58
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM O CÉREBRO E AS DIFICULDADES PARA A APRENDIZAGEM Por: Jaqueline Guevara Orientadora Profª. Marta Relvas Rio de Janeiro 2011

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os hemisférios cerebrais são divididos em lobos. O desenvolvimento ... o lobo temporal pela audição, atividade motora visceral

  • Upload
    ledan

  • View
    213

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

O CÉREBRO E AS DIFICULDADES PARA A APRENDIZAGEM

Por: Jaqueline Guevara

Orientadora

Profª. Marta Relvas

Rio de Janeiro

2011

2

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

O CÉREBRO E AS DIFICULDADES PARA A APRENDIZAGEM

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Neurociência

Pedagógica.

Por: Jaqueline Guevara

3

AGRADECIMENTOS

... A Deus, pela vida maravilhosa;

aos meus pais, Mercedes e Waguito,

pela dedicação e amor incondicional e

ao tio Didico, pelo exemplo de vida...

4

DEDICATÓRIA

... Ao meu amor, Nestor, que ilumina a

minha vida de forma tão especial, minha

felicidade. O amo por sua sinceridade,

força, carinho, respeito, cumplicidade e

compreensão, o amo por ser o que é:

um homem nobre e extraordinário...

5

RESUMO

A aprendizagem ocorre no SNC e as dificuldades para aprender são

resultado de alguma falha nesse complexo sistema ou seu processamento,

quer seja de origem física, psicológica ou neurológica. A dificuldade para

aprender consiste num problema social e atinge um número cada vez maior

nas estatísticas. Muitas vezes, crianças com dificuldades de qualquer ordem

para aprender são "diagnosticadas" de forma equivocada, pela escola ou até

pelo especialista, haja visto o aumento de crianças "diagnosticadas"

erroneamente, apenas por ter queixa de estarem desinteressadas nas aulas ou

nas tarefas escolares.

Este trabalho objetiva discutir e relacionar as dificuldades para a

aprendizagem a luz da neurociência, colaborar com a reflexão sobre a

importância do desenvolvimento afetivo-emocional na relação com alunos,

especialmente os que apresentam dificuldades e consequentemente,

possibilitar a interseção entre neurociência e aprendizagem.

Conhecer as dificuldades que impedem a criança de aprender possibilita

detectar os fatores que interferem na aprendizagem e assim, encaminhar o

aluno ao tratamento mais adequado as suas necessidades. As deficiências

não detectadas podem provocar dificuldades no seu desempenho escolar,

comprometer sua aprendizagem e ocasionar bloqueios que o acompanharão

por toda a vida. A neurociência assume papel indissociável ao processo de

aprendizagem. Uma vida adulta saudável depende diretamente das relações

estabelecidas na escola.

Investigações dos aspectos ligados a linguagem, gnosias, praxias,

atenção, memória, sono e emoção norteiam a pesquisa neuroeducacional a

criar caminhos para ajudar alunos com dificuldades na aprendizagem, seja em

sala de aula ou fora dela. É necessário um novo olhar para que

multidisciplinarmente se possa transformar o ensino, construir novas

metodologias e focar a conversão do conhecimento em valores morais, não só

para os alunos com dificuldade para aprender, mas para toda a sociedade.

6

METODOLOGIA

Este estudo ocorrerá através de pesquisas bibliográficas em livros,

revistas acadêmicas da área e sites especializados em Neurociência Cognitiva.

A pesquisa se desenvolverá por meio de leituras e investigações sobre as

dificuldades que afetam a aprendizagem de crianças e adolescentes em idade

escolar.

A investigação teórica se alicerçará nas dificuldades de aprendizagem a

luz da neurociência. O conteúdo científico do trabalho permeará a relação

entre as bases neurais da aprendizagem, a descrição das dificuldades de

aprendizagem e o papel das emoções e do Sistema Límbico nesse processo.

Nesse sentido, o enfoque será dado aos aspectos neurocientíficos

especializados e atualizados sobre o funcionamento do sistema nervoso no

processo de aquisição do conhecimento, as conseqüências que lesões ou falta

de estímulos neurais podem acarretar ao indivíduo em um ou mais aspectos e

a exposição das vias neurais envolvidas com as emoções.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - O Cérebro e a Aprendizagem 10

CAPÍTULO II - Dificuldades para a Aprendizagem 19

CAPÍTULO III – As Emoções e a Aprendizagem 31

CONCLUSÃO 40

ANEXOS 42

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

ÍNDICE 55

ÍNDICE DE FIGURAS 57

FOLHA DE AVALIAÇÃO 58

8

INTRODUÇÃO

As neurociências responsabilizam-se pelo estudo do sistema nervoso,

das suas composições moleculares e bioquímicas e das diferentes

manifestações deste sistema, tendo realizado consideráveis progressos nas

últimas décadas.

A neurociência tem realizado grandes avanços nas últimas décadas.

Suas descobertas oferecem contribuições significativas sobre a aprendizagem

para a área da educação. Integrar os conhecimentos destes campos

fortalecerá as ações educacionais. (Bruno, 2010)

Segundo Toninato (2007), as neurociências nos remetem a temas

distintos, porém interdependentes, como memória, cognição, consciência

(ligada ao conhecimento) e comportamento - elementos que nos levam a

discussões sobre a concepção da mente e, conseqüentemente, dos seus

distúrbios.

A aprendizagem ocorre no Sistema Nervoso Central e as dificuldades

para aprender são resultado de alguma falha nesse complexo sistema ou seu

processamento, quer seja de origem física, psicológica ou neurológica. A

dificuldade para aprender consiste num problema social e atinge um número

cada vez maior nas estatísticas. Muitas vezes, crianças com dificuldades de

qualquer ordem para aprender são "diagnosticadas" de forma equivocada, pela

escola ou até pelo especialista, haja visto o aumento de crianças

"diagnosticadas" com TDAH, apenas por ter queixa de estarem

desinteressadas nas aulas ou nas tarefas escolares. Muitas vezes, tratar co-

morbidades nesses alunos não consiste num tratamento correto e apenas

piora o desempenho deles.

Conhecer a “rota” do processo de aquisição de qualquer informação

pelo cérebro significa relacionar as funções sensoriais, emoções e a

aprendizagem. Conhecer as dificuldades que impedem a criança de aprender

possibilita detectar os fatores que interferem na aprendizagem e assim,

encaminhar o aluno ao tratamento mais adequado as suas necessidades. As

deficiências não detectadas podem provocar dificuldades no seu desempenho

9

escolar, comprometer sua aprendizagem e ocasionar bloqueios que o

acompanharão por toda a vida. Uma vida adulta saudável depende

diretamente das relações estabelecidas na escola.

Segundo Sampaio, 2009, as dificuldades de aprendizagem passaram a

ser foco de atenção, e a medicina começou a estudar a causa desses

problemas e suas possíveis correções. No final do século XIX, educadores,

psiquiatras e neuropsiquiatras começaram a se preocupar com os aspectos

que interferiam na aprendizagem. Dentre eles, podemos destacar os

educadores: Pestalozzi, Itard, Pereire e Seguin, todos pioneiros nos

tratamentos dos problemas de aprendizagem, preocupando-se, porém, mais

com as deficiências sensoriais.

A neurociência assume papel indissociável ao processo de

aprendizagem visando compreender de forma global e integrada os processos

cognitivos, emocionais, orgânicos, familiares e sociais que interferem no

processo de aprendizagem.

Segundo Relvas, 2009, o avanço dos estudos da Neurociência

aplicada à área escolar é de suma importância para o entendimento das

funções corticais superiores envolvidas no processo de aprendizagem.

10

CAPÍTULO I

O CÉREBRO E A APRENDIZAGEM

O CONCEITO

“O Cérebro é o Instrumento da Aprendizagem” (Marta Relvas)

A aprendizagem se processa no Sistema Nervoso Central e seu

funcionamento pode ser entendido desde o nível microscópico até o mais

completo nível de organização biológica. Para se compreender os

mecanismos que levam ao aprendizado necessita-se entender toda a

organização do Sistema Nervoso Central, sua neurofisiologia e processos

neurobiopsicoquímicos.

Entender como o Sistema Nervoso se originou e sua fisiologia

possibilita compreender as áreas envolvidas na aprendizagem e de que

maneira elas se relacionam.

O ato de aprender envolve a mobilização de células que relacionadas a

fatores bioquímicos, modifica estruturas no Sistema Nervoso Central,

desencadeando estímulos, que provocam mudanças capazes de alterar sua

condição inicial e deflagrar no aprendizado, a cada estímulo haverá uma

resposta alterada ou mesmo reforçada.

Os aspectos anatômicos ou estruturais do Sistema Nervoso Central

envolvidos na aprendizagem são importantes para o entendimento do ato de

aprender, tanto em condições normais e patológicas... Aspectos do

desenvolvimento filo e ontogenético são tratados de forma didática para o

entendimento das modificações que ocorrem no Sistema Nervoso Central a

fim de permitir a aprendizagem... A aprendizagem começa com o processo

neuromaturacional e, portanto o aprendizado escolar faz parte da evolução

normal do ato de aprender (Marta Relvas, 2009).

11

1.1 – O Encéfalo e sua Origem

O Sistema Nervoso deriva de um tubo que sofre dilatações desde o

início da gestação, a parte mais cranial do tubo formará o encéfalo, sede da

maior parte dos eventos relacionados com a aprendizagem, e da parte

caudal se constitui a medula.

O feto atravessa uma fase em que a porção rostral apresenta três

dilatações no tubo neural. O encéfalo forma-se, no início do

desenvolvimento embrionário, dessas dilatações da região anterior do tubo

neural, diferenciando-se em prosencéfalo, mesencéfalo e rombencéfalo. Por

volta da quinta semana do desenvolvimento embrionário humano, o

prosencéfalo se diferencia em telencéfalo e diencéfalo, enquanto o

mesencéfalo permanece indiviso e o rombencéfalo se diferencia em

metencéfalo e no mielencéfalo. O restante do tubo neural embrionário

origina a medula espinhal. (Fig. 1)

Figura 1: Formação do SNC durante o início do desenvolvimento embrionário humano.

(http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Encephalon.png)

A medula é responsável pela atividade motora reflexa e transmite os

impulsos nervosos ao Sistema Nervoso Central.

O encéfalo humano é formado pelo cérebro (telencéfalo e diencéfalo),

cerebelo e tronco encefálico (mesencéfalo, ponte e bulbo raquidiano).

12

O cerebelo origina-se do metencéfalo e recebe informações sobre a

posição das articulações e o grau de estiramento dos músculos, bem como

informações auditivas e visuais, coordena os movimentos e orienta a postura

corporal. Atualmente envolvido na atenção, aprendizagem e linguagem.

O tronco encefálico é uma área de passagem das informações

aferentes e eferentes e está envolvido no controle das funções essenciais à

vida, tais como o ritmo dos batimentos cardíacos, os movimentos respiratórios

e regula o sistema reticular ativador ascendente (SRAA), importante no ciclo

sono-vigília. Mantém o tônus muscular e a postura corporal. As estruturas que

constituem o encéfalo podem ser visualizadas na Fig. 2.

Figura 2: Encéfalo humano. (http://cuidadossaude.com/2010/01/encefalo-humano-como-

dividido-encefalo/)

O cérebro é composto por cerca de 100 bilhões de células nervosas,

conectadas umas às outras e responsáveis pelo controle de todas as funções

mentais e grande parte dos eventos relacionados com a aprendizagem. O

telencéfalo compreende os dois hemisférios cerebrais. Filogeneticamente, ele

poderia ser dividido em cérebro primitivo, responsável pela manutenção da

vida vegetativa; cérebro intermediário, onde situam-se as estruturas límbicas

responsáveis pela emoção e o cérebro superior ou recentemente, neocórtex,

sede da consciência. (Fig. 3)

13

Figura 3: Divisões filogenéticas do cérebro. (http://www.rosacukier.com.br/artigos5.htm)

A aprendizagem começa com o desenvolvimento neuromaturacional,

que se inicia na vida intra-uterina desde a terceira semana de gestação.

1.2 – Neurofisiologia da Aprendizagem

Os hemisférios cerebrais são divididos em lobos. O desenvolvimento

das capacidades funcionais acompanha as tendências filogenéticas nas áreas

associativas do córtex, a expansão do lobo frontal está relacionada ao

aparecimento de capacidades cognitivas, como elaboração do pensamento,

planejamento de padrões complexos de movimento, programação das

necessidades individuais e formação e articulação da palavra: é nessa área

que se localiza a área de Broca.

O lobo parietal responde pela integração de informações

somatossensitivas como tato, dor, temperatura e propriocepção dos membros;

o lobo temporal pela audição, atividade motora visceral e processamento de

memória e emoção e o lobo occipital por características visuais como cor,

luminosidade, freqüência espacial, orientação e movimento. Abaixo do lobo

frontal, há o lobo límbico, envolvido no comportamento social e emocional e no

processamento da aprendizagem e da memória. (Fig. 4)

Apesar das funções estarem localizadas em determinadas regiões, é

na combinação das áreas cerebrais interconectadas que estão envolvidos os

comportamentos complexos ou processos cognitivos como a memória, a

linguagem e a atenção.

14

Figura 4: Lobos cerebrais. Vista medial (esq.) e vista lateral (dir.)

(http://www.cerebromente.org.br/n01/arquitet/lobos.htm)

O cérebro coordena as atividades do organismo através de uma rede

de circuitos neurais, buscando uma integração entre os sistemas sensorial e

motor e mantendo a homeostase sistêmica. As funções intelectuais de um

indivíduo ocorrem no neocórtex através das áreas motoras, sensoriais e

associativas. Essas últimas estão envolvidas no processo cognitivo humano.

(Fig. 5)

O córtex pré-frontal inclui metade de todo o lobo frontal em humanos e

se liga a regiões motoras, perceptivas e límbicas do cérebro, o que possibilita a

coordenação do processamento de informações em amplas regiões do

Sistema Nervoso Central.

Diferentes aprendizados se dão em diferentes locais e em “janelas

maturacionais”. Os hemisférios, assimetricamente funcionais, controlam os

lados opostos do organismo: o hemisfério esquerdo controla habilidades como

a linguagem e a fala e possui capacidade de interpretar comportamentos e

construir teorias sobre a relação entre eventos percebidos e sentimentos; o

hemisfério direito controla habilidades criativas e artísticas e está envolvido no

monitoramento da atenção. Os indivíduos tendem a possuir áreas mais

desenvolvidas que outras, possibilitando que cada um tenha habilidades e

talentos diferentes, por exemplo, quem tiver uma aptidão maior para a música,

possui uma estimulação maior no hemisfério direito, área onde se desenvolve

a inteligência musical, orientação espacial e prosódia. (Fig. 6)

15

Figura 5: Principais áreas associativas, motoras e sensoriais do córtex cerebral.

(http://pt.scribd.com/doc/8006557/Encefalo)

Figura 6: Lateralização hemisférica. (http://pt.scribd.com/doc/8006557/Encefalo)

16

Os estímulos são captados pelo córtex nas áreas do lobo temporal

responsáveis pela recepção e integração das percepções auditivas e nas áreas

do lobo occipital responsáveis pela recepção e integração das percepções

visuais. Essas se ligam com as áreas motoras do lobo frontal (articulação da

palavra e grafia). A área parietotemporoccipital é responsável pelas gnosias e

as pré-frontais, pelas praxias.

1.3 – Aprendizagem e Neuroplasticidade

As complexas interações entre o organismo e o meio resultam em

mudanças comportamentais que ocorrem desde o nascimento até a maior

idade. Esses comportamentos são adaptáveis ao meio e são resultantes de

complexas transformações neurofisiológicas e neuroquímicas. A base da

aprendizagem se localiza nas modificações estruturais e funcionais do

neurônio e suas conexões.

A habilidade de adquirir novas informações e recordar é uma

habilidade cognitiva que não necessariamente envolve a consciência. O

aprendizado ocorre com o processamento de uma informação a ser registrada

em arquivos sensoriais e consolidada, pela exposição continuada à

informação.

A aprendizagem se processa no Sistema Nervoso Central onde

produzem modificações mais ou menos permanentes, que se traduzem por

uma modificação funcional ou conductual, permitindo uma melhor adaptação

do indivíduo ao meio como resposta a uma solicitação interna ou externa.

Quando um estímulo já é conhecido do Sistema Nervoso Central, desencadeia

uma lembrança; quando o estímulo é novo, desencadeia uma mudança (Rotta,

2006).

Segundo Relvas (2009), a aprendizagem é uma modificação biológica

na comunicação entre os neurônios, formando uma rede de interligações que

podem ser evocadas e retomadas com relativa facilidade e rapidez. Todas as

áreas cerebrais estão envolvidas no processo de aprendizagem, inclusive a

emoção.

17

A atividade cerebral é realizada através de ligações sinápticas entre

neurônios (Fig. 7), a sinapse química é mediada por neurotransmissores como

a noradrenalina, que se constitui no princípio químico da aprendizagem.

Os estímulos captados pelos sentidos percorrem os nervos até o

Sistema Nervoso Central, levando informações que são decodificadas ou até

modificadas com finalidade específica. Parte da informação fica armazenada

nos caminhos sinápticos que ela percorreu, se transformando em memória, e

num fragmento de informação inicial, o processo dispara e recupera as

informações armazenadas. Resulta no crescimento ou alterações

das células quando o axônio de uma célula recebe um potencial de longa

duração com estimulações fortes (LTP – Potencial de Longa Duração). Estes

estímulos são passados de uma célula a outra com participação do

neurotransmissor glutamato e são recebidos por receptores pós-sinápticos

NMDA e AMPA. Esse processo interfere nos processos de aprendizagem e

memória, que retém essa informação por tempo indeterminado, até que uma

nova informação seja processada para substitui-la ou adicioná-la, respondendo

a um novo padrão de comportamento. Nesse sentido, o SNC desenvolveu,

sem saber em que momento da evolução, a neuroplasticidade.

Experiências com animais têm demonstrado aumento de sinapses

excitatórias quando estes são estimulados com objetos, mecanismos móveis,

cores e outros, trazendo o envolvimento das sinapses com a plasticidade, e por

extensão, com a memória e aprendizagem. Em humanos, há relatos de

correlação entre o grau de instrução educacional e a complexidade dendrítica

na área de Wernicke, uma região do córtex cerebral ligada à compreensão e a

outros aspectos da linguagem (Lent, 2008).

O ato de aprender é um ato de plasticidade cerebral, influenciado por

fatores genéticos e ambientais. A neuroplasticidade ocorre em algumas regiões

do cérebro quando funções ou estruturas são alteradas em resposta às

influências do ambiente, em adultos ela é mais característica em sinapses,

considerada a base funcional da memória. A neuroplasticidade envolve as

áreas corticais, o cerebelo e o sistema límbico.

18

Através dela, as pessoas possuem diferentes “estratégias” ou

caminhos para se chegarem a uma determinada solução ou a uma resposta

próxima a de que deseja. Quanto mais jovem o Sistema Nervoso Central,

maior a neuroplasticidade e a capacidade de aprender.

Figura 7: Sinapses Neuronais. (http://neuromais.blogspot.com/2010/09/o-que-e-

neuroplasticidade.html)

19

CAPÍTULO II

DIFICULDADES PARA A APRENDIZAGEM

“Para compreender as pessoas devo tentar escutar o que elas não estão

dizendo, o que elas talvez nunca venham a dizer” (John Powell)

Os aspectos relacionados ao Sistema Nervoso Central envolvidos na

aprendizagem como as sinapses, a neuroplasticidade e o afeto, são

importantes para se compreender as aquisições e modificações que ocorrem

nesse processo.

Quando as dificuldades para aprender surgem é necessário que se

faça uma anamnese pedagógica do aluno, desde sua história familiar até o

presente, e se necessário, encaminhá-lo a um determinado profissional para

uma avaliação minuciosa. As dificuldades podem ocorrer em funções primárias

como a motricidade ou em funções mais complexas, como no desenvolvimento

da linguagem. A queixa principal deve ser o motivo das primeiras investigações

e a percepção dessa queixa deve ser objetiva.

O avanço das neurociências possibilita compreender as funções

corticais superiores envolvidas no processo de aprendizagem. Para que o

processo de aprendizagem se estabeleça, é necessário que as interligações

entre as diversas áreas corticais e delas com outros níveis do SNC sejam

efetivas (Rotta, 2006).

Aspectos ligados à família, à escola e a problemas orgânicos e

emocionais do aluno podem interferir no aprendizado, seja na linguagem,

gnosias, praxias, atenção ou memória, e consequentemente, no desempenho

escolar. Deve-se considerar que dificuldades para a aprendizagem muitas

vezes ocorrem devido a fatores simultâneos, o que torna difícil a investigação e

o diagnóstico correto.

2.1 – A Origem das Dificuldades de Aprendizagem

Com a Revolução Francesa, o aspecto científico e racional da

pedagogia passou a dominar como área do conhecimento necessária a

20

sociedade e o aprendizado passa a ser um anseio. Os primeiros registros de

atendimento pedagógico especial a crianças com dificuldades escolares

remontam a meados do século XVI. A partir daí, são inúmeros os estudos

relacionados às crianças com dificuldades escolares.

Como o desempenho escolar está diretamente relacionado ao sucesso

do aluno na fase adulta, muita importância se tem dado aos problemas de

aprendizagem. Segundo Ohlweiler (2007), um número cada vez maior de

crianças são atendidas por neuropediatras, psiquiatras, psicólogos,

psicopedagogos e fonoaudiólogos.

Quando os problemas de aprendizagem surgem, investigações são

feitas a fim de se compreender o motivo das queixas apresentadas. A história

familiar é importante devido a fatores genéticos, como em casos de TDAH, por

exemplo, em que a herdabilidade pode chegar a 70%; os hábitos do dia-a-dia

do aluno, que sinalizam o contexto em que ele se desenvolve e quaisquer

observações que possam determinar a dificuldade ou transtorno.

As dificuldades podem ocorrer a nível do psiquismo do indivíduo, na

linguagem, atitudes e motricidade e requerem investigações das funções

corticais superiores. Deve-se considerar aspectos neurobiológicos e

multidisciplinares.

Há diversos termos usados para denominar os problemas que ocorrem

com a aprendizagem, existem as dificuldades que ocorrem com indivíduos em

algum momento da etapa escolar, são naturais e transitórias e tendem a

desaparecer com a interferência pedagógica. E existem as dificuldades

decorrentes de transtornos que atuam sobre o desenvolvimento normal

interferindo nas aprendizagens específicas. Essas podem ainda, ser co-

mórbidas com transtornos da aprendizagem, o que torna mais complexo o

diagnóstico.

2.2 – As Dificuldades de Aprendizagem - Conceitos

Um cérebro com estrutura normal, com condições funcionais e

neuroquímicas corretas e com um elenco genético adequado, não significa

100% de garantia de aprendizado normal (Rotta, 2007).

21

Atualmente, com o grande enfoque dado ao fracasso escolar, muito se

tem falado nos diagnósticos e medicalização para esses problemas e por

vezes nos deparamos com “diagnósticos” equivocados e precipitados.

Há dois fatores a serem considerados em alunos com dificuldades de

aprendizagem: aspectos internos biológicos como problemas físicos e externos

relacionados aos estímulos como os socioeconômicos e pedagógicos.

Podemos considerar as dificuldades relacionadas à escola como as condições

e métodos pedagógicos de acordo com a realidade do aluno e condições do

corpo docente, fatores relacionados à família como estimuladora ao processo

cognitivo. As condições socioeconômicas da família, histórico de álcool, drogas

e comportamentos anti-sociais, desagregação familiar, podem reforçar

negativamente e influenciar o desempenho escolar de alunos. Existem ainda

os fatores relacionados ao aluno como os problemas físicos, neurológicos e

psicológicos.

As dificuldades para a aprendizagem ocorrem com alguma falha no

processo de aprendizagem, independente das condições neurobiológicas do

aluno. Os transtornos de aprendizagem são as alterações funcionais e

neuroquímicas que ocorrem no SNC.

Segundo Rotta (2007), os fatores físicos que se destacam são as

dificuldades sensoriais, como visão ou audição, podendo ser hereditárias,

congênitas ou adquiridas e agudas ou crônicas. Patologias como

hipotireoidismo, parasitoses, doenças reumáticas, nefropatias, cardiopatias,

pneumopatias, hepatopatias e doenças imunoalérgicas também podem

interferir no desempenho escolar, assim como o tratamento delas.

Dentre os fatores psicológicos estão os situacionais como ansiedade,

baixa autoestima, timidez, falta de motivação, insegurança, necessidade de

afirmação e os transtornos psíquicos como fobias, depressão, transtornos de

humor, transtorno opositor desafiante e conduta anti-social. Muitas vezes

esses transtornos são confundidos com déficit de atenção e hiperatividade e

manejados de forma inadequada (Rotta, 2007). As dificuldades de etiologia

neurológica são as deficiências do SNC.

22

2.3 – Os Transtornos da Aprendizagem

Segundo Ohlweiler (2007), os transtornos de aprendizagem

compreendem uma inabilidade específica, como de leitura, escrita ou

matemática, em indivíduos que apresentam resultados significativos abaixo do

esperado para seu nível de desenvolvimento, escolaridade e capacidade

intelectual. Acredita-se sua origem ser a partir de distúrbios na interligação de

informações em várias regiões do cérebro ou falta de estímulos adequados.

A descrição dos Transtornos de Aprendizagem é encontrada em

manuais internacionais de diagnóstico como no CID-10, elaborado pela

Organização Mundial de Saúde em 1992 e DSM-IV, organizado pela

Associação de Psiquiatria Americana em 1994. Neles, existem os transtornos

de leitura, da expressão escrita e da matemática. A classificação dos

Transtornos pelos manuais não leva em consideração a base

anatomopatológica da área cerebral afetada.

Os Transtornos ocorrem desde cedo nas crianças durante o

desenvolvimento neurológico, sendo possível a detecção das queixas o quanto

antes, se encaminhadas adequadamente aos profissionais adequados. Como

a aprendizagem ocorre através de complexas modificações que envolvem atos

motores, sensoriais e corticais, qualquer “falha” nesse processo pode afetar a

função cognitiva correta.

2.3.1 – Transtornos da Linguagem

O desenvolvimento da linguagem ocorre no Sistema Nervoso e esta

complexa função cerebral nos distingue dos outros animais. Ela pode ser oral,

escrita, gestual e Braille. O Braille, recurso para cegos, desenvolve a

estimulação sensoperceptoras das mãos e a linguagem gestual lança mão de

aquisições gnósicas e práxicas, muito utilizada por surdos. Além da herança

genética, o estímulo ambiental torna-se fundamental no desenvolvimento da

linguagem, a memória, atenção e o tônus muscular também participam desse

processo. Neurônios armazenam todas as informações contidas nos códigos e

quando ativados, trazem a consciência todos os registros neurofisiológicos da

linguagem arquivada. O hemisfério esquerdo é dominante para a linguagem

23

oral no adulto. As áreas cerebrais responsáveis pelo desenvolvimento da

linguagem são a de Broca, responsável pelo planejamento motor da linguagem

oral; a de Wernicke, responsável pela percepção auditiva; fascículo arqueado;

circunvolução angular, responsável pela integração gnósico-práxica dos lobos

cerebrais e também com as áreas motoras da fala e da escrita; circunvolução

supramarginal; corpo caloso; áreas subcorticais (incluindo o tálamo); giro do

cíngulo, responsável pela intenção de usar a linguagem e o hemisfério não

dominante (direito) que responde pela prosódia e pelo pragmatismo. (Fig. 8)

Figura 8: Áreas Corticais relacionadas à linguagem.

(http://www.enscer.com.br/pesquisas/artigos/plasticidade/plasticidade.html)

2.3.1.1 – Transtornos da Linguagem Oral

As alterações da linguagem oral atingem 5 a 10% de todas as crianças

e 1% delas entram na escola com uma deficiência na linguagem. A linguagem

ocorre por aprendizado cultural, ligado ao ambiente de convívio do indivíduo. A

comunicação oral envolve diferentes áreas do córtex cerebral. Na área

posterior do hemisfério esquerdo há a área de Wernicke, receptora dos sinais

sonoros e processadora de dados para interpretação do significado, cuja

resposta é enviada para as áreas anteriores (área de Broca) pelo fascículo

arqueado. Estímulos partem da área de Broca e chegam ao tronco cefálico do

cerebelo, estimulando os neurônios motores a produção de sons coordenados.

(Fig. 9) O desenvolvimento da linguagem ocorre de maneira contínua desde o

24

nascimento e dependem da integridade neuromuscular, do sistema sensorial,

do meio e das condições emocionais da criança.

Figura 9: Áreas relacionadas à Linguagem Oral.

(http://www.fmrp.usp.br/auditivo/disturbios_comunicacao.php)

Não há consenso na literatura quanto a classificação dos transtornos

da linguagem oral, mas certo é que qualquer alteração na aquisição de um ou

mais aspecto, afeta o desenvolvimento normal da linguagem. Dentre os

transtornos mais comuns:

ü Distúrbios da fonação ou disfonias são lesões do X ou IX nervo

craniano, que inervam as cordas vocais ou o sistema ressoador laringo-faringo-

rino-bucal comprometendo, respectivamente, a movimentação das cordas

vocais e a movimentação da faringe e véu palatino. Podem ser hereditárias ou

desencadeadas por fatores hormonais e emocionais.

ü Alterações na articulação da palavra como as dislalias e disartrias, estas

ocorrem por problemas nos nervos cranianos VII e XII, responsáveis pela

movimentação da face e língua ou a nível cerebelar, extrapiramidal e

pseudobulbar.

ü Distúrbios do ritmo da fala ou disfluências afetam 70 milhões de

pessoas no mundo, os mais comuns são guagueira, a taquilalia e bradilalia.

25

ü Retardo no desenvolvimento da fala, ocorrem em crianças com

desenvolvimento neurológico normal e possui etiologias variadas.

ü Afasias, conseqüência de lesões no córtex frontal envolvidas no

processo lingüístico.

ü Disfasias, inabilidade para adquirir a linguagem oral em crianças

cognitivamente adequadas, sem doença ou lesão cerebral, sem distúrbios

psicoafetivos e que tiveram oportunidade a aprendizagem. No DSM-IV são

formas de disfasias: por comprometimento da linguagem expressiva,

receptiva/expressiva ou mista; por transtorno fonológico e por transtornos da

comunicação não especificados.

2.3.1.2 – Transtornos da Linguagem Escrita

O processamento da linguagem escrita envolve as regiões parietais

inferiores esquerdas (giros supramarginal e angular), área de Broca, giro

dorsolateral pré-frontal, giro orbital, giro temporal superior e médio e as áreas

da região extra-estriada. Essas áreas são responsáveis pelo processamento

fonológico, recuperação e visualização de palavras, leitura oral, processamento

da leitura visual, lingüístico e ortográfico.

A dislexia, conforme conceito atual proposto pela Organização Mundial

da Saúde, consiste de um transtorno do neurodesenvolvimento que é

caracterizado pela dificuldade específica de leitura, não explicada por déficit de

inteligência, falta de oportunidade de aprendizado, motivação geral ou

acuidade sensorial diminuída, seja visual ou auditiva. Pode ser de etiologia

genética (relacionada a alteração de genes no cromossomo 6), adquirida ou

multifatorial.

Estudos recentes mostram que indivíduos com problemas de leitura

possuem áreas temporais e tálamo afetados. Pode ser definida em:

ü Dislexia disfonética ou fonológica quando ocorre dificuldade na leitura

oral de palavras pouco familiares, está associada a uma disfunção no lobo

temporal esquerdo;

ü Dislexia diseidética ou visual quando a dificuldade na leitura é de ordem

visual, está associada a disfunções no lobo occipital;

26

ü Dislexia mista apresenta disfunções nos lobos pré-frontal, frontal,

occipital e temporal.

2.3.2 – Transtorno da Habilidade em Matemática

Ambos os hemisférios podem ser ativados durante cálculos básicos.

Durante a execução de cálculos matemáticos, áreas parietais inferiores e o

córtex pré-frontal são ativados. (Fig. 10) Exames de Ressonância Magnética

Funcional (MRI), feitos em estudantes, possibilitaram ver plenamente todas as

áreas ativadas no cérebro durante o processamento matemático.

Figura 10: Áreas Cerebrais Ativadas durante o Processamento das Operações

Matemáticas. (Adaptado do Jornal Kumon de Info-Educação, 2001)

27

O número de alunos na Educação Básica com dificuldades em

matemática tem crescido no Brasil, segundo pesquisa do Sistema Nacional de

Avaliação da Educação Básica (Saeb). O transtorno no aprendizado da

matemática ocorre quando há dificuldade em realizar cálculos, processar

números e resolver problemas. Pesquisas internacionais estimam que entre

5% e 7% da população mundial sofre desse transtorno. Diferentes habilidades

podem estar associadas a esse transtorno, como dificuldades sensoriais, em

linguagem e até mesmo atenção. Pode ser definida pela acalculia e discalculia.

A acalculia ocorre a partir do momento em que o indivíduo sofre lesão

cerebral e perde as habilidades matemáticas já adquiridas. O

comprometimento do hemisfério esquerdo causa a alexia e agrafia para

números, o do hemisfério direito causa a acalculia espacial e lesões cerebrais

em ambos os hemisférios causam anaritmetia.

A discalculia não é causada por déficits visuais ou auditivos e

caracteriza-se por dificuldade na solução de problemas verbais, nas

habilidades de contagem, nas habilidades computacionais e na compreensão

dos números.

2.3.3 – Dispraxias

Praxia é a capacidade que o indivíduo tem de realizar um ato motor

mais ou menos complexo. No lobo frontal se situam as áreas responsáveis

pela motricidade: área motora primária (circunvolução frontal ascendente),

áreas secundárias (responsáveis pelo planejamento motor), área pré-motora

(execução de movimentos finos e da expressão da linguagem) e áreas

terciárias ou de associação (função não-motora do lobo frontal).

A apraxia é entendida como a incapacidade de executar determinados

atos motores voluntários, sem que exista déficit motor ou sensitivo e o paciente

tenha plena consciência do ato a cumprir. A interferência, em qualquer uma

das etapas para a realização dos movimentos, pode levar a vários tipos de

apraxia, podendo ocasionar déficits desde a iniciativa para o ato motor até o

planejamento e execução do mesmo.

28

Em crianças, utiliza-se o termo dispraxia devido à possibilidade de

recuperação da integração práxica através da plasticidade cerebral. Podem

corresponder a dificuldades motoras primárias, no esquema e movimento

corporal, e especializadas, como dispraxia verbal, facial, ocular e postural. Em

aprendizagem formal, as dispraxias se manifestam em “disgrafias”.

2.3.4 – Disgnosias

As gnosias podem ser de percepções simples como a tátil, visual e

auditiva, cujos estímulos se projetam em áreas sensitivas no córtex; e aquelas

ligadas a percepção do esquema corporal, espaço, tempo e velocidade, que

dependem das áreas secundárias do córtex.

As disgnosias são alterações na integração das percepções em

crianças que não sofreram lesão sensorial, cognitiva ou motora e podem ser:

ü Tátil ou somestésica quando ocorre a perda de sensibilidade geral pelos

exteroceptores, proprioceptores e interoceptores, quando há alteração na

formação das conexões das áreas relacionadas com as percepções do lobo

parietal superior e do córtex terciário.

ü Auditiva quando a criança não reconhece as características e

significados do som e pode estar relacionada com dificuldades na linguagem e

aprendizagem.

ü Visual quando ocorre uma alteração gnósica visual por disfunção ou

atraso no reconhecimento de objetos, fisionomias, cores e espaço, em

crianças é mais comum a disgnosia visoespacial e podem levar a alterações na

escrita e leitura.

ü Dissomatognosia quando ocorre retardo ou dificuldade na integração do

esquema corporal.

ü Disgnosia Espacial é o atraso na aquisição da noção de espaço.

2.3.5 – Transtornos da Memória

A memória de trabalho armazena no cérebro informação consciente

por um curto período de tempo e está localizada no córtex dos lobos frontal e

parietal. O armazenamento de maior quantidade de informação é designado

29

memória de longa duração. A formação de novas memórias envolve mudanças

nas sinapses existentes ou a formação de novas sinapses, essas alterações

levam a alteração e estabelecimento de circuitos neurais que representam as

memórias arquivadas.

Podem ocorrer distúrbios na aquisição da memória quando há

alteração na memória de trabalho ou de curta duração por disfunção no córtex

pré-frontal na sua porção ântero-lateral. Com relação ao conteúdo, os

transtornos da aquisição das memórias declarativas afetam os eventos

sensitivos e da aquisição das memórias de procedimento, os motores. A

consolidação (fixação) da memória ocorre após a aquisição (aprendizado) e se

houver qualquer disfunção nas áreas sensitivas primárias, secundárias ou

terciárias, nas conexões com o lobo temporal, no hipocampo ou suas vias,

haverá prejuízo dos eventos de consolidação. É fundamental para o processo

de aprendizagem escolar, evocar as memórias arquivadas. Se houver

disfunções no córtex pré-frontal, hipocampo, áreas parietais, entorrinais e do

córtex cingulado anterior, podem ocorrer perdas muito específicas das

memórias evocadas.

2.3.6 – Transtorno de Atenção

O Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade se caracteriza por

alterações dos sistemas motores, perceptivos, cognitivos e do comportamento

que comprometem a aprendizagem de crianças com potencial intelectual

adequado.

Os estudos nacionais situam a prevalência do transtorno de déficit de

atenção/hiperatividade (TDAH) entre 3% a 6% de crianças em idade escolar. O

DSM-IV subdivide o transtorno em: TDAH com predomínio de sintomas de

desatenção, com predomínio de sintomas de hiperatividade/impulsividade e

combinado. De etiologia variada, ocorre devido a alterações funcionais, lesões,

fatores exógenos e endógenos. Geneticamente está relacionado ao gene

transportador de dopamina e ao que o codifica o receptor.

Trata-se de alterações neuroquímicas dos sistemas que regulam a

vigília, especialmente os sistemas reticular, talâmico e cortical (área posterior

30

occipitotemporal e anterior pré-frontal). O TDAH pode estar associado a outros

transtornos de aprendizagem como dislexia, disgrafia e discalculia. Considera-

se que bioquimicamente há alteração no metabolismo das catecolaminas

(dopamina e noradrenalina: importantes na atenção e concentração) através

da diminuição da sua produção; da serotonina, das vias noradrenérgicas pré-

frontais (importantes na manutenção da atenção) e da via dopaminérgica

mesocortical (atuam na mediação das funções cognitivas).

Alguns fármacos aumentam a produção dos neurotransmissores

envolvidos no TDAH ou inibem as enzimas que os destroem, melhorando os

sintomas.

31

CAPÍTULO III

AS EMOÇÕES E A APRENDIZAGEM

“Uma estrutura tão bonita tinha de existir”

(Watson ao examinar o modelo de DNA desenvolvido

por ele e Crick)

O conhecimento das bases neurais dos processos emotivos teve

grande avanço no final do século XX, a partir da neuroimagem e da

neurofisiologia, quando foram descobertas novas conexões do Sistema

Límbico (SL), como órgão subcortical, com áreas corticais cerebrais, que, em

conjunto, atuam sobre o hipotálamo e o tronco encefálico. (SILVA e

BARRETO, 2010)

Vivemos uma cultura que desvaloriza as emoções, e não vemos o

entrelaçamento cotidiano entre razão e emoção, que constitui o viver humano,

e não nos damos conta de que todo sistema racional tem um fundamento

emocional. (Maturana, 1999)

Para Alves (2000), toda emoção é uma reação do organismo, com três

tipos de respostas: uma mental (de agitação ou depressão), uma resposta

interna do organismo (no caso da raiva, disparam o coração e a respiração) e

uma resposta comportamental (de aproximação ou de afastamento, no caso da

raiva).

Segundo Silva e Schneider (2007), a afetividade é um tema que vem

sendo muito debatido, tanto nos meios educacionais quanto fora dele. No

universo escolar, há um consenso entre educadores com base nas principais

teorias do desenvolvimento sobre a importância da qualidade das primeiras

relações afetivas da criança. A afetividade implica diretamente no

desenvolvimento emocional e afetivo, na socialização, nas interações humanas

e, sobretudo, na aprendizagem.

Corroborando esta afirmação, Tassoni (2000) diz que toda

aprendizagem está impregnada de afetividade, já que ocorre a partir das

interações sociais, num processo vincular. Pensando, especificamente, na

32

aprendizagem escolar, a trama que se tece entre alunos, professores,

conteúdo escolar, livros, escrita, etc., não acontece puramente no campo

cognitivo, existe uma base afetiva permeando essas relações.

Nesse sentido, a complexidade no estudo das emoções extrapolam

seus conceitos em estados psicológicos ou comportamentais como resposta a

construções sociais ou impulsos na luta pela sobrevivência e consideram que

as emoções são funções biológicas do Sistema Nervoso. Assim, segundo

LeDoux apud Almada (1996), os mecanismos cerebrais permitem ampliar

novas descobertas e entender como elas são representadas no cérebro.

As atuais técnicas de imagem cerebral como o CAT scam (computer

assisted tomography), MRI (magnetic resonance imaging), o PET (positron

emission tomography) e o fMRI (functional magnetic resonance imaging) vêm

sendo apresentadas como verdadeiros instrumentos capazes de estudar o

substrato anatômico das emoções.

Os estudos das funções cerebrais possibilitam compreender as

emoções através de processos neurobiológicos. O afeto tem origem em

eventos elétrico e químicos a nível cerebral e modulam a herança genética

comportamental dos instintos. Para Almada (2009), os neuropeptídeos e outros

neurotransmissores participam da formação e constituição das emoções e

menciona as emoções aprendidas por princípio de reforços (Neurociência

Behaviorista), a Neurociência Cognitiva (LeDoux), onde os afetos são

processos neocorticais no campo de trabalho da memória (Córtex pré-frontal

dorsolateral) ou têm sede no campo somatosensório do córtex (Damásio). E

em contraste as visões anteriores, a Neurociência Afetiva (Panksepp),

sustentando que os afetos surgem da neurofisiologia do sistema de ação

emocional sub-neocortical. Os estados emocionais mediam o aprendizado que

modificam o comportamento.

A afetividade está diretamente relacionada à motivação. A criança

estimulada possui as vias neurais sensoriais ativadas possibilitando melhor

desempenho fisiológico/metabólico. Quanto mais circuitos sinápticos forem

estabelecidos, mais eficiente será a aquisição de informações no processo de

ensino-aprendizagem.

33

As sinapses elétricas continuam por transmissores químicos que se

ligam a receptores moleculares específicos e perpassam por uma cascata

bioquímica, permitindo captar quais neurotransmissores estão envolvidos nas

emoções. A serotonina exerce papel supressor a nível emocional, assim como

dopamina, norepinefrina e acetilcolina estimulam os comportamentos.

David Shapiro foi o primeiro a expor a ideia de que o estado de

transtorno emocional ou afetividade abalada diminuía a quantidade de

serotonina no cérebro. A serotonina é um dos neurotransmissores que agiliza e

possibilita a comunicação entre os neurônios. Segundo Shapiro, os transtornos

emocionais diminuem os processos de aprendizagem. (CAVALCANTI, 2003)

Para Relvas (2009), os sistemas cerebrais destinados a emoção estão

ligados a razão, exercendo influência nos processos de raciocínio.

Para Goleman, citado por Alves (2002), as metáforas, as músicas e as

fábulas ajudam a moldar a linguagem do coração, contribuindo para o

desenvolvimento emocional. Portanto, devem ser utilizadas como importantes

recursos dentro do currículo escolar. Por outro lado, as emoções negativas

esmagam a atenção e a concentração e afetam a capacidade cognitiva. Alunos

ansiosos, zangados ou deprimidos apresentam dificuldades para aprender, já

que a preocupação baixa o rendimento.

O cérebro emocional neurofisiologicamente foi dividido em cérebro

primitivo, cérebro intermediário e cérebro superior. O primitivo é formado pelo

tronco cerebral, correspondendo ao cérebro dos répteis, responsáveis pela

autopreservação. O intermediário é formado pelo Sistema Límbico e

responsável pelas emoções. E o cérebro superior, constituído pelos

hemisférios cerebrais, também chamado cérebro racional porque é o

responsável pelas funções cognitivas. A Teoria do cérebro trino de Mac Lean

tem sido muito combatida, principalmente por Le Doux e seus defensores.

(Santos, 2000)

Em 1937, James Papez, sugeriu que a expressão e experiência

emocional estivessem relacionadas ao hipocampo, aos corpos mamilares, aos

núcleos talâmicos anteriores e ao giro do cíngulo, esse complexo neural ficou

conhecido como Circuito de Papez. Diversas pesquisas possibilitaram

34

complementar sua hipótese e em 1952, Paul MacLean, disse que a base

orgânica das emoções está no cérebro e complementou sugerindo que as

emoções dependem dos giros orbitofrontal, cingulado e para-hipocampal,

associados às áreas subcorticais amígdala, septo e hipotálamo. Essas

estruturas foram denominadas de Sistema Límbico. (Fig. 11)

Figura 11: Sistema límbico e estruturas adicionais (à esquerda). À direita, circuito de Papez. (1) O giro do cíngulo e outras regiões corticais se projetam para a formação hipocampal. (2) O hipocampo processa a informação que chega e a projeta via fórnix (3) para os corpos mamilares do hipotálamo (4). O hipotálamo por sua vez, fornece informações ao tálamo através do trato mamilotalâmico (5) e do núcleo anterior do tálamo ao giro do cíngulo (6). (http://www.inec-usp.org/cursos/curso%20VII/estresse_compartilha.htm)

Funcionalmente, o sistema límbico está relacionado à regulação dos

processos emocionais, à regulação do sistema nervoso autônomo e também

aos processos motivacionais essenciais à sobrevivência da espécie e do

indivíduo (fome, sede, sexo). Também está ligado ao mecanismo da memória

e da aprendizagem, bem como à regulação do sistema endócrino.

O hipotálamo está envolvido na manifestação de comportamentos de

defesa e comportamentos motivados. Em animais, a estimulação do

hipotálamo não apenas provoca a sede e o desejo de ingestão de alimento,

mas também aumenta o nível geral de atividade do animal, o que por vezes

leva a agressões. A estimulação do núcleo ventromedial e das áreas

35

circunvizinhas provoca em grande parte efeitos opostos aos da estimulação da

área hipotalâmica lateral, isto é, sentimento de saciedade, com redução da

ingestão de alimento e tranqüilidade. A estimulação de zona delgada do núcleo

periventricular, localizado imediatamente adjacente ao terceiro ventrículo, e

também da substância cinzenta central do mesencéfalo, que é contínua a essa

parte do hipotálamo, leva em geral ao medo e a reações a punição.

A amígdala se relaciona ao hipotálamo e tronco encefálico e através

das aferências que os une, participa dos componentes autonômicos,

endócrinos e somatomotores das experiências emocionais. Sua ativação em

situações com significado emocional, como encontros agressivos ou de

natureza sexual, evidencia uma alta atividade dos neurônios dessa região. A

estimulação da amígdala em humanos provoca reações de medo, raiva, e

efeitos viscerais, como aumento ou diminuição da pressão arterial, da

freqüência cardíaca, defecação e micção, dilatação pupilar, piloereção e

secreção de diversos hormônios da hipófise anterior, em especial de

gonadotrofinas e corticotrofinas. A estimulação da amígdala também pode

produzir efeitos a nível de movimentos, como movimentos tônicos (elevação da

cabeça ou curvatura do corpo), movimentos em círculo, ocasionalmente

movimentos rítmicos e diferentes tipos de movimentos associados à olfação ou

à ingestão de alimentos (lamber, mastigar e engolir). A estimulação de alguns

de seus núcleos pode desencadear sensações de fuga, raiva e medo,

enquanto outros núcleos, se estimulados, podem originar sensações de

recompensa, de prazer ou de excitação, ou atividades sexuais, como

copulação, ereção, movimento copulatório, ejaculação, atividade uterina,

ovulação e parto prematuro. É sensível a hormônios sexuais. Em relação às

suas funções normais, a amígdala parece ser a área de conhecimento

comportamental, que atua a nível semiconsciente. Também parece projetar

para o sistema límbico o estado atual da pessoa, tanto com relação a seu

ambiente, quanto a seus pensamentos. A amígdala parece, pois, ajudar a

organizar a resposta comportamental da pessoa, adequadamente a cada

situação. (Fig. 12)

36

Figura 12: Esquema das Complexas relações da amígdala. (Saul Cypel, 2006)

As áreas corticais pré-frontais (principal centro de organização e

planejamento de ações) exercem atividade regulatória sobre a amígdala. Ela

corresponde à parte não motora do lobo frontal, ocupando a porção anterior

deste lobo. Estruturalmente é constituída de neocórtex no que difere das áreas

corticais que integram o Sistema límbico. Tem importantes conexões com o

núcleo dorso-medial do tálamo, recebendo e enviando fibras a este núcleo.

Esta área está envolvida na escolha das opções e estratégias

comportamentais mais adequadas à situação física e social do indivíduo, assim

como a capacidade de alterá-las quando tais situações se modificam; atua na

manutenção da atenção e lesões nessa área causam distração, ou seja, os

pacientes têm dificuldade em se concentrar e fixar voluntariamente a atenção.

Muito importante no controle do comportamento emocional, função exercida

juntamente com o hipotálamo e o sistema límbico.

O hipocampo gerencia memórias declarativas e controla os estados

afetivos, é considerado a principal sede da memória e importante componente

do sistema límbico. Também está relacionado com a navegação espacial. Esta

37

estrutura parece ser muito importante para converter a memória a curto prazo

em memória a longo prazo. Ele ajuda a selecionar onde os aspectos

importantes para fatos e eventos serão armazenados. É ele que filtra os dados,

usa e joga fora informações de curto prazo e se encarrega de enviar outras

para diferentes partes do córtex cerebral. Além disso, o hipocampo participa da

regulação de atividades viscerais e endócrinas.

Algumas vias neuronais relacionadas às diferentes emoções:

ü Prazer e Recompensa: o centro de recompensa se relaciona ao

hipotálamo com conexões com o septo, amígdala, tálamo e gânglios da base;

o centro de punição se relaciona ao aqueduto cerebral de Sylvius, ao

hipotálamo e tálamo.

ü Alegria: a indução de alegria ativa os gânglios basais, que são inervados

por neurônios dopaminérgicos.

ü Medo: a amígdala está ligada a sensação de medo e a estria terminal

está relacionada à liberação dos hormônios do estresse. Juntamente com o

hipotálamo, permitem o desencadeamento do medo e com o tronco cefálico,

produzem respostas motoras somáticas.

ü Raiva: como o medo, é uma emoção relacionada às funções da

amígdala, em conexão com o hipotálamo e outras estruturas orgânicas.

ü Luta-fuga: o sistema nervoso autônomo é responsável pela luta-fuga.

ü Tristeza e depressão: relacionado à ativação das regiões do giro do

cíngulo e ínsula, desativação do córtex pré-frontal e parietal e diminuição da

glicose no córtex pré-frontal.

ü Emoção e razão: a integração de afetividade aos processos cognitivos

ocorre no complexo Córtex órbito-frontal/ Córtex pré-frontal. Acredita-se que

essas regiões corticais tenham conexões com a amígdala, influenciando a

motivação. A ínsula também é ativada.

Assim, reconhece-se que as áreas cerebrais envolvidas no controle

motivacional, na cognição e na memória fazem conexões com diversos

circuitos nervosos, os quais, através de seus neurotransmissores, promovem

respostas fisiológicas que relacionam o organismo ao meio e também à

38

inervação de estruturas viscerais, importantes à manutenção da constância do

meio interno.

Estudos de lateralidade sugerem que os hemisférios têm contribuições

diferentes ao estilo de reação emocional. Através das pesquisas, o hemisfério

direito é mais especializado na compreensão emocional, nos aspectos como

prosódia emocional e expressões faciais.

Estudos neuroimunológicos têm mostrado que estados emocionais

interferem na imunidade do organismo, ou seja, ocorre uma interação entre os

Sistemas Nervoso, Imune e Endócrino. Para Alves e Neto (2010), alterações

imunes são capazes de modular a atividade neuronal e, consequentemente as

emoções e o comportamento. (Fig. 13)

Figura 13: Esquema ilustrativo das interações entre os Sistemas Nervoso, Endócrino e Imune. (Revista Neurociência, 2010; 18 (2): 215)

As áreas encefálicas relacionadas com o comportamento emocional

ocupam territórios muito amplos do telencéfalo e do diencéfalo, nos quais se

encontram as estruturas que integram o sistema límbico, a área pré-frontal e o

hipotálamo. Essas áreas além de sua participação nos fenômenos emocionais,

também regulam as atividades viscerais através do sistema nervoso autônomo.

Foi verificado que estimulações elétricas em várias áreas do hipotálamo, da

área pré-frontal ou do sistema límbico determinam manifestações viscerais

diversas, tais como salivação, sudorese, dilatação pupilar, modificações do

ritmo cardíaco ou respiratório. O fato de que as mesmas áreas encefálicas que

39

regulam o comportamento emocional também regulam o sistema nervoso

autônomo, se torna mais significativo se considerarmos que as emoções se

expressam em grande parte através de manifestações viscerais e são

geralmente acompanhadas de alterações da pressão arterial, do ritmo cardíaco

ou do ritmo respiratório. Torna-se mais fácil entender, também, que muitos

distúrbios emocionais resultam em afecções viscerais, sendo um exemplo

clássico o caso das úlceras gástricas e duodenais. Estas inclusive podem ser

provocadas por estimulações crônicas do hipotálamo.

Gardner, em a teoria das Inteligências Múltiplas, conceitua as aptidões

que compreendem a inteligência humana e considera os fatores emocionais

como integrantes dessas aptidões quando classifica as habilidades

intrapessoal (compreensão de si mesmo, saber quem é, o que se pode fazer) e

interpessoal (habilidade de comunicar-se com os outros, ter empatia por seus

sentimentos e convicções) como capacidades essenciais para nos

relacionarmos com o mundo. Popularizando o termo Inteligência Emocional,

Goleman conceituou de forma abrangente o papel das emoções na

interpretação da inteligência. O desenvolvimento das emoções atua na gestão

das aprendizagens de forma positiva motivando as atividades cognitivas.

40

CONCLUSÃO

A neurociência assume papel indissociável ao processo de

aprendizagem. O campo da neurociência cognitiva é fértil e complexo e tem

produzido uma série de discussões sobre a neuroaprendizagem. O

aprendizado normal e seus transtornos exigem um olhar interdisciplinar.

Conhecer as dificuldades que impedem a criança de aprender possibilita

detectar os fatores que interferem na aprendizagem e assim, encaminhar o

aluno ao tratamento mais adequado as suas necessidades. As dificuldades

não detectadas podem provocar queda no desempenho escolar, comprometer

a aprendizagem e ocasionar bloqueios que acompanharão o aluno por toda a

vida e uma vida adulta saudável depende diretamente das relações

estabelecidas na escola. Por vezes, as dificuldades que interferem na

aprendizagem têm diversas etiologias, sendo difícil medidas eficazes para

tratar o problema. O diagnóstico da dificuldade que o aluno apresenta deve ser

feito precocemente e acompanhado por uma equipe multidisciplinar:

profissionais da área da saúde e educação devem intercambiar durante todo o

processo, permitindo um acompanhamento adequado ao aluno.

Muitos são os avanços das pesquisas que objetivam compreender os

processos neurológicos relacionados a aprendizagem. É através delas que

adaptamos estratégias diferenciadas para estimular o cérebro de forma

eficiente, sejam estímulos sensitivos, motores ou afetivos. Conhecimentos das

habilidades múltiplas se somam aos da plasticidade cerebral, a de que o

cérebro continua a desenvolver novos circuitos neurais possibilitando o

aprendizado por toda a vida. Esses conhecimentos permitem refletir sobre o

fracasso escolar e as dificuldades de aprendizagem: os alunos são limitados

ao que é ensinado ou o estímulo aplicado não está atingindo as vias sensoriais

necessárias a compreensão?

A aprendizagem e a memória requerem mecanismos neuronais

mediados principalmente pelas sinapses nervosas. Um pequeno estímulo pode

determinar uma alteração persistente nos circuitos cerebrais e podem

permanecer por toda vida. Assim sendo, estímulos neuropsicológicos,

41

eletrofisiológicos e farmacológicos, bem como a genética molecular, alteram as

sinapses nervosas, determinando alterações constantes nos circuitos

cerebrais. Estímulos constantes são fundamentais nos fenômenos da

plasticidade cerebral, pois, agem continuamente sobre a memória e a

aprendizagem. E desta forma, tais modificações permitem a adaptação

constante frente às demandas do meio ambiente e o meio interno.

Investigações dos aspectos ligados a linguagem, gnosias, praxias,

atenção, memória, sono e emoção norteiam a pesquisa neuroeducacional a

criar caminhos para ajudar alunos com dificuldades na aprendizagem, seja em

sala de aula ou fora dela. É necessário um novo olhar para que

multidisciplinarmente se possa transformar o ensino, construir novas

metodologias e focar a conversão do conhecimento em valores morais, não só

para os alunos com dificuldade para aprender, mas para toda a sociedade.

42

ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 >> Conteúdo de Revista Especializada: O Cérebro e a Linguagem;

Anexo 2 >> Internet: Dislexia;

Anexo 3 >> Reportagem: Aprendizagem baseada no Cérebro;

Anexo 4 >> Internet: Droga para Déficit de Atenção tem uso excessivo;

Anexo 5 >> Internet: Especialista desfaz mitos que envolvem distúrbios de

atenção;

Anexo 6 >> Internet: 40% de bebês prematuros têm dificuldades de

aprendizagem.

43

ANEXO 1

O Cérebro e a Linguagem

Revista Mente & Cérebro/Scientific AmericanAno XIII Nº143 - Dezembro 2004

Imagens do Cérebro Humano obtidas por tomografia de emissão de

pósitrons revelam que a circulação sanguínea no cérebro aumenta em certas

regiões e diferem segundo o tipo de tarefa efetuada (aqui ligadas ao exame

das palavras e à sua verbalização). Pensá-las (embaixo, à direita) ativa a área

de Broca, que produz a linguagem.

44

ANEXO 2

Internet

Diagnósticos realizados pelo CAE - Centro de Avaliação e Encaminhamento da ABD – Associação Brasileira de Dislexia.

Referente período de Janeiro a Dezembro de 2010 320 Pacientes avaliados em 2010

148 Pacientes foram diagnosticados com Dislexia A dislexia possui três graus: leve, média e severa.

(http://www.dislexia.org.br/)

45

ANEXO 3

Reportagem

46

ANEXO 4

Internet

Droga para Déficit de Atenção tem uso excessivo, diz estudo.

Quase 75% das crianças e dos adolescentes brasileiros que tomam remédios

para déficit de atenção não tiveram diagnóstico correto.

O dado é de um estudo de psiquiatras e neurologistas da USP, Unicamp, do Instituto Glia de pesquisa em neurociência e do Albert Einstein College of Medicine (EUA), que será apresentado no 3º Congresso Mundial de TDAH (transtorno de deficit de atenção e hiperatividade), no fim do mês, na Alemanha.

A pesquisa colheu dados de 5.961 jovens, de 4 a 18 anos, em 16 Estados do Brasil e no Distrito Federal.

Os autores aplicaram questionários em pais e professores para identificar a ocorrência do transtorno, tendo como base os critérios do DSM-4 (manual americano de diagnóstico em psiquiatria).

As informações foram comparadas aos relatos dos pais sobre o diagnóstico que seus filhos receberam de outros profissionais, antes do período das entrevistas.

Só 23,7% das 459 crianças que haviam sido diagnosticadas com deficit de atenção realmente tinham o transtorno, segundo os critérios do manual. Das 128 que tomavam remédios para tratá-lo, só 27,3% tinham o problema, segundo os pesquisadores.

"Isso mostra que há muitos médicos prescrevendo o remédio, mas que não conhecem bem o problema", diz o neurologista Marco Antônio Arruda, coautor do estudo e diretor do Instituto Glia.

O remédio usado para tratar o transtorno é o metilfenidato, princípio ativo da Ritalina e do Concerta. A substância é da família das anfetaminas e age sobre o sistema nervoso central, aumentando a capacidade de concentração.

Entre os efeitos colaterais causados pela droga estão taquicardia, perda do apetite e o desenvolvimento de quadro bipolar ou psicótico em pessoas com predisposição.

Guilherme Polanczyk, psiquiatra da USP, relativiza a conclusão do estudo. "Muitas das crianças avaliadas podem estar sem sintomas por conta do uso dos remédios."

Ivan Luiz/Arte

48

ANEXO 5

Internet

Especialista desfaz mitos que envolvem distúrbios de atenção PERRI KLASS, M.D

DO "THE NEW YORK TIMES"

A doença não é a inquietude e a indisciplina que acontecem quando os alunos ginasiais são privados de intervalos, ou a distração dos adolescentes na era do smartphone. Ela também não é a razão pela qual seus colegas baixam e-mails durante reuniões e até mesmo (poupem-me!) em meio a conversas.

"A atenção é uma fenômeno cognitivo realmente complexo, com muitas peças dentro dela", disse David K. Urion, de Harvard, que dirige o programa de deficiências e neurologia comportamental no Hospital Infantil de Boston.

"Quando falando de crianças com déficit de atenção, o problema reside na atenção seletiva quando comparado a seus pares em idade e sexo --o que você absorve e o que você ignora?"

Além disso, o distúrbio ocorre ao longo de um amplo espectro, de leve a extremo. Meninos são mais propensos a serem hiperativos e impulsivos, meninas a serem desatentas (um motivo para muitas meninas não serem oficialmente diagnosticadas é que aquelas com o jeito desatento podem ser bem comportadas na escola, mas ainda assim, incapazes de se concentrar).

"Ainda há muito que não sabemos", disse Bruce F. Pennington, professor de psicologia na Universidade de Denver e especialista na genética e na neuropsicologia dos distúrbios de atenção. ''Mas sabemos o bastante para dizer que se trata de um problema baseado no cérebro, e temos alguma ideia sobre quais circuitos e genes estão envolvidos''.

Estudos de imagens cerebrais em pessoas com déficit de atenção mostraram um padrão consistente de atividade abaixo do normal nos lóbulos frontais, onde fica a chamada função executora. E cientistas estão focando nos caminhos para a dopamina e neurotransmissores similares ativos nos circuitos que passam informações de entrada e saída aos lóbulos frontais.

Níveis de atividade em circuitos específicos podem ajudar a explicar o aparente paradoxo de usar estimulantes, como o Ritalina, para tratar crianças que já parecem superestimuladas. Em muitas crianças com DDAH, esses medicamentos podem ajudar os circuitos a funcionar mais normalmente.

''Se você tem déficit de dopamina, é mais difícil se concentrar em comportamentos orientados por objetivos'', explicou Pennington. ''Os psicoestimulantes alteram a disponibilidade de dopamina nesses mesmos circuitos.''

Embora pesquisas recentes tenham identificado fatores ambientais que podem elevar a probabilidade de desenvolvimento da doença, estima-se que seu componente genético seja mais forte. Maximilian Muenke, diretor do braço de genética médica no

49

Instituto Nacional de Pesquisa do Genoma Humano, disse que em gêmeos idênticos, se um deles tiver DDAH, a probabilidade de o segundo também ter é de 80% (entre gêmeos não-idênticos, o número cai para 20% a 30%, o mesmo de irmãos no geral).

No mês passado, a equipe de Muenke publicou um artigo identificando um gene, chamado LPHN3, associado tanto à doença quanto a uma reação favorável a estimulantes. Mas ninguém acha que apenas um gene é o responsável; assim como a atenção é um fenômeno complexo, a genética dos déficits de atenção também é.

Quando perguntei a Muenke se os estudos da genética poderiam, algum dia, desempenhar algum papel no tratamento da doença, sua resposta foi cautelosa.

Ele falou de eventualmente prever quais crianças responderão a remédios específicos, poupando as famílias da frustração de trocar de medicamentos diversas vezes sem nenhum alívio. Ele pareceu mais otimista ao falar das probabilidades em longo prazo.

"Acredito realmente que, com o tempo, seremos capazes de desenvolver remédios personalizados para uma criança com DDAH", afirmou ele, acrescentando que, quando as causas principais são conhecidas, "essa criança terá um tratamento muito específico, seja ele apenas comportamental ou envolvendo medicação" --e essa medicação será feita sob medida para a criança.

Talvez ávido por deixar claro que o DDAH é muito mais que uma metáfora para as distrações da vida moderna, os cientistas adoram citar exemplos muito mais antigos que a própria criação do termo.

Urion evocou Sir George Frederick Still, o primeiro professor britânico de medicina pediátrica, que descreveu a síndrome precisamente em 1902, falando de um garoto que era "incapaz de manter sua atenção, até mesmo num jogo, por mais que um período muito curto de tempo" --e que por isso estava "atrasado nas atividades escolares, mesmo parecendo completamente normal em seus modos e conversas".

(http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/848533-especialista-desfaz-mitos-que-

envolvem-disturbios-de-atencao.shtml)

50

ANEXO 6

Internet

40% de bebês prematuros têm dificuldades de aprendizagem

Um estudo realizado na Grã-Bretanha apontou que 40% dos bebês prematuros têm dificuldades de aprendizagem.

O levantamento, obtido pela BBC com exclusividade, acompanhou o desenvolvimento das crianças que nasceram prematuras, em 1995, na Grã-Bretanha.

Quando estavam com 5,5 a 7 anos de idade, as crianças passaram por testes de QI, questões de atenção, habilidades lingüísticas e habilidades para entender problemas.

Os resultados mostraram que 40% das crianças que nasceram prematuras tinham problemas, de moderados a sérios, em seus desenvolvimentos cognitivos, comparados com 2% daquelas que nasceram em uma gravidez normal.

Também foi observado que, entre os prematuros, meninos têm uma chance duas vezes maior do que as meninas de ter problemas cognitivos mais tarde.

Deficiência

O levantamento, elaborado pela Universidade de Nottingham e chamado EPICure, mostrou que 4.004 bebês nasceram na Grã-Bretanha, em 1995, entre 20 e 25 semanas – uma gravidez normal dura cerca de 40 semanas.

Dos prematuros, cerca de 1,2 mil nasceram vivos e apenas 314 sobreviveram.

Na primeira fase da pesquisa, quando essas crianças estavam com 2,5 anos de idade, foi constatado que 50% delas tinham alguma forma de deficiência.

Em 25% dos casos, foram identificadas deficiências severas, como paralisia cerebral, cegueira e surdez.

(http://www.bbc.co.uk/portuguese/ciencia/story/2004/09/040919_prematuroas.shtml)

51

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ALMADA, Leonardo Ferreira. Neuropeptídeos e Neuroquímica Cerebral: O

background conceitual da neurociência afetiva. Poros, Uberlândia, v. 1, n. 2, p.

26-41, 2009.

ALVES, Glaucie Jussilane e PALERMO-NETO, João. Neuroimunomodulação:

influências do sistema imune sobre o sistema nervoso central. Revista

Neurociências, São Paulo, v. 18, n. 2, p. 214-219, 2010.

ALVES, Ubiratan Silva. Inteligências Múltiplas e Inteligência Emocional:

Conceitos e Discussões. Dialogia, São Paulo, v. 1, p. 127-144, 2002.

BARRETO, João Erivan Façanha e SILVA, Luciane Ponte. Sistema Límbico e

as emoções – uma revisão anatômica. Revista Neurociências, São Paulo, v.

18, n. 3, p. 386-394, 2010.

BARTOSZECK, Amauri B. Neurociência na Educação. Disponível em:

http://www.sitedaescola.com/ferramentas/dokeos/courses/NAPNE/document/N

euroci_ncia_na_Educa__o_ESPIRITA_ARTIGO.pdf?cidReq=NAPNE. Acesso

em: 01 de junho. 2011.

CHEDID, Kátia A. Kühn. Psicopedagogia, Educação e Neurociências. Revista

Psicopedagogia, São Paulo, v. 24, n. 75, p. 298-300, 2007.

GAZZANIGA, Michael S.; IVRY, Richard B. e MANGUN George R.

Neurociência Cognitiva: a biologia da mente. Tradução: Angélica Rosat

Consiglio et al. 2ª Ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.

52

JOCA, Sâmia Regiane L.; PADOVAN, Cláudia Maria e GUIMARÃES, Francisco

Silveira. Estresse, depressão e hipocampo. Revista Brasileira de Psiquiatria,

São Paulo, v. 25, n. 2, p. 46-51, 2003.

LAROSA, Marco Antonio e AYRES, Fernando Arduini. Como Produzir uma

monografia passo a passo...Siga o mapa da mina. 7ª Ed. Rio de Janeiro: Wak

Editora, 2008.

LENT, Roberto et al. Neurociência da Mente e do Comportamento. Rio de

Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

LIMA, Ricardo Franco et al. Dificuldades de aprendizagem: queixas escolares e

diagnósticos em um Serviço de Neurologia Infantil. Revista Neurociências, São

Paulo, v. 14, n. 4, p. 185-190, 2006.

MATURANA, Humberto. Emoções e Linguagem na Educação e na Política.

Belo Horizonte: UFMG, 1999.

PEDRO, Ana. Decisões Éticas, Neurociências, Emoção e Razão. Revista

Interacções, Santarém (Portugal), v. 3, n. 5, p. 4-13, 2007.

RATO, Joana Rodrigues e CALDAS, Alexandre Castro. (2010). Neurociências

e educação: Realidade ou ficção? In: Atas do VII Simpósio Nacional de

Investigação em Psicologia, Portugal, p. 626-644. Retirado de

http://www.actassnip2010.com

RELVAS, Marta Pires. Fundamentos biológicos da educação: despertando

Inteligências e Afetividade no processo de aprendizagem. 4ª Ed. Rio de

Janeiro: Wak Editora, 2009.

53

RELVAS, Marta Pires. Neurociência e Transtornos de Aprendizagem: as

múltiplas eficiências para uma Educação Inclusiva. 3ª Ed. Rio de Janeiro: Wak

Editora, 2009.

RELVAS, Marta Pires. Neurociência e Educação: potencialidades dos gêneros

humanos na sala de aula. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2009.

ROTTA, Newra Tellechea, OHLWEILER, Lygia e RIESGO, Rudimar dos

Santos. Transtornos da aprendizagem: Abordagem Neurobiológica e

Multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2006.

SÁ, C. S. C. e MEDALHA, C. C. Aprendizagem e Memória – Contexto Motor.

Revista Neurociências, São Paulo, v. 9, n. 3, p. 103-110, 2001.

SAMPAIO, Simaia. Dificuldades de Aprendizagem: A Psicopedagogia na

relação sujeito, família e escola. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2009.

SANTOS, Jair de Oliveira. Educação Emocional na Escola: A Emoção na Sala

de Aula. 2ª Ed. Salvador: Editado pela Faculdade Castro Alves, 2000.

SILVA, Jamile Beatriz e SCHNEIDER, Ernani José. Aspectos Socioafetivos do

Processo de Ensino e Aprendizagem. Revista de Divulgação Técnico-científica

do ICPG, V.3, n.11, jul-dez/2007.

SMITH, Corinne e STRICK, Lisa. Dificuldades de Aprendizagem de A a Z: Um

guia completo para pais e educadores. Tradução: Dayse Batista. Porto Alegre:

Artmed, 2001.

TABACOW, Luiz Samuel. Contribuições da Neurociência Cognitiva para a

formação de professores e pedagogos. Dissertação de Mestrado em Educação

– Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC), Campinas, 2006.

54

TASSONI, Elvira Cristina Martins. Afetividade e aprendizagem: a relação

professor-aluno. Anuário do GT de Psicologia da Educação. ANPED, set.

2000.

VENTURA, Dora Fix. Um Retrato da Área de Neurociência e Comportamento

no Brasil. Revista Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, v. 26, n. especial, p.

123-129, 2010.

VITTO, Márcia Madeira Peres e FERES, Maria Cristina Lancia Cury. Distúrbios

da Comunicação Oral em Crianças. Revista da Faculdade de Medicina de

Ribeirão Preto e do Hospital das Clínicas da FMRP, São Paulo, v. 38, n. 3/4, p.

229-234, 2005.

55

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

O CÉREBRO E A APRENDIZAGEM 10

1.1 - O Encéfalo e sua Origem 11

1.2 - Neurofisiologia da Aprendizagem 13

1.3 - Aprendizagem e Neuroplasticidade 16

CAPÍTULO II

DIFICULDADES PARA A APRENDIZAGEM 19

2.1 - A Origem das Dificuldades de Aprendizagem 19

2.2 - As Dificuldades de Aprendizagem - Conceitos 20

2.3 - Os Transtornos da Aprendizagem 22

2.3.1 - Transtornos da Linguagem 22

2.3.1.1 - Transtornos da Linguagem Oral 23

2.3.1.2 – Transtornos da Linguagem Escrita 25

2.3.2 - Transtorno da Habilidade em Matemática 26

2.3.3 - Dispraxias 27

2.3.4 - Disgnosias 28

2.3.5 - Transtornos da Memória 28

2.3.6 - Transtorno de Atenção 29

56

CAPÍTULO III

AS EMOÇÕES E A APRENDIZAGEM 31

CONCLUSÃO 40

ANEXOS 42

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51

ÍNDICE 55

ÍNDICE DE FIGURAS 57

FOLHA DE AVALIAÇÃO 58

57

ÍNDICE DE FIGURAS

FIGURA 1 - Formação do Sistema Nervoso Central durante o início do

desenvolvimento embrionário humano 11

FIGURA 2 - Encéfalo humano 12

FIGURA 3 - Divisões filogenéticas do cérebro 13

FIGURA 4 - Lobos cerebrais 14

FIGURA 5 - Principais áreas associativas, motoras e sensoriais do

córtex cerebral 15

FIGURA 6 - Lateralização hemisférica 16

FIGURA 7 - Sinapses Neuronais 18

FIGURA 8 - Áreas Corticais relacionadas à linguagem 23

FIGURA 9 - Áreas relacionadas à Linguagem Oral 24

FIGURA 10 - Áreas Cerebrais Ativadas durante o Processamento das

Operações Matemáticas 26

FIGURA 11 - Sistema límbico e estruturas adicionais 34

FIGURA 12 - Esquema das Complexas relações da amígdala 36

FIGURA 13 - Esquema ilustrativo das interações entre os Sistemas

Nervoso, Endócrino e Imune 38

58

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes/ Faculdade Integrada AVM

Título da Monografia: O CÉREBRO E AS DIFICULDADES PARA A

APRENDIZAGEM

Autor: Jaqueline Guevara

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: