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UNIVERSIDA DE CANDIDO MENDES PÓS-GRA DUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE INTERVENÇÃO DE TERCEIROS Por: Vania Regina Andrade de Souza Orientador Prof. Dr. Fernando Arduini Prof. Ms. Jean Alves Pereira Almeida Rio de Janeiro 2006

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

INTERVENÇÃO DE TERCEIROS

Por: Vania Regina Andrade de Souza

Orientador

Prof. Dr. Fernando Arduini

Prof. Ms. Jean Alves Pereira Almeida

Rio de Janeiro

2006

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

INTERVENÇÃO DE TERCEIROS

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em processo civil.

Por: Vania Regina Andrade de Souza

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Ilustre Advogado Sergio

Guimarães Xavier, pelo apoio à minha

carreira profissional e pelos inúmeros

incentivos prestados durante este

curso de pós-graduação; aos meus

pais pelo amor, carinho e amparo; aos

amigos pelo companheirismo e alegria;

à Deus pela vida e saúde; aos

professores que insistem em acreditar

que ainda é possível educar; ao Willian

e Rosane, funcionários da AVM, pela

atenção, respeito e carinho.

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DEDICATÓRIA

Dedico o presente trabalho ao colega de

trabalho e Ilustre advogado Sergio

Guimarães Xavier dos Santos, sem o qual

não teria concluído este curso, e; aos

meus pais, alicerces da minha vida.

RESUMO

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5

Após atuar em várias audiências de conciliação do rito sumário

tipificadas no art. 277 do CPP, nas quais foi requerida a denunciação da lide

da seguradora, constatei que decisões divergentes a respeito da intervenção

de terceiros foram proferidas, ora deferindo a denunciação da lide, ora

recebendo a intervenção de terceiros como chamamento ao processo, ora

indeferindo a intervenção de terceiros. Assim, surgiu o interesse de realizar um

trabalho que tratasse de intervenção de terceiros, de suas modalidades,

aplicabilidade, além, da alteração e interpretação do art. 280 do CPC e seus

respectivos reflexos na prática jurídica, com o fito de esclarecer a celeuma em

torno da intervenção de terceiro no rito sumário, quando há relação de

consumo entre as partes.

METODOLOGIA

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6

Após a constatação de que os juízes do Tribunal do Rio de Janeiro têm

proferido decisões divergentes no que tange a intervenção de terceiros no rito

sumário quando entre as partes estabelece-se relação de consumo, foi

realizada uma pesquisa bibliográfica sobre intervenção de terceiros e suas

modalidades. Retornei a pesquisa teórica apresentando algumas decisões

proferidas pelo Tribunal do Estado do Rio de Janeiro ao estudar a

aplicabilidade da intervenção de terceiros nos ritos processuais, adentrando na

alteração do art. 280 do CPC e respectivas interpretações divergentes. Por

ultimo realizou-se uma análise dos reflexos jurídicos das decisões.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

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7

CAPÍTULO I - Da intervenção de terceiros 10

CAPÍTULO II - Das modalidades de intervenções de terceiros 14

CAPÍTULO III – Da intervenção de terceiros nos ritos sumários 29

CONCLUSÃO 39

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 41

ÍNDICE 43

FOLHA DE AVALIAÇÃO 46

INTRODUÇÃO

A relação jurídica processual não é estanque, podendo o terceiro

adentrar ao processo depois de formado o trinômio autor-juiz-réu. O CPC

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estabelece as hipóteses de intromissão do terceiro no processo. Ocorre que

este diploma sofreu alterações em 2002, inclusive no artigo que trata da

intervenção de terceiros no rito sumário. Esta modificação, ao invés de trazer

serenidade jurídica, abriu espaço para interpretações antagônicas.

O terceiro que, devido à existência de relação jurídica com qualquer

das partes, puder ter algum direito seu prejudicado por efeito de sentença,

poderá adentrar ao respectivo processo através da modalidade de intervenção

de terceiros que a legislação lhe permitir.

Em sede de Juizado Especial Cível, por força do artigo 10 da Lei nº

9.099/95, é vedada a intervenção de terceiros. No rito sumário o terceiro

poderá intervir sob as modalidades da assistência, nomeação à autoria,

oposição, denunciação da lide, chamamento ao processo, além de recurso de

terceiro prejudicado. No rito sumário, após a alteração do art. 280 do CPC,

instaurou-se uma celeuma ao ser empregado o termo impreciso “intervenção

fundada em contrato de seguro”.

Esse termo possibilitou a aplicabilidade do chamamento ao processo e

denunciação à lide, antes vedados. Diante da redação do texto do art. 101, II

do CPC, nasceu um impasse doutrinário, tendo o Tribunal de Justiça sumulado

em 2005 pela inadmissibilidade da denunciação da lide quando há relação de

consumo entre as partes. Contudo, como demonstrado no presente trabalho os

nossos julgadores ainda divergem entre si. Muitos ainda admitem a

denunciação da lide da seguradora quando há relação de consumo entre as

partes.

Certa é a importância da intervenção de terceiros, não só por tratar dos

direitos de terceiros que possam vir a ser prejudicados por sentença proferida

em processo em que não sejam partes; mas, sobretudo, porque a modalidade

de intervenção de terceiros a ser empregada altera os direitos e obrigações

das partes e do terceiro e a prestação jurisdicional.

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CAPÍTULO I

DA INTERVENÇÃO DE TERCEIROS

1.1 – Da relação jurídica processual

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A relação jurídico-processual possue três sujeitos: o Estado, o

demandante e o demandado, caracterizando sua configuração tríplice. O

Estado participa da relação exercendo o poder de jurisdição, estando as partes

sujeitas ao juiz – mero agente do sujeito do Estado. Esse binômio poder-sujeito

é a característica principal da relação jurídica processual.

A relação jurídica processual distingue-se da substancial. O bem que

constitui objeto da relação jurídica processual é a prestação jurisdicional;

enquanto, o objeto da relação jurídica substancial é o bem da vida, ou seja, o

próprio objeto dos interesses em conflito.

A relação jurídica processual depende de requisitos próprios para sua

validade. Para sua configuração válida é necessária a existência de requisitos

como a correta propositura da ação, perante autoridade jurisprudencial, por

pessoa com capacidade para ser parte em juízo. Conclui-se pela

insubordinação desta a relação jurídica substancial.

1.2 – Das partes

São partes do processo o autor e o réu.

Autor é “aquele que deduz em juízo uma pretensão (quis res in

indicium deducit); e réu, aquele em face de quem aquela pretensão é deduzida

(is contra quem res in iudicium deducitur)”1.

As partes praticam o contraditório perante o Estado-juiz e a ele estão

sujeitos. São titulares de todas as situações jurídicas que caracterizam a

relação jurídica processual.

A parte pode ser legítima ou ilegítima. Mesmo quando ilegítima não

perde sua condição de parte. As partes são legítimas quando configurar, no

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pólo ativo, o titular do direito subjetivo material e; no pólo passivo, o titular da

obrigação correspondente.

1.2 – Do terceiro

Como diz Ada Pellegrini:

“Há situações em que, embora já integrada a relação processual

segundo seu esquema subjetivo mínimo (juiz – autor – réu), a lei permite

ou reclama o ingresso de terceiro no processo (...)”2

Terceiro é quem não é parte. Seu conceito, portanto, atinge-se através

de negação. O terceiro não é parte da demanda. Torna-se parte do processo

no momento em que participa dele.

1.3 – Do limite subjetivo da coisa julgada

Os efeitos da sentença geralmente alcançam as partes, todavia,

podem refletir sobre terceiros que estejam ligados às partes, interferindo na

relação jurídica existente entre eles.

Para defender direito ou interesse próprio, o Código permite, nos casos

previstos no CPC, que terceiro participe do processo em que não é parte,

auxiliando ou excluindo os litigantes através do instituto da intervenção de

terceiros.

Assim, o terceiro evita que os efeitos da sentença produzam

conseqüências prejudiciais a seus direitos.

1.3 – Do conceito e classificação da intervenção de terceiros

1 GRINOVER, Ada Pellegrini e outros. Teoria Geral do Processo. São Paulo: Malheiros Editores, 2000.

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Como estudado anteriormente, além das partes, podem interferir no

processo terceiros, denominados intervenientes.

O ingresso em processo pendente entre outras partes consiste no

fenômeno processual denominado intervenção de terceiros.

O Código de Processo Civil (CPC) traz em seu capítulo VI – art. 56 a

80 – quatro modalidades de intervenção de terceiros:

Oposição;

Nomeação à autoria;

Denunciação da lide; e

Chamamento ao processo.

Apesar de não se encontrar no referido capítulo, e sim no anterior, a

assistência é atualmente considerada, pacificamente, pela doutrina como

intervenção de terceiros. Como diz o ilustre doutrinador Alexandre Freitas

Câmara:

“embora não esteja incluída no capítulo do Código de Processo Civil

que trata da intervenção de terceiros, a assistência é, sem sobra de dúvida, a

mais relevante entre todas as espécies desta categoria” 3

Essas modalidades de intervenções de terceiros podem ser

classificadas da seguinte maneira:

Espontâneas ou voluntárias – a intervenção ocorre por ato de

vontade do terceiro, ingressando no processo por desejar ser

parte da relação processual. Como ocorre na assistência, na

oposição e no recurso de terceiro.

2 Ada Pellegrini e outros. Obra Cit. 3 Cámine Antonio Savino Filho. Direito Processual. 4ª ed. RJ: Editora América Jurídica, 2005.

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Forçada, provocada ou coacta – a intervenção ocorre através do

requerimento de alguma das partes originárias. Não podendo

jamais serão determinadas de ofício pelo juiz. É o caso da

nomeação a autoria, a denunciação da lide e o chamamento ao

processo. O autor poderá provocar apenas a denunciação da

lide, enquanto o réu, os três.

O estudo das modalidades de intervenção de terceiros será objeto

do próximo Capítulo.

CAPÍTULO II

DAS MODALIDADES DE INTERVENÇÃO DE

TERCEIROS

Neste capítulo, será estudada a assistência, a oposição, a nomeação à

autoria, a denunciação a lide e o chamamento ao processo.

2.1 – Da assistência

2.1.1 – Da previsão legal e conceito

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A assistência está prevista no art. 50 do Código de Processo Civil

(CPC). Embora tratada no Capítulo V, junto com o litisconsórcio, é intervenção

de terceiros. É uma intervenção ad coadjuvandum 4.

Nesta modalidade o terceiro ingressa no processo para apenas auxiliar

uma das partes originárias por ter interesse jurídico – diferente do interesse

moral ou econômico – em evitar potencial prejuízo que a sentença possa

acarretar a seus direitos.

2.1.2 – Do momento

O terceiro pode intervir no processo em qualquer grau de jurisdição, mas

o receberá no estado em que se encontrar.

A assistência é inadmissível nos Juizados Especiais Cíveis, por força do

artigo 10 da Lei nº 9.999/95. E é incompatível com o processo de execução.

2.1.3 – Do procedimento

O assistente deverá ingressar com requerimento demonstrando o

interesse jurídico ou a influência da sentença sobre o requerente e a parte

adversária, pedindo a intimação dos litigantes. As partes terão prazo de 5 dias

do protocolo da petição para impugnar o pedido. Silentes, aperfeiço-a se o

ingresso e o processo segue normalmente. Se houver impugnação, o juiz, sem

suspender o processo, determinará o desentranhamento do pedido e da

impugnação, apensando-os aos autos principais. Autorizará a produção de

provas e decidirá o incidente. Não constituindo processo autônomo, a decisão

será interlocutória e, sujeita, portanto, a agravo.

2.1.4 – Das espécies

4 Neste sentido Cármine Antonio Savino Filho e Alexandre Freitas Câmara.

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Há duas espécies de assistência:

Assistência qualificada – aqui o terceiro tem relação jurídica com

o adversário do assistido, a qual é a própria res in iudicium

deducta, ou seja, o terceiro é titular da relação jurídica deduzida,

embora não tenha sido parte na demanda. Segundo o art. 54 do

CPC, o assistente qualificado não é litisconsorte, apenas recebe

tratamento formal similar exercendo faculdades que são

outorgadas pelo sistema aos litisconsortes.

Assistência simples ou adesiva – nesta o terceiro não é sujeito da

relação jurídica in iudicium deducta, e sim titular de uma outra

subordinada a essa. O assistente simples não recebe o

tratamento formal dispensado aos litisconsortes.

Interessante tecer comentário sobre a aplicabilidade do parágrafo único

do artigo 52 do CPC. Aplica-se esse dispositivo somente ao assistente simples,

o qual poderá agir como gestor de negócios, quando revel o assistente; isto

porque, aquele não pode praticar atos de disposição de direito material. Prevê-

se, aqui, uma substituição processual. Já o Assistente litisconsorcial poderá

contestar, o que afasta os efeitos da revelia face ao assistido; sendo ineficaz a

aplicabilidade do dispositivo aludido.

2.2 – Da oposição

2.2.1 – Da previsão legal, conceito e momento

A oposição está prevista nos artigos 56 a 61 do CPC. A oposição é

intervenção de terceiro que tem por escopo excluir do direito material tanto

autor como réu, numa ação pendente de julgamento. O objetivo não é excluir

da relação processual autor e réu, mas a coisa ou o direito pelo qual litigam,

afirmando que lhe pertence.

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Para Alexandre de Freitas Câmara, Pontes de Miranda e Barbosa

Moreira a oposição não seria modalidade de intervenção de terceiros e sim

uma ação. Seria uma demanda meramente declaratória em face do autor da

demanda original e condenatória em face do réu dessa. E quando a demanda

originária for declaratória negativa, inverteria a natureza da ação em relação às

partes-opositoras. Diz o primeiro jurista :

“(...) demanda autônoma, em que o opoente é o autor, e serão réus, em

litisconsórcio necessário, as partes da demanda original (...)”5.

A oposição pode ser proposta até a sentença, conforme reza o art. 56

do CPC.

2.2.2 – Do procedimento

O pedido de ingresso deve seguir os requisitos legais exigidos para

petição inicial de rito ordinário. Será distribuída por dependência no Juízo onde

tramita a principal. Os opostos serão citados na pessoa dos seus advogados

para contestar no prazo de 15 dias. Podem os opostos oferecer as demais

espécies de respostas.

Sendo a oposição requerida antes da audiência de instrução e

julgamento (AIJ), os autos ficam apensados aos principais, devendo ser

decididas a demanda originária e a oposição por sentença única. Caso

oferecida após o início da AIJ, a oposição tramitará pelo procedimento

ordinário e será julgada por sentença distinta da demanda principal; ou, neste

caso, o juiz poderá sobrestar o andamento da causa, por prazo não superior a

90 dias, juntando para tanto, os autos da oposição aos da demanda original.

5 Lições de Direito Processual Civil. Alexandre de Freitas Câmara. Pág: 193.

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2.3 – Da denunciação de lide

2.3.1 – Da previsão legal e do conceito

A denunciação da lide está prevista nos art. 70 a 76 do CPC que pertencem ao

Capítulo de Intervenção de terceiros.

Como diz Alexandre Freitas Câmara:

“a denunciação da lide é, sem sombra de dúvida, a modalidade de

intervenção de terceiro que mais dificuldades e polêmicas provoca na

doutrina”.

A polêmica inicia-se na natureza jurídica da Denunciação da Lide. Para

Sérgio Luiz Monteiro Salles “a verdadeira denunciação à lide é mera

comunicação de um fato a outrem; no entanto, nossa lei instrumental

transformou o instituto, em dois incisos (CPC, art. 70, I e III) em chamado em

garantia”6. E acrescenta: “mas a lei (art. 70, II do CPC) cuida da verdadeira, da

real denunciação da lide.” Já para Alexandre Freitas (201): “a denunciação da

lide não é apenas uma comunicação (denúncia) acerca da existência de em

processo, mas contém verdadeira demanda incidental de garantia, através da

qual se formula pretensão em face do terceiro convocado a integrar o processo

(...) Não, parece porém, que a denominação do instituto seja capaz de afirmar

sua natureza”. Tornaghi afirma que o CPC não regula denunciação da lide,

mas chamamento ao Processo (Comentários ao CPC, vol. I, pp. 257-258).

Dependendo do processo, a parte vencida terá direito de regresso

contra terceiro que é seu garante; tendo, pois, o dever de reembolsá-la pelo

que tiver perdido. Em razão do princípio da economia processual, o CPC,

permite, à parte, fazer a denunciação à lide, ou seja, chamar o garante ao

6 SALLES, Sergio Luiz Monteiro. Breviário Teórico e Prático de Direito Processual Civil. Pág.: 141.

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processo para, em caso de sucumbência na ação principal, seja reconhecido o

seu direito de reembolso. A pretensão indenizatória de reembolso será julgada

no mesmo processo da demanda principal. Assim, haverá um único processo

para duas demandas. Daí surge a definição da denunciação da lide como “uma

ação regressiva in simultaneus processus”7.

Importante salientar sobre a possibilidade de denunciar a lide a quem

seja parte, o que se dará, quando entre os réus houver relação de garantia.

Neste caso, um litisconsorte poderá denunciar à lide o outro.

2.3.2 – Das hipóteses de denunciação da lide

O art. 70 do CPC aponta os casos de cabimento da denunciação a lide.

O inciso I trata do primeiro caso, in verbis:

“I – ao alienante, na ação em que terceiro reivindica a coisa, cujo domínio foi

transferido à parte, a fim de que esta possa exercer o direito que da evicção

lhe resulta”.

Neste caso, a denunciação da lide é oferecida por quem tem em litígio

direito de propriedade sobre em bem que lhe foi transferido por terceiro. Cita-

se o alienante, denunciando-lhe a lide, para que a sentença, reconhecendo

que o litisdenunciante não é titular do domínio, defina a relação entre réu e

litisdenunciado que lhe transferiu a coisa no que tange a evicção.

O inciso II do art. 70 do CPC prevê a segunda hipótese de denunciação

da lide:

“II – ao proprietário ou ao possuidor indireto quando, por força de obrigação ou

direito, em casos como o do usufrutuário, do credor pignoratício, do locatário, o

réu, citado em nome próprio, exerça a posse direta da coisa demandada”.

7 Alexandre Câmara. O. Cit. Pág. 202

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Cabe ao possuidor indireto garantir o exercício pacífico da posse pelo

possuidor direto. Assim, quando é parte o possuidor direto, este poderá

denunciar a lide ao possuidor indireto, para que, no caso de sentença

desfavorável, a mesma defina eventual responsabilidade do possuidor indireto

perante o direto.

Na situação prevista neste inciso, o possuidor direto é parte legítima

para a causa, o qual pretende exercer seu eventual direito de regresso no

mesmo processo da demanda principal. Não trata, portanto, de hipótese de

exigência de alteração do pólo passivo da relação processual, que ensejaria a

nomeação a autoria.

O inciso III do art. 70 do CPC, que prevê a terceira e última hipótese de

denunciação da lide alude:

“III – àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar, em

ação regressiva, o prejuízo do que perder a demanda”.

O referido dispositivo trata da denunciação da lide em caso de garantia.

Há grande controvérsia hermenêutica em relação à matéria que oriunde do

reconhecimento de dois tipos de garantia: a própria e a imprópria.

Para alguns autores, dentre eles Greco Filho e Sanches, somente os

casos de garantia própria, em que o direito de regresso da parte perante o

terceiro decorre da transmissão de um direito como a evicção, permitiriam

denunciação da lide. Plínio Gonçalves, Milton Flaks, Alexandre Freitas

Câmara, entre outros entendem que é cabível denunciação da lide nos casos

de garantia imprópria que na verdade trata da responsabilidade de ressarcir o

degurado.

Barbosa Moreira diz que os termos do inciso III do art. 70 são

“louvavelmente genéricos”.

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Sobre os termos do art. 70, III do CPC expõe sabiamente o jurista

Alexandre Câmara:

“Estes termos, incapazes de permitir qualquer tipo de distinção pelo

intérprete (afinal como é sabido, onde a lei não distingue não é lícito ao

intérprete distinguir), têm como conseqüência inafastável, a nosso sentir, a

adoção da teoria mais extensiva, segundo a qual a denunciação da lide é

adequada tanto nos casos de garantia própria como nos de garantia

imprópria”8.

2.3.3 – Da obrigatoriedade da denunciação da lide

O art. 70 do CPC tratada obrigatoriedade da denunciação da lide. Sobre

esta matéria, encontramos quatro correntes doutrinárias. Alguns autores

afirmam que a inércia da parte terá como corolário o perecimento do direito de

regresso. Outros entendem que o direito de regresso somente poderá ser

exercido em demanda autônoma. Há, ainda, os que afirmam haver perda do

direito de regresso se a denunciação da lide não for efetuada, nos casos de

garantia própria. Por fim, há os que consideram que a não realização da

denunciação da lide, nos casos do inciso I do art. 70, ensejaria perda do direito

de regresso e, nos casos dos incisos II e III desse artigo, incidiria a preclusão,

isto é, perda da faculdade de oferecer demanda capaz de permitir o exercício

do direito de regresso no mesmo processo. Recebe a última corrente o apoio

de Alexandre Câmara.

2.3.4 – Do momento e do procedimento

O momento para denunciar a lide é o da petição inicial, para o autor e o

do prazo para contestação para o réu. Não exige a lei que a denunciação da

lide seja requerida no corpo da contestação, podendo ser, portanto, formulada

em petição distinta. Neste caso, deverá oferecê-la dentro do prazo de 15 dias e

antes ou simultaneamente com a contestação.

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O ato do juiz que determinar a citação do litisdenunciado, suspenderá o

processo, conforme reza o art. 72 do CPC. Não haverá paralisação total do

processo; apenas impedir-se-á o desenvolvimento normal do processo.

A citação ocorrerá no prazo de 10 dias, quando o litisdenunciado residir

na mesma comarca ou em 30 dias, se em comarca diversa ou não estiver em

lugar certo. Sendo ultrapassado o prazo de citação e tendo o litisdenunciado

contribuído para o atraso da realização do ato, considerar-se-á inexistente a

denunciação da lide.

O art. 73 do referido Código autoriza denunciação da lide sucessivas,

permitindo que o litisdenunciado convoque ao processo o terceiro-garantidor.

Feita a denunciação da lide pelo demandante, o litisdenunciado poderá

aditar a petição inicial. A citação do réu ocorrerá após esse momento. Assim,

versa o art. 74 do CPC.

Quando realizada pelo réu, segundo o art. 75 do CPC, o litisdenunciado

poderá:

aceitar a denunciação e contestar o pedido;

não comparecer, implicando-lhe os efeitos da revelia, na referida

demanda incidental;

negar a qualidade de garante, podendo, o réu prosseguir na

defesa até o fim do processo;

confessar os fatos pelo demandante da causa principal, devendo

o litisdenunciante prosseguir na defesa.

Parte da doutrina discorda do enquadramento do litisdenunciante e do

litisdenunciado como litisconsortes, preferem afirmar que o litisdenunciado se

8 Alexandre Câmara. O. Cit..Pág.: 206.

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torne mero assistente do litisdenunciante. Neste sentido Nelson Nery Junior e

Alexandre Freitas Câmara. Este afirma:

“O litisdenunciado não se torna, com a denunciação da lide, parte da demanda

principal, o que faz concluir que, em não sendo autor nem réu, não pode ser

considerado litisconsorte. A denunciação da lide é verdadeira demanda

incidental, cujo julgamento fica condicionado à sucumbência do

litisdenunciante na demanda principal. Por esta razão, tem o litisdenunciado

interesse jurídico na vitória do litisdenunciante na demanda principal, podendo

assim atuar como assistente. Assistente simples, diga-se desde logo, haja vista

ser ele sujeito de relação jurídica diversa da deduzida no processo, a relação

de garantia, o que não permite que seja ele considerado assistente

litisconsorcial”.

O litisdenunciado além de assistir o litisdenunciante objetivando obter

sentença favorável na demanda principal, na qualidade de réu da demanda

incidental de garantia, cabe-lhe contestá-la, sob pena de revelia.

Em consonância com o art. 76 do CPC, a demanda principal e a

incidental de garantia serão julgadas numa única sentença, sendo aquela

julgada primeiramente. Na hipótese do litisdenunciante vencer a demanda

principal, a denunciação da lide é considerada prejudicada; se vencido, será

julgada a demanda de garantia. A sentença que reconhecer a responsabilidade

do garante de indenizar o litiscenunciante valerá como título executivo.

Não é permitida a condenação do litisdenunciado diretamente em favor

do adversário do litisdenunciante. Tal sentença seria extra petita e, portanto,

nula.

2.4 – Do chamamento ao processo

2.4.1 – Da previsão legal e conceito

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Previsto no art. 77 ao 80 do CPC. O chamamento ao processo está

diretamente ligado às situações de garantia simples, situação em que duas ou

mais pessoas se apresentam responsáveis pela efetivação da prestação

perante terceiro, podendo exigir de qualquer uma o pagamento integral. O

cumpridor da prestação poderá cobrar daquele que, na verdade, era o devedor

de toda ou de parte da obrigação.

O chamamento ao processo possibilita a ampliação subjetiva da relação

processual, com a formação de um litisconsórcio passivo posterior entre

chamado e chamante.

2.4.2 – Do momento e do procedimento

O réu pode provocar a intervenção, chamando os coobrigados ao

processo, no prazo da resposta, através de petição ou no corpo da

contestação.

Há forte crítica ao chamamento do processo. Há quem entenda que a

ampliação do pólo passivo fere diretamente as vantagens decorrentes do

instituto da solidariedade passiva que assegura ao credor a liberdade de

escolha do devedor em face do qual pretende litigar. Assim, estaria em direção

oposta ao da efetividade do processo, tornando-o mais cara e onerosa para o

credor.

A sentença condenatória atingirá diretamente a todos os integrantes do

pólo passivo – chamante e chamado – tendo assim o credor a formação de

título executivo em face deles, sendo-lhe permitida a execução forçada sobre

qualquer dos co-devedores. O qual na mesma sentença condenatória

encontrará título executivo hábil a permitir a execução forçada dos demais

coobrigados.

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2.4.3 – Das hipóteses de chamamento ao processo

O art. 77 do CPC aponta os casos de chamamento ao processo,

vejamos:

“Art. 77. É admissível o chamamento ao processo:

I – do devedor, na ação em que o fiador for réu;

II – dos outros fiadores, quando para a ação for citado apenas um deles;

III – de todos os devedores solidários, quando o credor exigir de um ou

de alguns deles, parcial ou totalmente, a dívida comum”.

A primeira hipótese é aquela em que o fiador, demandado poderá

chamar ao processo o devedor principal. A segunda é supérflua por se

enquadrar na terceira hipótese que diz respeito aos devedores solidários.

Havendo solidariedade passiva, pode o credor escolher um dos credores para

exigir a dívida no todo. Esse credor poderá chamar ao processo seus co-

devedores. Como bem aduz Alexandre Câmara, “quem pode o mais pode o

menos”, ou seja, o devedor tem a liberdade de chamar ao processo todos ou

apenas alguns outros co-devedores.

2.5 – Da nomeação à autoria

2.5.1 – Da previsão legal e conceito

Prevista no art. 62 que diz:

“Art. 62. Aquele que detiver a coisa em nome alheio, sendo-lhe

demandada em nome próprio, deverá nomear à autoria o proprietário ou o

possuidor”.

A nomeação à autoria é forma de intervenção de terceiros provocada.

Indica-se e nomeia-se quem deve ficar no pólo passivo da relação processual.

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Em determinadas situações, não se pode exigir do demandante a

ciência da legitimidade do demandado, casos em que o demandado indicará o

nome do verdadeiro legitimado passivo, e diante da anuência deste e do autor,

ocorrerá a substituição do réu. Assim o mérito será apreciado diante dos

verdadeiros legitimados.

Segundo Alexandre de Freitas Câmara, a nomeação a autoria não tem

como fim corrigir vício de legitimidade passiva, o que feriria a teoria da

asserção (técnica utilizada para analisar a presença das condições da ação).

Para o jurista, existem dois casos a serem observados: num primeiro, o autor

afirma na inicial que o réu é detentor e em outro, afirma ser o demandado

possuidor da coisa pretendida, quando este na verdade é mero detentor. Neste

caso incidiria o instituto da nomeação à autoria e naquele haveria ilegitimidade

passiva ad causam, devendo o processo ser extinto sem julgamento do mérito.

2.5.2 – Das hipóteses de nomeação à autoria

Os art. 62 e 63 prevêem os casos de nomeação à autoria. São eles:

quando alguém é demandado como possuidor de um bem,

quando na verdade é dele mero detentor, caso em que deverá o

demandado nomear à autoria o possuidor ou o proprietário da

coisa;

quando, em demanda indenizatória, o responsável alegar que

praticou ato lesivo a mando ou por instruções de outrem;

Observa-se que sem a substituição no pólo passivo seria inevitável a

improcedência do pedido, pois o detentor não possuiria a posse e o

“responsável” não teria culpa.

2.5.3 – Do momento e do procedimento

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O réu fará a nomeação à autoria no prazo de oferecimento da resposta.

Deferido o requerimento de nomeação à autoria, o juiz suspenderá o processo,

devendo ouvir o autor, no prazo de 05 dias. Silente, entende-se pela anuência.

Quanto ao procedimento, verificam-se várias hipóteses:

o autor poderá aceitar a nomeação, caso em que o processo

prosseguirá entre autor e nomeante. Devolvendo o prazo para a

contestação ao nomeante;

o autor poderá aceitar tácita ou expressamente a nomeação,

devendo requerer a citação do nomeado;

o nomeado poderá recusar a nomeação, seguindo o processo

entre autor e nomeado;

o nomeado poderá aceitar tácita ou expressamente a nomeação;

sendo o nomeante extrometido do processo.

Verifica-se que a substituição do réu pelo nomeado, ocorrerá somente

havendo dupla concordância; a do autor e a do nomeado. Caso contrário o réu

original permanecerá na demanda.

Responderá por perdas e danos o réu que, nas hipóteses em que se

mostrar cabível a nomeação à autoria, não a fizer ou indicar pessoa diversa

daquela que possui legitimidade.

Pelo exposto acima, nota-se que a nomeação a autoria interrompe o

prazo para oferecimento da resposta, pois o juiz poderá conceder novo prazo

para o demandado contestar.

Outro ponto a ser salientado, quanto a nomeação à autoria, é a

condição do nomeado após a intervenção que além de fazer parte do

processo, torna-se parte da demanda.

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É ponto pacífico na doutrina que ao nomeado não é possível realizar

nomeação à autoria, pois o nomeado apenas poderá aceitar a nomeação nas

condições que lhe foi imputada pelo nomeante ou repudiar a nomeação, não

se tornando parte da demanda, logo, impossibilitado de nomear outrem à

autoria.

2.6 – Do recurso de terceiro prejudicado

O recurso de terceiro prejudicado é modalidade de intervenção de

terceiros previsto nos artigos 280 e 499 do Código de Processo Civil, onde o

terceiro interpõe recursos.

O CPC se refere a essa modalidade como recurso de terceiro

prejudicado, porém, alguns doutrinadores excluem o adjetivo “prejudicado” por

entenderem desnecessária a existência de prejuízo para interposição do

recurso.

O terceiro poderá interpor recurso de qualquer espécie, no prazo que as

partes dispõem para recorrer. Devendo, para tanto, demonstrar interesse

jurídico na ação e, para alguns, também, o prejuízo que a sentença acarretou à

sua esfera de interesse.

Parte do doutrina afirma que o recurso de terceiro é assistência em grau

recursal. Contudo se assim fosse, o artigo 50 parágrafo único esvaziaria seu

conteúdo, uma vez que autoriza a assistência em qualquer grau de jurisdição.

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28

CAPÍTULO III

DA INTERVENÇÃO DE TERCEIROS NOS RITOS

PROCESSUAIS

3.1 – Das disposições gerais

A intervenção de terceiros, em todas as suas modalidades, não é

cabível em sede de Juizados Especiais Cíveis, conforme preceitua o art. 10 da

Lei nº 9099/95.

A aplicabilidade da intervenção de terceiros, no rito ordinário, ocorre nos

casos estudados anteriormente.

A polêmica surge no rito sumário, quando há relação de consumo entre

as partes do processo principal. Analisar-se-ão as modalidades de intervenção

de terceiros cabíveis, no rito sumário; a alteração da norma jurídica que trata

do instituto e as novas interpretações a ela dada e; as vantagens e

desvantagem da denunciação da lide e do chamamento ao processo para o

autor, réu, terceiro e celeridade processual.

3.2 – Da alteração do artigo 280 do CPC

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A Lei nº 10.444 de 2002 alterou o corpo do dispositivo - artigo 280 do

Código de Processo Civil. In verbis o artigo 280, I do CPC, antes de sofrer a

alteração:

“Art. 280. No procedimento sumário:

I – não será admissível ação declaratória incidental, nem a intervenção

de terceiro, salvo assistência e recurso de terceiro prejudicado”.

Hodiernamente, preceitua o artigo 280 do CPC:

“Art 280. No procedimento sumário não são admissíveis a ação

declaratória incidental e a intervenção de terceiros, salvo a assistência, o

recurso de terceiro prejudicado e a intervenção fundada em contrato de

seguro”.

Quanto à assistência e recurso de terceiro prejudicado, não houve

alteração; logo, não há divergência doutrinária quanto a admissibilidade dessas

modalidades de intervenção de terceiros no rito sumário. O mesmo não ocorre

com o chamamento ao processo e a denunciação a lide, havendo uma

instabilidade jurídica quanto ao cabimento dessas modalidades. Quando há

relação de consumo entre autor e réu, parte da doutrina entende que, por força

do artigo 101, II do CDC somada a finalidade protecionista ao consumidor do

CDC, não é admissível a denunciação da lide e sim o chamamento ao

processo. A corrente minoritária entende que por estar o art. 13 no Capítulo

destinado a produtos, a vedação da denunciação da lide não se estenderia aos

casos de prestação de serviço. Porém o Tribunal do Rio de Janeiro já sumulou

seguindo o primeiro entendimento exposto. Os desembargadores, em encontro

realizado em maio de 2005, em Búzios, editaram 6 enunciados referentes à

matéria de Defesa do Consumidor, tendo a quarta o seguinte teor e

justificativa:

“Inadmissível, em qualquer hipótese, a denunciação da lide nas ações que

versem relação de consumo”. Justificativa: “Não obstante a proibição da ação

de regresso ter previsão expressa, somente na hipótese do art. 13, da Lei nº

8078/90 (art. 80 do mesmo diploma), o sistema desta legislação é de proteção

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ao consumidor. Assim, a exegese mais correta é proscrevê-la em todos os

casos, solução consentânea com os princípios encontrados naquele diploma”.

O Código de Processo Civil, após a modificação ocorrida em função da

Lei nº 10.444/2002, admitiu a “intervenção fundada em contrato de seguro” no

procedimento sumário. Sendo inadmissível a oposição e a nomeação à autoria

por não se enquadrarem na relação jurídica de contrato de seguro, a nova

configuração do art. 280 do CPC abre caminho para que possa o segurado

denunciar a lide ou chamá-la ao processo.

3.3 – Das interpretações do art. 280 do CPC

Há doutrinadores que admitem a denunciação à lide a seguradora;

outros, não. Ora decisões são proferidas indeferindo a denunciação da lide,

ora deferindo essa modalidade de intervenção de terceiros e, ora recebe a

intervenção de terceiro como chamamento ao processo, mesmo diante do

silêncio do autor.

A seguir serão expostas algumas decisões. Nesta a Juíza da 30ª Vara

Cível da Capital no processo nº 2004.001.058321-6 indefere o pedido de

denunciação da lide à seguradora, desconsiderando a alteração do artigo 280

do CPC, fundamentando que essa modalidade de intervenção de terceiros

somente deva ser admitida nos casos de ação de garantia e não para as

hipóteses de direito de regresso. Na integra trecho da decisão:

“esta modalidade de intervenção de terceiros (denunciação de lide) somente

deve ser admitida para os casos de ação de garantia e não para as hipóteses

de direito de regresso”.

A 11ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, em agravo

de instrumento de nº 2005.002.04674, tendo como relator o desembargador

Cláudio de Mello Tavares, proferiu sentença no sentido de que não deva ser

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dada interpretação restritiva ao art. 280 do CPC, entendendo ser aplicável o

chamamento ao processo. Assim decidiu:

“Na ação principal foi adotado o rito sumário (...), embora o Juízo tenha

proferido decisão saneadora, inclusive, ordenando a realização do prova

pericial. Portanto, ajuizada a ação sob a égide da Lei nº 10.44/02, que alterou

a redação do artigo 280 do Código de Processo Civil, admitindo no

procedimento sumário a intervenção fundada em contrato de seguro, não há

que se cogitar da interpretação restritiva exarada na decisão hostilizada.

Ademais, analisando-se a questão sob a ótica do direito do consumidor,

calcada na aplicação do artigo 17, que trata dos consumidores por

equiparação quando há acidente de consumo, hipótese na qual se enquadram

os agravados, também não se pode desconsiderar que o artigo 101, II da Lei

nº 8.078/90, admite o chamamento ao processo do segurador, vedando

apenas a integração do contraditório pelo Instituto de Resseguros do Brasil.

(...)

Face ao exposto, conhece-se e dá-se parcial provimento ao recurso,

para admitir o chamamento ao processo da empresa seguradora indicada pela

agravante, observando-se o disposto no artigo 101, II do Código de Defesa do

Consumidor”.

O Juiz de Direito da 01ª Vara Cível Regional da Leopoldina da Comarca

da Capital - RJ, no processo nº 2005.210.001034-6 proferiu decisão deferindo

a denunciação da lide a seguradora, in verbis:

“Defiro a intervenção do terceiro. Determino a anotação onde couber

como denunciada da lide a empresa (...)”.

Indeferiu o pedido de denunciação da lide a empresa seguradora

formulado pela ré o Juiz de Direito do 02ª Vara Cível da Comarca de Nilópolis

– RJ ao proferir a seguinte decisão:

“A parte ré requereu incidentalmente a denunciação da lide de empresa

seguradora. Pelo MM. Dr. Juiz foi proferida a seguinte decisão: Indefiro a

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modalidade de intervenção de terceiros por expressa vedação legal.

Estabeleceu-se entre as partes relação de consumo pelo contrato de

transporte celebrado. O Egrégio Tribunal deste Estado sedimentou a matéria

através da uniformização de jurisprudência para não permitir a denunciação da

lide em hipóteses de relação de consumo”.

3.4 – Paralelo entre denunciação da lide e o chamamento

ao processo

A denunciação da lide e o chamamento ao processo são modalidades

de intervenção de terceiros com fins diversos; como visto no Capítulo anterior

anterior, a primeira visa convocar terceiro ao processo para que a sentença

julgadora da demanda principal defina também a relação entre o

litisdenunciado e o litisdenunciante, sendo este vencido. Na segunda

modalidade, chama-se o terceiro co-devedor para que os efeitos da sentença

recaiam, em caso de procedência do pedido, também sobre o chamado.

Para obter uma análise ampla e satisfatória sobre as vantagens e

desvantagem do chamamento ao processo e a denunciação da lide, no rito

sumário, quando houver contrato de seguro é necessário observar a questão

do ponto de vista do segurado, da seguradora, do consumidor e a celeridade

processual.

3.4.1 – Das vantagens da denunciação a lide

3.4.1.1 – Para o litisdenunciante

A vantagem de denunciação da lide para o litisdenunciante reside no

fato da litisdenunciada não precisar propor demanda autônoma em face da

seguradora para buscar o direito de regresso; assim, nos autos da ação

principal, será examinado o direito de regresso entre litisdenunciada e

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litisdenunciante, se vencido. Valendo a sentença com título judicial. Quanto às

custas, se vencido, o litisdenunciante será ressarcido pela seguradora. Neste

sentido a decisão proferida pelo Juiz de Direito da 01ª Vara Cível Regional da

Comarca da Capital – RJ, no processo nº 2005.210.001034-6, in verbis:

“condeno (...) a pagar ao autor a quantia de (...). Condeno a ré a pagar

metade dos custas judiciais e da taxa judiciária, cuja base de calculo será o

valor da condenação. (...) Deverá a ré – enunciada restituir à ré – denunciante

os ônus sucumbenciais na forma acima exposta”.

3.4.1.2 – Para a litisdenuncida

A litisdenunciada não poderá ser executada pelo adversário da

litisdenunciante. Sendo uma grande vantagem para a seguradora-

litisdenunciada. O litisdenunciante, se procedente o pedido do adversário do

litisdenunciante, terá título executivo em face da seguradora, que somente

poderá ser executado após o cumprimento da sentença pelo réu.

Conforme sentença proferida pelo Juiz de Direito da 4ª Vara Cível da

Comarca de Niterói – RJ, no processo nº 2003.002.016546-2 que passa a

expor:

“condeno a empresa ré a pagar (...)condenando, via de conseqüência, a

litisdenunciada a ressarcir a empresa ré e litisdenunciada ao pagamento de

50% (cinqüenta por cento) das custas, tendo em vista a sucumbência

recíproca”.

Quanto às custas processuais, o litisdenunciado não arcará com as

custas processuais se o litisdenunciante for vencedor e a seguradora não

discutir a relação securitária.

3.4.1.3 – Para adversário do lisdenunciante

Não há vantagens para a parte oposta a litisdenunciada. Vide item

3.2.1.3. A vantagem somente pode ser vislumbrada quanto à possibilidade da

seguradora entrar no processo para compor o conflito.

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3.4.1.4 – Para a celeridade processual

Evita-se a propositura de demanda autônoma pelo segurado vencido em

face da seguradora. O número de processos, no Poder Judiciário, aumentaria

expressivamente se não fosse permitida a intervenção de terceiros no caso em

tela.

3.4.1 – Das desvantagens da denunciação à lide

3.4.1.1 – Para a litisdenunciante

A litisdenunciante somente poderá executar a seguradora, após o

cumprimento da sentença, não sendo permitido ao adversário do

litisdenunciante executar diretamente o litisdenunciado. Assim, terá primeiro

que cumprir com a obrigação, para efetivar o direito de regresso já reconhecido

pelo Poder Judiciário. Além do exposto, se vencedor e reconhecida a relação

securitária pela seguradora , o litisdenunciante terá o ônus de arcar com as

custas processuais, uma vez que se configura a perda do objeto da

demananda secundária; assim sendo, o autor da demanda secundária - o

litisdenunciado – é condenado a pagar as custas e honorários advocatícios

para a seguradora.

3.4.1.2 – Para a litisdenuncida

Não há desvantagens para a litisdenunciada. Para litisdenunciada a

denunciação à lide é mais benéfica do que o chamamento ao processo, pois

não poderá ser executada diretamente pelo adversário do litisdenunciante,

somente pelo litisdenunciante através da sentença que reconhecer o seu

direito de regresso e após o cumprimento da ordem.

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3.4.1.3 – Para o adversário do litisdenunciante

É desvantajoso para o adversário do litisdenunciante a denunciação á

lide. Para o adversário do litisdenunciante não haverá ampliação da garantia à

efetividade do direito reconhecido judicialmente; à medida que ,como dito

anteriormente, é vedada a execução direta da seguradora pelo adversário do

litisdenunciante, a qual somente deverá ser executada pelo litiscenunciante,

depois do cumprimento da sentença. Ademais, com a entrada da seguradora o

processo torna-se mais moroso, pois abre-se prazo para recolhimento das

custas e fornecimento de cópias para citação da seguradora, há designação de

nova audiência de conciliação, que muitas vezes é remarcada por não ser

realizada a citação da seguradora no lapso temporal previsto. Há desvantagem

também no fato da seguradora agir como litisconsorte da litisdenunciada na

demanda principal.

3.4.1.4 – Para a celeridade processual

Não havendo possibilidade da seguradora ser executada no processo, o

litisdenunciante deverá executar o litisdenunciado através do título executivo

formado pela sentença, devendo ser o Poder Judiciário novamente acionado.

3.4.1 – Das vantagens do chamamento ao processo

3.4.1.1 – Para o chamante

Poderá o chamado - co-obrigado - ser executado no próprio processo,

cumprindo diretamente a sentença judicial; evitando a propositura de ação de

regresso ou execução pelo chamante. Quanto às custas processuais, o

terceiro-chamado poderá arcar integralmente com esse ônus, devido a

responsabilidade solidária.

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3.4.1.2 – Para o chamado

As vantagens para o terceiro ocorrem na denunciação da lide.

3.4.1.3 – Para o adversário do chamante

Em decorrência da solidariedade entre o terceiro e o chamante, o

adversário do chamante poderá executar o terceiro para cumprimento integral

da obrigação. Residindo aqui a ampliação da efetividade de seu direito

recolhecido jucidialmente. Há quem entendo que é desvantajoso o

chamamento ao processo, como estudado no Capítulo anterior.

3.4.1.4 – Para a celeridade processual

A possibilidade da execução do chamado no processo pelo adversário

do chamado evita a propositura de ação pelo chamante e execução quando o

chamado indenizar diretamente o autor.

3.4.2 – Das desvantagens do chamamento ao processo

3.4.2.1 – Para o chamante

Em relação a denunciação a lide não há desvantagens para o chamante

os efeitos do chamamento ao processo. Repete-se: é mais vantajoso o

chamamento ao processo que a denunciação à lide.

3.4.2.2 – Para o chamado

O chamamento ao processo é desvantajoso para o terceiro; pois,

diferente do que ocorre na denunciação à lide, poderá o terceiro ser executado

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diretamente e assumindo toda a obrigação, caso em que lhe restará direito de

regresso em face dos outros co-obrigados.

3.4.2.3 – Para o adversário do chamante

Há quem entenda que há lesão ao direito de escolha da parte

adversária ao chamado, pois o chamante chamaria outro co-obrigado

anteriormente não indicado pelo credor. Tema abordado no capítulo anterior.

3.4.2.4 – Para a celeridade processual

Há quem entenda que com a o chamamento ao processo torna mais

lento, por poder haver dilação dos prazos para os devedores. Porém se a

análise se der sobre o todo percebe-se que o chamamento ao processo

proporciona o aumento da garantia da efetividade jurisdicional, podendo ser

alcançada em espaço de tempo inferior, por trazer ao processo outros

devedores.

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CONCLUSÃO

O legislador respondeu ao anseio da sociedade por permitir a

intervenção da seguradora no processo com rito sumário quando a lide se

baseia em contrato de seguro, porém foi infeliz ao utilizar termo genérico desse

causa a interpretação deturpada no sentido de cabimento do chamamento ao

processo.

Antes da alteração do art. 280 do CPC, a denunciação à lide era

inadmissível no rito sumário, assim, o segurado tinha que propor, quando

vencido, ação autônoma pleiteando ressarcimento da seguradora.

A Lei 10.444/02, tendo em vista a celeridade processual e efetividade

processual, admitiu a “intervenção fundada em contrato de seguro”, além da

assistência e o recurso de terceiros.

Implícita e pacífica está a inadmissibilidade da nomeação à autoria e

oposição. Pacífico, também, seria o entendimento pela admissibilidade da

denunciação da lide. Contudo, ao confrontar o art. 280 do CPC com o art. 101,

II do CDC, parte da doutrina afirma que cabe somente chamamento ao

processo no rito sumário quando há relação de consumo entre as partes.

Ocorre que esse entendimento doutrinário, já sumulado, desconsidera

a relação de garantia entre segurado e seguradora, podendo a seguradora ser

chamada aos autos pela parte autora. Por força dessa interpretação, em sede

de Juizado Especial Cível tem sido propostas ações em face do segurado-réu

e seguradora, como se esta tivesse obrigação para com o autor,

desrespeitando a tipificação do contrato de seguro e todas as normas referente

a contrato.

Veja como decidiu a Juíza Substituta do IV Juizado Especial Cível do

Comarca da Capital – RJ, no processo nº 2004.803.005112-4:

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“Verificando os documentos que constam dos autos, não há dúvidas

de que a seguradora ré possui um contrato de seguro com a primeira ré,

inclusive com cobertura contra danos causados a terceiros. Assim, verifico que

na qualidade de contratada e estando provada a culpa da segurada ré, deve a

primeira arcar com os prejuízos sofridos pelo autor, desde que comprovados”.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

DA INTERVENÇÃO DE TERCEIRO

1.1 – Da relação jurídica processual 10

1.2 – Das partes 10

1.3 - Do terceiro 11

1.4 – Do liame subjetivo processual 11

1.5 – Do conceito e classificação da intervenção de terceiro 12

CAPÍTULO II

DAS MODALIDADES DE INTERVENÇÃO DE TRCEIROS

2.1 – Da assistência 14

2.1.1 – Da previsão legal e conceito 14

2.1.2 – Do momento 14

2.1.3 – Do procedimento 15

2.1.4 – Das espécies 15

2.2 – Da oposição

2.2.1 – Da previsão legal, conceito e momento 16

2.2.2 – Do procedimento 16

2.3 – Da denunciação da lide 17

2.3.1 – Da previsão legal e conceito 17

2.3.2 – Das hipóteses de denunciação da lide 18

2.3.3 – Da obrigatoriedade da denunciação da lide 20

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2.3.4 – Do momento e procedimento 21

2.4 – Do chamamento ao processo 23

2.4.1 – Da previsão legal e conceito 23

2.4.2 – Do momento e procedimento 24

2.4.3 – Das hipóteses de chamamento ao processo 24

2.5 – Da nomeação à autoria 25

2.5.1 – da previsão legal e conceito 25

2.5.2 – Das hipóteses de nomeação à autoria 26

2.5.3 – Do momento e procedimento 26

2.5 – Do recurso de terceiro prejudicado 27

CAPÍTULO III

DA INTERVENÇÃO DE TERCEIROS NOS RITOS PROCESSUAIS

3.1 – Das disposições gerais 29

3.2 – Da alteração do art. 280 do CPC 29

3.3 – Da interpretação do art. 280 do CPC 31

3.4 – Paralelo entre denunciação à lide e chamamento ao processo 33

3.4.1 – Das vantagens da denunciação à lide 33

3.4.1.1 – Para o litisdenunciante 33

3.4.1.2 – Para a litisdenunciada 34

3.4.1.3 – Para o adversário do litisdenunciante 34

3.4.1.4 – Para a economia processual 34

3.4.2 – Das desvantagens da denunciação à lide 35

3.4.2.1 – Para o litisdenunciante 35

3.4.2.2 – Para a litisdenunciada 35

3.4.2.3 – Para o adversário do litisdenunciante 35

3.4.2.4 – Para a economia processual 36

3.4.2 – Das vantagens do chamamento ao processo 36

3.4.2.1 – Para o chamante 36

3.4.2.2 – Para o chamado 36

3.4.2.3 – Para o adversário do chamante 37

3.4.2.4 – Para a economia processual 37

3.4.2 – Das desvantagens do chamamento ao processo 37

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3.4.2.1 – Para o chamante 37

3.4.2.2 – Para o chamado 37

3.4.2.3 – Para o adversário do chamante 38

3.4.2.4 – Para a economia processual 38

CONCLUSÃO 39

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 41

ÍNDICE 43

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