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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A Música e os Transtornos de Desenvolvimento.
Por: Ana Paula Alexandre de Menezes Aguiar
Orientador
Profª Mary Sue Pereira
Rio de Janeiro
2014
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A Música e os Transtornos de Desenvolvimento.
Apresentação de monografia à AVM - Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Educação Especial e
Inclusiva.
Por: Ana Paula Alexandre de Menezes Aguiar.
3
AGRADECIMENTOS
Aos familiares presentes durante toda
a etapa do curso e aos amigos que
trilharam nesta jornada de trocas e
saberes em Educação Especial e
Inclusiva.
4
DEDICATÓRIA
Dedico em especial ao meu querido e
companheiro de todas as horas, João
Carlos Veiga da Silva, ao meu maior
orgulho e tesouro, minha filha, Giulia
Alexandre Aguiar Silva, aos amigos
sempre presentes na minha caminhada
de formação continuada e à minha
querida irmã e futura professora Rebekka
de Menezes.
5
RESUMO
O trabalho apresentado tem por objetivo esclarecer ao leitor a
funcionalidade da música nos transtornos de desenvolvimento,
especificamente, o autismo, além de abordar a inteligência Musical ou Sonora,
proposta por Howard Gardner e como estimulá-la.
Apresenta a definição de autismo, seus possíveis caminhos, a tríade do
comportamento autístico e seus espectros. Ressalta ainda, a importância das
atividades sonoras, rítmicas, lúdicas, cinestésicas, favorecendo e otimizando o
processo de socialização da criança autista.
Ressalta a importância dos pais, educadores e profissionais de saúde
terem um olhar diferenciado em relação aos autistas, pois, quando se fala em
autismo, logo vem à mente a imagem de uma criança isolada em seu próprio
mundo, que brinca de forma estranha, balança o corpo pra lá e prá cá, alheia
de tudo e de todos. Mas não é bem assim. Esse olhar parece estreito demais:
quando falamos de autismo, nos referimos a pessoas com habilidades
absolutamente reveladoras e nos fazem refletir sobre quem de fato vive
alienado.
Palavras-chave: música, socialização, autismo, desenvolvimento,
comportamento, inteligência.
6
METODOLOGIA
O presente trabalho foi desenvolvido à partir de uma revisão bibliográfica de
alguns teóricos que discursam sobre o tema: Inteligências Múltiplas (Musical e
Sonora) e Autismo. GARDNER, Howard, ANTUNES, Celso, SILVA, Ana
Beatriz Barbosa, GAIATO, Mayra Bonifácio, REVELLES, Leandro Tadeu,
VARGAS, Rosanita Mosquini, OLIVIER Lou de, RELVAS, Marta.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - A funcionalidade da música nos transtornos 10
de desenvolvimento.
CAPÍTULO II - O que é Autismo? 17
CAPÍTULO III - Atividades sonoras, rítmicas, lúdicas, 33
cinestésicas, favorecendo e otimizando o processo
de socialização da criança autista.
CONCLUSÃO 39
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 40
ÍNDICE 41
8
INTRODUÇÃO
Receber o diagnóstico de autismo é sempre impactante para os pais. A
partir desse momento, brota um turbilhão de situações e emoções inesperadas
no seio familiar: angústias, conflitos, frustrações, medos e inseguranças. A
mãe, alvo de muitas críticas da sociedade, é a primeira a se culpar e achar que
falhou no processo educacional.
Ser pai de uma criança com autismo não é tarefa fácil, sem dúvida.
Esse exercício diário requer muito mais zelo, paciência, fiscalização, disciplina,
criatividade e aumento da estrutura familiar com participação ativa todos
diretamente envolvidos.É comum que pais caiam na armadilha de apontar
apenas os comportamentos problemáticos da criança. Ao fazerem isso, podem
perder de vista as habilidades e os pontos fortes que ela possui. Quais as
habilidades inatas de seu filho? Após identificarem essas áreas, é possível
estimular e direcionar seus talentos e potencialidades de forma correta.
O educador tem total condição de perceber que determinadas crianças
não se encaixam em grupo algum, têm dificuldades na interação social e não
conseguem partilhar momentos. Muitas vezes, ele precisará intervir nas
atividades dos pequenos. As crianças com esse diagnóstico até tentam se
relacionar, mas, depois de constantes fracassos, tendem a associar a vida em
grupo em algo pouco prazeroso.
Foi pesando nessas questões que surgiu o interesse de realizar o
trabalho que traz a música como um elemento facilitador no processo de
socialização da criança autista, bem como, a importância do estímulo da
inteligência musical ou sonora, proposta por Howard Gardner, durante o
mesmo; priorizando as atividades: sonoras, rítmicas, lúdicas, cinestésicas,
sempre de forma integrativas com o processo de socialização.
9
Apresenta de forma clara os espectros de uma criança autista,
mostrando suas variações e a sua relação com o mundo externo. Ressalta
ainda, a importância da integração entre pais, professores e profissionais de
saúde, a fim de identificar comportamentos autísticos, visando a adequação da
mesma no espaço escolar, priorizando atividades que possam estimular a
inteligência musical ou sonora no processo de socialização.
Informa ao leitor o conceito de Inteligência Musical, proposta por
Howard Gardner, nas atividades de socialização da criança autista,
proporcionando sua estimulação para otimização do processo de socialização,
e como pais, educadores e profissionais de saúde podem compreender e
identificar a importância dessa inteligência nesse processo..
10
CAPÍTULO I
A FUNCIONALIDADE DA MÚSICA NOS TRANSTORNOS
DE DESENVOLVIMENTO.
Segundo Rossi a música é considerada como um meio de expressão
não verbal, um tipo de linguagem que facilita a comunicação e a exteriorização
de sentimentos, permitindo às pessoas descobrir e redescobrir o que há no
seu interior e partilhá-los com seus pares.
As crianças dentro do espectro autista apresentam-se como
"desconectadas", ausentes na sua presença, rítmicas nos seus rituais e nas
suas estereotipias; melódicas nas suas ecolalias e nos seus gritos e
harmônicas em suas desarmonias.
Nesses pacientes, a música não verbalizada é decodificada no
hemisfério direito do cérebro (subjetivo e emotivo). Ela se move até o centro
das de respostas emotivas, localizado no hipotálamo, e passa para o córtex
(responsável pelo intelecto e estímulos motores).
Os sons verbais, no entanto, não funcionam dessa forma porque são
registrados no hemisfério esquerdo, na região cortical(analítica e lógica)
diretamente do aparelho auditivo.
Na criança autista, a música atinge em primeiro lugar a emoção para
depois passar para reações físicas. Há muitos relatos na literatura sugerindo
que a música pode ser usada para melhorar as habilidades de comunicação
social, como iniciar e responder a atos comunicativos. Estímulos musicais têm
sido responsáveis por ativar regiões do cérebro associadas ao processamento
de emoções, e também estão associados a melhorias no processamento
temporal, relacionando à memória e estimulando a criatividade.
11
Ao realizar atividades musicais dentro de uma história comum de
interação, a criança autista tem oportunidade de desenvolver e melhorar
habilidades como: a atenção compartilhada, atenção conjunta, imitação e
reciprocidade, que por sua vez estão associadas com o posterior
desenvolvimento da linguagem e competência social.
De acordo com SZAKACS pesquisas chegaram a conclusão de que a
música serve para importantes funções interpessoais e prova ser eficaz na
melhoria da iniciação da atenção conjunta e repostas à respostas de atenção.
Assim, crianças que cantam ou tocam instrumentos musicais podem aumentar
as suas oportunidades de interação social. Nos últimos anos, tem-se
identificado o número de estudos relacionados às bases neurais da música
que revelam que diferentes aspectos do processamento musical envolvem as
regiões do cérebro incluindo o córtex pré-frontal, córtex pré-,motor, córtex
motor, córtex somatosensorial, lobo temporal, córtex parietal, córtex occipital,
cerebelo e sistema límbico.
Estudos com indivíduos autistas verificaram, nos cerebelos estudados,
um número diminuído de células de "Purkinje". Em relação ao lobo frontal,
observou-se um aumento no volume do córtex sendo correlacionado com o
grau de anormalidade do cerebelo. Ambos, o lobo frontal e o cerebelo, têm
implicações importantes para a compreensão do desenvolvimento e
persistência d transtorno autista. Dados recentes postulam que problemas na
cognição, como déficits de atenção, memória, aprendizado e resolução de
problemas, são importantes no autismo e poderiam estar relacionados com
transtornos da função cerebelar e do lobo frontal.
12
1.1 - A INTELIGÊNCIA MUSICAL OU SONORA
Segundo Gardner, Menuhin relata que:
"Quando estava com três anos de idade,Yehudi Menuhin
foi introduzido por seus pais, clandestinamente, na
orquestra de São Francisco. O som do violino de Louis
Persinger fascinou tanto a criança que ela insistiu em
ganhar um violino em seu aniversário e ter Louis
Persinger como seu professor. Conseguiu ambos.
Quando estava com dez anos de idade, Menuhin era um
músico internacional
Segundo GARDNER a inteligência musical do violonista Yehudi
Menuhin manifestou-se mesmo antes de ele ter tocado um violino ou recebido
qualquer treinamento musical. Sua poderosa reação àquele som particular e
seu rápido progresso no instrumento sugerem que ele estava biologicamente
preparado, de alguma maneira, para essa empreendimento.Dessa forma, a
evidência das crianças prodígio apoia nossa afirmação de que existe um
vínculo biológico a uma determinada inteligência. Outras populações especiais,
como a das crianças autistas que conseguem tocar maravilhosamente um
instrumento musical mas não conseguem falar, enfatiza a independência da
inteligência musical.
Uma breve consideração desta evidência sugere que a capacidade
musical é aprovada em outros testes para uma inteligência. Por exemplo,
certas partes do cérebro desempenham papéis importantes na percepção e na
produção da música. Estas áreas estão caracteristicamente localizadas no
hemisfério direito, embora a capacidade musical não esteja claramente
localizada em uma área tão específica como a da linguagem. Embora a
suscetibilidade particular da capacidade musical ao dano cerebral dependa do
grau de treinamento e de outras diferenças individuais, existe uma clara
evidência de "amusia" ou perda da capacidade musical.
13
De acordo com GARDNER aparentemente, a música desempenhou um
importante papel unificador nas sociedades (paleolíticas) da Idade a Pedra. O
canto dos pássaros proporciona um vínculo com outras espécies. Evidências
de várias culturas apoiam a noção de que a música é uma faculdade universal.
Os estudos sobre o desenvolvimento dos bebês sugerem que existe uma
capacidade computacional "pura" no início da infância. Finalmente, a notação
musical oferece um sistema simbólico acessível e lúcido.
Em resumo, as evidências que apoiam a interpretação da capacidade
musical como uma "inteligência" chegam de várias fontes. Mesmo que a
capacidade musical não seja tipicamente considerada uma capacidade
intelectual, como a matemática, ela se qualifica a partir de nossos critérios. Por
definição, ela merece ser considerada, e, tendo em vista os dados, sua
inclusão está empiricamente justificada.
Segundo ANTUNES considerando o elenco das inteligências de uma
pessoa, a mais facilmente identificada é a inteligência musical. Em
praticamente todas as culturas, sabe-se quais as crianças que levam jeito ou
dispõem de bom ouvido para canto ou para a música e, por exclusão, quais as
que revelam acentuado fracasso em suas tentativas. Ainda que não se
considere em geral essa competência como inteligência, com frequência, ela é
considerada um "talento".
Ainda de acordo com ANTUNES existem, entretanto, diferenças entre o
que hoje se conhece sobre inteligência e a ideia que se faz de um "talento".
Antunes afirma que:
"Em primeiro lugar, é importante perceber que o talento
é, por definição uma capacidade excludente. Jamais se
acredita que todos possuam talento para tudo e, assim,
os que o apresentam se destacam dos demais. Além
disso, a ideia que se faz do talento é que ele se
14
apresenta praticamente pronto nas pessoas e que,
quando surge, quase sempre dispensa aperfeiçoamento".
A Ideia de inteligência é bem diferente. Todas as inteligências existem
em quase todas as pessoas e as poucas que não as possuem são claramente
identificáveis por problemas de autismo ou deficiência neurológica congênita. É
possível perceber que, em algumas pessoas, este ou aquele espectro de uma
ou mais inteligências pode ser mais acentuado ou mais limitado, mas, em
todas as pessoas, todas as inteligências se apresentam prontas para serem
estimuladas.
Essas considerações, portanto, mostram que a inteligência musical,
assim como as demais, não pode ser confundida como um talento,e que sua
competência se manifesta, desde muito cedo, pela facilidade em identificar
sons diferentes, captar sua direcionalidade. Especificamente na música, a
inteligência percebe com clareza o tom ou a melodia, o ritmo ou a frequência e
o agrupamento dos sons e suas características intrínsecas, geralmente
denominadas de timbre.
1.2 - COMO ESTIMULAR A INTELIGÊNCIA MUSICAL OU SONORA?
A música é sem sombra de dúvidas uma das formas de comunicação
mais adotadas e mais prazerosas que o homem pode executar. O seu poder
libertador e toda a atividade criadora em torno da elaboração de uma música,
ou mesmo de sua interpretação é enorme e deve ser estimulado nas crianças
o mais cedo possível.
Das cantigas de ninar que as mamães cantam para seus filhos ainda no
ventre ou para o ensino propriamente dito de música às crianças mais velhas;
é necessário habituar a criança a viver num mundo repleto de música. Ela deve
ser orientada a expressar seus sentimentos e partilhar seus pensamentos em
forma musical desde a mais tenra idade. Assim, a música fará parte de sua
vida de forma natural e cheia de significados especiais.
15
Estimulando o cérebro como poucas atividades, a música tem um papel
fundamental no desenvolvimento do raciocínio, na coordenação motora e na
capacidade de concatenar e organizar ideias. Os ritmos, as batidas, os gestos
e toda a complexidade motora envolvida numa música representam para as
crianças uma enorme oportunidade de evolução e de formação de uma psique
forte e equilibrada.
De acordo com ANTUNES o estímulo a musicalidade pode, e deve, ser
promovido desde a infância mais tenra. Quando os bebês balbuciam, muitas
vezes estão produzindo padrões musicais que repetem os cantos que ouvem
em seu acalanto, transmitidos pelas mães ou pelo CD que deve acompanhar
seu sono. GARDNER em ,Estruturas da Mente, cita Mechthild e Hanus
Papusek e seus estudos, que revelam que bebês de dois meses são capazes
de igualar a altura, o volume e o contorno melódico das canções de suas mães
e que bebês de quatro meses podem adequar-se à estrutura rítmica também,
podendo envolver-se em brincadeiras com som desde que estas apresentem
propriedades criativas.
Ao alcançar a metade de seu segundo ano de vida, as crianças
começam, voluntariamente, a emitir pontilhados, inventando músicas. Por volta
dos 3 ou 4 anos as melodias da cultura dominante superam essas produções
espontâneas e é chegado o maravilhoso momento de introduzir como prática
doméstica semanal ou programa escolar as aulas de "como ouvir", por meios
de excursões ao pátio, e depois, a lugares mais distantes, fazendo-se
acompanhar sempre indispensável anotação e registro de quantos sons foram
identificados, de como as alunos percebem sua lateralidade e a partir de que
momento já são capazes de classificá-los (sons naturais, sons humanizados,
sons mecânicos e outros), e, sobretudo, de qual o progresso individual
revelado.
16
Antunes afirma que:
"Um elemento que parece destacar no estímulo da
inteligência musical é a preocupação em separar a
aprendizagem da música e a aprendizagem do som.
Parece ser mais importantes estabelecer que a
"linguagem do som" deve ser estimulada em todos, ainda
que alguns, certamente com maior competência, possam
aperfeiçoá-la com a aprendizagem musical propriamente
dita".
Uma escola aberta ao estímulo da inteligência musical não pode
negligenciar sessões de canto, culto a hinos, bandinhas rítmicas, aulas de
teclado ou de flauta doce e muitas outras formas de estimulação.
17
CAPÍTULO II
O QUE É AUTISMO? POSSÍVEIS CAMINHOS...
Segundo Vargas o termo autismo vem do grego "autós" que significa de
si mesmo.
Plouller introduziu o termo autista na literatura psiquiátrica em 1906.
Mas, em 1911, foi o psiquiatra austríaco Eugen Bleuler o primeiro a difundir o
termo autismo para referir-se ao quadro de esquizofrenia, que consiste na
limitação das relações humanas e como o mundo externo.
O psiquiatra americano Leo Kanner, que trabalhava em Baltimore, nos
Estados Unidos, em 1943, descreveu um grupo de 11 casos clínicos de
crianças em sua publicação intitulada "Os distúrbios Autísticos de Contato
Afetivo". As crianças investigadas por Kanner apresentavam inabilidade para
se relacionarem com outras pessoas e situações desde o início da vida
(extremo isolamento), falha no uso da linguagem para comunicação e desejo
obsessivo ansioso para a manutenção da mesmice. Segundo Kraner, o
autismo era causado por pais altamente intelectualizados, pessoas
emocionalmente frias e com pouco interesse nas relações humanas da
criança.
Em 1944, o pediatra austríaco Hans Asperger, em Viena, descreveu
crianças que tinham dificuldades de integrar-se socialmente em grupos,
denominando esta condição de "Psicopatia Autística" para transmitir a
natureza estável do transtorno. Estas crianças exibiam um prejuízo social
marcado, assemelhavam-se com as descritas por Kanner, porém tinham
linguagem bem preservada e pareciam mais e pareciam mais inteligentes.
Asperger acreditava que elas era diferentes das crianças com autismo na
medida que não tão perturbadas, demonstravam capacidades especiais,
desenvolviam fala altamente gramatical em uma idade precoce, não
18
apresentavam sintomas antes do terceiro ano de vida e tinham um bom
prognóstico. A publicação de Kanner ficou conhecida, enquanto o artigo de
Asperger, escrito em alemão, só foi transcrito para o inglês por Lorna Wing, em
1981.
É importante salientar que algumas das especulações da publicação
original de Kanner, como a frieza afetiva dos familiares (particularmente da
mãe), a inteligência das crianças ser normal e não haver presença de
comorbidade, com o tempo, mostraram-se incorretas.
De acordo com Facion, Mahler definiu o autismo como psicose
simbiótica, atribuindo a causa da doença ao mau relacionamento entre mãe e
filho.
Ao longo dos anos, muitos estudiosos observaram crianças com
comportamentos psicopatológicos, formularam hipóteses e posições teóricas
sobre o transtorno autista. Com isso, contribuiu-se para que se seguissem
duas posições teóricas básicas, com indicações terapêuticas específicas: a
teoria da natureza etiológica organicista e a teoria ambientalista ou afetiva.
Só a partir das décadas de 70 e 80 que muitos autores, em especial no
Brasil pelo psiquiatra Christian Gauderer, deixaram de conceber o autismo
como um tipo específico de psicose.
Em 1976, Lorna Wing relatou que os indivíduos com autismo
apresentam déficits específicos em três áreas: imaginação, socialização e
comunicação, o que ficou conhecido como "Tríade de Wing".
Ao longo dos anos, o autismo deixa de ser visto como um quadro
específico e único e passa a ser considerada uma síndrome que comporta
subtipos variados, com aspectos sintomatológicos, dependente do grau do
comprometimento cognitivo.
19
Nos anos 80, o desenvolvimento cognitivo passou a ser o interesse que
visavam responder se o autismo estaria relacionado apenas a estes déficits ou
a outros afetivo-sociais. De acordo com Facion, as crianças com transtornos
autista, quando necessitam atribuir estados intencionais aos outros,
apresentariam grandes dificuldades, por terem um déficit específico na sua
Teoria da Mente.
Segundo Facion (2005, p.27),
"[...] conforme Wimmer e Perner, a Teoria da Mente
estaria ligada inicialmente a uma habilidade inata para
desenvolver um sistema de inferência e, em seguida, o
processo de desenvolvimento desta teoria estaria a cargo
da aprendizagem cultural, ou seja, da capacidade de
incorporar as informações culturais".
Contudo, constata-se que esses autores apresentam evidências de que
crianças com autismo não contam com a Teoria da Mente, o que provocaria
uma mudança nos padrões mais básicos de interação social por ter um déficit
das funções cerebrais ligadas a metarrepresentação.
De acordo com Olivier o autismo pode ser definido como uma alteração
cerebral, afetando a comunicação do indivíduo com o meio externo. Isso
atrapalha ou impede a capacidade de estabelecer relacionamentos,
reconhecer pessoas e/ou objetos, tornando o indivíduo alienado em relação ao
ambiente. Alguns autistas apresentam normalidade na inteligência e na fala,
enquanto outros apresentam também retardo mental, mutismo ou outros
retardos no desenvolvimento da linguagem.
Para Relvas, o autismo é um distúrbio do desenvolvimento de origem
orgânica (lesão encefálica) cuja causa específica é de componente genético,
20
todavia ainda não se conhece com detalhes. Caracterizada pela tríade (DMS-
IV. CID-!): alterações na interação social, na linguagem e no comportamento.
As características mais comuns, que podem variar de intensidade e
cuja presença não é obrigatória são:
- não estabelecer contato com os olhos;
- parece não escutar;
- pode desenvolver a linguagem porém repentinamente
pode interromper;
- age como se não tomasse conhecimento do que
acontece com os outros;
- agride pessoas sem motivo;
- é inacessível perante as tentativas de comunicação;
- restringe-se a fixa-se em poucas coisas,ao invés de
explorar o mundo;
- apresenta certo gestos imotivados, como balançar as
mãos ou balançar-se;
- cheira ou lambe os brinquedos ou os objetos;
- mostra-se insensível ao ferimento, podendo ferir-se
intencionalmente.
Ainda para Relvas é importante ressalvar que existem crianças que,
apesar de autistas, apresentam inteligência normal e fala adequadamente,
mostrando-se apenas fechadas, distantes, não gostando de participar de
jogos, brincadeiras e com padrões de comportamento um pouco rígido demais.
Alguns casos de autismo têm a causa identificada, como, por exemplo,
crianças com a síndrome de X Frágil, neurofibrimatosa, rubéola congênita. A
interrelação não ocorre sistematicamente, ou seja, nem todos os casos
evoluem para um autismo. Entretanto a maioria não tem causa e nenhum
exame mostra qualquer lesão o sistema nervoso para justificar tão complexo
comprometimento no comportamento e na cognição.
21
A lesão neurológica pode não restringir a área do comportamento,
outras áreas cerebrais podem estar lesadas, levando a quadros neurológicos
dos mais variados: deficiência mental, transtorno de atenção com
hiperatividade, crises epiléticas, déficits motores, falta de coordenação,
disgnosias, apraxias.
Segundo Silva os primeiros sintomas do autismo manifestam-se,
necessariamente, antes dos 3 anos de idade, o que faz com que os
profissionais da área de saúde busquem incessantemente o diagnóstico
precoce. A principal área prejudicada, e a mais evidente, é da habilidade
social. A dificuldade de interpretar sinais sociais e as intenções dos outros
impede que as pessoas com autismo percebam corretamente algumas
intenções no ambiente em que vivem. A segunda área comprometida é a da
comunicação verbal e não verbal. A terceira é a das inadequações
comportamentais. Crianças com autismo apresentam repertório de interesses
e atividades restritos e repetitivos (como interessar-se somente por trens,
carros dinossauros etc.), têm dificuldade de lidar com o inesperado
demonstram pouca flexibilidade para mudar de rotinas.
2.1 - TRÍADE DO COMPORTAMENTO AUTÍSTICO Disfunção social: Segundo Silva, a dificuldade de socialização é a base da tríade de
sintomas do funcionamento autístico.
Pessoas com autismo, no entanto, apresentam muitas dificuldades na
socialização, com variados níveis de gravidade. Existem crianças com
problemas mais severos, que praticamente se isolam em um mundo
impenetrável; outras que não conseguem se socializar com ninguém; e
àquelas que apresentam dificuldades muito sutis, quase imperceptíveis para a
maioria das pessoas, inclusive para alguns profissionais. Estas últimas
apresentam apenas traços do autismo, não fecham diagnóstico, mas suas
pequenas dificuldades também devem ser tratadas. Transitar entre os diversos
22
níveis de interação social dessas pessoas é um desafio para familiares e
terapeutas.
Silva ressalta ainda que identificar uma criança isolada no seu canto,
que se balança e geme o tempo todo, com nítido autismo, não é tão difícil.
Porém, identificar nuances muito leves de dificuldades sociais em pessoas que
não têm nenhum diagnóstico é bem mais complicado. Entender a fundo os
sentimentos e percepções dos portadores desse funcionamento mental é o
primeiro passo para que possamos ajudá-los.
Para todos aqueles com traços ou diagnóstico de autismo, uma coisa é
universal: o contato social é sempre prejudicado. Não necessariamente,
porque estão desinteressados, mas porque não sabem e não aprenderam a
arte de interagir e manter vínculos.
Silva destaca que alguns autores relatam que portadores de autismo
não sentem prazer no convívio com os demais. No entanto na prática clínica,
observa-se que, por eles serem extremamente sensíveis, o contato social lhes
parece ameaçador. E é exatamente por isso que muitos se isolam em seus
"mundinhos" e brincam sozinhos, sem conseguir participar de atividades em
grupo, como na hora do rereio escolar, por exemplo.
As crianças com autismo não escolhem ficar sozinhas, mas a falta de
habilidades sociais as mantém distantes das outras, entretidas no seu mundo,
sem desconforto. Elas são bem diferentes de crianças tímidas, que não
conseguem ficar com o grupo por vergonha, mas observam de longe seus
colegas, com nítida vontade de serem aceitas e de participarem das
brincadeiras.
Muitas vezes, buscam contatos sociais, mas não sabem exatamente o
que fazer para mantê-los. Podem até chamar colegas para irem a sua casa,
23
mas as brincadeiras não costumam durar muito tempo; elas acabam deixando
o grupo de lado para brincarem sozinhas.
Olhar nos olhos é o primeiro passo para mostrarmos intenção de nos
comunicar. Porém, as crianças com autismo tendem a fazer pouco contato
visual; esse funcionamento mental impede que elas foquem suas pupilas nos
olhos dos colegas. Tal comportamento é a primeira quebra nos protocolos dos
costumes sociais, a primeira barreira para uma boa relação social.
Disfunção da linguagem:
De acordo com Silva, as pessoas com autismo apresentam grandes
dificuldades na capacidade de se comunicar pela linguagem verbal e não
verbal e, com isso, permanecem isoladas e distantes em seus mundinhos
particulares.
A linguagem verbal é a escrita falada, ou seja é o poder que temos de
nos comunicar por meio de cartas, e-mails, textos, livros, vocalizações,
conversas,pedidos ou até mesmo discussões acaloradas. A linguagem não
verbal, por sua vez, é composta pelo conjunto de sinais e símbolos, com os
quais nos deparamos no dia a dia. Como exemplos de linguagem não verbal,
temos as placas e os sinais de trânsito, que nos passam mensagens
indicativas por meio de símbolos, imagens e cores, de como devemos agir:
reduzir a velocidade, parar o carro, atravessar a rua, etc. A linguagem não
verbal também é constituída por sinais que emitimos o tempo todo,como
gestos,posturas corporais e expressões faciais. Uma careta, um sorriso ou um
piscar de olhos, por exemplo, podem significar muito ais do que uma simples
alteração na mímica faial. Com uma singela piscadinha de olho é possível abrir
o coração e declarar-se apaixonado
24
Silva afirma que:
"Aprendemos, desde muito cedo, a interpretar
expressões faciais e a linguagem corporal das pessoas
com quem interagimos. Uma grande parte da
comunicação vem da linguagem não verbal. A união
daquilo que dizemos com a maneira como o
expressamos passa uma mensagem com riqueza de
sinais e repleta de intenções subentendidas. Um prejuízo
nessa capacidade de avaliação pode deixar a pessoas
com poucos recursos para interpretar situações,
resultando numa impressão de ser ingênua ou até
mesmo inconveniente".
