51 4.1.1 População e amostragem ........................................................................................ 54 4.1.2 Coleta de dados ...................................................................................................... 55 4.1.3 Análise e interpretação dos resultados ................................................................... 57 4.2 Plano de trabalho .................................................................................................... 58 4.2.1 Etapas ..................................................................................................................... 58 4.2.2 Cronograma ............................................................................................................ 60 4.3 Análise da pesquisa ................................................................................................. 62 4.3.1 Os casos de sucesso de parques tecnológicos......................................................... 63 4.3.1.1 Research Triangle Park (RTP)............................................................................. 64 4.3.1.2 Centennial Campus (CC)..................................................................................... 64 4.3.1.3 Digital Media City (DMC)................................................................................... 65 4.3.2 Conhecimento como fator turístico......................................................................... 66 4.3.2.1 França................................................................................................................... 67 4.3.2.2 Espanha................................................................................................................ 70 4.3.2.3 Portugal................................................................................................................ 73 4.3.2.4 Itália..................................................................................................................... 75 4.3.3 Relação entre turismo do conhecimento e demais segmentações turísticas........................................................................................................................... 77 4.3.4 O produto chamado turismo do conhecimento....................................................... 87 4.3.5 Mapeamento dos recursos de Florianópolis que se encaixam na proposta do turismo do conhecimento................................................................................................. 89 4.3.6 Relação entre turismo do conhecimento, Florianópolis e Sapiens Parque.............................................................................................................................. 102

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................... 104 6 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 107 7 DOCUMENTOS CONSULTADOS.......................................................................... 113 8 ANEXOS ..................................................................................................................... 115 ANEXO A - Receita estimada em dólar...................................................................... 116 ANEXO B – Indicadores de qualidade de vida em SC............................................... 117 ANEXO C – Mapa Sapiens Parque.............................................................................. 118 ANEXO D – Mapa de Canasvieiras............................................................................. 119 ANEXO E – Lei monumentos arqueológicos ............................................................. 120 ANEXO F – Sítios arqueológicos em Florianópolis.................................................... 126 ANEXO G – Fortalezas em Florianópolis................................................................... 127 ANEXO H – Decreto Baleia Franca ............................................................................ 128 ANEXO I – Projeto TAMAR........................................................................................ 135 ANEXO J – Projeto TAMAR na Barra da Lagoa ..................................................... 136 PARTE II – Relatório de Estágio 1 IDENTIFICAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO E DO ALUNO .................................... 138 1.1 Identificação da organização ................................................................................. 138 1.2 Identificação do aluno ............................................................................................ 139 2 JUSTIFICATIVA ...................................................................................................... 140 3 OBJETIVOS ............................................................................................................... 143 3.1 Objetivo geral .......................................................................................................... 143 3.2 Indicadores dos resultados parciais durante o estágio ........................................ 143 4 DESCRIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO ....................................................................... 144 4.1 Evolução histórica ................................................................................................... 144 4.2 Infra-estrutura física atual ..................................................................................... 145 4.3 Infra-estrutura administrativa .............................................................................. 146 4.4 Quadro de recursos humanos ................................................................................ 147 4.5 Serviços prestados ................................................................................................... 148 5 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS POR SETOR ............... 151 5.1 Gerência de marketing e comunicação.................................................................. 151 5.1.1 Funções do setor .................................................................................................... 151 5.1.2 Infra-estrutura do setor ........................................................................................... 152 5.1.3 Atividades desenvolvidas pelo acadêmico no setor ............................................... 152 5.1.4 Conhecimentos técnicos adquiridos ....................................................................... 153 5.1.5 Aspectos positivos, limitantes e sugestões administrativas ................................... 153 5.2 Gerência de inteligência.......................................................................................... 156 5.2.1 Funções do setor .................................................................................................... 156 5.2.2 Infra-estrutura do setor ........................................................................................... 157 5.2.3 Atividades desenvolvidas pelo acadêmico no setor ............................................... 157 5.2.4 Conhecimentos técnicos adquiridos ....................................................................... 158

5.2.5 Aspectos positivos, limitantes e sugestões administrativas ................................... 158 5.3 Gerência de gestão................................................................................................... 159 5.3.1 Funções do setor .................................................................................................... 159 5.3.2 Infra-estrutura do setor ........................................................................................... 161 5.3.3 Atividades desenvolvidas pelo acadêmico no setor ............................................... 161 5.3.4 Conhecimentos técnicos adquiridos ....................................................................... 162 5.3.5 Aspectos positivos, limitantes e sugestões administrativas ................................... 162 5.4 Gerência de planejamento de negócios.................................................................. 164 5.4.1 Funções da gerência................................................................................................ 164 5.4.2 Infra-estrutura da gerência...................................................................................... 164 5.4.3 Atividades desenvolvidas pelo acadêmico na gerência.......................................... 165 5.4.4 Conhecimentos técnicos adquiridos........................................................................ 165 5.4.5 Aspectos positivos, limitantes e sugestões administrativas.................................... 166 6 ANÁLISE DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ............................................. 167 7 CONCLUSÃO TÉCNICA......................................................................................... 169 8 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 171 9 ASSESSORIAS TÉCNICAS E EDUCACIONAIS ................................................. 172 10 ANEXOS ................................................................................................................... 173 ANEXO A – Programa de estágio................................................................................ 174 ANEXO B – Declaração de estágio expedida pela organização................................ 176 ANEXO C – Ficha avaliação do desempenho do estagiário pela organização......... 178

PARTE I

Projeto de Pesquisa

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TÍTULO: SAPIENS PARQUE: O desenvolvimento do turismo do conhecimento em

Florianópolis/SC.

ÁREA DA PESQUISA: Ciências Sociais Aplicadas

SUB-ÁREA: Turismo e Hotelaria

RESUMO

Em virtude da saturação da atividade turística na cidade de Florianópolis/SC, onde a

sazonalidade se constitui em um grave problema, evidencia-se a importância de elementos

inovadores e criativos como o turismo do conhecimento, que visa o oferecimento de

atividades inteligentes aos turistas através de atrativos que agreguem conhecimentos e

aprendizagens. O turismo do conhecimento acaba, pois, por se constituir em uma excelente

alternativa de combate à sazonalidade, atraindo um número de turistas considerável durante

todos os períodos do ano, bem como tende a atrair um tipo de turista mais qualificado em

termos econômicos e comportamentais. Com o objetivo de analisar os conceitos que

influenciam no turismo do conhecimento, bem como verificar sua inserção em Florianópolis e

no Sapiens Parque, a pesquisa, de tipologia básica, qualitativa, exploratória, bibliográfica e

documental, onde se utilizou a técnica de levantamento, relacionou o turismo do

conhecimento com as demais segmentações de turismo e analisou as localidades que de uma

maneira turística priorizam o conhecimento. Além disto, a pesquisa possibilitou a criação de

um modelo explicativo sobre o turismo do conhecimento, o mapeamento dos principais

pontos de Florianópolis que apresentam potencialidade para o seu desenvolvimento e a sua

relação com o Sapiens Parque. Desta forma, pôde-se iniciar um processo de inovação na

oferta turística, fazendo com que produtos novos e diferenciados sejam estudados, analisados

e, posteriormente, colocados em prática, especialmente em Florianópolis, onde a atividade

tenderá a se desenvolver, agregando benefícios visíveis, bem como fazendo do turismo uma

atividade contínua.

Palavras-chave: Turismo. Inovação. Conhecimento. Sapiens Parque.

11

1 INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização

Situada no estado de Santa Catarina, ao sul do país, Florianópolis abrange uma área de

436,5 km² e uma população de 396.778 habitantes, segundo dados do IBGE (Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2005.

A cidade apresenta sua economia fundamentada basicamente nas atividades do

comércio, prestação de serviços públicos, indústria de transformação e turismo. Nos últimos

anos, setores como a indústria do vestuário e a informática vêm demonstrando também

extraordinário desenvolvimento.

O turismo acaba por se tornar uma atividade de grande participação nos resultados

econômicos de muitas localidades. Está inserido num aspecto de desenvolvimento, onde os

atrativos percebidos nas regiões são fontes de motivações para a realização de viagens. Pode-

se perceber que atualmente o ato de deslocamento de pessoas constitui-se na satisfação de

desejos do trade turístico, do mercado, dos próprios turistas e de outros envolvidos na

atividade.

O turismo emergiu como um dos principais setores socioeconômicos mundiais, e sua sólida expansão chegou a um índice médio de cerca de 4 % a 5% ao ano na segunda metade do século XX. A combinação do turismo doméstico com o turismo internacional é agora apontada como o “maior setor” do mundo. Em 1995, o turismo global gerou um rendimento bruto estimado em 3,4 trilhões de dólares, contribuído com 10, 9% do PIB mundial, criando empregos para cerca de 212 milhões de pessoas e produzindo 637 bilhões de dólares em impostos (OMT, 2003, p. 18).

A atividade turística ganha destaque neste contexto e acaba por se transformar em

referência no estado de Santa Catarina e na cidade de Florianópolis. Segundo dados da

SANTUR (Santa Catarina Turismo S/A), avalia-se que entre os anos de 2004 e 2006 houve

um acréscimo de quase 191 mil turistas no estado, incluindo tanto turistas nacionais quanto

turistas estrangeiros. Estima-se que durante todo o ano de 2006 será totalizada no estado uma

receita de cerca de 600 milhões de dólares, conforme anexo A.

12

O turismo pode ser analisado de diferentes ângulos. De um lado, fazer turismo é o que os turistas fazem: viajar por prazer. De outro, o turismo é a atividade resultante da interação dos turistas com uma série de prestadores de serviços diretos e indiretos, os quais possibilitam ao turista cumprir seus objetivos , dentro e fora dos equipamentos destinados a esse fim. Esse segundo aspecto é conhecido como a “industria turística” e são alçada do chamado ‘establishment turístico’ ou ‘trade turístico’ (BARRETO; BURGOS; FRENKEL, 2003, p. 15).

Florianópolis situa-se no cenário mercadológico atual como capital turística do

MERCOSUL (Mercado do Cone Sul). Suas belezas naturais, aliadas ao fato da Ilha de Santa

Catarina ser considerada uma das cidades com melhor índice de qualidade de vida do Brasil

(anexo B), fazem com que haja uma grande procura de pessoas que almejam visitar a cidade e

seus atrativos.

Em todas as regiões de Florianópolis pode-se encontrar praias de grande

movimentação durante a chamada alta temporada, que compreende os meses entre dezembro

e fevereiro. Apresenta cerca de 100 praias catalogadas que atendem a todos os gostos e

estilos, oferecendo desde águas tranqüilas até mares propícios para a prática de esportes

náuticos, sendo algumas pouco exploradas e apresentando seu acesso por trilhas quase

intocadas. Há destaque para as praias das regiões norte e leste da cidade, onde uma demanda

considerável ocupa o entorno e faz movimentar a economia local durante o referido período.

Entre tais praias pode-se citar: Praia Mole, Joaquina, Barra da Lagoa, Moçambique, Ponta das

Canas, Jurerê Internacional, Canasvieiras e Daniela.

A região norte da Ilha de Santa Catarina tem considerável ênfase no cenário turístico

de Florianópolis. Apresenta, quando comparada a outras localidades, uma infra-estrutura

melhor equipada, com restaurantes, bares, hotéis e casas noturnas. É uma das regiões que

mais recebe turistas, oriundos em grande parte do MERCOSUL. Suas principais localidades

são: Cachoeira do Bom Jesus, Canasvieiras, Ponta das Canas, Daniela, Ingleses, Jurerê, Praia

Brava, Sambaqui e Santinho.

A subdivisão do período turístico da capital catarinense em alta e baixa temporada

reforça a questão da balneabilidade ser o principal motivo da incidência de turistas na referida

estação. Este aspecto, por sua vez, remete-se à sazonalidade, que se constitui no maior

problema turístico da cidade de Florianópolis nos dias atuais.

Para tanto, em virtude do imenso potencial turístico da região de Florianópolis,

havendo destaque para a sua área norte, pode-se explorar sustentavelmente outras formas de

desenvolvimento turístico na região que não se limitem exclusivamente às suas características

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litorâneas. Inserido nesta conjuntura, cita-se o Sapiens Parque, um parque de inovação situado

na região de Canasvieiras, norte da Ilha de Santa Catarina (anexo C).

Como forma de se desenvolver os setores que já se transformaram nas principais

vocações econômicas da cidade de Florianópolis, o Sapiens Parque vem sugerir uma nova

abordagem de mercado, focada na criatividade e no conhecimento. A efetiva implantação do

Sapiens Parque na referida região volta-se para o desenvolvimento regional sustentável de

maneira integrada ao crescimento ordenado do entorno.

O Sapiens Parque apresenta suas linhas de atuação direcionadas a quatro áreas

principais, a saber: turística, sócio-ambiental, de serviços e tecnológica. Inserido no campo

turístico encontra-se um contexto de sustentabilidade e de combate à sazonalidade que

acabam por nortear as ações do parque de inovação.

Objetivando ser um empreendimento que busca ser socialmente responsável,

tecnicamente bem sucedido, economicamente viável e ambientalmente sustentável, o Sapiens

Parque está sendo desenvolvido para atender à sociedade em geral, bem como

empreendedores e investidores, poder público, comunidade acadêmica e turistas.

O Sapiens Parque apresenta como uma de suas principais vertentes a defesa da

exploração de um tipo de turismo ainda pouco difundido, o chamado Turismo do

Conhecimento. Para tanto, com o intuito de realizar melhorias no setor, bem como um maior

crescimento econômico da atividade, a implantação do Sapiens Parque busca agregar aspectos

positivos que acabarão por refletir nas ciências econômicas, sociais e ambientais do entorno e

da cidade de Florianópolis como um todo.

Preocupando-se em esquematizar uma promoção do turismo sustentável, incitando

projetos referentes a áreas como lazer, hospedagem, gastronomia, comércio, eventos e mídia,

o Sapiens Parque apresenta o propósito de reduzir a sazonalidade percebida na atualidade

além de fazer com que populações locais e regionais sejam beneficamente afetadas e munidas

de uma alternativa criativa e satisfatória.

Para tanto, tendo em vista a saturação da oferta turística na cidade de Florianópolis,

bem como a intenção de se melhor aproveitar seu potencial no setor turístico, torna-se

necessário um maior estudo referente à temática abordada, de forma que o conhecimento se

transforme numa excelente estratégia competitiva. Porém, deve-se sempre se ter a noção da

importância de um planejamento sustentável, de forma a minimizar possíveis efeitos

negativos e maximizar os positivos. Segundo Oliveira (2005, p.195):

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O planejamento do turismo local deve sempre levar em conta o contexto regional, nacional e até o internacional. São leis, os incentivos, os planos de desenvolvimento existentes no país. O conhecimento desses fatores pode levar o planejador local a melhor orientar seu trabalho. A atividade de turismo não pode atuar isoladamente. Sempre recebe influências externas, e deve espelhar-se nos outros países, como o México, por exemplo, que tem em Cancun o modelo de produto de maior sucesso na história do turismo moderno.

O parque de inovação Sapiens Parque focará suas ações no conhecimento, no ser

humano e na sustentabilidade, fazendo com que todas as áreas envolvidas no

empreendimento, inclusive o setor turístico, tornem-se âncoras do projeto, objetivando a

geração de empregos e receitas, bem como o desenvolvimento da região e de todo o entorno.

1.2 Definição do problema

Uma das grandes problemáticas encontradas na realidade turística em Florianópolis é,

inquestionavelmente, a questão da sazonalidade. Esta se define nos períodos de maior e menor

demanda turística por determinados produtos. Segundo o SEBRAE (Serviço Brasileiro de

Apoio às Micro e Pequenas Empresas), no ano de 2006, sazonalidade se define como sendo as

“Flutuações no ciclo produtivo ou de vendas de um determinado bem, serviço ou setor

econômico devido a fatores exógenos, ao longo de um determinado período”.

O fenômeno da sazonalidade pode ser explicado pelo conceito de elasticidade da

demanda. No caso da cidade de Florianópolis, a oferta acaba se adequando à procura,

transformando o período compreendido dentre os meses quentes entre os mais procurados

pelos visitantes, em virtude das características balneárias da região, e as estações mais frias

acabam sofrendo quedas bruscas da demanda turística, afetando diversos pilares da economia

catarinense.

Em virtude de tal problemática, pode-se perceber a importância de novas diretrizes

que acabem por nortear o planejamento turístico em Florianópolis, de modo a minimizar os

efeitos da sazonalidade, bem como incrementar e desenvolver o turismo na região. Com base

nas características vocacionais da cidade, tem-se em meta a estruturação da atividade turística

baseada em outras vertentes, diferentemente do turismo de sol e praia atualmente explorado

exclusivamente na capital catarinense, inclusive na localidade de Canasvieiras (anexo D).

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Torna-se necessário o estímulo a novas práticas de turismo na Ilha de Santa Catarina,

respeitando suas vocações turísticas, e fazendo com que a cidade não dependa da alta

temporada para sobreviver no contexto apresentado. Nota-se a desestruturação durante a baixa

temporada de diversos setores que dependem diretamente do turismo, como o comércio, os

transportes e a hotelaria, por exemplo.

A prática de eventos na cidade está em fase de expansão e objetiva o auxílio no

combate à sazonalidade, porém, pode-se perceber a falta de infra-estrutura que atenda a uma

demanda considerável no setor, pois centros de eventos e hotelaria, entre outros, acabam por

não suprir as carências da atividade.

Convém observar que o setor de eventos é o segmento que mais cresce no mercado mundial de turismo, movimentando por ano aproximadamente US$ 35 bilhões, segundo dados da OMT. Esses indicadores revelam ainda que os turistas que viajam para participar de eventos, sejam de lazer, de atualização profissional ou de negócios, gastam três vezes mais do que o turista tradicional, estimando-se a relação de US$ 240 para US$ 90 (BENI, 2003, p. 51).

Tendo em vista a percepção de outras formas de desenvolvimento da atividade

turística em Florianópolis, o Sapiens Parque vem se mostrar apto a desenvolver e firmar a

indústria do turismo da localidade, bem como as demais áreas que dela dependem, tais como

comércio, gastronomia e transportes. Além disto, prevê-se a criação de novos postos de

trabalho, bem como a formação e captação de profissionais do setor, de forma que o projeto

seja concretizado de maneira econômica e ambientalmente sustentável. Desta forma, a

sazonalidade poderá ser combatida em virtude de se trabalhar o turismo em todas as etapas do

ano, fomentando a atividade através do estímulo à prática de um outro modo de turismo,

intitulado Turismo do Conhecimento.

Com a introdução de novas opções de turismo na cidade de Florianópolis, de maneira

consciente e estruturada, poder-se-á inserir a cidade no circuito turístico internacional,

transformando-a em concorrente direto de localidades extremamente qualificadas no que diz

respeito à atividade turística, atraindo desta forma turistas qualificados, cultos e desejosos em

adquirir conhecimento e trocar capital intelectual com os demais envolvidos. Assim, a região

e seu entorno receberão um maior número de turistas qualificados, que deixarão divisas

consideráveis e que acabarão por realizar um marketing positivo da cidade, minimizando

consideravelmente a sazonalidade e transformando a atividade turística num verdadeiro ciclo

benéfico.

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Um outro fator a ser considerado é a questão da visitação de turistas já conhecidos da

região de Florianópolis, em especial na localidade de Canasvieiras. Turistas oriundos do

MERCOSUL constituem-se na grande parcela de turistas internacionais que visitam a

localidade.

A bibliografia existente sobre Canasvieiras e os depoimentos dos entrevistados coincidem no fato de que os primeiros argentinos a “descobrir” o local foram praticantes da pesca desportiva ou mergulho, pessoas da cidade de Buenos Aires que se aventuravam, de carro, exatamente para praticar seu esporte num lugar isolado, de águas limpas, e que, além do mais, constitui o primeiro local de águas oceânicas mornas saindo de Buenos Aires rumo ao norte (BARRETTO; BURGOS; FRENKEL, 2003, p. 71).

O público argentino se consistiu, inquestionavelmente, num dos grandes

representantes do turista na região de Canasvieiras, na cidade de Florianópolis. Porém, não se

deve concentrar as potencialidades turísticas regionais em um único tipo de público, da

mesma forma que não se deve concentrar esforços em uma única tipologia de turismo. Tendo

em vista que o turismo depende de fatores exógenos, tais como condições climáticas,

oscilações da taxa de câmbio, instabilidade política, riscos epidêmicos etc., pode-se concluir a

importância em se trabalhar com outras vertentes turísticas e com públicos diferenciados. Este

fato pode ser muito bem argumentado quando se recorda o episódio como a crise financeira

que abalou a Argentina e o atentado de 11 de setembro nos Estados Unidos.

Vários fatores contribuíram para a constituição de Canasvieiras como destino turístico (e crescentemente residencial) do público argentino: as características naturais da região (praias calmas, de águas quentes); a falta de impedimentos legais para os investidores estrangeiros e a campanha internacional de incentivos ao turismo no Brasil desde meados dos anos 60 (BARRETTO; BURGOS; FRENKEL, 2003, p. 13).

Pode-se visualizar no desenvolvimento das etapas de implantação do Sapiens Parque

uma oportunidade de crescimento para o turismo em Florianópolis. O parque de inovação

pretende implementar um conjunto de empreendimentos de alta qualidade, munindo a cidade

de equipamentos relacionados ao setor que venham a suprir as necessidades dos visitantes e

demais envolvidos. Assim, com a implantação e desenvolvimento do chamado Turismo do

Conhecimento, bem como o oferecimento de atividades interessantes e inovadoras, poderá se

estimular de maneira eficiente e pró-ativa o incremento da atividade turística e seu entorno.

Em quase todas as destinações turísticas tem-se constatado a falta de ‘cultura turística’ das pessoas que viajam, o que faz com que se comportem de forma alienada em relação ao meio que visitam – acreditando não terem nenhuma responsabilidade na preservação da natureza e na originalidade das destinações.

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Entendem que seu tempo livre é ‘sagrado’, que têm direito ao uso daquilo que pagaram e, permanecendo pouco tempo (individualmente), julgam-no insuficiente para ser responsabilizados pelas agressões ao meio ambiente (RUSCHMANN, 1997, p. 10).

Apesar dos efeitos nocivos da sazonalidade, pode-se haver certo aproveitamento dos

atores envolvidos, estimulando a criação de alternativas criativas e inovadoras que façam com

que os gestores da cidade se voltem para a atividade, contribuindo para um crescimento da

economia como um todo.

Como forma de direcionar as questões que guiam o presente projeto de pesquisa,

foram levantadas algumas perguntas que apresentam como objetivos seus posteriores

esclarecimentos:

1. Em que se constitui o chamado Turismo do Conhecimento, quais suas características

e melhores práticas?

2. Quais as características da cidade de Florianópolis que melhor se adaptam ao conceito

de Turismo do Conhecimento e como estas proporcionariam melhor competitividade à

cidade?

1.3 Justificativa

Sendo a atividade turística inovadora e criativa uma das grandes promessas de

crescimento do turismo em seu exercício, pode-se perceber a importância do desenvolvimento

de um novo conceito de turismo que venha agregar valor à atividade, bem como contribuir

para o seu incremento e auxiliar no combate à sazonalidade percebida neste aspecto. Além

disso, a questão de mudanças na atualidade requer um maior cuidado para que não se reflitam

aspectos negativos em localidades que até o presente momento se mostravam propensas à tal

mudança, porém ainda demonstram se subsidiarem em atividades primárias, como por

exemplo, a pesca e o artesanato.

O turismo, nos dias atuais, deixou claramente de ser uma atividade para amadores. Os

mais diversos segmentos da área mostram-se cada dia mais desafiadores, com a presença de

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uma concorrência acirrada, onde há uma certa obrigatoriedade em se tornar o melhor naquilo

para que se propôs.

O turismo é essencialmente prestação de serviço. Um erro cometido, uma desatenção ou uma involuntária descortesia não podem ser evitados por um hipotético controle de qualidade e retornar ao início do processo. Além disso, há toda a interface com a hospedagem, equipamentos turísticos e atrações: aspecto das acomodações, higiene, estado da mobília, funcionamento correto de geladeiras, televisores e outros equipamentos, qualidade dos restaurantes, das atrações, serviços etc. (PETROCCHI, 1998, p. 289).

Assim, pode-se facilmente detectar uma saturação das atividades oferecidas na área de

turismo, que, apesar de demonstrar-se como uma atividade de segmentações variadas, tais

como a hotelaria, os eventos, o ecoturismo, as agências de viagens, entre tantas outras

vertentes turísticas encontradas, mostra-se carente de novas alternativas que sirvam os clientes

de formas criativas de práticas originais de se exercitar a atividade.

O turismo, bem como o restante das atividades que se mostram adeptas ao crescimento

contínuo, se caracteriza por ser uma área moderna, propícia ao futuro mercadológico

esperado. Para tanto, deve-se prestar atenção para que a atividade acompanhe os avanços

globais, de modo que não se torne obsoleta, e tampouco se descaracterize na referida região,

bem como continue como mercado promissor na atualidade e futuramente.

Uma das principais características do turismo e de todas as suas ramificações é seu

caráter econômico. Muitas regiões viram na atividade turística uma grande aliada no momento

de se trazer divisas e receitas para a localidade.

O turismo tornou-se um dos principais setores socioeconômicos mundiais e um dos componentes líderes do comercio internacional. Em 1997, houve 612 milhões de chegadas de turistas internacionais, que geraram 443 bilhões de dólares de receita em moeda estrangeira. Até o ano de 2020, a Organização Mundial do Turismo (OMT) calcula que haja cerca de 1,6 bilhão de chegadas de turistas internacionais e que a receita turística internacional atinja 2 trilhões de dólares (OMT, 2003, p. 17).

O turismo, assim como a grande maioria das atividades geradoras de divisas e receitas

consideráveis no campo econômico global, apresenta-se numa atualidade mercadológica

voltada para a era do conhecimento e da inovação. Para tanto, como forma de se firmar de

maneira criativa e moderna no mercado atual, procuram-se insistentemente novos campos

para o desenvolvimento da atividade turística em si, maximizando os benefícios oferecidos e

fazendo com que todos os envolvidos sejam positivamente afetados.

19

“Quanto ao crescimento do turismo internacional nos países em desenvolvimento, a

OMT também prevê um crescimento favorável, motivado principalmente pelo interesse de

produtos turísticos novos ou renovados [...]” (RUSCHMANN, 1997, p. 167).

Além de toda a importância econômica do turismo, cita-se questões referentes à

comunidade, bem como o desenvolvimento da localidade. É extremamente necessário a

participação e o apoio dos atores envolvidos no processo turístico, tais como a comunidade, o

trade local, autoridades governamentais, grupos de proteção ao meio ambiente, entre outros.

A cooperação entre todos esses parceiros é essencial para a conquista do turismo próspero e sustentável, que melhore a qualidade de vida local. Em uma área turística de desenvolvimento recente, as autoridades locais devem, normalmente, assumir o papel principal na busca dessa cooperação, e talvez precisem traçar mecanismos para uma cooperação efetiva. Se essa cooperação não for alcançada, o turismo ainda poderá se desenvolver, mas gerará sérios problemas, não levará à melhoria da qualidade de vida, nem será sustentável (OMT, 2003, p. 33-34).

Pode-se citar como um dos grandes pilares da inovação na atualidade a questão da Era

do Conhecimento. As mais diversas áreas se mostram pendentes a tópicos referentes a tal

temática, adaptando suas realidades a esta ou descartando aspectos que se mostram arcaicos.

Com o turismo não é diferente, uma vez que cada uma de suas demonstrações da atividade

preocupa-se em estar constantemente em reciclagem, adaptando-se a esta nova realidade ou

fazendo surgir novos campos para atuação.

As ciências humanas e sociais precisam inovar e criar novos fundamentos para explicar a interdependência e a união global das necessidades e clamores da sociedade global; e até as ciências físicas mudam em função de novas técnicas de pesquisa, alicerçadas na compreensão e conquista do espaço sideral, na micro e nanotécnica, nos avanços dos estudos genéticos, na inesgotável capacidade inventiva do ser humano [...]. O turista, incansável viajor, representa bem essa nova dinâmica global e participa da abertura e da conquista de novas e surpreendentes regiões e espaços ambientais e culturais (BENI, 2003, p. 17).

Dentro deste contexto, mencionam-se os chamados parques de inovação, onde

questões como ciência, tecnologia, iniciativas sócio-ambientais, empresas e turismo se

destacam e se mostram presentes no conjunto de ações que acabam por nortear o conceito de

inovação.

É a partir deste momento que a criatividade e o oferecimento de novidades em serviço

se mostram atraentes nos mais diversos aspectos ao qual um parque de inovação se propõe. O

turismo, em especial, se destaca neste contexto, uma vez que, conforme anteriormente

mencionado, há uma certa saturação das atividades turísticas, não havendo campos novos para

a prática da atividade.

20

As últimas análises apontam o turismo como o setor mais globalizado, perdendo apenas para o setor de serviços financeiros. A globalização do turismo é resultante principalmente dos seguintes fatores: aumento da liberalização do comércio mundial, incorporação de novas tecnologias como a informática e as telecomunicações, integração horizontal e vertical das empresas de turismo, difusão territorial do consumo e flexibilização do trabalho nos diversos setores produtivos, incluindo o próprio setor do turismo (BENI, 2003, p. 19).

A cidade de Florianópolis, capital de Santa Catarina, em particular, vê na atividade

turística uma das principais vertentes de sua economia, refletindo, entretanto, o problema da

sazonalidade. Tal problemática ainda se torna mais agravante, uma vez que a Ilha de Santa

Catarina utiliza seu contexto turístico como predominantemente balneário. Para tanto, como

forma de ser um agente minimizador dos efeitos nocivos da sazonalidade, um parque de

inovação acaba por se mostrar como um aliado em potencial na medida que a cidade

apresenta carência em oferecer aos visitantes e à própria comunidade atrativos que venham a

agregar, além de benefícios turísticos, obviamente, melhorias em outros aspectos, tais como

culturais, sociais, psicológicos, infra-estruturais, entre outros.

Em virtude da necessária inserção de localidades até então adeptas de atividades

econômicas artesanais, tais como a pesca e o comércio, porém com um incrível potencial

inovador/tecnológico, pode-se perceber a importância de termos referentes à sustentabilidade,

de forma que as mudanças oriundas da chamada globalização não reflitam de maneira

negativa no processo de transmutação para a referida “Era do Conhecimento”.

A geração e disseminação acelerada de novas tecnologias nesses campos vem proporcionando um encurtamento ou “compressão” do tempo e distância entre lugares possibilitando e tornando mais fácil e mais rápido o movimento de pessoas e uma enorme expansão na escala de produção, circulação e consumo de bens, informações e conhecimentos ao redor do mundo, caracterizando a chamada “Era do Conhecimento” em que vivemos (VIEIRA FILHO; ARAÚJO, 2004, p. 02).1

Como forma de desenvolver novas vertentes dentro do cenário turístico existente, cita-

se o Turismo do Conhecimento, destacando sua característica inovadora e pouco explorada.

Desta forma, pode-se perceber a importância de se realizar pesquisas referentes a tal temática,

uma vez que o Turismo do Conhecimento pode ser uma excelente opção de combate à

sazonalidade, bem como auxiliar na atratividade de turistas melhores qualificados e que

incrementem a movimentação da economia do setor turístico.

Além disso, com a atração de turistas que busquem a troca de capital intelectual, bem

como a prática de atividades que busquem conceitos como preservação e sustentabilidade, 1 Informação obtida através do artigo “Empreendedorismo e turismo na era do conhecimento”, através do site da Universidade Federal de Santa Catarina, acessado em 23 de agosto de 2006.

21

poderá se consolidar como um dos principais grupos freqüentadores de Florianópolis aqueles

turistas ansiosos por um turismo saudável, inovador, inteligente e, principalmente, criativo.

Pode-se observar as inúmeras potencialidades do Turismo do Conhecimento na

atualidade, principalmente tendo em vistas que a cidade de Florianópolis não se constitui

somente das belas praias que se tornaram o único apelo turístico da região. Deve-se buscar

não exclusivamente benfeitorias em termos econômicos via atividade turística. Questões

como idéias, conhecimentos, crescimento social e profissional devem ser igualmente

priorizadas a fim de fazer do turismo um segmento único, que obtenha êxito em tantos outros

aspectos, além do econômico, unicamente.

Ciência e tecnologia se mostram cada dia mais em crescimento. Isto reflete a

adequação dos mais diversos pilares da economia a esta nova realidade, inclusive a atividade

turística, que se caracterizou nos últimos tempos como um excelente exemplo de atividade

economicamente ativa.

O turismo internacional deve continuar crescendo a uma taxa anual de, aproximadamente, 4,0% e 4,5% [...]. Para o ano de 2010, a OMT calcula um número de 659 milhões de chegadas de turistas internacionais, e de, aproximadamente, 1,6 bilhão de chegadas para 2020. Até 2020, a receita turística (despesas totais dos turistas internacionais) atingirá 2 trilhões de dólares. Até lá, uma em cada quatro chegadas será de longa distância, ou seja, de turistas viajando entre diferentes regiões do mundo. Todas as regiões do mundo experimentarão um crescimento substancial no turismo internacional [...] (OMT, 2003, p. 19).

O emprego de parques de inovação apresenta um potencial de viabilidade

surpreendente em elementos destacáveis do cenário econômico atual, como a atividade

turística, por exemplo.

O turismo do conhecimento é uma temática ainda pouco abordada no contexto atual.

São poucos os países que apresentam essa tipologia, sendo extremamente difícil um contexto

fundamentalmente teórico sobre o assunto. Regiões como Portugal e França apresentam-se

mais desenvolvidas neste aspecto, demonstrando como questões de conhecimento, culturais,

entre outras, podem efetivamente fazer deslanchar outras vertentes do turismo de maneira

extremamente eficiente.

Cabe ressaltar que as regiões debatidas apresentam características distintas quando

comparadas à cidade de Florianópolis. Ainda assim, a capital catarinense apresenta potencial

estrutura para o desenvolvimento de outras formas de turismo que diferem do já consagrado

22

turismo praiano. Para tanto, deve-se respeitar as características da região, de maneira a torná-

la ainda mais competitiva no cenário nacional, bem como no mercado internacional.

Torna-se necessário, porém, que o termo Turismo do Conhecimento seja estudado de

maneira mais completa, de forma a se conseguir viabilizar sua inserção em localidades

interessantes para este fim, de maneira sustentavelmente correta e consciente.

