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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADU AÇÃO ”LATO SENSU“ PROJETO A VEZ DO MESTRE INTERVENÇÃO DE TERCEIROS Apresentação de monografria à Universidade Cândido Mendes, Projeto a Vez do Mestre, como condição prévia para conclusão do Curso de Pós - Graduação “ Lato Sensu “ em Processo Civil. Por: Macilene Marinho da Silva

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … MARINHO DA SILVA.pdf · Luiz Rodrigues Wambier Curso Avançado de Processo Civil, editora revista dos tribunais volume I, 7ª edição,

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO ”LATO SENSU“

PROJETO A VEZ DO MESTRE

INTERVENÇÃO DE TERCEIROS

Apresentação de monografria à Universidade

Cândido Mendes, Projeto a Vez do Mestre,

como condição prévia para conclusão do

Curso de Pós - Graduação “ Lato Sensu “ em

Processo Civil.

Por: Macilene Marinho da Silva

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO ”LATO SENSU“

PROJETO A VEZ DO MESTRE

INTERVENÇÃO DE TERCEIROS

Por: Macilene Marinho da Silva

Orientador

Prof. Jean Alves Pereira Almeida

Rio de Janeiro 2006

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, ao escritório Fragata e

Antunes Advogados Associados que contribuiu,

de forma diretamente e indiretamente para a

realização deste curso, ao corpo docente do

Projeto “ A vez do Mestre “ especialmente ao

professor Jean Alves Pereira Almeida pela

dedicação, paciência com os alunos e a todos

os membros desta instituição.

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao escritório Fragata e

Antunes Advogados Associados que durante o

período da especialização e nos momentos

difíceis, me incentivou e mostrou o caminho

certo a percorrer para o meu sucesso

profissional.

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METODOLOGIA

A presente monografia tem como escopo principal a Intervenção de

Terceiros com predominância descritiva.

As principais fontes de pesquisas foram a parte bibliográficas estudadas

em matéria de Processo de Civil, com ênfase em Intervenção de terceiros.

Na parte específica temos as principais hipóteses de Intervenção de

Terceiros, sendo levantado os melhores processualistas neste assunto.

No que se refere a metodologia aplicada foi coletado as opiniões de

vários doutrinadores, dentre eles: Luiz Rodrigues Wambier, Alexandre Freitas

Câmara, Luiz Guilherme Marioni, Sérgio Cruz Arenhart, Carlos Eduardo de

Matos Barroso, José Carlos Barbosa Moreira, Código de Processo Civil ,

várias jurisprudências de vários tribunais dentro do território nacional o Ilustre

Humberto Theodoro Júnior.

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SUMÁRIO

Introdução

Intervenção de terceiros

1. Conceito

2. Espécies de Intervenção de Terceiros

2.1.Oposição

2.1.1. Procedimento

2.2.Nomeação à Autoria

2.2.1. Procedimento

2.3.Denunciação a Lide

2.3.1. Procedimento

2.4.Chamamento ao Processo

2.4.1. Procedimento

2.5. Intervenção Anômala

2.6.Recurso do Terceiro Prejudicado

2.7.Conclusão

Bibliografia

Anexo

Índice

07

10

10

11

20

24

25

29

30

44

46

52

52

54

65

66

67

87

7

Introdução

O presente trabalho irá abordar, segundo a visão de cinco

doutrinadores, o tema Intervenção de Terceiros. Dentro do assunto,

inicialmente será trazido o conceito de terceiro e qual a posição desta relação

jurídica processual. È o terceiro parte? Este se torna parte no momento de seu

ingresso na lide?

Elencando também o interesse que cada interveniente tem na demanda

a qual pretende intervir, é por conta deste interesse é que foi dado as diversas

espécies de Intervenção de Terceiros.

A exemplo disso, para aqueles que possuem interesse na solução do

litígio, uma vez que a sentença irá intervir diretamente ou indiretamente na sua

vida, deu-se ensejo a espécie de intervenção denominada de Assistência. Para

aqueles que intervêm na demanda apenas para regularizá-la, indicando que

não é parte legítima para aquele litígio, deu-se ensejo a espécie de Nomeação

a Autoria.

Insta ressaltar, que para cada espécie de intervenção existe o

procedimento processual a ser efetivado pelo interveniente, em que poderá ser

admitido ou não o seu ingresso no ingresso nos autos.

Serão também trazidas, as questões controvertidas em que cada autor

traduz seu posicionamento no tocante as espécies de intervenção. Importando

frisar que há entendimentos de que certas intervenções não teriam

efetivamente este condão.

Por fim será demonstrado, uma espécie de intervenção criada pela Lei

9.469/97, denominada Intervenção Anômala, que apenas um dos doutrinadores

faz menção, e trata da questão sobre o qual recaem inúmeras dúvidas dando

ensejo a lacunas.

8

O objetivo deste trabalho é mostrar aos que predizer, que através de

pesquisas, foram elaborados relatórios expondo-se o posicionamento de cada

doutrinador diante de determinada questão, fim de que ao final se possibilite

obter um conhecimento mais profundo e detalhado acerca do tema e seus

desdobramentos.

9

Resumo

Antes de se iniciar o estudo a respeito da Intervenção de

Terceiros, é preciso elucidar que a relação jurídica processual é constituída por

partes que figuram no pólo ativo e no pólo passivo. Instaura-se a referida

relação jurídica, em princípio, com o oferecimento, pelo autor, de uma

pretensão, que por sua vez será apreciada pelo Estado – Juiz, este irá verificar

se aquela pretensão possui condições de prosseguir, determinando, através de

despacho liminar de admissibilidade, a citação do réu.

Eventualmente, o processo pode ser formado por outros sujeitos,

não correspondentes a tais posições (autor e réu) e não redutíveis, por vezes,

a nenhuma daqueles pólos e é exatamente neste cerne que pode se constatar

o surgimento de terceiros, sujeitos que ingressam no processo por terem, de

alguma forma, interesse na solução da demanda.

Em respeito a este interesse o Ordenamento jurídico vigente

autoriza o ingresso de terceiros no processo já instaurado, seja no intuito de

compor o litígio, ou seja, porque estes terceiros podem ser atingidos de

maneira direta em sua esfera jurídica pela decisão judicial, ou apenas eles

podem vim a ser tornar parte da relação jurídica, ou até mesmo permanecendo

como terceiro na relação jurídica.

Podendo também, ocorrer, a intervenção em processo alheiro, sempre

sendo ligado a uma previsão legal.

Deste modo, é necessário que seja demonstrado o entendimento

de alguns doutrinadores no cerne do conceito de terceiro interessado.

10

INTERVENÇÃO DE TERCEIROS

1. CONCEITO

Segundo o entendimento de Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz

Arenhart ( Manual do Processo de Conhecimento, 2ª edição: revista dos

tribunais. Pág. 185. “ será parte no processo aquele que demandar em seu

nome ( ou em nome de que for demandado ) a atuação de uma ação de direito

material e aquele outro em face de quem essa ação deva ser atuada” . Já

terceiro interessado será, por exclusão, aquele que não efetivar semelhante

demandada no processo, mas, por interesse próprio na solução do conflito, é

autorizado a dele participar sem assumir a condição de parte.

Alexandre Freitas Câmara, Lições de Direito Processual Civil Editora

Lúmen Júris 11ª edição, pág.183 entende que “ é terceiro quem não é parte.

Assim, num processo em que são partes caio e Tício, serão terceiros todas as

demais pessoas que não estes dois “. Podemos também definir a intervenção

de terceiro como o ingresso, como um ingresso no processo de quem não é

parte“.

Luiz Rodrigues Wambier Curso Avançado de Processo Civil, editora

revista dos tribunais volume I, 7ª edição, pág. 160 conceitua “ Terceiro é todo

aquele que não for parte “

Observa ainda que o terceiro torna-se parte no momento em que

intervém.

Carlos Eduardo de Mattos Barroso Teoria Geral do Processo de

Conhecimento e Processo de Conhecimento, editora Saraiva, 3ª edição, pág.

85; entende de modo objetivo, “ como sendo o ingresso no processo de

terceiro, estranho à relação originária entre autor e réu, estabelecendo uma

nova relação jurídica secundária, autônoma e independente daquela que lhe

deu origem”.

11

2 – ESPÉCIES DE INTERVENÇÃO DE TERCEIROS

Ao fazer a abordagem das espécies ou modalidades de Intervenção

de Terceiros, observa-se que existe uma lacuna deixada pela Lei, que contudo

os doutrinadores são pacíficos a porem fim nesta questão.

Percebe-se de plano, que o Código de Processo Civil, em seus arts.

56 à 80, elencam quatro espécies, qual sejam:

2.1. - Oposição;

2.2. - Nomeação à autoria;

2.3 - Denunciação a Lide;

2.4 - Chamamento ao Processo.

Deixando de incluir a Assistência (art. 50 CPC) e o Recurso de

Terceiro Prejudicado (art. 499 CPC). É nesta será cabível algumas elucidações

para então prosseguir o estudo do tema.

Esses dois itens tratam-se de espécies de Intervenção de Terceiros

porque, o primeiro, quanto a Assistência Simples, o assistente ingressa na

relação jurídica pelo fato de que a decisão a ser proferida irá diretamente

atingi-lo, sendo permitido a este atuar como coadjuvante em um dos pólos,

auxiliando-os, e segundo, o Recurso de Terceiros Prejudicado, pelos mesmos

motivos, ou seja, que a decisão lhe acarreta prejuízo, contudo, este terceiro

não interveio no processo antes, pretendendo fazê-lo em sede recursal.

Constatou-se que alguns autores abordam que as espécies de

Intervenção de Terceiros são divididas em dois grupos; Intervenção voluntária

ou espontânea e Intervenção forçada ou coacta. Nas Primeiras, a Intervenção

12do terceiros ocorre por ato de vontade, ingressando este no processo porque

pretende tomar parte da relação processual. É o que se tem na Assistência,

Oposição e Recurso do Terceiro Prejudicado.

Já as Intervenções forçadas são aquelas em que o ingresso do

terceiro é provocado, sendo requerido por alguma das partes originárias:

Denunciação a Lide, Chamamento ao Processo e Nomeação à autoria

Alexandre Freitas Câmara, lições de Direito Processual Civil, Editora Lumem

Júris, 6ª edição, pág. 16.

Adiante serão estudadas todas as espécies de Intervenção de

Terceiros segundo o que aduzem os doutrinadores já citados.

Luiz Guilherme Marioni e Sérgio Cruz Arenhart, Manual de Processo

de Conhecimento, pág 203 e 207, trata a assistência simples uma espécie de

intervenção de terceiro. Nela, um sujeito que se vê na contingência de ser

indiretamente prejudicado por uma sentença, é autorizado a ingressar no

processo em que ela será proferida para auxiliar as partes e , com isso tentar

evitar tal prejuízo. Trata-se de intervenção voluntária, que pode acontecer em

qualquer dos pólos da relação processual, tendo por objetivo a colaboração do

assistente à parte original, sendo por isso chamada de intervenção ad

coadjuvandum. Constitui-se, certamente, em forma exata de intervenção de

terceiros, uma vez que o assistente simples, mesmo depois de admitido a

ingressar no processo, não perde a condição de terceiro em face das partes e

do litígio. O assistente simples sempre será terceiro em relação ao litígio a ser

decidido, uma vez que não é titular da relação jurídica de direito material posta

em juízo. Justamente porque o direito em discussão não lhe pertence, ele não

pode ser atingido pela coisa julgada, mas apenas pelos efeitos reflexos da

sentença.

A característica marcante do assistente simples é seu caráter de

auxiliar. Esse auxílio se legitima, como visto, porque o resultado da causa pode

afetar reflexamente, o interesse jurídico do assistente. Por essa razão é

necessário que o assistente simples demonstre interesse jurídico para ser

13admitido a ingressar no processo. Em outros termos: Não basta um interesse

qualquer, que não possa ser qualificado como jurídico. A intervenção do

tabelião em processo que se discute a validade por ele elaborada revela

situação em que um terceiro ( no caso o tabelião ) possui interesse na

interpretação dos fatos e do direito colocados em litígio que lhe diga respeito

apenas indiretamente. Se nessa ação é postulada a anulação da escritura em

virtude de atuação dolosa sua, eventual sentença de procedência não lhe

afetará diretamente, pela simples razão de que não é parte na escritura. Note-

se que o réu, vencido na ação de anulação de escritura poderá propor ação

contra o tabelião.

Assistência é sempre admissível enquanto for viável o auxílio

prestado pelo terceiro interveniente. Vale dizer que, enquanto não transitar em

julgado a sentença, é cabível a assistência, em qualquer tempo e grau de

independentemente do tipo de procedimento a que se sujeita a causa.

Podemos citar sobre o tema:

Mandado de Segurança nº 112.345 – SP , Tr. Federal

Recurso – 1ª S. Relator: Ministro Otto Rocha “EMENTA:

Não sendo parte no feito, pode o terceiro prejudicado

fazer uso do mandado de segurança para impedir lesão a

direito seu, líquido e certo, provocada por decisão

judicial, mesmo quando seja esta passível de recurso.

(Trecho do Acórdão).

RESUMO DO ACÓRDÃO: Na verdade, o Plenário da

Suprema Corte consolidou esse entendimento através de

inúmeros julgados, dentre os quais trago dois à

colocação, onde o assunto foi exaustivamente debatido.

Eis o teor das respectivas ementas:

"Mandado de segurança impetrado por terceiro

prejudicado visando à cassação de decisão recorrível –

Possibilidade”.

14Não sendo parte no feito, pode o terceiro prejudicado

fazer uso do mandado de segurança para impedir lesão a

direito seu, líquido e certo, provocada por decisão

judicial, mesmo quando seja esta passível de recurso.

Não incidência, no caso, do art. 5º, II, da Lei nº 1.533/51

e a Súmula 267 (*). Precedente do STF: RE nº 89.191 -

SP. Recurso extraordinário não conhecido". (RE nº

81.983 - SP, RTJ 88/890).

" Mandado de segurança - Decisão recorrível - Terceiro

prejudicado”.

A restrição imposta pelo art. 5º, do inc. II, da Lei nº

1.533/51, consubstanciada também a Súmula do

Supremo Tribunal, Verbete 267 (*), não se aplica ao

terceiro prejudicado que não integrou a lide, sendo

irrelevante, no caso concreto, haverem os impetrantes

sido intimados da sentença, vez que os mesmos foram

excluídos da demanda por decisão proferida em

correição parcial.Recurso extraordinário não

reconhecido". (RE 80.191 - SP, RTJ 87/96).Ac. de 23-09-

1987,Revista do Tribunal Federal de Recursos - Outubro

1987 - Vol. 150 - Pág. 406, "Não cabe mandado de

segurança contra decisão judicial com trânsito em

julgado". ("EMFOR", Nº 191, t. MANDADO DE

SEGURANÇA, st. ATO JUDICIAL),

EMFOR 503/2001.

È assistente simples, porque ocupa posição subalterna em relação à

parte principal (assistida), não pode tomar posição contrária àquela adotada

pelo assistido.

Especialmente interessante se mostra a questão dos efeitos que

decorrem para o assistente em virtude de sua participação no processo. Como

se tem por certo não se sujeita ele a coisa julgada. Para disciplinar essa

15situação é que o Código de Processo Civil contempla o chamado efeito de

intervenção.

Figura semelhante à coisa julgada, o efeito de intervenção impede

ao assistente que discuta a decisão prolatada em eventual processo futuro,

tornando-a imutável para ele, assim como acontecerá em face do trânsito em

julgado, para parte. Vem esse efeito previsto no art. 55 do CPC.

Enquanto a coisa julgada apenas incide sobre o dispositivo da

sentença, o efeito de intervenção abrange também sua motivação, como se

tem por evidente da locução empregada pelo art. 55 do CPC, que proíbe o

assistente de discutir não só a decisão, mas também a justiça desta última. De

outra parte, porém, o efeito é mais restrito do que a coisa julgada, já que esta

não pode jamais ser afastada, ao passo que o efeito de intervenção cede se o

assistente alegar e provar que pelo estado em que recebera o processo, ou

pelas declarações e atos do assistido, fora impedido de produzir provas

suscetíveis de influir na sentença ou que desconhecia a existência de

alegações ou de provas, de que o assistido, por dolo ou culpa se valeu. “ O

nosso eminente Professor BARBOSA MOREIRA, com sua autoridade,

esclarece: "Quanto aos "efeitos" da sentença - que não se confundam com a

autoridade da coisa julgada - o Código reconhece, claramente, segundo revela

o exame sistemático, que eles são capazes de atingir a esfera jurídica de

terceiros, seja embora por via reflexa." (Comentários - Forense, V vol., pág.

200) para mais adiante, concluir que o dispositivo enfocado se aplicará nos

casos em que haja, na rescisão da sentença, interesse jurídico de pessoa que

não foi parte no feito anterior..." (...).

Alexandre Freitas Câmara, Editora Lumen Júris.Lições do Direito

Processual Civil vol 1, 11ª edição , pág. 185 define a “ assistência como uma

intervenção ad coadjuvandum, o que demonstra que, nesta modalidade de

intervenção, o terceiro ( assistente ) ingressa na relação processual com o fim

de auxiliar uma das partes originárias ( o assistido )”.

16

Assim é que, nos termos do art. 50 do CPC, “ pendendo uma causa

entre duas ou mais pessoas, o terceiro, que tiver interesse jurídico em que a

sentença seja favorável a uma delas,poderá intervir no processo para assisti-la

“. Autoriza, assim o dispositivo citado, que o terceiro, titular de interesse jurídico

na vitória de qualquer das partes, ingresse no processo como seu auxiliar, a

fim de assisti-la.

A assistência é cabível a qualquer tempo, e em qualquer grau de

jurisdição, podendo o assistente, pois, ingressar no processo em qualquer de

suas fases, e o recebendo no estado em que se encontra. É, porém,

incompatível com o processo de execução Gusmão Carneiro, Intervenção de

Terceiros. P. 115 “ É certo que a assistência será admitida nos embargos do

executado, mas este é processo de conhecimento autônomo. Contra,

entendendo cabível a assistência no processo executivo, embora sem

fundamentar, Barbi, comentários ao Código de Processo Civil, Vol. I, p. 174.

Assim como é inadmissível no processo dos Juizados Especiais Cíveis ( art 10

da lei 9.099/95 )

São duas as espécies de assistência, diferindo entre si pelo tipo de

interesse jurídico revelado pelo terceiro interveniente; Assistência Simples e

Assistência Qualificada.

Na Assistência Qualificada, o terceiro tem, no dizer do Código de

Processo Civil, relação jurídica com o adversário do assistido. Esta relação

jurídica referida no art. 54, não pe outra senão a própria res in iudicium

deducta. Explique–se: Na assistência qualificada o terceiro interveniente

também é titular da relação jurídica deduzida no processo, embora não tenha

parte da demanda Sendo porém uma relação jurídica plúrima, não se poderia

impedir que seus demais titulares ingressassem no processo, com o fim de

auxiliar aquele cuja vitória interessa.

17É de se notar que, a despeito da redação do art. 54 do CPC, o

assistente qualificado não é litisconsorte, mas mero assistente Tornaghi, em

Comentários ao Código de Processo Civil, vol. I, pa.231, entende que “ o

assistente qualificado é verdadeiro litisconsorte”. Não é litisconsorte, mas é

tratado como se fosse. Em outras palavras, o assistente qualificado não

adquire a posição de autor ( não podendo, por isso, formular pedido em seu

favor ) nem tampouco a de réu, mantendo-se como pessoa estranha a

demanda. Torna-se parte apenas no processo, podendo exercer as mesmas

faculdades que são outorgadas aos litisconsortes.

Na assistência simples, a intervenção não impede o assistido de

praticar atos dispositivos, como renúncia, desistência, outros equiparados ( art

53 do CPC ).

È aplicável apenas a assistência simples a regra contida no

parágrafo único do mesmo art 52, segundo o qual, revel o assistido o

assistente far-lhe-á as vezes de gestor de negócios. È fácil entender porque

este dispositivo não se aplica assistência qualificada. É que, sendo o assistente

qualificado tratado como se fosse litisconsorte, a ele se aplica, naturalmente, o

disposto no art. 320 I CPC.

Por fim nos termos do art. 55, transitada em julgado a sentença no

processo em que interveio o assistente, não poderá este discutir, em processo

posterior, a justiça da decisão, salvo, se alegar a exceptio male gesti

processus, ou seja, se alegar ( e provar ) que o assistido não atuou

corretamente no processo em que se deu a intervenção, tendo o assistente

recebido o processo em situação na qual não lhe era mais possível produzir

provas capazes de influir na sentença, ou que desconhecia a existência de

alegações ou provas de que o assistido, dolosa ou culposamente, não se

valeu.

18O art. 55 não trata da coisa julgada, mas sim da eficácia de

intervenção sobre a possibilidade de o assistente tornar a discutir a matéria que

compôs o objetivo do processo.

Na visão de Carlos Eduardo Ferraz de Mattos Barroso Teoria Geral

do Processo de Conhecimento e Processo de Conhecimento p. 85/88 , a

assistência tem seu cabimento sempre que o terceiro, estranho á relação

processual originária, cuja formação, tem interesse jurídico na vitória de uma

das partes da demanda e pretende auxiliá-la na busca uma sentença favorável.

O assistente intervém no processo para defender interesse jurídico próprio,

consiste justamente na existência de uma relação jurídica entre ele e uma das

partes e sua possível alteração pela decisão do processo.

É caso típico de assistência a aquisição de um objeto litigioso por

terceiro. Muito embora a alienação posterior a citação seja irrelevante para o

processo, tem o adquirente relação jurídica válida com alienante e essa pode

vir a ser atingida caso o assistido venha a obter sentença desfavorável.

Trata-se de intervenção voluntária, dependendo apenas da vontade

do assistente requerer seu ingresso no processo, e tem em qualquer tempo e

grau de jurisdição, recebendo o assistente o processo no estado em que se

encontra,

Existem duas modalidades de Assistência:

A primeira se dá o nome de assistência simples, possível sempre

que o assistente mantiver relação jurídica processual com o seu assistido.

A segunda denominada litisconsorcial e existirá sempre que a

relação jurídica embasadora do pedido de assistência existir entre assistente e

adversário do assistido. Nesses casos o assistente poderia ter sido parte, mas

não foi por opção do autor da ação.

19Parte da doutrina e da jurisprudência entende relevante tal distinção

para análise dos poderes do assistente no processo e para determinar a que

título intervém ele no processo.

Para esse posicionamento, o assistente simples tem atuação

meramente acessória da parte principal, não podendo opor-se a desistência da

ação (art. 53 CPC ).

Já o assistente litisconsorcial assumiria a qualidade de parte no feito,

não estando sujeito às restrições contidas no referido artigo, sendo lícito que

prossiga na defesa de seu direito.

Em sendo litisconsórcio não necessário, faculdade concedida em lei

ao autor da ação não se concebe o estabelecimento de uma pluralidade de

partes contra a sua vontade, sob pena de lhe impormos litigar contra quem não

se deseja. Como entender possível que a garantia civil da dívida solidária,

consistente em possibilitar ao autor a cobrança de qualquer um dos devedores

à integralidade da dívida, possa ser violada pela admissão de um co-devedor,

muito embora não escolhido pelo autor para ser réu no feito?

O terceiro que tiver interesse em auxiliar a uma das partes em

processo instaurado, deverá requerer ao juiz, através de petição escrita, seu

ingresso na causa.

O juiz, diante da pretensão, ouvirá as partes do processo, no prazo

de cinco dias, que têm esta ocasião para impugnar o pedido. Em não havendo

impugnação, será admitido o ingresso do assistente. A exceção de quando

magistrado verificar a falta de pressuposto fundamental para tanto, ou seja,

falta de interesse jurídico do terceiro.

No Caso de alguma das partes impugnar o pedido, determinará o

juiz, sem suspensão do processo, o desentranhamento da petição do terceiro

bem como a impugnação, formando-se assim um incidente processual a ser

20autuado em apenso. Nesse apenso, será autorizado, em caso de necessidade,

a produção de provas por ambos os sujeitos do incidente, decidindo-se

posteriormente ao encerramento dessa instrução, também no prazo de cinco

dias, em conformidade com o art. 51 do CPC.

Observe-se que este incidente não constitui processo autônomo,

decidindo-se via decisão interlocutória, bem como, que o mesmo não é causa

de suspensão do processo.

2.1 - Oposição

Em atenção ao que nos ensina Luiz Guilherme Marioni e Sérgio

Cruz Arenhart Manuela do Processo de Conhecimento, p 208/210. “Entende-se

por oposição, em como sendo, obviamente, espécie de intervenção de terceiro,

todavia, essa intervenção desnatura completamente a idéia e a condição de

terceiro, porque o opoente, quando participa do processo, formula ação própria,

tendente a excluir a pretensão dos sujeitos iniciais sobre o processo sobre o

objeto litigioso do processo”. Ora, que formula a ação no processo jamais pode

der considerado como terceiro, exercendo o opoente, portanto nítido papel a

parte.

A função da oposição vem claramente estabelecida pelo art. 56 do

CPC, como atitude daquele que pretende, no todo ou em parte, a coisa ou o

direito sobre que convertem autor e réu. A participação do opoente, dessa

forma, visa a exclusão das pretensões do autor e do réu sobre o objeto litigioso

do processo. Trata-se do sujeito que entende que nenhum dos primitivos

sujeitos da relação processual tem razão quando a demanda, mas que o direito

lhe pertence.

O autor da ação de oposição é o opoente e os réus são os opostos.

21Como características da oposição, podem-se mencionar a unidade

procedimental e decisória, do ponto de vista formal. Instaurada a oposição,

esta e a ação principal terão o mesmo procedimento, correndo

simultaneamente e serão decididas, afinal, por uma sentença que será uma

sob o aspecto formal, embora, na verdade, estruturalmente, esteja-se diante de

duas sentenças que decide, na verdade duas lides. Uma outra Característica

apontada pela doutrina é a facultatividade. Isto significa que o terceiro pode ou

não fazer uso da oposição para, por meio dela, fazer valer seu direito frente

aos opostos.

Se tem por evidente que trata-se de duas ações conexas, que

normalmente distribuídas a um só juiz. Porém, para facilitar ainda mais a

solução integral da controvérsia, para além da conexão a oposição gera

reunião, em único processo, de ambas ações julgando-se de uma só vez

pretensões exercidas sobre o objeto do processo.

Seria possível, na situação em que seria cabível o oferecimento da

oposição ao terceiro opoente propor sua ação independentemente contar

ambos os contendores da relação processual, ou também, seria possível a ele

aguardar a solução da primeira causa, propondo posteriormente ação contra o

sujeito vitorioso na primeira demanda. Todavia, por razões de conveniência, e

em prestígio á economia processual, a oposição é meio adequado para

solução do conflito permitindo que também essa pretensão do terceiro seja

decidida no processo instaurado.

Com ação que é, a oposição dever ser deduzida em petição inicial

com observância dos requisitos expresso nos arts. 282 e 283 do CPC,

obedecendo às condições da ação e aos pressupostos processuais. Distribuída

a oposição por dependência, e recebida a petição inicial, deverão ser os

opostos para responder a nova ação em prazo comum de quinze dias. Forma-

se entre os primitivos, autor e réu uma cumulação subjetiva passiva.

22Alexandre Freitas Câmara Manual de Direito Processual Civil, 9

166/170, traz em seus ensinamentos, a origem da oposição, bem como , o

exemplo de como esta se opera. Quanto ao procedimento para propositura

desta ação explana do mesmo modo como os autores explanaram.

Afirma o autor, que trata-se, de instituto que encontra suas origens

no Direito germânico, a oposição surgiu porque entre aqueles povos prevalecia

o chamado “ Juízo Universal “, em que a decisão acerca de um conflito de

interesses atingia não só as partes, mas todos aqueles que tivessem notícia da

referida decisão. O mesmo não se dava, diga-se desde logo, no Direito

Romano, onde prevalecia a idéia de “Juízo Singular “, e a decisão alcançava

apenas as partes do processo, não beneficiando nem prejudicando terceiros.

Em razão dessas diferentes características, o Direito Germânico, ao

contrário do Romano, sentiu necessidade de criar um mecanismo que

permitisse a terceiros interessados sua intervenção no processo, a fim de

postular, também para si, a tutela jurisdicional.

Nos dias de hoje, segundo a doutrina especializada, os povos latinos

costumam adotar o sistema germânico, em que a oposição é verdadeira

intervenção de terceiro, enquanto a Alemanha adota o sistema da Itália

medieval, dando à oposição caráter de demanda autônoma.

A oposição vem regulada no regime do Código de Processo Civil

entre as modalidades de terceiro, nos arts. 56 a 61.Verdadeira intervenção ad

excludendum, na oposição o opoente, terceiro em relação à demanda

originária, vai a juízo manifestando pretensão de ser reconhecido como seu

direito ( ou a coisa ) sobre que controvertem autor e réu. Assim por exemplo, se

Caio propõe “Ação Reinvindicatória“ em face de Tício, e Mévio se considera o

verdadeiro proprietário do bem, poderá este manifestar sua oposição em face

dos dois sujeitos da demanda originária, a fim de que seja reconhecido como

real titular do direto controvertido.

23Não se trata, como pode ser facilmente verificado, de verdadeira

intervenção de terceiro, mas de demanda autônoma, em que o opoente é o

autor, e serão réus, em litisconsórcio necessário, as partes da demanda

original. Na oposição, o terceiro ( em relação a demanda original ) vem a juízo

manifestar pretensão própria em face dos sujeitos do processo em curso. Ora

toda vez que alguém vai a juízo manifestar pretensão em face de outrem estará

propondo uma ação.

Na “ Ação de Oposição “, como dito, forma-se um litisconsórcio

passivo necessário entre os sujeitos da demanda originária, agora

denominados opostos. Costuma-se afirmar em sede doutrinária que este

litisconsórcio é, também, unitário. Não nos parece, porém, correta a afirmação.

O litisconsórcio formado entre os opostos é comum, uma vez que o juiz não é

obrigado a decidir de modo uniforme a demanda em relação a ambos. Prova

disto é o fato de se admitir que um dos opostos reconheça a procedência do

pedido opoente, caso em que a oposição permanecerá correndo apenas em

face do que não reconheceu. Trata-se de aplicação do princípio da

independência dos litisconsortes (art. 48 CPC), o qual, como visto, aplica-se

apenas ao litisconsórcio comum, sendo incompatível com o unitário.

A oposição pode ser oferecida a qualquer tempo, antes da prolação

da sentença. Após este momento, nada impede que o terceiro que se

considera titular do direito controvertido demanda o reconhecimento do mesmo,

mas o fará por demanda independente, que não receberá a denominação de

oposição.

Segundo Carlos Eduardo Ferraz de Mattos Barroso Teoria Geral do

Processo de Conhecimento e Processo de conhecimento, pág.88/89, “oposição

é modalidade de intervenção voluntária, facultativa, na qual o terceiro vem a

juízo postular, no todo ou em parte, o objeto do direito em litígio, pelo

ajuizamento de ação autônoma contra autor e réu do processo originário”.

24Necessário frisar que a oposição não comporta ampliação dos

elementos objetivo da lide (causa de pedir e pedido), hipótese na qual deverá o

opoente ajuizar ação autônoma. Portanto, se as partes estão a discutir quem é

o proprietário de uma gleba, não é admissível a oposição fundada apenas na

posse ( ação petitória e possessória ). De mesma foram incabível a oposição

de terceiro compromissário comprador de imóvel em ação de desapropriação

ajuizada pelo Poder Público contra titular do domínio ( ação em que se discute

o direito real e o direito meramente pessoal do opoente ).

2.1.1 - Procedimento

O procedimento da oposição pode variar conforme o momento em

que se oferece a intervenção. Ela somente será admitida até a prolação da

sentença. Se oferecida antes da audiência, o procedimento será aquele acima

descrito.

Se, porém a oposição for deduzida após já iniciada a audiência de

instrução e julgamento, o procedimento inicialmente apontado somente será

seguido se não vier a prejudicar o andamento da ação primitiva. Assim, neste

segundo caso, em regra, a oposição não mais consistirá em intervenção de

terceiro, gerando apenas seu efeito normal de determinar a conexão de

causas, com sua reunião perante o juiz, para evitar-se decisões conflitantes.

Somente quando o juiz notar que pode fazer a oposição chegar à mesma fase

em que se encontra a aço, em prazo não superior a noventa dias, é que poderá

determinar a suspensão da primeira ação, até que a oposição atinja o mesmo

estado, prosseguindo-se na forma do art. 60 do CPC.

25

2.2 - Nomeação à Autoria

Para Luiz Guilherme Marioni e Sérgio Cruz Arenhart Manual do

Processo de Conhecimento, 2ª edição, pág. 210/212, “a nomeação à autoria

situa-se como forma de correção do pólo passivo da demanda. Gera, em

princípio, a substituição do pólo passivo da demanda, de um sujeito ilegítimo,

por outro, legítimo”.

Em regra, a ilegitimidade da parte conduz a um vício insanável que

determina a extinção do processo sem julgamento de mérito (arts 267 VI, do

CPC). Entretanto, em certas circunstâncias, arbitrariamente estipuladas pelo

código de Processo Civil, seria justo o equívoco na determinação do sujeito

passivo da demanda, em função das peculiaridades fáticas da situação

concreta. Em vista disso, para tais casos, autoriza o Código, para que não seja

decretada a extinção do processo por ilegitimidade passiva ad causam, que se

corrija o pólo passivo da relação processual, substituindo-se o primitivo réu por

outro que seria legítimo para figurar no processo.

Como se pode observar de imediato, essa figura não corresponde a

verdadeira intervenção de terceiro, já que se mostra como meio de correção do

pólo passivo da relação processual.

Na ótica do Código de Processo Civil, são duas as situações que

autorizam a nomeação à autoria:

a) A do detentor de coisa alheia, em relação ao proprietário

ou possuidor, quando for demandado pela coisa em nome

próprio (art. 62 do CPC);

b) A daquele que for demandado em ação de indenização por

dano à coisa, quando alegar que praticou o ato em

cumprimento de instruções de terceiros (art. 63 do CPC).

26

Em ambas as situações, o réu primitivo deverá, quando acionado em

nome próprio, nomear ao autor aquele que. Segundo seu entendimento,

deveria figurar realmente no pólo passivo da demanda, ao invés dele.

É possível concluir que a nomeação à autoria é uma modalidade de

intervenção de terceiro que somente incide no pólo passivo da relação

processual.

È intervenção obrigatória, no sentido de que tem o réu o dever de

promovê-la, sob pena de responder por perdas e danos diante de sua omissão

(art. 69 CPC).

Já Alexandre de Freitas Câmara, Lições de Processo Civil, 6ª

edição, pág. 170/172, traz outras considerações no tocante a origem desta

intervenção, bem como a questão da possibilidade de ocorrer nomeações

sucessivas. Quanto ao procedimento processual explica do mesmo modo que

os autores já elucidaram.

O ilustre autor, afirma que se trata de instituto com raízes no Direito

Romano, onde se encontra a figura da nominatio auctoris, também chamada

laudatio auctoris. A modalidade de intervenção de terceiro é conhecida em

diversos ordenamentos, como o italiano, o espanhol, e o português. Trata-se

de modalidade de intervenção forçada, sendo o terceiro convocado a ingressar

na relação processual. A nomeação à autoria tem por fim corrigir um vício de

legitimidade passiva. Explique-se: normalmente, quando a demanda é

oferecida em face de réu ilegítimo para a causa, a conseqüência é a extinção

do processo sem resolução do mérito, por ser operar o fenômeno que costuma

ser chamado de “carência da ação”. Há caso, porém, em que seria de extremo

rigor tal conseqüência para o demandante. Isto porque em algumas situações

não se pode exigir de quem vai propor uma ação que saiba que aquele que

pretende indicar como demandado não tem legitimidade para figurar no pólo

27passivo da demanda. Basta pensar na hipótese em que, em vez de se ajuizar

a demanda em face do possuidor de um bem, oferece-se a mesma em face do

detentor. Ora, sendo a detenção a posse em nome alheio, não se pode exigir

do demandante que consiga, visualmente, distinguir o detentor do possuidor.

Assim sendo extinguir este processo sem exame do mérito por ilegitimidade no

pólo passivo seria uma pena extremamente gravosa para o demandante, de

quem não seria possível exigir conduta diversa da que teve.

Por esta razão, permite-se, no caso figurado, que o réu, demandado

como se tivesse a posse da coisa, quando na verdade é mero detentor, indique

o nome verdadeiro legitimado passivo da relação processual. Trata-se, pois, de

permitir ao réu ilegítimo que indique o nome do verdadeiro legitimado, para que

corrigido o vício, aproveite-se o processo, permitindo-se a apreciação do mérito

da causa.

Admite-se nomeação à autoria apenas nos casos previstos nos art.

62 e 63 do Código de Processo Civil.

O réu fará nomeação à autoria no prazo que dispões para

apresentar sua resposta. Deferindo o juiz será suspenso o curso normal do

processo.

Por fim, há que se verificar se, na hipótese de o nomeado recusar a

indicação de seu nome, negando a qualidade que lhe foi atribuída, e mais tarde

a sentença verificar que era ele mesmo o legitimado, será ele alcançado pela

autoridade de coisa julgada. Esta solução adotada, por exemplo, no Direito

Português, onde o nomeado que tiver recusado maliciosamente a nomeação é

alcançado pela autoridade da coisa julgada. A mesma solução não pode ser

aplicada ao Direito Brasileiro, por falta de norma que a expresse.

A última questão a ser analisada é da possibilidade de nomeações

sucessivas. Em outras palavras, há que se verificar se é possível ao nomeado,

que tenha aceito a nomeação, realizar a nomeação à autoria, indicando o nome

28de outra pessoa como sendo o verdadeiro legitimado. Esta hipótese, porém,

não há figura possível no sistema vigente. Isto porque ao nomeado são

possíveis apenas duas condutas: ou aceita a nomeação ou repudia a

nomeação.

Não se pode encerrar esta breve exposição acerca da nomeação à

autoria sem afirmar que, em havendo dupla concordância, e

conseqüentemente operando-se a alteração do pólo passivo, o nomeado à

autoria torna-se réu, o que faz dele não só parte do processo, mas também

parte da demanda.

Carlos Eduardo Ferraz de Mattos Barroso Teoria Geral do Processo

e Processo de Conhecimento, 3ª edição, pág. 89/90, não traz divergências aos

entendimentos já aduzidos. Entretanto, diverge no sentido de entender que não

se trata este instituto de propriamente de modalidade de intervenção de

terceiro, entende que é muito mais forma de acertamento de legitimidade do

pólo passivo da demanda, obrigação esta imposta ao réu ilegítimo, nos casos

expressamente previstos em lei. Portanto, o nomeado à autoria, exclusividade

do réu, não vem aos autos desenvolver uma relação jurídica distinta da

existente entre as partes originárias, mas sim assumir sua qualidade de parte

passiva legítima. O descumprimento da obrigação legal ou a nomeação de

pessoa diversa daquela efetivamente legítima para o processo gera ao réu a

responsabilidade por perdas e danos.

A primeira hipótese é a de mero detentor, acionado em virtude de

atos decorrentes da posse ou propriedade que não lhe pertence.

A segunda diz respeito àquele que pratica atos em nome de outrem

(relação mandatário - mandante), competindo ao mandatário indicar a pessoa a

quem apenas representou. Torna-se óbvio que tal escusa encontra limites na

ordem manifestamente ilegal, quando então a responsabilidade do mandante e

do mandatário será cumulativa (mandante de um crime).

29

2.2.1 - Procedimento

Quando for cabível, deverá o réu nomear ao autor aquele que,

segundo seu entender, seja realmente o réu legítimo para a ação, no prazo que

tem para resposta (art. 64 do CPC), sob pena de preclusão. Se efetivamente a

situação descrita pelo réu estiver contemplada, pela lei, deferirá o juiz o pedido,

ouvindo então, no prazo de cinco dias. O autor, então, poderá aceitar a

indicação feita pelo réu ou negá-la. Se Não aceitar a nomeação, retomará o

processo seu curso regular, em face do réu primitivo, sem que se opere a

intervenção, devolvendo-se ao demandado o prazo para defesa.

Se, ao contrário, o autor concordar com a nomeação, incumbir-lhe-á

promover a citação do nomeado para responder à ação. Citado, também o

nomeado poderá aceitar a nomeação ou rejeitá-la. Se a rejeitar, novamente

ficará sem efeito a nomeação, prosseguindo o processo contra o primitivo réu,

que terá novo prazo para resposta. Se, porém aceitar a nomeação, opera-se a

extromissão, deixando o réu antigo o pólo passivo da demanda, o qual será

agora assumido pelo nomeado, que defenderá seu ato ou sua posse ou

propriedade.

Para que se opere a substituição do pólo passivo, é necessário que

ocorra a dupla aceitação: do autor e do nomeado. Se qualquer destes negar a

nomeação à autoria, a intervenção não opera.

30

2.3 - Denunciação da Lide

Os ilustres autores Luiz Guilherme Marioni e Sérgio Cruz Arenhart

Manual do Processo de Conhecimento, 2ª edição, pág. 212/217 fazem a

abordagem deste instituto de modo detalhado. Preliminarmente, explanam que

constitui modalidade de intervenção de terceiro em que se pretende incluir no

processo uma nova ação, subsidiária àquela originariamente instaurada, a ser

analisada caso o denunciante venha a sucumbir na ação principal. Em regra,

funda-se a figura do direito de regresso, pelo qual aquele que vier a sofrer

algum prejuízo, pode, posteriormente, recuperá-lo de terceiro, que por alguma

razão é seu garante. Inclui-se nova ação, justaposta à primeira, mas dela

dependente, para ser examinada caso o denunciante venha a sofrer prejuízo

diante de sentença judicial relativa à ação principal.

Podemos também citar uma apelação informando quando ocorre a

obrigatoriedade da denunciação à lide:

Apelação nº 35.674,Tr. Just. Santa Catarina - 1ª C,Relator:

Desembargador FRANCISCO OLIVEIRA FILHO EMENTA:

Apesar do "caput" do art. 70 do cânone processual estatuir

em seus três incisos a denunciação da lide como

obrigatória, tal só ocorre na evicção "ex vi" do art. 1.116,

do Código Civil. RESUMO DO ACÓRDÃO: ... CELSO

AGRÍCOLA BARBI ("Comentários ao CPC", Forense; vol. I;

Tomo I; nº 428; pág. 355) observa a propósito: "O que

parece mais justo é imputar esses gastos ao denunciante,

porque ele é o verdadeiro autor na ação de garantia ou de

regresso, que está implícita na denunciação da lide. E

nessa ação é fora de dúvida que ele, denunciante, foi

vencido. Pode-se argumentar em contrario dizendo que o

denunciante é obrigado a fazer a denúncia. Mas o

31argumento não calha, porque na realidade não há uma

obrigação, mas uma condição para que ele possa exercer

o direito de garantia ou de regresso, em caso de perder a

ação principal" Esta orientação é exitosa ("RJTJESP",

68/147, 79/181 e 97/347, além de "JTA", 108/57 e 110/160)

... - Em verdade, apesar de haver pensamento em

contrário, é incogitável entender-se de forma diferente. É

que na espécie, a denunciação da lide é facultativa, tendo

apoio no item III, do art. 70, do CPC, cujo caput deste

dispositivo ao dizer que "A denunciação da lide é

obrigatória'", contém enorme impropriedade. Pois bem. A

obrigatoriedade da denunciação da lide não ocorre em face

de tal excesso, mas de norma de direito material,

consagrando o Código Civil, em seu art. 1.116, a

necessidade apenas na evicção.Ac. de 09-04-1991,

Jurisprudência Catarinense - 1º e 2º Trim. 1991 - Nº 68 -

Pág. 171,EMFOR 527/2001.

Segundo indica o art. 70 do CPC, a denunciação da lide seria

intervenção obrigatória. Em verdade, a dicção do caput desse artigo diz mais

do que queria ou poderia, devendo-se entender o termo “ obrigatória “ –

ressalvadas as hipóteses em que outras regras de direito efetivamente

acoplem à figura alguma sanção própria para a não – denunciação como

impossibilidade de, em não se efetivando a intervenção, exerce-se o direito de

regresso no mesmo processo em que se questiona sobre a relação jurídica

principal. Tornando-se essa afirmação pro pressuposto, será forçoso concluir

que a denunciação a lide só será realmente obrigatória em um dos casos, ou

seja no da evicção.

A evicção é uma garantia, natural aos contratos comutativos, onde

há obrigação de transferir o domínio de determinada cosia, pela qual o

alienante se obriga a reparar os prejuízos do adquirente, caso este venha a

perder o domínio sobre a coisa em virtude de decisão judicial ( que se

32reconheça direito de terceiro anterior à aquisição ). É de se sublinhar que a

garantia da evicção pode ser excluída no contrato celebrado, caso em que não

se operará esse benefício, nem terá utilidade a denunciação da lide. Em

relação aos demais casos de denunciação, não há propriamente

obrigatoriedade na denunciação.

A segunda das hipóteses em que se prevê a denunciação é a do

possuidor direto em relação ao possuidor indireto ou ao proprietário. Note-se

que a situação guarda semelhança com a hipótese que legitima a nomeação à

autoria. Nesta, porém, a situação se põe entre o detentor e o possuidor ou

proprietário, ao passo que na denunciação a relação é colocada entre o

possuidor direto e o possuidor indireto ou proprietário.

Na relação estabelecida entre o possuidor direto e o indireto ou o

proprietário, legitima-se a denunciação da lide a estes dois últimos quando o

primeiro venha a ser citado em nome próprio.

Cabe também a denunciação da lide nos caos em que se legitime a

ação de regresso, como é o caso das relações de contrato de seguro. Aqui, a

empresa seguradora está obrigada a indenizar em ação regressiva os prejuízos

de alguém, que é parte em ação judicial. A denunciação, então, inclui no

processo instaurado também a demanda de regresso, para eventualidade de o

benefício vir a sucumbir na ação principal, caso em que será examinada a

demanda subordinada.

Será, em todo o caso, intervenção que pode operar-se em qualquer

dos pólos da relação processual. O denunciado para a assumir dupla função no

processo: de um lado tem interesse na vitória do denunciante; de outra parte

poderá ser condenado a ressarcir o prejuízo que o denunciante vier a sofrer

diante da ação principal.

O respeitável doutrinador Alexandre Freitas Câmara Lições de

Direito Processual Civil, 6ª edição, pág. 173/184, entende que é, sem sombra

33de dúvida, modalidade de intervenção de terceiro que mais dificuldades e

polêmicas provoca na doutrina, sendo inúmeras as obras dedicadas ao seu

estudo. Instituto que tem raízes no Direito Romano, onde era conhecida a

denunciatio litis, o instituto tinha, àquela altura, ligação íntima com o instituto de

evicção, sendo adequado para permitir ao adquirente de um bem que sofresse

a perda do mesmo em razão de sentença que reconhecesse direito anterior à

sua aquisição, que se voltasse contra aquele de quem havia adquirido a coisa.

A denunciação a lide encontra similiares, modernos ordenamentos

de diversos países, como a Itália, Portugal, entre muitos outros.

A denominação da lide não é apenas uma comunicação (denúncia)

acerca da existência de um processo, mas contém verdadeira demanda

incidental de garantia, através da qual se formula pretensão em face do terceiro

convocado a integrar o processo. Esta a razão, aliás, que levou prestigioso

processualista a criticar o CPC, afirmando que o mesmo não regula uma

verdadeira denunciação a lide, mas sim um chamamento à autoria.

Pode-se definir a denunciação da lide como uma ação regressiva,

proponível, tanto pelo autor como pelo réu, sendo citada como denunciada

aquela pessoa contra quem o denunciante terá uma pretensão indenizatória,

pretensão de reembolso, caso ele, denunciante, vier a sucumbir na ação

principal.

Afirma-se ainda, e desde logo, que embora a denunciação da lide

seja, de ordinário, dirigida a um terceiro, estranho à relação processual, admite-

se que se denuncie a lide a quem já seja parte, o que se dará, por exemplo,

quando entre os réus haja relação de garantia. Neste caso, admite-se que um

dos litisconsortes denuncie a lide ao outro.

No processo de execução, podemos citar um descabimento bem

relevante:

34Rec. Especial nº 1.284 – GO,Sup. Tr. Justiça - 3ª

T,Relator: Ministro EDUARDO RIBEIRO,EMENTA: A luz

da doutrina impertinente é inserir nos embargos do

devedor matéria de defesa apropriada ao executado

estendendo-a a seus co-devedores, sabido que a

sentença que julga os embargos apenas declara a

procedência ou improcedência destes, eis que, sendo

processo incidente na Execução, objetiva a constituição

ou desconstituição do título executivo com apreciação de

temas restritos a este desideratum, por isso não cabe

suscitar a denunciação da lide em caso que tal.

RESUMO DO ACÓRDÃO: Trata-se de execução

promovida pelo Banco do Brasil contra M.I.C., com base

em "Nota de Crédito Rural" e Cédula Rural Pignoratícia

que este avalizara para A.R.C. - Em Embargos do

devedor o executado afirmou que não pagaria o exigido

por não ser devedor de nenhuma importância ao

exequente, eis que, em verdade, cedera, gratuitamente,

o Sr. A.R.C. - genro do Embargante - uma área de seu

imóvel, no período agrícola de 1982/1983; para nele ser

cultivado tipo de cultura indiscriminada, temporariamente,

mas não assinara qualquer carta de anuência, nem

avalizara qualquer cédula rural, requerendo sua

comprovação pericial. O Banco, então, afirmando que as

assinaturas de ambos, nos títulos, foram reconhecidas

por A.A.C., Tabelião do 2º Ofício de Iporá - GO,

denunciou-o da lide com fundamento no art. 70, III, do

CPC, pois que, comprovada que fosse a falsificação nos

termos do art. 159 c/c os arts. 1.518 e seguintes do CC o

denunciado estaria obrigado a responder pelos danos

causados ao denunciante, não sem antes sustentar que

os títulos de crédito traziam consigo a presunção legal da

certeza, liquidez e exigibilidade, reforçada no caso pelo

35reconhecimento das firmas e o grau de parentesco entre

o emitente e o avalista. Penso, a melhor exegese do art.

70, III, do CPC, por isso mesmo, está com HUMBERTO

THEODORO JÚNIOR ao definir o conceito da ação

regressiva de indenização-pressuposto essencial ao

exercício da denunciação da lide, prevista no referido

inciso III que afirmando sua divisão em duas correntes

formadas na doutrina e na jurisprudência uma de feição

restritiva e outra de tendência liberal ou ampliativa,

explícita, que, para a primeira, a denunciação da lide só

cabe quando por lei ou contrato, existir a automática

responsabilidade do terceiro de indenizar o perdedor da

demanda e para a segunda, liderada por PONTES DE

MIRANDA, a que se filia sendo cabível para o exercício

de qualquer ação regressiva inclusive do Estado contra o

Servidor (art. 107 da C.F. anterior, hoje art. 37 XXI,

parágrafo 6º), conclui: "Na verdade, como bem o

demonstra CELSO BARBI, o que permite o Código no

instituto da denunciação da lide é um cúmulo sucessivo

de ações: "à ação do autor contra o réu, soma-se a ação

do denunciante contra o denunciado devendo ambas

serem julgadas numa só sentença com eventual força de

dois títulos executivos, como esclarece o art. 76 do

mesmo Estatuto Processual. O fundamento desse

cúmulo de ações é a conexão das causas, como bem o

evidencia PONTES DE MIRANDA. E, se assim é,

nenhuma razão há para impedir que se utilize a

denunciação da lide com fundamento jurídico diverso ou

maior do que o invocado pelo autor, desde, é claro, que

decorra essa responsabilidade regressiva do fato da

sucumbência do denunciante e, indiretamente, do

mesmo fato que serviu de base à pretensão do autor da

ação principal". (Intervenção de Terceiro no Processo

36Civil: Denunciação da Lide e Chamamento ao Processo -

Rev. Processo, vol. 16, págs. 49/58 - 1979). No caso em

julgamento não há cúmulo de ações nem se pode

considerar a existência de causas conexas e a eventual

responsabilidade regressiva do Tabelião não decorreria

de fato da sucumbência do denunciante, nem

indiretamente do mesmo fato que serviu de base a sua

pretensão na ação principal.

- A simples declaração incidental da falsidade nas

assinaturas dos títulos, referentemente ao avalista, nos

Embargos do executado, não caracteriza qualquer

desses pressupostos, mas sim autorizam ao exequente

postular, em ação direta contra o Estado, face a

responsabilidade objetiva deste, admissível nesse caso a

denunciação da lide do Tabelião, e a que se julgar com

direito.

- No mesmo sentido é o comentário que se colhe do

hoje Des. RENATO MANESCHY (Denunciação da Lide -

Rev. Forense - Vol. 261 - págs. 113/115), citando

BARBOSA MOREIRA ao dissertar sobre a duplicidade de

ações contidas na denunciação da lide: "Mas essa

duplicação há que se restringir, sob pena de obstacular-

se o reconhecimento do direito das partes, às hipóteses

em que realmente do exercício da ação regressiva, como

está expresso no nº III do art. 70, não sendo lícito admitir

a denunciação da lide para nela encartar uma demanda

diversa, sem conexão necessária com a relação em

curso e que não tenha como base o direito de regresso".

Concluindo: "Se o direito a que se arroga a parte que

pede a denunciação da lide a terceiro, tem outra origem

que não decorre da perda da demanda, a justificar uma

ação direta, mas não uma ação regressiva, por

37inexistência de sub-rogação, e, conseqüentemente, do

direito de regresso, a denunciação não cabe".

- Afiguram-se, assim, pertinentes as observações de

AGRÍCOLA BARBI: "Problema de suma importância, não

resolvido expressamente na lei, é dos procedimentos em

que cabe a denunciação da lide. Pelo que já vimos nos

comentários acima, ela é cabível no procedimento

ordinário e no sumaríssimo. Não há nenhuma razão que

impeça sua utilização nos procedimentos especiais em

que se configuraram os seus pressupostos.

- A dificuldade reside na sua aplicabilidade ao

procedimento de execução fundado em título

extrajudicial.

- Examinando as características do procedimento de

execução dessa natureza, verifica-se que nele não há

lugar para a denunciação da lide. Esta pressupõe prazo

de contestação, que não existe no processo de

execução, onde a defesa é eventual e por embargos.

Além disso, os embargos são uma ação incidente entre o

executado embargante e o exequente, para discussão

apenas das matérias da execução. Não comportam

ingresso de uma ação indenizatória do embargante com

um terceiro. A sentença que decide os embargos apenas

deve admiti-los ou rejeitá-los, não sendo lugar para

decidir questões estranhas à execução". (Comentários

CPC, Vol. I, Tomo II, pág. 355/1975).

- Concluindo: "Dentro dessa estrutura dos embargos

do executado, a matéria a ser nele alegada e discutida e

apenas a dos arts. 741 e 745, e contra o exequente.

Inserir nesses embargos matéria de discussão entre o

executado e seus co-devedores é inteiramente

impertinente. O julgamento dos embargos se faz por

sentença que os rejeita ou os julga procedentes. No

38primeiro caso, não há condenação do embargante a

pagar a quantia em discussão, mas simples declaração

da improcedência deles.

- Enquanto isso, o incidente de chamamento ao

processo só usa expressão adequada à ação

condenatória, que é ação de conhecimento e não de

execução; refere-se ao prazo para contestação, à figura

do réu, à condenação dos chamados a pagarem o débito

ao autor. Seria impossível que nos embargos do

executado, em que, como já disse, não há sentença

condenatória, juiz se abstivesse de condenar o

executado inicial e fosse condenar os chamados por ele

ao processo". (idem pág. 265).

- E de tais interpretações não se afastou o acórdão

recorrido, por isso que deu correta aplicação ao disposto

no art. 70, III, que tenho pois como não violando para não

conhecer do recurso. Ac. de 07-08-1990,Revista do

Superior Tr. de Justiça - Agosto 1991 - Nº 24 - Pág.

280,EMFOR 529/2001.

Dispõe o art. 70 do CPC sobre os casos em que a denunciação de

lide é cabível, afirmando aquele dispositivo ser a denunciação “obrigatória”.

Antes de procedermos a análise do sentido desta obrigatoriedade, faz-se

mister conhecer os casos em que a denunciação da lide revela ser cabível.

Assim é que, nos termos do inciso I do referido art. 70 do CPC, a

denunciação da lide pode ser feita “ao alienante, na ação em que o terceiro

reivindica a coisa, cujo domínio foi transferido à parte, a fim de que esta possa

exercer o direito que da evicção lhe resulta”. O dispositivo não tem redação das

mais felizes. Em primeiro lugar, há que se referir que aquele que reivindica a

coisa não é o terceiro, mas parte da demanda original. Em segundo lugar, a

redação do dispositivo dá a falsa impressão de que apenas o réu pode

denunciar a lide neste caso, o que não é verdade. Melhor seria se a redação da

39norma ditasse o cabimento da denunciação da lide ao alienante, na ação em

que se controverte sobre o domínio de bem que tenha sido por ele transferido a

uma das partes.

Trata o dispositivo em análise da denunciação da lide oferecida por

aquele que, num processo, vê questionado seu direito de propriedade sobre

um que lhe foi transferido por terceiro. Cabe, neste caso, a denunciação da lide

ao alienante, para que a sentença, em reconhecendo que a parte não é o titular

do domínio, regule também a relação entre este e aquele que lhe transferiu a

coisa, indenização pelos frutos que tenha sido obrigado a restituir, indenização

pelas despesas do contrato, ressarcimento pelos prejuízos que resultam

diretamente da perda da coisa, além de reembolso das despesas processuais

e honorários despendidos.

A segunda hipótese de cabimento da denunciação da lide, prevista

no art. 70, II do CPC, permite a convocação, para participar do processo,

dirigida ao proprietário ou ao possuidor indireto quando, por força de obrigação

ou direito, em casos como o locatário (... ) exerça a posse direta da coisa

demandada. Também de relação defeituosa, por dar a entender que a hipótese

é aplicável apenas a casos em que o possuidor direto de bem é réu, embora

afirme a melhor doutrina que o dispositivo não impede a denunciação da lide

pelo autor.

È de se notar que a hipótese prevista nesse dispositivo é diversa da

que vem regulada no art. 62 do CPC, que prevê caso de nomeação à autoria a

ser feita pelo detentor, indicando o nome do proprietário ou do possuidor.

Sendo parte o detentor, caso é, naturalmente de nomeação à autoria, pois que

a hipótese exige alteração do pólo passivo. No caso ora em análise, porém,

não há ilegitimidade do possuidor, não sendo caso de nomeação à autoria,

mas sim denunciação a lide, como corretamente dispõe o sistema processual

vigente. È inegável, porém, que em alguns casos pode ocorrer situação diversa

da prevista no dispositivo ora em análise. A situação regulada no art. 70, II do

40CPC é aquela em que o possuidor é legitimado para a causa, e pretende

exercer seu eventual direito de regresso no mesmo processo.

Por fim, prevê o art. 70, III do CPC que a denunciação a lide é

cabível “aquele que estiver obrigado pela lei ou pelo contrato, a indenizar, em

ação regressiva, o prejuízo do que perder a demanda”. Trata-se do dispositivo,

que gera maior controvérsia hermenêutica. Isto porque a doutrina se divide em

duas correntes, uma restritiva e outra extensiva quanto à interpretação do

dispositivo.

A divergência parte do fato de a doutrina reconhecer dois tipos

diversos de garantia: a garantia própria, que decorre da transmissão de um

direito (evicção), e a garantia imprópria, que não é verdadeiramente uma

garantia, mas em verdade trata-se de responsabilidade de ressarcir dano,

responsabilidade esta que decorre de quaisquer outros títulos. Assim é que,

para alguns autores, apenas os caos de garantia própria, em que o direito de

regresso da parte perante o terceiro decorre da transmissão de um direito,

permitiriam a denunciação da lide, enquanto outros autores preferem uma

visão mais extensiva, entendendo que também nos casos de garantia imprópria

a denunciação da lide é possível.

Outros afirmam que, em sendo obrigatória a denunciação da lide,

sua não realização pela terá como corolário o perecimento do direito de

regresso, o qual não mais poderá ser exercido, nem mesmo por demanda

autônoma. Outros vêem a no termo “obrigatoriedade” mera afirmação sem

maiores conseqüências, entendendo que, em não sendo feita a denunciação

da lide, ainda assim poderá ser exercido posteriormente o direito regressivo, o

que se fará por demanda autônoma.

Por fim, há os que consideram que a não realização da denunciação

da lide acarreta a perda do direito de regresso apenas nos casos do inciso I do

art. 70, enquanto nas hipóteses previstas nos incisos II e III a conseqüência

seria outra: mera preclusão, ou seja, apenas a perda da faculdade de oferecer

41demanda capaz de permitir o exercício do regresso no mesmo processo,

ficando ressalvada a via de se propor demanda autônoma em face do terceiro.

Esta última parece ser, realmente, a melhor posição.

Quando ao modo objetivo de Carlos Eduardo Ferraz de Mattos

Barroso Teoria Geral do Processo e Processo de Conhecimento, 3ª edição,

pág. 91/96, este nos ensina que a denunciação da lide é intervenção de

terceiros forçada, obrigatória, mediante requerimento de um das partes da

relação jurídica principal, com o fim de trazer ao processo seu garante, terceiro

contra o qual tem direito de regresso, caso venha a ser perdedora na ação

principal.

O instituto tem base no princípio da economia processual, pois a

parte porventura perdedora da demanda poderá, desde logo, acertar sua

relação jurídica com o garante, ressarcindo-se dos prejuízos decorrentes de

sua condenação.

Mas a própria economia processual demanda interpretação restritiva

quanto ao cabimento do instituto, sob pena de perpetuação do processo pelas

denunciações sucessivas. Portanto, não basta ao denunciante alegar qualquer

direito de regresso para ver sua pretensão deferida, sendo sempre necessário

estar a denunciação qualificada pela expressa previsão legal contratual. Nesse

caminho, é pacífica a jurisprudência quando à negativa da extensão ou

ampliação dos limites da lide principal, mediante inovação da causa de pedir

discutida nos autos.

Uma vez realizada a denunciação surge uma nova relação jurídica

processual entre denunciante e denunciado, autônoma, mas dependente de

solução a ser dada na existente entre autor e réu, já que o direito de regresso

só será exercido em caso de eventual condenação do denunciante na lide

principal.

42A denunciação da lide é obrigatória, por força do art. 70 do Código

de Processo Civil, muito embora a lei processual não estabeleça qualquer pena

para inércia do obrigado. Em virtude disso, a doutrina e a jurisprudência vêm

divergindo quanto às conseqüências do descumprimento da obrigatoriedade.

Insta ressaltar a inadmissibilidade de denunciação a lide num

procedimento sumário:

Agravo 158/97, Tr. Just. Sergipe – CCGI

Relator: Desembargador FERNANDO R. FRANCO

EMENTA:

- Nas ações de procedimento sumário, não pode o

Juiz acatar denunciação da lide, pois, de acordo com o

disposto no art. 280 do CPC, com a redação dada pela

Lei 9.245/95, inadmissível a intervenção de terceiros em

tal rito. RESUMO DO ACÓRDÃO:

- Nada infirma o conhecimento do presente agravo.

Preencheu ele os seus requisitos iniciais e os do decorrer

de sua formação.

- Nenhuma dúvida se me apresenta quanto ao rito

adotado na ação principal. Efetivamente trata-se de ação

que adotou o rito sumário, pois objetiva o autor a

cobrança de seguro relativamente aos danos causados

em acidente de veículo.

- Em sendo assim, o Juiz da causa, ao enfrentar a

preliminar suscitada pelo requerido, preliminar esta que

objetivava a denunciação à lide de uma firma e de um

particular, não deveria tê-la acatado, pois existe expressa

vedação neste tocante. O art. 280, I, do CPC, assim

disciplina: "Art. 280. No procedimento sumário:

I - não será admissível ação declaratória incidental nem

intervenção de terceiros, salvo...". O Min. Sálvio de

Figueiredo Teixeira, ao comentar sucintamente sobre a

novidade processual imposta pela Lei 9.245/95, disse

43que "a vedação à intervenção de terceiros, ressalvadas

as exceções, tem o objetivo de rapidificar a prestação

jurisdicional neste tipo de procedimento". Para

HUMBERTO TEODORO JÚNIOR, "a intervenção de

terceiros e a declaratória incidental foram vedadas, para

que o procedimento sumário realmente cumprisse sua

função de atuar como um meio rápido de composição de

litígios menos complexos. As questões relativas aos

conflitos das partes com estranhos deverão ser

solucionadas em ação própria". No Código do Processo

Civil de TEOTHONIO NEGRÃO, a expressão

"intervenção de terceiros" contida no mencionado inciso

quer dizer que "não se admite oposição, nomeação à

autoria, denunciação da lide e chamamento ao processo

(arts. 56 a 80)". Diante destes sucintos comentários é

que se denota o acerto da manifestação do Dr. José

Carlos de Oliveira Filho, digno e culto representante do

Parquet ad quem, quando assim resume sua opinião:

"Admitir-se litisdenunciação em procedimento sumário

ofende a regra de vedação expressa ínsita na inteligência

do art. 280, I, do Codex de Ritos...". Diante do exposto,

dou provimento ao agravo, para desconstituir a

interlocutória atacada, anulando, se porventura já tenham

sido citados, quaisquer atos praticados pelos

litisdenunciados. - É como voto,Ac. de 02-06-

1998,Revista dos Tribunais, Outubro de 1998 - Vol. 756 -

Pág. 360,EMFOR 622/2001.

A fixação de penas graves, como a perda do direito de regresso, não

pode ser obtida através de interpretação extensiva (princípio da reserva legal).

Logo, todas as hipóteses de denunciação diversas da evicção não podem ter

como conseqüência penas para elas não previstas.

44Mesmo nos casos de evicção, é necessário se faz apontar a

inexistência de pena de perda do direito de regresso. Pelo contrário, tal norma

refere-se tão só às condições necessárias para o exercício do direito de

regresso dentro do mesmo processo no qual o denunciante é demandado.

Qualquer pena deve ser expressa e isenta de dúvidas. Portanto, a melhor

exegese da obrigatoriedade da denunciação é vedar o exercício do direito

regressivo nos processos em que o denunciado não seja citado no momento

oportuno, mas sem atingir o direito material ao ressarcimento, o qual poderá

ser objeto de ação própria e autônoma.

Por fim, mesmo para os que entendem ser aplicável a perda do

direito de regresso, cumpre frisar que ao denunciante basta requerer a

denunciação para afastar eventual entendimento de perda do direito de

regresso, não ficando sujeito ao acolhimento de sua pretensão pelo juízo.

2.3.1 Procedimento

Quando a denunciação se opere por iniciativa do autor, deverá ele,

juntamente com o oferecimento da petição, requerer a citação do denunciado.

Admitida pelo juiz – porque efetivamente a hipótese se enquadra em algumas

das situações contempladas pela lei – será determinada a suspensão do

processo, até a citação do litisdenunciado. Comparecendo ele, poderá aceitar

denunciação ou não. Se aceitar, assumirá a posição de litisconsorte do

denunciante e poderá aditar a petição inicial, procedendo-se em seguida à

citação do réu. Se negar a condição de garante, serão formadas duas

demandas autônomas: uma do autor em face do réu; outra do autor em fase do

denunciado.

Se a denunciação da lide for de iniciativa do réu, terá ele o prazo de

resposta para propugnar pela intervenção.

45Acolhida a pretensão à denunciação pelo magistrado, determinará,

ele a suspensão do processo, procedendo-se a citação do denunciado.

Também a este se assegura a aceitação ou não da denunciação. Se aceitar e

contestar o pedido, o prosseguirá entre o autor, de um lado, e de outro, como

litisconsorte, o denunciante e o denunciado; se o denunciado for revel, ou

comparecer apenas para negar a qualidade que lhe foi atribuída, cumprirá ao

denunciante prosseguir na defesa até o final; se o denunciado confessar os

fatos alegados pelo autor, poderá o denunciante prosseguir na defesa. De toda

sorte, somente se formará o litisconsórcio, se o denunciado aceitar a

responsabilidade subsidiária pelo prejuízo sofrido pela parte denunciante.

O novo art. 280 do CPC passou a admitir a denunciação da lide,

fundada em contrato de seguro, no procedimento sumário. Assim, torna-se

necessário adaptar as regras em exame ao procedimento previsto nos arts.

275 e seguintes. Dessa forma, quando promovida a denunciação pelo autor,

nenhuma diferença relevante será sentida. Porém, se a denunciação for

promovida pelo réu, deve-se suspender audiência de conciliação, procedendo-

se à citação do denunciado para que este acompanhe (e participe) da

seqüência desse mesmo ato processual, onde poderá oferecer resposta.

Em qualquer hipótese, a citação do denunciado deve operar-se no

prazo máximo de dez dias, se residir na mesma comarca em que se processa

a causa, ou em trinta dias, se estiver em local incerto em outra comarca. Não

respeitados os prazos acima indicados, torna-se inoperante a denunciação,

prosseguindo-se o processo apenas em relação à ação principal e entre os

sujeitos iniciais.

Efetivada a denunciação da lide, cri-se uma cumulação objetiva

eventual de demandas no processo, uma vez que se concebem duas ações no

processo, onde a segunda somente será apreciada, caso a principal venha a

resultar em prejuízo para o denunciado e o adversário do denunciante.

46Note-se de todo modo, que não haverá relação estabelecida entre o

denunciado e o adversário do denunciante.

A sentença que julgar a ação principal em favor do adversário do

denunciante apenas poderá condenar este na obrigação, posteriormente

avaliando-se é caso de julgar procedente a ação subsidiária.

Na pratica, porém, por argumentos de instrumentalidade processual,

não têm sido raros os casos em que o denunciado é condenado diretamente

em face do autor da ação principal, promovendo-se concretamente, verdadeiro

litisconsórcio entre denunciante de denunciado.

A lei ainda contempla, dentro da figura da denunciação da lide a

chamada denunciação sucessiva. Imagine-se o caso em que o denunciado

(evicto) também haja adquirido a garantia de regresso (evicção) de outra

pessoa, de quem houvera adquirido o imóvel. Poderia esse denunciado

promover a denunciação da lide ao alienante? A essa dúvida responde o art.

73, autorizando essa medida, desde que atendidos os pressupostos para

qualquer denunciação.

O tema é discutível, parecendo ser mais conveniente entender pela

literalidade da lei, somente admitindo-se uma denunciação da lide, sendo as

demais meras intimações, que não abrem ensejo, por conseqüência, a uma

nova ação interna ao processo, mas apenas para que o intimado ingresse no

processo na qualidade de assistente simples.

2.4 - Chamamento ao Processo

Verificando-se o entendimento aduzido por Luiz Guilherme Marinoni

e Sérgio Cruz Arenhart Manual de Processo de Conhecimento, 2ª edição, pág.

218/220, a última modalidade de intervenção de terceiro que o Código de

Processo Civil contempla especificamente é o chamamento ao processo.

Novamente, difícil será compreender essa figura como verdadeiramente

47intervenção de terceiro, já que a medida visa a integrar o pólo passivo da

demanda, convocando ao processo, para figurar na condição de co-réus, co-

obrigados pela obrigação demandada pelo autor. Em síntese, o chamamento

ao processo é uma modalidade de criar litisconsórcio passivo facultativo por

vontade do réu e não pela iniciativa do autor. Como se sabe, em regra, a

determinação da formação pelo litisconsórcio passivo facultativo é incumbência

do autor, que pode optar por propor a demanda em face de um, alguns ou

todos os legitimados passivos. No chamamento ao processo, porém, admite-se

que o réu da demanda possa, por sua própria iniciativa, e mesmo sem que haja

a colaboração ou adesão da parte autora, promover esse tipo de litisconsórcio

passivo, convocando ao processo outras pessoas que também seriam

legitimadas a figurar como réus.

Podemos também citar a definição de Humberto Theodoro Júnior

(Curso de Processo Civil 40ª edição, Vol. I, pág. 123,2003:

“ O incidente pelo qual o devedor demandado chama

para ingressar o mesmo processo os coobrigados pela

dívida, de modo a fazê-lo também responsáveis pelo

resultado do feito (art. 77). Com essa providência, o réu

obtém sentença que pode ser executada contra o

devedor principal ou os co-devedores, se tiver que pagar

o débito”.

Essa intervenção é admitida apenas em questão obrigacionais,

quando um dos co-devedores é acionado, podendo então convocar ao

processo os demais coobrigados, para com ele responder pela dívida. È o que

prescreve o Código de Processo Civil, no art. 77, dizendo ser admissível o

chamamento do devedor na ação em que o fiador é réu; dos outros fiadores,

quando para ação for citado apenas um deles; e de todos devedores solidários,

quando o credor exigir de um ou de alguns deles, parcial ou totalmente, a

dívida comum.

48Como se tem por óbvio, cabe apenas ao réu promover o

chamamento ao processo, que é figura de intervenção que opera

exclusivamente no pólo passivo do processo.

Forma por sua vez, um litisconsórcio passivo relativamente à ação

principal, autorizado que todos os coobrigados venham a responder

conjuntamente pela dívida assumida. Mais que isto, autoriza, posteriormente,

àquele que satisfazer a obrigação a subrogar-se na condição de credor frente

aos seus pares, cobrando de cada qual a parcela por eles devida em relação à

dívida comum.

O réu somente pode chamar ao processo aqueles que, frente à

dívida, forem tão ou mais obrigados que ele.

O chamamento ao processo somente será admitido quando o réu

puder convocar ao processo quem seja “tão ou mais devedor que ele”.

Por outro lado, sublinhe-se que o novo art.280 viabiliza, no

procedimento sumário, o que chama de “intervenção fundada em contrato de

seguro”, e dessa forma não somente a denunciação da lide, mas também o

chamamento ao processo previsto no art.101, II, do CDC.

Alexandre Freitas Câmara, Lições de Direito Processual Civil, pág

184/187, nos ensina que o chamamento ao processo é instituto sem similar no

Direito Romano, ou em qualquer sistema jurídico antigo, assim como não há

similar nos ordenamentos jurídicos contemporâneos, com exceção do

português, de onde se originou, e de onde foi importado para o direito

brasileiro.

O chamamento ao processo está diretamente ligado às situações de

garantia simples, isto é, àquelas hipóteses em que alguém deve prestar ao

credor, perante que é pessoalmente obrigado, o pagamento de um débito de

que, afinal não é ele o verdadeiro devedor, mas tão somente o garante. Em

outros termos, na garantia simples, que está sempre ligada à idéia de

49coobrigação, situação em que mais de uma pessoa se apresentam

responsáveis pelo cumprimento de uma prestação perante terceiro, pode este

exigir de qualquer delas o pagamentos integral. Nestes casos, aquele que for

chamado a cumprir a integralidade da obrigação pode voltar contra aquele que,

na verdade, era o devedor de toda aquela obrigação.

Verifica-se que o chamamento ao processo se revelará cabível nos

casos de fiança e de solidariedade passiva.

O chamamento ao processo tem, como conseqüência, a ampliação

subjetiva da relação processual. Por esta razão, tem a doutrina critica

intensamente o instituto. Com chamamento ao processo o legislador cria um

instituto nitidamente a proteger o devedor que, demandado sozinho pelo

cumprimento de uma obrigação, traz para o processo, a fim de que figurem a

seu lado litisconsortes passivos, os demais devedores. Com isso se retira do

credor a vantagem que lhe foi assegurada pelo instituto da solidariedade

passiva com óbvia intenção de favorecê-lo.

A solidariedade passiva permite ao credor escolher, entre devedores

solidários, em face de quem pretende demandar em juízo. A escolha permite

ao credor ter a segurança de um processo mais rápido e mais barato. Este

processo mais efetivo torna-se praticamente impossível quando se permite ao

devedor demandado chamar ao processo todos os demais, forçando-se assim

o credor a demandar também em face daqueles que não pretendia ver

incluídos no processo.

Trata-se de intervenção provocada pelo réu, que tem a faculdade de

trazer ao processo os coobrigados, dando à causa instauração do litisconsórcio

passivo, que se afigura, a nosso juízo, como unitário.

Pode o fiador demandado pelo credor, chamar ao processo o

devedor principal. Feito este chamamento, o fiador poderá, na hipótese de vir a

pagar a dívida, voltar-se contra o devedor principal. É de se notar que o fiador

50não é, em regra, devedor solidário, havendo tal solidariedade apenas quando o

garante tiver renunciado ao benefício de ordem.

Outra hipótese em que o chamamento ao processo é admissível,

nos termos do art. 77, II, do CPC, é a demanda oferecida em face de um dos

co-fiadores, que poderá chamar ao processo aos demais.

Por fim, dispõe o Código de Processo Civil, em seu art. 77, III, que é

admissível o chamamento ao processo de “todos os devedores solidários,

quando o credor exigir de um ou algum deles, parcial ou totalmente a divida

comum. Interessa aqui saber se, diante da redação do dispositivo, será

possível ao réu original chamar ao processo apenas alguns dos co-devedores

solidários, ou se o chamamento ao processo só é possível os coobrigados

forem chamados. Não nos parece apesar da letra da lei, que se deva exigir o

chamamento ao processo de todos os co-devedores para que a modalidade de

intervenção que se estuda seja admitida”.

Ressalte-se aqui a incidência do velho principio segundo qual “quem

pode mais pode menos”. Assim, quem pode chamar ao processo todos os co-

devedores, pode chamar alguns deles.

Carlos Eduardo Ferraz Cardoso Teoria Geral do Processo e

Processo de Conhecimento, 3ª edição, comunga do mesmo entendimento e diz

que se trata de mobilidade de intervenção exclusiva do réu, forçada e

facultativa, na qual se traz aos autos os demais coobrigados pela divida objeto

da demanda, para obtenção desde logo de condenação regressiva que lhe

possibilite executá-los pelo que for obrigado em sentença a pagar.

No chamamento ao processo há uma divida solidária externa, na

qual cabe direito de regresso do devedor que cumpre a obrigação por inteiro

contra os demais devedores, na proporção de suas cotas. Assim, aquele

devedor solidário processado isoladamente pelo credor, pode chamar ao

51processo, por economia processual, que já seja feita todo acerto proporcional

entre eles, no mesmo processo.

Ponto polêmico diz rejeitado pela natureza da intervenção

chamamento ao processo: assume ele a qualidade de parte, podendo ser

executado pelo autor da ação diretamente, ou segue o chamamento do

processo as mesmas disposições de independência das relações principais e

secundárias própria da denunciação da lide, não se facultando ao autor

execução da ação direta dos chamados ao processo?

Segunda corrente parece-nos acertada. A intervenção de terceiros

não tem o condão de desrespeitar o principio da disponibilidade a ação civil,

impondo o autor litigar com que não interessa. Pelo contrário, todo terceiro que

vem ao processo, muito embora equipado por vezes aos litisconsortes, assim o

faz apenas para possibilitar ampla defesa de seus direitos.

Se ninguém pode ser compelido a ajuizar ação civil contra terceiros

estranhos à relação jurídica traduzida na inicial, inviável que aos chamados ao

processo, muito embora tenham, relação jurídica com o autor, sejam impostos

a ele como requeridos da demanda.

O chamamento ao processo limita-se a autorizar o devedor

escolhido pelo credor a fixar desde logo a responsabilidade regressiva

proporcional existente entre ele e os demais devedores solidários,

aproveitando-se do processo contra ele instaurado.

Portanto aquele que realiza chamamento ao processo só poderá

executar a condenação secundária proporcional proferida em seu favor após

efetuar o pagamento da integração da divida ao autor. A este é vedado

pretender executar a condenação contra quem não foi por ele escolhido par

figurar no pólo passivo da demanda.

52

2.4.1 Procedimento

Sendo cabível o chamamento, deverá o réu promovê-lo no prazo

que se lhe confere para resposta (art. 78 do CPC), sob pena de preclusão,

convocando para o processo aqueles que entenda devam responder

conjuntamente com ele. Admitindo o pedido, o juiz suspenderá o processo,

determinando a citação dos chamados para responderem. Estes serão citados

nos prazos estipulados pelo art. 72 do CPC, sob pena de tornar-se ineficaz o

pedido de intervenção. Poderão os chamados aceitar a condição de

coobrigados, ou não; se aceitarem forma-se o litisconsórcio passivo; caso não

aceitem, haverá mera acumulação subjetiva, passando haver uma ação

proposta pelo autor em face do réu, e outra pelo réu diante dos chamados.

Julgando a ação principal, o juiz condenará os co-devedores a

satisfazer a prestação assumida, se entende legítimo o chamamento, por que

efetivamente tem por obrigados os chamados, tornando-se a sentença título

executivo de sub-rogação para que aquele que saldar a dívida frente aos

demais, ou seja, pelo valor integral da prestação, seja pelas cotas de cada um

dos obrigados, como prescreve o art. 80 do CPC.

2.5 Intervenção Anômala

Este tema é abordado apenas pelos nobres autores Luiz Guilherme

Marinoni e Sergio Cruz Arenhart, Manual do Processo de Conhecimento, 2ª

edição, pág. 220/222 que o definem como modalidade de intervenção de

terceiro, criada pela Lei 9.469/97, apenas viável para pessoas jurídicas de

direito público.

Recebeu esse nome porque efetivamente a figura destoa

completamente do regime dos princípios que norteiam as demais intervenções

de terceiros.

53Como se observa da redação do dispositivo que cria a figura, a fim

de que as pessoas jurídicas de direito publico possam intervir em causas

pendentes, entre outros, basta que venham alegar a existência de prejuízo

indireto. Quer dizer que essa intervenção é legitimada, ainda que a pessoa

jurídica de direito público não tenha interesse jurídico na solução da causa em

que intervém, bastando a existência de prejuízo indireto, de natureza

econômica. Mais que isso, nos termos do que prevê a regra examinada, essa

intervenção opera-se tão somente para que a pessoa jurídica de direito público

esclareça questões de fato e direito e junte documentos e memoriais tido como

úteis. Poderá também este interveniente recorrer, mas nesse caso a

intervenção converter-se-á em hipótese semelhante a de assistência

litisconsorcial, considerando-se a pessoa jurídica de direito público como parte

no processo.

Não são poucos, que sustentam a inconstitucionalidade da

intervenção anômala, quando menos pela forma absolutamente estranha com

que tratou o tema da competência diante da intervenção (violando nisso a regra

expressa do art. 109, I, da CF).

De fato, inúmeras questões surgem do trato que foi dado à figura

que ao dispensar o requisito do interesse jurídico para intervenção, não alterou

apenas a sistemática que secularmente preside a participação de terceiros no

processo, mas violou a própria da essência da intervenção.

Quanto o regime atribuído à figura, é de questionar, diante da pouca

regulamentação oferecida pelo dispositivo legal: em havendo recursos,

considera a lei que a pessoa jurídica de direito público converte-se em parte.

Mas, para o recurso de terceiro prejudicado, exige o Código de Processo Civil a

demonstração de interesse jurídico. Essa regra é também aplicável à figura

aqui examinada, que, portanto para recorrer, haverá de demonstrar a

existência de interesse jurídico? Segundo a regra que introduz a intervenção

anômala no direito brasileiro, pode o interveniente apresentar documentos e

54memoriais; poderá ele oferecer outros meios de prova? Ocorre preclusão para

esses esclarecimentos?

Como se vê, diante de tão estranha figura, muitas são as duvidas e

poucas as respostas. Infelizmente, o tema exige tratamento próprio, em detida

análise que transborda os campos deste manual.

2.6 Recurso de Terceiro Prejudicado

De todos os ilustres autores que estão sendo estudados e onde se

faz uma abordagem sobre o entendimento constante em suas respectivas

obras, o único autor que se reporta a este último tema é Alexandre Freitas

Câmara, Lições de Direito Processual Civil, 6ª edição, pág.188/189, o qual será

seu ensinamento trazido ao seu presente estudo.

Última modalidade de intervenção espontânea não se encontra, no

capitulo do CPC que rege a intervenção de terceiros. Trata-se, alias de instituto

muito mal regulamentado em nosso direito positivo, sendo certo que a ele o

Código do Processo Civil se refere apenas duas vezes: nos arts. 280,I, e 499.

Apesar desta pouca regulamentação, não há dúvidas na doutrina quanto a

estarmos aqui diante de uma modalidade de intervenção de terceiro.

O Brasil possui um sistema em que ao terceiro são abertas as

mesmas vias recursais que são, ordinariamente, abertas às partes. Em outras

palavras, o terceiro prejudicado pode interpor qualquer dos recursos que às

partes é licito oferecer, e dispõe o terceiro do mesmo prazo de que dispõe as

partes para tal.

O problema do estudo do recurso de terceiro prejudicado não está

em definir qual seja este recurso, já que ao terceiro é licito interpor qualquer

55das espécies admissíveis. O problema que resta para ser solucionado é o de

saber, com precisão quem é o terceiro que pode recorrer.

Há que se afirmar que o terceiro prejudicado que pode interpor

recurso é alguém que ainda não interveio no processo. Isto porque a lei permite

recurso ao terceiro e este, como sabido, é definido, por exclusão, como sendo

aquele que não é parte.Quem já tiver adquirido a qualidade de parte, como

assistente, por exemplo, pode recorrer, não na qualidade de terceiro

prejudicado, mas na qualidade de parte.

Pode-se assim definir o terceiro legitimado a recorrer como aquele

que poderia ter intervindo no processo, mas não fez antes da decisão,

pretendendo fazê-lo agora com o fim de atacar o provimento judicial que lhe

acarreta prejuízo.

Parece-nos possível àquele que poderia ter oferecido oposição,

interpor recursos de terceiro prejudicado. Basta lembrar que a oposição só é

possível antes da prolação da sentença, podendo o terceiro, que poderia ter

manifestado oposição, ter interesse de recorrer com o fim de obter anulação da

sentença proferida, com o que cairia por terra o obstáculo a que a oposição

fosse ainda oferecida, abrindo-se a ele, então nova oportunidade.

Além disso, há que se afirmar que o terceiro pretende recorrer

precisa demonstrar, interesse jurídico na causa, uma vez em que não existindo

este não poderia a ter intervindo no processo, ficando por conseguinte

impedido de intervir através de interposição de recurso. Além disso, deverá

focar demonstrando o prejuízo que a decisão acarretou à sua esfera de

interesses. Podemos com isto elencar um Recurso Especial onde mesmo não

sendo parte o terceiro prejudicado pode recorrer no caso de uma Ação

anulatória;

Rec. Especial 40.185-2 – MG, Superior Tr. Justiça - 3ªT,

Relator: Ministro CLÁUDIO SANTOS

56EMENTA: - Há que se considerar como terceiro

prejudicado o endossatário de título de crédito, na espécie

duplicata, para o fim de legitimar o direito de recorrer de

decisão que ameace crédito seu representado pela cártula

comercial. Na hipótese, tem o endossatário, embora não

tendo figurado como parte em ação anulatória de duplicata,

inequívoco interesse jurídico a legitimar seu apelo.

RESUMO DO ACÓRDÃO:

- Cinge-se a controvérsia dos autos em saber se o ora

recorrente pode ser considerado terceiro prejudicado, nos

termos do art. 499 do CPC, de modo a legitimar o direito

do mesmo de interpor recurso de apelação objetivando

resguardar seu direito de regresso em relação à

endossante, que figura como ré na ação de anulação de

duplicata.

Restou decidido no v. acórdão objurgado que "Terceiro

prejudicado é o que sofre um prejuízo de direito, um

prejuízo jurídico, e não um prejuízo de fato e, no presente

caso, não houve prejuízo jurídico para o agravante, quando

a própria decisão agravada lhe reservou o direito de

pleitear o direito de reembolso do valor descontado pela

via própria.

O que não me parece jurídico é o que pretende o

agravante: que a sentença lhe garanta o direito de

regresso contra a Indústria de Metais ..... S/A, quando a

sentença, dando pela procedência da anulatória da

duplicata, por falta de causa debendi, fez desaparecer a

natureza cambial da duplicata, desaparecendo com ela a

própria força cambial do endosso, em branco ou em preto,

que nela constasse.

Nem por isso fica violado o direito do agravante, que

poderá pleitear a cobrança do valor do desconto da

57Indústria de Metais ... S/A, por ação própria, como bem

aduziu a sentença, que dirimiu a ação anulatória." (fls. ...).

- Não comungo da orientação adotada pelo acórdão

recorrido. Com efeito, entendo que o banco recorrente tem

legitimação para recorrer como terceiro prejudicado, eis

que induvidosamente presente está o seu interesse jurídico

na reforma da decisão impugnada, configurado na

possibilidade de utilizar o recorrente a via executiva para

reaver valores descontados por Indústria de Metais S/A.

- Tenho, pois, como comprovada a existência de nexo de

interdependência entre seu interesse de intervir e a relação

jurídica submetida à apreciação judicial a ensejar a

qualificação do recorrente como terceiro prejudicado.

- Dissertando sobre o interesse em recorrer, BARBOSA

MOREIRA explica que a "Noção de interesse, no processo,

repousa sempre, ao nosso ver, no binômio utilidade +

necessidade: utilidade da providência judicial pleiteada,

necessidade da via que se escolhe para obter essa

providência. O interesse em recorrer, assim, resulta da

conjugação de dois fatores: de um lado, é preciso que o

recorrente possa esperar, da interposição do recurso, a

consecução de um resultado a que corresponda situação

mais vantajosa, do ponto de vista prático, do que a

emergente da decisão recorrida; de outro lado, que lhe

seja necessário usar o recurso para alcançar tal

vantagem".

- Prossegue o ilustre processualista asseverando que "do

mesmo modo que o interesse em agir, como condição de

legítimo exercício da ação, se liga à ocorrência de uma

situação em que para alguém se torna necessário

ingressar em juízo, por não haver outro remédio eficaz

para a (suposta) lesão ao seu (alegado) direito, assim

também o interesse em recorrer, como requisito da

58admissibilidade do recurso, pressupõe a necessidade

deste para o atingimento do resultado prático que o

recorrente tem em vista." (In comentários ao CPC, vol. V,

Forense).

- Considera ainda, acerca da relevância do princípio da

necessidade, que a idéia que nos há de orientar na

pesquisa é a de que não se deve admitir o recurso senão

quando a interposição dele seja o único remédio capaz de

ministrar garantia plena contra o ato judicial. Desde que

por via mais simples, sem qualquer gravame, pudesse o

recorrente obter total proteção, deixa o recurso de ser

necessário e, por conseguinte, falta o interesse em

recorrer.

- Diante da abalizada lição da doutrina entendo que, na

espécie, configurado está o interesse de intervir do Banco

do Brasil, eis que inegavelmente houve prejuízo jurídico,

na medida em que seu pleito quanto ao resguardo do

direito de regresso foi desacolhido.

- Ademais, é de se frisar que o endossatário resguardou

seus direitos, no momento próprio e utilizando-se dos

meios processuais adequados (protesto da duplicata no

prazo legal) quando seu título de crédito sofria a agressão

da ação anulatória.

- Por tal, considero que o não reconhecimento da

qualidade de terceiro prejudicado do ora recorrente,

ensejando a decretação de sua ilegitimidade para recorrer,

constitui verdadeiro gravame ao direito do recorrente, eis

que inviabilizou a ação executiva destinada a obter o

ressarcimento do valor descontado pelo sacador.

- Assim sendo, tenho como evidente o prejuízo jurídico

sofrido pelo recorrente, motivo por que conheço do recurso

e dou-lhe provimento, para reformar o decisório atacado,

59ensejando o conhecimento da apelação interposta pelo

recorrente.

- É como voto.Ac. de 24-02-1994, Arquivo do EMFOR,

STJ/N 2.641, EMFOR 614/2001.

Vale salientar de como se conta o prazo do recurso do Terceiro

Prejudicado? Com isto podemos citar:

Rec. Especial nº 16.122 – PB

Sup. Tr. Justiça - 3ª T, Relator: Ministro NILSON NAVES

EMENTA: O terceiro prejudicado pode interpor apelação,

no prazo de 15 (quinze) dias. Cód. de Processo Civil,

arts. 499 e 508. O prazo para interpor o recurso, caso a

sentença não tenha sido proferida em audiência, conta-

se da data da intimação às partes (inclusive ao Ministério

Público, se legitimado para recorrer). Cód. de Processo.

Civil, art. 506. 2. Hipótese em que, quando apelou, o

terceiro prejudicado apelava dentro do prazo, embora o

fizesse após os 15 (quinze) dias, porquanto, naquele

momento, a parte vencida não tinha sido intimada da

sentença. Por isso, ao considerar tempestiva a

apelação, o acórdão não ofendeu os arts. 322, 485 e

508, ao Cód. de Processo Civil nem dissentiu de julgados

de outros tribunais.

RESUMO DO ACÓRDÃO:

- Discute-se sobre a tempestividade da apelação

interposta por B M Ltda. Somente isso e mais nada! Foi

a ação de usucapião, relembro, intentada em 17.5.89,

proferida a sentença em 4.10.89. Em 23.2.90, ao apelar

da sentença, a Barra assim justificou a sua legitimidade

para recorrer:

"Os demandados já são falecidos, consoante consta da

documentação agora arrolada. Ambos possuem em

60comum a área de terras objetos do usucapião (doc. 02).

Posteriormente, em face da morte dos dois, ou mais

precisamente de N A C, seus herdeiros fizeram uma

Cessão de Direitos Hereditários em favor da Sociedade

de Assessoria e Comércio Ltda., pessoa jurídica sediada

em Recife, que transferiu dita Cessão à ora recorrente,

tudo conforme o documento em anexo (doc. 03), mas

respeitante a parte ideal do falecido, ou sejam os 50%

que lhe eram devidos. Em seguida, os herdeiros dos

falecidos antigos proprietários promovidos celebraram

um pacto de divisão amigável do imóvel possuído em

condomínio (doc. 04), naturalmente para que cada um

tivesse o que era seu e também para que a Cessão

pudesse ser cumprida sem percalços. Enquanto isso os

respectivos inventários andavam, até que foram

concluídos, sendo que a viúva de Degoberto tem, hoje, a

titularidade dominial exclua da parte de seu ex-marido, e

a parte de Ney se acha no domínio da recorrente (doc.

05). Logo, a recorrente é sucessora legítima do espólio

de N A C na titularidade da gleba de terras representativa

de 50% da área usucapienda, adquirindo, por

conseqüência, legitimidade para integrar a ação.".

- Disse mais a Barra, sobre a tempestividade da sua

apelação:

" Os demandados foram citados pela forma editalícia,

porquanto a maneira única que os demandantes-

recorridos tinham para manter a fraude deliberada do

Usucapião de proveta. Pois bem. A ação correu célere

em razão da aparente revelia, o que até justificou o

julgamento antecipado da lide, porque este respeitável

MM. Juiz não imaginava a fraude que se engendrava

com o objetivo de tomarem a área mediante suposto

abandono da parte de seus antigos proprietários, estes

61inclusive, já mortos por ocasião de temerária ação.

Houve a decisão, julgando a ação procedente. As partes

demandadas não foram, porém, intimadas da sentença.

Não se deu o trânsito em julgado, estando, portanto,

aberto o prazo recursal, "data venia".

- O doc. 03, a que se refere a transcrição acima, é de

11.10.83. Pelo visto, quando proposta a ação de

usucapião, a Barra possuía, em relação aos 50% do

imóvel usucapiendo, uma "escritura pública de promessa

de cessão de direito e obrigações", em cópia, na

condição de cessionária. Não tinha, contudo, imóvel

usucapiendo, na parte objeto da promessa de cessão,

transcrito em seu nome. Portanto, não cabia aos autores

requererem a citação pessoal da Barra, e não cabia,

repita-se, porque ela não havia ainda adquirido a

propriedade, que se adquire, em sendo o caso, pela

transcrição imobiliária. Em ação de usucapião, impõe-se

a citação pessoal daquele em cujo nome esteja transcrito

o imóvel, "ut" art. 942, inciso II, Cód. de Processo Civil.

- Justificar-se-ia, e justifica-se, não obstan, a

participação da Barra no processo mas na condição de

terceiro, tal qual a definição que lhe deu o acórdão dos

embargos de declaração, neste tópico: "Logo, a

apelação interposta pela firma B M Ltda., terceiro

interessado, não se houve intempestivamente".

- Pergunto, então, qual o prazo para o terceiro

prejudicado interpor recurso, e a partir de que momento

tem início esse prazo.

- Parece-me incerto o argumento que o acórdão

recorrido utilizou para dar tempestiva a apelação em

foco. Neste ponto, considero judiciosa a observação do

Suprocurador-Geral da República, que reproduzo: "A

falta de intimação do D. Representante do Ministério

62Público deixou, apenas, de abrir o prazo para a eventual

insurgência dele, seja como custos legis, seja em prol

dos assim denominados ausentes, citados por edital.

Nunca, data venia, para os demais, nem, tampouco, para

terceiro, pretensamente prejudicados pela r. decisão

monocrática".

- Ora, considerando-se que se trata de terceiro

prejudicado, com legitimação assim para recorrer, qual a

garantia prevista no art. 499 do Cód. de Processo Civil, a

mim me parece que o prazo para o terceiro apelar é o

mesmo da parte vencida, a saber, o de quinze (15) dias,

na previsão do art. 508 do mesmo Código, e se inicia

para um do mesmo modo que se inicia para o outro.

Entender-se que o terceiro prejudicado possa a qualquer

tempo recorrer, na suposição de que não tenha tomado

ciência da sentença, ou de qualquer outro ato praticado

no processo, quando de sua publicação, causaria

perplexidade, procrastinando a formação da coisa

julgada.

- Daí, ao que pensei, poderia ter ocorrido ofensa ao art.

508, que estabelece em 15 (quinze) dias o prazo para

todos os recursos, salvo o de agravo de instrumento e o

de embargos de declaração. Aqui neste processo, a B M

Ltda., na condição de terceiro prejudicado, tendo, por

isso, igual prazo ao da parte vencida para apelar, não

apelou no prazo dos quinze (15) dias, contado da

publicação da sentença. Pensei, então, em prover o

recurso especial, considerando intempestiva a apelação,

que ela interpôs bem além do 15º dia.

- Ocorre, todavia, que, na espécie vertente, não se pode

admitir que o prazo para apelar tenha começado a correr,

sequer no atinente à própria parte vencida. Quando

proposta esta ação de usucapião especial, e foi ela

63proposta contra Dagoberto e Ney, os réus estavam

mortos, e a citação por edital, requerida já na inicial, fez-

se de forma atabalhoada, irregular portanto. Feita assim

a citação, repita-se, por edital, e não comparecendo

ninguém (curador, inventariante, herdeiro, etc.) a Juízo,

competia ao juiz, ao invés de sentenciar de logo, nomear

o curador especial a que se refere o art. 9º, inciso II, do

Cód. de Pr. Civil, a quem caberia a patrocínio da defesa.

Como o juiz não deu curador especial aos ausentes,

sucede que eles, a par de não terem tido regular defesa,

não foram regularmente intimados da sentença, donde,

tanto em relação a eles quanto em relação ao terceiro, o

prazo para apelar começaria a correr a partir do instante

em que tivessem ciência do ato judicial. Em caso

assemelhado, ementei dessa forma a REsp nº 4.825:

"Ação rescisória. Argüição de nulidade, por falta de

citação. Prazo para a sua propositura. Tratando-se de

réu que, em ação de usucapião, devendo, para tanto ser

citado, mas não o foi, o prazo para ele como autor,

propor a ação rescisória, tem início a partir do momento

em que tomou ciência da sentença que pretende

rescindir. Recurso especial conhecido pelo dissídio e

provido".

- Concluindo, ao repelir de intempestividade da apelação

da B M Ltda., o acórdão recorrido não maltratou o art.

508 nem, menos ainda, os arts. 322 e 485, todos do Cód.

de Pr. Civil, bem como não dissentiu dos julgados

apontados pelo recorrentes.- Não conheço do recurso

especial. Ac. de 10-08-1992,Revista do Superior Tribunal

de Justiça - nº 46 - junho 1993 - ano 5 – 212, EMFOR

590 /2001

64Por fim resta dizer que não concordamos com a afirmação de que o

recurso de terceiro prejudicado seria uma “assistência em grau recursal”. Isto

se deve a dois motivos. Em primeiro lugar, entender o recurso de terceiro

prejudicado com a espécie assistência esvaziaria o conteúdo do art. 50,

parágrafo único, que autoriza a assistência em qualquer grau de jurisdição. Em

segundo lugar, ao contrário do assistente, que, como sábio, intervém no

processo com o fim de auxiliar uma das partes a obter resultado favorável, o

terceiro prejudicado que interpõe recurso não terá necessariamente esta

intenção, bastando recordar o exemplo anteriormente figurado do terceiro que

poderia ter sido opoente (tendo, pois, nitidamente ad excludendum), e que

pode interpor recurso.

65

CONCLUSÃO

Inicialmente, podemos notar o tema trazido a este trabalho

Intervenção de Terceiros, como sendo um tema abrangido por diversos autores

conceituados no nosso ordenamento jurídico.

O vasto conteúdo deste trabalho irá sanar as dúvidas quanto ao

tema abordado, dando ênfase a todas as espécies de intervenção de terceiros,

prazos e também as diversas jurisprudências sobre a matéria, mesmo os mais

“ leigos “ contarão com exemplificações claras do que é uma Intervenção de

Terceiros, tendo como base todo o conceito e espécies e todos os

procedimentos adotados para cada uma.

Deste modo, será proporcionado um aprofundamento sobre o tema,

fazendo com que o leitor obtenha todo o conhecimento necessário para a sua

utilização no seu dia a dia como profissional do direito.

Por fim, basta uma simples leitura para concluir e retirar todas as

suas dúvidas sobre o tema abordado.

66

Bibliografia

MARINONI, Luiz Guilherme

ARENHART, Sérgio Cruz

Manual do Processo de Conhecimento, 2ª edição, editora: Revista dos

Tribunais, São Paulo – 2003.

CÂMARA, Alexandre Freitas

Lições de Direito Processual Civil, vol. 6ª edição, editora: Lumen Juris,

Rio de Janeiro – 2001

CÂMARA, Alexandre Freitas

Lições de Direito Processual Civil, Vol.I, 11ª edição, editora: Lúmen

Júris, Rio de Janeiro - 2004

BARROSO, Carlos Eduardo Ferraz de Mattos

Teoria Geral do Processo de Conhecimento e Processo de

Conhecimento, 3ª edição, editora: Saraiva, São Paulo – 2000.

WAMBIER, Luiz Rodrigues

Teoria Geral do Processo e Processo de Conhecimento, 7ª edição,

editora: Revista dos Tribunais – Vol I – 2005.

JÚNIOR, Humberto Theodoro

Manual de Processo Civil, 8ª edição, volume II - 2003

Editora Forense.

67

ANEXO

Jurisprudências

TERCEIRO PREJUDICADO-RECURSO

PRAZO - COMO SE CONTA

Rec. Especial nº 16.122 – PB

Sup. Tr. Justiça - 3ª T

Relator: Ministro NILSON NAVES

EMENTA:

- O terceiro prejudicado pode interpor apelação, no prazo de 15

(quinze) dias. Cód. de Pr. Civil, arts. 499 e 508. O prazo para interpor o

recurso, caso a sentença não tenha sido proferida em audiência, conta-se da

data da intimação às partes (inclusive ao Ministério Público, se legitimado para

recorrer). Cód. de Pr. Civil, art. 506. 2. Hipótese em que, quando apelou, o

terceiro prejudicado apelava dentro do prazo, embora o fizesse após os 15

(quinze) dias, porquanto, naquele momento, a parte vencida não tinha sido

intimada da sentença. Por isso, ao considerar tempestiva a apelação, o

acórdão não ofendeu os arts. 322, 485 e 508, ao Cód. de Pr. Civil nem

dissentiu de julgados de outros tribunais.

RESUMO DO ACÓRDÃO:

- Discute-se sobre a tempestividade da apelação interposta por B M

Ltda. Somente isso e mais nada! Foi a ação de usucapião, relembro,

intentada em 17.5.89, proferida a sentença em 4.10.89. Em 23.2.90, ao apelar

da sentença, a Barra assim justificou a sua legitimidade para recorrer:

68"Os demandados já são falecidos, consoante consta da

documentação agora arrolada. Ambos possuem em comum a área de terras

objetos do usucapião (doc. 02).

Posteriormente, em face da morte dos dois, ou mais precisamente

de N A C, seus herdeiros fizeram uma Cessão de Direitos Hereditários em

favor da Sociedade de Assessoria e Comércio Ltda., pessoa jurídica sediada

em Recife, que transferiu dita Cessão à ora Recorrente, tudo conforme o

documento em anexo (doc. 03), mas respeitante a parte ideal do falecido, ou

sejam os 50% que lhe eram devidos.

Em seguida, os herdeiros dos falecidos antigos proprietários

promovidos celebraram um pacto de divisão amigável do imóvel possuído em

condomínio (doc. 04), naturalmente para que cada um tivesse o que era seu e

também para que a Cessão pudesse ser cumprida sem percalços.

Enquanto isso os respectivos inventários andavam, até que foram

concluídos, sendo que a viúva de Degoberto tem, hoje, a titularidade dominial

exclua da parte de seu ex-marido, e a parte de Ney se acha no domínio da

recorrente (doc. 05).

Logo, a recorrente é sucessora legítima do espólio de N A C na

titularidade da gleba de terras representativa de 50% da área usucapienda,

adquirindo, por conseqüência, legitimidade para integrar a ação."

- Disse mais a Barra, sobre a tempestividade da sua apelação:

"Os demandados foram citados pela forma editalícia, porquanto a

maneira única que os demandantes-recorridos tinham para manter a fraude

deliberada do Usucapião de proveta.

Pois bem. A ação correu célere em razão da aparente revelia, o que

até justificou o julgamento antecipado da lide, porque este respeitável MM. Juiz

69não imaginava a fraude que se engendrava com o objetivo de tomarem a área

mediante suposto abandono da parte de seus antigos proprietários, estes

inclusive, já mortos por ocasião de temerária ação.

Houve a decisão, julgando a ação procedente. As partes

demandadas não foram, porém, intimadas da sentença. Não se deu o trânsito

em julgado, estando, portanto, aberto o prazo recursal, "data venia".

- O doc. 03, a que se refere a transcrição acima, é de 11.10.83. Pelo

visto, quando proposta a ação de usucapião, a Barra possuía, em relação aos

50% do imóvel usucapiendo, uma "escritura pública de promessa de cessão de

direito e obrigações", em cópia ..., na condição de cessionária. Não tinha,

contudo, imóvel usucapiendo, na parte objeto da promessa de cessão,

transcrito em seu nome. Portanto, não cabia aos autores requererem a citação

pessoal da Barra, e não cabia, repita-se, porque ela não havia ainda adquirido

a propriedade, que se adquire, em sendo o caso, pela transcrição imobiliária.

Em ação de usucapião, impõe-se a citação pessoal daquele em cujo nome

esteja transcrito o imóvel, "ut" art. 942, inciso II, do Cód. de Pr. Civil.

- Justificar-se-ia, e justifica-se, não obstante, a participação da Barra

no processo mas na condição de terceiro, tal qual a definição que lhe deu o

acórdão dos embargos de declaração, neste tópico: "Logo, a apelação

interposta pela firma B M Ltda., terceiro interessado, não se houve

intempestivamente".

- Pergunto, então, qual o prazo para o terceiro prejudicado interpor

recurso, e a partir de que momento tem início esse prazo.

- Parece-me incerto o argumento que o acórdão recorrido utilizou

para dar tempestiva a apelação em foco. Neste ponto, considero judiciosa a

observação do Suprocurador-Geral da República, que reproduzo: "A falta de

intimação do D. Representante do Ministério Público deixou, apenas, de abrir o

prazo para a eventual insurgência dele, seja como custos legis, seja em prol

70dos assim denominados ausentes, citados por edital. Nunca, data venia, para

os demais, nem, tampouco, para terceiro, pretensamente prejudicados pela r.

decisão monocrática".

- Ora, considerando-se que se trata de terceiro prejudicado, com

legitimação assim para recorrer, qual a garantia prevista no art. 499 do Cód. de

Pr. Civil, a mim me parece que o prazo para o terceiro apelar é o mesmo da

parte vencida, a saber, o de quinze (15) dias, na previsão do art. 508 do

mesmo Código, e se inicia para um do mesmo modo que se inicia para o outro.

Entender-se que o terceiro prejudicado possa a qualquer tempo recorrer, na

suposição de que não tenha tomado ciência da sentença, ou de qualquer outro

ato praticado no processo, quando de sua publicação, causaria perplexidade,

procrastinando a formação da coisa julgada.

- Daí, ao que pensei, poderia ter ocorrido ofensa ao art. 508, que

estabelece em quinze (15) dias o prazo para todos os recursos, salvo o de

agravo de instrumento e o de embargos de declaração. Aqui neste processo, a

B M Ltda., na condição de terceiro prejudicado, tendo, por isso, igual prazo ao

da parte vencida para apelar, não apelou no prazo dos quinze (15) dias,

contado da publicação da sentença. Pensei, então, em prover o recurso

especial, considerando intempestiva a apelação, que ela interpôs bem além do

15º dia.

- Ocorre, todavia, que, na espécie vertente, não se pode admitir que

o prazo para apelar tenha começado a correr, sequer no atinente à própria

parte vencida. Quando proposta esta ação de usucapião especial, e foi ela

proposta contra Dagoberto e Ney, os réus estavam mortos, e a citação por

edital, requerida já na inicial, fez-se de forma atabalhoada, irregular portanto.

Feita assim a citação, repita-se, por edital, e não comparecendo ninguém

(curador, inventariante, herdeiro, etc.) a Juízo, competia ao juiz, ao invés de

sentenciar de logo, nomear o curador especial a que se refere o art. 9º, inciso

II, do Cód. de Pr. Civil, a quem caberia a patrocínio da defesa. Como o juiz não

deu curador especial aos ausentes, sucede que eles, a par de não terem tido

71regular defesa, não foram regularmente intimados da sentença, donde, tanto

em relação a eles quanto em relação ao terceiro, o prazo para apelar

começaria a correr a partir do instante em que tivessem ciência do ato judicial.

Em caso assemelhado, ementei dessa forma a REsp nº 4.825: "Ação

rescisória. Argüição de nulidade, por falta de citação. Prazo para a sua

propositura. Tratando-se de réu que, em ação de usucapião, devendo, para

tanto ser citado, mas não o foi, o prazo para ele como autor, propor a ação

rescisória, tem início a partir do momento em que tomou ciência da sentença

que pretende rescindir. Recurso especial conhecido pelo dissídio e provido".

- Concluindo, ao repelir de intempestividade da apelação da B M

Ltda., o acórdão recorrido não maltratou o art. 508 nem, menos ainda, os arts.

322 e 485, todos do Cód. de Pr. Civil, bem como não dissentiu dos julgados

apontados pelo recorrentes.

- Não conheço do recurso especial.

Ac. de 10-08-1992

Revista do Superior Tribunal de Justiça - nº 46 - junho 1993 - ano 5 -

212

EMFOR 590/2001.

TERCEIRO PREJUDICADO - RECURSO

PRAZO - IGUAL AO DAS PARTES

Rec. Especial nº 12.426-0 – SP

Sup. Tr. Justiça - 4ª T

Relator: Ministro BARROS MONTEIRO

EMENTA:

- O prazo do recurso deferido ao terceiro é igual ao das partes.

72

RESUMO DO ACÓRDÃO:

- Para intervir no processo através de recurso, é necessário que o

terceiro demonstre uma relação jurídica com o vencido, que sofra prejuízo em

decorrência da sentença. É o que preleciona HUMBERTO THEODORO

JÚNIOR ao invocar o escólio de LUIZ ANTÔNIO DE ANDRADE: "seu

interesse para recorrer 'seria resultante do nexo entre as duas relações

jurídicas: de um lado, a que é objeto do processo, e, de outro, a de que é

titular, ou de que se diz titular o terceiro' ("Curso de Direito Processual Civil",

vol. I, págs. 600-601, 2ª ed.).

- Ou, consoante escreve o Profº JOSÉ FREDERICO MARQUES:

"O prejuízo do terceiro, para lhe dar legitimação como recorrente,

consiste em ter sido afetado pela sentença, decisão ou acórdão, algum

interesse jurídico ligado ou litígio submetido à apreciação judicial.

É preciso, portanto, que o terceiro tenha interesse na solução da

lide, e que esse interesse fique atingido ou ameaçado com a sentença sujeita a

recurso. Tendo em vista o que dispõe o art. 50, necessário se faz que o

terceiro tenha interesse jurídico (retro nº 242) na reforma total ou parcial da

sentença ou decisão. Esse interesse jurídico na solução do litígio (e não

qualquer interesse) é que estabelece o nexo entre o interesse de intervir, como

recorrente, e a relação jurídica que foi objeto do pronunciamento juridicional.

Cumpre, no entanto, ao terceiro, demonstrar esse interesse, como o exige o §

1º do art. 499" ("Manual de Direito Processual Civil", vol. 3, páginas 136-137,

ed. 1975).

- O terceiro deve ser, por conseguinte, juridicamente interessado no

processo pendente (cfr. ATHOS GUSMÃO CARNEIRO, "Intervenção de

Terceiros", pág. 47, 5ª ed.). O Segundo Tribunal de Alçada Civil de São Paulo

a propósito, já decidiu sob a seguinte ementa:

73

"Não é o interesse de qualquer intensidade que possibilita a

interposição de recurso por terceiro, nos termos do art. 499 do CPC. Apenas o

terceiro que, titular de interesse vinculado à relação jurídica submetida à

apreciação judicial, sofreu prejuízo, é que pode recorrer. Assim, se o interesse

advém de um mero prejuízo de fato, a intervenção não se justifica e deve ser

rechaçada. Só o prejuízo jurídico legitima o recurso" ("Revista dos Tribunais",

vol. 647, pág. 159).

- Eis porque, à falta do referido nexo de interdependência entre o

interesse de intervir e a relação jurídica submetida à apreciação judicial, não

possui legitimidade para recorrer o perito com vistas ao aumento de sua

remuneração. Nesse exato sentido a jurisprudência dominante mencionada

por THEOTÔNIO NEGRÃO em seu "Código de Processo Civil e Legislação

Processual em Vigor", nota 13 ao artigo 499, pág. 322, 22ª edição.

- Ainda que assim não fosse, prazo do recurso deferido ao terceiro é

igual ao das partes. Este o entendimento prevalecente tanto na doutrina como

na jurisprudência. Confiram-se, a respeito, as lições de SÉRGIO BERMUDES

("Comentários ao Código de Processo Civil", vol. VII, pág. 60, ed. 1975) e de

JOSÉ CARLOS BARBOSA MOREIRA ("Comentários ao Código de Processo

Civil", vol. V, página 185, 5ª ed.), bem como os arestos publicados nas Rev.

dos Tribs. 476/197; 477/116 e 496/204 e na RJTJESP 65/170.

- Nestes termos, inocorre "in casu" contrariedade ao indigitado artigo

184, § 2º, do Código de Processo Civil, nem tampouco é suscetível de

caracterização o contraste interpretativo, não só em face da manifesta

ilegitimidade do perito judicial para recorrer da decisão que fixou os seus

honorários, como também porque não cuidou o recorrente de satisfazer a

exigência prevista no art. 255, § 2º, do RISTJ, ao limitar-se ao registro do

fundamento exposto em único voto constante do julgado tido como paradigma.

- Ante o exposto, não conheço do recurso.

74

Ac. de 14-09-1992

Revista do Superior Tribunal de Justiça - nº 46 - junho 1993 - ano 5 -

pág. 188

EMFOR 590/2001

NOMEAÇÃO À AUTORIA - RECUSA DO NOMEADO PELO AUTOR

NOMEANTE - DIREITO A NOVO PRAZO PARA CONTESTAR

Rec. Especial nº 17.955-0 – PR

Sup. Tr. Justiça - 4ª T.

Relator: Ministro BARROS MONTEIRO

EMENTA:

- Nos termos do art. 67 do Código de Processo Civil, cabe ao Juiz

assinar a nomeante novo prazo para contestar, prazo este que lhe será

restituído íntegro e completo, a partir do momento em que para isso for

intimado.

RESUMO DO ACÓRDÃO:

- Reza o art. 67 do Código de Processo Civil" "Quando o autor

recusar o nomeado, ou quando este negar a qualidade que lhe é atribuída,

assinar-se-á ao nomeante novo prazo para contestar".

- Em verdade, o MM. Juiz de Direito deixou de observar o aludido

preceito legal. Ao invés de assinar novo prazo de defesa ao nomeante, o MM.

Juiz de Direito ordenou a especificação de provas, ocasionando aí ao menos

tumulto ao processo.

- PONTES DE MIRANDA deixara, a propósito, assinalado:

75

"O prazo para a contestação estava aberto quando houve a

nomeação à autoria, de modo que deixou de ser feita a contestação. Não tendo

ocorrido a entrada no processo do chamado à autoria ficando na relação

jurídica processual o demandado, tem o juiz de assinar ao nomeante novo

prazo para contestar" (Comentários ao Código de Processo Civil, tomo II, pág.

109, ed. 1973).

- Do mesmo teor o ensinamento do Prof. JOSÉ FREDERICO

MARQUES, para quem:

"Desde que o processo deva continuar contra o nomeante, ou

porque o autor recusou o nomeado, ou porque este negou a qualidade que lhe

foi atribuída, assinar-se-á nomeante novo prazo para contestar (Código de

Processo Civil, art. 67), prazo esse que será restituído, íntegro e completo, a

partir do momento em que para isso for intimado" (Manual de Direito

Processual Civil, vol. 1 pág, 296, 12ª ed.).

- Há que se conceder, pois, novo prazo para contestar, não

bastando, como estabeleceu o Acórdão recorrido, a simples intimação acerca

da recusa da nomeação à autoria. A abertura do mencionado prazo há de ser

explícita e, além do mais, no caso em tela, ocorreu o indicativo de que se

suprimira a exigência da lei, com a determinação às partes de especificação

das provas.

- Forçoso é reconhecer, portanto, a afronta da norma inscrita no art.

67 do CPC.

- Restou tão-somente, inviabilizado o pretenso dissídio pretoriano

ante o descumprimento do preceituado no RISTJ (art. 255, parágrafo 2º).

- Ante o exposto, conheço do recurso pela alínea a do autorizativo

constitucional, e dou-lhe provimento para declarar a nulidade do processo a

76partir do despacho de ... destes autos (...) de forma a ser restituído

expressamente aos réus o prazo de defesa.

Ac. de 02-02-1993

Rev. do Sup. Tribunal de Justiça - Maio de 1993 - Nº 45 - Pág. 284

EMFOR 536/2001

DENUNCIAÇÃO DA LIDE- CONCEITUAÇÃO

OBRIGATORIEDADE - QUANDO OCORRE

Apelação nº 35.674

Tr. Just. Santa Catarina - 1ª C

Relator: Desembargador FRANCISCO OLIVEIRA FILHO

EMENTA:

- Apesar do "caput" do art. 70 do cânone processual estatuir em

seus três incisos a denunciação da lide como obrigatória, tal só ocorre na

evicção "ex vi" do art. 1.116, do Código Civil.

RESUMO DO ACÓRDÃO:

- ... CELSO AGRÍCOLA BARBI ("Comentários ao CPC", Forense;

vol. I; Tomo I; nº 428; pág. 355) observa a propósito:

"O que parece mais justo é imputar esses gastos ao denunciante,

porque ele é o verdadeiro autor na ação de garantia ou de regresso, que está

implícita na denunciação da lide. E nessa ação é fora de dúvida que ele,

denunciante, foi vencido. Pode-se argumentar em contrario dizendo que o

denunciante é obrigado a fazer a denúncia. Mas o argumento não calha,

porque na realidade não há uma obrigação, mas uma condição para que ele

possa exercer o direito de garantia ou de regresso, em caso de perder a ação

77principal" Esta orientação é exitosa ("RJTJESP", 68/147, 79/181 e 97/347, além

de "JTA", 108/57 e 110/160) ...

- Em verdade, apesar de haver pensamento em contrário, é

incogitável entender-se de forma diferente. É que na espécie, a denunciação

da lide é facultativa, tendo apoio no item III, do art. 70, do CPC, cujo caput

deste dispositivo ao dizer que "A denunciação da lide é obrigatória'", contém

enorme impropriedade.

- Pois bem. A obrigatoriedade da denunciação da lide não ocorre em

face de tal excesso, mas de norma de direito material, consagrando o Código

Civil, em seu art. 1.116, a necessidade apenas na evicção.

Ac. de 09-04-1991

Jurisprudência Catarinense - 1º e 2º Trim. 1991 - Nº 68 - Pág. 171.

EMFOR 527/2001.

DENUNCIAÇÃO DA LIDE- ASSISTENTE

SE A ELE SE APLICA O INSTITUTO

Agr. Instr. nº 83.315

Tr. Alçada Rio de Janeiro - 1ª C.

Relator: Juiz LAERSON MAURO

EMENTA:

- Não comporta admissibilidade a denunciação da lide formulada

pela assistência simples, quem não é parte e, portanto, não está sujeita a

perder a demanda. Mera coadjuvante da parte, contra quem foi deduzida a lide,

os poderes que o art. 52 do CPC lhe confere são apenas aqueles inerentes à

assistida. Logo, comportável só seria a litisdenunciação promovida no interesse

direto desta.

78

RESUMO DO ACÓRDÃO:

- A denunciação da lide, prevista no invocado inc. III do art. 70 do

CPC, é uma medida prática, inspirada no princípio de economia processual,

que permite à parte o exercício do direito de regresso contra terceiros, caso

perca a demanda.

- Condição básica para sua admissibilidade, no plano subjetivo da

relação litigiosa, é que o requerente seja parte, seja litigante.

- Na espécie, a Agravante apenas ocupa a posição de "assistente"

dos Suplicados, em cautelar preparatória (Produção Antecipada de Prova -

Vistoria). E como se trata de assistência simples, não é parte e nem como tal

pode ser equiparada. Seu papel é o de mera coadjuvante da parte.

- Logo, não sendo parte, e por inocorrente a possibilidade de vir a

ser "vencida" na lide deduzida pelo Autor-agravado, descabe-lhe promover a

denunciação de pessoa com quem poderá ser levada a demandar.

- Os poderes que o art. 52 lhe confere são aqueles inerentes à

assistida, donde a conclusão de que ao assistente só se admite a

litisdenunciação quando for esta do interesse específico daquela parte.

- Confirma-se, destarte, a correta decisão agravada.

Ac. de 22-11-1988

Arquivo do EMFOR - TA/1.110

EMFOR 505/2001.

PROCEDIMENTO SUMÁRIO- DENUNCIAÇÃO DA LIDE

INADMISSIBILIDADE

79

Agravo 158/97

Tr. Just. Sergipe – CCGI

Relator: Desembargador FERNANDO R. FRANCO

EMENTA:

- Nas ações de procedimento sumário, não pode o Juiz acatar

denunciação da lide, pois, de acordo com o disposto no art. 280 do CPC, com a

redação dada pela Lei 9.245/95, inadmissível a intervenção de terceiros em tal

rito.

RESUMO DO ACÓRDÃO:

- Nada infirma o conhecimento do presente agravo. Preencheu ele

os seus requisitos iniciais e os do decorrer de sua formação.

- Nenhuma dúvida se me apresenta quanto ao rito adotado na ação

principal. Efetivamente trata-se de ação que adotou o rito sumário, pois objetiva

o autor a cobrança de seguro relativamente aos danos causados em acidente

de veículo.

- Em sendo assim, o Juiz da causa, ao enfrentar a preliminar

suscitada pelo requerido, preliminar esta que objetivava a denunciação à lide

de uma firma e de um particular, não deveria tê-la acatado, pois existe

expressa vedação neste tocante. O art. 280, I, do CPC, assim disciplina:

"Art. 280. No procedimento sumário:

I - não será admissível ação declaratória incidental nem intervenção

de terceiros, salvo...".

80- O Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, ao comentar sucintamente

sobre a novidade processual imposta pela Lei 9.245/95, disse que "a vedação

à intervenção de terceiros, ressalvadas as exceções, tem o objetivo de

rapidificar a prestação jurisdicional neste tipo de procedimento". Para

HUMBERTO TEODORO JÚNIOR, "a intervenção de terceiros e a declaratória

incidental foram vedadas, para que o procedimento sumário realmente

cumprisse sua função de atuar como um meio rápido de composição de litígios

menos complexos. As questões relativas aos conflitos das partes com

estranhos deverão ser solucionadas em ação própria".

- No Código do Processo Civil de TEOTHONIO NEGRÃO, a

expressão "intervenção de terceiros" contida no mencionado inciso quer dizer

que "não se admite oposição, nomeação à autoria, denunciação da lide e

chamamento ao processo (arts. 56 a 80)".

- Diante destes sucintos comentários é que se denota o acerto da

manifestação do Dr. José Carlos de Oliveira Filho, digno e culto representante

do Parquet ad quem, quando assim resume sua opinião:

"Admitir-se litisdenunciação em procedimento sumário ofende a

regra de vedação expressa ínsita na inteligência do art. 280, I, do Codex de

Ritos...".

- Diante do exposto, dou provimento ao agravo, para desconstituir a

interlocutória atacada, anulando, se porventura já tenham sido citados,

quaisquer atos praticados pelos litisdenunciados.

- É como voto.

Ac. de 02-06-1998

Revista dos Tribunais, Outubro de 1998 - Vol. 756 - Pág. 360

EMFOR 622/2001.

81

OPOSIÇÃO- CONCEITUAÇÃO

DIREITO DE QUEM NÃO É PARTE NO PROCESSO PRINCIPAL

Apelação nº 10.359

Tr. Just. Espírito Santo - 2ª C.

Relator: Desembargador OMENA BEZERRA

EMENTA:

- Sendo parte no processo principal, não cabe o requerimento da

oposição.

RESUMO DO ACÓRDÃO:

- Tratam os presentes autos sobre oposição a um pedido de

apuração de haveres, apensado a um processo de inventário. Ocorre que

existe em andamento, conforme ficou provado nos autos, uma ação de

consignação em pagamento movida pela apelante para pagar indenização aos

herdeiros do sócio falecido - os apelados -, cumprindo a décima quarta cláusula

do contrato. Os arts. 56 e ss. do CPC são claros: "Quem pretender, no todo ou

em parte, a coisa ou o direito sobre que controvertem autor e réu, poderá até

ser proferida a sentença, oferecer oposição contra ambos." A lei determina a

figura de um terceiro alheio à relação processual a que se opõe, o que não

configura no caso presente, pois a apelante é parte no pedido de apuração de

haveres. Não se pode adequar juridicamente a pretensão do opoente, quando

este defende interesse próprio, essa regra é pacífica em nosso ordenamento

jurídico. Ficando evidente a participação da apelante na relação processual que

resultou na presente oposição é de reconhecer a ilegitimidade de parte, para

manter a sentença atacada. Na oposição, forma-se nova relação processual,

ficando de um lado o opoente e do outro lado as partes, é o que nos ensina

SÉRGIO S. FADEL. A oposição é requerida por terceiro, ou seja, pessoa que

não seja parte no processo, pois encontra-se situado no Cap. VI, Seção I, Livro

82I CPC. O apelante tanto é parte no pedido de apuração de haveres, como na

Ação de Consignação em pagamento, não se justificando assim, a ação de

oposição. Por outro lado, a litispendência é uma preliminar arguída pelo réu,

em sua contestação, não seria o caso de ser aquela arguída na oposição.

Assim, se não procede a oposição, também não procede a litispendência.

Ac. de 08-09-1993

Revista dos Tribunais - Setembro de 1994 - Vol. 707 - Pág. 122

EMFOR 563/2001.

OPOSIÇÃO - CONCEITUAÇÃO

CABIMENTO - SOMENTE EM PROCESSOS DE JURISDIÇÃO

CONTENCIOSA

Apelação nº 81.574/2

Tr. Just. Minas Gerais - 2ª C.

Relator: Desembargador WALTER VEADO

EMENTA:

- A oposição é modalidade de intervenção de terceiro somente

cabível em jurisdição contenciosa, não sendo viável na jurisdição voluntária,

ainda que se avente a possibilidade de se considerar contenciosa a interdição,

quando haja resistência do interditando ou de terceiros ao pedido.

RESUMO DO ACÓRDÃO:

- A oposição é ação, suscita um processo, não mero procedimento,

lembrando PONTES DE MIRANDA que é ação declarativa contra o autor e de

condenação contra o demandado do primeiro processo (Comentários ao CPC,

Forense, 1974, Tomo II, pág. 89), resultados que o procedimento da interdição

83jamais provocaria. E deve obedecer ao procedimento ordinário (art. 60), se

oferecida depois de iniciada a audiência.

- Possível é em todos os procedimentos, observam os apelantes,

mas se esqueceram de acrescentar que a admissibilidades condiciona à

existência de uma disputa em torno de certo direito ou certa coisa. Não

havendo litígio, ação não haverá, inviabilizando a possibilidade da oposição.

Ac. de 15-10-1991

Jurisprudência Mineira - Out. a Dez. de 1991 - Vol. 116 - Pág. 116.

EMFOR 525/2001

PROCEDIMENTO SUMÁRIO - DENUNCIAÇÃO DA LIDE

INADMISSIBILIDADE

Agravo 158/97

Tr. Just. Sergipe – CCGI

Relator: Desembargador FERNANDO R. FRANCO

EMENTA:

- Nas ações de procedimento sumário, não pode o Juiz acatar

denunciação da lide, pois, de acordo com o disposto no art. 280 do CPC, com a

redação dada pela Lei 9.245/95, inadmissível a intervenção de terceiros em tal

rito.

RESUMO DO ACÓRDÃO:

- Nada infirma o conhecimento do presente agravo. Preencheu ele

os seus requisitos iniciais e os do decorrer de sua formação.

84- Nenhuma dúvida se me apresenta quanto ao rito adotado na ação

principal. Efetivamente trata-se de ação que adotou o rito sumário, pois objetiva

o autor a cobrança de seguro relativamente aos danos causados em acidente

de veículo.

- Em sendo assim, o Juiz da causa, ao enfrentar a preliminar

suscitada pelo requerido, preliminar esta que objetivava a denunciação à lide

de uma firma e de um particular, não deveria tê-la acatado, pois existe

expressa vedação neste tocante. O art. 280, I, do CPC, assim disciplina:

"Art. 280. No procedimento sumário:

I - não será admissível ação declaratória incidental nem intervenção

de terceiros, salvo...".

- O Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, ao comentar sucintamente

sobre a novidade processual imposta pela Lei 9.245/95, disse que "a vedação

à intervenção de terceiros, ressalvadas as exceções, tem o objetivo de

rapidificar a prestação jurisdicional neste tipo de procedimento". Para

HUMBERTO TEODORO JÚNIOR, "a intervenção de terceiros e a declaratória

incidental foram vedadas, para que o procedimento sumário realmente

cumprisse sua função de atuar como um meio rápido de composição de litígios

menos complexos. As questões relativas aos conflitos das partes com

estranhos deverão ser solucionadas em ação própria".

- No Código do Processo Civil de TEOTHONIO NEGRÃO, a

expressão "intervenção de terceiros" contida no mencionado inciso quer dizer

que "não se admite oposição, nomeação à autoria, denunciação da lide e

chamamento ao processo (arts. 56 a 80)".

- Diante destes sucintos comentários é que se denota o acerto da

manifestação do Dr. José Carlos de Oliveira Filho, digno e culto representante

do Parquet ad quem, quando assim resume sua opinião:

85

"Admitir-se litisdenunciação em procedimento sumário ofende a

regra de vedação expressa ínsita na inteligência do art. 280, I, do Codex de

Ritos...".

- Diante do exposto, dou provimento ao agravo, para desconstituir a

interlocutória atacada, anulando, se porventura já tenham sido citados,

quaisquer atos praticados pelos litisdenunciados.

- É como voto.

Ac. de 02-06-1998

Revista dos Tribunais, Outubro de 1998 - Vol. 756 - Pág. 360

EMFOR 622/2001

ASSISTÊNCIA - REPRESENTAÇÃO

DESCABIMENTO

Representação nº 1.389-8 – RJ

Supremo Tr. Federal – TP

Relator: Ministro OSCAR CORRÊA

EMENTA:

- Descabe a assistência, em representação.

(Ementa do EMFOR)

RESUMO DO ACÓRDÃO:

- Como salientado no despacho agravado, o art. 169, § 2º, do RISTF

não admite a assistência a qualquer das partes em Representação.

86- Isto porque envolvendo a representação exame abstrato de texto,

não se há de inferir daí que haja legítimo interesse jurídico na intervenção de

terceiro.

- Após a orientação jurisprudencial que a admitia, firmou-se a diretriz

contrária à assistência, sobretudo a partir das representações 1.155 (RTJ

108/477 - questão de ordem - Rel. Min. NÉRI DA SILVEIRA), incorporando-se,

a seguir, ao Regimento da Corte. Não há porque repetir os fundamentos que

levaram à fixação da norma.

- Nego provimento ao agravo.

Ac. de 24-06-1987

Arquivo do STF/247EMFOR 48/20012

87

ÍNDICE

Introdução

Intervenção de terceiros

1. Conceito

2. Espécies de Intervenção de Terceiros

2.1.Oposição

2.1.1. Procedimento

2.2.Nomeação à Autoria

2.2.1. Procedimento

2.3.Denunciação a Lide

2.3.1. Procedimento

2.4.Chamamento ao Processo

2.4.1. Procedimento

2.5. Intervenção Anômala

2.6.Recurso do Terceiro Prejudicado

2.7.Conclusão

Bibliografia

Anexo

Índice

07

10

10

11

20

24

25

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30

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46

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52

54

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66

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Pós- Graduação “ Lato Sensu”

Título do livro: Intervenção de Terceiros

Data da Entrega:

Auto-Avaliação: Como você avalia este livro?

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Avaliado por: _______________________________ Grau_______________

Rio de Janeiro, 24 de Janeiro de 2006.