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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE “REFLETINDO SOBRE O PROCESSO DE AVALIAÇÃO” Por: Maria Cristina dos Santos C. Natividade Orientador Prof. Dr. Fernando Gouvêa Rio de Janeiro 2009

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · mudança, deve analisar os conteúdos e objetivos da aprendizagem de acordo com o desenvolvimento individual. Deve ser democrática,

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

“REFLETINDO SOBRE O PROCESSO DE AVALIAÇÃO”

Por: Maria Cristina dos Santos C. Natividade

Orientador

Prof. Dr. Fernando Gouvêa

Rio de Janeiro

2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

“REFLETINDO SOBRE O PROCESSO DE AVALIAÇÃO”

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Administração

e Supervisão Escolar.

Por: Maria Cristina dos Santos C. Natividade

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AGRADECIMENTOS

A Deus por me ter dado saúde, força e

perseverança para completar a

caminhada, a meu esposo e filhos pelo

carinho e aos meus professores que

com muita competência e

profissionalismo contribuíram para a

qualidade da minha especialização.

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DEDICATÓRIA

Dedico ao meu esposo Nilson e a meus

filhos Rafael e Priscila.

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RESUMO

A presente pesquisa tem por finalidade abordar e analisar os processos de Avaliação e como o mesmo deve ser concebido pela equipe pedagógica para atender aos pressupostos de uma educação progressista. Para isso optamos pela pesquisa bibliográfica. Avaliação pode ser um poderoso instrumento de mudança, quando usada a serviço da autêntica aprendizagem e do desenvolvimento social do educando, é um recurso pedagógico útil e necessário ao educador na busca da compreensão do desenvolvimento emocional e cognitivo dos educandos, avaliar não pode ser apenas julgar a aprendizagem. Para que haja uma Avaliação realmente “justa”, esta deve ser contínua e possuir um caráter diagnóstico, é um processo de verificação, pesquisa de mudança, deve analisar os conteúdos e objetivos da aprendizagem de acordo com o desenvolvimento individual. Deve ser democrática, flexível, amorosa e inclusiva, gerando assim oportunidades iguais para todos. Não podemos fazer uso da Avaliação como instrumento de discriminação e seleção social, ela não deve ser excludente e seletiva. Classificar o educando é supor que ele não seja capaz, ou não tenha o direito de se desenvolver e aprender. Compreendemos que a Avaliação deva favorecer a aprendizagem, dando possibilidades para que o educando construa seu saber e ocupe um lugar justo na sociedade, sem discriminação

Palavras-chave: Avaliação - Equipe Pedagógica - Trabalho Coletivo

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada para elaboração deste trabalho monográfico foi

a leitura e a análise de vários textos, de revistas pedagógicas e livros de

autores importantes na área educacional.

Após a coleta do material buscou-se organizar cada capítulo de acordo

com a ordem de importância pré-determinada, objetivando facilitar a leitura e

análise do trabalho monográfico pelos educadores que se interessem em

sobre o processo de avaliação.

No trabalho encontramos análises de diferentes tipos de avaliação,

assim como informações que ajudarão o educador a refletir sobre a avaliação

dos dias atuais e a melhor forma de utilizá-la.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - A Construção da avaliação 12

CAPÍTULO II - Avaliação Cognitiva 27

CAPÍTULO III – Avaliação na atualidade 35

CONCLUSÃO 43

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 45

INTRODUÇÃO

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O presente trabalho se propõe a pesquisar o tema Avaliação,

investigando os processos de Avaliação que atendam a questão educacional

na atualidade, problematizando de que forma a equipe pedagógica deve

conceber um modelo de Avaliação em conformidade com a pedagogia

progressista e tendo como linha de pesquisa gestão pedagógica e cotidiano da

escola.

A pesquisa tem por finalidade abordar e analisar os processos de

Avaliação e como o mesmo deve ser concebido pela equipe pedagógica para

atender aos pressupostos de uma educação progressista.

A delimitação do tema busca a função da Avaliação, de que forma a

equipe pedagógica deve estar avaliando a aprendizagem dos alunos e

questionando o processo de Avaliação em relação a sua intencionalidade.

O problema central da Avaliação é o seu uso como instrumento de

discriminação e seleção social, na medida em que assume, no âmbito da

escola, a tarefa de separar os “aptos” dos “inaptos”, os “capazes” dos

“incapazes”. Além disso, cumpre a função de legitimar o sistema dominante, ou

seja, os “aptos” são convidados a fazer parte da sociedade, a tomarem seus

“justos” lugares; os “inaptos”, impingindo-lhes a inculcação, domesticação,

convencendo-os de que são incapazes e por isso “merecem” o lugar que têm

na sociedade.

Para o desenvolvimento dessa pesquisa, optamos pela pesquisa

bibliográfica. A pesquisa realizada se dividiu em três etapas:

No primeiro momento, realizamos uma busca na literatura sobre o

processo de Avaliação. No segundo momento identificamos deficiências e os

problemas que impedem a escola de alcançar o verdadeiro sentido da

Avaliação; como desenvolver os processos de Avaliação que atendam a

questão educacional na atualidade. A terceira etapa partiu dos dados obtidos

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do primeiro, relacionando as questões ligadas à Avaliação dentro de uma visão

progressista, procurando esclarecer como se dá o processo e de como é

aplicado pela equipe pedagógica.

Buscamos nos ater aos referenciais teóricos mais significativos sobre

temáticas desenvolvidas, na revisão histórica educacional utilizamos Celso dos

Santos Vasconcellos (1998 / 2003), que coloca como função da Avaliação,

auxiliar a escola a cumprir sua função social transformadora, que favoreça os

alunos a aprenderem a desenvolverem-se em uma sociedade mais justa e

solidária. Através da Avaliação o professor pode ter elementos para ver qual o

melhor caminho para ensinar, auxiliando na construção do conhecimento. Sem

gerar com a Avaliação a seleção e exclusão social.

Utilizamos também José Eustáquio Romão (2001), considerando que a

função da Avaliação é diagnosticar. É um processo de verificação e pesquisa

de mudanças, estratégicas e instrumentos que interferem no processo

educativo. Para Romão, avaliar o aluno é respeitar sua potencialidade e

individualidade.

Contamos com a visão crítica de Maria Tereza Esteban (2002), Segundo

a autora, a Avaliação sempre foi uma atividade de controle que visava

selecionar e, portanto incluir alguns e excluir outros. A Avaliação escolar é

usada como instrumento de seleção social, muitas vezes justificando-se

“naturalmente” a seleção social, a discriminação e até a punição de

determinados grupos.

Carlos Cipriano Luckesi (1995), enriquece nossa pesquisa ao relatar a

importância do processo de afetividade na Avaliação. Lembrando que

devemos compreender que a Avaliação deve ser diagnóstica.

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Contamos também com a consulta bibliográfica de Almerindo Afonso

(2000) e Adnoel Motta Maia (1984) que nos norteou em uma visão social e

política da Avaliação e da metodologia de verificação da aprendizagem.

Buscamos com a Fundamentação Teórica, contribuir para o processo de

democratização da escola, já que a Avaliação, não deve ser seletiva, nem

classificatória, contribuindo assim para que tenhamos uma prática de

Avaliação que propicie a construção do conhecimento, e do aprendizado.

No primeiro capítulo buscamos fazer uma reflexão sobre os processos

de Avaliação e suas problemáticas. Analisando a Avaliação sobre dois

prismas: o da verificação e o da Avaliação propriamente dita. Abordaremos a

temática da escola, dando destaque ao aluno, ao ensino e à aprendizagem.

No segundo capítulo discutiremos sobre as práticas de Avaliação que

muitas vezes não atende á função educativa. Destacando a importância de se

ter diferentes instrumentos de verificação da aprendizagem. O termo verificar

provém do latim - verum facere – e significa “fazer verdadeiro”. O termo

Avaliar, por sua vez, também tem sua origem no latim, provindo da composição

a-valere, que quer dizer “dar valor...”. Porém, o conceito de Avaliação é

formulado a partir das determinações da conduta de “atribuir um valor ou

qualidade a alguma coisa, que, por si, implica um posicionamento positivo ou

negativo em relação ao objeto, ato ou curso avaliado”. Por isso, a importância

de se ter claro o objetivo da Avaliação.

No terceiro buscamos por responder a duas questões importantes: para

que avaliamos e o que fazemos com os resultados desse processo?

Destacando que o objetivo deve ser o de verificar como está o processo do

conhecimento e se os métodos utilizados estão dando resultados efetivos e a

partir destas constatações tomarmos decisões sobre a continuidade do

trabalho. Tendo como foco o respeito à individualidade e as necessidades de

cada aluno.

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CAPÍTULO I

CONSTRUÇÃO DA AVALIAÇÃO

É nosso objetivo mostrar aos professores, alunos e pais que é preciso

mudar a concepção de que a nota é o que importa. O que importa, na verdade,

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é o ensino, a aprendizagem realmente efetivada. A avaliação tem a função de

diagnosticar aqueles pontos em que o educando precisa enfatizar mais.

Portanto, realizaram-se o ensino e a aprendizagem, o resultado é a avaliação.

Isso não quer dizer que deva estar só ao final de um módulo ou bloco de

ensino, ou ainda, ao final de um bimestre, como se faz comumente, mas esta

deve acontecer durante todo o processo de ensino-aprendizagem. O exame

(avaliação) é um efeito das concepções sobre a aprendizagem, não o motor

que transforma o ensino. O que transforma o ensino é a eficiência e a eficácia

daqueles que atuam no sentido da construção do novo, do ser humano, da

cidadania, da ética.Quando falamos sobre Avaliação algumas pessoas revelam

lembranças agradáveis, construtivas, de aprendizagem, onde houve prazer na

construção do saber. Outras já revelam uma sensação de angústia,

discriminação, constrangimento e até de humilhação

As questões que abrangem a Avaliação, geralmente causam

contradições entre suas intenções e o processo efetivamente aplicado.

A Avaliação escolar se faz presente na vida de todos, que de alguma

forma, estão comprometidos com a educação (pais, educadores, educandos,

gestores).

A Avaliação é um recurso pedagógico útil e necessário para auxiliar

cada educador e cada educando na busca e na construção do conhecimento.

A Avaliação não é, e não pode continuar sendo vista como a tirana da

prática educativa, que ameaça e submete a todos. Não podemos continuar

confundindo a Avaliação com exames.

Segundo Luckesi (2002), a Avaliação na escola tem dois objetivos:

auxiliar o educando no seu desenvolvimento pessoal, a partir do processo de

ensino-aprendizagem, e responder à sociedade pela qualidade do trabalho

educativo realizado.

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De um lado a Avaliação auxilia o educando em seu crescimento,

ajudando-o a assimilar e compreender os conteúdos significativos, servindo

como suporte nesse processo de aprendizagem.

Por outro lado, a Avaliação responde a uma necessidade social. É

necessário que a escola entenda o seu papel de desenvolver habilidades,

conhecimentos, gerando o crescimento individual do educando, preparando-o

para a vida em sociedade, estando capacitado a se desenvolver como cidadão

participante. Incluindo todos na sociedade, gerando com isso uma igualdade

social e uma sociedade mais justa.

A Avaliação, por si, é um ato acolhedor, integrativo, inclusivo. Para compreender isso, importa distinguir Avaliação de julgamento. O julgamento é um ato que distingue o certo do errado, incluindo o primeiro e excluindo o segundo. A Avaliação tem por base acolher uma situação, para, então (e só então), ajuizar a sua qualidade, tendo em vista dar-lhe suporte de mudança, se necessário. A definição Avaliação da aprendizagem como um ato amoroso, no sentido de que Avaliação, como ato diagnóstico, tem por objetivo a inclusão e não a exclusão; a inclusão e não a seleção (que obrigatoriamente conduz à exclusão). O diagnóstico tem por objetivo aquilatar coisas, atos, situações no sentido de criar condições para obtenção de maior satisfatoriedade daquilo que se esteja buscando ou construindo. (LUCKESI, 2002, p. 172/173).

A Avaliação é amorosa, inclusiva, dinâmica e construtiva, ao contrário

do exame, que não é amoroso, é excludente, seletivo e classificatório. A

Avaliação inclui, traz para dentro; os exames selecionam, excluem,

marginalizam.

Segundo Esteban (2002), Avaliação é um processo de reflexão crítica

que vai sendo discutido no âmbito social, através dela compreende-se melhor

a dinâmica da sala de aula, do sujeito e do objeto do conhecimento. Toda

Avaliação promove a aprendizagem. Ela é mediadora, significa dialogar.

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O papel da equipe pedagógica é desenvolver no corpo docente da

escola, a mudança necessária para que educandos e educadores caminhem

juntos nesse processo. É imprescindível que o educador ao avaliar, se coloque

no processo. Seu papel fundamental é de articular o diálogo educador-

educando-conhecimento.

Segundo Romão (2001, p. 57), avaliar não pode ser apenas julgar a

aprendizagem do aluno, mas sinalizar o que o aluno sabe, demonstrando

como foi o seu processo de construção, quais as hipóteses elaboradas pelo

aluno para alcançar o conhecimento demonstrado, pois o que ele não

aprendeu agora, poderá vir a aprender mais à frente.

Então, avaliar significa verificar os objetivos propostos em um

programa escolar, esse programa busca formar o aluno para as necessidades

da sociedade, cumprindo as diretrizes estabelecidas na escola.

Para que haja realmente uma avaliação “justa”, esta deve ser contínua,

priorizando a qualidade e os processos de aprendizagem que a envolvem. O

desempenho do aluno não pode ser avaliado apenas por uma prova ao final de

cada bimestre, mas sim por cada processo, cada dificuldade superada.

Para Vasconcellos (1998, p. 82), a avaliação não pode ser uma

atividade de controle, que tem como objetivo selecionar, fazendo com que uns

sejam incluídos e outros excluídos. Não cabe a escola estabelecer os alunos

que tenham “condições ou não” de aprender. Classificar é supor que nem

todos possuam, sejam capazes, ou tenham o direito de aprender,

demonstrando assim um controle ao acesso aos bens culturais e sociais.

Deve favorecer a aprendizagem, dando possibilidades para que o

aluno construa seu saber e ocupe um lugar justo na sociedade, sem

discriminação.

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Com a Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971, explicitava-se pela primeira vez, do ponto de vista institucional, a preocupação com os aspectos qualitativos. Por isso mesmo, abria-se a possibilidade de uma série de procedimentos compatíveis com uma concepção de Avaliação qualitativa ou diagnóstica, ainda que se tratasse de uma legislação do regime de exceção e que tivesse finalidades outras. No artigo 14 previam-se, dentre outras, as seguintes normas: a) relativa autonomia dos estabelecimentos quanto à forma -

regimental – da verificação do regimento escolar (caput); b) preponderância dos aspectos qualitativos sobre os

quantitativos na verificação da aprendizagem (inciso 1º); c) obrigatoriedade do oferecimento, de aproveitamento

insuficiente (inciso 2º); possibilidades de adoção de critérios que permitam avanços progressivos dos alunos. (ROMÃO, 2001, p. 48).

Apesar da flexibilidade da Lei, o sistema continua classificatório, muitas

escolas entendem que os aspectos qualitativos seriam preservados através de

registros das últimas notações congêneres (conceitos, descrições etc.), não

havendo assim uma real mudança na concepção de se avaliar.

A educação tem sofrido várias mudanças e as escolas estão tendo

maior autonomia para decisões, inclusive na questão da Avaliação e as

escolas não podem ficar fora desse processo. A Avaliação não serve para

avaliar somente o educando, mas também serve para avaliar o educador e sua

equipe pedagógica. As escolas elaboram os procedimentos de condução de

seus trabalhos. "Apesar de as normas regimentais serem comuns aos

vários, sistemas a escola pela nova LDB, é responsável pela elaboração

dos seus próprios regimentos" ( Romão, p. 8). As escolas devem lutar

por aberturas no sentido de terem mais espaços para tomada de decisões.

Esse processo de mudança não deve ser aceita por uma minoria, todos os

educadores e demais membros das escolas devem buscar essas mudanças

para que haja um ensino com qualidade e não uma mera soma de quantidades

que se resumem em notas e aprovações ou reprovações, temos que buscar

além de tudo o prazer em dar aula e o educando o prazer por estudar.

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1.1 – Avaliação Progressista

Nesse processo de Avaliação o foco é a aprendizagem, a Avaliação é

um auxilio para saber quais objetivos foram alcançados e quais as

intervenções que o educador pode realizar para ajudar o educando.

Nesse contexto a Avaliação deixa de ser somente um objeto de

quantificação de resultados, e passa a se tornar um instrumento diagnóstico e

de acompanhamento do processo do processo de aprendizagem.

A Avaliação progressista deve analisar os conteúdos e objetivos da

aprendizagem de acordo com o desenvolvimento individual. Deve ser acima de

tudo democrática, flexível e inclusiva, gerando assim oportunidades iguais para

todos.

O educando constrói seu conhecimento na integração com o meio que

vive. Portanto, depende das condições desse meio, da vivência de objetos e

situações, para ultrapassar determinados estágios de desenvolvimento.

O diálogo de ações entre educando e educador, ouvir, falar, flexibilizar

a rotina é a relação que se estabiliza na aprendizagem de ambos. É importante

entender como o aluno aprende, analisar as múltiplas aprendizagens.

A aprendizagem não se dá em um único momento, se dá ao aprender.

Avaliar numa visão progressista é promover melhores oportunidades

de aprendizagem.

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A equipe pedagógica deve compreender que não existem turmas

homogêneas, por isso não podemos conceber uma padronização na

Avaliação.

O olhar do educador precisa ser intenso. A aprendizagem não se dá

em um único momento, se dá ao longo do processo. É necessário acompanhar

os percursos longitudinais.

Devemos proporcionar ao aluno maiores possibilidades de expressão

de idéias, precisamos dos registros, de perguntas intencionalmente feitas,

questionamentos que levem a mostrar como o aluno elaborou sua hipótese

diante de tais questionamentos.

Na visão de Romão (2001), essa forma de Avaliação tem como

objetivo diagnosticar os problemas da aprendizagem, fazendo uma

reformulação dos procedimentos, da didática aplicada, dos objetivos e metas.

Respeitando o processo individual de cada aluno, verificando o avanço que ele

obteve em relação a um momento anterior do processo de ensino-

aprendizagem. Essa Avaliação é feita de maneira contínua e paralela ao

processo de aprendizagem, ela dá oportunidade de crescimento para o aluno,

pois revela o que já sabe, e quais os caminhos que ele percorre em seu

processo de construção da aprendizagem, o que ele ainda não sabe, poderá

vir, a saber ela é democrática.

“Não é demais reiterar que a garantia da natureza qualitativa da avaliação independe da expressão final dos resultados, pois ela se constrói durante o processo”. (ROMÃO, 2001, p. 48).

O que é valorizado nesse processo é a potencialidade do aluno, as

possibilidades de avanço, e as necessidades que ele possui para superar suas

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dificuldades, ela é qualitativa, ou seja, valoriza a qualidade da aprendizagem

que o aluno obteve.

Vasconcellos (1998), destaca que um dos principais aspectos da

Avaliação é o fato dela respeitar o desenvolvimento individual e a maturação

de cada aluno, não permitindo que sejam feitas comparações entre a

aprendizagem dos alunos por tanto, ela não excluí, não rotula, não classifica

os alunos em “aptos” ou “inaptos” a aprender, ela proporciona possibilidades

de aprendizagem em níveis diferentes, respeitando e estimulando os alunos de

acordo com suas potencialidades, não descriminando para sociedade, ela

busca dar oportunidades iguais a todos.

É preciso compreender que tanto do ponto de vista do sistema

educativo (governo), quanto do ponto de vista do educador, é necessário estar

comprometido com o educando, para que ele aprenda e se desenvolva,

individualmente e coletivamente. Para que isso ocorra se faz necessário, um

tipo de Avaliação justa, que não exclua, não selecione, nem classifique os

educandos.

A Avaliação, enquanto reflexão critica sobre a realidade, deveria ajudar a descobrir as necessidades do trabalho educativo, perceber os verdadeiros problemas para resolvê-los. A rigor, a Avaliação, no seu autentico sentido, está no âmago dos processos de mudança, é parte imprescindível e, diríamos até, desencadeadora da atividade transformadora. (VASCONCELLOS, 2003 p. 19)

Confunde-se "avaliar o aluno como um todo" com querer que a nota

exprima o todo, ou seja acaba se desejando que a nota expresse a Avaliação

como um todo e se esquece de que a nota é a concretização da distorção da

Avaliação no sistema escolar. O intuito não é o educando "tirar nota" e sim

"aprender", já que ainda existe nota, que ela possa ser utilizada realmente

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como um indicador para o professor da necessidade de retomada. A Avaliação

deve ser empregada a fim de que o Educador tenha um indicador de

aprendizagem que possa orientar o seu trabalho.

A Avaliação Progressista ajuda a escola a cumprir sua função social

transformadora, favorecendo aos alunos uma aprendizagem e um

desenvolvimento que lhes garantam participação na sociedade, através da

construção do conhecimento de forma significativa, crítica, criativa e

duradoura, desenvolvendo o senso crítico, tornando-se agentes de mudança,

não aceitando mais esse sistema classificatório e seletivo.

1.2. Avaliação Seletiva Muitos professores não se dão conta de que essa forma de avaliação,

quase sempre caracteriza a simples devolução de conteúdos cuja assimilação,

ainda que, conseguida por alguns privilegiados, não resulta, muitas vezes, em

aprendizagem real para esses mesmos privilegiados e, muito menos, para a

maioria dos avaliados. Pois, os conteúdos, objeto das avaliações, tornam-se,

às vezes, irrelevantes, na medida em que as questões não foram preparadas,

com base em objetivos bem definidos, ou formulados para a aplicação em

situações novas, a partir de conhecimentos teoricamente assimilados pelos

alunos. Justamente, por relacionar os alunos com base no bom ou mau

aproveitamento, é que essas "provas" recebem o nome de classificatórias.

Classificatórias porque avaliam os alunos de acordo com seu desempenho,

num determinado momento, em comparação com os resultados do conjunto da

classe, sem que o aluno tenha a oportunidade de expor seus pontos de vista

sobre suas respostas Essa forma de avaliação, destaca a importância das

medidas, ela quantifica o aprendizado, valoriza o produto final que é a nota.

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É importante sabermos distinguir, “Avaliação” e “Nota”. Avaliação é um

processo que implica uma reflexão crítica sobre a prática, no sentido de

entender seus avanços, suas resistências, suas dificuldades, possibilitando a

tomada de decisão sobre o que fazer para superar as dificuldades.

A nota, seja na forma de número, conceito, ou menção, é parte formal

do sistema educacional. Ela rotula, classifica e seleciona os alunos. A nota

muitas vezes é utilizada como forma de controlar a disciplina e o

comportamento do aluno. A nota gera um sistema de ensino seletivo.

O alvo dos educandos nesse processo é a promoção através da nota,

não importando como ela foi obtida, nem por qual processo o educando

passou.

Há uma distorção da intenção que se deseja através da nota, pois esta

é usada sob o pretexto de ser um “elemento motivador da aprendizagem”. Os

educandos estudam pela ameaça da prova, não pelo que a aprendizagem

pode lhes trazer de benefícios. A Avaliação em torno da nota,estimula o

desenvolvimento da submissão.

A sociedade atual está baseada na concorrência e na competição,

incorporando a pedagogia do mérito, onde só se valorizam os vitoriosos. A

sociedade está tão voltada para o sistema classificatório, que muitos pais

desconhecem as facilidades e dificuldades que seus filhos apresentam durante

o processo de aprendizagem, não se importando se houve aprendizagem ou

apenas memorização, e de que forma os conhecimentos adquiridos poderão

contribuir na vida cotidiana de seus filhos.

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Infelizmente, as escolas tendem a serem mais centradas nos

resultados das notas, esses resultados demonstram teoricamente o quadro

global do educando. Consolida assim o processo de classificação e exclusão

social, pois os educandos que não conseguirem alcançar as notas mais

“adequadas” não serão promovidos para a séries seguintes.

Segundo Celso Vasconcellos (2003), a reprovação representa a lógica

da exclusão social no campo da educação; se a repetência fosse fator de

aprendizagem não teríamos uma realidade de tantos alunos multirepetentes.

O prazer de aprender desaparece quando a aprendizagem é reduzida

a provas e notas, os educandos passam a estudar em função de se dar “bem”

na prova e para isso tendem a memorizar os conteúdos. Agindo assim, a sala

de aula passa a ser um espaço de repetição, reprodução e memorização, sem

possibilidades de criação ou construção do saber.

Esteban justifica:

O resultado da prova pouco dirá ao professor ou professora sobre o processo de aprendizagem de cada aluno; sobre as dificuldades que cada um enfrenta e do que sabe além do perguntado na prova; de sua capacidade de fazer sínteses de comparar, de criticar, de criar: e, o que é mais importante, o que do que foi ensinado e aprendido contribuiu para que vive, a natureza da qual é parte e a si próprio enquanto ser da natureza e da cultura. (2002, p. 42).

Quando desconsideramos o processo de construção da aprendizagem,

todo desempenho do aluno em relação aos conhecimentos, suas conquistas,

habilidades, dificuldades superadas, não são valorizadas se a nota não for

adequada aos padrões impostos pelo tipo de sociedade em que vivemos, onde

o ensino é diferenciado, autoritário e classificatório.

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Nessa visão excludente, é desvalorizado os saberes, a construção de

conhecimentos, fortalecendo assim a uma hierarquia imposta, onde certos

saberes não são aceitos ou estimulados.

A classificação das respostas em certo e errado, satisfatória ou

insatisfatória, são formas de exclusão onde é desprezada a heterogeneidade

por uma homogeneidade idealizada. Alguns alunos neste tipo de Avaliação

serão rotulados de “capazes” a aprender, pois obtiveram o resultado esperado

pela instituição, no tempo estipulado pela mesma. Outros serão rotulados de

“incapazes” por não apresentarem no mesmo tempo os resultados esperados.

As dificuldades, o erro, não devem ser vistos como um fator de incapacidade

do aluno. Esteban coloca o erro como um “presente”, que o aluno dá ao

professor. Pois através do erro, o aluno mostra de uma maneira particular sua

compreensão. Essa compreensão pode ser momentaneamente insuficiente,

mas expressa o conhecimento do aluno, pois contribui para que o aluno

avance no conhecimento, ele poderá expressar outro erro, outras

possibilidades, mas não voltará ao mesmo erro.

Para que isso ocorra se faz necessário compreender como está se

dando o processo de construção do aluno. Infelizmente nesse tipo de

Avaliação, isso não ocorre. O aluno passa a ser classificado como, “fraco” ou

“forte”, nessa Avaliação é utilizada a nota para “medir” o conhecimento do

aluno, ela quantifica os resultados, sem diagnosticar a dificuldade, ficando o

aluno sem uma intervenção, a fim de resgatar a aprendizagem que ainda não

se deu a contento.

Não é levado em consideração a individualidade, o tempo de

maturação, a reformulação da didática, não é feita um diagnóstico para

analisar onde está a falha na aprendizagem e o que pode estar sendo refeito

para possibilitar o processo de aprendizagem.

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A verificação deve existir, mas não como instrumento de correção e atribuição

de nota, isso não é Avaliação.

Vasconcellos (1998, p. 45), afirma que esse tipo de Avaliação separa

os alunos em “fortes”, “médios” e “fracos”, porque rotulá-los? Porque não

trabalhar os alunos em suas dificuldades, garantindo assim a aprendizagem.

Essa Avaliação é um instrumento de seleção social, pois rotula, e separa os

“aptos”, dos “inaptos”, os “capazes”, dos “incapazes”. Fortalecendo assim um

sistema dominante, onde os ditos “capazes” terão um lugar privilegiado na

sociedade e os ditos “incapazes” ocuparão o lugar que “merecem” na

sociedade.

Segundo Vasconcellos (2003), essa prática de Avaliação exerce no

educando uma violência desde o início de sua escolarização. O

condicionamento do educando em função da nota, é um exemplo dessa

violência, o educando valoriza a nota não pelo que ela representa, mas por ser

o passaporte para a série seguinte, pois aprende desde cedo que precisa tirar

nota para poder passar de ano, esse tipo de pensamento compromete a

construção do conhecimento.

Com isso o processo educativo permanece oculto. As notas só servem

para constar nos quadros estatísticos, não importando a qualidade e os

parâmetros utilizados.

A avaliação classificatória, portanto, além de levar à exclusão, não permite descobrir as falhas do próprio processo de ensino-aprendizagem (por focar apenas o aluno), impedindo uma renovação mais radical da prática pedagógica. (VASCONCELLOS, 1998, p. 50).

Por isso, a grande necessidade de se repensar essa prática avaliativa,

onde não há a aprendizagem, mas sim a memorização mecânica, não há

garantia sobre a qualidade, somente os resultados interessam.

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1.3 – Avaliação cognitiva

A avaliação da inteligência, ou avaliação cognitiva, tem a sua história

ligada a necessidades sociais de entendimento do comportamento humano, e

a preocupações mais práticas, por exemplo, a identificação das necessidades

de crianças com baixo rendimento escolar, a averiguação de aptidões de

jovens objetivando uma orientação vocacional, a seleção de profissionais a

exigências de cargos, e situações clínicas e jurídicas, onde é necessário

avaliar o grau de consciência e responsabilidade do indivíduo.

Durante um bom tempo, a avaliação da inteligência estava apenas

baseada em resultados quantitativos. É muito comum, ainda hoje, a aplicação

de testes coletivos, de múltipla escolha, os chamados "testes psicotécnicos".

Entretanto, novas correntes de pesquisa da inteligências surgiram e a

preocupação passou a ser como, e não quanto se é inteligente. Nesse

enfoque, as investigações individuais são mais utilizadas, uma vez que a

análise deve abranger os processos envolvidos na resolução do problema, e

não apenas o resultado obtido. A presença e atuação do avaliador são mais do

que nunca requisitada, seja apresentando e conduzindo o processo avaliativo,

seja observando e registrando as ações e argumentações, seja marcando o

tempo, etc. Há uma sobrecarga de funções para o avaliador e, à medida que

são consideradas as ações e argumentações do indivíduo avaliado, as

deficiências motora e verbal interferem na boa realização dos testes.

É comum a fragmentação do saber, a solicitação da mera devolução

de informações e o não estabelecimento de relações; há descontinuidade no

dia a dia. Tem havido uma grande ênfase na memorização, na taxonomia e na

metalinguagem, mais do que na compreensão, análise e síntese, julgamento

de valor, criação etc. Alguns professores ainda acreditam na teoria do

conhecimento segundo a qual o educando aprende pela repetição. Muitos

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ainda insistem nessa prática, acreditando que pelo fato do aluno repetir o

saber, ajuda a aprender “sem equívocos”, é como se o saber se transferisse

automaticamente do livro ou da fala do professor para a cabeça do aluno.

Nessa prática o aluno fica preocupado em memorizar para “devolver” na prova;

leva a mera repetição e não a criação.

A adequada Avaliação pode auxiliar o professor a descobrir seu

“ensino errado”. Um dos grandes problemas da educação escolar é a falta de

articulação entre o que se quer e a prática pedagógica, a intenção declarada e

a enraizada. Muitas vezes, se diz que se quer formar um aluno crítico, criativo,

etc., mas a prática em sala de aula e na escola parece apontar justo o

contrário.

A avaliação da aprendizagem escolar adquire seu sentido na medida em que se articula com um projeto pedagógico e com seu conseqüente projeto de ensino. A Avaliação, tanto no geral quanto no caso específico da aprendizagem, não possui uma finalidade em si; ela subsidia um curso de ação que visa construir um resultado previamente definido. (LUCKESI 1995, P. 85)

Por isto é que verificamos que não dá para falar de avaliação sem

definirmos um projeto de educação, pois quando não se há clareza do que se

quer, não se tem critérios para definir os conteúdos trabalhados.

O próximo capítulo abordará os diferentes aspectos que dificultam o

Processo de Avaliação. Pois, a mesma se tornou mais importante do que o

processo de ensino-aprendizagem, transformando-se, muitas vezes, numa

prática ameaçadora e autoritária.

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CAPÍTULO II

DIFICULDADES NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO

Existe uma grande dificuldade em avaliar. Por isso a necessidade de

se possuir clareza quantos aos objetivos da Avaliação, tendo como foco não

julgar e excluir, mas diagnosticar e interagir de maneira positiva na construção

do conhecimento, não esquecendo que essa construção se dá de forma

individual.

Precisamos resgatar o papel essencial da escola, onde ela seja um

espaço de produção de aprendizagem e desenvolvimento humano de todos e

não de seleção social.

Vasconcellos (2003) afirma que a Avaliação classificatória desvia a

atenção do educador, ficando preocupado em definir “o quanto o aluno

merece” e não mais em “o que é preciso para que o aluno se desenvolva e

aprenda melhor”.

Mas isso não depende apenas da vontade do educador, ou da equipe

pedagógica, é uma questão estrutural, pois as escolas já tem implantadas esse

tipo de lógica.

Existem ainda grandes equívocos que dificultam a Avaliação,

infelizmente algumas escolas vêem na reprovação, um fator de qualidade de

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ensino, alguns educadores manifestam resistência em mudar essa prática

classificatória, eles não percebem o problema, por já estarem convencidos que

esse caminho é o “melhor” para o seu aluno, alguns atuam dessa forma por

ingenuidade (acreditam que é para o “bem” do aluno). Outros educadores

agem dessa forma por alienação, estão “ausentes” nesse processo de

mudança. Há ainda os educadores que percebem o problema, porém tem

medo de mudar, o novo assusta, causa um desequilíbrio, desconforto, então

preferem continuar com esse sistema de classificação. Existem educadores

que possuem a autonegação e introjetam que nada podem fazer para mudar.

Outros até mudam mas não persistem, operam a mudança por um tempo

depois desistem.

Outra dificuldade é o formalismo no ensino, o autoritarismo, a escola

dando mais ênfase a nota, que o aprendizado, gerando assim uma

competitividade entre os alunos.

Essa base classificatória, encontra-se na sociedade de classes, que

investe em um sistema de ensino seletivo. A sociedade estimula a

concorrência, a competição, valorizando os bens sucedidos. A dificuldade

nesse processo se dá pelo fato da Avaliação está organizada de maneira

disciplinar e hierarquizada, de modo que o aluno não pode avançar para um

estágio seguinte, enquanto não assimilar os conteúdos do estágio atual. Dessa

forma fica difícil avaliar, a real potencialidade do aluno.

Devemos ressaltar que o insucesso e o erro não devem gerar culpa ou

castigo, ocorrendo o insucesso ou o erro, devemos retirar deles os melhores

benefícios, para que o educando compreenda que o erro pode ser um

trampolim para o acerto.

A Avaliação, para assumir um caráter transformador, deve estar

comprometida com a aprendizagem e desenvolvimento dos educandos.

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Segundo Vasconcellos (1998, p. 46), a Avaliação tem sido vista por

muitas escolas como um “poder”, onde o aluno fica na “mão” do educador, pois

cabe a ele julgar o destino acadêmico do aluno.

Para avaliar, há necessidades de critérios, mas percebemos a falta de

critérios pedagógicos, a escola “cobra” do educador se o educando “tem

condições” de passar para outro estágio, se “merece”, pois há uma distorção

no próprio objetivo da escola, não possuindo comprometimento com a

aprendizagem e sim com a aprovação e reprovação. Fica então, visível à

dificuldade no processo de Avaliação. Avaliar o quê? O desenvolvimento, as

dificuldades vencidas, a força de vontade, ou apenas a nota conseguida no

final do bimestre.

Classificar o educando através de qualquer tipo de menção não é

avaliá-lo. Se não, tudo acaba girando em torno da nota, ou seja, do classificar

o aluno, tornado a Avaliação um fim e não um meio.

A avaliação como prática de investigação pressupõe a interrogação constante e se revela um instrumento importante para professores e professoras comprometidos com uma escola democrática. Compromisso esse que os coloca freqüentemente diante de dilemas e exige que se tornem cada dia mais capazes de investigar sua própria prática para formular “respostas possíveis” aos problemas urgentes, entendendo que sempre podem ser aperfeiçoadas. (ESTEBAN, 2002, p. 25).

Para que haja uma avaliação realmente justa é preciso que o educador

se coloque no processo avaliativo reformulando sua prática.

2.1. Problemas que impedem a escola de alcançar o verdadeiro sentido da Avaliação

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A maneira como a escola avalia é o reflexo da educação que ela

valoriza. Essa prática deve ser capaz de julgar o valor do educando e

possibilitar que ele cresça, como indivíduo e como integrante de uma

comunidade. A Avaliação é uma janela por onde se vislumbra toda a

educação. Quando indagamos a quem ela beneficia, a quem interessa,

questionamos o ensino que privilegia. Quando o professor se pergunta como

quer avaliar, desvela sua concepção de escola, de homem, de mundo, e

sociedade. Numa prática positivista e tecnicista há uma ênfase na atribuição

de notas e na classificação de desempenho, em testes e provas com

resultados quantitativos e numéricos. Nela, o mais importante é o produto. Ou

seja, reflete uma educação baseada na memorização de conteúdos. Já a

Avaliação qualitativa se baseia num paradigma crítico e visa à melhoria da

qualidade da educação. Sua ênfase é no processo.

Ela reflete um ensino que busca a construção do conhecimento.

A Avaliação terá seu sentido mais autêntico e significativo se tiver articulação

com o projeto político-pedagógico da escola. É ele que dá significado ao

trabalho docente e à relação Educador-educando. O projeto pedagógico

funciona a partir da ação do professor que realiza um trabalho sério e

comprometido sobre a Avaliação da aprendizagem em seu espaço de sala de

aula. A autonomia docente existe e, graças a ela, as escolas avançam.

Existem educadores que conseguem colocar em prática suas propostas, às

vezes até transgredindo uma sistemática.

Num processo de Avaliação da aprendizagem há um foco no todo, no

coletivo. Mas há também um outro, nos dois protagonistas principais, que são

o Educador e o educando. O primeiro precisa identificar exatamente o que

quer e o segundo tem de ser parceiro.

A Avaliação da aprendizagem vem se constituindo um sério problema

educacional, causando estragos da prática classificatória e excludente

ocasionando altos índices de reprodução e evasão escolar.

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Para assumir um caráter transformador a Avaliação deve estar

comprometida com a promoção da aprendizagem (desenvolvimento) por parte

dos educandos e não de uma mera constatação e classificação de resultados.

Faz-se necessário então estudar a intencionalidade que o Educador

atribui à Avaliação no seu cotidiano, ou seja, a intenção do Educador ao aplicar

a Avaliação.As Avaliações feitas pelos educandos são expressões da síntese

do conhecimento que atingiram.

É necessário mudar a essência, postura, concepção, e não é não só a

aparência, de nada adianta mudar a cor da caneta ou o nome da prova.

Por ter algum problema de aprendizagem o educando é visto como

incompetente, indisciplinado, lento, fraco por alguns educadores que em sua

formação aprenderam a perceber no educando apenas o erro e não o acerto.

Sem levar em conta que é com erro que se aprende.

O Educador preocupado com a mudança no processo de avaliação

deve comprometer-se efetivamente com a aprendizagem de todos os

educandos, com a efetiva democratização do ensino. Rompendo com a

ideologia e práticas de exclusão, deixando de lado a Avaliação classificatória

como alternativa pedagógica.

Na visão de Romão (2001), a Avaliação certamente não foi criada pelos

educadores, mas sim por um sistema político, que necessitou da escola para

desenvolver a seleção social, a sociedade afirma que todas as pessoas são

iguais, e o ensino é um direito de todos. Mas se faz necessário justificar as

diferenças sociais e culturais entre as pessoas, um dos elementos utilizados

para isso é a escola.

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O sistema político educacional busca convencer as pessoas, através de

uma ideologia, que as diferenças sociais existem pelo fato de nem todos

“possuírem capacidades” para ocupar melhor posição na sociedade. O sistema

discrimina, excluí, mas justifica esse fracasso, ao próprio educando que

teoricamente não aprende.

Por outro lado à conduta dos educadores fica prejudicada, pois não

sabem se aderem ao sistema que lhes é imposto, ou seguem uma postura

progressista, aceitando a individualidade do seu aluno, reformulando a prática

pedagógica de maneira que o aluno consiga compreender melhor o que está

sendo proposto, fazendo com que esse aluno alcance os objetivos.

Segundo Vasconcellos (1998, p. 38), a escola deveria ser um espaço de

socialização, democracia, de formação da cidadania, acesso à cultura,

estimular o aluno a desenvolver sua participação na sociedade de forma

crítica. Mas não é o que vemos, vivemos em uma sociedade elitizada, onde há

o interesse de desenvolver pessoas para comandar e pessoas para executar.

Desse modo fica difícil se falar no verdadeiro sentido da Avaliação, e qual o

papel que a escola deve desempenhar.

Para a escola, o importante é medir o conhecimento, os resultados dos

conteúdos que considera importante de serem aprendidos, ou melhor,

memorizado, perdendo assim o sentido da educação. A escola impõe um único

tipo de prova, elaborada da mesma maneira para pessoas com níveis de

aprendizagem, cultura, vivências diferentes, e avalia todos da mesma forma

desprezando o que foi construído durante o ano letivo, valorizando o produto

final: a nota.

Um dos grandes problemas é o uso da avaliação como instrumento de

controle e discriminação social. Segundo Vasconcellos (2003, p. 51), a função

docente foi associada ao controle, à fiscalização, ao disciplinamento, à medida,

à verificação, fazendo com que muitos educadores acreditassem que sua

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tarefa principal era transmitir os conteúdos já estabelecidos e logo constatar o

quanto os alunos assimilaram, fazendo isso através de notas, conceitos, ou

menções, assim estariam certos quanto à classificação dos seus alunos.

Agindo dessa forma estabelecem aqueles que teoricamente merecem ou não

prosseguir nos estudos, justificando a seleção social, uns serão rotulados por

“não terem condições” ou por “não saberem aproveitar as iguais oportunidades

dadas a todos”.

Ficando o papel do educador muito mais para juiz (dando prêmio ou

castigo) do que para pedagogo (ajudando a aprender e se desenvolver).

Consolidando uma atrocidade social.

A avaliação sempre está relacionada com o poder na medida em que

significa controle. Num modelo tecnicista, em que se privilegia a atribuição de

notas e a classificação dos estudantes, ela é ameaçadora, uma verdadeira

arma.

O poder está no cerne da avaliação e pode ser um instrumento de

dominação, despertando medo. Para que seja produtiva, a avaliação deve ser

um processo dialógico, interativo, que visa fazer do indivíduo um ser melhor,

mais criativo, mais autônomo, mais participativo.

A mesma precisa levar a uma ação transformadora e também com

sentido de promoção social, de coletividade, de humanização.

A escola ainda é excludente e são altos os índices de reprovação.

Esse sistema, porém, só pode ser bem-sucedido se forem garantidas algumas

condições, como uma nova proposta pedagógica. Além disso, é essencial dar

um novo papel ao Educador e garantir a ele uma boa formação contínua, com

ênfase no trabalho coletivo.

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Os Educadores que usam inadequadamente a Avaliação só o

fazem porque não estão devidamente preparados.

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CAPÍTULO III

AVALIAÇÃO NA ATUALIDADE

Tanto Vasconcellos (1998/ 2003), como Romão (2001) e Esteban

(2002), concordam que a Avaliação da aprendizagem é um recurso

pedagógico útil e necessário ao educador na busca da compreensão do

desenvolvimento emocional e cognitivo dos seus alunos.

Avaliação ‘e um processo de captação das necessidades, a partir do confronto entre a situação desejada, visando uma intervenção na realidade para favorecer a aproximação entre ambas. Avaliar ‘e ser capaz de acompanhar o processo de construção do conhecimento do educando, para ajudar a superar obstáculos. ‘E diferente de “ensinar” e cobrar o produto final, e ser apenas capaz de dizer se confere ou não com o certo, com o parâmetro. (VASCONCELLOS, 1998, p. 85).

A avaliação do processo de ensino e aprendizagem, é realizada de

forma contínua, cumulativa e sistemática na escola, com o objetivo de

diagnosticar a situação de aprendizagem de cada aluno, em relação à

programação curricular. A avaliação não deve priorizar apenas o resultado ou o

processo, mas deve como prática de investigação, interrogar a relação ensino

aprendizagem e buscar identificar os conhecimentos construídos e as

dificuldades de uma forma dialógica. O erro, passa a ser considerado como

pista que indica como o educando está relacionando os conhecimentos que já

possui com os novos conhecimentos que vão sendo adquiridos, admitindo uma

melhor compreensão dos conhecimentos solidificados, interação necessária

em um processo de construção e de reconstrução. O erro, neste caso deixa de

representar a ausência de conhecimento adequado. Toda resposta ao

processo de aprendizagem, seja certa ou errada, é um ponto de chegada, por

mostrar os conhecimentos que já foram construídos e absorvidos, e um novo

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ponto de partida, para um recomeço possibilitando novas tomadas de

decisões.

A avaliação, dessa forma, tem uma função prognóstica, que avalia os

conhecimentos prévios dos alunos, considerada a avaliação de entrada,

avaliação de input; ma função diagnóstica, do dia-a-dia, a fim de verificar quem

absorveu todos os conhecimentos e adquiriu as habilidades previstas nos

objetivos estabelecidos. Para Romão , existe também uma função

classificatória, avaliação final, que funciona como verificação do nível

alcançado pelos alunos, avaliação de output. Através da função diagnóstica

podemos verificar quais as reais causas que impedem a aprendizagem do

aluno. O exemplo classificatório de avaliação, oficializa a visão de sociedade

excludente adotada pela escola.

Entendemos que a Avaliação na atualidade deve ser elaborada através

do acompanhamento e transformação do processo de ensino-aprendizagem:

observação, registro, análise, comunicação e tomada de decisão. Nessa visão

progressista, a escola deve se organizar para garantir a aprendizagem de

todos, ter capacidade de organizar os conteúdos, partindo de onde os alunos

estão e não de onde “deveriam estar”, apresentar atividades diversificadas em

função de suas necessidades. É preciso se avaliar também, o currículo, para

que as atividades sejam reflexivas, significativas, contextualizadas e

principalmente, compatíveis com o que se está trabalhando no cotidiano.

Segundo Luckesi (1995), para se avaliar bem é preciso atender a três

fatores essenciais. O primeiro é a disposição de acolher o aluno, isso significa

a possibilidade de tomar uma situação da forma como se apresenta, seja ela

satisfatória ou insatisfatória, agradável ou desagradável, bonita ou feia. Acolhe-

lo como está, esse é o ponto de partida, ou seja, respeitando sua

individualidade e sua potencialidade.

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Avaliar um educando implica, acolhe-lo no seu ser e no modo de ser,

como está, para a partir daí, decidir o que pode ser feito.

O segundo é fazer um diagnóstico do aluno, compreendendo como

está sua construção da aprendizagem, não é possível uma decisão sem um

diagnóstico, o processo de diagnosticar, constitui-se de uma constatação. O

diagnóstico oferece a base inicial para saber como está o educando, como

elabora suas hipóteses diante de determinadas situações.

O terceiro é a tomada de decisão, essa tomada de decisão é em

função de um objetivo que se pretende alcançar, após o diagnóstico, é

possível saber como interagir com o aluno para que aconteça a construção do

conhecimento, e a aprendizagem.

Luckesi coloca, a importância da afetividade no processo de Avaliação,

olhar o aluno como um todo, ressaltando suas qualidades, aceitando suas

limitações, interagindo de forma positiva para que o aluno alcance os objetivos,

tendo segurança para superar suas próprias dificuldades, realizando assim a

construção do seu aprendizado. O que não podemos fazer é rotular o aluno de

incapaz, ou classificá-lo pelo fato dele não acompanhar a aprendizagem da

turma.

O primordial nesse processo é garantir a individualidade de cada

aluno, o tempo de maturação que ele possui, compreender que o que ele não

consegue hoje, com paciência e respeito, poderá conseguir mais tarde.

Luckesi (1995) diz que, não podemos fazer apologia ao erro e nem ao

insucesso como fontes necessárias para o desenvolvimento e crescimento do

aluno. O que devemos fazer é o registro e a análise dos insucessos, apenas

para entendermos como está se desenvolvendo o raciocínio do aluno, dessa

forma é possível reformular o conteúdo curricular.

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Esteban (2002), considera o erro construtivo como ponto de reflexão,

busca alternativa e desafio para novas construções, respeitando o processo de

construção de conhecimento do educando.

A Avaliação faz parte do ato educativo, do processo de aprendizagem. Avalia-se para diagnosticar avanços e entraves, para intervir, agir, problematizando, interferindo e redefinindo os rumos e caminhos a serem percorridos.(ESTEBAN, 2002, p. 134).

A função avaliativa na atualidade tem como compromisso a melhoria

do ensino, o desenvolvimento de aprendizagens, analisar e buscar por revisão

para que os objetivos sejam atingidos e não apenas aprovar ou reprovar

alunos. Transformar essa prática pedagógica em função classificatória,

tornando-se seletiva e discriminatória, é desviá-la de sua função básica.

A Avaliação deve priorizar a qualidade do aprendizado, sem gerar

competição, nem classificação dos seus alunos. Não interessa nesta prática

avaliativa, quem alcança os objetivos primeiro, nem por último, interessa que o

maior número possível de alunos alcancem os objetivos, aprendam, consigam,

realizem. O tempo que cada aluno leva para essa realização deve ser

individual, o mais importante é respeitar o aluno.

A Avaliação numa visão atual deve, analisar os conteúdos e objetivos

da aprendizagem de acordo com o desenvolvimento individual. Deve ser acima

de tudo democrática, flexível e inclusiva, gerando assim oportunidades iguais

para todos.

Luckesi define a Avaliação como “um juízo de valor sobre dados

relevantes para uma tomada de decisão” (1995, p.9).

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A Avaliação diagnóstica é uma saída para o modo autoritário de agir na

prática educativa em Avaliação, é também um meio de auxiliar a construção

do conhecimento.

Devemos compreender que a Avaliação deve ser usada como

elemento subsidiário do processo ensino-aprendizagem.

A função verdadeira da Avaliação da aprendizagem seria auxiliar a construção da aprendizagem satisfatória; porém, ela está centralizada nas provas e exames. Ou seja, pedagogicamente, a Avaliação da aprendizagem, na medida em que estiver polarizada pelos exames, não cumprirá a sua função de subsidiar a decisão da melhoria da aprendizagem.(LUCKESI, 1995, p. 25).

A atual prática da Avaliação escolar estipulou como função do ato de

avaliar a classificação e não o diagnóstico, como deveria ser. Passa-se a ter a

função estática de classificar, rotular num padrão definidamente determinado.

Rotula-se e classifica-se o aluno, não auxiliando o avanço e o crescimento.

Apesar do discurso educacional garantir igualdade para todos, o que

observamos é a garantia das diferenças individuais e sociais. Pois o sistema

não auxilia a transformação social.

Vemos então que a atual prática da Avaliação escolar tem estado

contra a democratização do ensino, na medida em que ela não tem colaborado

para o desenvolvimento cognitivo e emocional do aluno.

Luckesi esclarece que a Avaliação não é somente um instrumento de

diagnóstico de sua situação, tendo em vista a definição de encaminhamentos

adequados para sua aprendizagem. Se um aluno está defasado, não há que,

pura e simplesmente, reprová-lo e mantê-lo nesta situação. Se o conhecimento

é importante e o aluno não o adquiriu no tempo estabelecido, há que se

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trabalhar para que adquira; se for secundário não há motivo para esse

conteúdo esteja constando do currículo de ensino.

“De fato, a avaliação da aprendizagem deveria servir de suporte para a qualificação daquilo que acontece com o educando, diante dos objetivos que se têm, de tal modo que se pudesse verificar como agir para ajudá-lo a alcançar o que procura. A avaliação não deveria ser fonte de decisão sobre o castigo, mas de decisão sobre os caminhos do crescimento sadio e feliz”(LUCKESI P. 58).

Na Avaliação diagnóstica, na medida em que o educador está atento

ao desenvolvimento dos seus alunos, a equipe pedagógica poderá através da

Avaliação da aprendizagem dos alunos, verificar o quanto do trabalho do

educador pode estar sendo eficiente e que desvio está tendo. Fazendo com

isso que professores e alunos cheguem a um atendimento da real situação da

aprendizagem.

A Avaliação na atualidade, deve ser diagnóstica, mas não pode ser

feita de maneira isolada, ela é um instrumento auxiliar da aprendizagem e não

um instrumento de quantificação de resultados, nem de aprovação e

reprovação.

A Avaliação pode ser um poderoso instrumento de mudança, se

utilizada a serviço da autêntica aprendizagem e desenvolvimento do educando,

para isso ela deve ser livre de rótulos, classificações, seleções e exclusões,

deve ser libertadora, gerando reais oportunidades para todos.

Um educador, que se preocupe com que a sua prática educacional esteja voltada para a transformação, não poderá agir inconscientemente e irrefletidamente. Cada passo de sua ação deverá estar marcado por uma decisão clara e explícita do que está fazendo e para onde possivelmente está caminhando os resultados de sua ação. A Avaliação, neste contexto, não poderá ser uma ação mecânica. Ao contrário, terá de ser uma atividade racionalmente definida, dentro de um encaminhamento político e decisório a favor da competência

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de todos para a participação da vida social.. (LUCKESI, 1995, p 46)

Compreendemos que a Avaliação só tem sentido quando está voltada

para a melhor formação da cidadania.

Mas Avaliação e nota não são de forma alguma a mesma coisa. Isso é

algo primário, conceitual, embora muitos, inclusive educadores, pareçam não

atentar para o fato. A Avaliação não pode andar dissociada da reflexão e do

entendimento de si com relação às possibilidades advindas desse refletir. Na

Avaliação devemos atuar com o senso crítico ligado, de forma a proferir um

conceito verdadeiro em cima do fato, da prática. A questão básica sobre a

Avaliação, seja talvez o fato de ela estar demasiadamente arraigada nos mais

variados níveis ou mecanismos presentes no sistema. É necessário pensar

uma outra lógica de Avaliação, a qual passaria a considerar como eixo o

processo (compreensão dos aspectos envolvidos na aprendizagem e

desenvolvimento humano) e re-significar o produto (valorização e qualificação

dos resultados).

A Avaliação está absorvida pelas engrenagens e pelos indivíduos que

compõem esse sistema, tornando tragicamente dificultosa qualquer tentativa

que se pretenda, de transformar o modelo seja em que aspecto for. Nesse

sentido, sobre a avaliação, conceitua Vasconcellos:

Há que se distingui, inicialmente, “Avaliação e Nota”. A Avaliação é um processo abrangente da existência humana, que implica uma reflexão crítica sobre a prática, no sentido de captar seus avanços, suas resistências, suas dificuldades e possibilitar uma tomada de decisão sobre o que fazer para superar os obstáculos. A nota, seja na forma de número, conceito ou menção, é uma exigência formal do sistema educacional. Podemos imaginar um dia em que não haja mais nota na escola – ou qualquer tipo de reprovação -, mas certamente haverá necessidade de continuar existindo Avaliação, para poder se acompanhar o desenvolvimento dos educandos e ajudá-los em suas eventuais dificuldades (VASCONCELLOS, 1994)

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Grande parte dos educandos, confrontados com situações avaliativas,

especialmente frente às atividades escritas, podem ser influenciados pelas

atitudes apresentadas pelo Educador. Muitas vezes chegam para o Educador,

já com toda sorte de traumas e medos, pelas mais diversas situações

familiares e ou de experiências negativas absorvidas em anos anteriores.

Ainda assim, deve o Educador tentar fazer com que o educando supere seus

medos e enfrente as situações surgidas com plena confiança. É absolutamente

necessário que se consiga verificar a extensão das capacidades aprendidas,

de modo que se possa dar uma confirmação àquilo que realmente aprendeu o

estudante. Nos processos de Avaliação não se pode de forma alguma

depositar uma confiança plena, no entanto, como medir a proporção em que

cada indivíduo conseguiu atingir o objetivo estabelecido no planejamento

inicial, levando-se em conta a própria atuação desse indivíduo e não sua

posição com relação ao grupo? A resposta não é assim tão fácil, ou melhor, a

efetiva aplicação dos métodos que se possa sugerir como solução possível

não são de fácil aplicação, não por sua própria complexidade, mas em função

de como vem sendo feito desde há muito. Trata-se de quebrar, primeiro, para

depois poder tratar de construir, isto é, é preciso romper com os modelos ou

padrões antigos de avaliação, para só então conseguir, com efeito, implantar

um método novo e mais eficiente, capaz de demonstrar com eficácia o

rendimento do aluno.

CONCLUSÃO Concluímos que a Avaliação é um processo abrangente em que se

considera o desenvolvimento das capacidades dos educandos com relação à

aprendizagem de conceitos, procedimentos e atitudes. Avaliação deve ser feita

constantemente e não se restringir à verificação da aquisição de conceitos. A

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observação do desenvolvimento do educando deve ser feita através de alguns

instrumentos de registros e anotações.

A Avaliação serve como instrumento para o educador estabelecer suas

propriedades na prática educativa e definir o que, como e quando avaliar.

Entendemos que o ato de avaliar deve ser contínuo, individual,

amoroso, favorecendo a construção da aprendizagem e a inclusão social.

A Avaliação não pode ser uma atividade de controle, que tem por

objetivo classificar e selecionar, ela deve favorecer a aprendizagem,

respeitando as diferenças individuais dos educandos, deve ser diagnóstica,

oferecendo oportunidades reais de crescimento para o educando.

A função avaliativa deve ter um compromisso com a melhoria do

ensino, com o desenvolvimento de aprendizagens, análise e revisão dos

objetivos. O valor da Avaliação encontra-se no fato do aluno poder tomar

conhecimento de seus avanços e dificuldades. Cabe ao Educador desafiá-lo a

superar as dificuldades e continuar progredindo na construção dos

conhecimentos.

A equipe pedagógica tem um importante papel nesse processo de

mudança da Avaliação, visto a influência que possui sobre os educadores.

Cabe a equipe pedagógica orientar, impulsionar, desenvolver um clima

organizacional favorável à mudança da Avaliação, o papel da equipe

pedagógica é, basicamente, o da mediação. Para que a mediação ocorra, é

necessário desenvolver um ambiente de confiança, onde haja diálogo.

A equipe pedagógica ajuda quando não impõe, mas quando interage

com o educador para que esse possa compreender e pôr em prática o

verdadeiro sentido do ato de avaliar.

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Dividimos nosso trabalho em três capítulos onde realizamos diferentes

questionamentos sobre todo o processo que abrange a Avaliação, tivemos

como objetivo refletir sobre o papel da Avaliação do desempenho escolar e

sobretudo da educação, tendo consciência de que não é possível obter êxito

sem o alicerce de um povo que educa para a cidadania.

Compreendemos que a Avaliação deve ser continua e integrada ao

fazer diário do educador, deve ser global, tendo em vista as várias áreas de

capacidade do educando: cognitiva, motora, de relações interpessoais, de

atuação etc.

Tais aspectos implicam em conhecer melhor o aluno, constatar o que

está sendo aprendido, adequar o processo de ensino, julgar globalmente um

processo de ensino-aprendizagem refletindo sobre o sucesso alcançado em

função dos objetivos previstos e revê-los de acordo com os resultados

apresentados.

Constatamos que avaliar, exige sabedoria para compreender a

complexidade do ser humano em desenvolvimento, despertando valores e

virtudes, muitas vezes adormecidos. A integração educador-educando precisa

ser afetiva, pois compreendemos que afetividade e inteligência são aspectos

indissociáveis. A afetividade influi na construção do conhecimento de forma

essencial.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AFONSO, Almerindo Janela. Avaliação educacional – regulação e emancipação: para uma sociologia das políticas avaliativas contemporâneas. São Paulo: Cortez, 2000. ESTEBAN, Maria Teresa (org.). Avaliação: uma prática de novos sentidos, Editora DP&A, 4. rd. Rio de janeiro, 2002;

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LUCKESI, Carlos Cipriano. Avaliação da Aprendizagem Escolar, Editora Cortez, São Paulo, 1995;

LUCKESI, Carlos Cipriano. Avaliação da aprendizagem escolar:

estudos e proposições. 7ªed. São Paulo. Cortez 1998;

MAIA, Adnoel Motta. Um método para a verificação de aprendizagem. Tecnologia Educacional, Rio de Janeiro, 1984.

ROMÃO, José Eustáquio. Avaliação Dialógica: desafios e perspectivas, Editora Cortez, 3ª ed., Instituto Paulo Freire, 2001, (Guia da escola cidadã), Vol. 2;

VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Superação da Lógica Classificatória e Excludente da Avaliação – do “é proibido reprovar” ao é preciso garantir a aprendizagem, Editora Libertad, São Paulo, 1998. Coleção Cadernos Pedagógicos do Libertad: v; VASCONCELLOS, Celso dos Santos.Avaliação: Concepção Dialética-Libertadora do Processo de Avaliação Escolar. São Paulo: Libertad, 1994. ______________.Avaliação da Aprendizagem: Práticas de mudança – por uma práxis transformadora, Editora Libertad, 5. ª ed, São Paulo, 2003. Coleção Cadernos Pedagógicos do Libertad; v.6.

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

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INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

CONSTRUÇÃO DA AVALIAÇÃO 12

1.1 – Avaliação Progressista 16

1.2 – Avaliação Seletiva 20

1.3 – Avaliação Cognitiva 24

CAPÍTULO II

DIFICULDADES DO PROCESSO DE AVALIAÇÃO 27

2.1 – Problemas que impedem a escola de alcançar o

verdadeiro sentido da avaliação 29

CAPÍTULO III

AVALIAÇÃO NA ATUALIDADE 35

CONCLUSÃO 43

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 45

ÍNDICE 46

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Instituto A Vez do Mestre

Título da Monografia: Refletindo sobre o processo de avaliação

Autor: Maria Cristina dos Santos C. Natividade

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: