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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE GESTÃO EMPREENDEDORA: UMA NOVA POSTURA DA GESTÃO PÚBLICA E DA SOCIEDADE Por: Mariana Borges Medeiros Orientadora Profª Mary Sue Carvalho Pereira Rio de Janeiro 2008

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · efetivas para criar novos sistemas de valores. Em sentido amplo, deve buscar de forma permanente a estruturação de um

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

GESTÃO EMPREENDEDORA: UMA NOVA POSTURA DA

GESTÃO PÚBLICA E DA SOCIEDADE

Por: Mariana Borges Medeiros

Orientadora

Profª Mary Sue Carvalho Pereira

Rio de Janeiro

2008

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

GESTÃO EMPREENDEDORA: UMA NOVA POSTURA DA

GESTÃO PÚBLICA E DA SOCIEDADE

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Gestão Pública

Por: Mariana Borges Medeiros

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por ser amor

incondicional e pela garra de lutar e

vencer todas as dificuldades.

À minha família que sempre me

incentivou e me deu coragem para

prosseguir.

Aos grandes amigos que fiz neste

curso. Obrigada pela presença em

minha vida, embora a distância física

muitas vezes tenha nos separado.

Aos professores que não se limitaram

somente em ensinar, mas que nos

ministraram verdadeiras lições de vida.

E a todos aqueles que de alguma

forma, contribuíram para a realização

deste sonho.

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DEDICATÓRIA

São tantas as pessoas que passaram

pela minha vida que eu gostaria de

dedicar esta monografia...

Mas especialmente a vocês, pai, mãe e

Duda, meus portos seguros e fortaleza é

que eu dedico esta vitória.

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RESUMO

Tendo como base de apoio uma estrutura pesada, burocrática e

centralizada, a administração pública brasileira não tem sido capaz de

responder às demandas e desafios da modernidade. As evidências disponíveis

revelam como resultado dessas deficiências e distorções uma reconhecida

incapacidade de satisfazerem as demandas dos usuários de seus serviços, a

falta de coerência do modelo de organização global, processos de decisão

demasiados longos e complexos, que impedem a resolução em tempo hábil,

criando desconfiança em matéria de transparência e de legalidade, além da

desmotivação e desvalorização dos servidores públicos.

Acompanhamos ao longo do século XX e início do século XXI, diversas

tentativas por parte da administração pública no que diz respeito a

implantação/implementação de modelos e mecanismos para uma

reformulação de sua gestão.

O que se buscou é a substituição do modelo burocrático pelo modelo

gerencial e deste para o governo empreendedor. No entanto, é sabido que a

modernização da administração pública só será possível quando houver

mudanças profundas em suas estruturas, regras e processos e medidas

efetivas para criar novos sistemas de valores. Em sentido amplo, deve buscar

de forma permanente a estruturação de um modelo de gestão que possa

alcançar diversos objetivos, como a melhoria da qualidade dos serviços

prestados à população, aperfeiçoamento do sistema de controle social,

valorização do servidor público e garantia da ética, moral e transparência em

suas ações.

Fica evidenciado,assim, que a solução não estará no desmantelamento

do aparelho estatal, mas em sua reconstrução.

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METODOLOGIA

A presente pesquisa possui o caráter de análise teórico-empírica,

procurando correlacionar às teorias existentes, usando como fonte a utilização

de pesquisa bibliográfica pertinente ao tema, livros, sites, revistas

especializadas, artigos acadêmicos e etc.

A metodologia utilizada na elaboração deste trabalho destina-se a

apoiar os interessados na aplicação de método de pesquisa no seu dia a dia,

tornando o assunto mais atraente aos gestores públicos e os interessados por

este tema.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Gestão Pública: Conceitos e Desafios 11

CAPÍTULO II - A trajetória da Reforma da Gestão 17

Pública no Brasil

CAPÍTULO III – Gestão Pública Empreendedora 33

CONCLUSÃO 44

BIBLIOGRAFIA 47

ATIVIDADE CULTURAL 51

ÍNDICE 52

FOLHA DE AVALIAÇÃO 54

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INTRODUÇÃO

Após a Segunda Guerra Mundial, quando ocorreu a divisão do mundo

em dois grandes grupos, capitalistas e socialistas, surge o Welfare State, ou

Estado de Bem-estar, como tentativa de satisfazer algumas demandas da

população do mundo capitalista. Esse modelo de Estado, que primava por

estar presente em todas as faces da vida social, requerendo uma estrutura

estatal complexa, contribuiu decisivamente para modificar e desgastar

significativamente as relações do Estado com a sociedade civil e com suas

instituições, tendo em vista que o funcionamento do aparelho estatal era

precário, o governo, para cobrir os déficits, elevavam a carga tributária e a

população estava insatisfeita com o funcionalismo público, porque não

conseguiam enxergar uma relação direta entre o acréscimo nos tributos e a

melhoria dos serviços públicos.

Além disso, as profundas transformações que ocorreram na economia

e no setor produtivo, fenômeno da globalização, também refletiram no Estado.

O cenário econômico externo juntamente com os desequilíbrios no padrão de

financiamentos insustentáveis a médio e longo prazo agravaram a crise

interna.

A resposta para esse problema foi a adoção de um modelo neoliberal-

conservador que tinha como única preocupação a redução do tamanho do

Estado e a limitação do seu papel (Estado Mínimo), viabilizando o predomínio

total do mercado. O Estado deixa de ser protagonista do desenvolvimento e

persegue uma política de ajustes, que levará ao processo de desestatização.

A utilização desta ideologia neoliberal pôde ser observada em todo o

mundo, tendo como referência Margareth Tathcher na Grã-Bretanha e Ronald

Reagan nos Estados Unidos. Como medidas aos ideais do Estado mínimo,

estes atores limitaram a dimensão do setor público através das privatizações,

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comercializando e corporativizando os órgãos públicos. Outras estratégias

como desconcentração do governo central, uso de mecanismos típicos de

mercado, novas atribuições aos órgãos da administração, enfim, iniciativas de

reestruturação ou racionalização da administração pública, foram tomadas.

Esse novo modelo de gestão pública começou a ser implantado na

América Latina na década de 1990. O primeiro país a adotá-lo foi o Chile. No

Brasil, sua adoção correu a partir de 1995.

Podemos observar algumas iniciativas neoliberais já no governo

Figueiredo, quando permitiu a transferência de empresas estatais para o

capital privado nacional. Sarney também teve uma grande contribuição no

processo de desestatização do Estado quando revogou uma medida que

deixava livre a internacionalização das estatais e a crença da sociedade de

que o Estado era o grande vilão da crise que o país passava, ganhando apoio

político às privatizações, radicalizadas no governo Collor e Fernando Henrique

Cardoso.

A administração pública brasileira, a partir do final do século XX e início

do século XXI, foi marcada por ações que visavam a reconstrução do aparelho

do Estado, que continuava sendo um instrumento indispensável para a

promoção do desenvolvimento econômico, social e político, tendo como foco o

fortalecimento da democracia, da retomada do desenvolvimento econômico e

da redução das desigualdades regionais.

Como resposta a essa nova dinâmica, foram propostas várias

reformas:

- Reforma da administração pública gerencial: baseada nos modelos de

gerência privada, este modelo tinha como estratégia uma administração

pública gerencial moderna e eficiente em substituição à burocrática; a redução

dos custos; e a melhoria dos serviços traduzindo nas significativas

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transformações da relação Estado/sociedade e nas formas tradicionais de

administração do bem público.

- Reforma administrativa: que tinha como objetivo central o enxugamento da

máquina pública, que acabou por sucatear as empresas públicas ao invés de

adaptá-la ao novo cenário, que exigia uma eficiência no atendimento ao

cidadão e gastos compatíveis com a receita arrecadada.

- Reforma fiscal: passou a ser solicitada, devido a necessidade do Estado

para equilibrar as contas públicas. No entanto, pode-se observar que na

prática, as políticas adotadas não correspondiam à melhoria da gestão e nem

ao equilíbrio desejado, protegendo tão somente uma classe elite minoritária.

Torna-se claro que a proposta neoconservadora (Welfare State) ou

neoliberal (Estado Mínimo) não corresponde aos anseios da sociedade nem da

economia. Isto evidencia que a reforma do Estado brasileiro, na qual está

inserida a reforma administrativa, deve ser orientada para o desenvolvimento e

levar em consideração a absoluta necessidade do Estado e sua construção em

novas bases. Isso implica em afirmar que não se trata de reformar uma

estrutura que se encontrava pronta, mas uma estrutura inacabada, com uma

enorme quantidade de lacunas.

É evidente que as novas funções do Estado em um mundo globalizado

exigem novas competências, novas estratégias administrativas e novas

instituições. O desafio é construir instituições que fortaleçam a capacidade do

Estado em fazer aquilo que deve fazer e o impeçam daquilo que não devem,

construindo uma estrutura mais flexível com baixos custos e mais eficientes,

eficazes e efetivos, ou seja, uma gestão empreendedora.

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CAPÍTULO I

GESTÃO PÚBLICA: CONCEITOS E DESAFIOS

“ Ser líder é como ser uma dama: se você precisa provar que é, então você não é”. Margareth Thatcher

O grande desafio hoje do Estado é promover a compatibilização da

crescente demanda dos cidadãos com a limitação de recursos. Para realizar

esta adequação, os reformadores prometem agilizar a administração. Têm

lutado muito para dotar os serviços públicos de maior eficácia, de maior

eficiência e para reduzir custos. A grande maioria comprometeu-se com a idéia

de reduzir o tamanho do Estado, mudando-se a velha convicção de que o

Estado deveria ser promover do bem-estar social.

A Reforma da administração pública é uma realidade que se impõe às

sociedades modernas. Dada a complexidade e dinamismo da sociedade, seja

qual for o governo, a administração pública é muito cara e deve ser modificada

para oferecer maior eficiência e eficácia, com a otimização de seus recursos,

ou seja, funcionar melhor custando menos, sempre atento ao fator de que os

cortes orçamentários não interfiram no desempenho de longo prazo.

Para isso, só resta uma alternativa ao aparelho do Estado, senão

descentralizar e controlar por resultados, por competição administrativa e por

excelência.

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1.1 – Gestão Pública: conceitos

O Estado, por meio da administração pública, é responsável por

atender as demandas da sociedade, com serviços públicos de qualidade, de

modo eficaz, eficiente, efetivo e transparente.

Nesse sentido, argumentam KICKERT & STILLMANN (1999) “que a

gestão pública não é meramente uma questão de eficiência e eficácia, mas é

também uma questão de legalidade e legitimidade e ainda de outros valores

que transcendem os padrões restritivos dos negócios”.

Assim, a reforma e a modernização do Estado devem ser prioridade:

...esses esforços visam permitir que os governantes, além

de atuar com maior transparência na gestão pública,

alcancem maior eficiência, eficácia e efetividade na

qualidade dos serviços públicos ofertados à população,

criando um ambiente favorável para a inclusão social e o

fortalecimento da capacidade de formulação e

implementação de políticas públicas (MATIAS-PEREIRA,

2007).

A administração pública pode ser entendida como “todo sistema de

governo, todo o conjunto de idéias, atitudes, normas, processos, instituições e

outras formas de conduta humana, que determinam a forma de distribuir e de

exercer a autoridade política e como se atendem os interesses públicos”.

(MATIAS-PEREIRA, 2007).

Para WHITE (1950, p. 8), “a administração pública envolve todas as

operações que têm por propósito a realização ou o cumprimento dos desígnios

públicos, tendo a missão de coordenar e implementar políticas públicas”.

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Para BANDEIRA DE MELLO (2007), o serviço público é “toda atividade

de oferecimento de utilidade ou comodidade material fruível diretamente pelos

administrados, prestados pelo Estado ou por quem lhe faça às vezes”.

Assim, fica evidenciado que a gestão da coisa pública é algo mais do

que simplesmente a interpretação de gestão de negócios. O principal desafio

da gestão pública é promover o desenvolvimento econômico e social

sustentável, impondo as administrações públicas a necessidade de repensar a

questão da governança e do modelo de gestão pública, ao mesmo tempo que

exige mecanismos inovadores de relacionamento com a sociedade.

1.2 – Eficiência, Eficácia e transparência como mecanismos

de um governo empreendedor

Além de ser capaz de construir democraticamente uma estrutura legal

adequada à consecução dos objetivos da sociedade, a organização do Estado

ou administração pública deve ser eficaz, eficiente e efetiva no fornecimento

dos serviços públicos, além de ter como valores a ética e a transparência.

Segundo CHIAVENATO (1999, p. 126):

Eficácia é a medida do alcance dos resultados, enquanto

a eficiência é a medida da utilização dos recursos nesse

processo. Assim, a eficiência está voltada para a melhor

maneira (the best way) pelas quais as coisas devem ser

feitas ou executadas (métodos) a fim de que os recursos

(pessoas, máquinas, matérias-primas) sejam aplicados da

forma mais racional possível. O alcance dos objetivos

visados é um assunto da eficácia (CHIAVENATO ,1999).

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Para BARNARD (1971): “o indivíduo deve ser eficaz à medida que o seu

trabalho consegue atingir os objetivos da organização e eficiente à medida que

seu trabalho consegue atingir objetivos pessoais para sobreviver no sistema”.

A efetividade ocorre quando os bens e serviços resultantes de

determinada ação alcançam os resultados mais benéficos, sendo, portanto, a

soma da eficiência e da eficácia.

Pode-se afirmar que a efetividade diz respeito à capacidade de se atingir

objetivos utilizando bem os recursos disponíveis. A eficiência indica a

competência para se produzir resultados com dispêndio mínimo de recursos e

esforços; e a eficácia, por sua vez, remete à capacidade de alcançar as metas

definidas para uma ação ou experimento.

A avaliação da eficiência não pode ser dissociada da avaliação da

efetividade. Pois, se a eficiência mede o custo do que foi produzido, a

efetividade mede a qualidade dos resultados. Desta maneira, “quando

medimos a eficiência, podemos saber quanto nos custa alcançar uma

produção determinada; ao medir a efetividade, sabemos se nosso investimento

valeu a pena. Nada mais tolo do que fazer com eficiência o que não deveria

continuar a ser feito”. (OSBORNE & GAEBLER,1994)

OSBORNE & GAEBLER (1994) tentam definir a relação entre eficiência

e efetividade a partir dos objetivos do governo. E concluem:

Não há dúvida de que o público quer um governo mais

eficiente, mas ele deseja ainda mais um governo efetivo

(OSBORNE & GAEBLER, idem: 382).

No entanto, para melhorar o desempenho da administração pública,

além de se ter como premissas básicas a eficiência, eficácia e efetividade,

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torna-se necessário que o governo garanta a sua legitimidade junto à

população através da transparência.

“Transparência administrativa significa que atrás do

invólucro formal de uma instituição se perfilam relações

concretas entre indivíduos e grupos percebidos pelo

observador” (CHEVALIER, 1988, p. 251).

A respeito disso, MATHESON (2006), afirma que a administração

pública moderna:

Requer servidores politicamente responsáveis e capazes

de interagir com grupos sociais diversos; requer pessoas

intelectualmente preparadas para analisar problemas

complexos e oferecer assessoramento para solucioná-los;

requer equipes suficientemente estáveis para assegurar

que o conhecimento institucional permaneça

independentemente das mudanças de governo; e por fim,

requer uma base ética profissional, de forma que os

políticos recebam dos servidores assessoramento

apartidário, e os cidadãos recebam tratamento equânime.

(MATHESON, 2006)

Segundo OSBORNE & GAEBLER (1994), “torna-se necessário

transformar as burocracias públicas em governos empreendedores, produtivos

e eficientes, através da modificação dos sistemas, estruturas, regras,

procedimentos e leis que inibem a capacidade criativa”. Para este autor, esta

“reinvenção” não é mudar os fins – o que e para que – mas sim mudar a forma

tradicional e burocrática como funciona o governo.

Sem modificações profundas no formato das instituições públicas, nas

formas de controle, nas relações de trabalho e cultura do setor público, sem

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foco na sua missão e orientação para os resultados, dificilmente a

administração pública conseguirá produzir confiança pública em sua

capacidade de desempenho.

Tais reformas, para que atinjam seus objetivos, deverá estar baseada

nos três pilares: governo, administração pública e sociedade. Este enfoque se

pauta pela visão de referência do Estado como um processo que se destina

não apenas a apoiar as ações voltadas unicamente para o governo, mas que

envolvam outros aspectos políticos e sociais que estimulem a participação das

esferas subnacionais, do setor privado, dos estados e municípios, seja

lucrativo ou não, e da sociedade civil na formulação e implementação de

políticas.

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CAPÍTULO II

A TRAJETÓRIA DA REFORMA DA GESTÃO PÚBLICA

NO BRASIL

“Os Estados democráticos contemporâneos não são simples instrumentos para garantir a propriedade e os contratos, mas formulam e implementam políticas estratégicas para suas respectivas sociedades [...] e para isso é necessário que o Estado utilize práticas gerenciais modernas, sem perder de vista sua função eminentemente pública.” Luiz Carlos Bresser Pereira

Nos últimos anos, assistimos em todo o mundo um debate acalorado -

ainda longe de concluído - sobre o papel que o Estado deve desempenhar na

vida contemporânea e o grau de intervenção que deve ter na economia.

Visando um melhor entendimento da evolução da gestão pública e os

mecanismos adotados, faremos uma divisão por períodos desde a década de

30 até o advento da chamada Nova Administração Pública:

• 1930/45 – Burocracia da Era Vargas

• 1956/60 – Administração paralela de JK

• 1967 – A Reforma Militar (Dec. Lei 200)

• 1988 – A Administração pública na nova Constituição

• 1990 – O governo Collor e o desmonte da máquina pública

• 1995/2002 – O gerencialismo da Era FHC

• Nova Administração Pública (New Public Management)

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2.1 – 1930/45 – Burocracia da Era Vargas

No Brasil, o modelo de administração burocrática emerge a partir dos

anos 30. Surge no quadro da aceleração da industrialização brasileira, em que

o Estado assume papel decisivo, intervindo pesadamente no setor produtivo de

bens e serviços. A partir da reforma empreendida no governo Vargas por

Maurício Nabuco e Luiz Simões Lopes, a administração pública sofre um

processo de racionalização que se traduziu no surgimento das primeiras

carreiras burocráticas e na tentativa de adoção do concurso como forma de

acesso ao serviço público. A implantação da administração pública burocrática

é uma conseqüência clara da emergência de um capitalismo moderno no país.

Em decorrência do sufocante Estado patrimonial, da

falta de qualificação técnica dos servidores, da crise

econômica mundial que explodiu em 1929 e da

difusão da teoria Keynesiana – que pregava a

intervenção do Estado na economia – o governo

autoritário de Vargas resolve modernizar a máquina

administrativa brasileira através dos paradigmas

burocráticos difundidos por Max Weber (Rabello,

2007).

Constituem princípios orientadores do seu desenvolvimento a

profissionalização, a idéia de carreira, a hierarquia funcional, a impessoalidade,

o formalismo, em síntese, o poder racional legal. Os controles administrativos

visando evitar a corrupção e o nepotismo são sempre a priori. Parte-se de uma

desconfiança prévia nos administradores públicos e nos cidadãos que a eles

dirigem demandas. Por isso, são sempre necessários controles rígidos dos

processos, como por exemplo na admissão de pessoal, nas compras e no

atendimento a demandas.

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Por outro lado, o controle - a garantia do poder do Estado - transforma-

se na própria razão de ser do funcionário. Em conseqüência, o Estado volta-se

para si mesmo, perdendo a noção de sua missão básica, que é servir à

sociedade. A qualidade fundamental da administração pública burocrática é a

efetividade no controle dos abusos; seu defeito, a ineficiência, a auto-

referência, a incapacidade de voltar-se para o serviço aos cidadãos vistos

como clientes. Esse defeito, entretanto, não se revelou determinante na época

do surgimento da administração pública burocrática porque os serviços do

Estado eram muito reduzidos. O Estado limitava-se a manter a ordem e

administrar a justiça, a garantir os contratos e a propriedade.

Com o objetivo de realizar a modernização administrativa, foi criado o

Departamento Administrativo do Serviço Público - DASP, em 1936. Nos

primórdios, a administração pública sofre a influência da teoria da

administração científica de Taylor, tendendo à racionalização mediante a

simplificação, padronização e aquisição racional de materiais, revisão de

estruturas e aplicação de métodos na definição de procedimentos. Registra-se

que, nesse período, foi instituída a função orçamentária enquanto atividade

formal e permanentemente vinculada ao planejamento. Este Departamento

tinha caráter autoritário e centralizador, e a implementação de uma burocracia

aos moldes “weberianos” na tentativa de suplantar a administração

patrimonialista1.

1 No patrimonialismo, o aparelho do Estado funciona como uma extensão do poder do

soberano, e os seus auxiliares, servidores, possuem status de nobreza real. Os cargos são

considerados prebendas. A res publica não é diferenciada da res principis. Em conseqüência, a

corrupção e o nepotismo são inerentes a esse tipo de administração. No momento em que o

capitalismo e a democracia se tornam dominantes, o mercado e a sociedade civil passam a se

distinguir do Estado. Neste novo momento histórico, a administração patrimonialista torna-se

uma excrescência inaceitável.

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No que diz respeito à administração dos recursos humanos, o DASP

representou a tentativa de formação da burocracia nos moldes weberianos,

baseada no princípio do mérito profissional. Entretanto, embora tenham sido

valorizados instrumentos importantes à época, tais como o instituto do

concurso público e do treinamento, não se chegou a adotar consistentemente

uma política de recursos humanos que respondesse às necessidades do

Estado. O patrimonialismo (contra o qual a administração pública burocrática

se instalara), embora em processo de transformação, mantinha ainda sua

própria força no quadro político brasileiro. O coronelismo dava lugar ao

clientelismo e ao fisiologismo.

Segundo GIRGLIOLI (1995:24), “o termo burocracia já surgiu com uma

forte conotação negativa, numa reação à centralização administrativa e ao

absolutismo”. Esse elemento pejorativo está associado às disfunções da

burocracia, como abundância de papéis, rigorosidade de normas, excesso de

formalismo, etc.

2.2 – 1956/60 – Administração paralela de Juscelino

Kubistschek

A administração paralela do governo JK surgiu em face de se garantir o

crescimento econômico através do Plano de Metas (50 anos em 5). Esta

administração criou estruturas alheias à Administração Direta para fugir das

amarras burocráticas impostas na burocratização da Era Vargas.

2.3 – 1967 – A Reforma Militar (Decreto Lei 200)

Durante a ditadura militar, houve a criação de várias empresas estatais,

baseado no Welfare State. Esse modelo de Estado, que primava por estar

presente em todas as faces da vida social, contribui decisivamente para

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modificar e desgastar significativamente as relações do Estado com a

sociedade civil e com suas instituições.

Em termos de utilização de mecanismos de governança2, em decorrêcia

da natureza autoritária do regime e do aprofundamento da divisão da

administração pública, através do Decreto-Lei 200/67 buscou-se dar maior

efetividade à ação governamental, com a introdução de valores gerenciais

como autonomia de gestão, e a promoção da descentralização administrativa,

ao se distinguir claramente a Administração Direta e Indireta. Além disso,

houve a padronização nas áreas de pessoal, compras e execução

orçamentária, estabelecendo ainda cinco princípios estruturais da

administração pública: planejamento, coordenação, descentralização,

delegação de competência e controle.

A reforma operada em 1967 pelo Decreto-Lei nº 200 constitui um marco

na tentativa de superação da rigidez burocrática, podendo ser considerada

como um primeiro momento da administração gerencial no Brasil. Mediante o

referido decreto-lei, realizou-se a transferência de atividades para autarquias,

fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista, a fim de

obter-se maior dinamismo operacional por meio da descentralização funcional.

Instituíram-se, como princípios de racionalidade administrativa, o planejamento

e o orçamento, o descongestionamento das chefias executivas superiores

(desconcentração/descentralização), a tentativa de reunir competência e

informação no processo decisório, a sistematização, a coordenação e o

controle.

O paradigma gerencial da época, compatível com o monopólio estatal

na área produtiva de bens e serviços, orientou a expansão da administração

indireta, numa tentativa de "flexibilizar a administração" com o objetivo de

atribuir maior operacionalidade às atividades econômicas do Estado.

2 Entende-se como governança a capacidade que determinado governo tem para formular e

implementar as suas políticas.

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Entretanto, as reformas operadas pelo Decreto-Lei nº 200/67 não

desencadearam mudanças no âmbito da administração burocrática central,

permitindo a coexistência de núcleos de eficiência e competência na

administração indireta e formas arcaicas e ineficientes no plano da

administração direta ou central. O núcleo burocrático foi, na verdade,

enfraquecido indevidamente através de uma estratégia oportunista do regime

militar, que não desenvolveu carreiras de administradores públicos de alto

nível, preferindo, ao invés, contratar os escalões superiores da administração

através das empresas estatais.

2.4 – 1988 – A Administração Pública na nova Constituição

As ações rumo a uma administração pública gerencial são, entretanto,

paralisadas na transição democrática de 1985 que, embora representasse uma

grande vitória democrática, teve como um de seus custos mais surpreendentes

o loteamento dos cargos públicos da administração indireta e das delegacias

dos ministérios nos Estados para os políticos dos partidos vitoriosos. Um novo

populismo patrimonialista surgia no país. De outra parte, a alta burocracia

passava a ser acusada, principalmente pelas forças conservadoras, de ser a

culpada da crise do Estado, na medida em que favorecera seu crescimento

excessivo.

A conjunção desses dois fatores leva, na Constituição de 1988, a um

retrocesso burocrático sem precedentes. Sem que houvesse maior debate

público, o Congresso Constituinte promoveu um surpreendente engessamento

do aparelho estatal, ao estender para os serviços do Estado e para as próprias

empresas estatais praticamente as mesmas regras burocráticas rígidas

adotadas no núcleo estratégico do Estado. A nova Constituição determinou a

perda da autonomia do Poder Executivo para tratar da estruturação dos órgãos

públicos, instituiu a obrigatoriedade de regime jurídico único para os servidores

civis da União, dos Estados-membros e dos Municípios, e retirou da

administração indireta a sua flexibilidade operacional, ao atribuir às fundações

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e autarquias públicas normas de funcionamento idênticas às que regem a

administração direta.

Este retrocesso burocrático foi em parte uma reação ao clientelismo que

dominou o país naqueles anos. Foi também uma conseqüência de uma atitude

defensiva da alta burocracia que, sentindo-se injustamente acusada, decidiu

defender-se de forma irracional.

O retrocesso burocrático não pode ser atribuído a um suposto fracasso

da descentralização e da flexibilização da administração pública que o Decreto-

Lei nº 200 teria promovido. Embora alguns abusos tenham sido cometidos em

seu nome, seja em termos de excessiva autonomia para as empresas estatais,

seja em termos do uso patrimonialista das autarquias e fundações (onde não

havia a exigência de processo seletivo público para a admissão de pessoal),

não é correto afirmar que tais distorções possam ser imputadas como causas

do mesmo. Na medida em que a transição democrática ocorreu no Brasil em

meio à crise do Estado, esta última foi equivocadamente identificada pelas

forças democráticas como resultado, entre outros, do processo de

descentralização que o regime militar procurara implantar. Por outro lado, a

transição democrática foi acompanhada por uma ampla campanha contra a

estatização, que levou os constituintes a aumentar os controles burocráticos

sobre as empresas estatais e a estabelecer normas rígidas para a criação de

novas empresas públicas e de subsidiárias das já existentes.

Afinal, segundo RABELLO (2007), geraram-se dois resultados:

... de um lado, o abandono do caminho rumo a uma

administração pública gerencial e a reafirmação dos

ideais da administração pública burocrática clássica; de

outro lado, dada a ingerência patrimonialista no processo,

a instituição de uma série de privilégios, que não se

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coadunam com a própria administração pública

burocrática. (Rabello, 2007).

Temos como conseqüência, a estabilidade rígida para todos os

servidores civis, diretamente relacionada à generalização do regime estatutário

na administração direta e nas fundações e autarquias, a aposentadoria com

proventos integrais sem correlação com o tempo de serviço ou com a

contribuição do servidor. Todos esses fatos contribuíram para o desprestígio

da administração pública brasileira.

Essas qualidades, que eles demonstraram desde os anos 30, quando a

administração pública profissional foi implantada no Brasil, foram um fator

decisivo para o papel estratégico que o Estado jogou no desenvolvimento

econômico brasileiro. A implantação da indústria de base nos anos 40 e 50, o

ajuste nos anos 60, o desenvolvimento da infra-estrutura e a instalação da

indústria de bens de capital, nos anos 70, de novo o ajuste e a reforma

financeira, nos anos 80, e a liberalização comercial nos anos 90, não teriam

sido possíveis se não fosse a competência e o espírito público da burocracia

brasileira.

2.5 – 1990 – O governo Collor e o desmonte da máquina

pública

O governo Collor foi marcado por um desmonte da máquina

administrativa através das privatizações, extinção de milhares de cargos de

confiança e demissões, sem qualquer planejamento. O resultado disso é uma

avalanche de processos judiciais sem precedentes.

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2.6 Nova Administração Pública (New Public Management)

Dando prosseguimento à política neoliberal-conservador, em

decorrência da necessidade de reformar o Estado, reduzindo-o ao mínimo,

uma nova onda de reformas foi delineada com o objetivo de promover a

reconstrução do aparelho do Estado, que continua sendo um instrumento

indispensável para a promoção do desenvolvimento econômico, social e

político, tendo como foco o fortalecimento da democracia, da retomada do

desenvolvimento econômico e da redução das desigualdades regionais.

Segundo MATIAS-PEREIRA (2003):

A partir da redefinição do seu papel, o Estado deixa de

ser o responsável direto pelo desenvolvimento econômico

e social via a produção de bens e serviços, para se

adequar a uma nova função de “Estado gerencial”. Assim,

a reforma do Estado priorizou a transferência para o setor

privado das atividades que podem ser controladas pelo

mercado. Através da liberalização comercial, esse mesmo

mercado passa a ter mais liberdade de ação, com o

abandono da estratégia protecionista de substituição das

importações (MATIAS-PEREIRA, 2003).

A utilização deste modelo pode ser observada em todo o mundo, tendo

como referência Margareth Thatcher na Grã-Bretanha e Ronald Reagan nos

Estados Unidos. Como medidas aos ideais do Estado mínimo, este atores

limitaram a dimensão do setor público através das privatizações,

comercializando e corporativizando os órgãos públicos. Outras estratégias

como desconcentração do governo central, uso de mecanismos típicos de

mercado, novas atribuições aos órgãos da administração, enfim, iniciativas de

reestruturação ou racionalização da administração pública, foram tomadas.

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No Brasil, o processo de reforma do Estado teve com marco o governo

Fernando Henrique Cardoso através do da transformação da antiga e

burocrática Secretaria da Presidência em um novo Ministério, o Ministério da

Administração Federal e Reforma do Estado (MARE), em 1995, e depois com

o Plano Plurianual e a Integração da Organização e PPA.

2.6. 1 – Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado

A crise brasileira da última década foi também uma crise do Estado. Em

razão do modelo de desenvolvimento que Governos anteriores adotaram, o

Estado desviou-se de suas funções básicas para ampliar sua presença no

setor produtivo, o que acarretou, além da gradual deterioração dos serviços

públicos, a que recorre, em particular, a parcela menos favorecida da

população, o agravamento da crise fiscal e, por conseqüência, da inflação.

Nesse sentido, a reforma do Estado passou a ser instrumento indispensável

para consolidar a estabilização e assegurar o crescimento sustentado da

economia. “Somente assim será possível promover a correção das

desigualdades sociais e regionais” (PDRAE, 1995).

A partir dessa discussão, foi elaborado o Plano Diretor da Reforma do

Aparelho do Estado, visando criar condições para a reconstrução da

administração pública em bases modernas e racionais, reorganizando as

estruturas da administração com ênfase na qualidade e na produtividade do

serviço público, com a profissionalização do servidor.

Conforme o PDRAE (1995:15),

O discurso governamental, à época do lançamento do

plano, era pensar a crise sob o foco do desafio de sua

superação, donde a noção de que havia que se

‘reformar’, ‘reconstruir’ o Estado, de forma a resgatar sua

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autonomia financeira e sua capacidade de implementar

políticas públicas (PDRAE, 1995).

Essa iniciativa concreta buscou estabelecer as bases de um Estado

regulador e promotor do desenvolvimento do país, mediante implantação de

modelos organizacionais/institucionais e introdução de uma cultural gerencial,

associados a mecanismos que privilegiem valores democráticos como

transparência, participação e controle social.

Em termos de reforma administrativa, o principal marco de renovação

seria a proposta de implementar um novo “paradigma” de organização

administrativa, a saber, a Administração Pública Gerencial, que vem introduzir

a perspectiva do desenvolvimento de uma cultura gerencial nas organizações

estatais. “Reformar o aparelho do Estado significa garantir a esse aparelho

maior governança, ou seja, maior capacidade de governar, maior condição de

implementar as leis e políticas públicas” (PDRAE, 1995).

SANTANA (2002), alega que para viabilizar o atendimento das

demandas sociais e a inserção competitiva do país nos mercados

internacionais, torna-se necessário:

A revisão da estrutura do Estado, ajustando-o ao papel

de promotor e regulador do desenvolvimento social e

econômico e fortalecendo a sua capacidade de

formulação e avaliação das políticas públicas, além de

garantir o aumento da governança, ou seja, sua

capacidade de implementação de políticas públicas, sob a

ótica de eficiência, eficácia e efetividade, mediante a

introdução de novos modelos organizacionais e novas

parcerias com a sociedade civil, o estabelecimento de

contratos de gestão/termos de parceria e, finalmente, a

modernização da gestão. (SANTANA, 2002).

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Nesse sentido, o Plano Diretor da Reforma do aparelho do Estado visa

implementar a administração gerencial, contemplando a autonomia com

flexibilidade de gestão, atingimento de resultados sob a ótica da eficiência,

eficácia e efetividade, através de mecanismos de controle, sempre com foco

no cidadão-cliente e de controle social, tendo em vista a introdução de

ferramentas que garantam a transparência e a publicidade da política e da

ação governamental.

O PDRAE (1994) redefine as bases da descentralização do Estado

Desenvolvimentista através da segmentação de quatro áreas de atuação:

- núcleo estratégico: corresponde ao governo, em sentido lato. É o setor que

define as leis e as políticas públicas, e cobra o seu cumprimento. É, portanto, o

setor onde as decisões estratégicas são tomadas. Corresponde aos Poderes

Legislativo e Judiciário, ao Ministério Público e, no Poder Executivo, ao

Presidente da República, aos ministros e aos seus auxiliares e assessores

diretos, responsáveis pelo planejamento e formulação das políticas públicas.

- atividades exclusivas: é o setor em que são prestados serviços que só o

Estado pode realizar. São serviços em que se exerce o poder extroverso do

Estado - o poder de regulamentar, fiscalizar, fomentar. Como exemplos temos:

a cobrança e fiscalização dos impostos, a polícia, a previdência social básica, o

serviço de desemprego, a fiscalização do cumprimento de normas sanitárias, o

serviço de trânsito, a compra de serviços de saúde pelo Estado, o controle do

meio ambiente, o subsídio à educação básica, o serviço de emissão de

passaportes etc.

- serviços não exclusivos: corresponde ao setor onde o Estado atua

simultaneamente com outras organizações públicas não-estatais e privadas.

As instituições desse setor não possuem o poder de Estado. Este, entretanto,

está presente porque os serviços envolvem direitos humanos fundamentais,

como os da educação e da saúde, ou porque possuem "economias externas"

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relevantes, na medida que produzem ganhos que não podem ser apropriados

por esses serviços através do mercado. As economias produzidas

imediatamente se espalham para o resto da sociedade, não podendo ser

transformadas em lucros. São exemplos desse setor: as universidades, os

hospitais, os centros de pesquisa e os museus.

- produção de bens e serviços para o mercado: corresponde à área de

atuação das empresas. É caracterizado pelas atividades econômicas voltadas

para o lucro que ainda permanecem no aparelho do Estado como, por

exemplo, as do setor de infra-estrutura. Estão no Estado seja porque faltou

capital ao setor privado para realizar o investimento, seja porque são

atividades naturalmente monopolistas, nas quais o controle via mercado não é

possível, tornando-se necessária, no caso de privatização, a regulamentação

rígida.

E para implementar a reconstrução do Estado, de Desenvolvimentista

para Regulador e Promotor do desenvolvimento, o Ministério da Administração

Federal e Reforma do Estado (MARE) elabora e implanta os seguintes

projetos:

- reestruturação e qualidade: visa a revisão de competências através da

descentralização, com a adoção de novos modelos institucionais e

privatizações. Este projeto estimula a utilização de ferramentas de gestão para

a modernização organizacional que incluem o planejamento estratégico,

diagnóstico da gestão, implementação da qualidade da gestão e melhoria de

processos de trabalho. O objetivo deste projeto é focar o Núcleo estratégico e

capacitá-lo na formulação, acompanhamento, controle e avaliação das

políticas públicas implantadas;

- agências executivas: a responsabilização por resultados e a conseqüente

autonomia de gestão inspiraram a formulação desse projeto, que tem como

objetivo a transformação de autarquias e de fundações que exerçam atividades

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exclusivas do Estado, em agências autônomas, com foco na modernização da

gestão;

- organizações sociais: baseado no segmento de serviços não-exclusivos,

este modelo preconiza a absorção por parte de entidades públicas não-estatal

de serviços antes providos pelo setor público federal, habilitando a estas

organizações sociais a gerir equipamentos e instalações do órgão extinto do

poder público e receber recursos do orçamento da União para execução de

suas atividades.

Esses três modelos organizacionais/institucionais, juntamente com as

Agências reguladoras e a privatização, formam o cerne do Plano Diretor.

2.6. 2 – O Plano Plurianual

A responsabilidade de dar prosseguimento ao processo de implantação

da reforma do Estado passou, a partir do segundo governo Fernando Henrique

Cardoso (1999-2002), para o Ministério do Planejamento, Orçamento e

Gestão. Essa mudança alterou a forma de execução da reforma gerencial, que

passou a usar como instrumento básico o Orçamento Anual da República e,

em particular, o Plano Plurianual (PPA). Buscou-se assim, o fortalecimento das

funções de regulação e de coordenação do Estado, especialmente em nível

federal, e a progressiva descentralização vertical, para os níveis estadual e

municipal, das funções executivas no campo da prestação dos serviços sociais

e de infra-estrutura.

A maioria dos projetos preconizados no Plano Diretor são desativados e

a agenda prioritária do Governo passa a ser o Plano Plurianual (PPA) nos

moldes do Projeto Brasil em Ação – piloto da experimentação de instituir a

metodologia de gestão de projetos na administração pública.

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Segundo SANTANA (2002),

Utilizando a metodologia de gestão por projetos, com a

designação de gerente, com metas e prazos para

cumprimento e sistema de informações compartilhados, o

Programa apresenta resultados favoráveis nas áreas de

infra-estrutura, mas acirra conflitos tantos internos, nos

Ministérios, quanto intragovernamentais, no caso do

Ministério de Transportes com o Ministério do Meio

Ambiente. (SANTANA, 2002).

Sem dirimir tais problemas, buscando suas causas, o governo estende a

metodologia de Gestão por projetos para o PPA, através da implantação do

SIG (Sistema de Informações Gerenciais) em 2000, dando-se início a uma

nova cultura gerencial.

Pode-se verificar que os problemas continuaram a persistir, tendo em

vista:

- o presidente da República necessitar de alianças políticas que garantam a

sua governabilidade. Sem isso, os gerentes dos projetos tornam-se meros

captadores de informações, não tendo qualquer poder para gerenciar seus

projetos;

- não existir um Ministério que coordene a execução dos projetos, podendo

redundar na sobra de recursos em alguns e ausências nos outros;

- rotatividade dos gerentes de projetos, devido às constantes mudanças no

governo;

- ao se privilegiar a gestão por projetos, o governo deixa à margem a

necessidade de fortalecer o Núcleo estratégico, estimulando a fragmentação

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em favor de um sistema centralizado de planejamento e em detrimento da

consolidação de um Estado Democrático.

Dessa forma, o Plano Plurianual se transforma em um mero instrumento

burocrático de prestação de informações, às vezes até não fidedignos.

2.6. 3 – A integração “Organização e PPA”

Segundo SANTANA (2002), a partir de 2001, tem-se a retormada

gradual dos modelos institucionais e organizacionais preconizados no 1°

mandato do Presidente Fernando Henrique Cardoso, propiciada por dois

fatores:

... a nomeação de dois integrantes da equipe do extinto

MARE para cargos chaves e do alto escalão do Ministério

do Planejamento e a continuidade paralela da

implementação do modelo de Reestruturação e

Qualidade, no caso por iniciativa de dois Ministérios, e a

continuidade no processo de melhoria de gestão de duas

unidades pilotos. (SANTANA, 2002)

Em 2002, há uma iniciativa de se compatibilizar o PPA com a

organização, mediante a avaliação de gestão do PPA em cinco Ministérios.

Essa iniciativa era insuficiente para estabelecer uma nova cultura gerencial na

administração pública.

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CAPÍTULO III

GESTÃO PÚBLICA EMPREENDEDORA

“ Onde não falta vontade existe sempre um caminho.” Ronald Reagan

Tendo como divisor a década de 1980, o mundo caminhou de uma

administração pública clássica, burocrática, para uma nova administração

pública. A globalização fomentou mudanças, buscando resolver os problemas

como eficiência, eficácia, efetividade, legitimidade democrática e impacto das

tecnologias da informação da administração.

Entre as novas realidades surgidas no final do séc. XX, em contraste

com posturas estabelecidas durante os últimos dois séculos, PETER

DRUCKER (1991, pp. 3-14) identifica uma nova consciência das funções do

governo:

Sucessos do passado, como o Welfare State, o Estado de

Bem Estar, inaugurado por Bismarck contra a luta de

classes e o New Deal de Franklin Roosevelt, voltado,

após a crise de 1929, para o estímulo à prosperidade

americana e ao equilíbrio entre os grupos de interesse

econômico, perderam seu atrativo num mundo de

pluralismo social centrado cada vez mais na “uniclasse”

(id. p. 21) dos “trabalhadores do conhecimento”

(DRUCKER, 2000).

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O Estado passou, assim, a reconhecer os seus limites fiscais e de

endividamento, tendo que selecionar atividades a partir de recursos escassos.

Com isso tem sido levado a concentrar-se nas suas funções mais essenciais e

a entregar à sociedade, mediante terceirizações e privatizações, muitas das

suas atividades anteriormente assumidas (id. pp. 55ss).

Do ponto de vista dos cidadãos, essa nova realidade se manifesta, tanto

na desconfiança diante das ineficiências da administração pública tradicional

como em exigências sempre maiores de que os serviços proporcionados pelo

governo à sociedade sejam otimizados em relação aos recursos que

consomem. Assim, nos Estados Unidos constatam OSBORNE & GAEBLER

(1995, p. 152):

Os cidadãos de hoje se recusam a pagar altos impostos

por serviços cujos preços disparam, enquanto a qualidade

despenca; (...) uma frustração crescente entre os

contribuintes é não saber exatamente o que estão

recebendo pelo dinheiro que investem. (OSBORNE &

GAEBLER, 1995).

Essa consciência de limitação de recursos e ação do Estado, fez surgir

na última década do séc. XX a postura do Governo Empreendedor em

oposição ao governo burocrático tradicional.

A gestão burocrática teve grande sucesso desde a Revolução Industrial

ao substituir o governo das famílias reais e da nobreza por uma administração

baseada na impessoalidade, profissionalismo e racionalidade técnica, como

estudado por Weber (OSBORNE & GAEBLER 1995, p. 13).

No entanto, a burocracia logo se tornou um fim em si mesma, mediante

o carreirismo e corporativismo, fechando-se às mudanças que se aceleraram

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após à II Guerra, tendo sido desde então sinônimo de um “governo lento,

ineficiente e impessoal” (id., p. 15) pouco sensível aos problemas reais da

comunidade.

O governo empreendedor caracteriza-se, pelo contrário, como um

governo que “pertence à comunidade, dando responsabilidade ao cidadão em

vez de servi-lo” (OSBORNE & GAEBLER, 1995, pp. 51-80), e visa atender aos

cidadãos como clientes e não aos interesses da burocracia (id., pp. 181-213).

Mas a reinvenção do governo deve ser realizada ainda garantindo o princípio

da eqüidade.

3.1 Princípios propostos por Osborne & Gaebler para a

reinvenção do governo

OSBORNE & GAEBLER (1994) propõem dez princípios básicos para

reinventar o governo, listados a seguir:

- ser um governo catalisador: a função do governo deve ser o de promotor e

coordenador e não mais de provedor direto, através da promoção de parcerias

com empresas, organizações não governamentais, sociedade civil organizada

e outros níveis e esferas de governo;

- ser um governo competitivo: através da quebra de monopólios, de forma a

liberar as forças do mercado;

- ser um governo inspirado em missões:a razão de ser e quais estratégias

utilizarão para o alcance de seus objetivos;

- ser um governo orientado para resultados: através do estabelecimento de

metas claras e objetivas, qualidade na prestação dos serviços;

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- ser um governo voltado para os clientes: o cidadão torna-se o cliente, o

consumidor dos serviços públicos, tendo a administração pública o objetivo de

atender suas necessidades;

- ser um governo empreendedor: que garanta o equilíbrio da máquina

pública, com ferramentas eficientes de gestão que não emperra a máquina

pública;

- ser um governo descentralizador: que delega autoridade para a tomada de

decisão mais próxima do cliente, e que esteja voltado somente para suas

atividades essenciais e delegue seus outros serviços para instituições

parceiras;

- ser um governo da comunidade: que proporcione maior participação da

sociedade civil organizada nas decisões governamentais, com o pensamento

de que é a comunidade quem mais conhece os seus próprios problemas;

- ser um governo que antevê: um governo que previne os problemas e não

que busca soluções de qualquer forma, quando os problemas acontecem;

- ser um governo orientado para o mercado: ser um governo que utilize

mecanismos eficientes de gestão para se tornar competitivo e prestar serviços

públicos de qualidade.

A primeira refere-se ao conceito de governo catalisador, que “navega

em vez de remar”. O intuito desse conceito não é tornar o Estado mínimo, mas

redirecionar a atividade governamental. Inclusive, os autores renegam o

conceitual privatista, típico do neoliberalismo. “A privatização é uma resposta,

não a resposta”, afirmam OSBORNE & GAEBLER (1994).

O sentido do governo catalisador é reformular as relações

Estado/mercado e governo/sociedade. Neste sentido, o governo catalisador se

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aproxima das idéias de POLLITT (1990: 149-150), “que conceitualiza a relação

pública entre cidadãos e governo como uma parceria e não como uma

dependência”.

Indo para outra discussão do Reinventando o governo, encontramos

também um referencial sobre o tratamento da população como cliente e como

cidadão. Cliente dos serviços públicos, que deseja a melhor qualidade possível

dos equipamentos sociais. E cidadão que quer participar das decisões da

comunidade, e por isso a descentralização da autoridade é um objetivo

fundamental para alcançar esse grau de accountability3. Em suma, não há uma

antinomia entre os conceitos de cliente e cidadão, eles são complementares, e

fazem parte da reinvenção do governo em sua relação com a sociedade.

No que tange à gestão da burocracia, são basicamente dois os

instrumentos propostos. O primeiro é a orientação administrativa por missões.

A partir dela, o governo pode ser mais flexível. A orientação por missões é um

mecanismo que congrega os ideais da flexibilidade com os da corrente

gerencial mais preocupada com a avaliação de resultados.

Quanto a definição da competição como um dos valores fundamentais

de um setor público reconstruído, a competição seria uma forma de melhorar a

qualidade do governo, uma vez que garante o controle dos serviços públicos

pela população. Competição, para os autores, não é um conceito que só tem

validade no contexto do setor privado. O ambiente competitivo, na verdade,

serve para acabar com o monopólio — que tanto pode reinar no setor público

como no privado — e encorajar a inovação organizacional. Por isso,

OSBORNE & GAEBLER (1994) afirmam que para resolver os problemas da

3 O termo accountability pode ser aceito como o conjunto de mecanismos e procedimentos que

induzem os dirigentes governamentais a prestar contas dos resultados de suas ações à

sociedade , garantindo-se dessa forma maior nível de transparência e a exposição pública das

políticas públicas.

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prestação de serviços públicos, “a questão não é público versus privado, mas

competição versus monopólio” (OSBORNE & GAEBLER, idem: 80).

Quanto ao planejamento estratégico, entendido como “a possibilidade

mais flexível de gestão frente às constantes mudanças do mundo

contemporâneo” (CROZIER, 1992), trata-se de uma visão de mais curto prazo.

Para OSBORNE & GAEBLER (1994), contudo, o planejamento

estratégico procura antecipar o futuro, prevendo tendências de mais longo

prazo. Mas a antecipação de tendências futuras não pode ser uma atividade

confinada à burocracia. O planejamento estratégico tem que envolver a

sociedade e ser incorporado à cultura dos funcionários. Não é o planejamento

estratégico que importa, mas sim o pensamento estratégico e a conduta

estratégica:

O elemento importante não é o plano, mas sim, a

atividade do planejamento. Ao criar consenso em torno de

uma determinada visão de futuro, a organização ou a

comunidade promovem em todos os seus membros uma

percepção comum a alcançar (OSBORNE & GAEBLER,

1994: 256).

Distanciando-se do modelo tradicional burocrático, o governo

empreendedor não pretende controlar a economia, possuir empresas ou

concentrar-se no “fazer” em ampla escala, mas sim estimular a ação e a

parceria da sociedade. É o que OSBORNE & GAEBLER (id. pp. 26-50)

denominam de “governo catalisador”.

Com isso, o poder de realização do governo empreendedor, derivado de

sua postura de controle orientado por missões, metas e objetivos (id. pp. 116-

148) se torna expressivamente maior que o do governo burocrático. De fato,

este se volta prioritariamente para o controle do cumprimento dos custos

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orçados e não para a consecução de metas otimizadas. Concentra-se, assim,

no detalhe em meio a tarefas amplas, perdendo tanto a capacidade de decidir

(id. p.32) como a visão de eficácia das políticas governamentais. Essa

diferença de posturas é destacada pelos mesmos autores citando DRUCKER

(id. p. 50):

Não estamos diante de um ‘desaparecimento do estado’.

Pelo contrário, precisamos de um governo forte, vigoroso

e muito ativo. Mas enfrentamos a escolha entre o governo

extenso e impotente e o governo que é forte porque se

limita a decidir e a dirigir, deixando o ‘fazer’ para outrem.

Precisamos de um governo que pode e deve governar.

Isto é, não um governo que ‘faz’; não um governo que

‘administra’– mas sim um governo que governa

(OSBORNE & GAEBLER, 1994).

A eficácia do governo empreendedor, justamente por serem escassos

os seus recursos orçamentários, centra-se na transparência de um “governo

competitivo, que introduz a competição na prestação de serviços” (id. pp. 80-

116) e, sobretudo, preocupa-se com a obtenção dos melhores resultados que

os recursos disponíveis possam proporcionar (REESE & OHREN, 1999).

3.2 Críticas ao modelo

Dentro dessa perspectiva, CHARLES GOODSELL (1993), em seu texto

Reinvent government or Rediscover it?, afirma que Osborne e Gaebler estão

tentando apenas retomar alguns temas abandonados pelo debate gerencial na

década de 80, mas mesmo assim não conseguiram entender a natureza da

administração pública da gestão democrática.

Como contraponto, GOODSELL (1993) apresenta o seu decálogo

definidor do que deve ser uma administração pública democrática:

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1- através de seus representantes eleitos, os cidadãos, e não os empresários,

devem estar a cargo do governo;

2- a função de governo é servir o interesse público, não criar reservas de

mercado ou alimentar “egos empresariais”;

3- o governo tem que operar sob as regras da Constituição e das leis, e não a

partir de missões comandadas por particulares;

4- o governo pode entrar em associações com entidades privadas, sempre e

quando for o sócio principal;

5- o governo deve ser flexível e inovador, porém também deve ser suscetível à

prestação de contas ao público;

6- o governo deve buscar resultados, todavia sem atropelar aqueles que vão

desempenhar as tarefas, ou seja, os funcionários públicos;

7- no governo, a conduta dos gerentes deve se submeter ao ideal de igualdade

de oportunidades;

8- é importante simplificar regras, contanto que se respeite a integridade dos

processos legais;

9- a flexibilização orçamentária é aceitável, mas não a redução de controles

destinados a proteger os recursos públicos;

10- os problemas políticos devem ser solucionados com criatividade, sem no

entanto dar vantagens a quem pode se beneficiar das mudanças.

Esse pensamento elaborado por Goodsell, no entanto, apresenta alguns

enganos com relação os princípios propostos por Osborne e Gaebler, tendo

em vista que estes últimos consideram imprescindíveis os conceitos de

eqüidade, accountability e participação dos cidadãos no governo a fim de

reconstruir o setor público. Ademais, defendem a reinvenção do governo, e

não sua substituição pelo mercado.

Segundo ABRUSCIO (1997):

O problema de Goodsell é que ele se agarra ao antigo

modelo de Estado, e seu correspondente no âmbito

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administrativo, o modelo burocrático weberiano. Num

momento de incertezas como o atual, a adoção dos

padrões de valores que realmente deram certo em uma

época de prosperidade tem uma certa lógica. Mas,

infelizmente, tais padrões não respondem às dificuldades

atuais. É preciso encontrar novas saídas (ABRUSCIO,

1997).

Para GRANT JORDAN (1994),

Os autores só contam os casos de sucesso e não

analisam situações em que não foram encontradas

respostas satisfatórias. Assim, perde-se o nexo

explicativo, ou seja, não podemos saber como sair de

situações realmente complicadas. Com isso, os valores

enunciados pelos autores, como qualidade e

redirecionamento da atividade governamental, podem se

tornar apenas e tão somente truísmos, aceitos por todos,

mas que ninguém sabe de fato como implementá-los.

(GRANT JORDAN, 1994)

OSBORNE & GAEBLER (1994) apresentam um eclético conjunto de

princípios que nos instigam a refletir sobre quais caminhos devem ser

utilizados pelo setor público no futuro. No entanto, não criam um arcabouço

teórico que explique e possibilite a implementação de reformas no setor

público.

3.3 Gestão Empreendedora no Brasil

No Brasil, os critérios do governo empreendedor vêm sendo

desenvolvidos durante a última década e constituem hoje um dos fundamentos

da política do governo federal (PRESIDENCY OF THE REPUBLIC, 1995), bem

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como de alguns Estados, voltada para reformas centradas na entrega à

sociedade de tarefas antes assumidas pelo governo burocrático tradicional,

mediante privatizações, terceirizações e Contratos de Gestão (JOHNSON et

al., 1996, pp. 127 ss) com agências e entidades públicas.

Como notam OSBORNE & GAEBLER (1995, pp. 21 ss.), “a gestão

pública empreendedora adota ‘princípios de gestão de negócios’ – como

atendimento ao cidadão como cliente, pró-atividade, iniciativa e autonomia

gerencial, controle por objetivos e metas ou governo por parcerias”. Isso,

porém, não significa “governar como quem dirige uma empresa”, que visa obter

lucro com seus produtos, mas sim, gerenciar com eficiência recursos tributários

coletados, para atender com maior eficácia ao bem comum – gerando

resultados para a sociedade (PRESIDENCY OF THE REPUBLIC, 1995, p. 22).

De fato, ao visar resultados que melhor respondam às demandas dos

cidadãos como clientes, a gestão pública empreendedora é baseada em

avaliações contínuas da sociedade para ajustar suas estratégias, planos e

metas, bem como sua ação implementadora.

No Brasil, a experiência internacional de avaliação da gestão pública

tem despertado grande interesse como uma das condições básicas de

sucesso da reforma administrativa do Estado, nas diversas esferas

governamentais (BARBOSA, 1996; FREITAS, 1999; BRESSER-PEREIRA,

1999 E 2000; THOENIG, 2000; CAMPOS et al., 2000).

Contudo, como notam TEIXEIRA & SANTANA (1994, pp. 18ss), os

sistemas de avaliação de desempenho na gestão pública, ainda deficientes,

devem ser priorizados:

A avaliação de desempenho deveria ser priorizada num

novo modelo de gestão pública através de iniciativas

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como: redirecionar o sistema de avaliação dentro da

administração governamental para uma ação centrada no

eixo da avaliação do desempenho do serviço prestado –

qualitativa e quantitativamente – pelos diversos setores e

unidades; elaborar e divulgar sistemas de indicadores de

desempenho do serviço público; garantir uma ampla

divulgação e acompanhamento dos indicadores e seus

valores; orientar as políticas de recursos humanos pelos

parâmetros de avaliação de desempenho. (TEIXEIRA &

SANTANA, 1994)

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CONCLUSÃO

O governo reinventado é, em síntese, aquele que muda seu modo de

funcionar, eliminado as falhas que o tornaram ineficiente (estando a

ineficiência localizada nos seus meios e não nos seus fins). É o governo

empreendedor, inovador, maximizador da produtividade e da eficiência, criador

de oportunidades, delimitador de riscos, promotor da competição (interna e

externamente).

Apesar de ter ocorrido a transposição de técnicas de gestão do setor

privado para o setor público, a reforma não tem se mostrado eficiente, tendo

em vista que foi idealizada e conduzida por falhas, em especial, pela

insuficiência de mecanismos de coordenação política, contribuindo para

manter a fragmentação de ações no campo da gestão pública.

A reforma do Estado brasileiro deflagrada em 1995 teve como objetivo

manter equilibradas as contas públicas e elevar a capacidade de ação estatal;

a reforma propõe uma reconfiguração das estruturas estatais baseada na

substituição do modelo burocrático de administração pública por um modelo

gerencial, onde a simplificação, descentralização do controle administrativo,

gerência local, política de renúncia e redução de hierarquias, enfim, a

flexibilização dos mecanismos de gestão esteja presente.

Por tratar-se de um modelo pós-burocrático, buscou importar

ferramentas de gestão provenientes do setor privado, bem como a aplicação

da lógica de mercado dentro do setor público, focalizando o aumento da

eficiência econômica do Estado.

A face pouco visível dessas recomendações é a geração de estímulos

para promover o desmantelamento do Estado brasileiro. Esse Estado de

direito, sobre o qual se erigiram nossas instituições republicanas, federativas e

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democráticas, apresenta enormes imperfeições estruturais, especialmente nos

âmbitos da justiça, das instituições políticas, da forma e regime de governo, e

em especial no campo social, onde não tem sido capaz de reduzir as

desigualdades e promover a inclusão digital.

O efetivo exercício do poder no Brasil depende da capacidade do Poder

Executivo em propor e implementar uma agenda de governo. No Brasil, a

paralisia do Poder Executivo conduz ao vácuo ou à predação política, devido à

deficiência estratégica, fragilidade nas estruturas, disfunções nos processos,

despreparo dos servidores, problemas de cultura organizacional onde impera a

burocracia e as práticas patrimonialistas, manifestando-se através do

clientelismo, do coorporativismo e na corrupção existente no país.

Fica, portanto, evidenciado que, além da ausência de vontade política,

as reformas foram desarticuladas e incoerentes. Os custos dessas distorções

se refletem na capacidade de competitividade do país, na vida dos cidadãos e

na motivação dos funcionários públicos. Uma ou duas estratégias apenas não

são suficientes para se criar força de mudança ou capacidade de

transformação. Assim, a Reforma do Estado brasileiro deve ser orientada para

o desenvolvimento e construção de novas bases.

O mundo contemporâneo exige instituições extremamente flexíveis e

adaptáveis, instituições que produzam bens e serviços de alta qualidade,

assegurando-se alta produtividade aos investimentos realizados. É por isso

que os governos devem passar a ser orientados por missões cujo centro esteja

focado na idéia de melhor atender o "cliente". Quando se tem uma missão

clara passa-se a trabalhar melhor. Autonomia e liberdade são fundamentais

para a administração pública que busca eficiência.

Governar significa mobilizar o poder do processo empreendedor e a

força do livre mercado, sem a necessidade de burocracia gigantesca e

ineficiente.

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Por isso, torna-se necessário repensar a relação do Estado com a

sociedade e do governo com os cidadãos. É preciso redirecionar a atividade

governamental, tentando conjugar no setor público qualidade com eficiência,

flexibilidade organizacional com accountability, criatividade com busca de

eqüidade. Estas combinações de valores de fato não são fáceis de serem

obtidas; contudo, o desafio é exatamente este: encontrar novas saídas através

da imitação do que deu certo (inclusive no setor privado) e tentar sempre

inovar. Tudo isto numa era de escassez, rápidas mudanças sociais e

tecnológicas, globalização e, como já foi dito antes, falta de um consenso

totalmente estruturado acerca de qual deve ser o papel do Estado.

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ATIVIDADES CULTURAIS

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

GESTÃO PÚBLICA: CONCEITOS E DESAFIOS 11

1.1 – Gestão Pública: conceitos 12

1.2 –Eficiência, Eficácia e transparência como

mecanismos de um governo empreendedor 13

CAPÍTULO II

A TRAJETÓRIA DA REFORMA DA GESTÃO PÚBLICA

NO BRASIL 17 2.1- 1930/45 – Burocracia da Era Vargas 18

2.2- 1956/60 – Administração paralela de

Juscelino Kubistschek 20

2.3- 1967 – A Reforma Militar (Decreto Lei 200) 20

2.4- 1988 – A Administração Pública na nova Constituição 22

2.5- 1990 – O governo Collor e o desmonte

da máquina pública 24

2.6- Nova Administração Pública

(New Public Management) 25 2.6.1 – Plano Diretor da Reforma do

Aparelho do Estado 26

2.6.2 – O Plano Plurianual 30

2.6.3 – A integração “Organização e PPA” 31

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CAPÍTULO III

GESTÃO PÚBLICA EMPREENDEDORA 33

3.1– Princípios propostos por Osborne & Gaebler

para a reinvenção do governo 35

3.2– Críticas ao modelo 39

3.3– Gestão Empreendedora no Brasil 41

CONCLUSÃO 44

BIBLIOGRAFIA 47

ATIVIDADE CULTURAL 51

ÍNDICE 52

FOLHA DE AVALIAÇÃO 54

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes

Título da Monografia: Gestão Empreendedora: Uma Nova Postura da

Gestão Pública e da Sociedade

Autor: Mariana Borges Medeiros

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: