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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM OS JOGOS COMO MEIO FACILITADOR PARA CRIANÇAS COM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM Por: Agna Roberta Dantas Bonifacio Orientadora Profª. Geni Lima Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

OS JOGOS COMO MEIO FACILITADOR PARA CRIANÇAS COM

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

Por: Agna Roberta Dantas Bonifacio

Orientadora

Profª. Geni Lima

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

OS JOGOS COMO MEIO FACILITADOR PARA CRIANÇAS COM

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em

Psicopedagogia Institucional

Por: Agna Roberta Dantas Bonifacio

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por ter me dado

força, coragem e sabedoria para a

realização deste trabalho, pois sem

Ele, nada seria possível.

Ao meu esposo por sua

compreensão e apoio em todos os

momentos desta importante etapa

em minha vida.

À minha orientadora não só pela

orientação firme e segura, como

também, pelo incentivo e pela

confiança evidenciada durante a

realização deste estudo. Sua

meticulosidade e esmero se revestiu

de capital importância para que eu

pudesse realizar o trabalho com

tranquilidade e eficiência.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha mãe

Raimunda, pelo apoio ilimitado em

todos os acontecimentos de minha

vida.

Ao meu querido esposo Marcus

Vinícius e minha querida filha

Larissa Roberta, pela compreensão

da minha ausência para a realização

deste trabalho.

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RESUMO

A presente monografia trata do tema “Os jogos como meio facilitador para crianças com dificuldades de aprendizagem”. O objetivo geral foi verificar a importância do jogo como ferramenta pedagógica para crianças que apresentem deficiência no ambiente escolar. Para alcançar esse objetivo foi utilizada uma abordagem qualitativa e de caráter descritivo em que professoras e psicopedagogas forneceram informações por meio de questionários, aliado a um trabalho de observação feito em dois locais distintos: uma sala de atendimento psicopedagógico e um núcleo de educação inclusiva, ambas especializadas no tratamento de crianças com dificuldade de aprendizagem. A análise dos dados, juntamente com o arcabouço da discussão teórica dos autores, permitiu uma maior compreensão do assunto em questão. Concluiu-se com a pesquisa, que os educadores utilizam-se largamente dessa ferramenta, o que evidenciou uma perfeita inteiração entre a abordagem teórica e o dia-a-dia das escolas e clínicas que tratam do assunto. A relevância do assunto se deve ao fato que com atividades lúdicas (jogos), devidamente orientadas, pode-se explorar nas crianças um grande número de potencialidades relacionadas ao campo cognitivo e que, certamente, terá impacto na melhora do rendimento escolar. PALAVRAS - CHAVE: Jogo. Dificuldade de aprendizagem. Psicopedagogia. Crianças.

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METODOLOGIA

A pesquisa utilizada é de caráter descritivo, uma vez que destina

atenção ao maior número de elementos presentes na situação estudada, pois

um dado que aparenta não ter valor, pode ser de grande valia para

compreender de forma mais adequada o problema que está sendo estudado.

Os instrumentos da pesquisa realizados para a produção do trabalho

foram pesquisa bibliográfica, observações em clínicas especializadas (pesquisa

de campo) e aplicação de questionário com as psicopedagogas.

A pesquisa bibliográfica tem uma importância central no trabalho,

tendo em vista a validação do conteúdo proposto baseado no arcabouço

teórico proporcionado por especialistas e estudiosos no tema em questão,

trazendo um caráter científico e metodológico ao presente trabalho.

A pesquisa bibliográfica, ou de fontes bibliográfica, abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema em estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, [...] Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto. (LAKATOS e MARCONI, 1991, p. 183)

Para tanto, a pesquisa bibliográfica se valeu da abordagem de

diversos escritores renomados com extensa literatura publicada relacionando o

jogo à área educacional.

A escolha da pesquisa de campo (observação) em clínicas

especializadas se deve ao fato de que é no local onde ocorre o fenômeno

objeto do estudo, o que permite perceber a realidade deste, tornando a

pesquisa mais atraente e enriquecedora.

A justificativa para que o pesquisador mantenha um contato estreito e direto com a situação onde os fenômenos ocorrem naturalmente é a de que estes são influenciados pelo seu contexto. Sendo assim, as circunstâncias particulares em que um determinado objeto se insere são essenciais para que se possa entendê-lo. (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p.12).

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A observação teve por o objetivo identificar os diferentes tipos de

jogos utilizados na clínica, assim como observar a prática de jogos utilizados

por psicopedagogos como meio facilitador da aprendizagem. A clínica é um

ambiente que profissionais especializados trabalham com crianças com

dificuldade de aprendizagem detectando e corrigindo suas dificuldades e

explorando suas potencialidades.

Cabe ressaltar, que as observações das práticas dos jogos utilizados

na clínica obedeceram a uma sistemática adequada já que a “observação para

que ela se torne um instrumento válido e fiel de investigação científica, ela

precisa ser antes de tudo controlada e sistemática.” (Ibdem, 1986, p.25)

A observação é um elemento básico de investigação científica, utilizado na pesquisa de campo e se constitui na técnica fundamental da Antropologia; [...] convém a um formulado plano de pesquisa; é planejada sistematicamente; está sujeita a verificações e controles sobre a validade e a segurança. (LAKATOS; MARCONI, 1991, p.191).

Já o segundo instrumento de pesquisa, questionário, teve como

objetivo verificar junto aos psicopedagogos a importância e os benefícios que

os mesmos atribuem aos jogos para crianças com dificuldades de

aprendizagem.

Participaram desta pesquisa 5 (cinco) psicopedagogas. Os

questionários foram compostos de 8 (oito) perguntas claras e objetivas que

tiveram a finalidade de analisar a utilização dos jogos, possibilitando assim ter

uma melhor percepção do que se deseja.

Todo questionário deve ter natureza impessoal para assegurar uniformidade na avaliação de uma situação para outra. Possui a vantagem de os respondentes se sentirem mais confiantes, dado o anonimato, o que possibilita coletar informações e respostas mais reais. (CERVO; BERVIAN, 2002, p.48).

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I - Histórico do jogo 11

CAPÍTULO II - Características e tipos de Jogos 16

CAPÍTULO III – Conceitos de dificuldade de aprendizagem 22

CAPÍTULO IV – Os benefícios e as contribuições dos jogos para crianças

com dificuldades de aprendizagem 27

CAPÍTULO V – Jogos como instrumento facilitador para crianças com

dificuldades de aprendizagem 35

CAPÍTULO VI – Pesquisa de Campo

6.1 – 1ª Observação 41

6.1.1 Descrição da Sala 41

6.1.2 Principais Aspectos da Observação 41

6.2 – 2ª Observação 44

6.2.1 Descrição da Sala 44

6.2.2 Principais Aspectos da Observação 45

6.3 – 3ª Observação 46

6.3.1 Principais Aspectos da Observação 46

CAPÍTULO VII – Análise de Resultados

7.1 – Perfil dos Entrevistados 48

7.2 – Utilização dos Jogos Psicopedagógicos 48

7.3 – Tipos de Jogos Utilizados pelas Profissionais 49

7.4 – Aplicação de Jogos Psicopedagógicos 50

7.5 – Importância dos Jogos 50

7.6 – Benefícios e Contribuições dos Jogos Psicopedagógicos 51

7.7 – Forma de Aplicação dos Jogos Psicopedagógicos 52

7.8 – Conclusão Parcial 53

CONCLUSÃO 54

ANEXOS 57

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 60

ÍNDICE 62

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INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo verificar a importância que os

psicopedagogos atribuem aos jogos para crianças com dificuldades de

aprendizagem, para isso, foram identificados os diferentes tipos de jogos

psicopedagógicos utilizados em uma clínica especializada, os benefícios que

esses jogos trazem à aprendizagem das crianças, assim como procurou-se

compreender as percepções que esses profissionais tem a cerca da utilização

dos jogos como meio facilitador da aprendizagem.

A escolha do tema para a pesquisa –– “Os jogos como meio

facilitador para crianças com dificuldades de aprendizagem”, se deve, em

grande parte, ao interesse em continuar o estudo a respeito dos jogos, já que

durante a graduação foi possível estudar o papel dos jogos e brincadeiras na

educação infantil.

A vida moderna exige a cada dia um nível maior de desenvolvimento

cognitivo das crianças, as exigências começam cedo e elas, muitas vezes, se

vêem com dificuldades no seu processo de aprendizagem. Aliado a essa

exigência, os pequenos estão submetidos a uma gama enorme de

informações, que se por um lado possibilita uma maior experimentação, por

outro, dificulta a concentração e a tranqüilidade, condições fundamentais para

o aprendizado. Nesse mister os jogos entram como uma ferramenta valiosa

para auxiliar profissionais – psicopedagogos – que utilizam estratégias na

busca de alternativas para a solução dessas questões.

Para entender melhor o tema proposto, o trabalho, inicialmente,

procurou fazer um breve histórico do jogo, procurando entender sua evolução

funcional e o papel que tem desempenhado ao longo do tempo.

Posteriormente, procurou-se fazer uma abordagem objetiva de alguns tipos de

jogos que podem ser utilizados com fins pedagógicos, apresentando suas

principais características.

Mas, para que houvesse uma melhor percepção e compreensão dos

assuntos abordados, buscou-se junto a teóricos renomados, conceitos

relacionados à dificuldade de aprendizagem, tendo em vista que na atualidade,

esse assunto pode assumir variados significados.

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Para uma melhor compreensão do assunto em pauta, o trabalho

levantou ainda, por meio de uma pesquisa bibliográfica, quais seriam os

principais benefícios, assim como as contribuições mais significativas dos jogos

para as crianças que apresentam dificuldades no aprendizado, concluindo a

cerca da importância desses jogos como instrumento facilitador para essas

crianças.

Dessa forma, a principal contribuição desse trabalho consiste em

propiciar subsídios, particularmente aos especialistas da área de

psicopedagogia, quanto às técnicas e procedimentos simples relacionados à

aplicação de jogos pedagógicos que podem ser utilizados no dia-a-dia, visando

facilitar a aprendizagem de crianças que necessitam de auxílio especializado.

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CAPITULO I

HISTÓRICO DO JOGO

Esse capítulo pretende, de maneira sucinta, abordar um breve

histórico do jogo, entendendo o papel que essa atividade lúdica teve desde o

início da civilização ocidental até os dias atuais. Para tanto, será realizado um

sobrevôo por alguns acontecimentos históricos que alteraram o papel do jogo,

em particular, ao estabelecer uma interligação com a criança, assumindo a

partir de então, uma importância significativa como instrumento facilitador da

aprendizagem.

O jogo tem assumido, ao longo do tempo, uma série de funções,

inclusive na educação. No passado, essa atividade tinha pouco valor, mas com

o passar do tempo foi assumindo cada vez mais um papel de maior relevância,

em particular no contexto educacional. A sua evolução está relacionada ao

sentido que a sociedade atribuía ao jogo dentro de um contexto social, sendo

neste campo, que ele teve seu incremento inicial. Kishimoto (1997) entende a

evolução funcional do jogo da seguinte forma.

Dessa forma, enquanto fato social, o jogo assume a imagem, o sentido que cada sociedade lhe atribui [...]. Em tempos passados, o jogo era visto como inútil como coisa não-séria. Já nos tempos do Romantismo, o jogo aparece como algo sério e destinado a educar a criança. (p.17)

Outro exemplo da evolução da funcionalidade do jogo é citado por

Macedo, Petty e Passos (2000):

O jogo Quilles é considerado o precursor do boliche. Segundo consta no dicionário de jogos parece ter surgido entre os antigos egípcios, que praticavam uma forma de jogo semelhante. [...] No século XII, seu sucesso foi tanto que levou as autoridades francesas, preocupadas com ausência de funcionários no período do trabalho, a importarem normas e horários para regulamentá-lo. [...] O nome Quilles tem origem francesa, sendo que a palavra quille significa pino ou pau. (p.47).

Os autores acima citados exemplificam o boliche como uma

atividade relacionada ao entretenimento realizada desde as primeiras

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civilizações da antiguidade, atribuindo ao jogo uma função lúdica. Com o

passar do tempo, o jogo foi ocupando um espaço maior no cotidiano das

pessoas, e com isso, aumentando sua importância.

O jogo, inclusive o infantil, desde sua origem tem assumido

inúmeros papéis, de acordo com uma série de variáveis que vão desde o

espaço temporal, geográfico, passando pela condição e a função social do

grupo envolvido na atividade, sendo que essa evolução tem intrínseca relação

com a atividade diária das pessoas e suas vidas. Essa percepção foi citada por

CERISARA (2008).

Outra importante contribuição de Vygotsky foi a de explicitar a origem social e cultural do jogo, ao apontar como temas ou conteúdos dos jogos infantis variam de acordo com inúmeros fatores, tais como o momento histórico, a situação geográfica, a cultura, a classe social, pois, se varia a atividade concreta das pessoas e suas relações com a vida, também são variáveis e mutáveis os temas dos jogos. (p. 133).

Para Huizinga (2000) a existência do jogo está relacionada à

própria origem dos grupos sociais, e que ao longo do tempo, essa atividade

acompanha a sociedade manifestando-se no campo social, fazendo parte da

vida dos grupos em diversas manifestações culturais, modificando-se até

assumir o sentido atual.

Encontramos o jogo na cultura, como um elemento dado existente antes da própria cultura, acompanhando-a e marcando-a desde as mais distantes origens até a fase de civilização em que agora nos encontramos. Em toda a parte encontramos presente o jogo, como uma qualidade de ação bem determinada e distinta da vida "comum". [...] as sociedades primitivas celebram seus ritos sagrados, seus sacrifícios, consagrações e mistérios, destinados a assegurarem a tranqüilidade do mundo, dentro de um espírito de puro jogo, tomando-se aqui o verdadeiro sentido da palavra no início do século XVII. (p.45).

Na visão também das autoras Carneiro e Dodge (2007):

[...] Foi com o Concílio de Trento, no século XVI, que o jogo começou a ser considerado pecaminoso, pelo prazer que propiciava, passando a ser visto com menosprezo, encarado como uma atividade própria da infância. Foi dessa forma que a relação entre jogo e criança acabou persistindo até hoje, e a sua associação com as crianças é outra característica do brincar amplamente aceita pelos especialistas. (p.31).

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Conforme as autoras apresentam um importante momento histórico

ocorrido na Idade Média, onde a igreja tinha o poder absoluto, ditando regras e

comportamentos, estando inclusive acima dos Reis daquela época. No século

XVI, foi realizado o Concílio de Trento, em resposta a reforma da Igreja

Protestante, onde ficaram definidas as novas regras a serem seguidas pelos

fiéis. Assim, o jogo foi relacionado às coisas que davam prazer e, portanto, ao

pecado, menosprezando-o sua importância social. Nessa ocasião também, o

jogo passou a ser encarado como uma tarefa própria da criança. E foi a partir

de então, que ele passou a ser associado definitivamente com a criança.

Kishimoto (2008) faz referência a outro momento histórico

associando o jogo com a criança, como se pode ver a seguir:

Tal concepção de jogo está relacionada à nova percepção da infância que começa a constituir-se no Renascimento: a criança dotada de valor positivo, de uma natureza boa, que se expressa espontaneamente por meio do jogo, perspectiva que irá fixar-se com o Romantismo. (p.63)

O Renascimento foi um importante movimento que transformou a

cultura, sociedade, economia, política, religião, dentre outras áreas, tendo

surgido na Europa no início do século XIV. Caracterizou-se pela transição do

feudalismo para o capitalismo, sendo o marco do final da Idade Média e início

da Idade Moderna. Esse movimento procurou redescobrir e revalorizar às

referências culturais da antigüidade clássica tendo com pilar o ideal humanista

e naturalista.

De acordo com Kishimoto em perfeita sincronia com a percepção de

Carneiro e Dodge, relata que os valores pensados no Renascimento

estabelecem uma relação entre o jogo e esse novo ideário de infância, onde a

criança cheia de valor positivo, de natureza extremamente boa, se manifesta

livremente através do jogo. Essa previsão será assegurada em fases

posteriores no período do Romantismo.

Na mesma obra, a autora avança no tempo e relaciona o jogo com

um importante movimento cultural e filosófico surgido no final do século XVIII

na Europa chamado Romantismo. Esse movimento caracterizou-se como uma

visão de mundo contrária ao racionalismo e ao iluminismo preconizado pelo

renascimento, tendo uma visão de mundo centrada no indivíduo.

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Por fim, Kishimoto (2008) reitera que “É dentro dos quadros do

Romantismo que o jogo aparece como conduta típica e espontânea da

criança”. E ainda descreve que:

Antigamente a criança era vista com índole inteiramente boa, sendo comparada com a alma de um poeta. Essa pureza d’alma, vinha do fato da criança utilizar-se do jogo como a única forma de expressar seus sentimentos. Dessa forma, a criança pode ficar à vontade para gozar de sua total liberdade para jogar e imitar. (p.63)

Esse entendimento da autora supra, destaca o estreitamento cada

vez maior da relação entre o jogo e a criança, em particular pela ingenuidade

infantil e os componentes lúdicos do jogo. E ele reitera novamente a

consolidação dessa relação com o romantismo, onde o indivíduo tem

importância central.

Avançando ainda mais no tempo, chega-se a meados do século XX.

Nessa ocasião são introduzidos novos e importantes elementos na relação

entre o jogo e a criança, acrescentando o valor educativo dessa atividade,

atingindo assim, o foco do estudo em questão.

Kishimoto relata essa nova abordagem da seguinte forma:

O primeiro a analisar o valor educativo do jogo, Froebel foi o primeiro a colocá-lo como parte essencial do trabalho pedagógico, ao criar o jardim de infância com uso dos jogos e brinquedos. Muitos educadores reconheceram a importância educativa do jogo. Platão em As Leis (1948) destaca a importância do “aprender brincando”, em oposição à utilização da violência e da repressão. (Ibdem, 2008, p.61)

Na visão da autora, Froebel foi a primeira pessoa a analisar a

relação ao valor educativo do jogo. Ele foi o precursor a inserir como parte

fundamental do trabalho pedagógico, ao dar origem ao jardim de infância com

a utilização dos brinquedos e jogos. Muitos estudiosos declaram a extrema

relevância educativa do jogo. Platão em As Leis (1948) enfatiza a consideração

do “aprender brincando”, ao contrário de usar a força como instrumento de

aprendizagem.

Esse novo e importante papel educativo do jogo também foi citado

pelos renomados autores Froebel e Pestalozzi (apud, Bomtempo, 1996, p.58),

“pioneiros no campo da educação infantil, eram particularmente sensíveis à

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importância do jogo na infância relacionado à prática do ensino e educação da

criança”.

Assim percebe-se que à medida que o tempo avançou o jogo foi

assumindo um papel de relevância, ocupando cada vez espaço no processo de

ensino e de aprendizado, tornando assim uma ferramenta desse processo.

Nesse capítulo, valendo-se da opinião de especialista, procurou-se

percorrer um breve histórico do jogo, abordando percepções literárias sobre o

papel e as funções que o jogo tem desempenhado ao longo do tempo. Essa

evolução funcional se deu à medida que o jogo foi assumindo uma importância

cada vez maior na vida das pessoas, saindo de sua função lúdica inicial,

passando com o tempo a ser associada a criança, tornando-se por fim, um

instrumento no processo de ensino-aprendizado. Assim pôde-se constatar, na

visão comum desses autores, que o jogo assumiu em sua evolução, diversos

sentidos e funcionalidades acompanhando os variados contextos culturais.

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CAPITULO II

CARACTERÍSTICAS E TIPOS DE JOGOS

Atualmente, há um espectro muito grande de jogos que podem ser

utilizados com fins pedagógicos contribuindo para o aprendizado, em particular

de crianças com dificuldade. Esse capítulo abordará alguns desses jogos,

apresentando suas principais características.

Jogos infantis ou jogos iniciais, em linhas gerais, se caracterizam por

toda atividade lúdica (brincadeira), acompanhada ou não, realizada por

crianças na idade infantil.

Na opinião de Fromberg, apud Kishimoto (1996), “o jogo infantil

inclui as características: simbolismo: representa a realidade e atitudes;

significação: permite relacionar ou expressar experiências; atividade: a

criança faz coisas, voluntário ou intrinsecamente motivado.”

Conforme Kishimoto, o jogo infantil apresenta características

distintas e peculiares. A primeira refere-se ao simbolismo em que o jogo se

reverte, ou seja, o contexto em que o jogo está inserido, sua realidade e sua

atitude expressa por intermédio de determinados elementos. A outra

característica relaciona-se a significação, na qual se busca a experimentação

e como esta se processa e se relaciona dentro do jogo infantil; e por fim, a

atividade, na qual define as condições em que a criança realiza as coisas, ou

seja, se surge de uma vontade própria ou uma indução motivacional externa.

(Idem, 1996, p.27)

Outro ponto importante da característica dos jogos iniciais, ou seja,

aqueles que acontecem nas primeiras idades, é que esses jogos são

desenvolvidos de maneira individual, devido, dentre outros motivos, a falta de

amadurecimento das diferentes capacidades necessárias para execução de

jogos coletivos. Essa assertiva foi observada pelas autoras José e Coelho

(2008, p.192). “Os primeiros jogos da criança são forçosamente individuais,

enquanto se faz a maturação de suas diversas habilidades”.

Nas idades iniciais, a criança também trava contato com os jogos de

exercícios, que na visão de Macedo, Petty e Passos (1997), são jogos que

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“caracterizam a atividade lúdica da criança no período de desenvolvimento que

Piaget chamou de sensório motor e que compreende os primeiros dezoito

meses de vida”.

E ainda,

A atividade característica de estrutura dos jogos de exercício ocorre pela primeira forma de assimilação: a assimilação funcional. Por ela temos que, quando algo se estrutura como forma, apresenta a tendência de se repetir funcionalmente. (Ibdem, p.128).

Assim, esses autores supra afirmam ainda que o exercício que

determina a disposição nos jogos de exercício se dá primeiramente sobre a

forma de assimilação, ou seja, assimilar primeiramente a funcionalidade do

jogo. Depois dessa etapa estruturada, o aprendizado se constrói sobre forma

de reprodução do que realmente tem utilidade.

Rizzo (1996) introduz uma nova condição ao jogo, onde a atividade

não é mais realizada individualmente e sim em grupo: “O jogo em grupo é

diferente, pois ele obriga a criança a descentralizar, a sair do seu próprio

egocentrismo, a obriga a antecipar a ação do outro jogador e as suas próprias,

como hipóteses, numa jogada mais complexa.”

Nessa nova condição, Rizzo descreve o jogo em grupo contendo

um diferencial, pois a brincadeira impõe ao participante expandir-se, conhecer

novos horizontes, obrigando-o a relacionar-se, a interagir-se, saindo do seu

próprio eu. O jogador ainda se sujeita a fazer prévias, ou seja, adiantar-se as

jogadas mais difíceis do adversário, desenvolvendo nele um sentido de

previsão e antecipação em cada passo (jogada), que tem que ser executada.

(Ipsis verbis, p.41 e 42).

Para Macedo, Petty e Passos (1997) na hierarquização do processo

de desenvolvimento da criança, “os jogos simbólicos vem depois dos jogos de

exercícios, sendo uma maneira de repetir, como conteúdo, o que a criança

assimilou como forma nos jogos de exercício.”

Conforme os referidos autores percebe-se que a evolução e o

amadurecimento cognitivo e afetivo da criança são acompanhados de variados

tipos de jogos. Dentro da evolução natural surgem os jogos simbólicos

reiterando e ratificando o que foi assimilado nos jogos de exercício. (Id, p. 131)

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Assim, a criança trava contato com o jogo simbólico a partir de um

ou dois anos de idade, e por meio dele, ela tem a possibilidade de substituir o

real pelo que descobre ou inventa, podendo assim reportar-se a pessoas,

situações e objetos por meio de símbolos, imagens, gestos, palavras e jogos

de simulação.

Para Kishimoto (2008), o jogo apresenta outra modalidade, na

qual o participante está com mais liberdade e, portanto, permite que ele

desenvolva e trabalhe novas aptidões.

O jogo livre que oferece à criança a oportunidade inicial e a mais importante para atrever-se a pensar, a falar e ser ela mesma. Combinar momentos de brincadeiras livre e atividades orientadas parece ser estratégia recomendada pelo autor. (p.149).

Segundo Kishimoto (2008) o jogo livre propõe a criança novas

chances, que leva a mesma, a lançar-se no desconhecido, perceber, gesticular,

permitindo que demonstre seu verdadeiro íntimo. Em função dessas

características, a autora recomenda a prática combinada de jogos de forma

mais livres e exercícios dirigidos, certamente em função da complementaridade

que essas atividades têm entre si.

Outro jogo citado por Macedo, Petty e Passos (1997) foram os jogos

simbólicos, que se caracterizam da seguinte forma.

Jogos simbólicos caracterizam-se pela assimilação deformante. Deformante porque nessa situação a realidade é assimilada por analogia, como a criança pode ou deseja. Isto é, os significados que ela atribui aos conteúdos de suas ações, quando joga, são deformações, maiores ou não dos significados correspondentes na vida física ou social. (p.132).

Macedo, Petty e Passos (1997), abordam que os jogos simbólicos se

distinguem devido a sua forma de assimilação deformante, ou seja, a criança,

ao participar desse tipo de jogo, percebe e assimila a sua realidade por

intermédio de semelhanças que ela consegue fazer de acordo com sua

capacidade cognitiva e afetiva, variando assim, de indivíduo para individuo,

devido, principalmente ao seu desenvolvimento mental.

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A relação entre os jogos simbólicos e os jogos de exercício permite

que haja uma construção do conhecimento de forma intuitiva, possibilitando

avançar no desenvolvimento cognitivo futuro.

Os significados das brincadeiras podem ser por intuição, inventados pela criança. Essas construções realizadas no contexto dos jogos simbólicos e as regularidades adquiridas nos jogos de exercício serão fontes das futuras operações mentais. (Ibdem, p.132).

Os autores citados acima destacam ainda, o papel dos jogos

simbólicos apontando a importância dessa ferramenta no processo de

aprendizado escolar da criança. “De um ponto de vista estrutural, os jogos

simbólicos tem, importância capital para a produção do conhecimento na

escola”. (MACEDO, PETTY e PASSOS, 1997, p.132).

Ao avançar no seu amadurecimento cognitivo, a criança passa a ter

contato com outros tipos de jogos, que introduzem novos elementos e passam

a desenvolver habilidades mais complexas. Dentre alguns tipos de jogos dessa

fase mais avançada pode-se citar o jogo traverse e o jogo pega-varetas, dentre

outros.

O jogo Traverse refere-se ao ato de atravessar. Essa ação corresponde ao movimento das peças no tabuleiro. [...] Nesse jogo, as ações futuras devem ser avaliadas a cada momento, uma vez que a relação entre as peças modifica-se sempre depois que ocorre uma jogada. Assim sendo, realizar uma travessia exige muita atenção para coordenar as partes que compõe o todo. (MACEDO, PETTY e PASSOS, 2000, p.92)

Conforme Macedo, Petty e Passos (2000) abordam que as crianças

procuram traduzir o significado e as características do jogo Traverse com um

simbolismo, que quer dizer “passar para o outro lado”, ou seja, transpor

obstáculos. Mas para que isso ocorra, para que haja essa transposição é

necessário que as operações sejam avaliadas como um todo, pois cada jogada

ou ação está interligada. Os autores relacionam ainda, esse processo decisório

a uma transposição de um obstáculo e que para isso ocorrer dentro de um

resultado positivo, há necessidade de muita atenção para organizar todas as

partes que constitui o todo. (Ipsis Verbis, p.92)

Em outra obra, esses mesmos autores supra (2005), destacam

ainda, a importância do jogo na estruturação do raciocínio lógico e

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metodológico na busca por resultados – vencer o adversário. Essa busca

também exige comportamentos e posturas desses jogadores, tais como: a

respeito a regras (disciplina) e respeito ao adversário, possibilitando assim um

amadurecimento cognitivo da criança, por meio do jogar.

No jogo, as delimitações (tabuleiro, peças, objetivos, regras, alternância entre os jogadores, tempo, etc..) são condições fundamentais para sua realização. O jogar é uma brincadeira organizada, convencional, com papéis e posições demarcadas. O que surpreende no jogar é seu resultado ou certas reações dos jogadores. [...] o jogo, uma de suas possibilidades à medida que nos tornamos mais velhos. Quem brinca sobreviveu (simbolicamente); quem joga jurou (regras, propósitos, responsabilidades, comparações). (p.14 e 15).

Macedo, Petty e Passos (2005) afirmam que, o jogo pega-varetas

possibilita ainda desenvolver o pensamento organizado e metodológico de

forma lúdica. Esse jogo é muito utilizado por psicopedagogos e exige antevisão

nas jogadas para que possa prosseguir com sucesso no jogo.

Concluindo a revisão sobre características e tipos de jogos,

Brougère (2008) apresenta um posicionamento muito lógico e objetivo,

contudo, de grande significância para o trabalho em tela.

A existência do jogo acontece dentro de um sistema de designação, de interpretação das atividades humanas. Uma das características do jogo consiste efetivamente no fato de não dispor de nenhum comportamento específico que permitiria separar claramente a atividade lúdica de qualquer outro comportamento. O que caracteriza o jogo é menos o que se busca do que o modo como se brinca o estado de espírito com que se brinca. (p.21).

Nessa abordagem Brougère interpreta o jogo como algo que está na

alma do homem, na sua essência, o que leva há não haver qualquer distinção

entre o comportamento dentro do jogo ou fora dele, ou seja, a atividade lúdica

é uma experiência igual a qualquer outra do dia-a-dia. Entretanto, o autor

destaca que muito mais importante do que se jogar, é a postura, o estado de

espírito que deve ser buscado quando se brinca. (Idem, p.21)

Assim, nesse capítulo procurou realizar uma rápida abordagem de

alguns tipos de jogos muito comuns no dia-a-dia das crianças, que podem

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servir de instrumentos alternativos na busca de um melhor desempenho

cognitivo, em particular àquelas que apresentam dificuldades de aprendizagem.

Nota-se que os autores supra convergem em suas opiniões sobre as

diferentes características apresentadas em cada jogo, ou seja, nos jogos de

exercício, jogos simbólicos, jogos para transpor obstáculos e jogos iniciais,

dentre outros. Essa confirmação se dá pelo simples fato, de que todos os

autores reconhecem que cada jogo apresenta características próprias, e que

permitem que a criança relacione suas experiências anteriores com novos

conhecimentos adquiridos acontecendo um processo gradativo de assimilação.

Com isso, os jogos oferecem para as crianças oportunidades de adquirir ou de

maximizar os diferentes processos alcançando caminhos para se obter novas

habilidades e capacidades.

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CAPITULO III

CONCEITOS DE DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM

A dificuldade de aprendizagem pode ser entendida de diversas

formas e ter variadas percepções, em particular no tocante à área educacional.

Para tanto, este capitulo apresentará o pensamento ou entendimento de alguns

estudiosos acerca dos conceitos e definições sobre o tema em questão:

dificuldade de aprendizagem. O entendimento desses conceitos permitirá uma

visão mais precisa do assunto em tela.

Do ponto de vista de José e Coelho (2008):

Os problemas de aprendizagem referem-se às situações difíceis enfrentadas pela criança normal e pela criança com um desvio do quadro normal, mas com expectativa de aprendizagem em longo prazo. [...] Na verdade, quando o ato de aprender se apresenta como problemático, é preciso uma avaliação muito mais abrangente e minuciosa [...]. A criança é um todo e, quando apresenta dificuldades de aprendizagem, precisa ser avaliada em vários aspectos [...], no entanto, os alunos que apresentam distúrbios ou problemas de aprendizagem não têm essa oportunidade. Eles não conseguem acompanhar o currículo estabelecido pelas escolas e, porque fracassam, são classificados como retardados mentais, emocionalmente perturbados ou simplesmente rotulados como alunos fracos e multirrepetentes. (p.23,24 e 25).

Conforme José e Coelho (2008) existem dois grupos de crianças

que podem ser considerados para o entendimento inicial do conceito. O

primeiro grupo refere-se àquelas que não apresentam qualquer patologia,

entendida como criança normal. O outro grupo refere-se às que apresentam

um desvio dentro desse quadro de normalidade, mas que apesar dessa

deficiência tem possibilidade de aprendizado em longo prazo. Quando a

criança, independente do grupo a que pertença, e dentro de sua característica,

tem dificuldades para superar situações difíceis no ambiente escolar, então

pode-se dizer que há problemas de aprendizado. Essa dificuldade de

superação pode ser evidenciada em diversas áreas interligadas ou não, e se

materializa na impossibilidade de acompanhamento da grade curricular

estabelecida pelas escolas.

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Contudo, o autor evidencia também, que ao se mostrar algum tipo

de incerteza, faz-se necessário uma avaliação detalhada exigindo cuidado e

atenção, pois a criança é um ser complexo, e quando sinaliza problemas dessa

natureza, é necessário que se faça uma avaliação multidisciplinar. Contudo, a

atual realidade brasileira, não permite que a maioria dos alunos que apresenta

dificuldade de aprendizagem tenha chances de ter um acompanhamento

individualizado e especializado. Assim, independentes do grupo a que

pertençam, muitas vezes, essas criança são tachadas e rotuladas de

retardadas mentais, perturbadas, repetentes ou de aluno regular, dificultando

sobremaneira a reversão desse quadro. (Id, 2008)

Guerra (2002) apresenta em sua obra o seguinte entendimento para

a dificuldade de aprendizagem:

Desordens de aprendizagem é um termo geral que se refere a um grupo heterogêneo de desordens manifestado por significativas dificuldades na aquisição e utilização das habilidades de audição, fala, leitura, escrita, raciocínio e matemática. Estas desordens são intrínsecas ao individuo e supostamente devidas à disfunção do sistema nervoso central, podendo ocorrer durante toda a vida. Podem existir junto com as desordens de aprendizagem, problemas nas condutas de auto-regulação, percepção social, e interação social.” [...] “Os transtornos da aprendizagem são diagnosticados quando os resultados do individuo em testes padronizados e individualmente administrados de leitura, matemática ou expressão escrita estão abaixo do esperado para sua idade, escolarização e nível de inteligência. Os problemas de aprendizagem interferem significativamente no rendimento escolar ou nas atividades de vida diária que exigem habilidades de leitura, matemática ou escrita. ( p.4 e 6).

Observa-se novamente uma interseção do pensamento de Guerra

com os autores supra nesse capítulo, em particular, no que se refere às

habilidades nas quais se mensuram o que foi chamado de desordens de

aprendizagem (habilidades de audição, fala, leitura, escrita, raciocínio e

matemática).

Contudo, introduz novos elementos dessa “desordem”, tais como:

problemas nas condutas de auto-regulação, percepção social e interação

social. Esses aspectos estão mais relacionados ao campo do relacionamento

interpessoal e que, na visão do autor, também indicam a existência de uma

disfunção do campo cognitivo.

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Outros dois pontos de grande relevância na obra do referido autor

foram que a identificação dos transtornos de aprendizagem pode ser realizada

por meio da aplicação de testes padronizados nas diversas áreas do campo

cognitivo, assim como, que não havendo uma intervenção adequada, esses

problemas podem afetar significativamente o desempenho escolar e as

atividades diárias, inclusive profissionais, já que esses distúrbios estão ligados

ao sistema nervoso central e podem acompanhar o indivíduo ao longo de toda

a sua vida. (GUERRA, 2002).

Os autores Smith e Strick (2001) relatam que:

Na realidade, as dificuldades de aprendizagem são normalmente tão sutis que essas crianças não parecem ter problema algum. Muitas crianças com dificuldades de aprendizagem têm inteligência na faixa da média a superior, e o que em geral é mais obvio nelas é que são capazes (mesmo que excepcionalmente) em algumas áreas. Como uma criança pode saber tudo o que é possível saber sobre dinossauros aos quatro anos, mas ainda ser incapaz de aprender o alfabeto? [...] como uma criança pode ler um parágrafo em voz alta impecavelmente e não recordar seu conteúdo cinco minutos depois? Não nos admira que os estudantes sejam acusados com tanta freqüência, de serem desatentos, não cooperativos, ou desmotivados! (p.15).

Conforme Smith & Strick (2001), realizam uma abordagem um pouco

diferenciada do apresentado até então no corrente capítulo, porém apesar de

não colimado, essa abordagem complementa o que já foi discutido,

acrescentando que os problemas de aprendizagem podem se manifestar de

maneira pouco perceptível já que, às vezes, essas crianças demonstram

deficiência em determinadas atividades, contudo no geral, tem inteligência

dentro do que se considera normal. O que se observa é que em determinadas

tarefas essas meninos tem um desempenho muito acima da média em

variadas atividades relacionadas ao cognitivo, mas aparentemente e sem uma

explicação lógica demonstram uma deficiência em uma determinada área ou

atividade, e infelizmente, acabam sendo rotulados negativamente por essa

deficiência. (Idem, p.15)

Na visão de Garcia (1998), o termo dificuldade de aprendizagem é:

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Dificuldade de aprendizagem (DA) é um termo geral, que se refere a um grupo heterogêneo de transtornos que se manifestam por dificuldades significativas na aquisição e uso da escuta, fala, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas. Esses transtornos são intrínsecos ao individuo, supondo-se devido à disfunção do sistema nervoso central, e podem ocorrer ao longo do ciclo vital. (p.31)

Portanto, percebe-se um grande entendimento do autor supra, com

Fonseca (1995), Guerra (2002), no que diz respeito, ao termo dificuldade de

aprendizagem.

Também, no entendimento dos autores Smith e Strick (2001),

apresentam outros pontos muito importantes para o estudo em tela, que apesar

de não conceituarem dificuldade de aprendizado, estão intimamente ligados a

ela e podem ser apontados com possíveis colaboradores dessa deficiência na

fase escolar desses jovens:

Muitas crianças com dificuldades de aprendizagem também lutam com comportamentos que complicam suas dificuldades na escola. A mais saliente dessas é a hiperatividade, uma inquietação extrema que afeta 15 a 20% das crianças com dificuldades de aprendizagem. Outros comportamentos problemáticos em geral observados em pessoas jovens com dificuldades de aprendizagem são os seguintes: Fraco alcance da atenção: A criança distrai-se com facilidade, perde rapidamente o interesse por novas atividades, pode saltar de uma atividade para outra e, freqüentemente, deixa projetos ou trabalhos inacabados. Dificuldade para seguir instruções: a criança pode pedir ajuda repetidamente, mesmo durante tarefas simples exemplo: Onde é mesmo que eu devia colocar isto? Ou como é mesmo que se faz isto? Os enganos são cometidos, porque as instruções não são completamente entendidas. Imaturidade Social: A criança age como se fosse mais jovem que sua idade cronológica e pode preferir brincar com crianças menores. (Ibid, p.15).

Conforme mostra os autores supra, algumas crianças com

problemas de aprendizado apresentam comportamentos que acabam por

potencializar suas dificuldades escolares. O comportamento mais visível é a

hiperatividade, que quer dizer uma intranqüilidade excessiva. Essa disfunção

comportamental por assim dizer, atinge 15 a 20% das crianças com problemas

de aprendizado. Contudo, o texto apresenta outros comportamentos

indesejáveis tais como: fraco alcance de atenção, dificuldade para seguir

instruções e imaturidade social.

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Na primeira situação, a criança fica desatenta facilmente, ou seja,

perde o foco e fica desmotivado para novos trabalhos, podendo transpor de um

exercício para o outro, ficando assim trabalhos inacabados. Na segunda

situação, o aluno pede várias vezes ajuda e explicações durante tarefas

simples do cotidiano, por exemplo: onde eu deveria colocar isto? Ou como se

faz esse tipo de exercício? E por fim, no último elemento comportamental

indesejável, a criança atua como se tivesse menos idade podendo ter

preferências de brincadeiras com crianças bem mais novas que ela, isso acaba

por retardar seu desenvolvimento cognitivo. Como dito anteriormente, esses

pontos levantados não definem ou conceituam a dificuldade de aprendizado,

permite apenas que se tenha uma visão mais ampla do assunto, levando a

uma reflexão mais profunda da complexidade que o tema exige. (SMITH e

STRICK, 2001, p.15)

Dessa forma, pode-se concluir que a dificuldade de aprendizado

está relacionada com a incapacidade do jovem em realizar determinada

atividade cognitiva, dentro de alguns campos do saber (habilidades de audição,

fala, leitura, escrita, raciocínio e matemática), impedindo que consiga

acompanhar de maneira satisfatória o currículo escolar. Pode-se verificar

também, que autores renomados já sinalizam que essas deficiências podem

ser detectadas e corrigidas com técnicas e métodos adequados, possibilitando

que haja uma recuperação ou melhora no quadro de carência apresentada pelo

aluno.

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CAPITULO IV

OS BENEFÍCIOS E AS CONTRIBUIÇÕES DOS JOGOS

PARA CRIANÇAS COM DIFICULDADES DE

APRENDIZAGEM

Esse capítulo será fundamentado por alguns autores, que priorizam

em suas citações e argumentações os benefícios e os diferentes tipos de

contribuições que os jogos psicopedagógicos proporcionam e oferecem para

crianças com dificuldades de aprendizagem.

Para Macedo, Petty e Passos (1997):

Por isso defendo o valor psicopedagógico do jogo. Primeiro porque este pode significar para a criança uma experiência fundamental, de entrar na intimidade do conhecimento, de construir respostas por meio de um trabalho que integre o lúdico, o simbólico e o operatório. Segundo, porque pode significar para a criança que conhecer é um jogo de investigação, por isso de produção de conhecimento em que se pode ganhar perder, tentar novamente, ter esperanças, sofrer com paixão, conhecer com amor; amor pelo conhecimento no qual, as situações de aprendizagem são tratadas de forma mais digna, filosófica, espiritual. Enfim, superior. (p.142)

Conforme a citação acima, os autores fazem uma abordagem ampla

e profunda, valorizando a importância psicopedagogica do jogo. Essa defesa

se deve em muito ao fato dele servir e ter um sentido fundamental na

construção do conhecimento para a criança, no qual, se vale dele para se

aprofundar na intimidade das informações. Eles acrescentam também, que é

por meio dos jogos que o jovem tem a possibilidade de ir construindo respostas

através de atividades que englobe a ludicidade, o simbolismo e o período

operatório. Porém, tudo isso pode ter um valor maior para a criança, onde ter

percepção é uma brincadeira de pesquisas, de construção de conhecimento,

na qual, se ganha e se perde, por meio de erros e acertos. Assim, as crianças

terão a possibilidade e o prazer de construir seu conhecimento de maneira

significativa, de uma forma apaixonante e agradável. E é dentro desse

contexto, que a aprendizagem passa a ser vista como digna, eficaz, filosófica,

espiritual, ou seja, de uma perspectiva muito mais ampla. (Id, p.142)

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Já os autores José e Coelho (2008) apresentam a possibilidade de

se levantar traços da personalidade das crianças por meio da participação em

jogos. Essas possibilidades estão intimamente ligadas a benefícios e

contribuições que se pode auferir a essa atividade, como se verifica a seguir.

Todos os traços da personalidade futura das crianças podem ser esboçados no jogo, a timidez, a submissão costumeira às regras alheias, a criatividade, a perseverança frente aos desafios, a desistência sem esboçar nenhuma reação, a vaidade que aparece no “contar prosa” sobre suas capacidades no jogo, e assim por diante. (p.192)

Conforme os autores citados nota-se, portanto, que existem outras

contribuições advindas da utilização do jogo, qual seja, o psicopedagogo tem a

possibilidade de perceber e conhecer mais profundamente a personalidade da

criança, sua timidez, a sujeição as regras dadas por outra pessoa, capacidade

de invenção, como reage frente aos obstáculos encontrados, o ato de renuncia

sem qualquer atitude, e também na vanglória ao relatar suas capacidades

perante o jogo, dentre outros inúmeros traços de sua personalidade.

Ressalta-se ainda que tudo isso pode ser percebido e avaliado de uma forma

natural e descontraída. O entendimento e conhecimento desses traços por

parte de psicopedagogos podem facilitar uma intervenção mais efetiva por

ocasião de aplicação de métodos para corrigir dificuldades na aprendizagem.

(Idem, p.192)

Complementando as idéias apresentadas e na mesma linha de

raciocínio de José e Coelho supracitados, Macedo, Petty & Passos (2005)

destacam-se outros importantes benefícios dos jogos. Esse conhecimento

pode ser útil a psicopedagogos, que com habilidade e técnicas corretas, podem

explorar o aprimoramento educacional do jovem estudante que apresenta

deficiência escolar:

A criança desenvolve brincadeiras e aprende jogos. Pode também aprender brincadeiras com seus pares ou cultura, e com isso, desenvolver habilidades, sentimentos ou pensamentos. Ocorre também nos jogos: ao aprendê-los, desenvolvemos o respeito mútuo (modo de se relacionar entre iguais), o saber compartilhar uma tarefa ou um desafio em um contexto de regras e objetivos, a reciprocidade, as estratégias para o enfrentamento das situações problema, os raciocínios. (p.10)

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Conforme se verifica, os estudiosos acima também enfatizam que,

por meio dos jogos e brincadeiras a criança maximiza e amplia seus

conhecimentos. Assim, ela tem a possibilidade de aprender através de

atividades com outras crianças de diferentes culturas, além do favorecimento

de diversas capacidades, sentimentos e idéias. Através dos jogos se tem a

possibilidade de aprendizado, ou seja, conhecimento. Também, tem-se a

chance de propagar e adquirir o respeito por outras pessoas, aprendendo a

dividir atividades ou desafios que apresentam regras e objetivos, assim como,

adquirir conhecimentos para a resolução de novos problemas. (MACEDO,

PETTY e PASSOS, 2005, p.10)

Kishimoto (2008) faz uma abordagem que abarca o que foi

observado pelos autores já citados, procurando relacionar essas questões com

a educação, como se pode verificar:

Três concepções veiculavam as relações entre o jogo infantil e a educação: 1) recreação; 2) uso do jogo para favorecer o ensino de conteúdos escolares e 3) diagnóstico da personalidade infantil e recurso para ajustar o ensino às necessidades infantis. (p.61)

Segundo Kishimoto (2008), o entendimento e compreensão das

concepções apresentadas acima se podem aferir ao jogo uma dimensão de

facilitador da aprendizagem. Dentro desse raciocínio pode-se, portanto, afirmar

que além de ser um benefício o jogo torna-se uma ferramenta, que

devidamente aplicada, pode ser utilizada para melhorar o desempenho escolar.

Esse entendimento a respeito do jogo na idade escolar também foi

observado por Carneiro e Dodge (2007) nas seguintes citações: “[...] tanto o

jogo dirigido quanto à brincadeira espontânea tem um valor enorme no

desenvolvimento e na aprendizagem da criança”. E ainda:

Assim, Piaget mostrou que as ações de repetição, imitação de simbolização são intrínseca às atividades lúdicas, em particular aos jogos passíveis de repetição e aqueles de faz-de-conta, que demandam importantes processos mentais, como observação, percepção, análise, síntese, interiorização, representação e significação. Portanto, a brincadeira fundamental no desenvolvimento do raciocínio. (Ibdem, p.37).

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Nos trechos acima citados, se pode fazer uma ligação com o tema

em questão apontando as inúmeras contribuições que o jogo traz em seu bojo

e que permitem um ganho no desenvolvimento cognitivo através do

aperfeiçoamento de processos mentais da criança.

Kishimoto (1996) verificou mais algumas contribuições dos jogos,

contudo a autora alerta para a atenção que se deve ter no correto

acompanhamento pedagógico durante a aplicação dessa atividade como

ferramenta educativa, para que haja uma maximização de seus benefícios:

A utilização do jogo potencializa a exploração e a construção do conhecimento, por contar com a motivação interna, típica do lúdico, mas o trabalho pedagógico requer a oferta de estímulos externos e a influência de parceiros bem como a sistematização de conceitos em outras situações que não jogos. Ao utilizar de modo metafórico a forma brinquedo educativo conquistou espaço definitivo na educação infantil. (p.38)

Assim, segundo a autora, o jogo maximiza de maneira significativa o

aprendizado, contudo essa prática deve ser conduzida, de forma metodológica

e organizada, para que possa atingir todos os objetivos propostos,

particularmente na educação infantil. Dentro deste contexto, o brinquedo

educativo torna-se parte importante deste processo. (Id, p.38)

Guerra (2002) também apresenta novas funções que o jogo pode

desenvolver relacionadas com dois importantes sentidos: o tato e a audição.

Essas funções podem contribuir sobremaneira para o desenvolvimento do

raciocínio matemático de crianças como se verifica a seguir.

Devem-se utilizar materiais concretos que possam ser manipulados, organizando-se experiências para facilitar o pensamento numérico [...]. Deve-se utilizar verbalizações auditivas para melhorar o seu pensamento quantitativo, pois estas crianças tendem a aprender melhor através dessa modalidade. (p.61 e 62)

Segundo Guerra (2002), ressalta ainda que para obter melhores

resultados se faz necessário empregar materiais concretos, no qual, a criança

possa manuseá-los, pois dessa forma, será possível estruturar e repetir a

atividade de variadas formas, favorecendo o pensamento numérico das

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crianças. O autor, também destaca que, muitas vezes, pode ser útil verbalizar,

para que a criança ouça, e assim, possa entender e fixar o raciocínio

matemático. Dessa forma, por intermédio da aplicação de um simples jogo, o

jovem tem a possibilidade de compreender de uma forma mais atrativa o

pensamento qualitativo. A aplicação dessa função pedagógica do jogo pode ser

parte da solução àquelas crianças que apresentam dificuldades na

aprendizagem.

Em outra obra, Macedo, Petty e Passos (2000) discutem outra

importante contribuição do jogar, já que o individuo, ao participar desse tipo de

atividade, passa por uma construção gradativa da competência para questionar

e analisar informações que fazem parte da dinâmica do jogo.

[...] Num contexto de jogos, a participação ativa do sujeito sobre o seu saber é valorizada por pelo menos dois motivos. Um deles deve-se ao fato de oferecer uma oportunidade para as crianças estabelecerem uma relação positiva com a aquisição de conhecimento, pois conhecer passa a ser percebido como uma real possibilidade. Crianças com dificuldades de aprendizagem vão gradativamente modificando a imagem negativa (seja porque assustadora, aborrecida ou frustrante) do ato de conhecer, tendo uma experiência em que aprender é uma atividade interessante e desafiadora. Por meio de atividades com jogos, as crianças vão ganhando autoconfiança, e são incentivadas a questionar e corrigir suas ações, analisar e comparar pontos de vista, organizar e cuidar dos materiais utilizados. (p.24)

No entendimento de Macedo, Petty e Passos (2000), os autores

referem se aos benefícios dos jogos, quando afirmam que o envolvimento e a

ação da pessoa sobre seu próprio saber é relevante, primeiramente porque dá

a possibilidade para as crianças estabelecerem uma troca positiva com a

construção do conhecimento, pois ter conhecimento passa a ser capacidade.

Depois, as crianças com dificuldades de aprendizagem, aos poucos, vão

substituindo a representação negativa ou frustrante da ação de tomar

conhecimento, e vão adquirindo experiências em que aprender é um exercício

bastante prazeroso e desafiante. Através de exercícios com jogos, as crianças

vão adquirindo confiança em si mesmas, e são motivadas a indagar e modificar

seus atos. Elas, também serão capazes de verificar e expor suas idéias, assim

como zelar pelos materiais utilizados nas referidas atividades. (Ipsis verbis,

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p.24). Todos esses benefícios podem ser explorados em crianças que

apresentam dificuldades no aprendizado.

Os autores Macedo, Petty e Passos (1997) apresentam mais alguns

benefícios, que podem ser obtidos com a utilização de jogos dentro do

ambiente escolar, ressaltando que essas atividades ou tarefas corriqueiras não

serão penosas e massacrantes, mas sim algo produtivo e cheio de alegria.

O Jogo dá mais sentido as tarefas e aos conteúdos, aprender com mais prazer, encontrar modos lúdicos de construir conhecimentos, saber observar melhor uma situação, aprender a olhar o que é produzido, corrigir erros, antecipar ações e coordenar informações. Essa expressão também contempla outros aspectos, como trabalhar em um contexto competitivo, mas regrado, em que a estímulo a criatividade e a busca de melhores recursos internos para vencer sem trapacear. Essas maneiras de agir, sem dúvida, influenciam diretamente o ambiente da sala de aula, pois favorecem a aprendizagem e colocam os alunos como agentes de seus próprios conhecimentos, autores de suas ações e, portanto, tornam-se mais responsáveis e envolvidos com aquilo que produzem. (p. 105 e148)

Portanto, constata-se que através dos jogos e dentro de um contexto

de conhecimento, a criança pode receber, e também ter a chance de vivenciar

outros papéis, imaginar, representar, construir novas situações, o que em longo

prazo poderá servir até mesmo, em seu trabalho futuro. Dessa forma, o jogo

proporciona um significado maior às atividades escolares diárias, pois a criança

terá a oportunidade de aprender com mais encanto, ou seja, procurar a

ludicidade como meio para favorecer e construir o seu pensamento, analisar

uma determinada situação, aprender a observar o que foi construído, ponderar

e aprender com os seus erros, e também adiantar seus atos, ordenando assim,

algumas informações. Essa abordagem, também leva em consideração

diversas maneiras de se trabalhar com grupos competitivos, onde se pode

incentivar a criação e a investigação de melhores soluções para enfrentar um

determinado obstáculo, sem precisar enganar outras pessoas. Todas essas

atitudes, sem sombra de dúvidas, exercem ação direta na escola, pois

proporcionam uma aprendizagem significativa, já que impulsionam e instigam

os alunos ao pensamento, tornando-os responsáveis e criadores dos seus

próprios conhecimentos. (Idem, p.105 e 148)

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Por fim, Kishimoto (2008) cita Bruner, Ratner para novamente

relacionar atividades lúdicas com o aprimoramento da aprendizagem.

Bruner, Ratner, considera as brincadeiras de esconder, como relevantes para o desenvolvimento cognitivo, estimulando a aprendizagem da linguagem e a solução de problemas. Ao propor o lúdico para ensinar crianças de diferentes idades, em situações estruturadas, com a mediação de adultos, Bruner concebe-o como forma de exploração, estratégia que leva ao pensamento divergente, por sua característica pouco opressora e estimuladora da criatividade. (p. 143).

Na abordagem acima a autora faz referência às brincadeiras infantis

como forma de contribuir para o ganho cognitivo. Ela destaca ainda outros

importantes ganhos que jogo permite, quais sejam o desenvolvimento da fala, o

pensamento criativo e o pensamento divergente. Essa contribuição muito se

deve a forma lúdica, descontraída e criativa que o jogo pode ser aplicado em

crianças de variadas idades, estimulando assim esses importantes elementos

do conhecimento cognitivo. (Id, p.143)

Nesse capítulo procurou-se levantar os principais benefícios e

contribuições dos jogos para crianças com dificuldades de aprendizagem. Para

tanto, o trabalho se valeu de pensamentos de escritores renomados, que de

diversas formas apresentaram a importância dessa atividade em variados

contextos, mas principalmente no ambiente escolar.

Dentre os principais benefícios e contribuições dos jogos, pode se

destacar a possibilidade de maximizar e ampliar os conhecimentos por meio do

desenvolvimento cognitivo através do aperfeiçoamento de processos mentais

da criança, inclusive do raciocínio matemático da fala, do pensamento criativo e

do pensamento divergente. Isso tudo permite que a criança adquira confiança

em si mesma, e se motive a indagar e modificar seus atos. Os jogos

possibilitam ainda, perceber e conhecer mais profundamente a personalidade

da criança, assim como propagar e adquirir o respeito a regras e por outras

pessoas, aprendendo a dividir atividades, dentre outros inúmeros benefícios.

O entendimento e conhecimento desses benefícios e contribuições

por parte dos psicopedagogos e profissionais da área educacional permitirá

que façam uma intervenção adequada a fim de recuperar ou contribuir para

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que crianças com dificuldade de aprendizagem possam acompanhar a grade

curricular e terem um rendimento considerado normal.

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CAPITULO V

JOGOS COMO INSTRUMENTO FACILITADOR PARA

CRIANÇAS COM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

O presente trabalho tem procurado apresentar uma percepção

ampla do jogo, para tal, abordou seu histórico, características, o significado do

termo dificuldade de aprendizagem, assim como os benefícios e as

contribuições que essa atividade traz em seu bojo. Valendo-se do conteúdo já

apresentado, esse capítulo pretende mostrar de forma conclusiva a visão de

autores e pensadores renomados, sobre o jogo como instrumento ou recurso

facilitador para crianças que apresentam dificuldade na aprendizagem.

No que se refere a recursos e instrumentos que proporcionam e

desenvolvem a aprendizagem de crianças que apresentam dificuldades, os

autores Macedo, Petty e Passos (2005) abordam que:

Em nosso trabalho de apoio psicopedagógicos para aprendizagem escolar, “[...] utilizamos freqüentemente os jogos”. Os jogos podem constituir um excelente instrumento para ajudar nossos alunos a se envolverem em projetos que representem situações significativas, que darão subsídios ou suporte para acontecimentos futuros. [...] jogando o pega-varetas, ela aprende pensar antes de agir e planejar suas ações é necessário para obter bons resultados, compreendendo melhor o conceito de antecipação em um contexto prático. “Então, a ação de jogar, acompanhada de uma conversa sobre a importância de pensar antes de fazer, pode ser bastante frutífera. (p.7)

Quando uma criança está jogando, ela transmite pistas, ou seja, ela

mostra através de seus atos, sua maneira de pensar. Com isso, a pessoa que

está acompanhando pode descobrir nas suas atitudes, sinais que mostrem

formas eficientes e eficazes de atuar ou interferir no processo de aprendizagem

desse aluno. Na visão dos autores supra, os jogos são empregados

diariamente no apoio ao trabalho psicopedagógico escolar, portanto, essa

atividade lúdica é parte essencial, tornando-se um grande recurso para

proporcionar às crianças um envolvimento maior em projetos que mostrem

momentos relevantes. Os autores citam que ao jogar o pega-varetas, por

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exemplo, a criança vai adquirindo conhecimento e assim vai pensando antes

de tomar qualquer decisão, pois exige que haja um planejamento anterior de

suas próximas ações para que se alcance o objetivo proposto. Assim, o jovem

passa a perceber de forma mais eficaz o conceito de antecipação e de

previsão. A prática e o domínio desse conceito permitirão ao aluno uma melhor

compreensão desse atributo, permitindo assim que avalie objetivamente suas

atitudes em sala de aula, o que contribuirá, dentre outros aspectos, na melhora

de seu rendimento escolar. Dessa forma, a atitude de jogar, ao lado de boa

conversa, dialogando sobre a relevância de pensar sempre antes de tomar

qualquer atitude, é certamente bastante produtiva e decisivamente

enriquecedora. (Ipsis verbis, p.7)

Em outra obra os mesmos autores Macedo, Petty e Passos (2000)

apresentam outras inúmeras possibilidades na utilização dos jogos como

ferramenta pedagógica, como pode se verificar:

Os jogos possibilitam a produção de uma experiência significativa para as crianças tanto em termos de conteúdos escolares como do desenvolvimento de competências e de habilidades. Situações problema, porque os recortes de certas posições ou movimentos em um jogo possibilitam a reflexão e o aperfeiçoamento de esquemas utilizados pelas crianças. Porque possibilitam um aprofundamento do saber dizer, saber, fazer, tomar decisões, correr riscos, antecipar, encontrar razões ou regularidades, enfim aprender de uma forma, talvez, mais significativa e autônoma. (p.6)

Portanto, os jogos proporcionam grandes oportunidades de

aprendizado para as crianças, tanto no que diz respeito aos assuntos

relacionados ao ambiente escolar, como também, no desenvolvimento de

diversas capacidades e aptidões que possuem intrínseca ligação com o

aprender.

No entendimento dos autores citados, essas oportunidades são

possíveis através de situações problemas criadas durante a atividade lúdica,

porque os caminhos percorridos e alguns tipos de posicionamentos em uma

atividade como o jogo, exige do participante prudência, e o emprego de

estratégias perfeitas para que haja êxito. Também, porque permite a criança

maneiras de ir além, no que diz respeito, ao saber se expressar, na construção

e opção por melhores decisões, no correr riscos, no avançar e levantar

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questões, ou seja, o aprendizado ocorrerá de maneira mais independente e

terá mais significado para a criança. (Id, p.6)

Kishimoto (1996) enriquece essa abordagem quando cita que:

Rabelais valoriza o jogo como instrumento de educação para ensinar conteúdos, gerar conversas, ilustrar valores e práticas do passado, ou até, para recuperar brincadeiras dos tempos passados. [...] No que diz respeito, Kishimoto ressalta que para Montaigne, o jogo é um instrumento de desenvolvimento da linguagem e do imaginário. (p.29)

A autora supracitada menciona Rebelais para valorizar o jogo como

ferramenta educativa, dando destaque a essa forma lúdica de construir

conhecimento, como um recurso ou meio que proporciona educação, já que

essa atividade permite exemplificar assuntos escolares, produzir diálogos,

esclarecer valores e até relembrar brincadeiras dos tempos remotos. Também,

para Montaigne o jogo pode ser utilizado como uma forma de ampliar a

linguagem e a imaginação das crianças. Essas possibilidades, devidamente

exploradas permitem que haja um ganho significativo no campo cognitivo da

criança. (Idem, p.29)

Em outra obra de Macedo, Petty e Passos (1997) citam de maneira

específica a utilização do jogo, como instrumento de desenvolvimento do

raciocínio matemático.

No caso da matemática, o jogo de construção possibilita uma problematização, enriquecida pelo estabelecimento de relações e necessidades, as quais podem ser trabalhadas na superação de dificuldades que surgem no contexto do jogo. Isso acontece de modo diferente no jogo de regras, cuja problematização é limitada pela própria regra, embora nele também seja possível trabalhar estruturas, raciocínios, demonstração e etc. (p.152)

De acordo com os referidos autores, a modalidade conhecida como

jogo de construção pode ser utilizada como uma importante ferramenta de

auxílio da disciplina de matemática, porque promove questionamentos e

enriquecimento com trocas imprescindíveis que podem ser exercitadas e

ultrapassadas durante o jogo. Os autores mencionam ainda, que pode ocorrer

de uma forma diferente com a modalidade jogo de regras, pois a questão

poderá ficar restrita devido à existência de regras, todavia, essa atividade

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citada pode ser aperfeiçoada as estruturas já existentes, como pensamentos e

exemplos. (Id, p.152)

Na mesma obra, Macedo, Petty e Passos (1997) também

esclarecem a respeito da valia do jogo de construção dentro do contexto

escolar, quando dizem que:

Num contexto escolar, o jogo de construção pode ser um instrumento importante para a produção de textos, por intermédio dele, o psicopedagogo cria, junto com a criança, uma história. Depois disso, o desafio é narrá-la, reconstruí-la, escrevê-la, ou seja, reproduzir uma história que foi vivida no jogo. (p.152)

Segundo os referidos autores afirmam, que é dentro de uma

situação institucional (escola ou clinica de atendimento) que o jogo de

construção se mostra como um importante e poderoso recurso, no que se

refere a trabalhos textuais. Reiteram afirmando que é por meio dos jogos de

construção, que o profissional tem a possibilidade, juntamente com a criança,

de trabalhar a criação e interpretação um texto confeccionado pelo aluno.

Dessa forma, o psicopedagogo estará provocando e motivando o seu aluno

com dificuldade de aprendizagem, a refletir para recontar novamente a história

da forma como a compreendeu. Com isso, a criança repetirá situações que

foram vivenciadas durante a partida de jogo. (MACEDO, PETTY e PASSOS,

p.152).

Também Kishimoto (2008) ressalta que:

Para Montaigne, o jogo é um instrumento de desenvolvimento da linguagem e do imaginário. [...] Privilegia jogos que valorizam a escrita. Mas é Vives que completa o sentido do jogo, veiculado nos tempos atuais, como um meio de expressão de qualidades espontânea ou naturais da criança, como recriação, momento adequado para observar a criança, que expressa através dele sua natureza psicológica e inclinações. (p. 63).

Kishimoto apud Montaigne (2008) refere-se à atividade “jogo”,

também como um recurso que desenvolve a fala e a imaginação da criança.

Para o pensador, os jogos também favorecem e maximizam a escrita. Contudo,

é Vives que complementa o significado da atividade jogo, quando o relaciona

aos dias atuais, como forma de declarar predicados livres e próprios de cada

criança. Também, como meio para construção, pois é nesse instante, que o

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aluno deve ser observado atentamente, pois o mesmo demonstra sua

verdadeira essência e tendências. (Idem, p.63)

A percepção de Rizzo (1996) está em perfeita consonância com os

autores citados anteriormente nesse capítulo e alinhado com a proposta do

trabalho, já que referencia a utilização do jogo como meio para desenvolver e

promover a inteligência de crianças com dificuldades de aprendizagem.

O jogo motiva e por isso é um instrumento muito poderoso na estimulação da construção de esquemas de raciocínio, através da sua ativação. [...] a atividade lúdica pode ser, portanto, um eficiente recurso aliado ao educador (ou psicopedagogo), interessado no desenvolvimento da inteligência de seus alunos, quando mobiliza sua ação intelectual. (p.40).

Segundo a referida autora, o jogo é um recurso de extrema

relevância no contexto escolar, pois promove o desenvolvimento e a

construção de estruturas de pensamentos indispensáveis ao raciocínio. O

lúdico também é uma imprescindível ferramenta no trabalho tanto do professor,

como também do psicopedagogo, pois esses profissionais estão fortemente

empenhados na tarefa de promover o crescimento e o amadurecimento do

raciocínio de seus pacientes ou alunos, já que impulsionam e influenciam as

crianças na construção do pensamento. (RIZZO, 1996, p.40)

Na abordagem de Macedo, Petty e Passos (2000), os autores

defendem profundamente a idéia da valorização do jogo, como um recurso que

possibilita o desenvolvimento de crianças, que apresentam certa dificuldade

durante o seu aprendizado. Os referidos autores, também insistem na questão,

de que se faz necessário o acompanhamento de um profissional especializado

que leve a criança a pensar, fazer relações em determinadas situações,

antecipações e analise suas ações durante o jogo. Tudo isso fornece ao

psicopedagogo pistas sobre a estrutura do pensamento da criança. Sendo

assim, futuramente essas pistas o ajudarão, em suas intervenções, no que diz

respeito, ajudar a criança a ter domínio sobre suas futuras dificuldades.

Assim, ao considerarmos os jogos como um valioso instrumento psicopedagógico propomos um modo especifico de atuação e utilização do material, bem diferente de determinadas situações em que jogos são oferecidos as crianças num contexto sem observador e sem analises sobre o

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que está acontecendo. [...] Defendemos a idéia de que jogar favorece e enriquece o processo de aprendizagem, na medida em que o sujeito é levado a refletir, fazer previsões e inter-relacionar objetos e eventos, bem como contribui para fornecer informações a respeito do pensamento infantil, o que é fundamental para o profissional que pretende auxiliar na superação das eventuais dificuldades. (Ibdem, p.27)

Nesse capítulo procurou-se, por meio de citações de autores

reconhecidamente envolvidos com o tema, estabelecer uma ligação dessas

abordagem com os jogos como instrumento facilitador para crianças com

dificuldades de aprendizagem. Conforme se verificou ao longo de todo o

trabalho, corroboradas no transcorrer desse capítulo, inúmeras são as

possibilidades e capacidades que os jogos exploram nas crianças. Essas

habilidades estão relacionadas no desenvolvimento da linguagem, raciocínio,

inclusive matemático, imaginação, escrita, dentre outras áreas com estreita

ligação com o aspecto cognitivo. Assim, o psicopedagogo, conhecedor dessas

potencialidades, poderá explorar de diversas formas o possível déficit do aluno,

possibilitando que acompanhe a grade escolar de seu colégio.

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CAPITULO VI

PESQUISA DE CAMPO

A presente pesquisa de campo teve o objetivo de verificar a

condução de atividades de psicopedagogos com crianças que apresentam

dificuldades de aprendizagem, assim como levantar em que condições (meios

materiais) essas atividades são realizadas. Para isso, foram feitas três

observações, duas no Núcleo de Educação Inclusiva no Campus da

Universidade UNIRIO, e uma numa sala de atendimento psicopedagógico em

dias alternados.

6.1 1ª Observação

Data: 22/08/2011 (14h00min)

Local: Núcleo de Educação Inclusiva no Campus da Universidade

UNIRIO, situada à Rua: Voluntários da Pátria, Botafogo nº 107, sala nº 33.

Coordenadora Responsável: Aliny Lamoglia.

6.1.1 Descrição da Sala

O Núcleo de Educação Inclusiva realiza o serviço de

psicopedagogia, que inclui dentre outros trabalhos, terapia com jogos

psicopedagógicos destinados a crianças que apresentam dificuldades na

aprendizagem. O Núcleo dispõe de duas salas pequenas e um banheiro.

A primeira sala é composta de uma mesa redonda, com cinco

cadeiras ao redor da mesma, uma mesa com um computador, uma televisão

grande, um quadro branco para anotações e recados, um armário de ferro com

algumas prateleiras com caixas para arquivo, além de revistas para

entretenimento. Ao fundo da sala existe um pequeno armário com fechadura

para guardar documentos e materiais diversificados. Ao lado desse armário,

encontra-se uma mesa pequena e sobre a mesma, um bebedouro e uma

cafeteira.

A sala possui ainda uma caixa de madeira comprida com diversos

brinquedos como: jacarés de pelúcia, ursos, bonecas, carrinhos dos mais

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variados tamanhos e formas, dentre outros tipos de brinquedos. Também nota-

se, que existem seis telas pintadas pelas próprias crianças atendidas e um

grande quadro acoplado na parede com o nome de todas as crianças, que se

encontram em atendimento e os seus respectivos horários, e com os seus

atinentes atendentes. A referida sala também é utilizada para a realização de

reuniões e confecções de materiais utilizados pelos psicopedagogos nos

atendimentos.

Já a segunda sala é um local de apoio e atendimento as crianças

que apresentam dificuldades na aprendizagem. A sala dispõe de uma mesa

com duas cadeiras e três banquetas. Há uma janela na sala, tornando o

ambiente mais claro. Dentro da referida sala havia letras com o alfabeto, um

pequeno cartaz confeccionado por um dos alunos, e um quadro branco para

pequenos avisos.

A sala também dispõe de um armário de ferro com diversas

prateleiras com os mais variados tipos de materiais, tais como: papel madeira,

cartolinas, tinta guache, pincéis para pinturas, cola, tesouras, borrachas, lápis,

grampeadores, giz de cera, lápis de cor, canetinhas, réguas, alguns cadernos,

massinhas de modelar, e algumas pastas para arquivar os trabalhos com os

nomes de cada criança atendida. Também, se verificou que existem alguns

livros de histórias infantis.

Examinou-se ainda, que em uma das prateleiras havia uma grande

variedade de jogos utilizados pelos profissionais do núcleo, subdivididos dentro

das faixas etárias, tais como:

• Jogos de Dominó;

• Jogos Super Memória;

• Jogos Somando Certo;

• Jogos Palavras em Forma de Madeira;

• Jogos de Olho na Ortografia;

• Jogo Alfabeto Lince;

• Jogo Brincando de Engenheiro;

• Jogo Mega Triunfo;

• Jogo Equilibrista Maluco;

• Jogo Master Imagem;

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6.1.2 Principais Aspectos da Observação

A criança observada tinha 6 (seis) anos de idade, aparenta ser uma

criança normal sem qualquer dificuldade, mas em outras avaliações realizadas

por especialistas e pela psicopedagoga, o aluno apresenta uma disfunção

chamada autismo. A profissional que prestou atendimento a criança foi à

própria coordenadora do núcleo Sra. Aliny Lamoglia.

Ao entrar na sala, a criança pegou todos os brinquedos da caixa,

algumas vezes balbuciava, e outras vezes, balançava as mãos. A

psicopedagoga tentava iniciar um diálogo com a criança, mas o paciente não

olhava em seus olhos, e muito menos estabelecia uma conversa. A profissional

começou então, a atividade colocando alguns pinos de boliche no chão, para

que a criança brincasse ou jogasse a bola em direção aos pinos. A

coordenadora demonstrou algumas vezes a brincadeira, para que a criança

pudesse observar, e também como forma de chamar sua atenção. A criança

realizou a atividade duas vezes com a psicopedagoga, contudo logo em

seguida, pegou um carrinho da caixa de brinquedos e começou a brincar com o

objeto.

Em seguida, a profissional se dirigiu a outra sala, a fim de utilizar um

jogo chamado Lince Alfabeto. Para iniciar o jogo, a psicopedagoga foi

mostrando algumas figuras, e ao lado das referidas gravuras existia uma letra

do alfabeto em caixa alta, no qual, dava inicio a palavra. A professora tentava

chamar à atenção da criança, para que ele observasse e falasse qual era a

figura proposta. O menino olhava, e alguma vez acertava. Ele falava com um

pouco de dificuldade, mas a profissional sempre o elogiava. Outras vezes, a

criança não olhava para figura, e aí não falava nada, pois não compreendia o

que era, ou qual era a palavra falada. Pode-se perceber também, que em

algumas ocasiões, o menino até repetia a palavra que a profissional falava.

Verificou-se também, que esse tipo de jogo utilizado pela

psicopedagoga estimulou a atenção da criança, a linguagem (fala), a memória

perceptiva e visual, assim como, o reconhecimento das letras do alfabeto e

associação da palavra à figura.

Num segundo momento, a criança se levantou e começou a mexer

novamente na caixa de brinquedos. Para o paciente, não se dispersar a

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professora pediu, que ele o ajudasse a guardar todas as figuras dentro da

caixa. A partir desse momento, a criança começou a falar várias vezes que iria

embora para casa da sua avó, essa frase foi repetida diversas vezes. A

psicopedagoga explicou que esse comportamento se deve ao fato do menino

associar o “guardar o material”, com ir embora para casa da avó, e por isso

repetia inúmeras vezes a mesma frase.

6.2 2ª Observação

Data: 25/08/2011 (17h30min)

Local: Sala de atendimento Psicopedagógico, situada à Rua

Visconde de Pirajá, Ipanema nº 156, sala 1008.

Coordenadora responsável pelo trabalho: Lúcia Soares, formada

em fonoaudiólogia e psicopedagogia.

6.2.1 Descrição da Sala

A sala é composta de um sofá com algumas almofadas, e uma

pequena poltrona, uma mesa com um computador e alguns CDs interativos e

educativos. Na parede há um quadro branco para avisos e para trabalhos com

os pacientes. Embaixo desse referido quadro havia algumas cestinhas com

canetinhas, lápis de cor. Também, nota-se um pequeno armário para guardar

pastas e documentos. Na sala havia um revisteiro, dois armários de madeira

com diversos brinquedos e alguns livros infantis.

A sala dispõe ainda, de um frigobar, no outro canto da mesma existe

uma mesa com duas cadeiras para atendimento, além de um armário grande

de ferro com algumas prateleiras e com uma variedade grande de jogos

psicopedagogicos tais como:

• Jogo Rummikub;

• Jogo Hora do Rush;

• Jogo Pega-pega Tabuada;

• Jogo Brincando com as Historias;

• Jogo Trocando as Letras;

• Jogo Labirinto;

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• Jogo Detetive de Palavras;

• Jogo das Orelhas;

• Jogo Salada de Silabas;

• Jogo de Dominó Figuras e Palavras;

• Jogo Memória Junior;

• Jogo Combate;

• Jogo Top de Letras;

• Jogo Crescendo e Aparecendo, dentre outros...

6.2.2 Principais Aspectos da Observação

A criança observada tinha 6 anos de idade e está na Educação

Infantil. Ele apresenta um pequeno comprometimento na fala, e também

demonstra um pouco de inquietação.

O primeiro jogo utilizado na sessão foi o jogo tapa certo do homem

aranha (jogo da memória). Primeiramente, a profissional pedia que a criança a

ajudasse a separar todas as fichas quadradas das redondas. As redondas

eram aquelas que deveriam ficar viradas com as figuras para cima, e as

quadradas deveriam ficar voltadas para baixo.

A psicopedagoga iniciou o jogo mostrando para a criança a primeira

figura, o aluno observava e, logo após teria que olhar as outras figuras viradas

para cima, para ver se teria alguma semelhança a que a profissional havia lhe

mostrado. A criança encontrava a referida gravura, e pegava a mesma, com a

mãozinha que cola, e assim por diante. O referido jogo consiste em

desenvolver o raciocínio, atenção, memória, agilidade, destreza, percepção

visual, linguagem dentre outras competências e habilidades.

Num segundo momento, a criança escolheu outro jogo chamado

jogo do combate. Ao iniciar a referida brincadeira, a psicopedagoga relembrou

as regras do jogo explicando que os números maiores destruíam os menores,

dentre outras regras. O jogo se assemelha ao jogo de damas, aonde os

participantes vão avançando para o campo do adversário. Notou-se que, no

decorrer da brincadeira, a profissional fez algumas correções nas colocações

de algumas palavras que o aluno falava.

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Pode-se perceber que, o jogo em destaque promoveu o raciocínio

lógico matemático, atenção, memória, seqüência matemática dos números.

Também desenvolveu a linguagem, instigou a criança ao pensamento,

promoveu a oralidade, e também ajudou a desenvolver uma lógica em seu

pensamento (início, meio e fim).

Notou-se também, que durante a realização dos dois jogos

apresentados para a criança, a psicopedagoga realizou várias intervenções

instigando e levando a criança a raciocinar e verbalizar o seu pensamento.

No término do jogo supracitado, a profissional ofereceu uma folha

para o menino com uma pequena atividade, no qual, a criança tinha que pensar

como chegaria ao outro lado do caminho. Esse exercício continha um desenho

com vários caminhos, e a criança tinha que percorrer com o lápis até chegar do

outro lado da folha.

Logo em seguida, a criança pediu para a psicopedagoga para pintar

as gravuras que estavam na folha da atividade proposta. Verificou-se, que essa

atividade desenvolveu a coordenação motora fina das mãos, percepção visual,

pensamento, dentre outras capacidades.

6.3 3ª Observação

Data: 29/08/2011 (14h00min)

Local: Núcleo de Educação Inclusiva no Campus da Universidade

UNIRIO, situada à Rua: Voluntários da Pátria, Botafogo nº 107, sala nº 33.

Coordenadora Responsável: Aliny Lamoglia.

6.3.1 Principais Aspectos da Observação

A Psicopedagoga responsável pelo atendimento chamava-se

Patrícia. A criança observada tinha 2 anos e meio. A profissional relatou que a

mãe havia procurado o Núcleo, porque seu filho não falava quase nada, o que

a levou a buscar um acompanhamento especializado.

1º JOGO: Primeiro a psicopedagoga mostrou ao paciente, um

brinquedo que havia confeccionado. A atividade era feita de papel cartão com

alguns furos e barbante, tendo formas de figuras geométricas como: círculo,

quadrado e triângulo. Também pôde-se observar, que o jogo foi feito somente

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de duas cores (vermelho e azul). Essa brincadeira permitiu que, a profissional

trabalhasse a coordenação motora, percepção visual, raciocínio e a

identificação das cores e formas geométricas com a criança.

Notou-se, portanto, que o menino não tinha apreciado muito o

brinquedo proposto, pois pediu para a profissional, tesoura para recortar

canudos. Então, a psicopedagoga observando que a criança queria recortar,

montou outra atividade em cima do que ele demonstrava mais interesse.

2º JOGO: Logo em seguida, a profissional pegou uma folha em

branco, e dividiu ao meio pintando com giz de cera de um lado verde, e do

outro lado amarelo (as cores referentes do canudo). Depois passou cola em

ambas as partes, e pediu que o menino colasse os pedaços de canudos em

cima das respectivas cores. Dessa forma, a criança ia colando e identificando

as cores apresentadas. Durante essa atividade, a psicopedagoga fazia

algumas intervenções levando o paciente a perceber os seus erros e acertos.

3º JOGO: Outra atividade proposta foi uma bola redonda colorida

para encaixe, com várias formas soltas, na qual a criança era levada a

perceber os tamanhos e as cores, encaixando as partes em seus devidos

lugares.

Nesse jogo notou-se, que a psicopedagoga trabalhou cores, formas,

fala, atenção, coordenação motora, raciocínio e percepção visual.

4º JOGO: Dominó do Bob Esponja.

A psicopedagoga tirou todas as fichas da caixa, e pediu que a

criança identificasse as peças que tivessem semelhança. Assim, o menino ia

separando as referidas figuras.

Esse trabalho teve como objetivo desenvolver a memória,

percepção visual, e fala, dentre outros capacidades e habilidades.

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CAPITULO VII

ANÁLISE DOS RESULTADOS

Os resultados que serão apresentados são decorrentes de

questionários respondidos por profissionais da área educacional que trabalham

com crianças com dificuldade de aprendizado, e que utilizam os jogos como

instrumento de terapia para esse público alvo. Foram distribuídos questionários

para 5 (cinco) profissionais com larga experiência no assunto.

7.1 Perfil dos Entrevistados

A pesquisa verificou que as entrevistadas possuíam diversas

especializações, em variadas áreas correlatas e em vários níveis. Destaca-se,

portanto, as seguintes formações acadêmicas: Fonaudiologia, Psicologia e

Pedagogia. Também foram apresentadas especializações em áreas como:

Psicopedagogia Institucional e Clínica; Psicologia Pedagógica; Doutorado em

Psicologia Social; Formação em Dinâmicas de grupos e jogos para adultos;

Aprofundamentos e Especializações no Brasil e no Exterior; Pós- doutorado em

Medicina Preventiva; Doutorado em Psicologia Clínica. Comprova-se, portanto,

o elevado nível de instrução das profissionais questionadas.

Com relação ao tempo de profissão, verificou-se que essas

profissionais exercem suas funções a mais de 20 anos. Com isso, pode-se

ressaltar que todas as pessoas entrevistadas têm uma boa e variada

experiência profissional, o que lhes dá credibilidade e conhecimento no assunto

em questão.

7.2 Utilização dos Jogos Psicopedagógicos

No primeiro questionamento foi verificado se as psicopedagogas

utilizavam os “jogos psicopedagógicos” como meio facilitador para crianças que

apresentam dificuldades de aprendizagem. Todas as cinco profissionais

responderam que fazem uso dessa importante ferramenta.

Macedo, Petty e Passos (2005) afirmam que:

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Ao jogar, uma criança dá muitas informações e comunica, através da ação, sua forma de pensar, desde que o observador reconheça nas ações ou nos procedimentos os indícios que está buscando para realizar sua avaliação. [...] Em nosso trabalho de apoio psicopedagógicos para aprendizagem escolar, [...] utilizamos freqüentemente os jogos. Os jogos podem constituir um excelente instrumento para ajudar nossos alunos a se envolverem em projetos que representem situações significativas, que darão subsídios ou suporte para acontecimentos futuros. (p. 27 e 29)

7.3 Tipos de Jogos Utilizados pelas Profissionais

No que diz respeito aos tipos de jogos, como utilizavam e o que

cada jogo promovia para o paciente atendido, as profissionais pesquisadas se

valiam de uma grande variedade de jogos. A seguir serão apresentados os

jogos citados com seus respectivos ganhos psicomotores e cognitivos.

Jogo Cara-cara: desenvolve a capacidade de classificação, a

percepção visual, discernimento e identidade, condição indispensável para a

aprendizagem;

The Sims: jogo tecnológico onde há simulação de um ideal de vida;

Jogos de Estratégias: em geral se baseia na formulação de etapas

para solucionar um problema.

Jogo da Memória: As condições de execução dependem das

crianças atendidas, o jogo pode auxiliar tanto no trabalho com regras, quanto

na questão perceptiva.

Jogo General: jogo com dados que trabalha as regras de adição,

multiplicação, tolerância à frustração, dentre outros.

Jogos de brinquedos simbólicos e jogos de montar: Nesses

jogos pode-se trabalhar o desenvolvimento da língua, da imaginação, e da

interação recíproca, ou seja, qualquer jogo que envolva o faz de conta.

Característica do período pré-operatório.

Jogo Lince: desenvolve a memória, a percepção visual e aspectos

subjetivos.

Jogo Rummikubi: os adolescentes adoram. Trabalha a matemática,

atenção, capacidade de prever situações,

Jogos Operatórios destinado ao período operatório concreto e

formal,

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Jogos motores ou jogos de exercícios destinados ao período

sensório motor.

7.4 Aplicação de Jogos Psicopedagógicos

O trabalho levantou como e onde as profissionais pesquisadas

haviam adquirido tais conhecimentos para a prática da atividade com jogos.

Todas as cinco psicopedagogas responderam que tinham adquirido

esses conhecimentos através dos cursos de pós-graduação em

psicopedagogia, em supervisões pedagógicas, em outros cursos

complementares de aprofundamento, assim como na prática com crianças com

necessidades educacionais especiais.

Duas responderam que obtiveram tais conhecimentos por meio de

estágios em clínicas e escolas, através da participação de eventos voltados

para o assunto em questão ou por meio de leituras complementares. Elas

ressaltaram também que procuravam, sempre que possível, conhecer e

vivenciar os jogos antes de aplicá-los.

7.5 Importância dos Jogos

Outro questionamento abordado durante o estudo foi com relação à

relevância que as profissionais atribuem aos jogos psicopedagógicos como

instrumento facilitador para crianças com dificuldade de aprendizagem.

Pode-se perceber que todas as entrevistadas consideraram de

extrema relevância a utilização de jogos, pois relataram que essa atividade é

um instrumento da psicopedagogia que está diretamente relacionado ao

prazer. Na opinião das entrevistadas o jogo revela o pensamento simbólico, o

pensar da criança, os entraves emocionais e contribui para a elaboração de

regras disciplinares.

As profissionais citaram ainda essa importante ferramenta “o jogo”

como recurso terapêutico, onde através do lúdico, pode-se observar e

“ressignificar” várias questões do paciente.

Dentro ainda desse questionamento, uma entrevistada relatou que o

terapeuta fica mais próximo da criança, pois consegue com maior facilidade

agendar as outras atividades para o próximo encontro, que pode ser lúdicas ou

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não. Também uma das psicopedagogas abordou que o brinquedo (jogo) e a

brincadeira são formas de expressão da criança e é realizando as ações do

brincar que a criança elabora estratégias e constrói conteúdos verbais para a

vida.

Essa assertiva está em perfeita coerência com o que Kishimoto

(1996) relata que: “Rabelais valoriza o jogo como instrumento de educação

para ensinar conteúdos, gerar conversas, ilustrar valores e práticas do

passado, ou até, para recuperar brincadeiras dos tempos passados”.

7.6 Benefícios e Contribuições dos Jogos Psicopedagógicos

Outro questionamento foi com relação, aos benefícios que os jogos

trazem para a aprendizagem das crianças, onde as entrevistadas relataram

que os jogos promovem muitos atrativos e que a criança tem a oportunidade de

vivenciar de forma simbólica e apropriar-se da vida.

Também foi relatado, que o jogo é mediador do desejo e que permite

ainda, que o sujeito experimente sentimentos naturais da vida que vão se

traduzir na capacidade de lidar com a dor, a morte, o desfazer, o desmontar, o

ter que ceder, o dar, o perder. As crianças terão a possibilidade de resolver

questões complexas de forma lúdica, desenvolverão a linguagem, vivenciarão

aprendizagem de regras e limites e ressignificação de várias questões do

paciente.

Outro ponto citado pelas psicopedagogas foi que os jovens têm a

oportunidade, através dos jogos, de minimizar a ansiedade e despertar o

prazer para participar de algo.

O questionário levantou ainda que, na opinião das profissionais

entrevistadas, os jogos trazem inúmeras contribuições para a aprendizagem

das crianças. Dentre algumas citadas, pode-se destacar o espaço lúdico como

facilitador da observação para trabalhar com o paciente, a oportunidade de a

criança ter a possibilidade de ficar mais livre, além do psicopedagogo também

tem a chance de trazer outras percepções para a criança e de um melhor

acompanhamento do trabalho.

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Outro ponto abordado como contribuição do jogo foi o

desenvolvimento das funções mentais superiores, organização das emoções e

elaboração das dificuldades de aprendizagem.

O jogo também contribui na facilitação da representação mental,

simboliza os desejos naturais do ser humano de poder e prazer, resgata

construções mal elaboradas, reestrutura o pensamento, reelabora as

construções fantasmáticas, facilita o simbolismo coletivo e desenvolve o

raciocínio.

Com parafraseou uma psicopedagoga no dizer de Lino de Macedo

“O jogo é uma experiência vivida que pode ser refletida”.

O jogar, na visão de uma entrevistada, também favorece a

percepção imediata do erro, e muitas vezes, possibilita a análise de cada

jogada, ou seja, voltar atrás e refazer espontaneamente.

Portanto, para José e Coelho (2008):

Todos os traços da personalidade futura das crianças podem ser esboçados no jogo, a timidez, a submissão costumeira às regras alheias, a criatividade, a perseverança frente aos desafios, a desistência sem esboçar nenhuma reação, a vaidade que aparece no “contar prosa” sobre suas capacidades no jogo, e assim por diante. (p.192)

7.7 Formas de Aplicação dos Jogos Psicopedagógicos

Por fim, a pesquisa procurou verificar na visão das psicopedagogas,

qual seria a forma mais eficaz para realizar os jogos para crianças que

apresentam dificuldades de aprendizagem. O questionário apresentou as

seguintes opções: individual (só a criança participa); coletiva (a criança

interagindo com outras crianças); a criança com a intervenção do

psicopedagogo; independe e outra formas

Todas responderam que a melhor maneira seria através da

intervenção do psicopedagogo junto à criança, pois a presença do profissional

é de suma importância na medida em que atuará de forma apropriada com

intervenções, que facilitarão o alcance dos objetivos desejados, além de servir

de mediador entre a criança e o mundo externo ameaçador criando condições

favoráveis para que a aprendizagem se realize.

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A utilização do jogo potencializa a exploração e a construção do conhecimento, por contar com a motivação interna, típica do lúdico, mas o trabalho pedagógico requer a oferta de estímulos externos e a influência de parceiros bem como a sistematização de conceitos em outras situações que não jogos. Ao utilizar de modo metafórico a forma brinquedo educativo conquistou espaço definitivo na educação infantil. (KISHIMOTO, 1996, p.38)

Uma das psicopedagogas relatou que a forma “independe” também

deve ser considerada, pois de acordo com a situação da criança (idade

mental), é conveniente que seja utilizado o processo mais simples possível, ou

seja, é importante a leitura do terapeuta sobre o momento da criança. Sabe-se

que a criança é um indivíduo, um ser humano que tem sua própria história e

que deve ser acompanhada no seu tempo. Daí as possibilidades de se

trabalhar melhor o quadro clinico e o estágio que a criança se encontra,

considerando o tempo do paciente para posteriormente, e no momento

oportuno, conseguir atingir outras metas-estágios no seu desenvolvimento e

formação da referida criança.

7.8 Conclusão Parcial

Nesse capítulo foram apresentadas as principais abordagens feitas

pelas psicopedagogas entrevistadas. Observou-se que as opiniões dessas

experientes profissionais estão em perfeito alinhamento com os autores

pesquisados na revisão bibliográfica desse trabalho, ratificando que o jogo é

uma importante ferramenta pedagógica a ser aplicada em crianças com

dificuldade de aprendizagem.

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CAPITULO VIII

CONCLUSÃO

No corpo deste trabalho foi apresentado os jogos como meio

facilitador para crianças com dificuldades de aprendizagem. Para alcançar esse

objetivo foi realizada uma pesquisa bibliográfica, questionários com professores

e psicopedagogos, aliada a observações realizadas em clínicas

psicopedagógicas. Dessa forma, procurou-se aliar a teórica com a prática,

relacionando aquilo que está nos livros com o que ocorre nos consultórios e no

ambiente escolar.

A pesquisa bibliográfica iniciou-se por meio de um breve histórico do

jogo, abordando percepções literárias sobre o papel e as funções que essa

atividade tem desempenhado ao longo do tempo. Com isso, constatou-se que

a evolução funcional se deu à medida que o jogo foi assumindo uma

importância cada vez maior na vida das pessoas, saindo de sua função lúdica

inicial, passando com o tempo a ser associada à criança, tornando-se por fim,

um instrumento no processo de ensino-aprendizado.

Seguindo a pesquisa, foram abordados de maneira objetiva alguns

tipos de jogos muito comuns no dia-a-dia das crianças, que podem servir de

instrumentos alternativos na busca de um melhor desempenho cognitivo, em

particular àquelas que apresentam dificuldades de aprendizagem. Isso se deve

ao fato do jogo apresentar características próprias que permitem que a criança

adquira novos conhecimentos possibilitando um processo gradativo de

assimilação, maximizando assim diferentes processos para se obter novas

habilidades e capacidades.

Posteriormente, buscou-se compreender o amplo conceito relativo à

dificuldade de aprendizado, sendo verificado que esse aspecto está

relacionado com a incapacidade do jovem em realizar determinada atividade

cognitiva, dentro de alguns campos do saber (habilidades de audição, fala,

leitura, escrita, raciocínio e matemática), impedindo que consiga acompanhar

de maneira satisfatória o currículo escolar.

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Em continuação ao trabalho foram estudados os principais

benefícios e contribuições dos jogos para crianças com dificuldades de

aprendizagem. Dentre os mais importantes destaca-se o desenvolvimento

cognitivo através do aperfeiçoamento de processos mentais da criança,

inclusive do raciocínio matemático, da fala, do pensamento criativo e do

pensamento divergente, permitindo que a criança adquira confiança em si

mesma, e se motive a indagar e modificar seus atos. Verificou-se ainda, que os

jogos possibilitam perceber e conhecer mais profundamente a personalidade

da criança, assim como adquirir o respeito a regras e a outras pessoas, dentre

outros inúmeros benefícios.

Concluindo a pesquisa bibliográfica, o trabalho apresentou os jogos

como instrumento facilitador para crianças com dificuldades de aprendizagem.

Essa potencialidade se deve dentre outros fatores, aos ganhos possibilitados

por meio do uso dessa ferramenta, tais como desenvolvimento da linguagem,

raciocínio, imaginação, escrita, dentre outras áreas ligadas ao cognitivo.

Entretanto, constatou-se também que as deficiências podem ser detectadas e

corrigidas com técnicas e métodos adequados, possibilitando que haja uma

recuperação ou melhora no quadro de carência apresentada pelo aluno.

Nas observações realizadas em uma clínica e em um núcleo

especializado no tratamento de crianças com dificuldade de aprendizagem

verificou-se o intenso uso do jogo como instrumento facilitador da

aprendizagem, inclusive sendo o principal meio para a introdução e

abordagens de assuntos relativos ao campo cognitivo e afetivo, principalmente

devido ao ser caráter lúdico, tornando a atividade mais atraente e descontraída.

Por fim, o questionário preenchido por profissionais da área da

educação com larga vivência e extensa formação acadêmica concluiu de forma

precisa a utilização do jogo como ferramenta educativa. Esses especialistas

apontaram diversos jogos que fazem parte de seus repertórios no dia-a-dia de

suas profissões, destacaram relevância que essa atividade tem para crianças

com dificuldade de aprendizagem, os benefícios e as contribuições que os

jogos psicopedagógicos trazem para aprendizagem das crianças, assim como

a importância da intervenção do psicopedagogo na realização dessas

atividades.

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Assim, o presente trabalho constatou a perfeita sintonia entre a

teoria e a prática com relação à utilização do jogo como ferramenta

pedagógica. Esse aspecto tem grande relevância porque atesta a validade do

presente tema, assim como permite uma reflexão mais profunda a respeito da

importância de uma atividade que pode parecer, aos olhos dos leigos, apenas

um brincar desprovido de funções educativas.

Dessa forma, espera-se que os psicopedagogos possam valer-se

dessa ferramenta para observar, intervir e aprimorar o desenvolvimento integral

das crianças, procurando corrigir eventuais deficiências que elas possam ter.

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ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 >> Modelo do Questionário.

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ANEXO 1

A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS PARA CRIANÇAS COM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

1. Grau de Instrução:

( ) Graduação- Curso:______________________________________________

( ) Pós-graduação-Área:____________________________________________

( ) Outros.Especificar:______________________________________________

2. Tempo de profissão:___________________

3. Você utiliza os jogos como um meio facilitador para crianças com dificuldade de

aprendizagem?

( ) Sim ( ) Não

4. Em caso positivo, citar 3 (três) tipos de jogos psicopedagógicos que mais utiliza?

Favor fazer um breve resumo das condições de execução desses jogos.

JOGO1:_____________________________________________________________

___________________________________________________________________

JOGO2:_____________________________________________________________

___________________________________________________________________

JOGO3:_____________________________________________________________

___________________________________________________________________

5. Onde adquiriu o conhecimento para a prática dessa atividade?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

6. Como você avalia a importância dos jogos psicopedagógicos como instrumento

facilitador para crianças com dificuldade de aprendizagem?

( ) Dispensável

( ) Pouco importante

( ) Importante

( ) Fundamental

Por quê?___________________________________________________________

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7. Em sua opinião, quais são os benefícios e as contribuições que os jogos

psicopedagógicos trazem para aprendizagem das crianças?

BENEFÍCIOS

-

-

-

CONTRIBUIÇÕES

-

-

-

8. Na sua avaliação, qual é a forma mais eficaz de realizar os jogos

psicopedagógicos para crianças que apresentam dificuldades?

( ) individual (só a criança participa)

( ) coletiva (a criança interagindo com outras crianças)

( ) a criança com a intervenção do psicopedagogo

( ) independe

( ) outra formas:__________________________________________________

Por quê? ___________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BOMTEMPO, Edda. Capítulo III. In: KISHIMOTO, Tizuko Morchida (org). Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação. São Paulo: Cortez, 1996. BROUGÈRE, Gilles. Capítulo 1. In: KISHIMOTO, Tizuko Morchida (org). O Brincar e suas Teorias. São Paulo: Cengage Learning, 2008. CARNEIRO, Maria Ângela B. & DODGE, Janine J. A Descoberta do brincar. São Paulo: Editora Melhoramentos/Editora Boa Companhia, 2007. CERISARA, Ana Beatriz. Capítulo 6. In: KISHIMOTO, Tizuko Morchida (org). O Brincar e suas Teorias. São Paulo: Cengage Learning, 2008. CERVO, Amado L.; BERVIAN, Pedro A. Metodologia Científica. 5. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002. DANTAS, Heloysa. Capítulo 5. In: KISHIMOTO, Tizuko Morchida (org). O Brincar e suas Teorias. São Paulo: Cengage Learning, 2008. GARCIA, Jesus Nicasio. Manual de dificuldades de aprendizagem: Linguagem, Leitura, Escrita e Matemática. 1ªed. Porto Alegre: Artmed, 1998. GUERRA, Leila Boni. A Criança com Dificuldade de Aprendizagem. Rio de Janeiro: Enelivros, 2002. HUIZINGA, Johan. HOMO LUDENS, 4ª ed. São Paulo: Perspectiva S.A., 2000 Disponível em < http://jnsilva.ludicum.org/Huizinga_HomoLudens.pdf>. Acesso em: 29 Mai. 2011. JOSÉ, Elisabete da Assunção; COELHO, Maria Teresa. Problemas de Aprendizagem. São Paulo: Editora Ática, 2008. KISHIMOTO, Tizuko Morchida. In: KISHIMOTO, Tizuko Morchida (org). Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação. São Paulo: Cortez, 1996. KISHIMOTO, Tizuko Morchida. In: KISHIMOTO, Tizuko Morchida (org). O Brincar e suas Teorias. São Paulo: Cengage Learning, 2008. LAKATOS, Eva M.; MARCONI, Marina de A. Fundamentos de Metodologia Científica. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1991. LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E.D.A. Pesquisa em Educação: Abordagens Qualitativas. 5. ed. São Paulo: EPU, 1986. MACEDO, PETTY e PASSOS. Quatro Cores senha e Dominó: Oficinas de jogos em uma perspectiva construtivista e psicopedagógica. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997.

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MACEDO, PETTY E PASSOS. Aprender com os Jogos e Situações Problema. Porto Alegre: Artmed, 2000. MACEDO, PETTY e PASSOS. Os Jogos e o Lúdico na aprendizagem escolar. Porto Alegre: Artmed, 2005. RIZZO, Gilda. Jogos Inteligentes: A Construção do raciocínio na escola natural. Rio de Janeiro: Bertrand, 1996. SMITH, Corinne; STRICK Lisa. Dificuldades de Aprendizagem de A a Z. Um guia completo para pais e educadores. Porto Alegre: Artmed, 2001.

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ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 8

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I - Histórico do jogo 11

CAPÍTULO II - Características e tipos de Jogos 16

CAPÍTULO III – Conceitos de dificuldade de aprendizagem 22

CAPÍTULO IV – Os benefícios e as contribuições dos jogos para crianças

com dificuldades de aprendizagem 27

CAPÍTULO V – Jogos como instrumento facilitador para crianças com

dificuldades de aprendizagem 35

CAPÍTULO VI – Pesquisa de Campo

6.1 – 1ª Observação 41

6.1.1 Descrição da Sala 41

6.1.2 Principais Aspectos da Observação 43

6.2 – 2ª Observação 44

6.2.1 Descrição da Sala 44

6.2.2 Principais Aspectos da Observação 45

6.3 – 3ª Observação 46

6.3.1 Principais Aspectos da Observação 46

CAPÍTULO VII – Análise de Resultados

7.1 – Perfil dos Entrevistados 48

7.2 – Utilização dos Jogos Psicopedagógicos 48

7.3 – Tipos de Jogos Utilizados pelas Profissionais 49

7.4 – Aplicação de Jogos Psicopedagógicos 50

7.5 – Importância dos Jogos 50

7.6 – Benefícios e Contribuições dos Jogos Psicopedagógicos 51

7.7 – Forma de Aplicação dos Jogos Psicopedagógicos 52

7.8 – Conclusão Parcial 53

CONCLUSÃO 54

ANEXOS 57

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 60

ÍNDICE 62