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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM QUEM É O SUPERVISOR EDUCACIONAL? NOVOS PARADIGMAS Por: Thaís Cuba Cardoso Nunes Orientador Prof. Mary Sue Carvalho Pereira Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

QUEM É O SUPERVISOR EDUCACIONAL?

NOVOS PARADIGMAS

Por: Thaís Cuba Cardoso Nunes

Orientador

Prof. Mary Sue Carvalho Pereira

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

QUEM É O SUPERVISOR EDUCACIONAL?

NOVOS PARADIGMAS

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Administração

e Supervisão Escolar.

Por: Thaís Cuba Cardoso Nunes

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AGRADECIMENTOS

.... à amiga Cíntia, pois por incentivo e

constante apoio dela fiz este curso de

Pós-graduação até o fim. Uma amizade

que surgiu no mesmo ano deste curso,

mas que certamente não terá fim.

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DEDICATÓRIA

.....à todos que tornam a minha vida mais

feliz e significativa, à todos que me amam

e que sempre se lembram de mim com

carinho, meu marido, minha família, meus

amigos...

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RESUMO

Este trabalho tem como objetivo apresentar um histórico da

supervisão ao longo dos anos, desde o surgimento da função até a atualidade;

compreender quais são as suas atribuições e evidenciar a importância do

supervisor no contexto escolar.

O trabalho está organizado em três capítulos. O primeiro capítulo, A

supervisão escolar em contexto histórico, tratará do surgimento da função

sutilmente na Antiguidade e um pouco mais visível na Grécia com a presença

do pedagogo, bem como seu surgimento aqui no Brasil.

Ao longo dos anos a função de supervisor educacional foi tomando

diferentes formas e quase desapareceu até chegar ao que é hoje. Por isso, o

segundo capítulo, Quem é o supervisor educacional? Novos Paradigmas

apresentará as atribuições do supervisor educacional moderno, segundo

especialistas na área como Celso Vasconcellos, Mary Rangel, Naura Syria

Carapeto, Demerval Saviani, dentre outros.

O terceiro capítulo, A supervisão escolar em contexto histórico,

abordará a função do supervisor em três vertentes importantes: no

planejamento do ensino, na formação continuada e nas relações interpessoais.

Quanto ao planejamento do ensino, este trabalho abordará a função

do supervisor na organização do trabalho pedagógico, desde a construção do

Projeto Político Pedagógico e o planejamento do currículo da escola até o

cotidiano da sala de aula, assessorando os docentes no planejamento e

execução das aulas e sua atuação na formação continuada dos profissionais

da escola, visando à qualidade no ensino e o sucesso na aprendizagem.

Espera-se que este trabalho monográfico auxilie para a

compreensão do papel do supervisor educacional na escola, esclarecendo

muitas dúvidas que ainda existem sobre este personagem importante na área

da educação.

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada para elaboração deste trabalho monográfico

inclui coleta de dados, pesquisa bibliográfica sobre o tema abordado, leitura de

livros, artigos de revistas, entrevistas e trabalhos acadêmicos.

Inicialmente realizou-se a seleção da bibliografia para estudo e

pesquisa e todo material através da internet e biblioteca pessoal seguida da

leitura e estudo de todo material selecionado.

A partir daí, pode-se organizar o conteúdo a ser apresentado nos

capítulos deste trabalho com a estruturação do sumário.

Todo matéria relevante lida ao longo da elaboração desta pesquisa

foi acrescentada ao trabalho.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 8

CAPÍTULO I

A SUPERVISÃO ESCOLAR EM CONTEXTO HISTÓRICO ..................................................... 10

CAPÍTULO II

QUEM É O SUPERVISOR EDUCACIONAL? NOVOS PARADIGMAS ................................... 19

CAPÍTULO III

AS ATRIBUIÇÕES DO SUPERVISOR EDUCACIONAL ......................................................... 29

CONCLUSÃO .................................................................................................................... 36

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA .......................................................................................... 39

BIBLIOGRAFIA CITADA .................................................................................................... 40

ÍNDICE ............................................................................................................................. 41

FOLHA DE AVALIAÇÃO .................................................................................................... 42

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INTRODUÇÃO

A supervisão surgiu no contexto histórico ainda na Antiguidade e

essa função e, atualmente profissão, foi tomando diversas formas ao longo dos

anos, assumindo um papel relevante na educação.

Inicialmente, a função surge da necessidade de vigiar e controlar,

instintivamente, sem títulos ou consciência da existência desta função. Mas

com o desenvolvimento da sociedade moderna, assume o papel de professor

pesquisador, articulador do ensino que faz a transposição da teoria para a

prática escolar, fundamentando o pensar e o fazer dos docentes, refletindo no

trabalho que é feito na sala de aula e no sucesso dos alunos

O Supervisor Escolar procura direcionar o trabalho pedagógico

visando a qualidade do ensino. É um profissional importante para o bom

desempenho da escola, integrando os profissionais que dela fazem parte

através de um trabalho pautado na parceria e não na submissão. Além de

integrador do coletivo, tem a função de agente de intervenção e transformação

da realidade escolar e de cada indivíduo que a compõe.

Portanto, para favorecer as relações interpessoais há a necessidade

de uma postura profissional por parte do supervisor, tendo em vista que como

elemento e líder de um grupo, devem prezar pela ética e a integração deste

grupo, evitando atritos nas relações entre corpo docente e na relação do corpo

docente com a gestão da escola. Necessita ter um perfil cooperador, dinâmico,

acessível, atencioso, criativo, facilitador, empático e seguro.

Atualmente, cabe também a escola formar cidadãos autônomos,

críticos,questionadores, capazes de agir e interagir na sociedade da qual fazem

parte. Por tantas responsabilidades sociais, muitas vezes o supervisor

necessita ser um visionário, sonhador, uma vez que seu trabalho junto com o

corpo docente só apresenta resultados no futuro.

Dá-se muita evidência ao papel do diretor e do professor. Com

tantas atribuições, para muitos ainda não é claro quem é o Supervisor Escolar.

De fato, ele atua por trás dos bastidores.

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Confundindo os papéis, dão-se muitos nomes à profissão: supervisor

educacional, coordenador pedagógico, supervisor escolar, orientador, muitas

vezes encarado como um inspetor pelos professores, alunos e comunidade.

Afinal quem é essa figura na escola? Quais são suas verdadeiras atribuições?

Diante dessa realidade, o tema deste trabalho é o papel do

supervisor escolar atual na gestão do ensino e sua responsabilidade no

planejamento do Projeto Político Pedagógico, do currículo e da formação

continuada dos profissionais da instituição.

Através deste estudo, buscam-se as respostas a essas questões

definindo suas atribuições no cenário moderno.

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CAPÍTULO I

A SUPERVISÃO ESCOLAR EM CONTEXTO HISTÓRICO

Na Antiguidade, a função supervisora já se fazia presente em

sociedades primitivas, quando ainda não havia divisão de classes. O supervisor

era representado pelo adulto que, produzindo sua existência, aprendia e

ensinava, se educava e educava os menos experientes, geralmente as

crianças e os jovens, exercendo vigilância sobre eles, protegendo-os e

orientados pelos exemplo.

Saviani (1999) explica que quando o homem se fixou na terra, surge a

propriedade privada. A sociedade se dividiu em classes, dando origem aos

proprietários – a classe dominante e aos não proprietários – a classe dominada

(servos ou escravos).

Assim, a classe dominada trabalhava para a sua própria subsistência e,

principalmente, para a da classe dominante que, como trabalhava menos,

possuía mais tempo livre para lazer e outras atividades. Daí, o surgimento da

escola, “o lugar do ócio” em grego, criada para a educação daqueles que

tinham uma posição privilegiada e tempo livre para frequentar. A classe

dominada era educada pelo trabalho e mesmo nesta vertente da educação

vemos o supervisor na figura do “capataz”.

Na Idade Média, esta situação permanece com os senhores feudais

como classe dominante e seus servos como classe dominada. A escola era

uma estrutura simples, baseada na relação do mestre e seus discípulos.

Na Grécia clássica, por volta do século V a.C, a escola como instituição,

estava baseada em princípios administrativos levando em conta a cultura e a

vida social das pessoas.

A escola podia ser um cenáculo (um espaço para orações e debates) ou

colégio, a escola nos moldes como conhecemos hoje. E neste espaço, sem ser

chamado de Supervisor Escolar, vemos o escravo que estimula e controla a

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11 criança na aprendizagem de sua cultura, seus conceitos, sua linguagem e seu

código escrito.

1.1 - A Supervisão Escolar na Grécia

“Supervisão (su. per.vi. são) s.f. 1. Ato ou efeito de

supervisionar. 2. Direção ou controle de um trabalho,

atividade,etc.(Dicionário de Língua Portuguesa da Academia

Brasileira de Letras, 2010)

A manifestação mais nítida do supervisor na história antiga é na

Grécia, na figura do pedagogos ou pedagogo, um profissional da Paidéia,

termo dado a educação de meninos da classe dominante, comum em Esparta,

uma cultura construída a partir da educação.

O pedagogo era um escravo subordinado ao rei que conduzia

crianças e jovens ao local de aprendizagem, onde eram doutrinados não para

ofícios, mas para obedecer e respeitar regras rigorosamente estabelecidas.

Aprendiam a lutar, a falar e escrever bem e treinavam a liberdade e a nobreza,

dentro dos limites dos ideais gregos.

Por ser escolhido pelo rei, o pedagogo devia supervisionar (vigiar e

controlar) e às vezes limitar o conhecimento transmitido pelos mestres

(professores) à criança ou jovem sob sua responsabilidade. O rei lhe concedia

autonomia para vetar qualquer ideia que fosse contrária aos padrões

ideológicos da época e da cultura grega. Aí, vemos claramente a ação de

supervisão.

Vale destacar que o único critério para ser pedagogo era ser

escolhido pelo rei. Por isso, não havia preocupação com a formação desse

indivíduo. Além do mais, ele não deixava de ser um escravo. Para exercer esta

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12 função não necessitava de formação erudita, uma vez que não era o mestre e

sim um mero um inspetor.

Com as transformações na cultura grega, a educação também sofre

mudanças, tornando-se menos pragmática, mais sistemática e humanística. Na

fusão das culturas grega e romana, coube ao supervisor ser mais rigoroso ao

exercer seu papel de vigia e fiscal.

Assim, os pedagogos “supervisionavam”, ou melhor, “fiscalizavam”

as atividades educativas e a metodologia aplicada pelos magisteres

(professores) no ensino das crianças para que não fosse contra aos padrões

da época.

1.2 – O Supervisor Escolar na Idade Moderna

Com o passar dos séculos, a função de supervisão continua velada

em diversas figuras que tinham a atribuição básica de vigiar, fiscalizar e

controlar.

Na Idade Moderna, sob o capitalismo e a Reforma Industrial, a

sociedade se organiza através de constituições escritas, portanto, torna-se uma

exigência a disseminação da leitura e da escrita.

A conseqüência dessas transformações foi a generalização da

escola, ou seja, a escola é estabelecida como forma principal e dominante de

educação para a formação de uma cultura intelectual que domina o alfabeto.

Na América do Norte e Europa, vemos que a supervisão está muito

ligada ao conceito de industrialização. A escola tem uma estrutura que nos

reporta ao ambiente fabril: o sinal, a organização da rotina em tempos, a

hierarquia e o próprio supervisor, como fruto da necessidade de melhor

adestramento de técnicos para a indústria e o comércio, para inspecionar o

trabalho dos outros, vigiando os trabalhadores na execução de suas funções e

tarefas.

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Com a institucionalização da educação, grandes pensadores

esboçam a ideia de supervisão educacional como Lutero e Calvino entre os

séculos XVI e XVII e igualmente, Comenius e os Padres Jesuítas de Portugal

entre os séculos XVIII e XIX.

1.3 – O Supervisor no Brasil

Com a chegada dos padres da Companhia de Jesus ao Brasil, em

1549, os Jesuítas organizaram um colégio, bem como atividades educativas, a

princípio para os índios. O Padre Manuel da Nóbrega dá ideia de supervisão no

seu Plano de Ensino, mas esta não se manifesta neste momento.

No Plano Geral dos Jesuítas, o Ratio Studiorum, promulgado em

1599, após muitos anos de estudo, continha um conjunto de regras para

provas, disciplinas, alunos e academias, bem com regras para as atividades

dos profissionais envolvidos no processo de ensino: o reitor, o prefeito de

estudos (o supervisor) e os professores.

No Ratio Studiorum fica bem explícita a figura do supervisor

educacional denominado como prefeito dos estudos, um profissional com uma

função específica destacada de outras funções dentro da educação. Trinta

regras regulamentavam esta função e dentre elas Saviani (1999) cita:

§ Organizar os estudos, orientar e dirigir as aulas, de tal arte

que os que as frequentam, façam o maior progresso na

virtude, nas boas letras e na ciência.

§ Lembrar aos professores que devem explicar toda a

matéria de modo a esgotar, a cada ano toda a programação

que lhe foi atribuída.

§ Ouvir e observar os professores... de quando em quando,

ao menos uma vez por mês, assista as aulas dos

professores; leia também, por vezes, os apontamentos dos

alunos. Se observar ou ouvir de outro alguma coisa que

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mereça advertência, uma vez averiguada, chame a atenção

do professor com delicadeza e afabilidade, e, se for mister,

leve tudo ao conhecimento do Reitor.

A expulsão dos Jesuítas do Brasil teve como conseqüência a

extinção do seu plano de ensino e com as reformas pombalinas1, foram criadas

as aulas régias com o alvará de 28 de junho de 1759. Neste alvará

regulamentava-se apenas o cargo de diretor geral de estudos, associando a

função de supervisão à função administrativa, descaracterizando a figura do

supervisor. O professor exercia a função de docente e supervisor.

Ainda na Monarquia, Dom Pedro I, em 1827, institui nas localidades

mais populosas, escolas com a metodologia de ensino mútuo. O professor

ensinava e supervisionava o ensino com o auxílio de alunos monitores, aqueles

mais avançados nos estudos.

Relatando a situação das escolas, o ministro do Império, em 1834,

destaca a necessidade da criação de um inspetor de estudos. Podemos notar

neste fato, a idéia de que a supervisão deve ser realizada por um agente

específico. Neste mesmo ano, surgem a Escola Normal para formar

professores primários.

Em 1854, foi regulamentado o “inspetor geral”, responsável por

supervisionar todas as escolas por meio de delegados ou membros do

conselho diretor todas as escolas e qualquer estabelecimento de instrução

pública ou privada. Ainda aplicava testes em professores para posteriormente

receber o diploma, abrir escolas particulares e realizar revisão em livros.

Com a política do café, em 1896, houve um retrocesso na

institucionalização da função supervisora. O cargo é suprimido, ficando a

inspeção do ensino do Estado, não da escola, sob a responsabilidade de dez

inspetores escolares.

1 Entre 1750 e 1777, Sebastião José de Carvalho, o Marquês de Pombal, estabeleceu uma série de reformas modernizantes com o objetivo de melhorar a administração do Império português e aumentar as rendas obtidas através da exploração colonial, as reformas pombalinas.

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Nos anos 20, pensa-se na educação como questão nacional,

levando às reformas na educação pública. A sociedade brasileira se

desenvolve calcada no capitalismo e na industrialização, exigindo reformas na

educação.

Surge nesta época os profissionais da educação, os técnicos em

escolarização, sob influência das ciências comportamentais na supervisão.

Esse fenômeno é estimulado pela criação da Associação Brasileira

de Educação em 1924, como iniciativa do professor Heitor Lyra e outros

profissionais da educação.

Todos os assuntos relacionados à Educação eram tratados, ainda

em 1925, por uma repartição de nominada Ministério do Império, depois

Ministério da Justiça e Negócios Interiores. Somente em 1930 foi criado o

Ministério da Educação e Saúde Pública.

A reforma pernambucana de 1928 traz um progresso na função de

supervisor. Nagle explica:

“... redigida por Carneiro Leão2, quando este afirma a

prioridade da criação de uma diretoria técnica considerando

que nenhum plano educativo, nenhum programa poderá ser

executado com êxito, se não tiver para dirigi-lo e orientá-lo um

órgão capaz. Para ele, Pernambuco será o primeiro Estado a

com os velhos moldes de confundir, na mesma direção, a parte

técnica e a parte administrativa. E vê enorme vantagem nessa

separação porque, desvencilhado das preocupações

administrativas,...,o Diretor técnico empregará todo o seu

tempo no estudo e na solução dos problemas

técnicos.”(NAGLE,1974)

2 Antônio Carneiro Leão foi educador, professor, administrador e ensaísta, nasceu em Recife/PE, em 2 de julho de 1887, e faleceu no Rio de Janeiro/RJ, em 31 de outubro de 1966. Foi diretor geral da Instrução Pública no Rio de Janeiro (1922 a 1926); fundador da Escola Portugal, em setembro de 1924, e das 20 escolas com os nomes das 20 repúblicas americanas, entre 1923 e 1926, no Rio de Janeiro. Autor da Reforma da Educação no Estado de Pernambuco em 1928; foi Secretário de Estado do Interior, Justiça e Educação do Estado de Pernambuco (1929-1930); diretor do Instituto de Pesquisas Educacionais (1934); criador e diretor do Centro Brasileiro de Pesquisas Pedagógicas da Universidade do Brasil.

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Essa separação entre a parte administrativa e a parte técnica

proposta por Carneiro Leão abre precedentes para a criação do cargo de

supervisor do ensino distinta do cargo de diretor e inspetor. Nessa proposta o

diretor fica responsável pela parte administrativa enquanto a parte técnica fica

a cargo do inspetor, que neste momento, deixa de ser o responsável por

detectar falhas e aplicar punição para ser o orientador da técnica pedagógica, o

supervisor.

A profissão não se firmava, ainda não era possível reconhecer

claramente este profissional na escola. As funções e os títulos se mesclavam e

não se chegava a um denominador comum. Em São Paulo, o inspetor era

denominado supervisor enquanto aquele que exercia a função de orientar o

ensino denominava-se coordenador pedagógico.

Da Reforma Francisco Campos3, nasce em 1931, o Estatuto das

Universidades Brasileiras que cria o curso de Pedagogia com o objetivo de

formar professores e técnicos ou especialistas em educação, um título genérico

para uma habilitação sem funções claramente definidas.

Mas, com a ditadura militar, nosso modelo de supervisão, segundo

Vasconcellos (2009), continua sendo influenciado pelo modelo dos Estados

Unidos, que surgiu no século XVIII, de inspeção escolar: super-visão, visão do

todo, exercendo controle total sobre o movimento dos outros, nos lembrando os

princípios do Taylorismo4.

Enfim, mesmo em meio a ditadura militar, a Lei nº 5564 de 1968

regulamenta a profissão de supervisor educacional e em seguida, no ano de

1969, é aprovado o parecer nº 252, que remodela o curso de Pedagogia.

Em vez de formar, genericamente, técnicos ou especialistas em

educação sem funções definidas, o curso de Pedagogia teria um núcleo de 3 Francisco Luís da Silva Campos foi um jurista e político brasileiro, responsável, entre outras obras, pela redação da Constituição brasileira de 1937, do AI-1 do golpe de 1964 e dos códigos penal e processual brasileiros — que, mesmo com as subsequentes reformas, continuam em vigor. Nascido em 18 de novembro de 1891 em Belo Horizonte, morreu em 1 de novembro de 1968. 4 Taylorismo ou Administração científica é o modelo de administração desenvolvido pelo engenheiro estadunidense Frederick Taylor (1856-1915), que é considerado o pai da administração científica. Caracteriza-se pela ênfase nas tarefas, objetivando o aumento da eficiência ao nível operacional. É considerada um subcampo da perspectiva administrativa clássica. Tem como Princípio de Controle: Supervisão feita por um superior para verificar se o trabalho está sendo executado como foi estabelecido.

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17 disciplinas comum à todos, e após isso, uma formação diversificada: as

habilitações.

Concebidas pela influência da Tendência Tecnicista, as habilitações

visavam especializar em uma função específica que podia ser administração,

supervisão, inspeção e orientação, bem semelhante aos cursos de

especialização que temos atualmente.

Esta foi a ação mais direta e extrema para estabelecer

definitivamente a função de supervisionar o ensino como uma profissão. Neste

contexto, já era evidente a necessidade desse profissional na escola para

orientar e não inspecionar o trabalho dos professores e suas atribuições

começaram a mudar, distinguindo-o das outras profissões.

Entretanto, apesar do avanço na trajetória da função de supervisor e

do reconhecimento deste profissional, na prática, as coisas não funcionavam

bem assim.

A partir da década de 70, mesmo essa figura sendo presente nas

escolas, a habilitação não fazia tanta diferença, uma vez que era e ainda é

comum remanejar professores de diversas formações, mesmo sem esta

habilitação, para exercer o cargo. O único requisito era ser professor.

Porém, a função ganha força com a Lei 5692/71 que ressaltava a

necessidade de um profissional voltado para o processo pedagógico e o

controle de qualidade.

Também, neste mesmo período, mas especificamente em 1979,

ocorre o Encontro Nacional de Supervisores de Educação, onde foi discutido

que o papel do supervisor não é apenas técnico, mas acima de tudo político.

Nos anos 80, houve a intenção de excluir os supervisores do

sistema educacional brasileiro diante do fato de terem se tornado burocratas

passivos, despercebendo sua função política na escola. Mas, as demandas do

cotidiano escolar e as transformações na educação defenderam a permanência

do profissional na escola para organização do pedagógico.

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Nos anos 90, concretiza-se a prática supervisora na escola,

ressignificando seu conceito e o seu valor.

Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 9394 – LDB

valorizou a existência do supervisor, mesmo que não deixando claro suas

competências na escola.

Chegamos então em 2011. A supervisão educacional ou

coordenação pedagógica é uma profissão com características próprias

dissociadas da vigilância, da inspeção e do controle. Mesmo que ainda existam

supervisores e sistemas de ensino que insistam nesta postura arcaica.

Ainda muito se discute sobre o papel desse profissional. Autores

atuais como Celso Vasconcellos, Naura Syria Carapeto e Mary Rangel já

propõe uma nova postura.

Com avanços e retrocessos, a função não se perdeu com o passar

dos anos e com as mudanças políticas. Assumiu novas formas e se

estabeleceu definitivamente junto com outras profissões pertinentes ao bom

funcionamento e desempenho da escola.

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CAPÍTULO II

QUEM É O SUPERVISOR EDUCACIONAL?

NOVOS PARADIGMAS

Podem-se perceber momentos marcantes na história da função

supervisora até se tornar profissão.

§ Na Antiguidade, o supervisor como inspetor e fiscal. Na

Grécia, um treinador, controlando o ensino;

§ Na Idade Moderna, o supervisor vai para indústria com a

influência do capitalismo e do processo de industrialização,

como um capataz inspecionando o trabalho dos operários;

§ No início do século XX, o supervisor depois de muitas

tentativas de profissionalizá-lo, na figura do inspetor geral,

torna-se o controlador do processo de ensino, ainda com a

imagem de fiscal;

§ Nos anos 70 e 80, começa-se a pensar no supervisor como

profissional importante para garantir o sucesso do processo de

ensino, distinguindo-o das funções de professor, inspetor e

diretor.

§ Nos anos 90, o reconhecimento do papel e da importância Du

supervisor que usa técnicas sem ser tecnicista para não

configurar um retrocesso na trajetória da profissão.

Atualmente, no século XXI, como a escola se tornou um espaço

onde todos aprendem e ensinam, o supervisor tornou-se “fundamental” para o

bom desempenho da escola. É o pesquisador, articulador, mediador,

estimulador e organizador das transformações de toda a comunidade escolar.

Trata-se de um especialista que responde pela viabilização,

integração e articulação do trabalho pedagógico diretamente com os

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20 professores, auxiliando-os a planejar situações adequadas aos alunos. Para

CARAPETO (2002) o supervisor educacional é um agente articulador de

práticas educativas visando à qualidade da educação humana para o pleno

exercício da cidadania.

Deixou de ser um técnico isolado, que observa o grupo de fora, para

trabalhar “com” o grupo. Ele é membro da equipe, mas exerce função de

liderança.

2.1 – A Liderança

FAYOL define liderança como:

“É, portanto, a habilidade de motivar e influenciar os liderados,

de forma ética e positiva, para que contribuam voluntariamente

e com entusiasmo para alcançarem os objetivos de equipe e de

organização, dentro do planejamento estratégico

organizacional, e de possível e passível controle.”

No que tange a liderança, o supervisor deve pensar qual tipo será

mais apropriado para o grupo com o qual trabalha:

§ Liderança democrática – compromete os sujeitos de um

grupo pelo vínculo moral, não necessita de severidade, pois

cada um está ciente de suas obrigações. Não significa

liderança liberal. Chamada ainda de liderança participativa é

voltada para a participação das pessoas nas decisões. O líder

procura ser um membro normal do grupo. Ele é objetivo e

limita-se aos fatos nas suas críticas e elogios.

§ Liderança autocrática – é necessária quando o grupo não

tem maturidade profissional. O líder é focado apenas nas

tarefas. Este tipo de liderança também é chamado de

liderança autoritária ou diretiva. O líder toma decisões

individuais, desconsiderando a opinião dos liderados. O líder

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é dominador e pessoal nos elogios e nas críticas ao trabalho

de cada membro.

§ Liderança Liberal – os liderados têm mais liberdade para

agir, indicando uma equipe madura que não necessita de

supervisão constante ou negligência e omissão do líder, onde

falhas e erros não são corrigidos.

§ Liderança Paternalista: as relações interpessoais (líder e

equipe) são similares às de pai e filho. É confortável para os

liderados, mas não recomendável para um ambiente de

trabalho, pois não há equilíbrio. Os liderados são super

valorizados.

Nos parâmetros da supervisão atual a liderança mais adequada

parece ser a democrática, uma vez que a autocrática nos remete ao modelo

antigo e os modelos liberal e a paternalista não se adequam ao novo

paradigma.

2.2 – Uma função e muitas nomenclaturas

“Pensar a ação supervisora é também pensar a maneira como

se intitula, pois o nome é, essencialmente, uma identificação,

uma atribuição de identidade.” (RANGEL, 1998)

A supervisão educacional ou coordenação pedagógica é a prática

profissional de um educador comprometido com os princípios da Constituição

Federal e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 9394 de 20 de

dezembro de 1996.

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A LDB5 faz breves referências ao supervisor sob o Título VI - Dos

Profissionais da Educação:

“Art. 64. A formação de profissionais de educação para

administração, planejamento, inspeção, supervisão e

orientação educacional para a educação básica, será feita em

cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-

graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta

formação, a base comum nacional.

Art.67...

§ 2o Para os efeitos do disposto no § 5o do art. 40 e no § 8o do

art. 201 da Constituição Federal, são consideradas funções de

magistério as exercidas por professores e especialistas em

educação no desempenho de atividades educativas, quando

exercidas em estabelecimento de educação básica em seus

diversos níveis e modalidades, incluídas, além do exercício da

docência, as de direção de unidade escolar e as de

coordenação e assessoramento pedagógico. ”(MEC/BRASIL,

1996)

Por não haver uma definição explícita na lei quanto à função e suas

atribuições, temos diferentes nomenclaturas ou sinônimos para o mesmo cargo

em cada lugar ou rede de ensino. Podemos encontrar:

§ Supervisor Escolar

§ Orientador Educacional

§ Supervisor Educacional

§ Supervisor Pedagógico

§ Orientador Pedagógico

§ Coordenador Pedagógico

5 Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 9394 de 20 de dezembro de 1996. MEC. BRASIL

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Analisando as diversas nomenclaturas, Rangel (1999) defende o

termo supervisão no sentido de visão do geral e não de visão superior, em

termos de hierarquia como nos moldes antigos de supervisão.

Por isso, acredita que a terminologia que melhor se aplica diante da

abrangência das atividades realizadas é supervisão pedagógica, uma vez que

as outras nomenclaturas expressam os significados da função. É o olhar sobre

o pedagógico que oferece condições de coordenar e orientar.

Coordenar é organizar e integrar o trabalho enquanto orientar é

oportunizar o estudo coletivo para analisar a prática a luz da teoria para

encontrar possíveis soluções para problemas que surgem no cotidiano.

Corrêa e Oliveira (2011) já dão outra explicação para esta questão.

Apontam que a supervisor educacional é o profissional em de sistema e o

coordenador é o profissional que atua na unidade de ensino.

O termo especialista em educação já usado anteriormente, não se

aplica exclusivamente ao supervisor porque todos, seja qual for a função ou

profissão, são especialistas a partir do momento que se dedicam às

especificidades de seu trabalho.

É importante lembrar que em muitas escolas há o orientador e o

supervisor, mas há diferenças entre as duas funções.

O orientador educacional tem suas funções voltadas para o aluno,

questões disciplinares e suas relações com ele mesmo, com a comunidade

escolar e a família. É um mediador das relações. Geralmente, sua formação

está mais voltada para a psicologia, psicopedagogia ou assistência social.

O supervisor educacional tem uma atuação mais ampla, além das

necessidades do aluno, é o responsável por planejar e coordenar as ações,

criando condições para que o pedagógico aconteça, em parceria com a equipe

diretiva. Sua formação, geralmente, é na área da pedagogia ou disciplinas

específicas.

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Não só o corpo docente, mas todos os outros profissionais da escola

são de responsabilidade do supervisor no que tange a relação com o aluno,

pois também educam.

O supervisor ou coordenador, sua tarefa é compreender o processo

pedagógico atual, pensar na Tendência Pedagógica mais adequada e

promover articulações necessárias para construir, coletivamente, uma proposta

educativa com o objetivo de desenvolver relações verdadeiramente

democráticas.

2.3 – Características do Supervisor Moderno

Vasconcellos (2009) define o supervisor em aspectos negativos e

positivos. Quanto aos aspectos negativos, ele cita nove características que o

supervisor moderno não é ou não deveria ser:

1. Fiscal de professor

2. Dedo – duro, que entrega os professores para a direção,

antiético ou sem ética

3. Pombo correio, que leva recados da direção para os

professores e dos professores para a direção (o leva e

traz), não deve ser manipulado pelo grupo ou pela direção

4. Coringa, tarefeiro, quebra galho, salva vidas, ou seja,

ajudante da direção, auxiliar de secretaria, enfermeiro,

assistente social ou qualquer outra coisa não relacionada

às suas atribuições

5. Tapa buraco ou substituto do professor em sua ausência

6. Burocrata, que fica as voltas com relatórios, gráficos,

estatísticas e um monte de papel para os professores

preencherem

7. De gabinete, pois está longe da prática e dos desafios dos

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educadores

8. Dicário, que tem dicas e soluções para todos os problemas,

uma fonte inesgotável de técnicas e receitas

9. Generalista, que entende quase tudo de quase nada, não é

atualizado, não é informado, não estuda e não pesquisa.

Por outro lado, todos os autores estudados para esta pesquisa

concordam consensualmente que, para a supervisão acontecer

verdadeiramente na escola, o profissional nesta função precisa transmitir

credibilidade e confiança para sua equipe.

Por isso, necessita apresentar algumas características fundamentais

como:

§ Ética: nunca fazer ao outro o que não gostaria que fizessem a

si mesmo ou faltar com transparência

§ Disciplina: domínio sobre as próprias ações e boa gestão do

tempo.

§ Potencial relacional: saber se relacionar, ser bom ouvinte,

integrador e acolhedor. Ter autoridade sem autoritarismo.

§ Imparcial: sem favoritismos, evitando as “panelinhas” que

podem prejudicar sua liderança. Não existe neutralidade no

processo educativo.

§ Dinamismo, criatividade e intencionalidade nas ações.

§ Possuir conhecimentos em educação aprofundados.

§ Sensibilidade: capacidade de perceber o outro e novas

práticas.

§ Flexibilidade no sentido de saber se adaptar ao novo, ao

diferente, aceitar propostas diferentes das suas, não

dogmático e tampouco significa “deixar correr solto”.

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§ Método de trabalho: para atingir seus objetivos, a supervisão

precisa se estruturar. Nada de desvio de função.

§ Questionador, provocador e mediador das discussões.

§ Empatia com o professor colocando-se em seu lugar nas

diversas situações que surgirem. O supervisor PRECISA ter

uma boa relação com os professores. Assim como o professor

não pode desistir do aluno, o supervisor não pode desistir do

professor. Ele depende do grupo para o sucesso do processo

de ensino.

§ Valorizar o outro, não apenas cobrar e apontar falhas.

§ “Antenado” às novas práticas, novos saberes, novas ideias, ou

seja, sempre atual. Conhecer a legislação vigente, utilizando-

se dela em benefício da escola, do educando e do educador.

§ Consciência de que seu papel atual é formar, orientar e não

somente controlar.

2.4 – Objetivos da Supervisão Moderna

Em todo este estudo ficou bem claro que por décadas o objetivo da

função supervisora era exclusivamente o ato de inspecionar o ensino. Com o

decorrer dos anos e as transformações na sociedade e conseqüentemente na

educação conduziram a ressignificação da função.

No conceito moderno, a supervisão é a orientação profissional dada

por pessoas competentes, devido à sua formação e experiência, visando o

aperfeiçoamento do ensino e da aprendizagem. No lugar de inspeção, a ação

agora é de assessoramento e trabalho em equipe.

Envolve um bom relacionamento humano, comunicação e liderança,

uma vez que trabalha com pessoas. É planejada dirigindo a atenção para os

fundamentos da educação.

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Tem como objetivos:

§ Dar condições para que os objetivos traçados no Projeto

Político Pedagógico e no currículo aconteçam;

§ Conscientizar os docentes levando – os a estabelecer

objetivos específicos para a escola e para as turmas, usando

os objetivos como guia em todo processo de ensino e

selecionando bem os meios para atingi-los (planejar);

§ Avaliar, diagnosticar e aperfeiçoar o processo e aqueles que

nele estão inseridos.

2.5 – Técnicas da Supervisão Moderna

O supervisor para exercer um bom trabalho precisa estar bem

estruturado e algumas técnicas podem ajudar no dia a dia.

Ø Técnicas indiretas:

Relacionadas aos alunos, estão mais voltadas para o estudo através

de documentos, como: projeto político, currículo, estatísticas, gráficos,

avaliações, relatórios, portfólios e registros. Essas técnicas indiretas são muito

utilizadas nas reuniões de conselho de classe.

Ø Técnicas diretas:

Privilegia o contato com os indivíduos da comunidade escolar

através de reuniões, entrevistas e observação.

As reuniões de técnica direta favorecem o pensamento cooperativo

e a unidade do pensamento, a conjunção de ideias. No desenvolvimento das

reuniões deve se prezar pela objetividade, deixando para o final, assuntos de

maior relevância para manter o ritmo e a motivação dos participantes. A crítica

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28 pode acontecer desde que não seja depreciativa. Toda e qualquer reunião

deve ser registrada em ata e assinada.

As reuniões podem ser:

§ Reunião pedagógica – conselhos de classe, centros de

estudos e acompanhamento (periódica)

§ Reunião informativa – somente para transmitir informações

§ Reunião de coleta de informações – útil na sondagem de

opiniões para montar um plano de ação

§ Reunião explicativa – serve para esclarecer mudanças para

que haja aceitação

§ Reunião opinativa – reunião da comunidade escolar para

decidir, como uma assembléia deliberativa

O supervisor dispõe de técnicas que associadas aos requisitos

fundamentais para exercer a função, conforme já tratado neste capítulo, o

auxiliarão em sua caminhada.

No próximo capítulo, veremos como o supervisor utilizará as

técnicas para exercer suas atribuições na escola.

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CAPÍTULO III

AS ATRIBUIÇÕES DO SUPERVISOR EDUCACIONAL

No novo paradigma, a supervisão perde seu caráter controlador e

assume a forma de estimulador do trabalho docente.

Hoje, o professor precisa ver o coordenador como aliado e facilitador

do seu trabalho e não como fiscal e controlador, o contrário disso pode fazer a

resistência aumentar.

O corpo docente precisa sentir confiança no seu supervisor, pois

assim, em vez de resistência e rejeição, todos se mostrarão motivados para

contribuir voluntariamente para que os objetivos traçados sejam alcançados. O

supervisor terá verdadeiramente uma equipe efetiva, eficiente e eficaz.

Os autores consultados nesta pesquisa citam como atribuições do

supervisor educacional:

1. Elaboração e revisão do Planejamento Político Pedagógico

com a comunidade escolar.

2. Revisão do currículo de acordo com a necessidade.

3. Planejamento do ensino e organização do trabalho

pedagógica.

4. Avaliação da aprendizagem, utilizando os resultados para re-

planejar e aperfeiçoar o processo.

5. Formação continuada do corpo docente, integrando o coletivo

e participando dele, garantindo um clima de respeito,

buscando estratégias adequadas de interação, lembrando que

isto não significa apenas dar textos para o professor ler.

Sempre propiciar momentos de estudo, reflexão e expressão

dos educadores nas reuniões.

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6. Fazer acompanhamento individual e sistemático com os

professores, auxiliando-os no planejamento das aulas,

ajudando o professor a construir o sentido do seu trabalho,

realizando um trabalho que tenha significado para ele e para o

aluno, revendo a rotina, conteúdos, metodologias e recursos.

7. Buscar melhores condições de trabalho na escola do ponto de

vista pedagógico, comunitário e administrativo.

8. Analisar material didático.

9. Estimular a pesquisa facilitando o acesso do professor a todo

material relevante à sua formação e/ou à preparação de suas

aulas.

10. Empenhar-se para diminuir a rotatividade de professores para

constituir um grupo de trabalho efetivo

O foco do trabalho realizado pelo supervisor na escola é o processo

de ensino-aprendizagem, o que inclui: currículo, planejamento, programas,

métodos de ensino, avaliação e acima de tudo o Projeto Político Pedagógico, a

identidade da escola.

Agora, aprofundaremos o conhecimento quanto à sua atuação na

elaboração e supervisão do Projeto Político Pedagógico.

3.1 – O Supervisor e o Projeto Político Pedagógico

A partir dos anos 80, o regimento escolar, a filosofia adotada e a

tendência pedagógica assumida pela escola não davam mais conta da

complexidade do cotidiano escolar, exigindo-se novos instrumentos para dar

identidade à escola e auxiliar na gestão e na supervisão.

Assim, o Projeto Político Pedagógico, surge como uma

necessidade. Mas por que esta nomenclatura?

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Por ser um projeto de ação educativa e toda ação educativa ser

também política. Segundo Vasconcellos (2009), é um instrumento teórico-

metodológico que deve ser construído, (re) construído coletivamente e utilizado

pelos que desejam a mudança. Não deve ser construído pelo supervisor e/ ou

pela direção isoladamente e, posteriormente apresentada à comunidade

escolar.

O Projeto Político Pedagógico é o plano geral da escola, como um

documento de identidade, concebido depois de um planejamento participativo e

aperfeiçoado periodicamente ou a cada mudança e é o supervisor que lidera

elaboração e acompanha a execução.

Neste documento são expressas as características da escola e da

comunidade em que está inserida, o histórico da escola, o organograma

estrutural e funcional, suas escolhas quanto currículo, avaliação e recuperação,

proposta de trabalho, missão e objetivos a serem alcançados bem como a

metodologia e os recursos utilizados para alcançá-los.

O PPP6 como é comumente chamado tem características próprias

quanto à:

§ Abrangência

É amplo e pode envolver outros projetos. Vasconcellos (2009,

2010) chama-o de “guarda-chuva de outros projetos”.

§ Duração

De longo prazo, pois programa atividades para todo ano ou

vários anos.

§ Participação

Coletiva e democrática implicando no envolvimento de todos

que compõe a escola.

6 Projeto Político Pedagógico

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§ Concretização

Processual. Pautado na constante reflexão e avaliação das

atividades e por isso, está sempre se reconstruindo.

Neste documento são expressas as características da escola e da

comunidade em que está inserida, bem como suas escolhas sobre

conhecimentos, metodologia, proposta de trabalho, missão e objetivos a serem

alcançados. O Projeto Político Pedagógico tem algumas finalidades:

§ Ressignificar o trabalho pedagógico;

§ Ser instrumento de transformação, pois nele fica registrado a

propostas de mudança para a instituição;

§ Formar uma parceria para alcançar os objetivos traçados;

§ Dar unidade ao trabalho;

§ Racionalizar os esforços e recursos com eficiência e eficácia;

§ Fortalecer o grupo para lidar com conflitos, exercitando a

autonomia e a criatividade.

O supervisor precisa estar preparado para coordenar o PPP, pois,

participa dele desde o planejamento até a utilização do projeto. Necessita

dominar os passos de construção e realização e ainda, firmeza para conduzir o

processo como mediador das discussões e idéias que surgirem no momento do

planejamento participativo e da elaboração e depois coordenar a execução

dele. Neste sentido, são competências do supervisor:

§ Não se envolver pessoalmente nas discussões, emitindo

opiniões enquanto é mediador. Evitar atrair a atenção para si

ou o monopólio da palavra.

§ Permitir a participação dos professores na redação final do

projeto, para garantir que não haja dúvidas sobre a fidelidade

do documento e possíveis alterações

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§ Empenhar-se para que a elaboração não seja demorada,

gerando um desgaste para todos os envolvidos

Feito o Projeto Político Pedagógico, não deve existir ainda a

sensação de “missão cumprida”, pois neste momento inicia-se a outra fase do

projeto. O importante não é ter um projeto, mas sim os resultados obtidos da

transformação realizada pela execução dele.

O supervisor é o gestor do Projeto Político Pedagógico e deve

garantir que ele seja realidade e não apenas projeto senão perde seu valor

político, pedagógico e formativo. Terá que saber mediar não só os aspectos

técnicos do trabalho, mas também as emoções, as críticas, os conflitos e as

relações envolvidas. Dessa forma, não só o ensino e aprendizagem se

transformarão com qualidade, mas as relações interpessoais também.

3.2 – O Supervisor e o Currículo

A palavra currículo vem do latim curriculum (do verbo

currere=correr), refere-se ao trajeto que o aluno percorre em sua formação

escolar. Vasconcellos (2009) explica:

“Ao invés de ser pensado com uma pista de corrida, onde o

percurso já está prévia e definitivamente estabelecido, cabendo

pouquíssimas opções, entendê-lo com um caminho, uma

jornada, que tem referências, mapas, mas sempre admite

mudanças, atalhos, alterações significativas de rotas; aí advém

o sabor da aventura do conhecimento.”

A prática escolar depende também de um bom currículo. Mas o que

caracteriza um bom currículo? Certamente não é uma lista de conteúdos,

conforme se acreditava até pouco tempo.

O currículo abrange não só conteúdos, mas parâmetros, conceitos

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34 de transversalidade e diversidade, a tendência pedagógica da escola, a

realidade e um currículo oculto. Aquilo que de verdade acontece no cotidiano

da escola, espontaneamente, sem ser planejado.

No caso do ensino público, é comum que o currículo seja elaborado

pela rede de ensino, municipal ou estadual, como orientação para todas as

escolas da rede. Mas, acaba sendo entendido como um programa oficial.

Um único currículo para todas as escolas sem levar em conta as

especificidades de cada uma? Isso vai totalmente de encontro com a proposta

de um verdadeiro currículo.

Celso Vasconcellos (2009) fala de autonomia curricular. Isso

significa uma postura crítica por parte da supervisão junto com os docentes em

resistir à comodidade do que já vem pronto e elaborar seu próprio currículo,

levando em conta o que é pertinente à realidade da comunidade escolar.

Na elaboração do currículo, o supervisor deve estar atento às

políticas públicas estabelecidas por instâncias superiores como o Ministério da

Educação e o Conselho Nacional de Educação. Para normatizar os currículos

da educação temos os Parâmetros Curriculares Nacionais de 1997 para toda a

educação básica e o ensino médio.

“O propósito do Ministério da Educação e do Desporto, ao

consolidar os Parâmetros, é apontar metas de qualidade que

ajudem o aluno a enfrentar o mundo atual como cidadão

participativo, reflexivo e autônomo, conhecedor de seus direitos

e deveres. Foram elaborados de modo a servir de referencial

para o seu trabalho, respeitando a sua concepção pedagógica

própria e a pluralidade cultural brasileira. Note que eles são

abertos e flexíveis, podendo ser adaptados à realidade de cada

região.” (BRASIL/MEC, 1997)

O supervisor necessita estudar os parâmetros curriculares pautados

em aspectos relacionados à vida cidadã para integrá-los à realidade da escola

e dar qualidade ao currículo, pensando junto com os docentes em quatro

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35 questões básica:

§ O que ensinar?

§ Por que ensinar?

§ Pra quem ensinar?

§ Como ensinar?

No novo paradigma educacional, o currículo deve ser encarado

como uma proposta que tem a intenção de garantir uma educação de

qualidade com possibilidades reais para o desenvolvimento de todos os alunos.

3.3 – O Supervisor e a formação continuada dos docentes

O professor necessita estar preparado para exercer sua função que

exige dinamismo, criatividade e pesquisa, por isso deve permanentemente se

qualificar para exercê-la.

Porém, a realidade nos mostra que muitos professores se

acomodam e não se atualizam. Sua prática em sala de aula apresenta

atividades rotineiras e mecânicas, cheias de atividades sem intencionalidade e

a escola é somente um local de trabalho.

Para minimizar essa situação, o supervisor pode contribuir muito

planejando momentos para a formação continuada dos professores em serviço,

fazendo da escola também um espaço de formação. Sobre isso Corrêa e

Oliveira (2011) destacam:

“É a escola o espaço social onde os diferentes sujeitos que a

compõe irão exercitar o diálogo, superar as questões

individuais, buscar soluções coletivas para as dificuldades

apresentadas no dia a dia... e concretizar sonhos e projetos

não só individuais, mas também coletivos, para uma vida plena

e saudável.”

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36

O objetivo é levar o professor a ter compreensão de seu papel, de

sua prática e da necessidade de planejar pensando em práticas e métodos

adequados para seus alunos visando à garantia da aprendizagem dos alunos.

A ação do supervisor pode ser bem sucedida, principalmente com os novos,

pois os professores mais antigos podem demonstrar maior resistência.

As reuniões pedagógicas são excelentes oportunidades para

formação, começando por refletir a prática à luz das teorias que fundamentam

a educação, trocarem experiências e assim, aprender coletivamente. Cada

professor desempenha dois papéis: de formador e de aprendiz.

Na troca de experiências ele ensina e aprende simultaneamente e o

supervisor é o mediador desse processo e não o transmissor do conhecimento.

O supervisor, além de ter o Planejamento Político Pedagógico como

referência, pode selecionar temas que se aplicam a prática educativa para

serem estudados objetivamente. A prática e cotidiano podem fornecer um

leque de temas para estudo com a finalidade de entender e transformar a

realidade.

Pensando em formação continuada, cabe um alerta: as reuniões

pedagógicas definidas no calendário escolar não devem ser usadas para

transmitir informações, que seria uma negação de saberes, um desperdício no

processo de crescimento profissional dos professores. Também, o supervisor

tem que ter em mente que formação continuada não é dar um texto na mão do

professor e ler em conjunto.

O espaço da formação continuada deve ser bem utilizado para não

ser perdido. Se as reuniões pedagógicas não acrescentarem nada à vida

profissional e até pessoal do professor, ele se sentirá desmotivado a participar

das reuniões, considerando-as uma perda de tempo, uma formalidade a ser

cumprida.

Além de garantir as reuniões pedagógicas como espaços de

formação continuada, é dever do supervisor garantir que sejam momentos

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37 respeitosos e agradáveis. A disciplina nas reuniões deve ser uma tarefa

assumida não só pelo supervisor, mas também pelo grupo.

As discussões são válidas desde que não se resumam a falar mal

dos alunos, a reclamar da política educacional vigente ou de qualquer outra

insatisfação. O supervisor é mediador até nesse momento, mudando o rumo da

discussão para assuntos mais proveitosos.

A participação nos momentos de formação deve ser estimulada pelo

supervisor antes, durante e depois da reunião. Desde a definição da pauta e a

escolha dos temas ao registro de tudo que foi tratado e as decisões tomadas.

O registro é a memória do encontro e pode-se voltar à ele no encontro seguinte

resgatando assuntos relevantes que mereçam continuar sendo discutidos.

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CONCLUSÃO

Supervisão: do sonho à ação – uma prática em transformação é o

título de um dos muitos textos de Mary Rangel, uma frase que poeticamente

resume toda a história da ação supervisora ao longo dos anos desde a

Antiguidade até os dias atuais.

A função supervisora chama atenção dentro do meio educacional,

pois por muito tempo foi compreendida erroneamente e às vezes ainda é.

Surgiu com um objetivo genérico e com sua ressignificação nasce o

sonho de profissionalizar a função.

No decorrer da história foi assumindo novos papéis e se firmando na

sociedade e no contexto escolar em meio a tanto avanços e retrocessos. Hoje,

não se pensa na escola sem este profissional que há poucos anos, na década

de 80, quase foi excluído do cenário. Aí, saímos do sonho para a ação. E é

uma prática em transformação, pois a cada mudança na sociedade, na escola

e nas políticas educacionais, a prática toma uma nova forma.

No paradigma moderno, o supervisor educacional é considerado

uma peça fundamental para o sucesso da prática pedagógica no processo de

ensino-aprendizagem. Muitos teóricos e educadores estudaram e ainda

estudam o tema concebendo um material rico que dá subsídios à pratica

supervisora.

Este estudo deixou bem claro que o supervisor não é e não deve ser

um profissional solitário, afinal seu trabalho é pautado na parceria que constrói

com o corpo docente, a equipe diretiva e os demais funcionários da escola com

um objetivo comum: o processo de ensino-aprendizagem visando uma

educação de qualidade.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

FERREIRA, N. S. C. (org.). Supervisão Educacional para uma Escola de Qualidade: da formação à ação. São Paulo: Cortez,1999. RANGEL, Mary. Supervisão: do sonho a ação – uma prática em transformação. In: Supervisão Educacional para uma escola de qualidade: da formação a ação. São Paulo: Cortez. 1999, p. 69-96, Capítulo 3. RANGEL, M. Supervisão Pedagógica: Princípios e Práticas. SP: Papirus, 2001 RANGEL, M. Supervisão e gestão na escola. Conceitos e práticas de mediação. SP: Papirus, 2009 SAVIANI, D. A Supervisão Educacional em Perspectiva Histórica: da função à ‘profissão pela mediação da idéia. In: FERREIRA, Naura S. C. (org.). Supervisão Educacional para uma Escola de Qualidade: da formação à ação. São Paulo: Cortez,1999. VASCONCELLOS, C. S. Coordenação do Trabalho Pedagógico: Do Projeto Político-Pedagógico ao cotidiano da sala de aula. 12ªed. São Paulo: Libertad Editora, 2009. VASCONCELLOS, C. S. Planejamento: Projeto de Ensino Aprendizagem e Projeto Político Pedagógico. 20ªed. São Paulo: Libertad Editora, 2010.

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BIBLIOGRAFIA CITADA

BECHARA, E. Dicionário Escolar da Língua Portuguesa: Academia Brasileira de Letras. SP: Companhia da Editora Nacional, 2008. CORRÊA, R.S.; OLIVEIRA, E. G. Ação da Supervisão Educacional e formação humana: interferência no processo de emancipação do homem por meio da atuação nos conselhos de educação. In: RANGEL, M.; FREIRE, W. Supervisão Escolar: Avanços de conceitos e processos. RJ: Wak Editora, 2011. LIDERANÇA. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Liderança. Acesso em 22/07/2011. NAGLE,J. Educação e Sociedade na Primeira República. São Paulo, EPU, 1974. SAVIANI, D. A Supervisão Educacional em Perspectiva Histórica: da função à profissão pela mediação da ideia. In: FERREIRA, Naura S. C. (org.). Supervisão Educacional para uma Escola de Qualidade: da formação à ação. São Paulo: Cortez,1999.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTOS 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I 10

A SUPERVISÃO ESCOLAR EM CONTEXTO HISTÓRICO 10

1.1 - A SUPERVISÃO ESCOLAR NA GRÉCIA 11 1.2 – O SUPERVISOR ESCOLAR NA IDADE MODERNA 12 1.3 – O SUPERVISOR NO BRASIL 13

CAPÍTULO II 19

QUEM É O SUPERVISOR EDUCACIONAL?19NOVOS PARADIGMAS 19

2.1 – A LIDERANÇA 20 2.2 – UMA FUNÇÃO E MUITAS NOMENCLATURAS 21 2.3 – CARACTERÍSTICAS DO SUPERVISOR MODERNO 24 2.4 – OBJETIVOS DA SUPERVISÃO MODERNA 26 2.5 – TÉCNICAS DA SUPERVISÃO MODERNA 27

CAPÍTULO III

AS ATRIBUIÇÕES DO SUPERVISOR EDUCACIONAL 29

3.1 – O SUPERVISOR E O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO 30 3.2 – O SUPERVISOR E O CURRÍCULO 33 3.3 – O SUPERVISOR E A FORMAÇÃO CONTINUADA DOS DOCENTES 35

CONCLUSÃO 38

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39

BIBLIOGRAFIA CITADA 40

ÍNDICE 41