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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE POLÍTICAS PÚBLICAS E A QUALIDADE DE VIDA EM ÁREAS DE USO COLETIVO Por: Luiz Maurício dos Passos Pedrosa Orientador Profª. Mary Sue Carvalho Pereira Rio de Janeiro 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

POLÍTICAS PÚBLICAS E A QUALIDADE DE VIDA EM ÁREAS DE

USO COLETIVO

Por: Luiz Maurício dos Passos Pedrosa

Orientador

Profª. Mary Sue Carvalho Pereira

Rio de Janeiro

2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

POLÍTICAS PÚBLICAS E A QUALIDADE DE VIDA EM ÁREAS

DE USO COLETIVO

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Gestão Pública.

Por: Luiz Maurício dos Passos Pedrosa

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus por estar no

comando de tudo e em especial, aos

amigos de classe, professores e a

turma do trabalho.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus amigos e

em especial a minha namorada Elsa

Matos.

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RESUMO

É comum chegar-se à maioria das cidades e ouvir-se insatisfações dos seus

habitantes, quanto ao desconforto geral no uso da cidade, ou até mesmo das

inúmeras carências acumuladas que a tornam muitas vezes desagradável,

desconfortável, feia, insalubre e insegura, o que justifica a realização de

estudos sobre planejamento em vias urbanas. Neste sentido, esta monografia

objetivou analisar a qualidade de vida relacionada às vias urbanas. O estudo

se justifica e se faz relevante, pois quando a cidade começa a se expandir e

receber os impactos das transformações de uso e ocupação do solo,

modificando o seu desenho original, vendo crescer a sua população, surgirem

os chamados bolsões de pobreza, aumentarem as formas de violência,

multiplicarem-se as suas demandas, surgirem enfim os efeitos nocivos da sua

urbanização acelerada e desordenada, justamente aí é que também começa a

se desumanizar. Isto seria o mesmo que dizer que ela começa a perder a

supremacia da escala humana, dando lugar à escala dos automóveis, dos

edifícios, do comércio, da indústria, da poluição visual, dos

congestionamentos, do aumento da produção de resíduos sólidos e dos seus

acúmulos nas calçadas, nas praças e nos bairros, e todo esse conjunto

termina por deteriorar, na maioria das vezes, o seu quadro geral de conforto

ambiental urbano.

.

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METODOLOGIA

Para a realização deste estudo, optei pela pesquisa bibliográfica. Segundo Gil

(1991, p.48), a pesquisa bibliográfica é aquela “[...] desenvolvida a partir de

material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”.

Mas a pesquisa bibliográfica também inclui outras modalidades de publicação,

tais como artigos de revistas e jornais direcionados ao público em geral.

Segundo Santos (1999, p.48) as vantagens de uma pesquisa bibliográfica é

que esta é “mais simples e confortável, já que dispensa todo o trabalho de

montagem/escolha/testagem/relato de dados. Os dados já estão prontos,

organizados, publicados”.

Pesquisei as bibliografia e as fontes. As fontes referem-se a textos originais

relacionados a um determinado assunto. A bibliografia diz respeito aos

esclarecimentos referentes às fontes; é toda a literatura originária de

determinada fonte ou de determinado assunto.

A leitura exploratória e interpretativa favoreceu a construção dos argumentos

por progressão ou por oposição.

A principal vantagem da pesquisa bibliográfica encontra-se no fato de viabilizar

ao pesquisador a cobertura de uma ampla gama de fenômenos, bem maior do

que a que seria possível pesquisar diretamente. Esse método de pesquisa é

particularmente vantajoso quando o problema da pesquisa, como é o caso do

estudo em questão, exige dados dispersos pelo espaço.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Qualidade de Vida 10

CAPÍTULO II - Qualidade de Vida em Vias Urbanas 17

CAPÍTULO IIl - A Importância do Plano Diretor 54

CONCLUSÃO 56

BIBLIOGRAFIA 58

ÍNDICE 61

FOLHA DE AVALIAÇÃO 63

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INTRODUÇÃO

O processo de crescimento desordenado por que passa a maioria das cidades

brasileiras, vem determinando perdas constantes nos elementos estruturais de

seu funcionamento, notadamente naqueles mais relacionados com a qualidade

de vida dos seus habitantes e usuários, sobretudo dos segmentos mais

carentes. Isso se espelha não só nos itens que configuram essas funções

estruturais urbanas: habitar, circular, trabalhar e recrear, mas nos aspectos

psicossociais da satisfação humana de utilização do contexto físico, social e

cultural dessas cidades.

Em verdade, quando a cidade começa a se expandir e receber os impactos

das transformações de uso e ocupação do solo, modificando o seu desenho

original, vendo crescer a sua população, surgirem os chamados bolsões de

pobreza, aumentarem as formas de violência, multiplicarem-se as suas

demandas, surgirem enfim os efeitos nocivos da sua urbanização acelerada e

desordenada, justamente aí é que também começa a se desumanizar. Isto

seria o mesmo que dizer que ela começa a perder a supremacia da escala

humana, dando lugar à escala dos automóveis, dos edifícios, do comércio, da

indústria, da poluição visual, dos congestionamentos, do aumento da produção

de resíduos sólidos e dos seus acúmulos nas calçadas, nas praças e nos

bairros, e todo esse conjunto termina por deteriorar, na maioria das vezes, o

seu quadro geral de conforto ambiental urbano.

Sob essa ótica, é comum chegar-se à maioria das cidades e ouvirem-se

insatisfações dos seus habitantes, quanto ao desconforto geral no uso da

cidade, ou até mesmo das inúmeras carências acumuladas que a torna muitas

vezes desagradável, desconfortável, feia, insalubre e insegura, o que justifica a

realização de estudos sobre planejamento em vias urbanas.

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9O planejamento urbano é o processo de criação e desenvolvimento de

programas que buscam melhorar ou revitalizar certos aspectos (como

qualidade de vida da população) dentro de uma dada área urbana; ou do

planejamento de uma nova área urbana em uma dada região, tendo como

objetivo propiciar aos habitantes a melhor qualidade de vida possível.

O planejamento urbano, segundo um ponto de vista contemporâneo, tanto

enquanto disciplina acadêmica quanto como método de atuação no ambiente

urbano, lida basicamente com os processos de produção, estruturação e

apropriação do espaço urbano. A interpretação destes processos, assim como

o grau de alteração de seu encadeamento, varia de acordo com a posição a

ser tomada no processo de planejamento e principalmente com o poder de

atuação do órgão planejador.

Diante desse quadro, propõe-se às administrações municipais, a aplicação de

medidas que visem minimizar esses efeitos, tratando a questão urbana com

vigor, simplicidade e sensibilidade.

Assim posto, é apresentado adiante um conjunto de ações e intervenções que

almejam resultar numa substancial melhoria do padrão urbano e da qualidade

de vida dos habitantes das cidades, concentrando as atenções nas esferas

físico-urbanísticas, ambientais e socioculturais dessas sedes municipais, de

modo a torná-las mais humanas e prazerosas.

Neste sentido, esta monografia tem por objetivo analisar a qualidade de vida

relacionada às vias urbanas.

Acredita-se que os focos a seguir delineados, compreendem os elementos

mais essenciais do contexto urbano, interferindo diretamente na qualidade de

vida ou na maior ou menor satisfação do cidadão, e que marcam

acentuadamente o quadro de carências da maioria das cidades.

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CAPÍTULO I

QUALIDADE DE VIDA

O CONCEITO

No momento, quando se aproxima o final do século, o cenário

mundial se apresenta como um movimento dinâmico de globalização no qual

surgem, além de novas fronteiras econômicas, sociais e geográficas,

crescentes conflitos culturais, religiosos e humanos.

Apesar de estarmos vivendo em um mundo globalizado, as cidades

que concentram grandes contingentes de população vêem ganhando, nos

últimos anos, uma importância significativa como espaço de intervenção e de

mobilização em torno de projetos comuns e de interesses coletivos. Esses

projetos necessitam, para seu desenvolvimento, da solidariedade social e da

integração das políticas públicas urbanas.

Considerando os problemas urbanos contemporâneos e as

possibilidades que a cidade oferece para a realização de projetos sociais, a

Organização Mundial de Saúde (OMS) e suas agências regionais, como a

Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), iniciaram o Movimento

Cidades Saudáveis, com o intuito de motivar governos e sociedade civil a

desenvolver estratégias, em diversos setores das políticas sociais, com a

implementação de projetos interinstitucionais e intersetoriais, visando realizar

ações de melhoria das condições de vida e saúde da população urbana e,

portanto, de sua qualidade de vida.

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11Cidades Saudáveis é o nome que se dá a um projeto de

desenvolvimento social, que tem a saúde e suas múltiplas determinações

como centro de atenções. É também um movimento de luta por um estilo de

desenvolvimento sustentável, que satisfaça as necessidades das gerações

atuais sem comprometer a capacidade das futuras de satisfazer suas próprias

necessidades (GUIMARÃES, 1999).

O objetivo estratégico dos postulantes da proposta era motivar

governos e sociedades para a melhoria das condições de vida e saúde da

população urbana. Para isso precisavam desenvolver metodologias, em

diversos setores de políticas sociais, com a implementação de projetos

estratégicos interinstitucionais e intersetoriais e realizar ações em diferentes

ambientes, como escola, indústria, espaços de lazer.

Um corolário deste objetivo é o de transformar as relações

excludentes, conciliando ao mesmo tempo os interesses econômicos e o bem-

estar social, que são as condições indispensáveis para obter saúde e

desenvolvimento para as cidades, os estados e o país (WESTPHAL, 1997).

O Movimento Cidades Saudáveis focaliza também a participação

popular como forma de mobilização e de democratização e busca mudanças

na forma de gestão dos diferentes níveis de governo, sobretudo o local.

Mendes (1992, p.35) o conceitua como:

[...] aquele em que todos os atores sociais em situação

de governo, organizações não-governamentais, famílias

e indivíduos orientam suas ações no sentido de

transformar a cidade em um espaço de produção social

da saúde, construindo uma rede de solidariedade no

sentido da qualidade de vida da população.

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12A OMS adota a conceituação de Hancock e Duhl

(WHO/EURO/HCPO, 1988). Cidade saudável é aquela que está

continuamente criando e modificando seu ambiente físico e social e

expandindo seus recursos para que as pessoas se capacitem a apoiar umas

às outras, para que todos desempenhem a contento todas as funções da vida

e desenvolvam ao máximo seu potencial.

Desse modo, pode-se afirmar que o significado de cidade saudável

depende das percepções de seus habitantes, e cada projeto é único. Apesar

dessa diversidade, um projeto ou o movimento, para ser considerado dentro

deste marco conceitual, deve atender, segundo Tsouros (1995), aos seguintes

objetivos:

Ø estabelecer redes de projetos para que seja possível à OMS garantir

apoio técnico e possibilitar o apoio mútuo e troca de experiências entre

projetos;

Ø dar destaque à saúde na agenda política local;

Ø introduzir o componente saúde com sua ampla determinação, nas

preocupações de planejamento dos outros setores, tais como o

educacional, econômico, urbanístico, viário, cultural, enfim, na vida da

cidade;

Ø desenvolver políticas públicas saudáveis;

Ø incentivar o desenvolvimento de ambientes de apoio (físicos e sociais)

para a produção social da saúde.

Alguns defendem que seu objeto de estudo e de práticas é a cidade,

porque é o espaço de vida de um povo, seu espaço cultural, o espaço do

cidadão, de onde devem ser equacionados problemas, planejadas e

desenvolvidas ações compartilhadas para a melhoria da qualidade de vida.

Nesse sentido, enfatizam a denominação cidade saudável porque é a partir

dos direitos e necessidades dos cidadãos que vivem em um determinado

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13contexto sociocultural que a sociedade e o Estado irão debater a questão dos

mínimos sociais para uma condição de vida humana. A questão crucial é a

cidade, os cidadãos que vivem nela, o crescimento populacional das áreas

urbanas e os problemas dele decorrentes. Enfatizam o sujeito do processo e

não a forma de operação (DUHL, 1986; CASTELLS; BORJA, 1996).

Na América Latina e no Brasil, em particular, defende-se a

denominação município saudável, pois o movimento se refere a uma forma de

atuação em saúde e nas questões relacionadas com o desenvolvimento

econômico e social do município como região administrativa, englobando áreas

urbanas (cada vez mais inchadas) e áreas rurais (cada vez mais

abandonadas). Os seus defensores chamam a atenção para o outro lado da

questão, que seria a prática de atuação. Em função dos princípios de

descentralização administrativa brasileira, municipalização, participação

comunitária e controle social, o espaço do município é, atualmente, um lugar

privilegiado para a implementação de estratégias de Promoção de Saúde.

Seja considerando o espaço da cidade ou do município, a eqüidade

e a qualidade de vida são o objeto e a finalidade do projeto. O projeto europeu

original considera os pré-requisitos da Carta de Ottawa como parâmetros de

qualidade de vida. Os pré-requisitos, estabelecidos na I Conferência

Internacional de Promoção de Saúde, realizada em Ottawa (Canadá) e

referendada nas subseqüentes, foram: paz; posse de uma habitação que

atenda à necessidade básica de abrigo, adequada em termos de dimensões

por habitante, condições de conforto térmico e outras; acesso a um sistema

educacional eficiente, em condições que favoreçam a democratização da

informação e formação dos cidadãos; disponibilidade de alimentos em

quantidade suficiente para o atendimento das necessidades biológicas;

promoção do crescimento e desenvolvimento das crianças e adolescentes e

reposição da força de trabalho; renda suficiente para o atendimento às

necessidades básicas e pré-requisitos anteriores; recursos renováveis

garantidos por uma política agrária e industrial voltada para as necessidades

da população e o mercado interno – não somente para exportação e

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14importação – e ecossistema preservado e manejado de forma sustentável

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1996).

Estes pré-requisitos precisam ser garantidos por políticas

educacionais, agrícolas, ambientais, de transporte urbano, da infra-estrutura

das vias urbanas, voltadas para o objetivo amplo de saúde, qualidade de vida e

desenvolvimento humano orientado por valores democráticos de justiça e

eqüidade (STROZZI; GIACOMINI, 1996; OPAS, 1999).

A discriminação destes pré-requisitos, nesta perspectiva ampliada da

saúde, não permite mais que fique restrita ao setor saúde a responsabilidade

pelas ações relacionadas às questões da qualidade de vida. Clama as

diferentes instituições e os diferentes atores sociais a verificar como a

sociedade está satisfazendo as necessidades básicas da população, a

distribuição de bens e serviços, as carências decorrentes de iniqüidades. Exige

do Estado a garantia dos direitos humanos básicos.

Vários autores, especialmente aqueles ligados às ciências sociais e

à filosofia, vêm discutindo formas de conceituar qualidade de vida (COIMBRA,

1979; BERLINGUER, 1983; CROCKER, 1993; HERCULANO, 1998). A leitura

destes autores permitiu observar uma tensão constante entre o fato de

qualidade de vida ser determinada por fatores objetivos, tais como as

condições materiais necessárias a uma sobrevivência livre da miséria, ou por

fatores subjetivos, como a necessidade de se relacionar com outras pessoas,

formar identidades sociais, sentir-se integrado socialmente e em harmonia com

a natureza e com o ambiente em que vive. Alguns autores expressaram

posições radicalizadas relacionadas à valorização de um dos dois fatores.

O índice de urbanização cresceu de maneira vertiginosa depois da II

Guerra Mundial. Cerca de 80% da população brasileira vive e trabalha no

contexto urbano, ainda que a concentração populacional nas cidades não

esteja ocorrendo tão rapidamente como antecipada pelos teóricos (SANTOS,

1996; UNCHS, 1996; WHO, 1996). O índice de urbanização no Brasil era de

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1526,35% na década de 1950 e de 77,13% em 1991. Até mesmo a população

agrícola vem se deslocando gradativamente para a área urbana.

As regiões metropolitanas, que eram três ou quatro, estão

aumentando em número, contribuindo para o aumento da população urbana

(SANTOS, 1996). Embora a cidade atraia pelas possibilidades culturais,

educativas e de emprego, também cria muitos problemas, especialmente

quando a aglomeração de população cresce a tal ponto que os recursos

tornam-se insuficientes para o atendimento das necessidades. As contradições

urbanas se evidenciam, passando a agredir o contingente populacional com

problemas como violência, poluição visual, do ar, solo e água (NUNES, 1989).

As metas dos projetos Cidades Saudáveis não podem ser definidas

em termos de situações ideais, abstratas, ou de futuro. As estratégias devem

ser formas de atuar no cotidiano. A opção de um prefeito por inserir seu

município no Movimento Cidades/Municípios Saudáveis, por exemplo, envolve

outra opção: a de se dispor a mudar gradativamente a forma de administrar,

tornando-se gestor social do processo (MENDES, 1992).

Esse novo papel pressupõe um compromisso formal do

administrador com a adoção de políticas públicas saudáveis que possam

minimizar as desigualdades através de ações sobre os determinantes dos

problemas de saúde, nos múltiplos setores em que se localizam.

Pressupõe, também, a existência de um plano de governo baseado

na resolução dos problemas identificados, com base em indicadores de

qualidade de vida. Este plano deve ter metas explícitas e objetivar a resolução

de questões relacionadas à eqüidade e desenvolvimento sustentado e ainda

estabelecer mecanismos para promover a responsabilidade e o controle social.

O planejamento e a gestão devem ser intersetoriais e

intersistêmicos, representando a união do setor saúde com os demais. A

intersetorialidade é a articulação de saberes e de experiências na identificação

participativa de problemas coletivos, nas decisões integradas sobre políticas e

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16investimentos, com o objetivo de obter retorno social, com efeitos sinérgicos,

no desenvolvimento econômico-social e na superação da exclusão social

(JUNQUEIRA, 1998; INOJOSA, 1998).

Entretanto, cabe destacar que, apesar da expressão "qualidade de

vida" ter-se tornado modismo, ainda hoje são encontrados poucos trabalhos

que abordam especificamente determinados assuntos, por exemplo, a

influência de alguns indicadores objetivos ou absolutos na qualidade de vida

do ser humano. São denominados indicadores objetivos ou absolutos aqueles

fatores que refletem as necessidades básicas do ser humano e, portanto,

afetam a condição de vida da maior parte da população, englobando aspectos

dentre os quais se destacam a alimentação, a educação, a habitação, o

saneamento básico, a saúde, o trabalho, as vias urbanas e o transporte.

