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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSO” AVM FACULDADE INTEGRADA AS ESPÉCIES DE TÍTULOS DE CRÉDITO Por: Sandra Valéria de Oliveira Terra Dantas Orientador Prof. Francis Rajzman Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSO”

AVM FACULDADE INTEGRADA

AS ESPÉCIES DE TÍTULOS DE CRÉDITO

Por: Sandra Valéria de Oliveira Terra Dantas

Orientador

Prof. Francis Rajzman

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

ESPÉCIES DE TÍTULOS DE CRÉDITO

Apresentação de monografia à AVM

Faculdade Integrada como requisito parcial

para obtenção do grau de especialista em

Direito Civil.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço , especialmente ao meu esposo e minha amada filha, com quem compartilhei minhas dúvidas e anseios e de quem sempre obtive uma orientação segura e objetiva. Agradeço, também aos demais professores e funcionários da AVM/FACULDADE INTEGRADA.

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DEDICATÓRIA

“Ao meu Deus, a razão do meu viver e que me deu a inspiração, a esperança e a fé; Ao meu esposo e filha amada que estiveram sempre ao meu lado nos momentos mais difíceis.”

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RESUMO

O presente trabalho visa investigar a fundamental importância dos títulos de crédito no exercício literal e autônomo nele contido.

O problema de pesquisa a ser investigado é: por que a importância dos títulos de crédito para os negócios?

A hipótese básica de pesquisa é que sem a utilização dos títulos de crédito, as transações financeiras nos negócios estariam prejudicadas, pois são amplamente utilizados no cotidiano, contribuindo para a melhor utilização dos capitais existentes.

Palavra chave: Importância - Títulos de crédito – Espécies - Utilização.

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ABSTRACT

The present study aims to investigate the fundamental importance of the debt in the year and as literal contained therein. The research problem to be investigated is why the importance of securities for business? The basic hypothesis is that research whithout the use of titles of securities, financial transactions in business would be harmed because they are widely used in everyday life, contributing to better utilization of existing capital. Keyword: Importance – Titles of credit – Species – Use.

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METODOLOGIA

A metodologia está centrada na pesquisa de informações de ordem teórica viabilizada, portanto, através de levantamento bibliográfico, bem como consulta a diversos sites de Direito Empresarial na internet.

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SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO 1 – A HISTÓRIA 10

CAPÍTULO 2 – TÍTULOS DE CRÉDITO 11

2.1 Conceito 11

2.2 Princípios 11

2.2.1 Princípio da Cartularidade 11

2.2.2 Princípio da Literalidade 12

2.2.3 Princípio da Autonomia 12

2.3 Classificação 12

2.3.1 Quanto à circulação 12

2.3.2 Quanto ao modelo 13

2.3.3 Quanto à emissão 13

2.3.4 Quanto à estrutura 23

3.1 Espécies 14

3.1.1 Nota Promissória 14

3.1.2 Letra de Câmbio 15

3.1.4 Cheque 16

3.1.5 Duplicata 19

CONCLUSÃO 21

BIBLIOGRAFIA 22

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho visa a investigar a importância dos títulos de créditos no exercício literal e autônomo nele contido. Isto porque o crédito tem sua origem em nossa história como meio de fomentar a atividade comercial, na idéia da confiança aplicada aos negócios. A palavra crédito do latim creditum, significa “confiar”, “ter fé”. A denominação títulos de crédito predomina nos países de língua portuguesa, italiana e espanhola. A empresa é hoje a principal fonte de desenvolvimento econômico de uma nação. A atividade empresarial é exercida no mercado entre as empresas e consumidores de bens e serviços, nela compreendidos os segmentos do comércio, prestação de serviços e indústria, tendo como um dos principais suportes, o crédito. O crédito decorre normalmente de operações de compra e venda a prazo, empréstimos e pagamentos através de cheques. Para a representação formal dos referidos créditos são utilizados documentos denominados de títulos de crédito. Diante ao exposto, podemos dizer que o título de crédito é um documento que tem como objetivo representar um crédito relativo uma transação específica de mercado, garantindo a segurança desta transação, bem como facilitando a circulação entre diversos titulares distintos, substituindo em alguns momentos a moeda corrente ou o dinheiro em espécie. Cabe ressaltar que os títulos de crédito são um documento representativo de um direito de crédito e não propriamente originário deste, sendo de fundamental importância para os negócios. Portanto é objetivo geral deste estudo a investigação da fundamental importância do título de crédito no exercício literal e autônomo nele contido. O objetivo específico será analisar cada espécie de títulos de crédito e os elementos fundamentais para a configuração do crédito.

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CAPÍTULO 1

A HISTÓRIA

2.1 Histórico

O sub-ramo do direito empresarial que disciplina todo o regime jurídico aplicável aos título de crédito chama-se direito cambial ou direito cambiário. O crédito tem seu fundamento na confiança aplicada aos negócios, surgindo da necessidade de viabilizar a circulação da riqueza. Desempenhando sua função que é fazer com que o capital circule, ele torna-se extremamente produtivo e útil. Desta forma pode se afirmar a importância dos títulos de crédito para a economia mundial A denominação de títulos de crédito predomina nos países de língua portuguesa, espanhola e italiana. Na França, são chamados de effets de commerce. Segundo a doutrina noticia o títulos de crédito se desenvolveram na Idade Média, período que surgiu o direito comercial. O direito cambiário está dividido em quatro períodos históricos. O primeiro período que vai até o ano de 1650 é o período italiano. Destacam-se neste período as cidades marítimas onde se realizavam as feiras medievais, onde encontravam-se grandes mercadores da época. Pode destacar também o desenvolvimento das operações de câmbio, em virtude da diversidade de moedas entre as várias cidades medievais. Neste período surge o câmbio trajetício, no qual o transporte da moeda em um determinado trajeto ficava por conta e risco de um banqueiro. O período francês é o segundo período, que compreende de 1650 a 1848. Cabe destaque o surgimento da cláusula à ordem, na França, dando origem a criação do instituto cambiário do endosso, na qual permitia ao beneficiário da letra de câmbio transferi-la independentemente de autorização do sacador. No período de 1848 a 1930, iniciou-se o terceiro período que foi o período alemão, onde inicia-se com a edição da Ordenação Geral do Direito Cambiário, onde constavam normas especiais sobre letras de câmbio. A última fase do evolução histórica iniciou-se com a realização da Convenção de Genebra sobre títulos de crédito e conseqüente a em 1930 no chamado período uniforme. Ao decorrer de um grande período, os diversos países atentaram para a necessidade de uniformização da legislação aplicável aos títulos de crédito. Pode-se destacar que uma das principais características do direito comercial , que possui um caráter internacionalizado é o cosmopolitismo. Em virtude do esforço de algumas associações internacionais, que se organizaram congressos e encontros para a discussão do assunto, que culminou na realização das duas Conferências de Haia, em 1910 e 1912. O Brasil participou das Convenções de Genebra, e em 1942 aderiu o que nelas ficou decidido.

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Por fim, o Código Civil de 2002, trata dos títulos de crédito na sua Parte Especial, Livro I, Título VIII, Capítulos I a IV (artigos 887 a 926).

CAPÍTULO 02

TÍTULOS DE CRÉDITO 2.1 Conceito Título de Crédito genericamente é um documento que tem como objetivo representar um crédito relativo a uma transação específica de mercado, facilitando a circulação entre diversos titulares distintos. Cabe ressaltar cu o conceito de títulos de crédito aceito unicamente pelos doutrinadores é o que foi definido por Cesare Vivante. O jurista definiu título de crédito como o documento necessário ao exercício do direito, literal e autônomo, nele mencionado. Utilizando como base a definição de Cesare Vivante que menciona as expressões “necessário” “literal” e “autônomo”, remetemo-nos aos princípios informadores do regime jurídico cambial. Diante do conceito doutrinário de títulos de crédito, podemos destacar as principais características que são documentos formais, tem natureza essencialmente comercial, são títulos de apresentação, tem natureza de bens móveis, constituem títulos executivos extrajudiciais, representam obrigações quesíveis, são títulos de resgate, são títulos de circulação. 2.2 Princípios Os títulos de crédito possuem três princípios informadores do regime jurídico cambial. 2.2.1 Princípio da Cartularidade A referência clara que se faz ao princípio da cartularidade é quando se afirma que o título de crédito é o documento necessário ao exercício do direito nele mencionado, no qual se entende que o exercício de qualquer direito representado no título pressupõe a posse legítima, ou seja, é indispensável para a comprovação da existência do crédito e da sua conseqüente exigibilidade que o titular do crédito expresso no título esteja de posse deste.

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Desta forma, o princípio da cartularidade, permite dizer que o direito de crédito mencionado na cártula não existe sem ela, não pode ser exigido sem a sua apresentação e não pode ser transmitido sem a sua tradição. Cabe destacar que em razão do grande crescimento do desenvolvimento tecnológico, surgiu a criação de títulos de crédito magnéticos, ou seja, não se materializam numa cártula. É o que acontece com as duplicatas virtuais, que podem ser executadas mediante apresentação apenas o instrumento de protesto e comprovante de entrega das mercadorias, de acordo com a Lei 5.474/1968. 2.2.2 Princípio da Literalidade O título é literal porque vale pelo que nele está escrito, sua existência se regula pelo teor de seu conteúdo. Só tem valor jurídico cambial o efetivo escrito no título de crédito original. O princípio da literalidade tem sua importância para que os títulos de crédito cumpram sua função de circulação de forma segura, ou seja, quando a pessoa recebe o título ela tem certeza da quantia expressa no título de crédito, sabendo que não será exigido obrigação cambiária em valor superior ao que está literalmente expresso documentalmente. Cabe ressaltar que uma obrigação que não conste no título, embora sendo expressa em documento separado, nele não se integra. A quitação de um título deverá está expressa no próprio título de crédito. 2.2.3 Princípio da Autonomia Segundo doutrinadores é o mais importante, sendo considerado o princípio fundamental de todo o regime jurídico cambial. Diz-se por esse princípio que o título de crédito é autônomo, configura um documento de direito novo, originário e desvinculado da relação que deu origem, não em relação a sua causa. Por esta razão que as relações jurídicas advindas de um determinado título de crédito, são independentes e autônomas entre si. O portador do título pode exercer seu direito de crédito sem depender das relações existentes entre os anteriores possuidores e o devedor. 2.3 Classificação Os títulos de crédito são classificados a partir de diversos critérios, como se destacam a seguir os principais critérios classificatórios. 2.3.1 Quanto à circulação A circulabilidade é uma das principais características dos títulos de crédito, desta forma os títulos podem ser ao portador, nominal à ordem, nominal não à ordem e nominativos.

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Título ao portador é aquele que tem como característica a facilidade de circulação, se processa com a simples tradição, a identificação do credor não é feita de forma expressa. Título nominal é quando identifica expressamente o nome do beneficiário. Para a transferência de titularidade do crédito é necessário um ato formal. Quando for títulos nominais com cláusula “à ordem” esse ato formal é o endosso. Nos títulos nominais com cláusula “não à ordem” esse ato é a cessão civil de crédito. O título nominativo, de acordo com o artigo 921 do Código Civil, é aquele emitido em favor de pessoa determinada. Portanto neste caso a transferência só é válida por meio de termo no referido registro, que deve ser assinado pelo emitente e adquirente do título. Por fim, os títulos de crédito nominados, típicos ou próprios, são títulos nominais à ordem, devem ser emitidos com indicação expressa do beneficiário do crédito. 2.3.2 Quanto ao modelo De acordo com este critério, os títulos de crédito podem ser classificados títulos de modelo vinculado e títulos de modelo livre. Os títulos de modelo vinculado, só produzem efeitos legais quando preenchidos de acordo com as formalidades legais, para tanto eles se submetem a uma padronização fixada pela legislação cambiária específica. Quando a lei não estabelece nenhuma padronização obrigatória, diz-se que o título é de modelo livre, pois podem ser criados em uma folha simples de papel, desde que constem os requisitos essenciais deste título. 2.3.3 Quanto à emissão Segundo o critério classificatório, se classificam em títulos causais e títulos abstratos. O título causal, só poderá ser emitido quando a lei autoriza sua emissão. Neste caso, pode destacar-se a duplicata que somente poderá ser emitida mediante a realização de uma compra e venda mercantil. Por fim, o título é abstrato quando sua emissão não está submetida a nenhuma causa preestabelecida em lei. Como exemplo neste caso, podemos utilizar o cheque, que poderá ser emitido para documentar qualquer relação cambial. 2.3.4 Quanto à estrutura De acordo com esta classificação os títulos de crédito podem ser uma promessa de pagamento ou uma ordem de pagamento. A nota promissória é considerada como título que se estrutura como promessa de pagamento, pois de um lado tem o sacador, que promete pagar a quantia devida, de outro o tomador, beneficiário da promessa. Por fim, podemos dizer que o cheque, a duplicata e a letra de câmbio, são títulos que se estruturam como ordem de pagamento, pois geram três

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situações jurídicas distintas á partir de sua emissão que é a figura do sacador que emite o título, o sacado que é contra quem é emitido o título e por fim o tomador, em favor de quem é emitido o título. 3.1 Espécies Na legislação brasileira, existem dezenas de espécies de títulos de crédito, entre os quais destacam-se quatro espécies, pois são títulos que possuem disciplina legal específica que são a nota promissória, a letra de câmbio, o cheque e a duplicata. 3.1.2 Nota promissória A nota promissória é um título de crédito que se estrutura como uma promessa de pagamento, na qual sua emissão dá origem a duas situações distintas que é a do sacador ou promitente, que emite a nota e promete pagar determinada quantia a outra pessoa e a do tomador que é em favor de quem é emitida a nota e que receberá a quantia determinada. O Decreto nº 2.044 de 31/12/1908 define a letra de câmbio e a nota promissória, e o Decreto nº 57.663 de 24/01/1966, promulgou as convenções para adoção de uma lei uniforme em matéria de letras de câmbio e notas promissórias. No artigo 75 da lei uniforme estão elencados os requisitos essenciais para que valha como títulos de crédito, são eles: a) a expressão nota promissória (cláusula cambiária); b) uma promessa incondicional de pagamento; c) o nome do tomador; d) a data do saque; e) a assinatura do subscritor; f) o lugar do saque ou a menção de um lugar junto ao nome do subscritor. Cabe ressaltar que a nota promissória pode ser emitida incompleta ou em branco (Súmula 387 do STF); por ser título de crédito a nota promissória possui implícita a cláusula à ordem; deve ser feita mensurando o número da carteira de identidade, CPF, título de eleitor ou da carteira profissional a identificação do devedor principal; a exigência de identificação do tomador impede a emissão de nota promissória ao portador e por fim sem menção à data de pagamento, faz com que a nota promissória seja considerada à vista. O credor poderá promover o protesto do título, na falta de pagamento da nota promissória. Na nota promissória o protesto será somente por falta de pagamento, pois nesta espécie de título de crédito não é permitido o aceite. A propositura de ação baseada na nota promissória obedece aos prazos prescricionais de 03(três) anos a contar do vencimento do título, para o exercício do direito de crédito contra o promitente e seu avalista, 01(hum) ano a contar do protesto efetuado, para ação executiva contra os endossantes e seus respectivos avalistas e 06(seis) meses a contar do dia em que o endossante efetuou pagamento, para a propositura de ações executivas dos endossantes, uns contra os outros.

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Por fim, pode ocorre a emissão de nota promissória para instrumentalização de contratos, principalmente os bancários. Neste sentido o Superior Tribunal de Justiça firmou alguns entendimentos sobre a emissão das notas promissórias nestes contratos.

PROCESSO CIVIL RECURSO ESPECIAL EXECUÇÃO NOTA PROMISSÓRIA VINCULADA A CONTRATO DE CONFISSÃO DE DÍVIDA EXECUTORIEDADE PRECEDENTES. 1 Consoante entendimento desta Corte, o fato de achar-se a nota promissória vinculada a contrato não a desnatura como título executivo extrajudicial. 2 Recurso provido para determinar o regular prosseguimento da execução. (STJ, Resp 259.819-PR, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 05.02.2007,p.237).

PROCESSO CIVIL. EXECUÇÃO. OFENSA AO ART. 535 , CPC . FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE. DISSÍDIO NÃO DEMONSTRADO. CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉDITO EM CONTA-CORRENTE. VINCULAÇÃO A NOTA PROMISSÓRIA. AUTONOMIA INOCORRENTE. PRECEDENTES. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. RECURSO DESPROVIDO. I A nota promissória vinculada ao contrato de abertura de crédito não goza de autonomia, em face da iliquidez do título que a originou. II Não apontadas razões que demonstrem violação da legislação federal. (STJ, EDiv e, Resp 262.263/RS Rel. Min. Nancy Andrighi, DJ 02.04.2001, p.182).

No caso acima o STJ firmou o entendimento de que a nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de autonomia em razão da iliquidez do título que a originou. A Lei 10.931/2004 criou a cédula de crédito bancário, título de crédito específico destinado a operacionalizar contratos bancários. 3.1.3 Letra de Câmbio A letra de câmbio é um título de crédito que se estrutura como ordem de pagamento, na qual sua emissão gera três situações jurídicas distintas que é o sacador que emite a ordem, o sacado, a quem é destinada a ordem e a do tomador, que é o beneficiário da ordem. A letra de câmbio surgiu no período italiano da evolução do direito cambiário na Idade Média. Quando um comerciante realizava um negócio em determinada cidade, ele recebia por esta negociação a moeda específica daquela cidade, como na teria valor em outra localidade, o comerciante trocava

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todo o seu dinheiro com um banqueiro, que lhe entregava uma carta (littera cambii), ordenando que outro banqueiro pagasse ao portador a quantia especificada. No Brasil a letra de câmbio não foi aceita, pois é um título de crédito que depende sobremaneira da boa-fé, sendo substituído pela duplicata. A emissão da letra de câmbio deve ser de acordo com os requisitos estabelecidos nos artigos 1º e 2º da Lei Uniforme que são: a) a expressão letra de câmbio (cláusula cambiária); b) uma ordem incondicional para pagamento de quantia determinada; c) assinatura do sacado; d) o nome do tomador; e) a assinatura do sacador; f) a data do saque; g) o lugar do pagamento ou a menção e um lugar junto ao nome do sacado; h) o lugar do saque ou menção de um lugar junto ao nome do sacador. É de grande importância a identificação precisa do título, feita através da cláusula cambiária, pois o título de crédito se submete a regimes jurídicos distintos, dependendo da espécie e nos títulos de crédito próprios (nota promissória, letra de câmbio, duplicata e cheque), considera-se implícita a cláusula à ordem, que admite sua circulação por meio de endosso. Após a emissão da letra de câmbio, a mesma terá que ser entregue ao tomador, que por sua vez levará ao sacado para que este a aceite, devendo ser feito no próprio título por meio da expressão “aceito” ou “aceitamos”, seguida da assinatura do sacado ou procurador com poderes especiais para tanto. O aceite significa o ato pelo qual o sacado assume obrigação cambial e se torna o devedor principal da letra de câmbio. Na letra e câmbio o aceite é facultativo, porém irretratável. O aceite poderá ser recusado pelo sacado sem nenhuma justificativa, porém acarretará o vencimento antecipado do título. O sacado poderá também aceitar a letra de câmbio parcialmente, o que da mesma forma originará o vencimento antecipado da letra. Após a emissão e aceite da letra de câmbio, ela se tornará exigível a partir do seu vencimento. O vencimento da letra poderá ser com dia certo, que é a que vence com data preestabelecida pelo sacador, posterior à data do saque. Letra á vista, tem o vencimento na data da apresentação do título. A letra a certo termo á vista vence após o prazo determinado pelo sacador quando de sua emissão, que começa a correr após o aceite. Por fim letra a certo termo da data, o prazo começa a correr á partir da emissão do título até um determinado prazo determinado pelo sacador. No dia do seu vencimento a letra deverá ser apresentada para pagamento. Caso o tomador não apresente a letra para pagamento, estando vencido o título, começará a correr o prazo para protesto, que no caso da letra de câmbio deverá ser feito nos dois dias úteis seguintes ao vencimento. 3.1.4 Cheque Cheque é o documento emitido pelo banco, em talonário específico, com numeração própria, cumprindo as exigências fixadas pelo Banco Central.

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A definição de cheque pode ser dada como uma ordem de pagamento à vista emitida por pessoa física ou jurídica, contra o banco onde o emitente possua fundos. O cheque está disciplinado além da Lei Uniforme do Cheque (Decreto 57.595/1966), na Lei 7.357/1985 que rege de forma detalhada regime jurídico a ele aplicável. Os requisitos essenciais para emissão do cheque, estão elencados no artigo 1º da Lei do Cheque, determinando que ele deve conter: a) expressão cheque (cláusula cambiária); b) uma ordem incondicional de pagamento de quantia determinada; c) o nome da instituição financeira contra quem foi emitido; d) a data do saque; e) o lugar do saque ou a menção de um lugar junto ao nome do emitente; f) a assinatura do próprio emitente. Cabe destacar também, que o cheque possui três partes envolvidas: a) o emitente ou sacador, que é o titular de conta corrente junto a um banco; b) o sacado que é o banco; c) o tomador que é a pessoa em favor de quem o cheque deve ser pago. O cheque por ser uma ordem de pagamento à vista, deve conter de forma precisa o valor a ser pago pelo sacado ao tomador, bem como o local de sua emissão, que é o local onde o emitente se encontra no momento do preenchimento, por fim é de extrema importância a assinatura do emitente, que será conferida pela instituição financeira antes de efetuar o pagamento. Uma das características importantes do cheque é a permissão de endosso no título de crédito, não havendo limites para este ato. Outra característica é a de que tais títulos de crédito com valor inferior à R$ 100,00 (cem reais), podem ser emitidos ao portador, enquanto valores superiores tem que ser emitidos nominalmente. No Brasil, tornou-se prática a emissão de cheque pré-datado, embora o cheque seja considerado uma ordem de pagamento à vista. Diante deste fato, um cheque pré-datado pode ser descontado ou devolvido antecipadamente, conforme o emitente possua ou não saldo suficiente na conta para pagamento. Neste caso o banco não será responsabilizado de forma alguma, já que no cheque o banco sacado não tem nenhuma obrigação cambial. Cabe ressaltar que a pessoa que apresenta o cheque pré-datado antes da data acordada, poderá ser responsabilizada civilmente, pois existe a presunção de que houve um acordo entre ambas as partes em relação a data acordada. Sendo comprovado pelo emitente que o cheque foi sacado antes da data acordada e que o pagamento feito pelo banco deixou o emitente sem saldo para outros compromissos, o emitente pode requerer indenização por danos morais do tomador que sacou o cheque antes da data. Neste entendimento tem decidido o Superior Tribunal de Justiça, conforme julgado transcrito abaixo:

Ementa: Civil. Recurso especial. Cheque pré-datado. Apresentação antes do prazo. Compensação por danos morais. Não ataca o fundamento do acórdão o recurso especial que discute apenas a natureza jurídica do título cambial emitido e desconsidera o posicionamento do acórdão a respeito da existência de má-fé na conduta de

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um dos contratantes. A apresentação do cheque pré-datado antes do prazo estipulado gera o dever de indenizar, presente, como no caso, a devolução do título por ausência de provisão de fundos. Recurso especial não conhecido. (STJ, Resp 707.272/PB, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJ 21.03.2005, p.382).

Cabe ressaltar a Súmula 370 editada pelo STJ, com o teor: “caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado”. Neste sentido destaca-se também a Súmula 388, que dispõe: “a simples devolução indevida do cheque caracteriza dano moral”. Consta na legislação específica do cheque algumas modalidades de cheques que são: cheque cruzado, cheque administrativo, cheque para ser creditado em conta. Cheque cruzado está disciplinado nos artigos 44 e 45 da Lei do Cheque, seu objetivo é fornecer segurança ao portador, pois o título só pode ser pago a um banco ou cliente do banco, mediante depósito, não permitindo o saque direto na boca do caixa. O cruzamento é feito através de dois traços transversais e paralelos anverso do título. No artigo 7º da Lei de Cheques é disciplinado o cheque visado, que é aquele que o banco confirma a existência de fundos para pagamento do título, mediante assinatura no verso. A Lei do Cheque no artigo 9º, inciso III, faz menção ao cheque administrativo, que é o cheque emitido por um banco contra ele mesmo, para ser liquidado em uma das suas agências. Com este ato o banco é ao mesmo tempo emitente e sacado. A emissão do cheque administrativo garante ao pagador a dispensa de movimentação de valores altos em espécies e tem uma função importante no mercado, pois garante ao recebedor que o título será honrado. Por fim, o cheque para ser creditado em conta, consta no artigo 46 da Lei do Cheque, é aquele que traz no verso do cheque a expressão “para ser creditado em conta”, ou seja, o sacado não pode pagar em espécie o título, o pagamento terá que ser feito através de crédito em conta do recebedor. A sustação do cheque está prevista nos artigos 35 e 36 da Lei do Cheque. Prevê o artigo 35, “o emitente do cheque pagável no Brasil pode revogá-lo, mercê de contra-ordem dada por aviso epistolar, ou por via judicial ou extrajudicial, com as razões motivadoras do ato”. Ressalta-se que esta contra-ordem só produzirá efeito após expirado o prazo de apresentação. No artigo 36, “mesmo durante o prazo de apresentação, o emitente e o portador legitimado podem fazer sustar o pagamento, manifestando as sacado, por escrito, oposição fundada em relevante razão de direito”. O prazo de apresentação do cheque é de 30(trinta) dias, se for da mesma praça, e de 60(sessenta) dias se for de praça diferente. Entende-se que o prazo de apresentação funciona como prazo de protesto. Considerado como título de crédito, o cheque possui executividade, é um título extrajudicial executivo. O portador do cheque poderá promover ação de execução contra ele e contra os eventuais co-devedores.

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De acordo com o artigo 59 da Lei do Cheque, o prazo prescricional desta ação é de 6(seis) meses, contados após o término do prazo de apresentação. Por fim, caso o cheque esteja prescrito, conforme o artigo 61 da Lei do Cheque prevê a possibilidade de propositura da ação de enriquecimento ilícito contra os demais coobrigados. 3.1.5 Duplicata A duplicata é um título de crédito, originado do direito brasileiro como um instrumento de política fiscal. A duplicata é regida pela Lei 5.474/1968 e o Decreto Lei 436/1969. Sua grande característica é a necessidade do aceite obrigatório. A duplicata somente poderá ser emitida para documentar uma relação jurídica de compra e venda mercantil ou prestação de serviços. A duplicata é um título de modelo vinculado, que somente poderá ser emitido em observância aos padrões do Conselho Monetário Nacional.

Determina o artigo 1º da Lei de Duplicatas que em todo o contrato de compra e venda mercantil entre partes domiciliadas no território brasileiro, com prazo não inferior a 30(trinta) dias, contado da data da entrega ou despacho das mercadorias, o vendedor extrairá a respectiva fatura para apresentação ao comprador. De acordo com o artigo 2º da Lei das Duplicatas, a duplicata deverá conter os seguintes itens: a) a expressão duplicata (cláusula cambiária) e a cláusula à ordem, que autoriza, sua circulação via endosso; b) data de emissão, coincidente com a data da fatura; c) os números da fatura e da duplicata; d) data do vencimento; e) o nome e o domicílio do vendedor; f) o nome, o domicílio e o nº de inscrição no cadastro de contribuintes do comprador; g) a importância a ser paga, por extenso e em algarismo; h) o local de pagamento; i) o local para o aceite do sacado; j) a assinatura do sacador. Não é permitida a extração de duplicatas com vencimento a certo termo da vista nem a certo termo da data. Deverá a duplicata ser emitida com dia certo ou à vista. Prevê ainda o artigo 2º da Lei das Duplicatas que “no ato da emissão da fatura dela poderá ser extraída uma duplicata para circulação como efeito comercial, não sendo admitida qualquer outra espécie de título de crédito para documentar o saque do vendedor pela importância faturada ao comprador”. Após emissão da duplicata e envio ao devedor, o mesmo terá que efetuar o aceite e devolvê-la. Em caso de recusa, terá que justificar tal ato. Sendo obrigatório o aceite na duplicata, pode se dizer que o aceite é presumido, quando o devedor recebe sem reclamação, as mercadorias adquiridas e enviadas pelo credor. O aceite é expresso, quando realizado no próprio título, no local indicado. Em relação ao protesto, existem 03(três) formas: por falta de aceite, por falta de devolução e por falta de pagamento. É o que consta no artigo 13 da Lei de Duplicatas “a duplicata é protestável por falta de aceite de devolução ou pagamento”. Prevê ainda o § 2º do artigo 13, “ o fato de não ter sido exercida a faculdade de protestar o título, por falta de aceite ou devolução, não elide a

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possibilidade de protesto por falta de pagamento”. No § 3º completa, “o protesto será tirado na praça de pagamento constante do título”. Por fim no § 4º estabelece o prazo de 30(trinta) dias para a realização do protesto, “o portador que não tirar o protesto da duplicata, em forma regular e dentro do prazo de 30(trinta) dias, contado da data de seu vencimento, perderá o direito de regresso contra os endossantes e respectivos avalistas”. O foro competente para a ação de execução será a praça de pagamento do título, onde é o local indicado para realização de protesto do título. Por fim a execução da duplicata prescreve em 03(três) anos contra o devedor principal e seus avalistas, em um ano contra os co-devedores e seus avalistas, e em um ano entre os co-devedores. É o que prevê o artigo 18 da Lei de Duplicatas: “a pretensão à execução da duplicata prescreve: I – contra o sacado e os respectivos avalistas, em 03(três) anos, contados da data do vencimento do título; II – contra endossante e seus avalistas, em 01(hum) ano, contado da data do protesto; III – de qualquer dos coobrigados contra os demais em 01(hum) ano, contado da data em que haja sido efetuado o pagamento do título.

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CONCLUSÃO

Este presente estudo analisou a temática dos títulos de crédito que

envolve questões desde a criação do crédito, recebimento ou o protesto dos

títulos.

Assim podemos concluir que a circulação dos títulos de crédito

minimizou o uso do dinheiro em espécie, beneficiou as transações comerciais

entre pessoas físicas e principalmente as pessoas jurídicas.

Cabe ressaltar que foi um grande avanço para a economia mundial.

Por fim termino ressaltando a importância do surgimento dos títulos de

crédito segundo TÚLIO ASCARELLI ‘o documento que o incorpora, marcou

realmente, o início de uma faze importantíssima para a economia dos povos,

que é a circulação do crédito”.

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BIBLIOGRAFIA

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