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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO “A VOZ DO MESTRE” DISLEXIA DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM E DE COMPROMETIMENTO DO DESENVOLVIMENTO ESCOLAR MARSELE FAGUNDES PEREIRA ORIENTADORA MARY SUE PEREIRA Niterói Julho/2005

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO “A VOZ DO MESTRE”

DISLEXIA – DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM E DE

COMPROMETIMENTO DO DESENVOLVIMENTO ESCOLAR

MARSELE FAGUNDES PEREIRA

ORIENTADORA MARY SUE PEREIRA

Niterói

Julho/2005

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO “A VOZ DO MESTRE”

DISLEXIA – DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM E DE

COMPROMETIMENTO DO DESENVOLVIMENTO ESCOLAR

MARSELE FAGUNDES PEREIRA

“Trabalho monográfico apresentando como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Psicopedagogia”.

Niterói

Julho/2005

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Dedico esta obra a Deus que me iluminou e me deu

vida, energia, inteligência e fé;

A professora Mary Sue que me orientou;

Aos que dedicam afeto: amigos, colegas e alunos;

Aos que vão usar as técnicas aqui estudadas;

E principalmente a você que está lendo esta

dedicatória.

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Aos meus pais

À você que compartilharam meus ideais e os

alimentaram, incentivando-me a prosseguir nesta

jornada, fossem quais fossem os obstáculos, a

vocês que mesmo distantes mantiveram-se sempre

ao meu lado, lutando comigo.

Dedico a minha conquista com mais profunda

admiração, carinho e respeito. Sou o que sou hoje,

a custa de seus sacrifícios, ofereço à vocês...

Sejam, pois estas palavras, a expressão de minha

gratidão e imenso amor e carinho por vocês.

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“Bons professores têm uma boa cultura acadêmica

e transmitem com segurança e eloqüência as

informações em sala de aula. Os professores

fascinantes ultrapassam essa meta. Eles procuram

conhecer o funcionamento da mente dos alunos

para educar melhor. Para eles, cada aluno não é

mais um numero na sala de aula, mas um ser

humano complexo, com necessidades peculiares”.

Augusto Aury

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.......................................................................................pág.08

1- A DISLEXIA.......................................................................................pág.10

1.1 – Definição........................................................................................pág.10

1.2 – Tipos de dislexia.............................................................................pág.15

1.3 – Disortografia, Disgrafia, Discalculia como patologia associada.....pág.15

1.4 – Outros aspectos a serem considerados da dislexia.......................pág.16

1.5 – As principais dificuldades de aprendizagem e sua intervenções

possíveis...........................................................................................pág.17

2 – QUADRO GERAL DE UM DISLÉXICO...........................................pág.20

2.1 – Quadro clínico................................................................................pág.20

2.2 – Quadro escolar..............................................................................pág.20

3 – DESENCADEANTES E ORIENTAÇÕES........................................pág.22

4 – A IMPORTÂNCIA DA LINGUAGEM PARA O DESENVOLVIMENTO

GLOBAL DO DISLÉXICO.....................................................................pág.24

4.1 – Transtornos característicos...........................................................pág.25

4.2 – Dificuldade na leitura.....................................................................pág.26

5 – DIAGNÓSTICO................................................................................pág.28

5.1 – Fique atento se o indivíduo apresenta alguns desses

sintomas.................................................................................................pág.30

5.2 - Estratégias com o Disléxico em sala de aula.................................pág.32

5.3 - Crianças Disléxicas e a Clínica Psicopedagógica..........................pág.33

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CONCLUSÃO........................................................................................pág.35

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................pág.37

BIBLIOGRAFIA.....................................................................................pág.38

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INTRODUÇÃO

A dislexia é um problema que vem sendo abordado já há algum

tempo e as muitas atenções de importantes estudiosos que sobre ela se

concentram podem ser explicada em virtude de tratar-se que uma questão

bastante controvertida, mas que consensualmente se admite exercer

influências negativas sobre o desenvolvimento escolar da criança, além de

acarretar o surgimento de outras patologias, especialmente a disortografia.

O problema é tão mais intrincado quanto mais se compreende que a

dislexia se configura como uma dificuldade para compreender a linguagem

escrita na ausência de deficiências intelectuais graves ou graves problemas

de visão. Basicamente, é interpretada como uma dificuldade para extrais dos

símbolos escritos um significado.

Sabe-se que o domínio da linguagem dá ao homem a possibilidade de

entrar em contato com o mundo circundante. Através dela, pode comunicar

desejos e sentimentos, fazer perguntas e perceber explicações. Além disso,

a linguagem facilita a organização e ordenamento do mundo que nos rodeia

e possibilita a compreensão do que esta longe, do passado e do que será

possível, bem como a sua transmissão, através dos tempos.

Ainda que a linguagem oral preceda em muito à linguagem escrita,

esta se torna um complemento natural e necessário àquela, muito

especialmente no mundo atual, onde a vida exige, a todo instante, que o

indivíduo compreenda instruções, se manifeste por escrito, siga normas que

são determinadas através do código lingüístico escrito.

Se considerarmos que, como para os deficientes a possibilidade de

orientação, a elaboração das impressões que recebe dos sentidos ou das

experiências diminuídas e que o aprender a falar significa já uma ajuda

importante para o seu desenvolvimento global, não será difícil aceitar que

ensiná-la a ler sendo portadora de dislexia representa um grande desafio.

Entender o fenômeno denominado dislexia e a patologia que mais

comumente ocorre junto com ela, dificultando muito o processo de

desenvolvimento escolar, dos alunos, independentemente, porém, de serem

ou não portadores de deficiência mental.

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Na última década, os diretores escolares, os legisladores, os

professores e os demais responsáveis políticos da Educação necessitam de

informações válidas, não de opiniões como ponto de referência para fazerem

os seus julgamentos e tomarem as suas decisões. Todos os autores de

educação possuem um conceito muito subjetivo do que é uma criança ou um

jovem com dificuldades de aprendizagem, sem contudo se avaliar os seus

fundamentos científicos.

As crianças com dificuldades de aprendizagem continuam a vaguear

pendularmente entre a educação especial a e educação regular, quer em

termos de diagnóstico, quer de intervenção ou de apoio psicoeducacional.

As crianças e jovens com dificuldades de aprendizagem, para serem

identificadas como tal, deveriam implicar a observância de uma gama de

atributos e características cognitivas e comportamentais que deveriam

constituir uma “taxonomia educacional”, e consubstanciar com propriedade

uma definição teórica estável.

O resultado das observações procedidas como dados coletados em

fontes bibliográficas constitui a minha conclusão deste estudo uma grande

lição de vida: a lição de amor à criança com dificuldade, e o reconhecimento

do lugar que lhe cabe nesta sociedade.

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1 – A DISLEXIA

1.1 – Definição

DIS – distúrbio

LEXIA – (do latim) leitura; (do grego) linguagem.

DISLEXIA – dificuldade na leitura e escrita

Aprendemos a definição mais utilizada na atualidade

“Dislexia é um dos muitos distúrbios de aprendizagem.

É um distúrbio especifico da linguagem, de origem

constitucional caracterizado pela dificuldade de

decodificar palavras simples. Mostra uma insuficiência

no processo fonológico. Estas dificuldades de

decodificar palavras simples não são esperadas em

relação à idade. Apesar de submetida à instrução

convencional, adequada inteligência, oportunidade de

sócio-cultural e não possuir a instrução convencional e

sensoriais fundamentais, a criança falha no processo

de aquisição da linguagem. A dislexia é apresentada m

varias formas de dificuldade com as diferentes formas

de linguagem, freqüentemente incluídos problemas de

leitura, em aquisição a capacidade de escrever e

soletrar”.

O termo dislexia é aplicado, geralmente às dificuldades de

aprendizagem de leitura relacionada à identificação, compreensão, e

interpretação dos símbolos gráficos de leitura.

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“As verdadeiras dislexias são distúrbios circunscritos

que resultam de limitações sensoriais discretas ou de

anomalias na organização dinâmica dos circuitos

cerebrais, responsáveis pela coordenação viso-

auditivo-verbal, que asseguramos complexo ato de

percepção e compreensão da linguagem escrita. A

criança, portanto, não é capaz de realizar um

comportamento de realizar um comportamento léxico

eficaz partindo das formas e do esquema de exercícios

que habitualmente, levam o aluno a adquirir o

mecanismo da leitura”.

O termo dislexia de evolução é mais utilizado para insistir no fato que

essas dificuldades de aprendizagem da leitura desaparecem totalmente ou

parcialmente, ao longo da evolução do individuo.

Identificar, pois, prontamente uma dislexia de evolução é prestar à

criança, aos pais e aos professores, ajuda inestimável.

A dislexia é relacionada com padrões neurológicos imaturos e pouco

diferenciados, resultando em dificuldade perceptivas, distúrbios de imagem

corporal, de identificação tempo-espacial, de relações com objetos, déficits

específicos na formação de símbolos envolvendo imagens auditivas, visuais

e cinéticas, desorientação na lateralidade e demos perturbações na área

conceitual.

Segundo estatísticas feitas em vários paises, a dislexia é, geralmente

hereditária e 5% à 10% das crianças a apresentam, diminuindo a

percentagem com a idade, sendo mais encontrada no sexo masculino.

Essas crianças são incapazes de ler com a mesma facilidade que

seus colegas da mesma idade, embora possuem inteligência normal, saúde

e órgãos sensórias perfeitos, estejam em estado emocional considerado

normal, tenham motivação normal e instrução adequada. Vale ressaltar que,

ao que parece, por trás desses problemas específicos de aprendizagem,

existe sempre um fator biológico, hereditário, isto é, há uma tendência de a

mesma dificuldade ocorrer em outros membros da família.

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No estudo da dislexia é importante que se distinga: é síndrome

quando se trata da dislexia de evolução ou especifica; é sintoma quando

decorre de outro quadro patológico, como por exemplo, nos casos de

oligofrenias, perturbações mentais e neurológicas.

Os disléxicos em geral, apresentam déficits no domínio da percepção,

da motricidade, da organização tempo-espacial; da capacidade de

globalização, no domínio esquema corporal na dominância lateral, e ainda,

distúrbios de atenção, da memória, alterações da relação figura-fundo.

Os disléxicos não têm enfermidades graves neurológicas e déficits

sensoriais graves. Embora tenha uma acuidade auditiva normal, tem

dificuldades em distinguir sons parecidos com p, b, d, t, f, v, m, n. na

repetição dos grupos de sons registram-se generalizações, invasões,

omissões ou incapacidade de reproduzir aproximadamente a palavra. Esses

distúrbios da percepção auditivas podem levar a criança a um atraso no

desenvolvimento da linguagem e como, em geral, apresentam também

dificuldade de analise dos elementos, a percepção de palavras e frases, fica

prejudicada. Como a linguagem falada e escrita tem muita relação entre si, a

criança disléxica começa a apresentar dificuldades de ortografia. Vários

distúrbios dos disléxicos consistem em dificuldades de analise e de síntese,

sobretudo dos excitantes auditivos e visuais, por exemplo, dificuldade de

perceber fonemas isolados ou sucessão de fonemas, símbolos gráficos

isolados ou sucessão de símbolos, podem resultar de memorização

deficiente de correspondência entre um som e outro ou sucessão de sons.

NOVAES, se refere à má estruturação do espaço no disléxico como

manifestação da dificuldade em situar a diversas partes dos seu corpo, umas

em relação às outras. As noções de alto, baixo, em frente, atrás, e,

sobretudo, a direita e esquerda, são confundidas, o que no domínio da

leitura leva a confusão entre certas letras como: p, q, b, d, u, n, p. O olhar da

criança disléxica não segue a direção esquerda - direita, mudando em

segundos, varias vezes de direção. As omissões de letras e de palavras

podem também ser resultado do defeito de organização de percepção visual.

Os disléxicos saltam freqüentemente de uma linha para outra no

decorrer da leitura, enganam-se de linha, quando devem voltar a extrema

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esquerda da pagina, sendo comum seguir de leitura com o dedo, adotar um

sistema de leitura silábica, precipitada, entravada, a todo instante pelas

dificuldades que encontra, inventando palavras. Tendo dificuldades na

leitura, presta pouca atenção ao que leu, o que impede que conte o que leu,

conhece mal o valor dos sinais de pontuação, não os respeitam, em geral.

É necessário distinguir os termos de disortografia e disgrafia. O

primeiro refere-se ao erro de transformação do som no símbolo gráfico

correspondente, ao passo que disgrafia, refere-se ao motor de escrever, o

que resulta em grafias confusas e indecifráveis.

Destaca-se ainda que muitos disléxicos são superativos,

desorganizados e distraídos, que poderá ser atribuído a pressões e tensões

internas e externas ou estado ansioso grave que bloqueia a sua normal

atividade.

Ao contrário dos que muitos pensam, a dislexia não é um resultado de

má alfabetização, desatenção, desmotivação, condição sócio-econômica ou

baixa inteligência. Ela e uma condição hereditária com alterações genéticas,

apresentando ainda alterações no padrão neurológico.

É comum confundir-se a incapacidade para a leitura com a

incapacidade para o aprendizado, resultando erros de diagnostico e de

tratamento.

Segundo Olívia Porto, dislexia é a incapacidade de aprender a ler de

um individuo que possui a capacidade intelectual necessária. A dislexia

representaria um tipo especial de imaturidade cerebral, na qual se atrasaria

a função de reconhecimento visual e auditivo dos símbolos verbais. Sua

natureza consiste em uma base neurológica. Parece haver no mapeamento

uma área específica relacionada às dislexias, mas não existe sinal de dano

cerebral em testes (disfunção).

Entendemos por dislexia específica ou dislexia de

evolução um conjunto de sintomas reveladores de uma

disfunção parietal (o lobo do cérebro onde fica o centro

nervoso da escrita), geralmente hereditária, ou às

vezes adquirida, que afeta a aprendizagem da leitura

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num contínuo que se estende do leve sintoma ao

sintoma grave. A dislexia é freqüentemente

acompanhada de transtornos na aprendizagem da

escrita, ortografia, gramática e redação. A dislexia afeta

os meninos em uma proporção maior do que as

meninas.

Dessa forma, o termo dislexia se refere a um distúrbio de

aprendizagem que atinge crianças com dificuldades especificas de leitura e

de escrita. Até pouco tempo, a criança que apresenta um desnível em sua

aprendizagem era considerada incapaz de seguir um ritmo escolar desejado.

Ainda hoje, muitas crianças ao apresentarem inversões ou espelhamento de

letras na leitura e / ou escrita, assustam os pais e o professor, que por sua

vez não sabem como lidar com essas dificuldades, gerando frustrações,

desinteresse e ate mesmo afetando a auto-estima desse aluno.

Precisamos estar atentos a essas crianças, pois ao nos depararmos

com um aluno que tem em seu histórico repetência, demora para aprender a

ler e escreve, dificuldade em soletrar, associar símbolos em seqüência,

nomear objeto, entender tabuada, podemos estar diante de um DISLEXO.O

importante neste momento, não é tentar resolver o problema e sim detectar

e encaminhar a profissionais que conhecem e convivam com esse tipo de

distúrbio. A partir daí a escola tem que ser sensível e competente para que

nunca deixe que esta criança seja humilhada, nem privada de suas

descobertas, levando-as sempre a descobrir suas habilidades e seu caminho

próprio do aprender.

Assim, que conseguirmos ajudar uma criança disléxica, podemos não

chamá-la de preguiçosa ou desleixada, não compará-la com a outros, não

exercer pressão sobre ela e nem exigir leitura em voz alta diante de parentes

e amigos sem o seu consentimento. Devemos sim incentivar nas coisas que

gosta e faz bem feito, se alegrar e valorizar o seu esforço em fazer algo,

estimulá-la a observar sempre as palavras e falar francamente sobre suas

dificuldades, levando-a a reconhecer que pode fazer inúmeras coisas bem

feita.

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1.2 – Tipos de Dislexia

Autores consultados indicam a existência de dois tipo de dislexia:

a) Dislexia adquirida: referente a pessoa originalmente com leitura

normal, isto é, que não tiveram problemas no aprendizado da leitura,

mas, mais tarde, por causa de algum tipo de dano em seu cérebro,

perderam essas habilidades de ler ou pelo menos acharam bem mais

difícil do que anteriormente fazer isto. Isto pode acontecer através de

convulsões, meningite, queda de cabeça, etc...

b) Dislexia do desenvolvimento: é a dislexia propriamente dita; ela

acompanha a criança no seu desenvolvimento, isto é, a criança já

nasce com a disfunção.

1.3 – Disortografia, Disgrafia, Discalculia como patologia

associada à dislexia

A disortografia é a incapacidade de apresentar uma escrita correta,

com o uso adequado dos símbolos gráficos. A criança não respeita a

individualidade das palavras. Junta palavras troca silabas e omite silabas e

palavras.

A disortografia pode ser o primeiro ou o único achado de exame em

caso de dislexia leve não examinado logo no inicio, podem ter havido, mas já

desaparecido, as dificuldades à leitura.

Os erros comuns são os de omissão, supressão de letras mudas ou

vogais (Bndt por Benedito, por exemplo).

É comum a tendência à união de duas ou mais palavras em uma só,

mas pode verificar-se também a divisão de uma palavra que o disléxico

escreve em duas partes.

Quanto à pontuação, pode haver dificuldade na colocação de virgulas.

Disgrafia é a dificuldade na utilização dos símbolos gráficos para

exprimir idéias. Caracteriza-se pelo traçado irregular das letras e pela má

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distribuição das palavras no papel. A criança consegue copiar um texto,

porém quando esse mesmo texto é ditado, ou então quando esse texto é

uma dissertação, surgem sérios problemas de escrita.

Discalculia é o termo usado para indicar dificuldade em matemática. O

aluno pode automatizar os aspectos operatórios (as quatro operações,

contas, tabuada), mas encontra dificuldade em aplicá-los em problemas. Ás

vezes não consegue entender o enunciado do problema, porque tem

dificuldade na leitura do mesmo, “para os disléxicos graves e para as

crianças com DCM, até as operações tornam-se difíceis, porque eles

invertem os números ou então sua seqüência. A criança com DCM luta na

escola contra a intolerância dos colegas e professores e em casa contra a

impaciência dos familiares. Quando seu nível mental é bom, ela consegue

superar essas perturbações, mas poderão persistir alguns sintomas como

hiperatividade, desajeitamento, desorientação espacial, dislexia, disgrafia,

discaluculia.

1.4 – Outros aspectos a serem considerados na dislexia

A leitura orienta no sentido de que deficiências sensórias leves

(percepção visual e ou auditiva) respondem em certa medida pelos

problemas inerentes À dislexia.

A evidência onde encontramos casos de dislexia em indivíduos

emocionalmente perturbados, onde o problema deve ser investigado a partir

da constatação de distúrbios de conduta. Percebe-se em problemas dessa

ordem, a incidência de fatores sociais – ausência de estímulos em casa – e

bilingüismo.

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1.5 – As principais dificuldades de aprendizagem e suas

intervenções possíveis

A intervenção reeducativa tradicional tem sido essencialmente

centrada, na maioria dos casos, em métodos de origem francesa (por

exemplo, Borel-Maisonny, Chassagny, Freinet entre outros.), que usam

atributos e variáveis de produto, com pouca atenção sobre outras variáveis

de processo, também importantes à luz do processo ensino-aprendizagem.

Os métodos pedagógicos-reeducativos de leitura, escrita (ortografia) e

de cálculo tendem a ser empíricos e, por vezes, inconscientes e ambíguos,

sem qualquer teoria ou racional aprofundado que o enquadrem.

Freqüentemente apresentam-se sem objetivos, sem estratégias de

mediatização e de interação, sem conteúdos psicolingüísticos (fonológicos,

semânticos, sintáxicos, etc.) e sem rotinas psicofuncionais, cognitivas e

metacognitivas compensativas e subaquisições da leitura: síntese, análise,

compreensão, ideação, etc.), bem como sociais, sem técnicas de

comportamento e sem enfoque direto em outras variáveis significativas da

aprendizagem.

Em distúrbios de aprendizagem:

(...) o desenvolvimento é um processo contínuo. É

preciso, portanto, um certo grau de relacionamento

entre todas as funções, além de uma linguagem interior

já adquirida, para chegar à escrita e à leitura(...)

Para a escrita ocorrer é necessária uma ação conjunta das seguintes

aptidões:

a) discriminação auditiva;

b) composição e decodificação dos sons;

c) discriminação visual;

d) organização e orientação dos elementos no espaço;

e) seqüência temporal;

f) coordenação dos movimentos finos;

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g) conhecimento e controle do próprio corpo;

h) noção de lateralidade;

É difícil fazer uma classificação dos distúrbios que prejudicam a

aprendizagem, uma vez que não existe uma definição do que seja um

distúrbio de comportamento, nem que seja um comportamento considerado

normal. Qualquer definição de mudança ou variação de um comportamento

será sempre relativa ao ambiente cultural, social e histórico que cerca o

individuo. Se este apresenta um modo de agir com as mesmas

características do comportamento da maioria dos outros elementos do seu

grupo social, essa maneira de atuar é considerada normal. Caso ele se

afaste das regras ou normas sócias estabelecidas, isto é, dos padrões do

grupo, seu comportamento é considerado anormal.

A criança tem distúrbio de comportamento quando ela

apresenta desvios da expectativa de comportamento

do grupo etário a que pertence. Ou seja, quando ela

não esta ajustada aos padrões da maioria desse grupo

e, portanto, seu comportamento é perturbado, diferente

dos demais. Nesse caso a criança pode até sofrer

punições por parte de seus companheiros ou de seus

superiores. E muitas vezes seu comportamento pode

se manifestar como um problema para a sua

aprendizagem.

Às vezes a criança mais adiantada que a grande maioria de seu grupo

pode parecer anormal. Há muitos relatos de gênios que foram considerados

pessoas diferentes, excêntricas, estranhas, fora dos parâmetros normais de

seu grupo, e até mesmo loucos. Portanto, quando o comportamento de uma

criança não é socialmente aceito, ou seja, quando não esta de acordo com

as normas sociais estabelecidas, ela não é considerada normal.

Todos os distúrbios – da fala, da audição, emocionais do

comportamento etc, - tem sua origem em causas diversas, porém todos eles

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se constituem em obstáculo a aprendizagem, prejudicando-a ou mesmo

impedindo-a. São, portanto, problemas dentro do processo de ensino –

aprendizagem.

Ao médico, ao psiquiatra, ao psicólogo clinico escolar ou ao terapeuta,

interessam as causas desses distúrbios, sua origem, seus sintomas e, se

possível, seu tratamento.

O educador se preocupa com a aprendizagem.

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2 – CARACTERÍSTICAS DE UM DISLÉXICO

2.1 – Quadro clínico

O quadro clínico de um disléxico inclui:

Þ Falta de atenção, com esforço maior para superar dificuldade e

atenção instável;

Þ Desinteresse pelo estudo, provocado pelo esforço seguido de

fracasso; marginalização, em face de baixo rendimento, pelo

professor, mar, e outros filhos; posição adotada pela familia (proteção

excessiva, rejeição, escolar mais fraca em outros);

Þ Inadaptações pessoais, submetida a testes projetivos eles revelam

insegurança, vaidade e teimosia.

2.2 – Quadro escolar

Um indivíduo disléxico, impreterivelmente apresenta o seguinte

quadro em sua vida escolar:

a) Dificuldade gerais

Þ dificuldades para ler e escrever;

Þ discordância entre a inteligência e a produção da leitura;

Þ progressos na leitura e escrita diferente do restante do grupo;

Þ progressos de leitura e escrita diferentes dos verificados em

outros conteúdos;

Þ desinteresse pela leitura.

b) Alterações lingüísticas

Þ expressão pobre (vocabulário reduzido);

Þ compreensão difícil de textos;

Þ categorias gramaticais mal empregadas (tempo, gênero, numero,

pessoa, flexões verbais).

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c) Dificuldades gerais na leitura

Þ lenta e defeituosa;

Þ inventa e omite palavras;

Þ pula uma ou mais linhas ao fazer o transporte para a linha

seguinte;

Þ incapacidade de compreender o que lê;

Þ dificuldades de obedecer pontuações.

A dislexia, segundo Jean Duboiser Alli, é um defeito de aprendizagem

da leitura caracterizada por dificuldades na correspondência entre símbolos

gráficos, às vezes mal reconhecidos, e fonemas, muitas vezes, mal

identificados, como observamos nas características dos disléxicos citados

acima.

No entanto a dislexia, para a lingüística, assim, não é uma doença,

mas um fracasso inesperado (defeito) na aprendizagem da leitura.

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3 – DESENCADEANTES E ORIENTAÇÕES

PEREIRA orienta no sentido de que, em além das condições

inerentes ao próprio individuo, existem fatores educacionais que podem

contribuir para o desencadeamento da dislexia, a saber: erros pedagógicos,

método precário de alfabetização, constante troca de professores.

Diz REBELO que a baixa freqüência (talvez produzida por aulas

pouco interessantes) também pode responder, de algum modo, para que o

aluno tenha problemas em seu processo de aprendizagem de leitura e

escrita.

Por trás do fracasso escolar ou da evasão, sempre há fortes indícios

de dificuldades de aprendizado relacionadas à linguagem. Nos casos de

abandono escolar, em geral, também, verificamos crianças que deixam a

escolar por enfrentarem dificuldades de leitura e escrita. A dispedagogia, isto

é, o desconhecimento por partes dos professores, pais e gestores

educacionais, do que é dislexia e suas mazelas na vida da criança e dos

adultos também só piora a aprendizagem da leitura de seus alunos.

Diante de uma criança com dificuldades no aprendizado da leitura e

da escrita, a sua reeducação reclama pela observância de alguns princípios

básico, a saber:

a) Os métodos denominados “globais” devem ser substituídos por um

sistema mais fonético ou analítico-sintético para os casos de dislexia;

b) A progressão que vai desde as tarefas mais simples até as mais

complexas deve desenvolver-se lenta e gradualmente;

c) A aprendizagem visual deve ser reforçada através de outros canais

sensoriais; assim, deve ensinar-se à criança disléxica a diferenciar a

forma de uma letra ou palavra, a expressar o símbolo em voz alta, a

percorrer o contorno com os dedos;

d) O material selecionado para leitura, objetivando o ensino da mesma,

deve ser estimulante e interessante para a criança;

e) O emprego de brinquedos que tenham letras e palavras escritas deve

ser estimulado e interessante como uma maneira de ludoterapia

auxiliar;

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f) O ensino deve ser individual e intensivo.

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4 – A IMPORTÂNCIA DA LINGUAGEM PARA O

DESENVOLVIMENTO GLOBAL DO DISLÉXICO

Sabendo que um lactante saudável consegue levar a pessoa que dele

cuida a estimular, quase inconscientemente, o seu desenvolvimento global

e, portanto, o desenvolvimento efetivo da fala, através da maneira como se ri

para ela, olha para ela e a toca. Os deficientes mentais, contudo têm essa

capacidade de contato reduzida, acresce-se que eles aprendem menos

espontaneamente. Em face disso, ficam eles fortemente dependentes da

estimulação e da orientação a fim de que possam aprende. É, pois, dentro

da área das tarefas pedagógicas de estimulação precoce, necessário um

desenvolvimento sistemático da fala.

Durante o desenvolvimento infantil, há períodos em que a criança

adquire determinadas capacidades com especial facilidade, se lhe forem

fornecidos os necessários estímulos. Em criança deficiente, essa

estimulação se for reforçada nesses momentos, leva a resultados muito

maiores do que esforços tardios. Os estímulos de desenvolvimento

orientados dão-nos a possibilidade de atingir mais rapidamente o grau de

desenvolvimento seguinte. Não se pode esperar, portanto, que a maturação

leve a essas capacidades, mas, pelo contrario, provocar o seu

amadurecimento.

O desenvolvimento da linguagem tem que estar em estreita ligação

com o desenvolvimento emocional e da percepção, cuja estimulação deve

começar logo nos primeiros dias de vida.

A simbologia dos objetos que acontecem através da fala, segundo o

citado autor, pressupõe uma relação com os mesmos objetos. A efetivação

das relações com os objetos só se pode estimular indiretamente através de

uma estimulação das percepções visuais, acústicas e táteis e por meio de

uma ajuda na construção das relações afetivas e, por isso, os exercícios de

estimulação verbal não devem ser executados isoladamente, mas sim

enquadrados num programa geral de estimulação.

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Como vamos percebendo por meio desta exposição, a linguagem oral

pode ser ativada na medida em que a criança recebe contínuos estímulos

das pessoas que a cercam, e quanto maiores os estímulos, maiores as

possibilidades de a criança estruturar mais precocemente a sua linguagem.

Entretanto, deve-se atender para o fato de que os exercícios da

função em si não devem adquirir demasiada importância; pelo contrario,

deve-se procurar que estes exercícios de enquadrem, tanto quanto possível

num conjunto cujo sentido a criança possa entender.

É preciso que a criança seja respeitada, considerando-se o seu

estagio de desenvolvimento efetivo, e não a sua idade cronológica, sob risco

de ao invés de conseguirmos ajudá-la, prejudicarmos o processo que lhe

seria peculiar.

4.1 – Transtornos característicos de leitura e escrita

A leitura consultada apresenta com unanimidade os seguintes

transtornos característicos de leitura e de escrita, com todos os autores

afirmam que os erros dos disléxicos são constantes:

a) Espelhamento (A criança não tem noção de direita e esquerda e/ou

em cima e baixo. Ela troca p/q ou b/d, como se estivesse escrevendo

num espelho);

b) Inversão: p/b e/ou d/q;

c) Rotação: p/d e/ou u/n;

d) Reversão (quando a ordem das letras é modificada em palavras:

sol/los; no/on; globo/goldo; por/pro);

e) Troca de letra de formas semelhante: j/g, m/n;

f) Troca de fonemas homorgânicos: t/d, b/p, f/v, k/g, s/z;

g) Omissão de letras ou silabas: entrenda/encontrando;

boboleta/borboleta;

h) Acréscimo: quando são acrescentadas letras ou com silabas

repetidos: mãe/mãae; banana/bananana;

i) Aglutinações: mamãe dápapá ao bebê;

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j) Associações de palavras: ma maeme a ma (mamãe me ama);

k) Distorções ou deformações: quando varias alterações prejudicam a

idéia do texto.

Quanto à escrita, temos certos transtornos a ela associados, com

rasuras excessivamente freqüentes, repassamento (cobre o erro) e

transtornos direcionais.

4.2 – Dificuldades na leitura

As dificuldades na leitura apresentam-se de diferentes maneiras, sem

que isto represente descontinuidade; mesmo que haja diferentes tipos de

atraso em leitura, deve haver também diferentes tipos de leitores normais.

As crianças com dificuldades de leitura são todas diferentes. Elas são

um grupo misto e caso um dos seus componentes se lança a seu modo à

tarefa de aprender a ler. O modo como as crianças lêem e escrevem muda à

medida que elas vão se aperfeiçoando. Se encontrar, portanto, um padrão

diferente entre o grupo de leitores ditos normais, que vai atingir um nível

mais adiantado, essa diferença pode ser meramente devida ao estagio de

leitura atingindo e não ter nada a ver com os problemas reais da leitura dos

leitores atrasados.

Um fato interessante, é que uma parte substancial dos atrasados em

leitura sofre uma dificuldade em isolar os sons nas palavras e frases.

Uma típica ocorrência nos indivíduos disfonéticos seria a leitura global

das palavras com pouca atenção às letras individualmente, sendo difícil

utilizar essa visão global para ler quaisquer palavras que não estejam no

vocabulário visual, ou seja, palavras que as pessoas não reconheça

imediatamente. Seu soletrar é deficiente e repleto de erros fonéticos

grosseiros, como remar por relembrar, mar por marmelada, etc.

Uma criança dita disfonética não é capaz de ler foneticamente, não

pode soletrar foneticamente.

O segundo grupo é o dos diseidéticos, cujos indivíduos não

conseguem se lembrar da aparência visual das palavras e, por isso, têm

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muita dificuldade de ler e de soletrar palavras que não podem ser

construídas letra por letra e som por som. A criança deseidética “lê de

ouvido”. Por exemplo, ela poderá não ler “gnomo” de jeito nenhum, ou ler

“guenomo”, ou “nomo”; poderá ler “para” como “parra”. Etc.

Quando a criança soletra, ela o faz foneticamente e os seus erros são

fonéticos (“maus” por “mãos”, por exemplo).

Deste modo ELLISA afirma:

Que os padrões de movimento oculares são fundamentais para a

leitura eficiente. São fixações nos movimentos oculares que garantem que o

leitor possa extrair informações visuais do texto. Porque isso ocorre!!!!!!!!

Existiriam assim fatores que influenciam ou determinam ou afetam a

facilidade ou dificuldade do reconhecimento de palavras, a saber:

a) Familiaridade

b) Repetição entre ortografia – som ou grafema-fonema

c) Significado e contexto

d) Regularidade de correspondência.

Existe ainda um terceiro grupo – o chamado grupo misto de atrasos

em leitura, os quais cometem ambos os tipos de erros anteriormente citados,

portanto parecendo sofrer de ambos os tipo de dificuldades.

Assinala-se que a diferença entre uma criança disfonética e uma

diseidética é que a primeira não consegue ler foneticamente e a segunda

não consegue guardar a imagem visual da palavra.

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5 – Diagnóstico

O diagnóstico deve ser feito por uma equipe multidisciplinar. Não

somente para se obter o diagnostico de dislexia, mas para se determinarem,

ou eliminarem, fatores coexistentes de importância para o tratamento. É de

grande importância que sejam obtidas informações sobre o potencial da

criança, bem como sobre suas características psiconeurológicas, sua

performance e repertorio já adquirido. É o que chamamos de avaliação

multidisciplinar e de exclusão.

A dislexia pode ser diagnosticada por processo de exclusão;

indiretamente, à base de elementos neurológicos, diretamente, à base da

freqüência e persistência de certos erros na escrita e na leitura.

Indicado o problema de rendimento escolar ou sintomas isolados, que

podem ser percebidos na escola ou mesmo em casa, deve-se procurar

ajuda especializada.

Uma equipe multidisciplinar, formada por psicóloga, fonoaudióloga e

psicopedagogia clínica devem iniciar uma minuciosa investigação. Esse

mesma equipe deve ainda verificar a necessidade do perecer de outros

profissionais, como neurologista, oftalmologista e outros conforme o caso.

Outros fatores deverão ser descartados, como déficit intelectual,

disfunção ou deficiência auditivas e visuais, lesões cerebrais (congênitas ou

adquiridas), desordens afetivas anteriores ao processo de fracasso escolar

(com os constantes fracassos escolares o disléxico irá apresentar prejuízos

emocionais, mas estes são conseqüência e não cause da dislexia), e outros

distúrbios de aprendizagem, como: o déficit de atenção, a hiperatividade

(ambos podem ocorrer juntas, é o DAAH – Déficit e Atenção e

Aprendizagem com Hiperatividade, lembrando que a hiperatividade também

pode ocorrer em conjunto com a dislexia).

Neste processo ainda é muito importante: tomar o parecer da escola,

dos pais e levantar o histórico familiar e de evolução do paciente. Essa

avaliação não só identifica as causas das dificuldades apresentadas, assim

como permite um encaminhamento adequado a cada caso, através de um

relatório por escrito.

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Conhecendo as causas das dificuldades e as potencias do individuo,

o profissional pode utilizar a linha que achar mais conveniente. Os

resultados irão aparecer de forma consistente e progressiva. O

acompanhamento profissional dura de dois a cinco anos, dependendo do

caso.

Ao contrário de que muitos pensam, o disléxico sempre contorna suas

dificuldades. Ele responde muito bem a tudo que passa para o concreto.

Tudo que envolve os sentidos é mais facilmente absorvido. O disléxico

também tem sua própria lógica, sendo muito importante o bom entrosamento

entre profissional e paciente.

Outro passo importante a ser dado é definir programa em etapas, e

somente passar a seguinte, após confirmar que a anterior foi devidamente

absorvida e sempre retomando as anteriores. É o que chamamos de sistema

multidisciplinar e cumulativo.

Também é de extrema importância haver uma boa troca de

informações, experiências e até sintonia dos procedimentos executados,

entre profissional, escola e familia.

Segundo as escolas mais modernas e os teóricos mais atualizados

em lingüística, o fenômeno da linguagem escrita não é a transição da

linguagem oral. Ele tem sua própria seqüência e deve ser adquirido como

uma nova linguagem; antes de tudo, com aspectos semânticos enfatizados e

não como simples decodificação e codificação, que requerem sínteses e

analise visual e auditiva, assim como discriminação tempo-espacial.

Os sintomas que podem indicar a dislexia, antes de um diagnostico

multidisciplinar, só indicam um distúrbio de aprendizagem, não confirmam a

dislexia. É não pára por aí. Os mesmos sintomas podem indicar outras

situações, como lesões, síndromes, etc. Então, como diagnosticar a

dislexia?

A equipe de profissionais deve verificar todas as possibilidades antes

de confirmar ou descartar o diagnostico de dislexia. É o que chamamos de

Avaliação Multidisciplinar e de Exclusão.

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Essa avaliação não si identifica as causas das dificuldades

apresentadas, assim como permite um encaminhamento adequado a cada

caso, através de um relatório por escrito.

No caso da dislexia, o encaminhamento orienta o acompanhamento

consoante as particularidades de cada caso, o que permite que este seja

mais eficaz e mais proveitoso, pois o profissional que assumir o caso não

precisara daquele tempo, (muitas vezes indeterminado) para identificação do

problema, bem como terá ainda acesso a pareceres importantes para o

caso. Conhecendo as causas das dificuldades e os potenciais do individuo, o

profissional pode utilizar a linha que achar mais conveniente. Os resultados

irão aparecer de forma consistente e progressiva. O acompanhamento

profissional dura de dois a cinco anos, dependendo do caso.

5.1 – Fique atento se o indivíduo apresenta alguns desses

sintomas:

v Pré-escolar:

Þ Imaturidade no trato com outras crianças;

Þ Fraco desenvolvimento de atenção;

Þ Atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem;

Þ Atraso no desenvolvimento visual;

Þ Dificuldades em aprender rimas e canções;

Þ Fraco desenvolvimento da coordenação motora;

Þ Dificuldades com quebra-cabeça;

Þ Falta de interesses por livros impressos.

O fato de apresentar alguns desses sintomas não indica

necessariamente que ela seja disléxica; há outros fatores a serem

observados. Porém, com certeza estaremos diante de um quadro que pede

uma maior atenção e / ou estimulação.

v Idade Escolar:

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Nesta fase, se acriança continua apresentando alguns ou vários dos

sintomas a seguir, é necessário um diagnóstico e acompanhamento

adequado, para que possa prosseguir seus estudos junto com os demais

colegas e não tenha prejuízos emocionais;

Þ Dificuldade na aquisição e automação da leitura e escrita.

Þ Pobre conhecimento de rima ( sons iguais no final das palavras)

e aliteração (sons iguais no inicio das palavras);

Þ Desatenção e dispersão;

Þ Dificuldade em copiar da lousa ou livros

Þ Dificuldade na coordenação motora fina (desenhos, pinturas, etc.)

e / ou grossa ( ginástica, dança, etc.)

Þ Desorganização geral (atraso na entrega de trabalhos escolares);

Þ Dificuldades visuais (desordem dos trabalhos no papel ou postura

da cabeça ao escrever);

Þ Confusão entre direita e esquerda;

Þ Dificuldade em manusear mapas, dicionários, listas telefônicas;

Þ Vocabulário pobre, com sentenças curtas e imaturas ou

sentenças longas e vagas;

Þ Dificuldade na memória de curto prazo, como instruções,

recados.

Þ Dificuldades em decorar seqüência, como meses do ano,

alfabeto.

Þ Dificuldade na matemática e desenho geométrico;

Þ Problemas de conduta como: retração, timidez excessiva,

depressão, ou menos comum, mas também possível, tornar-se o

“palhaço” da turma;

Þ Grande desempenho em provas orais.

Se não tratados, esses sintomas persistirão na fase adulta, com

possíveis prejuízos emocionais, além e sociais e laborais.

v Fase adulta:

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Se não teve um acompanhamento adequado na fase escolar, ou se

possível pré - escolar, o adulto disléxico ainda apresentará dificuldades:

Þ Continuada dificuldade na leitura e escrita;

Þ Dificuldade para soletrar;

Þ Memória imediata prejudicada;

Þ Dificuldades em nomear objetos e pessoas (disnomia);

Þ Dificuldade com direita e esquerda;

Þ Dificuldade em aprender uma segunda língua;

Þ Dificuldade em organização geral;

Þ Comprometimento emocional

5.2 - Estratégias com o Disléxico em sala de aula

Muitos professores, ao se depararem com os alunos que apresentam

dificuldades ou que não aprendem o conteúdo escolar, passam a se

questionar: “Por que isto acontece?”

A dislexia é um distúrbio de aprendizagem de origem constitucional e

apresenta seus mais marcantes quando a criança aprende a ler, pois é

caracterizada por uma disfunção na área de leitura e escrita do cérebro.

Sendo assim, nada mais lógico que os professores estarem

informados sobre este distúrbio, pois freqüentemente estarão em contato

com os alunos Disléxicos.

Pesquisas comprovam que 10% a 15% da população possui Dislexia.

Se levarmos em conta a porcentagem mais baixa, ou seja, 10%, e um

professor que leciona a dez anos em classes com uma média de 30 alunos,

trinta Disléxicos terão passado por ele e, se este professor não estiver bem

informado, em que ele pode ter auxiliado esse alunos? Ou os teria

prejudicado para sempre em suas vidas acadêmicas?

Varias são as conseqüências da Dislexia em sala de aula:

· O aluno vive levando broncas pelas notas baixas, tanto do

professor como da própria família;

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· Também leva broncas dos colegas, pois necessita fazer tudo no

concreto e demora mais que os outros;

· Muitas vezes torna-se o “palhaço” da classe, fazendo bagunça

para fugir das situações de leitura e escrita;

· Pode também se tornar o “fantasma” da turma, pois a professora

e os colegas só o perceberam quando este diz:”Até amanha”.

Desta forma também está fugindo das situações de leitura e

escrita

Assim, este aluno sente-se totalmente incapaz, sua auto-estima fica

prejudicada e, nem ele mesmo sabe por que os colegas aprendem e ele

não!

Este aluno Disléxico, normalmente, tenta, esforçar-se ao máximo,

mas, os resultados não aparecem e assim, muitas vezes é acometido de

dores de cabeça e mal estar pelo excesso de esforço em vão!

Alguns casos já passaram pelas minhas mãos, tanto como professora

de sala de aula quanto como professora particular. Em todos estes casos o

que mais me chamou a atenção foi a baixa auto-estima destes alunos, assim

como o desespero e confusão em que encontravam as mães destas

crianças!

5.3 - Crianças Disléxicas e a Clínica Psicopedagógica

Para os professores é um aluno desatento.

Para os pais: é preguiçoso

Ele mesmo considera-se “burro”

Preguiçoso, desligado,desorganizado são adjetivos que costumam

acompanhar o disléxico, fazendo parte de seu dia-a-dia. É como uma

vivência de múltiplos insucessos e com sua auto-estima bastante rebaixada

que a criança (ou adolescente) disléxica chega ao consultório do

psicopedagogo.

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Dificuldade na leitura e na escrita, letra ruim, troca de letras, lentidão

caracterizam-se esse distúrbio de aprendizagem. Essa criança com

inteligência, geralmente, acima da média, enxerga e ouve bem, se expressa

com fluência oralmente, no entanto, seu desempenho escolar não combina

com seu padrão geral de atuação.

O mais freqüente é os pais buscarem um psicopedagogo quando a

criança está com 10, 11 anos, iniciando a 5ª série. Nesta fase, enfrentam

múltiplas exigências, de diferentes professores e sua desorganização e

dificuldades na leitura e expressão escrita ficam muito evidentes.

Grande parte da intervenção psicopedagógica estará em buscar os

talentos – muitas vezes, escondidos – dessa criança; os fracassos, sem

dúvida, ela já os conhece bem; são constantemente explicitados na escola,

na família e entre seus pares. Outra tarefa da clínica psicopedagógica é

ajudar essa pessoa a descobrir modos compensatórios de aprender. Jogos,

leitura compartilhadas, atividades específicas para desenvolver a escrita e

habilidades de memória e atenção fazem parte do processo de intervenção.

Á medida que essa criança se percebe capaz de produzir poderá avançar no

seu processo de aprendizagem e iniciar o resgate da sua auto-estima.

No atendimento a qualquer criança com dificuldade de aprendizagem

se faz necessária uma parceria envolvendo o psicopedagogo, pais e a

escola. No caso da dislexia essa parceria é vital no processo de aprender da

criança. Muitas vezes, na escola, são necessários esclarecimentos sobre a

dislexia, e estratégias favoráveis ao seu desempenho acadêmico.

A dislexia é um distúrbio de aprendizagem que, por envolver áreas

básicas da linguagem, pode tornar árduo esse processo; porém, com

acompanhamento adequado, a criança pode redescobrir suas capacidades e

o prazer de aprender.

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CONCLUSÃO

A dislexia é uma síndrome pedagógica que se assinala pela

dificuldade de estabelecer coordenação entre símbolos e significado;

dificuldade de relacionar o sentido da palavra com o som e os símbolos

gráficos.

A própria definição de dislexia nos mostra que um aluno por ela

acometida terá sempre grande dificuldade no seu aprendizado escolar, haja

vista que a base para tudo, no nível de educação formal, está justamente na

leitura e na escrita.

Isto representa que um aluno, embora tenha inteligência comum, não

será capaz de resolver um problema de matemática pelo simples fato de não

conseguir ler o seu enunciado; entretanto, poderá fazê-lo se o professor ou

algum colega disser aonde se quer chegar com o problema proposto.

Este mesmo aluno pode sair-se muito bem numa argüição oral feita

pelo professor logo após verbalizar uma lição uma vez que ele pode não ter

qualquer problema de reter na memória aquilo que ouve; mas fracassará

com aquele mesmo conteúdo, se o professor, após ministrar sua aula,

distribuir folhas mimeografadas para que respondam as questões ali

representadas.

Além disso, o disléxico evidencia uma grande dificuldade para

escrever corretamente, pois comete reiteradamente os mesmos erros, o que

dificulta ao leitor compreender, de pronto, o que ele pretende dizer.

E esta dificuldade prejudica a aprendizagem de uma criança que não

seja deficiente mental, podemos imaginar, sem maiores esforços, o quanto

será penoso a um deficiente superá-la para poder tirar proveito do processo

escolar.

Contudo, vimos que, mediante um atendimento adequado, o quadro

de dificuldades dos disléxicos pode ser melhorado a um ponto em que ele

consegue fazer progressos em sua aprendizagem escolar.

Este é um trabalho que vem sendo realizado com grande êxito pelos

especialistas que atuam na APAE – SG, o que lhes exige um enorme

empenho, muita dedicação, amor e paciência para com a criança.

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Temos em nosso sistema de ensino muitas crianças normais que

estão sendo prejudicadas em sua aprendizagem por causa da dislexia e da

disortografia, sem que se mexa nem um dele para fazê-la ser atendida por

uma equipe dessa natureza.

Talvez porque seja mais fácil fazê-la repetir de ano, até que desista;

talvez porque não estejamos percebendo o seu problema. Não precisamos

fazer um grande esforço para ajudar esta criança: basta encaminhá-la

àquela equipe da APAE – SG. Ali ela receberá, com muito amor, tudo quanto

necessita para retornar seu ritmo de aprendizagem e se tornar uma criança

mais feliz.

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