Tendo em vista o desenvolvimento de outra forma de turismo em Florianópolis,

espera-se que a cidade seja inserida num contexto turístico mais diversificado, adquirindo,

através de estudos no assunto, um embasamento referente a novas tipologias de turismo, de

forma que as características de tais tipologias se adequem à realidade da cidade. Desta

maneira, poderá se conseguir diretrizes que norteiem o processo de desenvolvimento e

reestruturação da atividade turística em Florianópolis.

Desta forma, serão atraídos turistas de melhor categoria, que acabarão por fazer com

que a capitalização da atividade seja acrescentada. Outra questão indispensável é o aspecto

referente à questão da sustentabilidade que direciona os conceitos referentes ao chamado

Turismo do Conhecimento, salientando a precaução prévia de atitudes que possam vir a afetar

o meio ambiente, bem como prejudicar o usufruto das gerações posteriores.

Espera-se que, com o início do desenvolvimento do chamado Turismo do

Conhecimento, haja um maior enriquecimento do turismo enquanto atividade na região de

Florianópolis, fazendo com que a cidade e todo o seu entorno sejam beneficiadas, de maneira

a realizarem a atividade turística em todos os meses do ano.

Quando o estudo é realizado de maneira a beneficiar todos os envolvidos, poderá se

obter vantagens que posteriormente se reflitam no cenário turístico da cidade de Florianópolis,

inclusive do entorno do parque de inovação, fazendo com que poder público, iniciativa

privada, profissionais da área, grupo acadêmico, comunidade, turistas e sociedade em geral

sejam munidos de alternativas positivas, que agreguem valores aos interesses de cada um.

23

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Analisar os conceitos referentes ao Turismo do Conhecimento na cidade de

Florianópolis – SC, bem como sua inserção no Sapiens Parque, visando sua influência no

desenvolvimento turístico da cidade.

2.2 Objetivos específicos

• Averiguar os conceitos de Turismo do Conhecimento encontrados até o presente momento;

• Apontar as características do chamado Turismo do Conhecimento;

• Verificar os locais onde o grande intuito turístico se constitui no conhecimento;

• Identificar as vocações de Florianópolis que apresentem potencial para o desenvolvimento

do turismo do conhecimento.

24

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 Turismo

3.1.1 Histórico

Embora a atividade turística apresente-se em constante ampliação e acabe por se

inserir em um período onde tecnologia e inovação são peças fundamentais de

desenvolvimento, torna-se profundamente necessário uma abordagem histórica dos fatos

principais da narrativa do progresso do turismo em seu exercício.

A palavra tour quer dizer volta e tem seu equivalente turn, no inglês, do latim tornare. As palavras tourism e tourist, de origem inglesa, já aparecem documentadas em 1760, na Inglaterra. Mas os estudiosos do setor, como o suíço Arthur Haulot, na busca de suas origens, apresentam a possibilidade de origem hebréia, da palavra tur, quando a Bíblia – Êxodo, Capítulo XII, versículo 17 – cita que ‘Moisés enviou um grupo de representantes ao país de Canaã para visitá-lo e informar-se a respeito de suas condições topográficas, demográficas e agrícolas’. Tur é hebreu antigo e corresponde ao conceito de ‘viagem de descoberta, de exploração, de reconhecimento’ (OLIVEIRA, 2005, p. 17).

Apesar de se conhecer o turismo como um exercício novo, pode-se conceber uma

idéia errônea do turismo como atividade característica dos tempos modernos.

O turismo enquanto atividade estruturada e planejada é uma área recente e em

expansão. Porém, na cronologia dos tempos, o turismo situa-se antes mesmo do nascimento

de Cristo, onde, por volta do ano 776 a.C. têm-se informações sobre os primeiros Jogos

Olímpicos, na Grécia Antiga (OLIVEIRA, 2005, p. 17), onde neste período há maiores

evidências de deslocamento do que confirmações da prática do turismo enquanto atividade

programada.

Diferentes povos utilizavam os conceitos referentes ao turismo mesmo sem conhecer

tal expressão. Atos como descanso, repouso, procura de terras férteis, entre outros, já eram

realizadas por diferentes povoados, que acaba por anteceder o turismo como popularmente é

conhecido nos dias atuais.

Desde os primórdios da civilização como a conhecemos, o homem tem buscado, intencionalmente ou de maneira incidental, a cultura, o lazer, o descanso ou, até por

25

mera curiosidade, novos locais, situações, emoções, atrativos ou eventos que venham a lhe proporcionar certa satisfação (KUAZAQUI, 2000, p. 02).

Torna-se importante ressaltar a evolução da atividade turística em virtude das

peregrinações religiosas, onde as pessoas utilizavam de interesses de devoção para

proporcionar viagens longas a fim de visitar túmulos ou realizar outras atividades que

envolvessem a religião.

Outros fatores que influenciaram no crescimento do turismo enquanto atividade foram

a invenção da moeda e do comércio, a construção de estradas e as grandes navegações. Povos

como os fenícios, os romanos e os gregos foram de demasiada importância para o

desenvolvimento da atividade turística no mundo.

Assim, as grandes navegações (século XVI ao XVII) deram impulso às viagens de longo curso, antecedendo o período denominado de ‘turismo moderno’. Na falta de meios de comunicação mais eficazes, a melhor maneira de conhecer novos lugares era viajar até eles. As escolas organizavam viagens para os estudantes, acompanhadas por professores, com o objetivo de aumentar os conhecimentos de seus alunos. Eles, denominados tutores, tinham a obrigação de conhecer e de falar o idioma do local a ser visitado, para poder explicar melhor seus usos e costumes. Os tutores foram os antecessores dos atuais guias de turismo (OLIVEIRA, 2005, p. 20).

Com o passar dos anos, as pessoas passaram a dar mais atenção ao meio ambiente e à

natureza, fazendo com que suas viagens e passeios tivessem uma conotação de apreciação de

locais de belezas percebidas. Além disso, a qualidade de vida da população foi

consideravelmente afetada em virtude do momento de intensas atividades industriais que

ocorriam no período.

Um outro fator importante a se destacar é o início da representação econômica do

turismo, onde transportes e hospedagens passaram a ter interesses econômicos e financeiros.

O que antes era utilizado apenas com a finalidade de repouso ou alimentação, agora começava

a apresentar-se como uma inibida fonte de negócios.

Porém, é a partir do século XX que ocorre o maior desenvolvimento do turismo. Com

a incidência das duas grandes guerras mundiais, há um considerável crescimento das

facilidades globais, como uma maior utilização do automóvel como meio de transporte

terrestre, tornando-o mais popular. Além disso, os termos turismo e turista começaram a ser

cuidadosamente tratados, podendo-se observar que a atividade passou a ser mais organizada e

autônoma.

Desde a década de 1930, as organizações governamentais e empresas de Turismo vinham tentando controlar o tamanho e as características dos mercados turísticos.

26

Para fazer isso, precisavam de uma definição de turista, a fim de distingui-lo de outros viajantes e ter uma base comum pela qual pudessem coligir estatísticas comparáveis (BENI, 2001, p. 35).

Com a Segunda Guerra Mundial, findada no ano de 1945, ocorre uma brusca

estagnação da atividade turística. Visto que o turismo não se apresenta como necessidade,

houve uma ruptura na atividade, devido à situação econômica mundial encontrada na época.

Com a finalização da Segunda Guerra Mundial, o turismo volta a crescer de maneira

surpreendente, encontrando no transporte aéreo uma das grandes explicações para o

fenômeno.

Os anos de 1950 a 1970 caracterizaram-se pela massificação da atividade; quando os vôos charters e os ‘pacotes turísticos’ conduziram milhares de pessoas às partes mais remotas do planeta, além de conduzi-las a localidades nos próprios países emissores (turismo interno). Nos anos 80, a prosperidade econômica dos países desenvolvidos fez com que a grande maioria da sua população usufruísse de férias pelo menos duas vezes por ano e as mais diversas categorias profissionais tiveram acesso às viagens turísticas empreendidas em grupo ou isoladamente (RUSCHMANN, 1997, p. 15).

Nas décadas de 1980 e 1990, começou-se uma era de desenvolvimento tecnológico

nas mais diversas áreas da economia mundial, inclusive no turismo. Desta forma, os serviços

se tornaram mais ágeis, mais eficazes e com menores preços de custo. Com a chamada

globalização, a informação consistiu na principal aliada na era tecnológica, fazendo com que

os próprios consumidores obtivessem acesso a estas, contribuído para a agilidade de todo o

processo e para a difusão do turismo como um todo.

Segundo Kuazaqui (2000, p. 03), com a década de 1990, como decorrência da

diminuição do crescimento populacional e conseqüentemente do consumo, aprofunda-se a

chamada sociedade baseada na informação, por meio da fácil e rápida comunicação por todo o

globo.

Com as incríveis mudanças nos campos da economia, os clientes acabaram se

tornando cada vez mais exigentes e seletivos, buscando sempre produtos de alta qualidade e

baixo custo. Além disso, tais clientes estão mais atentos a aspectos como cortesia e simpatia.

“O perfil do cliente mudou, mudando as ofertas turísticas, e os locais receptivos

viram-se obrigados a adaptar-se à nova realidade” (OLIVEIRA, 2005, p. 28).

Pode-se perceber, portanto, como a atividade turística vem se desenvolvendo e se

aperfeiçoando ao longo das décadas, transformando-se atualmente em um dos principais

pilares da economia global. Além disto, o turismo atua como agente de fomento de áreas

27

sociais e ambientais, auxiliando na preservação do meio ambiente e na geração de empregos e

renda.

Pesquisas e análises recentes mostram que a atividade turística provoca diversos efeitos econômicos, sociais, culturais e ambientais, diferentes em cada região do globo, de acordo com as características nacionais, ressaltando-se mais uma vez que as atividades turísticas, em sua maioria, baseiam-se em serviços prestados ligados a atrativos, sejam naturais ou transformados, que resultam em baixos custos de ‘produção’ (KUAZAQUI, 2000, p. 14).

O turismo acabou por ser tornar, em muitos países, um dos grandes responsáveis por

acréscimos no PIB (Produto Interno Bruto) destes. É notável sua importância no contexto

econômico, ambiental e social global, apresentando-se nos dias atuais com uma faceta

multidisciplinar, segmentando-se em áreas que acabam por atender ao mais diversificados

estilos e opiniões, fazendo, desta forma, que a atividade tenda a crescer cada dia mais,

consolidando-se como um importante fator de desenvolvimento das mais variadas áreas

econômicas e sociais do futuro.

Para tanto, como forma de se estabelecer um entendimento eficiente frente à atividade

turística como um todo, é necessária a essencial compreensão dos conceitos e definições que

formam o turismo enquanto atividade profissional.

3.1.2 Conceitos e definições

Como forma de fazer com que a atividade turística seja compreendida de uma maneira

mais ampla e dinâmica torna-se necessário um breve entendimento do que se constitui o

turismo enquanto atividade e de como as definições se posicionam perante autores e

organizações.

Sendo o turismo uma atividade em constante expansão, pode-se notar os mais diversos

conceitos e definições que integram sua complexidade, fazendo-se referência a alguns autores

que, desde tempos remotos, passaram a discutir maneiras de conceituar o termo turismo. Uma

das principais menções do termo turismo remonta-se ao ano de 1911, onde o economista

austríaco Herman Von Schullard conceituou o turismo como sendo “a soma das operações,

especialmente as de natureza econômica, diretamente relacionadas com a entrada,

permanência e o deslocamento de estrangeiros para dentro e para fora de um país, cidade ou

região” (OLIVEIRA, 2005, p.33).

28

Conforme visto anteriormente, o turismo sempre foi praticado, porém sua definição se

mostra mais recente. A elaboração de um conceito, tendo em vista a preocupação em se

estabelecer parâmetros de comparação frente a outras atividades, mostrou-se extremamente

concretizada a partir do século XIX.

A palavra ‘turismo’ surgiu no século XIX, porém, a atividade estende suas raízes pela historia. Certas formas de turismo existem desde as mais antigas civilizações, mas foi a partir do século XX, e mais precisamente após a Segunda Guerra Mundial, que ele evoluiu, como conseqüência dos aspectos relacionados à produtividade empresarial, ao poder de compra das pessoas e ao bem-estar resultante da restauração da paz no mundo (FOURASTIÉ apud RUSCHMANN, 1997, p. 13).

Pode-se perceber que o turismo, embora apresente vários tipos de conceitos, há um

senso comum de que termos como deslocamento e permanência mínima estão sempre

presentes. Segundo Horner e Swarbrooke (2002, p. 24), o turismo é definido como uma

movimentação, de curto prazo, de pessoas para lugares distantes do local em que residem

regularmente, com a finalidade de usufruir de atividades prazerosas. Também pode abranger

as viagens de negócios.

O turismo, além de delimitar uma definição onde movimentação de pessoas se mostra

presente, incorpora uma série de outras indústrias e delas dependem para o desenvolvimento

das atividades do setor. Como exemplo pode-se citar o ramo da hospitalidade, do transporte,

dos eventos e da alimentação.

O turismo pode ser descrito como uma atividade servida por diversas outras indústrias, como a da hospitalidade e a do transporte. O crescimento do turismo de massa por meio de pacotes, juntamente com o desenvolvimento das operadoras turísticas, é, provavelmente, o que mais aproxima o turismo do setor industrial (HORNER; SWARBROOKE, 2002, p. 24).

Na atualidade, pode-se notar uma maior preocupação sócio/ambiental da atividade

turística. Questões como preservação do meio ambiente, bem como um maior cuidado com as

comunidades receptoras e os próprios turistas começaram a ter relevância no momento em se

conceituar o turismo.

No quesito ambientalismo, pode-se perceber uma maior cautela em relação à

sustentabilidade de áreas naturais, uma vez que a paisagem se constitui por si só num dos

grandes motivos de visitações às cidades e ao próprio turismo.

A inter-relação entre o turismo e o meio ambiente é incontestável, uma vez que este último constitui a “matéria-prima” da atividade. A deterioração das condições de vida nos grandes conglomerados urbanos faz com que um número cada vez maior

29

de pessoas procure, nas férias e nos fins de semana, as regiões com belezas naturais (RUSCHMANN, 1997, p. 19).

O meio ambiente acabou se tornando um excelente aliado no decorrer da atividade

turística. Para tanto, é extremamente necessária sua utilização de maneira consciente para que

possa se usufruir da natureza apresentada durante um percurso longo de tempo, não colocando

em risco a sua utilização por gerações que ainda estão por vir. Além disto, preservando o

meio ambiente e combatendo seu uso indevido, poderá se continuar o ciclo benéfico

envolvendo o meio ambiente e o turismo, de maneira sustentavelmente correta.

Na presente esfera apresentada, surge o que se costuma denominar de turismo

sustentável. Segundo Petrocchi (1998, p. 63):

O equilíbrio entre promoção e preservação é fundamental. A agressão ao meio – em uma visão integral, física e social – pode trazer prejuízos severos para um núcleo turístico, muitas vezes irreversíveis. Por isso as diretrizes do turismo sustentável são imprescindíveis na gestão do turismo.

Torna-se claro a evolução dos conceitos referentes à área turística ao longo dos

tempos. O que antes apenas se caracterizava por um deslocamento, hoje se estrutura em

fundamentos inteligentes como a questão da tecnologia e da sustentabilidade.

Por deslocar-se entende-se o ato praticado por pessoas que mudam de cidade, região ou país, que vão morar em outros locais, sem retorno imediato ao ato de origem. Não importam as condições dos meios de transporte e de acomodação, pois o deslocamento acontece para atender às necessidades das pessoas por motivo de mudança de emprego, questões familiares, segurança etc. Por outro lado, viajar é o ato de deslocar-se temporariamente de um lugar para outro, sempre com a intenção de retornar, de voltar à origem. Finalmente, fazer turismo pressupõe uma viagem temporária que exige infra-estrutura adequada (OLIVEIRA, 2005, p. 37).

O termo turismo remete-se a fatores como lazer, deslocamento e férias. Pode-se

perceber, porém, que, com o desenvolvimento da atividade, outras vertentes foram se

destacando neste contexto, também acabando por se inserir nos conceitos referentes ao

turismo.

A Organização Mundial do Turismo (OMT) conceituava, até então, a atividade

turística como sendo o fenômeno que ocorre quando um ou mais indivíduos se trasladam a

um ou mais locais diferentes de sua residência habitual por um período maior que 24 horas e

menor que 180 dias, sem participar dos mercados de trabalho e capital dos locais visitados.

Porém, com os avanços detectados na área, pode-se perceber uma evidente evolução neste

sentido. Atualmente, a mesma OMT refere-se à atividade turística como sendo aquela que

30

“[...] compreende as atividades que realizam as pessoas durante suas viagens e estadas em

lugares diferentes ao seu entorno habitual, por um período consecutivo inferior a um ano, com

a finalidade de lazer, negócios ou outras” (OMT, 2001, p. 37).

A partir do momento em que o processo de definição do turismo se torna claro, os

objetivos traçados como forma de desenvolvimento da atividade se tornam facilmente mais

atingíveis, de modo que haja uma preservação sustentavelmente perene, fazendo com que

todas as ações a serem praticadas sejam realizadas de maneira mais eficiente e pró-ativa,

maximizando os benefícios e diminuindo consideravelmente os prejuízos. Para que isto possa

ocorrer de maneira positiva, torna-se necessário todo um entendimento de termos como

planejamento em seu contexto amplo e, ainda, de maneira específica inserido na atividade

turística.

3.2 Planejamento turístico

Todas as atividades que se destacam na economia necessitam de planejamento.

Mesmo os gestos mais simples do cotidiano acabam sendo planejados de modo que tudo

ocorra de maneira satisfatória e proveitosa.

A principal lacuna a ser respondida no quesito planejamento é quais as ações que

serão tomadas a fim de obter êxito em quaisquer atividades.

Acompanha as ações, propõe modificações, orienta os investidores, cuida da manutenção das decisões tomadas, evita que haja desvios de objetivos. É uma linha central que deverá servir para manter o equilíbrio entre as duas linhas externas, a fim de que não faltem recursos financeiros e técnicos. Deve controlar o crescimento da oferta em relação à procura [...] (OLIVEIRA, 2005, p. 194-195).

A questão do planejamento frente às ações turísticas é imprescindível. Torna-se

profundamente necessária toda uma preocupação racional na forma e maneira como os

recursos turísticos serão utilizados, em âmbito ambiental, social e profissional.

Nas últimas décadas, a atividade turística vem ganhando propulsão, de forma a se

tornar, em muitos casos, o principal segmento econômico de regiões que viram no turismo

uma poderosa fonte de renda.

31

É ponto pacífico reconhecer no turismo uma alternativa poderosa de desenvolvimento sustentado. Para sua evolução, torna-se necessário o envolvimento do poder público, dos empresários, produtores rurais, estudantes e toda a população. Investir em turismo é estar respaldado em uma tendência histórica mundial de crescimento firme e regular [...] (PETROCCHI, 1998, p. 16).

É por se pensar nas gerações futuras, bem como na qualidade de vida dos que vivem

na atualidade e na sobrevivência da área do turismo, que torna-se importante planejar as ações

que envolvem o setor. É nesta vertente que se situa o planejamento turístico, onde um dos

principais conceitos trabalhados é a questão da sustentabilidade.

Segundo Ruschmann (1997, p. 09), a finalidade do planejamento turístico consiste em

ordenar as ações do homem sobre o território e ocupa-se em direcionar a construção de

equipamentos e facilidades de forma adequada evitando, dessa forma, os efeitos negativos nos

recursos, que os destroem ou reduzem sua atratividade.

Um dos principais campos que ilustram a importância do planejamento do turismo é a

questão da comunidade. Nota-se a imprescindível participação da comunidade do entorno no

momento de se expor as finalidades e os objetivos a serem trabalhados no setor turístico da

região.

O planejamento deve envolver toda a comunidade do núcleo turístico; a participação das pessoas do local é imprescindível para o desenvolvimento do turismo, pois significa a conscientização da população para a importância dessa atividade. Sem a participação e o firme engajamento da comunidade, não há como pensar em crescimento do turismo (PETROCCHI, 1998, p. 69).

Outro fator a ser considerado no contexto do planejamento turístico é o seu caráter

multidisciplinar. Por ser uma área vasta, que abriga diversos segmentos, torna-se necessário

recorrer a auxílios de outras ciências, tais como a estatística, a economia, a administração, o

marketing, a engenharia, a publicidade, entre outras (PETROCCHI, 1998, p. 90).

A questão ambiental se evidencia no momento do planejamento turístico. Deve-se

repensar constantemente as ações que possam vir a degradar o meio ambiente, uma vez que a

paisagem é um dos principais motivadores do turismo no contexto apresentado. Também

verifica-se a importância da sustentabilidade frente às gerações futuras, onde tem-se a

preocupação de se manter um ambiente propício para a continuação da atividade futuramente.

[...] Muitos governos passaram a considerar o turismo como a “tábua de salvação” para a economia de seus países e estimularam a implantação da atividade sem considerar as adequações necessárias às dimensões, ao tipo e ao nível do desenvolvimento da nação. Nos últimos anos, percebe-se uma conscientização maior no sentido de avaliar se o desenvolvimento do turismo ocorrerá sem

32

comprometer outros aspectos da economia, ou se criará novos problemas, relacionados com o meio ambiente natural e sociocultural. Além disso, buscam-se caminhos que não enfatizem apenas o retorno econômico da atividade, mas também o bem estar da nação (RUSCHMANN, 1997, p. 41).

Uma das questões que podem desenvolver ou atravancar o processo de planejamento

turístico é a gestão pública encontrada. O ideal seria firmar-se parcerias vantajosas, como o

poder público, a iniciativa privada, o trade turístico, a comunidade e a academia.

Uma das principais dificuldades para a implantação de um projeto global de desenvolvimento turístico em localidades receptoras é a total ausência do encadeamento e da gestão local da atividade, que permite a ação de agentes do turismo, públicos ou privados, que façam prevalecer a noção de empresa, extensiva a toda a localidade. Isto é, a localidade passa a ser o produto posto no mercado, sem considerar seus recursos e equipamentos de forma isolada. (RUSCHMANN, 1997, p. 33).

Pode-se perceber, portanto, dentro do cenário turístico atual, a importância da

atividade do planejamento. Apesar de o turismo ser, nos dias atuais, uma excelente fonte de

renda pra diversas localidades, não se pode negligenciar fatores como sustentabilidade e

deterioração. Além dos fatores econômicos, deve-se, incessantemente, se preocupar com

questões ambientais e sociais. Só assim a atividade turística continuará crescendo de maneira

benéfica e sustentável.

3.2.1 Sistema de turismo (SISTUR)

Tendo em vista a questão do planejamento inserido na atividade turística, torna-se

necessário definir em que se constitui um sistema que busque a interação onde o maior alvo

seja a execução de ações que objetivem o alcance de metas anteriormente propostas.

A partir deste momento, pode-se definir o SISTUR – Sistema de Turismo – onde este

organiza uma interação do turismo em toda sua abrangência, nas dimensões qualitativas e

quantitativas e suas relações com áreas exteriores, tais como a ambiental, por exemplo.

Segundo BENI (2001, p.44) estabelece todo o seu pensamento a partir da definição do

SISTUR ou do sistema de turismo:

Organizar o plano de estudos da atividade de turismo, levando em consideração a necessidade, há muito tempo demonstrada nas obras teóricas e pesquisas publicadas em diversos países, de fundamentar as hipóteses de trabalho, justificar posturas e princípios científicos, aperfeiçoar e padronizar conceitos e definições, e consolidar condutas de investigação para instrumentar análises e ampliar a pesquisa, com a conseqüente descoberta e desenvolvimento de novas áreas de conhecimento em turismo.

33

Para que a atividade turística ocorra de maneira eficiente, sustentável e positiva deve-

se haver o apoio de todos os que se envolvem na área. Para que o turismo se desenvolva

corretamente, deve-se haver participação e apoio dos setores público e privado. Além disto, a

presença da comunidade é de extrema importância para o desenvolvimento da atividade.

O turismo apresenta-se como uma atividade abrangente, ampla e complexa, onde

diversas outras subáreas nela se relacionam, tais como a hotelaria, o transporte, os eventos,

entre outros. Além disto, há um agravante que evidencia ainda mais a necessidade de um

sistema de turismo eficaz, que se define na fragilidade do turismo e que se mostra sujeito a

variáveis internas e externas. Na figura abaixo, Beni (2001, p. 48) ilustra de uma maneira

interessante a inter-relação dos conjuntos presentes na operacionalização do SISTUR.

FIGURA 1 – Sistema de Turismo (SISTUR) – Modelo Referencial

Fonte: Beni (2001, p.48).

Diante da figura anteriormente apresentada, o autor relaciona três grandes conjuntos

que o compõe: Conjunto das Relações Ambientais, composto pelos subgrupos ecológico,

social, cultural e econômico; Conjunto da Organização Estrutural – OE, composto pela

superestrutura e pela infra-estrutura; e, finalmente, o Conjunto das Ações Operacionais,

composto pela oferta, mercado, demanda e distribuição.

34

Desta forma, Beni retrata os cenários influenciados pelo turismo e sua inter-relação. A

Organização Mundial do Turismo (OMT, 2003, p. 32-33) também se refere ao Sistema de

Turismo, porém ressaltando sua característica funcional, onde se destacam como fatores

principais a oferta e a demanda. A demanda se constitui, segundo a organização, nos

mercados turísticos existentes e potenciais, em âmbito nacional e internacional. Já a oferta

compreende o desenvolvimento turístico de atrativos, transportes, instalações e serviços, e a

promoção do turismo propriamente dito. Tal discussão pode ser melhor visualizada na figura

abaixo:

FIGURA 2 – Sistema Turístico Funcional

Fonte: OMT (2003, p. 33).

Uma das vertentes de maior importância dentro do contexto de sistema de turismo

seria o planejamento e a conseqüente execução do desenvolvimento do turismo enquanto

produto, preparando diretrizes que venham a angariar benefícios, inclusive na preparação de

um plano de marketing integral.

O SISTUR, além de propor uma maior organização da atividade turística, identifica as

características dos fatores de motivação de viagens e a escolha da área turística e as classifica.

35

Há também um inventário, que sistematiza os potenciais turísticos ambientais e culturais de

forma a realizar uma exploração racional das atividades relacionadas ao turismo,

consolidando, desta forma, o conceito de turismo sustentável. Pode-se ainda perceber a

fundamental importância do SISTUR no momento de se dimensionar a oferta existente,

qualificar a demanda, formular diretrizes de reorientação de programas de ação a fim de

determinar o planejamento estratégico, analisar a importância econômica do turismo, entre

outros tantos objetivos relacionados ao desenvolvimento do Sistema de Turismo (BENI,

2001, p. 46).

Deve-se ressaltar a importância em se estabelecer um equilíbrio sensato dos

componentes do Sistema de Turismo, de modo que todos os objetivos sejam alinhados com a

coerência para que sejam bem-sucedidos durante todo o processo.

Não se analisa ou se mede o sistema, quer no todo, quer em suas partes: a mensuração incide sobre as qualidades atribuídas a ele e a seus elementos. Não se mede o turismo, mas o fluxo de pessoas que se deslocam para determinada área receptora, o grau, a extensão e a participação nas várias atividades de recreação, o número de UH`s ocupadas ou em oferta, as taxas de ocupação ou de ociosidade. Identificam-se: a área de captação do consumidor, os meios de transporte utilizados e a motivação para a viagem, o tempo de permanência na destinação, a freqüência da visita, os equipamentos receptivos solicitados, as preferências e necessidades do consumidor e a estrutura de gastos na viagem, da origem ao destino. Todas essas variáveis endógenas do sistema, somadas a outras, exógenas, são utilizadas para explicar e dimensionar o fenômeno do turismo. (BENI, 2001, p. 29).

Pode-se perceber, portanto, a extrema necessidade de se utilizar um planejamento do

Sistema de Turismo, de modo que a atividade turística em si se beneficie, fazendo com que o

turismo continue progredindo de maneira sustentavelmente correta, além de se conseguir

absorver todos os aspectos relevantes do fenômeno turístico, no âmbito social, ambiental,

econômico e profissional.

3.2.2 Desenvolvimento turístico sustentável

Diante de uma realidade global cada vez mais adepta de conceitos de sustentabilidade,

pode-se perceber a extrema necessidade de diretrizes que norteiem o processo de

desenvolvimento turístico em cada região.

Tendo em vista o desenvolvimento do turismo enquanto atividade, não se pode ocultar

o envolvimento de um conjunto de personagens tais como comunidade, trade turístico,

governo e a cidade enquanto mercado receptor.

36

A partir do momento que se implanta um projeto relacionado ao turismo, além dos

rápidos benefícios econômicos percebidos, deve-se deter certa precaução com outras áreas

envolvidas na multidisciplinaridade dos agentes percebidos no contexto turístico, de modo a

acrescentar valores benéficos a todos os envolvidos.

Cabe ressaltar a definição do chamado turismo sustentável. Segundo Novaes (apud

OLIVEIRA, 2005, p. 199):

Turismo sustentável é o desenvolvimento racional do turismo sem deteriorar o meio ambiente, utilizando os recursos no presente e não comprometendo as necessidades de atender às gerações futuras. Há necessidade de um equilíbrio entre a preservação dos recursos e sua utilização, promovendo a conservação ambiental, seja natural ou sociocultural.

O turismo se constitui em uma das áreas da economia que movimentam boa parte da

receita gerada no Brasil. Segundo a OMT (Organização Mundial do Turismo, 2003), o

turismo se constitui no segundo setor em investimentos no mundo – com US$ 6,7 bilhões de

investimentos em 2001, sendo o responsável, ainda no mesmo ano, por 6% do PIB global e

pelo movimento de 699 milhões de pessoas ao redor do mundo. Diante desta realidade, pode-

se perceber a aliança estratégica entre o turismo e a sustentabilidade, de modo que a atividade

tenda a crescer ainda mais, contribuído para a preservação do meio ambiente, da sociedade, da

cultura e do entorno. Ainda em relação ao conceito de turismo sustentável, a mesma

Organização Mundial do Turismo (OMT, 2003), descreve:

O desenvolvimento do turismo sustentável atende às necessidades dos turistas de hoje e das regiões receptoras, ao mesmo tempo que protege e amplia as oportunidades para o futuro. É visto como um condutor ao gerenciamento de todos os recursos, de tal forma que as necessidades econômicas, sociais e estéticas possam ser satisfeitas sem desprezar a manutenção da integridade cultural, dos processos ecológicos essenciais, da diversidade biológica e dos sistemas que garantem a vida.

Percebe-se a extrema importância de todos os envolvidos no processo turístico que

acabam se refletindo no termo de sustentabilidade. Há evidências de necessidades econômicas

no turismo, mas não se deve omitir fatores como a inevitabilidade das questões comunitárias,

sociais, culturais e ecológicas, entre outras.

O desenvolvimento do turismo sustentável pode satisfazer as necessidades econômicas, sociais e estéticas mantendo, simultaneamente, a integridade cultural e ecológica. Pode ser benéfico para os anfitriões e para os visitantes enquanto protege e melhora a mesma oportunidade para o futuro. Estas são as boas noticias (NOVAES apud OLIVEIRA 2005, p. 199).

37

A atividade turística é, inquestionavelmente, interdependente de ambientes naturais e

culturais, portanto, torna-se imprescindível um tratamento de tais locais, não somente como

responsáveis em parte pelo ato de desenvolvimento da atividade, como também encará-los

como constituintes do patrimônio comum da humanidade, sendo de direito de todos presentes

e daqueles que irão compor a esfera global posteriormente.

O turismo enquanto atividade pode gerar uma série de impactos positivos que venham

a contribuir para o seu crescimento, bem como para o advento de uma série de benfeitorias

para a região na qual está inserido. O turismo pode contribuir para a revalorização do entorno

natural de uma região, uma vez que a figura paisagística de determinada localidade se

constitui numa potencial fonte de movimentação de turistas.

Deve-se prestar minuciosa atenção ao desenvolvimento da atividade turística, de modo

que ela não colabore para a exclusão social, degradação ambiental e descaracterização da

cultura local.

Algumas outras reflexões se fazem necessárias diante do cenário de desenvolvimento

turístico sustentável (FRAGA, 2003)2:

• O compromisso com a irreversibilidade do processo de transformação do turismo, o que

remete à responsabilidade de todos os atores envolvidos no desenvolvimento de um

destino turístico;

• A falta de atenção ao principal ator do planejamento turístico em relação ao elemento

central do processo – o próprio turista, considerando seus desejos e suas motivações;

• O panorama de um planejamento de dimensões socioeconômicas em âmbito regional

integrado;

• A atenção para que a inspiração de experiências internacionais de sucesso não impeça, no

caso brasileiro, o planejamento de construir um modelo nacional “com impressão digital

própria” que incorpore a riqueza de nossa diversidade sócio-cultural e ambiental;

Segundo Fraga, 2003, a reunião de princípios éticos associados ao conceito de

sustentabilidade deve levar o desenvolvimento da atividade turística a uma “nova forma de

2 Retirado da publicação “Turismo e desenvolvimento sustentável” disponível em <http:// www.turismo.gov.br>. Acesso em 04 set. 2006.

38

pensar a democratização de oportunidades e benefícios, e a um novo modelo de

implementação de projetos centrado em parceria, co-responsabilidade e participação”.

Pode-se notar que, além de toda a problemática ambiental envolvida no processo de

planejamento turístico, conforme já mencionado, existem outros impactos que se tornam

extremamente maléficos quando não previstos e/ou contornados. Uma destas vertentes a ser

considerada é a questão da comunidade do entorno frente à implantação e desenvolvimento do

turismo na região apresentada.

Segundo a OMT (2003, p. 30-31), o turismo pode agregar valores benéficos ou

maléficos a uma determinada comunidade. Dentre os benefícios substanciais que a atividade

turística pode levar às comunidades cita-se: a geração de novos empregos, o investimento do

capital local, o desenvolvimento de um senso empresariado local, o rendimento de impostos

locais a fim de realizar melhorias infra-estruturais, o desenvolvimento de novos mercados

potenciais, entre tantos outros.

Quando os turistas gastam dinheiro, eles criam uma reação em cadeia que produz benefícios econômicos adicionais. Comerciam com empresas que adquirem ofertas e serviços do local e de outros lugares. A empresa, por sua vez, adquire ofertas e serviços necessários para sua operação e, através de sucessivos círculos de aquisição, as despesas diretas iniciais dos visitantes espalham e multiplicam-se por toda a economia local e regional (OMT, 2003, p. 31).

Quando o turismo não é desenvolvido tendo em vista a sustentabilidade ambiental,

cultural e social, poderá se desencadear uma série de problemas tais como: poluição do ar e da

água, congestionamentos no trânsito, despreocupação com a capacidade de carga, degradação

cultural e perda do senso de identidade local, entre outros. A partir deste momento, torna-se

mais facilmente visualizada a importância do desenvolvimento turístico sustentável, para que

eventuais problemáticas não ocorram, ou ainda, que os problemas já estabelecidos sejam

contornados e resolvidos.

O turismo se destaca como atividade economicamente bem sucedida. Porém, além dos

benefícios econômicos/financeiros da atividade turística, pode-se perceber a presença de

benefícios sociais, no momento da geração de novos postos de trabalho, bem como a

ampliação do mercado já existente. A notável melhoria da infra-estrutura de entretenimento e

de lazer, por exemplo, também se constitui em um dos benefícios que a atividade turística

transfere ao entorno onde é estabelecida de maneira correta. Com o aparecimento do turismo,

cresce a demanda por produtos e serviços, e conseqüentemente, desenvolve-se o comércio,

empregando pessoas, gerando renda para o município, atraindo investimentos nas áreas

39

envolvidas, incrementando, desta forma, o coeficiente social tanto para quem trabalha

diretamente com o turismo – hotéis, restaurantes, agências de viagens – ou para quem trabalha

indiretamente – estruturas de apoio – e, ainda, para a sociedade em geral.

O turismo oferece excelentes oportunidades e alternativas aos seus investidores, tanto

na qualidade de oferta quanto no volume da demanda, além de motivar o bem-estar social,

contribuindo para uma melhor qualidade de vida da comunidade local.

Segundo Sancho (2001, p. 246), o turismo sustentável é desenvolvido tendo como

principais objetivos:

• Melhorar a qualidade de vida da população local, das pessoas que vivem e trabalham no

local turístico;

• Prover experiência de melhor qualidade para o visitante;

• Manter a qualidade do meio ambiente da qual depende a população local e os visitantes;

• A efetivação de aumento dos níveis de rentabilidade econômica da atividade turística para

os residentes locais;

• Assegurar a obtenção de lucros pelos empresários turísticos. Em suma, o negócio turístico

tem de ser rentável, caso contrário, os empresários esquecerão o compromisso de

sustentabilidade e o equilíbrio será alterado.

Dentro do cenário mercadológico turístico, pode-se observar benefícios que se

agregam à localidade quando o turismo é trabalhado de maneira sustentavelmente correta. O

desenvolvimento de outras formas de economia, como o comércio, por exemplo, agregam

benfeitorias à cidade, que vê sua economia um pouco mais ampliada.

Quando a atividade turística não se preocupa com as conseqüências refletidas no meio

ambiente, ou ainda nos impactos transferidos negativamente nas culturas e relações sociais,

cria-se uma espécie de subversão e torna-se inviável o processo de desenvolvimento

sustentável das áreas atingidas pelo seu crescimento.

A manutenção da sustentabilidade do turismo requer o gerenciamento dos impactos ambientais e socioeconômicos, o estabelecimento dos indicadores ambientais e a conservação da qualidade do produto e dos mercados turísticos. Através de um bom planejamento, desenvolvimento e gerenciamento do turismo, é possível minimizar seus impactos negativos; porém, a fim de assegurar a sustentabilidade do turismo, o

40

desenvolvimento turístico deve ser continuamente monitorado, e ações devem ser tomadas, caso apareçam problemas (OMT, 2003, p. 104).

O turismo sustentável faz desenvolver uma atividade substancialmente adequada ao

bem-estar dos envolvidos no processo. O trade se beneficia tendo em vista o desenvolvimento

de suas atividades, angariando lucros e fazendo com que o ciclo de seus serviços seja sempre

repetido sustentavelmente. A localidade, por sua vez, vê um incremento na sua economia, da

mesma forma que a sua constituição natural se preserva, fazendo com que seus habitantes

tenham uma qualidade de vida respaldada. A comunidade ganha novos postos de serviço,

melhorias na infra-estrutura de sua localidade e espaços para o lazer e o entretenimento.

O desenvolvimento sustentável do turismo, portanto, é uma excelente forma de se

desenvolver a atividade, de forma a angariar benefícios econômicos locais, minimizando as

problemáticas envolvidas, bem como fazendo com que os turistas que cheguem a visitar a

região se envolvam de maneira benéfica, dando continuidade a ampliação econômica, mas

não esquecendo de fatores de extrema importância como a cultura e a identidade dos que ali

residem. Desta forma, comunidade, investidores, profissionais e turistas sairão satisfeitos da

relação desenvolvida.

3.3 Tipos de turismo

Em virtude da atividade turística ser segmentada em diversos nichos que acabam por

se constituir em esferas delimitantes de gêneros e estilos, pode-se encontrar definições

distintas de diferentes tipos de turismo.

É caso comum as pessoas adeptas à prática da atividade turística realizarem-na de

forma a usufruírem momentos únicos que variam conforme o gosto de cada qual.

É dentro deste cenário que se inserem os tipos de turismo, abordados por diferentes

autores que possuem características próprias e que fazem a subdivisão de acordo com suas

peculiaridades.

Além disso, torna-se extremamente importante salientar a definição dos tipos de

turismo, tendo em vista as características que se enquadram em cada região. Desta forma,

41

questões como planejamento, desenvolvimento e investimento se tornam mais claras e

objetivas.

Um dos principais e mais conhecidos tipos da atividade turística é o Turismo de Lazer.

É o mais realizado em virtude da busca por prazer, descanso, relaxamento, entre outros.

Segundo Oliveira (2005, p. 78), essa tipologia do turismo pode ser praticado em quaisquer

lugares e seus clientes buscam novas paisagens e novas atrações. Normalmente viajam de

carro com a família ou em excursões.

Um outro tipo de turismo que vem se expandindo ultimamente no Brasil é o chamado

Turismo Rural. Tendo em vista as grandes áreas agrícolas encontradas em território nacional,

pode-se perceber o grande potencial da atividade relacionada ao turismo.

[...] o turismo rural possibilita a entrada de turistas de outros países, pois as diferentes culturas de outros países, como, por exemplo, a européia e a japonesa, apreciam muito esse tipo de atividade. Portanto, além das características dos atrativos naturais, podem-se desenvolver os serviços ampliados, como a gastronômica local, oferecendo pratos típicos, além de agregados, como souvernirs via artesanato, bordados, costumes e tradições, cultura (turismo cultural), pesca e caça (se a legislação permitir), entre outros (KUAZAQUI, 2000, p. 54).

O Turismo Religioso é um excelente exemplo de atividade que se remonta aos

primórdios do exercício do turismo. Pessoas adeptas à religião vêem nas atrações

proporcionadas através do Turismo Religioso uma das motivações no momento em que

decidem viajar.

Segundo Oliveira (2005, p. 54-55), o Turismo Religioso é praticado por pessoas

interessadas em visitar locais sagrados. A Gruta de Fátima (Portugal), a cidade de Lourdes

(França), Medjugorje (Iugoslávia), as cidades santas, como Jerusalém (Israel), Meca (Arábia

Saudita), Aparecida do Norte (Brasil) são locais religiosos que recebem um grande número de

turistas peregrinos durante todas as épocas do ano.

Pode-se perceber a extrema necessidade que pessoas ligadas a religião demonstram

por questões como devoção no decorrer dos tempos. Torna-se surpreendente relatos históricos

que evidenciam a prática do turismo religioso antes mesmo do nascimento de Cristo.

É certo que o turismo religioso existiu muito antes do Cristianismo. A devoção a uma religião esteve na origem das viagens de povos antigos, como os egípcios, gregos e judeus. Viagens por motivos religiosos já existiam, por exemplo, na Índia e na Ásia, antes do nascimento de Cristo. [...] O turismo religioso na Europa é um bom exemplo de como uma infra-estrutura desenvolvida para uma forma de turismo pode ser usada, no futuro, para outro tipo de turismo. As grandes catedrais que foram construídas como símbolos e lugares para devoção e peregrinações são hoje atrações meramente paisagísticas para o turismo de pacotes. Eventos de grande

42

importância religiosa, como as procissões pelas ruas de cidades com santos padroeiros, tornam-se entretenimento para turistas (HORNER; SWARBROOKE, 2002, p. 60-61).

Um excelente exemplo de tipologia turística que vem crescendo cada dia mais no

Brasil e que, especialmente, na cidade de Florianópolis tornou-se agente de combate à

sazonalidade é o Turismo de Eventos.

O Turismo de Eventos é uma das práticas mais disputadas entre os países, uma vez

que gera uma receita inigualável. Além disso, devido à grande movimentação de pessoas

oriundas de diversas localidades, tem-se uma considerável procura por produtos relacionados

ao turismo como, por exemplo: passagens aéreas, hospedagens, reserva em espetáculos e

restaurantes, entre outros.

Inserido no contexto do Turismo de Eventos, pode-se encontrar diferentes espécies a

este relacionado. Segundo Oliveira (2005, p. 80-83), o Turismo de Eventos pode ser

classificado em: Congressos, Convenções, Seminários, Mesas redondas, Simpósios, Painel,

Conferências, Fórum, Colóquio, Palestra, Exposições, Salões, Feiras, Mostras, Encontros,

Festas, Festivais, Shows e Workshops.

Outro tipo de turismo é o chamado Turismo de Aventura. Este caracteriza-se pelo

oferecimento de emoções radicais a quem o pratica. Estão inseridas neste contexto atividades

como o rafitng, o rapel, o arvorismo, o balonismo, entre outros. Atualmente, a definição

adotada pelo Ministério do Turismo é a seguinte: "as atividades turísticas decorrentes da

prática de atividades de aventura de caráter não competitivo”.

Estão no grupo os que viajam longas distâncias para descer rios com corredeiras em balsas infláveis (rafting), subir aos céus em balões ou se aproximar ao máximo da cratera de vulcões ativos. Estão nesse grupo os alpinistas, bem como os ‘caçadores’ de grutas. São atividades praticadas em locais inóspitos que, por este fato, tornam-se mais atraentes e emocionantes (OLIVEIRA, 2005, p. 86-87).

O Turismo Cultural é uma das formas de turismo que apresenta como intuito a busca

incessante de formas de cultura, história, costumes e tradições. Normalmente, é praticado por

pesquisadores, comunidade acadêmica, arqueólogos e cientistas que buscam, em suma, novos

conhecimentos.

Esse tipo de turismo tem um público muito especifico. A atração cultural passa a ser a única motivação para visitar um país. O Egito é um exemplo disso. Procurado sobretudo por seus monumentos históricos, como as Pirâmides, a Esfinge e o Museu Nacional, no Cairo; e ainda, os Templos de Luxor, Karnak e o Vale dos Reis, em Luxor, onde foram encontradas as tumbas dos faraós. Não fosse por esse

43

aspecto, o Egito não teria um movimento turístico tão intenso (2,8 milhões de turistas por ano) e não estaria colocado em 36º lugar no ranking mundial dos países turísticos, cuja principal fonte de renda, depois do petróleo, é o turismo (OLIVEIRA, 2005, p. 85 e 86).

Há outros tantos tipos de turismo utilizados por vários autores, tais como: Turismo

de Águas Termais, Turismo Desportivo, Turismo de Juventude, Turismo Social, Turismo

Ecológico, Turismo de Compras, Turismo Gastronômico, Turismo de Incentivo, Turismo da

Terceira Idade (também chamado de Turismo da Melhor Idade), Turismo de Intercâmbio,

Turismo de Cruzeiros Marítimos, Turismo de Negócios, Turismo Técnico, Turismo GLBTS

(gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros), Turismo de Saúde, Turismo Étnico e Nostálgico,

entre outros.

Em virtude da atual transição para a Sociedade do Conhecimento, há uma tendência

em tipologias ainda pouco exploradas e que em muito poderão contribuir para o

desenvolvimento da atividade turística. Pode-se citar o Turismo de Experiência como um

excelente exemplo de inovação na área do turismo. Este consiste na ida a lugares que

transmitam aos turistas novas sensações, novos aromas e novas excitações (MENDIZABAL,

2004)3.

Um outro exemplo de potencialidade no setor turístico em desenvolvimento é o

chamado Turismo do Conhecimento, que tende a agregar valores e benefícios à atividade

como um todo.

O Turismo do Conhecimento é uma área pouco explorada no Brasil. Apresenta sua

equivalência no inglês através do termo “knowledge based tourism” e, ainda assim,

apresentam documentações limitadas a respeito do referido assunto.

Torna-se necessário, porém, enfatizar algumas das importâncias que não devem ser

esquecidas nem posteriormente analisadas. Cabe ressaltar, porém, a única menção ao Turismo

do Conhecimento encontrada. Este conceito turístico consiste na criação de atividades e locais

que atraiam turistas do conhecimento, ou seja, pessoas que buscam não só conhecer o país,

mas também trocar idéias e capital intelectual com indivíduos da mesma área profissional

(EDVINSSON, 2006)4.

3 Pesquisa realizada na Revista Turismo, disponível em <http://www.revistaturismo.com.br>. Acesso em 01 set. 2006. 4 Conceito retirado do site português Expresso Emprego, disponível em <http://expressoemprego.clix.pt/>. Acesso em 01 set. 2006.

44

O autor da citação, Leif Edvinsson nasceu na Suécia e é considerado uma espécie de

“mestre” do capital intelectual. Apresenta-se como diretor da Skandia, uma companhia de

seguros e serviços financeiros, com capital na Suécia.

Torna-se necessário, entretanto, que o conceito seja revisto de forma que agregue

ainda mais melhoramentos e que se enquadre perfeitamente nas características benéficas

encontradas no turismo atual, ou mesmo que venham a agregar valores ainda não debatidos.

O conceito de Turismo do Conhecimento acaba por inserir características de outras

formas de turismo, tais como:

• Turismo Cultural;

• Turismo Histórico

• Turismo de Experiência;

• Turismo Pedagógico / Educacional;

• Turismo Ecológico;

• Turismo de Eventos, entre outros.

Tem-se notícia do Turismo do Conhecimento ser debatido durante uma mesa redonda

ocorrida em um evento realizado em Seul, Coréia, no dia 25 de setembro de 2001, e

apresentado pelo Sr. Clive B. Jones, vice-presidente sênior da “Economy Research

Associates”. Dois dos grandes enfoques do Turismo do Conhecimento, segundo Jones,

consiste nos fatores capital humano e tecnologia.

O Turismo do Conhecimento começa a iniciar debates acerca de seu assunto. Ao redor

do mundo são poucos os paises que chegam a fazer menção a tal denominação, destacando-se,

segundo Jones (2001, p. 03), o Canadá e a Coréia.

De acordo com os canadenses, o conhecimento se constitui em uma oportunidade

global, destacando-se o cérebro como recurso preliminar. Já os coreanos confirmam a eficácia

do Turismo do Conhecimento enquanto negócio lucrativo. De 1991 a 1999, a taxa de

crescimento de indústrias baseadas no conhecimento na Coréia era 13.7%, muito mais elevada

do que os 4.1 % de outras indústrias5.

5 Dados retirados do documento “Knowledge Based Tourism World Tourism Organization Round Table”, disponível em: <http://www.econres.com>. Acesso em: 12 set. 2006.

45

Segundo a mesa redonda em questão, há excelentes oportunidades para o

desenvolvimento do Turismo do Conhecimento. Em virtude da inserção da ciência e da

tecnologia acerca de assuntos cada vez mais variados, percebe-se a sua extrema influência

também no turismo. A tecnologia insere-se neste contexto no momento em que facilita a troca

de fluídos entre consumidores, fornecedores e empresas, viabilizando maiores

disponibilidades de contatos com as informações pertinentes, tornando o conhecimento um

grande aliado no desenvolvimento da atividade turística enquanto negócio.

Os novos destinos internacionais, segundo o debate realizado no referido encontro,

incluem países como a China, o Vietnam, países do Oriente Médio, norte da África, Europa

Oriental e América Latina. Também citam-se novos desenvolvimentos em destinos já

estabelecidos e consolidados. Estas novas vertentes acabarão por aumentar a escala das

experiências oferecidas aos visitantes em potencial. O papel das cidades expandirá de uma

visita de duas ou três noites a uma integração de experiências urbanas com uma passagem à

excursões rurais ou de interesses especiais

Observam-se algumas localidades também emergentes, incluindo aqui as novas

potências econômicas da Ásia (Coréia, Formosa, Hong Kong, Singapura e Malásia). O

crescente número de viajantes originários dos países emissores, que apresentam grandes fatias

da população (Índia, China, Indonésia, Brasil, Argentina, México, e, em alguma extensão, os

países europeus orientais), entretanto, continuarão a dominar o desenvolvimento do lazer e do

entretenimento global. China, porém, será uma exceção. Embora seu foco atual consista no

turismo doméstico, logo esta se transformará em um mercado dominante para o curso

regional, particularmente aos destinos com fortes laços étnicos.

Os consumidores se mostram mais exigentes e seletivos. Os destinos de lazer terão

que oferecer atividades melhores e mais variadas para acomodar a escala de interesses cada

vez mais ampla desejados pelo consumidor individual e por sua família.

“Os novos consumidores querem ser envolvidos e aprender novas experiências, para

interagir com a comunidade, e para aprender e apreciar o destino em mais que um nível

superficial (JONES, 2000, tradução minha)6”.

6 Retirado do The New Tourism And Leisure Environment, disponível em: <http://www.econres.com>. Acesso em: 20 set. 2006. “The new consumers want to be involved and to learn new experiences, to interact with the community, and to learn about and appreciate the destination at more than a superficial level”.

46

Dentro destas novas informações, percebe-se a importância de termos que remetem a

um embasamento referente ao Turismo do Conhecimento. Pode-se citar, nesse contexto,

aspectos como a ciência, a tecnologia e a inovação, que auxiliarão e darão maiores firmações

no desenvolvimento de uma questão tão atual e instigante.

3.4 Ciência, tecnologia e inovação

Um dos assuntos mais debatidos na sociedade atual é o termo “inovação”. Com o

passar dos anos, o mundo se deparou com a descoberta de novos protótipos de idéias que

objetivam, resumidamente, um maior e mais completo desenvolvimento de todos e quaisquer

ramos da atualidade. Alguns exemplos que se pode citar são as invenções que mudaram

consideravelmente o modo de vida da população, como por exemplo, o televisor, o telefone e

o computador, que iniciaram a chamada “Era da Informação” ou “Era do Conhecimento”.

A Era da Informação começa a ser esboçada, em verdade, com as invenções do

telefone no ano de 1876, por Alexander Grahan Bell, e do rádio, por Guglielmo Marconi, em

1898. No entanto é a microeletrônica, e, conseqüentemente, o computador, que ilustram

eficientemente essa era (MASUDA, 1982, p. 67; CASTELLS, 2000, p. 58-9).

Na área cientifica e tecnológica, temos vários exemplos de mudanças de paradigma que revolucionaram a maneira de pensar, sentir, explicar e o fazer do homem: a invenção da máquina a vapor, que proporcionou o surgimento da indústria moderna; a do microscópio, que revolucionou o conhecimento da biologia e da medicina; a do automóvel, que alterou drasticamente a vida do homem e o traçado das cidades; a da eletricidade, que revolucionou os processos de produção; a do computador, que vem revolucionando o mundo da comunicação e da informação; a descoberta da teoria da relatividade e da física quântica, que vem modificando a forma de pensar o mundo natural (LUNARDI, 1997, p. 07).

A globalização se constitui como uma das ferramentas da inovação e da modernidade.

Áreas como a comunicação, os transportes e a tecnologia se destacam no contexto de

globalização. Quando se facilita o processo de circulação de idéias, produtos, conhecimentos

e experiências, a globalização promove comodidades e facilidades no desenvolvimento de

áreas que se evidenciam na atualidade mercadológica. Surgiu o que se convencionou

denominar de “Era do Conhecimento”, onde há uma expansão na escala de produção,

circulação e consumo de bens, informações e conhecimentos em todos os lugares do globo.

47

Para uns autores, a globalização é a aceleração das trocas de bens e serviços, das informações e comunicações, das viagens internacionais e do intercâmbio cultural. É ainda a intensificação da interdependência das nações em função do enorme fluxo de comércio e de capitais, determinando o surgimento de mercados comuns (BENI, 2003, p. 18).

Neste contexto, cita-se Peter Drucker, que se constituiu em um dos primeiros teóricos

ocidentais a reconhecer a mudança de insumo econômico - do Capital para o Conhecimento,

transformação esta que culminou com o período atual caracterizado como Sociedade do

Conhecimento. Neste novo tipo de sociedade, não se pode prescindir das capacidades do

trabalhador, que transcendem à atividade mecânica. Este trabalhador passa a ser um

”trabalhador do conhecimento” termo cunhado por volta de 1960, que exige de seus gerentes

uma nova postura nas relações interorganizacionais, e conseqüentemente administrativas, que

contemple esta nova realidade. Drucker reconhece, ainda, que as teorias administrativas

devem estar em constante mutação, para atender às necessidades inerentes ao momento e à

organização, mesmo que para isso seja preciso atualizar posições e rever conceitos

(STRAUHS, 2003, p. 52).

O período de globalização detectado na atualidade faz menção a conceitos como

competitividade e exclusão. Isto se remete ao fato de que, na atualidade, todos devem estar

em constante aprendizagem, reciclando idéias obsoletas e fazendo-se presente no cenário

atual.

Outra questão a ser levantada quando se refere à globalização é a negligência de

determinadas localidades que, talvez por comodismo, não procuram se inserirem na nova

realidade, fazendo com que a globalização se instale de maneira inadequada, gerando

crescimentos mercadológicos inadequados, pobreza, desemprego e desigualdade social

(SANTOS apud VIEIRA FILHO; ARAÚJO, 2005, p. 10).

O turismo se tornou um dos setores mais prósperos no que diz respeito à tecnologia e à

inovação. O desenvolvimento de comunidades baseadas no conhecimento necessita de uma

adaptação multidimensional, transformando o processo de captação do conhecimento em uma

das principais esferas para o desenvolvimento tendo em vista a globalização.

As últimas análises apontam o turismo como o setor mais globalizado, perdendo apenas para o setor de serviços financeiros. A globalização do turismo é resultante principalmente dos seguintes fatores: aumento da liberalização do comércio mundial, incorporação de novas tecnologias como a informática e as telecomunicações, integração horizontal e vertical das empresas de turismo, difusão territorial do consumo e flexibilização do trabalho nos diversos setores produtivos, incluindo o próprio setor do turismo (BENI, 2003, p. 19).

48

Atualmente, aspectos como intercâmbio entre povos e culturas, bem como a aquisição

ilimitada de conhecimento faz com que os mais diversos ramos da sociedade percebida se

insiram completamente na já mencionada “Era do Conhecimento”. O turismo acaba por se

inserir neste contexto, uma vez que é considerado uma das atividades mais modernas e

inovadoras dos últimos tempos.

A partir do momento que um indivíduo expressa seu anseio pelo ato de viajar,

automaticamente já se está expressando uma manifestação de necessidade de troca de

conhecimentos e culturas através de relações interpessoais. Diferentemente de épocas

retrógradas, hoje em dia pode-se perceber a importância da experiência de se visitar

determinada localidade e com esta interagir de maneira sustentável. O aspecto materialista

apenas se manifesta de maneira tímida no momento de se comercializar souvenirs e outros

artefatos. Cabe ressaltar, porém, que a comercialização de pequenas lembranças se constitui

em uma das principais fontes de renda para a comunidade receptora, transformando-se,

entretanto, em uma conseqüência da viagem.

Tenta-se consumir bens inéditos capazes de gerar experiências aliadas ao prazer, diferentes daquelas que vivenciamos no dia-a-dia. Não mais é necessária a aquisição de bens materiais, isso ficou em segundo plano. Embora se possa comprar souvenirs estes nunca poderão retratar de forma integral o que ficou marcado através da experiência da viagem apenas instigam sua lembrança (MENDIZABAL, 2004).

O conhecimento, juntamente com a globalização, se transformou em um excelente

aliado do turismo. Nos dias atuais, em virtude da modernidade advinda com o computador e a

internet, tornam-se mais acessíveis as informações referentes às mais diversas localidades do

mundo. Desta forma, pode-se buscar informações e curiosidades relativas à região que se

propõe realizar determinada visita. Assim, as pessoas buscam o novo, o exótico e o que difere

consideravelmente de sua rotina. E, apesar de haver na atividade turística inúmeras

possibilidades de efetivação, percebe-se uma certa saturação de serviços e artigos, havendo

escassez de inovação. E a inovação quando do oferecimento de tais serviços torna-se fator de

excelência atraindo mais turistas conseqüentemente. Esta é a tendência quando a realização do

turismo enquanto atividade passa a ser uma experiência e não mais apenas uma atividade de

lazer.

É a partir desse momento, tendo noção da importância da inovação, da tecnologia e da

“Era do Conhecimento”, que se pode vislumbrar a potencialidade do novo tipo de turismo,

ainda pouco explorado e debatido, principalmente no Brasil, onde o conhecimento se

49

consistiria na principal ferramenta de atração de turistas em busca de novidades e

experiências, que, provavelmente, se demonstrarão mais conscientes dos problemas

enfrentados pelas comunidades receptoras, incluído aqui a questão sócio-ambiental.

Com os avanços tecnológicos, houve um crescimento considerável do turismo, onde

as forças do mercado determinam a adequação ao sistema ou a exclusão deste. O mercado

evoluiu de maneira surpreendente, então, a atividade turística deverá evoluir também em igual

proporção. Inserido neste contexto, onde a inovação, a tecnologia e o conhecimento se

tornaram os principais atores do processo evolutivo do turismo em seu exercício, encontram-

se os diferenciais a serem oferecidos e que visam a admiração do cliente e o oferecimento de

serviços inovadores e criativos. Citam-se os parques de inovação como espaços promissores

para o turismo inovador, onde o Turismo do Conhecimento consiste na esfera principal de

desenvolvimento da atividade turística

3.5 Parques de inovação e parques tecnológicos

Tendo em vista que o termo “Parque de Inovação” apresenta-se inexistente até o

prezado momento, torna-se necessário definir seu conceito para que a conclusão do

referencial teórico seja realizada de maneira satisfatória.

Entende-se por parque de inovação:

Um ambiente claramente delimitado que possui infra-estrutura e espaço para abrigar empreendimentos, projetos e outras iniciativas inovadoras estratégicas para o desenvolvimento econômico, social, tecnológico e ambiental de uma região, estado ou país, e que se distingue por possuir um modelo inovador para atrair, desenvolver, implementar e integrar estas iniciativas, visando estabelecer um posicionamento de relevância e diferenciação dentro do cenário em que está inserido (SAPIENS PARQUE, 2006).

O termo “Parque de Inovação” apresenta-se inserido em um contexto recente e pouco

explorado, porém, seu conceito foi desenvolvido tendo como base os parques tecnológicos,

com uma visão mais diversificada e ampliada.

Por “Parque Tecnológico” entende-se uma iniciativa localizada num loteamento

apropriadamente urbanizado e possui como características básicas a ligação formal com a

universidade ou outras instituições de ensino e pesquisa, a formação e o crescimento de

50

empresas de base tecnológica e a coordenação de uma entidade que desempenha as funções

de gerente do parque. Parques Tecnológicos são, ainda, uma reunião de empresas no mesmo

local, nas proximidades de uma universidade, onde se constituem áreas para venda, locação,

terrenos ou prédios que abrigam incubadoras, condomínios ou empresas e outros órgãos

prestadores de serviços (LUNARDI, 1997, p. 17).

No caso do Sapiens Parque, que se estabelece, até o prezado momento, como o único

parque de inovação do mundo, a Fundação CERTI (Centro de Referência em Tecnologias

Inovadoras), uma de suas acionistas, apresentava como objetivo a expansão do Parque

Tecnológico Alfa, localizado no bairro João Paulo, em Florianópolis. O terreno selecionado

apresentava-se, porém, com uma extensão territorial muito grande, sendo demasiadamente

amplo para ser aproveitado como um Parque Tecnológico.

Estudos recentes apontam que os parques tecnológicos constituem empreendimentos com presença garantida no próximo milênio, enquanto instrumentos de política de desenvolvimento regional, pois são lugares especializados que possibilitam a rápida transformação de conhecimentos em novos produtos, processos e serviços requeridos pelo mercado mundial. As cidades que apresentam esse tipo de empreendimento terão vantagens comparativas em relação as demais para se inserirem no mercado mundial, desde que estabeleçam estratégias operacionais realistas e consonantes com a infra-estrutura e as potencialidades locais (LUNARDI, 1997, p. 01).

Desta maneira, um parque de inovação se situa de caráter estratégico frente a outras

formas de aproveitamento do espaço e da prestação de serviços. A tendência se fortalece nos

serviços e produtos diferenciados, fazendo com que a concorrência se estabeleça e que

somente as empresas capazes se solidifiquem no mercado.

Um parque de inovação apresenta outras vertentes que não se constituem somente

como uma incubadora de empresas de base tecnológica. Questões como sustentabilidade,

meio ambiente e qualidade de vida também são priorizadas.

Têm-se como áreas que constituem a base inicial de um parque de inovação: o

turismo, o aspecto sócio-ambiental, os serviços e a tecnologia.

Uma das principais facetas de um parque de inovação, além de ser bem sucedido nas

questões para que se propõe, como a área tecnológica, ambiental e turística, é consolidar uma

firme parceria entre a comunidade, o poder público e a iniciativa privada.

Dentro do cenário turístico, pode-se perceber a extrema importância de um parque de

inovação no momento de se diversificar os produtos oferecidos. Tendo como grande enfoque

51

o turismo do conhecimento, um parque de inovação acabará por atrair pessoas qualificadas,

que buscam, entre outros aspectos, a troca de experiência e conhecimento.

52

4 RESULTADOS DA PESQUISA

4.1 Procedimentos metodológicos

Dentro do universo contextual de uma pesquisa, deve-se realizar todo um

levantamento das etapas do processo de construção desta, uma vez que torna-se extremamente

necessário deixar claro os procedimentos realizados para se chegar a determinado fim.

Segundo Dencker (1998, p. 85):

O detalhamento dos procedimentos metodológicos inclui a indicação e a justificação do paradigma que orienta o estudo, etapas de desenvolvimento da pesquisa, descrição do contexto, processo de seleção dos participantes, os procedimentos e o instrumental de coleta e análise dos dados e os recursos utilizados para maximizar a precisão dos resultados.

Sendo o turismo uma área em constante crescimento, onde a cada dia evidenciam-se

necessidades de pesquisas no âmbito turístico, tem-se na metodologia científica uma

excelente aliada na aquisição de novos conhecimentos e no desenvolvimento das etapas que

façam com que se atinjam objetivos propostos de maneira clara e ordenada.

A atividade turística se constitui de pesquisas em sua área de abrangência, de modo a

sempre se obter esclarecimentos referentes no assunto, bem como promover o

desenvolvimento do exercício desta atividade.

Para que uma pesquisa seja clara e atenda aos objetivos propostos, deve-se transcrever

de maneira objetiva e coerente os métodos e as técnicas de pesquisa a serem utilizadas no

decorrer do trabalho.

Referente à natureza da pesquisa, pode-se subdividir esta em básica (pura) ou

aplicada. Segundo Silva (2006, p. 08), as pesquisas de natureza básica são aquelas que

apresentam como objetivo a aquisição de conhecimentos, sem a pretensão de colocá-los em

prática em um tempo previsto. Já as pesquisas aplicadas consistem na aplicação prática dos

conhecimentos adquiridos, visando a soluções de problemas detectados.

Há, ainda, a subdivisão da pesquisa quanto a sua abordagem, que compreendem as

pesquisas de tipologia quantitativa, onde há evidências e análises de dados numéricos, com

53

ênfase para tabelas, gráficos, equações, probabilidades, etc., e de tipologia qualitativa, onde os

dados são conquistados através da obtenção de informações que remetem à qualidade em

termos da aquisição de um conhecimento mais profundo de casos peculiares.

Segundo Gil (2002, p. 41-55), as pesquisas são classificadas de acordo com sua

temática abordada. A classificação da pesquisa quanto aos seus objetivos propostos se

constitui na divisão dos tipos de pesquisa em: pesquisas exploratórias, pesquisas descritivas e

pesquisas explicativas.

Já os procedimentos técnicos utilizados em determinada investigação são classificados

pelo autor respeitando a subdivisão de informações obtidas através de fontes de “papel” ou

através de dados fornecidos por indivíduos. Tal classificação consiste em pesquisas

bibliográficas, pesquisas documentais, pesquisa experimental, pesquisa ex-post facto, estudo

de caso, levantamento, estudo de campo, estudo de caso, pesquisa-ação e pesquisa

participante.

Para o projeto de pesquisa proposto, serão utilizadas os seguintes tipos de pesquisa:

Pesquisa básica; Pesquisa qualitativa; Pesquisa exploratória; Pesquisa bibliográfica; Pesquisa

documental e Levantamento.

O estudo foi desenvolvido através da pesquisa básica, em virtude do principal enfoque

do projeto ser a aquisição de conhecimentos, porém não se define uma previsão de tempo para

a sua colocação em prática. Apesar disto, a pesquisa procura servir de base para que seja

possível uma continuidade em um assunto tão inovador e instigante. Após o devido estudo e a

necessária compreensão do termo Turismo do Conhecimento, poderá se colocar em prática os

conhecimentos adquiridos através da pesquisa de natureza básica.

Adverte-se a utilização da pesquisa de tipologia qualitativa para a realização do

referido projeto de pesquisa, uma vez que não houve necessidade de quantificação dos dados.

Tal fato se deve à necessidade de se construir e/ou desenvolver a temática proposta, com o

intuito de realizar um crescimento sustentável da atividade turística em si. Além disso, em

virtude do principal enfoque do projeto ser o Turismo do Conhecimento, menciona-se o fato

de haver pouco esclarecimento sobre o assunto, o que torna ainda mais interessante a

utilização da pesquisa qualitativa. Assim, na presente pesquisa, os dados não serão

quantificados, sendo as informações obtidas analisadas e, posteriormente interpretadas.

54

“Nas pesquisas qualitativas os aspectos que podem ser definidos no projeto diferem

quanto ao grau de estruturação. As categorias teóricas, o plano e o foco das pesquisas são

definidos no decorrer do processo de investigação” (DENCKER, 1998, p. 97).

Com base na tipologia referente aos objetivos propostos, o presente estudo se consistiu

na utilização da pesquisa exploratória, onde se procura o aprimoramento de idéias ou a

descoberta de intuições. Apresenta como principais características um planejamento flexível,

de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado.

Na sua grande maioria, a pesquisa do tipo exploratória envolve processos de levantamento

bibliográfico, entrevistas com pessoas da área e a análise de casos que ilustrem uma maior

compreensão do referido assunto (GIL, 2002, p.41). Ao se relacionar tal tipologia de pesquisa

com os objetivos e com a temática do presente estudo, pode-se observar sua importância, uma

vez que o aprimoramento de um conceito de turismo ainda pouco debatido se faz necessário.

Tendo em vista a quase inexistência de termos documentais e bibliográficos do tema

proposto para a presente pesquisa, a construção das informações neste elucidadas tomaram

como embasamento a utilização de assuntos que apresentem subsídios que orientem o

desenvolvimento do projeto. Tais informações foram conquistadas através das pesquisas

bibliográfica e documental.

Sendo ambas oriundas das fontes de papel, as pesquisas bibliográfica e documental

diferem, basicamente, pela forma como são encontrados, ou seja, na natureza da fonte

consultada. Dencker (1998, p. 125) refere-se à pesquisa bibliográfica como sendo aquela

“desenvolvida a partir de material já elaborado: livros e artigos científicos”.

A pesquisa documental, por sua vez, remonta-se à dados obtidos através de fontes que

ainda não receberam tratamento analítico, podendo sofrer uma espécie de reestruturação e,

normalmente, podem ser deparadas nos mais diversos lugares.

Nem sempre fica clara a distinção entre a pesquisa bibliográfica e a documental, já que, a rigor, as fontes bibliográficas nada mais são do que documentos impressos para determinado público. Além do mais, boa parte das fontes usualmente consultada nas pesquisas documentais, tais como jornais, boletins e folhetos, pode ser tratada como fonte bibliográfica (GIL, 2002, p. 46).

Pode-se perceber a importância em se estabelecer métodos que orientem o

desenvolvimento da pesquisa, principalmente em áreas que apresentam um potencial de

novidade, como a atividade turística, por exemplo, e que necessitam, portanto, de etapas que

55

acabem por nortear a pesquisa como forma desta se tornar referência para posteriores

trabalhos.

4.1.1 População e amostragem

O presente projeto de pesquisa não se consiste em argumentos quantitativos, sendo

dispensável a apresentação de dados numéricos e probabilísticos.

Porém, apesar de não se ter tal pretensão, deve-se argumentar o fato de que, apesar

disto, uma pesquisa com características qualitativas também apresenta seu universo de estudo,

sendo necessário a delimitação do campo a ser abordado, constituindo, portanto, em uma

espécie de população e amostragem.

Segundo Dencker (1998, p. 102), as etapas para se realizar a pesquisa qualitativa se

resumem em: negociação para se obter acesso ao campo, período exploratório e investigação

focalizada. A partir deste momento pôde-se efetivar o contrato de estágio via Fundação

CERTI, sendo esta uma das acionistas do empreendimento. Deu-se então o início à fase de

pesquisa exploratório onde a coleta de dados foi estabelecida.

Para o projeto apresentado, foram realizadas pesquisas através do material referente

aos assuntos que norteiam o tema, bem como a realização de entrevistas e a conversa informal

com pessoas envolvidas.

O contexto do universo da pesquisa, bem como a participação dos envolvidos no

desenvolvimento desta constituem uma importante etapa da metodologia apresentada. A

aquisição de informações que possam vir a ser utilizadas na confecção do trabalho torna o

projeto ainda mais completo e viável. Sendo que o termo turismo do conhecimento ainda é

pouco utilizado em materiais bibliográficos, o contato com pessoas que possam vir a agregar

valores às etapas do processo de desenvolvimento do presente projeto é extremamente

vantajoso uma vez que isto fará com que os envolvidos que auxiliem na construção e/ou

ampliação do termo abordado.

Conforme já mencionado anteriormente, apesar da pesquisa referenciada não

apresentar características quantitativas, pode-se citar parâmetros que norteiam a população e a

amostra referente à pesquisa qualitativa apresentada.

56

O universo da pesquisa em questão consiste nas referências baseadas no Turismo do

Conhecimento, bem como todas as diretrizes que acabem por nortear sua concepção, até o

período compreendido na realização deste projeto, que finda-se no ano de 2006.

Tendo em vista a pesquisa proporcionada, onde o entendimento de um conceito de

turismo pouco explorado se destaca, pode-se citar como população a ser estudada todo o

universo turístico, uma vez que termos como sustentabilidade, planejamento, histórico e

conceitos são algumas das abordagens refletidas neste projeto.

A amostragem, por sua vez, consiste em retirar da população uma parcela do universo

que permita estudar a temática proposta. Segundo Dencker (1998, p. 88):

No caso de variáveis que envolvem formas de avaliação ou opinião de segmentos específicos, não existe a necessidade de investigar todos os indivíduos que compõem toda a população (universo considerado). Os dados podem ser levantados por meio de amostragem definida pelo pesquisador, por critérios estatísticos ou de forma intencional, sem que isso comprometa sua veracidade.

Percebe-se a importância de se analisar brevemente algumas das formas de turismo

com a finalidade de se conceber características semelhantes entre estas e o Turismo do

Conhecimento. Assim, delimita-se uma amostra da população, que se constitui, portanto, em

uma parcela das tipologias que em algum aspecto acabarão por refletir no Turismo do

Conhecimento.

Desta forma, além de se definir os procedimentos metodológicos necessários ao

desenvolvimento da pesquisa, torna-se necessário delimitar as etapas que se sucederam

relacionadas à coleta de dados. Com a pesquisa corretamente definida, os objetivos serão mais

facilmente alcançados, tornando referência para futuros projetos relacionados a um tema

ainda em expansão e muito pouco debatido até o presente momento.

4.1.2 Coleta de dados

De acordo com a necessidade detectada ao se projetar esta pesquisa, pode-se observar,

após a definição dos tipos de pesquisas a serem utilizados, bem como o universo, a população

e a amostragem, a extrema necessidade de se mensurar como será sistematizada a etapa de

coleta de dados.

A coleta de dados é a fase do método de pesquisa que tem por objetivo obter informações sobre a realidade. Conforme as observações necessárias, existem diversos instrumentos e formas de operá-los. Nas ciências humanas, o questionário

57

e a entrevista são os mais freqüentes e possuem em comum o fato de serem constituídos de uma lista de indagações que, se respondidas, dão ao pesquisador a informação necessária [...] (DENCKER, 1998, p. 137).

No presente projeto de pesquisa, se buscou a concretização da ação de coleta de dados

através de pesquisas de fontes de papel, bibliográficas e documentais, bem como a aquisição

de dados através de entrevistas e conversas informais com pessoal especializado, que, direta

ou indiretamente, se contextualizarão no tema proposto.

Inserido no aspecto bibliográfico, se pretendeu correlacionar abordagens

extremamente importantes, tais como o turismo e seu posicionamento ao longo da história, o

esclarecimento dos conceitos e definições inerentes à atividade turística, questões referentes

ao planejamento turístico bem como relações de sustentabilidade e desenvolvimento. Além

disto, foram aclarados definições referentes à segmentação do turismo enquanto atividade,

onde o Turismo do Conhecimento se apresentou maior ênfase, com destaque também para

alguns dos seus conceitos-chave como a tecnologia, a ciência e o conhecimento. Outras fontes

que foram utilizadas constituíram-se de teses, trabalhos acadêmicos, dissertações e periódicos

científicos.

A pesquisa bibliográfica, como qualquer outra modalidade de pesquisa, desenvolve-se ao longo de uma série de etapas. Seu número, assim como seu encadeamento, depende de muitos fatores, tais como a natureza do problema, o nível de conhecimentos que o pesquisador dispõe sobre o assunto, o grau de precisão que se pretende conferir à pesquisa, etc. [...] (GIL, 2002, p. 59).

Tendo em vista a escassez de obras que lidem diretamente com o termo Turismo do

Conhecimento, foram obtidas informações pertinentes ao tema através de consultas

documentais que foram fornecidas pela instituição onde o projeto de pesquisa foi

desenvolvido. Fontes eletrônicas, por apresentarem caráter inovador e tecnológico, também

foram usadas como forma de se trazer novos conhecimentos e notícias.

As conversas informais contidas no projeto de pesquisa apresentado foram realizadas

em evento relacionado ao futuro do turismo, tendo em vista a aquisição de novos

conhecimentos, bem como o posicionamento crítico de pessoas pertinentes ao assunto.

Segundo Dencker (1998, p. 137) “a entrevista é uma comunicação verbal entre duas

ou mais pessoas, com um grau de estruturação previamente definido, cuja finalidade é a

obtenção de informações de pesquisa (receber informações relacionadas com a atividade

turística, por exemplo)”.

58

Desta forma, após se ter em mente a definição das etapas metodológicas a serem

cumpridas de maneira a atingir os objetivos propostos, poderá se estruturar a forma como os

dados obtidos serão expostos e analisados, fornecendo informações claras e coerentes do

assunto em questão.

4.1.3 Análise e interpretação dos resultados

Posteriormente à coleta dos dados a serem obtidos como fontes de informação para o

desenvolvimento da pesquisa, deverá se analisar tais dados como forma de relacionar as

informações conquistadas com o tema proposto. “Entre os vários itens da natureza

metodológica, o que apresenta maior carência de sistematização é o referente à análise e

interpretação dos dados” (GIL, 2002, p. 141).

A análise e a interpretação dos resultados obtidos foi, na pesquisa apresentada, de

natureza predominantemente qualitativa. Os objetivos expostos no projeto de pesquisa foram

tratados através da análise das informações obtidas através da coleta de dados.

Segundo Dencker (1998, p. 172), pode-se observar duas tipologias relacionadas à

análise: causal ou condicional e funcional ou funcionalista. Na pesquisa apresentada foram

analisado e interpretado os resultados através da análise funcionalista, uma vez que o Turismo

do Conhecimento necessita de uma investigação e apuração de outras vertentes que se tornam

bases para o seu desenvolvimento. Há evidências da importância de se analisar os fatos de

maneira simultânea, uma vez que há uma interdisciplinaridade no turismo, em especial no

Turismo do Conhecimento.

É através da análise e interpretação dos dados que se pretendeu responder à pergunta

de pesquisa, bem como o alcance dos objetivos propostos. As informações adquiridas na etapa

de coleta de dados foram analisadas e comentadas no decorrer do projeto de pesquisa, de

forma a se investigar de maneira intensa e precisa o desenvolvimento de um conceito de

turismo novo e quase inexplorado.

Após a coleta de dados o pesquisador deve concentrar sua atenção na análise e interpretação das informações coletadas. O objetivo da análise é reunir as observações de maneira coerente e organizada, de forma que seja possível responder ao problema da pesquisa. A interpretação busca dar um sentido mais amplo aos dados coletados, fazendo a ponte entre eles e o conhecimento existente. Todo o processo de pesquisa desenvolvido foi orientado para esse objetivo (DENCKER, 1998, p. 159).

59

Todas as informações obtidas através dos dados coletados foram analisadas, tendo em

vista os esclarecimentos referentes ao turismo enquanto atividade e as inovações de caráter

potencial apresentadas pela realidade mercadológica existente. Os dados bibliográficos, que

remetem a uma relação com a historia da atividade, bem como com conceitos fundamentais

de desenvolvimento do turismo, e as informações concedidas através das conversas informais,

que por sua vez fazem menção a algo ainda pouco difundido na literatura especializada, foram

fonte de análise e interpretação no presente projeto de pesquisa.

A interpretação dos dados coletados consiste numa das importantes etapas da

pesquisa, uma vez que, após toda a coleta das informações e materiais necessários, torna-se

necessário transformá-los no exato propósito de estudo.

A interpretação é a busca do sentido mais amplo dos resultados da pesquisa. É importante estabelecer a continuidade, ligando resultados de um estudo e de outro. Sempre que possível, a interpretação deve conduzir ao estabelecimento de conceitos explicativos (DENCKER, 1998, p. 173).

Em virtude da necessidade de se estabelecer diretrizes que façam com que a pesquisa

se direcione de maneira coerente e satisfatória, pode-se perceber a importância de um

esclarecimento das etapas do processo que foram seguidas a fim de que os objetivos sejam

alcançados e a pergunta de pesquisa seja respondida. Desta forma, a pesquisa se desenrolou

de maneira eficiente, fazendo com que o tema seja mais difundido e tornando-se uma espécie

de referência para trabalhos futuros na área em questão.

4.2 Plano de trabalho

4.2.1 Etapas

Tendo-se noção de uma problemática enfrentada na realidade turística atual, se fez

necessário a formulação deste para que a temática do presente projeto de pesquisa pudesse ser

elaborada.

[...] o problema de pesquisa pode ser determinado por razões de ordem prática ou de ordem intelectual. Inúmeras razões de ordem prática podem conduzir à formulação de problemas. Pode-se formular um problema cuja resposta seja importante para subsidiar determinada ação [...] (GIL, 2002, p. 25).

60

Inicialmente, a primeira etapa a ser analisada e estruturada para que o projeto de

pesquisa apresentado pudesse ser desenvolvido, consistiu-se na delimitação do tema a ser

pesquisado. Tendo em vista a escassez de obras que referenciasse o chamado Turismo do

Conhecimento, decidiu-se, em conjunto com a empresa interessada, explanar sobre

determinado assunto de maneira a contribuir para o desenvolvimento deste conceito tão

incógnito e novo.

A escolha do tema define a área de interesse que será pesquisada. O tema deve ser do interesse do pesquisador e estar situado em sua área de conhecimento. Para desenvolver de maneira adequada um tema de pesquisa, é necessário que o pesquisador domine o assunto e esteja apto a manejar as fontes de consulta bibliográfica (DENCKER, 1998, p. 61).

Após a delimitação do tema de pesquisa, procurou-se justificar tal escolha, fazendo

menção novamente à necessidade de novos estudos sobre o Turismo do Conhecimento. Além

disto, em virtude da saturação das atividades já conhecidas relacionadas ao turismo pôde-se

realizar tal justificativa como forma de se auxiliar problemáticas referentes à sazonalidade e à

própria saturação da oferta turística encontrada.

A próxima etapa se baseou nas perguntas que se pretende responder ao se findar a

pesquisa. Este fato levou ao próximo passo que se consiste na elaboração dos objetivos

referentes ao tema proposto e que se pretende atingir até o final do presente projeto de

pesquisa.

Com o tema, as perguntas e os objetivos traçados, pôde-se dar início ao que se intitula

fundamentação teórica. Nesta etapa da pesquisa, foram levantados dados bibliográficos e

documentais, bem como observação de elementos eletrônicos, onde, apesar da falta de obras

que elucidem o Turismo do Conhecimento propriamente dito, puderam-se adquirir

informações que se constituem em um forte embasamento que acaba por se relacionar com o

tópico principal.

A experiência, porém, demonstra que é muito importante buscar esclarecer-se acerca dos principais conceitos que envolvem o tema de pesquisa, procurar um contato com trabalhos de natureza teórica capazes de proporcionar explicações a respeito, bem como com pesquisas recentes que abordaram o assunto (GIL, 2002, p. 61).

Após toda a fase de levantamento de dados teóricos, deu-se início aos processos

metodológicos, onde questões referentes à maneira como se procedeu a pesquisa foram

61

esclarecidos, levando em consideração abordagens como população e amostragem, realização

da coleta de dados, análise e interpretação dos resultados.

O detalhamento dos procedimentos metodológicos inclui a indicação e a justificação do paradigma que oriente o estudo, etapas de desenvolvimento da pesquisa, descrição do contexto, processo de seleção dos participantes, os procedimentos e o instrumental de coleta e análise dos dados e os recursos utilizados para maximizar a precisão dos resultados (DENCKER, 1998, p. 85).

Em seguida, desenvolveram-se as conversas informais, de modo que todas as

indagações puderam ser atendidas. Além disso, após toda a aquisição de informações,

bibliográficas, documentais, eletrônicas e aquelas obtidas através de conversas informais com

pessoas qualificadas, pôde-se realizar a etapa intitulada análise da pesquisa, onde foi

confeccionada toda a parte referente à pesquisa em si e onde os objetivos puderam ser

atingidos de maneira clara e concisa.

Desta forma, após toda a delimitação dos passos desenvolvidos para se chegar ao final

esperado pela pesquisa, pode-se perceber a necessidade de se estabelecer metas para que os

objetivos sejam atingidos de maneira eficiente, fazendo com que a pesquisa obtenha o

respaldo esperado.

4.2.2 Cronograma

Os procedimentos realizados para a construção da presente pesquisa foram postos em

prática durante o segundo semestre do ano de 2006, entre os meses de julho a dezembro, onde

pode-se observar sua cronologia a partir do quadro esboçado a seguir:

2006 AÇÕES

JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Planejamento X

Definição dos Objetivos X

Revisão Bibliográfica e

Documental

X X X X

continuação

62

continuação

2006 AÇÕES

JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Realização de Conversas

Informais

X

Análise das Informações X X

Organização dos Dados X X X

Elaboração do Projeto X X X

Análise dos Resultados X X X

Entrega da Pesquisa X

Apresentação em Banca X

QUADRO 01 – CRONOGRAMA DE ATIVIDADES DA PESQUISA

Fonte: Produzido pela autora, 2006.

Tendo em vista a confecção da pesquisa referente à abordagem do Turismo do

Conhecimento, planejou-se as atividades nesta compreendidas como forma de tornar as ações

mais claras e evitar possíveis equívocos e mudanças de planos.

Além das consultas em materiais bibliográficos e documentais, onde foram coletados

dados pertinentes ao desenvolvimento do estudo, foram realizadas conversas informais com

pessoas da área turística, onde a experiência e a maturidade profissional destas contribuíram

significativamente para o auxílio à coleta de dados.

Foi possibilitada a conversa com o Professor Mário Carlos Beni, que desenvolve suas

ações nos cursos de graduação e pós-graduação em turismo e nos cursos de mestrado e

doutorado da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP),

além de apresentar autoria em literaturas da área, onde a experiência e o vasto conhecimento

turístico possibilitou a agregação de grandes informações para o projeto de pesquisa.

Também se pôde conversar, de maneira informal, com o coordenador do curso de

turismo da UFPR (Universidade Federal do Paraná), que também realiza a função de

coordenadoria do observatório turístico do Paraná, que apresentou informações pertinentes ao

63

tema abordado, além de oferecer incentivos para a continuação de pesquisas no contexto

abordado.

As conversas informais foram obtidas através do evento “O futuro do turismo em

Santa Catarina entre os anos de 2007 e 2011”, realizado no Costão do Santinho Resort, entre

os dias 25 e 26 de setembro de 2006. Foi também neste evento que foram obtidas informações

da palestra de Domenico De Masi, sociólogo italiano da Universidade La Sapienza, de Roma,

e presidente da Escola de Especialização em Ciências Organizativas, denominada S3

Studium.

4.3 Análise da pesquisa

Após a exposição das idéias iniciais apontadas na introdução do presente projeto de

pesquisa, através da contextualização, da definição do problema e da justificativa, bem como

a definição dos objetivos propostos, as explanações essenciais do contexto histórico e

conceitual através da fundamentação teórica e a revelação dos resultados da pesquisa, com a

demonstração dos procedimentos metodológicos necessários e das etapas referentes ao plano

de trabalho, torna-se imprescindível, no prezado momento, a análise concreta dos resultados

obtidos com a pesquisa em questão.

Para tanto, como forma de tornar o estudo melhor compreensível para as pessoas de

todas e quaisquer áreas que chegarem a tomar conhecimento sobre as questões aqui

apresentadas, buscou-se subdividir a análise da pesquisa em itens que objetivam uma maior

clareza e coesão do raciocínio. Inicialmente, serão esboçados de maneira breve e objetiva os

casos dos principais Parques Tecnológicos que se tornaram, de algum modo, referência para a

implantação do parque de inovação Sapiens Parque. Em seguida, serão demonstradas algumas

das características de localidades que primam o conhecimento em suas mais diversas áreas,

inclusive a turística.

Outros aspectos a serem abordados neste momento se consolidam numa inter-relação

entre os diferentes tipos de turismo que acabam por se enquadrar perfeitamente no Turismo

do Conhecimento, bem como uma conexão com conceitos já explicados como a questão do

planejamento, dos sistemas de turismo e da sustentabilidade.

64

Um outro ponto que será posteriormente analisado faz menção às características

vocacionais da cidade de Florianópolis e como estas se enquadrarão nos conceitos percebidos

e analisados do turismo do conhecimento.

Finalmente, se buscará uma relação estritamente coerente entre o turismo do

conhecimento, a cidade de Florianópolis e o Sapiens Parque.

4.3.1 Os casos de sucesso de parques tecnológicos

Tendo em vista o embasamento oferecido pelos parques tecnológicos para a definição

e criação do conceito dos chamados parques de inovação, torna-se necessário uma abordagem

ilustrativa e comparativa dos principais empreendimentos deste portes detectados em âmbito

mundial.

Duas excelentes referências quando se relata a questão de parques tecnológicos diz

respeito a países europeus, principalmente Portugal e Espanha.

Pode-se citar como parques conceituados relacionados a tal temática o Taguspark, na

cidade de Oeiras, em Portugal; o Parque Tecnológico de Andaluzia, em Málaga, na Espanha;

Parque Tecnológico de Alcalá de Henares, em Madrid, na Espanha; entre outros. Outras

regiões que se destacam no contexto de parques tecnológicos se localizam nos Estados Unidos

e na Coréia.

Para que o desenvolvimento deste conceito fosse estabelecido, bem como para que as

estratégias de implementação do Sapiens Parque fossem consolidadas, foram pesquisados

cerca de 200 empreendimentos que, de alguma maneira, apresentavam algumas características

similares ao parque de inovação apresentado. Desta forma, após se ter identificado as

prováveis falhas e sucessos, pôde-se melhor delinear as posteriores etapas planejadas.

Este referido trabalho de benchmarking7, realizado pelos profissionais envolvidos no

Estudo de Impacto Ambiental e de Vizinhança do Empreendimento Sapiens Parque, no

distrito de Canasvieiras, na cidade de Florianópolis – SC, além de possibilitar uma profunda

análise dos fatores detectados, tanto os positivos quanto os negativos, possibilitou a ampliação

7 O benchmarking é uma poderosa ferramenta de gestão empresarial, mundialmente difundida e utilizada para transformar as organizações e introduzir as mudanças necessárias à melhoria de seus processos, práticas e resultados. Podemos também definir como um processo contínuo de avaliação de produtos, serviços ou prática gerenciais, comparativamente aos concorrentes ou empresas consideradas líderes no mercado (SEBRAE, 2004).

65

dos conceitos observados, fazendo com que um novo termo, intitulado “Parque de Inovação”

pudesse ser criado.

Uma análise detalhada do Sapiens Parque revela que não existem projetos ao redor do mundo que incluem todo o espectro de usos visualizados e projetados para este complexo. No entanto, foram identificados certos projetos que apresentam componentes que são para ali previstos. Estes projetos, ainda que não possam ser considerados completamente comparáveis, oferecem grandes lições de aprendizado para o desenvolvimento proposto (SÓCIOAMBIENTAL; E.LABORE , 2004, p. 04).

Os três principais parques tecnológicos selecionados para o desenvolvimento do

processo de benchmarking do Sapiens Parque foram: Research Triangle Park, Centennial

Campus e Digital Media City.

4.3.1.1 Research Triangle Park (RTP)8

Localizado na Carolina do Norte, Estados Unidos e fundado no ano de 1959, o

Research Triangle Park é considerado o maior parque tecnológico e de pesquisa do país. Este

parque consiste num cluster de empresas de alta tecnologia em áreas como a tecnologia da

informação, serviços da comunicação e softwares, setor farmacêutico, químico e de

tecnologia para a medicina.

No ano de 2003 apresentava uma área construída de quase 1,6 milhão de metros

quadrados, onde mais de 80% do parque já se encontrava desenvolvido.

Além das áreas de pesquisa e tecnologia e dos laboratórios existentes no parque

tecnológico, pode-se observar outras estruturas, como um hotel de 197 apartamentos, dois

bancos e um restaurante.

4.3.1.2 Centennial Campus (CC)9

Um dos principais conceitos do Centennial Campus consiste no lema “viver, trabalhar

e divertir-se”. Uni áreas em uma única concepção urbana, dentre as quais destacam-se, o

emprego, a educação, residência, varejo, entretenimento e recreação.

Fundado no ano de 1988, o Centennial Campus conta com uma área total de

aproximadamente 540 hectares e uma população de funcionários de 1.700 colaboradores.

8 SÓCIOAMBIENTAL; E.LABORE , 2004, p. 04-06. 9 Ibid., p. 04-06.

66

Localiza-se cerca de 20 Km. ao sudeste do Research Triangle Park, também na

Carolina do Norte apresentando edifícios, componentes residenciais e há projetos para o

desenvolvimento de um hotel com cerca de 254 unidades habitacionais, de um centro de

convenções e um campo de golfe.

4.3.1.3 Digital Media City (DMC)10

O governo metropolitano de Seul, Coréia, desenvolve um projeto urbano, onde o

Digital Media City se constitui como um complexo empresarial deste. Localiza-se a sete

quilômetros de Seul e conta com uma área total de aproximadamente 660 hectares.

Os principais campos exercidos na extensão desta área incluem um complexo

empresarial (o próprio DMC), um parque público de lazer e recreação (Millenium Park), um

complexo residencial, um museu de ciência, um estádio de futebol e um complexo de varejo

(business town).

Digital Media City será o componente âncora do Millenium City e atrairá emrpesas da industria de mídia digital. O objetivo principal visa transformar o DMC em um hub regional no nordeste da Ásia, focado nas áreas de alta tecnologia e informática. [...]. O Master Plan do DMC considera a divisão estratégica do site para acomodar diversos usos (SÓCIOAMBIENTAL; E.LABORE, 2004, p. 06).

Tendo em vista as grandes similaridades entre o Digital Media City e o próprio

Sapiens Parque, pode-se notar que este empreendimento é o que mais se aproxima dos

interesses do parque de inovação. Porém, uma das principais evidências que fazem com que o

Sapiens Parque se distancie do Digital Media City é sua ausência de características

residenciais.

Contudo, após um breve relato dos principais empreendimentos que serviram de

embasamento para o desenvolvimento do processo de benchmarking do Sapiens Parque,

verifica-se como o tema proposto se insere na atualidade como fonte marcante da inovação.

Todos os aspectos relevantes que se pretende implantar com a efetiva consolidação do

Sapiens Parque, conforme anteriormente mencionado, não constituem nenhuma semelhança

com os parques detalhadamente pesquisados e analisados. Isto evidencia como uma iniciativa

originalmente moderna, onde vários segmentos da economia apresentam-se inseridos no

10 SÓCIOAMBIENTAL; E.LABORE , 2004, p. 06.

67

método de inovações estruturais, poderá auxiliar a tornar vários segmentos econômicos e

sociais mais atraentes, produtivos e interessantes.

Inserido neste aspecto, encontra-se a atividade turística, onde inúmeros serviços são

ofertados, muitas vezes de maneira principiante e errônea. A presença da saturação das

atividades relacionadas ao turismo reflete a extrema importância de objetos a serem criados,

aperfeiçoados e promovidos de maneira sustentavelmente correta e eficaz.

Um parque de inovação, no caso do Sapiens Parque, apresenta um conceito de

atrativos turísticos interessantes e instigadores. Há um enfoque considerável no chamado

Turismo do Conhecimento, onde pessoas evidenciarão na experiência e na aquisição de

conhecimentos e aprendizados novas perspectivas para o turismo.

Tal enfoque também se apresenta de uma maneira inovadora e pouco debatida, mas

que possui uma essência encontrada em localidades que prezam o conhecimento, a cultura, a

história e as novas experiências. Assim, torna-se necessária uma abordagem dos principais

lugares que apresentam tais características para que o Turismo do Conhecimento possa ser

melhor compreendido dentro da esfera turística atual e futura.

4.3.2 Conhecimento como fator turístico

No momento em que se faz necessário um estudo mais aprimorado dos países que

utilizam o fator “conhecimento” como grande contribuinte na atratividade turística, cita-se a

falta de uso do termo Turismo do Conhecimento, apesar deste se enquadrar em áreas já

debatidas do turismo, que será visto e analisado posteriormente, e, também, em localidades

que usufruem há muitos anos dos embasamentos oferecidos pelo conhecimento.

Estando o mundo presente na chamada “Era do Conhecimento”, onde conceitos como

globalização, tecnologia, ciência e inovação se evidenciam em todos e quaisquer assuntos,

torna-se necessário um efetivo posicionamento das questões inerentes ao Turismo do

Conhecimento.

Dentre tais questões, citam-se aspectos a serem abordados como a cultura, a história,

negócios profissionais, entre outros que se fazem necessários para um completo entendimento

das esferas constituintes do Turismo do Conhecimento.

Ao se conceber um propósito de se mencionar e analisar de maneira estritamente

turística as características das localidades adeptas ao conhecimento, cita-se com extremo

68

louvor as regiões européias. Países como a França, Portugal, Espanha e Itália se destacam em

dois dos contextos mais chamam a atenção quando o assunto aborda turismo e conhecimento,

mesmo que tais conceitos sejam tratados de forma distinta, estes acabam por se unir ao se

analisar os resultados finais de todo o processo.

4.3.2.1 França11

A França se constitui no primeiro destino turístico quando se compara o número de

visitantes recebidos. Durante o ano de 2001, o país recebeu cerca de 10% do volume turístico

mundial, totalizando quase 76,5 milhões de turistas internacionais. O turismo se destaca no

contexto econômico francês, onde cerca de 7% do PIB (Produto Interno Bruto) são

representativos do turismo em si. Ainda em relação à economia da França, pode-se perceber

que o turismo colabora significativamente na geração de empregos (2 milhões de empregos

diretos e indiretos em 2001), 215.000 empresas relacionadas à área turística e uma excelente

representatividade na balança de transações correntes da França com o exterior (2,4 bilhões de

euros no ano de 2001).

Pode-se perceber que, em virtude da excelente posição econômica que o turismo

ocupa na França, um grande apoio do governo é depositado para o desenvolvimento e

contínuo aprimoramento da atividade, através de políticas de turismo coerentes e eficazes.

Quando se analisa a importância que se desloca para o turismo, pode-se notar que uma

das principais preocupações francesas neste sentido se refere à formação profissional das

pessoas que trabalham na área. Isto se evidencia nos 900 estabelecimentos de formação para

pessoas envolvidas na atividade turística e hoteleira.

Os principais atrativos turísticos franceses se convergem a um ponto em comum: o

conhecimento. A grande maioria das pessoas que visitam o país vai em busca da arte, da

história, da cultura e da gastronomia da França.

Um dos principais atrativos turísticos na França se constitui nos museus. As pessoas

buscam conhecer o país e seus museus, a fim de saber as histórias das exposições e adquirir

uma bagagem cultural incomparável. Pode-se perceber que o grande enfoque neste contexto é

o conhecimento. Além de toda a riqueza cultural ao se visitar museus, exposições e obras de

arte, a ânsia dos visitantes em conhecer a narrativa histórica dos objetos e lugares que estão

11 Retirado da publicação “O turismo na França”, através do site da Embaixada da França no Brasil, disponível em: <http://www.ambafrance.org.br>. Acesso em: 22 set. 2006.

69

visitando acaba se tornando o grande motivo das viagens à França. Os principais museus do

país são: Museu do Louvre, Musée d’Orsay, Musée Giverny (Monet), Musée Rodin, Muséé

de Valence, entre inúmeros outros.

A região de Saint Etienne apresenta um notável exemplo de atrativo turístico, histórico

e cultural que recebe um alto número de visitantes anuais. O Musée de la Mine recebe cerca

de 30 mil pessoas por ano que buscam conhecer a história da extração do carvão, onde se

reconstitui de maneira fiel o duro trabalho dos mineiros antigos, bem como há demonstração

de ferramentas e máquinas usadas na época.

Pode-se citar ainda a questão da culinária francesa, que também se destaca no mercado

internacional, fazendo-se menção aos vinhos e a gastronomia do país. Os franceses souberam

aliar sua cultura ao turismo, fazendo com que as comidas típicas, bem como os famosos

vinhos e champanhes franceses se tornassem motivos de visitas à região. Podem-se citar

regiões como a Alsácia e Champagne que, entre outras, realizam um roteiro turístico

cuidadoso e atraente. Como atrativos turísticos há o circuito e estadias organizadas no

vinhedo, as festas e os festivais relacionados ao vinho (a festa da colheita da uva em Barr, por

exemplo), grandes museus do vinho (Musée du Vignoble et dês Vins d’Alsace, Ecosmuseus

de Argmac, entre outros), Rotas dos Vinhos, feiras, salões, leilões, trilhas e caminhadas

vinícolas, estágios de enologia, entre outras tantas opções relacionadas ao vinho de maneira

turisticamente fascinante. Os visitantes aprendem o processo de fabricação da bebida, bem

como realizam a degustação e finalizam a viagem com um grau de aprendizado bastante

elevado de um assunto que pouco conheciam.

Um outro fator que se tornou completamente inovador e que fez reforçar-se a vocação

e a inteligência turística da França diz respeito à moda. Roupas de alta costura, bem como os

perfumes e cosméticos franceses fazem do país um ícone neste aspecto. Muitas pessoas

buscam a França ansiosas por conhecerem as lojas renomadas internacionalmente e marcas

excessivamente famosas no mundo da moda, como Dior e Channel, e colocar em prática um

outro tipo de turismo: o turismo de compras.

A França foi uma das grandes personagens em vários dos conflitos históricos

encontrados no mundo. Pode-se citar a Guerra dos Cem Anos, Guerra dos 30 anos, Revolução

Francesa, Batalha de Waterloo, entre outros. Tal fato evidencia o contexto histórico no qual o

país se situa e que até os dias atuais sabe explorar o referente aspecto. Além de se tornarem

locais para a visitação pública, muitos dos cenários guerrilheiros da França se transformaram

em hotéis, como os castelos medievais, por exemplo. Novamente, pode-se perceber a inserção

70

do termo conhecimento e cultura, onde os turistas buscam algo diferenciado e com alto teor

histórico para realizar o ato de se hospedar.

A questão do turismo religioso também é destaque na França. Cerca de 10 mil locais

religiosos estão classificados como monumentos históricos protegidos e apresentam-se

abertos às visitações. Há uma estimativa que aproximadamente 12 milhões de pessoas visitam

a Catedral de Notre-Dame em Paris.

Nota-se, evidentemente, que tais localidades religiosas constituem-se mais que o

simples papel de local sagrado. Atualmente se transformaram num excelente local para a

prática do turismo religioso por pessoas que oferecem demasiada importância a localidades

que apresentam valores religiosos e belas igrejas, redutos e catedrais. Na França tem-se

observado um maior incremento das atividades próprias de locais religiosos, como por

exemplo: retiros, alojamentos, museus e exposições, festival de músicas sacras, entre outros.

A região de Lourdes se constitui nos dias atuais como a grande receptora de

peregrinos do mundo inteiro. Tal fato deve-se à historia sagrada de que a Virgem Maria teria

realizado aparições para Bernadette Soubirous, no século XIX, na Gruta de Massabielle.

Pessoas vindas de varias regiões do globo buscam curas e realizam preces em busca de

graças.

Algumas cidades consideradas religiosas e receptoras de peregrinos na França criaram

uma associação (Association Dês Villes Sanctuaires) cujo principal objetivo é melhorar o

acolhimento do visitante, proporcionando-lhe um bem-estar espiritual, aumentando seus

conhecimentos religiosos e turísticos dos santuários.

Desta forma, os turistas vão aos locais sagrados em busca de graças, para o pagamento

de promessas e, ainda, curiosos por conhecer as histórias das catedrais, igrejas, pessoas ditas

santas, entre outros. Pode-se perceber também neste contexto a presença do fator

“conhecimento” inserido no turismo religioso e que a França ilustra de maneira

extraordinária.

Cita-se, também, a questão da arquitetura francesa, onde turistas vindos do mundo

inteiro viajam para conhecer elementos arquitetônicos famosos, como a tão conhecida Torre

Eiffel.

Finalmente, percebe-se na França um excelente reduto de atributos do conhecimento

que se encaixam perfeitamente no turismo do país. Isto evidencia a importância de atrativos

históricos, culturais, educacionais, entre outros, que formam a base do Turismo do

71

Conhecimento e que fazem com que o turista interaja com uma maior proximidade de tais

atrativos locais. Pessoas que buscam agregar valor cultural e conhecimentos provavelmente

são mais sócio/ambientalmente responsáveis, o que contribuirá significativamente para o

desenvolvimento da atividade turística regional. A França se constitui como um país de

elevado custo de vida e onde o turista tem altos gastos econômicos, mas mesmo assim se

destaca como a primeira do ranking dos países mais visitados no mundo. Ressalta-se que o

principal atrativo da França resume-se em museus, arte, exposições e cultura, ou seja,

equipamentos do conhecimento. Assim, evidencia-se a extrema prosperidade de tal tipologia

turística.

4.3.2.2 Espanha12

A Espanha se constitui em outra excelente referência no que diz respeito a localidades

que primam o conhecimento através de suas atratividades turísticas. O turismo espanhol

representa notáveis 10 % do PIB (Produto Interno Bruto) do país, fator este comprovante da

seriedade pela qual a atividade é tratada na localidade. Apesar de seu incrível patrimônio

histórico/cultural, a Espanha também conta com atrativos naturais e paisagísticos, onde estes

dividem o espaço sem que haja deturpação em nenhum destes.

Quando se trata de história e cultura, a Espanha chama a atenção para aspectos

característicos como o flamenco, a música, a pintura, a literatura, o cinema, os esportes, as

festas, entre tantos outros.

A Espanha apresenta-se muito bem localizada no contexto turístico. Há destaque para

a culinária, onde pratos internacionalmente conhecidos como a paella, por exemplo, fazem

com que os turistas busquem conhecer a gastronomia típica do país. Pratos típicos, com

temperos e especiarias características da região, fazem com que as pessoas que visitem a

Espanha estabeleçam uma inter-relação das percepções gastronômicas com as peculiaridades

culturais.

Também se destacam os museus do país, onde cita-se o Museu do Prado, com obras

de artistas renomados tais como Velázquez e Goya, localizado em Madrid. Esta cidade

também apresenta como atração turística a Plaza Maior, onde pode-se admirar uma paisagem

12 Pesquisa realizada no Sprachcaffe, disponível em: <http://www.sprachcaffe-spanien.com>. Acesso em: 22 set. 2006.

72

que já foi cenário de sacrifícios cristãos e corridas de cavaleiros em outros séculos, os

Palácios de Cristal e de Velázques e os Parques do Recanto e do Retiro.

Um dos aspectos que se destaca no cenário turístico espanhol é sua perfeita ligação

entre paisagismo e história. Acerca dos museus e demais lugares relacionados à arte, cultura e

história, pode-se perceber localidades cheias de natureza, como os Jardins Botânicos e os

próprios parques para visitação.

Dentro no contexto cultural, muitos são os nomes que se destacam na história da

Espanha e que são motivos de visita ao país. Pode-se citar como principais artistas espanhóis

Goya, Velázques, Picasso, Dali e o grande destaque da literatura espanhola: Don Quixote de

la Mancha. Também se destaca o artista Antônio Gaudí bastante reconhecido na arquitetura

espanhola, principalmente em Barcelona.

A questão da arquitetura e das igrejas do país também se evidencia no cenário do

Turismo do Conhecimento. Famosas igrejas da Espanha se tornaram excelentes atrativos

turísticos, onde pessoas do mundo inteiro buscam, além de toda a vocação religiosa

característica, um maior aprofundamento das histórias de construção e dos santos destas. Cita-

se a Igreja da Sagrada Família e a Igreja de Barcelona, onde se percebe uma incontestável

presença da história espanhola, onde os visitantes podem contemplar diversos claustros da

época da inquisição.

Um dos mais famosos caminhos de peregrinação e que atrai turistas do mundo todo é

o Caminho de Santiago de Compostela. Esta se defini como uma rota de peregrinação onde se

estende por toda a Península Ibérica até a cidade de Santiago de Compostela, localizada no

extremo oeste do país. Este caminho, acredita-se, leva ao suposto túmulo do apóstolo Tiago,

mas que não atrai somente pessoas ligadas ao Turismo Religioso, mas sim inúmeros

aventureiros que anseiam por descobrir todo o mistério que ronda a história do local. Desta

forma, torna-se fácil perceber a inserção do termo “conhecimento” tendo em vista a

curiosidade das pessoas que chegam a visitar o local em descobrir mais sobre a história do

apóstolo, em admirar as centenas de construções civis, militares e religiosas com seus mais

diversos estilos arquitetônicos (românico, gótico, barroco, plateresco e neoclássico), em

visitar locais sagrados e em observar todo o legado histórico do lugar. Uma outra afirmação

que se pode realizar a respeito da ligação entre o Caminho de Santiago de Compostela e o

fator do conhecimento em si diz respeito em este ter sido, no ano de 1993, declarado como

Patrimônio da Humanidade através de decreto da UNESCO (Organização das Nações Unidas

para a Educação, a Ciência e a Cultura).

73

Na região de Valência a cerâmica se transforma na marca registrada da cidade, onde

também há um museu destinado a tal arte. Esta cidade em muito se destaca em virtude de sua

localização à beira-mar, onde as paisagens naturais convivem harmoniosamente com os

legados artísticos e culturais. Cita-se o Museu de Bellas Artes onde há obras de artistas como

El Greco, Goya e Velázquez.

Um outro componente do conjunto de atratividade turística da Espanha faz menção

aos esportes. E inserida neste cenário encontram-se as famosas e polêmicas touradas

espanholas. Sendo uma das principais representantes da cultura do país, as touradas se

constituem em verdadeiros alvos para ambientalistas e associações protetoras dos animais.

Mas, desconsiderando a questão de maus tratos dos animais, as touradas recebem um

considerável número de turistas oriundos dos mais diversos locais do mundo ansiosos por

conhecerem um dos mais autênticos componentes culturais da história da Espanha. Um fator

que torna impressionante a capacidade dos espanhóis em aliar o turismo a suas mais

diversificadas vocações turísticas pode ser exemplificado através do Museu de Touradas,

onde o esporte mais conhecido da Espanha se alia ao hábito cultural dos museus espanhóis.

Ainda dentro do âmbito de esportes da Espanha, pode-se mencionar a localidade de Sierra

Nevada, onde ocorrem a já famosa estação de esportes de inverno espanhol.

No quesito ambientalismo, a Espanha apresenta ilhas e praias que são inevitavelmente

famosas em âmbito internacional. Pode-se citar Ibiza, Palma de Mallorca e Minorca como

grandes atrativos de esplêndidas belezas naturais, também atraindo pessoas em busca do

chamado turismo de lazer.

O governo espanhol dedica boa parte de seus investimentos no setor turístico, onde

evidencia-se sua enorme participação econômica. Tal fato deve-se à Espanha apresentar

inúmeros tipos de opções de atrativos turísticos, onde pode-se aproveitar desde riquíssimos

patrimônios históricos e culturais até as belezas naturais da região. Desta forma, nota-se como

o turismo do conhecimento se sobressai na localidade, ainda que de forma pouco reconhecida.

Os turistas buscam a Espanha para visitar seus museus, conhecer sua cultura e apreciar sua

gastronomia, levando para seus pontos de partida um conhecimento inigualável e uma

experiência surpreendente.

74

4.3.2.3 Portugal13

A atividade turística em Portugal representa cerca de 7% a 8% do PIB (Produto

Interno Bruto) do país e absorve 10% dos empregos percebidos nas regiões. É notável a

importância do turismo para a economia portuguesa, bem como sua excelente posição no

ranking dos destinos mais procurados no mundo. No ano de 2004, Portugal ocupou a 19ª

posição entre os paises mais procurados e obteve o 21º lugar entre aqueles que geraram

maiores índices de receitas através do turismo, com cerca de 6,3 milhões de euros. Os

principais atrativos que se podem perceber em Portugal resumem-se em: sua costa marítima

(com cerca de 1.792 Km.), sua paisagem natural, a cultura, os monumentos e locais históricos,

o ambiente de intensa hospitalidade, a infra-estrutura para a prática de esportes náuticos e o

golfe e o alto nível da hotelaria, que acabam atraindo pessoas do mundo inteiro.

Portugal apresenta variedades no que diz respeito a tipos de turismo e suas

potencialidades. Um dos principais objetivos do país é o desenvolvimento de uma espécie de

cluster turismo-lazer como um setor estratégico prioritário para Portugal. Inserido neste novo

projeto de cluster, pretende-se atingir múltiplas dimensões do setor turístico, como por

exemplo, o potencial para o aumento de receitas externas, o combate ao desemprego, a

valorização do patrimônio natural e cultural e uma melhora na qualidade de vida dos

portugueses em geral.

O futuro do setor passa por uma perspectiva de sustentabilidade ambiental, econômica e social, no quadro de um novo modelo de desenvolvimento do turismo que privilegie a qualidade, seja em termos de ambiente do destino turístico, seja no que refere aos empreendimentos e serviços turísticos (ICEP – Instituto das Empresas para os Mercados Externos, junho de 2006).

No que diz respeito à prática da atividade turística, Portugal exala inúmeras opções.

Relacionado à cultura portuguesa, pode-se perceber a presença de aldeias históricas, onde os

visitantes podem observar a utilização de granito e xisto na construção de castelos e templos

medievais. Nestes locais habitam as várias histórias de conquistas e batalhas presenciadas por

Portugal e onde hoje apresentam conotação turística. Alguns dos castelos que se

transformaram em atrações turísticas e que encantam os visitantes que buscam novos

conhecimentos a respeito da história e da cultura de um povo tão interessante quanto os

portugueses são: Linhares da Beira, Castelo Rodrigo (local de passagem para os peregrinos

que buscam Santiago de Compostella, na Espanha) e Sortelha.

13 Pesquisa realizada no Manual do Turista, disponível em: <http://www.manualdoturista.com.br>. Acesso em: 24 set. 2006.

75

Além de abrigar histórias de outros tempos e de demonstrar a cultura do povo

português, os castelos e as aldeias históricas oferecem, atualmente, inovações a respeito do

turismo enquanto atividade. Um excelente exemplo disto consiste no desejo de turistas em

realizar jantares românticos em castelos como os citados, de modo a poder vivenciar, além da

rica história de Portugal, momentos da corte de antigamente. Há, ainda a Rota dos Vinte

Castelos, onde os turistas além de apreciar paisagens exuberantes, aliam história e cultura,

obtendo maiores conhecimentos e realizando princípios do Turismo do Conhecimento.

Um outro aspecto que cerca o contexto turístico de Portugal consiste na abordagem

religiosa que o país denota às suas atividades, inclusive à turística. Muitos mosteiros e

conventos se transformaram em atrações turísticas, onde o visitante além de todas as

atividades religiosas que busca na região, pode admirar aspectos como arquitetura, natureza,

história e cultura. Pode-se citar como atrações turísticas religiosas o Mosteiro de Alcobaça

(onde há predominância do estilo arquitetônico gótico), o Palácio e Convento de Mafra, o

Mosteiro de Tibães, a Igreja de São Francisco de Assis (com notável apelo para o barroco), o

Santuário do Bom Jesus, o Santuário de Fátima, entre outros. Relacionando-se a religiosidade

ao turismo, chama-se a atenção para a Rota dos Frescos, onde os visitantes realizam uma rota

diferenciada pela história e pelo patrimônio religioso de regiões como Portel, Vidigueira,

Alvito e Viana do Alantejo.

Em toda a região de Portugal podem-se encontrar museus que são bastante procurados

por visitantes de todas as localidades do globo. Citam-se como exemplo: Museu da Imagem,

Museu Pio XII, Museu de Arte Contemporânea, Museu Rural de Salselas, Museu de Vila do

Conde, Museu Judaico de Belmonte, entre inúmeros outros.

A gastronomia de Portugal também reflete a cultura e a história do país. O bacalhau e

os pratos preparados com o peixe, o azeite, as azeitonas, o pão, a carne de porco e o pastel de

Belém são conhecidos mundialmente. Os vinhos portugueses, em especial o vinho do porto,

são referências para os vinhos dos mais diversos locais do mundo. Há também uma conotação

turística para a questão dos vinhos, onde os visitantes podem observar a maneira como são

feitos e realizar o processo da degustação.

A natureza portuguesa é predominante, havendo praias para a prática do surf e de

outros esportes náuticos. Podem-se mencionar as regiões de Cascais, Ericeira ou Baleal que

são muito procuradas em virtude da natureza exuberante e das boas condições do litoral para a

realização dos esportes náuticos.

76

Portugal é outro exemplo de conhecimento como motivador turístico. Ansiosos por

conhecer a cultura, os castelos, a história e a gastronomia de Portugal, os turistas buscam

novos conhecimentos de maneira a tornar o turismo uma das principais atividades do país.

4.3.2.4 Itália14

A Itália é um dos grandes berços culturais e históricos de toda a humanidade.

Constitui-se no terceiro país mais visitado por estrangeiros, ficando atrás somente de França e

Espanha, evidenciando, desta forma, sua incrível potencialidade turística. No ano de 2003, o

turismo contribuiu com cerca de 6% do PIB (Produto Interno Bruto) para a Itália, onde nota-

se o crescimento contínuo da atividade que se mostra em território italiano como bastante

desenvolvida e adepta à fatores intelectuais e de conhecimento.

Parte da economia italiana se baseia no turismo, onde cidades como Roma, Milão,

Florença e Verona se sobressaem significativamente. Roma é conhecida internacionalmente

como a “cidade eterna” e apresenta-se como um dos maiores centros culturais do mundo.

Conta com excelentes restaurantes, elegantes lojas e cerca de 300 fontes iluminadas que

chamam a atenção dos vários turistas que visitam a localidade. Dentre os vários aspectos

turísticos que compõem Roma e todo o restante da Itália, há um notório destaque para as

questões referentes à religião. Observando o Vaticano, que se constitui na capital da Igreja

Católica e residência do Papa, a Itália acaba por atrair turistas oriundos de todos e quaisquer

lugares do globo terrestre que buscam, em suma, um maior contato religioso, além de

conhecer o lugar onde a maior autoridade católica reside. Além disto, é no vaticano que se

encontra um dos maiores museus que contém um renomado acervo de arte consideravelmente

importante em todo o mundo.

Desta forma, nota-se a inserção de termos relacionados ao conhecimento, onde além

dos aspectos religiosos procurados pelos turistas, há também as questões artísticas e culturais

trabalhando em conjunto com o já conhecido Turismo Religioso.

Ainda inserido no aspecto da religiosidade na Itália, cita-se a Basílica de São Pedro e a

Capela Sistina que apresenta pinturas de Michelangelo no seu interior. Pode-se mencionar

também uma das maiores igrejas góticas do mundo, intitulada “Duomo”, localizada em Milão.

É também em Milão que se encontra a Santa Maria della Grazie, um importante convento

14 Pesquisa realizada no Manual do Turista, disponível em: <http://www.manualdoturista.com.br>. Acesso em: 24 set. 2006.

77

renascentista que abriga a obra “A última ceia”, de Leonardo da Vinci. Em Florença encontra-

se a Santa Croce que se constitui em uma importante igreja gótica que abriga túmulos e

monumentos de florentinos famosos, como Michelangelo, Galileu e Maquiavel.

As questões religiosas acabam se fundindo aos aspectos culturais, históricos e

artísticos, incrementando o turismo na Itália e fazendo com que os visitantes, além de

realizarem o turismo propriamente dito, adquiriam novas experiências e novos

conhecimentos.

A arte, a cultura e a história se posicionam estrategicamente no contexto turístico da

Itália. Anfiteatros, museus, praças e fontes são alguns exemplos que ilustram os atrativos

turísticos italianos. Como anfiteatros citam-se o Coliseu que atrai um grande número de

turistas durante todos os períodos do ano e o Anfiteatro Arena que se posiciona como o

terceiro maior do mundo. O teatro Alla Scalase constitui em uma casa de ópera de grande

prestigio internacional, onde os visitantes apreciam espetáculos de boa música.

A cidade de Florença reflete um dos exemplos de herança artística/cultural para a

humanidade. Grandes escritores como Dante e Maquiavel, e renomados artistas, como

Botticelli, Michelangelo e Donatelo transformaram a localidade de Florença em uma das

principais capitais artísticas do mundo.

A questão das renomadas grifes de alta costura italiana também atraem um

considerável número de visitantes que buscam conhecer e visitar lojas como Valentino,

Gianni Versace, Giorgio Armani, Gucci e Salvatore Ferragamo. Todas estas grifes se

concentram em um local denominado “Quadrilátero” que acabou se tornando um atrativo

turístico onde se realiza, entre outros, o turismo de compras, aumentando de maneira

surpreendente, as receitas geradas pelo turismo na região.

Os museus italianos refletem arte, história, cultura e conhecimento. Atraem milhares

de turistas que buscam conhecer as obras de artistas famosos, como Leonardo da Vinci, e

museus como o Uffizi que se qpresenta como o maior museu da Itália e o Castelvecchio, onde

há uma das mais belas galerias de arte de Vêneto.

Percebe-se na Itália um importante berço cultural, histórico e artístico onde o turismo

se constitui em um fundamental fator econômico. Pessoas viajam de todos os lugares do

mundo em busca de arte e cultura italiana, através de suas famosas figuras e personalidades. A

religião, a fé, a arte e a história tornam-se importantes fatores componentes do Turismo do

Conhecimento e que a Itália ilustra magnificamente.

78

4.3.3 Relação entre turismo do conhecimento e demais segmentações turísticas

Embora a terminologia “Turismo do Conhecimento” seja pouco utilizada ainda nos

dias atuais, pode-se perceber que este acaba por englobar certas características que se aplicam

a outras formas de práticas turísticas mais conhecidas e debatidas.

Dentre os tipos de turismo que o turismo do conhecimento se enquadra pode-se citar:

Cultural; Histórico; Gastronômico; Religioso; de Experiência; Pedagógico/educacional;

Ecológico; Eventos/negócios; Científico; etc. As principais formas de turismo que acabam por

se enquadrar nas idéias centrais do chamado Turismo do Conhecimento serão posteriormente

abordadas e analisadas, onde será possível perceber esta referida relação.

Duas importantes vertentes do turismo do conhecimento consistem na interação com o

meio e no conhecimento propriamente dito. Portanto, as formas de turismo acima citadas

remetem, em algum momento de suas práticas, a uma destas vertentes relacionadas e fazem

com que o turista acabe adquirindo aprendizados e novas experiências.

Recentemente, se observa tendências relacionadas a aquisição de novos

conhecimentos por parte dos turistas, que vêm se mostrando mais exigentes e seletivos.

Com questões como sustentabilidade e meio ambiente tão em voga nos dias atuais,

bem como a presença de uma maior preocupação com a comunidade receptora e a identidade

cultural da região, o Turismo do Conhecimento se mostra presente nesta realidade,

evidenciando, além de suas características conceituais, um maior e mais presente cuidado com

as questões que refletem problemáticas sócio-ambientais. Além disto, o Turismo do

Conhecimento acaba se tornando melhor qualificado, fazendo com que a prática da atividade

turística reflita todos os benefícios econômicos apresentados mas não exclua a importância do

entorno ambiental e social que afeta.

• Turismo do conhecimento e turismo cultural:

Uma das principais motivações que levam os turistas a buscarem localidades e regiões

para a prática do turismo, consiste, inquestionavelmente, na inovação e na surpresa.

Costumes, crenças, manifestações artísticas, hábitos e todas as formas de cultura

podem se transformar de maneira eficiente em atratividade turística de qualidade.

79

O turismo cultural consiste em todas as atividades ligadas ao contato de indivíduos

com os diversos ramos da cultura, como a área artística, formação, informação e atrativos que

visam, normalmente, uma espécie de satisfação educativa (KUAZAQUI, 2000, p. 56).

Uma das questões mais interessantes da cultura de determinada região é seu caráter

aparentemente vitalício, quando bem estruturada, mantida e preservada. Quando as crenças e

costumes são fortemente consolidados, a cultura local se faz presente constantemente,

podendo se transformar em patrimônio da comunidade, do país e, em alguns casos, até da

humanidade. Quando isto ocorre, há uma maior procura de pessoas vindas de outros lugares,

que buscam conhecer a região e sua cultura, realizando, portanto, o chamado turismo cultural.

Um outro aspecto que deve-se mencionar é a questão do fortalecimento da

comunidade com o desenvolvimento do turismo cultural, que acaba por oferecer um certo

orgulho para as pessoas que fazem parte desta realidade. Tendo seu brio elevado, a

comunidade acabará sentindo-se parte do atrativo turístico oferecido, melhor tratando o turista

e fazendo com que o desenvolvimento da atividade turística flua de maneira mais eficiente.

Inserido nesta esfera apresentada, o Turismo do Conhecimento pode se manifestar

inquestionavelmente no turismo cultural, uma vez que as pessoas viajam em busca da cultura

e legado artístico de uma determinada região e voltam para seus pontos de partida portando

novos conhecimentos e experiências e melhor compreendendo a cultura do local que

visitaram. Além disto, passarão as informações obtidas adiante, fazendo do turismo um

excelente aliado na dissipação do conhecimento, despertando nos ouvintes a vontade e a

curiosidade de visitar os locais que lhe estão sendo descritos.

O autor Mário Carlos Beni15 refere-se ao Turismo do Conhecimento como sendo parte

integrante da esfera do turismo cultural. Segundo o autor, o turismo cultural constitui na visão

macro enquanto que o Turismo do Conhecimento se torna uma de suas segmentações. Tal fato

deve-se, talvez, a denominação “Turismo do Conhecimento” ser relativamente nova e ter

surgido muitos anos após a terminologia “turismo cultural”. Porém, percebe-se que, apesar da

opinião do autor, o turismo cultural constitui-se em um exemplo do chamado turismo do

conhecimento, que abrange vertentes que vão além do conceito de turismo cultural. O turismo

cultural, assim como o Turismo do Conhecimento, apresenta como um dos seus principais

objetivos a aquisição de conhecimento, porém se limita ao fator cultural, enquanto que o

15 Informação coletada através de conversa informal durante o evento “O futuro do turismo de Santa Catarina entre 2007 e 2011”, em Florianópolis, no dia 25 set. 2006.

80

Turismo do Conhecimento engloba diversas outras diretrizes que, além do termo cultura,

reúne a história, a arte, a educação, os negócios, os esportes, entre outros.

Desta forma, o turismo cultural reflete-se no Turismo do Conhecimento, fazendo com

que as pessoas envolvidas no processo acabem por adquirir conhecimentos e experiências

novas, transformando a atividade turística em algo mais atrativo, prazeroso e inteligente.

• Turismo do conhecimento e turismo histórico:

Um dos principais fatores que levam as pessoas a realizarem o turismo consiste na

busca por atrativos que evidenciem algo de importante que aconteceu na linha do tempo. A

história é um excelente fator turístico, que engloba visitas a locais de interesse histórico e que

remete-se ao passado de maneira surpreendentemente interessante.

O turismo histórico envolve a visita de turistas a museus, monumentos, igrejas,

catedrais, entre outros (KUAZAQUI, 2000, p. 57). Engloba a história da região, os passos de

sua fundação e seus casos de sucesso ou fracasso em histórias de lutas e combates.

Ao se visitar museus, galerias de arte, inscrições rupestres ou qualquer outro atrativo

turístico que reflete a história de um povo, os visitantes se mostram interessados em aprender

algo novo, ou mesmo desejam descobrir como aconteceu determinado episódio. Desta forma,

adquirem novos conhecimentos, e, muitas vezes, vivenciam situações que os fazem voltar no

tempo, imaginando como as ocasiões realmente foram vivenciadas.

Realizando o turismo histórico, os turistas adquirem novos aprendizados, e fazem com

que haja uma perfeita aliança entre história, turismo e conhecimento. Fatos que aconteceram

durante a linha do tempo de determinada região se tornam atrativos turísticos de qualidade

quando bem desenvolvidos e administrados. Assim, tem-se um importante aliado no fomento

de um turismo de bons atributos, que realiza um excelente papel de propagação do

conhecimento e faz com que o turismo se torne algo interessante e inteligente.

As pessoas vão em busca de visitar lugares que foram palco de importantes decisões

históricas e querem conhecer a história das cidades e regiões, evidenciando desta forma o

Turismo do Conhecimento.

Quando se anseia em descobrir como os fatos aconteceram, bem como apreciar locais

que possuem alguma ligação com a história, se terá melhores oportunidades em se conquistar

81

novos conhecimentos e será possível aliar história e turismo, fazendo com que o Turismo do

Conhecimento também se mostre presente no turismo histórico.

• Turismo do conhecimento e turismo gastronômico:

A gastronomia típica regional se mostra, atualmente, em uma excelente opção de

atrativo turístico. Os temperos, as especiarias, os condimentos e o modo de preparo dos

alimentos são característicos de cada povo e tornam-se importantes marcas regionais.

A culinária característica de cada região reflete, em vários casos, a cultura do povo

colonizador de determinada localidade. Desta forma, o turista busca visitar cidades de

colonização de povos estrangeiros para apreciar um pouco da cultura, da história e, inclusive,

da gastronomia.

Pode-se perceber que, quando o turista não viaja com o intuito de conhecer a

gastronomia da região, ele acaba a conhecendo, ainda que de maneira indireta. A alimentação

é vital e um ato extremamente fundamental. Assim, acaba-se havendo uma certa

obrigatoriedade em se realizar refeições nos locais de destino turístico, sendo quase que uma

conseqüência a experimentação de pratos típicos locais. Tem-se, então, o chamado turismo

gastronômico que alia a arte da culinária com as peculiaridades e culturas que cada região

possui.

Quando se visita determinada cidade e se aprecia sua gastronomia, o turista passa a

conhecer um pouco mais da cultura, da história e dos hábitos da região. As frutas e verduras

características da localidade, os modos alimentares, as receitas caseiras e as bebidas típicas se

tornam objetos de curiosidade e frutos do conhecimento.

Além disso, os visitantes se mostram tão ansiosos por obter informações como receitas

e outras curiosidades que acabam por estabelecer uma interessante relação de aproximação

com os membros das comunidades receptoras, havendo, portanto, uma repleta interação com

o meio. É neste aspecto que se insere o Turismo do Conhecimento, evidenciando a aquisição

de novos saberes, novas sensações e novas experiências no ramo da culinária e da

gastronomia.

O Turismo do Conhecimento se relaciona perfeitamente com o turismo gastronômico,

onde o conhecimento de hábitos alimentares, comidas típicas e modo de preparo dos

alimentos, juntamente com a aquisição de novas experiências e diferentes sensações ao se

82

provar os pratos típicos, bem como a necessária interação com o entorno percebido, refletem

em um resultado positivo de troca de conhecimentos e benefícios através do turismo enquanto

atividade.

• Turismo do conhecimento e turismo religioso:

A religião, desde os primórdios da civilização, se mostra como um grande fator

motivacional das viagens de pessoas por todo o mundo. Peregrinações e romarias fazem com

que as pessoas se desloquem dos mais variados lugares em busca de fé e graças.

O turismo religioso consiste no conjunto de atividades realizadas com utilização

parcial ou total de equipamentos e a realização de visitas a receptivos que expressam

sentimentos místicos ou suscitam a fé, a esperança e a caridade aos crentes e pessoas

vinculadas a religiões (ANDRADE apud GIRUS, 2006).

Desta forma, locais ditos sagrados, santuários, igrejas, catedrais e qualquer lugar que

acabe por se inserir no contexto religiosos se mostram também com características turísticas,

fazendo com que o turismo religioso se destaque frente a outras formas de turismo.

Locais aptos para o desenvolvimento do turismo religioso são munidos de histórias

sagradas que são motivos de curiosidade dos visitantes. Muitos turistas buscam, além de toda

a questão religiosa em si, conhecer o lugar onde aconteceu determinado milagre ou mesmo a

igreja de seu santo de devoção. Outras vezes, torna-se comum a prática do turismo religioso

para os fiéis que buscam ou que agradecem a graças concedidas.

Assim, o turismo religioso acaba se enquadrando no Turismo do Conhecimento, uma

vez que turistas religiosos buscam conhecer a histórias dos milagres, da vida de figuras

sagradas ou mesmo apreciam a arquitetura de igrejas e catedrais. Há, desta forma, a aquisição

de novos conhecimentos e de sensações peculiares à fé e à devoção.

O Turismo do Conhecimento vislumbra no turismo religioso aspectos relacionados

não só ao conhecimento em si, mas também a novas sensações e novas experiências, fazendo

com que se busque conhecer a história de locais sagrados, de pessoas relacionadas à religião,

de igrejas e catedrais. Os turistas voltam modificados com mais conhecimentos relacionados à

religião e experimentam novas sensações espirituais.

É aliando fatores como religião, turismo e conhecimentos que se terá uma atividade

turística melhor aproveitada, com pessoas que buscam sempre a renovação e o aprendizado,

83

tornando o turismo religioso um excelente forma de prática de Turismo do Conhecimento e

incrementando ainda mais a atividade.

• Turismo do conhecimento e turismo de experiência

Com o passar dos tempos, o turista veio se tornando um cliente exigente, seletivo e

ansioso por questões que lhe propiciem novas sensações e sensibilidades diferentes. A

qualidade se tornou o fator primordial na prática do turismo, estando em fase contínua de

crescimento e expansão. Uma das principais mudanças no cenário turístico se resume na

transação do turismo de observação para o turismo de experiência.

Domenico De Masi16, sociólogo italiano da Universidade La Sapienza, de Roma, e

presidente da Escola de Especialização em Ciências Organizativas a S3 Studium, defende a

questão da importância atual e futura do turismo de experiência.

Segundo De Masi, o turista que busca novas experiências se apresenta disposto a

permanecer mais dias que o turista convencional, apresenta expectativas exigentes e um bom

nível cultural e financeiro.

O turismo de experiência transmite um novo conceito de abordagem diferenciada e

onde a originalidade se constitui no principal fator. Buscar experimentar sensações e

vivências inusitadas e incomuns ao cotidiano das pessoas se constitui em uma das principais

vertentes do turismo de experiência. O ato de sentir se fundamentou no turismo como

prioridade ao invés de somente observar.

O Turismo do Conhecimento se contextualiza na esfera apresentada, evidenciando a

importância da experiência inovadora e criativa, fazendo com que os turistas retornem aos

seus locais de origem portando novas emoções e tendo realizado e participado de um turismo

de novidades e passando de mero espectador para participante efetivo de todo o processo.

• Turismo do conhecimento e turismo pedagógico/educacional

Recentemente, o turismo vem se estabelecendo como forma de auxiliar na

aprendizagem de assuntos e temas normalmente debatidos em salas de aula. Preocupa-se em

estabelecer processos pedagógicos através de experiências turísticas de qualidade, fazendo

16 Informações obtidas através de palestra realizada no evento “O futuro do turismo de Santa Catarina entre 2007 e 2011”, realizado em Florianópolis, durante os dias 25 e 26 set. 2006.

84

com que o conhecimento seja contextualizado, pertinente e real (PRIEBE; SILVA 2005, p.

07).

O ato de viajar é capaz de ensinar alunos de diversas faixas etárias a aprender de uma

maneira mais encantadora, fácil e divertida. Desperta nos indivíduos o sentimento da

descoberta e da curiosidade, além de demonstrar claramente na prática o que a teoria

ministrada em sala de aula explica.

O contato com o diferente, com o lúdico, com o novo e com o inusitado desperta nos

alunos um extraordinário interesse em se aprender mais e de forma contínua. Desta forma, o

turismo pedagógico incita nos acadêmicos o desejo de continuar aprendendo e continuar se

aprimorando.

O turismo educacional engloba os intercâmbios e as demais formas de práticas de

estudo, como graduação, pós graduação, mestrado, doutorado, entre outros. Apesar do

estudante se deslocar para outra região objetivando o estudo, este não é considerado turista

por muitos autores, passando a ser tratados como “residentes”.

O coordenador do curso de turismo da UFPR (Universidade Federal do Paraná), José

Manoel Gandara17, adverte a utilização do termo “residente” para as pessoas que viajam em

busca de estudos seja através de cursos ou de graduações.

As viagens culturais internacionais assumem dimensão maior com o aparecimento de associações especializadas no intercâmbio de estudantes de vários países, que se alojam em casas de família, adotando-as como segundo lar por um período variável de 6 meses a 1 ano. Observa-se que há autores que não consideram o intercâmbio familiar como componente do tráfego turístico (BENI, 2001, p. 426).

O intercâmbio também exala características do Turismo do Conhecimento, onde a

questão de experiências inusitadas, como o fato de estar longe do país de origem e ver-se

obrigado a se auto-sustentar, a aquisição de novos conhecimentos e a compreensões se fazem

presentes.

Além disso, a questão da interdisciplinaridade se evidencia tanto no turismo

pedagógico/educacional, como no Turismo do Conhecimento, elevando o nível de

conhecimento dos envolvidos por agregar diversas disciplinas de maneira integrada e

surpreendentemente eficiente.

17 Informações coletadas através de conversa informal durante o evento “O futuro do turismo em Santa Catarina entre 2007 e 2011”, em Florianópolis, no dia 25 set. 2006.

85

O turismo pedagógico/educacional evidencia-se claramente no contexto do Turismo

do Conhecimento, uma vez que o ato de aprender é seu principal objetivo. A aquisição de

experiências inovadoras, bem como a percepção da realidade de maneira empírica faz com

que o conhecimento se torne perene e contínuo e agrega valores a todos os envolvidos, seja a

instituição acadêmica, os alunos, o turismo e a comunidade receptora.

• Turismo do conhecimento e turismo ecológico:

O turismo ecológico vem se mostrando atualmente como uma das principais

atividades turísticas que apresentam grandes índices de crescimento. Segundo Beni (2001, p.

427) o turismo ecológico consiste numa:

Denominação dada ao deslocamento de pessoas para espaços naturais, com ou sem equipamentos receptivos, motivadas pelo desejo/necessidade de fruição da natureza, observação passiva da flora, fauna, da paisagem e dos aspectos cênicos do entorno – neste sentido pode ser também chamado de turismo da natureza, turismo verde [...].

Apresentando como um exemplo de seus principais objetivos a educação e a interação

da população, o turismo ecológico situa-se na esfera turística com atividades que apresentem

um contato direto e contínuo com a natureza e com o meio ambiente. Além disso, a

conscientização de preservação ambiental se faz necessária e presente nas pessoas adeptas ao

turismo ecológico, que mostram-se mais atentos e perceptivos às questões ambientais e

referentes à natureza.

Podem-se mencionar como atividades relacionadas ao turismo ecológico as

caminhadas ao ar livre, a observação da fauna e da flora, entre outros. Além disso, deve-se

haver um cuidadoso respeito às comunidades receptoras que deverão mostrar-se atentas e

presentes em todo o desenvolvimento da atividade.

Quando as pessoas viajam em busca de turismo ecológico, acabam adquirindo novas e

inesquecíveis experiências. Além disso, conquistam novos conhecimentos ao estabelecerem

um contato tão estreito e próximo com a natureza. Nesta esfera encontra-se o Turismo do

Conhecimento, que se apresenta presente no momento em que os turistas se interessam em

adquirir ou vivenciar conhecimentos. Há a divulgação de conhecimentos relacionados à

botânica, zoologia, à ética, ao se aprender como proceder em um habitat natural, ciência, entre

outros. As pessoas praticam o turismo ecológico também na forma de esportes radicais como

a tirolesa, o rapel e o rafting, por exemplo. Ainda assim, destaca-se o Turismo do

86

Conhecimento uma vez que algumas pessoas não sabiam como praticar determinado esporte e

acabam aprendendo, além, é claro, da nova experiência e das várias sensações percebidas.

O Turismo do Conhecimento encontra no turismo ecológico mais uma forma de

demonstração de suas características, onde há um inquestionável aprendizado e aquisição de

conhecimentos relacionados à natureza em si. Desta forma, as pessoas além de praticarem o

turismo ecológico, aprendem coisas novas e de utilidade pública, contribuindo para a

preservação do meio ambiente e se tornando uma atividade sensata.

• Turismo do conhecimento e turismo de eventos/negócios:

Uma das principais áreas turísticas que se mostram eficientes no combate à

sazonalidade se consiste no turismo de eventos/negócios. Este se define como sendo aquele

que há o deslocamento de pessoas envolvidas em negócios, como os executivos, por exemplo,

e que:

[...] afluem aos grandes centros empresariais e cosmopolitas a fim de efetuarem transações e atividades profissionais, comerciais e industriais, empregando seu tempo livre no consumo de recreação e entretenimento típicos desses grandes centros, incluindo-se também a freqüência a restaurantes com gastronomia típica e internacional (BENI, 2001, p. 423).

O turismo de negócios e de eventos faz gerar uma quantia considerável de renda e

empregos e movimenta de maneira apreciável a economia local. Além disso, com a receita

dos eventos, poder-se-á adquirir o capital necessário para a ampliação e melhoria da infra-

estrutura turística e urbana, ficando, desta forma, melhor preparado para a realização de

outros eventos e assim, se terá um ciclo benéfico da atividade.

Além disso, o turismo de eventos/negócios acaba por mesclar atividades profissionais

com atividades de lazer, onde o turista de negócios retorna à localidade com a família para

realizar o turismo de lazer.

O grande objetivo do turismo de eventos/negócios é a troca de informações entre

pessoas de áreas comuns de interesse. Desta forma, estas acabam por adquirir novos

conhecimentos, estabelecendo, portanto, uma estreita relação entre o turismo de negócios e o

Turismo do Conhecimento.

O turismo de eventos/negócios se caracteriza como sendo inteiramente voltado para a

área profissional de pessoas que apresentam interesses em comum, fazendo com que haja uma

87

partilha de informações e conhecimentos, ocasionando na agregação de novos valores, idéias

e conceitos e que acabam por auxiliar no aperfeiçoamento da área em questão e dos

profissionais envolvidos. Desta forma, o turismo de eventos/negócios insere-se na relação

com o Turismo do Conhecimento, possibilitando maiores informações e fazendo com que

haja a interação entre todos e quaisquer envolvidos.

• Turismo do conhecimento e turismo científico:

O turismo científico se define através do interesse ou da necessidade de realização de

estudos, pesquisas e investigação através de viagens a locais de potencialidade turística, onde

a ciência se constitui no principal fator de todo o contexto. Segundo Andrade (1999, p. 72-

73), o “autêntico turismo científico pode realizar-se tanto em locais e regiões desprovidas da

suficiente estrutura urbana como em regiões poupadas em sua natureza primitiva”.

Tendo como principal enfoque a aquisição de descobertas e conhecimentos, o turismo

científico estabelece-se perfeitamente como aliado no Turismo do Conhecimento,

transportando para os turistas o papel de pesquisadores e estudiosos ou vice-versa. A viagem

se concretiza com o intuito principal de aprendizagem, seja para um fim específico, seja por

mera curiosidade.

Busca-se a obtenção de conhecimentos através da visita em campo, coleta de dados e

aprendizagem de maneira empírica. Desta forma, o turismo científico agrega valores ao

pesquisador, à pesquisa em si e aos envolvidos para que haja uma eficaz evolução na área

pesquisada.

O Turismo do Conhecimento relaciona-se com o turismo científico, evidentemente, na

forma de aquisição de conhecimentos, na interação com o meio a ser estudado e na

objetividade em realizar pesquisas que primem a solução de problemas ou o surgimento de

benefícios para qualquer área e setor.

Além de viajar para um local onde o turismo científico será exercido, o turismo

agregará, incontestavelmente, conhecimentos novos ou mesmo se certificará de maneira

presente daquilo estudado na teoria.

Assim, o Turismo do Conhecimento se funde em pontos específicos ao turismo

científico, tornando-se um incrível aliado às áreas envolvidas, tais como o turismo, a ciência,

a pesquisa e o conhecimento.

88

4.3.4 O produto chamado turismo do conhecimento

Como forma de melhor compreender a formação do Turismo do Conhecimento

enquanto produto turístico, bem como visualizar suas conseqüências, ilustra-se a figura

explicativa a seguir, bem como sua posterior análise.

FIGURA 3 – TURISMO DO CONHECIMENTO

Fonte: Produzido pela autora, 2006.

89

O Turismo do Conhecimento se constitui, até o prezado momento, num elemento

inovador e criativo da estrutura turística encontrada. Está inserido no cenário turístico atual

como um produto diferenciado, apto a atender aos turistas mais exigentes e impertinentes e

que primam por elementos como qualidade, conforto, bem-estar, segurança e originalidade.

Para se resultar em um produto diferenciado como o Turismo do Conhecimento,

torna-se necessário um mix de aspectos que visam, em suma, o oferecimento de um produto

através da consciência sustentável, de conceitos referentes à modernidade e de detalhamentos

planejados a cada passo. Desta forma, ao se unir de uma maneira concisa e eficaz elementos

como o planejamento turístico, o desenvolvimento turístico sustentável e a inovação, através

de aspectos como a ciência e a tecnologia, por exemplo, se terá um produto diferenciado de

qualidade, neste caso o Turismo do Conhecimento, apto a fomentar a atividade turística de

maneira eficiente e pró-ativa.

Ao se visualizar o Turismo do Conhecimento como um produto inovador e

diferenciado no mercado turístico atual, pode-se perceber alguns itens que o fazem ser

interessante e que acabam por se tornar bases do termo em questão. Estes itens consistem em:

experiência, conhecimento e o ser humano.

O turismo do conhecimento se apresenta como amplo e fundamentado nos três itens

apresentados. A experiência consiste no oferecimento de novas emoções aos turistas, que

passarão de simples observadores a atores principais do contexto. O conhecimento se

evidencia de maneira surpreendente, onde será ofertado não apenas elementos visuais, mas

sim aspectos do intelecto, fazendo com que o turista retorne ao seu local de origem portando

novos saberes e se mostrando intelectualmente mais evoluídos que no momento da partida ao

destino turístico. O conhecimento, neste contexto, pode se manifestar através de dados

profissionais, científicos, culturais, ambientais, experimentais, entre outros. Ou seja, o turista

do conhecimento viajará não apenas para realizar o turismo convencional, mas sim para se

tornar um agente turístico, capaz de ensinar e aprender com o entorno visitado.

Vários são os exemplos de turistas com potencialidade para o turismo do

conhecimento. Pode-se citar os executivos que vão em busca de novos negócios, os estudantes

que procuram entender as teorias ministradas em aula, as pessoas que gostariam de conhecer a

gastronomia de determinada região ou mesmo qualquer individuo que retorne à sua cidade

com conhecimentos adquiridos e experiências vivenciadas.

Nota-se, em todo esse argumento, a essencial e fundamental importância concedida ao

ser humano. Este fato se constitui em mais uma das esferas do Turismo do Conhecimento,

que compreende a inevitabilidade da troca de experiências e conhecimentos entre indivíduos

90

que apresentam expectativas, desejos e necessidades a serem supridas. Apresentando-se na

posição mais elevada da pirâmide do turismo, o ser humano evidencia sua essencialidade,

acima, inclusive, dos lucros da área em questão. Afinal, sem a presença do turista, ou seja, do

ser humano, o turismo não teria a possibilidade de ocorrer como atualmente é possível

observar.

Finalmente, com a devida consolidação do Turismo do Conhecimento de maneira

sustentavelmente correta e economicamente viável, será nítida a atração de vários benefícios

que terão como objetivo o fomento da atividade turística e de todas as suas ramificações. O

turista adepto ao Turismo do Conhecimento se mostra sócio/cultural/ambientalmente mais

responsável, apresentando-se, portanto, como um turista melhor qualificado, compreendendo

a necessidade da preservação cultural e ambiental e não entrando em conflito com a

comunidade local, respeitando seu espaço.

As pessoas que se preocupam em adquirir novos conhecimentos e que se mostram,

portanto, potenciais turistas do conhecimento, normalmente compreendem a necessidade de

se deixar divisas na destinação e, na maioria das vezes, são dotados de um nível financeiro

mais elevado e que necessita ser utilizado para o lazer inteligente e inovador. Desta forma, o

Turismo do Conhecimento acabará por deixar divisas consideráveis nas destinações que o

executarem, contribuindo para o crescimento do turismo em si e aumentando

significativamente a economia da região.

Com o desenvolvimento de um novo produto turístico, tende-se a aumentar os

números de postos de trabalho, além de oferecer aos clientes maiores e melhores

oportunidades de práticas de turismo em todas as épocas do ano, auxiliando, portanto, no

combate à sazonalidade, que se constitui na principal problemática turística encontrada.

Pode-se perceber que, apesar de complexo, o Turismo do Conhecimento se constitui

em uma excelente alternativa de combate à sazonalidade e, além disso, busca consolidar o

turismo como uma atividade de qualidade, inovadora e inteligente.

4.3.5 Mapeamento dos recursos de Florianópolis que se encaixam na proposta do turismo do

conhecimento

Florianópolis se apresenta como cidade predominantemente turística. Sua posição

insular garantiu à cidade a presença de cerca de 100 praias, evidenciando, portanto, a

predominância do turismo de balneário na região.

91

Apesar do seu incrível potencial natural, a cidade de Florianópolis depara-se

anualmente com a questão da sazonalidade, que afeta a localidade durante os períodos de

baixa temporada, fazendo com que a atividade turística e as demais áreas que desta dependem

sejam consideravelmente afetados de uma maneira negativa.

A Ilha de Santa Catarina, entretanto, apresenta outras formas de demonstração da

atividade turística, inserindo-se no contexto do Turismo do Conhecimento e demonstrando

vocações ainda pouco conhecidas e sustentavelmente exploradas. O Turismo do

Conhecimento prima a aquisição de aprendizagem e a experimentação de novas sensações e

emoções. Alia-se ao fato do turismo na cidade depender drasticamente da condição climática

dos dias compreendidos na alta temporada, fazendo com que a demanda turística percebida

não seja munida de outras formas interessantes e inteligentes de práticas de turismo, além de

praticamente estagnar-se durante os meses da baixa estação. Com o Turismo do

Conhecimento, Florianópolis acabará por se inserir num mercado turístico altamente próspero

e competitivo durante todas as épocas do ano.

Além do turismo praticado nas praias da região, Florianópolis apresenta notável

propensão para outras formas de turismo, tais como: histórico, cultural, ecológico, científico,

de aventura, gastronômico, religioso, de eventos, entre outros. Isto evidencia a potencialidade

da região para o Turismo do Conhecimento, que visa o oferecimento de alternativas

inteligentes e atraentes para um público cada vez mais exigente e ansioso por produtos de

qualidade. Une-se a este fato, a questão da conquista de conhecimentos, fazendo do turismo

uma atividade sedutora em termos práticos e intelectuais.

Podem-se citar alguns elementos que habitam a Ilha de Santa Catarina, mas que não

são devidamente divulgados e sustentavelmente oferecidos no ramo turístico da cidade. Tais

elementos, algumas vezes, não se constituem como atrativos turísticos, porém demonstram

potencialidade para tal. Posteriormente, serão relatados alguns pontos que se inserem

eficazmente na abrangência atrativo do Turismo do Conhecimento.

A seguir será ilustrado o mapeamento dos potenciais de Florianópolis relacionados ao

turismo do conhecimento:

92

FIGURA 04: MAPEAMENTO DO TURISMO DO CONHECIMENTO EM

FLORIANÓPOLIS/SC

Fonte: Produzido pela autora, 2006.

93

• Museus

Florianópolis apresenta alguns museus em seu território que normalmente não são do

conhecimento dos turistas e, infelizmente, da maioria dos moradores da cidade.

Os museus encontrados na localidade formam uma base histórica e cultural de

Florianópolis e se constituem em excelentes atrativos turísticos. Mais que demonstrar relatos

do passado, os museus mostram-se presentes na realidade atual, oferecendo aos desejosos por

história, cultura e arte uma verdadeira opção de turismo.

Um dos museus da cidade de Florianópolis é o Museu Victor Meirelles. Localizado no

centro da cidade, antigamente se constituía na residência do pintor catarinense de mesmo

nome. Retrata, além das obras do pintor, uma arquitetura típica de Florianópolis quando ainda

se denominava Desterro e abriga também exposições temporárias. O museu foi criado em

1952 e seu imóvel foi tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1950.

O Museu Universitário Oswaldo Rodrigues Cabral se localiza no campus da

Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), no bairro Trindade e se apresenta como uma

instituição universitária, com uma especificidade museal, que consiste na manutenção de

exposições, conservação e guarda de acervo. Apresenta como vertentes de ação, ainda,

responsabilidades com o ensino, a pesquisa e a extensão. O Museu Universitário Oswaldo

Rodrigues Cabral conta com acervos dos tipos: arqueológico, etnográfico – indígena,

etnográfico – cultura, popular, coleção Professora Elizabeth Pavan Cascaes e coleção de artes

populares.

Construído para ser a sede do governo, o Palácio Cruz e Souza abriga hoje um dos

principais museus de Florianópolis, localizado no centro da cidade. No ano de 1984 seu

prédio foi tombado pelo Patrimônio Histórico do Estado e em 1986 foi decretado Museu

Histórico de Santa Catarina. O museu apresenta um conjunto de aspectos interessantes que

vão desde a arquitetura neoclássica e barroca até as exposições temporárias que ocorrem em

seu interior.

O Museu da Imagem e do Som (MIS) de Santa Catarina apresenta sua estrutura física

no bairro Agronômica e conta com apresentações gratuitas de filmes de qualidade nacionais e

estrangeiros. O museu realiza, ainda, o trabalho de conservação de fotografias, a prestação de

serviços na área de orientação técnica em cinema e vídeo, a catalogação do acervo

institucional da Fundação Catarinense de Cultura, bem como de suas casas vinculadas e o

oferecimento de oficinas técnicas audiovisuais.

94

O Museu de Arte de Santa Catarina (MASC) se apresenta como o terceiro museu mais

antigo do país e se localiza no bairro Agronômica. Seu acervo conta com obras de artistas

catarinenses consagrados, além de nomes como Di Cavalcanti, Djanira, Panceti, Burle Marx e

Iberê Camargo.

Outros museus que habitam a cidade de Florianópolis são: Museu de Armas Major

Lara Ribas, no Forte de Sant’Ana – centro; Museu O Mundo Ovo de Eli Heil, em Santo

Antônio de Lisboa; Museu Etnológico do Ribeirão da Ilha; Museu do Saneamento, no centro;

Museu do Homem do Sambaqui “Padre João Alfredo Rohr”, no centro e o Museu Sacro da

Capela do Menino Deus, no centro.

Pode-se perceber o potencial histórico e cultural que os museus de Florianópolis

representam. Desta forma, o Turismo do Conhecimento se impõe de maneira a fazer do

turismo na região uma prática de todas as épocas do ano, que atraia pessoas ansiosas por

história, conhecimento e cultura, bem como desperte em todos o desejo de se conhecer e

experimentar turisticamente outros pontos ainda pouco explorados.

• Engenhos de farinha

Sendo produto da união de duas culturas distintas, como a indígena e a açoriana, o

engenho de farinha se constituiu durante cerca de dois séculos em uma das principais

atividades da Ilha de Santa Catarina.

Evidencia-se a presença da história de Florianópolis nos engenhos de farinha, que, além

de se constituir como uma importante atividade econômica de tempos antigos, se tornou uma

notável forma de se contar o passado, conhecendo os costumes de épocas que viam na farinha

de mandioca a principal motivação de sustento.

Turisticamente aborda-se a técnica da preparação da farinha de mandioca através dos

engenhos como uma maneira histórica de visualizar o passado, a cultura e a evolução. O

engenho de farinha na Ilha de Santa Catarina vem se mostrando cada vez mais esquecido e

pouco difundido. Porém, apesar dos avanços tecnológicos que se observa na realidade, alguns

engenhos de farinha ainda apresentam-se em atividade na cidade de Florianópolis, sendo

destinados a manutenção da cultura passada pelas famílias herdeiras do processo. Atualmente,

vê-se nos engenhos de farinha uma excelente oportunidade de exercício do turismo enquanto

atividade.

95

Alguns dos engenhos de farinha situados em Florianópolis são: Casarão e Engenho dos

Andrade, em Santo Antônio de Lisboa; Engenho do Ataíde, no Rio Vermelho e Engenho do

Chico, na Armação. Segundo o NEA (Núcleo de Estudos Açorianos) da Universidade Federal

de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis conta hoje com engenhos também nas localidades

de: Ratones, Vargem Grande, Lagoinha da Ponta das Canas, Ribeirão da Ilha, Tapera e Sertão

do Peri.

Os engenhos de farinha se constituem em uma forma atraente, criativa e inteligente de

prática de turismo nos dias atuais, onde o turista busca conhecimento aliado à

experimentações e interatividade. O Turismo do Conhecimento se evidencia neste contexto,

estabelecendo uma importante relação entre história, cultura, fascínio e turismo.

• Sítios arqueológicos

Os sítios arqueológicos são definidos como os lugares que podem ser munidos de

vestígios de vidas passadas, onde a história e a cultura são observadas através dos objetos

encontrados. Tais vestígios podem ser percebidos em diversos locais, como na superfície do

solo, em uma aldeia indígena, em uma fortaleza do século XVIII, nas ruínas de uma igreja, ou

enterradas em um sambaqui, por exemplo. Os sítios arqueológicos são protegidos por lei – a

Lei Federal n. 3.924/61(anexo E); destruí-los é incorrer em um crime contra o Patrimônio

Nacional.

Florianópolis apresenta pontos munidos de inscrições rupestres e utensílios que eram

de povos primitivos que habitaram a Ilha de Santa Catarina em tempos remotos (anexo F). A

arqueologia se insere neste contexto, estudando e pesquisando sobre os assuntos que rondam

esta área.

Os principais locais de Florianópolis que apresentam sítios arqueológicos são: Barra

da Lagoa, Joaquina, Santinho, Ilha das Aranhas, Ponta das Canas, Ilha do Campeche, Pântano

do Sul, Solidão, Naufragados, Mole, Galheta e Ingleses.

O turismo pode ser praticado em locais que apresentam vasta riqueza em sítios

arqueológicos, como é o caso da cidade de Florianópolis. O Turismo do Conhecimento se

sobressai, visto que as pessoas acabarão por adquirir conhecimentos, experiências e novas

sensações. Além de visitar lugares turisticamente bem situados, o turista terá a oportunidade

de experimentar um turismo diferenciado, aprendendo e tomando conhecimento sobre a

arqueologia e sobre os povos que habitaram em outras épocas a região que estão visitando.

96

• Fortalezas

Criadas com o intuito de promover a defesa do país contra os povos invasores e se

constituindo em um importante ponto estratégico de combate, as fortalezas da cidade de

Florianópolis se apresentam em número de sete, sendo quatro fortalezas (anexo G), dois fortes

e uma bateria, sendo ambos considerados interessantes atrativos turísticos.

Sendo a maior do conjunto de fortalezas da cidade, a Fortaleza de Santa Cruz,

localizada na Ilha de Anhatomirim, foi a que menos sofreu danos e impactos ao longo dos

anos. Durante a Revolução Federalista, em 1894, e na Revolução Constitucionalista, em 1932,

serviu de prisão e base de fuzilamento de indivíduos opostos ao governo Floriano Peixoto.

Exerceu funções de fortaleza até a Segunda Guerra Mundial, dando lugar, então, a novas

tecnologias bélicas demonstrando-se completamente obsoleta como unidade militar, sendo,

pois, desativada (GUIAFLORIPA, 2006).

Apesar de ter sito tombada no ano de 1938, somente em 1984 foi reaberta à visitação

pública, inserindo-se na esfera turística da cidade. Apresenta arquitetura renascentista e conta

com edifícios onde a portada, a casa do comandante, o sobrado, o quartel da tropa, o paiol de

pólvora, a casa da farinha e o armazém da praia se sobressaem.

Além de todo o aspecto histórico que a Fortaleza de Santa Cruz remonta, há um

considerável destaque para o aspecto ambiental da região, onde a paisagem e a abundante

fauna marinha se evidenciam como atrativos turísticos.

Uma outra fortaleza da cidade de Florianópolis se denomina Fortaleza de Santo

Antônio, localizada na ilha de Ratones Grande, e a segunda maior da região. Permaneceu em

ruínas até 1990, quando foi iniciada sua recuperação, fazendo-se presente a preocupação em

torná-la atrativo turístico. Apresenta traços renascentistas e a construção de seus edifícios e de

suas muralhas deu-se a base de cal. Entre os elementos arquitetônicos mais significativos da

fortaleza destacam-se a portada, a fonte de água e o aqueduto.

A fortaleza de São José da Ponta Grossa localiza-se na Praia do Forte. Entre os

edifícios, o mais significativo é a casa do comandante que serve de objeto de interesse para os

turistas que visitam o local.

Citam-se, ainda, as fortalezas de Nossa Senhora da Conceição, na Ilha de Araçatuba;

Sant’Ana, no centro; os fortes Marechal Moura de Naufragados, em Naufragados e Santa

Bárbara, no centro; e a Bateria de São Caetano, na Praia do Forte.

97

As fortalezas da cidade de Florianópolis já se constituem em atrativos turísticos nos

dias atuais. Porém, ainda são pouco difundidas e propagadas tendo em vista seu enorme

potencial turístico e educacional. Desta maneira, percebe-se a inserção do Turismo do

Conhecimento também nas visitações às fortalezas, uma vez que o visitante terá a

possibilidade de adquirir novas informações e conhecimentos acerca de assuntos históricos e

remotos.

• Igrejas

O turismo religioso se apresenta, atualmente, como uma das principais formas de

práticas de turismo e que geram quantias consideráveis de receitas anualmente. Em

Florianópolis ainda é pouca desenvolvida esta forma de turismo, apresentando, porém,

enorme potencial para isto.

Fiéis podem visitar igrejas em todos os pontos da Ilha de Santa Catarina, seja por

motivos de fé ou apenas como forma de conhecer as arquiteturas e construções que englobam.

As comunidades estão sempre presentes nas celebrações religiosas ou mesmo nas

organizações de eventos do mesmo caráter. Desta forma, poderá se estabelecer contatos e

interagir com a comunidade local, fazendo com que haja trocas de experiências e

curiosidades.

Pode-se citar como principais igrejas de Florianópolis:

− Catedral Metropolitana de Florianópolis: É a igreja mais antiga de Santa Catarina, tendo sua

construção em 1675 e localiza-se no centro da cidade. Apresenta inúmeras obras de arte sacra

e se constitui em um Patrimônio tombado pelo Estado;

− Igreja Nossa Senhora da Conceição: Situada na Lagoa da Conceição, apresenta cinco altares

e foi construída no ano de 1750;

− Igreja Nossa Senhora das Necessidades: Foi construída entre os anos de 1750 e 1756 e

apresenta rico interior, sendo sua fachada mais simples. Os elementos arquitetônicos chamam

a atenção uma vez que foram construídos durante o período de transição entre o barraco e o

rococó;

− Igreja Nossa Senhora da Lapa do Ribeirão: Situada no Ribeirão da Ilha, a igreja foi

construída em 1763 com pedras, cal e óleo de baleia, sendo a igreja melhor conservada em

seu formato original da cidade;

98

− Igreja São Francisco de Paula: Iniciou-se sua construção no ano de 1830 e levou mais de um

século para sua finalização, apresentando diversas manifestações artística em seus elementos,

como a arquitetura, por exemplo. Localiza-se em Canasvieiras;

− Igreja Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos: Construída em 1787, a

igreja é um dos principais marcos referenciais na paisagem central de Florianópolis;

− Igreja de São Francisco: A igreja conserva sua arquitetura original, mesclando os estilos

barroco e neoclássico. É referencial do Centro Histórico, tombada pelo Município e pelo

Estado;

− Igreja de São Sebastião: Apresenta seu prédio tombado como Patrimônio Histórico pelo

município.

Outras igrejas de Florianópolis são: Igreja São Sebastião do Campeche, Igreja Santo

Antônio, Capela Divino Espírito Santo, Capela Sagrado Coração de Jesus, Igreja São João

Batista e Capela de Sant’Ana.

As igrejas e o turismo religioso são formas de práticas do Turismo do Conhecimento.

Além da aquisição de novos conhecimentos através da religião, seja pelas informações da

própria igreja, seja pela observação das artes e arquiteturas destas, o turista acabará

retornando ao seu local de origem com novos aprendizados e com novas experiências

proporcionadas, muitas vezes, pela própria comunidade.

• Observação de baleias e golfinhos

A Ilha de Santa Catarina recebe, durante os meses de junho a novembro, a visita de

baleias francas em todo o seu litoral. Esta se constitui em uma espécie ameaçada de extinção e

tem sido estudada e preservada graças às ações de ambientalistas e pesquisadores. O animal

chega a medir até 18 metros de comprimento e percorre o litoral sul do Brasil, entre as regiões

de Florianópolis, em Santa Catarina, até Torres, no Rio Grande do Sul.

As baleias procuram as águas da região sul em virtude de sua temperatura quente com

o intuito de procriar e de amamentar seus filhotes. Durante o período que estão nas águas

catarinenses, realizam acrobacias e encantam os visitantes da região.

99

Tendo em vista a ameaça de extinção da baleia franca, assinou-se o decreto s/n de 14

de dezembro de 2000 (anexo H), que objetiva a criação da APA (Área de Proteção

Ambiental) da Baleia Franca, onde 156.100 hectares, com cerca de 130 quilômetros de

extensão são protegidos para que o animal possa procriar de maneira tranqüila e sem

perseguições de caças. A APA se estende da Ponta Sul da Praia da Lagoinha do Leste da Ilha

de Santa Catarina até o Balneário do Rincão, ao sul do Cabo de Santa Marta, abrangendo 9

municípios da costa catarinense: Florianópolis, Palhoça, Paulo Lopes, Garopaba, Imbituba,

Laguna, Tubarão, Jaguaruna e Içara.

O estado de Santa Catarina decretou no ano de 1995 a baleia franca como monumento

natural catarinense, como forma de auxiliar no combate à caça bem como garantir sua

preservação. As baleias francas estiveram quase extintas no mundo durante a década de 70

por ocasião da caça comercial. Atualmente, existem cerca de 4 mil mamíferos desta espécie

pelo mundo, sendo alvo da proteção de biólogos, entidades ambientalistas e de pessoas

responsáveis e ambientalmente conscientes. Na grande Florianópolis os principais lugares que

as baleias são avistadas são as Praias do Pântano do Sul, Joaquina e Ponta do Papagaio.

Os golfinhos normalmente são avistados nas águas da cidade de Florianópolis. O

principal lugar de aparição do animal é na Ilha de Anhatomirim, em um local denominado

“Baía dos Golfinhos”, onde cerca de 70 animais realizam piruetas e acrobacias sincronizadas.

São animais normalmente dóceis, encantando os turistas e visitantes que têm o privilegio de

conseguir avistá-los.

Além de se observar os animais, tanto as baleias quanto os golfinhos, pode-se

conseguir informações referentes à fauna, flora, biologia, entre outros. Desta forma, o

Turismo do Conhecimento se define como grande aliado da atividade turística, fazendo com

que turistas e visitantes aprendam sobre assuntos que normalmente não abordam no seu

cotidiano. Assim, adquirirão experiências, conhecimentos e aprendizagens, fazendo com que

o turismo desponte como uma atividade intelectualmente interessante. O Turismo do

Conhecimento vislumbra na observação de baleias e golfinhos uma excelente forma de prática

da atividade turística, onde, além de se atentar visualmente para os animais, conseguirão

absorver conhecimentos e informações que farão do turismo uma experiência inesquecível e

fascinante.

100

• Projeto TAMAR

O Projeto TAMAR constitui-se em um órgão de proteção às tartarugas marinhas de

todo o litoral brasileiro (anexo I).

O TAMAR objetivava, inicialmente, a proteção das tartarugas marinhas. Porém,

observou-se com o passar do tempo que havia a necessidade de se apoiar constantemente o

desenvolvimento das comunidades costeiras, de forma a oferecer alternativas econômicas que

amenizassem a questão social, reduzindo assim a pressão humana sobre as tartarugas

marinhas.

As atividades do Projeto TAMAR englobam tais linhas de ação: Conservação e

Pesquisa Aplicada, Educação Ambiental e Desenvolvimento Local Sustentável, onde se

destaca a criatividade e a iniciativa. As atividades estão sendo realizadas em 21 bases, sendo

18 permanentes e 3 funcionando na época da desova. As bases são distribuídas em mais de

1100 km de costa, sendo que uma destas se localiza na Ilha de Santa Catarina, na Praia da

Barra da Lagoa (anexo J).

Essas atividades envolvem pessoas da comunidade local, enfatizando a importância da

presença e do apoio dos moradores da região, que sentem-se mais participativos de projetos

tão importantes como o TAMAR. Na Barra da Lagoa, o Projeto TAMAR conta com um

centro de visitantes que apresenta a presença constante de monitores para eventuais

esclarecimentos. Conta ainda com sala de vídeo, exposição permanente de painéis

fotográficos auto-explicativos com informações sobre as tartarugas, loja com produtos

TAMAR e tanques com exemplares de quatro espécies de tartarugas marinhas que desovam

no Brasil. Há, ainda, um Centro de Reabilitação, onde se podem realizar inclusive pequenas

cirurgias.

O Projeto TAMAR acaba atraindo inúmeros visitantes e turistas, que se sentem

curiosos por saber mais sobre as tartarugas marinhas, bem como poder observá-las de perto. É

um excelente exemplo de conservação ambiental aliada ao turismo, que acaba despertando

nos turistas o desejo de adquirir novos conhecimentos sobre as espécies de tartarugas, bem

como aprender mais sobre biologia e fauna marinha. Tal fato enfatiza o Turismo do

Conhecimento, que acaba fazendo com que as pessoas busquem aprendizados, conquistem

conhecimentos e experimentem novas sensações.

101

• Projeto Lontra

O Projeto Lontra foi desenvolvido no ano de 1999 pelos acadêmicos de Oceanografia

e Engenharia Ambiental da UNIVALI (Universidade do Vale do Itajaí). O objetivo do projeto

consiste na pesquisa, estudo e preservação das espécies de lontras no Brasil.

Localiza-se na Lagoa do Peri, próxima à Praia da Armação, na cidade de

Florianópolis. Assim como o Projeto TAMAR, o Projeto Lontra alia a questão ambiental e de

preservação com os aspectos turísticos de visitação de cunho estudantil e científico ou mesmo

por curiosidade.

O Turismo do Conhecimento se insere também no Projeto Lontra, uma vez que vê no

aprendizado da fauna e do habitat dos animais um excelente atrativo turístico. Desta formas,

turistas aprenderão novos aspectos relevantes e questões curiosas sobre as lontras, fazendo

algo diferente e criativo.

• Ostras e mariscos

Sendo considerada a Capital Nacional da Ostra, Florianópolis se apresenta como a

principal produtora do molusco do Brasil, contribuindo com mais de 80% da produção

nacional. Isto fez com que surgisse a FENAOSTRA (Festa Nacional da Ostra e da Cultura

Açoriana) na cidade de Florianópolis, atraindo muitos turistas e visitantes durante o mês de

outubro e incrementando ainda mais as festas de outubro da região.

A produção de ostras, mariscos e demais moluscos cria uma excelente oportunidade de

aumento na economia da cidade, que apresenta cerca de R$ 6 milhões por ano de retorno

comercial. Além disto, gera 650 empregos diretos e cerca de 2600 empregos indiretos,

fazendo com que a comunidade compreenda a importância do cultivo dos moluscos

(PREFEITURA MUNICIPAL DE FLORIANÓPOLIS, 2006).

Na região da Barra da Lagoa está estabelecido o Laboratório de Cultivo de Moluscos

Marinhos (LCMM), pertencente à UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). O LCMM

conta com 40 profissionais e consiste atualmente no único laboratório a produzir regularmente

sementes de moluscos, sendo o principal fornecedor catarinense e de outros estados também.

O LCMM recebe a visita de estudantes, doutorandos, técnicos e demais curiosos

sendo, portanto, um centro de potencialidade turística. A pesquisa e o ensino são as principais

linhas de ação do laboratório, onde há uma inter-relação entre produtores, pesquisadores,

102

comunidade e estudantes. Destaca-se também o sul da ilha como grande produtor de ostras,

mariscos e mexilhões.

O Turismo do Conhecimento se apresenta inserido neste contexto, onde a pesquisa, o

estudo e o conhecimento se destacam. Além da questão da produtividade de Florianópolis, os

moluscos são comumente procurados para a culinária e para a gastronomia, fazendo com que

o turismo gastronômico também ocorra. As principais regiões de Florianópolis que servem

ostras e mariscos como fonte de alimentação consiste nas localidades do Ribeirão da Ilha,

Santo Antônio de Lisboa e a própria Barra da Lagoa.

Desta forma, o turismo do conhecimento se mostra presente seja no momento da

aquisição e da descoberta de novos conhecimentos, inclusive nas sensações ao se degustar tais

elementos marinhos.

• Gastronomia típica

A principal base da culinária de Florianópolis consiste nos frutos do mar. Peixes

diversos, lulas, ostras, mariscos, camarão e siri são bastante procurados na região. Sendo

herança dos colonizadores açorianos, o pirão e o caldo de peixe se destacam na gastronomia

da cidade, bem como a já famosa seqüência de camarão.

Na cidade de Florianópolis, a gastronomia recebeu considerável influência dos

colonizadores portugueses, que acabaram se adaptando à cultura indígena, inserindo

elementos como a mandioca no preparo dos alimentos.

Assim, as regiões da Lagoa da Conceição, Sambaqui, Pântano do Sul, Barra da Lagoa,

Ingleses, Joaquina e Ribeirão da Ilha se destacam na Ilha de Santa Catarina, apresentando

opções de gastronomia típica aos turistas e visitantes.

A culinária típica de Florianópolis desperta curiosidade nas pessoas que chegam a

visitar a região, fazendo com que os turistas realizem a descoberta de sabores novos e

incomuns ao seu cotidiano. Desta maneira, estabelecerão um laço com a história e a cultura

açoriana da culinária florianopolitana.

O Turismo do Conhecimento se contextualiza nesta realidade, fazendo com que os

turistas sintam diferentes sabores e os associem aos aspectos culturais, históricos e

colonizadores da região. Assim, além de experimentar novos pratos, os visitantes acabarão

por adquirir conhecimentos históricos relacionados às heranças gastronômicas da região.

103

4.3.6 Relação entre turismo do conhecimento, Florianópolis e Sapiens Parque

A cidade de Florianópolis, conforme visto anteriormente, apresenta em seu contexto

turístico o grave problema da sazonalidade. A Ilha de Santa Catarina se apresenta vulnerável a

considerável diminuição do fluxo turístico durante os meses que compreendem a chamada

baixa temporada.

Além disto, a cidade carece de diretrizes que façam com que outros atrativos venham a

atender segmentações de mercado distintas e desejosas de outras opções de lazer e turismo.

Soma-se ainda o fato da cidade se apresentar defasada no que diz respeito ao exercício da

atividade turística como elemento inteligente e detentor de riqueza intelectual.

Desta forma, o Turismo do Conhecimento vem se mostrar como agente minimizador

da problemática apresentada. Contribuirá para o turismo em Florianópolis através do auxilio

no combate à sazonalidade, no oferecimento de outras opções de lazer e turismo e na

agregação de aspectos inteligentes e transformadores da atividade turística atual.

Ao se fortalecer outras formas de turismo a não ser o turismo de balneário, poder-se-á

se estabelecer eficazmente no mercado em todas as épocas do ano. O turista passará a ter

pretensão em visitar a Ilha da Magia durante o inverno, a fim de apreciar a aparição das

baleias francas, por exemplo. Basta para isso consolidar tais formas de práticas de turismo de

uma maneira eficiente e sustentável. Para isto, o Turismo do Conhecimento vem se mostrar

como produto diferenciado, adepto à inovação e à criatividade e uma poderosa ferramenta de

combate à sazonalidade.

Um outro aspecto a ser abordado pelo Turismo do Conhecimento se refere ao

oferecimento de outras opções de lazer. O turista de hoje consiste em ser um cliente exigente,

seletivo e extremamente ansioso por qualidade e diferenciais. Para tanto, sendo o Turismo do

Conhecimento uma atividade com características multidisciplinares, geradora de opções

inteligentes de práticas de turismo, busca-se consolidar diferentes aspectos turísticos como

forma de munir o turista de variedade, criatividade e encantamento. Reforça-se ainda o fato de

que existem turistas que não são adeptos ao turismo de balneário, não estando atualmente

inseridos em Florianópolis que somente propaga esta tipologia de turismo.

O Turismo do Conhecimento, ainda, defende a aquisição de conhecimentos,

aprendizados e novas formas de abordagem do turismo. Atualmente o turismo apresenta-se

em fase de transição, transformando o ato turístico de observatório para interativo. O turista

não se contenta apenas em ver e observar os atrativos. Ele deseja interagir, experimentar e

104

conhecer. O turismo se viu inserido na era do conhecimento, voltando-se para este fator de

maneira a munir seus clientes de alternativas inteligentes e intelectuais de uma maneira

prática, empírica e lúdica.

Apresentando como principal enfoque de sua esfera turística o Turismo do

Conhecimento, o Sapiens Parque se enfatiza como um parque de inovação situado na região

norte da Ilha de Santa Catarina e apresentando, além da vertente turística, outras linhas de

ação, a saber: tecnologia, serviços e iniciativas sócio-ambientais.

Desta forma, o Sapiens Parque buscará oferecer a demanda turística de Florianópolis

alternativas que se enquadram perfeitamente nas linhas de ação do Turismo do Conhecimento,

fazendo com que o turista seja ator principal do exercício do turismo enquanto atividade.

Dentro do cenário turístico do Sapiens Parque, haverá a intenção de se estabelecer

empreendimentos nas áreas de eventos, experiências e entretenimento, negócios, turismo

ecológico, educação e saúde, esportes e lazer, cultura, compras e gastronomia. Isto evidencia

a questão multifuncional do turismo no referido parque de inovação, atentando-se para

conceitos que direcionam o projeto, como a sustentabilidade, por exemplo.

Todos estes empreendimentos, de alguma forma, priorizam o Turismo do

Conhecimento no Sapiens Parque, objetivando o oferecimento de alternativas inteligentes de

opções de turismo, que acabem por agregar valores, aprendizados e conhecimentos aos

turistas e demais envolvidos.

Finalmente, vislumbra-se no Sapiens Parque um empreendimento de qualidade, que

buscará atender às suas linhas de ação de uma maneira eficiente e inovadora, fazendo do

turismo uma de suas principais vertentes. O Turismo do Conhecimento tenderá a ser o grande

diferencial do turismo em Florianópolis, apresentando suas raízes iniciais no Sapiens Parque e

tornando a atividade turística em Florianópolis atraente, interessante e inteligente durante

todas as épocas do ano e para todos os estilos de turistas.

105

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A atividade turística nos dias atuais vem se mostrando inclinada a inovações e

necessitada de criatividade. Verificou-se a necessidade de se fundar parâmetros que façam

com que o turismo se estabeleça em uma esfera inovadora e criativa.

O Turismo do Conhecimento vem se mostrar como uma importante ferramenta de

desenvolvimento e fomento da atividade turística. Apresenta características de âmbito

inovador, onde a questão intelectual se funde aos aspectos turísticos, fazendo com que, além

do desenvolvimento da própria atividade, seja possível uma maior conjuntura de ações que

tendem a beneficiar todos e quaisquer envolvidos.

Desta forma, foram explanadas, no presente projeto de pesquisa, questões que se

enquadram na realidade apresentada. Citaram-se aspectos referentes à Santa Catarina,

Florianópolis, região norte e Sapiens Parque, realizando uma visão em funil dos pontos

abordados no trabalho, enfatizando a importância e a inserção do Turismo do Conhecimento

no contexto apresentado.

Florianópolis apresenta alguns problemas de ordem turística que se constituem,

resumidamente, na sazonalidade, na ausência de novos produtos turísticos diferenciados, bem

como na necessidade de se atrair um público melhor qualificado. Tais problemas acabam por

visualizar as oportunidades que o Sapiens Parque objetiva para o turismo catarinense, criando,

assim, condições para o fomento da atividade como um todo.

Sendo o turismo de grande importância para a Ilha de Santa Catarina, inclusive nos

fatores econômicos, observa-se sua essencialidade para a cidade de Florianópolis. Apesar

deste fato ser de notória consideração, deve-se estar sempre atento às mudanças que ocorrem

diariamente no setor, fazendo-se lembrar de questões como inovação e tecnologia. Além

disto, o desenvolvimento de um tipo de turismo ainda pouco conhecido faz com que seja

palpável a iniciativa de pesquisas na área de maneira a beneficiar e fomentar sustentavelmente

o setor turístico.

Desta forma, em virtude da pouca discussão até então realizada sobre o Turismo do

Conhecimento, foi confeccionada um modelo explicativo acerca do assunto, estabelecendo

106

relações entre as causas e as conseqüências de produtos diferenciados como o Turismo do

Conhecimento.

Analisaram-se alguns aspectos que acabam por influenciar no Turismo do

Conhecimento, tais como as localidades que priorizam turisticamente o fator “conhecimento”,

onde foi possível dar início ao desenvolvimento de resultados que compõem o Turismo do

Conhecimento. Pôde-se pesquisar conceitos referentes ao Turismo do Conhecimento, sendo

verificado apenas uma citação, através da sua terminologia em inglês “knowledge based

tourism”. A partir de então, percebeu-se a limitação de tal conceito, fazendo-se necessário

toda uma abordagem sistêmica e relacional, onde se analisou as principais localidades que

tornaram o fator conhecimento como um atrativo turístico, como a França, Espanha, Portugal

e Itália.

Apesar deste assunto se constituir em uma abordagem relativamente nova e ainda

pouco conhecida, acaba por englobar características que se aplicam a outras formas de

turismo mais debatidas e esclarecidas. Desta forma, se estabeleceu ao longo da pesquisa a

íntima relação existente entre o Turismo do Conhecimento e demais segmentações turísticas,

tais como: cultural, histórico, gastronômico, religioso, de experiência,

pedagógico/educacional, ecológico, eventos/negócios, científico, entre outros. Nesta esfera

apresentada, faz-se com que o estudo desta nova tipologia turística comece a ser mais

abordado, analisado e compreendido.

Visto que o Turismo do Conhecimento se apresenta como uma importante ferramenta

de desenvolvimento do turismo enquanto atividade, vislumbrou-se na cidade de Florianópolis

as características turísticas que se aplicam ao conceito de Turismo do Conhecimento,

mapeando estes recursos que se apresentam como potenciais ao seu desenvolvimento na Ilha

de Santa Catarina, fazendo com que a cidade se situe de maneira mais competitiva dentro do

cenário turístico atual.

Finalmente, pôde-se estabelecer uma interligação entre o Sapiens Parque,

Florianópolis e o Turismo do Conhecimento, evidenciando a importância de

empreendimentos que primem uma forma alternativa, inteligente e criativa de

desenvolvimento do turismo na cidade de Florianópolis.

O estudo atendeu, portanto, aos objetivos inicialmente delimitados, onde se analisou

os conceitos referentes ao Turismo do Conhecimento, abordando aspectos como

107

planejamento, sustentabilidade, tipologias turísticas, ciência, tecnologia, inovação entre

outros.

A pesquisa realizada apresenta-se tão inovadora quanto o próprio tema abordado. Com

uma considerável escassez de bibliografias e documentos, abordar o Turismo do

Conhecimento não se consistiu em tarefa fácil. Foi necessária a estipulação de relações entre o

turismo conhecido popularmente com um turismo do futuro, apto a se estabelecer no mercado

e oferecer benefícios ao trade turístico, à comunidade, aos turistas, ao poder público e a todos

os demais envolvidos.

Apesar das dificuldades encontradas, percebe-se a presença de sentimentos de orgulho

e gratificação por realizar uma pesquisa um tanto quanto pioneira no assunto em questão e

que em muito tem a contribuir para o fomento da atividade. Sugere-se a continuação de

pesquisas sobre o tema, visto que um assunto tão novo apresenta inúmeras necessidades de

estudos na área. Além de investigações a fins de pesquisas teóricas, o Turismo do

Conhecimento necessita de projetos práticos, que utilizem as características vocacionais aqui

abordadas para que o turismo em Florianópolis e até mesmo no Brasil seja transformado em

uma atividade ainda mais próspera e que tenha valores, conhecimentos e aprendizados a

agregar.

O Sapiens Parque pretende se constituir na principal base do Turismo do

Conhecimento em Florianópolis. Ressalta-se a inexistência de localidades brasileiras até o

presente momento que enfatizem o Turismo do Conhecimento enquanto produto, ficando o

Sapiens Parque como um grande pioneiro na questão.

Espera-se que seja dada continuidade ao assunto abordado, estabelecendo

equipamentos e possibilidades para um Turismo do Conhecimento eficaz e pleno. O Sapiens

Parque poderá contribuir de maneira surpreendente para o fomento do turismo na região e em

todo o seu entorno e são pesquisas como esta as principais colaboradoras para que projetos

como o Sapiens Parque sejam consolidados e contribuam para o desenvolvimento de todas as

suas áreas de atuação.

108

6 REFERÊNCIAS

ANDRADE, José Vicente. Turismo: fundamentos e dimensões. 6. ed. São Paulo: Ática,

1999.

AQUICULTURA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Disponível em:

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BARRETTO, Margarita. Manual de iniciação ao estudo do turismo. 10. ed. Campinas:

Papirus, 1995.

BARRETTO, Margarita; BURGOS, Raúl; FRENKEL, David. Turismo, políticas públicas e

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Disponível em: <http://www.ufsc.br>. Acesso em: 22 ago. 2006.

116

8 ANEXOS

PARTE II

Relatório de Estágio

138

1 IDENTIFICAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO E DO ALUNO

1.1 Dados da empresa

Razão Social: Fundação CERTI (Centro de Referência em Tecnologias Inovadoras).

CGC / CNPJ: 78.626.363/0001-24.

Inscrição Estadual: 251.378.241.

Registro na EMBRATUR: Não há.

Nome Fantasia: Fundação CERTI.

Endereço: Caixa Postal 5053, Campus da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina),

setor “C”, acesso Pantanal, CEP 88040-070, Florianópolis, SC.

Proprietários: A Fundação CERTI consiste em uma instituição independente, sem fins

lucrativos, onde há a presença de um conselho de curadores composto por Poder Público

(UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina; MCT – Ministério da Ciência e

Tecnologia; MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; PMF –

Prefeitura Municipal de Florianópolis; FAPESC – Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e

Tecnológica do Estado de Santa Catarina e CODESC – Companhia de Desenvolvimento do

Estado de Santa Catarina) e Sociedade Civil (FIESC – Federação das Indústrias do Estado de

Santa Catarina, SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial e ABINEE –

Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica).

Home page: http://www.certi.org.br

Apesar do estágio ser efetivado através da Fundação CERTI, as atividades

desenvolvidas pelo acadêmico foram realizadas no Sapiens Parque, uma vez que a referida

instituição consiste em ser uma das fundadoras do projeto. Em virtude do Sapiens Parque

apresentar conceitos e diretrizes sobre o turismo enquanto atividade, houve a oportunidade de

se vivenciar questões iniciais referente à tal temática. A seguir, listam-se as principais

informações do Sapiens Parque.

139

Razão Social: Sapiens Parque S.A.

CGC / CNPJ: 05.563.063/0001-70

Registro na EMBRATUR: Não há.

Nome Fantasia: Sapiens Parque

Endereço: Avenida Luiz Boiteux Piazza, nº 1.302, Cachoeira do Bom Jesus, Florianópolis,

SC.

Proprietários: CODESC, Fundação CERTI, Instituto Sapientia e SC Parcerias.

Supervisor de Estágio: Leandro Carioni

Home page: http:://www.sapiensparque.com.br

Email: [email protected]

1.2 Dados do aluno

Nome: Alessandra Carolina de Souza

RG: 4.583.053 – 5

CPF: 050.438.109 – 12

Endereço: Rua Abelardo Luz, nº 287, Estreito, Florianópolis, SC.

Telefone: (048) 3244-9977 / (048) 9622-6711

Filiação a entidade relacionada ao Turismo e Hotelaria: Registro na ABBTUR como

estudante nº. 01764.

Email: [email protected]

140

2 JUSTIFICATIVA

Por apresentar-se inserido num mercado cada vez mais exigente e seletivo, o ramo

turístico acaba por se ver obrigado a desenvolver estratégias que façam com que haja destaque

da atividade frente a outras formas de economia apresentadas na atualidade.

O turismo caracteriza-se, entre outros fatores, por possuir uma abertura inquestionável

de possibilidades de se fazer presente. Dentre outras formas de se manifestar, a atividade

turística apresenta-se na hotelaria, na área de alimentos e bebidas, Ecoturismo, em eventos e

agências de viagens.

Sendo um dos principais pilares da economia brasileira, onde sua natureza e demais

fatores culturais influenciam na demanda percebida, o turismo demonstra-se como fator

essencial na geração de empregos, no aumento rentável significativo e na agilidade de

melhorias estruturais nas cidades-pólo, entre outros. Porém, apesar dos grandes benefícios

gerados pelo exercício da atividade turística, muitos aspectos se mostram limitantes e/ou

saturados, fazendo com que grande parte do potencial encontrado seja desperdiçado. Na

prática o que se encontra são serviços mal prestados, desinteresse do público turístico e

produtos que se encontram a caminho da destruição.

Os resultados do movimento financeiro decorrentes do turismo são por demais expressivos e justificam que esta atividade seja incluída na programação da política econômica de todos os países. O turismo, que era para muitos uma atividade secundária, passou a receber atenção especial em razão de ser uma fonte geradora de receitas e a exigir metódica e delicada manipulação consolidando-se dentro do conceito de ‘indústria normal’ (OLIVEIRA, 2005, p.45).

Tendo em vista a saturação das atividades oferecidas pela atividade turística na cidade

de Florianópolis/SC, optou-se por escolher um ramo inovador inserido no cenário turístico

atual, onde o desenvolvimento de novos conceitos seja estudado e colocado em prática,

fazendo com que o turismo na capital catarinense seja reestruturado de maneira eficiente e

criativa.

Sabendo-se que Florianópolis se insere atualmente dentro do setor turístico nacional

como uma cidade de características predominantemente balneárias, onde suas praias

constituem-se como atrativos turísticos por si só, percebem-se, entretanto, os inúmeros

potenciais da Ilha de Santa Catarina, projetando-se, por sua vez, na realidade mercadológica

141

existente com atrativos turísticos limitantes, vulneráveis a chamada sazonalidade, onde os

atores envolvidos, tais como o trade turístico, o comércio, a comunidade, os turistas e a

economia em geral, sejam consideravelmente afetados.

Nos dias atuais pode-se perceber a inserção de conceitos que direcionam a realidade a

uma nova era intitulada Era do Conhecimento. Novos desafios são lançados, abrangendo as

mais diversas áreas da economia, inclusive o turismo, que vem se mostrar apto a exercer

funções de capital intelectual e acaba por se inserir neste contexto ainda pouco explorado.

Nesta nova vertente, observa-se a presença das potencialidades do turismo do

Conhecimento na atualidade, onde locais e atividades são desenvolvidas a fim de atrair

turistas que busquem a troca de conhecimentos e idéias para que haja crescimento social e

profissional das partes envolvidas.

Por questões como ciência e tecnologia estarem em expansão nos dias atuais, a

utilização de parques de inovação vem se mostrar cada vez mais viável em aspectos que se

constituem em um dos principais pilares da economia apresentada, como a atividade turística,

por exemplo.

O processo de construção do conhecimento científico é contínuo, permanente e aberto, abrangendo em sincronia o histórico, o coletivo e o individual. Portanto, jamais poderá ser linear, cumulativo, estático, hermético, dogmático e final. A preocupação não recai no ato de conhecimento, mas justamente no processo de conhecimento. Construir uma teoria que expresse as funções e os resultados das dimensões do Turismo deve ser uma conquista interdisciplinar, onde cada momento é, simultaneamente, produzido e produtor, numa recursão organizacional em que a parte está no todo, e o todo está na parte, segundo Demo. A maior contribuição dos pensadores modernos está em chamar a atenção sobre a participação de cada ser humano neste processo construtivo (BENI, 2001, p.42).

Pode-se observar a necessidade de profissionais qualificados no ramo, bem como a

participação de empresas profissionalmente responsáveis no âmbito do mercado turístico.

Como forma de se fazer presente no mercado, bem como adquirir experiências que

inevitavelmente se tornarão essenciais no processo de aprendizagem, tem-se o estagio

profissional. Dentro deste contexto, pode-se avaliar questões como profissionalismo,

aplicação de conhecimentos na prática e espírito de equipe, por exemplo. Além disto, conta-se

com o apoio da Instituição de Ensino, que através do setor de Estágios Supervisionados

orienta os acadêmicos nesta importante fase que marca a transição da vida acadêmica para a

profissional.

142

A integração teórica/prática vivenciada e inserida em um contexto envolvendo

diferentes visões e dimensões da realidade (social, econômica, política, cultural, ética)

possibilita a formação de um profissional apto a enfrentar desafios (BISSOLI, 2002, p.15).

As atividades do Estagio Supervisionado estão fundamentadas na Lei nº. 6.494, de

07/12/1977, regulamentada pelo decreto nº. 87.497, de 18/08/1982, Pareceres Normativos

CST nº. 326, de 06/05/1971, Resolução 015CONSUN/CaEn/04 da Universidade do Vale do

Itajaí e pelas normas administrativas aprovadas pela Coordenação do curso de Turismo e

Hotelaria.

Sendo assim, procura-se fazer com que diretrizes que norteiam o desenvolvimento do

Turismo do Conhecimento em Florianópolis sejam estudadas, realizando pesquisas que

objetivem os esclarecimentos dos aspectos abordados.

Tendo em vista a estruturação do turismo enquanto atividade economicamente ativa e

inovadora, a geração de renda e novos empregos bem como o desenvolvimento local e

regional através do Sapiens Parque, optou-se por realizar o estágio final obrigatório referente

à conclusão do curso de Turismo e Hotelaria da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI,

bem como desenvolver um projeto de pesquisa referente à temática abordada de forma que

Instituição de Ensino, acadêmico e Empresa sejam mutuamente beneficiados.

143

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Desenvolver atitudes e hábitos profissionais, bem como adquirir, exercitar e aprimorar

conhecimentos técnicos nos campos do Turismo e da Hotelaria.

3.2 Objetivos específicos

• Identificar na literatura especializada os fundamentos teóricos de Planejamento Turístico e

de Turismo do Conhecimento;

• Identificar/reconhecer a estrutura administrativa e organizacional do Sapiens Parque;

• Empregar os conhecimentos teóricos nos diferentes setores a serem percorridos durante a

realização do estágio;

• Reunir as informações observadas e vivenciadas no campo de Estágio para fim de relatório

e compreensão;

• Processar o relatório de Estágio;

• Desenvolver um Projeto de Pesquisa, exigência parcial para obtenção do título de bacharel

em Turismo e Hotelaria.

144

4 DESCRIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO

4.1 Evolução histórica da organização18

A intenção inicial do Projeto Sapiens Parque partiu da Fundação CERTI, no início do

ano 2001. Como a referida instituição já estava com o Parque Tecnológico Alfa consolidado,

viu-se a necessidade de expandir suas atividades e dependências. Era indispensável, porém,

uma localização privilegiada que abrigasse as necessidades de tal parque tecnológico, para

tanto, cogitou-se regiões como o sul da Ilha de Santa Catarina e a sua parte continental.

A região sul, como os bairros Campeche, Ribeirão da Ilha e Pântano do Sul,

apresentavam-se inferiores no quesito infra-estrutural quando comparada a outras regiões da

localidade. Este fato, em curto e médio prazo, desfavoreceria a implantação de um parque de

tais dimensões. Outro fator a ser considerado foi a inexistência de áreas territoriais que

atendesses às expectativas do projeto. A parte continental da cidade, apesar de apresentar

infra-estrutura e situação econômica compatível com a realidade do empreendimento, não

apresentava terrenos de grandes proporções para a efetiva implantação do projeto.

Um terreno visualizado pelos idealizadores se localizava na região norte da cidade de

Florianópolis, abrangendo uma área de 4,5 hectares. Tal terreno pertencia ao governo,

representado pela CODESC e já se projetava um outro empreendimento para o local,

intitulado Projeto Orla Norte, que objetivava a criação de uma “Esplanada das Embaixadas”,

onde embaixadas dos mais diversos países se estabeleceriam em “ilhas” no referido terreno.

A partir de então, teve início um programa de benchmarking, onde alguns parques

tecnológicos foram avaliados e se constatou que estes, na maioria das vezes, não conseguiam

se manter no mercado. Houve então a idéia de se apresentar algo mais que um parque

tecnológico. A partir deste momento surgiu o conceito de Parque de Inovação, onde se

constituiria num:

Ambiente que possui infra-estrutura e espaço para abrigar empreendimentos, projetos e outras iniciativas inovadoras estratégicas para o desenvolvimento de uma região e que se distingue por possuir um modelo inovador para atrair, desenvolver,

18 Informação obtida através de entrevista informal com a diretoria presidente do Sapiens Parque, realizada em Florianópolis em 25 ago. 2006.

145

implementar e integrar estas iniciativas, visando estabelecer um posicionamento diferenciado, sustentável e competitivo (SAPIENS PARQUE, 2006).

Com a apresentação do projeto de um Parque de Inovação na localidade, houve

interesse de ambos os lados, firmando uma parceria entre Fundação CERTI e CODESC no

ano de 2002. O governador da ocasião era o Sr. Esperidião Amim, que partiu para o exterior

em busca de parcerias que consolidassem o projeto.

Nos anos de 2003 e 2004 partiu-se em busca da firmação dos projetos arquitetônico e

urbanístico e do planejamento financeiro, bem como houve intensas reuniões com a

comunidade do entorno que, a princípio se posicionava de maneira desfavorável à

implantação do empreendimento. Após incansáveis debates, o Sapiens Parque encontrou na

comunidade local o apoio e a motivação para dar continuidade às etapas do projeto.

Com a inauguração do “Marco Zero”, etapa inicial constituída pelo Sapiens Circus,

Antigo Casarão e área paisagística construída, ocorrida no ano de 2005, o Sapiens Parque

solidificou sua idéia e se fez presente na região, partindo para os próximos passos para as

demais fases do projeto, que estima ser consolidado na íntegra até o ano de 2020.

4.2 Infra-estrutura física atual

Em virtude do Sapiens Parque se encontrar inserido num processo de desenvolvimento

de suas atividades, pode-se perceber uma estrutura física limitante e em expansão.

Apresentam-se como principais elementos estruturais componentes da realidade atual

encontrada no Sapiens Parque:

• Terreno de 4,5 hectares de área;

• Prédio de dois andares onde se instalam os funcionários, bem como os banheiros (masculino

e feminino), a cozinha, salas de reuniões e um auditório;

• Oito computadores com acesso à internet;

• Estrutura itinerante denominada Sapiens Circus, composta por telões, mesas de toque e toda

a aparelhagem necessária para a execução das atividades que remetem à apresentação de

jogos interativos e educativos;

146

• Uma capela;

• Telefones;

• Impressora / Copiadora.

Estima-se que a efetiva implantação do parque de inovação compreenderá cerca de

vinte anos. Porém, a ocupação e construção se darão de maneira gradativa e sustentável,

sendo percebida em 5 fases de implantação: Fase 0; Fase 1; Fase 2; Fase 3 e Fase 4. Apesar da

implantação ser efetivada somente em vinte anos, a medida que forem sendo construídas e

implantadas as ações e os projetos do Sapiens Parque se poderá observar e usufruir de suas

atividades, sendo a construção realizada de maneira gradativa, porém usual.

A infra-estrutura física atual apresenta-se como base inicial de outras construções

futuras que serão disponibilizadas aos visitantes a partir do momento que suas fases forem

sendo concluídas.

O Sapiens Parque propõe a criação de infra-estruturas nas áreas de Educação, Saúde,

Business Services, Ambiental, Social, compreendendo questões como Esportes, Lazer,

Segurança e Turismo.

4.3 Infra-estrutura administrativa

Tendo em vista o posicionamento majoritário do governo de Santa Catarina,

representado pela CODESC, como acionista do Sapiens Parque, totalizando 90% das ações

referentes a este, o organograma da instituição é delimitado, segundo o cargo, por concursos

públicos ou indicações governamentais.

Porém, em virtude da Fundação CERTI ser também acionista do empreendimento,

contendo 10% das ações, os funcionários atualmente concentrados no Sapiens Parque são da

referida fundação, somente sendo o presidente, indicado pelo governo, funcionário Sapiens

Parque.

147

FIGURA 1: ORGANOGRAMA SAPIENS PARQUE

Fonte: Produzido pela autora, 2006.

4.4 Quadro de recursos humanos

O Sapiens Parque apresenta seu quadro de recursos humanos enxuto, onde os

funcionários que trabalham em sua estrutura atualmente pertencem à Fundação CERTI, uma

das acionistas do parque de inovação e idealizadora do projeto. Os setores são definidos

através das suas diretorias, que compreendem gerências onde cada responsável contrata

serviços de empresas terceiras a fim de concluírem seus objetivos de trabalho.

148

Setor Gerência Nº. de Funcionário

Diretoria Presidente

___________ 01

• Inteligência 01

• Planejamento de Negócios 01

• Marketing e Comunicação

e Sócio/ambiental 01

• Jurídico 01

Diretoria Executiva

• Arquitetônico/Urbanístico 01

Diretoria Administrativa/

Financeira • Gestão

Idem Marketing e

Sócio/ambiental + 01

Diretoria de Ciência/

Tecnologia/

Inovação

____________ 01

• Infra-estrutura e

engenharia 01

Diretoria de Operações

• Manutenção 06

TOTAL 15

QUADRO 2: RECURSOS HUMANOS

Fonte: Produzido pela autora, 2006.

4.5 Serviços prestados

Por apresentar-se inserido em um processo de estabelecimento no mercado,

apresentando estruturas em fase iniciais, o Sapiens Parque conta com o oferecimento de

atividades e trabalhos restritos ao público, revertendo-se a atenção para as futuras prestações

149

de serviços. O empreendimento conta hoje com profissionais vindos da Fundação CERTI que

trabalham incansavelmente como forma de tornar o Sapiens Parque uma realidade palpável o

quanto antes.

Atualmente, o Sapiens Parque oferece demonstrações agendadas para grupos

específicos das apresentações do Sapiens Circus, onde podem ser visualizados e jogados de

maneira interativa jogos com fins educacionais. Como os recursos são limitados, ainda não é

aberto ao público em geral, uma vez que remete a um custo elevado de manutenção e

operação.

Além disto, as pessoas que buscam conhecer o parque de inovação, seja a fins

educacionais, pedagógicos, empresariais, governamentais ou mesmo somente por curiosidade,

são recebidos pela equipe técnica, que explica o conceito do Sapiens Parque, bem como

apresenta o empreendimento em uma mesa de toque, onde o visitante interage com as

informações obtidas. Desta forma, as pessoas passam a conhecer e a apoiar o projeto, fazendo

com que este se torne uma expectativa a ser atendida.

Há serviços que se pretende oferecer ao público a medida que as instalações forem

sendo implantadas. Dentre tais serviços estão aqueles relacionados às áreas de (SAPIENS

PARQUE, 2006, p. 10):

• Educação: Onde o principal objetivo consiste na aproximação de instituições de ensino

superior, escolas especializadas e empresas com serviços e soluções, fazendo com que a

comunidade intelectual seja instalada no Sapiens Parque, tornando a região uma concreta

referência em ensino de alta qualidade;

• Saúde: Pretende-se receber clínicas e centros médicos especializados, estabelecendo, desta

forma, uma espécie de cluster de empreendimentos na área de saúde;

• Business Services: Consiste em oferecer aos interessados espaço e infra-estrutura para o

desenvolvimento da área empresarial, tais como: consultoria em gestão, contabilidade,

marketing e publicidade, comércio exterior, advocacia, finanças e investimentos. Desta forma,

será possível a atração de empreendedores, tornando-se realidade a questão de um centro

empresarial de sucesso;

• Ambiental: Uma das questões que se foi planejada para o Sapiens Parque consiste no

oferecimento aos visitantes e quaisquer pessoas envolvidas, de um parque ecológico com

cerca de 1,3 milhão de m². Além disto, prevê-se a criação de lagoas sustentáveis, onde será

150

oferecido uma opção de lazer e uma alternativa inteligente para as demandas de água do

empreendimento;

• Social: Com a consolidação do Sapiens Parque, buscará se oferecer projetos e ações que

objetivem a geração de empregos e renda através de questões como: incubadoras sociais,

centros de qualificação, incubadoras de idéias, centros comunitários, etc. Objetiva-se,

também, o oferecimento de equipamentos nas áreas de esporte, lazer, turismo, saúde e

segurança.

O Sapiens Parque pretende oferecer, além disto, serviços que integram as áreas de

Eventos, com a criação de arenas multiuso; Negócios, com o oferecimento de serviços e infra-

estrutura através de centros de conferência; Turismo Ecológico, com reserva natural e trilhas

interpretativas; Educação e Saúde, com clínicas especializadas de última geração e

instituições de ensino; Experiência e Entretenimento, com uma espécie de Experience Center

onde a interatividade se constitui na palavra-chave; Esportes e Lazer, com o oferecimento de

equipamentos de lazer e esportes; Compras e Gastronomia, com a presença de shoppings,

restaurantes, bares e centros comerciais; e, finalmente, Cultura, com museus, espaços

culturais ao ar livre e aquarium.

Assim, pode-se perceber o potencial do Sapiens Parque para todas as áreas citadas. No

turismo, em especial, vislumbra-se o oferecimento de serviços que se constituirão em

atrativos diferenciados e inovadores, com a presença do chamado Turismo do Conhecimento,

contribuindo com todos os envolvidos, tais como trade, turistas, comunidade e poder público.

151

5 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS POR SETOR

O Sapiens Parque apresenta-se inserido em um processo de iniciação estrutural, de

serviços e de atividades. Para tanto, conta com uma equipe técnica reduzida, estabelecendo

uma filosofia de gestão enxuta, onde os setores ainda se encontram em fase de estruturação e

consolidação. Diante da realidade encontrada no Sapiens Parque durante o ano de 2006, foi

definido os setores como sendo as diretorias encontradas no organograma já apresentado,

onde estas se compõem de gerências que realizam, planejam e gerenciam as atividades

desenvolvidas no Sapiens Parque. As gerências oportunizadas ao acadêmico foram: marketing

e comunicação, inteligência, gestão e planejamento de negócios.

5.1 Gerência de Marketing e Comunicação

Responsável pela gerência: Leandro Carioni

Período: 12/09 a 13/10

Nº de horas: 138 horas

5.1.1 Funções administrativas da gerência

O setor de marketing do Sapiens Parque realiza suas atividades de modo a fazer com

que o empreendimento seja conhecido de uma maneira gradativa, com o intuito de conseguir

aliar a divulgação com o aceite e a compreensão do público.

Os projetos que são criados, testados e aprovados partem para um trabalho de

marketing e divulgação, fazendo com que as ações do Sapiens Parque sejam conhecidas e

compreendidas através das ferramentas de marketing, pelas pessoas envolvidas no processo,

tais como comunidade, atores acadêmicos, empresas, etc.

Algumas das funções da gerência de Marketing e Comunicação que se pode citar são:

• Pesquisa de mercado de Marketing;

• Atendimento/negociação com o cliente;

• Planejamento de comunicação com o público-alvo;

152

• Planejamento/execução de eventos;

• Desenvolvimento de estratégias em marketing, entre outros.

5.1.2 Infra-estrutura da gerência

Conforme já mencionado, o Sapiens Parque apresenta uma estrutura enxuta, inicial,

sendo a gerência de marketing e comunicação munida de equipamentos como:

• 01 baia;

• 01 cadeira;

• 01 computador com acesso à internet;

• 01 telefone;

• Materiais de expediente;

• 01 multifuncional (copiadora, impressora, scanner) de uso comum, entre outros.

5.1.3 Atividades desenvolvidas pelo acadêmico na gerência

Dentro da gerência de marketing e comunicação, o acadêmico desenvolveu atividades

que visaram o alcance de objetivos propostos pelos funcionários do setor, onde o principal

intuito consistiu na divulgação dos produtos/serviços construídos pela equipe.

Em virtude das atividades se apresentarem em fases de iniciação, a gerência de

marketing e comunicação apresenta a concentração de seus esforços focados em uma

divulgação do empreendimento saudável, onde as pessoas da comunidade, da iniciativa

privada, do poder público, da comunidade, entre outros, possam compreender o projeto,

aceitar, apoiar e tornarem-se parceiras no empreendimento.

Foi oferecida ao acadêmico a oportunidade de auxiliar na divulgação do

empreendimento, através de contatos pessoais com indivíduos que visitaram a sede do

Sapiens Parque a fim de buscarem informações sobre o parque de inovação. Desta forma, foi

possível esclarecer dúvidas e suprir as curiosidades dos visitantes através de explanações

sobre o Sapiens Parque com o auxílio de uma mesa de toque interativa.

Além disto, o acadêmico pôde realizar a apresentação do Sapiens Parque em um

evento de grande prestígio e renome, denominado Futurecom, ocorrido entre os dias 2 e 5 de

153

outubro do presente ano. No evento, também foi utilizada uma mesa de toque interativa para a

apresentação do parque de inovação, esclarecimento de dúvidas, e estabelecimento de

contatos profissionais para as pessoas responsáveis pelo Sapiens Parque.

5.1.4 Conhecimentos técnicos adquiridos

Tendo sido possível estagiar na gerência de marketing e comunicação do Sapiens

Parque, foram adquiridos conhecimentos na área através do desenvolvimento das atividades

designadas ao acadêmico.

Foi possível desenvolver habilidades como o espírito de equipe, sendo os setores

compreendidos pelo Sapiens Parque multifuncionais e interligados. Além disto, foi estimulada

a comunicação, através das apresentações do parque de inovação realizada pelo acadêmico,

onde o contato com o público se consistia no fator primordial, sendo possível detectar o nível

de aceite do Sapiens Parque nas pessoas que buscavam as informações.

Inserido no aspecto turístico, a gerência de marketing e comunicação possibilitou a

percepção das reações de pessoas frente a uma forma de turismo ainda pouco debatida, como

o Turismo do Conhecimento, onde o acadêmico desenvolveu um projeto de pesquisa sobre tal

temática, observando a aceitação do público pelo assunto que o Sapiens Parque abordará em

sua área de atuação.

Foi possível compreender a importância de ser ágil e funcional mutuamente, onde a

questão da percepção e visão ampliada possibilitou o entendimento das necessidades dos

clientes que se apresentavam no parque de inovação. Além disso, foi possível ao acadêmico

recepcionar clientes estrangeiros, principalmente no evento da Futurecom, desenvolvendo

habilidades de comunicação em outros idiomas.

Além disto, a tão importante e essencial paciência foi extremamente treinada, uma vez

que o atendimento ao público requer tão fundamental qualidade.

5.1.5 Aspectos positivos, limitantes e sugestões administrativas

A área de marketing e comunicação apresenta-se inserida no Sapiens Parque como

uma parte do todo que se evidencia de maneira integrada aos outros setores apresentados.

Sendo esta a responsável pelas pessoas tomarem conhecimento pelo Sapiens Parque, através

da divulgação e da percepção das necessidades e desejos das pessoas e do mercado, a gerência

154

de marketing e comunicação se constitui em uma importante área dentro da estrutura setorial

do Sapiens Parque.

Tendo em vista a extrema importância da área de marketing e comunicação na esfera

apresentada no Sapiens Parque, observa-se a existência de aspectos positivos, que se

constituem em fatores-chave no processo de sucesso do empreendimento. Os fatores que se

evidenciam de maneira benéfica no contexto do parque de inovação são frutos do intenso

trabalho realizado pela equipe. Dentre os fatores positivos da gerência de marketing e

comunicação pode-se citar:

• Interdisciplinaridade, onde a área de marketing e comunicação se mostra interligada às

outras áreas do empreendimento, fazendo com que todos os setores se complementem de

maneira cooperativa e eficiente;

• Agilidade da equipe, fazendo com que os aspectos a serem solucionados sejam prioridade e

demonstrem a importância de se atender e executar todas as tarefas designadas à gerência

como forma de se obter êxito e sucesso;

• Raciocínio rápido das pessoas envolvidas na gerência, onde a rapidez de pensamento e de

raciocínio se constitui em uma excelente forma de solução das problemáticas encontradas,

bem como no eficaz cumprimento das metas;

• Oferecimento de material explicativo às pessoas que visitam o local, bem como a troca de

cartões de visita, onde prováveis investidores são detectados, fazendo com que laços

profissionais se estabeleçam, além de tornar o Sapiens Parque mais conhecido da população,

onde materiais explicativos, como CD’s e portfólios podem se constituir em fontes de

divulgação em série;

• Mesa interativa, que se apresenta como um interessante diferencial de divulgação, fazendo

com que as pessoas interajam com as informações referentes ao Sapiens Parque através desta;

• Gentileza, que se constitui em uma importante estratégia de atendimento, fazendo com que

a equipe Sapiens atenda a todas as pessoas que buscam conhecer o empreendimento

prontamente, de uma maneira cortês e gentil;

• Preocupação em se estabelecer contatos, através de eventos ou mesmo na sede do Sapiens

Parque onde as pessoas buscam conhecer o parque de inovação a fins de negócios,

educacionais e pessoais, onde os profissionais realizam a troca de cartões de visita,

155

estabelecendo futuros contatos profissionais, bem como se colocando a disposição de

eventuais esclarecimentos.

O Sapiens Parque, conforme já mencionado, se constitui em um empreendimento de

grande porte onde sua efetiva implantação ocorrerá de maneira gradativa, mostrando suas

bases iniciais ainda em fases de estruturação. Como todo projeto de características inovadoras

e proporções gigantescas, o Sapiens Parque apresenta alguns limitantes de atuação que se

constituem em aspectos a serem repensados e posteriormente solucionados. Dentre os

aspectos limitantes de atuação do Sapiens Parque, cita-se:

• Alta dependência da Fundação CERTI, onde a solicitação de materiais necessários ao

desenvolvimento das atividades do setor é realizada para a fundação idealizadora do projeto.

Desta forma, caso haja certa urgência em se conseguir determinado material, a solicitação de

materiais, bem como autorizações ou outras questões burocráticas, torna o processo lento,

influenciando nas tomadas de decisões;

• Falta de um padrão de atendimento, onde todos os funcionários realizam ou apresentam

aptidões para realizar as apresentações do Sapiens Parque sem uma linha de ação padronizada

e organizada. Desta forma, alguns clientes podem ser atendidos de maneira extremamente

diferente, fazendo com que possa ocorrer esquecimento de informações, comprometendo a

questão de estabelecimento de contatos;

• Operacional despreparado para realizar o atendimento ao público, fazendo com que os

funcionários encarregados da manutenção sejam os primeiros a estabelecerem um contato

com os visitantes, sendo, portanto, imprescindível seu entendimento do projeto como um

todo, bem como seu preparo para o devido encaminhamento aos responsáveis;

Em virtude das problemáticas levantadas, sugere-se a sua rápida solução de modo a

tornar as atividades mais eficientes e com excelentes resultados. Desta forma, propõe-se como

sugestão de solução dos aspectos limitantes apresentados:

• A aquisição de uma maior independência do Sapiens Parque, onde a permanência e

vigilância da Fundação CERTI seria preservada, porém a prestação de contas poderia se dar

de maneira periódica a fim de tornar os serviços do parque de inovação mais acelerados e

156

independentes, fazendo com que as etapas necessárias para sua efetiva implantação seja, nesta

vertente apresentada, realizada de maneira mais eficiente;

• A criação de uma espécie de POP (Procedimento Operacional Padrão) para as questões de

atendimento ao público e explanações das informações referentes ao Sapiens Parque, de modo

a oferecer padronização de serviços desta espécie, conseguindo obter todas os dados

necessários de maneira igualitária e eficiente;

• O oferecimento de cursos de atendimento aos profissionais de manutenção, bem como a

explicação e esclarecimento das etapas que forem sendo desenvolvidas de maneira periódica,

a fim de tornar estes colaboradores inseridos no processo, fazendo com que atendam o público

de uma melhor maneira, enquanto o profissional qualificado para tal se dirige até o local.

Desta forma, pode-se visualizar no Sapiens Parque uma gerência de marketing

qualificada e adepta aos conceitos que direcionam o projeto, tais como a inovação e o

conhecimento, fazendo com que aspectos como divulgação e contato com o público sejam

realizados de maneira eficiente, sempre se atentando para possíveis falhas e esperados acertos,

realizando as atividades de maneira proveitosa e atingindo os objetivos propostos pelo

Sapiens Parque.

5.2 Gerência de Inteligência

Responsável pela gerência: Alexandre Ueno

Período: 03/08 a 11/09

Nº. de horas: 162 horas

5.2.1 Funções administrativas da gerência

O setor de inteligência do Sapiens Parque apresenta como principais atribuições:

• Prospecção de oportunidades e negócios;

• Estruturação de projetos de captação;

• Monitoração e análise de mercado e fontes de investimento;

157

• Suporte informacional a projetos;

• Desenvolvimento e implantação de sistemas de informação;

• Busca de novas parcerias;

• Suporte a processos de tomada de decisão;

• Estruturação de clusters de inovação;

• Gestão de portfólio de projetos inovadores.

5.2.2 Infra-estrutura da gerência

Conforme já explanado, o Sapiens Parque apresenta uma estrutura enxuta, inicial,

sendo a gerência de inteligência munida de:

• 07 baias de trabalho;

• 04 computadores com acesso à internet;

• Materiais de expediente;

• 01 multifuncional (copiadora, impressora, scanner) de uso comum;

• 09 telefones;

• 14 cadeiras, entre outros.

5.2.3 Atividades desenvolvidas pelo acadêmico na gerência

A principal atividade desenvolvida pelo acadêmico na gerência de inteligência no

Sapiens Parque se consistiu basicamente nos processos de pesquisas, estudo e projetos.

Relacionando-se com o turismo, o acadêmico pôde realizar pesquisas referentes ao

Turismo do Conhecimento, de modo que o Sapiens Parque apresenta interesse na área, sendo

oferecido ao estudante a função de pesquisa científica para fins de entendimento e

desenvolvimento do conceito de uma tipologia ainda pouco conhecida. Desta forma, através

da investigação de informações e interpretação das mesmas, o acadêmico pôde contribuir de

maneira significativa para o projeto em questão.

158

Com a finalidade de se manter cada diz mais experiente nas questões referentes à

informática, o acadêmico através das suas funções no setor pôde exercitar, aprender e

operacionalizar habilidades diárias no computador.

5.2.4 Conhecimentos técnicos adquiridos

Tendo sido possível o acadêmico estagiar em um setor como o de inteligência do

Sapiens Parque, pôde-se vivenciar questões profissionais, como a de pesquisador científico e

a de projetista na área em que atua.

Além disso, foi delegada a oportunidade de desenvolver e estimular habilidades de

concentração e interpretação de informações, através das pesquisas realizadas pelo acadêmico

no departamento de inteligência do Sapiens Parque.

Pôde-se, também, exercitar questões referentes à informática, fazendo com que o

acadêmico desenvolvesse e/ou aprendesse questões referentes ao uso do computador.

5.2.5 Aspectos positivos, limitantes e sugestões administrativas

Como a gerência de inteligência também se constitui em uma área em

desenvolvimento, pode-se observar aspectos positivos, limitantes e sugestões a serem

apresentadas.

Como aspectos positivos pode-se citar:

• Interdisciplinaridade entre os setores, onde a gerência de inteligência se comunica de

maneira contínua com demais áreas do Sapiens Parque, se constituindo em uma integração

entre as partes compreendidas. Desta forma, podem-se desenvolver ações com base nos

projetos e idéias dos outros setores, minimizando possíveis problemáticas;

• Enfoque contínuo no conhecimento, de modo a fazer com que as pessoas envolvidas na área

de inteligência se mantenham em constante e contínuo processo de aprendizagem e aquisição

de conhecimentos, tornando o empreendimento sempre atual e permanentemente inovador;

• Realização de projetos com fundamentos teóricos, onde os projetos criados são

intelectualmente pesquisados, monitorados e encaminhados para as seções de interesse,

tornando-os mais convincentes e, portanto, mais viáveis;

159

• Presença constante de livros, revistas e internet a disposição, fazendo com que o

conhecimento seja realmente o principal enfoque da gerência, tornando a reciclagem de

informações algo essencial e perene.

Na gerência de inteligência do Sapiens Parque foram constatados alguns aspectos

limitantes que merecem atenção para que possam ser solucionados da melhor maneira

possível. Dentre os aspectos limitantes detectados na área de inteligência do Sapiens Parque,

cita-se:

• Dependência da gerência em relação à Fundação CERTI, onde os problemas que ocorrem

com os computadores, por exemplo, são passados para a fundação que acaba por solucioná-

los de acordo com suas possibilidades, tornando o processo demorado e prejudicando o

andamento das pesquisas.

Como forma de se solucionar de maneira eficiente o aspecto limitante apresentado,

propõe-se a permanência de pessoas qualificadas na área de manutenção tecnológica em

determinados dias estipulados, como forma destas solucionarem os problemas de maneira

mais independente possível, tornando o processo de pesquisas mais rápido, eficiente e

proveitoso.

Assim, a gerência de inteligência do Sapiens Parque poderá continuar a exercer suas

funções de maneira eficaz, sempre se posicionando estrategicamente no mercado e realizando

projetos inovadores nas suas áreas de atuação.

5.3 Gerência de gestão

Responsável pelo setor: Leandro Carioni

Período: 16/10 a 07/11

Nº. de horas: 96 horas

5.3.1 Funções administrativas da gerência

A gerência de gestão do Sapiens Parque apresenta-se como grande aliada no processo

de desenvolvimento das atividades relacionadas ao parque de inovação. Conta com duas

vertentes principais que se consistem em Auxiliar Administrativo e Coordenador

160

administrativo. Realiza as principais atribuições no contexto apresentado, sendo definidas

como sete grandes pilares principais: atendimento ao público interno e externo; sistema de

telefonia; serviços de secretaria em geral; coordenadoria logística; coordenadoria de infra-

estrutura; coordenadoria financeira e coordenadoria de recursos humanos.

Executa serviços que se mostram essenciais para o eficaz andamento das atividades do

setor e do Sapiens Parque como um todo. As principais tarefas executadas pela gerência de

gestão são:

• Atendimento ao público interno e externo;

• Controle de entrada/saída de equipamentos, chaves, senhas telefônicas, material

institucional, acervo;

• Transmissão de recados;

• Back up do sistema de tarifação telefônica;

• Relatórios de telefonias pessoal e profissional;

• Organização/convocação de reuniões administrativas / técnicas / conselho de administração

/ conselho fiscal / acionistas;

• Recebimento de mercadorias, notas fiscais;

• Atualização do cadastro de clientes/parceiros;

• Suporte ao controle patrimonial;

• Publicação de atas, convocação de reunião do Sapiens Parque (Diário Oficial, A Notícia,

outros);

• Solicitação, organização e prestação de contas de viagens nacionais e internacionais;

• Solicitação de material junto à Fundação CERTI;

• Organizar, agendar e cancelar as reuniões do Sapiens Parque e do Circus;

• Organizar eventos do Sapiens Parque e do Circus;

• Suporte às rotinas diárias dos colaboradores;

• Controlar e encaminhar os pagamentos;

• Controle de férias;

161

• Gerenciar os prazos dos contratos/convênios;

• Supervisionar o saldo bancário das contas Sapiens;

• Supervisionar o cumprimento do horário de trabalho dos funcionários;

• Solicitar a transferência de recursos entre contas Sapiens/CERTI;

• Atendimento a fornecedores;

• Operacionalizar o processo de licitação, entre outros.

5.3.2 Infra-estrutura da gerência

Conforme já mencionado, a infra-estrutura da gerência de gestão, como as outras

gerências do Sapiens Parque, se mostra em fase de iniciação ao trabalho, apresentando-se

restrita e ainda em consolidação. Os principais itens observados na infra-estrutura da gerência

de gestão se constituem em:

• 01 baia;

• 01 cadeira;

• 01 computador com acesso à internet;

• 01 telefone;

• Materiais de expediente;

• 01 multifuncional (copiadora, impressora, scanner) de uso comum, entre outros.

5.3.3 Atividades desenvolvidas pelo acadêmico na gerência

Dentro da área de gestão, compreendida na diretoria administrativo-financeira, o

acadêmico realizou atividades relacionadas à administração como um todo do Sapiens Parque,

bem como se deteve em apresentar resultados na área de secretaria.

Apresentando-se em uma realidade interdisciplinar, a gerência de gestão se concentra

como uma área importantíssima no contexto do Sapiens Parque, uma vez que as todas as

demais áreas desta dependem.

Ao acadêmico foram oferecidas atividades cotidianas de secretaria, como o

atendimento aos clientes através de telefone ou pessoalmente; a operacionalização do

162

equipamento de multifuncional, imprimindo e/ou copiando documentos a serem utilizados

pelos profissionais do Sapiens Parque; o atendimento aos funcionários de manutenção,

encaminhando as questões referentes aos seus determinados correspondentes; entre outros.

Além disto, foi oferecida a oportunidade de se presenciar algumas reuniões da equipe a fim de

demonstração de resultados e programação de ações futuras.

5.3.4 Conhecimentos técnicos adquiridos

Tendo sido oferecida a oportunidade de se conhecer as rotinas cotidianas de um setor

tão importante e indispensável como a gerência de gestão do empreendimento Sapiens

Parque, foi possível adquirir conhecimentos e habilidades através do estágio na área.

Por agregar tantas atividades indispensáveis ao pleno andamento das atividades do

Sapiens Parque, o acadêmico pôde exercitar e aprimorar habilidades como a responsabilidade

em ter que realizar tarefas como a transmissão de recados para pessoas de grande importância

no parque de inovação, como o Diretor Presidente, por exemplo. Saber informar sobre o

Sapiens Parque bem como designar os assuntos e as pessoas que procuravam o

empreendimento ao técnico correspondente também foi de suma importância no processo de

aprendizagem e aquisição de conhecimentos.

Ao se tratar com clientes internos e externos foi exercitada a habilidade da gentileza,

comunicação e cortesia, tão importantes para a questão do atendimento. Há também o aspecto

da agilidade no exercício das funções, uma vez que houve a necessidade de ágil e funcional ao

mesmo tempo.

Na gerência de gestão, foi possível aprender e praticar atividades características das

rotinas administrativas de um empreendimento do porte do Sapiens Parque, onde deve-se

haver precisão na execução das tarefas. Desta forma, além de se praticar as atividades de

cunho administrativo, também se praticou a rapidez de raciocínio para a solução de

imprevistos que surgem em casos como este e em empreendimentos deste porte.

5.3.5 Aspectos positivos, limitantes e sugestões administrativas

A gerência de gestão do Sapiens Parque apresenta aspectos positivos, onde estes se

responsabilizam pelo sucesso das ações por esta gerência desenvolvidas, aspectos limitantes,

163

que fazem com que algumas oportunidades se percam e, para isso, propõem-se algumas

sugestões administrativas para que melhorias e benefícios continuem sendo conquistados.

Como aspectos positivos da gerência de gestão do Sapiens Parque citam-se:

• Interdisciplinaridade entre os setores, fazendo com que todas as decisões sejam tomadas

tendo como base as ações das gerências em conjunto;

• Estabelecimento de contatos, onde o atendimento se faz primeiramente, antes de qualquer

outro técnico, fazendo com que os prováveis investidores e outras pessoas que apresentarem

algum tipo de interesse no Sapiens Parque, sejam recebidas de maneira profissional e

encaminhadas para as áreas de interesse;

• Padrão nas atividades, onde o cumprimento das tarefas são realizadas normalmente pelo

mesmo profissional, delegando um certo padrão no atendimento e no desenvolvimento das

funções;

• Gentileza e prontidão em atender, tornando a gerência de gestão bastante pró-ativa e

eficiente no quesito atendimento, fazendo com que se facilite o processo de estabelecimento

de contatos.

Os aspectos limitantes observados na gerência de gestão consistem em:

• Dependência da Fundação CERTI, onde os materiais a serem solicitados, bem como os

demais aspectos burocráticos e de serviços sejam obrigatoriamente resolvidos na fundação,

tornando, em alguns momentos, o processo lento e demorado;

• Acúmulo de funções, fazendo com que somente um profissional seja encarregado de várias

atividades, tornando as vezes seu trabalho sobrecarregado.

Como forma de fazer com que os aspectos limitantes sejam solucionados e façam com

que continue havendo positividade no desenvolvimento das ações da gerência de gestão do

Sapiens Parque, sugere-se:

• Uma maior autonomia do Sapiens Parque, de forma a realizar as soluções dos problemas

apresentados, prestando contas com a Fundação CERTI de maneira periódica;

164

• A designação de algumas funções de caráter administrativo para outros colaboradores do

parque de inovação, ou mesmo o deslocamento de outro colaborador para o auxílio das

funções principais.

Desta forma, a gerência de gestão do Sapiens Parque poderá continuar suas tarefas de

maneira a resultar cada vez mais aspectos positivos, dando continuidade ao excelente trabalho

de gestão para qual se propôs.

5.4 Gerência de planejamento de negócios

Responsável pelo setor: Carolina Menegazzo

Período: 08/11 a 21/11

Nº. de horas: 54 horas

5.4.1 Funções da gerência

O departamento de gerência de planejamento de negócios compreende como

principais funções:

• Prospecção de novos negócios;

• Levantamento de alternativas, novos negócios, potencialidades para tal, etc.;

• Análise de mercado;

• Análise do mercado em que está inserido o produto;

• Análise econômico-financeira para estudo da viabilidade dos produtos Sapiens;

• Estudo de análise econômica de todo o projeto, de novos produtos e de suas fases.

5.4.2 Infra-estrutura da gerência

Conforme já mencionado, a infra-estrutura da gerência de planejamento de negócios,

da mesma forma que as outras gerências do Sapiens Parque, apresenta-se restrita e ainda em

165

consolidação. Os principais itens observados na infra-estrutura da gerência de planejamento

de negócios foram:

• 01 baia;

• 01 cadeira;

• 01 computador com acesso à internet;

• 01 telefone;

• Materiais de expediente;

• 01 multifuncional (copiadora, impressora, scanner) de uso comum, entre outros.

5.4.3 Atividades desenvolvidas pelo acadêmico no setor

Tendo sido possibilitada a realização de estágio na área de planejamento de negócios,

se tornou viável a execução de tarefas que competem a este setor. Na gerência de inteligência,

o acadêmico realizou, resumidamente, a tarefa de construção de projeto na área turística.

Desta forma, a partir da gerência de planejamento de negócios, o futuro bacharel em turismo e

hotelaria realizou tarefas que competem, de uma maneira intrínseca, às atividades

desenvolvidas na área de inteligência do Sapiens Parque.

Na área de planejamento de negócios, foi possível a realização de discussões, esboços

e planos que apresentaram como objetivo o estudo do planejamento de um novo

produto/negócio no Sapiens Parque. Este novo produto/negócio se define com características

inovadoras e criativas no turismo, sendo ainda pouco explorado em âmbito mundial,

consistindo no Sapiens Parque uma das iniciativas pioneiras no quesito apresentado.

5.4.4 Conhecimentos técnicos adquiridos

Diante da realização de atividades na gerência de planejamento de negócios, o

acadêmico pôde adquirir algumas características que normalmente não são estruturadas em

ambiente universitário. Dentre tais características cita-se o estudo do mercado apresentado,

fazendo com que a percepção da realidade fosse exercitada.

Também foi possível a aquisição de novos conhecimentos referentes às questões

econômico-financeiras, tornando o aprendizado referente ao estudo de mercado e

166

planejamento de negócios, bem como sua futura aplicação, fizeram com que o acadêmico

obtivesse melhores e maiores noções sobre a realidade mercadológica enfrentada nos mais

diversos segmentos que o parque de inovação aborda, inclusive na área turística.

5.4.5 Aspectos positivos, limitantes e sugestões administrativas

Na gerência de planejamento de negócios pôde-se observar como aspecto positivo a

questão da preocupação em se analisar o ambiente em que será exposto e apresentado os

produtos provenientes do Sapiens Parque. Além disto, a questão da cordialidade da equipe

também contribuiu para a percepção de tal fato como sendo um aspecto positivo. Desta forma,

poderá se estabelecer parcerias, contatar prováveis investidores e estabelecer futuros contatos

profissionais.

Dentre os aspectos negativos, cita-se novamente a questão da dependência do setor da

Fundação CERTI, apresentando os mesmos problemas dos demais setores relatados. Um

outro aspecto limitante das atividades constitui-se na ausência de outras pessoas que dominem

os assuntos referentes à gerência, uma vez que sendo necessária a ausência da pessoa

responsável, torna-se restrito o encaminhamento das atividades do setor.

Como forma de se apresentar soluções que minimizem ou mesmo eliminem os

aspectos limitantes da área de planejamento de negócios, propõe-se, da mesma forma que os

demais departamentos apresentados, uma maior autonomia da gerência do Sapiens Parque, de

modo que a prestação de contas com a Fundação CERTI seja realizada de maneira periódica e

contínua. Uma outra sugestão se apresentaria em uma proposta de compartilhamento de

funções, visto que uma das principais filosofias do empreendimento consiste na

interdisciplinaridade.

167

6 ANÁLISE DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Tendo sido possibilitada a oportunidade de se estagiar em um empreendimento tão

inovador, criativo e que apresenta proposta para o fomento da atividade turística em

Florianópolis e em todo o seu entorno, pode-se perceber a importância em se estabelecer uma

espécie de aliança entre a teoria ministrada em sala de aula com a prática proporcionada pelo

Sapiens Parque.

O estágio compreendeu 75 dias, sendo 6 horas diárias, totalizando 450 horas. Além de

poder vivenciar a realidade dos funcionários em seu cotidiano de trabalho, pôde-se observar

como ocorre o funcionamento de um empreendimento em suas fases iniciais, sendo oferecido

ao acadêmico a oportunidade de aprender questões como planejamento, burocracia,

divulgação e desenvolvimento de produtos.

Sendo o Sapiens Parque um empreendimento inovador e que apresenta inúmeras

expectativas nos mais diversos segmentos no qual se propõe, o acadêmico viu-se interessado e

motivado em entrar em um projeto pioneiro, interessante e profundamente próspero. O

desafio ao se propor uma pesquisa inédita na área turística contribuíram para a escolha do

empreendimento, bem como para o auxílio do fomento da atividade turística na íntegra.

Todas as informações adquiridas, bem como os conhecimentos, aprendizagens e

postura profissional foram transmitidos pelos profissionais do parque de inovação, onde as

dúvidas eram sanadas prontamente, de maneira completa e cordial.

Além do tempo diário empregado para a realização do estágio, foram realizadas

pesquisas, busca de literatura, contato com pessoas da área e a confecção do projeto de

pesquisa e do relatório de estágio em período distinto à prática da atividade. Desta forma, foi

possível a conquista dos objetivos propostos, bem como o cumprimento de todos os prazos

estipulados.

O projeto de pesquisa consistiu em uma conseqüência da realização do estágio

obrigatório, portando-se como de maneira pioneira na realidade turística encontrada. Tendo

em vista a completa limitação do tema proposto, foram realizadas reuniões e orientações com

profissional da instituição de ensino, a fim de conseguir direcionar da melhor maneira

possível o projeto de pesquisa e o relatório de estágio.

168

A partir do estágio oferecido, foi exeqüível a realização de contatos com pessoas

inseridas em áreas inovadoras e com potencial para o desenvolvimento de produtos e serviços

criativos. A estimulação à pesquisa e à aquisição de novos conhecimentos também foi

oferecida em virtude do estágio, bem como o aprimoramento de habilidades já conhecidas do

acadêmico.

A presença constante da instituição de ensino proporcionou a eliminação de dúvidas

comuns aos estudantes que se apresentam em fases finais do curso de graduação, munindo

questionamentos referentes aos desenvolvimentos e práticas da realidade profissional a qual

estão prestes a enfrentar.

É através de iniciativas como o estágio que se pode preparar o futuro profissional para

a realidade mercadológica, tornando-os mais habilitados a desenvolver atividades na área

turística.

169

7 CONCLUSÃO TÉCNICA

O turismo vem se constituindo, nos últimos tempos, como um dos principais pilares da

economia de muitas localidades. O Brasil se insere neste contexto, uma vez que apresenta

atrativos que se demonstram com completa declividade para o turismo, como as belezas

naturais encontradas. Santa Catarina se apresenta como um dos estados brasileiros com mais

propensão para o turismo, oferecendo variedade de elementos que vão desde o sol até a geada

e a neve. Em Santa Catarina se encontra Florianópolis, responsável pela atração de um grande

número de turistas vindos das mais diversas regiões.

A Ilha de Santa Catarina, entretanto, enfrenta o grave problema turístico da

sazonalidade, apresentando-se superlotada no verão e estagnando suas atividades turísticas

nos meses mais frios. Desta forma, desestrutura-se o turismo na cidade, afetando não só o

turismo, mas todas as demais atividades que deste dependem, tais como o comércio e a

hotelaria, por exemplo.

O Sapiens Parque vem se apresentar nesta realidade como empreendimento inovador e

que objetiva, entre outras questões, a minimização dos efeitos nocivos da sazonalidade,

buscando oferecer atrativos turísticos inteligentes e perenes. Desta forma, espera-se que o

turismo na cidade de Florianópolis seja reestruturado e melhor desenvolvido com a criação de

alternativas turísticas inovadoras, criativas e inteligentes, como a proposta do Sapiens Parque.

O Sapiens Parque inicia uma discussão a frente da importância em se estabelecer

empreendimentos inovadores, ou mesmo delegar uma nova abordagem de elementos

turísticos já estruturados, porém pouco consolidados. O turismo do conhecimento é um bom

exemplo de produto inovador que objetiva a reunião de valores benéficos à atividade turística.

O estágio realizado no Sapiens Parque elucida a importância da aliança contínua entre

teoria e prática, sendo a teoria, neste caso, conquistada através da comunidade acadêmica e a

prática proporcionada pelo parque de inovação. Assim, a tão debatida e exigida experiência

profissional se manifesta, tornando o estudante melhor preparado para a realidade

mercadológica que está prestes a enfrentar. Além de todas as questões benéficas oferecidas

pelo cumprimento do estágio obrigatório, o estabelecimento de contatos profissionais ocorreu

como forma de qualificar ainda mais a atividade proporcionada pelo empreendimento e pela

instituição de ensino.

170

Desta forma, os objetivos traçados foram cumpridos, tendo sido possível desenvolver

atitudes e hábitos profissionais, além da aquisição de conhecimentos e aprendizagens nas mais

diversas áreas, especialmente na área turística.

A atividade de turismo confere ao bacharel de turismo e hotelaria a responsabilidade

de desenvolver a atividade de maneira eficiente, sustentável e inteligente, fazendo com que o

futuro da atividade seja cada vez mais promissor, gerador de divisas e empregador de um

número cada vez maior de colaboradores, beneficiando todos e quaisquer envolvidos, tais

como trade turístico, poder público, turistas e comunidade.

171

8 REFERÊNCIAS

BENI, Mário Carlos. Análise Estrutural do Turismo. 6 ed. São Paulo: SENAC, 2001.

BISSOLI, Ângela Marques Ambrizi. Estágio em Turismo e Hotelaria. São Paulo: Aleph,

2002.

OLIVEIRA, Antônio Pereira. Turismo e Desenvolvimento: Planejamento e Organização. 5

ed. São Paulo: Atlas, 2005.

SAPIENS PARQUE. Evolução Histórica da Organização, Florianópolis, 25 ago. 2006.

172

9 ASSESSORIAS TÉCNICAS E EDUCACIONAIS

Professora responsável pelo estágio: MSc. Karine Von Gilsa

Professora orientadora: MSc. Renata Silva

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10 ANEXOS