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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - UNIVALI
ALESSANDRA CAROLINA DE SOUZA
SAPIENS PARQUE:
O desenvolvimento do turismo do conhecimento em Florianópolis/SC.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO - TCC
São José
2006
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - UNIVALI
ALESSANDRA CAROLINA DE SOUZA
SAPIENS PARQUE:
O desenvolvimento do turismo do conhecimento em Florianópolis/SC.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO - TCC
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Turismo e Hotelaria, da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação São José. Orientadora: Profª MSc. Renata Silva.
São José
2006
ALESSANDRA CAROLINA DE SOUZA
SAPIENS PARQUE: O desenvolvimento do turismo do conhecimento em
Florianópolis/SC.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título
de bacharel em Turismo e Hotelaria, da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação
São José e examinado pelos seguintes professores:
___________________________ Profª MSc. Renata Silva
Orientadora
___________________________ Membro Examinador
___________________________ Prof. Karine Von Gilsa
Membro Examinador
Dedico este trabalho à minha família, em especial aos meus pais,
Vânia e Édio, pela educação e pelo amor incondicional e a minha avó
Izaltina Cravo (in memorian) pelo exemplo de força e sabedoria.
iii
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Édio e Vânia, por acreditarem no meu potencial e incentivarem meu trabalho
arduamente. Aos meus irmãos, Renato, Sérgio e Fernanda, pelo apoio e amparo. À minha avó,
Francisca, pelo carinho e atenção. Ao Amilton, pelo amor sincero e pela compreensão nos
momentos de ausência. Aos colaboradores do Sapiens Parque, por terem me recebido de uma
maneira tão especial e por me munirem de ensinamentos profissionais tão valiosos. Às minhas
amigas, Marina, Laila e Aline pela torcida por sucessos. À minha orientadora Renata, pela
sinceridade, pelos ensinamentos e pelas orientações tão pertinentes ao longo da pesquisa.
Agradeço a Deus, pela motivação, pela saúde e pelas oportunidades concedidas, e a todos que
direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho.
iv
Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais,
dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo
em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós.
Charles Chaplin
v
SUMÁRIO
PARTE I – Projeto de Pesquisa RESUMO........................................................................................................................ 10 1 INTRODUÇÃO........................................................................................................... 11 1.1 Contextualização ..................................................................................................... 11 1.2 Definição do problema ............................................................................................ 14 1.3 Justificativa .............................................................................................................. 17 2 OBJETIVOS................................................................................................................ 23 2.1 Objetivo geral .......................................................................................................... 23 2.2 Objetivos específicos ............................................................................................... 23 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................................. 24 3.1 Turismo..................................................................................................................... 24 3.1.1 Histórico.................................................................................................................. 24 3.1.2 Conceitos e definições............................................................................................ 27 3.2 Planejamento turístico............................................................................................. 30 3.2.1 Sistema de turismo (SISTUR)................................................................................ 32 3.2.2 Desenvolvimento turístico sustentável................................................................... 35 3.3 Tipos de turismo....................................................................................................... 40 3.4 Ciência, tecnologia e inovação................................................................................ 46 3.5 Parques de inovação e parques tecnológicos......................................................... 49 4 RESULTADOS DA PESQUISA................................................................................ 51 4.1 Procedimentos metodológicos ................................................................................ 51 4.1.1 População e amostragem ........................................................................................ 54 4.1.2 Coleta de dados ...................................................................................................... 55 4.1.3 Análise e interpretação dos resultados ................................................................... 57 4.2 Plano de trabalho .................................................................................................... 58 4.2.1 Etapas ..................................................................................................................... 58 4.2.2 Cronograma ............................................................................................................ 60 4.3 Análise da pesquisa ................................................................................................. 62 4.3.1 Os casos de sucesso de parques tecnológicos......................................................... 63 4.3.1.1 Research Triangle Park (RTP)............................................................................. 64 4.3.1.2 Centennial Campus (CC)..................................................................................... 64 4.3.1.3 Digital Media City (DMC)................................................................................... 65 4.3.2 Conhecimento como fator turístico......................................................................... 66 4.3.2.1 França................................................................................................................... 67 4.3.2.2 Espanha................................................................................................................ 70 4.3.2.3 Portugal................................................................................................................ 73 4.3.2.4 Itália..................................................................................................................... 75 4.3.3 Relação entre turismo do conhecimento e demais segmentações turísticas........................................................................................................................... 77 4.3.4 O produto chamado turismo do conhecimento....................................................... 87 4.3.5 Mapeamento dos recursos de Florianópolis que se encaixam na proposta do turismo do conhecimento................................................................................................. 89 4.3.6 Relação entre turismo do conhecimento, Florianópolis e Sapiens Parque.............................................................................................................................. 102
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................... 104 6 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 107 7 DOCUMENTOS CONSULTADOS.......................................................................... 113 8 ANEXOS ..................................................................................................................... 115 ANEXO A - Receita estimada em dólar...................................................................... 116 ANEXO B – Indicadores de qualidade de vida em SC............................................... 117 ANEXO C – Mapa Sapiens Parque.............................................................................. 118 ANEXO D – Mapa de Canasvieiras............................................................................. 119 ANEXO E – Lei monumentos arqueológicos ............................................................. 120 ANEXO F – Sítios arqueológicos em Florianópolis.................................................... 126 ANEXO G – Fortalezas em Florianópolis................................................................... 127 ANEXO H – Decreto Baleia Franca ............................................................................ 128 ANEXO I – Projeto TAMAR........................................................................................ 135 ANEXO J – Projeto TAMAR na Barra da Lagoa ..................................................... 136 PARTE II – Relatório de Estágio 1 IDENTIFICAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO E DO ALUNO .................................... 138 1.1 Identificação da organização ................................................................................. 138 1.2 Identificação do aluno ............................................................................................ 139 2 JUSTIFICATIVA ...................................................................................................... 140 3 OBJETIVOS ............................................................................................................... 143 3.1 Objetivo geral .......................................................................................................... 143 3.2 Indicadores dos resultados parciais durante o estágio ........................................ 143 4 DESCRIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO ....................................................................... 144 4.1 Evolução histórica ................................................................................................... 144 4.2 Infra-estrutura física atual ..................................................................................... 145 4.3 Infra-estrutura administrativa .............................................................................. 146 4.4 Quadro de recursos humanos ................................................................................ 147 4.5 Serviços prestados ................................................................................................... 148 5 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS POR SETOR ............... 151 5.1 Gerência de marketing e comunicação.................................................................. 151 5.1.1 Funções do setor .................................................................................................... 151 5.1.2 Infra-estrutura do setor ........................................................................................... 152 5.1.3 Atividades desenvolvidas pelo acadêmico no setor ............................................... 152 5.1.4 Conhecimentos técnicos adquiridos ....................................................................... 153 5.1.5 Aspectos positivos, limitantes e sugestões administrativas ................................... 153 5.2 Gerência de inteligência.......................................................................................... 156 5.2.1 Funções do setor .................................................................................................... 156 5.2.2 Infra-estrutura do setor ........................................................................................... 157 5.2.3 Atividades desenvolvidas pelo acadêmico no setor ............................................... 157 5.2.4 Conhecimentos técnicos adquiridos ....................................................................... 158
5.2.5 Aspectos positivos, limitantes e sugestões administrativas ................................... 158 5.3 Gerência de gestão................................................................................................... 159 5.3.1 Funções do setor .................................................................................................... 159 5.3.2 Infra-estrutura do setor ........................................................................................... 161 5.3.3 Atividades desenvolvidas pelo acadêmico no setor ............................................... 161 5.3.4 Conhecimentos técnicos adquiridos ....................................................................... 162 5.3.5 Aspectos positivos, limitantes e sugestões administrativas ................................... 162 5.4 Gerência de planejamento de negócios.................................................................. 164 5.4.1 Funções da gerência................................................................................................ 164 5.4.2 Infra-estrutura da gerência...................................................................................... 164 5.4.3 Atividades desenvolvidas pelo acadêmico na gerência.......................................... 165 5.4.4 Conhecimentos técnicos adquiridos........................................................................ 165 5.4.5 Aspectos positivos, limitantes e sugestões administrativas.................................... 166 6 ANÁLISE DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ............................................. 167 7 CONCLUSÃO TÉCNICA......................................................................................... 169 8 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 171 9 ASSESSORIAS TÉCNICAS E EDUCACIONAIS ................................................. 172 10 ANEXOS ................................................................................................................... 173 ANEXO A – Programa de estágio................................................................................ 174 ANEXO B – Declaração de estágio expedida pela organização................................ 176 ANEXO C – Ficha avaliação do desempenho do estagiário pela organização......... 178
10
TÍTULO: SAPIENS PARQUE: O desenvolvimento do turismo do conhecimento em
Florianópolis/SC.
ÁREA DA PESQUISA: Ciências Sociais Aplicadas
SUB-ÁREA: Turismo e Hotelaria
RESUMO
Em virtude da saturação da atividade turística na cidade de Florianópolis/SC, onde a
sazonalidade se constitui em um grave problema, evidencia-se a importância de elementos
inovadores e criativos como o turismo do conhecimento, que visa o oferecimento de
atividades inteligentes aos turistas através de atrativos que agreguem conhecimentos e
aprendizagens. O turismo do conhecimento acaba, pois, por se constituir em uma excelente
alternativa de combate à sazonalidade, atraindo um número de turistas considerável durante
todos os períodos do ano, bem como tende a atrair um tipo de turista mais qualificado em
termos econômicos e comportamentais. Com o objetivo de analisar os conceitos que
influenciam no turismo do conhecimento, bem como verificar sua inserção em Florianópolis e
no Sapiens Parque, a pesquisa, de tipologia básica, qualitativa, exploratória, bibliográfica e
documental, onde se utilizou a técnica de levantamento, relacionou o turismo do
conhecimento com as demais segmentações de turismo e analisou as localidades que de uma
maneira turística priorizam o conhecimento. Além disto, a pesquisa possibilitou a criação de
um modelo explicativo sobre o turismo do conhecimento, o mapeamento dos principais
pontos de Florianópolis que apresentam potencialidade para o seu desenvolvimento e a sua
relação com o Sapiens Parque. Desta forma, pôde-se iniciar um processo de inovação na
oferta turística, fazendo com que produtos novos e diferenciados sejam estudados, analisados
e, posteriormente, colocados em prática, especialmente em Florianópolis, onde a atividade
tenderá a se desenvolver, agregando benefícios visíveis, bem como fazendo do turismo uma
atividade contínua.
Palavras-chave: Turismo. Inovação. Conhecimento. Sapiens Parque.
11
1 INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização
Situada no estado de Santa Catarina, ao sul do país, Florianópolis abrange uma área de
436,5 km² e uma população de 396.778 habitantes, segundo dados do IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2005.
A cidade apresenta sua economia fundamentada basicamente nas atividades do
comércio, prestação de serviços públicos, indústria de transformação e turismo. Nos últimos
anos, setores como a indústria do vestuário e a informática vêm demonstrando também
extraordinário desenvolvimento.
O turismo acaba por se tornar uma atividade de grande participação nos resultados
econômicos de muitas localidades. Está inserido num aspecto de desenvolvimento, onde os
atrativos percebidos nas regiões são fontes de motivações para a realização de viagens. Pode-
se perceber que atualmente o ato de deslocamento de pessoas constitui-se na satisfação de
desejos do trade turístico, do mercado, dos próprios turistas e de outros envolvidos na
atividade.
O turismo emergiu como um dos principais setores socioeconômicos mundiais, e sua sólida expansão chegou a um índice médio de cerca de 4 % a 5% ao ano na segunda metade do século XX. A combinação do turismo doméstico com o turismo internacional é agora apontada como o “maior setor” do mundo. Em 1995, o turismo global gerou um rendimento bruto estimado em 3,4 trilhões de dólares, contribuído com 10, 9% do PIB mundial, criando empregos para cerca de 212 milhões de pessoas e produzindo 637 bilhões de dólares em impostos (OMT, 2003, p. 18).
A atividade turística ganha destaque neste contexto e acaba por se transformar em
referência no estado de Santa Catarina e na cidade de Florianópolis. Segundo dados da
SANTUR (Santa Catarina Turismo S/A), avalia-se que entre os anos de 2004 e 2006 houve
um acréscimo de quase 191 mil turistas no estado, incluindo tanto turistas nacionais quanto
turistas estrangeiros. Estima-se que durante todo o ano de 2006 será totalizada no estado uma
receita de cerca de 600 milhões de dólares, conforme anexo A.
12
O turismo pode ser analisado de diferentes ângulos. De um lado, fazer turismo é o que os turistas fazem: viajar por prazer. De outro, o turismo é a atividade resultante da interação dos turistas com uma série de prestadores de serviços diretos e indiretos, os quais possibilitam ao turista cumprir seus objetivos , dentro e fora dos equipamentos destinados a esse fim. Esse segundo aspecto é conhecido como a “industria turística” e são alçada do chamado ‘establishment turístico’ ou ‘trade turístico’ (BARRETO; BURGOS; FRENKEL, 2003, p. 15).
Florianópolis situa-se no cenário mercadológico atual como capital turística do
MERCOSUL (Mercado do Cone Sul). Suas belezas naturais, aliadas ao fato da Ilha de Santa
Catarina ser considerada uma das cidades com melhor índice de qualidade de vida do Brasil
(anexo B), fazem com que haja uma grande procura de pessoas que almejam visitar a cidade e
seus atrativos.
Em todas as regiões de Florianópolis pode-se encontrar praias de grande
movimentação durante a chamada alta temporada, que compreende os meses entre dezembro
e fevereiro. Apresenta cerca de 100 praias catalogadas que atendem a todos os gostos e
estilos, oferecendo desde águas tranqüilas até mares propícios para a prática de esportes
náuticos, sendo algumas pouco exploradas e apresentando seu acesso por trilhas quase
intocadas. Há destaque para as praias das regiões norte e leste da cidade, onde uma demanda
considerável ocupa o entorno e faz movimentar a economia local durante o referido período.
Entre tais praias pode-se citar: Praia Mole, Joaquina, Barra da Lagoa, Moçambique, Ponta das
Canas, Jurerê Internacional, Canasvieiras e Daniela.
A região norte da Ilha de Santa Catarina tem considerável ênfase no cenário turístico
de Florianópolis. Apresenta, quando comparada a outras localidades, uma infra-estrutura
melhor equipada, com restaurantes, bares, hotéis e casas noturnas. É uma das regiões que
mais recebe turistas, oriundos em grande parte do MERCOSUL. Suas principais localidades
são: Cachoeira do Bom Jesus, Canasvieiras, Ponta das Canas, Daniela, Ingleses, Jurerê, Praia
Brava, Sambaqui e Santinho.
A subdivisão do período turístico da capital catarinense em alta e baixa temporada
reforça a questão da balneabilidade ser o principal motivo da incidência de turistas na referida
estação. Este aspecto, por sua vez, remete-se à sazonalidade, que se constitui no maior
problema turístico da cidade de Florianópolis nos dias atuais.
Para tanto, em virtude do imenso potencial turístico da região de Florianópolis,
havendo destaque para a sua área norte, pode-se explorar sustentavelmente outras formas de
desenvolvimento turístico na região que não se limitem exclusivamente às suas características
13
litorâneas. Inserido nesta conjuntura, cita-se o Sapiens Parque, um parque de inovação situado
na região de Canasvieiras, norte da Ilha de Santa Catarina (anexo C).
Como forma de se desenvolver os setores que já se transformaram nas principais
vocações econômicas da cidade de Florianópolis, o Sapiens Parque vem sugerir uma nova
abordagem de mercado, focada na criatividade e no conhecimento. A efetiva implantação do
Sapiens Parque na referida região volta-se para o desenvolvimento regional sustentável de
maneira integrada ao crescimento ordenado do entorno.
O Sapiens Parque apresenta suas linhas de atuação direcionadas a quatro áreas
principais, a saber: turística, sócio-ambiental, de serviços e tecnológica. Inserido no campo
turístico encontra-se um contexto de sustentabilidade e de combate à sazonalidade que
acabam por nortear as ações do parque de inovação.
Objetivando ser um empreendimento que busca ser socialmente responsável,
tecnicamente bem sucedido, economicamente viável e ambientalmente sustentável, o Sapiens
Parque está sendo desenvolvido para atender à sociedade em geral, bem como
empreendedores e investidores, poder público, comunidade acadêmica e turistas.
O Sapiens Parque apresenta como uma de suas principais vertentes a defesa da
exploração de um tipo de turismo ainda pouco difundido, o chamado Turismo do
Conhecimento. Para tanto, com o intuito de realizar melhorias no setor, bem como um maior
crescimento econômico da atividade, a implantação do Sapiens Parque busca agregar aspectos
positivos que acabarão por refletir nas ciências econômicas, sociais e ambientais do entorno e
da cidade de Florianópolis como um todo.
Preocupando-se em esquematizar uma promoção do turismo sustentável, incitando
projetos referentes a áreas como lazer, hospedagem, gastronomia, comércio, eventos e mídia,
o Sapiens Parque apresenta o propósito de reduzir a sazonalidade percebida na atualidade
além de fazer com que populações locais e regionais sejam beneficamente afetadas e munidas
de uma alternativa criativa e satisfatória.
Para tanto, tendo em vista a saturação da oferta turística na cidade de Florianópolis,
bem como a intenção de se melhor aproveitar seu potencial no setor turístico, torna-se
necessário um maior estudo referente à temática abordada, de forma que o conhecimento se
transforme numa excelente estratégia competitiva. Porém, deve-se sempre se ter a noção da
importância de um planejamento sustentável, de forma a minimizar possíveis efeitos
negativos e maximizar os positivos. Segundo Oliveira (2005, p.195):
14
O planejamento do turismo local deve sempre levar em conta o contexto regional, nacional e até o internacional. São leis, os incentivos, os planos de desenvolvimento existentes no país. O conhecimento desses fatores pode levar o planejador local a melhor orientar seu trabalho. A atividade de turismo não pode atuar isoladamente. Sempre recebe influências externas, e deve espelhar-se nos outros países, como o México, por exemplo, que tem em Cancun o modelo de produto de maior sucesso na história do turismo moderno.
O parque de inovação Sapiens Parque focará suas ações no conhecimento, no ser
humano e na sustentabilidade, fazendo com que todas as áreas envolvidas no
empreendimento, inclusive o setor turístico, tornem-se âncoras do projeto, objetivando a
geração de empregos e receitas, bem como o desenvolvimento da região e de todo o entorno.
1.2 Definição do problema
Uma das grandes problemáticas encontradas na realidade turística em Florianópolis é,
inquestionavelmente, a questão da sazonalidade. Esta se define nos períodos de maior e menor
demanda turística por determinados produtos. Segundo o SEBRAE (Serviço Brasileiro de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas), no ano de 2006, sazonalidade se define como sendo as
“Flutuações no ciclo produtivo ou de vendas de um determinado bem, serviço ou setor
econômico devido a fatores exógenos, ao longo de um determinado período”.
O fenômeno da sazonalidade pode ser explicado pelo conceito de elasticidade da
demanda. No caso da cidade de Florianópolis, a oferta acaba se adequando à procura,
transformando o período compreendido dentre os meses quentes entre os mais procurados
pelos visitantes, em virtude das características balneárias da região, e as estações mais frias
acabam sofrendo quedas bruscas da demanda turística, afetando diversos pilares da economia
catarinense.
Em virtude de tal problemática, pode-se perceber a importância de novas diretrizes
que acabem por nortear o planejamento turístico em Florianópolis, de modo a minimizar os
efeitos da sazonalidade, bem como incrementar e desenvolver o turismo na região. Com base
nas características vocacionais da cidade, tem-se em meta a estruturação da atividade turística
baseada em outras vertentes, diferentemente do turismo de sol e praia atualmente explorado
exclusivamente na capital catarinense, inclusive na localidade de Canasvieiras (anexo D).
15
Torna-se necessário o estímulo a novas práticas de turismo na Ilha de Santa Catarina,
respeitando suas vocações turísticas, e fazendo com que a cidade não dependa da alta
temporada para sobreviver no contexto apresentado. Nota-se a desestruturação durante a baixa
temporada de diversos setores que dependem diretamente do turismo, como o comércio, os
transportes e a hotelaria, por exemplo.
A prática de eventos na cidade está em fase de expansão e objetiva o auxílio no
combate à sazonalidade, porém, pode-se perceber a falta de infra-estrutura que atenda a uma
demanda considerável no setor, pois centros de eventos e hotelaria, entre outros, acabam por
não suprir as carências da atividade.
Convém observar que o setor de eventos é o segmento que mais cresce no mercado mundial de turismo, movimentando por ano aproximadamente US$ 35 bilhões, segundo dados da OMT. Esses indicadores revelam ainda que os turistas que viajam para participar de eventos, sejam de lazer, de atualização profissional ou de negócios, gastam três vezes mais do que o turista tradicional, estimando-se a relação de US$ 240 para US$ 90 (BENI, 2003, p. 51).
Tendo em vista a percepção de outras formas de desenvolvimento da atividade
turística em Florianópolis, o Sapiens Parque vem se mostrar apto a desenvolver e firmar a
indústria do turismo da localidade, bem como as demais áreas que dela dependem, tais como
comércio, gastronomia e transportes. Além disto, prevê-se a criação de novos postos de
trabalho, bem como a formação e captação de profissionais do setor, de forma que o projeto
seja concretizado de maneira econômica e ambientalmente sustentável. Desta forma, a
sazonalidade poderá ser combatida em virtude de se trabalhar o turismo em todas as etapas do
ano, fomentando a atividade através do estímulo à prática de um outro modo de turismo,
intitulado Turismo do Conhecimento.
Com a introdução de novas opções de turismo na cidade de Florianópolis, de maneira
consciente e estruturada, poder-se-á inserir a cidade no circuito turístico internacional,
transformando-a em concorrente direto de localidades extremamente qualificadas no que diz
respeito à atividade turística, atraindo desta forma turistas qualificados, cultos e desejosos em
adquirir conhecimento e trocar capital intelectual com os demais envolvidos. Assim, a região
e seu entorno receberão um maior número de turistas qualificados, que deixarão divisas
consideráveis e que acabarão por realizar um marketing positivo da cidade, minimizando
consideravelmente a sazonalidade e transformando a atividade turística num verdadeiro ciclo
benéfico.
16
Um outro fator a ser considerado é a questão da visitação de turistas já conhecidos da
região de Florianópolis, em especial na localidade de Canasvieiras. Turistas oriundos do
MERCOSUL constituem-se na grande parcela de turistas internacionais que visitam a
localidade.
A bibliografia existente sobre Canasvieiras e os depoimentos dos entrevistados coincidem no fato de que os primeiros argentinos a “descobrir” o local foram praticantes da pesca desportiva ou mergulho, pessoas da cidade de Buenos Aires que se aventuravam, de carro, exatamente para praticar seu esporte num lugar isolado, de águas limpas, e que, além do mais, constitui o primeiro local de águas oceânicas mornas saindo de Buenos Aires rumo ao norte (BARRETTO; BURGOS; FRENKEL, 2003, p. 71).
O público argentino se consistiu, inquestionavelmente, num dos grandes
representantes do turista na região de Canasvieiras, na cidade de Florianópolis. Porém, não se
deve concentrar as potencialidades turísticas regionais em um único tipo de público, da
mesma forma que não se deve concentrar esforços em uma única tipologia de turismo. Tendo
em vista que o turismo depende de fatores exógenos, tais como condições climáticas,
oscilações da taxa de câmbio, instabilidade política, riscos epidêmicos etc., pode-se concluir a
importância em se trabalhar com outras vertentes turísticas e com públicos diferenciados. Este
fato pode ser muito bem argumentado quando se recorda o episódio como a crise financeira
que abalou a Argentina e o atentado de 11 de setembro nos Estados Unidos.
Vários fatores contribuíram para a constituição de Canasvieiras como destino turístico (e crescentemente residencial) do público argentino: as características naturais da região (praias calmas, de águas quentes); a falta de impedimentos legais para os investidores estrangeiros e a campanha internacional de incentivos ao turismo no Brasil desde meados dos anos 60 (BARRETTO; BURGOS; FRENKEL, 2003, p. 13).
Pode-se visualizar no desenvolvimento das etapas de implantação do Sapiens Parque
uma oportunidade de crescimento para o turismo em Florianópolis. O parque de inovação
pretende implementar um conjunto de empreendimentos de alta qualidade, munindo a cidade
de equipamentos relacionados ao setor que venham a suprir as necessidades dos visitantes e
demais envolvidos. Assim, com a implantação e desenvolvimento do chamado Turismo do
Conhecimento, bem como o oferecimento de atividades interessantes e inovadoras, poderá se
estimular de maneira eficiente e pró-ativa o incremento da atividade turística e seu entorno.
Em quase todas as destinações turísticas tem-se constatado a falta de ‘cultura turística’ das pessoas que viajam, o que faz com que se comportem de forma alienada em relação ao meio que visitam – acreditando não terem nenhuma responsabilidade na preservação da natureza e na originalidade das destinações.
17
Entendem que seu tempo livre é ‘sagrado’, que têm direito ao uso daquilo que pagaram e, permanecendo pouco tempo (individualmente), julgam-no insuficiente para ser responsabilizados pelas agressões ao meio ambiente (RUSCHMANN, 1997, p. 10).
Apesar dos efeitos nocivos da sazonalidade, pode-se haver certo aproveitamento dos
atores envolvidos, estimulando a criação de alternativas criativas e inovadoras que façam com
que os gestores da cidade se voltem para a atividade, contribuindo para um crescimento da
economia como um todo.
Como forma de direcionar as questões que guiam o presente projeto de pesquisa,
foram levantadas algumas perguntas que apresentam como objetivos seus posteriores
esclarecimentos:
1. Em que se constitui o chamado Turismo do Conhecimento, quais suas características
e melhores práticas?
2. Quais as características da cidade de Florianópolis que melhor se adaptam ao conceito
de Turismo do Conhecimento e como estas proporcionariam melhor competitividade à
cidade?
1.3 Justificativa
Sendo a atividade turística inovadora e criativa uma das grandes promessas de
crescimento do turismo em seu exercício, pode-se perceber a importância do desenvolvimento
de um novo conceito de turismo que venha agregar valor à atividade, bem como contribuir
para o seu incremento e auxiliar no combate à sazonalidade percebida neste aspecto. Além
disso, a questão de mudanças na atualidade requer um maior cuidado para que não se reflitam
aspectos negativos em localidades que até o presente momento se mostravam propensas à tal
mudança, porém ainda demonstram se subsidiarem em atividades primárias, como por
exemplo, a pesca e o artesanato.
O turismo, nos dias atuais, deixou claramente de ser uma atividade para amadores. Os
mais diversos segmentos da área mostram-se cada dia mais desafiadores, com a presença de
18
uma concorrência acirrada, onde há uma certa obrigatoriedade em se tornar o melhor naquilo
para que se propôs.
O turismo é essencialmente prestação de serviço. Um erro cometido, uma desatenção ou uma involuntária descortesia não podem ser evitados por um hipotético controle de qualidade e retornar ao início do processo. Além disso, há toda a interface com a hospedagem, equipamentos turísticos e atrações: aspecto das acomodações, higiene, estado da mobília, funcionamento correto de geladeiras, televisores e outros equipamentos, qualidade dos restaurantes, das atrações, serviços etc. (PETROCCHI, 1998, p. 289).
Assim, pode-se facilmente detectar uma saturação das atividades oferecidas na área de
turismo, que, apesar de demonstrar-se como uma atividade de segmentações variadas, tais
como a hotelaria, os eventos, o ecoturismo, as agências de viagens, entre tantas outras
vertentes turísticas encontradas, mostra-se carente de novas alternativas que sirvam os clientes
de formas criativas de práticas originais de se exercitar a atividade.
O turismo, bem como o restante das atividades que se mostram adeptas ao crescimento
contínuo, se caracteriza por ser uma área moderna, propícia ao futuro mercadológico
esperado. Para tanto, deve-se prestar atenção para que a atividade acompanhe os avanços
globais, de modo que não se torne obsoleta, e tampouco se descaracterize na referida região,
bem como continue como mercado promissor na atualidade e futuramente.
Uma das principais características do turismo e de todas as suas ramificações é seu
caráter econômico. Muitas regiões viram na atividade turística uma grande aliada no momento
de se trazer divisas e receitas para a localidade.
O turismo tornou-se um dos principais setores socioeconômicos mundiais e um dos componentes líderes do comercio internacional. Em 1997, houve 612 milhões de chegadas de turistas internacionais, que geraram 443 bilhões de dólares de receita em moeda estrangeira. Até o ano de 2020, a Organização Mundial do Turismo (OMT) calcula que haja cerca de 1,6 bilhão de chegadas de turistas internacionais e que a receita turística internacional atinja 2 trilhões de dólares (OMT, 2003, p. 17).
O turismo, assim como a grande maioria das atividades geradoras de divisas e receitas
consideráveis no campo econômico global, apresenta-se numa atualidade mercadológica
voltada para a era do conhecimento e da inovação. Para tanto, como forma de se firmar de
maneira criativa e moderna no mercado atual, procuram-se insistentemente novos campos
para o desenvolvimento da atividade turística em si, maximizando os benefícios oferecidos e
fazendo com que todos os envolvidos sejam positivamente afetados.
19
“Quanto ao crescimento do turismo internacional nos países em desenvolvimento, a
OMT também prevê um crescimento favorável, motivado principalmente pelo interesse de
produtos turísticos novos ou renovados [...]” (RUSCHMANN, 1997, p. 167).
Além de toda a importância econômica do turismo, cita-se questões referentes à
comunidade, bem como o desenvolvimento da localidade. É extremamente necessário a
participação e o apoio dos atores envolvidos no processo turístico, tais como a comunidade, o
trade local, autoridades governamentais, grupos de proteção ao meio ambiente, entre outros.
A cooperação entre todos esses parceiros é essencial para a conquista do turismo próspero e sustentável, que melhore a qualidade de vida local. Em uma área turística de desenvolvimento recente, as autoridades locais devem, normalmente, assumir o papel principal na busca dessa cooperação, e talvez precisem traçar mecanismos para uma cooperação efetiva. Se essa cooperação não for alcançada, o turismo ainda poderá se desenvolver, mas gerará sérios problemas, não levará à melhoria da qualidade de vida, nem será sustentável (OMT, 2003, p. 33-34).
Pode-se citar como um dos grandes pilares da inovação na atualidade a questão da Era
do Conhecimento. As mais diversas áreas se mostram pendentes a tópicos referentes a tal
temática, adaptando suas realidades a esta ou descartando aspectos que se mostram arcaicos.
Com o turismo não é diferente, uma vez que cada uma de suas demonstrações da atividade
preocupa-se em estar constantemente em reciclagem, adaptando-se a esta nova realidade ou
fazendo surgir novos campos para atuação.
As ciências humanas e sociais precisam inovar e criar novos fundamentos para explicar a interdependência e a união global das necessidades e clamores da sociedade global; e até as ciências físicas mudam em função de novas técnicas de pesquisa, alicerçadas na compreensão e conquista do espaço sideral, na micro e nanotécnica, nos avanços dos estudos genéticos, na inesgotável capacidade inventiva do ser humano [...]. O turista, incansável viajor, representa bem essa nova dinâmica global e participa da abertura e da conquista de novas e surpreendentes regiões e espaços ambientais e culturais (BENI, 2003, p. 17).
Dentro deste contexto, mencionam-se os chamados parques de inovação, onde
questões como ciência, tecnologia, iniciativas sócio-ambientais, empresas e turismo se
destacam e se mostram presentes no conjunto de ações que acabam por nortear o conceito de
inovação.
É a partir deste momento que a criatividade e o oferecimento de novidades em serviço
se mostram atraentes nos mais diversos aspectos ao qual um parque de inovação se propõe. O
turismo, em especial, se destaca neste contexto, uma vez que, conforme anteriormente
mencionado, há uma certa saturação das atividades turísticas, não havendo campos novos para
a prática da atividade.
20
As últimas análises apontam o turismo como o setor mais globalizado, perdendo apenas para o setor de serviços financeiros. A globalização do turismo é resultante principalmente dos seguintes fatores: aumento da liberalização do comércio mundial, incorporação de novas tecnologias como a informática e as telecomunicações, integração horizontal e vertical das empresas de turismo, difusão territorial do consumo e flexibilização do trabalho nos diversos setores produtivos, incluindo o próprio setor do turismo (BENI, 2003, p. 19).
A cidade de Florianópolis, capital de Santa Catarina, em particular, vê na atividade
turística uma das principais vertentes de sua economia, refletindo, entretanto, o problema da
sazonalidade. Tal problemática ainda se torna mais agravante, uma vez que a Ilha de Santa
Catarina utiliza seu contexto turístico como predominantemente balneário. Para tanto, como
forma de ser um agente minimizador dos efeitos nocivos da sazonalidade, um parque de
inovação acaba por se mostrar como um aliado em potencial na medida que a cidade
apresenta carência em oferecer aos visitantes e à própria comunidade atrativos que venham a
agregar, além de benefícios turísticos, obviamente, melhorias em outros aspectos, tais como
culturais, sociais, psicológicos, infra-estruturais, entre outros.
Em virtude da necessária inserção de localidades até então adeptas de atividades
econômicas artesanais, tais como a pesca e o comércio, porém com um incrível potencial
inovador/tecnológico, pode-se perceber a importância de termos referentes à sustentabilidade,
de forma que as mudanças oriundas da chamada globalização não reflitam de maneira
negativa no processo de transmutação para a referida “Era do Conhecimento”.
A geração e disseminação acelerada de novas tecnologias nesses campos vem proporcionando um encurtamento ou “compressão” do tempo e distância entre lugares possibilitando e tornando mais fácil e mais rápido o movimento de pessoas e uma enorme expansão na escala de produção, circulação e consumo de bens, informações e conhecimentos ao redor do mundo, caracterizando a chamada “Era do Conhecimento” em que vivemos (VIEIRA FILHO; ARAÚJO, 2004, p. 02).1
Como forma de desenvolver novas vertentes dentro do cenário turístico existente, cita-
se o Turismo do Conhecimento, destacando sua característica inovadora e pouco explorada.
Desta forma, pode-se perceber a importância de se realizar pesquisas referentes a tal temática,
uma vez que o Turismo do Conhecimento pode ser uma excelente opção de combate à
sazonalidade, bem como auxiliar na atratividade de turistas melhores qualificados e que
incrementem a movimentação da economia do setor turístico.
Além disso, com a atração de turistas que busquem a troca de capital intelectual, bem
como a prática de atividades que busquem conceitos como preservação e sustentabilidade, 1 Informação obtida através do artigo “Empreendedorismo e turismo na era do conhecimento”, através do site da Universidade Federal de Santa Catarina, acessado em 23 de agosto de 2006.
21
poderá se consolidar como um dos principais grupos freqüentadores de Florianópolis aqueles
turistas ansiosos por um turismo saudável, inovador, inteligente e, principalmente, criativo.
Pode-se observar as inúmeras potencialidades do Turismo do Conhecimento na
atualidade, principalmente tendo em vistas que a cidade de Florianópolis não se constitui
somente das belas praias que se tornaram o único apelo turístico da região. Deve-se buscar
não exclusivamente benfeitorias em termos econômicos via atividade turística. Questões
como idéias, conhecimentos, crescimento social e profissional devem ser igualmente
priorizadas a fim de fazer do turismo um segmento único, que obtenha êxito em tantos outros
aspectos, além do econômico, unicamente.
Ciência e tecnologia se mostram cada dia mais em crescimento. Isto reflete a
adequação dos mais diversos pilares da economia a esta nova realidade, inclusive a atividade
turística, que se caracterizou nos últimos tempos como um excelente exemplo de atividade
economicamente ativa.
O turismo internacional deve continuar crescendo a uma taxa anual de, aproximadamente, 4,0% e 4,5% [...]. Para o ano de 2010, a OMT calcula um número de 659 milhões de chegadas de turistas internacionais, e de, aproximadamente, 1,6 bilhão de chegadas para 2020. Até 2020, a receita turística (despesas totais dos turistas internacionais) atingirá 2 trilhões de dólares. Até lá, uma em cada quatro chegadas será de longa distância, ou seja, de turistas viajando entre diferentes regiões do mundo. Todas as regiões do mundo experimentarão um crescimento substancial no turismo internacional [...] (OMT, 2003, p. 19).
O emprego de parques de inovação apresenta um potencial de viabilidade
surpreendente em elementos destacáveis do cenário econômico atual, como a atividade
turística, por exemplo.
O turismo do conhecimento é uma temática ainda pouco abordada no contexto atual.
São poucos os países que apresentam essa tipologia, sendo extremamente difícil um contexto
fundamentalmente teórico sobre o assunto. Regiões como Portugal e França apresentam-se
mais desenvolvidas neste aspecto, demonstrando como questões de conhecimento, culturais,
entre outras, podem efetivamente fazer deslanchar outras vertentes do turismo de maneira
extremamente eficiente.
Cabe ressaltar que as regiões debatidas apresentam características distintas quando
comparadas à cidade de Florianópolis. Ainda assim, a capital catarinense apresenta potencial
estrutura para o desenvolvimento de outras formas de turismo que diferem do já consagrado
22
turismo praiano. Para tanto, deve-se respeitar as características da região, de maneira a torná-
la ainda mais competitiva no cenário nacional, bem como no mercado internacional.
Torna-se necessário, porém, que o termo Turismo do Conhecimento seja estudado de
maneira mais completa, de forma a se conseguir viabilizar sua inserção em localidades
interessantes para este fim, de maneira sustentavelmente correta e consciente.
Tendo em vista o desenvolvimento de outra forma de turismo em Florianópolis,
espera-se que a cidade seja inserida num contexto turístico mais diversificado, adquirindo,
através de estudos no assunto, um embasamento referente a novas tipologias de turismo, de
forma que as características de tais tipologias se adequem à realidade da cidade. Desta
maneira, poderá se conseguir diretrizes que norteiem o processo de desenvolvimento e
reestruturação da atividade turística em Florianópolis.
Desta forma, serão atraídos turistas de melhor categoria, que acabarão por fazer com
que a capitalização da atividade seja acrescentada. Outra questão indispensável é o aspecto
referente à questão da sustentabilidade que direciona os conceitos referentes ao chamado
Turismo do Conhecimento, salientando a precaução prévia de atitudes que possam vir a afetar
o meio ambiente, bem como prejudicar o usufruto das gerações posteriores.
Espera-se que, com o início do desenvolvimento do chamado Turismo do
Conhecimento, haja um maior enriquecimento do turismo enquanto atividade na região de
Florianópolis, fazendo com que a cidade e todo o seu entorno sejam beneficiadas, de maneira
a realizarem a atividade turística em todos os meses do ano.
Quando o estudo é realizado de maneira a beneficiar todos os envolvidos, poderá se
obter vantagens que posteriormente se reflitam no cenário turístico da cidade de Florianópolis,
inclusive do entorno do parque de inovação, fazendo com que poder público, iniciativa
privada, profissionais da área, grupo acadêmico, comunidade, turistas e sociedade em geral
sejam munidos de alternativas positivas, que agreguem valores aos interesses de cada um.
23
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Analisar os conceitos referentes ao Turismo do Conhecimento na cidade de
Florianópolis – SC, bem como sua inserção no Sapiens Parque, visando sua influência no
desenvolvimento turístico da cidade.
2.2 Objetivos específicos
• Averiguar os conceitos de Turismo do Conhecimento encontrados até o presente momento;
• Apontar as características do chamado Turismo do Conhecimento;
• Verificar os locais onde o grande intuito turístico se constitui no conhecimento;
• Identificar as vocações de Florianópolis que apresentem potencial para o desenvolvimento
do turismo do conhecimento.
24
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1 Turismo
3.1.1 Histórico
Embora a atividade turística apresente-se em constante ampliação e acabe por se
inserir em um período onde tecnologia e inovação são peças fundamentais de
desenvolvimento, torna-se profundamente necessário uma abordagem histórica dos fatos
principais da narrativa do progresso do turismo em seu exercício.
A palavra tour quer dizer volta e tem seu equivalente turn, no inglês, do latim tornare. As palavras tourism e tourist, de origem inglesa, já aparecem documentadas em 1760, na Inglaterra. Mas os estudiosos do setor, como o suíço Arthur Haulot, na busca de suas origens, apresentam a possibilidade de origem hebréia, da palavra tur, quando a Bíblia – Êxodo, Capítulo XII, versículo 17 – cita que ‘Moisés enviou um grupo de representantes ao país de Canaã para visitá-lo e informar-se a respeito de suas condições topográficas, demográficas e agrícolas’. Tur é hebreu antigo e corresponde ao conceito de ‘viagem de descoberta, de exploração, de reconhecimento’ (OLIVEIRA, 2005, p. 17).
Apesar de se conhecer o turismo como um exercício novo, pode-se conceber uma
idéia errônea do turismo como atividade característica dos tempos modernos.
O turismo enquanto atividade estruturada e planejada é uma área recente e em
expansão. Porém, na cronologia dos tempos, o turismo situa-se antes mesmo do nascimento
de Cristo, onde, por volta do ano 776 a.C. têm-se informações sobre os primeiros Jogos
Olímpicos, na Grécia Antiga (OLIVEIRA, 2005, p. 17), onde neste período há maiores
evidências de deslocamento do que confirmações da prática do turismo enquanto atividade
programada.
Diferentes povos utilizavam os conceitos referentes ao turismo mesmo sem conhecer
tal expressão. Atos como descanso, repouso, procura de terras férteis, entre outros, já eram
realizadas por diferentes povoados, que acaba por anteceder o turismo como popularmente é
conhecido nos dias atuais.
Desde os primórdios da civilização como a conhecemos, o homem tem buscado, intencionalmente ou de maneira incidental, a cultura, o lazer, o descanso ou, até por
25
mera curiosidade, novos locais, situações, emoções, atrativos ou eventos que venham a lhe proporcionar certa satisfação (KUAZAQUI, 2000, p. 02).
Torna-se importante ressaltar a evolução da atividade turística em virtude das
peregrinações religiosas, onde as pessoas utilizavam de interesses de devoção para
proporcionar viagens longas a fim de visitar túmulos ou realizar outras atividades que
envolvessem a religião.
Outros fatores que influenciaram no crescimento do turismo enquanto atividade foram
a invenção da moeda e do comércio, a construção de estradas e as grandes navegações. Povos
como os fenícios, os romanos e os gregos foram de demasiada importância para o
desenvolvimento da atividade turística no mundo.
Assim, as grandes navegações (século XVI ao XVII) deram impulso às viagens de longo curso, antecedendo o período denominado de ‘turismo moderno’. Na falta de meios de comunicação mais eficazes, a melhor maneira de conhecer novos lugares era viajar até eles. As escolas organizavam viagens para os estudantes, acompanhadas por professores, com o objetivo de aumentar os conhecimentos de seus alunos. Eles, denominados tutores, tinham a obrigação de conhecer e de falar o idioma do local a ser visitado, para poder explicar melhor seus usos e costumes. Os tutores foram os antecessores dos atuais guias de turismo (OLIVEIRA, 2005, p. 20).
Com o passar dos anos, as pessoas passaram a dar mais atenção ao meio ambiente e à
natureza, fazendo com que suas viagens e passeios tivessem uma conotação de apreciação de
locais de belezas percebidas. Além disso, a qualidade de vida da população foi
consideravelmente afetada em virtude do momento de intensas atividades industriais que
ocorriam no período.
Um outro fator importante a se destacar é o início da representação econômica do
turismo, onde transportes e hospedagens passaram a ter interesses econômicos e financeiros.
O que antes era utilizado apenas com a finalidade de repouso ou alimentação, agora começava
a apresentar-se como uma inibida fonte de negócios.
Porém, é a partir do século XX que ocorre o maior desenvolvimento do turismo. Com
a incidência das duas grandes guerras mundiais, há um considerável crescimento das
facilidades globais, como uma maior utilização do automóvel como meio de transporte
terrestre, tornando-o mais popular. Além disso, os termos turismo e turista começaram a ser
cuidadosamente tratados, podendo-se observar que a atividade passou a ser mais organizada e
autônoma.
Desde a década de 1930, as organizações governamentais e empresas de Turismo vinham tentando controlar o tamanho e as características dos mercados turísticos.
26
Para fazer isso, precisavam de uma definição de turista, a fim de distingui-lo de outros viajantes e ter uma base comum pela qual pudessem coligir estatísticas comparáveis (BENI, 2001, p. 35).
Com a Segunda Guerra Mundial, findada no ano de 1945, ocorre uma brusca
estagnação da atividade turística. Visto que o turismo não se apresenta como necessidade,
houve uma ruptura na atividade, devido à situação econômica mundial encontrada na época.
Com a finalização da Segunda Guerra Mundial, o turismo volta a crescer de maneira
surpreendente, encontrando no transporte aéreo uma das grandes explicações para o
fenômeno.
Os anos de 1950 a 1970 caracterizaram-se pela massificação da atividade; quando os vôos charters e os ‘pacotes turísticos’ conduziram milhares de pessoas às partes mais remotas do planeta, além de conduzi-las a localidades nos próprios países emissores (turismo interno). Nos anos 80, a prosperidade econômica dos países desenvolvidos fez com que a grande maioria da sua população usufruísse de férias pelo menos duas vezes por ano e as mais diversas categorias profissionais tiveram acesso às viagens turísticas empreendidas em grupo ou isoladamente (RUSCHMANN, 1997, p. 15).
Nas décadas de 1980 e 1990, começou-se uma era de desenvolvimento tecnológico
nas mais diversas áreas da economia mundial, inclusive no turismo. Desta forma, os serviços
se tornaram mais ágeis, mais eficazes e com menores preços de custo. Com a chamada
globalização, a informação consistiu na principal aliada na era tecnológica, fazendo com que
os próprios consumidores obtivessem acesso a estas, contribuído para a agilidade de todo o
processo e para a difusão do turismo como um todo.
Segundo Kuazaqui (2000, p. 03), com a década de 1990, como decorrência da
diminuição do crescimento populacional e conseqüentemente do consumo, aprofunda-se a
chamada sociedade baseada na informação, por meio da fácil e rápida comunicação por todo o
globo.
Com as incríveis mudanças nos campos da economia, os clientes acabaram se
tornando cada vez mais exigentes e seletivos, buscando sempre produtos de alta qualidade e
baixo custo. Além disso, tais clientes estão mais atentos a aspectos como cortesia e simpatia.
“O perfil do cliente mudou, mudando as ofertas turísticas, e os locais receptivos
viram-se obrigados a adaptar-se à nova realidade” (OLIVEIRA, 2005, p. 28).
Pode-se perceber, portanto, como a atividade turística vem se desenvolvendo e se
aperfeiçoando ao longo das décadas, transformando-se atualmente em um dos principais
pilares da economia global. Além disto, o turismo atua como agente de fomento de áreas
27
sociais e ambientais, auxiliando na preservação do meio ambiente e na geração de empregos e
renda.
Pesquisas e análises recentes mostram que a atividade turística provoca diversos efeitos econômicos, sociais, culturais e ambientais, diferentes em cada região do globo, de acordo com as características nacionais, ressaltando-se mais uma vez que as atividades turísticas, em sua maioria, baseiam-se em serviços prestados ligados a atrativos, sejam naturais ou transformados, que resultam em baixos custos de ‘produção’ (KUAZAQUI, 2000, p. 14).
O turismo acabou por ser tornar, em muitos países, um dos grandes responsáveis por
acréscimos no PIB (Produto Interno Bruto) destes. É notável sua importância no contexto
econômico, ambiental e social global, apresentando-se nos dias atuais com uma faceta
multidisciplinar, segmentando-se em áreas que acabam por atender ao mais diversificados
estilos e opiniões, fazendo, desta forma, que a atividade tenda a crescer cada dia mais,
consolidando-se como um importante fator de desenvolvimento das mais variadas áreas
econômicas e sociais do futuro.
Para tanto, como forma de se estabelecer um entendimento eficiente frente à atividade
turística como um todo, é necessária a essencial compreensão dos conceitos e definições que
formam o turismo enquanto atividade profissional.
3.1.2 Conceitos e definições
Como forma de fazer com que a atividade turística seja compreendida de uma maneira
mais ampla e dinâmica torna-se necessário um breve entendimento do que se constitui o
turismo enquanto atividade e de como as definições se posicionam perante autores e
organizações.
Sendo o turismo uma atividade em constante expansão, pode-se notar os mais diversos
conceitos e definições que integram sua complexidade, fazendo-se referência a alguns autores
que, desde tempos remotos, passaram a discutir maneiras de conceituar o termo turismo. Uma
das principais menções do termo turismo remonta-se ao ano de 1911, onde o economista
austríaco Herman Von Schullard conceituou o turismo como sendo “a soma das operações,
especialmente as de natureza econômica, diretamente relacionadas com a entrada,
permanência e o deslocamento de estrangeiros para dentro e para fora de um país, cidade ou
região” (OLIVEIRA, 2005, p.33).
28
Conforme visto anteriormente, o turismo sempre foi praticado, porém sua definição se
mostra mais recente. A elaboração de um conceito, tendo em vista a preocupação em se
estabelecer parâmetros de comparação frente a outras atividades, mostrou-se extremamente
concretizada a partir do século XIX.
A palavra ‘turismo’ surgiu no século XIX, porém, a atividade estende suas raízes pela historia. Certas formas de turismo existem desde as mais antigas civilizações, mas foi a partir do século XX, e mais precisamente após a Segunda Guerra Mundial, que ele evoluiu, como conseqüência dos aspectos relacionados à produtividade empresarial, ao poder de compra das pessoas e ao bem-estar resultante da restauração da paz no mundo (FOURASTIÉ apud RUSCHMANN, 1997, p. 13).
Pode-se perceber que o turismo, embora apresente vários tipos de conceitos, há um
senso comum de que termos como deslocamento e permanência mínima estão sempre
presentes. Segundo Horner e Swarbrooke (2002, p. 24), o turismo é definido como uma
movimentação, de curto prazo, de pessoas para lugares distantes do local em que residem
regularmente, com a finalidade de usufruir de atividades prazerosas. Também pode abranger
as viagens de negócios.
O turismo, além de delimitar uma definição onde movimentação de pessoas se mostra
presente, incorpora uma série de outras indústrias e delas dependem para o desenvolvimento
das atividades do setor. Como exemplo pode-se citar o ramo da hospitalidade, do transporte,
dos eventos e da alimentação.
O turismo pode ser descrito como uma atividade servida por diversas outras indústrias, como a da hospitalidade e a do transporte. O crescimento do turismo de massa por meio de pacotes, juntamente com o desenvolvimento das operadoras turísticas, é, provavelmente, o que mais aproxima o turismo do setor industrial (HORNER; SWARBROOKE, 2002, p. 24).
Na atualidade, pode-se notar uma maior preocupação sócio/ambiental da atividade
turística. Questões como preservação do meio ambiente, bem como um maior cuidado com as
comunidades receptoras e os próprios turistas começaram a ter relevância no momento em se
conceituar o turismo.
No quesito ambientalismo, pode-se perceber uma maior cautela em relação à
sustentabilidade de áreas naturais, uma vez que a paisagem se constitui por si só num dos
grandes motivos de visitações às cidades e ao próprio turismo.
A inter-relação entre o turismo e o meio ambiente é incontestável, uma vez que este último constitui a “matéria-prima” da atividade. A deterioração das condições de vida nos grandes conglomerados urbanos faz com que um número cada vez maior
29
de pessoas procure, nas férias e nos fins de semana, as regiões com belezas naturais (RUSCHMANN, 1997, p. 19).
O meio ambiente acabou se tornando um excelente aliado no decorrer da atividade
turística. Para tanto, é extremamente necessária sua utilização de maneira consciente para que
possa se usufruir da natureza apresentada durante um percurso longo de tempo, não colocando
em risco a sua utilização por gerações que ainda estão por vir. Além disto, preservando o
meio ambiente e combatendo seu uso indevido, poderá se continuar o ciclo benéfico
envolvendo o meio ambiente e o turismo, de maneira sustentavelmente correta.
Na presente esfera apresentada, surge o que se costuma denominar de turismo
sustentável. Segundo Petrocchi (1998, p. 63):
O equilíbrio entre promoção e preservação é fundamental. A agressão ao meio – em uma visão integral, física e social – pode trazer prejuízos severos para um núcleo turístico, muitas vezes irreversíveis. Por isso as diretrizes do turismo sustentável são imprescindíveis na gestão do turismo.
Torna-se claro a evolução dos conceitos referentes à área turística ao longo dos
tempos. O que antes apenas se caracterizava por um deslocamento, hoje se estrutura em
fundamentos inteligentes como a questão da tecnologia e da sustentabilidade.
Por deslocar-se entende-se o ato praticado por pessoas que mudam de cidade, região ou país, que vão morar em outros locais, sem retorno imediato ao ato de origem. Não importam as condições dos meios de transporte e de acomodação, pois o deslocamento acontece para atender às necessidades das pessoas por motivo de mudança de emprego, questões familiares, segurança etc. Por outro lado, viajar é o ato de deslocar-se temporariamente de um lugar para outro, sempre com a intenção de retornar, de voltar à origem. Finalmente, fazer turismo pressupõe uma viagem temporária que exige infra-estrutura adequada (OLIVEIRA, 2005, p. 37).
O termo turismo remete-se a fatores como lazer, deslocamento e férias. Pode-se
perceber, porém, que, com o desenvolvimento da atividade, outras vertentes foram se
destacando neste contexto, também acabando por se inserir nos conceitos referentes ao
turismo.
A Organização Mundial do Turismo (OMT) conceituava, até então, a atividade
turística como sendo o fenômeno que ocorre quando um ou mais indivíduos se trasladam a
um ou mais locais diferentes de sua residência habitual por um período maior que 24 horas e
menor que 180 dias, sem participar dos mercados de trabalho e capital dos locais visitados.
Porém, com os avanços detectados na área, pode-se perceber uma evidente evolução neste
sentido. Atualmente, a mesma OMT refere-se à atividade turística como sendo aquela que
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“[...] compreende as atividades que realizam as pessoas durante suas viagens e estadas em
lugares diferentes ao seu entorno habitual, por um período consecutivo inferior a um ano, com
a finalidade de lazer, negócios ou outras” (OMT, 2001, p. 37).
A partir do momento em que o processo de definição do turismo se torna claro, os
objetivos traçados como forma de desenvolvimento da atividade se tornam facilmente mais
atingíveis, de modo que haja uma preservação sustentavelmente perene, fazendo com que
todas as ações a serem praticadas sejam realizadas de maneira mais eficiente e pró-ativa,
maximizando os benefícios e diminuindo consideravelmente os prejuízos. Para que isto possa
ocorrer de maneira positiva, torna-se necessário todo um entendimento de termos como
planejamento em seu contexto amplo e, ainda, de maneira específica inserido na atividade
turística.
3.2 Planejamento turístico
Todas as atividades que se destacam na economia necessitam de planejamento.
Mesmo os gestos mais simples do cotidiano acabam sendo planejados de modo que tudo
ocorra de maneira satisfatória e proveitosa.
A principal lacuna a ser respondida no quesito planejamento é quais as ações que
serão tomadas a fim de obter êxito em quaisquer atividades.
Acompanha as ações, propõe modificações, orienta os investidores, cuida da manutenção das decisões tomadas, evita que haja desvios de objetivos. É uma linha central que deverá servir para manter o equilíbrio entre as duas linhas externas, a fim de que não faltem recursos financeiros e técnicos. Deve controlar o crescimento da oferta em relação à procura [...] (OLIVEIRA, 2005, p. 194-195).
A questão do planejamento frente às ações turísticas é imprescindível. Torna-se
profundamente necessária toda uma preocupação racional na forma e maneira como os
recursos turísticos serão utilizados, em âmbito ambiental, social e profissional.
Nas últimas décadas, a atividade turística vem ganhando propulsão, de forma a se
tornar, em muitos casos, o principal segmento econômico de regiões que viram no turismo
uma poderosa fonte de renda.
31
É ponto pacífico reconhecer no turismo uma alternativa poderosa de desenvolvimento sustentado. Para sua evolução, torna-se necessário o envolvimento do poder público, dos empresários, produtores rurais, estudantes e toda a população. Investir em turismo é estar respaldado em uma tendência histórica mundial de crescimento firme e regular [...] (PETROCCHI, 1998, p. 16).
É por se pensar nas gerações futuras, bem como na qualidade de vida dos que vivem
na atualidade e na sobrevivência da área do turismo, que torna-se importante planejar as ações
que envolvem o setor. É nesta vertente que se situa o planejamento turístico, onde um dos
principais conceitos trabalhados é a questão da sustentabilidade.
Segundo Ruschmann (1997, p. 09), a finalidade do planejamento turístico consiste em
ordenar as ações do homem sobre o território e ocupa-se em direcionar a construção de
equipamentos e facilidades de forma adequada evitando, dessa forma, os efeitos negativos nos
recursos, que os destroem ou reduzem sua atratividade.
Um dos principais campos que ilustram a importância do planejamento do turismo é a
questão da comunidade. Nota-se a imprescindível participação da comunidade do entorno no
momento de se expor as finalidades e os objetivos a serem trabalhados no setor turístico da
região.
O planejamento deve envolver toda a comunidade do núcleo turístico; a participação das pessoas do local é imprescindível para o desenvolvimento do turismo, pois significa a conscientização da população para a importância dessa atividade. Sem a participação e o firme engajamento da comunidade, não há como pensar em crescimento do turismo (PETROCCHI, 1998, p. 69).
Outro fator a ser considerado no contexto do planejamento turístico é o seu caráter
multidisciplinar. Por ser uma área vasta, que abriga diversos segmentos, torna-se necessário
recorrer a auxílios de outras ciências, tais como a estatística, a economia, a administração, o
marketing, a engenharia, a publicidade, entre outras (PETROCCHI, 1998, p. 90).
A questão ambiental se evidencia no momento do planejamento turístico. Deve-se
repensar constantemente as ações que possam vir a degradar o meio ambiente, uma vez que a
paisagem é um dos principais motivadores do turismo no contexto apresentado. Também
verifica-se a importância da sustentabilidade frente às gerações futuras, onde tem-se a
preocupação de se manter um ambiente propício para a continuação da atividade futuramente.
[...] Muitos governos passaram a considerar o turismo como a “tábua de salvação” para a economia de seus países e estimularam a implantação da atividade sem considerar as adequações necessárias às dimensões, ao tipo e ao nível do desenvolvimento da nação. Nos últimos anos, percebe-se uma conscientização maior no sentido de avaliar se o desenvolvimento do turismo ocorrerá sem
32
comprometer outros aspectos da economia, ou se criará novos problemas, relacionados com o meio ambiente natural e sociocultural. Além disso, buscam-se caminhos que não enfatizem apenas o retorno econômico da atividade, mas também o bem estar da nação (RUSCHMANN, 1997, p. 41).
Uma das questões que podem desenvolver ou atravancar o processo de planejamento
turístico é a gestão pública encontrada. O ideal seria firmar-se parcerias vantajosas, como o
poder público, a iniciativa privada, o trade turístico, a comunidade e a academia.
Uma das principais dificuldades para a implantação de um projeto global de desenvolvimento turístico em localidades receptoras é a total ausência do encadeamento e da gestão local da atividade, que permite a ação de agentes do turismo, públicos ou privados, que façam prevalecer a noção de empresa, extensiva a toda a localidade. Isto é, a localidade passa a ser o produto posto no mercado, sem considerar seus recursos e equipamentos de forma isolada. (RUSCHMANN, 1997, p. 33).
Pode-se perceber, portanto, dentro do cenário turístico atual, a importância da
atividade do planejamento. Apesar de o turismo ser, nos dias atuais, uma excelente fonte de
renda pra diversas localidades, não se pode negligenciar fatores como sustentabilidade e
deterioração. Além dos fatores econômicos, deve-se, incessantemente, se preocupar com
questões ambientais e sociais. Só assim a atividade turística continuará crescendo de maneira
benéfica e sustentável.
3.2.1 Sistema de turismo (SISTUR)
Tendo em vista a questão do planejamento inserido na atividade turística, torna-se
necessário definir em que se constitui um sistema que busque a interação onde o maior alvo
seja a execução de ações que objetivem o alcance de metas anteriormente propostas.
A partir deste momento, pode-se definir o SISTUR – Sistema de Turismo – onde este
organiza uma interação do turismo em toda sua abrangência, nas dimensões qualitativas e
quantitativas e suas relações com áreas exteriores, tais como a ambiental, por exemplo.
Segundo BENI (2001, p.44) estabelece todo o seu pensamento a partir da definição do
SISTUR ou do sistema de turismo:
Organizar o plano de estudos da atividade de turismo, levando em consideração a necessidade, há muito tempo demonstrada nas obras teóricas e pesquisas publicadas em diversos países, de fundamentar as hipóteses de trabalho, justificar posturas e princípios científicos, aperfeiçoar e padronizar conceitos e definições, e consolidar condutas de investigação para instrumentar análises e ampliar a pesquisa, com a conseqüente descoberta e desenvolvimento de novas áreas de conhecimento em turismo.
33
Para que a atividade turística ocorra de maneira eficiente, sustentável e positiva deve-
se haver o apoio de todos os que se envolvem na área. Para que o turismo se desenvolva
corretamente, deve-se haver participação e apoio dos setores público e privado. Além disto, a
presença da comunidade é de extrema importância para o desenvolvimento da atividade.
O turismo apresenta-se como uma atividade abrangente, ampla e complexa, onde
diversas outras subáreas nela se relacionam, tais como a hotelaria, o transporte, os eventos,
entre outros. Além disto, há um agravante que evidencia ainda mais a necessidade de um
sistema de turismo eficaz, que se define na fragilidade do turismo e que se mostra sujeito a
variáveis internas e externas. Na figura abaixo, Beni (2001, p. 48) ilustra de uma maneira
interessante a inter-relação dos conjuntos presentes na operacionalização do SISTUR.
FIGURA 1 – Sistema de Turismo (SISTUR) – Modelo Referencial
Fonte: Beni (2001, p.48).
Diante da figura anteriormente apresentada, o autor relaciona três grandes conjuntos
que o compõe: Conjunto das Relações Ambientais, composto pelos subgrupos ecológico,
social, cultural e econômico; Conjunto da Organização Estrutural – OE, composto pela
superestrutura e pela infra-estrutura; e, finalmente, o Conjunto das Ações Operacionais,
composto pela oferta, mercado, demanda e distribuição.
34
Desta forma, Beni retrata os cenários influenciados pelo turismo e sua inter-relação. A
Organização Mundial do Turismo (OMT, 2003, p. 32-33) também se refere ao Sistema de
Turismo, porém ressaltando sua característica funcional, onde se destacam como fatores
principais a oferta e a demanda. A demanda se constitui, segundo a organização, nos
mercados turísticos existentes e potenciais, em âmbito nacional e internacional. Já a oferta
compreende o desenvolvimento turístico de atrativos, transportes, instalações e serviços, e a
promoção do turismo propriamente dito. Tal discussão pode ser melhor visualizada na figura
abaixo:
FIGURA 2 – Sistema Turístico Funcional
Fonte: OMT (2003, p. 33).
Uma das vertentes de maior importância dentro do contexto de sistema de turismo
seria o planejamento e a conseqüente execução do desenvolvimento do turismo enquanto
produto, preparando diretrizes que venham a angariar benefícios, inclusive na preparação de
um plano de marketing integral.
O SISTUR, além de propor uma maior organização da atividade turística, identifica as
características dos fatores de motivação de viagens e a escolha da área turística e as classifica.
35
Há também um inventário, que sistematiza os potenciais turísticos ambientais e culturais de
forma a realizar uma exploração racional das atividades relacionadas ao turismo,
consolidando, desta forma, o conceito de turismo sustentável. Pode-se ainda perceber a
fundamental importância do SISTUR no momento de se dimensionar a oferta existente,
qualificar a demanda, formular diretrizes de reorientação de programas de ação a fim de
determinar o planejamento estratégico, analisar a importância econômica do turismo, entre
outros tantos objetivos relacionados ao desenvolvimento do Sistema de Turismo (BENI,
2001, p. 46).
Deve-se ressaltar a importância em se estabelecer um equilíbrio sensato dos
componentes do Sistema de Turismo, de modo que todos os objetivos sejam alinhados com a
coerência para que sejam bem-sucedidos durante todo o processo.
Não se analisa ou se mede o sistema, quer no todo, quer em suas partes: a mensuração incide sobre as qualidades atribuídas a ele e a seus elementos. Não se mede o turismo, mas o fluxo de pessoas que se deslocam para determinada área receptora, o grau, a extensão e a participação nas várias atividades de recreação, o número de UH`s ocupadas ou em oferta, as taxas de ocupação ou de ociosidade. Identificam-se: a área de captação do consumidor, os meios de transporte utilizados e a motivação para a viagem, o tempo de permanência na destinação, a freqüência da visita, os equipamentos receptivos solicitados, as preferências e necessidades do consumidor e a estrutura de gastos na viagem, da origem ao destino. Todas essas variáveis endógenas do sistema, somadas a outras, exógenas, são utilizadas para explicar e dimensionar o fenômeno do turismo. (BENI, 2001, p. 29).
Pode-se perceber, portanto, a extrema necessidade de se utilizar um planejamento do
Sistema de Turismo, de modo que a atividade turística em si se beneficie, fazendo com que o
turismo continue progredindo de maneira sustentavelmente correta, além de se conseguir
absorver todos os aspectos relevantes do fenômeno turístico, no âmbito social, ambiental,
econômico e profissional.
3.2.2 Desenvolvimento turístico sustentável
Diante de uma realidade global cada vez mais adepta de conceitos de sustentabilidade,
pode-se perceber a extrema necessidade de diretrizes que norteiem o processo de
desenvolvimento turístico em cada região.
Tendo em vista o desenvolvimento do turismo enquanto atividade, não se pode ocultar
o envolvimento de um conjunto de personagens tais como comunidade, trade turístico,
governo e a cidade enquanto mercado receptor.
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A partir do momento que se implanta um projeto relacionado ao turismo, além dos
rápidos benefícios econômicos percebidos, deve-se deter certa precaução com outras áreas
envolvidas na multidisciplinaridade dos agentes percebidos no contexto turístico, de modo a
acrescentar valores benéficos a todos os envolvidos.
Cabe ressaltar a definição do chamado turismo sustentável. Segundo Novaes (apud
OLIVEIRA, 2005, p. 199):
Turismo sustentável é o desenvolvimento racional do turismo sem deteriorar o meio ambiente, utilizando os recursos no presente e não comprometendo as necessidades de atender às gerações futuras. Há necessidade de um equilíbrio entre a preservação dos recursos e sua utilização, promovendo a conservação ambiental, seja natural ou sociocultural.
O turismo se constitui em uma das áreas da economia que movimentam boa parte da
receita gerada no Brasil. Segundo a OMT (Organização Mundial do Turismo, 2003), o
turismo se constitui no segundo setor em investimentos no mundo – com US$ 6,7 bilhões de
investimentos em 2001, sendo o responsável, ainda no mesmo ano, por 6% do PIB global e
pelo movimento de 699 milhões de pessoas ao redor do mundo. Diante desta realidade, pode-
se perceber a aliança estratégica entre o turismo e a sustentabilidade, de modo que a atividade
tenda a crescer ainda mais, contribuído para a preservação do meio ambiente, da sociedade, da
cultura e do entorno. Ainda em relação ao conceito de turismo sustentável, a mesma
Organização Mundial do Turismo (OMT, 2003), descreve:
O desenvolvimento do turismo sustentável atende às necessidades dos turistas de hoje e das regiões receptoras, ao mesmo tempo que protege e amplia as oportunidades para o futuro. É visto como um condutor ao gerenciamento de todos os recursos, de tal forma que as necessidades econômicas, sociais e estéticas possam ser satisfeitas sem desprezar a manutenção da integridade cultural, dos processos ecológicos essenciais, da diversidade biológica e dos sistemas que garantem a vida.
Percebe-se a extrema importância de todos os envolvidos no processo turístico que
acabam se refletindo no termo de sustentabilidade. Há evidências de necessidades econômicas
no turismo, mas não se deve omitir fatores como a inevitabilidade das questões comunitárias,
sociais, culturais e ecológicas, entre outras.
O desenvolvimento do turismo sustentável pode satisfazer as necessidades econômicas, sociais e estéticas mantendo, simultaneamente, a integridade cultural e ecológica. Pode ser benéfico para os anfitriões e para os visitantes enquanto protege e melhora a mesma oportunidade para o futuro. Estas são as boas noticias (NOVAES apud OLIVEIRA 2005, p. 199).
37
A atividade turística é, inquestionavelmente, interdependente de ambientes naturais e
culturais, portanto, torna-se imprescindível um tratamento de tais locais, não somente como
responsáveis em parte pelo ato de desenvolvimento da atividade, como também encará-los
como constituintes do patrimônio comum da humanidade, sendo de direito de todos presentes
e daqueles que irão compor a esfera global posteriormente.
O turismo enquanto atividade pode gerar uma série de impactos positivos que venham
a contribuir para o seu crescimento, bem como para o advento de uma série de benfeitorias
para a região na qual está inserido. O turismo pode contribuir para a revalorização do entorno
natural de uma região, uma vez que a figura paisagística de determinada localidade se
constitui numa potencial fonte de movimentação de turistas.
Deve-se prestar minuciosa atenção ao desenvolvimento da atividade turística, de modo
que ela não colabore para a exclusão social, degradação ambiental e descaracterização da
cultura local.
