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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A UTILIZAÇÃO DE BANCOS DE DADOS PÚBLICOS NA EXECUÇÃO TRABALHISTA Por: Marcelo Monteiro Mesquita Orientador Prof. Carlos Leocádio Rio de Janeiro 2012

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · arcabouço necessário para a produção do trabalho, principalmente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), da Justiça do Trabalho,

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A UTILIZAÇÃO DE BANCOS DE DADOS PÚBLICOS NA

EXECUÇÃO TRABALHISTA

Por: Marcelo Monteiro Mesquita

Orientador

Prof. Carlos Leocádio

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A UTILIZAÇÃO DE BANCOS DE DADOS PÚBLICOS NA

EXECUÇÃO TRABALHISTA

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Direito e Processo do

Trabalho.

Por: Marcelo Monteiro Mesquita.

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AGRADECIMENTOS

À minha mãe, Maria Islai, porto seguro em

todos os momentos da minha vida.

À minha família, pela formação,

compreensão e paciência, razão primeira

para a concretização dos meus projetos.

Aos colegas da 3ª VT/RJ, pelo incentivo

necessário a esta conquista, em especial

Benedito, Lourenço e Cláudia Teresa, pelo

auxílio na confecção deste trabalho.

Ào colega de curso Diogo, pela amizade e

apoio durante todo o curso.

A todos aqueles que, de maneira direita ou

indireta, contribuíram para o

desenvolvimento deste trabalho.

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DEDICATÓRIA

Ao meu pai, Antonio, in memoriam,

exemplo de lutador; à minha mãe, Maria

Islai, sinônimo de maternidade; ao meu

irmão, Sergio, que me fez amigo das

letras; e à minha irmã, Myriam, in

memoriam.

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RESUMO

A execução dos seus julgados tem sido um dos principais entraves para a Justiça do Trabalho. No sentido de cumprir as metas de eficiência do Serviço Público, o Poder Judiciário tem procurado alternativas para melhor cumprir sua função de prestar a tutela jurisdicional. Uma destas alternativas é o uso de bancos de dados públicos, por meio de convênios com outros órgãos da Administração Pública ou por criação própria. As investidas neste sentido têm sido promissoras e demonstram que elas acabam por facilitar e acelerar o trâmite processual, sendo a Justiça do Trabalho, até o momento a principal usuária destas ferramentas. Por conta disto, novas iniciativas estão sendo buscadas. Nesta Justiça Especializada. já se podem contabilizar as vantagens e a eficiência destes métodos quando se trata de garantir os direitos do exequente.

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METODOLOGIA

O estudo aqui proposto foi conduzido principalmente a partir do

método da pesquisa bibliográfica, onde o conhecimento foi obtido pela consulta

de publicações diversas, vale dizer, livros, artigos de jornais, revistas e outros

periódicos, trabalhos, textos legais, e outros trabalhos documentos escritos que

trataram do assunto. Utilizou, também, estatísticas oficiais, de forma a reunir o

arcabouço necessário para a produção do trabalho, principalmente do

Conselho Nacional de Justiça (CNJ), da Justiça do Trabalho, do Banco Central

do Brasil (Bacen), do Departamento Nacional do Trânsito (DENATRAN) e da

Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB).

A pesquisa foi aplicada, vez que buscou produzir conhecimento para

aplicação prática; exploratória, porquanto teve o intuito de proporcionar maior

conhecimento sobre o tema proposto; e, ainda, descritiva, porque teve como

norte a obtenção de um resultado puramente descritivo, sem pretensões

críticas acerca do tema.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I

A EXECUÇÃO TRABALHISTA E SEUS ENTRAVES 11

1.1 – EXECUÇÃO - CONCEITO 11

1.2 – A EXECUÇÃO TRABALHISTA 13

1.3. – PRINCIPAIS ENTRAVES 23

CAPÍTULO II

OS BANCOS DE DADOS PÚBLICOS À DISPOSIÇÃO DA JUSTIÇA DO

TRABALHO 27

2.1 - INFOJUD 28

2.2 – RENAJUD 29

2.3 - BACEN JUD 30

2.4 - BANCO NACIONAL DE DEVEDORES TRABALHISTAS (BNDT) 32

CAPÍTULO III

A UTILIZAÇÃO DOS BANCOS DE DADOS PÚBLICOS NA EXECUÇÃO

TRABALHISTA 34

3.1 - INFOJUD 35

3.2 – RENAJUD 36

3.3 – BACEN JUD 38

3.4 - BANCO NACIONAL DE DEVEDORES TRABALHISTAS (BNDT) 41

3.5 – OUTRAS INICIATIVAS 42

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CONCLUSÃO 44

ANEXOS 47

BIBLIOGRAFIA 59

ÍNDICE 62

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho é um estudo sobre a utilização de bancos de

dados públicos na execução trabalhista.

Ele aborda o conceito de execução como ação estatal que visa a,

coercitivamente, dar cumprimento à sentença condenatória, as particularidades

da execução trabalhista em relação à civil, e a discussão sobre a sua

autonomia, em termos ontológicos e teleológicos..

Esta ação estatal tem, contudo, se mostrado infrutífera em razão de

diversos motivos, sejam eles estruturais, sociais, ou outros. A morosidade e a

ineficiência geraram uma crise de credibilidade da Justiça.

Com vistas a mudar esta realidade, sucessivos Governos têm

buscado efetivar medidas que modernizem e tornem o sistema mais ágil. Além

de novo regramento, inclusive com alterações na nossa Carta Magna,

procurou-se buscar esteio nas novas ferramentas tecnológicas, entre estas, a

utilização de bancos de dados públicos.

No caso da execução trabalhista, interessam particularmente os

bancos de dados que contenham informações relativas à localização de

empresas, pessoas e de bens em sua posse. Estas informações encontram-

se, principalmente, na base de dados da Secretaria da Receita Federal do

Brasil, do Banco Central do Brasil e do Departamento Nacional de Trânsito e, a

fim de se possibilitar o acesso a estes dados pelo Poder Judiciário, foram

firmados convênios e desenvolvidos sistemas. Estes sistemas são o INFOJUD,

o BANEN JUD e o RENAJUD.

Outras iniciativas foram surgindo, tanto para a consulta de dados e

efetivação de medidas judiciais, quanto para gerar maneiras de aumentar a

inclinação dos devedores a seus débitos. Dentro desta ideia pode-se incluir o

Banco Nacional de Devedores Trabalhistas.

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Este trabalho buscou ter em suas fontes bibliográficas notáveis

autores, tanto militantes na seara trabalhista, como Wagner Giglio, Manoel

Antonio Teixeira Filho e Mauro Schiavi, quanto na seara civilista e

administrativa, como Barbosa Moreira, Alexandre Câmara e José Carvalho

Filho, entre outros. No entanto, a pesquisa bibliográfica se ressentiu bastante

de obras de destaque quando se tratou especificamente dos bancos de dados

públicos e suas aplicações.

Não se pode negar que a sociedade como um todo, e a Justiça em

particular, tem se socorrido cada vez mais dos recursos da Tecnologia da

Informação no sentido de se tornar mais efetiva, conforme o comando

constitucional. Uns destes recursos são os bancos de dados públicos. Apesar

de alguns destes bancos já serem muito utilizados a partir de convênios, outros

novos foram colocados à disposição do Poder Judiciário, em especial na

esfera trabalhista, e, portanto, ainda foram pouco estudados. Este é o

diferencial deste trabalho.

A pesquisa verificou que a Justiça do Trabalho tem sido a principal

entusiasta do uso dos bancos de dados à sua disposição, muito

provavelmente, porque seus feitos envolvem, em sua maioria, obrigações

patrimoniais. No entanto, estas facilidades ainda não alcançaram todo o seu

potencial de uso, havendo ainda espaço para que sejam mais utilizadas e

disseminadas.

Cumpre observar que este estudo se debruçou somente sobre o uso

dos bancos de dados públicos acessíveis para a Justiça do Trabalho brasileira

até o presente momento.

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CAPÍTULO I

A EXECUÇÃO TRABALHISTA E SEUS ENTRAVES

1.1 – Execução - conceito

A atividade jurisdicional tem como fim primordial dirimir conflitos,

com o fito de firmar a certeza, prover segurança e efetivar um direito postulado.

Conquanto existam defensores de que esteja superada a divisão

tripartite dos processos (conhecimento ou cognição, execução e cautelar) no

nosso ordenamento jurídico com o advento da Lei nº 11.232/2005, sobrevindo

um processo híbrido de cognição-execução, Grinover (2006, apud Teixeira

Filho, 2008, p. 49) nos diz apenas que o citado diploma eliminou quase por

completo a categoria das sentenças condenatórias puras, ou seja, as que

demandavam um processo de execução autônomo. Sendo assim, ainda

podemos dizer, sem medo de errar, que o processo de conhecimento ou de

cognição tem como função principal certificar a existência de um direito; o

cautelar, a segurança; e a execução, a função efetivadora do direito declarado

existente.

Executar uma obrigação é dar-lhe cumprimento, é adimplir a

prestação que ao devedor incumbe. A execução, per se, busca obter o

cumprimento de uma prestação pelo réu por meio de coerção. Ora, sendo o

cumprimento espontâneo, diz-se que a execução é voluntária; sendo levada a

efeito por meio de intervenção coativa do Estado no patrimônio do devedor,

diz-se que se trata de execução judicial ou execução forçada. Desta forma,

quando a execução é espontânea, não se verifica uma execução propriamente

dita, como se verá, visto que esta exclui a atividade estatal.

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Da pena de renomado jurista brasileiro, a execução é definida como

o:

Conjunto de atos estatais através de que, com ou sem o concurso da vontade do devedor (e até contra ela), invade-se seu patrimônio para, à custa dele, realizar-se o resultado prático desejado concretamente pelo direito objetivo material. (Dinamarco, 1997, p. 115).

Verifica-se, portanto, que a execução é uma atividade estatal

direcionada para um único fim: tornar real o direito material em desfavor do

devedor. Chiovenda (2008, apud Câmara, 1999, p. 120) diz tratar-se de

processo de desfecho único, e nesta linha investe Alexandre Câmara:

Ao contrário do processo cognitivo, que alcança seu fim normal tanto com a vitória do demandante como com a do demandado, no processo executivo só se alcança o fim normal do processo quando o resultado final é favorável ao demandante. (....) Qualquer hipótese de extinção do processo executivo com resultado favorável ao executado (porque, por exemplo, faltava alguma “condição da ação”, ou inexistia o direito substancial afirmado) será considerado um fim anômalo do processo (1999, p. 119- 120).

Barbosa Moreira, ao tratar do mesmo tema, também discorre sobre

os obstáculos ao desfecho normal da execução, como segue:

Razões de ordem vária podem todavia obstar ao conseguimento desse resultado, seja barrando a marcha da execução, porque se mostre ela juridicamente inviável (v.g.: a obrigação já se extinguira, mesmo sem pagamento, após a emissão da sentença exequenda), seja frustando-a pela impossibilidade prática de alcançar-se o fim colimado (v.g.: não se encontram, no patrimônio do devedor, bens de que se possa lançar mão para satisfazer o crédito exequendo) (1999, p. 186).

Assis (1998), por seu turno, aduz que a execução se realiza no

mundo real, implicando variações de fato, portanto não se contentando com

ordens solenes ou declarações de princípio.

Como se vê do exposto, o sucesso da execução, bem ao contrário

da cognição, estará sempre submetido ao crivo da realidade.

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1.2 – A execução trabalhista

1.2.1 - Histórico

De acordo com Giglio (2002, p. 367), a execução se constitui em um

ponto fraco do processo do trabalho desde suas primeiras horas de vida, visto

que, inicialmente, ou seja, na fase anterior ao Decreto-Lei nº 1.237/39 e ao

Regulamento nº 6.596/40, a atuação da Justiça do Trabalho neste setor, não

compreendia a execução do julgado, ou seja: definido o direito aplicável, o feito

era remetido à Justiça Comum, para então ser executado.

É ainda Giglio (Idem, ibidem) que esclarece que o saudoso Arnaldo

Lopes Süssekind, no ensaio sobre a "Justiça do Trabalho 55 Anos Depois",

publicado na Revista L Tr 60-07/875, informa que somente em 1º de maio de

1941, o Presidente da República Getúlio Vargas declarou instalada a Justiça

do Trabalho, que passou a funcionar efetivamente a partir do dia seguinte,

então com novas estruturas e atribuições, e também com plena competência

para executar suas decisões. Informa, ainda, que esta Justiça Especializada

contava com trinta e seis Juntas de Conciliação e Julgamento (JCJ), instaladas

nas capitais dos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rio

Grande do Sul, Bahia, Pernambuco, Ceará e Pará, onde atuavam também oito

Conselhos Regionais, além de um Conselho Nacional do Trabalho, com sede

no Rio de Janeiro, então capital da República.

Giglio (Idem, ibidem) prossegue aduzindo que, no seu entender, a

origem primeira dos problemas da execução, era o fato desta ser regulada por

três fontes legais, com fundamentos, ideologias e propósitos diversos e, às

vezes, conflitantes: a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que entrou em

vigor em 10 de novembro de 1943, e que consagrava apenas dezessete

artigos à execução, apresentando grandes lacunas; os “preceitos que regem o

processo dos executivos fiscais", naquela época regido pelo Decreto-Lei nº

960, de 17 de dezembro de 1938, de forma supletiva, conforme determinava o

art.. 889; e por fim, como este último diploma, além de obsoleto, também sofria

de muitas lacunas, abria-se espaço para a incidência das normas integrantes

do Código de Processo Civil, por força do disposto no art. 769 da CLT.

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É também este autor que informa, ademais, que quem primeiro

tratou do processo do trabalho no Brasil, de forma sistemática, foi o saudoso

Wilson de Souza Campos Batalha, em obra que se tornou clássica, editada

por Max Limonad por volta de 1951, com o título de “Instituições de Direito

Processual do Trabalho”; e foi Antonio Lamarca quem escreveu, sob o título de

“Execução na Justiça do Trabalho” pela Editora Fulgor, em 1962, uma das

primeiras obras monográficas sobre a execução trabalhista, que o mesmo

costumava qualificar como o “calcanhar de Aquiles” do processo do trabalho.

1.2.2 – Aspectos relevantes

Neste item serão abordados temas considerados relevantes sobre a

execução trabalhista no sentido de auxiliar na compreensão do tema deste

trabalho. Com este intuito, seguiremos, tanto quanto possível, o excelente

roteiro adotado por Rocha (2009).

Tomando um enfoque trabalhista, o trabalho extraiu a inteligência da

obra de notável processualista do trabalho ao ensinar que, de acordo com

José Augusto Rodrigues Pinto:

Executar é, no sentido comum, realizar, cumprir levar a efeito. No sentido jurídico, a palavra assume significado mais apurado, embora conservando a idéia básica de que, uma vez nascida, por ajuste entre particulares ou por imposição sentencial do órgão próprio do Estado a obrigação, deve ser cumprida, atingindo-se no último caso, concretamente, o comando da sentença que a reconheceu ou, no primeiro caso, o fim para o qual se criou (Apud Schiavi, 2008, p. 21).

Na seara da Justiça do Trabalho a execução tem sua disciplina no

Título X, capítulo V, artigos 876 a 892 da Consolidação das Leis do Trabalho

(CLT).

A seguir, o conceito de execução, agora sob o enfoque trabalhista,

segundo o sentir de Mauro Schiavi:

A execução trabalhista consiste num conjunto de atos praticados pela Justiça do Trabalho, destinado à

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satisfação de uma obrigação consagrada num título judicial ou extrajudicial, da competência da Justiça do Trabalho, não voluntariamente satisfeita pelo devedor, contra a vontade deste último” (2008, p. 21-22).

Rocha (2009, p. 11) inseriu algumas adaptações às principais

características conforme a definição de Schiavi (2008, p. 22):

(a) a execução é ato do Estado, destacando-se o caráter publicista do processo. No caso em tela, o Estado é representado pela Justiça Laboral;

(b) tem como meta a satisfação de uma obrigação constante de um título com força executiva;

(c) de ofício ou mediante iniciativa do interessado. Trata-se de uma das mais significativas particularidades da execução no processo do trabalho, isto é, a faculdade atribuída ao Juiz de iniciar a execução;

(d) a execução se inicia quando o devedor não cumpre, voluntariamente, a obrigação consagrada no título com força executiva;

(e) a execução é forçada, pois é efetuada contra a vontade do executado;

(f) podem ser executados, tanto títulos judiciais ou extrajudiciais, previstos em lei. (p. 11).

Quando se discute a natureza jurídica da execução trabalhista, logo

vem à tona a questão da sua autonomia. Não se discute que as sentenças

condenatórias que contêm obrigações de fazer, não fazer, entregar e pagar

quantia certa foram e são executadas nos mesmos autos e perante o mesmo

Juízo, conforme a CLT. No entanto, embora estes títulos executivos judiciais

não sejam executados em autos apartados, são maioria os doutrinadores que

entendem que a execução trabalhista é um processo autônomo. Ada Pellegrini

Grinover é bem clara neste particular, quando aduz:

Não sobra espaço, pois, no âmbito do novo sistema processual civil brasileiro para as sentenças condenatórias puras, restritas agora ao processo trabalhista e ao processo de execução contra a Fazenda Pública, que têm disciplina própria (2006, apud Teixeira Filho, 2008, p. 49).

Importantes juristas tem visão distinta, e Rocha (Idem, ibidem)

informa que o livro de Carlos Henrique Bezerra Leite apresenta uma lista de

juristas de escol que defendem um ou outro ponto de vista.

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Ainda segundo Rocha (Idem, ibidem), e no entender deste estudo,

do ponto de vista puramente teleológico, ou seja, da finalidade, não parece

haver dúvida quanto à natureza jurídica da executória trabalhista, ou seja,esta

é autônoma, ainda que inclusa nos mesmos autos e sob responsabilidade do

mesmo Juízo que o processo de conhecimento. Isto porque a execução tem,

nitidamente, propósito distinto da cognição. Enquanto este objetiva a apuração

do direito (ato de dizer com quem está o direito), naquela, o alvo é tornar

concreto, coercitivamente, se preciso, o que ficou decidido no processo de

conhecimento (ato de fazer cumprir o direito).

As discussões se tornam acaloradas quando se analisa a natureza

jurídica da execução trabalhista pelo viés ontológico, vale dizer, do que ela é

em si, sendo que uma primeira corrente defende a tese de que a execução

trabalhista é processo, a outra corrente entende que a execução é

simplesmente uma fase do processo cognitivo.

Barros (2002, apud Rocha, 2009, p. 12) apresenta as razões da

primeira corrente dizendo que, a uma, a execução inicia-se com a citação do

executado, coforme comando do artigo 880 da CLT. E como a citação é o ato

pelo qual se chama alguém a juízo para se defender de uma ação, existiria,

assim, um processo de execução. A duas, porque a nova redação do artigo

876 da CLT, dada pela lei n. 9.958/2000, deixa claro que tanto os títulos

extrajudiciais intitulados “termos de ajuste de conduta”, firmados perante o

Ministério Público do Trabalho, quanto os “termos de conciliação prévia”,

firmado perante as comissões de conciliação prévia, serão executados pela

forma já estabelecida na CLT. Junte-se a isto o fato de, por força do inciso VII

do art. 114 da Constituição, decorrente da Emenda Constitucional 45/2004, as

penalidades administrativas aplicadas a empregadores pela fiscalização

responsável pelas relações de trabalho passaram a ser executadas pela

Justiça trabalhista seu. Sendo assim, a execução não poderia ser fase ou

incidente da própria execução, mas uma nova ação, devendo, pois, haver uma

nova interpretação do artigo 878 da CLT, no que tange à autorização dada ao

juiz para promover a execução ex officio. A norma seria aplicada apenas em

título judicial, excluído o título extrajudicial.

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Outro mestre que defende esta tese é Manoel Antonio Teixeira

Filho, quando discorre sobre o cumprimento da sentença, in literis:

Conquanto, doravante, inexista, no sistema do CPC, processo autônomo de execução de título judicial (pois a matéria é tratada no Livro I, do Código) haverá atividade executiva, tal-qualmente já ocorria, por exemplo, nas ações possessórias, nas de despejo e nas mandamentais, dentre outras.

Seguem, porém, reguladas pela execução clássica (processo autônomo):

a) as obrigações consubstanciadas em títulos extrajudiciais;

b) as sentenças proferidas fora do processo civil (como a penal condenatória, e a estrangeira homologada);

c) as obrigações em geral, inclusive, as de pagar quantia, exigidas em face da Fazenda Pública (2008, p. 44).

E mais adiante:

É oportuno ressaltar que a peculiaridade de, no processo do trabalho, a execução processar-se nos mesmos autos em que foi produzido o título executivo judicial (sentença ou acórdão) - tal como agora se passa no processo civil sob a forma de "cumprimento da sentença" -, não configura o sincretismo realizado no plano deste último pela Lei n. 11.232/2005, uma vez que, dos pontos de vista sistemático e teleológico, os processos de conhecimento e de execução, normatizados pela CLT, continuam sendo autônomos, vale dizer, não foram aglutinados pelo texto legal. Daí, a razão pela qual o art. 880, caput, da CLT, alude à citação do executado, e não, à sua intimação. Neste processo, portanto, o sincretismo cognição-execução é, apenas, aparente. É como a imagem de um objeto refletida na superfície de um lago: o que aí se vê é o reflexo do objeto e não o objeto real (Idem, p.44-45).

A corrente que entende que a execução é simplesmente uma fase

do processo cognitivo enuncia, em síntese, as razões seguintes:

Em primeiro lugar, no que tange à execução de títulos executivos

judiciais não haveria controvérsia. Neste sentido, afirma Schiavi (2008, p. 34)

que a execução trabalhista nunca foi, na prática processual, considerada um

processo autônomo, que se inicia por petição inicial e se finaliza com a

sentença. E isto fica claro quando, apesar do artigo 880 da CLT determinar a

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citação do réu, o juiz pode iniciar a execução de ofício, conforme artigo 878 da

CLT, sem a necessidade da atuação do credor.

Em segundo lugar, ao ver de Pedro Paulo Teixeira Manus, ao tratar

da execução de títulos extrajudiciais, afirma que tal fato não implica que a

execução trabalhista deverá mudar de status, passando a ser um processo

autônomo. E assim defende sua tese:

As alterações sofridas pelo artigo 876 da CLT provocaram a inserção de novos títulos executivos no processo do trabalho e, em decorrência, trouxeram novas questões referentes ao procedimento na execução trabalhista, que em razão da morosidade que se constata, já está a exigir novo dimensionamento.

(...)

Pode-se dizer (...) que, sendo a execução de título extrajudicial fundada em titulo estranho ao Poder Judiciário, não se pode atribuir-lhe a autoridade de que se revestem a sentença e o acordo judicial exequendo. Isso possibilita ao executado discutir a validade do próprio título. Não quer dizer, porém, que se vá dar natureza diversa à execução de sentença de título executivo extrajudicial, mas apenas admitir que em embargos se discuta e prove ser inidôneo aquele título.

Não se deve ao nosso ver criar uma nova sistemática de execução, pretendendo dotar o executado de outros meios de defesa, além daqueles que a lei já reconhece, pois se assim for, a nova sistemática do artigo 876 da CLT significará sério retrocesso à execução trabalhista.

Não podemos olvidar que a execução como hoje se processa já dá sinais evidentes de excesso de regalias ao devedor, a fim de retardar o cumprimento do devido apresentando obstáculos à satisfação do título.

É preciso enxergar a execução como simples fase de acertamento para cumprimento do título executivo, garantindo o devido processo legal ao devedor, mas privilegiando, sem dúvida, o credor (2008, apud Rocha, 2009, p. 12-13).

Finalmente, Schiavi (Idem, p. 35), em breve síntese, apresenta suas

razões para encorpar o lado dos que veem a execução trabalhista apenas

como mera fase processual: simplicidade e celeridade do procedimento,

características da Justiça do Trabalho; impulso inicial de ofício (artigo 878 da

CLT); não há petição inicial na execução trabalhista por título executivo judicial;

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princípios constitucionais da duração razoável do processo e efetividade (EC n.

45/04); acesso à justiça e efetividade da jurisdição trabalhista.

Ainda que controverso o tema, e respeitadas as opiniões e

argumentos contrários, entendemos que o Direito pátrio caminha no sentido de

que a execução seja apenas uma fase processual, ainda que somente quando

precedida do processo de cognição. Esta parece ser o caminho natural quando

se busca a celeridade e a efetividade da prestação jurisdicional, ainda mais na

seara trabalhista, em que as demandas em geral versam sobre obrigações de

natureza alimentar. E parece ser um caminho sem volta.

Vista a sua conceituação, e sua natureza, no sentido da clareza, é

importante também que conheçamos os princípios informativos da execução

trabalhista, ou seja, aqueles que norteiam a sua existência e condução. Estes

não diferem dos princípios da execução civil, porém Rocha (2009), com

propriedade, observa que, contudo, face à natureza do crédito trabalhista e da

hipossuficiência do credor trabalhista, alguns princípios adquirem intensidade

mais acentuada na execução trabalhista. Os princípios a seguir apresentados

estão conforme principalmente a visão de Gunther (2008, p. 34-37), embora

Teixeira Filho (2005, p. 115-123) e Oliveira (2008, p. 88-106) tenham também

sido observados. José Miguel Garcia Medina os separa em três grupos: a)

pressupostos básicos da execução; b) estrutura ou forma da execução e sua

relação com a cognição; c) poderes do juiz e sua limitação quanto aos meios

executivos suscetíveis de serem utilizados (2004, apud Gunther, 2008).

A) Igualdade de tratamento das partes

Fundamenta-se na própria Constituição, cujo artigo 5º assegura a

igualdade formal de todos perante a lei. Teixeira Filho (2005, p. 115) observa

que essa igualdade, contudo, encontra redução em sua plenitude na fase de

execução, visto que esse tratamento igualitário é ministrado em termos, pois a

posição do credor, aí, é de superioridade, ou melhor, de preeminência jurídica.

B) Natureza real

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Na antiguidade, a execução recaía na pessoa do próprio devedor, ou

seja, tinha cunho pessoal e não patrimonial. Hodiernamente, o alvo da

execução é o patrimônio do devedor. No processo do trabalho, aplicam-se

subsidiariamente os seguintes artigos do CPC:

(a) artigo 591 – estabelece que o devedor responde com todos os seus

bens presentes e futuros, com o intuito de cumprir suas obrigações, salvo as

restrições fixadas em lei;

(b) artigo 646 – preceitua que a execução por quantia certa tem por

finalidade expropiar bens do devedor para satisfazer o direito do credor.

Destaca-se que a natureza real da execução fundamenta-se no

princípio constitucional que veda a prisão por dívidas, com a exceção do

responsável pelo não pagamento voluntário de pensão alimentícia. Decisão

recente do Supremo Tribunal Federal isentou até mesmo o depositário infiel.

C) Limitação expropriatória

Toda execução, obviamente aí incluída a trabalhista, deve ter por

objetivo apenas a satisfação do direito do credor, não podendo alcançar o

restante do patrimônio do devedor. Subsidiariamente, aplicam-se os seguintes

artigos do CPC:

(a) artigo 659 – estabelece que a penhora só deve incidir em tantos

bens quantos bastem para o pagamento do principal, juros, custas e

honorários advocatícios;

(b) artigo 692, primeira parte – determina que deve ser suspensa a

arrematação quando o produto da expropriação for suficiente para solver a

dívida.

D) Utilidade para o credor

A execução deverá ser útil ao exequente, vale dizer, não cabe sua

realização com o intuito único de punir o devedor, o que ocorreria se a penhora

servisse apenas para pagamento de custas. No do CPC:

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(a) artigo 659, parágrafo 2º – não se levará a efeito a penhora,

quando evidente que a execução dos bens encontrados será totalmente

absorvida pelo pagamento das custas da execução;

(b) artigo 692 – não se fará a arrematação dos bens penhorados por

preço vil, considerando-se como tal aquele que não baste para a satisfação de

parte razoável do crédito.

Resumindo, não permite a lei execuções inúteis, mesmo as que

satisfaçam apenas em parte o direito do credor.

E) Não prejudicialidade do devedor

Com esteio no artigo 620 do CPC que informa que, quando por

vários meios, o credor puder promover a execução, o juiz mandará que se faça

pelo modo menos gravoso para o devedor.

Schiavi (2008, p. 44-45) entende que se deve aplicar

subsidiariamente, de forma destacada, o artigo 612 do CPC, cujo texto dispõe

que, salvo nos casos de insolvência do devedor, a execução deve se efetuada

no interesse do credor, que adquire, pela penhora, o direito de preferência

sobre os bens penhorados.

F) Especificidade

É a característica que deve procurar a execução ao visar a

conseguir tudo aquilo e somente aquilo que o credor tem o direito, ou seja, a

execução forçada deve ter como fim permitir ao credor obter aquilo que

receberia se a obrigação tivesse sido prestada pelo devedor

espontaneamente. Esse princípio diz respeito apenas à execução para entrega

de coisa e às obrigações de fazer e não fazer, uma vez que, somente

excepcionalmente é possível a substituição pelo equivalente em dinheiro:

quando de impossibilidade de entrega da coisa devida ou de recusa da

prestação do fato (artigos 627 e 633 do CPC, respectivamente).

G) Responsabilidade pelas despesas processuais

Artigos 651 e 659 do CPC: o devedor é responsável pelas custas,

despesas do processo e honorários do advogado. No processo do trabalho, o

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artigo 789-A da CLT dispõe que as custas, na fase de execução, serão sempre

a cargo do executado, e pagas ao final.

H) Não aviltamento do devedor

Inspira-se nos seguintes preceitos:

(a) art. 1º, III, da Constituição Federal, que trata da dignidade da

pessoa humana;

(b) artigo 649 do CPC que trata da impenhorabilidade de bens,

informando que a execução não deve “causar a ruína, a fome e o desabrigo do

devedor e sua família”, pois, desta forma, estaria a execução a gerar situações

incompatíveis relacionadas;

(c) Lei nº 8009 de 1990, que dispõe sobre a impenhorabilidade do

bem de família.

I) Livre disponibilidade do processo pelo credor

A execução deve ser efetuada fundamentalmente em proveito do

credor, aquele que figura no título como titular do direito ou adquiriu essa

condição por negócio jurídico ou em vista de sucessão. Desta forma, o credor,

em sede de execução, poderá dela desistir inteiramente ou de algumas

medidas executórias sem que, em princípio, tenha de haver concordância do

devedor.

Lembra Gunther que este princípio deve ser aplicado com muito

discernimento no campo trabalhista, vez que muitas desistências nesta

modalidade encobrem fraudes aos direitos líquidos e certos dos trabalhadores.

Portanto, aconselha, constatando o Juiz, uma vez ouvido o reclamante-

exequente, que a desistência não se operou de forma razoável, não deve

homologá-la ao fundamento de evitar fraude ou conluio, que permitiriam,

também, eventualmente, reduzirem-se valores devidos a título de contribuição

previdenciária e de imposto de renda:

Admitir-se que um trabalhador, após muitos anos de trabalho, e tendo a receber R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) possa

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desistir da execução trabalhista (depois de vencidos todos os recursos possíveis), sem nada receber, ou vinculado apenas a promessas do credor, seria atentar contra o sentido de justiça. Embora admissível a desistência, sem a concordância do devedor, o juiz do trabalho não pode ficar alheio ao que está por trás dessa simples petição (Idem, Ibidem, p. 38).

1.3 – Principais entraves

Segundo Gunther (2008, p.13), é consensual entre os

operadores de Direito, que atuam na justiça do Trabalho, a morosidade da

fase executória. Poucos se queixam, normalmente, da ação trabalhista em

sua fase de conhecimento, visto que a sistemática de marcação

automática das audiências pela Secretaria e o sistema de notificações por

AR agiliza extraordinariamente o andamento processual. Continuando, diz

ele, no mesmo diapasão, a oralidade constitui instrumento de agilização

importante até que o Juiz do Trabalho de primeiro grau possa proferir a

sentença solucionando a lide. Ainda que com recurso perante o TRT, este

trâmite é relativamente rápido.

Prossegue este autor:

O que infelizmente demora muito, em bom número de ações trabalhistas, é a fase de atribuir-se ao vencedor (autor) o pagamento devido. Isso em face das inúmeras dificuldades decorrentes para liquidar a sentença, garantir o juízo e prosseguir até o final, com o encerramento da demanda.

Há um certo consenso entre os juízes sobre a necessidade de definir o mais possível o que deve ser pago ao trabalhador - reclamante, quando a ele se reconhece algum direito. (...) Assim, constitui quase a unanimidade o entendimento dos juízes do trabalho que determinam para o momento executório a liquidação por cálculos.

É bem verdade que algumas vezes há necessidade de na própria fase de conhecimento realizar algum tipo de perícia ou levantamento contábil para que na fase executória a liquidação por cálculos se torne possível.

Ainda assim, parece extremamente vantajoso esse procedimento de não cometer à fase executória liquidações complexas (Idem, p. 14).

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Vencidas as fases de conhecimento e de liquidação, novos

percalços esperam o credor na execução trabalhista, porque:

A resistência tornou-se regra, e não exceção!

Na prática forense, a presunção que atualmente prevalece não é a de que a sentença deva ser cumprida pronta e imediatamente após proferida, em toda a sua extensão, mas sim de que as obrigações nela contidas devem ser satisfeitas apenas após sua “lapidação” pelas vias da resistência do devedor, incidentais à execução ou endoexecutivas, típicas ou atípicas” (Conti, 2008, p. 72).

Além de todos os recursos e ações ventilados supra, outro

agravante veio para prejudicar ainda mais a eficiência da justiça trabalhista,

comentado a seguir por ilustre mestre:

Dir-se-ia que nada pior poderia ocorrer no processo de execução trabalhista, por falta de espaço ou de oportunidade. E no entanto a maior e mais grave dificuldade, a injúria suprema aos direitos do trabalhador, veio com a Emenda Constitucional nº 20, que acrescentou um § 3º ao art. 114 da Carta Magna (...).

Em sua fúria desvairada de arrecadar fundos para a previdência social, o legislador desprezou princípios, criou atritos com outros preceitos constitucionais, atropelou o Direito e prejudicou de forma irreparável o funcionamento normal da Justiça do Trabalho, atribuindo-lhe funções administrativas de órgão auxiliar de autarquia, sem cuidar de lhe fornecer meios ou instrumentos para a missão totalmente estranha a seus propósitos e causando o desvio da finalidade precípua da execução trabalhista, que na prática deixou de ser a satisfação do direito reconhecido ao trabalhador e passou a ser o atendimento dos interesses da previdência social (Giglio, 2002, p. 379-380).

Há quem veja o processo como um jogo, segundo Gunther:

Para quem atuou, ou ainda atua no foro, especialmente no trabalhista, constitui-se praxe ouvir das partes em litígio expressões como essas:

a) do réu - prefiro pagar o dobro mas não para este safado, e sim para o senhor (advogado), pois ele está mentindo na causa, e não tem razão nenhuma;

b) do autor - antes de ingressar com a ação, logo após ser despedido - então vou buscar meus direitos na Justiça do Trabalho. O representante da empresa responde - já vai tarde!

c) do réu - então eu vou até Brasília - quando teve insucesso em primeiro e segundo graus;

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d) também do réu - não me importa quanto vou gastar, e quanto tempo vai levar - eu não pago nenhum centavo para esse desgraçado.

Colhe-se dessas exemplificações exacerbadas um espírito popular de que o processo é um jogo, que pode ganhar quem tem mais paciência, mais dinheiro, mais influência. A causa trabalhista, ante suas peculiaridades, não poderia demorar, pois se tratam de verbas de conteúdo alimentar (2008, p. 18).

Wambier, quando discorre sobre o equilíbrio entre as tendências de

que a execução seja efetiva e de que não seja injusta, aponta ainda um outro

traço a dificultar a prestação jurisdicional plena quando diz:

Será que se este equilíbrio estivesse sendo respeitado, a sabedoria popular teria criado a frase: se você acha que eu devo, corra atrás de seus direitos!

Não, este equilíbrio não está sendo respeitado.

Fundamentalmente, porque além destes dois princípios que devem ser contrabalançados para que se tenha um processo de execução saudável, nós, brasileiros, acrescentamos um: "a compaixão peIo devedor".

O devedor é visto (mesmo aquele devedor de dívidas oriundas da aquisição de bens caríssimos!) como uma vítima. Como se o credor fosse certo tipo de culpado!

Nos últimos tempos, têm-se aberto para o devedor portas e mais portas para embaraçar a execução. Apesar dos expressos dizeres do art. 585, § 1º, no sentido de que nenhuma ação (à exceção dos embargos do devedor) tem o condão de paralisar a execução, a proliferação de liminares que, sob qualquer pretexto, paralisam as execuções, é impressionante!

Não adianta tornar-se a execução em si mesma mais efetiva se, correlatamente, não se eliminarem os excessos de válvulas de escape do devedor. O inadimplente tem de ser como tal tratado, e esta é uma contribuição que o sistema pode dar inclusive para a educação dás novas gerações.

Portanto, entendemos que certos setores do Judiciário estão equivocados em se auto-atribuírem, e que, mais uma vez, nos desculpem pela comparação, o papel de Robin Hood. Se há erros ou defeitos ou distorções econômicas ou sociais, é nesse plano que a ferida há de ser diagnosticada e curada!

É ingenuidade pensar-se que a pena do devedor levaria à resolução dos problemas sociais brasileiros.

Em conclusão, parece poder dizer-se que é claro

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que se deve zelar pelos direitos do devedor. Mas enquanto ele for visto como vítima, o processo de execução jamais será efetivo no Brasil! (2002, p. 364-365).

Ora, é mais do eu sabido que na realidade jurídica do Brasil, e em

especial na seara trabalhista, a execução tem sido encerrada, quando

encerrada, de forma anômala. E conforme se vê do exposto, isto decorre de

problemas legais, culturais, sociais e estruturais, entre outros.

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CAPÍTULO II

OS BANCOS DE DADOS PÚBLICOS À DISPOSIÇÃO DA

JUSTIÇA DO TRABALHO

Preocupados com o problema do chamado “gargalo da

Administração Pública” e com seu reflexo na modernização do Brasil, por volta

dos anos setenta do século passado, sucessivos governos passaram a dar

maior atenção à identificação e resolução de problemas decorrentes da

morosidade e ineficiência da atividade pública.

Mais recentemente, do ponto de vista legal, podemos citar a

inclusão da eficiência entre os princípios expressos que regem a Administração

Pública no texto constitucional por meio da Emenda Constitucional nº 19/2000.

Segundo Carvalho Filho (1999, p. 15), com a inclusão, o Governo caminhou na

direção de garantir direitos aos usuários dos diversos serviços prestados pela

Administração ou por seus delegados e estabelecer obrigações efetivas aos

prestadores. Mais tarde, a Reforma do Judiciário, por meio da Emenda

Constitucional nº 45/2004, incluiu o inciso LXXVIII no artigo 5º da nossa Carta

Maior: “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são asseguradas a razoável

duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua

tramitação”.

A criação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), também foi

inovação muito aplaudida neste sentido. Inserido na nossa Carta Magna por

meio da Emenda Constitucional nº 61/2009 para exercer o controle da atuação

administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres

funcionais dos juízes, ele vem ganhando cada vez mais credibilidade e

avançando no alcance nas metas por ele criadas para o Judiciário brasileiro.

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Na busca do alcance destas metas, várias ações e medidas vêm sendo

tomadas, tanto pelo CNJ quanto pelos tribunais. Entre elas, ganha força o uso

mais intensivo das facilidades da Tecnologia da Informação e uma

aproximação mais realizadora com outros órgãos públicos, tudo no intuito de

se encontrar caminhos que tornem a justiça mais eficiente.

Entre estes caminhos tem destaque a utilização dos bancos de

dados públicos apresentados a seguir.

2.1 - INFOJUD

Segundo as informações constantes no sítio da Secretaria da

Receita Federal do Brasil, o Programa INFOJUD (Sistema de Informações ao

Judiciário) é resultado de uma parceria firmada entre o Conselho Nacional de

Justiça (CNJ) e a Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB), sendo um

serviço oferecido unicamente aos magistrados e servidores por eles

autorizados, que tem como propósito atender às solicitações feitas pelo Poder

Judiciário à Receita Federal.

Esta ferramenta está disponível apenas aos representantes do

Poder Judiciário previamente cadastrados em base específica da SRFB, e que

possuam certificado digital emitido por Autoridade Certificadora integrante da

Infraestrutura de Chaves Públicas do Brasil (ICP-Brasil).

O acesso ao INFOJUD é feito no sítio da Receita Federal, opção “e-

CAC – Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte". Este sistema substitui o

procedimento anterior de fornecimento de informações cadastrais e de cópias

de declarações pela Receita Federal, mediante o recebimento prévio de

ofícios. O único custo envolvido é o do processo para obtenção da certificação

digital dos magistrados e serventuários, que é de responsabilidade exclusiva

do Tribunal conveniado.

Para que um Tribunal possa se cadastrar e utilizar o sistema

INFOJUD, é preciso que o Termo de Adesão ao Convênio esteja assinado pelo

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CNJ e pela SRFB. Em seguida, é preciso preencher as informações solicitadas

pela SRFB, que são:

- CNPJ e nome do Tribunal.

- CPF e nome completo dos juízes masters que serão responsáveis

pelo cadastramento dos demais magistrados e servidores das Varas do

respectivo Tribunal (dois por Tribunal).

Não é necessário enviar os dados dos demais juízes, pois o

cadastramento deles deverá ser efetuado pelo próprio Tribunal.

As informações sobre CNPJ e juízes masters deverão ser enviadas

mediante ofício do Diretor do Foro para o Coordenador-geral da Cotec.

O INFOJUD possibilita aos órgãos da Justiça conveniados a fazer

requisições judiciais de informações protegidas por sigilo fiscal diretamente

pela internet, com garantia de segurança, de sigilo e de confidencialidade.

2.2 - RENAJUD

De acordo com o Manual do RENAJUD 1.0, o sistema RENAJUD foi

desenvolvido mediante acordo de Cooperação Técnica entre o Conselho

Nacional de Justiça, o Ministério das Cidades e o Ministério da Justiça, sendo

uma ferramenta eletrônica que interliga o Judiciário e o Departamento Nacional

de Trânsito – DENATRAN, possibilitando a efetivação de ordens judiciais de

restrição de veículos cadastrados no Registro Nacional de Veículos

Automotores – RENAVAM, em tempo real.

Por meio dele, os magistrados e servidores do Judiciário procedem

à inserção e retirada de restrições judiciais de veículos na Base Índice

Nacional (BIN) do Sistema RENAVAM, e estas informações são repassadas

aos DETRANs onde estão registrados os veículos, para registro em suas

bases de dados.

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O tratamento eletrônico de ordens judiciais pelo sistema possibilita a

visualização das respostas na tela e oferece recursos úteis para a tomada de

decisão da autoridade judiciária. Além disto, a adoção da padronização e

automação dos procedimentos envolvidos na restrição judicial de veículos via

RENAJUD, no âmbito dos Tribunais e Órgãos Judiciais, acaba reduzindo

significativamente o intervalo entre a emissão das ordens e o seu

cumprimento, comparativamente à tradicional prática de ofícios em papel.

2.3 – BACEN JUD

De acordo com o seu manual, o sistema Bacen Jud 2.0 é um

instrumento de comunicação eletrônica entre o Poder Judiciário e instituições

financeiras bancárias, com intermediação, gestão técnica e serviço de suporte

a cargo do Banco Central. Por seu intermédio, os magistrados protocolizam

ordens judiciais de requisição de informações, bloqueio, desbloqueio e

transferência de valores bloqueados, que serão transmitidas às instituições

bancárias para cumprimento e resposta.

O tratamento eletrônico do envio de ordens judiciais pelo sistema

permite a visualização das respostas na tela, além de oferecer recursos úteis

para a tomada de decisão da autoridade judiciária, a exemplo das estatísticas

de inadimplência de respostas.

A padronização e a automação dos procedimentos necessários, no

âmbito das varas ou juízos e das instituições financeiras, reduz

consideravelmente o intervalo entre a emissão das ordens e o seu

cumprimento (incluindo-se eventuais ações subsequentes), comparativamente

à tradicional prática de ofícios em papel. Ademais, há um ganho em segurança

das operações e informações do sistema, vez que se elimina, ao máximo, a

participação manual nas diversas etapas, especialmente na troca de arquivos

entre os participantes. Os dados das ordens judiciais são transmitidos com o

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uso de tecnologia criptográfica de ponta, em perfeita consonância com os

padrões de qualidade do Banco Central.

Em termos técnicos, as ordens judiciais protocolizadas no Bacen

Jud 2.0 constituem arquivos eletrônicos transmitidos pelas varas ou juízos

emissores e recebem a confirmação da transmissão com um número de

protocolo.

Após as 19 horas, o Banco Central consolida as ordens de todo o

país, gera arquivos de remessa e os transmite às instituições financeiras até as

23 horas e 30 minutos. Neste mesmo dia, as instituições recebem os arquivos

contendo as ordens judiciais para cumprimento.

As determinações judiciais (exceto transferências) são cumpridas no

dia útil bancário seguinte. Em seguida, as instituições geram arquivos de

resposta e os enviam ao Bacen, até as 23 horas e 59 minutos, quando serão

submetidos a processo de validação. Feita a validação, os arquivos de

resposta são consolidados e transmitidos para visualização do juízo emissor,

até às 8 horas da manhã do dia útil bancário seguinte.

As respostas disponíveis na tela possibilitam ao magistrado

protocolizar ordens subsequentes (desbloqueio, transferência, reiteração,

cancelamento). As etapas, então, repetem os prazos das ordens vestibulares.

No caso das transferências, as respostas diferem por não haver prazo

regulamentar para sua efetivação.

No entanto, ocorrem casos em que determinadas instituições não

enviam a tempo o seu arquivo de resposta. Independentemente das razões do

atraso no envio, essas instituições serão consideradas inadimplentes, e

figurarão na relação de “não respostas”, ao se detalhar a ordem na tela. Vale

destacar que essa inadimplência não permite tirar conclusões acerca do

efetivo cumprimento – ou não – da determinação judicial. Por isso, recomenda-

se especial cuidado quanto às “não respostas”, reiterando ou cancelando a

ordem para as instituições inadimplentes, conforme a conveniência requerida

pelo caso.

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Por fim, observa-se que os usuários do sistema são definidos em

sete categorias: magistrado, assessor, máster, gerenciador, mantenedor de

contas únicas para bloqueio, mantenedor do cadastro de Varas e Juízos e

mantenedor do cadastro de hierarquia dos Tribunais.

2.4 – Banco Nacional de Devedores Trabalhistas (BNDT)

A Lei nº 12.440/2011 alterou a CLT, incluindo o Título VII-A, e a Lei

nº 8666/1993 (Lei das Licitações) para criar a Certidão Negativa de Débitos

Trabalhistas (CNDT).

Com o fito de expedir a CNDT, organizou-se o Banco Nacional de

Devedores Trabalhistas (BNDT), centralizado no Tribunal Superior do

Trabalho, a partir de informações fornecidas pelos 24 Tribunais Regionais do

Trabalho do país. Neste banco de dados constam as pessoas físicas e

jurídicas que são devedoras inadimplentes em processo de execução

trabalhista definitiva.

A alteração promovida na Lei de Licitações pela Lei nº 12.440/2011,

foi a mudança no texto do inciso IV no artigo 27, exigindo do interessado em

participar de certame licitatório público a prova de sua regularidade trabalhista,

a ser feita por meio da apresentação, dentre outros documentos, da CNDT,

que atestará a inexistência de débitos inadimplidos perante a Justiça do

Trabalho (art. 29, V).

Os débitos registrados no BNDT incluem as obrigações trabalhistas,

de fazer ou de pagar, impostas por sentença, os acordos trabalhistas

homologados pelo juiz e não cumpridos, os acordos realizados perante as

Comissões de Conciliação Prévia não cumpridos, os termos de ajuste de

conduta firmados com o Ministério Público do Trabalho não cumprido s(Lei nº

9958/2000), as custas processuais, emolumentos, multas, honorários de perito

e demais despesas oriundas dos processos trabalhistas e não pagas.

A Certidão poderá ser de três tipos:

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a) Negativa se a pessoa sobre quem deva versar não estiver inscrita

como devedora no BNDT, após vencido o prazo de regularização.

b) Positiva se a pessoa sobre quem aquela deva versar tiver

execução definitiva em andamento, já com ordem de pagamento não

cumprida, também após decorrido o prazo de regularização.

c) Positiva com efeito de negativa, se o devedor, intimado para o

cumprimento da obrigação em execução definitiva, houver garantido o juízo

com depósito, por meio de bens suficientes à satisfação do débito ou tiver em

seu favor decisão judicial que suspenda a exigibilidade do crédito, sendo que,

neste caso, possibilita a pessoa sobre quem ela deva versar a de participar de

licitações.

A regulamentação da matéria foi feita pela Resolução Administrativa

nº 1470/2011 do Órgão Especial do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que

tornou obrigatória a inclusão dos inadimplentes no BNDT, assim como a

atualização do registro, na forma da decisão judicial que a determinar.

Durante trinta dias, a partir da inclusão no BNDT, o interessado

poderá regularizar a pendência, pagando-a ou garantindo o juízo, ou, se for o

caso, postular na unidade judiciária em que tramita o processo a retificação de

lançamento equivocado. Este período, o prazo de regularização, foi instituído

na Resolução Administrativa nº 1470/2011 pelo Ato 001/2012. No curso desse

prazo, a Certidão expedida será negativa.

A Certidão tem âmbito nacional, validade de 180 dias, é eletrônica,

gratuita e apresenta a situação da pessoa jurídica pesquisada em relação a

todos os seus estabelecimentos, agências ou filiais, podendo ser obtida em

todos os portais da Justiça do Trabalho na rede mundial de computadores

(TST, Conselho Superior da Justiça do Trabalho e Tribunais Regionais do

Trabalho). Para garantir a sua autenticidade, as certidões expedidas devem ser

validadas neste mesmo Portal.

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34

CAPÍTULO III

A UTILIZAÇÃO DOS BANCOS DE DADOS PÚBLICOS

NA EXECUÇÃO TRABALHISTA

Neste capítulo serão apresentados os aspectos relevantes relativos

à legalidade, as formas de uso, as vantagens, e à utilização efetiva dos bancos

de dados públicos como auxílio à efetivação da execução trabalhista.

Inicialmente, cumpre observar que entre as metas de nivelamento

de 2009 do CNJ, a Meta 8 é cadastrar todos os magistrados como usuários

dos sistemas eletrônicos de acesso a informações sobre pessoas e bens e de

comunicação de ordens judiciais, ou seja, o Bacen Jud, o INFOJUD e o

RENAJUD.

No que tange à sua conformação com a lei, estes sistemas

encontram arrimo no Código Tributário Nacional:

Art. 185-A. Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos, comunicando a decisão, preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades que promovem registros de transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades supervisoras do mercado bancário e do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam cumprir a ordem judicial. (Acrescentado pela LC118-2005).

Na Lei 11.419/2006, que dispõe sobre a informatização do processo

judicial:

Art. 7o As cartas precatórias, rogatórias, de ordem e, de um modo geral, todas as comunicações oficiais que transitem entre órgãos do Poder Judiciário, bem como entre os deste e

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os dos demais Poderes, serão feitas preferentemente por meio eletrônico.

E no Código de Processo Civil, alterado pela Lei nº 11.382/2006):

Art. 655 - A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem:

I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira;

II - veículos de via terrestre (...)

Art. 656 § 1º É dever do executado (art. 600), no prazo fixado pelo juiz, indicar onde se encontram os bens sujeitos à execução, exibir a prova de sua propriedade e, se for o caso, certidão negativa de ônus, bem como abster-se de qualquer atitude que dificulte ou embarace a realização da penhora (art. 14, parágrafo único)(...)

Art. 600 - Considera-se atentatório à dignidade da justiça o ato do devedor que:

IV - intimado, não indica ao juiz, em 5 (cinco) dias, quais são e onde se encontram os bens sujeitos à penhora e seus respectivos valores.

Do exposto, é fácil afirmar que o legislador pátrio fez um movimento

franco no sentido de tornar a justiça mais efetiva, mostrando-se menos

condescendente com o devedor e buscando medidas mais modernas e ágeis

de constrição, notadamente usando as ferramentas da informática.

3.1 - INFOJUD

O INFOJUD tem a vantagem imediata de aumentar a celeridade das

consultas dos órgãos da Justiça à base de dados da Receita Federal e, por

conseguinte, acelerar o curso processual. Despiciendo se falar nas vantagens

de não se estar mais atrelado à produção e ao trâmite de ofícios.

Araújo (2010, p. 15) vê, com razão, que há benefícios para ambas

as partes. Para a Justiça, confiabilidade, por saber que os dados vieram

diretamente da base de dados da Receita Federal, rapidez, segurança, por

saber que estes dados não foram violados, e adequação, por poder escolher

exatamente o dado necessário para o que se deseja. Para a SRFB, os

benefícios decorrem do melhor aproveitamento dos recursos humanos, além

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de manter seus recursos direcionados para seus serviços, possibilitando a

manutenção do foco no seu negócio. Aponta ainda outras vantagens, sendo a

principal o aumento da efetividade das execuções.

As informações disponíveis referem-se a dados cadastrais de

pessoas físicas e jurídicas; declarações de Imposto de Renda; declarações de

Imposto Territorial Rural; declarações de Operações Imobiliárias – DOI.

Segundo a reportagem, em anexo, da revista Consultor Jurídico,

informações sobre os réus, declarações de imposto de renda e informações

econômico-fiscais de pessoa jurídica correspondem à quase totalidade (98%)

das informações prestadas até hoje através do sistema eletrônico e, segundo

Araújo (Idem, p.18) em 2010 chegava-se a mais de 360.000 registros.

3.2 - RENAJUD

Antes da Reforma do Processo de Execução, a penhora de veículos

de via terrestre ocupava o sexto lugar (artigo 655, inciso VI, CPC) na ordem de

indicação de bens para satisfação do crédito exequendo. Com a edição da Lei

nº 11.382/2006, ela passou a ocupar o segundo lugar (inciso II). Tudo isto com

vistas conferir maior efetividade ao processo de execução, possibilitando que

este se efetive por meios céleres e atualizados à solução do crédito

exequendo. Não por acaso, em novembro de 2006 foi celebrado o convênio

entre o Conselho Nacional de Justiça, o Ministério das Cidades e o Ministério

da Justiça que possibilitou a implantação do RENAJUD, em agosto de 2008.

Conforme o seu Manual, o sistema RENAJUD pode ser utilizado por

juízes e servidores cadastrados dos tribunais federais e estaduais em todo o

país. Ao se cadastrar no sistema o usuário e recebe uma senha de acesso.

Uma vez no sistema, ele pode consultar a base de dados, inserir ou retirar a

restrição a um veículo, inserindo o CPF, no caso da pessoa física, ou o CNPJ,

no caso de empresa. Desta forma o magistrado pode saber se o devedor do

processo, que está sob sua responsabilidade, possui algum veículo e, no caso

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dele possuir, saber também os dados referentes a esses veículos. Desta

forma, ele pode registrar, em tempo real, a penhora do veículo, ou outras

restrições, como a seguir:

a) Transferência – impede o registro da mudança da propriedade do

veículo no sistema RENAVAM;

b) Licenciamento – impede o registro da mudança da propriedade,

como também um novo licenciamento do veículo no sistema RENAVAM;

c) Circulação (restrição total) – impede o registro da mudança da

propriedade do veículo, um novo licenciamento no sistema RENAVAM, como

também impede a sua circulação e autoriza o seu recolhimento a depósito; e

d) Registro de Penhora – registra no sistema RENAVAM a penhora

efetivada em processo judicial sobre o veículo e seus principais dados, como

valor da avaliação, data da penhora, valor da execução e data da atualização

do valor da execução.

Araújo (Idem, p. 23) enumera as vantagens do sistema como a

eliminação das correspondências oficiais, o acesso via sistema WEB, maior

celeridade processual, maior celeridade processual, máxima rapidez na

identificação de veículos e na efetivação de restrições judiciais e abrangência

nacional. Vale lembrar que, antes das facilidades do RENAJUD, seria

necessário enviar ofícios para todos os 27 DETRANS do Brasil para que uma

requisição pudesse ter cobertura nacional. Em continuação, este autor

apresenta também uma rápida evolução na quantidade de registros, que

passaram de cerca de 18.000 entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009, para

mais de 136.000 entre maio e junho de 2009.

O gráfico anexo apresenta dados, também colhidos do trabalho do

autor supracirado, que permitem verificar o uso muito maior desta ferramenta

na Justiça do Trabalho, quando comparado com as outras esferas judiciais.

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3.3 – BACEN JUD

No magistério de Arnaldo Marmitt, a penhora:

Consiste na apreensão de coisas móveis ou imóveis, corpóreas ou incorpóreas, do acervo patrimonial do executado, inclusive bens ou créditos futuros, para sua oportuna conversão em pecúnia e pagamento dos credores (Marmitt, 1992, p.7).

Conforme Barros (2009, p. 11), para a doutrina majoritária a

penhora tem duas finalidades: a primeira, especificar e apreender o bem que

se vai levar à praça ou leilão; a segunda é manter estes bens na situação em

que se encontram no momento da penhora.

Ainda conforme esta autora (Idem, p. 27), o bloqueio de contas e

aplicações financeiras do executado destinado à satisfação do crédito do

exequente vem tendo resultado positivo na Justiça Trabalhista, sendo esse

bloqueio realizado através do sistema BACEN JUD, conhecido como Penhora

on-line.

O Provimento 01/2003, da Corregedoria Geral da Justiça do

Trabalho, estabeleceu o regramento para a utilização do convênio

estabelecendo que, em se tratando de execução definitiva, o sistema BACEN

JUD deve ser utilizado com prioridade sobre as outras modalidades de

penhora. Este mesmo Provimento também determina aos Juízes que não

requeiram às agências bancárias, por ofício, bloqueios fora dos limites de sua

jurisdição, devendo fazê-los mediante o sistema BACEN JUD. O Provimento

faculta, ainda, a empresa que mantém contas bancárias e aplicações em

várias instituições financeiras a cadastrar uma conta especial para receber este

bloqueio.

Prosseguindo, ensina Barros (Idem, p. 28) que este sistema, apesar

de eficiente, passou por aperfeiçoamento e, em 2004, foi criado o sistema

BACEN JUD 2.0, e as respostas dos bancos, que na primeira versão

aconteciam por meio de ofícios remetidos via postal, passaram a ser

controladas pelo próprio juiz, com uma integração direta deste com as

instituições financeiras.

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Entre outras principais melhorias desta nova versão, houve a

integração com os sistemas informatizados das instituições financeiras,

tornando possível ao juiz requerer diretamente a transferência dos valores, a

redução do prazo de processamento das ordem judiciais e a criação do

cadastro de contas únicas, indicadas pelas empresas, evitando a multiplicidade

de bloqueios. Além disto, incluíram-se a requisição de informações (saldo,

extrato, endereço, etc), a automação da transferência, com funcionalidade

específica para as dívidas tributárias e novas instituições financeiras

destinatárias: bancos de investimentos e bancos múltiplos sem carteira

comercial (além dos bancos múltiplos com carteira comercial, CEF e BB).

Para Odete Grasselli:

A constrição on-line constitui-se numa moderna técnica processual, tendente a prover o Magistrado da aptidão prática de zelar pela entrega definitiva, de forma célere, da tutela jurisdicional (2007, p. 89).

Alguns aspectos legais devem ser debatidos quando se trata da

penhora on-line.

O sistema de penhora on-line é uma forma de o juiz efetuar a

penhora em dinheiro, por via eletrônica, antes feita através da remessa de

ofício em papel, por isto, não interferindo com as normas de execução do

processo.

O art.655-A, incluído no CPC pela Lei 11.382 de 07/12/2006,

determinou que ao juiz, por provocação do exequente, requisitará à autoridade

supervisora do sistema financeiro informações acerca da existência de ativos

em nome do devedor, podendo ao mesmo tempo determinar a respectiva

indisponibilidade do numerário até o limite do quantum executado.

Além desta previsão legal, esta pesquisa permitiu constatar que o

entendimento majoritário dos tribunais é no sentido de que a penhora em

dinheiro pode incidir sobre dinheiro depositado em conta nas instituições

financeiras, como ilustra o acórdão a seguir:

“AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. CIVIL. VIOLAÇÃO AO ART. 535, CPC. AUSÊNCIA DE VÍCIOS. EXECUÇÃO. PENHORA. GRADAÇÃO LEGAL.

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REJEIÇÃO DO BEM IMÓVEL INDICADO PELO DEVEDOR. EXISTÊNCIA DE NUMERÁRIO EM CONTA CORRENTE DA DEVEDORA. ART. 620 E 655 DO CPC.

AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO.

1. Ausente ofensa ao art. 535 do CPC, se o E. Tribunal a que fundamentadamente apreciou a controvérsia, inexistindo qualquer omissão, contradição ou obscuridade a ser sanada.

2. Tendo a empresa nomeado à penhora bens, não a ordem estabelecida no art. 655 do Código de Processo Civil, é admissível a recusa do credor com a conseqüente indicação à penhora de numerário em conta-corrente, face a disponibilidade da quantia.

3. A verificação da maior ou menor onerosidade para o , em face da penhora ocorrida nas instâncias ordinárias, esbarra sim no enunciado sumular n. 7/STJ.

4. Este Tribunal de Uniformização, realizando sistemática dos arts. 620 e 655 da Lei Processual Civil, já se manifestou pela possibilidade do ato constritivo incidir em numerário, sem que haja afronta ao princípio da menor onerosidade da execução, disposto no art. 620 da Norma Processual (cf. Resp nºs 528.227/RJ e 390.116/SP) 5. A devedora tem o dever de nomear bens à penhora, livres e desembaraçados, suficientes para garantia da execução, como dispõem os arts. 600 e 655 do CPC e 9º da Lei nº 6.830/80, mas a credora pode recusar os bens indicados e pedir que outros sejam penhorados, caso se verifique que os mesmos sejam de alienação difícil.

6. Agravo regimental improvido.

(AgRg no Ag 774.677/RJ, Rel. Ministro HÉLIO QUAGLIA BARBOSA, QUARTA TURMA, julgado em 04.09.2007, DJ 24.09.2007 p. 315) “

No entanto, cumpre observar que a penhora on-line, conforme

entendimento do TST, não deve ser procedida em execução provisória, haja

vista o que diz a OJ Nº 62, SDI-II, TST:

Em se tratando de execução provisória fere direito líquido e certo do impetrante a determinação de penhora em dinheiro, quando nomeados outros bens à penhora, pois o executado tem direito a que a execução se processe de forma que lhe seja menos gravosa nos termos do art. 620 do CPC.

Sendo assim, como afirma Barros (2009) a penhora on-line nada

mais é do que um sistema utilizado pelo Poder Judiciário na execução

processual que efetua a penhora em dinheiro de forma eletrônica, portanto,

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não ferindo as regras do Processo de Execução (Livro II do CPC). Ou seja,

antes o bloqueio era pedido por meio de expediente (ofício) em papel, remetido

via correio ou, quando a conta pertencia a instituição financeira fora da

jurisdição do Juízo, por expedição de carta precatória. Ora, é claro que, pelo

fato das partes terem acesso aos autos, este procedimento findava por

conceder ao executado o tempo mais que necessário para o saque dos valores

existentes nas suas contas. O convênio com o Banco Central mostrou-se

então muito eficiente na obtenção dos resultados esperados e por isto obteve

grande aceitação pelos juízes.

Os dados apresentados por Araújo (2010, p. 38), constantes no

gráfico 2 deste trabalho, vão de encontro ao exposto acima. Segundo este

magistrado (Idem, p. 45), o valor total bloqueado, de 2005 a 2007, chegou a

R$ 47 bilhões! Como se vê há uma enorme evolução no uso do BACEN JUD

desde o momento de sua criação, o que se pode atribuir ao aumento dos

tribunais conveniados.

È ainda Araújo (Idem, p. 42) que informa que novas etapas estão

em estudo, como a inclusão das demais instituições financeiras (Cooperativas

de Crédito), a indicação do CPF/CNPJ com 8 dígitos, possibilitando a inclusão

automática das filiais, e a faculdade de agendamento de ordens de bloqueio.

3.4 – Banco Nacional de Devedores Trabalhistas (BNDT)

A introdução do BNDT na realidade brasileira foi mais uma iniciativa

do poder público de tornar a Justiça mais efetiva. Desde logo, causou rebuliço,

na medida em iniciativas deste tipo causam. Surgiram, desde logo, duas

correntes majoritárias sobre as regras constantes na Lei que o instituiu:

1ª corrente – os institutos são mecanismos de efetiva entrega da

prestação jurisdicional, uma vez que pressionam os empregadores a quitarem

seus débitos trabalhistas, além de influenciar nas conciliações

(MAJORITÁRIA);

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2ª corrente – os institutos não entregam o direito ao seu beneficiário,

ou seja, não possuem caráter coercitivo, como acontece com o BACEN JUD

ou RENAJUD. Diz ainda que a nova lei é inconstitucional, pois não se deve

equiparar as Microempresas e Empresas de Pequeno Porte com as grandes

organizações. Russo Junior (2011) cerra fileira neste sentido.

É fácil perceber que a primeira corrente é composta principalmente

por membros do Poder Judiciário e do Governo (vide anexo 2), e a segunda

por advogados e empresas.

É fato que a possibilidade de inclusão no BNDT não é uma atividade

coercitiva clássica, mas, com toda a certeza, tem o condão de, indiretamente,

valer por ela, mormente num país em que o Estado está sobremaneira

envolvido na atividade econômica, como o Brasil. De toda a sorte, não há

como se contestar os dados apresentados no anexo 3, que valeram, se sabe,

com variações, para todos os Regionais.

3.5 - Outras iniciativas

Além do aperfeiçoamento das ferramentas já disponíveis, diversos

órgãos do Judiciário têm buscado alternativas que possam desafogar a

execução dos julgados trabalhistas.

Em setembro de 2006, o Tribunal Regional do Trabalho da 1ª

Região (TRT1) e a Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro (JUCERJA)

firmaram um convênio que tem como propósito permitir ao pessoal autorizado

do Regional a consulta ao cadastro de empresas e a visualização de

documentos digitalizados, mantidos pela JUCERJA, através do sítio

“http://www.jucerja.gov.br”.

Nesse primeiro momento, ao TRT foi disponibilizado um número

limitado de consultas concomitantes, de modo que ainda não é possível a

liberação do acesso contínuo a todas as unidades jurisdicionais.

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O acesso extranet da JUCERJA está disponível somente para

órgãos conveniados. Para realização do cadastramento devem ser enviados à

Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro os seguintes documentos:

- Ofício a Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro endereçado

ao presidente desta autarquia;

- A ficha dos usuários solicitantes pertencentes à unidade, com

todos os campos preenchidos, devidamente assinada e carimbada pelo

usuário solicitante e pelo responsável pela unidade, conforme modelo

disponível no sítio.

Conforme se vislumbra no anexo 4, buscam-se, também, convênios

com Cartórios e. até mesmo, com órgãos particulares, como SERASA e SPC.

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CONCLUSÃO

De tudo o que foi abordado até aqui, deve-se registrar que, ao

buscar a tutela jurisdicional, o que o demandante almeja é a realização do seu

direito, ou seja, a conversão do seu direito em algo que se possa fruir no

mundo real. Neste sentido, não importa, portanto, para ele, que os magistrados

e servidores da Justiça trabalhem um número excessivo de horas e que todas

as causas sejam julgadas em tempo recorde. Isto de nada adiantaria se o

sucumbente não adimplir a obrigação e, a seguir, se inicie uma execução longa

e infrutífera.

Embora o processo trabalhista se caracterize por princípios como a

praticidade, a oralidade, a instrumentalidade das formas, e tenha o

processamento da execução nos mesmos autos em que foi construído a

cognição (o que, inclusive, suscita acaloradas discussões sobre sua

autonomia), tudo isto o propósito implícito de garantir uma rápida solução da

lide em prol do trabalhador, não é isto que se verifica na prática. Aliás, muito

ao contrário. Na verdade, hipossuficiente que é, não são poucas as vezes em

que o trabalhador não vê o seu direito satisfeito. Embora cada autor nomeie ou

destaque um motivo ou outro, sejam eles sociais, culturais, processuais,

estruturais ou legais, o fato é que, uma vez iniciada a execução trabalhista, ela

tem grande chance de fracassar. Não foi sem tempo, portanto, que a eficácia

das sentenças condenatórias passou a ser uma preocupação do Estado. É

importante lembrar que a Justiça é um dos pilares da democracia, quiçá o mais

importante.

Bem-vindas, pois, as iniciativas no sentido de torná-la mais efetiva,

ainda que se anteveja um longo caminho a percorrer.

O uso de recursos tecnológicos tem, com certeza, um importante

papel a desempenhar neste caminhar. No caso do uso de bancos de dados

públicos pela Justiça, este papel já começou a ser exercido. As facilidades de

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acesso, a segurança, a rapidez, a ausência de intermediários, a

desnecessidade de transferência de recursos materiais e humanos, a

economia de recursos e a maior abrangência são apenas algumas vantagens

da utilização destas ferramentas.

O INFOJUD, o RENAJUD e o BACEN JUD já são uma realidade

que, como visto, só tendem a aumentar em utilização e abrangência pelos

setores do Judiciário. O Banco Nacional de Devedores Trabalhistas (BNDT) já

começou a produzir os seus efeitos, embora de criação recente.

Em referência particular ao BACEN JUD, a velocidade e o alcance

da penhora justificam plenamente a intensificação da sua utilização. A

abrangência do RENAJUD permite, com rapidez, a inserções de restrições ou

penhora em qualquer local do Brasil, eliminando uma burocracia enorme.

Conquanto os descontentes ainda se batam contra estes sistemas,

geralmente invocando inconstitucionalidades, excesso de penhora, abuso de

autoridade e outras defesas, o Judiciário parece ter abraçado este movimento

de forma definitiva e determinada.

Como este estudo mostrou, a Justiça do Trabalho tem exercido um

papel de protagonista no uso das ferramentas colocadas pela Lei à sua

disposição, certamente pela natureza, em sua grande maioria, alimentar das

lides colocadas sob seu julgamento. E a busca por novas ferramentas

baseadas em recursos computacionais não cessa.

Ao engajar-se nesta tarefa, a Justiça trabalhista dá os primeiros

passos para corrigir uma realidade nefasta do nosso país, a de que, a par dos

salários baixos recebidos, há ainda os que jamais são pagos. E não remunerar

o trabalho, ao menos dignamente, significa retirar o incentivo para o progresso.

É verdade que o próprio Judiciário tem que se preparar para a

utilização mais intensiva destes recursos. O cumprimento da Meta 8 do CNJ,

que implica na obtenção da certificação digital para magistrados é apenas uma

das tarefas que este Poder tem que realizar.

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Poder-se-ia dizer, no entanto, que o uso destes bancos de dados e

das facilidades oferecidas pelos recursos associados a eles garantiriam

apenas a celeridade na busca de uma informação ou na execução de

determinada diligência processual. Mas não é verdade. As estatísticas da

Justiça Trabalhista, conforme mostra o anexo 4, são mais do que suficientes

para mostrar que eles contribuíram sobremaneira para tornar também mais

efetiva a execução dos seu julgados. Os valores bloqueados no sistema

BACEN JUD nos trazem a mesma indicação. Isto nos permite concluir que a

hipótese levantada neste estudo estava correta.

De todo o exposto, a hipótese acolhida foi confirmada.

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ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 >> Internet; Anexo 2 >> Internet; Anexo 3 >> Internet; Anexo 4 >> Internet; Anexo 5 >> Gráficos;

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ANEXO 1 INTERNET

http://www.conjur.com.br/2009-mar-25/sistema-infojud-utilizado-34-tribunais-aponta-cnj - acessado em 28 de março de 2012.

Sistema Infojud já é utilizado por 34 tribunais O Sistema de Informações ao Judiciário (Infojud), que facilita o acesso dos juízes aos dados referentes à renda e ao patrimônio dos réus dos processos judiciais, já é utilizado por 34 tribunais de todo o país. Levantamento do Conselho Nacional de Justiça aponta que, desde a sua criação em meados de 2007, 362.384 pedidos tramitaram pelo sistema eletrônico, referentes a declarações de Imposto de Renda, de Imposto Territorial Rural (ITR), de Operações Imobiliárias, entre outros documentos. “O Infojud é um sistema eletrônico imprescindível ao Judiciário e à efetividade às decisões judiciais, sobretudo nas execuções de sentença”, ressalta o juiz auxiliar da presidência do CNJ Rubens Curado. O Tribunal de Justiça de São Paulo é o que mais utiliza a ferramenta, com mais de 140 mil solicitações. O Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (SP) foi o segundo maior usuário do procedimento, com mais de 100 mil pedidos. Os dois tribunais foram responsáveis por 66% do total de solicitações transmitidas pelo Infojud. Entre os diferentes ramos da Justiça, a do Trabalho é a principal usuária da ferramenta. Dos 34 tribunais que integram o sistema, 24 são TRTs, 5 TRFs e 5 TJs. O cadastramento de todos os magistrados brasileiros nos sistemas Infojud, Renajud e Bacenjud é uma das dez metas do Poder Judiciário para o ano de 2009, aprovadas pelos presidentes dos tribunais brasileiros no II Encontro Nacional do Judiciário, no último mês de fevereiro, em Belo Horizonte-MG. O sistema O Infojud permite aos órgãos da Justiça fazer requisições judiciais de informações protegidas por sigilo fiscal pela internet, com garantia de segurança, de sigilo e de confidencialidade das informações. A ferramenta pode ser utilizada somente pelos representantes do Poder Judiciário, mediante cadastro prévio. Para garantir a segurança das informações, os usuários devem possuir obrigatoriamente certificado digital. Dados cadastrais de réus, declarações de imposto de renda e informações econômico-fiscais de pessoa jurídica correspondem à quase totalidade (98%) das informações prestadas até hoje através do sistema eletrônico. Um acordo firmado entre o CNJ e a Receita Federal garante a utilização do Infojud, mediante adesão, por todos os tribunais brasileiros. O sistema substitui o antigo procedimento de fornecimento de informações pela Receita Federal, que era feito mediante o envio de ofícios em papel. Revista Consultor Jurídico, 25 de março de 2009

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ANEXO 2 INTERNET

http://www.csjt.jus.br/noticias1/-/asset_publisher/By5C/content/artigo-certidao-negativa-de-debitos-trabalhistas-uma-novidade?redirect=%2Fnoticias1 – acessado em 24 de março de 2012.

CERTIDÃO NEGATIVA DE DÉBITOS TRABALHISTAS - UMA NOVIDADE

Erasmo Messias de Moura Fé - Juiz do Trabalho Titular da 1ª Vara do Trabalho de Palmas-TO

Em 08 de julho de 2011 foi publicada a Lei nº 12.440/2011 que instituiu a Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas (CNDT) e alterou a Lei nº 8.666/1993 (Lei das Licitações) para exigir a regularidade fiscal e trabalhista das pessoas – físicas e jurídicas – que pretenderem se habilitar em licitações públicas para a celebração de contratos de fornecimento de bens e serviços ao Poder Público (entes da União, Estados e Municípios). A lei entrará em vigor no dia 04 de janeiro de 2012. Regulamentando sua aplicação, o Tribunal Superior do Trabalho (TST), através da Resolução Administrativa nº 1470, de 24 de agosto de 2011 (publicada no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho em 29/08/2011), instituiu o Banco Nacional de Devedores Trabalhistas (BNDT), que será composto pelas pessoas naturais e jurídicas, de direito público e privado, inadimplentes perante a Justiça do Trabalho quanto às obrigações estabelecidas em sentença condenatória transitada em julgado ou em acordos judiciais trabalhistas, ou ainda, decorrentes de execução de acordos firmados perante o Ministério Público do Trabalho ou em Comissão de Conciliação Prévia. A CNDT será expedida gratuita e eletronicamente em todo o território nacional através das páginas eletrônicas do TST na internet (www.tst.jus.br), do Conselho Superior da Justiça do Trabalho (www.csjt.jus.br) e dos Tribunais Regionais do Trabalho. No caso do TRT da 10ª Região – que abrange o Distrito Federal e o Tocantins -, o site é www.trt10.jus.br. O interessado não obterá a certidão se estiver inadimplente com a Justiça do Trabalho, caso em que será emitida a Certidão Positiva de Débitos Trabalhistas (CPDT). Verificada a existência de débitos garantidos por penhora suficiente ou com exigibilidade suspensa, será expedida a Certidão Positiva de Débitos Trabalhistas com os mesmos efeitos da certidão negativa (CNDT-EN). Os documentos certificarão as empresas em relação a todos os seus estabelecimentos, agências e filiais, e terão prazo de validade de 180 dias.

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Significa que, condenado numa ação trabalhista, liquidada a conta e citado o devedor, este terá 48 horas para quitar a dívida (artigo 880 da CLT). Não o fazendo, e após providência de ofício do Juiz da execução - como a pesquisa inexitosa de ativos em contas bancárias -, o executado (além de sócios e/ou administradores) poderá ser incluído no Banco Nacional de Devedores Trabalhistas (BNDT), tendo como base os dados cadastrais do CPF e do CNPJ na Receita Federal, permanecendo ‘negativado’ até efetuar o pagamento. Enquanto isso, não poderá comprovar a inexistência de débitos inadimplidos perante a Justiça do Trabalho, ficando impedido de celebrar contratos com o Poder Público (artigo 29, inciso V, da Lei nº 8.666/1993, com redação da Lei nº 12.440/2011). A tramitação legislativa do Projeto de Lei nº 7077/2002, apresentado pelo então Senador Moreira Mendes, demorou quase dez anos, o qual visava corrigir uma distorção no ordenamento jurídico, pois, apesar de privilegiadíssimo, o crédito trabalhista, de natureza alimentar (artigo 186 do Código Tributário Nacional), não dispunha de mecanismo de fiscalização indireta para reduzir sua inadimplência, a exemplo do que ocorre com os créditos da Fazenda Pública (Certidão Conjunta de Débitos relativos a Tributos Federais e à Dívida Ativa da União) e do Instituto Nacional do Seguro Social (CND previdenciária). Certamente a Lei nº 12.440/2011 imprimirá maior garantia à efetividade dos Direitos Sociais previstos na Constituição Federal e na legislação ordinária - uma das justificativas do projeto - com possibilidade de reduzir a elevada taxa de congestionamento da execução na Justiça do Trabalho, hoje na ordem de 69% (sessenta e nove por cento), fato que evidencia uma situação no mínimo embaraçosa, pois de cada 100 trabalhadores que bateram às portas da Justiça para receber aquilo que deveria lhe ter sido pago quando da prestação dos serviços, apenas 31 lograram êxito. Servirá também para depurar a escolha das empresas contratadas pelo Poder Público para a prestação de serviço terceirizado (limpeza, conservação, vigilância, atendimento, trabalho temporário), muitas vezes vencedoras no processo licitatório pelo critério do menor preço, que fora ofertado já antevendo o descumprimento de direitos trabalhistas básicos e a responsabilização subsidiária do ente público tomador dos serviços, na forma da Súmula nº 331 do Tribunal Superior do Trabalho. A Justiça do Trabalho está empreendendo enorme esforço para regularizar e atualizar, até 04/01/2012, as informações cadastrais dos devedores, de modo a alimentar o Banco Nacional de Devedores Trabalhistas (BNDT) com o nome de todos os inadimplentes de obrigações trabalhistas – em torno de um milhão e meio – tendo os executados a oportunidade de quitar suas dívidas até 19/12/2011, quando se inicia o recesso forense, especialmente na Semana Nacional de Conciliação promovida pelo Conselho Nacional de Justiça, de 28/11 a 02/12/2011, que coincidirá com a Semana Nacional de Execução Trabalhista, promovida pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho com

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vistas a conferir maior efetividade à execução trabalhista, à contagem física, ao controle dos processos de execução e às audiências de conciliação. Nesse contexto, não será bom negócio, para quem pretende contratar com o Poder Público, dever para a Justiça do Trabalho.

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ANEXO 3 INTERNET

http://www.trt9.jus.br/internet_base/noticia_crudman.do?evento=Editar&chPlc=2247670 – acessado em 24 de março de 2012.

Inclusão de devedores no BNDT antecipa pagamentos voluntários em execução

12/12/2011 – Em 4 de janeiro de 2012, passa a ser expedida a Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas (CNDT), documento emitido pela Justiça do Trabalho e obrigatório para empresas que desejam participar de licitações. A data nem chegou e os efeitos da Lei 12.440/2011 já começam a surgir. Devedores se mobilizam para fazer pagamentos voluntários em execução trabalhista pela simples possibilidade de inclusão do nome no Banco Nacional de Devedores Trabalhistas (BNDT).

Juízes do Trabalho de todo o País comemoram os resultados precoces. “Era previsível esse tipo de efeito em empresas com o mínimo senso de organização. Ainda que a limitação jurídica não tenha começado a valer, há a limitação de imagem pela inclusão do nome na lista de devedores”, afirma o juiz Antonio Umberto de Souza Júnior, da 6ª Vara do Trabalho de Brasília. De acordo com o Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (DF-TO), só na 21ª Vara do Trabalho de Brasília, por exemplo, já houve dois casos de pagamento voluntário de dívidas por empresas de grande porte.

Em Mato Grosso, a situação se repete. As empresas de telecomunicações são as que mais estão procurando a Justiça para quitar débitos. A BrasilTelecom já protocolou proposta de acordo na Vara de Lucas do Rio Verde, como conta a juíza auxiliar da presidência do TRT da 23ª Região, Eleonora Lacerda.

“Essas empresas estão adiantadas nesse processo por serem mais bem organizadas juridicamente e anteverem o problema. Como elas participam de licitações quase que diariamente, estão trabalhando para não sofrer a consequência de uma certidão positiva”, afirma a juíza. Segundo a magistrada, a procura se dá em decorrência da imposição feita pela lei que criou a CNDT. “Dessa forma e considerando o recesso prestes a começar, as empresas estão se antecipando para evitar problema futuro”, acrescenta.

No Ceará, a Telemar-OI também procurou a Justiça do Trabalho com o propósito de fechar acordos trabalhistas. E a CNDT foi a grande responsável por isso, segundo a juíza Gláucia Monteiro, do TRT da 7ª Região. “Eu acredito que é uma tendência dos grandes devedores, porque eles não querem se arriscar a perder uma licitação. E como a validade da CNDT é de seis meses, cometer novos débitos nesse período pode não ser uma boa ideia”, acredita.

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Já no Rio Grande do Sul, além do interesse dos devedores no pagamento, para evitar o lançamento no BNDT, várias consultas têm sido feitas em relação à garantia do juízo. “Parece que os devedores, com o intuito de obter uma certidão positiva, com efeito de negativa, estão preocupados com a qualidade da garantia do juízo, com vistas a evitar a discussão sobre a avaliação e aceitação dos bens indicados”, diz o juiz Marcelo Bergmann Hentschke do TRT da 4ª Região. O magistrado avalia que “os TRTs que adotarem a sentença líquida terão uma nova e efetiva fase de conciliação, logo após a homologação dos cálculos ou da citação para pagamento”.

(Noemia Colonna/CSJT)

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ANEXO 4 INTERNET

http://trt-15.jusbrasil.com.br/noticias/2677613/justica-do-trabalho-e-recordista-na-utilizacao-de-recursos-eletronicos-para-viabilizar-a-execucao - acessado em 24 de março de 2012

Justiça do Trabalho é recordista na utilização de recursos eletrônicos para viabilizar a execução

Integrada ao Poder Judiciário nacional em 1946, como um ramo especializado do Judiciário Federal, a Justiça do Trabalho, por seu caráter protetivo no que diz respeito aos trabalhadores, e dada a natureza alimentar das verbas sob sua jurisdição, tem se caracterizado, ao longo dos seus 70 anos, pela maior celeridade e efetividade, relativamente às demais Justiças. Muito antes de o Código de Processo Civil incorporar uma série de medidas voltadas a agilizar a execução das sentenças judiciais, o Judiciário Trabalhista já se destacava no esforço para dotar-se de meios que possibilitassem efetivar a prestação jurisdicional. Recorrendo à tecnologia da informação e à colaboração de órgãos públicos e privados, seus dirigentes há muito vêm buscando instrumentos capazes de viabilizar, no menor tempo possível, o pagamento dos créditos devidos aos trabalhadores.

Um primeiro passo nesse sentido foi dado com a celebração, em 2001, de um convênio entre o Tribunal Superior do Trabalho (TST) e o Banco Central do Brasil (Bacen), para garantir o acesso direto de juízes, on-line, a contas correntes e aplicações financeiras dos executados, com vistas à penhora do valor necessário à quitação da dívida. O sistema BacenJud, contudo, só alcançaria total efetividade com a introdução, em 2005, da versão BacenJud 2.0, que superou as dificuldades iniciais. A ferramenta permite que os magistrados emitam eletronicamente ordens judiciais de requisição de informações, bloqueio, desbloqueio e transferência de valores bloqueados, ordens essas que são instantaneamente transmitidas às instituições bancárias para cumprimento e resposta.

Desde então, o sistema, objeto de convênio celebrado pelo Bacen com o Superior Tribunal de Justiça (STJ) em 2005 e com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 2008, tem sido crescentemente empregado pelos demais ramos do Judiciário, em especial pela Justiça Estadual, hoje a maior usuária do BacenJud 2.0. A consulta ao sistema e o recurso à penhora on-line, contudo, continuam sendo práticas correntes na Justiça do Trabalho quando se trata de efetivar direitos conquistados em juízo. Segundo dados divulgados pelo Banco Central, dos R$ 20,13 bilhões bloqueados em contas correntes por meio do BacenJud no ano de 2010, R$ 6,2 bilhões foram decorrentes de sentenças do Judiciário Trabalhista.

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No que diz respeito ao número de solicitações efetuadas, a participação da Justiça do Trabalho também é representativa. Das 4.150.388 consultas ao sistema feitas em 2010 por integrantes do Poder Judiciário, 1.619.514 vieram de magistrados trabalhistas, 2.291.612 de seus colegas da Justiça Estadual e 239.145 de juízes federais. Em termos consolidados, o Judiciário Trabalhista foi o responsável por quase metade das solicitações registradas. Das 16.935.446 consultas feitas via BacenJud 2.0 desde sua instituição, em 2005, até março de 2011, 7.936.380 (47%) tiveram origem na JT, contra 8.124.876 provenientes da Justiça Estadual (48%).

Entre os regionais trabalhistas, o TRT da 15ª Região se destaca como a segunda corte que mais recorre ao BacenJud para agilizar as execuções. Nos últimos cinco anos, o Regional encaminhou 817.702 consultas ao Banco Central, tendo sido superado apenas pelo TRT da 2ª Região (Grande São Paulo e parte da Baixada Santista), responsável por consultas.

Outra ferramenta que tem sido empregada sem parcimônia pela Justiça do Trabalho para fazer valer os direitos dos trabalhadores é o Sistema On-line de Consulta e Restrição Judicial de Veículos (Renajud), instituído em 2008 mediante convênio entre o CNJ, os Ministérios da Justiça e das Cidades e o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Desenvolvido pelo Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), o sistema tem como objetivo impedir a venda e circulação de veículos de propriedade dos devedores. Segundo estatísticas da Receita Federal, em 2010 foram efetuados 226.669 bloqueios on-line de veículos para pagamento de dívidas em ações trabalhistas, fiscais e cíveis. Desse total, 121.376 foram solicitados pela Justiça do Trabalho, 93.936 pela Justiça Estadual e 11.357 pela Justiça Federal. O Judiciário Trabalhista também liderou o número de consultas ao sistema: das consultas registradas em 2010, vieram da JT, 659.562 da Justiça Estadual e 117.837 da Justiça Federal.

O protagonismo da Justiça do Trabalho se revela também no uso do Sistema de Informações ao Judiciário (Infojud), fruto de convênio firmado pelo CNJ com a Receita Federal em 2007 para fornecimento de dados econômico-fiscais dos contribuintes. Dassolicitações de informações acerca do endereço dos devedores ou de bens de sua propriedade encaminhadas à Receita Federal via Infojud no biênio 2009-2010, 544.902 provieram da Justiça do Trabalho (50,88%). À frente dos 24 Regionais Trabalhistas, o TRT da 15ª acionou a Receita 140.079 vezes durante o período, sendo seguido pelo TRT da 2ª (75.653 consultas) e pelo TRT paranaense (46.186 consultas).

Iniciativas regionais

Merecem destaque ainda algumas iniciativas regionais, como o convênio firmado em 2010 pelos TRTs da 15ª e da 2ª Região com a Associação dos Registradores Imobiliários de São Paulo (Arisp), para localização e penhora on-line de imóveis de propriedade de executados em processos trabalhistas. O recurso permite o acesso de juízes e de servidores por eles autorizados, por meio de certificação digital, a uma base de dados que contém os registros imobiliários feitos desde o dia 1º de janeiro de 1976 em mais de 300 cartórios

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do Estado de São Paulo. Toda a operação é feita em tempo real, dispensando a expedição de qualquer documento em papel. Conforme dados divulgados pela Arisp, nos primeiros 12 meses de funcionamento do convênio, o Judiciário Trabalhista da 15ª Região realizou um total de 2.012.310 consultas ao sistema e emitiu 631 ordens de penhora on-line de imóveis. No mesmo período, a ferramenta foi acionada pelo TRT da 2ª Região 1.719.878 vezes, tendo sido registradas 1.741 determinações de penhora. Para efeito de comparação, a Justiça Estadual de São Paulo, outra conveniada do sistema, foi responsável por 273.637 pedidos de busca e 2.388 ordens de penhora no mesmo período.

Negativização do devedor e protesto dos créditos trabalhistas

Além de buscar os bens disponíveis dos devedores, a Justiça do Trabalho tem apostado em outras medidas para forçá-los a saldar suas dívidas. Importante iniciativa nesse sentido, inaugurada pelo TRT da 15ª Região no final de 2010, é o repasse de informações relativas às dívidas em execução ao banco de dados da Serasa, possibilitando sua consulta por todos os clientes da instituição, atualmente cerca de 400 mil. A iniciativa da 15ª tem sido acompanhada por outros regionais trabalhistas e já inspirou parceria semelhante entre a Serasa e o Tribunal de Justiça de São Paulo. A expectativa é que sua utilização venha reduzir a inadimplência dos devedores, uma vez que, ao ter o nome inscrito no cadastro da Serasa, o executado não poderá fazer compras a crédito ou obter empréstimos em instituições financeiras.

Outra parceria valiosa e pioneira nesse sentido é a firmada, em junho de 2010, entre o TRT da 15ª Região e o Instituto de Estudos de Protestos de Títulos do Brasil - Seção São Paulo (IEPTB-SP), para viabilizar o protesto on-line de certidões de créditos trabalhistas. Em vigor desde setembro passado, a iniciativa, que já começa a ser adotada por outros regionais trabalhistas, promete ser uma importante arma contra a inadimplência.

Inovações incrementam valores pagos aos trabalhadores

Com a ampliação dos recursos eletrônicos à disposição da Justiça do Trabalho para tornar mais efetiva a cobrança das dívidas judiciais, os valores pagos aos reclamantes também aumentaram significativamente. Se, em 2003, as varas do trabalho de todo o País totalizaram o pagamento aos trabalhadores de R$ 5.038.809.649,29, em 2010 o montante foi de R$ 11.287.097.392,41, um aumento de 124% no período.

Na 15ª esse crescimento foi ainda mais significativo. O valor das dívidas oriundas de reclamações trabalhistas pagas nas varas do Regional saltaram de R$ 454.437.692,29, em 2003, para R$ 1.127.118.429,81 em 2010, elevação de 148% em apenas sete anos. O significado desse incremento é ainda mais evidente quando consideramos que cerca de 65% dos valores pagos aos reclamantes neste último ano foram decorrentes de execução.

Por Patrícia Campos de Sousa

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ANEXO 5

GRÁFICOS

1 - Operações no RENAJUD – acumulado em um ano (2009)

Fonte: DENATRAN/SERPRO

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2 – Evolução do BACEN JUD

Fonte: Banco Central

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BIBLIOGRAFIA

1 - Araújo, Marivaldo Dantas de. INFOJUD, RENAJUD e BACENJUD –

Instrumentos de efetividade da jurisdição. I Programa de Intercâmbio de

Magistrados – Forum BRIC. Brasília – DF: 2010.

/www.stf.jus.br/repositorio/cms/portalStfInternacional/portalStfCooperacao_pt_b

r/anexo/INFOJUD__RENAJUD__BACENJUD_Magistrados_do_BRIC.pdf.

acessado em 15/03/2012.

2 - ASSIS, Araken de. Manual do Processo de Execução. 8ª ed. São Paulo:

Revista dos Tribunais, 1998.

3 - Bacen Jjud 2.0 - Sistema de atendimento ao Poder Judiciário - Manual

básico. www.bcb.gov.br/fis/pedjud/ftp/manualbasico.pdf.

4 - BARROS, Alice Monteiro de. Execução de Títulos Extrajudiciais. In:

DALLEGRAVENETO, José Affonso, FREITAS, Ney José (coords.) Execução

Trabalhista: estudos em homenagem ao Ministro João Oreste Dalazen. São

Paulo: LTr, 2002, p. 19-33.

5 - BARROS, Cláudia Teresa Pessoa Cavalcanti. Penhora na Execução

Trabalhista - Um questionamento sobre a legalidade da penhora on-line.

[monografia de conclusão de curso]. Rio de Janeiro: Instituto a Vez do Mestre

– IAVM - Universidade Candido Mendes, Curso de Pós-Graduação em Direito

e Processo do Trabalho; 2009.

6 - CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil. 3ª ed. Rio

de Janeiro: Lumen Juris, 1999.

7 - CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 4ª

ed. . Rio de Janeiro: Lumen Juris, 1999.

8 - CONTI, Paulo Henrique E. A Nova Sentença Condenatória – Uma

Abordagem Ideológica. In: SANTOS, José Aparecido dos (coord.). Execução

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Trabalhista: homenagem aos 30 anos AMATRA IX. São Paulo: LTr, 2008. p.

64-89

9 - DINAMARCO, Cândido Rangel. Execução Civil. 5ª ed. São Paulo:

Malheiros, 1997.

10 - GIGLIO, Wagner D., Dificuldades Crescentes da Execução Trabalhista. In:

DALLEGRAVE NETO, José Affonso; FREITAS, Ney José de, (coords.).

Execução Trabalhista: estudos em homenagem ao Ministro João Oreste

Dalazen. São Paulo: LTr, 2002, p. 366-384.

11 – GRASSELLI, Odete. Penhora Trabalhista On-line. 2ª ed. São Paulo: LTr,

2007.

12 - GUNTHER, Luiz Eduardo. Aspectos Principiológicos da Execução

Incidentes no Processo do Trabalho. In: SANTOS, José Aparecido dos

(coord.). Execução Trabalhista: homenagem aos 30 anos AMATRA IX. São

Paulo: LTr, 2008. p. 13-42.

13 - MARMITT, Arnaldo. A Penhora. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora Aide, 1992.

14 - MOREIRA, José Carlos Barbosa. O Novo Processo Civil Brasileiro. 19ª ed.

Rio de Janeiro: Forense, 1999.

15 - OLIVEIRA, Francisco Antonio de. Execução na Justiça do Trabalho. 6ª ed.

São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007.

16 - ________________. Manual de Penhora. 2ª ed. São Paulo: Editora

Revista dos Tribunais, 2005.

17 - RenaJud: Restrições Judiciais de Veículos Automotores – Manual do

Usuário – Versão 1.0. www.cnj.jus.br/images/programas/renajud/manual-

renajud.pdf

18 - ROCHA, José Lourenço. A Liquidação por cálculo na Execução

Trabalhista - alguns temas polêmicos [monografia de conclusão de curso]. Rio

de Janeiro: Universidade Cândido Mendes – UCAM, Curso de Pós-Graduação

em Direito e Processo do Trabalho; 2009.

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19 - RUSSO JUNIOR, Ricardo Jorge. Entenda sobre o Banco Nacional de

Devedores Trabalhistas. 2011.

www.cremasco.adv.br/site/noticias.php?codigo=423, acessado em 24 de

março de 2012.

20 – SCHIAVI, Mauro. Execução no Processo do Trabalho. São Paulo: LTr,

2008.

21 – TEIXEIRA FILHO, Manuel Antonio. Execução no Processo do Trabalho.

9ª ed. São Paulo: LTr, 2005.

22 - _________________. O Cumprimento da Sentença no Processo do

Trabalho. In: SANTOS, José Aparecido dos (coord.). Execução Trabalhista:

homenagem aos 30 anos AMATRA IX. São Paulo: LTr, 2008. p. 43-62.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I

A EXECUÇÃO TRABALHISTA E SEUS ENTRAVES 11

1.1 – EXECUÇÃO - CONCEITO 11

1.2 – A EXECUÇÃO TRABALHISTA 13

1.2.1 – HISTÓRICO 13

1.2.2 – ASPECTOS RELEVANTES 14

1.3. – PRINCIPAIS ENTRAVES 23

CAPÍTULO II

OS BANCOS DE DADOS PÚBLICOS À DISPOSIÇÃO DA JUSTIÇA DO

TRABALHO 27

2.1 - INFOJUD 28

2.2 – RENAJUD 29

2.3 - BACEN JUD 30

2.4 - BANCO NACIONAL DE DEVEDORES TRABALHISTAS (BNDT) 32

CAPÍTULO III

A UTILIZAÇÃO DOS BANCOS DE DADOS PÚBLICOS NA EXECUÇÃO

TRABALHISTA 34

3.1 - INFOJUD 35

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3.2 – RENAJUD 36

3.3 – BACEN JUD 38

3.4 - BANCO NACIONAL DE DEVEDORES TRABALHISTAS (BNDT) 41

3.5 – OUTRAS INICIATIVAS 42

CONCLUSÃO 44

ANEXOS 47

BIBLIOGRAFIA 59

ÍNDICE 62