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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O PAPEL DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL NA ÓTICA DA PSICOPEDAGOGIA. Por: Marcelle Florentino Gerasso Orientador Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O PAPEL DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NAS SÉRIES INICIAIS

DO ENSINO FUNDAMENTAL NA ÓTICA DA PSICOPEDAGOGIA.

Por: Marcelle Florentino Gerasso

Orientador

Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O PAPEL DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NAS SÉRIES INICIAIS

DO ENSINO FUNDAMENTAL NA ÓTICA DA PSICOPEDAGOGIA.

Apresentação de monografia à Universidade Candido

Mendes como requisito parcial para obtenção do grau

de especialista em Psicopedagogia.

Por: Marcelle Florentino Gerasso.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos que vêem a educação como um a porta aberta a modificações, a liberdade, o amor, a justiça e a igualdade.

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AGRADECIMENTOS

A DEUS, pela proteção e acalento de

minha alma nas horas mais difíceis.

Aos meus pais, José Ricardo Nunes Gerasso

e Amélia da Silva Florentino, pelas orações,

apoio e pelo amor que me têm.

A minha IRMÃ, pela compreensão

e estimulo.

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EPÍGRAFE

“... os contos são verdadeiras obras de arte. São grandes artes

que pertencem ao patrimônio cultural de toda a humanidade e

representam a visão do mundo, as relações entre o homem e a

natureza sob as formas estéticas mais acabadas; aquelas que

provocam precisamente o maravilhoso”. ( Jean - Marie Gillig).

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RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo analisar o projeto pedagógico

desenvolvido, nas instituições de Ensino, junto aos psicopedagogo e suas práticas

pedagógicas de observação e regência que foram realizadas na pesquisa de

campo, neste texto, decidiu-se pela investigação a respeito das propostas da arte

de contar histórias no Ensino fundamental e suas contribuições no

desenvolvimento das crianças. Os procedimentos metodológicos deste estudo

ampararam-se na pesquisa bibliográfica, na identificação de produções de

educadores preocupados em teorizar acerca da importância da Contação de

histórias e em pesquisas de campos em Instituições de ensino. Confirmaram-se os

benefícios das histórias infantis no desenvolvimento intelectual das crianças,

identificou-se, também, que além de estimular a imaginação, a contação de

histórias, realizada com a solicitação e participação das crianças aprimora

habilidades como o desenhar, o pintar, o escrever e a leitura. Todavia, é oportuno

ressaltar que, a arte de contar histórias somente será significativa e atingirá estes

propósitos se o professor junto com o trabalho do psicopedagogo se comprometer

com sua prática pedagógica, isto implica em: selecionar histórias adequadas com

a faixa etária dos alunos; recursos didáticos que articulem as várias linguagens;

histórias que estimulem os sentidos das crianças.

Palavras-chave: Oralidade, literatura oral, formação de leitores.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................10

2. CAPITULO I – COMO SÃO ESCOLHIDAS E CONTADAS AS

HISTÓRIAS PARA OS OUVINTES?

1.1................................................................... 18

1.2.....................................................................21

3. CAPITULO II – LER UMA HISTÓRIA VAI ALÉM DE LER A

CAPA E O TÍTULO. CONTAR HISTÓRIAS SE TORNOU UMA

ARTE NOVA.

2.1......................................................................27

2.2..................................................................... 31

2.3......................................................................32

4. CAPITULO III – O PSICOPEDAGOGO COMO AGENTE DA

LEITURA.

3.1.....................................................................38

3.2......................................................................40

3.3......................................................................42

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................49

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................52

7. ANEXOS.............................................................55

ANEXOS I...........................................................56

ANEXOS II..........................................................57

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INTRODUÇÃO

Essa pesquisa nasceu de uma preocupação da autora com a forma pela

qual os professores e os psicopedagogo lidam com o assunto. Muitos professores

dão as histórias e pedem para que os alunos observem as figuras dos livros. A

criança muita das vezes fica desmotivada em ler a história, pois não há estímulo

algum do professor para que haja interesse do aluno em ler. Esse profissional tem

que saber que uma criança desinteressada e uma criança que não quer aprender.

Sabemos que muitos profissionais acham que contar história é para passar

o tempo, mas os mesmos têm que saber que através de uma história, o ouvinte

viaja, o mesmo aprende a ouvir e desenvolve mais sua fala e escrita,

proporcionando melhoria do imaginário.

Ao longo dos anos, a educação preocupa-se em contribuir para a formação

de um indivíduo crítico, responsável e atuante na sociedade. Isso porque se vive

em uma sociedade onde as trocas sociais acontecem rapidamente, seja através

da leitura, da escrita, da linguagem oral ou visual.

Diante disso, a escola busca conhecer e desenvolver na criança as

competências da leitura e da escrita e como a contação de histórias pode

influenciar de maneira positiva neste processo. Assim, Bakhtin (1992) expressa

sobre a literatura infantil abordando que por ser um instrumento motivador e

desafiador, ela é capaz de transformar o indivíduo em um sujeito ativo,

responsável pela sua aprendizagem, que sabe compreender o contexto em que

vive e modificá-lo de acordo com a sua necessidade.

Esta pesquisa visa a enfocar toda a importância que a contação de histórias

possui, ou seja, que ela é fundamental para a aquisição de conhecimentos,

recreação, informação e interação necessários ao ato de ler. De acordo com as

idéias acima, percebe-se a necessidade da aplicação coerente de atividades que

despertem o prazer de ler, e estas devem estar presentes diariamente na vida das

crianças. Conforme Silva (1992, p.57) "bons livros poderão ser presentes e

grandes fontes de prazer e conhecimento”.

Apesar da grande importância que a literatura exerce na vida da criança,

seja no desenvolvimento emocional ou na capacidade de expressar melhor suas

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idéias, em geral, de acordo com Machado (2001), elas não gostam de ler e fazem-

no por obrigação. Mas afinal, por que isso acontece? Talvez seja pela falta de exemplo dos pais ou dos professores, talvez não.

Existem dois fatores que contribuem para que a criança desperte o gosto

pela leitura: curiosidade e exemplo. Neste sentido, o livro deveria ter a importância

de uma televisão dentro do lar. Os pais deveriam ler mais para os filhos e para si

próprios. No entanto, de acordo com a UNESCO (2005) somente 14% da

população tem o hábito de ler, portanto, pode-se afirmar que a sociedade

brasileira não é leitora. Nesta perspectiva, cabe a escola desenvolver na criança o

hábito de ler por prazer, não por obrigação.

O primeiro capitulo trata como são escolhidas e contadas as histórias para

as crianças de 6 a 10 anos, se os professores se preocupam antes, durantes e

depois com a história contada. Se eles se preocupam em incluir recursos como

livros, gravuras, flanelógrafos, para que as histórias fiquem mais atrativas.

No segundo capitulo foi analisado que, ler uma história vai além de ler a

capa e o título, contar histórias se tornou uma arte nova, como esses profissionais

lidam com as histórias contadas e se os mesmos trabalham de alguma forma com

os ouvintes para que haja interação.

Já no terceiro capitulo foi abordado como o psicopedagogo se torna o

agente da leitura, investigando se as crianças gostam da história contada e se

elas se sentem motivadas a ouvir a história até o final. Também foi analisado

como a escola trabalha a leitura com outros professores sem ser o profissional de

Língua Portuguesa, se os outros agentes educativos se sentem responsáveis por

tal assunto e se a família trabalha a leitura em casa. E no final do trabalho foi

citado como foi realizada a pesquisa de campo nas Instituições de ensino, na qual

foi sugerido o nome: Contando, ouvindo e observando as histórias.

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CAPITULO I COMO SÃO ESCOLHIDAS E CONTADAS AS HISTÓRIAS PARA OS

OUVINTES?

Contar histórias é uma arte. Uma arte que pode ser aprendida, cultivada e

requer práticas. É pela prática que se adquire habilidade, confiança em si,

espontaneidade e calma, além de aprender a perceber a reação do publico,

podendo adaptar ou modificar a história de acordo com o ambiente.

Segundo a fala de Betty Coelho, a história pode ter vários fatores para

alcançar um grande sucesso, o narrador precisa ter um roteiro prévio

estabelecido, e um plano para ter uma organização. A história precisa ter

incentivos, as histórias não podem ser improvisadas, as mesmas precisam de

ensaios, planos de elaboração.

“Consta à importância da história como fonte de prazer

para a criança e a contribuição que oferece ao seu

desenvolvimento, não se pode correr o risco de

improvisar. O sucesso da narrativa depende de vários

fatores que se interligam, sendo fundamental a

elaboração de um plano um roteiro, no sentido de

organizar o desempenho do narrador, garantindo-lhe

segurança e assegurando-lhe naturalidade. O roteiro

possibilita transformar o improviso em técnica, fundir a

teoria a pratica”. ( 2006: 13)

A importância da história para as crianças é um fator muito importante,

porque para cada criança a história e entendia de modo diferente, mas a história

se remete muitas vezes na vida daquela criança. As histórias algumas vezes são

entendidas como fatores que possam ajudar a criança a ter uma atitude ou

conduta adequada em vista para a sociedade.

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Cada contador de história precisa elaborar um roteiro, e executar aquele

roteiro elaborado, o roteiro pode ser modificado, mas precisa ser analisado antes

da execução. Cada contador de história faz seu próprio plano, esse plano consta o

tempo previsto da contação, seu publico alvo, o local da contação e até os

materiais que serão utilizados, para uma boa execução da história.

Cada contador pode ter sucessos ou fracassos em uma narrativa, basta

analisar seu desempenho, por que cada contador faz da narração única. Um

contador precisa levar vários pensamentos para a contação, ele precisa alem de

tudo ser critico no seu trabalho, mas tendo em vista as fases desse trabalho

(elaboração+ execução= trabalho bem feito). Esse mesmo contador de histórias

não pode ser esquecer de seus ouvintes, sabendo de suas necessidades, e sua

faixa etária.

Ao ouvir histórias a criança traduz idéias, sentimentos, vontades,

pensamentos, categorizam os objetos, busca a solução de problemas, ações

conscientemente controladas, o livro se torna uma atividade positiva para o

ouvinte, pois o mesmo se sente tão bem ao ler que não quer parar.

Vygotsky em suas pesquisas sobre a linguagem já apontou a necessidade

e importância da interação da criança com o objeto livro e com o sujeito falante

para a aquisição da linguagem.

“O uso do livro cotidianamente na escola,

de forma fruitiva, faculta o alargamento

cognitivo do sujeito. A linguagem é o

sistema simbólico básico dos seres

humanos e são os sistemas simbólicos

que efetuam a mediação dos processos

mental superiores que caracterizam o

pensamento humano”. (2000:20)

Esse posicionamento já demarca nossa opção teórica, pela concepção de

educação na perspectiva histórico-cultural de Vygotsky, a qual explicita que a

aprendizagem antecede o desenvolvimento do indivíduo, que a produção de

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conhecimento do sujeito se configura como uma atividade histórico-cultural de

produção de conhecimento. Nessa perspectiva teórica, as relações entre

aprendizagem e desenvolvimento assumem uma importância medular, devido a

sua repercussão no diagnóstico das capacidades intelectuais e na elaboração de

uma teoria de ensino.

A contação de histórias é uma ferramenta a ser utilizada para auxiliar o

domínio da linguagem, pois coloca o sujeito em uma situação de comunicação

social, de intercâmbio, fornece os conceitos e as formas de organização do real

que constituem a mediação entre o sujeito e o objeto de conhecimento.

Poderíamos arrolar muitas outras funções da história, mas por ora estas

nos bastam. Elas são suficientes para elucidar que o sujeito que se entrega ao

texto literário têm acesso à educação, a um mundo de valores, de hábitos culturais

que podem auxiliá-lo em suas escolhas.

O processo de leitura e escrita inicia-se muito antes da criança adentrar nas

séries iniciais de alfabetização. A sua inserção no mundo letrado começa nos

primeiros meses de vida, ao escutar as primeiras estórias e cantigas contadas e

cantadas pela mãe e/ou professores. Por isso, este projeto visa também a

formação de um público leitor.

O processo de leitura e a formação de leitores podem ser facilitados se for

iniciado nos primeiros meses de vida, ou seja, na família e/ou nos Centros de

Educação Infantil. Sabemos que as crianças desenvolvem um processo de leitura

quando se interessa pelos brinquedos, pelo livro, pela música, pela dança e por

tudo aquilo que se oferece para o seu desenvolvimento. Quando ele ouve

histórias, quando sente medo ou alegria, quando observa as gravuras dos livros,

bate palmas, etc, ele vai aumentando o seu conhecimento de mundo, aprendendo

a gostar de literatura e a ler para além de seu espaço de referência ou espaço

imediato para aderir ao mundo mágico dos textos.

Na fala da Professora Wladya Soares, podemos perceber como a contação

de história se faz presente em suas aulas:

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“As histórias são de certa forma um modo

da criança interagir com o conteúdo estudado.

Porque as histórias são simples e acompanharão

o individuo para sempre, guardados na memória.

Não apenas como um vasto legado cultural

subjacente ao que irá construir pela vida afora,

mas também como uma lembrança específica do

adulto que os contou”.

(Professora Wladya Soares, professora do 1° ano)

Desenvolver projetos que envolvam o uso de textos literários exige que

tenhamos claramente definido nossa concepção de linguagem e de literatura, pois

ela norteará nossa prática pedagógica e o uso que faremos do livro em sala de

aula. Se entendermos a linguagem como um lugar de interação humana, a qual

necessita ser experimentada, vivenciada para sua aquisição e aprimoramento,

bem como pensamos a literatura como uma manifestação artística, o texto literário

não será empregado nas instituições educativas como conceito para o ensino de

regras gramaticais, e o nosso ambiente escolar será o espaço que dispomos para

sensibilizar nossos alunos a apreciarem o livro como se aprecia uma obra de arte.

Cada profissional pode trabalhar a história de forma a incluir o conteúdo

programático, as histórias são um meio de motivar os alunos e inovar as aulas,

para que fiquem mais interessantes em meios a tantas matérias e rotinas.

1.1-Escolha da História.

Segundo a fala de Betty Coelho (2006):

“Se a História não nos desperta a

sensibilidade à emoção, não iremos contá-la com

sucesso, é preciso todo o encantamento”.(P: 14)

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Contar histórias é saber criar um ambiente de encantamento, suspense,

surpresa e emoção em que enredo e personagem ganham vida. Para os

pequenos, é um momento para ouvirem, sentirem o que quiserem e puderem,

manuseando o livro como um objeto lúdico. Por isso, não é conveniente cobrar

nada deles. Crianças ouvem histórias se mexendo, cantarolando, imitando os

personagens e, até, saindo do lugar para se aproximarem e tocarem no livro.

O primeiro passo consiste em escolher o que contar. É necessário fazer

uma seleção inicial das histórias, porque antes de tudo, o contador deve gostar

muito do texto que quer contar, levando em conta a faixa etária dos ouvintes, o

lugar (local), e o ponto de vista literário, porque a história deve se encaixar aos

ouvintes, entre outros fatores.

Nem toda história vem pronta em um livro para ser contada. A história pode

partir da imaginação. A história precisa ser lida e relida vária vezes, para adaptar a

linguagem mais simples e acessível a contação, para que a história, torne-se

dinâmica e sua compreensão mais atraente.

Uma maneira de garantir o interesse dos ouvintes é oferecer textos que

transformam - se em parodia, que brincam com a seriedade de algum outro texto,

para que haja a existência de diversos pontos de vista para uma mesma questão.

Não pode se esquecer que o bom narrador não deve querer explicar uma história

antes mesmo de tê-la contado. Uma história não precisa ser explicada, pois ela

deve falar por si mesma.

Ao processo de aquisição da língua, as histórias oferecem aos leitores ou

ouvintes uma gradual ampliação de vocabulário, a capacidade de compreender o

enredo como um todo, não se prendendo a todas as palavras desconhecidas,

enfim propicia um aprendizado da língua de maneira não formal e sistemática.

Porém, para que isso aconteça é necessário que o professor esteja atento às

atividades que pode extrair de uma história: os momentos que precedem a

“contação” podem ser muito ricos se essas atividades forem bem encaminhadas.

Possibilidades de aprendizado que estejam relacionados a uma história também

acontecem durante e após uma “contação”. Todos esses momentos serão

melhores explicitados ao longo deste trabalho.

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É sempre importante um professor ou contador trabalhar antes ou depois

da história contada, porque desenvolve mais o cognitivo e a criatividade da

criança. Para que haja desenvoltura é preciso que o profissional que irá contar a

história, se dedique e faça um breve plano antes da contação, como foi dito acima.

Cada profissional precisa ter seu lado critico aguçado, para que nada fuja do

controle, e que o mesmo saiba a hora dele para e mudar.

É preciso um trabalho bem realizado fica sempre um gosto de quero de

novo, é sempre bom que o profissional se sinta realizado, mas nunca com seus

pés fora do chão. Em segundo lugar, o espaço escolar imprime à narrativa oral,

pois podemos ver nas conversas que o/a contador/a de histórias com muita

freqüência realiza com as crianças após a contação; nelas, é freqüente que se

questionem e/ou enfatizem as “mensagens” da história. Também há uma grande

preocupação com as atividades de “enriquecimento” (desenhar, fazer

dobraduras...) da contação de histórias, dentro daquela regra informal da cultura

escolar, pela qual não pode ocorrer, naquele ambiente, qualquer atividade

gratuita, sem registro, sem um sinal visível, comprobatório de que a atividade foi

realizada.

Segundo a professora Adriana Dantas:

“Sempre realizo algum trabalho depois de

uma contação de histórias, gosto que eles

desenhem o personagem principal, ou até

mesmo refaçam o final da história”.

(Adriana Dantas, professora e responsável pela

sala de leitura).

Quando o professor conta uma história ele está despertando no aluno o

gosto pela leitura e essa posição de “escutador” de história contribui para formar

no futuro um leitor que lê por prazer e não por obrigação. É válido ressaltar que

uma mesma história pode ser contada/lida várias vezes e que, inclusive, as

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crianças costumam gostar de ouvi-las novamente, ouvir algo conhecido passa

segurança e noção de competência sobre um assunto.

Na introdução deste trabalho mencionamos a importância das histórias na

formação do caráter e no desenvolvimento de valores. Os contos de fadas, por

exemplo, ajudam a despertar sentimentos e valores intuitivos. Contar histórias não

é apenas um jeito de dar prazer às crianças: é um modo de ampará-las em suas

angústias, ajudá-las a nomear o que não podia ser dito, ampliar o espaço da

fantasia e do pensamento.

Uma história pode ajudar as crianças a lidar com seus conflitos psicológicos

por tratar de conflitos internos importantes, inerentes ao ser humano, como a

morte, o envelhecimento, a luta entre o bem e o mal, a inveja etc. Vale lembrar

que não cabe qualquer espécie de julgamento moral ou censura por parte de

quem conta, pois o que importa aqui não é ensinar às crianças como se

comportar, mas sim ajudá-las a lidar com as adversidades da vida, na elaboração

de seus conflitos íntimos. Assim, há também uma outra função para o uso de

histórias em sala de aula que não só a aquisição gradual do idioma.

1.2-Uso de recursos para uma boa narração

Podemos ver como são vastas as maneiras que temos de contar uma

história, muitos recursos podem ser utilizados para manter a atenção e alegrar as

crianças, desde a roupa representativa do contador, da interpretação e

caracterização de personagens, até o simples contar a história. E sentir também

como é diferente contar para colegas e contar para as crianças, o senso crítico é

muito maior, tanto das colegas como o nosso que não queremos errar.

Mas o mais importante é que a segurança do contador e a sua flexibilidade de voz,

entonação, do uso do corpo é que leva uma história ser interessante e

monopolizadora da atenção, conforme o contador não dá vontade nem de respirar

para não perder nenhum detalhe.

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É recomendável ser bastante criativo no uso de recursos materiais. Não se

prender a certos padrões, mas variar de acordo com o conteúdo da história a ser

contada ou apresentada.

Muitas histórias infantis no conteúdo escolar são interessantes para o

professor trabalhar, ate mesmo sendo ajudado pelos livros didáticos que hoje

trazem muitas obras da literatura antiga e moderna muito interessantes. É

interessante ver as crianças contando a história, mas será muito mais interessante

se o professor fizer este papel, ou com mais freqüência, pois assim poderão

manter mais o encantamento das histórias.

Segundo a professora Adriana Dantas:

“Adoro trabalhar com materiais concretos junto

com a contação de história, por que além do educando

ouvir pode ver e perceber como a história é

interessante. Os recursos são importantes para

qualquer contação de história basta ser utilizados

corretamente”.

(Adriana Dantas, professora e responsável pela sala de

leitura).

Quando a contação de história for para crianças, o narrador precisa usar

recursos atraentes, que chamem e prendam a atenção do ouvinte, um desses

recursos seria a utilização de brinquedos, que tem haver com a história a ser

contada. A utilização de material concreto demonstra que as crianças captam

integralmente o enredo, porque trabalhamos além da imaginação, a visão da

criança, pois através do que ela vê, ela pode imaginar e reimaginar a história.

Há texto que necessitam a apresentação do livro, pois a ilustração os

complementa, muitas vezes a imagem é tão rica quanto o texto. Não pode

esquecer que a contação através do livro, é necessário mostrá-lo ao término de

cada narrativa. Há narrações que o contador pode ampliar em cartolinas as

gravuras que é de papel resistente, sendo possível até fazer colagens com outros

papeis coloridos.

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O narrador pode deixar as figuras empilhadas em ordem, viradas para

baixo. À medida que vai contando, o narrador as coloca uma a uma no suporte

próprio. Este movimento é eficaz com naturalidade, uma gravura substituindo a

outra no momento exato, sem atropelos, a narrativa flui sem interrupção, mesmo

durante a colocação e troca das gravuras.

Existem histórias em que a personagem principal entra e sai de cena,

durante o enredo. O ideal é usar o flanelógrafos, que é um recurso visual, por que

os ouvintes compreendem mais a história. Os flanelógrafos são recursos no qual o

contador pode trabalhar com personagens que entram e saem sem deixar os

ouvintes confusos.

As figuras são confeccionadas em flanela, filtro ou papel cartolina, que com

um leve toque acompanhado de rápido movimento para baixo, o material adere

aos flanelógrafos. Não podemos confundir o uso do flanelógrafo com

apresentação de gravuras, são situações distintas para histórias diferentes. Na

gravura reproduz-se a cena, no flanelógrafos cada personagem é colocado

individualmente, ocupando seu lugar no quadro, o que dá a idéia de movimento.

O mais importante nessa técnica é a ação do personagem principal, num

movimento constante, mas usar o flanelógrafo não é colocar qualquer gravura,

porque é necessário que as gravuras tenham a ver com a história a ser contada, é

preciso colocar um pedaço de lixa no verso e assenta-la no quadro de flanela,

para que haja um melhor uso do material escolhido, se tornando uma boa

alternativa.

“Costumo apresentar com desenhos histórias

como As idéias de Tadeu (6.2), com a ilustração

que foi publicada na revista Recreio. Escrevo

inicialmente, os nomes dos personagens no

quadro de giz, enquanto narro, desenho ao lado

de cada nome a idéia única que o personagem

tinha na cabeça”.

( Coelho Betty, 2006, p: 41)

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Segundo a Fala de Betty Coelho, é importante contar a história

acompanhada do desenho feitos no quadro de giz ou na falta deste, em papel de

metro. Isso aguça a curiosidade dos ouvintes e é um recurso atraente, no caso de

historias de poucos personagens e traços rápidos.

Cada história necessita de um recurso para torná-la mais expressiva, um

recurso muito usado, seria o uso da interferência, que se faz presente na narrativa

em que os ouvintes participam da contação, mas é preciso que o contador saiba

usar esse recurso, para que o mesmo não perca o foco central na sua execução.

A interferência resulta da criatividade do narrador, que a incorpora ao texto

para tornar a narrativa mais atraente. É um excelente recurso quando se trata de

público numeroso, em locais abertos, facilitando a concentração dos ouvintes, mas

é preciso cuidado para não transformá-la em “debates”, pois ela surgiu em

decorrência do enredo e é para se mantida em equilíbrio e sob o controle do

narrador.

Todos os recursos se usados corretamente são de maior importância e

compreensão tanto para os ouvintes quanto para o narrador, que vai deixar sua

contação mais atraente e compreensiva. É preciso saber, que não vale de nada

ter um melhor recurso visual, se o contador não sabe conduzir a história.

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Capítulo II

LER UMA HISTÓRIA VAI ALÉM DE LER A CAPA E O

TÍTULO. CONTAR HISTÓRIAS SE TORNOU UMA ARTE NOVA.

Quando pegamos um livro para ler, precisamos esquecer o mundo em que

vivemos para entendermos a história. Muitas vezes quando lemos uma história

nos imaginamos personagens dela e colocamos em prática a leitura em ações

vivas em nossa mente.

Quando lemos um bom livro nos vemos diante de mudanças, nunca mais

seremos o mesmo depois de terminarmos a leitura. Termina a leitura, mas

continuamos na nossa vida. E muitas vezes levamos as nossas leituras, para o

trabalho, diversões e até como aprendizados para a vida real. Tiramos exemplos

de como é bom ler, por que descobrimos coisas sem sair do local.

Ao ler um livro, descobrimos a dimensão das palavras, precisamos

entender enquanto leitor que cada leitura tem sua importância, ao ler um livro

sabemos que podemos ler de novo, sublinhar aquela frase marcante, ao ler uma

bula de remédio nos orientamos, ler placas, estamos codificando símbolos, lendo

quadrinhos, nos divertimos, então cada leitura é única para o leitor, e é entendida

de várias formas.

“E é exatamente do fascínio de ler que nasce o

fascínio de contar. E contar histórias hoje

significa salvar o mundo imaginário”.

(Sisto, 2005 p.27 e 28).

Segundo Sisto, salvar o mundo imaginário esta na contação de histórias,

pois é do fascínio de ler que nasce um contador. Tudo precisa de uma motivação,

e para ler não é diferente, às vezes essa motivação parte da contação de um

indivíduo para outro.

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O contador precisa entender que uma história bem contada desperta a

curiosidade do ouvinte em buscar sua fonte na integra para ler. Pois é do fascínio

da contação, de ouvir um outro contar que desperta o fascínio de leva-la para

outras pessoas ouvir, e passa a ser uma corrente do bem, cada um contando uma

história para o outro.

O impulso para acompanhar uma história surge da vontade de saber o que

virá depois. Esse impulso aproxima a narrativa da imaginação, já que esta era

desde Aristóteles entendida como um movimento psíquico ligado ao desejo,

particularmente ao desejo de conhecimento. A criança quer saber de tudo o que

está envolvido na performance do adulto que lhe canta uma cantiga ou conta uma

história: como dizer, como cantar, como produzir com palmas o som de uma

cavalgada, como fazer o personagem roncar. Escutar uma história envolve ir à

frente da história, antecipando a ação, fazendo conexões e produzindo sentidos.

Segundo a professora Ana Paula Dias:

“Quando abrimos um livro de histórias

diante das crianças, esse desejo se confunde

com a expectativa pela virada de página: que

imagens lhes serão dadas a ver”.

(professora Ana Paula Dias, professora do

Jardim II)

Reconhecendo a inestimável riqueza estética e simbólica desse processo,

buscamos destacar também a necessidade de que seja ao mesmo tempo

exercitada a capacidade de evocar imagens na ausência das figuras, a partir

apenas das palavras.

A importância da imagem particular e subjetiva criada pela criança já seria

uma razão forte para que perdêssemos o receio de contar histórias “de cabeça”,

para que afastássemos o medo de não conseguirmos manter a atenção das

crianças se não lhes mostrarmos as figuras dos livros.

Se nosso olhar não estiver preso às páginas, tenderá se voltar com mais

intensidade para as crianças, e teremos talvez mais facilidade em incorporar os

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movimentos e reações delas a nossa performance. Tão envolventes quanto as

ilustrações podem ser os recursos expressivos que formos desenvolvendo: um

estalar de dedos, uma pausa inesperada, um arregalar de olhos, um toc-toc-toc

com o nó dos dedos na madeira da parede.

Tão atraente quanto às figuras do livro pode ser a linguagem que usarmos:

a sonoridade das palavras, os estribilhos, as rimas e repetições, o uso de

diferentes vozes ou sotaques para os personagens. Mesmo as palavras cujo

sentido a criança desconhece – e talvez especialmente elas – podem ter uma

qualidade material que chamaríamos de figurativa.

2.1- Contar histórias uma voz do passado e a voz do futuro.

Vivemos um período muito interessante na história da humanidade. Nunca

antes tanta informação e tanta comunicação chegaram aos nossos lares, nossas

escolas e aos nossos locais de trabalho e lazer. Os atuais meios de comunicação

e informação como TV, internet, revistas, jornais e vídeos prendem a atenção de

grandes e pequenos.

Em princípio isto é bom – o horizonte de conhecimentos é ampliado e está

ao alcance cada vez mais das pessoas. No entanto, é preciso ver com muita

cautela, que esses meios de comunicação e informação podem gerar graves

problemas no desenvolvimento integral do ser humano. O perigo que nos ronda,

chama-se individualismo. Crianças e adultos buscam e recebem as informações e

os divertimentos, que a moderna tecnologia coloca ao alcance de todos, sem que

para isso precisem envolver-se com os outros. A agitada vida profissional de nossa

época faz com que no fim do dia todos estejam tão cansados que somente querem

relaxar.

Segundo a fala de um pai:

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“ Quase não tenho tempo de contar uma

história ou escutar meu filho, o dia a dia

me cobra muito... vejo meu filho estudar e

depois ver tv, fico sem tempo e sem dar

atenção a minha família, isso eu sei!”.

(Pai de um aluno da escola que foi

realizado a pesquisa de campo)

O diálogo em família corre o risco de desaparecer, porque aquilo que os

meios de comunicação oferecem parece mais interessante e não obriga ninguém a

tomar posição. Num passado já mais distante, havia espaço e tempo no seio da

família para compartilhar as experiências e as vivências do dia-a-dia. Havia

disposição para ouvir, falar e para compartilhar.

Em muitas famílias, após o jantar, todos se agrupavam ao redor do avô ou

da avó, do pai ou da mãe, para ouvi-los falar sobre a história da família – e muitos

tinham em seu meio um contador de estórias e histórias. Nessas horas um estava

perto do outro, sentia o outro, afeto e carinho floresciam.

Os modernos meios de comunicação sabem contar e apresentar as velhas

histórias, acompanhadas de som e imagem, de uma maneira tão bonita e

fascinante, que os velhos contadores de histórias não se arriscam mais a abrir a

boca. A história vem tão completa que não se precisa pedir alguma informação a

mais, nem mesmo é necessário usar a imaginação.

Sabemos que a história tem que nos preencher de alguma forma o que nos

falta. É como se o contador nascesse a cada história que ele conta. Por que cada

contador tem um modo de contar a história, o mesmo precisa ter uma certa

intimidade com a história, para que ela não fique vaga, vazia.

Cada contador conta de forma diferente do outro, contar história não é uma

tarefa fácil, para que a mesma seja atraente é preciso uma certa habilidade,

exercícios, e preparo para controlar todos os mecanismos que entram em jogo

cada vez que se conta uma história a uma platéia.

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Existem certas pessoas que acham fácil contar histórias, mas o ato de

contar é que dá o clima na história. É preciso contar uma história que mexa com a

emoção do público, ou seja, com o medo, o pavor, a admiração, o encantamento,

o amor, a reflexão, tudo isso são maneiras de emoção.

As origens do contar histórias são antigas, tanto quanto o homem, as

histórias atravessam os tempos, seja por meio de figuras (ilustrações) ou pelo

verbal (contação). As histórias são inúmeras, mas com sensações distintas, o

contador de histórias seja ele no passado ou no futuro assume duas posturas: a

épica, em relação ao público, e a dramática, em relação á história que conta,

quando faz vozes de personagens, gestos e movimentos.

No passado as histórias eram para a contribuição cultural, as histórias eram

contadas e não lidas, eram histórias que aconteciam e ficaram guardadas em sua

memória e eram passadas de forma que os ouvintes pudessem de alguma

maneira levar para sua vida como exemplo.

Hoje temos a variedade de livros, um acervo bibliográfico grande, a cada

tempo um novo autor, uma nova obra a ser descoberta. Basta o ouvinte querer

escutar uma boa história, porque de histórias contadas se faz um mundo leitor.

Na fala de Sisto(2005), podemos perceber que o próprio contador é o

personagem de sua obra contada. O mesmo precisa passar confiança para os

ouvintes.

“Na verdade, o contador de histórias é ele

mesmo, um personagem que se confia a

todos que querem ouvi-lo”.

( 2005; 43)

A relação com a história é uma magia que o contador precisa ter, o mesmo

precisa estar interagido por inteiro no que estiver fazendo, e exercitar-se o

suficiente para aprender a destravar a sua emoção no momento adequado, para

que não seja pego de surpresa no ato de contar histórias.

O significado de escutar histórias é tão amplo... É uma possibilidade de

descobrir o mundo imenso dos conflitos, das dificuldades, dos impasses, das

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soluções, que todos atravessamos e vivemos, de um jeito ou de outro, através dos

problemas que vão sendo defrontados, enfrentados ou não, resolvidos ou não

pelos personagens de cada história, cada um a seu modo. E assim esclarecer

melhor os nossos ou encontrar um caminho possível para a resolução deles.

São ouvindo histórias que se pode sentir emoções importantes como: a

tristeza, a raiva, a irritação, o medo, a alegria, o pavor, a impotência, a

insegurança e tantas outras mais, e viver profundamente isso tudo que as

narrativas provocam e suscitam em quem as ouve ou as lê, com toda a amplitude,

significância e verdade que cada uma delas faz ou não brotar. Decorre da leitura

também a postura crítico-reflexiva que é extremamente relevante na formação

cognitiva das crianças, partindo primeiramente do professor, para em seguida,

despertar as potencialidades reflexivas dos seus alunos. É a partir daí que se

pode falar do leitor crítico.

Assim, a criticidade estará presente nas aulas e literatura, sem que se

perca o encanto e o brilho dos contos de fadas e de fábulas. Neste mesmo

sentido, entende que ouvir e ler histórias são também desenvolver todo o potencial

crítico da criança. É poder pensar, duvidar, se perguntar, questionar... É se sentir

inquieto, cutucado, querendo saber mais e melhor ou percebendo que se pode

mudar de idéia. É ter vontade de reler ou deixar de lado de uma vez.

Segundo Abramovich (2003):

“É através de uma história que se pode descobrir

outro lugar, outros tempos, outros jeitos de agir e

de ser, outras regras, outra ética, outra ótica... É

ficar sabendo história, geografia, filosofia, direito,

política, sociologia, antropologia, etc... sem

precisar saber o nome disso tudo e muito menos

achar que tem cara de aula... Porque, se tiver,

deixa de ser literatura, deixa de ser prazer, e

passa a ser didática, que é um outro

departamento (não tão preocupado em abrir

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todas as comportas da compreensão do

mundo)”.

Da mesma forma, as histórias inventadas são importantes. A criança precisa saber

de coisas que não fazem parte de sua experiência cotidiana. É comum ela ter um

amigo imaginário ou atribuir qualidades humanas e sobrenaturais a um brinquedo

ou a um animal.

As conversas e as histórias desses personagens, unindo o real e o imaginário, dão

aos pais muitas dicas sobre seus filhos, pois é nessas horas que a criança deixa

transparecer sentimentos como medo, a insegurança, o ódio, o amor. Ler histórias

para as crianças, sempre. É suscitar o imaginário, é ter a curiosidade respondida

em relação a tantas perguntas, e encontrar muitas idéias para solucionar questões

- como os personagens fizeram... - é estimular para desenhar, para musicar, para

teatralizar, para brincar... Afinal, tudo pode nascer de um texto.

É importante que o profissional deixe a criança imaginar, que o aluno solte seu

imaginário, porque o fascinante da história é poder recriar outra em cima da

mesma, é poder dar asas à mesma história. A criança não pode ficar presa ao

pronto, ela precisa descobrir o modo de inventar e recriar, porque cada criança

tem seu lado imaginário aguçado para a criação.

A criança precisa ter prazer em fazer as coisas bem feitas, para que não se torne uma

obrigação, tudo feito com amor, é feito com motivação, com vontades, para que haja

desempenho do aluno é preciso determinação.

2.2- O que quer e quem são os contadores de histórias?

Segundo Gregório;

“Percebemos que as histórias, mesmo

com o passar do tempo, são relembradas, em

meio à tecnologia, pois existem pessoas que não

a deixam cair no esquecimento”.

(Gregório contador de histórias do Paço Imperial)

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Os contadores de histórias precisam transmitir uma história fascinante, na

qual os ouvintes se emocionem ao ouvi-la e depois queiram ler na íntegra o texto

contado em um livro, ou qual for à fonte retirada. Os mesmos são profissionais,

trabalhadores, educadores, pais, que tiram do fascínio de contar uma história a

vocação, uma arte e as vezes o emprego.

Enfim o contador conquistou a noção técnica e o status de artista. Porque o

contador de histórias precisa controlar suas emoções, não pode levar seus

problemas a platéia, é preciso ensaio, uma preparação, um plano a ser seguido,

para que haja espontaneidade, para que o público se interesse a ouvir até o final a

história.

O próprio contador não tem só um estilo de contar, mas de certa forma

passa a descobrir qual a melhor maneira de contar, segundo o estilo do texto e

adaptando a ele, ao seu modo de contar.

Os mesmos precisam ter um repertório variado, investindo na sua

atualização, para cada história contada um obstáculo ganho, uma peça

fundamental para o contador de histórias é o olhar, que o olhar funciona como um

cordão umbilical, que mantém o vínculo do contador com o público, o olhar no olho

das pessoas é trazê-las para dentro das histórias.

Como Cisto deixou claro na fala acima, o contador de história não pode

ignorar a platéia, ele às vezes precisa interagir com os ouvintes, para que haja

interação entre ouvintes e história.

Não podemos confundir quem conta histórias, e quem faz teatro, pois o

contador de histórias usa a emoção para proferir seu texto, expressar-se

corporalmente, trabalha intenções, climas, ritmos e ate marcações cênicas não

transforma o que ele faz em encenação. Uma parte da história ou trechos que são

dramatizados podem ocorrer com tranqüilidade, é apenas um recurso para tornar

a história mais viva. Mas se a história toda for dramatizada, ela é teatro, e não

contação!

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Não podemos deixar de falar sobre o fato do contador contar sozinho uma

história, do inicio ao fim. Dois ou mais contadores dividem a histórias por parte ou

as vozes a serem imitadas, o contador estará saindo da contação com encenação,

e utilizará a principal característica do teatro, que é a contracenação!

Uma contação de história é um dialogo sendo realizado com mais de duas

pessoas, e para esse dialogo dar certo em ambas as partes, o contador precisa se

expressar claramente, e o ouvinte precisa entender o que esta sendo dito,

narrado.

2.3 De uma oficina de contação de histórias não sai um contador

de histórias formado.

Segundo Gregório:

“O trajeto é longo, é preciso força

de vontade e muito estudo e

trabalho”.

(Gregório, contador de história do

Paço Imperial)

É necessário saber que de oficinas de contadores de histórias, não sai

formado ninguém. Por que cada oficina tem a duração variável entre 8 horas/aula

e 24 horas/ aula, são apenas informações exemplos transmitidos à platéia, para

que os ouvintes interessados fiquem por dentro do assunto. Então ninguém saia

de uma oficina formado em contador.

Uma oficina só é o começo, por causa da sua carga horária, pois tem que

haver um aperfeiçoamento da parte de quem quer contar e um aparato técnico,

pois sabemos que é precisão muita força de vontade e estudo, por que de oficinas

e palestras ninguém pode sair formado e sem informado do assunto.

Há muitos interessados no ato de contar histórias, mas faz-se urgente à

aparição de uma escola para formação desses contadores de histórias, como

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aconteceu na arte dramática, que hoje possui escola de formação em nível

superior.

Quem procura muito esse tipo de trabalho são os professores da educação

infantil, os atores, os bibliotecários, os alunos do curso de formação de

professores e professores de língua portuguesa. Cada interessado vem na

procura de aperfeiçoamento e curiosidade em saber como é a contação de

histórias.

Uma primeira oficina de contadores de histórias remete a apresentações da

linguagem, e uma exposição de algumas técnicas que os contadores usam, para

que os interessados possam analisar e conhecer essa arte.

O interessado nessa arte precisa ter em mente que o mais importante é que

o contador precisa ter o domínio da narração, e precisa gostar do que faz, para

não virar outra coisa parecida com teatro.

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CAPITULO III

O PSICOPEDAGOGO COMO AGENTE DA LEITURA.

O papel do professor e do psicopedagogo para a formação de um aluno

leitor, que tenha prazer com a leitura de um texto é muito importante, porque

sabemos que muitas vezes o professor é o espelho do aluno, o aluno vê o

professor como um exemplo correto, e precisamos trabalhar esse aluno no âmbito

escolar, para que o mesmo possa refletir seus ensinamentos para a sociedade.

O aluno se vê compelido a “apropriar-se” daquele livro por afinidade, sem

estratégias para deflagrar um comportamento. Se o professor – ou qualquer

agente de leitura - tem participação mais direta, falando que já leu ou que põe à

disposição, uma seleção de obras instigantes, que facilita o envolvimento, o aluno

se sente mais seguro no ato de ler. A sensibilidade do aluno, entretanto,

determinará a sua relação com o texto, nesse momento, a tarefa é solitária, sem

intermediários, nesse momento o professor precisa deixar que o próprio aluno

tenha suas opiniões.

No parágrafo abaixo, Lerner (2002), nos faz pensar de como é importante a

leitura andar junto com a escrita, para que possamos reorganizar o pensamento, e

pensarmos no mundo, por quem ler atribui também uma boa escrita, um

vocabulário mais amplo. É preciso que o professor seja consciente de que nem

tudo o que ele lê é bom, ou melhor, para seus alunos lerem. É preciso ter um olhar

critico sobre a leitura, para saber se a mesma serve para a turma.

“O necessário é fazer da escola um âmbito onde

a leitura e a escrita seja prática viva e vital, onde

ler e escrever sejam instrumentos poderosos que

permitem repensar o mundo e reorganizar o

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próprio pensamento, onde interpretar e produzir

textos sejam direitos que é legítimo exercer e

responsabilidades que é necessário assumir”.

(p.18)

É preciso, antes de tudo, considerar o desenvolvimento e os interesses dos

alunos. Há turmas inteiras que desafiam os professores, logo na primeira aula:

não gostam de ler, não gostam de escrever, o Português é a disciplina mais

“chata” do currículo, devido à exigência dos professores que implicam por

insignificâncias como vírgulas, maiúsculas, acentos.

Fala da Psicopedagoga Rita Barbosa:

“Para fazermos dos nossos alunos

leitores, temos de conquistar

previamente para nós esse

estatuto. Só um professor-leitor que

“transpire” paixão pelos livros

poderá convencer, pelo exemplo, os

seus alunos do prazer que a leitura

lhes pode proporcionar”.

Enfocar a leitura como processo de interação entre autor/leitor ou

leitor/texto é reconhecê-la como veículo importante que permite o

estabelecimento de relações interpessoais muito ricas, possibilitando o

crescimento do leitor, enquanto sujeito-leitor e como elemento de transformação

do meio social em que vive.

Para que o ato de ler possa levar o leitor a questionar, refletir, construir

juízos de valor sobre o texto, sobre si mesmo ou a sociedade, e a agir como

agente transformador é preciso que os agentes de leitura (família, escola,

sociedade, governo) tenham consciência da importância desse processo,

entregue, via de regra, à responsabilidade exclusiva da escola e ali tratado

como objeto de trabalho enfadonho.

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É preciso que esses mesmos agentes se tornem geradores e irradiadores

de mudanças importantes que transformem a leitura em uma atividade

agradável, interessante, enriquecedora e, principalmente, companheira

constante no cotidiano do aluno.

Quanto ao professor que tem como objetivo de seu trabalho ser agente de

leitura é preciso, antes de tudo, que ele próprio seja leitor, pois aquele que lê

faz comentários, fala com emoção e entusiasmo sobre suas leituras. É

interessante que o professor que deseja ser um agente eficaz de leitura comece

a ler, pela paixão de ler e não apenas pela necessidade profissional. Que

invista continuamente na sua formação de leitor, lendo os mais diferentes

escritos que a sociedade produz, refletindo sobre eles e analisando-os.

É preciso investigar-se interiormente, procurando descobrir por que

prefere mais um tipo de leitura a outro. Essa investigação da própria história de

leitura pode levá-lo a perceber que nem tudo o que gosta de ler será

interessante para seus alunos; a saber reconhecer as características de um bom

texto e as impressões e sensações que determinados textos despertam nele.

Existe uma relação direta e intrínseca entre o professor leitor e o professor

agente de leitura.

Para contar histórias com vistas a formar leitores é necessário que o

texto narrado faça eco no íntimo do ouvinte, despertando nele o interesse em ouvir

atentamente para reproduzi-lo depois. Mostrar o livro aos ouvintes depois da

narração dá a pista onde encontrar o texto para uma nova fruição. Contar uma

história não é a mesma coisa que ler uma história. À medida que se lê o texto

pode-se ir mostrando as figuras e os ouvintes interferem com comentários.

Ouvir contos é uma forma de ler. O primeiro contato das crianças com a

leitura acontece desse modo, com os adultos lendo para elas. Por isso, nas séries

iniciais é importante a contação baseada no texto, sem marcas de oralidade e sem

interrupções por parte dos ouvintes. É uma forma de alfabetizar pela audição: as

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estruturas da norma padrão da língua vão se fixando, para que mais tarde os

pequenos ouvintes possam lançar mão delas, com familiaridade.

Enquanto ouvem, eles criam suas próprias imagens, participam, sonham. É

um processo muito mais complexo do que simplesmente olhar para a tela de um

computador ou de uma televisão que mostram as cenas prontas, que alguém

escolheu para exibir, segundo sua visão pessoal do assunto.

O mundo da literatura é o mundo do possível e por mais simbólico que

seja, o mundo representado na literatura nasce da experiência da realidade

histórica e social do autor. E a obra literária é um objeto social muito específico,

pois cria um espaço de interação entre esses dois sujeitos: o autor e o leitor. É

nessa interação que o texto remete cada um à sua história íntima, despertando no

adulto as lembranças adormecidas da infância, colocando a criança/adolescente

em contato com emoções e conflitos que experimenta, através dos problemas

enfrentados (ou não), solucionados (ou não) pelas personagens de cada história.

3.1 Fazer leitores para a vida, é fazer alunos motivados

a ouvir e a escrever.

Alguns alunos, por insistência de professores, tornam-se

leitores. Para isso, alguns professores chegam a acompanhar

pessoalmente alguns alunos em passeio a bibliotecas. Passados

tempos, alguns alunos, passaram a freqüentar assiduamente a

biblioteca. É de alegra o professor e pensar ter ajudado a formar

leitores para a vida. As crianças precisam se sentir motivadas a

lerem, e ouvir uma história, por que não é nada interessante força-

las a ler, por que não será um prazer e sim uma obrigação.

As crianças precisam retirar algum tempo de seu dia para

exercitar a leitura, se tornando um habito. A cada dia um tempo

retirado se torna um livro inteiro lido. Os aluno precisam conhecer e

saber que cada história é única e cada pessoa ira entender de uma

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forma mesmo sendo um único tema. A história às vezes é tão

interessante que mexe com o leitor, que o mesmo não consegue

desgrudar do livro, de tão boa à história.

“Sempre apareço com livros na minha

sala, porque tenho alunos que se interessam em

saber e aguça a curiosidade dos demais em ler.

Falo a eles que ler se tornou uma diversão, lê em

casa, na rua, no ônibus, no mercado, em

qualquer lugar, mas só não leio na hora de

dormi, porque já estou tão cansada do dia a dia

corrido que durmo logo” (...)

(Vera Brandão, Professora de Língua Portuguesa

do 1° ano)

A literatura deve deixar de ser pretexto para aulas de gramática e

interpretação de texto, amarrada pelas fichas e roteiros de leitura fornecidos pelas

editoras e assumir seu lugar de agente emancipador, liberador, que promove o

acesso a novos níveis de consciência.

Alguns contos têm final surpreendente, que provoca o riso. Por que não

compará-los, depois da narrativa, com anedotas sobre o mesmo tema? Isso

diverte o ouvinte enquanto o informa sobre as características de textos diferentes,

é uma forma de descontração depois da história.

Outras vezes, os alunos de séries iniciais poderão desenhar as imagens

sugeridas pelo conto. Os alunos das séries mais avançadas poderão debater, se o

texto o permite, as questões relacionais abordadas e produzir textos sobre elas.

É interessante levar os alunos para visitar bibliotecas e livrarias, permitindo

à criança manusear, folhear os livros e então, só então, escolher o que lhe

interessa ler. O mais importante é não apresentar o texto como sendo o melhor:

nem tudo que interessa, que é bom para o contador/professor é interessante e

bom do ponto de vista do ouvinte.

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A reflexão sobre o ensino da leitura na escola é muito importante. Sabemos que a leitura

sempre teve um papel social de grande interferência e importância na sociedade. Quando falamos

sobre a importância do leitor na sociedade moderna, com seus múltiplos meios de comunicação, é

impossível deixarmos de pensar em um amplo conceito de leitura.

“- As crianças ficam super eufóricas,

quando são levadas a sala de leitura. Elas

prestam a atenção em cada gesto e fala

do contador. É fascinante ver as crianças

pedirem para repetir a história” .

(Adriana Dantas- Professora e responsável da sala de

leitura).

Formar bons leitores, desenvolvendo, além da capacidade de ler, o

gosto/significado e o compromisso com a leitura requer uma mobilização de

professores/escola/pais/sociedade no sentido de fazer com que o aluno se sinta

interessado e desafiado no seu desejo de ler. Uma prática pedagógica de leitura

que não desperte nem cultive o desejo de ler não é eficiente. Portanto, a formação

de leitores requer condições favoráveis à prática de leitura as quais não se

restringem apenas aos recursos materiais disponíveis, mas igualmente envolvem

uma série de estratégias e posturas que propiciarão um ambiente convidativo a

uma leitura prazerosa e significativa.

Para formar leitores, o professor deve ter paixão pela leitura, o que significa

que deve entender a leitura como fonte de prazer, sabedoria, significado e

possibilidade de ampliação e contribuição para o desenvolvimento humano. O

mesmo precisa dar o exemplo dentro da sala de aula, para quando os educandos

saírem dela se sintam motivados a ler.

Um leitor competente só pode se constituir mediante uma prática constante

e diversificada de leitura/texto. Uma prática constante de leitura na escola deve

abordar tipos diversificados de textos em que o leitor realiza um trabalho ativo de

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construção do significado do que lê e interage com as idéias dos autores,

tornando-se, assim, leitor participativo e experiente.

A escola precisa ser um espaço mais amplo e ir além do ensinar a ler. É

necessário fazer acontecer, nas salas de aula e na biblioteca, a cultura viva,

diversificada e criativa que representa o conjunto das formas de pensar, agir e

sentir dos alunos, o professor precisa motivar sempre a leitura, para que

possamos mudar esse rendimento escolar.

3.2 A leitura deve preocupar todos os agentes

educativos.

O professor de português, muitas vezes, fica com a responsabilidade total

pelo fato de o aluno não ler, esquecendo-se a responsabilidade dos pais e dos

professores das restantes disciplinas. Qualquer professor tem a obrigação de

estimular os seus alunos para a leitura de obras que lhes permitam uma visão

diferente da disciplina, pois as possibilidades são infinitas, mas exige de cada

professor alguma pesquisa e, sobretudo, alguma partilha de preocupações que

são, e deveriam ser, comuns a todos os professores.

É preciso, antes do mais, considerar o desenvolvimento e os interesses dos

alunos. Há turmas inteiras que desafiam os professores, logo na primeira aula:

não gostam de ler, não gostam de escrever, o Português é a disciplina mais

“chata” do currículo, devido à exigência dos professores que implicam por

insignificâncias como vírgulas, maiúsculas, acentos! ...

Com este “batismo”, os professores correm o risco de

desmoralização, se não pararmos para pensar que estamos diante de um

desafio ao nosso ego profissional. Os desafios são vencidos com

imaginação, criatividade e qualidade, que consideramos imprescindíveis a

um professor.

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A professore Érika Lemos, disse:

“- Adoro mostrar aos meus alunos

um livro novo, e lhe dizer que é

bom, podem comprar que irão

adorar a leitura, ou realizar visitas a

biblioteca da escola”

(Érica Lemos, Professora de Língua

Portuguesa do 2° ano)

Vivemos numa sociedade marcada por transformações em todos os

domínios.Atualmente, para fazer em face estas mudanças, a escola não se pode

limitar a alfabetizar, na medida em que a alfabetização já não é suficiente para que

o indivíduo se possa mover numa sociedade marcada pelo progresso tecnológico

e pela produção e relativismo da informação. Ao indivíduo já não basta saber ler,

tem de ser capaz de usar a competência de leitura no seu dia-a-dia. Para tal, é

importante que todos os agentes educativos tenham consciência de que a

capacidade de leitura condiciona fortemente a participação do indivíduo na

sociedade.

Neste sentido, é essencial que a escolarização seja vista em longo prazo e

numa perspectiva formativa, pelo que devemos ter em conta, mais do que o

sucesso escolar, o sucesso educativo. Na persecução deste objetivo, é

fundamental recorrermos às bibliotecas escolares, cuja dinamização visa o

desenvolvimento integral do aluno, contribuindo para a criação e desenvolvimento

de hábitos de leitura e para a aquisição da competência de leitura, que lhe serão

úteis no futuro. Já não se pretende que o aluno memorize conhecimentos, mas

que analise, selecione criticamente, no fundo, que aprenda a aprender para fazer

face aos problemas, passado o período escolar. Precisamos de uma escola viva,

onde a biblioteca seja um verdadeiro recurso educativo, com um espaço amplo,

com um acervo diversificado, atualizado e dotado de dinâmica.

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Como professores, devemos acompanhar a evolução das bibliotecas e

questionar constantemente as nossas práticas. As instituições de ensino superior

desempenham também um papel fundamental, no que diz respeito à formação de

professores, para que estes possam contribuir de forma mais incisiva para esta

tarefa de fazer da escola um local onde se aprende a aprender. Sendo a leitura

um veículo privilegiado de desenvolvimento e humanização da sociedade,

desejamos, através da promoção da reflexão, contribuir para um aumento dos

hábitos de leitura e dos níveis de literários dos nossos alunos, fatores

condicionantes do desenvolvimento equilibrado do país.

O elemento chave de uma escola bem sucedida reside na partilha de

responsabilidade ou “parceria educativa” no processo de aprendizagem, o que

envolve necessariamente um trabalho de equipe, incluindo os professores, os pais,

os alunos e a comunidade. Uma cooperação entre pais e escola/professores

repercute-se positivamente na aprendizagem conducente ao sucesso escolar e na

apropriação de hábitos de cidadania pelo que sem o apoio, envolvimento e

assistência dos pais/encarregados de educação, o espaço de ação dos professores

se encontra limitado. Assim, aspiramos também a uma mudança de atitude dos

vários agentes educativos no sentido de desenvolverem mais esforços articulados,

assente numa cada vez maior articulação curricular, numa coordenação

pedagógica dos conselhos de turma, num trabalho cooperativo entre professores e,

como não podia deixar de ser, numa avaliação reguladora e formadora dos alunos

leitores.

3.3 A família e a leitura (Livro).

Fala de uma mãe de aluno:

“ Sempre que posso estou junto aos

meus filhos, adoro ler com eles!!!

Ajudo sempre nas atividades de

casa, e sempre nos sentamos para

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lermos alguma coisa seja jornal,

revista e histórias”.

( Mãe de aluno da escola que

participou da pesquisa de campo)

Entendemos que ler ultrapassa a ação de decodificar letras, sílabas,

palavras e frases. A leitura é antes de tudo, atribuição de sentido, interpretação,

logo, construção de significados, os quais dependem do entendimento e do uso

que cada sujeito faz da escrita. Ao planejar as atividades de leitura, cabe ao

professor se questionar que lugar tem o texto na vida de cada aluno. As crianças

percebem, por meio das ações da família e do professor, como a de contar

histórias, que a escrita faz parte de suas vidas. A forma como a leitura acontece

cativa seus olhares e aguça sua percepção e curiosidade pelo livro.

No entanto, pela pesquisa de campo realizada nesse presente trabalho

podemos observar, que a maioria dos livros são coleções sem autoria (como por

exemplo, a Coleção “Animais de Estimação”), percebemos que os pais não têm

critérios definidos para a compra das obras. Este dado revela o cuidado que

necessitamos ter no desenvolvimento de projetos de leitura, não basta o sujeito

estar em contato com o livro, o aluno precisa ter qualidade, que é definida

segundo os critérios de seleção das obras.

Utilizamos a leitura em vários locais e com diversas finalidades em nossas

vidas: no trabalho, na escola, no lazer ou em casa. A leitura em casa está ligada

ao lazer enquanto em outros ambientes formais e estruturalmente rígidos, ela é

utilizada como meio de acesso à informação e formação de uma nova visão de

mundo.

A formação do leitor inicia-se no âmbito familiar e se processa em longo

prazo, tendo mediadores como: bibliotecários, professores, e no caso especifico

retratado: a família, pois é através da leitura que encontramos a possibilidade de

nos instruir, educar e também divertir. Esse leitor deve ser compreendido como

sendo aquele que estabelece uma relação aprofundada com a linguagem e as

significações. Pois os ledores, aqueles que se relacionam de modo mecânico com

o texto, não se constituirão leitores sem um trabalho efetivo.

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Paulo Freire nos mostra que há diferença entre hábitos de leitura e ato de

ler.O hábito concentra-se apenas na repetição mecânica, e nesse caso a repetição

dos sinais sem nenhum tipo de interpretação. O ato de ler está ancorado no

exercício, articulação do pensar, agir e do modo de escolha.

Portanto, a família como espaço de orientação, construção da identidade de

um indivíduo deve promover o ato de ler para que, ao ser incorporado nas

mediações domésticas, construa o gosto pela leitura. A promoção do ato de ler

pode ser transmitida no âmbito do letramento familiar, pois essa responsabilidade

não pode ser delegada somente à escola, deve ser uma parceria entre escola e

família.

A sociedade construiu valores ao longo de sua formação, valores morais,

sociais, éticos, dentre outros sendo a família em seu espaço de atuação uma

reprodução em nível menor da sociedade, a mesma também transmite valores.Um

dos valores que pode ser instituído no espaço familiar é a leitura como valor social

importante na construção sócio-educacional das crianças e adolescentes. Nesse

momento há a criação de um vínculo mais forte entre pais e filhos.

Fala de uma mãe de aluno:

“Não costumo ler muito, mas

cobro de meus filhos a leitura,

porque sei quem ler tem um

vocabulário diversificado”.

Seja no incentivo da figura materna ao criar oportunidades de contato com

os signos, inicialmente com as ilustrações dos livros, a cantiga de roda e a

contação de estórias ou na figura paterna que auxilia no exercício da

alfabetização, do contato com a escrita, são pequenas ações cotidianas que

podem conduzir o fomento à leitura. Os pais podem iniciar contando histórias para

os filhos dormirem, presentear as crianças com livros, incentivar os filhos a

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contarem histórias em casa, assim haverá sempre uma troca de conhecimentos e

cria-se um estímulo para que as crianças, adolescentes e jovens tenham

realmente prazer pela leitura, pois não adianta crianças crescerem ao redor de

livros e odiarem a leitura.

Se as crianças são educadas em um ambiente onde a leitura é privilegiada

pelos pais, possivelmente teremos mais adiante um leitor que continuará a ter

gosto pela leitura. Porém, se deparamos com pais e familiares que não apreciam a

leitura, é necessário encontrar outras alternativas para desenvolver o gosto pela

leitura nas crianças.

O leitor formado na família tem um perfil um pouco diferenciado daquele

outro que teve o contato com a leitura apenas ao chegar a escola. O leitor que se

inicia no âmbito familiar demonstra mais facilidade em lidar com os signos,

compreende melhor o mundo no qual está inserido, além de desenvolver um

senso crítico mais cedo, o que é realmente importa na sociedade.

O leitor formado no âmbito familiar como verificamos anteriormente se

mostra diferente em termos de perfil daquele que tem contato com a leitura

apenas na escola.

Pela facilidade e familiaridade com os signos, com o alfabeto, com a escrita

e com a própria leitura torna-se mais fácil e recorrente termos novos leitores que

se estenderão por toda a caminhada literária. A facilidade e a familiaridade com os

signos advêm das relações estabelecidas nessa pretensa comunidade de leitores,

a família.

A família se difere dessas outras comunidades citadas pela própria

formação e pelos laços que a unem, não são laços apenas sanguíneos, mas

afetivos e como espaço para a livre troca de experiências e aprendizagem. nesse

contexto trabalhado, a leitura.

Teremos a família centrada no estímulo à prática da leitura como ponto

comum de suas relações. A família é base para o trabalho educacional e

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conseqüentemente da leitura, pois no ambiente familiar à leitura é vista e

apresentada de diversos modos.

3.4 Contando e ouvindo histórias nas instituições de ensino que foi realizado

a pesquisa de campo.

Partindo do pressuposto que a aprendizagem antecede o desenvolvimento,

a leitura e a contação de histórias devem ser parte do universo da criança desde

muito cedo. Além de serem atividades que dão prazer e alegria à criança,

proporcionando momentos de humor, brincadeira e divertimento, estimulando o

imaginar, o brincar, o desenhar, é uma atividade que exercita a produção do

conhecimento, pois ao escutá-la, ela pode ter um caminho de descoberta e

compreensão de mundo, um caminho que incentiva a criatividade. A criança inicia

o processo de construção de conhecimentos quando interage com o objeto de

saber, com a mediação de quem domina a leitura.

E para dar fôlego a esse processo, durante a prática da pesquisa de campo

em contação de histórias, vimos algumas formas de contato com o livro, tais

como: agrupamento dos alunos num espaço, distribuição dos livros no chão para

que eles os manuseiem livremente; contação de histórias para todo o grupo, roda

de história; contação de história dramatizada; contação de história individual;

contação de história com elementos diversos: macacão, chapéu, nariz de palhaço,

fantoche e cachecol. Músicas infantis antes da contação e durante o manuseio

dos livros; exploração de ambientes diversos; as crianças passaram a ser os

contadores.

Para que os Centros de Educação proporcionem aos alunos o contato com

os livros de forma construtiva, eles necessitam incluir em suas atividades

rotineiras a hora do manuseio do livro em que o aluno possa tocá-lo, brincar com

ele, olhar suas gravuras, folheá-lo e escutar muitas histórias contadas pela

professora.

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A literatura ao fazer parte da vida do aluno vai possibilitando que ele

estabeleça contato com o mundo real por meio da ficção, o que permitirá

estabelecer relações entre dois planos, real e ficcional, e por meio dessas

relações ele construirá conceitos acerca do mundo que o rodeia. Mas para tal,

esse contato com a obra literária necessita ser conduzida de forma prazerosa e

encantadora, pois pela forma coercitiva como muitas vezes ela é introduzida no

ambiente escolar, perde sua função constritiva, condição essencial para deflagrar

o processo de formação de leitores.

Depoimento da Professora de um dos Colégios em que foi realizada a

pesquisa de campo.

“Esta pesquisa veio enriquecer todo trabalho

desenvolvido na escola favorecendo e propiciando aos alunos

não só da Educação Infantil aprimorar seu gosto pela leitura

de livros em geral, se preocupando em saber quem escreveu,

onde mora e gostos deste autor, transformando assim a leitura

em informação e conhecimento. Preocupados em transformar

alunos leitores, montamos uma sala de leitura onde todos têm

acesso para escutarem, lerem, contarem, dramatizarem e para

vivenciarem diariamente o mundo encantado da leitura”.

(Professora e Coordenadora Dayana Caratina)

A cada dia a pesquisa de campo se tornou presente no atual trabalho

escrito, porque foram relatos reais, momentos vividos e compartilhados com

adultos e crianças. As Instituições de ensino que foi realizado à pesquisa,

todas foram atenciosas em ajudarmos a fazer essa pesquisa, não em ser

mais uma escola, mais sim mais uma escola de qualidade.

O mais importante foi realizar esses projeto, mais o que jamais

poderemos esquecer foi do contato que tivemos junto a equipe pedagógica,

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que foi de grande valor e motivação para realização deste trabalho. Nosso

intuito é que profissionais da educação, crianças e familiares se motivem a

lerem e levar a leitura de histórias para seu cotidiano, para que possamos

transformar esse mundo de não leitores, para leitores.

Esperamos que as escolas se motivem a trabalhar a leitura de histórias em

todas as disciplinas, porque ler é um ato de transformação de mundo e

opiniões. Que incentivem mais cada aluno a freqüentar rodas de leituras e

bibliotecas, porque grandes homens se fazem, com grandes atitudes.

Contar histórias é uma arte. Muitas pessoas têm um dom especial para

esta tarefa. Mas isso não significa que pessoas sem esse dom excepcional não

possam tornar-se bons contadores de histórias. Com algum treinamento e alguns

recursos práticos qualquer pessoa é capaz de transmitir com segurança e

entusiasmo o conteúdo de uma história para pequenos, ou seja, os recursos e os

métodos que utilizamos para contar uma história têm seu valor, mas nada pode

substituir a afetividade pessoal que acompanha a história.

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CONSIDERAÇÕE FINAIS

O resultado da pesquisa propõe reflexões sobre a importância da literatura

no contexto escolar, abrindo caminhos no âmbito da oralidade. Constata-se a

necessidade de que o trabalho de valorização do oral literário na escola não fique

apenas no eixo da contação de histórias contemporâneas, mas que resgate a

prática da literatura oral para a formação do leitor. Para que se atinja esse

propósito, se deve levar em conta que há diferentes enfoques para abordar a

oralidade - artística, literária, lúdica - e todas contribuem para um trabalho

educativo positivo.

Tradicionalmente, a escola é o lugar da escrita, mas ela não precisa, ou

melhor, não deve excluir a oralidade de suas práticas. Se pensarmos na relação

íntima dos jovens com a música, por exemplo, podemos inferir que seu contato

com o texto escrito passa atualmente pela voz. Assim, relembremos que uma

proposta pedagógica que utiliza a contação de histórias, comum em muitos

ambientes escolares, na verdade nos indica um retorno às origens.

Conhecer o acervo tradicional das formas literárias orais quer seja a poesia

folclórica, quer sejam os contos e autos populares, é o primeiro passo no sentido

de superar concepções repletas de equívocos e preconceitos acerca da oralidade.

Por outro lado, uma abordagem estético-literária, considerando as características

específicas da literatura oral, permite um diálogo entre o saber social popular e o

escolar, tido como culto.

Desse encontro, se pretende como já afirmado, validar a contação de

histórias como meio, estratégia fundamental, para a formação de leitor literário,

garantindo, com isso, o enriquecimento do processo educacional, além da

valorização de formas literárias orais como caminho plurissignificativo para a

compreensão do mundo

.

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Redescobrir antigos valores é importante para humanizar o mundo de

nossos dias. O tema “A magia de contar histórias” é fascinante, e quem se ocupa

com ele fica triste ao ver como essa “magia” está desaparecendo aos poucos.

Mas, ao mesmo tempo, o tema faz nascer a esperança de que o maravilhoso

tempo em que a magia de contar histórias preenchia o dia-a-dia em nossos lares

esteja voltando silenciosamente.

Contudo, se a criança não lê é porque não lhe estão apontando caminhos

para o desfrute de bons e belos textos... Que existem (tantos) e são fáceis de

achar... Literatura é arte, literatura é prazer...

Além do mais, acreditamos que o público infantil nunca vai deixar de se

interessar por esses personagens e enredos desde que os adultos se empenhem

em melhorar sua capacidade como bons contadores de histórias.

Felizes são aqueles que têm sensibilidade para perceber que o futuro da

humanidade depende da maneira como formamos e educamos as crianças que

nos são confiadas.

A família, suas leituras e seu cotidiano nos revelam um pouco dessa

comunidade de leitores. Comunidade essa que em torno de um valor social, a

leitura, transmitido no âmbito da família estimula a formação de novos leitores.

Percebemos que o gosto pela leitura, o ato de ler se processa em longo

prazo, portanto a família contribui de forma efetiva nessa formação, visto que no

interior dessa comunidade há um espaço que se isenta de cobranças formais

como a da escola pode facilitar o acesso à leitura.

Mesmo assim dizemos que ler não é chato, basta que tenhamos estímulos

ao gosto pela leitura desde cedo em nosso âmbito familiar e eles se propagarão

por toda a caminhada literária.

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Levando em conta estas sugestões poderemos fazer do trabalho

pedagógico, uma constante interação entre professor e aluno, propiciando a

criança uma vivência prazerosa e significativa com o mundo imaginário presente

nas histórias infantis, já que por meio das histórias, as crianças dão asas a sua

imaginação e aprendem a lidar com a realidade, além de instigar o gosto pela

leitura e a escrita.

Conclui-se, portanto, que a arte de contar histórias não é uma prática

simples, ao contrário, requer um educador que valorize a arte literária e selecione

recursos didáticos adequados, escolha de histórias bem escritas e ilustradas e,

ainda, para que esta atividade seja prazerosa para as crianças, é preciso ter

espaço para manifestarem-se na arte de “recontar” a história. As contribuições

deste estudo à nossa formação profissional foram significativas, uma vez que,

oportunizou-nos conhecer as infinitas potencialidades do trabalho educativo em

salas de aula com crianças de 3 a 6 anos de idade.

No entanto, é necessário ressaltar que os livros devem ser introduzidos na

vida da criança de acordo com o seu nível de compreensão do mundo, de seu

nível de elaboração de pensamento e sua experiência anterior. Isso significa que o

livro ideal para a criança é aquele em que ela encontra tanto elementos que já

reconhece, como alguns elementos novos, a partir dos quais ela possa alargar

seus horizontes e enriquecer sua experiência de vida.

Além disso, é fundamental que o livro venha sempre associado a

momentos de prazer. Para os bebês o livrinho de plástico na hora do banho, com

o qual ela pode bater na água e vê-la respingar, é muito prazeroso. Para crianças

já um pouco maiores, nada é mais aconchegante que uma historinha bem

contada, na hora de dormir.

Se os pais tivessem consciência da importância de contar uma história ao

pé da cama para seus filhos pequenos, certamente teríamos uma adolescência

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menos traumatizada. As vozes do pai ou da mãe chegam aos ouvidos dos

pequenos carregados de afetividade. Desta afetividade, que se expressa na voz,

no olhar, no carinho e no aconchego, a criança precisa para minimizar os conflitos

que a acompanham em seu crescimento.

A leitura oferece a possibilidade de se ver os dados do mundo com mais

amplitude. Compreender a leitura de um texto é uma das tarefas mais significantes

para a escola, professores e alunos, pois leva o indivíduo a conhecer a si e aos

outros, preparando-se para sua formação humana.

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ANEXOS

Anexo 1: Entrevistas realizada em campo:

• Para o professor ou responsável da sala de leitura:

1) Como você conta histórias? De que forma mostrando alguma coisa concreta?

2) Você tem a preocupação com o vocabulário da história, se ela é adequada a faixa etária? Como você faz?

3) Quais os trabalhos decorrentes da contação de História? 4) Você tem a preocupação de desenvolver a linguagem dos alunos com

a história contada? Como você faz? 5) Normalmente você coloca as crianças como para ouvir a história a ser

contada: ( ) sentadas em círculos ( ) em circulo mas uma sentada atrás da outra. ( ) Você não se importa no modo de acomodação da turma.

6) Você tira algum tempo durante a semana para contar histórias ou

quando sobra tempo você conta as histórias?

• Para as crianças (alunos): 1) Como você gosta de ouvir as histórias?

( ) com interpretações ( ) com material concreto ( ) somente na narração do contador, sem nada

2) Quais as palavras que você aprendeu em ouvir uma história? 3) Q eu você mais gosta de fazer depois de ouvir uma história? 4) Você gosta de ler as histórias em casa ou na escola? 5) Qual a história que você mais gosta de ouvir? Por que?

• Para a família:

1) Ao chegar em casa a criança faz o exercício sozinha, ou alguém à ajuda?

2) A criança tem contato com o livro? Como? 3) Alguém da família tem o hábito de ler? O que? 4) Alguém ler alguma história para a criança, ou ela mesma procura o

que lê? 5) A criança já ganhou algum tipo de leitura (Livro, revista..)?

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Anexo 2: FOTOS:

(Alunos do colégio onde foi realizada a pesquisa de campo)

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(Alunos do colégio onde foi realizada a pesquisa de campo)