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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O IMPÁCTO DAS SACOLAS PLÁSTICAS NO MEIO AMBIENTE Por: Leonardo Borges Nascimento Orientador Prof. Maria Esther Araujo Niterói 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O IMPÁCTO DAS SACOLAS PLÁSTICAS NO MEIO AMBIENTE

Por: Leonardo Borges Nascimento

Orientador

Prof. Maria Esther Araujo

Niterói

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O IMPÁCTO DAS SACOLAS PLÁSTICAS NO MEIO AMBIENTE

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Gestão

Ambiental.

Por: Leonardo Borges Nascimento

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus que nos dá

forças para caminhar a cada dia e a

família, pela compreensão e apoio na

conclusão deste curso.

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RESUMO

As sacolas plásticas têm se mostrado um dos grandes vilões para o

meio ambiente. Desde a década de 1970 até os dias de hoje, elas se tornaram

muito populares através da distribuição gratuita nos supermercados e comércio

em geral, constituindo uma forma barata de publicidade. São também utilizadas

largamente no acondicionamento de resíduos domésticos para coleta.

São feitas de Polietileno ou Polipropileno, materiais derivados do

petróleo ou do gás natural, fonte de energia não renováveis.

Grande maioria destas sacolas é feita de Polietileno de Baixa

Densidade (PEBD), resultando em sacolas muito frágeis, fazendo-se

necessário o uso destas em duplicidade para que suportem o peso das

compras. Outra propriedade destas sacolas é que são extremamente leves, de

forma que se não forem bem acondicionadas, tendem a se espalhar pelo meio

ambiente causando o entupimento dos bueiros e alagamentos, ou vão parar

nos rio e mares, e através de correntes marinhas se espalham pelos oceanos,

causando a morte por asfixia a animais marinhos, como baleias, golfinhos,

peixes, tartarugas-marinhas e aves marinhas.

Analisando-se o ciclo de vida das sacolas plásticas, observamos que

elas são prejudiciais ao meio ambiente desde seu fabrico, quando da extração

de sua matéria prima do petróleo ou do gás natural, onde ocorre o aquecimento

a altíssimas temperaturas e a liberação de gases causadores do efeito estufa,

colaborando para o aquecimento global, bem como do seu descarte, pois

mesmo em decomposição, são liberadas partículas nocivas ao meio ambiente

que contaminam o solo ou são ingeridas por animais marinhos.

Temos observado a mobilização de toda sociedade, (governo, iniciativa

privada e organizações não governamentais), com medidas defensivas e

alternativas para eliminação das sacolas plásticas descartadas incorretamente

no meio ambiente, com a utilização de materiais alternativos às sacolas

plásticas, como as chamadas "ecobags" (sacolas feitas de materiais mais

resistentes, retornáveis, que podem ser de ráfia, tnt ou lona), e as sacolas

plásticas feitas de biopolietileno, extraído da cana de açúcar.

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Como destaque no estado do Rio de Janeiro, analisamos a lei 5.502,

sua aplicabilidade, eficácia e alternativas que talvez pudessem tornar a lei mais

eficaz, a exemplo de outros países que iniciaram suas ações na proibição das

sacolas plásticas bem antes de nós.

Apresentaremos alternativas para o correto descarte das sacolas

plásticas no meio ambiente de forma a minimizar os impactos ambientais

causados, através da conscientização da população quanto à coleta seletiva, o

sistema de coleta de lixo mais eficiente, a exemplo do sistema de lixo de

Barcelona e aproximadamente 50 cidades da Europa, e a adequação das

empresas de coleta de lixo urbano, e dos aterros sanitários nos moldes do

Centro de Tratamento de Resíduos de Nova Iguaçu, um Mecanismo de

Desenvolvimento Limpo, com geração de energia limpa de fontes renováveis,

com emissão de certificados de redução de emissão de gases de efeito estufa

popularmente conhecidos como "créditos de carbono".

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METODOLOGIA

Os procedimentos e métodos para obtenção do estudo deram-se

através de pesquisa em sites, livros e periódicos.

Webgrafia em sites de entidades ligadas ao tema (Responsabilidade

Social, Wikipedia, ONU, Ambiente Brasil, WWF e ECODEBATE), sites oficiais

do Governo, Estadual e Federal. (INEA, Secretaria de Estado de Meio

Ambiente, IBAMA e Ministério de Meio Ambiente) .

Pesquisa Bibliográfica em livros, revistas e outras fontes de informação

fundamentada que sirva de base para estudo.

Protocolo de Quioto.

Lei Estadual 5.502, de 15 de Julho de 2009, do Rio de Janeiro.

Lei Federal 12.305, de 2 de agosto de 2010.

Lei Municipal Ordinária Nº 7627/2008 de Florianópolis.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - O ciclo de vida das sacolas plásticas 10

CAPÍTULO II - Medidas defensivas contra a utilização das sacolas plásticas e análise da Lei 5.502 de 15 de julho de 2009 (aplicabilidade e eficácia). 20 CAPÍTULO III – O Sistema de Destinação do Lixo, o

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) e

a Central de Tratamento de Resíduos. 31

CONCLUSÃO 45

BIBLIOGRAFIA / WEBGRAFIA CONSULTADA 47

ANEXO 1 52

ÍNDICE 54

FOLHA DE AVALIAÇÃO 55

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INTRODUÇÃO

As Sacolas Plásticas são utilizadas no cotidiano para transportar

mercadorias. Introduzidas na década de 1970, as sacolas plásticas se tornaram

muito populares através da distribuição gratuita nos supermercados e comércio

em geral, constituindo uma forma barata de publicidade para os

estabelecimentos comerciais que as distribuem. São também utilizadas

largamente no acondicionamento de resíduos domésticos para coleta.

Grande maioria destas sacolas plásticas distribuídas gratuitamente,

são feitas de polietileno de baixa densidade (PEBD) e baixa espessura,

fazendo-se necessário a utilização de mais de uma sacola (em pares) para que

não rasguem com o peso das compras. Podem ser feitas também de

polietileno linear, polietileno de alta densidade ou de polipropileno, polímeros

de plástico não biodegradável, com espessura variável entre 18 e 30

micrometros.

O Polietileno e o Polipropileno são derivados do petróleo ou gás

natural, recursos não renováveis. Depois de extraído, o petróleo passa pelo

refino, que emite gases de efeito estufa e efluentes altamente prejudiciais ao

meio ambiente, colaborando para o aquecimento global. Este é um dos motivos

pelo qual as sacolas plásticas são conhecidas como um dos grandes vilões do

meio ambiente. Outro fator agravante é que o plástico leva em média 400 anos

para se decompor.

Estima-se que cerca de 90% das sacolas plásticas terminam seu ciclo

de vida útil em lixeiras, ou como resíduos ou como contentores de

desperdícios, retardando a decomposição de materiais biodegradáveis.

Por serem extremamente leves, se não forem bem acondicionadas, as

sacolas plásticas tendem a voar e se espalhar no meio ambiente entupindo

bueiros, gerando enchentes.

De forma geral, as sacolas plásticas não acondicionadas em lixeiras

acabam, mais cedo ou mais tarde, se destinando aos rios e oceanos, matando

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por asfixia animais marinhos, como baleias, golfinhos, peixes, tartarugas-

marinhas e aves marinhas.

Esta monografia tem como objetivo apresentar alternativas para o

correto descarte das sacolas plásticas no meio ambiente de forma a minimizar

os impactos ambientais causados, através da conscientização da população

quanto à coleta seletiva, utilização de material biodegradável (biopolietileno)

em substituição às sacolas plásticas utilizadas atualmente, aliada à adequação

das empresas de coleta de lixo urbano, e dos aterros sanitários nos moldes do

Centro de Tratamento de Resíduo de Nova Iguaçu.

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CAPÍTULO I

O CICLO DE VIDA DAS SACOLAS PLÁSTICAS

Neste capítulo vamos conhece a história do plástico desde a sua

criação, seus impactos no meio ambiente, o processo fabril do plástico e das

sacolas plásticas, bem como sua utilização no dia a dia e seu descarte final,

que na maioria das vezes ocorre de forma inadequada.

1.1 – A História do Plástico

Primeiramente vamos conhecer um pouco da história do plástico. De

acordo com o Conselho Americano de Química (2010), a história dos plásticos

remonta a mais de 100 anos, no entanto, quando comparado a outros

materiais, os plásticos são relativamente modernos. A sua utilização ao longo

do século passado, permitiu a sociedade fazer grandes avanços tecnológicos.

Embora os plásticos sejam pensados como uma invenção moderna, sempre

houve "polímeros naturais" como o âmbar, carapaças de tartaruga e chifres de

animais. Antes do século XVI, os chifres de animais, que se tornam

transparentes e amarelo-pálido quando aquecido, muitas vezes foram usados

para substituir o vidro.

Alexander Parkes revelou o primeiro plástico sintético na Grande

Exposição Internacional de 1862 em Londres. Este material - que foi apelidado

Parkesine, agora chamado de celulóide - era um material orgânico derivado de

celulose que, uma vez aquecida pode ser moldada, mas mantém a sua forma

quando resfriada. Parkes afirmou que este novo material poderia fazer

qualquer coisa que a borracha era capaz, embora a um preço mais baixo. Ele

havia descoberto um material que pode ser transparente, bem como esculpido

em milhares de formas diferentes.

Em 1907, o químico Leo Hendrik Baekland, enquanto se esforça para

produzir um verniz sintético, se deparou com a fórmula de um novo polímero

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sintético proveniente de alcatrão de carvão. Ele posteriormente nomeou a

nova substância "Bakelite". A Baquelite, uma vez formada, não poderia ser

derretida. Devido às suas propriedades como isolante elétrico, a baquelite foi

utilizada na produção de objetos de alta tecnologia como câmeras e telefones.

Foi usado também na produção de cinzeiros e como um substituto para o

mármore, jade e âmbar. Em 1909, Baekland tinha inventado "plástico" como o

termo para descrever essa categoria completamente nova de materiais.

A primeira patente para o cloreto de polivinila (PVC), uma substância

amplamente utilizada hoje em tubos de água e revestimento de vinil, foi

registrado em 1914. Celofane também foi descoberta durante este período.

O plástico não decolou realmente, até depois da Primeira Guerra

Mundial, com o uso do petróleo, uma substância mais fácil de processar que o

carvão como matéria-prima. O Plásticos serviu como substituto de madeira,

vidro e metal durante os tempos difíceis da Segunda Guerra Mundial.

Desde 1970, temos assistido ao surgimento de "alta tecnologia"

plásticos utilizados em campos exigentes, como saúde e tecnologia.

1.2 – O Fabrico do Plástico

O plástico atualmente é fabricado a partir de resinas derivadas do

petróleo e do gás natural que pode ser moldado de várias formas, sem se

quebrar. O processo de produção de plásticos freqüentemente começa por

tratar os componentes do óleo bruto ou gás natural em um "processo de

cracking" ou polimerização, através do aquecimento do petróleo à alta

temperatura. Este processo resulta na conversão desses componentes em

monômeros de hidrocarbonetos, tais como eteno e propeno. O tratamento

posterior leva a um maior número de monômeros tais como estireno, cloreto de

vinilo, etileno glicol, ácido tereftálico e muitos outros. Estes monômeros são,

então, ligados quimicamente em cadeias chamadas polímeros. As diferentes

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combinações de monômeros de produção do plástico, com uma vasta gama de

propriedades e características.

Existem diversos tipos de plástico. Dos mais rígidos, aos mais fininhos

e fáceis de amassar ou rasgar, que são divididos em dois grupos de acordo

com as suas características de derretimento ou fusão: termoplásticos e

termorrígidos.

De acordo com o artigo Plástico Sua História postado no site:

“http://www.achetudoeregiao.com.br” acesso em 08/10/2010, os termoplásticos

são aqueles que amolecem ao serem aquecidos, podendo ser moldados, e

quando resfriados ficam sólidos e tomam uma nova forma. Esse processo pode

ser repetido várias vezes. Correspondem a 80% dos plásticos consumidos.

Os termorrígidos ou termofixos são aqueles que não derretem e que

apesar de não poderem ser mais moldados, podem ser pulverizados e

aproveitados como carga ou serem incinerados para recuperação de energia.

Entre os diversos tipos de termoplásticos, temos o PET – Polietileno

Tereftalato – utilizado em frascos de refrigerantes, sucos, óleo de cozinha,

produtos farmacêuticos, produtos de limpeza, mantas de impermeabilização e

fibras têxteis; PEAD - Polietileno de Alta Densidade – utilizado em embalagens

para cosméticos, produtos químicos e de limpeza, tubos para líquidos e gás,

tanques de combustível para veículos automotivos; PVC - Policloreto de Vinila

– utilizado em frascos de água mineral, tubos e conexões, calçados,

encapamentos de cabos elétricos, equipamentos médico-cirúrgicos, esquadrias

e revestimentos; PEDB - Polietileno de Baixa Densidade – utilizado em

embalagens de alimentos, sacos industriais, sacos para lixo, lonas agrícolas,

filmes flexíveis para embalagens e rótulos de brinquedos; PP – Polipropileno –

utilizado em embalagens de massas e biscoitos, potes de margarina, seringas

descartáveis, equipamentos médico-cirúrgicos, fibras e fios têxteis, utilidades

domésticas, plásticos "filme" de proteção de alimentos, autopeças (pára-

choques de carro); PS – Poliestireno – utilizados em copos descartáveis,

placas isolantes, aparelhos de som e tv, embalagens de alimentos,

revestimento de geladeiras, material escolar; e outros tipos de plásticos

especiais e de engenharia, CDs, eletrodomésticos, corpos de computadores.

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Entre os termorrígidos ou termofixos, temos: PU – Poliuretanos e EVA -

Poliacetato de Etileno Vinil, utilizados em solados de calçados, interruptores,

peças industriais elétricas, peças para banheiro, pratos, travessas, cinzeiros,

telefones e etc.

As siglas citadas acima foram criadas para facilitar a separação dos

materiais plásticos para reciclagem.

1.3 – Sacolas Plásticas

A história dos povos antigos revela que os produtos eram

transportados por cestos, samburás, ânforas, caixas, potes, odres, barris,

barricas, tonéis, surrões, jacás, balaios, baús, garrafas, tambores e, também,

bujões, bolsas e sacolas; tais objetos úteis para acondicionar produtos

passaram a ser designados por “embalagens” (CAVALCANTI, CHAGAS,

2006).

Segundo FABRO et al (2007), os produtos, incluindo os perecíveis,

eram pesados no balcão e vendidos a granel, sendo o comércio, o

propulsionador do desenvolvimento das embalagens, tanto no Brasil como no

resto do mundo. O sistema de compra era muito pobre e as pessoas que iam

fazer suas compras nos armazéns, pesavam os produtos e usavam um

saquinho para levar o alimento para casa.

Na atualidade, tem havido no varejo larga oferta de sacolas plásticas

aos clientes, para acondicionamento dos produtos vendidos. Estas sacolas

constituem-se no objeto de estudo desse trabalho, pois são muito finas e

inadequadas para a reciclagem.

As sacolas de plástico são apenas um dos muitos produtos que podem

ser feitos de polietileno. Os sacos plásticos são feitos de três tipos de

polietileno: polietileno de alta densidade (PEAD), polietileno de baixa densidade

(PEBD) e polietileno de baixa densidade linear (PEBDL). O plástico é criado

por um processo chamado Ziegler-Natta da polimerização de vinil, em

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homenagem a dois homens que criaram o processo e ganharam um prêmio

Nobel por seus esforços. Infelizmente, gases causadores do efeito estufa e

substâncias cancerígenas são liberadas na atmosfera quando eteno e

polietileno são criados. Estas substâncias cancerígenas são perigosas para

humanos e animais que respiram o ar tóxico.

1.3. 1 – O processo de fabrico do saco plástico

Diferentes tipos e espessuras de bolsas são feitas, alterando-se a cadeia

molecular do polietileno de pelotas por aquecimento a pellets a 200 graus

Celsius e, em seguida, batendo até se liquefazer. As pelotas de fundição são

empurradas por uma máquina de extrusão, onde a forma de bolsa é criada.

Antes de ser enviado através das prensas, a cadeia molecular do polietileno é

dividida. Cada vez que a cadeia molecular é dividida, uma força diferente ou

tipo de plástico é criado. Agentes de amaciamento são adicionados ao

plástico, assim como a cor, e, em seguida, o plástico é processado nos tubos

de extrusão, para criar uma forma. Depois que o plástico esfriar, o longo tubo

contínuo de plástico é recolhido, cortados em comprimentos corretos, selado

em um lado e cortados e, logotipos e outros anúncios impressos são

adicionados. (http://www.life123.com/home-garden/green-living/recycling/how-

are-plastic-bags-made.shtml).

1.3. 2 – Utilização no Cotidiano.

As Sacolas Plásticas são utilizadas no cotidiano para transportar

mercadorias. Introduzidas na década de 1970, as sacolas plásticas se tornaram

muito populares através da distribuição gratuita nos supermercados e comércio

em geral, constituindo uma forma barata de publicidade para os

estabelecimentos comerciais que as distribuem.

Grande maioria destas sacolas plásticas distribuídas gratuitamente,

são feitas de polietileno de baixa densidade (PEBD) e baixa espessura,

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fazendo-se necessária a utilização de mais de uma sacola (em pares) para que

não rasguem com o peso das compras. (Wikipedia).

Logo após o transporte dessas sacolas plásticas para as residências,

as sacolas são reutilizadas para acondicionamento de objetos para que estes

sejam guardados, pois as sacolas plásticas impedem que tais objetos entrem

com contato com a poeira, conservando-os e protegendo-os; no

acondicionamento de alimentos nos refrigeradores, principalmente produtos

congelados, transporte de objetos de um local para outro, porém segundo

informações no site Wikipedia, estima-se que cerca de 90% das sacolas

plásticas terminam seu ciclo de vida útil em lixeiras, ou como resíduos ou como

contentores de desperdícios, retardando a decomposição de materiais

biodegradáveis.

Os impactos ambientais causados no processo fabril pelo aquecimento

à alta temperatura de sua matéria prima, contribuindo para o aquecimento

global, junto à liberação de gases causadores do efeito estufa e substâncias

cancerígenas ao ser humano e a animais, não justifica sua utilização por tão

pouco tempo e pela sua característica não biodegradável, podendo

permanecer por séculos no meio ambiente.

Se 90% das sacolas plásticas são destinadas ás lixeiras e

posteriormente aos lixões ou centros de tratamento de resíduos, para onde vão

os outros 10% das sacolas plásticas? Por serem extremamente leves, as

sacolas plásticas não acondicionadas nas lixeiras ou acondicionadas nas

lixeiras incorretamente, vazia, por exemplo, voam e se espalham no meio

ambiente entupindo bueiros, gerando enchentes, em conseqüência, causando

doenças pelo contato com as águas sujas.

Outro destino das sacolas plásticas não acondicionadas em lixeiras é

os rios e oceanos, onde matam por asfixia animais marinhos, como baleias,

golfinhos, peixes, tartarugas-marinhas e aves marinhas.

As sacolas plásticas “voam” até os rios e costas dos mares, sendo

levadas para o mar aberto se espalhando por todo globo terrestre através das

correntes marítimas.

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Em matéria exibida no Fantástico de 10/01/2010 na Rede Globo de televisão, Plástico polui oceanos e prejudica diversos animais marinhos.

Foram exibidas algumas situações de danos ambientais causados pela

ação humana às espécimes marinhas e os sacos plásticos foram um dos

grandes protagonistas desta matéria.

Do golfinho que tinha mais de dois metros de comprimento sobrou só o

esqueleto. Quando apareceu na praia, no sul do Espírito Santo, já estava sem

forças para reagir, pois havia um pedaço de plástico no estômago, o outro, no

esôfago. Aos poucos, o animal deixou de se alimentar, foi ficando desnutrido e

morreu por inanição, que foi a causa da morte. Ele era de uma espécie rara,

um golfinho de dentes rugosos. Foi mais uma vítima do lixo.

A cidade de Guarapari no Espírito Santo, cortada por seu canal, olhada

por cima é bem bonita, mas por outro ângulo a esperança vai afundando. É

assim normalmente em trechos de mar que cortam centros urbanos. No fundo

do canal de Guarapari o lixo não desaparece. Resiste ao tempo e se mistura à

vida marinha.

A sujeira vem das cidades litorâneas, mas pode aparecer muito mais

longe, a centenas de quilômetros da praia. No Rio Doce, que corta mais de 200

cidades de Minas Gerais e Espírito Santo, é só acompanhar o trajeto da água

para ver o tamanho do problema. No local a gente encontra garrafa de plástico,

embalagem de óleo lubrificante, detergente e xampu. É lixo que segue adiante

e vai parar no mar, provocando um efeito devastador.

Uma pesquisa feita em 2009 pelo Projeto Tamar em cinco estados

brasileiros - Ceará, Sergipe, Bahia, Espírito Santo, São Paulo e Santa Catarina

- revela que de cada dez tartarugas mortas, quatro morreram porque ingeriram

lixo. Dentro de uma única tartaruga verde encontrada no litoral capixaba tinha

plástico de todo jeito e tamanho, pedaço de canudo e até tampa de garrafa pet.

Essa quantidade de lixo para um animal pequeno, um animal que tinha

por volta de quatro anos, isso é fatal.

O bicho confunde o plástico com o seu alimento, as algas, e o material

não é digerido, fica no estômago do animal impedindo que se alimente. Além

disso, ele não consegue mais afundar, tem dificuldade para respirar.

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Um documentário francês mostra a sopa de plástico que viraram os

oceanos. No Mar Mediterrâneo há três milhões de toneladas de lixo. O plástico

tomou conta do mar, está na superfície e até mil metros de profundidade.

O Marine Mammal Center é um instituto que também trabalha com a

recuperação dos animais como o Tamar, só que na costa oeste americana.

Shelbi Stoudt coordena as operações de resgate. Ela conta que aumentou o

número de mamíferos que chegam ali por causa da poluição.

Há vinte anos Jan Van Franeker, especialista em aves marinhas,

começou uma pesquisa para descobrir o que elas comiam e teve uma

surpresa, havia um pedaço de nylon, pedaço de sacola plástica ainda molhada

e suja.

Em um século, cem milhões de toneladas de plástico foram lançadas

nos mares e pouco deve mudar.

Estimativas indicam que o lixão do Oceano Pacífico teria área maior

que a soma dos estados de SP, RJ, MG e Goiás.

A poluição está indo para lugares distantes onde o homem quase não chega.

O lixo cria anomalias, como a tartaruga que cresceu com um anel de

plástico em volta do casco e mata os moradores do mar. Descoberta por acaso

O capitão Charles Moore, viajava pelo Pacífico, entre o Havaí e a Califórnia,

quando resolveu arriscar um novo caminho. Dia após dia não via uma única

área onde não houvesse lixo. Quando aprofundou a pesquisa, o capitão

descobriu que as águas-vivas estavam se enrolando no nylon e engolindo

pedaços de plástico. Ele percebeu que mesmo onde parecia limpo, havia

dejetos microscópicos, que estariam sendo ingeridos por organismos marinhos

minúsculos e até pelos maiores. Albatrozes tinham um emaranhado de fios

dentro do corpo. Antes não havia plástico no mar, tudo era comida. Então os

animais aprenderam a comer qualquer coisa que encontram pela frente.

Com a peneira na popa, o capitão e sua equipe filtram a sopa de

plástico e fazem medições. Já descobriram, por exemplo, que 26% do lixo vem

de sacolas de supermercado. Numa análise feita com 670 peixes, encontraram

quase 1,4 mil fragmentos de plástico.

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CAPÍTULO II

Medidas defensivas contra a utilização das sacolas

plásticas e análise da Lei 5.502 de 15 de julho de 2009

(aplicabilidade e eficácia).

Neste capítulo faremos a exposição das medidas defensivas

contra a utilização das sacolas plásticas no mundo e em alguns estados do

Brasil. A literatura pesquisada é farta em relatos de medidas de proteção ao

meio ambiente perpetradas por governos e representantes da iniciativa privada

no Brasil e em outros países do mundo. Analisaremos também a Lei 5.502 de

15 de julho de 2009, sua aplicabilidade e eficácia em seu objetivo de redução

gradativa da utilização de sacolas plásticas distribuídas pelos estabelecimentos

comerciais no Estado do Rio de Janeiro, como forma de colocá-las à

disposição do ciclo de reciclagem e proteção do meio ambiente.

2.1 – SACOLAS PLÁSTICAS E AS MEDIDAS DEFENSIVAS NO

MUNDO.

Alguns países iniciaram a proibição das sacolas plásticas antes do

Brasil e em sua maioria há taxas ou punições decorrentes da distribuição ou

utilização das sacolas plásticas. A seguir, uma síntese do que vem ocorrendo

em várias partes do mundo.

África do Sul - o governo decidiu, em 2003, proibir que lojas distribuam

a seus clientes sacolas plásticas para carregar mercadorias; o comerciante que

infringe a lei pode receber uma multa de cerca de US$ 13,8 mil ou mesmo ser

condenado a dez anos de prisão (BBC ONLINE, 09/05/2003). A medida, que

atinge bolsas de plástico com espessura inferior a 30 micrômetros (milésimo de

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um milímetro), visa à diminuição da sujeira nas ruas do país, que tem sido o

destino final de boa parte das sacolas.

Alemanha - cobra-se uma taxa extra de sessenta centavos por sacola

plástica utilizada. A guerra contra os sacos plásticos ganhou força em 1991,

quando foi aprovada uma lei que obriga os produtores e distribuidores de

embalagens a aceitar de volta e a reciclar seus produtos após o uso. (FOLHA

DE SÃO PAULO, 01/06/2000).

Austrália – em janeiro de 2008, o ministro do meio ambiente anunciou

aos supermercados que eles deveriam banir as sacolas plásticas até o final do

ano. Note-se, entretanto, que em Coles Bay (Tasmânia), essas sacolas

deixaram de ser usadas a partir de 2003 (AGÊNCIA REUTERS, 2008).

Bangladesh - a cidade de Dhaka foi a pioneira na iniciativa de proibir o

uso das sacolas plásticas, devido às enchentes de 1988 e 1998, que alagaram

dois terços do país, motivadas pelo entupimento do sistema de drenagem e de

escoamento de águas do país, pelas sacolas plásticas descartadas (NEW

YORK TIMES, 15/04/2008).

Bélgica - há tributação sobre sacolas plásticas (THE NEW YORK

TIMES, 15/04/2008).

Butão - proibiu as sacolas plásticas em 2007 (AGÊNCIA REUTERS,

2008).

China – uma nova lei, em vigor a partir de 1º de junho de 2008,

pretende impedir que lojas e supermercados ofereçam sacos plásticos

gratuitamente: há multa prevista aos comerciantes que infringirem a lei, em até

US$ 1.433. Fica proibido também, fabricar, vender e usar sacolas plásticas

muito finas, isto é, que não podem ser recicladas (BBC, 09/01/2008; O

ESTADO DE SÃO PAULO, 18/05/2008). Em Hong Kong, em novembro de

2007, uma rede de supermercados adotou medida isoladamente das demais,

passando a cobrar vinte centavos de dólares de Hong Kong (cerca de R$ 0,04)

por sacola plástica, mas ao enfrentar a revolta dos clientes, desistiu da idéia.

Atualmente o governo de Hong Kong estuda a criação de um tributo de

cinqüenta centavos (R$ 0,11) sobre a unidade da sacola plástica. (BBC,

09/01/2008).

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Dinamarca – em 1994 foi introduzida a “taxa sobre embalagens”, e a

partir daí, o consumo de sacos de plástico e papel diminuiu 66 por cento (O

ESTADO DE SÃO PAULO, 10/06/2007).

Espanha e Noruega – os compradores pagam pelas sacolas plásticas

(THE NEW YORK TIMES, 15/04/2008).

EUA – São Francisco - Em março de 2007 a cidade de São Francisco,

tornou-se a primeira metrópole americana a proibir o uso de sacolas de plástico

em grandes supermercados e farmácias. A medida obriga supermercados com

faturamento anual superior a US$ 2 milhões a eliminarem as sacolas no ano de

2007 e Farmácias com mais de cinco filiais têm um ano para implementar a

mudança (BBC, 29/03/2007). Na Califórnia, em 2007, criou-se programa de

reciclagem de sacolas plásticas, que obriga o comerciante a ter recipiente de

coleta apropriado para juntar sacolas que seriam recicladas, “em lugar

proeminente e visível”. Em New York, em janeiro de 2008, o prefeito da cidade

assinou lei que exige que grandes lojas tenham programas de reciclagem e

disponibilizem sacolas recicláveis (AGÊNCIA REUTERS, 2008). Note-se que

uma cadeia do varejo de alimentos orgânicos (Whole Food Markets), em

Manhattam, decidiu, de modo voluntário, reduzir os resíduos plásticos, e em

22/04/2007 (Dia da Terra) suspendeu a utilização de sacos plásticos em quatro

estabelecimentos da rede, e pôs à venda cerca de 20 mil sacolas ecológicas

com a inscrição "Não Sou uma Sacola de Plástico" (FOLHA ONLINE,

19/07/2007).

Holanda e Suíça - os compradores pagam pelas sacolas plásticas

(THE NEW YORK TIMES, 15/04/2008).

Índia - o estado de Maharashtra, principalmente a cidade de Bombaim,

baniu a produção, venda e uso de sacolas plásticas em Agosto de 2005, depois

que estas entupiram os canais durante as chuvas de monsões; outros estados

baniram as sacolas ultrafinas com o objetivo de diminuir a poluição e a morte

de vacas (seres sagradas no país), motivada pela ingestão de sacolas

(AGÊNCIA REUTERS, 2008; NEW YORK TIMES, 15/04/2008).

Inglaterra – a cidade de Modbury foi a primeira cidade da Europa a se

tornar livre de sacolas de plástico, em maio de 2007; seus 43 comerciantes

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varejistas comprometeram-se a banir as sacolas plásticas, praticando a venda

de sacolas reutilizáveis ou biodegradáveis (BBC ONLINE, 29/04/2007;

AGÊNCIA REUTERS, 2008). O governo britânico planeja pôr um fim a essa

ameaça em 2009; em caso de não adesão dos comerciantes, aplicará uma

multa por sacola distribuída. Algumas iniciativas privadas também têm sido

implementadas: os jornais Daily Mail e The Independent vem oferecendo aos

seus leitores um saco de algodão para as compras; a rede britânica de

supermercados Marks and Spencer passou a cobrar de seus clientes, a partir

de maio de 2008, o equivalente a 6,6 centavos de euro por sacola de plástico

solicitada; o maior supermercado do país, o Tesco, que distribuiu três milhões

de sacolas de plástico no ano passado, continuará entregando as sacolas de

graça, mas estabeleceu um sistema de pontuação, que oferecerá pontos aos

clientes que reutilizarem as sacolas plásticas que já foram usadas (O ESTADO

DE SÃO PAULO, 29/02/2008; AGÊNCIA REUTERS, 2008).

Irlanda - um pesado imposto, adotado em 2003, grava o uso de sacolas

plásticas, o que estimulou os cidadãos a excluí-los quase completamente, em

favor de sacolas de compra reutilizáveis, de tecido (THE NEW YORK TIMES,

15/04/2008).

Japão - há lei (revisada) aprovada pelo Parlamento em 2007, que dá

direito ao governo de advertir comerciantes que não fizerem o suficiente para

reduzir, reutilizar e reciclar (ESTADAO ONLINE, 12/06/2006).

Macau – o Conselho do Meio Ambiente de Macau, com colaboração de

entidades como supermercados e livrarias, organizou a campanha Estime o

nosso Planeta - use sacos ecológicos para ir às compras, que dava aos

cidadãos que fizessem compras nas lojas que acordaram em não ofertar sacos

plásticos, cupons para concorrer a um sorteio de prêmios (APAS 29/08/07).

Ruanda, Quênia, Tanzânia, Eritréia e Somália proibiram o uso das

sacolas plásticas, os mais espessos são tributados (THE NEW YORK TIMES,

15/04/2008).

Taiwan – há tributação sobre as sacolas plásticas; a maioria das lojas

cobra T$1 (US$0.03) por sacola (THE NEW YORK TIMES, 15/04/2008).

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Uganda, Etiópia, Gana, Lesoto e Tanzania - têm restrições para

sacolas plásticas, a partir de um patamar mínimo de espessura (AGÊNCIA

REUTERS, 2008).

Zanzibar - foi proibido o uso das sacolas plásticas, pois o turismo, que

é a principal atividade econômica do país, esta sendo prejudicado pelos danos

à vida marinha. Lá, o cidadão que usar um saco plástico, pegará seis meses de

cadeia ou deverá pagar 2 mil dólares de multa (BBC NEWS, 10/11/2006).

Do exposto é possível constatar que em todos os continentes há

expressivos núcleos de preocupação com os danos ambientais provocados

pelas sacolas plásticas. As providências que vem sendo tomadas giram em

torno do binômio punição ao ofertante – ônus ao usuário, sendo que a

punição ou é pecuniária ou de reclusão do ofertante. Note-se ainda, que a

extinção sumária das sacolas plásticas, motivada por iniciativa isolada de

varejista, como foi o caso de Hong Kong, pode gerar desconforto e protestos

junto à clientela.

2.2 – SACOLAS PLÁSTICAS E AS MEDIDAS DEFENSIVAS

ADOTADAS NO BRASIL.

O governo brasileiro tem se mostrado sensível ao prejuízo ambiental

gerado pelas sacolas plásticas, tanto é que, em 2008, o Ministério do Meio

Ambiente lançou a campanha "A Escolha é Sua, o Planeta é Nosso", buscando

incentivar o uso de sacolas retornáveis (O ESTADO DE SÃO PAULO,

02/03/2008). Algumas iniciativas defensivas do meio ambiente, descritas a

seguir, vem sendo tomadas nas esferas estadual, municipal e pela iniciativa

privada.

Santa Catarina – Florianópolis – através da Lei 7627/2008, de 19 de

maio de 2008, alterada pela Lei e 7878/2009, de 12 de junho de 2009, visa

regulamentar o uso de sacolas de plástico no município de Florianópolis e se

constituem em ação pioneira no estado de Santa Catarina. O texto da Lei

encerra a obrigatoriedade pelos comerciantes de trocar as embalagens de

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plástico tradicional por oxi-biodegradáveis, e o prazo proposto para completar a

mudança é de um ano, podendo ser realizado de forma escalonada.

Em outro município, Joinville, foi criado pela Sociedade Educacional

Santo Antônio e pela Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Iririú de

Joinville (Amabi), em 2004, o projeto Sacola Permanente, que objetiva a

substituição da sacola plástica, ofertada pelas padarias, por outra de pano ou

de qualquer material inócuo para o meio ambiente. Esse projeto recebeu o

apoio do Sindicato de Panificadoras e Confeitarias, que incentivou a

substituição da sacola plástica, promovendo descontos no pão ou leite aos

clientes dos estabelecimentos afiliados que portassem a sacola alternativa;

dados não oficiais registram redução em 35% na oferta de sacolas plásticas em

uma confeitaria da cidade (GLOBO.COM, 03/06/08).

Paraná – Curitiba – merece destaque o projeto piloto, datado de 13 de

novembro de 2007, elaborado pela rede supermercadista Wal-Mart, e que visa

à substituição de sacolas plásticas no município, a partir do oferecimento de

diferentes tipos de embalagens aos consumidores: sacola de papel; sacola

retornável de lona; sacola retornável de tecido (algodão cru); caixa plástica; e

caixa de papelão. Após o período experimental de três meses (14 de janeiro a

14 de abril de 2008), em quatro lojas da rede, efetuou-se a avaliação dos

resultados, obtendo-se: a sacola de papel, por ter o menor custo dentre as

opções oferecidas, foi a que mais vendeu, sendo seguida pela sacola de

algodão e depois pela sacola de lona; e a faixa etária dos que mais se

envolveram na iniciativa é a dos idosos. A partir dessas constatações, a rede

está desenvolvendo uma sacola exclusiva, à base de algodão orgânico e que

será vendida a um preço acessível ao bolso do cliente (WAL-MART).

São Paulo – em ação empreendida pela rede Pão de Açúcar, foi

lançada, em março de 2005, a primeira edição de sacolas retornáveis,

produzidas com material à base de polipropileno (TNT), com o objetivo de

incentivar a substituição das sacolas plásticas (FOLHA ONLINE, 30/03/2005).

Esta ação do Pão de Açúcar foi pioneira no varejo brasileiro e até o momento

foram vendidas 168.000 dessas sacolas no país; parte da renda auferida com

essas sacolas retornáveis é destinada aos projetos ambientais sustentados

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pela Fundação S.O.S. Mata Atlântica, que tem sido parceira da rede nessa

empreitada (GRUPO PÃO DE AÇÚCAR-IMPRENSA, 14/04/2008).

A Prefeitura de São Paulo também se manifestou a favor do meio

ambiente, em setembro de 2007, ao criar a campanha "Eu não sou de

plástico", que envolveu a participação de estilistas na criação de sacolas de

pano práticas e atrativas para a população. Com essa medida, o governo

municipal pretende promover a substituição gradual das sacolas plásticas

(FOLHA ONLINE, 30/09/07).

Outra iniciativa relevante foi a criação e implementação do Programa

de Qualidade e Consumo Responsável de Sacolas Plásticas, promovida pelos

parceiros: Plastivida Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos, Instituto Nacional

do Plástico (INP), Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Flexíveis

(Abief), Associação Brasileira de Supermercados (Abras),

Associação Paulista de Supermercados (Apas); visa a redução de pelo

menos 30% dessa embalagem no país, a partir da produção de sacolas mais

resistentes, conforme a norma ABNT 14.937, que suportarão mais peso e

diminuirão a quantidade de unidades gastas com sobreposições

(ESTADÃO.COM.BR, 25/05/2008). Cabe notar que resultados desse

Programa, referentes ao mês de junho de 2008, registraram queda de 12% no

consumo de sacolas plásticas, o que significa uma economia de cerca de 1,5

milhão de unidades (VIEIRA, 2008).

2.2.1 – Plástico Verde (Biopolietileno)

Uma das mais importantes medidas defensivas adotadas no Brasil e de

grande importância para o mundo, partiu da Braskem, com o primeiro plástico

verde certificado do mundo; material alternativo na confecção de sacolas

plásticas feita de fontes renováveis de energia.

Com o cenário econômico e social cada vez mais favorável para o uso

de matérias-primas de fonte renovável e alternativas ao petróleo, os

pesquisadores do Centro de Inovação e Tecnologia da Braskem retomaram,

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em 2005, estudos para produção de eteno a partir de etanol, com objetivo de

produzir um polietileno 100% “verde”, proveniente de matérias-primas

renováveis.

O biopolietileno é resultado de um processo de polimerização

equivalente aos processos já conhecidos e dominados, tendo como grande

diferencial a obtenção do eteno, produzido por desidratação do etanol da cana-

de-açúcar. Através desta tecnologia, foi possível integrar a alta experiência e

competitividade do Brasil no setor sucroalcooleiro com o "know-how" da

Braskem no desenvolvimento e na produção de resinas termoplásticas.

O processo de obtenção de eteno a partir de etanol proveniente de

fonte renovável ocorre através da desidratação do álcool na presença de

catalisadores. Os contaminantes gerados no processo devem ser removidos

através de sistemas apropriados de purificação sendo estes o grande salto

tecnológico que a Braskem desenvolveu. Como sub-produto, é gerada água

que pode ser reutilizada em diferentes etapas agrícolas ou do processo

industrial. O eteno possui pureza adequada para qualquer processo de

polimerização e permite a obtenção de qualquer tipo de polietileno.

A Norma ASTM D6866-06 é utilizada para determinar o conteúdo de

carbono de fonte renovável em uma amostra de produtos sólidos, líquidos ou

gasosos. Essa metodologia permite diferenciar carbonos de fonte fóssil e

renovável. Através desse método, constatou-se que o polietileno produzido é

100% de fontes renováveis.

A cadeia na qual o polietileno verde é produzido permite uma maior

redução dos níveis de dióxido de carbono na atmosfera em comparação a

outros polímeros, em conseqüência de duas principais características: a alta

produtividade da cana-de-açúcar em gerar a biomassa, que pode ser usada

como fonte de energia para o processo; e a alta capacidade da molécula de

eteno em armazenar carbono (86% em peso), quando comparado a outros

biopolímeros.

O biopolietileno possui características equivalentes às do polietileno

convencional, podendo ser empregado em diversas aplicações. Esta é uma

vantagem que o polietileno verde tem em relação aos demais biopolímeros que

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possuem aplicações mais restritas. Com o eteno verde, é possível produzir

todos os tipos de polietileno: PEAD (polietileno de alta densidade), PEBD

(polietileno de baixa densidade), PEUAPM (polietileno de ultra-alto peso

molecular) e PEBDL (polietileno de baixa densidade linear), com 100% de

matéria-prima renovável.

O polietileno verde da Braskem alia benefícios ambientais às

vantagens técnicas e de processabilidade dos polietilenos, beneficiando, assim,

toda a cadeia do plástico. O produto é o resultado de uma combinação de

sucesso dos mais de 30 anos da indústria de cana-de-açúcar e álcool

brasileira, das vantagens do Brasil para o agronegócio e o comprometimento

da Braskem com a tecnologia, inovação e sustentabilidade.

A produtividade energética da cana-de-açúcar e a profissionalização do

setor de produção de álcool conferem ao ciclo de vida do PE verde vantagens

ambientais excepcionais: *cada quilo de PE Verde produzido captura e fixa

2,5kg de CO2 que estão na atmosfera. Assim, colabora com a redução do

efeito estufa e do aquecimento global.

*cálculo feito com base em metodologia da BASF de análise de ciclo de vida e

em parceria com a UNICAMP e CTC (Centro de Tecnologia Canavieira)

Outra grande vantagem do polietileno verde é a sua versatilidade, pois

todos os seus produtos podem ser usados nos maquinários das indústrias de

transformação sem qualquer necessidade de investimentos em modificações

ou adaptações, além de possuir custo de produção bastante competitivo no

mercado mundial.

A produção de plásticos a partir do etanol se destina a suprir os

principais mercados internacionais que exigem produtos de desempenho e

qualidade superiores, com destaque para a indústria automobilística, de

embalagens alimentícias, cosméticos e artigos de higiene pessoal, que já

realizam testes de aplicações. Avaliações realizadas na fase inicial do projeto

constataram um enorme potencial de crescimento e de valorização do mercado

de polímeros verdes.

O projeto pioneiro da Braskem foi reconhecido pelos principais prêmios

especializados, pelo meio acadêmico, comunidade científica e indústria.

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Destaque para a conquista do prêmio Best Innovation in Bioplastics, concedido

pela revista European Plastics News, no contexto do Global Bioplastics Award

2007. Este é um dos mais importantes reconhecimentos internacionais

relacionados à tecnologia do setor. Em 2009, a empresa foi reconhecida pelo

Prêmio Responsabilidade Ambiental da Global Plastics Environmental

Conference (GPEC), promovido pela SPE (Society of Plastics Engineers). O

reconhecimento foi conferido à Braskem em razão do projeto “Materiais

Plásticos feitos de recursos renováveis”.

A tendência mundial de redução das emissões de CO2 na atmosfera,

aliada à crescente escassez de petróleo, tem impulsionado a demanda por

plásticos de origem vegetal. Com esse intuito, a Braskem tem firmado parceria

com empresas internacionais para desenvolver atividades conjuntas para

comercialização do polietileno verde em outros continentes.

(www.Braskem.com.br).

Outro diferencial do plástico verde é seu tempo de decomposição que é

de em torno de seis meses

2.3 - Lei 5.502 de 15 de julho de 2009 (aplicabilidade e

eficácia)

O Governo Estadual do Rio de Janeiro, visando a redução gradativa da

utilização de sacolas plásticas distribuídas pelos estabelecimentos comerciais

no Estado, como forma de colocá-las à disposição do ciclo de reciclagem e

proteção do meio ambiente, sancionou a lei 5.502 de 15 de julho de 2009

(anexo 1), que prevê o recolhimento das sacolas de plástico feitas de

polietileno, polipropileno ou similares e a substituição por bolsas retornáveis.

A partir da sanção, as micro empresas passaram a ter três anos para

se adaptar à lei; pequenas empresas, dois anos; e empresas de médio e

grande porte, um ano. Como a sanção ocorreu em 15 de julho de 2009, a partir

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de 16 de julho de 2010 as empresas de médio e grande porte estão obrigadas

a cumprir as novas regras.

Os estabelecimentos que continuarem distribuindo sacolas plásticas

para acondicionamento de mercadorias a partir da data em que se enquadrem

na lei, a saber, grandes e médias empresas, 16/07/2010; pequenas empresas,

16/07/2011; e micro empresas, 16/07/2012, terão que obrigatoriamente receber

sacolas plásticas entregues pelo público, independente de seu estado de

conservação e origem, além de terem de optar entre dois tipos de permutas: A

cada 5 itens comprados, o cliente que optar por não utilizar sacolas plásticas

para levar suas compras, deve receber no mínimo R$ 0,03 de desconto nas

compras ou, a cada 50 sacolas plásticas entregues por qualquer pessoa, os

estabelecimentos devem fazer a troca por um quilo de arroz ou feijão, ou caso

a empresa não comercialize arroz ou feijão, poderão fazer a troca por outro

produto da cesta básica.

Conforme temos observado em grandes redes de supermercados,

foram postas à disposição do consumidor para compra, as “ecobags”, bolsas

retornáveis, feitas de material resistente, como lona, ráfia e tnt, cujo preço varia

entre R$ 1,50 e R$ 4,00, porém as sacolas plásticas continuam a ser

distribuídas da mesma forma.

Pelo fato das sacolas plásticas serem muito finas e fracas, faz-se

necessária a utilização em duplicidade, para que não rasguem e as compras

não caiam no chão, além de haver o hábito de se levar bastantes sacolas

plásticas para que sejam utilizadas principalmente no acondicionamento do

lixo.

Os supermercados Guanabara substituíram suas sacolas plásticas de

baixa densidade por sacolas mais resistentes, produzidas dentro da Norma

Técnica ABNT NBR-14.937, traz o peso que elas podem suportar (6,0 kg) e,

com isso, o consumidor consegue racionalizar o uso dessas embalagens, não

havendo necessidade de colocar uma dentro da outra, como é feito com as

sacolas mais frágeis, permitindo ainda que se carregue mais mercadorias em

uma única sacola; porém podemos observar consumidores ainda utilizando

sacolas em duplicidade, pois existe o hábito de quando se vai ao mercado, de

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trazer o máximo de sacolas quanto se consegue, pois elas servem para

acondicionar nosso lixo residencial. Muitas vezes vemos consumidores

carregando até mesmo objetos leves, que uma só sacola suportaria, porém há

esta cultura de coletar as sacolas dos supermercados para que sejam

utilizadas para o acondicionamento do lixo.

Conforme matéria postada no site Ig Economia

http://economia.ig.com.br/empresas/comercioservicos, acesso em 27/11/2010,

grandes redes de supermercados do Brasil já anunciaram metas para acabar

ou reduzir em grande parte o seu uso. No Carrefour, a meta para acabar com a

distribuição é até 2014, o Walmart diminuirá o consumo em 50% até 2013 e

para o Grupo Pão de Açúcar, que ainda não confirmou a meta, a expectativa é

de que em 2013 o uso seja finalizado. Com esses cronogramas, as redes

buscam alternativas para diminuir o impacto entre o consumidor, como

distribuir caixas de papelão e sacolas plásticas biodegradáveis a um baixo

custo. Mas a principal medida incentivada é o uso das ecobags, também

chamadas de sacolas ecológicas, que são retornáveis e suportam mais peso

do que as tradicionais.

Desde o início da comercialização das ecobags, em 2009, no Grupo

Pão de Açúcar, mais de 2,2 milhões foram vendidas. Que refletiu também na

economia de mais de 96 milhões de sacolas plásticas ano passado, resultado

de uma junção de alternativas adotadas pelo grupo.

Nas lojas Carrefour, somente em 2010 já foram vendidas mais de 500

mil sacolas ecológicas. Para ajudar o consumidor a enfrentar o fim das sacolas

plásticas, a rede oferece ecobags a preço de custo, sacolas biodegradáveis

(produzida com base em uma resina especial derivada do milho) e caixas de

papelão distribuídas gratuitamente.

Diferente dos supermercados citados acima, a rede atacadista Assaí

não fornece gratuitamente sacolas plásticas em suas lojas, buscando oferecer

outras opções para que seus clientes possam transportar suas compras

apropriadamente até o destino final. Todas as lojas oferecem gratuitamente

caixas de papelão, porém, caso o cliente prefira sacolas, são disponibilizados

três tipos de sacolas que podem ser adquiridas: plástica, lona ou TNT. A partir

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do momento em que o Assaí deixou de distribuir sacolas plásticas

gratuitamente e passou a oferecer outras alternativas para o transporte de suas

compras, os clientes entenderam a importância desta atitude e, em

conseqüência disso, o volume de sacolas plásticas entregues foi reduzido em

83% (http://www.assaiatacadista.com.br/solidariedade.php).

Como se pode observar no caso acima, a redução do consumo de

sacolas plásticas acontece de forma mais efetiva a partir do momento que

deixa de ser economicamente vantajoso para o consumidor sua utilização.

Como na maioria dos estabelecimentos comerciais as sacolas plásticas

ainda são distribuídas gratuitamente, é muito mais cômodo e econômico

continuar utilizando-as nas compras para que não seja necessária a compra de

sacos para acondicionar o lixo.

As medidas compensatórias que serviriam de incentivo para que os

consumidores deixem de utilizar as sacolas plásticas, mostram-se ineficazes,

por seu baixo valor, de somente três centavos a cada cinco produtos

comprados ou pela troca de cinqüenta sacolas plásticas por um quilograma de

arroz ou feijão. Dividindo-se o preço do feijão ou do arroz, digamos que

encontremos estes produtos no mercado por dois reais, o valor pago por cada

sacola plástica na troca destas por um quilograma de um destes itens, seria de

4 centavos.

Quando as sacolas plásticas deixarem de ser distribuídas

gratuitamente pelos estabelecimentos comerciais, teremos então que comprar

sacolas para acondicionar alimentos no refrigerador, coleta de dejetos dos

cachorros nas calçadas, e principalmente para acondicionar nosso lixo

residencial, pois o sistema de coleta de lixo existentes nas cidades do Rio de

Janeiro não nos permite a disposição do lixo de outra forma que não seja em

sacos plásticos.

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CAPÍTULO III

O Sistema de Destinação do Lixo, o Mecanismo de

Desenvolvimento Limpo (MDL) e a Central de

Tratamento de Resíduos.

A necessidade de destinação adequada dos resíduos sólidos, na

atualidade, configura-se como um dos grandes desafios enfrentados pelos

municípios brasileiros. A escassez de recursos para investimentos no setor, a

falta de gestão, e de consciência ambiental, é que se mantém a prática do

despejo dos resíduos em locais inadequados, a céu aberto. A conseqüência

disso é a degradação do solo, a contaminação dos rios e lençóis freáticos e a

poluição do ar. Neste capitulo iremos discorrer sobre os sistemas de

destinação do lixo, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, que até o

momento tem se mostrado a melhor forma de destinação e tratamento do lixo e

a Central de Tratamento de Resíduos de Nova Iguaçu, que vem exercendo

efetivamente o desenvolvimento sustentável, regulado pelo Protocolo de

Quioto.

3.1 – O Sistema de Destinação do Lixo

No estado do Rio de Janeiro assim como em muitas das cidades

brasileiras, encontramos um sistema de coleta e tratamento de lixo

inadequado. Os problemas são apresentados desde a disposição do lixo nas

ruas, no aguardo do recolhimento pela empresa responsável, até seu destino

final.

O Ministério das Cidades divulgou em 03/12/2004, o diagnóstico sobre a

coleta e tratamento de lixo no país. Apenas 20,3% dos municípios pesquisados

têm aterros sanitários dentro dos padrões definidos pela legislação ambiental

brasileira.

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O secretário nacional de Saneamento Ambiental, Abelardo de Oliveira

Filho, disse que o estudo revela que o sistema de coleta de lixo e limpeza

urbana do país ainda é precário. Um dos problemas identificados é a falta de

recursos. Em geral, os gastos com esse serviço são maiores que os recursos

arrecadados para esse fim. Em 28,7% das cidades não existe arrecadação

específica para esse setor e os gastos são cobertos com verbas de outras

fontes.

Observa-se que as cidades não tem dado a devida importância à

questão dos resíduos sólidos, porém o Ministério das Cidades pretende usar o

diagnóstico para elaborar novas práticas e para oferecer capacitação aos

municípios na gestão dos resíduos sólidos.

O levantamento foi feito em 108 municípios urbanos com população

variando de 2 mil a 10 milhões de habitantes. Em mais de 90% deles foram

encontradas cooperativas e organizações de catadores de lixos. Com 4,7 mil

trabalhadores, essas associações são responsáveis pela reciclagem de mais

de 165 mil toneladas de lixo por ano. Mas, segundo o estudo, apenas 46% das

prefeituras possuem sistema organizado de coleta seletiva.

(http://noticias.ambientebrasil.com.br, 18/01/2011).

O número de municípios que dão uma destinação final adequada aos

resíduos sólidos aumentou no Brasil entre 2000 e 2008, mas os lixões

(vazadouros a céu aberto) ainda eram o principal destino do lixo em 50,8% das

cidades há dois anos. Em 2000, esse percentual era de 72,3%. Os dados são

da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2008, divulgada em 20/08/2010

pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com o estudo, o índice de municípios que passaram a usar

prioritariamente os aterros sanitários (locais mais adequados para o tratamento

do lixo) aumentou de 17,3% em 2000, para 27,7% em 2008.

Já a proporção de cidades que recorrem a aterros controlados (que são

mais higiênicos do que os lixões, mas não são a alternativa ideal) permaneceu

praticamente estagnada nos oito anos. Em 2000, eram 22,3%. Em 2008, esse

número passou para 22,5%.

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Cerca de 50% dos municípios ainda recorrem a lixões, e apenas 27%

dos municípios fazem a destinação adequada dos resíduos.

A pesquisa do IBGE mostra também que o número de cidades com

projetos de coleta seletiva mais do que dobrou, passando de 451, em 2000,

para 994 em 2008. Outro dado é que, há dois anos, apenas 38,9% das

empresas coletoras de lixo tratavam resíduos de serviços de saúde em aterros

específicos. (Correio do Brasil, 20/08/2010).

Converter lixões em aterros sanitários controlados, aproveitando o gás

produzido para geração de energia, parece aos olhos de muitos especialistas,

a solução para a gestão dos resíduos sólidos nos municípios do Brasil.

Outro problema encontrado é referente às empresas de coleta de lixo,

que prestam seus serviços com falta de regularidade e pontualidade. É bem

comum observar-mos o lixo pelas ruas em sacos plásticos esperando pela

coleta, vulneráveis a ação de vândalos ou de animais de rua, como cães e

gatos, deixando mau cheiro nas ruas e poluindo o meio ambiente.

Em pelo menos 50 cidades da Europa a coleta do lixo se dá através de

um revolucionário sistema de coleta de lixo eficiente e sustentável, através de

um sistema de tubulação ventilado que corre abaixo de toda a cidade, de forma

eficiente, prática, inodora e silenciosa, onde não existe a possibilidade do lixo

não ser recolhido de sua rua, não cheira mal e não há o incômodo de

caminhões circulando pela madrugada, causando poluição sonora, olfativa e

por chorume, pois os caminhões de lixo geralmente espalham lixo e chorume

por onde passam.

Funciona da seguinte forma: escotilhas, bocas de lixo, são espalhadas

em todas as quadras e prédios dos bairros onde os cidadãos jogam os sacos;

todas as bocas de lixo são conectadas a um gigantesco sistema de tubulação

enterrado a, pelo menos, cinco metros da superfície. Trata-se de um grande

sugador, que aspira o lixo de hora em hora, dia e noite, o ano inteiro.

A idéia nasceu na Vila Olímpica de Barcelona, construída

especialmente para os Jogos de 1992. Parecia impossível unir lixo com

limpeza e higiene. Mas deu tão certo que virou exemplo para a cidade inteira.

O sistema acaba com a sujeira nas ruas, com as latas de lixo e, principalmente,

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com a coleta - um método que geralmente custa caro e polui o meio ambiente.

Pelo menos 160 caminhões de lixo deixaram de circular diariamente pelas ruas

da cidade.

Nos últimos 18 anos, a prefeitura de Barcelona vem investindo

sistematicamente na instalação dos tubos.

É como o fornecimento de água, gás ou energia elétrica. A tubulação é

enterrada embaixo do pavimento das ruas. O custo de implantação é alto,

porém com o tempo, se dilui e acaba sendo igual ou até menor do que o

método tradicional de coleta.

Em Barcelona, os prédios de apartamentos construídos nas últimas

duas décadas já têm o sistema instalado internamente. Os moradores nem

precisam mais descer com os sacos até a rua: 70% do lixo na capital da

Catalunha já são recolhidos assim. E, em cinco anos, Barcelona inteira não

terá mais nenhum caminhão de coleta de lixo circulando pela cidade.

Os sacos de lixo são transportados a até 70km/h até um centro de

coleta, situado geralmente na periferia da cidade, onde o lixo entra diretamente

em um container que é transportado para uma usina de triagem onde plásticos,

latas e papéis são reciclados e o lixo orgânico vira combustível para mover

turbinas que produzem eletricidade (GLOBO.COM - JORNAL NACIONAL,

08/05/2010).

3.2 – Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL)

Em 1997, em Quioto no Japão, foi discutido e negociado o Protoloco de

Quioto, através do qual os países signatários terão que colocar em prática

planos para reduzir a emissão dos gases de efeito estufa, entre 2008 e 2012.

O Protocolo entrou oficialmente em vigor o 16 de fevereiro de 2005, e

propõe um calendário pelo qual os países desenvolvidos têm a obrigação de

reduzir a quantidade de gases poluentes em, pelo menos, 5,2% até 2012, em

relação aos níveis de 1990. O protocolo estimula os países signatários a

cooperarem entre si, através de algumas ações básicas nos diferentes ramos

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econômicos: 1- Reformar os setores de energia e transportes; 2- Promover o

uso de fontes energéticas renováveis; 3- Eliminar mecanismos financeiros e de

mercado inapropriados aos fins da Convenção; 4- Limitar as emissões de

metano no gerenciamento de resíduos e dos sistemas energéticos; e 5-

Proteger florestas e outros sumidouros de carbono.

Foram redigidos 28 artigos, compostos de várias ações que os

Governos deverão aderir, com o compromisso de reduzir a emissão de gases

do efeito estufa.

Em seu artigo 12, fica definido que:

1. Fica definido um mecanismo de desenvolvimento limpo.

2. O objetivo do mecanismo de desenvolvimento limpo deve ser assistir

às Partes não incluídas no Anexo I para que atinjam o desenvolvimento

sustentável e contribuam para o objetivo final da Convenção, e assistir às

Partes incluídas no Anexo I para que cumpram seus compromissos

quantificados de limitação e redução de emissões, assumidos no Artigo 3.

3. Sob o mecanismo de desenvolvimento limpo:

(a) As Partes não incluídas no Anexo I beneficiar-se-ão de atividades

de projetos que resultem em reduções certificadas de emissões; e

(b) As Partes incluídas no Anexo I podem utilizar as reduções

certificadas de emissões, resultantes de tais atividades de projetos, para

contribuir com o cumprimento de parte de seus compromissos quantificados de

limitação e redução de emissões, assumidos no Artigo 3, como determinado

pela Conferência das Partes na qualidade de reunião das Partes deste

Protocolo.

4. O mecanismo de desenvolvimento limpo deve sujeitar-se à

autoridade e orientação da Conferência das Partes na qualidade de reunião

das Partes deste Protocolo e à supervisão de um conselho executivo do

mecanismo de desenvolvimento limpo.

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5. As reduções de emissões resultantes de cada atividade de projeto

devem ser certificadas por entidades operacionais a serem designadas pela

Conferência das Partes na qualidade de reunião das Partes deste Protocolo,

com base em:

(a) Participação voluntária aprovada por cada Parte envolvida;

(b) Benefícios reais, mensuráveis e de longo prazo relacionados com a

mitigação da mudança do clima, e

(c) Reduções de emissões que sejam adicionais as que ocorreriam na

ausência da atividade certificada de projeto.

6. O mecanismo de desenvolvimento limpo deve prestar assistência

quanto à obtenção de fundos para atividades certificadas de projetos quando

necessário.

7. A Conferência das Partes na qualidade de reunião das Partes deste

Protocolo deve, em sua primeira sessão, elaborar modalidades e

procedimentos com o objetivo de assegurar transparência, eficiência e

prestação de contas das atividades de projetos por meio de auditorias e

verificações independentes.

8. A Conferência das Partes na qualidade de reunião das Partes deste

Protocolo deve assegurar que uma fração dos fundos advindos de atividades

de projetos certificadas seja utilizada para cobrir despesas administrativas,

assim como assistir às Partes países em desenvolvimento que sejam

particularmente vulneráveis aos efeitos adversos da mudança do clima para

fazer face aos custos de adaptação.

9. A participação no mecanismo de desenvolvimento limpo, incluindo

nas atividades mencionadas no parágrafo 3(a) acima e na aquisição de

reduções certificadas de emissão, pode envolver entidades privadas e/ou

públicas e deve sujeitar-se a qualquer orientação que possa ser dada pelo

conselho executivo do mecanismo de desenvolvimento limpo.

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10. Reduções certificadas de emissões obtidas durante o período do

ano 2000 até o início do primeiro período de compromisso podem ser utilizadas

para auxiliar no cumprimento das responsabilidades relativas ao primeiro

período de compromisso. (Artigo 12 do Protocolo de Quioto à Convenção –

Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima).

O artigo 12 do Protocolo de Quioto prevê um mecanismo flexível, ou

seja, ou forma subsidiária, para que os países signatários que não tenham

condições de promover a necessária redução de gases em seu território

possam atingir suas metas de redução de emissão de gases de efeito estufa,

estimulando, ao mesmo tempo, o desenvolvimento estruturado daqueles

países que não tenham atingido níveis alarmantes de emissão de poluentes.

Consiste basicamente na utilização das reduções atingidas pelos

países em desenvolvimento, entre estes o Brasil, pelos países desenvolvidos

para o cumprimento de suas metas obrigatórias. Beneficia tanto os países

desenvolvidos, como os em desenvolvimento, por meio do Mecanismo de

Desenvolvimento Limpo (MDL), onde a tentativa de reversão do aquecimento

global ganha contornos de um negócio lucrativo.

Este mecanismo consiste em projetos que auxiliam na redução de

emissão de carbono gerando créditos. Estas Reduções Certificadas de

Emissões ou Certificados de Redução, conhecidos popularmente com "créditos

de carbono" podem ser usados por empresas, entidades ou países do

desenvolvidos, para atingir suas metas de redução de emissões, através da

comercialização.

O MDL é capaz de proporcionar benefícios substanciais para o

desenvolvimento sustentável em conformidade com o próprio propósito do

mecanismo, além do benefício econômico-financeiro, proporcionando forte

estímulo para participar de sua implementação.

O projetos de MDL devem atender concomitantemente as seguintes

condições: a) participação voluntária; b) implicar em redução adicional à que

ocorreria sem a sua implementação; c) contribuir para o desenvolvimento

sustentável do país em que seja implementada; e d) demonstrar benefícios

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reais, mensuráveis a longo prazo relacionados com a mitigação da mudança do

clima.

Foi determinado ainda que somente poderão ser elegíveis projetos de

MDL relacionados à: investimentos em tecnologia mais eficientes; substituição

de fontes de energia fósseis por renováveis; racionalização do uso de energia;

e florestamento e reflorestamento, excluindo-se as atividades ligadas ao

manejo agro-pastoril, como plantio direto e outras formas mais "sadias" de

manejo agrícola, e também não são elegíveis atividades de manejo florestal

(evitando o desmatamento).

Os projetos de MDL deverão ser submetidos a um processo de

aferição e verificação de critérios técnicos rigorosos por meio de procedimentos

estabelecidos na COP-7 (Conferência Internacional das Partes nº 7), para que

estejam aptos a gerar Certificados de Emissão Reduzida.

A primeira etapa para a aquisição dos "Créditos de Carbono" é a

elaboração do projeto de MDL, cuja metodologia para aferição dos "Créditos de

Carbono" deverá ser previamente aprovada pela ONU, e deve conter

obrigatoriamente, a descrição do negócio em todas as suas nuances e a forma

de monitoramento do projeto.

Feito o projeto este deve ser validado por uma Entidade Operacional

Designada (EOD), ente privado, devidamente inscrito na ONU (como por

exemplo, a ISO). O projeto já validado deverá receber então uma carta de

aprovação concedida pelo país onde se encontra o projeto, através da

Autoridade Nacional Designada. No Brasil, foi formada uma Comissão

Interministerial a qual tem como objetivo regular a questão dos "créditos de

carbono" e emitir a carta de aprovação para os projetos de MDL. Com a carta

de aprovação o projeto é remetido à ONU para que seja registrado no

Conselho Executivo do MDL. A próxima etapa é a do monitoramento do projeto

e após a realização de verificação, feita, novamente, pela Entidade

Operacional, o projeto obterá a Certificação de Emissões Reduzidas, as quais

poderão ser vendidas no mercado. Sendo assim, a Redução Certificada de

Emissão (RCE) é uma unidade emitida pelo Conselho Executivo do MDL

(ONU), em decorrência da atividade de um projeto de MDL e representa a não-

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emissão de uma tonelada métrica equivalente de dióxido de carbono pelo

empreendimento.

Mercado de Carbono é o termo popular utilizado para denominar os

sistemas de negociação de unidades de redução de emissões de Gases de

Efeito Estufa (GEE). No âmbito do Protocolo de Quioto há dois tipos de

mercados de carbono: mercado de créditos gerados por projetos de redução de

emissões (Projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo e Projetos de

Implementação Conjunta), e mercado de permissões.

Apesar de o mercado "oficial" da ONU ainda não estar em

funcionamento, "mercados paralelos" surgiram, onde projetos privados são

negociados em bolsas de carbono localizadas principalmente nos EUA,

possuindo, no entanto, regras e parâmetros diferentes dos adotados pela ONU

em razão do Tratado de Kyoto. No entanto, os preços alcançados nesses

mercados (por volta de US$ 5,00/ ton.) ainda é considerado baixo por alguns

especialistas, pois se espera que o mercado regulado pela ONU tenha preços

mais convidativos.

Um mercado de carbono "paralelo" também está em fase de

implantação no Brasil conforme noticiado pela imprensa, pela BM&F/BVRJ, em

convênio com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

(MDIC), visando estimular o desenvolvimento de projetos de MDL e viabilizar

negócios no mercado ambiental de forma organizada e transparente.

O primeiro passo foi a criação de um Banco de Projetos de MDL, um

sistema eletrônico que registrará projetos de redução de carbono, que já

tenham sido validados por uma Entidade Operacional Designada, ou que ainda

estejam em fase de estruturação. Também, os investidores, serão pré-

qualificados e cadastrados na Bolsa para divulgar suas intenções em adquirir

no mercado de créditos a serem gerados por projetos de MDL.

Frente a esses novos desafios inicialmente estabelecidos em Quioto,

as empresas que se encontram nos países enquadrados no grupo dos países

industrializados sofreram um significativo impacto, uma vez que deverão atingir

metas determinadas de emissão máxima de gases poluentes.

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Caso ultrapassem suas respectivas quotas, a alternativa dada a esses

países é a utilização do mecanismo de compensação estabelecido no

Protocolo, segundo o qual as empresas dos países industrializados poderão

comprar os chamados "créditos de carbono" de empresas localizadas em

países em desenvolvimento.

O Brasil tem capacidade de absorver uma grande parcela desses

investimentos, por meio de empresas que explorem atividades que se

enquadrem nos critérios do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) e

que viabilizem juridicamente seu projeto. Tais investimentos aquecem a

possibilidade de ampliação de iniciativas sustentáveis na atividade industrial,

em diversas áreas. Um dos setores que mais desperta a atenção dos

empreendedores, principalmente do setor sucroalcooleiro, é a possibilidade de

co-geração de energia elétrica pelo aproveitamento do bagaço de cana. Trata-

se de um dos melhores exemplos de aproveitamento de energia renovável para

projetos que tenham em vista a injeção monetária externa decorrente das

regras do Protocolo de Quioto.

No Brasil, no setor energético, já existe uma gama de projetos para a

geração de energia por meio de fontes renováveis e alternativas de co-

geração, objetivando-se assim a redução da utilização dos combustíveis

fósseis, um dos principais agentes no agravamento do efeito estufa.

Uma atividade também passível de adequação ao Protocolo é a do

tratamento de resíduos, com a transformação de lixões em aterros sanitários,

aproveitando-se o metano liberado na decomposição do lixo para a produção

de energia elétrica.

No estado do Rio de Janeiro temos um exemplo de uma empresa

certificada na emissão de créditos de carbono: A Central de Tratamento de

Resíduos em Nova Iguaçu – RJ

3.3 – Central de Tratamento de Resíduos de Nova

Iguaçu

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O Projeto Novagerar, desenvolvido na Central de Tratamento de

Resíduos Nova Iguaçu, foi o primeiro empreendimento do mundo a ser

oficialmente inscrito como projeto de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

(MDL) do Tratado de Quioto. O registro foi feito no Executive Board da ONU no

Comitê de Mecanismo do Desenvolvimento Limpo, em 18 de novembro de

2004, na sede do MDL em Bonn, Alemanha.

O gás gerado no aterro sanitário da CTR Nova Iguaçu é aproveitado na

produção de energia limpa. A matéria orgânica do lixo quando entra em

decomposição produz biogás (ou gás de aterro) que é composto por

aproximadamente 55% de metano, um dos vilões do efeito estufa. Para evitar

que esta poluição seja lançada na atmosfera, este gás é drenado, canalizado e

transformado em combustível que alimenta as unidades de tratamento dentro

da própria CTR. O projeto prevê ainda instalação de usinas geradoras de

energia elétrica que terão capacidade para iluminar os prédios públicos da

cidade onde o empreendimento está instalado.

O projeto Novagerar atraiu interesse do Governo da Holanda que por

meio do Banco Mundial (Bird), fechou contrato com a empresa para a compra

de créditos de carbono. Para a aprovação dessa operação, o Banco Mundial

realizou auditorias para verificação de conformidade com as políticas

ambientais do banco. Este é o primeiro projeto do Brasil ligado à destinação

final de lixo que tem o apoio do Bird.

Seguindo os princípios do Tratado de Quioto que exige dos

empreendimentos compromisso com o desenvolvimento sustentável, a CTR

Nova Iguaçu foi construída para substituir o extinto lixão da cidade, aonde

trabalhavam cerca de 100 catadores em condições desumanas. As atividades

do vazadouro foram encerradas e a área está em recuperação ambiental, já

foram plantadas lá cerca de 20 mil mudas nativas de Mata Atlântica. O local

será devolvido à comunidade como um parque público para lazer.

As pessoas que tiravam do lixão seu sustento trabalham hoje na

empresa ou na cooperativa de reciclagem montada com a participação da

Prefeitura de Nova Iguaçu. Cursos profissionalizantes, alfabetização para

adultos, oficinas de reciclagem e programas de educação ambiental são

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realizados com as comunidades do entorno no Centro de Educação Ambiental

da CTR.

A CTR – Central de Tratamento de Resíduos, é a evolução conceitual e

técnica de um aterro sanitário, que reúne em um só projeto todas as condições

operacionais, ambientais e tecnológicas. Além de destinar adequadamente os

resíduos, trata-se o chorume, gera energia limpa, preserva-se a área com

cinturão verde e, do princípio ao fim, tem compromisso com a qualidade de

vida das pessoas e com a educação ambiental.

O aterro sanitário da Central de Tratamento de Resíduos de Nova

Iguaçu é uma solução totalmente segura para dispor resíduos sólidos,

conservando o meio ambiente. Possui dupla impermeabilização da base do

terreno, com uma camada de 1,10 m de solo argiloso compactado com

baixíssima permeabilidade, protegida por manta de PEAD (Polietileno de Alta

Densidade). Assim, tem-se uma dupla garantia que impede qualquer

percolação do chorume para o solo e o lençol freático.

A CTR Nova Iguaçu também faz a drenagem das águas pluviais para

evitar sua contaminação pelo chorume. Os taludes das células têm proteção

vegetal para que não haja erosão, e todo o solo a ser utilizado para cobertura

do lixo é extraído do próprio local.

Periodicamente, são coletadas amostras de água de 16 poços de

monitoramento do lençol freático e de 6 pontos de água superficial para

análises. Há ainda, o controle de pesagem dos resíduos que chegam ao aterro,

através de sistema informatizado, e também, o controle da qualidade dos

resíduos realizados pelo laboratório instalado dentro da CTR-NI em parceria

com o Centro de Tecnologia Ambiental (CTA) da Firjan.

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Figura 1 - CTR Nova Iguaçu

O gás gerado no aterro sanitário da CTR Nova Iguaçu é aproveitado na

produção de energia limpa. A matéria orgânica do lixo quando entra em

decomposição produz biogás (ou gás de aterro) que é composto por

aproximadamente 55% de metano, um dos vilões do efeito estufa. Para evitar

que esta poluição seja lançada na atmosfera, este gás é drenado, canalizado e

transformado em combustível que alimenta as unidades de tratamento dentro

da própria CTR. O projeto prevê ainda instalação de usinas geradoras de

energia elétrica que terão capacidade para iluminar os prédios públicos da

cidade onde o empreendimento está instalado.

CTR Nova Iguaçu foi construída para substituir o extinto lixão da cidade,

aonde trabalhavam cerca de 100 catadores em condições desumanas. As

atividades do vazadouro foram encerradas e a área está em recuperação

ambiental, já foram plantadas lá cerca de 20 mil mudas nativas de Mata

Atlântica. As pessoas que tiravam do lixão seu sustento trabalham hoje na

empresa ou na cooperativa de reciclagem montada com a participação da

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Prefeitura de Nova Iguaçu. Cursos profissionalizantes, alfabetização para

adultos, oficinas de reciclagem e programas de educação ambiental são

realizados com as comunidades do entorno no Centro de Educação Ambiental

da CTR. (www.ctrnovaiguacu.com.br).

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CONCLUSÃO

As Sacolas Plásticas tem se apresentado como um dos grandes vilões

do meio ambiente, não só por suas propriedades altamente prejudiciais ao

meio ambiente e à saúde humana e animal, quando da sua extração e

fabricação, pois libera gases causadores do efeito estufa e partículas

cancerígenas, como também do seu descarte final, pois como podemos

observar, grande parte das sacolas plásticas são descartadas

inadequadamente no meio ambiente, gerando prejuízos à sociedade e aos

animais marinhos. Mesmo quando destinadas ao lixo, por estas serem de difícil

decomposição, (estima-se 400 anos), elas podem retardar a decomposição do

lixo orgânico.

Apesar de todo esforço empenhado na solução do problema,

observamos que ainda há muito a ser feito. Deve haver maior investimento por

parte do governo, adequando todos os lixões a céu aberto, transformando-os

em Centrais de Tratamento de Resíduos, onde haja a reciclagem dos materiais

não orgânicos e a geração de energia limpa com a utilização do material

orgânico, com a comercialização de créditos de carbono; como as CTR tem se

mostrado um ótimo negócio, em pouco o próprio CTR "pagaria" todo o

investimento feito e ainda geraria receita para o governo.

Há também a necessidade de investimento em educação ambiental,

através de campanhas de conscientização quanto à coleta seletiva e

reciclagem, de forma a formar multiplicadores de conhecimento; e a cada

mudança, a comunidade precisa estar inserida no processo de forma a se

sentir parte dele, e para que haja êxito em sua implantação.

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GLOBO.COM – JORNAL NACIONAL, 08/05/2010. Barcelona usa sistema subterrâneo para descartar lixo. Disponível em: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2010/05/barcelona-usa-sistema-subterraneo-para-descartar-lixo.html. Acesso em: 18/01/2011.

CORREIO DO BRASIL, 20/08/2010. Cidades no Brasil ainda convivem com lixões.

Disponível em: http://correiodobrasil.com.br/cidades-no-brasil-ainda-tem-

lixoes/176918/ .

Acesso em: 19/01/2011.

ONU - Organização das Nações Unidas - No Brasil. Protocolo de Quioto. Disponível

em: http://www.onu-brasil.org.br/doc_quioto.php

Acesso: 19/01/2011.

Ambiente Brasil. Disponível em:http://cop.ambientebrasil.com.br/sobre/protocolo-de-quioto/ Acesso: 15/09/2010

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CTR – Nova Iguaçu. Disponível em: http://www.ctrnovaiguacu.com.br/portug/index.asp Acesso: 19/01/2011

Cartilha Institucional – MDL Elaborado pela Câmara de Mudanças Climáticas - CEBDS

Lei dos Resíduos Sólidos. Disponível em: http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/busca?q=residuos+solidos&s=legislacao Acesso: 16/09/2010

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ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 >> Lei 5.502 de 15 de julho de 2009;

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ANEXO 1

LEI Nº 5502, DE 15 DE JULHO DE 2009.

O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Faço saber que a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a substituição e recolhimento de sacolas plásticas em estabelecimentos comerciais localizados no Estado do Rio de Janeiro como forma de colocá-las à disposição do ciclo de reciclagem e proteção do meio ambiente fluminense. Art. 2º As sociedades comerciais e os empresários de que trata o art. 966 do Código Civil, titulares de estabelecimentos comerciais localizados no Estado do Rio de Janeiro, promoverão a coleta e substituição das sacolas ou sacos plásticos, compostos por Polietilenos, Polipropilenos e ou similares utilizados nos referidos estabelecimentos para o acondicionamento e entrega de produtos e mercadorias aos clientes, mediante compensação. §1º Entende-se por sacolas reutilizáveis aquelas que sejam confeccionadas em material resistente ao uso continuado, que suportem o acondicionamento e transporte de produtos e mercadorias em geral e que atendam à necessidade dos clientes. §2º Este artigo não se aplica às embalagens originais das mercadorias, aplicando-se aos sacos e sacolas fornecidas pelo próprio estabelecimento para pesagem e embalagem de produtos perecíveis ou não. §3º A substituição prevista no caput deste artigo será efetuada nos seguintes prazos: I - 3 (três) anos, a contar da entrada em vigor da presente Lei, para as sociedades e os empresários classificados como microempresas nos termos do Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte;

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II - 2 (dois) anos, a contar da entrada em vigor da presente Lei, para as sociedades e os empresários classificados como empresas de pequeno porte nos termos do Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte; III - 1 (hum) ano, a contar da entrada em vigor da presente Lei, para as demais sociedades e empresários titulares de estabelecimentos sujeitos à presente Lei. Art. 3º - Transcorrido o prazo previsto no §3º do art. 2º da presente Lei, os estabelecimentos de que trata o caput do mesmo artigo que ainda não tiverem promovido a substituição de que trata esta Lei ficam obrigados a receber sacolas e sacos plásticos a serem entregues pelo público em geral, independentemente do estado de conservação e origem destes, mediante uma das seguintes contraprestações: I – a cada 5 (cinco) itens comprados no estabelecimento, o cliente que não usar saco ou sacola plástica fará jus ao desconto de no mínimo R$ 0,03 (três centavos de real) sobre as suas compras; II - permuta de 1 Kg (um quilograma) de arroz ou feijão por cada 50 (cinqüenta) sacolas ou sacos plásticos apresentados por qualquer pessoa. §1º O valor previsto no inciso I deste Artigo será corrigido anualmente, no mês da promulgação da presente Lei, por índice que melhor reflita a inflação do período, conforme regulamento a ser editado por decreto. §2º Os estabelecimentos que não comercializem feijão ou arroz poderão efetuar a permuta de que trata o inciso II deste artigo por um quilograma de outro produto que componha a cesta básica, conforme disposto no regulamento da presente Lei. §3º A recompra de que trata o presente artigo não se inclui dentre as hipóteses de incidência do Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS), tendo em vista a ausência de objetivo comercial. §4º As empresas deverão comprovar a destinação ecologicamente correta para os produtos acima recolhidos. §5º Os estabelecimentos que servirão de postos de permuta serão os que possuam área construída superior a 200 m². Art. 4º Implementada a substituição prevista no art. 2º da presente Lei, cessarão, para cada estabelecimento, as obrigações previstas no art. 3º desta Lei. Art. 5º A Política Estadual de Educação Ambiental, instituída pela Lei nº 3.325, de 17 de dezembro de 1999, passa a incluir o objetivo de conscientização da

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população acerca dos danos causados pelo material plástico não-biodegradável utilizado em larga escala quando não descartado adequadamente em condições de reciclagem e, também, acerca dos ganhos ambientais da utilização de material não- descartável e não-poluente. Art. 6º Os estabelecimentos de que trata o caput do Art. 2º da presente Lei ficam obrigados a fixarem placas informativas junto aos locais de embalagens de produtos e caixas registradoras, no prazo de 1 (um) ano após a entrada em vigor da presente Lei, com as seguintes dimensões e dizeres: I - dimensões: 40 cm x 40 cm; II - dizeres:

“SACOLAS PLÁSTICAS CONVENCIONAIS DISPOSTAS INADEQUADAMENTE NO MEIO AMBIENTE LEVAM MAIS DE 100 ANOS

PARA SE DECOMPOR. COLABOREM, DESCARTANDO-AS, SEMPRE QUE NECESSÁRIO, EM LOCAIS APROPRIADOS À COLETA SELETIVA. TRAGA DE CASA A SUA PRÓPRIA SACOLA OU USE SACOLAS REUTILIZÁVEIS.” Art. 7º O Poder Executivo incentivará a Petrobrás e outras indústrias instaladas ou que vierem a se instalar, nos pólos de Gás Químico, em Duque de Caxias e no Complexo Petroquímico de Itaboraí – COMPERJ, ou em qualquer município do Estado, a buscar novas resinas derivadas da produção de petróleo ou composições químicas que levem a produção de novas sacolas não-poluentes (biodegradáveis). Art. 8º A Lei nº 3467, de 14 de setembro de 2000, fica acrescida de um artigo 98-A, com a seguinte redação: “Art. 98-A. Deixar de cumprir as obrigações previstas na lei de substituição e recolhimento de sacolas plásticas em estabelecimentos comerciais: Multa de 100 (cem) a 10.000 (dez mil) UFIRs-RJ por obrigação descumprida.” Art. 9º Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.

Rio de Janeiro, 15 de julho de 2009.

LUIZ FERNANDO DE SOUZA Governador em exercício

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

RESUMO 4

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

O Ciclo de Vida das Sacolas Plásticas 10

1.1 – A História do Plástico 10

1.2 – O Fabrico do Plástico 11

1.3 – Sacolas Plásticas 13

1.3.1 – O Processo do Fabrico do Saco Plástico 14

1.3.2 – Utilização no Cotidiano 14

CAPÍTULO II

Medidas Defensivas Contra a Utilização das Sacolas

Plásticas e Análise da Lei 5.502 de 15 de Julho

de 2009 (Aplicabilidade e Eficácia) 18

2.1 – Sacolas Plásticas e as Medidas Defensivas no Mundo 18

2.2 – Sacolas Plásticas e as Medidas Defensivas adotadas

no Brasil 22

2.2.1 – Plástico Verde (Biopolietileno) 24

2.3 – Lei 5502 de 16 de julho de 2009 (Aplicabilidade

e Eficácia) 27

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CAPÍTULO III

O Sistema de Destinação do Lixo, Mecanismo de

Desenvolvimento Limpo e a Central de Tratamento

de Resíduos 31

3.1 – O Sistema de Destinação do Lixo 31

3.2 – Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) 34

3.3 – Central de Tratamento de Resíduos de Nova

Iguaçu 40

CONCLUSÃO 45

BIBLIOGRAFIA / WEBGRAFIA CONSULTADA 46

ANEXO 51

ÍNDICE 54

FOLHA DE AVALIAÇÃO 56

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição:

Título da Monografia:

Autor:

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: