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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE O DESENHO PROMOVENDO O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO, AFETIVO E EMOCIONAL DA CRIANÇA. Por: Maria Regina Pacheco do Espírito Santo Orientador Prof.ª Mary Sue Rio de Janeiro 2010

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · encantam com os desenhos das crianças. EPÍGRAFE . 5 “Não sei se a vida é curta ou longa demais para nós. Mas ... Os desenhos

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O DESENHO PROMOVENDO O DESENVOLVIMENTO

COGNITIVO, AFETIVO E EMOCIONAL DA CRIANÇA.

Por: Maria Regina Pacheco do Espírito Santo

Orientador

Prof.ª Mary Sue

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O DESENHO PROMOVENDO O DESENVOLVIMENTO

COGNITIVO, AFETIVO E EMOCIONAL DA CRIANÇA.

Apresentação de monografia à Universidade

Cândido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Educação

Infantil e Desenvolvimento.

Por. Maria Regina Pacheco do Espírito Santo

AGRADECIMENTOS

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Ao meu marido, pela força, carinho,

compreensão e apoio durante todo o processo de meu

envolvimento neste trabalho.

As amigas Débora, Renata e Vera que

se mostraram francamente abertas e dispostas a ajudar.

Obrigada hoje e sempre.

DEDICATÓRIA

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A Clara e Bruna que sempre me encantaram com seus

lindos desenhos. E a todas as pessoas que também se

encantam com os desenhos das crianças.

EPÍGRAFE

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“Não sei se a vida é curta ou longa demais para nós. Mas

sei que nada do que vivemos tem sentido se não

tocarmos o coração das pessoas”.

RESUMO

A Educação Infantil é o período que compreende do nascimento aos seis anos

de idade. Nesta etapa a criança passa por várias modificações, caracterizadas

como etapas do desenvolvimento infantil. De acordo com a mediação entre o

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meio cultural, a criança vai avançando e os estímulos recebidos do meio em

que ela está inserida, contribuem para o processo de construção do

conhecimento. A sua formação como sujeito em processo de humanização vai

se estruturando a partir das experiências assimiladas em interação com as

outras pessoas. Por isso, não podemos deixar de considerar a importância das

instituições que atendem no âmbito da Educação Infantil. Alguns anos atrás, as

instituições de Educação Infantil tinham um cunho apenas assistencialista.

Hoje é assegurado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (9324/96) e

pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, o direito a todos à Educação

Infantil, com uma proposta educacional que vise à totalidade da criança. O

município de Duque de Caxias atualmente possui 29 creches, além de turmas

de Educação Infantil em suas unidades escolares. A proposta pedagógica da

rede favorece a aprendizagem significativa, através da experimentação de

novas descobertas. O reconhecimento da importância de trabalhar o desenho

infantil nessa faixa etária é feito através de pesquisa bibliográfica por alguns

autores como: Ferraz, Ferreira, Pereira, Silva e principalmente por Vygotsky. É

preciso valorizar as produções gráficas das crianças. Devemos compreender

que o ato de desenhar é a representação gráfica infantil e suas mensagens. A

criança está dialogando consigo mesma e com o mundo.

Palavras-chave: desenvolvimento, desenho, educação infantil.

METODOLOGIA

Como procedimento metodológico optamos por um estudo que se

realizará através de coleta de dados bibliográficos.

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A pesquisa bibliográfica abrangerá a leitura de livros de arquivo próprio e

de bibliotecas públicas, site da internet, revistas especializadas, artigos e

textos legais.

Todo material recolhido será submetido a uma triagem onde será

estabelecido um plano de leitura para registros futuros.

A leitura focará as crianças da Educação Infantil na faixa etária de zero

a seis anos. Contaremos principalmente com as contribuições do autor

Vygotsky e apoiadas também pelos conhecimentos adquiridos no decorrer dos

anos de experiência profissional.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 9

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CAPÍTULO I - Desenvolvimento Infantil 12

CAPÍTULO II - Educação Infantil – Um Breve Histórico 23

CAPÍTULO III – A Importância do Desenho Promovendo o Desenvolvimento da Criança 31 CONCLUSÃO

40

ANEXOS 42

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 45

ÍNDICE 48

FOLHA DE AVALIAÇÃO 49

INTRODUÇÃO

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Os primeiros anos de vida são reconhecidos como fundamentais no

curso do desenvolvimento, portanto a educação infantil é de extrema

relevância para a criança se desenvolver integralmente.

Para referenciar esta monografia, abordaremos a concepção sócio-

histórica do desenvolvimento infantil, enfatizando os estudos de Vygotsky.

As creches e pré-escolas da rede pública do município de Duque de

Caxias atendem crianças na faixa etária de zero a seis anos. A proposta da

Secretaria Municipal de Educação enfatiza que todas as unidades tenham o

seu Projeto Político Pedagógico e que tenham uma proposta pedagógica que

valorize a criança e suas singularidades na busca do seu desenvolvimento

biopsicossocial, rompendo com a visão assistencialista neste início de

escolarização.

Para encaminhar nossa discussão, faz-se mister revelar que

trabalhamos no município de Duque de Caxias, inicialmente como educadora

da educação infantil e atualmente como implementadora da SME, na Equipe

de Educação Infantil no município acima mencionado. No transcorrer de nossa

vivência, observamos a grande trajetória da Educação Infantil neste município

o que nos impulsionou a realizar este trabalho. Vimos e vivemos nesta

trajetória como profissional a ressignificação da educação infantil.

Consideramos que no processo de aprendizagem, numa visão sócio-

histórica o professor deve efetivar a sua prática como mediador do

conhecimento, ainda que na maioria das vezes, ele não tenha tal compreensão

da importância de seu papel.

Na educação infantil, portanto, é necessário que o educador tenha o

compromisso de ter a intenção de ter o prévio conhecimento teórico na

produção de seus trabalhos, com um planejamento que enfoque o pleno

desenvolvimento das potencialidades da criança, tendo a possibilidade de

vislumbrar o significado das produções de seus educandos que iniciam o

processo de dar significado ao mundo.

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Por isso, o educador necessita saber entre outras coisas que o desenho

da criança de dois a seis anos também tem grande importância no

desenvolvimento infantil, pois é uma ação permeada pela criação e apreciação

do símbolo, constituindo o homem como ser que significa e se constrói nas

relações concretas de vida. Relações sociais que com certeza pressupõem

necessariamente as pessoas envolvidas nelas.

Descreveremos neste trabalho de pesquisa, ancorada na concepção

sócio-histórica, o conceito de representação no ato do desenhar infantil como

atividade compartilhada e socialmente construída, entendendo assim a ação

de desenhar como individualmente produzida e coletivamente significada.

Temos como objetivo reconhecer a importância do desenho no

desenvolvimento infantil e será realizado através de uma pesquisa

bibliográfica.

No primeiro capítulo será abordado o desenvolvimento infantil de acordo

com os estudos de Vygotsky, que apresenta importantes conceitos como a

Mediação, a Internalização, a Linguagem e a Zona de Desenvolvimento

Proximal, ambos os conceitos diretamente relacionados ao desenvolvimento

humano, portanto, nos levam também a entender o desenho infantil.

No segundo capítulo descreveremos o surgimento das instituições de

Educação Infantil que tinham apenas uma visão assistencialista e funcionavam

como depósitos de crianças. Atualmente o direito à Educação Infantil é

garantido por lei a todos, além do reconhecimento da importância dessa faixa

etária e a realização de um ativo trabalho pedagógico pela Lei de Diretrizes e

Bases da Educação 9394/96, pelo Referencial Curricular Nacional da

Educação Infantil e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.

No terceiro capítulo, identificaremos a importância do desenho

promovendo o desenvolvimento da criança. A criança que desenha está

liberando suas fantasias, seus contos e encantos, portanto, suas emoções, sua

forma de ser e compreender o mundo com suas possibilidades e limites. Está

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dialogando consigo mesma e com o mundo. Relacionaremos também a

evolutiva do grafismo segundo Vygotsky.

Consideramos a educação infantil como um período fundamental na

vida do indivíduo e trabalhar com o desenho nessa faixa etária, não somente

pelo simples fato de desenhar, mas como um importante recurso pedagógico.

Portanto, a criança faz seus desenhos a partir de sua memória, de sua

imaginação, do que conhece e percebe de sua realidade social e cultural.

Vale ressaltar que os desenhos representam a significação do contexto

que as crianças têm a expressão do conhecimento do mundo que as cerca

como força criativa e como representação de práticas culturais, sociais e

afetivas.

Os desenhos infantis nos apresentam um organizado texto visual que

relata fatos conhecidos, histórias desconhecidas, histórias para nós

inimagináveis, todas recheadas de conteúdo lúdico, instigante e cheio de

sentimentos.

Uma educação que vise ao desenvolvimento integral da criança, como

ser criativo, crítico e provocador de mudanças, há de ter como prática a

expressão criadora desde a Creche.

Desejamos uma boa leitura e que a presente pesquisa possa ser

prazerosa e proveitosa.

1. DESENVOLVIMENTO INFANTIL: UM OLHAR A

PARTIR DA TEORIA DE LEV SEMYONOVITCH

VYGOTSKY

Vygotsky, pensador bielo-russo teve uma intensa produção intelectual,

apesar de ter tido sua vida interrompida, morreu de tuberculose em 1934, aos

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37 anos. Seu trabalho foi desenvolvido num momento de muita efervescência

intelectual e política, no ápice da Revolução soviética.

A teoria marxista da sociedade teve um papel predominante no

pensamento de Vygotsky. De acordo com Marx, mudanças históricas na

sociedade e na vida material produzem mudanças na “Natureza Humana”

(consciência e comportamento). Vygotsky se contrapôs ao pensamento

inatista, segundo o qual as pessoas já nascem com suas características, como

a inteligência pré-determinada. Da mesma forma se contrapôs ao pensamento

empirista, corrente que tem como pressuposto que as crianças nascem como

um balde vazio e são formadas de acordo com as suas experiências.

No Brasil, suas obras só chegaram no início da década de 80.

A psicologia construída por Vygotsky defende que o homem é um ser

biológico e um ser histórico, cultural, uma junção inédita na época, mas muito

aceitável hoje para nós. Com seus estudos ele construiu uma terceira forma de

conceber o desenvolvimento humano, a corrente sócio-histórica.

Vygotsky estruturou uma proposta que explicita os fenômenos sociais,

inclusive os educacionais, a partir da nossa ação objetiva colocando-a como

parte de um todo, um fenômeno sócio-histórico. Um ponto central de sua

proposta é de que todos os fenômenos sejam estudados como processos em

movimento e em mudança. Em termos do objeto da psicologia, a tarefa do

cientista seria a de reconstruir a gênese e o curso do desenvolvimento do

comportamento e da consciência. Vygotsky aplicou essa linha de raciocínio

para explicar a transformação dos processos psicológicos elementares em

processos complexos. Ressaltou que o desenvolvimento é fruto de uma grande

influência das experiências do indivíduo, entretanto cada um dá um significado

pessoal a essas experiências. Para o autor, desenvolvimento e aprendizado

estão intrinsicamente ligados: nós quando aprendemos nos desenvolvemos.

O desenvolvimento humano é, portanto um processo onde surgem

novas formas de conhecimento, onde cada pessoa apresenta características

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individuais, que a torna diferente das demais. Esse processo se constrói na

interação que o ser humano estabelece com o seu contexto sócio cultural e se

processa de forma dialética através de rupturas e de contínuas reorganizações

por parte do indivíduo. Portanto, podemos exemplificar que o ser humano tem

o potencial de andar ereto, de se alfabetizar, de pensar baseado em conceito.

Mas isso ocorre dos aprendizados que tiver ao longo da vida dentro de sua

cultura. Apesar de ter condições biológicas uma criança se alfabetizará se

estiver em contato com um grupo de pessoas alfabetizadas.

“Para se estudar o desenvolvimento das crianças, deve-se começar

com um entendimento da unidade dialética entre duas linhas

radicalmente diferentes: a biológica e a cultural. Para adequadamente

estudar tal processo, é preciso conhecer estes dois componentes e

as leis que governam seu entrelaçamento a cada período do

desenvolvimento infantil”. (Vygotsky, 1978, apud Davis, 1994, p19).

Para continuarmos nossa reflexão acerca do desenvolvimento infantil,

entendemos ser pertinente buscar em Vygotsky uma sucinta apresentação de

alguns dos seus pressupostos teóricos.

Assim, faz-se necessário apresentarmos a essência dessa teoria que é

a formação da consciência e sua origem social, bem como o uso das

ferramentas simbólicas para a construção dos processos superiores.

O pensamento Vigotskiano é composto por conceitos que, em conjunto,

configuram uma abordagem singular acerca da aprendizagem infantil,

ressaltando que o processo de aprender do ser humano ocorre devido ao fato

deste ser um sujeito social, um ser transversalizado por uma história que já

está em cena muito antes de seu nascimento. Assim, podemos afirmar que o

bebê, ao nascer, está inserido numa cultura e é esta cultura que dará as

primeiras significações para a sua constituição e desenvolvimento como ser

humano. Vygotsky ressalta que desde que nasce a criança está em constante

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interação com os adultos que não só asseguram sua sobrevivência, mas

também mediam sua relação com o mundo. O conhecimento adquirido na

infância possui então influência social e serão as operações com os sistemas

de signos que constituirão a base da reconstrução da atividade psicológica.

De acordo com Vygotsky (1998, p.75):

“Todas as funções no desenvolvimento da criança aparecem duas

vezes: primeiro, no nível social, e, depois, no nível individual; primeiro,

entre pessoas (interpsicológica), e, depois, no interior da

criança (intrapsicológica). Isso se explica igualmente

para a atenção voluntária, para a memória lógica e para a formação

de conceitos. Todas as funções superiores originam-se das relações

reais entre indivíduos humanos”.

Vimos que os aspectos históricos e sociais do desenvolvimento são

pontos centrais da obra de Vygotsky. O que significa que ele atribuiu

importante papel ao Outro e a interação na formação e desenvolvimento do

pensamento e da linguagem da criança. Assim, a participação do outro na

constituição do sujeito é fundante, pois a relação do sujeito com o mundo só é

possível, através da mediação de outro sujeito. “O caminho do objeto até a

criança e desta até o objeto passa através de outra pessoa”. (Vygotsky, 1998,

p.33).

Desde os primeiros dias do desenvolvimento da criança, suas atividades

adquirem um significado próprio num sistema de comportamento social e,

sendo dirigidas a objetivos definidos, são refratados através do prisma do

ambiente da criança. Essa estrutura humana complexa é o produto de um

processo de desenvolvimento profundamente enraizado das ligações entre

história individual e história social. Compreender a importância do contexto

social e das interações no processo de desenvolvimento infantil é, portanto,

essencial para conhecer, entender a criança como sujeito social, constituído

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intrinsicamente por relações sociais, culturais e históricas. Segundo Vygotsky

(2000) “Na ausência do outro, o homem, não se constrói homem”. A criança

nasce dotada apenas de funções psicológicas elementares, como reflexos e a

atenção involuntária, presentes em todos os animais mais desenvolvidos. Com

o aprendizado cultural, no entanto, parte dessas funções básicas transforma-

se em funções psicológicas superiores, como a consciência, o planejamento e

a deliberação, características exclusivas do homem. Essa evolução acontece

pela elaboração das informações recebidas do meio. Essas informações são

sempre intermediadas, explícita ou implicitamente, pelas pessoas que rodeiam

a criança, carregando significados sociais e históricos. As informações

intermediadas são reelaboradas numa espécie de linguagem interna. É isso

que caracterizará a individualidade. Por isso a linguagem é duplamente

importante para Vygotsky. Além de ser o principal instrumento de

intermediação do conhecimento entre os seres humanos, ele tem relação

direta com o próprio desenvolvimento psicológico. A fala (instrumento e signo)

tem papel fundamental na organização da atividade prática e das funções

psicológicas superiores. O desenvolvimento das funções intelectuais é

mediado socialmente pelos signos e pelo outro.

Para Vygotsky (1998) “Ao internalizar as experiências fornecidas pela

cultura, a criança reconstrói individualmente os modos de ação realizados

externamente e aprende a organizar os próprios processos mentais”.

Internalizar não é reproduzir mecanicamente dados da cultura, mas

apropriar-se deles para usos singulares e criativos.

Segundo o autor estudado, a construção do pensamento e da

subjetividade é um processo cultural, e não uma formação natural e universal

da espécie humana. Ela se dá graças ao uso de signos e do emprego de

instrumentos elaborados através da história humana em um contexto social

determinado. Enquanto os animais agem e reagem a natureza de uma forma

sensorial instintiva, o homem extrapola suas capacidades sensoriais pelo uso

de instrumentos construídos por meio do trabalho coletivo no qual interage com

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outros homens. Esses instrumentos não se reduzem à dimensão material, mas

inclui a utilização de signos - um brinquedo para possibilitar a emergência da

capacidade de representar algo em uma situação, uma questão para ativar um

raciocínio argumentativo – que estimulam diferentes funções mentais.

Ao incorporarem os signos elaborados pelos grupos sociais como forma

de registrar e transmitir determinadas informações no processo de trabalho, as

ações humanas vão-se tornando mais complexas. Os signos não são criados

ou descobertos pelo sujeito, deles se apropria desde o nascimento, na sua

relação com parceiros mais experientes que emprestam significações as suas

ações em tarefas realizadas em conjunto. Com o uso de signos, ocorrem

transformações qualitativas nos processos psíquicos como a atenção, a

memória e a percepção.

Assim como foi dito anteriormente, entendemos que o sujeito constrói

seu conhecimento a partir da relação com Outro. O aprendizado desperta

processos internos do desenvolvimento - aprendizado adequadamente

organizado resulta em desenvolvimento mental. Segundo Vygotsky (1998), “o

desenvolvimento da criança num primeiro momento, é mediado pelo outro.

Num segundo momento a criança se apropria do comportamento da cultura e

dos modos do funcionamento psicológico do seu grupo cultural internalizando-

o”. A vida social é dinâmica e cada sujeito é ativo nela.

Abordaremos quatro conceitos básicos da obra de Vygotsky: a

Mediação, a Internalização, a Linguagem e a Zona de Desenvolvimento

Proximal.

Mediação “é o processo de intervenção de um elemento intermediário

numa relação, a relação deixa então de ser direta e passa a ser mediada por

esse elemento” (Oliveira, 1993, apud, Vygotsky, 1998, p.34). Para ele a função

da palavra neste processo é fundamental.

Ao conceber a criança em suas relações sociais internalizadas, o

modelo histórico cultural instaura a concepção do processo de

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desenvolvimento e aprendizagem numa construção social. Portanto, o conceito

de interação não é desprovido de historicidade e descontextualizado sócio-

culturalmente, como é utilizado nas concepções empirista e inatista. Para

Vygotsky, (1989) “o desenvolvimento da criança acontece a partir das

constantes interações com o meio social em que vive mediante aprendizagem”.

Nesta interação, ela modifica seu ambiente e é por ele modificada. A

interação com outras pessoas, adulta e crianças, exercem um papel

preponderante no desenvolvimento infantil e na construção do conhecimento,

sendo mais efetiva quando se dá de forma lúdica e afetiva, e, portanto,

prazerosa. O desenvolvimento afetivo e a identidade também se constroem na

interação com os outros, sendo a primeira infância momento fundamental

neste processo, portanto o conhecimento é sempre mediado.

Inicialmente a criança entra em contato com o seu meio através das

ações, dos movimentos sensórios motores, que são os primeiros gestos

(expressões faciais e gestuais) e através do adulto que estabelecerá a

compreensão e as respostas, retratando suas primeiras interações

significativas, constituindo a seguir o que conceituamos como função simbólica

(possibilidade de representar mentalmente por símbolos o seu mundo). Surge

então a linguagem oral, que aos poucos substituirá a predominância da ação

através dos movimentos. A língua(gem) inspira novas relações com o meio. O

universo da língua(gem) chega à criança através dos membros do seu grupo

social, quando nomeiam, apontam, compartilham e significam o mundo com a

cultura do grupo social à sua volta.

Para Vygotsky, a capacidade que tem uma criança de comunicar-se por

meio da linguagem relaciona-se diretamente com a diferenciação dos

significados das palavras na sua fala e na sua consciência.

A linguagem é fator de interação social. É ela que permite a

comunicação entre os indivíduos, à troca de informações e de experiências.

Neste sentido, a linguagem é, sem duvida, um fenômeno que diferencia os

homens dos animais. É na relação com o outro que o homem toma

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consciência de si mesmo, e esta relação é mediada pela fala. A fala constitui

um papel fundamental na construção do ser humano, pois tem como primeira

função, a da comunicação, de contato social, de influência sobre as pessoas

que vivem em um mesmo contexto.

Assim o papel do Outro é primordial quando pensamos o

desenvolvimento infantil numa perspectiva sócio-histórica. Atribuímos à

linguagem o caráter, por excelência de construção da consciência humana.

Para Vygotsky é na interação com o adulto, com crianças mais experientes é

que a criança enriquece seu vocabulário e amplia as possibilidades de

significação das palavras que já conhece. Neste ponto, é interessante

trazermos que a criança é um ser biologicamente cultural ou culturalmente

biológico, pois quando o desenvolvimento da criança ocorre sem o contato do

outro, a estrutura biológica responsável pela maturação, por si só, não garante

a aprendizagem. Sabemos de casos de crianças que foram apartadas de

outros seres humanos que confirmam que essas crianças não se tornaram

propriamente humanas, como exemplo podemos citar: Victor de Aveyron – o

menino lobo, caso apresentado na literatura, que em setembro de 1799 um

menino de cerca de doze anos foi encontrado perto da floresta de Aveyron, sul

da França. Estava sozinho, sem roupa, andava de quatro e não falava uma

palavra. Aparentemente fora abandonado pelos pais e cresceu sozinho na

floresta. O menino, a quem lhe deram o nome de Victor, foi levado para Paris,

onde ficou aos cuidados do médico Jean-Marc-Gaspar Itard. Durante cinco

anos o Dr. Itard dedicou-se a ensinar Victor a falar, a ler e a se comportar

como um ser humano, mas seus esforços foram em vão. Pouco progresso foi

conseguido durante esse tempo. Victor nunca falou e aprendeu a ler somente

uma palavra (leite).

Chegamos à compreensão de que sem o contato significativo com

pares, as crianças somente amadurecem, biologicamente falando, não se

constituindo como seres sociais. A linguagem não é, com tudo, a única

maneira de representação que a criança utiliza em seus primeiros anos de

vida. Anterior a escrita, a criança representa graficamente a realidade através

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do desenho. O desenho, portanto, é parte constitutiva do processo de

desenvolvimento infantil e não deve ser entendido como uma ação/atividade

secundária, isto é, uma atividade de menos valor. O desenho representa o

real, ao desenhar a criança organiza suas experiências, com o esforço para

compreendê-la. No desenho está colocada de forma implícita a história da

criança que o realizou, inclui, portanto a narrativa mesmo que para o adulto

pareça algo estático no papel.

Como vimos valores, símbolos, relações, são apreendidos pela criança

no contato com o outro, a partir da mediação de sujeitos mais experientes.

Para Vygotsky “o desenvolvimento do sujeito humano e de sua singularidade

se dá a partir das constantes interações com o meio social em que vive, já que

formas psicológicas mais sofisticadas emergem da vida social” (Rego, 2008

apud Aquino, 1998, p.62/63).

Reafirmando o que escrevemos até o momento, trazemos o que Smolka

e Góes (1993) no seu dialogo com Vygotsky, afirmam que: “o que parece

fundamental nessa interpretação do sujeito é que o movimento de individuação

se dá a partir das experiências propiciadas pela cultura. O desenvolvimento

envolve processos que se constituem mutuamente, de imersão na cultura e

emergência na individualidade. Num processo de desenvolvimento que tem

caráter mais de revolução que de evolução, o sujeito se faz como ser

diferenciado do Outro, mas formado na relação com o Outro, singular, mas

constituído socialmente e, por isso mesmo, numa composição individual, mas

não homogênea” (Rego, 2008, apud Aquino, pp.62/63).

Em convergência com a citação acima mencionada, remete-nos ao

processo de internalização fundamental para o desenvolvimento psicológico

humano. A internalização envolve uma atividade externa que deve ser

significada para tornar-se uma atividade interna, de interna de uma operação

externa interpessoal passar a ser intrapessoal. Assim, as funções mentais

inferiores como atenção, percepção e memória evoluem para funções mentais

superiores. “Chamamos de internalização a reconstrução interna de uma

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operação externa” (Vygotsky, 1998, p.63). Apresentaremos de forma

esquemática esse processo:

- Atenção involuntária (quando a criança/bebê olha para algo que

passa em seu campo visual ou estímulo sonoro).

- Percepção involuntária (a criança vive e experimenta as diferentes

sensações, independente de sua vontade).

- Memória involuntária (a criança ainda não se utiliza da memória como

recurso para resgatar algo que fez. Somente o próprio objeto ou evento a faz

lembrar).

Estas funções mentais inferiores se transformam, a partir da linguagem,

em funções mentais superiores:

- Atenção voluntária (primeiro a mãe (o outro), usa a linguagem para

chamar a atenção da criança para uma situação, objeto, pessoa, depois, a

criança aprenderá a usar sua atenção voluntária).

- Percepção voluntária (não se faz mais necessário que o objeto,

pessoa ou evento esteja presente ao alcance de suas sensações, a percepção

da criança pode ser orientada).

- Memória mediada (a criança já é capaz de “lembrar” a partir de um

signo (palavra), símbolo (M do MC Donald’s) ou ícone (bengala na porta do

banheiro masculino) aquilo a que deseja se referir)

Nesse processo, a aprendizagem é gerada, pelo constante diálogo entre

exterior e interior, o que nos faz pensar que esse processo se desenvolve do

Proximal.

“Segundo o especialista russo, a referência do indivíduo com

parceiros mais experientes cria uma zona de desenvolvimento

potencial ou proximal. Ele usou este termo para se referir à distância

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entre o nível de desenvolvimento real – determinado pela capacidade

de solução, sem ajuda, de problemas – e o nível potencial de

desenvolvimento – medido através da solução de problemas sob a

orientação ou em colaboração com as crianças mais experientes”.

(DAVIS, 1994, p.53).

Para Vygotsky, este é, um importante nível de desenvolvimento e se

refere ao nível que a criança pode alcançar em matéria de aprendizagem, com

o auxílio do professor e de outras pessoas.

Podemos dizer que a ZDP é o caminho que o indivíduo vai percorrer

para desenvolver funções que estão em processo de amadurecimento e que

se tornarão funções consolidadas, firmadas no seu nível de desenvolvimento

real. A ZDP é um domínio psicológico em constante mudança; o que uma

criança não faz hoje sozinha, com a ajuda de alguém, ela conseguirá fazer

amanhã. O aprendizado descortina processos de desenvolvimento que aos

poucos, vão tornar-se parte das funções psicológicas consideradas da criança.

Interferindo constantemente na ZDP das crianças, os adultos e as crianças

mais experientes contribuem para movimentar os processos de

desenvolvimento de todos os membros do seu grupo cultural.

Portanto para JOBIM e SOUZA (1998) o desenvolvimento humano

constitui-se a partir de uma atividade produzida em que as crianças e seus

pares compartilham-na reciprocamente num espaço de mediação. Esse

espaço propicia a elaboração e a reflexão das experiências produzidas e

constituídas num processo tão pessoal quanto social.

Remetemo-nos neste momento a descrever um breve histórico da

Educação Infantil.

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2. EDUCAÇÃO INFANTIL – UM BREVE HISTÓRICO

A infância, etapa compreendida de zero a doze anos de idade, pode ser

caracterizada como um período de vida e não apenas como uma fase de

transição. Devido às mudanças ocorridas ao longo dos anos, as instituições

que atendem a essa faixa etária tiveram que adaptar seus objetivos, para

poderem acompanhar as modificações ocorridas na sociedade e,

principalmente, como um grande desafio, compreender como a criança vê o

mundo.

Historicamente, podemos relatar que na sociedade medieval, a criança

era vista como um ser sem sentimentos e, ao mesmo tempo, um divertimento.

Assim que passava a ser independente da mãe, a criança ingressava na

sociedade dos adultos.

No século XVII, as condições higiênico-sanitárias eram bastante

precárias o que favorecia altos índices de mortalidade infantil, mas este fato

era compreendido como natural. As crianças que sobreviviam só passavam a

ser integrantes da sociedade quando já podiam realizar atividades como

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aquelas realizadas pelos adultos. Mas no final deste século, a escola surge

como uma estratégia de educação.

No século XVIII a criança é vista como um ser não pensante.

Acreditava-se que era preciso educá-la para desenvolvê-la.

Surge então no século XIX, uma nova concepção: preparar a criança

para a vida adulta. Havia a preocupação com o processo de formação que

exigia cuidados visando à posição que a criança ocuparia na sociedade.

As crianças das classes mais abastadas eram educadas por

preceptores particulares, não tendo freqüentado escolas até o início do século

XX, e os filhos dos pobres, desde muito cedo, eram considerados força

produtiva, não tendo a educação como prioridade.

Com o início da Revolução Industrial, as mulheres para ajudar no

orçamento familiar, além de realizarem os seus trabalhos domésticos, tiveram

que passar a trabalhar fora. Como não tinham com quem deixar seus filhos,

surgiram então às creches e as instituições de cunho assistencialistas.

No século XX, as creches são vistas como uma solução para a

superação da miséria, da pobreza e da negligência familiar. Assim são criadas

instituições que funcionavam como depósitos. Seu atendimento era destinado

a atender as preocupações sanitárias e filantrópicas. Consequentemente o

trabalho da creche no século XX recebe grande influência assistencialista e de

saúde. Portanto, as instituições não tinham enfoque para o trabalho

pedagógico e sim um trabalho predominantemente voltado para a alimentação

e cuidados de higiene.

Nos primeiros anos do século XX, algumas escolas da rede pública,

criaram o jardim da infância, que tinha como objetivo, a autonomia da criança e

a recreação, porém, apenas as crianças das classes de elite que a

frequentavam. Contudo, a pré-escola tinha a concepção de que a criança era

uma sementinha do jardim (escola) e as jardineiras (professoras) que iriam

cuidar das sementes para se desenvolverem em futuras plantinhas.

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Ao longo do século XX, cresceu o esforço pelo conhecimento da

criança, em vários campos do conhecimento.

2.1. Educação Infantil no Brasil

Na década de 30, começam a surgir projetos dentro do contexto social e

político. A criança era vista como alvo de intervenções sociais. Em relação as

crianças mais carentes existia a preocupação de medidas legais. Essas

medidas eram inspiradas no Código de Menores de 1927, onde a criança

começa a ser caracterizada como menor.

Com o objetivo de proteger o menor, foi criada em 1938, a casa do

pequeno jornaleiro. Somente a partir de 1940 é que surge a preocupação

voltada para a inclusão e exclusão social. Foi criado o Departamento Nacional

da Criança – ligado ao Ministério da Saúde e da Educação Pública – cujo

intuito era organizar e estruturar o atendimento a criança pequena e pobre.

Entretanto, a intenção principal era integrar ações que atingiam não só as

crianças, mas também aos jovens das famílias operárias com programas

assistenciais, nutricionais, de higiene e de capacitação para o mercado de

trabalho. Ainda nessa proposta, surge a Legião Brasileira de Assistência (LBA),

cuja finalidade era atender as mães e crianças na primeira infância inscritas

em programas de educação higiênica e apoio nutricional.

Na década de 60, com o objetivo de atender a criança que necessitava

de cuidados e das mães carentes que precisavam trabalhar fora para

sobreviver é que foi concretizada a criação de creches.

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Na década de 70, o processo de crescimento do país acentua-se cada

vez mais. Esse crescimento, somado a uma participação maior do mercado de

trabalho e a pressão dos movimentos sociais, levaram ao aumento de políticas

públicas e atendimento educacional voltada para a criança de quatro a seis

anos. Sendo que era uma educação compensatória que visava à

compensação de carências culturais, afetivas, deficiências lingüísticas e

defasagens afetivas oriundas das crianças de camadas populares.

Na década de 80, ocorre uma expansão significativa na Educação

Infantil no que se refere às crianças de zero a três anos. Portanto, para essa

faixa etária o enfoque da educação era voltado para os cuidados em relação à

saúde, à higiene, à alimentação, enquanto na faixa etária de quatro a seis anos

a educação era concebida como preparatório para ingressar no ensino

fundamental. Entretanto, na Constituição Federal de 1988, a educação na faixa

etária de zero a seis anos, que antes era assistencialista, passou a figurar

como direito e dever do Estado, numa perspectiva educacional, em resposta

aos movimentos sociais, já citados, em defesa dos direitos das crianças. É

responsabilidade do poder público municipal oferecer creches e pré-escolas a

todas as crianças cujas famílias desejem esses serviços ou deles necessitem.

A Constituição Federal no seu artigo 227 determina:

“É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à

criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida,

à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à

cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e

comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,

discriminação exploração, violência, crueldade e opressão”.

É de suma importância considerar a criança como um todo e promover

seu desenvolvimento integral e sua inserção na sociedade.

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Assim, na década de 90, iniciou-se pelo direito assegurado na

Constituição Federal de 1988, a primeira que reconhece a educação infantil

como direito das crianças de zero a seis anos de idade, dever do Estado e

opção da Família; o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069, de

1990), que afirma os direitos das crianças e as protege; e a Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional (LDB) 9324/96, que reconhece a educação

infantil como primeira etapa da educação básica.

Em 1993 foi elaborado o Plano Decenal de Educação para Todos que

estabeleceu a meta de ampliação do Ensino Fundamental para nove anos,

destinado a cumprir as resoluções da Conferência Mundial de Educação para

Todos realizada em Jomtien, na Tailândia, em 1990, pela UNESCO, UNICEF e

Banco Mundial. Foi um marco político e constituiu um compromisso em

reafirmar que todos dominem os conhecimentos indispensáveis à

compreensão do mundo em que vivem.

A partir de 2000, a educação infantil, pauta de diversos fóruns de debate

espalhados por todo o Brasil, passa a ser vista como uma necessidade da

sociedade contemporânea, caracterizando-se por um espaço de socialização,

de troca, de ampliação de experiências e conhecimentos, de acesso a

diferentes produções culturais.

No Plano Decenal de Educação para Todos, o governo brasileiro

assume o compromisso de garantir a satisfação das necessidades básicas de

educação de seu povo, cujo objetivo mais amplo é assegurar, até o ano de

2003, a crianças, jovens e adultos, conteúdos mínimos de aprendizagem que

atendam a necessidade as necessidades elementares da vida contemporânea.

O Plano Nacional de Educação foi instituído sob a Lei nº 10.172, de 09

de janeiro de 2001. Determina em seu art.2º que os estados, o Distrito Federal

e os municípios com base no Plano Nacional de Educação, elaborem planos

decenais correspondentes. Visto que as metas nacionais representam um

quadro possível e necessário para todo o país, mas que, em cada ente

federativo, se dá diferentemente, em decorrência do estágio em que se

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encontram cada um dos níveis e modalidades de ensino e das questões

administrativas, financeiras e técnicas da educação em seu território e sua

rede de ensino. Considerando que estados e municípios são entes autônomos,

com sistemas de ensino próprios, cada um terá de elaborar seu plano decenal,

em consonância com o nacional, expressando suas diretrizes, objetivos e

metas. Sendo aprovado em 2001 o Plano Nacional de Educação, que assim se

expressa em relação às competências dos entes federado;

“Na distribuição de competências referentes à Educação Infantil, tanto

a Constituição Federal quanto a LDB são explicitadas na co-

responsabilidade das três esferas do governo – município, estado e

União – e da família. A articulação com a família vista mais do que

qualquer outra coisa, ao mútuo conhecimento de processos de

educação, valores, expectativas, de tal maneira que a educação

escolar e a familiar se complementem e se enriqueçam produzindo

aprendizagens coerentes, mais amplas e profundas. Quanto às

esferas administrativas, a União e os estados atuarão

subsidiariamente, porém necessariamente, em apoio técnico e

financeiro aos municípios, consoante ao art.30, VI, da Constituição

Federal.” (MEC, 2006).

É um direito constitucional a educação de crianças de zero a seis anos

e, ressaltando a importância desta faixa etária, a primeira meta de Educação

para Todos é expandir e aperfeiçoar o cuidado e a educação abrangentes na

primeira infância, especialmente para as crianças mais vulneráveis e

desfavorecidas. O Plano nacional de Educação (PNE), em consonância com

os princípios da Educação para Todos, estabelece metas relevantes de

expansão e de melhoria da qualidade da Educação Infantil com o objetivo de

incentivar estados e municípios a elaborarem seus planos locais de educação,

contemplando neles a Educação Infantil.

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Em 1998, foi elaborado o Referencial Curricular Nacional para a

Educação Infantil (RECNEI) pelo Ministério da Educação e Cultura no contexto

da definição dos Parâmetros Curriculares Nacionais – mais uma ação do

governo no campo das reformas em andamento – que atendiam ao

estabelecido no art. 26 da LDB em relação à necessidade de uma base

nacional comum para os currículos. Concebendo que a educação possa atuar

decisivamente no processo de construção da cidadania, tendo como meta o

ideal de uma crescente igualdade de direito entre os cidadãos, baseados nos

princípios democráticos. O RECNEI consiste num conjunto de referências e

orientações pedagógicas, não se constituindo como base obrigatória à ação

docente.

Durante anos, a visão que se tinha das instituições que cuidavam de

crianças pequenas tinha sua finalidade exclusivamente social, ou seja, o

atendimento era para crianças de baixa renda como estratégia de combate à

pobreza, fez com que essas instituições ficassem com seu foco de atuação

compensatório, sanando supostas faltas e carência das crianças e famílias.

Nessa perspectiva, a concepção educacional era assistencialista.

Com o passar dos anos, a luta dos movimentos sociais fez garantir por

lei o direito a todos à educação Infantil, garantindo um ambiente físico onde as

crianças sintam-se seguras, e ao mesmo tempo esse ambiente deve ser

desafiador para possibilitar que amplie seu conhecimento.

Em geral, a Educação Infantil, enquanto campo de conhecimento, de

atuação profissional, vem ganhando contornos mais nítidos e com isso as

discussões que emanam de seu interior adquirem maior viabilidade e

consciência. Favorece essa trajetória a crescente compreensão sobre os

processos envolvidos no crescimento e desenvolvimento das crianças desde

que nascem, bem como nas formas de apropriação de significados e na

consolidação dos direitos a elas consignados pela sociedade brasileira.

Com a garantia assegurada pela legislação, a Educação Infantil deve

passar por mudanças nas áreas administrativas e pedagógicas, dentre elas

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pode-se enfatizar vários aspectos citados na legislação: a integração das

instituições que atendem crianças de zero a seis anos aos sistemas

educacionais; a implementação de projetos pedagógicos que consideram a

criança na sua totalidade; a articulação com famílias e comunidade; a

formação específica dos profissionais e a integração do cuidar e educar nas

atividades cotidianas.

Para se fazer uma proposta renovadora de trabalho para Educação

Infantil deve-se aproximá-la de um contato dinâmico, vivo, de aprendizagem e

são necessários muitos conhecimentos. Deve-se ter uma visão sócio-política,

antropológica, cultural e pedagógica da instituição.

É preciso garantir um atendimento de qualidade que favoreça o

desenvolvimento das crianças enquanto cidadãos capazes de colaborar e lutar

por um país melhor.

A partir deste momento, remetemo-nos a reflexão da importância do

desenho para o desenvolvimento da criança.

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3. A IMPORTÂNCIA DO DESENHO PROMOVENDO O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

“Antes eu desenhava como Rafael, mas precisei de toda uma

excelência para aprender a desenhar como as crianças”. Picasso.

Afetividade, compromisso, criatividade, imaginação e o desejo de

contribuir para uma educação mais digna e prazerosa, são sentimentos que a

autora desta monografia como educadora e artista plástica se propõe a

direcionar o seu olhar, para compreender o desenho como atividade infantil,

socialmente construída.

Atualmente, as instituições de educação infantil devem tornar acessíveis

a todas as crianças que as frequentam elementos da cultura que enriquecem

seu desenvolvimento e sua inserção social, tendo um papel socializador.

Devem contribuir para o desenvolvimento da identidade das crianças, e propor

aprendizagens em situações de interação. O desenho é uma atividade

sociocultural aprendida, não se nasce sabendo desenhar, da mesma forma

que não há aquele que não possa aprender a fazê-lo.

Durante o período de trabalho junto com as crianças na educação

infantil, vivenciamos diferentes produções gráficas. Neste trabalho destacamos

a atividade simbólica na criança sobre o desenho. Discutiremos de forma

sucinta, ancorada na concepção sócio-histórica, o conceito de representação

no ato de desenhar infantil como atividade compartilhada e socialmente

construída, entendendo assim a ação de desenhar como individualmente

produzida e coletivamente significada.

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Vygotsky apresenta relevantes considerações sobre a compreensão do

desenho. Enfatiza em sua formulação teórica, a interação social, permeada

pela linguagem, como fonte primeira para a interpretação do desenho. Ao

entendermos a criança como sujeito ativo, histórico, social e cultural,

desvinculado de níveis evolutivos, pretendemos olhar da mesma maneira, seus

desenhos. Falamos do desenho como expressão, transbordamento, fruição.

Possibilidade singular de narrativa visual, desprovido de códigos

preestabelecidos ou convencionados.

O ato de desenhar na vida das crianças não é um fato contemporâneo.

As crianças sempre desenvolveram suas funções simbólicas tentando

compreender o mundo através do faz-de-conta, dos jogos e inclusive do

desenho. A arte do desenho não é uma cópia da realidade, mas a expressão

da sabedoria da criança. Desde as épocas mais remotas da humanidade,

diferentes gerações deixaram registradas com desenhos, aspectos variados do

contexto vivido. Nesses registros, vemos que os desenhos retratam a vida de

cada civilização. Desde muito pequena a criança encontra-se em um mundo

em constante expansão na qual atua e que se esforça para conhecer, saber

como funciona, o seu mundo social, de relação e sentimentos, com o qual se

relaciona enquanto se esforça na construção de sua identidade.

As primeiras produções gráficas das crianças encantam pela sua

beleza, pela síntese do humano que encerram e pela poesia. No início, a

criança desenha pelo prazer de riscar sobre o papel e pesquisa formas de

ocupar a folha.

“A criança se exprime naturalmente, tanto do ponto de vista verbal,

como plástico ou corporal, e sempre motivada pelo desejo da

descoberta e por suas fantasias. (...) Por isso, quando ela

desenha,pinta, dança e canta, o faz com vivacidade e muita emoção”.

(FERRAZ, 1999, p. 55).

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No desenhar, a criança cria situações imaginárias que lhe possibilita

viver o mundo dos adultos. O desenho é uma forma de expressão de como a

criança vê o mundo e suas particularidades, representado situações que lhe

interessam. Enquanto desenha, o seu conhecimento de mundo se amplia, pois

pode desenhar o carro do pai, o monstro que corre atrás da sua irmã (como no

sonho ou pesadelo) e outros.

“A criança que está fantasiando em suas histórias, brincadeiras,

desenhos e, de modo geral, misturando sonho e realidade, está

fazendo uso mais intenso da inteligência e está se aproximando cada

vez mais de conquistar uma nova visão de mundo”. (SANS, 1995,

p48, apud FERREIRA, 2008, p.35).

Vygotsky (1987) analisa o desenho infantil. Não estabelece uma relação

fixa entre a idade e estágios do desenho. Apresenta uma abordagem baseada

em etapas, ao dividir em quatro fases o processo do desenvolvimento do

grafismo. Grafismo é o resultado de uma tendência natural, expressiva. O

processo de desenvolvimento gráfico infantil está ligado ao desenvolvimento

físico, social, intelectual e afetivo - emocional da criança. Ele efetua um recorte

no desenvolvimento cultural do grafismo infantil, desprezando a fase inicial,

isto é, a fase simbólica do desenho. Sem abordar as garatujas e rabiscos, este

autor inicia sua análise a partir do desenho figurativo que se desdobra nas

etapas: 1- Etapa simbólica – é a fase dos conhecidos bonecos “cabeças-pé”

que representam, a figura humana. É o momento em que as crianças

desenham os objetos “de memória” sem se preocuparem em desenhar com

fidelidade o que esta sendo representado. Também representam os desenhos

chamados de “desenhos-radiografias” onde as crianças desenham pessoas

vestidas mostrando suas pernas sobre a roupa; 2-Etapa simbólico-formalista –

é a etapa na qual já se percebe maior elaboração dos traços e formas do

grafismo infantil. Há uma espécie de mescla de aspectos formalistas e

simbolistas na representação plástica nesta etapa. A criança esforça-se em

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fazer suas representações mais verdadeiras possíveis, mas os “desenhos-

radiografias” continuam sendo representados; 3- Etapa formalista veraz - é o

período em que o simbolismo que se encontrava presente nas representações

típicas das duas etapas anteriores definitivamente acaba. Nesta fase, as

representações gráficas são fiéis ao aspecto observável dos objetos

representados, mas a criança ainda não faz uso das técnicas projetistas e 4-

Etapa formalista plástica - é o estágio final, da imagem plástica, em que o

objeto é representado em perspectiva, refletindo seu aspecto real.

Nessa caracterização, a criança passa pelas etapas do desenho

naturalmente.

“Vygotsky enfatiza a importância de se desenvolver a imaginação

infantil com o objetivo de preparar a criança para o futuro, sendo que

para isso são fundamentais a riqueza e a variedade de experiências

vividas”. (SILVA, 2002, p.23).

A criança desenha para falar e poder registrar a sua fala. O desenho é a

sua primeira escrita. Para deixar a sua marca, antes de aprender a escrever a

criança se serve do desenho. A criança desenha para falar de seus medos,

suas descobertas, suas alegrias e tristezas. Ela percebe que pode representar

graficamente um objeto. É o indício de que o desenho é precursor da escrita.

Como diz Mário de Andrade: “O desenho fala, chega a ser uma espécie de

escritura, uma caligrafia”.

Vygotsky enfatiza a importância da escrita no desenvolvimento cultural

da criança, situando o desenho como um estágio anterior e preparatório à

linguagem escrita.

A fala durante a atividade gráfica possibilita uma multiplicidade de ações

sobre o desenho e a própria linguagem.

“O desenho provoca determinadas verbalizações, enquanto está

sendo produzido, e a fala, por outro lado, promove uma série de

marcas gráficas. Linguagem verbal e desenho estão ligados de

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múltiplas maneiras, que se mostram e interpenetram no decorrer da

atividade gráfica”. (SILVA, 2002, p.12).

Nós educadores, devemos ampliar o nosso olhar para ver além dos

padrões e procurar ver nas crianças, sempre o que elas já têm e não o que

lhes falta. O processo de criação é resultado de inúmeros fatores e o meio

social e cultural estão fortemente presentes como experiências marcantes, são

constituintes da história de vida, de um modo particular de interação com o

mundo de busca pela expressividade. A vivência/experiência é parte

fundamental do processo criativo da criança. Os produtos são tão mais

elaborados, variados, com qualidade estética, quanto mais rica for sua

trajetória.

“A criatividade é transmitida com ações e vale a pena lembrar que o

processo de desenvolvimento na criança começa com a formação do

professor. Aqueles que não tiveram a oportunidade de conceituar a

importância de fazer desabrochar o pensamento criador necessitam,

mesmo com atraso, de ‘aprender’ a criatividade. Esse aprender dá-se

no sentido de assimilar seu sentido, compreender a sua maneira de

pensar e agir”. (PEREIRA, 2002, pp. 121-122).

Na opinião de FERRAZ e FUSARI (1993), quando o educador sabe

intermediar os conhecimentos, ele é capaz de incentivar a construção e as

habilidades do ver, do observar, do ouvir, do sentir, do imaginar e do fazer,

assim como suas representações. O importante é que o adulto procure

estimular sempre a criança fazendo, com que ela se expresse da forma mais

criativa possível. Caso isso não aconteça, a criança perderá a confiança na

sua capacidade de criar e se expressar ou, até mesmo com o tempo, deixar de

desenhar, como acontece com muitas crianças e adolescentes.

“O homem cria, não apenas porque quer, ou porque gosta, e sim

porque precisa; ele só pode crescer, enquanto ser humano,

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coerentemente, ordenando, dando forma, criando”. (OSTROWWER,

1978, p. 9 apud FERREIRA 2008, p, 52).

Percebemos a criança como capaz de expressar-se e, então, fazê-la

sentir-se convidada, desafiá-la a isso, é parte fundante de uma pedagogia da

educação infantil.

“Do educador, espera-se fornecer a criança equilíbrio e formação

convenientes para que a aptidão natural não desapareça, mas

continue sempre ‘crescendo’”. (PEREIRA, 2002, pp.120-121).

No desenvolvimento infantil, o desenho tem como principal função, a

possibilidade de oferecer a representação da realidade. “Trazer os objetos

vistos no mundo para o papel é uma forma de lidar com os elementos do dia-a-

dia”. (Revista Nova Escola, 2009). Mais cedo ou mais tarde, todos os

pequenos se interessam em registrar no papel algo que seja reconhecido pelos

outros. Com o tempo, a criança busca registrar as coisas do mundo. Conforme

a criança vai crescendo, o seu desenho vai ganhando complexidade,

impulsionando assim, o seu desenvolvimento cognitivo e expressivo.

“A criança olha, cheira, toca, ouve, se move, experimenta, sente,

pensa. Desenha com o corpo, canta com o corpo, sorri com todo o

corpo. Chora com todo o corpo. O corpo é

ação/pensamento”.(Martins, 1998, p.96).

Para OSTROWER (1978), “a criatividade é um potencial inerente ao

homem, e a realização desse potencial uma de suas necessidades”.

Corroborando com Ostrower, o desenho é para a criança um campo imaginário

em que ela poderá desenvolver a imaginação criadora e relevar a sua

subjetividade.

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Neste momento apresentamos as produções gráficas das crianças da

educação infantil com quem vivenciamos para aproximar a teoria da prática, de

acordo com as etapas do grafismo segundo Vygotsky. Ver anexos páginas 40

e 41.

“A criança em um determinado momento, percebe que tudo que está

depositado no papel partiu dela. Não lhe foi dado, foi inventado por ela

mesma. Inaugurou-se o termo da criação”. (DERDYK, 2003, p.64,

apud FERREIRA, 2008, p.21).

PORCHER (1982) afirma que o desenho é um ato de inteligência,

desenhar é um ato inteligente. Isto quer dizer notadamente que, para as

crianças, ele representa uma das maneiras fundamentais de apropriar-se do

mundo e, em particular do espaço.

Podemos afirmar que isso significa:

“Aqui como nos outros campos, o objetivo não dever ser a formação

de desenhistas profissionais e de especialistas; trata-se de dar a cada

um os meios de expressar-se e, através disso, de dotá-lo dos

instrumentos sensoriais e mentais necessários para as suas relações

com o mundo”. (PORCHER, 1982, p.107, apud FERREIRA, 2008,

p.21).

Diante disso, cabe ao professor, principalmente da educação infantil,

incentivar a criação da criança por meio de seu próprio esforço, levando-a a

descobrir por si só, a inventar e criar suas idéias. O professor deve procurar

sensibilizar a criança em relação ao meio em que ela vive. Deve incentivá-la

sempre que conseguir expressar sua própria experiência, retratando elementos

do seu cotidiano. Cabe ao professor ser compreensivo e afetuoso, encorajando

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sempre as crianças a expressarem suas ideias, encorajando a individualidade

e a originalidade.

“A criança está em constante assimilação de tudo aquilo com que

entra em contato no seu meio ambiente; compete ao professor saber

lidar com os fatos em sala de aula, constituindo a sua metodologia de

trabalho”. (FERRAZ, 1999, p.49).

Segundo VYGOTSKY (1998), o processo de formação de pensamento é

despertado e acentuado pela vida social e pela constante comunicação que se

estabelece entre crianças e adultos, a qual permite a assimilação da

experiência de muitas gerações.

Para SILVA (2002), o desenvolvimento do grafismo é marcado pelo real

e pela cultura, mas especificamente, pelas interações sociais, que são

mediadas pela linguagem.

A atividade gráfica favorece entre as crianças momentos de mútua

cooperação. Ao observar os desenhos de seus colegas, compara com o seu

próprio e com os demais e com isto, consegue perceber as diferenças e /ou as

semelhanças existentes. Durante esta interação, a criança pode modificar e

acrescentar traços aos seus desenhos, em função do modelo fornecido pelo

companheiro, ou pela professora.

“O intercâmbio entre a professora e as crianças, é muito rico, porque

permite uma troca de experiências gráficas em um plano bastante

informal e lúdico. As interferências no desenho da criança geram

mudanças no próprio desenho e em seu autor. Graficamente, a

criança tem possibilidades de acrescentar detalhes e/ou figuras

inteiras ao seu trabalho, gerando novas formas. E as alterações

repercutem nos processos psíquicos envolvidos na execução do

grafismo: percepção, memória e conceitualização”. (SILVA, 2002,

p.90).

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Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, a criança que exercita

continuamente a sua imaginação está mais preparada para realizar atividades

de outras áreas de conhecimento, como textos mais ricos, relações mais

amplas, com períodos históricos ou estratégias pessoais para resolver

problemas.

É necessário destacar a importância da arte no processo educativo para

o desenvolvimento da criança, como sujeito que se expressa e se insere no

mundo. O educador tem como função possibilitar à criança transformar a

realidade, o que só pode acontecer se o próprio educador puder refletir acerca

de sua prática pedagógica.

Para Almeida (1981), é fundamental que exista um maior conhecimento

do docente sobre a atividade gráfica como processo que envolve ações

compartilhadas entre sujeitos e gera desenvolvimento e aprendizagem.

“Entreguem à criança somente o essencial, não tentem ensinar-lhes

como se desenha, e sim incentivem nelas o uso (...) de seus materiais

exteriores e interiores. A emoção dominante da verdadeira arte infantil

deve ser a alegria da revelação! Que formoso é o mundo! Eu o vejo

assim e assim posso fazê-lo! Um professor que tenha experimentado

esse sentimento de maravilha e delícia pode ser o professor da arte

infantil. Um professor de arte, que seja triste, é uma contradição, pois

mesmo que possuísse todos os conhecimentos do mundo nada tiraria

dele. Coagir as crianças e coibir seu poder de criar será sempre mais

perigoso que deixar que elas se desenvolvam livremente”. (Marino,

1988, p. 139).

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CONCLUSÃO

A Educação Infantil abrange uma fase que tem sido considerada um

período de fundamental importância para a constituição da identidade do ser

humano, caracterizando-se pelo desenvolvimento integral da criança. Surge

então, cada vez mais, a preocupação na elaboração de propostas educativas

que atendam as necessidades e as especificidades das crianças.

A infância é uma construção social. A criança precisa ser cuidada,

educada e preparada para a vida futura. É preciso planejar práticas

pedagógicas que priorizem na criança possibilidades de construírem seus

conhecimentos de forma crítica e criativa.

As crianças aprendem interagindo com o seu ambiente e transformando

ativamente seus relacionamentos com o mundo dos adultos, das coisas, dos

eventos e, de maneiras originais, com seus pares.

Nesse contexto, surge um questionamento que trabalhar com o desenho

infantil desde a creche, pode auxiliar no desenvolvimento infantil, cuja hipótese

do projeto desta pesquisa afirmava que os primeiros anos de vida são

fundamentais para o desenvolvimento infantil. Portanto, é importante a

utilização do desenho na Educação Infantil, não somente pelo simples fato das

crianças desenharem, mas como um importante instrumento de trabalho.

A hipótese levantada anteriormente é verdadeira e pode ser confirmada

relembrando o terceiro capítulo, que se refere à importância do desenho da

criança promovendo o seu desenvolvimento, além de ser um importante

instrumento para situações de ensino-aprendizagem.

Além disso, o desenho infantil proporciona o desenvolvimento cognitivo,

afetivo, social e emocional, consequentemente organiza as habilidades já

dominadas pela criança, estimula a imaginação, explora a criatividade,

desencadeando assim, um processo de desenvolvimento pleno da criança.

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No processo de construção de conhecimento, o professor participa

como mediador, promovendo oportunidades desafiadoras, para facilitar o

entendimento da realidade tornando a aprendizagem significativa.

O educador infantil deve estar em constante processo de formação,

pesquisa, investigação e observação, para que se sinta efetivamente parte

desse enredo tão gratificante que se traduz no ato de educar.

Em função do exposto a criança, como todo ser humano, é um sujeito

integrante de uma sociedade, que deve ter uma infância enriquecedora, ou

seja, recebendo estímulos que favoreçam o seu desenvolvimento. É

importante que a família tenha condições de contribuir para a formação da

criança. Não só a família, como também a creche, a escola, pois a criança

recebe influência do meio que está inserida.

O desenvolvimento infantil descrito nessa pesquisa foi baseado nos

estudos de Vygotsky. Sugere-se então que novas pesquisas sejam realizadas

sobre o desenvolvimento infantil de acordo com outros estudiosos, como

Piaget, relacionando e confrontando com as idéias de Vygotsky.

Outras questões podem ser estudadas, como a importância da

formação do profissional de Educação Infantil, visto que nessa fase a criança

está em constante desenvolvimento. A formação do profissional que atua com

crianças contribui para sua prática pedagógica.

Outra sugestão seria o aprofundamento sobre o desenho infantil

baseado nos estudos de Piaget.

Espera-se que esta pesquisa tenha contribuído para o aprofundamento

teórico sobre a relação entre a importância do desenho e a Educação Infantil.

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ANEXOS

Bianca – 4 anos

Bruna – 4 anos

Bruna – 4 anos Juliana – 4 anos

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Rafael – 5 anos Gabriele – 6 anos

Carlos – 6 anos Clara – 7 anos

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João Vitor – 9 anos

João Luís – 12 anos

Matheus – 12 anos

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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ÍNDICE

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FOLHA DE ROSTO

2

AGRADECIMENTO

3

DEDICATÓRIA 4

EPÍGRAFE 5

RESUMO 6

METODOLOGIA 7

SUMÁRIO 8

INTRODUÇÃO 9

1. DESENVOLVIMENTO INFANTIL: UM OLHAR A PARTIR DA TEORIA DE

LEV SEMYONOVITCH VYGOTSKY 12

2. EDUCAÇÃO INFANTIL – UM BREVE HISTÓRICO

23

2.1 Educação Infantil no Brasil 25

3. A IMPORTÂNCIA DO DESENHO PROMOVENDO O DESENVOLVIMENTO

DA CRIANÇA 31

CONCLUSÃO 40

ANEXOS 42

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 45

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

CURSO: EDUCAÇÃO INFANTIL E DESENVOLVIMENTO

NOME: MARIA REGINA PACHECO DO ESPÍRITO SANTO

ORIENTADORA: PROFESSORA MARY SUE PEREIRA

TÍTULO: O DESENHO PROMOVENDO O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO,

AFETIVO E EMOCIONAL DA CRIANÇA.

DATA DA ENTREGA:

AVALIAÇÃO:

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