54
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A Influência do Estilo de Liderança Autocrático no Índice de Turnover Por: Paula Santos Ferreira Orientador Profª Fabiane Muniz Rio de Janeiro 2008

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · Na seqüência, se contextualizou as ... contradições da vida, lidando com o inesperado, abrindo-se para si mesmas e

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A Influência do Estilo de Liderança Autocrático no

Índice de Turnover

Por: Paula Santos Ferreira

Orientador

Profª Fabiane Muniz

Rio de Janeiro

2008

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A Influência do Estilo de Liderança Autocrático no Índice de

Turnover

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Gestão de

Recurso Humanos.

Por: Paula Santos Ferreira

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais e a minha irmã, você são minha família!

À minha amiga de faculdade Mariana que possibilitou meu primeiro contato com o ambiente empresarial.

À meu cunhado do que através de um pedido de ajuda me colocou dentro de sua empresa permitindo que eu desse meus primeiros passos no processo capitação de pessoas.

À meus amigos que sempre me apóiam seja lá que escolha eu faça!

Ao extraordinário Rafael por sempre apostar em mim!

Por fim, agradeço a equipe da organização de Intercâmbio Cultural World Study do Estado do Rio de Janeiro, pois esta sempre me põe a pensar que caminho devemos percorrer para fazer o melhor trabalho ultrapassando obstáculos por vezes maiores do que nossos sonhos. Em especial agradeço a minha chefe e amiga Michelle que não somente foi cúmplice neste processo de aprendizagem como foi aquela que primeiramente confiou na minha capacidade profissional.

Muitíssimo obrigada!

4

DEDICATÓRIA

Dedico ao meu amado Rafael que tanto

me ouviu e sendo uma das pessoas mais

humanas que conheço, me deu forças até

mesmo quando não as tinha para dar!

5

RESUMO

O presente trabalho versa sobre a temática da liderança enquanto fator

significativo para o sucesso empresarial analisando que influências pode ter tal

fenômeno nos índices de turnover, índice de desempenho de pessoal de

inquestionável importância. Diante da problemática do estilo de liderança

autocrática poder resultar em freqüentes desligamentos de colaboradores,

procurou-se primeiramente compreender quais são as atuais demandas do

mundo do trabalho para um bom desempenho empresarial. Foi defendido aqui

que o estilo de liderança autocrático em sua rigidez se encontra em total

defasagem ao que atualmente se exige de um gerente que deve estar apto a

exercer a função liderança sobre sua equipe. Seguindo este desenvolvimento,

houve a necessidade de delimitar os fenômenos de gerenciamento e liderança.

Além disso, foi indicado como deve se dar uma liderança eficaz na

contemporaneidade em contraposição à afirmação sobre a desvantagem do

estilo de liderança autocrático. Concluiu-se então que as características de um

líder moderno, que deve ter formação humanista, devem ser, em suma,

capacidade de flexibilidade e liderança podendo influenciar o grupo não apenas

pelo poder hierárquico que pressiona afim da execução de tarefas, mas muito

mais do que isso deve agir sob a égide da cooperação.

6

METODOLOGIA

A metolodologia utilizada advém de revisões bibliográficas em cima de

produções teóricas existentes na literatura sobre o tema. Para um enfoque na

gestão de pessoas no atual contexto do mundo do trabalho foi de alta

relevância o livro “Gestão Estratégica de Pessoas”, cuja referência corresponde

à Teixeira (2005). Foram de grande importância as produções bibliográficas

sobre os fenômenos de liderança, especialmente a de Duarte (2007), assim

como sobre o índice desempenho “turnover’. Embora a Internet tenha sido uma

fonte com inúmeras referências atuais a ambos os temas, optou-se por retirar

de tal fonte apenas alguns poucos artigos mais recentes, especialmente sobre

o “turnover” de procedência confiável (destaque para o artigo de Sant’Ana de

2007). Ademais, houve a preferência por seguir a exigência científica de se

pautar em trabalhos de cunho também científico. Para tal execução, a

biblioteca da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro foi de grande

valia.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................. 08

CAPÍTULO 1

Atual Mundo do Trabalho

1.1 Atuais Exigências para Bom Desempenho Empresarial.............................10

1.2 Turnover: O Importante Índice de Desempenho de Pessoal.......................14

CAPÍTULO 2

O Fenômeno Liderança

2.1 Breve Revisão Teórica das Teorias sobre Liderança...................................20

2.2 Liderança e Poder........................................................................................24

2.3 Teoria dos Estilos de Liderança...................................................................25

CAPÍTULO 3

A Atual Liderança Eficaz

3.1 Competências Necessárias para que uma Liderança Resulte em Alto

Desempenho no Atual Contexto Empresarial................................................... 30

3.2 Diferenças entre Líder e Gerente................................................................36

3.3 Estilo de Liderança Autocrático em Defasagem......................................... 38

CAPÍTULO 4

A relação entre o Estilo de liderança Autocrático e Níveis de Turnover............43

CONCLUSÃO ................................................................................................... 49

BIBLIOGRAFIA................................................................................................. 51

ÍNDICE...............................................................................................................53 FOLHA DE AVALIAÇÃO....................................................................................54

8

INTRODUÇÃO

Este trabalho é fruto da prática empresarial de sua autora repensada a

partir de reflexões teóricas suscitadas durante o curso de Pós-Graduação em

Recursos Humanos do Instituto A Vez do Mestre. A autora visa fazer uma

análise a respeito da influência do estilo de liderança autocrático sobre o índice

de desempenho de pessoal denominado Turnover.

O pano de fundo para a reflexão aqui proposta são obviamente algumas

questões relacionadas à motivação humana já que liderança e motivação são

assuntos intimamente ligados, como corrobora H. Mintzberg ao proferir que

liderança diz respeito à orientação e motivação dos funcionários. Contudo,

fique claro que esta segunda temática não se apresenta como central neste

trabalho.

Em primeiro lugar, apresentar-se-á o panorama geral das atuais

exigências do mundo do trabalho para uma bem sucedida gestão de pessoas.

Na seqüência, é apontada a definição e a importância do índice de

desempenho de pessoas denominado Turnover. Tal índice foi aqui escolhido

uma vez que está consagrado na atualidade como essencial para avaliar o

desempenho de pessoas nas empresas, possibilitando revelar algumas falhas

internas na gestão de pessoas.

Seguindo uma metodologia de revisões bibliográficas, é formulada uma

breve revisão teórica das teorias sobre liderança. Foi necessário traçar uma

curta reflexão também à respeito do “poder” uma vez que ele é intrínseco ao

fenômeno da liderança. Feito isto, coube uma análise em especial dos estudos

a respeito dos estilos de liderança descobertos por White e Lippitt. Doravante,

todo o trabalho fornece um enfoque especial no estilo de liderança autocrático

como uma tendência à liderança desumanizada.

Na seqüência, se contextualizou as atuais demandas de competência de

um líder para o mundo dos negócios. A esta altura não houve como avançar

sem delinear as diferenças entre os conceitos gerência e liderança. Somente a

partir daí correlacionou-se as exigências para um com líder contemporâneo

9

com os desdobramentos do estilo autocrático. Neste ponto, chega-se à

discussão central do trabalho que é pensar as práticas de liderança

desumanizadas enquanto causas significavas para conseqüências de impacto

negativo sobre o desempenho de pessoal, conseqüências estas que podem ser

nitidamente demonstradas através de um alto turnover que, por sua vez,

naturalmente resulta em déficits inclusive financeiros.

10

CAPÍTULO 1

Atual Mundo do Trabalho

1.1 Atuais Exigências para o Bom Desempenho Empresarial

O mundo dos negócios contemporâneo sofreu diversas mudanças após

o fenômeno da globalização. A globalização, um fenômeno capitalista

complexo, foi iniciado na época dos descobrimentos, mas se desenvolveu de

fato a partir da Revolução Industrial, embora muitos economistas analisem a

globalização como resultado do pós Segunda Guerra Mundial ou como

resultado da Revolução Tecnológica.

Desde a época das Grandes Navegações a meta da lucratividade vigora

como objetivo final de qualquer organização capitalista. Apesar disso, o

desenvolvimento de estudos em novos ramos das organizações como, por

exemplo, a psicologia das organizações, revela a real preocupação moderna

com os seres humanos enquanto fator primordial no processo que pode levar a

alta produtividade e conseqüente lucratividade. Se o que trazia sucesso a uma

empresa logo após a revolução industrial era atingir a maior produção possível

no menor espaço de tempo, em uma verdadeira busca desenfreada por uma

maior produtividade, atualmente o processo de produtividade é repensando

através de uma avaliação mais cautelosa e também humanizada sobre suas

causas e conseqüências.

Em virtude de um mundo globalizado, nota-se que o novo mundo dos

negócios está condicionado por uma série de variáveis que atuam sobre as

organizações em um acelerado ritmo de velocidade (Teixeira, 2005). As

chamadas sociedade do conhecimento e da informação, assim como a

hipercompetitividade, são marcas fundamentais desta contextura. Mas, quando

o foco se dá ainda mais especificamente no mundo do trabalho, observa-se que

este é hoje passa por modificações na natureza do trabalho e nas relações

entre as empresas e seus colaboradores. Dentre estas modificações no mundo

do trabalho, a exigência de um novo tipo de profissional é a destacada aqui.

11

“Nessa nova era o que se quer são pessoas que tenham

mentalidade global, aceitando e lidando com as

contradições da vida, lidando com o inesperado, abrindo-

se para si mesmas e para os outros, encontrando

significado no trabalho e permitindo que outros também

encontrem. Parece claro que tais pessoas devem ter

certas características pessoais capazes de facilitar o

processo de influenciação”. (VERGARA, 1999)

É nesta conjectura que podemos traçar uma análise sobre a liderança

enquanto razão preponderante da alta produtividade de uma organização. Ora,

os atuais estudos relacionados ao ambiente empresarial revelam que uma

liderança capaz de motivar funcionários é de alto e fundamental valor. Uma vez

que o mundo se encontra na sociedade do conhecimento e na era do capital

intelectual, cabe aos estudiosos se debruçarem sobre as competências

necessárias aos líderes contemporâneos. Teixeira et al. (2005) compravam que

as mudanças trazidas pela globalização imprimem aos bons líderes

características que vão muito além da capacidade de saber mandar e

pressionar seus subordinados.

Na defesa de tal tese, os autores supra citados apontam que o mundo

do trabalho vem sendo marcado pela modificação no cenário natureza x

trabalho e nas relações entre empresas x colaboradores. Além disso, os

mesmo autores expõem como reflexos no novo mundo do trabalho a crescente

convivência do emprego clássico com um novo tipo de emprego; a mudança do

cargo tradicional para uma base tecnológica mais sofisticada e a exigência de

um novo tipo de profissional, ponto aqui anteriormente destacado por ser em

cima dele que se precipitam os questionamentos sobre que características os

líderes modernos devem ter para que desempenhem um trabalho eficiente.

Diante de vertiginosas mudanças. Fica clara a necessidade de se repensar

a gestão de pessoas “sobretudo, porque gente é o elemento vivo e vitalizador

da organizacão” Teixeira et al. (2005). Segue esta lógica a substituição da

12

expressão recursos humanos por pessoas.

“A ênfase da gestão da área - como bem assinalado na

dimensão do mundo do trabalho - se deslocou do cargo

para o ocupante; da carreira como uma sucessão de

aumentos de salário para a carreira como uma trajetória

de competências que a pessoa adquire e aplica para

atingir objetivos e metas; da remuneração diferente no

cargo baseada, praticamente, no tempo de permanência

da pessoa nele, para a remuneração diferenciada em

função de desempenho eficaz e obtenção de resultados;

e, como ponto alto, a instituição da educação

corporativa”. (TEIXEIRA et al., 2005)

Os colaboradores de maneira geral, independente da função que

exercem, precisaram mudar para atender às novas demandas, como nos

mostram Teixeira et al. (2005), os funcionários precisam ser policompetentes,

polivalentes, empreendedores e comprometidos com o negócio da empresa

estando orientados para interdisciplinaridade, para o autodesenvolvimento,

para a missão da empresa assim como para desafios, além de deverem ser

capazes de aprender e se manterem atualizados.

O poder formal convivendo ao lado do poder do conhecimento, da

informação, da competência e da negociação também traz aos trabalhadores

dos dias atuais necessidades de reajustes globais em seus comportamentos

como defendem Teixeira et al. (2005). A respeito deste tópico são os mesmos

autores que afirmam que durante muitos anos, o poder formal prevaleceu nas

empresas de forma quase exclusiva. Prosseguem explicando que este tipo de

poder significa o poder que é outorgado a uma pessoa pela posição que ela

ocupa na estrutura organizacional. Sendo assim, ele é legitimado pela

hierarquia da organização, ou seja, um poder conquistado meramente pelo

nível hierárquico em que alguém se encontra. Entretanto, com a

democratização do acesso às informações, o crescimento das oportunidades

de as pessoas atingirem níveis educacionais mais elevados e com a criação de

13

estruturas organizacionais verticalizadas, passou a crescer nas organizações

poderes paralelos a este, como o poder do conhecimento, da informação, da

competência e da negociação, que passam a conviver com o poder formal.

A coexistência de vários tipos de poder traz sérias implicações para a

gestão empresarial, pois além da integração entre poderes aperfeiçoar a

qualidade do planejamento e das decisões dos diversos envolvidos na gestão,

contribui para o cumprimento da missão da empresa, de seus objetivos

estratégicos e seus planos de ação, mas a desarmonia entre os poderes

também não é nada fecunda.

É de grande importância para o cerne deste trabalho acompanhar amiúde

a dissertação destes autores sobre o convívio entre os diferentes poderes que

podem existir numa organização. É de acordo com eles que se afirma que em

boa parte das organizações, a convivência desses poderes tem funcionado de

forma harmoniosa, contribuindo para a efetividade organizacional. Em outras,

no entanto, por questões ligadas a diferentes concepções e percepções sobre

poder, a convivência tem sido conflituosa e disfuncional. Ainda há se

acrescentar que a maior preocupação deste trabalho é com aquelas

organizações nas quais apenas o poder formal é o legitimado.

Nesses casos, Texeira et al. (2005) frisam que é comum alguns

gerentes confundirem o poder formal com o "poder condigno", este último é

apontado por Galbraith, 1986, apud Texeira et al., 2005, como sendo expresso

naquele gerente que "obtém submissão pela capacidade de impor às

preferências do indivíduo ou do grupo uma alternativa significativamente

desagradável ou dolorosa para levá-lo a abandonar essas suas preferências".

“Nessa situação, inibe-se totalmente o exercício dos

outros poderes por outros atores, como assessores,

profissionais e técnicos, o que se agrava no nosso tempo

com a crescente presença nas empresas de pessoas

altamente competentes, detentoras de conhecimentos e

informações em alto grau. Em algumas empresas,

gerentes despreparados para atuar nessa convivência

14

têm utilizado o poder formal como esconderijo de sua

incompetência”. (TEIXEIRA, 2005)

Neste quadro moderno no qual convivem diversas formas de poder e

diante do qual os colaboradores precisam ter habilidades, atitudes e

conhecimentos que os imprimam boa capacidade de suportar e mesmo se

antecipar mudanças, nos resta o questionamento sobre qual seria o perfil ideal

de um bom líder nos dias atuais.

1.2 Turnover: O Importante Índice de Desempenho de Pessoal

Na medida em que a historia da humanidade avança com o homem

realizando cada vez mais novas conquistas, o ser humano também se assusta

com o cenário de inovações que ele mesmo provoca. A Era empresarial da

valorização do capital intelectual está em vigor, como defende Kraemer (2008),

é verdade que desde os primórdios, o Capital Intelectual manifesta-se em todas

as ações da vida, nas decisões e até mesmo na sobrevivência da espécie

humana, mas é somente a partir de bem pouco tempo que as organizações e

seus administradores vêm percebendo a sua influência e suas implicações nos

resultados empresariais. Mas evidentemente este fenômeno requer custos.

Na contramão à esta nova exigência trazida pela globalização, a

tecnologia causa grande transformação na economia, trazendo consigo o

desemprego e uma evolução acelerada no que concerne ao desligamento de

pessoal, o que se reflete diretamente na forma crescente da gestão do capital

intelectual nas organizações modernas.

Sobreviver no cenário de economia globalizada, crescer e perpetuar-se

neste século dotado de demissões e, conseqüentemente, com o que é

denominado índice de turnover acelerado, segundo Sant’Ana (2007) “implica

em agregar novas estratégias de gestão de empresas em transformação, o que

depende do preparo da organização atingindo o todo das políticas e estratégias

de recursos humanos e do comportamento organizacional”. O mesmo autor

15

não deixa de apontar os fatores positivos que demissões e novas admissões

podem trazer às organizações.

“O processo de demissão é comum e muitas vezes

necessário e até saudável para a organização pois dessa

maneira há uma renovação na equipe, e essa renovação

pode trazer mais motivação e, juntamente com a

motivação, podem vir os resultados positivos”.

(SANT' ANA, 2007)

Contudo, é preciso fazer uma análise mais profunda sobre as razões e

as conseqüências positivas e negativas da rotatividade no quadro de pessoal, e

é mais uma vez Sant' Ana (2007) que elucida estas questões , pois evidencia

que o Turnover tem sido usado por Organizações na busca para tentar

melhorar os seus processos e seus resultados. O Autor relembra que tal busca

foi intensificada nos últimos anos, no entanto, a intensificação aconteceu de

maneira tão voraz, que colaboradores que antes permaneciam muito tempo em

um único ou poucos empregos, passaram a ser depreciados pelo mercado de

trabalho, em detrimento daqueles que por vontade própria alternam de

empregos com maior freqüência. O mesmo artigo nos leva a compreender o

“entra e sai” de um profissional nas empresas existe hoje no mundo do

trabalho como uma verdadeira regra de mercado. É como se aquele que se

mantém por mais de 4 anos em um mesmo emprego estivesse defasado com

relação à demanda atual de “alimentar a rotatividade”, pois encaram uma

pessoa estável em uma corporação como pouco ambiciosa no sentido de não

apresentar desejo de vencer e renovar-se. Mas até onde isso é realmente

necessário e interessante para as empresas?

Não há duvidas que estamos diante de uma Era onde a única certeza

para uma empresa é que tudo há de mudar, mas até que ponto é benéfico que

seu capital humano também mude o tempo todo?

16

“O gerenciamento efetivo do turnover é de

fundamental importância, na medida em que fornece

subsídios múltiplos e eficazes para a formulação ou

reformulação das políticas e da função de Recursos

Humanos das empresas. Devem ser levados em

conta a avaliação da efetividade do recrutamento,

seleção, socialização organizacional, treinamento,

planejamento e desenvolvimento de carreiras,

qualidade de vida no trabalho, bem-estar do

patrimônio humano e a revisão dos estilos de

liderança - a gestão do conhecimento”. (Amaral,

2008)

Muito de disse até aqui à respeito da rotatividade, mas não é correto que

se interprete o conceito de Turnover em si como mera rotatividade. Mas afinal

então, como devemos definir turnover? O turnover é um dos mais conhecidos e

discutidos indicadores de Benchmarking; deve-se entender por indicadores de

Benchmarking aqueles indicadores de desempenho que contribuem para

avaliação da eficácia da gestão estratégica de pessoas. Tais indicadores são

utilizados para comparar empresas de diversos segmentos de mercado

lançando mão de uma fórmula de cálculo padronizada.

Embora não seja central neste trabalho, é interessante lembrar que uma

empresa interessada em implantar qualquer prática de Benchmarking deve

analisar os seguintes fatores: ramo, objetivo, amplitude, diferenças

organizacionais e custos, antes da definição ou aplicação do melhor método,

pois cada empresa individualmente tem as suas necessidades que devem ser

avaliadas antecipadamente à aplicação do processo.

Independentemente do ramo de atuação econômica da empresa,

turnover pode ser definido como a “suspensão da condição de integrantes de

uma organização por parte de um indivíduo que recebia compensação

monetária”, segundo o norte-americano William Mobley (1982).

17

Assim como acontece com os demais indicadores de desempenho, o

índice de turnover é construído a partir de informações registradas nos banco

de dados relativos à gestão de pessoas.

Cabe fazer uma ressalta sobre a escolha deste estudo estar relacionado

com uma prática de Benchmarking. Tal fato se justifica no fato do mesmo trazer

significativas vantagens na era atual, dentre elas, a oportunidade da mudança

da maneira de uma organização pensar sobre a necessidade para melhoria,

pois tal prática, de acordo com o que defende Teixeira (2005) “fornece um

senso de urgência para melhoria, indicando níveis de desempenho atingidos

previamente num processo do parceiro do estudo.”

“Um senso de competitividade surge à medida que, uma

equipe, reconhece oportunidades de melhorias além de

suas observações diretas, e os membros da equipe

tornam-se motivados a se empenhar por excelência,

inovação e aplicação de pensamento inovador a fim de

conseguir sua própria melhoria de processo.”

(TEIXEIRA, 2005)

A importância do turnover ainda é defendida tratar-se de um fenômeno

estratégico para o negócio. Logo, “o turnover deve ser gerenciado de forma

efetiva e eficaz, tanto no aspecto de custeio econômico, como no aspecto de

modernização da gestão do ser humano para empresas em transformação”, de

acordo com o que defende Sant’Ana (2007).

Uma vez explicitada a definição de turnover, é importante elucidar que

ele pode ser obtido fazendo sempre um cálculo em cima de dados globais

sobre os colaboradores por determinado período a fim de avaliar, dentre outros

quesitos, os custos da organização. Ao utilizar-se desta prática a empresa cria

condições de avaliar que impacto pode ter o número de desligamentos de

empregados de uma empresa, sejam estes efetuados voluntária ou

involuntariamente.

18

O cálculo do turnover é obtido através da seguinte fórmula:

Índice de turnover = número total de desligamentos anual

efetivo médio de pessoal

A respeito dos fatores que podem desencadear o processo de turnover,

se pode afirmar que eles são múltiplos e muitas vezes tão distintos como são

distintas as pessoas e razões que poderiam ter ocasionado tal fenômeno. Há

uma linha de raciocínio que leva a pensar que os trabalhadores precisam ter

visão estratégica a fim de reconhecer as mudanças de oportunidade de

emprego em longo prazo e conseqüentemente deveriam tomar decisões no

sentido de moverem-se antes de se tornarem obsoletos. Ora, mas é claro que

essa capacidade nem sempre está presente nos trabalhadores. Portanto, é

improvável que na grande maioria das empresas a razão pelos altos índices de

turnover estejam baseadas em motivações deste tipo.

Um dos perigos resultantes dos desdobramentos do turnover é acreditar

que este é o principal caminho para redução custos no lugar de admitir que é

apenas o caminho mais rápido. Contudo, aqueles que buscam as soluções

mais rápidas ao invés das de maior qualidade devem centrar suas atenções

nos custos que as demissões podem acarretar, pois as mesmas sempre

trazem conseqüências significativas.

Em consonância com a análise feita pelo mesmo autor Sant' Ana (2007),

se observam sérias conseqüências de um alto nível de turnover como o não

estabelecimento de vínculo entre clientes e funcionários, esta é uma

conseqüência que podemos classificar de caráter emocional/social, mas que

pode inclusive trazer prejuízos financeiros à organização e neste primeiro

momento é importante centrar neste foco: os custos diretos causados pelos

turnover. No aspecto econômico, é possível resumir três tipos de custos:

gastos com o desligamento legal do funcionário, gastos com a reposição de um

outro funcionário à vaga em aberto e gastos com o treinamento do novo

funcionário. Por versar sobre a hipótese em questão neste trabalho,

19

retornaremos a este ponto com mais detalhes adiante na conclusão deste

estudo.

Retomando a análise das possíveis causas de um alto índice de

turnover, obviamente a primeira pista que vem à baila é a de que a não houve

contratação de mão de obra adequada. Mas as falhas muitas vezes não estão

em um momento tão inicial do processo. Segundo Sant' Ana (2007), o Turnover

pode ocorrer devido aos seguintes fatores: salário, condições de trabalho e etc,

baixo rendimento do colaborador, assédio por parte de outras empresas para

com profissionais já empregados. Resumidamente, o autor expõe as principais

motivações para um acelerado turnover: Processo de Seleção Mal Realizado (O

Próprio Entrevistador Não Conhece as Necessidades e Cultura da Empresa);

Não Saber o Perfil Adequado ao Cargo Oferecido no Momento da Contratação

(Erro de Planejamento Estratégico); Questões Pessoais por Parte da Chefia,

Não Considerando Aspectos Profissionais; Não Oferecer Treinamento e

Orientação Adequados ao Novo Colaborador; Querer Resultados de Curto

Prazo (Caráter Imediatista).

A problemática aqui vai se dar quando um alto índice de rotatividade for

tomado como natural dos tempos modernos, encobrindo muitas vezes falhas

gravíssimas por parte da gestão empresarial. O interesse deste trabalho é

justamente estudar o que pode estar por debaixo de máximas como “nenhuma

pessoa é insubstituível”. É este pensamento que talvez alimente diversos

problemas de gestão que serão comentados mais à frente.

No mesmo artigo anteriormente citado, ainda são explicitados casos nos

quais o empregador é responsável de maneira indireta pelas demissões, “pois

ao deixar de oferecer ou reconhecer os colaboradores como eles acham que

devem ser reconhecidos, estes encontram oportunidades em outra organização

que pode ou que esteja interessada no seu conhecimento e que ofereça

melhores condições de trabalho”. São exemplos deste tipo de situação: Baixos

salários; Falta de ou poucos benefícios; Falta de perspectiva (Plano de

Carreira); Pouco reconhecimento (Fator Emocional, Alimentação do Auto-

estima); Relacionamento, Ambiente ruim. Estes tipos de demissões podem

acontecer tanto com aqueles que se encontram em baixos níveis hierárquicos

20

(aqueles nos quais o nível de qualificação requerido é baixo), pois há

constantes ofertas no mercado e não tarda a aparecer outra oportunidade

melhor, por menor que ela seja, quanto com altos executivos que lançam mão

de um fecundo networking através do qual podem sempre encontrar um

mercado que de qualificados profissionais sempre necessita uma vez que é

baixa a concorrência para tamanha excelência em formação.

Por fim, nesta breve análise sobre o turnover em épocas de valorização

do capital humano, se percebe já de antemão que não é nada estratégico

permitir que uma grande rotatividade tire da empresa a chance de investir e

desenvolver cada vez mais este capital. Se uma organização não mede

esforços em trocar de funcionários como de fossem apenas peças, é provável

que haja algum problema interno nesta instituição, na forma de sua cultura, na

sua estrutura e/ou no seu planejamento que podem levá-la a uma série de

altos custos e possíveis fracassos ao invés de da conquista do mercado e da

expansão de seus negócios.

21

CAPÍTULO 2

O Fenômeno Liderança

2.1 Breve Revisão Teórica das Teorias sobre Liderança

O surgimento do processo de liderança é inerente à vida grupal, ou

melhor, ele é parte imprescindível da vida em sociedade. Desde a mais tenra

idade está presente em pais, professores e/ou líderes religiosos a figura do

líder, esta dotada de capacidade de liderar demais pessoas ou um grupo de

pessoas.

Baron & Greenberg (1990) concebem a liderança como um processo de

influência, de busca de objetivos pré-definidos e de reciprocidade entre líder e

subordinados, gerando sentimentos de compromisso e aceitação de regras por

parte destes últimos.

Na revisão bibliográfica do termo, é possível afirmar que a definição mais

genérica de liderança é dizer que ela é um processo através do qual um sujeito

influencia outro através da comunicação para alcançar uma meta. Ainda se

pode ir além a visualizando sob diversos ângulos. Alguns autores a consideram

um fenômeno de influência interpessoal, outros como um processo da redução

da incerteza de um grupo. Há os que focam sobre a relação funcional entre

líder e subordinados e também há aqueles que estudam o processo em função

de seus personagens: o líder, os seguidores, ou seja, em função das variáveis

da situação.

Revisitando as principais teorias sobre lideranças, podemos classificá-las

em três grupos:

a) teorias de traços de personalidade;

b) teorias sobre estilos de liderança;

c) teorias situacionais da liderança.

Inicialmente, as teorias sobre liderança abordavam os traços de

personalidade dos líderes. Estas são as chamadas teorias de traços de

personalidade, as mais antigas sobre o tema, às quais preconizam que o líder

22

apresenta traços específicos de personalidade por meio dos quais pode

influenciar o comportamento das demais pessoas.

Este tipo de teoria agrupa em quatro os traços de personalidade que um

líder deve possuir de acordo com Ferreira (2005):

1. Traços físicos: energia, aparência e peso;

2. Traços intelectuais: adaptabilidade, agressividade, entusiasmo e

autoconfiança;

3. Traços sociais: cooperação, capacidade de relacionamento interpessoal

e de gestão;

4. Traços relacionados com a tarefa: capacidade de realização,

persistência e iniciativa.

Mesmo hoje podemos encontrar na literatura reflexos desta teoria que foi

dominante até aos anos 40. Seguindo o que defende Ferreira (2005), a

liderança decorre de uma série de características como visão do futuro,

autocontrole emocional, coragem e valores fortemente estabelecidos, sendo

sua função primordial a junção das forças e idéias para a realização de um

bem comum através da motivação gerada no grupo em que sua influência é

exercida. De acordo com esta hipótese sobre a gênese da liderança em um

indivíduo, conclui-se naturalmente que a solução para resolver a problemática

da eficácia de uma boa liderança era a seleção natural dos líderes.

Posteriormente, aqueles que estudavam os fenômenos da liderança

preocuparam-se com os comportamentos do líder. Estas são as chamadas

teorias sobre estilos de liderança, através delas se estudam os tipos de

comportamento do líder em relação aos seus liderados. Há três estilos

diferentes evidenciados nesta teoria: o autocrático, o democrático e o liberal

(laissez-faire). O presente estudo é desenvolvido em cima desta teoria e é por

este motivo que detalhes sobre a mesma será explicados à diante.

Atualmente se observa uma tendência nos estudos organizacionais em

seguir as chamadas teorias contingenciais. São estudos preocupados com a

compreensão do contexto dentro do qual a liderança ocorre e como a interação

entre seus membros acontece. As teorias contingenciais, também conhecidas

como situacionais, têm como princípio básico a não existência de um único

23

estilo ou característica de liderança válidos para todas as situações. Muito pelo

contrário, esta teoria defende que cada tipo de situação requer um tipo de

liderança diferenciado. Segundo esta abordagem, o líder eficaz é o que tem a

capacidade de se adaptar a grupos de pessoas com determinadas

características sob condições extremamente variadas. Assim, as variáveis

fundamentais a ser consideradas nas teorias contingenciais da liderança são

três: o líder, o grupo, e a situação.

Há aqueles que consideram as teorias situacionais são mais abrangentes

do que as outras teorias citadas por estas procurarem explicar a liderança

dentro de um contexto amplo. Mesmo assim, neste trabalho houve a

preferência por adotar uma visão crítica sobre a dificuldade de a teoria

contingencial estar ocorrendo na prática. Mais tarde, ficará evidente que não há

aqui uma oposição aos que defendem a produtividade desta prática, contudo

há de se considerar que a mesma ainda está longe de ser uma realidade na

maioria das empresas.

É importante destacar que o tema liderança tem se mantido como pauta

de grande parte do que se produz cientificamente na área de recursos

humanos, mas isso não significa que há consenso entre as hipóteses

levantadas por seus estudiosos.

Wagner & Holleneck (2003) apresentam alguns exemplos da ausência

de consenso entre os autores que teorizaram sobre liderança. Citam que Arthur

Jago considera a liderança como o uso de influência simbólica e não coercitiva

para dirigir e coordenar atividades de um grupo para alcançar objetivos,

enquanto Mintzberg entende que a liderança é uma das tarefas gerenciais que

diz respeito à orientação e estímulo da motivação dos funcionários. Já um outro

autor, Edward Hollander, defende que a liderança é decorrente de transações

mutuamente gratificantes entre líderes e seguidores dentro do contexto de uma

situação específica. Esta última teoria é denominada Modelo transacional por

meio da qual se entende a liderança através das características de três forças:

líderes, seguidores e liderados e da forma como interagem.

24

2.2 Liderança e Poder

Mais um ponto merece ser destacado à respeito do fenômeno da

liderança antes de se focar nos pormenores dos estilos de liderança

descobertos por White e Lippitt em 1939. Há de se considerar que para que a

liderança seja exercida, é inevitável que a mesma se dê na presença do poder.

O poder se refere à capacidade que um sujeito tem de fazer com que

outro aja conforme sua vontade. O poder pode ser uma capacidade em

potencial, no sentido de alguém poder tê-lo e não utilizá-lo. Quando utilizado,

ele pode ser exercido de várias formas.

Robbins (2002) apresentou uma importante classificação sobre algumas

formas de poder, esclarecendo que o poder é dividido nas seguintes bases:

1) Poder coercitivo: este é baseado na ameaça. Através da coação,

consegue-se que o outro atue da forma desejada.

2) Poder de Recompensa: este se dá em função de gratificações. A partir

da oferta de algum ganho, consegue-se que a pessoa atue como se deseja.

3) Poder legítimo: conforme mencionado anteriormente, este poder diz

respeito à posição ocupada (autoridade formal).

4) Poder de Talento: é a influência possibilitada por conhecimentos ou

habilidades possuídas.

5) Poder de Referência: a pessoa possui influência graças à posse de

traços ou recursos desejados pelos outros.

A Liderança e o Poder são consagradamente dois conceitos inter-

relacionados. Os líderes utilizam o poder como meio de atingir os objetivos do

grupo, pois é através da influência que exercem sobre o grupo conseguem

canalizar esforços em direção a objetivos comuns. Contudo, a liderança requer

alguma congruência entre os objetivos do líder e os daqueles que estão sendo

liderados. Não é possível exercê-la se não houver a compreensão e empatia

por parte dos liderados. Se aquilo que está sendo proposto pelo líder não for

compreendido pelos liderados como válido, não haverá liderança possível.

É importante neste ponto considerar as delimitações entre os dois

conceitos. Enquanto a liderança enfoca a influência descendente do líder sobre

25

o liderado minimizando a importância dos padrões ascendentes e laterais de

influência; o poder não o faz. Ele comumente ocorre à margem de uma

estrutura formal.

Táticas de conquista da submissão tem sido um interessante foco nas

pesquisas sobre poder sobretudo no âmbito organizacional e por isso as

citaremos brevemente as principais táticas na visão de Robbins (2002):

a. Razão: utilização de fatos e dados para elaborar uma apresentação

lógica ou racional das idéias.

b. Amabilidade: utilização de elogios, criação de um clima de boa vontade,

postura humilde e tentativa de parecer amigável antes de fazer um

pedido.

c. Coalizão: obtenção de apoio, para a idéia, de outras pessoas na

organização.

d. Barganha: uso de negociação através de troca de benefícios ou favores.

e. Afirmação: utilização de uma abordagem direta e vigorosa

f. Autoridades superiores: obtenção de apoio, para a idéia, dos níveis mais

altos da organização.

g. Sanções: utilização de recompensas e punições, como promessas ou

ameaças.

h. Coalizões: um agrupamento informal gerado pela busca de um único

objetivo.

2.3 Teoria dos Estilos de Liderança

O desenvolvimento das teorias sobre estilos de liderança se devem

inicialmente à Kurt Lewin que depois de várias experimentações em grupos

naturais chegou à conclusão de que o comportamento do líder se dá em função

da personalidade do líder e da situação.

“A pesquisa inicial de estilo de liderança, que se tem

registro, é atribuída a Lewin (1959), demonstrando que

um mesmo grupo de pessoas se comporta de diferentes

26

maneiras quando interage com diferentes líderes. Este

estudo foi desenvolvido depois da II Guerra Mundial na

América do Norte. O autor desenvolveu um conjunto de

investigações sobre atmosferas de liderança, aplicando

no seu trabalho o método experimental no qual pretendia

observar e comparar os efeitos de diferentes tipos de

líderes, quais sejam: autoritário ou autocrático,

democrático ou participativo e liberal ou laissez-faire,

conforme apresentado no quadro 2, os Estilos de

comportamento do líder”. (PEREIRA et al., 2006)

O cerne das teorias que falam sobre estilos de liderança é definição do

estilo de comportamento do líder mais eficaz. Enquanto anteriormente a teoria

dos traços de personalidade se referia somente àquilo que o líder é, a

abordagem dos estilos de liderança se refere àquilo que o líder faz, ou seja, ao

seu estilo de comportamento para liderar.

A história da teoria dos estilos de liderança começa com uma antiga

pesquisa realizada em 1939 por White e Lippitt com o objetivo de verificar qual

era o impacto causado por três distintos estilos de liderança (autocrática, liberal

e democrática) em crianças de 10 anos. As crianças eram orientadas para a

execução de tarefas com metas específicas e foram divididas em quatro

grupos. Tais grupos, de seis em seis semanas foram submetidos a um dos três

estilos de liderança referidos. Deste estudo, foi possível concluir que enquanto

os grupos submetidos à liderança autocrática apresentaram a maior quantidade

de trabalho produzido, os resultados sob a liderança liberal ficaram aquém do

esperado, fossem em termos de quantidade ou em termos de qualidade. Já

com relação à liderança democrática, os grupos apresentaram uma produção

inferior à conseguida com a liderança autocrática, entretanto a qualidade do

trabalho foi inegavelmente superior aqueles sob liderança autocrática.

Tomando como referência tal pesquisa, os estudos subseqüentes

desenvolveram tendências à defesa do estilo de liderança democrático com

27

mais eficaz uma vez que os subordinados são através de sues líderes

encorajados a participar e a demonstrar espírito de iniciativa e criatividade.

É necessário neste momento explicar com detalhes o que vem a ser

cada um dos estilos de liderança em questão nesta teoria.

Como características de uma liderança autocrática observa-se que

apenas o líder fixa as diretrizes, sem qualquer participação do grupo; O líder

determina as providências e as técnicas para a execução das tarefas, cada

uma por sua vez, à medida que se tornam necessárias e de modo imprevisível

para o grupo; O líder determina qual a tarefa que cada um deve executar e qual

o seu companheiro de trabalho; O líder é dominador e "pessoal" nos elogios e

nas críticas ao trabalho de cada membro.

Por outro lado, as características impressas em uma liderança

democrática são que as diretrizes são debatidas e decididas pelo grupo,

estimulado e assistido pelo líder; O próprio grupo esboça as providências e as

técnicas para atingir o alvo, solicitando aconselhamento técnico ao líder

quando necessário, passando este a sugerir duas ou mais alternativas para o

grupo escolher e as tarefas ganham novas perspectivas com os debates; A

divisão de tarefas fica a critério do próprio grupo e cada membro tem liberdade

de escolher os seus companheiros de trabalho; O líder procura ser um membro

normal do grupo, em espírito, sem encarregar-se muito das tarefas. O líder é

"objetivo" e limita-se aos "fatos" nas suas criticas e elogios.

Por fim, a descrição das características de uma liderança liberal são: Há

liberdade completa para as decisões grupais ou individuais, com a participação

mínima do líder; A participação do líder no debate é limitada, apresentando

apenas materiais variados ao grupo, esclarecendo que poderia fornecer

informações desde que as pedissem; Tanto a divisão das tarefas como a

escolha dos companheiros ficam a cargo do grupo. Absoluta falta de

participação do líder; O líder não faz nenhuma tentativa de avaliar ou de regular

o curso dos acontecimentos. O líder somente faz comentários irregulares sobre

as atividades dos membros quando questionado.

Há de se analisar resumidamente os três estilos de liderança propostos:

o líder autocrático continua sendo o tradicional estilo autoritário, preocupado

28

essencialmente com a tarefa (produção); o democrático, em uma visão mais

ampla, além da produção, interessa-se sobretudo com as questões humanas.

Já liberal seria despreocupado com essas duas dimensões do trabalho e

remontaria um certo anarquismo em nível organizacional.

Em uma recapitulação histórica, é possível afirmar que a partir dos anos

90, as estruturas das organizações tornaram-se mais descentralizadas e mais

achatadas/verticalizadas. Mas isso apenas aumentou a necessidade de

interdependência, colaboração e comunicação, resultando em uma direção à

alta flexibilidade por parte dos líderes. Empreendendo uma recente revisão

crítica às teorias da liderança contingencial, se observa que para que tal

liderança seja eficaz, o líder deve ter um comportamento flexível, e deve

reconhecer que os subordinados constituem, eles próprios, umas das mais

importantes determinantes situacionais.

A citação anterior se fez necessária porque apesar das vantagens para

o contexto empresarial moderno apontadas pela teoria contingencial,

cronologicamente posterior à teoria dos estilos de liderança, há fortes

evidências de que a prática de uma liderança com o grau de flexibilidade que

tal prática exige é deveras difícil de se encontrar nas práticas de gestão mesmo

na contemporaneidade

Segundo Fielder (1967), para que um líder possa mudar a sua estrutura

de necessidades e seus valores motivacionais básicos, deve enfrentar

treinamentos e acompanhamentos psicológicos, que levam anos para

apresentar resultados, salientando que treinamentos de apenas algumas horas

ou semanas, raramente, trazem o sucesso que muitos esperam. Sugere que,

se há realmente a intenção de mudança das organizações, ela deve ser

planejada e ocorrer em um prazo mais longo, ao invés de se partir para um

modelo simplista de treinamento e ações instantâneas.

Uma vez que tal flexibilidade está ainda começando a germinar nos

líderes daquelas empresas mais comprometidas com a capacitação dos

mesmos através do desenvolvimento de lideranças que reflitam posturas

contingenciais, optou-se aqui por defender a hipótese de que enquanto a os

29

líderes mantiverem posturas no sentido do estilo de liderança autocrático, as

empresas têm muito a perder.

Mesmo estudos atuais permanecem levando em consideração a

importância da prática da teoria dos estilos de liderança. Para Coutinho (2004)

existem diversos tipos de liderança porém os principais são o autocrático,

onde, de acordo com o que já fora dito, ocorre um autoritarismo maior e menos

liberdade para a equipe, o liberal ou laissez-faire no qual a equipe tem uma

liberdade exagerada e o democrático, que demonstraria certo ponto de

equilíbrio dentre os anteriores já que é marcado por uma liderança com

liberdade controlada, discussão constante das idéias e apoio por parte do líder.

Diante da teoria dos estilos de liderança é notável desde 1939 com a

pesquisa de White e Lippitt que apesar de um aparente estímulo à

produtividade, o estilo de liderança autocrático possui claras desvantagens. Se

por um lado pode coagir pessoas a produzirem mais, a qualidade desta

produção é mais do que questionável e é possível ir mais longe levantando

uma reflexão sobre o efeito nada motivador da liderança em questão.

30

CAPÍTULO 3

A Atual Liderança Eficaz

3.1 Competências Necessárias para que uma Liderança Resulte em

Alto Desempenho no atual Contexto Empresarial

Após tudo o que fora dito a respeito da liderança o do atual contexto do

mundo do trabalho, chega-se então a hora de responde a pergunta: quais são

as exigências necessárias para que um líder atue de forma eficaz?

Em seu artigo a respeito de gestores eficientes, Duarte (2007) ressalta o

porquê de a liderança contribuir significativamente para o sucesso da empresa.

“A liderança gerencial é necessária em todos os tipos de

organização, pois é através da equipe que o gerente

obtém a execução de tarefas e a produção de bens ou

serviços, administra os recursos materiais e financeiros e

atinge os objetivos organizacionais. Cada sucesso da

empresa é sem dúvida, um sucesso gerencial: a

excelência empresarial está intimamente relacionada à

excelência gerencial”. DUARTE (2007)

Por tudo o que foi dito anteriormente, constatou-se que a liderança é um

fenômeno interpessoal, sendo fortemente caracterizado por um duplo sentido,

ou melhor, é uma via de mão dupla na qual tanto o líder quanto os liderados

precisam atuar reciprocamente para que se executem os objetivos das tarefas

em questão.

“A liderança, ao visar à consecução de um ou de

diversos objetivos específicos, envolve dois aspectos:

capacidade do líder em motivar as pessoas a fazerem o

que precisa ser feito e a tendência dos liderados de

seguirem aquele que reconhecem como meio para

31

satisfação de seus objetivos e necessidades pessoais”.

DUARTE (2007)

Seguindo as idéias de Duarte (2007), “a liderança passa a ser um

procedimento determinado pelo modo de interagir do líder, capacitando-o a

influenciar o grupo”. E obviamente se o líder não for capaz de conquistar o

grupo a ponto de influenciá-lo, não haverá liderança.

A atual formação de recursos humanos para área gerencial tem

corroborado que a capacitação dos gerentes em cima das competências (CHA:

conhecimentos + habilidades + atitudes) cria alternativas para os indivíduos

progredirem em sua carreira, assim como em sua vida em geral. Segundo

Duarte (2007), “pessoas com melhores conhecimentos e com habilidades

desenvolvidas tornam-se autoconfiantes e contribuem para criação de um clima

organizacional seguro”.

Umas das principais preocupações deste estudo é esclarecer quais

competências são necessárias para execução de uma boa liderança. É o

mesmo autor das idéias expostas acima que aponta com clareza em seu artigo

que competências são estas.

De acordo com Duarte (2007) em um mundo globalizado, no qual o ritmo

das mudanças é vertiginoso e os consumidores estão cada vez mais

informados sobre seus direitos é preciso: estimular um espírito de equipe em

que todos contribuam com seus conhecimentos, melhorar continuamente os

processos produtivos e administrativos e se antecipar às mudanças que estão

prestes a ocorrer.

Em primeiro lugar, o gerente precisa “aprender a aprender”, aumentando

continuamente sua competência técnica e profissional, isto fica evidente ao se

observar as constantes atualizações no ramo da tecnologia da informação. De

vê estar sempre aberto para adquirir novos conhecimentos, novas atitudes e

novos valores em relação ao processo de gerenciar pessoas. Mas não pára por

aí, é necessário que o gerente tome esta aprendizagem de forma global a

ponto de introjetar a o ideal do cultivo de ambientes de trabalho no qual

organizações são favoráveis à valorização do potencial humano, com o objetivo

32

de garantirem a sobrevivência da empresa, em longo prazo, e não apenas para

obterem lucros em curto prazo. Os clientes internos, assim como os externos,

devem estar certos da importância do produto da empresa e quem deve

disseminar estes ideais é justamente a gerência. Acima de tudo o gerente

precisa estar consciente de que o sucesso não é mais exclusividade de sua

competência à parte, e sim de sua interação com o grupo, integrando

informações e compartilhando responsabilidades.

No mesmo artigo Duarte diz que “Gerenciar é pensar, decidir e agir, é

fazer acontecer, obter resultados”. Além de tais resultados carecerem de uma

prévia análise detalhada, eles têm uma característica especial: são alcançados

através das pessoas envolvidas, em constante interação.

“Nas organizações modernas, qualquer profissional pode

ser considerado um gerente se, em virtude de sua

posição e de conhecimento, for responsável por uma

contribuição que afete capacidade da organização de

trabalhar e obter resultados”. (DUARTE, 2007)

À gestão moderna, não basta o domínio técnico, mas também o criativo

para lidar com situações da ordem do imprevisível. É possível apontar como

características imprescindíveis aos líderes modernos: capacidade de

julgamento, de decisão, de enfrentar riscos e incertezas, de planejar, organizar,

integrar e motivar.

O desenvolvimento da capacidade gerencial deve também dirigir-se para

o processo pelo qual o indivíduo seja capaz de fortalecer sua capacidade de

análise de problemas.

Didaticamente, Duarte (2007) esquematiza como quatro as dimensões

das competências que um gestor moderno deve ter desenvolvidas:

• Dimensão Técnica – ligada ao conteúdo da função, à tecnologia do

produto. Compreende o conhecimento especifico dentro da especialidade da

área de atuação.

• Dimensão Administrativa – ligada à exigência de conhecimentos e

habilidades sobre o ato de planejar, organizar, coordenar, controlar, avaliar e

33

acompanhar a execução das atividades que lhe são atribuídas. Como por

exemplo, elaboração de orçamento.

• Dimensão Psicossocial – ligada à dinâmica da função nos seus

aspectos inter-relacionais. Abrange os conhecimentos e habilidades relativas

aos recursos psicológicos do gerente (criatividade, motivação, segurança,

controle emocional etc) e aqueles relacionados à sua interação com pessoas e

grupos. Exercer estabelecimento de grupos de trabalho ou inter-relacionamento

de setores para a consecução de um determinado trabalho.

• Dimensão Política – ligada ao seu grau de poder. O grau de

autonomia de decisão que possui, a capacidade de influenciar as ações da

empresa, de realizar o planejado. Exemplo: alteração de processos de trabalho

e substituição de pessoas.

É importante mencionar que o valor relativo exigido correspondente ao

domínio das quatro dimensões varia de acordo com o nível de

responsabilidade administrativa.

É o mesmo autor que nos serve de guia ao enumerar as capacidades ou

atributos que defende como essenciais nos bons líderes.

• Objetividade – capacidade para exercer o poder de decisão, de forma

objetiva.

• Inteligência – bom nível intelectual associado à praticidade e bom

senso.

• Autoridade – não-resistência a políticas e decisões razoáveis: sabe o

significado do que é ser orientado, tanto quanto o de coordenar.

• Responsabilidade – disposição para enfrentar desafios, assumindo as

consequências de suas decisões.

• Estabilidade – capacidade emocional de suportar pressões e revezes

na atividade profissional.

Além dos atributos, para o referido autor, os gerentes também

apresentam algumas habilidades que merecem destaque:

• Relacionamento Interpessoal – bom relacionamento humano,

demonstração de liderança positiva, senso de integridade e justiça.

34

• Visão Sistêmica da Organização – percepção da organização como

um todo, evitando decisões que favoreçam apenas um determinado

departamento ou função.

• Capacidade para organizar e solucionar – situações problemáticas

exigem soluções, pois existem ocasiões em que é necessário tomar decisões

apesar de dispor de pouca ou nenhuma informação. Em uma atmosfera de

indefinição, é capaz de assumir riscos e de tomar decisões.

• Eficácia – A eficácia gerencial é o grau alcançado pelo administrador

quanto ao que é esperado dele na empresa. Solicitado a ser eficaz em uma

enorme variedade de situações, sua eficácia pode ser avaliada pela

capacidade de adaptar seu estilo de liderança às exigências das situações.

No mesmo estudo, Duarte (2007) afirma que “a eficácia gerêncial não é

um aspecto da personalidade do administrador, é a avaliação de sua

produtividade”. O autor ainda dá sugestões a respeito de como avaliar a

eficácia gerencial dizendo que o gestor eficiente é aquele que resolve

problemas, cuida de recursos, cumpre seu dever, reduz custos e preocupa-se

com o meio ambiente; ao passo que o gestor eficaz, é aquele que produz

alternativas adequadas, otimiza a utilização dos recursos, alcança e preocupa-

se com resultados e, por fim, mas não menos importante, aumenta lucros. Mas

a tese não pára por aí, alguns fatores são apontados como necessários para o

desenvolvimento de uma liderança eficaz, dentre ele merecem ser ressaltados:

a habilidade no relacionamento humano, a criatividade e inovação e a

famigerada Flexibilidade.

Se por um lado, tanto foi citado a exigência dos líderes terem poder a

habilidades para tomada de decisões, por outro não se pode deixar de lado que

os recentes estudos sobre a liderança apontam tendências mundiais de

mudanças sociais na busca de maior participação dos empregados nas

organizações.

“É necesssário que o líder desconsidere algumas

posturas que já foram válidas mas que, atualmente, não

trazem mais resultados satisfatórios. A tendência é

contratar gerentes que motivem e coordenem equipes

35

com possibilidades de participar, com liberdade de

questionar, discutir, sugerir, modificar e alterar uma

decisão, um projeto ou uma simples proposta, ou seja,

gerentes facilitadores de mudanças”. (Tofler,1999).

“A liderança participativa faz com que a antiga separação dualista entre

planejar e executar, pensar e fazer, mandar e cumprir ordens seja substituída

pelo constante esforço de desenvolver talentos e proporcionar oportunidades “.

Duarte (2007).

Para encerrar este tópico sobre o que é exigido para uma liderança

moderna eficaz, resta discorrer a propósito da capacidade do líder em motivar

seus colaboradores. A este respeito, muitos estudos seguem a linha da

identificação do fenômeno eqüidade ser um fator diferencial para motivar

pessoas dentro de uma empresa. Eqüidade pode ser definida como uma

relação entre a contribuição que o indivíduo dá em seu trabalho (como esforço

ou habilidade) e as recompensas que recebe (como pagamento ou promoção)

comparada com aquelas recebidas pelos outros, por contribuições

semelhantes. Se as recompensas recebidas não forem sentidas como justas,

obviamente não serão motivadoras.

Duarte (2007) afirma que “motivações intrínseca e extrínseca se

complementam através do trabalho gerencial quando são compreendidas e

utilizadas pelo gerente como ponto de apoio para potencializar e alavancar a

satisfação das pessoas”. Para que o gerente possa motivar constantemente

sua equipe, é necessário:

– oferecer recompensas valorizadas.

– criar percepções de que esforços levem a recompensas.

– dar oportunidades a empregados qualificados.

– qualificar a equipe para desempenhar bem suas tarefas.

– definir tarefas que permitem a mensuração do desempenho.

– prever um sistema de recompensas relacionado ao resultado

alcançado.

– certificar-se de que as recompensas são consideradas justas.

36

3.2 Diferenças entre Líder e Gerente

Levando-se em consideração as explanações anteriores a respeito das

necessidades de competências gerenciais e dos índices de desempenho que

podem auxiliar na avaliação de um trabalho empresarial eficaz, cabe questionar

até onde gerência e liderança se assemelham e se diferenciam.

É consenso entre os autores que a concepção de gerente extrapola a do

líder, embora na prática, essas duas terminologias se confundem e se

sobrepõem. Lapierre apud Bergamini (1994), é citado citado por fazer essa

diferenciação quando admite que o gerente é entendido como quem dirige uma

empresa levando em consideração seus aspectos internos e externos, ou seja,

“recursos disponíveis dentro da empresa e as oportunidades ou ameaças

existentes em um determinado mercado”. Este mesmo autor define o líder

como alguém que dirige uma empresa com base em sua visão pessoal,

constituindo, dessa forma, um processo centrado na pessoa do líder, “menos

regulamentado e hierarquizado”, em suma, menos antenado com as

conjecturas do entorno.

De acordo com as hipóteses levantadas posteriormente por Bergamini

(1994), pode-se acrescentar que o líder possui a habilidade de administrar o

sentido que as pessoas dão ao seu trabalho e à organização como um todo.

Atribui-lhe, assim, um poder de interferência na cultura da empresa. Tal autora

conclui que esse papel está intimamente ligado à missão de facilitar a auto-

realização dos subordinados, tendo em vista a relação interpessoal e

conhecimento do contexto cultural, que imantam a pessoa do líder.

Bowditch e Buono (1992) em contrapartida esclarecem que o líder é um

profissional “provido de poder legítimo (autoridade) para dirigir as atividades

relacionadas ao trabalho de, no mínimo, um subordinado”. Daí infere-se que a

função gerencial é mais abrangente do que simplesmente guiar pessoas. Em

consonância co esta vertente conclui-se que a liderança é apenas umas das

funções desejáveis a um gerente.

37

Neste ponto é indispensável fazer algumas reflexões críticas. A primeira

delas é que se a liderança condiz apenas com o poder legitimado, estatuto

meramente hierárquico, que fora anteriormente elucidado, a mesmo se

contradiz com sua própria definição maior que remete a mesma a capacidade

de influenciar outrem. Por outro lado, é fácil imaginar que um gerente não

necessariamente apresenta em seu repertório de habilidades a função

liderança. O inverso também merece ser pensando, há muitas pessoas que

são reconhecidas como líderes natos, mas não ocupam em corporações

nenhum cargo de gerência e acabam por operar suas influências

informalmente.

Siqueira Neto (2005) tenta diferenciar os dois conceitos e revela uma

posição esclarecedora. Ele apresenta uma argumentação contrária ao que

Bowditch e Buono defendem, pois não classifica a liderança como um

fenômeno associado a uma posição de hierarquia. Para este autor, liderar não

é exatamente mandar, diz que é errôneo pensar apenas que “a figura de um

líder pode se configurar a partir do poder autoritário, superior, intransponível e,

em alguns casos, de causar medo”. Segue enfatizando que ao contrário do

que se pode imaginar, o líder tem um papel de servir também. Ao falar sobre a

função do líder, ele revela:

“Este conceito traduz-se nas relações aprofundadas que

se criam a partir do compromisso mútuo ou propósito

compartilhado entre as partes, da responsabilidade

pessoal, da influência que é exercida ao invés da

imposição, da motivação obtida pelo respeito e da

mudança que se processa com o passar do tempo”.

SIQUEIRA NETO (2005)

No mesmo artigo o autor define o gerenciamento como um fenômeno

focado em resultados, é compreendido na prática a partir do planejamento,

orçamento, organização, direção, controle, produção, venda e estabilidade

organizacional.

38

Por outro lado, a liderança mantém seu foco nas pessoas e pode ser

manifestada na criação de visão e estratégias, geração de cultura e valores

comuns, colaboração quanto ao crescimento, inspiração e motivação dos

colaboradores e criação das mudanças.

De fato, na revisão de literatura é notável o quanto os dois conceitos se

confundem, mas para este trabalho é vital um posicionamento diferenciado

com relação aos dois conceitos.

O posicionamento aqui tomado irá ao encontro das defesas de Siqueira

Neto (2005), mas ousadamente se construirá definições um pouco mais amplas

bebendo de todas as fontes teóricas supra citadas.

A liderança, ato exercido por líderes, é consagradamente um processo

de influência e por isso não necessariamente é exercida por alguém que ocupa

um cargo gerencial, embora possa se dar em função do já descrito poder

formal. Contudo, há de se defender que a liderança é muito mais uma

competência do que o reflexo de uma imposição hierárquica em si.

No que concerne ao gerenciamento, este sim pode ocorrer apenas em

função de um poder legitimado, alguém é denominado gerente e por isso

possui responsabilidades claras sobretudo no que dia respeito ao alcance de

resultados. Entretanto, não há garantias que alguém legitimado gerente vá

apresentar os resultados esperados, mas sabe-se que é imprescindível para

um bom gerente saber exercer liderança.

Em suma, liderança seria uma habilidade, ou melhor, mais do que isso,

uma competência desejável aos gerentes modernos. Porém, os gerentes em si

são pessoas que ocupam cargos cujas responsabilidades são vitais no

contexto empresarial, ou seja, estão diretamente ligadas ao sucesso de uma

organização.

3.3 Estilo de Liderança Autocrático em Defasagem

Uma vez consciente de que se por um lado as atuais teorias

contingenciais é o que há de mais moderno ao se falar em liderança, mas por

outro esta prática que exige tamanha flexibilidade que está distante da

39

realidade do dia-a-dia empresarial, defende-se aqui que em muitas empresas o

que se encontra vigorando ainda hoje são gerentes com estilos de liderança

sobretudo autocráticos. As raízes desta constatação convergem com o que aponta Bandeira et

al. (2005) ao afirmar que um questionamento emerge com relação à viabilidade

de um profissional tão perfeito quanto o demandado pela teoria contingencial.

Dentre outras razões, a autora cita a constituição histórica do Brasil, um país

que fora colonizado e por isso está culturalmente acostumado com valores de

submissão por parte dos trabalhadores, sofrendo um ranço de uma mão-de-

obra que foi durante mais de três séculos escravizada em sua maioria

esmagadora. Segue a isso, inclusive cronologicamente, o argumento de os

governos totalitários pelos quais o país passou só reforçaram esta mesma

cultura do “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Ela ainda vai além

pesando as características de um país em desenvolvimento como o Brasil:

Em primeiro lugar, impõe-se destacar que, em países em

desenvolvimento a formação educacional ainda é

deficiente, e suas culturas estão impregnadas de valores

de submissão, oriundos dos processos de colonização.

Aliado a isso, podem ser também citadas as heranças

dos governos totalitários, que deixaram marcas

profundas nas formas de gestão tradicionais. Num

segundo momento, especula-se até que ponto o

ambiente organizacional e o capitalismo selvagem estão

abertos a esse perfil dinâmico e autônomo,

proporcionando condições para que o gerente possa

atuar de forma inovadora, segundo a caracterização já

delineada anteriormente, dentro das empresas.(

BANDEIRA et al. 2005)

Ora, se a prática inovadora da teoria contingencial nos revela sua

dificuldade e constate-se que o que ainda se impõe em muitas empresas no

40

país, inclusive por motivos culturais, é liderar de maneira autocrática, resta

dissecar o porquê desta prática estar mais do que defasada.

Texeira et al. (2005) citam em seu livro a respeito da gestão estratégica

de pessoas que o gerente moderno precisa ter orientação para dimensão

humana do trabalho: sensibilidade para perceber, considerar e lidar com os

aspectos humanos envolvidos no trabalho. Dentre outras características,

também lembra que a competência interpessoal - capacidade e habilidade de

exercitar as diversas formas de interação humana, como motivação,

comunicação, feeedback, prevenção e administração de conflitos e respeito

mútuo – é essencial para uma gestão bem sucedida. Além disso, destaca que

o gestor deve ser também gestor do clima organizacional, tendo capacidade e

habilidade para estabelecer e manter condições propícias de um clima de

engajamento de pessoas, grupos e equipes com a missão e os objetivos da

empresa. Os autores concluem que para que as pessoas desenvolvam tais

competências, devem receber uma educação humanística e ética, permitindo

que tenham consciência sistêmico-estratégica ao lado de um componente

crítico-criativo estando sempre conectadas com os atuais modelos de gestão

de negócios de e de pessoas. O mesmo autor menciona que muitas empresas

cometem um sério equívoco quando tomam como pressuposto na escolha de

um bom gerente a equação “todo bom técnico é igual a um bom gerente”.

Alguém apto a tingir metas não necessariamente é alguém com competências

para liderar uma equipe.

Ora, uma vez que já foram exploradas todas as características de um

gerente para que assuma a função de liderança, parece claro o quanto o estilo

de liderança autocrático em nada combinada com as atuais competências

necessárias para que uma liderança resulte em alto desempenho empresarial.

Eis estilo de liderança autocrático no qual apenas o líder decide e fixa as

diretrizes sem qualquer participação do grupo, uma liderança marcada por um

maior autoritarismo e menor liberdade para a equipe, se opondo diretamente às

exigências atuais de uma liderança participativa, na qual toda a equipe deve

contribuir com ações, idéias e sugestões em um constante intuito de possibilitar

41

o desenvolvimento das competências de todos os colaboradores, pois estes

são o capital humano da empresa.

Fica para trás na contemporaneidade aquele líder dominador e "pessoal"

(no sentido de não se basear em evidências) nos elogios e nas críticas ao

trabalho de cada membro, dando lugar a uma equipe estimulada a freqüente

interação humana e comunicação, recebendo feedback por parte de um líder

com formação humanística que se preocupa com a prevenção e administração

de conflitos e, sobretudo, com o respeito mútuo, pois criticar é preciso, mas é

vital que se faça com respeito.

Todas as características demandadas a um líder nos modernos estudos

sobre gestão de pessoas e gestão de negócios estão em plena oposição ao

autoritarismo que muitas vezes é o caminho certo de uma liderança autocrática

quando esta visa apenas à tarefa e acima de tudo à produção e

conseqüentemente acaba por ser representada por uma pessoa centralizadora,

possessiva, controladora, inibidora da espontaneidade e da criatividade, àquela

espécie de líder que realmente ilustra o célebre ditado “manda quem pode,

obedece quem tem juízo”.

De acordo com Chiavenato (2001), o líder autocrático, por ser

centralizador e impor as suas ordens ao grupo, faz com que seus comandados

tendam à tensão e à agressividade. Ainda seguindo as defesas do mesmo

autor, diante deste tipo de liderança, “inexiste a espontaneidade, iniciativa e

formação de equipes” e mais preocupante do que tudo isso: “não há satisfação

com o trabalho”. O Autoritarismo configura uma liderança “presa” (sob

múltiplos sentidos) na qual o desenvolvimento do trabalho é dependente da

presença do líder, fato que nos dias de hoje configura um grande atraso

(inclusive de tempo) do grupo de trabalho em relação aos autogerenciados.

Chiavenato (2001) ainda pondera que “o grupo na presença do líder pode

chegar a explosões de agressividade e indisciplina”, efeito justamente contrário

à pretensão autoritária e que não leva a lugar algum em termos da tão

almejada produtividade.

Enfim, quando “o líder determina a tarefa que cada um deve executar” e

chega ao extremo de determinar a um colaborador quem deve ser o seu

42

companheiro de trabalho, exibindo também um caráter “dominador e

individualizador nas críticas e elogios” não pode haver motivação interna nos

indivíduos que resista. Neste cenário, não há clima organizacional que permita

qualquer produção de qualidade!

43

CAPÍTULO 4

Relação entre o Estilo de Liderança Autocrático e os Níveis

de Turnover e Conseqüências

Ao se pensar em rotatividade de funcionários, há de se ponderar que o

processo de demissão é comum, muitas vezes necessário e até saudável para

a organização uma vez que com ele há renovação na equipe, e essa

renovação pode trazer mais motivação e, juntamente com a motivação, podem

vir os resultados positivos.

O problema deste processo se dá quando existe um exagero na

utilização desse procedimento, o que pode denotar falha em alguma parte do

processo de gestão. A grande falha ou incapacidade que aqui nos chama

atenção é aquela relacionada às questões pessoais por parte da chefia,

ilustrando casos em que é deixada de fora a consideração por aspectos

profissionais propriamente ditos.

Fica de certa maneira evidente que a influência dos estilos de liderança

em cima do índice de turnover em uma empresa é transpassada pela variável

motivação. Por esta razão nos deteremos brevemente sobre este assunto.

Muitas vezes o empregador possui uma responsabilidade indireta no

pedido de demissão de seus funcionários também por deixar de oferecer ou

reconhecer os colaboradores como eles acham que devem ser reconhecidos.

Como exemplos dessa situação Sant’Ana (2007) cita os baixos salários, a

inexistência ou a presença de poucos benefícios, a falta de perspectiva de

ascensão profissional (Plano de Carreira), o pouco reconhecimento e um

ambiente de trabalho cujo clima é negativo.

Um dos maiores teóricos sobre o tema da motivação, Herzberg (1959),

defende em sua teoria que para manter a motivação humana não basta

atender às necessidades básicas das pessoas como remuneração e

segurança, mas é vital oferecer-lhe reconhecimento. Segundo a teoria de

Herzberg - teoria dos Fatores higiênicos e Fatores Motivacionais, o salário, por

exemplo, é apenas um fator higiênico. Os fatores higiênicos referem-se ao

44

ambiente e às condições que rodeiam a pessoa enquanto ela trabalha:

dinheiro, segurança, condições de trabalho e conforto, políticas da

organização, relações com o supervisor e com os colegas. Estes fatores não

são capazes por si só de motivar, apenas impedem que os colaboradores

tenham sua capacidade produtiva inibida. Se tais fatores forem ótimos

simplesmente evitam a insatisfação, mas se forem precários chegam ao ponto

de provocar insatisfação.

O que este autor expõe de mais interessante é que depois que as

necessidades básicas são satisfeitas por meio dos fatores higiênicos, as

pessoas passam a orientar-se pelos fatores que são realmente direcionadores

da motivação, são eles: sentimento de realização, reconhecimento, desafio,

responsabilidade, crescimento e desenvolvimento, liberdade de decisão,

promoção, uso pleno das habilidades. Os fatores direcionadores da motivação

são capazes de proporcionar efeitos produtivos na satisfação quanto ao

trabalho, aumentando inclusive a capacidade produtiva das pessoas .

O estudo de White & Lippitt realizado em 1939, anteriormente citado, já

apresentava desde o início do século passado a contradição existente entre o

modo autoritário de liderar e uma produção de qualidade.

Ao analisar o estilo de liderança autocrático enumeram-se

características a ele correlatas que vão exatamente contrariar todos os

indicadores motivacionais levantados em estudos. Falaram-se antes fatores

como o líder decidir e fixar as diretrizes sem qualquer participação do grupo, a

liderança marcada por autoritarismo desincentivador da participação dos

colaboradores e de uma busca cega pelos resultados e pela execução da

tarefa que é comumente comandada por uma pessoa centralizadora que corta

pela raiz qualquer expressão de espontaneidade. Estas são apenas algumas

dentre as muitas características levantadas antes que se opõem fortemente a

tudo aquilo que permite ter uma equipe motivada.

"Quanto mais saudáveis nós somos emocionalmente,

mais importantes se tornam nossas necessidades de

preenchimento criativo no trabalho. Ao mesmo tempo,

45

menos nós toleramos a violação de nossas necessidades

para tal preenchimento." Maslow (2000)

Uma liderança autocrática muitas vezes se inicia com o intuito de atingir

resultados e acaba se manifestando em uma espécie de abuso de poder

quando o líder que não escuta aqueles a quem lidera, apenas dá ordens e o

faz de maneira desumana, pouco ética e até mesmo passível de processo por

assédio moral.1

Já foi destacada anteriormente a análise de Chiavenato (2001) à

respeito das conseqüências de uma liderança autocrática e autoritária: criam

tendências nos liderados à tensão e à agressividade. O mesmo autor chegou a

afirmar que em um ambiente de trabalho deste tipo chega a não haver

satisfação possível com o trabalho.

Ora, se é impossível haver satisfação com o trabalho, é natural que o

trabalhador queira se desvincular deste este tipo de situação e isso pode

culminar no seu pedido de demissão ou em uma série de atuações por parte do

mesmo que o levarão a ser demitido. Eis a relação entre a liderança

autocrática/autoritária e um alto índice de turnover!

Fique claro que nem todos os casos de turnover devem ser imputados

única e exclusivamente a esta razão, mas já que há influência entre estas duas

variáveis, há de haver preocupação por parte das empresas quanto a este

funesta relação.

É importante apontar as desvantagens trazidas pela estéril relação de

causalidade entre liderança autoritária e alto índice de turnover. Muitos dos

desdobramentos citados abaixo vão ao encontro do que defende Sant’Ana

(2007).

1 Segundo Hirigoyen (2002), o assédio moral no trabalho é definido como qualquer conduta abusiva (gesto, palavra, comportamento, atitude) que atente, por sua repetição ou sistematização, contra a dignidade ou integridade física de uma pessoa, ameaçando seu emprego ou degradando o clima de trabalho.

46

Primeiramente cabe refletir sobre a questão do vínculo que não se cria

entre fornecedor ou cliente e funcionários da empresa em constante

rotatividade. Neste caso, ao invés da criação dos vínculos que facilitam

negócios, é gerada uma eterna desconfiança por parte daqueles que nunca

conseguem ser empáticos aos funcionários pois estes são sempre “novos”.

Isso acaba por indicar uma insatisfação geral com a organização, fantasia-se

sobre o fato de a organização não ser boa, não pagar bem e tratar mal os

colaboradores. Deixa a impressão de que a organização não aceita que

ninguém erre e pode culminar na a sensação de que a organização pode não

ser um parceiro confiável, propiciadora de relações duradouras e que,

principalmente, tudo ali é uma desorganização, pois a cada momento aparece

alguma pessoa diferente, a qual não se poderá ter como referência.

Esse tipo relacionamento de troca constante, deteriora não somente os

contatos com os parceiros, mas também os internos. Usuais trocas podem

trazer problemas para a rotina do serviço uma vez que ela é quebrada sempre

e têm-se que começar tudo novamente com a chegada de um novo

colaborador, revendo processos e procedimentos. Isso tudo sem levar em

consideração o impacto mental causado nas pessoas que ficam, pois, se a

cada momento é uma pessoa que sai é bem provável que surja o pensamento:

“O próximo sou eu, não posso errar”, causando uma enorme pressão e abalo

psicológico que pode induzir a pessoa a cometer mais erros do em condições

normais cometeria.

Fora os aspectos emocionais que podem afetar o colaborador,

problemas de ordem estratégica e de informação podem vir a acometer a

organização que insiste em demitir (direta ou indiretamente)

indiscriminadamente e não valoriza o planejamento a longo prazo. Cada

colaborador que vai embora leva consigo itens primordiais e até vitais, mas que

na maioria das vezes passam despercebidos, tais como: idéias, sugestões que

não chegou a compartilhar, histórico da empresa; conhecimentos específicos

do ramo de atuação, parte da cultura da empresa, clientes e fornecedores.

47

Dentro desses itens é notório que a maior perda é a capacidade

intelectual que as pessoas possuem, junto a esta capacidade intelectual estão

competências geradas muitas vezes pela experiência na própria empresa que

muitas vezes podem fazer falta, principalmente em situações de crise, onde

ninguém sabe e muito menos se lembra de nada.

Além de todos os fatores sociais, emocionais e intelectuais nos quais as

organizações saem perdendo com um alto índice de turnover, não se podem

deixar de lado os aspectos econômicos que, somados aos demais já analisados

anteriormente, certamente causam um grande impacto negativo inclusive em

termos de custos.

A simples troca de funcionários não é nem de longe simples em sua

prática, nem tão pouco é rendosa e sobretudo exige muito tempo, tempo este

que muitas vezes pode ser crucial para os negócios.

Segundo Bohlander et al. (2003), os custos podem ser separados em

três categorias:

1) Saída do funcionário: o custo de desligamento pode chegar a custar

US$ 90,00 levando-se em consideração a entrevista de desligamento, que

calcula o custo de salário e benefícios do entrevistado e entrevistador durante a

entrevista.

2) Reposição do funcionário: o custo da reposição é calculado em US$

3.140, que é decomposto das seguintes partes de anúncio de vaga de

emprego, funções administrativas que antecedem o emprego e ação de

manutenção de registro, entrevista de seleção, testes de emprego e reuniões

para analisar candidatos.

3) Treinamento do funcionário: nesse item, a variação é muito grande,

pois, dependerá do cargo a ser preenchido, o que pode elevar demais o custo

com cursos workshops, tempo despendido de outros colaboradores para

auxiliar no aprendizado etc, principalmente se forem cargos técnicos que

exijam treinamento e atualizações constantes.

Retirando-se esses onerosos custos, ainda existem as obrigações

trabalhistas que pesam demais no orçamento, tais como, férias, décimo terceiro

48

salário, FGTS, multa do FGTS e outras coisas mais, como convênio médico e

outros tipos de assistências que podem constar de acordos coletivos.

Está evidente que com o turnover em resultado a um estilo defasado de

liderança (neste caso, o autocrático) perde-se tanto tecnicamente como

financeiramente, e isso pode abalar a organização fazendo com o tão almejado

espaço cada vez maior no mercado se torne não somente uma ilusão como

também o início de uma grave crise.

49

CONCLUSÃO

Em pleno século XXI, uma análise da evolução da ciência nos leva a

concluir que a tecnologia não alterou a natureza humana, mas lançou

definitivamente uma nova forma para abordagem de temas como

produtividade, eficiência, informática, Internet, espírito de equipe, crescimento

de empresas e funcionários etc. Em suma, todos estes são temas presentes

em um ambiente de trabalho cada vez mais competitivo e globalizado.

Sob muitos aspectos, esses temas são psicológicos por natureza e,

portanto, necessitam de soluções e reflexões também psicológicas. Talvez

pareça óbvio, mas muitos profissionais estão despertando apenas agora para o

fato de que seres humanos não são máquinas destituídas de emoções e que

conseguem se libertar de suas paixões deixando de fora o seus próprios

interesses. Ao contrário, seres humanos sempre agem de acordo com valores,

atitudes e motivos que têm sua própria lógica - e força - em todos os aspectos

da vida econômica, desde o trabalho até o comportamento do consumidor.

Ora, neste contexto, é imprescindível se debruçar sobre a temática de

liderança no estudo das práticas de gestão de pessoas. O fenômeno da

liderança é um tema complexo, porém consagrado como de vital importância

em sua contribuição para o sucesso de uma empresa. Como desdobramentos

de um estilo de liderança autocrático, apontamos a necessidade de atentar

para o índice de desempenho turnover. Conforme fora exposto, muitos são os

itens que podem colaborar com o turnover, entretanto, foi função deste trabalho

defender que as empresas parecem não fazer questão de tentar inverter um

quadro no qual se encontram altos índices de turnover, pois, muitas se apóiam

no argumento de que este fato é algo natural do atual contexto global e

portanto, acreditam estar agindo corretamente permitindo constante

desligamentos de pessoal. Eis aí o tipo de postura preocupante, que se não

revista a tempo, pode levar a empresa a crises que extrapolam o âmbito

financeiro. Este estudo especificamente se preocupou com a influência do

estilo de liderança autoritário que pode inclusive apresentar tendências

desumanas se desdobrando em altos índices de turnover.

50

Ao refletirmos sobre os fatores que impulsionam altos índices de

turnover, uma questão importante para se trazer à tona é a de que existem mais

pessoas procurando emprego do que vagas sendo oferecidas pelas empresas e

muitas vezes as organizações fazem uma interpretação superficial desta

verdade não se preocupando em possuir líderes que tenham poder de motivar e

manter seus funcionários de maneira humana, pois se agarram na desculpa de

que em curto espaço de tempo encontrarão um outro profissional para tomar o

lugar daquele que se foi, este é tomado como “aquele que não agüentou a

pressão”. Mas uma atitude neste sentido desconsidera os altos custos (e a este

ponto já é claro que os mesmo não são meramente financeiros) do turnover.

Concluímos que um gerente eficiente é a combinação de aspectos

relacionados não somente à realização das tarefas, mas também de aspectos

correlatos ao lado emocional, incorporando maturidade, segurança e sobretudo

capacidade de lidar com o ser humano. Portanto, a adaptabilidade é condição

natural dos profissionais que optam por esse tipo de atividade, bem como a

capacidade de ser flexível.

Enfim, seguimos neste trabalho a corrente que defende que embora o

importante seja competir, é fundamental é colaborar e este deve ser o lema de

um gestor moderno capacitado a exercer função de liderança. Apesar de ser

polêmico o assunto, uma empresa, para se manter até mesmo competitiva,

precisa educar acima de tudo seus gerentes na arte de cooperar, pois só se

consegue vencer a guerra externa, exterminando a guerra interna. O gerente

deve possuir o papel de equilibrar e orientar as relações de trabalho.

Se o gestor executa uma liderança que soa como uma verdadeira guerra

interna entre subordinados e chefes, se traça um caminho para o fracasso.

51

BIBLIOGRAFIA

http://carreiras.empregos.com.br/comunidades/rh/artigos/140302 turn_over

AMARAL, Eudio Braz, acesso em 22/01/2008

BANDEIRA, Mariana Lima; MARQUES Antônio Luiz; SANTOS, Cléa Martha Quaresma dos; Reflexões Sobre O Papel Gerencial:Um Perfil Modernizador, Belo Horizonte:2005. BARON, R. A., GREENBERG, J. Behaviour in organizations: understanding and managing the human side of work. United States of America: Allyn and Bacon, 1990. BERGAMINI, C. W. Liderança: a administração do sentido. Revista de Administração de Empresas. São Paulo, v. 34, n. 3, p. 102-114, mai./jun., 1994 BOHLANDER George, SNELL Socott , SHERMAN Arthur. Administração de Recursos Humanos, São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005 BOWDITCH, J. L., BUONO, A. F. Elementos de comportamento organizacional. São Paulo: Pioneira, 1992. CARVALHO, Luiz Carlos R. F. A influência do estilo de liderança na gênese dos DORT em uma fábrica de calçados. Porto Alegre: Dezembro de 2002 CHIAVENATO, Ildalberto. TGA – Teoria Geral da Administração; 6ª Ed. Vol. I. São Paulo: Editora Campus, 2001. COHEN, David; ROSEMBURG, Cynthia. O manual do bom chefe. Revista Exame, São Paulo, Ed. 765, p 40-53, mar.2002. COUTINHO, Maria Teresa, Apostila de Gerência de Equipes, Programa Gerência de Projetos, Rio de Janeiro, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2004 DUARTE, Marco Antônio, O Gestor como um Líder de um Grupo, vol.2, Nº2, abr/mai/jun., 2007. FIELDER, F. A theory of leadership efectiviness. New York: McGraw-Hill,1967. FERREIRA, Mônica e SILVA, Mônica Ferreira da, O perfil psicológico do liderado e seu impacto na relação de liderança, 2005 GRISCI, Carmem. Gerência e Liderança. Curso de extensão em gerência empresarial. Programa de pós-graduação em administração – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2000.

52

HERZBERG, F. Novamente: como se faz para motivar funcionários? In: In: BERGAMINI, C., CODA; R. (Org.). Psicodinâmica da vida organizacional – Motivação e liderança. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1997. HIRIGOYEN, Marie-France. Mal estar no trabalho: redefinindo o assédio moral, São Paulo: Editora Bertrand do Brasil: 2002. http://www.fafitfacic.com.br/curso/apoio/apoio300120073109_603.doc KRAEMER, Maria Elisabeth Pereira, Capital Intelectual: A Nova Vantagem Competitiva, acesso em 29/01/08. MASLOW A . H. Maslow no Gerenciamento. Rio de Janeiro, Qualitymark, 2000. MOBLEY, Willian Hodges, Employee Turnover: Causes, Consequences and Control, Addison-Wesley Series on Managing Human Resources, Paperback, May,1982. PEREIRA, Maurício Fernandes; SILIPRANDI, Elizângela Marcelo; GARCIA Janaína Renata e RIBEIRO, Mariluce Lemos Guetten; Liderança: a Produção Científica da UniversidadeFederal de Santa Catarina, 2006. ROBBINS, Stephen p. Comportamento Organizacional. 9. ed. São Paulo: Prentice Hall. 2002. RODRIGUEZ, Martius Vicente. Liderança e Motivação. São Paulo: Ed. Elsevier, 2004. http://www.administradores.com.br/producao_academica /336 SANT' ANA, Fábio Garcia, Turnover - A Alternância que pode não alterar nada, 2007, acesso em 28/01/2008 http://www.timaster.com.br/revista/artigos SIQUEIRA NETO, Armando Correia de, Liderança ou gerenciamento?, Revista TI, 9 de agosto de 2005. Acesso em 05/02/08. TEIXEIRA, Gilnei M; et.al. Gestão Estratégica de Pessoas. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005. TOFLER, Alvin. A Empresa flexível. Rio de Janeiro: Record, 1999. VERGARA, Sylvia Constant, Gestão de Pessoas, São Paulo, 1999. WAGNER III, John A. HOLLENBECK, John R. Comportamento Organizacional. São Paulo: Saraiva, 2003.

53

ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO 1

ATUAL MUNDO DO TRABALHO

1.1 Atuais Exigências para Bom Desempenho Empresarial 10

1.2 Turnover: O Importante Índice de Desempenho de Pessoal 14

CAPÍTULO 2

O FENÔMENO LIDERANÇA

2.1 Breve Revisão Teórica das Teorias sobre Liderança 20

2.2 Liderança e Poder 24

2.3 Teoria dos Estilos de Liderança 25

CAPÍTULO 3

A ATUAL LIDERANÇA EFICAZ

3.1 Competências Necessárias para que uma Liderança

Resulte em Alto Desempenho no Atual Contexto Empresarial 30

3.2 Diferenças entre Líder e Gerente 36

3.3 Estilo de Liderança Autocrático em Defasagem 38

CAPÍTULO 4

A RELAÇÃO ENTRE O ESTILO DE LIDERANÇA AUTOCRÁTICO

E NÍVEIS DE TURNOVER 43

CONCLUSÃO 49

BIBLIOGRAFIA 51

ÍNDICE 54

54

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição:

Título da Monografia:

Autor:

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: