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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
“REFLETINDO SOBRE O PROCESSO DE AVALIAÇÃO”
Por: Maria Cristina dos Santos C. Natividade
Orientador
Prof. Dr. Fernando Gouvêa
Rio de Janeiro
2009
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
“REFLETINDO SOBRE O PROCESSO DE AVALIAÇÃO”
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Administração
e Supervisão Escolar.
Por: Maria Cristina dos Santos C. Natividade
3
AGRADECIMENTOS
A Deus por me ter dado saúde, força e
perseverança para completar a
caminhada, a meu esposo e filhos pelo
carinho e aos meus professores que
com muita competência e
profissionalismo contribuíram para a
qualidade da minha especialização.
4
DEDICATÓRIA
Dedico ao meu esposo Nilson e a meus
filhos Rafael e Priscila.
5
RESUMO
A presente pesquisa tem por finalidade abordar e analisar os processos de Avaliação e como o mesmo deve ser concebido pela equipe pedagógica para atender aos pressupostos de uma educação progressista. Para isso optamos pela pesquisa bibliográfica. Avaliação pode ser um poderoso instrumento de mudança, quando usada a serviço da autêntica aprendizagem e do desenvolvimento social do educando, é um recurso pedagógico útil e necessário ao educador na busca da compreensão do desenvolvimento emocional e cognitivo dos educandos, avaliar não pode ser apenas julgar a aprendizagem. Para que haja uma Avaliação realmente “justa”, esta deve ser contínua e possuir um caráter diagnóstico, é um processo de verificação, pesquisa de mudança, deve analisar os conteúdos e objetivos da aprendizagem de acordo com o desenvolvimento individual. Deve ser democrática, flexível, amorosa e inclusiva, gerando assim oportunidades iguais para todos. Não podemos fazer uso da Avaliação como instrumento de discriminação e seleção social, ela não deve ser excludente e seletiva. Classificar o educando é supor que ele não seja capaz, ou não tenha o direito de se desenvolver e aprender. Compreendemos que a Avaliação deva favorecer a aprendizagem, dando possibilidades para que o educando construa seu saber e ocupe um lugar justo na sociedade, sem discriminação
Palavras-chave: Avaliação - Equipe Pedagógica - Trabalho Coletivo
6
METODOLOGIA
A metodologia utilizada para elaboração deste trabalho monográfico foi
a leitura e a análise de vários textos, de revistas pedagógicas e livros de
autores importantes na área educacional.
Após a coleta do material buscou-se organizar cada capítulo de acordo
com a ordem de importância pré-determinada, objetivando facilitar a leitura e
análise do trabalho monográfico pelos educadores que se interessem em
sobre o processo de avaliação.
No trabalho encontramos análises de diferentes tipos de avaliação,
assim como informações que ajudarão o educador a refletir sobre a avaliação
dos dias atuais e a melhor forma de utilizá-la.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - A Construção da avaliação 12
CAPÍTULO II - Avaliação Cognitiva 27
CAPÍTULO III – Avaliação na atualidade 35
CONCLUSÃO 43
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 45
INTRODUÇÃO
8
O presente trabalho se propõe a pesquisar o tema Avaliação,
investigando os processos de Avaliação que atendam a questão educacional
na atualidade, problematizando de que forma a equipe pedagógica deve
conceber um modelo de Avaliação em conformidade com a pedagogia
progressista e tendo como linha de pesquisa gestão pedagógica e cotidiano da
escola.
A pesquisa tem por finalidade abordar e analisar os processos de
Avaliação e como o mesmo deve ser concebido pela equipe pedagógica para
atender aos pressupostos de uma educação progressista.
A delimitação do tema busca a função da Avaliação, de que forma a
equipe pedagógica deve estar avaliando a aprendizagem dos alunos e
questionando o processo de Avaliação em relação a sua intencionalidade.
O problema central da Avaliação é o seu uso como instrumento de
discriminação e seleção social, na medida em que assume, no âmbito da
escola, a tarefa de separar os “aptos” dos “inaptos”, os “capazes” dos
“incapazes”. Além disso, cumpre a função de legitimar o sistema dominante, ou
seja, os “aptos” são convidados a fazer parte da sociedade, a tomarem seus
“justos” lugares; os “inaptos”, impingindo-lhes a inculcação, domesticação,
convencendo-os de que são incapazes e por isso “merecem” o lugar que têm
na sociedade.
Para o desenvolvimento dessa pesquisa, optamos pela pesquisa
bibliográfica. A pesquisa realizada se dividiu em três etapas:
No primeiro momento, realizamos uma busca na literatura sobre o
processo de Avaliação. No segundo momento identificamos deficiências e os
problemas que impedem a escola de alcançar o verdadeiro sentido da
Avaliação; como desenvolver os processos de Avaliação que atendam a
questão educacional na atualidade. A terceira etapa partiu dos dados obtidos
9
do primeiro, relacionando as questões ligadas à Avaliação dentro de uma visão
progressista, procurando esclarecer como se dá o processo e de como é
aplicado pela equipe pedagógica.
Buscamos nos ater aos referenciais teóricos mais significativos sobre
temáticas desenvolvidas, na revisão histórica educacional utilizamos Celso dos
Santos Vasconcellos (1998 / 2003), que coloca como função da Avaliação,
auxiliar a escola a cumprir sua função social transformadora, que favoreça os
alunos a aprenderem a desenvolverem-se em uma sociedade mais justa e
solidária. Através da Avaliação o professor pode ter elementos para ver qual o
melhor caminho para ensinar, auxiliando na construção do conhecimento. Sem
gerar com a Avaliação a seleção e exclusão social.
Utilizamos também José Eustáquio Romão (2001), considerando que a
função da Avaliação é diagnosticar. É um processo de verificação e pesquisa
de mudanças, estratégicas e instrumentos que interferem no processo
educativo. Para Romão, avaliar o aluno é respeitar sua potencialidade e
individualidade.
Contamos com a visão crítica de Maria Tereza Esteban (2002), Segundo
a autora, a Avaliação sempre foi uma atividade de controle que visava
selecionar e, portanto incluir alguns e excluir outros. A Avaliação escolar é
usada como instrumento de seleção social, muitas vezes justificando-se
“naturalmente” a seleção social, a discriminação e até a punição de
determinados grupos.
Carlos Cipriano Luckesi (1995), enriquece nossa pesquisa ao relatar a
importância do processo de afetividade na Avaliação. Lembrando que
devemos compreender que a Avaliação deve ser diagnóstica.
10
Contamos também com a consulta bibliográfica de Almerindo Afonso
(2000) e Adnoel Motta Maia (1984) que nos norteou em uma visão social e
política da Avaliação e da metodologia de verificação da aprendizagem.
Buscamos com a Fundamentação Teórica, contribuir para o processo de
democratização da escola, já que a Avaliação, não deve ser seletiva, nem
classificatória, contribuindo assim para que tenhamos uma prática de
Avaliação que propicie a construção do conhecimento, e do aprendizado.
No primeiro capítulo buscamos fazer uma reflexão sobre os processos
de Avaliação e suas problemáticas. Analisando a Avaliação sobre dois
prismas: o da verificação e o da Avaliação propriamente dita. Abordaremos a
temática da escola, dando destaque ao aluno, ao ensino e à aprendizagem.
No segundo capítulo discutiremos sobre as práticas de Avaliação que
muitas vezes não atende á função educativa. Destacando a importância de se
ter diferentes instrumentos de verificação da aprendizagem. O termo verificar
provém do latim - verum facere – e significa “fazer verdadeiro”. O termo
Avaliar, por sua vez, também tem sua origem no latim, provindo da composição
a-valere, que quer dizer “dar valor...”. Porém, o conceito de Avaliação é
formulado a partir das determinações da conduta de “atribuir um valor ou
qualidade a alguma coisa, que, por si, implica um posicionamento positivo ou
negativo em relação ao objeto, ato ou curso avaliado”. Por isso, a importância
de se ter claro o objetivo da Avaliação.
No terceiro buscamos por responder a duas questões importantes: para
que avaliamos e o que fazemos com os resultados desse processo?
Destacando que o objetivo deve ser o de verificar como está o processo do
conhecimento e se os métodos utilizados estão dando resultados efetivos e a
partir destas constatações tomarmos decisões sobre a continuidade do
trabalho. Tendo como foco o respeito à individualidade e as necessidades de
cada aluno.
11
CAPÍTULO I
CONSTRUÇÃO DA AVALIAÇÃO
É nosso objetivo mostrar aos professores, alunos e pais que é preciso
mudar a concepção de que a nota é o que importa. O que importa, na verdade,
12
é o ensino, a aprendizagem realmente efetivada. A avaliação tem a função de
diagnosticar aqueles pontos em que o educando precisa enfatizar mais.
Portanto, realizaram-se o ensino e a aprendizagem, o resultado é a avaliação.
Isso não quer dizer que deva estar só ao final de um módulo ou bloco de
ensino, ou ainda, ao final de um bimestre, como se faz comumente, mas esta
deve acontecer durante todo o processo de ensino-aprendizagem. O exame
(avaliação) é um efeito das concepções sobre a aprendizagem, não o motor
que transforma o ensino. O que transforma o ensino é a eficiência e a eficácia
daqueles que atuam no sentido da construção do novo, do ser humano, da
cidadania, da ética.Quando falamos sobre Avaliação algumas pessoas revelam
lembranças agradáveis, construtivas, de aprendizagem, onde houve prazer na
construção do saber. Outras já revelam uma sensação de angústia,
discriminação, constrangimento e até de humilhação
As questões que abrangem a Avaliação, geralmente causam
contradições entre suas intenções e o processo efetivamente aplicado.
A Avaliação escolar se faz presente na vida de todos, que de alguma
forma, estão comprometidos com a educação (pais, educadores, educandos,
gestores).
A Avaliação é um recurso pedagógico útil e necessário para auxiliar
cada educador e cada educando na busca e na construção do conhecimento.
A Avaliação não é, e não pode continuar sendo vista como a tirana da
prática educativa, que ameaça e submete a todos. Não podemos continuar
confundindo a Avaliação com exames.
Segundo Luckesi (2002), a Avaliação na escola tem dois objetivos:
auxiliar o educando no seu desenvolvimento pessoal, a partir do processo de
ensino-aprendizagem, e responder à sociedade pela qualidade do trabalho
educativo realizado.
13
De um lado a Avaliação auxilia o educando em seu crescimento,
ajudando-o a assimilar e compreender os conteúdos significativos, servindo
como suporte nesse processo de aprendizagem.
Por outro lado, a Avaliação responde a uma necessidade social. É
necessário que a escola entenda o seu papel de desenvolver habilidades,
conhecimentos, gerando o crescimento individual do educando, preparando-o
para a vida em sociedade, estando capacitado a se desenvolver como cidadão
participante. Incluindo todos na sociedade, gerando com isso uma igualdade
social e uma sociedade mais justa.
A Avaliação, por si, é um ato acolhedor, integrativo, inclusivo. Para compreender isso, importa distinguir Avaliação de julgamento. O julgamento é um ato que distingue o certo do errado, incluindo o primeiro e excluindo o segundo. A Avaliação tem por base acolher uma situação, para, então (e só então), ajuizar a sua qualidade, tendo em vista dar-lhe suporte de mudança, se necessário. A definição Avaliação da aprendizagem como um ato amoroso, no sentido de que Avaliação, como ato diagnóstico, tem por objetivo a inclusão e não a exclusão; a inclusão e não a seleção (que obrigatoriamente conduz à exclusão). O diagnóstico tem por objetivo aquilatar coisas, atos, situações no sentido de criar condições para obtenção de maior satisfatoriedade daquilo que se esteja buscando ou construindo. (LUCKESI, 2002, p. 172/173).
A Avaliação é amorosa, inclusiva, dinâmica e construtiva, ao contrário
do exame, que não é amoroso, é excludente, seletivo e classificatório. A
Avaliação inclui, traz para dentro; os exames selecionam, excluem,
marginalizam.
Segundo Esteban (2002), Avaliação é um processo de reflexão crítica
que vai sendo discutido no âmbito social, através dela compreende-se melhor
a dinâmica da sala de aula, do sujeito e do objeto do conhecimento. Toda
Avaliação promove a aprendizagem. Ela é mediadora, significa dialogar.
14
O papel da equipe pedagógica é desenvolver no corpo docente da
escola, a mudança necessária para que educandos e educadores caminhem
juntos nesse processo. É imprescindível que o educador ao avaliar, se coloque
no processo. Seu papel fundamental é de articular o diálogo educador-
educando-conhecimento.
Segundo Romão (2001, p. 57), avaliar não pode ser apenas julgar a
aprendizagem do aluno, mas sinalizar o que o aluno sabe, demonstrando
como foi o seu processo de construção, quais as hipóteses elaboradas pelo
aluno para alcançar o conhecimento demonstrado, pois o que ele não
aprendeu agora, poderá vir a aprender mais à frente.
Então, avaliar significa verificar os objetivos propostos em um
programa escolar, esse programa busca formar o aluno para as necessidades
da sociedade, cumprindo as diretrizes estabelecidas na escola.
Para que haja realmente uma avaliação “justa”, esta deve ser contínua,
priorizando a qualidade e os processos de aprendizagem que a envolvem. O
desempenho do aluno não pode ser avaliado apenas por uma prova ao final de
cada bimestre, mas sim por cada processo, cada dificuldade superada.
Para Vasconcellos (1998, p. 82), a avaliação não pode ser uma
atividade de controle, que tem como objetivo selecionar, fazendo com que uns
sejam incluídos e outros excluídos. Não cabe a escola estabelecer os alunos
que tenham “condições ou não” de aprender. Classificar é supor que nem
todos possuam, sejam capazes, ou tenham o direito de aprender,
demonstrando assim um controle ao acesso aos bens culturais e sociais.
Deve favorecer a aprendizagem, dando possibilidades para que o
aluno construa seu saber e ocupe um lugar justo na sociedade, sem
discriminação.
15
Com a Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971, explicitava-se pela primeira vez, do ponto de vista institucional, a preocupação com os aspectos qualitativos. Por isso mesmo, abria-se a possibilidade de uma série de procedimentos compatíveis com uma concepção de Avaliação qualitativa ou diagnóstica, ainda que se tratasse de uma legislação do regime de exceção e que tivesse finalidades outras. No artigo 14 previam-se, dentre outras, as seguintes normas: a) relativa autonomia dos estabelecimentos quanto à forma -
regimental – da verificação do regimento escolar (caput); b) preponderância dos aspectos qualitativos sobre os
quantitativos na verificação da aprendizagem (inciso 1º); c) obrigatoriedade do oferecimento, de aproveitamento
insuficiente (inciso 2º); possibilidades de adoção de critérios que permitam avanços progressivos dos alunos. (ROMÃO, 2001, p. 48).
Apesar da flexibilidade da Lei, o sistema continua classificatório, muitas
escolas entendem que os aspectos qualitativos seriam preservados através de
registros das últimas notações congêneres (conceitos, descrições etc.), não
havendo assim uma real mudança na concepção de se avaliar.
A educação tem sofrido várias mudanças e as escolas estão tendo
maior autonomia para decisões, inclusive na questão da Avaliação e as
escolas não podem ficar fora desse processo. A Avaliação não serve para
avaliar somente o educando, mas também serve para avaliar o educador e sua
equipe pedagógica. As escolas elaboram os procedimentos de condução de
seus trabalhos. "Apesar de as normas regimentais serem comuns aos
vários, sistemas a escola pela nova LDB, é responsável pela elaboração
dos seus próprios regimentos" ( Romão, p. 8). As escolas devem lutar
por aberturas no sentido de terem mais espaços para tomada de decisões.
Esse processo de mudança não deve ser aceita por uma minoria, todos os
educadores e demais membros das escolas devem buscar essas mudanças
para que haja um ensino com qualidade e não uma mera soma de quantidades
que se resumem em notas e aprovações ou reprovações, temos que buscar
além de tudo o prazer em dar aula e o educando o prazer por estudar.
16
1.1 – Avaliação Progressista
Nesse processo de Avaliação o foco é a aprendizagem, a Avaliação é
um auxilio para saber quais objetivos foram alcançados e quais as
intervenções que o educador pode realizar para ajudar o educando.
Nesse contexto a Avaliação deixa de ser somente um objeto de
quantificação de resultados, e passa a se tornar um instrumento diagnóstico e
de acompanhamento do processo do processo de aprendizagem.
A Avaliação progressista deve analisar os conteúdos e objetivos da
aprendizagem de acordo com o desenvolvimento individual. Deve ser acima de
tudo democrática, flexível e inclusiva, gerando assim oportunidades iguais para
todos.
O educando constrói seu conhecimento na integração com o meio que
vive. Portanto, depende das condições desse meio, da vivência de objetos e
situações, para ultrapassar determinados estágios de desenvolvimento.
O diálogo de ações entre educando e educador, ouvir, falar, flexibilizar
a rotina é a relação que se estabiliza na aprendizagem de ambos. É importante
entender como o aluno aprende, analisar as múltiplas aprendizagens.
A aprendizagem não se dá em um único momento, se dá ao aprender.
Avaliar numa visão progressista é promover melhores oportunidades
de aprendizagem.
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A equipe pedagógica deve compreender que não existem turmas
homogêneas, por isso não podemos conceber uma padronização na
Avaliação.
O olhar do educador precisa ser intenso. A aprendizagem não se dá
em um único momento, se dá ao longo do processo. É necessário acompanhar
os percursos longitudinais.
Devemos proporcionar ao aluno maiores possibilidades de expressão
de idéias, precisamos dos registros, de perguntas intencionalmente feitas,
questionamentos que levem a mostrar como o aluno elaborou sua hipótese
diante de tais questionamentos.
Na visão de Romão (2001), essa forma de Avaliação tem como
objetivo diagnosticar os problemas da aprendizagem, fazendo uma
reformulação dos procedimentos, da didática aplicada, dos objetivos e metas.
Respeitando o processo individual de cada aluno, verificando o avanço que ele
obteve em relação a um momento anterior do processo de ensino-
aprendizagem. Essa Avaliação é feita de maneira contínua e paralela ao
processo de aprendizagem, ela dá oportunidade de crescimento para o aluno,
pois revela o que já sabe, e quais os caminhos que ele percorre em seu
processo de construção da aprendizagem, o que ele ainda não sabe, poderá
vir, a saber ela é democrática.
“Não é demais reiterar que a garantia da natureza qualitativa da avaliação independe da expressão final dos resultados, pois ela se constrói durante o processo”. (ROMÃO, 2001, p. 48).
O que é valorizado nesse processo é a potencialidade do aluno, as
possibilidades de avanço, e as necessidades que ele possui para superar suas
18
dificuldades, ela é qualitativa, ou seja, valoriza a qualidade da aprendizagem
que o aluno obteve.
Vasconcellos (1998), destaca que um dos principais aspectos da
Avaliação é o fato dela respeitar o desenvolvimento individual e a maturação
de cada aluno, não permitindo que sejam feitas comparações entre a
aprendizagem dos alunos por tanto, ela não excluí, não rotula, não classifica
os alunos em “aptos” ou “inaptos” a aprender, ela proporciona possibilidades
de aprendizagem em níveis diferentes, respeitando e estimulando os alunos de
acordo com suas potencialidades, não descriminando para sociedade, ela
busca dar oportunidades iguais a todos.
É preciso compreender que tanto do ponto de vista do sistema
educativo (governo), quanto do ponto de vista do educador, é necessário estar
comprometido com o educando, para que ele aprenda e se desenvolva,
individualmente e coletivamente. Para que isso ocorra se faz necessário, um
tipo de Avaliação justa, que não exclua, não selecione, nem classifique os
educandos.
A Avaliação, enquanto reflexão critica sobre a realidade, deveria ajudar a descobrir as necessidades do trabalho educativo, perceber os verdadeiros problemas para resolvê-los. A rigor, a Avaliação, no seu autentico sentido, está no âmago dos processos de mudança, é parte imprescindível e, diríamos até, desencadeadora da atividade transformadora. (VASCONCELLOS, 2003 p. 19)
Confunde-se "avaliar o aluno como um todo" com querer que a nota
exprima o todo, ou seja acaba se desejando que a nota expresse a Avaliação
como um todo e se esquece de que a nota é a concretização da distorção da
Avaliação no sistema escolar. O intuito não é o educando "tirar nota" e sim
"aprender", já que ainda existe nota, que ela possa ser utilizada realmente
19
como um indicador para o professor da necessidade de retomada. A Avaliação
deve ser empregada a fim de que o Educador tenha um indicador de
aprendizagem que possa orientar o seu trabalho.
A Avaliação Progressista ajuda a escola a cumprir sua função social
transformadora, favorecendo aos alunos uma aprendizagem e um
desenvolvimento que lhes garantam participação na sociedade, através da
construção do conhecimento de forma significativa, crítica, criativa e
duradoura, desenvolvendo o senso crítico, tornando-se agentes de mudança,
não aceitando mais esse sistema classificatório e seletivo.
1.2. Avaliação Seletiva Muitos professores não se dão conta de que essa forma de avaliação,
quase sempre caracteriza a simples devolução de conteúdos cuja assimilação,
ainda que, conseguida por alguns privilegiados, não resulta, muitas vezes, em
aprendizagem real para esses mesmos privilegiados e, muito menos, para a
maioria dos avaliados. Pois, os conteúdos, objeto das avaliações, tornam-se,
às vezes, irrelevantes, na medida em que as questões não foram preparadas,
com base em objetivos bem definidos, ou formulados para a aplicação em
situações novas, a partir de conhecimentos teoricamente assimilados pelos
alunos. Justamente, por relacionar os alunos com base no bom ou mau
aproveitamento, é que essas "provas" recebem o nome de classificatórias.
Classificatórias porque avaliam os alunos de acordo com seu desempenho,
num determinado momento, em comparação com os resultados do conjunto da
classe, sem que o aluno tenha a oportunidade de expor seus pontos de vista
sobre suas respostas Essa forma de avaliação, destaca a importância das
medidas, ela quantifica o aprendizado, valoriza o produto final que é a nota.
20
É importante sabermos distinguir, “Avaliação” e “Nota”. Avaliação é um
processo que implica uma reflexão crítica sobre a prática, no sentido de
entender seus avanços, suas resistências, suas dificuldades, possibilitando a
tomada de decisão sobre o que fazer para superar as dificuldades.
A nota, seja na forma de número, conceito, ou menção, é parte formal
do sistema educacional. Ela rotula, classifica e seleciona os alunos. A nota
muitas vezes é utilizada como forma de controlar a disciplina e o
comportamento do aluno. A nota gera um sistema de ensino seletivo.
O alvo dos educandos nesse processo é a promoção através da nota,
não importando como ela foi obtida, nem por qual processo o educando
passou.
Há uma distorção da intenção que se deseja através da nota, pois esta
é usada sob o pretexto de ser um “elemento motivador da aprendizagem”. Os
educandos estudam pela ameaça da prova, não pelo que a aprendizagem
pode lhes trazer de benefícios. A Avaliação em torno da nota,estimula o
desenvolvimento da submissão.
A sociedade atual está baseada na concorrência e na competição,
incorporando a pedagogia do mérito, onde só se valorizam os vitoriosos. A
sociedade está tão voltada para o sistema classificatório, que muitos pais
desconhecem as facilidades e dificuldades que seus filhos apresentam durante
o processo de aprendizagem, não se importando se houve aprendizagem ou
apenas memorização, e de que forma os conhecimentos adquiridos poderão
contribuir na vida cotidiana de seus filhos.
21
Infelizmente, as escolas tendem a serem mais centradas nos
resultados das notas, esses resultados demonstram teoricamente o quadro
global do educando. Consolida assim o processo de classificação e exclusão
social, pois os educandos que não conseguirem alcançar as notas mais
“adequadas” não serão promovidos para a séries seguintes.
Segundo Celso Vasconcellos (2003), a reprovação representa a lógica
da exclusão social no campo da educação; se a repetência fosse fator de
aprendizagem não teríamos uma realidade de tantos alunos multirepetentes.
O prazer de aprender desaparece quando a aprendizagem é reduzida
a provas e notas, os educandos passam a estudar em função de se dar “bem”
na prova e para isso tendem a memorizar os conteúdos. Agindo assim, a sala
de aula passa a ser um espaço de repetição, reprodução e memorização, sem
possibilidades de criação ou construção do saber.
Esteban justifica:
O resultado da prova pouco dirá ao professor ou professora sobre o processo de aprendizagem de cada aluno; sobre as dificuldades que cada um enfrenta e do que sabe além do perguntado na prova; de sua capacidade de fazer sínteses de comparar, de criticar, de criar: e, o que é mais importante, o que do que foi ensinado e aprendido contribuiu para que vive, a natureza da qual é parte e a si próprio enquanto ser da natureza e da cultura. (2002, p. 42).
Quando desconsideramos o processo de construção da aprendizagem,
todo desempenho do aluno em relação aos conhecimentos, suas conquistas,
habilidades, dificuldades superadas, não são valorizadas se a nota não for
adequada aos padrões impostos pelo tipo de sociedade em que vivemos, onde
o ensino é diferenciado, autoritário e classificatório.
22
Nessa visão excludente, é desvalorizado os saberes, a construção de
conhecimentos, fortalecendo assim a uma hierarquia imposta, onde certos
saberes não são aceitos ou estimulados.
A classificação das respostas em certo e errado, satisfatória ou
insatisfatória, são formas de exclusão onde é desprezada a heterogeneidade
por uma homogeneidade idealizada. Alguns alunos neste tipo de Avaliação
serão rotulados de “capazes” a aprender, pois obtiveram o resultado esperado
pela instituição, no tempo estipulado pela mesma. Outros serão rotulados de
“incapazes” por não apresentarem no mesmo tempo os resultados esperados.
As dificuldades, o erro, não devem ser vistos como um fator de incapacidade
do aluno. Esteban coloca o erro como um “presente”, que o aluno dá ao
professor. Pois através do erro, o aluno mostra de uma maneira particular sua
compreensão. Essa compreensão pode ser momentaneamente insuficiente,
mas expressa o conhecimento do aluno, pois contribui para que o aluno
avance no conhecimento, ele poderá expressar outro erro, outras
possibilidades, mas não voltará ao mesmo erro.
Para que isso ocorra se faz necessário compreender como está se
dando o processo de construção do aluno. Infelizmente nesse tipo de
Avaliação, isso não ocorre. O aluno passa a ser classificado como, “fraco” ou
“forte”, nessa Avaliação é utilizada a nota para “medir” o conhecimento do
aluno, ela quantifica os resultados, sem diagnosticar a dificuldade, ficando o
aluno sem uma intervenção, a fim de resgatar a aprendizagem que ainda não
se deu a contento.
Não é levado em consideração a individualidade, o tempo de
maturação, a reformulação da didática, não é feita um diagnóstico para
analisar onde está a falha na aprendizagem e o que pode estar sendo refeito
para possibilitar o processo de aprendizagem.
23
A verificação deve existir, mas não como instrumento de correção e atribuição
de nota, isso não é Avaliação.
Vasconcellos (1998, p. 45), afirma que esse tipo de Avaliação separa
os alunos em “fortes”, “médios” e “fracos”, porque rotulá-los? Porque não
trabalhar os alunos em suas dificuldades, garantindo assim a aprendizagem.
Essa Avaliação é um instrumento de seleção social, pois rotula, e separa os
“aptos”, dos “inaptos”, os “capazes”, dos “incapazes”. Fortalecendo assim um
sistema dominante, onde os ditos “capazes” terão um lugar privilegiado na
sociedade e os ditos “incapazes” ocuparão o lugar que “merecem” na
sociedade.
Segundo Vasconcellos (2003), essa prática de Avaliação exerce no
educando uma violência desde o início de sua escolarização. O
condicionamento do educando em função da nota, é um exemplo dessa
violência, o educando valoriza a nota não pelo que ela representa, mas por ser
o passaporte para a série seguinte, pois aprende desde cedo que precisa tirar
nota para poder passar de ano, esse tipo de pensamento compromete a
construção do conhecimento.
Com isso o processo educativo permanece oculto. As notas só servem
para constar nos quadros estatísticos, não importando a qualidade e os
parâmetros utilizados.
A avaliação classificatória, portanto, além de levar à exclusão, não permite descobrir as falhas do próprio processo de ensino-aprendizagem (por focar apenas o aluno), impedindo uma renovação mais radical da prática pedagógica. (VASCONCELLOS, 1998, p. 50).
Por isso, a grande necessidade de se repensar essa prática avaliativa,
onde não há a aprendizagem, mas sim a memorização mecânica, não há
garantia sobre a qualidade, somente os resultados interessam.
24
1.3 – Avaliação cognitiva
A avaliação da inteligência, ou avaliação cognitiva, tem a sua história
ligada a necessidades sociais de entendimento do comportamento humano, e
a preocupações mais práticas, por exemplo, a identificação das necessidades
de crianças com baixo rendimento escolar, a averiguação de aptidões de
jovens objetivando uma orientação vocacional, a seleção de profissionais a
exigências de cargos, e situações clínicas e jurídicas, onde é necessário
avaliar o grau de consciência e responsabilidade do indivíduo.
Durante um bom tempo, a avaliação da inteligência estava apenas
baseada em resultados quantitativos. É muito comum, ainda hoje, a aplicação
de testes coletivos, de múltipla escolha, os chamados "testes psicotécnicos".
Entretanto, novas correntes de pesquisa da inteligências surgiram e a
preocupação passou a ser como, e não quanto se é inteligente. Nesse
enfoque, as investigações individuais são mais utilizadas, uma vez que a
análise deve abranger os processos envolvidos na resolução do problema, e
não apenas o resultado obtido. A presença e atuação do avaliador são mais do
que nunca requisitada, seja apresentando e conduzindo o processo avaliativo,
seja observando e registrando as ações e argumentações, seja marcando o
tempo, etc. Há uma sobrecarga de funções para o avaliador e, à medida que
são consideradas as ações e argumentações do indivíduo avaliado, as
deficiências motora e verbal interferem na boa realização dos testes.
É comum a fragmentação do saber, a solicitação da mera devolução
de informações e o não estabelecimento de relações; há descontinuidade no
dia a dia. Tem havido uma grande ênfase na memorização, na taxonomia e na
metalinguagem, mais do que na compreensão, análise e síntese, julgamento
de valor, criação etc. Alguns professores ainda acreditam na teoria do
conhecimento segundo a qual o educando aprende pela repetição. Muitos
25
ainda insistem nessa prática, acreditando que pelo fato do aluno repetir o
saber, ajuda a aprender “sem equívocos”, é como se o saber se transferisse
automaticamente do livro ou da fala do professor para a cabeça do aluno.
Nessa prática o aluno fica preocupado em memorizar para “devolver” na prova;
leva a mera repetição e não a criação.
A adequada Avaliação pode auxiliar o professor a descobrir seu
“ensino errado”. Um dos grandes problemas da educação escolar é a falta de
articulação entre o que se quer e a prática pedagógica, a intenção declarada e
a enraizada. Muitas vezes, se diz que se quer formar um aluno crítico, criativo,
etc., mas a prática em sala de aula e na escola parece apontar justo o
contrário.
A avaliação da aprendizagem escolar adquire seu sentido na medida em que se articula com um projeto pedagógico e com seu conseqüente projeto de ensino. A Avaliação, tanto no geral quanto no caso específico da aprendizagem, não possui uma finalidade em si; ela subsidia um curso de ação que visa construir um resultado previamente definido. (LUCKESI 1995, P. 85)
Por isto é que verificamos que não dá para falar de avaliação sem
definirmos um projeto de educação, pois quando não se há clareza do que se
quer, não se tem critérios para definir os conteúdos trabalhados.
O próximo capítulo abordará os diferentes aspectos que dificultam o
Processo de Avaliação. Pois, a mesma se tornou mais importante do que o
processo de ensino-aprendizagem, transformando-se, muitas vezes, numa
prática ameaçadora e autoritária.
26
CAPÍTULO II
DIFICULDADES NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO
Existe uma grande dificuldade em avaliar. Por isso a necessidade de
se possuir clareza quantos aos objetivos da Avaliação, tendo como foco não
julgar e excluir, mas diagnosticar e interagir de maneira positiva na construção
do conhecimento, não esquecendo que essa construção se dá de forma
individual.
Precisamos resgatar o papel essencial da escola, onde ela seja um
espaço de produção de aprendizagem e desenvolvimento humano de todos e
não de seleção social.
Vasconcellos (2003) afirma que a Avaliação classificatória desvia a
atenção do educador, ficando preocupado em definir “o quanto o aluno
merece” e não mais em “o que é preciso para que o aluno se desenvolva e
aprenda melhor”.
Mas isso não depende apenas da vontade do educador, ou da equipe
pedagógica, é uma questão estrutural, pois as escolas já tem implantadas esse
tipo de lógica.
Existem ainda grandes equívocos que dificultam a Avaliação,
infelizmente algumas escolas vêem na reprovação, um fator de qualidade de
27
ensino, alguns educadores manifestam resistência em mudar essa prática
classificatória, eles não percebem o problema, por já estarem convencidos que
esse caminho é o “melhor” para o seu aluno, alguns atuam dessa forma por
ingenuidade (acreditam que é para o “bem” do aluno). Outros educadores
agem dessa forma por alienação, estão “ausentes” nesse processo de
mudança. Há ainda os educadores que percebem o problema, porém tem
medo de mudar, o novo assusta, causa um desequilíbrio, desconforto, então
preferem continuar com esse sistema de classificação. Existem educadores
que possuem a autonegação e introjetam que nada podem fazer para mudar.
Outros até mudam mas não persistem, operam a mudança por um tempo
depois desistem.
Outra dificuldade é o formalismo no ensino, o autoritarismo, a escola
dando mais ênfase a nota, que o aprendizado, gerando assim uma
competitividade entre os alunos.
Essa base classificatória, encontra-se na sociedade de classes, que
investe em um sistema de ensino seletivo. A sociedade estimula a
concorrência, a competição, valorizando os bens sucedidos. A dificuldade
nesse processo se dá pelo fato da Avaliação está organizada de maneira
disciplinar e hierarquizada, de modo que o aluno não pode avançar para um
estágio seguinte, enquanto não assimilar os conteúdos do estágio atual. Dessa
forma fica difícil avaliar, a real potencialidade do aluno.
Devemos ressaltar que o insucesso e o erro não devem gerar culpa ou
castigo, ocorrendo o insucesso ou o erro, devemos retirar deles os melhores
benefícios, para que o educando compreenda que o erro pode ser um
trampolim para o acerto.
A Avaliação, para assumir um caráter transformador, deve estar
comprometida com a aprendizagem e desenvolvimento dos educandos.
28
Segundo Vasconcellos (1998, p. 46), a Avaliação tem sido vista por
muitas escolas como um “poder”, onde o aluno fica na “mão” do educador, pois
cabe a ele julgar o destino acadêmico do aluno.
Para avaliar, há necessidades de critérios, mas percebemos a falta de
critérios pedagógicos, a escola “cobra” do educador se o educando “tem
condições” de passar para outro estágio, se “merece”, pois há uma distorção
no próprio objetivo da escola, não possuindo comprometimento com a
aprendizagem e sim com a aprovação e reprovação. Fica então, visível à
dificuldade no processo de Avaliação. Avaliar o quê? O desenvolvimento, as
dificuldades vencidas, a força de vontade, ou apenas a nota conseguida no
final do bimestre.
Classificar o educando através de qualquer tipo de menção não é
avaliá-lo. Se não, tudo acaba girando em torno da nota, ou seja, do classificar
o aluno, tornado a Avaliação um fim e não um meio.
A avaliação como prática de investigação pressupõe a interrogação constante e se revela um instrumento importante para professores e professoras comprometidos com uma escola democrática. Compromisso esse que os coloca freqüentemente diante de dilemas e exige que se tornem cada dia mais capazes de investigar sua própria prática para formular “respostas possíveis” aos problemas urgentes, entendendo que sempre podem ser aperfeiçoadas. (ESTEBAN, 2002, p. 25).
Para que haja uma avaliação realmente justa é preciso que o educador
se coloque no processo avaliativo reformulando sua prática.
2.1. Problemas que impedem a escola de alcançar o verdadeiro sentido da Avaliação
29
A maneira como a escola avalia é o reflexo da educação que ela
valoriza. Essa prática deve ser capaz de julgar o valor do educando e
possibilitar que ele cresça, como indivíduo e como integrante de uma
comunidade. A Avaliação é uma janela por onde se vislumbra toda a
educação. Quando indagamos a quem ela beneficia, a quem interessa,
questionamos o ensino que privilegia. Quando o professor se pergunta como
quer avaliar, desvela sua concepção de escola, de homem, de mundo, e
sociedade. Numa prática positivista e tecnicista há uma ênfase na atribuição
de notas e na classificação de desempenho, em testes e provas com
resultados quantitativos e numéricos. Nela, o mais importante é o produto. Ou
seja, reflete uma educação baseada na memorização de conteúdos. Já a
Avaliação qualitativa se baseia num paradigma crítico e visa à melhoria da
qualidade da educação. Sua ênfase é no processo.
Ela reflete um ensino que busca a construção do conhecimento.
A Avaliação terá seu sentido mais autêntico e significativo se tiver articulação
com o projeto político-pedagógico da escola. É ele que dá significado ao
trabalho docente e à relação Educador-educando. O projeto pedagógico
funciona a partir da ação do professor que realiza um trabalho sério e
comprometido sobre a Avaliação da aprendizagem em seu espaço de sala de
aula. A autonomia docente existe e, graças a ela, as escolas avançam.
Existem educadores que conseguem colocar em prática suas propostas, às
vezes até transgredindo uma sistemática.
Num processo de Avaliação da aprendizagem há um foco no todo, no
coletivo. Mas há também um outro, nos dois protagonistas principais, que são
o Educador e o educando. O primeiro precisa identificar exatamente o que
quer e o segundo tem de ser parceiro.
A Avaliação da aprendizagem vem se constituindo um sério problema
educacional, causando estragos da prática classificatória e excludente
ocasionando altos índices de reprodução e evasão escolar.
30
Para assumir um caráter transformador a Avaliação deve estar
comprometida com a promoção da aprendizagem (desenvolvimento) por parte
dos educandos e não de uma mera constatação e classificação de resultados.
Faz-se necessário então estudar a intencionalidade que o Educador
atribui à Avaliação no seu cotidiano, ou seja, a intenção do Educador ao aplicar
a Avaliação.As Avaliações feitas pelos educandos são expressões da síntese
do conhecimento que atingiram.
É necessário mudar a essência, postura, concepção, e não é não só a
aparência, de nada adianta mudar a cor da caneta ou o nome da prova.
Por ter algum problema de aprendizagem o educando é visto como
incompetente, indisciplinado, lento, fraco por alguns educadores que em sua
formação aprenderam a perceber no educando apenas o erro e não o acerto.
Sem levar em conta que é com erro que se aprende.
O Educador preocupado com a mudança no processo de avaliação
deve comprometer-se efetivamente com a aprendizagem de todos os
educandos, com a efetiva democratização do ensino. Rompendo com a
ideologia e práticas de exclusão, deixando de lado a Avaliação classificatória
como alternativa pedagógica.
Na visão de Romão (2001), a Avaliação certamente não foi criada pelos
educadores, mas sim por um sistema político, que necessitou da escola para
desenvolver a seleção social, a sociedade afirma que todas as pessoas são
iguais, e o ensino é um direito de todos. Mas se faz necessário justificar as
diferenças sociais e culturais entre as pessoas, um dos elementos utilizados
para isso é a escola.
31
O sistema político educacional busca convencer as pessoas, através de
uma ideologia, que as diferenças sociais existem pelo fato de nem todos
“possuírem capacidades” para ocupar melhor posição na sociedade. O sistema
discrimina, excluí, mas justifica esse fracasso, ao próprio educando que
teoricamente não aprende.
Por outro lado à conduta dos educadores fica prejudicada, pois não
sabem se aderem ao sistema que lhes é imposto, ou seguem uma postura
progressista, aceitando a individualidade do seu aluno, reformulando a prática
pedagógica de maneira que o aluno consiga compreender melhor o que está
sendo proposto, fazendo com que esse aluno alcance os objetivos.
Segundo Vasconcellos (1998, p. 38), a escola deveria ser um espaço de
socialização, democracia, de formação da cidadania, acesso à cultura,
estimular o aluno a desenvolver sua participação na sociedade de forma
crítica. Mas não é o que vemos, vivemos em uma sociedade elitizada, onde há
o interesse de desenvolver pessoas para comandar e pessoas para executar.
Desse modo fica difícil se falar no verdadeiro sentido da Avaliação, e qual o
papel que a escola deve desempenhar.
Para a escola, o importante é medir o conhecimento, os resultados dos
conteúdos que considera importante de serem aprendidos, ou melhor,
memorizado, perdendo assim o sentido da educação. A escola impõe um único
tipo de prova, elaborada da mesma maneira para pessoas com níveis de
aprendizagem, cultura, vivências diferentes, e avalia todos da mesma forma
desprezando o que foi construído durante o ano letivo, valorizando o produto
final: a nota.
Um dos grandes problemas é o uso da avaliação como instrumento de
controle e discriminação social. Segundo Vasconcellos (2003, p. 51), a função
docente foi associada ao controle, à fiscalização, ao disciplinamento, à medida,
à verificação, fazendo com que muitos educadores acreditassem que sua
32
tarefa principal era transmitir os conteúdos já estabelecidos e logo constatar o
quanto os alunos assimilaram, fazendo isso através de notas, conceitos, ou
menções, assim estariam certos quanto à classificação dos seus alunos.
Agindo dessa forma estabelecem aqueles que teoricamente merecem ou não
prosseguir nos estudos, justificando a seleção social, uns serão rotulados por
“não terem condições” ou por “não saberem aproveitar as iguais oportunidades
dadas a todos”.
Ficando o papel do educador muito mais para juiz (dando prêmio ou
castigo) do que para pedagogo (ajudando a aprender e se desenvolver).
Consolidando uma atrocidade social.
A avaliação sempre está relacionada com o poder na medida em que
significa controle. Num modelo tecnicista, em que se privilegia a atribuição de
notas e a classificação dos estudantes, ela é ameaçadora, uma verdadeira
arma.
O poder está no cerne da avaliação e pode ser um instrumento de
dominação, despertando medo. Para que seja produtiva, a avaliação deve ser
um processo dialógico, interativo, que visa fazer do indivíduo um ser melhor,
mais criativo, mais autônomo, mais participativo.
A mesma precisa levar a uma ação transformadora e também com
sentido de promoção social, de coletividade, de humanização.
A escola ainda é excludente e são altos os índices de reprovação.
Esse sistema, porém, só pode ser bem-sucedido se forem garantidas algumas
condições, como uma nova proposta pedagógica. Além disso, é essencial dar
um novo papel ao Educador e garantir a ele uma boa formação contínua, com
ênfase no trabalho coletivo.
33
Os Educadores que usam inadequadamente a Avaliação só o
fazem porque não estão devidamente preparados.
34
CAPÍTULO III
AVALIAÇÃO NA ATUALIDADE
Tanto Vasconcellos (1998/ 2003), como Romão (2001) e Esteban
(2002), concordam que a Avaliação da aprendizagem é um recurso
pedagógico útil e necessário ao educador na busca da compreensão do
desenvolvimento emocional e cognitivo dos seus alunos.
Avaliação ‘e um processo de captação das necessidades, a partir do confronto entre a situação desejada, visando uma intervenção na realidade para favorecer a aproximação entre ambas. Avaliar ‘e ser capaz de acompanhar o processo de construção do conhecimento do educando, para ajudar a superar obstáculos. ‘E diferente de “ensinar” e cobrar o produto final, e ser apenas capaz de dizer se confere ou não com o certo, com o parâmetro. (VASCONCELLOS, 1998, p. 85).
A avaliação do processo de ensino e aprendizagem, é realizada de
forma contínua, cumulativa e sistemática na escola, com o objetivo de
diagnosticar a situação de aprendizagem de cada aluno, em relação à
programação curricular. A avaliação não deve priorizar apenas o resultado ou o
processo, mas deve como prática de investigação, interrogar a relação ensino
aprendizagem e buscar identificar os conhecimentos construídos e as
dificuldades de uma forma dialógica. O erro, passa a ser considerado como
pista que indica como o educando está relacionando os conhecimentos que já
possui com os novos conhecimentos que vão sendo adquiridos, admitindo uma
melhor compreensão dos conhecimentos solidificados, interação necessária
em um processo de construção e de reconstrução. O erro, neste caso deixa de
representar a ausência de conhecimento adequado. Toda resposta ao
processo de aprendizagem, seja certa ou errada, é um ponto de chegada, por
mostrar os conhecimentos que já foram construídos e absorvidos, e um novo
35
ponto de partida, para um recomeço possibilitando novas tomadas de
decisões.
A avaliação, dessa forma, tem uma função prognóstica, que avalia os
conhecimentos prévios dos alunos, considerada a avaliação de entrada,
avaliação de input; ma função diagnóstica, do dia-a-dia, a fim de verificar quem
absorveu todos os conhecimentos e adquiriu as habilidades previstas nos
objetivos estabelecidos. Para Romão , existe também uma função
classificatória, avaliação final, que funciona como verificação do nível
alcançado pelos alunos, avaliação de output. Através da função diagnóstica
podemos verificar quais as reais causas que impedem a aprendizagem do
aluno. O exemplo classificatório de avaliação, oficializa a visão de sociedade
excludente adotada pela escola.
Entendemos que a Avaliação na atualidade deve ser elaborada através
do acompanhamento e transformação do processo de ensino-aprendizagem:
observação, registro, análise, comunicação e tomada de decisão. Nessa visão
progressista, a escola deve se organizar para garantir a aprendizagem de
todos, ter capacidade de organizar os conteúdos, partindo de onde os alunos
estão e não de onde “deveriam estar”, apresentar atividades diversificadas em
função de suas necessidades. É preciso se avaliar também, o currículo, para
que as atividades sejam reflexivas, significativas, contextualizadas e
principalmente, compatíveis com o que se está trabalhando no cotidiano.
Segundo Luckesi (1995), para se avaliar bem é preciso atender a três
fatores essenciais. O primeiro é a disposição de acolher o aluno, isso significa
a possibilidade de tomar uma situação da forma como se apresenta, seja ela
satisfatória ou insatisfatória, agradável ou desagradável, bonita ou feia. Acolhe-
lo como está, esse é o ponto de partida, ou seja, respeitando sua
individualidade e sua potencialidade.
36
Avaliar um educando implica, acolhe-lo no seu ser e no modo de ser,
como está, para a partir daí, decidir o que pode ser feito.
O segundo é fazer um diagnóstico do aluno, compreendendo como
está sua construção da aprendizagem, não é possível uma decisão sem um
diagnóstico, o processo de diagnosticar, constitui-se de uma constatação. O
diagnóstico oferece a base inicial para saber como está o educando, como
elabora suas hipóteses diante de determinadas situações.
O terceiro é a tomada de decisão, essa tomada de decisão é em
função de um objetivo que se pretende alcançar, após o diagnóstico, é
possível saber como interagir com o aluno para que aconteça a construção do
conhecimento, e a aprendizagem.
Luckesi coloca, a importância da afetividade no processo de Avaliação,
olhar o aluno como um todo, ressaltando suas qualidades, aceitando suas
limitações, interagindo de forma positiva para que o aluno alcance os objetivos,
tendo segurança para superar suas próprias dificuldades, realizando assim a
construção do seu aprendizado. O que não podemos fazer é rotular o aluno de
incapaz, ou classificá-lo pelo fato dele não acompanhar a aprendizagem da
turma.
O primordial nesse processo é garantir a individualidade de cada
aluno, o tempo de maturação que ele possui, compreender que o que ele não
consegue hoje, com paciência e respeito, poderá conseguir mais tarde.
Luckesi (1995) diz que, não podemos fazer apologia ao erro e nem ao
insucesso como fontes necessárias para o desenvolvimento e crescimento do
aluno. O que devemos fazer é o registro e a análise dos insucessos, apenas
para entendermos como está se desenvolvendo o raciocínio do aluno, dessa
forma é possível reformular o conteúdo curricular.
37
Esteban (2002), considera o erro construtivo como ponto de reflexão,
busca alternativa e desafio para novas construções, respeitando o processo de
construção de conhecimento do educando.
A Avaliação faz parte do ato educativo, do processo de aprendizagem. Avalia-se para diagnosticar avanços e entraves, para intervir, agir, problematizando, interferindo e redefinindo os rumos e caminhos a serem percorridos.(ESTEBAN, 2002, p. 134).
A função avaliativa na atualidade tem como compromisso a melhoria
do ensino, o desenvolvimento de aprendizagens, analisar e buscar por revisão
para que os objetivos sejam atingidos e não apenas aprovar ou reprovar
alunos. Transformar essa prática pedagógica em função classificatória,
tornando-se seletiva e discriminatória, é desviá-la de sua função básica.
A Avaliação deve priorizar a qualidade do aprendizado, sem gerar
competição, nem classificação dos seus alunos. Não interessa nesta prática
avaliativa, quem alcança os objetivos primeiro, nem por último, interessa que o
maior número possível de alunos alcancem os objetivos, aprendam, consigam,
realizem. O tempo que cada aluno leva para essa realização deve ser
individual, o mais importante é respeitar o aluno.
A Avaliação numa visão atual deve, analisar os conteúdos e objetivos
da aprendizagem de acordo com o desenvolvimento individual. Deve ser acima
de tudo democrática, flexível e inclusiva, gerando assim oportunidades iguais
para todos.
Luckesi define a Avaliação como “um juízo de valor sobre dados
relevantes para uma tomada de decisão” (1995, p.9).
38
A Avaliação diagnóstica é uma saída para o modo autoritário de agir na
prática educativa em Avaliação, é também um meio de auxiliar a construção
do conhecimento.
Devemos compreender que a Avaliação deve ser usada como
elemento subsidiário do processo ensino-aprendizagem.
A função verdadeira da Avaliação da aprendizagem seria auxiliar a construção da aprendizagem satisfatória; porém, ela está centralizada nas provas e exames. Ou seja, pedagogicamente, a Avaliação da aprendizagem, na medida em que estiver polarizada pelos exames, não cumprirá a sua função de subsidiar a decisão da melhoria da aprendizagem.(LUCKESI, 1995, p. 25).
A atual prática da Avaliação escolar estipulou como função do ato de
avaliar a classificação e não o diagnóstico, como deveria ser. Passa-se a ter a
função estática de classificar, rotular num padrão definidamente determinado.
Rotula-se e classifica-se o aluno, não auxiliando o avanço e o crescimento.
Apesar do discurso educacional garantir igualdade para todos, o que
observamos é a garantia das diferenças individuais e sociais. Pois o sistema
não auxilia a transformação social.
Vemos então que a atual prática da Avaliação escolar tem estado
contra a democratização do ensino, na medida em que ela não tem colaborado
para o desenvolvimento cognitivo e emocional do aluno.
Luckesi esclarece que a Avaliação não é somente um instrumento de
diagnóstico de sua situação, tendo em vista a definição de encaminhamentos
adequados para sua aprendizagem. Se um aluno está defasado, não há que,
pura e simplesmente, reprová-lo e mantê-lo nesta situação. Se o conhecimento
é importante e o aluno não o adquiriu no tempo estabelecido, há que se
39
trabalhar para que adquira; se for secundário não há motivo para esse
conteúdo esteja constando do currículo de ensino.
“De fato, a avaliação da aprendizagem deveria servir de suporte para a qualificação daquilo que acontece com o educando, diante dos objetivos que se têm, de tal modo que se pudesse verificar como agir para ajudá-lo a alcançar o que procura. A avaliação não deveria ser fonte de decisão sobre o castigo, mas de decisão sobre os caminhos do crescimento sadio e feliz”(LUCKESI P. 58).
Na Avaliação diagnóstica, na medida em que o educador está atento
ao desenvolvimento dos seus alunos, a equipe pedagógica poderá através da
Avaliação da aprendizagem dos alunos, verificar o quanto do trabalho do
educador pode estar sendo eficiente e que desvio está tendo. Fazendo com
isso que professores e alunos cheguem a um atendimento da real situação da
aprendizagem.
A Avaliação na atualidade, deve ser diagnóstica, mas não pode ser
feita de maneira isolada, ela é um instrumento auxiliar da aprendizagem e não
um instrumento de quantificação de resultados, nem de aprovação e
reprovação.
A Avaliação pode ser um poderoso instrumento de mudança, se
utilizada a serviço da autêntica aprendizagem e desenvolvimento do educando,
para isso ela deve ser livre de rótulos, classificações, seleções e exclusões,
deve ser libertadora, gerando reais oportunidades para todos.
Um educador, que se preocupe com que a sua prática educacional esteja voltada para a transformação, não poderá agir inconscientemente e irrefletidamente. Cada passo de sua ação deverá estar marcado por uma decisão clara e explícita do que está fazendo e para onde possivelmente está caminhando os resultados de sua ação. A Avaliação, neste contexto, não poderá ser uma ação mecânica. Ao contrário, terá de ser uma atividade racionalmente definida, dentro de um encaminhamento político e decisório a favor da competência
40
de todos para a participação da vida social.. (LUCKESI, 1995, p 46)
Compreendemos que a Avaliação só tem sentido quando está voltada
para a melhor formação da cidadania.
Mas Avaliação e nota não são de forma alguma a mesma coisa. Isso é
algo primário, conceitual, embora muitos, inclusive educadores, pareçam não
atentar para o fato. A Avaliação não pode andar dissociada da reflexão e do
entendimento de si com relação às possibilidades advindas desse refletir. Na
Avaliação devemos atuar com o senso crítico ligado, de forma a proferir um
conceito verdadeiro em cima do fato, da prática. A questão básica sobre a
Avaliação, seja talvez o fato de ela estar demasiadamente arraigada nos mais
variados níveis ou mecanismos presentes no sistema. É necessário pensar
uma outra lógica de Avaliação, a qual passaria a considerar como eixo o
processo (compreensão dos aspectos envolvidos na aprendizagem e
desenvolvimento humano) e re-significar o produto (valorização e qualificação
dos resultados).
A Avaliação está absorvida pelas engrenagens e pelos indivíduos que
compõem esse sistema, tornando tragicamente dificultosa qualquer tentativa
que se pretenda, de transformar o modelo seja em que aspecto for. Nesse
sentido, sobre a avaliação, conceitua Vasconcellos:
Há que se distingui, inicialmente, “Avaliação e Nota”. A Avaliação é um processo abrangente da existência humana, que implica uma reflexão crítica sobre a prática, no sentido de captar seus avanços, suas resistências, suas dificuldades e possibilitar uma tomada de decisão sobre o que fazer para superar os obstáculos. A nota, seja na forma de número, conceito ou menção, é uma exigência formal do sistema educacional. Podemos imaginar um dia em que não haja mais nota na escola – ou qualquer tipo de reprovação -, mas certamente haverá necessidade de continuar existindo Avaliação, para poder se acompanhar o desenvolvimento dos educandos e ajudá-los em suas eventuais dificuldades (VASCONCELLOS, 1994)
41
Grande parte dos educandos, confrontados com situações avaliativas,
especialmente frente às atividades escritas, podem ser influenciados pelas
atitudes apresentadas pelo Educador. Muitas vezes chegam para o Educador,
já com toda sorte de traumas e medos, pelas mais diversas situações
familiares e ou de experiências negativas absorvidas em anos anteriores.
Ainda assim, deve o Educador tentar fazer com que o educando supere seus
medos e enfrente as situações surgidas com plena confiança. É absolutamente
necessário que se consiga verificar a extensão das capacidades aprendidas,
de modo que se possa dar uma confirmação àquilo que realmente aprendeu o
estudante. Nos processos de Avaliação não se pode de forma alguma
depositar uma confiança plena, no entanto, como medir a proporção em que
cada indivíduo conseguiu atingir o objetivo estabelecido no planejamento
inicial, levando-se em conta a própria atuação desse indivíduo e não sua
posição com relação ao grupo? A resposta não é assim tão fácil, ou melhor, a
efetiva aplicação dos métodos que se possa sugerir como solução possível
não são de fácil aplicação, não por sua própria complexidade, mas em função
de como vem sendo feito desde há muito. Trata-se de quebrar, primeiro, para
depois poder tratar de construir, isto é, é preciso romper com os modelos ou
padrões antigos de avaliação, para só então conseguir, com efeito, implantar
um método novo e mais eficiente, capaz de demonstrar com eficácia o
rendimento do aluno.
CONCLUSÃO Concluímos que a Avaliação é um processo abrangente em que se
considera o desenvolvimento das capacidades dos educandos com relação à
aprendizagem de conceitos, procedimentos e atitudes. Avaliação deve ser feita
constantemente e não se restringir à verificação da aquisição de conceitos. A
42
observação do desenvolvimento do educando deve ser feita através de alguns
instrumentos de registros e anotações.
A Avaliação serve como instrumento para o educador estabelecer suas
propriedades na prática educativa e definir o que, como e quando avaliar.
Entendemos que o ato de avaliar deve ser contínuo, individual,
amoroso, favorecendo a construção da aprendizagem e a inclusão social.
A Avaliação não pode ser uma atividade de controle, que tem por
objetivo classificar e selecionar, ela deve favorecer a aprendizagem,
respeitando as diferenças individuais dos educandos, deve ser diagnóstica,
oferecendo oportunidades reais de crescimento para o educando.
A função avaliativa deve ter um compromisso com a melhoria do
ensino, com o desenvolvimento de aprendizagens, análise e revisão dos
objetivos. O valor da Avaliação encontra-se no fato do aluno poder tomar
conhecimento de seus avanços e dificuldades. Cabe ao Educador desafiá-lo a
superar as dificuldades e continuar progredindo na construção dos
conhecimentos.
A equipe pedagógica tem um importante papel nesse processo de
mudança da Avaliação, visto a influência que possui sobre os educadores.
Cabe a equipe pedagógica orientar, impulsionar, desenvolver um clima
organizacional favorável à mudança da Avaliação, o papel da equipe
pedagógica é, basicamente, o da mediação. Para que a mediação ocorra, é
necessário desenvolver um ambiente de confiança, onde haja diálogo.
A equipe pedagógica ajuda quando não impõe, mas quando interage
com o educador para que esse possa compreender e pôr em prática o
verdadeiro sentido do ato de avaliar.
43
Dividimos nosso trabalho em três capítulos onde realizamos diferentes
questionamentos sobre todo o processo que abrange a Avaliação, tivemos
como objetivo refletir sobre o papel da Avaliação do desempenho escolar e
sobretudo da educação, tendo consciência de que não é possível obter êxito
sem o alicerce de um povo que educa para a cidadania.
Compreendemos que a Avaliação deve ser continua e integrada ao
fazer diário do educador, deve ser global, tendo em vista as várias áreas de
capacidade do educando: cognitiva, motora, de relações interpessoais, de
atuação etc.
Tais aspectos implicam em conhecer melhor o aluno, constatar o que
está sendo aprendido, adequar o processo de ensino, julgar globalmente um
processo de ensino-aprendizagem refletindo sobre o sucesso alcançado em
função dos objetivos previstos e revê-los de acordo com os resultados
apresentados.
Constatamos que avaliar, exige sabedoria para compreender a
complexidade do ser humano em desenvolvimento, despertando valores e
virtudes, muitas vezes adormecidos. A integração educador-educando precisa
ser afetiva, pois compreendemos que afetividade e inteligência são aspectos
indissociáveis. A afetividade influi na construção do conhecimento de forma
essencial.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AFONSO, Almerindo Janela. Avaliação educacional – regulação e emancipação: para uma sociologia das políticas avaliativas contemporâneas. São Paulo: Cortez, 2000. ESTEBAN, Maria Teresa (org.). Avaliação: uma prática de novos sentidos, Editora DP&A, 4. rd. Rio de janeiro, 2002;
44
LUCKESI, Carlos Cipriano. Avaliação da Aprendizagem Escolar, Editora Cortez, São Paulo, 1995;
LUCKESI, Carlos Cipriano. Avaliação da aprendizagem escolar:
estudos e proposições. 7ªed. São Paulo. Cortez 1998;
MAIA, Adnoel Motta. Um método para a verificação de aprendizagem. Tecnologia Educacional, Rio de Janeiro, 1984.
ROMÃO, José Eustáquio. Avaliação Dialógica: desafios e perspectivas, Editora Cortez, 3ª ed., Instituto Paulo Freire, 2001, (Guia da escola cidadã), Vol. 2;
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Superação da Lógica Classificatória e Excludente da Avaliação – do “é proibido reprovar” ao é preciso garantir a aprendizagem, Editora Libertad, São Paulo, 1998. Coleção Cadernos Pedagógicos do Libertad: v; VASCONCELLOS, Celso dos Santos.Avaliação: Concepção Dialética-Libertadora do Processo de Avaliação Escolar. São Paulo: Libertad, 1994. ______________.Avaliação da Aprendizagem: Práticas de mudança – por uma práxis transformadora, Editora Libertad, 5. ª ed, São Paulo, 2003. Coleção Cadernos Pedagógicos do Libertad; v.6.
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
45
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
CONSTRUÇÃO DA AVALIAÇÃO 12
1.1 – Avaliação Progressista 16
1.2 – Avaliação Seletiva 20
1.3 – Avaliação Cognitiva 24
CAPÍTULO II
DIFICULDADES DO PROCESSO DE AVALIAÇÃO 27
2.1 – Problemas que impedem a escola de alcançar o
verdadeiro sentido da avaliação 29
CAPÍTULO III
AVALIAÇÃO NA ATUALIDADE 35
CONCLUSÃO 43
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 45
ÍNDICE 46
46
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Instituto A Vez do Mestre
Título da Monografia: Refletindo sobre o processo de avaliação
Autor: Maria Cristina dos Santos C. Natividade
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito: