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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A EDUCAÇÃO NA ERA DIGITAL – O IMPACTO DE NOVAS TECNOLOGIAS NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM Por: Roberta Reis Valle Silva Orientador Prof. Maria Esther de Araújo Oliveira Rio de Janeiro 2009

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · “encurtamento” das distâncias e a relativização do tempo. Podendo dessa ... todos nós estamos vivenciando a globalização,

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A EDUCAÇÃO NA ERA DIGITAL – O IMPACTO DE NOVAS

TECNOLOGIAS NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM

Por: Roberta Reis Valle Silva

Orientador

Prof. Maria Esther de Araújo Oliveira

Rio de Janeiro

2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A EDUCAÇÃO NA ERA DIGITAL – O IMPACTO DE NOVAS

TECNOLOGIAS NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Psicopedagogia.

Por: Roberta Reis Valle Silva

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AGRADECIMENTOS

A todos os docentes da pós-graduação

de Psicipedagogia do Instituto a Vez do

Mestre pela contribuição para a

especialização em minha formação

acadêmica.

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DEDICATÓRIA

Dedico a toda a minha família, em

especial a minha filha Isabela que me faz

a cada dia querer ser uma pessoa melhor.

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RESUMO

"(...) Precisamos saber de que maneira ele (o computador) vai alterar

nossa concepção de aprendizado e como (...) ele minará a velha idéia de

escola." (POSTMAN, Neil. 1994) Assistimos, principalmente nos últimos cinco anos, a um interesse e

uma preocupação cada vez maiores por parte dos educadores a respeito da

presença da tecnologia na escola. O interesse parece justificar-se pela

possibilidade de novos caminhos para se alcançar uma melhoria da qualidade

de ensino; a preocupação talvez fique por conta do desconhecimento da

maioria dos professores de como se utilizar dessa tecnologia sem ser

substituído por ela.

Este estudo tem por objetivo retratar essa realidade, e refletir sobre as

possíveis contribuições da tecnologia para o processo ensino-aprendizagem.

Utilizando a revisão literária de autores contemporâneos da literatura nacional

e internacional, o estudo mostra que não há mais como fugir dessa realidade,

que nossas crianças estão nascendo em um “mundo digital”, apenas cabendo

a nós adultos, em especial os educadores, entendermos esse fenômeno e nos

adaptarmos a ele para poder otimizar os seus efeitos.

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METODOLOGIA

O estudo em questão, é uma pesquisa exclusivamente baseada em

referências bibliográficas. Elaborada a partir de material já publicado,

constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e com material

disponibilizado na Internet.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - As Novas Tecnologias e a Sociedade 11

CAPÍTULO II - Uma Nova Geração de Aprendizes 22

CAPÍTULO III – O Atual Desafio de Ensinar 33

CONCLUSÃO 41

BIBLIOGRAFIA 42

ÍNDICE 49

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INTRODUÇÃO

A revolução tecnológica está determinando novas formas de pesquisa e

de comunicação, facilitando o contato entre as pessoas e permitindo o acesso

a uma grande quantidade de informações necessárias para a tomada de

decisão no mundo globalizado.

Segundo Castells (2000), se esta vivendo um dos raros intervalos da

história cuja característica é a transformação da “... ‘cultura material’ pelos

mecanismos de um novo paradigma tecnológico que se organiza em torno da

tecnologia da informação”.

Em cada etapa da história, são utilizadas as tecnologias educacionais

desde os primórdios da educação. Atualmente, ainda se usa giz e quadro

negro e o livro didático. No mundo ocidental, um dos grandes desafios é

adaptar a educação à tecnologia moderna aos meios de comunicação atuais,

como a televisão, o rádio, os recursos da informática e outros que funcionem

também como meios educativos, a um nível mais informal.

Durante as décadas de 20 e 30 surgiu o audiovisual, onde o professor

expunha os materiais das disciplinas, mas tornando a investigação incipiente

ou quase inexistente por parte dos alunos. Anos mais tarde, o audiovisual

passou a ser reconhecido como ferramenta de ensino, trazendo algumas

percepções importantes do processo de aprendizagem e a retenção de

informações.

Já nas décadas de 40 e 50, têm-se a influência da psicologia de B. F.

Skinner e a aplicação de seus princípios na educação, deslocando a ênfase no

professor para o comportamento do aluno e do reforço programado. Sendo

que atualmente, muitos dos softwares educacionais ainda são baseados em

suas teorias.

Anos mais tarde, início da década de 70, retoma-se o uso do

audiovisual, agora como parte integrante do processo educativo, em função da

Teoria da Comunicação e da Teoria dos Sistemas.

No período compreendido entre 1971 a 1982, os computadores

pessoais passaram a integrar o dia-a-dia das empresas e novas formas de

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concretização dos audiovisuais (televisão, rádio, vídeo) se tornaram mais

presentes. Com isso, alguns professores começaram a usar o computador e os

primeiros projetos nas escolas foram sendo alavancados, bem como a

experiência da televisão educativa.

Com computadores mais baratos e com maiores capacidades de

armazenamento, houve uma expansão do seu uso nas escolas. No período de

1983 a 1999, têm-se início os sistemas de comunicação eletrônica, como por

exemplo, a Internet, caracterizando essa época pela busca de novos modos de

trabalhar no campo educacional.

No início do século 21, a Internet passa a ter uma influência importante

inclusive no uso dos computadores, e questões como o processo ensino

aprendizagem em rede são os focos das pesquisas hoje em dia. Deixam de

ser encaradas como meras ferramentas que tornam mais eficientes e eficazes

modelos de educação já sedimentados, passando a ser consideradas como

elementos estruturantes de "novas" educações, com o objetivo de explorar a

diversidade das culturas e dos processos pedagógicos.

A atividade educativa pode ser encarada como uma atividade

comunicativa e isto vai exigir que as escolas integrem os meios de

comunicação em sua rotina. Com isso, os impactos que as tecnologias

educativas exercem e irão continuar exercendo sobre a educação com a

interligação dos computadores através de redes de alta velocidade exigem

novas formas de ensinar e aprender e conseqüentemente uma reformulação

na educação.

A grande revolução que o computador promove é permitir uma

educação massificada no sentido de que há muita informação disponível e ao

mesmo tempo individualizada. Com o andar dos anos o que vai acontecer é

que o ensino não vai mais se reduzir ao livro didático.

Mas vale salientar que as aulas expositivas, o papel, as pesquisas de

campo, os trabalhos de laboratórios, as consultas na web são recursos

complementares, que devem ser utilizados de maneira integrada e inteligente.

Nesse sentido, o profissional em educação não deve pensar que irá

perder seu emprego por conta da informática e sim utilizá-la como um meio

para melhorar a qualidade de ensino. O papel do profissional em educação é

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mostrar ao aluno a importância do conhecimento. Ele precisa enxergar-se,

apenas, como uma parte do processo de aprendizado.

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CAPÍTULO I

AS NOVAS TECNOLOGIAS E A SOCIEDADE

Existem inúmeras definições para a expressão novas tecnologias. Uma delas

é a seguinte:

Chamam-se de Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTICs) as tecnologias e métodos para comunicar surgidas no contexto da Revolução Informacional, "Revolução Telemática" ou Terceira Revolução Industrial, desenvolvidas gradativamente desde a segunda metade da década de 1970 e, principalmente, nos anos 1990. A imensa maioria delas se caracteriza por agilizar, horizontalizar e tornar menos palpável (fisicamente manipulável) o conteúdo da comunicação, por meio da digitalização e da comunicação em redes (mediada ou não por computadores) para a captação, transmissão e distribuição das informações (texto, imagem estática, vídeo e som). Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Novas_tecnologias_de_comunica%C3%A7%C3%A3o_e_informa%C3%A7%C3%A3o)

1.1 – A Globalização e a Era Digital

Para um melhor entendimento do que se trata a Era Digital, é preciso

entender a globalização, que é um resultado e ao mesmo tempo, pode ser

encarada como o mecanismo responsável pelo grande desenvolvimento das

tecnologias da informação e da comunicação.

A globalização do mundo expressa um novo ciclo de

expansão do capitalismo, como modo de produção e

processo civilizatório de alcance mundial. Um processo

de amplas proporções, envolvendo nações e

nacionalidades, regimes políticos e projetos nacionais,

grupos e classes sociais, economias e sociedades,

culturas e civilizações. Assinala a emergência da

sociedade global como uma totalidade abrangente,

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complexa e contraditória. Uma realidade ainda pouco

conhecida, desafiando prática e ideais, situações

consolidadas e interpretações sedimentadas, formas de

pensamento e vôos da imaginação. (IANNI 2000, p.207)

Este processo foi possibilitado pela evolução das tecnologias da

informação e da comunicação, dentre estas a internet, que permite um

“encurtamento” das distâncias e a relativização do tempo. Podendo dessa

forma, um grande número de serviços, capitais, pessoas e idéias estarem

atuando em diversas partes do mundo em diferentes momentos.

Pode-se perceber que a globalização acarreta uma nova ordem social,

alterando e alcançando todas as nações do mundo, independente de classe

social e regime cultural, isso graças às novas tecnologias.

De acordo com Ianni (200, p.18):

“A sociedade global está articulada por emissões, ondas,

mensagens, signos, redes e alianças que tecem os

lugares e as atividades, os campos e as cidades, as

diferenças e as identidades, as nações e as

nacionalidades. Esses são os meios pelos quais se

desterritorializam mercados, tecnologias, capitais,

mercadorias, idéias, decisões, práticas, expectativas e

ilusões.”

Dessa forma, todos nós estamos vivenciando a globalização, seja ela do

ponto de vista econômico, político, social ou cultural. Porém ao mesmo tempo

em que a globalização cria um efeito homogêneo em todo o mundo, criando a

ilusão de que todos podem usufruir dela, ela também pode excluir, pos quem

não tem acesso às tecnologias, fica à mercê do capitalismo e do regime

competitivo do mercado de trabalho.

Vemos então, que a internet e o processo de globalização permitem

colocar à disposição de qualquer cidadão do mundo diversas informações e

facilidades, porém este cidadão necessita ter conhecimentos (para saber fazer

uso deste instrumento) e recursos (financeiros) disponíveis para fazer uso

desta tecnologia, podemos constatar assim, que nos dias atuais, quem tem

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acesso à internet tem um grande poder em suas mãos, pois pode se

considerar parte da “sociedade em rede.”

1.2 – A sociedade em rede

Lemos, com freqüência, que as tecnologias de comunicação estão

provocando profundas mudanças em todas as dimensões da nossa vida. Elas

vêm colaborando, sem dúvida, para modificar o mundo. A máquina a vapor, a

eletricidade, o telefone, o carro, o avião, a televisão, o computador, as redes

eletrônicas contribuíram para a extraordinária expansão do capitalismo, para o

fortalecimento do modelo urbano, para a diminuição das distâncias.

“A sociedade da informação não é um modismo.

Representa uma profunda mudança na organização da

sociedade e da economia, havendo quem a considere um

novo paradigma técnico-econômico. É um fenômeno

global, com elevado potencial transformador das atividades

sociais e econômicas, uma vez que a estrutura e a

dinâmica dessas atividades inevitavelmente serão, em

alguma medida, afetadas pela infra-estrutura de

informações disponível. É também acentuada sua

dimensão político-econômica, decorrente da contribuição

da infra-estrutura de informações para que as regiões

sejam mais ou menos atraentes em relação aos negócios

e empreendimentos. Sua importância assemelha-se à de

uma boa estrada de rodagem para o sucesso econômico

das localidades. Tem ainda marcante dimensão social, em

virtude do seu elevado potencial de promover a integração,

ao reduzir as distâncias entre pessoas e aumentar o seu

nível de informação.” (TAKAHASHI 2000, p.5).

Estamos vivendo a Era da Informação, era essa em que, sem nos

darmos conta, acessamos contas bancárias em caixas eletrônicos ou pela

internet; utilizamos telefones celulares para além de sua função básica, ou

seja, acessamos e “baixamos” música, assistimos televisão; pesquisamos e

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lemos e revistas e temos acesso à informações quase que instantâneas pela

internet e até podemos estar conversando com uma pessoa do outro lado do

mundo visualizando-a através de webcans.

A geração que nasceu do final da década de 1980 em diante tem muitos

apelidos, tais como “geração da rede”, “geração digital”, “geração instantânea”

e “geração ciber”. Todas essas denominações se referem a características

específicas de seu ambiente ou comportamento. “Geração da rede” é uma

expressão que se refere à internet; “geração digital” refere-se ao fato de as

crianças atuarem em mundos digitais on-line ou a lidarem com informações

digitais. “Geração instantânea” faz referência ao fato de suas expectativas

serem as de que as respostas devem ser sempre imediatas. Muitas gerações

têm apelidos, então por que esta deveria ser diferente?

“Estamos diante de uma nova geração de cidadãos,

expoentes dessas mudanças sociais relacionadas à

globalização, à individualização e ao uso cada vez maior

da tecnologia em suas vidas. Geração essa que já “nasce”

com um mouse nas mãos, que descobrem o mundo por

meio de uma grande variedade de canais de televisão,

jogos de computador, iPods, sites, blogs e telefones

celularares.” (VENN E VRAKKING 2006, p. 11).

“A grande questão é que a “geração da rede” difere de

qualquer outra do passado porque cresceu em uma era

digital, em um mundo onde a informação e a comunicação

estão disponíveis a quase todas as pessoas e podem ser

usadas de maneira ativa.” (VENN E VRAKKING 2006, p.

29).

Segundo Sancho (1998),

“Três aparelhos tiveram grande importância: o controle-

remoto da televisão, o mouse do computador e o telefone

celular. Com o controle-remoto da televisão, as crianças

cresceram habituadas a escolher assistir a uma

variedade de canais nacionais e estrangeiros. O número

de canais de televisão disponíveis está sempre

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crescendo; via cabo e satélite, as crianças podem

escolher qualquer um dos 2.200 canais ou 1.500

estações de rádio do mundo inteiro que estão

disponíveis.”

“Um estudo feito nos Estados Unidos demonstrou que, em média, os

alunos de 21 anos que se formavam nas universidades já haviam assistido a

20 mil horas de televisão, jogado mais de 10 mil horas no computador e lido

livros por mais do que 5 mil horas.” (VEEN E VRAKING, 2006, p.22).

“O que mais diferencia a geração digital da geração

anterior é a forma como pesquisa, processa e conclui as

informações, uma forma perceptiva não-linear e ao

mesmo tempo complexa, sem dificuldades para lidar com

o caos, interagindo com múltiplas tarefas

simultaneamente, acessando igualmente vários canais

de informação ao mesmo tempo, o que não deixa de ser

uma habilidade valiosa! O comportamento linear da

geração anterior, de fazer as coisas passo-a-passo, que

desenvolveram o hábito de pesquisarem exclusivamente

textos de cima para baixo, da esquerda para a direita,

página por página, respeitando o começo-meio e fim@

agora recebe novos desafios da geração digital.”

(SUER,S. Perfil da Geração Digital e a Educação a

distância, 2009. Disponível em: http://www.podcast-

ead.com.br/?p=47 )

Ainda segundo o Professor Sylvio Le Sueur, 2009:

“Agora a tela de um computador, tudo colorido,

enriquecido com ícones, janelas, hipertextos, fotos,

filmes, ilustrações, ícones, sons, textos curtos e

concisos, possibilidades de links e janelas para múltiplas

prospecções e pesquisas, um olhar aparentemente

aleatório conduz rapidamente o internauta às

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informações que necessita, em movimentos céleres onde

o mouse é um instrumento central para o clique de

navegação virtual, e com níveis de atenção altamente

diversificados.”

Diante essas constatações imaginemos então como se comporta essa

nova geração em uma sala-de-aula. Para Takahashi (2000), é preciso educar

para as tecnologias, ou seja, preparar os estudantes para utilizar e lidar com as

informações vindas da internet, formando uma cultura para a informática,

dessa forma esses estudantes serão usuários capazes de interagir e inserir-se

no meio das novas comunicações.

1.3 – As conseqüências para o processo educacional

Nos novos tempos modernos, em que mudanças vertiginosas estão

ocorrendo, mais importante que “Aprender a Aprender” é “Aprender a

Desaprender”. Só que aprender a desaprender é bem mais difícil. Crenças

depois de estabelecidas, não podem mais ser apagadas, só enfraquecidas.

O mundo está se transformando, novas descobertas acontecem e a

distância entre o presente e o futuro se torna cada vez menor. O mundo

mudou radicalmente. Vivemos na sociedade do conhecimento, conectados e

interagindo através de tecnologias digitais, diante de uma nova geração de

alunos.

“Esta geração, que aprendeu a lidar com novas

tecnologias, está ingressando em nosso sistema

educacional. Tais recursos tecnológicos permitiram às

crianças de hoje ter controle sobre o fluxo e sobrecarga

de informações descontinuadas, mesclar comunidades

virtuais e reais, comunicarem-se e colaborarem em rede,

de acordo com suas necessidades. Aprende por meio do

brincar e das atividades de investigação e descoberta

relacionadas ao brincar.” (VENN E VRAKKING 2006,

p.29).

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O educador precisa acompanhar a evolução tecnológica, para que o

processo ensino-aprendizagem ocorra de forma eficaz. Ainda na visão de

Venn e Vrakking (2006), na educação tradicional, a aprendizagem estava

fortemente relacionada ao conteúdo disciplinar, que derivava disciplinas, um

conhecimento objetivo que podia ser transferido para os alunos. O problema é

que as escolas ainda tentam transferir o conhecimento como se fazia há 100

anos!

Enquanto, com um computador conectado à internet o cidadão da

chamada “sociedade do conhecimento”, pode acessar museus, bibliotecas,

jornais, participar de listas de discussão e interagir com pessoas do mundo

inteiro. Mas o acesso a este “grande portal” de informações não garante a

aquisição de conhecimentos, é preciso que ele saiba relacionar, questionar,

modificar e qualificar estas informações, para que estas façam sentido e

possam ser utilizadas; ou ele estará fadado a ser mais uma peça desta

engrenagem, apenas reproduzindo informações. As crianças de hoje parecem

não criticar e muito menos refletir sobre o que digerem por meio da televisão e

da internet.

Logo se torna imprescindível saber diferenciar informação de

conhecimento:

(...) um conjunto de coordenadas da posição de um navio

ou o mapa do oceano são informações. A habilidade

para utilizar essas coordenadas e o mapa na definição

de uma rota para o navio é conhecimento. As

coordenadas e o mapa são “matérias-primas” para se

planejar a rota do navio. Quando você diferencia

informação de conhecimento é muito importante ressaltar

que a informação pode ser encontrada numa variedade

de objetos inanimados, desde um livro até um disquete

de computador, enquanto o conhecimento só é

encontrado nos seres humanos.” (CRAWFORD, 1994

apud LUCCI, BRANCO E MENDONÇA, 2005, p.23).

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Outra conseqüência visível, segundo o pesquisador americano Walter

Ong, da Universidade Harvard, é o surgimento de uma "segunda

alfabetização".

”A popularização dos programas de mensagem

instantânea, como o ICQ e o Microsoft Messenger,

comprova a tese de Ong. Eles funcionam como um

correio eletrônico em tempo real. Basta acessar a

internet e usar o programa. Além de encurtar distâncias,

o diálogo é rápido, instantâneo mesmo. Alguém digita de

um lado e o interlocutor, na outra ponta, recebe o recado

na hora. A rapidez é codificada por sinais gráficos e

pontuada por inúmeras abreviações. "Talvez" vira "tv",

"demais" é digitado com um simples "D+", e assim por

diante. Já existe um vocabulário próprio, embrião da

nova linguagem que invade a tela dos computadores e

também de celulares, palmtops e outros meios de

comunicação que utilizam a linguagem escrita on-line.”

(XAVIER, A. C.S. Letramento Digital e Ensino. s/d.

Disponível em:

http://www.ufpe.br/nehte/artigos/Letramento%20digital%2

0e%20ensino.pdf.).

Como foi dito, o avanço tecnológico torna cada dia mais evidente a

necessidade de crianças e jovens estarem preparados para lidar com o tipo de

informação presente na sociedade atual. Contudo, existem vozes discordantes

que vêem o uso da informática como algo negativo para crianças e

adolescentes. Um dos expoentes dessas vozes é Valdemar Setzer,

engenheiro, professor titular de Ciência da Computação no Instituto de

Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo, consultor de

informática da Promom e do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) de São

Paulo. Autor de vários livros sobre o assunto, tem participado de programas de

televisão ou proferido palestras em que acusa o computador de atropelar a

infância e o uso da informática na educação como responsável pelo

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pensamento rígido, inevitavelmente associado à máquina. Segundo ele, é

preciso deixar que as crianças sejam infantis e costuma pedir: “Não lhes dêem

acesso a TVs, videogames e computadores” (SETZER, 1999: 4).

O autor vai mais longe, defendendo que os adolescentes devem ter

acesso ao computador apenas a partir dos 17 anos. Afirma que a utilização

dos mesmos, no lar e principalmente no processo educacional, é prejudicial

porque força o pensamento lógico-simbólico e algorítimico. Mesmo

concordando ser esse um pensamento muito particular, que todos gostariam

de ver desenvolvido nas pessoas adultas, o estudioso afirma ser

extremamente prejudicial o seu desenvolvimento para as crianças e

adolescentes até os 15, 16 anos.

Justificando sua defesa de que crianças e adolescentes não devem ter

acesso à informática, Setzer afirma ser necessário, nessa faixa etária, estar

integrado com o ambiente e com a fantasia. Assim, quando uma criança ouve

uma história, ela cria imagens interiores a respeito daquilo que está sendo

contado. Se essa história lhe é mostrada na televisão, por exemplo, seu

pensamento torna-se menos criativo, não sendo necessário que as imagens

sejam criadas pelo ouvinte. O autor exemplifica suas afirmações comparando a

utilização por uma criança, de uma boneca de pano, que não tem bem

definidos os traços e os membros, obrigando-a a imaginá-los e com uma

boneca de plástico, melhor elaborada e portanto menos exigente quanto à

imaginação infantil. “Mais rígido ainda é o funcionamento do computador”

(SETZER, 1999: 4).

Além de acusar o computador e a informática de embotar o pensamento

intuitivo, o pesquisador é taxativo quanto ao uso dos mesmos no ensino

fundamental:

“O maior problema é forçar o pensamento lógico-

simbólico antes da época. Porque, na minha concepção

de evolução do ser humano, de desenvolvimento

pessoal, apenas depois da puberdade, a partir dos 14,

15 anos, é que a gente deveria exigir da pessoa um

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pensamento puramente abstrato. É o caso de uma

demonstração de teoremas, por exemplo. É absurdo

pedir provas de teoremas de matemática durante o

ensino fundamental. Porque, simplesmente, não

faz sentido para uma criança dessa idade ter que provar

alguma coisa. Eu fui obrigado a provar teoremas de

geometria, sobre semelhanças de triângulos, quando

cursei o que é hoje a quinta série. Então, eu olhava para

o livro, para dois triângulos semelhantes, com todos os

ângulos iguais e pensava: ‘Mas eu estou vendo que eles

são semelhantes. Por que eu tenho que provar uma

coisa dessas?’ Para uma criança, não faz sentido provar

um teorema, porque isso não faz parte da vida imediata.

Já o jovem tem que ter um afastamento muito grande do

mundo para perceber que demonstrar teoremas possui

alguma importância. É uma importância puramente

formal, não prática. É claro que é preciso desenvolver

esse tipo de raciocínio, mas não antes da hora. Não há

necessidade de acelerar a educação. Há tempo para

tudo.” (SETZER, 1999: p. 6)

Algumas pessoas talvez façam uma lista de argumentos que

demonstram que as mudanças na educação e o uso das tecnologias são

prejudiciais e de difícil implementação. A legislação, as restrições no

orçamento, os fatores humanos, a formação dos professores são realmente

grandes obstáculos, difíceis de suplantar.

Podemos dizer que tais mudanças somente são possíveis para uma

minoria de escolas, ricas. Também podemos pensar que os pais não ficariam

satisfeitos com tais mudanças. Eles querem que seus filhos tenham os

melhores certificados e relutam em aceitar diplomas que não sabem ainda

avaliar adequadamente.

No entanto, não devemos tratar o tema apenas como um apelo pela

mudança educacional em si. Segundo Venn e Vrakking (2006), precisamos

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observar o mundo das crianças que estão crescendo digitalmente e deixar

claro o que esse fato significa para a aprendizagem, para as escolas e para os

professores.

No capítulo II serão abordadas questões como as características da

nova geração de crianças, e as conseqüências de sua cibercultura para a

aprendizagem e para as escolas.

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CAPÍTULO II

UMA NOVA GERAÇÃO DE APRENDIZES

“Repentinamente, as crianças que chegavam à nossa

escola demonstravam um comportamento bastante

diferente: direto, ativo, impaciente, incontrolável e, de certa

forma, indisciplinado. Foi assim que uma professora sueca

descreveu o que sentiu quando começou o ano letivo em

um bairro de Estocolmo na metade da década de 1990,

quando crianças de 6 anos voltaram à escola depois das

férias de verão. A professora teve a sensação de que de

um ano para o outro uma nova geração surgira e que ela

tinha que lidar com elas, ainda não sabendo, mas

percebendo, que precisaria empregar estratégias e

abordagens diferentes.” (VEEN E VRAKKING 2006, p.27)

2.1 – A Geração Digital

Estamos falando de uma geração que a maior parte da informação que

procura está apenas a um clique de distância, assim como está qualquer

pessoa que queiram contatar. Essas crianças aprendem muito cedo que há

muitas fontes de informação e que essas fontes podem defender verdades

diferentes. Filtra as informações e aprende a fazer seus conceitos em redes de

amigos/parceiros com que se comunica com freqüência.

Para uma melhor compreensão, basta analisar um dia comum de um

aluno do ensino fundamental, da rede privada de ensino:

“Ao final do dia de aula os alunos reúnem-se ao redor

dos portões da escola esperando pelo ônibus para ir

para casa. Em casa, eles ligam seu computador e

começam uma conversa, no MSN, com os mesmos

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colegas com que acabaram de falar na escola. Jogam

on-line com eles, enquanto começam outra conversa

com amigos que aceitaram na lista de contatos do MSN.

Sua lista de contatos contém 300 nomes, já que este é o

limite do MSN 7.0. Uma pesquisa nacional da MSN

demonstrou que o número médio de conversas que as

crianças têm ao mesmo tempo é de cerca de 10, e elas

conseguem conversar abrindo e fechando telas,

enquanto uma barra de ferramentas colorida alerta que

há uma resposta esperando por eles.” (VEEN E

VRAKKING 2006, p.31)

Podemos ainda, pensar em uma outra situação bastante comum para uma

criança estudante do ensino fundamental no Brasil, assistir televisão:

“Trocar canais é algo comum, já que as crianças

assistem a seis ou mais canais ao mesmo tempo. Todas

elas o fazem, e é raro uma criança assistir ao mesmo

canal por mais de uma hora. Os canais de música, tais

como a MTV, são populares entre elas, mas são

assistidos de maneira simultânea com outros canais. Os

pais talvez se preocupem com tal comportamento, já que

mudar o canal é algo comum, que ocorre aleatoriamente

ou quando as crianças estão entediadas.” (VEEN E

VRAKKING 2006, p.32)

Essas atitudes comuns e espontâneas da nova geração, incomodam

aos seus pais, e em geral a todas as pessoas que não nasceram na Era

Digital. Eles acham que as crianças não pegam várias mensagens ao mesmo

tempo e, como resultado, seu conhecimento se torna muito raso.

Para essas crianças, fazer a tarefa escolar é uma questão de última

hora. Enquanto a antiga geração aprendeu a fazer sua tarefa de maneira

planejada, eles começam a trabalhar no último momento possível. A escola é

apenas uma parte de sua vida: não é a principal atividade. As crianças sabem

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que têm de ir à escola e fazer testes, mais a escola parece mais um lugar de

encontro de amigos, um espaço social, do que um lugar para aprender.

A “geração digital” vive em mundo cujos recursos de informação são

muito ricos.

“Lindström e Seybold (2003) declararam que uma criança

hoje absorve cerca de 8 mil imagens de marcas ou logos

por dia. Tal carga de informação pode parecer excessiva

para quem nasceu antes da década de 1980, mas para

essa nova geração não é um problema. Eles adotaram o

computador e a tecnologia como parte integrante de sua

vida”. (VEEN E VRAKKING 2006, p.34).

Na verdade, estamos falando de um ser que nasceu com um mouse na

mão, já sabia como manipular o controle-remoto da televisão com 3 anos, e

com 8, já tinha seu próprio telefone celular. E os usos das tecnologias não

param aqui: walkmans, iPods, aparelhos de mp3, câmeras digitais,

GameCubes e Playstations 2 e 3 fazem com que ele tenha mais habilidade

com os produtos tecnológicos.

2.2 – A tecnologia no cotidiano

A utilização dos meios digitais de comunicação começou a alastrar-se a

partir de meados dos anos 1990, com a crescente globalização mundial. O

desenvolvimento da banda larga permitiu acesso rápido à internet. Os

computadores cada vez mais “amigáveis” e com preços acessíveis e suas

variações com tamanhos cada vez mais reduzidos possibilitando maior

mobilidade, como notebooks e celulares multifunção, disseminaram o uso da

grande rede mundial de informações.

Programas de comunicação instantânea possibilitam a troca de

mensagens escritas e contato virtual com a transmissão não só de voz, como

de imagens em tempo real por meio de câmeras de vídeo simples. Os jogos

eletrônicos podem contar com a presença simultânea de vários participantes,

cada qual em um ponto do planeta. Os sites de relacionamento unem sob um

mesmo grupo de interesse gente que possivelmente nunca se conhecerá cara

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a cara. E os blogs permitem que qualquer pessoa mantenha sua própria

página, sobre os mais variados assuntos.

No Brasil, em abril de 2008, 22,4 milhões de pessoas usaram internet

residencial, 18,3 milhões delas com banda larga, segundo o Ibope/Net Ratings.

Aumento de mais de 50% em relação ao ano anterior. E a média de tempo de

navegação foi de 22 horas e 47 minutos por pessoa ao mês, índice dos mais

altos do mundo.

“Em torno à cultura da realidade virtual, está emergindo a geração do

ponto - com, que não valoriza a história nem o contexto, porque o mundo é

uma tela onde a vida se apresenta como espetáculo” (SILVA 2004, cap.9).

“As pessoas estão deixando de sair de casa para se divertir com amigos

e ficar em frente ao computador teclando com outras pessoas.” (HANAVER,

2005,www.usr.inf.ufsm.br/~fhanauer/elc1020/files/Artigo_Revisado_Felipe_Han

auer.pdf>.).

Isso está diminuindo o contato físico entre as crianças e adolescente, e

está extinguindo as brincadeiras que eram diversões nos anos 80 e 90 e

consideradas por muitos mais saudáveis. Pode-se analisar isso observando

que o número de crianças e adolescentes que faziam suas brincadeiras nas

ruas está diminuindo a cada dia, se já não acabou.

As brincadeiras consideradas do passado estão se extinguindo, e saindo

da rotina de muitos. Soltar pipa, jogar bola na rua ou campinhos, rela-rela,

polícia e ladrão, esconde-esconde, béts, etc. estão sendo esquecidas. As mais

variadas diversões do passado estão sendo substituídas pelo computador.

“No início dos anos 80, as crianças brincavam nas ruas,

na terra, com bolas de gude, carrinhos, bola, soltavam

pipa, brincavam de pular corda, roubar bandeira, pular

mula, brincadeiras de roda, etc. A criança conseguia ficar

por mais tempo brincando na rua, se divertindo e sendo

criança.” (PREVITALE, 2006, <http://

libdigi.unicamp.br/document/?view=20490> ).

Há pouco tempo atrás, as crianças e adolescentes faziam suas

amizades nas escolas, ruas, clubes, etc. Estas amizades eram realizadas da

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maneira física conhecendo as pessoas pessoalmente.

Com o passar do tempo e o avanço tecnológico, as crianças e adolescentes

passaram a fazer suas amizades de maneira virtual, utilizando o computador.

“As crianças da nova geração passam

muito tempo jogando no computador. Se os pais não

fixarem um número diário de horas para uso do

computador e para assistir à televisão, as crianças não

terão limites. Brincar ao ar livre não é algo muito

interessante para elas, embora os pais tentem forçá-las a

sair tanto quanto possível. As crianças jogam uma

imensa variedade de jogos para computador: jogos de

artilharia, de aventura, etc. Elas jogam em consoles, no

computador ou em aparelhos portáteis, e têm suas

próprias preferências por determinados jogos ou

aparelhos. Falam muito sobre os jogos com seus

colegas, sendo aparentemente o assunto preferido das

conversas, juntamente com vídeos musicais e filmes, tais

como Harry Potter, Sin City, Matrix e Senhor dos Anéis.”.

(VEEN E VRAKKING 2006, p.38)

Os adolescentes de hoje não têm mais a inocência de antigamente.

Hoje, os jovens saem para a balada atrás de paqueras, e iniciam a vida sexual

mais cedo. “As crianças começaram a perder a ingenuidade, as meninas

estão sendo mães com 9, 10, 11 ou 12 anos, tendo que cuidar de outra

criança, começam a ter responsabilidade mais cedo.” (PREVITALE, 2006,

http://libdigi.unicamp.br/document/?view=20490>).

”O psicólogo especialista em sexologia, Carlos Boechat Filho, apontou o

afrouxamento dos valores sexuais e a influência da mídia como os principais

responsáveis por esse adiantamento na vida sexual dos adolescentes.”

(RIBETI,2006,<http://gazetaonline.globo.com/donna/sexoerelacoes/index_mate

ria.php?cd_matia=192504&cd_site=44>).

Nas escolas, cada vez mais os alunos aderem à tecnologia para dar

suporte aos estudos. Há alguns anos atrás, muitos alunos ao fazerem seus

trabalhos, faziam de forma manual, escritas no punho. Hoje esses mesmos

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trabalhos são feitos utilizando o computador, mais especificamente editores de

texto, onde esses editores fazem todo o trabalho de ortografia e gramática aos

alunos.

Diante todas as situações assinaladas, não se pode negar que estamos

diante de uma nova geração de crianças, e consequentemente de novos

aprendizes. Se o aprender já não é mais o mesmo, como pode o ensinar

continuar imutável? Como os professores devem encarar esse “novo aluno”

que chega em sua sala de aula? De fato, é preciso um novo olhar!

2.3 – Entendendo os efeitos da tecnologia

Como interpretar o uso que as crianças fazem da tecnologia? Será que

seu comportamento aparentemente caótico de mudar de um canal para outro e

de navegar na internet é perda de tempo? Assistir à televisão e jogar no

computador pode ser útil? Ou os benefícios de jogar no computador ou

navegar na internet simplesmente se reduzem ao desenvolvimento de uma

boa coordenação entre o olhar e o movimento das mãos? “De acordo com

Rosser (2004), no que diz respeito a essa habilidade, parece que os jovens

cirurgiões que jogaram no computador durante sua infância têm um melhor

desempenho em cirurgias do que os que não jogaram”. (VEEN E VRAKKING

2006, p.51). É claro que se pode argumentar que apenas uma pequena

parcela de nossa força de trabalho atuará na profissão de cirurgião, e que,

assim, as vantagens de uma coordenação bem-desenvolvida se aplicaria

somente a um número restrito de profissões. Então, como a tecnologia poderia

ajudar a maioria das pessoas a tirar vantagem dos usos da própria tecnologia?

Até que ponto a tecnologia pode ajudar as crianças a se tornarem melhores

aprendizes? “A melhor coisa a respeito dos melhores jogos é que eles levam a

garotada a uma aprendizagem muito intensa.”, defende Seymour Papert (1998,

p.88).

“Observando o comportamento das crianças e falando com

elas com freqüência, descobri que elas não agem sem um

propósito ou simplesmente para se divertir. Talvez a mais

importante mudança que fiz no que diz respeito ao modo

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como entendo as crianças tenha vindo dos jogos de

computador e das trocas constante dos canais de TV. Ao

interagir com a tecnologia da mesma forma que as

crianças fazem, mudei meu ponto de vista a respeito do

que se pode aprender com os jogos de computador,

telefones celulares, MSN e da troca freqüente de canais.

Passei a entender o que autores como James Paul Gee,

Sherry Turkle, Wolf e Parron, Goodson e Lankshear,

Oblinger e Oblinger e muitos outros pesquisadores têm

tentado demonstrar sobre as relações entre jogar e

aprender e o papel da tecnologia na vida das crianças.”

(VEEN E VRAKKING 2006, p.53)

Segundo Veen e Vrakking, no livro Homo Zappiens – Educando na Era

Digital (2006, cap.3), por meio do uso constante da tecnologia, as crianças

desenvolvem uma variedade de habilidades, que estão relacionadas à

aprendizagem. São elas:

a) Habilidades Icônicas – ao clicar e navegar na internet as crianças

procedem de maneira diferente. Elas incorporam os símbolos e ícones

que vêem na tela à sua busca de informação. Passaram a conhecer o

significado de uma série de ícones, reconhecíveis em ambientes

diferentes e que rapidamente dizem onde ir. Elas aprenderam que os

ícones e símbolos contêm valor de informação e que também as cores

têm significado. Uma determinada cor tem significado informacional,

sendo uma ferramenta adequada para reconhecer ou categorizar

informações. Como a informação continuará a crescer

exponencialmente no século em que estamos, as crianças precisam ter

a capacidade de lidar com imensas quantidades de informação, com a

capacidade de procurar e selecionar rapidamente o que precisam. Se

não for assim, elas correm o risco de ficar sobrecarregadas e de não ter

tempo de ir até o detalhe de buscar informações que devam

primeiramente ser estudadas e refletidas em maior profundidade.

b) Executar múltiplas tarefas – a Microsoft constatou que as crianças se

comunicam com outras 10 crianças ao mesmo tempo no MSN e que,

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pelo jeito, gostam de fazê-lo. (Conferência da EPN, Haia, 2004) Elas

têm a capacidade de prestar atenção a várias fontes de informação ao

mesmo tempo e com diferentes níveis de atenção. Elas capazes de

aumentar ou diminuir seu nível de atenção de acordo com a fonte de

informação, sem silenciar inteiramente outra e mantendo um nível

básico de contato com cada uma delas. Elas imediatamente aumentam

sua atenção quando uma fonte de informação lhes oferece algum

indicador relevante, e diminuem a atenção quando acham adequado se

voltar a outra fonte. Essa maneira de lidar com a informação é muito

mais intensa do que ouvir uma fonte de informação por vez.

c) Zapear – com a possibilidade de escolha de canais de televisão, as

crianças passaram a entender os fluxos de informação de uma maneira

bastante diferente das gerações anteriores. Sua escolha de informação

é “livre” e pode, de maneira muito similar ao que fazem em casa com

suas tarefas escolares, controlas vários canais de informação de uma

só vez. Assistir à televisão, para eles, é uma maneira especial de

executar tarefas múltiplas. É ainda mais intrigante o modo pelo qual eles

“zapeiam”, assistindo quatro ou cinco canais simultaneamente. A

principal questão aqui é que “zapear” é a habilidade que determina os

núcleos essenciais de informação pertencentes a um fluxo de

informação e, com base em tais núcleos, constrói um todo de

conhecimento significativo.

d) Comportamento não-linear – Os alunos só lêem aqueles parágrafos que

parecem mais adequados e aqueles que fazem sentido em comparação

a todas as outras informações a que têm acesso. Na verdade, essa

habilidade consiste em três sub-habilidades. A primeira é a de definir

uma questão de busca: qual é meu objetivo ao buscar esses recursos?

Como esse objetivo se relaciona ao que tenho de apresentar ou

realizar? Essa habilidade ou, até mesmo, atitude, é fundamental. Ela se

relaciona a uma abordagem de aprendizagem ativa e crítica. Ela ajuda

os alunos a não submergirem na argumentação do autor e limitar a

aprendizagem ao nível de compreensão do que os outros criaram. A

segunda sub-habilidade é a de determinar as palavras chaves certas. É

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impressionante como as crianças são competentes em criar palavras-

chave que as levam onde querem chegar. Elas têm tanta prática na

habilidade de buscar informações voltadas a objetivos específicos que

desenvolveram a capacidade de usar uma variedade de palavras-chave

para encontrar informações. A terceira sub-habilidade das abordagens

não-lineares é a mesma que as crianças desenvolvem quando assistem

à televisão. Elas aproveitam várias informações diferentes para construir

um conhecimento significativo a partir de todas elas. E essa habilidade

não é só em relação à informação textual mas também com os recursos

de multimídia, que têm formatos diferentes dos textos impressos. O

formato dos audiovisuais, tais como os documentários ou filmes, é

bastante diferente do dos textos. E as crianças passaram a entender

como interpretar imagens, como foi descrito nas habilidades icônicas.

e) Habilidades colaborativas - a colaboração é uma estratégia comum de

muitos jogos de computador, que inclusive exigem trabalho de equipe

para atingir objetivos. O que as crianças parecem aprender com esses

jogos é que a colaboração é uma estratégia viável para suplantar e

resolver problemas. A colaboração também inclui sub-habilidades, tais

como a habilidade de organização, e as habilidades sociais. Como os

recursos de aprendizagem estarão em sua maioria disponíveis on-line

no futuro, é importante ter as habilidades certas para se comunicar com

todos que possam ajudá-lo a ter acesso a tais recursos, discutir seus

significados e compartilhar seu próprio conhecimento. A resolução de

problemas é também uma habilidade importante para a aprendizagem e

para a vida e será provavelmente uma grande habilidade para as

pessoas que aprendem durante toda a vida e para os trabalhadores do

conhecimento.

A propósito nesse contexto, cabe valorizarmos o aprendizado para toda a

vida, na perspectiva do Relatório Delors, o Relatório para a UNESCO da

Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, que coloca no

centro das tarefas a Educação para o Futuro, de uma educação que

necessariamente é para o longo da vida.

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“Aprender a conhecer, combinando uma cultura geral,

suficientemente vasta, com a possibilidade de trabalhar

em profundidade um pequeno número de matérias. O

que também significa aprender a aprender, para

beneficiar-se das oportunidades oferecidas pela

educação ao longo da vida.” (UNESCO, 1999)

Como afirma o professor Izaias Resplandes de Souza (2008,

http://recantodasletras.uol.com.br/artigos/1088705), “não conseguindo isso,

não faremos, não conviveremos e não seremos ninguém além de mais um na

multidão de quase 7 bilhões de seres que hoje enche o planeta.”

Em um mundo onde o conhecimento é produzido e reproduzido por mil

formas e em grande quantidade, é preciso saber encontrar na vastidão o que

realmente interessa. O conhecer não é mais uma questão de internalização da

informação, o conhecimento é volátil, muda a toda hora.

“Terá sua posse aquele que tiver a técnica para adquiri-

lo com rapidez, antes que se torne defasado. Nesse

sentido, à educação não compete mais a transmissão de

conhecimento. Aliás, isso nunca competiu de verdade.

Tinha-se a ilusão de que alguém e de que alguém

aprendia. Todavia, já está provado que ninguém educa

ninguém. O homem é sujeito de sua própria

aprendizagem.”(SOUZA,2008,http://recantodasletras.uol.

com.br/artigos/1088705 ).

“Segundo Amaral Fontoura, aprende-se o que interessa. O resto decora-

se para passar nos exames e se esquece no dia seguinte.” (SOUZA, 2008,

http://recantodasletras.uol.com.br/artigos/1088705).

A orientação dos sábios da UNESCO, inclusive, é que o professor deva

ensinar a aprender e não a decorar. Aquele que se formou na “escola da

decoreba” precisa voltar urgentemente aos bancos escolares. Seus

paradigmas de ensino-aprendizagem não correspondem mais aos tempos

atuais. Já estão superados. Sabe-se hoje que a educação é processual e que

uma vez, uma vez iniciada, só termina com a morte. É algo para a vida toda.

Aquele que se prende ao trabalho da decoreba, ainda não entendeu que o

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mundo é dinâmico e que não se repete. Estamos no tempo de aprender a

aprender. Aquele que souber isso está verdadeiramente preparado para viver.

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CAPÍTULO III

O ATUAL DESAFIO DE ENSINAR

“Devemos rever nossos referenciais teóricos. Piaget,

Vygotsky, Ferreiro iluminaram a reconstrução dos

métodos e processos de alfabetização na escola visando

garantir ao aluno um papel mais ativo. Graças a eles e

outros tantos, pudemos saber um pouco mais sobre

como o aluno pensa e constrói o conhecimento. Hoje,

mudando as formas de construção do saber, teremos

que voltar a pensar esses pressupostos. Podemos ainda

considerar os mesmos estágios mentais do

construtivismo com crianças que tem acesso ao

computador antes de se alfabetizarem? Se Vygotsky nos

fez perceber o caráter dialético da construção da mente,

na interação com o meio através da linguagem, de que

forma sua obra deve ser relida hoje, quando os signos se

multiplicam e um novo mundo, virtual, reproduz as

tensões e os conflitos lingüísticos do mundo real?

Partindo do princípio de que cada método pedagógico

revela uma concepção do ser humano e uma

compreensão sobre o modo como se aprende, parece-

me que são necessárias novas pesquisas para verificar

quem é o sujeito da educação hoje. Para começar, já

sabemos que é alguém que interage com uma máquina,

um dispositivo mediador a partir do qual (re)conhece o

mundo.” (RAMAL, 2000, p.5)

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3.1 – Teoria da aprendizagem aliando-se ao uso da internet

Diante o novo cenário imposto à educação, se faz urgente repensar o

processo ensino-aprendizagem. O professor precisa ter claro que a

aprendizagem pode, e deve, perpassar os currículos e os planejamentos

escolares com a utilização da internet.

No entanto, o professor precisa ser capaz de definir uma perspectiva de

aprendizagem e assim, selecionar ferramentas e as possibilidades adequadas

que a web pode oferecer para o sucesso do processo ensino-aprendizagem.

Juntamente com a utilização da internet, a escola precisa estar

preparada para desenvolver nos alunos a competência de “aprender a

aprender”, pois na Era da Informação estamos a todo instante aprendendo e

vemos que a necessidade de formação continuada é cada vez mais exigida no

mundo profissional.

“Paralelamente ao avanço tecnológico o conhecimento

humano vem crescendo exponencialmente. Exige-se do

professor uma postura diferente da tradicional visando

possibilitar que o aluno “aprenda a aprender” e consiga

ter acesso a toda informação disponível em fontes de

pesquisa as mais variadas inclusive pela internet.”

(MOURA, AZEVEDO, MEHLECKE, 2002, p.1)

A internet e suas ferramentas vão de encontro com as necessidades

exigidas para a “nova sala de aula”, pois pode tornar um ambiente capaz de

promover e estimular a aprendizagem, onde os alunos possam testar, interagir,

usar a imaginação, utilizando uma linguagem fácil, atraente e que crie

autonomia, podendo ser, de acordo com Guy Claxton (2005) em seu livro O

Desafio de Aprender ao Longo da Vida, o “meio inteligente, barato, de pouco

risco e de grande rendimento que pode ser utilizado em sala de aula, mudando

o clima de aprendizagem em cinco graus.”

Dessa forma, de acordo com embasamento teórico, a Teoria da

Aprendizagem que mais proporciona formar esse tipo de ambiente é a Teoria

Construtivista de Aprendizagem.

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A teoria construtivista da aprendizagem leva em consideração a

interação entre o sujeito e o ambiente que o cerca, ou seja, preocupa-se em

estudar como as pessoas organizam os pensamentos, adquirem

conhecimentos, signos verbais e desenvolvem aspectos sociais.

De acordo com Mizukami (1986, p.60):

“Considerando-se o fato de que se trata de uma

perspectiva interacionista, homem e mundo serão

analisados conjuntamente, já que o conhecimento é o

produto da interação entre eles, entre sujeito e objeto,

não se enfatizando pólo algum da relação.”

Dentro desta linha serão considerados os estudos referentes ao

Construtivismo, com seus maiores representantes em Piaget e Bruner e o

Sociointeracionista, Vygotsky.

Para os estudiosos construtivistas a aprendizagem é considerada uma

construção contínua, nunca terminada, responsável por criar no indivíduo

novas estruturas mentais.

“Conhecer um objeto é agir sobre e transformá-lo,

aprendendo os mecanismos dessa transformação,

vinculados com ações transformadoras. Conhecer é,

pois, assimilar o real às estruturas de transformações, e

são as estruturas elaboradas pela inteligência enquanto

prolongamento direto da ação.” (PIAGET, 1970 apud

MIZUKAMI, 1986, p. 64)

E esta ação sobre os objetos visa o processo denominado “Adaptação”

e este, por conseguinte para ser viabilizado sofre os processos de

“Assimilação” e “Acomodação”. A Adaptação é o processo de equilíbrio entre a

Assimilação e a Acomodação, onde através de uma situação desafiadora a

Acomodação ajusta os novos dados aos esquemas já internalizados

ocasionado a Assimilação. “É adaptando-se às coisas que o pensamento se

organiza e é organizando-se que estrutura coisas.” (PIAGET1979, apud

MOURA, AZEVEDO, MEHLECKE, 2002, p.4)

Outro ponto importante para Piaget é a motivação e o aspecto afetivo da

aprendizagem, considerados “seus motores”. São eles que impulsionam a

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aquisição e a busca pelo conhecimento, através de situações desafiadoras e

instigantes, onde se tem uma situação de desequilíbrio, onde o sujeito tem

necessidade de adaptar-se, o que Piaget denomina “conflito cognitivo”.

Já para Vygotsky, “o conhecimento é um produto da interação social e

da cultura. Concebe o sujeito como um ser eminentemente social e o

conhecimento como produto social. A preocupação de Vygotsky está nas

relações entre o pensamento verbal e a linguagem.” (MOURA, AZEVEDO,

MEHLECKE, 2002, p.5)

De acordo com Veen e Vrakking, no livro Homo Zappiens – Educando

na Era Digital (2006, cap.4), devemos considerar às atribuições pedagógicas

para se adotar a teoria construtivista da aprendizagem utilizando a internet:

• Utilizar a internet (como ferramenta de comunicação ou para acesso a

informações) para resolver problemas significativos e contextualizados,

assim à construção dos conhecimentos é feita a partir das próprias

ações dos alunos.

• A navegação deve ser não linear, hipertextual, de acordo com o estilo

cognitivo e interesse de cada um, pois a internet é uma ferramenta que

deve ser manipulada e explorada pelo aluno.

• A interação deve ocorrer entre o sujeito e a máquina, entre os pares e

com o professor, objetivando a aprendizagem ativa e fundamentada a

partir da experiência anterior, visto partir de uma teoria interacionista de

aprendizagem.

• A internet vai permitir que o aluno explore seu potencial intelectual em

diferentes áreas do conhecimento., realizando reflexões, abstrações e

interpretações.

• O aluno é ativo e atuante, integrando seu pensamento com a lógica de

navegação, ou seja, é ele quem percorre os caminhos de acordo com

seus processos mentais em um dado momento, e não o contrário.

• O ambiente virtual deve estimular o pensar, ser desafiador, permitindo o

aluno ser agente produtor e não um sujeito passivo diante dos

conteúdos e informações.

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• A construção da aprendizagem deve ocorrer de forma coletiva e

individual, visando à formação da Zona de Desenvolvimento Proximal e

a interação.

• Devido à capacidade de recuperação de conteúdos, em um blog, por

exemplo, o aluno consegue ver seu processo de aprendizagem,

refletindo sobre o mesmo, para que assim haja melhor compreensão e

amadurecimento.

• Não existe a noção de certo ou errado na internet, assim os alunos

podem julgar sites e informações selecionadas de acordo com suas

necessidades e conhecimentos anteriores, tornando o erro construtivo.

• Os sites devem ser contextualizados e conter conteúdos relevantes para

os alunos.

• A internet também pode contribuir para diversificar fontes de pesquisa,

aumentando a competência de interpretação e aquisição de

conhecimento.

• Os conteúdos na internet não são acabados, por isso há possibilidades

na web para edição colaborativa, fazendo com que o aluno se sinta

responsável pela sua aprendizagem e pala aprendizagem dos colegas.

• O professor assume papel de orientador dando feedbacks, pois é

impossível a ele dominar e conhecer todas as informações dispostas na

grade rede, dessa forma ele guia, auxilia na busca de fontes seguras e

dá suporte para que ocorra aprendizagem.

• Esta teoria permite o fazer e o refletir sobre o “saber fazer” e o “saber

aprender”. Na web os alunos estarão constantemente aplicando o que

foi aprendido a tarefas desafiadoras que o levam a traçar estratégias e

executar de forma prática aquilo que aprenderam.

3.2 – Pensamento em hipertexto e a internet

Para utilizar a internet o pensamento precisa estar funcionando segundo

o modelo de “hipertexto”, ou seja, várias conexões e interconexões são

estabelecidas através de ligações (links), entre palavras, idéias, imagens,

tecendo uma teia complexa, com diversos significados e relações, traçando

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rotas onde por vezes se torna quase impossível percorrer o mesmo trajeto

duas vezes.

Pode-se perceber que o hipertexto organiza os conhecimentos e

informações produzidas pela sociedade de uma maneira não-linear, estando

disponíveis através de “nós” ou confluência de idéias e temas centrais, onde

quem escolhe e faz o conteúdo é o leitor e não mais o autor.

A definição de hipertexto segundo Andréa Ramal (2000) é a seguinte:

“O que é um hipertexto? Como o próprio nome diz, é algo

que está em uma posição superior à do texto, que vai

além do texto. Dentro do hipertexto existem vários links,

que permitem tecer os caminhos para outras janelas,

conectando algumas expressões com novos textos,

fazendo com que estes se distanciem da linearidade da

página e se pareçam mais com uma rede. Na internet,

cada site é um hipertexto clicando em certas palavras

vamos para novos trechos, e vamos construindo, nós

mesmos, uma espécie de texto. Dessa maneira, a

posição da escola, dos professores, dos alunos, e do

conhecimento em si, muda. Seus papéis são

transformados e ajustados para a nova realidade de

sociedade da informação, pois o hipertexto pode ser

entendido a subversão da escola linear.” (RAMAL, 2000,

p.24)

Cabe, portanto, à escola adaptar-se e aliar-se ao hipertexto, visto que

este tem grande potencial no processo ensino-aprendizagem. O primeiro deles

é a grande capacidade de interação que o aprendiz pode estabelecer entre o

conteúdo e outros aprendizes, tornando a aprendizagem mais prazerosa e

significativa, visto que é o próprio indivíduo quem percorre conteúdos que lhes

parecem mais atraentes, que se organizam melhor em seus esquemas e que

dessa forma pode atribuir um melhor significado. As interações entre os

próprios usuários da internet com interesse comum, constroem também

hipertextos e conteúdos novos, possibilitando uma aprendizagem colaborativa.

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A seguir a visão de Xavier sobre a contribuição do hipertexto para o

processo ensino-aprendizagem:

“Os usuários de internet exercem ao mesmo tempo a

função de leitor e autor, pois são eles mesmos que

escolhem as informações que querem ler, clicando nos

links presentes naquela página digital à espera de ser

explorado. Para aqueles autores mais animados com as

vantagens da adoção das novas tecnologias de

informação pela escola e pela sociedade em geral, o

hipertexto e internet parecem viabilizar uma forma de

aprendizagem ideal que se baseia no contexto e na

moda natural como ela se dá. Aprendizagem é

considerada pela corrente socioconstrutivista como muito

mais duradoura e eficaz, pois permite que o aluno

absorva o como fazer motivado por uma situação de real

necessidade e sem a utilização de exercícios mecânicos

pré-construídos com esse propósito [...]” (XAVIER, s/d,

http://www.ufpe.br/nehte/artigos/Letramento%20digital%2

0e%20ensino.pdf).

O hipertexto possibilita ainda integrar as diversas áreas do

conhecimento, utilizando a interdisciplinaridade como metodologia, visto que

na grande rede os conhecimentos e informações não estão compartimentados

e fragmentados, mas sim estão representando os conhecimentos como eles

são integrados, contextualizados em uma dada situação, que é ampla e

diversificada em significados.

No trecho a seguir Xavier cita algumas contribuições no uso do

hipertexto para a interdisciplinaridade e os processos mentais envolvidos no

pensamento em hipertexto:

“[...] o hipertexto e a Internet possibilitam a integração

entre as várias disciplinas, realizando a desejada

interdisciplinaridade que em um certo sentido dissolve os

limites entre as áreas do conhecimento. Por ser muito

rápida na conexão com muitos documentos na rede, o

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usuário de hipertexto tende a processar com mais

velocidade a leitura e a desenvolver o pensamento

‘criativo’, aperfeiçoando a capacidade de análise e

cruzamento de informações. Em outras palavras, a

proposta educacional do hipertexto sugerida

indiretamente por esses pesquisadores otimistas

pressupõe um conjunto de capacidades mentais, que

envolvem, entre outras:

. competência para compreender os novos princípios que

regulam a organização e a armazenagem do

conhecimento em um ambiente virtual, não mais em

locais físicos, como livros, por exemplo;

. competência para clicar nos “links” que são

ferramentas auxiliares de navegação na página

eletrônica;

. competência para “sacar” os dados apresentados na

tela de modo diverso como em textos, imagens e sons,

que precisam ser selecionados e filtrados em meio às

muitas informações dispostas na página eletrônica

visitada e em toda a Internet.” (XAVIER, s/d,

http://www.ufpe.br/nehte/artigos/Letramento%20digital%2

0e%20ensino.pdf)

Vemos que se faz necessária a reformulação do currículo para a adoção

da metodologia para uma pedagogia aliada à internet, pois com o hipertexto os

conteúdos estão disponíveis de forma complexa e transdisciplinar, deixando de

lado a linearidade dos livros adotados pela escola.

Na internet, utilizando a linguagem do hipertexto, as disciplinas se

encontram difusas, autocomplementado-se e interagindo, seja através de

imagens, textos e vídeos. O estudante deve ser preparado para percorrer e

trilhar seus próprios caminhos, seguindo seus interesses e motivações através

dos links, criando competência para relacionar, selecionar e interpretar as

informações percorridas através do hipertexto, tomando consciência de que os

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conhecimentos irão fazer parte de uma realidade extremamente complexa e

situada no tempo e no espaço.

O tempo necessário para a construção desses conteúdos também deve

ser revisto, pois ao contrário de utilizar livros prontos e acabados, utilizando a

internet e por conseqüência o hipertexto, a leitura de um tema pode ser

“alongada” devido às inúmeras informações e conexões disponíveis.

Outro ponto importante para o uso do hipertexto na escola é o papel do

professor. Este deve deixar de lado o papel de “mestre”, que sabe tudo, e

assumir o papel de orientador, pois é impossível dominar todos os conteúdos

dispostos na internet, mas é necessário ter a competência de aprender junto

com o aluno, trabalhar em equipe com outros professores, estar disposto a

navegar e descobrir novos caminhos e outros pontos de vista, dialogando e

gerenciando os processos de aprendizagem, criando consciência crítica em

seus alunos.

3.3 – Pesquisas na internet em sala de aula

A internet, sem sombra de dúvida, veio auxiliar as atividades que exigem

pesquisas e compartilhamento de conhecimentos. Hoje não precisamos mais

nos locomover para buscar uma informação, mas é a informação que vem até

nós, estando ao alcance dos nossos dedos, bastando um clicar para que os

milhares de dados nos cheguem.

Por isso, uma das maiores funções da educação atualmente é formar o

aluno para que ele busque e selecione as informações que precisa. Mas para

que uma pesquisa na internet tenha valor educativo e para que seja produtiva

é necessária à intervenção e orientação do professor.

“Sendo assim, a formação do aluno pesquisador implica

também formação do professor pesquisador, que ao lado

do aluno se inquieta e bisca respostas, estando sempre

pronto para muito mais do que responder rapidamente às

questões propostas, buscar onde elas estão. O professor

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pesquisador leva em consideração na sua avaliação o

processo da pesquisa, além do resultado dela.” (ALVES,

2005, p.5)

Sendo assim, para uma pesquisa acontecer é preciso primeiramente,

um questionamento, uma situação-problema que leve à busca por respostas.

Em seguida, vemos que o processo é tão ou mais importante que os

resultados, pois estes dependem da metodologia e dos meios que levaram a

tais resultados. Por isso deve ser levado em consideração como o aluno busca

as informações na rede, quais os hiperlinks percorridos, os recursos que utiliza

para a busca, a autenticidade das informações, entre outras.

Por isso, a internet vai ser útil em todos os momentos que levem o aluno

a buscar o “algo mais” ou a construir um determinado conhecimento, pois ela

leva a participação, visto que é um meio no qual o aluno age ativamente e é

permitida a diversidade de conexões e caminhos. Nela, o aluno aprende

através dos erros e pelas experimentações, onde ele é capaz de voltar,

avançar e refazer, exigindo para isto uma grande capacidade de organização e

contato com conteúdos em diferentes mídias (áudio, vídeo, imagem, texto,

etc.).

Além destas características, outro fator importante para a indicação de

pesquisas na internet está na diversidade de autores abordando o mesmo

assunto, mostrando uma grande complexidade e diversidade de opiniões

acerca de um mesmo tema. Dessa forma, o aluno é levado a enxergar um

mesmo ponto de diversos ângulos, levando-o a interpretar e julgar quais são

mais relevantes e confiáveis, desenvolvendo assim senso crítico.

De acordo com o dicionário Aurélio a palavra “pesquisa” significa: “ato

ou efeito de pesquisar, investigação e estudos, minuciosos e sistemáticos com

o fim de descobrir fatos relativos a um campo do conhecimento.” (FERREIRA,

1993, p.420).

“O importante é que se fixe a idéia que para a realização

de um trabalho de pesquisa, deve-se levar o estudante a

perseguir um problema ou um aspecto do tema do seu

trabalho, para discuti-lo até a conclusão, numa postura

pessoal. Não aceitar portanto meras cópias de livros e

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enciclopédias sem reflexão e documentação.” (MACEDO,

1996 apud ALVES, 2005, p.8)

Segundo Eco (2000, apud ALVES, 2005, p.9) “para uma pessoa mais

jovem a internet pode ser uma floresta: se você decidir virar para a esquerda

em vez de ir para a direita , talvez deixe de achar o tesouro que está

buscando.”

Dessa maneira, a pesquisa leva em consideração uma posição

construtivista da aprendizagem, na qual são os próprios estudantes, motivados

por questões relevantes e contextualizadas, buscam por si próprios construir

seus conhecimentos.

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CONCLUSÃO

As novas tecnologias trouxeram grande impacto sobre a Educação

desenvolvida nos dias atuais, criando novas formas de aprendizado,

disseminação do conhecimento e, especialmente, novas relações entre

professor e aluno.

A revolução trazida pela rede mundial possibilita que a informação

gerada em qualquer lugar esteja disponível rapidamente. A globalização do

conhecimento e a simultaneidade da informação são ganhos inestimáveis para

a humanidade.

A Internet tem contribuído fortemente para uma total mudança nas

práticas de comunicação e, conseqüentemente, educacionais. Na leitura, na

forma de escrever, na pesquisa e até como instrumento complementar na sala

de aula ou como estratégia de divulgar a informação.

A condução do processo de pesquisa por parte do professor também é

indispensável quando analisamos a Internet como uma espécie de “território

livre”, onde tudo pode ser publicado. O discernimento de fontes de informação

e a análise de sua veracidade são outros papéis fundamentais

desempenhados pelo professor. Só com essa participação é possível orientar

o aluno para que ele não incorra em erros ou baseie-se em informações

equivocadas.

Apesar de toda essa contribuição, é certo que a Internet não é a solução

para todos os males, nem deve ser vista dessa maneira. No papel de

ferramenta de apoio, ela não deve ser considerada como substituta a outras

práticas, como o relacionamento humano dentro da sala de aula, entre

professor e aluno e entre os estudantes. Isto porque a Internet depende de

intermediações inteligentes e articuladas pré-estabelecidas para fornecer um

ambiente de aprendizagem. Esse é o papel do professor: oferecer aos alunos

orientação para consultas e pesquisas, aproveitando melhor a agilidade desse

meio, uma das maiores vantagens das informações disponíveis na rede

mundial.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

AS NOVAS TECNOLOGIAS E A SOCIEDADE 11

1.1 - A Globalização e a Era Digital 11

1.2 – A Sociedade em Rede 13

1.3 – As Conseqüências para o Processo Educacional 16

CAPÍTULO II

UMA NOVA GERAÇÃO DE APRENDIZES 22

2.1 - A Geração Digital 22

2.2 – A Tecnologia no Cotidiano 24

2.3 – Entendendo os Efeitos da Tecnologia 27

CAPÍTULO III

O ATUAL DESAFIO DE ENSINAR0 33

3.1 – Teoria da Aprendizagem Aliando-se ao uso da Internet 34

3.2 – Pensamento em Hipertexto e a Internet 37

3.3 – Pesquisas na Internet em Sala de Aula 41

CONCLUSÃO 44

BIBLIOGRAFIA 45

INDICE 49