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CAPÍTULO II

QUALIDADE DE VIDA EM VIAS URBANAS

2.1 – Infra-estruturas das vias urbanas

A infra-estrutura urbana pode ser conceituada como um sistema

técnico de equipamentos e serviços necessários ao desenvolvimento das

funções urbanas, podendo estas funções ser vistas sob os aspectos social,

econômico e institucional.

Sob o aspecto social, a infra-estrutura urbana visa promover

adequadas condições de moradia, trabalho, saúde, educação, lazer e

segurança (FERRARI, 1991).

No que se refere ao aspecto econômico, a infra-estrutura urbana

deve propiciar o desenvolvimento das atividades produtivas, isto é, a produção

e comercialização de bens e serviços. E sob o aspecto institucional, entende-

se que a infra-estrutura urbana deva propiciar os meios necessários ao

desenvolvimento das atividades político-administrativas, entre os quais se inclui

a gerência da própria cidade (FERRARI, 1991).

Em algumas cidades (pólos industriais e comerciais, sedes

administrativas, capitais, entre outras) a demanda por infra-estrutura urbana

cresce significativamente. Nestes locais, deve-se prever este acréscimo de

demanda regional. A infra-estrutura urbana nem sempre se restringe aos

limites da cidade, devendo estar interligada a sistemas maiores. Exemplos

disto são alguns sistemas de abastecimento de água, como o da Grande São

Paulo, que envolve toda uma região do Estado; os sistemas de transporte

metropolitano; os sistemas de produção e distribuição de energia elétrica, que

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18são nacionais; e os sistemas de telecomunicações, que são internacionais

(FERRARI, 1991).

Na realidade, o sistema de infra-estrutura urbana é composto de

subsistemas, e cada um deles tem como objetivo final a prestação de um

serviço, o que é fácil de perceber quando se nota que qualquer tipo de infra-

estrutura requer, em maior ou menor grau, algum tipo de operação e alguma

relação com o usuário, o que caracteriza a prestação de um serviço. Por outro

lado, ainda que o objetivo dos subsistemas de infra-estrutura seja a prestação

de serviços, sempre há a necessidade de investimentos em bens ou

equipamentos, que podem ser edifícios, máquinas, redes de tubulações ou

galerias, túneis, e vias de acesso, entre outros.

Segundo Puppi (1988), o subsistema viário urbano deve se amoldar

à configuração topográfica a ser delineada tendo-se em vista:

Ø os deslocamentos fáceis e rápidos, obtidos com percursos os mais

diretos possíveis, entre os locais de habitação e os de trabalho e de

recreação, e com comunicações imediatas do centro com os bairros e

destes entre si;

Ø o propiciamento das melhores condições técnicas e econômicas para a

implantação dos equipamentos necessários aos outros subsistemas de

infra-estrutura urbana;

Ø a constituição racional dos quarteirões, praças e logradouros públicos;

Ø a conjugação sem conflitos ou interferências anti-funcionais da

circulação interna com a do subsistema viário regional e interurbano; e

Ø a limitação da superfície viária e seu desenvolvimento restrito ao mínimo

realmente necessário, em ordem a se prevenir trechos supérfluos e se

evitarem cruzamentos arteriais excessivos ou muito próximos.

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19Além disso, as vias, que constituem o subsistema viário, deverão

conter as redes e equipamentos de infra-estrutura que compõem seus demais

subsistemas, em menor ou maior escala.

O subsistema viário é composto de uma ou mais redes de

circulação, de acordo com o tipo de espaço urbano (para receber veículos

automotores, bicicletas, pedestres, entre outros).

Complementa este subsistema o subsistema de drenagem de águas

pluviais, que assegura ao viário o seu uso sob quaisquer condições climáticas.

De todos os subsistemas de infra-estrutura urbana, o viário é o mais

delicado, merecendo estudos cuidadosos porque, de acordo com Mascaro

(1994, p.66):

Ø é o mais caro dos subsistemas, já que normalmente abrange mais de

50% do custo total de urbanização;

Ø ocupa uma parcela importante do solo urbano (entre 20 e 25%);

Ø uma vez implantado, é o subsistema que mais dificuldade apresenta

para aumentar sua capacidade pelo solo que ocupa, pelos custos que

envolve e pelas dificuldades operativas que cria sua alteração;

Ø é o subsistema que está mais vinculado aos usuários (os outros

sistemas conduzem fluídos, e este, pessoas).

Pode-se encontrar nesse subsistema vias de diversas dimensões e

padrões, em função do volume, velocidade e intensidade do tráfego, sentido do

fluxo (que pode ser unidirecional ou bidirecional) e das interferências que pode

ter o tráfego, tais como cruzamentos, estacionamentos e garagens, entre

outros.

O subsistema de drenagem pluvial tem como função promover o

adequado escoamento das massas líquidas provenientes das chuvas que

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20caem nas áreas urbanas, assegurando o trânsito público e a proteção das

edificações, bem como evitando os efeitos danosos das inundações.

O subsistema de drenagem de águas pluviais constitui-se,

atualmente, de duas partes (MASCARÓ, 1987, p.13-15):

Ø ruas pavimentadas, incluindo as guias e sarjetas;

Ø redes de tubulações e seus sistemas de captação.

Assim, tem-se:

Ø Meios-fios ou guias: são elementos utilizados entre o passeio e o leito

carroçável, dispostos paralelamente ao eixo da rua, construídos

geralmente de pedra ou concreto pré-moldado e que formam um

conjunto com as sarjetas. É recomendável que possuam uma altura

aproximada de 15 cm em relação ao nível superior da sarjeta. Uma

altura maior dificultaria a abertura das portas dos automóveis, e uma

altura menor diminuiria a capacidade de conduzir as águas nas vias.

Ø Sarjetas: são faixas do leito carroçável, situadas junto ao meio-fio,

executadas geralmente em concreto moldado in loco ou pré-moldadas.

Formam, com o meio-fio, canais triangulares cuja finalidade é receber e

dirigir as águas pluviais para o sistema de captação.

Ø Sarjetões - são calhas geralmente construídas do mesmo material das

sarjetas e com forma de “V”, situadas nos cruzamentos de vias e que

dirigem o fluxo de águas perpendiculares. Um dos pontos críticos desse

sistema ocorre nos cruzamentos de ruas, onde as águas, dentro do

possível, não devem atrapalhar o tráfego.

Ø Bocas-de-lobo: são caixas de captação das águas colocadas ao longo

das sarjetas, com a finalidade de captar as águas pluviais em

escoamento superficial e conduzi-las ao interior das galerias.

Normalmente, são localizadas nos cruzamentos das vias a montante da

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21faixa de pedestres, ou em pontos intermediários, quando a capacidade

do conjunto meio-fio x sarjeta fica esgotado.

Ø Galerias: são canalizações destinadas a receber as águas pluviais

captadas na superfície e encaminhá-las ao seu destino final. São

localizadas em valas executadas geralmente no eixo das ruas, com

recobrimento mínimo de 1,0 m. São, em geral, pré-moldadas em

concreto, com diâmetros variando entre 400 e 1500 mm.

Ø Poços de visitas: são elementos do subsistema de drenagem de águas

pluviais que possibilitam o acesso às canalizações, para limpeza e

inspeção. São necessários quando há mudança de direção ou

declividade na galeria, nas junções de galerias, na extremidade de

montante, ou quando há mudança de diâmetro das galerias. As paredes

são executadas, geralmente, em tijolos ou concreto, o fundo em

concreto e a tampa em ferro fundido.

Ø Bacias de estocagem - são reservatórios superficiais ou subterrâneos

que, ao acumular o excesso de água proveniente de chuvas fortes,

permitem o seu escoamento pelas galerias ou canais existentes, em

fluxos compatíveis com as suas capacidades, evitando extravasamentos

sobre os leitos viários nos fundos de vale.

O traçado da rede de canalizações que compõem este subsistema é

função das características topográficas e do subsistema viário da área a ser

drenada. O dimensionamento da rede (canalizações, guias e sarjetas) assim

como dos equipamentos de infra-estrutura necessários ao funcionamento

desse subsistema depende, segundo Mascaro (1994, p.71):

Ø do ciclo hidrológico local: quanto mais chuva, maior é o subsistema;

Ø da topografia: quanto maiores os declives, mais rápido se dão os

escoamentos;

Ø da área e da forma da bacia: quanto maior a área, mais água é captada;

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22Ø da cobertura e impermeabilização da bacia: quanto menos água for

absorvida pelo terreno, mais deve ser esgotada;

Ø do traçado da rede: interferências com as redes de outros subsistemas.

O subsistema de esgotos sanitários compreende, geralmente, a rede

de canalizações e órgãos acessórios, órgãos complementares e dispositivos

de tratamento dos esgotos, antes de seu lançamento no destino final. Assim,

tem-se:

Ø Redes de esgoto sanitário - são formadas por canalizações de diversos

diâmetros e funções, entre as quais se destacam por ordem crescente

de vazão e de seqüência de escoamento: ligações prediais, coletores

secundários, coletores primários, coletores-tronco, interceptores e

emissários. Canalizações especiais, por vezes, podem ser necessárias,

como os sifões invertidos e outras. A escolha dos materiais utilizados

nas tubulações das redes deve levar em consideração as condições

locais (solo), as facilidades de obtenção e disponibilidade dos tubos, e

os custos dos mesmos. Normalmente, são utilizados tubos de seção

circular, cujos materiais mais comuns são: cerâmica, concreto simples

ou armado, cimento-amianto, ferro-fundido e P.V.C. (MASCARÓ, 1987).

Ø Ligações prediais: são constituídas pelo conjunto de elementos que têm

por finalidade estabelecer a comunicação entre a instalação predial de

esgotos de um edifício e o sistema público correspondente.

Ø Poços de visita: destinam-se à concordância, inspeção, limpeza e

desobstrução dos trechos dos coletores; para isso devem ser instalados

nas extremidades das canalizações, nas mudanças de direção, de

diâmetro e de declividade, nas intersecções e a cada 100 m,

aproximadamente, nos trechos longos.

Ø Tanques flexíveis: ou de descarga automática periódica, servem para a

lavagem dos coletores em trechos de pequena declividade e onde haja

a possibilidade de depósitos e riscos de obstruções. Estão cada vez

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23mais em desuso por possibilitarem a contaminação da rede de água

potável e por razões de ordem econômica.

Ø Estações elevatórias: são indispensáveis em cidades ou áreas com

pequena declividade e onde for necessário bombear os esgotos até

locais distantes. A construção destas estações só se justifica quando

não é possível o esgotamento por gravidade. Estas estações têm custo

inicial elevado e exigem despesas de operação e manutenção

permanentes.

Ø Estações de tratamento: são instalações destinadas a eliminar os

elementos poluidores, permitindo que as águas residuárias sejam

lançadas nos corpos receptores finais em condições adequadas. O

tratamento das águas residuárias exige, para cada tipo de esgoto

(doméstico, industrial, entre outros), um processo específico, devendo

ser realizado na medida das necessidades e de maneira a assegurar um

grau de depuração compatível com os corpos d’água receptores. Estas

estações são geralmente concebidas de modo a possibilitar a sua

execução em etapas, não somente em termos de vazão, mas também

em função do tratamento. Assim, os processos mais comuns para

tratamentos de esgotos são: gradeamento, desarenação, flutuação,

sedimentação, coagulação, irrigação, filtração, desinfecção,

desodorização, digestão, entre outros.

O subsistema energético é constituído fundamentalmente por dois

tipos de energias: a elétrica e a de gás. São as duas formas de energia que

mais se usam nas áreas urbanas no mundo, por serem de fácil manipulação,

limpas e relativamente econômicas. A utilização destas duas fontes de energia

vem aumentando desde o começo deste século, tendo se acentuado este

crescimento a partir de 1973, com a crise do petróleo. A nível mundial, nas

malhas urbanas, a energia elétrica destina-se à iluminação de locais e

movimentação de motores, e a energia do gás à produção de calor (como

cozinhar, esquentar água, aquecer ambientes) (MASCARÓ, 1987).

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24Com relação às redes que compõem este subsistema, a elétrica

pode ser aérea ou subterrânea, sendo esta última solução a mais cara. Nas

áreas urbanas de baixa densidade e nas de pouco poder aquisitivo, a rede

elétrica aérea é a solução obrigatória pelo seu menor custo, embora produza

poluição visual e apresente menor segurança que a subterrânea. A rede de

gás é sempre subterrânea e apresenta estruturas, materiais e diâmetros das

tubulações similares aos da rede de água. Devido à sua periculosidade, sua

localização é a mais isolada possível em relação às demais redes

subterrâneas e às edificações.

2.2 Estética

Em países desenvolvidos, muitas pessoas são contra o uso

excessivo de artigos humanos como propagandas, sinais, placas, que geram

poluição visual. Outros assuntos relacionados são tensões entre o crescimento

da periferia, a densidade populacional em crescimento as cidades e o

planejamento e construção de novas cidades.

Dá-se o nome de poluição visual “ao excesso de elementos ligados à

comunicação visual (como cartazes, anúncios, propagandas, banners, totens,

placas, etc) dispostos em ambientes urbanos, especialmente em centros

comerciais e de serviços” (FERRARI, 1991, p.38). Acredita-se que, além de

promover o desconforto espacial e visual daqueles que transitam por estes

locais, este excesso enfeia as cidades modernas, desvalorizando-as e

tornando-as apenas um espaço de promoção do fetiche e das trocas

comerciais capitalistas. Acredita-se que o problema, porém, não é a existência

da propaganda, mas o seu descontrole.

Também é considerada poluição visual algumas atuaçães humanas

sem estar necessáriamente ligada a publicidade tais como o grafite, pixações,

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25fios de eletricidade e telefônicos, as edificações com falta de manutenção, o

lixo exposto não orgânico, e outros resíduos urbanos.

Normalmente, ela se soma aos outros tipos de poluição: do ar, das

águas e a luminosa, principalmente com esta última.

A poluição visual degrada os centros urbanos pela não coerência

com a fachada das edificações, pela falta de harmonia de anúncios, logotipos

e propagandas que concorrem pela atenção do espectador, causando prejuízo

a outros, etc. O indivíduo perde, em um certo sentido, a sua cidadania (no

sentido de que ele é um agente que participa ativamente da dinâmica da

cidade) para se tornar apenas um espectador e consumidor, envolvido na

efemeridade dos fenômenos de massas. A profusão da propaganda na

paisagem urbana pode ser considerada uma característica da cultura de

massas pós-moderna (FERRARI, 1991).

Certos municípios, quando tentam revitalizar regiões degradadas

pela violência e pelos diversos tipos de poluição, baixam normas contra a

poluição visual, determinando que as lojas e outros geradores desse tipo de

poluição mudem suas fachadas a fim de tornar a cidade mais harmônica e

esteticamente agradável ao usuário.

Uma das maiores preocupações sobre a poluição visual em vias

públicas de intenso tráfego, é que pode concorrer para acidentes

automobilísticos. Muitos países possuem legislações específicas para controle

de sinalizações em diversas categorias de vias. Os psicólogos afirmam que os

prejuíjos não se restringem a questão material e também à saúde mental dos

usuários, na medida que sobrecarrega o indivíduo de informações

desnecessárias.

Planejadores urbanos de sucesso levam o caráter, de "casa" e

"senso de lugar", identidade local, respeito por heranças naturais, artísticas e

históricas, e o entendimento dos (possíveis) principais problemas como

tráfego, transporte, utilidades e desastres naturais.

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26Examinadas historicamente, várias cidades, atualmente

consideradas como uma das mais belas do mundo, são o resultado de restritos

planos diretores.

Algumas cidades são planejadas desde o começo, e embora nem

sempre os resultados saiam como o esperado, evidências do plano diretor

inicial muitas vezes permanecem. Algumas das cidades planejadas de maior

sucesso consistem de células que incluem parques e espaços abertos,

repetindo por várias vezes esta célula. Geralmente, as células são separadas

por ruas. Muitas vezes cada célula possui monumentos e características

únicas, tornando as células diversas entre si. Estas diferenças ajudam a

instituir um "senso de lugar" na cidade, enquanto as similiaridades das células

fazem cada lugar da cidade familiar aos habitantes da cidade.

2.2.1 A importância dos parques urbanos

Um parque urbano, de acordo com Becker (1997, p.29), “é um tipo

de espaço livre de edificações, normalmente caracterizado como espaço

público, no qual há tipicamente abundância de vegetação e áreas não

pavimentadas, mas sobretudo localizado dentro de uma região urbana”. Nele,

estabelecimentos industriais e residenciais são proibidos, e estabelecimentos

comerciais são normalmente restritos a quiosques e vendedores ambulantes.

Eventualmente um parque urbano está ligado a um conjunto de equipamentos

públicos de caráter cultural, como museus, centros culturais e casas de

espetáculo.

Um parque urbano propicia lazer e recreação aos habitantes da

cidade, assim como uma apropriação lúdica do espaço público. Parques

urbanos incluem muitas vezes playgrounds e campos de esportes, laguinhos e

centros educativos como museus e jardins botânicos.

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27Parques são um dos componentes-chaves de uma cidade

especialmente dedicada em propiciar um alto nível de qualidade de vida aos

seus habitantes; várias das cidades com os melhores índices de

desenvolvimento humano, como Genebra e Zurique, na Suíça, Vancouver, no

Canadá e Estocolmo, na Suécia, possuem sistemas complexos de espaços de

recreação e parques urbanos (BECKER, 1997).

O exemplo mais paradigmático de um parque urbano, contrastando

fortemente com o tecido urbano no qual está inserido, é o Central Park, em

Nova Iorque, projetado por Frederik Law Olmsted, considerado o pai da

arquitetura paisagística nos Estados Unidos da América. Outro exemplo

semelhante é o Hyde Park, em Londres. Já um exemplo bastante conhecido

de parque urbano no Brasil é o Parque Ibirapuera, em São Paulo (BECKER,

1997).

2.3 A questão da arborização

O desenho urbano de cada cidade apresenta uma infinidade de

variáveis que devem ser analisadas. Dentre estas, encontra-se a arborização

que tem de ser compatível e integrar-se aos demais elementos da cidade

(BRANDÃO, 1992) Esta arborização e um serviço altamente necessário, como

por exemplo, a distribuição de energia elétrica, telefonia, abastecimento

d’água, sistema de esgoto, entre outros. Sendo a árvore o elemento

fundamental no planejamento arbóreo urbano, na medida em que define e

estrutura o espaço.

