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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO VEZ DO MESTRE
A TEORIA E A PRÁTICA DA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL NA ESCOLA
Danuse Aparecida Miranda da Silva
Maria Esther de Araújo Oliveira
Niterói
07/2005
1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO VEZ DO MESTRE
A TEORIA E A PRÁTICA DA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL NA ESCOLA
OBJETIVOS:
Objetiva-se envolver os alunos com a natureza e com os
conflitos sócio-ambientais. Desenvolver atividades práticas
para a conscientização e o espírito de cidadania, com a
participação dos educadores, educandos e comunidade e
contribuir para que a Educação Ambiental seja integrada na
escola de forma transformadora.
2 RESUMO
Esta monografia apresenta como tema a teoria e a prática da Educação
Ambiental na escola, pois a escola deve concretizar as expectativas em relação à
prática da Educação Ambiental de maneira efetiva propiciando uma mudança de
valores e atitudes. As soluções para essas questões estão inseridas nesta monografia
que aborda pressupostos teóricos de grandes educadores, que, com seus estudos
buscaram reformas na educação investigando, pesquisando, observando e
descrevendo teorias como da aprendizagem e do conhecimento. Este trabalho faz um
paralelo às teorias e a prática da Educação Ambiental na sala de aula buscando a
transformação de atitudes dos alunos. São sugeridas atividades que foram realizadas
com alunos de 1ª a 4ª séries do ensino fundamental de uma escola particular no
município de Rio Bonito dentro de um projeto pedagógico inserido na escola. O
projeto permite a existência da diversidade dentro de uma proposta de integração. As
sugestões, como: fantoches, maquetes, textos variados, trabalhos de campo e arte são
atividades que possibilitam uma intima relação entre indivíduo e meio resultando em
sensibilização, conscientização e transformação de atitudes. O rádio e a televisão são
recursos didáticos que podem auxiliar o professor na construção do pensamento e
formação de valores pra efetivar a Educação Ambiental na escola, para isso, o
professor deve ser um mediador do conhecimento. O entendimento das questões
ambientais necessita de um processo de aprendizagem contínuo, fundamentado no
respeito a todas as formas de vida, visando valores e ações que orientem a
transformação humana, objetivando a preservação dos recursos naturais. Esse
entendimento encoraja a formação de uma sociedade justa e ecologicamente
equilibrada, mantendo relação de interdependência e diversidade, requerendo
responsabilidade individual. Os resultados obtidos foram satisfatórios, pois os
educadores conseguiram alcançar os objetivos havendo envolvimento dos alunos nas
atividades, ampliando seus conhecimentos e percebendo o seu pertencimento no
meio em que vive.
3 METODOLOGIA
A metodologia utilizada se apóia a uma investigação teórica. A
pesquisa é explorativa fundamentada em levantamentos bibliográficos para o
aprofundamento do tema em questão e através de atividades do ambiente escolar que
respalda as sugestões apresentadas de maneira simples, criativa e transformadora.
4 SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I – A APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
BASEADA NA TEORIA EDUCACIONAL.
CAPÍTULO II – À PRÁTICA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL INSERIDA
NO PROJETO PEDAGÓGICO.
CAPÍTULO III – O RÁDIO E A TELEVISÃO COMO RECURSO
DIDÁTICO PARA A PRÁTICA AMBIENTAL.
CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
5 INTRODUÇÃO
Observando o desempenho de algumas escolas no trabalho de Educação
Ambiental, faz-se necessária uma reelaboração dos objetivos a serem alcançados, já
que os resultados não propiciam uma mudança efetiva dos valores referidos ao meio
ambiente. Desta forma, o trabalho de EA na escola deve ter como ponto principal o
educando como participante através de atividades, que, integrem escola e
comunidade. Para isso, a escola deverá representar um espaço de trabalho
fundamental para iluminar o sentido de luta ambiental e fortaleça as bases da
formação para a cidadania. A escola pode concretizar as expectativas em relação à
pratica da Educação Ambiental de maneira efetiva dentro de um projeto pedagógico
e propiciar uma mudança de valores e atitudes, dentro de uma sociedade mais justa
socialmente e equilibrada ecologicamente. Uma das estratégias que a escola poderá
utilizar como recurso é à televisão e o rádio para dar condições ao educando, por
meio de acesso a diferentes visões de mundo, a uma formação que os capacite para
uma escolha consciente, considerando que as atividades de Educação Ambiental
envolvem mobilização social, a necessidade de marketing, envolvendo com a rede
formal de ensino e com os mais diversos formadores de opinião, além de habilidades
técnicas, como dramatização e apresentações audiovisuais. O projeto “Educação
Ambiental na Escola” objetiva-se envolver os alunos com a natureza e com os
conflitos sócio-ambientais. Desenvolver atividades práticas para a conscientização e
o espírito de cidadania, com a participação dos educadores, educandos e
comunidade. Contribuir para que a EA seja integrada na escola de forma
transformadora. Espera – se como resultado a transformação do conceito de Meio
Ambiente para o educando, percebendo o seu pertencimento no meio em que vive.
As atividades estarão voltadas à reciclagem, análise de assuntos ligados ao MA,
construção e publicação de boletins (jornais), mutirão para fins sociais. A proposta
para esse projeto está voltado para alunos de 1ª à 4ª série com uma duração de
aproximadamente 6 meses (2 bimestres) e será efetuado no Colégio Cenecista
Monsenhor Antonio de Souza Gens, colégio particular localizado no município de
Rio Bonito-RJ.
6 Algumas citações de autores como Paulo Freire, Piaget e Freinet estarão
sendo vinculadas a esse projeto, pois a todo instante estará sendo enfocado o
aprendizado, as habilidades e as conquistas do ser humano. Esse trabalho será
realizado dentro de uma teoria construtivista que sintetiza as teorias que buscam
vislumbrar os processos de construção do conhecimento, e discute a complexidade
do processo de aprendizagem.
7 CAPÍLULO I - A APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL BASEADA NA TEORIA DA EDUCAÇÃO.
O conhecimento, segundo Piaget (1966), ocorre durante um longo
processo de relacionar novas idéias a atividades anteriores. Estas idéias contestavam
as posições nativistas e empiristas muito em voga em sua época, segundo as quais as
idéias eram inatas à mente humana, no primeiro caso, ou que decorriam da postura
passiva de receber e copiar o conhecimento do meio, no segundo. De acordo com sua
visão interacionista do desenvolvimento, Piaget afirma que, para conhecer, o ser
humano, desde o seu nascimento, procura, organiza e assimila o novo a seu anterior
de conhecimento.
O que vem a ser aprendizagem e o sentido em processo de educação
ambiental? Pensar em desenvolvimento significa entendê- lo como o processo
equilibrado de busca da satisfação das necessidades dos grupos humanos
determinados, tendo-se em conta a capacidade do meio ambiente de responder a
essas necessidades. Neste processo é indispensável considerar o respeito às
necessidades intra e inter-geracionais, assim como as de populações abastadas e
pobres. Assim, um projeto de melhoria da qualidade de vida humana deve limitar-se
à capacidade de suporte dos ecossistemas.
“... a questão é o papel da subjetividade na transformação da história. (...) A transformação histórica é mais importante que do que a tomada do poder. Não devemos estar preocupados com o simples deslocamento do poder de um grupo para o outro. É necessário compreender que, ao tomar o poder, é preciso transformá-lo. Essa recriação do poder passa necessariamente pela reinvenção do ato produtivo. E a reinvenção do ato produtivo tem lugar na medida em que o discurso do povo se legitima em termos dos desejos, decisões e sonhos das pessoas, e não meramente de palavras vazias. (...) A reinvenção do poder, que passa pela reinvenção da produção, traria consigo a reinvenção da cultura, dentro da qual se criariam ambientes pra incorporar, de maneira participativa, todos aqueles discursos que atualmente estão sufocados pelo discurso dominante” (Paulo Freire, 1982, p.67).
8 O trabalho de Educação Ambiental deve ter o alcance necessário para
envolver as crianças. Assim, sua abordagem deverá ser feita por meio da sua inserção
no currículo das escolas de ensino básico.
Hoje, encontramos vários professores que, dizem, que trabalham com
Educação Ambiental, mas apenas realizam trabalhos “bonitinhos” na véspera do dia
do meio ambiente, e dessa forma, não interage os alunos no processo de preservação,
sensibilização e sustentabilidade para o futuro.
Ainda com Paulo Freire (1982), o educador ambiental precisa ter
consciência de que, “ na maioria em que toda prática educativa transcende a si
mesma, supondo um objetivo a ser atingido, não pode ser não – diretiva. Não existe
prática educacional que não aponte para um objetivo; isso prova que a natureza da
prática educativa tem uma direção”(p.75). Assumir a diretividade da Educação, numa
perspectiva democrática, implica, de um lado, jamais reduzir os educadores a meras
sombras, proibidas de voz, de outro, jamais anular a figura do educador,
transformado, assim, numa ausência presente.
A Educação tradicional ou bancária, como nomeia Paulo Freire, é ainda
o modelo que prevalece na maioria das escolas. O conceito de educação bancária
centra-se na idéia básica de que a elite detém o conhecimento, além do poder,
enquanto o povo brasileiro é visceralmente ignorante e, portanto, incapaz exercer
uma cidadania plena. Deve ser mantido oprimido sob rigoroso controle, uma vez que
depende integralmente da elite dominante para pensar e agir, isto sob o ponto de vista
individual e coletivo. Com porta voz da elite, o professor, nesta perspectiva, sabe
com que interesses a sua prática está compreendida.
Outra perspectiva de educação que se costuma empregar, para se fugir
do tradicionalismo e do behaveorismo de Skinner, é a desenvolvida por Carl Rogers,
que pressupõe o entendimento da relação pedagógica em outros termos: não mais
centrada na figura do professor, que tudo sabe e transmite, mas essencialmente
centrada na figura do professor, que tudo sabe e transmite, mas essencialmente
centrada no aprendiz, indivíduo capaz de por si só empreender seu processo de
aprendizagem, tendo o professor apenas como um facilitador. Assumem importância
neste novo conceito de educação a liberdade do aprendiz, sua autodeterminação, seu
interesse, suas experiências anteriores. Nesta perspectiva, o educador tem o papel de
orientar atitudes, muito mais do que transmitir conhecimentos. Para Rogers, uma
9 aprendizagem significativa é aquela que gera a descoberta de si, de algo que é
captado pelo indivíduo e inscrito em sua experiência de uma forma muito pessoal.
Trata-se do reconhecimento de que a aprendizagem se realiza no indivíduo e que este
aprende só.
Paulo Freire, por sua vez, além de construir uma crítica severa ao
modelo de educação bancária, denunciando seus abusos e seus usos políticos, assume
a perspectiva rogeriana para superá- la nos seus aspectos mais frágeis: sem desprezar
a importância do ato de aprender, Freire abandona a ênfase no caráter individual da
educação para dar destaque ao seu aspecto interativo mais amplo e, por isso, de
natureza essencialmente política.
A aprendizagem é um problema político, o conhecimento é um
problema político, porque o que constitui como sujeitos capazes de construírem o
conhecimento e sermos sujeitos de uma prática social. Assim, tem o compromisso
com a construção do sujeito crítico, ético, solidário e responsável, além de
competente, hábil e criativo para a resolução adequada dos problemas impostos por
uma sociedade em constante transformação.
Uma proposta de Educação Ambiental baseada nas idéias de Paulo
Freire deverá centrar-se no compromisso de resgate das origens do povo brasileiro, a
partir do seu contexto mais próximo. Deste modo, dando ênfase à história regional,
deverá fazer justiça às diferentes raízes étnicas, mostrando como a realidade
ambiental atual foi produzida historicamente por diferentes agentes sociais.
Além disso, deverá romper com o processo fragmentado, alienado e
alienante da construção do conhecimento, Com ênfase na interdisciplinaridade, a
nova proposta deverá superar a justaposição ou a interseção das diferentes disciplinas
sobre determinado tema.
Enfatizando as relações entre o presente e o passado, a educação
ambiental deverá estar comprometida com o questionamento da ordem estabelecida,
procurando desvelar a realidade aparente, buscando alternativas para o
questionamento e a superação dessa realidade. Sendo uma proposta de educação
libertadora, crítica e criativa, deverá voltar-se para formas diferenciadas de pensar e
agir sobre a nossa atual realidade.
“A educação ambiental deve ser o instrumento pedagógico para o trabalho de revalorização. A cada dia, é preciso combater o consumo cada vez mais sofisticado,
10 tendo-se em conta o paradoxal estado de miséria absoluta em que se encontram dezenas de milhões de brasileiros. Um trabalho educativo voltado para a qualificação desse consumo, no combate ao desperdício, e associado ao aumento da produtividade e da competitividade, esta é a finalidade de um processo educativo que se pretendo libertador” (Coordenação do Programa de Educação Ambiental da s da WWF- Brasil, 2000, p. 64)
Aspectos que facilitam ou prejudicam a aprendizagem:
Aprender é essencialmente diferente de memorizar. Aprender significa
aperfeiçoar esquemas mentais capazes de serem utilizados em situação novas que
exijam respostas criativas, como requer a questão ambiental. Só se aprende o que é
significativo.
A aprendizagem não se aprende com nada; é preciso contar com
condições internas ao indivíduo, tais como necessidades e interesses. São estas
necessidades e interesses que podem motivá- lo a aprender. Qualquer esforço externo
no sentido de criar esta motivação será inútil se não coincidir com suas necessidades
e interesses. A função do educador é a de preparar situações e uma continuação de
eventos para que o aprendiz tenha o máximo de possibilidades para fazer as conexões
apropriadas. As pessoas sabem das suas próprias necessidades e devem compartilhar
a responsabilidade pelo seu próprio aprendizado.
Recursos tradicionais como castigo, ameaças, chantagens e até mesmo
violência s físicas, usados com o argumento de que são capazes de criar disciplina de
estudo, são absolutamente ineficazes no sentido de impulsionar a aprendizagem. Ao
contrário, são medidas capazes de gerar sentimentos imobilizadores de ação do
indivíduo que vão exigir deste o emprego de suas mais nobres energias mentais para
controlar esses sentimentos, ao invés de colocá- los a serviço da sua aprendizagem.
Para Piaget (1966) uma proposta pedagógica que pretenda levar em
conta os avanços da Epistemologia e da Psicologia Genética deve “ levar em conta as
construções cognitivas do educando ou, o que dá no mesmo, partir dos conceitos
espontâneos de aluno” (p.56). è possível que esse seja o grande desafio de uma
proposta pedagógica construtivista.
A proposta pedagógica elaborada por Freinet revolucionou, já na época,
a dinâmica da sala de aula, determinando mudanças profundas no relacionamento
11 professor-aluno, escola e saber. Animado pelo desejo de proporcionar ao educando
um papel ativo no plano escolar, Freinet realizou uma ação educativa na qual teoria e
prática não se opõem; ao contrário, nenhuma das duas pode desenvolver-se se a
outra.
“Os únicos conhecimentos que podem influenciar o comportamento de
um indivíduo são aqueles que ele descobre sozinho e dos quais ele se apropria”
(Freinet, 1969, p. 185).
Apenas uma iniciativa orientada para a educação de base assumirá o
papel multiplicador, que, em longo prazo, propiciará à comunidade como um todo,
uma consciência analítica, imprescindível à resolução dos problemas concernentes à
ação do homem de acordo com a ação do homem no meio ambiente.
As crianças são o grupo populacional mais ameaçado pela degradação
ambiental em curso e pelos frustrantes esforços de desenvolvimento. Coloca-se a
infância no núcleo da discussão sobre meio ambiente, desenvolvimento e educação,
já que ela representa o modo pelo qual o homem poderá atingir, no futuro, um
melhor desenvolvimento, seja como indivíduo, seja como sociedade.
12 CAPÍTILO II – À PRÁTICA DA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL INSERIDA NO PROJETO PEDAGÓGICO.
Para que o trabalho pedagógico seja trabalhado de maneira efetiva
dentro de uma escola, os alunos necessitam visualizar o meio ambiente dentro e fora
da realidade em que estão inseridas. Precisam desenvolver conhecimentos,
habilidades, atitudes e valores que inspirem neles o desejo de transformar o meio em
vive, alinhando-se com os objetivos da conservação ambiental e do desenvolvimento
sustentável. E, para alcançar esses objetivos a escola precisa desenvolver projetos
que sejam incluídos nas disciplinas durante, pelo menos, um semestre do ano letivo.
O que acontece muito na realidade escolar de hoje são atividades de brincadeiras
com crianças e eventos em datas comemorativas relacionados ao meio ambiente.
A Política Nacional de Educação Ambiental, em seu artigo 11, diz que
“[...] Os professores em atividade devem receber formação complementar em suas
áreas de atuação, com o propósito de atender adequadamente ao cumprimento dos
princípios e objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental”.
A lei nº 9.795/99, que aponta princípios e objetivos como referências
para a prática pedagógica e para as atividades de formação de professores em
Educação Ambiental estabelece:
Art. 4º São princípios básicos da educação ambiental:
I – o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo;
II - a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando
a interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o
cultural, sob o enfoque da sustentabilidade;
III – o pluralismo de idéias e concepções pedagógicas, na
perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade;
[...]
Art. 5º São objetivos fundamentais da educação ambiental:
I – o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio
ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo
aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais,
econômicos, científicos, culturais e éticos;
13 II – a garantia de democratização das informações ambientais;
III – o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre
a problematização ambiental a social;
IV – o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e
responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente,
entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor
inseparável do exercício da cidadania;
V – o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em
níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma
sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da
liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social,
responsabilidade e sustentabilidade;
VI – o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a
tecnologia;
VII – o fortalecimento da cidadania, da autodeterminação dos povos
e da solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade.
“O trabalho educativo, longe de ser apenas uma brincadeira, envolve
planejamento para que o projeto seja bem sucedido em sua globalidade. “A Educação
Ambiental é, na verdade, uma atividade-meio de suma importância para uma
interface saudável entre equipe do projeto e o público-alvo” (Coordenação do
Programa de Educação Ambiental WWF - Brasil, 2000. p.7).
Neste capítulo serão relatadas sugestões de atividades dentro de um
projeto pedagógico direcionada a alunos de 1ª à 4ª séries de uma escola particular. E,
“plantar” nas crianças o desejo de cuidar do meio ambiente é uma tarefa difícil, já
que a realidade dessas crianças é bem diferente de outras, considerando o meio social
e a não preocupação com o desperdício. Por isso a escola deve desenvolver
estratégias de sensibilização e muita participação.
“O meio ambiente é considerado um bem de interesse difuso, isto é, que une pessoas de identidades muito diferentes, como, por exemplo, os usuários da água de um rio, os usuários de um transporte coletivo em uma cidade, etc. E todas essas pessoas têm o direito de receber educação sobre questões ambientais. Essa ecologização começou no
14 momento em que o meio ambiente deixou de ser assunto exclusivo dos amantes da natureza e se tornou um assunto para a sociedade civil mais ampla” (Edson Gomes Travassos, 2004, p.24).
Para iniciar o projeto de Educação Ambiental é preciso conhecer o que
os alunos entendem sobre o tema e, quando são questionados, respondem
rapidamente que meio ambiente é árvore, água, animais, ou seja, tudo da natureza.
Portanto, o educador precisa formular uma nova idéia de meio ambiente começando
a questionar a própria carteira do aluno em sala de aula, a organização, a limpeza, os
cadernos arrumados e o chão. A partir desta atitude mostrar que meio ambiente é o
lugar em que estamos, ou seja, os alunos serão capazes de perceber que a sala de aula
está dentro de uma escola, que está dentro de uma cidade, município, estado, país,
continente e enfim, todos nós moramos em um só planeta e dependemos dos recursos
que ele nos oferece.
A Educação ambiental não passa somente pela preservação da natureza,
reciclagem do lixo e não poluir. Meio ambiente á responsabilidade do cidadão para
cuidar do ambiente como um todo e não somente do ambiente natural.
Precisamos desenvolver nas escolas o hábito de entender o ambiente
como um todo, não fragmentado, aquele criado pelo homem, onde vivemos e o
natural.
“Recuperar o sagrado da Terra e do indivíduo, pois o modelo econômico dominante tirou a palavra de todas as coisas para que apenas a palavra humana falasse, virando as costas para a Terra , explorando – a apenas, não a tratando como um grande sujeito vivo do qual nós somos filhos e filhas. Somente nossa relação pessoal com a Terra nos faz amá–la e compreendê- la. Essa consciência só virá quando essa relação pessoal começar a acontecer” (Gadotti apud Boff, 1999, p. 194).
O próximo passo seria levar aos alunos informações reais sobre o
impacto ambiental através de matérias de jornais, revistas, Internet e filmes que
abordam o assunto em questão. Porém os alunos precisam se sentir importantes e
ativos para proteger o seu ambiente e junto com os conteúdos de ar, água e solo
trabalhado nas séries, o educador pode fazer com que os alunos tenham o prazer de
cuidar através de uma atividade simples, porém de muita responsabilidade para as
crianças, plantar uma semente e cuidar para que a planta desenvolva. Esta atividade
15 possibilita a criança se sentir integrante do seu meio, colocando a mão na terra,
colocando a semente e cuidando para que em breve possa assistir o crescimento de
uma vida, com a responsabilidade de proteger e cuidar.
A criança não pensa muito do que será do amanhã e curte sua infância,
por isso fazer a criança pensar no que será do meio ambiente no futuro é uma tarefa
difícil e o ato de plantar uma semente e esperar o seu crescimento pode ser um passo
para conquistar o valor de comprometimento com o meio ambiente.
“A principal função do trabalho dentro da escola com o tema Meio Ambiente é contribuir para a formação de cidadãos conscientes, aptos a decidirem e a atuarem na realidade socioambiental de modo comprometido com a vida, com o bem – estar de cada um e da sociedade, local e global. Para isso, é necessário que, mais do que informações e conceitos, a escola se proponha a trabalhar com atitudes, com formação de valores, com o ensino e a aprendizagem de habilidades e procedimentos. Esse é o grande desfio para a educação. Comportamentos ambientalmente corretos serão aprendidos na prática do dia-a-dia na escola: gestos de solidariedade, hábitos de higiene pessoal e dos diversos ambientes” (PCN, 2001, p.67).
Uma outra estratégia para o trabalho de educação ambiental é a
realização de placas informativas, dentro ou fora da escola. Então aparece aí a
dificuldade para viabilizar projetos de Educação Ambiental: à questão financeira e a
disponibilidade de materiais de apoio. E se tratando de uma escola particular, o
trabalho de educação ambiental não teria efetivação se o dinheiro fosse pedido aos
16 responsáveis, como acontece em várias instituições de ensino particular. Então, uma
atividade que faça que os alunos participem e sensibilizem outras pessoas e que
também possa arrecadar fundos para a realização de outras atividades, seria a venda
de plantinhas, assim o dinheiro será arrecadado e os alunos terão a oportunidade de
falar da importância de cuidar e preservar.
O que se espera com a arrecadação de fundos em primeiro lugar, claro,
é arrecadar dinheiro, mas também promove informação sobre a causa da
organização, recruta mais voluntário, colhe novas idéias para futuros programas e
educa o público.
O projeto como forma de organização do trabalho na escola é sob todos
as ângulos enriquecedor porque além de ter como premissa a valorização dos
recursos humanos envolvidos, ele articula metas, propõe estratégias, cria
possibilidades de inserção da escola na comunidade e de cruzamento do
conhecimento com a realidade numa dinâmica criativa. Mas, a escola reflete os
conflitos existentes no plano das relações sociais, como desigualdade econômica,
exclusão social, preconceito, discriminação, degradação, violência. Além disso, há
discordâncias do corpo docente, que quase sempre coloca barreiras para a realização
de trabalhos integradores de vários saberes.
“O desafio colocado para a escola tem como papel primordial formar cidadãos comprometidos com o aprimoramento social, individual, intelectual, cultural e produtivo, buscando superar os problemas, melhorar a convivência entre os seres humanos e destes com o mundo, incutir os valores de igualdade, justiça, liberdade, responsabilidade e promover habilidades. Só que este ideal se insere num contexto de diversidade e de conflito que tem que ser encarado pela educação” (Denise de Souza Baena Segura, 2001, p.58).
Trabalhar com projetos na escola pode favorecer a colaboração, a
integração e romper as barreiras rígidas das disciplinas e das metodologias típicas de
cada área de conhecimento. Entretanto, não é possível pensar que isto signifique uma
homogeneização, o que seria um fator limitante para a aprendizagem e a ação.
Entendido sob o ponto de vista antropológico, o projeto permite a
existência da diversidade dentro de uma proposta de integração.
17 Escrevendo, recitando poesias, cantando, interpretando e construindo
são ações que dão certo para alcançar o objetivo de Educação Ambiental e descobrir
novas habilidades nos alunos, por isso as atividades que serão sugeridas a seguir
incluirão todas essas ações.
Algumas perguntas em forma de entrevista poderão ser o melhor
caminho para uma boa produção escrita sobre valores.
Exemplo:
O que você faz com o lixo das coisas que consome: papel de bala,
chiclete, saquinho de salgadinho, palito de sorvete, etc. Você joga no lixo ou no
chão?
Você tem coragem de ter um animal (passarinho, coelho, chinchila)
vivendo em gaiolas na sua casa?
Quando você vai tomar banho, fica só o tempo necessário embaixo do
chuveiro aberto, ou fica brincando e se esquece da vida?
Quando vai escovar os dentes, você tem o hábito de deixar a água
escorrendo, ou abre a torneira somente para enxaguar a boca?
Como você cuida de seus cadernos: usa somente para escrever a matéria
da aula e as lições de casa ou usa também para fazer aviãozinho?
Se, nasce uma árvore no terreno onde você joga bola, o que você faz
com ela: arranca-a, deixa que ela cresça, ou procura transportá-la para outro lugar?
Quando você sai de um ambiente, tem o hábito de apagar as luzes e
desligar tevê, rádio e computador, ou deixa tudo aceso e ligado?
Quando você tem coisas usadas para jogar fora – carrinhos, bola,
móveis, bicicleta, etc. , o que faz com elas: joga num terreno baldio, joga num rio, ou
põe para o lixeiro levar?
A partir dessas perguntas poderão surgir ótimas produções textuais e o
educador poderá trabalhar junto com esse tema questões de parágrafos, pontuação,
introdução, desenvolvimento e conclusão de um texto ou história.
Uma outra forma de integração com Ciências, Língua Portuguesa e
Educação Ambiental seria trabalhar outros tipos de textos como a poesia,
conhecendo vários autores e criando versos que possam expressar a sensibilização
sobre o meio ambiente.
18
A receita culinária tendo como ingredientes alimentos que são
desperdiçados, como casca de melancia, abóbora, abacaxi, banana, batata, talo de
taioba entre outros alimentos.
As historinhas em quadrinhos já vem a um bom tempo apresentado
temas de preservação ambiental, várias historinhas da Turma da Mônica de Maurício
de Souza estão divertindo e conscientizando a garotada. Esse é um bom incentivo
19 para a criação de histórias em quadrinhos pelos alunos abordando temas ambientais e
utilização de balões e onomatopéias.
A arte, a história e a Geografia poderão estar integradas a este projeto,
pois a natureza é repleta de cores e as cores da natureza dão os pigmentos naturais e a
utilização de tintas sendo extraídas de recursos naturais.
Desde a pré-história o homem tem construído sua existência
localizando-se enquanto ser social. A cor e a arte têm estado presente nestes
primeiros passos dados pela humanidade na construção da cultura. No interior de
inúmeras cavernas, sobre diversos tipos de superfícies, ficaram registradas marcas
gráficas em forma de desenhos e pinturas. Nesta época, a cor foi descoberta através
20 da experimentação. Essas pinturas naturais: plantas, terra, carvão, e até o sangue dos
animais que eram caçados.
As Folhas verdes, frutas, sementes, pétalas de flores podem ser retirados
pigmentos. O pigmento é o que dá a cor de tudo que é material. As folhas das plantas
são verdes por terem clorofila, a terra tem cores diferentes em cada mineral tem um
pigmento com sua cor própria; óxido de ferro pode ser amarelo ou vermelho; o de
cobre é verde; o manganês é marrom; o do cobalto é azul. Até a nossa pele tem
pigmentos, como a melanina que dá a cor da pele de cada um de nós.
O objetivo desse trabalho é oferecer algo novo, diferente, ao contrário, é
resgatar o que foi esquecida pela humanidade, uma técnica simples, econômica,
prática, fácil de ser encontrada e principalmente o valor pelos recursos naturais.
Através dos pigmentos naturais o educando poderá colorir, desenhar, usar das mais
variadas formas de expressão e de comunicação.
Na condição de educadores este tipo de trabalho amplia a compreensão
que o ser humano tem a respeito de si mesmo e de sua condição de ser coletivo,
agente cultual do mundo. A principal meta é encontrar uma forma harmoniosa para a
relação intrínseca homem / natureza e desenvolver a consciência ecológica.
“Os valores da sociedade, junto com o aprendizado de conceitos e de habilidades, determinam as ações e as mudanças de comportamento de um indivíduo. Estes valores estão, em grande parte, ligados às emoções, aos sentimentos e ao aprendizado “afetivo”. O uso das artes da cultura popular (música, dança, poesia, pintura, etc.) auxilia a transmitir as mensagens. As artes populares também podem ser um ponto de partida do educador ambiental para analisar, junto a seu público, os problemas e as soluções relacionadas ao meio ambiente” (Coordenação do Programa Ambiental WWF – Brasil, 2000. p.295).
O trabalho de campo envolve muito à participação e, uma maior
intimidade com o assunto Meio Ambiente. Tem como objetivo: a) contribuir para a
formação socioambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar
de cada um e da sociedade; b) buscar a transformação dos conceitos, a explicitação
de valores e a inclusão de procedimentos, vinculados à realidade; c) perceber,
apreciar e valorizar a diversidade natural; d) observar e analisar fatos e situações do
ponto de vista ambiental, de modo crítico, reconhecendo a necessidade e as
21 oportunidades de atuar de modo crítico, reconhecendo a necessidade e as
oportunidades de atuar de modo propositivo, para garantir um meio ambiente
saudável e a boa qualidade de vida; e) compreender que os problemas ambientais
interferem na qualidade de vida das pessoas, tanto local quanto globalmente.
Se não houver uma seqüência a partir do trabalho de campo, a escola
fica na ilusão de estar praticando a educação para o meio ambiente.
Foi realizado um trabalho de campo com os alunos de 1ª à 4ª série no
município de Rio Bonito na Serra do Sambê, na fauna da serra podem ser vistas
borboletas das mais variadas espécies, diversos tipos de insetos e pássaros e ainda
caças como capivaras, pacas, preás e coelhos. Nas porções remanescentes da mata
fechada, encontramos porcos do mato, tatus, onças, micos, cachorros do mato, quatis,
gatos selvagens, cotias e cobras. Nos rios ainda piscosos, são comuns o arará, o
bagre, a traíra, a manjubinha e os cascudos. Também nos brejais e alagadiços pode-
se observar uma fauna característica, representada pela ariranha, alguns tipos de
crustáceos e lontras.
Nas matas da Serra do Sambe pode ser encontrado várias espécies
peculiares à mata atlântica ancestral, árvores de madeira de lei como o ipê, a
massaranduba, o tapunhoá, o vinhático, e ainda caneleira, cedro, graúna, óleo
vermelho, cabiúna e cameavata. Extensa variedade de orquídeas, flor das mais
valorizadas e considerada símbolo de nobreza, tem em Rio Bonito seu habitat
natural. Participando do processo econômico da região, árvores frutíferas, com
predominância das bananeiras, goiabeiras, mamoeiros e laranjeiras, multiplicam-se
pomares.
Durante a caminhada à Serra do Sambe, os alunos puderam observar de
perto grande número de bananeiras substituindo outras espécies de árvores. A
bananeira possui o caule chamado de rizoma que cresce paralelamente a superfície
do solo e suas raízes não são profundas. Com a substituição de árvores com raízes
fortes e profundas por bananeiras, as águas da chuva não entram para o subsolo
formando lençóis freáticos, pois as raízes facilitam essa entrada.
A secretaria do Meio Ambiente do município descobriu uma fabricação
clandestina de carvão vegetal na Serra do Sambe, felizmente esta prática não existe
mais.
22
A construção de maquetes é uma boa oportunidade para os alunos
visualizarem a problematização. Numa maquete podem ser abordadas atitudes do
homem tendo como conseqüência a poluição do ar, do solo e da água.
23
Todas as atividades propostas precisam ser apresentadas. Há inúmeras
maneiras de usar a criatividade para desenvolver atividades de Educação Ambiental,
portanto para a culminância desse projeto seria necessário apresentar todo o trabalho
para a comunidade. Quanto mais criatividade, maior é o impacto e maiores chances
de sensibilizar pessoas. Porém, é essencial sempre lembrar o resultado esperado das
atividades para que a atividade não se resuma a uma brincadeira.
A dramatização estimula e cria condições para um envolvimento entre
indivíduo e o grupo, proporcionando maior informalidade ao ambiente. Por meio da
representação de uma cena é possível vivenciar algumas situações, despertando
atenção para determinado assunto.
Algumas características do teatro de bonecos adaptaram-se
perfeitamente às necessidades da equipe de Educação Ambiental nesse projeto:
· A estrutura simples do teatro de bonecos permite que se monte o
espetáculo em qualquer lugar e de forma rápida.
· O cenário e os bonecos podem ser utilizados para diferentes peças,
bastando que se criem novos textos utilizando os mesmos personagens.
24 · Não se faz necessária uma capacitação muito elaborada dos atores.
O manejo dos bonecos é relativamente simples e a dramatização está
muito ligada à fala dos textos.
· Formas de incitar a participação da platéia – os atores sentem-se de
certa forma mais livres para brincar com a encenação.
· As crianças têm uma afinidade muito grande com as formas
animadas. O fato de o elenco estar escondido e o boneco ter vida,
desperta a fantasia das crianças e, conseqüentemente, seu interesse.
· A confecção dos bonecos pode ser feita a partir de materiais
recicláveis; não há custos de maquiagem, iluminação e figurinos.
È no boneco que a imaginação da criança projeta toda a sua fantasia:
problemas, aspirações e sentimentos. Portanto, da caracterização do boneco depende
grande parte da vivacidade e poder de comunicação que terá. Mas para ser eficiente
em sua comunicação com o público, o boneco precisa apresentar algumas
características que geralmente são esquecidas pelo educador leigo no assunto.
Por meio de materiais impressos, pode-se informar, educar, motivar,
recrutar membros, etc. E, para finalizar o projeto e sensibilizar a comunidade pode
ser organizado um jornal com atividades e informações sobre Educação Ambiental,
tendo como editores os alunos que desenvolveram todo o projeto pedagógico, como:
jogo dos sete erros utilizando cenas de poluição, receitas culinárias, poesias,
25 historinhas em quadrinhos, alerta de desperdício, entrevistas, reciclagem entre outras
atividades.
Aprender brincando, fazendo, participando e conscientizando são
formas agradáveis de assimilar conceitos e conhecimentos. Por isso, não se pode
desprezar estes mecanismos didáticos para despertar, no educando, o amor e o
respeito pelo meio ambiente.
26 CAPÍTULO III – O RÁDIO E A TELEVISÃO COMO
RECURSO DIDÁTICO PARA A PRÁTICA
AMBIENTAL.
Atualmente, existe rádio em todo lugar onde há uma comunidade. Em
algumas localidades da Amazônia, por exemplo, trata-se do mais importante meio de
comunicação. Por meio do rádio, as pessoas entram em contato com o que está
ocorrendo no mundo e, ao mesmo tempo, mandam recados, marcam encontros e
aprendem novas coisas.
Como outros meios de comunicação de massa, o uso do rádio é mais
efetivo nos períodos iniciais de um processo, para desencadear o interesse e a
conscientização. Mas é também usado exclusivamente em alguns projetos, como um
eficiente meio de transmissão de informações. Mostra temas importantes ou também
em sports de campanhas específicas.
Umas das vantagens do rádio como meio de comunicação:
· O ouvinte pode estar envolvido em outra tarefa ao mesmo tempo em
que escuta um programa de rádio; isto acontece mesmo quando descansa
de olhos fechados.
· Funciona como companheiro do dia-a- dia para muitos trabalhadores,
tanto do campo como da cidade, na casa, na estrada ou no escritório.
· Acessível; alcança quase todo lugar a qualquer hora.
· Demanda relativamente baixo custo de produção.
· Alto interesse local.
Umas das desvantagens do rádio como meio de comunicação:
· De natureza passiva. Muitas pessoas podem estar escutando, mas
somente algumas realmente recebem a mensagem. Contato não significa
necessariamente comunicação.
27 · Somente um sentido (a audição) está sendo usado. Por isso, boas
descrições são necessárias para ativar a imaginação.
· Meio de comunicação de efeito imediato, em que só há uma chance de
afetar o ouvinte. A mensagem não pode ser retida para futuras referências.
Uma proposta para trabalhar com o rádio como recurso didático para aa
prática da Educação Ambiental é organizar um programa ou pequenas informações
onde os locutores são alunos que terão o objetivo de conscientizar os ouvintes sobre
a questão ambiental.
Para criar um programa de rádio é preciso planejamento, por isso algumas
dicas são importantes:
a) Identifique a rádio que transmitirá sua mensagem.
b) Que mensagem que se pretende transmitir?
c) Defina quem é o público.
d) Planeje o programa para apoiar os seus objetivos.
e) Desperte o interesse do público.
f) Que linguagem usar?
g) Tempo de duração do programa.
h) Qual será o conteúdo do programa?
O cinema pode ser considerado uma “nova” linguagem centenária, pois
apesar de haver completado cem anos em 1995 a escola o descobriu tardiamente. O
que não significa que o cinema não foi pensado, desde os seus primórdios, como
elemento educativo, sobretudo em relação às massas trabalhadoras.
Existem vídeos educativos, porém a idéia proposta é trabalhar vídeos que
não foram produzidas diretamente para o uso didático em sala de aula, mas
produzido dentro de um projeto artístico, cultural e de mercado. Trabalhar com o
cinema em sala de aula é ajudar a escola a reencontrar a cultura a cultura ao mesmo
tempo cotidiana e elevada, pois “o cinema no qual a estética, o lazer, a ideologia e os
valores sociais mais amplos são sintetizados numa mesma obra de arte” (Marcos
Napolitano, 2004, p. 12).
“A utilização do cinema na educação é
importante porque traz para a escola aquilo que ela se nega a
28 ser e que poderia transformá-la em algo vívido e fundamental: participante ativa da cultura e não repetidora e divulgadora de conhecimento massificados, muitas vezes já deteriorados e defasados” (Almeida, 2001, p. 48).
Ao escolher um ou outro filme para incluir nas suas atividades escolares,
o professor deve levar em conta o problema da abordagem, por isso deve ser feita
uma reflexão prévia sobre os objetivos a serem alcançados. Os fatores que costumam
influir no desenvolvimento e na adequação das atividades são: relação com o
currículo ou conteúdo discutido, adequação a faixa etária e etapa específica da classe
na relação ensino–aprendizagem.
O cinema pode ser utilizado na sala de aula e em projetos escolares desde
os primeiros anos escolares. Neste momento o desenvolvimento da criança pode ser
dividido em duas fases: dos cinco aos sete anos e dos oito aos dez anos. Neste
momento, a criança ainda este marcada pela fase operatório-concreta e desenvolve
seus primeiros contatos mais sistemáticos com a linguagem escrita, uma das marcas
da educação escolar.
“Conforme justificativa da organização inglesa Film Education, o uso de filmes pode ser especialmente profícuo nas primeiras séries de escolarização devido a alguns fatores”:
· Crianças desenvolvem a habilidade de ler imagens em movimento desde cedo e as’o muito adaptáveis para interpretar filmes, pois gastam um tempo considerável do seu lazer em frente à telinha da TV. · Crianças aprendem, ao ver imagens em movimento, a compreender as convenções narrativas e prever possíveis desenvolvimentos na história. O que lhes será benéfico nos primeiros contatos com textos escritos. · O estímulo e o interesse da criança provocados pelos filmes podem incentivá- las a ler textos mais complexos ( Marcos Napolitano, 2004, p. 22).
Normalmente o vídeo é utilizado na escola de maneira inadequada, como:
colocar vídeo quando há um problema inesperado, como ausência de professor,
exibir um vídeo sem muita ligação com a matéria, exibir o vídeo sem discuti- lo, sem
integrá- lo com o assunto da aula, sem voltar e mostrar alguns momentos mais
importantes.
29 O vídeo deve ser utilizado na escola, como: sensibilização (desperta
curiosidade e motivação), ilustração (ajuda a mostrar o que se fala em sala de aula),
simulação (experiências) e conteúdo de ensino.
Dentro da Educação Ambiental o cinema é um ótimo recurso para
interagir ambiente com responsabilidade e educação.
A abordagem Meio Ambiente no cinema muitas vezes é superficial e
excessivamente romântica, válida para a consolidação de valores ecológicos, mas
pouco explicativa da complexidade política, econômica e social do problema da
agressão à natureza. De qualquer forma, o professor pode tomar o filme como
começo de discussão e aprofundamento do tema.
Qualquer que seja o tipo de exibição escolhida pelo professor é
importante à elaboração de um roteiro de análise. Pode ser elaborado na forma de
questões que dirija o olhar do aluno para os aspectos mais importantes do filme,
baseado nos princípios, no conteúdo disciplinar e nos objetivos da atividade
proposta. È fundamental que as questões sejam bem direcionadas e provocativas,
estimulando a assimilação e o raciocínio crítico do aluno em torno d o filme
escolhido.
Algumas questões são sugeridas, mas devem ser adaptadas à faixa etária
dos alunos de cada série. Ressaltando que, esta proposta de trabalho está sendo
oferecida para alunos de 1ª à 4ª séries do ensino fundamental.
Questões (adaptado para alunos de 3ª e 4ª séries):
1. Qual o tema do filme? O que os realizadores do filme tentaram nos
contar? Eles conseguiram passar sua mensagem? Justifique sua
resposta.
2. Você aprendeu alguma coisa com esse filme? O quê?
3. Algum elemento do filme não foi compreendido?
4. Do que você mais gostou deste filme? Por quê?
5. Qual o seu personagem favorito do filme? Por quê?
6. Qual é o personagem de que você menos gostou? Por quê?
7. Descreva o uso da cor no filme Ela enfatiza as emoções que os
realizadores tentaram enfocar? Como você usaria a cor do filme em
questão?
30 8. Analise o uso da música no filme. Ela conseguiu criar um clima
correto para a história? Como você usaria a música neste filme?
9. O que você sentiu quando chegou o final da história?
10. Ilustre os elementos do filme que você mais gostou.
Alguns filmes são sugeridos para o trabalho de Educação ambiental
utilizando o cinema na sala de aula. Para a escolha dos filmes o professor deve ter
atenção ao público-alvo, áreas principais, cuidados e o roteiro de análise.
1ºFilme: Acquária Ano: 2004
Público-alvo: Ensino Fundamental do 1º Segmento (2ª à 4 séries).
Área principal: Água – Fonte de vida (Meio Ambiente).
Cuidados: nenhum
Roteiro de análise: Nesta grande aventura Sarah e Kim vivem a saga de
sobreviver em Acquária, um lugar cheio de perigos e mistérios. Com seus amigos
Gaspar e Guilli, vivem desafios e emoções em busca do bem mais raro e precioso da
terra “a água”. Nesta história exuberante, Acquária mostra um futuro distante no qual
o Planeta Azul já não pode ser assim chamado. A Terra está praticamente esgotada,
após agressões constantes à natureza. Cheia de aventura e música, essa história irá
encantar toda a família .
1- Qual a importância da água. Como o filme retrata essa importância?
2- Qual a explicação do filme para a escassez da água no planeta?
3- Qual foi a mensagem que da música “Terra, Planta água” ?
4- Você conseguiria viver num ambiente como o de Acquária? Por quê?
5- Qual foi a mensagem do filme?
2º Filme: Xuxa e o Tesouro da Cidade Perdida Ano: 2005
Público-alvo: Ensino Fundamental do 1º Segmento (1ª a 4ª séries).
Área principal: Recursos naturais (Meio Ambiente).
Cuidados: nenhum
Roteiro de análise: Na Amazônia desconhecida, uma cidade subterrânea
perdida no tempo. Fundada por Vikings, que atravessaram o Atlântico e se
31 embrenharam rio Amazonas adentro, ela abriga um tesouro misterioso. Para
encontrá- la, Bárbara e as crianças Manhã e Riacho, 9 e 7 anos, precisarão enfrentar
inúmeros desafios e passar pelo Curupira. Cobras e perigosas lâminas pendulares são
apenas o começo da jornada dos nossos heróis ao embarcarem na aventura de Xuxa e
o Tesoura da Cidade Perdida.
1- De acordo com o filme, qual era o tesouro mais valioso?
2- Quais os recursos naturais mais mencionados no filme?
3- Solicite uma pesquisa sobre o Rio Negro.
4- Na lenda, quem é o Curupira? Compare-o com o Curupira do filme.
5- Qual foi a mensagem do filme?
3º Filme: Tainá – Uma aventura na Amazônia Ano: 2001
Público-alvo: Ensino Fundamental do 1º Segmento (1ª a 4 séries).
Área principal: Biodiversidade da Floresta Amazônica (Meio Ambiente).
Cuidados: nenhum
Roteiro de análise: As incríveis e emocionantes aventuras de uma
indiazinha órfã que vive com seu avô, o velho e sábio Tigê, em um belo recanto do
Rio Negro, na Amazônia. Com ele, ela aprende as lendas e histórias de seu povo,
convivendo intimamente com a floresta e seus animais.
Aos poucos, Tainá tron-se uma guardiã da floresta e consegue salvar um
pequeno macaquinho de cair nas garras de um traficante. Apelidado de Catú, o novo
amiguinho passa a ser seu companheiro inseparável após a morte do avô. Protegida
por um amuleto deixado por Tigê, Tainá segue na luta em defesa da selva.
Perseguida pelo traficante, a indiazinha vai parar em uma pequena vila
onde mora a bióloga e seu filho Joninho, que a contragosto está acompanhando a
mãe em suas pesquisas científicas. O convívio entre eles se torna difícil e Tainá
resolve deixar a vila, mas Joninho, que já planejava uma “fuga” para pregar uma
peça na mãe, a segue e agora terá que aprender com ela a sobreviver na floresta.
1- O filme mostra a Amazônia. Solicite uma pesquisa sobre este lugar.
2- O que aconteceria com a Amazônia se a Tainá não conseguisse prender
os traficantes?
32 3- Quem eram os traficantes? Quais os interesses que estavam por trás das
suas ações?
4- Compare a cultura dos índios e a cultura dos homens brancos.
6- Qual foi à mensagem do filme?
É possível, mesmo o professor não se tornando um crítico
cinematográfico altamente especializado, incorporar o cinema na sala de aula e em
projetos escolares, de forma a ir muito além do “conteúdo” representado pelo filme.
Portanto, é preciso que o professor atue como mediador entre a obra e os alunos,
ainda que ele pouco interfira naquelas duas horas de projeção. As primeiras reações
da classe podem ser de emoção ou tédio, de envolvimento ou displicência. As
diferentes expectativas e experiências cotidianas dos alunos ao assistirem aos filmes
será o primeiro passo em relação à atividade “cinema na sala de aula”, por isso o
professor precisa preparar a classe antes do filme como também propondo
desdobramentos articulados e outras atividades, fontes e tema. A escola, tendo o
professor como mediador, deve propor leituras fazendo uma ponte entre emoção e
razão de forma mais direcionada, incentivando o aluno a se tornar um espectador
mais exigente e crítico. Este é o desafio.
33 CONCLUSÃO
A questão ambiental vem tomando um espaço cada vez maior dentro da
escola. Esta monografia procurou enfocar a prática da Educação Ambiental na escola
de maneira efetiva dentro dos pressupostos teóricos da Educação. Portanto, conclui-
se que o projeto pedagógico alcançou os objetivos propostos e possibilitou a
participação efetiva de todas as pessoas envolvidas no projeto. Percebi que ao
abordar a preservação ambiental, um pequeno grupo de alunos, ainda não se sentiram
responsáveis pelo ambiente não entenderam o valor da sustentabilidade, acredito que
por estudarem em uma escola particular e conviverem em ambientes sempre
agradáveis e sem problematização ecológica grave, não se sentiram realmente
tocados com as atividades e questionamentos apresentados. Porém, todo o esforço e
engajamento dos educadores foram muito gratificantes, pois a mensagem de
preservação do Meio Ambiente ficou plantada na maioria dos alunos envolvidos no
projeto pedagógico, com a certeza de que bons frutos serão colhidos. A educação
ainda é o meio mais fácil de transformação de pensamento e as crianças, mesmo
pequenas precisam de orientação e trabalho escolar prático, pois ela fará parte do
futuro e o ambiente no futuro precisa ser sustentável.
34 BIBLIOGRAFIA
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curiosidade ingênua à consciência crítica. 1ª. ed. São Paulo: ANNABLUME 2001.
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Educação Ambiental. Brasília: WWF Brasil 2000.
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conteporâneas. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 2002.
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saberes. 1ª. ed. São Paulo: Annablume, 2004 .
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Curriculares Nacionais: Meio Ambiente e saúde. Volume 9. Brasília: 2001.
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Ramozzi. Piaget: Teoria e prática: Centenário do Nascimento de Jean Piaget (1896 –
1996). Campinas: Tecnicópias, 1996.
ELIAS, Marisa Del Cioppo. Pedagogia Freinet: Teoria e Prática.
Campinas: Papirus, 1996.