44
nar o cabeçalho, apague em seguida <> <> <> <> UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE <> <> <> <> <> CONSUMO VERSUS IMAGEM CORPORAL <> <> <> Por: Thaís dos Santos Aquino <> <> <> Orientador Prof. Celso Sanchez Rio de Janeiro 2007

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

  • Upload
    doquynh

  • View
    214

  • Download
    1

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

nar o cabeçalho, apague em seguida

<>

<>

<>

<>

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

<>

<>

<>

<>

<>

CONSUMO VERSUS IMAGEM CORPORAL

<>

<>

<>

Por: Thaís dos Santos Aquino

<>

<>

<>

Orientador

Prof. Celso Sanchez

Rio de Janeiro

2007

Page 2: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE <>

<>

<>

<>

<>

CONSUMO VERSUS IMAGEM CORPORAL

<>

<>

<>

<>

<>

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em

Psicomotricidade.

Por: Thaís dos Santos Aquino

Page 3: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

AGRADECIMENTOS

A Deus que a cada dia me proporciona

força e coragem para ir além e atingir

meus objetivos profissionais e

pessoais.

Às minhas amigas do curso pelas

alegrias e tristezas compartilhadas

tanto em nossa vida afetiva quanto

profissional.

Page 4: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

DEDICATÓRIAS

Aos meus pais Benedito e Maria de

Lourdes pela confiança, apoio, estímulo,

dedicação que me deram para subir mais

um degrau em minha vida.

Aos meus irmãos, Tatiana e Thales, que

sempre contribuem com seus

conhecimentos e suas experiências de

vida.

Page 5: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

"Verifiquei que a vida persiste em meio à destruição. Deve existir, portanto, uma Lei superior à destruição. Únicamente sob esta lei poder-se-a conceber uma sociedade organizada e a vida digna de ser vivida. Se esta Lei é a Lei da existência, devemos praticá-la na rotina diária. Sempre que defrontarmos com um adversário, devemos conquistá-lo com amor."

(Mahatma Gandhi)

Page 6: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

RESUMO

Este estudo tem como objetivo analisar as interferências do consumo na

construção da imagem corporal de adolescentes. Adota-se o método

exploratório, com análise bibliográfica. Conceitua imagem corporal como

sendo uma experiência do corpo enquanto uma unidade. Sendo inseparável

da realidade circunstancial de cada momento e da individualidade de cada

pessoa. Reflete sobre o fenômeno do consumo pelo viés da Educação

Ambiental, propondo um novo estilo de vida pautado no consumo sustentável.

Relaciona consumo com a adolescência, ilustrando o poderio do marketing no

poder de compra dos adolescentes, bem como a influência que exerce na

imagem corporal dos mesmos. Aponta a Psicomotricidade Relacional como

uma intervenção na distorção da imagem corporal dos adolescentes. A

Psicomotricidade Corporal toca a globalidade do SER, garante a preservação

da sua saúde global, redimensiona seus valores dentro de um processo de

comunicação autêntico. Permite uma maior disponibilidade e autonomia diante

das atividades inerentes aos valores do homem, de sua vida relacional,

facilitando a afirmação do seu poder de construção na transformação social.

Prioriza a valorização da afetividade como sendo imprescindível para o

desenvolvimento da personalidade.

Page 7: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

METODOLOGIA

A metodologia adotada nesse estudo foi de caráter exploratório, tendo como

procedimento de coleta e seleção de dados consulta e análise em acervo

bibliográfico pertinente. Com o propósito de analisar as relações estabelecidas

entre o consumo e a sociedade atual e apontar caminhos que visem à

construção da imagem corporal de adolescentes pelo viés da Psicomotricidade.

Page 8: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................... 9

CAPÍTULO I - IMAGEM CORPORAL.............................................................. 13

CAPÍTULO II - CONSUMO

2.1 Refletindo sobre o fenômeno do consumo através da Educação Ambiental.........19

2.2 Consumo e adolescentes....................................................................................... 22

CAPÍTULO III - A INTERVENÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL

3.1 O que é Psicomotricidade Relacional?..............................................................28

3.2 A afetividade nas relações sociais..........................................................................31

CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 38

REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS.................................................................... 40

ANEXOS............................................................................................................42

ÍNDICE...............................................................................................................43

Page 9: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

INTRODUÇÃO

A escolha desse tema de investigação se deu pelo fato da pesquisadora

já ter iniciado em sua graduação, um estudo crítico sobre como a escola pode

contribuir para a transformação da práxis humana degradadora do ambiente.

Entretanto, o enfoque desse trabalho está pautado na relação entre a

Educação Ambiental e a Psicomotricidade, pois ambas buscam a melhoria da

qualidade de vida e o desenvolvimento das relações humanas.

Esse tema debruça-se na problemática de analisar as interferências que

o consumo vem proporcionando na construção da imagem corporal de

adolescentes. A interpretação, análise e melhor compreensão do objeto de

estudo têm por base teórica os estudos de BAUMAN (2001), SCHILDER

(1999), WALLON (1994), LAPIERRE (1988).

Portanto, este estudo tem como objetivo geral analisar as interferências

do consumo na construção da imagem corporal de adolescentes e tendo como

objetivos específicos definir imagem corporal; analisar criticamente as relações

estabelecidas entre o consumo e a sociedade atual; apontar caminhos que

visem à construção da imagem corporal de adolescentes pelo viés da

psicomotricidade.

A sociedade do século XXI demonstra-se narcisista, busca a imagem

estética à imagem corporal, que é exclusivamente constituída de afeto. As

relações afetivas estão sendo esquecidas, predominam as relações

profissionais. Não se têm amigos e sim contatos. Essa sociedade tenta suprir

suas carências através do consumo indiscriminado.

Page 10: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

De acordo com Bauman (2001) “uma sociedade de consumidores se

baseia na comparação universal – e o céu é o limite”. Enquanto uma

sociedade baseada no papel do produtor o principal cuidado é com a

conformidade, isto é, há um mínimo para a sobrevivência e um máximo com

que se pode sonhar, desejar e perseguir, contando com a aprovação social das

ambições, sem medo de ser desprezado, rejeitado e posto na linha. Já em

uma sociedade de consumidores o principal cuidado diz respeito à adequação:

a estar “sempre pronto”; a ter a capacidade de aproveitar a oportunidade

quando ela se apresentar; desenvolver novos desejos.

Consome-se visando à adesão a determinados valores (prestígios,

status), à possibilidade de distinção social, à satisfação das necessidades

fixadas culturalmente, à realização de desejos, o que gera um tipo de

consumidor impaciente, impetuoso, indócil, inquieto, instável, insatisfeito,

levando-o a acreditar que apenas o consumismo alivia o mal-estar, servindo

como um remédio para os males da alma, pois caso sinta-se mal: coma,

compre, gaste, sinta prazer em consumir incomensuravelmente. O consumo

passa a ser entendido culturalmente como sinônimo de bem-estar.

Entretanto, não se pode menosprezar o poderio e a capacidade de

criação de necessidades artificiais geradas pela publicidade que sob o ponto de

vista ambiental é altamente insustentável, pois exerce uma importante pressão

sobre o consumidor que o estimula a ter sempre “mais e mais”, a assumir

posturas de lealdade para com as marcas e “estilos de vida” (FURRIELA,

2000b, p.32).

Isso tudo faz com que os pais percam a autoridade sobre os filhos

devido às campanhas de marketing, que incubem valores materialistas nas

crianças. Independente do empenho dos mesmos em tentar impor limites, a

publicidade é mais forte. Há pessoas especializadas em explorar as fraquezas

infantis e a vincular campanhas muito agressivas na televisão. Contribuindo

Page 11: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

para o desenvolvimento de adolescentes que baseam seus argumentos na

seguinte frase “todo mundo tem, menos eu”. Oferecer tudo o que o

adolescente pede só porque ele leva em consideração o gosto dos amigos

pode fazê-lo perder o senso de individualidade.

Basear-se no discurso do TER e não do SER, proporciona indivíduos

que segundo Zöller (2004), são constituídos somente de desejos e expectativas

insatisfeitas ou queixas e frustrações eternas, e não podendo se auto-respeitar

nem respeitar os outros porque não há nada a ser respeitado.

A indústria corporal através da mídia encarrega-se de criar desejos e

reforçar imagens, padronizando corpos. Corpos que se vêem fora de medidas,

sentem-se cobrados e insatisfeitos. O reforço dado pela mesma em mostrar

corpos atraentes, faz com que uma parte da sociedade se lance na busca de

uma aparência física idealizada. Pode-se associar o corpo à idéia de consumo.

Em muitos momentos este corpo é objeto de valorização exagerada dando

oportunidade de crescimento no “mercado do músculo” e ao consumo de bens

e serviços destinado à “manutenção deste corpo”. Essa valorização excessiva

do corpo estimula os adolescentes e jovens a consumir compulsivamente

alimentos, bens e produtos da moda ou a aderir-se a dietas.

Na tentativa de ultrapassar essa visão reducionista, esse tema tem como

importância social analisar as relações estabelecidas entre o consumo e a

sociedade atual e apontar caminhos que visem à construção da imagem

corporal de adolescentes pelo viés da Psicomotricidade.

Para efeito de entendimento, o estudo foi organizado em três capítulos

dispostos da seguinte forma: I – Imagem Corporal – aborda diferentes

definições sobre a imagem corporal; II – Consumo – faz uma reflexão sobre o

fenômeno do consumo e as interferências do consumo da imagem corporal de

adolescentes; III – A intervenção da Psicomotricidade Relacional – conceitua a

Page 12: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

Psicomotricidade Relacional e faz um breve estudo sobre a afetividade

segundo a teoria de Wallon.

Page 13: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

CAPÍTULO I

IMAGEM CORPORAL

“A imagem corporal é a representação interna da aparência externa”

(THOMPSON, 1999)

A imagem sempre exerceu um encantamento, quer por transformar a

realidade - base material do mundo do homem - em representação, isto é,

transformar a realidade em uma outra forma de expressão, quer por investir de

magia o ato de ver.

As tentativas de compreender a imagem como uma cópia simplificada da

realidade, ou seja, enquanto reprodução daquilo que se vê e que, portanto,

cumpre a tarefa de estar em lugar da base material, estiveram durante muito

tempo dominadas pela fisiologia e pela física da visão.

Assim, ao se falar em imagem corporal pode acontecer de se pensar,

principalmente, no aspecto visual, da aparência do corpo. No entanto, as

imagens não são apenas visuais e a imagem do corpo inclui muitos fatores

além daquele da aparência.

As imagens não ocorrem necessariamente como memórias ou

imaginações de situações, são também representações de sensações e

processos de pensamento que se tem no presente. Segundo Damásio (1996

apud TURTELLI, 2003, p. 30), é principalmente através de imagens que

constantemente se apreende informações sobre o meio e sobre o corpo.

Formam-se imagens visuais, imagens sonoras, imagens olfativas, imagens de

Page 14: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

palavras, de ações, de esquemas relacionais, imagens somatossensoriais,

imagens de equações matemáticas e assim por diante.

Não existe entre os pesquisadores um consenso quanto ao conceito de

imagem corporal. Muitos abordam o assunto, mas não se referem a este

termo, enquanto outros abordam aspectos que fazem parte, ou relacionam-se

de perto, com a imagem corporal: auto-estima, consciência corporal e outros.

Tomando como base os estudos de Turtelli (2003, p. 38-51) encontram-se

diferentes definições do assunto, apresentadas a seguir.

Segundo Schilder (1999) – uma referência para muitos pesquisadores

da imagem corporal –, “entende-se por imagem do corpo humano a figuração

de nosso corpo formada em nossa mente, ou seja, o modo pelo qual o corpo se

apresenta para nós”.

Para o autor, figuração são produtos das imagens e interações que o

indivíduo dirige ao meio externo. Fala ainda que: ”nenhuma figuração deixa de

ser, ao mesmo tempo, desejo, ação e emoção (1999, p.193-194)”. E ressalta

que fazem parte da imagem corporal dados conscientes e inconscientes, que

as imagens não são apenas visuais, mas também motoras, que estão sendo

construídas a cada instante e que estão ligadas às experiências vividas

anteriormente.

Para Adame et al (1991), que conceitua imagem corporal como a

imagem que o indivíduo tem do seu corpo formado em sua mente, o modo

como corpo se apresenta para ele. Imagem corporal seria a auto-percepção, o

próprio conceito-corporal.

Conforme Lewis & Scannell (1995), definem que a imagem corporal é

formada por representações subjetivas da aparência física e da experiência

Page 15: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

corporal, respondendo a novos estímulos do ambiente e relacionando-se

intimamente à auto-estima.

De acordo com Radell e colaboradores (1993), definem a auto-imagem

como uma auto-atitude compreendida por três dimensões psicológicas ou

disposições em relação ao corpo de alguém: afetiva (avaliação), cognitiva

(atenção/importância), comportamental (ação).

Fischer (1990) enfatiza que imagem corporal não é apenas uma

construção cognitiva, como também um reflexo dos desejos, atitudes

emocionais e interações com os outros indivíduos.

Eilan, Marcel & Bermúdez (1998) refletem sobre o uso do termo imagem

corporal. Consideram que este termo vem sendo usado para indicar várias

dimensões diferentes que na visão dos autores não poderiam ser colocadas

juntas.

Segundo os autores, podem ser distinguidos três parâmetros ao longo

dos quais as conceituações de imagem corporal e de esquema corporal

variam:

• No conteúdo da representação (propriedades estruturais e físicas do

corpo, postura atual, aparência física, qualidades estéticas e assim por

diante);

• Tipo de representação, ou estado, que produz o conteúdo (experiências

perceptivas conscientes, imagens mentais conscientes, representações

que são a base para o conhecimento disponível das propriedades do

próprio corpo, representações inconscientes);

Page 16: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

• Propósito explicativo para o qual a representação está sendo colocada

(coordenação dos movimentos, consciência proprioceptiva da postura,

sentimento da localização das sensações, as várias desordens

neuropsicológicas da consciência corporal, a possibilidade da imitação

corporal e outros).

Shontz (1977) também critica a amplitude do uso do termo imagem

corporal. O autor coloca que a imagem corporal vem sendo definida de tantas

maneiras que perdeu seu significado específico e sua relação com outras

construções teóricas tem sido ignorada ou descrita tão imprecisamente que

suas propriedades têm sido ofuscadas ao invés de clareadas.

O pesquisador traz uma preocupação prática com a realidade das

pessoas que sofrem de distúrbios da imagem corporal e a dificuldade em se

encontrar na literatura científica "leis e princípios" que guiem descrições e

tratamentos para distúrbios da imagem corporal.

Shontz procura fazer entender o que é imagem corporal deixando claro o

que ela não é. Cita três idéias a respeito de imagem corporal que impedem

uma abordagem adequada do assunto:

1 – Imagem corporal não é um órgão do corpo. O autor ressalta que a imagem

corporal é fisiológica e também psicológica que pode ser modificada tanto por

alterações na estrutura corporal, quanto pelo aprendizado.

2 – Imagem corporal não é um desenho, uma fotografia ou um diagrama do

corpo. Se uma imagem (no sentido visual) do corpo fosse necessária para que

pudesse se locomover adequadamente, como explicar que um caçador

primitivo pudesse correr atrás de uma presa, sem nunca ter se visto no espelho

nem ter a capacidade de se reconhecer em uma fotografia? Para caçar, o

caçador não precisa literalmente se ver correndo atrás da presa.

Page 17: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

3 – Imagem corporal não é uma pequena pessoa que se tem na cabeça. A

imagem corporal está em estreita relação com a personalidade e com o

chamado "ego corporal". Este, interpreta as sensações corporais e acentua ou

diminui essas sensações dependendo de seu significado. Neste ponto de vista

corre-se o risco de acreditar que o "ego corporal", ao qual a imagem corporal

está intrinsecamente associada, corresponde a um ser dentro de si tomando

decisões independentemente de eventos observáveis externamente.

Campbell (1998 apud TURTELLI, 2003, p. 47) afirma que imagem

corporal é usada para “registrar o impacto do próprio comportamento nas

outras pessoas”. Assim o autor coloca a imagem corporal como ligada ao

próprio comportamento em relação ao outro.

Pruzinsky & Cash (1990), salientam que fazem parte das imagens

corporais percepções, pensamentos e sentimentos sobre o corpo e sobre a

experiência corporal. A imagem corporal é uma experiência “altamente

personalizada”.

Segundo os autores:

“A experiência corporal abrange a percepção de uma atitude a respeito da aparência, tamanho do corpo, posição espacial do corpo, fronteiras do corpo, competência do corpo e os aspectos relacionados ao gênero do corpo de uma pessoa. A atenção de um indivíduo pode mudar de um destes componentes para o outro, ou ficar simultaneamente em um ou mais níveis" (p. 338, apud TURTELLI, 2003, p. 49).

Os autores ressaltam que a experiência corporal de uma pessoa "não

está limitada ao domínio da aparência/estética corporal, mas inclui experiências

da sensação corporal, função, aptidão física e saúde/doença". E acrescentam

que as "experiências com relação ao corpo podem ocorrer em níveis

Page 18: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

conscientes, pré-conscientes e inconscientes da atenção" (p.339 apud

TURTELLI, 2003, p. 49).

Acredita-se que conceituar imagem corporal apenas como "a imagem do

corpo que forma-se na mente" pode dar margem a equívocos, pela tendência

que foi explicitada por vários autores em associar "imagem" apenas com um

componente visual, e imagem corporal apenas com aparência corporal. É

certo que na sociedade atual se lida com freqüência com a imagem no sentido

de aparência física, tanto nos espelhos quanto em fotos e vídeos, além de se

lidar com imagens de outras pessoas, não só "ao vivo", como através da

Internet, televisores, revistas, filmes e jornais. Além disso, a imagem do corpo

humano é largamente utilizada em veículos de publicidade, tanto nos meios

anteriormente citados, quanto em outdoors e nos rótulos de vários produtos

comercializados. Dessa forma, inevitavelmente tem um papel importante na

sociedade atual o componente de aparência física na construção da imagem

corporal. No entanto, não é só essa imagem externa e visual que forma a

imagem corporal.

Considera-se que ao se definir imagem corporal em apenas uma ou

duas linhas, corre-se o risco de gerar interpretações simplistas, que podem

acabar por distorcer a natureza do fenômeno.

Assim, segundo Schilder, a imagem corporal envolve sensações que são

dadas pelas terminações nervosas do próprio corpo, tanto periféricas quanto da

parte interna do corpo. Envolve uma experiência do corpo enquanto uma

unidade. Envolve a própria experienciação de si mesmo a cada instante, sendo

um tanto plástica e mutável, e está inevitavelmente ligada às experiências

anteriores, assim como aos desejos para o futuro. As inter-relações destes

fatores fazem imprimir significados diferentes a cada momento que se vivencia.

A imagem corporal é inseparável da realidade circunstancial de cada momento

e da individualidade de cada pessoa.

Page 19: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

CAPÍTULO II

CONSUMO

“A Terra tem o suficiente para todas as nossas necessidades, mas somente o necessário”.

(Mahatma Gandhi)

2.1 Refletindo sobre o fenômeno do consumo através da Educação Ambiental

O terceiro milênio tem provocado sentimentos contraditórios, pois ao

mesmo tempo em que se contemplam os avanços tecnológicos e científicos, a

eliminação das fronteiras entre as nações e a herança cultural deixada aos

novos da sociedade, ele também produz um misto de indignação e

apavoramento devido às alterações planetárias causadas pelo homem que

podem desencadear a sua própria extinção.

Estes sentimentos afloraram com a globalização da economia mundial,

considerada como a expressão máxima do capitalismo sem fronteiras, que

acentua as desigualdades sociais e culturais, pois empurra os indivíduos da

sociedade atual a manterem padrões de consumo que só contribuirão para

intensificar a degradação ambiental.

Segundo Bauman (1999, p.88), a sociedade atual ou pós-moderna

caracteriza-se como uma sociedade de consumo, pois é um tipo distinto e

separado de qualquer outra sociedade vista até aqui. Enquanto, a sociedade

moderna precisava engajar seus membros à condição de consumidores, a

Page 20: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

sociedade atual molda seus membros a desempenharem o papel de

consumidor, tendo como norma colocada a estes a capacidade e vontade de

desempenharem esse papel primeiro e acima de tudo.

Nesta sociedade a ordem econômica predominante é caracterizada pelo

consumo desenfreado, pela produção em série e pela distribuição massiva de

produtos e serviços.

Questionamentos e críticas são feitos sobre o modo de produção

industrial e o estilo de vida opulento e consumista proporcionado pela

sociedade que consome objetos nem sempre ligados a uma função ou

necessidade definidas, mas correspondem à lógica social ou à lógica do

desejo.

Consome-se visando à adesão a determinados valores (prestígio,

status), à possibilidade de distinção social, à satisfação das necessidades

fixadas culturalmente, à realização de desejos, o que gera um tipo de

consumidor impaciente, impetuoso, indócil, inquieto, instável, insatisfeito,

levando-o a acreditar que apenas o consumismo alivia o mal-estar, servindo

como um remédio para os males da alma, pois caso sinta-se mal: coma,

compre, gaste, sinta prazer em consumir incomensuravelmente. O consumo

passa a ser entendido culturalmente como sinônimo de bem-estar.

Não se pode menosprezar o poderio e a capacidade de criação de

necessidades artificiais geradas pela publicidade que sob o ponto de vista

ambiental é altamente insustentável, pois exerce uma importante pressão

sobre o consumidor que o estimula a ter sempre “mais e mais”, a assumir

posturas de lealdade para com as marcas e “estilos de vida” (FURRIELA,

2000b, p.32).

Page 21: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

A partir dos questionamentos e críticas acima citados propõe-se um

novo estilo de vida pautado no consumo sustentável, o que requer um

processo de conscientização do consumidor a respeito da importância de

tornar-se consumidor responsável, bem como, um trabalho de formação de um

“consumidor-cidadão”, que, segundo Furriela (2000a, p.20), é um trabalho

essencialmente político, pois leva o consumidor a perceber-se como agente de

transformação do modelo econômico vigente, “já que tem em suas mãos o

poder de exigir um padrão de desenvolvimento socialmente justo e

ambientalmente equilibrado”.

A autora salienta que assim esse agente, consciente de seus atos de

consumo, compreende o seu papel enquanto cidadão, passando a exigir das

esferas públicas e privadas a consideração das dimensões sociais, culturais e

ecológicas em seus modelos de produção, gestão, financiamento e

comercialização.

Entretanto, ela considera que essa não é uma tarefa simples, pois

reivindica uma mudança de posturas e atitudes individuais e coletivas no

cotidiano, como a redução do volume de bens consumidos, a recusa do sonho

americano (sonho de propriedade de uma casa grande, carros suntuosos,

produtos de alta tecnologia, constantemente sujeitos à obsolescência e troca,

escravidão da moda, do status, da imagem vendida pela mídia) e a alteração

dos hábitos de consumo de forma a promover a melhoria da qualidade de vida

e a proteção do meio ambiente.

Ao exigir a implantação de conceitos de eqüidade e justiça social

defende-se a alteração do padrão de consumo das elites dos países ricos e em

desenvolvimento e a adequação dos padrões de consumo dos países pobres a

patamares mínimos de dignidade social (FURRIELA, 2000a, p.20).

Page 22: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

Portanto, cabe analisar as conseqüências sociais e ambientais do

consumismo desenfreado, pois os altos padrões de consumo e produção

aliados ao crescimento populacional, ao modelo socioeconômico e político da

sociedade atual contribuem de maneira fundamental para a degradação

ambiental.

2.2 Consumo e adolescentes

Antes de iniciar a análise crítica entre consumo e adolescentes se faz

necessário conceituar a adolescência. Segundo a Organização Mundial da

Saúde, adolescente é o indivíduo que se encontra entre os dez e vinte anos de

idade. No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece outra faixa

etária: dos doze aos dezoito anos.

Para Wallon, a adolescência é o período dos doze anos em diante,

sendo caracterizada pela crise pubertária que rompe a “tranqüilidade” afetiva e

impõe a necessidade de uma nova definição dos contornos de personalidade,

desestruturados devido às modificações corporais resultante da ação

hormonal. A afetividade torna-se cada vez mais racionalizada: os sentimentos

são elaborados no plano mental, os adolescentes teorizam sobre suas relações

afetivas. Há uma crise de oposição: conflito EU – OUTRO. Procuram apoiar

suas oposições em sólidos argumentos intelectuais. Exploração de si mesmo

com uma identidade autônoma, mediante atividades de confronto, auto-

afirmação.

A adolescência é uma das etapas do desenvolvimento humano

caracterizada por alterações físicas, psíquicas e sociais, sendo que estas duas

Page 23: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

últimas recebem interpretações e significados diferentes dependendo da época

e da cultura na qual está inserida.

Na adolescência, a imagem do corpo parece ter tanta importância para a

constituição do EU, que possivelmente explica a tendência à formação de

grupos de adolescentes. Verifica-se que o processo de reconhecimento da

imagem corporal costuma ser uma fonte de angústia para o adolescente.

E essa angústia vem sendo reafirmada a cada instante pela sociedade

atual, que induz seus membros a desempenharem o papel de consumidor e a

serem vistos. Os avanços tecnológicos atuais permitem a fabricação de

múltiplos aparelhos reprodutores de visão, não apenas para que o ser humano

possa se ver, mas, principalmente, para ser visto. Há um reducionismo da

imagem.

Segundo Porto (2002, apud FREITAS, 2005, p.77), trata-se de imagens

que chegam como imperativos de ideais a serem seguidos, que se

transformam em modelos de identificação, constituintes da identidade fabricada

pela propaganda, pelo esporte, onde o corpo equivale ao espetáculo. E é

nessa equivalência entre corpo e espetáculo que a mídia se baseia.

Muitos estudos sobre o comportamento do consumidor tentam

compreender como os indivíduos tomam as suas decisões em relação ao ato

de consumir e o que os levam a comprar determinados produtos e terem

fidelidades por determinadas marcas.

Para Almeida e Rocha (2006, apud SZUSTER, 2006, p. 37), o consumo

deve ser entendido como um processo pelo qual os indivíduos se relacionam

não apenas com os objetos, mas também com a coletividade em que se

inserem. Os objetos são uma forma verbal utilizada pelos indivíduos para se

comunicarem.

Page 24: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

O consumo não é um ato de desprendimento. É uma experiência onde

estão presentes emoções, algumas positivas, outras negativas. O consumidor

compra produtos não somente por seus aspectos funcionais, mas também pelo

seu significado, pelo seu caráter de preencher lacunas afetivas dos

consumidores, por sua influência no auto-conceito do indivíduo e pela maneira

como esse se mostra para os outros (WOLFF, 2002 apud SZUSTER, 2006, p.

37).

Solomon (2000) afirma que a idade do consumidor exerce uma

influência significativa sobre sua identidade. Apesar de pessoas da mesma

faixa etária diferirem sob outros aspectos, elas têm uma real tendência a

compartilhar um conjunto de valores e experiências culturais comuns, que

serão mantidas ao longo da vida. Conforme o consumidor cresce, cria um elo

cultural com os milhões de outros que ficam adultos no mesmo período. À

medida que envelhece, mudam as necessidades e preferências,

freqüentemente de modo semelhante às de outros que têm a mesma faixa de

idade.

Segundo Busch et al. (2004) o principal mercado alvo para as

propagadas é o de adolescentes, uma vez que representa um grande e

desafiante potencial. Com um contínuo aumento da exposição de produtos à

população jovem, os responsáveis pelo marketing tentam capturar e persuadir

os consumidores em uma idade cada vez menor. Esse grupo constitui um alvo

mais fácil para o mercado porque os adolescentes cresceram em uma

sociedade orientada para o consumo (JONES e SCHUMANN, 2000; BUSH et

al., 2004).

Estudos mostram que jovens consumidores são responsáveis por

compras ou influenciam a decisão de compras em casa. Os adolescentes

Page 25: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

exercem uma grande influência sobre as decisões de compra de seus pais

(JONES e SCHUMANN, 2000; SOLOMON, 2000).

Ademais, as experiências de infância são de grande importância para

definir parâmetros do comportamento dos adultos. Os jovens, que se

encontram em processo de adquirir preferências por produtos e lealdade a

marcas, possuem grande potencial para se tornarem consumidores de longo

prazo. Além disso, o estudo de experiências tidas na infância e na

adolescência ajuda a entender não apenas o comportamento do consumidor

dos jovens, mas também o desenvolvimento do comportamento dos adultos

(CHURCHILL e MOSCHIS, 1979; AGRAWAL e KAMAKURA, 1995; BUSH,

2004).

Assim, os profissionais de marketing vêem os adolescentes como

“consumidores em treinamento”, já que a lealdade à marca cria uma barreira

para a entrada de outras marcas, que não foram escolhidas durante esses

anos.

Ao associar produtos a serem consumidos por adolescentes e

celebridades esportivas ou artísticas encontra-se um amplo mercado, já que os

adolescentes tendem a respeitar estas celebridades e a consumirem suas

imagens por afinidade, pois essas conferem credibilidade e aumentam a

lealdade à marca. Portanto, criam-se fiéis seguidor-consumidores de imagens

– celebridades e marcas – que as comentarão e divulgarão.

Na atual sociedade consomem-se corpos esguios, muitas vezes

desfigurados por excesso de magreza ou de músculos. Na mídia o que não

falta são propagandas oferecendo produtos dietéticos, emagrecedores,

aparelhos e roupas que ajudarão a diminuir as medidas do corpo. Bem como,

rostos bonitos e magros.

Page 26: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

Essa valorização da imagem pode conduzir ao narcisismo do corpo que

cada um visualiza no espelho físico. Os adolescentes são estimulados a

consumir, a buscar o corpo perfeito, a seguir dietas rigorosas, com uso de

medicamentos e correções cirúrgicas. A auto-estima e a solidariedade social

ficam relegadas a um plano secundário. Na verdade, corpos obesos são

rejeitados e vistos como algo que causa espanto, porque não coincide com a

norma, com os modelos ditados pelo meio externo.

Entretanto, o ser humano é um ser social que necessita e depende do

outro para sua sobrevivência, e o adolescente busca sua identidade grupal, a

auto-afirmação – que é construída com a opinião do outro, ou seja, precisa de

reconhecimento, baseado no consentimento, na confirmação dos membros do

grupo do qual faz parte.

E esse reconhecimento, aceitação perpassa pela aquisição de bens

(roupas, tecnologia, calçados) da moda e de marca, de imagens físicas que

coincidem com a norma do meio externo.

Vive-se em uma sociedade de consumo, na qual tempo e dinheiro são

os grandes motivadores da mesma. E seus membros ativos (pais de

adolescentes) devem oferecer aos seus filhos o que necessitam (isso não quer

dizer que realmente necessitem), mas devem preencher as lagunas que a falta

de tempo em desfrutar a infância e adolescência dos seus proporcionou.

Nas relações afetivas estabelecidas entre pais e filhos há uma troca

baseada no consumo, pois os pais para suprir a ausência no crescimento dos

filhos oferecem bens de consumo e os filhos distribuem afeto na proporção que

seu poder de consumidor é atendido. Tornando as relações superficiais,

descartáveis e insensíveis.

Page 27: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

Assim, ao se valorizar o consumo desenfreado, seja ele baseado em

bens da moda, de marca ou de imagens cria-se adolescentes que se tornarão

adultos incapazes de amar, de aceitar, de respeitar a si mesmo e aos outros

(pessoas e natureza).

Page 28: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

CAPÍTULO III

A INTERVENÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE

RELACIONAL

“A qualidade da vida é a qualidade do ser, e não do ter”.

(André Lapierre)

3.1 O que é Psicomotricidade Relacional?

A Psicomotricidade Relacional é um método criado pelo eminente

educador francês André Lapierre, com fundamentos na teoria de Henry Wallon.

Difundido no Brasil desde 1983, tem seu alicerce na comunicação não-verbal,

enfatiza os aspectos relacionais, psicofísicos, socioemocionais, cognitivos e

afetivos do ser humano.

Segundo Lapierre (2002) a psicomotricidade relacional não é uma

técnica que se possa aprender intelectualmente nos livros. É mais um método,

uma maneira de atuar, uma possibilidade de se estabelecer uma comunicação

mais humana, mais verdadeira com qualquer pessoa, até mesmo com as

crianças, desde a creche e a escola.

É uma ciência que lida com o ser humano e suas variadas formas de

manifestação. Sendo uma práxis que procura dar espaço de liberdade onde o

indivíduo aparece inteiro: com seu corpo, suas emoções, sua fantasia, sua

inteligência em formação. Destaca-se como uma ferramenta essencial para a

compreensão do ser humano em sua globalidade. Pois, é através do corpo

Page 29: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

que demonstram-se os desejos, as frustrações, as necessidades, desde a mais

tenra idade.

Os membros da sociedade de consumo baseiam seus argumentos no

verbo TER e não no SER, fazendo com que sentimentos como a discriminação,

a violência, o descaso com os valores morais e éticos, a falta de limites ou o

excesso dos mesmos se tornem presentes e próximos a eles.

E esses sentimentos influenciam de modo significativo o comportamento

dos adolescentes, que podem apresentar dificuldades de aprendizagem e de

relacionamento, não conseguindo se expressar adequadamente.

A Psicomotricidade Relacional tem como característica a prevenção, ou

seja, leva o indivíduo a alcançar o equilíbrio no seu desenvolvimento. É ainda

um espaço de desenvolvimento pessoal e interpessoal, de estruturação do

indivíduo como ser, de investimento não em dificuldades e sintomas, mas nas

suas possibilidades de crescimento.

Trabalhar com a psicoprofilaxia é tutelar a saúde sem necessariamente

ocupar-se da patologia ou do problema já instaurado e identificado, o que torna

o campo preventivo um espaço privilegiado da Psicomotricidade Relacional.

A Psicomotricidade Relacional é importantíssima para se compreender o

desenvolvimento humano, por aponta uma perspectiva contemporânea. Isto é,

o seu método está alicerçado num conjunto de teorias, que podem apontar o

sofrimento psíquico sem, com isso, ter que enquadrá-lo em uma única teoria.

O que está em foco é o ser humano, e não o seu sintoma. A partir dessa

teorização, procura-se potencializar as soluções ativas de cada indivíduo,

tendo como intenção, portanto, ajudá-la a construir e conservar um equilíbrio

pessoal dinâmico.

Page 30: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

Essa construção acontece à medida que o indivíduo vai, através do jogo

espontâneo, integrando as suas dificuldades, necessidades e linguagem, de

forma harmônica, com a realidade familiar e socioeducativa, ou seja, com o

meio em que está inserido. O psicomotricista atua como parceiro simbólico

procura ajudá-lo a viver no simbólico àquilo que na realidade ele não pode

viver. Pois, através do simbólico o indivíduo expressará seus conflitos em nível

profundo.

Ao privilegiar o trabalho com a Psicomotricidade Relacional no espaço

educacional, por meio de vivências em grupo no qual se prioriza a

comunicação não-verbal, busca-se proporcionar:

• O despertar para o desejo de aprender.

• A prevenção das dificuldades de expressão motora, verbal e gráfica.

• A facilitação da integração social, elevando a capacidade da criança e

do adolescente para enfrentar situações novas e criar estratégias

positivas em suas relações.

• A estimulação para o ajuste positivo da agressividade, inibição,

dependência, afetividade, auto-estima, entre outros distúrbios do

comportamento.

• A melhora no desempenho escolar, desbloqueando a aprendizagem.

• A aceitação das diferenças, promovendo a maior percepção de si

mesmo e do outro.

• A autenticidade na comunicação entre as crianças/adolescentes e com o

adulto.

• O prazer do movimento e o prazer de brincar.

• O desenvolvimento da criatividade, espontaneidade e autonomia em

busca de uma maior independência.

Nesta técnica se proíbe a comunicação verbal do adulto

(psicomotricista), pois este a utiliza como defesa. Trabalhando com crianças e

Page 31: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

adolescentes, é preciso deixá-los falarem porque é falando que vivem. O

psicomotricista, fala o mínimo para não reintroduzir a idéia de que é o adulto

quem manda. Mas, ao final de uma sessão, as crianças e os adolescentes

falam, dizem o que querem, e o psicomotricista participa um pouco e, muitas

vezes, se expressa de forma poética.

Assim, a Psicomotricidade Relacional toca a globalidade do SER,

garante a preservação da sua saúde global, redimensiona seus valores dentro

de um processo de comunicação autêntico. Permite uma maior disponibilidade

e autonomia diante das atividades inerentes aos valores do homem, de sua

vida relacional, facilitando a afirmação do seu poder de construção na

transformação social.

3.2 A afetividade nas relações sociais

A imagem corporal é, ao mesmo tempo, desejo, ação e emoção. A

afetividade perpassa pela sua construção, pois esta, segundo Wallon, tem

papel imprescindível no processo de desenvolvimento da personalidade.

O trabalho com a Psicomotricidade Relacional está fundamentado na

afetividade, portanto se fará um breve estudo com base na teoria de Henri

Wallon.

A posição de Wallon a respeito da importância da afetividade para o

desenvolvimento da criança é bem definida. Em sua opinião, ela tem papel

imprescindível no processo de desenvolvimento da personalidade e este, por

sua vez, se constitui sob a alternância dos domínios funcionais. Wallon faz

referência a quatro domínios funcionais: o ato motor; o conhecimento; a

afetividade e a pessoa. São eles que dão uma determinada direção ao

Page 32: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

desenvolvimento e no decurso da vida humana, cada um desses domínios tem

seu próprio campo de ação e organização, mas mantém em relação com os

demais uma espécie de mecanismo interfuncional.

A afetividade é um domínio funcional, cujo desenvolvimento é

dependente da ação de dois fatores: o orgânico e o social. Entre esses dois

fatores existe uma relação estreita tanto que as condições medíocres de um

podem ser superadas pelas condições mais favoráveis do outro. Essa relação

recíproca impede qualquer tipo de determinismo no desenvolvimento humano,

tanto que “… a constituição biológica da criança ao nascer não será a lei única

do seu futuro destino. Os seus efeitos podem ser amplamente transformados

pelas circunstâncias sociais da sua existência, onde a escolha individual não

está ausente.” (WALLON, 1959, p. 288 apud ALMEIDA, 2001, p. 1).

Ao longo do desenvolvimento do indivíduo, esses fatores em suas

interações recíprocas modificam tanto as fontes de onde procedem as

manifestações afetivas, quanto as suas formas de expressão. A afetividade

que inicialmente é determinada basicamente pelo fator orgânico passa a ser

fortemente influenciada pela ação do meio social. Tanto que Wallon defende

uma evolução progressiva da afetividade, cujas manifestações vão se

distanciando da base orgânica, tornando-se cada vez mais relacionadas ao

social – e isso é visto tanto em 1941, quando ele fez referência à afetividade

moral, quanto em suas teorias do desenvolvimento e das emoções, que

permitiram evidenciar o social como origem da afetividade.

Conceitualmente, a afetividade deve ser distinguida de suas

manifestações, diferenciando-se do sentimento, da paixão, da emoção. A

afetividade é um campo mais amplo, já que inclui esses últimos, bem como as

primeiras manifestações de tonalidades afetivas basicamente orgânicas. Em

outras palavras, afetividade é o termo utilizado para identificar um domínio

funcional abrangente e, nesse domínio funcional, aparecem diferentes

Page 33: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

manifestações: desde as primeiras, basicamente orgânicas, até as

diferenciadas como as emoções, os sentimentos e as paixões.

Embora sejam geralmente confundidas, essas formas de expressão são

diferentes. Enquanto as primitivas manifestações de tonalidade afetiva são

reações generalizadas, mal diferenciadas, as emoções, por sua vez,

constituem-se em reações instantâneas e efêmeras que se diferenciam em

alegria, tristeza, cólera e medo. Já o sentimento e a paixão são manifestações

afetivas em que a representação torna-se reguladora ou estimuladora da

atividade psíquica. Ambos são estados subjetivos mais duradouros e têm sua

origem nas relações com o outro, mas ambos não se confundem entre si.

Analisando a teoria do desenvolvimento, pode-se identificar, em cada

estágio, os tipos de manifestação afetiva que são predominantes, em virtude

das necessidades e possibilidades maturacionais. O estágio impulsivo é

marcado pelas expressões/reações generalizadas e indiferenciadas de bem-

estar e mal-estar; o estágio emocional pela diferenciação das emoções – as

reações ou atitudes de medo, cólera, alegria e tristeza; no estágio personalista

e no da adolescência e puberdade, por outro lado, evidenciam-se reações

sentimentais e passionais, sendo o sentimento mais marcante neste último

estágio.

Assim, pode-se afirmar a existência de manifestações afetivas anteriores

ao aparecimento das emoções. As primeiras expressões de sofrimento e de

prazer que a criança experimenta com a fome ou saciedade são manifestações

com tonalidades afetivas primitivas. Estas manifestações, ainda em estágio

primitivo, têm por fundamento o tônus, o qual mantém uma relação estreita

com a afetividade, durante o processo de desenvolvimento humano, pois o

tônus é a base de onde sucedem as reações afetivas.

Page 34: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

Com a influência do meio, os gestos lançados no espaço, de

manifestação basicamente orgânica, transformam-se em meios de expressão

cada vez mais diferenciados, inaugurando o período emocional. Agora, os

movimentos não são carregados de pura impulsividade, nem baseados nas

necessidades orgânicas, mas são reações orientadas resultantes do ambiente

social; é o momento em que as reações emocionais se diferenciam. A vida

afetiva da criança, inaugurada por uma simbiose alimentar, é logo substituída

por uma simbiose emocional com o meio social. Com a emoção, as relações

interpessoais se intensificam; é ela que une o indivíduo a outro, possibilitando a

participação do outro e, conseqüentemente, a delimitação do eu infantil.

Para Wallon, a emoção é uma forma de exteriorização da afetividade

que evolui, como as demais manifestações, sob o impacto das condições

sociais. É interessante perceber a relação complexa entre a emoção e o meio

social, particularmente, o papel da cultura na transformação das suas

expressões. Se, por um lado, a sociedade especializa os meios de expressão

da emoção, transformando-os em instrumentos de socialização, por outro lado,

essa especialização tende a reprimir as expressões emocionais. As formas de

expressão tornam-se cada vez mais socializadas, a ponto de não expressarem

mais o arrebatamento característico de uma emoção autêntica.

Na história da humanidade, a emoção foi responsável pela agregação

dos indivíduos; como afirma o autor, nas emoções “se baseiam as experiências

gregárias, que são uma forma primitiva de comunhão e de comunidade” (1994,

p. 127 apud ALMEIDA, 2001, p. 4). As emoções revelam-se como o elo entre o

indivíduo e o ambiente físico, tanto quanto entre o indivíduo e outros indivíduos.

Estes laços interindividuais iniciam nos primeiros dias de vida e se fortalecem a

partir das emoções, antes mesmo do raciocínio e da intenção.

Ao se defender que a afetividade em seus primórdios é basicamente

orgânica, chama-se a atenção para o fato de que, mesmo nos períodos em que

Page 35: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

o desenvolvimento do ser humano sofre limites de seu aparato fisiológico, o

domínio afetivo está iniciando seu desenvolvimento. E o limite fisiológico vai

ser superado pelo importante papel desempenhado pelo meio social na

evolução da criança.

A importância das relações humanas para o crescimento do homem está

escrita na própria história da humanidade. O meio social é uma circunstância

necessária para a modelagem do indivíduo. Sem ele a civilização não existiria,

pois foi graças à agregação dos grupos que a humanidade pôde construir os

seus valores, os seus papéis, a própria sociedade. Cruzando psicogênese e

história, Wallon demonstrou a relação estreita entre as relações humanas e a

constituição da pessoa, destacando o meio físico e humano como um par

essencial do orgânico na constituição do indivíduo. Sem ele não haveria

evolução, pois o aparato orgânico não é capaz de construir a obra completa

que é a natureza humana, que pensa, sente e se movimenta no mundo

material.

No decorrer do desenvolvimento, seja em virtude das condições

maturacionais, seja em virtude das características sociais de cada idade, a

criança estabelece diferentes níveis de relações sociais e estas interferem na

construção do campo afetivo. Por exemplo, no estágio personalista, as

relações sociais da criança são intensas e sua autonomia é conquistada nos

conflitos que mantém com o outro. No bojo dessas relações, vão sendo

despertados sentimentos e paixões, manifestações afetivas que parecem estar

diretamente relacionadas a um outro indivíduo.

Num processo de autonomia crescente, o adolescente atravessa

transformações e experimenta, para consigo e para com o outro, os mais

diversos sentimentos, que se alternam e se combinam, numa fase de

ambivalência de atitudes e sentimentos. Igualmente, o adolescente é

suscetível a paixões. Quando chega a puberdade, é no campo da moralidade

Page 36: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

que operam as relações do adolescente com o mundo que o rodeia. O

adolescente passa a questionar os valores e relações sociais existentes, os

quais podem passar a ser origem de manifestações afetivas, ao lado daquelas

diretamente relacionadas a outro indivíduo.

O exposto até o momento permite concordar com Heloysa Dantas

(1992) sobre a possibilidade de haver etapas de desenvolvimento da

afetividade, pois Wallon parece propor uma evolução da afetividade que, pode-

se interpretar, inicia nos primeiros dias de vida e se prolonga no processo de

desenvolvimento, diferenciando-se em suas formas de expressão sob a

influência social. Acredita-se que essa proposição é plausível, na medida em

que os estados de bem-estar e mal-estar apresentam-se primitivamente, já

com conotações afetivas, relacionados às sensibilidades orgânicas e

posteriormente diferenciam-se em manifestações diversas, como as emoções,

os sentimentos e as paixões. Essas manifestações vão aparecendo em

períodos diferentes da evolução infantil, e vão incorporando as conquistas

realizadas no domínio cognitivo, modificando suas formas.

Embora a análise realizada no presente trabalho não apresente

informações suficientes para permitir delimitar os estágios de desenvolvimento

da afetividade do indivíduo, Wallon sugere sua evolução ao mostrar que a

afetividade se desenvolve em um processo que, se inicialmente tem forte

componente orgânico (a chamada afetividade orgânica), posteriormente

incorpora cada vez mais o fator social (a afetividade moral). De fato, Wallon

sugere uma evolução da afetividade. No entanto, sua proposta não permite

vislumbrar muito além das formas infantis de afetividade, pois não fornece

dados suficientes relativos ao adolescente e ao adulto.

Parece que a afetividade é, ainda, um campo aberto para investigações.

Wallon indica caminhos a serem trilhados para estudos complementares ao

estabelecer nítida diferença, em sua obra, entre a afetividade e suas

manifestações e ao identificar que, no desenvolvimento humano, existem

Page 37: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

estágios que são predominantemente afetivos. Crê-se que, se pudesse separar

os estágios predominantemente afetivos dos demais, apenas para efeito de

análise, já se teria, possivelmente, um caminho, mesmo que incipiente, a ser

trilhado. Por conseguinte, acredita-se que uma aproximação cada vez maior

com a proposta walloniana da afetividade permitirá uma compreensão dos

possíveis desdobramentos e limites nela existentes.

Entender como se processa a afetividade no desenvolvimento humano

permitirá ao psicomotricista realizar um trabalho que priorize a relação afetiva

entre ele e o “cliente”. Entretanto, se faz necessário que o profissional trabalhe

seu emocional e seu motor, para que suas habilidades sejam melhor

desenvolvidas, tendo segurança no que propõe e clareza no que deseja atingir

como meta. Com isso, os resultados obtidos serão mais satisfatórios.

Assim, pode-se concluir que ao se valorizar a afetividade nas relações, a

aceitação corporal, a atenção aos desejos e necessidades do outro se destrói o

sentimento de domínio e se cria o sentimento da amizade, da companhia.

Quando isso ocorre, a competição é substituída pela cooperação e a luta se

transforma em aceitação e respeito mútuos na coexistência.

Page 38: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A questão central desta pesquisa foi proporcionar uma reflexão-crítica de

como o consumo interfere na construção da imagem corporal de adolescentes.

Nesse sentido, conceituou imagem corporal como sendo uma

experiência do corpo enquanto uma unidade. Envolvendo a própria

experienciação de si mesmo a cada instante, sendo um tanto plástica e

mutável, e estando inevitavelmente ligada às experiências anteriores, assim

como aos desejos para o futuro. As inter-relações destes fatores fazem

imprimir significados diferentes a cada momento que se vivencia. A imagem

corporal é inseparável da realidade circunstancial de cada momento e da

individualidade de cada pessoa.

Nesse estudo, refletiu-se sobre o fenômeno do consumo pelo viés da

Educação Ambiental, que para a autora não é entendida como a solução

definitiva para resolver as problemáticas de ordem sócio-ambientais, pois não

age isoladamente. Depende de uma educação crítica e de uma série de

modificações nos planos: político, social, econômico e cultural da sociedade.

A relação entre o consumo e o adolescente tem sido palco de inúmeros

estudos de marketing, pois estes vêem o adolescente como consumidor em

potencial, que influencia no poder de compra familiar, que prega a fidelidade à

marca, a imagem, ao produto.

Entretanto, cria um adolescente que, muitas vezes, estabelece relações

sociais descartáveis e superficiais, que baseia seu discurso no TER e não no

SER, que busca um corpo esguio – definido por músculos ou excesso de

magreza e que sofre uma angústia gerada pelas imposições sociais.

Page 39: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

Ao se valorizar o consumo desenfreado, seja ele baseado em bens da

moda, de marca ou de imagens cria-se adolescentes que se tornarão adultos

incapazes de amar, de aceitar, de respeitar a si mesmo e aos outros (pessoas

e natureza).

A Psicomotricidade Relacional vem como técnica intervencionista,

proporcionando uma globalidade do SER, garantindo a preservação da sua

saúde global, redimensionando seus valores dentro de um processo de

comunicação autêntico. Permitindo uma maior disponibilidade e autonomia

diante das atividades inerentes aos valores do homem, de sua vida relacional,

facilitando a afirmação do seu poder de construção na transformação social.

Assim, pode-se concluir que ao se valorizar a afetividade nas relações, a

aceitação corporal, a atenção aos desejos e necessidades do outro se destrói o

sentimento de domínio e se cria o sentimento da amizade, da companhia.

Quando isso ocorre, a competição é substituída pela cooperação e a luta se

transforma em aceitação e respeito mútuos na coexistência.

Page 40: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Ana Rita Silva. O que é afetividade? Reflexões para um conceito.

Disponível em: <http://www.anped.org.br/reunioes/24/T2004446634094.doc>.

Acesso em: 14.jan.2007

BAUMAN, Zygmunt. Globalização: as conseqüências humanas. Rio de

Janeiro: Jorge Zahar, 1999. 145 p.

________. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001. 258 p.

CASIMIRO, Vitor. Tudo está bem se começa bem. Disponível em: <http://

www.educacional.com.br/entrevistas/entrevista0080.asp>. Acesso em: 25.

jan.2007.

DANTAS, Heloysa. A afetividade e a construção do sujeito na psicogenética de

Wallon. In: La Taille, Yves de et al. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias

psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1992.

FREITAS, N.K. Corpo, imagem corporal, educação e sociedade: tramas

conceituais. In. Revista Eletrônica Espaço Acadêmico. UEM, 2005. v. 57, p.

77-83.

FURRIELA, Rachel Birdeman. Consumo sustentável. In: Educação Ambiental

Boletim. Secretaria de Educação a Distância: programa TV Escola – Salto para

o futuro. Brasília, 2000a. p.19-30. 84 p.

________. Consumidores e o consumo sustentável. In: Educação Ambiental

Boletim. Secretaria de Educação a Distância: programa TV Escola – Salto para

o futuro. Brasília, 2000b. p.31-41. 84 p.

LAPIERRE; AUCOUTURIER. A simbologia do movimento: psicomotricidade e

educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1988.

MATURANA, Humberto R.; ZÖLLER, Gerda Verden-. Amar e brincar:

fundamentos esquecidos do humano. São Paulo: Palas Athena, 2004. 272 p.

Page 41: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

SCHILDER, P. A Imagem do corpo: as energias construtivas da psique. São

Paulo: Martins Fontes, 1999. 405 p.

SZUSTER, Flávia Rechtman. A influência dos jogadores de futebol no

comportamento de consumo dos adolescentes: um estudo exploratório. 2006.

102 f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Federal do Rio

de Janeiro, Rio de Janeiro. 2006.

TURTELLI, Larissa Sato. Relações entre imagem corporal e qualidades de

movimento: uma reflexão a partir de uma pesquisa bibliográfica. 2003. 311 f.

Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Universidade Estadual de

Campinas, Campinas. 2003.

WALLON, Henri. A evolução psicológica da criança. Lisboa: Edições 70, 1994.

Page 42: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

ANEXOS

Page 43: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTOS 3

DEDICATÓRIAS 4

EPÍGRAFE 5

RESUMO 6

METODOLOGIA 7

SUMÁRIO 8

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I 13

IMAGEM CORPORAL 13

CAPÍTULO II 19

2.1 Refletindo sobre o fenômeno do consumo através da Educação Ambiental 19

2.2 Consumo e adolescentes 22

CAPÍTULO III

3.1 O que é Psicomotricidade Relacional 28

3.2 A afetividade nas relações sociais 31

CONSIDERAÇÕES FINAIS 38

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 40

ANEXOS 42

ÍNDICE 43

Page 44: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS S DOS SANTOS A Deus que a cada dia me proporciona força e coragem para ir além e atingir meus objetivos profissionais e pessoais. Às minhas amigas

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição:

Título da Monografia:

Autor:

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: