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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE MARKETING HOSPITALAR Por Luciana Corrêa Aguiar Orientador Prof. Ms. Marco A. Larosa Rio de Janeiro 2005

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

MARKETING HOSPITALAR

Por Luciana Corrêa Aguiar

Orientador

Prof. Ms. Marco A. Larosa

Rio de Janeiro

2005

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

MARKETING HOSPITALAR

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como condição prévia para a

conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu”

em Marketing.

Por Luciana Corrêa Aguiar.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por estar permitindo que eu

alcance mais um objetivo.

Aos meus amigos do curso, que me

deram força para continuar.

A todos que compartilharam comigo

mais essa conquista.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais e à

minha irmã, que em todos os momentos

me deram apoio e carinho, e ao Luiz que

foi amigo em todas as horas.

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RESUMO

O marketing hospitalar apresenta características particulares, por isso

deve receber grande atenção da equipe de marketing. A dificuldade em atrair

pacientes, a fidelização destes, a consideração dos médicos como clientes e a

excelência em atendimento e em prestação de serviços são aspectos que

devem ser abordados na estratégia de marketing em um hospital privado.

Sendo-se assim, deve-se atrair e fidelizar clientes através de um bom

atendimento em hotelaria e através da prestação de um serviço de qualidade.

Os médicos também devem ser tratados como clientes, pois são estes que

muitas vezes encaminham pacientes para o hospital, e portanto devem receber

também bom atendimento e prestação de serviço.

Em um ambiente já com tantas doenças e notícias ruins, deve-se

procurar a solução imediata dos problemas dos clientes, para que estes se

sintam em um ambiente organizado e onde as informações são passadas

corretamente.

Neste trabalho um hospital da rede privada é tomado como estudo de

caso para análise dos aspectos acima citados.

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METODOLOGIA

Para a elaboração desta monografia utilizou-se pesquisa bibliográfica

em livros, revistas e internet e estudo de campo em um hospital da rede

privada (Hospital Copa D’Or) a fim de delinear um estudo de caso.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - A estrutura de um hospital 11

CAPÍTULO II - Os clientes do hospital 15

CAPÍTULO III - Excelência em atendimento – hotelaria 19

CAPÍTULO IV - Excelência em prestação de serviços 26

CAPÍTULO V - Resolvendo problemas – ouvidoria 37

CAPÍTULO VI - Conquistando e mantendo clientes 41

CAPÍTULO VII - Estudo de caso – Hospital Copa D’Or 46

CAPÍTULO VIII - Como fazer? 59

CONCLUSÃO 64

BIBLIOGRAFIA 66

ÍNDICE 68

FOLHA DE AVALIAÇÃO 69

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INTRODUÇÃO

O hospital é um local onde as pessoas “não desejam estar”, a não ser

que se proponham a realizar algum procedimento estético (que não seria

necessário para sua saúde). Portanto a equipe de marketing de um hospital

deve estar preocupada em atrair clientes (em sua maioria pacientes) e fazer

com que estes clientes voltem ao hospital quando necessário ou quando

desejado e recomendem o hospital para outras pessoas.

Para isso deve ser valorizada a qualidade em atendimento aos

pacientes, acompanhantes e médicos, pois um cliente bem atendido e

satisfeito divulga o hospital. Já um cliente insatisfeito, além de não retornar ao

hospital, ainda faz um marketing negativo deste, prejudicando a imagem do

estabelecimento.

Muitas vezes a equipe do hospital (médicos, enfermeiros, e outros

profissionais) se preocupam demais com o atendimento técnico do paciente,

ou seja, fazer um curativo ou um exame físico, e se esquecem de que estão

em contato não só com uma doença e um paciente, mas também com um ser

humano, um cliente, que tem percepções, emoções e, principalmente, que vai

ter uma opinião sobre o atendimento que recebe e sobre o hospital. Neste

“momento da verdade”, não só a capacidade técnica é importante, mas

também o bom atendimento, a cortesia e a educação. Assim o paciente, um

cliente, vai se sentir bem tratado e a probabilidade de que sua opinião sobre o

serviço e sobre o hospital seja boa é maior.

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Os clientes de um hospital enfrentam demoras no atendimento e na

solução de problemas, se a equipe não estiver treinada para atendê-los

prontamente. Não só o paciente que chega em uma emergência precisa de

atendimento rápido, mas também aqueles pacientes internados, seus

acompanhantes e médicos. O atendimento deve ser ágil tanto em relação a

emergências médicas quanto em relação aos serviços de hotelaria que o

hospital oferece.

Por isso deve-se procurar a solução imediata dos problemas

relacionados aos clientes ou dar uma satisfação para estes em relação à

solução ou andamento do processo, por isso não pode haver demora na

passagem das informações e o atendimento deve ser ágil. É importante

também que a hotelaria do hospital seja perfeita, para que pacientes e

acompanhantes se sintam confortáveis e “em casa”. Os médicos assistentes

devem receber bom atendimento e a equipe do hospital deve ser solícita em

atendê-los.

Um fator que atrai clientes para um hospital é sua infra-estrutura e

tecnologia. Um hospital limpo, organizado, com lay-out “clean” e com

equipamentos modernos faz com que médicos e pacientes se sintam seguros

e confiantes para realizar seus procedimentos.

O hospital deve buscar excelência em atendimento e excelência na

prestação de serviços. É importante objetivar sempre a satisfação do cliente

(seja ele paciente, acompanhante ou médico) e atender suas necessidades e

desejos.

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Esta monografia irá abordar os aspectos do marketing hospitalar, como

atendimento ao cliente, tanto em hotelaria quanto em prestação de serviços, a

resolução dos problemas com relação ao cliente e a conquista e fidelidade

destes clientes.

Por fim será analisado um estudo de caso de um hospital da rede

privada, avaliando suas estratégias de marketing em relação aos diferentes

clientes, apontando os problemas e propondo soluções e melhorias.

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CAPÍTULO I

A ESTRUTURA DE UM HOSPITAL

O hospital, por se tratar de um serviço relacionado aos cuidados com a

saúde e com a vida das pessoas, deve ter lay-out estrutural e organização de

funcionários de forma a tornar o atendimento ágil e organizado, minimizando

as demoras no atendimento e insatisfação do cliente, seja ele paciente,

acompanhante ou médico. Os principais setores físicos do hospital

compreendem:

• Recepção / setor de internação: onde o paciente que vai se internar

faz o seu cadastro ou onde médicos e acompanhantes são recepcionados.

Geralmente é o primeiro contato do cliente com o hospital, é o primeiro

“momento da verdade”, daí a importância desta recepção ser perfeita,

principalmente se levarmos em consideração que “a primeira impressão é a

que fica”.

• Emergência: por onde chega o paciente que precisa de atendimento

emergencial, acompanhado ou não de seu médico ou acompanhante. Este

paciente não necessariamente vai permanecer no hospital por muito tempo,

porém precisa de cuidados rápidos e eficientes. Deve receber excelente

atendimento técnico (de médicos, enfermeiros, etc.), para que restabeleça sua

saúde o mais rápido possível. Como estes clientes estão em momentos de

nervosismo, ansiedade e expectativa, devem ser bem atendidos por parte de

toda a equipe para que não fique uma imagem negativa do serviço.

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• Laboratório: os clientes que procuram o laboratório do hospital o

fazem para realizar algum tipo de exame, portanto vão permanecer por pouco

tempo no estabelecimento. Mas mesmo esses clientes são importantes para o

hospital e devem ser bem atendidos e receber um serviço de qualidade.

• Internação: é o setor do hospital onde se deve ter o maior cuidado

em relação ao atendimento e prestação de serviços, pois compreende os

andares (ou alas) onde os pacientes ficam internados, seja em CTI, quartos ou

enfermarias. Muitas vezes os pacientes internados permanecem por vários

dias no hospital, aumentando assim a probabilidade de ocorrerem reclamações

quanto ao atendimento, demora nos serviços, etc. Por isso toda a equipe do

hospital deve estar muito atenta a estes clientes e prestar sempre um

atendimento e serviço de qualidade.

• Restaurante / lanchonete: os clientes que freqüentam estes locais do

hospital são os médicos e acompanhantes dos pacientes. Nestes locais deve

haver atenção quanto ao atendimento e também muita atenção em relação à

higiene do local, para passar uma imagem de limpeza e organização.

De acordo com Rodrigues:

“O edifício, clínica de saúde, deve ser projetado pensando

no futuro, com a preocupação permanente de que os

espaços estão susceptíveis aos avanços da medicina,

representados pelo surgimento ou substituição de

procedimentos médicos, técnicos ou organizacionais, que

geram transformações no conjunto de recursos humanos,

instalações, equipamentos e, conseqüentemente,

espaços físicos”. (RODRIGUES, 2001, p. 9).

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Em qualquer setor do hospital cada um dos vários funcionários é

responsável por manter a organização e por prestar bom atendimento e serviço

aos clientes. Desde o funcionário responsável pela limpeza até os cargos de

chefia, todos devem ser atenciosos e prestativos, principalmente quando

estiverem em contato com os clientes, para que estes se sintam bem

atendidos e para passar uma imagem positiva do hospital.

O hospital (e qualquer outra empresa que preste serviços) deve

adaptar seu serviço às necessidades e expectativas do cliente. Ficando

satisfeito em suas necessidades e desejos, o cliente gera uma propaganda

boca a boca positiva, sendo um ótimo fator para manter uma boa imagem do

hospital no mercado.

Para que os serviços sejam bem executados e o cliente seja bem

atendido, é necessário que a estrutura do hospital, tanto em área física quanto

em quadro de pessoal (funcionários) seja bem organizada. Os funcionários

devem saber bem quais são suas funções e como executá-las, para que não

ocorram intercorrências e atrasos no serviço prestado ao cliente.

Muitas vezes os clientes de um hospital queixam-se das demoras na

resolução de problemas burocráticos (fechamento de conta, problemas com

convênios médicos, etc.), da demora na própria prestação do serviço (seja a

realização de um curativo, entrega de uma refeição ou realização de um

exame) e da dificuldade para conseguir entrar em contato com um

determinado profissional (médicos, psicólogos, etc.). Esses problemas podem

ser resolvidos ou ao menos minimizados através de uma estrutura hospitalar

bem definida e bem organizada, áreas físicas bem projetadas, profissionais

treinados para servir e atender bem o cliente e, ainda, promovendo um

ambiente agradável para que o cliente se sinta confortável.

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A estrutura de um hospital particular deve se assemelhar a um hotel,

que tem o objetivo principal de acomodar pessoas. Como muitas vezes no

hospital o paciente (que é um cliente) precisa permanecer internado por mais

de um dia, é indispensável que exista uma boa acomodação para a

restauração da sua saúde e para o conforto dos seus acompanhantes

(Rodrigues, 2001).

Segundo Lucas (1994), no caso de um hospital, o cliente está presente

no momento da prestação do serviço, por isso deve haver um cuidado maior

com as instalações físicas, decoração do hospital, postura dos funcionários,

contato com o médico, etc., ao contrário de um serviço onde o cliente não

precisa estar presente (por exemplo, no conserto de um carro).

O ambiente físico do hospital (iluminação, decoração, cores utilizadas,

existência de placas de informação, etc.) e também as facilidades e confortos

oferecidos para o cliente (localização do hospital – se possui fácil acesso,

estacionamento, disponibilidade de canais a cabo nos quartos, etc.) constituem

diferenciais do serviço, destacam um hospital de seus concorrentes (Lucas,

1994).

Portanto, uma boa localização do hospital (facilidade de acesso), boa

estrutura física, ambiente confortável e quadro de funcionários bem organizado

constituem indicadores da qualidade do serviço prestado, porém, como será

analisado mais adiante nesta monografia, vários outros fatores vão influenciar

a qualidade do serviço e a percepção do cliente, devendo o hospital estar

atento a todos esses fatores para que consiga sucesso no atendimento ao

cliente.

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CAPÍTULO II

OS CLIENTES DO HOSPITAL

A primeira resposta que surge quando pergunta-se “quem é o cliente

do hospital?” é: o paciente. Entretanto, apesar do paciente ser o principal

cliente do hospital, aquele que gera lucro e requer mais cuidados, ele não é o

único. Um hospital particular possui como clientes:

• O paciente: é o que “move” o hospital, porque sem estes um hospital

deixa de existir. Eles utilizam os principais serviços e os mais caros do hospital,

como internação, realização de exames, procedimentos cirúrgicos, etc. Citando

Lucas:

“[...] mais do que nunca, hospitais, clínicas e médicos

estão aprendendo que os pacientes são pessoas que

constituem mercados, e que mercados têm necessidades

que devem ser atendidas.” (LUCAS, 1994, p. 49).

• Os acompanhantes do paciente: muitas vezes são os

acompanhantes que realizam os procedimentos burocráticos, como internação,

fechamento de conta, etc. Estes utilizam vários serviços do hospital, como

lanchonete, restaurante, utilizam as instalações físicas, etc., e entram em

contato com muitos funcionários do hospital (às vezes até mais que os

pacientes). O acompanhante é um cliente que requer muito cuidado do hospital

em relação ao atendimento pois, como não está no leito do hospital, tende a

prestar mais atenção no que acontece à sua volta e também tende a queixar-

se mais em relação a um atendimento sem qualidade.

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• Os médicos do paciente: vários pacientes procuram um hospital (seja

para a realização de cirurgia, atendimento de emergência ou tratamento

clínico) por indicação do seu médico. Além disso os médicos também utilizam

serviços e instalações do hospital e entram em contato com a equipe de

funcionários. Portanto os médicos devem receber não só bom atendimento e

prestação de serviço, mas também devem poder contar com boas instalações

físicas e equipamentos modernos para a realização de cirurgias, além de uma

equipe competente e coesa de enfermagem.

• Clientes do laboratório: no caso de hospitais que possuem

laboratório, algumas pessoas procuram o hospital não para emergência ou

internação, mas somente para a realização de exames. Estes clientes

permanecem por pouco tempo no hospital, mas também devem receber bom

atendimento e serviço, pois se satisfeitos utilizarão novamente o laboratório em

outra ocasião e podem dar preferência ao hospital em questão no momento de

uma emergência ou internação.

• Convênios médicos: a relação hospital/convênios médicos é muito

delicada, pois atualmente os gestores de hospitais têm-se queixado bastante

de que os convênios não “pagam” as contas dos pacientes conveniados. E a

maioria dos pacientes que utilizam o hospital particular o fazem por meio dos

convênios. Poderia-se dizer então que os convênios médicos são “clientes

ruins”? A grande questão, aliás um imenso entrave nos serviços de saúde do

Brasil é o círculo vicioso que se forma em relação aos convênios: a oferta de

um sistema público de saúde ruim e os altos preços dos serviços médico-

hospitalares faz com que as pessoas paguem por planos de saúde, e estes

também são muito custosos para a maioria da população, mas ao mesmo

tempo os planos não estariam pagando adequadamente os hospitais... e surge

um emaranhado de problemas. Mas essa é uma discussão para outra

monografia.

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De acordo com Pilares:

“Como cliente considera-se toda pessoa que entra em

contato com a empresa para solicitar um serviço, falar

com um funcionário ou simplesmente pedir uma

informação.” (PILARES, 1998, p. 72).

A qualidade deve ser encarada sob a perspectiva dos diferentes

clientes e de todos os envolvidos no processo de prestação de serviços de

saúde. Para o paciente a qualidade hospitalar pode ser o fato de ser tratado

com respeito e empatia. Para um médico, pode ser o emprego dos mais

avançados conhecimentos e técnicas (Lucas, 1994).

O cliente é o maior potencial de marketing de uma empresa, por isso

esta deve ter uma estratégia de marketing centrada no cliente, deve “encantar”

o cliente. Segundo Lucas (1994), o principal objetivo do marketing de

relacionamento “é a criação de verdadeiros clientes, ou seja, aqueles que

estão satisfeitos com a empresa, que percebem que estão recebendo o valor

adequado e sentem-se valorizados, e que muitas vezes podem até se dispor a

pagar um preço mais alto do que fariam a determinado concorrente.” (p. 38). E

o hospital está numa esfera na qual a estratégia básica é o marketing de

relacionamento, o qual é centrado no contato empresa/cliente, baseando-se na

confiabilidade e na qualidade percebida pelo cliente. Nessa estratégia é dada

maior ênfase à venda pessoal, ao contrário de outras estratégias que

enfatizam mais a comunicação por propaganda (Lucas, 1994).

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Sendo assim, apesar do paciente ser o cliente mais importante do

hospital, todos devem receber bom atendimento e serviço, pois clientes

satisfeitos geram uma comunicação, uma propaganda boca-a-boca positiva e,

segundo Hopson (1996): “um cliente satisfeito é um anúncio vivo e ambulante

de seu negócio.” (p. 199).

E já que a qualidade na prestação de serviço resulta na satisfação

plena do cliente, é necessário que o hospital conheça muito bem seus clientes

para que possa bem ser sucedido. De acordo com Enseñat:

”É necessário ressaltar, no entanto, que não só os

trabalhadores da linha de frente, que têm contato direto

com o consumidor, precisam saber quem é o cliente da

empresa. É fundamental que todos os demais procurem

conhecer o perfil da clientela, pois se não sabem a quem

os serviços se destinam, como poderão aperfeiçoa-los?

[...] Não se pode desprezar a idéia de que é o cliente

quem vai ajudar a organização a tornar-se cada vez

melhor. E é ele que a ajuda a crescer, toda vez que a

procura”. (ENSEÑAT, 2002, p. 27)

Portanto, é fundamental que o hospital saiba quem são seus clientes,

como eles pensam, do que necessitam e o que desejam, para que possa

prestar um serviço de qualidade, que atenda às necessidades do cliente e o

satisfaça em seus desejos. O hospital deve procurar conhecer também a

opinião dos clientes sobre seus serviços para que possa melhorá-los.

Conseguindo uma relação mais estreita com seus clientes, o hospital conquista

a confiança destes e adquire vantagens para competir com seus concorrentes.

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CAPÍTULO III

EXCELÊNCIA EM ATENDIMENTO- HOTELARIA

Atualmente os hospitais particulares se caracterizam não só pela

prestação de serviços médico-hospitalares, mas também pelo atendimento ao

cliente e pelos serviços de hotelaria oferecidos a este. Portanto o hospital deve

buscar não só a excelência em prestação de serviços mas também a

excelência em atendimento.

Segundo Whiteley:

“Tanto nas companhias de serviços como nas indústrias,

as políticas e os procedimentos são, muitas vezes,

projetados por conveniência de um departamento interno,

e não para o benefício do cliente. Esse estado de coisas

assemelha-se, até certo ponto, à enfermeira que acorda o

paciente para administrar uma pílula não porque esteja na

hora de tomá-la, mas porque seu turno está terminando.

Nem a companhia, nem a enfermeira são orientadas por

uma visão com enfoque no cliente.” (WHITELEY, 1998, p.

95).

Em um hospital existem profissionais diretamente relacionados com o

atendimento ao cliente, como recepcionistas, telefonistas, auxiliares de

atendimento, etc. Porém vários outros funcionários entram em contato com o

cliente e todos que tiverem contato direto ou indireto com este, não importa o

nível hierárquico do funcionário dentro da empresa, serão considerados

pessoas envolvidas na função de atendimento (Pilares, 1998).

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Porém, treinamento e motivação para prestar um bom serviço são itens

essenciais para melhorar a qualidade do atendimento. Segundo Hopson

(1996), os funcionários da linha de frente são muito importantes porque estão

em contato direto com o cliente, mas quase sempre seus salários são baixos,

recebem menos treinamento e são tratados com menos dignidade que os

outros funcionários.

Os gestores de hospitais têm que ter em mente que a qualidade dos

atendimentos não pode ser considerada algo opcional; os programas de

qualidade em atendimento devem ser vistos como investimento e não como

custos (Hopson, 1996). Por isso a importância de existirem treinamentos

constantes em atendimento com os funcionários.

Segundo Whiteley (1998), os problemas com atendimento ao cliente

muitas vezes aumentam à medida que as empresas crescem, e é preciso

eliminar as barreiras ao atendimento ao cliente para obter a satisfação deste e

ao mesmo tempo reduzir custos. Para “quebrar” estas barreiras, a empresa

deve enfatizar o trabalho em equipe, eliminar as políticas desnecessárias e

inamistosas com o cliente, reduzir as transferências de serviços (pois cada

transferência dá margem a mal entendido, atrasos e erros), reduzir o número

de etapas na prestação dos serviços, etc. (Whiteley, 1998).

“Nos sistemas de produção ou de prestação de serviços

complexos, o número de processos a ser executado é

enorme, e a preparação para cada processo leva tempo.

Em virtude disso, as pessoas tentam minimizar o tempo

de preparação realizando os serviços em grandes lotes.

[...] O agrupamento dos serviços em grandes lotes retarda

toda a organização, impedindo-a de responder com

rapidez às necessidades dos clientes.” (WHITELEY,

1998, p. 102).

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Em um hospital também podem existir problemas com o atendimento e

da mesma forma as barreiras devem ser eliminadas. Os funcionários precisam

reconhecer que eles são a ponte de ligação entre o cliente e a empresa, e que

para o cliente, o funcionário é a própria empresa (Pilares, 1998).

Nas empresas prestadoras de serviço, muitos funcionários lidam

diretamente com o cliente, então a excelência nessa área depende de auxiliar

os funcionários a se preocuparem com os clientes, em uma jornada de

trabalho que pode ser emocionalmente exaustiva. E a própria proximidade dos

clientes, capazes de criar um número infinito de situações imprevisíveis,

representa uma barreira à fixação dos altos padrões necessários à excelência.

(Whiteley, 1998).

Os gostos e preferências dos clientes se alteram, e é importante obter

o feedback destes, medir os desejos dos clientes e se estão sendo satisfeitos,

coletar informações deles para monitorar o desempenho de serviços e para

avaliar necessidades futuras. Deve-se monitorar e realizar características de

qualidade para ajudar a superar as expectativas do cliente atual. O

crescimento máximo na participação do mercado será obtido satisfazendo-se

as expectativas e necessidades que os clientes da empresa ainda não sabem

que possuem. Conferir confiabilidade e desempenho conquistador de clientes.

(Whiteley, 1998 e Hopson, 1996).

Não adianta um hospital prestar ótimos serviços médico-hospitalares

se não presta um bom atendimento ao cliente. Muitas vezes, principalmente

em hospitais particulares, os clientes queixam-se não do serviço que

receberam, mas do atendimento dispensado a ele. Falta de cortesia, atrasos

no atendimento e funcionários que demonstram estar atendendo por

obrigação, não prestativos e despreparados para lidar com pessoas são as

principais queixas dos clientes nos hospitais em relação ao atendimento.

Segundo Whiteley:

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“ Os clientes têm experiências desagradáveis porque:

• os empregados não sabem que sua função é criar

experiências felizes;

• os empregados não recebem os recursos de que

necessitam para concretizar esse atendimento;

• os empregados carecem do treinamento para usar os

recursos de que dispõem;

• os empregados recebem incentivos que não os

encorajam a trabalhar para os clientes.” (WHITELEY,

1998, p. 110, 111).

Existe ainda uma diferenciação entre atendimento e tratamento: no

atendimento, existe uma relação de dependência entre funcionário e empresa,

e está diretamente ligado aos negócios que a empresa pode ou não realizar de

acordo com suas normas e regras. No tratamento, o principal aspecto é a

forma como o funcionário se dirige ao cliente, não dependente dos negócios da

empresa, dependendo somente do funcionário (Pilares, 1998). Usualmente,

quando se pensa em atendimento, já se embute a idéia de tratamento. De

qualquer forma, o hospital deve cuidar para que seus clientes recebam bom

atendimento e tratamento, e fiquem satisfeitos em todos os aspectos do

serviço.

De acordo com Pilares:

“Um cliente bem tratado pode acabar não sendo atendido

em seus negócios. Mesmo assim, não levará uma

imagem negativa da empresa. O inverso, porém, não

ocorre. A empresa pode estar estruturada para atender

ao cliente mas, se não tiver funcionários preparados para

lhe dispensar o devido tratamento, colocará em risco todo

o seu investimento.” (PILARES, 1998, p. 74).

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No entanto esta idéia de Pilares não é válida totalmente para um

hospital. Se um cliente vai a um estabelecimento comercial procurar um

determinado produto e não o encontra, ele realmente não é atendido em sua

necessidade, mas se for bem tratado não sai com uma imagem negativa do

estabelecimento. Porém se um cliente chega em um hospital procurando

atendimento médico (ainda mais se for em emergência), não adianta ele ser

bem tratado, pois se não for atendido em sua necessidade existe grande

chance dele levar uma imagem ruim da empresa.

A preparação do funcionário para o tratamento ao cliente deve fazer

parte da preocupação da empresa com o atendimento, e é importante também

entender o conceito de atendimento diferenciado, pois os clientes gostam de

ser tratados de forma diferenciada, como pessoas únicas e especiais. O cliente

espera que a empresa reconheça a importância de sua pessoa e de sua

solicitação. Um “atendimento diferenciado e competente gera uma imagem

positiva da empresa na mente do cliente, que vê satisfeitas suas necessidades

e expectativas” (PILARES, 1998, p. 75). Como atendimento diferenciado,

portanto, entende-se o tratamento único que o funcionário dispensa a cada

cliente. (Pilares, 1998).

Para finalizar este capítulo, abordam-se abaixo os “princípios básicos

para o bom relacionamento com o cliente” (p. 82) de acordo com Pilares

(1998):

• ser conscientemente cortês: o funcionário deve atender bem a

qualquer cliente, sem preconceitos, mesmo que este cliente não cause uma

boa impressão inicial;

• dar boas vindas: o funcionário deve cumprimentar a todos com um

sorriso e ser agradável;

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• atendimento imediato: o funcionário não deve deixar os clientes

esperando. Pelo menos atender inicialmente, para dar uma primeira satisfação;

• mostrar boa vontade: cumprimentar a todos, tanto os outros

funcionários quanto os clientes. A gentileza deve estender-se a toda a

empresa, e não só ao setor onde o funcionário trabalha;

• dispensar atenção ao cliente: o cliente deve ser tratado como alguém

importante, deve se sentir bem vindo;

• agir com rapidez: resolver o problema do cliente o mais depressa

possível, mas sem passar a impressão de que quer “se ver livre” dele, agindo

sem descaso ou irritação;

• prestar orientação segura: se o funcionário não é a pessoa que

melhor poderia atender ao cliente, este deve orientá-lo clara e cortesmente;

• evitar termos técnicos: o funcionário não deve utilizar termos

complexos diante de um cliente que os desconhece, e deve evitar também

abreviações e siglas. O funcionário deve usar expressões simples e ser

paciente com o cliente;

• não dar ordens: o funcionário jamais deve ordenar coisas aos

clientes;

• chamar um chefe, em casos especiais: diante de um cliente

imperioso, o funcionário deve procurar ajuda em escalões superiores;

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• evitar atitudes negativas: expressões negativas tendem a criar um

clima negativo. O funcionário deve evitar utilizar expressões como “não pode”,

“está errado”, etc.;

• falar a verdade: é melhor o funcionário assumir uma falha que dar ao

cliente a impressão de que esconde informações ou omite problemas;

• dar atenção às reclamações: o funcionário deve estar atento a

qualquer reclamação, queixa ou sugestão por parte do cliente, devendo

encaminhá-las ao superior imediato;

• agir como um bom cartão de visita: o funcionário deve lembrar que

sua imagem corresponde à imagem da empresa. Vestuário adequado e

linguagem correta, por exemplo, passam uma boa imagem da empresa;

• cuidados pessoais no ambiente de trabalho: o funcionário deve ter

em mente que faz parte do seu ambiente de trabalho, deve mantê-lo sempre

organizado.

Concluindo, todos os funcionários de um hospital devem estar atentos

ao bom atendimento ao cliente, em qualquer situação ou setor. A

administração do hospital deve promover programas de treinamento em

atendimento e deve motivar seus funcionários a realizarem um bom

atendimento, sendo importante também a organização e boa comunicação

entre os diferentes setores, para reduzir o tempo de espera do cliente e o

fornecimento de informações erradas ou confusas.

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CAPÍTULO IV

EXCELÊNCIA EM PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

Os serviços oferecidos pelos hospitais são os médico-hospitalares. Um

cliente procura o hospital para realizar um exame, submeter-se a uma cirurgia,

realizar um tratamento clínico ou por uma emergência. Algumas vezes os

clientes de um hospital estão realizando tratamentos estéticos, mas em sua

maioria os clientes entram em um hospital a procura de tratamentos para

promover sua saúde, o que torna o hospital uma empresa cujos serviços

oferecidos devem ser impecáveis, perfeitos, procurando o melhor resultado

para o cliente: a melhora da saúde e o salvamento de vidas.

Segundo Cobra:

“O serviço ao cliente é a execução de todos os meios

possíveis de dar satisfação ao consumidor por algo que

ele adquiriu”. (COBRA, 1989, p. 409).

Lucas define a prestação de serviços no hospital:

“A missão do hospital é prestar assistência médico-

hospitalar à população, logo o enfoque de marketing deve

ser dado ao atendimento das necessidades individuais

dois clientes, das necessidades coletivas de saúde da

população e adequação do produto para que ele seja

compatível como nível de exigência de padrão de

qualidade do consumidor”. (LUCAS, 1994, p. 22).

De uma forma geral, os serviços possuem quatro características:

intangibilidade, inseparabilidade, variabilidade e perecibilidade.

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• Intangibilidade: de acordo com Kotler e Armstrong,

“[...] os serviços não podem ser vistos, provados,

sentidos, ouvidos ou cheirados antes da compra. [...] Para

reduzir a incerteza, os compradores buscam ‘sinais’ da

qualidade de serviço. Tiram suas conclusões a respeito

da qualidade com base nas instalações, no pessoal, nos

preços, nos equipamentos e nas comunicações, que é o

que podem ver”. (KOTLER E ARMSTRONG, 2004, p.

224).

E, de acordo com Grönroos,

“Um serviço é normalmente percebido de maneira

subjetiva. Quando os serviços são descritos pelos

clientes, expressões como experiência, confiança, tato e

segurança são utilizadas”. (GRÖNROOS, 1993, p. 38).

• Inseparabilidade: os serviços não podem ser separados de seus

fornecedores. Existe uma interação entre o prestador de serviço e o cliente, e

ambos afetam o resultado do serviço (Kotler e Armstrong, 2004). De acordo

com Lucas,

“[...] é no momento de contato prestador de serviço-

consumidor, que o primeiro tem a chance de provar sua

competência e conquistar o cliente [...]”. (LUCAS, 1994, p.

7).

• Variabilidade: a qualidade dos serviços depende de quem fornece e

de quando, onde e como eles são fornecidos (Kotler e Armstrong, 2004).

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• Perecibilidade: os serviços não podem ser armazenados, são

produzidos e consumidos simultaneamente (Kotler e Armstrong, 2004).

Pode-se observar, portanto, que a qualidade do serviço prestado

depende de vários fatores e, no caso de um hospital, a percepção da

qualidade muda ao longo da internação do paciente e muda também de cliente

para cliente. E já que a qualidade do serviço é definida de acordo com a

percepção do cliente, para prestar um serviço de qualidade a empresa deve

saber o que o cliente está esperando, quais são suas expectativas quanto à

qualidade do serviço.

As estratégias de marketing de um hospital devem levar em conta

também as estratégias dos concorrentes, e o hospital deve executar um

serviço de qualidade superior ao de seus concorrentes para obter a fidelidade

dos clientes, pois a retenção do cliente pode ser a melhor medida da qualidade

do serviço. A empresa deve observar de perto a execução do serviço e de

seus concorrentes (Kotler e Armstrong, 2004).

Os hospitais, assim como outras empresas, devem cuidar para que os

clientes sempre recebam serviços de qualidade a cada execução. Porém a

qualidade dos serviços é variável e depende de quem o executa e da

qualidade da execução, depende da interação entre funcionário e cliente. O

funcionário deve interagir com o cliente a fim de satisfazer suas necessidades

e não só prestar um serviço técnico de qualidade (Kotler e Armstrong, 2004).

O que acontece nas horas de interação funcionário/cliente terá um

impacto crítico sobre o serviço prestado, portanto não só o resultado do serviço

em si conta como qualidade percebida pelo cliente, também influenciam como

os prestadores de serviço executam a tarefa, o que dizem, como se

comportam, etc. Todos esses fatores contam para a qualidade percebida pelo

cliente (Grönroos, 1993).

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De acordo com Grönroos:

“O processo da produção de serviço e da entrega tem

sempre que ser planejado e executado de forma que não

ocorram horas da verdade mal administradas. Se estas

situações fugirem do controle, existe um risco evidente de

que problemas inesperados de qualidade possam

ocorrer”. (GRÖNROOS, 1993, p. 56).

Compreende-se então que o hospital deve se preocupar não somente

em prestar serviços de qualidade, mas também deve pensar na qualidade da

execução destes serviços e orientar o comportamento dos funcionários no

momento desta execução. Tanto as necessidades que determinam o que os

clientes procuram e os desejos que se relacionam a como eles desejam que o

prestador de serviço se desempenhe são de vital importância para o

desenvolvimento das expectativas do cliente (Grönroos, 1993).

Atualmente é cada vez maior a pressão que os hospitais sofrem para

aumentar a produtividade de seus serviços, aumentando o lucro. Porém

quando ocorre uma redução de custos o hospital pode acabar reduzindo a

qualidade dos serviços na forma em que são percebidos pelos clientes, ou

seja, ocorre um aumento da quantidade de serviço e redução de custos em

detrimento de alguma qualidade. Por isso, mesmo quando o hospital precisa

reduzir custos, é preciso encorajar e autorizar os profissionais a prestar um

bom serviço (Grönroos, 1993 e Kotler e Armstrong, 2004).

Além disso, as tentativas de cortar os custos podem aumentar a

produtividade do hospital a curto prazo, mas reduz a capacidade de inovar, de

manter a qualidade dos serviços ou de atender às necessidades e desejos dos

clientes a longo prazo (Kotler e Armstrong, 2004).

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De acordo com Grönroos:

“Qualquer economia inicial de custos, com freqüência,

acaba sendo marginal a longo prazo. O absenteísmo dos

empregados devido a doenças e outras razões tende a

crescer. Pessoal extra, sem treinamento adequado, tem

que ser contratado. O ambiente de trabalho e a tecnologia

utilizada talvez passem a ser tratados sem o devido

cuidado”. (GRÖNROOS, 1993, p. 126).

Lucas também cita a questão qualidade/produtividade:

“[...] é importante que as empresas entendam que

qualidade e produtividade são igualmente importantes,

não podendo-se sacrificar qualidade em nome de

aumento de produtividade. As duas juntas significam a

satisfação dos clientes e o sucesso do negócio”. (LUCAS,

1994, p. 46).

A empresa deve satisfazer as promessas fornecidas pela comunicação

externa como mercado, para que as experiências dos clientes estejam

próximas das expectativas e assim ocorra um aumento da qualidade

percebida. Sendo assim, as empresas não devem “exagerar” nas promessas,

não devem prometer serviços ou vantagens que não poderão fornecer.

Segundo Grönroos (1993): “O cumprimento das promessas é o aspecto isolado

mais importante da boa qualidade nos serviços”. (p. 211).

Por isso as empresas devem estabelecer um alto padrão de qualidade

de serviços e devem objetivar atingir a perfeição total, lembrando que uma

forma de se demonstrar a qualidade de um serviço é fornecer dados tangíveis

sobre ele. Mais do que nunca, a qualidade deixou de ser diferencial e passou a

ser fundamental para a sobrevivência das empresas, por isto estas devem

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prestar um serviço de qualidade para obter a fidelidade dos clientes (Grönroos,

1993 e Kotler e Armstrong, 2004).

O controle de qualidade tem que ter lugar no momento e no local da

produção e consumo do serviço, simultaneamente (Grönroos, 1993). De

acordo com Kotler e Armstrong:

“Relacionamento com clientes e lucratividade da empresa

estão intimamente vinculados à qualidade do produto e

do serviço. [...] A American Society for Quality define

qualidade como a totalidade de atributos e características

de um produto ou serviço que afetam sua capacidade de

satisfazer necessidades declaradas ou implícitas”.

(KOTLER E ARMSTRONG, 2004, p. 485).

Grönroos (1993) define três elementos básicos que constituem o

processo do ponto de vista gerencial:

a) Facilidade de acesso ao serviço → depende dos seguintes fatores:

- quantidade de pessoal e suas habilidades → o número de

funcionários que estão disponíveis para atender aos clientes, assim como suas

habilidades (se são ágeis, comunicativos, conhecem o serviço, etc.) são os

principais fatores para que os clientes sejam atendidos no menor tempo

possível;

- horas de atendimento e tempo utilizado para executar as tarefas →

em quanto tempo o cliente é atendido e quanto tempo o funcionário demora

para prestar o serviço ao cliente. É importante que este tempo seja o menor

possível e o cliente seja rapidamente atendido;

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- localização → a localização da empresa é muito importante para que

se defina se o serviço é acessível. Uma empresa bem localizada permite

acesso fácil (e conseqüentemente mais rápido) pelos clientes;

- interior e exterior do local → a empresa deve, em seu exterior,

permitir acesso fácil pelos clientes e, em seu interior, deve ter seus espaços

otimizados e tudo deve estar organizado de forma que os clientes tenham fácil

acesso ao que necessitam e também os funcionários tenham acesso rápido

aos materiais que precisarão para atender aos clientes. Este cuidado faz com

que o atendimento ao cliente seja mais ágil;

- ferramentas, equipamentos, documentos, etc. → a empresa deve ter

todo o material necessário para que o funcionário possa atender mais

rapidamente o cliente, reduzindo as burocracias e o tempo de espera, por

exemplo: documentos simplificados, equipamentos modernos (mais rápidos),

etc. Se a empresa possuir um sistema de auto-serviço, este cuidado também

deve ser tomado para que o cliente utilize mais rapidamente o serviço;

- número e conhecimento dos consumidores envolvidos → quanto

maior o número de consumidores esperando para serem atendidos ao mesmo

tempo em uma empresa e quanto menos eles conhecem o serviço, maior é a

probabilidade de que este atendimento seja mais demorado, por isso a

empresa deve estar preparada para lidar com esta situação sem prejudicar os

clientes.

b) Interação com a organização prestadora de serviços → depende

dos seguintes fatores:

- comunicação entre empregados e clientes → os funcionários devem

utilizar termos conhecidos dos clientes, e não termos técnicos demais, para

conversar com o cliente. O funcionário deve saber ouvir o cliente e respondê-lo

na hora certa e sempre com cortesia. Todas as informações pertinentes ao

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serviço prestado ao cliente devem ser passadas para este de forma clara e

objetiva;

- interações com recursos físicos e técnicos → os funcionários devem

conhecer e saber operar os equipamentos e/ou ferramentas que estarão

utilizando para atender ao cliente, a fim de atendê-lo da melhor forma possível

e em menor tempo. Ao mesmo tempo, todos os recursos físicos que serão

utilizados diretamente pelo cliente devem ser planejados de forma a facilitar

seu uso (máquinas de auto-serviço, instalações de sala de espera, etc.);

- interações com sistemas → os funcionários devem conhecer os

sistemas da empresa, como esta funciona, sua estrutura organizacional, para

atender melhor o cliente e encaminhá-lo a outro setor se for necessário. Os

sistemas relacionados diretamente aos clientes devem ser otimizados:

sistemas de entrega, sistemas de faturamento, sistemas de manutenção e

reparo, etc.;

- interações com outros clientes envolvidos no processo → os clientes

que estão utilizando os serviços de uma empresa podem entrar em contato

com outros clientes que também estão utilizando o serviço, e isso pode afetar

a percepção do serviço.

c) Participação do consumidor.

Mais uma vez percebe-se os vários fatores que influenciam o momento

da prestação de serviços e a qualidade percebida pelos clientes. Segundo

Grönroos (1993), nas interações comprador-vendedor, os serviços são

percebidos de várias formas, dependendo de quão acessíveis são os serviços,

quão facilmente e quão atraentes as interações são percebidas e quão bem os

clientes compreendem seu papel e suas tarefas no processo de produção do

serviço. Lucas define bem quais aspectos o cliente leva em consideração ao

escolher um serviço hospitalar:

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“Em geral, a decisão do paciente não se baseia

fortemente em aspectos técnicos do tratamento médico

em si, ou nos recursos tecnológicos do hospital,

simplesmente porque ele não tem capacidade para julgar

isto; mas sim, o quarto, a comida, o processo de

admissão, facilidade de estacionamento, cordialidade das

pessoas, prontidão nas respostas e principalmente a

maneira pela qual o paciente é tratado como pessoa. São

estes os padrões que os pacientes utilizam para

avaliarem os serviços de saúde”. (LUCAS, 1994, p. 50,

51).

Segundo Grönroos (1993), para que o cliente tenha uma boa

percepção do serviço, a empresa deve observar alguns determinantes:

- confiabilidade: a empresa deve desempenhar de forma correta o

serviço e no tempo previsto;

- rapidez de resposta: prestação imediata do serviço e em tempo

adequado;

- competência: todos os envolvidos possuem habilidade e

conhecimento necessários para executar o serviço;

- acesso: o serviço é executado em local conveniente, sem tempo de

espera extenso para recebê-lo, com horas convenientes de operação;

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- cortesia: o funcionário que entra em contato como cliente deve ter

aparência limpa e arrumada e todos os funcionários precisam ter boas

maneiras, respeito, consideração e contato amigável;

- comunicação: manter os clientes informados em linguagem que

possam compreender, ouvir os clientes e explicar o serviço, quanto ele custa, e

assegurar ao cliente que o problema dele vai receber atenção;

- credibilidade: confiança, crédito, honestidade, envolvimento com os

interesses do cliente, nome da empresa e sua reputação;

- segurança: nos aspectos físico / financeiro / confidenciabilidade;

- compreender e conhecer o cliente: compreender as necessidades do

cliente, conhecer suas exigências específicas e fornecer atenção

individualizada, além de reconhecer o cliente assíduo;

- determinantes tangíveis (evidências físicas): instalações físicas,

aparência do pessoal, ferramentas e equipamentos utilizados para fornecer o

serviço, etc.;

- capacidade de recuperação: se algo inesperado ou errado acontece,

existe alguém preparado para lidar com a situação e manter os clientes no

controle da situação.

Os gestores dos hospitais devem então estar atentos a todos estes

itens citados e a todos os fatores que se relacionam com a qualidade do

serviço prestado e com a qualidade percebida pelo cliente. O hospital precisa

ter em mente que uma campanha publicitária bem planejada e bem executada

por si só não leva a bons resultados, é necessário que todo o pessoal de

operações e de contato com o cliente execute bem o serviço.

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O hospital forma sua imagem no mercado por meio da qualidade dos

serviços oferecidos, por isso deve buscar excelência no atendimento e no

serviço, gerando clientes satisfeitos e garantindo o lucro. O hospital deve

oferecer um trabalho não só técnico, mas também humano e deve oferecer

não só saúde, mas também apoio psicológico, conforto e segurança ao

paciente e sua família, deve orientar o paciente para os cuidados depois da

alta hospitalar, esclarecer dúvidas, etc. Lembrando-se também de que existe

esperança, ansiedade e angústia por parte do paciente e uma promessa de

cura por parte do prestador de serviço.

Segundo Lucas:

“[...] há uma tendência de termos uma participação maior

dos pacientes na decisão de onde receberão o

tratamento, e uma certa disposição crescente destes

pacientes de trocarem de médico, clínica ou hospital, se

não estiverem satisfeitos com o serviço e o tratamento

recebido”. (LUCAS, 1994, p. 50).

Pode-se concluir então que, se o hospital não presta um serviço de

qualidade, ele possui grande chance de perder o cliente, pois atualmente a

oferta de serviços médico-hospitalares é grande e o cliente pode optar por

outros hospitais se não estiver satisfeito com aquele em que foi atendido.

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CAPÍTULO V

RESOLVENDO PROBLEMAS - OUVIDORIA

Por mais que o hospital ofereça atendimento e serviço excelentes,

tenha estrutura física impecável e equipe de funcionários coesa e competente,

alguns problemas sempre podem surgir, em vários aspectos: problemas

físicos, problemas técnicos, com pessoal, problemas de atendimento, na

prestação de serviços, etc. Por isso o hospital deve ter uma equipe preparada

para resolver cada problema e assim evitar ou minimizar a insatisfação dos

clientes.

Quanto aos problemas físicos, estes podem ocorrer em qualquer

hospital, porém uma estrutura física bem planejada e manutenção constante

reduzem as chances deles acontecerem. Imprevistos como entupimentos,

vazamentos, falta de energia elétrica, etc. requerem uma equipe de

manutenção que esteja de prontidão a qualquer hora. As obras, quando

necessárias, devem ser feitas por uma equipe especializada, tomando o menor

tempo possível e de forma a não atrapalhar o fluxo e o conforto de funcionários

e, principalmente, de clientes. Além disso, os consertos e as obras muitas

vezes produzem um nível de ruído que em um hospital é indesejado, por ser

um ambiente onde o silêncio é imprescindível. Sendo assim, além de mão-de-

obra qualificada para executar esses serviços, o hospital deve ter pessoas que

entrem em contato com os clientes para explicar os transtornos, ouvir as

queixas e tentar solucionar os problemas e insatisfações deles.

Dentre os problemas técnicos que podem acontecer em um hospital,

destacam-se os defeitos em computadores, em equipamentos hospitalares e

falhas no sistema interno de comunicação. Para solucionar esses problemas

também é necessária uma equipe especializada para tal. Equipamentos extras

(que fiquem de “stand by”) também podem ser necessários. E é importante que

o cliente (se de alguma forma for afetado pelo problema) receba as

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orientações sobre o que está acontecendo e como o transtorno vai ser

resolvido.

Problemas com o quadro de pessoal infelizmente são comuns em

algumas empresas. No caso de um hospital, a falta de uma enfermeira ou de

um médico, por exemplo, afeta diretamente o serviço prestado ao cliente,

provocando atrasos, atendimentos “apressados” e insatisfação do cliente. Em

cada setor do hospital deve haver uma pessoa responsável pela avaliação

diária do quadro de funcionários e pela reposição das faltas ou reorganização

dos funcionários para que não haja prejuízos ao cliente. Os problemas com

atendimento e com a prestação de serviços foram discutidos em capítulos

anteriores.

Além dos transtornos e imprevistos que podem acontecer em um

hospital, algumas vezes os clientes possuem queixas, mesmo que tudo esteja

“perfeito”. Por isso é importante que o hospital tenha pessoas especializadas

em ouvir os clientes, suas queixas, insatisfações, etc. Geralmente este serviço

é chamado de Ouvidoria. Reclamações sempre existirão, mas o importante é

ouvir e tentar solucioná-las.

A longo prazo muitas vezes acaba-se tendo clientes insatisfeitos,

alterando a imagem do hospital. Uma pior qualidade percebida e promessas

irrealistas têm impacto negativo sobre a imagem da empresa (Grönroos, 1993).

Clientes insatisfeitos geram uma comunicação boca-a-boca negativa, o que é

muito ruim para a empresa porque esta comunicação negativa se propaga

mais rápido que a comunicação boca-a-boca positiva.

É importante então gerenciar corretamente as reclamações dos

clientes, pois se uma queixa é solucionada, se torna maior a probabilidade do

cliente em questão continuar utilizando os serviços do hospital, e ainda existe o

fato de que muitos clientes insatisfeitos preferem mudar de serviço que

reclamar. Às vezes é melhor admitir um erro ou responsabilizar-se pelo

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problema mesmo que não seja culpa do hospital, para manter ou recuperar os

clientes.

O marketing deve funcionar também para minimizar problemas como

concorrência, recursos financeiros, mão-de-obra, etc. (Lucas, 1994). A

conquista da fidelidade do cliente é essencial; se o hospital negligencia o

atendimento a reclamações ou impede que estas sejam feitas, está correndo o

risco de prejudicar sua imagem. Para obter sucesso o hospital deve dar ênfase

à satisfação dos clientes, monitorar o serviço e ter comprometimento com a

qualidade e o bom atendimento. O estreitamento da relação como cliente é

essencial.

Quando o cliente vai fazer uma reclamação, muitas vezes está nervoso

e ansiando por uma rápida e satisfatória solução e/ou justificativa. Segundo

Pilares (1998), se o cliente age de forma negativa (sendo descortês,

reclamando, gritando, etc.), o funcionário deve se manter cortês e transmitir

informações corretas, para desfazer o clima pouco cordial.

Um funcionário despreparado frente a um cliente nervoso pode ser um

imenso problema para a empresa, pois o funcionário pode não responder

adequadamente o cliente e acabar gerando mais insatisfação. Por isso a

importância do hospital ter uma equipe (ou ao menos um funcionário) de

Ouvidoria, pois são pessoas treinadas e especializadas em ouvir os clientes,

conhecer suas queixas e insatisfações sem mostrar desagrado ou irritação, ao

contrário, mostrando-se receptivos, pacientes e preocupados em resolver o

mais rapidamente possível o problema do cliente. Essa equipe é responsável

também por entrar em contato com os diferentes setores do hospital, levando

as queixas dos clientes e tentando resolver o problema imediato e evitar

futuros problemas.

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Do ponto de vista do paciente, um bom hospital não é só aquele que

possui bons médicos e as mais avançadas tecnologias e tratamentos; um bom

hospital deve ter também bom atendimento e tratar o paciente como pessoa e

não como uma conta bancária ou um plano de saúde; o paciente também não

deve ser tratado como uma doença, ele deve receber calor humano e ser

tratado com respeito. Os funcionários devem ser instruídos a respeitar horários

e atender com agilidade.

Segundo Rodrigues:

“Mesmo as pessoas que vão somente para uma consulta

ou cirurgias pequenas precisam de um ambiente

agradável, onde sintam-se bem. Quase todas as pessoas

apresentam uma certa aversão ao hospital, pois

inconscientemente fazem a correlação do hospital com a

morte, e não com a vida, através da recuperação da

saúde”. (RODRIGUES, 2001, p. 9).

Verifica-se então a importância do hospital se preocupar em ouvir seus

clientes, saber o que eles estão pensando, se estão satisfeitos ou não, suas

ansiedades e expectativas... e, principalmente, o hospital deve se preocupar

em resolver os problemas do cliente, da melhor forma possível e em pouco

tempo. O hospital deve também evitar que os problemas aconteçam, cuidando

de todos os setores e departamentos pertinentes ao atendimento e serviço

prestado ao cliente. Tomando esses cuidados, certamente o hospital terá

clientes satisfeitos e conseguirá alcançar o sucesso desejado.

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CAPÍTULO VI

CONQUISTANDO E MANTENDO CLIENTES

Atualmente, as empresas já têm em mente que é importante não só

conquistar clientes, mas também mantê-los fiéis à empresa, e isto é

fundamental para que ela obtenha sucesso. E, além de atrair e reter clientes,

as empresas devem também tentar aumentar a participação do cliente, fazer

com que este utilize mais um serviço, utilize outros serviços, e por um maior

número de vezes (Kotler e Armstrong, 2004).

Uma pessoa que forma uma imagem negativa da empresa pode

passar essa impressão para muitas outras pessoas, e estas passam para mais

pessoas, gerando uma opinião pública negativa da empresa. Segundo Pilares

(1998), a opinião pública é a imagem que as pessoas (clientes ou não) têm da

empresa, independente do contato entre as pessoas, sendo formada de

maneira subjetiva; essa imagem resulta de todas as experiências, impressões

e posições apresentadas em relação a essa empresa, sendo então importante

que o público forme uma imagem positiva da empresa.

Para criar então uma imagem positiva da empresa, atraindo e

mantendo clientes, esta deve tomar cuidado para não fazer campanhas de

marketing com promessas distanciadas da realidade, para não criar

expectativa demais, correndo o risco de gerar insatisfação e desapontamento

dos clientes ao não satisfazer suas expectativas e necessidades (Grönroos,

1993 e Kotler e Armstrong, 2004).

De acordo com Lucas:

“O primeiro passo para definição da estratégia de

marketing é uma análise minuciosa do mercado, no que

diz respeito a ambiente externo, concorrência,

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necessidades do consumidor e expectativas do cliente. É

baseado nestes conhecimentos que deve-se delinear

uma estratégia, com o objetivo principal de suprir tais

necessidades, superando, se possível, expectativas. Isso

é o que chamamos de empresa orientada para o

mercado”. (LUCAS, 1994, p. 12).

A empresa deve desenvolver estratégias competitivas de marketing

para se posicionar solidamente frente a seus concorrentes (Kotler e Armstrong,

2004), oferecer um valor percebido maior ao consumidor, resultando em uma

preferência por seus produtos ou serviços. Por isso deve criar diferenciais para

atrair os clientes, fazer uma diferenciação competitiva (Kotler e Armstrong,

2004), porque clientes satisfeitos criam vantagem competitiva para a empresa.

Em um hospital o foco das estratégias de marketing deve estar no

cliente e no relacionamento da empresa com este. Segundo Kotler e

Armstrong (2004), “o marketing de relacionamento significa que as empresas

devem focar não somente o gerenciamento de produtos, mas o de clientes

também” (p. 481). Porém para haver um bom relacionamento com o cliente, o

hospital deve conhecê-lo, saber suas necessidades e expectativas para

atendê-lo da melhor forma possível e assim satisfazê-lo. E, à medida em que a

satisfação do cliente aumenta, aumenta também a fidelidade deste, sendo

muito difícil conseguir fidelidade sem antes conseguir alto nível de satisfação

(Kotler e Armstrong, 2004).

Para prestar um bom atendimento e um bom serviço e assim

conquistar e manter os clientes, todos os funcionários do hospital devem estar

motivados e trabalhando para um mesmo foco: a satisfação do cliente. Por isso

é muito importante que toda a equipe esteja comprometida com este propósito.

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Pilares (1998) mostra que, para que o cliente tenha uma imagem

positiva da empresa, é necessário que o funcionário forneça informações

corretas ao cliente e que mantenha uma postura correta diante deste. Se o

cliente não for bem orientado pelo funcionário, ficará com uma idéia negativa

da empresa como um todo, e não só do funcionário.

Infelizmente não é raro observar um paciente (cliente) saindo de um

hospital dizendo que “mesmo se precisar não vai voltar mais” e/ou “não

recomendará o hospital para ninguém”. Este é um cliente que certamente ficou

insatisfeito em algum momento no hospital, seja por um atendimento ruim,

serviço inadequado, demoras no atendimento, etc. Por isso o hospital deve

cuidar para que tudo fique perfeito durante a internação do paciente e no

contato com os acompanhantes dele. E, se mesmo com esse cuidado algo sair

errado, o hospital deve tomar todas as providências (e o mais rapidamente

possível) para que o problema seja solucionado e assim recuperar a satisfação

do cliente ou ao menos minimizar sua insatisfação. Kotler e Armstrong (2004),

citam que problemas sempre existem, mas as empresas devem aprender a se

recuperar deles, e uma boa recuperação pode garantir a fidelidade do cliente.

Segundo Kotler e Armstrong: “clientes satisfeitos têm maior probabilidade de

se tornar clientes fiéis, e clientes fiéis têm maior probabilidade de dar à

empresa uma participação maior em sua preferência” (KOTLER E

ARMSTRONG, 2004, p. 475).

De acordo com Lucas:

“No caso hospitalar, um tratamento médico correto,

comida adequada, ambiente limpo e um quarto tolerável,

não ganham necessariamente flores dos clientes, porque

na verdade tudo isso faz parte do produto esperado. Os

créditos reais de bom serviço estão mais claramente

associados à maneira pela qual o paciente é tratado

como pessoa. Os profissionais da área de saúde estão

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começando a perceber que é aí que estão as grandes

possibilidades de diferenciar-se, conquistando vantagens

competitivas, e superando as expectativas do cliente”.

(LUCAS, 1994, p. 17).

Kotler e Armstrong (2004) descrevem a reação dos clientes em relação

ao desempenho da empresa: segundo eles, um cliente satisfeito surge quando

o desempenho da empresa fica à altura de suas expectativas; por outro lado,

um cliente fica insatisfeito quando o desempenho da empresa fica abaixo das

expectativas dele. Mas quando o desempenho da empresa excede as

expectativas do cliente, este fica extremamente satisfeito ou encantado. Daí

surge a idéia de “encantar” o cliente, fazer um “marketing de encantamento”. O

hospital tem que buscar sempre encantar seus clientes, superar suas

expectativas, para conseguir a fidelidade deles e gerar uma propaganda

positiva, atraindo mais clientes.

De uma forma geral as pessoas não gostam de hospital, pois o

associam com dor, sofrimento e doença, e também com desconforto,

alimentação ruim e mau atendimento. Portanto, para atrair clientes, a equipe

de marketing do hospital deve mostrar para o público que o hospital é um local

para a recuperação da saúde, para a promoção da vida. E que isto pode sim

estar associado a conforto, alimentação saudável, balanceada e saborosa para

o paciente, bom atendimento e cordialidade. O hospital deve fazer com que o

paciente e seus acompanhantes se sintam “em casa” e seguros quanto ao

tratamento hospitalar recebido, seguros de que a equipe do hospital está se

esforçando ao máximo para que o paciente se recupere. Ao mesmo tempo, o

hospital deve fornecer aos médicos todo o suporte (físico, tecnológico e

humano) necessário para que estes possam realizar seus procedimentos com

tranqüilidade e segurança.

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Conclui-se então que o hospital, para fidelizar seus clientes e ainda

atrair novos clientes, deve não só ter o nome reconhecido no mercado, boas

instalações e conforto. Deve também atender bem aos clientes, prestar um

ótimo serviço e resolver os problemas que possam surgir, para que os clientes

fiquem satisfeitos e tenham suas expectativas superadas ou pelo menos

atendidas, aumentando assim a chance de sucesso do hospital.

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CAPÍTULO VII

ESTUDO DE CASO – HOSPITAL COPA D’OR

Para mostrar como é realizado na prática o marketing hospitalar, foi

feita uma pesquisa de campo em um hospital particular (Hospital Copa D’Or),

sendo elaborado então um estudo de caso. O objetivo deste é mostrar como

os profissionais de marketing estão atuando na área da saúde,

especificamente a hospitalar, uma área ainda não explorada totalmente em

seu potencial, pois só atualmente os hospitais particulares estão sendo vistos

como empresas, que precisam gerar lucro e por isso necessitam se posicionar

no mercado, atrair clientes, satisfazê-los e mantê-los fiéis.

• Histórico/atividade:

Inaugurado em maio de 2000, é um hospital com emergência geral,

cardiológica e pediátrica, internações, laboratório e exames complementares.

Desde sua inauguração vem aumentando o número de serviços oferecidos e

de pacientes atendidos. O Hospital Copa D’Or faz parte da Rede D’Or, que

inclui ainda os Hospitais Barra D’Or e Quinta D’Or e a Rede Labs de exames.

• Localização:

Copacabana, Rio de Janeiro.

• Posicionamento estratégico:

O posicionamento estratégico de valor do Hospital Copa D’Or visa

passar uma imagem deste como sendo o melhor hospital da Zona Sul da

cidade, com fácil acesso, heliponto para resgates de emergência, emergência

muito bem equipada (inclusive com emergência pediátrica e cardiológica),

serviço de hemodinâmica, unidade de dor torácica, 11 salas no centro cirúrgico

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com os equipamentos mais modernos e com sistema exclusivo de tratamento

de ar, laboratório e exames complementares (Labs), além dos setores de

internação.

• Produto:

O Hospital Copa D’Or vende serviços, como:

→ Internação:

- Clínica médica (pra tratamentos clínicos ou cirúrgicos).

- Pediatria.

- Unidade coronariana (que atende pessoas com problemas

cardíacos).

- Unidade semi-intensiva (que atende pessoas com necessidade de

cuidados especiais e mais rigorosos).

- Unidade ventilatória (que atende pessoas com problemas

respiratórios).

- Unidade de terapia intensiva (que atende pessoas em estado grave

e/ou que necessitem de monitorização rigorosa).

- Área VIP (unidade de clínica médica que atende pessoas com planos

de saúde “top de linha” ou que estejam dispostas a pagar um preço maior para

ter mais conforto, suítes maiores e um atendimento diferenciado, embora o

serviço médico oferecido seja o mesmo do restante do hospital).

→ Centro cirúrgico para a realização de cirurgias de emergência ou

eletivas (marcadas com antecedência).

→ Emergência:

- Geral.

- Pediátrica.

- Cardíaca.

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- Unidade de dor toráxica (que atende com mais agilidade pacientes

com infarto agudo do miocárdio ou dores toráxicas).

- Hemodinâmica (que atende rapidamente pacientes com problemas

vasculares).

→ Setor de exames complementares (que realiza exames laboratoriais

e de imagem, dentre outros).

• Clientes:

O Hospital Copa D’Or é voltado principalmente para a classe média-

alta, e o seu principal cliente é o paciente, mas também consideram-se como

clientes: os acompanhantes do paciente (que estão com ele ou que vão visitá-

lo); os médicos (que encaminham os seus pacientes para tratamento no

hospital ou que utilizam este para a realização de cirurgias); os convênios

médicos (que a maioria dos pacientes utiliza, então é quem “paga” a conta

hospitalar desses pacientes); os clientes que utilizam o setor de exames

complementares (que vão ao hospital somente para realizar um exame).

• Vantagens competitivas:

O Hospital Copa D’Or passa para seu público alvo uma imagem de

bom atendimento médico associado a serviços de hotelaria, como “room

service”, canais a cabo nas televisões, serviço de governança, etc. Porém

muitos pacientes que se internavam no hospital começaram a confundir o

serviço médico com um hotel e isso gerou transtornos à prestação dos serviços

médicos. Por isso o hospital vem modificando aos poucos seu enfoque e

colocando os serviços de hotelaria de uma forma “minimizada”, em segundo

plano, para mostrar aos clientes que o principal é que ele receba bom

atendimento médico e não só conforto.

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• Estrutura física:

→ Lay out/ambiente:

O lay out do hospital favorece principalmente o fluxo de pessoas

(funcionários, pacientes, visitantes, etc.), pois possui corredores espaçosos e

bem sinalizados. Por ser um ambiente fechado, o hospital dispõe de

iluminação artificial em todos os seus ambientes. A iluminação é suficiente e

adequada para permitir visualização dos procedimentos, torna o ambiente mais

agradável e proporciona sensação de limpeza.

É uma característica do ambiente hospitalar possuir cores claras para

passar uma imagem de ambiente limpo e organizado. O Hospital Copa D’Or

não foge deste padrão. Utiliza-se principalmente o azul claro, creme e salmão,

cores que passam uma imagem de calma, tranqüilidade, harmonia.

Todo o ambiente hospitalar possui asseio muito grande, pois deve ser

um ambiente extremamente limpo por se tratar de um hospital. A equipe de

higiene é treinada para estar sempre atenta à limpeza dos ambientes. Uma

característica do Hospital Copa D’Or é a não utilização de éter em seus

procedimentos, não existindo assim o “cheiro de hospital”.

A disposição do mobiliário, tanto nos postos de enfermagem quanto

nas suítes, facilita o fluxo de pessoas (pacientes, acompanhantes, visitantes e

funcionários) e ainda passa uma imagem de ambiente “clean” e organizado.

→ Comunicação visual:

O hospital é bem sinalizado quanto à comunicação para seus

diferentes setores. Existem placas de localizações na parte externa do hospital

(Emergência, Entrada Principal, Laboratório, etc.), nos andares de internação

(números dos quartos, saídas de emergência, etc.), dentro dos elevadores

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(indicando os setores do hospital), no hall de entrada, etc. Nos quartos dos

pacientes existem impressos com informações sobre a rotina do hospital

(horários, ramais, serviços disponíveis como room service e hotelaria, etc.) e

nos postos de enfermagem existem também impressos sobre a rotina de

serviço, voltados para os funcionários.

• Setor de marketing:

Cada hospital da Rede D’Or tem um setor de marketing independente.

São feitas ações promocionais tanto em conjunto (a Rede toda) quanto cada

hospital independentemente. No Hospital Copa D’Or existem três profissionais

do Setor de Marketing responsáveis pelas ações promocionais (coordenador,

assistente e atendente). Existia um profissional jornalista na equipe, mas o

cargo não está sendo ocupado no momento.

• Ações promocionais:

O Hospital Copa D’Or faz suas ações promocionais principalmente

através de patrocínios: aulas de ginástica para a terceira idade, eventos de

canoagem e regata e outros eventos ligados a esporte e saúde. O hospital

participa de feiras de saúde (com stand onde se faz a aferição de pressão

arterial e glicemia, por exemplo) e promove associações com academias de

ginástica.

O hospital também fornece ambulâncias para a realização de eventos

e promove, em conjunto com a Prefeitura do Rio, a exibição de filmes no seu

Auditório, para moradores de Copacabana. Muitos patrocínios são feitos em

eventos realizados em Copacabana, ou para os moradores deste bairro, para

valorizar a “vizinhança” do hospital.

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A Rede D’Or veicula propagandas na mídia impressa (Revista Veja),

onde são destacados os quatro serviços: Hospital Copa D’Or, Barra D’Or,

Quinta D’Or e Rede Labs, além de promover homenagens (por exemplo,

homenagem ao Dia do Médico) também em mídia impressa. Ocorrem também

patrocínios de eventos internos: cursos médicos, de enfermagem, etc.

Nas ações promocionais do Hospital Copa D’Or utilizam-se

principalmente cartazes (de eventos, cursos, treinamentos, etc.) e folders para

a divulgação dos serviços, cursos e eventos do hospital. Também existe um

site do hospital, onde são divulgados os serviços, cursos, eventos, etc. No site

encontram-se as características do hospital, pode-se fazer a inscrição para

cursos e são divulgados os cartazes dos eventos.

Para os funcionários existe um jornal (D’estaque) que circula

internamente todos os meses, onde são veiculadas informações para os

funcionários e divulgados os eventos realizados pelo hospital (inclusive ações

promocionais). O Setor de Marketing também é responsável pela sinalização

interna do hospital (placas), pelos impressos de satisfação em hotelaria (que

posteriormente ao preenchimento pelos clientes são encaminhados aos

setores responsáveis), pelos impressos de informações para os clientes e pelo

impresso preenchido pelos funcionários (caixa de sugestões do Comitê de

Ética – que é encaminhado a este Comitê).

• Quadro de funcionários:

O Hospital Copa D’Or possui um quadro de funcionários muito variado,

enfermeiros, técnicos de enfermagem, médicos, copeiras, auxiliares de

governança e de atendimento, recepcionistas, telefonistas, nutricionistas,

fisioterapeutas, farmacêuticos, auxiliares de clínica e de faturamento,

cozinheiros, etc.

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Existem os profissionais que se relacionam diretamente com o cliente

(pacientes, acompanhantes, médicos assistentes, etc.) e os profissionais que

não se relacionam diretamente com o cliente, mas que de alguma forma estão

ligados ao serviço principal (atendimento hospitalar) e, portanto, também

constituem peças chave do processo.

Uma das preocupações do Hospital Copa D’Or é que os funcionários

estejam sempre uniformizados e com seus uniformes limpos, bem arrumados e

com boa aparência (asseio). Por isso em geral toda a equipe do hospital está

sempre bem uniformizada. No hospital usam-se diferentes tipos e cores de

uniformes, de acordo com cada função, pois assim os clientes podem

identificar cada profissional pelo seu uniforme e o hospital passa imagem de

organização e otimização dos serviços.

• Atendimento/prestação de serviço:

Os funcionários do Hospital Copa D’Or são treinados – todos os

funcionários recebem treinamento na sua admissão – para atenderem

prontamente (ou assim que possível) a solicitação dos clientes, e mesmo que

essa solicitação não seja competência do profissional solicitado, este é

orientado a tentar atender o cliente ou ajudá-lo a ser atendido da melhor

maneira, e o mais rapidamente possível. Porém existem sempre alguns

funcionários que não se preocupam em atender bem o cliente e sim em fazer

somente seu trabalho, o que muitas vezes pode causar demora na chegada

das informações para o cliente e até mesmo demora no atendimento deste (o

que em um hospital passa a ser extremamente prejudicial à sua imagem).

Além do treinamento que recebem em sua admissão (em ralação a

atendimento, estrutura organizacional da empresa, etc.), os funcionários recém

admitidos no Hospital Copa D’Or passam por treinamento também em sua

unidade de trabalho, principalmente aqueles ligados diretamente ao

atendimento ao cliente (auxiliares de governança, enfermeiros e técnicos de

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enfermagem, nutricionistas, etc.). Por isso de uma forma geral os funcionários

são bem preparados para o trabalho, respeitando é claro as diferenças

técnicas e profissionais de cada um. Existem também treinamentos periódicos

em algumas equipes, como as de enfermagem, além destas terem supervisão

mais direta e atuante de suas chefias, devido ao cuidado requerido em seu

trabalho.

• Pontos fortes e fracos do Hospital Copa D’Or:

→ Pontos fortes:

- sua boa localização, que permite fácil acesso de carros e

ambulâncias, por estar em um local bem “central” da Zona Sul (Copacabana);

- é o único da Zona Sul da cidade que possui heliponto, o que o torna

preferencial na escolha de um hospital privado para atendimento de resgate

aéreo;

- possui um andar “Vip”, onde as suítes são mais amplas e mais

confortáveis, atraindo pessoas com maior poder aquisitivo (ou com melhores

convênios médicos) e “celebridades”;

- possui emergência com atendimento clínico, cirúrgico, ortopédico,

otorrinolaringologia, cardiológico e pediátrico, funcionando 24 horas;

- possui 11 salas de cirurgia com alta tecnologia, atraindo médicos

(cirurgiões) e fazendo com que estes recomendem o hospital para realização

de cirurgias e inclusive de transplantes (pois possui duas salas

intercomunicáveis com sala de apoio);

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- possui Unidade de Dor Torácica (agiliza o atendimento de pacientes

com doenças coronarianas e infarto agudo do miocárdio);

- possui serviço de Hemodinâmica (para procedimentos vasculares,

inclusive de urgência);

- possui setores específicos para cardiologia (inclusive com cirurgia

cardíaca) e pediatria com equipe médica especializada, inclusive com CTI

coronariano e pediátrico;

- possui área isolada na UTI e equipe de cirurgia plástica especializada

para atendimento de pacientes queimados;

- possui um serviço de ouvidoria, e ainda pesquisa de opinião sobre o

atendimento.

→ Pontos fracos:

- possui somente dois elevadores para utilização dos clientes, o que

causa transtornos e demoras em dias com maior fluxo de pessoas e/ou

quando um destes se encontra com defeito;

- possui alta rotatividade de funcionários em alguns setores,

desestimulando o crescimento profissional e o comprometimento devido à

instabilidade;

- na recepção principal de acompanhantes e visitantes, somente

existem duas recepcionistas e nenhum local para os acompanhantes/visitantes

se sentarem. Em horário de grande fluxo de pessoas, estas muitas vezes têm

que esperar em pé por um bom tempo enquanto as pessoas que chegaram

anteriormente são atendidas. Como o hospital é bem freqüentado por idosos, a

espera em pé gera cansaço e insatisfação;

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- não possui setor de maternidade, embora exista o setor de pediatria.

• Oportunidades e ameaças:

→ Oportunidades.

Como o hospital já tem reconhecimento pela sua emergência,

internação e exames complementares, as oportunidades de crescimento para

o hospital poderiam estar localizadas em setores específicos, como:

- ampliação do Setor de Pediatria: existe uma procura muito grande

pelo atendimento pediátrico do Hospital Copa D’Or, e em alguns momentos o

respectivo andar fica lotado, sendo algumas crianças encaminhadas para

andar comum (de adulto). Esta ampliação poderia ser acompanhada pela

criação de uma área de recreação para as crianças internadas (não existente

atualmente);

- retorno do funcionamento da Maternidade: quando foi inaugurado o

hospital possuía um Setor de Maternidade, que acabou sendo desativado para

a criação ou ampliação de setores que necessitavam de maior espaço físico.

Com a crescente expansão da imagem do Hospital Copa D’Or, o Setor de

Maternidade poderia ser “recriado”, a fim de aumentar seu leque de opções em

atendimento.

→ Ameaças.

Por ser o mercado de atendimento hospitalar muito disputado, as

ameaças ao Hospital Copa D’Or viriam de outros hospitais particulares de

grande porte, como Clínica São Vicente, Hospital Samaritano, Hospital São

Lucas, Casa de Saúde São José, entre outros, que também se localizam na

Zona Sul da cidade e também possuem atendimento generalizado.

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Hospitais com atendimento específico, como Pró-Cardíaco e Centro

Pediátrico da Lagoa também representam ameaça, pois fazem atendimento a

grupos específicos (cardiopatas e crianças, no caso) que também podem ser

atendidos no Hospital Copa D’Or.

Como o Hospital Copa D’Or possui em anexo um Setor de Exames

Laboratoriais e Complementares (Labs), outros laboratórios (Sérgio Franco,

Bronstein, etc.) também podem representar ameaça.

• Conclusão do estudo de caso:

“[...] no caso hospitalar, diz-se como produto certo a

qualidade e a respeitabilidade com que a assistência

alcança, não apenas no mercado, mas também em nível

de cada indivíduo. Deste modo, além de proporcionar

tranqüilidade assistencial à população (qualidade geral), o

produto hospitalar deve atender às necessidades

individuais de cada cliente (paciente) que necessite de

seus serviços, atendendo desta forma à sua função social

básica que é garantir saúde para todos, de forma que

aplique o conceito amplo de saúde, na forma pública,

coletiva e também individualizada”. (Borba, 1989, p. 43).

O Hospital Copa D’Or se encontra em fase de maturidade, ou seja, já

passou pela sua fase de ascensão e agora precisa manter sua imagem de um

bom hospital, com bom atendimento clínico e com alguns serviços de hotelaria,

para que possa manter seus clientes e conquistar outros. Grönroos (1993)

define que as expectativas dos clientes também são formadas por

comunicação boca-a-boca, opiniões de outras pessoas sobre o serviço, mas

as campanhas publicitárias e a imagem da empresa também influenciam.

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A comprovação de que o Hospital Copa D’Or está em seu auge é o

fato de que este está sempre com quase 100% de ocupação dos leitos, o que

mostra que o hospital tem credibilidade.

Porém o hospital ainda precisa resolver seus principais problemas,

como: aumentar a quantidade de elevadores disponíveis para visitantes ou

criar um sistema de acessoristas para que os elevadores funcionem de forma

mais adequada; treinar com maior periodicidade seus funcionários e estimular

o crescimento dentro da empresa, para que estes tenham mais

comprometimento com o trabalho e assim haja menor rotatividade; promover

treinamentos periódicos em atendimento ao cliente (somente ocorre na

admissão do funcionário na empresa); melhorar a recepção social para

visitantes e acompanhantes, colocando cadeiras ou sofás para que estes não

precisem esperar em pé para serem atendidos;

Segundo Kotler e Armstrong (2004), os profissionais de marketing

devem trabalhar em contato com outros departamentos do hospital para formar

uma cadeia de valor efetiva que atenda o cliente, e todos os departamentos

devem estar coordenados; o sucesso do hospital depende de como cada

departamento executa seu trabalho no momento de agregar valor para os

clientes. Então para que o hospital mantenha sua boa imagem, deve investir

em campanhas de marketing que valorizem a credibilidade já conquistada,

deve sempre atualizar seus equipamentos e suas rotinas de serviço, deve ter

profissionais sempre bem qualificados, treinados e atualizados, deve mostrar

ao público que está trabalhando para corrigir seus erros e melhorar sua rotina

e deve sempre manter um atendimento excelente para que os clientes se

sintam satisfeitos e recomendem o hospital para outras pessoas. O hospital

deve valorizar ainda mais nas suas campanhas de marketing seus pontos

fortes e melhorar seus pontos fracos.

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CAPÍTULO VIII

COMO FAZER?

Foram discutidos até o momento nesta monografia os principais

aspectos do marketing hospitalar, como atendimento, prestação de serviços,

satisfação e fidelidade dos clientes, etc., e o que acontece na prática através

de um estudo de caso. Será abordado então neste capítulo como um hospital

deve proceder para realizar o marketing hospitalar com sucesso e assim

conquistar e manter clientes. Atualmente existe ênfase no marketing de

relacionamento, além de atrair novos clientes, as empresas devem procurar

manter os clientes existentes (Kotler e Armstrong, 2004).

De acordo com Lucas:

“Na área de saúde, o marketing pode ser abordado de

forma diferenciada frente a outras aplicações tradicionais

de marketing, pois seu objetivo não é criar demanda, ou

seja, não é gerar consumo, mas sim orientar a demanda e

suprir a necessidade. O marketing deve ser um

instrumento de melhora da qualidade de vida”. (LUCAS,

1994, p. 21).

Em primeiro lugar, ao ser projetado um hospital, deve ser pensado em

sua estrutura física, para que o fluxo de pacientes, funcionários e material seja

facilitado, evitando tumultos e atrasos. Os setores do hospital devem ser bem

planejados para agilizar o atendimento ao paciente e a prestação dos serviços.

Porém não adianta um hospital ser bem projetado e ter em seus

corredores e setores móveis demasiadamente grandes e/ou que ocupem o

espaço de circulação de pessoal, que prejudiquem o fluxo de pessoal. O lay

out do hospital também deve ser cuidadosamente pensado, com móveis que

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facilitem o serviço dos funcionários e que proporcionem conforto ao paciente;

com iluminação adequada e que valorize os (bons) detalhes; com cores claras

e suaves que proporcionem bem estar aos funcionários e pacientes; com

corredores livres para facilitar o fluxo das pessoas; com placas de sinalização

para indicar aos clientes os setores ou para onde devem se dirigir, etc.

Dispensando especial atenção a esses detalhes, o hospital estará facilitando a

prestação de serviço e agradando aos clientes, que se sentirão em um

ambiente aconchegante e confortável.

Depois de planejada a estrutura física e lay out, deve ser dada

importância ao quadro de funcionários do hospital. Na contratação destes,

independentemente da capacidade técnica e do cargo que irão ocupar, deve

haver treinamento em relação ao atendimento ao cliente, ao contato com este.

Isso é importante porque muitos dos funcionários de um hospital entram em

contato com o cliente, e mesmo aqueles que não entram em contato

diretamente necessitam estar treinados e orientados caso o contato ocorra. Os

funcionários devem ser orientados sobre como falar com o cliente, como

atender o telefone, não deixar o cliente esperando, etc. Mas também é

importante que o funcionário esteja motivado para exercer sua função no

hospital e atender bem o cliente. Um funcionário com baixo salário, carga

horária de trabalho exaustiva e sem incentivos para realizar um bom serviço

não enxerga motivos para se esforçar ao máximo em sua função e atender

bem o cliente. Por isso o hospital deve manter seus funcionários motivados,

mesmo que não seja possível oferecer um salário excelente. Incentivos como

premiação para funcionários que se destaquem, reconhecimento do esforço

pela sua chefia, possibilidade de crescimento dentro da empresa

(recrutamentos internos), etc., são sempre bem vistos pelos funcionários e

fazem com que estes se sintam valorizados pela empresa e prestem um

serviço com mais qualidade e motivação.

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Os gestores de hospitais têm que ter em mente que estão

coordenando uma empresa que presta serviços de saúde, ou seja, um serviço

com baixa qualidade pode significar a diferença entre vida e morte. Por isso é

indispensável muito cuidado e atenção no momento da contratação dos

funcionários do hospital, principalmente aqueles relacionados diretamente aos

cuidados com a saúde do paciente. Estes funcionários devem receber

treinamentos periódicos dentro de sua função, para que possam se atualizar e

para que seus supervisores possam avaliar a qualidade do serviço que está

sendo prestado ao cliente. Aliás, supervisão é fundamental dentro de um

hospital; é necessário que existam profissionais de cada área supervisionando

o serviço prestado ao cliente e avaliando sempre sua qualidade, para que se

garanta que o cliente receba o melhor serviço.

Porém o serviço médico-hospitalar não é constituído somente de

profissionais, existem também os equipamentos hospitalares associados a

este serviço. Por isso o hospital deve estar sempre se atualizando em relação

às novas tecnologias, métodos e equipamentos, para oferecer o que há de

mais novo para o cliente.

O hospital deve também criar pesquisas de qualidade junto aos

clientes para avaliar se estes estão satisfeitos em relação ao serviço prestado.

E é claro que estatísticas como redução do número de óbitos, baixo índice de

infecção hospitalar, etc. também são meios de demonstrar a qualidade do

serviço hospitalar.

É indispensável que o cliente receba um excelente serviço hospitalar,

porém este ficará muito mais satisfeito se receber, além disso, um bom

atendimento por parte dos funcionários do hospital. Como foi discutido

anteriormente, os funcionários devem receber treinamento em atendimento

quando são admitidos em um hospital, e este treinamento deve ser realizado

periodicamente com todos os funcionários. A supervisão do hospital deve estar

atenta ao atendimento ao cliente e pesquisas de qualidade em atendimento

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feitas com os clientes servem para mostrar se os clientes estão satisfeitos ou

se há necessidade de melhorias neste aspecto. Devem receber mais atenção

nos treinamentos em atendimento aqueles funcionários que lidam diretamente

com o cliente como recepcionistas, telefonistas, etc., porém todos os

funcionários devem ser treinados. É interessante que o hospital mantenha um

funcionário ou uma equipe de funcionários especializada em atendimento, que

resolva problemas que possam vir a acontecer no atendimento aos clientes e

para auxiliar no atendimento a clientes mais complicados (que reclamam

muito, falam alto, ameaçam fazer escândalos, etc.).

O hospital deve ter uma equipe de marketing que elabore as

estratégias de marketing do hospital e que coordene todas as equipes do

hospital para que todos os funcionários trabalhem em direção ao mesmo foco.

Segundo Grönroos (1993), o conceito de marketing tem que orientar todas as

pessoas, funções e departamentos da empresa. “O marketing é um conjunto

de idéias que devem ser integradas através de toda a organização e

supervisionadas pela alta gerência”. (GRÖNROOS, 1993, p. 164).

A equipe de marketing do hospital deve voltar seu plano de marketing

para o público alvo (não só pacientes em potencial, mas também médicos) e

não deve prometer serviços e/ou vantagens que o hospital não poderá ou não

conseguirá cumprir. Na campanha de marketing deve ser dada ênfase à

qualidade do serviço médico-hospitalar, fornecendo dados tangíveis sobre

este, como: médicos do hospital, tecnologias utilizadas, confortos disponíveis,

etc. Com esses dados, o público consegue avaliar a qualidade do serviço

prestado (ou pelo menos ter uma noção dela), e assim o hospital pode

conquistar mais clientes. De acordo com Grönroos (1993), a empresa deve

tomar cuidado para gerar uma comunicação boca a boca positiva e não

negativa, preservando a boa imagem da empresa.

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Uma das preocupações do hospital deve ser a resolução dos

problemas dos clientes. Em primeiro lugar o hospital deve evitar ao máximo

que ocorram problemas com os clientes mas, se estes surgirem, devem ser

resolvidos o mais rapidamente possível e da melhor forma para o cliente. Os

funcionários do hospital devem passar todas as informações para os clientes

de maneira objetiva, clara, de forma que os clientes entendam e se sintam

valorizados, protegidos, seguros.

Se o hospital der atenção a todos os aspectos do cuidado com o

cliente (prestação de serviços, atendimento, conforto oferecido, etc.) e motivar,

valorizar e treinar seus funcionários, estará assegurando que os clientes sejam

bem recebidos, bem atendidos e fiquem satisfeitos. Esses clientes se tornarão

clientes fiéis e indicarão o hospital para outras pessoas. Ao mesmo tempo o

hospital estará dando valor e reconhecimento aos seus funcionários e assim

evitando a rotatividade destes; além disso, funcionários valorizados atenderão

melhor os clientes, gerando assim um círculo de estratégias de qualidade que

colocarão o hospital em um patamar superior ao de seus concorrentes, dando

ao hospital sucesso, vida longa em seus negócios e oportunidades de

crescimento e expansão.

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CONCLUSÃO

O hospital, apesar de fornecer serviços médico hospitalares (que nem

sempre são utilizados por vontade e sim por necessidade) também deve

elaborar suas estratégias de marketing, deve procurar conquistar clientes e

também manter fiéis os já existentes.

Por isso a equipe de marketing de um hospital deve estar atenta em

como passar para o público a imagem do hospital como um local de

recuperação da saúde e não um local de doenças, deve fornecer dados

tangíveis sobre o serviço para que o público conheça a qualidade do hospital.

O que se verifica atualmente é um desgaste muito grande dos

sistemas públicos de saúde. Com isso a população tende a procurar cada vez

mais por hospitais particulares, na maioria das vezes através dos planos de

saúde. Essa grande procura faz com que aumente a já acirrada concorrência

entre os hospitais particulares. Por esse motivo o hospital deve procurar

diferenciar-se dos concorrentes através da oferta de um excelente serviço

médico hospitalar e diferenciais como conforto, facilidades e serviços de “room

service”, por exemplo.

Os clientes de todos os setores do mercado, inclusive dos hospitais,

estão cada vez mais exigentes em relação à qualidade do serviço que lhes é

prestado e em relação ao atendimento recebido. Mas observa-se que os

clientes queixam-se com freqüência do serviço e do atendimento recebido, e

que muitas vezes os hospitais não dão a devida importância a estas queixas,

fazendo com que os clientes continuem insatisfeitos, sem respostas para suas

queixas e com o risco dos mesmos problemas continuarem ocorrendo.

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É necessário então que o hospital se preocupe com o serviço prestado

e com o atendimento aos clientes, e que dê atenção às queixas e problemas

dos clientes, para que estes fiquem satisfeitos em suas necessidades e

expectativas e assim o hospital mantenha seus clientes fiéis e conquiste mais

clientes.

Concluindo, o marketing é de suma importância para que o hospital

obtenha sucesso e se diferencie da concorrência, pois a equipe de marketing é

capaz de mostrar ao público os pontos fortes do hospital e utilizar seus

instrumentos e estratégias de marketing para conquistar e manter clientes. O

marketing pode ainda coordenar as equipes do hospital para que este tenha

funcionários motivados, valorizados e que trabalhem para o mesmo objetivo,

que é a satisfação do cliente, gerando uma comunicação boca a boca positiva

que vai manter a boa imagem do hospital no mercado.

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BIBLIOGRAFIA

BORBA, Valdir Ribeiro. Marketing Hospitalar. Rio de Janeiro, Editora Cultura

Médica, 1989.

COBRA, Marcos. Marketing Básico: uma Perspectiva Brasileira. 3ª edição, São

Paulo, Editora Atlas, 1989.

ENSEÑAT, Mônica Soares. Atendimento ao Cliente. Rio de Janeiro,

Universidade Cândido Mendes, 2002. Orientação de Marco Antônio.

Monografia de conclusão do curso de pós-graduação “Lato Sensu” em

Marketing.

GRÖNROOS, Christian. Marketing – Gerenciamento e Serviços. 9ª edição,

Editora Campus, 1993.

HOPSON, Barrie. Atendimento ao Cliente: 12 Degraus Para o Sucesso. São

Paulo, Editora Nobel, 1996.

KOTLER, Philip; ARMSTRONG, Gary. Princípios de Marketing. 9ª edição, São

Paulo, Editora Pearson Education do Brasil, 2004.

LUCAS, Márcia Cristine Macedo de Larragoiti. Administração de Marketing em

Hospitais Particulares. Rio de Janeiro, Faculdades Integradas Cândido

Mendes, Ipanema, 1994. Orientação de Roberto Meireles. Monografia de

conclusão do curso de graduação em Administração de Empresas.

PILARES, Nanci Capel. Atendimento ao Cliente: o Recurso Esquecido. São

Paulo, Editora Nobel, 1998.

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RODRIGUES, Flávio Gustavo. Marketing Hospitalar, é possível? Rio de

Janeiro, Universidade Cândido Mendes, 2001. Orientação de Marco Antônio

Chaves. Monografia de conclusão do curso de pós-graduação em Marketing no

Mercado Globalizado.

WHITELEY, Richard C. A Empresa Totalmente Voltada Para o Cliente: do

Planejamento à Ação. Rio de Janeiro, Editora Campus, 1998.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTO 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

A ESTRUTURA DE UM HOSPITAL 11

CAPÍTULO II

OS CLIENTES DO HOSPITAL 15

CAPÍTULO III

EXCELÊNCIA EM ATENDIMENTO – HOTELARIA 19

CAPÍTULO IV

EXCELÊNCIA EM PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS 26

CAPÍTULO V

RESOLVENDO PROBLEMAS – OUVIDORIA 37

CAPÍTULO VI

CONQUISTANDO E MANTENDO CLIENTES 41

CAPÍTULO VII

ESTUDO DE CASO – HOSPITAL COPA D’OR 46

CAPÍTULO VIII

COMO FAZER? 59

CONCLUSÃO 64

BIBLIOGRAFIA 66

ÍNDICE 68

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição:

Título da Monografia:

Autor:

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito:

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COMPROVANTES DE PARTICIPAÇÃO EM EVENTOS

CULTURAIS

1 - Feira “Rio Zen” no Museu de Arte Moderna do Rio de

Janeiro - 01 de abril de 2005.

2 - Show de música e dança em comemoração ao aniversário

da independência da Síria no clube Sírio e Libanês, Rio de

Janeiro - 16 de abril de 2005.

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3 - Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro: Mostra

“Henfil do Brasil” e “Fotografia: Suporte da Memória,

Instrumento da Fantasia” - 08 de maio de 2005.

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3 - Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro: Mostra

“Henfil do Brasil” e “Fotografia: Suporte da Memória,

Instrumento da Fantasia” - 08 de maio de 2005.

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3 - Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro: Mostra

“Henfil do Brasil” e “Fotografia: Suporte da Memória,

Instrumento da Fantasia” - 08 de maio de 2005.

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4 - III FLIP: Festa Literária Internacional de Parati, Parati (RJ) -

09 e 10 de julho de 2005.

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4 - III FLIP: Festa Literária Internacional de Parati, Parati (RJ) -

09 e 10 de julho de 2005.

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4 - III FLIP: Festa Literária Internacional de Parati, Parati (RJ) -

09 e 10 de julho de 2005.