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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE O Lúdico como Facilitador para Alfabetização dos Portadores de Necessidades Especiais - PNEs Sônia Regina de Oliveira Coimbra Orientadora Profª Fabiane Muniz Rio de Janeiro, RJ, janeiro/2004.

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O Lúdico como Facilitador para Alfabetização dos Portadores

de Necessidades Especiais - PNEs

Sônia Regina de Oliveira Coimbra

Orientadora Profª Fabiane Muniz

Rio de Janeiro, RJ, janeiro/2004.

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Sônia Regina de Oliveira Coimbra

Trabalho Monográfico apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista em Psicomotricidade

Rio de Janeiro, RJ, janeiro/2004

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Agradeço aos professores, pela paciência e

dedicação no meu aprendizado, em particular

a Profª Fátima Alves pelo suporte prestado,

proporcionando-me a oportunidade na

viabilização deste sonho.

Agradeço especialmente a Profª Fabiane

Muniz pelo apoio e incansável orientação na

elaboração deste trabalho.

E finalmente a minha irmã Márcia que sempre

me incentivou e ao meu pai que indiretamente

vem me ajudando nos momentos difíceis.

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Dedico este trabalho monográfico ao meu

marido Pedro Mello, que tem me apoiado

incondicionalmente em todas as minhas

iniciativas, a minha filha Thais, motivo de

toda a minha pesquisa e a minha filha Isabella

por todo o tempo que carinhosamente

abdicou em favor de meus estudos.

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“Você observa o movimento do mar e, no início, só vê confusão. Mas com o tempo percebe que as ondas são comandadas por forças que as obrigam a seguir um determinado caminho e ritmo e não as deixam crescer acima de um certo limite, por mais agitadas que sejam. Claramente, elas obedecem a uma lei natural. Na Educação Especial ocorre o mesmo; ou ela se ajusta a necessidade individual dos PNEs e acompanha seus movimentos ondulatórios ou enfrenta dificuldades e sucumbe “. (adaptado do texto de Raimar Richers)

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RESUMO

A meta desta monografia é ousada por tratar-se de um tema amplo, mas

extremamente enriquecedor e, sobretudo, aplicável.Trata-se de “O Lúdico

como facilitador para alfabetização para PNEs”. Seu objetivo é demonstrar à

Educação Especial a entender as várias alternativas de ação e escolha a que

melhor se adequa ao sucesso e a alfabetização dos PNEs. Ela apóia-se numa

bibliografia específica, além da vivência pessoal e profissional. Partimos da

premissa de que a alfabetização na Educação Especial necessita de mudanças

e exige um novo profissional que saiba atuar em momentos cheios de

incertezas e intranqüilidade.A partir do conceito da Psicomotricidade, chega-se

à sofisticação de raciocínios, apoiados em pensamentos lógicos, coordenados,

rítmicos, que enfatiza ser o lúdico vital para elaboração estratégica facilitadora

para alfabetização. A monografia está estruturada em seis capítulos, que vão

da Educação à prática de jogos através do lúdico, como base conceitual e

prática facilitadora da alfabetização. Em suma, a seleção dos conceitos

básicos, a metodologia utilizada e a aplicação dos jogos obtidos, nos permitem

chegar a conclusões satisfatórias que despertam especial interesse pelo tema,

que pretendemos aprofundar em estudos de mestrado.

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METODOLOGIA

A Metodologia é planejamento, é modelo, é posicionamento, é perspectiva e,

atualmente é uma ferramenta imprescindível para a Educação Especial.

Como procedimento metodológico temos a aplicação de jogos de forma lúdica

para facilitar a alfabetização, jogos estes, que atuam ao nível das bases e

áreas psicomotoras pesquisados através de bibliografia específica para o tema

proposto.

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO 09 CAPÍTULO 1 11 A Psicomotricidade como Base Conceitual CAPÍTULO 2 15 Áreas Psicomotoras CAPÍTULO 3 19 A Educação Lúdica CAPÍTULO 4 27 Dificuldades de Aprendizagem CAPÍTULO 5 32 Atividades Lúdicas CONCLUSÃO 38 BIBLIOGRAFIA 41 ÍNDICE 43

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Introdução

“Nada mais difícil de manejar, mais perigoso de conduzir, ou de mais incerto sucesso, do que liderar a introdução de uma nova ordem de coisas. Pois o inovador tem contra si todos os que se beneficiaram das antigas condições e apoio apenas tíbio dos que se beneficiarão com a nova ordem “. (Nicolau Maquiavel, 1469 – 1527)

A Educação Especial tem várias alternativas de ação a escolher para o

sucesso da alfabetização dos PNEs.

Antes de tudo é extremamente necessário que o facilitador saiba como se dá a

comunicação desse grupo.

Faz-se necessário deixar claro que comunicar é expressar, transmitir, agir,

transformar.

O corpo, as emoções e tudo que nasce do corpo influenciam a vida.

A Psicomotricidade evidencia a relação entre o somático e o psíquico e essa

relação é permanente na vida, que se expressa pelo corpo, como verdadeira

comunicação entre o interior e o exterior.

Quando a criança transforma, isso é ação, comunicação, ela pode registrar em

si a transformação da ação que está no pensamento.

Se o meio não é transformado a criança não registra no seu corpo e não forma

pensamento e ação e assim não há comunicação.

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O primeiro mundo da criança é o seu corpo, vive a liberdade do movimento

dando a possibilidade de se transformar, nós é que limitamos por excesso de

exigência cognitiva, querendo que ela aprenda.

É preciso entender a forma como a criança se comunica para atuarmos com a

psicomotricidade e o lúdico.

Aprender é indissociável da palavra pensamento. A criança deve viver, fazer,

desfazer, transformar, modificar, enfim, comunicar-se para firmar seu domínio

sobre o mundo externo.

A psicomotricidade é corpo, ação e emoção, título que foi muito bem escolhido

pela autora Alves, 2003, para o seu livro.

Para que os PNEs tenham prazer em aprender é necessário que eles possam

falar dos seus medos, mal-estar, sofrimento, se esses não são expressados

(comunicados) eles não poderão aprender, porque o mal-estar está escrito no

seu corpo e limita seu processo de ação e transformação.

O Lúdico é uma das alternativas para facilitar a comunicação e aprendizagem.

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CAPÍTULO 1

A PSICOMOTRICIDADE COMO BASE CONCEITUAL

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A Psicomotricidade como Base Conceitual

“Quando vejo uma criança ela me inspira dois sentimentos, Ternura pelo que ela é E respeito pelo que ela pode vir a ser”. Jean Piaget

Para entendermos a psicomotricidade se faz necessário conceituá-la.

“A psicomotricidade é a técnica ou grupo de técnicas que tendem a interferir no

ato intencional significativo, para estimular ou modificá-lo, usando como

mediadores a atividade corporal e sua expressão simbólica. O objetivo, por

conseguinte, é aumentar a capacidade de interação do sujeito com o

ambiente”. (Gª NÚÑEZ Y FERNÁNDEZ VIDAL1994).

“É a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em

movimento e em relação ao seu mundo interno e externo, bem como suas

possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, com os objetos e consigo

mesmo. Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem

das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas”. (S.B.P.1999)”.

“Concerne uma formação de base indispensável a toda criança que seja

normal ou com problemas. Responde a uma dupla finalidade: assegurar o

desenvolvimento funcional tendo em conta as possibilidades da criança e

ajudar sua afetividade a expandir-se e a equilibrar-se através do intercâmbio

com o ambiente humano”. (Le Boulch, 1982).

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“Propicia através do movimento, um desenvolvimento de capacidades básicas

sensoriais, perceptivas e motoras, oportunizando uma organização adequada

de atitudes adaptativas, atuando como agente profilático de distúrbios de

aprendizagem”. (Morizot).

Em termos epistemológicos, a Psicomotricidade não encerra só a história dos

conceitos do exercício físico, da motricidade e do corpo, convocados para

restaurar uma “ordem psíquica perturbada” ou para facilitar o “funcionamento

do espírito”, mas também, o estudo causal e a análise de condições de

adaptação e de aprendizagem que tornam possível o comportamento humano.

O estudo da Psicomotricidade é recente; ainda no início deste século

abordava-se o assunto apenas excepcionalmente. Afirmou-se pouco a pouco e

evoluiu em diversos aspectos que atualmente voltam a se agrupar.

Em primeira fase, a pesquisa teórica fixou-se, sobretudo no desenvolvimento

motor da criança. Depois estudou a relação entre o atraso no desenvolvimento

motor e o atraso intelectual da criança. Seguiram-se estudos sobre o

desenvolvimento da habilidade manual e aptidões motoras em função da

idade.(A.De Meur, L. Staes, 1991).

Atualmente, as áreas de atuação da psicomotricidade são descritas como:

educação psicomotora, reeducação psicomotora e terapia psicomotora, sendo

realizada por profissionais da saúde e da educação, com a finalidade de unir o

movimento e o psiquismo do corpo do sujeito organizando a ação executada

pelo mesmo.

Como base conceitual, a finalidade da educação psicomotora é a facilitação da

ação das diversas técnicas educativas, permitindo assim uma melhor

integração escolar e social.

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“Favorecer um desenvolvimento harmonioso é, antes de tudo, dar-lhe a possibilidade de existir, de tornar-se uma pessoa única, é oferecer-lhe, então, condições as mais favoráveis para comunicar-se, expressar-se, criar e pensar”. (Aucouturier).

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CAPÍTULO 2

ÁREAS PSICOMOTORAS

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Áreas Psicomotoras

A Psicomotricidade desenvolve tanto o lado físico como intelectual e assim

estrutura o emocional.

O estudo da psicomotricidade se dá em áreas, que são: O esquema corporal,

organização e estrutura espacial, organização e estruturação temporal, a

coordenação dinâmica geral, a coordenação óculo-manual e a Lateralidade.

2.1 Esquema Corporal

Segundo Wallon, (1968), O esquema corporal é um elemento básico

indispensável para a formação da personalidade da criança. É a representação

relativamente global, científica e diferenciada para que a criança tem de seu

próprio corpo.

2.2 Estrutura Espacial

A Estrutura Espacial é bem definida por J.M. Tasset: “É a orientação, a

estrutura do mundo exterior referindo-se primeiro ao eu referencial, depois a

outros objetos ou pessoas em posição estática ou em movimento”.(A. De Meur,

L. Staes, 1991. Pág 13).

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2.3 Orientação Temporal

Para Jean Piaget, (apud Almeida, (2000), a orientação temporal se define em:

“O espaço é um instantâneo tomado sobre o curso do tempo e o tempo é o

espaço em movimento (...) o tempo é a coordenação dos movimentos: quer se

trate dos deslocamentos físicos ou movimentos no espaço, quer se trate destes

movimentos internos que são as ações simplesmente esboçadas, antecipadas

ou reconstituídas pela memória, mas cujo desfecho e objetivo final é também

espacial “.

2.4 Coordenação Motora Global ou Ampla

A coordenação motora global ou ampla visa exercitar de forma global o jogo do

equilíbrio e da postura, fortalece a agilidade, força muscular e resistência;

satisfaz a necessidade da criança por ser dinâmico.

Segundo Alves, 2003, “É a coordenação existente entre os grandes

grupamentos musculares. Para a criança, é mais fácil fazer movimentos

simétricos e simultâneos, pois só numa segunda etapa é que ela movimentará

os membros separadamente”.

As atividades de lançar e pegar objetos no ar, principalmente bola são

excelentes meios que permitem os PNEs coordenar o espaço cinestésico e o

espaço visual, desenvolver sua destreza e a sensação de seu próprio corpo em

função de um objeto concreto.

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2.5 Coordenação Motora Fina ou Óculo-Manual

Citando mais uma vez Alves, 2003, A coordenação motora fina ou óculo

manual, ”É a coordenação segmentar, normalmente com a utilização das mãos

exigindo precisão nos movimentos para a realização das tarefas complexas,

utilizando também os pequenos grupos musculares ““.

2.6 Lateralidade

A Lateralidade só é totalmente definida por volta dos sete anos, segundo A. De

Meur, L. Staes, 1991, “Durante o crescimento, naturalmente se define uma

dominância lateral na criança: será mais forte, mais ágil do lado direito ou

esquerdo. A Lateralidade corresponde a dados neurológicos, mas também é

influenciada por certos hábitos sociais.

A Lateralidade é importante na evolução da criança. “Influi na idéia que a

criança tem de si mesma, na formação do seu esquema corporal, na percepção

da simetria de seu corpo. Contribui para determinar a estruturação espacial:

percebendo o eixo do seu corpo, a criança também percebe seu meio ambiente

em relação a esse eixo:- O banco está do lado da mão que desenha”.

A Lateralidade pode ser: Homogênea: a criança é destra ou canhota do olho,

da mão e pé; Cruzada: a criança é destra da mão e do olho, canhota do pé;

Ambidestra: a criança é tão forte e destra do lado esquerdo quanto do direito.

(Alves – UCAM, 2003).

Assim, a Psicomotricidade está relacionada ao processo de maturação, onde o

corpo é a origem das aquisições cognitivas. Afetivas e orgânicas, portanto, faz

parte do movimento integrado e organizado em função do que a pessoa

vivencia, resultado da sua individualidade, sua linguagem e socialização.

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CAPÍTULO 3 A EDUCAÇÃO LÚDICA

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3 - A EDUCAÇÃO LÚDICA

“Muitos pais, ás vezes, tolhem o poder de brincar das crianças, tanto por não terem tempo para brincar com elas como porque compram brinquedos caros e não as deixam brincar, com medo de que se quebrem. Outros compram com intuito de ocupá-las e deixá-los sossegados”.(Almeida, 1974 pág40).

A Educação Lúdica é uma ação inerente a todos nós, desde criança até adulto.

As brincadeiras infantis estimulam todas as áreas do cérebro, proporcionando

um desenvolvimento, não só do sistema motor, mas cognitivo, afetivo e

intelectual.

Desde do início do ser humano usamos atividades lúdicas, como jogos e

brincadeiras que nos levam a um melhor desenvolvimento como pessoa.

Na Grécia Antiga, como não podemos esquecer, Platão (427-348), defendia

que as crianças, nos primeiros anos de vida, deveriam se ocupar apenas com

jogos educativos, praticados em comum pelos dois sexos, sob vigilância e em

jardins de crianças. (vide Platão, As Leis, caps. I e VII).

A Educação Lúdica esteve presente em todas as épocas, povos, contextos de

inúmeros pesquisadores, formando, hoje, uma vasta rede de conhecimentos

não só no campo da educação, da psicologia, fisiologia, como nas demais

áreas do conhecimento. (Almeida, 1974 pág31).

Os trabalhos de Jean Piaget, Chateau, Wallon contribuíram enormemente para

a definição da educação lúdica. “Se com efeito a psicologia genética dá

tamanha atenção ao jogo, é, sem dúvida, porque ele constitui em si mesmo

uma atividade singularmente importante que se move entre a pura ficção e a

realidade do tamanho”. (Maurice Debene, p12).

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21 O Lúdico foca seu olhar nas possibilidades, facilidades e dificuldades do

indivíduo. A partir do qual podemos organizar métodos, técnicas, materiais e

processos que poderão ser ajustados às necessidades educacionais

(perceptivas, lingüísticas, simbólicas e cognitivas).

Estimulamos todas as áreas psicomotoras através das atividades lúdicas, que

são a base para a alfabetização, usando como estratégia facilitadora os jogos e

brincadeiras.

Todos nós sabemos que durante uma brincadeira ou jogo temos que ter

atenção, concentração, ritmo e alguma habilidade e que aprendemos com eles

não só as regras, mas todo um processo postural diante da sociedade e da

vida.

Snyders, 1974, analisando o pensamento de Alain, cita: “A criança ficar-vos-á

reconhecida pelo fato de a terdes esforçado e não apenas repetido: mais tarde

compreenderás tudo que fiz por ti. Não é agora, neste próprio momento, que o

esforço difícil, a tensão, vai culminar na alegria de compreender... A criança

não é apenas um ser de capricho e dispersão, mas quer entrar vivamente no

jogo, mesmo se não puder lá chegar senão com auxílio externo. Ela gosta do

difícil das vitórias penosas, ainda quando se deixa arrastar pelo fácil, pelo

divertido, pelo engraçado. Podemos acreditar na seriedade da criança que

aspira à grandeza, num anseio que o adulto tem a certeza de poder manter

ainda. O estado de homem é belo para aquele que o atinge com todas as

forças da infância”.

“Educar é mais do que ensinar a ler, escrever ou calcular é preparar o indivíduo para o mundo, para que lê possa vê-lo, julgá-lo e transformá-lo”. Solange G. Mussi.

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3.1 Conhecendo a criança na brincadeira

A Motricidade é uma forma de comunicação, ação e expressão que junto com

as outras formas de comunicação dão equilíbrio na afetividade e na

inteligência.

A Maturidade destas formas de comunicação e a evolução percepto-motora

são quem comandam o desenvolvimento infantil.

Faz-se necessário, cada vez mais, conhecer o indivíduo que aprende, que tem

dificuldades, para adequar a prática facilitadora para o seu melhor

desenvolvimento. Muitos só aprendem brincando, se relacionando, sentindo as

diferenças, usando sua inteligência na suas habilidades.

Através do Lúdico conhecemos melhor o indivíduo, a sua percepção,

afetividade, inteligência (raciocínio lógico), dominância (lateralidade) enfim,

todas as áreas psicomotoras indispensável à alfabetização.

A criança quando bem estimulada psicomotoramente através do lúdico ela

passa pela primeira infância segura dos seus atos, conhecedora das suas

habilidades, bem socializada e equilibrada nas suas emoções.

O lúdico proporciona através das cantigas de roda e contos de estória o

desenvolvimento da noção de tempo (passado, presente e futuro), noções de

espaço-temporal, memória, discriminação visual, lateralidade, atenção, síntese

e a análise da estória ou cantiga, capacidades necessárias para dominar a

linguagem escrita.

Antes de chegar a uma classe de alfabetização a criança precisa ter, entre

outras coisas, a dominância do seu esquema corporal, postura, porque o ato de

escrever não precisa apenas de saber segurar no lápis, mas de ter consciência

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do seu ato motor e assim gastar menos energia. Precisa também de

concentração, de uma boa percepção óculo-manual, tão necessária para uma

cópia da lousa para o caderno, coordenação global e fina, indispensável para

escrita e principalmente compreender o que está fazendo.

O lúdico traz de volta à vontade de freqüentar a escola, uma continuidade do

próprio mundo, aprendendo com prazer, respeito e alegria.

Devemos ter em mente que o conhecimento não se dá apenas pela informação

fornecida, é preciso elaborar dentro de si e dar significado a estas informações

de onde se construirá o saber.

Rosseau (1997, p.4.) faz referência ao aprendizado da leitura e da escrita:

“Tem-se grande trabalho em procurar os melhores métodos para ensinar a ler

e escrever. O mais seguro de todos eles, de que sempre se esquece, é o

desejo de aprender. Dê a ele esse desejo e abandone dados e tudo mais, e

qualquer método será bom”.

Evidencia-se que o lúdico através de jogos e brincadeiras colabora de maneira

indiscutível com a leitura e a escrita, pois desenvolve a construção básica para

este fim, sem intenção ou não para tal. (Almeida, 1974).

Através dos jogos podemos conhecer, realmente, quem é cada um, suas

habilidades e competência e assim, traçar estratégias para uma alfabetização

com sucesso, sabendo qual o melhor jogo ou estímulo para cada grupo.

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3.2 A Escola e o Lúdico

Sendo a palavra ”ativo“ o contrário de “passivo”, como pretendemos que a

Escola Ativa, pregada por tantos educadores há mais de dois séculos, possa

existir desprezando a natureza da criança, irrequieta, alegre, empreendedora?.

(Dohme, 2003).

Almeida, 1974 define Educação como um ato de busca, de troca, de interação,

de apropriação. Esta não existe por si; é uma ação conjunta entre as pessoas

que cooperam, comunicam-se e comungam do saber.

Educar é um ato histórico cultural, social, psicológico, afetivo, existencial e,

acima de tudo, político, pois, numa sociedade de classes, nenhuma ação é

simplesmente neutra, sem consciência de seus propósitos.(Almeida, 1974

p11).

Sabemos que há uma grande diferença entre as escolas nos diferentes níveis

cultural, mas temos o compromisso de facilitar a educação para o aluno. O

modo como este aluno é tratado, oportunidade de ser ouvido, de criar, é que

vai fazer a diferença, ou leva o aluno a buscar o saber; ou leva o aluno a

abandonar a escola e nunca mais voltar.

Segundo Almeida, (1974 p13), A educação lúdica está distante da concepção

ingênua de passatempo, brincadeira vulgar, diversão superficial. Ela é uma

ação inerente na criança, no adolescente, no jovem e no adulto e aparece

sempre como uma forma transacional em direção a algum conhecimento, que

se redefine na elaboração constante do pensamento individual em

permutações com o pensamento coletivo.

“A melhor forma de conduzir a criança à atividade, à auto expressão e à socialização seria por meio dos jogos “. (Froebel)”.

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Seguindo o pensamento acima, podemos utilizar, com PNEs, a educação

lúdica, pois esta pode partir de um indivíduo para o coletivo e assim, facilitamos

o desenvolvimento das habilidades e competência desse grupo.

3.3 O Facilitador

O facilitador deverá estar bem preparado no sentido de saber ouvir, gostar de

trabalhar junto aos portadores de necessidades especiais e acima de tudo ter

conhecimento suficiente sobre as dificuldades específicas de cada grupo de

PNEs.

Sabemos que quando o aluno simpatiza com o facilitador ele aprende com

mais facilidade e prazer.

Almeida, 1974 p64, afirma que quando um professor desperta na criança a

paixão pelos estudos, ela mesma buscará o conhecimento e fará tudo para

corresponder.

Para Leif, 1978, nada será feito em favor do aluno se os facilitadores não se

interessarem diretamente por sua própria formação e se não levarem em conta

suas aptidões e suas capacidades, se não se tornarem livres e criativos para

buscar seu crescimento pessoal.

Para Makarenko, o facilitador não deve opor-se à liberdade do aluno. Deve sim,

reforçar a confiança, incentivar a autonomia do aluno, abrir, alargar e

universalizar com disciplina, no âmbito da consciência do grupo.

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Segundo Major & Walsh, 1990 p1, ensinar crianças com dificuldade de

aprendizado requer por parte do professor uma investigação de como cada

criança aprende. O professor deve estar a par das habilidades e fraquezas de

cada criança, não apenas no que diz respeito a habilidades acadêmicas como

a leitura e a escrita, mas também em termos de habilidades de “aprendizado”

como percepção, audição, visão e memória. Uma vez entendido como cada

criança aprende, todos os tipos de atividades podem ser “trabalhadas” de

forma a ajudar a criança que possui dificuldades de aprendizado.

Assim, caberá ao facilitador determinar qual as atividades adequadas para

cada criança de acordo com a sua dificuldade de aprendizado.

Vale lembrar que a percepção é um aspecto básico e simples do aprendizado,

com ela a criança discrimina estímulos auditivos e visuais de maneira que

possa identificar semelhanças e diferenças. É uma habilidade importante para

os PNEs que estão aprendendo a ler.

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CAPÍTULO 4

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

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Dificuldades de Aprendizagem

Os portadores de deficiência que já nascem com problemas estão em maior

desvantagem. Geralmente são marginalizados, escondidos por suas famílias,

humilhados como objeto de caridade ou separados da comunidade, vivendo

em centros especializados. A eles se negam muitas vezes a oportunidade de

desenvolver sua capacidade e suas habilidades, embora isso pudesse lhes

proporcionar um meio de vida mediante um trabalho produtivo.

.Existem ainda muitas pessoas que não entendem que a deficiência é uma

questão de direitos humanos; as violações contra os direitos humanos dos

PNEs ocorrem diariamente em todos os países do mundo.

Do ponto de vista neurofuncional, os processos de aprendizagem estão ligados

a um aumento no número de sinapses neuronais intracerebrais, é bastante

provável que as atividades relacionadas à estimulação perceptual, sensório-

motora, afetivo-emocional e cognitiva possam aumentar o conhecimento

adquirido, a funcionalidade das memórias e o aprendizado, em sentido amplo.

Parece não haver muitas dúvidas de que a capacidade cognitiva de uma

pessoa esteja na dependência do número de sinapses existentes entre os

neurônios do sistema nervoso.

Estudos recentes em neurobiologia, relacionados à plasticidade neuronal, ou,

seja, a capacidade de certos grupamentos neuronais substituírem outros,

incapacitados para a execução de determinadas atividades em decorrência de

lesões e disfunções de várias naturezas, demonstram a validade que a

estimulação afetiva, motivacional e cognitiva dos seres humanos em evolução

pode contribuir em muito para que possamos ampliar as fronteiras do

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29conhecimento individual e a possibilidade de utilizar-se esse conhecimento

como instrumento de transformação pessoal e social. Revista Labyrinthe, 2002.

4.1 Dificuldade de Aprendizagem x Desempenho Acadêmico

Aprender envolve processos complexos e determinado número de condições e

oportunidades. Os processos complexos, uns de natureza psicológica, outros

de natureza neurológica, compreendem o perfil intra-individual do educando.

Deve-se a Strauss a distinção entre deficientes mentais endógenos (indicando

uma deficiência mental devido a fatores familiares) e deficientes mentais

exógenos (indicando uma deficiência mental devido a déficits neurológicos

provocados por doenças pré, peri ou pós-natais, originando,

conseqüentemente, lesões cerebrais de vários tipos).(Victor da Fonseca 1995,

p13).

As crianças deficientes mentais exógenas apresentam um perfil desorganizado

das funções perceptivo-motoras, quer nas funções visuomotoras, quer auditivo-

motoras; dificuldades na atenção seletiva com problemas de discriminação

entre estímulos relevantes e irrelevantes, ou, seja, entre a figura e o fundo na

base de apresentação do taquitoscópio. Traços de comportamento mais

desinibidos, erráticos, impulsivos, descontrolados, sociopáticos e

descoordenados, aos quais se vieram associar os conceitos de hiperatividade.

(Strauss e Kephart, 1940).

Os PNEs tem a capacidade de desenvolver suas habilidades dentro das suas

capacidades através de uma metodologia adequada a cada caso, como já foi

dito anteriormente, a plasticidade cerebral junto a psicomotricidade tem um

papel muito importante durante a aprendizagem, pois pode facilitar o

desenvolvimento das áreas adjacentes às áreas lesionadas.

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Várias são as causas da dificuldade de aprendizagem entre os PNEs. Uma

criança que tenha inteligência inferior já se encontra limitada em sua

aprendizagem, algumas alcançam um maior desenvolvimento e outras estão

bem comprometidas que precisam ser bem estimuladas para desenvolverem

suas habilidades, mas muitas vezes não conseguem suprir seus limites.

Wallace e McLoughlin (1975, p.42) dizem; “Uma criança com algum tipo de

lesão cerebral ou alguma perturbação neurológica mais grave pode apresentar

limitações em sua aprendizagem. Ela necessita de um acompanhamento

médico e métodos adequados de ensino. Ela precisa, de acordo com sua

experiência, aprender como aprender”.

As crianças que não enxergam bem ou não ouvem bem, terão dificuldades de

aprendizagem e também necessitarão de uma metodologia diferenciada que as

ajudem a superar suas deficiências sensoriais.

É comum encontrarmos muitas crianças que apresentam dificuldade de

aprendizagem com algumas perturbações afetivas. Apresentam, em sua

maioria, falta de segurança, inibição, falta de interesse, baixo auto-estima e

auto-imagem e assim como conseqüência temos a incapacidade da integração

com a leitura e a escrita.

Apontada por diversos autores como Lourenço Filho (1964, p.22), Brandão

(1984, p.41), Piaget (1974), a importância da maturidade para o processo de

alfabetização. Lourenço Filho diz que para se iniciar a aprendizagem deve

existir um mínimo de maturidade, com o qual ela deve se fundamentar.

Brandão acredita que a maturidade é dependente em parte do que foi herdado

e em parte do que foi adquirido pelas experiências de vida. Piaget valoriza a

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31maturidade, mas afirma que ela é condição necessária, mas não suficiente

para explicar todo o desenvolvimento mental.

Condemarín, Chadwick e Militic (1984) salientam que a criança precisa

apresentar um nível de maturidade, de desenvolvimento físico, psicológico e

social no momento de sua entrada no sistema escolar, pois isto lhe facilitaria

enfrentar adequadamente as situações de aprendizagem.

O que podemos concluir que a maturação não depende da aprendizagem, mas

constitui condição necessária para a aprendizagem acontecer.

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CAPÍTULO 5

ATIVIDADES LÚDICAS

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Atividades Lúdicas

5.1 Atividades Lúdicas propostas

Apresentaremos a seguir algumas propostas de atividades lúdicas como

facilitadoras para a aprendizagem.

Partimos da problemática dos comportamentos dos PNEs relativo as

dificuldades de aprendizagem aos quais podemos citar:

• Fraco alcance de atenção

• Dificuldade para seguir instruções

• Imaturidade social

• Dificuldade com a conversação

• Inflexibilidade

• Fraco planejamento e habilidades organizacionais

• Distração

• Falta de destreza

• Falta de controle dos impulsos

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5.2 Para o desenvolvimento da Coordenação Motora Global

Caminho do Céu

Faça no chão marcas do jogo de amarelinhas ou de outro tipo que preferir. Use

o quadrado final do jogo como “o céu”.

Introdução à classe:

Hoje vamos tentar chegar ao céu! Mas para fazer isso, vocês vão ter que pular

em todos os quadrados até chegar no do céu. Vamos ver quem consegue!

Variações:

Quando já tiverem saltando bem os quadradinhos, pode-se melhorar o

exercício fazendo com que digam palavras ou frases enquanto tentam “chegar

ao céu”.

5.3 Percepção

Combinação de Coisas

Selecione diversos objetos, como varinhas de madeira, blocos, fichas de jogo e

botões. Distribua esse material em diversos recipientes, como latinhas de

biscoito.

Introdução à classe:

Cada aluno receberá diversos objetos. Vocês devem classificá-los de acordo

com a cor, forma, tamanho, textura ou outra característica qualquer. Vejam

com que rapidez conseguem fazer isso. Quando terminarem, verifiquem se há

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35alguma outra característica comum a esses objetos que possa ser utilizada

para classificá-los de outra forma.

5.4 Memória

Sopa de Letrinha

Pense em vários objetos que comecem com a e que possam ser enquadrados

em diversas categorias, como cachorros, comida ou coisas levadas numa

viagem. Pense também em uma estória introdutória para cada categoria.

Introdução à classe:

Vou começar uma estória dizendo assim: “Meu tio foi viajar e levou em sua

mala uma abóbora”. O primeiro aluno da fila irá repetir minha sentença e dizer

mais um objeto que meu tio levou na mala e que comece com a mesma letra.

Em seguida, o próximo repetirá a sentença e acrescentará um objeto que

comece com a. Vamos ver até onde conseguimos ir, sem esquecer o que veio

antes.

5.5 Linguagem

Encontrem a Palavra

Selecione uma lista de sentenças apropriadas ao nível de leitura dos alunos. O

material pode ser retirado de uma estória ou livro de leitura escolar. Omita uma

palavra de cada sentença.

Introdução à classe:

Hoje nós vamos brincar de encontrar palavras. Vou ler para vocês uma

sentença na qual falta uma palavra. Se acharem que sabem a palavra,

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36levantem a mão. Por exemplo: “João estava andando de bicicleta na...”. Que

palavra vocês diriam para dar sentido à frase? (São possíveis várias

respostas).

5.6 Conceitualização

Começo ou Fim?

Use velhos livros ou gibis para estas atividades. Recorte estórias curtas ou

parágrafos, sentença por sentença. Cole cada sentença em um cartão

diferente. Peça às crianças que ajudem parte da atividade. (as seqüências

lógicas já podem ser encontradas em madeira como jogos educativos).

Introdução à classe:

Vamos trabalhar juntos. Dividam-se em pequenos grupos. Cada grupo vai

receber uma pequena estória onde as sentenças estão recortadas e coladas

em cartões, fora da ordem. Disponha as sentenças em uma seqüência lógica

recortando a estória. Vamos ver qual grupo consegue terminar primeiro!

5.7 Esquema Corporal

O Passeio

Ao som da música, todos os alunos devem passear pelo pátio: ao corte da

música, a professora deverá dizer: “Passeando pela floresta, encontrei um

animal (exemplo: animais rastejantes e animais que não rastejam). Quando

falar o nome de um animal que rasteja, os alunos deverão sentar-se e, quando

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falar o nome de um animal que não rasteja, os alunos deverão permanecer de

pé.

Variação: ao falar o nome dos animais os alunos deverão imitá-los.

5.8 Estruturação Espacial

Toca

Toda turma forma uma grande roda e cada um circulará com giz o seu local. O

facilitador no centro da roda deve escolher algumas características visíveis ou

não e solicitar o seguinte: “Deverão trocar de lugar os alunos que estiverem

calçando tênis”; “Deverão trocar de lugar os alunos que torcem pelo

Flamengo”. Quando menos se espera, o facilitador entrará em um dos espaços

marcados pelos alunos e, dando continuidade, o aluno que fica sem espaço

solicitará nova troca.

5.9 Estrutura Temporal

A Chuva

Alunos em círculo, de mãos dadas, rodando, ouvindo e repetindo histórias do

orador. Estarão dispostos ao lado deles vários “guarda-chuvas” (arcos), que

deverão ser utilizados por apenas um aluno. No decorrer da história, o orador

falará a palavra mágica “chover”, quando todos deverão correr e ocupar seu

lugar no “guarda-chuva”. Quem ficar sem lugar continuará contando a história.

Variação

Tirar alguns arcos e colocar maior número de alunos dentro dos que ficaram.

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CONCLUSÃO

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CONCLUSÃO O lúdico sempre fez parte da vida do ser humano, desde bebe até a idade

adulta. Tem seu valor educativo, moral, cultural e colabora com a formação do

caráter e da personalidade.

Na Antigüidade os jogos serviam de meio para a geração mais jovem aprender

com os mais velhos os valores e conhecimentos da vida. Atualmente os mais

velhos têm no lúdico um sentido para vida, vivendo de uma forma mais alegre,

feliz.

A Educação Lúdica contribui para o bem estar, melhora a auto-estima, socializa

e principalmente na educação, pois se aprende mais prazerosamente.

Podemos concluir que as atividades lúdicas são de grande valia e passa a ser

essencial, como prática facilitadora, para o sucesso da aprendizagem e

alfabetização dos PNEs.

Concluímos que a base da Psicomotricidade empregada através de jogos e

brincadeiras facilitam os PNEs à aprender.

O lúdico dá a oportunidade dos PNEs aprenderem com prazer, sendo

cooperativos, se socializando e além de estimular todas as áreas do cérebro

proporcionando um bom desenvolvimento psicomotor, facilitando a

aprendizagem da leitura e da escrita, a alfabetização.

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O Ludoeducador deve ter técnica, conhecer várias atividades, não abdicar jamais de seu papel precípuo de educador. Deve perceber aonde pode chegar com cada criança e com o grupo como um todo. Mas, para justificar esta opção, ele deve ser alegre, sentar com as crianças e saber brincar, seu sorriso deve ser fácil e espontâneo, pois, cada ludoeducador deve ter, sobretudo, uma criança dentro de si.

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41(Dohme, 2003, p68).

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ÍNDICE INTRODUÇÃO 09 CAPÍTULO 1 11 A Psicomotricidade como Base Conceitual A PSICOMOTRICIDADE COMO BASE CONCEITUAL 12 CAPÍTULO 2 15 Áreas Psicomotoras ÁREAS PSICOMOTORAS 16 2.1 Esquema Corporal 16 2.2 Estrutura Espacial 16 2.3 Orientação Temporal 17 2.4 Coordenação Motora Global ou Ampla 17 2.5 Coordenação Motora Fina 18 2.6 Lateralidade 18 CAPÍTULO 3 19 A Educação Lúdica A EDUCAÇÃO LÚDICA 20 3.1 Conhecendo a criança na brincadeira 22 3.2 A Escola e o Lúdico 24 3.3 O Facilitador 25 CAPÍTULO 4 27 Dificuldades de Aprendizagem DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM 28 4.1 Dificuldade de Aprendizagem x Desempenho Acadêmico 29

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44 CAPÍTULO 5 32 Atividades Lúdicas ATIVIDADES LÚDICAS 33 5.1 Atividades Lúdicas propostas 33 5.2 Para o desenvolvimento da Coordenação Motora Global 34 5.3 Percepção 34 5.4 Memória 35 5.5 Linguagem 35 5.6 Conceitualização 36 5.7 Esquema Corporal 36 5.8 Estrutura Espacial 37 5.9 Estrutura Temporal 37 CONCLUSÃO 38 BIBLIOGRAFIA 41 ÍNDICE 43

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