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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE Brincando e Nadando com a Psicomotricidade Por: Danillo Jardim Macedo Gonçalves Orientadora Prof.(a) Fabiane Muniz Rio de Janeiro 2009

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … · Lapierre; Corrêa; Picq e Vayer. 7 SUMÁRIO ... entre a biologia, psicologia, psicanálise, sociologia e lingüística. É considerada como

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

Brincando e Nadando com a Psicomotricidade

Por: Danillo Jardim Macedo Gonçalves

Orientadora

Prof.(a) Fabiane Muniz

Rio de Janeiro

2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

Brincando e Nadando com a Psicomotricidade

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em

Psicomotricidade.

Por: Danillo Jardim Macedo Gonçalves

3

AGRADECIMENTOS

À professora Fabiane Muniz pela

revisão e orientação dos textos, aos

demais professores, aos amigos e

parentes, ao meu grupo de trabalho

durante a pós-graduação: Alessandra,

Grahanbell, Natalí e Vilma, ao grupo de

estudo em psicomotricidade nos

domingos, uma vez por mês com a

professora Cristie, à professora Cristie

por ser ``psicomotricidade pura´´.

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DEDICATÓRIA

Dedico essa monografia ao meu pai João

Luiz, a minha mãe Rosemary, a minha

namorada Gleice, a minha irmã Daniela e

a minha avó Marly.

5

RESUMO

Antigamente a natação para crianças era de caráter competitivo não

havendo uma relação de afeto entre professor e aluno, onde o que importava

era aprender as técnicas, o professor era visto como um militar onde o aluno só

tinha que obedecer as suas ordens e ponto final, gerando a desmotivação e o

desinteresse da criança pelo esporte.

Mas hoje a natação infantil mudou devido à ação psicomotora utilizada

nas aulas, o professor militarista deu lugar a um professor mais sensível aos

interesses da criança que através do uso da ludicidade a criança aprende

brincado tornando-se mais motivada pelo esporte. Esse método psicomotor

incentiva a prática do movimento, diversifica as relações sociais, educa o

movimento e desperta as funções cognitivas da criança.

A psicomotricidade trabalha com plasticidade, com possibilidades, o

corpo vem antes da fala mostrando o que o individuo tem. Na natação a

criança utiliza o seu corpo como instrumento de comunicação (verbal ou não-

verbal), de aprendizagem e de desenvolvimento, ela é capaz de estruturar o

seu esquema corporal, que quando aderido à brincadeira e ao jogo, faz com

que a criança além de desenvolver a sua motricidade e o seu intelecto,

desenvolva também a sua afetividade, resumindo isso tudo, a natação infantil

através do ato de brincar é psicomotricidade pura.

6

METODOLOGIA

A água nos limpa, acaba com a nossa sede, nos refresca, nos dá

prazer. Imagina aproveitar esse prazer para ensinar uma criança a nadar

através de muita ludicidade, o prazer será em dobro. Imagina agora essa

natação fundida com a psicomotricidade, aonde, a criança venha aguçar o

afeto, a mente e o corpo com um todo, o prazer será muito mais que o dobro.

O professor de educação física que trabalha com a natação infantil tem

contato direto com a criança, existe naquele meio uma troca de calor que

fornece prazer para ambos, para criança por estar explorando um ambiente

novo através de muita brincadeira e para o professor por simplesmente ensinar

uma criança a nadar.

Devido a isso, para aprofundar mais no assunto, só faltava focar a

monografia neste assunto. Este trabalho é baseado em pesquisas feitas em

livros, artigos, internet, revistas e na própria vivência, tendo como principais

autores: Ajuriaguerra; Bueno; Fonseca; Wallon; Galllahue; Le Bouch; Mello;

Lapierre; Corrêa; Picq e Vayer.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 8

CAPÍTULO I

PSICOMOTRICIDADE: INTERAÇÃO ENTRE PSICO E MOTOR ..................... 9

CAPÍTULO II

A NATAÇÃO..................................................................................................... 21

CAPÍTULO III

NATAÇÃO INFANTIL É PSICOMOTRICIDADE PURA!................................... 28

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 39

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 41

ÍNDICE ............................................................................................................. 62

FOLHA DE AVALIAÇÃO.............................................................................................43

8

INTRODUÇÃO

Esta monografia tem como tema a psicomotricidade no meio aquático

que age de forma atuante e com uma visão lúdica e educadora, tendo como

foco a Natação Infantil a partir de uma visão mais ampla em que através da

brincadeira é possível aprender.

O ser humano é um complexo de emoções e ações propiciadas pelo

contato corporal nas atividades psicomotoras que também favorece o

desenvolvimento afetivo entre as pessoas, o contato físico, as emoções e

ações.

Com a psicomotricidade e a ludicidade, a natação para crianças passa

a ter como objetivo principal incentivar a prática do movimento em todas as

etapas da vida de uma criança.

Psicomotricidade é uma disciplina educativa que destaca a relação

existente entre a motricidade, a mente e a afetividade, facilitando a abordagem

global da criança na natação. A união da psicomotricidade com a natação,

contribui de modo impressionante para a formação e estruturação do esquema

corporal da criança.

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CAPÍTULO I

PSICOMOTRICIDADE: INTERAÇÃO ENTRE PSICO E

MOTOR

Ajuriaguerra (1980), médico psiquiatra, considerado pela

comunidade científica como o “Pai da Psicomotricidade”, define que:

“Psicomotricidade se conceitua como ciência da

saúde e da educação, pois indiferentes das

diversas escolas, psicológica, condutista,

evolutista, genética, e etc, ela visa a representação

e a expressão motora, através da utilização psíquica

e mental do indivíduo.”

1.1 – Psicomotricidade: de ontem a hoje

Etimologicamente tem a sua origem no termo grego psychê, que

significa alma e no verbo latino moto que significa ´´mover frequentemente,

agitar fortemente´´ (Negrine,1995,p32).

A religião era responsável pela alma, e a medicina pelo corpo, o

´´mover frequentemente``, esse pensamento tradicional de alma versus corpo

foi se evoluindo chegando a mente e corpo e dessa forma evoluiu para

psicomotricidade. A palavra psicomotricidade foi criada por Ernest Dupré, em

1907, ao descrever a síndrome da debilidade motora, relacionada com a

debilidade mental. Dessa forma surge esta palavra com o intuito de encontrar

uma área cientifica que explique determinados fenômenos clínicos.

A psicomotricidade, nos seus primórdios, compreendia apenas em

estruturas cerebrais e em conhecimento das patologias mentais em busca de

soluções aos problemas das pessoas com deficiência. Hoje, com os avanços

científicos, busca-se o desenvolvimento motor através da psicomotricidade,

onde passa a ser a relação através da ação como um meio de tomada de

10

consciência que une o ser corpo, o ser mente, o ser espírito, o ser natureza e o

ser sociedade. A psicomotricidade está associada à afetividade, a emoção, aos

gestos, a comunicação e à personalidade, porque o indivíduo utiliza seu corpo

para demonstrar o que sente, e uma pessoa com problemas motores passa a

apresentar problemas de expressão. Wallon (1925) considera que as causas

de alguns distúrbios psicomotores estão relacionados a questão de cunho

emocional. Para ele, o movimento humano é instrumento crucial na construção

da psique.

´´Não existe pensamento que não se origine no corpo, no movimento,

nas emoções´´ (Bernard Aucouturier).

O pensamento não se realiza unicamente, ele necessita do corpo para

tal e é através das emoções que o corpo sente, que o corpo age, que o corpo

estimula suas capacidades perceptivas.

“A emoção é o elemento inicial para a consciência e

manifestações orgânicas eliciadoras de significados.

Dessa forma, as sensações do corpo vão permitindo ao

indivíduo despertar sua sensibilidade para um mundo

externo a si próprio, que vai sendo incorporado à sua

consciência por meio da crescente apreensão de sua

partes corporais ”.( Wallon,1971)

A psicomotricidade é uma expressão significativa, já que se traduz em

solidariedade pura e original entre o pensamento e a atividade motora. Vitor da

Fonseca (1988) comenta que a psicomotricidade é atualmente concebida como

a integração superior da motricidade, produto de uma relação inteligível entre a

criança e o meio. É um instrumento privilegiado através do qual a consciência

se forma e se materializa.

1.2 – Mais conceitos de psicomotricidade

11

Para Pierre Vayer (1986), a educação psicomotora é uma ação

pedagógica e psicológica que utiliza os meios da educação física com o fim de

normalizar ou melhorar o comportamento da criança; e ainda diz que a

psicomotricidade, “é a educação da integridade do ser, através do seu corpo”.

Segundo Jean Claude Coste (1978), é a ciência encruzilhada, onde se

cruzam e se encontram múltiplos pontos de vista biológicos, psicológicos,

psicanalíticos, sociológicos e lingüísticos;

Para Jean de Ajuriaguerra (1970), é a ciência do pensamento através

do corpo preciso, econômico e harmonioso;

Sidirley de Jesus Barreto (2000) afirma que é a integração do indivíduo,

utilizando, para isso, o movimento e levando em consideração os aspectos

relacionais ou afetivos, cognitivos e motrizes. É a educação pelo movimento

que, visando melhorar a eficiência e diminui o gasto energético

Para Beatriz Loureiro, “Psicomotricidade é a otimização corporal dos

potenciais neuro,psico-cognitivo funcionais, sujeitos às leis de desenvolvimento

e maturação, manifestadas pela dimensão simbólica corporal própria, original e

especial do ser humano.”

Hurtado (1983), diz que a psicomotricidade é a educação dos

movimentos, ou através dos movimentos, visando a melhor utilização das

capacidades psicofísicas da criança. Neste caso utiliza-se o movimento como

meio e não como fim a ser atingida. A Psicomotricidade é o suporte básico que

auxilia a criança a adquirir tanto sensações e percepções como conceitos, os

quais lhe darão o conhecimento de seu corpo e, através desse, do mundo que

o rodeia.

Coste (1981) define a Psicomotricidade como uma técnica em que

cruzam e se encontram múltiplos pontos de vista, e que utiliza numerosas

ciências constituídas, entre a biologia, psicologia, psicanálise, sociologia e

lingüística. É considerada como uma terapia, “a terapia psicomotriz” a qual

desenvolve a capacidade de expressão do indivíduo, fazendo com que haja um

novo conhecimento do corpo.

De acordo com Schinca (1992), o controle e conhecimento do próprio

corpo são essenciais para o estabelecimento da ligação entre o indivíduo e o

12

meio externo. A relação entre cada ser e o exterior se manifesta através de

atos e comportamentos motores, adaptados e ajustados mediante as

sensações e percepções.

Meur e Staes (1984) relatam que o estudo da psicomotricidade é

recente sendo que só no início deste século abordou o assunto ainda que

superficialmente. Em uma primeira fase, a pesquisa teórica fixou-se, sobretudo

no desenvolvimento motor da criança. Depois se estudou a relação entre o

atraso no desenvolvimento motor e o atraso intelectual da criança. Seguiram-se

estudos sobre o desenvolvimento da habilidade manual e aptidões motoras em

função da idade. Hoje em dia os estudos ultrapassam os problemas motores,

pesquisando também as ligações com a lateralidade, a estruturação espacial e

a orientação temporal por um lado e, por outro, as dificuldades escolares de

crianças com inteligência normal. Faz também com que se tome consciência

das relações existentes entre o gesto e a afetividade.

Para De Meur (1984), a psicomotricidade quer justamente destacar a

relação existente entre a motricidade, a mente e a afetividade e facilitar a

abordagem global da criança por meio de uma técnica. A psicomotricidade

baseia-se em princípios a partir da vivência do corpo no espaço e no tempo,

desenvolvendo a consciência de si mesmo, como um ser capaz de sentir

expressar e o mais importante, ser capaz de partilhar e comunicar-se com os

demais.

O estudo da psicomotricidade envolve cinco temas distintos: tomada de

consciência do corpo, a formação da personalidade da criança, isto é

desenvolvimento do esquema corporal, através do qual a criança toma

consciência do seu próprio corpo e das possibilidades de expressar-se por

meio desse corpo; tomada de consciência da lateralidade, a criança percebe

que seus membros não reagem da mesma forma, percebe uma maior

dominância dos movimentos de um hemicorpo do que no outro (assimetria

funcional); tomada de consciência do espaço, tomada de consciência da

situação do seu próprio corpo em um meio ambiente, tomada de consciência

da situação das coisas entre si, possibilidade do sujeito se organizar perante o

mundo que o cerca, de organizar as coisas entre si; tomada de consciência do

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tempo, que diz respeito a como a criança se localiza no tempo, capacidade de

situar-se em função da sucessão dos acontecimentos (antes, durante, após),

da duração dos acontecimentos (longo, curto), da seqüência (dias da semana,

meses ano), caráter irreversível do tempo (ontem, hoje, amanhã) e renovação

cíclica do tempo (orientação temporal); tomada de consciência da relação

corpo-espaço-tempo, como a criança se expressa também através do desenho,

completa com o domínio progressivo do desenho e do grafismo.

1.3 – A educação do movimento psicomotor

Para Picq e Vayer (1977), a educação psicomotora é uma ação

pedagógica e psicológica, utilizando os meios da educação física, com a

finalidade de normalizar ou de melhorar o comportamento do indivíduo. (p.17)

Desde criança o movimento acontece com interesse de realizar

alguma coisa, de pegar algo, muitas das vezes sendo descordenado e bruto,

esse movimento pode ser educado através de atividades lúdicas que

conscientize o corpo em aulas de natação ou da educação física em geral,

desenvolvendo a socialização de uma criança com a outra e aguçando as

funções cognitivas, perceptivas, afetivas e motoras, envolvendo o individuo

como um todo, como mente e corpo.

´´O cérebro não pensa em músculos, mas em

movimentos.``(SHERRINGTON) No momento em que a psicomotricidade educa o movimento, ela ao

mesmo tempo coloca em jogo as funções da inteligência. A partir dessa

posição, observa-se a relação profunda das funções motoras cognitivas e que,

também pela afetividade, encaminha o movimento.

Fonseca (1988) comenta que ”O movimento humano é construído em

função de um objetivo. A partir de uma intenção como expressividade íntima, o

movimento transforma-se em comportamento significante”. O movimento

humano é a parte mais ampla e significativa do comportamento do ser humano.

Sendo obtido através de três fatores básicos: os músculos, a emoção e os

nervos, formados por um sistema de sinalizações que lhes permitem atuar de

14

forma coordenada. O cérebro e a medula espinhal enviam aos músculos pelos

seus mecanismos cerebrais ordens para o controle da contínua atividade de

movimento com específica finalidade e dentro das condições ambientais. Essas

ordens sofrem as influências do meio e do estado emocional do ser humano

(BARROS; NEDIALCOVA, 1999).

A unidade básica do movimento, que abrange a capacidade de

equilíbrio e assegura as posições estáticas, são as estruturas psicomotoras. As

estruturas psicomotoras definidas como básicas são: locomoção, manipulação

e tônus corporal, que interagem com a organização espaço-temporal, as

coordenações finas e amplas, coordenação óculo-segmentar, o equilíbrio, a

lateralidade, o ritmo e o relaxamento. Elas são traduzidas pelos esquemas

posturais e de movimentos, como: andar, correr, saltar, lançar, rolar, rastejar,

engatinhar, trepar e outras consideradas superiores, como estender, elevar,

abaixar, flexionar, rolar, oscilar, suspender, inclinar, e outros movimentos que

se relacionam com os movimentos da cabeça, pescoço, mãos e pés. Esses

movimentos são conhecidos na educação física como movimentos naturais e

espontâneos da criança. Baseiam-se nos diversos estágios do

desenvolvimento psicomotor, assumindo características qualitativas e

quantitativas diversas (BARRO, 1972).

´´O movimento global do ser humano não pode ser explicado através

dos ossos, das articulações, e dos músculos.``(VITOR DA FONSECA,1996)

Pois o movimento global do corpo deve ser explicado como um todo, produzido

como uma conseqüência do padrão espacial e temporal da contração

muscular. Movimento é o deslocamento de qualquer objeto e na

psicomotricidade o importante não é o movimento do corpo como o de qualquer

outro objeto, mas a ação corporal em si, a unidade biopsicomotora em ação.

Os movimentos podem ser involuntários ou voluntários. Movimentos

involuntários são atos reflexos, comandados pela substância cinzenta da

medula, antes dos impulsos nervosos chegarem ao cérebro. Os movimentos

involuntários são os elementares inatos e adquiridos. Os inatos são aqueles

com os quais nascemos e são representados pelos reflexos, que são respostas

caracterizadas pela invariabilidade qualitativa de sua produção e execução.

15

Movimentos e expressões involuntárias, muitas vezes, estão presentes

em determinadas ações sem que o executante os perceba. Esses movimentos

são desencadeados e manifestados pelo corpo no momento em que realiza

determinados atos voluntários.

Os automatismos adquiridos são os reflexos condicionados, que

ocorrem devido à aprendizagem e que formam os hábitos, os quais, quando

bons, poupam tempo e esforço, porém, se exagerados, eliminam a criatividade.

Os hábitos podem ser passivos (adaptação biológica ao seu ecossistema) ou

ativos (comer, andar, tocar instrumentos). Os reflexos condicionados são

produzidos desde as primeiras semanas de vida. Esses reflexos condicionados

geralmente começam como atividade voluntária e, depois de aprendidos, são

mecanizados.

Para a execução do ato voluntário há um determinado grau de

consciência e de reflexão sobre finalidades, entretanto, a maior parte dos atos

executados na vida diária é relativamente automática. Para a atividade

voluntária cotidiana, faz parte uma série de reflexos automáticos e instintivos,

os quais, na prática, não podem ser bem diferenciados. A freqüente repetição

de atitudes voluntárias acaba por transformar-se em atos automáticos.

1.4 – Psicomotricidade e afetividade

Associada à psicomotricidade, está à afetividade e a criança utiliza seu

corpo para demonstrar o que sente. Desde o nascimento, a criança passa por

diferentes fases nas quais adquire conhecimentos e passa por diversas

experiências até então chegar a sua vida adulta. As primeiras reações afetivas

da criança envolvem a satisfação de suas necessidades e o equilíbrio

fisiológico. Segundo Lapierre e Aucouturier (1984) “Durante o seu

desenvolvimento aparecem os fantasmas corporais que limitam suas

expressões devido à falta de contato corporal dos pais com os filhos. A

afetividade é indispensável para o desenvolvimento da criança e ao equilíbrio

psicossomático”. Como esse contato corporal tende a diminuir com o passar do

16

tempo, cria-se um grande problema para o desenvolvimento da criança. É

recomendado aos pais que mantenham o contato corporal através do toque

durante toda a vida da criança (Chicoon, 1999), pois isso certamente levará a

uma evolução psicomotora e cognitiva da criança. É necessário que toda

criança passe por todas as etapas em seu desenvolvimento. Henri Wallon (1971) diz que o movimento humano surge das

emoções, que a criança é pura emoção durante uma longa fase de sua vida. A

afetividade compreende o estado de ânimo ou humor, os sentimentos, as

emoções, as paixões, e reflete sempre a capacidade de experimentar

sentimentos e emoções. É ela quem determina a atitude geral da pessoa diante

de qualquer experiência vivencial, percebe os fatos de maneira agradável ou

sofrível, confere uma disposição indiferente ou entusiasmada e determina

sentimentos que oscilam entre dois pólos, a depressão e a euforia. O modo de

relação do indivíduo com a vida se dá através da tonalidade de ânimo em que

a pessoa perceberá o mundo e a realidade. Direta ou indiretamente, a

afetividade exerce profunda influência sobre o pensamento e sobre toda a

conduta do indivíduo.

1.5 – A História da Psicomotricidade no Brasil

Psicomoticidade é a ciência que tem como objeto de estudo o homem

através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e

externo (Sociedade Brasileira de Psicomotricidade).

A história da Psicomotricidade no Brasil, segue os passos da escola

francesa. Era clara e nítida a influência marcante da Escola Francesa de

Psiquiatria Infantil e da Psicologia na época da 1ª guerra em todo mundo. O

Brasil foi também invadido, ainda que tardiamente, pelos primeiros ventos da

Pedagogia e da Psicologia. Nos países europeus, pesquisadores se

organizavam em grupos de trabalho: era preciso responder as aspirações e

necessidades da sociedade industrial, que levava as mulheres ao trabalho

formal, deixando as crianças em creches.

17

Os franceses se conscientizarvam sobre a importância do gesto e

pesquisavam profundamente os temas corporais. André Thomas e Saint-Anné

Dargassie, iniciavam suas pesquisas sobre tônus axial. A maturação, os

reflexos tônicos arcaicos dos primeiros anos de vida, produziram as primeiras

palavras-chaves da psicomotricidade

No entanto, Henri Wallon ousou falar em Tônus e Relaxamento e Dr.

Ajuriaguerra combinou às suas pesquisas, a importância do tônus falada por

Wallon em seus escritos sobre o diálogo tônico. Dra. Giselle Soubiran iniciou

sua prática de relaxação psicotônica e fez seguidores. Empenhada cada vez

mais em mostrar ao mundo, a importância do tônus no dia a dia, ela apontou

aos pesquisadores, caminhos a serem seguidos e estudados e deixou clara a

sintomatologia tônica corporal do século. No Brasil, Antonio Branco Lefévre

buscou junto às obras de Ajuriaguerra e Ozeretski, influenciado por sua

formação em Paris, a organização da primeira escala de avaliação

neuromotora para crianças brasileiras.

1.6 – Elementos da psicomotricidade

A psicomotricidade envolve os seguintes elementos: esquema e

imagem corporal, coordenação global, equilíbrio, dominância lateral, orientação

espacial e latero-espacial, orientação temporal, coordenação dinâmica das

mãos.

Estes elementos são considerados básicos para o desenvolvimento

global da criança, são pré-requisitos necessários para a criança adquirir à

aprendizagem da leitura e da escrita; vivenciar a percepção do seu corpo com

relação aos objetos, saber discriminar partes do seu corpo e ter controle sobre

elas e obter organização de espaço e tempo.

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O esquema corporal é um elemento básico indispensável para a

formação da personalidade da criança. É a representação da imagem que a

criança tem de seu próprio corpo. A criança se sentirá bem na medida em seu

corpo lhe obedece, em que o conhece bem, em que pode utiliza-lo não

somente para movimentar-se, mas também para agir. Uma criança cujo

esquema corporal é mal constituído não coordena bem os movimentos, na

escola a grafia é feia, e a leitura expressiva, não harmoniosa: a criança não

segue o ritmo da leitura ou então para no meio de uma palavra. Segundo De

Meur (1989), uma criança que se sinta à vontade significa que ele domina o

seu corpo, utiliza-o com desenvoltura e eficácia, proporcionando-lhe bem estar,

tornando fáceis e equilibrados seus contatos com os outros.

A organização do corpo no espaço (organização espacial) é a

capacidade de movimentar o próprio corpo de forma integrada, dentro de um

ambiente contendo obstáculos, passando por eles. Movimentos com rastejar,

engatinhar, e andar, irão propiciar a criança o desenvolvimento das primeiras

noções espaciais: perto, longe, dentro, fora. Para De Meur (1989), os

problemas quanto à orientação temporal e espacial, como por exemplo, com a

noção “antes-depois”, acarretam principalmente confusão na ordenação dos

elementos de uma sílaba. A criança sente dificuldade em reconstruir uma frase

cujas palavras estejam misturadas, sendo a analise gramatical um quebra-

cabeça para ela. Uma má organização espacial ou temporal acarreta fracasso

em matemática. Com efeito, para calcular a criança deve ter pontos de

referência, colocar os números corretamente, possuir noção de “fileira”, de

“coluna”; deve conseguir combinar as formas para fazer construções

geométricas. Diante de problemas de percepção espacial uma criança não é

capaz de distinguir um “b” de um “d”, um “p” de um “q”, “21” de “12”, caso não

perceba a diferença entre a esquerda e a direita. Se não se distingue bem o

alto e o baixo, confunde o “b” e o “p”, o “n” e o “u”, o “ou” e o “on”.

A dominância lateral refere-se ao esquema do espaço interno do

indivíduo, que o capacita utilizar um lado do corpo com melhor desembaraço

do que outro, em atividades que requeiram habilidade, caracterizando-se por

uma assimetria funcional. A definição da lateralidade ocorre à medida que a

19

criança se desenvolve. A lateralidade na criança não deve ser estimulada até

que não tenha sido definida, quando a criança é forçada a usar um lado do

corpo torna-se prejudicial para a lateralidade, devido a fatores culturais os mais

antigos acham que não é correto a criança escrever com a mão esquerda,

forçando-a a utilizar a mão direita par tal ação, os pais devem favorecer a

escolha feita pelas crianças. Na idade onde ainda prevalece a bilateralidade, se

ainda a criança tiver tendência para o sinestrismo e os pais tentar fazer algo

para que impeça, pode levar a criança a apresentar danos na motricidade e

contribuir para o surgimento de problemas de aprendizagem.

O equilíbrio é a função na qual os indivíduos mantém sua estabilidade

corporal durante os movimentos e quando em estado de imobilidade

(Masson,1985). Shinca (1992), relata que o bom equilíbrio é essencial para a

conquista da locomoção assim como a independência dos membros

superiores. A dificuldade de equilibrar-se produz estados de ansiedade e

insegurança, pois a criança não consegue manter um estado estático ou de

movimento e isto atrapalha a relação entre equilíbrio físico e psíquico. Picq e

Vayer (1985), diz que na presença de algum distúrbio do equilíbrio pode-se

observar uma indisponibilidade imediata dos movimentos, desequilíbrio

corporal global, marcha não harmoniosa, tensões musculares locais,

desalinhamentos anatômicos e imprevisibilidade de atitudes. Socialmente a

criança pode apresentar tendência à inibição ou desejo de esconder, e falta de

confiança em si mesmo.

A organização latero-espacial desenvolve da seguinte maneira, aos 6

anos a criança tem conhecimento do lado direito e esquerdo do seu corpo, aos

7 anos reconhece a posição relativa entre dois objetos, aos 8 anos reconhece o

lado direito e esquerdo em outra pessoa, aos 9 anos consegue imitar

movimentos realizados por outras pessoas com o mesmo lado do corpo no

qual a pessoa realiza o movimento, isto é transpõe o lado da pessoa para o

seu, aos 10 anos reproduz movimentos de figuras esquematizadas, e aos 11

anos consegue identificar a posição relativa entre 3 objetos.

20

A coordenação dinâmica geral da a criança um bom domínio do corpo

suprindo a ansiedade habitual, diminui as sincinesias e as tensões trazendo um

controle satisfatório e confiança com relação ao próprio corpo.

Com relação à coordenação dinâmica das mãos Le Boulch (1982) diz

que a habilidade manual ou destreza constitui um aspecto particular da

coordenação global. Reveste muita importância nas praxias, no grafismo, pelo

que deve dar se muita atenção particular. A criança quando apresenta algum

distúrbio no desenvolvimento da coordenação (tanto global como da dinâmica

das mãos), poderá apresentar dificuldades escolares com disgrafia, ultrapassa

linhas e margens do caderno, pode ter dificuldades na apreensão de dedos e

nos gestos.

Os potenciais humanos são apoiados nas áreas básicas da

psicomotricidade, seu estudo e pesquisa constantes do esquema e da imagem

corporal, da lateralização, da tonicidade, da equilibração e coordenação, são

enriquecidos instrumentalmente, estimulando o sentimento de competência, de

auto-estima, entendendo o ser humano em constantes e complexas

adaptações, fazendo-o concluir que é amado e aceito, tornando-o

transformador e produtor social.

Sintetizando, a Psicomotricidade subtende uma concepção holística

de aprendizagem e de adaptação do ser humano, que tem por finalidade,

associar dinamicamente, o ato ao pensamento, o gesto à palavra, o símbolo ao

conceito.

21

CAPÍTULO II

A NATAÇÃO

Este capítulo foi dividido em três sub-capítulos, o primeiro abordará o

histórico da natação, onde poderemos conhecer de que modo foram surgindo

os quatro estilos, o segundo sub-capítulo trata-se de definições que vários

autores foram dando a natação com o passar dos anos e o terceiro refere-se

aos fatores físicos da água, mostrando como modifica um corpo estando no

meio aquático.

2.1 – O princípio da natação

Existem hipóteses científicas que relatam que a origem do homem veio

do meio aquático, mas na verdade, ninguém sabe ao certo como, quando e

onde se iniciou a natação, pode-se afirmar que o ato de nadar é tão antigo

quanto o homem.

No princípio o homem era nômade devido ao fato de ter que disputar as

suas grutas e alimentos com as feras, o homem estava sempre em constante

migração. Realizando essas longas caminhadas o homem encontrava perigos

a sua frente e para sua sobrevivência tinha que lutar, correr, saltar, trepar e

nadar. Nadar para fugir de um predador, para pescar, para caçar e para atingir

um outro lugar em menos tempo já que o homem vivia às margens dos rios e

mares. O homem pode ter aprendido também através de uma queda acidental

e por extinto de sobrevivência ter despertado esta habilidade, outra forma de

ter acordado para esta habilidade pode ter sido por observação de animais que

se sustentavam na água.

Segundo Navarro (1978) citado por Damasceno (1997) , as referências

mais remotas sobre esta perícia são de 9.000 anos antes de Cristo relatado em

pinturas dos homens das cavernas. O estilo Crawl já havia sido desenvolvido

22

de forma rudimentar pelos assírios e egípcios em pinturas nas pedras,

mostrando as posições dos braços, os detalhes das mãos e noções de

pernadas.

Estratégias de salvamento e para ressuscitar também foram registradas

nas pinturas primitivas, da batalha de Kadesh, onde diz ter-se utilizado deste

método para preservar a vida do rei Aleppoas, enfim, estas pinturas relatavam

as façanhas de grandes heróis mostrando a importância do domínio e da

técnica dessa perícia que é a natação.

Pesquisadores históricos dispõem que a natação já é conhecida pelos

gregos a mais de 3000 anos de nossa era e que possuíam grande estima pela

natação e pela corrida.

A natação tinha grande reputação entre os atenieses e espartanos, a

nobreza ficava feliz de ver seus filhos nas aulas de natação junto aos filhos dos

reis. Gregos e romanos utilizavam-se do caráter militarista da natação para a

melhora da forma física, facilitando assim, a travessia de lagos e rios, muitas

de suas vitórias deviam a superioridade dos militares nadadores.

Com a queda do Império Romano a natação entrou em decadência,

pois acreditavam que a água das piscinas era um meio de transmitir epidemias

de uma pessoa para a outra. Eram colocados fossos cheios de água ao redor

dos castelos como proteção dos ataques inimigos. Com a chegada do

Renascimento (século XVI) já na Idade Média, esse pensamento de

proliferação de epidemias através da água deixa de existir e a natação

reaparece tendo os primeiros trabalhos escritos na Alemanha, Inglaterra e

Suécia, surgindo em muitos países, piscinas utilizadas para banhos públicos.

Na Grécia, Platão na sua lei 689 prescrevia segundo Duran (2005), que

´´todo cidadão educado é aquele que sabe ler e nadar``.

Ainda na Idade Média surge um dos quatro estilos, (hoje já chamado de

peito), sendo naquela época o primeiro e único estilo ensinado, esse nado era

muito prático para os soldados carregarem as armaduras e armas. O peito foi o

primeiro modo encontrado pelo homem para se locomover na água e também o

nado que mais se modificou, tanto em suas regras, como em suas técnicas.

23

Segundo Lotufo, no século XIX surgia um estilo chamado

´´cachorrinho``, parecido com o crawl de hoje em dia. Mais tarde no século XX,

aparece o crawl australiano, com as pernas estendidas e movimentos

alternados de braçada. As primeiras competições aconteciam no mar e em

piscinas de água salgada e como densidade da água do mar facilita na

flutuabilidade do corpo, quase não se batia as pernas tornando a pernada do

crawl australiano sem valor.

Com o passar do tempo foram surgindo nos Estados Unidos piscinas de

água doce, onde era mais difícil de flutuar, dessa forma, a pernada do crawl

australiano teve que ser modificada por um tipo mais forte deixando o nado

crawl mais rápido.

O nado de costas é semelhante ao nado de crawl, só que o individuo

fica em decúbito dorsal, sabe-se então que o estilo costas surgiu de uma

derivação do estilo crawl e era chamado de ´´crawl de costas``

Segundo Lotufo ( apud Duran, 2005, p.42):

´´O nado borboleta aparece para revolucionar a natação

com movimentos simultâneos dos braços e recuperação

aérea – um nado impressionante e ao mesmo tempo

exaustivo``.

O nado borboleta foi o quarto estilo que surgiu, um estilo diferente, um

estilo que exige mais força conhecido como o nado aéreo. Sua derivação vem

do nado peito, quando alguns atletas começaram a tirar os seus braços da

água para levá-los para frente. Em 1934, um nadador de Nova Iorque quebrou

o recorde mundial do nado peito com o novo estilo de nadar. Certa vez o

nadador Jack Sieg enquanto nadava fazendo ondulações com o seu corpo

imitando um golfinho, e o seu técnico que o observava, pediu para ele juntar

esta ondulação de perna com a até então nova braçada de peito, dessa forma

nasceu o estilo borboleta.

24

Com o surgimento de todos estes estilos surgiu a necessidade de

classificar e coordenar o ensino da natação através de metodologias de ensino

interligadas com o desenvolvimento da prática da Educação Física.

2.2 – Definições de natação

Guionovart (1972) define a natação como sendo um esporte de

desenvolvimento por excelência, implicando na vontade de vencer a natural

aversão à água fria, assim como um elemento anabitual.

Esteva (1977) considera que a natação consiste em manter-se a flutuar

na água, mediante a ajuda de certos movimentos ordenados e segundo

determinados princípios.

Lewin (1978) não só conceitua, mas também caracteriza a natação

como sendo um desporto que constitui uma fonte de recreação, de alegria de

viver e de saúde, para as pessoas de todas as idades.

Freitag (1982) oferece um conceito geral e um restrito. Com o conceito

geral, a natação inclui os saltos para a água (ornamentais), o pólo aquático, a

natação submarina, o mergulhar, o salvar vidas e a natação propriamente dita.

O conceito restrito se refere à natação como sendo compreendida pelos quatro

estilo que são o nado crawl, costa, peito e borboleta.

Reis (1983) considera a natação como significado a técnica de

deslocar-se na água, por intermédio da coordenação metódica de certos

movimentos; e nadar como deslocar-se na água a seu nível ou através da força

e adaptações naturais do próprio nadador.

Burkhardt e Escobar (1985) preferem considerar a natação como a

habilidade de manter-se na água e locomover-se pela mesma se tocar no

fundo, podendo ser esta habilidade de nadar, executada sem preencher os

requisitos dos quatro tipos de nados, mas sempre comprovando a completa

ambientação do indivíduo ao meio aquático.

Faria, citado por Perez (1986), numa visão didatizada, conceitua a

natação propondo uma diferenciação entre a perspectiva didática e o ato de

nadar, propriamente. A natação identifica a disciplina integrante dos currículos

25

dos cursos na área de educação, objetivando preparar os alunos a ensinarem

ou ministrarem atividades nas aulas para nadar, em diversas faixas etárias, ao

sexo masculino e feminino. Natação também diz respeito à competição que

reúne um determinado número que objetivam a performance, por distância ou

em determinado tempo. Enquanto nadar seria um ato psicomotor que objetiva a

locomoção no meio líquido, na horizontal, na vertical ou totalmente imerso.

2.3 – Propriedades físicas do meio líquido

Segundo Gonzáles Landete, citado por Navarro, (apud DAMASCENO,

1997, p.78):

“(...) o meio aquático cria sensações novas, modifica o

equilíbrio, abrindo um grande campo para se

experimentar as próprias capacidades motrizes facilitadas

pela falta de gravidade”.

Dessa forma, estar no meio aquático é diferente de estar fora dele, na

água o nosso corpo sofre transformações a começar pela respiração. De

acordo com Corrêa (1999), são sete os fatores físicos da água: densidade;

equilíbrio; turbulência; fricção; pressão; velocidade e temperatura.

Densidade é a qualidade daquilo que é denso, é a relação entre a sua

massa e a superfície. O princípio de Arquimedes estabelece que, quando um

corpo é submerso na água, ele experimenta uma força de empuxo igual ao

peso do líquido que ele deslocou; todo corpo com densidade menor que um

pode flutuar (desde que a densidade relativa da água seja aproximada a um).

Os músculos e ossos compactos sãos os mais densos que a água, as

gorduras, os ossos esponjosos e a qualidade de ar nos pulmões, são os menos

densos que a água. Cada pessoa tem a sua própria densidade variando de

acordo com a mudança de temperatura e com a idade, a densidade relativa

nas crianças é de 10,86; nos adolescentes e adultos jovens é de 10,97 e nos

idosos vai descendo 1 a cada mais idade.

26

Equilíbrio é o estado em que se acham os corpos solicitados por forças

que formam um sistema equivalente a zero, isto é, com resultante nula e

movimento nulo; é o estado mútuo de dois ou mais processos simultâneos e

contínuos, tais que seu resultado líquido é equivalente a uma aparente

invariabilidade. Na água, o corpo está sujeito à gravidade e a flutuação, se

estas forças são iguais e opostas, o corpo estará em equilíbrio (metacentro:

ponto cuja posição determina a estabilidade dos corpos flutuantes) e não

ocorrerão movimentos, mas se estas forças são desiguais e desalinhadas, não

ocorrerá movimento e será sempre rotatório.

Turbulência é a qualidade de turbulento, ato turbulento, desordem, é a

redução da pressão pela movimentação da água.

Quando um corpo ou objeto se desloca na água, ele encontra

resistência que se subdivide em positiva (ação) e negativa (reação), onde

positiva é a onda ascendente, é a pressão positiva na frente do corpo ou objeto

e corresponde a aproximadamente dez por cento da resistência; e negativa é a

onda descendente, é pressão negativa, a que foi criada diretamente atrás do

corpo ou objeto. Forma-se uma área de baixa pressão que cria turbulência e

suga o corpo para baixo.

O grau de turbulência depende da velocidade do movimento e a forma

do corpo influência na produção da turbulência.

Fricção é o ato de friccionar, de esfregar, de ter atrito. A diferença da

fricção da pele do corpo no ar para a água é setecentas e noventa vezes maior,

fator este que dificulta os movimentos e requer um gasto maior de energia

comparado aos mesmos movimentos fora da água (ar). Isto significa que o

ritmo de realizações dos movimentos é mais lento na água.

Pressão é a força aplicada a uma superfície, por unidade de área. A lei

Pascal estabelece que a pressão hidrostática, é exatamente igual em qualquer

corpo, na posição horizontal, por exemplo, a pressão e igual a uma

profundidade constante. Esta pressão aumenta com a profundidade e com a

densidade da água.

Velocidade é executar o movimento ligeiramente, é a relação entre um

espaço percorrido e o tempo de percurso. Para execução dos movimentos

27

mais facilmente, é necessário que o corpo se encontre em posição horizontal.

Quando o corpo não esta nesta posição, em contato com a água, os

movimentos passam a ser mais difíceis, o que pode ser superado com

alongamento dos segmentos corporais ou com acréscimo de materiais.

Temperatura é a qualidade de calor existente no ar atmosférico,

resultante da ação dos raios solares; é a propriedade que determina quando

dois sistemas estão, ou não, em equilíbrio térmico. A temperatura da água

exerce muita interferência em vários aspectos, como interesse de participação

a nível motivacional, trabalho de musculatura – mais quente para os

hipertônicos – menos quente para os hipotônicos, uma questão bastante

individual. Há pessoas que possuem muito desempenho na água mais quente,

outras preferem água fria. Devemos atender a estas necessidades

individualmente, principalmente com os bebês e os deficientes, pois esses são

mais perceptíveis a nível tátil com a água, e o seu desempenho motor é quase

que relacionado diretamente a esse fator (CORRÊA,1999).

28

CAPÍTULO III

NATAÇÃO INFANTIL É PSICOMOTRICIDADE PURA!

Neste capítulo mostraremos a relação entre a natação e a

psicomotricidade, que justifica a estruturação do esquema corporal, como é

sugerido por Picq e Vayer (apud DAMASCENO, 1997, p. 23) que o mesmo diz:

“Na percepção e controle do próprio corpo;

num equilíbrio postural econômico;

numa lateralidade bem definida;

na independência dos segmentos em relação ao tronco

e uns em relação aos outros; e

no controle e equilíbrio das contrações ou inibições

estreitamente associados ao esquema corporal e ao

controle da respiração”.

3.1 – A psicomotricidade e a natação na estruturação do

esquema corporal

Lapierre (1977) afirma que: ´´O controle do corpo e da respiração é a

etapa culminante da construção do esquema corporal``.

O ser humano percorre um vasto caminho que o leva desde o

movimento incontrolado até a organização do movimento autônomo.

Após o nascimento através de condutas cada vez mais ajustadas pela

coordenação dos variados reflexos que traz geneticamente, a criança reage

perante as diversas estimulações impostas pelo meio, numa tentativa de

adaptar-se ao mesmo. Na base do substrato neuromotor é que as ações psicomotoras

voluntárias da criança se assentarão pelas sucessivas experiências, e a

29

aquisição de qualquer habilidade está fortemente relacionada com o propósito

do ato motor, sendo assim, o esquema corporal, ao refletir o equilíbrio entre as

funções psicomotoras e sua maturidade dependerá de um conjunto funcional

organizado, através da relação mútua entre o organismo e o meio.

Por se tratar de movimento e ser provido de muita criatividade, a

natação permite à criança a exploração do meio através de seu desempenho e

atividades motoras, que ajudam para a estruturação do seu esquema corporal.

Para Oliveira (1992, p 2007) ´´... a criança tem uma representação gráfica da

imagem de si. Podemos inferir esta imagem através de seu desenho de figura

humana.`` Sendo assim o esquema corporal é a noção do corpo que a criança

tem do seu próprio corpo, é a consciência do corpo como um todo, é o

conhecimento das partes nomeando e reconhecendo suas funções.

Por sua vez, o esquema corporal, pela prática da natação, como um

dos elementos de ação que traduz a psicomotricidade, converte-se desta

maneira em um elemento indispensável na construção da personalidade da

criança.

Em relação a construção da personalidade da criança Feijó (1998, p.27)

diz que:

“A educação física contribui na aventura de descoberta

da própria personalidade, que para existir precisa do

social, pois no contato com as diferenças dos outros, fica

mais fácil acompanhar e descobrir aqueles traços e

modos que constituem o conjunto típico da própria

personalidade”.

De acordo que a natação é educação física ela faz parte nesta

descoberta de identidade onde a criança tem contato com o grupo da natação,

ou seja, com outras crianças onde ocorrerá às diferenças e igualdades entre

30

elas no modo de agir, falar, pensar e ouvir. A criança começa a socializar-se e

aprender prestando atenção no que o outro faz, onde essa percepção contribui

de forma direta na estruturação do esquema corporal. Esse modo de copiar

desenvolve aos poucos sua personalidade, cujo, é chamada de função de

ajustamento encontrada nos princípios da psicocinética, desenvolvida por Lê

Bouch (1972).

Segundo Lê Bouche, psicocinética é: ´´O método geral de educação

que utiliza como material pedagógico o movimento humano, em todas as suas

formas``.

O esquema corporal, a coordenação, a orientação espaço-temporal são

fatores importantes para que haja habilidade aquática, para isso deve-se

buscar os canais exteroceptivos, proprioceptivos e interoceptivos fazendo com

que o individuo possa receber informações do ambiente ao seu redor, como

também a posição do corpo no espaço, a posição dos segmentos em relação a

ele, o grau de tensão muscular, o equilíbrio alem de conhecer as partes do

corpo.

Tendo a psicomotricidade como educação corporal e a ação educativa

relacionada à individualidade do sujeito, as formas educativas de desenvolver a

psicomotricidade no meio aquático com propósito a construção do esquema

corporal, ocorrem em função holística da criança.

3.2 – Desenvolvimento da aprendizagem aquática

Segundo Ajuriaguerra, 1976, a criança é o seu corpo, é a dimensão

antropológica de grande transcendência para a compreensão do papel do

corpo, essencialmente da sua imagem, integrada e construída, em qualquer

tipo de aprendizagem. O corpo é um dos principais meios de se expressar tornando-se muito

importante no processo de aprendizagem, portanto, aprender é uma tomada de

consciência do corpo como um todo.

Segundo Barreto (2000, p.43):

31

“O desenvolvimento psicomotor é de suma importância

na prevenção de problemas de aprendizagem e na

reeducação do tônus, da postura, da direcionalidade, da

lateralidade, e do ritmo”.

De acordo com Ajuriaguerra e também Wallon, os quais se

assemelham nesta questão, a aprendizagem no meio aquático tratando-se

principalmente de crianças de pouca idade, deve ser buscada através de dois

fatores importantes; a segurança e a adaptação. No fator segurança não

importa apenas que o ambiente seja seguro, o que importa é que a criança se

sinta segura, confortável, acolhida, que aquele ambiente e o professor passe

confiança e afeto (através de brincadeiras, objetos-brinquedos, carisma,

músicas infantis, enfim, muita ludicidade), começando assim a autonomia

motora da criança na água e caracterizando o principio da aprendizagem da

natação.

O fator adaptação também é de grande importância para com a

aprendizagem da natação, esse fator é alcançado por uma quantidade

considerável de níveis motores adaptativos que são: níveis expiratórios e

inspiratórios, onde a criança aprende a fazer bolhas na água e a trabalhar sua

respiração; níveis bucais e epiglóticos, onde a criança começa adquirir

consciência de que precisa fechar a boca para a imersão (sem esta parte da

adaptação a criança quando imergida abre a boca engolindo água); níveis

subaquáticos e aquáticos, nesta etapa a criança já mergulha ela não abre mais

a boca durante a imersão, já se locomove em imersão e na superfície,

lembrando que a adaptação só poderá ser alcançada com o auxilio de um

adulto para dar suporte numa complementação social, paciente, lúdica e

confortante.

As manobras indispensáveis na adaptação aquática que o adulto deve

ter com a criança são: saber segura-la (tipos de pegadas); dar suporte à

cabeça; ter atenção à segurança gravitacional; segurar a criança em uma

posição que possa sempre ser visto o seu rosto, vigiando suas reações faciais;

tocar as partes do corpo; suportar vertical e horizontalmente; demonstrar o que

32

vai fazer; e segurar com muita atenção nas flutuações em decúbito dorsal.

Apesar da flutuação em decúbito dorsal inicialmente parecer desconfortável

(devido á criança não enxergar ao seu redor e a água no ouvido lhe

incomodar), rapidamente deixará de ser, pois nesta posição encontra-se um

espaço mais amplo para poder respirar e é melhor para descansar, logo é um

meio de sobrevivência. Para que a criança não fique desconfortável o adulto

deve a princípio apoiar a cabeça da criança em seu peito ou ombro, evitando

que seus ouvidos fiquem em contato com a água, passando a esta confiança

enquanto estimula a pernada de costas

3.3 – Psicomotricidade aquática: brincar, aprender, ensinar, e

amar

Brincar: divertir-se infantilmente; folgar; fazer alguma coisa por

brincadeira; saltar com alegria; entreter-se com; adornar; enfeitar; rendilhar

(DICIONÁRIO BRASILEIRO, 2008, p.193).

A criança brinca porque gosta e a brincadeira é o melhor meio para a

satisfação das necessidades que vão surgindo no convívio diário com a

realidade, a brincadeira é um espaço de aprendizagem, pois enquanto brinca a

criança incorpora valores, conceitos e conteúdos.

A brincadeira faz parte da vida de uma criança e nesse caso quando

falamos de natação infantil, falamos também da brincadeira. A natação é um

ambiente totalmente diferente para as realizações das brincadeiras, pois

ocorrem diferentes sensações cinestésicas, táteis e labirínticas, os

deslocamentos são mais lentos do que fora da água, alem de não ocorrer

perigo de sofrer lesões e por ser um ambiente de recreação e de muito prazer.

Como acrescentam Skinner e Thomson: (apud DAMASCENO, 1997, p. 78).

33

“A natação é uma excelente atividade de recreação que

facilita a coordenação, proporciona um forte trabalho

muscular e uma grande amplitude de movimentação de

articulações para todo o corpo”.

As brincadeiras aquáticas são aplicadas de forma lúdica tendo como

objetivo a aprendizagem das fases da natação, sendo de grande importância

que ocorra a motivação de todos, onde todos sintam vontade de participar e se

considerem desafiados a possuírem novas experiências. Existem brincadeiras

e jogos, a diferença é que as brincadeiras não possuem regras, tempo e

vencedor e ainda podem sofrer modificações no decorrer, já nos jogos existem

os vencedores e os perdedores, e regras a obedecer, mas nos jogos também

devem utilizar-se de muita ludicidade para recrear ou atingir objetivos

específicos.

Para que seja possível a ludicidade na aula de natação o professor deve

estimular a imaginação simbólica da criança, portanto a ludicidade é um meio

privilegiado que o professor possui para cativar e inserir uma criança na

natação, o que não ocorreu durante muitos anos, pois os educadores se

ocupavam apenas com os métodos de ensino, cujo não havia ludicidade, a

natação para criança era militarista e voltada para competições, ocorrendo a

exclusão e o desinteresse da própria criança.

Segundo Nista-Piccolo (1999, p. 09):

“As conseqüências de um treinamento rigoroso, que força

a especialização precoce, não se mostram a curto prazo

e, portanto, muitas vezes são menosprezadas. Antes da

prática esportiva, devemos considerar os direitos da

criança. Ela precisa brincar, brincar de praticar esportes”.

Em relação ao prazer da criança de aprender contra o modo rígido e

rigoroso de ensinar, Vygotsky (apud DURAN, 2005, P. 54-55) cita:

34

“...se ignorarmos as necessidades das crianças e os

incentivos que são eficazes para colocá-las em ação,

nunca seremos capazes de entender seu avanço de um

estágio ao outro, porque todo avanço esta conectado com

uma mudança acentuada nas motivações, tendências e

incentivos”.

Hoje com uma visão mais psicomotora, é entendido que o brincar é a

realidade da criança e que durante a aula de natação através da ludicidade, a

criança aprende, reflete, ordena e constrói o mundo a sua maneira alem de

expressar as sua fantasias, medos, desejos, afetos e conhecimentos

adquiridos durante a natação.

As brincadeiras são introduzidas de forma pedagógica, pois é brincando

que se aprende, eis alguns tipos de aprendizagem por meio da brincadeira:

Brincando de saltos, sempre motivando o aluno passando confiança,

batendo palmas para ele, pois para ele é um desafio, uma vitória. De inicio o

salto deve ser conduzido pelo professor, podendo começar com os saltos onde

a criança estará sentada dando-lhe confiança, e depois passando para os

saltos em pé, utilizando a ludicidade, fazendo desafios, saltando do colo do

professor, saltando do tapete, saltando da borda, fazendo desafios para a

criança, pedindo a ela para saltar da borda para o tapete, saltar gritando, saltar

falando o nome todo, saltar batendo palma, saltar dentro de um bambolê, saltar

agarrando uma bola, saltar e nadar até ao macarrão, enfim, ir aumentando o

grau de dificuldade com o objetivo de oportunizar ao aluno diversas formas de

´´quedas`` na água e impulsões, que futuramente o auxiliarão nas saídas dos

35

nados.

(Figura 01).

Brincar de imersão e de visão subaquática, brincar de ´´olha a

onda!``; brincar de contar as bolinhas soltas em sua expiração; brincar de ver

durante a imersão quantos dedos o professor está mostrando embaixo d`água;

brincar de mergulhar de mãos dadas, uma criança dá a mão para uma outra

criança e ao sinal do professor mergulham juntas não podendo saltar as mão

quando subirem, impedindo dessa forma, que limpem o rosto; brincar de ´´caça

ao tesouro`` (figura 03), a criança deve mergulhar para buscar os objetos no

fundo da piscina, podendo o professor estimular a parte cognitiva da criança

fazendo com que a criança apanhe os objetos de determinada cor

(aprendizado das cores), pegar números, pegar figuras de bichos, carros,

quadrados, triângulos e outros).

36

(Figura 03)

De acordo com Corrêa (2004), os principais objetivos dessas

brincadeiras são de desenvolver a descontração facial, desenvolver a visão

subaquática e aprender a mergulhar trabalhando a respiração (inspirar pela

boca e expirar pelo nariz).

A imersão deve acontecer de forma gradativa, aos poucos, passando

prazer à criança, o primeiro educativo deve ser de molhar a cabeça da criança

com pouca água podendo ser feito de forma lúdica, como por exemplo,

utilizando um regador (figura 04).

37

(Figura 04)

O professor deve ensinar a criança a bloquear a glote sempre que for

mergulhar, um exemplo é contando de um a três, mas o mais importante é

deixar que ela mergulhe sozinha (cada criança tem o seu momento) sem força-

lá, utilizando apenas estímulos, pois as crianças acostumam a fazer a coisas

imitando os outros ou por curiosidade e quando esta mergulha sozinha pela

primeira vês, deve ser gratificada com aplausos, carinhos e brincadeiras.

Junto com a imersão vem a visão subaquática que só é estimulada

depois do bloqueio da glote. Na visão subaquática utiliza-se muito a

imaginação da criança para pegar os objetos no fundo, como salvar o

´´cachorrinho``(objeto) no fundo da piscina.

Brincar para desenvolver a sobrevivência aquática: as próprias

brincadeiras de mergulho onde se aprende a bloquear a glote é um meio de

sobrevivência. Brincar com o macarrão de ´´cavalinho``, ´´de jetski``; brincar

com a prancha de ´´livrinho`` de ´´avião``, fazendo propulsão de pernas em

decúbito dorsal e ventral; brincar com o tapete de subir, de segurar, de fazer

pernada de crawl e de costas; brincar com a borda e a raia de segurar nela

trocando de lado quando o professor der o sinal; brincar de ´´dona

38

aranha``(figura 05), contornando a piscina segurando na borda e ou na raia,

cantarolando ( a dona aranha subiu pela parede...).

(Figura 05)

Estas brincadeiras de segurar em objetos móveis ou fixos estimulam

bastante o aprendizado do agarre tornando-se muito importante para que em

determinada circunstância de perigo no meio aquático, a criança busque um

apoio, aumentando o tempo que ela poderá ficar sem o socorro; outro modo de

trabalhar o meio de sobrevivência aquática é o ´´nado com roupa``, pois em

uma eventual emergência na piscina, mar ou no rio poderá ser de grande valor.

Para a socialização temos o pólo aquático, o carrinho de mão, o

trenzinho, a canoa, as brincadeiras de pega-pega e outras atividades

No mundo aquático existem diversos tipos de brincadeiras que levam a

aprendizagem, essas são de suma importância, mas não adianta apenas

decorá-las, o professor tem que gostar, tem que ´´gargalhar``, tem que se sentir

criança, tem que brincar, aprender, ensinar e amar.

39

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A natação e a psicomotricidade são metodologias contextualizadas,

perceptivas, em que o desenvolvimento dos aspectos motor, social, emocional

e lúdico da personalidade e também a destreza dos movimentos corporais são

vivenciados, através de atividades motoras organizadas em seqüenciais,

desenvolvidas individualmente e em grupo.

Pode-se afirmar, então, que a natação infantil, através de atividades

afetivas, lúdicas e psicomotoras, é muito importante na vida de uma criança

podendo aquele momento ficar sempre marcado em sua memória.

Através da natação a criança é educada mentalmente e fisicamente,

tendo um impacto positivo no pensamento, no conhecimento, e na ação, ou

seja, na natação.

Esta monografia nos mostra que na natação infantil existem diversas

possibilidades de desenvolver a dimensão psicomotora nas crianças em

conjunto com os domínios cognitivos utilizando de muita ludicidade. A

ludicidade é a ´´ponte`` que liga a psicomotricidade e a natação, é possível

entender que no decorrer do trabalho através de vários livros de pesquisa que

o mais importante durante a aprendizagem não é a técnica, ou o nadar

propriamente dito, mas sim o prazer que a criança sente durante a aula, pois

uma aula sem prazer não precisa de esforço, é só mandar nadar os quatro

estilos e pronto, tornado assim uma aula solitária. A natação já é uma

modalidade desportiva individual e repetitiva, o legal não é isso, o legal é

transformar essa modalidade individual em uma modalidade de cooperação, de

união, o legal é a socialização, é o contato do corpo na hora do jogo, na hora

de dar as mãos para o mergulho, é o salto gritante, é a imaginação na hora de

bater a perna imitando um avião ou um bicho, o legal é isso, é motivar, é

trabalhar com emoção, com carinho, com afeto, é saber que se divertindo

estrutura-se o esquema corporal, define muito bem a lateralidade, o controle do

corpo, da respiração, capacita o equilíbrio postural, desenvolve um meio de

sobrevivência e ainda ajuda no desenvolvimento da coordenação motora, o

40

legal é isso, é essa gratificação que o professor tem de ver as primeiras

braçadas do seu aluninho por meio da ludicidade, é saber que brincar é coisa

séria e que brincado se aprende.

41

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AJURIAGUERRA, J. Manual de psiquiatria infantil. São paulo: Masson, 1980. BARRETO, Sidirley de Jesus. Psicomotricidade, educação e reeducação, 2. ed.

Blumenal: Livraria Acadêmica, 2000.

CORRÊA, Célia Regina Fernandes. Atividades aquáticas para bebês,

Rio de Janeiro: Sprint, 1999, p. 43.

CORRÊA, Célia Regina fernandes.Natação na pré-escola: a natação no auxílio

ao desenvolvimento infantil, Rio de Janeiro: Sprint, 2004

DAMASCENO, Leonardo Graffius. Natação, psicomotricicidade e

desenvolvimento, Campinas: Autores Associados, 1997.

DURAN, Maurício. Aprendendo a Nadar em Ludicidade, São Paulo: Phorte,

2005.

FEIJÓ, Olavo. Corpo e movimento: uma psicologia para o esporte, Rio de

Janeiro: Shape, 1998, p.27.

NISTA-PICCOLO, V. L. Pedagogia dos Esportes, Campinas: Papirus, 1999,

p.09.

.

42

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

(TÍTULO) 11

1.1 - A Busca do Saber 12

1.2 – O prazer de pesquisar 15

1.2.1 - Fator psicológico 15

1.2.2 - Estímulo e Resposta 17

CONCLUSÃO 48

ANEXOS 49

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 52

BIBLIOGRAFIA CITADA 54

ÍNDICE 55

43

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes – Instituto a Vez do

Mestre.

Título da Monografia: Brincando e Nadando com a Psicomotricidade

Autor: Danillo Jardim Macedo Gonçalves

Data da entrega: 07 de fevereiro de 2009

Avaliado por: Fabiane Muniz Conceito:

44

ATIVIDADES CULTURAIS

45