Algumas outras reflexões se fazem necessárias diante do cenário de desenvolvimento
turístico sustentável (FRAGA, 2003)2:
• O compromisso com a irreversibilidade do processo de transformação do turismo, o que
remete à responsabilidade de todos os atores envolvidos no desenvolvimento de um
destino turístico;
• A falta de atenção ao principal ator do planejamento turístico em relação ao elemento
central do processo – o próprio turista, considerando seus desejos e suas motivações;
• O panorama de um planejamento de dimensões socioeconômicas em âmbito regional
integrado;
• A atenção para que a inspiração de experiências internacionais de sucesso não impeça, no
caso brasileiro, o planejamento de construir um modelo nacional “com impressão digital
própria” que incorpore a riqueza de nossa diversidade sócio-cultural e ambiental;
Segundo Fraga, 2003, a reunião de princípios éticos associados ao conceito de
sustentabilidade deve levar o desenvolvimento da atividade turística a uma “nova forma de
2 Retirado da publicação “Turismo e desenvolvimento sustentável” disponível em <http:// www.turismo.gov.br>. Acesso em 04 set. 2006.
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pensar a democratização de oportunidades e benefícios, e a um novo modelo de
implementação de projetos centrado em parceria, co-responsabilidade e participação”.
Pode-se notar que, além de toda a problemática ambiental envolvida no processo de
planejamento turístico, conforme já mencionado, existem outros impactos que se tornam
extremamente maléficos quando não previstos e/ou contornados. Uma destas vertentes a ser
considerada é a questão da comunidade do entorno frente à implantação e desenvolvimento do
turismo na região apresentada.
Segundo a OMT (2003, p. 30-31), o turismo pode agregar valores benéficos ou
maléficos a uma determinada comunidade. Dentre os benefícios substanciais que a atividade
turística pode levar às comunidades cita-se: a geração de novos empregos, o investimento do
capital local, o desenvolvimento de um senso empresariado local, o rendimento de impostos
locais a fim de realizar melhorias infra-estruturais, o desenvolvimento de novos mercados
potenciais, entre tantos outros.
Quando os turistas gastam dinheiro, eles criam uma reação em cadeia que produz benefícios econômicos adicionais. Comerciam com empresas que adquirem ofertas e serviços do local e de outros lugares. A empresa, por sua vez, adquire ofertas e serviços necessários para sua operação e, através de sucessivos círculos de aquisição, as despesas diretas iniciais dos visitantes espalham e multiplicam-se por toda a economia local e regional (OMT, 2003, p. 31).
Quando o turismo não é desenvolvido tendo em vista a sustentabilidade ambiental,
cultural e social, poderá se desencadear uma série de problemas tais como: poluição do ar e da
água, congestionamentos no trânsito, despreocupação com a capacidade de carga, degradação
cultural e perda do senso de identidade local, entre outros. A partir deste momento, torna-se
mais facilmente visualizada a importância do desenvolvimento turístico sustentável, para que
eventuais problemáticas não ocorram, ou ainda, que os problemas já estabelecidos sejam
contornados e resolvidos.
O turismo se destaca como atividade economicamente bem sucedida. Porém, além dos
benefícios econômicos/financeiros da atividade turística, pode-se perceber a presença de
benefícios sociais, no momento da geração de novos postos de trabalho, bem como a
ampliação do mercado já existente. A notável melhoria da infra-estrutura de entretenimento e
de lazer, por exemplo, também se constitui em um dos benefícios que a atividade turística
transfere ao entorno onde é estabelecida de maneira correta. Com o aparecimento do turismo,
cresce a demanda por produtos e serviços, e conseqüentemente, desenvolve-se o comércio,
empregando pessoas, gerando renda para o município, atraindo investimentos nas áreas
39
envolvidas, incrementando, desta forma, o coeficiente social tanto para quem trabalha
diretamente com o turismo – hotéis, restaurantes, agências de viagens – ou para quem trabalha
indiretamente – estruturas de apoio – e, ainda, para a sociedade em geral.
O turismo oferece excelentes oportunidades e alternativas aos seus investidores, tanto
na qualidade de oferta quanto no volume da demanda, além de motivar o bem-estar social,
contribuindo para uma melhor qualidade de vida da comunidade local.
Segundo Sancho (2001, p. 246), o turismo sustentável é desenvolvido tendo como
principais objetivos:
• Melhorar a qualidade de vida da população local, das pessoas que vivem e trabalham no
local turístico;
• Prover experiência de melhor qualidade para o visitante;
• Manter a qualidade do meio ambiente da qual depende a população local e os visitantes;
• A efetivação de aumento dos níveis de rentabilidade econômica da atividade turística para
os residentes locais;
• Assegurar a obtenção de lucros pelos empresários turísticos. Em suma, o negócio turístico
tem de ser rentável, caso contrário, os empresários esquecerão o compromisso de
sustentabilidade e o equilíbrio será alterado.
Dentro do cenário mercadológico turístico, pode-se observar benefícios que se
agregam à localidade quando o turismo é trabalhado de maneira sustentavelmente correta. O
desenvolvimento de outras formas de economia, como o comércio, por exemplo, agregam
benfeitorias à cidade, que vê sua economia um pouco mais ampliada.
Quando a atividade turística não se preocupa com as conseqüências refletidas no meio
ambiente, ou ainda nos impactos transferidos negativamente nas culturas e relações sociais,
cria-se uma espécie de subversão e torna-se inviável o processo de desenvolvimento
sustentável das áreas atingidas pelo seu crescimento.
A manutenção da sustentabilidade do turismo requer o gerenciamento dos impactos ambientais e socioeconômicos, o estabelecimento dos indicadores ambientais e a conservação da qualidade do produto e dos mercados turísticos. Através de um bom planejamento, desenvolvimento e gerenciamento do turismo, é possível minimizar seus impactos negativos; porém, a fim de assegurar a sustentabilidade do turismo, o
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desenvolvimento turístico deve ser continuamente monitorado, e ações devem ser tomadas, caso apareçam problemas (OMT, 2003, p. 104).
O turismo sustentável faz desenvolver uma atividade substancialmente adequada ao
bem-estar dos envolvidos no processo. O trade se beneficia tendo em vista o desenvolvimento
de suas atividades, angariando lucros e fazendo com que o ciclo de seus serviços seja sempre
repetido sustentavelmente. A localidade, por sua vez, vê um incremento na sua economia, da
mesma forma que a sua constituição natural se preserva, fazendo com que seus habitantes
tenham uma qualidade de vida respaldada. A comunidade ganha novos postos de serviço,
melhorias na infra-estrutura de sua localidade e espaços para o lazer e o entretenimento.
O desenvolvimento sustentável do turismo, portanto, é uma excelente forma de se
desenvolver a atividade, de forma a angariar benefícios econômicos locais, minimizando as
problemáticas envolvidas, bem como fazendo com que os turistas que cheguem a visitar a
região se envolvam de maneira benéfica, dando continuidade a ampliação econômica, mas
não esquecendo de fatores de extrema importância como a cultura e a identidade dos que ali
residem. Desta forma, comunidade, investidores, profissionais e turistas sairão satisfeitos da
relação desenvolvida.
3.3 Tipos de turismo
Em virtude da atividade turística ser segmentada em diversos nichos que acabam por
se constituir em esferas delimitantes de gêneros e estilos, pode-se encontrar definições
distintas de diferentes tipos de turismo.
É caso comum as pessoas adeptas à prática da atividade turística realizarem-na de
forma a usufruírem momentos únicos que variam conforme o gosto de cada qual.
É dentro deste cenário que se inserem os tipos de turismo, abordados por diferentes
autores que possuem características próprias e que fazem a subdivisão de acordo com suas
peculiaridades.
Além disso, torna-se extremamente importante salientar a definição dos tipos de
turismo, tendo em vista as características que se enquadram em cada região. Desta forma,
41
questões como planejamento, desenvolvimento e investimento se tornam mais claras e
objetivas.
Um dos principais e mais conhecidos tipos da atividade turística é o Turismo de Lazer.
É o mais realizado em virtude da busca por prazer, descanso, relaxamento, entre outros.
Segundo Oliveira (2005, p. 78), essa tipologia do turismo pode ser praticado em quaisquer
lugares e seus clientes buscam novas paisagens e novas atrações. Normalmente viajam de
carro com a família ou em excursões.
Um outro tipo de turismo que vem se expandindo ultimamente no Brasil é o chamado
Turismo Rural. Tendo em vista as grandes áreas agrícolas encontradas em território nacional,
pode-se perceber o grande potencial da atividade relacionada ao turismo.
[...] o turismo rural possibilita a entrada de turistas de outros países, pois as diferentes culturas de outros países, como, por exemplo, a européia e a japonesa, apreciam muito esse tipo de atividade. Portanto, além das características dos atrativos naturais, podem-se desenvolver os serviços ampliados, como a gastronômica local, oferecendo pratos típicos, além de agregados, como souvernirs via artesanato, bordados, costumes e tradições, cultura (turismo cultural), pesca e caça (se a legislação permitir), entre outros (KUAZAQUI, 2000, p. 54).
O Turismo Religioso é um excelente exemplo de atividade que se remonta aos
primórdios do exercício do turismo. Pessoas adeptas à religião vêem nas atrações
proporcionadas através do Turismo Religioso uma das motivações no momento em que
decidem viajar.
Segundo Oliveira (2005, p. 54-55), o Turismo Religioso é praticado por pessoas
interessadas em visitar locais sagrados. A Gruta de Fátima (Portugal), a cidade de Lourdes
(França), Medjugorje (Iugoslávia), as cidades santas, como Jerusalém (Israel), Meca (Arábia
Saudita), Aparecida do Norte (Brasil) são locais religiosos que recebem um grande número de
turistas peregrinos durante todas as épocas do ano.
Pode-se perceber a extrema necessidade que pessoas ligadas a religião demonstram
por questões como devoção no decorrer dos tempos. Torna-se surpreendente relatos históricos
que evidenciam a prática do turismo religioso antes mesmo do nascimento de Cristo.
É certo que o turismo religioso existiu muito antes do Cristianismo. A devoção a uma religião esteve na origem das viagens de povos antigos, como os egípcios, gregos e judeus. Viagens por motivos religiosos já existiam, por exemplo, na Índia e na Ásia, antes do nascimento de Cristo. [...] O turismo religioso na Europa é um bom exemplo de como uma infra-estrutura desenvolvida para uma forma de turismo pode ser usada, no futuro, para outro tipo de turismo. As grandes catedrais que foram construídas como símbolos e lugares para devoção e peregrinações são hoje atrações meramente paisagísticas para o turismo de pacotes. Eventos de grande
42
importância religiosa, como as procissões pelas ruas de cidades com santos padroeiros, tornam-se entretenimento para turistas (HORNER; SWARBROOKE, 2002, p. 60-61).
Um excelente exemplo de tipologia turística que vem crescendo cada dia mais no
Brasil e que, especialmente, na cidade de Florianópolis tornou-se agente de combate à
sazonalidade é o Turismo de Eventos.
O Turismo de Eventos é uma das práticas mais disputadas entre os países, uma vez
que gera uma receita inigualável. Além disso, devido à grande movimentação de pessoas
oriundas de diversas localidades, tem-se uma considerável procura por produtos relacionados
ao turismo como, por exemplo: passagens aéreas, hospedagens, reserva em espetáculos e
restaurantes, entre outros.
Inserido no contexto do Turismo de Eventos, pode-se encontrar diferentes espécies a
este relacionado. Segundo Oliveira (2005, p. 80-83), o Turismo de Eventos pode ser
classificado em: Congressos, Convenções, Seminários, Mesas redondas, Simpósios, Painel,
Conferências, Fórum, Colóquio, Palestra, Exposições, Salões, Feiras, Mostras, Encontros,
Festas, Festivais, Shows e Workshops.
Outro tipo de turismo é o chamado Turismo de Aventura. Este caracteriza-se pelo
oferecimento de emoções radicais a quem o pratica. Estão inseridas neste contexto atividades
como o rafitng, o rapel, o arvorismo, o balonismo, entre outros. Atualmente, a definição
adotada pelo Ministério do Turismo é a seguinte: "as atividades turísticas decorrentes da
prática de atividades de aventura de caráter não competitivo”.
Estão no grupo os que viajam longas distâncias para descer rios com corredeiras em balsas infláveis (rafting), subir aos céus em balões ou se aproximar ao máximo da cratera de vulcões ativos. Estão nesse grupo os alpinistas, bem como os ‘caçadores’ de grutas. São atividades praticadas em locais inóspitos que, por este fato, tornam-se mais atraentes e emocionantes (OLIVEIRA, 2005, p. 86-87).
O Turismo Cultural é uma das formas de turismo que apresenta como intuito a busca
incessante de formas de cultura, história, costumes e tradições. Normalmente, é praticado por
pesquisadores, comunidade acadêmica, arqueólogos e cientistas que buscam, em suma, novos
conhecimentos.
Esse tipo de turismo tem um público muito especifico. A atração cultural passa a ser a única motivação para visitar um país. O Egito é um exemplo disso. Procurado sobretudo por seus monumentos históricos, como as Pirâmides, a Esfinge e o Museu Nacional, no Cairo; e ainda, os Templos de Luxor, Karnak e o Vale dos Reis, em Luxor, onde foram encontradas as tumbas dos faraós. Não fosse por esse
43
aspecto, o Egito não teria um movimento turístico tão intenso (2,8 milhões de turistas por ano) e não estaria colocado em 36º lugar no ranking mundial dos países turísticos, cuja principal fonte de renda, depois do petróleo, é o turismo (OLIVEIRA, 2005, p. 85 e 86).
Há outros tantos tipos de turismo utilizados por vários autores, tais como: Turismo
de Águas Termais, Turismo Desportivo, Turismo de Juventude, Turismo Social, Turismo
Ecológico, Turismo de Compras, Turismo Gastronômico, Turismo de Incentivo, Turismo da
Terceira Idade (também chamado de Turismo da Melhor Idade), Turismo de Intercâmbio,
Turismo de Cruzeiros Marítimos, Turismo de Negócios, Turismo Técnico, Turismo GLBTS
(gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros), Turismo de Saúde, Turismo Étnico e Nostálgico,
entre outros.
Em virtude da atual transição para a Sociedade do Conhecimento, há uma tendência
em tipologias ainda pouco exploradas e que em muito poderão contribuir para o
desenvolvimento da atividade turística. Pode-se citar o Turismo de Experiência como um
excelente exemplo de inovação na área do turismo. Este consiste na ida a lugares que
transmitam aos turistas novas sensações, novos aromas e novas excitações (MENDIZABAL,
2004)3.
Um outro exemplo de potencialidade no setor turístico em desenvolvimento é o
chamado Turismo do Conhecimento, que tende a agregar valores e benefícios à atividade
como um todo.
O Turismo do Conhecimento é uma área pouco explorada no Brasil. Apresenta sua
equivalência no inglês através do termo “knowledge based tourism” e, ainda assim,
apresentam documentações limitadas a respeito do referido assunto.
Torna-se necessário, porém, enfatizar algumas das importâncias que não devem ser
esquecidas nem posteriormente analisadas. Cabe ressaltar, porém, a única menção ao Turismo
do Conhecimento encontrada. Este conceito turístico consiste na criação de atividades e locais
que atraiam turistas do conhecimento, ou seja, pessoas que buscam não só conhecer o país,
mas também trocar idéias e capital intelectual com indivíduos da mesma área profissional
(EDVINSSON, 2006)4.
3 Pesquisa realizada na Revista Turismo, disponível em <http://www.revistaturismo.com.br>. Acesso em 01 set. 2006. 4 Conceito retirado do site português Expresso Emprego, disponível em <http://expressoemprego.clix.pt/>. Acesso em 01 set. 2006.
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O autor da citação, Leif Edvinsson nasceu na Suécia e é considerado uma espécie de
“mestre” do capital intelectual. Apresenta-se como diretor da Skandia, uma companhia de
seguros e serviços financeiros, com capital na Suécia.
Torna-se necessário, entretanto, que o conceito seja revisto de forma que agregue
ainda mais melhoramentos e que se enquadre perfeitamente nas características benéficas
encontradas no turismo atual, ou mesmo que venham a agregar valores ainda não debatidos.
O conceito de Turismo do Conhecimento acaba por inserir características de outras
formas de turismo, tais como:
• Turismo Cultural;
• Turismo Histórico
• Turismo de Experiência;
• Turismo Pedagógico / Educacional;
• Turismo Ecológico;
• Turismo de Eventos, entre outros.
Tem-se notícia do Turismo do Conhecimento ser debatido durante uma mesa redonda
ocorrida em um evento realizado em Seul, Coréia, no dia 25 de setembro de 2001, e
apresentado pelo Sr. Clive B. Jones, vice-presidente sênior da “Economy Research
Associates”. Dois dos grandes enfoques do Turismo do Conhecimento, segundo Jones,
consiste nos fatores capital humano e tecnologia.
O Turismo do Conhecimento começa a iniciar debates acerca de seu assunto. Ao redor
do mundo são poucos os paises que chegam a fazer menção a tal denominação, destacando-se,
segundo Jones (2001, p. 03), o Canadá e a Coréia.
De acordo com os canadenses, o conhecimento se constitui em uma oportunidade
global, destacando-se o cérebro como recurso preliminar. Já os coreanos confirmam a eficácia
do Turismo do Conhecimento enquanto negócio lucrativo. De 1991 a 1999, a taxa de
crescimento de indústrias baseadas no conhecimento na Coréia era 13.7%, muito mais elevada
do que os 4.1 % de outras indústrias5.
5 Dados retirados do documento “Knowledge Based Tourism World Tourism Organization Round Table”, disponível em: <http://www.econres.com>. Acesso em: 12 set. 2006.
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Segundo a mesa redonda em questão, há excelentes oportunidades para o
desenvolvimento do Turismo do Conhecimento. Em virtude da inserção da ciência e da
tecnologia acerca de assuntos cada vez mais variados, percebe-se a sua extrema influência
também no turismo. A tecnologia insere-se neste contexto no momento em que facilita a troca
de fluídos entre consumidores, fornecedores e empresas, viabilizando maiores
disponibilidades de contatos com as informações pertinentes, tornando o conhecimento um
grande aliado no desenvolvimento da atividade turística enquanto negócio.
Os novos destinos internacionais, segundo o debate realizado no referido encontro,
incluem países como a China, o Vietnam, países do Oriente Médio, norte da África, Europa
Oriental e América Latina. Também citam-se novos desenvolvimentos em destinos já
estabelecidos e consolidados. Estas novas vertentes acabarão por aumentar a escala das
experiências oferecidas aos visitantes em potencial. O papel das cidades expandirá de uma
visita de duas ou três noites a uma integração de experiências urbanas com uma passagem à
excursões rurais ou de interesses especiais
Observam-se algumas localidades também emergentes, incluindo aqui as novas
potências econômicas da Ásia (Coréia, Formosa, Hong Kong, Singapura e Malásia). O
crescente número de viajantes originários dos países emissores, que apresentam grandes fatias
da população (Índia, China, Indonésia, Brasil, Argentina, México, e, em alguma extensão, os
países europeus orientais), entretanto, continuarão a dominar o desenvolvimento do lazer e do
entretenimento global. China, porém, será uma exceção. Embora seu foco atual consista no
turismo doméstico, logo esta se transformará em um mercado dominante para o curso
regional, particularmente aos destinos com fortes laços étnicos.
Os consumidores se mostram mais exigentes e seletivos. Os destinos de lazer terão
que oferecer atividades melhores e mais variadas para acomodar a escala de interesses cada
vez mais ampla desejados pelo consumidor individual e por sua família.
“Os novos consumidores querem ser envolvidos e aprender novas experiências, para
interagir com a comunidade, e para aprender e apreciar o destino em mais que um nível
superficial (JONES, 2000, tradução minha)6”.
6 Retirado do The New Tourism And Leisure Environment, disponível em: <http://www.econres.com>. Acesso em: 20 set. 2006. “The new consumers want to be involved and to learn new experiences, to interact with the community, and to learn about and appreciate the destination at more than a superficial level”.
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Dentro destas novas informações, percebe-se a importância de termos que remetem a
um embasamento referente ao Turismo do Conhecimento. Pode-se citar, nesse contexto,
aspectos como a ciência, a tecnologia e a inovação, que auxiliarão e darão maiores firmações
no desenvolvimento de uma questão tão atual e instigante.
3.4 Ciência, tecnologia e inovação
Um dos assuntos mais debatidos na sociedade atual é o termo “inovação”. Com o
passar dos anos, o mundo se deparou com a descoberta de novos protótipos de idéias que
objetivam, resumidamente, um maior e mais completo desenvolvimento de todos e quaisquer
ramos da atualidade. Alguns exemplos que se pode citar são as invenções que mudaram
consideravelmente o modo de vida da população, como por exemplo, o televisor, o telefone e
o computador, que iniciaram a chamada “Era da Informação” ou “Era do Conhecimento”.
A Era da Informação começa a ser esboçada, em verdade, com as invenções do
telefone no ano de 1876, por Alexander Grahan Bell, e do rádio, por Guglielmo Marconi, em
1898. No entanto é a microeletrônica, e, conseqüentemente, o computador, que ilustram
eficientemente essa era (MASUDA, 1982, p. 67; CASTELLS, 2000, p. 58-9).
Na área cientifica e tecnológica, temos vários exemplos de mudanças de paradigma que revolucionaram a maneira de pensar, sentir, explicar e o fazer do homem: a invenção da máquina a vapor, que proporcionou o surgimento da indústria moderna; a do microscópio, que revolucionou o conhecimento da biologia e da medicina; a do automóvel, que alterou drasticamente a vida do homem e o traçado das cidades; a da eletricidade, que revolucionou os processos de produção; a do computador, que vem revolucionando o mundo da comunicação e da informação; a descoberta da teoria da relatividade e da física quântica, que vem modificando a forma de pensar o mundo natural (LUNARDI, 1997, p. 07).
A globalização se constitui como uma das ferramentas da inovação e da modernidade.
Áreas como a comunicação, os transportes e a tecnologia se destacam no contexto de
globalização. Quando se facilita o processo de circulação de idéias, produtos, conhecimentos
e experiências, a globalização promove comodidades e facilidades no desenvolvimento de
áreas que se evidenciam na atualidade mercadológica. Surgiu o que se convencionou
denominar de “Era do Conhecimento”, onde há uma expansão na escala de produção,
circulação e consumo de bens, informações e conhecimentos em todos os lugares do globo.
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Para uns autores, a globalização é a aceleração das trocas de bens e serviços, das informações e comunicações, das viagens internacionais e do intercâmbio cultural. É ainda a intensificação da interdependência das nações em função do enorme fluxo de comércio e de capitais, determinando o surgimento de mercados comuns (BENI, 2003, p. 18).
Neste contexto, cita-se Peter Drucker, que se constituiu em um dos primeiros teóricos
ocidentais a reconhecer a mudança de insumo econômico - do Capital para o Conhecimento,
transformação esta que culminou com o período atual caracterizado como Sociedade do
Conhecimento. Neste novo tipo de sociedade, não se pode prescindir das capacidades do
trabalhador, que transcendem à atividade mecânica. Este trabalhador passa a ser um
”trabalhador do conhecimento” termo cunhado por volta de 1960, que exige de seus gerentes
uma nova postura nas relações interorganizacionais, e conseqüentemente administrativas, que
contemple esta nova realidade. Drucker reconhece, ainda, que as teorias administrativas
devem estar em constante mutação, para atender às necessidades inerentes ao momento e à
organização, mesmo que para isso seja preciso atualizar posições e rever conceitos
(STRAUHS, 2003, p. 52).
O período de globalização detectado na atualidade faz menção a conceitos como
competitividade e exclusão. Isto se remete ao fato de que, na atualidade, todos devem estar
em constante aprendizagem, reciclando idéias obsoletas e fazendo-se presente no cenário
atual.
Outra questão a ser levantada quando se refere à globalização é a negligência de
determinadas localidades que, talvez por comodismo, não procuram se inserirem na nova
realidade, fazendo com que a globalização se instale de maneira inadequada, gerando
crescimentos mercadológicos inadequados, pobreza, desemprego e desigualdade social
(SANTOS apud VIEIRA FILHO; ARAÚJO, 2005, p. 10).
O turismo se tornou um dos setores mais prósperos no que diz respeito à tecnologia e à
inovação. O desenvolvimento de comunidades baseadas no conhecimento necessita de uma
adaptação multidimensional, transformando o processo de captação do conhecimento em uma
das principais esferas para o desenvolvimento tendo em vista a globalização.
As últimas análises apontam o turismo como o setor mais globalizado, perdendo apenas para o setor de serviços financeiros. A globalização do turismo é resultante principalmente dos seguintes fatores: aumento da liberalização do comércio mundial, incorporação de novas tecnologias como a informática e as telecomunicações, integração horizontal e vertical das empresas de turismo, difusão territorial do consumo e flexibilização do trabalho nos diversos setores produtivos, incluindo o próprio setor do turismo (BENI, 2003, p. 19).
48
Atualmente, aspectos como intercâmbio entre povos e culturas, bem como a aquisição
ilimitada de conhecimento faz com que os mais diversos ramos da sociedade percebida se
insiram completamente na já mencionada “Era do Conhecimento”. O turismo acaba por se
inserir neste contexto, uma vez que é considerado uma das atividades mais modernas e
inovadoras dos últimos tempos.
A partir do momento que um indivíduo expressa seu anseio pelo ato de viajar,
automaticamente já se está expressando uma manifestação de necessidade de troca de
conhecimentos e culturas através de relações interpessoais. Diferentemente de épocas
retrógradas, hoje em dia pode-se perceber a importância da experiência de se visitar
determinada localidade e com esta interagir de maneira sustentável. O aspecto materialista
apenas se manifesta de maneira tímida no momento de se comercializar souvenirs e outros
artefatos. Cabe ressaltar, porém, que a comercialização de pequenas lembranças se constitui
em uma das principais fontes de renda para a comunidade receptora, transformando-se,
entretanto, em uma conseqüência da viagem.
Tenta-se consumir bens inéditos capazes de gerar experiências aliadas ao prazer, diferentes daquelas que vivenciamos no dia-a-dia. Não mais é necessária a aquisição de bens materiais, isso ficou em segundo plano. Embora se possa comprar souvenirs estes nunca poderão retratar de forma integral o que ficou marcado através da experiência da viagem apenas instigam sua lembrança (MENDIZABAL, 2004).
O conhecimento, juntamente com a globalização, se transformou em um excelente
aliado do turismo. Nos dias atuais, em virtude da modernidade advinda com o computador e a
internet, tornam-se mais acessíveis as informações referentes às mais diversas localidades do
mundo. Desta forma, pode-se buscar informações e curiosidades relativas à região que se
propõe realizar determinada visita. Assim, as pessoas buscam o novo, o exótico e o que difere
consideravelmente de sua rotina. E, apesar de haver na atividade turística inúmeras
possibilidades de efetivação, percebe-se uma certa saturação de serviços e artigos, havendo
escassez de inovação. E a inovação quando do oferecimento de tais serviços torna-se fator de
excelência atraindo mais turistas conseqüentemente. Esta é a tendência quando a realização do
turismo enquanto atividade passa a ser uma experiência e não mais apenas uma atividade de
lazer.
É a partir desse momento, tendo noção da importância da inovação, da tecnologia e da
“Era do Conhecimento”, que se pode vislumbrar a potencialidade do novo tipo de turismo,
ainda pouco explorado e debatido, principalmente no Brasil, onde o conhecimento se
49
consistiria na principal ferramenta de atração de turistas em busca de novidades e
experiências, que, provavelmente, se demonstrarão mais conscientes dos problemas
enfrentados pelas comunidades receptoras, incluído aqui a questão sócio-ambiental.
Com os avanços tecnológicos, houve um crescimento considerável do turismo, onde
as forças do mercado determinam a adequação ao sistema ou a exclusão deste. O mercado
evoluiu de maneira surpreendente, então, a atividade turística deverá evoluir também em igual
proporção. Inserido neste contexto, onde a inovação, a tecnologia e o conhecimento se
tornaram os principais atores do processo evolutivo do turismo em seu exercício, encontram-
se os diferenciais a serem oferecidos e que visam a admiração do cliente e o oferecimento de
serviços inovadores e criativos. Citam-se os parques de inovação como espaços promissores
para o turismo inovador, onde o Turismo do Conhecimento consiste na esfera principal de
desenvolvimento da atividade turística
3.5 Parques de inovação e parques tecnológicos
Tendo em vista que o termo “Parque de Inovação” apresenta-se inexistente até o
prezado momento, torna-se necessário definir seu conceito para que a conclusão do
referencial teórico seja realizada de maneira satisfatória.
Entende-se por parque de inovação:
Um ambiente claramente delimitado que possui infra-estrutura e espaço para abrigar empreendimentos, projetos e outras iniciativas inovadoras estratégicas para o desenvolvimento econômico, social, tecnológico e ambiental de uma região, estado ou país, e que se distingue por possuir um modelo inovador para atrair, desenvolver, implementar e integrar estas iniciativas, visando estabelecer um posicionamento de relevância e diferenciação dentro do cenário em que está inserido (SAPIENS PARQUE, 2006).
O termo “Parque de Inovação” apresenta-se inserido em um contexto recente e pouco
explorado, porém, seu conceito foi desenvolvido tendo como base os parques tecnológicos,
com uma visão mais diversificada e ampliada.
Por “Parque Tecnológico” entende-se uma iniciativa localizada num loteamento
apropriadamente urbanizado e possui como características básicas a ligação formal com a
universidade ou outras instituições de ensino e pesquisa, a formação e o crescimento de
50
empresas de base tecnológica e a coordenação de uma entidade que desempenha as funções
de gerente do parque. Parques Tecnológicos são, ainda, uma reunião de empresas no mesmo
local, nas proximidades de uma universidade, onde se constituem áreas para venda, locação,
terrenos ou prédios que abrigam incubadoras, condomínios ou empresas e outros órgãos
prestadores de serviços (LUNARDI, 1997, p. 17).
No caso do Sapiens Parque, que se estabelece, até o prezado momento, como o único
parque de inovação do mundo, a Fundação CERTI (Centro de Referência em Tecnologias
Inovadoras), uma de suas acionistas, apresentava como objetivo a expansão do Parque
Tecnológico Alfa, localizado no bairro João Paulo, em Florianópolis. O terreno selecionado
apresentava-se, porém, com uma extensão territorial muito grande, sendo demasiadamente
amplo para ser aproveitado como um Parque Tecnológico.
Estudos recentes apontam que os parques tecnológicos constituem empreendimentos com presença garantida no próximo milênio, enquanto instrumentos de política de desenvolvimento regional, pois são lugares especializados que possibilitam a rápida transformação de conhecimentos em novos produtos, processos e serviços requeridos pelo mercado mundial. As cidades que apresentam esse tipo de empreendimento terão vantagens comparativas em relação as demais para se inserirem no mercado mundial, desde que estabeleçam estratégias operacionais realistas e consonantes com a infra-estrutura e as potencialidades locais (LUNARDI, 1997, p. 01).
Desta maneira, um parque de inovação se situa de caráter estratégico frente a outras
formas de aproveitamento do espaço e da prestação de serviços. A tendência se fortalece nos
serviços e produtos diferenciados, fazendo com que a concorrência se estabeleça e que
somente as empresas capazes se solidifiquem no mercado.
Um parque de inovação apresenta outras vertentes que não se constituem somente
como uma incubadora de empresas de base tecnológica. Questões como sustentabilidade,
meio ambiente e qualidade de vida também são priorizadas.
Têm-se como áreas que constituem a base inicial de um parque de inovação: o
turismo, o aspecto sócio-ambiental, os serviços e a tecnologia.
Uma das principais facetas de um parque de inovação, além de ser bem sucedido nas
questões para que se propõe, como a área tecnológica, ambiental e turística, é consolidar uma
firme parceria entre a comunidade, o poder público e a iniciativa privada.
Dentro do cenário turístico, pode-se perceber a extrema importância de um parque de
inovação no momento de se diversificar os produtos oferecidos. Tendo como grande enfoque
51
o turismo do conhecimento, um parque de inovação acabará por atrair pessoas qualificadas,
que buscam, entre outros aspectos, a troca de experiência e conhecimento.
52
4 RESULTADOS DA PESQUISA
4.1 Procedimentos metodológicos
Dentro do universo contextual de uma pesquisa, deve-se realizar todo um
levantamento das etapas do processo de construção desta, uma vez que torna-se extremamente
necessário deixar claro os procedimentos realizados para se chegar a determinado fim.
Segundo Dencker (1998, p. 85):
O detalhamento dos procedimentos metodológicos inclui a indicação e a justificação do paradigma que orienta o estudo, etapas de desenvolvimento da pesquisa, descrição do contexto, processo de seleção dos participantes, os procedimentos e o instrumental de coleta e análise dos dados e os recursos utilizados para maximizar a precisão dos resultados.
Sendo o turismo uma área em constante crescimento, onde a cada dia evidenciam-se
necessidades de pesquisas no âmbito turístico, tem-se na metodologia científica uma
excelente aliada na aquisição de novos conhecimentos e no desenvolvimento das etapas que
façam com que se atinjam objetivos propostos de maneira clara e ordenada.
A atividade turística se constitui de pesquisas em sua área de abrangência, de modo a
sempre se obter esclarecimentos referentes no assunto, bem como promover o
desenvolvimento do exercício desta atividade.
Para que uma pesquisa seja clara e atenda aos objetivos propostos, deve-se transcrever
de maneira objetiva e coerente os métodos e as técnicas de pesquisa a serem utilizadas no
decorrer do trabalho.
Referente à natureza da pesquisa, pode-se subdividir esta em básica (pura) ou
aplicada. Segundo Silva (2006, p. 08), as pesquisas de natureza básica são aquelas que
apresentam como objetivo a aquisição de conhecimentos, sem a pretensão de colocá-los em
prática em um tempo previsto. Já as pesquisas aplicadas consistem na aplicação prática dos
conhecimentos adquiridos, visando a soluções de problemas detectados.
Há, ainda, a subdivisão da pesquisa quanto a sua abordagem, que compreendem as
pesquisas de tipologia quantitativa, onde há evidências e análises de dados numéricos, com
53
ênfase para tabelas, gráficos, equações, probabilidades, etc., e de tipologia qualitativa, onde os
dados são conquistados através da obtenção de informações que remetem à qualidade em
termos da aquisição de um conhecimento mais profundo de casos peculiares.
Segundo Gil (2002, p. 41-55), as pesquisas são classificadas de acordo com sua
temática abordada. A classificação da pesquisa quanto aos seus objetivos propostos se
constitui na divisão dos tipos de pesquisa em: pesquisas exploratórias, pesquisas descritivas e
pesquisas explicativas.
Já os procedimentos técnicos utilizados em determinada investigação são classificados
pelo autor respeitando a subdivisão de informações obtidas através de fontes de “papel” ou
através de dados fornecidos por indivíduos. Tal classificação consiste em pesquisas
bibliográficas, pesquisas documentais, pesquisa experimental, pesquisa ex-post facto, estudo
de caso, levantamento, estudo de campo, estudo de caso, pesquisa-ação e pesquisa
participante.
Para o projeto de pesquisa proposto, serão utilizadas os seguintes tipos de pesquisa:
Pesquisa básica; Pesquisa qualitativa; Pesquisa exploratória; Pesquisa bibliográfica; Pesquisa
documental e Levantamento.
O estudo foi desenvolvido através da pesquisa básica, em virtude do principal enfoque
do projeto ser a aquisição de conhecimentos, porém não se define uma previsão de tempo para
a sua colocação em prática. Apesar disto, a pesquisa procura servir de base para que seja
possível uma continuidade em um assunto tão inovador e instigante. Após o devido estudo e a
necessária compreensão do termo Turismo do Conhecimento, poderá se colocar em prática os
conhecimentos adquiridos através da pesquisa de natureza básica.
Adverte-se a utilização da pesquisa de tipologia qualitativa para a realização do
referido projeto de pesquisa, uma vez que não houve necessidade de quantificação dos dados.
Tal fato se deve à necessidade de se construir e/ou desenvolver a temática proposta, com o
intuito de realizar um crescimento sustentável da atividade turística em si. Além disso, em
virtude do principal enfoque do projeto ser o Turismo do Conhecimento, menciona-se o fato
de haver pouco esclarecimento sobre o assunto, o que torna ainda mais interessante a
utilização da pesquisa qualitativa. Assim, na presente pesquisa, os dados não serão
quantificados, sendo as informações obtidas analisadas e, posteriormente interpretadas.
54
“Nas pesquisas qualitativas os aspectos que podem ser definidos no projeto diferem
quanto ao grau de estruturação. As categorias teóricas, o plano e o foco das pesquisas são
definidos no decorrer do processo de investigação” (DENCKER, 1998, p. 97).
Com base na tipologia referente aos objetivos propostos, o presente estudo se consistiu
na utilização da pesquisa exploratória, onde se procura o aprimoramento de idéias ou a
descoberta de intuições. Apresenta como principais características um planejamento flexível,
de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado.
Na sua grande maioria, a pesquisa do tipo exploratória envolve processos de levantamento
bibliográfico, entrevistas com pessoas da área e a análise de casos que ilustrem uma maior
compreensão do referido assunto (GIL, 2002, p.41). Ao se relacionar tal tipologia de pesquisa
com os objetivos e com a temática do presente estudo, pode-se observar sua importância, uma
vez que o aprimoramento de um conceito de turismo ainda pouco debatido se faz necessário.
Tendo em vista a quase inexistência de termos documentais e bibliográficos do tema
proposto para a presente pesquisa, a construção das informações neste elucidadas tomaram
como embasamento a utilização de assuntos que apresentem subsídios que orientem o
desenvolvimento do projeto. Tais informações foram conquistadas através das pesquisas
bibliográfica e documental.
Sendo ambas oriundas das fontes de papel, as pesquisas bibliográfica e documental
diferem, basicamente, pela forma como são encontrados, ou seja, na natureza da fonte
consultada. Dencker (1998, p. 125) refere-se à pesquisa bibliográfica como sendo aquela
“desenvolvida a partir de material já elaborado: livros e artigos científicos”.
A pesquisa documental, por sua vez, remonta-se à dados obtidos através de fontes que
ainda não receberam tratamento analítico, podendo sofrer uma espécie de reestruturação e,
normalmente, podem ser deparadas nos mais diversos lugares.
Nem sempre fica clara a distinção entre a pesquisa bibliográfica e a documental, já que, a rigor, as fontes bibliográficas nada mais são do que documentos impressos para determinado público. Além do mais, boa parte das fontes usualmente consultada nas pesquisas documentais, tais como jornais, boletins e folhetos, pode ser tratada como fonte bibliográfica (GIL, 2002, p. 46).
Pode-se perceber a importância em se estabelecer métodos que orientem o
desenvolvimento da pesquisa, principalmente em áreas que apresentam um potencial de
novidade, como a atividade turística, por exemplo, e que necessitam, portanto, de etapas que
55
acabem por nortear a pesquisa como forma desta se tornar referência para posteriores
trabalhos.
4.1.1 População e amostragem
O presente projeto de pesquisa não se consiste em argumentos quantitativos, sendo
dispensável a apresentação de dados numéricos e probabilísticos.
Porém, apesar de não se ter tal pretensão, deve-se argumentar o fato de que, apesar
disto, uma pesquisa com características qualitativas também apresenta seu universo de estudo,
sendo necessário a delimitação do campo a ser abordado, constituindo, portanto, em uma
espécie de população e amostragem.
Segundo Dencker (1998, p. 102), as etapas para se realizar a pesquisa qualitativa se
resumem em: negociação para se obter acesso ao campo, período exploratório e investigação
focalizada. A partir deste momento pôde-se efetivar o contrato de estágio via Fundação
CERTI, sendo esta uma das acionistas do empreendimento. Deu-se então o início à fase de
pesquisa exploratório onde a coleta de dados foi estabelecida.
Para o projeto apresentado, foram realizadas pesquisas através do material referente
aos assuntos que norteiam o tema, bem como a realização de entrevistas e a conversa informal
com pessoas envolvidas.
O contexto do universo da pesquisa, bem como a participação dos envolvidos no
desenvolvimento desta constituem uma importante etapa da metodologia apresentada. A
aquisição de informações que possam vir a ser utilizadas na confecção do trabalho torna o
projeto ainda mais completo e viável. Sendo que o termo turismo do conhecimento ainda é
pouco utilizado em materiais bibliográficos, o contato com pessoas que possam vir a agregar
valores às etapas do processo de desenvolvimento do presente projeto é extremamente
vantajoso uma vez que isto fará com que os envolvidos que auxiliem na construção e/ou
ampliação do termo abordado.
Conforme já mencionado anteriormente, apesar da pesquisa referenciada não
apresentar características quantitativas, pode-se citar parâmetros que norteiam a população e a
amostra referente à pesquisa qualitativa apresentada.
56
O universo da pesquisa em questão consiste nas referências baseadas no Turismo do
Conhecimento, bem como todas as diretrizes que acabem por nortear sua concepção, até o
período compreendido na realização deste projeto, que finda-se no ano de 2006.
Tendo em vista a pesquisa proporcionada, onde o entendimento de um conceito de
turismo pouco explorado se destaca, pode-se citar como população a ser estudada todo o
universo turístico, uma vez que termos como sustentabilidade, planejamento, histórico e
conceitos são algumas das abordagens refletidas neste projeto.
A amostragem, por sua vez, consiste em retirar da população uma parcela do universo
que permita estudar a temática proposta. Segundo Dencker (1998, p. 88):
No caso de variáveis que envolvem formas de avaliação ou opinião de segmentos específicos, não existe a necessidade de investigar todos os indivíduos que compõem toda a população (universo considerado). Os dados podem ser levantados por meio de amostragem definida pelo pesquisador, por critérios estatísticos ou de forma intencional, sem que isso comprometa sua veracidade.
Percebe-se a importância de se analisar brevemente algumas das formas de turismo
com a finalidade de se conceber características semelhantes entre estas e o Turismo do
Conhecimento. Assim, delimita-se uma amostra da população, que se constitui, portanto, em
uma parcela das tipologias que em algum aspecto acabarão por refletir no Turismo do
Conhecimento.
Desta forma, além de se definir os procedimentos metodológicos necessários ao
desenvolvimento da pesquisa, torna-se necessário delimitar as etapas que se sucederam
relacionadas à coleta de dados. Com a pesquisa corretamente definida, os objetivos serão mais
facilmente alcançados, tornando referência para futuros projetos relacionados a um tema
ainda em expansão e muito pouco debatido até o presente momento.
4.1.2 Coleta de dados
De acordo com a necessidade detectada ao se projetar esta pesquisa, pode-se observar,
após a definição dos tipos de pesquisas a serem utilizados, bem como o universo, a população
e a amostragem, a extrema necessidade de se mensurar como será sistematizada a etapa de
coleta de dados.
A coleta de dados é a fase do método de pesquisa que tem por objetivo obter informações sobre a realidade. Conforme as observações necessárias, existem diversos instrumentos e formas de operá-los. Nas ciências humanas, o questionário
57
e a entrevista são os mais freqüentes e possuem em comum o fato de serem constituídos de uma lista de indagações que, se respondidas, dão ao pesquisador a informação necessária [...] (DENCKER, 1998, p. 137).
No presente projeto de pesquisa, se buscou a concretização da ação de coleta de dados
através de pesquisas de fontes de papel, bibliográficas e documentais, bem como a aquisição
de dados através de entrevistas e conversas informais com pessoal especializado, que, direta
ou indiretamente, se contextualizarão no tema proposto.
Inserido no aspecto bibliográfico, se pretendeu correlacionar abordagens
extremamente importantes, tais como o turismo e seu posicionamento ao longo da história, o
esclarecimento dos conceitos e definições inerentes à atividade turística, questões referentes
ao planejamento turístico bem como relações de sustentabilidade e desenvolvimento. Além
disto, foram aclarados definições referentes à segmentação do turismo enquanto atividade,
onde o Turismo do Conhecimento se apresentou maior ênfase, com destaque também para
alguns dos seus conceitos-chave como a tecnologia, a ciência e o conhecimento. Outras fontes
que foram utilizadas constituíram-se de teses, trabalhos acadêmicos, dissertações e periódicos
científicos.
A pesquisa bibliográfica, como qualquer outra modalidade de pesquisa, desenvolve-se ao longo de uma série de etapas. Seu número, assim como seu encadeamento, depende de muitos fatores, tais como a natureza do problema, o nível de conhecimentos que o pesquisador dispõe sobre o assunto, o grau de precisão que se pretende conferir à pesquisa, etc. [...] (GIL, 2002, p. 59).
Tendo em vista a escassez de obras que lidem diretamente com o termo Turismo do
Conhecimento, foram obtidas informações pertinentes ao tema através de consultas
documentais que foram fornecidas pela instituição onde o projeto de pesquisa foi
desenvolvido. Fontes eletrônicas, por apresentarem caráter inovador e tecnológico, também
foram usadas como forma de se trazer novos conhecimentos e notícias.
As conversas informais contidas no projeto de pesquisa apresentado foram realizadas
em evento relacionado ao futuro do turismo, tendo em vista a aquisição de novos
conhecimentos, bem como o posicionamento crítico de pessoas pertinentes ao assunto.
Segundo Dencker (1998, p. 137) “a entrevista é uma comunicação verbal entre duas
ou mais pessoas, com um grau de estruturação previamente definido, cuja finalidade é a
obtenção de informações de pesquisa (receber informações relacionadas com a atividade
turística, por exemplo)”.
58
Desta forma, após se ter em mente a definição das etapas metodológicas a serem
cumpridas de maneira a atingir os objetivos propostos, poderá se estruturar a forma como os
dados obtidos serão expostos e analisados, fornecendo informações claras e coerentes do
assunto em questão.
4.1.3 Análise e interpretação dos resultados
Posteriormente à coleta dos dados a serem obtidos como fontes de informação para o
desenvolvimento da pesquisa, deverá se analisar tais dados como forma de relacionar as
informações conquistadas com o tema proposto. “Entre os vários itens da natureza
metodológica, o que apresenta maior carência de sistematização é o referente à análise e
interpretação dos dados” (GIL, 2002, p. 141).
A análise e a interpretação dos resultados obtidos foi, na pesquisa apresentada, de
natureza predominantemente qualitativa. Os objetivos expostos no projeto de pesquisa foram
tratados através da análise das informações obtidas através da coleta de dados.
Segundo Dencker (1998, p. 172), pode-se observar duas tipologias relacionadas à
análise: causal ou condicional e funcional ou funcionalista. Na pesquisa apresentada foram
analisado e interpretado os resultados através da análise funcionalista, uma vez que o Turismo
do Conhecimento necessita de uma investigação e apuração de outras vertentes que se tornam
bases para o seu desenvolvimento. Há evidências da importância de se analisar os fatos de
maneira simultânea, uma vez que há uma interdisciplinaridade no turismo, em especial no
Turismo do Conhecimento.
É através da análise e interpretação dos dados que se pretendeu responder à pergunta
de pesquisa, bem como o alcance dos objetivos propostos. As informações adquiridas na etapa
de coleta de dados foram analisadas e comentadas no decorrer do projeto de pesquisa, de
forma a se investigar de maneira intensa e precisa o desenvolvimento de um conceito de
turismo novo e quase inexplorado.
Após a coleta de dados o pesquisador deve concentrar sua atenção na análise e interpretação das informações coletadas. O objetivo da análise é reunir as observações de maneira coerente e organizada, de forma que seja possível responder ao problema da pesquisa. A interpretação busca dar um sentido mais amplo aos dados coletados, fazendo a ponte entre eles e o conhecimento existente. Todo o processo de pesquisa desenvolvido foi orientado para esse objetivo (DENCKER, 1998, p. 159).
59
Todas as informações obtidas através dos dados coletados foram analisadas, tendo em
vista os esclarecimentos referentes ao turismo enquanto atividade e as inovações de caráter
potencial apresentadas pela realidade mercadológica existente. Os dados bibliográficos, que
remetem a uma relação com a historia da atividade, bem como com conceitos fundamentais
de desenvolvimento do turismo, e as informações concedidas através das conversas informais,
que por sua vez fazem menção a algo ainda pouco difundido na literatura especializada, foram
fonte de análise e interpretação no presente projeto de pesquisa.
A interpretação dos dados coletados consiste numa das importantes etapas da
pesquisa, uma vez que, após toda a coleta das informações e materiais necessários, torna-se
necessário transformá-los no exato propósito de estudo.
A interpretação é a busca do sentido mais amplo dos resultados da pesquisa. É importante estabelecer a continuidade, ligando resultados de um estudo e de outro. Sempre que possível, a interpretação deve conduzir ao estabelecimento de conceitos explicativos (DENCKER, 1998, p. 173).
Em virtude da necessidade de se estabelecer diretrizes que façam com que a pesquisa
se direcione de maneira coerente e satisfatória, pode-se perceber a importância de um
esclarecimento das etapas do processo que foram seguidas a fim de que os objetivos sejam
alcançados e a pergunta de pesquisa seja respondida. Desta forma, a pesquisa se desenrolou
de maneira eficiente, fazendo com que o tema seja mais difundido e tornando-se uma espécie
de referência para trabalhos futuros na área em questão.
4.2 Plano de trabalho
4.2.1 Etapas
Tendo-se noção de uma problemática enfrentada na realidade turística atual, se fez
necessário a formulação deste para que a temática do presente projeto de pesquisa pudesse ser
elaborada.
[...] o problema de pesquisa pode ser determinado por razões de ordem prática ou de ordem intelectual. Inúmeras razões de ordem prática podem conduzir à formulação de problemas. Pode-se formular um problema cuja resposta seja importante para subsidiar determinada ação [...] (GIL, 2002, p. 25).
60
Inicialmente, a primeira etapa a ser analisada e estruturada para que o projeto de
pesquisa apresentado pudesse ser desenvolvido, consistiu-se na delimitação do tema a ser
pesquisado. Tendo em vista a escassez de obras que referenciasse o chamado Turismo do
Conhecimento, decidiu-se, em conjunto com a empresa interessada, explanar sobre
determinado assunto de maneira a contribuir para o desenvolvimento deste conceito tão
incógnito e novo.
A escolha do tema define a área de interesse que será pesquisada. O tema deve ser do interesse do pesquisador e estar situado em sua área de conhecimento. Para desenvolver de maneira adequada um tema de pesquisa, é necessário que o pesquisador domine o assunto e esteja apto a manejar as fontes de consulta bibliográfica (DENCKER, 1998, p. 61).
Após a delimitação do tema de pesquisa, procurou-se justificar tal escolha, fazendo
menção novamente à necessidade de novos estudos sobre o Turismo do Conhecimento. Além
disto, em virtude da saturação das atividades já conhecidas relacionadas ao turismo pôde-se
realizar tal justificativa como forma de se auxiliar problemáticas referentes à sazonalidade e à
própria saturação da oferta turística encontrada.
A próxima etapa se baseou nas perguntas que se pretende responder ao se findar a
pesquisa. Este fato levou ao próximo passo que se consiste na elaboração dos objetivos
referentes ao tema proposto e que se pretende atingir até o final do presente projeto de
pesquisa.
Com o tema, as perguntas e os objetivos traçados, pôde-se dar início ao que se intitula
fundamentação teórica. Nesta etapa da pesquisa, foram levantados dados bibliográficos e
documentais, bem como observação de elementos eletrônicos, onde, apesar da falta de obras
que elucidem o Turismo do Conhecimento propriamente dito, puderam-se adquirir
informações que se constituem em um forte embasamento que acaba por se relacionar com o
tópico principal.
A experiência, porém, demonstra que é muito importante buscar esclarecer-se acerca dos principais conceitos que envolvem o tema de pesquisa, procurar um contato com trabalhos de natureza teórica capazes de proporcionar explicações a respeito, bem como com pesquisas recentes que abordaram o assunto (GIL, 2002, p. 61).
Após toda a fase de levantamento de dados teóricos, deu-se início aos processos
metodológicos, onde questões referentes à maneira como se procedeu a pesquisa foram
61
esclarecidos, levando em consideração abordagens como população e amostragem, realização
da coleta de dados, análise e interpretação dos resultados.
O detalhamento dos procedimentos metodológicos inclui a indicação e a justificação do paradigma que oriente o estudo, etapas de desenvolvimento da pesquisa, descrição do contexto, processo de seleção dos participantes, os procedimentos e o instrumental de coleta e análise dos dados e os recursos utilizados para maximizar a precisão dos resultados (DENCKER, 1998, p. 85).
Em seguida, desenvolveram-se as conversas informais, de modo que todas as
indagações puderam ser atendidas. Além disso, após toda a aquisição de informações,
bibliográficas, documentais, eletrônicas e aquelas obtidas através de conversas informais com
pessoas qualificadas, pôde-se realizar a etapa intitulada análise da pesquisa, onde foi
confeccionada toda a parte referente à pesquisa em si e onde os objetivos puderam ser
atingidos de maneira clara e concisa.
Desta forma, após toda a delimitação dos passos desenvolvidos para se chegar ao final
esperado pela pesquisa, pode-se perceber a necessidade de se estabelecer metas para que os
objetivos sejam atingidos de maneira eficiente, fazendo com que a pesquisa obtenha o
respaldo esperado.
4.2.2 Cronograma
Os procedimentos realizados para a construção da presente pesquisa foram postos em
prática durante o segundo semestre do ano de 2006, entre os meses de julho a dezembro, onde
pode-se observar sua cronologia a partir do quadro esboçado a seguir:
2006 AÇÕES
JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Planejamento X
Definição dos Objetivos X
Revisão Bibliográfica e
Documental
X X X X
continuação
62
continuação
2006 AÇÕES
JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Realização de Conversas
Informais
X
Análise das Informações X X
Organização dos Dados X X X
Elaboração do Projeto X X X
Análise dos Resultados X X X
Entrega da Pesquisa X
Apresentação em Banca X
QUADRO 01 – CRONOGRAMA DE ATIVIDADES DA PESQUISA
Fonte: Produzido pela autora, 2006.
Tendo em vista a confecção da pesquisa referente à abordagem do Turismo do
Conhecimento, planejou-se as atividades nesta compreendidas como forma de tornar as ações
mais claras e evitar possíveis equívocos e mudanças de planos.
Além das consultas em materiais bibliográficos e documentais, onde foram coletados
dados pertinentes ao desenvolvimento do estudo, foram realizadas conversas informais com
pessoas da área turística, onde a experiência e a maturidade profissional destas contribuíram
significativamente para o auxílio à coleta de dados.
Foi possibilitada a conversa com o Professor Mário Carlos Beni, que desenvolve suas
ações nos cursos de graduação e pós-graduação em turismo e nos cursos de mestrado e
doutorado da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP),
além de apresentar autoria em literaturas da área, onde a experiência e o vasto conhecimento
turístico possibilitou a agregação de grandes informações para o projeto de pesquisa.
Também se pôde conversar, de maneira informal, com o coordenador do curso de
turismo da UFPR (Universidade Federal do Paraná), que também realiza a função de
coordenadoria do observatório turístico do Paraná, que apresentou informações pertinentes ao
63
tema abordado, além de oferecer incentivos para a continuação de pesquisas no contexto
abordado.
As conversas informais foram obtidas através do evento “O futuro do turismo em
Santa Catarina entre os anos de 2007 e 2011”, realizado no Costão do Santinho Resort, entre
os dias 25 e 26 de setembro de 2006. Foi também neste evento que foram obtidas informações
da palestra de Domenico De Masi, sociólogo italiano da Universidade La Sapienza, de Roma,
e presidente da Escola de Especialização em Ciências Organizativas, denominada S3
Studium.
4.3 Análise da pesquisa
Após a exposição das idéias iniciais apontadas na introdução do presente projeto de
pesquisa, através da contextualização, da definição do problema e da justificativa, bem como
a definição dos objetivos propostos, as explanações essenciais do contexto histórico e
conceitual através da fundamentação teórica e a revelação dos resultados da pesquisa, com a
demonstração dos procedimentos metodológicos necessários e das etapas referentes ao plano
de trabalho, torna-se imprescindível, no prezado momento, a análise concreta dos resultados
obtidos com a pesquisa em questão.
Para tanto, como forma de tornar o estudo melhor compreensível para as pessoas de
todas e quaisquer áreas que chegarem a tomar conhecimento sobre as questões aqui
apresentadas, buscou-se subdividir a análise da pesquisa em itens que objetivam uma maior
clareza e coesão do raciocínio. Inicialmente, serão esboçados de maneira breve e objetiva os
casos dos principais Parques Tecnológicos que se tornaram, de algum modo, referência para a
implantação do parque de inovação Sapiens Parque. Em seguida, serão demonstradas algumas
das características de localidades que primam o conhecimento em suas mais diversas áreas,
inclusive a turística.
Outros aspectos a serem abordados neste momento se consolidam numa inter-relação
entre os diferentes tipos de turismo que acabam por se enquadrar perfeitamente no Turismo
do Conhecimento, bem como uma conexão com conceitos já explicados como a questão do
planejamento, dos sistemas de turismo e da sustentabilidade.
64
Um outro ponto que será posteriormente analisado faz menção às características
vocacionais da cidade de Florianópolis e como estas se enquadrarão nos conceitos percebidos
e analisados do turismo do conhecimento.
Finalmente, se buscará uma relação estritamente coerente entre o turismo do
conhecimento, a cidade de Florianópolis e o Sapiens Parque.
4.3.1 Os casos de sucesso de parques tecnológicos
Tendo em vista o embasamento oferecido pelos parques tecnológicos para a definição
e criação do conceito dos chamados parques de inovação, torna-se necessário uma abordagem
ilustrativa e comparativa dos principais empreendimentos deste portes detectados em âmbito
mundial.
Duas excelentes referências quando se relata a questão de parques tecnológicos diz
respeito a países europeus, principalmente Portugal e Espanha.
Pode-se citar como parques conceituados relacionados a tal temática o Taguspark, na
cidade de Oeiras, em Portugal; o Parque Tecnológico de Andaluzia, em Málaga, na Espanha;
Parque Tecnológico de Alcalá de Henares, em Madrid, na Espanha; entre outros. Outras
regiões que se destacam no contexto de parques tecnológicos se localizam nos Estados Unidos
e na Coréia.
Para que o desenvolvimento deste conceito fosse estabelecido, bem como para que as
estratégias de implementação do Sapiens Parque fossem consolidadas, foram pesquisados
cerca de 200 empreendimentos que, de alguma maneira, apresentavam algumas características
similares ao parque de inovação apresentado. Desta forma, após se ter identificado as
prováveis falhas e sucessos, pôde-se melhor delinear as posteriores etapas planejadas.
Este referido trabalho de benchmarking7, realizado pelos profissionais envolvidos no
Estudo de Impacto Ambiental e de Vizinhança do Empreendimento Sapiens Parque, no
distrito de Canasvieiras, na cidade de Florianópolis – SC, além de possibilitar uma profunda
análise dos fatores detectados, tanto os positivos quanto os negativos, possibilitou a ampliação
7 O benchmarking é uma poderosa ferramenta de gestão empresarial, mundialmente difundida e utilizada para transformar as organizações e introduzir as mudanças necessárias à melhoria de seus processos, práticas e resultados. Podemos também definir como um processo contínuo de avaliação de produtos, serviços ou prática gerenciais, comparativamente aos concorrentes ou empresas consideradas líderes no mercado (SEBRAE, 2004).
65
dos conceitos observados, fazendo com que um novo termo, intitulado “Parque de Inovação”
pudesse ser criado.
Uma análise detalhada do Sapiens Parque revela que não existem projetos ao redor do mundo que incluem todo o espectro de usos visualizados e projetados para este complexo. No entanto, foram identificados certos projetos que apresentam componentes que são para ali previstos. Estes projetos, ainda que não possam ser considerados completamente comparáveis, oferecem grandes lições de aprendizado para o desenvolvimento proposto (SÓCIOAMBIENTAL; E.LABORE , 2004, p. 04).
Os três principais parques tecnológicos selecionados para o desenvolvimento do
processo de benchmarking do Sapiens Parque foram: Research Triangle Park, Centennial
Campus e Digital Media City.
4.3.1.1 Research Triangle Park (RTP)8
Localizado na Carolina do Norte, Estados Unidos e fundado no ano de 1959, o
Research Triangle Park é considerado o maior parque tecnológico e de pesquisa do país. Este
parque consiste num cluster de empresas de alta tecnologia em áreas como a tecnologia da
informação, serviços da comunicação e softwares, setor farmacêutico, químico e de
tecnologia para a medicina.
No ano de 2003 apresentava uma área construída de quase 1,6 milhão de metros
quadrados, onde mais de 80% do parque já se encontrava desenvolvido.
Além das áreas de pesquisa e tecnologia e dos laboratórios existentes no parque
tecnológico, pode-se observar outras estruturas, como um hotel de 197 apartamentos, dois
bancos e um restaurante.
4.3.1.2 Centennial Campus (CC)9
Um dos principais conceitos do Centennial Campus consiste no lema “viver, trabalhar
e divertir-se”. Uni áreas em uma única concepção urbana, dentre as quais destacam-se, o
emprego, a educação, residência, varejo, entretenimento e recreação.
Fundado no ano de 1988, o Centennial Campus conta com uma área total de
aproximadamente 540 hectares e uma população de funcionários de 1.700 colaboradores.
8 SÓCIOAMBIENTAL; E.LABORE , 2004, p. 04-06. 9 Ibid., p. 04-06.
66
Localiza-se cerca de 20 Km. ao sudeste do Research Triangle Park, também na
Carolina do Norte apresentando edifícios, componentes residenciais e há projetos para o
desenvolvimento de um hotel com cerca de 254 unidades habitacionais, de um centro de
convenções e um campo de golfe.
4.3.1.3 Digital Media City (DMC)10
O governo metropolitano de Seul, Coréia, desenvolve um projeto urbano, onde o
Digital Media City se constitui como um complexo empresarial deste. Localiza-se a sete
quilômetros de Seul e conta com uma área total de aproximadamente 660 hectares.
Os principais campos exercidos na extensão desta área incluem um complexo
empresarial (o próprio DMC), um parque público de lazer e recreação (Millenium Park), um
complexo residencial, um museu de ciência, um estádio de futebol e um complexo de varejo
(business town).
Digital Media City será o componente âncora do Millenium City e atrairá emrpesas da industria de mídia digital. O objetivo principal visa transformar o DMC em um hub regional no nordeste da Ásia, focado nas áreas de alta tecnologia e informática. [...]. O Master Plan do DMC considera a divisão estratégica do site para acomodar diversos usos (SÓCIOAMBIENTAL; E.LABORE, 2004, p. 06).
Tendo em vista as grandes similaridades entre o Digital Media City e o próprio
Sapiens Parque, pode-se notar que este empreendimento é o que mais se aproxima dos
interesses do parque de inovação. Porém, uma das principais evidências que fazem com que o
Sapiens Parque se distancie do Digital Media City é sua ausência de características
residenciais.
Contudo, após um breve relato dos principais empreendimentos que serviram de
embasamento para o desenvolvimento do processo de benchmarking do Sapiens Parque,
verifica-se como o tema proposto se insere na atualidade como fonte marcante da inovação.
Todos os aspectos relevantes que se pretende implantar com a efetiva consolidação do
Sapiens Parque, conforme anteriormente mencionado, não constituem nenhuma semelhança
com os parques detalhadamente pesquisados e analisados. Isto evidencia como uma iniciativa
originalmente moderna, onde vários segmentos da economia apresentam-se inseridos no
10 SÓCIOAMBIENTAL; E.LABORE , 2004, p. 06.
67
método de inovações estruturais, poderá auxiliar a tornar vários segmentos econômicos e
sociais mais atraentes, produtivos e interessantes.
Inserido neste aspecto, encontra-se a atividade turística, onde inúmeros serviços são
ofertados, muitas vezes de maneira principiante e errônea. A presença da saturação das
atividades relacionadas ao turismo reflete a extrema importância de objetos a serem criados,
aperfeiçoados e promovidos de maneira sustentavelmente correta e eficaz.
Um parque de inovação, no caso do Sapiens Parque, apresenta um conceito de
atrativos turísticos interessantes e instigadores. Há um enfoque considerável no chamado
Turismo do Conhecimento, onde pessoas evidenciarão na experiência e na aquisição de
conhecimentos e aprendizados novas perspectivas para o turismo.
Tal enfoque também se apresenta de uma maneira inovadora e pouco debatida, mas
que possui uma essência encontrada em localidades que prezam o conhecimento, a cultura, a
história e as novas experiências. Assim, torna-se necessária uma abordagem dos principais
lugares que apresentam tais características para que o Turismo do Conhecimento possa ser
melhor compreendido dentro da esfera turística atual e futura.
4.3.2 Conhecimento como fator turístico
No momento em que se faz necessário um estudo mais aprimorado dos países que
utilizam o fator “conhecimento” como grande contribuinte na atratividade turística, cita-se a
falta de uso do termo Turismo do Conhecimento, apesar deste se enquadrar em áreas já
debatidas do turismo, que será visto e analisado posteriormente, e, também, em localidades
que usufruem há muitos anos dos embasamentos oferecidos pelo conhecimento.
Estando o mundo presente na chamada “Era do Conhecimento”, onde conceitos como
globalização, tecnologia, ciência e inovação se evidenciam em todos e quaisquer assuntos,
torna-se necessário um efetivo posicionamento das questões inerentes ao Turismo do
Conhecimento.
Dentre tais questões, citam-se aspectos a serem abordados como a cultura, a história,
negócios profissionais, entre outros que se fazem necessários para um completo entendimento
das esferas constituintes do Turismo do Conhecimento.
Ao se conceber um propósito de se mencionar e analisar de maneira estritamente
turística as características das localidades adeptas ao conhecimento, cita-se com extremo
68
louvor as regiões européias. Países como a França, Portugal, Espanha e Itália se destacam em
dois dos contextos mais chamam a atenção quando o assunto aborda turismo e conhecimento,
mesmo que tais conceitos sejam tratados de forma distinta, estes acabam por se unir ao se
analisar os resultados finais de todo o processo.
4.3.2.1 França11
A França se constitui no primeiro destino turístico quando se compara o número de
visitantes recebidos. Durante o ano de 2001, o país recebeu cerca de 10% do volume turístico
mundial, totalizando quase 76,5 milhões de turistas internacionais. O turismo se destaca no
contexto econômico francês, onde cerca de 7% do PIB (Produto Interno Bruto) são
representativos do turismo em si. Ainda em relação à economia da França, pode-se perceber
que o turismo colabora significativamente na geração de empregos (2 milhões de empregos
diretos e indiretos em 2001), 215.000 empresas relacionadas à área turística e uma excelente
representatividade na balança de transações correntes da França com o exterior (2,4 bilhões de
euros no ano de 2001).
Pode-se perceber que, em virtude da excelente posição econômica que o turismo
ocupa na França, um grande apoio do governo é depositado para o desenvolvimento e
contínuo aprimoramento da atividade, através de políticas de turismo coerentes e eficazes.
Quando se analisa a importância que se desloca para o turismo, pode-se notar que uma
das principais preocupações francesas neste sentido se refere à formação profissional das
pessoas que trabalham na área. Isto se evidencia nos 900 estabelecimentos de formação para
pessoas envolvidas na atividade turística e hoteleira.
Os principais atrativos turísticos franceses se convergem a um ponto em comum: o
conhecimento. A grande maioria das pessoas que visitam o país vai em busca da arte, da
história, da cultura e da gastronomia da França.
Um dos principais atrativos turísticos na França se constitui nos museus. As pessoas
buscam conhecer o país e seus museus, a fim de saber as histórias das exposições e adquirir
uma bagagem cultural incomparável. Pode-se perceber que o grande enfoque neste contexto é
o conhecimento. Além de toda a riqueza cultural ao se visitar museus, exposições e obras de
arte, a ânsia dos visitantes em conhecer a narrativa histórica dos objetos e lugares que estão
11 Retirado da publicação “O turismo na França”, através do site da Embaixada da França no Brasil, disponível em: <http://www.ambafrance.org.br>. Acesso em: 22 set. 2006.
69
visitando acaba se tornando o grande motivo das viagens à França. Os principais museus do
país são: Museu do Louvre, Musée d’Orsay, Musée Giverny (Monet), Musée Rodin, Muséé
de Valence, entre inúmeros outros.
A região de Saint Etienne apresenta um notável exemplo de atrativo turístico, histórico
e cultural que recebe um alto número de visitantes anuais. O Musée de la Mine recebe cerca
de 30 mil pessoas por ano que buscam conhecer a história da extração do carvão, onde se
reconstitui de maneira fiel o duro trabalho dos mineiros antigos, bem como há demonstração
de ferramentas e máquinas usadas na época.
Pode-se citar ainda a questão da culinária francesa, que também se destaca no mercado
internacional, fazendo-se menção aos vinhos e a gastronomia do país. Os franceses souberam
aliar sua cultura ao turismo, fazendo com que as comidas típicas, bem como os famosos
vinhos e champanhes franceses se tornassem motivos de visitas à região. Podem-se citar
regiões como a Alsácia e Champagne que, entre outras, realizam um roteiro turístico
cuidadoso e atraente. Como atrativos turísticos há o circuito e estadias organizadas no
vinhedo, as festas e os festivais relacionados ao vinho (a festa da colheita da uva em Barr, por
exemplo), grandes museus do vinho (Musée du Vignoble et dês Vins d’Alsace, Ecosmuseus
de Argmac, entre outros), Rotas dos Vinhos, feiras, salões, leilões, trilhas e caminhadas
vinícolas, estágios de enologia, entre outras tantas opções relacionadas ao vinho de maneira
turisticamente fascinante. Os visitantes aprendem o processo de fabricação da bebida, bem
como realizam a degustação e finalizam a viagem com um grau de aprendizado bastante
elevado de um assunto que pouco conheciam.
Um outro fator que se tornou completamente inovador e que fez reforçar-se a vocação
e a inteligência turística da França diz respeito à moda. Roupas de alta costura, bem como os
perfumes e cosméticos franceses fazem do país um ícone neste aspecto. Muitas pessoas
buscam a França ansiosas por conhecerem as lojas renomadas internacionalmente e marcas
excessivamente famosas no mundo da moda, como Dior e Channel, e colocar em prática um
outro tipo de turismo: o turismo de compras.
A França foi uma das grandes personagens em vários dos conflitos históricos
encontrados no mundo. Pode-se citar a Guerra dos Cem Anos, Guerra dos 30 anos, Revolução
Francesa, Batalha de Waterloo, entre outros. Tal fato evidencia o contexto histórico no qual o
país se situa e que até os dias atuais sabe explorar o referente aspecto. Além de se tornarem
locais para a visitação pública, muitos dos cenários guerrilheiros da França se transformaram
em hotéis, como os castelos medievais, por exemplo. Novamente, pode-se perceber a inserção
70
do termo conhecimento e cultura, onde os turistas buscam algo diferenciado e com alto teor
histórico para realizar o ato de se hospedar.
A questão do turismo religioso também é destaque na França. Cerca de 10 mil locais
religiosos estão classificados como monumentos históricos protegidos e apresentam-se
abertos às visitações. Há uma estimativa que aproximadamente 12 milhões de pessoas visitam
a Catedral de Notre-Dame em Paris.
Nota-se, evidentemente, que tais localidades religiosas constituem-se mais que o
simples papel de local sagrado. Atualmente se transformaram num excelente local para a
prática do turismo religioso por pessoas que oferecem demasiada importância a localidades
que apresentam valores religiosos e belas igrejas, redutos e catedrais. Na França tem-se
observado um maior incremento das atividades próprias de locais religiosos, como por
exemplo: retiros, alojamentos, museus e exposições, festival de músicas sacras, entre outros.
A região de Lourdes se constitui nos dias atuais como a grande receptora de
peregrinos do mundo inteiro. Tal fato deve-se à historia sagrada de que a Virgem Maria teria
realizado aparições para Bernadette Soubirous, no século XIX, na Gruta de Massabielle.
Pessoas vindas de varias regiões do globo buscam curas e realizam preces em busca de
graças.
Algumas cidades consideradas religiosas e receptoras de peregrinos na França criaram
uma associação (Association Dês Villes Sanctuaires) cujo principal objetivo é melhorar o
acolhimento do visitante, proporcionando-lhe um bem-estar espiritual, aumentando seus
conhecimentos religiosos e turísticos dos santuários.
Desta forma, os turistas vão aos locais sagrados em busca de graças, para o pagamento
de promessas e, ainda, curiosos por conhecer as histórias das catedrais, igrejas, pessoas ditas
santas, entre outros. Pode-se perceber também neste contexto a presença do fator
“conhecimento” inserido no turismo religioso e que a França ilustra de maneira
extraordinária.
Cita-se, também, a questão da arquitetura francesa, onde turistas vindos do mundo
inteiro viajam para conhecer elementos arquitetônicos famosos, como a tão conhecida Torre
Eiffel.
Finalmente, percebe-se na França um excelente reduto de atributos do conhecimento
que se encaixam perfeitamente no turismo do país. Isto evidencia a importância de atrativos
históricos, culturais, educacionais, entre outros, que formam a base do Turismo do
71
Conhecimento e que fazem com que o turista interaja com uma maior proximidade de tais
atrativos locais. Pessoas que buscam agregar valor cultural e conhecimentos provavelmente
são mais sócio/ambientalmente responsáveis, o que contribuirá significativamente para o
desenvolvimento da atividade turística regional. A França se constitui como um país de
elevado custo de vida e onde o turista tem altos gastos econômicos, mas mesmo assim se
destaca como a primeira do ranking dos países mais visitados no mundo. Ressalta-se que o
principal atrativo da França resume-se em museus, arte, exposições e cultura, ou seja,
equipamentos do conhecimento. Assim, evidencia-se a extrema prosperidade de tal tipologia
turística.
4.3.2.2 Espanha12
A Espanha se constitui em outra excelente referência no que diz respeito a localidades
que primam o conhecimento através de suas atratividades turísticas. O turismo espanhol
representa notáveis 10 % do PIB (Produto Interno Bruto) do país, fator este comprovante da
seriedade pela qual a atividade é tratada na localidade. Apesar de seu incrível patrimônio
histórico/cultural, a Espanha também conta com atrativos naturais e paisagísticos, onde estes
dividem o espaço sem que haja deturpação em nenhum destes.
Quando se trata de história e cultura, a Espanha chama a atenção para aspectos
característicos como o flamenco, a música, a pintura, a literatura, o cinema, os esportes, as
festas, entre tantos outros.
A Espanha apresenta-se muito bem localizada no contexto turístico. Há destaque para
a culinária, onde pratos internacionalmente conhecidos como a paella, por exemplo, fazem
com que os turistas busquem conhecer a gastronomia típica do país. Pratos típicos, com
temperos e especiarias características da região, fazem com que as pessoas que visitem a
Espanha estabeleçam uma inter-relação das percepções gastronômicas com as peculiaridades
culturais.
Também se destacam os museus do país, onde cita-se o Museu do Prado, com obras
de artistas renomados tais como Velázquez e Goya, localizado em Madrid. Esta cidade
também apresenta como atração turística a Plaza Maior, onde pode-se admirar uma paisagem
12 Pesquisa realizada no Sprachcaffe, disponível em: <http://www.sprachcaffe-spanien.com>. Acesso em: 22 set. 2006.
72
que já foi cenário de sacrifícios cristãos e corridas de cavaleiros em outros séculos, os
Palácios de Cristal e de Velázques e os Parques do Recanto e do Retiro.
Um dos aspectos que se destaca no cenário turístico espanhol é sua perfeita ligação
entre paisagismo e história. Acerca dos museus e demais lugares relacionados à arte, cultura e
história, pode-se perceber localidades cheias de natureza, como os Jardins Botânicos e os
próprios parques para visitação.
Dentro no contexto cultural, muitos são os nomes que se destacam na história da
Espanha e que são motivos de visita ao país. Pode-se citar como principais artistas espanhóis
Goya, Velázques, Picasso, Dali e o grande destaque da literatura espanhola: Don Quixote de
la Mancha. Também se destaca o artista Antônio Gaudí bastante reconhecido na arquitetura
espanhola, principalmente em Barcelona.
A questão da arquitetura e das igrejas do país também se evidencia no cenário do
Turismo do Conhecimento. Famosas igrejas da Espanha se tornaram excelentes atrativos
turísticos, onde pessoas do mundo inteiro buscam, além de toda a vocação religiosa
característica, um maior aprofundamento das histórias de construção e dos santos destas. Cita-
se a Igreja da Sagrada Família e a Igreja de Barcelona, onde se percebe uma incontestável
presença da história espanhola, onde os visitantes podem contemplar diversos claustros da
época da inquisição.
Um dos mais famosos caminhos de peregrinação e que atrai turistas do mundo todo é
o Caminho de Santiago de Compostela. Esta se defini como uma rota de peregrinação onde se
estende por toda a Península Ibérica até a cidade de Santiago de Compostela, localizada no
extremo oeste do país. Este caminho, acredita-se, leva ao suposto túmulo do apóstolo Tiago,
mas que não atrai somente pessoas ligadas ao Turismo Religioso, mas sim inúmeros
aventureiros que anseiam por descobrir todo o mistério que ronda a história do local. Desta
forma, torna-se fácil perceber a inserção do termo “conhecimento” tendo em vista a
curiosidade das pessoas que chegam a visitar o local em descobrir mais sobre a história do
apóstolo, em admirar as centenas de construções civis, militares e religiosas com seus mais
diversos estilos arquitetônicos (românico, gótico, barroco, plateresco e neoclássico), em
visitar locais sagrados e em observar todo o legado histórico do lugar. Uma outra afirmação
que se pode realizar a respeito da ligação entre o Caminho de Santiago de Compostela e o
fator do conhecimento em si diz respeito em este ter sido, no ano de 1993, declarado como
Patrimônio da Humanidade através de decreto da UNESCO (Organização das Nações Unidas
para a Educação, a Ciência e a Cultura).
73
Na região de Valência a cerâmica se transforma na marca registrada da cidade, onde
também há um museu destinado a tal arte. Esta cidade em muito se destaca em virtude de sua
localização à beira-mar, onde as paisagens naturais convivem harmoniosamente com os
legados artísticos e culturais. Cita-se o Museu de Bellas Artes onde há obras de artistas como
El Greco, Goya e Velázquez.
Um outro componente do conjunto de atratividade turística da Espanha faz menção
aos esportes. E inserida neste cenário encontram-se as famosas e polêmicas touradas
espanholas. Sendo uma das principais representantes da cultura do país, as touradas se
constituem em verdadeiros alvos para ambientalistas e associações protetoras dos animais.
Mas, desconsiderando a questão de maus tratos dos animais, as touradas recebem um
considerável número de turistas oriundos dos mais diversos locais do mundo ansiosos por
conhecerem um dos mais autênticos componentes culturais da história da Espanha. Um fator
que torna impressionante a capacidade dos espanhóis em aliar o turismo a suas mais
diversificadas vocações turísticas pode ser exemplificado através do Museu de Touradas,
onde o esporte mais conhecido da Espanha se alia ao hábito cultural dos museus espanhóis.
Ainda dentro do âmbito de esportes da Espanha, pode-se mencionar a localidade de Sierra
Nevada, onde ocorrem a já famosa estação de esportes de inverno espanhol.
No quesito ambientalismo, a Espanha apresenta ilhas e praias que são inevitavelmente
famosas em âmbito internacional. Pode-se citar Ibiza, Palma de Mallorca e Minorca como
grandes atrativos de esplêndidas belezas naturais, também atraindo pessoas em busca do
chamado turismo de lazer.
O governo espanhol dedica boa parte de seus investimentos no setor turístico, onde
evidencia-se sua enorme participação econômica. Tal fato deve-se à Espanha apresentar
inúmeros tipos de opções de atrativos turísticos, onde pode-se aproveitar desde riquíssimos
patrimônios históricos e culturais até as belezas naturais da região. Desta forma, nota-se como
o turismo do conhecimento se sobressai na localidade, ainda que de forma pouco reconhecida.
Os turistas buscam a Espanha para visitar seus museus, conhecer sua cultura e apreciar sua
gastronomia, levando para seus pontos de partida um conhecimento inigualável e uma
experiência surpreendente.
74
4.3.2.3 Portugal13
A atividade turística em Portugal representa cerca de 7% a 8% do PIB (Produto
Interno Bruto) do país e absorve 10% dos empregos percebidos nas regiões. É notável a
importância do turismo para a economia portuguesa, bem como sua excelente posição no
ranking dos destinos mais procurados no mundo. No ano de 2004, Portugal ocupou a 19ª
posição entre os paises mais procurados e obteve o 21º lugar entre aqueles que geraram
maiores índices de receitas através do turismo, com cerca de 6,3 milhões de euros. Os
principais atrativos que se podem perceber em Portugal resumem-se em: sua costa marítima
(com cerca de 1.792 Km.), sua paisagem natural, a cultura, os monumentos e locais históricos,
o ambiente de intensa hospitalidade, a infra-estrutura para a prática de esportes náuticos e o
golfe e o alto nível da hotelaria, que acabam atraindo pessoas do mundo inteiro.
Portugal apresenta variedades no que diz respeito a tipos de turismo e suas
potencialidades. Um dos principais objetivos do país é o desenvolvimento de uma espécie de
cluster turismo-lazer como um setor estratégico prioritário para Portugal. Inserido neste novo
projeto de cluster, pretende-se atingir múltiplas dimensões do setor turístico, como por
exemplo, o potencial para o aumento de receitas externas, o combate ao desemprego, a
valorização do patrimônio natural e cultural e uma melhora na qualidade de vida dos
portugueses em geral.
O futuro do setor passa por uma perspectiva de sustentabilidade ambiental, econômica e social, no quadro de um novo modelo de desenvolvimento do turismo que privilegie a qualidade, seja em termos de ambiente do destino turístico, seja no que refere aos empreendimentos e serviços turísticos (ICEP – Instituto das Empresas para os Mercados Externos, junho de 2006).
No que diz respeito à prática da atividade turística, Portugal exala inúmeras opções.
Relacionado à cultura portuguesa, pode-se perceber a presença de aldeias históricas, onde os
visitantes podem observar a utilização de granito e xisto na construção de castelos e templos
medievais. Nestes locais habitam as várias histórias de conquistas e batalhas presenciadas por
Portugal e onde hoje apresentam conotação turística. Alguns dos castelos que se
transformaram em atrações turísticas e que encantam os visitantes que buscam novos
conhecimentos a respeito da história e da cultura de um povo tão interessante quanto os
portugueses são: Linhares da Beira, Castelo Rodrigo (local de passagem para os peregrinos
que buscam Santiago de Compostella, na Espanha) e Sortelha.
13 Pesquisa realizada no Manual do Turista, disponível em: <http://www.manualdoturista.com.br>. Acesso em: 24 set. 2006.
75
Além de abrigar histórias de outros tempos e de demonstrar a cultura do povo
português, os castelos e as aldeias históricas oferecem, atualmente, inovações a respeito do
turismo enquanto atividade. Um excelente exemplo disto consiste no desejo de turistas em
realizar jantares românticos em castelos como os citados, de modo a poder vivenciar, além da
rica história de Portugal, momentos da corte de antigamente. Há, ainda a Rota dos Vinte
Castelos, onde os turistas além de apreciar paisagens exuberantes, aliam história e cultura,
obtendo maiores conhecimentos e realizando princípios do Turismo do Conhecimento.
Um outro aspecto que cerca o contexto turístico de Portugal consiste na abordagem
religiosa que o país denota às suas atividades, inclusive à turística. Muitos mosteiros e
conventos se transformaram em atrações turísticas, onde o visitante além de todas as
atividades religiosas que busca na região, pode admirar aspectos como arquitetura, natureza,
história e cultura. Pode-se citar como atrações turísticas religiosas o Mosteiro de Alcobaça
(onde há predominância do estilo arquitetônico gótico), o Palácio e Convento de Mafra, o
Mosteiro de Tibães, a Igreja de São Francisco de Assis (com notável apelo para o barroco), o
Santuário do Bom Jesus, o Santuário de Fátima, entre outros. Relacionando-se a religiosidade
ao turismo, chama-se a atenção para a Rota dos Frescos, onde os visitantes realizam uma rota
diferenciada pela história e pelo patrimônio religioso de regiões como Portel, Vidigueira,
Alvito e Viana do Alantejo.
Em toda a região de Portugal podem-se encontrar museus que são bastante procurados
por visitantes de todas as localidades do globo. Citam-se como exemplo: Museu da Imagem,
Museu Pio XII, Museu de Arte Contemporânea, Museu Rural de Salselas, Museu de Vila do
Conde, Museu Judaico de Belmonte, entre inúmeros outros.
A gastronomia de Portugal também reflete a cultura e a história do país. O bacalhau e
os pratos preparados com o peixe, o azeite, as azeitonas, o pão, a carne de porco e o pastel de
Belém são conhecidos mundialmente. Os vinhos portugueses, em especial o vinho do porto,
são referências para os vinhos dos mais diversos locais do mundo. Há também uma conotação
turística para a questão dos vinhos, onde os visitantes podem observar a maneira como são
feitos e realizar o processo da degustação.
A natureza portuguesa é predominante, havendo praias para a prática do surf e de
outros esportes náuticos. Podem-se mencionar as regiões de Cascais, Ericeira ou Baleal que
são muito procuradas em virtude da natureza exuberante e das boas condições do litoral para a
realização dos esportes náuticos.
76
Portugal é outro exemplo de conhecimento como motivador turístico. Ansiosos por
conhecer a cultura, os castelos, a história e a gastronomia de Portugal, os turistas buscam
novos conhecimentos de maneira a tornar o turismo uma das principais atividades do país.
4.3.2.4 Itália14
A Itália é um dos grandes berços culturais e históricos de toda a humanidade.
Constitui-se no terceiro país mais visitado por estrangeiros, ficando atrás somente de França e
Espanha, evidenciando, desta forma, sua incrível potencialidade turística. No ano de 2003, o
turismo contribuiu com cerca de 6% do PIB (Produto Interno Bruto) para a Itália, onde nota-
se o crescimento contínuo da atividade que se mostra em território italiano como bastante
desenvolvida e adepta à fatores intelectuais e de conhecimento.
Parte da economia italiana se baseia no turismo, onde cidades como Roma, Milão,
Florença e Verona se sobressaem significativamente. Roma é conhecida internacionalmente
como a “cidade eterna” e apresenta-se como um dos maiores centros culturais do mundo.
Conta com excelentes restaurantes, elegantes lojas e cerca de 300 fontes iluminadas que
chamam a atenção dos vários turistas que visitam a localidade. Dentre os vários aspectos
turísticos que compõem Roma e todo o restante da Itália, há um notório destaque para as
questões referentes à religião. Observando o Vaticano, que se constitui na capital da Igreja
Católica e residência do Papa, a Itália acaba por atrair turistas oriundos de todos e quaisquer
lugares do globo terrestre que buscam, em suma, um maior contato religioso, além de
conhecer o lugar onde a maior autoridade católica reside. Além disto, é no vaticano que se
encontra um dos maiores museus que contém um renomado acervo de arte consideravelmente
importante em todo o mundo.
Desta forma, nota-se a inserção de termos relacionados ao conhecimento, onde além
dos aspectos religiosos procurados pelos turistas, há também as questões artísticas e culturais
trabalhando em conjunto com o já conhecido Turismo Religioso.
Ainda inserido no aspecto da religiosidade na Itália, cita-se a Basílica de São Pedro e a
Capela Sistina que apresenta pinturas de Michelangelo no seu interior. Pode-se mencionar
também uma das maiores igrejas góticas do mundo, intitulada “Duomo”, localizada em Milão.
É também em Milão que se encontra a Santa Maria della Grazie, um importante convento
14 Pesquisa realizada no Manual do Turista, disponível em: <http://www.manualdoturista.com.br>. Acesso em: 24 set. 2006.
77
renascentista que abriga a obra “A última ceia”, de Leonardo da Vinci. Em Florença encontra-
se a Santa Croce que se constitui em uma importante igreja gótica que abriga túmulos e
monumentos de florentinos famosos, como Michelangelo, Galileu e Maquiavel.
As questões religiosas acabam se fundindo aos aspectos culturais, históricos e
artísticos, incrementando o turismo na Itália e fazendo com que os visitantes, além de
realizarem o turismo propriamente dito, adquiriam novas experiências e novos
conhecimentos.
A arte, a cultura e a história se posicionam estrategicamente no contexto turístico da
Itália. Anfiteatros, museus, praças e fontes são alguns exemplos que ilustram os atrativos
turísticos italianos. Como anfiteatros citam-se o Coliseu que atrai um grande número de
turistas durante todos os períodos do ano e o Anfiteatro Arena que se posiciona como o
terceiro maior do mundo. O teatro Alla Scalase constitui em uma casa de ópera de grande
prestigio internacional, onde os visitantes apreciam espetáculos de boa música.
A cidade de Florença reflete um dos exemplos de herança artística/cultural para a
humanidade. Grandes escritores como Dante e Maquiavel, e renomados artistas, como
Botticelli, Michelangelo e Donatelo transformaram a localidade de Florença em uma das
principais capitais artísticas do mundo.
A questão das renomadas grifes de alta costura italiana também atraem um
considerável número de visitantes que buscam conhecer e visitar lojas como Valentino,
Gianni Versace, Giorgio Armani, Gucci e Salvatore Ferragamo. Todas estas grifes se
concentram em um local denominado “Quadrilátero” que acabou se tornando um atrativo
turístico onde se realiza, entre outros, o turismo de compras, aumentando de maneira
surpreendente, as receitas geradas pelo turismo na região.
Os museus italianos refletem arte, história, cultura e conhecimento. Atraem milhares
de turistas que buscam conhecer as obras de artistas famosos, como Leonardo da Vinci, e
museus como o Uffizi que se qpresenta como o maior museu da Itália e o Castelvecchio, onde
há uma das mais belas galerias de arte de Vêneto.
Percebe-se na Itália um importante berço cultural, histórico e artístico onde o turismo
se constitui em um fundamental fator econômico. Pessoas viajam de todos os lugares do
mundo em busca de arte e cultura italiana, através de suas famosas figuras e personalidades. A
religião, a fé, a arte e a história tornam-se importantes fatores componentes do Turismo do
Conhecimento e que a Itália ilustra magnificamente.
78
4.3.3 Relação entre turismo do conhecimento e demais segmentações turísticas
Embora a terminologia “Turismo do Conhecimento” seja pouco utilizada ainda nos
dias atuais, pode-se perceber que este acaba por englobar certas características que se aplicam
a outras formas de práticas turísticas mais conhecidas e debatidas.
Dentre os tipos de turismo que o turismo do conhecimento se enquadra pode-se citar:
Cultural; Histórico; Gastronômico; Religioso; de Experiência; Pedagógico/educacional;
Ecológico; Eventos/negócios; Científico; etc. As principais formas de turismo que acabam por
se enquadrar nas idéias centrais do chamado Turismo do Conhecimento serão posteriormente
abordadas e analisadas, onde será possível perceber esta referida relação.
Duas importantes vertentes do turismo do conhecimento consistem na interação com o
meio e no conhecimento propriamente dito. Portanto, as formas de turismo acima citadas
remetem, em algum momento de suas práticas, a uma destas vertentes relacionadas e fazem
com que o turista acabe adquirindo aprendizados e novas experiências.
Recentemente, se observa tendências relacionadas a aquisição de novos
conhecimentos por parte dos turistas, que vêm se mostrando mais exigentes e seletivos.
Com questões como sustentabilidade e meio ambiente tão em voga nos dias atuais,
bem como a presença de uma maior preocupação com a comunidade receptora e a identidade
cultural da região, o Turismo do Conhecimento se mostra presente nesta realidade,
evidenciando, além de suas características conceituais, um maior e mais presente cuidado com
as questões que refletem problemáticas sócio-ambientais. Além disto, o Turismo do
Conhecimento acaba se tornando melhor qualificado, fazendo com que a prática da atividade
turística reflita todos os benefícios econômicos apresentados mas não exclua a importância do
entorno ambiental e social que afeta.
• Turismo do conhecimento e turismo cultural:
Uma das principais motivações que levam os turistas a buscarem localidades e regiões
para a prática do turismo, consiste, inquestionavelmente, na inovação e na surpresa.
Costumes, crenças, manifestações artísticas, hábitos e todas as formas de cultura
podem se transformar de maneira eficiente em atratividade turística de qualidade.
79
O turismo cultural consiste em todas as atividades ligadas ao contato de indivíduos
com os diversos ramos da cultura, como a área artística, formação, informação e atrativos que
visam, normalmente, uma espécie de satisfação educativa (KUAZAQUI, 2000, p. 56).
Uma das questões mais interessantes da cultura de determinada região é seu caráter
aparentemente vitalício, quando bem estruturada, mantida e preservada. Quando as crenças e
costumes são fortemente consolidados, a cultura local se faz presente constantemente,
podendo se transformar em patrimônio da comunidade, do país e, em alguns casos, até da
humanidade. Quando isto ocorre, há uma maior procura de pessoas vindas de outros lugares,
que buscam conhecer a região e sua cultura, realizando, portanto, o chamado turismo cultural.
Um outro aspecto que deve-se mencionar é a questão do fortalecimento da
comunidade com o desenvolvimento do turismo cultural, que acaba por oferecer um certo
orgulho para as pessoas que fazem parte desta realidade. Tendo seu brio elevado, a
comunidade acabará sentindo-se parte do atrativo turístico oferecido, melhor tratando o turista
e fazendo com que o desenvolvimento da atividade turística flua de maneira mais eficiente.
Inserido nesta esfera apresentada, o Turismo do Conhecimento pode se manifestar
inquestionavelmente no turismo cultural, uma vez que as pessoas viajam em busca da cultura
e legado artístico de uma determinada região e voltam para seus pontos de partida portando
novos conhecimentos e experiências e melhor compreendendo a cultura do local que
visitaram. Além disto, passarão as informações obtidas adiante, fazendo do turismo um
excelente aliado na dissipação do conhecimento, despertando nos ouvintes a vontade e a
curiosidade de visitar os locais que lhe estão sendo descritos.
O autor Mário Carlos Beni15 refere-se ao Turismo do Conhecimento como sendo parte
integrante da esfera do turismo cultural. Segundo o autor, o turismo cultural constitui na visão
macro enquanto que o Turismo do Conhecimento se torna uma de suas segmentações. Tal fato
deve-se, talvez, a denominação “Turismo do Conhecimento” ser relativamente nova e ter
surgido muitos anos após a terminologia “turismo cultural”. Porém, percebe-se que, apesar da
opinião do autor, o turismo cultural constitui-se em um exemplo do chamado turismo do
conhecimento, que abrange vertentes que vão além do conceito de turismo cultural. O turismo
cultural, assim como o Turismo do Conhecimento, apresenta como um dos seus principais
objetivos a aquisição de conhecimento, porém se limita ao fator cultural, enquanto que o
15 Informação coletada através de conversa informal durante o evento “O futuro do turismo de Santa Catarina entre 2007 e 2011”, em Florianópolis, no dia 25 set. 2006.
80
Turismo do Conhecimento engloba diversas outras diretrizes que, além do termo cultura,
reúne a história, a arte, a educação, os negócios, os esportes, entre outros.
Desta forma, o turismo cultural reflete-se no Turismo do Conhecimento, fazendo com
que as pessoas envolvidas no processo acabem por adquirir conhecimentos e experiências
novas, transformando a atividade turística em algo mais atrativo, prazeroso e inteligente.
• Turismo do conhecimento e turismo histórico:
Um dos principais fatores que levam as pessoas a realizarem o turismo consiste na
busca por atrativos que evidenciem algo de importante que aconteceu na linha do tempo. A
história é um excelente fator turístico, que engloba visitas a locais de interesse histórico e que
remete-se ao passado de maneira surpreendentemente interessante.
O turismo histórico envolve a visita de turistas a museus, monumentos, igrejas,
catedrais, entre outros (KUAZAQUI, 2000, p. 57). Engloba a história da região, os passos de
sua fundação e seus casos de sucesso ou fracasso em histórias de lutas e combates.
Ao se visitar museus, galerias de arte, inscrições rupestres ou qualquer outro atrativo
turístico que reflete a história de um povo, os visitantes se mostram interessados em aprender
algo novo, ou mesmo desejam descobrir como aconteceu determinado episódio. Desta forma,
adquirem novos conhecimentos, e, muitas vezes, vivenciam situações que os fazem voltar no
tempo, imaginando como as ocasiões realmente foram vivenciadas.
Realizando o turismo histórico, os turistas adquirem novos aprendizados, e fazem com
que haja uma perfeita aliança entre história, turismo e conhecimento. Fatos que aconteceram
durante a linha do tempo de determinada região se tornam atrativos turísticos de qualidade
quando bem desenvolvidos e administrados. Assim, tem-se um importante aliado no fomento
de um turismo de bons atributos, que realiza um excelente papel de propagação do
conhecimento e faz com que o turismo se torne algo interessante e inteligente.
As pessoas vão em busca de visitar lugares que foram palco de importantes decisões
históricas e querem conhecer a história das cidades e regiões, evidenciando desta forma o
Turismo do Conhecimento.
Quando se anseia em descobrir como os fatos aconteceram, bem como apreciar locais
que possuem alguma ligação com a história, se terá melhores oportunidades em se conquistar
81
novos conhecimentos e será possível aliar história e turismo, fazendo com que o Turismo do
Conhecimento também se mostre presente no turismo histórico.
• Turismo do conhecimento e turismo gastronômico:
A gastronomia típica regional se mostra, atualmente, em uma excelente opção de
atrativo turístico. Os temperos, as especiarias, os condimentos e o modo de preparo dos
alimentos são característicos de cada povo e tornam-se importantes marcas regionais.
A culinária característica de cada região reflete, em vários casos, a cultura do povo
colonizador de determinada localidade. Desta forma, o turista busca visitar cidades de
colonização de povos estrangeiros para apreciar um pouco da cultura, da história e, inclusive,
da gastronomia.
Pode-se perceber que, quando o turista não viaja com o intuito de conhecer a
gastronomia da região, ele acaba a conhecendo, ainda que de maneira indireta. A alimentação
é vital e um ato extremamente fundamental. Assim, acaba-se havendo uma certa
obrigatoriedade em se realizar refeições nos locais de destino turístico, sendo quase que uma
conseqüência a experimentação de pratos típicos locais. Tem-se, então, o chamado turismo
gastronômico que alia a arte da culinária com as peculiaridades e culturas que cada região
possui.
Quando se visita determinada cidade e se aprecia sua gastronomia, o turista passa a
conhecer um pouco mais da cultura, da história e dos hábitos da região. As frutas e verduras
características da localidade, os modos alimentares, as receitas caseiras e as bebidas típicas se
tornam objetos de curiosidade e frutos do conhecimento.
Além disso, os visitantes se mostram tão ansiosos por obter informações como receitas
e outras curiosidades que acabam por estabelecer uma interessante relação de aproximação
com os membros das comunidades receptoras, havendo, portanto, uma repleta interação com
o meio. É neste aspecto que se insere o Turismo do Conhecimento, evidenciando a aquisição
de novos saberes, novas sensações e novas experiências no ramo da culinária e da
gastronomia.
O Turismo do Conhecimento se relaciona perfeitamente com o turismo gastronômico,
onde o conhecimento de hábitos alimentares, comidas típicas e modo de preparo dos
alimentos, juntamente com a aquisição de novas experiências e diferentes sensações ao se
82
provar os pratos típicos, bem como a necessária interação com o entorno percebido, refletem
em um resultado positivo de troca de conhecimentos e benefícios através do turismo enquanto
atividade.
• Turismo do conhecimento e turismo religioso:
A religião, desde os primórdios da civilização, se mostra como um grande fator
motivacional das viagens de pessoas por todo o mundo. Peregrinações e romarias fazem com
que as pessoas se desloquem dos mais variados lugares em busca de fé e graças.
O turismo religioso consiste no conjunto de atividades realizadas com utilização
parcial ou total de equipamentos e a realização de visitas a receptivos que expressam
sentimentos místicos ou suscitam a fé, a esperança e a caridade aos crentes e pessoas
vinculadas a religiões (ANDRADE apud GIRUS, 2006).
Desta forma, locais ditos sagrados, santuários, igrejas, catedrais e qualquer lugar que
acabe por se inserir no contexto religiosos se mostram também com características turísticas,
fazendo com que o turismo religioso se destaque frente a outras formas de turismo.
Locais aptos para o desenvolvimento do turismo religioso são munidos de histórias
sagradas que são motivos de curiosidade dos visitantes. Muitos turistas buscam, além de toda
a questão religiosa em si, conhecer o lugar onde aconteceu determinado milagre ou mesmo a
igreja de seu santo de devoção. Outras vezes, torna-se comum a prática do turismo religioso
para os fiéis que buscam ou que agradecem a graças concedidas.
Assim, o turismo religioso acaba se enquadrando no Turismo do Conhecimento, uma
vez que turistas religiosos buscam conhecer a histórias dos milagres, da vida de figuras
sagradas ou mesmo apreciam a arquitetura de igrejas e catedrais. Há, desta forma, a aquisição
de novos conhecimentos e de sensações peculiares à fé e à devoção.
O Turismo do Conhecimento vislumbra no turismo religioso aspectos relacionados
não só ao conhecimento em si, mas também a novas sensações e novas experiências, fazendo
com que se busque conhecer a história de locais sagrados, de pessoas relacionadas à religião,
de igrejas e catedrais. Os turistas voltam modificados com mais conhecimentos relacionados à
religião e experimentam novas sensações espirituais.
É aliando fatores como religião, turismo e conhecimentos que se terá uma atividade
turística melhor aproveitada, com pessoas que buscam sempre a renovação e o aprendizado,
83
tornando o turismo religioso um excelente forma de prática de Turismo do Conhecimento e
incrementando ainda mais a atividade.
• Turismo do conhecimento e turismo de experiência
Com o passar dos tempos, o turista veio se tornando um cliente exigente, seletivo e
ansioso por questões que lhe propiciem novas sensações e sensibilidades diferentes. A
qualidade se tornou o fator primordial na prática do turismo, estando em fase contínua de
crescimento e expansão. Uma das principais mudanças no cenário turístico se resume na
transação do turismo de observação para o turismo de experiência.
Domenico De Masi16, sociólogo italiano da Universidade La Sapienza, de Roma, e
presidente da Escola de Especialização em Ciências Organizativas a S3 Studium, defende a
questão da importância atual e futura do turismo de experiência.
Segundo De Masi, o turista que busca novas experiências se apresenta disposto a
permanecer mais dias que o turista convencional, apresenta expectativas exigentes e um bom
nível cultural e financeiro.
O turismo de experiência transmite um novo conceito de abordagem diferenciada e
onde a originalidade se constitui no principal fator. Buscar experimentar sensações e
vivências inusitadas e incomuns ao cotidiano das pessoas se constitui em uma das principais
vertentes do turismo de experiência. O ato de sentir se fundamentou no turismo como
prioridade ao invés de somente observar.
O Turismo do Conhecimento se contextualiza na esfera apresentada, evidenciando a
importância da experiência inovadora e criativa, fazendo com que os turistas retornem aos
seus locais de origem portando novas emoções e tendo realizado e participado de um turismo
de novidades e passando de mero espectador para participante efetivo de todo o processo.
• Turismo do conhecimento e turismo pedagógico/educacional
Recentemente, o turismo vem se estabelecendo como forma de auxiliar na
aprendizagem de assuntos e temas normalmente debatidos em salas de aula. Preocupa-se em
estabelecer processos pedagógicos através de experiências turísticas de qualidade, fazendo
16 Informações obtidas através de palestra realizada no evento “O futuro do turismo de Santa Catarina entre 2007 e 2011”, realizado em Florianópolis, durante os dias 25 e 26 set. 2006.
84
com que o conhecimento seja contextualizado, pertinente e real (PRIEBE; SILVA 2005, p.
07).
O ato de viajar é capaz de ensinar alunos de diversas faixas etárias a aprender de uma
maneira mais encantadora, fácil e divertida. Desperta nos indivíduos o sentimento da
descoberta e da curiosidade, além de demonstrar claramente na prática o que a teoria
ministrada em sala de aula explica.
O contato com o diferente, com o lúdico, com o novo e com o inusitado desperta nos
alunos um extraordinário interesse em se aprender mais e de forma contínua. Desta forma, o
turismo pedagógico incita nos acadêmicos o desejo de continuar aprendendo e continuar se
aprimorando.
O turismo educacional engloba os intercâmbios e as demais formas de práticas de
estudo, como graduação, pós graduação, mestrado, doutorado, entre outros. Apesar do
estudante se deslocar para outra região objetivando o estudo, este não é considerado turista
por muitos autores, passando a ser tratados como “residentes”.
O coordenador do curso de turismo da UFPR (Universidade Federal do Paraná), José
Manoel Gandara17, adverte a utilização do termo “residente” para as pessoas que viajam em
busca de estudos seja através de cursos ou de graduações.
As viagens culturais internacionais assumem dimensão maior com o aparecimento de associações especializadas no intercâmbio de estudantes de vários países, que se alojam em casas de família, adotando-as como segundo lar por um período variável de 6 meses a 1 ano. Observa-se que há autores que não consideram o intercâmbio familiar como componente do tráfego turístico (BENI, 2001, p. 426).
O intercâmbio também exala características do Turismo do Conhecimento, onde a
questão de experiências inusitadas, como o fato de estar longe do país de origem e ver-se
obrigado a se auto-sustentar, a aquisição de novos conhecimentos e a compreensões se fazem
presentes.
Além disso, a questão da interdisciplinaridade se evidencia tanto no turismo
pedagógico/educacional, como no Turismo do Conhecimento, elevando o nível de
conhecimento dos envolvidos por agregar diversas disciplinas de maneira integrada e
surpreendentemente eficiente.
17 Informações coletadas através de conversa informal durante o evento “O futuro do turismo em Santa Catarina entre 2007 e 2011”, em Florianópolis, no dia 25 set. 2006.
85
O turismo pedagógico/educacional evidencia-se claramente no contexto do Turismo
do Conhecimento, uma vez que o ato de aprender é seu principal objetivo. A aquisição de
experiências inovadoras, bem como a percepção da realidade de maneira empírica faz com
que o conhecimento se torne perene e contínuo e agrega valores a todos os envolvidos, seja a
instituição acadêmica, os alunos, o turismo e a comunidade receptora.
• Turismo do conhecimento e turismo ecológico:
O turismo ecológico vem se mostrando atualmente como uma das principais
atividades turísticas que apresentam grandes índices de crescimento. Segundo Beni (2001, p.
427) o turismo ecológico consiste numa:
Denominação dada ao deslocamento de pessoas para espaços naturais, com ou sem equipamentos receptivos, motivadas pelo desejo/necessidade de fruição da natureza, observação passiva da flora, fauna, da paisagem e dos aspectos cênicos do entorno – neste sentido pode ser também chamado de turismo da natureza, turismo verde [...].
Apresentando como um exemplo de seus principais objetivos a educação e a interação
da população, o turismo ecológico situa-se na esfera turística com atividades que apresentem
um contato direto e contínuo com a natureza e com o meio ambiente. Além disso, a
conscientização de preservação ambiental se faz necessária e presente nas pessoas adeptas ao
turismo ecológico, que mostram-se mais atentos e perceptivos às questões ambientais e
referentes à natureza.
Podem-se mencionar como atividades relacionadas ao turismo ecológico as
caminhadas ao ar livre, a observação da fauna e da flora, entre outros. Além disso, deve-se
haver um cuidadoso respeito às comunidades receptoras que deverão mostrar-se atentas e
presentes em todo o desenvolvimento da atividade.
Quando as pessoas viajam em busca de turismo ecológico, acabam adquirindo novas e
inesquecíveis experiências. Além disso, conquistam novos conhecimentos ao estabelecerem
um contato tão estreito e próximo com a natureza. Nesta esfera encontra-se o Turismo do
Conhecimento, que se apresenta presente no momento em que os turistas se interessam em
adquirir ou vivenciar conhecimentos. Há a divulgação de conhecimentos relacionados à
botânica, zoologia, à ética, ao se aprender como proceder em um habitat natural, ciência, entre
outros. As pessoas praticam o turismo ecológico também na forma de esportes radicais como
a tirolesa, o rapel e o rafting, por exemplo. Ainda assim, destaca-se o Turismo do
86
Conhecimento uma vez que algumas pessoas não sabiam como praticar determinado esporte e
acabam aprendendo, além, é claro, da nova experiência e das várias sensações percebidas.
O Turismo do Conhecimento encontra no turismo ecológico mais uma forma de
demonstração de suas características, onde há um inquestionável aprendizado e aquisição de
conhecimentos relacionados à natureza em si. Desta forma, as pessoas além de praticarem o
turismo ecológico, aprendem coisas novas e de utilidade pública, contribuindo para a
preservação do meio ambiente e se tornando uma atividade sensata.
• Turismo do conhecimento e turismo de eventos/negócios:
Uma das principais áreas turísticas que se mostram eficientes no combate à
sazonalidade se consiste no turismo de eventos/negócios. Este se define como sendo aquele
que há o deslocamento de pessoas envolvidas em negócios, como os executivos, por exemplo,
e que:
[...] afluem aos grandes centros empresariais e cosmopolitas a fim de efetuarem transações e atividades profissionais, comerciais e industriais, empregando seu tempo livre no consumo de recreação e entretenimento típicos desses grandes centros, incluindo-se também a freqüência a restaurantes com gastronomia típica e internacional (BENI, 2001, p. 423).
O turismo de negócios e de eventos faz gerar uma quantia considerável de renda e
empregos e movimenta de maneira apreciável a economia local. Além disso, com a receita
dos eventos, poder-se-á adquirir o capital necessário para a ampliação e melhoria da infra-
estrutura turística e urbana, ficando, desta forma, melhor preparado para a realização de
outros eventos e assim, se terá um ciclo benéfico da atividade.
Além disso, o turismo de eventos/negócios acaba por mesclar atividades profissionais
com atividades de lazer, onde o turista de negócios retorna à localidade com a família para
realizar o turismo de lazer.
O grande objetivo do turismo de eventos/negócios é a troca de informações entre
pessoas de áreas comuns de interesse. Desta forma, estas acabam por adquirir novos
conhecimentos, estabelecendo, portanto, uma estreita relação entre o turismo de negócios e o
Turismo do Conhecimento.
O turismo de eventos/negócios se caracteriza como sendo inteiramente voltado para a
área profissional de pessoas que apresentam interesses em comum, fazendo com que haja uma
87
partilha de informações e conhecimentos, ocasionando na agregação de novos valores, idéias
e conceitos e que acabam por auxiliar no aperfeiçoamento da área em questão e dos
profissionais envolvidos. Desta forma, o turismo de eventos/negócios insere-se na relação
com o Turismo do Conhecimento, possibilitando maiores informações e fazendo com que
haja a interação entre todos e quaisquer envolvidos.
• Turismo do conhecimento e turismo científico:
O turismo científico se define através do interesse ou da necessidade de realização de
estudos, pesquisas e investigação através de viagens a locais de potencialidade turística, onde
a ciência se constitui no principal fator de todo o contexto. Segundo Andrade (1999, p. 72-
73), o “autêntico turismo científico pode realizar-se tanto em locais e regiões desprovidas da
suficiente estrutura urbana como em regiões poupadas em sua natureza primitiva”.
Tendo como principal enfoque a aquisição de descobertas e conhecimentos, o turismo
científico estabelece-se perfeitamente como aliado no Turismo do Conhecimento,
transportando para os turistas o papel de pesquisadores e estudiosos ou vice-versa. A viagem
se concretiza com o intuito principal de aprendizagem, seja para um fim específico, seja por
mera curiosidade.
Busca-se a obtenção de conhecimentos através da visita em campo, coleta de dados e
aprendizagem de maneira empírica. Desta forma, o turismo científico agrega valores ao
pesquisador, à pesquisa em si e aos envolvidos para que haja uma eficaz evolução na área
pesquisada.
O Turismo do Conhecimento relaciona-se com o turismo científico, evidentemente, na
forma de aquisição de conhecimentos, na interação com o meio a ser estudado e na
objetividade em realizar pesquisas que primem a solução de problemas ou o surgimento de
benefícios para qualquer área e setor.
Além de viajar para um local onde o turismo científico será exercido, o turismo
agregará, incontestavelmente, conhecimentos novos ou mesmo se certificará de maneira
presente daquilo estudado na teoria.
Assim, o Turismo do Conhecimento se funde em pontos específicos ao turismo
científico, tornando-se um incrível aliado às áreas envolvidas, tais como o turismo, a ciência,
a pesquisa e o conhecimento.
88
4.3.4 O produto chamado turismo do conhecimento
Como forma de melhor compreender a formação do Turismo do Conhecimento
enquanto produto turístico, bem como visualizar suas conseqüências, ilustra-se a figura
explicativa a seguir, bem como sua posterior análise.
FIGURA 3 – TURISMO DO CONHECIMENTO
Fonte: Produzido pela autora, 2006.
89
O Turismo do Conhecimento se constitui, até o prezado momento, num elemento
inovador e criativo da estrutura turística encontrada. Está inserido no cenário turístico atual
como um produto diferenciado, apto a atender aos turistas mais exigentes e impertinentes e
que primam por elementos como qualidade, conforto, bem-estar, segurança e originalidade.
Para se resultar em um produto diferenciado como o Turismo do Conhecimento,
torna-se necessário um mix de aspectos que visam, em suma, o oferecimento de um produto
através da consciência sustentável, de conceitos referentes à modernidade e de detalhamentos
planejados a cada passo. Desta forma, ao se unir de uma maneira concisa e eficaz elementos
como o planejamento turístico, o desenvolvimento turístico sustentável e a inovação, através
de aspectos como a ciência e a tecnologia, por exemplo, se terá um produto diferenciado de
qualidade, neste caso o Turismo do Conhecimento, apto a fomentar a atividade turística de
maneira eficiente e pró-ativa.
Ao se visualizar o Turismo do Conhecimento como um produto inovador e
diferenciado no mercado turístico atual, pode-se perceber alguns itens que o fazem ser
interessante e que acabam por se tornar bases do termo em questão. Estes itens consistem em:
experiência, conhecimento e o ser humano.
O turismo do conhecimento se apresenta como amplo e fundamentado nos três itens
apresentados. A experiência consiste no oferecimento de novas emoções aos turistas, que
passarão de simples observadores a atores principais do contexto. O conhecimento se
evidencia de maneira surpreendente, onde será ofertado não apenas elementos visuais, mas
sim aspectos do intelecto, fazendo com que o turista retorne ao seu local de origem portando
novos saberes e se mostrando intelectualmente mais evoluídos que no momento da partida ao
destino turístico. O conhecimento, neste contexto, pode se manifestar através de dados
profissionais, científicos, culturais, ambientais, experimentais, entre outros. Ou seja, o turista
do conhecimento viajará não apenas para realizar o turismo convencional, mas sim para se
tornar um agente turístico, capaz de ensinar e aprender com o entorno visitado.
Vários são os exemplos de turistas com potencialidade para o turismo do
conhecimento. Pode-se citar os executivos que vão em busca de novos negócios, os estudantes
que procuram entender as teorias ministradas em aula, as pessoas que gostariam de conhecer a
gastronomia de determinada região ou mesmo qualquer individuo que retorne à sua cidade
com conhecimentos adquiridos e experiências vivenciadas.
Nota-se, em todo esse argumento, a essencial e fundamental importância concedida ao
ser humano. Este fato se constitui em mais uma das esferas do Turismo do Conhecimento,
que compreende a inevitabilidade da troca de experiências e conhecimentos entre indivíduos
90
que apresentam expectativas, desejos e necessidades a serem supridas. Apresentando-se na
posição mais elevada da pirâmide do turismo, o ser humano evidencia sua essencialidade,
acima, inclusive, dos lucros da área em questão. Afinal, sem a presença do turista, ou seja, do
ser humano, o turismo não teria a possibilidade de ocorrer como atualmente é possível
observar.
Finalmente, com a devida consolidação do Turismo do Conhecimento de maneira
sustentavelmente correta e economicamente viável, será nítida a atração de vários benefícios
que terão como objetivo o fomento da atividade turística e de todas as suas ramificações. O
turista adepto ao Turismo do Conhecimento se mostra sócio/cultural/ambientalmente mais
responsável, apresentando-se, portanto, como um turista melhor qualificado, compreendendo
a necessidade da preservação cultural e ambiental e não entrando em conflito com a
comunidade local, respeitando seu espaço.
As pessoas que se preocupam em adquirir novos conhecimentos e que se mostram,
portanto, potenciais turistas do conhecimento, normalmente compreendem a necessidade de
se deixar divisas na destinação e, na maioria das vezes, são dotados de um nível financeiro
mais elevado e que necessita ser utilizado para o lazer inteligente e inovador. Desta forma, o
Turismo do Conhecimento acabará por deixar divisas consideráveis nas destinações que o
executarem, contribuindo para o crescimento do turismo em si e aumentando
significativamente a economia da região.
Com o desenvolvimento de um novo produto turístico, tende-se a aumentar os
números de postos de trabalho, além de oferecer aos clientes maiores e melhores
oportunidades de práticas de turismo em todas as épocas do ano, auxiliando, portanto, no
combate à sazonalidade, que se constitui na principal problemática turística encontrada.
Pode-se perceber que, apesar de complexo, o Turismo do Conhecimento se constitui
em uma excelente alternativa de combate à sazonalidade e, além disso, busca consolidar o
turismo como uma atividade de qualidade, inovadora e inteligente.
4.3.5 Mapeamento dos recursos de Florianópolis que se encaixam na proposta do turismo do
conhecimento
Florianópolis se apresenta como cidade predominantemente turística. Sua posição
insular garantiu à cidade a presença de cerca de 100 praias, evidenciando, portanto, a
predominância do turismo de balneário na região.
91
Apesar do seu incrível potencial natural, a cidade de Florianópolis depara-se
anualmente com a questão da sazonalidade, que afeta a localidade durante os períodos de
baixa temporada, fazendo com que a atividade turística e as demais áreas que desta dependem
sejam consideravelmente afetados de uma maneira negativa.
A Ilha de Santa Catarina, entretanto, apresenta outras formas de demonstração da
atividade turística, inserindo-se no contexto do Turismo do Conhecimento e demonstrando
vocações ainda pouco conhecidas e sustentavelmente exploradas. O Turismo do
Conhecimento prima a aquisição de aprendizagem e a experimentação de novas sensações e
emoções. Alia-se ao fato do turismo na cidade depender drasticamente da condição climática
dos dias compreendidos na alta temporada, fazendo com que a demanda turística percebida
não seja munida de outras formas interessantes e inteligentes de práticas de turismo, além de
praticamente estagnar-se durante os meses da baixa estação. Com o Turismo do
Conhecimento, Florianópolis acabará por se inserir num mercado turístico altamente próspero
e competitivo durante todas as épocas do ano.
Além do turismo praticado nas praias da região, Florianópolis apresenta notável
propensão para outras formas de turismo, tais como: histórico, cultural, ecológico, científico,
de aventura, gastronômico, religioso, de eventos, entre outros. Isto evidencia a potencialidade
da região para o Turismo do Conhecimento, que visa o oferecimento de alternativas
inteligentes e atraentes para um público cada vez mais exigente e ansioso por produtos de
qualidade. Une-se a este fato, a questão da conquista de conhecimentos, fazendo do turismo
uma atividade sedutora em termos práticos e intelectuais.
Podem-se citar alguns elementos que habitam a Ilha de Santa Catarina, mas que não
são devidamente divulgados e sustentavelmente oferecidos no ramo turístico da cidade. Tais
elementos, algumas vezes, não se constituem como atrativos turísticos, porém demonstram
potencialidade para tal. Posteriormente, serão relatados alguns pontos que se inserem
eficazmente na abrangência atrativo do Turismo do Conhecimento.
A seguir será ilustrado o mapeamento dos potenciais de Florianópolis relacionados ao
turismo do conhecimento:
92
FIGURA 04: MAPEAMENTO DO TURISMO DO CONHECIMENTO EM
FLORIANÓPOLIS/SC
Fonte: Produzido pela autora, 2006.
93
• Museus
Florianópolis apresenta alguns museus em seu território que normalmente não são do
conhecimento dos turistas e, infelizmente, da maioria dos moradores da cidade.
Os museus encontrados na localidade formam uma base histórica e cultural de
Florianópolis e se constituem em excelentes atrativos turísticos. Mais que demonstrar relatos
do passado, os museus mostram-se presentes na realidade atual, oferecendo aos desejosos por
história, cultura e arte uma verdadeira opção de turismo.
Um dos museus da cidade de Florianópolis é o Museu Victor Meirelles. Localizado no
centro da cidade, antigamente se constituía na residência do pintor catarinense de mesmo
nome. Retrata, além das obras do pintor, uma arquitetura típica de Florianópolis quando ainda
se denominava Desterro e abriga também exposições temporárias. O museu foi criado em
1952 e seu imóvel foi tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1950.
O Museu Universitário Oswaldo Rodrigues Cabral se localiza no campus da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), no bairro Trindade e se apresenta como uma
instituição universitária, com uma especificidade museal, que consiste na manutenção de
exposições, conservação e guarda de acervo. Apresenta como vertentes de ação, ainda,
responsabilidades com o ensino, a pesquisa e a extensão. O Museu Universitário Oswaldo
Rodrigues Cabral conta com acervos dos tipos: arqueológico, etnográfico – indígena,
etnográfico – cultura, popular, coleção Professora Elizabeth Pavan Cascaes e coleção de artes
populares.
Construído para ser a sede do governo, o Palácio Cruz e Souza abriga hoje um dos
principais museus de Florianópolis, localizado no centro da cidade. No ano de 1984 seu
prédio foi tombado pelo Patrimônio Histórico do Estado e em 1986 foi decretado Museu
Histórico de Santa Catarina. O museu apresenta um conjunto de aspectos interessantes que
vão desde a arquitetura neoclássica e barroca até as exposições temporárias que ocorrem em
seu interior.
O Museu da Imagem e do Som (MIS) de Santa Catarina apresenta sua estrutura física
no bairro Agronômica e conta com apresentações gratuitas de filmes de qualidade nacionais e
estrangeiros. O museu realiza, ainda, o trabalho de conservação de fotografias, a prestação de
serviços na área de orientação técnica em cinema e vídeo, a catalogação do acervo
institucional da Fundação Catarinense de Cultura, bem como de suas casas vinculadas e o
oferecimento de oficinas técnicas audiovisuais.
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O Museu de Arte de Santa Catarina (MASC) se apresenta como o terceiro museu mais
antigo do país e se localiza no bairro Agronômica. Seu acervo conta com obras de artistas
catarinenses consagrados, além de nomes como Di Cavalcanti, Djanira, Panceti, Burle Marx e
Iberê Camargo.
Outros museus que habitam a cidade de Florianópolis são: Museu de Armas Major
Lara Ribas, no Forte de Sant’Ana – centro; Museu O Mundo Ovo de Eli Heil, em Santo
Antônio de Lisboa; Museu Etnológico do Ribeirão da Ilha; Museu do Saneamento, no centro;
Museu do Homem do Sambaqui “Padre João Alfredo Rohr”, no centro e o Museu Sacro da
Capela do Menino Deus, no centro.
Pode-se perceber o potencial histórico e cultural que os museus de Florianópolis
representam. Desta forma, o Turismo do Conhecimento se impõe de maneira a fazer do
turismo na região uma prática de todas as épocas do ano, que atraia pessoas ansiosas por
história, conhecimento e cultura, bem como desperte em todos o desejo de se conhecer e
experimentar turisticamente outros pontos ainda pouco explorados.
• Engenhos de farinha
Sendo produto da união de duas culturas distintas, como a indígena e a açoriana, o
engenho de farinha se constituiu durante cerca de dois séculos em uma das principais
atividades da Ilha de Santa Catarina.
Evidencia-se a presença da história de Florianópolis nos engenhos de farinha, que, além
de se constituir como uma importante atividade econômica de tempos antigos, se tornou uma
notável forma de se contar o passado, conhecendo os costumes de épocas que viam na farinha
de mandioca a principal motivação de sustento.
Turisticamente aborda-se a técnica da preparação da farinha de mandioca através dos
engenhos como uma maneira histórica de visualizar o passado, a cultura e a evolução. O
engenho de farinha na Ilha de Santa Catarina vem se mostrando cada vez mais esquecido e
pouco difundido. Porém, apesar dos avanços tecnológicos que se observa na realidade, alguns
engenhos de farinha ainda apresentam-se em atividade na cidade de Florianópolis, sendo
destinados a manutenção da cultura passada pelas famílias herdeiras do processo. Atualmente,
vê-se nos engenhos de farinha uma excelente oportunidade de exercício do turismo enquanto
atividade.
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Alguns dos engenhos de farinha situados em Florianópolis são: Casarão e Engenho dos
Andrade, em Santo Antônio de Lisboa; Engenho do Ataíde, no Rio Vermelho e Engenho do
Chico, na Armação. Segundo o NEA (Núcleo de Estudos Açorianos) da Universidade Federal
de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis conta hoje com engenhos também nas localidades
de: Ratones, Vargem Grande, Lagoinha da Ponta das Canas, Ribeirão da Ilha, Tapera e Sertão
do Peri.
Os engenhos de farinha se constituem em uma forma atraente, criativa e inteligente de
prática de turismo nos dias atuais, onde o turista busca conhecimento aliado à
experimentações e interatividade. O Turismo do Conhecimento se evidencia neste contexto,
estabelecendo uma importante relação entre história, cultura, fascínio e turismo.
• Sítios arqueológicos
Os sítios arqueológicos são definidos como os lugares que podem ser munidos de
vestígios de vidas passadas, onde a história e a cultura são observadas através dos objetos
encontrados. Tais vestígios podem ser percebidos em diversos locais, como na superfície do
solo, em uma aldeia indígena, em uma fortaleza do século XVIII, nas ruínas de uma igreja, ou
enterradas em um sambaqui, por exemplo. Os sítios arqueológicos são protegidos por lei – a
Lei Federal n. 3.924/61(anexo E); destruí-los é incorrer em um crime contra o Patrimônio
Nacional.
Florianópolis apresenta pontos munidos de inscrições rupestres e utensílios que eram
de povos primitivos que habitaram a Ilha de Santa Catarina em tempos remotos (anexo F). A
arqueologia se insere neste contexto, estudando e pesquisando sobre os assuntos que rondam
esta área.
Os principais locais de Florianópolis que apresentam sítios arqueológicos são: Barra
da Lagoa, Joaquina, Santinho, Ilha das Aranhas, Ponta das Canas, Ilha do Campeche, Pântano
do Sul, Solidão, Naufragados, Mole, Galheta e Ingleses.
O turismo pode ser praticado em locais que apresentam vasta riqueza em sítios
arqueológicos, como é o caso da cidade de Florianópolis. O Turismo do Conhecimento se
sobressai, visto que as pessoas acabarão por adquirir conhecimentos, experiências e novas
sensações. Além de visitar lugares turisticamente bem situados, o turista terá a oportunidade
de experimentar um turismo diferenciado, aprendendo e tomando conhecimento sobre a
arqueologia e sobre os povos que habitaram em outras épocas a região que estão visitando.
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• Fortalezas
Criadas com o intuito de promover a defesa do país contra os povos invasores e se
constituindo em um importante ponto estratégico de combate, as fortalezas da cidade de
Florianópolis se apresentam em número de sete, sendo quatro fortalezas (anexo G), dois fortes
e uma bateria, sendo ambos considerados interessantes atrativos turísticos.
Sendo a maior do conjunto de fortalezas da cidade, a Fortaleza de Santa Cruz,
localizada na Ilha de Anhatomirim, foi a que menos sofreu danos e impactos ao longo dos
anos. Durante a Revolução Federalista, em 1894, e na Revolução Constitucionalista, em 1932,
serviu de prisão e base de fuzilamento de indivíduos opostos ao governo Floriano Peixoto.
Exerceu funções de fortaleza até a Segunda Guerra Mundial, dando lugar, então, a novas
tecnologias bélicas demonstrando-se completamente obsoleta como unidade militar, sendo,
pois, desativada (GUIAFLORIPA, 2006).
Apesar de ter sito tombada no ano de 1938, somente em 1984 foi reaberta à visitação
pública, inserindo-se na esfera turística da cidade. Apresenta arquitetura renascentista e conta
com edifícios onde a portada, a casa do comandante, o sobrado, o quartel da tropa, o paiol de
pólvora, a casa da farinha e o armazém da praia se sobressaem.
Além de todo o aspecto histórico que a Fortaleza de Santa Cruz remonta, há um
considerável destaque para o aspecto ambiental da região, onde a paisagem e a abundante
fauna marinha se evidenciam como atrativos turísticos.
Uma outra fortaleza da cidade de Florianópolis se denomina Fortaleza de Santo
Antônio, localizada na ilha de Ratones Grande, e a segunda maior da região. Permaneceu em
ruínas até 1990, quando foi iniciada sua recuperação, fazendo-se presente a preocupação em
torná-la atrativo turístico. Apresenta traços renascentistas e a construção de seus edifícios e de
suas muralhas deu-se a base de cal. Entre os elementos arquitetônicos mais significativos da
fortaleza destacam-se a portada, a fonte de água e o aqueduto.
A fortaleza de São José da Ponta Grossa localiza-se na Praia do Forte. Entre os
edifícios, o mais significativo é a casa do comandante que serve de objeto de interesse para os
turistas que visitam o local.
Citam-se, ainda, as fortalezas de Nossa Senhora da Conceição, na Ilha de Araçatuba;
Sant’Ana, no centro; os fortes Marechal Moura de Naufragados, em Naufragados e Santa
Bárbara, no centro; e a Bateria de São Caetano, na Praia do Forte.
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As fortalezas da cidade de Florianópolis já se constituem em atrativos turísticos nos
dias atuais. Porém, ainda são pouco difundidas e propagadas tendo em vista seu enorme
potencial turístico e educacional. Desta maneira, percebe-se a inserção do Turismo do
Conhecimento também nas visitações às fortalezas, uma vez que o visitante terá a
possibilidade de adquirir novas informações e conhecimentos acerca de assuntos históricos e
remotos.
• Igrejas
O turismo religioso se apresenta, atualmente, como uma das principais formas de
práticas de turismo e que geram quantias consideráveis de receitas anualmente. Em
Florianópolis ainda é pouca desenvolvida esta forma de turismo, apresentando, porém,
enorme potencial para isto.
Fiéis podem visitar igrejas em todos os pontos da Ilha de Santa Catarina, seja por
motivos de fé ou apenas como forma de conhecer as arquiteturas e construções que englobam.
As comunidades estão sempre presentes nas celebrações religiosas ou mesmo nas
organizações de eventos do mesmo caráter. Desta forma, poderá se estabelecer contatos e
interagir com a comunidade local, fazendo com que haja trocas de experiências e
curiosidades.
Pode-se citar como principais igrejas de Florianópolis:
− Catedral Metropolitana de Florianópolis: É a igreja mais antiga de Santa Catarina, tendo sua
construção em 1675 e localiza-se no centro da cidade. Apresenta inúmeras obras de arte sacra
e se constitui em um Patrimônio tombado pelo Estado;
− Igreja Nossa Senhora da Conceição: Situada na Lagoa da Conceição, apresenta cinco altares
e foi construída no ano de 1750;
− Igreja Nossa Senhora das Necessidades: Foi construída entre os anos de 1750 e 1756 e
apresenta rico interior, sendo sua fachada mais simples. Os elementos arquitetônicos chamam
a atenção uma vez que foram construídos durante o período de transição entre o barraco e o
rococó;
− Igreja Nossa Senhora da Lapa do Ribeirão: Situada no Ribeirão da Ilha, a igreja foi
construída em 1763 com pedras, cal e óleo de baleia, sendo a igreja melhor conservada em
seu formato original da cidade;
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− Igreja São Francisco de Paula: Iniciou-se sua construção no ano de 1830 e levou mais de um
século para sua finalização, apresentando diversas manifestações artística em seus elementos,
como a arquitetura, por exemplo. Localiza-se em Canasvieiras;
− Igreja Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos: Construída em 1787, a
igreja é um dos principais marcos referenciais na paisagem central de Florianópolis;
− Igreja de São Francisco: A igreja conserva sua arquitetura original, mesclando os estilos
barroco e neoclássico. É referencial do Centro Histórico, tombada pelo Município e pelo
Estado;
− Igreja de São Sebastião: Apresenta seu prédio tombado como Patrimônio Histórico pelo
município.
Outras igrejas de Florianópolis são: Igreja São Sebastião do Campeche, Igreja Santo
Antônio, Capela Divino Espírito Santo, Capela Sagrado Coração de Jesus, Igreja São João
Batista e Capela de Sant’Ana.
As igrejas e o turismo religioso são formas de práticas do Turismo do Conhecimento.
Além da aquisição de novos conhecimentos através da religião, seja pelas informações da
própria igreja, seja pela observação das artes e arquiteturas destas, o turista acabará
retornando ao seu local de origem com novos aprendizados e com novas experiências
proporcionadas, muitas vezes, pela própria comunidade.
• Observação de baleias e golfinhos
A Ilha de Santa Catarina recebe, durante os meses de junho a novembro, a visita de
baleias francas em todo o seu litoral. Esta se constitui em uma espécie ameaçada de extinção e
tem sido estudada e preservada graças às ações de ambientalistas e pesquisadores. O animal
chega a medir até 18 metros de comprimento e percorre o litoral sul do Brasil, entre as regiões
de Florianópolis, em Santa Catarina, até Torres, no Rio Grande do Sul.
As baleias procuram as águas da região sul em virtude de sua temperatura quente com
o intuito de procriar e de amamentar seus filhotes. Durante o período que estão nas águas
catarinenses, realizam acrobacias e encantam os visitantes da região.
99
Tendo em vista a ameaça de extinção da baleia franca, assinou-se o decreto s/n de 14
de dezembro de 2000 (anexo H), que objetiva a criação da APA (Área de Proteção
Ambiental) da Baleia Franca, onde 156.100 hectares, com cerca de 130 quilômetros de
extensão são protegidos para que o animal possa procriar de maneira tranqüila e sem
perseguições de caças. A APA se estende da Ponta Sul da Praia da Lagoinha do Leste da Ilha
de Santa Catarina até o Balneário do Rincão, ao sul do Cabo de Santa Marta, abrangendo 9
municípios da costa catarinense: Florianópolis, Palhoça, Paulo Lopes, Garopaba, Imbituba,
Laguna, Tubarão, Jaguaruna e Içara.
O estado de Santa Catarina decretou no ano de 1995 a baleia franca como monumento
natural catarinense, como forma de auxiliar no combate à caça bem como garantir sua
preservação. As baleias francas estiveram quase extintas no mundo durante a década de 70
por ocasião da caça comercial. Atualmente, existem cerca de 4 mil mamíferos desta espécie
pelo mundo, sendo alvo da proteção de biólogos, entidades ambientalistas e de pessoas
responsáveis e ambientalmente conscientes. Na grande Florianópolis os principais lugares que
as baleias são avistadas são as Praias do Pântano do Sul, Joaquina e Ponta do Papagaio.
Os golfinhos normalmente são avistados nas águas da cidade de Florianópolis. O
principal lugar de aparição do animal é na Ilha de Anhatomirim, em um local denominado
“Baía dos Golfinhos”, onde cerca de 70 animais realizam piruetas e acrobacias sincronizadas.
São animais normalmente dóceis, encantando os turistas e visitantes que têm o privilegio de
conseguir avistá-los.
Além de se observar os animais, tanto as baleias quanto os golfinhos, pode-se
conseguir informações referentes à fauna, flora, biologia, entre outros. Desta forma, o
Turismo do Conhecimento se define como grande aliado da atividade turística, fazendo com
que turistas e visitantes aprendam sobre assuntos que normalmente não abordam no seu
cotidiano. Assim, adquirirão experiências, conhecimentos e aprendizagens, fazendo com que
o turismo desponte como uma atividade intelectualmente interessante. O Turismo do
Conhecimento vislumbra na observação de baleias e golfinhos uma excelente forma de prática
da atividade turística, onde, além de se atentar visualmente para os animais, conseguirão
absorver conhecimentos e informações que farão do turismo uma experiência inesquecível e
fascinante.
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• Projeto TAMAR
O Projeto TAMAR constitui-se em um órgão de proteção às tartarugas marinhas de
todo o litoral brasileiro (anexo I).
O TAMAR objetivava, inicialmente, a proteção das tartarugas marinhas. Porém,
observou-se com o passar do tempo que havia a necessidade de se apoiar constantemente o
desenvolvimento das comunidades costeiras, de forma a oferecer alternativas econômicas que
amenizassem a questão social, reduzindo assim a pressão humana sobre as tartarugas
marinhas.
As atividades do Projeto TAMAR englobam tais linhas de ação: Conservação e
Pesquisa Aplicada, Educação Ambiental e Desenvolvimento Local Sustentável, onde se
destaca a criatividade e a iniciativa. As atividades estão sendo realizadas em 21 bases, sendo
18 permanentes e 3 funcionando na época da desova. As bases são distribuídas em mais de
1100 km de costa, sendo que uma destas se localiza na Ilha de Santa Catarina, na Praia da
Barra da Lagoa (anexo J).
Essas atividades envolvem pessoas da comunidade local, enfatizando a importância da
presença e do apoio dos moradores da região, que sentem-se mais participativos de projetos
tão importantes como o TAMAR. Na Barra da Lagoa, o Projeto TAMAR conta com um
centro de visitantes que apresenta a presença constante de monitores para eventuais
esclarecimentos. Conta ainda com sala de vídeo, exposição permanente de painéis
fotográficos auto-explicativos com informações sobre as tartarugas, loja com produtos
TAMAR e tanques com exemplares de quatro espécies de tartarugas marinhas que desovam
no Brasil. Há, ainda, um Centro de Reabilitação, onde se podem realizar inclusive pequenas
cirurgias.
O Projeto TAMAR acaba atraindo inúmeros visitantes e turistas, que se sentem
curiosos por saber mais sobre as tartarugas marinhas, bem como poder observá-las de perto. É
um excelente exemplo de conservação ambiental aliada ao turismo, que acaba despertando
nos turistas o desejo de adquirir novos conhecimentos sobre as espécies de tartarugas, bem
como aprender mais sobre biologia e fauna marinha. Tal fato enfatiza o Turismo do
Conhecimento, que acaba fazendo com que as pessoas busquem aprendizados, conquistem
conhecimentos e experimentem novas sensações.
101
• Projeto Lontra
O Projeto Lontra foi desenvolvido no ano de 1999 pelos acadêmicos de Oceanografia
e Engenharia Ambiental da UNIVALI (Universidade do Vale do Itajaí). O objetivo do projeto
consiste na pesquisa, estudo e preservação das espécies de lontras no Brasil.
Localiza-se na Lagoa do Peri, próxima à Praia da Armação, na cidade de
Florianópolis. Assim como o Projeto TAMAR, o Projeto Lontra alia a questão ambiental e de
preservação com os aspectos turísticos de visitação de cunho estudantil e científico ou mesmo
por curiosidade.
O Turismo do Conhecimento se insere também no Projeto Lontra, uma vez que vê no
aprendizado da fauna e do habitat dos animais um excelente atrativo turístico. Desta formas,
turistas aprenderão novos aspectos relevantes e questões curiosas sobre as lontras, fazendo
algo diferente e criativo.
• Ostras e mariscos
Sendo considerada a Capital Nacional da Ostra, Florianópolis se apresenta como a
principal produtora do molusco do Brasil, contribuindo com mais de 80% da produção
nacional. Isto fez com que surgisse a FENAOSTRA (Festa Nacional da Ostra e da Cultura
Açoriana) na cidade de Florianópolis, atraindo muitos turistas e visitantes durante o mês de
outubro e incrementando ainda mais as festas de outubro da região.
A produção de ostras, mariscos e demais moluscos cria uma excelente oportunidade de
aumento na economia da cidade, que apresenta cerca de R$ 6 milhões por ano de retorno
comercial. Além disto, gera 650 empregos diretos e cerca de 2600 empregos indiretos,
fazendo com que a comunidade compreenda a importância do cultivo dos moluscos
(PREFEITURA MUNICIPAL DE FLORIANÓPOLIS, 2006).
Na região da Barra da Lagoa está estabelecido o Laboratório de Cultivo de Moluscos
Marinhos (LCMM), pertencente à UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). O LCMM
conta com 40 profissionais e consiste atualmente no único laboratório a produzir regularmente
sementes de moluscos, sendo o principal fornecedor catarinense e de outros estados também.
O LCMM recebe a visita de estudantes, doutorandos, técnicos e demais curiosos
sendo, portanto, um centro de potencialidade turística. A pesquisa e o ensino são as principais
linhas de ação do laboratório, onde há uma inter-relação entre produtores, pesquisadores,
102
comunidade e estudantes. Destaca-se também o sul da ilha como grande produtor de ostras,
mariscos e mexilhões.
O Turismo do Conhecimento se apresenta inserido neste contexto, onde a pesquisa, o
estudo e o conhecimento se destacam. Além da questão da produtividade de Florianópolis, os
moluscos são comumente procurados para a culinária e para a gastronomia, fazendo com que
o turismo gastronômico também ocorra. As principais regiões de Florianópolis que servem
ostras e mariscos como fonte de alimentação consiste nas localidades do Ribeirão da Ilha,
Santo Antônio de Lisboa e a própria Barra da Lagoa.
Desta forma, o turismo do conhecimento se mostra presente seja no momento da
aquisição e da descoberta de novos conhecimentos, inclusive nas sensações ao se degustar tais
elementos marinhos.
• Gastronomia típica
A principal base da culinária de Florianópolis consiste nos frutos do mar. Peixes
diversos, lulas, ostras, mariscos, camarão e siri são bastante procurados na região. Sendo
herança dos colonizadores açorianos, o pirão e o caldo de peixe se destacam na gastronomia
da cidade, bem como a já famosa seqüência de camarão.
Na cidade de Florianópolis, a gastronomia recebeu considerável influência dos
colonizadores portugueses, que acabaram se adaptando à cultura indígena, inserindo
elementos como a mandioca no preparo dos alimentos.
Assim, as regiões da Lagoa da Conceição, Sambaqui, Pântano do Sul, Barra da Lagoa,
Ingleses, Joaquina e Ribeirão da Ilha se destacam na Ilha de Santa Catarina, apresentando
opções de gastronomia típica aos turistas e visitantes.
A culinária típica de Florianópolis desperta curiosidade nas pessoas que chegam a
visitar a região, fazendo com que os turistas realizem a descoberta de sabores novos e
incomuns ao seu cotidiano. Desta maneira, estabelecerão um laço com a história e a cultura
açoriana da culinária florianopolitana.
O Turismo do Conhecimento se contextualiza nesta realidade, fazendo com que os
turistas sintam diferentes sabores e os associem aos aspectos culturais, históricos e
colonizadores da região. Assim, além de experimentar novos pratos, os visitantes acabarão
por adquirir conhecimentos históricos relacionados às heranças gastronômicas da região.
103
4.3.6 Relação entre turismo do conhecimento, Florianópolis e Sapiens Parque
A cidade de Florianópolis, conforme visto anteriormente, apresenta em seu contexto
turístico o grave problema da sazonalidade. A Ilha de Santa Catarina se apresenta vulnerável a
considerável diminuição do fluxo turístico durante os meses que compreendem a chamada
baixa temporada.
Além disto, a cidade carece de diretrizes que façam com que outros atrativos venham a
atender segmentações de mercado distintas e desejosas de outras opções de lazer e turismo.
Soma-se ainda o fato da cidade se apresentar defasada no que diz respeito ao exercício da
atividade turística como elemento inteligente e detentor de riqueza intelectual.
Desta forma, o Turismo do Conhecimento vem se mostrar como agente minimizador
da problemática apresentada. Contribuirá para o turismo em Florianópolis através do auxilio
no combate à sazonalidade, no oferecimento de outras opções de lazer e turismo e na
agregação de aspectos inteligentes e transformadores da atividade turística atual.
Ao se fortalecer outras formas de turismo a não ser o turismo de balneário, poder-se-á
se estabelecer eficazmente no mercado em todas as épocas do ano. O turista passará a ter
pretensão em visitar a Ilha da Magia durante o inverno, a fim de apreciar a aparição das
baleias francas, por exemplo. Basta para isso consolidar tais formas de práticas de turismo de
uma maneira eficiente e sustentável. Para isto, o Turismo do Conhecimento vem se mostrar
como produto diferenciado, adepto à inovação e à criatividade e uma poderosa ferramenta de
combate à sazonalidade.
Um outro aspecto a ser abordado pelo Turismo do Conhecimento se refere ao
oferecimento de outras opções de lazer. O turista de hoje consiste em ser um cliente exigente,
seletivo e extremamente ansioso por qualidade e diferenciais. Para tanto, sendo o Turismo do
Conhecimento uma atividade com características multidisciplinares, geradora de opções
inteligentes de práticas de turismo, busca-se consolidar diferentes aspectos turísticos como
forma de munir o turista de variedade, criatividade e encantamento. Reforça-se ainda o fato de
que existem turistas que não são adeptos ao turismo de balneário, não estando atualmente
inseridos em Florianópolis que somente propaga esta tipologia de turismo.
O Turismo do Conhecimento, ainda, defende a aquisição de conhecimentos,
aprendizados e novas formas de abordagem do turismo. Atualmente o turismo apresenta-se
em fase de transição, transformando o ato turístico de observatório para interativo. O turista
não se contenta apenas em ver e observar os atrativos. Ele deseja interagir, experimentar e
104
conhecer. O turismo se viu inserido na era do conhecimento, voltando-se para este fator de
maneira a munir seus clientes de alternativas inteligentes e intelectuais de uma maneira
prática, empírica e lúdica.
Apresentando como principal enfoque de sua esfera turística o Turismo do
Conhecimento, o Sapiens Parque se enfatiza como um parque de inovação situado na região
norte da Ilha de Santa Catarina e apresentando, além da vertente turística, outras linhas de
ação, a saber: tecnologia, serviços e iniciativas sócio-ambientais.
Desta forma, o Sapiens Parque buscará oferecer a demanda turística de Florianópolis
alternativas que se enquadram perfeitamente nas linhas de ação do Turismo do Conhecimento,
fazendo com que o turista seja ator principal do exercício do turismo enquanto atividade.
Dentro do cenário turístico do Sapiens Parque, haverá a intenção de se estabelecer
empreendimentos nas áreas de eventos, experiências e entretenimento, negócios, turismo
ecológico, educação e saúde, esportes e lazer, cultura, compras e gastronomia. Isto evidencia
a questão multifuncional do turismo no referido parque de inovação, atentando-se para
conceitos que direcionam o projeto, como a sustentabilidade, por exemplo.
Todos estes empreendimentos, de alguma forma, priorizam o Turismo do
Conhecimento no Sapiens Parque, objetivando o oferecimento de alternativas inteligentes de
opções de turismo, que acabem por agregar valores, aprendizados e conhecimentos aos
turistas e demais envolvidos.
Finalmente, vislumbra-se no Sapiens Parque um empreendimento de qualidade, que
buscará atender às suas linhas de ação de uma maneira eficiente e inovadora, fazendo do
turismo uma de suas principais vertentes. O Turismo do Conhecimento tenderá a ser o grande
diferencial do turismo em Florianópolis, apresentando suas raízes iniciais no Sapiens Parque e
tornando a atividade turística em Florianópolis atraente, interessante e inteligente durante
todas as épocas do ano e para todos os estilos de turistas.
105
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A atividade turística nos dias atuais vem se mostrando inclinada a inovações e
necessitada de criatividade. Verificou-se a necessidade de se fundar parâmetros que façam
com que o turismo se estabeleça em uma esfera inovadora e criativa.
O Turismo do Conhecimento vem se mostrar como uma importante ferramenta de
desenvolvimento e fomento da atividade turística. Apresenta características de âmbito
inovador, onde a questão intelectual se funde aos aspectos turísticos, fazendo com que, além
do desenvolvimento da própria atividade, seja possível uma maior conjuntura de ações que
tendem a beneficiar todos e quaisquer envolvidos.
Desta forma, foram explanadas, no presente projeto de pesquisa, questões que se
enquadram na realidade apresentada. Citaram-se aspectos referentes à Santa Catarina,
Florianópolis, região norte e Sapiens Parque, realizando uma visão em funil dos pontos
abordados no trabalho, enfatizando a importância e a inserção do Turismo do Conhecimento
no contexto apresentado.
Florianópolis apresenta alguns problemas de ordem turística que se constituem,
resumidamente, na sazonalidade, na ausência de novos produtos turísticos diferenciados, bem
como na necessidade de se atrair um público melhor qualificado. Tais problemas acabam por
visualizar as oportunidades que o Sapiens Parque objetiva para o turismo catarinense, criando,
assim, condições para o fomento da atividade como um todo.
Sendo o turismo de grande importância para a Ilha de Santa Catarina, inclusive nos
fatores econômicos, observa-se sua essencialidade para a cidade de Florianópolis. Apesar
deste fato ser de notória consideração, deve-se estar sempre atento às mudanças que ocorrem
diariamente no setor, fazendo-se lembrar de questões como inovação e tecnologia. Além
disto, o desenvolvimento de um tipo de turismo ainda pouco conhecido faz com que seja
palpável a iniciativa de pesquisas na área de maneira a beneficiar e fomentar sustentavelmente
o setor turístico.
Desta forma, em virtude da pouca discussão até então realizada sobre o Turismo do
Conhecimento, foi confeccionada um modelo explicativo acerca do assunto, estabelecendo
106
relações entre as causas e as conseqüências de produtos diferenciados como o Turismo do
Conhecimento.
Analisaram-se alguns aspectos que acabam por influenciar no Turismo do
Conhecimento, tais como as localidades que priorizam turisticamente o fator “conhecimento”,
onde foi possível dar início ao desenvolvimento de resultados que compõem o Turismo do
Conhecimento. Pôde-se pesquisar conceitos referentes ao Turismo do Conhecimento, sendo
verificado apenas uma citação, através da sua terminologia em inglês “knowledge based
tourism”. A partir de então, percebeu-se a limitação de tal conceito, fazendo-se necessário
toda uma abordagem sistêmica e relacional, onde se analisou as principais localidades que
tornaram o fator conhecimento como um atrativo turístico, como a França, Espanha, Portugal
e Itália.
Apesar deste assunto se constituir em uma abordagem relativamente nova e ainda
pouco conhecida, acaba por englobar características que se aplicam a outras formas de
turismo mais debatidas e esclarecidas. Desta forma, se estabeleceu ao longo da pesquisa a
íntima relação existente entre o Turismo do Conhecimento e demais segmentações turísticas,
tais como: cultural, histórico, gastronômico, religioso, de experiência,
pedagógico/educacional, ecológico, eventos/negócios, científico, entre outros. Nesta esfera
apresentada, faz-se com que o estudo desta nova tipologia turística comece a ser mais
abordado, analisado e compreendido.
Visto que o Turismo do Conhecimento se apresenta como uma importante ferramenta
de desenvolvimento do turismo enquanto atividade, vislumbrou-se na cidade de Florianópolis
as características turísticas que se aplicam ao conceito de Turismo do Conhecimento,
mapeando estes recursos que se apresentam como potenciais ao seu desenvolvimento na Ilha
de Santa Catarina, fazendo com que a cidade se situe de maneira mais competitiva dentro do
cenário turístico atual.
Finalmente, pôde-se estabelecer uma interligação entre o Sapiens Parque,
Florianópolis e o Turismo do Conhecimento, evidenciando a importância de
empreendimentos que primem uma forma alternativa, inteligente e criativa de
desenvolvimento do turismo na cidade de Florianópolis.
O estudo atendeu, portanto, aos objetivos inicialmente delimitados, onde se analisou
os conceitos referentes ao Turismo do Conhecimento, abordando aspectos como
107
planejamento, sustentabilidade, tipologias turísticas, ciência, tecnologia, inovação entre
outros.
A pesquisa realizada apresenta-se tão inovadora quanto o próprio tema abordado. Com
uma considerável escassez de bibliografias e documentos, abordar o Turismo do
Conhecimento não se consistiu em tarefa fácil. Foi necessária a estipulação de relações entre o
turismo conhecido popularmente com um turismo do futuro, apto a se estabelecer no mercado
e oferecer benefícios ao trade turístico, à comunidade, aos turistas, ao poder público e a todos
os demais envolvidos.
Apesar das dificuldades encontradas, percebe-se a presença de sentimentos de orgulho
e gratificação por realizar uma pesquisa um tanto quanto pioneira no assunto em questão e
que em muito tem a contribuir para o fomento da atividade. Sugere-se a continuação de
pesquisas sobre o tema, visto que um assunto tão novo apresenta inúmeras necessidades de
estudos na área. Além de investigações a fins de pesquisas teóricas, o Turismo do
Conhecimento necessita de projetos práticos, que utilizem as características vocacionais aqui
abordadas para que o turismo em Florianópolis e até mesmo no Brasil seja transformado em
uma atividade ainda mais próspera e que tenha valores, conhecimentos e aprendizados a
agregar.
O Sapiens Parque pretende se constituir na principal base do Turismo do
Conhecimento em Florianópolis. Ressalta-se a inexistência de localidades brasileiras até o
presente momento que enfatizem o Turismo do Conhecimento enquanto produto, ficando o
Sapiens Parque como um grande pioneiro na questão.
Espera-se que seja dada continuidade ao assunto abordado, estabelecendo
equipamentos e possibilidades para um Turismo do Conhecimento eficaz e pleno. O Sapiens
Parque poderá contribuir de maneira surpreendente para o fomento do turismo na região e em
todo o seu entorno e são pesquisas como esta as principais colaboradoras para que projetos
como o Sapiens Parque sejam consolidados e contribuam para o desenvolvimento de todas as
suas áreas de atuação.
108
6 REFERÊNCIAS
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1999.
AQUICULTURA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Disponível em:
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Papirus, 1995.
BARRETTO, Margarita; BURGOS, Raúl; FRENKEL, David. Turismo, políticas públicas e
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BENI, Mário Carlos. Análise estrutural do turismo. 6. ed. São Paulo: SENAC, 2001.
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138
1 IDENTIFICAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO E DO ALUNO
1.1 Dados da empresa
Razão Social: Fundação CERTI (Centro de Referência em Tecnologias Inovadoras).
CGC / CNPJ: 78.626.363/0001-24.
Inscrição Estadual: 251.378.241.
Registro na EMBRATUR: Não há.
Nome Fantasia: Fundação CERTI.
Endereço: Caixa Postal 5053, Campus da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina),
setor “C”, acesso Pantanal, CEP 88040-070, Florianópolis, SC.
Proprietários: A Fundação CERTI consiste em uma instituição independente, sem fins
lucrativos, onde há a presença de um conselho de curadores composto por Poder Público
(UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina; MCT – Ministério da Ciência e
Tecnologia; MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; PMF –
Prefeitura Municipal de Florianópolis; FAPESC – Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e
Tecnológica do Estado de Santa Catarina e CODESC – Companhia de Desenvolvimento do
Estado de Santa Catarina) e Sociedade Civil (FIESC – Federação das Indústrias do Estado de
Santa Catarina, SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial e ABINEE –
Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica).
Home page: http://www.certi.org.br
Apesar do estágio ser efetivado através da Fundação CERTI, as atividades
desenvolvidas pelo acadêmico foram realizadas no Sapiens Parque, uma vez que a referida
instituição consiste em ser uma das fundadoras do projeto. Em virtude do Sapiens Parque
apresentar conceitos e diretrizes sobre o turismo enquanto atividade, houve a oportunidade de
se vivenciar questões iniciais referente à tal temática. A seguir, listam-se as principais
informações do Sapiens Parque.
139
Razão Social: Sapiens Parque S.A.
CGC / CNPJ: 05.563.063/0001-70
Registro na EMBRATUR: Não há.
Nome Fantasia: Sapiens Parque
Endereço: Avenida Luiz Boiteux Piazza, nº 1.302, Cachoeira do Bom Jesus, Florianópolis,
SC.
Proprietários: CODESC, Fundação CERTI, Instituto Sapientia e SC Parcerias.
Supervisor de Estágio: Leandro Carioni
Home page: http:://www.sapiensparque.com.br
Email: [email protected]
1.2 Dados do aluno
Nome: Alessandra Carolina de Souza
RG: 4.583.053 – 5
CPF: 050.438.109 – 12
Endereço: Rua Abelardo Luz, nº 287, Estreito, Florianópolis, SC.
Telefone: (048) 3244-9977 / (048) 9622-6711
Filiação a entidade relacionada ao Turismo e Hotelaria: Registro na ABBTUR como
estudante nº. 01764.
Email: [email protected]
140
2 JUSTIFICATIVA
Por apresentar-se inserido num mercado cada vez mais exigente e seletivo, o ramo
turístico acaba por se ver obrigado a desenvolver estratégias que façam com que haja destaque
da atividade frente a outras formas de economia apresentadas na atualidade.
O turismo caracteriza-se, entre outros fatores, por possuir uma abertura inquestionável
de possibilidades de se fazer presente. Dentre outras formas de se manifestar, a atividade
turística apresenta-se na hotelaria, na área de alimentos e bebidas, Ecoturismo, em eventos e
agências de viagens.
Sendo um dos principais pilares da economia brasileira, onde sua natureza e demais
fatores culturais influenciam na demanda percebida, o turismo demonstra-se como fator
essencial na geração de empregos, no aumento rentável significativo e na agilidade de
melhorias estruturais nas cidades-pólo, entre outros. Porém, apesar dos grandes benefícios
gerados pelo exercício da atividade turística, muitos aspectos se mostram limitantes e/ou
saturados, fazendo com que grande parte do potencial encontrado seja desperdiçado. Na
prática o que se encontra são serviços mal prestados, desinteresse do público turístico e
produtos que se encontram a caminho da destruição.
Os resultados do movimento financeiro decorrentes do turismo são por demais expressivos e justificam que esta atividade seja incluída na programação da política econômica de todos os países. O turismo, que era para muitos uma atividade secundária, passou a receber atenção especial em razão de ser uma fonte geradora de receitas e a exigir metódica e delicada manipulação consolidando-se dentro do conceito de ‘indústria normal’ (OLIVEIRA, 2005, p.45).
Tendo em vista a saturação das atividades oferecidas pela atividade turística na cidade
de Florianópolis/SC, optou-se por escolher um ramo inovador inserido no cenário turístico
atual, onde o desenvolvimento de novos conceitos seja estudado e colocado em prática,
fazendo com que o turismo na capital catarinense seja reestruturado de maneira eficiente e
criativa.
Sabendo-se que Florianópolis se insere atualmente dentro do setor turístico nacional
como uma cidade de características predominantemente balneárias, onde suas praias
constituem-se como atrativos turísticos por si só, percebem-se, entretanto, os inúmeros
potenciais da Ilha de Santa Catarina, projetando-se, por sua vez, na realidade mercadológica
141
existente com atrativos turísticos limitantes, vulneráveis a chamada sazonalidade, onde os
atores envolvidos, tais como o trade turístico, o comércio, a comunidade, os turistas e a
economia em geral, sejam consideravelmente afetados.
Nos dias atuais pode-se perceber a inserção de conceitos que direcionam a realidade a
uma nova era intitulada Era do Conhecimento. Novos desafios são lançados, abrangendo as
mais diversas áreas da economia, inclusive o turismo, que vem se mostrar apto a exercer
funções de capital intelectual e acaba por se inserir neste contexto ainda pouco explorado.
Nesta nova vertente, observa-se a presença das potencialidades do turismo do
Conhecimento na atualidade, onde locais e atividades são desenvolvidas a fim de atrair
turistas que busquem a troca de conhecimentos e idéias para que haja crescimento social e
profissional das partes envolvidas.
Por questões como ciência e tecnologia estarem em expansão nos dias atuais, a
utilização de parques de inovação vem se mostrar cada vez mais viável em aspectos que se
constituem em um dos principais pilares da economia apresentada, como a atividade turística,
por exemplo.
O processo de construção do conhecimento científico é contínuo, permanente e aberto, abrangendo em sincronia o histórico, o coletivo e o individual. Portanto, jamais poderá ser linear, cumulativo, estático, hermético, dogmático e final. A preocupação não recai no ato de conhecimento, mas justamente no processo de conhecimento. Construir uma teoria que expresse as funções e os resultados das dimensões do Turismo deve ser uma conquista interdisciplinar, onde cada momento é, simultaneamente, produzido e produtor, numa recursão organizacional em que a parte está no todo, e o todo está na parte, segundo Demo. A maior contribuição dos pensadores modernos está em chamar a atenção sobre a participação de cada ser humano neste processo construtivo (BENI, 2001, p.42).
Pode-se observar a necessidade de profissionais qualificados no ramo, bem como a
participação de empresas profissionalmente responsáveis no âmbito do mercado turístico.
Como forma de se fazer presente no mercado, bem como adquirir experiências que
inevitavelmente se tornarão essenciais no processo de aprendizagem, tem-se o estagio
profissional. Dentro deste contexto, pode-se avaliar questões como profissionalismo,
aplicação de conhecimentos na prática e espírito de equipe, por exemplo. Além disto, conta-se
com o apoio da Instituição de Ensino, que através do setor de Estágios Supervisionados
orienta os acadêmicos nesta importante fase que marca a transição da vida acadêmica para a
profissional.
142
A integração teórica/prática vivenciada e inserida em um contexto envolvendo
diferentes visões e dimensões da realidade (social, econômica, política, cultural, ética)
possibilita a formação de um profissional apto a enfrentar desafios (BISSOLI, 2002, p.15).
As atividades do Estagio Supervisionado estão fundamentadas na Lei nº. 6.494, de
07/12/1977, regulamentada pelo decreto nº. 87.497, de 18/08/1982, Pareceres Normativos
CST nº. 326, de 06/05/1971, Resolução 015CONSUN/CaEn/04 da Universidade do Vale do
Itajaí e pelas normas administrativas aprovadas pela Coordenação do curso de Turismo e
Hotelaria.
Sendo assim, procura-se fazer com que diretrizes que norteiam o desenvolvimento do
Turismo do Conhecimento em Florianópolis sejam estudadas, realizando pesquisas que
objetivem os esclarecimentos dos aspectos abordados.
Tendo em vista a estruturação do turismo enquanto atividade economicamente ativa e
inovadora, a geração de renda e novos empregos bem como o desenvolvimento local e
regional através do Sapiens Parque, optou-se por realizar o estágio final obrigatório referente
à conclusão do curso de Turismo e Hotelaria da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI,
bem como desenvolver um projeto de pesquisa referente à temática abordada de forma que
Instituição de Ensino, acadêmico e Empresa sejam mutuamente beneficiados.
143
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo geral
Desenvolver atitudes e hábitos profissionais, bem como adquirir, exercitar e aprimorar
conhecimentos técnicos nos campos do Turismo e da Hotelaria.
3.2 Objetivos específicos
• Identificar na literatura especializada os fundamentos teóricos de Planejamento Turístico e
de Turismo do Conhecimento;
• Identificar/reconhecer a estrutura administrativa e organizacional do Sapiens Parque;
• Empregar os conhecimentos teóricos nos diferentes setores a serem percorridos durante a
realização do estágio;
• Reunir as informações observadas e vivenciadas no campo de Estágio para fim de relatório
e compreensão;
• Processar o relatório de Estágio;
• Desenvolver um Projeto de Pesquisa, exigência parcial para obtenção do título de bacharel
em Turismo e Hotelaria.
144
4 DESCRIÇÃO DA ORGANIZAÇÃO
4.1 Evolução histórica da organização18
A intenção inicial do Projeto Sapiens Parque partiu da Fundação CERTI, no início do
ano 2001. Como a referida instituição já estava com o Parque Tecnológico Alfa consolidado,
viu-se a necessidade de expandir suas atividades e dependências. Era indispensável, porém,
uma localização privilegiada que abrigasse as necessidades de tal parque tecnológico, para
tanto, cogitou-se regiões como o sul da Ilha de Santa Catarina e a sua parte continental.
A região sul, como os bairros Campeche, Ribeirão da Ilha e Pântano do Sul,
apresentavam-se inferiores no quesito infra-estrutural quando comparada a outras regiões da
localidade. Este fato, em curto e médio prazo, desfavoreceria a implantação de um parque de
tais dimensões. Outro fator a ser considerado foi a inexistência de áreas territoriais que
atendesses às expectativas do projeto. A parte continental da cidade, apesar de apresentar
infra-estrutura e situação econômica compatível com a realidade do empreendimento, não
apresentava terrenos de grandes proporções para a efetiva implantação do projeto.
Um terreno visualizado pelos idealizadores se localizava na região norte da cidade de
Florianópolis, abrangendo uma área de 4,5 hectares. Tal terreno pertencia ao governo,
representado pela CODESC e já se projetava um outro empreendimento para o local,
intitulado Projeto Orla Norte, que objetivava a criação de uma “Esplanada das Embaixadas”,
onde embaixadas dos mais diversos países se estabeleceriam em “ilhas” no referido terreno.
A partir de então, teve início um programa de benchmarking, onde alguns parques
tecnológicos foram avaliados e se constatou que estes, na maioria das vezes, não conseguiam
se manter no mercado. Houve então a idéia de se apresentar algo mais que um parque
tecnológico. A partir deste momento surgiu o conceito de Parque de Inovação, onde se
constituiria num:
Ambiente que possui infra-estrutura e espaço para abrigar empreendimentos, projetos e outras iniciativas inovadoras estratégicas para o desenvolvimento de uma região e que se distingue por possuir um modelo inovador para atrair, desenvolver,
18 Informação obtida através de entrevista informal com a diretoria presidente do Sapiens Parque, realizada em Florianópolis em 25 ago. 2006.
145
implementar e integrar estas iniciativas, visando estabelecer um posicionamento diferenciado, sustentável e competitivo (SAPIENS PARQUE, 2006).
Com a apresentação do projeto de um Parque de Inovação na localidade, houve
interesse de ambos os lados, firmando uma parceria entre Fundação CERTI e CODESC no
ano de 2002. O governador da ocasião era o Sr. Esperidião Amim, que partiu para o exterior
em busca de parcerias que consolidassem o projeto.
Nos anos de 2003 e 2004 partiu-se em busca da firmação dos projetos arquitetônico e
urbanístico e do planejamento financeiro, bem como houve intensas reuniões com a
comunidade do entorno que, a princípio se posicionava de maneira desfavorável à
implantação do empreendimento. Após incansáveis debates, o Sapiens Parque encontrou na
comunidade local o apoio e a motivação para dar continuidade às etapas do projeto.
Com a inauguração do “Marco Zero”, etapa inicial constituída pelo Sapiens Circus,
Antigo Casarão e área paisagística construída, ocorrida no ano de 2005, o Sapiens Parque
solidificou sua idéia e se fez presente na região, partindo para os próximos passos para as
demais fases do projeto, que estima ser consolidado na íntegra até o ano de 2020.
4.2 Infra-estrutura física atual
Em virtude do Sapiens Parque se encontrar inserido num processo de desenvolvimento
de suas atividades, pode-se perceber uma estrutura física limitante e em expansão.
Apresentam-se como principais elementos estruturais componentes da realidade atual
encontrada no Sapiens Parque:
• Terreno de 4,5 hectares de área;
• Prédio de dois andares onde se instalam os funcionários, bem como os banheiros (masculino
e feminino), a cozinha, salas de reuniões e um auditório;
• Oito computadores com acesso à internet;
• Estrutura itinerante denominada Sapiens Circus, composta por telões, mesas de toque e toda
a aparelhagem necessária para a execução das atividades que remetem à apresentação de
jogos interativos e educativos;
146
• Uma capela;
• Telefones;
• Impressora / Copiadora.
Estima-se que a efetiva implantação do parque de inovação compreenderá cerca de
vinte anos. Porém, a ocupação e construção se darão de maneira gradativa e sustentável,
sendo percebida em 5 fases de implantação: Fase 0; Fase 1; Fase 2; Fase 3 e Fase 4. Apesar da
implantação ser efetivada somente em vinte anos, a medida que forem sendo construídas e
implantadas as ações e os projetos do Sapiens Parque se poderá observar e usufruir de suas
atividades, sendo a construção realizada de maneira gradativa, porém usual.
A infra-estrutura física atual apresenta-se como base inicial de outras construções
futuras que serão disponibilizadas aos visitantes a partir do momento que suas fases forem
sendo concluídas.
O Sapiens Parque propõe a criação de infra-estruturas nas áreas de Educação, Saúde,
Business Services, Ambiental, Social, compreendendo questões como Esportes, Lazer,
Segurança e Turismo.
4.3 Infra-estrutura administrativa
Tendo em vista o posicionamento majoritário do governo de Santa Catarina,
representado pela CODESC, como acionista do Sapiens Parque, totalizando 90% das ações
referentes a este, o organograma da instituição é delimitado, segundo o cargo, por concursos
públicos ou indicações governamentais.
Porém, em virtude da Fundação CERTI ser também acionista do empreendimento,
contendo 10% das ações, os funcionários atualmente concentrados no Sapiens Parque são da
referida fundação, somente sendo o presidente, indicado pelo governo, funcionário Sapiens
Parque.
147
FIGURA 1: ORGANOGRAMA SAPIENS PARQUE
Fonte: Produzido pela autora, 2006.
4.4 Quadro de recursos humanos
O Sapiens Parque apresenta seu quadro de recursos humanos enxuto, onde os
funcionários que trabalham em sua estrutura atualmente pertencem à Fundação CERTI, uma
das acionistas do parque de inovação e idealizadora do projeto. Os setores são definidos
através das suas diretorias, que compreendem gerências onde cada responsável contrata
serviços de empresas terceiras a fim de concluírem seus objetivos de trabalho.
148
Setor Gerência Nº. de Funcionário
Diretoria Presidente
___________ 01
• Inteligência 01
• Planejamento de Negócios 01
• Marketing e Comunicação
e Sócio/ambiental 01
• Jurídico 01
Diretoria Executiva
• Arquitetônico/Urbanístico 01
Diretoria Administrativa/
Financeira • Gestão
Idem Marketing e
Sócio/ambiental + 01
Diretoria de Ciência/
Tecnologia/
Inovação
____________ 01
• Infra-estrutura e
engenharia 01
Diretoria de Operações
• Manutenção 06
TOTAL 15
QUADRO 2: RECURSOS HUMANOS
Fonte: Produzido pela autora, 2006.
4.5 Serviços prestados
Por apresentar-se inserido em um processo de estabelecimento no mercado,
apresentando estruturas em fase iniciais, o Sapiens Parque conta com o oferecimento de
atividades e trabalhos restritos ao público, revertendo-se a atenção para as futuras prestações
149
de serviços. O empreendimento conta hoje com profissionais vindos da Fundação CERTI que
trabalham incansavelmente como forma de tornar o Sapiens Parque uma realidade palpável o
quanto antes.
Atualmente, o Sapiens Parque oferece demonstrações agendadas para grupos
específicos das apresentações do Sapiens Circus, onde podem ser visualizados e jogados de
maneira interativa jogos com fins educacionais. Como os recursos são limitados, ainda não é
aberto ao público em geral, uma vez que remete a um custo elevado de manutenção e
operação.
Além disto, as pessoas que buscam conhecer o parque de inovação, seja a fins
educacionais, pedagógicos, empresariais, governamentais ou mesmo somente por curiosidade,
são recebidos pela equipe técnica, que explica o conceito do Sapiens Parque, bem como
apresenta o empreendimento em uma mesa de toque, onde o visitante interage com as
informações obtidas. Desta forma, as pessoas passam a conhecer e a apoiar o projeto, fazendo
com que este se torne uma expectativa a ser atendida.
Há serviços que se pretende oferecer ao público a medida que as instalações forem
sendo implantadas. Dentre tais serviços estão aqueles relacionados às áreas de (SAPIENS
PARQUE, 2006, p. 10):
• Educação: Onde o principal objetivo consiste na aproximação de instituições de ensino
superior, escolas especializadas e empresas com serviços e soluções, fazendo com que a
comunidade intelectual seja instalada no Sapiens Parque, tornando a região uma concreta
referência em ensino de alta qualidade;
• Saúde: Pretende-se receber clínicas e centros médicos especializados, estabelecendo, desta
forma, uma espécie de cluster de empreendimentos na área de saúde;
• Business Services: Consiste em oferecer aos interessados espaço e infra-estrutura para o
desenvolvimento da área empresarial, tais como: consultoria em gestão, contabilidade,
marketing e publicidade, comércio exterior, advocacia, finanças e investimentos. Desta forma,
será possível a atração de empreendedores, tornando-se realidade a questão de um centro
empresarial de sucesso;
• Ambiental: Uma das questões que se foi planejada para o Sapiens Parque consiste no
oferecimento aos visitantes e quaisquer pessoas envolvidas, de um parque ecológico com
cerca de 1,3 milhão de m². Além disto, prevê-se a criação de lagoas sustentáveis, onde será
150
oferecido uma opção de lazer e uma alternativa inteligente para as demandas de água do
empreendimento;
• Social: Com a consolidação do Sapiens Parque, buscará se oferecer projetos e ações que
objetivem a geração de empregos e renda através de questões como: incubadoras sociais,
centros de qualificação, incubadoras de idéias, centros comunitários, etc. Objetiva-se,
também, o oferecimento de equipamentos nas áreas de esporte, lazer, turismo, saúde e
segurança.
O Sapiens Parque pretende oferecer, além disto, serviços que integram as áreas de
Eventos, com a criação de arenas multiuso; Negócios, com o oferecimento de serviços e infra-
estrutura através de centros de conferência; Turismo Ecológico, com reserva natural e trilhas
interpretativas; Educação e Saúde, com clínicas especializadas de última geração e
instituições de ensino; Experiência e Entretenimento, com uma espécie de Experience Center
onde a interatividade se constitui na palavra-chave; Esportes e Lazer, com o oferecimento de
equipamentos de lazer e esportes; Compras e Gastronomia, com a presença de shoppings,
restaurantes, bares e centros comerciais; e, finalmente, Cultura, com museus, espaços
culturais ao ar livre e aquarium.
Assim, pode-se perceber o potencial do Sapiens Parque para todas as áreas citadas. No
turismo, em especial, vislumbra-se o oferecimento de serviços que se constituirão em
atrativos diferenciados e inovadores, com a presença do chamado Turismo do Conhecimento,
contribuindo com todos os envolvidos, tais como trade, turistas, comunidade e poder público.
151
5 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS POR SETOR
O Sapiens Parque apresenta-se inserido em um processo de iniciação estrutural, de
serviços e de atividades. Para tanto, conta com uma equipe técnica reduzida, estabelecendo
uma filosofia de gestão enxuta, onde os setores ainda se encontram em fase de estruturação e
consolidação. Diante da realidade encontrada no Sapiens Parque durante o ano de 2006, foi
definido os setores como sendo as diretorias encontradas no organograma já apresentado,
onde estas se compõem de gerências que realizam, planejam e gerenciam as atividades
desenvolvidas no Sapiens Parque. As gerências oportunizadas ao acadêmico foram: marketing
e comunicação, inteligência, gestão e planejamento de negócios.
5.1 Gerência de Marketing e Comunicação
Responsável pela gerência: Leandro Carioni
Período: 12/09 a 13/10
Nº de horas: 138 horas
5.1.1 Funções administrativas da gerência
O setor de marketing do Sapiens Parque realiza suas atividades de modo a fazer com
que o empreendimento seja conhecido de uma maneira gradativa, com o intuito de conseguir
aliar a divulgação com o aceite e a compreensão do público.
Os projetos que são criados, testados e aprovados partem para um trabalho de
marketing e divulgação, fazendo com que as ações do Sapiens Parque sejam conhecidas e
compreendidas através das ferramentas de marketing, pelas pessoas envolvidas no processo,
tais como comunidade, atores acadêmicos, empresas, etc.
Algumas das funções da gerência de Marketing e Comunicação que se pode citar são:
• Pesquisa de mercado de Marketing;
• Atendimento/negociação com o cliente;
• Planejamento de comunicação com o público-alvo;
152
• Planejamento/execução de eventos;
• Desenvolvimento de estratégias em marketing, entre outros.
5.1.2 Infra-estrutura da gerência
Conforme já mencionado, o Sapiens Parque apresenta uma estrutura enxuta, inicial,
sendo a gerência de marketing e comunicação munida de equipamentos como:
• 01 baia;
• 01 cadeira;
• 01 computador com acesso à internet;
• 01 telefone;
• Materiais de expediente;
• 01 multifuncional (copiadora, impressora, scanner) de uso comum, entre outros.
5.1.3 Atividades desenvolvidas pelo acadêmico na gerência
Dentro da gerência de marketing e comunicação, o acadêmico desenvolveu atividades
que visaram o alcance de objetivos propostos pelos funcionários do setor, onde o principal
intuito consistiu na divulgação dos produtos/serviços construídos pela equipe.
Em virtude das atividades se apresentarem em fases de iniciação, a gerência de
marketing e comunicação apresenta a concentração de seus esforços focados em uma
divulgação do empreendimento saudável, onde as pessoas da comunidade, da iniciativa
privada, do poder público, da comunidade, entre outros, possam compreender o projeto,
aceitar, apoiar e tornarem-se parceiras no empreendimento.
Foi oferecida ao acadêmico a oportunidade de auxiliar na divulgação do
empreendimento, através de contatos pessoais com indivíduos que visitaram a sede do
Sapiens Parque a fim de buscarem informações sobre o parque de inovação. Desta forma, foi
possível esclarecer dúvidas e suprir as curiosidades dos visitantes através de explanações
sobre o Sapiens Parque com o auxílio de uma mesa de toque interativa.
Além disto, o acadêmico pôde realizar a apresentação do Sapiens Parque em um
evento de grande prestígio e renome, denominado Futurecom, ocorrido entre os dias 2 e 5 de
153
outubro do presente ano. No evento, também foi utilizada uma mesa de toque interativa para a
apresentação do parque de inovação, esclarecimento de dúvidas, e estabelecimento de
contatos profissionais para as pessoas responsáveis pelo Sapiens Parque.
5.1.4 Conhecimentos técnicos adquiridos
Tendo sido possível estagiar na gerência de marketing e comunicação do Sapiens
Parque, foram adquiridos conhecimentos na área através do desenvolvimento das atividades
designadas ao acadêmico.
Foi possível desenvolver habilidades como o espírito de equipe, sendo os setores
compreendidos pelo Sapiens Parque multifuncionais e interligados. Além disto, foi estimulada
a comunicação, através das apresentações do parque de inovação realizada pelo acadêmico,
onde o contato com o público se consistia no fator primordial, sendo possível detectar o nível
de aceite do Sapiens Parque nas pessoas que buscavam as informações.
Inserido no aspecto turístico, a gerência de marketing e comunicação possibilitou a
percepção das reações de pessoas frente a uma forma de turismo ainda pouco debatida, como
o Turismo do Conhecimento, onde o acadêmico desenvolveu um projeto de pesquisa sobre tal
temática, observando a aceitação do público pelo assunto que o Sapiens Parque abordará em
sua área de atuação.
Foi possível compreender a importância de ser ágil e funcional mutuamente, onde a
questão da percepção e visão ampliada possibilitou o entendimento das necessidades dos
clientes que se apresentavam no parque de inovação. Além disso, foi possível ao acadêmico
recepcionar clientes estrangeiros, principalmente no evento da Futurecom, desenvolvendo
habilidades de comunicação em outros idiomas.
Além disto, a tão importante e essencial paciência foi extremamente treinada, uma vez
que o atendimento ao público requer tão fundamental qualidade.
5.1.5 Aspectos positivos, limitantes e sugestões administrativas
A área de marketing e comunicação apresenta-se inserida no Sapiens Parque como
uma parte do todo que se evidencia de maneira integrada aos outros setores apresentados.
Sendo esta a responsável pelas pessoas tomarem conhecimento pelo Sapiens Parque, através
da divulgação e da percepção das necessidades e desejos das pessoas e do mercado, a gerência
154
de marketing e comunicação se constitui em uma importante área dentro da estrutura setorial
do Sapiens Parque.
Tendo em vista a extrema importância da área de marketing e comunicação na esfera
apresentada no Sapiens Parque, observa-se a existência de aspectos positivos, que se
constituem em fatores-chave no processo de sucesso do empreendimento. Os fatores que se
evidenciam de maneira benéfica no contexto do parque de inovação são frutos do intenso
trabalho realizado pela equipe. Dentre os fatores positivos da gerência de marketing e
comunicação pode-se citar:
• Interdisciplinaridade, onde a área de marketing e comunicação se mostra interligada às
outras áreas do empreendimento, fazendo com que todos os setores se complementem de
maneira cooperativa e eficiente;
• Agilidade da equipe, fazendo com que os aspectos a serem solucionados sejam prioridade e
demonstrem a importância de se atender e executar todas as tarefas designadas à gerência
como forma de se obter êxito e sucesso;
• Raciocínio rápido das pessoas envolvidas na gerência, onde a rapidez de pensamento e de
raciocínio se constitui em uma excelente forma de solução das problemáticas encontradas,
bem como no eficaz cumprimento das metas;
• Oferecimento de material explicativo às pessoas que visitam o local, bem como a troca de
cartões de visita, onde prováveis investidores são detectados, fazendo com que laços
profissionais se estabeleçam, além de tornar o Sapiens Parque mais conhecido da população,
onde materiais explicativos, como CD’s e portfólios podem se constituir em fontes de
divulgação em série;
• Mesa interativa, que se apresenta como um interessante diferencial de divulgação, fazendo
com que as pessoas interajam com as informações referentes ao Sapiens Parque através desta;
• Gentileza, que se constitui em uma importante estratégia de atendimento, fazendo com que
a equipe Sapiens atenda a todas as pessoas que buscam conhecer o empreendimento
prontamente, de uma maneira cortês e gentil;
• Preocupação em se estabelecer contatos, através de eventos ou mesmo na sede do Sapiens
Parque onde as pessoas buscam conhecer o parque de inovação a fins de negócios,
educacionais e pessoais, onde os profissionais realizam a troca de cartões de visita,
155
estabelecendo futuros contatos profissionais, bem como se colocando a disposição de
eventuais esclarecimentos.
O Sapiens Parque, conforme já mencionado, se constitui em um empreendimento de
grande porte onde sua efetiva implantação ocorrerá de maneira gradativa, mostrando suas
bases iniciais ainda em fases de estruturação. Como todo projeto de características inovadoras
e proporções gigantescas, o Sapiens Parque apresenta alguns limitantes de atuação que se
constituem em aspectos a serem repensados e posteriormente solucionados. Dentre os
aspectos limitantes de atuação do Sapiens Parque, cita-se:
• Alta dependência da Fundação CERTI, onde a solicitação de materiais necessários ao
desenvolvimento das atividades do setor é realizada para a fundação idealizadora do projeto.
Desta forma, caso haja certa urgência em se conseguir determinado material, a solicitação de
materiais, bem como autorizações ou outras questões burocráticas, torna o processo lento,
influenciando nas tomadas de decisões;
• Falta de um padrão de atendimento, onde todos os funcionários realizam ou apresentam
aptidões para realizar as apresentações do Sapiens Parque sem uma linha de ação padronizada
e organizada. Desta forma, alguns clientes podem ser atendidos de maneira extremamente
diferente, fazendo com que possa ocorrer esquecimento de informações, comprometendo a
questão de estabelecimento de contatos;
• Operacional despreparado para realizar o atendimento ao público, fazendo com que os
funcionários encarregados da manutenção sejam os primeiros a estabelecerem um contato
com os visitantes, sendo, portanto, imprescindível seu entendimento do projeto como um
todo, bem como seu preparo para o devido encaminhamento aos responsáveis;
Em virtude das problemáticas levantadas, sugere-se a sua rápida solução de modo a
tornar as atividades mais eficientes e com excelentes resultados. Desta forma, propõe-se como
sugestão de solução dos aspectos limitantes apresentados:
• A aquisição de uma maior independência do Sapiens Parque, onde a permanência e
vigilância da Fundação CERTI seria preservada, porém a prestação de contas poderia se dar
de maneira periódica a fim de tornar os serviços do parque de inovação mais acelerados e
156
independentes, fazendo com que as etapas necessárias para sua efetiva implantação seja, nesta
vertente apresentada, realizada de maneira mais eficiente;
• A criação de uma espécie de POP (Procedimento Operacional Padrão) para as questões de
atendimento ao público e explanações das informações referentes ao Sapiens Parque, de modo
a oferecer padronização de serviços desta espécie, conseguindo obter todas os dados
necessários de maneira igualitária e eficiente;
• O oferecimento de cursos de atendimento aos profissionais de manutenção, bem como a
explicação e esclarecimento das etapas que forem sendo desenvolvidas de maneira periódica,
a fim de tornar estes colaboradores inseridos no processo, fazendo com que atendam o público
de uma melhor maneira, enquanto o profissional qualificado para tal se dirige até o local.
Desta forma, pode-se visualizar no Sapiens Parque uma gerência de marketing
qualificada e adepta aos conceitos que direcionam o projeto, tais como a inovação e o
conhecimento, fazendo com que aspectos como divulgação e contato com o público sejam
realizados de maneira eficiente, sempre se atentando para possíveis falhas e esperados acertos,
realizando as atividades de maneira proveitosa e atingindo os objetivos propostos pelo
Sapiens Parque.
5.2 Gerência de Inteligência
Responsável pela gerência: Alexandre Ueno
Período: 03/08 a 11/09
Nº. de horas: 162 horas
5.2.1 Funções administrativas da gerência
O setor de inteligência do Sapiens Parque apresenta como principais atribuições:
• Prospecção de oportunidades e negócios;
• Estruturação de projetos de captação;
• Monitoração e análise de mercado e fontes de investimento;
157
• Suporte informacional a projetos;
• Desenvolvimento e implantação de sistemas de informação;
• Busca de novas parcerias;
• Suporte a processos de tomada de decisão;
• Estruturação de clusters de inovação;
• Gestão de portfólio de projetos inovadores.
5.2.2 Infra-estrutura da gerência
Conforme já explanado, o Sapiens Parque apresenta uma estrutura enxuta, inicial,
sendo a gerência de inteligência munida de:
• 07 baias de trabalho;
• 04 computadores com acesso à internet;
• Materiais de expediente;
• 01 multifuncional (copiadora, impressora, scanner) de uso comum;
• 09 telefones;
• 14 cadeiras, entre outros.
5.2.3 Atividades desenvolvidas pelo acadêmico na gerência
A principal atividade desenvolvida pelo acadêmico na gerência de inteligência no
Sapiens Parque se consistiu basicamente nos processos de pesquisas, estudo e projetos.
Relacionando-se com o turismo, o acadêmico pôde realizar pesquisas referentes ao
Turismo do Conhecimento, de modo que o Sapiens Parque apresenta interesse na área, sendo
oferecido ao estudante a função de pesquisa científica para fins de entendimento e
desenvolvimento do conceito de uma tipologia ainda pouco conhecida. Desta forma, através
da investigação de informações e interpretação das mesmas, o acadêmico pôde contribuir de
maneira significativa para o projeto em questão.
158
Com a finalidade de se manter cada diz mais experiente nas questões referentes à
informática, o acadêmico através das suas funções no setor pôde exercitar, aprender e
operacionalizar habilidades diárias no computador.
5.2.4 Conhecimentos técnicos adquiridos
Tendo sido possível o acadêmico estagiar em um setor como o de inteligência do
Sapiens Parque, pôde-se vivenciar questões profissionais, como a de pesquisador científico e
a de projetista na área em que atua.
Além disso, foi delegada a oportunidade de desenvolver e estimular habilidades de
concentração e interpretação de informações, através das pesquisas realizadas pelo acadêmico
no departamento de inteligência do Sapiens Parque.
Pôde-se, também, exercitar questões referentes à informática, fazendo com que o
acadêmico desenvolvesse e/ou aprendesse questões referentes ao uso do computador.
5.2.5 Aspectos positivos, limitantes e sugestões administrativas
Como a gerência de inteligência também se constitui em uma área em
desenvolvimento, pode-se observar aspectos positivos, limitantes e sugestões a serem
apresentadas.
Como aspectos positivos pode-se citar:
• Interdisciplinaridade entre os setores, onde a gerência de inteligência se comunica de
maneira contínua com demais áreas do Sapiens Parque, se constituindo em uma integração
entre as partes compreendidas. Desta forma, podem-se desenvolver ações com base nos
projetos e idéias dos outros setores, minimizando possíveis problemáticas;
• Enfoque contínuo no conhecimento, de modo a fazer com que as pessoas envolvidas na área
de inteligência se mantenham em constante e contínuo processo de aprendizagem e aquisição
de conhecimentos, tornando o empreendimento sempre atual e permanentemente inovador;
• Realização de projetos com fundamentos teóricos, onde os projetos criados são
intelectualmente pesquisados, monitorados e encaminhados para as seções de interesse,
tornando-os mais convincentes e, portanto, mais viáveis;
159
• Presença constante de livros, revistas e internet a disposição, fazendo com que o
conhecimento seja realmente o principal enfoque da gerência, tornando a reciclagem de
informações algo essencial e perene.
Na gerência de inteligência do Sapiens Parque foram constatados alguns aspectos
limitantes que merecem atenção para que possam ser solucionados da melhor maneira
possível. Dentre os aspectos limitantes detectados na área de inteligência do Sapiens Parque,
cita-se:
• Dependência da gerência em relação à Fundação CERTI, onde os problemas que ocorrem
com os computadores, por exemplo, são passados para a fundação que acaba por solucioná-
los de acordo com suas possibilidades, tornando o processo demorado e prejudicando o
andamento das pesquisas.
Como forma de se solucionar de maneira eficiente o aspecto limitante apresentado,
propõe-se a permanência de pessoas qualificadas na área de manutenção tecnológica em
determinados dias estipulados, como forma destas solucionarem os problemas de maneira
mais independente possível, tornando o processo de pesquisas mais rápido, eficiente e
proveitoso.
Assim, a gerência de inteligência do Sapiens Parque poderá continuar a exercer suas
funções de maneira eficaz, sempre se posicionando estrategicamente no mercado e realizando
projetos inovadores nas suas áreas de atuação.
5.3 Gerência de gestão
Responsável pelo setor: Leandro Carioni
Período: 16/10 a 07/11
Nº. de horas: 96 horas
5.3.1 Funções administrativas da gerência
A gerência de gestão do Sapiens Parque apresenta-se como grande aliada no processo
de desenvolvimento das atividades relacionadas ao parque de inovação. Conta com duas
vertentes principais que se consistem em Auxiliar Administrativo e Coordenador
160
administrativo. Realiza as principais atribuições no contexto apresentado, sendo definidas
como sete grandes pilares principais: atendimento ao público interno e externo; sistema de
telefonia; serviços de secretaria em geral; coordenadoria logística; coordenadoria de infra-
estrutura; coordenadoria financeira e coordenadoria de recursos humanos.
Executa serviços que se mostram essenciais para o eficaz andamento das atividades do
setor e do Sapiens Parque como um todo. As principais tarefas executadas pela gerência de
gestão são:
• Atendimento ao público interno e externo;
• Controle de entrada/saída de equipamentos, chaves, senhas telefônicas, material
institucional, acervo;
• Transmissão de recados;
• Back up do sistema de tarifação telefônica;
• Relatórios de telefonias pessoal e profissional;
• Organização/convocação de reuniões administrativas / técnicas / conselho de administração
/ conselho fiscal / acionistas;
• Recebimento de mercadorias, notas fiscais;
• Atualização do cadastro de clientes/parceiros;
• Suporte ao controle patrimonial;
• Publicação de atas, convocação de reunião do Sapiens Parque (Diário Oficial, A Notícia,
outros);
• Solicitação, organização e prestação de contas de viagens nacionais e internacionais;
• Solicitação de material junto à Fundação CERTI;
• Organizar, agendar e cancelar as reuniões do Sapiens Parque e do Circus;
• Organizar eventos do Sapiens Parque e do Circus;
• Suporte às rotinas diárias dos colaboradores;
• Controlar e encaminhar os pagamentos;
• Controle de férias;
161
• Gerenciar os prazos dos contratos/convênios;
• Supervisionar o saldo bancário das contas Sapiens;
• Supervisionar o cumprimento do horário de trabalho dos funcionários;
• Solicitar a transferência de recursos entre contas Sapiens/CERTI;
• Atendimento a fornecedores;
• Operacionalizar o processo de licitação, entre outros.
5.3.2 Infra-estrutura da gerência
Conforme já mencionado, a infra-estrutura da gerência de gestão, como as outras
gerências do Sapiens Parque, se mostra em fase de iniciação ao trabalho, apresentando-se
restrita e ainda em consolidação. Os principais itens observados na infra-estrutura da gerência
de gestão se constituem em:
• 01 baia;
• 01 cadeira;
• 01 computador com acesso à internet;
• 01 telefone;
• Materiais de expediente;
• 01 multifuncional (copiadora, impressora, scanner) de uso comum, entre outros.
5.3.3 Atividades desenvolvidas pelo acadêmico na gerência
Dentro da área de gestão, compreendida na diretoria administrativo-financeira, o
acadêmico realizou atividades relacionadas à administração como um todo do Sapiens Parque,
bem como se deteve em apresentar resultados na área de secretaria.
Apresentando-se em uma realidade interdisciplinar, a gerência de gestão se concentra
como uma área importantíssima no contexto do Sapiens Parque, uma vez que as todas as
demais áreas desta dependem.
Ao acadêmico foram oferecidas atividades cotidianas de secretaria, como o
atendimento aos clientes através de telefone ou pessoalmente; a operacionalização do
162
equipamento de multifuncional, imprimindo e/ou copiando documentos a serem utilizados
pelos profissionais do Sapiens Parque; o atendimento aos funcionários de manutenção,
encaminhando as questões referentes aos seus determinados correspondentes; entre outros.
Além disto, foi oferecida a oportunidade de se presenciar algumas reuniões da equipe a fim de
demonstração de resultados e programação de ações futuras.
5.3.4 Conhecimentos técnicos adquiridos
Tendo sido oferecida a oportunidade de se conhecer as rotinas cotidianas de um setor
tão importante e indispensável como a gerência de gestão do empreendimento Sapiens
Parque, foi possível adquirir conhecimentos e habilidades através do estágio na área.
Por agregar tantas atividades indispensáveis ao pleno andamento das atividades do
Sapiens Parque, o acadêmico pôde exercitar e aprimorar habilidades como a responsabilidade
em ter que realizar tarefas como a transmissão de recados para pessoas de grande importância
no parque de inovação, como o Diretor Presidente, por exemplo. Saber informar sobre o
Sapiens Parque bem como designar os assuntos e as pessoas que procuravam o
empreendimento ao técnico correspondente também foi de suma importância no processo de
aprendizagem e aquisição de conhecimentos.
Ao se tratar com clientes internos e externos foi exercitada a habilidade da gentileza,
comunicação e cortesia, tão importantes para a questão do atendimento. Há também o aspecto
da agilidade no exercício das funções, uma vez que houve a necessidade de ágil e funcional ao
mesmo tempo.
Na gerência de gestão, foi possível aprender e praticar atividades características das
rotinas administrativas de um empreendimento do porte do Sapiens Parque, onde deve-se
haver precisão na execução das tarefas. Desta forma, além de se praticar as atividades de
cunho administrativo, também se praticou a rapidez de raciocínio para a solução de
imprevistos que surgem em casos como este e em empreendimentos deste porte.
5.3.5 Aspectos positivos, limitantes e sugestões administrativas
A gerência de gestão do Sapiens Parque apresenta aspectos positivos, onde estes se
responsabilizam pelo sucesso das ações por esta gerência desenvolvidas, aspectos limitantes,
163
que fazem com que algumas oportunidades se percam e, para isso, propõem-se algumas
sugestões administrativas para que melhorias e benefícios continuem sendo conquistados.
Como aspectos positivos da gerência de gestão do Sapiens Parque citam-se:
• Interdisciplinaridade entre os setores, fazendo com que todas as decisões sejam tomadas
tendo como base as ações das gerências em conjunto;
• Estabelecimento de contatos, onde o atendimento se faz primeiramente, antes de qualquer
outro técnico, fazendo com que os prováveis investidores e outras pessoas que apresentarem
algum tipo de interesse no Sapiens Parque, sejam recebidas de maneira profissional e
encaminhadas para as áreas de interesse;
• Padrão nas atividades, onde o cumprimento das tarefas são realizadas normalmente pelo
mesmo profissional, delegando um certo padrão no atendimento e no desenvolvimento das
funções;
• Gentileza e prontidão em atender, tornando a gerência de gestão bastante pró-ativa e
eficiente no quesito atendimento, fazendo com que se facilite o processo de estabelecimento
de contatos.
Os aspectos limitantes observados na gerência de gestão consistem em:
• Dependência da Fundação CERTI, onde os materiais a serem solicitados, bem como os
demais aspectos burocráticos e de serviços sejam obrigatoriamente resolvidos na fundação,
tornando, em alguns momentos, o processo lento e demorado;
• Acúmulo de funções, fazendo com que somente um profissional seja encarregado de várias
atividades, tornando as vezes seu trabalho sobrecarregado.
Como forma de fazer com que os aspectos limitantes sejam solucionados e façam com
que continue havendo positividade no desenvolvimento das ações da gerência de gestão do
Sapiens Parque, sugere-se:
• Uma maior autonomia do Sapiens Parque, de forma a realizar as soluções dos problemas
apresentados, prestando contas com a Fundação CERTI de maneira periódica;
164
• A designação de algumas funções de caráter administrativo para outros colaboradores do
parque de inovação, ou mesmo o deslocamento de outro colaborador para o auxílio das
funções principais.
Desta forma, a gerência de gestão do Sapiens Parque poderá continuar suas tarefas de
maneira a resultar cada vez mais aspectos positivos, dando continuidade ao excelente trabalho
de gestão para qual se propôs.
5.4 Gerência de planejamento de negócios
Responsável pelo setor: Carolina Menegazzo
Período: 08/11 a 21/11
Nº. de horas: 54 horas
5.4.1 Funções da gerência
O departamento de gerência de planejamento de negócios compreende como
principais funções:
• Prospecção de novos negócios;
• Levantamento de alternativas, novos negócios, potencialidades para tal, etc.;
• Análise de mercado;
• Análise do mercado em que está inserido o produto;
• Análise econômico-financeira para estudo da viabilidade dos produtos Sapiens;
• Estudo de análise econômica de todo o projeto, de novos produtos e de suas fases.
5.4.2 Infra-estrutura da gerência
Conforme já mencionado, a infra-estrutura da gerência de planejamento de negócios,
da mesma forma que as outras gerências do Sapiens Parque, apresenta-se restrita e ainda em
165
consolidação. Os principais itens observados na infra-estrutura da gerência de planejamento
de negócios foram:
• 01 baia;
• 01 cadeira;
• 01 computador com acesso à internet;
• 01 telefone;
• Materiais de expediente;
• 01 multifuncional (copiadora, impressora, scanner) de uso comum, entre outros.
5.4.3 Atividades desenvolvidas pelo acadêmico no setor
Tendo sido possibilitada a realização de estágio na área de planejamento de negócios,
se tornou viável a execução de tarefas que competem a este setor. Na gerência de inteligência,
o acadêmico realizou, resumidamente, a tarefa de construção de projeto na área turística.
Desta forma, a partir da gerência de planejamento de negócios, o futuro bacharel em turismo e
hotelaria realizou tarefas que competem, de uma maneira intrínseca, às atividades
desenvolvidas na área de inteligência do Sapiens Parque.
Na área de planejamento de negócios, foi possível a realização de discussões, esboços
e planos que apresentaram como objetivo o estudo do planejamento de um novo
produto/negócio no Sapiens Parque. Este novo produto/negócio se define com características
inovadoras e criativas no turismo, sendo ainda pouco explorado em âmbito mundial,
consistindo no Sapiens Parque uma das iniciativas pioneiras no quesito apresentado.
5.4.4 Conhecimentos técnicos adquiridos
Diante da realização de atividades na gerência de planejamento de negócios, o
acadêmico pôde adquirir algumas características que normalmente não são estruturadas em
ambiente universitário. Dentre tais características cita-se o estudo do mercado apresentado,
fazendo com que a percepção da realidade fosse exercitada.
Também foi possível a aquisição de novos conhecimentos referentes às questões
econômico-financeiras, tornando o aprendizado referente ao estudo de mercado e
166
planejamento de negócios, bem como sua futura aplicação, fizeram com que o acadêmico
obtivesse melhores e maiores noções sobre a realidade mercadológica enfrentada nos mais
diversos segmentos que o parque de inovação aborda, inclusive na área turística.
5.4.5 Aspectos positivos, limitantes e sugestões administrativas
Na gerência de planejamento de negócios pôde-se observar como aspecto positivo a
questão da preocupação em se analisar o ambiente em que será exposto e apresentado os
produtos provenientes do Sapiens Parque. Além disto, a questão da cordialidade da equipe
também contribuiu para a percepção de tal fato como sendo um aspecto positivo. Desta forma,
poderá se estabelecer parcerias, contatar prováveis investidores e estabelecer futuros contatos
profissionais.
Dentre os aspectos negativos, cita-se novamente a questão da dependência do setor da
Fundação CERTI, apresentando os mesmos problemas dos demais setores relatados. Um
outro aspecto limitante das atividades constitui-se na ausência de outras pessoas que dominem
os assuntos referentes à gerência, uma vez que sendo necessária a ausência da pessoa
responsável, torna-se restrito o encaminhamento das atividades do setor.
Como forma de se apresentar soluções que minimizem ou mesmo eliminem os
aspectos limitantes da área de planejamento de negócios, propõe-se, da mesma forma que os
demais departamentos apresentados, uma maior autonomia da gerência do Sapiens Parque, de
modo que a prestação de contas com a Fundação CERTI seja realizada de maneira periódica e
contínua. Uma outra sugestão se apresentaria em uma proposta de compartilhamento de
funções, visto que uma das principais filosofias do empreendimento consiste na
interdisciplinaridade.
167
6 ANÁLISE DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Tendo sido possibilitada a oportunidade de se estagiar em um empreendimento tão
inovador, criativo e que apresenta proposta para o fomento da atividade turística em
Florianópolis e em todo o seu entorno, pode-se perceber a importância em se estabelecer uma
espécie de aliança entre a teoria ministrada em sala de aula com a prática proporcionada pelo
Sapiens Parque.
O estágio compreendeu 75 dias, sendo 6 horas diárias, totalizando 450 horas. Além de
poder vivenciar a realidade dos funcionários em seu cotidiano de trabalho, pôde-se observar
como ocorre o funcionamento de um empreendimento em suas fases iniciais, sendo oferecido
ao acadêmico a oportunidade de aprender questões como planejamento, burocracia,
divulgação e desenvolvimento de produtos.
Sendo o Sapiens Parque um empreendimento inovador e que apresenta inúmeras
expectativas nos mais diversos segmentos no qual se propõe, o acadêmico viu-se interessado e
motivado em entrar em um projeto pioneiro, interessante e profundamente próspero. O
desafio ao se propor uma pesquisa inédita na área turística contribuíram para a escolha do
empreendimento, bem como para o auxílio do fomento da atividade turística na íntegra.
Todas as informações adquiridas, bem como os conhecimentos, aprendizagens e
postura profissional foram transmitidos pelos profissionais do parque de inovação, onde as
dúvidas eram sanadas prontamente, de maneira completa e cordial.
Além do tempo diário empregado para a realização do estágio, foram realizadas
pesquisas, busca de literatura, contato com pessoas da área e a confecção do projeto de
pesquisa e do relatório de estágio em período distinto à prática da atividade. Desta forma, foi
possível a conquista dos objetivos propostos, bem como o cumprimento de todos os prazos
estipulados.
O projeto de pesquisa consistiu em uma conseqüência da realização do estágio
obrigatório, portando-se como de maneira pioneira na realidade turística encontrada. Tendo
em vista a completa limitação do tema proposto, foram realizadas reuniões e orientações com
profissional da instituição de ensino, a fim de conseguir direcionar da melhor maneira
possível o projeto de pesquisa e o relatório de estágio.
168
A partir do estágio oferecido, foi exeqüível a realização de contatos com pessoas
inseridas em áreas inovadoras e com potencial para o desenvolvimento de produtos e serviços
criativos. A estimulação à pesquisa e à aquisição de novos conhecimentos também foi
oferecida em virtude do estágio, bem como o aprimoramento de habilidades já conhecidas do
acadêmico.
A presença constante da instituição de ensino proporcionou a eliminação de dúvidas
comuns aos estudantes que se apresentam em fases finais do curso de graduação, munindo
questionamentos referentes aos desenvolvimentos e práticas da realidade profissional a qual
estão prestes a enfrentar.
É através de iniciativas como o estágio que se pode preparar o futuro profissional para
a realidade mercadológica, tornando-os mais habilitados a desenvolver atividades na área
turística.
169
7 CONCLUSÃO TÉCNICA
O turismo vem se constituindo, nos últimos tempos, como um dos principais pilares da
economia de muitas localidades. O Brasil se insere neste contexto, uma vez que apresenta
atrativos que se demonstram com completa declividade para o turismo, como as belezas
naturais encontradas. Santa Catarina se apresenta como um dos estados brasileiros com mais
propensão para o turismo, oferecendo variedade de elementos que vão desde o sol até a geada
e a neve. Em Santa Catarina se encontra Florianópolis, responsável pela atração de um grande
número de turistas vindos das mais diversas regiões.
A Ilha de Santa Catarina, entretanto, enfrenta o grave problema turístico da
sazonalidade, apresentando-se superlotada no verão e estagnando suas atividades turísticas
nos meses mais frios. Desta forma, desestrutura-se o turismo na cidade, afetando não só o
turismo, mas todas as demais atividades que deste dependem, tais como o comércio e a
hotelaria, por exemplo.
O Sapiens Parque vem se apresentar nesta realidade como empreendimento inovador e
que objetiva, entre outras questões, a minimização dos efeitos nocivos da sazonalidade,
buscando oferecer atrativos turísticos inteligentes e perenes. Desta forma, espera-se que o
turismo na cidade de Florianópolis seja reestruturado e melhor desenvolvido com a criação de
alternativas turísticas inovadoras, criativas e inteligentes, como a proposta do Sapiens Parque.
O Sapiens Parque inicia uma discussão a frente da importância em se estabelecer
empreendimentos inovadores, ou mesmo delegar uma nova abordagem de elementos
turísticos já estruturados, porém pouco consolidados. O turismo do conhecimento é um bom
exemplo de produto inovador que objetiva a reunião de valores benéficos à atividade turística.
O estágio realizado no Sapiens Parque elucida a importância da aliança contínua entre
teoria e prática, sendo a teoria, neste caso, conquistada através da comunidade acadêmica e a
prática proporcionada pelo parque de inovação. Assim, a tão debatida e exigida experiência
profissional se manifesta, tornando o estudante melhor preparado para a realidade
mercadológica que está prestes a enfrentar. Além de todas as questões benéficas oferecidas
pelo cumprimento do estágio obrigatório, o estabelecimento de contatos profissionais ocorreu
como forma de qualificar ainda mais a atividade proporcionada pelo empreendimento e pela
instituição de ensino.
170
Desta forma, os objetivos traçados foram cumpridos, tendo sido possível desenvolver
atitudes e hábitos profissionais, além da aquisição de conhecimentos e aprendizagens nas mais
diversas áreas, especialmente na área turística.
A atividade de turismo confere ao bacharel de turismo e hotelaria a responsabilidade
de desenvolver a atividade de maneira eficiente, sustentável e inteligente, fazendo com que o
futuro da atividade seja cada vez mais promissor, gerador de divisas e empregador de um
número cada vez maior de colaboradores, beneficiando todos e quaisquer envolvidos, tais
como trade turístico, poder público, turistas e comunidade.
171
8 REFERÊNCIAS
BENI, Mário Carlos. Análise Estrutural do Turismo. 6 ed. São Paulo: SENAC, 2001.
BISSOLI, Ângela Marques Ambrizi. Estágio em Turismo e Hotelaria. São Paulo: Aleph,
2002.
OLIVEIRA, Antônio Pereira. Turismo e Desenvolvimento: Planejamento e Organização. 5
ed. São Paulo: Atlas, 2005.
SAPIENS PARQUE. Evolução Histórica da Organização, Florianópolis, 25 ago. 2006.
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9 ASSESSORIAS TÉCNICAS E EDUCACIONAIS
Professora responsável pelo estágio: MSc. Karine Von Gilsa
Professora orientadora: MSc. Renata Silva