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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU
A REPRESENTATIVIDADE DOS CONFLITOS
EMOCIONAIS E O CÉREBRO
MARIA CÉLIA PEREIRA DE CARVALHO DA SILVA
ORIENTADORA
Prof.ª Marta Relvas
NITERÓI
2019
DOCUMENTO P
ROTEGID
O PELA
LEID
E DIR
EITO A
UTORAL
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU
A REPRESENTATIVIDADE DOS CONFLITOS EMOCIONAIS E O
CÉREBRO
Apresentação de monografia a AVM Educacional
como requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Neurociência Pedagógica
por: Maria Célia Pereira de Carvalho da Silva.
Niterói
2019
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus que me permitiu alcançar mais
essa conquista em minha vida, e a todos os
professores e colaboradores da AVM, porque
sem eles nada disso seria possível.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais já falecidos, a
todos os meus amigos que me apoiaram nesta
caminhada, e a todos os professores e colaboradores
da AVM que muito me ensinaram e tive o imenso
prazer em ter tido a oportunidade de conhecê-los.
RESUMO
O presente trabalho mostra a importância da aplicação da Neurociência na
fisiologia das emoções, descrevendo suas caraterísticas e consequências na
rotina individual do ser humano. Assim a Neurociência é definida como sendo
uma poderosa ferramenta na busca da compreensão do que é comum a todos os
cérebros e poderá gerar respostas confiáveis sobre as questões das emoções e o
cérebro que, por sua vez, têm correlação com todo o organismo, aproximando a
união entre o corpo e a mente, com isso, deixa o indivíduo preparado para poder
raciocinar adequadamente no dia-a-dia dele, sem gerar prejuízos à sua saúde.
Por isso, o ideal é que razão e emoção estejam equilibrados. Dessa forma, é
possível encontrar soluções criativas para os problemas, além de compreender e
interagir socialmente com muito mais facilidade. As emoções tradicionalmente
eram consideradas como estados de consciência subjetivos: sentir medo, irritação
ou felicidade é ter a percepção de que se está usufruindo uma forma específica
de experiência tendo consciência dessa experiência. Pode-se verificar como o
cérebro processa inconscientemente o significado emocional dos estímulos
fazendo uso dessa informação para controlar atitudes adequadas ao significado
emocional dos estímulos. Verificando como o cérebro processa informações
emocionais, é possível compreender de que maneira ele cria experiências
emocionais.
Palavras-chaves: Neurociência – razão - emoções – cérebro – corpo.
METODOLOGIA
Foi realizada uma pesquisa bibliográfica, com dados qualitativos, por
intermédio de explicações fundamentadas em trabalhos publicados sob a forma
de livros, revistas, artigos, e publicações especializadas na questão e demais
informações que abordam direta ou indiretamente o tema em análise, tendo como
apoio diversos autores do ramo da Neurociência.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................... 08
CAPÍTULO I
A estrutura do cérebro emocional ........................................... 12
1.1. As emoções modificando o comportamento ...................... 13
1.2. Compreendendo as funções cerebrais ............................. 17
CAPÍTULO II
O sistema límbico ..................................................................... 21
2.1. Os sintomas físicos emocionais ........................................ 23
2.2. A significação dos sentimentos ....................................... 26
CAPÍTULO III
A atuação das emoções no cérebro......................................... 29
3.1. Como são gerados os diversos tipos de emoções ............ 30 3.2. A raiva em consequência do medo 36
CONCLUSÃO........................................................................... 41
BIBLIOGRAFIA ...................................................................... 43
ÍNDICE ..................................................................................... 44
8
INTRODUÇÃO
As emoções têm sido um tema de muitas pesquisas ao longo dos
últimos anos, e o seu estudo vem se tornando importante devido à
necessidade cada vez maior de compreender e controlar as atuais
patologias associadas ao aspecto emocional.
Conforme afirma Daniel Goleman em seu livro Inteligência
Emocional a autoestima, a insegurança, a ansiedade, são fatores
fundamentais para administrar bem, ou não as emoções. O grande
desafio de sua teoria é redescobrir o papel das emoções, em um
mundo até então voltado totalmente para a razão. Observa-se que
atualmente a neurociência tornou-se uma das mais prósperas áreas de
pesquisa multidisciplinar.
A teoria das inteligências múltiplas enfatiza a importância de não
se ver a inteligência como uma ideia unidimensional, mas sim como
uma série de inteligências independentes que habilitam o indivíduo a
“executar transformações e modificações de suas percepções” e “a
recriar aspectos de suas experiências” (GARDNER, 1983; p.183).
Ele afirma que a inteligência não é uma propriedade única da
mente humana, mas a interação entre as competências diversas, ou
seja, a inteligência emocional é a capacidade de encontrar motivação
em si, e persistir num objetivo apesar dos percalços; de controlar
impulsos e saber aguardar pela satisfação de desejos próprios, de se
manter em bom estado de espírito e de impedir que a ansiedade
interfira na capacidade de raciocinar; de ser empático e autoconfiante.
9
Ao contrário do quociente de inteligência, a inteligência emocional
é um conceito novo. Ninguém pode dizer exatamente até onde
responde pela variação, de pessoa para pessoa, no curso da vida. Mas
os dados existentes sugerem que esse tipo de inteligência pode ser do
que o quociente de inteligência e que as aptidões emocionais
decisivas, na verdade, podem ser aprendidas e aprimoradas já na tenra
idade se forem ensinadas da maneira correta.
Assim, cada competência tem o seu próprio processo de
evolução de desenvolvimento e é relativamente independente das
demais. Apesar disso as competências não desenvolvidas ficam inertes
e cada uma delas é vulnerável e pode ser prejudicada por traumas ou
ferimentos em áreas específicas do cérebro.
O cérebro é o ultimo órgão humano a revelar seus segredos.
Durante muito tempo, as pessoas não entendiam nem mesmo para que
servia o cérebro. A descoberta da anatomia, das funções e dos
processos do cérebro tem sido uma longa e vagarosa viagem através
dos milênios.
A maior parte do que se sabe do cérebro provém da pesquisa
lenta e meticulosa de grandes grupos de pessoas, mas a neurociência
é pontuada por grandes descobertas ou ideias em geral surgidas a
partir de um trabalho de um único.
Segundo a Palestrante Professora Universitária e Neurocientista
Marta Relvas, a emoção exerce influência nos processos de raciocínio,
pois os sistemas cerebrais destinados à emoção estão intrinsecamente
enredados aos sistemas destinados à razão (p.109).
10
O ser humano há tempos busca explicar o comportamento em
termos das atividades neurais, e como o sistema nervoso organiza
seus milhões de células nervosas individuais para gerar o
comportamento.
A sensação de medo, por exemplo, ocorre como parte de uma
reação geral ao perigo, e não é nem mais nem menos importante para
a reação do que as respostas fisiológicas e comportamentais que
também se fazem presentes, tais como tremedeira, fuga, suor e
palpitações cardíacas.
É preciso conhecer não tanto o estado consciente de medo ou as
reações decorrentes, mas sim o sistema que detecta o perigo em
primeiro lugar. A sensação de medo e o coração descompassado são
uma consequência da atividade desse sistema, cuja atuação é
inconsciente literalmente, antes mesmo de analisar a gravidade da
situação em que se está confrontando.
O sistema que detecta o perigo é o mecanismo fundamental do
medo, e as manifestações conscientes, fisiológicas e comportamentais
constituem as reações superficiais orquestradas por esse sistema. A
“natureza” das emoções é um dos temas arcaicos do pensamento
ocidental, sendo tematizada em diferentes manifestações da cultura
como a arte, a religião, a filosofia e a ciência, desde tempos
imemoriais.
Nos últimos anos, o avanço das neurociências possibilitou a
construção de hipóteses para a explicação das emoções,
especialmente a partir dos estudos envolvendo o sistema límbico, a
11
apresentação das principais estruturas neurais relativas às emoções,
suas vias e circuitos de maior relevância, os neurotransmissores
implicados, seguindo-se uma discussão sobre as principais emoções.
As reações ao medo podem dar vazão a dois diferentes
comportamentos: o ataque ou a fuga. A raiva é um dos combustíveis
do ataque. A cólera, ou, melhor ainda, a ira, a raiva, são energias úteis
para derrotar um antagonista.
Quanto maior a intensidade da emoção, tanto maior a energia
gerada para combatê-la, física ou verbalmente.
O capítulo 1 discorre sobre o cérebro emocional, e sua estrutura
em geral, na ótica de autores conceituados em relação ao tema e que
através dos quais se espera que a presente pesquisa possa contribuir
à difusão de ideias sobre o sistema das emoções, as quais poderão
motivar futuros estudos capazes de elucidar pontos importantes a
serem descobertos através da Neurociência.
O capítulo 2 desenvolve de forma abrangente uma temática na
área da fisiologia do sistema límbico, apontando suas funções de uma
forma mais detalhada dentro do possível.
O capítulo 3 fala sobre a atuação das emoções no cérebro, com
o foco, principalmente nas emoções primárias que são as universais e
as secundárias, que são as sociais e adquiridas.
Por fim se apresentam as conclusões e as referências
bibliográficas empregadas no presente estudo.
12
CAPÍTULO I
A ESTRUTURA DO CÉREBRO EMOCIONAL
De uma maneira esquemática, o cérebro humano é constituído de
três camadas supostas ao longo da evolução: cérebro primitivo –
instintivo e reflexo; cérebro intermediário – sistema emocional, formado
pelas estruturas do sistema límbico; cérebro superior – intelectual,
compreendendo a maior parte dos hemisférios cerebrais, sendo o
hemisfério direito intuitivo, sede dos processos simbólicos e analógicos,
e o hemisfério esquerdo racional, sede da linguagem e dos processos
lógicos.
As emoções e os sentimentos estão estreitamente relacionados,
os primeiros são mais intensos e os segundos mais duradouros. Uma
emoção positiva corresponde a um sentimento também positivo e o
mesmo acontece num sentimento inverso. Marta Relvas afirma:
As emoções humanas são uma fonte valiosa de informações que ajudam a
tomar decisões, estas são o resultado não só da razão, mas também da junção de
ambas, associadas a outras competências emocionais que podem levar ao sucesso
na construção das relações no trabalho, tais como: Tolerância à ambiguidade – é a
habilidade para lidar com o inesperado. Compostura – essa competência emocional
tem a ver com a capacidade de compreender frustrações. Empatia – habilidade para
ler nas entrelinhas e trabalhar com as emoções, os sentimentos e as motivações
dos outros. Energia – é a capacidade de manter o foco e o compromisso durante
um determinado tempo e diante de coisas difíceis. Humildade – é a capacidade de
adaptação de cada um. Criatividade – é a criação de novas soluções para velhos
problemas e Planejamento – é a prioridade nas ações. (RELVAS, 2012, P.61/62)
Richard J. Davidson, PhD em neuropsicologia e pesquisador na
área de neurociência afetiva, se dedicou a investigar quais são as
13
bases para as emoções e ficou surpreso de ver como as estruturas
como as estruturas do cérebro podem mudar em tão somente duas
horas. Hoje se pode medir com precisão, qualquer coisa que esteja
ligada ao comportamento humano, aos sentimentos e à forma de
pensar que surge no cérebro. Sua pesquisa está centrada nas bases
neuronais da emoção e nos métodos para promover, por meio da
ciência, o florescimento humano, incluindo a meditação e as práticas
contemplativas.
1.1. As emoções modificando o comportamento
O cérebro emocional controla a fisiologia do corpo: ritmo
cardíaco, a pressão arterial, o apetite, o sono, a libido e mesmo o
sistema imunológico. Passam por ele todas as emoções, o estresse, a
depressão, a ansiedade ao qual desencadeiam no corpo reações
visíveis (palidez, rubor facial, lágrimas arrepios) e mensuráveis
(dosagens hormonais, aumento dos batimentos cardíacos e da pressão
arterial). O responsável pela regulagem desses fenômenos é o cérebro
emocional, localizado na parte interna dos hemisférios cerebrais. O
funcionamento do cérebro dá-se a partir de sinais elétricos transmitidos
pelos neurônios (células do cérebro) de uma área para os neurônios de
outra. A estimulação elétrica reproduz artificialmente os efeitos do fluxo
natural de informações no cérebro. Vários experimentos eram feitos
introduzindo-se fios no cérebro para, por meio de corrente elétrica,
ativar as células neurais. Para W. James as relações emocionais
precedem e determinam as experiências conscientes, enquanto para
Cannon reações e experiências ocorrem simultaneamente. Algumas
estruturas do sistema límbico estão bem identificadas. Por exemplo,
em situações de perigo, a amigdala cerebral recebe sinais do córtex e
14
logo se inicia a reação de medo. A amigdala é a estrutura pertencente
ao sistema límbico que identifica o perigo. (Almeida, 2003, pág. 01).
Ao estudar a reação das pessoas no momento em que recordam
eventos marcantes de sua vida, Damásio (1996), afirmou, por exemplo,
que alguns conjuntos de neurônios são mobilizados por certas
emoções e que os mapeamentos cerebrais da alegria são diferentes
dos da tristeza. Até bem pouco tempo, o encefalograma era a
exploração funcional clássica que registrava os potenciais elétricos na
superfície do crânio. Mas já há alguns anos surgiram novas tecnologias
não invasivas para obtenção de imagens cerebrais que permitiam
observar o cérebro em atividade e estão fornecendo mapeamentos
espaço-temporais cada vez mais detalhados dos episódios elétricos e
metabólicos que sustentam as atividades mentais.
O hipotálamo é mais um integrante do cérebro emocional entra
em ação para preparar o corpo para a reação de luta ou fuga. Ele
representa o estágio funcional mais elevado do sistema nervoso
autônomo ou vegetativo. Também é ele que estimula açoes em nosso
corpo (que não controlamos) e está em conexão, através de circuitos
nervosos, com outras áreas do cérebro. Nessa região transitam as
fibras nervosas que vêm e vão do corpo.
Em seu livro intitulado “Neurociência e Trantornos da
Aprendizagem” Marta Relvas (2009, pág.44) relata que o “cérebro
afetivo-emocional é inseparável e fundamental para a realização e a
manutenção de nossas vidas. Eles são os sistemas naturais que
organizam as emoções positivas ou negativas, controlando e
equilibando o comportamento humano. São várias regiões
15
interconectadas, como por exemplo, (Sistema Límbico/Hipocampo).
Existe a integração de área distintas da região cerebral, tais como: o
córtex frontal orbital, o córtex cingulado anterior e as amigdalas
cerebrais. O córtex frontal tem um papel crucial no refreamento de uma
explosão impulsiva enquanto isso, o córtex cingulado anterior, ativa
outras regiões para responderem ao conflito. As amigdalas cerebrais
são pequenas, porém são importantes porções do cérebro, pois estão
envolvidas na produçao de uma resposta ao medo e a outras emoções
negativas”.
Durante muito tempo se acredtou que fenômenos emocionais
estariam na dependência de todo o cérebro somente, a cerca de 60
anos Hess, prêmio Nobel de medicina, fazendo experiências com o
comportamento emocional dos animais, demonstrou que esses
fenômenos estão relacionados com áreas específicas do cérebro,
sabe-se hoje que as áreas relacionadas com os processos emocionais
ocupam territórios bastante grandes do encéfalo, destacando-se entre
elas: o hipotálamo, a área pré-frontal e o sistema límbico. Por outro
lalo, as áreas encefálicas ligadas ao comportamento emocional
também controlam o sistema nervoso autônomo.
As partes do cérebro responsáveis pelo processamento das
emoções incluem tanto estruturas corticais quanto subcorticais. Entre
as primeiras temos: o córtex pré-frontal, o cótex temporal anterio, o
córtex da ínsula, os hipocampos, o giro docíngulo. Entre as segundas:
amígdala, fórnix, septo, tálamo, hipotálamo, bem como as fibras de
associaçãoe projeção que interconectam este sistema. Todo circuito
neuronal que controla o comportamento emocional e os impulsos
motivacionais é chamado de sistema límbico. Assim como um
videogame, as emoções humanas passam por diversas fases.
16
Neste sentido, segundo Damásio (2000), as emoções são um
meio natural de avaliar o ambiente que nos rodeia e de reagir de forma
adaptativa. Para isso, é importante entender a origem destas emoções,
pois é uma forma de entender como elas dão origem a outros
sentimentos, tais como a depressão e as emoções negativas.
Os deprimidos têm pouca motivação para atingir objetivos e às
vezes nem percebem esse fato. Tampouco ficam animados ao
encontrarem algo novo, como, por exemplo, um canteiro de flores
recém-plantado no jardim do vizinho ou num restaurante que acabou de
se inaugurado em sua rua.
Muitas pessoas deprimidas estão totalmente cientes de que
possuem planos (mesmo que tenham sido criados por outras pessoas,
como um encontro em família) e tarefas a cumprir, mas parece não
possuírem a dedicação necessária para realizá-los. É como se sua
motivação sofresse um curto-circuito. Elas também não possuem muita
persistência.
Tal contexto foi um dos responsáveis pelo ulterior interesse em
compreender a representação dos processos cognitivos e das
emoções no cérebro, temática que ganhou especial impulso a partir
dos séculos XVIII e XIX, especialmente após os trabalhos de Gall,
Broca e Papez.
Franz Joseph Gall descreveu a morfologia do cérebro e das
principais estruturas nervosas, o que facultou um significativo avanço
na diferenciação de porções importantes do cérebro, caracterizando
17
algumas de suas funções específicas, passando a ser conhecido como
“o autor da verdadeira anatomia do cérebro”.
1.2. Compreendendo as funções cerebrais
O primeiro “mapeamento” das funções cerebrais foi proposto por
Pierre Paul Broca, realizado a partir da observação de pacientes com
danos cerebrais. Broca identificou o lobo límbico (limbo = margem), o
qual compreende um anel composto por um contínuo de estruturas
corticais situadas na face medial e inferior do cérebro .
Um grande impulso para o estabelecimento de hipóteses sobre as
bases neurais das emoções deu-se a partir da descrição do caso
Phineas Gage, um operário que sobreviveu à ocorrência de grave dano
cerebral, consequente a um sério acidente de trabalho.
Após uma explosão acidental, Gage teve sua cabeça
atravessada por uma barra de ferro, a qual penetrou através da região
maxilar esquerda, atingindo profundamente seu lobo frontal lateral.
Gage não perdeu a consciência, apesar de seu lobo frontal estar
lesado. Após algumas semanas, o operário desejou retornar ao
trabalho, mas não obteve permissão do seu chefe, em razão de sua
grande mudança comportamental.
Antes do acidente, Gage era um trabalhador capaz e eficiente,
com uma mente bem equilibrada, sendo visto como um homem astuto,
inteligente e talentoso. Após o evento mórbido, tornou-se indeciso,
demonstrando indiferença, falsidade, deslealdade e desleixo. Mostrava-
18
se ainda impaciente e inábil para estabelecer qualquer plano para o
futuro.
Pierre-Paul Broca (1878), constatou que o sistema límbico é a
unidade responsável pelas emoções e comportamentos sociais. Um
dos estados de espírito do qual as pessoas em geral mais se esforçam
para se livrar é a tristeza, cientistas constataram que, quando se trata
de escapar da depressão, a inventividade é grande, é claro que nem
toda a tristeza deve ser evitada; a melancolia, como todos os outros
estados de espírito, tem suas desvantagens. A tristeza decorrente de
uma perda tira o interesse por diversões e prazeres, pois, o cérebro e
uma região constituída de neurônios, células que formam uma massa
cinzenta denominada de lobo límbico, originou-se a partir da
emergência dos mamíferos mais antigos. Através do sistema nervoso
autônomo, ele comanda certos comportamentos necessários à
sobrevivência de todos os mamíferos, interferindo positiva ou
negativamente no funcionamento visceral e na regulamentação
metabólica de todo o organismo.
As informações que chegam ao cérebro percorrem um
determinado trajeto ao longo do qual são processadas. Em seguida,
direcionam-se para as estruturas límbicas ou por outras vias, para
adquirirem significado emocional, dirigindo-se, continuadamente, para
regiões específicas do córtex cerebral, permitindo que sejam tomadas
decisões e desencadeadas ações, processos relacionados à
autonomia, função, geralmente dependente do córtex frontal ou pré-
frontal.
19
As imagens certamente provocam, em sua maioria, ativação do
córtex visual occipital (giro occipital e giro fusiforme), porém a amígdala
também recebe quantidade substancial de estímulos provenientes das
áreas temporais associadas à visão, participando na formação de
memórias através dos circuitos campais. Tal fato decorre do papel
especializado da amígdala no processamento de insinuações
emocionais visualmente relevantes, sinalização do medo e aversão ou
outras evidências. A ativação da amígdala pode estar primariamente
envolvida na emissão de um alerta para ameaças provenientes da
percepção obtida pelo córtex occipital.
Embora não se tenha uma definição precisa dos circuitos
neuronais envolvidos no complexo “sistema das emoções”, podem ser
descritas, de modo didático, algumas vias neuronais, sem perder de
vista que elas estão, em última análise, integradas funcionalmente.
Existe um sistema de recompensa cerebral que tem como função
promover e estimular comportamentos que contribuem na manutenção
da vida e da espécie, como a alimentação, proteção, sexo, entre
outros, que quando ativado, proporcionará sensações de prazer e
satisfação. As substâncias psicoativas são capazes de ampliar em
centenas de vezes a atividade deste sistema de recompensa, alterando
o funcionamento cerebral. O sistema de recompensa do cérebro,
também conhecido como sistema mesolímbico-mesocortical reúne a
área tegmental ventral (ATV), o núcleo accumbens, a amígdala, o
hipocampo, o córtex pré-frontal, giro do cíngulo e o córtex orbitofrontal.
As bases neurais das emoções Prazer e recompensa são as
emoções mais “primitivas” e bem estudadas pela neurociência com a
finalidade de estabelecer suas relações com o funcionamento cerebral,
elas são a sensação de recompensa (prazer, satisfação) e de punição
20
(desgosto, aversão), tendo sido caracterizado, para cada uma delas,
um circuito encefálico específico.
Depois, há os sinais intelectuais: confusão mental, falta de
concentração e lapsos de memória, num estágio posterior, a mente
“dominada por distorções anárquicas”, e: uma sensação de que os
processos de raciocínio estão envoltos em uma maré tóxica e
inominável que oblitera toda a reação prazerosa ao mundo vivo, “uma
espécie de dormência, desalento, porém mais particularmente, uma
curiosa fragilidade”, juntamente com uma agitação nervosa. Depois
vem a perda de prazer: “A comida, como tudo mais no âmbito sensitivo,
é absolutamente insípida”.
O centro de recompensa está relacionado, principalmente, ao
feixe encefálico medial, nos núcleos lateral e medial do hipotálamo,
havendo conexões com o septo, a amígdala, algumas áreas do tálamo
e os gânglios da base. Já o “centro de punição” é descrito com
localização na área cinzenta central que rodeia o aqueduto cerebral, no
mesencéfalo, estendendo-se às zonas ventriculares do hipotálamo e
tálamo, estando relacionado à amígdala e também às laterais,
referente à área do mesencéfalo.
Quando um estímulo externo, como um alimento ou de um
parceiro em potencial, foi encontrado e considerado como uma
sensação agradável, o córtex cerebral sinaliza a área ventral para a
liberação de dopamina para a migdala e o córtex pré-frontal, essas são
regiões do cérebro que compõem o sistema de recompensa. Essas
áreas trabalham em conjunto para proporcionar uma sensação de
prazer e concentrar a atenção do indivíduo para que ele aprenda a
repetir o comportamento mais de uma vez, criando comportamentos
necessários para a sua sobrevivência.
21
CAPÍTULO II
O SISTEMA LÍMBICO
Na superfície medial do cérebro dos mamíferos, o sistema
límbico é a unidade responsável pelas emoções e comportamentos
sociais. Uma região constituída de neurônios, células que formam uma
massa cinzenta conforme pode ser visto na figura abaixo.
Fig: 1 - Fonte: https://www.bing.com/images/wordpress.com - copyright.
O termo límbico corresponde a um adjetivo que dá o valor de relativo
ou pertencente ao limbo, ou seja, remete para o conceito de margem.
O Sistema Límbico compreende todas as estruturas cerebrais que
estejam relacionadas, principalmente, com comportamentos
emocionais e sexuais, aprendizagem, memória, motivação, mas
também com algumas respostas homeostáticas. Resumindo, a sua
principal função será a integração de informações sensitivosensoriais
22
com o estado psíquico interno, onde é atribuído um conteúdo afetivo a
esses estímulos, a informação é registrada e relacionada com as
memórias pré-existentes, o que leva à produção de uma resposta
emocional adequada, consciente e/ou vegetativa. Estas formações
podem dividir-se em componentes corticais e componentes
subcorticais, estando associadas a esta região cerebral um conjunto de
estruturas que, contribuem para a execução das funções deste
sistema.
Enumerando os componentes corticais pertencentes ao Sistema
Límbico podemos observar o hipocampo e o lobo límbico de Broca. “Le
grande lobe limbique”, foi o termo criado em 1878, por Pierre-Paul
Broca, referente ao conjunto de estruturas que se situam em volta do
tronco encefálico, na face interna (medial) e inferior dos hemisférios
cerebrais.
Já, Thomas Willis (1664), designou o anel cortical que circundava
o tronco cerebral de cerebri limbus. Quanto aos componentes
subcorticais é possível diferenciar as amígdalas (núcleos amigdalinos),
a área septal, os corpos mamilares, os núcleos anteriores do tálamo,
os núcleos habenulares e os núcleos Accumbens. Os componentes
cerebrais associados ao Sistema Límbico são o Tronco Cerebral, o
Hipotálamo, o Tálamo, a Área Pré-frontal e o Rinencéfalo (Sistema
Olfativo).
O Tálamo são as lesões ou estimulações do dorso medial e dos
núcleos anteriores que estão correlacionadas com as reações da
reatividade emocional do homem e dos animais. A importância dos
núcleos na regulação do comportamento emocional possivelmente
23
decorre não de uma atividade própria, mas das conexões com outras
estruturas do sistema límbico. O núcleo dorso-medial conecta com as
estruturas corticais da área pré-frontal e com o hipotálamo. Os núcleos
anteriores ligam-se aos corpos mamilares no hipotálamo (e através
destes, via fórnix, com o hipocampo) e ao giro cingulado.
O Hipotálamo é a parte mais importante do sistema límbico (que
atua principalmente no controle da temperatura corporal das aves e
mamíferos). Essas funções internas são em conjunto denominadas
funções vegetativas do encéfalo e seu controle está relacionado com o
comportamento. Ele mantém vias de comunicação com todos os níveis
do sistema límbico. O hipotálamo desempenha, ainda, um papel nas
emoções. Especificamente, as partes laterais parecem envolvidas com
o prazer e a raiva, enquanto que a porção mediana parece mais ligada
à aversão, ao desprazer e a tendência ao riso (gargalhada)
incontrolável. De um modo geral, contudo, a participação do hipotálamo
é menor na gênese do que na expressão (manifestações sintomáticas)
dos estados emocionais.
2.1. Os sintomas físicos emocionais
Quando os sintomas físicos da emoção aparecem, a ameaça
que produzem, retorna, via hipotálamo, aos centros límbicos e, destes,
aos núcleos pré-frontais, aumentando, por um mecanismo de feed-
back negativo, a ansiedade, podendo até chegar a gerar um estado de
pânico. O Conhecimento desse fenômeno tem importante sentido
prático, dos pontos de vista clínico e terapêutico.
24
O Giro Cingulado está situado na face medial do cérebro entre o
sulco singulado e o corpo caloso que é um feixe nervoso que liga os
dois hemisférios cerebrais. Há ainda muito por conhecer a respeito
desse giro, mas sabe-se que a sua porção frontal coordena odores, e
visões com memórias agradáveis de emoções anteriores. Esta região
participa ainda, da reação emocional à dor e da regulação do
comportamento agressivo. A ablação do giro cingulado (cingulectomia)
em animais selvagens domestica-os totalmente. A simples seção de
um feixe desse giro (cingulectomia), interrompendo a comunicação
neural do circuito de Papez reduz o nível de depressão e de ansiedade
pré-existentes.
O Tronco Cerebral é a região responsável pelas reações
emocionais. Na verdade, apenas respostas reflexas de alguns
vertebrados como répteis e os anfíbios. As estruturas envolvidas são a
formação reticular e o locus ceruleus, uma massa concentrada de
neurônios secretores de norepinefrina. É importante assinalar que, até
mesmo em humanos, essas primitivas estruturas continuam
participando, não só dos mecanismos de alerta, vitais para a
sobrevivência, mas também da manutenção do ciclo vigília-sono.
A área tegmental ventral é um grupo de neurônios localizados em
uma parte do tronco cerebral. Uma parte dele secreta a dopamina. A
descarga espontânea ou a estimulação elétrica dos neurônios da
região dopaminérgica na via mesolímbica produzem sensações de
prazer, algumas delas similares ao orgasmo. Indivíduos que
apresentam, por defeito genético, redução no número de receptores
das células neurais dessa área, tornam-se incapazes de se sentirem
recompensados pelas satisfações comuns da vida e buscam
25
alternativas "prazerosas" atípicas e nocivas como, por exemplo,
alcoolismo e cocainomania compulsividade por alimentos doces e pelo
jogo desenfreado.
O Sépto está situado à frente do tálamo por cima do hipotálamo.
A estimulação de diferentes partes desse septo pode causar muitos
efeitos comportamentais distintos. Anteriormente ao tálamo, situa-se a
área septal, onde estão localizados os centros do orgasmo (quatro para
mulher e um para o homem). Certamente por isto, esta região se
relaciona com as sensações de prazer, mormente aquelas associadas
às experiências sexuais.
A Área Pré-frontal não faz parte do Lobo límbico tradicional, mas
suas intensas conexões com o tálamo, amigdala e outras partes do
cérebro, explicam o importante papel que desempenha na expressão
dos estados afetivos. Está classicamente dividido em três áreas
funcionais e anatômicas: a área dorsolateral, a área orbitofrontal e a
área cingulada anterior. A área dorsolateral está relacionada com o
raciocínio, permite a integração de percepções temporalmente
descontinuas em componentes de ação dirigidos a um objectivo.
A área orbitofrontal representa uma interface entre o domínio
afectivo/ emocional e a tomada de decisões centradas nos dominios
pessoal e social. A área dorsolateral funciona como um "secretário de
direção" da área dorsolateral, ao dirigir a atenção. Tem um papel
igualmente importante na motivação do comportamento. As três áreas
contribuem para o que se designa de "Funções Executivas". Quando o
córtex pré-frontal é lesado, o indivíduo perde o senso de suas
26
responsabilidades sociais (lesões orbitofrontais), bem como a
capacidade de concentração e de abstração (lesões dorsolaterais).
2.2. A significação dos sentimentos
Já, os sentimentos significam a experiência mental que o
indivíduo tem daquilo que se passa no corpo. É o mundo que se segue
(à emoção). Mesmo que se dê muito rapidamente, em matéria de
segundos, primeiro são ações e pode-se ver sem nenhum microscópio.
Alguém pode ver uma pessoa tendo uma emoção, não vê tudo, mas vê
uma parte. Pode ver o que se passa em sua face, a cor da pele pode
mudar, pode ver os movimentos que a pessoa faz, enquanto o
sentimento ninguém pode ver. O sentimento, a pessoa tem e ninguém
sabe se tem ou não.
E se alguém tiver um sentimento de profunda tristeza, mas se
esse alguém enganar, e quiser comportar-se como se estivesse alegre,
vai me enganar mesmo, porque ninguém pode saber o que está dentro
da sua cabeça, pode até adivinhar, mas é diferente. Isso é uma
diferença fundamental. É a diferença entre aquilo que é mental e aquilo
que é comportamental. É uma reação inata, o sistema de reações é
inato e desencadeado por um determinado processo, geralmente um
processo intelectual, uma coisa que se percebe, se ouve, que se vê, e
depois acontece dentro do corpo dessa forma complexa. Essa é a
grande diferença. E como é evidente, é mais fácil perceber o que se
passa objetivamente do que perceber uma coisa que se passa dentro
da mente de outrem. Social. No livro, “O erro de Descartes”, Antônio
Damásio aponta que:
27
Estava a fazer a ponte entre aquilo que acontece no cérebro e
aquilo que acontece na vida em matéria de organização social e
afetiva. A razão pela qual se tem uma sociedade organizada
atualmente, aquilo que acontece em matéria da criação da
moralidade, justiça, economia, política, e mesmo em termos das
artes e humanidades, tudo isso tem uma influência
extraordinariamente grande na vida em geral. (Damásio, 1996, P.
256).
É interessante notar que a maior ativação da ínsula está
associada a maior percepção não só das sensações físicas, mas
também das emoções.
Em um estudo feito em 2010, no Reino Unido, cientistas pediram
a voluntários que respondessem perguntas cujo objetivo era avaliar a
dificuldade de identificar e descrever seus próprios sentimentos. Eles
tinham que indicar se as frases que lhe eram apresentadas os
descreviam com precisão. Por exemplo: “Quando outras pessoas estão
tristes ou magoadas, o indivíduo o tem dificuldade de imaginar o que
elas estão sentindo”; “quando perguntam qual emoção estão sentindo,
muitas vezes não sabem responder”; “Não conseguem identificar
sentimentos vagos que existem dentro de si”. Depois os pesquisadores
mediram a atividade da ínsula de cada participante.
Quanto maior parecia ser a dificuldade da pessoa em responder
às perguntas, mais baixa era a atividade de sua ínsula. A conclusão
disso tudo é que pessoas com altos níveis de percepção têm maior
ativação da ínsula, ao passo que as que apresentam baixos níveis de
percepção possuem menor ativação. Num extremo, níveis muito
elevados de atividade na ínsula parecem estar associados à percepção
28
excessiva de sinais corporais, o que pode ocorrer, na síndrome do
pânico e na hipocondria.
A ínsula possui várias áreas diferenciadas. Sabe-se, por
exemplo, que a ínsula frontal está relacionada com as emoções, com o
amor e o ódio, com a gratidão e o ressentimento, com a vergonha e a
desconfiança, com a empatia e o desprezo, existe um ponto entre a
área frontal e o córtex cingulado anterior no qual concentram todos os
processos associados aos vícios.
Por exemplo, quando uma pessoa está parando de fumar, há
alguns estímulos que aumentam o desejo e a síndrome de abstinência.
Determinados cheiros, situações sociais e cenários intensificam essa
ansiedade que secretamente regula a ínsula cerebral. Tudo isto se
deve ao fato de que a ínsula está intimamente vinculada ao sistema
límbico.
Os cientistas afirmam que a ínsula é como se fosse a confluência
do ser, onde cada um toma consciência do corpo e da mente. No
entanto para compreender melhor, é preciso deixar clara que nenhuma
estrutura cerebral trabalha de maneira isolada. Quando se diz que tal
pessoa utiliza o hemisfério direito porque é muito criativa, na verdade
se engana, porque o cérebro é um todo.
De um ponto de vista filosófico, pode-se dizer que a função mais
importante do cérebro é servir como estrutura física subjacente da
mente. Do ponto de vista biológico, entretanto, a função mais
importante do cérebro é a de gerador de comportamentos que
promovam o bem-estar do indivíduo.
29
CAPÍTULO III
A ATUAÇÃO DAS EMOÇÕES NO CÉREBRO
A alegria está ligada à ativação dos gânglios basais. Eles recebem
inervação de neurônios dopaminérgicos do sistema mesolímbico e do
sistema dopaminérgico do núcleo estriado ventral; a tristeza atua
na ativação de áreas centrais (giros occipitais, inferior e medial, giro
fusiforme, giro lingual, giros temporais póstero-medial e superior e
amígdala dorsal), além do córtex pré-frontal dorsomedial. Em
indivíduos depressivos há hipometabolismo ou hipoperfusão no córtex
cingulado subcaloso; o medo está ligado à amígdala e ao hipotálamo.
A amígdala detecta, produz e mantém as emoções relacionadas ao
medo. Quando se conecta ao hipotálamo ocorre o desencadeamento
do medo e evoca respostas motoras somáticas; o nojo
está relacionado ao globo pálido e à insula; a raiva está relacionada às
funções da amígdala, decorrente de conexões com o hipotálamo e
outras estruturas e a recompensa relaciona-se ao feixe
prosencefálico medial, nos núcleos lateral e ventromedial do
hipotálamo, com conexões no septo, amígdala, algumas áreas do
tálamo e nos gânglios basais.
Em seu livro, “O Erro de Descartes” Damásio indica seis emoções
primárias ou universais que são: Alegria, tristeza, raiva, medo, aversão
e surpresa (pág. 71), ou seja, aquelas que dão origem e influenciam
todas as outras e que se desenvolvem ainda na infância. Damásio
afirma:
30
As emoções primárias, (leia-se, inatas, pré-organizadas, jamesianas)
dependem da rede de circuitos do sistema límbico, sendo a amígdala e o
cíngulo as personagens principais. A prova de que a amígdala representa
esse papel na emoção pré-organizada provém tano da observação de
animais como de seres humanos. Recentemente a amígdala tem sido objeto
de estudos e talvez de forma mais abrangente, por Joseph Le Doux, cujo
trabalho, apesar de visar a compreensão da memória, revelou de igual
modo uma ligação entre a amígdala e a emoção. (Damásio p.149)
.
As emoções primárias: medo, raiva e tristeza; são classificadas como
sendo adaptativas, ou seja, elas surgem rapidamente dependendo da
situação em que a pessoa se encontra. Por outro lado, elas
desaparecem completamente quando o indivíduo sente-se tranquilo e
seguro física, psíquica e emocionalmente.
Além das emoções primárias, ele apresenta as emoções
secundárias ou sociais que não são se adaptam, são aquelas que
extrapolam os limites do bom senso, fazem com que a pessoa sinta
que exagerou em seu comportamento e se arrependa depois. São as
responsáveis pelos populares discussões ou pelos barracos.
3.1. Como são gerados os diversos tipos de emoções
Estas são as emoções aprendidas, ou seja, elas são impostas por
heranças familiares e por convenções sociais, religiosas, culturais e
econômicas. São exemplos disso: ciúme, orgulho, vaidade, vergonha,
culpa, ainda denominado emoções de fundo, aquelas expressas no
bem ou no mal-estar, a calma ou a tensão. E voltando ao fator culpa,
este é um dos sentimentos amplamente propagados ao longo dos
séculos como forma de autopunição aos pecadores.
31
Este sentimento de culpa tornou-se tão arraigado na mente das
pessoas que, muitas vezes, é necessária uma intervenção psicológica
para ajudar o indivíduo a lidar com esta emoção, sem se punir ou se
culpar por absolutamente tudo que acontece de ruim em sua vida. Isso
acontece porque as emoções secundárias são influenciadas pelas
crenças e valores de cada um, o que dependendo da situação, leva a
determinados comportamentos emocionais. No âmbito cognitivo,
podemos dizer que elas estão relacionadas ao córtex pré-frontal.
Segundo Damásio (1996), os sentimentos exercem uma forte
influência sobre a razão e que estes, por sua vez, estão interligados à
estrutura física que os sustentam. Ainda, na ótica de Damásio, as
emoções primárias envolveriam disposições inatas para responder a
certas classes de estímulo, controladas pelo sistema límbico, já, as
emoções secundárias seriam aprendidas e envolveriam categorizações
de representações de estímulos, associadas a respostas passadas,
avaliadas como boas ou ruins. Apesar desta interação, essas duas
formas de emoção são distintas. Isto é evidenciado, por exemplo, pelo
fato de um sorriso espontâneo ser diferente daquele intencional. Os
sentimentos seriam a experiência de tais mudanças associadas às
imagens mentais da situação. Desta forma, a emoção está intimamente
associada à memória; ou seja, ao contexto em que é adquirida na
experiência individual, ou seja, esse autor sugere que “o fortalecimento
da racionalidade requer maior atenção à vulnerabilidade do mundo
interior” (p. 276).
Com efeito, os sentimentos parecem depender de um dedicado
sistema com múltiplos componentes que é indissociável da
regulação biológica: e a emoção parece na verdade, depender de
sistemas cerebrais específicos, alguns dos quais processam
32
sentimentos. Assim, pode existir um elo, em termos anatômicos e
funcionais, entre emoção e sentimentos e entre esses e o corpo
(DAMÁSIO, 1996. P. 276).
O estresse é o foco principal do desequilíbrio das pessoas e a porta
de entrada para todas as outras doenças, inclusive as mentais. Ele
atua nas incogruências entre o mundo interno e o mundo externo da
pessoa bem como a forma como ela é capaz de responder às
situações vividas. “O estresse é base de todas as desordens mentais e
fonte de muitos mal-estares físicos”. (Monica Simionato. pág. 112)
O homem faz parte biologicamente de um conjunto de seres vivos,
que vai do organismo monocelular, o mais elementar, passando por
outros animais ao topo da evolução. Para sobreviver, todo ser deve
vencer a luta que o opõe a seu meio. A derrota é um sinônimo de morte
e o sucesso significa crescimento e evolução. É motivado pela
necessidade de dominar os desafios do cotidiano, e para evoluir recebe
constantemente do meio, informações sensoriais, que são as emoções.
Os desafios estão aí cada vez maiores. O estresse é uma
estimulação pontual – agressiva ou não – que produz um conjunto de
reações no organismo, implicando respostas neuronais,
neuroendócrinas, metabólicas e comportamentais. O estresse não é
um fenômeno recente. Sempre existiu. Nas sociedades primitivas o
homem era confontado com perigos físicos. Ele lutava ou fugia e
despendia a energia mobilizada e acumulada em seu organismo. Nas
sociedades modernas, o homem é submetido permanentemente a
situações estressantes às quais, por diversas razões, alguma de
natureza social, não pode reagir. Toda essa emoção acumulada gera
alterações fisiológicas. Alguns eventos estressantes poderiam
33
prejudicar a memória e a capacidade de aprendizado do cérebro e
reduzir o volume de matéria cinzenta em regiões associadas às
emoções, autocontrole e funções fisiológicas.
Inicialmente é importante distinguir os termos “emoção” e
“sentimento” à luz da neurobiologia atual. “O que é um sentimento? O
que me leva a não usar indistintamente os termos ‘emoção’ e
‘sentimento’? Uma das razões é que, apesar de alguns sentimentos
estarem relacionados com as emoções, existem muitos que não estão:
todas as emoções originam sentimentos, se se estiver desperto e
atento, mas nem todos os sentimentos provêm de emoções. Chamo
sentimentos de fundo (background) aos que não têm origem nas
emoções”. (DAMÁSIO, 2012, p.138).
Emoções são programas de ações complexos e em grande
termo automatizados, concebidos pela evolução. As ações são
concluídas por um programa cognitivo que inclui determinadas ideias e
modos de cognição, mas o mundo das emoções é nomeadamente
produzido de ações realizadas no corpo, desde expressões faciais,
posturas e até mudança nas vísceras e no meio interno. (DAMÁSIO,
2011).
Os sentimentos emocionais são as percepções compostas
daquilo que ocorre no corpo e na mente quando uma emoção está em
andamento. No que diz respeito ao corpo, os sentimentos são imagens
de ações, e não ações propriamente ditas. O mundo dos sentimentos é
feito de percepções executadas em mapas cerebrais. Em resumo,
enquanto as emoções estabelecem ações seguidas por ideias e
determinados modos de pensar, os sentimentos emocionais são sobre
tudo percepções daquilo que o corpo faz durante a emoção, com
34
percepções do estado de espírito durante esse mesmo lapso de tempo.
(DAMÁSIO, 2011).
De acordo com a Revista Scientific American o estresse crônico
e/ou a depressão podem contribuir para a perda de volume na área do
córtex pré-frontal mediano do cérebro, que está associado a limitações
cognitivas e emocionais. Os pesquisadores descobriram que isso é
particularmente verdade para pessoas com um marcador genético, que
pode prejudicar a formação de conexões sinápticas entre as células
cerebrais. Um estudo de 2008, em ratos, descobriu que, até mesmo, o
estresse de curta duração pode levar a problemas de comunicação
entre as células do cérebro, em regiões associadas à memória e ao
aprendizado. Um evento estressante pode matar células cerebrais, à
medida que se aprende novas informações, geram-se novos neurônios
no hipocampo - uma região do cérebro associada ao aprendizado,
memória e emoção. Mas, o estresse contínuo pode parar a produção
de novos neurônios no hipocampo e também pode afetar a velocidade
das conexões entre as células do hipocampo.
Além disso, um estudo com animais descobriu que um único
evento estressante pode destruir neurônios recém-criados no
hipocampo. Os pesquisadores da Universidade da Califórnia, em
Berkeley, descobriram que o cérebro, em estado de estresse crônico,
gera mais células produtoras de mielina e menos neurônios que um
cérebro típico, resultando em excesso de mielina (uma camada isolante
com revestimento protetor ao redor dos neurônios) no hipocampo. "O
hipocampo é mais vulnerável ao estresse emocional contínuo, por
causa dos efeitos nocivos do cortisol", escreveu o psicólogo Daniel
Goleman em Inteligência Social (2006):
35
O estresse pode atrapalhar a memória pelo desencadeamento de
resposta de ameaça do cérebro. Enquanto o cortisol dificulta a atividade do
hipocampo, que aumenta o tamanho e a atividade da amígdala, principal
centro do cérebro para as respostas emocionais e motivação. A amígdala é
responsável pelo processamento do medo, da percepção de ameaça e da
resposta de luta ou fuga. O aumento de atividade significa que estamos em
um estado de reação à ameaça percebida, que pode ter o efeito de restringir
a capacidade de receber novas informações. Isso também pode aumentar
as reações emocionais. "Depois de um dia quando um aluno entra em
pânico por causa de um teste, ele vai se lembrar dos detalhes daquele
estado de pânico muito mais do que qualquer material do teste". (2006).
O estresse se manifesta através de sintomas que, algumas
vezes, se traduzem em estímulos e, outras, em aborrecimentos. Um
estresse mal-administrado contribui, portanto, para deteriorar a vida
pessoal e para degradar a qualidade de vida do indivíduo. Podem-se
destacar quatro grandes registros de sintomas: a relação com os
outros, a tensão física e psicológica, a queda da capacidade intelectual
e as perturbações do sono, acompanhada de fadiga. O estresse atua
como uma bola de neve. Tem efeito contaminador, pois se transmite de
um meio para outro com muita facilidade. É comum que o estresse
vivido por um executivo no trabalho acabe se transferindo para casa e
deteriorando suas relações famliares e vice-versa. O estresse agudo,
mais ou menos violento, tem curta duração. Pode ser produto de uma
discussão no trabalho, de uma briga com o cônjuge, um medo ou uma
emoção intensa.
Os órgãos sensoriais enviam todas as informações ao cérebro. O
hipotálamo age através do sistema nervoso autônomo e, para isso,
comanda a secreção de diferentes hormônios que vão ativar diferentes
órgãos. A reação do estresse se inicia, e o corpo se coloca em estado
36
de defesa: batimentos cardíacos se aceleram, os brônquiops se dilatam
para a entrada de mais oxigênio, as pupilas se dilatam e o fígado envia
mais glicogênio para os músculos, fornecendo mais energia. Por outro
lado, se o organismo permanecer continuamente submetido ao agente
estressor necessariamente manterá seu esforço de adaptação. É aí
que entra em ação, a fase de resistência. Desaparecendo a ameaça,
todas as alterações desaparecem ou regridem e a reação de alarme é
interrompida. (URURAHY, Gilberto & ALBERT, 2005).
3.2 - A raiva em consequência do medo
As reações do medo pode dar vazão a dois diferentes
comportamentos: o ataque ou a fuga. A raiva é um dos combustíveis
do ataque. Os animais exprimem raiva quando seu território é invadido,
ou quando desafiam um rival na busca por alimentos, ou cortejo e
atividade reprodutiva. Intrometer-se nos objetos sexuais e alimentares
de uma pessoa pode, também, provocar raiva, que, se não for
controlada, se transforma em agressão e violência. Quando o oponente
é visto como mais forte, não apenas do ponto de vista físico, e
potencialmente perigoso, a raiva que serviria de combustível para o
ataque se torna raiva que permite fuga. Como toda emoção
fundamental, o medo provoca ansiedade, angústia, susto, pânico. Os
teóricos consideram que tais fenômenos psicológicos pertencem à
família do medo e devem ser compreendidos em relação a ele. Assim,
do ponto de vista comportamental, podemos dizer que a ansiedade é
um medo antecipado, é a vivência associada à espectativa, ao
pressentimento ou à proximidade do perigo. A angústia é uma
ansiedade com vários sinais físicos. Ambos são medos “sem objetivo”,
o perigo ainda não está presente, mas já se sente o pavor. Pânico,
37
terror e susto são medos que diferem entre si pela intensidade e têm
como caracterìsticas comuns tanto a impossibilidade de exercer
controle sobre eles quanto o fato de que podem advir na ausência de
qualquer perigo real, simplemente por um equívoco dos sentidos, por
lembranças ou pela previsão de risco.
Conforme publicação na Revista Scientific American, por Cristoph
André, o medo funciona como um sinal de alerta. Sua principal função
é proteção; ao chamar a atençao para um risco iminente, é permitido
enfrentà-lo. Já, o medo propriamente dito, é uma reação inerente ao
ser humano - esperada e útil em determinadas circunstâncias – ativada
quando há um bom motivo, ou seja, diante de um perigo real (e não de
eventualidade ou da lembrança). Em alguns casos, porém, esse
sistema pode estar desregulado.
A intensidade do temor costuma ser proporcional ao risco,
permitindo que a pessoa aja de maneira adaptada à situação, por
exemplo, recuando lentamente diante da serpente prestes a dar o bote
– em vez de sair correndo. Em sua regulação, o medo normal se
desfaz rápida e facilmente quando o perigo passa, ou quando
percebemos que não se tratava de algo tão ameaçador. É o que ocorre
em situações em que se ouve um barulho violento ou pessoas que
chegam silenciosamente por trás.
Uma vez cumprido seu papel de avisar o orgasnismo, o temor
deve diminuir, caso contrário se torna inútil e perigoso. A desregulação
desse processo provoca ataques de pânico, que aniquilam as
capacidades de adaptação e provocam paralisia momentânea. A
reação é equivalente a uma crise de asma numa pessoa alérgica. Já o
38
medo normal pode ser modulado, focado nesse ou naquele perigo. É
possível regular nossa intensidade de temor de acordo com o contexto
e as necessidades em cada circunstânicia, exemplo, uma pessoa no
seu computador mental, não inicia o software do medo para fazer suas
compras no supermercado do quarteirão onde mora, mas ativa-o, se
tiver que caminhar na selva ou à noite numa região onde o índice de
assalto é alto.
Atualmente, o circuito cerebral do medo é bastante conhecido em
linhas gerais. Um de seus principais estudiosos é o neurocientista
Joseph Le Doux professor da Universidade de Nova York, que diz:
Sabe-se que sobre o córtex existe um cérebro emocional um pouco mais
rústico que é partilhado com outras espécies do reino animal. Quando se
colocam indivíduos diante de seus objetos de temor, observa-se um
aumento muito significativo do débito sanguíneo nessa região, sede
neurológica da ativação emocional. Pelo fato de a sede de nossas reações
emocionais de medo fica no sistema límbico, a primeira ação em momentos
de medo é um movimento que privilegia a velocidade – e não é
características desenvolvidas ao longo da evoluçao humana, como precisão
da percepção ou rapidez de raciocínio. Também é por isso que, como todas
as reações instintivas, o medo pode escapar à vontade do indivíduo: não se
consegue impedir seu apareciemento. Mas pode-se aprender a regulá-lo.
A amigdala “aprende” e memoriza perfeitamente as experiências
e condicionamentos de medo. Graças às técnicas de neuroimagem que
permitem visualizar quai regiões do cérebro encontram-se implicadas
nas diferentes situações vitais, o papel desse órgão pode ser estudado.
A amígdala sempre é acionada primeiramente diante de qualquer a
ameaça, é como se o corpo sentisse medo antes de psiquicamente se
dar conta disso. Mas por que uma zona cerebral mais arcaica toma o
poder sobre zonas neurológicas mais “nobres” e mais “evoluídas”? A
explicação é anatômica: nosso cérebro possui redes sinápticas mais
39
numerosas no sentido amigdala-córtex pré-frotal do que na direção
oposta.
De acordo com DANIEL GOLEMAN em seu livro Inteligência
Emocional a amigdala desempenha um papel central no medo, ele
afirma:
Os neurocientistas mapearam o circuito do medo nos mínimos detalhes
possíveis, no entanto, mesmo na vanguarda des te campo de estudo, a
totalidade dos circuitos de nenhum tipo de emoção foi completamente
pesquisada. Segundo Goleman, o medo, dno curso da evoluçao humana
tem sido fundamental: talvez mais do que qualque outra emoção, tem sido
crucial para a sobrevivência. É claro que, nas circusntancias atuais, os
sentimentos equivocados são a praga que ronda a sociedade, que vive
inquieta, angustiada e com uma série de preocupaçõesou, no extremo
patológico, com crises de pânico, fobias ou desordem obsessivo-
compulsiva. (p. 311).
Via núcleo central, a amigdala envia sinais, através da medula,
para o sistema nervoso autônomo e junto com hipocampo a ela
interligado ordenam as células que enviem neurotransmissores-chave,
que, por exemplo, irão disparar a dopamina que fixará a sua atenção
na origem do medo e colocará os músculos de prontidão para reagir de
acordo. Ao mesmo tempo, a amígdala envia sinais para as áreas
sensoriais relativas à visão e à atenção, para se assegurar de que os
olhos estão atentos para o que seja relevante naquelas circunstâncias.
Simultaneamente, os sistemas da memória cortical são rearrajados de
forma que o conhecimento e as lembranças mais relevantes para
aquela situação de emergência emocional sejam rapidamente trazidos
para o presente e tenham precedência sobre qualquer ideia menos
importante que ocorra. Esta pode ser uma forma aceitável socialmente
para se adaptar à resposta de luta.
40
Todos os processos digestivos normais como a absorção,
distribuição, assimilação e eliminação são inibidos durante situações de
stress.
O sistema circulatório é afetado pelo aumento da taxa de
bombeamento do coração e a constrição dos vasos sanguíneos
causando pressão alta. As emoções negativas causam levam a uma
diminuição da imunidade natural, aumentando as chances de contrair
infecções bacterianas, virais e principalmente dores musculares.
Emoções como o medo, preocupação, tristeza, raiva, ciúmes,
inveja são imensamente prejudiciais para o corpo. Os músculos ficam
sempre tensos, com maior frequência na região do pescoço e cervical.
Devido ao fato de que os músculos são fixados aos ossos, a tensões
musculares podem causar desalinhamento e compressões vertebrais,
gerando assim quadros dolorosos em toda a coluna vertebral.
O medo é um tipo de emoção primitiva, ele age como um
mecanismo de proteção, pois é uma alerta para a presença de perigo,
essencial na preservação da espécie. Também pode ser descrito como
um sentimento de aversão extrema para certos objetos, condições ou
situações, tais como: medo da escuridão, de insetos, medo de falar em
público, etc. É uma das mais importantes emoções básicas.
A resposta bioquímica ao medo é universal, acontece quando há
um confronto com o perigo percebido. O corpo responde de maneiras
específicas que incluem sudorese, aumento da frequência cardíaca e
os níveis de adrenalina elevados. A exposição repetida a situações de
alto risco leva à familiaridade, chamada de aclimatação ou adaptação,
que reduz tanto a resposta do medo como da alegria resultante.
41
CONCLUSÃO
Conclui-se, depois de tal pesquisa, o quanto é importante motivar
neste universo, onde está se formando uma sociedade cada vez mais
descrente de tudo e na qual o campo das emoções cerebrais aos
poucos vai dando lugar à apatia, ao desamor, à indiferença e o pior de
tudo, ao desinteresse e desvalorização da vida do próximo, ir fundo no
incentivo de buscar novas descobertas sobre o cérebro e tentar aos
poucos “injetar” desde muito cedo no ser humano uma motivação e um
pouco de esperança no futuro da raça humana como um bem comum
com esse aprendizado tão útil que é a educação emocional.
O cérebro emocional processa a emoção que,
independentemente de intensidade e duração, é transmitida ao corpo.
Qualquer emoção positiva traz benefício para o cérebro, em todos os
sentidos, mas as emoções negativas provocam um efeito devastador
no desempenho pessoal de qualquer indivíduo.
A alegria, a raiva, o medo e a tristeza são emoções comuns a
todas as pessoas. Porem as emoções negativas é que geram os
diversos conflitos pessoais e prejudiciais impedindo-se viver de forma
harmoniosa e saudável, por isso, saber canalizar a energia das
emoções negativas e direcioná-las para um campo de saída é muito
importante para que se tenha uma qualidade vida melhor.
É certo que, ao tratar a emoção como uma das dimensões do
cérebro em atividade é admitir sua relevância na determinação do
comportamento e sua influência sobre a maneira como as conexões
42
neurais são modeladas para construir respostas adaptativas do
indivíduo no meio em que se insere.
Deste modo, nota-se que ao falar em mudanças é preciso
considerar o ser humano de uma forma ampla, em todo o seu contexto,
racional e emocional. Uma vez que a emoção e a razão sempre
estiveram juntas no processo evolutivo do homem. Toda emoção é
uma reação do organismo com três tipos de respostas: uma mental (de
agitação ou depressão), uma resposta interna no seu funcionamento
(no caso da raiva, dispara o coração e a respiração), e uma resposta
comportamental (de aproximação, afastamento, ou paralisia).
Goleman (1996) adverte para a importância do autoconhecimento
emocional para melhor reconhecimento e designação das próprias
emoções para melhor tolerância à frustração. Controle da raiva, menos
ofensas verbais, menos comportamentos agressivos ou
autodestrutivos, mais sentimentos positivos sobre si mesmo, da
capacidade de lidar com relações para maior compreensão e análise
dos relacionamentos na soluçao de conflitos pessoais internos e
negociação de desacordos com menos impulsividade, mais
envolvimento e cooperação com as pessoas e ser emocionalmente
educado.
Nesse contexto, Goleman (1996) sugere que se faça uso das
tensões no momento em que elas acontecem, embora não seja facil
trabalhar aptidões no campo emocional exatamente no instante em que
o indivíduo está menos capaz de receber novas informações e
apreender novos hábitos de respostas.
43
BIBLIOGRAFIA
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de Janeiro: Editora Salamandra, 1997.
DAMÁSIO, Antônio R. O Erro de Descartes: Emoção, Razão e o
Cérebro. 1ª edição, tradução portuguesa: Dora Vicente e Georgina
Segurado. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
GOLEMAN, Daniel, Inteligência Emocional, 68 edição, Rio de
Janeiro: Editora Objetiva. 1995.
JOSEPH, Ledoux. O Cérebro Emocional, 5ª edição, Rio de Janeiro,
Editora Objetiva, 1998.
LENT, Roberto. Cem bilhões de neurônios: Conceitos
Fundamentais de Neurociência. São Paulo: Editora Atheneu, 2001.
SIMIONATO, Monica. Competências Emocionais. 1ª edição Rio de
Janeiro, Editora QUALITYMARQK, 2006.
RELVAS, Marta Pires, Neurociência e Transtornos de
Aprendizagem: As Múltiplas Eficiências para uma Educação
Inclusiva. 3ª edição, Rio de Janeiro: Editora WAK, 2009.
SIMIONATO, Monica. Competências Emocionais. 1ª edição, Rio de
Janeiro, Editora QUALITYMARQK, 2006.
44
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO ................................................................................. 02
AGRADECIMENTOS ............................................................................... 03
DEDICATÓRIA.......................................................................................... 04
RESUMO ................................................................................................... 05
METODOLOGIA....................................................................................... 06
SUMÁRIO .................................................................................................. 07
INTRODUÇÃO .......................................................................................... 08
CAPÍTULO I
A estrutura emocional do cérebro...................................................... 12
1.1. As emoções modificando o comportamento .................................. 13
1.2. Compreendendo as funções cerebrais ........................................... 17
CAPÍTULO II
O sistema límbico ................................................................................... 21
2.1. Os sintomas físicos emocionais....................................................... 23
2.2. A significação dos sentimentos ........................................................ 26
CAPÍTULO III
A atuação das emoções no cérebro .................................................. 29
3.1. Como são gerados os diversos tipos de emoção .......................... 30
3.2. A raiva em consequência do medo .................................................. 36
CONCLUSÃO............................................................................................ 41
BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 43
ÍNDICE ....................................................................................................... 44
45