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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O USO DA LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Por: Ana Luzia de Queiroz Salles Guadelupe Fernandes de Almeida
Orientador
Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho
Brasília
2015
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O USO DA LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada
como requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Educação Infantil - Desenvolvimento
Por: Ana Luzia de Q. S. G. Fernandes de Almeida
3
AGRADECIMENTOS
Aos amigos de profissão que tanto me
auxiliaram nessa trajetória, em especial a
Escola Pedacinho do Céu, onde aprendi o
verdadeiro sentido de ser Educadora.
4
DECICATÓRIA
“Brincar não é perder tempo, é ganhá-lo. É triste ter meninos sem escola, mas
mais triste é vê-los em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a
formação humana”.
Carlo Drummond de Andrade
Dedico-a, primeiramente, a Deus, a minha querida mãe, ao meu amado marido e a
minha carinhosa filha.
5
RESUMO
Este trabalho monográfico tem por objetivo descrever e demonstrar a
importância do uso de atividades lúdicas para a formação social e no desenvolvimento
físico, cognitivo, comportamental de crianças na idade da Educação Infantil. O
brinquedo é oportunidade de desenvolvimento, porque assim, a criança experimenta,
descobre, inventa, aprende e confere habilidades. Além de estimular a curiosidade, a
autoconfiança e a autonomia, proporcionando o desenvolvimento da linguagem, do
pensamento e da concentração e ação. É apresentada as várias funções que a
utilização da ludicidade dentro da escola de Educação Infantil pode assumir, assim
como o papel do professor ao manusear tais brincadeiras com seus educandos. É
analisado o uso de atividades lúdicas numa escola que utiliza uma proposta
Construtivista, Escola Pedacinho do Céu, com crianças de 4 e 5 anos. Foi feito um
pequeno resumo sobre o que os principais autores da área educacional dizem a
respeito da utilização de brincadeiras no espaço estudantil. E, também, explicam-se os
vários tipos de jogos existentes, definindo-os assim como os exemplificando. Com
isso, espera-se que professores e pais percebam a importância do brincar para o
desenvolvimento integral das crianças de Educação Infantil.
6
METODOLOGIA
Para a realização deste estudo monográfico que possui o tema “O uso da
ludicidade na Educação Infantil” foram utilizados diversos meios, tais como, livros,
sites de internet, artigos, reportagens e revistas que tratassem do tema, pois se
acredita ainda ser pouco utilizado, ou quando usado, na maioria das vezes não tem
uma sequência didática correta, pois grande parte dos educadores faz uso de
atividades lúdicas somente para passar o tempo. Em seguida, com as leituras
realizadas, foram feitas as observações em sala de aula com crianças de 4 e 5 anos
da Escola Pedacinho do Céu. Após essas etapas, seguiu-se para a parte de
elaboração da pesquisa.
7
INDICE
INTRODUÇÃO
08
CAPÍTULO I – O PAPEL DA LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
12
CAPÍTULO II – DIFERENTES PERSPECTIVAS DE COMPREENSÃO DO LÚDICO
19
CAPÍTULO III – RELATOS DE OBSERVAÇÃO
28
CONCLUSÃO
33
REFERÊNCIAS
36
8
INTRODUÇÃO
Este estudo monográfico pretende abordar a importância da aplicação
de atividades lúdicas no processo de ensino-aprendizagem de crianças na
Educação Infantil.
Foi escolhido esse tema por acreditar na necessidade do brincar, por se
acreditar que brincar é indispensável à saúde física, emocional e intelectual da
criança, o que irá contribuir, no futuro, para a eficiência e o equilíbrio do adulto.
o ato de brincar é parte integrante da vida do ser humano, e tem sua história
marcada desde a vida intra-uterina. O primeiro brinquedo da criança é o cordão
umbilical da mãe, onde, a partir da 17ª semana, através de toques, apertos,
puxões, o bebê começa a criar uma relação dessa ordem.
Por esse motivo, o trabalho com jogos tornou-se uma peça fundamental
na medida em que sua estrutura e dinâmica estão presentes em todos os
períodos do desenvolvimento e da socialização do ser humano enquanto
cidadão. Jogar representa momentos de elaboração de hipóteses, construção
de pontos de vista distintos, garante uma socialização possibilitando a
exploração e apropriação do espaço e do tempo.
E, também, por considerar o jogo como uma peça fundamental de
sustentação da cultura social, bem como forma de atividade que permite o
ingresso do sujeito no mundo das regras. O brincar faz parte da natureza
humana infantil social, pois é através da brincadeira, do jogo, que a criança,
utilizando-se da imaginação, mediatiza os conflitos gerados pela tensão entre a
realidade e as frustrações de nem sempre poder realizar seus anseios.
Acredita-se que quando brincamos com a criança não perdemos tempo e, sim
ganhamos, pois é a melhor forma de iniciar a formação dos seres humanos.
Conforme Kishimoto (1993),
9
“O jogo e a criança caminham juntos desde o
momento em que se fixa a imagem da criança
como ser que brinca. Portadora de uma
especificidade que se expressa pelo ato
lúdico, a infância carrega consigo as
brincadeiras que se perpetuam e se renovam
a cada geração. (p. 11)
Brincando, a criança se inicia na representação de papéis do mundo
adulto que irá desempenhar mais tarde. Desenvolve capacidades físicas,
verbais e intelectuais, tornando capaz de se comunicar. O jogo ou brinquedo
são, portanto, fatores de comunicação mais amplos do que a linguagem, pois
propiciam o diálogo entre pessoas de diferentes idades e de diferentes
culturas. Inserir brincadeiras, jogos, atividades interativas nos primeiros anos
da educação infantil é algo que tem favorecido o percurso da criança da escola.
Através do lúdico a criança começa a desenvolver sua capacidade de
imaginação, abstração e aplicar ações relacionadas ao mundo real e ao
fantástico.
O lúdico na educação infantil tem sido um dos instrumentos que
fomentam um aprendizado de qualidade para a criança, a partir das técnicas
que promovem o desenvolvimento das habilidades fundamentais nesse
processo. Nesse sentido, esse trabalho tem a finalidade de compreender a
inserção da criança e das atividades lúdicas no contexto da educação infantil e
os reflexos dessa prática em seu desenvolvimento global.
O lúdico na educação infantil tem sido uma das estratégias mais bem
sucedidas no que concerne à estimulação do desenvolvimento cognitivo e de
aprendizagem de uma criança. Essa atividade é significativa por que
desenvolvem as capacidades de atenção, memória, percepção, sensação e
todos os aspectos básicos referentes à aprendizagem.
10
A escola e o educador atuam em parceria a fim de direcionar as
atividades com o intuito de desmontar a brincadeira de uma ideia livre e focar
em um aspecto pedagógico, de modo que estimulem a interação social entre
as crianças e desenvolva habilidades intelectivas que respaldem o seu
percurso na escola.
Por várias vezes, com o aumento das tarefas diárias, o tempo de brincar,
tanto na escola como em seus lares, tem diminuído. Poucos são os pais que
brincam com seus filhos, pois acreditam que esse papel se deve, tão somente
à escola. E na verdade, o brincar com uma criança deve ser realizado
diariamente tanto em casa como na escola. Se os pais soubessem o quão
gratificante é para uma criança esse momento, talvez o fizessem com mais
frequência. Pois pouco se sabe e se discute com os responsáveis sobre a
importância desse momento para o desenvolvimento e a afetividade de cada
criança.
É importante criar uma parceria entre escola, família e criança a fim de
explicitar os benefícios do ato de brincar na educação infantil, visto que além
de deixar as crianças mais alegres, possibilita o desenvolvimento de
habilidades físicas, motoras, cognitivas, etc. Ocorre que quando as crianças
têm essa estimulação na escola e no contexto familiar, os benefícios têm um
valor muito maior.
Desenvolver o lúdico no contexto escolar exige que o educador tenha
uma fundamentação teórica bem estruturada, manejo e atenção para entender
a subjetividade de cada criança, bem como entender que o repertório de
atividades deve estar adequado as situações.
É interessante que o jogo lúdico seja planejado e sistematizado para
mediar avanços e promover condições para que a criança interaja e aprenda a
brincar no coletivo, desenvolvendo habilidades diversas.
No capítulo seguinte, é feita uma descrição sobre a importância do papel
da ludicidade no processo ensino-aprendizagem de crianças de 0 a 6 anos –
Educação Infantil, assim como se define os vários tipos de jogos que existem,
11
dando exemplos para cada um. E também, descreve-se qual o papel do
professor em sala de aula e quais os motivos a serem analisados ao se utilizar
os jogos.
A brincadeira vai desde a prática livre, espontânea, até como uma
atividade dirigida, com normas e regras estabelecidas que têm objetivo de
chegar a uma finalidade. Os jogos podem desenvolver a capacidade de
raciocínio lógico, bem como o desenvolvimento físico, motor, social e cognitivo.
No segundo capítulo, é feito o embasamento teórico, no qual trata dos
principais autores que abordam sobre o tema - Ludicidade na educação infantil.
No próximo capítulo há um relato de observações realizadas em uma
escola que segue uma linha construtivista, onde será descrito toda a rotina e
como é utilizado o recurso dos jogos.
Por fim, a conclusão, no qual são demonstradas as considerações finais
sobre o trabalho de pesquisa, o que irá confirmar a importância de usar as
atividades lúdicas no processo de aprendizagem, e comprovar que a
ludoeducação é fundamental para o aprendizado e o desenvolvimento –
intelectual, cognitivo, físico, motor – do educando.
12
CAPÍTULO I
O PAPEL DA LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Jogar é plenamente viver. (ANTUNES, 2003.)
Este estudo monográfico pretende abordar a importância da ludicidade
na Educação Infantil. Mostrar o quão prazeroso é o brincar para as crianças na
faixa etária de 2 a 6 anos, assim como a aprender em situações de diversão e
desenvolver suas habilidades motoras, cognitivas e psicossociais.
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, a Educação Infantil
compreende crianças de 0 a 5 anos e seu papel fundamental é o CUIDAR da
criança em espaço formal, contemplando a alimentação, a limpeza e o lazer
(brincar). Também é seu papel EDUCAR, sempre respeitando o caráter lúdico
das atividades, com ênfase no desenvolvimento integral da criança. Devendo
ser trabalhados os seguintes eixos: Movimento, Música, Artes Visuais,
Linguagem Oral e Escrita, Natureza e Sociedade e Matemática.
O objetivo é o de desenvolver algumas capacidades, como: ampliar
relações sociais na interação com outras crianças e adultos, conhecer seu
próprio corpo, brincar e se expressar das mais variadas formas, utilizar
diferentes linguagens para se comunicar, entre outros. A ênfase da educação
infantil é ESTIMULAR as diferentes áreas de desenvolvimento da criança,
aguçar sua curiosidade, sendo que, para isso, é imprescindível que a criança
esteja feliz no espaço escolar.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais simbolizam uma proposta que
visa orientar as políticas educacionais em diferentes áreas territoriais do país e
contribuem para uma melhor eficiência e qualidade da nossa educação. Com
isso, os PCNs orientam:
13
“Sua proposta está situada nos princípios construtivistas e
apoia-se em um modelo de aprendizagem que reconhece a
participação construtiva do aluno, a intervenção do
professor nesse processo e a escola como um espaço de
formação e informação em que a aprendizagem de
conteúdos e o desenvolvimento de habilidades operatórias
favoreça a inserção do aluno na sociedade que o cerca e,
progressivamente, em um universo cultural mais amplo”.
(ANTUNES, 1998, p. 43.)
Ao observar as aulas, verificou-se que os alunos se interessavam mais
quando havia jogos, ou brincadeiras. Ou seja, quando o lúdico se torna
presente, ocorre mudanças comportamentais e atitudinais, pois se aprende
com mais motivação e sem perceberem que está construindo e adquirindo
novos conhecimentos, de acordo com Silveira (2005).
O jogo e a brincadeira estão presentes em todas as fases da vida dos
seres humanos, tornando especial a sua existência. Por isso, de alguma forma
o lúdico deve estar presente no ensino, dado que acrescenta um ingrediente
indispensável no relacionamento dos sujeitos envolvidos no contexto de
ensino-aprendizagem - a espontaneidade – favorecendo que a criatividade
aflore.
A brincadeira faz parte da infância de toda criança e quando usada de
modo adequado na Educação Infantil produz significado pedagógico, estimula
o conhecimento, a aprendizagem e o desenvolvimento. É no brincar que as
crianças podem utilizar a imaginação e vivenciar situações de formas diversas.
Para Antunes (2003), os jogos visam, essencialmente, estimular o
crescimento e aprendizagens e seriam melhor definidos se afirmássemos que
representam uma relação interpessoal entre dois ou mais sujeitos (mesmo que
um deles seja imaginário) realizada dentro de determinadas regras.
14
Antigamente, quando havia mais a presença da Educação Tradicional se
buscava a oposição entre o brincar e o aprender. Por causa disso, o “lugar de
brincar” não podia ser em sala de aula, pois esta era o “lugar de aprender”.
Felizmente esse pensamento está sendo superado e, hoje, há mais escolas em
que se fazem presentes as brincadeiras, também há brinquedotecas
espalhadas por todo o país.
Culturalmente a palavra “jogo” é confundida com competição. Por
exemplo, num jogo de futebol sempre há vencedores ou vencidos, caso ocorra
um empate, ambos sairão frustrados. Mas, do ponto de vista educacional, a
palavra jogo se distancia desse sentido de competição e se aproxima de sua
origem etimológica. Ou seja, refere-se àquele tipo de movimento que pode
terminar em vitória ou derrota, é uma atividade livre, permeada essencialmente
pela busca do prazer.
O lúdico tem sua origem na palavra “ludus” que quer dizer “jogo”. Se
achasse confinado em sua origem, o termo lúdico estaria se referindo ao jogar,
ao brincar, ao movimento espontâneo e inclui intenções lúdicas, estimula a
criatividade, a flexibilidade de pensamento e a alegria, controla os jogadores, e,
portanto, há uma relação interpessoal dentro de determinada regras. Podemos
entender que estamos, muitas vezes jogando, pois estamos interagindo dentro
de regras. É muito importante aprender com alegria. Enquanto se divertem, as
crianças se conhecem, aprendem e descobrem o mundo. A ludicidade é uma
necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista apenas
como diversão.
Existem dois tipos de brincar: o brincar livre e o dirigido. O brincar livre
conceitua-se pelo lúdico informal, geralmente no espaço familiar, de passeio,
de comunicação, de informação, de descobertas, de assistir televisão, enfim,
brincadeiras que, apesar de serem de iniciativa da criança, sem pretensões
educativas, assumem características de aprendizagem consideráveis para ela,
que se utiliza de conhecimentos pré-adquiridos e possibilitam a apreensão de
novos, para apropriar-se de seu entorno, desenvolvendo sua cultura lúdica.
15
No momento em que são oferecidos os jogos para os alunos, estes se
colocam dispostos a interagir, ou seja, eles brincam com vontade, se
relacionam entre si. Até mesmo se houver entre os alunos alguma divergência,
os jogos podem auxiliar a sanar tais mal-entendidos. Com isso, a ludicidade é
um recurso que pode ser utilizado para a aproximação entre os jogadores,
favorecendo a relação interpessoal de respeito e companheirismo.
Quando pais e professores jogam, ou simplesmente acompanham as
crianças brincando, deve-se ter em mente que “vencer” ou “não vencer” se
constitui em um fator irrelevante, porque a maior importância dos jogos e do
brincar é fazer com que a criança evolua em seu desenvolvimento intelectual e
motor. Com isso, a ludicidade se constitui de um importante mecanismo de
descoberta para as crianças e tem implicações importantíssimas em todas as
fases do desenvolvimento psicológico.
Antunes (2005, p.11) afirma que “jogar é plenamente viver”, ou seja, não
se pode admitir em um educador a ideia de classificar os jogos em “jogos que
divertem” e “jogos que ensinam”. Pois, os jogos, de maneira geral, são para
divertir, amadurecer, desafiar, ensinar e construir novas descobertas,
desenvolver e enriquecer a personalidade.
Para Antunes (2005):
“A aprendizagem é tão importante quanto o
desenvolvimento social, e o jogo constitui uma importante
ferramenta pedagógica, ao mesmo tempo, promotora do
desenvolvimento social. Mais ainda, o jogo pedagógico
pode ser um instrumento da alegria” (p. 14).
Complementando Antunes (2005), cito Paulo Freire (2005, p. 72) em que
afirma que “ensinar também exige alegria”, ou seja, tanto no aluno que brinca
como no professor que auxilia a brincadeira, a alegria se faz presente, pois
brincando se sentem mais à vontade, não têm um compromisso imposto de
aprender, se aprende involuntariamente. A aprendizagem emerge através da
diversão. Quando se está alegre tudo fica mais fácil, e com isso a
16
aprendizagem se desenvolve naturalmente, se aprende que as regras existem
e por isso têm de ser cumpridas. Assim há a socialização, visto que se
estabelece um convívio com outras crianças da mesma idade cronológica. Para
esse professor que faz uso da ludicidade em sala de aula a recompensa vem
na forma de aprendizagem e desenvolvimento, não só intelectual como
também social do seu educando. O professor percebe a alegria com que seus
alunos se desenvolvem nas brincadeiras e isso traz um retorno inestimável.
OS JOGOS EDUCACIONAIS BUSCAM:
• Estimular e aguçar a imaginação;
• A integração com outra criança.
• Liberação da emoção;
• Construção do conhecimento;
• Aquisição da autoestima;
• Inserção da criança na sociedade;
• Desenvolvimento físico, afetivo, intelectual, social, corporal e oral;
• Reduz a agressividade;
• Relaciona ideias;
• Estabelece relações lógicas.
CARACTERIZANDO OS JOGOS
● Jogos de Estratégia - os jogos de estratégia estão focados no
desenvolvimento e utilização da sabedoria e habilidades do usuário,
principalmente no que este ligado à construção ou administração do
objeto relativo a jogo. A criança deve empregar o seu pensamento para
solucionar problemas para jogar e ganhar; Jogos de cubo mágico ou de
sequência de cores é um exemplo desse tipo de jogo;
● Jogos de Ação - os jogos de ação auxiliam no desenvolvimento
psicomotor da criança, desenvolvendo reflexos, coordenação motora e
estimulando o processo de pensamento rápido, frente a uma situação
17
inesperada. O jogador deve reagir rapidamente às circunstâncias,
normalmente atirando, para continuar jogando e ganhar; Jogo de ludo e
lince;
● Jogos Lógicos - os jogos lógicos desafiam muito mais a mente do que os
reflexos; normalmente é temporizado, determinando um limite de tempo
para o jogador finalizar a tarefa. Nessa classificação estão incluídos
clássicos como xadrez e damas, bem como simples caça-palavras,
palavras-cruzadas e jogos que exigem resoluções matemática;
● Jogos de Aventura - os jogos de aventura se caracterizam pelo controle,
por parte do usuário, do ambiente a ser descoberto; Caça ao tesouro;
● Jogos Treino e Prática – os jogos de treino e prática podem ser usados
para revisar material visto em aula, normalmente conteúdos que exige
memorização e repetição tal como Aritmética e Vocabulário;
● Jogos de Simulação – os jogos de simulação envolvem a criação de
modelos dinâmicos e simplificados do mundo real. Estes modelos
permitem a exploração de situações fictícias, de situações com risco:
quando bem modelado pedagogicamente, podem auxiliar na simulação
de atividades impossíveis de serem vivenciadas em sala de aula, tais
como um desastre ecológico ou um experimento químico;
● Jogos de Adivinhar – ou jogos de construção são formados por charadas
em seus vários níveis. Entre eles encontra-se o jogo da forca que
consiste em ir adivinhando as letras de determinada palavra;
O PROFESSOR ESTIMULADOR
O brincar, na perspectiva dos professores, segundo o Referencial
Curricular Nacional para a Educação Infantil – RCNEI (BRASIL, 1988) refere-se
ao papel do professor de estruturar o campo das brincadeiras na vida das
crianças, disponibilizando objetos, fantasias, brinquedos ou jogos e
possibilitando espaço e tempo para brincar.
18
É de suma importância que o professor, ao trabalhar com jogos e
brincadeiras, faça uma avaliação de todo o processo. Assim, ele poderá fazer
adaptações, correções, mudar algum ponto que não foi bem trabalhado,
aperfeiçoar etc. Seguindo esses tópicos abaixo, o educador saberá se teve
uma boa aplicação da ludicidade em sala de aula.
● Eu conheço o jogo que pretendo utilizar com meu aluno?
● Estou utilizando-o de maneira adequada?
● Alcancei os objetivos esperados com a utilização desse?
● Eu planejei sua utilização?
● Eu oriento ao registro?
● Eu avalio a aprendizagem após a utilização do jogo?
● Eu crio e busco novas estratégias de avaliação?
Função do professor frente aos jogos:
• Selecionar materiais adequados;
• Providenciar um ambiente favorável para o jogo infantil;
• Permitir a repetição dos jogos;
• Enriquecer e valorizar os jogos realizados pelas crianças;
• Ajudar a resolver os conflitos;
• Respeitar as preferências de cada criança;
• Não reforçar papeis sexistas e/ ou outros valores do professor.
19
CAPÍTULO II
DIFERENTES PERSPECTIVAS DE COMPREENSÃO DO LÚDICO
Desde que a criança nasce está presente à atividade lúdica, por isso a
importância de desenvolvermos os estudos sobre os tipos de jogos nas
diferentes concepções, dados a importância dos mesmos no desenvolvimento
infantil.
A criança aprende brincando. É o exercício que a faz desenvolver suas
potencialidades e habilidades, incorporar valores, conceitos, conteúdos,
trabalhar a ansiedade, rever os limites, desenvolver a autonomia, a criatividade,
aprimorar a coordenação motora, melhorar o controle, ampliar o raciocínio
lógico, aumentar a atenção e a concentração, aprender a ganhar e a perder.
Para Antunes (2003) o brincar é o mais saudável caminho para canalizar
as energias, construindo processos saudáveis e identificadores. A tarefa, pois,
de uma boa educação infantil seria a de proporcionar, através de brincadeiras,
o afeto e a sociabilidade, dando voz aos sonhos infantis.
A linguagem de Piaget e de Vygotsky caminhava em igual direção e
ampliava o imenso universo que hoje se descobre na importância do brincar.
Desde o século XX, quando os adultos teimavam em ver na criança um cérebro
imaturo e ofereciam brinquedos tão somente para o lazer, esses educadores
ressaltavam a enorme influência do brinquedo no desenvolvimento da
aprendizagem, na sociabilidade e na criatividade infantil.
1.1- O jogo na concepção de Jean Piaget
Para Piaget (1978) as origens das manifestações lúdicas acompanham o
desenvolvimento da inteligência vinculando-se aos estágios do
20
desenvolvimento cognitivo. Cada etapa do desenvolvimento está relacionada a
um tipo de atividade lúdica que se sucede da mesma maneira para todos os
indivíduos. Para Piaget os jogos enriquecem o desenvolvimento intelectual da
criança.
Para Piaget (1978), a importância do jogo está na satisfação da
necessidade da criança quanto à assimilação da realidade à sua própria
vontade. Essas necessidades são geradas porque as crianças não
compreendem o mundo dos adultos, as regras, como por exemplo: hora de
dormir, comer, tomar banho, não mexer em certos objetos. O jogo é
fundamental na constituição da aprendizagem. Segundo Piaget (1976), o
desenvolvimento cognitivo de uma criança não se deve só à acumulação de
informações recebidas, mas, é decorrente de um processo de elaboração
essencialmente baseado nas atividades da criança. Ao interagir com o
ambiente, desenvolve estruturas por meio de esquemas de ação, ou seja, por
meio de uma sequência bem definida de ações físicas e mentais, e o jogo
ajuda nesse processo.
Para Jean Piaget, a criança que brinca está desenvolvendo sua
linguagem oral, seu pensamento associativo, suas habilidades auditivas e
sociais, construindo conceitos de relações espaciais e se apropriando de
relações de conservação, classificação, seriação, aptidões visuo-espaciais e
muitas outras.
O brinquedo, desta maneira, não tem a função apenas de dar prazer,
mas de libertá-la de frustrações, canalizar sua energia, dar motivação, explorar
a criatividade e a imaginação.
Piaget identifica três grandes tipos de estruturas mentais que surgem
sucessivamente na evolução do brincar infantil: o exercício, o símbolo e a
regra.
a) jogos de exercício,
b) jogos simbólicos, e
21
c) jogos de regras.
1.1.1 O jogo de exercício
Representa a forma inicial do jogo na criança e caracteriza o período
sensório-motor do desenvolvimento cognitivo. Manifesta-se na faixa etária de
zero a dois anos e acompanha o ser humano durante toda a sua existência —
da infância à idade adulta.
A característica principal do jogo de exercício é a repetição de
movimentos e ações que exercitam as funções tais como andar, correr, saltar e
outras pelo simples prazer funcional.
Piaget (1975), mostra que no estágio sensório-motor, que
aproximadamente do nascimento aos 2 anos de vida, a criança busca adquirir
controle motor sobre os objetos físicos que a rodeiam. Durante esse estágio o
bebê adquire o conhecimento por meio de suas próprias ações que são
controladas por informações sensoriais imediatas.
O contato com o meio é direto e imediato, sem representação ou
pensamento. A ação nos objetos é direta pela criança, sendo assim essas
atividades serão o fundamento da atividade intelectual futura. A estimulação
ambiental interferira na passagem de um estágio para o outro. No início, a
criança encontra-se num estágio de diferenciação entre ela e o mundo.
1.1.2 O jogo simbólico
Tem início com o aparecimento da função simbólica, no final do segundo
ano de vida, quando a criança entra na etapa pré-operatória do
desenvolvimento cognitivo. Um dos marcos da função simbólica é a habilidade
de estabelecer a diferença entre alguma coisa usada como símbolo e o que ela
representa seu significado.
Piaget (1975), mostra que no estágio pré-operatório, com duração de
aproximadamente dos 2 aos 7 anos de vida, a criança busca adquirir a
habilidade verbal. Nesse estágio, ela já consegue nomear objetos e raciocinar
22
intuitivamente, mas ainda não consegue coordenar operações fundamentais.
Também é chamado de estágio da Inteligência Simbólica. Caracteriza-se
principalmente, pela interiorização de ação construída no estágio anterior
(sensório-motor).
Piaget (1975), a criança deste estágio:
- É egocêntrica, centrada em si mesma, e não consegue se colocar,
abstratamente, no lugar do outro.
- Não aceita ideia do acaso e tudo deve ter uma explicação (é fase dos “por
quês”).
- Já pode agir por simulação.
- Possui percepção global sem discriminar detalhes.
- Deixa se levar pela aparência sem relacionar fatos.
1.1.3 O jogo de regras
Constituem-se os jogos do ser socializado e se manifestam quando, por
volta dos quatro anos, acontece um declínio nos jogos simbólicos e a criança
começa a se interessar pelas regras. Desenvolvem-se por volta dos 7/11 anos,
caracterizando o estágio operatório-concreto.
Piaget (1975) mostra que neste estágio de vida, a criança começa a lidar
com conceitos abstratos como números e relacionamentos. Esse estágio é
caracterizado por uma lógica interna consistente e pela habilidade de
solucionar problemas concretos.
Piaget (1975) mostra que a criança desenvolve noções de tempo,
espaço, velocidade, ordem, casualidade, já sendo capaz de relacionar
diferentes aspectos e abstrair dados da realidade. Não se limita a uma
representação imediata, mas ainda depende do mundo concreto para chegar à
23
abstração. Desenvolve a capacidade de representar uma ação no sentido
inverso de uma anterior, anulando a transformação observada (reversibilidade).
2. O jogo na concepção de Henry Wallon
Para Wallon, o fator mais importante para a formação da personalidade
não é o meio físico, mas sim o social. O autor chama a atenção para o aspecto
emocional, afetivo e sensível do ser humano e elege a afetividade, intimamente
fundida com a motricidade, como desencadeadora da ação e do
desenvolvimento da ação e do desenvolvimento psicológico da criança.
Para o autor, a personalidade humana é um processo de construção
progressiva, onde se realiza a integração de duas funções principais:
A afetividade, vinculada à sensibilidade interna e orientada pelo social;
A inteligência, vinculada às sensibilidades externas, orientada para o
mundo físico, para a construção do objeto.
Wallon enfoca a motricidade no desenvolvimento da criança, ressaltando
o papel que as aquisições motoras desempenham progressivamente para o
desenvolvimento individual. Segundo ele, é pelo corpo e pela sua projeção
motora que a criança estabelece a primeira comunicação (diálogo tônico) com
o meio, apoio fundamental do desenvolvimento da linguagem. É a incessante
ligação da motricidade com as emoções, que prepara a gênese das
representações que, simultaneamente, precede a construção da ação, na
medida em que significa um investimento, em relação ao mundo exterior.
Na concepção de Wallon, infantil é sinônimo de lúdico. Toda atividade da
criança é lúdica, no sentido que se exerce por si mesma antes de poder
integrar-se em um projeto de ação mais extensivo que a subordine e
transforme em meio.
Para Wallon, o jogo é uma forma de organizar o acaso, de superar
repetições. No jogo, a criança manifesta suas disponibilidades funcionais, de
modo efusivo e apaixonado, e experimenta diversas possibilidades de ação.
24
Deste modo, ao postular a natureza livre do jogo, Wallon o define como
uma atividade voluntária da criança. Se imposta, deixa de ser jogo; é trabalho
ou ensino.
Wallon, ao classificar os jogos infantis, apresenta quatro categorias:
• Jogos funcionais;
• Jogos de ficção
• Jogos de aquisição
• Jogos de fabricação.
2.1 Jogos funcionais
Caracterizam-se por movimentos simples de exploração do corpo,
através dos sentidos. A criança descobre o prazer de executar as funções que
a evolução da motricidade lhe possibilita e sente necessidade de pôr em ação
as novas aquisições, tais como: os sons, quando ela grita, a exploração dos
objetos, o movimento do seu corpo. Esta atividade lúdica identifica-se com a
“lei do efeito”. Quando a criança percebe os efeitos agradáveis e interessantes
obtidos nas suas ações gestuais, sua tendência é procurar o prazer repetindo
suas ações.
2.2 Jogos de ficção
Atividades lúdicas caracterizadas pela ênfase no faz-de-conta, na
presença da situação imaginária. Ela surge com o aparecimento da
representação e a criança assume papéis presentes no seu contexto social,
brincando de “imitar adultos”, “casinha”, “escolinha”, etc.
2.3 Jogos de aquisição
Desde que o bebê, “todo olhos, todo ouvidos”, como descreve Wallon,
se empenha para compreender, conhecer, imitar canções, gestos, sons,
imagens e histórias, começam os jogos de aquisição.
2.4 Jogos de fabricação
São jogos onde a criança se entretém com atividades manuais de criar,
combinar, juntar e transformar objetos. Os jogos de fabricação são quase
25
sempre as causas ou consequências do jogo de ficção, ou se confundem num
só. Quando a criança cria e improvisa o seu brinquedo: a boneca, os animais
que podem ser modelados, isto é, transforma matéria real em objetos dotados
de vida fictícia.
3. O jogo na concepção de Vygotsky
A partir de suas investigações sobre o desenvolvimento dos processos
superiores do ser humano, Vygotsky apresenta estudos sobre o papel
psicológico do jogo para o desenvolvimento da criança.
O autor enfatiza a importância de se investigar as necessidades,
motivações e tendências que as crianças manifestam e como se satisfazem
nos jogos, a fim de compreendermos os avanços nos diferentes estágios de
seu desenvolvimento.
Caracterizando o brincar da criança como imaginação em ação,
Vygotsky elege a situação imaginária como um dos elementos fundamentais
das brincadeiras e jogos.
Segundo Vygotsky, o brinquedo que comporta uma situação imaginária
também comporta uma regra relacionada com o que está sendo representado.
Assim, quando a criança brinca de médico, busca agir de modo muito próximo
daquele que ela observou nos médicos do contexto real. A criança cria e se
submete às regras do jogo ao representar diferentes papéis.
Para Vygotsky, a brincadeira se configura como uma situação
privilegiada de aprendizagem infantil, à medida que fornece uma estrutura
básica para mudanças das necessidades e da consciência.
Outro aspecto evidenciado pelo estudioso é o papel essencial da
imitação na brincadeira, na medida em que, inicialmente, a criança faz aquilo
que ela viu o outro fazer, mesmo sem ter clareza do significado da ação. À
proporção que deixa de repetir por imitação, passa a realizar a atividade
26
conscientemente, criando novas possibilidades e combinações. Dessa forma, a
imitação não é considerada uma atividade mecânica ou de simples cópia de
modelo, uma vez que ao realizá-la, a criança está construindo, em nível
individual, o que nos observaram outros.
Para Vygotsky (1995), a brincadeira/jogo "cria na criança uma nova
forma de desejo." Ensina-a a desejar, relacionando os seus desejos a um eu
fictício, ao seu papel na brincadeira e suas regras. Dessa maneira, as maiores
aquisições que no futuro tomar-se-ão seu nível básico de ação real e
moralidade.
A brincadeira/jogo é considerada como: um espaço de aprendizagem,
onde a criança ultrapassa o comportamento cotidiano habitual de sua idade,
onde ela age como se fosse maior do que é, representando simbolicamente o
que mais tarde realizará.
É, portanto, na situação de brincar que as crianças se colocam questões
e desafios além de seu comportamento diário, levantando hipóteses, na
tentativa de compreender os problemas que lhes são propostos pela realidade
na qual interagem. Assim, ao brincarem, constroem a consciência da realidade
e, ao mesmo tempo, vivenciam a possibilidade de transformá-la.
Fazendo referência à característica de prazer, presente nas
brincadeiras, Vygotsky afirma que nem sempre há satisfação nos jogos, e que
quando estes têm resultado desfavorável, ocorre desprazer e frustração.
4. O jogo na concepção de Froebel
Froebel foi o primeiro a colocar o valor educativo dos jogos como parte
essencial do trabalho pedagógico, ao criar o jardim de infância com uso dos
jogos e brinquedos. Muitos educadores reconheceram a importância educativa
do jogo. Froebel considerava a Educação Infantil indispensável para a
27
formação da criança – e essa ideia foi aceita por grande parte dos teóricos da
educação que vieram depois dele.
Para o autor, a utilização dos jogos fortalece os métodos lúdicos na
educação, com isso, o educador passa a ser sinônimo de fazer do jogo uma
arte.
As técnicas utilizadas até hoje em Educação Infantil devem muito a
Froebel. Para ele, as brincadeiras são o primeiro recurso no caminho da
aprendizagem. Não são apenas diversão, mas um modo de criar
representações do mundo concreto com a finalidade de entendê-lo.
Todos os jogos froebelianos envolvem movimentação das crianças de
acordo com os versos por elas cantados. O conteúdo das músicas, em
consonância com os movimentos, facilita o conhecimento espontâneo sobre os
elementos do ambiente. O papel educativo do jogo é esse, quando
desenvolvido livremente pela criança, o jogo tem efeitos positivos na esfera
cognitiva, social e moral.
Seguindo nessa pedagogia, os jardins de infância froebelianos incluem
jogos nos quais se permite às crianças uma livre exploração, oferecendo
apenas o suporte material e jogos orientados nos quais há clara cobrança de
conteúdos a adquirir.
Com base na observação das atividades dos pequenos com jogos e
brinquedos, Froebel foi um dos primeiros pedagogos a falar em auto-educação,
um conceito que só se difundiria no início do século 20, graças ao movimento
da Escola Nova, de Maria Montessori (1870-1952) e Clestin Frenet (1896-
1966), entre outros.
28
CAPÍTULO III
RELATOS DE OBSERVAÇÃO
As observações foram feitas na escola de Educação Infantil e Ensino
Fundamental Pedacinho do Céu, localizada na Região Administrativa do
Guará, cidade de Brasília, no período de 04 de Agosto a 04 de Setembro de
2014.
A turma a ser observada era a Infantil IV, com 17 crianças de 4 e 5 anos
de idade. Todas moradoras do Guará, uma região de classe média alta. Quase
todos da turma já estão juntos desde o berçário e com isso já se conhecem
bem, incluindo seus respectivos pais.
A proposta da escola é a linha Construtivista. É na infância que se
constroem os valores essenciais para formação íntegra de um caráter sólido na
vida adulta. A proposta pedagógica da Escola Pedacinho do Céu proporciona a
construção do conhecimento respeitando a individualidade de cada criança e
levando em consideração os vários tipos de inteligência existentes.
A Educação Infantil compreende as fases de estimulação essencial, da pré-
leitura e preparação para leitura.
São atividades complementares do currículo: Inglês, informática,
musicalização e projetos (teatro, etiqueta social e leitor em formação).
O Construtivismo, na área da pedagogia, tem sua principal inspiração
em Jean Piaget.
A ideia mais importante da teoria desse psicólogo suíço é que a
aprendizagem não é um processo passivo. Não nascemos sabendo as coisas e
não aprendemos nos impregnando do mundo. Construímos ativamente nossos
conhecimentos em nossas interações com pessoas e objetos, de acordo com
nossas possibilidades e interesses. Apesar de todas as suas ramificações,
essa é a ideia central do construtivismo.
29
No meio educacional, ser construtivista passou a significar ser contra o
ensino baseado apenas em aulas expositivas, repetição e "decoreba". Já que a
aprendizagem não é um processo passivo, é preciso buscar meios de
despertar o interesse dos alunos e dar a eles um papel mais ativo.
Em uma verdadeira escola de inspiração construtivista, há muitos
brinquedos, jogos matemáticos, projetos de pesquisa, ensino baseado no
método das situações-problema e em temas escolhidos pelos alunos,
valorização do raciocínio e não apenas da correção das respostas, respeito às
ideias e aos possíveis erros cometidos pelas crianças, valorização do diálogo e
da cooperação entre os alunos.
Conforme Antunes (2003):
“Essa relação entre os jogos e a aprendizagem significativa
destaca que a boa escola não é necessariamente aquela
que possui uma quantidade enorme de caríssimos
brinquedos ou jogos eletrônicos ditos educativos, mas que
disponha de uma equipe de educadores que saibam como
utilizar a reflexão que o jogo desperta, saibam fazer de
simples objetos naturais uma oportunidade de descoberta e
exploração imaginativa”. (p. 31)
A Escola Pedacinho do Céu é bem construtivista. Ao observar as aulas
na Educação Infantil, pude perceber que, diariamente, os jogos fazem parte da
vida educacional dos alunos. Ao chegarem a suas respectivas salas de aula, já
encontram em cada centro um jogo. Por exemplo, a sala de aula tem três
mesas grandes e em cada uma se encontra um tipo de jogo. Jogos de encaixe,
quebra-cabeças, matemáticos, além do centro do lar, no qual brincam de
casinha.
Além dos jogos presentes no cotidiano escolar, a Escola Pedacinho do
Céu faz uso dos projetos pedagógicos de acordo com o interesse dos
educandos, partindo sempre do quadro de cognição, ou seja, é um quadro no
30
qual há três questões: a) O que sabemos; b) O que queremos saber; c) O que
aprendi.
Durante a fase de observações, surgiu o interesse dos alunos de se
trabalhar a vida das formigas, surgindo, assim o projeto Vida de Inseto. A partir
do interesse dos alunos, a professora formulou deveres de casa, músicas,
exploração da área verde da escola, vídeos e pesquisas sobre o tema. Com
isso, cada aluno, junto de seus respectivos pais, trouxeram imagens e
curiosidades das formigas.
A partir daí a professora leu e comentou sobre as curiosidades trazidas
pelos educandos, confeccionou cartazes explicando sobre a vida das formigas
com frases ditas pelos próprios alunos e eles desenharam as suas formigas.
Foi feito também, trabalhos com argila, onde os pequenos produziram seu
próprio formigueiro e colaram sobre bandejas de isopor pintadas de verde
(alusão à grama), desenharam formigas e levaram para casa.
Cada inseto foi trabalhado por vários dias, e assim, as dúvidas das
crianças foram sendo sanadas.
E, com ponto culminante do projeto, foi realizada uma apresentação
para os pais. A professora dez uma adaptação da história “O casamento da D.
Baratinha”, da autora Eunice Braido.
Durante todo o projeto, pode-se perceber que há toda uma sequência
didática explorada no decorrer do trabalho. Fez uso de jogos de memória,
construção de insetos com material reciclável, leituras de histórias e contos,
assistiram a filmes, ouviram músicas, brincaram ao ar livre de caça ao tesouro,
exploraram a horta e o pátio, que são lugares propícios para se trabalhar os
insetos.
Ao final do projeto, a professora realizou uma avaliação. Questionou a si
mesma e a turma se eles haviam aprendido tudo o que eles queriam aprender,
conforme o quadro de cognição elaborado no início do projeto.
Segundo Antunes (2003):
31
“Um único jogo pode em determinadas circunstancias
proporcionar elementos de intenso prazer na criança, mas
sua aprendizagem somente se concretizará quando este
jogo estiver imerso em um projeto, com etapas claramente
estabelecidas”. (p. 15)
Pode-se perceber que a escola segue bem a proposta Construtivista,
através da utilização dos jogos educativos, assim como com o uso de projetos
a partir do interesse e da curiosidade dos alunos, não deixando de lado as
habilidades e competências da Educação Infantil.
Durante as observações na escola, pude notar e confirmar que o uso
frequente do jogos nas aulas estimula o desenvolvimento da fala e da escrita,
propiciando um ambiente descontraído para os alunos. O ser que brinca e joga
é, também, o ser que age, sente, pensa, aprende e se desenvolve, conforme
Antunes (2004).
A brincadeira possibilitou o surgimento de condições favoráveis para a
constituição e funcionamento das aulas. Ao resgatar o relaxamento, o sorriso, o
sentimento pode-se facilitar a aproximação entre as pessoas e o
estabelecimento da confiança, diminuindo as resistências e os temores e
aumentando a confiança.
É sabido que os uso dos jogos na educação favorecem os educandos a
vivenciarem situações inovadoras em todos os níveis, ao confrontar
comportamentos, hábitos e valores que levam a uma avaliação e reelaboração
individuais. E, ao realizar as observações, pude perceber que a criança quando
brinca, ela se exercita, atua, experimenta, reproduz, lê e transforma a sua
realidade social. O brincar desenvolve sua autoconfiança, fornecendo
oportunidades de resolver suas frustrações, e ao brincar com outras crianças,
aprende a compartilhar, a dar, a tomar, a cooperar pela reversibilidade das
relações sociais.
Com a ludicidade em sala de aula também se aprende cidadania, ou
seja, a criança constrói e reconstrói seu conhecimento, aprende o momento de
32
esperar sua vez em um jogo e encontra diferentes soluções para determinadas
situações.
33
CONCLUSÃO
A ludoeducação é um dos aspectos mais importantes ao se tratar do
desenvolvimento da criança. Brincar é uma das coisas que mais as agradam.
Por isso que os jogos educativos são excelentes recursos para o seu
desenvolvimento intelectual, cognitivo, afetivo, motor, pois assim, o lúdico se
torna um elemento essencial para o processo ensino-aprendizagem.
O comportamento de brincar é complexo e estudado por diversos
autores e em diversas perspectivas. Conforme o apresentado, no texto acima,
se pode perceber a importância da relação entre o brincar e desenvolvimento
infantil. Esta relação, por ser multifacetada, necessitando da exploração de
vários pontos para ser entendida.
O brincar é uma característica inata da criança ao nascer, porém é
preciso dar estímulos e proporcionar condições adequadas para que essa
atividade considerada por muitos como “passatempo” traga a essa criança uma
formação de personalidade e caráter que lhe será útil para a sua vida futura, já
que nesse processo, tanto no brincar ou no jogar é necessário que haja uma
interação com o outro e também com o meio em que está inserido. Isso é
essencial à vida do ser humano, diferenciando-o dos animais.
Concluí-se, portanto, que o trabalho com o brincar justifica-se pelo fato
de que através da brincadeira, estimula o desenvolvimento físico, nas
percepções, inteligência, criatividade, comportamento social; permitindo à
criança um desenvolvimento global através de atividades de descontração, ou
seja, a criança aprende e se desenvolve brincando, desenvolvendo as
habilidades da criança de forma natural, sem cobrança ou medo, mas sim com
prazer.
A utilização do brincar como uma estratégia a mais para a aprendizagem
trará benefícios tanto para as crianças, que terão mais condições facilitadoras
para a aprendizagem, quanto para os professores e psicopedagogos, que
34
poderão se utilizar de mais um recurso para atingirem seus objetivos escolares
para com as crianças e para com a sociedade.
A aplicação de jogos e de atividades lúdicas deve estar inserida em um
programa, e não apenas como instrumento para acalmar os alunos naqueles
momentos em que estão cansados ou agitados. O professor deve preparar
suas aulas de acordo com uma sequência didática, pois assim, se sentirá mais
seguro e motivará seus alunos.
Desde a composição das atividades até a elaboração das regras, os
alunos têm que estar presentes como forma de o professor instigar e estimular
a criatividade dos seus educandos, buscando novos conhecimentos, sem
perder o prazer.
Podemos concluir que as atividades lúdicas não se restringem apenas
as atividades barulhentas e agitadas, que acontecem, às vezes, de forma
desorganizada. Mas, podemos considerá-la como sendo todas as atividades
que são espontâneas nas crianças, que lhes dão prazer, que pertencem ao seu
mundo. Com isso, o professor de Educação Infantil perceberá que já faz uso da
ludoeducação no seu dia-a-dia.
Através do uso da ludicidade em sala de aula de Educação Infantil o
professor poderá aproveitar mais e melhor as oportunidades que surgirem no
seu cotidiano, incentivando, motivando, coordenando as atividades lúdicas com
seus alunos.
Acredita-se que esse trabalho servirá como embasamento para mostrar
a importância do lúdico na educação infantil, bem como na construção do
processo de imaginação, criatividade, desenvolvimento motor, interação social
e no aprendizado de regras. Desse modo, entende-se que a vivência lúdica no
contexto escolar abre caminhos para a integração de vários aspectos do ser
humano, bem como na esfera emocional, corporal, cognitiva, espiritual, e
possibilita cada sujeito participativo (aluno e professor) a se perceber enquanto
um ser único e relacionar-se melhor consigo mesmo e com o mundo, o que
35
implica um enfrentamento mais autêntico frente ás suas dificuldades. Assim, é
fundamental que a família, a escola e a criança forme um tripé que sustente
essa etapa essencial na vida da criança.
36
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Celso. Jogos para a estimulação das múltiplas inteligências. 11ª Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998. _______________. O jogo e a educação infantil: falar e dizer, olhar e ver, escutar e ouvir. Fascículo 15 – Petrópolis, RJ: Vozes, 2003. DOHME, Vania. Atividades lúdicas na educação: o caminho de tijolos amarelos do aprendizado. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003. FANTACHOLI, Fabiane das Neves. O Brincar na Educação Infantil: Jogos, Brinquedos e Brincadeiras - Um Olhar Psicopedagógico. Disponível em: http://revista.fundacaoaprender.org.br/index.php?id=148 Acesso: 20 de outubro de 2014 KISHIMOTO, T. M. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 3ª Ed. São Paulo. Cortez, 1994. _______________. Jogos infantis: o jogo, a criança e a educação. 12ª Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1993.
MAURÍCIO, Juliana Tavares. Aprender brincando: o lúdico na aprendizagem. Disponível em: http://www.profala.com/arteducesp140.htm Acesso: 25 de outubro de 2014.
MIRANDA, Alex Barbosa Sobreira de. O Lúdico na Educação Infantil. Disponível em: https://psicologado.com/atuacao/psicologia-escolar/o-ludico-na-educacao-infantil Acesso: 20 de outubro de 2014.
JEAN, Piaget. A formação do símbolo na criança. 3ª Ed. Zahar, 1978.
ALMEIDA, Anne. Recreação: ludicidade como instrumento pedagógico. Disponível em: http://www.cdof.com.br/recrea22.htm Acesso: 01 de novembro de 2014.