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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE MUSICOGRAFIA BRAILLE – INSTRUMENTO DE INCLUSÃO Por: Virginia de Andrade Moreira Orientador Prof. Maria Popp Rio de Janeiro 2004

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

MUSICOGRAFIA BRAILLE – INSTRUMENTO DE INCLUSÃO

Por: Virginia de Andrade Moreira

Orientador

Prof. Maria Popp

Rio de Janeiro

2004

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

MUSICOGRAFIA BRAILLE – INSTRUMENTO DE INCLUSÃO

A finalidade desta Monografia é apresentar a

Musicografia Braille como o grande instrumento de

inclusão do Deficiente visual nas Escolas de Música e

mostrar a necessidade urgente de sua divulgação

dentro das instituições de Ensino Musical.

3

AGRADECIMENTOS

a Deus, que me permitiu concluir este curso,

aos colegas de turma que muito me ajudaram e

especialmente a Adelson Andrade que me apoiou e

ajudou na finalização deste trabalho.

4

DEDICATÓRIA

.....dedico este trabalho de pesquisa aos

meus alunos deficientes visuais que contam comigo

para tornarem-se músicos profissionais, graças ao

conhecimento da Musicografia Braille que adquirem

em minhas aulas.

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RESUMO

Este trabalho de pesquisa pretende apontar o que falta realmente

para a inclusão do Deficiente Visual nas Escolas e Conservatórios de

Música.

Nosso objetivo, portanto, é mostrar que essa inclusão só será

possível através do acesso completo à Musicografia Braille. Ela é o

verdadeiro instrumento de inclusão do Deficiente Visual, e sua divulgação

nas Escolas de Música, bem como o acesso a esse conhecimento pelos

professores dessas escolas, constitui-se no principal meio de permitir que

alunos Deficientes Visuais tenham as mesmas condições dos não

deficientes para se tornarem músicos profissionais de excelente qualidade.

Nosso trabalho começa abordando a Deficiência Visual, com

aspectos históricos, características e necessidades. Seguimos com uma

abordagem do que é a Educação Inclusiva em seus aspectos legais, sociais

e éticos, já que nosso trabalho trata de Inclusão. Após isso, mostramos o

Sistema Braille, sua criação, evolução e seu uso no Brasil e no mundo.

Por último, apresentamos a Musicografia Braille, razão de nossa

pequisa, mostrando sua origem, aplicação, facilidade de uso, e o que ela

representa em termos de inclusão para o deficiente Visual que deseja tornar-

se músico profissional.

Após a conclusão, colocamos à disposição em anexo, um resumo do

sistema Braille e da Musicografia Braille.

6

METODOLOGIA

Nossa metodologia constitui-se apenas de pesquisa bilbiográfica

sobre os assuntos que concebemos como sendo os mais importantes

para serem abordados neste trabalho. As prioridades foram: a

Deficiência visual, a Educação Inclusiva, o Sistema Braille e a

Musicografia Braille, a fim de atingirmos nosso objetivo principal que é

apontar a Musicografia Braille como instrumento de inclusão do

Deficiente Visual.

Essa pesquisa bibliográfica nos ajudou a delinear os problemas

enfrentados pelos deficientes visuais na educação musical mostrando

que, se a Musicografia Braille puder estar ao alcance dos professores de

música, os alunos com deficiência visual poderão ser realmente incluídos

dentro da Escola e terão acesso ao conhecimento musical pleno e

consequente profissionalização como qualquer outro aluno, fazendo uso

da escrita própria a que tem direito.

A bibliografia consultada encontra-se à disposição ao final do trabalho

e conta com livros importantes, como o “ Novo Manual Internacional de

Musicogrfia Braille, única referência que possuímos sobre os sinais

musicográficos.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - A Deficiência Visual e a Cegueira 12

CAPÍTULO II - Educação Inclusiva 22

CAPÍTULO III – Sistema Braille 31

CAPÍTULO IV – Musicografia Braille 51 CONCLUSAO 68

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 79

BIBLIOGRAFIA CITADA 81 ÍNDICE 83

FOLHA DE AVALIAÇÃO 84

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INTRODUÇÃO

Vencendo o temor natural, não do cego, mas da

cegueira, que há no subconciente da pessoa que vê,

temor este que lhe vem a tona do espírito, quando se

lhe depara um órfão da visão, o vidente detém o cego e

o interroga como vive, plenamente convencido de que

sua existência sem a vista é um milagre. Se o cego,

instruído e cortês, dá ao curioso interlocutor um idéia

sumária da vida dos que não vêem, se lhe fala que é

professor, músico ou afinador de pianos, que cultivou o

espírito em um colégio, graças a uma educação

especializada, o vidente, atônito, boquiaberto, passa a

considerar o cego um ente a parte com uma

mentalidade sui gêneres, com um modo de vida

exclusivamente seu, insulado em um mundo próprio,

dentro do próprio mundo.

Exagerados ambos, cada qual em seu sentido

mais imperfeitos, estes conceitos são igualmente

prejudiciais. Note-se, porém, que o primeiro deles

prevalece, em regra.

Para a generalidade dos videntes, o cego é

incapaz de qualquer ato mental ou físico. São raros os

que dele fazem uma idéia perfeita, porque, para isto, é

preciso lidar com o cego, sem preconceitos, e observá-

lo. (Mata Machado 1931:12-13)

O interesse em pesquisar sobre o ensino de música para portadores

de deficiência visual, nasceu ao verificar alunos cegos com interesse em

9

ingressar na Escola de Música Villa-Lobos, onde leciono, com o intuito

de serem profissionais da música.

As dificuldades dos professores nas aulas teóricas e práticas de

música, com a presença dos alunos cegos e o desconhecimento da

Musicografia Braille, mostra como é urgente a necessidade de um processo

educacional definido por uma proposta pedagógica que assegure recursos e

serviços educacionais especiais, organizados institucionalmente para

apoiar, complementar, suplementar e, em alguns casos, substituir os

serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação musical e

promover o desenvolvimento das potencialidades desses educandos que

apresentam necessidades especiais.

O reconhecimento da Arte como linguagem de integração e

superação de barreiras é importante na aproximação dos diversos grupos

culturais inclusivos, além de oportunizar a formação profissional, inserindo-

os no mercado de trabalho.

Se divulgarmos a Musicografia Braille, mostrando como os cegos

lêem e escrevem as partituras musicais, destacaríamos os aspectos

essenciais que poderiam resolver, em um futuro mais ou menos imediato, a

informática e as tecnologias avançadas com a falta de material didático.

Poderemos considerar como problema grave: a falta de educadores

de música atuando com os cegos e na falta de perspectivas do ingresso

desta população, nos Conservatórios e Escolas de Música para sua

profissionalização.

É urgente ampliarmos o número de profissionais da educação,

capazes de atuar na integração dos cegos para minimizar a problemática da

falta de oportunidades e na inclusão daqueles que precisam superar as

barreiras do preconceito e do mercado, integrando portadores e não

portadores.

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Este trabalho tem, portanto, o objetivo de descrever o importante

papel da Musicografia Braille (grafia musical para cegos) como elemento de

inclusão dos deficientes visuais na Escola de Música, permitindo que os

mesmos acompanhem as aulas e tenham acesso aos conhecimentos

musicais, como qualquer outro aluno da escola, garantindo a eles o estudo

da Música e a chance de profissionalização nesta área. Para isso, é

importante que analisemos: as possibilidades de inclusão dos alunos cegos

no ensino profissional da música como, o processo, desenvolvimento,

flexibilizações e adaptações curriculares utilizando como instrumento a

Musicografia Braille; as modernas teorias e técnicas desenvolvidas, que

defendem a integração dos portadores de deficiência visual nas escolas do

ensino regular; os elementos facilitadores, as dificuldades e os entraves

observados no desenvolvimento do curso, propondo alternativas de solução

que contribuam, para o fortalecimento da Musicografia Braille como

elemento vital na profissionalização do cego, como por exemplo, a

ampliação do número de profissionais capazes de atuar na integração dos

cegos nas escolas de música, no sentido de divulgar a Musicografia Braille.

Este trabalho está desenvolvido em quatro capítulos:

O capítulo I refere-se ao enquadramento teórico, iniciando com a

deficiência visual: evolução histórica, fatores etiológicos, características e

linhas orientadoras da intervenção. Pretendemos com este capítulo, dar

uma visão geral do que significa ter deficiência visual.

No capítulo II, abordamos a Educação Inclusiva, seu significado e

embasamento legal, identificando como base teórica a organização e

desenvolvimento do trabalho pedagógico, o sistema educacional, a

concepção do Projeto Político da Inclusão, a Educação e o Desenvolvimento

Pessoal e Ética.

O Capítulo III trata do Sistema Braille, sua origem, criação e evolução.

Nele encontramos: biografia de Louis Braille, sistema braille, como o braille é

11

produzido e lido, o uso do braille no mundo, a educação dos cegos no

Brasil e o Braille como instrumento de comunicação.

Com o capítulo IV, chegamos ao tema principal desta pesquisa que é

a Musicografia Braille e seu uso como instrumento de inclusão do deficiente

visual. Neste último capítulo encontramos: Nascimento e evolução,

características especiais, os diversos formatos de transcrição da partitura

visual para braille e as perspectivas para o Futuro.

Encerramos esta pesquisa com uma Conclusão apontando soluções

para uma inclusão verdadeira e eficaz do deficiente visual nas Escolas e

Conservatórios de Música.

Todo este trabalho encontra-se embasado nas referências

bibliográficas encontradas no final da pesquisa, onde também aparecem em

anexo, um resumo do Sistema Braille e dos sinais da Musicografia Braille.

12

CAPITULO I

A Deficiência Visual e a Cegueira

"Aqueles que não tem, como se costuma dizer, futuro, têm poucas possibilidades para formar projeto, individual, de criar seu futuro ou para trabalhar no futuro coletivo"

Pierre Bourdieu, 1979.

O processo da mudança de atitude em relação às pessoas portadoras

de deficiência; trata-se de um processo moroso, nem sempre linear,

sobretudo carregado de preconceitos negativos e principalmente falta de

informação.

Os cegos ou portadores de deficiência visual possuem várias

características e diferenças; os cegos de nascença e os que ficaram cegos

depois de um certo tempo de existência.

É comum que eles desenvolvam certas habilidades auditivas, mas

pela maior observação dos estímulos audíveis que por melhor acuidade de

ouvido. O tato é o sentido de que mais se servem os cegos. "Mark Twain

falando a Hellen Keller (cega-surda), disse que o tato é o único sentido em

que os homens são superiores aos animais e a natureza humana é de todas,

a de maior capacidade de adaptação. (Veiga, 1983:29)

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A Deficiência Visual ao Longo do Tempo

Ao longo da história, a atitude da sociedade face à problemática da

deficiência tem tomado diferentes formas. Umas vezes ela é de integração,

outras segregatórias.

Na era Pré-Cristã, estendia negligenciar e a maltratar os deficientes,

ao mesmo tempo, eram, também, divinizados como monstros para conjurar

desgraças futuras. Este quadro de armadura antiga, verificar-se-á ainda

durante a Idade Média, prolongando-se até ao século XVII.

Fonseca (1989:9) refere que:

“a problemática da deficiência reflete a maturidade humana e cultural de uma comunidade. Há implicitamente uma relatividade cultural, que está na base do julgamento que distingue entre deficientes e não deficientes. Essa relatividade obscura, tênue, sutil e confusa, procura de alguma forma, afastar ou excluir os indesejáveis cuja presença ofende, perturba e ameaça a ordem social".

Segundo J. Alvin Kugelmass (1953:10) ainda no século XVII, os cegos

não iam a escola e eram ensinados para viver como mendigos profissionais.

Em muitos casos, na Europa e na Ásia, eles eram expulsos de casa quando

meninos, pois eram tidos como seres malditos, ou então alugados para

pesados serviços de carga.

Não havia leis sobre os cegos, mas era certo que eles não faziam

parte da humanidade e não podiam prestar serviços remunerados. Nem as

revoluções americana e francesa, que deviam espalhar os sentimentos de

igualdade entre os homens, ainda não haviam conseguido impor todos os

seus objetivos:

"Muitos cegos logravam ganhar um parco sustento, ingressando em companhias de palhaços. Iam de uma cidade a outra, através da Europa,

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ridicularizando sua própria infelicidade e assim provocando o riso alheio

". (Kugelmass, 1953:7) Não havia nada de mau nesse procedimento, tal acontecia porque

ainda não se tinha nenhum meio de integrar os cegos na sociedade, de

arranjar recursos com os quais pudessem ganhar a vida. Enfim, era um

espetáculo banal, cuja crueldade a ninguém impressionava. Não havia lugar

para os cegos.

Mas vários cegos vinham dando demonstração de capacidade através

dos tempos, fosse por elevados sentimentos piedosos, por uma ou outra

coisa, ou por ambas, o fato é que, de longa data, vinham, aqui e ali,

desabrochando idéias, métodos e processos para se levar a instrução até os

cegos.

No entanto, a lenda de Homero como cantador cego; Saunderson,

cego de infância, desfrutando substituir Newton na cadeira de matemática

em Cambridge; Milton, produzindo o melhor do Paraíso Perdido, já na

completa cegueira; Euler continuando a fazer e a lecionar sua ciência já

completamente sem vista, esses, como muitos outros, devem ter

despertado grande interesse pela instrução dos cegos.

No século XVII surgiu a idéia de se produzirem as letras em relevo

com uma tinta grossa que o tato reconhecesse. Para dar relevo suficiente, a

tinta tinha que ser tão grossa que secava antes de produzir a letra no papel.

Mais tarde, ainda no século XVII alguém teve a idéia de fixar os tipos

de imprensa a umas alavancas arrumadas de modo que fossem bater todas

na mesma linha, para que os cegos pudessem escrever batendo com essas

hastes. Invento que pode ser considerada bisavó da máquina de datilografia

segundo Veiga, (1983:6).

O típico filósofo do Iluminismo (movimento de idéias predominante do

século XVIII) Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), propôs a criação da

15

educação dos cegos de forma objetiva, saindo do terreno, meramente,

especulativo para indicar solução para os problemas dos cegos.

Acreditou no potencial dessas pessoas e entendeu haver a

necessidade de oportunizar meios para a educação e, assim, possibilitar a

reabilitação na vida social.

Como se sucede as guerras, fabricando cegos, chamados de

mutilados dos olhos, aumentaram as responsabilidades do Estado para com

eles. Aí a preocupação com a instrução e o aparecimento da primeira

escola em Paris - fundada por Valentin Haüy em 1784.

