32
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO “A VEZ DO MESTRE” “DO DP A GESTÃO DE PESSOAS: TEORIA E PRÁTICA NAS EMPRESAS” CLAUDIA COSTA DO NASCIMENTO ORIENTADOR: Prof. Mestre Robson Materko RIO DE JANEIRO – RJ AGOSTO - 2001

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … COSTA DO NASCIMENTO.pdf · onde estudiosos do assunto não acreditavam que administrar era uma arte sem ... objetivos que caracteriza-se

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … COSTA DO NASCIMENTO.pdf · onde estudiosos do assunto não acreditavam que administrar era uma arte sem ... objetivos que caracteriza-se

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

“DO DP A GESTÃO DE PESSOAS:

TEORIA E PRÁTICA NAS EMPRESAS”

CLAUDIA COSTA DO NASCIMENTO

ORIENTADOR:

Prof. Mestre Robson Materko

RIO DE JANEIRO – RJ

AGOSTO - 2001

Page 2: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … COSTA DO NASCIMENTO.pdf · onde estudiosos do assunto não acreditavam que administrar era uma arte sem ... objetivos que caracteriza-se

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

“DO DP A GESTÃO DE PESSOAS:

TEORIA E PRÁTICA NAS EMPRESAS”

CLAUDIA COSTA DO NASCIMENTO

Trabalho monográfico apresentado como

requisito parcial para a obtenção do Grau

de Especialista em Reengenharia e Gestão

de Recursos Humanos.

RIO DE JANEIRO – RJ

AGOSTO – 2001

Page 3: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … COSTA DO NASCIMENTO.pdf · onde estudiosos do assunto não acreditavam que administrar era uma arte sem ... objetivos que caracteriza-se

AGRADEÇO IMENSAMENTE:

. AO MEU ESPOSO JOÃO CARLOS,

PELOS MOMENTOS AUSENTES;

. À MINHA MÃE, DENIZE, POR SER UMA

VOVÓ TÃO DEDICADA;

. À MINHA IRMÃ BIA, COMPANHEIRA DE

TODAS AS HORAS;

. AOS COLEGAS DE TURMA, PELA

AMIZADE E, EM ESPECIAL AS AMIGAS

CLÍCIA E CLÁUDIA QUE TORNARAM

ESTA JORNADA MAIS PRAZEROSA; E

A TODOS AQUELES QUE DE ALGUMA

FORMA CONTRIBUÍRAM PARA A

REALIZAÇÃO DESTE TRABALHO.

Page 4: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … COSTA DO NASCIMENTO.pdf · onde estudiosos do assunto não acreditavam que administrar era uma arte sem ... objetivos que caracteriza-se

DEDICO ESTE TRABALHO, COM MUITO

CARINHO:

. AO MEU GRANDE MESTRE E AMIGO

GERSON ABRANCHES POR SEU

INCENTIVO E APOIO INCONDICIONAL

AO MEU DESENVOLVIMENTO

PROFISSIONAL, E

. A MINHA FILHA, CAMILA, QUE ME DÁ

TODA MOTIVAÇÃO DE QUE

NECESSITO PARA CONTINUAR

LUTANDO POR MEUS IDEAIS.

Page 5: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … COSTA DO NASCIMENTO.pdf · onde estudiosos do assunto não acreditavam que administrar era uma arte sem ... objetivos que caracteriza-se

"Vós não sois máquinas. Seres

humanos sim, sois vós." Charles Chaplin

Page 6: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … COSTA DO NASCIMENTO.pdf · onde estudiosos do assunto não acreditavam que administrar era uma arte sem ... objetivos que caracteriza-se

SUMÁRIO

página

RESUMO ....................................................................................................... 6

INTRODUÇÃO .............................................................................................. 7

1. PANORAMA GERAL DA HISTÓRIA DA ADMINISTRAÇÃO .................... 9

2. O RH E AS TRANSFORMAÇÕES HISTÓRICAS ..................................... 14

2.1 O Perfil do Profissional de Ontem e Hoje ............................................ 15

2.2 As Fases Evolutivas da Função de Pessoal ....................................... 20

3. A ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA DE RECURSOS HUMANOS ........ 22

3.1 Conceito de Gestão de Pessoas ......................................................... 23

3.2 Os Objetivos e os Processos da Gestão de Pessoas ......................... 24

4. TEORIA x PRÁTICA NAS EMPRESAS BRASILEIRAS ........................... 26

CONCLUSÃO ................................................................................................ 28

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 30

ANEXOS ........................................................................................................ 31

Page 7: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … COSTA DO NASCIMENTO.pdf · onde estudiosos do assunto não acreditavam que administrar era uma arte sem ... objetivos que caracteriza-se

RESUMO

Com base em informações descritas nos livros da área Administrativa,

é possível constatar a evolução da Administração de Recursos Humanos desde o

surgimento do 'chefe de pessoal' nas organizações até nossos dias. Países

estrangeiros, em particular os E.U.A, foram os precursores em estudos que

envolviam a relação empresa-empregados e o comportamento das pessoas

dentro do local de trabalho. Porém, em contrapartida a esta incontestável

evolução, de acordo com entrevistas a profissionais da área de recursos

humanos e experiências pessoais vivenciadas, grande parte das mudanças e

transformações ocorreram apenas nas multinacionais e empresas de grande

porte, principalmente no que diz respeito as empresas brasileiras. Empresas de

pequeno e médio porte em nosso país, em sua maioria, ainda resistem às

práticas mais modernas da área e em outras tantas, ainda persiste a figura do

chefe de pessoal como único "elo" entre a organização e as pessoas que nela

trabalham.

Page 8: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … COSTA DO NASCIMENTO.pdf · onde estudiosos do assunto não acreditavam que administrar era uma arte sem ... objetivos que caracteriza-se

INTRODUÇÃO

A Administração de Recursos Humanos (ARH) tem sofrido grandes

transformações e mudanças ao longo dos anos. A visão que se tem da área

atualmente, é muito diferente da sua antiga configuração.

Desde a época em foi introduzido o "chefe de pessoal" nas

organizações até os nossos dias, podemos observar um processo evolutivo, com

fases bem definidas, nas áreas de responsabilidade de sua função e, em

decorrência disto, uma transformação significativa no perfil desse profissional.

O chefe de pessoal de ontem aos poucos assume o papel de Gerente

de RH em nível tático-operacional, e hoje, dentro de uma visão mais avançada já

está elevando sua atuação ao nível estratégico, assumindo assim novas

responsabilidades e variadas denominações dentro das empresas de grande

porte.

São igualmente significativas, as mudanças ocorridas na relação

empregador - empregado. O empregado, antes visto pelas empresas como um

recurso a mais para alcançar seus objetivos, hoje é reconhecido como sua

principal vantagem competitiva. Em uma visão mais avançada das empresas de

grande porte, o empregado hoje é considerado um verdadeiro parceiro do negócio

e que pela sua força de trabalho é capaz de levar a empresa ao resultado

esperado

Porém, por outro lado, dentro desse mesmo cenário de profundas

transformações, também constatamos que ainda é grande o número de empresas

brasileiras, principalmente as de médio e pequeno porte, que não acompanharam

em sua totalidade, a evolução da ARH. Mesmo conscientes do novo papel do RH

e da sua importância para o desenvolvimento e crescimento da empresa, muitas

Page 9: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … COSTA DO NASCIMENTO.pdf · onde estudiosos do assunto não acreditavam que administrar era uma arte sem ... objetivos que caracteriza-se

8

estão presas a antigos paradigmas que impedem a realização efetiva das novas

práticas da área.

A presente monografia tem como objetivo central mostrar qual o papel

do RH de ontem e hoje dentro das empresas de pequeno, médio e grande porte,

de nosso país, a partir da descrição das fases evolutivas das responsabilidades

da função de pessoal desde a década de 30, e de todas as transformações

significativas ocorridas na área até os dias atuais.

Page 10: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … COSTA DO NASCIMENTO.pdf · onde estudiosos do assunto não acreditavam que administrar era uma arte sem ... objetivos que caracteriza-se

9

CAPÍTULO 1

PANORAMA GERAL DA HISTÓRIA DA ADMINISTRAÇÃO

A partir da Revolução Industrial, grandes acontecimentos históricos

ocorridos no cenário mundial influenciaram, significativamente, as organizações

no que diz respeito aos métodos administrativos, comportamento humano e

estrutura organizacional.

Num período denominado de pré-científico da administração que vai se

estender até aproximadamente 1880, a força de trabalho era principalmente

composta por artesãos e agricultores e os poucos esforços feitos para

desenvolver a administração e organização não deram resultado, ao menos

naquela época. Segundo Buono "foi somente na Idade Média, quando o comércio

começou a florescer no Mediterrâneo, que alguns dos instrumentos importantes

da administração atual começaram a ser desenvolvidos" (1992, p.4).

Com o surgimento da mecanização industrial, fez-se a separação

definitiva entre o capital, representados pelos donos dos meios de produção, e o

trabalho, representado pelos assalariados. É o período da administração clássica

(ou era industrialização clássica) que está compreendido entre 1900

(aproximadamente) e 1950. No início desta era, administrar era uma arte,

baseada na intuição e caracterizada pela preocupação única com os lucros e o

avanço daquilo que interessava somente aos proprietários.

O objetivo principal das empresas sempre foi o lucro. E isto, na

verdade não sofreu nenhuma modificação. As transformações se deram em

relação aos caminhos que administradores e afins, buscaram e continuam

buscando para chegar ao lucro desejado de forma mais consciente, ética e, mais

recentemente, compartilhada com as pessoas que atuam em suas empresas.

Page 11: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … COSTA DO NASCIMENTO.pdf · onde estudiosos do assunto não acreditavam que administrar era uma arte sem ... objetivos que caracteriza-se

10

Sendo o lucro a preocupação exclusiva dos "empresários", aos

trabalhadores, não era dada a menor atenção. No início da industrialização

clássica, eles vivem da sua força de trabalho e são vistos e tratados como

máquinas cujos únicos direitos eram produzir e produzir. Os trabalhadores eram

submetidos a remuneração, condições de trabalho e de vida subumanas.

Aos poucos essa mentalidade foi sendo questionada e transformada.

Neste contexto surgem a escola da Teoria da Administração ou escola dos

Princípios Universais da Administração e a escola da Administração Científica,

onde estudiosos do assunto não acreditavam que administrar era uma arte sem

princípios e relações lógicas e nasce, também a preocupação com a

padronização do trabalho.

E em 1911, Frederick Taylor inventa uma "organização científica do

trabalho" que tem por finalidade principal aumentar a produtividade reduzindo a

"ociosidade" dos operários. Segundo ele, uma relação de cooperação entre

patrão e trabalhadores permitirá acelerar os benefícios de um e os ganhos de

outro.

Apoiado por outros estudiosos, Taylor trabalhou durante anos em sua

'Oficina" fazendo experiências, a fim de aperfeiçoar e aplicar os princípios. Porém

na prática, os líderes industriais, em sua maioria, aproveitaram somente os

princípios e práticas adequados ao aumento da produção e indiferentes as

necessidades dos trabalhadores. Eles encobriam as boas intenções e

contribuições dos fundadores da administração científica, mas este fato não

impediu o avanço desta nova mentalidade.

Em 1913, Hamington Emerson anuncia os 12 princípios da eficácia.

Três anos depois o francês, Henri Fayol, identifica 14: "autoridade, disciplina,

obediência e hierarquia”, mas também, "bondade, eqüidade e boa vontade junto

aos operários". Taylor e Fayol se complementam apesar de divergirem em pontos

essenciais como a unidade de comando, da qual Fayol não abdica.

Longe de um modelo participativo, aqui já notamos certa preocupação

em relação ao trabalhador que será acentuada com o aquecimento, a partir da

década de 20, do movimento de relações humanas cuja base de mudança está

na diminuição de conflitos na relação entre empregados e empregadores e na

Page 12: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … COSTA DO NASCIMENTO.pdf · onde estudiosos do assunto não acreditavam que administrar era uma arte sem ... objetivos que caracteriza-se

11

importância dada ao indivíduo, suas necessidades e outras variáveis como fator

determinante para obtenção da eficiência requerida.

Muitos nomes surgiram, desde então, para se contrapor ao

mecanicismo que imperava nas empresas. Num primeiro momento, acredita-se

que tudo começou com os Hawthorne Studies, pesquisa empreendida entre 1927

e 1932 na fábrica da Western Eletric em Hawthorne, Chicago, cujo maior defensor

foi Elton Mayo. Estudando as atitudes e comportamento de seus trabalhadores,

descobriu o "efeito Hawthorne", segundo o qual a produção melhora quando

acreditam que seus gestores se preocupam com seu bem estar. Mayo alertou

para a necessidade de canais de comunicação entre gestores e trabalhadores

para que estes se identificassem com os objetivos da empresa.

Estes estudos só seriam aproveitados plenamente mais tarde por um

grupo de pensadores que iriam formar a "escola de Relações Humanas" ou

Comportamental, nos anos 50 nos Estados Unidos. Muitos são os nomes

surgidos à luz do Behaviorismo que é considerado o segundo momento do

movimento de relações humanas, porém os que mais se destacaram foram:

Douglas MacGregor com sua grande contribuição para os estudos dos fatores da

motivação, a teoria X e Y; Abraham Maslow e sua famosa pirâmide da hierarquia

das necessidades; Frederick Herzberg que identificou os fatores higiênicos ou de

manutenção, por oposição aos fatores motivacionais; Warren Bennis que definiu a

diferença entre líderes e gestores e Chris Argyris cuja premissa é de que se as

organizações encorajarem os indivíduos a alcançar o seu pleno potencial, isso

será benéfico mutuamente.

Neste período denominado de Administração Neoclássica ou Era da

Industrialização Neoclássica, iniciado nos anos 50, a atenção está voltada às

responsabilidades da administração com a sociedade e o trabalhador e ao estudo

do comportamento dos trabalhadores dentro das organizações. O lucro continua

sendo o objetivo final, mas está sendo adicionada à fase econômica da filosofia

administrativa uma consideração social e ética. Cada vez mais o administrador

pensa e indaga a si próprio de que maneira sua empresa pode contribuir para o

bem estar social de seus empregados. Porém, mesmo diante de tantos avanços o

taylorismo ainda imperava.

Page 13: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … COSTA DO NASCIMENTO.pdf · onde estudiosos do assunto não acreditavam que administrar era uma arte sem ... objetivos que caracteriza-se

12

"Numa tentativa de compensar a negligência da interação humana na escola Clássica, a teoria neoclássica introduziu as ciências comportamentais nas idéias da administração. O raciocínio subjacente era que, visto que administrar envolve ter coisas feitas com, e através de pessoas, o estudo de administração precisa ser concentrado na compreensão das relações interpessoais." (Bowditch e Buono, 1992, p.10)

Pouco a pouco, a administração foi sendo reconhecida como uma

profissão. Há uma tendência clara em separar proprietários de administradores; a

isto segue-se o aperfeiçoamento do método "científico" da administração. Novos

conceitos, teorias, métodos e instrumento vão surgindo contribuindo cada vez

mais para a eficiência da máquina administrativa.

Em meio a esses avanços e transformações, que cada vez tornam-se

mais velozes, não podemos deixar de citar Peter Drucker, conhecido como o pai

da gestão que revolucionaria a história da gestão. Segundo ele, a gestão por

objetivos que caracteriza-se basicamente, por fixar objetivos específicos para as

pessoas que devem prestar conta do seu desempenho no fim de um período,

transforma as necessidades objetivas em ambições pessoais garantindo o

rendimento.

Assim como a "gestão por objetivos" de Drucker, muitos outros

conceitos e práticas, além dos já introduzidos no período clássico, foram sendo

introduzidos nas organizações: o planejamento de empresa, o planejamento

estratégico, a gestão estratégica e modelos diferentes de decisão.

Os avanços administrativos não param de acontecer. São

transformações cada vez mais rápidas que mal surgem e já aparecem outras

mais inovadoras. É a Era da Informação iniciada em torno de 1990 e que impera

até os dias atuais. A velocidade com que as informações cruzam o mundo é

quase inacreditável. E, felizmente, como não poderia deixar de ser, as

transformações administrativas refletiram diretamente na Administração de

Recursos Humanos (ARH).

Graças aos estudos e experimentos, desde o movimento das relações

humanas, hoje os trabalhadores são vistos com outros olhos e a administração,

puramente científica, introduz conceitos humanistas às suas práticas e atitudes.

Page 14: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … COSTA DO NASCIMENTO.pdf · onde estudiosos do assunto não acreditavam que administrar era uma arte sem ... objetivos que caracteriza-se

13

Já é possível, aos trabalhadores usufruir de seus direitos, ou pelo menos

reivindicá-los e suprir algumas de suas necessidades e anseios incentivado e

apoiado pela organização em que trabalha. Definitivamente, ele não é mais uma

máquina.

Porém, embora tais avanços sejam evidentes para todos que estudam

e acompanham e propiciam as transformações sociais, políticas e econômicas do

mundo , não podemos deixar de ressaltar que muitas empresas, principalmente

no Brasil, ainda insistem na prática de alguns modelos antiquados de

administração.

As multinacionais e empresas de grande porte é que são, efetivamente,

os grandes patrocinadores e destaques desta evolução, ainda que, de acordo

com Marras(2000, p.22) "Esses patrocínios(...) sempre foram, como ainda são

hoje, investimentos interessantes do ponto de vista da imagem da empresa e do

seu marketing político". Ao longo da história elas sempre foram as pioneiras em

inovação, incentivando e patrocinando pesquisas e experimentos que seriam, e

ainda são, imprescindíveis às práticas administrativas mais modernas tanto nos

aspectos funcional e estrutural como no comportamental.

Page 15: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … COSTA DO NASCIMENTO.pdf · onde estudiosos do assunto não acreditavam que administrar era uma arte sem ... objetivos que caracteriza-se

14

CAPÍTULO 2

A ARH E SUAS PRINCIPAIS TRANSFORMAÇÕES HISTÓRICAS

No decorrer do século XX, como pudemos constatar no capítulo

anterior, as organizações passaram por profundas transformações e mudanças

que marcaram três fases distintas: a Era da industrialização clássica, a Era da

industrialização neoclássica e a Era da informação que iniciou-se em 1990 e

estamos vivendo até os dias de hoje. Tais transformações atingiram todas as

áreas das empresas, e como não poderia deixar de ser, afetou igualmente, a área

de recursos humanos.

Na era da industrialização clássica, as pessoas eram consideradas

recursos da produção, assim como todos os outros recursos organizacionais; as

regras e regulamentos internos objetivavam disciplinar e padronizar o

comportamento dos trabalhadores. Neste contexto centralizado e burocrático a

"ARH" era tradicionalmente denominada por Relações industriais.

Porém, embora ainda muito devagar, o mundo estava mudando e ao

final da segunda guerra mundial, tais mudanças começam a se intensificar. E

entramos na chamada era da industrialização neoclássica. Era em que o formato

das estruturas e processos organizacionais, vão se tornando cada vez mais

inflexíveis e burocráticos para acompanhar o ritmo das mudanças mais e mais

aceleradas e antiga concepção de RI vai aos poucos sendo substituída,

aproximadamente em 1950, pela Administração de Pessoal .

"Já não se tratava de apenas intermediar os desentendimentos e reduzir os conflitos , mas sobretudo, administras as pessoas de acordo com a legislação trabalhista vigente e administrar os conflitos que surgissem espontaneamente." (Chiavenato, 1998, p.18)

Page 16: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … COSTA DO NASCIMENTO.pdf · onde estudiosos do assunto não acreditavam que administrar era uma arte sem ... objetivos que caracteriza-se

15

Aos poucos, as pessoas começam a ser valorizadas, mesmo que ainda

como recursos, porém agora, não mais como "apêndices das máquinas ". Uma

nova concepção em torno do trabalhador surge, e ele passa a ser encarado como

o recurso humano da empresa, fundamental para o sucesso organizacional.

Neste contexto surge a ARH que embora não tenha se libertado completamente

de alguns conceitos antigos ela vai ser o ponto de partida efetivo para as novas

concepções surgidas no novo milênio.

"Hoje, com o advento do terceiro milênio, com a globalização da economia e o mundo fortemente competitivo, a tendência que se nota nas organizações bem sucedidas é de não mais administrar recursos humanos, nem mais administrar as pessoas, mas sobretudo, administrar com as pessoas (...) Assim, parece-nos melhor falar em Administração de Pessoas para ressaltar a administração com as pessoas - como parceiros - e não sobre as pessoas - como meros recursos." (Idem)

Atualmente, vivemos a "era da informação" e em algumas empresas,

principalmente de grande porte, já observamos uma nova tendência: a

Administração Estratégica de Recursos Humanos de acordo com a visão de

Marras; ou Gestão de Pessoas, Gestão de Talentos Humanos e até Gestão com

as pessoas segundo Chiavenato. Apesar das diversas denominações, todas têm

em comum a nova configuração e responsabilidades que elevam está área ao

nível estratégico dentro das organizações.

2.1 – O PERFIL DO PROFISSIONAL DA ÁREA ONTEM E HOJE

Naturalmente, o perfil do profissional também sofreu grandes

mudanças, à medida que a área passava por transformações. À administração

científica criada por Taylor seguiu-se, o francês Fayol que introduziu pela primeira

vez nas organizações a clássica divisão das funções do administrador que

Page 17: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … COSTA DO NASCIMENTO.pdf · onde estudiosos do assunto não acreditavam que administrar era uma arte sem ... objetivos que caracteriza-se

16

seriam: planejar, organizar, coordenar, comandar e controlar. Funções bem

definidas, porém pouco flexíveis na relação empregador-empregado.

Nesse período em que o trabalhador era apenas um recurso a mais

para aumentar a produção, sob uma administração rígida, é que foi introduzida a

função de pessoal, propriamente dita; Como não existisse nenhuma preocupação

com o trabalhador, a única preocupação era de que eles tivessem boa saúde para

agüentar as jornadas que podiam chegar até 18 horas diárias.

Neste contexto foi inserida a função de chefe de pessoal que era

basicamente "contabilizar" horas trabalhadas, faltas e atrasos para efeitos de

pagamento ou desconto, e entradas e saídas. A função de chefe de pessoal, era

vista como de 'confiança' do patrão, e por isso a pessoa que a exercia, dentro das

organizações, era respeitada e temida. Ir para o DP (Departamento de Pessoal)

foi, e ainda é em algumas empresas aqui no Brasil, sinônimo de punição ou

demissão.

Mas, na proporção em que surge o movimento de relações humanas,

e principalmente na fase 'Behaviorista' em que são inseridos os primeiros estudos

sobre liderança, motivação humana, autocratismo e democracia no trabalho, o

chefe de pessoal é levado a rever seus valores e atitudes e começa, ainda que

com dificuldades, a exercer novas funções.

Aos poucos, o chefe de pessoal, além de contabilizar começa a se

envolver com as questões legais e sindicais que vão surgindo na década de 30

até os anos 50, e também com as pessoas que trabalham na organização. Neste

período, o profissional da área era preferencialmente, um advogado.

Aparentemente esses avanços que não foram muito significativos em

relação as outras áreas das organizações, podem sugerir transformações

grandiosas no papel exercido pelo até então chefe de pessoal. Porém, na

verdade, a velocidade das transformações de forma efetiva está muito aquém da

realidade, pois o chefe de pessoal ainda conserva sua visão tecnicista,

mecanicista e burocrática. Como em todo processo de mudança, ele vai precisar

de um tempo para assimilar definitivamente seu novo papel dentro das

organizações.

A denominação Gerente de Recursos Industriais (GRI), surge na

década de 50, na mesma época em que a Escola de Relações Humanas estava

Page 18: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … COSTA DO NASCIMENTO.pdf · onde estudiosos do assunto não acreditavam que administrar era uma arte sem ... objetivos que caracteriza-se

17

em alta. Nos anos 60, a denominação (GRI) é trazida para o Brasil dos E.U.

juntamente com a indústria automobilística por Jucelino Kubitschek.

É, sem dúvida um grande momento para ARH que foi definitivamente

ligado à área de ciências humanas. Nesta ocasião, as empresas já passam a

requerer dos profissionais da área, uma leve visão humanista para exercer a

função de GRI.

Entre os anos de 1965 e 1970, a função recebe novas

responsabilidades com diversas subáreas, embora ainda em nível operacional. É

exigido do profissional uma visão holística e multidisciplinar, mas também há a

necessidade, mais uma vez, de que ele conheça profundamente os aspectos

legais e trabalhistas em função do surgimento do movimento sindical. Podemos

verificar aqui o retorno dos advogados, embora com visão humanista bem

aprofundada.

Passada a fase áurea do sindicalismo, após 1985, as empresas

retomam os aspectos humanistas e "(...) exigia-se do ARH um perfil cognitivo que

lhe permite analisar cenários multidisciplinares dos indivíduos, não mais como

simples trabalhadores assalariados(...)" (Marras, 2000, p.30). O até então GRI

passa a ser denominado por Gerente de Recursos Humanos (GRH), agora com

novas responsabilidades e papéis de ordem cada vez mais humanísticas,

ocupando o nível tático na pirâmide organizacional.

No quadro 1 apresentamos um resumo que situa de forma clara e

objetiva a evolução das responsabilidades, bem como as denominações do

profissional de RH desde a aparição do chefe de pessoal nas empresa até os

últimos tempos:

Page 19: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … COSTA DO NASCIMENTO.pdf · onde estudiosos do assunto não acreditavam que administrar era uma arte sem ... objetivos que caracteriza-se

18

ÁREAS DE RESPONSABILIDADE DA FUNÇÃO DE PESSOAL

Chefe de pessoal Gerente de RI Gerente de RH

Até 1950 De 1950 a 1970 De 1970 até 1999

Controles de freqüência Controles de freqüência Controles de freqüência

Faltas ao trabalho Faltas ao trabalho Faltas ao trabalho

Pagamentos Pagamentos Pagamentos

Admissões e Demissões Admissões e Demissões Admissões e Demissões

Cumprimento da CLT Cumprimento da CLT Cumprimento da CLT

Serviços gerais Serviços gerais

Medicina e Higiene Medicina e Higiene

Segurança Patrimonial Segurança Patrimonial

Segurança Industrial Segurança Industrial

Contencioso Trabalhista Contencioso Trabalhista

Cargos e Salários Cargos e Salários

Benefícios Benefícios

Recrutamento e Seleção Recrutamento e Seleção

Treinamento Treinamento

Avaliação de Desempenho

Qualidade de Vida

Desenvolvimento Gerencial

Relações Trabalhistas

Sindicalismo

Desenvolvimento Organizacional

Estrutura Organizacional

Quadro 1. Fonte: Marras, 2000, p.25.

Page 20: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … COSTA DO NASCIMENTO.pdf · onde estudiosos do assunto não acreditavam que administrar era uma arte sem ... objetivos que caracteriza-se

19

Sob uma visão mais e avançada, o GRH vai evoluir para o DRH,

passando assim, a exercer influência direta no planejamento estratégico das

empresas e, com isso voltando sua atuação para o nível estratégico. Neste caso

as subáreas serão mantidas, pois somente a forma de administrá-las é que sofre

mudanças.

É bem verdade que esta visão (estratégica da ARH) mais recente,

ainda é privilégio de algumas multinacionais e empresas de grande porte,

principalmente em nosso país. Apesar da evolução comprovada do perfil do

profissional da área e dos diferentes cargos e suas responsabilidades, é

necessário adaptar o perfil e o cargo à realidade cultural e estrutural de cada

empresa o que, certamente, não invalida tal evolução, mas pressupõe que nem

todas as empresas encontram-se no mesmo nível de atuação no que se refere à

ARH.

De um modo geral, porém dentro de uma visão mais atual, dentre as

principais características de atuação do "novo" profissional de RH destacamos:

1. A habilidade em desenvolver e ampliar suas competências técnicas e humanas

e de conhecimento do negócio, para com precisão, poder diagnosticar e

prognosticar necessidades da organização e surpreender seus clientes internos

que na realidade são todos as pessoas que nela atuam, incluindo a direção;

2. A capacidade em pesquisar, avaliar, aprender e porque não dizermos, "criar"

métodos simplificados de prevenção e solução de problemas potenciais,

adequando alternativas de solução às características de cada cliente interno e

ao escopo de cada situação;

3. "Ser facilitador", ou seja, compartilhar alternativas de solução, estabelecendo

relações de envolvimento que pressuponham o comprometimento e

reconhecimento de seus clientes internos, conquistando a credibilidade

necessária para poder em parceria, viabilizar e suportar as decisões;

4. A primazia por introduzir políticas e práticas criativas de comunicação e

marketing de serviços, identificadas com as estratégias da organização e que

visem a descentralização, participação, educação e treinamento, gestão

autônoma de políticas pelo corpo gerencial, racionalização de estrutura de

serviços e equilíbrio da relação custo/benefício de suas intervenções.

Page 21: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … COSTA DO NASCIMENTO.pdf · onde estudiosos do assunto não acreditavam que administrar era uma arte sem ... objetivos que caracteriza-se

20

2.2 – AS FASES EVOLUTIVAS DA GESTÃO DE PESSOAL

É possível destacarmos cinco fases com características bem definidas

no que diz respeito a evolução da gestão de pessoal desde seu surgimento dentro

das organizações, como mostra a figura 2:

Fig.2 Fonte: Marras, 2000, p.26.

Considerada o marco da evolução, a fase contábil caracterizava-se

pela preocupação única com os custos. Os trabalhadores eram visto sob o

enfoque contábil. Era preciso contabilizar principalmente as entradas e saídas dos

trabalhadores para efeito de pagamento por sua mão-de-obra. Obviamente, não

existia aqui nenhuma preocupação com remuneração justa pelo trabalho.

Na fase legal é que surge o chefe de pessoal cuja função seria bem

parecida com as da fase anterior se não fosse pelo acréscimo de mais uma

responsabilidade: manter sob controle o cumprimento das leis da era getulista

impostas pela CLT.

O aparecimento de responsabilidades como as de recrutar e

selecionar, treinar, descrever cargos e salários, cuidar da higiene e segurança no

trabalho, beneficiamento dos trabalhadores e outros, é a mais significativa

CONTÁBIL

LEGAL

TECNICISTA

ADMINISTRATIVA

ESTRATÉGICA

Antes 1930

1930 a 1950

1950 a 1965

1965 a 1985

1985 a atual

Page 22: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … COSTA DO NASCIMENTO.pdf · onde estudiosos do assunto não acreditavam que administrar era uma arte sem ... objetivos que caracteriza-se

21

característica da fase tecnicista, juntamente com a vinda do modelo americano de

gestão de pessoal trazido, nesta ocasião para o Brasil dando a função de pessoal

um status de gerência embora ainda em nível operacional-tático.

A fase administrativa tem como principal característica as "revoluções"

movidas pelos trabalhadores impulsionados pelo movimento sindical. Aqui

encontramos a figura do gerente de RH cujo papel está cada vez mais voltado

para os indivíduos e suas relações com os sindicatos, sociedade etc.

Por último e mais recente, observamos a fase estratégica que como o

próprio nome sugere, caracteriza-se pela participação estratégica e efetiva do RH

no planejamento estratégico da empresa com a finalidade maior de atuar

diretamente na busca dos resultados da empresa direcionando de forma

adequada as pessoas certas para o lugar certo dentro da empresa e dando

suporte necessário aos colaboradores para atingir os resultados esperados.

Page 23: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … COSTA DO NASCIMENTO.pdf · onde estudiosos do assunto não acreditavam que administrar era uma arte sem ... objetivos que caracteriza-se

22

CAPÍTULO 3

A ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA DO RH

Entre as principais transformações ocorridas nas funções da ARH nas

empresas a partir dos anos 90, encontramos o papel estratégico , que embora

considerado ainda uma tendência pela grande maioria em nosso país, é sem

dúvida até o momento, o que mais revoluciona as antigas concepções da área.

Ainda que sejam mantidas algumas concepções técnicas da ARH,

torna-se imprescindível ao alcance efetivo dos resultados do negócio e

simultaneamente, dos objetivos individuais dos funcionários, que o RH atue

estrategicamente a partir do planejamento estratégico organizacional, num

modelo descentralizado de gestão.

A então denominada AERH ou Gestão de Pessoas possui uma

proposta muito diferente daquela oferecida pela ARH. Enquanto a segunda

baseia-se na atuação operacional e tática, a primeira fundamenta-se em uma

atuação estratégica e não mais se posiciona em linha nos organogramas das

empresas. O "RH estratégico" assume a posição de staff e tem como função

principal a de assessorar aqueles que se encontram no topo da organização e dar

suporte aos gerentes de linha para que estes possam gerir suas equipes com

bases nos objetivos traçados pela empresa. Enquanto o modelo tradicional de

ARH é tido como "gerador de despesas ao prestar serviços, o estratégico gera

lucro ao otimizar os resultados" (Marras, 2000, p.322).

Na realidade as antigas tarefas da ARH estão mudando, e a área que

antes era uma prestadora de serviços especializados em RH, passa

gradativamente, a prestar consultoria interna aos gerentes preparando-os e

orientado-os em suas relações com o seus subordinados. A nova proposta é que

estes gerentes passem a ser os novos gestores de pessoal dentro das empresas,

Page 24: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … COSTA DO NASCIMENTO.pdf · onde estudiosos do assunto não acreditavam que administrar era uma arte sem ... objetivos que caracteriza-se

23

visto que são eles que detêm o maior conhecimento, ou pelo menos deveriam,

das pessoas que com eles trabalham sugere-se que ele também deve ser

responsável pelo treinamento e desenvolvimento, desempenho e satisfação

dessas pessoas.

"No modelo descentralizado, a área de RH oferece produtos e serviços aos gerentes e a unidade de RH passa a ser uma unidade de negócio dentro da organização. Como tal, deve gerar lucro para a empresa e atender aos clientes internos dentro do conceito de consultoria interna." (Chiavenato,1999, p.23)

3.1 – CONCEITO DE GESTÃO DE PESSOAS

Para definirmos o que vem a ser a Gestão de Pessoas é necessário

tomarmos por base tudo o que foi dito no capítulo anterior e, fundamentalmente, a

interdependência entre a organização e as pessoas. Apesar de Chiavenato não

se utilizar do termo AERH como o faz Marras, fica claro que o que ele denomina

de Gestão de Pessoas está inserido dentro da concepção estratégica citada por

Marras.

"Os objetivos da Gestão de Pessoas ou ARH passaram a ser estratégicos (...) Contudo a ARH é uma responsabilidade de linha e uma função de staff, o que requer compartilhamento entre os especialistas de RH e os gerentes de linha”. (Ibidem, p.24)

Porém independente dessa questão estratégica, finalmente as pessoas

estão sendo valorizadas por seus conhecimentos e habilidades e reconhecidas

como elementos essenciais nas organizações, e por outro lado, as pessoas

começam a reconhecer a organização como o lugar onde elas podem atingir seus

objetivos individuais e pessoais. Segundo Chiavenato (Ibid., p.5) "Sem

organizações e sem pessoas certamente não haveria a Gestão de Pessoas".

Na concepção da Gestão de Pessoas, as pessoas que trabalham nas

organizações são vistas como verdadeiros parceiros do negócio. Acionistas e

Page 25: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … COSTA DO NASCIMENTO.pdf · onde estudiosos do assunto não acreditavam que administrar era uma arte sem ... objetivos que caracteriza-se

24

investidores, empregados, clientes e fornecedores, todos atuam conjuntamente,

contribuindo com algum recurso na expectativa de obter um retorno justo pela sua

contribuição e a organização por sua vez, consegue, desta forma, todos os

recursos necessários para alcançar seus resultados.

Era comum, até bem pouco tempo, e infelizmente ainda o é dentro da

realidade de muitas empresas brasileiras, as organizações privilegiarem os

acionistas e investidores. Mas está visão, já está, ainda que lentamente, sendo

substituída por outra mais sistêmica e integrada de todos os parceiros do negócio.

De acordo com Chiavenato "a Gestão de Pessoas se baseia em três

aspectos fundamentais, a saber: as pessoas como seres humanos, as pessoas

como ativadores inteligentes de recursos organizacionais e ainda, como parceiros

da organização" (Ibid., p.7). A falta de capital foi, por muitos anos, vista como o

principal obstáculo ao desenvolvimento das empresas. Entretanto, acredita-se

hoje que o principal determinante para a empresa chegar ao resultado desejado

está diretamente relacionado a sua competência em recrutar e manter a força de

trabalho adequadamente.

"(...) é a função na organização que está relacionada com provisão, treinamento, desenvolvimento, motivação e manutenção dos empregados”. (Ibid., p.8)

Sendo assim, conclui-se que o conceito básico da Gestão de Pessoas

é administrar com as pessoas e não mais as pessoas, numa relação de parceria,

de maneira que elas façam dos objetivos e metas da empresa, os seus.

Empresários e colaboradores em busca de um mesmo resultado que após

alcançado reflete em ganhos para ambas as partes.

3.2 OBJETIVOS E PROCESSOS DA GESTÃO DE PESSOAS

A Gestão de Pessoas possui vários objetivos que estão voltados a um

principal: proporcionar meios que possibilitem à empresa atingir os resultados

esperados, com eficácia a partir da atuação eficaz das pessoas que nela

trabalham.

Page 26: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … COSTA DO NASCIMENTO.pdf · onde estudiosos do assunto não acreditavam que administrar era uma arte sem ... objetivos que caracteriza-se

25

Para tanto, o profissional desta área deve ser fundamentalmente, o

responsável por "colocar" as pessoas certas no lugar certo dentro das empresas,

manter estas pessoas e ajustá-las de maneira mais adequado às necessidades

da empresa para atingir metas e objetivos traçados. Tudo isto sem, no entanto,

deixar de atender as necessidades de auto-realização e satisfação dessas

pessoas.

As atividades da Gestão de Pessoas são essencialmente as mesmas

nestes últimos 30 anos: análise e descrição de cargos, avaliação de desempenho,

recrutamento e seleção, Higiene e segurança no trabalho etc. Assim como a

antiga ARH refere-se às políticas e práticas necessárias para administrar o

trabalho das pessoas que para a administração mais moderna da área pode ser

resumida em seis processo básicos.

Porém, na nova visão, utiliza-se dessas atividades para levar e manter

os funcionários dentro da empresa, conscientes e comprometidos com os

objetivos e metas estabelecidos, bem como com a missão e visão do negócio,

dentro de uma abordagem sistêmica contrária à antiga departamentalização,

numa organização em rede em que as equipes estão voltadas para processos.

A empresa agora deve ser vista como um todo numa visão holística, e

os objetivos não devem mais ser atingidos por cada departamento isoladamente,

todas as áreas , inclusive a de Gestão de Pessoas devem estar interligadas e

focadas num mesmo objetivo que é, na realidade o objetivo da organização. Cada

vez mais exige-se que a organização mantenha seu foco nos processos e não

nas tarefas.

De acordo com Chiavenato "os seis processos básicos da Gestão de

Pessoas são os seguintes: agregar, aplicar, recompensar, desenvolver, manter e

monitorar pessoas" (Ibid, p.12). Estes processos se inter-relacionam e se

influenciam mutuamente e quando ocorre alguma falha, esta irá refletir no

processo seguinte, além do que, eles são desenvolvidos de acordo com o que

exige as influências externas (ambiente) e internas (organização). Isto reafirma

que nenhum desses processos pode ser desenvolvido ou aplicado isoladamente.

Page 27: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … COSTA DO NASCIMENTO.pdf · onde estudiosos do assunto não acreditavam que administrar era uma arte sem ... objetivos que caracteriza-se

26

CAPÍTULO 4

TEORIA X PRÁTICA NAS EMPRESAS BRASILEIRAS

Até o presente momento, mostrou-se a evolução por que passou a

ARH, e ainda está passando, tendo em vista os novos papéis que estão surgindo

e as tendências apresentadas. Mas fato é que toda está incontestável evolução

se deu na maior parte das empresas brasileiras de grande porte ou

multinacionais. Mesmo Chiavenato no seu livro "Gestão de Pessoas" em que cita

exemplos vivos da execução de práticas modernas de RH dentro das

organizações, relaciona em sua maioria, empresas brasileiras de grande porte e

multinacionais, ou de médio em plena ascensão. Isto significa que apesar das

transformações e mudanças ocorridas na área de RH e no perfil deste

profissional, ainda é grande o número de empresas brasileiras, principalmente de

pequeno e médio porte que não acompanharam efetivamente esta evolução.

Apesar destas informações não serem facilmente encontradas em

livros, pode-se fazer tais afirmações a partir de entrevistas realizadas a

profissionais da área e de experiências pessoais. Nas entrevistas constata-se

facilmente o interesse desses profissionais pelas práticas modernas e avançadas,

e por meio de cursos específicos procuram estar sempre atualizados embora, a

grande maioria não encontre incentivo ou apoio por parte da empresa para

realizar tais cursos e muito menos aplicam os novos conhecimentos adquiridos

nas empresas onde trabalham.

Grande parte dos entrevistados foi unânime em dizer que ainda há

muito o que fazer no que diz respeito a cultura da empresa que ainda se encontra

inflexível, resistente às mudanças e com valores muito conservadores.

Planejamento estratégico, visão de futuro, missão, políticas, objetivos e metas,

quase nada, ou nada disto é levado em consideração e o RH ainda é visto como

Page 28: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … COSTA DO NASCIMENTO.pdf · onde estudiosos do assunto não acreditavam que administrar era uma arte sem ... objetivos que caracteriza-se

27

gerador de despesas numa posição de linha e tão centralizador quanto o foi chefe

de pessoal em seu surgimento.

Porém, mesmo que diante de tantas dificuldades, também encontra-se

diante deste mesmo cenário de resistência à atuação plena de RH, empresas de

médio porte, revendo seus valores e conceitos e principalmente, quebrando seus

velhos paradigmas. Algumas já percebem os novos papéis do RH e se esforçam

para mudar sua realidade por meio de um processo extremamente difícil de

reavaliação.

Em consultoria prestada a uma empresa de médio porte, durante um

ano, também tive a oportunidade de presenciar as mais variadas dificuldades por

ela enfrentadas. E uma das tarefas mais difíceis foi , sem dúvida, alavancar um

processo árduo de mudança na cultura da empresa. Nesta empresa o RH

resumia-se a um Departamento de Pessoal com atividades essencialmente

legalistas. Muito pouco se tinha feito até então pelo bem estar das pessoas que

nela trabalham, mas aos poucos esta realidade foi se transformando e alguns dos

processos realizados na área de RH foram sendo implantados. Tempos depois,

tive conhecimento de que nada foi muito mais além do que já se tinha feito, mas

a empresa nunca mais foi a mesma depois que seus funcionários foram

reconhecidos como "colaboradores" dentro de uma gerência mais participativa.

Ainda falta muito para falarmos em "parceiros do negócio", mas é preciso persistir.

Esta experiência que certamente é apenas um pequeno exemplo entre

tantos outros de que tenho conhecimento, mostra, com clareza, que enquanto

organizações realizam as práticas mais modernas na área de Gestão de Pessoas

dentro, inclusive, de uma abordagem estratégica, ainda existem aquelas que mal

se utilizam das antigas práticas da ARH. A evolução da área se deu de forma tão

desordenada que ainda é possível encontrar no Brasil, empresas de médio porte

com práticas essencialmente relacionadas ao Departamento de Pessoal.

"(...) ser enviado ao Departamento de Pessoal foi por muitos anos sinônimo de estar sendo chamado para receber o bilhete azul. Por muitos anos os funcionários tiveram esse sentimento, e, talvez, em muitas empresas ainda hoje, persista. No Brasil, com certeza." (Marras, 2000, p.21)

Page 29: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … COSTA DO NASCIMENTO.pdf · onde estudiosos do assunto não acreditavam que administrar era uma arte sem ... objetivos que caracteriza-se

28

CONCLUSÃO

Nos primeiros capítulos deste trabalho descreveu-se algumas das

transformações e mudanças mais significativas na Administração como um todo

e, também, na área de Recursos Humanos. Verificou-se por meio desta descrição

que a ARH possui fases evolutivas bem definidas da função de pessoal e, em

conseqüência, mudanças efetivas se deram no perfil do profissional da área.

Desde a revolução industrial até nossos dias, a área de RH não parou

de evoluir destacando-se, atualmente, em função do reconhecimento por parte

das organizações de que são as pessoas que nelas trabalham as verdadeiras

responsáveis pelo sucesso dos resultados do negócio.

Atualmente o antigo RH é denominado de Gestão de Pessoas, Gestão

de Talentos e muitos outros. Mas o que percebe-se é que independente das

variadas denominações, sua abordagem estratégica com uma visão holística da

organização é a grande marca de seu mais novo papel. Surge assim a

Administração Estratégica de Recursos Humanos, uma nova tendência que,

embora ainda muito recente e por isto mesmo não bem sedimentada, traz uma

concepção inovadora e muito promissora para as empresas.

Porém, em meio a tantos avanços é preciso esclarecer que apesar da

incontestável evolução da área de RH, ainda existem no Brasil um grande número

de empresas de pequeno e médio porte que não acompanharam tal evolução.

São empresas que, em sua maioria têm profissionais conscientes do seu novo

papel e dispostos a inovar, porém são impedidos de o exercerem em virtude de

uma cultura conservadora e arcaica.

A estas empresas ainda há um longo caminho a percorrer para que de

fato, se possa falar numa evolução da área de forma plena. Afinal reconhecer

que as pessoas que nela trabalham, não nada a ver com seu porte, mas sim com

Page 30: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … COSTA DO NASCIMENTO.pdf · onde estudiosos do assunto não acreditavam que administrar era uma arte sem ... objetivos que caracteriza-se

29

o reconhecimento de que estas pessoas são a empresa viva, e delas depende o

resultado que a empresa quer alcançar.

Page 31: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … COSTA DO NASCIMENTO.pdf · onde estudiosos do assunto não acreditavam que administrar era uma arte sem ... objetivos que caracteriza-se

30

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos. São Paulo: Atlas, 1998. (edição

compacta)

___________. Gestão de Pessoas. São Paulo: Atlas, 1999.

BOWDITCH, James L. e BUONO, Anthony F.. Elementos de Comportamento

Organizacional . São Paulo: Pioneira, 1992.

JUCIUS, Michael J. e SCHLENDER, William E.. Introdução à Administração.

São Paulo: Atlas, 1986.

MARRAS, Jean Pierre. Administração de Recursos Humanos. São Paulo:

Futura, 2000.

Page 32: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE … COSTA DO NASCIMENTO.pdf · onde estudiosos do assunto não acreditavam que administrar era uma arte sem ... objetivos que caracteriza-se

31

A N E X O S