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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS – GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Código de Ética: a doutrina que regulamenta a empresa.
DÉBORA FRANCO GUIMARÃES DA FONSECA
Rio de Janeiro
Julho de 2007
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS – GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Código de Ética: a doutrina que regulamenta a empresa
Apresentação de monografia à Universidade Cândido Mendes como requisito parcial para a obtenção do grau de Especialista em Pós Graduação em Finanças e Gestão Corporativa. Por: Débora Franco Guimarães da Fonseca.
Rio de Janeiro
Julho de 2007
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AGRADECIMENTOS
A Deus pelo privilégio de ter chegado até aqui e a demonstração de que é apenas o começo.
À minha família em especial meu Esposo grande professor que me auxiliou nas matérias
relacionadas à matemática: André Luis da Fonseca.
Ao Professor José Abrantes que transformou a “TPM” (Tensão pré monografia) em um
trabalho menos temível.
4
À Deus toda honra, toda a glória e todo louvor.
5
“O fato de sermos livres, mesmo que não o sejamos de uma forma absoluta, levanta o problema da responsabilidade. Se a nossa vida não está pré-programada pela natureza ou destino/Deus, a forma como a organizamos, o sentido que damos à nossa existência e o modo como solucionamos os problemas que surgem na relação com outras pessoas e com a natureza é de nossa responsabilidade. Devemos ser responsáveis pelas conseqüências das nossas ações e atitudes. Pois delas dependem a convivência humana e a realização do “ser humano” de cada um.” (Jung Mo Sung e Josué Cândido da Silva)
“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma.” (Apóstolo Paulo)
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RESUMO
Este estudo tem como objetivo principal enfatizar a importância da ética
organizacional e do comportamento moralmente correto nas organizações. Não se refere à
imposição de normas e procedimentos para a modulação do caráter humano, porém sim ao
entendimento e percepção de que o comportamento humano nas organizações deve ser
moderado por uma política que estimule uma convivência melhor entre os mais variados tipos
de personalidades. A justificativa para o desenvolvimento do presente trabalho deve-se ao fato
de que através de leituras em livros, artigos, páginas da internet e veiculação de noticias em
telejornais é possível verificar que os valores morais têm-se disseminado e os resultados são
os mais desastrosos: altos faturamentos, licitações efetuadas de modo errôneo, subornos, entre
outros que já se tornaram até jargões conhecidos pela população como o “mensalão”. Faz-se
necessário uma busca aos padrões éticos comportamentais e isso depende de cada um
individualmente. No dia-a-dia, os valores individuais podem coincidir ou conflitar com os
valores da organização, que caracterizam a cultura empresarial. Dessa forma, é fundamental a
existência de padrões e políticas uniformes para que os empregados possam saber, em
qualquer circunstância, qual a conduta adequada e apropriada. A implantação do Código de
Ética na organização apresenta um clima moralmente gratificante, em que as pessoas capazes
podem ampliar seus conhecimentos especializados e também seus valores. A metodologia
adotada para obtenção dos dados foi a pesquisa bibliográfica onde foram levantados textos
que incluíssem o tema principal tais como: ética filosófica, comportamento humano nas
organizações, cultura organizacional e outros. Ainda serão abordadas as implicações dos
códigos de ética como um meio de afirmação de critérios de conduta na organização, a fim de
mostrar que o Código resulta do clima ético de cada organização.
Palavras-chave: Ética, Comportamento Humano, Código de Ética.
7
Metodologia
A pesquisa apresentada, quanto aos objetivos a que se propõe, é do tipo: descritiva,
pois serão feitas descrições sobre o comportamento ético empresarial; bibliográfica, a fim de
possibilitar a consulta e a análise do que significa agir com base em padrões éticos; e
qualitativa, pois não serão coletados e analisados dados quantitativos em relação aos
resultados trazidos pela conduta humana ética.
As fontes de pesquisa utilizadas são bibliográficas e também artigos de jornais,
revistas, material disponível na Internet e outros.
A análise dos dados foi feita a partir de estudos bibliográficos do comportamento
humano ético comparando-as com a conduta humana nas organizações com o objetivo de
descrever e analisar o comportamento ético empresarial.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 1 – CULTURA ORGANIZACIONAL
CAPÍTULO 2 – CORRENTES FILOSÓFICAS
CAPÍTULO 3 – DEFINIÇÃO DE ÉTICA
CAPÍTULO 4 – A ÉTICA NAS EMPRESAS
CAPÍTULO 5 – CÓDIGO DE ÉTICA
CAPÍTULO 6 – RESULTADOS DE UMA EMPRESA ÉTICA
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ÍNDICE
FOLHA DE AVALIAÇÃO
9
INTRODUÇÃO
O único destino evidente que o homem possui assim que nasce é a convivência com
outros homens; todos crescem e se desenvolvem em uma sociedade ou grupo de pessoas que
necessariamente não são iguais às outras. Ninguém – ou quase ninguém – pode viver
completamente destacado. É difícil para uma só pessoa produzir todas as coisas de que
necessita para continuar a viver dignamente. A necessidade de conviver com os outros leva o
indivíduo à necessidade de estabelecer afinidades que permitam a sobrevivência de todos os
que compõem a coletividade. No desenrolar de sua existência é perceptível que deve haver
comportamentos diferentes para as mais variadas situações que a vida apresenta, enquanto
bons ou maus, esses comportamentos fazem parte do estudo central da ética.
Sendo a ética uma ciência prática que aponta para a integridade moral dos atos
humanos, aplicada a um contexto de comportamento humano tanto nas organizações como na
sociedade em geral, a prática de tal filosofia faz parte da condição necessária à sobrevivência.
A ética está relacionada abertamente com os juízos morais. Por isso, é comum usar o
conceito de ética e moral como sinônimos. “A palavra moral vem do latim mos (singular), e
mores (plural), que significa costumes”, ou seja, o que está habituado a fazer aquilo que faz
parte da cultura de cada um. “Quando se diferencia a ética da moral, geralmente visa-se
distinguir o conjunto das práticas morais cristalizadas pelo costume e convenção social dos
princípios teóricos que as fundamentam ou criticam. O conceito ética será usado aqui para se
referir à teoria sobre a prática moral. Ética seria então uma reflexão teórica que analisa e
critica ou legitima os fundamentos e princípios que regem um determinado sistema moral
(dimensão prática)” (Jung Mo Sung e Josué Cândido da Silva, pág. 13). Parte daí a
necessidade e, conseqüentemente, a importância da implantação e manutenção do Código de
Ética nas organizações, o que permite a padronização e formalização nos relacionamentos e
operações que compõem a organização.
10
CAPITULO 1 – CULTURA ORGANIZACIONAL
“A organização é um invento do homem que conseguiu transformar a sociedade e a própria concepção de indivíduo e de trabalho. É através da organização que o homem realiza a sua própria transformação pessoal no trabalho junto com outras pessoas” (CHIAVENATO, 1997, p.690).
O conceito geral de cultura é o conjunto das orientações de valor percebidas como
comuns e aceitas como evidentes. Tais orientações de valor marcam as decisões, as ações e o
comportamento dos membros da organização e determinam primeiramente o que é importante
e desejável; o que para eles tem significado. Estabelece também quais as metas que a empresa
almeja e o modo como serão alcançadas. Com o tempo estas orientações de valor são
interiorizadas, passando a não ser mais questionadas.
Cultura organizacional é o estilo singular de vida desenvolvido pela organização em
seus participantes. Mantém-se instalada sobre um sistema de crenças e valores, tradições e
costumes, uma configuração aceita e durável de influência mútua e de relacionamentos sociais
típicos de cada organização.
“Cultura é definida como tudo que há ao nosso redor, criado por seres humanos,
tanto coisas tangíveis quanto conceitos e valores não tangíveis. Língua, religião, leis, política,
tecnologia, educação, organização social, valores gerais e padrões éticos são incluídos nessa
definição” (FERREL, 2001, p.186)
11
A cultura organizacional deve ser compreendida por todos os componentes da
organização, sempre permitindo uma conduta dentro dos padrões culturais colocados pela
empresa.
Cada organização é um sistema complexo e humano com características próprias,
com sua própria cultura. A cultura de uma organização não é imutável e inflexível, ela sofre
alterações ao longo do tempo dependendo de condições internas ou externas.
Conforme Chiavenato (1997, p. 691), para mudar a cultura organizacional a empresa precisa
ter capacidade inovadora, ou seja, deve ter as seguintes características:
- Adaptabilidade: ser maleável, adaptar-se e unificar novas atividades; ser receptiva e
transparente às novas idéias e conceitos, que partem de dentro ou de fora da
organização.
- Senso de identidade: o conhecimento e a compreensão do passado e do presente da
organização, bem como a abrangência e compartilhamento dos objetivos da
organização por todos os seus participantes.
- Perspectiva exata do meio ambiente: uma apreensão realista e uma capacidade de
investigar, diagnosticar e compreender o meio ambiente.
- Integração entre os participantes: para que a organização possa se comportar como um
todo orgânico.
As mudanças e os constantes julgamentos sempre serão necessários à organização no
que diz respeito à sua cultura, pois sempre haverá uma rotatividade de pessoas e com isso fica
claro que mudarão as formas de pensar e agir. “Cultura é a experiência que o grupo adquire à
medida que resolve seus problemas de adaptação externa e integração interna, e que funciona
suficientemente bem para ser considerada válida. Portanto, essa experiência pode ser ensinada
aos novos integrantes como forma correta de perceber, pensar e sentir-se em relação a esses
problemas.” (SCHEIN apud MAXIMIANO, 2000). Schein procurou elaborar um conceito de
cultura gerando-a num modelo dinâmico que é aprendida, transmitida e mudada.
12
Desde pelo menos o início da década de 80, quando o conceito de cultura organizacional passou a ser visto como a chave para sucessos e fracassos empresariais, diversos consultores organizacionais vêm reforçando a importância de se gerenciar a cultura, propondo modelos para a reorientação e disseminação de novos valores organizacionais. Neste novo contexto, exercer liderança passa a ser sinônimo da capacidade de reforçar valores organizacionais e mobilizar todos na empresa. (Aidar e Alves, 2002, pág. 12).
Dentro desta visão é adequado afirmar que quem determina a cultura é a alta
administração. Será ela que desempenhará o papel de ordenar, disseminar a visão, missão,
políticas diretrizes e valores empresariais. Tais elementos são imprescindíveis para a
existência da empresa. Deve estar arraigado, fazer parte de sua história; haja vista que muitos
deles fazem parte, inclusive, do planejamento estratégico de cada organização.
Entre os elementos mais importantes da cultura organizacional encontram-se as
normas de conduta que definem o comportamento dos grupos e indivíduos, pois determinam
vários aspectos do modo comportamental, como qualidade e quantidade da produção, a
disposição para contribuir ou não com a administração, o comportamento ético, etc. A ética
deve ser vivida numa enorme variedade de ambientes empresariais em que a importância do
clima moral pode diferir de organização para organização e até de país para país. Mesmo que
não seja abrangida de uma maneira geral ou apresentada de maneira cansativa, os atitudes
erradas com relação às normas da cultura empresarial recebem um julgamento negativo.
A cultura organizacional admite à organização ter uma identidade grupal de fornecer
aos seus membros o sentido que eles precisam e colaborar com a performance organizacional
visando, contudo, relacionamentos humanos compostos por fidelidade, tradição,
comprometimento e liderança empreendedora voltada para mudança, inovação e disposta a
enfrentar desafios.
Uma cultura organizacional não se orienta pela realidade interna de uma instituição,
mas sim pela coerência entre o agir humano e o bem comum. Dos indivíduos que constituem
o sistema social isto exige virtudes críticas (por exemplo, disposição para assumir
responsabilidades) e uma aptidão para ponderação responsável dos bens. A cultura
empresarial que favorece um comportamento ético espera de seus membros um agir
eticamente responsável, onde em caso de necessidade as regras do sistema possam ser
criticamente questionadas. A empresa se coloca em situação de permanente comunicação com
seu contexto social, desta forma envolvendo-a construtivamente com os outros, mais do que
13
meramente através de suas necessidades sistêmicas. Construir uma cultura empresarial vivê-la
com credibilidade e desta forma mantê-la permanentemente viva é uma das mais importantes
tarefas dos altos escalões das empresas.
A vida associada não é um ajuntamento qualquer de seres humanos; é um
agrupamento de pessoas associadas por acordo.
14
CAPITULO 2 – CORRENTES FILOSÓFICAS
Esta palavra filosofia significa estudo da sabedoria e por sabedoria não se entende apenas a prudência nos negócios, mas também um perfeito conhecimento de todas as coisas que o homem pode conhecer, quer para a conduta de sua vida, quer para a conservação de sua saúde e a invenção de todas as artes. (DESCARTES)
A administração recebeu enorme influência da filosofia desde os tempos da
antiguidade. Temos como exemplos principais dentre vários outros o filósofo grego Sócrates
(470 a.C – 399 a.C), que numa discussão com Nicomaquides, expõe o seu ponto de vista
sobre a administração como uma habilidade pessoal separada do conhecimento técnico e da
experiência. René Descartes (1596 – 1650), considerado fundador da filosofia moderna, criou
as célebres coordenadas cartesianas – hoje denominadas “método cartesiano” – onde estão
contidos vários dos princípios da moderna administração como os da divisão do trabalho, da
ordem, do controle, etc.
Com o surgimento da filosofia moderna, a administração deixa de receber
contribuições e influências, uma vez que o campo de estudo filosófico se afasta dos problemas
organizacionais, porém, ainda é uma ciência que estuda o comportamento humano e tal estudo
vem tomando destaque nas organizações cada vez mais preocupadas com o comportamento
ético e conduta moral de seus colaboradores.
Baseado na lição de Henry R. Cheeseman, Moreira sustenta que existem cinco
teorias, no mínimo, a respeito de como os conceitos éticos foram formados, os quais também
podem ser chamados de normas.
15
2.1 - Teoria do fundamentalismo
Sugere que os conceitos éticos sejam conseguidos de uma fonte fora ao ser humano.
Pode ser um conjunto de regras seguido por um grupo, um livro (como a bíblia) ou até mesmo
outro ser humano.
Em toda a sociedade existe um conjunto de idéias dominantes de diversas camadas e
uma série de instituições que se encarregam de canalizá-las e disseminá-las numa direção
apropriada. Estes diversos elementos ideológicos cooperam, de diversas maneiras, para a
efetivação da moral. O indivíduo se forma gradativamente de acordo com uma moral já
estabelecida, a qual lhe é proposta e justificada. Diante desta moral, eles agem de maneira
diferente, aceitando-a totalmente ou enriquecendo-a, desenvolvendo-a sob o momento do seu
meio social.
Esta teoria, quando aderida por completo, sejam por idéias políticas, estéticas,
jurídicas ou até mesmo por meios de comunicação em massa (impressa, cinema, rádio,
televisão), não admiti que o ser humano descubra o certo e o errado por si mesmo, ou seja,
passará a sua vida sendo regrado por meios externos e não pelo que ele mesmo julga como
virtude para si.
O enriquecimento da vida moral tende a aumentar a capacidade de decisão e de responsabilidade pessoais e, por isso, a moral que se baseia, sobretudo na autoridade da tradição e dos costumes representa historicamente um degrau inferior com respeito a uma moral reflexiva que tem seu centro e origem no indivíduo que medita, decide e assume livre e conscientemente a sua responsabilidade pessoal (VÁZQUEZ, 2003, p. 231).
2.2 - Teoria do Utilitarismo
Fundamentada nas idéias de Jeremy Bentham (1748-1832) e John Stuart Mill (1806-
1873). A doutrina sugere que o conceito ético seja formado com base no critério do maior
bem para a sociedade como um todo. O ser humano para eleger a conduta em maior harmonia
com a ética deverá selecionar aquela que gere o maior bem para o maior número de pessoas.
O objetivo aqui proposto é a gerar felicidade ao maior número de pessoas.
16
Em cada situação real deve-se determinar qual é o resultado ou conseqüência de um
ato possível e decidir pelo cumprimento daquilo que pode trazer maior bem para o maior
número, lembrando que, para Bentham, prazer é o único bem ou felicidade e dor é o antônimo
de bem ou felicidade.
Tal teoria tem posição contrária à ética egoísta que tem como tese fundamental que
cada um deve agir de acordo com o seu interesse pessoal, promovendo aquilo que é bom ou
proveitoso para si. A Teoria do Utilitarismo visa estabelecer que todo comportamento deve
ser avaliado visando o que as conseqüências dos atos humanos podem acarretar para os outros
membros da sociedade.
Esta teoria se relaciona com os atos; desempenhar o ato que produz o máximo bem
não somente para o “eu” como para os outros e com as normas, agir de acordo com a norma
cujo bom emprego produza o maior bem não só para o “eu” mas também para os outros. Em
ambos os casos é preciso considerar, principalmente, as implicações – vantajosas ou não – dos
atos ou da aplicação de uma norma para o maior número de pessoas.
2.3 – Teoria do dever ético
Defendida por Emanuel Kant (1724-1804) indica que o conceito ético seja extraído
do fato de que cada um deve se comportar de acordo com princípios universais. Um exemplo,
conforme Joaquim Manhães Moreira, seria o dever de cumprir com um compromisso
assumido. É um princípio universal, aquele que determina a quem assume uma obrigação o
dever de cumpri-la.
Esta teoria é contra qualquer tipo de recompensa. A recompensa de um ato deve ser o
próprio ato. As ações humanas não devem ser realizadas visando algo por proveito, mas sim a
fim de que seu próprio comportamento atraia a pura liberdade humana.
Kant dispensava o processo de observação da realidade como os outros filósofos. De
acordo com Kant, aspirar o bem é egoísmo e o egoísmo não pode fundamentar os valores
morais. A base da ética nesta teoria é o dever.
17
“O dever corresponde à lei que provém da razão e se impõe a todo ser racional. É
uma espécie de fato que não pode ser deduzido de um princípio superior” (KANT, apud,
ARRUDA, 2003, p. 32).
Kant sugeriu que os conceitos éticos sejam alcançados através da aplicação de duas
regras:
- Qualquer conduta aceita como padrão ético deve valer para todos os que se encontrem
na mesma situação, sem exceções;
- Só se deve exigir dos outros o que exigimos de nós mesmos.
Se for ético para si deve ser ético para todos. Kant retrata com isso que não há
exceções em matéria de conduta moral em sociedade. Não há que se estabelecer regras de
comportamento se as mesmas não serão válidas para quem as criaram.
“A fórmula suprema do mandamento da razão é aquela na qual a universalidade é
absoluta; ela prescreve o seguinte: age de maneira que possas querer que o motivo que te
levou a agir seja uma lei universal” (VASQUEZ, 2003, p. 194).
Agir por dever é atuar simplesmente conforme a lei moral que se anuncia nos
imperativos universalizáveis e é boa a aspiração que age desta maneira, movida pelo
sentimento do dever, independentemente de condições e circunstâncias, interesses ou
inclinações.
A Teoria Kantiana é rígida em relação à exigência da universalidade das normas
morais. Independente das implicações que pode haver em relação às atitudes tomadas, todo o
ato deve ser realizado por dever e não por impulso.
Tal teoria é criticada, pois há dificuldade em constituir-se o que realmente sejam os
princípios universais.
2.4 – Teoria Contratualista
Essa teoria parte da hipótese de que o ser humano admitiu com seus semelhantes a
obrigação de se comportar de acordo com princípios morais para poder coexistir numa
18
coletividade. Os conceitos éticos seriam extraídos das regras morais que transportassem à
perpetuação da sociedade, da paz e da harmonia do grupo social.
Tal teoria está baseada nas idéias de John Locke (1632-1704) e Jean Jacques
Rousseau (1712-1778), os quais acreditavam que, através da política geral ou contrato social,
tais regras seriam impostas e conseqüentemente seguidas por toda a sociedade, sempre
levando em consideração o bem comum.
Rousseau deixa claro que tais preceitos devem originar-se do que ele mesmo chama
de “Vontade Geral”, ou seja, a formulação do pacto a ser seguido por toda a coletividade deve
ser transparente de tal modo que todos saibam o que está sendo destacado.
Esta Teoria privilegia o contrato social abandonando qualquer autonomia ao poder
político, assegurando a idéia da unificação contratual – o contrato é só social –, eliminando
qualquer risco de competição entre fontes contratuais de quem domina. O atuante político se
vê diminuído a uma colocação de magistrado. A principal crítica a tal teoria fundamenta-se
nas mudanças das regras morais aplicáveis a certos grupos sociais.
2.5 – Teoria do Relativismo
Defende que cada pessoa deve determinar sobre o que é ou não ético, baseado nas
suas próprias convicções e na sua própria compreensão sobre o bem e o mal. Deste modo o
que é ético para um pode não o ser para outro.
As normas que são eficazes e/ou válidas numa situação são inúteis em outra. A ética
relativa reconhece que a idéia de certo e errado é uma questão geográfica.
Conforme Adolfo Sánchez Vázquez, em seu livro Ética, a definição de relativismo é
que “diferentes comunidades julgam de maneira diferente o mesmo tipo de atos ou postulam
diversas normas morais diante de situações semelhantes”. Partindo deste princípio faz-se
necessário buscar o motivo destas diferenças na variedade de interesses e necessidades de tais
comunidades.
19
Esta teoria se ampara na idéia de que os valores morais se alteram muito de povo
para povo e de cultura para cultura. Levando-se em consideração uma visão empresarial, é
certo dizer que “à medida que as empresas se internacionalizam, aumenta a probabilidade dos
contatos e negociações com pessoas que endossam sistemas éticos completamente distintos. O
fato de que há culturas gerenciais distintas, com sistemas de valores distintos, significa que
não há soluções simples para os dilemas éticos dos negócios internacionais” (HANNAGAN,
apud, MAXIMIANO, 1997, p. 300).
O Relativismo anuncia que os juízos morais se justificam pelo contexto social
correspondente, ou seja, ele também pode, conforme a teoria anterior, ser usado para justificar
as ações que não são compatíveis com a concepção coletiva de moral.
Todas as teorias aqui apresentadas revelam que os conceitos ou normas éticas
precisam ser formados tendo em vista todas elas (teorias), porém sem se fixar a uma em
especial. Entretanto, para ser aceito, cada conceito ético precisa claramente encontrar amparo
em pelo menos uma teoria.
Os valores formam a base dos Códigos de Ética. São eles quem dirige o
comportamento ético, e que admitem classificar os comportamentos dentro de qualquer
grandeza de desenvolvimento moral; foram e continuam sendo propostos por filósofos e
diversos tipos de líderes.
20
CAPÍTULO 3 - DEFINIÇÃO DE ÉTICA
“A ética se relaciona estreitamente com as ciências do homem, ou ciências sociais, dado que o comportamento moral não é outra coisa senão uma forma específica do comportamento do homem, que se manifesta em diversos planos: psicológico, social, prático, utilitário, jurídico, religioso, ou estético”. (VÁZQUEZ, 2003, p. 33)
Vinda do grego ethos a palavra ética significa “modo de ser” ou “caráter” e
“costume”, baseia-se num modo de comportamento que não corresponde a uma disposição
natural, mas que é adquirido ou conquistado por hábito.
Ética é a disciplina ou campo do conhecimento que trata da definição e avaliação do comportamento de pessoas e organizações.A ética lida com aquilo que pode ser diferente do que é, da aprovação ou reprovação do comportamento observado em relação ao comportamento ideal.(MAXIMIANO, 1997, p.428).
A ética constitui o comportamento apropriado e as formas de promovê-lo segundo as
concepções vigentes na sociedade como um todo ou em grupos sociais específicos. É a
ciência que estuda os valores morais do comportamento humano.
“A ética é uma decisão (disciplina) de correspondência ao ser livre que devemos ser.
É a ciência da responsabilidade de nosso ser. Aqui, o homem não é tema no sentido de um
fato da natureza, o que ocorre no mundo como as demais (pedras, animais, plantas) sem
destaque especial. Aqui, o homem se experimenta enquanto age sobre os outros e em si
mesmo. Aqui, na ciência ética, ele se compreende como responsável que assume o seu ser e
toma nas mãos o seu destino”.(BUZZI, 1993, p.19)
A determinação ética pretende desvendar a realidade e trazê-la toda para o convívio
humano, para junto de si. Na medida em que se pratica corretamente o coexistir é merecida a
21
harmonia do ser com ele mesmo e com todos os demais seres. Os antigos davam a essa
convivência harmoniosa o nome de éthos, e à ciência ou disciplina de conquista dessa
morada, “ética”. Entende-se então que o comportamento ético é sempre individual e somente
a ação humana individual é capaz de valoração moral.
A Dra. Maria Cecília Coutinho de Arruda (2003, p. 40) define a ética como “a
ciência voltada para o estudo filosófico da ação e conduta humana, considerada em
conformidade ou não com a reta razão”.
Direcionada para a retidão moral dos atos humanos, a ética é uma ciência prática de
estilo filosófico. Sob essa visão, sabe-se que o conhecimento não tem sentido em si, mas sim,
por dirigir-se à ação buscando o proveito do homem.
De modo apropriado, a inteligência adverte a bondade ou malícia dos atos livres, haja
vista o arrependimento ou contentamento que se experimenta por ações livremente realizadas.
A dúvida é sempre se tal ação é boa ou má à resposta a tais questões que conduzem ao estudo
cientifico dos atos humanos enquanto bons ou maus.
“Ética é a parte da filosofia que estuda a moralidade do agir humano, quer dizer,
considera os atos humanos enquanto são bons ou maus”. (RODRIGUES, apud, ARRUDA,
2003, p. 42). A ética parte de um determinado grupo de fatos, visando descobrir os princípios
gerais dos mesmos.
Relacionada com outras ciências que, sob diversos ângulos, estudam as relações e o
comportamento dos homens em sociedade, a ética tende a estudar um tipo de fenômeno que
se verifica realmente na vida do homem como ser social.
22
CAPITULO 4 – A ÉTICA NAS EMPRESAS
“A moral, a política, a economia, a estética, a religião... são fenômenos éticos, são atividades altamente organizadas onde empenhamos todas as energias para chegar à realização da existência no mundo livre e feliz”. (BUZZI, 1996, p. 20)
A palavra ética é definida perfeitamente na visão empresarial como sendo a parte da
filosofia que estuda os valores morais e os princípios ideais da conduta humana, conjunto de
princípios morais que se devem observar no exercício de uma profissão.1
“Ética empresarial compreende princípios e padrões que orientam o comportamento
no mundo dos negócios”. (FERREL, 2001, p.7).
Segundo Maximiano (1997), “ética é a disciplina ou campo do conhecimento que
trata da definição e avaliação do comportamento de pessoas e organizações”. Esses
comportamentos serão aqui observados olhando-se diretamente pelo convívio empresarial ao
que se chama Ética Empresarial. A Ética Empresarial não é uma ampliação da própria ética
pessoal do indivíduo. Os valores pessoais e a filosofia moral do indivíduo compõem apenas
um fator no processo de tomada de decisões éticas. Normas morais podem ser relacionadas a
uma grande variedade de situações na vida e algumas pessoas não conseguem distinguir
questões éticas do dia-a-dia de questões empresariais. A finalidade é a aplicação de regras e
princípios no contexto empresarial.
1 Dicionário Michaellis
23
A discussão sobre a ética envolve e discute numerosos aspectos da administração das
organizações e de suas relações com a sociedade. Tais aspectos podem ser classificados em
algumas categorias principais conforme Maximiano (1997, p. 306).
- Social: As questões éticas se relacionam com a própria presença, a ação e o resultado das organizações na sociedade. - Stakeholder: “É o conceito alternativo de shareholder (acionista). São pessoas que estão associadas direta ou indiretamente à organização ou que sofrem algum de seus efeitos: clientes, fornecedores, distribuidores, funcionários, ex-funcionário e a comunidade, à medida que são afetados pelas decisões da administração”. (Maximiano, 1997, p.306). - Política Interna: Abrangência das relações da organização com seus funcionários. Muitas deliberações que as empresas e outras organizações devem fazer todos os dias são afetadas por várias indagações éticas. Liderança, motivação, planejamento de carreira, movimentação de pessoal e conduta profissional são assuntos que envolvem questões éticas.
- Individual: Forma como as pessoas devem tratar umas às outras. As determinações nesse aspecto têm grande impacto sobre o ambiente organizacional e a qualidade de vida observada pelos funcionários, porque os alcançam mais de perto em assuntos pessoais.
Sabe-se que o método de administrar é próprio a qualquer circunstância em que haja
pessoas utilizando recursos para chegar a algum objetivo. As pessoas se encontram no núcleo
do processo administrativo. Elas tomam decisões, compartilham a ação decisória com outras
pessoas ou são afetadas pelas decisões que outras tomam. Uma vez que as empresas são
culturalmente diversificadas e os valores pessoais precisam ser respeitados, o consentimento
geral sobre o que seja ética empresarial é tão fundamental quanto outras decisões.
Para cumprimento do serviço atribuído a um colaborador, duas coisas são
necessárias: conhecimento do assunto e ambiente de ação. Onde se tem conhecimento das
implicações do próprio agir e do espaço de ação é que pode ser exigida a responsabilidade
ética. A disposição em assumir responsabilidade é capaz de fazer com que o encarregado de
uma decisão se torne responsável. A difusão do conhecimento possui não somente um valor
intrínseco, mas serve também à empresa: colaboradores mais bem informados possuem
melhores condições para na solução de problemas mais abrangentes, incluírem suas
experiências particulares, seus conhecimentos e desenvoltura. De uma transmissão de
informação fortemente fragmentada surgem consideráveis ameaças para a composição ética
do agir coletivo: surge uma indesejável influência sobre a capacidade do indivíduo em avaliar
as conseqüências integrais de seu agir, e inclusive um empecilho para assumir a
responsabilidade direta. Quando as pessoas já não podem perceber no resultado final as
24
conseqüências imediatas de seu agir de motivação ética positiva, cresce a convicção de que
nada é possível se alcançar como indivíduo. Com isto deixa de haver um importante impulso
para configurar as coisas de uma maneira eticamente refletida.
A ética individual e a ética organizacional não devem ser lançadas uma contra a
outra. O campo de tensões existente pode ser apresentado como segue: em uma empresa,
quanto mais os colaboradores possuem espaço de decisão de responsabilidade própria, tanto
mais a ética empresarial é marcada pela ética individual; quanto mais despedaçado o
andamento das ações, e quanto mais autoritários, tanto mais a brutalidade estrutural passa a
ser um problema. A implicação para a organização é clara: as empresas têm que causar o
desenvolvimento profissional e pessoal de seus colaboradores, concedendo-lhes o máximo de
autonomia para que obtenham as metas que lhes são indicadas, criando-lhes os espaços livres,
que favorecem a criatividade, a motivação e a qualidade ética de suas ações. Quanto mais
plana a hierarquia, tanto mais autorização e responsabilidade autônoma para os colaboradores,
tanto mais descentralizada a capacidade de decisão, tanto maior o espaço ocupado pela ética
particular dos empregados. O aumento da autoridade e dos ambientes de crítica e uma maior
autonomia cooperam para promover o potencial inovador e criativo de todos os colaboradores
da companhia.
Empregados que têm opinião ética se esforçam para conservar o sigilo nos
relacionamentos, cumprir obrigações e responsabilidades e impedir uma coação inaceitável
sobre outras pessoas, que poderiam levá-las a agir de maneira antiética.
Regras são necessárias para a padronização do comportamento e para garantir
eqüidade de tratamento. Uma intenção importante da regulação burocrática é a uniformização
da conduta. A racionalidade está no entrosamento da conduta humana e de sua influência
sobre o desempenho das organizações. “A organização é um sistema de atividades ou forças
de duas ou mais pessoas coordenadas conscientemente”. (BARNARD, apud, MAXIMIANO,
1997, p.301). As organizações sempre têm um propósito moral.
Visando o lucro, a empresa, como unidade econômica, utiliza-se dos fatores técnicos
da produção: a natureza, o capital e o trabalho para gerar um resultado que é um serviço, um
bem ou um direito que posteriormente serão vendidos, porém a única forma de obter lucro
25
com a concordância da moral é tendo um comportamento ético em todos os seus
relacionamentos, especialmente com seus stakeholders, ou seja, clientes, fornecedores,
competidores e seu mercado, empregados, governo e público em geral.
“A ética empresarial é o comportamento da empresa entidade lucrativa quando ela
age de conformidade com os princípios morais e as regras do bem proceder aceitas pela
coletividade (regras éticas)” (MOREIRA, 2002, p. 28).
“A boa empresa não é apenas aquela que apresenta lucro, mas a que também oferece
um ambiente moralmente gratificante, em que as pessoas boas podem desenvolver seus
conhecimentos especializados e também suas virtudes”. (ARRUDA, 2003, p.57).
A atuação com ética faz com que os direitos de terceiros sejam sempre respeitados
pela empresa. Com isso, o rendimento gerado para o acionista não fica suscetível a
eventualidades futuras. Os vínculos de parceira empresarial se facilitam e se estabilizam
mediante a comportamentos éticos quer com clientes, fornecedores ou ainda com sócios
efetivos ou potenciais. Isso, devido ao respeito que um causador ético gera em seus parceiros.
Uma empresa ética se compromete em custos menores do que uma antiética. A
empresa ética não faz pagamentos ilícitos ou imorais, como suborno e compensações
indevidas, etc. Exatamente por não fazê-los, ela consegue colocar em prática uma avaliação
de desempenho de suas áreas operacionais mais precisa do que a empresa antiética.
Os custos de atos antiéticos ou fraudulentos cometidos por empregados causam
prejuízos à organização. Ao instituir como regra e executar uma conduta ética, a empresa
coloca-se em posição de exigir o mesmo de seus empregados e administradores, podendo
cobrar desse grupo maior lealdade e dedicação. O ato de conceder o seu trabalho a uma
organização que atua com ética constitui-se para o empregado em um equilíbrio intangível de
valor inestimável. A conduta ética dentro e fora da empresa torna possível a redução dos
custos de coordenação; isso permite aos clientes externos produtos com qualidade e baixo
custo.
26
A ética empresarial coopera e, diante de tantos aspectos positivos, encoraja
profissionais, instituições públicas e privadas a iniciarem esforços organizados para o
combate à corrupção, pobreza e injustiça social.
Para se compreender as inter-relações que se estabelecem entre os indivíduos e os grupos sociais, é mister pensar na sociedade como tal, e na ordem social em si. Toda a sociedade depende dos homens que a integram e dos fatores que lhe dão vida e que causam sua atividade. A teoria da sociedade e a Ética social permitem compreender a natureza, o fim e a ordem da vida social. Esta é a razão do estudo da filosofia e da conduta humana, pela Ética, já que as empresas, as organizações ou instituições são agentes da sociedade que dependem de homens de caráter bem formado, livres, inteligentes, competentes e eficazes. (ARRUDA, 2003, p.49).
27
CAPÍTULO 5 – CÓDIGO DE ÉTICA
“O erro se estende desde o mais comum engano, inadvertência, erro de cálculo até o desgarramento e o perder-se de nossas atitudes e nossas decisões essenciais” (HEIDEGGER, apud, BUZZI, 1996)
5.1 - Conceito
A conduta ética pode ser incentivada pelo estabelecimento de padrões de conduta na
empresa. Os padrões podem assumir a forma de programa de ética ou de declarações sobre a
política da empresa quanto a certas práticas questionáveis. Ao resolver seguir a maneira ética
em seus relacionamentos, a empresa deve incluir sua decisão em um documento interno que
geralmente é denominado como Código de Ética.
As pessoas que fazem parte de uma organização possuem formações culturais e
científicas distintas; diferentes experiências sociais e opiniões sobre os acontecimentos da
vida. A empresa contemporânea opera em cenários cada vez mais complexos, praticando
operações inovadoras, mesmo quando reproduzem atividades antigas.
“O Código de ética tem a missão de padronizar e formalizar o entendimento da
organização empresarial em seus diversos relacionamentos e operações. A existência do
Código de Ética evita que os julgamentos subjetivos deturpem, impeçam ou restrinjam a
aplicação plena dos princípios” (MOREIRA, 2002, p.33).
O comportamento ideal é definido por meio de um código de ética implícito ou
explícito para que haja uma semelhança na forma de conduzir questões específicas relativas
28
aos seus stakeholders. Os códigos de conduta são explícitos, como os juramentos que os
administradores fazem; ou implícitos, como a “obrigação” que sentem os indivíduos em
cumprir com um dever assumido mesmo que tenha havido contratempos que o
impossibilitassem de ser cumprido.
Códigos de ética são conjuntos de regras de comportamento que procuram
proporcionar diretrizes para decisões e estabelecer a diferença entre o adequado e o
censurável. A elaboração de códigos organizacionais de ética se tornou prática e relativamente
corriqueira a partir dos anos 80, quando as grandes empresas começaram a implantá-las.
O conceito ou princípio ético é um regulamento aplicável ao comportamento humano
e possui como particularidades essenciais o fato de dispor-se a adequar à ação humana ao
conceito da virtude e da moral e o de poder ser aplicado pela simples deliberação do ser
humano independente de qualquer coação externa.
A virtude não se refere apenas à composição moral do indivíduo, ela sempre se
desenvolve na totalidade de um intercâmbio entre o indivíduo e sua comunidade de ação
social, levando em conta essa interação.
Quando aceito, implantado de forma correta e regularmente obedecido, pode compor
uma prova legal da determinação da administração da empresa, de acompanhar as normas
nele refletidas.
5.2 – Objetivos
Cada empresa mantém, de forma clara ou oculta, um sistema de valores, a fim de que
diretores, funcionários, clientes, fornecedores, etc., entendam seus procedimentos e posições
em relação às várias rotinas que norteiam a cultura organizacional.
A criação e adoção do código de ética têm como objetivo envolver a empresa como
um todo, incluindo os seus controladores, sua administração e seus empregados na decisão de
29
adotar a ética como padrão de conduta. Tal adoção deve ter o maior número possível de
princípios éticos.
Os funcionários podem adotar filosofias morais diferentes e ter origens e formações
diversas. Sem políticas e padrões uniformes é provável que eles tenham dificuldade de saber o
que é conduta aceitável na organização.
Conforme O.C. Ferrel, “os códigos de ética – ou declarações formais do que a
empresa espera em matéria de conduta – informam aos funcionários quais os tipos de
comportamento que são aceitáveis ou impróprios”.
Faz-se imprescindível que os funcionários meditem sobre como aplicar os princípios
éticos a cada uma das suas atividades e a cada grupo de relacionamento na organização.
Embora não solucionem problemas éticos, os códigos fornecem regras e diretrizes a serem
seguidos pelos funcionários.
Dentro dos conceitos até então vistos pode-se verificar que um comportamento ético
só traz o bem principalmente para a organização conforme apresentação do quadro abaixo.
Quadro 1 – O papel da ética no desempenho da empresa
(Fonte: Ética Empresarial, O. C. Ferrel, Linda Ferrel e John Fraedrich, 2001, p. 215)
Ambiente Ético
Confiança de clientes e
funcionários
Compromisso dos empregados para com a empresa
Satisfação do
cliente
Qualidade da
empresa
LUCROS
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5.3 – Formalização
Para que haja a formalização dos princípios e valores que a empresa deseja ver,
sendo praticados por seus diretores e funcionários, é necessário entender como aplicar o
Código de Ética com padrões e políticas uniformes, visando a conduta adequada e apropriada
dentro da organização.
O compromisso ético deve partir da diretoria da empresa, a qual deve aceitar e fazer
transparecer seus valores baseados em honestidade, verdade e justiça; mesmo sabendo que
decisões éticas são, por princípio, conflitantes e complexas, pelo fato de que os benefícios das
condutas éticas são em geral intangíveis, e, os custos, imediatos.
Os que são responsáveis pela empresa não escapam de dar sua contribuição própria
para o combate às atitudes antiéticas. Caso tais atitudes ocorram na própria empresa, com
funcionários recebendo pessoalmente porcentagens ou outros favores, isto é pesquisado pelo
comitê de ética interno e punido, se o fato for comprovado. Tratar este acontecimento como
algo ínfimo quando ele assume ativa importância por parte dos funcionários da própria
empresa é uma clara ofensa contra os princípios da razão e da honestidade.
Faz-se necessário a resistência ativa para que não seja observado indiferentemente
um declínio dos costumes o que traz como causa a culpa por omissão. A melhor maneira de
resistência é preservar os funcionários, no ambiente de seu trabalho, dos impulsos a que esteja
expostos frente a ameaça das atitudes antiéticas ativa ou passiva. A prevenção começa onde
os problemas podem surgir, ou seja, nas próprias pessoas. Neste contexto a Comunidade de
Trabalho para Segurança na Economia estabeleceu os seguintes pontos:
- Dar bom exemplo. Evitar tudo que possa levar os funcionários a concluir que as
práticas de atitudes antiéticas são desejadas ou mesmo toleradas.
- Vincular por escrito aos empregados às normas ou códigos que contenham oposição
de atitudes antiéticas, ativa e passiva. Esclarecer que as infrações podem ter
implicações empregatícias.
- Deixar claro se e até onde podem ser aceitos presentes, convites ou outras vantagens.
- Exigir dos funcionários em posições estratégicas explicações sobre relações,
financeiras ou outras, com fornecedores e clientes.
31
- Realizar com os empregados treinamentos sobre perigos de atitudes antiéticas e sobre
como reconhecê-las.
- Designar uma pessoa na empresa com quem os funcionários possam obter
aconselhamento sobre o alcance das proibições penais e da própria firma.
- Designar um comitê onde observações referentes às atitudes antiéticas possam ser
diretamente denunciadas. Deixar claro que tais denúncias não terão nenhuma
conseqüência negativa para o denunciante.
- Informar aos parceiros de negócios sobre as regras que vigoram na empresa e exigir
procedimentos correspondentes.
Toda mudança social deve ter alguém que a ponha em andamento. Toda a empresa,
por uma adequada política empresarial, e todo indivíduo, por um julgamento responsável,
dispõem de espaços livres para atuar de maneira coerente e livre das atitudes antiéticas. É
preciso a todo custo recusar eventuais exigências de costumes que não correspondem a um
princípio ético, mas principalmente não oferecer gratificações antecipadamente. Não existe
dúvida sobre a moralidade de uma tal recusa: a corrupção é prejudicial para os indivíduos
envolvidos, não tem razão de ser para a respectiva empresa e é injusta para com a sociedade
atingida.
“As decisões que fazem com que a empresa adote princípios éticos, aprove e siga um
Código de Ética devem ser tomadas pelo seu mais alto nível de decisão. Geralmente, este
nível é o dos sócios ou acionistas. Em organizações muito grandes, tais decisões podem ser
tomadas pelo Conselho de Administração”. (MOREIRA, 2002, p. 186).
Segundo O. C. Ferrel, “o código precisa refletir o desejo da alta administração de que
a empresa cumpra os valores, as regras e as políticas que sustentam um clima ético”.
(FERREL, 2001, p.163).
A eleição dos princípios que farão parte do Código de Ética, incluindo sua escrita,
deve ser uma atribuição coletiva dos empregados e da administração. A utilização de
assessoria externa especializada pode facilitar e acelerar o processo.
A execução do código precisa do ajuntamento do presidente da empresa, da diretoria
e dos gerentes graduados que o implementarão. O órgão jurídico da empresa deve ser
32
examinado para certificar que o código considera corretamente as principais áreas de risco e
que dificuldades legais potenciais foram calculadas.
“O código que omite atividades específicas de alto risco nas operações diárias da
empresa será inadequado para manter padrões capazes de prevenir má conduta”. (FERREL,
2001, p.164)
A responsabilidade final pelo conhecimento e realização dos princípios que
constarem do código deve ser aplicada a todos e a cada um dos empregados. O código deve
ser específico o bastante para poder restringir o mau procedimento. As medidas repressivas
mínimas e máximas a que estarão sujeitos os que desobedecerem as normas devem fazer parte
expressamente do código.
“A ação corretiva implica premiar empregados que cumprem as políticas e os
padrões da empresa e punir os que não o fazem” (FERREL, 2001, 171).
Os funcionários, quando cumprem os preceitos, devem ser premiados com
reconhecimento público, gratificações, aumento de salário ou outros meios. De igual modo,
quando eles se desviam devem ser repreendidos, transferidos, descontados no salário,
suspensos ou mesmo despedidos da organização.
O. C. e Linda Ferrel e John Fraedrich em seu livro Ética Empresarial (2001)
apresentam um programa criado por Walter W. Manley II que indica as seis etapas para
implementação eficaz de códigos de ética:
1 – Distribuir o código de ética a todos os empregados, subsidiárias e companhias
coligadas;
2 – Ajudar os empregados na interpretação e compreensão da aplicação e intenção
do código;
3 – Especificar o papel da gerência na implementação do código;
4 – Informar aos empregados suas responsabilidades em entender o código e
explicar-lhes os objetivos gerais do mesmo;
5 – Criar mecanismos para apresentação de queixas;
6 – Conter uma conclusão ou declaração final.
33
O Código de Ética deve ser o mais específico possível tanto em relação a princípios
como às atividades típicas da empresa. Sua linguagem deve ser clara e objetiva, de fácil
entendimento e efetiva aplicação. O código de ética tende a trazer virtudes àqueles que o
cumprem. Princípios como respeito à vida e ao meio ambiente, compromisso com a verdade e
com o que é justo, ter respeito ao ser humano, cumprir o que foi prometido etc. fazem com
que as pessoas convivam melhor umas com as outras.
5.4 – Comitê de Ética
Um comitê de ética deverá ser implantado, formado por pessoas dos mais variados
setores e escolhidos por colegas como sendo idôneas. Caberá ao comitê fazer valer os
princípios e diretrizes da empresa, atualizar o código de ética conforme as mudanças
mercadológicas; solucionar e punir, caso seja necessário, as ocorrências relacionadas à ética
na empresa.
Joaquim Manhães Moreira ainda destaca como funções principais da coordenação
geral das atividades relacionadas com a ética, assegurar:
a) que todos possuam e conheçam o código de ética; b) que haja adequado treinamento a todos; c) que os canais de comunicação sejam eficientes; d) que haja auditorias de ética, por ele coordenadas e conduzidas imparcialmente, sempre que necessário; e) que todas as dúvidas e problemas sejam encaminhados e apreciados pelo advogado responsável pela ética; f) que sejam realizadas revisões periódicas das práticas.
Ao comitê cabe a responsabilidade de conceder a alguém, de preferência um
advogado de ética, a responsabilidade por dar aconselhamento em matéria de ética
empresarial. O aconselhamento deverá ser dado em bases consecutivas, mediante a avaliação
de todas as operações da empresa, sob um ponto de vista ético.
Os diretores, gerentes e supervisores deverão receber orientações vindas do comitê
para que procedam como fiscais da ética e se transformem em exemplos da obediência aos
princípios éticos.
34
O dia-a-dia deve ser um parâmetro sempre presente na atribuição de responsabilidade
referente à ética. A certeza do funcionário escolhido efetivamente dispor de tempo para se
dedicar ao tema deve ser requerida como condição essencial.
“Para que um profissional seja escolhido não deve ser suficiente que ele aceite a
missão. Ele deve apresentar entusiasmo com a atividade, ser alguém que demonstre ‘paixão’
pela ética empresarial e gosto pelos procedimentos a ela relativos”. (MOREIRA, 2002,
p.190).
As pessoas outorgadas pelo comitê com tarefas relacionadas à ética, ainda segundo
Moreira, devem ter:
- Mente aberta para idéias e fatos novos;
- Facilidade de elaborar análises imparciais;
- Capacidade de exercer poder formal sem deslumbramento nem excessos;
- Histórico pessoal de obediência ética.
O cargo conferido deve obedecer a uma equivalente autoridade. O funcionário deve
se reportar em assuntos de ética ao nível mais alto da organização, sócio ou acionistas ou
conselho de administração.
“Os membros do comitê de ética devem ter plena consciência de que, por trás das
questões e condutas analisadas, estão pessoas normais, com sentimentos, que têm
compromissos familiares, profissionais ou econômicos e apesar de suas fraquezas e
dificuldades, são dotadas de valores e merecem total respeito. O que se critica é o erro de
conduta, e não a pessoa, que tem o direito de se retratar” (ARRUDA, 2003, p. 67).
5.5 - Comunicação
Canais de comunicação eficientes devem ser criados a fim de que se obtenham a
credibilidade do grupo, através do qual o funcionário possa, conforme Joaquim Manhães
Moreira:
- Esclarecer dúvidas sobre a ética;
35
- Apresentar um relato sobre uma situação que constitua ou possa se constituir
em violação dos princípios éticos.
Toda comunicação referente à ética deverá ser comunicada diretamente ao comitê de
ética, quem registrará adequadamente e a analisará, conforme o caso, e determinará a
realização de uma auditoria ética.
“A função de auditoria interna avalia vários aspectos da ética, incluindo o
cumprimento de diretrizes, procedimentos e regulamentos, o uso econômico e eficiente dos
recursos da empresa e os controles internos dos sistemas de administração”. (FERREL, 2001,
p.165).
O comitê de ética deverá possuir um acesso direto por telefone e/ou correio
eletrônico (e-mail) com a finalidade de receber comunicações dos funcionários com questões
que julgam ser importantes para a análise do ponto de vista ético. Tal comunicação poderá ser
anônima ou identificada; o sigilo é fundamental para a participação de todos.
“O sigilo absoluto no recebimento e processamento das comunicações de ética deve
ser observado, sempre que possível” (MOREIRA, 2002, p. 192).
As pessoas que fizerem comunicação de ética deverão ser protegidas de forma que
possam exibir com liberdade seus pensamentos. As comunicações que forem feitas de forma
irresponsável ou por brincadeira devem ser punidas. Caso a comunicação tenha sido anônima
é possível que seja iniciada uma auditoria ética para apuração dos fatos.
“O caminho mais curto para que a ética passe da teoria à prática é fazer com que
qualquer funcionário sinta que tem crédito, que suas opiniões não são apenas ouvidas, mas
também valorizadas e aplicadas sempre que conveniente.” (ARRUDA, 2003)
5.6 – Obediência ao Código de Ética
O conhecimento dos usos e costumes locais e o ajuste às atuais circunstâncias é uma
necessidade para que se obtenha o êxito numa atividade empresarial, isto, porém, não a
36
qualquer preço, muito menos quando traz como resultado a violação de normas globalmente
válidas.
Moreira (2002, p. 194) indica que “a maneira de fazer o código ser cumprido
consiste em estabelecer um programa de ética constituído por:”
- Treinamento de implantação e reciclagens (no mínimo anuais) dos conceitos
constantes do código;
- Prática de um sistema de revisão e verificação do efetivo cumprimento do código;
- Criação de um canal de comunicação destinado a receber a processar relatos de
pessoas (empregadas ou não) sobre eventuais violações;
- Tomada de atitudes corretivas ou punitivas (inclusive com demissões, quando for o
caso, ou rescisões de contratos com agentes) em caso de constatação de violações;
- Luta clara contra os concorrentes antiéticos, inclusive em juízo se necessária, com a
divulgação interna das ações e resultados.
37
CAPÍTULO VI – RESULTADOS DE UMA EMPRESA ÉTICA
“A ética empresarial tende ao bem mais amplo de todas as pessoas – e para isto é necessário que sejam satisfeitos os objetivos econômicos, pois do contrário ela não poderia cumprir sua finalidade humana”. (LEISINGER e SCHMITT, 2001, p. 183)
6.1 - Duração da empresa
O êxito empresarial compreende mais do que apenas o valor do lucro de cada ano.
Muitas vezes os lucros anuais podem ser substancialmente aumentados sem grandes esforços
da empresa, renunciando-se à segurança futura (por exemplo, cortando investimentos,
projetos de pesquisa ou atividades de formação), porém não há quem busque o êxito
duradouro da empresa através da renuncia, sem necessidade, a investimentos que garantam o
futuro. Pôr em prática as máximas de ética empresarial no dia-a-dia da firma tem o caráter de
um investimento para o futuro. O bom nome de uma empresa é um de seus ativos mais
valiosos – mesmo que não apareça diretamente no balanço, e que somente de uma maneira
sutil desempenha um efeito sobre o lucro comercial, mas o bom nome da empresa não pode
ser alcançado a custo zero.
Colocar em exercício as atividades da ética empresarial exige coragem para
constituir e atribuir padrões elevados, seja na pesquisa, no marketing, nas questões pessoais,
na política salarial, na política ambiental ou no sortimento dos produtos. Exige ainda a
decisão permanente de que em todos os níveis sejam instituídas condições para que tais
padrões possam ser alcançados na prática. Tudo isto acarreta custos e esforços. Para um êxito
duradouro da empresa, os altos lucros provisórios obtidos à custa da sociedade, do ambiente
ou dos colaboradores são de grande inutilidade.
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6.2 - Motivação
Colaboradores não valorizam hoje a empresa unicamente pelo critério do salário que
possam embolsar por seu emprego. Vários estudos baseados na experiência evidenciam uma
linha positiva entre o emprego da ética empresarial e a motivação dos empregados. A empresa
que se esforça pelo cumprimento das ações éticas, por ter uma direção possuidora de
confiabilidade, e que apóie seus funcionários no aproveitamento dos princípios éticos, alcança
maior motivação, e um mais alto grau de identificação, diferente da empresa que
frequentemente se encontra no olho da critica por parte da opinião pública. Relações “frias”
com os empregados nunca constituem uma inspiração para empenhos extraordinários, nem
para aquele engajamento constante imprescindível para chegar a constantes realizações de alto
nível. Para isto se tem necessidade de funcionários com uma forte ligação e uma identificação
emocional com os objetivos da empresa. O que as pessoas almejam não é somente trabalhar
para uma empresa, elas querem inclusive que seu trabalho tenha significado. Desejam
pertencer a instituições para as quais possam olhar com orgulho. Quando os colaboradores
sentem que a empresa se empenha seriamente por elevar sua moralidade de ação, eles vêem
no trabalho mais do que simplesmente uma atividade remunerada. Os objetivos da empresa
passam a ser uma questão pessoal. Onde se atribui sentido ao agir dos empregados, nas
organizações em que as pessoas têm a percepção de prestarem uma contribuição totalmente
pessoal a algo importante, passar a existir não apenas uma maior identificação, como também
uma motivação para trabalhar sempre mais e melhor. As empresas devem evitar mudança de
pessoal, nelas o evento de faltas por motivo de doença é menor. A participação dos
funcionários em todos os planos, associada a um empenho pela ética empresarial, leva a um
significativo progresso de eficiência e a significativas economias. Em contrapartida uma
política empresarial deficitária da questão ética pode implicar em que os funcionários com
uma motivação acima da média desistam, por se demitirem interiormente, ou por
abandonarem a firma.
Tal afirmação não é válida apenas para os funcionários atuais da empresa, mas
também para os futuros: nas sociedades modernas, até mesmo as empresas empregadoras não
são avaliadas apenas pelo que produzem, mas também pelo que representam. As empresas
que sob o ponto de vista ético desfrutam de boa fama são consideradas como empregadoras
mais atraentes em relação àquelas, que na opinião pública, despertam uma atenção negativa.
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Hoje são mais importantes os critérios como a satisfação no trabalho, o bom clima na
empresa, ou uma atividade com sentido.
A postura ética é válida, ao mesmo tempo, nas relações de fora como para dentro da
empresa. Requer que a atitude respeitosa e correta para com todos os colegas e colaboradores
– não importando qual o nível da hierarquia, nem qual o nível de proveito atingido no
momento – seja declaração de vivência da ética empresarial, ou puramente um sinal da
estatura pessoal, de um bom costume ou da boa educação. Nas empresas com configurações
justas e humanas de convivência, em geral impera um ambiente de maior serenidade no
trabalho, os empregados apresentam um grau superior de identificação e um número baixo de
ausências, assim como uma maior presteza para em períodos de crise se doar pela empresa.
Nos tempos difíceis a importância das pretensões ético-empresariais é colocada à prova, pois
exatamente nestes momentos as empresas e sua administração são mais exigidas no que diz
respeito à avaliação ética. Isto é capaz de manifestar-se, pelo fato de a empresa se empenhar
de uma maneira inovadora e criativa para reagir aos problemas econômicos, aquisições, ou
fusões, não por meio de demissões, mas sim, na medida do possível, com aposentadorias
antecipadas, com reaprendizagens ou com a busca de outras possibilidades de colocação.
A identidade empresarial ética só é criada através da percepção de valores assumidos
em comum, e que se expressa em atitudes coerentes em todos os níveis hierárquicos.
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CONCLUSÃO
Conflitos éticos é o que não faltam às empresas. O objetivo de aumentarem seus
lucros se choca com os objetivos de seus funcionários, os quais almejam obter estabilidade e
bons salários. Sendo estabelecidos, numa “via de mão dupla”, os princípios básicos para a
convivência na organização, as empresas só terão a lucrar, com funcionários que “vestem a
camisa”, fornecedores como parceiros, técnicos e clientes fiéis.
Na teoria fica claro o que os padrões éticos na conduta humana podem fazer para
uma organização. Na prática ainda se faz necessário desprover-se de vários “jeitinhos” que
muitas empresas tomam como parte de sua rotina, visando sempre a vantagem competitiva em
relação ao mercado e aos lucros que ele oferece.
Pode-se observar com o estudo aqui apresentado que a ética se faz necessária em
todas as atividades da organização, pois impulsiona o crescimento profissional – mantendo
funcionários satisfeitos por estarem trabalhando numa empresa voltada para padrões éticos de
conduta – e do indivíduo – pois o bom procedimento fornece virtudes em todas as suas ações.
Através das teorias aqui apresentadas voltadas para a filosofia e a ética pode-se
perceber que todo o comportamento humano possui características empresariais distintas,
porém encontram guarida em uma delas (teorias) sendo, então, determinado assim o princípio
moral que doutrina a cada um individualmente.
É indispensável uma volta ao modelo ético, condição essencial para que a empresa se
mantenha firme agradando os seus mais variados públicos. A cultura empresarial e a rotina
diária não são o bastante para garantir a boa conduta dentro da organização. Faz-se importante
uma análise geral do comportamento humano e, conseqüentemente, a implantação do Código
de Ética.
41
Vale ressaltar que o Código de Ética deve ser uma afirmação que envolva todo
público, o qual, de forma direta ou indireta, contribui para o bom desempenho da empresa –
stakeholders – e tenha caráter regulamentador que corresponda a uma ação corretiva.
Resultando do clima ético da empresa, é necessário que haja o maior número
possível de pessoas em sua elaboração, desde os diretores até o operacional, a fim de retratar
os anseios de seus feitores e possibilitar um trabalho harmonioso. Um código de ética não
deve existir se a intenção é cumprir uma exigência – assim como são os procedimentos num
processo de qualificação. Ele deve ser aderido e vivenciado em todos os seus itens.
Este estudo veio enfatizar a necessidade de todas as empresas em formalizar e manter
uma conduta ética. Foram descritos os principais pontos que levam à sua criação. Códigos de
ética fazem parte do sistema de valores que dirigem a conduta das pessoas, grupos e das
organizações e seus administradores. O conhecimento da ética e às decisões individuais e
organizacionais que são adotadas com base em qualquer código de ética, refletem os valores
vigentes na sociedade.
42
BIBLIOGRAFIA
ARRUDA, Maria Cecília Coutinho de; WHITAKER, Maria do Carmo; RAMOS, José Maria Rodriguez. Fundamentos de ética empresarial e econômica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2003. 201 p. FERREL, O. C.; FRAECHICH, John; FERREL, Linda. Ética empresarial: dilemas, tomadas de decisões e casos. 4. ed. Rio de Janeiro: Reichmann e Affonso, 2001. 420 p. MOREIRA, Joaquim Manhães. A ética empresarial no Brasil. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. 246 p. OLIVEIRA, Manfredo A. de (Org.). Correntes fundamentais da ética contemporânea. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2001. 255 p. PENNINGTON, Randy; BOCKMON, Marc. A ética nos negócios. Rio de Janeiro: Objetiva, 1992.172 p. SÁ, Antonio Lopes. Ética profissional. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2004. 260 p. VÁRIOS autores; ASHLEY, Patrícia Almeida (coord.). Ética e responsabilidade social nos negócios. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. 340 p. KLAUS, M. Leisinger; KARIN, Schmitt. Ética empresarial, responsabilidade global e gerenciamento moderno. Petrópolis: Vozes, 2001. 231 p.
43
ATIVIDADES CULTURAIS
44
ÍNDICE
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 09
CAPÍTULO 1 – CULTURA ORGANIZACIONAL .......................................................... 10
CAPÍTULO 2 – CORRENTES FILOSÓFICAS ................................................................ 14
2.1 – Teoria do Fundamentalismo ........................................................................................... 15 2.2 – Teoria do Utilitarismo .................................................................................................... 15 2.3 – Teoria do dever ético ...................................................................................................... 16 2.4 – Teoria Contratualista ...................................................................................................... 17 2.5 – Teoria do Relativismo .................................................................................................... 18
CAPÍTULO 3 – DEFINIÇÃO DE ÉTICA ......................................................................... 20
CAPÍTULO 4 – A ÉTICA NAS EMPRESAS .................................................................... 22
CAPÍTULO 5 – CÓDIGO DE ÉTICA ................................................................................ 27
5.1 – Conceito ......................................................................................................................... 27 5.2 – Objetivos ........................................................................................................................ 28 Quadro 1 – O papel da ética no desempenho da empresa ....................................................... 29 5.3 – Formalização .................................................................................................................. 30 5.4 – Comitê de ética ............................................................................................................... 33 5.5 – Comunicação .................................................................................................................. 34 5.6 – Obediência ao Código de Ética ...................................................................................... 35
CAPÍTULO VI – RESULTADOS DE UMA EMPRESA ÉTICA .................................... 37
6.1 – Duração da empresa ....................................................................................................... 37 6.2 – Motivação ....................................................................................................................... 38
CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 40
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................... 42
45
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES Instituto de Pesquisa Sócio-Pedagógicas Pós-Graduação “Latu Sensu” Título da Monografia: Código de Ética: a doutrina que regulamenta a
empresa.
Data da entrega: ______________________
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Avaliado por: _________________________________ Grau ______________ .
Rio de janeiro, ____ de _______________ de 2007.