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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
AÇÃO MONITÓRIA
Por: Camila Martins de Carvalho
Orientador
Prof. Dr. José Roberto Borges
Rio de Janeiro
2
2005.
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
AÇÃO MONITÓRIA
Apresentação de monografia à Universidade Candido
Mendes como condição prévia para a conclusão do
Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Docência
do Ensino Superior em Processo Civil.
Por: . Camila Martins de Carvalho
5
RESUMO
A ação monitória compete a quem pretender, com base em prova escrita sem
eficácia de título executivo, pagamento de soma em dinheiro, entrega de coisa
fungível ou de determinado bem móvel. Estando a petição inicial devidamente
instruída, o juiz deferirá de plano a expedição do mandado de pagamento ou de
entrega da coisa no prazo de quinze dias. No previsto no artigo anterior, poderá
o réu oferecer embargos, que suspenderão a eficácia do mandado inicial. Se os
embargos não forem opostos, constituir-se-á, de pleno direito, o título executivo
judicial, convertendo-se o mandado inicial em mandado executivo. Cumprindo o
réu mandado inicial isento de custas e honorários advocatícios. Os embargos
independem de prévia segurança do juízo e serão processados nos próprios
autos, pelo procedimento ordinário. Rejeitados os embargos, constituir-se-á, de
pleno direito, o título executivo judicial, intimando-se o devedor e prosseguindo-se
na forma prevista no livro II, título II, capítulo II, IV do CPC. Veja art.: 1.102a a
1.102c do CPC d lei n.: 9.079/95.
6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..................................................................................................8
CAPÍTULO I - Panorama Histórico .................................................... 10
1.1. Direito Romano..........................................................................10
1.2. Direito Comum...........................................................................11
CAPÍTULO II - Ação Monitória.............................................................13
2.1. A lei 9.979/95 ...............................................................................13 CAPÍTULO III – Natureza Jurídica ......................................................15
CAPÍTULO IV – Petição Inicial............................................................18
4.1. Condições da Ação e Pressupostos Processuais.........................18
4.2. Cabimento....................................................................................19
4.3. Prova escrita................................................................................20
4.4. ônus da Prova..............................................................................22
CAPITULO V – Cognição na fase Inicial.............................................22
5.1 – Juízo de admissibilidade da Tutela Monitória.............................22
5.2. Citação no processo monitório.....................................................24
5.3. Citação pelo Correio....................................................................26
5.4. Citação por Oficial de Justiça......................................................26
5.5. Citação por Edital........................................................................28
7
CAPITULO VI – Resposta do réu .......................................................28
6.1. Cumprimento ao Mandado...........................................................28
6.2. Inércia do Réu.............................................................................29
6.3. Embargos do Réu.......................................................................30
6.4. Embargos como ação autônoma.................................................31
6.5. Embargos ao Mandado...............................................................33
CAPITULO VII – Sentença no Procedimento Monitório......................33
7.1. Adimplemento do Mandado Monitório.........................................33
7.2. Revelia ......................................................................................34
7.3. Sentença dos Embargos ao Mandado........................................34
CAPÍTULO VIII – Conclusão.............................................................35
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA........................................................38
INDICE..............................................................................................39
FOLHA DE AVALIAÇÃO...................................................................41
9
INTRODUÇÃO
1. INTRODUÇÃO
Desde que foi adotado no direito brasileiro, a ação monitória tem figurado
como importante instrumento para a movimentação do Poder Judiciário em
busca da satisfação de créditos por títulos não executivos.
Sua pratica deu-se através da Lei n.º 9.079/95 (DOU de 17.07.1995), restando
inserida no Código de Processo Civil, ao final dos procedimentos especiais de
jurisdição contenciosa, pelo que teve suas peculiaridades definidas nos artigos
1.102a, 1.102b e 1.102c, CPC que será apresentado a seguir.
O presente trabalho tem por finalidade estudar a natureza jurídica da ação
monitória, suas características gerais, a fim de que possamos nos aprofundar
sobre o tema em análise.
Assim, com o advento "A REFORMA DO CPC", constituída por uma série de
leis editadas, principalmente, nos anos de 1994 e 1995, modificações foram
produzidas no sistema processual brasileiro, seja no âmbito da praticidade,
celeridade, como na efetivação do direito pela via do processo, após com a lei nº
9.079 de 14 de julho de 1995, introduziu em nosso sistema instrumental, um
instituto antigo do direito material, que se adapta, essencialmente, aos objetivos
culminados na "REFORMA DO CPC", ou seja, a AÇÃO MONITÓRIA, a qual
passaremos a analisar.
Devemos ressaltar que, entre as diversas modificações no sistema jurídico
pátrio, a técnica da ação monitória a qual consiste em uma nova modalidade
10
procedimental capaz de abreviar a exastiva fase de conhecimento do processo
comum.
A referida ação monitória fez com que fosse possível ao credor, possuidor de
documento escrito sem força executiva, obter um título executivo judicial, e
podendo assim satisfazer o seu crédito.
Com relação a natureza jurídica dos embargos foram enfrentadas questões
controvertidas, a fim de entendermos melhor o instituto em análise.
Ao final estará apresentada a conclusão à respeito das questões
controvertidas que envolve o instituto monitório brasileiro, com base na mais
autorizada doutrina.
11
1. PANORAMA HISTÓRICO
1.1. Direito romano
O processo luso-brasileiro filia-se ao processo romano e este apresenta-se
dividido em três períodos distintos, com características peculiares a cada um,
conforme as necessidades próprias de cada época.
No primeiro, das legis actiones, que se entende desde a da fundação de
Roma, por volta do ano 754 AC até o ano 149, conheciam-se cinco ações e o
procedimento era oral, aparecendo duas fases. A fase inicial ocorria na presença
do juiz, que realizava a função de conceder a ação entre cinco, e fixar o objeto do
litígio. Em seguido, prosseguia a instrução perante os cidadãos, designados
como árbitros, que colhiam provas, ouviam os debates entre as partes que
compareciam pessoalmente, uma vez que não havia a possibilidade de se
fazerem representar por procuradores. Esta fase era extremamente solene por
respeitava a um ritual rigoroso que conjugava palavras e gestos indispensáveis
sendo, no final desta, proferida a sentença.
O período per formulas, ou seja, através de formulário, vai do ano 149 AC
até o inicio do terceiro século da era cristã. No segundo período, Roma promoveu
a expansão do seu território tornando as ações de lei (1º período) insuficientes
para satisfazer às inúmeras pretensões, visto que a expansão territorial implicou
num aumento da densidade demográfica do Império Romano que, por sua vez,
12
provocou um crescimento das relações sociais, elevando o número de conflitos
de interesses.
CRUZ E TUCCI, José Rogério informam que, conforme as fontes de história
do Direito, os romanos conheciam, a partir do processo a técnica da summaria
cognitio. O procedimento, no período formulário, ainda era bifásico, iniciando-se
com o exame da pretensão do autor pelo Juiz que limitava-se tão somente aos
pressupostos fáticos e, em seguida, indicava no álbum pretoriano a ação que
desejava oferecer. Ouvido o réu e não havendo possibilidade de acordo entre as
partes, o Juiz, desde que se conceda a ação, remetia a decisão da lide a um
árbitro privado (index privatus) entregando ao autor a formula da ação,
provocando assim a instauração de procedimento ordinário. Enquanto a fórmula
da ação era escrita, a fase de instrução e julgamento era oral e as partes podiam
ser assistidas por procuradores, fazendo-se no processo os princípios do
contraditório e da livre convicção do Juiz.
O terceiro período (cognitio extraordinária) tem os seus limites fixados entre
o ano 200 e o ano 545 DC. O Império Romano aboliu os árbitros privados
trazendo para o estado o poder de jurisdictio (dizer o direito). Com eliminação
dos juizes privados o processo passou a se desenvolver perante o magistrado,
prevalecendo a escrita em suas fases, que começavam com a citação do réu
através de funcionários públicos. A fase de cognição consistia no pedido do
autor, na defesa do réu, na instauração da causa (produção de provas) e, por fim,
a prolação da sentença, admitindo-se a interposição de recursos.
Outrossim, na fase de execução, fazia–se cumprir a decisão parte
condenada se recusava a cunprir a condenação contida no decisium. judicial
inclusive através de medidas coativas, quando a
1.2. Direito Comum
13
As invasões bárbaras no Império Romano resultaram na implantação do
direito primitivo dos conquistadores germanos, que se baseava nas ordálias de
juízos de Deus, submetendo as partes a desafios de fogo, água fervente e duelos
perante as assembléias do povo (órgão de jurisdição) de sorte que, supunha-se,
a divindade viria em socorro da parte que tivesse razão.
Na época à Igreja Católica desempenhou importante papel preservando o
direito romano, sobre o qual moldou muitas das suas instituições do direito
eclesiástico.
No século XI, com o aparecimento das primeiras universidades européias,
ente elas a de Bolonha, as fontes jurídicas romanas passavam a ser investigadas,
ao lado do estudo dos direitos canônico e germânico (bárbaro).
Em decorrência das fórmulas resultantes de processos de diferentes
origens, foi este período denominado de direito comum, e vigorou até meados do
século XVI, influenciando sistemas processuais vigentes.
Quanto ao processo este sofreu influência do direito romano no que tange o
procedimento escrito, a prova e a sentença. Por sua vez, o direito germânico
contribui com a intervenção de terceiros e a obrigatoriedade da coisa julgada,
enquanto o direito canônico estabeleceu o processo sumário abolindo o excesso
de formalismo, primando pela simplicidade processual.
14
2. AÇÃO MONITÓRIA
2.1 – A LEI 9079/95
Atendendo às reclamações do credor que não possuía título hábil ensejados
do processo de execução, o qual sofria demora do procedimento ordinário,
instituto monitório foi adotado, no procedimento processual pátrio, permitindo a
rápida formação do título executivo judicial.
Não é de hoje os processualistas pátrios fomentam a adoção do
procedimento monitório pelo direito brasileiro e que já constava do anteprojeto de
modificação do Código de Processo Civil, elaborada pela comissão nomeada
em 1985 pelo Ministério da Justiça. Entretanto, aquela sugestão só foi realmente
colocada em prática mais recentemente na Comissão presidida pelo Ministro
Sávio de Figueiredo Teixeira que apresentou proposta semelhante ao Congresso
Nacional, consubstanciada no Projeto de Lei nº 3.805/93, que acabou sendo
convertida na Lei 9.079/95.
O projeto de lei supra mencionado teve origem com a mensagem nº 257, de
11/05/93, com exposição de motivos do Ministro da Justiça – “Abreviar, de forma
inteligente e hábil, caminho para formação do título executivo, contornando o
geralmente moroso e caro processo ordinário”.
15
Tanto a Câmara como o Senado Federal, mantiveram o texto do projeto
original, e que por não sofrer emendas foi convertido na Lei 9.079/95, publicada
no D.O em 17/07/95, com vacatio legis de sessenta dias. Desta forma, o novel
instituto entrou em vigor em 17 de setembro de 1995.
Esta lei está situada no capítulo XV, do livro IV, Título I do Código de
Processo Civil sob cunho de “Ação Monitória“, composta de 03 artigos,
identificados pelo número na integra, a seguir:
Art. 1.102a – A ação monitória compete a quem
pretender com base em prova escrita sem eficácia de título
executivo, pagamento se soma em dinheiro, entrega de
coisas fungível ou de determinado bem móvel.
Art. 1.102b – Estando a petição inicial devidamente
instruída o juiz deferirá de plano a expedição do mandato
de pagamento ou entrega da coisa no prazo de quinze
dias.
Art. 1.102c – No prazo previsto no artigo anterior o
réu poderá oferecer embargos, que suspenderão a
eficácia do mandado executivo e prosseguindo-se na
forma prevista no livro II, capítulo II e IV.
§ cumprindo o réu o mandado ficará isento de custa e
honorários advocatícios.
§ os embargos indepedem de prévia segurança do
Juízo que serão processados nos próprios autos, pelo
procedimento ordinário.
16
§ rejeitados os embargos constituir-se–a de pleno
direito título judicial, intimando –se o devedor na forma
prevista no livro II, Título II, Capítulo II e IV.
Observa-se que assim se evitou a remuneração de todos os demais artigos
do Código, agindo–se sob a inspiração de modelos encontradiços na Europa e
nos Estados Unidos. Por exemplo, o Código de Processo Civil de Portugal,
propôs que no art.65, que lá como nos demais, é ordinalmente numerado, o
art.65°A; ao art. 228°A e B e no art.234° ao art.234°A. Esta prática também foi
adotada pela Itália, que através da lei n.°353, de 26/11/90, juntou nada menos
que 13 artigos ao de n. 669 do Códice di Procedura Civile, apresntando o
primeiro como 669-bis e assim sucessivamente até o décimo quarto.
3. NATUREZA JURÍDICA DA AÇÃO MONITÓRIA
JOSÉ EDUARDO CARREIRA ALVIM anota que "a finalidade do
procedimento monitório é simplificar o largo e dispendioso processo de cognição
e de condenação, fazendo chegar a providência de condenação diretamente,
mediante uma redução – já que não há abolição da fase de declaração de
certeza – que se baseia unicamente no conhecimento dos fatos constitutivos da
ação proposta, sem levar em consideração aqueles fatos impeditivos,
modificativos ou extintivos do direito; fatos que, em virtude das exceções e
defesas da parte contrária, deveriam constituir objeto da declaração e que o
pretenso obrigado não pode aduzir porque a condenação é emitida inaudita
altera parte, mas que poderá, eventualmente, se considerar oportuno, fazer valer
mediante uma plena declaração de certeza posterior à condenação".
Dessa ilação, depreende-se que a ação monitória comporta fases
distintas, sendo que, na formação do título executivo judicial, há uma cognição
sumária, com condenação do réu.
17
Outra fase, que se faz superveniente, é a de execução do crédito
materializado naquele título.
Não há consenso doutrinário quando da determinação da natureza
jurídica da ação monitória. Trata-se de ação condenatória, constitutiva ou um
misto de conhecimento e execução?
NELSON NERY JUNIOR assevera que a ação monitória "é ação de
conhecimento, condenatória, com procedimento especial de cognição sumária e
de execução sem título. Sua finalidade é alcançar a formação de título executivo
judicial de modo mais rápido do que na ação condenatória convencional. O autor
pede a expedição de mandado monitório, no qual o juiz exorta o réu a cumprir a
obrigação, determinando o pagamento ou a entrega de coisa fungível ou de
determinado bem móvel. Trata-se, portanto, de mandado monitório, cuja eficácia
fica condicionada à não apresentação de embargos. Não havendo oposição de
embargos, o mandado monitório se convola em mandado executivo."
VICENTE GRECO FILHO, quando leciona que se conhece dois tipos de
procedimento monitório ou de injunção: o procedimento monitório puro, onde o
juiz determina a expedição do mandado de pagamento ou de entrega da coisa
ante a simples afirmação do autor, e que quando opostos embargos ou defesa,
torna-se ineficaz o preceito e instaura-se amplo contraditório com sentença; e o
procedimento monitório documental, que exige apresentação de documento
escrito comprobatório do débito e no qual os embargos suspendem a eficácia do
mandado, prosseguindo sua execução na hipótese de rejeição. Segundo o autor,
o sistema brasileiro teria adotado essa segunda forma.
Complementa, ainda, GRECO FILHO, traçando as características
informadoras da ação sob comento, como de cunho constitutivo: "O
procedimento monitório é o instrumento para a constituição do título judicial a
partir de um pré-título, a prova escrita da obrigação, em que o título se constitui
18
não por sentença de processo de conhecimento e cognição profunda, mas por
fatos processuais, quais sejam a não-apresentação dos embargos, sua rejeição
ou improcedência."
JOSÉ RUBENS COSTA indica uma natureza jurídica mista, afirmando ser
a ação monitória "processo de conhecimento com prevalente função executiva. A
nova ação ou o novo procedimento mistura características do processo de
conhecimento com o de execução. Por conseguinte, desenvolve-se em processo
de cognição sumária, isto é, não contém a cognição plena do processo de
conhecimento e nem a ausência de cognição do processo de execução".
Surge, assim, com a monitória, por alguns doutrinadores, um instituto
processual com natureza jurídica mista, que se inicia como procedimento
injuncional, com fase de conhecimento sumária, e termina em fase executiva.
Na órbita cognitiva, a ação monitória comporta duas possibilidades
jurídicas distintas: a primeira, constitutiva, verifica-se quando o réu não opõe
embargos e o mandado injuncional convola-se pleno iure em mandado executivo.
A segunda se dá com a prolatação da sentença condenatória, quando opostos
os embargos correspondentes.
Finalmente, constituído o título pleno iure pela sentença condenatória ou
pela revelia, vem a última etapa da ação monitória, que é o seu prosseguimento
pelo rito executivo próprio.
CÂNDIDO RANGEL DINAMARCO aduz que "existe, portanto, um sentido
latíssimo de execução, que principia por incluir o próprio adimplemento das
obrigações, passa pela realização de direitos pela sentença constitutiva, abrange
os atos de pressão psicológica e de documentação e só afinal chega à execução
forçada. No sentido estrito e processualmente técnico, somente esta última é
19
tratada como execução. Em direito processual, execução é somente a execução
forçada".
Assim, não se pode conceber a ação monitória como execução estrita,
pois sua natureza jurídica comporta aspectos cognitivos inexistentes nesta. Mas
por possuir uma "fase" executiva, que agrega-se à própria ação monitória, como
prolongamento desta, não se faz equivocado atribuir-lhe também natureza
executiva, desde que alcançada essa fase no curso da ação.
4 . PETIÇÃO INICIAL
4.1 . CONDIÇÕES DA AÇÃO E PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
Ação judicial é o instrumento através do qual um indivíduo pede um
pronunciamento do judiciário sobre determinado fato, onde estão presentes 03
elementos de constituição: as partes, causa de pedir e o objeto.
O pedido constitui o mérito da ação e para que o juiz o aprecie (sentença
definitiva) necessário se faz observar algumas condições da ação, sob pena de
encerramento da atividade jurisdicional sem a manifestação sobre o petitum
(sentença terminativa).
As condições da ação são possibilidades jurídicas do pedido, a
legitimidade das partes e o interesse de agir. A falta de uma das condições
acarretam um fenômeno processual de carência de ação (art.: 267, IV, CPC).
A legitimidade das partes consiste no exercício em juízo do titular do direito
subjetivo pedindo uma prestação jurisdicional e, em contrapartida, a situação do
demandado em sofrer os efeitos do pedido. A legitimação pode ser ordinária
quando o próprio titular da prestação ou da resistência, um dos sujeitos da ação,
20
comparece ou é chamado a comparecer em juízo; ou extraordinária, quando for
disposição expressa, a lei autoriza alguém a acionar ou respondem por
resistência alheia, hipótese esta de substituição processual (art.: 6, CPC).
Pela possibilidade jurídica, indica-se a existência de que deve haver,
abstratamente dentro do ordenamento jurídico, um tipo de providência a que se
pede através da ação. Ocorrendo, a impossibilidade jurídica do pedido, levará o
juiz a proferir decisão terminativa, ou seja, sem a apreciação do mérito.
A terceira condição da ação, interesse de agir, decorre do binômio
necessidade e adequação, esta, representada pelo pedido de providência
adequada à satisfação ao direito material; aquela, consubstanciada na
obtenção,através do processo, à proteção ao interesse substancial.
Denomina-se pressupostos processuais os requisitos de existência,
validade e eficácia do processo. São agrupados em pressupostos processuais
subjetivos e objetivos. Os pressupostos subjetivos dizem respeito aos
integrantes da relação processual; os que se referem ao juiz, o qual deve ser
investido, competente e imparcial; e os concernentes às partes de configurar nos
respectivos pólos da ação e a capacidade postulatória.
A não observância dos pressupostos processuais produzirá sentença sem
o julgamento de mérito ( art.: 267,, IV, V. CPC).
4.2. CABIMENTO
O cabimento monitório está disposto no art.: 1.102,a, CPC, in verbis:
“AÇÃO MONITÓRIA COMPETE A QUEM PRETENDER, COM BASE EM
PROVAS ESCRITAS SEM EFICÁCIA DE TÍTULO EXECUTIVO. O DIREITO
BRASILEIRO ADOTOU O PROCEDIEMENTO MONITÓRIO DO TIPO
21
DOCUMENTAL, E PRESSUPÕE QUE PARA A SUA INSTAURAÇÃO A
JUNTADA DE PROVA DOCUMENTAL NA PETIÇÃO INICIAL, ESTA POR SUA
VEZ, DEVERÁ ATENDER OS REQUISITOSDO ART.: 282 E 283 DO DIPLOMA
LEGAL.”
Se o autor estiver munido de documento com força executiva ( art.:
584/585, CPC), não poderá utilizar o remédio monitório para a satisfação de seu
crédito, diante de manifesta falta de interesse processual decorrente da
inadequação do procedimento escolhido.
Em relação ao pedido, a pretensão deduzida deverá referir-se
exclusivamente a determinada coisa fungível e, em particular, à quantia líquida de
dinheiro ou ainda à entrega de coisa móvel.
Quanto ao valor pretendido, este deve ser necessariamente líquido não
cabendo pleitear por esse caminho processual valores que exijam liquidação
para a sua fixação, seja por arbitramento ou por artigos. A liquidez da soma nos
leva a concluir que o autor deve instruir a inicial com a memória de cálculo
discriminada, a exemplo do que ocorre no processo por quantia certa contra o
devedor solvente, como dispõe o art.: 604, CPC. Os valores., desde logo, devem
vir especificados, inclusive com a atualização monetária, caso incidente.
Outrossim, o autor pode pleitear a entrega de coisa fungível ou bem
determinado móvel. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou
de remoção por força alheia, enquanto as coisas fungíveis são os móveis que
podem ser substituído por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade.
Neste sentido se posiciona DINAMARCO, Cândido Rangel, afirmando
que inexiste a faculdade de optar entre o processo executivo e o monitório, sendo
clara a lei ao dar como hábeis a legitimar essa nova via somente os documentos
que não expressem títulos executivos embora o citado processualista sustente
que não há peculiaridade alguma quanto ao interesse-necessidade, porque, por
22
esse aspecto, o que aqui importa é a correta necessidade do serviço jurisdicional
e não os caminhos a escolher.
4.3. PROVA ESCRITA
O procedimento monitório documental impõe, como visto, dentre os
requisitos para o deferimento do mandado de pagamento de entrega, a
comprovação dos fatos suscitados mediante prova escrita.
Mister se faz necessário conceituar e dimensionar a amplitude de prova
escrita. A prova é o meio que tem por finalidade converter o juiz quanto a
existência ou inexistência dos fatos sobre a lide, o qual é o destinatário da prova
e que tem por finalidade a formação de sua convicção, sobre a existência ou não
de determinado fato, objeto da prova.
Somente a prova documental é admissível no procedimento monitório,
excluído os documentos tipificados como títulos executivos extrajudiciais (art.:
585, CPC).
Documento é definido como coisa representativa de um fato e destinado a
fixá-lo de modo permanente e idôneo, reproduzindo-o em juízo.
Contudo a lei 9.079/95, delimitou a prova documental, limitando a prova
escrita sem eficácia de títulos executivos ( art.: 1.102, CPC), não contemplando o
documento gráfico.
A prova escrita pode ser assinada pelo devedor ou não subscritas Poe
este, como as anotações constantes de escrita comercial, manual ou reproduzida
por qualquer meio de repetição mecânica (art.; 371, I, II, III; art.: 376, I ,II, III, CPC).
23
Para configurar a prova escrita legitimadora do processo monitório, nada
obsta que os autos de dois ou vários documentos, de per si, insuficientes mas
que somados sejam capazes de induzir a possibilidade suficiente.
CAVALLO, Aldo, citado por CRUZ E TUCCI, Jose Rogério, sugere que se
deve entender por prova escrita “qualquer documento desprovido de certeza
absoluta, merecedora de fé pelo juiz, quanto à autenticidade e eficácia
probatória”.
4.4. ÔNUS DA PROVA
Caberá ao autor provar o fato constitutivo do seu direito (art. 333, I, CPC)
através de documento escrito do seu crédito, com as qualidades de certeza e
liquidez.
Ao réu, em sede de embargos, incumbe provar a existência do fato
impeditivo, modificativo ou extintivo de direito (crédito) do autor, por todos os
meios de provas admitidos no nosso ordenamento (testemunhal, documental,
material).
Com os embargos do réu prosseguir-se-á pelo rito ordinário com ampla
produção, fazendo jus o autor, nesta oportunidade, pela produção de quaisquer
provas, razão pela qual deve prosperar pela sua apresentação na petição inicial.
É impróprio falar-se em inversão do ônus da prova, não sendo contrário a
este procedimento que possa o autor produzir novas provas no curso da
instrução, obtendo em caso positivo a conformação do mandado judicial.
5. COGNIÇÃO NA FASE INICIAL DO PROCEDIMENTO MONITÓRIO
24
5.1. JUIZO DE ADMISSIBILIDADE DA TUTELA MONITÓRIA
No procedimento comum de conhecimento, a tutela jurisdicional é ampla e
complexa, existindo a cognição plena, ao reverso do que pode ocorrer em alguns
procedimentos especiais, em que o cognitivo é ilimitado.
Cognição plena a que incide sobre o litígio, sem restrições, propiciando
ao juiz que examine a lide em toda a sua extensão e profundidade, dentro, é
claro, dos limites demarcados no pedido, para fundamentos no decidium.
Quando plena a cognitio, a pretensão do autor é confirmada com a defesa do réu,
em pesquisa ampla e total e o juiz levará em conta todas as alegações das
partes quanto às condições de admissibilidade da tutela jurisdicional e quanto ao
mérito para decidir a lide de modo definitivo.
Na cognição limitada (sumária) não há exame total da lide porque esta, ao
se enquadrar no processo sofre limitações. Por exemplo, na tutela jurisdicional
cautelar ( art.: 796 e seg., CPC) o autor pretende que de imediato, lhe seja
concedida determinada prestação, o que será admitido pelo juiz, se de pronto
estiverem os requisitos necessários para o cabimento do instrumento processual
pelo autor (fummus boni Iuris e o periculum in mora).
Desta forma, o juiz não fará o conhecimento do mérito da causa que se
torna incompleta, uma vez que o juiz apenas verifica a presença de pressupostos
necessários para o entendimento do pedido autoral.
O mesmo ocorre na hipótese da tutela jurisdicional antecipada ( art.:
273,CPC) e no mandado de segurança (art.: 5, LXIX, CRFB), onde a cognição
também é limitada, isto é, não há exame como ocorre nos procedimentos
comuns de conhecimento.
25
A cognição praticada na ação monitória é, de inicio, sumária ou
superficial, porque limita verificar se a pretensão do autor se apóia em prova
escrita a que o art.: 1.102, CPC. Se a obrigação constante do documento é
aquela a que o mesmo dispositivo legal confere à ação monitória, a cognição
estrutura-se apenas na matéria fática demonstrada pelo requerente então, o juiz,
conhecedor do direito, deve examinar, a exemplos do que ocorre no
procedimento comum, os pressupostos de admissibilidade e no determinado
procedimento monitório documental, a idoneidade da prova escrita.
5.2. CITAÇÃO DO PROCEDIMENTO MONITÓRIO
A citação é o ato processual pelo qual se chama, em juízo, o réu ou o
interessado, a fim de se defender (art.: 213, CPC). Esta definição do código
parece deficiente, pois a citação é o ato de integração de pessoa na relação
processual, visto que não se cita só o réu, mas pode se citar alguém para
integrar, como autor, o pólo ativo da relação processual, bastando-se imaginar o
caso de citação do litisconsorte necessário ativo.
A citação é necessária para a angularização da relação jurídica
processual, composta das seguintes figuras: juiz, autor e réu. A citação válida
torna prevento o juízo, induz litigiosa a coisa, e, ainda, quando ordenada por juiz
competente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição a prescrição
( art.: 219, CPC). Os dois primeiros efeitos são do direito processual e os
demais de direito material.
Preceitua o art.: 1.102b, que “estando a petição inicial devidamente
instruída, o juiz deferirá de plano a expedição do mandado de pagamento ou
entrega de coisa no prazo de quinze dias.”
26
Quanto ao chamamento do réu, o legislador não se comprometeu em
definir se tratar de citação ou de intimação. Embora o ato citatório
tradicionalmente se destine a chamar o demandado afim de se defender (art.:
213,, CPC) não é isso que ocorre no procedimento monitório, e a intimação
objetiva dar ciência a alguém dos atos e termos do processo (art.: 234, CPC), o
mais correto é se atribuir a essa comunicação a natureza citatório.
No tocante ao conteúdo do mandado, temos a citação no processo de
conhecimento, chamamento do réu para se defender, e no processo de
execução, para pagar ou nomear bens à penhora.
O mandado monitório caracteriza-se pela forma do seu deferimento que
se dá através de uma cognição limitada, sumária. È característica do mandado
monitório a ausência do contraditório inicial, uma vez que a determinação dirigida
ao provável devedor é proferida inaudita altera parte, isto é sem a manifestação
do réu.
Vale ilustrar o assunto destacando a seguinte emenda:
“AÇÃO MONITÓRIA – CITA-SE “COMO DESPACHO INICIAL
INADMISSIBILIDADE”. Ao despachar a petição inicial da ação monitório em a
encontrando devidamente instruída, não pode o juiz determinar pura e
simplesmente a citação do réu que não é chamado para se defender, mas deferir
de plano a expedição de mandado de pagamento ou entrega da coisa no prazo
de quinze, dele devendo constar que se não forem oferecidos os embargos no
prazo de 15 dias, aquele mandado se converterá em executivo (TA – MG – Ac. –
Unân. Da 1ª Cam. Cível, Julg. Em 28/10/1997 – Ap. 241.358 – 1ª Capital – Rel.
Juiz Herondes de Andrade)”.
27
Isto posto, fica entendido que no procedimento monitório o mandado inicial
é uma ordem de pagamento ou de entrega, sem força executiva, ou seja, não
produz uma constrição patrimonial, ficando numa posição intermediária entre o
processo de conhecimento, onde temos uma simples citação chamando o réu
para se defender, e a citação do processo de execução que constrange o
executado a pagar ou nomear bens a penhora.
A citação pode realizar-se de três modos (art.: 221, CPC):
- pelo correio;
- por oficial de justiça;
- por edital.
5.3. CITAÇÃO PELO CORREIO
A citação através de via postal é novidade instruída, em matéria de
processo civil, pelo código de 1973, estimulada e valorizada pela lei n.: 8710/93,
que deu nova redação ao artigo 222, CPC, tornado-se regra geral no processo
civil.
È uma forma de citação real, posto que depende de efetiva entrega ao
citado (art.: 223, parágrafo único do CPC).
Realiza-se a citação pelo correio depois de deferida pelo juiz, por meio de
carta registrada com aviso de recebimento, expedida pelo escrivão que será
acompanhado de cópias da inicial e do despacho proferido pelo magistrado,
devendo constar a advertência do art.: 285, CPC, e o prazo legal para resposta.
O prazo para resposta do réu só começa a fluir da juntada do aviso de
recebimento aos autos (art.: 241, V, CPC). Contudo como o carteiro não dispõe
28
de fé pública para certificar a entrega ou a recusa, se o destinatário se negar a
assinar o recibo, a citação postal estará prejudicada, restando ao autor requerer
a renovação de diligência através de oficial de justiça ou se for o caso por edital
em último caso.
A doutrina pátria e pacifica ao admitir a citação pelo correio no
procedimento monitório, ficando ressalvado no entanto que não assinado o
destinatário (réu), embora ciente desta, não produzirá os efeitos da revelia (art.
319, CPC) por faltar fé pública.
5.4. CITAÇÃO POR OFICIAL DE JUSTIÇA
Com o advento da lei 8.710/93 a regra geral passou a ser a citação pelo
correio, no entanto esta não se aplica aos casos do art.: 222, CPC, devendo
prevalecer a citação por mandado através de oficial de justiça, que é o órgão
auxiliar a que toca a função de cumprir as ordens expedidas pelo juiz.
Por ordem do juiz, o escrivão extrai o mandado de citação, que deverá os
requisitos do art.: 225, CPC. Diligenciando, observa-se-à o oficial de justiça para
o devido cumprimento do mandado de citação, os requisitos cogentes do art.:
226, CPC, fazendo a leitura do mandado e entregando a contra-fé ao réu,
certificando o recebimento e obtendo a ciência do mesmo, ou certificando a
recusa da contra-fé caso haja a recusa do réu à receber o mandado.
Após o efetivo cumprimento o oficial devolverá ao cartório o mandado de
citação e, em caso de não observância dos requisitos da citação, conforme a
gravidade do vício, poderá acarretar a sua nulidade obrigando-o a renovar a
diligência citatória.
Outrora se o oficial não conseguir encontrá-lo para lhe dar pessoalmente
ciência do ato, e havendo suspeita de ocultação é permitido que se faça a
29
citação de forma ficta ou presumida, chamando de citação com hora certa (art.:
227, CPC).
Reunindo estes requisitos o oficial intimará qualquer pessoa da família ou
em sua falta qualquer vizinho, que no dia seguinte voltará, a fim de efetuar a
citação do réu na hora que designar. Não sendo encontrado o demandado, o
oficial deixará a contra-fé com a pessoa intimada, lavrando a certidão da
diligência nos termos do art.: 228,parágrafo 2º, CPC.
Na hipótese de citação com hora certa, a doutrina é divergente quanto a
sua aplicabilidade no procedimento monitório.
Theotônio Negrão em nota ao art.: 1.102, CPC, diz que o prazo para
embargos começa a fluir da data da juntada do aviso de recebimento da citação
postal ( art.: 241, I, CPC) ou mandado cumprido (art.: 241, II, CPC), este último
inclui a citação com hora certa.
Contra a citação por hora certa temos, entre outros, Ernane Fidelis do
Santos e Carreira Alvim. Ambos sustentando que o procedimento monitório não
comporta esta modalidade ficta, porque, de alguma forma, para aceitação da
formação de título por omissão de defesa, á mister efetiva manifestação de
vontade que esta além dos poderes de atuação do curador. Na impossibilidade
da citação direta, ao credor só resta a opção do processo de conhecimento.
5.5. CITAÇÃO POR EDITAL
A citação por edital é outra modalidade de citação ficta ou presumida, em
cabimento nos casos específicos do art.: 231, CPC. Paras a validade da citação
por edital deverão ser observados os requisitos do art.: 232, CPC, começando a
fluir o prazo para resposta do réu variando este de 20 a 60 dias.
30
Quando o réu não responde ou deixa de comparecer em juízo lhe é
nomeado a figura do curador especial, para acompanhar o processo em seu
nome e defender os seus interesses (art.: 9º, II, CPC).
Da mesma maneira que a citação com hora certa, por ser a citação
editalícia ficta ou presumida, a doutrina brasileira divide-se quanto a
possibilidade do sue cabimento na demanda monitória.
6. RESPOSTA DO RÉU AO MANDADO MONITORIO
6.1 – Cumprimento do Mandado.
Dispõe o artigo 1.102c § 1º do CPC, que cumprindo o réu a obrigação
contida no mandado, ficará isento de custas e honorários advocatícios.
Citado o réu, e este cumprindo a ordem constante do mandado monitório,
fará jus a isenção do pagamento dos ônus sucumbentes, ou seja, livre de custas
processuais e honorários advocatícios. Esta isenção de encargos é um estimulo
ao abreviamento da solução da lide.
A respeito deste benefício concedido ao Réu pelo legislador, em princípio
afronta a isonomia processual, esta isenção porém é instituída em prol do Réu
pela lei como forma evidente de estimulo ao implemento da obrigação.
Procedendo desta forma o Réu, pagando a soma em dinheiro, efetuando a
entrega do que substituía a coisa fungível, ou transferindo ao Autor o bem móvel
(mediante depósito judicial, ou diretamente), deverá o juiz prolatar sentença
declaratória de extinção do processo.
6.2 Inércia do Réu
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Estabelece o artigo 1.102c do CPC que:“ No prazo previsto no artigo
anterior, poderá o Réu oferecer embargos, que suspenderão a eficácia do
mandado original. Se os embargos não forem opostos, constituir-se-á de pleno
direito, o título executivo judicial, convertendo-se o mandado inicial em mandado
executivo e prosseguindo-se na forma prevista no Livro II, título II, Capítulo II e IV”.
Desta forma, transcorrido o prazo de quinze dias para a oposição de embargos e
não tendo o réu cumprido o mandado, este tornar-se-á um título executivo judicial,
dando-se inicio a fase executiva procedimento monitório.
Com a inércia do Réu e a preclusão do seu direito de oferecer embargos,
teremos a conversão do mandado inicial em mandado executivo e, assim, dá-se
por encerrado a fase cognitiva do processo monitório e inicia-se a fase
executória. Assim faz-se necessário a prolação de uma sentença declaratória de
que precluiu o direito do Réu de defender-se, pois não se pode conceder a
instauração do processo executivo sem pronunciamento judicial que reconheça
adequada formação do título, que pode não ter ocorrido, no caso de ocorrer vício
que anule a citação o que comprometeria a qualidade do processo e impediria a
defesa do Réu, ou seja, omitindo-se o réu sem satisfazer nem embargar.
O título judicial constituído de pleno direito pela não apresentação dos
embargos ou sua rejeição, é um título judicial sem sentença que existe nos
moldes do processo de conhecimento, tratando-se de título judicial por
equiparação e não pela natureza do provimento. O mencionado doutrinador o
classifica de título judicial sui generis, porque resulta da soma de documento do
provimento judicial interlocutório e do fato da não apresentação ou rejeição dos
embargos.
Se o Réu fica revel, não opondo os embargos por meio dos quais se
defende, opera-se, então, por assim dizer, a consolidação do mandado inicial
como título executivo, que se constitui de pleno direito (art. 1.102 do CPC). A
32
partir da conversão o processo de conhecimento extingue-se, instaurando-se o
processo de execução, que se desenvolve como qualquer outro.
Com a inércia do Réu prosseguirá o processo com conversão do mandado
inicial em título executivo judicial e terá então referência nos termos do artigo 652
do CPC, no caso de tratar-se de soma em dinheiro ou então nos termos do artigo
621 e 629, se for para entrega de bem móvel determinado ou coisa fungível,
respectivamente.
6.3 – Embargos do Réu
Citado o réu, poderá oferecer embargos no prazo de quinze dias os quais
suspenderão a eficácia do mandado monitório, ou seja, paralisando a ordem de
pagamento ou entrega contida no provimento judicial.
Os embargos não dependem de prévia garantia do juízo, e serão
processados nos próprios autos da ação monitória, dando inicio a uma cognição
plena, conduzida pelo rito ordinário (art. 1.102 § 2º).
Assevera, THEODORO JUNIOR, Humberto que a instauração do
contraditório é eventual e partido do devedor citado para satisfazer o crédito do
autor.
Questão de extremo relevância jurídica deste embargos , eis que parte da
doutrina os considera uma defesa (contestação) enquanto a outra parte entende
que trata-se de ação incidental.
6.4 – Embargos ou Ação Autônoma.
33
A corrente doutrinária que entende os embargos no procedimento monitório
como ação autônoma de cognição, é composta, entre outros, por DINAMARCO,
Cândido Rangel. Segundo tais juristas, os embargos são um processo incidente
ao processo monitório, e caracteriza-se por sua autonomia, principiando por um
ato de iniciativa consubstanciado em petição inicial e terminando por sentença,
que lhe põe termo. A respeito do procedimento a se observar nos embargos,
deverá, ser o ordinário, com fases normais de que o mesmo se compõe, sendo
que objeto desse processo de embargos reside na pretensão deduzida pelo réu-
embargante, o que por esse meio poderá deduzir todas as defesas que
ordinariamente teria um processo comum, sobretudo, entre elas, uma pretensão
à prolação de sentença que declare inexistir o crédito reclamado pelo Autor
embargado ou existir por quantum mais reduzido.
Os embargos do devedor são ação de conhecimento incidental e, na
execução objetivam a desconstituição do título executivo, com a conseqüente
declaração de inexistência de dívida, ou reconhecimento da propriedade do
processo executório.
No procedimento monitório, não há ainda o título executivo em razão da
forma em que a dívida se representa, goza de presunção de certeza e liquidez,
para os efeitos processuais previstos; neste caso, os embargos poderão atacar
a própria pretensão e desconstituir o procedimento monitório ou não, com o
mesmo efeito e, mais ainda, declarar a inexistência da dívida.
Para alguns doutrinadores esses embargos não constituem simples defesa,
como é a contestação, porém a ação de conhecimento que se dirige, não é
diretamente contra o pedido da inicial, mas contra o mandado monitório, cuja
eficácia os embargos suspendem, uma vez acolhidos. Como impedem a
formação do processo executivo, podem se alegar neles todas as matérias de
defesa (art. 745 CPC), e não apenas as do art. 74 do Diploma Processual. De
acordo com GRECO FILHO, Vicente, os embargos constituem ação de natureza
34
declaratória ou constitutiva negativa, não havendo razão para considerá-los
somente de defesa.
Para Wilson Marques os embargos à ação monitória não são somente uma
peça de defesa como uma contestação, são na verdade uma ação nova,
ajuizáveis de petição inicial elaborada com observância das regras e dos artigos
282 e 283 do CPC, podendo o embargante alegar toda a matéria de defesa que
alegaria em processo de conhecimento comum, com destaque para a de
inexistência de crédito que o autor se diz titular, ou a de sua existência, mas de
valor menor. Seu posicionamento é baseado no fato de que a lei deixa claro que
não se trata de defesa, pois não se conhece nenhum caso em que para
apresentar contestação na defesa, sob qualquer outra forma, sob qualquer outra
forma, o Réu tenha que segurar o juízo (art.1.102, § 2º), mas se conhece casos de
ações em que para insurgir-se contra pretensão autoral, deve o Réu satisfazer
previamente aquela formalidade (ação de embargos de devedor).
Continua o Ilustre Magistrado, concluindo que a partir do § 3º do mesmo
artigo, quando diz que “rejeitados os embargos contituir-se-á, de pleno direito o
título executivo judicial”, uma vez que é rejeitado ou acolhido pelo juiz, é sempre o
pedido formulado pelo Autor, petição inicial que o mesmo intentou, não se tendo
noticia de nenhum caso em que ao julgar o mérito da causa o juiz rejeitou ou
julgou improcedente a contestação do Réu.
Segundo, CRUZ E TUCCI, José Rogério, os embargos constituem uma
ação incidental, na qual ao embargante é lícito formular mais de um pedido, em
cumulação objetiva visando a um só tempo, a rejeição da ação monitória por vício
atinente ao seu objeto formal e ou a declaração de inexistência da obrigação
representada pelo documento escrito em que se baseia o mandado de
pagamento ou de entrega da coisa e, ainda, a condenação do Autor embargado
por débito derivado do mesmo negócio jurídico que deu ensejo a postulação da
demanda monitória.
35
6.5 – Embargos ou Mandado.
Conforme depreende-se do artigo 1.102, caput do CPC, estabeleceu que o
mandado ficará suspenso, quando forem interpostos embargos. A legislação
pátria previu também que julgado improcedentes os embargos o mandado inicial
converter –se-á de pleno direito em título executivo (art. 1.102, § 3º do CPC),
independente da sentença final.
Portanto os embargos constituem forma incidental de desconstituição do
provimento inicial e/ou de reconhecimento da inexistência.
7. SENTENÇA NO PROCEDIMENTO MONITÓRIO
7.1. ADIMPLEMENTO DO MANDADO MONITÓRIO
Assim sendo, o cumprimento espontâneo da ordem contida no mandado
monitório pelo réu implica na satisfação do crédito do autor, levando a extinção
do processo com julgamento do mérito, com fulcro no art.: 269, II, CPC, tendo em
vista o reconhecimento do pedido inicial.
Para Sergio Bermudes cumprido o mandado, ocorre situação semelhante
a do art.: 794, I ,CPC. Nesta hipótese, cabe ao juiz proferir sentença declaratória
de extinção do feito, nos moldes da referida no art.: 795 do mesmo diploma legal,
embora não se trate de execução propriamente dita, porque é cognitivo o
processo. A sentença extintiva é indispensável, diante do princípio de que sem
sentença final, terminativa ou definitiva, o processo subsiste.
7.2. REVELIA
36
Caso o réu não cumpra o mandado ou não ofereça embargos, será
constituído de pleno direito em título executivo judicial o mandado inicial (art.:
1.102,c, CPC).
Embora essa transmutação se opere ex lege, no próprio momento em que
o réu deixe precluir o seu direito de embargar, necessária se faz uma sentença
declaratória de que ela ocorreu, pois não se pode conceder a instauração do
processo executivo sem pronunciamento judicial que reconheça a adequada
formação do respectivo título, que pode não ter ocorrida, por exemplo, se a
citação do réu for nula ou inexistente.
Para outros doutrinadores a lei é clara ao estabelecer que a conversão do
mandado inicial em mandado executivo se dá de pleno direito e, não há
sentença, seguindo o processo adiante com os atos executivos.
7.3. SENTENÇA NOS EMBARGOS AO MANDADO
Com o oferecimento dos embargos pelo Réu, a ordem do mandado
monitório fica suspensa e instaura-se um novo processo de embargos,
observadas as regras do rito sumário.
Após a ampla fase de cognição nos embargos, o juiz examinará o pedido
do Réu-embargante que visa a desconstituição do mandado monitório e/ou a
declaração de inexistência do crédito, e o pedido do autor-embargado que
consiste em repelir as matérias aduzidas pelo réu nos embargos.
Segundo COSTA, José Rubens, se concluir pela improcedência, a
sentença declaratória positiva: declara a carga monitória e a existência da dívida.
COSTA, José Rubens. Ação Monitória. São Paulo: Saraiva 1995
37
Com a devida vênia, o entendimento do doutrinador supras citados, não
procede, pois toda sentença de improcedência tem natureza declaratória
negativa, eis que, sendo os embargos ação autônoma, por sua rejeição entende-
se que o julgador não acolheu o pedido do réu- embargante de desconstituição
da ordem monitória.
Destarte, com a rejeição dos embargos o mandado monitório, antes
suspenso, é constituído título executivo judicial passando a gozar de eficácia
executiva.
No entanto, a procedência ou acolhimento dos embargos aniquila o
mandado monitório e, por conseguinte, a presunção de existência do crédito do
autor-embargado.
8. CONCLUSÃO
A ação monitória surgiu no ordenamento jurídico brasileiro visando conferir
maior celeridade processual às causas onde se busca a tutela jurisdicional para
constituição de título executivo fundado em prova escrita, onde resta
materializada obrigação de dar quantia certa, ou entregar coisa fungível ou bem
móvel.
Possui natureza jurídica eclética, misto de processo de conhecimento, com
cognição sumária e de execução, que se verificam dependendo do curso da
ação monitória e em virtude das fases previstas pela lei.
Diante do exposto, não restam dúvidas que a Ação Mandamental pressupõe
celeridade e praticidade na efetivação do direito pela via instrumental.
38
Entende-se que a Monitória é uma Ação de conhecimento sumário,
ensejando, destarte, sentença meritória. Visa reconhecer de forma célere o
direito expresso em documento hábil sem eficácia executiva.
Diante de tal fato, o juiz procederá um exame suma´rio do pedido, verificando
as condições da ação, os pressupostos processuais e a inexistência da prova
escrita do crédito; se presentes deferirá de plano a expedição de ordem de
cumprimento de obrigação consubstanciada na prova.
A decisão liminar de expedição de mandado monitório tem carga decisória
e deve ser fundamentada. O réu poderá recorrer da decisão liminar positiva
através do recurso de agravo de instrumento.
A resposta do réu à ordem judicial, se faz por meio dos embargos, no qual
devem ser aduzidos todas as matérias de defesa e incidentes processuais, sob
pena de preclusão.
A sentença que acolhe os embargos desconstitui de pronto o mandado
declarando a inexistência do crédito. Já a sentença de rejeição dos embargos
converte o mandado inicial em título executivo judicial que tem autoridade de
sentença obrigatória transitada em julgado.
Quanto ao recurso de apelação, este será recebido no seu duplo efeito, ou
seja, devolutivo e suspensivo.
Na fase executiva o réu intimado do mandado de execução, poderá insurgir-
se através de embargos a execução.
Ressalta-se que a demanda monitória não pode ser proposta nos juizados
especiais, visto a incompatibilidade dos ritos sumaríssimo e monitório.
39
Diante das inúmeras controvérsias existentes, uma forma de solucioná-las
seria com a ampliação do rol de artigos que regulam o procedimento monitório
no Código de Processo Civil, possibilitando melhor o entendimento deste
instituto.
BIBLIOGRAFIA
BIBLIOGRAFIA
40
1. COSTA, José Rubens. Ação Monitória. São Paulo: Saraiva 1995
2. CRUZ E TUCCI, José Rogério. Ação Monitório. 2ª edição São Paulo. 1997
3.----------------------------------------. Apontamentos sobre o procedimento monitório,
in Repro n.: 70, pp. 19 a 33
4. THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual, São Paulo
5.NEGRÂO, Theotônio. Código de Processo Civil Comentado. São Paulo,
2003.
ÍNDICE
41
FOLHA DE ROSTO................................................................................2
AGRADECIMENTO................................................................................3
DEDICATÓRIA.......................................................................................4
RESUMO................................................................................................5
SUMÁRIO...............................................................................................6
IINTRODUÇÃO..................................................................................................8
CAPÍTULO I - Panorama Histórico .................................................... 10
1.3. Direito Romano..........................................................................10
1.4. Direito Comum...........................................................................11
CAPÍTULO II - Ação Monitória.............................................................13
2.1. A lei 9.979/95 ...............................................................................13 CAPÍTULO III – Natureza Jurídica ......................................................15
CAPÍTULO IV – Petição Inicial............................................................18
4.1. Condições da Ação e Pressupostos Processuais.........................18
4.2. Cabimento....................................................................................19
4.3. Prova escrita................................................................................20
4.4. ônus da Prova..............................................................................22
CAPITULO V – Cognição na fase Inicial.............................................22
5.1 – Juízo de admissibilidade da Tutela Monitória.............................22
5.2. Citação no processo monitório.....................................................24
5.3. Citação pelo Correio....................................................................26
5.4. Citação por Oficial de Justiça......................................................26
5.5. Citação por Edital........................................................................28
42
CAPITULO VI – Resposta do réu .......................................................28
6.1. Cumprimento ao Mandado...........................................................28
6.2. Inércia do Réu.............................................................................29
6.3. Embargos do Réu.......................................................................30
6.4. Embargos como ação autônoma.................................................31
6.5. Embargos ao Mandado...............................................................33
CAPITULO VII – Sentença no Procedimento Monitório......................33
7.1. Adimplemento do Mandado Monitório.........................................33
7.2. Revelia ......................................................................................34
7.3. Sentença dos Embargos ao Mandado........................................34
CAPÍTULO VIII – Conclusão.............................................................35
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA........................................................38
INDICE..............................................................................................39
FOLHA DE AVALIAÇÃO...................................................................41