De fato, falhas ou problemas na evolução da linguagem constituem os
primeiro sinais de que o desenvolvimento de uma criança não está conforme o
esperado e podem sugerir um funcionamento autístico. Assim como nas
questões relacionadas à socialização, nos deparamos, com um espectro de
alterações.
Segundo Olivier, dentro da grande variação neste transtorno, podemos
encontrar crianças autistas sem linguagem verbal e com dificuldades n
comunicação (ausência ou falha de uso de gestos, ausência de expressão
facial, entre outros); como também é possível encontrar autistas com
linguagem verbal, mas sem fluência, ou então, de forma repetitiva e/ou não
comunicativa, ou ainda, apenas repetindo o que lhes foi dito, o que é
conhecido como ecolalia imediata. Ou podem também repetir frases ouvias em
momentos anteriores (horas ou dias), o que é chamado de ecolalia tardia. Há
outras variações que também integram-se ao autismo e, por isso, tornam-no
em uma síndrome complexa.
25
Disfunções comportamentais:
Segundo Silva, a cultura de um povo é determinada através de regras
de convivência, ou padrões de comportamento aceitáveis socialmente.
Os padrões de comportamento das pessoas com autismo independem
de raça, nacionalidade ou credo desses indivíduos. É fácil identificar
comportamentos autísticos mesmo em um estrangeiro, pois não estão
relacionados aos costumes de um povo ou outros moduladores, e sim ao
desenvolvimento particular dessas pessoas.
Os comportamentos das pessoas com autismo, assim como a
socialização e a linguagem, possuem um espectro de gravidade e são
divididos em duas categorias:
"1 - A primeira categoria trata-se de comportamentos
motores esteriotipados e repetitivos, como pular,
balançar o corpo e/ou as mãos, bater palmas, agitar ou
torcer os dedos e fazer caretas. São sempre realizados
de uma mesma maneira".
Silva ressalta que algumas crianças com autismo são bem agitadas e
parecem não ouvir as ordens dos pais. Não seguem os comandos, fazem
apenas o que é de seu interesse, que, geralmente, é bastante restrito. Querem
sempre as mesmas coisas, do mesmo jeito, na mesma sequência. Elas pulam
o tempo todo, correm e se agitam exaustivamente.
A criança com autismo tem uma hiperatividade física diferente daquela
que é portadora de TDAH.de forma geral, os movimentos têm por objetivo a
autoestimulação, porém, na grande maioria das vezes, a agitação exacerbada
ou excesso de movimentos não tem função. O prazer está na agitação em si. A
criança com autismo faz o movimento pelo movimento.
26
"2- A segunda categoria está relacionada a
comportamentos disruptivos cognitivos, tais como
compulsões, rituais e rotinas, insistência, mesmice e
interesses circunscritos que são caracterizados por uma
aderência rígida a alguma regra ou necessidade de ter as
coisas somente por tê-las.
É comum crianças autistas serem chamadas de pequenos gênios,
sabem tudo sobre dinossauros, bandeiras, países, carros, trens, histórias em
quadrinhos, cálculos, coleções ou outros temas, nos deixando admirados.
Tamanha quantidade de informação e capacidade de memorização não é
esperada em crianças tão jovens. Isso mostra um padrão anormal e restrito de
interesses, exagerado em foco e intensidade para crianças daquela idade. As
crianças com autismo, que possuem essas habilidades espetaculares, tendem
a ter prejuízos em outras áreas. Elas não conseguem destinar seu tempo e
atenção a outros aprendizados, dedicando todas as energias a um único foco
de interesse. A atenção dada ao tema escolhido ocorre independentemente de
assuntos socais ou cotidianos, causando prejuízos fundamentais na
socialização.
De acordo com Silva, estudos no campo da neuropsicologia têm
demonstrado que indivíduos com autismo aparentam ter dificuldade ma área
cognitiva de funções executivas. Essas funções são um conjunto de processos
neurológicos que permitem que a pessoa planeje coisas, inicie uma tarefa, se
cotrole para continuar na tarefa, tenha atenção e, finalmente, resolva o
problema.
Crianças com dificuldades na função executiva podem ser resistentes à
mudança de rotinas, tendem a usar a memória daquilo que já fizeram ao invés
de planejar novas ações. Ficam aflitas quando há mais de uma opção para
escolher, têm dificuldade para generalizar regras e informações e, por isso,
prendem-se excessivamente a uma regra escolhida.
27
Alguns estudos mostram que crianças com autismo demoram mais
tempo para mudar a tenção de uma coisa para outra, cerca de cinco segundos
em média. Isto significa que, quando olham para um rosto, se prendem a uma
parte por um tempo muito maior que as outras pessoas, construindo uma
imagem cerebral de um conjunto de tarefas isoladas e não de um todo. Esta
constatação também faz com que ele perca muitos detalhes do
compartilhamento das relações com as pessoas.
Ainda de acordo com Silva, a partir dos 8 meses de idade os bebês
fazem experimento com o mundo, mexem em coisas, emitem sons, e olham
para rosto dos pais para ver se aquilo será aprovado ou não, dependendo de
suas expressões. As crianças com autismo perdem muito tempo na ação em
si, e não conseguem compartilhar a sua atenção para avaliar as situações
externas. Elas demoram mais tempo para abandonar seu foco de interesse e
olhar para os pais. Crescem, portanto, praticando atos sem uma modelagem
ambiental correta, o que colabora para futuros comportamentos inadequados.
Quando agem de uma forma não aprovada pela sociedade e, muitas vezes
não entendem por que aquilo é errado, pois nunca conseguiram captar as
dicas antes de reprovação.
Essas experiências explicam a dificuldade que as pessoas com
funcionamento autísticos têm em compartilhar e interpretar outro. É de
costume as mães olharem para um brinquedo e induzirem o filho a olhar
também, para que ambos possam partilhar a mesma visão. O bebê com
autismo só vê o olhar da mãe se afastando dele, não percebe a intenção de
partilhar, pois ainda está focado naquilo que estava fazendo.
Para quem tem autismo, o detalhe chama mas atenção do que o todo. É
comum, por exemplo, uma criança, em vez de pegar o carrinho e brincar como
se estivesse em uma rodovia, ficar apenas girando e olhando a rodinha do
brinquedo. A pessoa com autismo sofre de um déficit da capacidade de
unificar o mundo percebido. Ela não vê o mundo como um mundo, o carrinho
28
como um carrinho, ou uma pessoa como uma pessoa, vê o mundo em
pedaços.
Silva afirma que:
"E, assim, vivem num mundinho de comportamentos só
delas. Alguns acreditam que pessoas com autismo são
atraídas para seus mundos singulares, mas, na
realidade, elas não têm escolha. Temos clareza, por
nossa experiência, de que elas não são atraídas, são
"trancadas" em seus "universos" repletos de restrições,
mas compreensíveis e seguros para suas vivências
solitárias".
2.2 - O QUE É ESPECTRO AUSTISTA?
Segundo Silva as variações do espectro autista transitam pela tríade de
deficiências nas áreas sociais, de comunicação e de comportamento, mas nem
sempre todas essas dificuldades aparecem juntas no mesmo caso. Há
pessoas com comprometimentos sociais, mas sem problemas
comportamentais; e há casos de disfunções comportamentais sem atraso da
linguagem. Em todos eles aparecem, em maior ou menor grau, as dificuldades
na interação social.
De acordo com a autora, podemos subdividir o autismo em categorias:
• Traços de autismo, com características muito
leves;
• Síndrome de Asperger;
• Autismo em pessoas com alto funcionamento;
• Autismo clássico, grave, com retardo mental
associado.
No lado mais leve do espectro, encontramos pessoas com apenas
"traços" de autismo, que não teriam todos os comprometimentos, mas apenas
29
algumas dificuldades por apresentarem certas características autísticas. É
muito comum perceber esses traços em irmãos e pais com autismo. Baron-
Cohen, em um estudo de 2001, encontrou traços de autismo em matemáticos
e cientistas. Nessas pessoas, os sintomas do autismo provavelmente se
configuram mais como uma vantagem do que como um problema. Muitos
indivíduos ligados a informática e jogos eletrônicos também apresentam
características do espectro autista.
De acordo com Silva, os indivíduos com síndrome de Asperger
possuem um conjunto de sintomas de prejuízos na socialização. Mantêm
solitários em suas atividades, têm dificuldade em compartilhar ideias e
interesses, dificuldade em entender o que o outro está sentindo ou pensando.
Os interesses são restritos, ou seja, focam em alguns temas. Apresentam
rotinas e rituais, inclusive no discurso, e formas peculiares de conversar. Às
vezes parecem muito certinhos, usam palavras incomuns para a idade. Mesmo
com a fala preservada, a comunicação pode ser estranha por não entenderem
frases de duplo sentido ou entrelinhas da conversa. Muitas vezes, perguntam
coisas que já sabem a resposta, como, por exemplo, "Que horas o papai vai
chegar?", sendo que eles mesmos respondem. "Às sete horas". Usam as
perguntas não como um diálogo para descobrir aquilo que não sabem; acham
que a pergunta existe para ser respondida corretamente. As pessoas com essa
síndrome não apresentam atraso no desenvolvimento da linguagem e nem
retardo mental, mas podem apresentar dificuldades no aprendizado.
Silva enfatiza que, com o acompanhamento especializado, o indivíduo
com síndrome de Asperger pode ser treinado a lidar com tais deficiências,
inclusive para que possa treinar e desenvolver seus talentos inatos. No
tratamento dos indivíduos com síndrome de Asperger, é importante pensar não
apenas no que está errado, mas identificar as áreas em que eles apresentam
mais habilidades, para que se possa montar um planejamento terapêutico a fim
de que essas habilidades sejam aguçadas e canalizadas corretamente.
30
Segundo Silva, os indivíduos de alto funcionamento com autismo podem
ser caracterizados como indivíduos que não apresentam déficits cognitivos, ou
seja, retardo mental, mas que tiveram atraso na linguagem, diferentemente dos
indivíduos com síndrome de Asperger. Apresentam ainda dificuldade de
interesse social, dificuldades comportamentais, como estereotipias, por
exemplo. Possuem boa inteligência e utilizam seus recursos cognitivos para
superar as dificuldades advindas do autismo. Na vida adulta, é muito comum
os indivíduos de alto funcionamento com autismo serem confundidos com os
indivíduos com síndrome de Asperger e, na realidade, realmente apresentam
um comportamento muito parecido. Por isso, o tratamento precoce dessas
crianças pode fazer com que elas transitem dentro do espectro no sentido de
alcançarem os sintomas mais brandos, quando tratadas corretamente.
De acordo com a autora, crianças com autismo grave geralmente
apresentam grande dificuldade na interação social. Não fazem cotato visual,
não conseguem desenvolver relacionamentos apropriados e não tentam
compartilhar interesses ou brincadeiras com as outras pessoas. Muitos
acabam ficando isolados em seu cantinho e não desenvolvem a linguagem
adequadamente. Podem ter grandes dificuldades em se comunicar, mesmo
que seja para pedir coisas do seu interesse. Apresentam movimentos
repetitivos como balançar o corpo e agitar ao mãos. Muitos desses indivíduos
são vistos em campanhas de filmes e na televisão. Podem necessitar de
cuidados por toda vida e cada habilidade deve ser treinada de maneira
minuciosa, como nas áreas de higiene pessoal e autocuidados. O autismo
clássico é um problema de saúde grave que requer intervenção muito precoce,
por toda a vida.
O autismo clássico é o mais conhecido e, geralmente, as pessoas
associam diretamente a palavra autismo a este padrão, ignorando toda a gama
de padrões de funcionamento autístico. A divisão do autismo em um espectro
tem a importância fundamental de identificarmos as várias apresentações
31
desse grupo de sintomas, sendo que mesmo os indivíduos com os traços mais
leves necessitam de suporte e cuidados desde cedo.
Segundo Silva, o professor de psiquiatria da infância e adolescência da
Universidade de Gotemburgo na Suécia, Christopher Gillberg, trazido ao Brasil
pela AMA/SP (Associação de Amigos do Autista), apresentou uma palestra em
2005 na qual afirmou que os sintomas do espectro autista nunca aprecem
isoladamente, ou seja, sempre estão associados a outros problemas, tais
como hiperatividade, desordens de atenção, retardo mental, epilepsia, entre
outros.
Acredita-se que 0,6% das pessoas, isto é, cerca de um a cada 166
indivíduos poderia ser enquadrado no espectro do autismo. Hoje em dia cada
vez mais busca-se diagnosticar o autismo precocemente ou tratar aquelas
pessoas que, mesmo sem um diagnóstico completo, apresentam traços que
prejudicam sua convivência social.
Segundo Silva, as dificuldades de socialização podem atrapalhar a
pessoa durante toda a vida, mas se tornam mais evidentes a partir do início da
adolescência. Na infância, as brincadeiras são mais concretas e a amizade
pode ser bastante prazerosa apenas dividindo momentos juntos, como jogar
bola, videogame ou fazer um passeio com a família. Essas dificuldades de
habilidades sociais são mascaradas pela rotina e pelos cuidados dos pais. Na
adolescência, nos tornamos seres cada vez mais sociais, precisamos ser
aceitos por um grupo, que não é algo fácil para nenhum adolescente. Para
quem está no espectro autista, a tarefa é ainda mais árdua e, dependendo do
grau, praticamente impossível. Na vida adulta, as demandas sociais
aumentam, bem como as responsabilidades e pressões. Os contatos sociais e
a interação interpessoal são importantes para uma carreira de sucesso. As
pessoas com traços de autismo podem ser identificadas como tímidas ou
esquisitas e terem menos oportunidades se não forem tratadas. No entanto,
32
deve-se acreditar e insistir desde cedo na evolução e na capacidade das
pessoas que se encontram no espectro autista.
Quanto mais cedo forem feitos o diagnóstico e o tratamento, maior será
a chance de a pessoa no espectro autista aprender a se socializar e
desenvolver habilidades de comunicação e interação que lhe parecem tão
difíceis.
33
CAPÍTULO III
ATIVIDADES SONORAS, RÍTMICAS, LÚDICAS,
CINESTÉSCIAS, FAVORECENDO E OTIMIZANDO O
PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO DA CRIANÇA AUTISTA.
De acordo com Silva, a independência é um dos principais objetivos que
pais e profissionais anseiam que as crianças com autismo alcancem. Muitas
delas encontram dificuldades em realizar atividades básicas da vida diária, tal
como ir ao banheiro, escovar os dentes, tomar banho ou comer sozinhas. As
crianças com autismo podem não perceber que precisam ir ao banheiro e,
assim, não demonstrar suas necessidades nesse setor. Elas podem
apresentar também dificuldades de aprendizagem e, por isso, levam muito
mais tempo para desenvolver qualquer habilidade e perceber os sinais do seu
corpo. O bom desenvolvimento motor (movimentos delicados das mãos ou do
corpo) depende da prática com as atividades da vida diária que, por sua vez,
estão relacionadas ao desenvolvimento motor. Portanto, o esforço em uma
dessas áreas influencia diretamente a outra.
Segundo Silva, o treino em comunicação é muito importante, e para
isso, é preciso empregar o maior número possível de recursos, e agir com
rapidez. O investimento nessa área trará consequências sociais muito
positivas, já que a criança conseguirá interagir e entender melhor seus pares.
Mesmo que ela encontre dificuldades, a estimulação na linguagem jamais deve
ser interrompida.
Se a criança não conseguir desenvolver uma linguagem falada, outras
estratégias devem ser traçadas para garantir que ela consiga se expressar,
como por exemplo, comunicação por meio de figuras.
34
Silva ressalta que a utilização de todos os recursos disponíveis
relacionados a socialização, aquisição da linguagem e comunicação, e
adequação de comportamento deve ser feita para garantir o bom
desenvolvimento da criança. A observação e a imitação são pré-requisitos
sociais. É importante que a criança tenha em seu ambiente modelos típicos
para aprender imitir. O contato com crianças típicas propicia estimulações
diferentes daquelas obtidas em terapia.
A criança deve ter acesso irrestrito às práticas esportivas e de lazer, nas
quais consiga desenvolver sua motricidade e coordenação motora de maneira
adequada.
Segundo Brandão, ludicidade é qualquer atividade que nos dá prazer
ao executá-la. Através da ludicidade a criança aprende a conviver, a ganhar e
perder, a esperar sua vez, lidar com as frustrações, conhecer e explorar o
mundo. Ela facilita a convivência entre a criança e o educador, e oferece ricas
possibilidades culturais.
De acordo com Antunes, as atividades lúdicas têm um papel
fundamental na estruturação do psiquismo da criança, é no ato de brincar que
a criança utiliza elementos da fantasia e a realidade e começa a distinguir o
real do imaginário. E através da ludicidade que ela desenvolve não só a
imaginação, mas também fundamenta afetos, elabora conflitos e ansiedade,
explora habilidades e a medida que assume múltiplos papéis, fecunda
competência cognitivas e interativas.
Para Oliveira, a ludicidade é um instrumento de estimulação prático
utilizada em qualquer etapa do desenvolvimento. É uma forma global de
expressão que envolve todos os domínios da natureza. Ela apresenta grandes
benefícios do ponto de vista físico, intelectual, social e didático para a criança.
As brincadeiras lúdicas desenvolvem a criatividade e a espontaneidade da
criança.
35
Os jogos e brincadeiras estão presentes em todas as fases da vida do
ser humano, tornando especial a sua existência. O lúdico se faz presente e
acrescenta um ingrediente indispensável no relacionamento entre as pessoas.
Jogando e brincando a criança terá oportunidades de desenvolver capacidades
indispensáveis a sua futura atuação, tais como, a afetividade, o hábito de
permanecer concentrados e outras habilidades perceptuais psicomotoras. A
criança a aprende quando brinca. Por meio de brincadeiras ela envolve-se no
jogo e sente necessidades de partilhar com o outro.
Participando dessas atividades, a criança desenvolve a coordenação
motora, a atenção, o movimento ritmado, conhecimento quanto a posição do
seu corpo, direção a seguir, desenvolve em seus biopsicológicos e sociais:
desenvolve livremente a expressão corporal que favorece a criatividade e suas
funções orgânicas físicas. Como benefício físico, a ludicidade satisfaz as
necessidades de crescimento e de competitividade das crianças
A criança que não encontra oportunidade de brincar e relacionar-se
criativamente com o ambiente através de desafios, apresenta dificuldades em
seu desenvolvimento. Vale ressaltar a importância dos profissionais que
trabalham na área da educação, saúde e cuidadores, que desenvolvem
atividades lúdicas, desafiadoras, com abordagem e solução de problema, para
facilitar o desenvolvimento psicomotor da criança.
Para Vygotsky, a essência de brincadeira é a possibilidade que a
criança tem de evidenciar maneiras simbólicas as motivações, os planos, as
intenções, criando uma nova relação entre situações reais, preenchendo suas
próprias necessidades.
Segundo Passerino, apud Moratori, os objetivos indiretos que as
atividades lúdicas podem propiciar as crianças são: memória (visual, auditiva,
cinestésica); orientação temporal e espacial (em duas e três dimensões);
coordenação motora viso-manual (ampla e fina); percepção auditiva,
36
percepção visual (tamanho, cor, detalhes, forma, posição, lateralidade,
complementação), raciocínio lógico-matemático, expressão linguística (oral e
escrita), planejamento e organização.
Segundo Piaget, os jogos são classificados de acordo com o
desenvolvimento infantil, em três fases: jogos de exercício sensório-motor: o
ato de jogar é uma atividade natural no ser humano. Inicialmente a atividade
lúdica surge como uma série de exercícios motores simples. Sua finalidade é o
próprio prazer do funcionamento. Estes exercícios consistem em repetição de
gestos e movimentos simples como agitar os braços, sacudir objetos, emitir
sons, caminhar, pular, correr, etc. Embora estes jogos comecem na fase
maternal e durem predominantemente até os 2 anos, eles se mantém durante
toda a infância e até na fase adulta. Por exemplo, andar de bicicleta.
Jogos simbólicos: aparece predominantemente entre os 2 e 6 anos. A
função desse tipo de atividade lúdica consiste em satisfazer o eu por meio de
uma transformação do real em função dos desejos, ou seja, tem como função
assimilar a realidade. A criança tende a reproduzir nesses jogos as relações
predominantes no seu meio-ambiente e assimilar, dessa maneira, a realidade,
sendo uma maneira de se autoexpressar. Esses jogos de faz-de-conta
possibilitam à criança a realização de sonhos e fantasias, revelação de
conflitos, medos e angústias, aliviando tensões e frustrações.
Jogos de regras: começa a se manifestar por volta dos cinco anos,
desenvolve-se principalmente na fase dos 7 aos 12 anos. Este tipo de jogo
continua durante toda a vida do indivíduo. Os jogos de regras são classificados
em jogos de exercício sensório-motor (exemplo futebol), e intelectual (exemplo
xadrez). O que caracteriza o jogo de regras é a existência de um conjunto de
leis imposto pelo grupo, sendo que seu descumprimento é normalmente
penalizado, e uma forte competição entre os indivíduos. O jogo de regra
pressupõe a existência de parceiros e um conjunto de obrigações (as regras),
o que lhe confere um caráter eminentemente social. Este jogo aparece quando
37
a criança abandona a fase egocêntrica possibilitando desenvolver os
relacionamentos afetivo-sociais.
Existe uma relação direta entre brincadeiras corporais e a
psicomotricidade. Nestes aspectos as brincadeiras são meio de aprimorar
funções neuropsicomotoras e fortalecer conexões neurais, pois brincar com o
corpo necessita de um estado de atenção, requer controle corporal em
situações de deslocamento no espaço, uma percepção de seu corpo , uma
tonicidade muscular, uma organização espaço-temporal, um controle viso-
manual. Além disso quando a criança brinca em conjunto, isso vem a ser uma
experiência de socialização rica, pois em contato com o outro a criança
aprende a tomar conta de seus impulsos e respeitar o espaço do outro.
Segundo Nasser, o jogo e a brincadeira fazem parte do mundo da
criança. E quando utilizamos nos espaços educacionais como motivação,
como maneiras de explicar argumento, como atividade, constituem um
importante fator educacional, favorecendo o desenvolvimento psicomotor e
psíco-físico-social da criança. Nada melhor para esta sentir a realidade do que
lhe foi ou lhe será ensinado através daquilo que ela mais gosta de fazer,
brincar.
As atividades musicais, contribuem para o desenvolvimento motor, do
raciocínio, da memorização, da inteligência, da linguagem e da expressão
corporal. De acordo com Rosa, a simples atividade de cantar uma música
proporciona à criança adquirir e desenvolver de uma série de aptidões
importantes.
É certo que a musicalização, quando trabalhada desperta o lado lúdico
aperfeiçoando o conhecimento, a socialização, a alfabetização, inteligência,
capacidade de expressão, a coordenação motora, percepção sonora e
espacial e matemática.
38
Segundo estudos realizados por Gardner, sobre crianças autistas, em
que estas, são extremamente perturbadas e que frequentemente evitam o
contacto interpessoal e talvez nem falem, possuem capacidades musicais
incomuns. Isto talvez, porque houvessem escolhido a música como principal
canal de expressão e comunicação, ou também porque a música é tão
primariamente hereditária e que precisa de tão pouca estimulação externa,
quanto falar ou andar de uma criança normal.
É importante referir que, a música oferece à criança descoberta das
linguagens sensitivas e do seu próprio potencial criativo, tornando-a mais
capaz de criar, inventar e reinventar o mundo que a circunda. E criatividade é
essencial em todas as situações.
Uma criança criativa raciocina melhor, inventa meios de resolver as suas
próprias dificuldades, deste modo, poder-se-á dizer que a música é uma
linguagem abrangente e deve ser “incutida” desde tenra idade, para que a
criança seja capaz de se expressar musicalmente, usufruindo do estímulo,
equilíbrio e felicidade que lhes propicia.
39
CONCLUSÃO
.
De acordo com Silva, pode ser feita uma analogia entre o autismo e um
jogo de quebra-cabeça. Olhar apenas para cada um dos sintomas envolvidos,
incorremos no erro de avaliarmos, de maneira parcial, o conjunto que a obra
representa. Mas, se tratarmos e cuidarmos corretamente desse indivíduo, o
jogo é montado e podemos nos surpreender com o resultado obtido. A tarefa
de montar um quebra-cabeça pode ser nada fácil para muitos de nós: a fim de
que pequenos fragmentos, que aparentemente não têm lógica, possam se
transformar em uma bela paisagem. No entanto o que pode ser difícil para
alguns é extremamente prazeroso para muitos, inclusive para os próprios
indivíduos com autismo, que, muitas vezes, desempenham essa tarefa com
maestria. Isso porque o transtorno propicia uma visão extraordinária dos
detalhes e, em muitas situações, esta característica se traduz em beleza, arte
e talentos incontestáveis.
Conhecer a fundo uma pessoa com autismo pode trazer um
aprendizado especial para vida de cada educador, pais, ou profissional de
saúde. Uma pessoa com autismo merece e deve ser acolhida,cuidada, e
estimulada a se desenvolver. Para isso, são necessárias ações motivadoras,
de tal forma que ela sinta vontade de participar das atividades e que tenham
prazer em estar e ficar, seja através de atividades lúdicas, da música, do
corpo, dos jogos e brincadeiras. Essas são as primeiras etapas para que ela
seja resgatada do seu mundo singular e estabeleça vínculos com as pessoas
ao seu redor.
Uma pessoa com autismo sente, olha e percebe o mundo de maneira
muito diferente da nossa. Pais, professores, profissionais e a sociedade como
um todo precisam mergulhar em seu universo particular e perceber o mundo
da mesma forma que ela o vê.
40
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANTUNES, Celso. As Inteligências Múltiplas e seus Estímulos. 17º ed.
Campinas, SP: Papirus, 2012.
GARDNER, Howard . Inteligências Múltiplas - A Teoria na Prática. Porto
Alegre: Artmed, 1995.
OLIVIER, Lou de. Distúrbios de Aprendizagem e de Comportamento. 6ª ed.
Rio de Janeiro: WAK Ed., 2011.
RELVAS, Marta Pires. Neurociência e Transtornos de Aprendizagem: as
múltiplas eficiências para uma educação inclusiva. 5ª ed. Rio de Janeiro:
WAK Ed., 2011.
ROTTA, T. N.; WEILER, L.; RIESGO, R.S. – Transtornos da
Aprendizagem. Porto Alegre: ARTMED, 2006.
SAMPAIO, Simaia; FREITAS, Ivanna Braga (orgs). Transtornos e
Dificuldades de Aprendizagem: entendendo melhor os alunos com
necessidades educativas especiais. Rio de Janeiro: WAK Ed., 2011.
SILVA, Ana Beatriz Barbosa; GAIATO, Mayra Bonifácio; REVELES,
Leandro Thadeu. Mundo Singular - entenda o autismo.Rio de Janeiro:
Objetiva, 2012.
41
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - A Funcionalidade da Música nos Transtornos
de desenvolvimento 10
1.1 - A Inteligência Musical ou Sonora 12
1.2 - Como estimular a Inteligência Musical ou Sonora? 14
CAPÍTULO II - O que é autismo? Possíveis caminhos... 17
2.1 - Tríade do comportamento autístico. 21
2.2 - O que é espectro autista? 28 CAPÍTULO III Atividades sonoras, rítmicas, lúdicas, cinestésicas,
favorecendo e otimizando o processo de socialização da
criança autista 33
CONCLUSÃO 39
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 40
ÍNDICE 41