A arborização das cidades constitui-se em um elemento de grande

importância para a elevação da qualidade de vida da população, seja em

grandes centros urbanos quanto em pequenas cidades. Com suas

características, são capazes de controlar muitos efeitos adversos do ambiente

urbano, contribuindo para uma significativa melhoria na qualidade de vida, pois

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28melhoram o ambiente urbano tanto no aspecto ecológico quanto na sua

estética (BALENSIEFER; WIECHETECK, 1987; SOUZA, 2001).

A vegetação do meio urbano, nas mais diferentes localidades,

desempenha diversas funções ligadas e influenciadas por aspectos sociais,

culturais, econômicos, e, sobretudo ecológicos, interferindo fortemente nas

condições de conforto ambiental. Mas, será que a disparidade econômica em

comunidades vizinhas implica em uma incorreta arborização? (MILANO, 1998;

RAVEN et al., 2001).

A arborização de vias urbanas consiste em trazer para as cidades,

pelo menos simbolicamente, um pouco do ambiente natural e do verde das

matas, com a finalidade de satisfazer ás necessidades mínimas do ser

humano, que não se sente bem sob o intenso calor ou o ar seco destas selvas

de pedra, que são as cidades modernas (PEDROSA, 1983).

No entanto, a arborização necessita, como qualquer outra atividade,

de profissionais bem capacitados para a sua realização. Pessoas leigas

tendem a prezar, muitas vezes, apenas pelo aspecto beleza. Mesmo sendo

este de relevante importância, outros aspectos devem ser respeitados, afim de

que a arborização proporcione bem estar e não trazendo transtornos

(GEMTCHÚJNICOV, 1976; HERWIG, 1976; GRAF, 1978; GRAZIANO, 1994).

A vegetação do meio urbano, nas mais diferentes localidades,

desempenha diversas funções ligadas e influenciadas por aspectos sociais,

culturais, econômicos, e, sobretudo ecológicos, interferindo fortemente nas

condições de conforto ambiental (SANCHOTENE, 1999).

2.4 Segurança

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29Muitas cidades são construídas em lugares vulneráveis a enchentes,

tempestades e desastres naturais. Os planejadores urbanos, ao planejar uma

cidade, também devem levar em conta estes fatores. Se os perigos estão

localizados e podem ser prevenidos, como enchentes, por exemplo, uma

solução pode ser a construção de parques e espaços abertos. Outra solução,

mais prática, é simplesmente construir a cidade em terrenos de alta altitude e

os parques, espaços verdes e fazendas em terrenos de menor altitude.

Quando a cidade é vulnerável a desastres naturais, enchentes,

guerra ou outras emergências, a construção de um sistema eficiente de

transporte, adaptado para evacuações, quando necessário, é considerada,

bem como a construção de centros operacionais de emergência, como

abrigos, por exemplo. Podem ser muitas vezes de baixo custo, e muitos

consideram esta medida como cuidados razoáveis para qualquer espaço

urbano. Outras cidades também planejam e constroem muros e canais como

medida de proteção.

2.5 Transportes

Existe uma clara conexão entre a densidade de uma dada região

urbana e a quantidade de transporte dentro desta região. Transporte de boa

qualidade - que inclui desde uma malha de transporte público bem planejada

até um sistema de vias públicas capazes de atender tráfego com eficiência - é

muitas vezes procedida por desenvolvimento. Porém, este sistema eficiente de

transportes pode ser arruinada quando esta região desenvolve-se demais,

tornando-se mais densa que um dado limite (LUCCI, 1997).

Um planejamento urbano eficiente tenta colocar zonas comerciais e

residenciais de alta densidade próximos a meios de transporte em massa. Por

exemplo, algumas cidades permitem prédios comerciais e residenciais

somente quando elas estão a um quateirão de distância de estações de trens,

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30metrô ou vias públicas tais como ruas e avenidas de duas faixas por sentido ou

mais, enquanto posicionam casas de família e parques mais longe destes

pontos de transporte.

A densidade de uma área é geralmente medida como a área total

das estruturas (incluindo todos os andares) dividida pela área do terreno que

estas propriedades ocupam. Quando o total é menor que 1,5, a área é de

baixa densidade, enquanto totais maiores do que 5 são áreas de alta

densidade. A maioria dos centros de cidade, por exemplo, possuem totais

significantemente maiores do que 5. Locais ocupados por arranha-céus podem

atingir um total de 30 ou mais. Municípios tentam muitas encorajar densidades

menores, poque isto reduz custos de infra-estrutura, embora alguns

especialistas observam que baixas densidades podem não acomodar

população suficiente para tal infra-estrutura (educação, saúde, etc)

(MASCARÓ, 1994).

Carros são eficientes como meio de transporte em regiões de

densidade de até 1,5. Densidades entre 1,5 a 5 são mais eficientemente

servidas por ônibus e densidades maiores que 5 são mais eficientemente

servidas por trens e metrô (MASCARÓ, 1994).

2.6 Construção e manutenção das edificações

Leis de zoneamento urbano designam os tipos de estruturas que são

permitidas em uma dada área da comunidade. Quando planejadores urbanos

pretendem fazer com que uma dada zona seja apenas residencial, então,

apenas casas e, talvez, prédios de apartamentos, serão permitidas. As leis de

zoneamento urbano também limitam o tamanho dos terrenos a serem

vendidos, a localização de placas e sinais.

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31Já as regras sobre a construção de casas e prédios regulam a

qualidade e a segurança da construção destas, a altura e o tamanho das

estruturas, o número máximo de ocupantes por estrutura, bem como a

qualidade dos canos de água e esgoto, e do sistema elétrico.

2.6.1 Zoneamento

Zoneamento, segundo Ferrari (1991, p.85):

[...] é um tradicional instrumento do planejamento

urbano, profundamente difundido durante o século XX,

caracterizado pela aplicação de um sistema legislativo

(normalmente em nível municipal) que procura regular o

uso, ocupação e arrendamento da terra urbana por parte

dos agentes de produção do espaço urbano, tais como

as construtoras, incorporadoras, proprietários de imóveis

e o próprio Estado.

Normalmente, as leis de zoneamento restrigem o tipo de estrutura a

ser construída em um dado local com base em:

Ø Função: Zonas limitam uma dada área da cidade para certo tipo de

estrutura. Zonas podem ser, normalmente, residenciais, comerciais,

industriais ou mistas. Zonas residenciais permitem a ocupação do solo

urbano somente para uso residencial, zonas comerciais apenas para

uso comercial e zonas industriais apenas para uso industrial. Zonas

mistas permitem o uso de residencial e comercial (e eventualmente o

industrial de baixa incomodidade) do terreno.

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32Ø Taxa de ocupação e Coeficiente de aproveitamento: diferentes zonas

limitam o número de pavimentos que as estruturas a serem construídas

podem vir a ter. Tal limite surge da divisão entre o coeficiente de

aproveitamento máximo estipulado para uma região e a taxa de

ocupação do lote urbano definido para ela.

Ø Gabarito: corresponde à limitação efetiva do tamanho das construções

(expressa, normalmente, em números absolutos).

Ø Número de ocupantes: Zonas limitam a construção de estruturas

baseado no número de habitantes ou trabalhadores a ocupar a área.

Por exemplo, ruas próximas a grandes shopping-centers e arranha-céus

podem ficar congestionadas por causa do grande número de pessoas

que entram e saem da dada estrutura. Também chamado zoneamento

por densidade.

A densidade urbana é um tema que permanece altamente polêmico,

embora muito se tenha escrito sobre ele. Talvez pela imagem de alto padrão

de vida que muitas cidades americanas transmitem ao observador, formou-se

a idéia de que alta qualidade de vida só se consegue com densidade

populacional baixa.

Certamente o abuso da densidade, associada a desenhos urbanos e

habitacionais incorretos, leva a qualidades de vida muito baixas. Curiosamente

a cidade de mais alta densidade ocupacional do mundo é uma cidade

americana: Nova Iorque, e para muitos, ela não é desagradável, nem a

qualidade de vida é baixa (MASCARÓ, 1987).

Pode-se pensar que o problema da densidade e qualidade de vida é

complexo, e sobre ele não se pode estabelecer nenhum julgamento definitivo

sem antes analisar a adequação (ou não) da tipologia de edificação e

urbanização à cultura local.

Pode-se afirmar que as densidades baixas e altas não são boas nem

más por si sós; o inconveniente é haver densidades inadequadas aos tipos de

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33edificações implantadas. Assim, um conjunto habitacional com moradias

individuais (adequadas a baixas densidades) quando implantadas com uma

densidade alta, apresenta como resultado um espaço urbano desagradável e

uma qualidade de vida obviamente baixa.

Se fossem colocados blocos de apartamentos (tipologia para altas

densidades) em densidades baixas, a qualidade de vida não seria alta, pois

poderia haver dificuldades de se manter os espaços vazios entre os blocos,

resultando em áreas urbanas pouco agradáveis.

Segundo Martine (1996, p.122):

A qualidade do espaço urbano se prende a um conjunto

complexo de fatores ligados não apenas à tipologia da

construção como ao meio ambiente interno e externo,

apoiados em equipamentos sociais e urbanos próximos,

e nas redes de infra-estruturas e serviços

correspondentes. E deve estar dentro das possibilidades

de desempenho da população, nas suas condições

econômicas e culturais específicas.

O outro problema levantado contra a qualidade de vida em

densidades altas é a perda de privacidade e a existência de conflitos

decorrentes de gostos e costumes de vida variados, desenvolvidos pelos

habitantes dos blocos habitacionais. Mas com desenhos técnicos adequados

podem ser atingidos padrões altos de qualidade dos espaços, inclusive em

termos de privacidade, embora isso possa resultar em custos elevados. Nestas

condições, a análise do custo do espaço urbano e suas variações em função

das densidades têm uma particular importância, sendo um parâmetro

ponderável para condicionar decisões alternativas.

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34

2.7 Sinalização

A visão continua sendo o principal meio de percepção natural e

apreensão do mundo externo, porém, para Tuan (1980, p.7), os outros

sentidos perderam um pouco de habilidade, apesar de, potencialmente, serem

tão eficazes quanto a visão no sentido perceptivo.

O próprio processo evolutivo humano e o fato da potencialidade

sensorial ser pouco explorada fazem com que haja um menor contato do

homem com o meio e, muitas vezes, esse contato tem pouco de autêntico.

Uma paisagem, um aroma ou um som, por exemplo, podem levar

alguém a relembrar um fato do passado, uma lembrança da infância ou

qualquer outra coisa.

A sinalização, como signo, deve ser uma “instrução para

interpretação (...) um mecanismo que, de um estímulo inicial, conduz a todos

os seus sentimentos, idéias e memórias mais remotas e conclusivas” (ECO,

1991, p.32). Logo, ela pode servir como um catalisador de sensações.

A sinalização de orientação faz parte do conjunto de sinalização de

indicação de trânsito. Assim, deve seguir os mesmos objetivos e princípios

fundamentais, com vistas a garantir a eficiência e a segurança do sistema

viário para os usuários das vias urbanas e rurais.

A finalidade da sinalização é orientar os usuários, direcionando-os e

auxiliando-os a atingir os destinos pretendidos. Dessa forma, para garantir sua

homogeneidade e eficácia, é preciso que seja concebida e implantada de

forma a assegurar a aplicação dos objetivos e princípios básicos descritos a

seguir.

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35A elaboração de planos e projetos de sinalização requer a

compreensão das políticas de desenvolvimento existentes, principalmente

aquelas relativas ao planejamento regional e urbano.

O macroplanejamento objetiva interferir no processo de crescimento

de uma região ou cidade, sendo importante ferramenta a ser avaliada. Ele

permite a inserção do plano ou projeto de sinalização em conformidade com as

diretrizes de desenvolvimento para o local. As decisões do projeto de

sinalização devem contribuir para a evolução desse planejamento e, ao

mesmo tempo, estimular e valorizar as metas que se deseja alcançar.

É preciso observar as políticas de desenvolvimento do local a ser

sinalizado, levando em consideração os seus planos diretores, regionais,

turísticos e de preservação, as leis de zoneamento, as limitações ambientais e

a oferta de infra-estrutura, bem como a organização institucional e seu reflexo

na integração das atividades de planejamento regional e urbano. Essas

políticas devem ser incorporadas à análise inicial, de modo a evitar o conflito

entre a solução adotada na sinalização e as diretrizes estabelecidas. Há de se

considerar, ainda, que cada situação apresenta condições específicas, com

elementos próprios que induzem à procura de solução adequada.

Segundo Petrochi (2001, p.75):

A avaliação das questões urbanas é a mais complexa,

por tratar-se de uma situação em permanente mudança,

uma vez que está ligada às características

socioeconômicas, culturais e políticas da sociedade.

Nessa avaliação, também devem ser considerados a lei

de uso do solo e os sistemas viário e de transporte, que

revelam as especificidades dos deslocamentos e

estabelecem os trajetos, ordenando a utilização das vias

e calçadas. A compreensão global da cidade, bem como

das necessidades básicas de sua população, também é

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36condição essencial a ser avaliada e preservada. Assim, é

preciso que as atividades turísticas inseridas nesse meio

sejam incorporadas à dinâmica local existente.

Utilizando o Sistema Viário de Acesso, até atingir o destino

pretendido em um determinado local, moradores e visitantes assumem várias

modalidades de deslocamento durante o trajeto, uma vez que as condições de

circulação são transitórias. Assim, num certo momento são motoristas, noutro

passageiros e depois pedestres. A mudança de papéis desperta interesses

diferentes: de fluidez no tráfego, de facilidade para estacionamento e de

segurança ao caminhar pelas vias.

Com base na análise dessas variáveis, é possível identificar os

mecanismos que determinam a seleção dos melhores trajetos que constituirão

os futuros caminhos e circuitos, permitindo a proposição de alternativas e

soluções.

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37

Abaixo, demonstram-se alguns exemplos de

sinalização propostos pela EMBRATUR, IPHAN e DENATRAN.

Figura 1 – Pictogramas - Cachoeira – Patrimônio natural – Gruta – Turismo

rural

Fonte: EMBRATUR/IPHAN/DENATRAN (2001)

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Figura 2 – Pictogramas – Estância hidromineral – Arquitetura religiosa –

Arquitetura militar – Arquitetura histórica

Fonte: EMBRATUR/IPHAN/DENATRAN (2001)

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Figura 3 - Teatro – Convenções – Artesanato – Zoológico

Fonte: EMBRATUR/IPHAN/DENATRAN (2001)

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40Figura 4 – Pictogramas - Borracharia – Abastecimento – Pronto Socorro –

Serviço Sanitário

Fonte: EMBRATUR/IPHAN/DENATRAN (2001)

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41Figura 5 – Setas

Fonte: EMBRATUR/IPHAN/DENATRAN (2001)

2.7.1 Estratégia de Sinalização

Diagnóstico envolvendo:

Ø Macroanálise e microanálise.

Ø Critérios para seleção do Sistema Viário de Acesso para veículos.

Ø Critérios para seleção do Sistema Viário de Acesso para pedestres.

Ø Critérios para seleção do Sistema Referencial Turístico.

Ø Definição da estratégia de sinalização.

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42

2.7.2 Plano Funcional

Ø Aplicação da estratégia de sinalização definida;

Ø Ordenamento dos referenciais turísticos hierarquizados no Sistema

Viário de Acesso, atribuindo às mensagens nos links de cada via, até

atingir os destinos selecionados;

Ø Compatibilização da localização e das mensagens a serem utilizadas

nas placas de direção e interpretativas para pedestres.

2.7.3 Projeto de Sinalização

Ø Elaboração dos projetos, com base no plano funcional;

Ø Critérios para seleção das mensagens;

Ø Detalhamento das placas de orientação direcionais e interpretativas;

Ø Critérios para implantação das placas de orientação, direcionais e

interpretativas.

2.7.4 Estratégia da sinalização de orientação

Para estabelecer uma sinalização de orientação funcional e turística,

objetivando compor um sistema que atenda o maior número possível de

deslocamentos dos usuários, motorizados ou a pé, com informações em

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43diferentes níveis de abrangência, é necessária a identificação de elementos

básicos que permitam a eficiente comunicação com esses usuários.

É nesse momento que o planejamento, em seu âmbito regional e

urbano, envolvendo inclusive os aspectos mais específicos do local, passa a

ser fundamental para a definição da estratégia de sinalização.

A estratégia de sinalização é basicamente a definição de como

pedestres e usuários de veículos podem utilizar a infra-estrutura local, para

atingir os atrativos existentes por meio da escolha dos melhores trajetos.

Partindo-se da abrangência e do conhecimento que a população tem desses

atrativos, é possível selecioná-los e hierarquizá-los.

A definição da estratégia de sinalização considera duas etapas

básicas de desenvolvimento:

Ø diagnóstico da situação existente, englobando o levantamento e a

análise das informações essenciais da região, do município e do local

de intervenção;

Ø definição da lógica a ser adotada, a partir do conhecimento e da análise

das condições existentes, fundamentadas na etapa anterior. O esquema

de sinalização de orientação deve contemplar a melhor forma para

atender às necessidades de informações sobre a região, as cidades e

os atrativos turísticos.

Por meio da sinalização são oferecidas as informações que

substanciam o senso de posicionamento e o reconhecimento espacial, alem de

serem supridas as necessidades básicas de orientação para deslocamentos

em territórios desconhecidos.

A linguagem pictográfica, a cor padronizada internacionalmente e a

articulação com a sinalização indicativa em geral, tudo isso são elementos que

destacam as atrações turísticas locais e regionais e, ao mesmo tempo, tornam

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44mais racional o caminho para cada uma delas independentemente da origem e

do idioma do turista, nacional ou estrangeiro.

2.8 Iluminação

A iluminação pública é essencial para a qualidade de vida da

comunidade. É de fundamental importância para o desenvolvimento social e

econômico dos municípios e constitui-se num dos vetores importantes para a

segurança pública dos centros urbanos no que se refere ao tráfego de veículos

e de pedestres e à prevenção da criminalidade. Além disso, valoriza e ajuda a

preservar o patrimônio urbano, embeleza o bem público, e propicia a utilização

noturna de atividades como: lazer, comércio, cultura e outras. Assim, a

importância deste trabalho para os municípios de pequeno a médio porte está

no gerenciamento de todo o serviço da iluminação pública, no controle

eficiente e na manutenção do parque instalado.

Segundo Barbosa e Almeida (1998, p.53):

Predominam hoje, em nossas vias públicas, as lâmpadas

de vapor de mercúrio (VM) nas potências de 80, 125, 250

e 400 Watts. Já as lâmpadas de vapor de sódio de alta

pressão (VSAP), substituem gradualmente as VM de

maior potência, principalmente em trevos rodoviários,

cruzamentos de vias, grandes avenidas e acessos a

rodovias. A utilização dessas lâmpadas deverá ser

intensificada com a cogitada introdução das VSAP de 75

W em novos loteamentos onde, até então,

predominavam as VM de 80 e 125 W. As potências

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45usuais das VSAP são 50, 70, 150, 250, 350/360 e 400

W.

As lâmpadas de vapor de mercúrio se destacam por seu bom

rendimento cromático e vida útil bem mais longa que a das incandescentes.

Mostram-se ainda atrativas pelo seu custo inicial relativamente baixo, mas

deixam a desejar quanto ao rendimento luminoso (BARBOSA; ALMEIDA,

1998).

As lâmpadas de vapor de sódio de alta pressão, de cor dourada,

podem causar alguns problemas de reprodução de cores. Devido a sua longa

vida útil e alta eficiência luminosa (o dobro das VM), tornam-se, inicialmente,

boa opção para a iluminação de estradas, grandes praças e cruzamentos.

Atualmente, começa-se a cogitar sobre o seu emprego também em novos

bairros residenciais (BARBOSA; ALMEIDA, 1998).

As lâmpadas de vapor de sódio de baixa pressão, apesar de seu

espectro quase monocromático (luz amarela) surgem como uma opção

extremamente vantajosa numa época em que já mergulhamos, de forma óbvia,

numa emergente crise energética, pois, além de possuírem vida útil longa, são

dotadas de altíssimo rendimento luminoso (BARBOSA; ALMEIDA, 1998). Elas

podem ser empregadas em qualquer logradouro público onde a reprodução de

cores não seja um fator primordial. A altíssima eficiência luminosa, a baixa

sensação de ofuscamento e o fluxo praticamente constante ao longo de sua

vida útil, tornam essas lâmpadas uma opção muito atraente.

Duas regras básicas qualificam os bons sistemas de iluminação

pública:

Ø Iluminar demais não é sinônimo de iluminar bem;

Ø O bom sistema de iluminação é aquele onde não se vê a fonte

luminosa, mas apenas o objeto iluminado.

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46Irrefutavelmente, a grande maioria dos dispositivos para iluminação

instalados em todo o mundo, burla pelo menos um dos princípios acima

(BARBOSA, 2000).

Os sistemas de iluminação pública fazem uso, basicamente, de

quatro tipos de luminárias, como demonstra Barbosa (2000, p.46-47):

Ø A luminária aberta estampada (opcionalmente com tela protetora) abriga

lâmpadas VM de 80 e 125 W, VS de 50 e 70 W, e incandescentes de

100 a 200 W. A luminária aberta possui dimensões insuficientes para

abrigar adequadamente a lâmpada. Normalmente a lâmpada ultrapassa

os limites da luminária, ficando parcialmente exposta. Desta forma,

emite luz acima da horizontal, e pode ser vista a grandes distâncias. Em

certos casos, a luminária aberta é provida de uma aba acrílica leitosa,

fixada em sua borda por meio de parafusos, o que constitui aspecto

meramente estético. Esta luminária poderia ser otimizada, se a peça de

acrílico fosse substituída por uma aba de alumínio com largura não

inferior a 5 cm. Esta modificação permitiria a geração de um cone

luminoso descendente e uma concentração maior de luz na área

desejada: o pavimento do logradouro. Com um melhor aproveitamento

da luz global irradiada, poderiam ser usadas lâmpadas com potência

inferior, com a manutenção do nível de iluminação. Em termos práticos,

as VS de 50 e 70 W substituiriam, respectivamente, as VM de 80 e 125

W. A alegação de que tal aba limitaria o alcance do cone luminoso é

falsa.

Ø A luminária estampada fechada possui refrator prismático (globo) de

vidro boro-silicato, e recebe lâmpadas VM e VS de 250 a 400 W. O

grande inconveniente da luminária fechada é o globo, que age como

uma fonte secundária de luz. É enorme o desperdício de energia nos

dispositivos que usam este tipo de refrator, pois os raios de luz são

lançados em quase todas as direções. Além disso, as características

intrínsecas do vidro boro-silicato concorrem para que boa parte da luz

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47que o atravessa seja absorvida. Nesse caso, o refrator prismático

deveria ser substituído por um envoltório de alumínio, que poderia

sustentar, próximo de sua abertura, uma lente plana de vidro

transparente. Como no caso anterior, devido ao redirecionamento do

fluxo luminoso, agora concentrado sobre o pavimento, poderiam ser

utilizadas potências inferiores, mantendo-se o nível de iluminação do

logradouro. Desta forma, as VM de 250 e 400W seriam substituídas por

VS de 150 e 250 , respectivamente.

Ø A luminária fechada tipo pétala, com lente plana de vidro temperado, é

usada em menor escala, principalmente por ser de custo mais elevado.

Abriga lâmpadas VM ou VS com potências a partir de 250 W. A

luminária pode conter de uma a duas lâmpadas. É instalada em centros

urbanos de maior porte.

Ø A luminária esférica ornamental, amplamente utilizada em praças e

jardins, é algo absolutamente inadmissível nos dias atuais. Além de

perdulária em potencial, cumpre muito mal o papel de iluminar, porque

irradia em todas as direções, incluindo a zenital. Devido às grandes

dimensões e formato de seus refratores, o que as tornam evidentes e

acessíveis a grandes distâncias, tanto as luminárias ornamentais quanto

as fechadas com refratores proeminentes têm sido alvos preferenciais

dos vândalos. Em consequência, necessitam de frequentes

manutenções que, quase sempre, resultam na substituição de todo o

conjunto.

O modelo ideal de luminária é aquele onde o cone de luz é

descendente e nenhum raio luminoso incide acima do plano horizontal que

contém a borda da luminária. Apenas a luminária tipo pétala, com lente plana,

aproxima-se deste modelo ideal.

Uma ótima opção para praças e jardins é a luminária montada com

uma ou duas pétalas, em postes de 3 a 4,5 metros de altura. Ela possui

refletor em chapa de alumínio de alto brilho e difusor de vidro temperado plano

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48e transparente. A luminária Starlite com refletor multiflector, corpo em alumínio

anodizado e lente plana de cristal temperado é um exemplo (BARBOSA,

2000).

Em 1992, o sistema de iluminação pública de Los Angeles

sustentava 225000 lâmpadas alojadas em luminárias obsoletas. Desde então,

apenas luminárias full-cutoff têm sido instaladas na cidade e, sempre que

possível, os antigos conjuntos são substituídos pelos novos modelos

(BARBOSA, 2000).

Como metas imediatas para solucionar o problema da poluição

luminosa, sugere-se a anulação do ângulo vertical nos braços das lâmpadas e

a conversão das luminárias para o tipo full-cutoff, seja por adaptação, seja por

substituição. A médio prazo, um estudo meticuloso sobre a viabilidade de

aplicação das lâmpadas VS de baixa pressão também é recomendável.

2.9 Arquitetura inclusiva

Em termos do espaço público - vias urbanas, edificações e

transportes - a aplicação do conceito de Desenho Universal é especialmente

importante. Como cidadão, seja o usuário portador de alguma limitação ou

não, deverá ter assegurado seu direito de ir e vir livremente, bem como

interagir com os equipamentos disponíveis ao público.

Do ponto de vista econômico e social, é de interesse do Estado o

incentivo à eliminação de barreiras arquitetônicas e a um meio ambiente

integrador, que permita o desenvolvimento e produção de todo indivíduo. As

previsões são de que, com o avanço da Medicina, multiplique-se o número de

pessoas que sobrevivem em condições incapacitantes. Também quanto à

média de vida, estima-se que até o ano 2030, 20% da população em termos

mundiais, terá idade superior a 65 anos (MANTOAN, 1997).

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49Diversos aspectos contribuem na instalação de um entorno mais

adequado. A situação sóciopolítica de cada região e a consciência de que

todos têm “direito à cidade” interferem na facilitação de qualquer ação pró-

acessibilidade. É fundamental o suporte em termos de legislação e

normatização, o desenvolvimento e a busca de consenso nessas áreas, de

forma a fortalecer o cumprimento dos avanços e diretrizes instituídos.

Apesar de muitos avanços pontuais, o espaço físico de nossas

cidades segue sendo um determinante fator de exclusão social.

É devido à inadequação das vias urbanas, calçadas e transportes

coletivos, que o indivíduo com mobilidade reduzida, tem muitas vezes seu

acesso impedido à escola e demais ambientes públicos. O entorno urbanístico

costuma apresentar barreiras e não há transporte público acessível adequado

(MANTOAN, 1997).

Há em andamento no momento, programas para implantação de

rampas de acesso nas travessias, em diversas cidades brasileiras, tanto de

grande como de pequeno porte, dentre elas: Rio de Janeiro, São Paulo, Belo

Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Recife, Fortaleza, Natal, Campo

Grande, e inúmeras cidades no interior dos estados.

2.9.1 O exemplo do Rio de Janeiro

O caso do Projeto Rio Cidade, na cidade do Rio de Janeiro, está

analisado nesse trabalho, devido à sua expressão como obra de

transformação para acessibilidade.

O Rio contou com a oportunidade incomum de desenvolvimento e

aplicação de práticas que, no que se refere à acessibilidade, modificaram o

panorama do seu espaço urbano.

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50

Figura 6 - Rampas nas faixas de travessia de pedestres – Trechos Catete e

Bonsucesso

Fonte: Rio de Janeiro (2007)

Figura 7 – Piso tátil de orientação para deficientes visuais

Fonte: Rio de Janeiro (2007)

Fonte: Rio de Janeiro (2007)

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51

Figura 8 – Conjunto de mesas acessíveis – Ipanema - RJ

Fonte: Rio de Janeiro (2007)

Figura 9 – Faixa de orientação – Praça da Cinelândia

Fonte: Rio de Janeiro (2007)

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52

Figura 10 – Piso de alerta – Laranjeiras - RJ

Fonte: Rio de Janeiro (2007)

Ao término da implantação do Projeto Rio Cidade, já se percebia o

aumento expressivo, principalmente de pessoas em cadeiras de rodas nas

ruas, nas áreas remodeladas, agora acessíveis. Com o passar dos anos, esse

trânsito aumentou, como se a acessibilidade fosse incorporada gradativamente

ao dia-a-dia das pessoas para as quais é pré-requisito necessário para que a

vida possa acontecer com dignidade.

No entanto, a acessibilidade está sujeita a dinâmicas e modificações

incessantes. Qualquer sítio tornado acessível não pode ser considerado

definitivamente como tal. Há fatores externos que interferem indefinidamente e

que devem ser mantidos sob vigilância. É necessária a manutenção

continuada para garantia de que todas as adaptações e equipamentos

permaneçam íntegros e eficientes, e para se facilitar essa conservação, há que

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53se estimular a cooperação popular. Isso só acontecerá através da

conscientização e educação.

O Brasil é um país enorme, ainda em desenvolvimento, imerso em

grandes problemas econômicos e sociais. Neste contexto, é muitas vezes

difícil atentar-se para questões que podem soar requintadas, tais como

conforto ambiental e eliminação de barreiras arquitetônicas.

.

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54

CAPÍTULO III

A IMPORTÂNCIA DO PLANO-DIRETOR

“O Plano Diretor é o instrumento básico da política de

desenvolvimento do Município” (BONDUKI, 2003, p.29). Sua principal

finalidade é orientar a atuação do poder público e da iniciativa privada na

construção dos espaços urbano e rural na oferta dos serviços públicos

essenciais, visando assegurar melhores condições de vida para a população.

Durante o processo de elaboração do plano diretor, os planejadores

urbanos, representados por profissionais de várias áreas, como engenheiros,

arquitetos e urbanistas, economistas, sociólogos, geógrafos, juristas,

estatísticos, biólogos, analisam a realidade existente do município e, com a

participação da sociedade civil, representada por comerciantes, agricultores,

associações de moradores, ongs e movimentos sociais, propõe novos rumos

de desenvolvimento do município, buscando-se alcançar a realidade desejada

por toda a população.

Desde 2001, a legislação brasileira exige que a elaboração e a

revisão de um plano diretor seja realizada de forma participativa e democrática,

por meio de debates públicos, audiências, consultas e conferências. Se não

houver participação da sociedade civil, o plano diretor pode ser invalidado.

3.1 – Propostas do plano diretor

O alvo de um plano diretor é fazer a vida urbana mais confortável,

aproveitável, segura, além de fornecer um terreno propício ao crescimento

econômico da cidade. Um plano diretor inclui quase sempre instalações de

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55transporte público, bem como áreas de recreação, escolas e facilidades

comerciais.

Um plano diretor recomenda como o terreno da cidade deve ser

usado. O plano geralmente divide a comunidade em secções separadas para

casas e edifícios de apartamentos, comércio, indústria e áreas para

instalações públicas. A altura-limite das estruturas também é delimitada, sendo

que geralmente o centro financeiro possui os maiores limites. Pode-se permitir

apenas a construção de pequenas casas em um dado bairro, enquanto em que

outro, permite-se a construção de prédios de apartamentos e de casas

geminadas.

Um plano diretor também pode pedir a demolição de prédios em

uma dada região e regular os tipos de serviços a serem oferecidos dentro de

uma dada região, permitindo, por exemplo, a presença de pequenas indústrias

e estabelecimentos comerciais, mas proibindo grandes indústrias. Alguns

planos podem permitir o desenvolvimento de áreas de uso mistos, com uma

combinação de indústrias, comércio e residências.

Além disso, um plano diretor também sugere meios de melhorar a

aparência e a beleza da comunidade, com a construção de parques, grandes

avenidas e centros cívicos. Outros serviços públicos como a criação ou a

expansão do sistema de saneamento básico e vias públicas (tais como ruas e

vias expressas) também podem ser incluídos.

“Planejadores urbanos, desde o século XIX, preocupam-se muito

com o a aparência de uma cidade, embora atualmente preocupam-se mais

com problemas econômicos e sociais” (BONDUKI, 2003, p.31). Planos

diretores podem incluir também propostas para um melhor crescimento

econômico, educação e assistência social para os necessitados.

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56

CONCLUSÃO

O processo de urbanização influencia o meio ambiente, assim como

também é influenciado por este. No processo de planejamento urbano,

questões ambientais são importantes, pois é possível prever usos e impactos e

fazer um zoneamento da região de forma que cada atividade interfira o mínimo

possível nas atividades vizinhas e no meio ambiente. Levar as condições

ambientais em consideração ajuda na preservação dos recursos naturais e da

capacidade de o ambiente se recuperar dos danos causados pela urbanização,

além de proporcionar um bem-estar maior à população.

A maior parte da população de uma comunidade tende a apoiar os

objetivos dos planejadores urbanos, mas uma minoria criticam os métodos

usados para o alcance desses objetivos.

Alguns críticos argumentam que planejadores urbanos se importam

primariamente com a estética e com o comércio da cidade, ao invés de se

concentrar em propostas para a solução de problemas sociais como trânsito ou

poluição, ou que certos planos tendem a aumentar problemas sociais já

existentes, como, por exemplo, a autorização de construção de parques e

prédios de apartamentos de luxo, que muitas vezes substituem residências de

baixo custo.

Mesmos os críticos dividem-se: uns acreditam que certos

planejadores urbanos põem ênfase demais no futuro das cidades, e não o

suficiente para a solução de problemas sociais já existentes, e outros criticam

planejadores urbanos que buscam solucionar tais problemas a curto prazo.

Planejadores urbanos precisam de duas coisas para fazer seus

projetos saírem do papel, e sejam realizados na prática: suporte e dinheiro.

Ambos vêm das autoridades que suportam os planejadores urbanos, sendo o

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57dinheiro, indiretamente, pelos impostos, vindos da população da cidade a ser

afetada por tais planos.

Grande oposição pública pode fazer com que as autoridades

municipais ou governamentais recusem-se a suportar um dado plano diretor.

Oposição pública acontece porque ou grande parte da população acha que tal

plano irá beneficiar apenas uma pequena parcela da população da cidade ou

que sairá caro demais para cidade, seja em termos econômicos ou culturais

(ex: demolimento de patrimônios históricos, etc).

Por outro lado, se um plano diretor inclui propostas para a solução

ou minimização de certos problemas das vias urbanas, tal plano geralmente

tende a receber maior apoio da população. Isto inclui a proposta de melhorias

na infra-estrutura viária, tais como iluminação, sinalização, arborização,

zoneamento, vistoria aos imóveis, implantação de um modelo de arquitetura

inclusiva, dentre outros.

Tais ações trazem benefícios à população como um todo,

conduzindo a uma melhor qualidade de vida.

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58

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61

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

QUALIDADE DE VIDA 10

CAPÍTULO II

QUALIDADE DE VIDA EM VIAS URBANAS 17

2.1 – Infra-estrutura das vias urbanas 17

2.2 – Estética 24

2.2.1 – A importância dos parques urbanos 26

2.3 – A questão da arborização 27

2.4 – Segurança 28

2.5 – Transportes 29

2.6 – Construção e manutenção das edificações 30

2.6.1 – Zoneamento 31

2.7 – Sinalização 34

2.7.1 – Estratégia de Sinalização 41

2.7.2 – Plano Funcional 42

2.7.3 – Projeto de Sinalização 42

2.7.4 – Estratégia da sinalização de orientação 42

2.8 – Iluminação 44

2.9 – Arquitetura inclusiva 48

2.9.1 – O exemplo do Rio de Janeiro 49

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62CAPÍTULO III

A IMPORTÂNCIA DO PLANO-DIRETOR 54

3.1 – Propostas do plano-diretor 54

CONCLUSÃO 56

BIBLIOGRAFIA 58

ÍNDICE 61

FOLHA DE AVALIAÇÃO 63

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63

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição:

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

Título da Monografia:

POLÍTICAS PÚBLICAS E A QUALIDADE DE VIDA EM ÁREAS DE USO

COLETIVO

Autor:

LUIZ MAURÍCIO DOS PASSOS PEDROSA

Data da entrega: 04/08/2009

Avaliado por: Conceito: