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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” “O PODER DA COR” A COR COMO MEIO DE TRANSMUTAÇÃO DO SER HUMANO Por: Maria Claudia Gregory de Araújo Orientador Fabiane Muniz Rio de Janeiro 2010

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO … · partir da pesquisa em livros de autores renomados como Israel Pedrosa, E. H. Gombrich, ... artistas da Alta Renascença, Leonardo

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

“O PODER DA COR”

A COR COMO MEIO DE TRANSMUTAÇÃO DO

SER HUMANO

Por: Maria Claudia Gregory de Araújo

Orientador

Fabiane Muniz

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

“O PODER DA COR”

A COR COMO MEIO DE TRANSMUTAÇÃO DO

SER HUMANO

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em

Arteterapia na Educação e Saúde.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos os professores do Instituto “A Vez do

Mestre”, que com muito trabalho e dedicação não

passaram pelo meu caminho transmitindo conhecimento

e sim, conseguiram com carinho e paciência arraigar em

meu ser a força e a sabedoria presente em cada um

deles.

Ao meu marido e filhos pelo apoio e alegria dedicados a

mim nos momentos mais importantes de nossas vidas.

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Dedico essa monografia a todos que me ajudaram neste

percurso de muito labor, dedicação e prazer.

Aos amigos queridos que conheci nessa trajetória e a

mim por ter tido força e coragem para continuar apesar

das dificuldades, sem deixar que qualquer eventualidade

abalasse meu ser.

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“Que aparência pobre passam a ter as lendas dos

poetas, quando despidas das cores que a música lhes

coloca, e recitadas em simples prosa.”

Platão

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RESUMO

Proporemos, a partir desta pesquisa, mostrar a relação das cores com o ser

humano, como essa pode influenciar nossas vidas desde os tempos mais

remotos. Traremos importantes observações sobre a cor, com explicações e

curiosidades relacionadas ao seu uso e aplicação. Apontaremos momentos

relevantes na vida de alguns artistas, onde a cor tem forte destaque. Citaremos

como a cor pode ser uma importante ferramenta na transmutação do ser

humano na arte e na arteterapia. O desenvolvimento deste trabalho ocorreu a

partir da pesquisa em livros de autores renomados como Israel Pedrosa, E. H.

Gombrich, Donis A. Dondis, Wassily Kandinsky, entre outros.

Palavras-chave: cor – ser humano - arteterapia

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SUMÁRO

INTRODUÇÃO............................................................................................9

CAPÍTULO I – SIGNIFICAÇÃO DAS CORES

1.1 Definindo cor.......................................................................................11

1.1.1 Cores-luz..........................................................................................14

1.1.2 Cores-pigmento opacas...................................................................15

1.1.3 Cores-pigmento transparentes.........................................................15

1.2 Classificando as cores........................................................................16

1.2.1 Cor primária.....................................................................................16

1.2.2 Cor secundária.................................................................................17

1.2.3 Cor complementar............................................................................17

1.2.4 Cores quentes e frias........................................................................18

1.2.5 Cores fisiológicas..............................................................................19

1.3 A cor e suas características.................................................................19

CAPÍTULO II – QUANDO A COR TOCA A ALMA

2.1 O homem em busca da cor..................................................................24

2.2 Um romântico chamado Delacroix.......................................................25

2.3 Pintando luz com Claude Monet..........................................................27

2.4 A arte transgressora de Cézanne........................................................29

2.5 A loucura do gênio Van Gogh..............................................................31

2.6 A “fera” Matisse....................................................................................33

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2.7 A subjetividade da arte de Kandinsky..................................................35

2.8 O vanguardista Pablo Picasso.............................................................37

2.9 A essência da pintura de Miró..............................................................39

CAPÍTULO III – O REVIVER PELA COR

3.1 O mundo mágico das cores.................................................................41

3.2 A cor e seus símbolos..........................................................................46

3.2.1 A cor vermelha..................................................................................47

3.2.2 A cor azul..........................................................................................48

3.2.3 A cor verde........................................................................................50

3.2.4 A cor amarela....................................................................................50

3.2.5 A cor laranja......................................................................................52

3.2.6 A cor índigo.......................................................................................52

3.2.7 A cor violeta.......................................................................................54

3.3 Aplicando a cor na arteterapia..............................................................55

3.4 Os efeitos da cor na saúde...................................................................58

CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................61

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................63

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INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho é revelar informações sobre as cores de forma

clara, com um texto de leitura fácil e agradável, acessível a qualquer pessoa,

bastando para isso interesse em conhecer o grandioso mundo das cores.

Certamente este trabalho nos trará somente um breve estudo, pois aprofundar

em tal tema seria como trazer assuntos tão diversos como falar da vida e da

criação do mundo.

A pretensão desta pesquisa é trazer a COR como tema principal,

abordando suas possibilidades na vida do ser humano no âmbito físico,

psíquico e espiritual. Espera-se fazer a conexão de assuntos paralelos onde à

cor é relevante, ou melhor, é máxima. Buscaremos mostrar o quanto ela é

essencial em nossas vidas, e de que forma podemos usufruir dessa poderosa

sensação produzida a partir da ação da luz.

Tenciona-se esclarecer à importância das cores, sua qualidade

vibracional, a alegria sentida por nós quando em seu contato. A cor é tão

suprema que consegue quebrar até as barreiras da falta da visão, pois sendo

ela sensação, sua ação vai muito além dos órgãos físicos. Ela é energia, fonte

de vida, remédio para o corpo e para a alma.

Veremos como a cor tem o poder de integrar a vida do ser humano,

sendo parte importante do simbolismo de diversas culturas. Observamos essa

relação no dia a dia em nossa cultura ocidental, que utiliza de forma muitas

vezes maçante o artifício das cores nos informes publicitários, usufruindo do

poder que há nelas em favor ao capitalismo exacerbado que vivemos. Também

em nossos mais simples momentos a cor nos rege de maneiras, muitas vezes,

automáticas. Basta estarmos nos sentindo felizes que iremos buscar cores que

nos façam bem, e quando tristes, passamos despercebidos aos seus encantos.

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Tem-se como objetivo dividir a pesquisa em três capítulos, cujo primeiro

trará informações sobre o que é a cor com explicações técnicas sobre o

assunto, trazendo ao conhecimento do leitor estudos e teorias de alguns

pesquisadores renomados.

No segundo capítulo iremos expor a relação da cor com alguns artistas,

como ela influenciou sensivelmente sua vida e obra e o grande valor atribuído à

cor por eles. Citaremos também movimentos artísticos onde a cor predomina

relacionando, por vezes, com artistas pertencentes a tais movimentos.

O terceiro será destinado a como a cor pode servir de ferramenta

poderosa ao corpo e a alma. Traremos estudos que demonstram tal afirmação,

abordando questões como cromoterapia, a ligação das cores com os

sentimentos e sentidos, todo simbolismo presente nelas e como podemos

aplicá-las na arteterapia.

Para fundamentar o trabalho, recorremos aos estudos bibliográficos

utilizando livros de autores renomados.

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CAPÍTULO I

SIGNIFICAÇÃO DAS CORES

1.1 Definindo cor

A sensação que denominamos cor são impressões luminosas formadas

por radiações eletromagnéticas. Dividem-se em três grupos diferentes, sendo

eles: o das cores-luz, o das cores-pigmento opacas e o das cores-pigmento

transparentes. São estímulos que constituem espécies distintas, mas todos

tendo como origem a luz. Essa luz pode ser artificial ou natural sendo a

sensação cor recebida diferentemente de acordo com sua intensidade. Para

Pedrosa “nada se compara ao espetáculo de força e beleza do colorido da

natureza provocado pela luz solar incidente sobre os elementos físicos e

químicos, no interior da atmosfera terrestre, por efeitos de absorção, dispersão,

reflexão e refração.” (Pedrosa, 2006, p.25).

Esses fenômenos são matéria de estudo desde a Antiguidade por

artistas e filósofos que chegaram a considerações e observações de grande

valia, que serviram de base a outros estudiosos. Citaremos alguns deles como

o humanista, poeta, matemático, arquiteto e pintor Leon Battista Alberti, que se

tornou o primeiro teórico das artes do Renascimento pelos seus tratados sobre

Arquitetura, Pintura e Escultura, onde disse ser as cores fundamentais que

originam todas às outras o vermelho, o verde e o azul. A tríade de Alberti foi

consagrada pela Física Moderna séculos depois. Em verdade ele incluíra o

cinza, que não é considerado cor por ser a mistura do branco com o preto, com

o intuito de reverenciar o princípio dos quatro elementos da natureza,

completando assim o quarteto. O fogo representado pela cor vermelha; a água

pela cor verde; o ar pela cor azul e a terra pelo cinza.

O conceito de cores primárias já possuía inserida a idéia de síntese

cromática, penetrando em pensamentos e questões milenares de busca a

curiosidades como o fenômeno do arco íris.

Outro estudioso, o precursor da Teoria das Cores, um dos maiores

artistas da Alta Renascença, Leonardo da Vinci foi cientista, humanista, pintor,

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escultor, engenheiro, filósofo e escritor. Ele nos mostra pela primeira vez,

provando por experimentos, a composição da luz branca. Afirmou em diversas

situações que o branco não era cor e sim a potência receptiva de toda cor,

teorizando:

“O corpo sombrio (o que não tem luz, em oposição ao corpo

luminoso), colocado entre as paredes próximas de um lugar

escuro, que está iluminado de um lado pelo esplendor de uma

vela e do outro por um pequenino respiro de ar, será branco;

então esse corpo se mostrará de um lado amarelo e de outro

azulado...” (Apud. Leonardo da Vinci, In: O Universo da Cor,

Pedrosa, 2006, p. 26).

A partir de estudos realizados, tendo como base as idéias de outros

grandes estudiosos, o físico, matemático e astrônomo Galileu Galilei,

empregou total convicção ao atestar não existir sabor, som, odor e cor fora dos

sentidos humanos, oferecendo assim fundamentos para que René Descartes,

filósofo e matemático francês, trouxesse novo debate sobre cor, limitando-a

somente a uma sensação.

Também Isaac Newton se interessou pelas cores lançando seu livro

“Óptica”, uma obra essencial para entendermos a cor, escrito com base nos

conceitos da Dióptrica (parte da física que trata da refração da luz).

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A cor é na verdade uma sensação ocasionada pela ação da luz sobre o

órgão da visão. Não tem vida material.

Apropriando-se das explicações da Física, especificamente da Óptica,

sendo ela a vertente que estuda as propriedades da luz e da visão,

buscaremos na Óptica fisiológica as respostas para tal afirmação. Segundo

estudos na área, foi comprovado que ao atravessar a pupila e o cristalino, a luz

alcança os cones que formam a fóvea e a mácula da retina do fundo do olho,

sendo decomposta através da ação destes nos três grupos de comprimento de

onda que compõem as cores luz, sendo: o vermelho, o azul-violetado ou índigo

e o verde.

Localizado na parte posterior do cérebro, o córtex occipital é o lugar onde

se realiza a sensação cromática. A transmissão de tal sensação ocorre através

do nervo óptico e das vias ópticas pela decomposição das cores e de suas

inúmeras possibilidades de misturas. Segundo Pedrosa, “a palavra cor tanto

designa a sensação cromática, como o estímulo (a luz direta ou o pigmento

capaz de refleti-la) que a provoca.” (Pedrosa, 2006, p. 20).

Citando o fantástico poeta e árduo estudioso alemão Johann Wolfgang

von Goethe, dentre suas inúmeras obras poéticas e pesquisas não-poéticas

encontraremos seus estudos sobre as cores, onde ele apresenta as suas idéias

do tema em obra nomeada Farbenlehre (A doutrina das cores), publicada em

dois volume.

Em uma passagem pela Itália, Goethe percebe que os pintores não se

preocupavam com a combinação das cores para a composição de seus

quadros, não existindo nenhuma pesquisa da parte deles sobre o assunto.

Então, entrega-se aos estudos sobre as cores quando, ao observar a luz

através de um prisma, tira suas conclusões afirmando que Newton estaria

errado. Para Goethe, a luz é o símbolo do princípio único e divino, não tendo as

cores como seus elementos, dizendo essas surgirem pelo antagonismo e

cooperação da luz e da treva, também da união do claro e do escuro.

Concluindo que essa união, do claro e do escuro, resultaria no cinza,

então “as cores só surgiriam na transição da luz por meio opaco, como por

exemplo, na passagem dos raios de sol pela atmosfera enevoada”

(Borchmeyer, 1994, p. 199 – www.scielo.br), sendo as cores básicas o amarelo, o

azul e o vermelho, onde diz conter dinamicamente todas as cores. Traz ainda a

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distinção de três tipos de cores como as fisiológicas, que fazem parte do olho

humano, exprimindo que a visão humana “tende à totalização cromática,

produzindo ela mesma as cores de que necessita.” (Apud. Goethe, In: O

Universo da Cor, Pedrosa, 2006, p. 85); as físicas, vistas com o auxílio de

meios opacos; e as químicas, pertinentes a qualquer objeto.

Enfim, não iremos aprofundar o assunto em questão, finalizando com o

esclarecimento da doutrina de Goethe que é fundamentada na idéia de que o

evento das cores ocorre na relação estabelecida entre o olho e a luz.

1.1.1 Cores-luz

Tem como origem a luz direta. É amplamente aplicada em nossa

sociedade contemporânea, sendo de suma importância em nossas vidas. O

Sol, a vela, as descargas elétricas, a lâmpada são exemplos que trazem as

luzes que nos iluminam diariamente.

A tríade primária é composta pelo vermelho, verde e azul-violetado.

Da união proporcional dessa tríade primária das cores-luz surge o

branco, síntese denominada aditiva. Da junção equilibrada de duas dessas

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cores surgirão às cores secundárias, sendo elas o magenta, o amarelo e o

ciano. A primeira surge da mistura do vermelho com o azul-violetado; a

segunda da mistura do vermelho com o verde; a terceira da mistura do verde

com o azul-violetado.

1.1.2 Cores-pigmento opacas

Sua tríade primária é formada pelo vermelho, amarelo e azul e, quando

unidas proporcionalmente ocasionam um cinza neutro escuro ou preto,

fenômeno denominado síntese subtrativa.

Essas cores são encontradas em algumas superfícies de certas matérias

químicas, criadas “pela propriedade dessas matérias em absorver, refletir ou

refratar os raios luminosos incidentes.” (Pedrosa, 2006, p.30).

1.1.3 Cores-pigmento transparentes

Tem como tríade primária as cores magenta, amarelo e ciano. Podemos

observar ser essas cores às mesmas secundárias das cores-luz. Estas também

produzem o preto em síntese subtrativa.

Com a capacidade de filtrar os raios luminosos incidentes, através da

absorção, reflexão e transparência, alguns corpos químicos possuem essas

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cores em sua superfície. Citaremos como exemplo o que acontece nas

películas fotográficas, nas impressões gráficas tendo imagens que são

construídas por retículas e pontos em processos computadorizados, além das

aquarelas.

1.2 Classificando as cores

1.2.1 Cor primária

As cores primárias são aquelas que dão cor a natureza. A partir da sua

fusão, ocorrida de forma variável, teremos todas as cores do espectro solar. As

cores primárias não podem ser decompostas sendo elas formadas pelas

tríades vistas anteriormente.

Trazendo as cores-pigmento opacas, teremos sua tríade primária o

vermelho, o amarelo e o azul.

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1.2.2 Cor secundária

As cores secundárias são aquelas formadas a partir da mistura, de

maneira equilibrada, de duas cores primárias. Temos como cores secundárias

o laranja, formado a partir da mistura do vermelho com o amarelo; o verde,

sendo ele a soma do amarelo com o azul; e o violeta, produzido pela união do

vermelho com o azul.

As cores secundárias vistas anteriormente, fazem parte das cores-

pigmento opacas.

Quando falamos de cores-luz, iremos encontrar como cores secundárias

as cores primárias que formam a tríade de cores-pigmento transparente, sendo

elas o magenta, o ciano e o amarelo.

1.2.3 Cor complementar

Podemos dizer serem cores complementares a cor primária que não

entra na composição de uma cor secundária, ou também, a cor secundária ser

complementar à cor primária que não faz parte de sua composição. Quando

ocorre o encontro dessas duas cores, primária e secundária, teremos a

complementação do espectro solar.

Para entendermos melhor, observemos o esquema abaixo:

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As cores vistas representam as complementares das cores-pigmento

opacas.

1.2.4 Cores quentes e frias

A nomeação cores quentes e frias é originada da associação feita do

vermelho e do amarelo com o calor, representado pelos símbolos do fogo e do

sol, enquanto o azul é relacionado ao céu, com uma sensação que remete ao

gelo e ao frio.

Para classificarmos as cores como quentes ou frias, usamos as escalas

que buscam a harmonização das mesmas por tonalidades semelhantes, tendo

assim as escalas de cores quentes e de cores frias. Essa busca é conhecida

popularmente como tom sobre tom ou ton sur ton.

Cores frias

Cores quentes

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1.2.5 Cores fisiológicas

Chamamos de cores fisiológicas aquelas originadas no organismo

humano quando há a ação de certos estímulos externos ou internos, sendo

essas classificadas como cores subjetivas.

Se pensarmos ser a cor uma sensação, poderíamos dizer que toda cor é

fisiológica e subjetiva, mas esse termo é utilizado na área científica, tendo

como classificadas as cores produzidas por uma interferência direta do nosso

organismo. Para que isso ocorra, precisamos saber que acontecerá somente

com organismos sadios, pois se produzidas por organismos que se encontram

enfermos ou com alguma disfunção, essas cores serão classificadas como

patológicas e não fisiológicas. Essas são questões que não iremos aprofundar

em nossa pesquisa.

“As cores fisiológicas estão condicionadas ao grau de potência dos

estímulos luminosos e aos tempos de saturação e acomodação retinianas...”

(Pedrosa, 2006, p.107).

1.3 A cor e suas características

Trazendo as características fundamentais da cor, teremos três

dimensões possíveis de definir e mensurar.

Com características individuais e havendo um número superior a cem,

matiz é a cor em si. Há três matizes elementares ou primários: o amarelo, o

vermelho e o azul, cada um possuindo qualidades essenciais.

Considerada a cor que mais se aproxima da luz e do calor temos o

amarelo; o vermelho é mais emocional e ativo; o azul considerado passivo e

suave. Percebemos que o amarelo e o vermelho tendem a expandir-se e o azul

a contrair-se, mas quando associadas por misturas teremos novos significados.

Podemos suavizar ou intensificar um vermelho unindo-o ao azul ou ao amarelo,

ocorrendo o mesmo efeito com as outras cores.

Partindo de um simples diagrama do círculo cromático conseguimos

múltiplas variações de matizes como mostraremos a seguir. Observamos

também serem as cores opostas umas as outras suas complementares.

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Círculo cromático

A pureza relativa de uma cor do matiz ao cinza, é a segunda dimensão

chamada saturação. Sua qualidade é simples, sendo considerada quase

primitiva, vista em muitos trabalhos de artistas populares e de crianças. É

composta por matizes primários e secundários. As cores que contém um menor

grau de saturação trazem uma neutralidade cromática, ou até mesmo a

ausência de cor, remetendo a sensações de repouso e sutileza. Já as mais

saturadas ou intensas trarão uma forte carga de emoção e expressão.

A terceira dimensão da cor é acromática e segundo Dondis, “É o brilho

relativo, do claro ao escuro, das gradações tonais ou de valor.” (Dondis, 2003,

p.66). A intensidade está relacionada à sensação de maior ou menor brilho, de

maior ou menor luminosidade. Veremos que, independente da cor estar

presente ou ausente, o tom não se altera, pois esse é constante.

Traremos a seguir imagens interessantes, mostrando como a cor produz

um efeito de compensação em nosso cérebro. Por exemplo, quando olhamos

uma determinada cor por algum tempo, nosso cérebro produzirá a seguir uma

imagem posterior que será a cor complementar a vista anteriormente, reagindo

segundo um procedimento tonal idêntico.

Demonstraremos essa afirmação utilizando um exercício muito usado

nas escolas, em que observamos a bandeira do Brasil apresentada com suas

cores alteradas, colocando no lugar das tradicionais cores verde, amarelo e

azul, as suas complementares. Esse exercício propõe olharmos fixamente a

imagem durante cerca de quarenta segundos e após desviarmos o olhar para

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uma área branca qualquer, onde iremos ver a imagem da bandeira nacional

com suas cores originais.

A cor é, sem dúvida alguma, fundamental à vida em todas as suas

vertentes, sendo a Arte a expressão maior dessa sensação grandiosa trazida

pela natureza. Partindo desse pensamento, veremos que o artista pós-

impressionista Van Gogh, em seu quadro “O quarto do artista em Arles”,

expressa através da arte sua forma de enxergar o mundo pela cor, explicando

sua obra por meio de palavras, dizendo:

“Eu tinha uma nova idéia na cabeça e aqui está o seu

esboço... desta vez, trata-se simplesmente do meu quarto, só

que a cor se encarregará de tudo, insuflando, por sua

simplificação, um estilo mais impressivo às coisas e uma

sugestão de repouso ou de sono [...] As paredes são violeta-

pálido. O piso é de ladrilhos vermelhos, a madeira da cama e

das cadeiras, amarelo de manteiga fresca, os lençóis e

almofadas de um tom leve de limão esverdeado. A colcha,

escarlate. A janela verde. A mesa de toalete, laranja; a bacia

azul. As portas, em lilás.” (Apud. Vincent van Gogh, In: A

História da Arte, Gombrich, 1999, p.548).

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Podemos mostrar outra experiência interessante de como um tom neutro

perde sua neutralidade, e reage de forma contrária quando sofre a influência de

cores quentes e frias com as imagens a seguir:

Observamos que aplicando um matiz vermelho e quente sobre um fundo

de tom cinza médio, teremos a sensação de esse fundo ser azulado e frio. O

inverso ocorre quando colocamos um matiz azul e frio no mesmo tom de cinza,

que trará a sensação de um fundo avermelhado e quente.

“Essa experiência mostra que o olho vê o matiz oposto ou

contrastante não só na imagem posterior, mas que, ao mesmo

tempo, está vendo uma cor. O processo é chamado de

contraste simultâneo, e sua importância psicofisiológica vai

além de sua importância para a teoria da cor. É mais uma

evidência a indicar a enorme necessidade de se atingir uma

completa neutralidade, e, portanto, um repouso absoluto,

necessidade que, no contexto visual, o homem não cessa de

demonstrar.” (Dondis, 2003, p. 69).

Tendo a cor um poder altamente comovente no ser humano,

continuaremos a citar Dondis que diz:

“Como a percepção da cor é o mais emocional dos elementos

específicos do processo visual, ela tem grande força e pode

ser usada com muito proveito para expressar e intensificar a

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informação visual. A cor não apenas tem um significado

universalmente compartilhado através da experiência, como

também um valor informativo específico, que se dá através

dos significados simbólicos a ela vinculados. Além do

significado cromático extremamente permutável da cor, cada

um de nós tem suas preferências pessoais por cores

específicas. Escolhemos a cor de nosso ambiente e de nossas

manifestações. Mas são muito poucas as concepções ou

preocupações analíticas com relação aos métodos ou

motivações de que nos valemos para chegar a nossas opções

pessoais em termos do significado e do efeito da cor. [...]

Mesmo assim, pensemos nisso ou não, tenhamos ou não

consciência disso, o fato é que revelamos muitas coisas ao

mundo sempre que optamos por uma determinada cor.” (Op.

Cit., p. 69-70).

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CAPÍTULO II

QUANDO A COR TOCA A ALMA

2.1 O homem em busca da cor

Desde os primórdios, o ser humano necessita imprimir seus sentimentos

por motivos diversos. Podemos provar essa afirmação buscando registros

sobre o assunto, onde encontraremos a forma de expressão mais primitiva,

sendo esta a pintura rupestre. Uma pintura feita nas paredes das cavernas que,

segundo estudiosos, tinham a função de comunicar algo entre eles, aos

espíritos ou as forças da natureza.

Citamos este tipo de pintura com o intuito de mostrar como a cor age no

ser humano desde que esse se reconhece como ser sensível. Buscava as

cores na natureza e até mesmo em seus fluídos corporais como, por exemplo,

o sangue para representar a cor vermelha.

Continuaremos a ver a importância dos registros e das cores na arte

egípcia, onde conseguiam suas tintas também na natureza e em substâncias

orgânicas. Os egípcios foram além da utilização da cor como expressão

usando, já naquela época, as cores na cura. Para muitos pesquisadores, a

cromoterapia surgiu no antigo Egito, sendo essa uma ciência que se utiliza da

cor em busca da harmonia e do equilíbrio do corpo, da mente e da alma.

Os séculos passaram e o homem continuava explorando a cor. O

período bizantino com seus vitrais coloridos. No oriente, as tapeçarias de cores

vivas. Enfim, as cores presentes nas artes, na arquitetura, e por vezes na cura,

em todos os séculos.

Não podemos afirmar, com isso, que a cor estivesse sempre em

destaque, tendo um valor supremo nas artes do mundo como meio de

expressão maior. Na renascença, sabemos ter sido o maior trunfo utilizado na

pintura, a perspectiva, que buscava a perfeição e a semelhança com o real.

Apesar disso, a cor encontrava-se presente como parte de um todo, tendo

maior ou menor primazia, muitas vezes usada intencionalmente por ter um

significado específico como, por exemplo, o manto azul de Nossa Senhora.

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Segundo Gombrich, os pintores de Veneza usaram “a cor de um modo

mais deliberado e perspicaz do que outros pintores italianos haviam feito até

então.”, enquanto os de Florença “interessavam-se menos pela cor do que pelo

desenho. Isso não significa, é claro, que seus quadros não fossem requintados

na cor...” (Gombrich, 1999, p.325-326).

2.2 Um romântico chamado Delacroix

“O tema, a forma, a linha se dirigem primeiro ao pensamento;

a cor não tem nenhum sentido para a inteligência, mas tem

poder absoluto sobre a sensibilidade.”

Eugène Delacroix

Sendo um dos maiores pintores românticos franceses, Eugène Delacroix

era tido como um rebelde em sua época, principalmente, por não aceitar os

padrões exigidos pela Academia. Tinha a cor como parte mais relevante de

uma obra, acreditando “que, em pintura, a cor era muito mais importante do

que o desenho, e a imaginação mais do que o saber.” (Op. Cit., p.504).

Ele foi à procura da cor em outras culturas indo para o oriente, local que

o fez confirmar sua busca cromática, registrando suas impressões da viagem,

descrevendo o palácio de um sultão em Marrocos onde observou “as estreitas

ruas entre os muros, os homens sentados recortados em marrom perante o

céu, a brancura solar dos toldos sobre os objetos escuros, uma porta mourisca,

as amendoeiras em flor e um belo cavalo branco entre laranjeiras...” (Apud.

Delacroix, In: Coleção Folha de São Paulo, 2007, p.21), além de seguir “para o

norte da África em 1832 a fim de estudar as cores resplandecentes e as

roupagens românticas do mundo árabe.” (Op. Cit., p.506).

Essa busca por uma estética própria, além de permanecer ao longo do

tempo, contribuiu ao surgimento de uma perspectiva que deu frutos as

gerações seguintes de pintores como os impressionistas e pós-impressionistas.

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A morte de Sardanapalo,1827, óleo sobre tela, 392x496 cm, Musée du Louvre, Paris (França).

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2.3 Pintando luz com Claude Monet

“Faço o que penso para expressar o que sinto diante da

natureza e, com freqüência, para traduzir o que sinto

vivamente, esquecendo as mais elementares regras da

pintura, se alguma vez elas existiram.”

Claude Monet

Um dos pintores que mais atuou na busca da liberdade de expressão

pictórica, rompendo com o estilo exigido pela Escola de Belas-Artes, Claude

Monet, um dos precursores do movimento impressionista, foi um amante da

natureza, pintando-a com a paixão de um admirador incansável. Abandonou o

ateliê e passou a pintar ao ar livre, experimentando o contato com os

elementos naturais em busca da luz, da energia das águas, mas, sobretudo do

“instante”, dizendo: “Trabalho muito para conseguir o que procuro: a

instantaneidade” (Apud. Monet, In: Coleção Folha de São Paulo, 2007, p.7).

Monet possuía um pequeno bote com seu material de trabalho, fazendo

desse seu estúdio, podendo assim explorar os “cambiantes do cenário fluvial.”

(Gombrich, 1999, p.518). Queria pintar o que a natureza lhe oferecia no

momento, assim, sua pintura não tinha semelhança alguma com a dos velhos

mestres. Ele possuía uma pintura dinâmica, não se preocupando com os

detalhes e sim com o efeito produzido pelo todo. Mencionando Gombrich,

Monet tinha a ideia de que:

“...toda pintura da natureza deve realmente ser terminada in

loco não só exigia uma substancial mudança de hábitos e

certa renúncia ao confronto, mas ia resultar forçosamente em

novos métodos técnicos. A “natureza” ou o “motivo” muda de

minuto a minuto, quando corre uma nuvem sob o sol ou o

vento quebra o reflexo na água. O pintor que espera captar um

aspecto característico não dispõe de tempo para misturar e

combinar suas cores...” (Op. Cit., 1999, p.518).

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Sofreu duras críticas de suas obras pelos motivos e técnica empregada,

onde diziam ser ele e seus colegas uns lunáticos impressionistas. O nome “os

impressionistas” foi dado pela crítica com a intenção de zombar desses

artistas, mas logo o grupo de amigos ignorou o significado depreciativo

aceitando posteriormente o nome dado.

Para esses artistas, os contrastes de luz e sombra deviam ser obtidos

com a aplicação de cores complementares que segundo eles teria um efeito

muito mais real do que a técnica do claro-escuro utilizada pelos pintores

barrocos.

As cores e tonalidades eram obtidas através da aplicação, em pequenas

pinceladas, de cores puras e dissociadas e não misturadas anteriormente na

paleta. Os impressionistas diziam que o resultado final da obra seria obtido a

partir da combinação das cores que seria feita pelo observador quando esse

fosse admirar a pintura, resultado de uma mistura óptica.

O jardim do pintor em Giverny, 1900, óleo sobre tela, 81x92 cm, Musée d’Orsay, Paris (França).

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2.4 A arte transgressora de Cézanne

“O desenho e a cor não são distintos, porque tudo na natureza

é colorido.

À medida que se pinta, desenha-se; quanto mais a cor

harmoniza, mais o desenho se torna preciso. Quando a cor

atinge a riqueza, a forma encontra sua plenitude.”

Paul Cézanne

Contemporâneo do movimento impressionista ligou-se a esse no período

inicial tendo suas obras incluídas em exposições, mas logo se separou do

grupo criando “uma obra absolutamente pessoal, que não pode ser circunscrita

dentro de nenhuma corrente artística.” (Apud. Cézanne, In: Coleção Folha de

São Paulo, 2007, p.7).

Cézanne era um admirador das novas descobertas sobre cor e forma,

entregando-se totalmente às suas impressões, pintando as formas e cores

realmente vistas e não as aprendidas na Academia. Sequioso de cores fortes e

intensas buscava padrões lúcidos, diferente das telas impressionistas que,

segundo ele, tendiam a ser brilhantes, mas confusas. “Ele queria transmitir os

tons ricos e uniformes que pertencem à natureza sob os céus meridionais, mas

concluiu que um simples regresso à pintura de áreas inteiras em puras cores

primárias punha em perigo a ilusão da realidade.” (Gombrich, 1999, p.539),

mostrando-se, por vezes, em contradição dos seus próprios desejos quando

expressa esse tipo de preocupação.

Um pintor reconhecido como mestre por grandes pintores posteriores a

ele como Matisse, Braque e Picasso, tendo esse último dito ser Cézanne seu

único mestre, um pai para toda a sua geração.

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Maçãs e laranjas, cerca de 1899, óleo sobre tela, 74x93 cm, Musée d’Orsay, Paris (França).

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2.5 A loucura do gênio Van Gogh

“Os quadros mais bonitos são aqueles com que sonhamos

quando fumamos cachimbo na cama, mas que jamais

pintamos. Mesmo assim, devemos atacá-los por mais

incompetentes que nos possamos sentir ante a perfeição

indescritível, os gloriosos esplendores da natureza.”

Vincent Van Gogh

Um artista visceral, autodidata e contrário às normas de seus mestres,

Vincent Van Gogh se entregou à pintura com uma avidez incontrolável

transmitindo suas emoções através do seu código subjetivo de cores, linhas e

composições aplicadas em suas pinturas, sendo produzidas por fortes e

expressivas pinceladas de cores nascidas do coração. Admirador das técnicas

impressionistas e do pontilhismo, de acordo com Gombrich, o artista:

“Gostava da técnica de pintar em pontos e pinceladas de cor

pura, mas em suas mãos tal técnica tornou-se algo diferente

em relação ao que os artistas de Paris pretendiam realizar

com ela. Van Gogh usou cada pincelada não só para dispersar

a cor, mas também para externar a sua própria excitação.”

(Gombrich, 1999, p. 546-547).

Van Gogh tinha o poder de modificar a natureza, por meio da sua arte,

em sensações múltiplas que tocam a alma de todo observador de suas obras

desde a origem de seus trabalhos até os dias atuais.

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O quarto de Van Gogh em Arles, 1889, óleo sobre tela, 57,5x74 cm, Musée d’Orsay, Paris (França).

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2.6 A “fera” Matisse

“Como se pode fazer arte sem paixão? O artista pode dominar

a arte mais ou menos, mas é a paixão que motiva sua obra.

Dizem que toda minha arte provém da inteligência. Não é

verdade: tudo que fiz foi por paixão.”

Henri Matisse

Dono de uma pintura composta por cores fortes e expressivas, Matisse

escandalizou, mesmo contra vontade, as pessoas que visitaram o Salão de

Outono de 1905, mais especificamente o crítico Louis Vauxcelles que ao ver as

obras de Matisse e seus colegas sentiu-se indignado, nomeando o grupo de

fauves, que quer dizer, feras, em português. Desde então, o artista passou a

ter seu nome associado a um dos movimentos artísticos mais relevantes do

século XX, chamado Fauvismo.

Para Matisse o que importava num quadro era a composição e não

algum ponto específico, o tema ou o fundo, sendo a produção da obra feita

pela harmonização de áreas coloridas de maneira diferente. Cada vez mais

convicto dessa verdade, empenhou-se em estudar a aplicação das cores

planas, fazendo experimentos onde combinava cores complementares, além

do grande interesse pela luz. O artista reformulou:

“...a estruturação cromática para colocá-la a serviço da

distinção espacial. Não hesitou em converter a pincelada em

objeto de experimentação.” [...] “Desse modo, descobriu a

estrutura autônoma do quadro como realidade e abriu caminho

para todas as vanguardas posteriores que puderam realizar as

mais fecundas experiências de ruptura.” (Apud. Matisse, In:

Coleção Folha de São Paulo, 2007, p.7).

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Sobre o uso das cores, Matisse conclui dizendo: “A escolha de minhas

cores não se baseia em nenhuma teoria científica, mas na observação, no

sentimento, na experiência de minha sensibilidade. Procuro pôr cores que

interpretem minha sensação.” (Apud. Matisse, In: Coleção Folha de São Paulo,

2007, p.32).

Mesa posta (Harmonia em vermelho), 1908, óleo sobre tela, 180x220 cm, Hermitage, São Petersburgo (Rússia).

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2.7 A subjetividade da arte de Kandinsky

“Com maior razão, não é possível contentar-se com a

associação para explicar a ação da cor sobre a alma. A cor,

não obstante, é um meio de exercer sobre ela uma influência

direta. A cor é a tecla. O olho o martelo. A alma é o piano de

inúmeras cordas.

Quanto ao artista, é a mão que, com a ajuda desta ou daquela

tecla, obtém da alma a vibração certa.”

Wassily Kandinsky

Para o expressionista Kandinsky, a cor e a forma eram extremamente

relevantes em sua vida artística, sendo elas fundamentais em suas pinturas

figurativas e abstratas, onde em muitas dessas obras trazia a cor superando a

forma, exprimindo ser essa o poderoso conteúdo interior, a alma do artista,

associando por vezes as cores aos sentidos humanos. Afirmava haver uma

correspondência delas com o corpo material e espiritual, vinculando-as aos

perfumes, as texturas a aos sons.

Artista tardio seguiu a carreira após admirar uma tela de Monet e de se

emocionar enquanto ouvia a ópera Lohengrin, de Richard Wagner, dizendo ter

visto surgir cores ao som das notas musicais.

Kandinsky tinha a intuição como valor artístico, exprimindo tal fato em

seu primeiro texto teórico, seu livro “Do espiritual na arte”, onde trazia também

questões sobre a cor e a forma, destacando, conforme Gombrich, “...os efeitos

psicológicos da cor pura, o modo como um vermelho brilhante pode afetar-nos

como o toque de um clarim. A sua convicção de que era possível e necessário

gerar desse modo uma comunhão de espírito a espírito...” (Gombrich, 1999,

p.570), serviu de estimulo para expor suas primeiras tentativas de música

cromática, inaugurando o que seria conhecido como “arte abstrata”. Nesse

livro, ele traz seus pensamentos e explicações sobre esta, dizendo tê-la

concebido a partir de “idéias metafísicas sobre o triunfo do espírito sobre a

matéria...” (Apud. Kandinsky, In: Coleção Folha de São Paulo, 2007, p.6).

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O artista integrou o quadro de professores da Bauhaus determinando,

naquela época, uma relação entre as três cores e formas básicas: triângulo-

amarelo, quadrado-vermelho e círculo-azul, tendo sido sua exploração da

percepção das cores e das formas uma ponte que o aproximou dos estudos

psicológicos da teoria da Gestalt.

Composição VII, 1913, óleo sobre tela, 200x300 cm, Galeria Estatal Tretjakov, Moscou (Rússia).

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2.8 O vanguardista Pablo Picasso

“A pintura nunca é prosa; é poesia, está escrita em verso com

rimas plásticas [...] As rimas plásticas são formas que ressoam

entre si, respondem a outras formas ou ao espaço que as

rodeia.”

Pablo Picasso

Um homem de muitas qualidades, intenso observador da pintura de seu

tempo, Pablo Picasso era detentor de um estilo inconfundível. Criatividade e

estudo era a base para suas novas experimentações, surgindo, a partir dessa,

expressões plásticas únicas e a invenção do cubismo.

Essa nova forma de expressão teve início com o cubismo analítico, onde

o artista pretendia representar os objetos ou pessoas que pintava com os seus

lados e faces vistos em todos os ângulos ao mesmo tempo. Picasso buscava

uma visão geral da figura não se preocupando com sua identificação. Usava

poucas cores e tons neutros como cinza, preto e marrom.

Na segunda fase o cubismo passou a ser chamado de sintético, onde o

uso de cores fortes e o retorno ao figurativo são a marca dessa nova etapa

juntamente com a técnica da colagem. O artista utilizava elementos como:

madeira, recortes de jornais entre outras coisas buscando fazer alusão a

presença real do objeto.

Picasso era um artista inquieto sempre em busca por novos caminhos.

Observaremos isso mencionando Gombrich que diz:

“Nenhum método e nenhuma técnica o satisfaziam por muito

tempo. Às vezes, abandonava a pintura, trocando-a pela

cerâmica a mão. [...] Talvez fosse precisamente a sua

espantosa facilidade no desenho, a sua virtuosidade técnica,

que fizeram Picasso ansiar pelo simples e o descomplicado.

[...] O próprio Picasso negou que estivesse fazendo

experimentos. Disse não ter investigado; apenas encontrou.

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Zombava dos que queriam entender a sua arte. “Todos

querem entender de arte. Por que não tentam entender o

canto de um pássaro?” Ele estava certo, é claro. Nenhuma

pintura pode ser inteiramente “explicada” em palavras.”

(Gombrich, 1999, p.576-577)

Mulher em frente ao espelho, 1932, óleo sobre tela, 162,3x130,2 cm, The Museum of Modern Art, Nova York (EUA).

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2.9 A essência da pintura de Miró

“Eu era incapaz de desenhar. Não conseguia distinguir uma

reta de uma curva. Galí me fez pintar uma natureza-morta

composta de objetos quase sem cores: um copo de água, um

cubo, uma batata. Pois bem, fiz um pôr-do-sol!”

Joan Miró

Homem discreto, Miró difere de muitos outros de seu tempo pela sua

simplicidade, mas não deixando de ter, por isso, uma extraordinária força

interior. “Espírito, vibração, tensão são conceitos presentes com freqüência no

vocabulário de Miró e que assinalam seu constante esforço para alcançar a

essência da pintura.” (Apud. Miró, In: Coleção Folha de São Paulo, 2007, p.6).

O artista não possuía domínio das formas, mas um grande dom para a

cor, construindo “uma pintura original, ingênua e genuinamente inovadora, que

transbordava cor e poesia.” (Op. Cit., p.7).

Participante do movimento surrealista, dizia ser esse tipo de arte fonte

libertadora do inconsciente, aumentando o desejo, além de conceder poderes à

arte, concebendo um tipo de pintura com total liberdade como se estivesse

num sonho.

Miró também dedicou uma parte de sua vida a escultura, sendo algumas

delas classificadas como inocentes e infantis por possuírem formas irregulares

e cores puras.

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O carnaval de Arlequim, 1924-1925, óleo sobre tela, 66x93 cm, Albright-Knox Art Gallery, Buffalo (EUA).

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CAPÍTULO III

O REVIVER PELA COR

“As leis e os princípios fundamentais que governam a energia

cósmica que conhecemos como Cor têm estado sempre

presentes nos Ensinamentos de Sabedoria proclamados pelos

Mestres de Todos os Tempos, embora obscurecidos na

maioria da mente dos homens, desde os dias em que o sol da

nossa consciência era forte o suficiente para dispersar as

nuvens da confusão.

Hoje em dia, pesquisa e invenção, filosofia e psicologia,

biologia e bioquímica, física e metafísica, estão todos

revelando facetas da jóia da Sabedoria das Cores, por tão

longo tempo sepultadas em sua brilhante totalidade, para

emergir como a nova Ciência da Cor.”

Roland Hunt

3.1 O mundo mágico das cores

Buscando saber o significado da palavra cor, encontramos ser essa

derivada do latim celare, que significa esconder ou ocultar. Um significado

muitas vezes aplicado em expressões que buscam revelar “o lado oculto ou

desconhecido das cores...” (Zolar, 2004, p. 23).

Expressões como “verde de inveja” ou “vermelho de raiva”, terão de fato

uma conexão com tais sentimentos e emoções. Segundo Zolar, ele diz que:

“ Mais tarde, quando se aprende sobre a aura humana, descobre-se que por

alguma razão desconhecida a experiência da inveja faz com que os campos

áuricos (eletromagnéticos) do corpo humano emitam a cor verde.” (Op. Cit.,

p.24). Conclui, também, que em relação a emoção da raiva ser percebida e

relacionada a cor vermelha, veremos que “Aqui, novamente, a pesquisa

parapsicológica oferece uma explicação similar, sugerindo que, quando alguém

está zangado de verdade, a energia deste sentimento é “percebida” como

sendo a cor vermelha.” (Op. Cit., p.24).

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Um experimento interessante realizado com crianças de um colégio na

Califórnia prova a associação inconsciente de certas emoções com as cores.

Tal experimento foi relatado por Orcella Rexford, dizendo que elas;

“...receberam aleatoriamente roupas e tecidos de várias cores,

e foram estimuladas a descrever seus sentimentos. Os

resultados foram impressionantes, comprovando que um

“sentido” das cores é encontrado em todo o mundo.” (Apud.

Rexford, In: A Magia das Cores, Zolar, 2004, p.24).

Traremos algumas cores que foram escolhidas para a realização da

experiência citada, sendo os tecidos:

“Vermelho....................raiva, sede, maldade, irritação nos

olhos, fogo, perigo

Amarelo.......................alegria, luz, estival, sono, outono,

Páscoa

Verde...........................dormir junto a uma fonte, frescor [...]

Azul-claro.....................felicidade, alegria, preguiça, estupidez

[...]

Preto............................noite, rasgo, doença, algo assustador,

fazer o que não se devia, chuva, estupidez, o interior de uma

mina de carvão, anestesia por éter...” (Zolar, 2004, p.25).

Relacionando as cores as roupas, teremos o seguinte resultado:

“Roupa rosa....................felicidade, alegria, ir a algum lugar,

bebês, flores de maçã, fome, realização de um desejo, corrida

[...]

Roupa azul.....................loucura,felicidade, alegria, saída para

um passeio, solidão

Roupa verde-amarela......fome, doença, cavalgar [...]

Roupa azul-cinza.............tempestade, chuva, nuvens,

estupidez, pirataria, feliciade” (Op. Cit., p.25-26).

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A experiência citada é apenas uma entre muitas outras que foram

realizadas e documentadas. Encontraremos situações em que a cor de um

ambiente foi modificada com o intuito de solucionar certos problemas

existentes, sendo, nesse caso, aplicada uma outra cor que ajudou a aquecer

um ambiente que anteriormente era tido como frio. Esse local era azul-claro e

se tornou laranja resolvendo, assim, essa questão.

Relatando outro exemplo do poder de modificação exercido pela cor,

citaremos um caso ocorrido numa escola em São Francisco:

“Mudar o visual de preto e branco para colorido pode afetar a

memória. Um instrutor escolar de San Francisco, Richard J.

Michael, descobriu que quando substituiu os slides verde-

claros por preto-e-branco, obteve uma melhora nas provas de

quarenta por cento. Slides de duas cores - verdes e vermelhos

– produziram resultados duas vezes mais altos dos que em

preto-e-branco. Curiosamente, utilizando verde e vermelho

sobre um fundo azul, o professor aumentou a performance das

provas em trinta por cento sobre o fundo preto-e-branco.”

(Zolar, 2004, p.26).

Relacionaremos as cores, também, a tempo, depressão e atenção, força,

fome entre outras sensações. Encontraremos essa conexão no ser humano e

em animais, onde a cor pode interferir no crescimento de alguns, na atração ou

repulsa de outros.

Fazendo alusão a Kandinsky, ele diz em seu livro “Do Espiritual na Arte”

que ao passarmos os olhos por uma paleta coberta de cores, essas produzirão

um duplo efeito:

“1º - Do ponto de vista estritamente físico, o olho sente a cor .

Experimenta suas propriedades, é fascinado por sua beleza. A

alegria penetra na alma do espectador, que a saboreia como

um gourmet, uma iguaria. O olho recebe uma excitação

semelhante a ação que tem sobre o paladar uma comida

picante. Mas também pode ser acalmado ou refrescado como

um dedo quando toca uma pedra de gelo. Portanto, uma

impressão inteiramente física, como toda sensação, de curta

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duração e superficial. Ela se apaga sem deixar vestígios, mal a

alma se fecha. [...] Quando o olho não vê mais a cor, a ação

física da pasta colorida cessa. A sensação física do frio do

gelo, quando penetra profundamente, desperta outras

impressões cada vez mais fortes e pode deflagrar toda uma

cadeia de eventos psíquicos. O mesmo ocorre com a

impressão superficial da cor e de seu desenvolvimento.”

(Kandinsky, 1996, p.65).

Sendo o artista um estudioso do assunto, ele ainda afirma mais sobre os

efeitos produzidos pela cor dizendo:

“Sobre uma sensibilidade grosseira, a cor tem apenas efeitos

superficiais que, desaparecida a excitação, logo deixam de

existir. Por mais elementares que sejam, esses efeitos são

variados. As cores claras atraem mais o olho e o retêm. As

cores claras e quentes retêm-no ainda mais: assim como a

chama atrai irresistivelmente o homem, também o vermelho

atrai e irrita o olhar. O amarelo-limão vivo fere os olhos. A vista

não consegue suporta-lo. Dir-se-ia um ouvido dilacerado pelo

som estridente do trompete. Os olhos piscam e vão mergulhar

nas profundezas calmas do azul e do verde.

2º - Quanto mais cultivado é o espírito sobre o qual ela se

exerce, mais profunda é a emoção que essa ação elementar

provoca na alma. Ela é reforçada, nesse caso, por uma

segunda ação psíquica. A cor provoca, portanto, uma vibração

psíquica. E seu efeito físico superficial é apenas, em suma, o

caminho que lhe serve para atingir a alma.” (Op. Cit., p.66).

Observamos como as cores influenciam o homem, e isso não é algo da

atualidade. Segundo o Antigo Testamento, no mito da criação, encontraremos

o primeiro homem sendo nomeado de Adão, que significa “terra vermelha”,

certamente sugerindo uma conexão com o solo do qual foi criado, sendo esse

de cor avermelhada e também relacionado quanto às qualidades de tal cor.

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Encontraremos, em todas as culturas, a cor sendo relacionada a

costumes, crenças, rituais, etc. Na maioria das vezes, o uso inicial das cores

pelos povos antigos tinha como base a sua raça. “Os egípcios escolheram

vermelho; os esquimós do Norte, branco; os orientais, amarelo ou dourado; e

os negros, preto.[...] Com o passar do tempo, o uso de cores para descrever

uma raça ou uma área geográfica específica tornou-se mais simbólica do que

uma referência à cor da pele.” (Zolar, 2004, p.32).

As cores eram relacionadas aos elementos da natureza, aos gêneros

feminino e masculino, aos pontos cardeais, aos deuses e deusas.

Temos como um exemplo ocidental religioso cristão a Virgem Maria

sendo comumente representada pelo azul de seu manto. No natal teremos

também a cor com papel simbólico, nesse caso sendo representado pelo

vermelho e verde.

Enfim, sem a pretensão de nos alongarmos nesse assunto, em toda a

história da humanidade, em todos os tempos, veremos o quanto à cor é

importante no processo cultural de todos os povos sejam eles orientais ou

ocidentais, o simbolismo das cores está arraigado em nós, em todas as

gerações, passadas e futuras.

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3.2 A cor e seus símbolos

“Todas as coisas manifestam suas potencialidades e suas

qualidades por meio da cor. Existe um tremendo poder nas

afinidades e nas rejeições entre as cores. A partir destes fatos,

pode-se construir uma matéria médica exata. As sete

diferentes cores da luz do Sol são compostas cada uma delas

por um diferente estilo e número de vibrações, e cada uma

possui propriedades e poderes químicos especiais. Tudo

possui um poder sutil positivo e um poder grosseiro negativo.”

Edwin D. Babbitt

Nesse capítulo, iremos trazer alguns símbolos relacionados às cores.

Estas possuem uma conotação arquetípica, existindo cores que simboliza os

quatro elementos da natureza, sendo: o ar (amarelo, branco, azul); o fogo

(vermelho, laranja); a água (verde, azul); a terra (preto, castanho, marrom,

verde).

Para Jung:

“...as cores exprimem as principais funções psíquicas do

homem, ou seja, pensamento, sentimento, intuição e

sensação, sendo representadas pelas cores:

azul – cor do céu, do espírito no plano

psíquico, é a cor da função pensamento;

amarelo – a cor da luz, do ouro, função

intuição;

vermelho – cor do sangue, da paixão,

da função sentimento;

verde – cor da natureza, do crescimento

no plano psíquico, função sensação.

1. Na escala das cores alquímicas, por sua vez:

. preto representa a matéria, o oculto, o pecado a

penitência, o denso o triste;

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. cinza, o surgimento de algo, o embranquecer ou a

clarificação. Mas ainda por possuir o preto, algo denso ou

pesado;

. branco, pureza, inocência, a placidez, a tranqüilidade;

. vermelho, o enxofre, sangue, paixão, sublimação,

elemento de vida e morte,força, agressão;

. azul, o que está longe, o etéreo, o distante, os ideais.

(Apud. Jung, In: Arteterapia, Urrutigaray, 2008, p. 125).

Buscaremos fazer uma breve análise dos significados psicológico e esotérico

de algumas cores como: a vermelha, a azul, a verde, a amarela, a laranja, a

índigo e a violeta, sendo essas as cores do arco-íris.

3.2.1 A cor vermelha

Segundo o psicólogo suíço Max Luscher, o vermelho é:

“...a expressão da força vital, da atividade nervosa e

glandular, e portanto simboliza o desejo e todas as formas de

apetite e anseio. Vermelho é a necessidade de conseguir

resultados, de conquistar o sucesso; ele está faminto para

desejar todas aquelas coisas que oferecem intensidade de

vida e plenitude de experiência. Vermelho é o impulso, a

vontade de vencer, e todas as formas de vitalidade e poder,

desde a potência sexual até a transformação revolucionária. É

o impulso em direção à atividade, em direção ao esporte, ao

esforço, à competição, ao erotismo e à produtividade

empreendedora.” (Apud. Luscher, In: A Magia das Cores,

Zolar, 2004, p.44).

A cor vermelha é um símbolo universal de poder, tendo os papas essa

cor em suas vestimentas, os cardeais em seu chapéu, e como reconhecimento

a um visitante importante ou da realeza, costumamos “estender o tapete

vermelho” tendo como exemplo para tal expressão na atualidade o desfile dos

concorrentes ao Oscar, grande festa cinematográfica.

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Muitas pessoas têm o vermelho como sua cor favorita. Essa é a cor do

sucesso, da conquista, da rosa, mas também da guerra, da dominação, do

fogo, do sangue. Sendo símbolo universal do perigo, tem seu uso em sinais de

advertência e de trânsito.

Na espiritualidade simboliza a caridade, a fé e o amor, sendo

frequentemente associada ao martírio. No olhar psicológico, o vermelho é

dicotômico parecendo tanto atrair quanto repelir. Citando Zolar, ele nos diz que:

“Quando vermelho é a cor dominante, seu possuidor tem

grande energia e força. [...] Esta é uma pessoa com poder

incansável e inspirado. Ela pode criar grandes

empreendimentos a partir de sementes muito pequenas. [...]

Se um Vermelho se aproxima mais do lado sombrio e negativo

de sua energia, prepare-se para ver uma criança passional,

explosiva e auto-indulgente, usando qualquer coisa a qualquer

momento para conquistar seus desejos pessoais.” (Zolar,

2004, p.44-45).

Criatividade é o lado positivo da cor vermelha, destrutividade seu

aspecto negativo. É a cor representante do elemento terra e do planeta Marte,

da vibração dos aromas de sândalo, cânfora e gerânio.

3.2.2 A cor azul

Considerado como a cor do céu, o azul é frio, resfria, sendo sentido

inversamente ao vermelho que esquenta. Segundo Edwin D. Babbitt, o azul é

“um dos maiores anti-sépticos do mundo”, afirmando que:

“Quando pacientes violentos e maníacos foram colocados em

quartos onde o raio vermelho dominava, tornaram-se piores, e

todos os seus sintomas violentos se agravaram. Se estes

pacientes forem removidos para um quarto onde o raio azul

predomine, eles se tornarão calmos e quietos.” (Apud.

Babbitt,In: A Magia das Cores, Zolar, 2004. p.46).

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Sugestão de superioridade sobre os mouros, à frase “sangue azul” foi

cunhada pela aristocracia espanhola. Para os primeiros cristãos esta cor

simbolizava a pureza, a modéstia, a fé e a Virgem Maria. Também associado

ao planeta Júpiter.

Como todas as coisas do mundo incluindo as cores, o azul possui um

lado positivo e um negativo, podendo relacioná-lo a pessoas que trazem essa

vibração em sua personalidade, um alto grau de inteligência sendo muitas

vezes passivos e reservados, prováveis poetas, artistas, músicos, escritores,

filósofos, religiosos, criaturas imaginativas e intuitivas. Entretanto, quando

emerge o lado negativo da cor azul, veremos o amigável e caloroso tornar-se

frio como uma pedra de gelo. Podemos classificar nesse grupo os esnobes e

egoístas. Um ser inteligente e ignorante.

Em sua Doutrina das cores, Goethe diz sobre o azul:

“Esta cor tem um efeito peculiar e quase indescritível sobre o

olho. Como um matiz, ele é poderoso, mas é no seu lado

negativo, e em sua mais alta pureza, que se torna uma

negação estimulante. Sua aparência, então, é um tipo de

contradição entre excitação e repouso.

Assim como o céu superior e as montanhas distantes

parecem azuis, também uma superfície azul parece se retrair

de nós.

Mas assim como prontamente seguimos um objeto

agradável que voa para longe de nós, adoramos contemplar o

azul, não porque ele avança para nós, mas porque ele nos

arrasta atrás dele.” (Apud. Goethe, In: A Magia das Cores,

Zolar, 2004, p.47).

A ervilha-de-cheiro e a silindra são aromas que vibram com a energia do

azul. Dentre os quatro elementos, esta cor é relacionada à água.

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3.2.3 A cor verde

A cor mais presente na natureza, traz beleza e harmonia ao ambiente.

Conhecida como a cor da esperança para muitos, pode significar, também, o

lodo, a dificuldade de sair do lugar. Equilíbrio é seu positivo; instabilidade seu

negativo. Continuidade da vida, abundância, cura, paz. O verde indica

amizade, bondade, cooperação, misericórdia e fé. É fresca e refrescante,

relaxante e sugere juventude, mas quando escurecido pelo preto, torna-se

energicamente ligado à inveja, ao ciúme e a superstição.

Para o Mestre ocultista L. W. de Laurence, o verde deveria ser

classificado como “O Rei das Cores” (Apud. Laurence, In: A Magia das Cores,

Zolar, 2004, p.54) por ter sido escolhido por Deus como a cor universal, a

vestimenta primordial da natureza. Podemos qualificar como Verde, pessoas

práticas, naturais e pé no chão. Gostam de acumular posses e sabem o valor

do dinheiro. Nativos dessa cor costumam ser harmoniosos, equilibrados e

estáveis, autoconfiantes e sensuais. O lado negativo irá torná-lo um explorador,

avarento e preguiçoso.

Seu elemento é a terra, e o almíscar, o benjoim e o narciso vibram com

esta cor. O planeta Mercúrio está associado à cor verde

Citando Kandinsky, o verde para ele “é o ponto ideal de equilíbrio da

mistura” do amarelo e do azul, cores “diametralmente opostas e em tudo

diferentes. [...] Tudo fica em repouso. [...] A ação direta da cor sobre os olhos e,

finalmente, através dos olhos, sobre a alma, leva ao mesmo resultado. [...] O

verde absoluto é a mais calma de todas as cores.” (Kandinsky, 1996, p.93).

3.2.4 A cor amarela

Relacionada ao ouro e ao Sol, o amarelo é a cor do poder, da riqueza e

da perfeição. Sugestiva a animação, alegria e diversão, para vários antigos

essa era o princípio que dava animo a vida. Ligada também a mentes

perturbadas e a busca pelo autocontrole, teremos como exemplo o grande Van

Gogh que abusava dessa cor em seus quadros.

Pessoas regidas pelo Amarelo têm, muitas vezes, a cabeça nas nuvens,

mas são cheios de idéias. Altamente intuitivos, geralmente são pessoas

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amáveis, extremamente generosas e bem-humoradas estando normalmente

envolvidas com trabalhos humanitários. O lado negativo do nativo dessa cor é

o mau humor, instabilidade emocional tornando-se muitas vezes sarcástico,

negligente e superficial. Resumindo, o positivo é expansão, o negativo é

regressão.

Segundo Goethe, sobre a cor amarela diz:

“Em sua mais alta pureza, ela sempre carrega consigo a

natureza da claridade, e tem um caráter sereno, alegre e

suavemente excitante.

Neste estado, aplicada às roupas, cortinas, tapeçarias

etc., ela é agradável. (...) Descobrimos com a experiência,

novamente, que o amarelo estimula uma impressão calorosa e

agradável. Por isso, na pintura, ela pertence ao lado iluminado

e enfático. (...) Essa impressão de calor pode ser

experimentada de uma maneira muito vívida se olharmos uma

paisagem através de um vidro amarelo, particularmente em

um dia cinzento de inverno. O olho se alegra, o coração se

expande e se anima, um arrebatamento parece soprar sobre

nós imediatamente. (Apud. Goethe, In: A Magia das Cores,

Zolar, 2004, p.56-57).

O amarelo é tipicamente terrestre, acordando com Kandinsky, quando

essa é esfriada pelo azul, adquire um tom doentio. Assim diz:

“Comparado com os estados de alma, poderia ser a

representação colorida da loucura, não da melancolia nem da

hipocondria, mas de um acesso de cólera, de delírio, de

loucura furiosa. O doente acusa os homens, derruba tudo, joga

tudo no chão e dispersa suas forças por todos os lados,

dissipa-as sem razão nem propósito, até o esgotamento total”

(Kandinsky, 1996, p.92).

Sua vibração está presente nos aromas da cidra, da cássia, da íris e do

jasmim, sendo seu planeta comum, Marte.

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3.2.5 A cor laranja

Uma cor bastante alegre, nem tão estimulante quanto o vermelho, nem

tão poderosa no efeito distanciador quanto o amarelo, o laranja é a alma da

energia segundo alguns yogues. Essa cor ajuda na compreensão de idéias

novas, fortalece o desejo e aumenta a habilidade de gerenciar os desafios

trazidos pelo decorrer da vida. Simboliza prosperidade, entusiasmo, fartura,

glória, bondade e expansão.

De acordo com Roland Hunt, o laranja tem:

“...uma ação libertadora sobre as funções corporais e mentais,

aliviando repressões; a cor combina energia física e sabedoria

mental, induzindo a transmutação entre a natureza inferior e a

superior; desfaz tendências inferiores, ajudando a desenvolver

e elevar a mentalidade – e por isso é chamada de “O Raio da

Sabedoria”. (Apud. Hunt, In: A Magia das Cores, Zolar, 2004,

p. 60).

As pessoas possuidoras da vibração laranja costumam ter grande

preocupação com seus semelhantes, esperam que os seres ao seu redor

sejam felizes, expressam seu amor de forma expansiva, estão sempre

dispostas a servir seu próximo. Tem muita energia e demonstram essa

disposição em seu dia a dia, no trabalho, em casa, etc. Adoram crianças e

animais. Quando sua energia está voltada ao negativo, apresentam-se como

criaturas orgulhosas, exibicionistas e interesseiras, transformando-se, por

vezes, em pessoas compulsivas.

Os aromas que encontraremos na vibração da cor laranja são amêndoa,

baunilha e clematite.

3.2.6 A cor índigo

Poucos foram os pesquisadores de cores que propuseram

características específicas em relação ao índigo. Sendo essa cor a combinação

do azul carregado com o violeta, simboliza a alta espiritualidade e uma

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afinidade com o chakra da glândula pineal ou Terceira Visão, situado no centro

de nossa fronte.

Segundo Hunt, o índigo serve a nós como um purificador, um agente

libertador com a função de controlar as correntes sanguíneas e psíquicas de

nossos corpos sutis. Diz ainda ser esse carregado de devoção, poder e

praticabilidade, agente de transformações radicas em todos os níveis de nosso

ser. Humanitários e dignos, dedicados à sabedoria e a justiça, providos de forte

devoção à religiosidade, não é incomum encontrarmos pessoas regidas pela

vibração do índigo dedicando sua vida a igreja, ao ensino ou ao serviço civil. O

seu lado negativo pode promover personalidades esnobes, hipocondríacas,

fanáticos religiosos, pessoas muito desagradáveis.

As palavras de Norah Hills explicam bem o que queremos mostrar sobre

os seres dominados por tal cor, dizendo:

“A pessoa no nível índigo funciona na maior parte do tempo

além dos sentidos de visão, audição, tato, olfato e paladar e se

move naquele nível amorfo dos “supersentidos”. Estando

neste mundo visionário, nós, os tipos índigo, algumas vezes

ferimos nossos amigos sem nunca saber disso. Podemos nos

tornar tão desligados e envolvidos em nosso mundo interior

que, quando alguém fala conosco, não ouvimos uma única

palavra do que estão dizendo.” (Apud. Hills, In: A Magia das

Cores, Zolar, 2004, p.64-65).

O Dr. Bruce Copen sugere ainda ter o índigo benefícios psicológicos

específicos, colocando:

“Índigo é uma boa cor para remover o medo, que tem sido e

ainda é a maior desvantagem. Esta cor ajuda a pessoa a

aspirar aos pensamentos mais elevados e inclina na direção

de uma atmosfera espiritual. (...) Em muitos casos onde o

índigo é necessário iremos notar que os sintomas mentais

como medo, preocupação e apreensão são os mais

predominantes...” (Apud. Copen, In: A Magia das Cores, Zolar,

2004, p.65).

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Teremos Netuno como seu planeta dominante e os aromas que vibram

essa cor serão o bálsamo, o feno (recém –colhido) e a lavanda.

3.2.7 A cor violeta

Um dos maiores artistas do renascimento, Leonardo da Vinci também foi

um grande investigador da Ciência das Cores e, através de seus estudos

afirmava que sob raios de luz violeta conseguiríamos aumentar por até dez

vezes nosso poder de meditação, preferencialmente se estivéssemos em uma

igreja silenciosa. Também o incrível compositor romântico Wagner usufruía

desta cor quando compunha, usando tapeçarias e cortinas violeta em tal

ambiente. Exemplos como estes mostram o quanto à vibração do violeta

transmite um impulso espiritual.

Para os antigos simbolizava o sagrado, a vestimenta de Deus, mas

também é associada à piedade, a tristeza e ao sentimentalismo, sendo o

violeta, segundo alguns estudiosos, uma cor raramente vista no campo áurico,

por indicar seres de natureza altamente espiritual e altruísta.

Generalizando, podemos afirmar que pessoas Violeta funcionam em

níveis bastante elevados da espiritualidade, sendo com freqüência líderes

metafísicos inspirados, possuidores de altos níveis de equilíbrio emocional e

mental. Quando se apresenta como cor dominante, idéias profundas e originais

se destacam e, por ser a combinação do vermelho e do azul, uma mistura de

criatividade e intelecto surgirá.

Mesmo com toda sua superioridade, seu lado inferior pode se manifestar

fazendo com que o nativo desta cor se coloque como um ser de temperamento

violento e altamente cínico, traidor e infiel, provavelmente ostentando seu

poder sobre os outros.

Para Norah Hills o violeta é:

“...o mundo da imaginação e das imagens desconexas,

ilógicas, da magia e da extravagância. É a conexão cósmica

que tira coelhos de cartolas, pinturas de telas, corpos de

argila, universos da escuridão e criação do vácuo; ela extrai a

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realidade do ‘nada’.” (Apud. Hills, In: A Magia das Cores, Zolar,

2004, p.67-68).

Sendo essa a última das sete cores originais, observaremos que nestas

estão contidas a essência de quaisquer outras cores que possam ser

produzidas. Violeta é a cor de Saturno e os aromas que nessa vibram são o

mentol, o cravo e o hortelã-pimenta.

3.3 Aplicando a cor na Arteterapia

Ao despertarmos, abrimos nossos olhos e nos deparamos com uma

infinidade de cores com diversos tons e sombreados, trazendo qualidade

afetiva às nossas percepções através da luminosidade existente no momento.

É altamente relevante estudarmos as cores para uma melhor análise

investigativa sobre as representações e relações humanas.

Sendo as cores ondulações de luz múltiplas que provocam sensações

cromáticas diversas, da mesma forma teremos as emoções modificando “de

acordo com a cor ou com a intensidade da energia psíquica.” Podendo assim,

“por analogia, atribuir que a variação da intensidade ondulatória de luz

assemelha-se ao movimento da energia psíquica e, portanto, poderíamos

associar o elemento cor com a emoção de acordo com a seguinte comparação:

COR/LUZ = EMOÇÃO/ENERGIA PSÍQUICA” (Urrutigaray, 2008, p.113-114).

Estudadas por vários cientistas, eles constataram que as cores possuem

radiações luminosas que fabricam correntes nervosas com ondas que irão

variar de acordo com o comprimento e a velocidade, influenciando e atuando

diretamente sobre o psiquismo humano. Onde houver cor teremos ondas

eletromagnéticas, da mesma maneira, havendo emoção, haverá energia

psíquica em ativação, podendo assim associar a presença de cores nas

expressões criativas qual representações de nossos afetos.

A cor produz uma sensação em nosso corpo que é percebida a nível

psicológico como um sentimento, seja esse de qualquer natureza como amor,

ódio, alegria, tristeza, etc.

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Sendo essa de suma importância ao ser humano, a percepção das

cores, segundo Urrutigaray:

“...é fator importante na constituição e ordenação do espaço, ou a constituição

da consciência. A sua ausência indicaria a inconsciência ou o

desconhecimento das tonalidades afetivas dispostas nas formas

comportamentais.” Podendo ser também “...classificada como a manifestação

de intensidades afetivas...” (Urrutigaray, 2008, p.119).

Destacaremos os seguintes efeitos cognitivos e animosos expressados

por Maria Cristina Urrutigaray em seu livro “Interpretando imagens –

transformando emoções”, trazendo:

“de dimensão: a intensidade de cor pode aumentar (valorizar)

ou diminuir (depreciar) a aparência de um fato psíquico;

de peso: segundo a quantidade usada, um afeto pode tornar-

se mais leve ou mais pesado de acordo com as cargas

emocionais colocadas nas expectativas, nas idealizações ou

na inflação de ego;

de iluminação: os efeitos de sombreamentos (claro versus

escuro) sinalizam relações entre os aspectos permitidos ou

aceitos pela consciência e os ainda sombrios ou mais

defendidos pela consciência;

de temperatura: segundo a interação com as cores quentes e

frias usadas, temos referências ao posicionamento diante das

relações pessoais: intensa ou fraca; calorosa ou resfriada;

de aspectos culturais: por indicar os efeitos das tradições,

mitos, ideologias e religião assimilados pelo cliente;

de matiz ou tonalidade: de acordo com o tom escolhido e de

sua gradação, pode-se perceber o grau de emoção envolvida

na projeção efetuada: impulsiva ou moderada; intensa ou

fraca; vibrante ou contida; próxima ou distanciada; exuberante

ou depressiva etc.” (Urrutigaray, 2007, p.129-130).

Pelas emoções, as cores são mostradas através dos estímulos

sensoriais ou pela lembrança de algo vivido ou experimentado, de origem

agradável ou não, guardada por um tempo.

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Veremos o quanto é interessante à manipulação de tintas e corantes na

arteterapia, de forma a provocar nas pessoas o prazer do inesperado quando

produzidas várias tonalidades a partir do uso das diversas cores. Nesse

momento, com o olhar de arteterapeuta, devemos observar o processo do

cliente em todos os detalhes, desde a escolha dos pigmentos até o resultado

obtido. Ele pode exercitar um autocontrole de sua emoção, dando mais ou

menos luz a sua mistura com o auxílio do branco ou do preto. A emoção

expressada será mais tênue quando a cor for mais suave. Saturação será o

grau de claro ou escuro contido na cor comparando com outras cores, tendo

como exemplo “a diferença estabelecida entre o vermelho vivo, como paixão,

vida, energia; com o vermelho escuro, quase negro, semelhante ao sangue

coagulado; passando a sensação de morte, algo denso ou pesado.”

(Urrutigaray, 2008, p.120).

Os trabalhos realizados em arteterapia influenciam na aprendizagem do

uso das cores através do manuseio dos diversos materiais, possibilitando a

discriminação dessas, a partir do trabalho de experimentação e de observação.

Um setting (local de atendimento) de arteterapia deve promover, sempre,

ao seu cliente um ambiente estimulante, tendo uma vasta e diversa quantidade

de materiais coloridos a sua disposição.

Urrutigaray diz que:

“Fazer uso das cores em produções é facilitar a passagem da

mensagem, feita através do canal do inconsciente à

consciência, dos afetos reprimidos, esquecidos ou ainda

imaturos para o alcance da mesma.

Como as expressões dos conteúdos psíquicos tornam-

se conscientes, dão oportunidade e facilitam a leitura da

simbologia das cores. [...] No plano psíquico, as cores são

apenas mensageiras de informações codificadas, e só terão

significado quando decifradas.” (Op. Cit., p.114).

Podemos concluir, em relação ao uso das cores que, sendo estas muito

fortes ou muito fracas, sejam primárias, secundárias, terciárias ou neutras,

quando aplicadas indicarão desestabilizações dos estados emocionais,

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podendo estar sinalizando extremos da sensibilidade “desde intensas a débeis

paixões” (Urrutigaray, 2007, p.130). Manifestações de força, agressividade,

irritabilidade, paixão, sensualidade, cordialidade, poder, iluminação, etc. são

tendências demonstradas, muitas vezes, pela presença forte de cores como o

amarelo, o vermelho e o laranja. Exagerar no azul pode indicar uma tendência

exagerada à retração, depressão, ao isolamento, distanciamento, mas também

intelectualidade e concentração.

As informações acima são explicitadas nesta pesquisa de forma sucinta,

com o intuito de trazer breves informações sobre o poder de associação da cor

com o homem na arteterapia.

3.4 Os efeitos da cor na saúde

“A doença é única e puramente corretiva: ela não é nem

vingativa nem cruel; mas é o meio adotado por nossa própria

Alma para nos apontar nossas faltas; para prevenir que

cometamos erros ainda maiores; para impedir que nos

prejudiquemos ainda mais; e para nos trazer de volta ao

caminho da Verdade e da Luz de onde nos desviamos.”

Dr. Edward Bach

Através do uso das cores podemos modificar nosso estado físico e

mental utilizando a gama de matizes existentes. Com a cromoterapia, sendo

essa a ciência que utiliza a vibração das cores do espectro solar, buscamos a

restauração do equilíbrio físico-energético nas áreas corporais que estão com

alguma disfunção. Cada cor agirá com suas propriedades terapêuticas nos

campos energéticos ou Chakras, reativando e corrigindo todo campo vibratório

celular. A cromoterapia trata o ser como um todo, é uma terapia holística que

atua desde o nível físico até os mais sutis.

A aplicação energética de cada cor pode ser feita pela ingestão de

alimentos sólidos ou líquidos, aplicação de luzes solares ou artificiais, pedras e

cristais, visualização de cores, até o uso de roupas e ambientes específicos.

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Uma das mais poderosas, se não a maior fonte de vida que temos no

planeta Terra, a luz solar, quando privada de um ser, seja esse vegetal ou

animal, logo essa vida cessará seu desenvolvimento caminhando para a morte

iminente.

De acordo com Kate W. Baldwin, médica- cirurgiã, ela expõe sobre o

poder da luz:

“Coloque a semente no melhor solo ou um ser humano em um

palácio, apague a luz, e o que acontece? Sem comida (no

sentido comum do termo) o homem pode viver muitos dias;

sem líquidos, um tempo mais curto; mas não pode viver de

jeito nenhum sem a atmosfera que o cerca durante todo o

tempo e à qual ele presta tão pouca atenção. As forças da

qual a vida mais depende estão colocadas muito próximas ou

muito além do controle pessoal. Por séculos cientistas

devotaram esforços incansáveis para descobrir os meios de

aliviar ou curar as doenças humanas e restaurar suas funções

normais. Ainda assim, há nas negligenciadas luz e cor uma

força muito superior à das drogas e dos soros. [...] Cada

elemento emite uma onda de cor característica. A cor

prevalecente do hidrogênio é vermelha, e a do oxigênio é azul,

e cada elemento por seu turno emite sua onda de cor especial.

A luz do sol, como é recebida pelo corpo, é fracionada nas

cores prismáticas e suas combinações, assim como a luz

branca é decomposta pela passagem através do prisma. Tudo

que se localiza no lado vermelho do espectro é estimulante,

enquanto o azul é sedativo. [...] Se o corpo está doente, ele

devia ser recuperado com o mínimo esforço possível. Não

existe maneira mais precisa ou mais fácil do que dando a ele a

cor que representa o elemento que falta, e o corpo irá, por

meio de suas forças radioativas, se apropriar delas e assim

restaurar o equilíbrio normal. A cor é a medida terapêutica

mais simples e mais precisa desenvolvida até hoje. [...] Em

alguns casos incomuns e extremos que não respondem a

outros tratamentos, o funcionamento normal tem sido

restaurado através da cromoterapia. Até o presente momento,

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eu não encontro justificativa para recusar qualquer caso sem

uma tentativa. Mesmo em casos onde a morte é inevitável,

muito conforto pode ser garantido.

Não há dúvida de que a luz e a cor são meios

terapêuticos importantes, e que a sua adoção será vantajosa

tanto para a profissão quanto para as pessoas.” (Apud.

Baldwin, In: A Magia das Cores, Zolar, 2004, p.245-246-247-

248).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

No decorrer do trabalho pude observar através das pesquisas realizadas

e também das experiências vividas, o quanto a cor é poderosa. Imaginemos

um mundo sem cores. Consegue imaginar? Creio que não. Por mais que

tentemos, o preto, o branco e sua mistura acinzentada surgirão nos trazendo à

luminosidade, os sombreados, e porque não, cores. Sendo o Preto e o Branco

considerados cores neutras ou não cores, o que faríamos se não existissem?

Pudemos ver no decorrer da pesquisa que da mistura de todas as cores

pigmento surgirá o preto e, da mistura de todas as cores luz teremos o branco.

Então me pergunto se realmente essas cores são absolutamente neutras.

Enfim, deixemos esses questionamentos aos pesquisadores sejam eles

químicos, físicos, artistas ou curiosos.

Observou-se a importância dada às cores pelos artistas, fossem eles

contemporâneos ou não. A alquimia existente quando expressava de forma

verbal e/ou pictórica, a relação entre as cores e sua arte, alguns com um

sentimento de paixão, outros de contemplação, mas todos, sem dúvida alguma,

com um sentimento maior de gratidão por estas estarem à disposição,

presentes nesse mundo divino, abençoado.

Trouxemos, também, o significado de algumas cores, segundo alguns

estudiosos, dando maior ênfase às cores do espectro solar, explicitando ser a

partir dessas o surgimento de toda a gama de matizes existentes em nosso

planeta. O lado positivo e negativo presente, como em tudo no mundo; como

podemos nos reconhecer numa cor; como podemos usufruir da vibração delas

emanada, etc. Vimos, também, seu uso, seu poder sendo aplicado por várias

culturas a muitos e muitos séculos atrás.

Creio ser as cores instrumentos tão poderosos em nosso planeta, que,

hipoteticamente pensando, tenha sido seu uso negado a nós, tenha sido essas

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informações sobre seu poder retiradas de nós para serem guardadas para

poucos, como uma jóia altamente valiosa que no mundo está disponível a raras

criaturas. Penso isso pela pouca credibilidade dada a esse tipo de estudo.

Estamos tão distantes de nossas origens, de nossas raízes mais remotas que

não conseguimos crer na cura ou na melhora de certas enfermidades com

materiais oferecidos pela Grande Mãe. O nosso psicológico está tão

influenciado pela mídia contemporânea, que vemos placebos curando doenças.

Será que continuaremos nos entregando a remédios, existentes e que surgirão,

fabricados por essa indústria que visa cada vez mais o lucro máximo com suas

drogas? Essa resposta nós não temos, mas uma esperança surge quando

ouvimos notícias sobre profissionais conceituados falando bem de terapias

diversas, sem o uso excessivo de medicamentos. Quando trazem as

“novidades” tão antigas, que por terem sido esquecidas ou nunca vistas por

muitos, se tornam verdadeiras novidades.

Espero profundamente ter conseguido com essa pesquisa, mesmo que

pouco, aclarar em nossas mentes o quanto à cor é suprema, seu valor, seu

poder e porque não tentarmos fazer uso dessa verdadeira arma do bem que

nos é oferecida sem cobranças, sem efeitos colaterais, só estando disponível a

quem dela se interessar. Não deixemos de nos cuidar, quando necessário, com

nossos médicos e, de forma alguma deixemos de fazer uso de algum

medicamento alopático quando assim necessitarmos, mas juntamente com

esses produtos, usemos o que a natureza nos oferece, sejamos conscientes

sobre nossa condição de seres inteiros, físicos, psíquicos e espirituais.

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