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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA O PROCESSO DE EXECUÇÃO Por: Anderson Chagas Farias Orientador Prof. Jean Alves Rio de Janeiro 2011 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · 3.5 – Princípio da patrimonialidade ... compensada sua expectativa de realização do crédito, frente ao devedor, principalmente

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

O PROCESSO DE EXECUÇÃO

Por: Anderson Chagas Farias

Orientador

Prof. Jean Alves

Rio de Janeiro

2011

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

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O PROCESSO DE EXECUÇÃO

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada

como requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em direito processual civil.

Por: Anderson Chagas Farias

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais Geneci e Marlene, meu

irmão Alessandro, minha esposa Aniele e à

minha filha Manuela pelo incentivo e força

para concluir este trabalho.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha filha Manuela,

amor incondicional e razão de todo o esforço e

luta.

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SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO....................................................................................07

2 - DO PROCESSO DE EXECUÇÃO.......................................................08

2.1 – A natureza do processo de execução....................................................... 08

3 – PRINCÍPIOS DO PROCESSO DE EXECUÇÃO..................................11

3.1 – Noção........................................................................................................11

3.2 – Princípio da autonomia.............................................................................11

3.3 – Princípio da efetividade do processo.....................................................12

3.4 – Princípio da indisponibilidade...............................................................13

3.5 – Princípio da patrimonialidade................................................................13

3.6 – Princípio da execução equilibrada..........................................................13

3.7 – Princípio da NULLA EXECUTIO SINE..................................................14

3.8 – Princípio da tipicidade...........................................................................15

3.9 – Princípio da lealdade.............................................................................16

4 – TIPOS DE OBRIGAÇÕES....................................................................17

5 – A MUDANÇA NO PROCESSO DE EXECUÇÃO.................................18

6 - DO TÍTULO EXECUTIVO....................................................................20

7 – DO TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL (Lei 5.869/73)...........................21

7.1 - Lei 11.232/05 x Lei 5.869/73.....................................................................23 7.2 – Sentença.......................................................................................................23 7.3 – Liquidação de sentença................................................................................24 7.4 – Embargos do devedor..............................................................................25

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7.5 – Cumprimento de sentença........................................................................26 7.6 – Embargos á execução contra a fazenda pública.......................................26 7.7 – Ação monitória.........................................................................................27 8 – DO TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL....................................27

CONCLUSÃO.............................................................................................35

BIBLIOGRAFIA.........................................................................................39

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1 - INTRODUÇÃO

Compreender os tipos de Processo, estudá-los em separado, é um grande passo dado

para, na medida em que o aprendizado progride, busca-se entrelaçar o conhecimento e fazer a

junção das peças para constituir, então, o panorama jurídico.

Estudar o processo de execução, com certeza, trará à tona muito dessas nuances

esclarecedoras de dúvidas, das mais simples às mais complexas.

Todo tema pode ser aprofundado ou estudado superficialmente. A necessidade ou não do

aprofundamento depende dos requisitos ou propósitos a que se submete o trabalho.

Qual a importância do Processo de Execução no âmbito do Direito?

Aqui, nos parece uma boa razão para se estudar o tema. Responder a esta pergunta é buscar no

amplo acervo doutrinário todos os aspectos que envolvem o Processo de Execução.

Destarte, estaremos questionando ou buscando corroborar as mais profundas

interpretações das formas legais em que é cabido o Processo de Execução, sem esquecer o

princípio constitucional que o rege. Como hipótese principal, poderíamos afirmar que o

processo de execução é uma forma legal de que dispõe o credor para ter satisfeita ou

compensada sua expectativa de realização do crédito, frente ao devedor, principalmente

porque a própria Carta Magna exclui do campo penal a inadimplência.

Portanto, as pretensões do presente trabalho são de estudar as relações jurídicas em que

se concebe a possibilidade do cabimento do Processo de Execução, seja no âmbito do Direito

Civil, do Direito Comercial, do Direito do Trabalho, do Direito Tributário, etc.

No contexto jurídico, por vezes, nos deparamos com situações em que a Ação Executiva

não pode ser impetrada. A ausência de um Título Executivo, por inúmeras ocasiões, retarda a

satisfação do Direito do interessado que se vê momentaneamente impotente diante do fato,

por não possuir naquele instante o Direito Processual equivalente ao respectivo Direito

Material. Assim, surge a necessidade da paridade do Direito Processual correspondente ao

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Direito Material. O Processo de Conhecimento constitui-se na opção da parte para conseguir

através da tutela jurisdicional o Título Executivo que lhe possibilite a satisfação do seu

Direito através do Processo de Execução.

2 – DO PROCESSO DE EXECUÇÃO

O Processo de Execução é resultante da Ação de mesmo nome, que origina-se da falta

de cumprimento de uma obrigação pelo devedor desta para com um credor. Essa obrigação

nasce de uma relação jurídica entre duas pessoas, o devedor e o credor.

Uma das partes cumprindo a sua situação jurídica (cumprimento da sua obrigação)

adquire o direito de exigir da outra o mesmo comportamento, caso em que não se enquadra,

agindo de forma contrária, isto é, quando nenhuma das partes cumpre sua respectiva prestação.

Esta situação é prevista pelo Código Civil, conforme dispõe o art. 1.092.

Mas, nem sempre o inadimplemento é oriundo de relação contratual, com a consequente

constituição de prestações mútuas. Tal situação pode advir do não cumprimento de uma ordem

judicial em forma de sentença condenatória de um processo de conhecimento.

Em qualquer caso, porém, o devedor é o sujeito passivo da relação processual do Processo de

Execução.

2.1 – A NATUREZA JURÍDICA DO PROCESSO DE EXECUÇÃO

O direito brasileiro, seguindo a tendência da doutrina contemporânea, acolheu a

concepção que separa o fenômeno jurisdicional em processo de conhecimento e processo de

execução.

Cândido Rangel Dinamarco diz que "a relação processual de execução, da mesma

forma que a cognitiva, é um complexo de situações jurídicas ativas e passivas que se

sucedem dialeticamente através dos atos do procedimento". O processo de execução e o

de conhecimento são relações processuais de espécie diversa, mas sempre relações

processuais.

O processo executivo, não é de origem romana, porque o direito romano não conheceu

um verdadeiro processo jurisdicional executivo, tal como o direito moderno o concebe, "e a

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formação do conceito de processo de conhecimento ligado historicamente à simultânea

formação do conceito de processo de execução, concebido como instrumento jurisdicional

exclusivo para a veiculação de todas as pretensões executivas".

Segundo o código de Processo Civil de 1939, art. 196, o processo (instância) começará

pela citação do réu e terminará pela execução de sentença, repetindo o que dispunha o art. 220

do Código Paulista. Nessa época, tudo era feito em um só processo e a execução não era mais

que mera fase do processo. Era a negação da autonomia do processo executivo.

A autonomia do processo de execução, hoje uníssona na doutrina, nasceu da

necessidade teórica de dar fundamento ao princípio da unidade e autonomia dos instrumentos

executórios do que propriamente a uma exigência lógica que tivesse em si mesma a sua

justificação final. A unificação dos meios executórios, reunidos num único processo de

execução, fez-se mediante a redução da atividade jurisdicional executiva à execução por

créditos a fim também de reduzir a estrutura da relação obrigacional.

Poucos são os doutrinadores que não reconhecem a autonomia do processo de execução

e muitas as razões que convergem para a afirmativa de ser o processo de execução realmente

autônomo, como se pode notar das razões abaixo assinadas:

1. O processo de execução instaura-se pela iniciativa da parte (caput art.

614), terminando por sentença (art. 795);

2. Necessita de citação para o início da execução forçada;

3. Ele admite a execução por título extrajudicial ou por condenação

criminal, que desta forma não foram precedidos de processo civil de

conhecimento;

4. As partes podem ser diferentes do processo de conhecimento, a exemplo

da execução contra o fiador ou contra o responsável não obrigado;

5. Não é possível a extinção do processo no lapso do tempo que vai do

trânsito em julgado da sentença condenatória à iniciativa da execução pelo

vencedor, pela razão da inexistência de processo pendente;

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6. No período acima referido, conta-se prazo para a prescrição da execução,

porque o direito não esta sub judice;

7. Nem todo processo de conhecimento tem como conseqüência uma

execução forçada: o cumprimento voluntário da condenação, por exemplo, torna

impossível o processo de execução; as sentenças declaratórias e constitutivas

não comportam realização de processo executivo;

8. Processo de conhecimento e execução podem correr ao mesmo tempo,

paralelamente, a exemplo da execução provisória e dos embargos.

Diante dessas considerações, não se pode negar o caráter processual da execução,

entretanto, a afirmativa não pode ser absoluta.

A mais clara evidência da relatividade da autonomia do processo de execução em face

do de conhecimento está nas chamadas ações executivas lato sensu, que ensejam, desde logo e

na mesma relação processual, o reconhecimento de um direito e a prática dos atos executivos

tendentes a efetivar o direito (tutela de execução). Há vários exemplos em nosso sistema: ação

de depósito, reintegração de posse, despejo, dentre outras.

A reforma de 1994 foi fundamental para romper com o dogma absoluto da separação

entre processo de cognição e execução. Com a criação dos arts. 273 e 461 do CPC,

possibilitou-se antecipar os atos da execução, ainda que em caráter provisório. Tais institutos

possibilitaram as providências práticas para satisfação do direito material afirmado pelo

demandante, ampliando, como isso, o surgimento de novas formas de executiva latu sensu.

Teori Albino Zavaski afirma: "a autonomia do processo de execução não é absoluta,

nem decorre de uma imposição de natureza científica. Depende, na verdade, de opção

política do legislador, que, atendo para a natureza instrumental do processo, deve

dotá-lo de formas e procedimentos adequados ao fim a que s destina: a realização

segura, célere e efetiva do direito material".

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3 - PRINCÍPIOS DO PROCESSO DE EXECUÇÃO

3.1 - Noção

Todos os princípios que regem o direito processual são aplicáveis ao processo

executivo. Este também é parte integrante do direito processual o que, por óbvio, faz com que

lhe seja aplicável os princípios gerais do direito processual, como os princípios

constitucionalmente instituídos do devido processo, contraditório, ampla defesa, isonomia,

dentre outros. No presente ensaio, far-se-á análise dos principais princípios específicos do

processo de execução, isto é, dos princípios inerentes às relações executivas previstos no

sistema processual civil. Para tanto, a concepção de princípio que se adota é a de mandamentos

nucleares do sistema processual executivo.

3.2 – PRINCÍPIO DA AUTONOMIA

3.2.1 - Concepção original do CPC

Antes da onda reformista que marcou o processo civil, a sistemática era da autonomia

do processo de execução. As reformas de 2005, 2002, e 1994 que introduziram os arts. 475-I e

ss., 461-A, 461, 461-A e 273, abalaram a estrutura autonomista dos “processos” (atividades

jurisdicionais).

A estrutura original do Código de Processo Civil de 1973 fora construída em processos

formalmente autônomos, em que a atividade jurisdicional cognitiva e executiva era apartada,

tinha por fundamento o Estado Liberal, cuja ideologia era a da preservação da liberdade e

propriedade individual dos cidadãos, com o máximo de respeito à segurança jurídica.

Assim, tendo em vista a necessidade de segurança jurídica, previsibilidade e

necessidade de provocação expressa ao Judiciário para a prestação da tutela jurisdicional

executiva, o processo de execução, foi concebido como sendo um processo (atividade

jurisdicional) autônomo.

Não se confundia no mesmo processo as tutelas jurisdicionais. Se a parte pleiteava

tutelas cognitivas, executivas ou cautelares, teria que mover ação própria para tanto, de modo a

observar a autonomia das atividades jurisdicionais. Salienta Marcelo Abelha que:

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“É partindo desse pensamento que a criação de um processo formalmente autônomo

para o exercício da tutela executiva seria um método racional de adotar um modelo

seguro e conservador de controle da atividade jurisdicional.

Assim, adotando-se o princípio da inércia na atividade jurisdicional executiva,

qualquer pessoa teria a certeza e segurança de que só teria a sua esfera patrimonial

atingida pela execução se e quando o Estado-juiz fosse explicitamente provocado para

tal fim. Prova disso é que, sendo a execução provisória do CPC (art. 475-O e ss.) uma

exceção com limitações imanentes, havia uma segurança jurídica de que, quem quer

que seja, só teria a sua liberdade e propriedade atingidas pelo Estado se: a) o

interessado provocasse o Estado-juiz; b) existisse processo formalmente autônomo para

tal fim.

Mas não é só, pois a concentração de atos executivos em um só processo dava,

indubitavelmente a segurança de que qualquer ato executivo só poderia ocorrer dentro

da cadeia processual executiva, com regras bem delimitadas, evitando surpresas ao

executado. Ademais, a existência de um processo autônomo de execução permitia

esmiuçar as regras do procedimento executivo, deixando o juiz quase sem mobilidade

para atuar na função executiva. Portanto, a contraface da função executiva a que se

destina o processo de execução era a certeza que tinha o executado de que só teria

cerceado sua liberdade e propriedade se isso se desse por intermédio de um processo

de execução, após o estrito cumprimento de regras ali mesmo previstas. Por incrível

que pareça, tinha-se aí uma garantia para o executado e não para o exeqüente.’’

3.3 – PRINCÍPIO DA EFETIVIDADE DO PROCESSO

A doutrina aponta, como corolário do due process of Law, a cláusula da efetividade do

processo. Salienta Cássio Scarpinella Bueno que rompida a inércia jurisdicional, com o

requerimento de instauração de processo ou fase executiva, ao prestar a tutela jurisdicional,

deve o Estado valer-se dos meios existentes para a efetividade e utilidade da execução,

mesmo que não haja qualquer outro pedido específico. O processo deve dar à parte aquilo e

exatamente aquilo que ela teria direito se o devedor tivesse cumprido espontaneamente a sua

obrigação (Chiovenda).

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3.4 – PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE

Significa que a tutela jurisdicional executiva não pode ser prestada de ofício. Para que se

instaure um processo de execução ou uma fase executiva, é necessário requerimento do

credor. Trata-se de corolário lógico do princípio da inércia da jurisdição.

Outrossim, significa que os atos executivos estão ao dispor do exeqüente, ou seja, que o

credor que vale-se da atividade executiva pode desistir de alguns atos ou em sua totalidade, se

lhe convier, não tendo que sujeitar-se à vontade do executado.

3.5 - PRINCÍPIO DA PATRIMONIALIDADE

A patrimonialidade ou realidade significa que a execução recai sobre o patrimônio do

devedor. Uma das questões mais interessantes é a dos limites dos atos executivos, como a

prisão por dívida, depositário infiel (art. 5º, LXVII). O Pacto de San José da Costa Rica enseja

debates acerca da possibilidade de prisão do depositário infiel, tendo em vista o status

constitucional para alguns doutrinadores. A responsabilidade patrimonial está prevista nos

artigos 591 a 597 do CPC. Estuda-se as hipóteses de penhorabilidades absolutas, relativas, etc.

A questão da responsabilidade da pessoa jurídica enseja nuances, como a do uso indevido da

mesma por sócios ou administradores, o que enseja a desconsideração da personalidade

jurídica.

3.6 – PRINCÍPIO DA EXECUÇÃO EQUILIBRADA

A execução deve ser equilibrada, de modo que deve buscar atingir o resultado esperado,

qual seja, a satisfação do crédito, concretizando o comando normativo obrigacional previsto

no título executivo (CPC, 612, 2ª parte). Entretanto, esta busca por resultados não pode ser

feita sem critérios. Deve-se buscar a menor onerosidade para o devedor, isto é, a execução se

faz no interesse do credor, (princípio do resultado) mas é mitigado pelo princípio da menor

onerosidade/gravosidade ao executado (CPC, 620), ou seja, quando houver mais de uma

forma de executar os bens do devedor, deve-se optar pela menos gravosa. É a idéia da

eficiência versus ampla defesa. Deve haver a busca do equilíbrio entre a satisfação do crédito

e o respeito aos direitos do devedor.

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O artigo 612 diz que realiza-se a execução no interesse do credor, que adquire, pela

penhora, o direito de preferência sobre os bens penhorados, exceto no caso de insolvência do

devedor, em que tem lugar o concurso universal (art. 751, III). Em situações normais (de

solvência do devedor), a execução corre no interesse do exeqüente. Em situações anormais,

como o caso de insolvência, incide regra especial de concurso de credores (todos os credores

são colocados em situação de igualdade, uma vez que não há bens para a satisfação de todos

os créditos).

O artigo 620 enaltece que “Quando por vários meios o credor puder promover a

execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o devedor”. A execução

é de iniciativa e no interesse do credor, mas se por várias formas de execução ele escolher a

mais gravosa/onerosa para o devedor, deve o juiz agir de ofício para evitar o excesso. Repare

que deve haver mais de um meio idôneo para a satisfação do crédito, ou seja, tem que haver

uma possibilidade de escolha entre o credor e o juiz que determina a medida. Acrescente-se

que o juiz for aplicar medidas menos gravosas ao devedor, deve tomar cuidado para não

“esvaziar” a eficácia da medida. Deve o magistrado adotar medidas igualmente idôneas para a

satisfação do crédito.

3.7 - PRINCÍPIO DA NULLA EXECUTIO SINE

Tradicionalmente o processo de execução é concebido como instrumento para a

satisfação dos interesses inadimplidos do credor. Para que este possa se valer desta peculiar

tutela jurisdicional, mister que instrua sua pretensão com título executivo, que pode ser

judicial ou extrajudicial.

O título executivo “é condição necessária e suficiente para a realização do processo de

execução, permitindo que se satisfaçam os atos executivos independentemente de averiguação

judicial quanto à efetiva existência do direito que lhe é subjacente”.

Conforme ressaltado alhures, inúmeras reformas ocorreram no bojo do direito

processual civil, instaurando a fase sincrética do processo. Com a previsão da tutela

antecipada genérica do artigo 273 e tutela específica de obrigações de fazer e não fazer do

artigo 461, possibilitou ao demandante que obter este tipo de tutela jurisdicional a efetivação

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do provimento no próprio bojo do processo, o que ensejou a tese da execução sem título

permitida.

3.8 – PRINCÍPIO DA TIPICIDADE

Visa o presente princípio em fixar uma certa previsibilidade ao executado que tiver

contra si uma tutela jurisdicional executiva. Foi dito acima que conforme a obrigação (fazer,

não-fazer, entregar coisa ou pagar) teremos uma atividade ou grupo de atividades executivas.

Cássio Scarpinella Bueno chama de princípio da adequação, que significa que dependendo da

modalidade obrigacional, tem-se um tipo de execução, devendo o exeqüente formular a

pretensão adequada ao tipo de obrigação (fazer, não-fazer, dar coisa, pagar), que é corolário da

tipicidade (Princípio da tipicidade dos meios executivos). A tipicidade significa que todos os

atos executivos estão prévia e pormenorizadamente descritos na lei processual, daí a

necessidade de escolha dos atos adequados conforme a previsão normativa.

Entretanto, a reforma do CPC fez a doutrina repensar estes binômios tipicidade-

adequação. Cássio Scarpinella Bueno diz que “ao mesmo tempo que diversos dispositivos do

Código de Processo Civil continuam, ainda, a autorizar apenas e tão somente, a prática de atos

jurisdicionais típicos, no sentido colocado em destaque nos parágrafos anteriores, é inegável, à

luz do ‘modelo constitucional do direito processual civil’, que o exame de cada caso concreto

pode impor ao Estado-juiz a necessidade da implementação de técnicas ou de métodos

executivos não previstos expressamente em lei e que, não obstante – e diferentemente do que

a percepção tradicional daquele princípio revelava -, não destoam dos valores ínsitos à atuação

do Estado Democrático de Direito, redutíveis à compreensão do ‘devido processo legal’”. Nas

palavras de Marcelo Abelha:

“Sendo a atividade executiva uma função jurisdicional que substitui e que estimula a

vontade do executado para atuar a vontade concreta da lei, tem-se aí uma autorização

normativa para que o Estado, ao mesmo tempo que impede a autotutela, se veja

compelido a entrar na esfera patrimonial do indivíduo visando a atuar a norma jurídica

concreta. Todavia, para “controlar” e “delimitar” a atuação e interferência do Estado na

liberdade e propriedade, previa o CPC/73 – além da segurança de que o Estado só

atuaria se fosse provocado – a tranqüila regra (para o executado), de que este só perderia

seus bens em um processo específico, com um mínimo de previsibilidade, e,

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especialmente, sabendo de antemão quais seriam as armas executivas a serem utilizadas

pelo Estado durante a atuação executiva. Mas não é só, pois o modelo liberal do

processo executivo dava ao jurisdicionado a certeza e segurança das armas que seriam

utilizadas pelo Estado, bem como quando e como as utilizaria. Isso quer dizer que em

um Estado liberal vigora o princípio da tipicidade dos meios executivos, de forma que

ao juiz não cabe a escolha do meio executivo, senão porque lhe compete apenas e tão-

somente cumprir as regras previstas da tutela processual executiva que estão delimitadas

no “didático e exaustivo manual de instruções previamente estabelecido pelo legislador

processual”. Não havia espaços para “invenções” ou “criações” ou até “escolhas” por

parte do juiz do meio executivo a ser utilizado na atividade executiva. Esse

engessamento do magistrado tem uma só finalidade: impedir a intervenção estatal

desmedida na propriedade e liberdade das pessoas. Obviamente que o modelo liberal foi

substituído formalmente com o novo texto constitucional, e, aos poucos a legislação

nacional vai se adequando à nova realidade social: o Estado Social Democrático. Isso

implica em sérias mudanças nos diversos flancos do ordenamento jurídico, e, o direito

processual é um deles. As reformas iniciadas em 1994 têm demonstrado isso”.

Já não há mais dúvidas sobre a superação da tipicidade dos meios executivos com a

adoção da atipicidade dos meios de execução. Salientam Marinoni e Mitidiero que “as

técnicas processuais executivas decorrem, no Estado Constitucional, da Constituição – do

direito fundamental ao processo justo (art. 5º, LIV, CRFB) e do direito fundamental à tutela

jurisdicional adequada e efetiva que lhe é inerente (art. 5º, XXXV, CRFB)”.

Hoje, é nítido no CPC, a permissão do juiz escolher a melhor técnica executiva para

atuar a norma concreta, seguindo parâmetros mais fluidos, tal como se vê no art. 461, § 5o,

art. 273, § 3o, art. 475-R etc.

3.9 - PRINCÍPIO DA LEALDADE

Trata-se do dever de boa-fé processual. As partes têm que se comportar/agir conforme

os ditames da lealdade e confiança, não podendo frustrar as expectativas legítimas da parte ex

adversa. O Código de Processo Civil elenca que os atos atentatórios à dignidade da justiça

ensejam punição prevista nos artigos 600-601, assim como o artigo 14 do CPC, que trata do

dever geral de boa-fé na prática de todo e qualquer ato processual.

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3.9.1 - PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE (CPC, 475-O e 574)

O sistema processual autoriza o credor a executar, provisoriamente, as decisões a ele

favoráveis quando desprovidas de efeito suspensivo. Entretanto, o CPC prevê que sobrevier

decisão alterando a que está sendo objeto de execução provisória, o exeqüente será

responsável pelos atos que praticar, devendo restituir ao estado anterior e reparar eventuais

danos percebidos pelo executado. Se for execução provisória, responderá objetivamente. No

que tange à execução definitiva, eventual responsabilidade será subjetiva.

4 – TIPOS DE OBRIGAÇÕES

1 - As obrigações de dar são aquelas em que o devedor está obrigado a entregar ao

credor algum bem determinado, podendo ser dinheiro ou qualquer item patrimonial. Não é

difícil entender este tipo de obrigação que pode ser dividido em dois tipos: entrega de coisa

certa e entrega de coisa incerta, tendo cada tipo sua peculiaridade como veremos mais à frente.

2 - As obrigações de fazer são aquelas em que o devedor está obrigado a praticar algum

ato, proceder à ação de alguma forma, sem o que se constitui inadimplente. Não nos parece

difícil compreender este tipo de obrigação. Apenas alguma variância poderemos encontrar na

prática, visto que certas obrigações do tipo intuitu personae somente devem ser realizadas pela

pessoa do devedor, enquanto outras obrigações mais comuns podem ter o terceiro o

substituindo.

3 - As obrigações de não fazer são aquelas em que cujo devedor tem por obrigação,

justamente o contrário, isto é, não praticar, não proceder à ação de alguma forma, caso que, em

o fazendo, pode tornar-se sujeito passivo da relação processual de execução. Esta, sim, nos

parece uma obrigação um pouco mais complicada de se entender na prática. Mas, para fins

didáticos vamos nos remeter ao Código Civil, art. 1.181 (doação), de cuja interpretação, alguns

doutrinadores entendem nascer, para o donatário, uma obrigação de não fazer qualquer ação

que possa caracterizar ingratidão de sua parte para com o doador.

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5 – A MUDANÇA NO PROCESSO DE EXECUÇÃO

A Lei n. 11.382/06, veio reformar o processo de execução, em particular a execução de

títulos extrajudiciais previstos no art. 585 do CPC (títulos executivos, representativos de

obrigação certa, líquida e exigível, tais como letra de câmbio, notas promissória, duplicata,

debênture, cheque, cédula de crédito bancário).

O processo de execução dos títulos judiciais já havia sido reformado pela Lei n.

11.232/05, convertido em fase de cumprimento de sentenças judiciais. A execução dos títulos

executivos pode ser instaurada caso o devedor não tenha satisfeito a sua obrigação.

O escopo da execução é satisfazer o direito do credor por meio da expropriação de bens

do devedor (art.646, CPC), por meio da adjudicação, alienação ou usufruto (art. 647). O credor

poderá, na inicial da execução, indicar bens a serem penhorados.

Conforme a Lei n. 11.382, uma vez citado da execução, o executado terá prazo de 3 dias

para efetuar o pagamento da dívida (art. 652). Não efetuado o pagamento, o oficial de justiça

procederá de imediato à penhora de bens e a sua avaliação. A penhora deverá incidir em tantos

bens quantos bastem para o pagamento do principal atualizado de custas e honorários

advocatícios (art. 659).

O art. 655 do CPC, estabelece a seguinte ordem em relação à penhora: I – dinheiro, em

espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira; II – veículos de via terrestre; III

– bens móveis em geral; VI – bens imóveis; V – navios e aeronaves; VI – ações e quotas de

sociedades empresárias; VII – percentual do faturamento de empresa devedora; VIII – pedras e

metais preciosos; IX – títulos da dívida pública da União, Estados e Distrito Federal com

cotação em mercado; X – títulos e valores mobiliários com cotação em mercado; XI – outros

direitos.

Na execução de crédito com garantia hipotecária, pignoratícia ou anticrética, a penhora

recairá, preferencialmente, sobre a coisa dada em garantia (art. 655, parágrafo primeiro).

O juiz, a requerimento do exequente, para possibilitar a penhora de dinheiro em

depósito ou aplicação financeira (art. 655-A), requisitará ao Banco Central do Brasil,

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preferencialmente por meio eletrônico (Bacen-Jud), informações sobre a existência de ativos

em nome do executado. No mesmo ato, o juiz poderá determinar a indisponibilidade desses

ativos até o valor indicado na execução.

De acordo com o parágrafo primeiro do art. 656 do CPC, o executado tem o dever de

indicar os bens sujeitos à execução. A falta de indicação constitui ato atentatório à dignidade da

justiça (art. 600, IV).

A averbação poderá ser promovida pelo exequente, no registro de imóveis, registro de

veículos ou registro de outros bens sujeitos à penhora ou arresto, do ajuizamento de execução

contra o vendedor, com base em certidão obtida após a distribuição da ação (art. 615-A).

O executado poderá, quando intimado da penhora, no prazo de 10 dias, requerer a

substituição do bem penhorado (art. 668), mas terá de comprovar, sob pena de litigância de má

fé (art. 17, IV e VI).

Independente de penhora, no prazo de 15 dias, depósito ou caução, o executado poderá

opor-se à execução por meio de embargos (art.736), mas eles não terão suspensivo (art. 739-A),

embora o juiz possa vir a atribuí-lo, observadas as seguintes condições: 1) se o prosseguimento

da execução puder causar ao executado/embargante grave dano de difícil ou incerta reparação; e

2) se a execução estiver garantida por penhora, depósito ou caução suficientes.

Quando o efeito suspensivo atribuído aos embargos disser respeito apenas à parte do

objeto da execução (art. 739-A, parágrafo terceiro), ela prosseguirá quanto à parte restante. No

caso de embargos manifestamente protelatórios, o juiz imporá, em favor do exequente, multa ao

embargante em valor não superior a 20% do valor em execução (art. 740, parágrafo único).

No reconhecimento do crédito do exequente, o executado, no prazo dos embargos,

poderá requerer ao juiz o pagamento parcelado da dívida, mediante as seguintes condições: 1)

depósito de 30% do valor em execução, incluídas as custas e honorários de advogado; e 2) o

restante em até 6 parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e juros de 1% ao mês (art.

745-A).

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6 - DO TÍTULO EXECUTIVO

Vejamos o que diz Arruda Alvim: ‘’Um rápido exame do processo de execução

demonstra, desde logo, a inaplicabilidade do chamamento ao processo nos casos de execução’’.

Em primeiro lugar, o título extrajudicial (art. 585) engendra processo de execução, com

executividade de índole definitiva, na forma do que dispõe o art. 587, podendo esta, no entanto,

ser paralisada, mercê do recebimento dos embargos do devedor com efeito suspensivo.

Normalmente não há sentença na execução, salvo quando forem oferecidos embargos.

O título executivo, por si só, dá validade à ação e autenticidade à coercitividade pela

falta de pagamento (inadimplência), desprezando as razões de que possa o juiz se valer para

aceitar qualquer contradito por parte do devedor. Este, se assim o desejar, deverá fazê-lo pelos

"embargos do devedor" e, ainda assim, seguro o juiz.

Algumas observações são cabíveis em razão do estudo do art. 583 (v. n. 54), senão

vejamos: A primeira observação, aliás, unanimemente explorada pela doutrina, diz respeito à

pluralidade de títulos executivos embasada no art. 573 do CPC, permitindo que o credor possa

mover em uma mesma ação executiva, várias execuções, ressalvados os requisitos legais. Aliás,

mais uma razão encontramos aqui para revestir a ação de execução das condições da ação.

O final do artigo citado deixa clara a necessidade de competência do juízo. Outra observação

diz respeito à instrução da inicial com o título executivo, aliás, no caso, mais fácil ainda nos

parece compreender porque o princípio do contraditório não é aplicado ao processo de

execução. Se existe um título executivo judicial, fundamentado em uma sentença, não há

possibilidade de questionamento.

O art. 614, I do CPC, traz o preceito legal para esta situação processual. Note-se que a

carta de sentença substitui o título executivo, pois trata-se do próprio à guisa do entendimento

do art. 584 (v. n. 68).

A terceira e última observação tem amparo no art. 618, I do CPC , que se refere aos

possíveis defeitos do título, tornando nula a execução, o que nos remete à leitura do parágrafo

1o. do art. 586: "Quando o título executivo for sentença, que contenha condenação genérica,

proceder-se-á primeiro à sua liquidação".

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Ainda com base nesta observação, vale lembrar a condição do parágrafo 2o. do art. 586

(v. n. 59): "Quando na sentença há uma parte líquida e outra ilíquida, ao credor é lícito

promover simultaneamente a execução daquela e a liquidação desta".

Ao estudarmos os títulos executivos, compreendemos facilmente porque as condições

da ação e os pressupostos processuais são tão desprezados em profundidade pela doutrina, no

que se refere ao processo de execução. Como bem diz Moacyr Amaral Santos "no título

executivo estão compreendidos o objeto, os limites e a extensão da execução". (grifos nossos).

A importância do título executivo está preceituada no art. 583 do CPC. A respeito,

importante nota de Theotonio Negrão: "A admissão de execução, mediante ordem de citação

para pagamento em 24 horas, sob pena de penhora, sem título executivo que a embase, constitui

violação de direito líquido e certo do executado".

Para bem compreendermos a eficácia dos títulos executivos, devemos estudá-los em

separado, ainda que necessitemos fazer uma rápida leitura ao CPC, seção II, capítulo II, livro II

- Do Processo de Execução.

7 – DO TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL (Lei 5.869/73)

O processo civil brasileiro divide-se em três espécies: Conhecimento, Execução e

Cautelar, o processo de conhecimento é utilizado para que seja declarado a quem pertence o

direito material, já o processo de execução serve para efetivar no mundo fático as pretensões

requeridas através de titulo executivo judicial ou extrajudicial, enquanto que o processo

cautelar é mais recente, sendo utilizado para proteger direito que sofra grave ameaça.

O titulo executivo tem como função à de autorizar a execução, pois fixa seu objeto, sua

legitimidade e seus limites de responsabilidade, sendo dividido em: judicial e extrajudicial. O

primeiro é extraído da sentença condenatória prolatada no processo de conhecimento ou outro

título judicial a ela equiparado; enquanto que a extrajudicial é reconhecida fora da tutela do

Estado, elencado no art. 585 CPC; ambas executadas no processo de execução, assim tanto o

processo de conhecimento quanto o de execução são autônomos.

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O titulo executivo judicial é o documento do qual o Estado, através do Poder

jurisdicional, tem participação em sua formação; tendo sua origem no poder estatal, o titulo

extrajudicial dificilmente será questionado, como ocorre com o titulo executivo extrajudicial.

O art. 584 do CPC elenca as formas de titulo executivo judicial, considerado como taxativas;

quais sejam: I – a sentença condenatória proferida no processo civil; II – a sentença penal

condenatória transitada em julgado; III – a sentença homologatória de conciliação ou de

transação, ainda que verse matéria não posta em juízo; IV – a sentença estrangeira, homologada

pelo Supremo Tribunal Federal; V – o formal e a certidão de partilha; VI – a sentença arbitral.

O legislador ao informar a sentença condenatória no processo civil limitou o âmbito de

atuação deste titulo, pois assim excluiu a sentença declarativa e a constitutiva, o fez de forma

correta, uma vez que ambas se satisfazem por si só, o que não ocorre com a sentença

condenatória; além disso, há entendimentos doutrinários que não restringem a sentença

condenatória proferida no processo cognitivo, segundo Araken de Assis, a nota fundamental

deste inciso é de que reside concretamente na eficácia condenatória do ato decisório e não na

tipificação legal; portanto, além das sentenças condenatórias, poderão também ser utilizados

como titulo executivo judicial as decisões interlocutórias que tenham caráter condenatório.

O inciso II do art. 584 trata da sentença condenatória penal transitada em julgado,

sentença esta proferida na esfera penal, embora que a responsabilidade civil é independente da

criminal, poderá a vítima aguardar o desfecho do processo-crime, que, em conformidade ao

disposto no art. 91, I, do CP, torna certa a obrigação de reparar o dano. O principal problema

desta sentença está na ausência de liquidez, o qual é requisito essencial para o processo civil de

execução, desta forma será necessário que se realize a ação de liquidação de sentença, para que

assim possa transformar em título executivo judicial.

A sentença homologatória de conciliação ou transação é considerada sentença de mérito,

conforme disposto no art. 269, III do CPC, porém só poderá versar sobre matérias que tenham

como base bens disponíveis. Este dispositivo sofreu alterações na redação com a lei 8.953/94, a

qual inseriu “ainda que esta não verse questão posta em juízo”, segundo WAMBIER (2005, p.

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55) “A mudança no art. 584, III, havia apenas servido para confirmar entendimento que já vinha

sendo defendido por boa parte da doutrina e dos tribunais. (...)”.

Em relação à sentença estrangeira é necessária a homologação do Superior Tribunal de

Justiça e não do Supremo Tribunal Federal conforme consta no art. 584, IV CPC, devido à

competência ser do STJ conforme art. 105, I, i da CF, a Emenda Constitucional 45 tratou de

acertar esta competência.

O inciso V do art. 584 trata sobre o formal e a certidão de partilha, em relação a este

assunto WAMBIER afirma que “são os documentos que retratam a adjudicação de quinhão

sucessório, formalizando a transferência da titularidade de bens em virtude de sucessão causa

mortis.”.

A grande discussão a respeito dos títulos executivos judiciais encontra-se na sentença

arbitral que não necessita de homologação do poder jurisdicional; a ausência de homologação

foge da natureza dos títulos elencados no art. 584, qual seja: a tutela do Poder Jurisdicional na

obtenção do titulo; no entanto, a lei lhe deu este caráter e como tal deve ser tratada, somente

nos casos em que esta sentença tenha eficácia condenatória (Lei 9.307/96, art. 31).

7.1 - LEI 11.232/05 x LEI 5.869/73

A população desacredita na justiça brasileira, segundo MARINONI a morosidade do

processo é um dos fatores em que a população desacredita no poder jurisdicional para resolver

seus conflitos, demonstrando assim, a necessidade de mudanças nos procedimentos do

processo.

A lei 11.232 foi sancionada e publicada no DOU em dezembro de 2005, porém só entra

em vigor após seis meses da sua publicação (art.8º); durante o período da vacatio legis tem se

estudado a presente lei devido a grande transformação que gerará na execução de sentença, que

passa a chamar de cumprimento de sentença.

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O ator principal desta mudança é o titulo executivo judicial, pois ele, ao deixar o Livro

II do código civil brasileiro no artigo já informado, passando para o Livro I, modifica o

processo de conhecimento na condenação, bem como todos os procedimentos que tenham

como base o titulo executivo judicial para a efetivação do litígio.

Inicialmente para que seja o titulo judicial inserido no âmbito do processo de

conhecimento é indispensável à existência de outras mudanças no próprio processo, para que

assim o ordenamento jurídico mantenha-se racional, adotando uma nova sistematização para o

processo civil.

7.2 - SENTENÇA

A primeira mudança sensível dar-se-á na redação dos artigos 162, 267, 269 e 463 do

CPC, todos dizem respeito da atuação do Juiz no processo de conhecimento, pois como consta

no Código de Processo Civil o Juiz põe termo ao processo ao prolatar a sentença; redação esta

que tem questionamento dentro da doutrina, pois o processo não termina com a sentença de

primeiro grau, exceto se transitar em julgado, caso contrário caberá recurso e dará termo o

acórdão.

A nova lei resolve o questionamento de muitos, pois a partir de então, o poder

jurisdicional de primeiro grau irá apenas resolver o processo, sendo que posteriormente irá

efetivar a própria condenação.

7.3 – LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA

Quando o titulo executivo judicial encontra-se ilíqüido é necessário que se faça à

liquidez do titulo, no código vigente a liquidação será realizada através da ação de liquidação

de sentença, segundo afirma SHIMURA, “(...) entre o processo de liquidação e o de execução,

existem duas ações, calcadas em pretensões diferentes, uma a de liquidar e a outra, a de

executar”.

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DINAMARCO (2004, pg. 213) afirma o seguinte a respeito da liquidez do titulo:

“Líquida quando já se encontra perfeitamente determinada a quantidade dos bens que

lhe constituem objeto ou quando essa quantidade é determinável mediante a realização

de seus cálculos aritméticos, sempre sem necessidade de buscar elementos ou provas

necessários ao conhecimento do quantum”

A partir da lei 11.232/05 a liquidação de sentença deixa o Livro II do código civil e

passa para o Livro I nos artigos 475-A ao 475-H, revogando o Capítulo VI do Titulo I do Livro

II da lei 5.869/73, a principal mudança ocorre na natureza da liquidação de sentença, pois, passa

de ação cognitiva, autônomo e independente, para incidente processual, não cabendo mais

apelação e sim agravo de instrumento (art. 475-H da lei 11.232/05) face a natureza de decisão

interlocutória.

Além disso, a nova lei acrescenta na proibição de sentença ilíqüida quando versar sobre:

ações de indenização por acidente de veículos em via terrestre e cobranças de seguro referente a

danos causados por acidente de veículos; o principal motivo deste acréscimo, segundo

WAMBIER (2006, p. 88) “(...) têm relação apenas com a impossibilidade de o autor, por

ocasião da propositura da ação (e do juiz, na sentença), saber, de antemão, o quantum (isso é, a

quantidade, o valor) que lhe é devido ou exatamente o que lhe é devido.”

7.4 – EMBARGOS DO DEVEDOR

O processo civil brasileiro possui instrumentos que auxiliem a parte ré a recorrer diante

da possibilidade de defeitos ocasionados pela tutela jurisdicional, sendo um desses

instrumentos: - os embargos do devedor, procedimento este utilizado no processo de execução;

no código de Buzaid este instrumento tem caráter de ação autônoma incidental.

A lei 11.232/05 revoga a eficácia deste instrumento para os embargos à execução

fundada em sentença, criando, como instrumento ao devedor, a impugnação, a qual difere dos

embargos.

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A principal diferença entre os dois instrumentos é de que os embargos tem como regra o

efeito suspensivo da ação principal, até que fosse julgada a ação incidental; enquanto a

impugnação terá como exceção ao efeito suspensivo, ou seja, somente nos casos em que forem

relevantes os seus fundamentos e houver o risco de o prosseguimento da execução gerar danos

graves e de difícil reparação; sendo que mesmo a exceção poderá não sofrer o efeito suspensivo

no caso em que o exeqüente garanta a segurança jurídica do processo através de caução (art.

475-M §1º).

7.5 - CUMPRIMENTO DA SENTENÇA

O processo de execução tem a competência, na lei 5.869/73, para satisfazer a vontade do

exeqüente que tenha como pressuposto o titulo executivo judicial, adotando o princípio da

autonomia processual; com a nova lei o cumprimento da sentença far-se-á no próprio processo

de conhecimento, ou seja, os títulos executivos presentes no art. 475-N da lei 11.232/05 não

necessitam de petição inicial para ter a satisfação do credor realizada, apenas o mesmo terá que

requerer que seja realizado o cumprimento da sentença.

A respeito da sentença condenatória declara WAMBIER, 2006, pg. 241:

(...) A sentença condenatória ao pagamento de quantia passa a ser executada no próprio

processo em que proferida. No entanto, sujeita-se a um modelo executivo rígido,

tipificado (basicamente, aquele mesmo modelo do Livro II do Código, já aplicável antes

da Lei 11.232: v. o art. 475-R, introduzido pela Lei 11.232). Ademais, o “cumprimento

da sentença” condenatória ao pagamento de quantia depende de específico requerimento

do credor. Há uma nova demanda, de execução, ainda que dentro do processo em curso.

Já a efetivação das sentenças proferidas com amparo no arts. 461 e 461-A é promovida

de ofício pelo juiz. Por tais razões, a sentença que determina o pagamento de quantia

continua tendo preponderante eficácia condenatória. Comparem-se seus atributos com

aqueles característicos das sentenças mandamentais e executivas, (...)

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7.6 – EMBARGOS À EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA

O embargo à execução contra a Fazenda Pública não utiliza as regras de impugnação

disposto na lei 11.232/05, uma vez que a nova lei adotou tratamento diferenciado para

embargos contra a Fazenda Pública.

Além disso, outra diferença fundamental da impugnação inserida pela lei 11.232/05 é de

que quando interposto os embargos, a execução fica suspensa, nos limites das matérias

veiculadas nesta peça.

7.7 - AÇÃO MONITÓRIA

O titulo executivo extrajudicial que não conter um dos requisitos exigidos, tais como:

liquidez, exigibilidade e certeza não poderá ser executado, cabendo ao credor a ação monitória

como instrumento de tornar este titulo em executivo exigível.

O titulo executivo extrajudicial que obtiver procedência na ação monitória transformar-

se-á em titulo executivo judicial, desta forma, seguindo todos os ritos do referido título. A lei

11.232/05 apenas inseriu um artigo em que o titulo executivo judicial provido da ação

monitória seguirá o rito do titulo executivo judicial, ou seja, através do cumprimento da

sentença.

8 – DO TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL

O título extrajudicial prescinde de prévia ação condenatória. Conforme afirmou

PONTES DE MIRANDA, ele "não tem antecedência, mas antecipa-se à sentença de cognição"

(Comentários, v. 9/219). O eminente ARAKEN DE ASSIS nos remete à origem histórica dessa

espécie de título executivo, ensinando que "foi apenas na Idade Média, em decorrência

inevitável do florescimento das modernas relações mercantis, que a necessidade de oferecer

determinadas categorias de créditos uma tutela rápida e mais fácil estimulou a equiparação dos

títulos criados pelos particulares, na feição primitiva de instrumenta guarentigiata" (in "Manual

do Processo de Execução", 5ª. Edição, SP: Editora RT, 1998, p. 128). Ficamos com o conceito

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de DINAMARCO, para quem títulos executivos extrajudiciais "são os atos da vida privada aos

quais a lei processual agrega tal eficácia e assim também são as inscrições de dívida ativa" (p.

248). Note-se que o título extrajudicial prescinde de prévio processo de conhecimento. Em

razão disso, o grau de eficácia desse tipo de título diminui consideravelmente na medida em

que se amplia a matéria de defesa permitida ao devedor através de embargos (art. 745). O rol

dos títulos executivos extrajudiciais está no art. 585 do CPC, conforme se vê a seguir:

"Art. 585. São títulos executivos extrajudiciais:

I – a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;

Inicialmente, o primeiro inciso do art. 585 trata dos títulos cambiais ou de crédito. Os

títulos de crédito são instrumentos criados para facilitar a circulação de riquezas. Como diz

ARAKEN DE ASSIS, "larga é a casuística em torno dos pressupostos de exeqüibilidade,

legitimidade passiva, competência, ônus da prova e profundidade da cognição nos embargos"

(p.138). No que se refere às letras de câmbio e notas promissórias, vigora o estampado na Lei

Uniforme de Genebra promulgada pelo Decreto 57.663, de 24/01/1966. Já o cheque é regido

pela Lei 7.357, de 02/09/1985. A duplicata é regulada pela Lei 5.474/68. Na omissão da lei

especial, aplicam-se as disposições gerais dos arts. 887 a 926 do Novo Código Civil (2002).

Os títulos cambiais são dotados de características próprias que os diferenciam dos

demais títulos extrajudiciais. Entre essas características destacam-se a literalidade, o

formalismo, a autonomia, a abstração e a circulação. Diz-se que os títulos de crédito são

literais porque vale somente o que nele está escrito, não sendo lícito alegar circunstância não

escrita. Além disso, uma conseqüência da literalidade é que somente o credor designado no

título é que está legitimado a promover a execução e poderá fazê-lo apenas em face dos que se

obrigaram no próprio título. A característica do formalismo dos títulos de crédito significa que

no seu contexto devem constar os dados obrigatórios previstos em lei, como denominação,

identificação das partes, época e lugar do pagamento, valor devido, etc. A autonomia é a

desvinculação da causa do título em relação a todos os coobrigados. Já a abstração significa

que o próprio título é desvinculado da causa da obrigação. Por isso é que se diz que os títulos

de crédito bastam-se a si mesmos, não dependendo de qualquer outro documento para

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completá-los. Toda a teoria dos títulos de crédito foi constituída em função da circulação como

modo de facilitar a realização de negócios.

Importante tratarmos de alguns conceitos iniciais antes de analisar as peculiaridades

desses títulos executivos extrajudiciais.

1) Letra de câmbio: é uma ordem de pagamento em que alguém chamado sacador

(credor) se dirige a outrem denominado sacado (devedor) para pagar a terceiro (beneficiário da

ordem). Em outros termos, é a ordem dirigida ao devedor para que pague a dívida em favor de

terceiro.

2) Nota promissória: é promessa de pagamento emitida pelo próprio devedor em favor

do credor.

3) Cheque: é uma ordem de pagamento à vista em favor do credor emitido por uma

pessoa (devedor) contra uma instituição bancária. O cheque e a nota promissória independem

de protesto. O protesto será necessário apenas para tornar a promissória exigível frente a

endossadores e respectivos avalistas.

4) Debênture: é título de crédito emitido por sociedade anônima a fim de obter

empréstimos junto ao público, expandindo seu capital. Gozam de privilégio geral em caso de

falência. Cada debênture é título executivo pelo valor que indica, dando oportunidade para a

execução por quantia certa.

5) Duplicata: trata-se de título de crédito emitido em favor do vendedor ou prestador de

serviço contra o adquirente da mercadoria ou do serviço. A duplicata é circulável via endosso.

O endosso é uma forma de transmissão dos títulos de crédito. O proprietário do título faz o

endosso lançando sua assinatura no verso do documento. A duplicata precisa ser aceita pelo

sacado para ter força executiva. O aceite é o reconhecimento da validade da ordem, mediante a

assinatura do sacado, que passa então a ser o aceitante. Se não for aceita, deve estar protestada e

acompanhada do comprovante de entrega da mercadoria.

O protesto é a apresentação pública do título ao devedor, para o aceite ou para o

pagamento. A apresentação é o ato de submeter uma ordem de pagamento ao reconhecimento

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do sacado. Pode significar também o ato de exigir o pagamento. A duplicata não terá força

executiva se houver a recusa do aceite pelos meios e nas condições legais.

A prescrição da letra de câmbio, da nota promissória e da duplicata ocorre em três anos

da data do vencimento. O cheque prescreve em seis meses após o termo do prazo de

apresentação que é de 30 dias quando pagável na mesma praça e de 60 dias quando emitida

numa praça para ser pago em outra. Ocorrendo a prescrição, o crédito cambiário deixa de

existir.

É possível penhorar um título de crédito? A resposta é positiva, na medida em que se

trata da penhora de um valor do qual o devedor é titular e como parte de seu patrimônio está

vinculado ao cumprimento da obrigação devida (art. 591). Vejamos o que diz o art. 672, in

verbis:

"Art. 672. A penhora de crédito, representado por letra de câmbio, nota promissória, duplicata, cheque ou outros títulos, far-se-á pela apreensão do documento, este já ou não em poder do devedor."

Por fim, insta lembrar que se faltar algum requisito essencial aos títulos de crédito não é

permitido ao credor a via executória em face da característica da literalidade e do formalismo

dos títulos cambiais, mas desde já se abre o caminho da tutela monitória (arts. 1.102 e ss.),

valendo-se da cártula como documento que autoriza essa via diferenciada.

II – a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores;

A reforma ampliou sensivelmente o alcance desse inciso II de forma a abranger várias

espécies de documentos. Na realidade, pela redação atual desse dispositivo, podemos

considerar como títulos executivos extrajudiciais todos os atos jurídicos documentados por

escrito, desde que presentes os requisitos da liquidez e da certeza, conforme se verá. O primeiro

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seria a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor. Importante

conceituarmos o que seriam "documentos públicos". Para DINAMARCO, "são documentos

públicos os escritos materialmente realizados por órgãos estatais, como o escrivão, o tabelião e

funcionários públicos em geral" (p. 272). O dispositivo não impõe a presença de testemunhas,

sendo necessária apenas a aposição da assinatura do devedor.

O documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas também tem

força executiva. Na realidade, trata-se do ato praticado pelo devedor assumindo uma obrigação

e a promessa de cumpri-la. Entretanto, o CPC condicionou a eficácia executiva de tais

documentos à assinatura de duas testemunhas. A esse respeito, ARAKEN DE ASSIS colaciona

jurisprudência no sentido de que "em julgado da 3ª. Câm. Cív. do TARS, estatuiu-se que

rubrica não é assinatura, nem ‘avalista’ substitui testemunha" (p. 141). Teori Albino

ZAVASCKI ainda revela que a chamada assinatura a rogo não é assinatura do devedor e sim de

terceiro e, portanto, não vale para os fins desse dispositivo (p. 227). Por outro lado, têm-se

entendido de que não se exige o reconhecimento das firmas.

O inciso II ainda trata da executividade do instrumento de transação referendado pelo

Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores. São os

chamados atos referendados em que estão incluídos todos os atos pelos quais os litigantes se

compõem para a solução de uma situação conflituosa. A participação do Ministério Público, da

Defensoria Pública e dos advogados se justifica na medida em que são idôneos para orientar e

fiscalizar que as partes não assumam compromissos além do razoável e do que serão capazes de

cumprir.

III – os contratos de hipoteca, de penhor, de anticrese e de caução, bem como seguro de vida e de acidentes pessoais que resulte morte ou incapacidade;

Para DINAMARCO, esse inciso III é um "aglomerado heterogêneo de negócios

jurídicos", afinal, em um só dispositivo, o legislador enumerou oito figuras de títulos

executivos. Os contratos de caução ou de garantia previstos nesse dispositivo configuram o

ajuste que visa dar ao credor uma segurança de pagamento. Desdobram-se em duas classes: os

de garantia real e os de garantia pessoal. Hipoteca, penhor e anticrese são direitos reais de

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garantia sobre coisas alheias previstos no Código Civil. São meios do credor da obrigação

assegurar a responsabilidade patrimonial de certos bens do devedor.

A hipoteca tem como garantia um bem imóvel; no penhor se dá em garantia um objeto

móvel mediante a efetiva entrega ao credor; e a anticrese consiste na entrega ao credor um

imóvel para que este perceba os frutos e rendimentos dele provenientes para compensação da

dívida. Note-se que a hipoteca, o penhor e anticrese não impedem a penhora do bem por outro

credor que não o com garantia real. Entretanto, esse credor quirografário tem o ônus de intimar

o credor preferencial sob pena de ineficácia da penhora. Como visto, a caução também é uma

forma de garantia do credor. A forma mais comum de caução é a fiança. A fiança acaba por

gerar um vínculo obrigacional entre o fiador e o credor do afiançado. O instituto da fiança

pertence ao direito privado e é no Código Civil que reside sua disciplina.

Por fim, o inciso III deixa claro que os contratos de seguro também dão ensejo à

execução forçada, sejam eles de vida ou de acidentes pessoais. Nesses casos, a liquidez desses

títulos extrajudiciais pode ficar condicionada a documentos ou declarações posteriores à

celebração do contrato, como a certidão de óbito ou o atestado médico.

IV – o crédito decorrente de foro, laudêmio, aluguel ou renda de imóvel, bem como encargo de condomínio, desde que comprovado por contrato escrito;

Para ARAKEN DE ASSIS, esse inciso contempla as chamadas "rendas imobiliárias" e o

"encargo de condomínio" (p. 144). O foro é a verba anualmente paga pelo enfiteuta ao

proprietário como prestação pelo domínio útil do imóvel na enfiteuse da lei civil. Entretanto, o

Novo Código Civil proibiu expressamente a figura da enfiteuse (art. 2.038, caput).

O laudêmio também dizia respeito à enfiteuse e tratava da indenização a ser paga ao

proprietário toda vez que o domínio útil for transferido por venda ou dação em pagamento.

Aluguel e renda são os frutos periódicos do imóvel que o proprietário recebe em função do uso

da coisa locada ou arrendada. As palavras "aluguel" e "renda" se equivalem, sendo que a

primeira se refere aos imóveis urbanos e a segunda ao imóvel rural. Embora a locação tenha

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forma livre, a lei processual limita a eficácia executiva ao contrato celebrado por escrito. Já não

foi assim outrora. No CPC de 1939 o contrato de locação verbal tinha força executiva.

Por fim, as despesas de condomínio também encontram sua força executiva no largo

espectro da lei processual civil brasileira desde estejam devidamente documentados pelo

síndico. De acordo com a lei do inquilinato, despesas de condomínio são aquelas necessárias à

administração das áreas comuns, manutenção de elevadores, equipamentos em geral, etc. (art.

23, §1.º).

A documentação necessária a conferir força executiva seria a prova da investidura do

síndico, o orçamento geral, relação das unidades autônomas bem como o valor de cada quota,

balancete mensal e apresentação da convenção de condomínio. Entretanto, há clara orientação

jurisprudencial no sentido de que as despesas de condomínio só autorizam o ingresso na via

executiva quando o condômino locador pretender reaver do locatário aquilo que pagou. Em

outras situações, como quando o síndico cobra do condômino, deve seguir o rito sumário do

processo comum de conhecimento previsto no art. 275, III, b, do CPC.

V – o crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor, quando as custas, emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão judicial;

Trata dos créditos dos auxiliares da justiça aprovados por decisão judicial. Entretanto,

como alerta WAMBIER, essa decisão "é dada incidentalmente no curso do processo em que

esses auxiliares da justiça trabalharam: não é provimento resultante de discussão em

contraditório, nem necessariamente homologatório do consenso entre os envolvidos" (p. 62).

Auxiliares da justiça são os serventuários, como o escrivão, os oficiais de justiça, o contador, o

avaliador, o distribuidor, o porteiro, bem como o perito, intérprete e tradutor. O devedor das

custas será a parte vencida no processo. Os valores a cobrar serão somente aqueles que já não

foram adiantados no curso do processo.

VI – a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, Estado, Distrito Federal, Território e Município, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;

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De acordo com Teori Albino ZAVASCKI, "considera-se dívida ativa da Fazenda

Pública qualquer valor cuja cobrança seja atribuída, por lei, à União, aos Estados, ao Distrito

Federal, aos Municípios ou às suas autarquias, independentemente de se tratar de dívida

tributária ou não" (p. 234). Essa definição está no art. 2.º da Lei 6.830/80 que trata do

procedimento de execução fiscal.

VII – todos os demais títulos, a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva."

O inciso VII fecha o estudo dos títulos executivos extrajudiciais remetendo à legislação

extravagante. Entretanto, resta reafirmado o princípio da tipicidade dos títulos executivos,

conforme visto no início. Há dezenas de títulos executivos previstos em leis esparsas, conforme

citado por WAMBIER (p. 62/63): "as cédulas de crédito rural (Dec.-lei 167/67, art. 41),

industrial (Dec.-lei 413/69, art. 10) e comercial (Lei 6.840/80 c/c o Dec.-lei 413/69); os créditos

dos órgãos de controle de exercício de profissão (Lei 6.206/75, art. 2.º); a decisão que fixa ou

arbitra e o contrato que estipula honorários advocatícios (Lei 8.906/94, art. 24); as decisões do

TCU que resultem na imputação de débito ou multa (CF, art. 71, §3.º; o instrumento de contrato

garantido por alienação fiduciária (Dec.-lei 911/69, art. 5.º); cédula de crédito bancário (MP

2.160-25/2001, art. 3.º) etc". Ainda poderíamos citar o prêmio de seguro (Dec.-lei 73/66, art.

73); as decisões do CADE (Lei 8.884/94, art. 60); os adiantamentos em contrato de câmbio (Lei

4.728/65, art. 75), entre outros.

Entretanto, importante destacar que a jurisprudência não tem considerado como título

executivo o contrato de cheque especial acompanhado pelos extratos da conta-corrente sob o

fundamento de que falta liquidez a esse crédito, uma vez que no momento da formalização do

negócio não há débito algum a ser reconhecido pelo correntista. Tal entendimento já está

consolidado no STJ na Súmula 233, in verbis: "O contrato de abertura de crédito, ainda que

acompanhado de extrato de conta-corrente, não é título executivo". Como alerta

DINAMARCO, "os valores unilateralmente lançados pelo banco não são suficientes para

expressar a probabilidade de existência do crédito, que é o fundamento geral da instituição de

títulos executivos pela lei" (p. 315). Entretanto, a Medida Provisória 2.160-25, de 23/08/2001,

criou a chamada "Cédula de Crédito Bancário", título executivo extrajudicial que consiste em

"dívida em dinheiro, líquida, certa e exigível, seja pela soma nela indicada, seja pelo saldo

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devedor demonstrado em planilha de cálculo, ou nos extratos da conta-corrente". Portanto, tal

débito agora possui expressa previsão normativa como sendo título executivo extrajudicial.

O CPC reconhece a total validade do título executivo extrajudicial, oriundo de país

estrangeiro, ao qual empresta força executiva, nesses termos:

"Art. 585.

§2.º. Não dependem de homologação pelo STF, para serem executados, os títulos executivos extrajudiciais, oriundos de país estrangeiro. O título, para ter eficácia executiva, há de satisfazer aos requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e indicar o Brasil como o lugar de cumprimento da obrigação".

Entretanto, o entendimento jurisprudencial dominante afirma que o título há de ser

devidamente traduzido para a língua portuguesa, convertendo-se o valor da moeda estrangeira

para a nossa no ato da propositura da ação, posto que é nulo o título que estipula o pagamento

em moeda que não a nacional (Resp. 4819-RJ, RSTJ 27/313).

CONCLUSÃO

O trabalho de pesquisa nos leva aos profundos meandros da cultura jurídica. É

importante salientar os melhores trechos a guisa de conclusão dialética e dogmática, sem,

contudo, nos tornarmos hermeneutas.

O que se pretendia como contribuição ao mundo acadêmico e científico com o presente

pairava sobre algumas questões apresentadas no início do primeiro capítulo que,

resumidamente, podemos concluir como analisar a execução forçada no âmbito geral do direito,

contemplando as diferenças com o processo de conhecimento, respondendo:

Qual a importância do Processo de Execução no Direito Brasileiro?

Quais as hipóteses em que se pode promover a execução forçada?

Quais as possibilidades de aplicação do Processo de Execução?

Qual a importância dos Títulos Executivos?

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Qual o caminho a seguir, na ausência do Título Executivo?

Qual a eficácia do Processo de Execução?

Em que consiste a Ação Monitória?

Há nova ação quando a execução baseia em título judicial?

Um mergulho rápido no mundo do direito nos trás fortes argumentos quanto à

necessidade de compreendermos a razão da existência do Processo de Execução. Ao sentirmos

a existência de um período, fortuitamente longínquo, mas que preocupa ao estudioso ou

doutrinador pela certeza vã de que a mentalidade humana já se aproveitou e se permitiu no uso

da força física para compensar os prejuízos materiais causados por devedores inadimplentes,

mesmo quando bons homens, como Aristóteles, Hobbes e outros já pregavam a necessidade

premente de uma justa aplicação do direito, sem contudo ferir a integridade do semelhante; é

mister que a ciência evoluiu, ainda que correndo atrás do fato e tentando alcançar o cerne, sem

conseguí-lo, é óbvio, mas, caminhando a passos mansos e atingindo, de qualquer forma, algum

efeito jurisdicional mais adequado a um mundo pacífico.

Destarte, vem o Processo de Execução a nascer de uma Ação de Execução que, como

vimos, no âmbito das hipóteses demonstradas para responder as questões, reveste-se de todas as

condições da ação de conhecimento, sem continuar do mesmo modo no processo, pois que, já

na citação do réu, esta não o intima a apresentar contestação, mas, sim, para pagar a dívida que

tem para com o credor.

Não há como negar o direito do credor de ver satisfeita a obrigação pelo devedor. O

nascimento do título executivo, traduz a existência do direito numa cártula, proporcionando o

inquestionável (título executivo = líquido, certo e exigível) e, por isto mesmo, afastando a

possibilidade do contraditório no processo. Como bem o disse Cândido Rangel Dinamarco, "...

o título executivo reúne em si todas as condições da ação executiva, ...". Caracterizada está,

pois a sujeição do devedor que vê-se "forçado" a aceitar o esforço jurisdicional sem defender-se

por nenhuma forma no processo inicial.

Mas, de todo não está entregue o devedor ao regime jurídico da força do processo de

execução, de tal forma a humilhar-se injustamente perante os liames judiciários, quando

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qualquer que seja, por menor que seja dúvidas venham a pairar sobre a execução. Envolto em

legítima possibilidade de contestar o questionado no processo, pode valer-se dos embargos do

devedor, que, mesmo não se constituindo numa forma de defesa, provoca o estanque da

execução forçada, que espera pelo resultado final destes. E o resultado é uma sentença, pela

qual o juiz julga procedente ou improcedente os embargos.

Ora, temos, pois, neste instituto, uma nova ação que surge no processo de execução,

com força para estagná-lo, pará-lo até que ao final cheguem. E a característica de ação dos

embargos do devedor, mostra-se com a análise dos mesmos quanto às condições da ação e pela

existência dos pressupostos processuais, concluindo-se, facilmente, pela verossimilhança desta

afirmativa.

Nosso caminho trilhado até este momento procurou embasamento em quase todos os

liames do direito material e do direito processual, estudando pressupostos processuais e os

princípios fundamentais do processo e da jurisdição, para, por fim, conseguir subsídios para

claro entendimento da idéia proposta, centrada na importância do processo de execução.

Estabelecer a relação processual pela ação de execução, sem contar com uma obrigação (de dar,

de fazer ou de não fazer), torna-se impossível quando se imagina a verificação pelo juízo desses

princípios e pressupostos, além das condições da ação. As várias teorias levantadas nos leva ao

entendimento geral das circunstâncias pelas quais se reveste o processo.

O pressuposto básico da execução é o título executivo, como ficou demonstrado. Mas,

este é entendido por parte da doutrina como sendo o pressuposto legal, já que, mesmo na sua

existência, o devedor resolva efetuar o pagamento da dívida, não pode o curso do processo de

execução prosseguir.

É mister, pois, a existência de um outro pressuposto, cujo caráter é dado pela mesma

parte da doutrina como sendo um pressuposto prático: a inadimplência. Esta sim, a

inadimplência, constitui-se na fonte determinadora da existência do processo de execução, a

qual, o persegue por toda sua existência, mais marcantemente no âmbito da remição.

E a inovação da justiça com a Ação Monitória, cuja força jurídica trás à tona uma grande

discussão, nova ainda, por sinal, a respeito da natureza jurídica do título que gera. Como vimos,

no preceito legal temos um título executivo judicial, aliás, assim definido explicitamente pelo

Código de Processo Civil.

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O Processo de Execução é de suma importância e a forma legal atual, nos parece

adequada para o momento e a cultura atual.

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