Valientim Haüy, diplomata francês, observando que um cego a quem dera esmola tinha reconhecido pelo tato o valor da moeda, notou que no uso desse sentido é que estava a chave do problema da educação dos cegos. (Mata Machado:39)

Essa crescente preocupação com os cegos, consolida na França nos fins do

século XVIII, e o aprendizado da leitura nessa escola era feito pelo tato,

decifrando-se as letras comuns, em relevo, num papel muito grosso.

Em 1821 o capitão francês levou seu alfabeto àquela primeira escola

de cegos, pretendendo aperfeiçoar o método original. Também o sistema de

Barbier tinha a vantagem de poder ser feito a mão, sem as máquinas

exigidas pelo de Haüy.

A idéia de Charles Barbier interessou especialmente a um garoto

cego desde os três anos de idade e aluno desta escola desde os 10 anos

de nome Louis Braille. Passou a trabalhar com perseverança, aproveitando

só os pontinhos, criando um alfabeto inteiramente novo, mas, de acordo com

a sensibilidade tátil da extremidade do seu dedo indicador.

16

Pouco mais que adolescente, legou ao mundo a genial maravilha

do "Sistema Braille", que hoje serve a todas as línguas, mesmo às da

escrita do Oriente. Serve à Música, as Matemáticas, à Física, à Química, e a

tudo que se queira representar por escrito.

"o Braille é o mais completo, o mais perfeito, o mais

seguro, o mais eficiente meio de acesso à instrução, à

cultura e à educação de que se se valem as pessoas

cegas para sua integração na sociedade." (EDISON

RIBEIRO LEMOS).

Entretanto é lamentável que, com toda essa aprendizagem, os cegos,

em geral, continuem segregados da sociedade, ou seja, incapazes de se

adaptar à vida dos outros ou de se fazer aceitar por eles.

Pretende-se, assim, que a escola decida coletivamente, com base na

análise de sua realidade, sobre os procedimentos e percursos que viabilizem

formas de cumprimento às finalidades e princípios implícitos na orientação

legal de preparo do educando para "(...) o exercício da cidadania e sua

qualificação para o trabalho."

1.1 Etiologia

Algumas pessoas com paralisia cerebral ou outras deficiências

também são deficientes visuais parcial ou

completamente cegas.

As idéias sobre a causa da cegueira são muito variadas entre

diferentes pessoas. Ainda hoje são grandes os mitos que envolvem a

deficiência. No entanto, sabe-se que a cegueira na criança é geralmente

causada por desnutrição ou infecção (como sarampo, escarlatina,

meningite) e que a maioria dos casos de cegueira em crianças pode ser

17

prevenida. Muitas vezes, a falta de informação ou o uso incorreto de

medicamentos é que causa a perda da visão.

Entre as causas da deficiência visual, as mais comuns são:

Xeroftalmia ou Cegueira Nutricional, Tracoma, Gonorréia, Clamídia,

Oncocercose, Sarampo, Lesão Cerebral, Glaucoma, Degeneração senil da

mácula, Catarata, Artrite, Hanseníase, Descolamento de retina, Lesões dos

olhos e Traumas na Região Occipital.

1.1.1 Fatores Genéticos

Os fatores biológicos são considerados de acordo com o período em que

atuam:

Causas pré-natais (atuam durante a gestação): estão relacionadas com

algumas doenças infecciosas que podem ser contraídas durante a gravidez;

rubéola, sífilis, toxoplasmose e infeções por citomegalovírus.

Causas péri-natais (presentes antes, durante ou uma semana após o

parto). Problemas metabólicos (hipotermia, hipoglicemia...) e as infeções

péri-natais (sepsis e meningite).

Causas pós-natais (ocorrem após a primeira semana de vida):

traumatismo crânio-encefálicos (hemorragias cerebrais), infecções,

convulsões.

1.2. Características da Deficiência Visual

Os cegos de berço chamados geralmente de "cegos de nascença",

são os que geralmente nascem cegos, mas nascer sem vista, ou perdê-la

nos primeiros anos de vida, parece ser a mesma coisa para a futura

formação mental da pessoa.

18

O cego de nascença vai acomodando ao mundo, tirando dele os

elementos acessíveis aos sentidos. Um dos brinquedos mais comuns no

berço: são bichos com guizos, chocalhos, caixinha de música. A criança

cega aproveita o ruído, enquanto a criança com vista se interessa pela cor,

forma juntamente com o ruído. Assim é necessário proporcionar-lhe maior

estímulo que às outras. Veiga considera que:

"A criança cega, ao sair do berço, aprende a engatinhar e a andar ao tempo das outras. Mas, infelizmente, não vendo o andar dos que a rodeiam, move as perninhas o quanto lhe baste para sair do lugar sem cair, a seu jeito, compensando talvez a falta

de equilíbrio que a vista lhe daria com a maior dureza dos movimentos para não cair". (Veiga, 1983:9)

"O cego tem bom ouvido". Isto é um erro corrente que deve se

desfazer. O cego se serve mais do ouvido que qualquer pessoa: isto sim.

Talvez por isso, dá a impressão de ter melhor ouvido. No entanto, a voz

humana, ninguém conhece melhor que o cego. Ele sabe buscar todo o

relacionamento com as pessoas de seu convívio; todas as ligações

harmoniosas, sentimentais, amorosas e de desarmonias.

"Todavia, não há negar, depois do tato, o ouvido é o sentido que mais concorre para integração do cego neste mundo. Notem que é o único sentido funcionando em todas as direções, sempre aberto a qualquer estímulo que venha do ambiente. Então, no caso do cego, privado das impressões visuais, essas impressões auditivas serão menos rejeitadas e, por isto, bem mais aproveitadas que nas pessoas normais. O cego acaba por descobrir, mais que os outros, novidades no mundo audível, sem que o seu ouvido seja melhor." (1983:33).

Talvez tenhamos tão bons músicos cegos por essas peculiariedades.

É notório ouvirmos músicos cegos tão apaixonados pela música, que

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ouvindo qualquer conjunto orquestral, conheça ou não a peça, é capaz

de dizer em que tom está a gravação nas suas diferentes fases, e solfejando

as notas musicais da melodia básica que vai ouvindo.

"Como o tato exercitando supre a vista, por que não poderia também supri até certo ponto o ouvido, posto que os sons excitam nos corpos sonoros vibrações sensíveis ao tato? Pousando a mão no corpo de um violoncelo, pode-se, sem auxílio dos olhos ou do ouvido, distinguir, unicamente pela maneira por que vibra a madeira, se o som é grave ou agudo, se vem da prima ou do bordão. Se exercitar os sentidos a tais diferenças, não duvido que com o tempo seja possível alguém tornar-se sensível a ponto de ouvir uma ária inteira com os dedos. Isso admitido, fica claro que se poderia facilmente falar aos surdos em música; pois os tons e os tempos, não sendo menos suscetíveis de combinações regulares que as articulações e as vozes, podem da mesma forma ser tomados como elementos do discurso". (Rousseau, 1973:138).

O timbre, a intensidade, a musicalidade, a voz mais limpa ou mais

rouca, são variantes que levam o cego ao seu perfeito relacionamento no

mundo das pessoas que estão a seu redor. A intensidade, mais forte ou

mais fraca, indica-lhe particulariedades de caráter, firmeza de convicções,

disfarces, mentiras e certos estados mentais. A musicalidade de cada

pessoa ao falar, pode mostra-lhe o lugar em que nasceu, pessoas mais

sensíveis e mais desembaraçadas.

Dizem que a voz é o espelho da alma. Ela reflete qualquer estado

psicológico seu, qualquer alteração no seu habitual comportamento mental.

A voz pode revelar ao cego tudo aquilo e até muito mais do que a sua

expressão fisionômica levará ao seu interlocutor com vista.

O tato é o principal sentido para a pessoa cega e as mãos são seus

olhos. Esta é uma afirmativa aceita por todos e totalmente válida. Sabemos

que a educação de uma criança cega só pode ser bem sucedida se houver

muito precocemente condições para que ela desenvolva o tato, usando as

20

mãos não só como um instrumento de execução das ações, mas

também de percepção dos objetos e do ambiente. É um longo caminho, bem

trabalhoso, mas compensador, o da preparação do tato, que deve ser

iniciado quando a criança ainda é bebê. Ele assegurará sua plena integração

familiar, escolar e social. E o resultado pode ser visto nas muitas crianças

que têm acesso a recursos e educação adaptados às suas necessidades.

A experiência vivida por Helen Keller, surda-cega desde a idade de

dois anos e que pôde se comunicar e se integrar ao ambiente,

transformando-se em uma pessoa ativa e participante, mostrou-nos que,

quando os outros sentidos estão prejudicados, a pele e o tato podem

compensar essas deficiências num grau extraordinário (aos 7 anos de idade

aprendeu o Braille e começou a escrever à máquina num modelo especial,

aos 10 anos aprendeu a falar e aos 24 diplomou-se, passando a se dedicar

totalmente a promoção dos direitos dos cegos. O isolamento de Helen Keller

pela ausência da visão e audição foi vencido pelos esforços de Anne

Sullivan, que lhe abriu o mundo da comunicação simbólica com o

aprendizado do alfabeto digital. Sem ele, ela jamais seria a grande escritora

e conferencista que o mundo admirou. Tornou-se famosa e foi uma

personalidade tão especial que sua vida foi transformada num filme detentor

de vários prêmios nos Estados Unidos.

O olfato também facilita ao cego o melhor relacionamento com o

mundo. Os odores do caminho por onde vai passando o ajudam na sua

locomoção sem guia. O perfume, o cheiro de limpeza ou de sujeira que vem

dos outros igualmente o ajudam no relacionamento.

Assim, através do ouvido do tato e do olfato, os cegos vão vivendo e

se adaptando ao mundo na espera de bons centros de educação.

Todavia, a cegueira reduz o raio de ação do homem. Reduz, mas não

anula, como pensam muitos. Muito pode a força de vontade e principalmente

a educação. Sem falar em todos os cegos no Brasil e no mundo, que

ganham a vida por si, notabilizando-se, em sua profissão.

21

"Mas, onde as causas desses julgamentos falsos, expressos pela palavra falada e escrita? Tudo se explica á luz da psicologia. O vidente quando pensa na cegueira, imagina-se sem vista, e portanto sem ação. É que, vivendo quase exclusivamente pela vista, ele despreza, por lhe serem necessárias, das quais, no entanto, o cego é forçado a servir-se. A causa do preconceito, por ser psíquica, é difícil de desarraigar. Tanto é natural a pena que se tem do cego, como a admiração excessiva pelo pouco que ele acaso faça." (Mata Machado, 1931-22)

O mal da cegueira não reside na cegueira em si, mas na sua errônea

conceituação, geradora de idéias falsas e de lamentáveis atitudes.

A educação é, literalmente, imprescindível aos que não vêm. O cego

que não passar pela escola, confinará fatalmente as diretrizes de sua vida à

alternativa lastimável de se tornar um mendigo ambulante, estendendo a

mão á caridade pública, ou à doméstica, como eterno beneficiado

improdutivo.

22

CAPÍTULO II

Educação Inclusiva

"A ética de que falo é a que se sabe traída

e negada nos comportamentos grosseiramente imorais

como na perversão hipócrita da pureza em puritanismo.

A ética de que falo é a que se sabe afrontada na

manifestação discriminatória de raça, de gênero, de

classe. É por esta ética inseparável da prática

educativa, não importa se trabalhamos com crianças,

jovens ou adultos, que devemos lutar. E a melhor

maneira de por ela lutar é vivê-la em nossa prática, é

testemunhá-la, vivaz, aos educandos em nossas

relações com eles."

Paulo Freire

A educação inclusiva, apesar de encontrar, ainda, sérias resistências

(legítimas ou preconceituosas) por parte de muitos educadores, constitui,

uma proposta que busca resgatar valores sociais fundamentais, condizentes

com a igualdade de direitos e de oportunidades para todos. Para que a

inclusão de alunos com necessidades especiais no sistema regular de

ensino se efetive, possibilitando o resgate de sua cidadania e ampliando

suas perspectivas existenciais, não basta a promulgação de leis que

determinem a criação de cursos de capacitação básica de professores, nem

23

a obrigatoriedade de matrícula nas escolas essenciais, porém não

suficientes.

As políticas públicas para a inclusão devem ser concretizadas na

forma de programas de capacitação e acompanhamento contínuo, que

orientem o trabalho docente na perspectiva da diminuição gradativa da

exclusão escolar, o que virá a beneficiar, não apenas os alunos com

necessidades especiais, mas de uma forma geral, a educação escolar como

um todo.

2.1 Intervenção na Educação Especial

Os processos devem oferecer programas individualizados que são

desenvolvidos com o rigor técnico e científico, visando proporcionar às

pessoas com necessidades educacionais especiais, condições de

autonomia e independência.

A Educação Especial, embora possua em suas linhas gerais, os

mesmos objetivos da educação comum, utiliza metodologias especiais,

alternativas de atendimento diferenciado, recursos humanos especializados,

necessitando, portando, de fundamentos que norteiam suas orientações

específicas acerca dos portadores de deficiência, para proporcionar-lhes

condição que favoreçam sua integração à sociedade.

Do ponto de vista filosófico, a Educação Especial fundamenta-se na

Declaração Universal dos Direitos do Homem, na Convenção Sobre os

Direitos da Criança e nas declarações das Nações Unidas (Declaração de

Salamanca - Brasil,1994)) culminados no documento Regras Padrões Sobre

a Eqüalização de Oportunidades para Pessoas com Deficiências.

A Declaração Universal dos Direitos do Homem garantem a educação

para todos, indistintamente, quaisquer que sejam suas origens ou condições

sociais.

24

Diversas razões justificam a implementação de tais orientações e

estratégias entre elas, o movimento mundial em prol do paradigma da

inclusão educacional originado na Conferência Mundial de Educação para

Todos (Jomtien na Tailândia, 1990) e, posteriormente confirmado, na

Declaração de Salamanca (Espanha,1994) na Conferência Mundial sobre

Necessidades Educacionais Especiais: Acesso e Qualidade, compromisso

também assumido pelo Ministério da Educação do Brasil.

A Declaração de Salamanca proclama que:

- toda criança tem direito fundamental à educação e deve ser dada a

oportunidade de atingir e manter um nível adequado de aprendizagem;

- aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à

escola regular, que deveria acomodá-los dentro de uma pedagogia

centrada na criança, capaz de satisfazer a tais necessidades;

2.2. Fundamentação Legal

Do ponto de vista legal, a Educação Especial fundamenta-se na

Constituição da República Federativa do Brasi/198l, especialmente no

inciso IV do Artº 208, no Estatuto da Criança e do Adolescente, de 1990,

no seu artigo, 208, inciso IV e, principalmente, na Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional (L.D.B.), promulgada pela Lei 9.394, de

20/12/96.

Do ponto de vista da política educacional, fundamenta-se no Plano

Decenal de Educação Para Todos (1993-2003) e, como ação pedagógica,

encontram respaldo no Plano Nacional de Educação, Lei 10.172/01, de

09/01/2001. Nas Diretrizes Nacionais para Educação Especial na Educação

Básica publicada em 11/09/2001 e nas estratégias e conteúdos

programáticos contidos no Referencial Curricular Nacional da Educação

Infantil (1998).

25

De acordo com a Política Nacional de Educação Especial (1994), "a

educação deve ser, por princípio, liberal, democrática e não doutrinária".

Dentro desta concepção o educando é, acima de tudo, digno de respeito e

do direito à educação de melhor qualidade. A principal preocupação da

educação, desta forma, deve ser o desenvolvimento integral do homem e a

sua preparação, para uma vida produtiva na sociedade, fundamentada no

equilíbrio entre os interesses individuais e as regras de vida nos grupos

sociais.

No Brasil, o foco de discussões da política de integração escolar de

alunos com deficiência começou na década de oitenta. O sistema

educacional sentiu necessidade de se reestruturar para atender os alunos

com suas diversidades amparados na Constituição Brasileira de 1988 que

assegura às pessoas com deficiência os direitos relativos ao trabalho,

educação, locomoção, acesso, assistência e integração social, os pais de

crianças com deficiência, com amparo legal, passaram a exigir atendimento

no ensino regular.

Aos alunos que apresentam necessidades educacionais especiais

próprias e diferentes dos demais alunos no domínio das aprendizagens

curriculares correspondentes a sua idade, que requerem recursos

pedagógicos e metodologias educacionais específicas.

2.3. Sistema Educacional

A Política Nacional de Educação Especial tem por finalidade orientar

o desenvolvimento de ações que garantam o atendimento educacional

especializado aos alunos que apresentam necessidades educacionais

especiais, de modo a promover condições para seu sucesso, progresso e

desempenho no sistema educacional. Fundamenta-se na Constituição

26

Federal, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no

Estatuto da Criança e do Adolescente e na Lei Nº 7.853/89.

Programa de Educação Profissional da Secretaria Especial (SEESP)

é um processo de efeitos múltiplos na comunidade escolar, tanto no que se

refere à inclusão de alunos com necessidades especiais no contexto social,

por meio dos princípios de igualdades de oportunidades e de tratamento em

matéria de emprego e profissão. Esse programa visa não somente trabalhar

conteúdos programáticos dos parâmetros curriculares estabelecidos pelo

Ministério da Educação (MEC), como implementar a educação profissional

com formação de habilidades básicas e de gestão.

2.4 Musicografia Braille: instrumento de inclusão

O Sistema Braille é um instrumento valioso para as pessoas cegas, por lhes darem a independência para ler e escrever. Tim Cramer, Presidente do INTERNACIONAL BRAILLE RESEARCH CENTER e Diretor para a investigação na NATIONAL FEDERATION OF THE BLIND (EUA), escreveu: "O Braille não é bem compreendido pela indiferença do público face à importância do Braille para as pessoas que o dominam".

Ainda hoje, são poucos os profissionais especializados na educação e

reabilitação de pessoas cegas.

O Sistema Braille tem por base a capacidade dos deficientes visuais

identificarem pontos em relevo sobre o papel e essa simplicidade permite

que o Sistema Braille seja aplicado em áreas do conhecimento tão distintas

quanto a matemática, a física, a química, e a música.

No Brasil a educação dos cegos começou com uma escola

especializada no Rio de Janeiro em 1854 inaugurado por Dom Pedro II, com

o nome de Instituto Imperial dos Meninos Cegos (atualmente Instituto

27

Benjamin Constant - IBC). É necessário ressaltar que o Brasil foi o

primeiro país a adotar oficialmente o sistema de escrita inventado por Louis

Braille para o ensino de cegos.

O Instituto São Rafael em Belo Horizonte, Minas Gerais, inaugurado

em 2 de setembro de 1926, foi a primeira escola para cegos, no Brasil,

administrada por um Governo Estadual, que da mesma forma que o seu

modelo, IBC, preconizava um sistema de educação que, ao mesmo tempo,

oferecia aos cegos, não somente a instrução básica, como também um

ensino musical e técnico profissional que lhes possibilidade que lhes

possibilitaria prover o seu sustento.

Segundo Couto e Silva de Oliveira (1995:2), este trabalho interessou-

se, portanto justamente pelos efeitos que a formação musical oferecida pela

escola teve na vida de um grupo de alunos. Esses músicos formados pelo

Instituto São Rafael, de acordo com as intenções pedagógicas da Escola, na

maior parte das vezes, acabavam efetivamente, por se profissionalizar.

A música além de ser um ensino altamente especializado,

possibilitava ao aluno do Instituto, circular em outros espaços, que não

apenas o interno à instituição, ao qual estavam restritos aqueles que se

dedicavam aos outros misteres: os marcineiros, encadernadores,

bordadeiras, etc. A música (atividade extra-curricular aprendida por alunos

de ambos os sexos) era desse modo, um passaporte que permitia ao aluno

cego circular pelos diversos espaços citadinos.

O curso de música do Instituto São Rafael, era dividido em duas

partes (teórico e prático) e iniciava no segundo ano do curso primário. Sua

duração era de nove anos e compreendia as seguintes matérias: Solfejo,

Harmonia, Contraponto, Fuga, Orquestração, Composição (curso teórico),

Piano, Harmônico, Violino, Violoncelo, Contrabaixo, Flauta, Clarineta, Piston,

trombone e outros; Canto Coral e Canto Solo (curso prático).

28

É importante registrar, que conforme demonstra a documentação

encontrada, a formação musical deste Instituto, seguia à risca o programa

do Conservatório Mineiro de Música, uma vez que a MUSICOGRAFIA

BRAILLE colocava o aluno cego em igualdade de condições com os

demais estudantes.

No ensino da música é necessário grande cuidado e

dedicação. Através do curso deve-se á música um desenvolvimento

completo. Não se trata de fornecer ao "pobre cego" um doce derivativo, uma

distração inocente destinada a melhorar a "dor da cegueira".

Como qualquer pessoa, o cego se embala na estesia da arte, mas a

música, além de constituir complemento indispensável de sua cultura, servir-

lhe-á certamente como meio de vida.

Na música, sente-se o cego inquestionavelmente à vontade, o

preconceito lhes tolhe menos o progresso, e menos intensa é a

concorrência. Vem daí o falso pressuposto. É necessário facilitar aos cegos

com talento musical, o exercício da profissão onde poderão ingressar

também no magistério como professores de música.

Atender o aluno com sua necessidade especial, auxiliá-lo em seu

trabalho de superação das condições limitantes, ajudá-lo a criar uma auto-

imagem positiva e uma visão de mundo realística e possibilitar-lhe aceitar-

se, enquanto ser diferente, além de auxiliar o professor das classes

regulares que receberá esse aluno e precisar estar preparado para essa

nova atribuição fortalecem o profissionalismo do professor que atua nessa

modalidade de ensino.

A inclusão na escola é, então, o processo pelo qual se adapta e se

transforma para poder inserir em suas classes do ensino regular crianças e

jovens com necessidades educacionais especiais que estão em busca de

seu pleno desenvolvimento e exercício da cidadania.

29

2.5. Educação, Desenvolvimento Pessoal, Social e Ética.

A Escola Multiculturalista é INCLUSIVA. A aceitação sem barreiras de crianças e adolescentes na Escola comum que apresentem diferenças físicas e mentais beneficia a maioria, flexibilizando-a e possibilita à minoria diferente, potencializar as suas capacidades positivas.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9394/96),

fundada nos princípios constitucionais de 1988, incorpora-se a esse

movimento quando estabelece ser a educação um direito de todos e dá um

novo enfoque para a educação especial.

A partir dessas premissas, o projeto pedagógico, como fator de

desenvolvimento pessoal e social, deve estar norteado por três grandes

princípios: o de igualdade de direitos, independente da origem e da condição

social do aluno, o da concepção da escola como espaço social da

socialização, e da integração do homem ao conhecimento acumulado, e o

último como entendimento da preparação cultural como meio para a

inserção social do indivíduo como cidadão.

Uma Educação verdadeiramente multicultural deverá ser capaz de dar

resposta, simultaneamente, aos imperativos da integração planetária e

nacional, e às necessidades específicas das comunidades locais, rurais ou

urbanas que têm a sua cultura própria. Deverá levar cada um a tomar

consciência da diversidade e a respeitar os outros, quer se trate dos vizinhos

mais próximos, dos colegas presentes, ou de habitantes de um país

longínquo. Para que seja possível uma educação realmente pluralista, será

necessário repensar os objetivos, remodelar os conteúdos e programas dos

estabelecimentos de ensino, imaginar novos métodos pedagógicos e novos

processos educativos, estimulando novas gerações de professores e alunos.

30

Uma educação realmente pluralista baseia-se numa filosofia positiva às

consequências sociais do pluralismo cultural.

Não devemos ser omissos com essa geração que agora se forma,

incluindo nas discussões cotidianas questões chaves para a convivência em

sociedade como a tolerância e a aceitação e abrigo às diferenças.

Lição de respeito às diferenças, ressalta a figura do educador para

quem a educação se sobrepõe à busca e ao exercício do poder imediato,

sentido do que efetivamente perdura.

Para que a escola eduque para a ética e a moral, é necessário,

apontar caminhos para que os próprios alunos possam desenvolver seu

senso crítico, aprendendo a analisar a realidade e a formar critérios

baseados no senso comum, e também no bom senso.

31

CAPITULO III

Sistema Braille

"Os pontos Braille são sementes de luz levadas

ao cérebro pelos dedos, para germinação do saber".

Helen Keller.

Louis Braille e seu Sistema

É através da leitura que as pessoas podem adquirir os conhecimentos

básicos e o aperfeiçoamento profissional que as capacitam a tornarem-se

membros da sociedade.

A importância e a necessidade desse veículo fundamental para o uso

dos cegos preocupou a humanidade através dos tempos e a aplicação dos

recursos oferecidos pela evolução tecnológica e científica, vem favorecendo

a constante ampliação de meios e métodos de comunicação para os

deficientes de visão.

Entre todos os sistemas de leitura e escrita para os cegos que foram

inventados desde os primórdios da civilização, o "SISTEMA BRAILLE"

inventado por Louis Braille em 1825 é o sistema de leitura e escrita que tem

substituído com maior eficiência e facilidade a palavra impressa e escrita

em tinta. Esse sistema tomou o tato como substituto da visão na leitura.

32

A maioria das pessoas sabe que os cegos utilizam um sistema

especial de leitura tátil e escrita. Mas o que ninguém deveria deixar de saber

é que esse sistema tem o nome de seu inventor - LOUIS BRAILLE - que é

hoje profundamente distinguido por sua criação.

Durante a maior parte da vida de Louis Braille, seu sistema só foi

conhecido na escola onde ele estudou e foi professor. Sua história é de um

homem que conseguiu muito lentamente o reconhecimento do valor de sua

obra.

3.1. Louis Braille

Nasceu em quatro de janeiro de 1809, na pequena cidade francesa

de Coupvray pertencente ao distrito de Seine-Marne que se situa cerca de

45 quilômetros da cidade de Paris. (American Foundation for The Blind -

1969)

Seu pai, Simon René Braille, era um conceituado seleiro na região e

sustentava a família com o fruto de seu trabalho, de maneira simples mas

confortável. Sua mãe, Monique Baron, foi uma jovem simples de fazenda

que veio a Coupray para casar-se com Simon em 1792, dezessete anos

antes de Louis Braille. (Veiga,1983:17)

A cegueira total adveio quando Louis tinha 5 anos, por causa de uma

infecção generalizada que havia destruído ambas as córneas.

Os pais de Louis Braille já com 10 anos, ouviram falar de uma

instituição para cegos em Paris do genial cientista francês Valentin Haüy.

Primeira escola especializada para cegos em todo o mundo (1784)

INSTITUT NATIONAL POUR LES JEUNES AVEGLES, inspirada numa obra

de Abade L'Epée, dedicada a surdos.

33

O trabalho pioneiro de Haüy demonstrou o aproveitamento do

tato, criou instrumentos adequados ao ensino do cego, evidenciou as

diferenças individuais e chamou a si a tarefa da educação coletiva.

O ensino consistia em fazer os alunos repetirem as explicações e

textos ouvidos. Alguns livros escritos no sistema de Valentin Haüy, método

oficial de leitura para cegos, permitia leitura suplementar. Apesar de em

pequeno número, esses livros eram os únicos existentes. Prevalecia

unicamente a escrita linear correspondente à primeira das tendências.

Simultaneamente, em vários locais da Europa, diversas organizações

proliferaram, algumas com mais, outras com menos êxito.

"Louis Braille era um ótimo estudante e dedicou-

se profundamente aos estudos. Gostava de música

clássica e como os professores do Conservatório

vinham dar aulas gratuitas na Instituição, dedicou-se ao

estudo que consistia em ouvir e repetir o que era

ouvido. As condições não eram ideais, mas Braille

tornou-se um excelente pianista e mais tarde o

talentoso organista do órgão de Notre Dame des

Champs." (Henri,1952:13)

Segundo Bourdieu (1998:63):

"para que os destinos sejam metamorfoseados em escolhas livres, é suficiente que a escola, hierofonte da necessidade, consiga convencer os indivíduos a se submeterem ao seu veredicto e persuadi-los de que eles mesmos escolheram os destinos que lhes haviam sido a priori atribuídos. A partir desse momento, a divindade social está fora de questão".

Vieram-se assim alternando as diferentes filosofias da educação de

cegos. Educação para tocar música, para exibir-se aos outros, para fazer

pequenos trabalhos manuais. A orientação de fazer os cegos usarem as

34

mesmas letras e os números de toda a gente demorou a ceder passo à

genialidade do Alfabeto Braille.

As dificuldades enfrentadas por Louis Braille em seus estudos, o

levaram desde cedo a preocupar-se com a possibilidade de criação de um

sistema de escrita de outras pessoas como o de Barbier, oferecendo uma

série de circunstância para que Louis Braille criasse o seu sistema.

Após vários aperfeiçoamentos, este processo acabou por ser

constituído por 36 (trinta e seis) sinais equivalentes a trinta e seis sons

distribuídos por seis linha com seis colunas cada (composto por doze

pontos). Eram representados pelo número de pontos correspondentes à

posição ocupada por cada um na respectiva linha e coluna.

Através da "Grafia Sonora" qualquer sentença podia ser escrita, mas

como o sistema era fonético, as palavras não podiam ser soletradas. Um

grande número de sinais era usado para uma única palavra, o que tornava a

decifração longa e difícil.

Louis Braille rapidamente aprendeu a usar o sistema, lendo e

escrevendo sentenças. A escrita era possível com o auxílio de uma régua

guia e de um estilete.

Adquirindo maior habilidade no uso do método, Louis Braille descobriu

seus problemas e começou a pensar em possíveis modificações.

Nas tentativas que então se faziam, empenhava-se na simplificação

dos caracteres e procurava-se substituir a linha lisa pela de pontos salientes,

de mais rápida percepção por meio do tato. Nas experiências de Charles

Barbier, concebidas para servirem a comunicações noturnas de interesse

militar, e que foram consideradas aplicáveis ao uso dos cegos, encontrou

Braille o seu ponto de partida declaradamente: "Ao processo desse inventor

(Charles Barbier) devemos a primeira idéia do nosso". E acrescentou, em

outra ocasião:

35

"se tivemos a felicidade de fazer alguma coisa

útil aos nossos companheiros de infortúnio, nunca nos

cansaremos de repetir que o nosso reconhecimento

pertence a Charles Barbier, o primeiro em inventar um

processo de escrita por meio de pontos salientes para

uso dos cegos".

Louis Braille propôs alguns aperfeiçoamentos que foram

apresentados a Barbier pelo Diretor da Escola Dr.Pignier.

Barbier ficou surpreso ao deparar-se com um garoto, apesar de

reconhecer o valor da proposição de Louis, mas defendeu fervorosamente o

fundamento de sua invenção pois não considerava necessária a ortografia e

não queria ver seu método mudado em seu fundamento básico.

Em 1825, Louis Braille tinha sua invenção pronta. Aos 16 anos de

idade, ele inventou o Alfabeto Braille semelhante ao que se usa hoje.

Em 1827, seu alfabeto permitiu a transcrição de partes da "Gramática

das Gramáticas". Em 1828, continuando seus estudos, ele aplicou seu

sistema à notação musical.

E em 1829, foi escrito a primeira edição do "Método de Palavras

Escritas, Músicas e Cantochão por meio de Pontos, para uso dos Cegos e

Adaptados para Eles". No prefácio desse livro, Braille refere-se a Barbier:

"Se nós temos vantagens de nosso método sobre o seu, devemos dizer em

sua honra que seu método deu-nos a primeira idéia sobre o nosso próprio".

Nesta primeira apresentação ainda o sistema era formado por noventa e seis

símbolos, constituídos por pontos e traços simultaneamente.

Em 1829, Louis Braille foi oficialmente designado professor do

instituto e ensinou gramática, matemática e geografia. Um de seus alunos,

36

Coltat, tornou-se um de seus grandes amigos e mais tarde biógrafo,

tendo escrito o livro "Notas Históricas sobre Louis Braille" onde narra

detalhes de toda sua vida na instituição.

Oito anos depois, 1837, na sua segunda versão, já os caracteres

aparecem reduzidos a 64 (sessenta e quatro, incluindo a cela vazia),

resultantes das combinações possíveis entre seis pontos dispostos em duas

colunas com três pontos cada uma no máximo.

Observa Pierre Henri (p. 52): "Ainda que a feição do espírito o

impelisse à abstração, Braille não era matemático". Os seis pontos

correspondem ao limite do que o indicador alcança. Ainda acrescenta:

"Como instrumento de investigação das imagens espaciais, dispunha do

dedo e, por intuição, descobriu o que melhor convinha, procedendo, sem o

saber, como primeiro psicólogo da edificação das estruturas táctéis."

Portanto, graças a estes dois processos de caráter puramente

convencional que os cegos podem hoje dispor de um sistema que, ainda

específico, satisfaz plenamente as exigências do sentido do tato

predominante no dia a dia da sua vida.

Apesar de sua saúde deficiente, pois contraiu tuberculose aos 26

anos, Braille continuou a trabalhar no aperfeiçoamento de seu sistema e em

1838 publicou "Pequena Sinopse de Aritmética para Principiantes" e em

1839, "Novo Método para Representação por Sinais de Formas de Letras,

Mapas, Figuras Geométricas, Símbolos Musicais, para uso de Cegos". Este

último método consistia em escrever as letras de forma convencional,

marcando com a punção uma série de pontos em relevo. Para padronizar as

dimensões das letras, Braille determinou num quadro o número de sinais

necessários para cada letra. Esta nova invenção também foi adotada pelos

alunos e Braille chamou-a de "Grafia Pontilhada". O objetivo deste sistema

era facilitar a comunicação com as pessoas que enxergam.

37

Louis Braille tentou também divulgar seu sistema em outros

países e em julho de 1840 escreveu para J. Wilhen Klein, fundador da

primeira escola para cegos de Viena. Lamentavelmente Klein também não

aceitou na ocasião.

Durante esses últimos anos a doença de Louis Braille foi progredindo

e sua saúde foi-se tornando frágil. Em 1850 pediu demissão do cargo de

professor, mas continuou dando aulas de piano. (Henri, p.38).

Em dezembro de 1851, sofreu uma grande recaída recolhendo-se ao

leito. Faleceu no dia 6 de janeiro de 1852, confiante em que seu trabalho

não tinha sido em vão.

Louis Braille, não teve o reconhecimento de seu trabalho pelos seus

contemporâneos, a não ser pelo seu círculo restrito de amigos. Somente

cem anos mais tarde, a história do garoto de 16 anos que inventou um

sistema de seis pontos em relevo expandiu-se pelo mundo.

3.2. Sistema Braille

O Braille é um sistema de leitura tátil e escrita para a pessoa cega.

O Sistema Braille consta de seis pontos em relevo, dispostos em duas

colunas de três pontos. Os seis pontos formam o que se convencionou de

"Cela Braille". Para facilitar a sua identificação, os pontos são numerados da

seguinte forma: do alto para baixo, coluna da esquerda: pontos 1 - 2 - 3 do

alto para baixo, coluna da direita: pontos 4 - 5 - 6. Como as folhas são

lidas pelo avesso, a escrita tem de se fazer da direita para a esquerda, de

modo que, do outro lado apareça da esquerda para a direita.

1 12 23 3

4 4

6 6

38

A diferente disposição desses seis pontos permite a formação de 64

combinações (incluindo a cela vazia) ou símbolos Braille. As dez primeiras

letras do alfabeto são formadas por todas as combinações possíveis dos

quatro pontos superiores (1 -2 e 4 - 5).

QUADRO 1

A B C D E F G H I J

As dez letras seguintes são as combinações das dez primeiras letras,

acrescidas do ponto 3 e formam a 2ª linha de sinais.

QUADRO 2

K L M N O P Q R S T

A 3ª linha é formada pelo acréscimo dos pontos 3 e 6 às combinações

da 1° linha.

QUADRO 3

U V X Y Z Ç É Á È U

Os símbolos da 1ª linha são as dez primeiras letras do alfabeto

romano (a - j). Esses mesmos sinais, na mesma ordem, assumem as

características de valores numéricos 1 - 0, quando precedidos do sinal de

número, formado pelos pontos 3 - 4 - 5 - 6.

QUADRO 4

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

No alfabeto romano vinte e seis sinais são utilizados para o alfabeto,

dez para os sinais de pontuação de uso internacional, correspondendo aos

39

10 sinais da 1ª linha, localizados na parte inferior da "Cela Braille":

pontos 2 - 3 - 5 - 6.

QUADRO 5

, ; : . ? ! () " * "

Os vinte e sete sinais restantes são destinados às necessidades

específicas de cada língua (letras acentuadas e abreviaturas).

QUADRO 6

Â Ê Ì Ô Ù À Ï Ü Ö (Ò ou W)

Doze anos após a invenção desse sistema, Louis Braille acrescentou

a letra "W" ao 10º sinal da 4ª linha para atender às necessidades da língua

inglesa. (Kugelmass,1955:28).

O Sistema Braille é empregado por extenso, isto é, escrevendo a

palavra letra por letra ou de forma abreviada, adotando códigos especiais de

abreviaturas para cada língua ou grupo lingüístico. O Braille por extenso é

denominado grau I. O grau II é a forma abreviada, empregada para

representar as conjunções, preposições, pronomes, prefixos, sufixos, grupos

de letras que são comumente encontradas nas palavras de uso corrente. A

principal razão de seu emprego é reduzir o volume dos livros em Braille e

permitir o maior rendimento na leitura e na escrita. Uma série de

abreviaturas mais complexas forma o grau III, que necessita de

conhecimento profundo da língua, uma boa memória e uma sensibilidade

tátil muito desenvolvida por parte do leitor cego.

O tato é também um fator decisivo na capacitação de utilização do

Braille.

40

O Sistema Braille aplica-se à estenografia, à música e as

notações científicas em geral, através do aproveitamento das 64

combinações em códigos especiais.

O Sistema Braille é de extraordinária universalidade: pode exprimir as

diferentes línguas e escritas da Europa, Ásia e da África. Sua principal

vantagem todavia, reside no fato das pessoas cegas poderem facilmente

escrever por esse sistema, com o auxílio da reglete e punção.

“Os nascidos sem ver a luz, aliás em menor

número, nutrem a sensibilidade estética de sensações

requeridas pelas metáforas vicárias, que vão permitir

certa vibração como o esplendor do sol e o possível

encantamento da beleza panorâmica.” (Mata Machado,

1931:14)

O Sistema Braille, adotado em todas as línguas, ainda lhe oferece os

símbolos da matemática, as convenções da química, a musicografia.

A base da leitura tinha mesmo de ser o tato. Disso alcançou nítida

revelação em 1784 o diplomata francês Valentim Haüy, quando observou

cegos a quem dera esmola e conheciam pelos dedos o valor das moedas.

Para Haüy:

"Se os progressos pedagógicos e os benefícios

da tecnologia aliviam o peso da cruz dos cegos, é

verdade que se vai levando, não há que negar a

rêmora da cegueira, a cujos efeitos os fortes nunca

naufragam, antes neles procuram estímulo as mais

audaciosas navegações". (1975:17)

41

3.2.1. Como o Braille é produzido

O aparelho de escrita usado por Louis Braille consistia de uma

prancha, uma régua com 2 linhas com janelas correspondentes às Celas

Braille, que se encaixa, pelas extremidades laterais, na prancha, e a punção.

O papel era introduzido entre a prancha e a régua, o que permitia à pessoa

cega, pressionando o papel com a punção, escrever os pontos em relevo.

Hoje, as regletes, uma variação desse aparelho de escrita de Louis Braille,

são ainda muito usadas pelos cegos. Todas as regletes modernas, quer

sejam modelos de mesa ou de bolso, consistem essencialmente de duas

placas de metal ou plástico, fixa de um lado como dobradiças, de modo a

permitir a introdução do papel.

A placa superior funciona como a primitiva régua e possui as janelas

correspondentes às celas Braille. Diretamente sob cada janela, a placa

superior possui, em baixo relevo, a configuração da Cela Braille. Ponto por

ponto, a pessoa cega, com a punção, forma o símbolo Braille

correspondente às letras, números ou abreviaturas desejadas.

Na reglete escreve-se o Braille da direita para a esquerda, na

seqüência normal de letras ou símbolos. A leitura é feita normalmente da

esquerda para a direita. Conhecendo-se a numeração dos pontos,

correspondentes a cada símbolo, torna-se fácil tanto a leitura quanto a

escrita feita em regletes.

Exceto pela fadiga, a escrita na reglete pode tornar-se tão automática

para o cego quanto a escrita com o lápis para a pessoa de visão normal.

Além da reglete, o Braille pode ser produzido através de máquinas

especiais de datilografia, de 7 teclas: cada tecla corresponde a um ponto e

ao espaço. As imprensas Braille produzem os seus livros utilizando

máquinas estereótipos, semelhantes às máquinas especiais de datilografia,

sendo porém elétricas. Essas máquinas permitem a escrita do Braille em

matrizes de metal. Essa escrita é feita dos dois lados da matriz, permitindo a

42

impressão do Braille nas duas faces do papel. Novos recursos para a

produção do Braille têm sido empregados, de acordo com os avanços

tecnológicos de nossa era. O Braille agora pode ser produzido pela

automatização através dos recursos modernos dos computadores.

3.2.2 Como o Braille é lido

A maioria dos leitores cegos lêem, de início, com a ponta do dedo

indicador de uma das mãos - esquerda ou direita. Um número indeterminado

de pessoas, entretanto, que não são ambidestras em outras áreas, podem

ler o Braille com as duas mãos. Algumas pessoas, ainda, utilizam o dedo

médio ou anular, ao invés do indicador. Os leitores mais experientes

comumente utilizam o dedo indicador da mão direita, com uma leve pressão

sobre os pontos em relevo, permitindo-lhes uma ótima percepção,

identificação e discriminação dos símbolos Braille.

Este fato somente através da estimulação consecutiva dos dedos

pelos pontos em relevo. Essa estimulação ocorre muito mais quando se

movimenta a mão ou mãos sobre cada linha escrita num movimento da

esquerda para a direita Os pontos em relevo permitem a compressão

instantânea das letras como um todo, uma função indispensável ao

processo da leitura.

Para a leitura corrente, os pontos em relevo devem ser precisos e o

seu tamanho máximo não deve exceder a área da ponta dos dedos

empregados para a leitura. Os caracteres devem todos possuir a mesma

dimensão, obedecendo os espaçamentos regulares entre as letras e entre

as linhas.

43

3.3 O Braille no Mundo

Inventado em fins de 1824, o Sistema Braille foi empregado em 1825

inicialmente por Louis Braille e seus alunos do Instituto Real de Jovens

Cegos de Paris. Em 1827 foi transcrita em Braille a "Gramática das

Gramáticas"; em 1829, uma outra Gramática e em 1837, pelo mesmo

Instituto, foi publicada uma história da França. Em 1829, a administração do

Instituto Real de Jovens Cegos publicou, com a intenção de difundir e

divulgar oficialmente o sistema, um livro intitulado "MÉTODOS DE

PALAVRAS, ESCRITAS, MÚSICA E CANÇÕES POR MEIO DE SINAIS,

PARA USO DOS CEGOS E ADAPTADOS POR ELES". Uma nova edição

desse método foi feita em 1839 com algumas modificações. O Sistema de

64 sinais que conhecemos até hoje foi então codificado. Somente em 1847,

entretanto, devido à Política interna no próprio Instituto Real, voltou a ser

utilizado o Sistema Braille para a impressão de livros por essa instituição,

sendo proclamado oficialmente. Em 1856 o Instituto Real publicou em Braille

o primeiro trabalho em língua estrangeira: um livro de leitura em Português.

Os recursos para essa impressão vieram como donativo pessoal do

Imperador do Brasil.

Paris finalmente venceu, e o resto da França foi seguindo os seus

passos à medida que as escolas especiais eram criadas nas províncias. A

adoção do sistema na Europa foi mais lenta. Em 1860 foi impresso o

primeiro livro em Sistema Braille, fora da França, em Lousane na Suíça.

Apesar da incontestável vantagem do Braille, a completa adoção do sistema

foi uma obra que levou muitos anos.

De 1860 a 1880 o Sistema Braille foi adotado em toda Europa, em

sua forma original, com pequenas alterações devidas às particularidades de

cada língua. Mas a luta para introdução do sistema em outros países fora da

Europa estava longe de terminar.

Na América do Norte o Braille não foi bem recebido. Somente em

1898, após quinze anos de trabalho de um comitê especial, a unificação foi

44

possível. O comitê aceitou o Braille francês inicial, restabelecendo a

uniformidade não só no próprio país como entre os Estados Unidos e a

Europa. Em 1932 foi feito um acordo para o estabelecimento da unificação

do Sistema Braille padrão da língua inglesa.

Na Ásia, as primeiras adaptações do Braille às línguas não européias

datam do período de 1870 a 1880. O Braille foi adaptado inicialmente às

línguas mais conhecidas e toda a honra da introdução do Braille na Ásia,

África e nos territórios mais longínquos coube aos missionários europeus e

americanos. Nos seus postos avançados e isolados, eles procuraram dar

atendimento aos cegos que chegavam às missões e sem premeditação,

criaram as primeiras escolas para cegos nessas regiões. Para proporcionar

um ensino sistemático, os missionários fizeram o melhor que lhes foi

possível para adaptar o Braille aos seus dialetos.

O Braille no Extremo Oriente, teve grande dificuldade para ser

introduzido. Foi preciso muito engenho para condensar os longos alfabetos a

fim de exprimir os milhares de ideogramas utilizando as 64 combinações do

sistema.

A introdução do Braille foi então sendo feita através das adaptações

necessárias a cada língua ou dialeto, de uma forma desordenada.

Entretanto, em 1949, a Índia fez um apelo à UNESCO para que essa

organização mundial contribuísse de alguma forma positiva para a

racionalização do Braille nas diversas partes do mundo.

Os sessenta e dois anos de "guerra civil" entre as diversas aplicações

do Braille foram sem dúvida inevitáveis. Mas diante dessa solicitação da

Índia, o Conselho Executivo da UNESCO reconheceu a importância

Internacional do problema, decidindo que a UNESCO deveria contribuir

ativamente para encontrar uma solução satisfatória tanto aos governos

quanto aos cegos de todo o mundo. A UNESCO aceitou o desafio e

45

começou os seus trabalhos sobre o Sistema Braille em 1º de julho de

1949, terminando-o em 31 de dezembro de 1951.

A Conferência Geral da UNESCO autorizou a convocação de

reuniões regionais para elaborar um Braille uniforme para transcrição das

diversas línguas que utilizam o alfabeto árabe, dos alfabetos norte-africanos,

do Ceilão, do Egito, da Índia, do Iraque, da Jordânia, do Líbano, da Malásia,

do Pakistão, da Pérsia e da Síria. Outras conferências regionais foram

realizadas também, para unificação do Braille abreviado para o português e

espanhol.

Uma das recomendações da Conferência Geral da UNESCO, da qual

participou um delegado da Fundação para o Livro do Cego (atual Fundação

Dorina Nowil) no Brasil, reunida em março de 1950 em Paris, era que fosse

criado um Conselho Mundial de Braille para promover a adoção do Sistema

Braille unificado para uso normal e códigos especiais de matemática e

MÚSICA.

Todas essas resoluções, explicações e instruções sobre o uso do

Braille por extenso e abreviado foram publicadas pela UNESCO em 1954 no

livro: "A escrita Braille no mundo". Em 1975 foi indicada uma nova comissão

do Conselho Mundial para o Bem Estar dos Cegos para estudar a edição

desse mesmo livro, atualizado e revisto.

A música também é objeto de estudos desde 1929, quando da

realização da Conferência Internacional de Braille. Entretanto, foi impossível

um acordo total sobre o código de notações musicais. Nova Conferência foi

organizada pela UNESCO, Conselho Mundial para o Bem Estar dos Cegos e

Conselho Mundial de Braille, em Paris, em 1954 e da qual participou um

delegado brasileiro, da Fundação para o Livro do Cego no Brasil.

Como conseqüência do trabalho dos especialistas reunidos nessa

Conferência surgiu o "Manual Internacional da Notações Musicais em

46

Braille". Essa publicação compilada por H. V. Spanner e publicada pelo

Conselho Mundial para o Bem Estar dos Cegos, estabeleceu normas gerais

para a transcrição de músicas para os cegos. Embora não seja de uso

universal a maioria dos países do mundo tomam-no como base para a

aplicação do Sistema Braille à música, em todos os seus aspectos e para

todos os instrumentos.

3.3.1 A Educação dos Cegos no Brasil

O Sistema Braille foi introduzido no Brasil, (1850), pelo jovem cego

brasileiro, José Álvares de Azevedo que o aprendera na França, no Instituto

Real dos Jovens Cegos de Paris, onde estudou. Foi o chamado "Braille

Francês" ou seja, o que fora estruturado por Louis Braille, em sua versão

definitiva de 1837, para aplicação do "Braille Integral" na Literatura,

"símbolos científicos" na Aritmética e Geografia e "símbolos musicográficos"

nas Anotações de Música.

Este jovem representou, no Brasil, a primeira evidência de reabilitação

da pessoa cega, por ter tido a oportunidade de estudar com o recurso de

escrita e de leitura , inventado por Louis Braille.

No Brasil, as atividades organizadas em favor dos cegos se iniciaram

em 19 de dezembro de 1854, quando D.Pedro II fundou o Instituto Imperial

dos Meninos Cegos, mais tarde transformado em Instituto Benjamin

Constant, nome que conserva até hoje.

Couberam ao Instituto Benjamim Constant os méritos do pioneirismo

educacional que abriu uma nova era para os cegos no Brasil. Isto porque, a

possibilidade de ler e de escrever pelo Sistema Braille, conforme a

demonstração de José Alvares de Azevedo, poderia fazer o milagre da

transformação da vida das pessoas cegas na sociedade.

47

Foi a primeira instituição do gênero criada na América Latina e,

por longos anos, a única no país a centralizar recursos e programas de

alfabetização, educação de deficientes visuais. Instalou a 1ª imprensa Braille

em nosso território e manteve cursos primário, ginasial e profissional. Mas o

trabalho pioneiro do Instituto Benjamin Constant propiciou valiosa

experiência e estimulou a instalação de outras instituições.

3.4. O Braille: Instrumento de Comunicação

A questão da tiflografia (do grego tiflos, cego, a tiflologia é a parte da

ciência que estuda todos os aspectos, técnicos ou culturais, relativos a

cegueira), ou mais exatamente do Braille, implica referir também a escrita

comum. Há cerca de oito milhares de anos (T.V. Cranmer, 2000) o homem

inventou uma notação gráfica da linguagem oral (embora o simples fato de

se registrarem mitograficamente acontecimentos e mensagens remonte a

datas ainda mais longínquas, desde a arte rupestre na época glacial).

Generalizando progressivamente as diversas formas de notação ou

processos comunicacionais de semblante artificial (que vieram a designar-se

por escrita) a todos os povos do mundo e, com as adequadas adaptações,

em especial aos cidadãos com diferenças.

Também os indivíduos cegos sentiram a mesma necessidade de criar,

no âmbito da logografia, um sistema de escrita e de leitura que lhes

permitisse comunicarem uns com os outros e, mais tarde, com as pessoas

de visão normal, bem como consentiram à informação e à cultura, tanto

quanto possível em igualdades de circunstâncias e de oportunidades com as

pessoas que vêem.

Mencionar à logografia é, em primeiro lugar, falar da escrita como a

grande invenção social e instrumento intelectual que consiste numa

representação visível (parafraseando Marcel Cohen, 1961) - e nós

acrescentamos dentro das conquistas informático -tecnológicas atuais:

48

tangível e audível - e perdurável da linguagem, que por este meio se

torna transportável e conservável. A escrita, seja em caracteres comuns, ou

representada por qualquer outro processo igualmente duradouro, deve

assegurar, inequivocamente, a preservação histórica da vida universal. Em

sentido restrito, é um sistema gráfico de notação da linguagem, em sentido

lato, escrita é qualquer sistema semiótico visual e espacial - e hoje tangível e

audível, como resultado da evolução informático-tecnológica aplicado à sua

tecnologização no âmbito da informação estruturada, entendendo-se mais

como um instrumento intelecto-social de transmissão de todos os valores

aos mais diversos níveis da história humana e do mundo em geral.

Ao longo da história, muitos foram os processos artificiais da

linguagem de que há notícia terem sido colocados ao dispor das pessoas

cegas pelas pessoas de visão normal (e mesmo pelos próprios cegos), uns

mais engenhosos, exequíveis e exercitados do que outros, mas, em

obediência a imperativos de natureza essencialmente abrangencial,

ergonômica e neuro-fisiológica, muito específicos do sentido do tato, não

passaram de tentativas com resultados efêmeros e, em alguns casos,

traduzidos até em frustrações extremas, por alimentarem falsas esperanças

para as pessoas cegas.

Foi a criação do Sistema Braille, como instrumento de comunicação

intelecto-social para as pessoas cegas que se impôs com a proficuidade e a

eficácia que o mundo inteiro hoje lhe reconhece.

O aparecimento do Braille constituiu o móbil detonador das barreiras

sócio-intelectuais e profissionais das pessoas cegas. Todas as escritas no

sentido restrito da palavra estão incluídas na logografia, onde naturalmente

também estão integrados a tiflografia ou o braille.

Existem vários princípios logográficos que regem, de maneira

complementar, as diferentes escritas, tendo sido o fonografismo que tomou

diversas vias de representação, nas quais se registram umas casualidades

49

de natureza logográfica, extremamente importantes como contributo, por

acaso, para o alargamento do paradigma da comunicação. Os dois primeiros

elementos da tríade francesa Haüy - Barbier - Braille, responsáveis, os dois

primeiros, pela gênese da tiflografia. Valentin Haüy (1745-1822), pai da

institucionalização da educação dos cegos no mundo, Barbier de la Serre

(1767-1841), o mais genial precursor de Braille, e Louis Braille (1809-1852),

que criou, inspirado em Barbier, o mais eficaz, profícuo e revolucionário

instrumento comunicacional e intelectossocial para as pessoas cegas do

mundo inteiro. (Deodato Guerreiro, p.180, "Para uma nova Comunicação

dos Sentidos").

E o Alfabeto Braille, desde a sua invenção, passou por algumas

vicissitudes bem conturbadas, até se impor e universalizar como instrumento

de comunicação e intelecto social fundamental para as pessoas cegas de

todo o mundo transformando-se no seu meio natural de leitura e escrita e

desempenhando uma função insubstituível e decisiva no acesso e sucessos

educativos, na acessibilidade à informação e à cultura, na integração e

natural inclusão profissional e no exercício pleno dos seus direitos de

cidadania.

Com a tecnologização da informação, também o Braille tem vindo a

ser repotenciado (não obstante coexistir com o conhecido fenômeno da

desbraillização), tem vindo a verificar-se uma importante evolução

signográfica, a informática tem-lhe conferido uma maior amplitude e

polivalência, passando o conjunto de seis pontos a ser na brailleinformática

de oito pontos, havendo a possibilidade de, uma vez de 64 sinais simples e

uma infinidade sinais compostos, se poderem representar 256 sinais simples

e uma inumerabilidade incomparavelmente ainda maior de sinais compostos.

Estamos hoje em contato permanente e instantâneo com uma

multiplicidade de mundos da experiência que se situam fora do horizonte da

nossa percepção espontânea, fazendo com que a nossa percepção da

realidade ultrapasse cada vez mais as barreiras de espaço e de tempo que

50

delimitam os quadros de referência da nossa percepção da realidade e

as fronteiras do nosso mundo.

Os computadores substituem cada vez mais a componente mecânica

da sua memória e facultam, sobretudo às pessoas cegas, uma extraordinária

extensão dos sistemas sensoriais (principalmente do tato e ouvido), da

perceptibilidade extereoceptiva. Os dispositivos eletrônicos de informação

permitem ultrapassar cada vez mais as limitações do espaço e do tempo

que, até pouco tempo, os mantinham relativamente confinados à

comunidade (segregacionista ou não) que os tinha visto nascer, viver (ou

vegetar), crescer e perecer.

Se a escrita é fundamental para as pessoas de visão normal, para as

pessoas cegas ela é absolutamente indispensável, sendo a leitura e a

escrita para estas pessoas o veículo por excelência que melhor lhes permite

o acesso à informação e à cultura.

51

CAPITULO IV

Musicografia Braille

"A vida não é só isso que se vê..." Paulinho da Viola

Os originais da escrita musical no Sistema Braille, e a evolução

dos códigos musicográficos, se revisam através dos sucessivos congressos

de unificação, até chegar ao último manual publicado originalmente em

1996. Analisam-se as características que diferenciam a Musicografia Braille

da escrita visual, assim como os diferentes formatos de transcrição. Se

discute os principais problemas que afetam na atualidade a transcrição de

partituras em Braille e se destacam os aspectos essenciais que poderiam

resolver, em um futuro mais ou menos imediato, a informática e as

tecnologias avançadas. O Braille é uma obra maravilhosa, claro que tudo é

suscetível de melhorar-se e por isso há pessoas na pesquisa de 8 pontos.

Acreditamos, que antes de se fazer uma renovação total da escrita musical,

seja necessário instaurar uma unificação, resolvendo o problema da

informática aplicada na musicografia unindo força no problema da formação

de pessoas, que é o maior déficit em nível mundial.

52

4.1. Nascimento e Evolução

Louis Braille realizou a primeira musicografia

baseada em seu sistema em 1829, a obra “Procédé

pour Écrire les paroles, La musique et la plainchant au

moyen de pointd” (Método para escrever as palavras, a

música e o cantochão por meio dos pontos), Braille

propunha junto ao alfabeto, um sistema de caracteres

musicais baseado em seus seis pontos. O alfabeto tem

permanecido essencialmente invariável até hoje, mas o

código musicográfico foi totalmente modificado pelo

próprio Braille ao longo de sua vida, desenvolvendo a

notação básica do código atual.(HISTORY OF THE

BRAILLE MUSIC CODE - XI - 1979).

Nesta época apareceram vários códigos musicográficos para uso dos

cegos, fundamentalmente baseados na escrita visual, que, a dificuldade de

sua leitura se somava a impossibilidade de ser escritos pelos próprios cegos

assim, em 1834, muito antes que o Sistema Braille fosse aceito oficialmente

na França, Louis Braille já tinha desenvolvido a notação básica do código

musical. (As autoridades divergem quanto à data de aceitação: 1844

(Roblin); 1847 (Rodenberg); 1852 (Watson).

O Código Musicográfico Braille alcançou rapidamente sucesso na

França sobre todos seus competidores, apesar de em outros países não

aparecer nenhum guia de sinais musicais até 1871, quando o Dr. Armitage

de Londres, obteve informações de Paris e publicou "A Key to the Braille

Alphabet end Musical Notation" (Uma Chave para o Alfabeto e a Notação

Musical Braille). Em 1879 se publicou outra na Alemanha e em 1885 uma

nova em Paris. Existindo discrepâncias entre os três compêndios, se

constituiu uma comissão internacional com representantes da França,

53

Inglaterra, Alemanha e Dinamarca, com o objetivo de unificar o código

Musicográfico Braille.

Um Congresso com representantes dos mesmos países teve lugar em

Colonia (Alemanha) em 1888, onde se aceitou as decisões da comissão

formada anteriormente. Os resultados desse Congresso, publicados nos

seus respectivos países passaram a ser conhecidos como a "Chave de

Colonia". Uma comparação das publicações inglesas de 1871 e 1889 revela

que o sinal de Palavra (Prefixo Literário), foi mudado do ponto 1 para os

pontos 3, 4 e 5; a tercina originalmente 1 e 3 se tornou 2 e 3; e o duplo

ponto de aumento colocado após a nota ou pausa originalmente 2 e 3 se

tornaram 3 e 3. Outras mudanças não envolviam sinais musicais específicos.

Todos esses sinais permaneceram os mesmos desde 1888 até agora:

sinais para o nome das notas; valores rítmicos; pausas; acidentes; sinais das

oitavas; intervalos; tercinas; sestinas.

Regras para uso dos sinais das oitavas foram estabelecidas assim

como princípios para dobras e agrupamentos. Intervalos e Em-Acordes

foram criados regras de leitura para instrumentos agudos e mão direita do

teclado e para instrumentos graves, parte do pedal do órgão e parte da mão

esquerda do teclado.

Durante os 40 (quarenta) anos seguintes, os sinais básicos

permaneceram conforme o estabelecido acima, mas novos sinais e formatos

foram desenvolvidos independente em diferentes países, muitos dos quais

tinham impressoras Braille produzindo grande quantidade de música Braille.

Os músicos cegos, cada vez mais com sólida formação técnica,

observavam a ausência de determinados símbolos que transcrevessem com

maior fidelidade a informação contida na partitura visual, assim em vários

países foram aparecendo sinais que supriam importantes lacunas

54

existentes, que originou notáveis diferenças de escrita, que dificultavam

o intercâmbio de partitura.

Devido a vontade de conseguir a uniformidade no código musical,

George L. Raverat, secretário estrangeiro da American Braille Press (ABP)

de Paris, voluntariou-se em 1927 para atuar como membro de ligação a fim

de reunir as autoridades da Musicografia Braille da Europa e da América.

Depois de dois anos de intermitente trabalho, delicadas e constantes

viagens entre a Europa e os Estados Unidos, Mr Raverat providenciou os

acertos para o Congresso Internacional de experts em Notação Braille.

Este Congresso marcou pautas positivas para o progresso da

Musicografia Braille, já que se adotaram importantes acordos que serviram

para unificar a escrita musical dos cegos em todo o mundo. Os símbolos

incorporados em 1929 podem dividir-se em dois grupos:

-- Aqueles que supunham que no primeiro passo faziam a transcrição literal,

com o que a pessoa cega obtinha maiores informações sobre a partitura

visual.

-- Símbolos que facilitavam e melhoravam a qualidade de leitura no Sistema

Braille (repetições, sinais de dupla figura, cópia parcial, e outros).

Um consenso geral da Conferência foi o de continuar com a prática de

escrever acordes para serem lidos de cima para baixo para instrumentos

agudos e para as partes da mão direita do piano, mas os EUA decidiram

escrever todos os acordes para cima. Os conferencistas foram incapazes de

chegar a um acordo sobre a notação do baixo cifrado, que continua a ser

uma área de discordância entre alguns países.

De 1949 à 1951, a UNESCO colaborou com o esforço internacional

para um código unificado para o Braille literário.

Assim, patrocinados pela UNESCO, Conselho Mundial Braille e

Conselho Mundial Para o Bem Estar dos Cegos, se celebrou em Paris, de 22

a 29 de julho de 1954 o “Congresso Internacional sobre a Notação

55

Musicográfica Braille”, onde participaram representantes de 29 países,

entre eles todos os assistentes do Congresso de 1929. Os organizadores

tinham como objetivo neste Congresso, juntar os esforços que vinham

fazendo vários países, para aproximar cada vez mais a Musicografia Braille

da escrita musical em tinta.

Outro aspecto fundamental abordado foi a transcrição literal da

partitura visual, sendo tão detalhada quanto seja possível. Se incorporaram

símbolos que refletem em pequenos sinais tais como: de expressão,

parênteses, quadrados em cima ou debaixo do pentagrama, e outros

sucessíveis de serem acrescentados pelo transcritor, para distinguir

símbolos que não figuram na partitura em tinta, mas que é necessário

acrescentar na transcrição Braille.

A partir de 1954 surgiram duas tendências: de uma parte, os

que desejavam conseguir a maior clareza possível para o leitor cego, ainda

que omitindo alguns detalhes secundários da partitura visual, porém o outro

grupo defendia a fidelidade na transcrição literal. Entre estes últimos,

figuravam muitos professores cegos que ensinavam a alunos não cegos,

que logicamente necessitavam conhecer os detalhes das partituras que

utilizam seus alunos.

No princípio dos anos 80 se criou o “Subcomitê para a Notação

Musical no Sistema Braille” dependente do Comitê de Cultura da União

Mundial dos Cegos, que se reuniu pela primeira vez em Moscou em 1982,

elegendo como presidente o Dr. Jan Drtina.

Este Subcomitê se reuniu em 1985 em Mariânske Lâzne

(Checoslovaquia), tomando entre outros o acordo de enviar o “Repertório da

Notação Musical Braille”, do russo Gleb A Smirnov, em inglês e francês, a

todas as organizações de cegos, com o objetivo de que fossem estudado a

fim de que pudessem comunicar suas sugestões a “Associação Panrussa de

Cegos” ou a “União de Inválidos de Praga”.

56

Em outubro de 1987 se reuniram em Marburg (Alemanha) o citado

subcomitê e o concenso foi que a transcrição Braille deveria seguir todos os

detalhes da partitura visual, considerando que, em muitos países o ensino é

a profissão habitual dos músicos cegos.

Levando em conta o grau de complexidade da Musicografia Braille, na

conferência de Marburg se decidiu abordar unicamente a signografia geral,

pondo os temas específicos para ser estudados em grupos reduzidos de

trabalho em nível internacional, que posteriormente levassem suas

propostas para serem apoiadas em uma nova Conferência em plenário.

Criaram quatro grupos de trabalho: 1) percussão e notação moderna; 2)

órgão e teoria da música; 3) acordeão; 4) violão.

Finalizados os trabalhos de todos os grupos, convocou-se uma nova

Conferência do Subcomitê, que se celebrou em Saanen (Suiça) em 1992.

Foram ratificadas em plenário as posições dos quatro grupos com ligeiras

modificações, embora surgissem novas propostas de signografia que

afetaram os símbolos gerais e fundamentalmente a notação moderna.

A primeira edição em língua inglesa do “Novo Manual Internacional de

Musicografia Braille” se publicou em 1996, e sua tradução em espanhol

(1999), e em português ainda estamos aguardando.

Todos os símbolos e regras que figuram neste manual foram

aprovados pelos delegados assistentes na conferência de Saanen, e grande

parte deles por ampla maioria. É de se esperar portanto, que seu uso se

generalize em nível mundial, o que facilitará consideravelmente o

intercâmbio de partituras entre os distintos países, sem que o idioma seja

um obstáculo insuperável, por ser a música uma linguagem universal.

(Biblioteca Tiflológica da Organização Nacional dos Cegos da Espanha -

ONCE-2000)

57

4.2. Características Especiais A Musicografia Braille apresenta algumas características que

diferenciam de maneira substancial da escrita visual. Estas diferenças se

derivam de uma parte, do sistema de escrita em linhas horizontais que é

inadequado para escrever música; e de outra, das limitações do próprio

Braille, que dificulta a complexa escrita em linhas horizontais.

A primeira e fundamental diferença se deriva do fato de escrever a

música em linhas horizontais, tanto que a escrita visual utiliza o pentagrama,

que permite o alinhamento vertical das notas que soam simultaneamente,

inclusive quando a duração seja diferente para cada uma delas. Supõem um

obstáculo, especialmente para a escrita dos instrumentos polifônicos (piano,

órgão, violão), que seguiria existindo ainda sem as graves limitações que

impõem o Braille. Isso converteu a transcrição da música para esses

instrumentos, especialmente as obras de polifonia mais complexas, em uma

verdadeira “tradução,” a um sistema de escrita conceitualmente diferente e

inadequado para expressar a música, o que resulta imprescindível que

essas transcrições sejam realizadas por pessoas que possuam (além da

formação Braille) uma boa formação musical.

O universo completo dos sons musicais se distribuem no que se

chama de “oitavas,” que se numeram da primeira a sétima, começando do

mais grave do piano normal de sete oitavas. Cada oitava começa em dó,

incluindo todas as notas até o si ascendente mais próximo. As notas se

escrevem com as letras d, e, f, g, h, i, j; indicando sua duração mediante

combinação dos pontos 3 e 6 - incluindo a ausência destes pontos – dentro

da mesma cela Braille que se escrevem as notas. Isto ocasionam

importantes diferenças de leitura a respeito do sistema de escrita dos não

cegos, já que esse sistema não dispõem de sinais específicos para

expressar as notas, que se determinam no lugar que ocupam no pentagrama

dos sinais que representam a duração dos sons. Na prática, a Musicografia

Braille não necessita do uso das claves, sendo opcional em alguns casos.

58

Para escrever as notas de diferentes durações que soam

simultaneamente, se recorre ao uso dos sinais de dupla medida (valor),

escrevendo antes dos sinais das notas que tem duração determinadas e

depois do mesmo, a que tem uma duração diferente. Também existem os

sinais de “dupla figura” para transcrever as notas que em tinta tem haste

dupla.

As diferenças entre a Musicografia Braille e a escrita visual

analisadas até o momento, derivam-se exclusivamente do sistema de escrita

em linhas horizontais, que seguirão existindo ainda sem graves limitações

da Musicografia Braille.

A prática de utilizar sinais de um só caracter, procede do próprio Louis

Braille, sendo respeitada em todas as reformas da musicografia, devido as

vantagens de leitura que superam claramente as complicações que

originam.

Os sinais que utilizam para escrever a música são os mesmos dos

textos que é obrigado a criar o chamado “sinal de palavra” ou “prefixo

literário” que indica que esses sinais são letras no lugar dos sinais musicais.

A escrita das notas da mesma duração que soam simultaneamente,

só uma delas - a mais grave ou mais aguda – se escreve em Braille da

forma habitual, escrevendo as restantes mediante os “sinais de intervalos”

correspondentes, a respeito da nota escrita. Este sistema de escrita, unindo

as regras sobre colocação de sinais de oitava estabelecidos na

musicografia, obrigam aos estudantes de música cegos a dispor de

determinados conhecimentos teóricos de solfejo com alguma antecipação,

em relação aos estudantes não cegos. Isto não dificulta a integração dos

estudantes cegos nos conservatórios nas primeiras etapas da formação

musical, especialmente com a atual tendência de dar ensinos

eminentemente práticos nas primeiras etapas do ensino musical.

59

Um dos aspectos em que a diferença entre a escrita musical

Braille e em tinta é mais apreciável, é na introdução de sinais de repetição

que não figuram na partitura original em tinta. As repetições Braille utilizadas

com sabedoria, devem facilitar a leitura e a memorização das obras, na

condição de que não seja o primeiro – como acontece com freqüência – o

critério de economia de espaço, cujo o caso desta ferramenta tão útil pode

chegar a complicar a leitura.

As especiais características da Musicografia Braille, exigem ao

transcritor boa formação musical, que permite abordar com acerto a

transcrição de obras de polifonia complexa, em que as distribuições de

vozes de cada pentagrama não podem estar sujeitas as regras pré

estabelecidas, ficando ao bom critério do transcritor. Esse critério é decisivo

também no uso adequado dos sinais de repetição específicos da

Musicografia Braille, já que em tinta, em certas ocasiões, a estrutura de uma

determinada passagem permite utilizá-los, cabendo ao músico especialista

saber se seu emprego contribuirá ou não na leitura.

É imprescindível que o transcritor de música possua um perfeito

domínio da escrita Braille, já que na maioria dos países se vem usando o

computador com teclado Braille, utilizando unicamente as seis teclas

correspondente aos seis pontos, como se fosse uma máquina de escrever

Braille. Todas essas circunstâncias da escrita musical explicam a enorme

escassez de transcritores de música em todo o mundo.

4.3. Os Formatos de Transcrição

Na escrita visual, quando a música se escreve para teclado ou para

o conjunto em forma de partitura, se agrupa um número de pentagrama igual

ao número de partes de que consta o conjunto. Estes grupos de

pentagramas se denominam sistemas (grade). Assim, na música para o

60

piano o sistema consta de dois pentagramas (mão direita e mão

esquerda), na música para órgão de três, em um quarteto de cordas de

quatro, etc.

Para a transcrição destas partituras, o Sistema Braille pode utilizar

diferentes formatos, que seguem coexistindo, porque o Subcomitê para a

Notação Musical no Sistema Braille da União Mundial dos Cegos – na

Conferência de Saanem- decidiu propor um acordo no estudo neste aspecto

da transcrição. Esta decisão se baseou na diferença de formatos, para não

dificultar especialmente o intercâmbio de partituras entre países.

Os formatos existentes são: Compasso sobre Compasso, Sessão por

Sessão, Compasso por Compasso e Linha sobre Linha. Na atualidade se

utilizam fundamentalmente os dois primeiros, mas existem partituras

transcritas em formato Compasso por Compasso e muitos exemplos de

partitura em formato Linha sobre Linha.

4.3.1. Compasso sobre Compasso

O formato Compasso sobre Compasso consiste em agrupar um

número de linhas Braille igual ao número de pentagramas que constituem a

pauta. Em cada uma destas linhas se escreve a música que aparece em

cada um dos pentagramas da partitura. Estes grupos de linhas se designam

normalmente com o nome de paralelas.

Uma característica fundamental deste formato é que o primeiro sinal

de cada compasso de todas as linhas da paralela devem estar encolunados,

estabelecendo assim um alinhamento vertical do primeiro sinal de cada

compasso. Os três primeiros espaços de cada linha se destinam para

colocar o indicativo da parte correspondente da linha.

61

Quando um compasso de uma determinada parte da paralela

ocupa mais de uma linha braille, deve completar-se na linha ou linhas

seguintes, deixando em branco os espaços que estão destinados

normalmente o indicativo da parte correspondente. Neste caso, a paralela

não pode conter mais que um compasso, mesmo que ocupem muito pouco

espaço.

Quando um compasso de uma parte da paralela ocupa menos espaço

que as partes restantes, o espaço em branco pode completar-se com uma

linha guia, formada pelo ponto 3 na cela Braille.

Toda paralela deve completar-se na página em que se inicia,

deixando em branco as linhas finais de uma página, se não são suficientes

para escrever, completa outra paralela.

O formato Compasso sobre Compasso facilita consideravelmente a

leitura, e seu uso resulta imprescindível para satisfazer as necessidades

daqueles usuários que devam analisar partituras para mais de uma parte.

Seus inconvenientes são que ocupam bastante espaços que outros formatos

e que a transcrição pode se tornar mais trabalhosa. No entanto, as

vantagens superam claramente os inconvenientes, já que é o único formato

que permite obter uma visão global da partitura que se estuda. O problema

de espaço é irrelevante em partituras curtas; e as partituras com mais de

duas partes, que geralmente ocupam mais espaços, são impossíveis de

utilizar adequadamente se transcritas em outro formato.

4.3.2. Sessão por Sessão

Este formato consiste na apresentação convencional de compassos

seguidos de cada parte, sendo na ordem da apresentação: mão direita, mão

esquerda e – em música para órgão – teclado de pedais. A extensão das

62

Sessões é determinada pelo transcritor na concordância com a

estrutura da música, se tomando como extensão o pentagrama da partitura

em tinta. As partituras para um único instrumento de teclado são as mais

adequadas para sua transcrição neste formato.

As sessões geralmente estão numeradas, podendo também numerar-

se – de acordo com o critério de cada país – os compassos e os

pentagramas. O normal é que cada Sessão comece em uma nova linha

Braille, com seu número correspondente e o sinal indicativo da parte que se

transcreve.

O formato Sessão por Sessão ocupa menos espaço, e a transcrição

pode resultar menos trabalhosa que o formato Compasso sobre Compasso.

É útil para os intérpretes de instrumentos de teclado que necessitam

memorizar partituras.

4.3.3 Compasso por Compasso

Este formato empregou-se fundamentalmente na Inglaterra, em

partituras instrumentais de não mais de dois ou três pentagramas por

sistema. A partitura se dispõe horizontalmente; um compasso de uma parte,

seguida depois de um espaço em branco, do correspondente compasso de

outra parte, e assim sucessivamente. A ordem de apresentação das partes é

do mais grave para o agudo.

Este formato nunca foi excessivamente divulgado, e a tendência no

presente é a sua desaparição.

63

4.3.4. Linha sobre Linha

Este formato difere do Compasso sobre Compasso em que se alinha

verticalmente só o primeiro caracter de cada linha, sem que tenha que

coincidir o princípio dos seguintes compassos que se escrevam na mesma

paralela. É um formato que não aporta nenhuma vantagem a respeito do

Compasso sobre o Compasso, entretanto os inconvenientes são múltiplos,

razão de haver caído em desuso.

4.4. Situação Atual e Perspectivas do Futuro

A música é uma linguagem universal. Em conseqüência, é lógico a

aspiração de dispor de um sistema de escrita também universal, que permita

o intercâmbio de partituras entre todos os países, êxito alcançado desde

muitos séculos pela escrita visual. Depois de várias décadas de

discrepâncias, o consenso alcançado pela imensa maioria dos países que

produzem música em braille se concretizou o “Novo Manual Internacional de

Musicografia Braille”. Se este manual for respeitado, isto permitirá o

intercâmbio de partituras entre todos os países, fato de especial importância,

precisamente em um momento de grande escassez de transcritores de

música Braille em todo o mundo.

Para escrever a música em Braille vêm utilizando-se em muitos

países o mesmo processador de texto usado para transcrever a palavra,

convertendo o computador em uma simples máquina de escrever Braille

eletrônica. No teclado do computador, unicamente se usam as seis teclas

correspondentes aos seis pontos da escrita Braille, aparecendo na tela os

pontos correspondentes aos sinais escritos. Existe alguns softwares criado

expressamente para escrever a música, que conseguem maior qualidade na

visualização na tela dos sinais Braille, mas o procedimento de transcrição é

o mesmo, pois o avanço conseguido é escasso. Apesar das vantagens para

transcrição musical não compararem em modo algum com as que a

informática aporta em outras parcelas da escrita Braille, se facilita muito,

64

tanto o processo de correção como o intercâmbio de partituras, que

podem inclusive enviar via modem. Apesar das importantes diferenças

existentes no código ASCII Braille (Código Básico da Computação) de

diferentes países, a flexibilidade que oferecem as impressoras para ser

configuradas para imprimir tabelas Braille diferentes, permite o intercâmbio

de partituras informatizadas entre países com distinto ASCII.

Há mais de uma década,vêm se realizando em vários países,

investigações no sentido de obter-se a confecção do software que permita

dispor de partituras Braille, sem que até o momento tenhamos conhecimento

de que se tenha alcançado um editor com resultados plenamente

satisfatórios. Em alguns casos, o fracasso foi como conseqüência de que, o

objetivo proposto era a confecção de um programa que permitisse escrever

música em Braille, sem necessidade de dispor de nenhum conhecimento do

sistema. Em outros casos, a origem do problema pode estar na dificuldade

de entendimento pelos informáticos das características da Musicografia

Braille.

Em 1988 houve as primeiras notícias das investigações que se

estavam realizando no Japão para tratar de aproveitar o “reconhecimento

inteligente de caracteres” na transcrição musical Braille. Investigações

similares se realizam nos Estados Unidos, cristalizando já algum programa

que utiliza esta tecnologia. Já se pôde ler em uma ocasião, uma partitura

simples transcrita com este programa, mas não se pode comprovar seu

funcionamento, porque se desconhece todo o processo de elaboração

desta partitura, razão que se impede as possibilidades e rentabilidade final

do produto.

Neste momento existe um software que permite utilizar o

“Reconhecimento Óptico de Caracteres” para informatizar escritos em

Braille. Este avanço tem especial importância para a música, já que muitos

países dispõem de um grande número de partituras manuscritas das que

unicamente possuem uma cópia em papel, que agora poderão converter em

documentos eletrônicos. Estas obras deverão ser objetos de uma meticulosa

65

correção, já que é possível que o "Reconhecimento Óptico de

Caracteres" (OCR) capture pontos previamente estragados que com o

passar do tempo voltam a aparecer, porém com o relevo mais baixo. Este

avanço permitirá conservar muitas partituras manuscritas, que em outras

circunstâncias terminariam por deteriorar-se. As partituras cujo uso está

restringido as bibliotecas, poderão facilitar-se com propriedade aos usuários

dos que a desejarem.

Os importantíssimos avanços experimentados pela informática nos

últimos anos permitem supor que a curto prazo, se conseguirá algum

software capaz de processar a escrita musical Braille. O programa ideal

deveria ser capaz de processar dados procedentes das seguintes fontes: a)

introdução de dados mediante o uso conjunto de um teclado musical

eletrônico via MIDI, mais o teclado do computador; b) dados introduzidos

mediante lápis óptico; c) dados procedentes dos mais importantes editores

de partituras em tinta; d) dados capturados mediante um bom programa de

“Reconhecimento Inteligente de Caracteres”. Um software com essas

características, permitirá automatizar o processo de transcrição de todas as

partituras para instrumentos monofônicos, assim como de partituras simples

para instrumentos polifônicos.

Convém ressaltar que, na transcrição das obras completas para

instrumentos polifônicos, deverá intervir um especialista com sólida

formação, tanto musical como em Musicografia Braille, e que decida em

cada caso a maneira de transcrever passagens complicadas, cuja

transcrição não é possível estabelecer regras. No sistema de escrita visual

nunca é necessário estabelecer como escrever uma determinada passagem,

dado que, devido a lógica do sistema, sempre existe uma única e adequada

maneira de escrever qualquer fragmento por mais complicado que seja. No

Braille, no entanto, o transcritor deve tomar em muitos casos a decisão entre

várias possibilidades de escrever uma determinada passagem das que

geralmente tenham resultado idôneo, e de escolher a que pareça mais clara

para ler essa passagem determinada. Isto justifica o fato que, existindo

66

muitos programas informáticos para escrever música em tinta, teremos

dificuldades em conseguir idênticos resultados para a transcrição Braille.

Entretanto, um processo que não poderá resolver nenhum

processador de partituras por avançado que seja, é o de correção, que

deverá continuar sendo realizado como na atualidade. Uma linguagem

subjetiva como é a música não permite a implementação da utilidade de

correção automática, da que dispõem na atualidade todos os processadores

de texto. Por essa razão, a correção de partituras devem realizar-se com

duas pessoas, o que permite conferir a transcrição braille com o original em

tinta, já que não é possível que uma só pessoa efetue a correção, pois o

sentido do discurso musical não permite detectar a maioria dos erros, o que

no entanto é possível no texto.

Entretanto, convém ressaltar que as principais complicações que

apresenta a Musicografia Braille, estão referidas à transcrição, mas qualquer

partitura transcrita por um profissional qualificado não oferece dificuldades

de leituras não entendidas aos músicos cegos. Com a Musicografia Braille

têm se trabalhado e seguem trabalhando muitos bons músicos cegos,

alguns dos quais alcançaram um grande prestígio internacional.

Em conseqüência, não devemos economizar esforços para otimizar

as possibilidades que oferece o Sistema Braille, tentando aproveitar ao

máximo os recursos da informática em benefício da transcrição musical. Nas

novas tecnologias reside a esperança do futuro. A moderna tecnologia há

convertido em um precioso amigo do Braille e surgem pequenas unidades

de produção Braille em muitas partes do mundo.

A posição do Braille brinda vários motivos para o otimismo. No

entanto é necessário lutar, para que se eliminem todos os prejuízos

negativos, que tem o vício em que ocorre as vezes, em desanimar a certas

pessoas que aprendam o sistema, porque não vai lhe ser útil.

67

O certo é que necessitariam contar com uma estrutura que

trabalhasse pela unificação de códigos utilizáveis na musicografia, e ao qual

pudessem recorrer para obter certas informações fundamentais. Essa

entidade teria também a missão de velar pelo cumprimento de determinados

princípios que tem de se respeitar todos os códigos.

A dificuldade é que esse mesmo organismo necessitaria de recursos

e dele deveriam tormar parte, pessoas com uma visão ampla (ainda que

sejam "cegas"), com competências lingüísticas e um bom domínio de todos

os recursos do Braille. Quando houver uma consciência clara sobre sua

necessidade, e com o envolvimento de todas as organizações que tem

interesse neste assunto, o encontro de uma solução será viável, com

capacidade suficiente para cooperar com essa estrutura.

68

CONCLUSÃO

"Para ser um educador é preciso ter Eros. Isto é, ter amor". (Platão)

Na Mitologia e na literatura antiga dos gregos a

cegueira é sempre um símbolo; o Amor e a Fortuna.

Esse último simbolismo ressalta de "Pluto'', comédia de

Aristófanes. A cegueira como representação da miséria

humana, vem no "Édipo Rei" de Sófocles. Na

antiguidade, o único escrito que contribuiu para

evidenciar as possibilidades intelectuais dos cegos foi

uma página de Cícero de 5º Livro ad Tusculanos". Mas

o grande escritor latino contentou-se com a citação de

cegos ilustres, sem nada adiantar no terreno

psicológico.

A Idade Média abriu ao cego, de par em par, as

portas da Literatura. Mas, de maneira deplorável!

Naqueles tempos de religiosidade intensa a

mendicidade rendia mais do que hoje.

O século XVIII imprimiu novo cunho ao

movimento literário, a cuja frente se colocaram os

filósofos, aos quais a cegueira, desde logo, seduziu. Foi

então que veio a lume, entre outros livros, a "Lettre sur

les Aveugles" por Diderot, em que, a par de reflexões

profundas e verdades incontestáveis, há também

lamentáveis erros. Nesse trabalho o autor observa o

notável matemático cego Sounderson. A exposição do

senso do obstáculo que os cegos possuem: as idéias

expendidas sobre o possível aproveitamento

69

pedagógico do tato, que,, certo, influiram no espírito de

Haüy: a antecipação de muitos anos no lembrar um

método de educação para os cegos-surdos-mudos,

deram á sua obra grande interesse. Os erros em que

incidiu foram originários da doutrina do sensualismo

que ele e Condillac fundaram, segundo a qual a

inteligência é uma resultante das impressões

sensoriais. Ora, concluem Diderot e seus adeptos:

"Sendo a vista o mais precioso, o mais aplicado dos

sentidos, o indivíduo que não vê será completamente

diverso dos outros". Que concepção acanhada da vida

humana! (Mata Machado, 1931:17-18).

A educação musical, um dos elementos importantes da formação

integral do Homem, deveria ser colocada como meio de expressão e em

termos educacionais. Mesmo sem tomar consciência disso, o Homem tem

dificuldade em passar sem música, embora como ouvinte. Mas quando a

produz através de qualquer instrumento musical, ele transforma-se.

É de elementar justiça criar condições favoráveis à aprendizagem

musical dos alunos cegos, no mínimo, iguais aos dos seus colegas de visão

normal. Considerando os aspectos positivos já mencionados para as

pessoas cegas.

Os cegos razoavelmente dotados e musicalmente bem preparados,

podem beneficiar economicamente dessa situação, mesmo em tempo

parcial.

O Sistema Braille, uma vez mais, assume um papel relevante para

uma educação musical sólida. Sua adaptação à Notação Musical corrente e

mesmo ao Canto Gregoriano foi genial. A Musicografia Braille utilizada pelo

70

estudante ou profissional, pode elaborar a música que pretende

trabalhar, como a linguagem e a notação musical são universais.

Ao longo de muitos anos, os especialistas cegos conseguiram,

finalmente, que o Braille chegasse a um código unificado para todo o mundo

musical "Braillístico".

Seria conveniente que os professores de música das escolas comuns

tivessem alguma formação sobre Musicografia Braille e dispusessem de

conhecimentos suficientes para integrar facilmente os seus alunos cegos

nas aulas de educação musical.

Também seria indispensável os professores disporem de uma versão

do "Código Braille Unificado para Música", enriquecida com os sinais da

Notação Musical corrente, em relevo, para permitir aos músicos cegos um

conhecimento mais rigoroso da representação musical em tinta.

Que as políticas educacionais possam promover e dinamizar o ensino

da Música para todos os interessados, havendo melhor aproveitamento do

único código Braille para determinada matéria, que é aceito e utilizado em

todo o mundo.

O mundo está em constante barreiras e muros ideológicos, culturais e

comerciais foram e estão sendo derrubados. Assim, a indústria da

informação torna-se importante no contexto contemporâneo e através dela,

todos nós nos guiamos absorvendo um significativo percentual de

importância em nossas vidas.

Na educação, as mudanças não ocorrem de forma tão rápida quanto

na tecnologia, mas no que se refere à educação de portadores de deficiência

visual é de absoluta relevância. O mundo da tecnologia e da informação

fornece indicações, aprimora os sentidos, permite-nos viver em um bem-

estar com que nossos antepassados não ousaram sonhar, mas sem dúvida

71

a tecnologia para os cegos é de uma total revolução no processo de

automação.

A busca de caminhos para os deficientes tende a ficar mais fácil com

o avanço da tecnologia e da ciência. É o caso de Geordi La Forge, cego de

nascença. Ele teve a sorte de nascer no ano 2335, quando a tecnologia já

era suficiente para a confecção de um óculos que se comunica com

eletrodos ao cérebro e permite a captação de vários tipos de ondas

eletromagnéticas - fazendo-o enxergar coisas que ninguém mais vê. Por

isso, pôde se tornar tenente-comandante de uma nave espacial, nas

aventuras da nova geração de "Jornadas nas Estrelas". Nos capítulos mais

novos da série, La Forge tem os óculos trocados por olhos artificiais.

Fantasia? Pode ser. Voltemos ao século XXI. Se algum dia vivermos uma

realidade parecida com a série americana (viagens à velocidade da luz,

teletransporte), com certeza deveremos muito ao físico Stephen Hawking,

herdeiro da cadeira de Isaac Newton na Universidade de Cambridge, uma

das maiores autoridades em buracos negros e mecânica quântica. Hawking

sofre da doença de Lou Gehrig, uma forma de esclerose lateral que o

condenou a uma cadeira de rodas especialmente desenvolvida para lhe dar

possibilidade de comunicação e locomoção.

Voltemos dois séculos atrás. Um virtuose começa a ficar surdo. Vai

perdendo sua capacidade de fazer as platéias chorarem de emoção ao ouvi-

lo. Ao mesmo tempo vai ampliando seu raio de ação como compositor.

Torna-se um recluso. Pensa em se matar. "Se ao menos conseguisse me

livrar da minha aflição, eu conquistaria o mundo", escreve. Ludwig Van

Beethoven não conseguiu se livrar de sua aflição, mas conquistou o mundo

do mesmo jeito. Depois de reger a primeira apresentação da Nona Sinfonia,

em 1824, sem ouvir uma única nota, um dos maiores compositores de todos

os tempos teve de ser advertido por um dos solistas da orquestra para

voltar-se para o público e agradecer aos aplausos. Ensurdecedores

aplausos.

72

Pensar, diz o poeta Fernando Pessoa, "é estar doente dos olhos".

Pensamos porque nos espantamos com os cegos por dois motivos:

porque temos dificuldade de admitir que o outro vê diferente de nós e,

segundo, não haveria em nós uma atrofia dos outros sentidos exatamente

em decorrência da potência deste sentido privilegiado em nós que é o olhar.

Portanto, se a Educação deve estar ao alcance de todos, a Educação

Musical precisa seguir o mesmo caminho, dando oportunidades iguais a

todos que se interessam pelo estudo da música e desejam se

profissionalizar nessa área, independente de sua condição física.

Sendo assim, porque não conceder ao deficiente visual condições de

se tornar um músico pleno?

O que falta ao deficiente visual para ter acesso completo à música

resume-se no conhecimento de sua escrita musical própria – a Musicografia

Braille- que se traduz no instrumento principal para a inclusão do deficiente

visual nas Escolas de Música.

A partir do momento em que essas escolas ampliarem sua “visão”

quanto ao direito de todo ser humano ao conhecimento musical, incluindo-se

o deficiente visual, e buscarem meios e recursos para que a Musicografia

Braille esteja ao alcance de professores e alunos cegos, nós poderemos

realmente oferecer aos deficientes visuais uma educação musical de

qualidade que possa torná-lo no futuro um grande músico profissional,

provando que a deficiencia não é sinônimo de incompetência, pelo contrário,

se forem concedido a esses alunos os instrumentos necessários ao seu

desenvolvimento em igualdade de condições, eles não só mostrarão sua

capacidade, como poderão superar nossas expectativas.

O mundo não é só dos que vêem, mas dos que apesar de não enxergarem,

têm uma visão maior da vida.

73

ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 >> Sistema Braille 74

Anexo 2 >> Básico de notas, pausas e acidentes musicais em Braille 75 Anexo 3 >> Básico de Musicografia Braille 76

74

x /

ANEXO 1

Sistema Braille ↔ Célula Braille

A B C D E F G H I J

1ª linha

K L M N O P Q R S T

2ª linha

U V X Y Z Ç É Á È Ú

3ª linha

Â Ê Ì Ô Ù À Ï Ü Õ (Ò ou W)

4ª linha

, ; : . ? ! () " * "

5ª linha

Í Ã Ó Sinal de N°

1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0

Hífem Travessão Apóstrofo Reticências

Maiúsculo Grifo Caixa Alta

75

Â Ê Ì Ô Ù À Ï Ü Õ W # Do Re Mi Fa Sol La Sib

Ou

Ou Ou

ANEXO 2

Básico de Notas, Pausas Acidentes Musicais em

Braille

Colcheias

Mínimas

Fusas

Semibreves

Semicolcheias

Semínimas

Semifusas

Separador de Valores

(semibreve e semicolcheia, etc)

Separação entre grupos rítmicos

Separação de Valor maior

(semibreve, mínima, semínima e colcheia)

Separação de Valor menor

(semicolcheia, fusa e semifusa)

A B C D E F G H I JDo Re Mi Fa Sol La Si

K L M N O P Q R S TDo Re Mi Fa Sol La Si

U V X Y Z Ç É Á È ÚDo Re Mi Fa Sol La Si

76

ANEXO 3

BÁSICO DE MUSICOGRAFIA BRAILLE

Notas

Do Re Mi Fa Sol La Si Pausas

Semifusas É

Fusas

Semicolcheias ⌧

Oitavas -1ª 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª +7ª

Mão D. Mão E. Pedal Dedos: 1 2 3 4 5

Intervalos:

Èô

û

Semínimas

Colcheias k ê

Ñ

Mínimas n ²

Semibreves

77

2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª

Fórmulas de Compasso

44

34

Claves

Sol Fa Do

Bemol Sustenido Bequadro

Acidentes

Ligaduras

78

Simples Prolongação Dupla Frase

Parcial Final Ritornello

Hífen Musical Repetição Tercina Fermata

Sinal de Palavra F P M F

Staccato Martellato Tenuto Em Acorde Parcial

22

91 6

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

Barras

79

ALENCAR , Eunice M L Soriano. ( org ) Tendências e desafios da Educação

Especial - Brasília : SEESP – MEC , 1994.

ARANHA, Maria Salete Fábio. A Inclusão social da criança com deficiência. São

Paulo, Roca, 1995.

BATISTA, José A. Salgado. A Invenção do Braille e a sua Importância na Vida

dos Cegos, Lisboa, ed Comissão de Braille, 2000.

COSTA, Agostinho. O Braille em questão. Porto. Centro Prof. Albuquerque e

Castro, in Poliedro, 1994.

FISCHER, Ernst. A necessidade da Arte. Rio de Janeiro, Zahar, 1979.

GIMENEZ, Rafael (coord). Necessidades Educacionais Especiais. Trad. Ana

Escoval. Lisboa, Dinalivro, 1997.

I SIMPÓSIO BRASILEIRO. Sistema Braille: um horizonte de conquistas. Bahia,

Salvador, SEEP-MEC, 2001.

KROLICK, Bettye. How To Read Braille Music. Illinois, Stipes Publishing

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____________ , Dictionary of Braille Music Signs. Washington, Blind and

Physically Handicapped, 1979.

KUGELMASS, J. Alvin.). Luís Braille, Janelas para os cegos. São Paulo,

Melhoramentos, 1951.

OLIVA, F. P. Do Braille à Braillologia – Necessidade de Formação Braillológica.

Lisboa, ed. Comissão Braille, 2000.

ONCE. Nuevo Manual Internacional de Musicografia Braille. Madri, Espanha,

Organização dos Cegos da Espanha, 1998.

80

PORCHER, Louis. Educação Artística luxo ou necessidade? São Paulo, Summus,

1982.

STAINBACK, Susan e William Stainback. Inclusão: um guia para educadores.

Trad. Magda França Lopes. Porto Alegre, Médicas Sul, 2000.

TOMÉ, Dolores. Introdução a Musicografia Braille. Brasília, EMB, 1996.

VAYER, P. e RONCIN. Integração da Criança Deficiente na classe São Paulo.

Manoel, 1989.

XAVIER, Alexandre Guedes Pereira. Ética, Técnica e Política: A Competência

Docente na Proposta Inclusiva. Dissertação apresentada ao Conselho Nacional de

Educação em Reunião de Estudos com Especialistas da Educação Especial sobre as

Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Brasília,

CNE/SEESP, 2001.

BIBLIOGRAFIA CITADA

81

1 MACHADO, Aires da Mata. Educação dos Cegos no Brasil. Belo Horizonte,

Imprensa Oficial de Minas Gerais, Os Amigos do Livro, 1931.

2 BOURDIEU, Pierre. Escritos da Educação. Petrópolis, RJ, Vozes, 1998.

-

3 FONSECA, V. Educação Especial, Programa de Estimulação Precoce. Lisboa,

Editorial Notícias, 1989.

4 KUGELMASS, J. Alvin. Luís Braille, Janelas para os cegos. São Paulo,

Melhoramentos, 1951.

5 LEMOS, Edison Ribeiro. Leitura Braille. Dissertação de Mestrado. Universidade

Federal do Rio de Janeiro. Biblioteca da Universidade federal do Rio de Janeiro,

1976.

6 VEIGA, J, Espínola. O Que é ser Cego. Rio de Janeiro, José Olympio, 1983.

7 ROUSSEU, Jean-Jacques. Do contrato social, Ensaio sobre a origem das línguas,

Discurso sobre as ciências e as artes, Discurso sobre a origem e os fundamentos da

desigualdade entre os homens. Coleção "Os Pensadores". São Paulo: Abril Cultural,

1978.

8 FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Rio de Janeiro, Paz e Terra S/A, 2002.

9 HENRI, Pierre. La vie et l´Oeuvreu de Louis Braille. ed. Presses Universitaires

de France, Paris, publicado pela Associação Valentin Hauy , 1952.

ÍNDICE

82

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

A DEFICIÊNCIA VISUAL E A CEGUEIRA 12

A Deficiência Visual ao longo do tempo 13

1.1 - Etiologia 16

1.1.1 – Fatores Genéticos 17

1.2 – Características da Deficiência Visual 17

CAPÍTULO II

EDUCAÇÃO INCLUSIVA 22

2.1 – Intervenção na Educação Especial 23

2.2 – Fundamentação Legal 24

2.3 – O Sistema Educacional 25

2.4 – Musicografia Braille – Instrumento de Inclusão 26

2.5 – Educação, Desenvolvimento Pessoal, Social e Ética 29

CAPÍTULO III

SISTEMA BRAILLE 31

3.1 – Louis Braille 32

3.2 – Sistema Braille 37

3.2.1 – Como o Braille é produzido 41

3.2.2 – Como o Braille é lido 42

3.3 – O Braille no mundo 43

83

3.3.1 – A Educação dos Cegos no Brasil 46

3.4 – Braille: Instrumento de Comunicação 47

CAPÍTULO IV

MUSICOGRAFIA BRAILLE 51

4.1 – Nascimento e Evolução 52

4.2 – Características Especiais 57

4.3 – Os Formatos de Transcrição 59

4.3.1 – Compasso sobre Compasso 60

4.3.2 - Sessão por Sessão 61

4.3.3 – Compasso por Compasso 63

4.3.4 - Linha sobre Linha 63

CONCLUSÃO 68

ANEXOS 73

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 79

BIBLIOGRAFIA CITADA 81

ÍNDICE 83

84

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes

Projeto A vez do Mestre

Curso: Pós-Graduação “LATO SENSU”

Educação Inclusiva

Título da Monografia: Musicografia Braille – Instrumento de Inclusão.

Autor: Virginia de Andrade Moreira

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito:

Avaliado por: Conceito:

Avaliado por: Conceito:

Conceito Final: