Upload
phammien
View
215
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO ROSEMARY PEREIRA DE ARAÚJO
CARACTERIZAÇÃO TERMOMECÂNICA DE
CIMENTOS RESINOSOS AUTOADESIVOS
São Paulo
2015
ROSEMARY PEREIRA DE ARAÚJO
CARACTERIZAÇÃO TERMOMECÂNICA DE
CIMENTOS RESINOSOS AUTOADESIVOS
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional da Universidade Anhanguera de São Paulo para obtenção do título de MESTRE em Biomateriais, Área de concentração: Biomateriais em Odontologia. Orientador: Prof. Dr. Paulo Henrique Perlatti D’Alpino
São Paulo
2015
Reprodução autorizada pela autora, desde que citada a fonte.
Ficha Catalográfica
A663 Araújo, Rosemary Pereira de.
Caracterização termomecânica de Cimentos resinosos autoadesivos / Rosemary Pereira de Araújo. -- São Paulo, 2015.
76 f.; 30 cm.
Dissertação (Mestrado) - Curso de Odontologia da Universidade Anhanguera de São Paulo. Diretoria de Pós-Graduação e Pesquisa. Área de concentração: Biomateriais em Odontologia, 2015.
Orientação: Prof. Doutor Paulo Henrique Perlatti D’Alpino
1. Biomateriais. 2. Cimentos resinosos. 3. Odontologia. I. D’Alpino,
Paulo Henrique Perlatti. II. Título.
CDD 617.67
Catalogação na fonte: Elisabete Feitoza dos Santos CRB8/8048
Rosemary Pereira de Araújo
Caracterização termomecânica de cimentos resinosos autoadesivos
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional da Universidade Anhanguera de São Paulo para obtenção do título de MESTRE em Biomateriais, Área de concentração: Biomateriais em Odontologia.
São Paulo, ___________________________
Banca Examinadora
Prof. Dr. _________________________Instituição: _____________________
Julgamento: ____________ Assinatura: ______________________________
Prof. Dr. _________________________Instituição: _____________________
Julgamento: ____________ Assinatura: ______________________________
Prof. Dr. _________________________Instituição: _____________________
Julgamento: ____________ Assinatura: ______________________________
Parecer:
RESUMO
Caracterizou-se mecanicamente diferentes cimentos resinosos autoadesivos
ativados através de três técnicas: I- fotoativação imediata, II- fotoativação tardia
(após 10 minutos) e III- ativação química (não fotoativado). Propôs-se, ainda,
caracterizar termicamente esta categoria de materiais. Produziram-se corpos de
prova adicionando-se aos cimentos antes da manipulação dos mesmos a
hidroxiapatita na forma de pó. Os cimentos MaxCem Elite (Kerr), Bifix SE (Voco), G-
Cem (GC) e RelyX U200 (3M ESPE) foram manipulados e aplicados a moldes de
Teflon seguindo instruções do fabricante e ativados em função dos grupos
experimentais. Os espécimes foram então armazenados por 24 h em temperatura
ambiente. Realizou-se o teste de flexão em máquina de ensaios (0,5 mm/min.)
obtendo-se resistência à flexão (RF) e módulo flexural (MF). Os resultados foram
analisados estatisticamente (ANOVA/Tukey, 5 %). Espécimes de cimentos resinosos
foram também obtidos para se realizar a análise termogravimétrica (DTA, TGA e a
temperatura de transição vítrea - Tg). Houve interação significante entre fatores
‘cimentos’ e ‘técnica de ativação’ (p < 0,05). A RF de RelyX U200 e G-Cem foi
dependente da fotoativação imediata ou após 10 min. (p < 0,05); a fotoativação
tardia favoreceu MaxCem Elite; Bifix SE apresentou maiores médias significantes,
independente da ativação (p < 0,05). As médias de MF foram similares e
significativamente maiores quando fotoativados imediatamente ou após 10 min.
(p < 0,05). MaxCem Elite apresentou a menor % de matriz orgânica, seguido de G-
Cem, Bifix SE, e RelyX U200. Bifix SE apresentou a maior Tg e G-Cem a menor.
Conclui-se que as propriedades mecânicas são material dependente e influenciados
pela forma de ativação, especialmente quando fotoativados imediatamente ou após
10 minutos. Diferenças na natureza e composição química das frações inorgânicas
influenciam na porcentagem em volume das partículas e no comportamento térmico
dos materiais avaliados e devem, consequentemente, influenciar no comportamento
clínicos dos cimentos resinosos autoadesivos.
Unitermos: Cimentos resinosos, Termogravimetria, Propriedades mecânicas, Temperatura de transição vítrea.
ABSTRACT
This study evaluated the mechanical properties of self-adhesive resin cements mixed
with pure hydroxyapatite, as a function of the polymerization activation mode among
a variety of commercial self-adhesive cements. Four cements (MaxCem Elite, Bifix
SE, G-Cem (GC), and RelyX U200) were mixed, combined with hydroxyapatite,
dispensed into molds, and distributed into three groups, according to polymerization
protocols: IP (photoactivation for 40 s); DP (delayed photoactivation, 10 min self-
curing plus 40 s light-activated); and CA (chemical activation, no light exposure).
After photoactivation, the specimens were stored at 37 °C for 24 h. After storage, a
three-point bending test was carried out in a universal testing machine at 0.5
mm/min. Flexural strength (S) and flexural modulus (E) were calculated. The
fractured surfaces were analyzed under SEM. Data were analyzed by two-way
ANOVA and Tukey’s test (α = 0.05). Thermogravimetric analysis and differential
thermal analysis were performed to obtain the glass transition temperature (Tg) and
weight loss. The tested parameters varied as a function of resin cement and
polymerization protocol. Regarding the S means, MaxCem Elite, G-Cem, and RelyX
U200 demonstrated dependence on photoactivation (immediate or delayed),
whereas Bifix SE exhibited no dependence on the polymerization protocol. The same
was observed for Bifix SE for the E means, which presented the best balance based
on the parameters analyzed, irrespective of the activation protocol. MaxCem Elite
contained the least organic matrix, followed by G-Cem, Bifix SE, and RelyX U200.
Bifix SE presented the highest Tg and G-Cem the lowest. Choice of polymerization
protocol affects the mechanical properties of hydroxyapatite and self-adhesive resin
cement mixtures. Differences in the nature and chemistry of inorganic fractions
seemed to dictate the filler content and also the thermal behavior of the materials
tested and, may consequently influence the clinical performance of self-adhesive
resin cements.
Keywords: Resin cements, Mechanical properties, Thermogravimetric analysis, Glass transition temperature.
LISTA DE ABREVIATURAS
BMP - bis(2-methacryloxyethyl) acid phosphate
BisGMA - bisfenol glicidil dimetacrilato
BisEMA - bisfenol A dimetacrilato etoxilado
CRA(s) – cimento(s) resinoso(s) autoadesivo(s)
°C - graus Celsius
HEMA - hidroxietil metacrilato
ISO- International Society of Stardardization Organization
Kv – kilovolts
LEDs- light emitting diode (diodos emissores de luz)
MPa - MegaPascal
10-MDP - 10 - metacrilóxidecil dihidrogênio fosfato
4-META - 4-metacriloxietil trimelitano anidro
MEV - microscopia eletrônica de varredura
TEGDMA - trietileno glicol dimetacrilato
UDMA - uretano dimetacrilato
PMGDM- dimetacrilato glicerol pirometílico
pH - potencial hidrogeniônico
Penta P- penta eritrol pentacrilato
W/cm2- miliwatts por centímetro quadrado
- delta
HA - hidroxiapatita
Tg - transiçao vítrea
Gly-DMA - glicerol dimetacrilato
g- gramas
GPa – Giga pascal
TGA - análise termogravimétrica
(α-Al2O3) - alfa alumina
TDA - Análise Térmica Diferencial
(∆T) - Diferença de temperatura
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 9
REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................... 17
Cimentos resinosos autoadesivos ........................................................................ 17
Composição dos cimentos autoadesivos ............................................................. 17
Características químicas e físicas dos cimentos resinosos ............................... 19
Composição principal ............................................................................................. 19
Características da polimerização ........................................................................... 19
Diferentes métodos de ativação dos cimentos autoadesivos ............................. 20
Cimentos resinosos e suas limitações ................................................................. 21
Mecanismo de ativação dos cimentos resinosos ................................................ 22
PROPOSIÇÃO .......................................................................................................... 29
Delineamento experimental .................................................................................... 31
Caracterização estrutural ....................................................................................... 33
Obtenção dos corpos de prova ................................................................................. 33
Análise fractográfica ............................................................................................... 42
Caracterização térmica ........................................................................................... 55
CONCLUSÕES ......................................................................................................... 69
Referências...........................................................................................................71
9
INTRODUÇÃO
Atualmente os cimentos resinosos são os materiais eleitos para cimentação de
restaurações indiretas, principalmente as denominadas próteses estéticas (‘metal-
free’) 1. Sua escolha se justifica devido o aumento da longevidade deste tipo de
tratamento, objetivando a obtenção de maiores valores de resistência da união entre
a estrutura do dente e os materiais restauradores 2. A utilização de cimentos
resinosos convencionais, que faz uso de condicionamento prévio dos tecidos
dentais, apresenta uma técnica de aplicação complexa que pode comprometer a
qualidade da adesão devido aos vários passos operatórios a serem seguidos. Em
conseqüência da aplicação de diversos passos, a cimentação pode acarretar
sensibilidade pós-operatória e ainda levar ao insucesso da restauração indireta 3.
Além disso, alguns sistemas adesivos simplificados, de frasco único, não são
compatíveis quimicamente com os cimentos resinosos autoativáveis que utilizam o
sistema peróxido de carbamida-aminas terciárias para ativação e iniciação da
reação de polimerização, respectivamente 4; 5. Com o objetivo de diminuir os passos
clínicos operatórios necessários e compensar as limitações encontradas nas
técnicas atualmente empregadas, alternativas vem sendo estudadas com vistas à
obtenção de outras formas de adesão 6.
A procura de materiais restauradores com interação química com os tecidos
dentais visando alcançar uma união mais efetiva e a utilização de um menor número
de passos operatórios não é recente 7. A união química com tecidos dentais foi
estabelecida inicialmente através do desenvolvimento dos cimentos de ionômero de
vidro. O pó, à base de vidro de alumino-flúor-silicato e o líquido, é aglutinado a uma
solução de ácido polialcenóico obtendo-se um cimento com radicais ácidos que
10
promovem a união química entre os grupamentos carboxílicos do ácido polialcenóico
e os íons cálcio dos cristais hidroxiapatita do esmalte e da dentina. Além disso, há
possibilidade, além da união micromecânica, da obtenção de uma união química
com os cristais de hidroxiapatita que permanecem ao redor das fibrilas de colágeno
em alguns sistemas adesivos autocondicionantes moderadamente ácidos. Assim
haveria uma interação química com os monômeros funcionais em nível molecular,
auxiliando ainda mais na prevenção e/ou minimizando a ocorrência de infiltração
marginal, em função da formação de sais de carboxilato de cálcio ou das ligações de
cálcio e fosfato resultantes. A fim de melhor proteger as fibrilas de colágeno da
hidrólise e a degradação precoce da interface de união, a união química com os
tecidos dentais deve garantir a manutenção da hidroxiapatita ao redor das fibrilas de
colágeno 8; 9.
Nestes sistemas adesivos autocondicionantes, o pH ácido inicial é
possibilitado pela adição de monômeros com grupamentos ácidos como o 4-META
(à base de ácidos carboxílicos) e, outros fosforilados como o fenil-P e 10-MDP que
apresentam um potencial de produzir uma união química ao cálcio da hidroxiapatita
residual 10. Assim, estes monômeros desmineralizam a estrutura e ao mesmo tempo
infiltram por entre a smear layer, e as fibrilas de colágeno. Como exemplos de
marcas comerciais que utilizam esses monômeros com radicais ácidos encontra-se
no mercado o Clearfil SE e Clearfil SE Plus (Kuraray, Japão) 11. Tem-se afirmado
que a resistência da união quando da aplicação destes sistemas adesivos em
esmalte seria comparável à obtida com adesivos convencionais 11. Os autores deste
estudo justificaram que este fato seria indicativo de que, apesar de interagir
superficialmente com esmalte, o potencial para uma união micromecânica seria
menor quando comparado ao tratamento com ácido fosfórico. Deste modo, a
11
capacidade de estabelecer uma união química adicional com a hidroxiapatita deve
ter contribuído para uma maior efetividade da adesão com o esmalte.
Em 2002 surgiu uma nova estratégia de união química com a estrutura
dentária no mercado. Tratava-se de uma nova categoria de cimento resinoso
objetivando diminuir os passos operatórios e a sensibilidade da técnica. Esta
categoria de material restaurador foi denominada de cimentos resinosos
autoadesivos, sendo o primeiro deles o de marca comercial RelyX UniCem (3M
ESPE) 12. A vantagem desta categoria de cimentos resinosos estaria na aplicação
clínica direta, sem a necessidade de associação com sistemas adesivos, diminuindo
o número de passos operatórios e a sensibilidade da técnica 13. Em função da sua
interação com os substratos dentais, os cimentos resinosos são classificados como:
1- convencional, associado a sistemas adesivos convencionais, 2-
autocondicionante, associado a adesivos autocondicionantes e, 3- cimentos
resinosos autoadesivos (CRAs) 14; 15, que dispensam a aplicação prévia de sistemas
adesivos. Desta forma, aplicando-se cimentos convencionais e autocondicionantes
obtém-se uma interação micromecânica com os substratos dentários, enquanto nos
autoadesivos, a forma de interação é micromecânica e química 14; 15.
O pH apresentado nos cimentos autoadesivos é ácido após a mistura das
pastas base e catalizadora, que é neutralizada à medida que ocorre a
desmineralização e penetração do material nos substratos odontológicos, formando-
se uma camada híbrida não autêntica 14; 15. Nakabayashi et al.16 descreveram a
camada híbrida como uma combinação resultante da dentina e polímero que pode
ser definida como a impregnação de um monômero à superfície dentinária
desmineralizada, formando uma camada ácido-resistente de dentina reforçada por
resina. Além dos monômeros com grupamentos ácidos fosforilados, outro
12
componente deste material baseia-se no conceito da união química do ionômero de
vidro com os tecidos dentais que foi adicionada à formulação destes cimentos,
objetivando neutralizar o baixo pH inicial 17. Atribui-se a este material uma interação
química do tipo covalente com a estrutura dentária, que ocorre através da ‘quelação’
dos íons cálcio, o que favorece ainda mais uma maior longevidade clínica desta
classificação de material 12. A união química se daria entre as partículas vítreas de
alumínio-flúor-silicato com os cristais de hidroxiapatita presentes na sua formulação
17. Assim, a interação destes cimentos com o substrato é micromecânica e química,
sendo esta última forma mais efetiva que a micromecânica. Apesar disso, tem-se
demonstrado que as duas formas de união tenham efeito sinérgico 12.
Os cimentos resinosos autoadesivos são de dupla polimerização (duais) 15.
De acordo com as características destes cimentos, sua indicação, além de abranger
a cimentação de restaurações indiretas de resinas compostas ou cerâmicas, como
inlays, onlays, coroas totais, são também indicados para a cimentação de pinos
intracanal onde as maiores dificuldades são a de se obter um substrato úmido
uniforme e onde a fotoativação é dificultada nas regiões mais profundas do conduto
radicular. Após o lançamento do RelyX U100, outras indústrias odontológicas
desenvolveram produtos similares da mesma classificação, bem como uma versão
modificada do cimento resinoso RelyX U100 foi recentemente apresentada
comercialmente, denominado RelyX U200. De acordo com o fabricante, esta nova
formulação apresenta como característica principal, um componente reológico para
melhorar as condições de escoamento do cimento durante a cimentação de
próteses. Os CRAs apresentam como maior vantagem a simplicidade da técnica
pela redução de passos, o que elimina a necessidade da associação com um
13
sistema adesivo, reduzindo-se o tempo clínico dos procedimentos de cimentação 3;
18.
Embora apresentem vantagens devido a simplicidade da técnica de
cimentação, os cimentos autoadesivos, podem ser motivo de preocupação no que
diz respeito à biocompatibilidade, dependendo da quantidade de monômeros
residuais presentes após a cimentação de restaurações indiretas 19. Como os
cimentos autoadesivos dispensam à aplicação prévia de adesivo, os monômeros
residuais presentes após a polimerização podem ser continuamente liberados
diretamente sobre a dentina, o que pode promover danos pulpares, levando muitas
vezes até à morte celular dos odontoblastos 19. Apesar da sensibilidade da técnica, a
aplicação de sistemas adesivos previamente à aplicação dos cimentos resinosos de
certa forma promoveria um vedamento dos túbulos dentinários. É largamente
conhecido o fato que os materiais resinosos não se polimerizam completamente e
uma percentagem significativa dos grupos metacrilato encontram-se não reagidos 20.
Portanto uma polimerização dos cimentos resinosos em menor magnitude ainda que
em pequenas espessuras, representaria um maior impacto à longevidade das
restaurações e dos elementos dentários já debilitados.
O objetivo de todo profissional é obter uma restauração com um alto
desempenho frente a solicitações mecânicas e físicas, ao mesmo tempo, com o
máximo de selamento marginal. Entretanto, todo profissional deve ter ciência, de
que em algumas situações clínicas, onde se utilizam sistemas cerâmicos ou
poliméricos indiretos mais opacos e que impedem parcialmente à passagem da
energia luminosa do aparelho fotoativador, é necessário utilizar mecanismos para
obter a máxima qualidade na polimerização dos cimentos. Com base nesses fatos, a
14
aplicação de cimentos de dupla polimerização representaria uma melhor opção de
material para a cimentação nestes casos.
É importante que a polimerização destes materiais seja realizada
corretamente mesmo em condições clínicas onde a polimerização física não seria
possível. Tem-se apregoado que através da utilização de diferentes combinações de
intensidade de luz e tempo de exposição seria possível obter valores de conversão
similares nos cimentos resinosos duais, já que o grau de conversão dos monômeros
na reação de polimerização dos agentes de fixação resinosos é mais dependente da
energia fornecida durante a fotoativação 21. Os cimentos resinosos são influenciados
clinicamente pelo ambiente oral, devido à sorção e solubilidade, mesmo em fina
espessura. Considerando este cenário, a avaliação da influência dos protocolos de
ativação dos cimentos resinosos é de extrema importância com vistas ao
desempenho clínico dos materiais restauradores indiretos. Uma polimerização
inadequada está também associada, além da redução das propriedades mecânicas
dos cimentos resinosos, na redução da resistência coesiva e adesiva, à compressão
e maior possibilidade de deslocamento da restauração devido à menor retenção 4; 22.
Por outro lado, deve-se considerar as características intrínsecas dos aparelhos
fotoativadores que são fatores de difícil controle 19. Dependendo da irradiância e da
densidade de potência dos aparelhos, a qualidade da polimerização dos cimentos
pode estar também comprometida23. A falta da atenção dos profissionais que
executam os procedimentos de fotoativação no dia-a-dia da clínica pode ter um forte
impacto na qualidade de polimerização considerando-se a diminuição da dose que
chega ao material, o que poderia também resultar em uma falha da restauração.
Vários autores 12; 21; 24; 25 relatam uma fotoativação deficiente, como sendo uma das
principais causas de insucesso clínico e maior possibilidade de infiltração marginal.
15
Estudos recentes 23; 26 mostraram que para algumas classificações de
cimentos resinosos convencionais há uma grande dependência da fotoativação;
para outros, a ativação química mostrou melhores resultados e em outros cimentos,
uma maior dependência da fotoativação 27. Considerando-se o que foi previamente
exposto, objetivou-se caracterizar estruturalmente cimentos resinosos autoadesivos
comerciais com características semelhantes em função de diferentes técnicas de
fotoativação. Além disso, realizaram-se caracterizações morfológicas objetivando-se
a complementação e suporte para os resultados obtidos. Por fim, caracterizações
térmicas dos cimentos foram também realizadas para se obter mais informações
sobre as frações inorgânicas e a temperatura de transição vítrea.
17
REVISÃO DA LITERATURA
Cimentos resinosos autoadesivos
Composição dos cimentos autoadesivos
O cimento RelyX Unicem passou a ser fabricado a partir de 2002, sendo o
primeiro cimento resinoso autoadesivo disponível no mercado, e por seu sucesso
clínico, foi uma referência para inúmeros estudos in vitro e in vivo. Entretanto, como
as informações referentes a sua composição e propriedades provem principalmente
do fabricante, onde há ressalvas em relação à estas informações.
Os CRAs contêm componentes inorgânicos e podem ser entregues com um
sistema de pasta-pasta (mais frequente) ou sistema líquido-pó 28. A porção orgânica
é principalmente uma mistura de monômeros convencionais: à base de metacrilatos
como BisGMA, UDMA, HEMA, TEGDMA, entre outros; monômeros ácidos
funcionais 4–META, PMGDM, fenil–P, 10 MDP, BMP e Penta P 28. Estes
monômeros ácidos funcionam como desmineralizadores de esmalte e dentina e,
simultaneamente, como mediadores para a ligação química ao cálcio 12. O
monômero MDP forma os sais menos solúveis com o cálcio, enquanto que 4-META
e fenil-P têm menor potencial de ligação a hidroxiapatita e criam sais mais
hidroliticamente instáveis 29;30;7. Logo após a mistura do cimento resinoso,
dependendo da acidez e da concentração de monômeros funcionais , o pH é de 1,5
a 3, o que corresponde ao de um adesivo autocondicionante 31. Há aumento rápido
do pH durante a primeira hora e se aproxima de pH 7 por 24 - 48 h 28;32. A parte
inorgânica dos CRAs, de forma geral, é uma combinações de vidro de bário, flúor,
alumina, sílica, estrôncio, silicato de alumínio de vidro, quartzo, sílica coloidal,
itérbio. A carga nos cimentos resinosos é um pouco menor 60 a 75 % em peso 28.
18
Figura 1- Representação da estrutura química dos monômeros BisGMA, TEGDMA, UDMA e HEMA.
Fonte: http://www.google.com/patents/WO2008048674A2?cl=en
A
B
Figura 2 - Principais monômeros utilizados em cimentos resinosos autoadesivos:
A - 4-META; B- 10-MDP
19
Características químicas e físicas dos cimentos resinosos
Composição principal
As cadeias poliméricas de materiais restauradores são formadas por
monômeros à base de dimetacrilatos. Os sistemas monoméricos normalmente
utilizados em cimentos resinosos são: BisGMA, TEGMA e UDMA (Figura 1).
BisGMA e UDMA são os monômeros geralmente utilizados na composição básica,
sendo porém muito viscosos; por outro lado são utilizados outros monômeros como
o TEGDMA como diluente 33. Dessa forma, a quantidade de diluente incorporada ao
material ditará a sua fluidez então a alta viscosidade do BisGMA que torna
necessária a sua mistura com outros monômeros de menor peso molecular, os
quais são diluentes, a fim de se obter materiais que possam ser facilmente
manipulados pelos clínicos 34. Em função da necessidade de um maior escoamento
dos cimentos resinosos os mesmos possuem maior concentração de diluentes do
que as resinas compostas. Sendo o principal monômero utilizado com este
propósito o TEGDMA, que é uma molécula linear, flexível e que apresenta ligações
de carbono em suas extremidades 35. Para produzir polímeros com alta resiliência,
alguns cimentos resinosos usam associações de monômeros como o UDMA e
BisGMA 36, que elevam o grau de conversão quando comparado à mistura
BisGMA/TEGMA 37.
Características da polimerização
A concentração de iniciadores nos cimentos resinosos deve ser suficiente para
assegurar sua completa polimerização. No entanto, a presença dos iniciadores em
excesso pode causar uma diminuição no grau de conversão e nas propriedades
mecânicas no material polimerizado, já que não há tempo para que ocorra uma
20
maior mobilidade dos monômeros para a formação de cadeias poliméricas 38. Por
outro lado, um menor grau de conversão pode prejudicar a biocompatibilidade do
material com os tecidos dentários em geral devido à maior concentração de
monômeros residuais 19. Portanto, é muito importante a reconhecer as
características de lixiviação em função da presença de monômeros residual e da
concentração de iniciadores relacionando-se com o grau de conversão.
Diferentes métodos de ativação dos cimentos autoadesivos
No estudo de Kumbuloglu e co-autores 39 avaliaram-se a dureza superficial, a
resistência à compressão e a flexão de cimentos resinosos convencionais (Panavia
F, Variolink 2, RelyX Unicem Applicap, e RelyX ARC). Os autores observaram que o
cimento RelyX Unicem apresentou o maiores graus de conversão atingindo 81 %
quando fotoativado e apenas 61 % quando quimicamente ativado 39.Em outro
estudo, o cimento RelyX Unicem quando foi fotoativado resultou em maior
resistência ao cisalhamento quando comparado com o ativado quimicamente 40.
Aguiar e colaboradores 41 avaliaram a resistência à microtração comparando-se o
cimento Panavia F (agente de cimentação de resina com sistema adesivo auto-
condicionante) com os CRAs (RelyX Unicem , BisCem e GCEM), em função do
modo de polimerização. Estes autores observaram que o modo de polimerização do
RelyX Unicem e BisCem não influenciou significativamente sobre a resistência de
união, ao passo que a técnica de ativação influenciou para os cimentos Panavia F e
G-Cem, que tiveram a resistência de união à dentina aumentada quando
fotoativados. Cadenaro e colaboradores não encontraram nenhuma diferença
significativa na microdureza entre agente cimentantes resinosos Panavia F e auto-
adesivo RelyX Unicem e MaxCem, mas observaram que a fotoativação geralmente
21
resultou em maior dureza dos materiais do que apenas quando quimicamente
ativado 42. Por outro lado, no estudo de Pedreira e colaboradores observaram que o
cimento Panavia F exibiu dureza inicial superior ao RelyX Unicem, Variolink e
Duolink. Por outro lado, após três meses de armazenamento em água destilada,
observaram um aumento significativo na microdureza de RelyX Unicem 43. Concluiu-
se que a qualidade da polimerização parece ser imprevisível e material-dependente.
Os CRAs GCEM e RelyX Unicem mostraram propriedades mecânicas como dureza
Vickers, módulo de elasticidade, viscosidade e deformação elástica ou plástica
comparável ou até melhores do que os cimento resinoso convencional Multilink
Automix 44. Quando fotoativado, o cimento RelyX Unicem resultou um aumento em
dobro do módulo de elasticidade em comparação com o quimicamente ativado 44.
Concluiu-se de forma geral que a fotoativação melhora as propriedades físicas dos
cimentos e assim, teoricamente a eficácia na sua ligação aos tecidos duros do
dente.
Cimentos resinosos e suas limitações
Em 1998, Rosenstiel e co-autores 45 descreveram alguns aspectos importantes
relacionados aos cimentos de uso odontológico. O cimento de fosfato de zinco é
considerado o cimento mais utilizado popularmente, tendo como desvantagens a
solubilidade e a falta de adesão e que estes problemas não estariam presentes
utilizando sistemas resinosos de fixação. Sobre os sistemas resinosos, enfatizou que
a biocompatibilidade estaria diretamente relacionada ao grau de conversão dos
monômeros em polímeros. As causas de irritação pulpar e sensibilidade pós-
operatória que ocorrem freqüentemente estariam associadas provavelmente a erros
de técnica, como conseqüência de contaminação bacteriana ou ressecamento da
22
dentina. Descreveu-se ainda, que um agente de fixação ideal deveria prover uma
união estável entre a estrutura dentária e a restauração, e, através da sua
resiliência, aumentar a resistência à fratura da restauração.
Em um estudo de Piwowarczyk e colaboradores 46 avaliou o efeito do
armazenamento de água na resistência à flexão e resistência à compressão de
12 cimentos a partir de diferentes classes de materiais. Além disso, a influência do
método de ativação nas propriedades mecânicas foi investigada. Os materiais
examinados foram dois cimentos de fosfato de zinco, dois ionoméricos, três
ionoméricos modificados por resina, quatro cimentos resinosos (RelyX ARC,
Panavia F, Variolink II e Compolute e RelyX U100). De forma geral, observou-se
que cimentos resinosos apresentam médias significantemente superiores às
observadas para os cimentos de ionômero de vidro modificado por resina, de
ionômero de vidro e de fosfato de zinco 46; 47.
Um cimento resistente distribui melhores tensões, tem uma menor
ocorrência de falhas e maior possibilidade de atingir o sucesso clínico.
Biocompatibilidade, sensibilidade pós-operatória, desempenho clínico, estética e
facilidade de trabalho são outros fatores a serem considerados na escolha de um
cimento. Tem-se afirmado que o sucesso de uma cimentação adesiva depende da
união química com a superfície interna da restauração. Relatou-se que os sistemas
de cimentação resinosos são menos solúveis na cavidade oral que a maioria dos
cimentos odontológicos 48.
Mecanismo de ativação dos cimentos resinosos
Os cimentos resinosos iniciam o processo de polimerização por radicais livres,
que se processa pela extração de um elétron do monômero pela quebra das
23
ligações duplas de carbono da porção alifática da cadeia. Por possuir quatro
elétrons de valência, o átomo de carbono necessita unir-se a outros elétrons para a
estabilização da molécula 34. Assim, quando este monômero é ativado, irá
desencadear a quebra de ligações duplas de carbonos em outros monômeros,
ligando-se a estes e formando a cadeia polimérica 34. É importante ressaltar que o
processo de polimerização continua até que a reatividade do meio se esgote, sendo
que sempre há a presença de monômeros não reagidos ao fim do processo de
polimerização, pois esta reação nunca é completa 49; 50; 51. Nos sistemas ativados
quimicamente, os radicais livres geralmente são gerados pela reação química do
peróxido de benzoíla que são moléculas iniciadoras que apresentam ligações
atômicas com baixa energia de dissociação, ou seja, a energia necessária para
separar seus átomos com uma amina terciária.
De acordo com a reação de polimerização, os cimentos resinosos podem ser
classificados em fotoativáveis (polimerização pela emissão de luz azul),
autoativáveis (polimerização por reação química) ou duais (polimerização por
reação química e pela luz azul) 52. Neste último, a reação de polimerização é
iniciada pela luz no comprimento de onda azul (ativação física) e por reação
química (peróxido de benzoíla), através de fotoiniciadores, como as cetonas
aromáticas (canforoquinona) e aminas promotoras da reação de polimerização.
Essa característica serve para assegurar a completa polimerização do cimento,
mesmo em restaurações opacas e espessas, onde a luz não é capaz de chegar.
Por sua vez, dá início à reação em cadeia dos grupos metacrilatos, formando assim
uma matriz polimérica. Portanto vão formar radicais livres sob condições
particulares, como temperatura, excitação fotoquímica ou reação de óxido-redução
53. Então, quando o iniciador peróxido entra em contato com o acelerador amina,
24
ocorre uma reação de óxido-redução e a geração de radicais livres para
desenvolver a polimerização. O tempo de trabalho e posterior tempo de presa são
determinados pela concentração de inibidores da reação, bem como pela
proporção de iniciador/acelerador estabelecida pelo fabricante. O aumento nessa
proporção pode reduzir o tempo de trabalho do material e dificultar o processo de
polimerização. Quando o inverso ocorre, a reação de polimerização pode ficar
comprometida e o cimento pobremente polimerizado 54; 55.
Geralmente o fotoiniciador canforoquinona que, uma vez excitado pela luz
visível decorre da absorção de luz em uma faixa específica de comprimento de
onda através de um componente fotossensível, vai para um estado tripleto, e reage
com um agente redutor (amina alifática) para produzir os radicais livres 56 e ocorre o
processo de polimerização. Cimentos de ativação dual os componentes são pastas
base e catalisadora, responsáveis pela ativação química e física da polimerização.
Como regra geral, sabe-se que as pastas devem ser misturadas, aplicadas e
fotoativadas. Espera-se também que o retardo ou ausência da ativação pela luz
possa modificar a estrutura polimérica 57 e a extensão da polimerização. A via
química da polimerização garante a reação onde a luz não consegue alcançar. A
fotoativação imediata garante a estabilidade inicial do material necessária para
resistir às tensões clínicas. Entretanto, como mencionado anteriormente, existem
informações de que a fotoativação imediata de alguns cimentos dual pode
comprometer o grau de conversão final 57. Desse modo, o momento da ativação
pela luz pode determinar o modo como a estrutura da cadeia polimérica será
formada e, como consequência, determinar a integridade estrutural dos materiais
de ativação dual. Assim, espera-se que para um determinado cimento resinoso
dual, diferentes protocolos de ativação da polimerização possam resultar em
25
diferentes graus de polimerização e densidade de ligações cruzadas na cadeia
polimérica 58. Portanto o desempenho geral dos cimentos resinosos de ativação
dual é caracterizado pela química intrínseca de cada material e dependente de
como os clínicos executam o protocolo de ativação da polimerização. A aplicação
de cimentos resinosos de polimerização dual para restaurações livres de metal é
questionado em função da diminuição da passagem de luz através das infra
estrutura, pois poderia comprometer o grau de polimerização desses cimentos, o
que diminuiria suas propriedades finais. Portanto, após a polimerização é muito
improvável que os monômeros residuais tenham uma mobilidade suficiente para
induzir qualquer polimerização observável 59. Por esse motivo existe a tendência de
usar cimentos resinosos de polimerização química que, garante uma polimerização
final mais completa 60.
Adesão de cimentos resinosos autoadesivos ao esmalte e dentina
As propriedades adesivas dos CRAs são importantes por serem baseadas em
monômeros de metacrilato ácidos que desmineralizam e, simultaneamente, se
infiltram nos substratos do dente, resultando na retenção micromecânica. Outros
mecanismos secundários foram sugeridas através de uma adesão química com HA
(reação tipo ionômero de vidro). Gerth e colaboradores 12 revelaram em um estudo
de espectroscopia de fotoelétrons de raios-X, que há uma reação química de 86 %
de HA com cálcio em interfaces com o cimento RelyX Unicem. Em comparação o
agente resinoso Bifix com sistema adesivo convencional correspondente alcança
apenas 65 % 12. Estes resultados confirmaram a adequação do conceito sugerido
por Yoshida e colaboradores. Este conceito afirma que monômeros funcionais
aderem facilmente a HA artificial e criam uma ligação química muito estável, com
26
baixa solubilidade em água 7. Geralmente, os materiais que contem monômero MDP
(Clearfil SA), 4- MET (G-Cem) e monômero funcional do RelyX Unicem tem
desempenho significativamente melhor do que os outros CRAs do que diz respeito à
solubilidade do sal 7 .
Um estudo 7 comparou a eficácia da união química de três monômeros
funcionais: 10-MDP, Fenil-P e 4-META. Os resultados mostraram potencial
significativamente superior de união à hidroxiapatita para o 10-MDP quando
comparado ao 4-META. Os resultados mostraram ainda que a capacidade de união
química do 4-META à hidroxiapatita é fraca, especialmente pelo fato da necessidade
da aplicação por um período muito longo, que seria clinicamente inviável. A união
química do Fenil P foi claramente a mais fraca quando os 3 monômeros funcionais
foram comparados. Este estudo de Yoshida e colaboradores 7 mostrou ainda que o
potencial de união química por si só não é suficiente para contribuir de forma
importante com o desempenho da união aos tecidos dentais em longo prazo devido
à instabilidade da mesma em ambiente úmido. Como resultado dessa instabilidade,
ocorre a dissolução dos sais de cálcio formados, principalmente, pela aplicação do
4-META e de Fenil P, sendo este último solúvel em água. Em outro estudo 61
descreveu-se a interação química de monômeros ácidos com radicais ésteres de
ácido fosfórico à hidroxiapatita [Ca10(PO4)6(OH)2] que pode ocorrer de várias formas.
Uma delas pode ser via adsorção nos sítios de íons Ca+2, através da reação com
grupamentos PO4-3 da estrutura da hidroxiapatita, ou ainda, por substituição de OH-
ou PO4-3 da hidroxiapatita. No entanto, em relação ao esmalte, em outro estudo 11
encontraram-se médias de resistência da união comparáveis às obtidas quando da
aplicação de adesivos convencionais. Os autores relataram que este fato seria
indicativo de que apesar de interagir superficialmente com esmalte, o potencial para
27
se estabelecer uma união micromecânica seria muito menor quando comparado ao
tratamento com ácido fosfórico. Assim, a capacidade de estabelecer uma união
química adicional com a hidroxiapatita poderia ter contribuído para uma maior
efetividade da adesão de adesivos com monômeros modificados com o esmalte.
Outro estudo 62 investigou-se a contribuição da união química ao esmalte em
curto e longo prazo através de resistência à microtração. Estes autores trataram a
superfície de corpos de prova de esmalte com um dos três primers contendo
diferentes proporções de MDP/HEMA/BisGMA por 5 segundos. Após a utilização
destes primers, aplicou-se um adesivo convencional e uma resina composta. Os
resultados de resistência de união dos grupos experimentais foram comparados ao
um grupo controle, que não recebeu a aplicação de qualquer primer. Os corpos de
prova foram testados imediatamente ou após 1 ano de armazenagem. Os autores
observaram que as médias de resistência de união imediatas foram
significativamente superiores quando se aplicaram os primers com diferentes
proporções de MDP em relação à media do grupo controle. Além disso, não se
observou diferença significante entre as médias de resistência de união imediata e
após 1 ano nos grupos tratados com primer à base de MDP. Os autores concluíram
que uma interação química adicional ao redor de cristais de esmalte condicionado
promovida pela aplicação de primers contendo MDP aumentou a resistência da
união em curto e longo prazo, com maiores médias quando comparado à aplicação
de um sistema adesivo convencional isoladamente, corroborando assim com os
achados de Imazato e colaboradores 11.
29
PROPOSIÇÃO
Com base no exposto previamente, o objetivo geral deste estudo foi realizar
caracterizações estruturais de cimentos resinosos que foram ativados através de
três técnicas: I- fotoativação imediata, II- fotoativação tardia (após 10 minutos) e III-
ativação química. Foi proposto ainda caracterizar morfologicamente o padrão de
fratura dos cimentos objetivando realizar uma análise qualitativa a fim de apoiar a
interpretação dos resultados. Os cimentos foram ainda caracterizados termicamente
para obtenção da fração inorgânica dos mesmos, bem como a temperatura de
transição vítrea.
As avaliações e caracterizações dos cimentos resinosos autoadesivos foram
feitas por meio de:
Caracterização estrutural
Ensaio de mini-flexão, caracterizando-se a resistência à flexão e o módulo
flexural;
Caracterização morfológica
Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV), caracterizando-se
morfologicamente a interface fraturada dos espécimes.
Caracterização térmica
Análise termogravimétrica, caracterizando-se o comportamento térmico
dos CRAs bem como a temperatura de transição vítrea (Tg).
A hipótese a ser testada será que:
A resistência à flexão e o módulo flexural dos cimentos resinosos
autoadesivos não serão influenciados pelas técnicas de ativação testadas,
comparada à fotoativação imediata.
31
MATERIAIS E MÉTODOS
Delineamento experimental
Variável de resposta: 1) Caracterização estrutural; 2) Caracterização
morfológica.
Fatores em estudo: 1) CRA – em 4 níveis: Maxcem Elite, Bifix SE, G-Cem e
RelyX U200; 2) técnicas de ativação – em 3 níveis: fotoativado imediatamente,
fotoativação tardia (após 10 minutos) e quimicamente ativado.
Seleção dos materiais: os cimentos testados bem como a composição dos mesmos
com base no perfil técnico dos fabricantes estão apresentados na Tabela 1. A
seleção dos cimentos resinosos avaliados no presente estudo foi feita, além da
característica da interação com os substratos dentais, porém, contendo
semelhanças em termos de porcentagem em peso de partículas inorgânicas (% em
peso). Os materiais representam também como um grupo de materiais
comercialmente disponíveis no mercado.
32
Tabela 1- Materiais utilizados no presente estudo.
Material Composição Lote
Maxcem Elite
(Kerr Corp,
EUA)
CRA com partículas de minerais inertes e fluoreto de
itérbio (69,9 % em peso), monômeros à base de
metacrilatos com ésteres fosforilados, ativadores,
estabilizadores e corantes. Cor White.
5261424
Validade:
2015-11
Bifix SE
(Voco GmbH,
Alemanha)
CRA com partículas vítreas (70,0 % em peso), bisfenol A
glicidil dimetacrilato (Bis-GMA), uretano dimetacrilato
(UDMA), glicerol dimetacrilato (Gly-DMA), monômeros
fosfatados, iniciadores, estabilizadores e corantes. Cor
Universal.
1420440
Validade:
2015-11
G-Cem
(GC, Japão)
CRA com dimetacrilatos, 4-META, UDMA, Monômeros
éster-fosforilados, água; sílica; Vidro de fluoro-alumino-
silicato (amorfo) (71 % em peso). canforquinona.
Cápsula.
1308141 Validade:
2015-08
Rely X U200
(3M ESPE,
Alemanha)
CRA com 43,0 % de carga em volume (72,0 % em peso),
com tamanho médio de 12,5 µm. Cor Universal.
Pasta base: pó de vidro tratado com silano, ácido 2-
propenóico, 2-metil, 1,1’-[1-(hydroxymetil)-1,2-ethanodiyl]
éster, dimetacrilato de trietileno glicol (TEGDMA), sílica
silanizada, fibra de vidro, persulfato de sódio e per-3,5,5-
trimetil-hexanoato t-butila.
Pasta catalisadora: pó de vidro tratado com silano
(dimetacrilato substituido, sílica tratada com silano,
dimetacrilato, hidróxido de cálcio e dióxido de titânio).
1514000237
Validade:
2016-08
Fonte: perfil técnico dos fabricantes.
33
Tabela 2- Características dos Cimentos Resinosos Autoadesivos.
Material Ponta auto
mistura
Tempo de
trabalho
(min.)
Tempo
de
‘presa’
(min.)
Tempo de
Fotoativação
(s)
Maxcem Elite Sim 1,5 4 10 a 20
Bifix SE Sim 1,5 4 10 a 20
G-Cem Não
(capsulado) 1,5 4 10 a 20
RelyX U200 Não
(Clicker) 2 6 20
Caracterização estrutural
Obtenção dos corpos de prova
Foram confeccionados corpos-de-prova com cada um dos cimentos de
acordo com as condições experimentais. Os cimentos foram manipulados de acordo
com as recomendações dos fabricantes. Ao material não polimerizado foram
misturados 0,035g de hidroxiapatita (HA) 63. A mistura cimento resinoso-HA foi
inserida a uma matriz bipartida de Teflon nas dimensões de 8 mm de comprimento,
2 mm de largura e 2 mm de espessura (Figura 3). As dimensões dos corpos de
prova em comprimento justificam-se pelo fato de se realizar a polimerização dos
mesmos devido ao diâmetro da ponteira do aparelho fotoativador Bluephase (8 mm).
Figura 3- Molde (A) para a obtenção dos espécimes (B) para o ensaio de resistência à flexão.
8.0mm
2,0X2,0 mm
34
Utilizou-se um condensador metálico para acomodar e compactar o cimento
resinoso no interior da matriz. Após a inserção, colocou-se uma matriz de poliéster
sobre a superfície do cimento, seguida da utilização de uma lamínula de vidro para
realizar uma leve compressão do material. Em seguida, a lamínula de vidro foi
removida e a polimerização dos espécimes realizada com um aparelho fotoativador
LED (Bluephase G2- Ivoclar Vivadent) com densidade de potência de 1.200 W/cm2
por 40 s.
Os cimentos foram ativados em função das seguintes técnicas:
I. Fotoativação imediata;
II. Fotoativação após 10 minutos (Fotoativação tardia);
III. Quimicamente ativado (não fotoativado).
Os cimentos dos grupos que foram fotoativados imediatamente respeitaram-
se os tempos de trabalho. Nos cimentos fotoativados após 10 minutos respeitaram-
se os tempos de “presa”. Os tempos de trabalho e de presa dos materiais avaliados
estão descritos na Tabela 2. Os espécimes foram polimerizados com a ponta do
aparelho fotoativador o mais próximo da superfície dos espécimes e
perpendicularmente à superfície do material. Para o grupo ativado quimicamente,
após a obtenção dos corpos de prova, os mesmos foram mantidos na matriz por 24
h em ambiente à prova de luz. Após a obtenção dos espécimes, os mesmos foram
armazenados em temperatura ambiente, num recipiente fechado livre de luz por
24 h.
Ensaio de resistência à mini-flexão
Uma marcação com auxílio de uma lâmina de bisturi foi realizada na
superfície dos corpos de prova onde houve exposição à fotoativação, sendo esta
35
considerada a face de “topo” e a oposta de “base”. Após a obtenção dos espécimes,
os mesmos foram armazenados em embalagens com água destilada por 24 h a
37º C. Após este período, as amostras foram secas, mensuradas com paquímetro
digital e submetidas ao ensaio de resistência à flexão em três pontos, realizado em
máquina de ensaios universal do tipo Instron, com o auxílio de um dispositivo de
mini flexão a ela acoplado numa velocidade de 0,75 mm/min. (Figura 4).
Figura 4 – Representação esquemática do teste de flexão de 3 pontos utilizado no presente estudo.
A distância entre os apoios foi de 5 mm. As amostras em formato de barra
foram posicionadas neste dispositivo de forma que a superfície topo (voltada para a
fonte de luz fotoativadora) fique voltada para baixo, uma vez que esta é a face na
qual a tensão de tração foi exercida. Os corpos de prova foram testados até que
houvesse a fratura dos mesmos e os valores de resistência de união e módulo
flexural calculados em MPa e GPa, respectivamente.
Análise fractográfica das fraturas
Após a fratura dos espécimes, as fragmentos foram desidratados através do
armazenamento em sílica gel por 2 h e então cobertos com ouro / paládio a 40 mA
por 120 s (MSC 050; Balzers, Schaan, Liechtenstein), e então avaliadas em MEV
(JSM 5600LV, JEOL, Tóquio, Japão) em modo de elétrons secundários, operando
em 15 kV a fim de caracterizar as interfaces fraturadas dos cimentos resinosos.
36
Forma de avaliação dos resultados da caracterização mecânica
Os resultados de resistência à flexão e módulo flexural dos cimentos foram
analisados estatisticamente através do teste estatístico análise de variância
(ANOVA) a dois critérios (fatores: cimentos resinosos e técnica de ativação) e
eventuais diferenças intergrupos analisadas pelo teste de Tukey, a um nível de
significância de 5 %.
Caracterização térmica
Para a realização da análise termogravimétrica (TGA), obtiveram-se espécimes
como previamente descrito, porém os mesmos foram fotoativados imediatamente
seguindo as orientações dos fabricantes. Os espécimes foram então armazenados
em embalagens com água destilada por 24 h a 37º C. As ‘barras’ de cimento foram
então prensadas mecanicamente, separando-se uma massa em torno de 50 mg. Em
seguida, os espécimes foram inseridos em um cadinho de alumina e submetidos
então à TGA (Netszch-Thermische Analyse) com unidade de força PU 1.851.01 e
com controlador TASC 414/2. O padrão utilizado foi a alfa alumina (α-Al2O3), sendo
as amostras colocadas em cadinho de alumina. As condições utilizadas foram:
temperatura inicial = 50º C; temperatura final = 800º C; rampa de aquecimento =
10º C min-1; atmosfera dinâmica de N2 (100 ml/min.). Previamente aos ensaios foi
verificada a adequação do equipamento para a realização das análises. Os dados
foram analisados após correção da curva termoanalítica da amostra, ajustando-se a
linha base.
37
Além da TGA, foi realizada também a Análise Térmica Diferencial (DTA) que
registra a diferença de temperatura (∆T) entre uma amostra de cimento resinoso e
uma referência (cadinho vazio) que foi obtida quando ambas foram sujeitas ao
mesmo processo de aquecimento. A reação exotérmica dos espécimes foi registrada
em relação material de referência (cadinho de alumina) que acompanha a
temperatura do forno, calculando-se uma diferença de temperatura (∆T). Nesta
análise foi utilizado o mesmo equipamento e as mesmas condições citadas em
Termogravimetria, obtendo-se os resultados de TGA e DTA simultaneamente.
39
RESULTADOS Resistência Mecânica
Nas tabelas e figuras, a seguir, estão os resultados de Resistência à flexão e
Módulo Flexural.
Tabela 3- Média (Desvio Padrão) de Resistência à flexão, considerando o tipo
de cimento e a condição de ativação.
Fotoativação
Imediata
Fotoativação
após 10 Minutos
Quimicamente
Ativado
Maxcem Elite 65,9 (12,0) aAB 76,8 (4,0) aA 52,4 (7,6) bB
Bifix SE 81,7 (9,2) aA 80,9 (14,5) aA 83,2 (12,5) aA
G-Cem 83,7 (9,5) aA 72,1 (19,2) aA 53,1 (15,2) bB
RelyX U200 81,0 (4,2) aA 68,4 (7,9) aA 45,3 (8,5) bB
As médias seguidas pela mesma letra, minúsculas para colunas e maiúsculas para linhas, não diferem estatisticamente entre si, nível de significância de 5 %.
Figura 5: Distribuição dos resultados de resistência á flexão em função dos cimentos e forma de ativação testados.
40
Notou-se que os cimentos apresentaram comportamento diverso, de acordo
com a técnica de ativação. Na fotoativação imediata, G-Cem, RelyX U200 e Bifix SE
apresentaram os maiores valores de resistência a flexão, não havendo diferença
significativa os mesmos, enquanto MaxCem Elite apresentou valores
significantemente menores (p < 0,05). Na fotoativação após 10 minutos, não foram
encontradas diferenças significativas entre os materiais (p > 0,05). Nos materiais
quimicamente ativados, o cimento Bifix SE apresentou uma média de resistência à
flexão significativamente superior aos demais cimentos testados.
Ao analisarmos cada material, observou-se que G-Cem e Rely XU200 quando
quimicamente ativados tiveram uma redução significativa nas médias de resistência
a flexão. Por outro lado, não houve diferença significativa quando os cimentos foram
fotoativados imediatamente e após 10 minutos (p > 0,05), tendo apresento as
maiores médias. Para MaxCem Elite, não houve diferença significativa quando a
média de fotoativação imediata foi comparada à fotoativação após 10 minutos. O
mesmo aconteceu quando se comparou a média de ativação química com a
fotoativação imediata. Porém, houve diferença significativa quando se comparou a
ativação química com a fotoativação após 10 minutos, que apresentou uma média
estatisticamente superior. Para o cimento Bifix SE, não houve diferença significativa
entre as três condições de ativação testadas (p < 0,05).
41
Módulo flexural
Tabela 4: Média (Desvio Padrão) de módulo flexural, considerando o tipo de cimento
e a condição de ativação.
Cimento Fotoativação
Imediata
Fotoativação após
10 Minutos
Quimicamente
Ativado
Maxcem Elite 1,6 (0,2) aA 1,6 (0,2) aA 1,3 (0,3) bB
Bifix SE 1,6 (0,1) aA 1,5 (0,1) aA 1,7 (0,1) aA
GCem 1,5 (0,1) aA 1,4 (0,2) aA 1,1 (0,1) bB
RelyX U200 1,3 (0,2) aA 1,4 (0,1) aA 1,3 (0,2) bA
As médias seguidas pela mesma letra, minúsculas para colunas e maiúsculas para linhas, não diferem estatisticamente entre si, nível de significância de 5 %.
Figura 6 – Distribuição dos resultados de módulo flexural em função dos cimentos e forma de ativação testados.
Referente aos dados de módulo flexural observou-se que para fotoativação
imediata e após 10 minutos não houve diferença significativa entre os cimentos
42
testados. Quando os materiais foram quimicamente ativados, Bifix SE apresentou
módulo flexural significativamente superior aos demais (p < 0,05).
Após análise de cada cimento, observou-se que G-Cem e MaxCem Elite
apresentaram redução significativa no módulo flexural quando quimicamente
ativados. Já RelyX U200 e Bifix SE não apresentaram diferenças significativas entre
as condições de ativação (p < 0,05).
Análise fractográfica
Nas Figuras de 7 a 18 estão demonstradas as análises fractográficas dos
grupos experimentais em função do cimento avaliado e da técnica de ativação
obtidas através de microscopia eletrônica de varredura. De forma geral, observou-se
que não houve um padrão homogêneo de fraturas. Além disso, observou-se
nitidamente inúmeras áreas relativas à presença de bolhas relativas à manipulação
com a hidroxiapatita e à inserção dos cimentos no molde de Teflon, independente da
forma de ativação. O cimento G-Cem demonstrou de forma geral, um menor número
de bolhas, possivelmente devido ao fato de ser capsulado, embora tenha sido
misturado através de aglutinação com o pó de hidroxiapatita. Possivelmente estas
áreas de bolhas podem ter contribuído para favorecer o desenvolvimento de nichos
de fraturas, o que certamente contribuiria para a redução da resistência mecânica
destes materiais, importante para resistir ás forças de deslocamento de próteses
fixas e pinos intracanal.
43
Figura 7 – Análise fractográfica de uma amostra do cimento Maxcem Elite fotoativado imediatamente em dois aumentos (85x e 200x).
44
Figura 8 – Análise fractográfica de uma amostra do cimento Maxcem Elite fotoativado após 10 minutos, em dois aumentos (85x e 350x).
45
Figura 9 – Análise fractográfica de uma amostra do cimento Maxcem Elite quimicamente ativado, em dois aumentos (85x e 350x).
46
Figura 10 – Análise fractográfica de uma amostra do cimento Bifix SE fotoativado imediatamente em dois aumentos (85x e 200x).
47
Figura 11 – Análise fractográfica de uma amostra do cimento Bifix SE fotoativado após 10 minutos, em dois aumentos (85x e 350x).
48
Figura 12 – Análise fractográfica de uma amostra do cimento Bifix SE quimicamente ativado, em dois aumentos (85x e 349x).
49
Figura 13 – Análise fractográfica de uma amostra do cimento G-Cem fotoativado imediatamente em dois aumentos (85x e 200x).
50
Figura 14 – Análise fractográfica de uma amostra do cimento G-Cem fotoativado após 10 minutos, em dois aumentos (85x e 350x).
51
Figura 15 – Análise fractográfica de uma amostra do cimento G-Cem quimicamente ativado, em dois aumentos (85x e 349x).
52
Figura 16 – Análise fractográfica de uma amostra do cimento RelyX U200 fotoativado imediatamente em dois aumentos (85x e 200x).
53
Figura 17 – Análise fractográfica de uma amostra do cimento RelyX U200 fotoativado após 10 minutos, em dois aumentos (85x e 350x).
54
Figura 18 – Análise fractográfica de uma amostra do cimento RelyX U200 quimicamente ativado, em dois aumentos (85x e 350x).
55
Caracterização térmica
As medições simultâneas da TGA e DTA foram realizadas para todos os
cimentos resinosos selecionados. Na Figura 7 estão as curvas TGA e DTA de
acordo com os grupos experimentais em que os dados estão graficamente
apresentados em função da temperatura (em °C). Essas análises revelaram
comportamento térmico comparativamente diferente para cada cimento. No entanto,
Maxcem Elite, Bifix SE e G-Cem apresentaram curvas DTA relativamente
semelhantes, que podem ser explicadas por meio dos seguintes eventos: o primeiro
intervalo endotérmico entre 30 e 190 °C pode ser relacionada com dessorção
(desorption) física (caracterizada por ser um fenômeno onde uma substância é
liberada da superfície ou através da superfície) e a evaporação das moléculas de
água e etanol. Neste intervalo, as curvas TGA indicaram uma perda de massa em
torno de 1,4 %, 2,3 % e, 1,7 %, respectivamente. A DTA mostrou um pico exotérmico
que varia de 190 a 450 ° C (Maxcem Elite), acompanhado por uma perda de massa
de 23,2 %.
Neste mesmo processo, observada entre as temperaturas de 190 e 470 °C
para Bifix SE e G-Cem, ocorreu uma perda de massa de 29,4 e 22,3 %,
respectivamente. Este evento exotérmico descrito acima se deve à combustão ou a
decomposição de ligantes orgânicos, especialmente de cadeias poliméricas
formadas por Bis-GMA e Bis-EMA. Além disso, há um pico endotérmico pronunciado
em 638 °C (Maxcem Elite), 635 °C (Bifix SE), e 598 °C (G-Cem), provavelmente
relacionado com uma reação no estado sólido. Este processo envolveu uma
pequena perda de massa de 1,9 % a partir de 450 até 685 °C (Maxcem Elite), e
2,2 %, e 3,6 % (Bifix SE e G-Cem), a partir de 470 até 690 °C. Em seguida,
Maxcem Elite mostrou dois picos exotérmicos adicionais, tanto em 685 e 755 °C.
56
Por outro lado, as curvas DTA de Bifix SE e G-Cem exibiram apenas um pico
exotérmico adicional em 689 e 696 °C, respectivamente. Estes processos
exotérmicos finais podem estar relacionados com o arranjo de novas fases
cristalinas devido à presença de partículas inorgânicas na composição. A perda
definitiva de massa associado foi de 1,2 % (Maxcem Elite), 1,3 % (Bifix SE), e 6,1 %
(G-Cem). Houve apenas um primeiro evento endotérmico entre 30 e 153 °C,
observado na curva DTA do RelyX U200, que também pode estar relacionada com
dessorção física e a evaporação das moléculas de água e etanol. Na primeira fase,
a 164 °C (para RelyX U200), os picos exotérmicos pode estar relacionados com a
polimerização de monômeros que não haviam reagido. Este processo inicial
envolveu uma pequena perda de massa de 1,0 % a partir de 30 até 230 °C. Em
seguida, a curva DTA mostrou eventos exotérmicos nas temperaturas que variaram
de 230 a 474 °C, acompanhados por uma perda de massa de 33,1 %, possivelmente
devido à combustão e à decomposição de ligantes orgânicos. Finalmente, ocorreu
um pico exotérmico entre 470 °C e 800 °C. Da mesma forma, este pico exotérmico
final poderia estar relacionado com o arranjo de novas fases cristalinas. Nesta faixa,
a perda de massa obtida foi de 3,7 %.
59
Na Tabela 5 estão os resultados de porcentagem de perda de massa para os
diferentes materiais avaliados. De forma geral, a porcentagem em massa nos
cimentos é, segundo os fabricantes, em torno de 70 % (Tabela 5). De forma geral,
observou-se nas curvas TGA, que houve uma maior perda de massa entre 250 e
600 °C. A maior parte dos cimentos resinosos mostrou uma percentagem final de
perda de peso que variou de 27,7 para 37,8 %. Todos os cimentos demonstraram
perdas de massa acima de 600 °C. G-Cem exibiu uma perda de massa adicional em
temperaturas mais elevadas (~ 728 °C). Por conseguinte, a % de perda de massa
para G-Cem foi semelhante ao do Bifix SE, embora o primeiro apresentasse uma
curva ainda descendente, mesmo a uma temperatura de 800 °C. Maxcem Elite
exibiu a menor percentagem final de perda de massa. A Tabela 5 também apresenta
as temperaturas de transição vítrea (Tg) para os diferentes cimentos. Todos os
cimentos testados apresentaram uma Tg na temperatura que varia entre 147 e
174 °C. Bifix SE apresentou a maior Tg entre os cimentos testados.
Tabela 5- Percentual de perdas e temperatura de transição vítrea massa de cimentos resinosos autoadesivos testados.
Cimento Resinoso % perda de
massa
% em massa de partículas
Tg (°C)
MaxCem Elite 27.7 72.3 156
Bifix SE 35.2 64.8 174
G-Cem 33.7 66.3 147
RelyX U200 37.8 62.2 154
61
DISCUSSÃO
No presente estudo, a hipótese a ser testada foi de que a resistência à flexão
e o módulo flexural dos cimentos resinosos autoadesivos seriam negativamente
influenciados pelas técnicas de ativação testadas, quando comparado aos
resultados obtidos quando fotoativados imediatamente. Como já relatado
anteriormente, para os resultados de resistência à flexão observou-se que quando
quimicamente ativados, os cimentos G-Cem e Rely XU200 tiveram uma redução
significativa nas médias de resistência a flexão. Por outro lado, não houve diferença
significativa quando os cimentos foram fotoativados imediatamente e após 10
minutos, tendo apresentaram as maiores médias. MaxCem Elite não mostrou
diferenças significativa quando as médias de fotoativação imediata e após
10 minutos foram comparadas; o mesmo ocorreu em comparação à ativação
química. Para o cimento Bifix SE, não houve diferença significativa entre as três
condições de ativação testadas. Quando se compararam os resultados de módulo
flexural, G-Cem e MaxCem Elite apresentaram redução significativa no módulo
flexural quando quimicamente ativados. RelyX U200 e Bifix SE por sua vez, não
apresentaram diferenças significativas entre as condições de ativação (p < 0,05).
Desta forma, em função dos resultados obtidos, a hipótese testada de que a
resistência à flexão e o módulo flexural dos cimentos resinosos autoadesivos seriam
influenciados negativamente pelas técnicas de ativação testadas, comparada à
fotoativação imediata, não deve ser aceita.
Os cimentos resinosos avaliados que se enquadram nesta classificação de
materiais odontológicos autoadesivos tem como característica em comum o fato de
apresentarem um baixo pH (ácido) e por serem aplicados diretamente sobre os
62
substratos dentais e internamente às restaurações indiretas sem qualquer
tratamento prévio (na maioria das vezes) como o gel de ácido fosfórico a 37 % e/ou
sistemas adesivos (convencionais ou autoadesivos). Por se tratarem de cimentos
resinosos de dupla polimerização, o fundamento da avaliação destes materiais
considerando a influência das diferentes técnicas de ativação é clinicamente
relevante 23. O fato de apresentarem uma acidez inicial, poderia se especular que se
não neutralizado em um período de tempo razoavelmente curto, poderia se obter um
baixo grau de conversão dos cimentos resinosos, o que de certa forma impactaria na
qualidade da polimerização e por consequência, nas suas propriedades mecânicas
63. Por outro lado, uma imediata neutralização desta acidez impactaria na
capacidade de desmineralização e penetração dos cimentos nos substratos esmalte
e dentina 63. Assim, esta ‘dinâmica’ dos processos de neutralização da acidez/início
da conversão dos monômeros que ocorre em minutos após o tempo de mistura,
durante o tempo de ‘presa’, merece uma profunda avaliação.
Além do pH baixo inicial dos cimentos resinosos autoadesivos após a
aplicação, a qualidade de polimerização dos cimentos resinosos pode ser
influenciada pela química dos monômeros presentes na composição, na
movimentação dos monômeros após a mistura das pastas base e catalisadora que
está sendo polimerizado (para se obter cadeias poliméricas mais longas e ligações
cruzadas) e, ainda pelo ‘empacotamento’ das partículas inorgânicas (% em massa
ou volume) encontradas nestes materiais. Outros fatores que interferem na
qualidade da polimerização são a translucidez/opacidade de algumas das
cerâmicas odontológicas modernas, livres de metal, e as características individuais
dos aparelhos fotoativadores. Inúmeros fatores influenciam nas propriedades dos
materiais resinosos, de forma geral, como as características dos monômeros, os
63
polímeros formados e o tipo, tamanho e volume de partículas de carga nos
materiais avaliados. Um estudo recente 64 foram relatados como fatores decisivos o
processo de ativação, a concentração de iniciadores, a fonte de luz fotoativadora,
sua densidade de potência e tempo de exposição. Em outro estudo prévio 25 a
profundidade de polimerização seria afetada não somente por fatores relacionados
à fonte de luz fotoativadora, mas também às características dos materiais que
incluem cor, translucidez, além do tipo, distribuição e tamanho das partículas
inorgânicas. Relataram-se ainda21 fatores relacionados às fontes de luz
fotoativadoras, que incluem a densidade de potência, o espectro de irradiância e o
tempo de exposição. Além de todos os fatores supra mencionados é necessário
ainda considerar o fator ‘operador’, que também influencia nos resultados obtidos.
A forma pela qual os clínicos fotoativam dos materiais restauradores resinosos é
uma das variáveis mais avaliadas, e também um dos fatores que produzem
maiores efeitos sobre o resultado final de uma restauração. Porém, a maioria
destes estudos está relacionada à avaliação de resinas compostas e certamente
devem impactar na ativação dos cimentos resinosos, apesar de serem classificados
como duais.
É esperado que os cimentos resinosos de dupla polimerização (duais) sejam
capazes de alcançar parâmetros similares tanto através da polimerização química
como de dupla polimerização, principalmente em áreas de preparo ou sob as
restaurações indiretas em que a energia luminosa fornecida pelos aparelhos
fotoativadores não é capaz de sensibilizar os fotoiniciadores presentes nos agentes
cimentantes 65. Mesmo frente a possibilidade da falta de parâmetros similares
considerando-se a polimerização, as propriedades mecânicas e adesivas deveriam
ser obtidas de forma a suportar os esforços mastigatórios, principalmente nas
64
primeiras 24 horas após a cimentação de uma restauração protética 26. Segundo o
estudos prévios 66 diferentes cimentos resinosos foram avaliados, observando-se
polimerização insuficiente dos mesmos durante os primeiros estágios após a
cimentação. Entretanto, um aumento gradativo na dureza superficial dos materiais
proporcional ao tempo de armazenamento das amostras foi observado 67
mostraram que para a maioria dos cimentos resinosos testados, a fotoativação
após 10 minutos apresentou resultados semelhantes aos obtidos após a
fotoativação imediata. Segundo outro estudo 23, registram-se médias de dureza
significativamente maiores quando os cimentos resinosos convencionais testados
foram ativados de acordo com as instruções do fabricante (fotoativação imediata).
Entretanto, ao se avaliarem outros parâmetros, como sorção de água e solubilidade
dos cimentos, houve diferença significativa nos resultados obtidos quando os
materiais testados foram comparados. Um dos cimentos avaliado (RelyX ARC - 3M
ESPE) mostrou maior dependência da ativação química, enquanto que outro
material (Variolink II - Ivoclar Vivadent) apresentou maior dependência da
fotoativação imediata. Portanto, de forma geral tem-se enfatizado que a qualidade
de polimerização dos cimentos resinosos duais varia consideravelmente em função
da forma de ativação comparando-se diferentes produtos, o que indica que os
clínicos deveriam levar em consideração a melhor forma de ativação dos cimentos
ao determinar um material de escolha para a cimentação de suas restaurações
indiretas 26.
A maior dependência da fotoativação imediata ou após 10 minutos reside no
fato, possivelmente, da necessidade de uma melhor ativação do cimento pela
polimerização física (fotoativação) que é mais efetiva do que a quimicamente
ativada (pela associação peróxido de benzoíla + amina terciária) nestes casos.
65
Entretanto, a ativação química pode favorecer uma maior mobilidade dos
monômeros o que aumentaria a qualidade da polimerização com cadeias mais ou
menos longas, mas com a maior possibilidade de ligações cruzadas.
A análise termogravimétrica de um compósito é uma caracterização
importante porque fornece informações no que diz respeito à sua estrutura.
Diferenças nas estruturas químicas de materiais puros e compósitos à base de Bis-
GMA, Bis-EMA, UDMA e TEGDMA influenciam consideravelmente nos eventos
térmicos que degradam os polímeros ao longo das variações da temperatura 68. Um
estudo prévio mostrou que os monômeros Bis- GMA e Bis-EMA exibiram um
mecanismo único de degradação, com um Tpeak de 415 e 424 °C respectivamente,
enquanto TEGDMA e UDMA apresentaram duas etapas de degradação com um
Tpeak de 306 e 403 °C para TEGDMA, e 357 e 444 °C para UDMA 69. Mostrou-se
também que a quantidade de partículas pode ser estimada em uma temperatura
aproximada de 575 °C de acordo com a ISO 4049 70. No presente estudo, à exceção
de MaxCem Elite, todos os cimentos resinosos mostraram uma maior perda de
massa em relação ao conteúdo da matriz orgânica informada pelos fabricantes após
aquecimento dos cimentos resinosos acima da temperatura de 800 °C. Entretanto,
os resultados indicaram que o MaxCem Elite continha uma menor quantidade de
matriz orgânica que G-Cem, Bifix SE e RelyX U200, respectivamente (Tabela 5). A
temperatura de transição vítrea Tg é uma importante característica física que
determina a estrutura física de um polímero e influencia várias de suas propriedades
(mecânicas, dureza, resistência ao desgaste, resistência à flexão, entre outros) 71.
No aquecimento em temperaturas acima do Tg, os polímeros tornam-se elásticos
como borracha ou liquefeitos, dependendo de seu peso molecular e/ou do grau de
ligações cruzadas 72. A variação da Tg pode ser atribuída à vários parâmetros
66
moleculares, tais como peso molecular, a rigidez das cadeias de ligações cruzadas,
e volume livre aprisionado na rede 73. Outros estudos demonstraram que a Tg pode
ser afetada pelas cadeias de ligações cruzadas e o conteúdo de preenchimento 74; 75.
As ligações cruzadas unem quimicamente as moléculas (cadeias de polímeros),
enquanto que o grau de cristalinidade e a quantidade e tipo de partículas inorgânicas
introduzem limitações químicas à mobilidade dos monômeros 37. O uso de
monômeros que formam uma rede polimérica rígida com alta densidade de ligações
cruzadas pode conduzir para um material resinoso com uma alta Tg. Devido ao fato
da composição influenciar grandemente o comportamento clínico destes materiais
odontológicos à base de resina, melhores resultados serão obtidos se os clínicos
possuem maiores informações sobre os materiais e suas implicações clínicas 76. A
maior Tg observada foi de Bifix SE (174 °C), seguida pelo MaxCem Elite,
RelyX U200, e G-Cem.
Considerando-se as variações na quantidade de carga, os cimentos com
maior porcentagem de carga devem apresentar melhores propriedades mecânicas.
Por outro lado, tem-se afirmado que há um limite “prático” para a adição de
partículas inorgânicas nas formulações de cimentos resinosos considerando-se a
necessidade de uma maior fluidez para o devido escoamento do material durante o
procedimento de cimentação 53. Todos os cimentos avaliados apresentam uma
porcentagem em massa de partículas em torno de 70 %, segundo os fabricantes.
Porém, as porcentagens em volume de partículas diferiram: 46 % (MaxCem Elite),
45 % (Bifix SE), 56,6 % (G-Cem) e 43 % (RelyX U200) de acordo com dados da
literatura. Alguns fabricantes apresentam nas especificações técnicas de seus
produtos uma estimativa do tamanho das partículas encontradas nos materiais à
base de resina. Além disso, para alguns produtos esta informação não é clara ou
67
não é apresentada nas especificações técnicas. Têm sido manifestada
preocupação quando pesquisadores baseiam suas conclusões levando em conta
apenas essa informação. Em geral, tem-se afirmado que a composição dos
cimentos resinosos é geralmente similar a das resinas compostas com a diferença
no percentual volumétrico das partículas, o qual é menor nos cimentos devido a
viscosidade necessária para um material usado como agente cimentante 34. Desta
forma, a caracterização das partículas no que diz respeito ao tamanho, volume,
forma e ‘empacotamento’ é de fundamental importância para o entendimento dos
resultados.
O fato de ter-se considerado o tempo de “presa” dos materiais no presente
estudo para que se fizesse a ativação dos cimentos de acordo com as condições
experimentais à temperatura ambiente poderia ser questionado. Tem-se afirmado
que o tempo de trabalho e de presa dependem da temperatura ambiente e da
temperatura intraoral do paciente (~ 37 °C) 77. Além disso, os períodos de referência
apresentados pelos fabricantes referem-se às condições normais de consultório e tal
como ocorre com outras classificações de cimentos resinosos, o tempo de presa
pode ser substancialmente aumentado à temperatura ambiente. Em um estudo in
vitro, Arrais e colaboradores77, avaliando a influencia da temperatura no grau de
conversão de diferentes cimentos resinosos autoadesivos, observaram médias
estatisticamente maiores quando os cimentos foram ativados temperaturas mais
elevadas, simulando-se a temperatura intraoral, especialmente quando
quimicamente ativados. Porém, avaliou-se apenas um único parâmetro (grau de
conversão), apesar das variáveis avaliadas (através de uma placa de vidro, através
de um disco cerâmico e ainda ativação química). Demonstrou-se através dos
resultados do presente estudo que a dinâmica do processo de neutralização da
68
acidez após a mistura das pastas base e catalisadora, associada à cinética de
conversão dos monômeros que ocorre durante o tempo de ‘presa’ nos minutos
iniciais, é influenciada pelo tipo de material e pela técnica de ativação. Importante,
então, se fazer um paralelo entre os parâmetros avaliados.
O presente estudo avaliou a influência do material e da técnica de ativação
nas propriedades mecânicas de cimentos resinosos autoadesivos que foram
misturados à hidroxiapatita. Observou-se ainda que há uma variação na temperatura
de transição vítrea, cujos resultados são correlatos à presença de ligações cruzadas
nos polímeros formados quando da polimerização dos materiais. Os resultados
provaram que ambos os fatores influenciaram significativamente sendo clinicamente
relevantes e importantes à prática dos cirurgiões-dentistas. Estudos futuros são
importantes para se avaliar as implicações clínicas para comprovar os resultados
apresentados.
69
CONCLUSÕES
Com base nos resultados do presente estudo, pode-se concluir que:
A resistência à flexão e o módulo flexural dos cimentos resinosos
autoadesivos são influenciados pelas técnicas de ativação testadas
quando comparada à fotoativação imediata (hipótese I não aceita);
O cimento Bifix SE apresentou, em função dos parâmetros avaliados,
resultados similares em termos de resistência à flexão, módulo de
elasticidade, independente da forma de ativação;
Há uma variação na fração inorgânica entre os cimentos avaliados, que
é também diferente da fornecida pelos fabricantes.
71
REFERÊNCIAS
1 ONISOR, I.; BOUILLAGUET, S.; KREJCI, I. Influence of different surface
treatments on marginal adaptation in enamel and dentin. J Adhes Dent, v. 9, n. 3, p. 297-303, Jun 2007.
2 STANGEL, I.; ELLIS, T. H.; SACHER, E. Adhesion to tooth structure mediated
by contemporary bonding systems. Dent Clin North Am, v. 51, n. 3, p. 677-94, vii, Jul 2007.
3 YANG, B. et al. Micro-tensile bond strength of three luting resins to human
regional dentin. Dent Mater, v. 22, n. 1, p. 45-56, Jan 2006. 4 CHEONG, C. et al. Incompatibility of self-etch adhesives with chemical/dual-
cured composites: two-step vs one-step systems. Oper Dent, v. 28, n. 6, p. 747-55, Nov-Dec 2003.
5 SANARES, A. M. et al. Adverse surface interactions between one-bottle light-
cured adhesives and chemical-cured composites. Dent Mater, v. 17, n. 6, p. 542-56, Nov 2001.
6 SCHWARTZ, R. S. Adhesive dentistry and endodontics. Part 2: bonding in the
root canal system-the promise and the problems: a review. J Endod, v. 32, n. 12, p. 1125-34, Dec 2006.
7 YOSHIDA, Y. et al. Comparative study on adhesive performance of functional
monomers. J Dent Res, v. 83, n. 6, p. 454-8, Jun 2004. 8 HASHIMOTO, M. et al. Degradation patterns of different adhesives and
bonding procedures. J Biomed Mater Res B Appl Biomater, v. 66, n. 1, p. 324-30, Jul 15 2003.
9 ______. In vitro degradation of resin-dentin bonds analyzed by microtensile
bond test, scanning and transmission electron microscopy. Biomaterials, v. 24, n. 21, p. 3795-803, Sep 2003.
10 TSUCHIMOTO, Y. et al. Effect of 4-MET- and 10-MDP-based primers on
resin bonding to titanium. Dent Mater J, v. 25, n. 1, p. 120-4, Mar 2006. 11 IMAZATO, S. et al. Incorporation of antibacterial monomer MDPB into dentin
primer. J Dent Res, v. 76, n. 3, p. 768-72, Mar 1997. 12 GERTH, H. U. et al. Chemical analysis and bonding reaction of RelyX Unicem
and Bifix composites--a comparative study. Dent Mater, v. 22, n. 10, p. 934-41, Oct 2006.
13 DI HIPOLITO, V. et al. Effectiveness of self-adhesive luting cements in
bonding to chlorhexidine-treated dentin. Dent Mater, v. 28, n. 5, p. 495-501, May 2012.
72
14 HIRAISHI, N. et al. Effect of 2% chlorhexidine on dentin microtensile bond strengths and nanoleakage of luting cements. J Dent, v. 37, n. 6, p. 440-8, Jun 2009.
15 VAZ, R. R. et al. Bond strength and interfacial micromorphology of etch-and-
rinse and self-adhesive resin cements to dentin. J Prosthodont, v. 21, n. 2, p. 101-11, Feb 2012.
16 NAKABAYASHI, N. The hybrid layer: a resin-dentin composite. Proc Finn
Dent Soc, v. 88 Suppl 1, p. 321-9, 1992. 17 RADOVIC, I. et al. Self-adhesive resin cements: a literature review. J Adhes
Dent, v. 10, n. 4, p. 251-8, Aug 2008. 18 ABO-HAMAR, S. E. et al. Bond strength of a new universal self-adhesive
resin luting cement to dentin and enamel. Clin Oral Investig, v. 9, n. 3, p. 161-7, Sep 2005.
19 TUNA, E. B. et al. Elution of residual monomers from dental composite
materials. Eur J Paediatr Dent, v. 11, n. 3, p. 110-4, Sep 2010. 20 LEPRINCE, J. et al. Kinetic study of free radicals trapped in dental resins
stored in different environments. Acta Biomater, v. 5, n. 7, p. 2518-24, Sep 2009.
21 BRAGA, R. R.; CESAR, P. F.; GONZAGA, C. C. Mechanical properties of
resin cements with different activation modes. J Oral Rehabil, v. 29, n. 3, p. 257-62, Mar 2002.
22 YAN, Y. L. et al. Changes in degree of conversion and microhardness of
dental resin cements. Oper Dent, v. 35, n. 2, p. 203-10, Mar-Apr 2010. 23 SVIZERO NDA, R. et al. Effects of curing protocols on fluid kinetics and
hardness of resin cements. Dent Mater J, v. 32, n. 1, p. 32-41, 2013. 24 EL-BADRAWY, W. A.; EL-MOWAFY, O. M. Chemical versus dual curing of
resin inlay cements. J Prosthet Dent, v. 73, n. 6, p. 515-24, Jun 1995. 25 VANDEWALLE, K. S. et al. Effect of light dispersion of LED curing lights on
resin composite polymerization. J Esthet Restor Dent, v. 17, n. 4, p. 244-54; discussion 254-5, 2005.
26 PEREIRA, S. G. et al. Effect of curing protocol on the polymerization of dual-
cured resin cements. Dent Mater, v. 26, n. 7, p. 710-8, Jul 2010. 27 FARIA, E. S. A. L. et al. Immediate and delayed photoactivation of self-
adhesive resin cements and retention of glass-fiber posts. Braz Oral Res, p. 0, Jan 24 2014.
73
28 FERRACANE, J. L.; STANSBURY, J. W.; BURKE, F. J. Self-adhesive resin cements - chemistry, properties and clinical considerations. J Oral Rehabil, v. 38, n. 4, p. 295-314, Apr 2011.
29 INOUE, S. et al. Hydrolytic stability of self-etch adhesives bonded to dentin. J
Dent Res, v. 84, n. 12, p. 1160-4, Dec 2005. 30 VAN LANDUYT, K. L. et al. Influence of the chemical structure of functional
monomers on their adhesive performance. J Dent Res, v. 87, n. 8, p. 757-61, Aug 2008.
31 ZORZIN, J. et al. pH neutralization and influence on mechanical strength in
self-adhesive resin luting agents. Dental Materials, v. 28, n. 6, p. 672-9, Jun 2012.
32 HAN, L. et al. Evaluation of physical properties and surface degradation of
self-adhesive resin cements. Dent Mater J, v. 26, n. 6, p. 906-14, Nov 2007. 33 ANUSAVICE, K. J. Reducing the failure potential of ceramic-based
restorations. Part 1: Metal-ceramic crowns and bridges. Gen Dent, v. 44, n. 6, p. 492-4, Nov-Dec 1996.
34 ANUSAVICE, K. J.; PHILLIPS, R. W. Phillips' science of dental materials.
11. Philadelphia: Elsevier, 2003. 35 SIDERIDOU, I.; TSERKI, V.; PAPANASTASIOU, G. Effect of chemical
structure on degree of conversion in light-cured dimethacrylate-based dental resins. Biomaterials, v. 23, n. 8, p. 1819-29, Apr 2002.
36 PEUTZFELDT, A. Resin composites in dentistry: the monomer systems. Eur J
Oral Sci, v. 105, n. 2, p. 97-116, Apr 1997. 37 CHARTON, C. et al. Influence of Tg, viscosity and chemical structure of
monomers on shrinkage stress in light-cured dimethacrylate-based dental resins. Dent Mater, v. 23, n. 11, p. 1447-59, Nov 2007.
38 MOIN JAN, C. et al. The relationship between leachability of polymerization
initiator and degree of conversion of visible light-cured resin. J Biomed Mater Res, v. 58, n. 1, p. 42-6, 2001.
39 KUMBULOGLU, O. et al. A study of the physical and chemical properties of
four resin composite luting cements. Int J Prosthodont, v. 17, n. 3, p. 357-63, May-Jun 2004.
40 PIWOWARCZYK, A. et al. Long-term bond between dual-polymerizing
cementing agents and human hard dental tissue. Dent Mater, v. 23, n. 2, p. 211-7, Feb 2007.
74
41 AGUIAR, T. R. et al. Effect of curing mode on bond strength of self-adhesive resin luting cements to dentin. J Biomed Mater Res B Appl Biomater, v. 93, n. 1, p. 122-7, Apr 2010.
42 CADENARO, M. et al. The effect of curing mode on extent of polymerization
and microhardness of dual-cured, self-adhesive resin cements. Am J Dent, v. 23, n. 1, p. 14-8, Feb 2010.
43 PEDREIRA, A. P. et al. Microhardness of resin cements in the intraradicular
environment: effects of water storage and softening treament. Dent Mater, v. 25, n. 7, p. 868-76, Jul 2009.
44 ILIE, N.; SIMON, A. Effect of curing mode on the micro-mechanical properties
of dual-cured self-adhesive resin cements. Clin Oral Investig, v. 16, n. 2, p. 505-12, Apr 2012.
45 ROSENSTIEL, S. F.; LAND, M. F.; CRISPIN, B. J. Dental luting agents: A
review of the current literature. J Prosthet Dent, v. 80, n. 3, p. 280-301, Sep 1998.
46 PIWOWARCZYK, A.; LAUER, H. C. Mechanical properties of luting cements
after water storage. Oper Dent, v. 28, n. 5, p. 535-42, Sep-Oct 2003. 47 PIWOWARCZYK, A.; LAUER, H. C.; SORENSEN, J. A. The shear bond
strength between luting cements and zirconia ceramics after two pre-treatments. Oper Dent, v. 30, n. 3, p. 382-8, May-Jun 2005.
48 SODERHOLM, K. J.; REETZ, E. A. Factors affecting reliability of a resin-
based cement joint. Gen Dent, v. 44, n. 4, p. 296-8, 300, 302, Jul-Aug 1996. 49 CARMICHAEL, A. J.; GIBSON, J. J.; WALLS, A. W. Allergic contact dermatitis
to bisphenol-A-glycidyldimethacrylate (BIS-GMA) dental resin associated with sensitivity to epoxy resin. Br Dent J, v. 183, n. 8, p. 297-8, Oct 25 1997.
50 FERRACANE, J. L.; CONDON, J. R. Rate of elution of leachable components
from composite. Dent Mater, v. 6, n. 4, p. 282-7, Oct 1990. 51 WATAHA, J. C. et al. In vitro cytotoxicity of resin-containing restorative
materials after aging in artificial saliva. Clin Oral Investig, v. 3, n. 3, p. 144-9, Sep 1999.
52 BURTSCHER, P. Stability of radicals in cured composite materials. Dent
Mater, v. 9, n. 4, p. 218-21, Jul 1993. 53 BURGESS, J. O.; GHUMAN, T.; CAKIR, D. Self-adhesive resin cements. J
Esthet Restor Dent, v. 22, n. 6, p. 412-9, Dec 2010. 54 PEGORARO, T. A.; DA SILVA, N. R.; CARVALHO, R. M. Cements for use in
esthetic dentistry. Dent Clin North Am, v. 51, n. 2, p. 453-71, x, Apr 2007.
75
55 DE GOES, M. F. Cimentos resinosos. In: CHAIN, M. C. e BARATIERI, L. N. (Ed.). Restaurações estéticas com resina composta em dentes posteriores. São Paulo: Artes Médicas, 1998. cap. 6,
56 RUEGGEBERG, F. Contemporary issues in photocuring. Compend Contin
Educ Dent Suppl, n. 25, p. S4-15; quiz S73, 1999. 57 KOURNETAS, N.; TZOUTZAS, I.; ELIADES, G. Monomer conversion in dual-
cured core buildup materials. Oper Dent, v. 36, n. 1, p. 92-7, Jan-Feb 2011. 58 ASMUSSEN, E.; PEUTZFELDT, A.; SAHAFI, A. Bonding of resin cements to
post materials: influence of surface energy characteristics. J Adhes Dent, v. 7, n. 3, p. 231-4, Autumn 2005.
59 TRUFFIER-BOUTRY, D. et al. A physico-chemical explanation of the post-
polymerization shrinkage in dental resins. Dent Mater, v. 22, n. 5, p. 405-12, May 2006.
60 SADAN, A.; BLATZ, M. B.; LANG, B. Clinical considerations for densely
sintered alumina and zirconia restorations: Part 1. Int J Periodontics Restorative Dent, v. 25, n. 3, p. 213-9, Jun 2005.
61 FUKEGAWA, D. et al. Chemical interaction of phosphoric acid ester with
hydroxyapatite. J Dent Res, v. 85, n. 10, p. 941-4, Oct 2006. 62 ZHANG, Z. et al. The contribution of chemical bonding to the short- and long-
term enamel bond strengths. Dent Mater, v. 29, n. 7, p. e103-12, Jul 2013. 63 D'ALPINO, P. H. et al. The effect of polymerization mode on monomer
conversion, free radical entrapment, and interaction with hydroxyapatite of commercial self-adhesive cements. J Mech Behav Biomed Mater, v. 46, p. 83-92, Jun 2015.
64 CALIXTO, L. R. et al. Effect of resin cement system and root region on the
push-out bond strength of a translucent fiber post. Oper Dent, v. 37, n. 1, p. 80-6, Jan-Feb 2012.
65 EL-MOWAFY, O. M.; RUBO, M. H.; EL-BADRAWY, W. A. Hardening of new
resin cements cured through a ceramic inlay. Oper Dent, v. 24, n. 1, p. 38-44, Jan-Feb 1999.
66 DARR, A. H.; JACOBSEN, P. H. Conversion of dual cure luting cements. J
Oral Rehabil, v. 22, n. 1, p. 43-7, Jan 1995. 67 RUEGGEBERG, F. A.; CAUGHMAN, W. F. The influence of light exposure on
polymerization of dual-cure resin cements. Oper Dent, v. 18, n. 2, p. 48-55, Mar-Apr 1993.
76
68 SIDERIDOU, I. D.; KARABELA, M. M.; VOUVOUDI, E. Physical properties of current dental nanohybrid and nanofill light-cured resin composites. Dent Mater, v. 27, n. 6, p. 598-607, Jun 2011.
69 SIDERIDOU, I.; ACHILIAS, D. S.; KYRIKOU, E. Thermal expansion
characteristics of light-cured dental resins and resin composites. Biomaterials, v. 25, n. 15, p. 3087-97, Jul 2004.
70 SABBAGH, J. et al. Characterization of the inorganic fraction of resin
composites. J Oral Rehabil, v. 31, n. 11, p. 1090-101, Nov 2004. 71 BOYER, R. F. Encyclopedia of Polymer Science and Technology. New
York: Wiley Interscience, 1977. 745 72 D׳ALPINO, P. H. P. et al. Resin composite characterizations following a
simplified protocol of accelerated aging as a function of the expiration date. J Mech Beh Biom Mater, v. 35, n. 0, p. 59-69, 7// 2014.
73 MIN, B. G.; STACHURSKI, Z. H.; HODGKIN, J. H. Cure kinetics of elementary
reactions of a DGEBA/DDS epoxy resin: 1. Glass transition temperature versus conversion. Polymer, v. 34, p. 4908-12, 1993.
74 EMAMI, N.; SODERHOLM, K. J. Dynamic mechanical thermal analysis of two
light-cured dental composites. Dent Mater, v. 21, n. 10, p. 977-83, Oct 2005. 75 PAPADOGIANNIS, Y. et al. Dynamic viscoelastic behavior of resin cements
measured by torsional resonance. Dent Mater, v. 19, n. 6, p. 510-6, Sep 2003.
76 SOSTENA, M. M. et al. Glass transition and degree of conversion of a light-
cured orthodontic composite. J Appl Oral Sci, v. 17, n. 6, p. 570-3, Nov-Dec 2009.
77 ARRAIS, C. et al. Effect of Simulated Tooth Temperature on the Degree of
Conversion of Self-adhesive Resin Cements Exposed to Different Curing Conditions. Oper Dent, Jul 18 2013.