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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM ESTRATÉGIAS E ÉTICA EM NEGOCIAÇÕES DE BOMBAS DE CONCRETO. Por: Bruno Duarte Rodrigues Orientador Prof. Jorge Vieira Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

ESTRATÉGIAS E ÉTICA EM NEGOCIAÇÕES DE

BOMBAS DE CONCRETO.

Por: Bruno Duarte Rodrigues

Orientador

Prof. Jorge Vieira

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

ESTRATÉGIAS E ÉTICA EM NEGOCIAÇÕES DE

BOMBAS DE CONCRETO.

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Gestão

Estratégica de Vendas e Negociação.

Por: Bruno Duarte Rodrigues

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AGRADECIMENTOS

Aos amigos de pós-graduação, aos

meus amigos de Sany, Rodrigo Satiro,

Edmilson Moraes e Romano Rosa, aos

meus dois “pais emprestados” Paulo

Cavaliere e Ricardo Maia e a Deus que

se mostra sempre presente em minha

vida!

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DEDICATÓRIA

Dedico ao meu amado filho João Gabriel,

a minha filhinha Duda, a minha mãe, a

minha irmã e a pessoa mais especial do

mundo, quem me mostra todo dia do que

o amor é capaz... minha eterna esposa

Camilla!

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RESUMO

O autor apresenta estratégias a serem consideradas em uma

negociação, avaliando a situação que influenciam os profissionais da área

comercial e/ou de marketing em empresas que comercializem equipamentos

na área de concretagem, para, assim, obterem o melhor rendimento visando

sempre o objetivo a ser alcançado, tendo à ética e o caráter correto durante

todo o processo da negociação como a melhor estratégia para se alcançar o

verdadeiro sucesso.

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METODOLOGIA

Este estudo será realizado através de pesquisas bibliográficas que

atendam as necessidades teóricas de estratégias comerciais, analise

comportamental de indivíduos, características técnicas dos equipamentos

citados, para justificar tais valores agregados e, quando se fizer necessário,

estudos de casos contendo situações reais deste mercado que é uma

verdadeira guerra. Os principais autores a serem utilizados na realização

deste trabalho são Max Gehringer, Felipe Aquino, Nikko Bushidô e Marcos

Cobra. As principais fontes a serem utilizadas são ABESC – Associação

Brasileira das Empresas de Serviço de Concretagem; CREA – Conselho

Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia; e Sany Heavy Industry Co.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Concreto Dosado em Central 09

CAPÍTULO II - Bombas de Concreto 18

CAPÍTULO III – Negociação 24

CONCLUSÃO 40

BIBLIOGRAFIA 42

WEBGRAFIA 44

ÍNDICE 46

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INTRODUÇÃO

A má qualificação das pessoas que compõem um departamento

comercial e o constante crescimento do setor da construção civil, fazem com

que as novas tecnologias estejam se adaptando e facilitando cada vez mais os

processos construtivos em todo o mundo. Sendo assim, um grande número de

pessoas interessadas em obter somente o seu resultado profissional, sem se

importar com a real necessidade dos seus clientes, fazem com que a ética nos

negócios seja posta de lado e agem com uma ganância que está colocando o

mercado em colapso. O crescimento é inevitável, e, tanto pequenas, quanto

grandes empresas emperram seus negócios quando esbarrados com tais

profissionais, pois, visando a sua ascensão profissional e financeira,

esquecem-se de seguir as simples regras de uma correta negociação e

acabam colocando em risco o próprio sucesso de um verdadeiro negócio.

Tendo em vista o mercado de bombas de concreto, que é um equipamento

com altíssimo valor agregado, estas estratégias passam a ter características

específicas para cada negócio e a ética passa a ser um diferencial em todo o

processo.

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CAPÍTULO I

CONCRETO DOSADO EM CENTRAL

Há momentos em que a maior sabedoria é

parecer não saber nada.

Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Serviço de

Concretagem do Brasil (ABESC, 2007, p. 5):

O concreto é um material formado pela mistura de

cimento, água, agregados (areia e pedra) e,

eventualmente, aditivos. O cimento e a água formam a

pasta que une os agregados quando endurecida. A este

conjunto é denominado concreto que, inicialmente

encontra-se em estado plástico, permitindo ser moldado

nas mais diversas formas, texturas e finalidades.

Após o início do seu endurecimento o concreto continua a ganhar

resistência. É recomendado que a aplicação do concreto seja feita em, até,

duas horas e trinta minutos após a adição de água na central dosadora (ABNT,

2006).

Por possuir estas características o concreto, dosado em central, é

considerado um produto perecível, portanto a logística de distribuição do

concreto dosado em central se torna uma questão relevante.

Segundo o Portal do Concreto (2009):

Os caminhões betoneira são responsáveis pelo transporte

do concreto da central de dosagem até a obra e também

por toda a mistura e homogeneização dos materiais

componentes do concreto, por isso, estes veículos são

considerados a base da prestação de serviço de

concretagem.

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Estes caminhões são compostos pela associação de um

caminhão, de três ou quatro eixos, com uma betoneira

hidráulica com capacidade para misturar de 5,0 m³ a 10,0

m³ de concreto, esta fusão é capaz de transportar 2,5

ton/m³ de concreto. A movimentação da betoneira se dá

através de duas pequenas alavancas, que controlam o

sentido de giro do tambor (balão) e a velocidade deste

giro, ou seja, sentido horário para carregar o caminhão e

homogeneizar a mistura e anti-horário para descarregar o

concreto, além do sistema de rotação, são necessárias

também chapas helicoidais, dispostas internamente no

tambor, de modo a auxiliar na mistura dos materiais e na

descarga do concreto.

A programação em uma concreteira é feita por um funcionário cuja

função é tomar as melhores decisões para se alcançar a maior produtividade

diária, este funcionário é denominado programador. A logística faz parte do

departamento operacional de uma concreteira, portanto o conhecimento

técnico do produto a ser transportado é fundamental.

Segundo Carvalho (2002, p. 31):

Logística é a parte do gerenciamento da cadeia de

abastecimento que planeja, implementa e controla o fluxo

e armazenamento eficiente e econômico de matérias-

primas, materiais semi-acabados e produtos acabados,

bem como as informações a eles relativas, desde o ponto

de origem até o ponto de consumo, com o propósito de

atender às exigências dos clientes.

Toda programação de concreto deve ser estabelecida após a análise de

alguns fatores essenciais para a otimização dos equipamentos, o que irá

resultar em uma maior e melhor produtividade para a empresa em todos os

sentidos. São eles: conhecimento da região; condições climáticas; mecânica;

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distância até a obra; quantidade para fornecimento; forma de lançamento do

concreto; acesso à obra; controle operacional e cultura organizacional.

1.1. CONHECIMENTO DA REGIÃO

O conhecimento da região onde se está atuando é de extrema

importância, pois informações como tipo de relevos encontrados, se haverá

muitos aclives ou declives ao longo do trajeto a ser percorrido, será um fator

determinante para a capacidade máxima a ser transportado por um caminhão

betoneira.

A teoria do fluxo de tráfego consiste que quando a concentração de

veículos aumenta, este volume excedente sobre a via cria um

congestionamento em sua vazão (DA SILVA, 2007). O trânsito para

determinadas regiões possui características distintas, como por exemplo, o

maior fluxo em um determinado sentido, durante um determinado horário, pode

se tornar um fator favorável para se definir em que direção seguir durante

certo horário.

1.2. CONDIÇÕES CLIMÁTICAS

Cada região possuirá uma característica em relação ao clima, “assim, os

climas são divididos em zonais, regionais, locais e microclimas. Todos esses

climas exercem uma maior ou menor influência sobre os processos

morfogenéticos” (JATOBÁ, 2009).

A combinação de um clima chuvoso e uma ladeira pavimentada com

paralelepípedos se torna um obstáculo para os caminhões betoneiras. Regiões

secas o cuidado deverá ser em relação ao elevado grau de temperatura, o que

poderá elevar o desperdício de água do concreto. Segundo Lucivânio Jatobá

(2009):

As regiões secas em geral costumam ter muitos ventos,

pois o ar em movimento não encontra obstáculos, dada a

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escassa cobertura vegetal. Além disso, o aquecimento e

a rápida mistura de camadas de ar inferiores, o

intercâmbio de camadas inferiores e superiores, e as

inversões conectivas aceleram correntes horizontais de ar

na superfície durante as horas mais quentes do dia,

quando a convecção é máxima.

A análise do clima em conjunto com a topografia da região irá

determinar se há a viabilidade para o equipamento ou se a região trabalhada

deverá ter um cuidado específico para o transporte do concreto dosado em

central.

1.3. MECÂNICA

A noção em mecânica vai muito mais além do que o simples fato do

funcionamento mecânico do motor, pois conhecimentos como aquaplanagem,

que acontece quando uma lâmina de água se interpõe entre o asfalto e os

pneus, e potência do motor utilizado, que determina a quais ângulos de

inclinação se podem vencer, são fatores que o programador terá que

considerar para determinar a programação de entrega do concreto, assim às

informações sobre o estado real de conservação dos equipamentos terá que

ser posta em prática (QUATRO RODAS, 2007).

1.4. DISTÂNCIA ATÉ A OBRA

A distância é um fator de grande importância para a programação do

concreto, pois além de determinar o tempo a ser percorrido ao longo do trajeto,

a distância também determinará o caminho a ser percorrido, se por grande

movimentação, com trânsito intenso, ou somente por um longo percurso, com o

trânsito completamente livre. Estas condições se misturam de acordo com a

região em que se atua, portanto, nem sempre uma pequena distância

signifique o melhor caminho ou o caminho mais rápido. Segundo a Associação

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Brasileira das Empresas de Serviço de Concretagem do Brasil (ABESC, 2007,

p. 12):

Durante o trajeto da central dosadora até a obra é comum

ocorrer perda na consistência do concreto devido às

condições climáticas - temperatura e umidade relativa do

ar. Parte da água da mistura deve ser reposta na obra

compensando a perda por evaporação durante o trajeto.

A distância associada a trânsito e elevada temperatura se torna uma

combinação desagradável.

1.5. QUANTIDADE PARA FORNECIMENTO

“A correta especificação do pedido é importante para que o concreto seja

entregue na obra de acordo com o exigido em projeto” (ABESC, 2007, p. 11).

A quantidade de concreto solicitada pela obra irá determinar quantos

caminhões betoneiras serão necessários e quantas viagens terão que ser

feitas para que o concreto chegue à obra na quantidade certa. Variações de

volume durante o fornecimento causaram uma reação em cadeia na

programação.

1.6. FORMA DE LANÇAMENTO DO CONCRETO

O lançamento do concreto, segundo a ABESC (2007) poderá ser feito

de duas maneiras:

1.6.1. Convencional

Quando este tipo de lançamento é utilizado significa que o

transporte do concreto na obra será através de carrinhos de mão,

gruas ou caçambas, o que significa uma grande demanda de

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tempo do caminhão na obra, ou seja, o caminhão betoneira

quando enviado para uma obra com descarga convencional o

programador deverá estar atento para o tempo de lançamento,

evitando assim um acúmulo de caminhões na obra (SILVA, 2009).

1.6.2. Bombeado

“Bomba de Concreto” é a denominação do equipamento quando o

lançamento do concreto é bombeado, este equipamento

transporta o concreto através de uma tubulação metálica desde o

caminhão betoneira até a peça a ser concretada, vencendo

grandes distâncias horizontais e/ou verticais, com uma

capacidade de lançar volumes elevados em um curto espaço de

tempo, onde a produção alcança de 35,0 a 120,0 m³ de concreto

por hora, enquanto no transporte convencional só se atingem de

4,0 a 7,0 m³ de concreto por hora.

O concreto bombeável é ideal para todo tipo e tamanho de obra,

porém é mais utilizado em grandes alturas, áreas de difícil

acesso, barragens, concreto submerso, centrais nucleares,

longas distâncias e túneis. O sistema é a melhor solução para se

trabalhar com grandes volumes em curtos espaços de tempo.

É o caso de grandes fundações, lajes de edifícios e tubulações.

Devido à sua plasticidade, trabalhabilidade e quantidade de finos,

o concreto bombeável é ideal para obras em concreto aparente.

O método de bombeamento apresenta muitas vantagens.

As principais vantagens do método de bombeamento são:

Maior velocidade de transporte e na aplicação do concreto;

Racionalização da mão-de-obra permite maior volume

concretado por operário;

Redução da quantidade de equipamentos de transporte,

como guinchos, gruas, elevadores e jericas;

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Menor necessidade de vibração por se tratar de um

concreto mais plástico e com uma granulometria contínua.

O uso da técnica de bombeamento permite a concretagem

contínua, evitando paralisações e as problemáticas juntas de

concretagem. A rapidez faz com que o trabalho seja mais

homogêneo.

Para que o bombeamento tenha êxito, é imprescindível o

entrosamento entre a obra e a central dosadora de concreto. O

resultado geral para o construtor é a redução de custos para a

obra, aumento da produtividade e a menor quantidade de

equipamentos.

Como a concretagem é feita rapidamente com o bombeamento de

concreto, o construtor deve observar alguns cuidados:

O concreto bombeável é colocado quase que de uma só vez na

fôrma e exerce uma pressão maior sobre o escoramento lateral

que o lançamento convencional. Dessa forma, o sistema de

escoramento deve ser reforçado. Para a aplicação de concreto, é

importante manter pessoal restrito e bem dimensionado e não se

esquecer de ter sempre vibradores de reserva.

Isto significa grande produtividade, menor quantidade de

equipamentos e menores custos para a obra (SILVA, 2009).

1.7. ACESSO À OBRA

Segundo Silva (2009):

Na obra, o trajeto a ser percorrido pelo caminhão

betoneira até o ponto de descarga do concreto deve estar

limpo e ser realizado em terreno firme, evitando, assim,

ficar atolado e as manobras difíceis que podem atrasar a

concretagem em andamento.

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A circulação dos caminhões deve ser facilitada, de modo

que o caminhão seguinte não impeça a saída do

caminhão vazio.

A descarga do concreto deve ocorrer no menor prazo

possível; quando for lançado por meio de bombeamento

ou quando grande número de caminhões estiver

circulando, deve-se prever um local próximo a

concretagem para que os caminhões possam aguardar o

momento do descarregamento.

Deve-se verificar se a obra dispõe de vibradores

suficientes, se os acessos e os equipamentos para o

transporte de concreto estão em bom estado (guinchos,

carrinhos etc.) e se a equipe operacional está

dimensionada para o volume e o prazo de concretagem

previsto.

O acesso à obra deverá estar completamente livre e seguro para a

locomoção do caminhão betoneira, com a equipe e os equipamentos voltados

para o ato de concretar, isto assegurará uma maior rapidez na descarga do

concreto.

1.8. CONTROLE OPERACIONAL

As metas estabelecidas pela empresa poderão definir a quem atender

de acordo com o objetivo a ser alcançado, este objetivo pode ser definido pelo

volume, distância ou margem de lucratividade.

De acordo com Idalberto Chiavenato (Administração, 2007, p. 363):

Enquanto o nível institucional estabelece os objetivos e o

nível intermediário elabora os planos e os meios de

controle em termos departamentais, o nível operacional

traça os planos e os meios de controle em termos

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específicos com relação a cada tarefa ou operação,

tomadas isoladamente.

A partir dos objetivos estabelecidos pela empresa, o controle

operacional estabelece as regras para cada tarefa, podendo isto influenciar na

tomada de decisão para a programação de entrega. O controle operacional é

direcionado, específico, imediato e de curto prazo, portanto o programador

deverá estar atento para as metas da empresa, sem perder o foco no seu

planejamento diário.

1.9. CULTURA ORGANIZACIONAL

Segundo Idalberto Chiavenato (Administração, 2007, p. 287):

A cultura organizacional representa as normas informais e

não escritas que orientam o comportamento dos

membros de uma organização no dia-a-dia e direcionam

suas ações para o alcance dos objetivos organizacionais.

No fundo, é a cultura que define a missão e provoca a

definição dos objetivos da empresa.

Nas empresas, a cultura organizacional existente poderá determinar as

prioridades que politicamente interessam a empresa, através de normas

informais, criando exceções às regras estabelecidas dentro do controle

operacional e dificultando a tomada de decisão. Estas exceções podem, por

exemplo, definir a que cliente priorizar o atendimento, independentemente das

circunstâncias, levando em conta seu relacionamento comercial ao nível de

diretoria. Mesmo estando em um nível operacional o programador deverá estar

ciente dos interesses da empresa e de seus vínculos comerciais mais fortes.

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CAPÍTULO II

BOMBAS DE CONCRETO

A velocidade é a essência da guerra.

Segundo o Portal do Concreto (2011):

A bomba de concreto é um equipamento de extrema

importância para a construção civil atual. Tanto para

grandes quanto para pequenas obras, ela imprime mais

velocidade à concretagem, diminui a quantidade de mão

de obra e equipamentos, facilita a aplicação e permite um

melhor acabamento, devido à maior plasticidade do

concreto.

Seu funcionamento é muito complexo, mas podemos

dizer que está baseado em acionar dois pistões para

funcionarem alternadamente. Enquanto um se enche com

o concreto proveniente do caminhão betoneira, o outro se

esvazia, empurrando o concreto para a tubulação de

saída.

Dependendo do seu modelo, as bombas podem ser

montadas sobre o chassi de um caminhão, ou serem do

tipo rebocável, seguindo para a obra engatada em outro

veículo.

Seguindo esta mesma lógica a fabricante Sany Heavy Industry Co.

(Apresentação Sany, 2010, p. 23) classifica as bombas de concreto como:

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2.1. BOMBA-LANÇA

Equipamento que obrigatoriamente deve ser montado sobre o chassi de

um caminhão, devido ao seu tamanho e peso. O seu funcionamento se dá

através de um sistema hidráulico que é acionado pela tomada de força

existente no caminhão. O nome lança se deve ao fato dela possuir um mastro

distribuidor, articulado normalmente em três, quatro ou cinco partes, que são

denominadas “estágios”. No Brasil as bombas-lança são identificadas por suas

distâncias máximas de alcance, por exemplo uma Bomba-Lança de 32,0 m,

significa que o seu mastro distribuidor tem uma capacidade máxima de alcance

vertical de 32,0 m.

Estes equipamentos também podem ser encontrados com as seguintes

denominações:

a) Caminhão bomba-lança;

b) Auto bomba para concreto com mastro de distribuição;

c) Auto bomba lança.

De acordo com a fabricante Schwing Stetter (2011):

Os equipamentos para bombeamento e distribuição de

concreto mais populares em todas as empresas de

serviço de bombeamento, de todo o mundo, são as auto

bombas para concreto com mastros de distribuição de

alcance entre 30 a 40 metros verticais montadas sobre

caminhões com 3 eixos. Estes tipos de modelos podem

ser montados em diferentes modelos de chassis comum,

peso total admissível a partir de 26 toneladas e potência

mínima de 250 HP, garantindo excelente dirigibilidade do

equipamento em rodovias e obras, onde os espaços físico

para manobras, são bastante limitados.

Estes equipamentos são projetados e desenvolvidos para

trabalhar nas pequenas, médias e grandes obras, com a

máxima eficiência, confiabilidade e rentabilidade e

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excelente relação custo/benefício, pois os mesmos

podem ser montados em caminhões standard de

mercado, com kit para bombeamento de alta

performance, mastro de distribuição com excelente

diagrama de alcance, espaço físico ideal para o

transporte de tubulação e acessórios de concreto,

pequeno espaço físico para estabilização e abertura do

mastro.

O mastro para distribuição das auto bombas para

concreto é o componente mais importante nestes tipos de

equipamentos, assim sendo, o mastro de distribuição,

combinam de maneira inteligente a tecnologia dos aços

estruturais de granulação fina de alta resistência, com o

controle permanente das estruturas soldadas, através de

soldadores e engenheiros de projetos qualificados.

2.2. BOMBA ESTACIONÁRIA

São equipamentos sem o mastro distribuidor, mas que podem ter o

mesmo desempenho de uma Bomba Lança em termos de velocidade e

potência de bombeamento. São rebocadas até a obra e necessitam da

montagem de tubulação até o local de descarga. Possuem um motor exclusivo

para ativar o sistema hidráulico, o que as torna totalmente independente de

outros equipamentos para o seu funcionamento. São mais utilizadas em

prédios, galpões com pé direito baixo, estacas hélice, etc.

Estes equipamentos também podem ser encontrados com as seguintes

denominações:

a) Bomba de concreto rebocável;

b) Bomba estacionária para concreto;

c) Bomba rebocável estacionária.

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De acordo com a fabricante Schwing Stetter (2011):

A bomba estacionária para concreto é um equipamento

fabricado para atender médias e grandes obras nas mais

severas condições de trabalho. Esta classe de bombas

para concreto são ideais para bombeamentos em

grandes distâncias verticais ou horizontais e conta com

um grande número de vantagens conhecidas pela

confiança e qualidade que estes equipamentos

apresentam.

Estas bombas são equipadas com bombas hidráulicas de

fluxo variável que eliminam os riscos de sobrecarga do

motor de acionamento.

O fluxo hidráulico variável otimiza a distribuição do volume

de óleo e a pressão, ou seja, a bomba para concreto se

adapta automaticamente às diferentes exigências ou

dificuldades do bombeamento. A regulagem manual de

ciclos possibilita o ajuste do volume de bombeio. O

circuito hidráulico aberto combinado com o bloco de

comando, significa baixo aquecimento do óleo hidráulico

com quase nenhuma perda de potência e com a

conservação dos componentes hidráulicos.

No intervalo entre os trabalhos de bombeio, o comando

hidráulico principal, opera sem pressão, retornando todo o

óleo sem pressão até o reservatório auxiliando a troca de

calor do sistema. Estes equipamentos não funcionam com

bomba de alimentação continua, pois este sistema faz

perder potência de acionamento aumentando o consumo

de combustível.

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2.3. AUTO BOMBA

São equipamentos com as mesmas características de uma bomba

estacionária, porém são montadas sobre o chassi de um caminhão,

dispensando a necessidade de um veículo para rebocá-la. Este equipamento é

o mais popular entre as bombas de concreto, pois realiza todos os tipos de

serviços, ideal para utilização em cidades facilitando a locomoção entre um

bombeado e outro, pois apresenta uma enorme versatilidade. Pode ser

considerado como uma fusão entre a bomba lança e uma bomba estacionária.

São mais utilizadas em lajes residenciais, prédios, pisos industriais, etc

Estes equipamentos também podem ser encontrados com as seguintes

denominações:

a) Auto bomba estacionária;

b) Auto bomba para concreto;

c) City pump.

De acordo com a fabricante Schwing Stetter (2011):

Com pressões máximas sobre o concreto de até 100 bar,

através de seu circuito hidráulico aberto, a linha de Auto

Bombas pode alcançar bombeamentos em pequenas,

médias e grandes distâncias horizontais e verticais,

proporcionando ao cliente um rápido retorno de seu

investimento.

Capacidades de bombeamento de misturas com

agregados de até 38 mm de tamanho, esta linha de auto

bombas são ágeis e versáteis para vários trabalhos de

bombeamento no mesmo dia.

A facilidade operacional e seu baixo custo de manutenção

faz com que as auto bombas sejam equipamentos com

excelente relação custo/benefício e que atende muito bem

ao cliente nas diversas situações de trabalho.

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Estas bombas para concreto são desenvolvidas para

atender as mais diversas aplicações, relacionadas ao

bombeamento de concreto, projeção via úmida, injeção

de concreto, pequenas fundações, através do sistema de

hélice contínua, concreto celular, injeção de refratário e

outras diversas aplicações.

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CAPÍTULO III

NEGOCIAÇÃO

Quando cercar o inimigo, deixe uma saída para

ele, caso contrário, ele lutará até a morte.

Negociação pode ser definida como um “processo de comunicação

interativo, no qual duas ou mais partes buscam um acordo, durante uma

transação, para atender a seus interesses.” (GUIRADO, 2008, p. 19). Dentro

da abrangência da Negociação, como área de conhecimento, existem muitas

sub-áreas a serem exploradas. Neste capítulo será abordado os aspectos

estratégicos.

O conceito de estratégia está normalmente associado ao de tática.

Quando não se conhece a etimologia de cada termo, acabam sendo

empregados de maneira intercambiável, a exemplo de Thompson (2009) ao

afirmar que “O risco estratégico refere-se a quão arriscadas são as táticas

usadas pelos negociadores na mesa de barganha” (THOMPSON, 2009, p. 21),

ou ao chamar de táticas as “intervenções processuais” (THOMPSON, 2009, p.

106), depois de tê-las apresentado, anteriormente, como estratégias

(THOMPSON, 2009, p. 104).

As raízes de ambos os termos remontam da Antiga Grécia, associados à

arte da guerra. O conceito de tática sempre foi o mesmo, desde aquela época.

Refere-se ao preparo e à condução de combates ou engajamentos, derivada

do grego taktika, “coisas relativas à organização ou ordenação”, ou de taktik, a

“arte de dispor ou organizar as forças para o combate” (CREVELD, 2000, p.

14).

O termo estratégia, por outro lado, sofreu evoluções ao longo do tempo.

No idioma grego, um strategos era um comandante militar e membro do

conselho de guerra. Os romanos usaram o termo strategia, em latim, para se

referirem a um território controlado por um strategus. Esse entendimento

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perdurou até 1779, quando o Conde Guilbert, pensador militar francês,

introduziu o termo la stratégique no sentido de “grande tática”, posteriormente

chamada por este de estratégia ou “tática dos exércitos”, em contraposição à

“tática elementar” (GHYCZY; OETINGER; BASSFORD, 2002, p. 43).

No século XIX, após a derrota de Napoleão, surgiram às obras de

Jomini e Clausewitz, trabalhos que fundam o pensamento estratégico

ocidental. Os dois autores abordaram o conceito de estratégia de forma

diferente. Enquanto Jomini considerava estratégia como um conjunto de

princípios, Clausewitz se opunha frontalmente a essa idéia, considerando-a

como um conjunto de elementos interdependentes, que deveriam ser

combinados durante um combate, de acordo com as circunstâncias e as ações

do inimigo (PROENÇA; DINIZ; RAZA, 1999).

Clausewitz, um dos autores cujas definições foram utilizadas como

referência neste trabalho, definia o termo estratégia como “a arte de usar

embates para alcançar os objetivos da guerra.” (CLAUSEWITZ, 1996, p. 171).

Para o pensador germânico, um embate consistia em atos individuais, cada um

deles completo em si mesmo e com objetivos próprios, subordinados aos

objetivos da guerra.

Dessa forma, o delineamento da estratégia consistia em estabelecer em

que condições, quando e onde deveriam ocorrer os embates, para que um

determinado fim fosse atingido, considerando, ainda, que uma guerra poderia

ser vencida por um ou mais embates.

A tática, nesse contexto, era concebida por Clausewitz como a maneira

como as manobras e as ações de uma força seriam conduzidas, durante os

embates. A estratégia, portanto, estaria relacionada com a maneira como se

usariam os embates e com os objetivos gerais da guerra, enquanto a tática

diria respeito às ações e aos objetivos específicos de cada embate

(CLAUSEWITZ, 1996).

Moltke, chefe do Estado-Maior do Exército Alemão na segunda metade

do século XIX, inspirou-se em Clausewitz e ampliou o conceito de estratégia.

Ele dizia que a estratégia devia estar presente desde a preparação de um

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exército e que, durante seu emprego, deveria combinar os recursos

disponíveis, no tempo e no espaço, para que fosse possível obter os

resultados pretendidos (RAPOSO, 1990).

Na época, as idéias subjacentes ao conceito de estratégia não estavam

apenas restritas ao ambiente militar. Nicolau Maquiavel, que viveu entre 1469

e 1527, já defendia o uso dos meios que fossem necessários para justificar o

alcance de um fim, inclusive a guerra (MAQUIAVEL, 2002).

O emprego dessas idéias tornou-se factível e ganhou maior flexibilidade

de aplicação com o advento da Revolução Industrial, na Inglaterra, e da

Revolução Francesa. Esses acontecimentos alteraram e estrutura econômica e

social da época, possibilitando o surgimento de outros meios, além da guerra,

para se atingirem os fins políticos: como as ações econômicas e psicossociais

(RAPOSO, 1990).

Para o emprego de ambas, seria necessário usar eventos, não mais

embates, para alcançar os objetivos políticos, a exemplo dos embargos

econômicos, incentivos comerciais, ajudas humanitárias ou campanhas de

comunicação. Também seria necessário combinar recursos, no tempo e no

espaço, para conquistar esses mesmos objetivos, como pessoas dotadas de

competências específicas, numerário, empresas privadas, públicas ou não-

governamentais e até mesmo os próprios recursos militares.

No século XX, o termo estratégia também foi adotado na área

administrativa e de negócios. Nesse novo contexto, assumiu diferentes

significados, distanciando-se dos conceitos propostos por Clausewitz, Jomini

ou Moltke. Passou a ser entendido como um plano, um padrão de

comportamento, uma posição adotada, uma perspectiva ou um conjunto de

manobras (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2007).

Posteriormente, esse conceito, juntamente com o de tática, foi

incorporado por outras áreas do conhecimento, entre as quais se inclui a de

Negociação. Nessa atividade, a maioria dos autores considera estratégia como

uma diretriz geral, o caminho a ser percorrido entre os desejos e as

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necessidades de um negociador, na busca de seus objetivos (SANER, 2000, p.

127; WANDERLEY, 1998, p. 158).

Tática, por sua vez, é considerada como decorrente da estratégia,

“dando-lhe substância na forma de uma linha de ação concreta” (SANER,

2000, p. 127). Em outras palavras, táticas são “meios de alcançar os objetivos

e as estratégias de cada etapa” (WANDERLEY, 1998, p. 168).

Para aproximar ainda mais esses conceitos dos de Clausewitz, teria que

se estabelecer algumas comparações. Considerando que a Guerra, aplicação

original da estratégia, consiste em um choque de vontades, e que uma

negociação, conforme visto anteriormente, representa o conflito de interesses

entre duas partes, pode-se vislumbrar uma interseção entre os conceitos de

guerra e de negociação, respeitadas as devidas proporções.

O choque de vontades em uma guerra é violento, baseado no uso do

poder e da força, e o objetivo final é que um lado possa impor-se sobre o outro

(PROENÇA; DINIZ; RAZA, 1999). Na negociação, no entanto, o conflito de

interesses é desprovido de violência, busca-se o poder para equilibrar as

condições em que ocorre a transação, e o objetivo final não é a imposição de

uma parte sobre a outra, mas a busca da satisfação mútua entre as partes.

Uma negociação pode ser conduzida em uma ou mais interações com a

outra parte. Ao comparar uma interação com um embate, ou seja, atos

individuais, cada um deles completo em si mesmo, encontra-se outro ponto de

concordância: nos dois conceitos utilizam-se as interações para alcançar

interesses e objetivos.

Considerando, ainda, uma interação como um evento, associada à

definição de Moltke, quanto ao preparo e à combinação de recursos no tempo

e no espaço, por aproximação pode-se dizer, portanto, que uma estratégia de

negociação consiste na arte de preparar e combinar eventos e recursos, no

tempo e no espaço, para atingir determinados propósitos e interesses.

A tática de negociação, por sua vez, que como se afirmou anteriormente

não sofreu grandes evoluções ao longo do tempo, pode ser compreendida

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como a arte de usar técnicas de negociação, durante uma interação ou

contato.

Esses conceitos estão próximos aos de Clausewitz e continuam

alinhados com o consenso geral, em que a estratégia estabelece a linha geral

de ação a ser adotada, com vistas a se atingir um propósito maior; enquanto a

tática é empregada para se conquistarem resultados pontuais, em cada

interação com a outra parte envolvida, conforme a estratégia adotada.

Para implementar esse conceito de estratégia, é necessário delimitar

alguns outros elementos, intrínsecos ao processo de negociação, que possam

ser empregados de maneira estratégica.

Foram encontrados na literatura três diferentes formas de implementar

uma estratégia de negociação, estudadas a seguir: como inter-relação entre

tática, design e configuração (LAX; SEBENIUS, 2009); como princípios

relacionados a informação, tempo e poder (WANDERLEY, 1998); e como

posicionamento comportamental, por meio de uma matriz de decisão

estratégica (SANER, 2000).

3.1. ESTRATÉGIA COMO TÁTICA, DESIGN E CONFIGURAÇÃO

O modelo de delineamento estratégico proposto por Lax e Sebenius

(2009, p. 23) prevê que uma negociação deve ser abordada estrategicamente

a partir de três perspectivas diferentes: tática, design do negócio e

configuração.

Por esse modelo, a tática, segundo os autores, diz respeito às ações

conduzidas na mesa de negociação, estando relacionada com a maneira como

são abordadas as questões. Quanto maior o número de questões, mais

complexa é a negociação, por haver uma quantidade maior de possíveis

resultados e a possibilidade de incluir mais partes no processo de negociação,

aumentado ainda mais sua complexidade. Quanto mais complexa a

negociação, finalmente, maior é a necessidade de se desenvolverem táticas

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diferentes para cada parte envolvida e para cada conjunto de questões

tratadas.

As questões refletem as posições divergentes entre as partes, que só

podem ser resolvidas se forem discutidos os interesses que sustentam essas

posições.

Ao considerar os interesses, entra em cena o design do negócio, que

envolve a ciência e a arte de criar valor para as partes, em um processo

criativo, em que são levantados os interesses e as diferenças de prioridade

entre esses interesses (LAX; SEBENIUS, 2009, p. 24).

Para criar valor, os autores sugerem que todas as partes identifiquem e

discutam os interesses que sejam relativamente fáceis para cada um ceder, de

maneira que representem pouco para si, mas que tenham muito valor para o

outro lado. Esse comportamento estabelece as condições para que ambas as

partes saiam satisfeitas da negociação.

Finalmente, por configuração, os autores consideram os movimentos

conduzidos fora da mesa de negociação para configurar a situação de maneira

mais vantajosa para uma das partes. Nas palavras dos autores, configurar

significa:

...assegurar que as devidas partes estão envolvidas, na

sequência devida, para abordar os tópicos corretos que

se relacionam com o conjunto de interesses certos, na

mesa ou mesas, no momento adequado, com as

expectativas certas, encarando as consequências de não

fechar negócio. (LAX; SEBENIUS, 2009, p. 26)

Nesse contexto, Lax e Sebenius propõem uma série de passos para

configurar uma negociação, descritos a seguir.

Mapeamento das partes envolvidas e de seus relacionamentos _ uma

negociação pode envolver duas ou mais partes. Lax e Sebenius (2009)

afirmam que surgem complexidades significativas quando um novo ator social

é acrescentado a uma negociação, principalmente devido ao aumento da

quantidade de interesses e à possibilidade de se formarem coalizões.

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Outro autor, Watkins (2003), confirma essa idéia, ressaltando, ainda,

que a formação de uma coalizão ocorre para se buscar maior poder de

influência. Envolve a identificação de atores sociais com interesses

convergentes e a busca da construção de alianças entre eles. Além do mais,

afirma que “a energia resultante da ação coletiva de uma coalizão pode

influenciar decisivamente o delineamento do processo de negociação”

(WATKINS, 2003, p. 13).

Lax e Sebenius (2009, p. 67) propõem, inclusive, que se comecem “os

preparativos de uma negociação, pensando seriamente nas partes

interessadas”. Deve-se pensar tanto em quem está envolvido como em quem

pode ser envolvido, a fim de possibilitar a criação de valor e o estabelecimento

de alternativas, proporcionar um equilíbrio ou desequilíbrio de poder ou

facilitar o acesso ao decisor-chave. Os autores propõem que também sejam

incluídas as partes a quem o negociador deve prestar esclarecimentos, uma

vez que podem vir a influenciar no resultado final, caso não concordem com as

decisões tomadas.

3.1.1. Identificação dos interesses de cada parte

Os interesses, assim como as partes, também são elementos

intrínsecos de uma negociação, conforme a definição adotada anteriormente.

As intenções de um ator social em relação a resultados concretos

buscados em uma negociação, como dinheiro, prazos, condições e garantias,

são denominadas posições. Os interesses, por sua vez, são formados pelos

desejos, preocupações, crenças conscientes, temores e aspirações possíveis

de serem verbalizados e que sustentam essas posições. Os interesses são os

responsáveis por mobilizar os atores sociais, levando-os a perseguir

propósitos e objetivos, independente dos obstáculos que possam encontrar

pela frente (GUIRADO, 2008).

Segundo Lax e Sebenius (2009, p. 83), os interesses devem ser

mapeados juntamente com as partes, pois “quando reconfigura a mesa com

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novas partes, você está pensando nos novos interesses que entrarão na

negociação, melhorando a configuração para os seus propósitos”.

O mapeamento das partes e a identificação de seus respectivos

interesses são passos que ocorrem de maneira simultânea, pois só faz sentido

um negociador envolver um novo ator social, se os interesses dessa nova

parte estiverem, de alguma forma, alinhados com os de quem propôs seu

envolvimento. Os interesses revelam e justificam os motivos que levam um

determinado ator social a se envolver em uma negociação. Um desses

interesses pode ser a busca de uma ou mais alternativas.

3.1.2. Compreensão das alternativas

Fisher, Ury e Patton (1981) criaram um conceito que se tornou

amplamente adotado na literatura de negociação: Best Alternative to a

Negotiated Agreement, popularizado pela sigla BATNA (melhor alternativa

para um acordo negociado). O BATNA representa a melhor linha de ação de

um ator social, caso a negociação em que esteja envolvido não possa ser

concluída.

Da mesma forma como as partes e os interesses desempenham um

papel importante no delineamento da estratégia, as alternativas podem ser

empregadas para configurar de maneira favorável uma negociação, uma vez

que definem as condições necessárias para se obter um acordo. Por meio de

alternativas, assim como ocorre com as coalizões, um negociador pode

estabelecer um equilíbrio de poder de influência em relação à outra parte, ou

mesmo desequilibrá-lo a seu favor (LAX; SEBENIUS, 2009).

Antes de uma negociação, as alternativas devem ser reforçadas, a fim

de se tornarem mais atraentes, o que possibilita ao negociador desenvolver

expectativas mais elevadas e ter mais firmeza nos seus argumentos. O reforço

das alternativas ocorre por meio da escolha da sequência de interação com as

partes.

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3.1.3. Escolha da sequência de interação com as partes

As partes envolvidas no processo de negociação devem ser contatadas

de acordo com uma sequência lógica, que permita aos negociadores

adquirirem consciência situacional e criar alternativas, antes que a negociação

principal seja realizada. Ao interagir com as partes em uma sequência

incorreta, o negociador diminui a força de seus argumentos, a efetividade de

seu poder de influência e compromete toda a estratégia vislumbrada (LAX;

SEBENIUS, 2009).

A sequência em que as partes serão contatadas depende, ainda, das

informações que serão buscadas, compartilhadas ou negadas em relação a

cada parte, assim como o melhor momento e as consequências decorrentes de

cada contato (LAX; SEBENIUS, 2009).

Nesse ponto, para auxiliar na escolha da sequência de interação com as

demais partes envolvidas no processo de negociação, é possível empregar o

modelo de estratégia baseado nos princípios de informação, tempo e poder,

discutido a seguir.

3.2. ESTRATÉGIA COMO PRINCÍPIOS DE INFORMAÇÕES, TEMPO E

PODER

A abordagem estratégica para negociação proposta por Wanderley

(1998) segue o conceito de Jomini, baseada em princípios. Segundo o autor,

toda negociação implica decisão. Boas informações representam boas

decisões, de maneira que um negociador, ao pensar estrategicamente, deve

preocupar-se em identificar quais informações obter, que informações dar e

quais negar (WANDERLEY, 1998, p. 161).

Essas informações são utilizadas pelo negociador para elaborar uma

representação do mundo real em sua mente, denominada modelo mental.

Atores sociais negociam com base em seus modelos mentais, que muitas

vezes são diferentes do mundo real. A partir de tais modelos, empregam o

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raciocínio para compreender as necessidades, interesses e limitações da outra

parte. Com base nas informações disponíveis, elaboram os argumentos,

tomam decisões e permitem que a outra parte também tome conhecimento de

suas necessidades, interesses e limitações.

Sabendo da importância da informação para a elaboração de modelos

mentais, o negociador deve decidir, portanto, se compartilha ou sonega

informações. O compartilhamento aumenta a consciência situacional das

partes, uma vez que permite a ambos os lados partirem de uma base maior de

conhecimento para gerar soluções capazes de atender a todos os envolvidos.

A sonegação de informações, por outro lado, à primeira vista pode favorecer

aquele que detiver maior consciência situacional, mas aumenta o risco de que

sejam tomadas decisões baseadas em uma percepção parcial da realidade.

O tempo, segundo o autor, está relacionado com a necessidade de o

negociador tomar decisões estratégicas para: avaliar o prazo-limite disponível

para si mesmo, o prazo a ser disponibilizado para a outra parte, o momento

oportuno em que as questões devem ser abordadas, e a duração da

negociação (WANDERLEY, 1998, p. 164).

Prazos e limites exercem influência sobre decisões, deixando a parte

pressionada em desvantagem, pois geralmente quando uma parte negocia sob

pressão do tempo, pode ficar emocionalmente abalada e realizar concessões

que normalmente seriam evitadas em condições mais equilibradas. Thompson

(2009) confirma essa idéia, afirmando que se os dois lados estão

pressionados, o que se desestabilizar emocionalmente primeiro leva a pior,

pois terá o raciocínio lógico prejudicado.

Segundo Thompson (2009), o tempo disponível ainda afeta a qualidade

do preparo, antes de uma negociação, e a qualidade e quantidade de

informações de que se dispõe para uma tomada de decisão. Quanto mais

tempo há disponível, mais informações de boa qualidade consegue-se obter

para formar uma consciência situacional consistente e realística.

O poder, outro elemento estratégico, é considerado como intrínseco à

negociação, pois diz respeito à influência que uma parte procura exercer sobre

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a outra, para que seus interesses sejam atendidos. Os negociadores devem

identificar as fontes de poder de cada parte e determinar a relação de poder

existente (WANDERLEY, 1998, p. 165).

Nesse sentido, o que interessa a um negociador é o poder de influência,

definido como a “conjugação interdependente de vontades e meios, voltada

para o alcance de uma finalidade” (BRASIL, 2006a, p. 47). Negociadores

adquirem poder de influência, ou se esforçam em parecer possuí-lo, a fim de

estarem em melhores condições de defender seus interesses. A principal

consequência decorrente da falta de poder é a dependência. Sempre que um

negociador se tornar dependente das fontes de poder controladas pela outra

parte, por qualquer razão, estará sob a esfera do poder de influência dela e

será vulnerável a qualquer ação por ela imposta.

Saner confirma a importância que Wanderley atribui ao poder, em seu

uso estratégico, quando afirma que:

Uma coisa que não se pode duvidar é que aquele que tem

poder para impor suas exigências provavelmente o fará -

a não ser, naturalmente, que esteja perseguindo um

objetivo muito diferente. A existência de poder, no

entanto, não significa que ele se concentrará no caso em

questão, mas a simples possibilidade de que isso possa

ocorrer [...] terá uma influência considerável, ou até

mesmo decisiva, na escolha da estratégia, porque o lado

que tem poder nas mãos pode recorrer a ele a qualquer

momento. (SANER, 2000, p. 135)

As etapas necessárias para o delineamento estratégico, apresentadas

até o momento, indicam que um negociador deve mapear as partes envolvidas,

identificar os respectivos interesses, compreender as alternativas, escolher a

sequência de interação com as partes e as informações a serem

compartilhadas com cada uma, em função do tempo e poder disponível ou a

ser conquistado. Falta, porém, um aspecto importante: a atitude

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comportamental a ser adotada no relacionamento com cada parte, encontrada

na matriz de decisão estratégica.

3.3. MATRIZ DE DECISÃO ESTRATÉGICA

Alguns autores (SANER, 2000; CARVALHAL, 2002; GUIRADO, 2008)

consideram a estratégia como um posicionamento comportamental a ser

adotado por um negociador, obtido a partir de uma matriz de resolução de

conflitos proposta inicialmente por Blake e Mounton (1974), posteriormente

adaptada por Thomas e Kilmann (1975) e adotada, em seu formato final, por

Saner (2000). O modelo consiste em cinco grandes posturas comportamentais

estratégicas para enfrentar um conflito de interesses, estabelecidas a partir

das características de assertividade e cooperatividade de um ator social.

De acordo com o modelo, os comportamentos estratégicos competitivo,

colaborativo, conciliador, evasivo e prestativo são adotados em decorrência da

combinação de quatro fatores: importância do resultado, poder de influência,

qualidade de relacionamento e interdependência de interesses.

O indivíduo competitivo persegue seus próprios interesses à custa de

outras pessoas. Possui um estilo forte, usa qualquer forma de poder ou tática

de influência que lhe pareça apropriada para se impor sobre a outra parte,

como sua habilidade para argumentar, hierarquia ou sanções econômicas. Ser

competitivo significa manter-se firme em seus direitos, defender uma posição

que acredite ser correta ou simplesmente tentar vencer (THOMAS; KILMANN,

1974).

Pessoas prestativas apresentam características opostas às

competitivas. Costumam negligenciar seus próprios interesses para satisfazer

os de outra pessoa, em uma atitude de auto-sacrifício, generosidade

despretensiosa ou de caridade. Frequentemente obedecem ordens, mesmo

contrariados, ou cedem a pontos de vista alheios (THOMAS; KILMANN, 1974).

O indivíduo evasivo não persegue seus interesses nem atende aos da

outra pessoa e geralmente é incapaz de gerenciar conflitos. Os evasivos,

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diplomaticamente, esquivam-se de problemas; adiam assuntos até uma melhor

oportunidade; ou simplesmente retiram-se de uma situação ameaçadora

(THOMAS; KILMANN, 1974).

O indivíduo colaborativo é um solucionador de problemas. Procura

sempre trabalhar com outras pessoas na busca de soluções que satisfaçam os

interesses de ambas as partes. Mergulha profundamente nos problemas, a fim

de identificar interesses ocultos e encontrar alternativas (THOMAS; KILMANN,

1974).

O objetivo do conciliador é encontrar uma solução, mutuamente

aceitável, que satisfaça parcialmente ambas as partes. É um meio termo entre

o competidor e o prestativo. O conciliador desiste mais frequentemente do que

o competitivo, mas menos do que o prestativo. Além do mais, ele gerencia

problemas de forma mais direta que o evasivo, mas não os explora tanto

quanto o colaborativo. Ser conciliador quer dizer dividir a diferença, trocar

concessões ou procurar rapidamente um meio termo (THOMAS; KILMANN,

1974).

Os perfis acima agrupam as pessoas em estilos que refletem a forma

como um indivíduo lida com situações de conflito. Conforme citado

anteriormente, esses estilos podem ser utilizados estrategicamente, a partir da

combinação circunstancial dos fatores: importância do resultado, poder de

influência, qualidade de relacionamento e interdependência de interesses

(GUIRADO, 2008), relatados nos parágrafos seguintes.

A importância do resultado indica o quanto um determinado resultado é

importante para o negociador. Segundo a matriz de decisão para a escolha da

estratégia, quanto mais importante for o resultado, mais assertivo tende a ser o

negociador, assumindo uma atitude competitiva ou colaborativa (SANER,

2000, p. 134).

O poder de influência tem um impacto semelhante sobre o curso dos

acontecimentos. Da mesma forma que a importância do resultado, quanto mais

poder for acumulado por um negociador, mais ele tende a ser assertivo e a

adotar uma atitude competitiva com a outra parte (SANER, 2000, p. 135).

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A interdependência de interesses atua no sentido de estimular a

cooperatividade. Quanto mais interdependentes forem percebidos os

interesses das partes, maior a cooperatividade, estimulando a adoção de uma

atitude prestativa ou colaborativa entre os negociadores (SANER, 2000, p.

135).

Finalmente, a matriz considera que quanto maior a qualidade de

relacionamento, mais cooperativo tende a ser o comportamento de um

negociador, estimulando uma atitude prestativa ou colaborativa (SANER, 2000,

p. 136).

3.4. RESUMO DOS MODELOS ESTRATÉGICOS DE NEGOCIAÇÃO

A partir da revisão dos modelos de delineamento estratégico existentes

na literatura, pode-se encontrar uma inter-relação entre os mesmos.

Ao adotar os conceitos de estratégia e tática de negociação

estabelecida anteriormente, verifica-se que o elemento estratégico do modelo

de delineamento estratégico, proposto por Lax e Sebenius (2009) é o da

configuração, desconsiderando-se, assim, as táticas e o design.

Verifica-se, também, que o modelo de Wanderley (1998), baseado em

princípios, pode ser utilizado para definir a sequência de interação entre as

partes, a partir das informações a serem buscadas, compartilhadas ou

negadas; do prazo-limite a ser buscado ou disponibilizado; do momento

oportuno para abordar questões; e do equilíbrio de poder entre as partes.

Além desses elementos, de maneira complementar, deve-se decidir a

atitude comportamental a ser adotada no relacionamento com a outra parte,

em função da importância do resultado, do poder de influência, da

interdependência de interesses e da qualidade de relacionamento presentes

entre as partes, durante uma negociação, conforme proposto por Saner (2000).

A partir da combinação dos modelos existentes na literatura, portanto,

obtêm-se o modelo a seguir:

a) Mapeamento das partes envolvidas e de seus relacionamentos;

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b) Identificação dos interesses de cada parte;

c) Compreensão das alternativas;

d) Escolha da sequência de interação com as partes, com base em

princípios relacionados a informações, tempo e poder;

e) Atitude comportamental estratégica a ser adotada com cada

parte.

3.5. ÉTICA NOS NEGÓCIOS

A gestão da ética nos negócios e das relações de trabalho é um dos

pilares de sustentação das empresas. As instituições que pretendem ter vida

longa necessitam estabelecer relações éticas com todos os seus públicos.

Segundo Marcos Cobra (ADMINISTRAÇÃO DE VENDAS, 1986, p. 166):

O papel do homem de vendas é impedir o crescimento da

concorrência a qualquer custo, e isto só é possível se a

força de vendas agir no sentido de procurar fechar todo e

qualquer negócio interessante, não dando espaço ao

crescimento da concorrência e agindo sob forças e

minimizando suas fraquezas.

Em negociações comerciais, a necessidade da existência de regras de

comportamentos bem como direitos e deveres respeitados e obedecidos é

talvez ainda mais importante. Em ética empresarial, a menor das infrações

provoca um impacto gravíssimo na reputação de uma companhia ou das

equipes que a compõe. O que foi construído em um longo tempo é perdido

rapidamente. Um exemplo de Prejuízo foi da empresa Siemens que numa

atitude de tentar subordinar uma parte do processo de negociação, teve um

prejuízo de 1,4 bilhões de dólares. Quanto mais houver obediência

espontânea de ética, menos tempo e dinheiro serão desviados para a defesa

de eventuais comportamentos não-éticos.

Segundo Borges (ÉTICA, 2002, p. 141):

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O comportamento das empresas bem como seus valores

repercutem diretamente nas relações com clientes,

fornecedores e com a própria sociedade. A prática do

pluralismo tem difundindo essas informações e agregado

valor nas relações de clientes e fornecedores.

3.6. VANTAGENS DAS EMPRESAS ÉTICAS

A ética nas empresas representa um elemento mediador das práticas,

guia e orienta as relações humanas e incentiva os indivíduos a constituírem

um ambiente de harmonia norteado nos valores humanos (MAXWELL, 2006).

Algumas das vantagens de empresas éticas:

a) Desenvolvem relações de confiança mais estáveis e lucrativas

com seus clientes, sejam internos ou externos;

b) Criam um ambiente de trabalho saudável e consequentemente

mais produtivo;

c) Tornam positivas as experiências de compra ou venda nas

transações comerciais;

d) Aumenta a confiança e reciprocidade;

e) Empresas com padrões éticos têm menos problemas de furtos,

sabotagem, discriminações e depredação das instalações;

f) Minimizam riscos de escândalos que destroem carreiras e

companhias;

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CONCLUSÃO

De boas idéias a preços baixos e excelentes produtos, o mundo está

com excesso de oferta. Nesse contexto é comum observar a grande

competitividade nas empresas e a busca pela sustentabilidade e posição de

destaque.

A dificuldade em ser ético em vendas é justamente discernir sobre o que

é certo e o que é errado. Uma forma valiosa nesse caso é posicionar-se no

lugar da pessoa que estará sendo afetada por seu ato. Quer seja um

empregador, um colega, um concorrente ou um cliente, é preciso observar a

questão sob o ponto de vista do outro.

Nos segmentos altamente competitivos como a Indústria de

Equipamentos Pesados para a Construção Civil requer um cuidado especial na

conduta dos funcionários em suas áreas de atuações. Casos que com o

excesso de cobranças faz com que funcionários ajam contra as próprias regras

morais com o propósito de alcançar os objetivos da companhia e

consequentemente de se manter empregado. Em algumas empresas desse

segmento, tem-se a impressão que ética e negócio são palavras excludentes.

A grande necessidade de conquistar a preferência do cliente faz com

que alguns vendedores transgridam a ética distorcendo fatos e omitindo

informações relevantes. Enfrentar uma concorrência acirrada leva alguns

vendedores a exagerar nas vantagens da sua oferta. Isso também pode ser

antiético se a crença nesses exageros resultar em prejuízo para o cliente.

A competitividade traz melhorias contínuas, mas o excesso bem como a

grande cobrança na área comercial pode influenciar na prática de ações

desleais perante alguma parte do sistema. O grande desafio dos Gestores é

saber dosar até que ponto se pode chegar numa negociação para que não

afete a corrente ética estabelecida. Outro importante requisito é de se atentar

em conhecer os princípios éticos dos profissionais que contratam.

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Em negociações comerciais, o grande negócio é ser ético. Embora o

comportamento antiético possa levar as vendas imediatas, isso só acontece

em curto prazo. Com o tempo, pessoas que costumam ter esse tipo de

comportamento antiético vêem sua reputação sofrer as conseqüências. Por

outro lado, pessoas que costumeiramente comportam-se de acordo com os

mais elevados padrões éticos vêem suas reputações subirem. Uma reputação

favorável fará mais pela criação de vendas e sucesso duradouro do que

qualquer comportamento antiético.

Finalmente é importante destacar que a ética é importante tanto na vida

pessoal como na vida profissional. A esperança que mais organizações

adotem código de ética e conduta e que todos sejam inseridos nele e que

passem a construir uma sociedade mais humana e conseqüentemente mais

produtiva.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

CONCRETO DOSADO EM CENTRAL 09

1.1 – Conhecimento da região 11

1.2 – Condições Climáticas 11

1.3 – Mecânica 12

1.4 – Distância até a obra 12

1.5 – Quantidade para fornecimento 13

1.6 – Forma de lançamento do concreto 13

1.6.1 - Convencional 13

1.6.2 - Bombeado 14

1.7 – Acesso à obra 15

1.8 – Controle operacional 16

1.9 – Cultura organizacional 17

CAPÍTULO II

BOMBAS DE CONCRETO 18

2.1 – Bomba lança 19

2.2 – Bomba estacionária 20

2.3 – Auto bomba 22

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CAPÍTULO III

NEGOCIAÇÃO 24

3.1 – Estratégia como tática, design e configuração 28

3.1.1 - Identificação dos interesses de cada parte 30

3.1.2 - Compreensão das alternativas 31

3.1.3 - Escolha da sequência de interação com as partes 32

3.2 – Estratégia como princípios de informações, tempo e poder 32

3.3 – Matriz de decisão estratégica 35

3.4 – Resumo dos modelos estratégicos de negociação 37

3.5 – Ética nos negócios 38

3.6 – Vantagens das empresas éticas 39

CONCLUSÃO 40

BIBLIOGRAFIA 42

WEBGRAFIA 44

ÍNDICE 46