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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU”
PROJETO VEZ DO MESTRE
ADAPTAÇÕES CURRICULARES E DE MATERIAIS
PEDAGÓGICOS:
Um direito do aluno com deficiência visual no ensino
fundamental da rede pública.
Objetivo:
Refletir sobre as implicações das
adaptações curriculares e de materiais
pedagógicos para o aluno deficiente visual,
considerando o que tem sido conquistado
historicamente, as informações sobre
deficiência visual e o caminho percorrido,
dia-a-dia, pelo professor na sala de aula.
2
AGRADECIMENTOS
Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me dio dos luceros que cuando los abro
Perfecto distingo lo negro del blanco
Y en el alto cielo su fondo estrellado:
Y en las multitudes el hombre que yo amo.
...................................................................
Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me ha dado la risa y me dado el illanto
Asi yo distingo dicha de quebranto
Los dos materiales que formam mi canto
Y el canto de ustedes que es el mismo canto
Y el canto de todos que es mi próprio canto.
Violeta Parra
3
DEDICATÓRIA
Dedico essa monografia a todos os que
estão bem perto de mim, vivendo as
mesmas circunstâncias que vivo. Também
aos que estão longe, alguns
desconhecidos, que fazem parte da
mesma luta por dignidade humana para
todos.
Lidia de Oliveira Lopes
4
RESUMO
Essa monografia teve como objetivo refletir sobre questões
relacionadas aos alunos portadores de deficiência visual que estão sendo
incluídos no ensino fundamental da rede pública.
Apresenta uma breve reflexão sobre os direitos humanos, tendo
como respaldo a legislação brasileira e documentos internacionais, dos
quais o Brasil é signatário, destacando a proteção legal para o exercício da
cidadania do deficiente visual.
Objetiva também trazer informações sobre as causas da deficiência
visual e as atitudes para a promoção da sua prevenção, bem como,
apresenta os princípios que devem nortear a inclusão de um aluno deficiente
visual.
Considera que só o fato do aluno deficiente visual chegar à escola, é
sinal de superação de várias barreiras e relaciona as diferentes adaptações
necessárias no dia-a-dia do aluno, tanto na escola como em casa.
Mostra a realidade de três professoras que lidam com alunos
deficientes visuais, na sua luta de cada dia, acreditando que vale a pena
participar desta caminhada com os seus alunos.
Por fim, de maneira simples, apresenta as possibilidades das
adaptações, reconhecendo que não há conclusão, elas se fazem durante o
caminho.
5
METODOLOGIA
Para a elaboração dessa monografia foram utilizadas leituras de livros
e textos produzidos para a reflexão sobre as questões relacionadas à
educação especial, pesquisas através da Internet em sítios especializados
em deficiência visual, observação da vivência de inclusão numa escola
pública de ensino fundamental e entrevista com três professores que atuam
em sala de aula, duas trabalhando especificamente com deficientes visuais e
uma tendo um aluno deficiente visual incluído na sua turma com mais 47
alunos.
Dentre o material pesquisado está a série Escola Viva: garantindo o
acesso e permanência de todos os alunos na escola - Alunos com
necessidades educacionais especiais, produzida pela Secretaria de
Educação Especial do MEC, Brasília, 2000.
6
SUMÁRIO
Introdução 07
Capítulo I — Uma breve reflexão sobre os direitos humanos,
especificamente aos relacionados à educação do deficiente
visual no Brasil
09
Capítulo II — Conhecendo as causas da deficiência visual e
identificando as atitudes que promovem a sua prevenção
22
Capítulo III — Adaptações curriculares e de materiais
pedagógicos: suas implicações e desdobramentos
34
Capítulo IV — Situações reais: três professores e três
realidades
47
Conclusão — Caminhando e fazendo o caminho 53
Bibliografia 59
Índice 61
7
INTRODUÇÃO
Ao iniciar o curso Educação Inclusiva no Projeto A Vez do Mestre,
Universidade Candido Mendes (AVM-UCAM), várias inquietações
começaram a brotar no meu coração, todas referentes à situação do aluno
portador de uma necessidade educativa especial (entendendo aquele que
porta uma deficiência específica, já que todos os alunos em maior ou menor
grau, possuem uma necessidade educativa), sendo “incluído” numa sala de
aula dita normal no ensino fundamental público.
Como pedagoga tenho atuado em diferentes projetos educativos
através de ong´s ou parcerias com o poder público, tendo como público alvo
alunos da rede regular de ensino e professores (com educação continuada)
e apesar de não estar diariamente dentro de uma unidade escolar, tenho tido
acesso ao seu dia-a-dia e testemunhado as lutas, os avanços, os
retrocessos que acontecem no seu meio.
Dentre as várias deficiências, uma pergunta que me inquietava era:
como está acontecendo a inclusão do aluno deficiente visual numa sala de
aula comum? E como o professor está lidando com isto, já que precisa de
conhecimentos específicos para lidar com o deficiente visual?
Na turma de Educação Inclusiva (AVM-UCAM) convivemos com três
colegas deficientes visuais, que apesar de serem adultos e possuírem curso
superior, ainda tiveram que superar vários obstáculos como: conteúdo
passado em aula com vídeo legendado; gravuras sem legenda em Braille
para interpretação individual; pequenos textos em tinta para leitura e
discussão em aula, tudo acompanhado das desculpas dos professores por
não terem preparado o material conveniente para o caso deles. Isto num
curso onde se discutia exatamente a inclusão do aluno portador de uma
deficiência!
8
Para verificar como estava acontecendo a inclusão numa sala de aula
do ensino fundamental público, de muito valeu a assessoria da professora
Ana Leite, deficiente visual, responsável pela sala de recursos para
deficientes visuais numa escola pública. Pude conviver durante uns meses,
atuando como ledora e verificando a vontade de acertar dos profissionais
envolvidos no processo de inclusão, bem como o cerceamento imposto
pelas circunstâncias: seja pela realidade do próprio professor, pela falta de
materiais adaptados e específicos, pelas questões burocráticas ou mesmo a
pela boa vontade dos que têm o poder decisório.
De tudo isto surgiu a necessidade de refletir, buscar informações,
entender o processo histórico da situação do deficiente visual no Brasil,
conhecer o respaldo da lei e principalmente, descobrir formas e maneiras de
contribuir para possibilitar ao aluno deficiente visual a construção do seu
próprio conhecimento, daí a elaboração dessa monografia.
De tudo o que foi visto, observado, aprendido, pesquisado, uma coisa
ficou evidente, a necessidade de sensibilizar o professor sobre as
possibilidades de um aluno portador de uma necessidade educativa
especial.
Para mostrar a viabilidade de um trabalho de sensibilização, segue
em anexo uma sugestão de um projeto simples, sobre deficiência visual,
para ser executado na escola, alcançando toda a comunidade escolar:
direção, professores, funcionários, alunos e pais e comunidade no entorno
da escola.
9
CAPÍTULO I
UMA BREVE REFLEXÃO SOBRE OS DIREITOS
HUMANOS, ESPECIFICAMENTE AOS
RELACIONADOS À EDUCAÇÃO DO DEFICIENTE
VISUAL NO BRASIL
“Todos os homens nascem livres e iguais em
dignidade e direitos. Todo homem tem
capacidade para gozar os direitos e as liberdades
estabelecidos nesta Declaração sem distinção de
qualquer espécie. Todo homem tem direito à vida,
à liberdade e à segurança pessoal” Itens 1, 2, 3.
(DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS
DOS HOMENS. Proclamada no dia 10 de
dezembro de 1948, na Assembléia Geral das
Nações Unidas)
10
Direitos humanos — os direitos de um deficiente visual
Nos últimos 200 anos da história humana grandes lutas foram
travadas por diferentes grupos, para alcançarem direitos mínimos para a
vivência, a convivência e a sobrevivência sem exploração, sem preconceitos
e sem violências.
O resultado tem sido a elaboração de documentos, declarações e leis,
nem sempre executadas, porque só a letra da lei não basta para o seu
cumprimento. Para que um direito seja, de fato, usufruído é necessário que
faça parte do cotidiano, que esteja inserido na vida de todos os indivíduos e
que haja a garantia mínima de condições para o seu exercício.
A história registra diferentes momentos, com diversificadas formas e
maneiras de tratar a questão do direito do indivíduo com alguma
necessidade especial, aquele tido como diferente. Observamos que apesar
de todo o conhecimento produzido e acumulado pela sociedade humana, no
século passado (século XX) e neste início do século XXI, nem todos os
indivíduos são considerados iguais em dignidade e direitos, como apregoa a
Declaração Universal dos Direitos do Homem, ainda encontramos pessoas
que se consideram mais iguais do que outras.
Passeando pela história
Na Antiguidade, mesmo sem o registro de dados objetivos e através
da literatura da época, observa-se que a pessoa diferente, com limitações
funcionais e necessidades especiais, era banida ou mesmo eliminada do
convívio social, sem que esta atitude trouxesse algum problema ético ou
moral para a sociedade. Acreditava-se que a pessoa diferente era uma
pessoa “amaldiçoada pelos deuses” ou era o resultado dos pecados
cometidos pelos seus ancestrais.
11
Na Idade Média, com o crescimento e fortalecimento do Cristianismo
pregado pela Igreja Católica Apostólica Romana, a pessoa diferente foi
considerada também uma criatura de Deus, sendo o seu extermínio não tão
aceito naturalmente, mas continuava dependendo da caridade humana.
Neste período surgem algumas instituições para abrigar deficientes mentais.
Por diversas circunstâncias e divergências ocorre uma cisão dentro
da Igreja Católica, surgindo o movimento que ficou conhecido como a
Reforma Protestante. Este movimento de contra posição aos princípios e
práticas, principalmente do clero, acabou provocando um dos momentos
mais cruéis da história humana. Com o objetivo de parar o movimento
dissidente, a Igreja Católica Romana, com o apoio do governo (monarquia),
autorizou a perseguição, a prisão, a tortura e a morte de todas as pessoas
dissidentes. Neste rol de dissidentes incluía-se todos os suspeitos de
alguma prática ou atitude considerada herege, dentre eles os deficientes,
especialmente os deficientes mentais.
A Reforma Protestante conseguiu o estabelecimento de alguns
direitos individuais para as pessoas, no entanto, o indivíduo com alguma
deficiência continuou sendo olhado como menos igual aos outros, já que, em
alguns casos, era tido como endemoninhado ou possuído por um espírito do
mal.
Nos Séculos XVII e XVIII, com o desenvolvimento da medicina, a
pessoa com deficiência passou a ser alvo de tratamento médico e as
instituições se estabeleceram, caracterizando-se com a saída do deficiente
de suas comunidades, ficando enclausurado em residências segregadas ou
escolas especiais. Somente no Século XX, a partir da década de sessenta é
que a prática, deste tipo de instituição, começou a ser questionada.
12
Direitos = dignidade humana
Pensar em direitos, é pensar numa vida digna de ser humano.
Os direitos podem ser divididos em: direitos civis, direitos sociais e
direitos políticos. Por direitos civis compreende-se a liberdade do indivíduo
de ir e vir, liberdade de pensamento em qualquer esfera (religiosa, política),
direito à propriedade, entre outros. Os direitos sociais dizem respeito a um
mínimo de bem-estar econômico, ao atendimento das necessidades básicas
como alimentação, habitação, saúde, educação, vestuário entre outros. Os
direitos políticos são relacionados a possibilidade de acesso e participação
no poder político direta e indiretamente. Estes três conjuntos de direitos são
dependentes, não podem ser desvinculados.
Os direitos do deficiente visual no Brasil, ou de alguém com qualquer
outra necessidade, são os mesmos de todos os demais brasileiros, somos
regidos pela Constituição Federal de 1988. A seguir, destacamos alguns
itens da Constituição, para conhecimento e reflexão, possibilitando a
exigência do seu cumprimento.
A CONSTITUIÇÃO FEDERAL BRASILEIRA afirma que todos são
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
Todos têm direito a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma da Constituição. A educação é
dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a
colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa,
seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
É assegurado, com absoluta prioridade, à criança e ao adolescente o
direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade
13
e à convivência familiar e comunitária e ainda, é dever do Estado a criação
de programas de prevenção e atendimento especializado para os portadores
de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do
adolescente portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho
e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com
a eliminação de preconceitos e obstáculos arquitetônicos.
(TÍTULO II, Dos Direitos e Garantias Fundamentais, CAP I, Art. 5º, CAP II
Art. 6º, CAP III Art. 205, CAP VII Art. 227, § 1º, II)
Todo esse texto da Lei Maior já garantiria a resolução de muitas
situações vividas por pessoas portadoras de necessidades educativas
especiais. Mesmo assim, ainda temos a LEI DE DIRETRIZES E BASES DA
EDUCAÇÃO NACIONAL (LDB 9394/96), que assegura todos os direitos
relacionados à educação.
Direitos gerais da educação (TÍTULO I, da Educação, Art. 1º, Art. 3º)
A lei diz que a educação abrange os processos formativos que se
desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas
instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações
da sociedade civil e nas manifestações culturais.
O ensino terá como princípios: a igualdade de condições para o
acesso e permanência na escola; a liberdade de aprender, ensinar,
pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; o pluralismo
de idéias e de concepções pedagógicas; o respeito à liberdade e apreço à
tolerância; a gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; a
valorização do profissional da educação escolar; a garantia de padrão de
qualidade; a valorização da experiência extra-escolar e a vinculação entre a
educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.
14
Em relação aos direitos específicos da educação especial —
LDB 9394/96 (Art. 4º. III; Art. 58, § 1º, § 2º; Art. 59):
O atendimento educacional especializado gratuito será oferecido aos
educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular
de ensino e haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na
escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação
especial.
O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços
especializados, sempre que, em função das condições específicas dos
alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino
regular.
Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com
necessidades especiais: currículos, métodos, técnicas, recursos educativos
e organização específicos, para atender às suas necessidades;
terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível
exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas
deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar
para os superdotados; professores com especialização adequada em nível
médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores
do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas
classes comuns; educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva
integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os
que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo,
mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles
que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou
psicomotora; acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais
suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular.
15
Não há como negar o direito estabelecido por lei na educação
especial. O desconhecimento da Lei ou a intenção em não cumpri-la é que
talvez justifique a situação de tantos portadores de necessidades educativas
especiais em não serem atendidos nos seus direitos.
Ainda como respaldo legal temos Os Direitos Específicos da
Pessoa Portadora de Deficiência no Brasil (Decreto no 3.298, de 20 de
dezembro de 1999: Cap I, Art 2º, Art.4º, III; Cap III, Art 6º, I e V; Cap VII, Art
15, II e III, Seção II, Art 24, I, IV, VI, § 1º, Art 28, § 1º):
A Lei diz que os órgãos e as entidades do Poder Público devem
assegurar à pessoa portadora de deficiência o pleno exercício de seus
direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao
desporto, ao turismo, ao lazer, à previdência social, à assistência social, ao
transporte, à edificação pública, à habitação, à cultura, ao amparo à infância
e à maternidade, e de outros que, decorrentes da Constituição e das leis,
propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico.
É considerada pessoa portadora de deficiência visual aquela com
acuidade visual igual ou menor que 20/200 no melhor olho, após a melhor
correção, ou campo visual inferior a 20º (tabela de Snellen), ou ocorrência
simultânea de ambas as situações.
Entre as diretrizes da política nacional para a integração da pessoa
portadora de deficiência estão: estabelecer mecanismos que acelerem e
favoreçam a inclusão social da pessoa portadora de deficiência e a
fiscalização do cumprimento da legislação pertinente à pessoa portadora de
deficiência.
Em relação à equiparação de oportunidades diz que os órgãos e as
entidades da Administração Pública Federal prestarão direta ou
indiretamente à pessoa portadora de deficiência os seguintes serviços:
formação profissional e qualificação para o trabalho;
16
escolarização em estabelecimentos de ensino regular com a provisão dos
apoios necessários, ou em estabelecimentos de ensino especial; a
matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e
particulares de pessoa portadora de deficiência capazes de se integrar na
rede regular de ensino; a oferta, obrigatória e gratuita, da educação especial
em estabelecimentos públicos de ensino o acesso de aluno portador de
deficiência aos benefícios conferidos aos demais educandos, inclusive
material escolar, transporte, merenda escolar e bolsas de estudo.
O aluno portador de deficiência matriculado ou egresso do ensino
fundamental ou médio, de instituições públicas ou privadas, terá acesso à
educação profissional, a fim de obter habilitação profissional que lhe
proporcione oportunidades de acesso ao mercado de trabalho e a educação
profissional para a pessoa portadora de deficiência será oferecida nos níveis
básico, técnico e tecnológico, em escola regular, em instituições
especializadas e nos ambientes de trabalho.
Além de todos os direitos assegurados nas leis do país, o Brasil é
signatário de diversos documentos internacionais de direitos humanos.
Dentre eles, destacaremos, na íntegra, alguns itens do documento resultante
do Congresso Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais,
organizado pelo Governo da Espanha em colaboração com a UNESCO,
1994.
Declaração de Salamanca (alguns itens):
2. O direito de todas as crianças à educação está proclamado na
Declaração Universal dos Direitos Humanos e foi reafirmado com
veemência pela Declaração sobre Educação para Todos. Todas as
pessoas com deficiência têm o direito de expressar os seus desejos
em relação à sua educação. Os pais têm o direito inerente de serem
consultados sobre a forma de educação que melhor se adapte às
necessidades, circunstâncias e aspirações dos seus filhos.
17
3. O princípio orientador deste Enquadramento da Ação consiste em
afirmar que as escolas se devem ajustar a todas as crianças,
independentemente das suas condições físicas, sociais, lingüísticas
ou outras.
6. Inclusão e participação são essenciais à dignidade e ao desfrute e
exercício dos direitos humanos. No campo da educação, estas
concepções refletem-se no desenvolvimento de estratégias que
procuram alcançar uma genuína igualdade de oportunidades.
9. As escolas especiais também poderão servir como centros de
formação e de recursos para o pessoal das escolas regulares. Uma
contribuição importante que as equipes das escolas especiais podem
dar às escolas regulares consiste na adequação dos conteúdos
curriculares e dos métodos de ensino às necessidades individuais dos
alunos.
16. A legislação deverá reconhecer o princípio da igualdade de
oportunidades para as crianças, os jovens e os adultos com
deficiência na educação primária, secundária e terciária, sempre que
possível em contextos integrados.
20. Deve ser dada atenção especial às necessidades das crianças e
dos jovens com deficiências severas ou múltiplas. Eles têm os
mesmos direitos que todos os outros da sua comunidade de atingir a
máxima autonomia, enquanto adultos, e deverão ser educados no
sentido de desenvolver as suas potencialidades, de modo a atingir
este fim.
18
Direitos de atendimento educacional para o deficiente visual
Uma trajetória de lutas com avanços e retrocessos. . .
1835 — O Deputado Cornélio Ferreira apresenta à Assembléia Projeto de
Lei objetivando a criação do cargo de Professor de Primeiras Letras para
o ensino de cegos e surdo-mudos.
1854 — Decreto Imperial nº 1.426 criou o Imperial Instituto dos meninos
Cegos.
1869 — Benjamim Constant assume a direção do Imperial Instituto dos
Meninos Cegos, no Rio de Janeiro. Em 1891, sob o Decreto nº 1.320, o
Instituto passa se chamar Instituto Benjamim Constant.
1910 — Três cegos, após cursarem o Instituto Benjamim Constant,
conseguem ingressar na Faculdade de Direito de São Paulo.
1926 — Inaugurado, em Belo Horizonte, o Instituto São Rafael para
Cegos.
1933 — Inaugurados vários Institutos para Cegos no Brasil: em São
Paulo, na Bahia, no Rio Grande do Sul e no Ceará.
1942 — Edição em Braille pelo Instituto Benjamim Constant da primeira
Revista Brasileira para Cegos.
1943 — O Decreto nº 14.165 dá ao Instituto Benjamim Constant
competência para ministrar os ensinos primário e secundário.
1946 — Criada a Fundação para o Livro do Cego no Brasil, com a
finalidade de divulgar o livro em Braille.
19
1957 — Alunos cegos do Curso Primário são admitidos nas escolas
comuns.
1958 — Decreto 44.236 institui a Campanha Nacional de Educação e
Reabilitação de Deficientes da Visão.
1968 — Criada a associação Brasileira de Educadores de Deficientes
Visuais/ ABEDEV.
1986 — Decreto nº 93.481 institui a Coordenadoria para a Integração da
Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE), dispondo sobre a atuação da
Administração Federal no que concerne às pessoas portadoras de
deficiência.
1993 — Decreto 914/89 Coordenadoria de Integração da Pessoa
Portadora de Deficiência, CORDE, estabelece direitos dos portadores de
Deficiência Visual.
1996 — Criação do Programa de Distribuição de Materiais Didáticos para
Deficientes Visuais.
1997 — Implantação da tecnologia do DOS-VOX no Sistema Sintetizador
de Voz, para suporte na educação dos cegos.
1999 — Criação da Comissão Brasileira de Braille, junto à SEESP.
2000 — Lançamento da produção do Livro Didático em Braille.
2002 — Portaria 657/MEC institui a Comissão Brasileira de Estudo e
Pesquisa do Sorobã.
(Fatos marcantes na Educação Especial do Brasil. Projeto Escola Viva.
Visão histórica, Cartilha 1. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de
Educação Especial, 2000)
20
INSTITUTO BENJAMIM CONSTANT: Uma referência nacional
no atendimento educacional ao portador de deficiência visual
O Instituto Benjamin Constant (IBC), fundado em 1854, é um órgão do
Ministério da Educação e do Desporto do Governo do Brasil, foi a primeira
instituição de educação especial da América Latina. Tem as suas
competências, de acordo com o Decreto n.º 2.147, de 14 de fevereiro de
1997 e com a Portaria n.º 325, de 17 de abril de 1998.
É um centro de excelência e de referência nacional nas questões
relacionadas à Deficiência Visual, com atividades voltadas para o
atendimento das necessidades acadêmicas, reabilitacionais, médicas,
profissionais, culturais, esportivas e de lazer da pessoa cega e portadora de
visão subnormal.
Com o objetivo de aprimorar e adequar o atendimento às
necessidades específicas de sua clientela, constrói e difunde o
conhecimento, para todo o Brasil e exterior, através do ensino, da pesquisa
e da extensão. Possui uma escola que capacita profissionais da área da
deficiência visual, assessora escolas e instituições, realiza consultas
oftamológicas à população, reabilita, produz material especializado,
impressos em Braille e publicações científicas.
Através do Departamento de Educação planeja e realiza atividades
nas áreas cultural e de lazer, comemora datas cívicas previstas no
calendário escolar, envolvendo alunos, professores e demais setores da
instituição.
Desenvolve as seguintes ações:
1) Estimulação Precoce;
2) Jardim de Infância;
3) Classe de Alfabetização;
4) Ensino Fundamental;
5) Educação Física;
6) Ensino Musical;
7) Programa Educacional Alternativo.
21
Atende a crianças cegas e de visão subnormal de zero a três anos de
idade, através de programas individualizados. Promovendo o
desenvolvimento global da criança, enfatizando os sentidos remanescentes,
ou seja, as percepções auditivas, táteis, olfativas e gustativas, priorizando as
ações e interações motoras. O trabalho é realizado por uma equipe
multidisciplinar, contando com professores especializados, psicólogos,
fonoaudiólogos, assistente social, pediatra e oftalmologista.
Fazendo valer a Lei
Mesmo com todo esse aparato legal, a prática dos direitos de um
cidadão brasileiro, portador de uma necessidade educacional especial
(nomenclatura adotada pelo MEC), não acontece naturalmente. Os direitos
têm sido usufruídos por uns poucos, depois de muitas lutas e embates. É
preciso “matar um leão a cada dia” para conseguir o que está determinado
na Lei Maior do país e nos Documentos Internacionais assinados.
São diferentes as causas e as circunstâncias que impedem o
exercício pleno dos direitos adquiridos por lei, entre elas, identificamos a
desinformação como base de muitas situações de negação do direito.
Para fazer valer a Lei, aquele a quem o direito é legado, precisa
conhecer o que é sua possibilidade e mais, precisa de parceiros que
acreditem na afirmação da Declaração Universal dos Direitos do Homem:
Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos (ONU,
1948).
22
CAPÍTULO II
CONHECENDO AS CAUSAS DA DEFICIÊNCIA
VISUAL E IDENTIFICANDO AS ATITUDES QUE
PROMOVEM A SUA PREVENÇÃO
“Pessoas com deficiência são aquelas que apresentam
significativas diferenças físicas, sensoriais ou
intelectuais, decorrentes de fatores inatos ou adquiridos,
de caráter temporário ou permanente”. Política
Nacional de Educação Especial.
Segundo a Organização Mundial de Saúde — OMS,
10% da população de todo o país em tempo de paz, são
constituídos por pessoas com algum tipo de deficiência.
23
Conhecendo para prevenir
O primeiro passo para promover a mudança de uma situação é a
informação mais completa possível sobre as questões que a envolvem.
Diante disto, propomos apresentar as causas da deficiência visual, bem
como relacionar atitudes que promovam a sua prevenção.
Conceituando a Deficiência Visual
As informações a seguir tem como referência o sitio na Internet "Entre
Amigos - Rede de Informações sobre Deficiências".
O termo deficiência visual refere-se a uma situação irreversível de
diminuição da resposta visual, em virtude de causas congênitas ou
hereditárias, mesmo após tratamento clínico e/ou cirúrgico e uso de óculos
convencionais.
A diminuição da resposta visual pode ser leve, moderada, severa,
profunda (que compõem o grupo de visão subnormal ou baixa visão) e
ausência total da resposta visual (cegueira). Segundo a OMS (Bangkok,
1992), o indivíduo com baixa visão ou visão subnormal é aquele que
apresenta diminuição das suas respostas visuais, mesmo após tratamento
e/ou correção óptica convencional, e uma acuidade visual menor que 6/18 à
percepção de luz, ou um campo visual menor que 10 graus do seu ponto de
fixação, mas que usa ou é potencialmente capaz de usar a visão para o
planejamento e/ou execução de uma tarefa.
A deficiência visual é classificada de acordo com a sua intensidade,
da seguinte maneira: deficiência visual leve; deficiência visual moderada;
deficiência visual profunda; deficiência visual severa; perda total da visão e
o comprometimento de campo visual, apresenta-se com comprometimento
central; comprometimento periférico ou sem alteração.
24
A deficiência visual pode ser congênita; adquirida ou estar associada
a outro tipo de deficiência, como por exemplo a surdez. A deficiência pode
ser múltipla ou não.
De acordo com os professores e doutores Sylas Fernandes Maciel —
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e Hilton Rocha —
Fundação Hilton Rocha - BH - MG (Internet), a deficiência visual pode ainda
ser conceituada como:
1- Limitação visual — É portador de limitação visual, todo aquele que
possui acuidade visual inferior a 1 (Grau máximo na Escala
Optométrica de Snellen, que vai de 0 a 1). Só que em alguns casos, o
indivíduo apenas fica sabendo de sua limitação quando passa por
exame oftalmológico.
2- Cegueira — Considera-se portador de cegueira aquele cuja visão
do melhor olho, após a melhor correção óptica ou cirúrgica, varia de
zero a um décimo (Escala Optométrica de Snellen), ou quando tem o
campo visual reduzido a um ângulo menor que 20 graus. Para
entender-se melhor o que significa um décimo de acuidade visual,
pode-se exemplificar, dizendo que o indivíduo portador dessa
limitação, apenas enxerga a uma distância de 20m, o tipo optométrico
que uma pessoa portadora de acuidade visual igual a 1 , consegue
enxergar à distância de 200m.
3- Visão Reduzida — São considerados portadores de visão
reduzida, aqueles cuja acuidade visual situa-se entre 0,1 e 0,3.
Nesses casos podem ser empregados recursos de auxílio óptico (que
não são os óculos convencionais)
25
Identificando as causas
De maneira genérica, podemos considerar que nos países em
desenvolvimento (como o Brasil) as principais causas são infecciosas,
nutricionais, traumáticas e causadas por doenças como as cataratas. Nos
países desenvolvidos são mais importantes as causas genéticas e
degenerativas.
As causas podem ser divididas também em: congênitas ou adquiridas.
Exemplos de causas mais comuns:
1- Catarata — Opacificação do cristalino (uma espécie de lente situada
atrás da pupila, através da qual passam os raios de luz para a retina).
Nesta doença, a formação da imagem fica parcial ou totalmente prejudicada.
A catarata impede a passagem de luz para a retina provocando baixa visão.
Pode ser ocasionada por uma infecção durante a gestação, como por
exemplo, o vírus da rubéola; pode ser hereditária ou por trauma durante o
parto. A catarata tem diferentes intensidades e a cirurgia deve ser indicada
quando a visão for prejudicada. As cataratas congênitas de grau avançado
devem ser operadas nas primeiras semanas de vida. A não ser que ocorram
outras complicações, a acuidade visual vai se manter ou até mesmo
melhorar com o tempo. Atualmente, modernos métodos cirúrgicos já estão
sendo empregados, com grande possibilidade de êxito
2- Diabetes — Essa doença, caracterizada pela hiperglicemia, isto é,
aumento irregular do nível de glicose no sangue, pode provocar a
danificação dos vasos sangüíneos da retina, com conseqüências geralmente
irreversíveis.
26
3- Descolamento de Retina — Ocorre quando a retina se desprende da
coróide, camada responsável pelo envio dos nutrientes àquela. Sendo
conseqüência, geralmente, de pancadas nos olhos, da perfuração da retina,
ou da diabetes; havendo, no primeiro e no segundo casos, a infiltração do
humor vítreo (líquido que preenche o globo ocular); e no terceiro, em virtude
da fragilidade capilar, existente na pessoa portadora daquela doença, os
vasos se rompem, provocando, com a hemorragia, o referido afastamento da
retina. O tratamento é cirúrgico, e para que obtenha sucesso, deve ser
realizado antes que a lesão atinja a mácula, região central da retina.
4- Glaucoma — Doença caracterizada pelo aumento exagerado da pressão
intra-ocular, que provoca além de dores, em muitos casos, perdas
irreversíveis da visão. No Glaucoma Congênito o aumento da pressão
interna do olho é causado por uma anomalia na eliminação do humor
aquoso. A criança apresenta aumento do globo ocular, muita sensibilidade à
luz, lacrimejamento e coceira. A cirurgia deve ser decidida o mais depressa
possível, pois a perda visual pela hipertensão é rápida na criança. A
manutenção da visão residual dependerá do completo controle da pressão
intra-ocular. Nos casos mais avançados (quando o olho ficando muito
grande), existe o perigo de perfuração, se houver traumatismos. Para a
criança executar trabalhos de perto, será necessária muita iluminação com
pouco reflexo.
5- Retinopatias — Conjunto de patologias que acometem a retina,
provocando a sua degeneração progressiva. Dentre elas, as mais comuns
são a Retinose Pigmentar e a Retinopatia Senil.
6- Toxoplasmose — Doença transmitida através do contato com alguns
animais, que pode levar a perda total ou parcial da visão. Manifesta-se tanto
no homem quanto nos animais, e em certos casos pode ser fatal.
27
7- Causas acidentais — Por acidentes, em geral, em que se verifique a
perfuração do globo ocular ou a exposição da córnea a agentes corrosivos,
pode ocorrer a perda abrupta e irreversível da visão.
8- Cegueira congênita — Nos casos de má formação congênita do aparelho
ocular, na fase fetal.
9- Hipoxia / Hiperoxia — Complicações que ocorrem em alguns casos de
partos demasiadamente prematuros, nos quais, o bebê sobrevive, porém
vindo a perder a visão em virtude da baixa oxigenação do cérebro (hipoxia),
ou do excesso do oxigênio (hiperoxia), na hora do parto ou na U.T.I.
neonatal, respectivamente, quando o aparelho ocular do recém-nascido
ainda se encontra imaturo.
10 - Conjuntivite Gonocócica: ocorre quando a mãe apresenta uma doença
venérea (a gonorréia) e a transmite ao filho durante o parto normal. Se o
recém-nascido não for devidamente tratado logo ao nascer, o
microorganismo pode levar a uma úlcera de córnea ou mesmo perfuração
ocular, resultando em baixa da visão ou cegueira.
Alguns fatores se tornam de risco como: o histórico familiar de
deficiência visual por doenças de caráter hereditário, por exemplo, o
glaucoma; o histórico pessoal de diabetes, hipertensão arterial e outras
doenças sistêmicas que podem levar a comprometimento visual, por
exemplo, a esclerose múltipla; a senilidade, trazendo a catarata, a
degeneração senil de mácula; a não realização de cuidados pré-natais e
prematuridade; a não utilização de óculos de proteção durante a realização
de determinadas tarefas (por exemplo durante o uso de solda elétrica) e a
não imunização contra rubéola da população feminina em idade reprodutiva,
o que pode levar a uma maior chance de rubéola congênita e conseqüente
acometimento visual.
28
Reconhecendo os sinais
Alguns sinais são característicos da presença da deficiência visual.
Em qualquer caso, deve ser realizada avaliação oftalmológica para
diagnóstico do processo e possíveis tratamentos, em caráter de urgência:
1. Na criança — desvio de um dos olhos, não seguimento visual
de objetos, não reconhecimento visual de familiares, baixa
aproveitamento escolar, atraso de desenvolvimento.
2. No adulto — pode ser o borramento súbito ou paulatino da
visão.
Em ambos os casos, vermelhidão, mancha branca nos olhos,
dor, lacrimejamento, flashes, retração do campo de visão que
pode provocar esbarrões e tropeços em móveis.
Como diagnosticar
O diagnóstico será obtido através do exame realizado pelo
oftalmologista que pode lançar mão de exames subsidiários. Nos casos em
que a deficiência visual está caracterizada, deve ser realizada avaliação por
oftatmologista especializado em baixa visão, que fará a indicação de auxílios
ópticos especiais e orientará a sua adaptação.
29
Um desenvolvimento normal da visão. . .
No nascimento — o recém-nascido só percebe luz, pois a mácula ainda
não está totalmente desenvolvida e o cérebro ainda não sabe interpretar
os estímulos visuais que recebe.
Aos três meses — já consegue fixar, pois a área macular está
estruturada. Consegue seguir um objeto com o olhar.
Aos nove meses — inicia-se a visão de relevo, já consegue ter noção de
distância e de formas.
Com um ano — as crianças já reconhecem objetos e parentes próximos
a ela.
Aos quatro anos — visão quase completa.
Aos cinco anos — visão igual à do adulto, podendo melhorar até os 7
anos de idade.
Para haver desenvolvimento normal da visão, é importante:
1. Que a imagem do objeto focado chegue nítida à retina. Para isso não
pode haver lesão ou alteração de transparência da córnea, pupila, íris,
vítreo, retina (o que alteraria ou bloquearia a imagem). Que o olho seja
de tamanho normal (imagens focando na retina).
2. O nervo óptico não pode estar atrofiado e não deverá haver lesões na via
óptica que leva a imagem até o cérebro.
30
3. O cérebro deve ser capaz de interpretar a imagem recebida. Para isso,
não poderá ocorrer alterações cerebrais (de ordem anatômica ou mesmo
mentais).
4. O recém-nascido enxerga tanto quanto fala ou anda. Se todas as partes
do olho estiverem em perfeita ordem e o cérebro for estimulado com
imagens nítidas, desenvolverá a visão normalmente, chegando ao seu
pleno desenvolvimento entre os 5 e 7 anos de idade. Assim, o adulto que
enxerga pouco desde o nascimento, continuará enxergando mal sempre,
não havendo nenhuma cirurgia ou tratamento que solucione o problema.
Promovendo a prevenção. . .
Na gravidez — O cuidado mais importante é seguir corretamente o
pré-natal, evitando assim, problemas de visão da mãe e do filho que vai
nascer. Doenças como rubéola e toxoplasmose que podem afetar as mães
nos 3 primeiros meses de gravidez, podem, ao mesmo tempo, causar
cegueira e problemas neurológicos na criança.
Com os bebês — As conjutivites, também conhecidas como dor-
d'olhos, e que podem aparecer nos primeiros dias de vida do bebê, devem
ser examinadas pelo médico, para que o tratamento seja correto. Deve ser
levada com urgência ao oftalmologista toda criança que apresentar ao
nascer, mancha branca na menina dos olhos, muito lacrimejamento, olhos
muito grandes, olhos que balançam muito de um lado para o outro, ou
crianças que não suportam a claridade.
31
Medindo a acuidade visual — É possível avaliar a visão de cada
olho da criança. Com crianças de mais de um ano de idade faz-se a seguinte
"brincadeira": ocluir um olho com gaze ou um pequeno pedaço de pano e
observar a capacidade da criança em apanhar objetos espalhados pelo piso
(chaveiro, brinquedos e doces). Repete-se a operação com o outro olho
tampado.
A atitude da criança que enxerga bem com os dois olhos será
semelhante com cada olho ocluído. À criança com mais de três anos pode-
se mostrar e pedir que ela identifique objetos localizados a 5 metros. O teste
deve ser realizado com um olho ocluído de cada vez.
Em casa e no trânsito — Não deixe ao alcance de crianças objetos
cortantes ou pontiagudos, tais como facas, tesouras, garfos, chaves de
fenda, lápis, canetas, varetas e arames.
Em sítios e fazendas é preciso muito cuidado com animais como
galinhas, patos, gansos, gatos, papagaios, etc., que podem atingir os olhos
da criança com bicadas ou arranhões.
Cuidado para não deixar produtos de limpeza atingir os olhos (água
sanitária, soda cáustica, álcool, detergentes, etc.). Caso isso aconteça, lave
muito bem os olhos (20 a 30 minutos) com água limpa e, somente após isso,
com urgência, procure atendimento médico.
Muitas plantas domésticas, principalmente as pontudas, as
espinhosas, ou aquelas que soltam líquido leitoso (por ex.: Coroa-de-Cristo),
podem causar problemas sérios se atingirem os olhos.
Pais que fumam nunca devem segurar seus filhos quando estiverem
com o cigarro aceso. Assim, evitarão irritações causadas pela fumaça e
queimaduras que poderão atingir o rosto, especialmente os olhos.
32
Cuidados no trânsito — O uso do cinto de segurança é
indispensável também dentro da cidade, onde se verifica a maioria dos
acidentes com perfurações nos olhos. Crianças de até 12 anos de idade
devem estar sempre no banco traseiro. Jamais leve criança, de qualquer
idade, no colo, principalmente no banco da frente.
Evitando os acidentes oculares na infância — A criança, por
sua própria natureza, fica mais exposta a acidentes que atingem os olhos. A
maioria deles ocorre dentro ou nas proximidades de sua casa. Os mais
freqüentes causadores de acidentes são: tesouras, facas, arames, tiros de
espingarda de pressão, fogos de artifício (explodindo dentro de latas ou
vidros), bicadas e mordidas de animais. Além destes, tome cuidado com
álcool, ácidos, material de limpeza, tintas de parede, que devem ser
mantidos fora do alcance de crianças.
Cuidando dos adultos — Os acidentes perfurantes oculares em
adultos ocorrem basicamente no trabalho ou no trânsito. No trabalho deve-
se fundamentalmente à falta de uso de equipamentos de proteção
específicos para as diversas atividades. É indispensável o uso dos óculos,
luvas, etc., que as indústrias são obrigadas, por lei, a fornecer aos
trabalhadores.
Cuidados no trabalho — O ambiente de trabalho deve ter
condições mínimas de higiene, iluminação e ventilação. Quanto à vista, é
imprescindível trabalhar com luz branca, sem sombra. A má iluminação ou
excesso de luz causam cansaço visual e diminuição do rendimento no
trabalho. Se no trabalho você ficar exposto à poeira, inseticidas, vapores
ácidos, solda ou objetos volantes, nunca deixe de usar os óculos de
proteção. Não se esqueça de usá-los também em casa quando realizar
tarefas semelhantes. Há mais olhos perdidos em acidentes de trabalho do
que braços e pernas.
33
Tome cuidado também com cisco no olho que pode ser muito
perigoso se estiver na frente da menina dos olhos (pupila)., principalmente
se for uma fagulha de meta. Nunca tente retirá-lo com objetos caseiros,
estes casos são sempre de URGÊNCIA.
(Informações baseadas no artigo veiculado pela Internet de Lúcia Helena
Salvetti De Cicco)
Sobre ser deficiente visual. . .
Estar sensível ao fato que qualquer pessoa pode vir a tornar-se um
deficiente visual, já é um bom caminho andado para o desenvolvimento de
atitudes de respeito e dignidade em relação ao convívio com um deficiente
visual.
A escola, que é para todos, pode promover essa sensibilização em
toda a sua comunidade escolar: diretoria, coordenações, professores,
funcionários, alunos, pais. Essa consciência iguala a todos, porque estará
se desdobrando em todas as áreas, desde o trato social até o pleno
exercício da cidadania, garantida na Constituição do país, que é o usufruto
do direito à educação de qualidade.
Assim, o professor não sentirá ser um peso ter em sua sala de aula
um aluno deficiente visual; o aluno não sentirá “pena” ou rejeição pelo
colega deficiente visual; a coordenação pedagógica não fará de má vontade
as adaptações, junto com o professor, necessárias ao atendimento deste
aluno, considerado “diferente”. O sentimento que haverá na escola é de
acolhimento da condição humana de cada um.
34
CAPÍTULO III
ADAPTAÇÕES CURRICULARES E DE MATERIAIS
PEDAGÓGICOS: SUAS IMPLICAÇÕES E
DESDOBRAMENTOS
“Não somos iguais, não somos iguais, é tudo
mentira. Por que vocês insistem em me
convencer de que somos iguais? Gente não é
como figurinha, que nós arrumamos em fila,
deixando de lado as amassadas e as rasgadas
para decidir o que fazer com elas depois”.
Texto de Cláudia Werneck — Era uma vez
(Revista NOVA ESCOLA, maio de 2002, pgs 36,
37).
35
Adaptar ou não adaptar?
É uma questão de direito do aluno deficiente visual.
Que a inclusão é o caminho eficiente para a construção da cidadania,
é inquestionável, mas como ela acontece na prática do dia-a-dia, é a grande
questão que não pode passar despercebida.
Inserir um aluno com necessidades específicas, na rede regular de
ensino, é muito mais que fazer a sua matrícula numa unidade escolar. Para
que uma pessoa, com algum tipo de deficiência visual, seja realmente
incluída neste sistema e receba o que é seu por direito legal, é necessário
que aconteçam diversas adaptações curriculares e de materiais pedagógicos
proporcionando a eficiência do processo.
Aqui, no Brasil, as modalidades de atendimento ao portador de
alguma necessidade educacional especial tem sido: escola especial, sala de
estimulação essencial, classe especial, oficina pedagógica, classe comum,
sala de recursos, ensino com professor itinerante, classe hospitalar,
atendimento domiciliar, centro integrado de Educação Especial.
Alguns princípios têm norteado esta atuação. Considerando que o
aluno é acima de tudo, digno de respeito e do direito à educação de melhor
qualidade, a principal preocupação da educação, deve ser o
desenvolvimento integral do homem e a sua preparação para uma vida
produtiva na sociedade, fundada no equilíbrio entre os interesses individuais
e as regras de vida nos grupos sociais; além de seguir os princípios
democráticos de igualdade, liberdade e respeito à dignidade, a educação de
alunos portadores de necessidades educacionais especiais, norteia sua
ação pedagógica por princípios específicos, entre eles destacamos:
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1) Princípio de Normalização — Pode ser considerada a base filosófica-
ideológica da integração. O termo traz muita controvérsia em seu significado,
porque deriva da palavra “normal”, e também faz pensar em “normas
sociais”, que consideram “desviantes “aqueles que fogem dos padrões
médios de comportamento socialmente estabelecidos. Normalização poderia
sugerir erroneamente a busca da conformidade às normas sociais. Também
não significa tornar “normal “ a pessoa portadora de deficiências. Prevalece
sempre o seu direito de ser diferente e de Ter suas necessidades especiais
reconhecidas e atendidas pela sociedade. A idéia de normalização traz em
seu bojo dupla mensagem: uma referente às condições de vida (meios) e
outra à forma de viver (resultados). No aspecto meios significa oferecer aos
portadores de necessidades especiais as mesmas condições e
oportunidades sociais, educacionais e profissionais a que outras pessoas
têm acesso. No aspecto resultados, respeitando-se as características
pessoais, normalização significa aceitar a maneira desses indivíduos
viverem, com direitos e deveres.
2) Princípio de Integração — A integração justifica-se como princípio na
medida em que se refere aos seguintes valores democráticos:
• Igualdade – viver em sociedade tendo iguais direitos, privilégios e
deveres, como todos os indivíduos;
• Participação ativa – requisito indispensável à verdadeira interação
social;
• Respeito a direitos e deveres socialmente estabelecidos.
A idéia de integração implica necessariamente em reciprocidade. Isto
significa que vai muito além da inserção do portador de necessidades
especiais em qualquer grupo. A inserção limita-se à simples introdução
física, ao passo que a integração envolve a aceitação daquele que se insere.
Do ponto de vista operacional, o ideal da integração ocorre em níveis
progressivos desde a aproximação física, incluindo a funcional e a social, até
a instrucional (freqüência à classe do ensino comum).
37
3) Princípio da Individualização — Nenhum outro princípio valoriza tanto
as diferenças individuais, seja as existentes entre os portadores de
necessidades especiais e as pessoas ditas normais, seja comparando entre
si os próprios portadores de necessidades especiais. A individualização
pressupõe a adequação do atendimento educacional a cada portador de
necessidades educativas especiais, respeitando seu ritmo e características
pessoais.
4) Princípio Sociológico da Interdependência — As próprias
características dos portadores de necessidades especiais exigem, além do
atendimento educacional, outras práticas nas áreas sócio-médico-
psicológicas. Sempre visando o pleno desenvolvimento das potencialidades.
Deve-se valorizar parcerias envolvendo educação, saúde, ação social e
trabalho. A sociedade civil organizada deve também se articular com órgãos
governamentais em ações conjuntas e interdependentes.
5) Princípio Epistemológico da construção do real — Refere-se à
conciliação entre o que é necessário para atender às aspirações e
interesses dos portadores de necessidades especiais e à aplicação dos
meios disponíveis. Nem sempre as condições permitem desenvolver ações
que atendam a todas as necessidades do alunado. Portanto, em respeito às
diferenças individuais e às circunstâncias sócio-políticas e econômicas, é
preciso “construir o real”, sempre visando a médio e longo prazos o
atendimento a todas as necessidades do alunado.
6) Princípio da efetividade dos modelos de atendimento educacional —
Embasa a qualidade das ações educativas. Envolve três elementos: infra-
estrutura (administrativa, recursos humanos e materiais); hierarquia do poder
(interno e externo às instituições envolvidas); e consenso político em torno
às funções sociais e educativas (ideológicas educacionais).
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7) Princípio do ajuste econômico com a dimensão humana — Refere-
se ao valor que se deve atribuir à dignidade dos portadores de necessidades
especiais como seres integrais. Neste sentido, as relações custo-benefício
na educação não devem prevalecer sobre a dimensão do homem portador
de necessidades especiais, que faz jus a todos os direitos como cidadão.
Cumpre alertar que a falta de atendimento educacional adequado a essas
pessoas representa, em longo prazo, um alto custo à nação.
8) Princípio de Legitimidade — Visa a participação das pessoas
portadoras de deficiências, de condutas típicas e de altas habilidades, ou de
seus representantes legais, na elaboração e formulação de políticas
públicas, planos e programas.
(TAVARES FILHO, Thomé E. Apostila de Educação Especial. Programa de
Educação Especial, Faculdade de Educação, UFF).
Dia-a-dia no processo ensino-aprendizagem do aluno
deficiente visual
Com toda a certeza diferentes adaptações precisam estar ocorrendo
no dia-a-dia de um aluno deficiente visual, especificamente falando da sala
de aula. Enumeraremos algumas adaptações necessárias. Será uma lista
em aberto, já que o deficiente visual, como qualquer pessoa, é único em seu
modo de pensar, querer e sentir e possui características e necessidades
peculiares, necessitando assim de um atendimento individualizado.
No entanto, o que não pode deixar de ser considerado, é que só o
fato do deficiente visual estar na escola, várias barreiras já foram vencidas,
principalmente as referentes à compreensão e apoio da sua família e muitas
adaptações, ele já teve que fazer, para chegar ao lugar onde está.
39
Refletindo sobre as adaptações curriculares e suas
implicações
As adaptações curriculares e de acesso ao currículo são ajustes
graduais que se promovem no planejamento escolar e pedagógico e nas
ações educativas, como respostas às necessidades educacionais especiais
dos alunos. É preciso haver uma interação contínua entre a necessidade do
aluno detectada e as ações educativas executadas.
A escola deve responsabilizar-se em dar todo o apoio com a provisão
de recursos espaciais, materiais e através da sala de recursos, que além dos
materiais adaptados, deverá contar com a assessoria de um profissional
preparado para a orientação ao professor, porque só assim, ele será capaz
de fazer as adaptações no currículo de acordo com a necessidade.
Adaptações possíveis:
1) Adaptação de Objetivos — São os ajustes que o professor pode fazer
nos objetivos pedagógicos de forma a adequá-los às características e
condições do aluno com deficiência visual. O professor determina uma
escala de prioridades a partir da análise do conhecimento que o aluno
apresenta. Objetivos complementares podem ser acrescentados de acordo
com o caso.
2) Adaptação de Conteúdos — São os ajustes feitos a partir da
priorização de tipos de conteúdos, de áreas ou unidades de conteúdo, de
reformulação da seqüência de conteúdos ou da eliminação de conteúdos
secundários. O professor é o responsável pela decisão, sempre em função
das necessidades especiais presente.
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3) Adaptação do Método de Ensino e da Organização Didática — O
ensino só ocorrerá se o professor considerar o jeito que cada aluno tem em
aprender, em construir o conhecimento. Faz parte da tarefa de ensinar
procurar estratégias que melhor respondam às características e às
necessidades peculiares de cada aluno. O roteiro da aula deve ser flexível
para os ajustes necessários, seja introduzindo uma atividade alternativa ou
uma atividade complementar àquelas originalmente planejadas ou até
mesmo a substituição dependendo do caso.
4) Adaptação do Processo de Avaliação — Será feita pela utilização de
diferentes técnicas e instrumentos de avaliação, por exemplo, permitir ao
aluno cego que realize suas avaliações na escrita Braille, lendo-as oralmente
ao professor.
5) Adaptação na Temporalidade do Processo de Ensino Aprendizagem
—Pode ser aumentando ou diminuindo o tempo previsto para o trato de
determinados objetivos e os seus conteúdos. No caso do aluno com
deficiência visual, o professor levará em consideração que as atividades
exclusivamente escritas tomarão mais tempo para a sua execução.
O professor e suas possíveis adaptações
Receber informações sobre a deficiência visual (cegueira e visão
subnormal).
Aprender sobre atitudes mínimas que deve ter em relação ao deficiente
visual, como: chamá-lo pelo nome; falar diretamente a ele; avisá-lo
quando chega ou sai de um ambiente em que ele está; facilitar a sua
integração com os outros alunos da turma.
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Aprender o método BRAILLE;
Providenciar material com letra ampliada para os de visão subnormal;
Posicionar o aluno de modo a facilitar a sua locomoção e
deslocamento, bem como, possibilitá-lo a ouvir o professor e o que
acontece na sala;
Falar sobre todo o material que apresentar e ler tudo o que escrever no
quadro;
Providenciar materiais adaptados, facilitando a participação do aluno,
como: prancha, presilhas para segurar o papel, lupas, etc.
Favorecer a eliminação de sentimentos de inferioridade, de menos
valia ou de fracasso no aluno.
Adaptações práticas para o dia-a-dia do deficiente visual
(Baseado nas informações de Ethel Rosenfeld, professora especializada na
educação e reabilitação de pessoas com deficiência visual - Internet)
Na Escola — Organização espacial facilitando a mobilidade e
evitando acidentes, colocar corrimão nas escadas. Colocar o nome
em Braille da criança na carteira escolar, para que ela sempre
mantenha o mesmo lugar. Marcar em Braille as etiquetas dos
cadernos e livros. Colocar a data sempre no início de cada trabalho.
Colocar o número em todas as páginas do caderno (de preferência na
parte superior direita). Assinar os trabalhos que serão entregues ao
professor.
Em Casa — Manter os objetos sempre no mesmo lugar e na mesma
ordem. Arrumar os armários dentro de uma ordem lógica, separando
as roupas por estilo, cor e tamanho. Procurar colocar as roupas
(penduradas ou dobradas) sempre em ordem alfabética.
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Remédios — Os remédios devem conter na marcação em Braile o
nome e a validade.
Cozinha — Marcar com fita rotuladora ou etiquetas plastificadas os
recipientes de mantimentos. Procurar colocar a marcação sempre do
mesmo lado e direção. Por exemplo: canto superior direito. As
máquinas, microondas, forninho elétrico, máquina de lavar roupa etc,
marcar com fita transparente para não tirar a visibilidade das pessoas
que enxergam. Em particular no microondas, marcar o mínimo
necessário para não poluir a identificação. Na geladeira, procurar
separar os alimentos por prateleiras.
CDs, fitas K7, disquetes — Também devem ser marcados em Braille
e separados por gênero. Exemplo: MPB, Estrangeiros, Orquestrados,
Clássicos, New Age, Pagode, e outros.
Dinheiro — Se a pessoa usar uma carteira, sugere-se que coloque
as notas em ordem crescente separada com cartões plastificados,
estreitos e mais compridos do que as notas e com o valor da nota em
Braille. Em relação às moedas, se possível, fazer três bolsinhas
unidas por pressão, cada uma, dividida ao meio, totalizando seis
espaços com fechecleres.
ATENÇÃO — Muitas vezes marcações em excesso podem atrapalhar. Por
isso, recomenda-se deixar uns espaços em branco em determinadas
situações. É importante lembrar que nem todas as pessoas são iguais, as
individualidades devem ser respeitadas. Todo esse modelo de organização
só será possível se a pessoa cega receber o ensino eficiente do "Sistema
Braille".
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Recursos para o aluno deficiente visual
1- Braille — Consiste num sistema de escrita em alto relevo, criado pelo
francês Louiz Braille, em meados do século XIX, através do qual a pessoa
portadora de cegueira lê, usando o tato da ponta dos dedos.
2- Reglet — prancheta perfurada, na qual, se escreve em Braille, com o
auxílio do Punção, objeto usado para produzir o relevo no papel.
3- Máquina Perkins — Máquina de datilografia em sistema Braille.
4- Imprensa Braille — Para a edição de textos, em grande escala, como
livros, jornais e revistas. Sendo, o relevo, produzido por chapas de metal
pré-moldadas, ou por grandes impressoras eletrônicas.
5- Bengala — Bastão metálico ou de madeira, utilizado pela pessoa
portadora de cegueira para sua locomoção, que através de um movimento
de varredura, acusa obstáculos geralmente um ou dois passos a sua frente.
6- Sorobã — Instrumento que possibilita a operação de cálculos
matemáticos, desenvolvido a partir do Ábaco, de origem oriental.
7- Livros Gravados ou Falados — Recurso largamente difundido a partir da
popularização dos gravadores portáteis, que viabiliza à pessoa portadora de
cegueira o acesso ao conteúdo de livros impressos em tinta e gravados em
fitas k7, por voluntários, chamados ledores.
8- CCTV — Equipamento eletrônico que possibilita ao portador de visão
reduzida, ler textos ou visualizar figuras, impressos em tinta, através da
ampliação e projeção destes em sua tela.
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9- Lupas e Telelupas — Instrumentos de auxílio óptico usados para
ampliação de imagem, para pessoas portadoras de visão reduzida, se
apresentam na forma de lentes manuais, óculos, monóculo, ou pequeno
binóculo com astes.
Um recurso específico: o computador
Um grande recurso que está à disposição do aluno deficiente visual é
o micro-computador com seus diferentes programas e periféricos
(impressoras e scanner). A partir de 1970, os primeiros indivíduos
portadores de cegueira começaram a ser treinados e especializados para
trabalharem com computadores de grande porte, no Brasil, com ótima
aceitação por parte das empresas.
O desenvolvimento da informática possibilitou que muitas das
atividades, antes impossíveis para a pessoa portadora de limitação visual,
viessem a tornar-se parte do seu dia a dia, como imprimir textos em tinta e
ou em Braille, escanear textos, passando-os de tinta para o Braille ou
mesmo lendo-os através de um sintetizador de voz, promovendo assim,
maior intercâmbio de informação com o vidente e como conseqüência,
ampliando, de maneira expressiva, o campo profissional para este
segmento, especialmente em se considerando a possibilidade de acesso ao
universo de informações constantes na Internet.
Foram desenvolvidos vários programas, que através da referida
síntese vocal, possibilitaram ao portador de limitação visual, um quase total
aproveitamento dos recursos dessa moderna tecnologia. No Brasil foi criado
um dos melhores programas do gênero, tendo ainda a vantagem do baixo
custo, o DOSVOX. Hoje, existem também, outros programas, que cada vez
mais se popularizam, como por exemplo o Virtual Vision e o Windows
Bridge, que exercem a função de ledores de telas do Microsoft Windows,
tendo sido, este primeiro, também desenvolvido no Brasil.
45
Conhecendo o projeto DOSVOX
O Sistema Operacional Dosvox foi desenvolvido no Núcleo de
Computação Eletrônica (NCE), da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), idealizado pelo Professor José Antônio Borges, o projeto conta hoje
com uma capacitada equipe de programadores.
O Dosvox é um sistema de aplicativos ou programas, que roda em
modo D.O.S., sendo que atualmente, dentro de uma janela do Windows. A
sua vantagem é que ele propicia grande parte dos recursos existentes nos
sistemas convencionais, porém com um diferencial, desde o início da sua
construção, se objetivou criar no computador, um ambiente que fosse
amigável para a pessoa portadora de cegueira. O referido programa, por
sua excelência e acessibilidade, se difundiu largamente, vindo a possuir hoje
em dia, inúmeros usuários, inclusive em vários outros países.
(Sitio na Internet da Sociedade Brasileira de Mergulho Adaptado - SBMA)
Em relação às adaptações, competências e atribuições
1) Conselho Municipal de Educação/ Secretaria Municipal de Educação —
Mapear a população de alunos com deficiência; identificar suas
necessidades educacionais especiais; elaborar Plano Estratégico de
Implementação do Sistema Educacional Inclusivo; prever os gastos
necessários para a implementação das Adaptações Curriculares de Grande
Porte
2) Direção de Unidade Escolar — Caracterizar o perfil de seu alunado;
mapear o conjunto de necessidades educacionais especiais; encaminhar
para a Secretaria Municipal de Educação a solicitação das Adaptações
Curriculares que se façam necessárias; providenciar o suporte técnico-
científico de que os professores necessitam; planejar o envolvimento das
famílias e comunidades no processo de construção da inclusão em sua
unidade escolar; promover atividades de sensibilização e de
46
conscientização sobre a convivência na diversidade para alunos,
professores, famílias e comunidade.
3) Do Professor — dominar o conhecimento que lhe cabe socializar;
dominar o conhecimento sobre a tarefa de ensinar: planejamento
pedagógico e avaliação do programa; sensibilizar e conscientizar os alunos
da classe quanto à convivência na diversidade; implementar as Adaptações
Curriculares de Pequeno Porte que são de sua competência; solicitar o
suporte de que necessita; manter contato contínuo com a família,
envolvendo-a no processo de ensino.
4) Da família — Acompanhar o processo de escolarização de seu filho;
colaborar com o processo de aprendizagem de seu filho, sob a orientação do
professor e demais profissionais; manter a equipe escolar informada sobre
as particularidades que lhe seja importante conhecer; participar da vida da
escola.
A inclusão no sistema educacional e por conseguinte, a inclusão
social, de alunos portadores de deficiência visual ou de qualquer outra
deficiência, para acontecer, precisa basear-se nos princípios de valorização
da pessoa, da aceitação das diferenças individuais, da convivência dentro da
diversidade humana e da aprendizagem por meio da cooperação.
(PROJETO ESCOLA VIVA: Cartilha Nº 4 - Construindo a escola inclusiva.
MEC, SEE, 2000)
47
CAPÍTULO IV
SITUAÇÕES REAIS: TRÊS PROFESSORES, TRÊS
REALIDADES
E VAMOS À LUTA
Eu acredito é na rapaziada
Que segue em frente e segura o rojão
Eu ponho fé é na fé da moçada
Que não foge da fera
E enfrenta o leão
Eu vou à luta com essa juventude
Que não corre da raia a troco
De nada
Eu vou no bloco dessa mocidade
Que não tá na saudade
E constrói
A manhã desejada.
Luiz Gonzaga Jr.
48
A luta de cada dia na sala de aula
Apresentamos a situação vivida por ter três professoras da rede
pública de ensino. Duas estão na mesma realidade, vivendo situações
diferentes e uma está numa realidade e situação completamente diferente
das duas anteriores.
Chamaremos de professora A, B e C, sendo que A e B trabalham na
mesma realidade e C na realidade diferente.
As Professoras A e B atuam numa escola da rede pública estadual,
num dos municípios da região conhecida como Baixada Fluminense,
próximo ao centro das decisões do governo estadual. É uma grande escola,
com cerca de 4 mil alunos. Tem feito um trabalho na área da educação
especial, tendo na sua organização três salas de recursos: para deficientes
visuais, para deficientes auditivos e para deficientes mentais. Com muitas
lutas e embates tem conseguido alguns avanços no atendimento aos alunos
portadores de necessidades educacionais especiais.
A Professora C trabalha num município do interior do Estado do Rio
de Janeiro, de tamanho mediano, que tem algum recurso para o
atendimento dos cidadãos.
PROFESSORA A
A Professora A é deficiente visual, concursada há 11 anos, professora
de Português e Literatura, trabalhou durante um ano e meio com turma e por
diversas circunstâncias conseguiu transferência para a escola citada acima e
foi atuar na sala de recursos para deficientes visuais.
49
Começou com um aluno de cinco anos, preparando-o para a
inclusão. Um ano e dois meses depois, o aluno foi incluído na turma da 1ª
série, recebendo todo o seu apoio, como o aprendizado da leitura e escrita
em Braille e reforço nas atividades escolares, no horário complementar na
sala de recursos. Hoje, o aluno está com 14 anos e cursando a 8ª série.
Tem ainda, incluídos, mais dois alunos, um cego e um com baixa visão que
estão aprendendo o Braille. Duas alunas cegas estão sendo preparadas
para a inclusão e além destes, a professora atende mais 12 alunos jovens e
adultos que estão na readaptação, aprendendo o Braille.
Os alunos incluídos fazem, quase todas as suas provas, oralmente e
poucas são transcritas para o Braille, já que a professora depende que
alguém leia a prova em tinta para fazer a transcrição. Depois a professora
tem que ler para o(a) professor(a) do aluno a resposta em Braille da prova.
Raramente é procurada por algum professor dos alunos deficientes
visuais (eles não recebem nenhuma orientação diferente dos seus
professores). Às vezes um ou outro a procura para saber como pode avaliar
o aluno, mas em relação a adaptações curriculares ou de materiais
pedagógicos não há nenhuma busca da parte dos professores.
A sala de recursos recebe material adaptado em relevo (thermoform),
livros em Braille para serem trabalhados com os alunos. Alguns materiais
têm sido muito úteis no trabalho desenvolvido, no entanto, alguns livros em
Braille têm apresentado alguma dificuldade, já que são livros diferentes dos
que foram adotados em tinta na escola, por exemplo, o livro de matemática,
além de ser diferente do adotado na escola, não vem com as resoluções dos
problemas, apenas com as respostas, o que torna necessário a participação
do professor de matemática, que não lê Braille e não tem tempo disponível
para junto com a professora de sala de recursos resolver as questões.
50
Assim, a Professora A, vai tentando superar as dificuldades a cada
dia em prol do aluno com deficiência visual. Ela tem uma posição em
relação à inclusão do aluno deficiente visual numa classe de videntes.
Como deficiente visual ela considera de suma importância, que o aluno que
nasceu cego, nos primeiros anos de sua vida escolar, tenha a convivência
de uma escola especializada, conheça outros cegos, tenha uma referência
de conquistas que são possíveis a ele. Se ele o tempo todo só convive com
videntes, as suas impossibilidades ficam mais ressaltadas.
A Professora A fez todo ensino fundamental numa escola
especializada para deficientes visuais, a partir do ensino médio e superior
cursou uma escola regular. Ela testemunha como foi determinante para sua
vida a convivência com outros deficientes visuais, aprendeu que os cegos
vivem uma vida normal, que há aqueles que são confiáveis e os que não são
e que as barreiras podem ser superadas. Ela acha que a inclusão é válida
se o aluno tiver um acompanhamento fora da sala de aula e o material
apropriado.
Reconhece que o professor do ensino regular, na sala de aula, está
sobrecarregado e quase sempre é impossibilitado de buscar uma
capacitação maior para atender qualquer aluno que receba portador de uma
necessidade educativa especial.
PROFESSORA B
A Professora B é concursada há 16 anos, professora de Ciências. Dá
aulas para a 7ª e a 8ª séries na mesma escola que a Professora A. Já teve
durante um ano um aluno deficiente auditivo, com quem não teve grandes
dificuldades, porque sentava o aluno perto da sua mesa e falava bem alto
com ele.
Qual não foi a sua surpresa, num primeiro dia de aula, numa turma
com 48 alunos de 8ª série, quando um aluno avisou da dificuldade de um
colega em copiar o que ela estava escrevendo no quadro.
51
Foi assim que ela soube que tinha um aluno deficiente visual na
classe. No primeiro momento ficou apavorada, sem saber o que fazer e os
próprios alunos disseram que o colega deficiente visual tirava cópia do
caderno deles e alguém em casa ditava para ele a matéria.
Ela ficou muito preocupada nos primeiros dias de aula, porque não
podia ditar devagar o conteúdo, para que o aluno escrevesse em Braille, já
que tinha mais 47 alunos adolescentes em sala. O que tem feito ela ficar
animada e continuar o caminho é o esforço do aluno, que tenta superar as
suas dificuldades, não tem gravador e depende da boa vontade da irmã,
para ler o conteúdo copiado, já que é a única que fica em casa pois os pais
trabalham fora. Os colegas estão totalmente entrosados com ele e ele
participa ativamente de todas as atividades escolares. A avaliação do aluno
é feita através de prova oral e durante as aulas, a professora descreve com
detalhes tudo o que está fazendo, principalmente nas aulas demonstrativas.
Como professora, nas condições de trabalho que tem, achava
impossível a inclusão de qualquer portador de necessidade educativa
especial, mas a escola tem providenciado palestras para os professores
para reflexão sobre a inclusão e ela está revendo as suas idéias. Ainda
assim, acha a situação muito difícil para o professor, que não tem como se
preparar para atender as necessidades do alunado especial. A lei é justa e
deve ser cumprida, mas ao professor devem ser dadas as condições de
trabalho e preparo para este cumprimento.
PROFESSORA C
A Professora C é concursada há 7 anos, tem pós-graduação lato
sensu em Educação Inclusiva e vários cursos referentes à deficiência visual
cursados no Instituto Benjamim Constant.
Está a um ano e meio trabalhando especificamente com deficientes
visuais e tem 6 alunos.
52
Pertence a uma escola municipal mas usa a sala de recursos de uma
escola estadual, a quem pertence todo o material usado por eles.
Trabalha com a estimulação tátil, preparando para o Braille, com
atividades da vida diária, com orientação e mobilidade e leitura e discussão
de textos variados.
Entende que a inclusão é possível desde que dadas às condições
para o professor e a escola. O aluno deficiente visual pode ser normalmente
incluído numa turma regular, desde que tenha uma sala de apoio com um
professor especializado, produzindo material pedagógico específico que será
utilizado por ele. O professor especializado também será apoio para o
professor da turma, orientando quanto às adaptações necessárias, seja no
currículo, seja no material pedagógico.
A Professora C tem tido condições, muitas vezes por conta própria,
de buscar sempre a capacitação para continuar participando da promoção
da cidadania do aluno deficiente visual seja criança, jovem ou adulto.
53
CONCLUSÃO
CAMINHANDO E FAZENDO O CAMINHO
Caminhante, não há caminho.
O caminho é feito de seus
passos.
Antônio Machado
54
Adaptações curriculares e de materiais pedagógicos: um
caminho feito passo a passo.
Fizemos um breve passeio pela história de luta por condições
mínimas de uso dos direitos garantidos pelas leis, decretos e documentos
internacionais referentes a pessoas com necessidades educativas especiais.
Conhecemos um pouco o que significa a deficiência visual e as
possibilidades de adaptações para a prática pedagógica no dia-a-dia e vimos
a prática de três professores que lidam com alunos deficientes visuais.
É certo afirmamos (concordando com Jonir Bechara Cerqueira e Elise
de Melo Borba Ferreira, em artigo na Revista Benjamim Constant, nº 5, Dez/
96) que em nenhuma outra prática educativa, os recursos didáticos
assumem tanta importância como na educação de pessoas deficientes
visuais, por várias questões, entre elas destacamos que:
1. o deficiente visual, em especial o cego, tem dificuldade de contato
com o ambiente físico;
2. sem o uso do material pedagógico adequado a aprendizagem da
criança deficiente visual fica desvinculada da realidade, caindo
num mero verbalismo sem nexo;
3. para formar conceitos a criança deficiente visual precisa ter
contato com as coisas do mundo;
4. da mesma forma que a criança sem nenhuma deficiência, a
criança deficiente visual precisa de motivação para a
aprendizagem;
5. o manuseio de diferentes materiais possibilita o treinamento da
percepção tátil, facilitando a discriminação de detalhes e
promovendo a realização de movimentos delicados com os dedos.
Definimos como materiais pedagógicos todos os recursos físicos,
utilizados com maior ou menor freqüência em todas as disciplinas, áreas de
estudo ou atividades, independente das técnicas ou métodos empregado,
que visam auxiliar o aluno no seu processo de ensino e aprendizagem.
55
Os materiais pedagógicos podem ser classificados em:
a) naturais: elementos de existência real na natureza, como água,
pedra, animais;
b) pedagógicos: quadros, flanelógrafos, cartazes, gravuras, álbum
seriado, maquete;
c) tecnológicos: rádio, gravador, toca-discos, televisão, computador;
d) Culturais: bibliotecas públicas, museus, exposições.
Os materiais pedagógicos terão um bom aproveitamento, dependendo
da capacidade e experiência do aluno, técnicas empregadas, oportunidade
de ser apresentado e uso limitado para não resultar em desinteresse.
Existem três formas para se obter um material pedagógico para ser
usado com aluno cego ou de baixa visão:
1. através da seleção — dentre os materiais utilizados pelos alunos
de visão normal, muitos podem ser aproveitados para os alunos
cegos como se apresentam, por exemplo, os sólidos geométricos
e alguns jogos;
2. através da adaptação — os instrumentos de medir, como o metro,
a balança, os mapas de encaixe e alguns jogos e outros materiais,
mediante certas alterações, podem ser utilizados para o ensino de
alunos cegos e de baixa visão;
3. através da confecção — existem materiais simples e de baixo
custo ou reaproveitados que podem ser usados pelo professor
para a elaboração de diversos materiais, como palitos de fósforos,
contas, chapinhas, barbantes, retalhos de cartolinas, botões,
tampas de diferentes garrafas e potes. É importante lembrar que
tanto quanto possível o material deve ser confeccionado com a
participação do próprio aluno.
56
Os materiais podem ser usados para atender vários alunos
simultaneamente, podem ser usados para despertar o interesse,
possibilitando a diversidade de experiências e pode ser usado para atender
aspectos da percepção tátil e/ou percepção visual, no caso de alunos com
baixa visão.
Para ter um bom desempenho escolar, o aluno com deficiência visual
precisa dominar o uso dos materiais básicos como a reglete e punção,
sorobã, textos transcritos em Braille e gravador cassete, bem como o uso da
máquina de datilografia em Braille, que é um valioso recurso com aplicações
práticas na vida diária e no desempenho de muitas profissões.
Para os alunos com baixa visão os materiais pedagógicos mais
usados são: cadernos com margens e linhas fortemente marcadas e
espaçadas; lápis com grafite de tonalidade forte (tipo 6B); caneta hidrocor
preta; impressões ampliadas e materiais com cores fortes e contrastantes.
O professor não deve se esquecer que alguns critérios precisam ser
levados em conta na seleção, adaptação ou elaboração de materiais
pedagógicos, para que seja alcançada a eficiência na sua utilização, tanto
no uso com os alunos cegos como com os alunos de baixa visão.
O critério do tamanho — os materiais devem ser confeccionados ou
selecionados em tamanho adequado às condições dos alunos. Materiais
excessivamente pequenos não ressaltam detalhes das partes que o
compõem ou se perdem com facilidade e materiais grandes demais
podem prejudicar a apreensão da totalidade, da visão global.
O critério do significado tátil — o material precisa possuir um relevo
perceptível e ser constituído de diferentes texturas para melhor destacar
as partes componentes, por exemplo, os contrastes entre liso e áspero,
fino e espesso, permitem distinções adequadas.
O critério da aceitação — o material não deve provocar rejeição ao
manuseio, o que pode ocorrer com materiais que ferem ou irritam a pele.
57
O critério da estimulação visual — o material deve ter cores fortes e
contrastantes para melhor estimulação da visão funcional do aluno
deficiente visual.
O critério da fidelidade — o material deve ter a sua representação tão
exata quanto possível do modelo original.
O critério da facilidade de manuseio — os materiais devem ser simples e
de manuseio fácil, proporcionando ao aluno uma prática utilização.
O critério da resistência — os materiais pedagógicos devem ser
confeccionados com materiais que não se estraguem com facilidade,
considerando o freqüente manuseio pelos alunos.
O critério da segurança — os materiais não devem oferecer perigo para
os alunos.
Outras considerações em relação aos materiais pedagógicos
O aluno deficiente visual apresenta uma dificuldade específica em
relação ao contato com o ambiente, daí a necessidade da utilização de
modelos. Por exemplo, para apresentar ao aluno deficiente visual a noção
do que seja uma montanha, pode-se mostrar um modelo deste acidente
geográfico. Mesmo que se considere a possibilidade do aluno subir uma
montanha, ele terá apenas a idéia do caminho.
No entanto, os modelos devem ser criteriosamente escolhidos e,
sempre que possível, sua apresentação ao aluno deve ser acompanhada de
explicações verbais objetivas. Os objetos situados a grandes distâncias,
inacessíveis, precisam ser apresentados em forma de modelos como o
formato de uma nuvem, a forma do sol, da lua. Estes são exemplos de
objetos que só podem ser apreendidos pelos alunos deficientes visuais
através de modelos miniaturizados.
58
Uma dificuldade que se apresenta hoje nos livros didáticos é o grande
uso de desenhos, gráficos e cores, prejudicando a transcrição para o
Sistema Braille. O que se pode fazer é a adaptação do livro para a
transcrição em Braille e/ou a elaboração de livros especiais para cegos.
Um bom recurso é o livro falado, que é a gravação do livro em fitas
cassete. É muito utilizado especialmente no ensino médio e superior, já a
sua utilização no ensino fundamental deve limitar-se à literatura ou aos livros
didáticos de leitura complementar.
Não há conclusão para as adaptações curriculares e de
materiais pedagógicos
O conceito de inclusão implica nas possibilidades criadas pela escola
para a aprendizagem de todos sem distinção, respeitando a diversidade e as
individualidades.
Em relação ao aluno deficiente visual e às adaptações curriculares e
de materiais pedagógicos necessários para a eficiência do seu processo de
ensino e aprendizagem e considerando toda a sua importância, só podemos
concluir concordando com o verso da poesia de Antônio Machado:
Caminhante, não há caminho. O caminho é feito de seus passos.
A cada dia o professor estará descobrindo o caminho que percorrerá
com o seu aluno deficiente visual. O que é certo é a necessidade da busca
por informações, a exigência dos direitos garantidos pelas leis do país e as
possibilidades para execução do seu trabalho diariamente.
59
BIBLIOGRAFIA
ALVES, Rubem. A alegria de ensinar. São Paulo: Ars Poética, 1994.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988.
BRASIL/MEC. Secretaria de Educação Fundamental. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS — Adaptações curriculares: estratégias para educação de alunos com necessidades educacionais especiais. Brasília, 1998.
CAIADO, Kátia Regina Moreno. Aluno deficiente visual na escola: lembranças e depoimentos. Campinas, SP: Autores Associados: PUC, 2003.
CARVALHO, Erenita N. S. Adaptações curriculares: uma necessidade. Texto mimeo.
CARVALHO, Rosita Edler. Educação inclusiva com os pingos nos is. Porto Alegre: Mediação, 2004.
DEMO, Pedro. Cidadania tutelada e cidadania assistida. Campinas, SP: Autores Associados, 1995.
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - ECA LEI 8069/90
FALSARELLA, Ana Maria & SILVA, Luciene Maria. Preconceito na escola inclusiva. IN: Revista Presença Pedagógica. Ed. Dimensão, Vol 8, Nº 46, jul a ago 2002.
GALLO, Sílvio (Coord.). Ética e cidadania: caminhos da filosofia. Campinas, SP: Papirus, 1997.
LAROSA, Marco Antônio & AYRES, Fernando Arduini. Como produzir uma monografia passo a passo. Rio de Janeiro: WAK, 2002
LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL - Lei nº 9394/96, de 20.12.1996 (Lei Darcy Ribeiro) — Plano nacional de educação: Lei nº 10.172, de 10 de janeiro de 2001 e legislação correlata e complementar/ supervisão editorial Jair Lot Vieira. 2ª ed.revista, atualizada e ampliada. Bauru, SP:EDIPRO, 2001 (Série Legislação).
MANTOAN, Maria Teresa Égler. A integração de pessoas com deficiência: contribuições para uma reflexão sobre o tema. São Paulo: Memnon: Editora SENAC, 1997.
60
MAZOTTA, Marcos José da Silveira. Inclusão e integração ou chaves da vida humana. 1993 (mimeo).
MITTLER, Peter. Educação inclusiva: contextos sociais. Tradução Windyz Brazão Ferreira. Porto Alegre: Artmed, 2003.
PROJETO ESCOLA VIVA. Brasília: Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Especial.
RIBEIRO, Maria Luisa Sproviere & BAUMEL, Roseli Cecíclia Rocha de Carvalho. Educação especial: do querer ao fazer. São Paulo: Avercamp, 2003.
ROSENFELD, Ethel. Práticas educativas para a construção de uma escola inclusiva. Internet: site www.saci.org.br
SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. 4ª ed. Rio de Janeiro:WVA, 1997.
WERNECK, Cláudia. Quem cabe no seu todos? Rio de Janeiro: WVA-Ed, 1999.
61
ÍNDICE
INTRODUÇÃO 07
CAPÍTULO I — UMA BREVE REFLEXÃO SOBRE OS DIREITOS HUMANOS, ESPECIFICAMENTE AOS RELACIONADOS À EDUCAÇÃO DO DEFICIENTE VISUAL NO BRASIL.
09
Direitos humanos — os direitos de um deficiente visual 10
Passeando pela história 10
Direitos = dignidade humana 12
Direitos gerais da educação 13
Em relação aos direitos específicos da educação especial 14
Declaração de Salamanca 16
Direitos de atendimento educacional para o deficiente visual
18
Instituto Benjamim Constant: uma referência nacional no atendimento educacional ao portador de deficiência visual
20
Fazendo valer a lei 21
CAPÍTULO II — CONHECENDO AS CAUSAS DA DEFICIÊNCIA VISUAL E IDENTIFICANDO AS ATITUDES QUE PROMOVEM A SUA PREVENÇÃO
22
Conhecendo para prevenir 23
Conceituando a deficiência visual 23
Identificando as causas 25
Reconhecendo os sinais 28
Como diagnosticar 28
Um desenvolvimento normal da visão 29
Promovendo a prevenção 30
Sobre ser deficiente visual 33
62
CAPÍTULO III — ADAPTAÇÕES CURRICULARES E DE MATERIAIS PEDAGÓGICOS: SUAS IMPLICAÇÕES E DESDOBRAMENTOS
34
Adaptar ou não adaptar? É uma questão de direito do aluno deficiente visual
35
Dia-a-dia no processo -aprendizagem do aluno deficiente visual
38
Refletindo sobre as adaptações curriculares e suas implicações
39
Adaptações possíveis 39
O professor e suas possíveis adaptações 40
Adaptações práticas para o dia-a-dia do deficiente visual 41
Recursos para o aluno deficiente visual 43
Um recurso específico: o computador 44
Conhecendo o projeto DOSVOX 45
Em relação às adaptações, competências e atribuições 45
CAPÍTULO IV — SITUAÇÕES REAIS: TRÊS PROFESSORES, TRÊS REALIDADES
47
A luta de cada dia na sala de aula 48
CONCLUSÃO — CAMINHANDO E FAZENDO O CAMINHO 53
Adaptações curriculares e de materiais pedagógicos: um caminho feito passo a passo
54
Outras considerações em relação aos materiais pedagógicos
57
Não há conclusão para as adaptações curriculares e de materiais pedagógicos
58
BIBLIOGRAFIA 59
ÍNDICE 61
63
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Pós-Graduação “Lato Sensu”
Título da monografia: Adaptações curriculares e de materiais
pedagógicos: um direito do aluno com deficiência visual no ensino
fundamental da rede pública
Avaliado por: _________________________________ Grau ___________
Rio de Janeiro, ______ de ___________________ de ________
64
ATIVIDADES CULTURAIS
65
66
ANEXOS
Modelo do questionário usado com os
professores
Sugestão de um projeto de sensibilização
para com o deficiente visual
67
Modelo do questionário usado com os professores
PROFESSOR(A) DA REDE PÚBLICA DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA
VISUAL
1. Nome completo e escola onde trabalha:
2. Há quantos anos está trabalhando no Estado/Município?
3. Há quanto tempo trabalha com aluno deficiente visual?
4. Como aconteceu a chegada do aluno a sua sala de aula?
5. Como foi a comunicação da direção/coordenação sobre o aluno para
você?
6. Quantos alunos deficientes visuais você tem?
7. Como foi a sua primeira reação?
8. Como foi a reação dos outros alunos? E dos pais?
9. Quais foram as suas providências?
10. Quais foram as providências da escola?
11. Como você fez com o conteúdo programático?
12. E o material didático? Quais as facilidades e as dificuldades em
relação a sua produção?
13. Como acontece o dia-a-dia do aluno deficiente visual em sala de
aula?
14. Se você tivesse poder de decisão e de execução no âmbito da escola,
como trataria a questão do aluno deficiente visual?
15. É válido incluir o deficiente visual na sala de videntes? Por que?
16. É preferível ter sala especialmente separada para os alunos
deficientes visuais? Por que?
68
Sugestão de um projeto de sensibilização para ser
realizado na escola de ensino fundamental
PARA ALÉM DA VISÃO: UM PROJETO PARA A ESCOLA
FUNDAMENTAL
(Projeto de sensibilização para as questões referentes aos deficientes
visuais)
I) META:
Considerando o momento novo na escola, de inclusão de alunos com
diferentes necessidades educativas e a necessidade do professor do ensino
fundamental de intervir no processo, o projeto que se apresenta, tem como
meta a formação continuada deste professor, nas questões relacionadas à
deficiência visual (DV), principalmente as referentes às adaptações
curriculares e de materiais pedagógicos e a sensibilização da comunidade
escolar para a convivência saudável e de respeito ao aluno portador de DV
incluído no seu meio.
II) JUSTIFICATIVA:
A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA de 1988 no Art. 227, § I e II, propõe
a criação de programas de prevenção e atendimento especializado para os
portadores de deficiência física, sensorial ou mental, bem como sua
integração social através de treinamento para o trabalho e convivência, e
acima de tudo a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos e a
eliminação de preconceitos e obstáculos arquitetônicos. A Lei maior do país
ampara a inclusão do portador de necessidades especiais em todas as
áreas da vida social, como um cidadão brasileiro.
A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL -
LDB-9394/96 prevê no Art. 4º. III, o atendimento educacional especializado
gratuito aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na
rede regular de ensino. Contudo, incluir é mais do que matricular um aluno
portador de necessidades educativas especiais na rede regular de ensino, é
possibilitar a apropriação do saber e do conhecimento, como também das
69
oportunidades educacionais que são oferecidas a todos os alunos. Por isso,
o processo ensino-aprendizagem aplicado neste caso precisa ser
questionado, já que, com as necessidades especiais, o ensinar e o aprender
precisam de adaptações.
As adaptações curriculares têm o objetivo de criar possibilidades
educacionais para enfrentar as dificuldades de aprendizagem dos alunos,
não importando de que ordens sejam. Elas definem o que o aluno vai
aprender, quando e como aprender, que estratégias são mais eficientes para
o processo de aprendizagem e de que maneira acontecerá a avaliação do
aluno.
O presente projeto visa sensibilizar e instrumentalizar os professores
do ensino fundamental nas questões referentes às adaptações curriculares e
de materiais pedagógicos para os alunos portadores de deficiência visual,
contribuindo para o melhor desempenho do professor na sua tarefa de
facilitador do processo ensino-aprendizagem do seu aluno.
O projeto também pretende sensibilizar a comunidade escolar (equipe
pedagógica, alunos, funcionários e pais) para a convivência de respeito e
consideração com os alunos portadores de deficiência visual incluídos no
seu meio.
III) AÇÕES:
São propostas duas ações para atingir a meta do projeto:
1ª AÇÃO) Curso de Aperfeiçoamento para o Professor do Ensino
Fundamental — O curso acontecerá em quatro encontros de 5 horas cada,
perfazendo o total de 20 horas/aula.
OBJETIVOS DO CURSO:
1. Compreender que o aluno portador de deficiência visual tem o direito de
ser atendido nas suas necessidades educacionais específicas.
2. Refletir sobre a importância das adaptações curriculares e de materiais
pedagógicos no processo ensino-aprendizagem do aluno portador de
deficiência visual incluído na rede regular de ensino, seus
desdobramentos e implicações.
70
ENCONTROS:
1º ENCONTRO — 1) Causas e prevenções da deficiência visual; 2) Como
lidar com o DV no dia-a-dia (5 horas/aula).
OBJETIVO: Conhecer as causas da deficiência visual e identificar
as atitudes que promovem a sua prevenção.
2º ENCONTRO — Noções do Sistema Braille de Leitura e Escrita e do
Sorobã (5 horas/aula).
OBJETIVO: Conhecer o Sistema Braille de Leitura e Escrita e o
Sorobã.
3º ENCONTRO — Adaptação Curricular: o que é e como fazer (5
horas/aula).
OBJETIVO: Discutir a importância da adaptação curricular para o
aluno portador de deficiência visual.
4ª ENCONTRO — Oficina de produção de diferentes materiais pedagógicos
(5 horas/aula).
OBJETIVO: Produzir materiais pedagógicos para o uso na
aprendizagem de diferentes disciplinas.
Ä Sugestões de alguns materiais, que podem ser confeccionados na oficina
de produção, para auxiliar o deficiente visual, na sala de aula, possibilitando
um contato mais amplo com o conteúdo ensinado pelo professor.
Com folhas de papel, cola e barbante, diversas formas podem ser
montadas, como mapas, um órgão do corpo, uma célula, o
caminho percorrido pelos sistemas respiratório, circulatório,
digestivo, etc.
As tampas internas de alumínio, que protegem as latas de leite em
pó, retiradas com cuidado, podem servir de instrumento para o
professor
desenhar uma forma geométrica, ou um gráfico para seus alunos.
O geoplano, para trabalhar com Matemática, pode ser
confeccionado
com uma tábua em forma de quadrado e com pequenos pregos.
71
Um pedaço de tela colada em papelão, com uma folha de papel por
cima, também serve para fazer desenhos.
2ª AÇÃO) Evento Cultural — para toda a comunidade escolar com a
participação de preletores e artistas deficientes visuais ou não.
OBJETIVOS:
1. Conhecer alguns temas relacionados à deficiência visual como:
causas e prevenção, superação de barreiras no dia-a-dia,
determinação e disciplina para atingir um objetivo, o sistema Braille de
leitura e escrita e o sorobã.
2. Verificar as possibilidades de vida criativa de um deficiente visual,
bem como a sua vivência plena de todos os seus direitos como um
cidadão brasileiro.
DESENVOLVIMENTO DO EVENTO:
O evento acontecerá no pátio da escola, que estará decorado de
maneira bem alegre como uma feira, tendo na entrada um cartaz de boas
vindas a todos em tinta e em Braille.
O pátio deverá estar arrumado para dois momentos distintos:
reuniões de cinco pequenos grupos e reunião geral para todos os
presentes.
PRIMEIRO MOMENTO — reunião de pequenos grupos. Numa parte do
pátio serão organizados cinco espaços para receberem grupos pequenos
de participantes do encontro. Em cada espaço estará acontecendo a
apresentação de um tema por um especialista, deficiente visual ou não.
Os temas sugeridos são: as causas e a prevenção da deficiência visual,
a superação de barreiras no dia-a-dia, a determinação e a disciplina para
atingir um objetivo, o sistema Braille de leitura e escrita e o sorobã.
SEGUNDO MOMENTO — Show de um artista deficiente visual, com
depoimento de sua vivência e performance artística.
72
VI) CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
Dia
Atividades
1º SÁBADO
2º SÁBADO
3º SÁBADO
4º SÁBADO
5º SÁBADO
CURSO - Causas e
prevenção da deficiência
visual; Como lidar com o
DV no dia-a-dia.
CURSO - Noções do
Sistema Braille e do
Sorobã.
CURSO - Adaptação
Curricular: o que é
como fazer.
CURSO - Oficina de
Produção
4. Evento para a
Comunidade
V) CRONOGRAMA FINANCEIRO
ENCONTROS Ñ 1º 2º 3º 4º TOTAL
ATIVIDADES
Ó
(curso) (curso) (curso) (evento)
Recursos
Humanos
Equipamentos
Materiais de
Consumo
TOTAL GERAL