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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
AS BRINCADEIRAS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A
EDUCAÇÃO INFANTIL
Por: Maria da Conceição Rocha Jordão
Orientador:
Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho
Rio de Janeiro
2010
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
AS BRINCADEIRAS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A
EDUCAÇÃO iNFANTIL
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em educação
ambiental.
Por: Maria da Conceição Rocha Jordão
3
AGRADECIMENTOS
A Deus pela oportunidade; a minha mãe por me acompanhar nessa etapa; aos
meus filhos Guilherme e William pela compreensão e aos mestres por
compartilhar o saber.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho em memória de meu
pai, que tanto colaborou para a minha
formação acadêmica.
5
RESUMO
Brincar é prazer, é divertimento, muito importante em todas as fases da vida e
faz parte das necessidades vitais do ser humano. Esse estudo pretende
ressaltar a importância do brincar também no contexto da educação ambiental
para o desenvolvimento integral do ser humano nos aspectos físico, social,
cultural, afetivo e cognitivo. As crianças têm o papel fundamental na
preservação do ambiente e cabe aos educadores, pais, professores fazer com
que elas compreendam a importância de uma correta educação ambiental. A
educação ambiental pode e deve começar muito cedo. As crianças e os jovens
como cidadãos, devem aprender a tomar decisões relativas ao ambiente e
estar conscientes de que ações políticas podem ter consequências ambientais.
A escola é um lugar privilegiado para aprendizagem onde devem adquirir
valores promover atitudes e comportamentos de cidadania. Com a pesquisa
realizada verificamos a importância do brincar no desenvolvimento da sua
percepção com a socialização do mundo,abrindo caminhos para novos
conhecimentos.Pode-se concluir até o momento que é perante este ato de
brincar que a criança se expressa e se desenvolve. Trabalha a sua imaginação
e assim conquista a construção e elaboração de novos conhecimentos.
Palavras-chave: educação ambiental, brincar, escola, cidadania.
6
Nunca duvide que um grupo de cidadãos
comprometidos e preocupados possa
mudar o mundo. Na verdade, esta é a
única forma de mudança que pode dar
certo.
Margaret Mead
7
METODOLOGIA
Este trabalho se baseia em um levantamento bibliográfico nos seguintes
temas: Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade, sendo estas
fundamentais para a mudança de diretrizes no ensino infantil, utilizando de
brincadeiras e dinâmicas para desenvolver e estimular em crianças um novo
modelo de reflexão, posturas e ações sócio-ambientais, tendo a escola como
um universo de aprendizado, de relacionamentos interpessoais,
compartilhando experiências e realidades que ajudarão a compreender a atuar
de forma sustentável no ambiente a qual está inserido.
O referido trabalho é desenvolvido com base material publicado em
livros, artigos e internet.
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.....................................................................................................9
CAPÍTULO I – A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR...............................................12
CAPÍTULO II – O BRINCAR E A REALIDADE: a importância das brincadeiras
no desenvolvimento sócio-histórico-cultural da
criança...............................................................................................................30
CONCLUSÃO....................................................................................................37
BIBLIOGRAFIA CITADA....................................................................................39
ÍNDICE...............................................................................................................41
FOLHA DE AVALIAÇÃO....................................................................................42
9
INTRODUÇÃO
O ser humano, em todas as fases de sua vida, está sempre descobrindo
e aprendendo coisas novas pelo contato com seus semelhantes e pelo domínio
sobre o meio em que vive. Ele nasceu para descobrir e aprender, é isso que
lhe garante a sobrevivência e a interação na sociedade como ser participativo,
crítico e criativo.
Entende-se que as brincadeiras são tão fundamentais ao ser humano
como o alimento que lhe faz crescer. Vão além do divertimento. Servem como
suporte para que a criança atinja o desenvolvimento sócio-emocional e
cognitivo.
As reflexões aqui apresentadas surgiram ao perceber que as Unidades
de Educação infantil são vistas como depósito de crianças, aos quais elas vêm
para a escola apenas para brincar e serem cuidadas, pois a sociedade acredita
que brincar é passar o tempo, ou melhor, é “perda de tempo”, não acreditando
nas capacidades que desenvolve nas crianças. Muitas vezes, os próprios
docentes não acreditam na seriedade das brincadeiras sendo elas brincadeiras
também no âmbito ambiental, não veem a criança como ser ativo, pensante e
participante, que busca e que também aprende brincando.
A infância é a idade das brincadeiras. Acredita-se que por meio delas, a
criança satisfaz em grande parte seus interesses, necessidades e desejos
particulares, pois expressa a maneira como a mesma, reflete, ordena,
desorganiza, destrói e reconstrói o mundo. Quando está brincando, a criança
recria o mundo ao seu redor, refazendo os fatos para adequá-los a sua
capacidade de assimilação. Enquanto brinca, seu conhecimento desse mundo
se amplia, porque ela pode expressar tudo o que sente e vê nessa atividade.
A escolha desse tema foi de suma importância, pois atuo na área de
Educação Infantil e considero o ato de brincar fundamental no desenvolvimento
da identidade e da autonomia da criança. É por meio das brincadeiras que ela
cria um mundo imaginário repleto de significados, podendo expressar suas
angústias e desejos, compreendendo um pouco mais sobre o meio em que
está inserida.
10
Considero importante o brincar porque incentivo-os à curiosidade, a
cuidar do ambiente ao seu redor, estimulo às descobertas, proponho vivências
que traduzem simbolismos do mundo adulto e do mundo infantil, onde a
criança interage, busca soluções, coloca-se inteira, manipula problemas,
descobre caminhos, desenvolve-se como ser social, exigindo sua participação
ativa no processo para um crescimento sadio, liberador de energias e de
conflitos, onde o equilíbrio pode ser encontrado no dia-a-dia.
Ao abordar a Educação Ambiental na educação infantil através das
brincadeiras, torna-se necessário não apenas sensibilizar os educadores sobre
a importância da Educação Ambiental o qual é inerente a todo e qualquer ser
humano. É necessário que o educador tenha em mente as formas através da
qual a prática pedagógica (ambiental) irá se desenvolver, tendo conhecimento
das concepções de criança, as etapas de seu desenvolvimento e os demais
princípios norteadores do trabalho pedagógico. A partir do momento em que o
educador passa a ver o processo educativo ambiental como um todo,
embasado nos princípios inerentes ao fazer pedagógico, ele deixará de ser
apenas um executor de tarefas, tornando-se um sujeito ativo na elaboração e
execução de projetos voltados à educação ambiental.
Acredito mais no poder da brincadeira e transmito com confiança esses
valores a todos para que percebam o que se encontra por trás das maravilhas
do mundo da brincadeira e que a mesma estará trazendo enormes
contribuições para o desenvolvimento das habilidades de raciocínio, de
conscientização do meio em que vive em nossas crianças.
Esse trabalho tem como por objetivo apresentar o valor das atividades
lúdicas e ambientais na educação infantil como subsídios eficazes para a
construção do conhecimento realizado pela própria criança, formando futuros
cidadãos consciente a respeito do ambiente em que vive proporcionando um
grande aprendizado. Discutir e compreender o papel da brincadeira na
Educação Infantil, criando condições de investigação sobre concepções de
brincar, como um elemento da cultura lúdica e de construção do sujeito na
relação com o processo ambiental. Refletir com base na vivência e com o
conhecimento de aspectos do desenvolvimento infantil sobre as reais
11
necessidades das crianças ao brincar e como buscar alternativas nas questões
de rotina; Relatar, discutir e refletir a interação / intervenção do educador na
brincadeira.
Com base nessas premissas, foi realizada uma pesquisa com o
propósito de descobrir porque brincar é importante na Educação infantil.
Alguns dos autores mencionados neste trabalho são: Piaget, Vygotsky e
Maria Esther Pereira Flick.
A presente monografia foi dividida em dois capítulos, no primeiro
buscou-se analisar a importância do brincar, com subtítulos referente a: brincar
na escola, incluindo brincadeiras ambientais; brincar livre e coordenado;
brincar, cuidar e educar. O segundo capítulo, por sua vez, tem a pretensão de
mostrar o brincar e a realidade; e o brincar no cotidiano de uma turma de
Educação Infantil.
12
CAPÍTULO I
A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR
O brincar na educação infantil é de suma importância para o
desenvolvimento da criança e a aprendizagem e por que não introduzir as
brincadeiras no âmbito ambiental?
São discutidas atividades fundamentais para o desenvolvimento da
identidade e da autonomia. A criança pode, na brincadeira, desenvolver
algumas capacidades importantes: a atenção, a memória, a imaginação a
imitação e o respeito ao ambiente em que vive.
É na brincadeira que ela pode pensar e experimentar situações novas ou
mesmo do seu cotidiano. A criança faz da brincadeira um meio de
comunicação, de prazer e de recreação. Segundo a perspectiva de autores
como Piaget e Vygotsky, a criança através das brincadeiras e jogos está em
mediação direta com o mundo. Para tanto, o trabalho faz algumas reflexões a
cerca dos objetivos da característica da introdução educação infantil e da
educação ambiental.
O objetivo principal da educação infantil é contribuir para a
aprendizagem, bem como o desenvolvimento dos aspectos físicos, sócio-
emocionais e intelectual da criança, o da educação ambiental, a formar
cidadãos conscientes, proteger o meio ambiente, considerando os valores
éticos. É necessário que haja uma infinidade de meios a serem oferecidos para
que a criança possa desenvolver sua capacidade de criar e aprender.
A brincadeira constitui um dos meios que pode levar a criança a um
crescimento global. O jogo é uma assimilação funcional ou reprodutiva e
conforme a sua estrutura, Piaget (1978) classifica-o em: de exercício (sensório-
motores); simbólicos e de regras, sem esquecer suas variedades.
Para Vygotsky (1994) o jogo é uma atividade muito importante, pois
através dele a criança cria uma zona de desenvolvimento proximal, funções
que ainda não amadurecem, mas que se encontram em processo de
maturação, o que a criança irá alcançar em um futuro próximo. A escola deve
ser rica de experiências para a exploração ativa, compartilhada por crianças e
13
adultos onde através das brincadeiras e jogos a criança exercita vários papéis
com os quais interage no cotidiano.
Pode-se observar que brincar não significa apenas recrear, é muito
mais, pois é uma das formas mais complexas que a criança tem de comunicar-
se consigo mesma e com o mundo.
O empenho dos adultos em estimular os bebês a interagirem com
aqueles que lhe são próximos (cantando ou embalando-os ao som de cantigas,
dizendo parlendas que terminam por cócegas no corpo do bebê, acionando
jogos variados com cores, luzes, timbres, etc.) e com seus brinquedos, é uma
forma espontânea de iniciação ao ato lúdico. Por exemplo: os pais e avós
costumam brincar com a criança pequena fazendo-a montar “a cavalo” em sua
perna e avançar por pequenos saltos de seu tornozelo ao joelho e vice-versa.
Maiorzinha, a criança ganha um cavalinho-de-pau e simula o impulso de andar
do cavalo e a partir daí a criança identifica o animal em revistas, na televisão e
no jardim zoológico. O ato de brincar assim evolui, altera-se de acordo com os
interesses próprios da faixa etária, conforme as necessidades de cada criança
e também com os valores da sociedade a qual pertence.
Cada vez mais reconhecidas como fonte de benefícios para as crianças,
as brincadeiras tradicionais vêm recebendo a valorização de pais, educadores
recreacionistas. Conscientemente, muitos procuram contrapor-se à super oferta
de produtos lúdicos comercializados pela indústria especializada, com a
transmissão de seu legado cultural às novas gerações. A programação
curricular tem, assim, incluído várias dessas atividades lúdicas, especialmente
nas escolas infantis e nas primeiras séries do primeiro grau.
A tradicionalidade com que tais brincadeiras se mantêm em nossa
sociedade atestam sua importância no processo histórico-cultural. O significado
da atividade lúdica para a criança está ligado a vários aspectos: o primeiro
deles, é o prazer de brincar livremente; seguem-se o desenvolvimento físico
que exige um gasto de energia para a manutenção diária do equilíbrio, do
controle da agressividade, a experimentação pessoal em habilidades e papéis
diversificados, a compreensão e incorporação de conceitos, a realização
simbólica dos desejos, a repetição das brincadeiras que permitem superar as
14
dificuldades individuais, a interação e a adaptação ao grupo social, entre
outros.
As brincadeiras variam de uma região para outra e adquirem
peculiaridades regionais ou locais. No entanto, é possível reconhecer uma
mesma brincadeira e identificar as variantes surgidas, as fusões ocorridas no
decorrer do tempo. Muitas atividades desaparecem quando deixam de ser
funcionais aos grupos lúdicos, podendo vir a reaparecer em novas
combinações.
Existe uma pluralidade de ações lúdicas praticadas espontaneamente
pelas crianças. Elas contribuem para o desenvolvimento de habilidades
psicomotoras, cognitivas e também para a afetividade recíproca, a interação
social, estabelecendo laços de amizade entre os companheiros de folguedos.
Nas brincadeiras, a criança experimenta sentimentos diferentes (amor,
confiança, solidariedade, união, proteção; mas, pode também sentir inveja,
frustrações, rejeição, entre outros).
Quase sempre existe o incentivo à curiosidade, o estímulo à descoberta,
à competição, propondo vivências que traduzem simbolismos do mundo adulto
e do mundo infantil, onde a criança interage, busca soluções, coloca-se inteira,
manipula problemas, descobre caminhos, desenvolve-se como ser social exige
sua participação ativa no processo para um crescimento sadio, liberador de
energias e de conflitos, onde o equilíbrio pode ser encontrado no dia a dia.
Brincadeira é alguma forma de divertimento típico da infância, isto é, uma
atividade natural da criança, que não implica em compromisso, planejamento
ou seriedade e que envolve comportamentos espontâneos e geradores de
prazer.
A brincadeira é transmitida à criança através de seus próprios familiares,
de forma expressiva, de uma geração à outra, ou pode ser aprendida pela
criança de forma espontânea.
Nos dias atuais, com as moradias cada vez mais apertadas e os adultos
envolvidos em seus afazeres, as crianças de classe média não têm um lugar
para brincar e não devem atrapalhar o andamento do lar com seus brinquedos.
15
Não dá para isolar o comportamento lúdico da criança. Ela brinca quando é
para brincar e quando os adultos entendem que ela não deveria brincar. A
ludicidade está sendo estudada como um processo de suma importância no
desenvolvimento humano.
Na opinião de Santos (2000) “tanto Piaget, como Wallon e Vygotsky,
atribuíram ao brincar da criança um papel decisivo na evolução dos processos
de desenvolvimento humano, como maturação e aprendizagem, embora com
enfoques diferentes. Dois aspectos sobressaem no estudo dos jogos: sua
estrutura e o seu conteúdo”. (p. 18)
Brincar desenvolve as habilidades da criança de forma natural, pois
brincando aprende a socializar-se com outras crianças, desenvolve a
motricidade, a mente, a criatividade, sem cobrança ou medo, mas sim com
prazer.
Cunha (2001) “constata que atualmente as crianças não têm um pátio
para brincar. Superfamiliarizadas com videogames, televisão e computador,
não conhecem o prazer de criar brinquedos com caixinhas e latas, botões e
madeirinhas. Nem mesmo jogos de montar”. (p. 14).
Esses brinquedos oportunizam e favorecem a brincadeira livre e a
fantasia. A criança coloca no objeto com que está brincando o significado que
ela deseja no momento. Enfim, na pressa do dia-a-dia, os pais e professores
tentam simplificar suas rotinas e tarefas, oferecem brinquedos já prontos e que
não requeiram montagem, pois não fazem sujeira, nada que precise limpar e
arrumar.
Rubens Alves diz que: ”há crianças que nunca viram uma galinha de
verdade, nunca sentiram o cheiro de um pinheiro, nunca ouviram o canto do
pitassilgo e não tem prazer em brincar com a terra. Pensam que a terra é
sujeira, não sabem que terra é vida”. (ALVES, 1999)
Sendo assim, a criança desenvolve-se num meio distante do lúdico, são
tratadas como adultos em miniaturas onde o que é mais importante é estudar,
aprender, adquirir conhecimentos, desenvolver habilidades, estimular as
inteligências, visando aos objetivos alheios aos seus interesses.
16
A brincadeira não é um mero passatempo, ela ajuda no desenvolvimento
das crianças, promovendo processos de socialização e descoberta do mundo.
É possível superar os problemas existentes e oferecer melhores condições de
desenvolvimento às crianças, ampliando e valorizando o espaço e as
oportunidades de brincadeira.
1.1. BRINCAR NA ESCOLA: limites e possibilidades da educação
ambiental
A educação ambiental deve ser um processo contínuo e permanente de
construção e conhecimento e, a escola é um espaço essencial para o
desenvolvimento de práticas ambientais.
Confeccionar um jogo didático, a fim de que os mesmos possam utilizá-
lo como auxílio no ensino aprendizagem da educação ambiental, será de
grande importância para as crianças. A escolha pelo jogo deve-se por
considerá-lo um instrumento importante na formação cognitiva da criança e
também no desenvolvimento de atividades mais dinâmicas e motivadoras,
fazendo com que a criança aprenda muito mais brincando.
Brincar na escola, incluindo a educação ambiental, não é tarefa difícil,
basta ter vontade, criatividade e assim as brincadeiras serão prazerosas.
Evoluímos muito no discurso acerca do brincar, reconhecemos cada vez mais
seu significado para a criança e suas possibilidades nas áreas de educação,
cultura e lazer, e estamos cada vez mais cientes dos riscos que corremos. O
primeiro deles talvez seja o de separar estas três áreas que caminham juntas.
Mas não é só por esta razão que temos encontrado algumas pedras no
caminho.
Na educação, muitas vezes, fazemos com que um jogo fantástico seja
visto mais pela oportunidade de ensinar cores como se elas não estivessem no
mundo! Que pelas suas possibilidades de favorecer as relações sociais, de
suscitar medo e alegria, de provocar o grupo a encontrar soluções para um
desafio. Ao atribuir a um brinquedo ou brincadeira uma função didática, é
importante termos o cuidado de preservar sua essência lúdica.
17
Algumas vezes, atribuímos ao brincar poderes mágicos que ele não tem.
Não é porque agregamos a ele conteúdos ou valores, como a cooperação, que
a criança vai incorporá-los. Precisamos nos lembrar de que crianças aprendem
o mundo menos pelos seus brinquedos e mais pelas relações humanas que as
cercam. Muitas vezes, uma proposta instigante de um professor pode ser mais
interessante para as crianças do que uma brincadeira; aprender é tão rico e
prazeroso quanto brincar, há uma paixão em conhecer.
Sato (2004) “Técnicas como jogos, atividades fora de sala de aula,
simulações, teatros ou produções de materiais pedagógicos são fortemente
recomendadas para o desenvolvimento da educação ambiental, pois
possibilitam trazer para a sala de aula situações reais que muitas vezes são
impossíveis de serem vivenciadas”. (p. 24)
Nesse sentido, acredita-se que uma das características marcantes do
jogo como metodologia didática, é que além de atuar no aspecto cognitivo do
aluno, ele também atua no desenvolvimento de habilidades como coordenação
destreza, rapidez, força, concentração, além de motivar este a integrar-se a um
grupo, compartilhar ocupações e exercer responsabilidades.
Na área do lazer e também da educação o lúdico encontra-se muitas
vezes centrado no acervo. Os brinquedos e jogos são importantes por aquilo
que possibilitam. A supervalorização do objeto, em uma inversão de valores,
acaba trazendo muita ansiedade às crianças e aos seus educadores. O acervo
é importante por tudo o que pode oferecer, mas quando ele ganha exagerada
importância em si mesmo, instala-se uma neurose de cuidados, que inviabiliza
seu uso. O acervo diz muito de uma proposta lúdica, tanto pelos itens incluídos,
como por aqueles excluídos, tanto por sua qualidade e quantidade, quanto pela
maneira como está disposto. Mas, do mesmo jeito que não se constrói uma
escola apenas com quadro-negro, giz, cadernos e lápis, não se constrói um
espaço lúdico apenas com uma sala de jogos e brinquedos. Ele, como a
escola, não existe sem adultos e crianças envolvidos em uma proposta.
Na área da cultura, o lúdico aparece com muita frequência no “resgate
das brincadeiras tradicionais” do mês de agosto mês do Folclore em uma ótica
de cultura, memória e história estáticas. Podemos enxergá-las melhor com os
18
olhos de Kramer (1996), para quem a formação cultural é “direito de todos se
considerarmos que todos (crianças, jovens e adultos) somos indivíduos sociais,
sujeitos históricos, cidadãos e cidadãs que têm direitos sociais, que são
produzidos na cultura e produtores de cultura”.
A infância integra os adultos que somos hoje, não é coisa do passado.
Por esta razão, buscar o brincar e a infância é estar com o adulto de hoje e não
com a criança de ontem.
Ainda que a prática não acompanhe a evolução do discurso, ainda que o
brincar aconteça, na maioria das vezes, no tempo de espera, no descanso, no
tempo que sobra ou entremeando “atividades produtivas”, a mudança do
discurso sinaliza o desejo de uma outra prática, que precisa ser colocada em
lugar e tempo concretos, reais. Valorizar a brincadeira não é apenas permiti-la,
é suscitá-la. E para que isto aconteça, precisamos perceber o brincar como ato
de descoberta, de investigação, de criação.
Se no plano das idéias a importância de brincar é consenso, o que
coloca a brincadeira tão distante do cotidiano? Esses olhares críticos sobre as
intervenções existentes estão longe de ser uma crítica aos professores, ao
contrário, a intenção é compreender a razão destas práticas e defender o
direito do professor a uma formação lúdica acerca do lúdico. Uma formação
que lhe permita experimentar, descobrir, conhecer as possibilidades para si
próprio, na perspectiva de que esta seja uma experiência transformadora, que
contribua para a construção de uma outra concepção do lúdico e para uma
intervenção de melhor qualidade junto aos seus alunos, independentemente da
idade que eles tenham.
Acredito que a ampliação e a diversidade de experiências oferecidas às
crianças lhes fornecem mais elementos para o seu processo de construção de
conhecimento e para o desenvolvimento da sua imaginação, da sua
capacidade criadora. Não deveríamos acreditar, também, que a experiência
acumulada do professor está relacionada à sua imaginação, à sua capacidade
de criar? Quando pensamos nos adultos vemos, quase sempre, sua criação
como inspiração, como um dom que se tem ou não se tem. Não consideramos
19
que a experiência cultural do adulto pode favorecer sua imaginação. E,
provavelmente por isso, a contemplamos pouco nos cursos para educadores.
Muitas vezes, na fase inicial da formação, os adultos só se permitem
brincar fazendo de conta que são crianças, imitando comportamentos que
depreciam, ironizando, debochando, e, obviamente, explicitando seu olhar
sobre o brincar. Nestes casos, infantilizar é sinônimo de reduzir, de diminuir
não apenas o brincar, mas a criança que brinca. As concepções de criança,
brincar e infância não aparecem de forma dissociada. Elas se entrelaçam no
discurso, explicitam-se na prática e nos desafiam na coerência. Coerência que
não cai do céu, mas que se busca, que se conquista a cada dia, a cada vez
que nos damos conta dos nossos tropeços, a cada vez que permitimos que
uma observação preciosa nos chegue por uma criança, por um aluno.
A nossa formação de educadores não é linear, não vem de um curso
para o professor e segue dele para seus alunos. Ela circula, está sempre
girando. E, se isto acontece em qualquer área, é no brincar que observamos a
criança mais à vontade para intervir, contribuir e lançar propostas desafiadoras
ao professor. O lúdico é o espaço de estar com, com as crianças e também
com os adultos. Não seria possível pensar as brincadeiras para a criança sem
considerá-las como uma oportunidade também para o educador. Se o jogo na
escola é, antes de tudo, um jogo, o professor não seria diante dele, antes de
tudo, um brincante?
É importante que a formação amplie o repertório de brinquedos e
brincadeiras – uma demanda legítima – e evidencie a ludicidade na vida do
adulto-professor. Quando um adulto explicita sua sensação dizendo “Foi muito
bom brincar, eu me senti criança outra vez!” ou “O curso despertou a criança
guardada em mim”, pode-se entender seu sentimento menos pela criança e
pelo brincar e mais pelo humano e pelo lúdico. O diálogo que se estabelece
aqui é menos com “a criança que existe dentro de cada um de nós” do que com
o humano que nos constitui. Nestes casos, nos damos conta do quanto temos
deixado de lado o essencial, o quanto a dicotomia está presente não só no
trabalho e lazer, mas tudo o que decorre daí, como aprendizagem e prazer,
competência e alegria. Como é que se pode mudar a qualidade das
20
intervenções junto aos alunos sem uma boa reflexão acerca do lúdico no nosso
mundo de adultos–educadores? Agora os olhos emprestados são os de
Fernández (1998), eles vêem que: “´Aprender’ é apropriar-se da linguagem; é
historiar-se, recordar o passado para despertar-se ao futuro; é deixar-se
surpreender pelo já conhecido. Aprender é reconhecer-se, admitir-se. Crer e
criar. Arriscar-se a fazer dos sonhos textos visíveis e possíveis. Só será
possível que os professores possam gerar espaços de brincar-aprender para
seus alunos quando eles simultaneamente os construírem para si mesmos”.
Descobrir que podemos brincar e jogar para valer, com brincadeiras e
jogos que não são necessariamente para crianças, nos aproxima daquilo que
sentem as crianças quando brincam. Jogar pode nos levar – ou nos trazer –
para além da brincadeira, mas, mesmo que isto não aconteça de forma
explícita, não será nunca apenas brincar, só jogar. Rir, aceitar limites, organizar
uma tarefa, concentrar, disputar, estar atento, sentir frio na barriga, raciocinar,
pensar, gargalhar, competir com os outros e consigo próprio, ser curioso, ter
prazer, cooperar, descobrir-se na relação com os outros, ser ágil, surpreender-
se com a atitude do outro, emocionar-se difícil esgotar a riqueza de
contribuições que os jogos e brincadeiras podem trazer para o
desenvolvimento humano de seres pequenos, jovens ou adultos.
Pode-se lançar a rede mais longe e também trazer o lúdico para perto.
Quantas atividades despertam nos adultos sentimentos parecidos com aqueles
das crianças envolvidas em suas brincadeiras! Especialmente aquelas que
trançam dedos e pensamentos, possivelmente porque, como observa Lygia
Bojunga (1992): “Quantos artesãos eu tinha visto trabalhando naquele dia, e
que forte que era a ligação de cada um no que fazia, que intimidade tão grande
com o material trabalhado! Cara, corpo e mão do artesão formavam uma liga,
uma integração, um redondo com o objeto feito, meu deus! Que lição de vida
essa interação ser/fazer”.
Buscamos sempre situações favorecedoras de integração entre as
crianças, sabendo da sua riqueza para o desenvolvimento humano. Buscar
brincadeiras de outros tempos, construir brinquedos, recriar jogos são
caminhos, são portas importantes e, sem dúvida, facilitadoras do processo de
21
busca desta ludicidade/humanidade, mas ela não está necessariamente no
brincar.
1.1.1. Brincar livre e coordenado
A teoria froebeliana, ao considerar o brincar como uma atividade
espontânea da criança, concebe suporte para o ensino e permite a variação do
brincar, ora como atividade livre, ora orientada. As concepções froebelianas de
educação, homem e sociedade estão intimamente vinculados ao brincar.
Froebel introduz o brincar para educar e desenvolver a criança; sua teoria
metafísica pressupõe que o brincar permite o estabelecimento de relações
entre os objetos culturais e a natureza, unificado para o mundo espiritual.
Assim, o brincar como atividade livre e espontânea, é responsável pelo
desenvolvimento físico, moral, cognitivo, os dons ou brinquedos, objetos que
subsidiam atividades infantis. Entende também que a criança necessita de
orientação para o seu desenvolvimento, perspicácia do educador levando-a a
compreender que a educação é um ato institucional que requer orientação.
... A brincadeira é uma atividade espiritual mais
pura do homem neste estágio e, ao mesmo tempo,
típico da vida humana enquanto todo – da vida
natural/interna do homem e de todas as coisas.
Ela dá alegria, liberdade, contentamento,
descanso externo e interno, e paz com o mundo
(...) A criança que brinca sempre, com
determinação auto-ativa, perseverando,
esquecendo sua fadiga física, pode certamente
tornar-se um homem determinado, capaz de auto-
sacrifício para a promoção de seu bem e dos
outros... O brincar, em qualquer tempo, não é
trivial, é altamente sério e de profunda
significação.
(FROEBEL apud KISHIMOTO, 1999, p.23).
Na rotina escolar, o brincar acontece de duas maneiras: livre e
coordenado. Para compreender melhor, é preciso explicitar cada um deles,
22
apesar de muitas vezes eles acontecerem de maneira interligadas. O brincar
livre acontece de forma espontânea, onde a criança por si só ou em pequenos
grupos decide a brincadeira sem a mediação do professor. Um exemplo a ser
destacado é a “brincadeira de casinha” na qual as situações acontecem com o
desejo e o combinado entre as crianças.
As crianças nos permitem observar que o ato de brincar espontâneo
proporciona a manipulação de materiais, a imaginação, a exploração de
circunstâncias vividas ou imaginadas, onde a criança torna-se capaz de não só
imitar a vida como também de transformar e aprender a lidar com o mundo,
formando assim sua personalidade.
A brincadeira infantil permite que a criança reviva suas alegrias, seus
conflitos e seus medos, resolvendo à sua maneira e transformando a realidade.
O professor deve, nessa fase, variar os objetos oferecidos para a criança,
deixando que elas explorem e criem situações através de jogos. Como
exemplo, os encaixes, as sucatas, as fantasias, os fantoches, as máscaras, as
caixas, entre outros, possibilitam que elas criem diferentes formas de brincar
com os objetos.
Nas brincadeiras coordenadas, o papel do professor deve ser o de
mediador, proporcionando a socialização do grupo, a integração e participação
das pessoas envolvidas, favorecendo atitudes de respeito, aceitação, confiança
e conhecimento mais amplo da realidade social e cultural. Além de oportunizar
situações de aprendizagens específicas e aquisição de novos conhecimentos,
dando condições para que a criança explore diferentes materiais, objetos e
brinquedos. É importante que o professor planeje os objetivos que quer atingir,
bem como o tempo e o espaço que a brincadeira deve acontecer, pois a
brincadeira deve ter significado e planejando, o professor saiba onde quer se
chegar, para não perder de vista seu objetivo.
Para que os jogos e brincadeiras ajudem no processo de construção do
conhecimento, deve-se incluir atividades que favoreçam a troca de sugestões e
opiniões das questões e criar situações para o desenvolvimento da autonomia.
23
Conforme nossa realidade atual, cabe à escola propiciar momentos de
recreação através de jogos e brincadeiras, promovendo a interação e
socialização das crianças.
1.2. O LÚDICO E A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
Este trabalho intenciona ressaltar a importância do lúdico no
desenvolvimento infantil e a dimensão atribuída à Educação em relação ao
meio ambiente. Perceber como a criança, através do lúdico, desenvolve
importantes capacidades como: socialização, criatividade, memorização,
imaginação e amadurecimento. A brincadeira é de fundamental importância
para o desenvolvimento infantil na medida em que a criança pode transformar e
produzir novos significados. Em situações, quando criança ainda é bem
pequena e bastante estimulada, é possível observar o rompimento com a
relação à subordinação ao objeto, atribuindo-lhe um novo significado, o que
expressa seu caráter ativo, no curso de seu próprio desenvolvimento.
Vygotsky (1998), um dos representantes mais importantes da psicologia
histórico-cultural, partiu do princípio que o sujeito se constitui nas relações com
os outros, por meio de atividades caracteristicamente humanas, que são
mediadas por ferramentas técnicas e semióticas. Nesta perspectiva, a
brincadeira infantil assume uma posição privilegiada para a análise do
processo de constituição do sujeito; rompendo com a visão tradicional de que
ela é atividade natural de satisfação de instintos infantis, o autor apresenta o
brincar como uma atividade em que, tanto o significado social e historicamente
produzidos são construídos, quanto novos podem ali emergir.
A brincadeira e o jogo de faz-de-conta seriam considerados como
espaços de construção de conhecimentos pelas crianças, na medida em que
os significados que ali transitam são apropriados por elas de forma específica.
A importância do brincar para o desenvolvimento infantil reside no fato de esta
atividade contribuir para a mudança na relação da criança com os objetos, pois
estes perdem sua força determinadora na brincadeira. "A criança vê um objeto,
mas age de maneira diferente em relação ao que vê. Assim, é alcançada uma
24
condição que começa a agir independentemente daquilo que vê”. (VYGOTSKY,
1998, p. 127). Na brincadeira, a criança pode dar outros sentidos aos objetos e
jogos, seja a partir de sua própria ação ou imaginação, seja na trama de
relações que estabelece com os amigos com os quais produz novos sentidos e
os compartilha. Neste trabalho, pretende-se olhar a temática da brincadeira
enfatizando o papel do lúdico na infância, destacando a importância do faz-de-
conta para o desenvolvimento da criança. A infância é a idade das
brincadeiras. Por meio delas, a criança satisfaz, em parte, seus interesses,
necessidades e desejos particulares. Conhecer a criança em seu contexto
cultural implica observá-la no seu dia-a-dia, nos jogos e brincadeiras, os quais
possibilitam o aprendizado e a expansão da criatividade, bem como fortalecem
a sociabilidade e estimulam a liberdade de expressão.
A atividade lúdica passa a ter significado quando a experiência dá
oportunidade à criança de construir o jogo, de decidir regras, de mostrar como
se joga, de perceber direitos e deveres, de aprender a conviver e a participar,
mantendo sua individualidade e respeitando a do outro. As atividades lúdicas
permitem que o grupo se estruture que as crianças estabeleçam relações ricas
de trocas, aprendam a esperar sua vez, aprendam a lidar com regras,
conscientizando-se de que podem ganhar ou perder.
O lúdico, com sua função educativa ensinam completando o saber, o
conhecimento e a descoberta do mundo pela criança, por ser livre de pressões
e avaliações, cria um clima de liberdade, propicia aprendizagens e estimula a
constituição da moral, o interesse, a descoberta e a reflexão.
A espontaneidade, a ludicidade e a livre escolha no jogo necessitam ser
incorporadas ao cotidiano da criança para que se torne um espaço privilegiado
para a aquisição de informações e conhecimentos, crescimento pessoal e
social. Desta forma, entende-se a corporeidade humana, a infinidade de
gestos, expressões e movimentos que os seres humanos foram e são capazes
de realizar, originando brincadeiras, constituindo-se num verdadeiro patrimônio
lúdico da humanidade.
25
As instituições educativas têm necessidade urgente de transformação,
devem também encarregar diretamente da educação ambiental na infância e
na juventude para que os novos cidadãos participem na formação e na
execução de estratégias nacionais de educação Ambiental. Nas séries iniciais,
essa mudança passa pela incorporação e valorização dos conteúdos culturais
das crianças. Como ponto de partida para qualquer aprendizagem significativa.
É por meio de atividades mais lúdicas que se conseguirá uma educação de
qualidade e significativa para as crianças.
A educação Ambiental é um instrumento capaz de educar o indivíduo
mediante a compreensão dos principais problemas do mundo contemporâneo,
possibilitando-lhe conhecimentos técnicos e as qualidades necessárias para
desempenhar uma função produtiva com vistas a melhorar a vida e proteger o
meio ambiente.
É necessário reconhecer o jogo, a brincadeira e as atividades lúdicas, de
forma geral, como elementos culturais que melhor representam a
particularidade da infância por serem as principais atividades propulsoras do
desenvolvimento da criança. Acredita-se que, ao brincar, a criança se apropria
de vários conteúdos, mas, sobretudo, aprende sobre a dimensão humana.
Para Kishimoto (apud Santos, 1997, p.26), a descoberta da infância se
dá a partir da associação da criança ao ato de brincar. Termos como
brinquedos e brincadeiras conotam crianças.
A dimensão da criança está sempre presente quando se analisam os
brinquedos e as brincadeiras.
O brinquedo, como objeto suporte da brincadeira, supõe relação íntima
com a criança e implica a ausência de um sistema de regras que organize sua
utilização. O brinquedo estimula a representação, a expressão de imagens que
evocam aspectos da realidade. Ao contrário, jogos, como xadrez, construção,
exigem, de modo explícito ou implícito, o desempenho de habilidades definidos
pela estrutura do próprio objeto e suas regras.
26
O brinquedo representa certas realidades, isto é, algo presente no lugar
de algo. Pode-se dizer que um dos objetivos do brinquedo é dar à criança um
substituto dos objetos reais para que possa manipulá-los.
Duplicando diversos tipos de realidades, o brinquedo as metamorfoseia
e fotografa, não reproduzindo apenas objetos, mas uma totalidade social.
O vocábulo “brinquedo” não pode ser reproduzido à pluralidade de
sentido do jogo, pois conota criança e tem uma dimensão material, cultural e
técnica. Como objeto é sempre suporte de brincadeira. É o estimulante material
para fazer fluir o imaginário infantil, tendo relação estreita com o nível de seu
desenvolvimento.
A “brincadeira” é a ação que a criança desempenha ao concretizar as
regras do jogo ao mergulhar na ação lúdica. Pode-se dizer que é o lúdico em
ação. Dessa forma, brinquedo e brincadeira relacionam-se diretamente com a
criança e não se confundem com o jogo.
Segundo Almeida (1992), é necessário que o educador se conscientize
de que ao desenvolver o conteúdo programático, por intermédio do ato de
brincar, não significa que está ocorrendo um descaso ou desleixo com a
aprendizagem do conteúdo formal.
Ao contrário do desenvolver o conteúdo mediante a proposição de
atividades lúdicas, o educador está trabalhando com o processo de construção
do conhecimento, respeitando o estágio do desenvolvimento no qual a criança
se encontra e de uma forma agradável e significativa para o educador.
Muitas vezes a criança necessita de orientação para seu
desenvolvimento. Dessa forma, a teoria froebeliana proporciona subsídios para
a compreensão da brincadeira como ação livre da criança e os brinquedos
(dons) aparecem como suporte da ação docente destinado à apropriação de
habilidades e conhecimentos.
Houve uma grande evolução nos acessórios para brincadeiras de
criança. Essa evolução dos materiais cria a necessidade de adequar os
materiais e o espaço da brincadeira para que contribuam para o seu
desenvolvimento cognitivo, físico, emocional, social e moral, sem que se perca
a característica do brincar como ação livre, iniciada e mantida pela criança.
27
Brincar não constitui perda de tempo, nem é simplesmente uma forma de preencher o tempo (...) O brinquedo possibilita o desenvolvimento integral da criança, já que ela se envolve afetivamente e opera mentalmente, tudo isso de maneira envolvente, em que a criança imagina, constrói conhecimento e cria alternativas para resolver os imprevistos que surgem no ato de brincar. (NICOLAU, 1988, p.78).
1.3. BRINCAR, CUIDAR E EDUCAR
É possível interagir com a natureza por meio de brincadeiras. Sabe-se
que a criança que brinca desenvolve sua oralidade, sua capacidade de
associar, sua percepção espacial, a afetividade, a socialização, enfim, sua
visão e compreensão de mundo. Isso é maravilhoso! Por meio de brincadeiras
tradicionais, tendo apenas a natureza como instrumento de aprendizagem, é
possível iniciar um processo de ecologia, pois o convívio com brincadeiras e
jogos fará com que as crianças reconheçam e avaliem as biodiversidades que
convivem em um mesmo ambiente. Conhecendo, sentindo-se bem nesse
espaço, guardando boas recordações, com certeza as crianças terão seus
sentimentos despertados a consciência da preservação.
É possível a todo ser humano construir o seu saber, brincando. A
brincadeira é o caminho para que a criança possa viver sua infância de forma
plena e intensa. De acordo com Garcia & Marques (1990) “a infância é a idade
das brincadeiras. Por meio delas, as crianças satisfazem grande parte de seus
desejos e interesses particulares. O aprendizado da brincadeira pela criança,
propicia a liberação de energias, a expansão da criatividade, fortalece a
sociabilidade e estimula a liberdade do desempenho”. (p. 11)
Levando em consideração o que foi citado pelos autores, pode-se refletir
sobre a maneira como “o brincar” é indispensável no desenvolvimento cognitivo
e afetivo da criança. O ato de educar se dá a medida em que são estabelecidas
as relações entre a realidade vivida e o que está sendo representado (o faz de
conta).
Em todo o processo descrito acima, o educar serve como mediador
indicando e esclarecendo dúvidas e expectativas. Segundo Campos (1994) “a
28
educação de crianças pequenas inclui todas as atividades ligadas à proteção e
ao apoio necessários ao cotidiano de qualquer criança, como também a
aquisição de diversos tipos de habilidades, entre as quais estão aquelas
necessárias ao desenvolvimento cognitivo e social”. (p. 11)
Precisa-se quebrar os tabus sobre as instituições de educação Infantil,
reconhecendo a importância de três aspectos básicos: cuidar, educar e brincar!
É direito de toda criança ter acesso a uma educação que lhe proporcione
segurança, bem estar e que amplie seu conhecimento de mundo, garantindo-
lhe uma formação global.
Permitir às crianças a brincadeira é garantir seu pleno e sadio
desenvolvimento em todos os aspectos: cognitivos e afetivos. É a maneira mais
completa de motivar, de manter a concentração e de aprender sempre mais
com as descobertas.
Em toda instituição de Educação Infantil existe a responsabilidade de
cuidar/educar as crianças pequenas, representando um desafio para as
mesmas. Por ser um ambiente diferente do que ela está habituada a conviver,
a escola precisa ser um local agradável, que propicie prazer e segurança para
que possa interagir e criar confiança e autonomia.
Não há como desvincular o ato de cuidar do de educar, pois ambos
estão intimamente relacionados e andam lado a lado. Com a criança pequena,
este educar não pode ser feito de qualquer jeito. O educar precisa fazer parte
do seu mundo, ou seja, um mundo cheio de fantasias e imaginação. Portanto, a
educação, neste contexto, nada mais é do que brincar de descobrir relações
estruturando a realidade, socializando-se e trocando experiências.
O papel das instituições infantis está bem à frente do paradigma de
apenas cuidar. Hoje, o papel da educação infantil é visto como a base da
formação do indivíduo, desenvolvendo as habilidades que ele carregará pela
vida inteira. Dito de outra forma, desenvolver as habilidades de se expressar de
diferentes maneiras, de resolver problemas, de assumir diferentes papéis, de
usar a criatividade e a imaginação em situações de conflitos, de ser crítico e
construtor de seu conhecimento.
29
CAPÍTULO II
O BRINCAR E A REALIDADE: a importância das
brincadeiras no desenvolvimento sócio-histórico-
cultural da criança
O brincar, na Educação Infantil, possui um papel fundamental na
conquista da autonomia e aprendizagem da criança. É por meio das
brincadeiras que ela cria um mundo imaginário repleto de significados,
podendo expressar suas angústias e desejos, compreendendo um pouco mais
sobre o meio em que está inserida. De acordo com Pagani (2003) “toda criança
brinca porque gosta. Para as que ainda não falam, brincar é uma forma de
expressar o que estão sentindo, suas experiências e vivências interiores.
Brincar, para a criança é tão vital quanto comer e dormir”. (p. 12)
Além de estar fazendo algo que gosta, entrando em um mundo
imaginário e de faz de conta, a criança vai explorando o mundo e suas
vivências, compreendendo e dominando seus significados. Em outras palavras,
está desenvolvendo sua oralidade, percepção espacial, afetividade e
socialização. Considerando as possibilidades educativas que envolvem o
brincar, pode-se direcionar objetivos em relação a aspectos psicológicos, a
interação, socialização, preconceitos, lideranças e personalidades.
As crianças costumam dedicar grande parte de seu tempo às
brincadeiras. É brincando que se constituem enquanto indivíduos conquistam
suas primeiras relações com o mundo exterior e entram em contato com os
objetos, permitindo-lhes várias possibilidades de expressão e criação. Para
Vygotsky (1989) “o brincar é o caminho pelo qual a criança compreende o
mundo em que vive e que será chamada a mudar. A essência do brincar é a
criação de uma nova relação entre o campo do significado e o campo da
percepção”. (p. 35)
Através da brincadeira a criança desenvolve uma série de habilidades.
Ela passa a compreender o mundo que a rodeia, dando-o significados e
interpretando-o de maneira particular. A criança que brinca estará
desenvolvendo sua linguagem oral, sua interpretação e associação, assim
30
como as habilidades auditivas e sociais. Ela começa a adquirir motivação,
habilidades e atitudes para sua sociabilidade e autonomia.
Para Kishimoto (1996) “as brincadeiras permitem que a criança
desenvolva capacidades importantes, tais como a atenção, a imitação, a
memória, a imaginação, além de favorecer a socialização, por meio da
interação, da utilização e da experimentação de regras e papéis sociais”. (p.
44)
O brincar cria oportunidades para que as crianças possam experimentar
o mundo e internalizar uma compreensão particular sobre as pessoas, os
sentimentos, os acontecimentos e sobre si mesma. É o canal de expressão da
linguagem verbal, das experiências vividas e da interpretação da realidade.
Através da brincadeira a criança explora os objetos a sua volta, tem
noções de tamanho, de cor, de textura, de quantidade, de espaço, de esquema
corporal, bem como simboliza seus desejos e aptidões revelando angústias e
superando bloqueios.
Na brincadeira de faz-de-conta, os objetos perdem a sua força
determinadora sobre o comportamento da criança, que começa a agir
independentemente daquilo que ela vê. Uma colher se transforma em um
aviãozinho, um cabo de vassoura em um cavalo. Na brincadeira, a criança
aprende a se comportar não somente pela percepção imediata dos objetos, ou
pela situação que a afeta de imediato, mas pelo significado desta ação. A
brincadeira fornece um estágio de transição em direção à representação,
desde que um objeto seja um pivô da separação entre um significado e um
objeto real.
Todavia, é a atividade da criança com o objeto, seus movimentos e seus
gestos, que lhe atribui uma função de substituto adequado. A criança vai, pois,
atingir uma definição funcional de conceitos ou de objetos. OLIVEIRA (1997) “O
brinquedo provê, assim, uma situação de transição entre a ação da criança
com objetos concretos e suas ações com significado.” (p. 66).
A criança, por meio do brinquedo simbólico, pode atingir uma definição
funcional de conceitos ou de objetos. A chave para toda a função simbólica da
brincadeira infantil é, portanto, a utilização, pela criança, de alguns objetos
31
como brinquedos e a possibilidade de executar com eles um gesto
representativo. Gradualmente, o objeto utilizado nas brincadeiras adquire
função de signo, tornando-se independente dos gestos das crianças.
Assim, a brincadeira de faz-de-conta tem uma grande contribuição para
a aprendizagem da linguagem escrita pela criança. A situação imaginária
constitui, logo, a primeira manifestação da criança em relação às restrições
situacionais. Ela possibilita que ela opere com um significado alienado numa
situação real, renunciando atitudes por impulso, respeitando, pois,
determinadas regras. O atributo essencial na brincadeira é que uma regra
torna-se um desejo, ou seja, satisfazer as regras torna-se uma fonte de prazer,
o que, no futuro, constituirá o nível básico de ação real e moralidade do
indivíduo. Ao brincar de escolinha, por exemplo, a criança seguirá todas as
regras de uma escola.
O desenvolvimento da imaginação da criança associa-se diretamente à
aquisição da fala, o que facilita a formação de representações sobre objetos e
permite à criança imaginar um objeto que ela nunca viu antes. Por outro lado,
do mesmo modo que há um desenvolvimento da relação significado-objeto, há
desenvolvimento na relação significadoação, ou seja, a criança aprende a
separar-se de uma ação real através de outra ação, desenvolvendo a vontade,
a capacidade de fazer escolhas conscientes, assim como operar com coisas
que a levem ao pensamento abstrato. Crianças que lidam bem com o abstrato,
com certeza não terão dificuldades na escola. A criança em uma situação
imaginária, uma reprodução da situação real, faz da brincadeira muito mais a
lembrança de algo que já lhe ocorreu do que uma situação imaginária nova. À
medida que a brincadeira se desenvolve, observamos um movimento em
direção ao seu propósito. E, finalmente, surgem as regras, que irão possibilitar
a divisão de trabalho e o jogo na idade escolar. Nesta idade, a brincadeira não
desaparece, mas permeia a atitude em relação à realidade.
Em síntese, o ato de brincar desenvolve habilidades de forma natural e
agradável, proporciona a aquisição de novos conhecimentos, é estimulante e
desenvolve as partes motoras, sociais, emocionais e cognitivas das crianças.
32
2.1 – O BRINCAR NO COTIDIANO DE UMA TURMA DE EDUACAÇÃO
INFANTIL
Este estudo pretende apresentar, quanto aos objetivos que se propõe,
na base da Pesquisa Qualitativa.
A pesquisa qualitativa pode ser definida como:
Uma pesquisa que observa, registra, analisa e
correlaciona os fatos ou fenômenos (variáveis)
sem manipulá-los. Procura descobrir, com
precisão possível, a freqüência com que um
fenômeno ocorre, sua relação e conexão com os
outros, sua natureza e características. Busca
conhecer as diversas situações e relações que
ocorrem na vida social, política, econômica e
demais aspectos do comportamento humano tanto
do indivíduo tomando isoladamente como de
grupos e comunidades mais complexas. (CERVO
e BERVIAN, 2002, p.66).
Os instrumentos de pesquisa que serão utilizados serão a pesquisa
bibliográfica e a observação sistemática.
A pesquisa bibliográfica procura explicar um
problema a partir de referências teóricas
publicadas em documentos. Pode ser realizada
independentemente ou como parte da pesquisa
qualitativa. Em ambos os casos, busca conhecer e
analisar as contribuições culturais ou científicas do passado existentes sobre um determinado
assunto, tema ou problema.
(CERVO e BERVIAN, 2002, pp.65-66).
Cervo e Bervian (2002) afirmam que “observação sistemática tem como
característica básica o planejamento prévio e a utilização de anotações, de
controle do tempo e da periodicidade, recorrendo também ao uso de recursos
técnicos, mecânicos e eletrônicos”. (p. 28)
33
As pesquisas qualitativas envolvem a observação intensiva e de longo
tempo num ambiente natural, o registro preciso e detalhado do que acontece
no ambiente, a interpretação e análise de dados utilizando descrições e
narrativas. É subjetiva e considera a relação dinâmica entre o fenômeno e o
sujeito, respeitando a subjetividade que não pode ser traduzida em números. É
descritiva, portanto, seus resultados não podem ser generalizados.
Este trabalho se propôs a verificar a importância da ação lúdica no
contexto escolar, conferindo assim, o desenvolvimento integral da criança na
Educação Infantil. Durante o processo temático, o objetivo foi verificar e
analisar a proposta da escola e entendimento frente à ação lúdica desenvolvida
em uma escola particular de classe média. Diante disso, faz-se uma análise a
respeito da importância do lúdico por meio dos jogos e brincadeiras
desenvolvidas na escola, sendo essas atividades, do ponto de vista
pedagógico, fundamentais para o desenvolvimento da criança.
A pesquisa foi realizada em uma escola de rede privada atendendo a
uma clientela da classe média e teve a duração de um mês (outubro), essa
observação foi realizada na Educação Infantil, com faixa etária de dois a seis
anos. A escola atende hoje, uma demanda de 287 alunos, este número é o
limite que conseguem atender, devido ao seu espaço físico, mas já possui
projeto de ampliação deste espaço. Trabalha em sua proposta curricular com
princípios Construtivistas Sócio-Interacionista. E é a favor da inclusão, porém,
seus professores não são treinados para essa especialidade, também pude
verificar que a diretora não incentiva a busca da formação continuada nem da
qualificação dos funcionários.
Ao chegar à Instituição, fui recebida meio desconfiada, trazendo
ameaças às professoras, elas se entreolharam e cochichavam. O que me
causou certo desconforto. Mas logo passou, pois começamos a nos interagir.
Pode-se avaliar que os professores na percepção do trabalho com
lúdico, reconhecem seus benefícios na aprendizagem das crianças, mas
sentem muitas dificuldades em sua aplicabilidade concreta, pois não possuem
apoio para colocá-las em prática.
34
Observei que algumas turmas possuem cerca de 20 alunos na faixa
etária de três a cinco anos e apenas uma professora para receber essas
crianças, pois a escola não trabalha com estagiária, sobrecarregando o
professor. É cobrado ao professor o trabalho lúdico, mas ao mesmo tempo, a
escola também cobra o tradicionalismo, já que os conteúdos cobrados são
imensos, as crianças possuem livros e cadernos, portanto, trabalha mais o
concreto e quando sobra tempo, trabalha o lúdico.
Os alunos, ao chegarem à escola, são colocados sentados em roda e
cantam uma música, após, a professora lança um conteúdo através de uma
brincadeira ou história (com duração de mais ou menos vinte a trinta minutos).
A partir daí, parte para o concreto e as brincadeiras acabaram; trabalha os
cadernos, livros e folhas, mas tudo com tempo controlado e existe horário para
tudo. É muita tarefa para pouco tempo e muitos alunos para uma única
professora, pois no fim da aula, os livros e cadernos terão que estar corrigidos
e também elas são obrigadas a escreverem na agenda de cada um sobre
como foi o dia deles na escola. Após todas essas atividades, se sobrar tempo,
a professora deixa a criança brincar com blocos lógicos, mas entrega somente
algumas peças e brincam na mesa, não pode ir para o chão (de segunda à
quinta é trabalhado assim).
A sexta-feira é o dia mais esperado pelas crianças, é nesse dia que eles
podem brincar melhor, uma vez que eles podem levar brinquedos de casa,
podem ir ao pátio livre e também ao parquinho (que são ambientes restritos).
Cada criança leva para escola um brinquedo (só pode ser um), e eles têm
direito de brincar por trinta minutos, mas não pode emprestar nem trocar com
nenhum coleguinha, que a meu ver, perde completamente o sentido, pois a
própria criança sente vontade em trocar, mas a professora não deixa, pois têm
medo de quebrar. Eles têm horário para brincar com os brinquedos, depois
vão ao pátio livre, onde as professoras levam blocos lógicos e pecinhas para
brincarem à vontade. E também têm o parquinho, que eles também podem ir
por trinta minutos. Na hora de voltar à sala, as crianças começam a chorar,
pois querem brincar mais, haja vista que têm acesso ao parque somente uma
vez por semana e o parque é um espaço direcionado ao brincar que permite as
35
crianças correr, balançar, subir, descer, escalar, pular, girar, pendurar,
escorregar, brincar com água e areia. Neste âmbito as crianças são agentes
ativas, brincam, agem, interagem, aprendem, desenvolvem-se, criam e recriam.
Tendo sempre a presença ativa da educadora da Infância, atenta as
necessidades infantis.
Não há uma brincadeira livre, as crianças seguem uma rotina
controlada pela professora, nem mesmo na hora do brinquedo podem ficar
livres para brincar. E os blocos lógicos para eles (que adoram), perdem
completamente a autenticidade de sua função, que é estimular e exercitar as
habilidades motoras e aguçar a criatividade e a imaginação das crianças,
dando-lhes autonomia.
Percebe-se ainda que não há uma plena conscientização das
educadoras em relação às atividades lúdicas, com especial atenção às livres.
As professoras não sabem a riqueza das observações que podem ser feitas em
uma brincadeira livre. As crianças demonstram como vivem e se sentem nos
grupos sociais a que pertencem.
36
CONCLUSÃO
Com a pesquisa desenvolvida, percebeu-se o papel do lúdico na
Educação Infantil.
A Educação Infantil é um período fundamental no desenvolvimento
emocional e cognitivo da criança, implicando, de forma geral, no
desenvolvimento de sua própria vida. Ela precisa brincar para crescer, para
haver um equilíbrio com o mundo.
Analisando concepções de vários autores, observa-se que o brinquedo,
o ambiente natural desde cedo, está presente nas atividades da criança. O
brinquedo, o ambiente é, para criança, uma maneira imaginária de realizar
desejos impossíveis de serem concretizados na prática e tanto se apresenta
como uma atividade que satisfaz necessidades referentes àquilo que a motiva
para agir, como uma atividade que lhe proporciona prazer.
Desde cedo, o desenvolvimento e aprendizagem estão presentes na
criança através das interações com o meio físico e social. No seu cotidiano,
observando, experimentando, imitando e recebendo instruções de pessoas
mais experientes, aprende a fazer perguntas e a obter respostas.
As atividades lúdicas estão ameaçadas em nossa sociedade. Portanto,
cabe à escola e aos educadores recuperarmos a ludicidade infantil das
crianças no espaço escolar.
Toda criança deveria poder viver no mundo da brincadeira, poder se
manifestar por inteiro. Para a criança é fundamental que sinta prazer no que faz
e não fazer porque recebeu uma ordem ou fazer por fazer. Brincar é um direito
da criança para que ela possa usufruir de toda a sua capacidade de criação e
liberdade para se expressar.
Nós, educadores, precisamos provar aos pais e à sociedade que a
criança vai aos Centros de Educação Infantil para brincar, sim: cadernos e
pastas cheias não são sinônimos da aprendizagem; que o brincar foi e sempre
será prioridade para a criança. O que demonstra e comprova a sua importância
e a sua necessidade.
37
Talvez, o que esteja faltando é acreditarmos mais no poder da
brincadeira e consigamos transmitir com confiança esses valores a todos, para
que percebam o que se encontra por trás das maravilhas do mundo da
brincadeira, e que a mesma pode trazer muitas contribuições para o
desenvolvimento das habilidades de aprender a pensar em nossos educandos.
Através do brinquedo, brincadeiras livres, a criança pode desenvolver a
imaginação, confiança, auto-estima, e a cooperação. O modo como a criança
brinca revela seu mundo interior e isso permite a interação da criança com as
outras crianças e a formação de sua personalidade.
Para isso é necessário que as escolas de Educação Infantil dêem
condições e promovam situações de acordo com as necessidades das
crianças, oportunizando estimulação para o desenvolvimento integral da
criança.
38
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39
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________________ Pensamento e Linguagem. Rio de Janeiro: Martins
Fontes, 1989.
40
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO.............................................................................................2
AGRADECIMENTO.............................................................................................3
DEDICATÓRIA....................................................................................................4
RESUMO.............................................................................................................5
EPÍGRAFE...........................................................................................................6
METODOLOGIA..................................................................................................7
SUMÁRIO............................................................................................................8
INTRODUÇÃO.....................................................................................................9
CAPÍTULO I
A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR.......................................................................12
1.1 – Brincar na escola: limites e possibilidades................................................16
1.1.1 – Brincar livre e coordenado.............................................................. 21
1.2 – O lúdico e a construção do conhecimento................................................23
1.3 – Brincar, cuidar e educar............................................................................27
CAPÍTULO II
O BRINCAR E A REALIDADE: a importância das brincadeiras no
desenvolvimento sócio-histórico-cultural da criança..........................................29
2.1 – O brincar no cotidiano de uma turma de educação
infantil.................................................................................................................32
CONCLUSÃO....................................................................................................36
BIBLIOGRAFIA CITADA....................................................................................38
ÍNDICE...............................................................................................................40
41
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição:
Título da Monografia:
Autor:
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito: