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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
MARKETING ESPORTIVO E APLICAÇÕES
EM RESPONSABILIDADE SOCIAL
Por: Leandro Queiroz Figueira
Orientador
Prof. Nilson Guedes
Rio de Janeiro
2004
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
MARKETING ESPORTIVO E APLICAÇÕES
EM RESPONSABILIDADE SOCIAL
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como condição prévia para a
conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato
Sensu” em Marketing.
Por: Leandro Queiroz Figueira
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha mãe, que é a pessoa
mais importante na minha vida, e ao
Senhor Deus, que é o meu guia para toda a
Eternidade.
4
RESUMO Dentre as diversas formas de marketing, uma que vem se destacando nos últimos 25 anos é a expressão que comumente se estabeleceu denominar “Marketing Esportivo”. O crescimento dessa atividade desde então motivou milhares de empresas a associarem seus produtos e marcas consagradas à atletas com espírito vencedor, divulgando seus ideais para milhões de jovens ao redor do mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, o Marketing Esportivo tomou proporções tão grandes, que o esporte é hoje a principal indústria norte-americana. Hoje, a importância do Marketing Esportivo é indiscutível, visto que o termo ganhou variações que determinam segmentos específicos da área. A valorização do esporte nos meios de comunicação e na sociedade como um todo fez nascer grandes empresas que, com o passar dos anos, compreenderam que não bastava investir no Marketing Esportivo por si só. Era preciso também fazer um trabalho orientado para a Responsabilidade Social. Então, na alvorada do século XXI, a preocupação com a inclusão social dos setores menos favorecidos da sociedade atingiu também as empresas especializadas em Marketing Esportivo. Mais e mais projetos nascem com o intuito de agregar valor à uma determinada marca, mostrando a preocupação daquela empresa com o drama vivido por milhões de pessoas no Brasil. E, como sabemos, o esporte é um dos grandes impulsionadores de jovens talentos que, sem perspectivas de vida, vêem na atividade esportiva uma alternativa para ascender economicamente e socialmente. Palavras-chaves: Esporte. Marketing Esportivo. Responsabilidade Social.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 06
CAPÍTULO 1 - Marketing Esportivo: Histórico, 07 Conceitos e Definições
CAPÍTULO 2 - Marketing Esportivo: Meios de 13 utlização, suas Diretrizes e Variáveis
CAPÍTULO 3 - Marketing Esportivo e Responsabilidade Social 21
CONCLUSÃO 36
BIBLIOGRAFIA 37
ANEXOS 39
ÍNDICE 40
FOLHA DE AVALIAÇÃO 42
6
INTRODUÇÃO
Com este estudo, darei um parecer sobre os conceitos do Marketing
Esportivo, suas variantes e apresentar modelos de sucesso de suas
aplicações em desenvolvimento de recursos humanos e em
Responsabilidade Social, mostrando e apontando caminhos que possam
melhorar e potencializar esses investimentos.
Tentarei dar uma pequena contribuição nesse campo que, embora
ainda esteja engatinhando no Brasil, é de extrema importância nos meios
acadêmicos e na Sociologia do Esporte dos Estados Unidos e do resto do
mundo.
Hoje, o marketing esportivo é uma das indústrias que mais cresce no
Brasil e no mundo. Com o advento do Pan-Americano do Rio de Janeiro, em
2007, mais e mais investimentos serão feitos nesse setor, gerando milhares
de empregos e oportunidades. Sem exageros, é um campo a ser muito
trabalhado e investido neste início de século XXI, tamanha a importância que
vem adquirindo em nossa sociedade.
Coletando e pesquisando informações em livros especializados no
assunto e na internet, pude perceber que este é um mercado em franca
expansão. E o primeiro capítulo traz ao leitor os conceitos básicos do
Marketing Esportivo, além de um pequeno histórico de quando começou a
se usar a expressão no Brasil.
Em seguida, ficamos conhecendo um pouco mais sobre os meios de
utilização do Marketing Esportivo e algumas variações do termo, além dos
benefícios que ele pode oferecer tanto para a empresa quanto para o cliente
ou público-alvo.
Por fim, o terceiro capítulo trata da questão do esporte como
ferramenta de inclusão social e de como o Marketing Esportivo é utilizado no
Terceiro Setor.
7
1. MARKETING ESPORTIVO: HISTÓRICO, CONCEITOS E DEFINIÇÕES
1.1 - Histórico
É difícil precisar uma data para a introdução do Marketing Esportivo
no Brasil. Pesquisas indicam que algumas empresas começaram a investir
no esporte como uma possível fonte de retorno em imagem e vendas no
final da década de 1970 e começo dos anos 80. Nessa época, o esporte
brasileiro começava a despertar o interesse da juventude e a mídia
intensificou sua divulgação em cima de novos talentos recém-descobertos.
Ao mesmo tempo, crescia o número de academias de ginástica e de cursos
de Educação Física nas universidades. A estratégia trouxe os resultados
esperados e, atualmente, o fato de grandes empresas, dos mais variados
segmentos, terem associado seus nomes ao esporte está longe de ser mera
coincidência.
1.2 - Conceitos e Definições
O Marketing Esportivo é um novo segmento de comunicação. Ele
surgiu como uma variação do Marketing Promocional, realizado por meio da
associação da imagem do atleta, clube ou time a uma determinada marca.
No entanto, ele diferencia-se da propaganda tradicional, por possuir dois
atributos próprios básicos:
1) Faz do consumidor não apenas um objetivo a ser buscado, mas lhe
dá também a chance de participar ativamente deste mercado;
2) Chega ao consumidor de forma muito rápida e mais direta,
possibilitando ótima resposta em nível de imagem e de vendas.
Seus objetivos nada mais são do que aumentar o reconhecimento
público, criar ou fortificar um elo entre a empresa e o consumidor, garantir a
8
maior exposição do produto e, principalmente, conferir credibilidade à marca.
Através do Marketing Esportivo, por exemplo, marcas de cigarros e bebidas
alcoólicas tornaram-se conhecidas mundialmente, através de patrocínio nos
principais eventos esportivos (principalmente na Fórmula 1).
O segmento também cuida da utilização comercial, licenciamento e
imagem de grandes atletas: esse tipo de associação é uma forte estratégia
de valorização, divulgação e até mesmo rejuvenescimento de uma
determinada marca, eventualmente esquecida no mercado, devido à força
que o esporte possui entre os jovens.
O fato de inserir uma marca na camisa de uma equipe cria uma
relação de cumplicidade da empresa com a performance esportiva,
recebendo toda a credibilidade obtida pelos atletas. Com o bom
desempenho do time ou dos atletas, as pessoas que até então se
mostravam indiferentes pela marca que a patrocina passam a nutrir uma
imagem positiva da empresa. Entretanto, quando um jogador apresenta um
comportamento inadequado, o patrocinador poderá ter sua imagem afetada,
mesmo que indiretamente.
1.3 - O Marketing Esportivo como mídia alternativa
Hoje muitas pessoas começam a compreender que, além do
patrocínio esportivo, podem ter a oportunidade de realizar alguns negócios,
principalmente no futebol, participando de investimentos ou licenciando a
marca do time para utilizá-la em suas ações de marketing. Por esse e pelos
outros fatores apresentados, também é possível considerar o Marketing
Esportivo como um tipo de mídia alternativa, uma vez que ele é capaz de
promover uma marca junto ao seu público-alvo e, assim, recebe em troca de
publicidade, imagem e venda. E, como tal, a maior vantagem da atividade é,
certamente, a capacidade de transmitir uma determinada "mensagem
publicitária" nos momentos em que o público está cativo e, portanto, mais
receptivo.
9
Valores atribuídos ao esporte, como saúde, conquistas e participação
social, além de fatores pessoais dos atletas, estão diretamente relacionados
ao sucesso da empresa. No final, os resultados são geralmente gratificantes:
uma imagem forte e consistente na sociedade consumidora, além de um
retorno garantido sobre as vendas do produto veiculado e associado.
Assim, por intermédio da massificação do esporte pelas diversas
mídias atualmente disponibilizadas ao público, o marketing em si auxilia no
planejamento, criação e execução de idéias para a melhor fixação de uma
determinada marca.
1.4 - Retorno do Marketing Esportivo para as empresas
É claro que, assim como qualquer estratégia, o Marketing Esportivo é
utilizado com fins lucrativos ou um retorno, no mínimo, institucional. Na
intenção de fixar a marca na cabeça do consumidor (torcedor) as empresas
buscam por benefícios como a projeção da marca, a simpatia do público-
alvo e da mídia, gerando uma visibilidade espontânea sem custos.
Com as estratégias destacadas anteriormente, as empresas
conquistam um espaço que, de alguma forma, passa a ser conhecida do
público. Depois de alcançado esse estágio, o trabalho de expansão da
marca fica a cargo do departamento de marketing, que passará a usufruir
desses benefícios da forma que achar mais significativo para a empresa.
O retorno no que se refere às vendas, no entanto, poderá ser medido
de acordo com a "fama" da marca já existente no mercado. Portanto, mesmo
que as vendas tenham dobrado durante uma campanha, isso não significa
necessariamente um resultado positivo da ação. Outro aspecto que
geralmente preocupa possíveis investidores é o reflexo que uma derrota
pode exercer à empresa que mantém seu nome ligado ao atleta ou à equipe.
10
1.5 - Por que investir em Marketing Esportivo?
Sabemos que toda marca conhecida atualmente possui uma tradição
no mercado consumidor, portanto, possui também uma imagem,
características que levam um determinado segmento social a consumir a
marca. Por outro lado, sabe-se também que o mercado não é algo
estagnado, fixo. Ele está sujeito a diversas mudanças, a novas tendências e
também ao surgimento de novos produtos e marcas concorrentes. Em
virtude disso, as empresas necessitam de uma reciclagem constante na
imagem do seu produto ou serviço, buscando assim, novos consumidores e
manter fiéis os consumidores já conquistados. Para este fim, usam as
campanhas publicitárias e as pesquisas de mercado.
O esporte vem sendo uma excelente oportunidade de divulgação,
reciclagem e promoção, uma vez que ele funciona de modo simples, através
do patrocínio a times ou atletas, do licenciamento de produtos e muitas
outras possibilidades.
Pode-se dizer que existem vários fatores responsáveis pelo
investimento no esporte por parte de empresas dos mais diversos setores.
Entretanto, dois deles são fundamentais para que se entenda o porquê do
segmento ter se tornado referência para empresários: a presença constante
do esporte e suas variáveis na mídia em geral; e o sucesso obtido no
esporte, que é transferido para o patrocinador, gerando um retorno
institucional e de vendas para os seus investidores.
Além de ser uma forma de comunicação saudável, o Marketing
Esportivo envolve sentimentos de uma grandeza insuperável que só o
esporte pode oferecer. Adrenalina, alegria, conquista, vibração e emoção
são alguns dos elementos que fazem da atividade um misto de aventura e
poder.
A função do marketing, no entanto, é conciliar as demandas do
mercado com a paixão do esporte, proporcionando prazer em troca de
resultados. Tudo isso sem esquecer o papel dos ídolos, que, nesse
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processo, são os verdadeiros porta-vozes do mercado, com suas
mensagens traduzidas em forma de talentos esportivos.
1.6 - O mercado esportivo no mundo
A indústria esportiva é a que mais cresce no mundo, movimentando
algo em torno de 1 trilhão de dólares. A cada gol, cesta, raquetada, enfim, a
cada belo lance as caixas registradoras das empresas de Marketing
Esportivo rodam numa velocidade impressionante. Trata-se hoje de uma das
mais lucrativas indústrias do planeta e que fez nascer grandes companhias
da noite para o dia.
Em 1982, a indústria norte-americana de esporte era composta de
apenas 10 investidores. Hoje, essa realidade é de mais de 3,5 mil empresas.
Nos EUA, a indústria do esporte gera cerca de 620 bilhões de dólares por
ano, representando 6,2% do PIB (Produto Interno Bruto). É a primeira
indústria do país, à frente da indústria automobilística. Os canais de
televisão com programação esportiva nos Estados Unidos praticamente
dobraram em apenas quatro anos. Em 1999, eram 75 canais. Hoje, são mais
de 140. O custo de um comercial na final do campeonato de futebol
americano (Super Bowl) é de 70 mil dólares por segundo.
Na Europa, os direitos de transmissão com esportes mais que
dobraram desde 1992: de 1,5 bilhão de dólares para 3,3 bilhões de dólares.
Até 2008, a previsão é que dobre novamente, chegando a 7,5 bilhões de
dólares. Na Grã-Bretanha, os direitos de transmissão pagos pelo
Campeonato Inglês pularam de 280 milhões de dólares em 1993 (pelo
período de 4 anos), para 2 bilhões de dólares em 2001 (pelo mesmo
período). As Olimpíadas de Sidney, em 2000, geraram 2,5 bilhões de
dólares.
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1.7 - O mercado esportivo no Brasil
O mercado de Marketing Esportivo brasileiro envolve bilhões de reais
em investimentos entre mídia televisiva, patrocínio de times, atletas e
promoções. Porém, não existem dados oficiais do setor. Existem hoje cerca
de 30 empresas do setor no Brasil, sendo que 80% delas são formadas por
pequenas e médias empresas. No entanto, em termos de faturamento, a
maior fatia fica nas mãos de três ou quatro grandes empresas, que vendem
cotas de patrocínios de campeonatos e realizam campanhas publicitárias.
Como o setor agrega valores que se resumem à paixão do brasileiro
tanto pelas modalidades quanto pelos ídolos, os negócios no setor
aumentam em grande proporção. No entanto, ainda existe a cultura entre as
empresas de que o Marketing Esportivo é um gasto supérfluo e, por isso, os
investimentos no setor não crescem como deveriam, se comparados às
estatísticas de países da Europa e aos Estados Unidos.
Mesmo assim, levando-se em consideração as informações mais
recentes e a relevância dos números no país e no exterior – onde apenas
nos Estados Unidos o setor movimenta, anualmente, cerca de 620 bilhões
de dólares – conclui-se que a tendência e as perspectivas de crescimento de
mercado são concretas e abrangentes. O Marketing Esportivo nos Estados
Unidos representa 70% do geral investido em esportes no mundo. O Brasil
representa 5% desse mercado.
Para se ter uma idéia, o valor dos direitos de transmissão pagos pelo
Campeonato Brasileiro ao Clube dos Treze passaram de 55 milhões de
dólares em 1998, para 90 milhões de dólares em 2003.
Até o final de 2004, as estratégias de Marketing Esportivo no Brasil
devem movimentar algo em torno de 1,5 bilhão de reais, segundo dados
extra-oficiais do IBGE e, com os novos investimentos, intensificados pela
escolha da cidade do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Pan-Americanos
de 2007, a indústria do esporte representará 5% do PIB brasileiro no ano de
2004.
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2. MARKETING ESPORTIVO: MEIOS DE UTILIZAÇÃO, SUAS DIRETRIZES E VARIÁVEIS
2.1 - Marketing Esportivo e suas variáveis
A expressão Marketing Esportivo surgiu frente à necessidade de
descrever as ações que algumas empresas estavam utilizando para
promoverem seus produtos e serviços por meio do esporte. Em outras
palavras, o Marketing Esportivo consiste nas atividades que visam a
satisfazer as expectativas e necessidades do consumidor do esporte.
Assim, o Marketing Esportivo pode ser usado para descrever tanto as
atividades das empresas, sendo elas do segmento esportivo, como por
empresas não relacionadas ao setor, que se utilizam do esporte como meio
de comunicação com seu mercado alvo – também chamado de "Marketing
por meio do Esporte". O termo também pode ser usado para descrever os
esforços por parte dos dirigentes de clubes, associações e ligas esportivas
em atender às necessidades de seus torcedores – o que pode ser
denominado "Marketing do Esporte".
Marketing Esportivo, então, refere-se ao uso das variáveis do
Marketing Mix para comunicar os benefícios da participação no esporte para
os consumidores em potenciais, tendo como principal objetivo assegurar a
sobrevivência dos mais diversos tipos de modalidades, acompanhando as
rápidas mudanças ambientais. Tal sobrevivência depende, em grande parte,
do propósito das organizações esportivas.
Empresas do setor usam o "Marketing do Esporte" para assegurar
que o produto esportivo seja atrativo para o consumidor não apenas sob a
forma de entretenimento (ao vivo ou televisionado), mas também como uma
forma de manter-se saudável, já que tais consumidores podem ser vistos
como a essência para o futuro do esporte, quer sejam como atletas ou
espectadores.
14
Já o "Marketing por meio do Esporte" diz respeito às atividades de
empresas que se utilizam do mesmo como um veículo de comunicação para
seus produtos e/ou serviços, buscando atingir mercados demográficos
específicos. Atividades como patrocínio de equipes e/ou eventos esportivos
e licenciamento de produtos são exemplos de tal modalidade de Marketing.
Já que fizemos uso desses conceitos, vamos esmiuçar um pouco
mais os termos e entender melhor as diferenças entre “Marketing Esportivo”
e “Marketing no Esporte”.
2.2 - Marketing no esporte x Marketing Esportivo
2.2.1 - Marketing no esporte
– São ações de investimentos, feitos no esporte, pela iniciativa
privada ou pública, visando retorno de imagem e de mercado, como
conseqüência dos trabalhos de comunicação;
– É a utilização do esporte, por organizações que visam lucro ou
interesses específicos, como veículos de comunicação de sua marca,
nome, logotipo ou logomarca;
– São estratégias do planejamento de marketing, da iniciativa privada
ou pública, sem nenhum compromisso social, visando a utilização das
relações e dos acontecimentos esportivos, a fim de permitir a
visibilidade do seu nome, marca, logotipo ou logomarca, gerando uma
maior participação na mente e, conseqüentemente, uma maior
participação no mercado.
2.2.1.1 - Formas de marketing no esporte
– Patrocínio e/ou apoio a eventos;
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– Patrocínio a equipes ou atletas;
– Compra de espaço nas mídias que transmitem eventos esportivos
(durante os eventos e nos intervalos);
– Compra de espaços físicos de placas publicitárias, no local do
evento;
– Investimento em mídias alternativas (compra de espaço na roupa do
atleta, no boné do corredor etc.);
– Licenciamento;
– Franquia;
– Promoções de venda.
2.2.2 - Marketing esportivo
– É o processo de planejamento percebido pelos usuários, que
objetiva o desenvolvimento do esporte em três níveis (formação,
participação e performance), através de uma perspectiva
humanizadora;
– É o processo percebido pelos usuários, através do qual o esporte é
parte integrante da educação permanente;
– É o planejamento e a administração do esporte, levando em
consideração a percepção do usuário e os fatores de
desenvolvimento do mesmo;
– É o trabalho que visa desenvolver o esporte, através da aplicação
dos conhecimentos de administração e marketing, nas três
manifestações esportivas (formação, participação e performance),
proporcionando satisfação dos usuários;
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– É o processo de reflexão da prática, na interferência da realidade
social, buscando a valorização do ser humano, com bases na
educação moral, com a finalidade de desenvolver o esporte, na busca
do progresso social;
– Missão: proporcionar os fatores de desenvolvimento do esporte,
provocando transformações mentais e sociais, a fim de humanizar,
socializar e despertar valores morais em seus praticantes, num
processo de "educação para a vida".
2.2.2.1 - Fatores de desenvolvimento do esporte
– Utilização de novos recursos tecnológicos para popularizar e
democratizar as práticas esportivas, bem como aumentar seus
adeptos;
– Pesquisas nos três níveis (formação, participação e performance)
para se conhecer melhor as diferentes realidades;
– Planejamento e pensamento estratégico, além de administração
estratégica;
– Fixação de etapas para o desenvolvimento;
– Integração do sistema de comunicação (popularização do esporte)
com os grupos sociais;
– Melhor formação de dirigentes esportivos;
– O “trabalho de base" feito pelos professores de educação física;
– Melhor formação de técnicos e treinadores;
– Acesso aos conhecimentos imprescindíveis (administração e
marketing), para todos os envolvidos com a organização dos
esportes;
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– Integração do esporte com a comunicação social (propaganda,
relações públicas e jornalismo);
– Aperfeiçoamento técnico dos praticantes, através de intercâmbios;
– Criação de mais espaços físicos para a prática esportiva;
– Criação e perpetuação de ídolos esportivos;
– Criação e aproveitamento dos equipamentos para a prática
esportiva;
– Organização das competições;
– Organização e estrutura do esporte no país, através de uma
legislação esportiva apropriada;
– Administração descentralizada e participativa em todos os níveis do
esporte;
– Identificação de cursos, seminários, encontros, congressos sobre a
administração e o Marketing Esportivo;
– Investimentos proporcionais nas três manifestações esportivas
(formação, participação e performance);
– Descentralização do poder da informação e democratização através
dos recursos da tecnologia.
2.3 - Objetivos do Marketing Esportivo
– Fortalecimento da marca (produto ou empresa);
– Reforçar a imagem corporativa;
– Estabelecer identificação com segmentos específicos do mercado;
– Retorno de mídia espontânea;
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– Aumentar o reconhecimento público;
– Fator de agregação à marca;
– Conquista de mercado;
– Combater ou antecipar-se a ações da concorrência;
– Excelente ferramenta de comunicação;
– Conferir credibilidade ao produto com a associação à qualidade e à
emoção do evento.
2.4 - Benefícios do Marketing Esportivo
– Aumento do reconhecimento público;
– Rejuvenescimento da imagem da empresa;
– Exposição constante da marca na imprensa e em todas as mídias;
– Reforço da imagem corporativa;
– Simpatia junto ao público e mídia;
– Envolvimento da empresa com a comunidade.
2.5 - Ações de Comunicação
A associação da marca de uma empresa ao esporte gera fortes
impactos no público. Sendo assim, é importante escolher uma modalidade
que mais se identifica com o público-alvo de cada empresa patrocinadora.
Para tanto, é necessário observar as características do público, que pode
variar de acordo com a região, sexo, idade, classe social etc.. Assim,
diversas ações podem efetivar o Marketing Esportivo, tais como:
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1) Alternativa à mídia convencional: a evidência do nome ocorre não
só durante a duração das competições, como também nos dias
seguintes, com a divulgação da imprensa, na televisão, nos jornais e
na internet.
2) Reforço ou construção da imagem institucional: a emoção que o
esporte oferece ao público é transferida à imagem da empresa
patrocinadora, pois a marca também está participando daquele
"momento mágico".
3) Incremento das verbas: criação de comerciais com a participação
de atletas.
4) Segmentação do público-alvo: é uma maneira de conciliar o
produto ao público-alvo, racionalizando investimentos. Para isso, é
preciso recorrer às pesquisas de mercado.
5) Rejuvenescimento da imagem: incentivar atividades esportivas
constrói uma imagem mais jovem da empresa, tanto no produto
quanto na marca da companhia. Algumas empresas adotam o
Marketing Esportivo principalmente para alavancar um novo momento
quando atravessam momentos de crise. Um caso típico aconteceu em
1992, quando o Banco do Brasil resolveu investir no esporte como
forma de motivar funcionários e superar problemas financeiros.
Patrocinou a seleção brasileira de voleibol nas Olimpíadas de
Barcelona, criando a Torcida Brasil, obtendo novas parcerias com
seus clientes. Em seguida, criou o Projeto Atlanta, levando a marca
aos Estados Unidos, dentro de um tema olímpico. Os resultados
obtidos foram excepcionais e o banco superou a crise.
2.6 - As etapas do Marketing Esportivo
O processo do Marketing Esportivo é baseado em cinco principais
aspectos:
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1) Análise da situação: essa etapa inclui conhecimento dos recursos
(equipamentos) disponíveis e o conjunto de problemas que precisam
ser resolvidos por meio das ações que se pretende implementar.
2) Planejamento: o segundo passo agora é a criação de objetivos,
numa linguagem clara e resumida. Essa etapa compreende a
definição das metas por escrito, especificação de resultados,
apresentação do cronograma de consecução de metas e realismo em
relação aos recursos disponíveis.
3) Viabilização do projeto: execução das ações.
4) Controle: evitar desvios de metas através de acompanhamento
sistemático da evolução dos trabalhos, para não ocorrerem prejuízos
no objetivo final do planejamento traçado.
5) Análise do retorno: pesquisas para saber se a estratégia está
surtindo ou não os resultados esperados.
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3. MARKETING ESPORTIVO E RESPONSABILIDADE SOCIAL
3.1 - Esporte e Responsabilidade Social
Bem planejado, organizado e administrado, o Marketing Esportivo
orientado para a Responsabilidade Social se identifica como uma ferramenta
ímpar de divulgação para as empresas e de educação, formação, bem-estar,
lazer e economia para a comunidade.
Responsável pela maior fatia dos investimentos de empresas em
patrocínios, o Marketing Esportivo movimenta bilhões de dólares em todo o
planeta. Incluído na categoria de marketing promocional e considerado um
dos mais novos e promissores segmentos da comunicação de massa, é
unanimidade mundial como ferramenta para profissionais e empresas que
buscam novos espaços de merchandising, mas ainda é pouco utilizado
como mecanismo de Responsabilidade Social, que se define como a
demonstração de preocupação da empresa em participar de forma ativa em
programas voltados para o bem-estar da comunidade em que está inserida,
e na sociedade em geral. A Responsabilidade Social ganha cada vez mais
espaço no Marketing Institucional das empresas e, quando associada ao
esporte, otimiza esforços, resultados e investimentos.
Tanto as ações fundamentadas no esporte, quanto aquelas ligadas à
Responsabilidade Social são comprovadamente de altíssimo valor
mercadológico, mas têm seu resultado afetado pela precariedade
administrativa que acaba por comprometer não só a idoneidade dos
parceiros, mas os resultados pretendidos e os investimentos futuros em
ações similares. Muitas vezes, fatores como a demanda e as necessidades
das empresas que investem nessas ações, e para as quais é prioritário
entender e incorporar tais projetos em seus negócios, são desconsiderados.
A filantropia, basicamente, se resume como ação social externa da
empresa. Visa exclusivamente à comunidade, os conselhos comunitários, as
22
organizações não governamentais, associações comunitárias etc.. Já a
Responsabilidade Social ou as ações de marketing ligadas ao esporte ou a
cultura, por exemplo, incluem a cadeia de negócios das empresas e
englobam preocupações com um público maior (acionistas, funcionários,
clientes, prestadores de serviço, fornecedores, consumidores, comunidade,
governo, meio-ambiente etc.).
Responsabilidade Social é uma forma de conduzir os negócios da
empresa de tal maneira que a torne parceira e co-responsável pelo
desenvolvimento social. A empresa socialmente responsável é aquela que
possui a capacidade de ouvir os interesses das diferentes partes que
compõem seus ambientes e conseguir incorporá-los no planejamento de
suas atividades, buscando atender às demandas de todos e não apenas dos
acionistas ou proprietários. Segundo o Instituto Ethos de Responsabilidade
Social, que assim define tais ações: “A Responsabilidade Social é um
processo que nunca se esgota. Não dá para dizer que uma empresa chegou
ao limite de sua Responsabilidade Social, pois sempre há algo a se fazer e
obter um retorno sobre essa ação”.
Então, como uma gestão adequada no esporte, a união do marketing
com a Responsabilidade Social pode contribuir para a educação, formação,
lazer e para a economia de uma sociedade, ao mesmo tempo em que
agrega valor a uma marca ou produto, trabalhando para o fortalecimento de
sua imagem como um elemento decisivo na estratégia de marketing
institucional das empresas interessadas em construir um valor, um
diferencial para sua marca e uma vantagem competitiva para si.
Atualmente, as mudanças sociais devem ser muito bem planificadas,
voluntárias e não violentas. Assim, a solução de nossos problemas sociais
implica uma mudança estrutural: mudar as formas com que os jovens,
indivíduos e grupos desenvolvem suas vidas, transformando práticas
adversas ou daninhas em outras produtivas, modificando as atitudes e os
valores em nossa comunidade e na sociedade em geral. A empresa
socialmente responsável é aquela que consegue criar novas tecnologias
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sociais que introduzam as mudanças sociais desejadas, elevando a
participação comunitária e a qualidade de vida das pessoas para que,
interna e externamente, seja identificada como uma empresa cidadã.
Para o poder público e para a sociedade em geral, a união do esporte
com a Responsabilidade Social das empresas constitui uma ferramenta de
desenvolvimento, de integração social, financiada pelo investimento privado,
e com retorno garantido. No Brasil, acostumou-se a pedir isenção de
imposto para empresas que apóiam o esporte. Nossos dirigentes vão às
empresas pedir ajuda e não apresentam o esporte como um produto que
agrega valor a uma marca e tem muito a oferecer como veículo de
comunicação.
O produto “esporte” apresenta características únicas e imprevisíveis.
Trata-se de um produto intangível, em que predomina a paixão, daí a falsa
noção de que é uma mídia experimental e subjetiva. Disso também resulta o
fato de todos os envolvidos se considerarem experts, dada a forte
identificação pessoal com o produto. Além disso, o esporte tem um grande
apelo social e, ao contrário das demais indústrias, não se pode “matar” a
concorrência, pois os clubes ou equipes dependem uns dos outros para
participar das competições. Do ponto de vista do marketing promocional, o
esporte busca apenas nichos de mercado e novos espaços de
merchandising.
Tais fatores acabam por influenciar na decisão de muitas empresas
que fazem um processo sério de avaliação das melhores oportunidades de
investimento em marketing, ao invés de seguir unicamente as preferências
pessoais do principal executivo da empresa. Apesar de mobilizar multidões e
movimentar fortunas, o esporte brasileiro, mais notadamente o futebol, tem
sido gerido à margem dos controles sociais. Como demonstraram as CPIs
que investigaram o assunto na Câmara e no Senado até 2002, não parece
haver regras fora do campo: contratos informais, movimentações financeiras
em paraísos fiscais, propinas, administração temerária, toda a sorte, enfim,
de irregularidades é praticada impunemente.
24
Todos esses fatores, somados ao amadorismo e à imprevisibilidade,
continuam desestimulando e desorientando cada vez mais patrocinadores
em potencial que interpretam esses sintomas como falta de profissionalismo
e incerteza no retorno pretendido no investimento. E não estão errados.
A falta de uma legislação específica e a carência de profissionais
embasados, tanto nas áreas de marketing quanto na administração, são dois
dos motivos que deixam o Brasil na quarta divisão do esporte mundial.
Segundo um estudo feito em 2000 pela agência de Marketing Esportivo
TopSports, a verba gasta com o esporte verde-amarelo somou 237 milhões
de dólares em 1999, ou 4,1% do mercado publicitário brasileiro. Luiz
Fernando Pozzi, um dos sócios da TopSports, explica: “O esporte brasileiro
ainda não sabe vender. As empresas dizem que não há garantia de entrega
do produto, nem avaliação de resultados”.
De lá para cá, a disputa pelas verbas publicitárias têm crescido com a
segmentação das mídias e os novos nichos de consumidores, enquanto o
esporte e a sociedade procuram criar mecanismos para enquadrar a
atividade esportiva, notadamente o futebol, em um regime de transparência
administrativa, e reconhecer, na legislação, os direitos do torcedor como
consumidor que é. No Brasil, os sinais são de que o processo de
modernização da gestão do esporte, e do futebol em particular, avançam
ainda que lentamente. A nova legislação vai à direção correta de enquadrar
a atividade num regime de maior transparência administrativa, com a
responsabilização de dirigentes por irregularidades. O reconhecimento de
que o torcedor tem direitos e deve ser tratado como consumidor é um passo
importante para a inclusão do futebol brasileiro em parâmetros mais
avançados, a exemplo do que ocorre em outros ramos da indústria de
entretenimento.
Em resumo, o âmago da questão é tão elementar que chega a
parecer patético. O esporte é, e deve ser tratado, como atividade econômica
para que possa contribuir econômica e socialmente com os anseios da
população e dos governantes brasileiros. Os clubes e entidades ligadas ao
25
esporte devem ser encarados como empresas, passando a serem regidos
pelas normas comerciais que prevêem, entre outras exigências, a publicação
de balanços e a responsabilização dos dirigentes em caso de danos ao
patrimônio. O esporte precisa de dinheiro e o dinheiro vem de empresas
sérias que investem na organização das competições, na formação de
atletas e na realização dos espetáculos em bases estritamente profissionais.
Acabou o profissionalismo romântico de clubes e federações tocados por
exaltados torcedores e péssimos administradores.
As empresas que investem no esporte apresentam algumas
características essenciais. Possuem marcas fortes ou potencialmente fortes
e buscam novas formas de comunicação com seus públicos e nos mercados
onde atuam. Utilizam o esporte como mídia alternativa, com ênfase no
reforço e disseminação da marca e na melhoria de sua imagem. Procuram
comunicar-se melhor com seus segmentos de clientes atuais e futuros.1
3.2 - Casos de sucesso
Na década de 1980, entidades subsidiadas por empresas como a
Pirelli, a Atlântica-Boavista, a Supergasbrás, a Lufkin e outras tantas
investiram no esporte, visando novas alternativas de promoção e retorno
espontâneo de mídia. Tais estruturas favoreceram o esporte na medida em
que proporcionavam recursos para investimentos na iniciação esportiva e
nas categorias de base. Nada mais produtivo, já que ali estaria o celeiro para
fornecer novos ídolos para suas próprias equipes.
Em 1987, a Xerox do Brasil apostou no Projeto Olímpico da
Mangueira, patrocinando 1,5 mil atletas mirins moradores do Morro da
Mangueira. Aqui, o mérito é essencialmente da comunidade mangueirense,
que conseguiu a doação de um terreno da Rede Ferroviária Federal e a
construção de uma Vila Olímpica pelo Governo Estadual. Essencialmente
esportivo, o Projeto tornou-se também cultural e educacional, resultando na 1 MELO NETO, Francisco Paulo de. Marketing Esportivo (1995).
26
inclusão social de jovens carentes e retornando à empresa a imagem de
uma instituição socialmente responsável que auxilia a comunidade a
transformar as tais práticas adversas ou daninhas, em outras produtivas. A
empresa paga os profissionais, técnicos e professores de educação física
responsáveis pelo andamento do projeto, e co-patrocínios colaboram na
assistência médica e odontológica, alimentação etc..
Modificando as atitudes e os valores de uma comunidade, a Xerox
impõe-se perante seu público-alvo e a mídia. Suas equipes se destacam no
atletismo nacional, assim como no voleibol, no basquete e no futsal. Mais
que isso, a Xerox colhe os frutos de ações promocionais desenvolvidas por
agências de marketing e publicidade que utilizam essa ação como um
produto da empresa. Nada mais lícito, justo e rentável institucionalmente, já
que o projeto é também responsável pela diminuição da criminalidade local.
O Morro da Mangueira é hoje a favela com maior índice de escolaridade e o
projeto ganhou o reconhecimento da Unesco como o melhor projeto do
Terceiro Mundo em 1995.
3.3 - Um ponto de vista da Administração Esportiva
Discutir a potencialidade do esporte sem o suporte de uma
administração eficiente e orientada ao marketing significa analisar o tema
segundo um contexto ultrapassado e ineficiente nos tempos atuais. A
administração esportiva se constitui em um diferencial necessário para a
aprovação de um projeto pelo mercado empresarial, já que significa a
certeza de profissionalismo e otimização do investimento, além da
capacidade de retorno pretendido. A definição de administração esportiva
envolve, muitas vezes, áreas diversas, como:
– Marketing Esportivo;
– Administração Geral;
– Recursos Humanos no Esporte;
27
– As Leis Econômicas do Esporte;
– Legislação e Esporte.
Em qualquer modalidade, o esporte deve ser encarado não como uma
idéia caprichosa, mas como atividade econômica.
No planejamento estratégico de uma ação orientada para o Marketing
Esportivo, existem pontos principais a serem considerados. Dentre eles, a
definição do veículo esportivo a ser trabalhado, a estratégia de comunicação
do veículo com o mercado, o projeto promocional, os mecanismos
operacionais, e as necessidades financeiras e sociais de clientes e
parceiros. Nesse contexto, uma equipe esportiva de competição, de
qualquer modalidade, tem como parte indissociável à iniciação esportiva as
categorias de base, que representam a outra extremidade do processo e que
retorna ao projeto uma identidade, um diferencial e um conceito que deve
orientar toda estratégia de marketing: “Surpreender o cliente”. Para tudo isto,
é necessária a análise do Briefing da marca e do produto, a elaboração de
todo o projeto de marketing e promoções esportivas, a idealização e
realização de eventos específicos dos clientes, e a análise de retorno de
imagem pretendido.
Para esta operacionalização exige-se a definição da estrutura
organizacional e de prestadores de serviço, estruturação do projeto de
parcerias (marca esportiva, transporte, assistência médica) e do projeto
promocional (jogos, eventos, torcida, pontos de venda etc.), a padronização
visual, a definição dos mapas de merchandising e de custos. Um suporte de
serviços de apoio torna-se necessário: administração profissional e
direcionada, assessorias jurídica e de imprensa especializadas, fotógrafo,
release eletrônico, empresa de clipagem e institutos de pesquisa.
Esse formato permite um perfeito relacionamento entre o cliente e o
seu veículo esportivo e, ainda, total aproveitamento do potencial de
comunicação desse veículo com o mercado a ser atingido. Em outras
palavras: sinergia entre planejamento de mídia convencional e de Marketing
28
Esportivo que só pode ser obtida quando adotamos um conceito simples e
moderno: o de Empresa esportiva.
3.4 - A Empresa Esportiva e a Conceituação do Sistema de Marketing Esportivo
Para se tornar competente, uma organização precisa ser proativa,
inovadora e saber conquistar clientes, tornando tangíveis as partes
intangíveis de um produto. A empresa deve ampliar a excelência do produto
(no caso, o esporte), como anexar serviços não esperados para surpreender
o cliente. Diante de tanta magia a ser executada, a empresa precisa ser
criativa, além de competente para administrar recursos e a turbulência
ambiental, inovando sempre e ainda estar voltada para as expectativas do
consumidor e atenta à concorrência. Não bastasse isso, a empresa no Brasil
precisa ainda ser crente. Ou seja, a empresa (seja a empresa esportiva ou
seus parceiros) precisa crer que apenas com muito esforço de todos na
organização, agindo de forma criativa em termos de soluções para os
clientes e consumidores, e com muita competência tecnológica,
organizacional, produtiva, financeira e de marketing para administrar crises e
desafios ambientais e de mercado, ela será viável nos dias de hoje.
A dinâmica do esforço mercadológico é muito bem representado por
Marcos Cobra :
Em marketing, muito se falava até algum tempo atrás em produto, na chamada época da soberania do produto. Para ter sucesso, um produto deveria ter 3 B’s: Ser bom, bonito e barato. Hoje se fala na soberania do cliente. Cliente satisfeito é cliente feliz. Essa é a meta do marketing moderno.2
Também o esporte, como um produto de qualidade, já não pode mais
ser definido nos parâmetros do bom, bonito e barato. O “Produto Esporte”
deve atender as necessidades e desejos de seus clientes-alvo, nesse caso,
as empresas patrocinadoras. Para isso, deve apresentar qualidade em
termos de apresentação. A modalidade esportiva adotada, o desempenho da
equipe ou do atleta, e as formas de exibição devem ser adequadas às 2 COBRA, Marcos. Plano Estratégico de Marketing (1997).
29
expectativas e necessidades do torcedor. Em outras palavras, uma equipe
ou atleta deve ser representativo do ponto de vista competitivo e deve
desempenhar o papel de uma “imagem no espelho” em que seu público-alvo
(jovens torcedores, principalmente), ávido por exemplos e ídolos, possam se
enxergar e se projetar.
Cobra argumenta ainda que “há três sistemas integrados de
marketing que definem os inter-relacionamentos dos elementos de marketing
com o meio ambiente: os 4 P’s de E. Jerome McCarthy, os 4 A’s de Raimar
Richers e os 4 C’s. do Prof. Robert Lauterborn:
Sistemas Integrados de Marketing
4 P’s 4 A’s 4 C’s
Produto Análise Consumidor
Preço Adaptação Custo para o consumidor
Ponto Ativação Comunicação
Promoção Avaliação Conveniência
Os sistemas básicos citados apresentam os elementos clássicos do
marketing. Ainda segundo Marcos Cobra:
O marketing é o orientador da obtenção dos resultados que se ajustam como caixas de câmbio de um carro às alterações do terreno ou às circunstâncias de uma ultrapassagem. É elemento catalisador de toda a mecânica mercadológica. Engata-se no tempo e no espaço através de quatro marchas: Produto, Ponto, Preço e Promoção.3
Dentro da ferramenta promoção estão contidas as atividades de
propaganda, relações públicas, promoção de vendas, vendas, patrocínios
etc.. Acontece que a promoção, por uma distorção conceitual de mercado, é
hoje considerada, pela maioria das pessoas, como todas aquelas atividades
do mix promocional, excetuando-se propaganda, relações públicas e vendas
pessoais.
3 COBRA, Marcos. Plano Estratégico de Marketing (1997).
30
O chamado “entretenimento por procuração” permite ao torcedor
projetar-se na atuação de seus ídolos. Para os mais jovens, entretanto, o
esporte fornece uma atividade lúdica e pedagógica que tem em seu bojo
ídolos que são, em última análise, formadores de opinião. Daí a eficiência do
esporte orientado para a Responsabilidade Social. A iniciação esportiva e as
categorias de base fornecem essa experiência que, embora de pouco poder
como mídia, é de extrema eficácia como marketing social.
Em resumo, todos esses conceitos são básicos, teóricos e
acadêmicos no marketing e na publicidade convencional. Ironicamente, vêm
sendo utilizados no dia-a-dia por potências como os Estados Unidos, Japão,
Canadá, Austrália e os paises mais significativos da Europa que usam o
esporte como ferramenta social e atividade econômica.
Ao mesmo tempo em que o esporte precisa de dinheiro, o esporte
deve compreender que este dinheiro vem de empresas sérias que investem
na organização das competições, na formação de atletas e na realização
dos espetáculos em bases estritamente profissionais. Nos países mais
desenvolvidos, a atividade esportiva bem planejada, organizada e
administrada se identifica como uma ferramenta ímpar no marketing
institucional das empresas interessadas em construir um valor, um
diferencial para sua marca e uma vantagem competitiva para si. Para o
poder público desses países e para a sociedade em geral, a união do
esporte com a Responsabilidade Social das empresas constitui uma
ferramenta de desenvolvimento, de integração social, financiada pelo
investimento privado, e com retorno garantido. Essas potências têm provado
que, quando tratado como atividade econômica, o esporte pode contribuir
econômica e socialmente com os anseios da população e dos governantes.
No Brasil, desenvolver uma legislação adequada e preparar o terreno
para os investimentos que virão é, basicamente, uma função do Estado. A
partir daí, alinhar o esporte como um produto de alto valor mercadológico
cabe aos profissionais de marketing e publicidade que, até o momento,
31
pouco tem se preparado para uma oportunidade de negócios que vem se
desenvolvendo e provando seu valor em todos os cantos do mundo.
Temos poucos profissionais sérios direcionados a essa área e poucas
escolas oferecendo a formação necessária a esses profissionais. Em
contrapartida, impera uma desorganização instalada que insiste em manter
seus feudos dentro das instituições esportivas.
Reestruturar o esporte brasileiro passa, não por isenção de impostos
ou suporte governamental para patrocinadores e clubes, mas pela
adequação do esporte como atividade econômica rentável e sua associação
com o Terceiro Setor. Para isso, vontade política e visão empresarial são
indispensáveis.
Na atual velocidade, tais mudanças chegaram tarde, a menos que
identificadas e organizadas pela iniciativa privada que pretenda se utilizar
desta eficientíssima ferramenta empresarial e, porque não social.
3.5 - O esporte como ferramenta de inclusão social no Brasil
A grave crise social e econômica que assola o Brasil atualmente criou
um abismo entre ricos e pobres, provando que toda a sociedade deve estar
envolvida com o auxílio aos setores menos favorecidos do país. O setor
público, a sociedade civil e a iniciativa privada terão que planejar muito
detalhadamente suas ações esportivas e sociais, visando alcançar um
verdadeiro processo de inclusão social. Nada está tão em voga atualmente
do que a expressão: "O esporte como ferramenta de inclusão social no
Brasil". Entretanto, boa parte das ações criadas por empresas, clubes e
organizações não governamentais (salvo poucos e bons exemplos), não
oferece o conceito fundamental, a educação e seu aspecto mais importante,
a formação de jovens cidadãos.
Os excelentes exemplos de fundações e institutos criados por atletas
e ex-atletas mostram que formar cidadãos vai muito além da prática
32
esportiva complementar oferecida pelos atuais projetos esportivo-sociais em
atividade no Brasil. Nestes casos não se utiliza o esporte como uma nova
perspectiva para estes jovens, mas sim como complemento para a formação
deste cidadão. Na verdade, o esporte foi a maneira encontrada para motivar
e atrair os jovens para os estudos e deve ser seguido por aqueles que
acreditam que apenas com projetos profissionais, transparentes e honestos,
estarão realmente contribuindo com o desenvolvimento da sociedade.
Contudo, para que o esporte realmente se torne este fator de inclusão social
que tanto se apregoa, dois integrantes da sociedade terão que repensar sua
atuação: as empresas e as entidades esportivas, principalmente os clubes
de futebol.
Grandes empresas no Brasil seguiram a tendência mundial e
procuram envolver suas estratégias mercadológicas a projetos sociais.
Muitas destas empresas a cada ano investiram mais recursos em obras
assistencialistas ou disponibilizaram uma pequena contribuição nas vendas
de seus produtos para obras sociais, acreditando que este tipo de iniciativa
atingiria seu objetivo principal, conquistar a mente de seu consumidor.
Porém, estas empresas não perceberam que este tipo de iniciativa é pura
filantropia e logo é percebido pelo consumidor como uma iniciativa
oportunista. O caminho correto já foi mostrado por algumas empresas, que
além de se preocuparem com a imagem da marca, acreditaram ter
responsabilidade na formação de cidadãos. Empresas criaram suas próprias
fundações e institutos, com o intuito de garantir a execução de projetos
sociais profissionais atrelados à marca da empresa e contribuir
verdadeiramente com a comunidade.
Algumas dessas empresas são patrocinadoras de esporte profissional
e vinculam seus projetos sociais ao patrocínio realizado, provando ser
possível este tipo de estratégia. No entanto, estes exemplos são pequenos
quando se analisa a grande quantidade de empresas patrocinadoras de
esporte no Brasil e o valor que se investe em patrocínio. Onde estão os
projetos sociais de grandes patrocinadores da iniciativa privada? Na
realidade a resposta virá com a profissionalização dos clubes de futebol e do
33
conhecimento das ONGs de como utilizar o esporte como uma verdadeira
ferramenta de inclusão social. O Terceiro Setor já compreendeu que o
esporte, assim como a música e as artes em geral, são excelentes
mecanismos para atrair os jovens para a escola. Com relação a estas
instituições, muito rapidamente poderão explorar as características e valores
do esporte em seus projetos. O grande desafio será transformar os clubes
de futebol em verdadeiros motores do esporte e do Terceiro Setor no Brasil.
3.6 - Clubes de futebol no Brasil: Categorias de base com Responsabilidade Social
A estrutura jurídica da maior parte dos clubes no Brasil corresponde a
entidades civis de caráter desportivo sem âmbito de lucro, o que os coloca
ao lado de organizações não governamentais. A Responsabilidade Social
dos clubes já é inerente à sua atividade e além disso, por terem milhões de
torcedores em todo o Brasil, faz de suas marcas e símbolos um forte
componente para envolvê-los com a Responsabilidade Social corporativa. É
notório que o futebol no Brasil poderia ser trabalhado a fim de se tornar um
setor forte e profissional da economia. O melhor caminho seria envolver sua
atividade esportiva profissional e de formação em uma nova visão: categoria
de base com Responsabilidade Social.
Muitos clubes no Brasil já desenvolvem suas categorias de base com
alojamento, refeitório, e até mesmo escolas dos ensinos fundamental e
médio. Todavia, suas iniciativas mal chegam à sociedade e, principalmente,
os recursos financeiros para a execução destes projetos são provenientes
do orçamento geral do clube. O futebol profissional e todas as receitas
geradas estão envolvidos diretamente com os projetos sociais nas
categorias de base. Assim, o clube depende de sua performance esportiva,
dos contratos com a televisão e das vendas dos jogadores para poder
garantir a continuidade dos investimentos, mostrando que esse tipo de
planejamento não é válido quando se fala em Responsabilidade Social.
34
Os clubes terão que aprender a separar do esporte profissional seus
projetos de formação, que podem inclusive incluir outros esportes, mas que
têm obrigatoriamente que serem auto-suficientes, garantindo a continuidade
e ampliação de seus projetos. Os dirigentes de clubes têm uma grande
responsabilidade perante a sociedade, já que têm uma legião de fãs e isto
deve ser usado para a captação de novos talentos devido ao alto grau de
atratividade dos clubes.
Os muitos exemplos que já estão em andamento com clubes na
Europa provam que esta visão moderna de Responsabilidade Social em
clubes de futebol pode e deve ser implementada no Brasil. Clubes de futebol
na Espanha, Itália e Inglaterra criaram cotas de patrocínio apenas para seus
projetos sociais e esportes de formação, garantindo uma ampliação de
receitas e, principalmente, oferecendo para os patrocinadores visibilidade e
valor para as marcas, muito superior a simples associação direta com o time
profissional. O impacto positivo na mente do consumidor das marcas
patrocinadoras se ampliará quanto mais as entidades esportivas perceberem
sua responsabilidade e a necessidade de uma aproximação com a
comunidade. Os jovens de baixa renda, sem dúvida um reduto de novos
talentos, apenas precisam da ajuda do clube para tornarem-se futuros ídolos
ou para transformarem-se em jovens cidadãos, formados no período que
treinaram no clube.
O caminho já foi mostrado por clubes estrangeiros e empresas, mas
para que realmente ocorra, depende de uma mudança radical na gestão dos
clubes brasileiros e no valor das marcas de cada um. Atualmente, com o
produto futebol em baixa e com os clubes tendo que cumprir novas leis à
revelia, este processo tardará em se iniciar. Os clubes terão que, o quanto
antes, mudar suas políticas de gestão, a fim de poder conquistar a iniciativa
privada e os consumidores e enfim, inserir-se na sociedade como veículos
propagadores da inclusão social no Brasil. Esta mudança poderá transformar
o negócio futebol no caminho para que jovens craques de baixa renda não
sejam assassinados nas grandes cidades ou sejam obrigados a abandonar
36
CONCLUSÃO
Tentei mostrar com este trabalho o quanto o Marketing Esportivo é um
processo rico e diversificado, e o quanto ele deveria ser melhor aplicado e
aperfeiçoado pelas nossas empresas e instituições. Apesar de seu campo
ainda ser muito restrito no Brasil, a vocação natural do brasileiro para o
esporte e para a solidariedade podem gerar um vasto campo de
conhecimento e de geração de empregos.
As recentes conquistas do Brasil em esportes sem tradição no nosso
imaginário esportivo (como as vitórias de Gustavo Kuerten no tênis e de
Daiane dos Santos na ginástica artística) podem e devem despertar o
interesse das empresas nessas novas possibilidades de investimento,
aplicando recursos nas categorias de base e levando o esporte à
comunidades carentes que possuem, historicamente, jovens com potencial
para se tornarem futuros campeões. Conforme vimos no capítulo 3, o
esporte, assim como as artes, é uma das mais eficazes ferramentas de
inclusão social no Brasil e no mundo. E a utilização das ferramentas do
Marketing Esportivo nesse contexto serão sempre bem-vindas, pois dariam o
suporte necesssário para a formação desses futuros atletas.
37
BIBLIOGRAFIA
AFIF, Antônio. A Bola da Vez - O Marketing Esportivo como Estratégia de
Sucesso. São Paulo: Editora Infinito, 2000
COBRA, Marcos. Plano Estratégico de Marketing. São Paulo: Atlas, 1997.
CONTURSI, Ernani B. Marketing Esportivo. Volume I. Rio de Janeiro: Sprint,
1991.
HELAL, Ronaldo. Passes e Impasses: Futebol e Cultura de Massa no Brasil.
Petrópolis: Vozes, 1997.
MELO NETO, Francisco Paulo de. Administração e Marketing de Clubes
Esportivos. Rio de Janeiro: Sprint, 1998.
___________________________. Marketing Esportivo. Rio de Janeiro:
Record, 1995.
___________________________. Marketing Esportivo e Social. São Paulo:
Phorte Editora, 1997.
POZZI, Luiz Fernando. A Grande Jogada: Teoria e Prática do Marketing
Esportivo. São Paulo: Globo, 1998.
RICHERS, Raimar. Marketing: Uma Visão Brasileira. São Paulo: Negócio
Editora, 2000.
38
INTERNET:
http://www.arenasports.com.br
http://www.databasket.com
http://www.esportebizz.com.br
http://www.mktesportivo.com.br
http://www.sportbiz.com.br
http://www.widebiz.com.br
40
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTOS 03
RESUMO 04
SUMÁRIO 05
INTRODUÇÃO 06
CAPÍTULO 1
MARKETING ESPORTIVO:
HISTÓRICO, CONCEITOS E DEFINIÇÕES 07
1.1 – Histórico 07
1.2 - Conceitos e Definições 07
1.3 - O Marketing Esportivo como mídia alternativa 08
1.4 - Retorno do Marketing Esportivo para as empresas 09
1.5 - Por que investir em Marketing Esportivo? 10
1.6 - O mercado esportivo no mundo 11
1.7 - O mercado esportivo no Brasil 12
CAPÍTULO 2
MARKETING ESPORTIVO:
MEIOS DE UTILIZAÇÃO, SUAS DIRETRIZES E VARIÁVEIS 13
2.1 - Marketing Esportivo e suas variáveis 13
2.2 - Marketing no esporte x Marketing Esportivo 14
2.2.1 - Marketing no esporte 14
2.2.1.1 - Formas de marketing no esporte 14
2.2.2 - Marketing esportivo 15
2.2.2.1 - Fatores de desenvolvimento do esporte 16
2.3 - Objetivos do Marketing Esportivo 17
2.4 - Benefícios do Marketing Esportivo 18
2.5 - Ações de Comunicação 18
2.6 - As etapas do Marketing Esportivo 19
41
CAPÍTULO 3
MARKETING ESPORTIVO E RESPONSABILIDADE SOCIAL 21
3.1 - Esporte e Responsabilidade Social 21
3.2 - Casos de sucesso 25
3.3 - Um ponto de vista da Administração Esportiva 26
3.4 - A Empresa Esportiva e a Conceituação do Sistema
de Marketing Esportivo 28
3.5 - O esporte como ferramenta de inclusão social no Brasil 31
3.6 - Clubes de futebol no Brasil: Categorias de base com
Responsabilidade Social 33
CONCLUSÃO 36
BIBLIOGRAFIA 37
ANEXOS 39
ÍNDICE 40
FOLHA DE AVALIAÇÃO 42