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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O GESTOR DE TRANSPORTES NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E SUAS ATRIBUIÇÕES Por: Jilmar Alves Machado Orientadora Professora Mary Sue Pereira Rio de Janeiro 2009

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO … · motorista uniformizado para atender a pedido. Será visto o quanto de trabalho está por trás desta simples solicitação

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O GESTOR DE TRANSPORTES NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

E SUAS ATRIBUIÇÕES

Por: Jilmar Alves Machado

Orientadora

Professora Mary Sue Pereira

Rio de Janeiro

2009

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O GESTOR DE TRANSPORTES NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

E SUAS ATRIBUIÇÕES

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Gestão Pública

Por: . Jilmar Alves Machado

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, a Jesus, a minha

família e aos amigos de classe por

tornarem possível a realização de mais

este sonho em minha vida.

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todas as pessoas

que, silenciosa e voluntariamente,

trabalham na Obra Social Antonio de

Aquino dando a sua contribuição para a

transformação do nosso planeta em um

mundo mais justo.

5

RESUMO

Há trabalhos que são realizados de forma silenciosa para que outros possam

acontecer. Em função disso, a grande maioria das pessoas não se dá conta do

que efetivamente ocorre diariamente em alguns setores da Administração

Pública para que determinados serviços sejam bem prestados à população. O

presente trabalho apresenta as atribuições que estão sob a responsabilidade

de um setor de transportes e o que é necessário para as mesmas sejam

exercidas de forma adequada. Não há lugar algum onde esteja retratada esta

temática de forma tão detalhada e é isso que foi elaborado. Um gestor de

transportes não tem como única atribuição disponibilizar um veículo limpo com

motorista uniformizado para atender a pedido. Será visto o quanto de trabalho

está por trás desta simples solicitação. É apresentado de forma sucinta como

trabalham diversos setores de transportes de órgãos públicos pesquisados,

mostrando também que cada um faz isso de acordo com a sua realidade, seja

ela física, financeira ou política.

6

METODOLOGIA

A busca por informações a respeito do tema nos mostrou o quão exígua é a

disponibilidade de fontes de consulta sobre ele. Praticamente todo material

existente se baseia especificamente em experiências de trabalho em empresas

privadas e os poucos que retratam o serviço público o fazem sem englobar

todas as atribuições que hoje estão sob a responsabilidade de um gestor de

transportes na Administração Pública. Diante de tal evidência optei por retratar

a minha experiência de 3 (três) anos como chefe de um setor de transportes de

um órgão público, além de contar com a colaboração de colegas de diversos

outros órgãos públicos que deram a sua contribuição, seja gentilmente

disponibilizando a sua seção para uma visita, seja respondendo a um

questionário enviado pela internet.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - O que é gestão? 11

CAPÍTULO II - Gestão de Transportes na Administração Pública 14

CAPÍTULO III – Pesquisa de campo 33

CONCLUSÃO 50

BIBLIOGRAFIA 55

ANEXO 52

ÍNDICE 55

FOLHA DE AVALIAÇÃO 57

8

INTRODUÇÃO A Administração Pública é formada por uma imensa quantidade

de órgãos públicos, os quais, por sua vez, também são compostos por diversos

setores. Muitos destes setores não possuem a sua rotina descrita em livros ou

manuais, porém também não exigem conhecimentos específicos para a sua

administração, assim como também os seus componentes não precisam

possuir qualidades peculiares para lidar com as suas atribuições. Como poderá

ser observado posteriormente, o mesmo não pode ser dito da maioria dos

setores de transportes que fazem parte da estrutura dos órgãos públicos

brasileiros. Facilmente o patrimônio destes setores ultrapassam o valor de R$ 1

milhão, que ficam sob a responsabilidade do chefe. Diversas atribuições estão

atreladas ao setor de transportes e que fazem deste um setor em que não

existe rotina. Problemas dos mais diversos surgem diariamente envolvendo

veículos, motoristas, mecânicos, combustível, contratos, etc, etc.

Praticamente a totalidade dos cidadãos comuns e a grande maioria dos

servidores públicos acham que a maior atribuição de um setor de transportes é

o agendamento de veículos nas datas e nos horários solicitados pelos usuários.

A referida atribuição é a mais importante, porém é a mais simples. Para que

isso seja possível há uma série de serviços que precisam ser executados e

fiscalizados e que, como veremos, passam despercebidos por todos, uma vez

que ocorrem nos, popularmente chamados, “bastidores”, ou seja, internamente

a cada setor, sem que os demais sequer imaginem. Veremos também que,

para haver um motorista conduzindo um veículo, o contrato através do qual o

mesmo foi admitido precisa ser fiscalizado e a empresa contratada precisa

estar em dia com as suas obrigações. Além disso, a documentação do carro

precisa estar regularizada, assim como a sua manutenção também precisa

estar sendo feita de forma adequada. Nesta pequena demonstração é possível

perceber que, pelo simples fato de um veículo estar legal e seguramente

disponível para um atendimento, uma série de ações foram tomadas

anteriormente para garantir isso. Obviamente as citadas ações necessitam de

pessoas com conhecimento, experiência e boa vontade porque muitas destas

ações deverão ser aprendidas no dia-a-dia, uma vez que não há manual ou

9

livros didáticos onde são encontrados todos os procedimentos a serem

seguidos, além também destes procedimentos variarem de acordo com a

realidade de cada órgão público. Esta particularidade poderá ser observada na

pesquisa de campo realizada junto a diversos setores de transportes quando se

encontrou desde departamentos extremamente simples na sua estrutura até

aqueles altamente complexos com setores internos subordinados a um

chamado “diretor de transportes”.

Para possuir bons gestores de transportes, a Administração Pública

precisa investir na sua política de recursos humanos a fim de analisar o perfil

desejável para cada cargo e verificar qual seria o servidor que possuiria as

qualidades mais próximas daquelas almejadas. Treinamentos diversos e,

principalmente na área de gestão, precisam ser ministrados, tais como:

gerenciamento de frota, legislação de trânsito, legislação trabalhista, mecânica

básica, trabalho em equipe, licitação e contratos administrativos, etc. Um gestor

de transportes no serviço público precisa ser um profissional multidisciplinar,

sendo essencial que tenha habilidade para liderar grupos de pessoas diversas,

uma vez que lida com servidores, mas também com funcionários terceirizados.

O chefe deste tipo de setor precisa ter equilíbrio psicológico para lidar com

situações inesperadas e, em muitos casos, ele precisa tomar decisões rápidas

sob pressão. Este profissional precisa ser extremamente ético, uma vez que

lida diretamente com o patrimônio público, que precisa ser cuidado e utilizado

de uma forma responsável. Peças automotivas, combustível e óleo lubrificante

são alguns dos materiais administrados pelo setor de transportes que precisa

ter um pleno controle da entrada e saída destes itens a fim de estar sempre

preparado para possíveis auditorias. Apesar de não ser uma postura muito

esperada por parte de repartições públicas, os setores de transportes deveriam

realizar pesquisas de satisfação dos seus clientes internos, tabular os dados

coletados, traçar metas e planos de ação para melhorar os seus pontos fracos

como qualquer prestador de serviço consciente da sua missão, mas

infelizmente, de todos os órgãos públicos pesquisados apenas um realiza

parcialmente este tipo de monitoramento.

A indicação para a chefia de um setor extremamente técnico como o de

transportes precisa deixar de ser política para ser profissional e moral. O atual

10

momento exige uma mudança de postura por parte dos gestores públicos que

precisam estar conscientes da sua missão frente à nação brasileira. O atual

servidor, seja ele gestor ou não, precisa se desprender da imagem que

praticamente todos os cidadãos fazem dele e passar enxergar o serviço público

como um outro qualquer que precisa ser cumprido com seriedade e

responsabilidade, a fim de que se justifique o pagamento do seu salário no final

do mês.

11

CAPÍTULO I

O QUE É GESTÃO?

Em consulta ao dicionário, encontramos como sinônimos de gestão as

palavras gerência e administração. Assim, gestão é o ato ou efeito de gerir.

Segundo o professor Antônio Maximiano, no livro “Teoria Geral da

Administração”: “Gestão é o processo de tomar e colocar em prática decisões

sobre objetivos e utilização de recursos”. A finalidade última da gestão é

garantir a realização de objetivos por meio da aplicação de recursos.

1.1 – O que é um gestor? Qual é o seu papel e quais são as

suas atribuições?

Gestores são agentes ou protagonistas de um processo administrativo.

São funcionários responsáveis pelo trabalho de outros funcionários nas

organizações, também chamados chefes ou dirigentes.

Diversos estudiosos definiram o papel de um gestor, alguns dos quais

serão citados a seguir:

• Para Fayol, o trabalho do gestor consiste em tomar decisões,

estabelecer metas, definir diretrizes e atribuir responsabilidades

aos integrantes da organização, de modo que as atividades de

planejar, organizar, comandar, coordenar e controlar estejam

numa sequência lógica.

• Henry Mintzberg não considera que o papel do gestor se limite

apenas a planejar, organizar, dirigir e controlar. Para este

estudioso os papéis são dez, os quais se dividem em três

aspectos básicos: tomada de decisões (ser empreendedor,

controlar distúrbios, administrar recursos e negociar); relações

humanas (ser “figura de proa”, ser líder, manter

relacionamentos); obtenção (transmissão de informações,

monitorar, disseminar, ser portavoz).

12

• Para Andrew Grove, húngaro naturalizado americano, um dos

fundadores e presidente da Intel, três idéias básicas devem

orientar a gestão de alta performance: produção, trabalho de

equipe e empenho individual. Para Grove, produção é a palavra

que define os resultados do administrador, uma vez que todos

“produzem” de alguma forma. Trabalho em equipe é fundamental,

uma vez que os resultados de um gestor são os resultados das

unidades organizacionais sob sua supervisão direta e influência.

Ainda segundo Grove, o empenho individual é vital porque uma

equipe só trabalha bem quando cada um de seus integrantes

empenha-se ao máximo.

1.2- Gestão Pública x Gestão Privada

A diferença fundamental que se identifica entre a gestão pública e a

privada é no que tange aos resultados a serem atingidos. Obviamente há

empresas públicas que também têm o lucro financeiro entre suas metas, porém

estes casos não farão parte do escopo deste trabalho. De uma forma geral, o

gestor de uma empresa privada tem como limites apenas aqueles

determinados pelas leis, ou seja, estes profissionais estão impedidos de fazer

apenas aquilo expressamente proibido pela legislação vigente. Diferentemente

dos primeiros, ao gestor público só é permitido fazer aquilo que os legisladores

citaram nas leis específicas. Como exemplo, podemos citar a lei nº 8666/93,

que trata do assunto “Licitações e Contratos Administrativos”. Como será

abordado posteriormente, nesta lei o gestor público encontrará uma série de

determinações e limites a respeito de como proceder para a compra ou

aquisição de um produto ou serviço que deseja adquirir.

Mais do que nas empresas privadas, a doutrina da responsabilidade

social se aplica diretamente à Administração Pública. Os princípios desta

doutrina baseiam-se na premissa de que as organizações são instituições

sociais, que existem com autorização da sociedade, utilizam os recursos da

sociedade e afetam a qualidade de vida da sociedade. Um gestor público deve

13

estar consciente da responsabilidade que está em suas mãos e agir de tal

forma a prestar à sociedade um serviço da melhor qualidade possível.

Além da responsabilidade social, o comportamento ético dos gestores

também está entre as tendências mais importantes que influenciam a teoria e a

prática da administração no início do terceiro milênio. O debate sobre o assunto

envolve tanto organizações privadas, quanto públicas. A ética lida com o que

pode ser diferente do que é da aprovação ou reprovação do comportamento

observado em relação ao comportamento ideal, o qual é definido por meio de

um código de conduta, ou código de ética, implícito ou explícito. Atualmente há

empresas públicas, como por exemplo o Banco do Brasil, que possuem o seu

código de ética explícito. Há 2500 anos os filósofos gregos já propunham que

os administradores públicos trabalhassem segundo os princípios da ética

absoluta.

14

CAPÍTULO II

Gestão de Transportes na Administração Pública

Normalmente, na literatura disponível, o tema “Gestão de Transportes”

ou “Gestão de Frota” é apresentado como sendo um conjunto de atividades

que visam reger, administrar ou gerenciar um conjunto de veículos

pertencentes a uma mesma empresa. As atividades que são listadas

normalmente são: dimensionamento, especificação de equipamentos,

roteirização, custos, manutenção, renovação de veículos, entre outros. O

conceito apresentado se altera bastante na Administração Pública, uma vez

que há órgãos públicos que atribuem ao setor responsável pelos veículos

muitas outras atribuições, das quais podemos citar as seguintes, as quais serão

abordadas em detalhes posteriormente:

• Recebimento e administração de solicitações de atendimento

• Gestão de diversos contratos administrativos

• Legalização da frota

• Gerenciamento de multas de trânsito

• Administração de sinistros

• Especificação de produtos, equipamentos e veículos

• Administração de almoxarifado setorial

• Obtenção de licenças especiais para trânsito em áreas

seletivas

• Administração da manutenção da frota

• Pesquisa de satisfação dos clientes

A seguir iremos abordar cada uma destas atribuições, sendo que

algumas delas podem ou não ser atribuídas ao setor de transporte,

dependendo do entendimento e da realidade da administração de cada órgão

público.

15

2.1 – Recebimento e administração das solicitações de

atendimento

É comum na Administração Pública encontrarmos um setor de

transportes centralizado tendo que atender a uma estrutura administrativa

bastante descentralizada fisicamente, podendo tal descentralização abranger

todo um Estado. Tal realidade requer que haja uma gestão adequada de modo

que as solicitações sejam recebidas de forma padronizada, sejam

adequadamente registradas e programadas. Em alguns momentos em que a

demanda fica acima da disponibilidade, antes da programação, precisa-se

priorizar os atendimentos conforme critérios definidos pela Administração. Em

seguida precisa-se garantir que o veículo mais apropriado seja selecionado,

assim como o mesmo chegue ao destino na data e horário solicitado. O ideal,

nem sempre possível, é que sejam realizados acompanhamentos estatísticos

quanto à satisfação dos solicitantes quanto ao serviço prestado, questionando-

os quanto à qualidade do atendimento no que tange à pontualidade, aparência

e asseio do motorista, quanto ao conforto e limpeza do veículo e, em caso de

transporte de carga, se a mesma foi entregue como deveria. Infelizmente no

serviço público, normalmente, este acompanhamento não é realizado, primeiro

por carência de mão de obra e segundo porque muitos gestores ainda não se

vêem como “fornecedores” de um serviço para “clientes” e como tal deveriam

tentar fazê-lo da melhor forma possível, procurando sempre buscar formas de

aprimorar o atendimento.

Uma boa ferramenta complementar à pesquisa junto ao cliente é a

realização de auditorias periódicas nos documentos específicos de

entrada/saída de veículo, que é chamado de Boletim de Tráfego, Diário de

Bordo, Boletim do Veículo, etc. Neste tipo de documento o condutor registra

todas as informações sobre o veículo quando do seu recebimento

(quilometragem, combustível, acessórios, estado geral,etc), durante o

atendimento (locais e quilômetros percorridos, horários de chegada e saída

destes locais, etc) e no retorno do veículo à garagem.

16

2.2 – Gestão de contratos administrativos

Os contratos administrativos são documentos assinados por terceiros e

por um representante da Administração Pública, através do qual são criados

vínculos comerciais entre as partes e os primeiros se comprometem a fornecer

serviços e/ou produtos à segunda. Estes contratos têm como objetivo principal

a chamada terceirização, que é o repasse das atividades-meio ou de apoio

para terceiros especialistas, enquanto a administração se mantém executando

as atividades-fim e as atividades-meio consideradas estratégicas.

A gestão de contratos administrativos é basicamente o

acompanhamento por parte de um servidor público, formalmente designado

pela Administração Pública, do cumprimento de todas as cláusulas contratuais

a que se comprometeu o terceiro, chamado contratado, quando da assinatura

do referido documento. Com uma boa gestão de contratos pode-se obter:

• Melhoria da qualidade dos serviços prestados, uma vez que o gestor

pode acompanhar junto aos clientes como os mesmos estão sendo

atendidos, podendo em casos extremos, solicitar a substituição de um

prestador de serviço ou até sugerir o cancelamento de um contrato com

a penalização do contratado, que pode chegar à proibição de contratar

com a Administração Pública por um período de tempo;

• Redução de custos, pois o gestor acompanhará os gastos que estão

sendo realizados no contrato sob sua responsabilidade e poderá julgar

se os mesmos estão adequados às necessidades da Administração. O

gestor deverá atestar as faturas enviadas pelo contratado antes de

enviá-las para pagamento, se comprometendo assim de que aqueles

foram efetivamente os gastos realizados e os devidos serviços

prestados;

• Flexibilidade, considerando que o gestor pode adequar, dentro de certos

limites, o objeto do contrato às necessidades da administração através

de processos bem mais rápidos do que se a aquisição do objeto ficasse

a cargo direto da contratante.

17

Uma gestão inadequada de contratos pode levar, entre outros prejuízos,

a desabastecimento, queda da qualidade dos serviços prestados e elevação

dos custos operacionais.

A principal lei que direciona a conduta de um gestor de contratos

administrativos é a n° 8666/93, da qual iremos destacar alguns artigos de maior

relevância:

• “Art. 67 – A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada

por um representante da Administração especialmente designado,

permitida a contratação de terceiros para assistí-lo e subsidiá-lo de

informações pertinentes a essa atribuição.

§ 1° - O representante da Administração anotará em registro próprio

todas as ocorrências relacionadas com a execução do contrato,

determinando o que for necessário à regularização das faltas ou defeitos

observados.

§ 2° - As decisões e providências que ultrapassem a competência do

representante deverão ser solicitadas a seus superiores em tempo hábil

para a adoção das medidas convenientes.”

Comentários:

Percebe-se pelo exposto no artigo acima a importância do papel

do gestor de um contrato administrativo, que deverá ser formalmente

designado e responderá pelos descasos porventura detectados durante

a sua gestão.

• “Art. 71 - § 2° - A Administração Pública responde solidariamente com o

contratado pelos encargos previdenciários resultantes da execução do

contrato nos termos...”

Comentários:

18

Vê-se pelo parágrafo acima que, se o gestor não atuar com

seriedade na fiscalização da execução do contrato, grandes prejuízos

poderão ser trazidos para a Administração. A relação de subordinação

entre servidor e terceirizado é um dos problemas mais sérios que

Administração Pública deve se empenhar em eliminar do seu dia a dia.

• “Art. 82 – Os agentes administrativos que praticarem atos em desacordo

com os preceitos desta Lei ou visando a frustrar os objetivos da licitação

sujeitam-se às sanções previstas nesta Lei e nos regulamentos próprios,

sem prejuízo das responsabilidades civil e criminal que seu ato ensejar.”

Comentários:

O artigo apresentado deixa claro as possíveis consequências para

um mau gestor, considerando-se, obviamente, que o mesmo tenha sido

treinado adequadamente para o exercício de tal função, o que nem

sempre ocorre, além de permitir o seu direito de defesa.

Alguns órgãos públicos designam o setor de transportes apenas como

usuário destes contratos, porém em outros os gestores devem ser servidores

desta repartição. A seguir iremos citar alguns exemplos de contratos

administrativos assinados entre a Administração Pública e terceiros com vistas

à execução dos serviços de transporte, seja de pessoas ou de carga. Nem

todos os contratos citados aplicam-se a todos os órgãos públicos, porém é

importante que se tenha noção dos possíveis casos a fim de tenhamos o real

entendimento do que pode estar por trás de um aparente simples atendimento

logístico de conduzir um servidor a um destino desejado.

2.2.1- Condutores de veículos

Diversos órgãos públicos possuem a sua frota própria de veículos,

porém não possuem, ou possuem em quantidade insuficiente, servidores

públicos com a função de motorista. Em função disso, faz-se necessária a

realização de um processo licitatório com vistas à contratação de uma empresa

para o fornecimento de profissionais para a execução dos serviços

19

necessários. Por se tratar de um contrato de terceirização de mão de obra, o

gestor deve atentar-se para acompanhar diversos detalhes inerentes a este tipo

de contrato tais como: cumprimento de obrigações trabalhistas; fornecimento

de uniformes; frequência e pontualidade dos profissionais; qualidade dos

serviços prestados; habilitação dos profissionais; realização de horas-extras;

solicitação de diárias para viagens, etc. O gestor deve estar sempre atento com

relação ao estabelecimento do chamado “vínculo empregatício”, não podendo

então dar ordens diretas ou penalizar os profissionais, sob o risco da

Administração Pública ser penalizada. As ações a serem tomadas em relação

aos profissionais deverão ser feitas através de um preposto, conforme

preconiza a lei nº 8666/93, em seu art. 68, que diz o seguinte: “ O contratado

deverá manter preposto, aceito pela Administração, no local da obra ou serviço,

para representá-lo na execução do contrato.”

2.2.2 – Despachantes ou mesários

Comumente chamados de mesários, estes profissionais são

responsáveis por executar o plano de atendimento preparado para o dia. São

despachantes que ao receberem a programação devem definir o veículo e o

condutor mais adequados àquela missão. Estes profissionais precisam

conhecer bem a frota, o perfil de cada condutor, assim como também os

melhores acessos aos locais de atendimento. São os mesários também

responsáveis pela roteirização da frota em caso de atendimentos especiais, tais

como a entrega de cargas em diversos locais com prazo curto para sua

realização. Em função do exposto, normalmente esta atribuição é exercida por

um ex-condutor experiente do próprio órgão. Quando a frota de veículo é

pequena, assim como a quantidade de solicitações, esta função pode ser

acumulada pela administração do setor ou pelos mesmos funcionários que

fazem o planejamento de atendimento.

2.2.3- Mão de obra de oficina

Muitos órgãos públicos possuem oficinas em suas garagens, cujo porte

varia bastante, indo desde uma estrutura para pequenos reparos até grandes

20

áreas equipadas com maquinário que mais parecem oficinas autorizadas pelos

fabricantes de veículos. Nestes órgãos públicos onde a estrutura de oficina é

de grande porte são realizados praticamente todos os tipos de serviços

referentes à manutenção automotiva, ficando de fora somente aqueles muito

específicos tais como retífica de motores, por exemplo. Há casos, inclusive, de

venda de serviços automotivos entre órgãos públicos.

A grande maioria dos profissionais desta área são terceirizados, mas há

ainda alguns órgãos públicos que possuem servidores públicos nestas funções.

Estamos incluindo neste grupo também os profissionais responsáveis pelo

setor de borracharia, lubrificação e limpeza de veículos.

2.2.4- Fornecimento de combustível

No que diz respeito aos contratos de fornecimento de combustível, há

algumas alternativas que estão sendo praticadas no âmbito da Administração

Pública:

a) Rede de postos credenciados

Alguns órgãos públicos realizam uma licitação a fim de contratar o

fornecimento de combustível através de uma rede de postos. Um

empenho estimativo é gerado em nome de um proprietário de uma

rede de postos, que terá o compromisso de fornecer combustível ao

contratante durante um certo período de tempo, normalmente, doze

meses.

b) Cartões de abastecimento

Um sistema bastante utilizado atualmente é através de cartões

magnéticos, idênticos àqueles utilizados em caixas eletrônicos.

Contrata-se uma administradora que possua uma rede de postos

credenciados. O condutor do veículo dirige-se a um destes postos

portando o cartão do veículo, digita uma senha e autoriza a

operação. Ao final de cada mês a administradora envia uma fatura

21

correspondente ao valor do combustível gasto mais a taxa de

administração, que normalmente é um percentual aplicado sobre o

valor gasto. Atualmente há administradoras com uma rede bastante

abrangente, o que permite que os abastecimentos possam ocorrer

praticamente em qualquer estado do país.

c) Abastecimentos eletrônicos

Para aumentar a confiabilidade do processo de abastecimento de

veículos pertencentes a frotas, foi criado um sistema eletrônico de

abastecimento. No tanque de combustível do veículo, próximo à sua

entrada é instalado um dispositivo eletrônico que será identificado por

um outro equipamento instalado nas bombas de combustível dos

postos credenciados. Após a identificação eletrônica do veículo, a

operação é autorizada e os dispositivos instalados monitoram

quantos litros de combustível estão sendo abastecidos e informam a

uma central que gerencia esta informação. Este sistema está em

operação e nos parece bastante confiável, além de ser a ferramenta

ideal para o controle do consumo do veículo, uma vez que as

informações são eletronicamente obtidas sem a interferência

humana. A única desvantagem no momento é que o sistema ainda

está em processo de expansão e a rede de postos equipados com os

dispositivos eletrônicos é pequena.

d) Bombas de abastecimento próprias

Há órgãos públicos que possuem tanques e bombas de

abastecimento em suas garagens. Assim, são realizadas licitações

entre os distribuidores com o objetivo de contratar o fornecimento de

uma certa quantidade de combustível estimada pelo gestor como

sendo suficiente para um certo período de tempo. Neste tipo de

abastecimento, cada gestor necessita criar seus próprios meios de

controlar não só consumo de cada veículo como também os níveis

22

diários dos tanques de armazenamento, a fim de minimizar os riscos

de desvio de combustível e também evitar o desabastecimento.

2.2.5 – Fornecimento de peças automotivas

Em pesquisas realizadas junto a órgãos públicos, identificamos

basicamente os seguintes procedimentos de aquisição de peças automotivas,

os quais serão detalhados em seguida: contrato de fornecimento de peças;

compra de lote de peças por licitação;compra de peças através de suprimento

de fundos.

a) Contrato de fornecimento de peças

Nesta modalidade de aquisição, o gestor precisa inicialmente

estimar quanto precisa ser empenhado para o gasto com peças

automotivas durante um certo período de tempo, normalmente um

ano. Em seguida deverão ser listados todos os veículos que

compõem a frota, para que cada licitante ofereça um desconto a ser

concedido sobre o preço de tabela de cada fabricante. Cada

desconto ofertado irá compor uma fórmula que irá calcular a melhor

proposta. Cada peça fornecida deverá ter seu código verificado na

tabela de preços de cada fabricante vigente à época do orçamento,

devendo ainda ser confirmado o percentual de desconto ofertado

pelo contratado durante o processo licitatório, antes do atesto de

cada nota fiscal enviada para pagamento. Este processo exige tempo

e cuidado , uma vez que diariamente são solicitadas peças

automotivas, principalmente quando a frota é composta por veículos

muito rodados, como é a realidade da maioria dos órgãos públicos

em nosso país.

b) Compra de lote de peças por licitação

É comum encontrarmos órgãos públicos que possuem o seu

próprio almoxarifado de peças e para abastecê-lo, o gestor elabora

23

uma lista de componentes que julga serem aqueles necessários para

a manutenção da frota durante um certo período de tempo. De posse

da referida lista, a Administração promove um processo licitatório

cujo objeto será adjudicado ao licitante que ofertá-lo pelo menor

preço. A principal vantagem deste processo se dá pela rapidez com

que os veículos são reparados, tendo apenas como condicionante a

existência no estoque das peças necessárias e dos equipamentos

adequados para a realização dos serviços. Como desvantagens, este

processo apresenta o fato de depender muito da experiência do

gestor e demais profissionais do setor em elaborar uma boa lista de

peças, além do risco de se necessitar de um componente não

previsto para o fornecimento, o que implicará em um novo processo

de compra para a aquisição dos itens necessários ou a sua obtenção

através de suprimento de fundos, caso os valores envolvidos

permitam.

c) Compra através de suprimento de fundos

Alguns órgãos públicos optam por adquirir peças através dos

chamados suprimentos de fundos, que são verbas disponibilizadas a

alguns servidores públicos para despesas específicas. A cada

período de tempo, o servidor responsável pelo suprimento deve

prestar contas apresentando as notas fiscais correspondentes às

despesas realizadas a fim de que sejam verificadas as adequações

dos gastos feitos. Uma desvantagem deste processo de aquisição é

o limite no valor de cada tipo de gasto, o que impede a compra de

peças automotivas acima de um certo valor.

2.2.6- Prestação de serviços de manutenção automotiva

Apesar de vários órgãos públicos possuírem oficinas mecânicas em suas

estruturas, muitas das vezes faltam equipamentos específicos ou a pequena

quantidade de profissionais é insuficiente para a solução de todos os

24

problemas. Nestes casos, faz-se uma licitação para a contratação do

fornecimento de serviço de manutenção de veículos. Neste tipo de

concorrência, os licitantes apresentam os preços que serão cobrados por

homem-hora de manutenção para cada tipo de veículo além dos descontos que

serão ofertados para as peças que forem fornecidas durante o reparo. A

administração deverá criar um índice composto pelos valores cobrados pela

mão de obra e pelos descontos ofertados a fim de definir o vencedor da

licitação. No momento de atestar as faturas enviadas, no que tange aos valores

cobrados pelas peças, o gestor deverá utilizar o mesmo procedimento do

contrato de fornecimento de peças, já mencionado anteriormente, porém no

que diz respeito às horas gastas com cada serviço, deverão ser consultadas

tabelas específicas fornecidas pelos fabricantes que indicam o tempo gasto

para cada tipo de serviço a ser realizado.

2.2.7- Locação de veículos

Muitos órgãos públicos, pelas mais diversas razões, optam por ter um

contrato de locação de veículos, tanto de passeio, como de passageiros e até

de carga. Alguns optam, a partir de estudos técnicos, por não adquirir uma

extensa frota de veículos e preferem locar veículos, conforme a necessidade.

Outros órgãos aumentam, de tempos em tempos, consideravelmente o seu

volume de atendimentos e precisam recorrer a este tipo de contratação

temporária. Este tipo de contrato requer organização por parte do gestor, uma

vez que o mesmo precisa controlar cada solicitação de veículo feita pelos

usuários, verificar o local da prestação do atendimento e o que será

transportado e definir se a opção mais adequada é utilizar veículo próprio ou

um locado. Há contratos em que são cobradas as chamadas diárias, que são

valores fixos para um determinado número de horas de atendimento, sendo

normalmente as localidades divididas por regiões, cujos valores das diárias

variam entre cada uma delas. Há também a possibilidade de cobrança através

de um pequeno valor fixo pela solicitação do veículo somado a um valor por

quilômetro percorrido. No caso de veículos de carga, o usual é a cobrança de

diária calculada em função do local de atendimento e da metragem do veículo

solicitado. Como se trata de serviço totalmente prestado por terceiros, cabe ao

25

gestor ter em mãos mecanismos de verificação da qualidade dos atendimentos

que estão sendo realizados, para que desta forma a Administração Pública

tenha entre seus contratados somente empresas idôneas.

2.2.8- Seguro de veículos

Há órgãos públicos que optam por não segurar a sua frota, porém a

maioria opta pelo contrário e este passa a ser mais um assunto a ser

gerenciado pela administração do setor de transportes. Os gestores devem

estar atentos principalmente à vigência contratual a fim de que a sua

prorrogação seja solicitada ou um novo procedimento licitatório seja

implementado com a antecedência necessária e assim os veículos possam

circular sem riscos para a administração nem para terceiros. Há órgãos

públicos que possuem uma seção dentro do setor de transportes que cuida

exclusivamente de sinistros de veículos, face ao trabalho e o conhecimento

necessário para o trato do assunto.

2.3- Legalização da frota

Também cabe ao setor de transportes a regularização dos veículos

perante o DETRAN. Para isso, normalmente, o chefe do setor deve estar ciente

dos procedimentos necessários junto àquele órgão para as seguintes

necessidades:

- Vistoria anual da frota

- Emplacamento de veículos novos

- Transferência de propriedade

- Alteração de dados de veículos

- Baixa de veículos

- Comunicação de venda ou doação de veículos

- Recursos de multas administrativas

- Emissão de segundas vias de documentos

26

Para cada necessidade listada acima há procedimentos diferentes a

serem seguidos, setores diferentes a serem procurados, assim como diferentes

documentos a serem anexados. Um representante do órgão público precisa ser

formalmente apresentado para tratar de todos estes assuntos em nome do

proprietário dos veículos. Tais atribuições requerem do gestor de transportes

paciência, boa vontade e persistência, uma vez que as burocracias a serem

superadas são muitas e alguns procedimentos demandam conhecimentos dos

caminhos a serem percorridos, dos documentos a serem juntados e a forma

mais adequada de fazê-los. Em se tratando de frota de veículos particulares,

este serviço normalmente, é realizado por despachantes credenciados.

2.4- Gerenciamento de multas de trânsito

Outro assunto delicado é o que diz respeito a multas de trânsito

cometidas por condutores em veículos oficiais. Há cidadãos que pensam que

veículos oficiais não são multados, mas a realidade é bem diferente. Sabe-se

que inúmeros são os motivos que podem acarretar a geração de um auto de

infração de trânsito, até mesmo um engano ou um desejo de perseguição por

parte da autoridade policial. Caso o gestor nada faça em relação a este

assunto, como alguns optam por fazer, em pouco tempo toda a frota pode estar

comprometida. O gestor precisa tomar ações com vistas a limitar as

pendências somente a casos que realmente fujam da sua competência, como

há alguns. Em caso de motoristas terceirizados normalmente as multas são

encaminhadas à empresa contratada para que tome as providências

necessárias quanto à defesa prévia e/ou pagamento da infração. Quando se

tratam de condutores que são servidores públicos, faz-se necessária a abertura

de um processo administrativo para a apuração de responsabilidade e o devido

ressarcimento, em caso de culpa.

2.5- Especificação de produtos, equipamentos e veículos

Sempre que o setor de transportes necessita adquirir veículos, produtos

e/ou equipamentos específicos da área automotiva, normalmente, cabe aos

27

funcionários deste setor citar as características técnicas daquilo que se

pretende comprar. Como produtos a serem especificados podemos citar: óleos

lubrificantes, graxas, pneus, fluido automotivos diversos, etc. Como

equipamentos desta área podemos citar: elevadores de veículos, equipamentos

para reparo de pneus, equipamentos para lanternagem e pintura, etc. Assim

como as demais atribuições, a especificação de algo que se deseja adquirir

exige tempo e cuidado, principalmente considerando-se que as pessoas

envolvidas não são especialistas nos assuntos específicos. A geração de um

banco de dados auxilia bastante este trabalho mas não resolve totalmente

devido à constante mudança nas características dos produtos no mercado.

Além da especificação do desejado, muitas das vezes é necessário também o

levantamento de preços no mercado para fins de previsão orçamentária, o que

também não é uma tarefa das mais fáceis, uma vez que há dificuldades

diversas apresentadas pelas empresas para fornecerem orçamentos para

órgãos públicos, principalmente por causa da exigência da regularidade fiscal

para fornecimento de qualquer produto ou serviço para Administração Pública.

Outro detalhe importante neste tipo de trabalho é a proibição da exigência de

determinadas características que limitem o fornecimento a um único fabricante,

mesmo que aquele produto seja o desejado ou o melhor do mercado. O

exposto também vale para quando se deseja adquirir um veículo novo.

2.6- Administração de almoxarifado setorial

Apesar da existência dos almoxarifados centrais é comum encontrarmos

pequenos almoxarifados nos setores de transportes, onde ficam armazenados

materiais e produtos de uso contínuos, tais como: pneus, óleos lubrificantes,

fluidos automotivos, peças, etc. Precisa haver um controle da entrada e saída

de material deste local, assim como uma atenção especial quanto ao estoque,

uma vez que o processo de compra leva um certo tempo desde a sua

especificação técnica até a efetiva concretização da aquisição. Há setores de

transportes que possuem grandes almoxarifados, principalmente aqueles que

possuem frota própria e que não trabalham com contratos contínuos de

28

fornecimento de peças. Nestes casos são encontrados até motores inteiros

entre seus itens de estocagem.

2.7- Obtenção de licenças especiais para trânsito em áreas seletivas

Apesar de não serem cobrados pedágios de veículos oficiais pelas

concessionárias das rodovias, conforme previsão legal, as mesmas solicitam

que seja mantido um cadastro atualizado da frota pertencente a cada órgão

público. Tal fato se torna mais importante quando há por parte do órgão público

a prática do uso das chamadas “placas reservadas”, que são placas idênticas

às particulares, porém cadastradas como pertencentes à Administração Pública

junto às autoridades de trânsito. Também comum é a necessidade de obter

junto às citadas concessionárias os chamados “passes expressos”, que são

dispositivos eletrônicos instalados nas viaturas que permita a sua passagem

pelas praças automáticas de pedágio sem parar totalmente o veículo, apenas

diminuindo um pouco a sua velocidade. Ganha-se tempo com isso e evita-se

transtornos, principalmente na condução de autoridades em veículos de

representação.

Fato comum ocorrer também é autoridades públicas emitirem portarias

que proíbem o trânsito de determinados tipos de viaturas em certos locais ou

durante um certo período do dia. Caso esta proibição venha a atrapalhar o

andamento do serviço público, faz-se necessária a obtenção, junto à autoridade

responsável, de um licença especial para a continuidade das atividades.

2.8- Administração de sinistros

Em caso de sinistros envolvendo viaturas oficiais, cabe ao setor de

transportes cuidar de todos os trâmites iniciais necessários para o

ressarcimento dos prejuízos ao erário. É o responsável pelo setor que

providencia os documentos policiais que descrevem o ocorrido, faz contato com

a seguradora para a realização do devido registro e toma as demais

providências em função do sinistro. Em caso de colisão em que o condutor do

veículo oficial é o culpado, o veículo é encaminhado a uma oficina autorizada

29

pela seguradora com a posterior remessa dos documentos pertinentes à

Administração para o pagamento da franquia. Quando o condutor não for o

culpado, busca-se o ressarcimento do prejuízo através do seguro do veículo

causador da colisão ou através de ação judicial, caso o mesmo não seja

segurado. Em caso de roubo, feitos os devidos registros, os documentos são

encaminhados à Administração para o devido processo de cobrança do

ressarcimento. Se o condutor do veículo é servidor público, normalmente, há

instauração de comissão de sindicância para a apuração de responsabilidade

e, se terceirizado, os gastos são encaminhados à contratada para

ressarcimento.

2.9- Administração da manutenção da frota

Segundo o prof. Piero Di Sora: “Manter significa conservar num estado

desejado de eficiência”. O citado professor ainda relaciona os três grandes

objetivos de uma boa manutenção:

• Maximizar o tempo disponível para operação do veículo

• Minimizar o tempo retirado de operação por motivo de

manutenção

• Minimizar os custos de manutenção

Para o alcance dos objetivos citados as empresas implementam uma

política da manutenção da sua frota, o que infelizmente não ocorre na

Administração Pública. Um planejamento de manutenção de veículos deveria

ser elaborado abordando, pelo menos, os três primeiros níveis de manutenção

que são:

• Manutenção de operação

• Manutenção preventiva

• Manutenção corretiva

30

2.9.1- Manutenção de operação

A manutenção de operação é aquela realizada pelo próprio condutor ao

receber o veículo para o cumprimento de uma missão. Neste momento

diversos itens são verificados relativos à carroceria, freios, embreagem,

sistema elétrico, motor, pneus, rodas, acessórios de segurança e documentos.

Ao realizar tal operação o motorista estará contribuindo para identificar

eventuais falhas que poderiam acelerar desgastes em peças importantes do

veículo, o que poderia ocasionar um acidente com proporções imprevisíveis.

Não foi identificada a realização da manutenção de operação em nenhum dos

órgãos públicos visitados e/ou questionados. No recebimento do veículo, o

motorista realiza uma inspeção geral mais com o objetivo de se resguardar

contra qualquer ressarcimento futuro ao órgão do que efetivamente pensando

na sua segurança e daqueles que serão conduzidos. O prof. Di Sora sugere

para controlar a execução deste tipo de manutenção que sejam feitas

inspeções incertas por outro condutor, atribuindo ao último motorista que dirigiu

o veículo e não denunciou a irregularidade encontrada.

2.9.2- Manutenção Preventiva

A realização de uma manutenção preventiva tem como objetivo principal

se antecipar na localização de um futuro defeito que, se viesse a ocorrer, traria

grandes transtornos e incalculáveis prejuízos. Nenhum dos órgãos públicos

pesquisados possuem uma real política de realização de manutenções

preventivas. Todos se limitam a fazer a manutenção preventiva que todos os

condutores de veículos responsáveis fazem, ou seja, substituição do óleo

lubrificante do motor, complementação dos níveis dos demais fluidos

automotivos, calibragem de pneus, etc. As grandes dificuldades existentes para

a implantação de uma política de manutenção preventiva estão na carência de

mão de obra e no tamanho das frotas dos órgãos públicos. Além das

responsabilidades já apresentadas, dependendo da quantidade de veículos,

haveria necessidade de alocar um profissional exclusivamente para controlar

31

este tipo de trabalho. A oficina deverá estar dimensionada para a realização

deste tipo de trabalho e a frota deverá estar dimensionada de tal forma a

permitir a retirada de veículos de operação para a execução dos serviços

necessários sem afetar os atendimentos. Para a implantação de uma rotina de

manutenção preventiva, muito provavelmente haveria necessidade de

ampliação da oficina, contratação de mão de obra especializada e compra de

equipamentos, a fim de que os trabalhos de manutenção corretiva não fossem

afetados.

Diversas etapas de uma manutenção preventiva não podem ser

realizadas através de contratação de serviços externos, uma vez que muitas

delas tratam-se apenas de verificações do estado das peças com vistas à

decisão de substituí-las ou não. Estas verificações não constam nas tabelas de

tempo-padrão e assim a Administração Pública não teria parâmetros para o

pagamento dos serviços realizados.

2.9.3- Manutenção corretiva

Esta manutenção é a realizada por todos aqueles que possuem veículos,

ou seja, a troca de uma peça danificada ou o reparo de um defeito que causou

um mau funcionamento do veículo. A manutenção corretiva não deve se limitar

à troca da peça danificada ou ao reparo do defeito, mas também deve se

estender a uma análise da possibilidade de haver uma causa primária que

provocou aquele fato a fim de que o mesmo não volte a acontecer em um curto

espaço de tempo. A realização da manutenção corretiva é inevitável, porém a

implantação de adequadas políticas de manutenção de operação e preventiva,

faz com que a sua ocorrência seja minimizada.

2.10- Pesquisa de satisfação do cliente

Como o gestor de um setor de transportes normalmente está sempre

distante dos locais de atendimentos, o mesmo não tem como saber se os

condutores dos veículos estão realmente cumprindo suas obrigações da forma

que deveriam. Isso aconteceria somente se os usuários entrassem em contato

32

com o setor com o objetivo de elogiar o atendimento ou sugerir melhorias.

Infelizmente no serviço público a grande maioria dos prestadores de serviço

não se vêem como fornecedores com a obrigação de satisfazer o seu cliente,

atendendo-o com qualidade e respeito. Dos órgãos públicos apresentados ao

final, apenas um deles faz uma pesquisa diária de cada atendimento realizado,

questionando o usuário quanto ao serviço prestado e respondendo ao mesmo

quanto a críticas e/ou sugestões apresentadas.

33

CAPÍTULO III

PESQUISA DE CAMPO

Com o intuito único de retratar a realidade dos setores de transportes de

alguns órgãos públicos, foi elaborado um questionário com perguntas simples e

objetivas, o qual é apresentado no anexo único. Alguns destes órgãos foram

visitados pessoalmente, o que permitiu um maior detalhamento da sua

estrutura e rotina, enquanto outros foram consultados via internet e seus

responsáveis não responderam a todos os questionamentos. Os nomes dos

órgãos públicos estão omitidos, uma vez que a sua divulgação poderia dar

oportunidades a críticas ou pré-julgamentos que não podem ser emitidos senão

quando se tem a verdadeira compreensão da realidade de cada um deles.

ÓRGÃO PÚBLICO Nº 1

1- FROTA

- Aproximadamente 168 veículos, sendo a grande maioria de

passeio, 4 caminhonetes, 2 utilitários de pequeno porte, 2

reboques e 3 ônibus.

- Frota padronizada em uma única marca, sendo a compra de

veículo realizada diretamente com o fabricante. Para isso foi feito

um relatório técnico-econômico a fim de justificar a padronização

junto ao órgão fiscalizador.

- A frota é totalmente segurada, mas, apesar disso, eles usam os

seus reboques para os atendimentos emergenciais.

- Pagam-se anualmente os seguros obrigatórios de toda a frota.

- As multas são encaminhadas ao responsável pela guarda dos

veículos, quando os mesmos ficam com autoridades, ou ao

condutor do veículo na ocasião da infração, os quais optam por

entrar com defesa prévia ou pagar a infração.

- Em caso de sinistro, há apuração de responsabilidade do

motorista, já tendo havido caso de advertência do condutor,

34

porém nunca houve situação de ressarcimento ao erário do gasto

com a franquia.

2- ESTRUTURA

- Trata-se de um departamento subordinado à Diretoria Geral de

Administração, a qual está subordinada à Diretoria Geral do órgão

público;

- No prédio principal ficam localizados diversos setores do

departamento de transportes, tais como setor de oficina (dividido

por sua vez em setor de pintura, setor de lanternagem, setor de ar

condicionado, etc), setor de almoxarifado (divido por sua vez em

setor de auto-peças, setor de lubrificação, setor de ferramentas,

etc). Todos os níveis de chefia até os setores são ocupados por

servidores que ganham a sua gratificação. Abaixo dos setores

trabalham os profissionais de execução, onde há terceirizados e

também servidores.

3- PESSOAL

- Nos níveis de chefia e administrativos são todos servidores,

sendo terceirizados apenas as funções de execução, onde há

também servidores.

- Os motoristas são praticamente todos servidores que atendem às

autoridades, havendo apenas 3 motoristas contratados para

condução dos ônibus.

- Não possuem mesários para a liberação de veículos, uma vez

que há poucas solicitações de viaturas. A grande maioria dos

veículos fica diretamente com os usuários finais.

35

4- COMBUSTÍVEL

- Há dois tipos de combustível: o administrativo e o de uso das

autoridades.

- O combustível de uso das autoridades são abastecidos através

de cartões magnéticos de uma empresa contratada tendo um

limite de gasto mensal. A empresa não cobra taxa de

administração. Este contrato é renovado anualmente até o limite

da lei.

- O combustível administrativo é adquirido através de licitação

quando é comprado combustível para 1 ano de consumo. Este

combustível é transportado periodicamente para a garagem

daquele órgão, onde há tanques e bombas para o abastecimento

das viaturas.

5- GESTÃO

- Há um software desenvolvido no próprio órgão, o qual é dividido

em módulos, tais como portaria, administração, almoxarifado,

oficina, etc. Os módulos são integrados e gerenciados pelo

módulo administração, de onde o gestor tem acesso a todo o

processo de entrada, manutenção, abastecimento e saída do

veículo.

- Há controle no consumo somente dos veículos administrativos.

- Os pneus são marcados na sua parte interna e há um controle de

data e quilômetros percorridos entre trocas do pneu.

- Há um controle também das baterias que estão instaladas em

cada veículo.

- Pneus velhos, peças danificadas e óleo usado são vendidos,

tendo a renda revertida para o próprio órgão.

36

6- MANUTENÇÃO

- Há uma grande oficina setorizada nas mais diversas

especialidades tais como pintura, lanternagem, ar condicionado,

alinhamento/balanceamento, injeção eletrônica, etc, com todos os

equipamentos necessários para a realização dos serviços

(elevadores, tornos, etc). Há todo um controle informatizado que

registra a saída da peça do almoxarifado, o estoque restante e a

necessidade ou não de novas solicitações para aquisição de

peças.

ÓRGÃO PÚBLICO Nº 2

1- FROTA

- Composta por cerca de 70 veículos próprios entre carros de

passeio, utilitários, pick ups, caminhões (munck, rampa,

carroceria e baú), ônibus e ambulância.

- Há uma disponibilidade de cerca de 32 veículos contratados, os

quais são pagos por quilômetro percorrido.

2- ESTRUTURA

- A Coordenadoria de Transportes é subordinada ao Departamento

de Serviços Gerais, que por sua vez é subordinada à Diretoria

Administrativa do órgão.

- Oficialmente, abaixo da Coordenadoria de Transportes há

somente um subcoordenador que trata dos assuntos relativos às

solicitações de veículos e que substitui o coordenador na sua

ausência. Os demais setores existentes são informais: mecânica,

compras emergenciais, auxílio no gerenciamento dos

contratos,etc. Na grande parte delas há um servidor com

37

gratificação como responsável. Há um setor informal que cuida da

parte de regularização dos veículos.

3- PESSOAL

- Há servidores em todos os setores (motoristas, mecânicos, etc),

assim como terceirizados.

- Motoristas são 75, sendo 17 servidores.

- No contrato dos terceirizados não há previsão de hora-extra,

porém já está se planejando mudar isso em função dos trabalhos

que tem sido necessários em finais de semana.

- Dois funcionários cuidam do recebimento e programação dos

veículos. Estes pedidos são sempre por escrito com a assinatura

e o carimbo do solicitante para checagem de eventuais auditorias.

- As defesas prévias das multas são impetradas pelos próprios

motoristas que pagam em caso de indeferimento. Quando há

abertura de processo, a própria administração paga a multa e o

motorista ressarci o órgão público.

- Há neste órgão público um preposto da empresa contratada para

acompanhamento da execução do contrato de fornecimento dos

motoristas, conforme determina a lei nº 8666/93.

4- COMBUSTÍVEL

- É utilizado o sistema de cartão de abastecimento, havendo um

limite total para gasto com combustível por mês. É possível

passar o saldo do cartão de um veículo para outro em caso de

necessidade.

5- GESTÃO

- Eles possuem um software desenvolvido no próprio órgão para

entrada de dados após os atendimentos realizados. Trata-se

38

basicamente de um banco de dados para rastreamento das

solicitações realizadas, os veículos e os motoristas que fizeram o

atendimento. Há a intenção de realizar o desenvolvimento de um

outro programa mais completo.

- A frota é totalmente segurada.

- Há um “check list” de verificação do estado do veículo antes de

sair para atendimento.

- Não há gestão de pneus, nem os mesmos possuem marcas de

identificação.

- Há um controle das baterias instaladas nos veículos para evitar a

substituição.

- Há um programa de manutenção preventiva onde são trocados

óleo, correias, pastilhas, além de serem verificados os freios e a

suspensão.

6- MANUTENÇÃO

- Há uma oficina para reparos mecânicos básicos, limpeza de bicos

injetores e também um microcomputador com programas

instalados dos diversos fabricantes para a identificação de

problemas nos veículos a injeção eletrônica.

- Há um setor de lanternagem e pintura.

- Há um almoxarifado com peças mais utilizadas e óleo lubrificante.

Pneus ficam localizados em um almoxarifado central. Caso se

necessite de uma peça que não há no almoxarifado, compra-se

através de aquisição direta ou com cartão corporativo (suprimento

de fundos), o qual possui um limite por despesa para material e o

mesmo valor para serviço.

39

ÓRGÃO PÚBLICO Nº 3

1- FROTA

- Composta por cerca de 70 veículos próprios entre carros de

passeio, utilitários, “pick ups”, caminhões, ônibus e ambulância;

- Sazonalmente utiliza veículos locados para suprir aumento de

demanda.

2- ESTRUTURA

- O setor de transportes é subordinado ao Departamento de

Serviços Gerais, que por sua vez é subordinado à Departamento

de Manutenção e Serviços Gerais, sendo este último subordinado

à Diretoria Geral do órgão.

- Não há qualquer outro setor oficialmente subordinado ao setor de

transportes, sendo o chefe responsável por todas as atribuições

relativas ao assunto.

3- PESSOAL

- Há servidores somente na administração do setor e terceirizados

nos setores informais (oficina, lubrificação, motoristas,etc).

- Os terceirizados são 40 motoristas, um mecânico, um eletricista,

dois borracheiros e dois despachantes.

- No contrato de condutores de veículos há previsão de horas-

extras e diárias para despesas com viagens.

- Um funcionário terceirizado cuida do recebimento dos pedidos de

veículos através de correio eletrônico e faz a programação das

saídas. Esta programação é encaminhada aos despachantes que

irão definir o veículo e o motorista mais adequados para cada

missão.

40

- As defesas prévias das multas são impetradas pela administração

do setor, por liberalidade própria, que as encaminha à empresa

contratada para pagamento em caso de indeferimento.

- Não há neste órgão público um preposto da empresa contratada

para acompanhamento da execução do contrato de fornecimento

dos motoristas, nem dos demais contratos, conforme determina a

lei nº 8666/93.

- Face às necessidades administrativas do setor e a carência de

servidores, há funcionários terceirizados trabalhando também na

administração.

4- COMBUSTÍVEL

- É utilizado o sistema de cartão de abastecimento, havendo um

limite total para gasto com combustível por ano, devendo o gestor

do contrato controlá-lo de acordo com o estimado.

- Sazonalmente este órgão público realiza convênio com a

PETROBRAS com vistas a fornecimento de combustível adicional

para suprir a demanda necessária.

- Não possuem bomba de combustível.

5- GESTÃO

- Está em processo de desenvolvimento um software para a gestão

da frota.

- Os consumos são controlados em planilhas eletrônicas e os

atendimentos são registrados manualmente em livros próprios.

- A frota é totalmente segurada.

- Há um “check list” de verificação do estado do veículo antes de

sair para atendimento, sendo o mesmo verificado no seu retorno.

- Não há gestão de pneus, nem os mesmos possuem marcas de

identificação.

41

- Não há um controle das baterias instaladas nos veículos, porém

há um controle de cada peça substituída em cada veículo para

eventuais defeitos em período de garantia.

- Há um programa incipiente de manutenção preventiva que é

aplicado sempre que há ociosidade na oficina, o que geralmente

não ocorre pela pequena quantidade de profissionais disponíveis.

- Há uma pesquisa diária junto aos solicitantes quanto à satisfação

pelos serviços prestados.

- Veículos novos são adquiridos somente quando há

disponibilidade orçamentária.

- Os veículos inservíveis são doados a outros órgãos públicos.

6- MANUTENÇÃO

- Há uma oficina para reparos mecânicos básicos, sendo o veículo

transportado para uma oficina contratada sempre que necessário.

- Não há um setor de lanternagem e pintura.

- Há um pequeno almoxarifado basicamente com óleo lubrificante e

pneus.

- Peças automotivas são solicitadas através de um contrato

específico.

ÓRGÃO PÚBLICO Nº 4

1- FROTA

- Há cerca de 700 veículos dos mais diversos tipos, entre passeios,

utilitários, caminhões, etc, exceto ambulância.

2- ESTRUTURA

- Há um diretor de transporte ao qual estão subordinados mais 3

diretores: diretor de frota , que trata basicamente dos veículos de

42

representação; o diretor de atendimento de transporte , que trata

dos veículos de expediente e das solicitações de transporte no dia

a dia; o diretor administrativo que cuida de toda a parte

administrativa do transporte, tais como gestão dos contratos de

combustível, de motoristas, etc. Abaixo do diretor de frota há 3

chefes, um responsável por sinistros, outro por manutenção e um

terceiro pela frota (entrada, saída e disponibilidade de veículos de

representação).

3- PESSOAL

- Os diretores são normalmente servidores requisitados de outros

órgãos públicos. Nos demais setores há servidores do próprio

órgão, requisitados e há ainda terceirizados. Entre os motoristas

há terceirizados e há servidores requisitados.

4- COMBUSTÍVEL

- Os veículos são abastecidos pelo sistema de cartões de

abastecimento.

- Não possuem bomba de combustível.

5- GESTÃO

- Há um software precário, onde muitos dados são inseridos

manualmente. Estão em processo de informatização do setor.

- Há controle no consumo pelo sistema de cartões de

abastecimento.

- Não há gestão de pneus.

- Há apuração de responsabilidade em caso de sinistro.

- No caso de multas entra-se com defesa prévia, em caso de

indeferimento, se terceirizado, envia-se para a empresa

43

contratada pagar, se servidor público, encaminha-se ao órgão de

origem para pagamento.

- Há um almoxarifado apenas para pneus e óleo lubrificante.

- A frota é totalmente segurada e, para o caso de sinistro, há um

valor empenhado em nome da seguradora para pagamento da

franquia, valor este baseado na estimativa de gastos anteriores.

- Metade da frota possui seguro total e a outra metade somente

contra terceiros.

- A cada dois anos, aproximadamente, veículos novos de

representação são adquiridos, sendo os mais antigos vendidos

em leilão, com a renda revertida para o próprio órgão.

6- MANUTENÇÃO

- Fazem somente manutenção corretiva.

- Possuem oficina capacitada para a realização de qualquer serviço

mecânico, elétrico, lanternagem e pintura. Só não fazem serviços

de cambagem.

- Possuem uma verba para a realização de serviços externos

quando não for possível a sua realização na oficina própria.

Levanta-se 3 orçamentos e escolhem o menor preço.

- Utilizam também esta verba para a aquisição de peças

automotivas.

ÓRGÃO PÚBLICO Nº 5

1- FROTA

- Há cerca de 30 veículos dos mais diversos tipos.

44

2- ESTRUTURA

- Comum em muitos órgãos público, o setor de transportes é o

mesmo que trata da segurança da instituição. É subordinado a

uma coordenadoria, que por sua vez responde a uma secretaria,

a qual é subordinada à Diretoria Geral do órgão.

3- PESSOAL

- O chefe do setor responde pela área de transporte e segurança,

tendo sob sua subordinação 9 (nove) servidores, sendo que

destes apenas dois tratam especificamente da gestão da frota.

- Não possuem terceirizados trabalhando na administração do

setor.

- Há motoristas terceirizados e servidores requisitados.

4- COMBUSTÍVEL

- Os veículos são abastecidos através de dois sistemas: pelo

sistema de cartões de abastecimento quando fora do município

da Sede do órgão público e através de contrato com posto de

abastecimento quanto dentro do referido município.

- Não possuem bomba de combustível.

5- GESTÃO

- Há um software comercial adquirido para auxílio na gestão da

frota.

- Há controle no consumo pelo sistema de cartões de

abastecimento e pelos abastecimentos realizados através do

contrato de fornecimento de combustível.

- Não há gestão de pneus.

45

- Há apuração de responsabilidade em caso de sinistro com

realização de perícia.

- No caso de multas, se terceirizado, envia-se para a empresa

contratada pagar, se servidor público, a mesma é paga pelo

responsável.

- A frota é parcialmente segurada.

- Veículos novos são adquiridos conforme necessidade e

disponibilidade orçamentária. Este órgão tem por hábito utilizar os

veículos antigos como parte do pagamento.

6- MANUTENÇÃO

- Fazem somente manutenção corretiva.

- Não possuem oficina própria.

- Todas as manutenções são realizadas através de contrato com

oficinas externas.

ÓRGÃO PÚBLICO Nº 6

1- FROTA

- Há cerca de 19 veículos.

2- ESTRUTURA

- O setor é subordinado a uma coordenadoria, que por sua vez

responde a uma secretaria, a qual é subordinada à Diretoria Geral

do órgão.

3- PESSOAL

- Administram a frota somente o chefe do setor e, futuramente,

haverá mais um servidor.

46

- Não possuem terceirizados trabalhando na administração do

setor.

- Há somente motoristas terceirizados, que também auxiliam o

chefe na administração do setor.

4- COMBUSTÍVEL

- Os veículos são abastecidos através do sistema de cartões de

abastecimento.

- Não possuem bomba de combustível.

5- GESTÃO

- Está sendo desenvolvido, pelo próprio órgão, um software para

auxílio na gestão da frota.

- Há controle no consumo dos veículos pelo sistema de cartões de

abastecimento.

- Não há gestão de pneus.

6- MANUTENÇÃO

- Fazem somente manutenção corretiva.

- Não possuem oficina própria.

- Todas as manutenções são realizadas através de suprimento de

fundos com oficinas externas.

47

ÓRGÃO PÚBLICO Nº 7

1- FROTA

- Há cerca de 18 veículos.

2- ESTRUTURA

- É subordinado a uma coordenadoria, que por sua vez responde a

uma secretaria, a qual é subordinada à Diretoria Geral do órgão.

3- PESSOAL

- Administram a frota somente o chefe do setor e dois servidores,

sendo um deles também motorista.

- Não possuem terceirizados trabalhando na administração do

setor.

- Há motoristas servidores do quadro do próprio órgão, servidores

requisitados de outros órgãos públicos e também terceirizados.

4- COMBUSTÍVEL

- Os veículos são abastecidos através do sistema de cartões de

abastecimento.

- Não possuem bomba de combustível.

5- GESTÃO

- Utilizam um banco de dados elaborado no “software Acess” para

auxílio na gestão da frota.

- Há controle no consumo dos veículos pelo sistema de cartões de

abastecimento.

- Não há gestão de pneus.

48

6- MANUTENÇÃO

- Fazem manutenção corretiva e precariamente preventiva.

- Não possuem oficina própria.

- Todas as manutenções são realizadas através de uma oficina

contratada para a prestação de uma série de serviços

previamente listados.

ÓRGÃO PÚBLICO Nº 8

1- FROTA

- Há cerca de 24 veículos, entre passeio, utilitários, caminhões e

ônibus.

2- ESTRUTURA

- É subordinado a uma coordenadoria, que por sua vez responde a

uma secretaria, a qual é subordinada à Diretoria Geral do órgão.

3- PESSOAL

- Administram a frota somente o chefe do setor, dois servidores e

um estagiário.

- Não possuem terceirizados trabalhando na administração do

setor.

- Há somente motoristas terceirizados.

4- COMBUSTÍVEL

- Os veículos são abastecidos através do sistema de cartões de

abastecimento.

- Não possuem bomba de combustível.

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5- GESTÃO

- Utilizam um programa para auxílio na gestão da frota, que

controla a entrada e saída de veículos, a manutenção dos

mesmos, assim como os seus consumos de combustível.

- Há também controle do consumo dos veículos pelo sistema de

cartões de abastecimento.

- Não há gestão de pneus.

6- MANUTENÇÃO

- Fazem somente manutenção corretiva.

- Não possuem oficina própria.

- Todas as manutenções são realizadas através de uma oficina

contratada.

50

CONCLUSÃO

O ato de gerir uma frota de veículos, por si só, já seria uma atividade que

requereria muito cuidado por parte do seu responsável. Em se tratando desta

tarefa no serviço público, esta missão pode ser bastante delicada face às

inúmeras atribuições que estão vinculadas ao cargo de gestor nesta área.

Percebe-se, pelo apresentado, que não há um padrão de gerenciamento da

frota de veículos entre os diversos órgãos públicos, tendo o setor responsável

por isso desde atribuições básicas até responsabilidades que são

questionáveis se deveriam estar a ele vinculadas. O setor de transportes é

basicamente um setor operacional e assim deve ser encarado. Atribuições tais

como especificação de materiais, produtos e equipamentos, entre outras,

deveriam ser de responsabilidade dos setores de compra, por exemplo, que

poderiam utilizar da experiência dos profissionais do setor de transportes como

apoio. A missão principal da administração da frota é disponibilizar veículos em

condições adequadas para o atendimento solicitado. Como vimos, para isso já

é necessário um preparo e um perfil adequado, uma vez que não é qualquer

indivíduo, por exemplo, que entende que um chefe precisa ser um ponto de

apoio dos seus subordinados, sejam eles quem forem. Pessoas têm diversos

problemas que levam consigo para o trabalho e o responsável pelo setor

precisa ser tolerante, compreensivo e, principalmente, saber ouvir. Muitas das

vezes o funcionário deseja apenas desabafar e não faz questão nem de ouvir

um conselho ou uma palavra de apoio. Em ambientes onde há muitas

discrepâncias de níveis sociais, salários e outras vantagens trabalhistas como

ocorre no serviço público, o chefe tem o dever de manter um bom ambiente de

trabalho e, sempre que possível, elevar o moral daqueles menos favorecidos.

Cada vez mais o cidadão brasileiro está se conscientizando da

necessidade de fiscalização do uso do patrimônio público e os veículos oficiais

estão, no momento, em evidência devido ao seu mau uso por parte de alguns

órgãos. Cabe primeiramente à Administração Pública moralizar a nomeação

do gestor de transporte e este, por sua vez, fazer a sua parte no controle do

destino de cada viatura, não permitindo que as mesmas sejam utilizadas para

51

fins particulares. O Poder Executivo Federal já possui suas normatizações para

tratam do assunto e, mais recentemente, o Conselho Nacional de Justiça deu

início à elaboração de uma norma que irá definir os procedimentos a serem

seguidos no âmbito do Poder Judiciário.

Acreditamos termos deixado bem claro as nuanças que existem entre as

atribuições do administrador de frota de veículos da iniciativa privada e o do

poder público. Enquanto o primeiro precisa se preocupar somente com os

veículos propriamente ditos que, sem sombra de dúvidas, já acarreta uma série

de atribuições com o foco principalmente na redução de gastos e no aumento

do lucro, o segundo tem um leque maior de atribuições e uma menor

autonomia para a tomada de decisões, uma vez que o mesmo tem suas ações

totalmente definidas em lei, não podendo fazer nada além do que está

explicitamente autorizado na legislação.

Com a atual procura pelo trabalho na Administração Pública e o

consequente nível de disputa por uma vaga, a tendência é que cada vez mais

pessoas qualificadas ingressem no serviço público e isso leve a um aumento

gradativo da qualidade profissional dos seus gestores. Com isso ganha o país e

principalmente o cidadão que contribui com o seu imposto para a manutenção

da máquina pública.

Para finalizar, eu gostaria de citar uma qualidade até então não

explicitada neste trabalho, que precisa fazer parte do perfil não só daqueles

que trabalham com gestão de transportes, mas também de todos aqueles que

trabalham nas chamadas “áreas meio”, ou seja, que prestam serviços àqueles

da “áreas fins”. Falo da capacidade da auto-motivação. Esta é uma

característica fundamental daqueles que não precisam de estímulos externos

para se sentirem motivados. A área de serviços gerais como um todo é uma

seara em que todo o trabalho realizado para um evento ocorrer não aparece e

com isso os seus usuários raramente lembram-se de elogiar, agradecer ou

tomar qualquer atitude de reconhecimento deste esforço. Isso não ocorre de

forma proposital, mas porque se tratam de trabalhos preparatórios para que

tudo funcione conforme planejado e a grande maioria das pessoas desconhece

isso.

52

ANEXO

QUESTIONÁRIO DA PESQUISA DE CAMPO

- NOME DO ÓRGÃO PÚBLICO:

- QUAL É A ESTRUTURA DO SETOR RESPONSÁVEL PELA GESTÃO DA FROTA?

- QUAL É AQUANTIDADE DE SERVIDORES DIRETAMENTE LIGADOS À GESTÃO DA FROTA?

- HÁ TERCEIRIZADOS DIRETAMENTE LIGADOS À GESTÃO? QUANTOS?

- HÁ TERCEIRIZADOS NAS FUNÇÕES AUXILIARES?

- MOTORISTAS: - MECÂNICOS: - ELETRICISTAS: - LANTERNEIROS: - PINTORES: - LAVADORES: - OUTROS PROFISSIONAIS:

- HÁ SERVIDORES EM FUNÇÕES AUXILIARES?

- QUANTOS VEÍCULOS PRÓPRIOS COMPÕEM A FROTA? DE QUE TIPO?

- VEÍCULOS DE PASSEIO – - UTILITÁRIOS – - CAMINHÕES – - ÔNIBUS – - OUTROS -

- COMO SÃO REALIZADOS OS ABASTECIMENTOS DOS VEÍCULOS? HÁ CONTROLE DO CONSUMO DOS VEÍCULOS?

- COMO SÃO REALIZADAS AS MANUTENÇÕES DOS VEÍCULOS? HÁ MANUTENÇÕES PREVENTIVAS ?

- É UTILIZADO ALGUM SOFTWRE DE GESTÃO DE FROTA?

- A FROTA É SEGURADA? O SEGURO É TOTAL?

- COMO SÃO TRATADOS OS SINISTROS?

53

- COMO SÃO TRATADAS AS MULTAS?

- HÁ GESTÃO DE PNEUS?

- PAGA-SE O SEGURO OBRIGATÓRIO DE TODA A FROTA?

- HÁ ALGUM PARÂMETRO PARA AQUISIÇÃO DE NOVOS VEÍCULOS?

54

BIBLIOGRAFIA

DI SORA, P., Gerenciamento de Transporte. Consultre – Consultoria e

Treinamento Ltda

FERNANDES, J. U. J., Lei n° 8.666/93 – Licitações – Contratos - Pregão.

Editora Fórum – 1ª edição – 2ª tiragem

GAJ, L., Administração Estratégica – Editora Ática

HERMES, G. C., Gerenciamento e Fiscalização de Contratos. TAO – Talento e

Organizações Ltda

MACIEL, J., SOUZA, J., Alavancando resultados através da postura

estratégica. CELACADE – Centro Latinoamericano de Capacitacion Y

Desarrollo de Empresas

MAXIMIANO, A., Teoria Geral da Administração. Editora Atlas – 3ª edição

MENDES, R.G., Lei de Licitações e Contratos Anotada. Editora Zênite – 6ª

edição

VALENTE, A., NOVAES, A. Gerenciamento de Transporte e Frotas. Editora

CENGACE Learning – 2ª edição

55

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

O QUE É GESTÃO ? 11

1.1 – O que é um gestor? Qual é o seu papel

e quais são as suas atribuições ? 11

1.2 – Gestão pública x Gestão privada 12

CAPÍTULO II

GESTÃO DE TRANSPORTES NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 14

2.1– Recebimento e administração das

solicitações de atendimento 15

2.2 – Gestão de contratos administrativos 16

2.2.1 – Condutores de veículos 18

2.2.2 – Despachantes ou mesários 19

2.2.3 – Mão de obra de oficina 19

2.2.4 – Fornecimento de combustível 20

2.2.5 – Fornecimento de peças automotivas 22

2.2.6 – Prestação de serviços de manutenção automotiva 23

2.2.7 – Locação de veículos 24

2.2.8 – Seguro de veículos 25

2.3 – Legalização da frota 25

2.4 – Gerenciamento de multas de trânsito 26

2.5 – Especificação de produtos, equipamentos e veículos 26

56

2.6 – Administração de almoxarifado setorial 27

2.7 – Obtenção de licenças especiais para trânsito em áreas

seletivas 28

2.8 – Administração de sinistros 28

2.9 – Administração da manutenção da frota 29

2.9.1 – Manutenção de operação 30

2.9.2 – Manutenção preventiva 30

2.9.3 – Manutenção corretiva 31

2.10 – Pesquisa de satisfação do cliente 31

CAPÍTULO III

PESQUISA DE CAMPO 33

CONCLUSÃO 50

ANEXO 52

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 54

ÍNDICE 55

57

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição:

Título da Monografia:

Autor:

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: