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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
ÉTICA PROFISSIONAL
Por: Eduardo Ferreira Figueiró
Orientador
Prof. Marcelo Saldanha
Rio de Janeiro
2010
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
ÉTICA PROFISSIONAL
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Gestão de
Recursos Humanos.
Por: . Eduardo Ferreira Figueiró
3
AGRADECIMENTOS
....a Deus, pois sem ele nada se pode
fazer, aos amigos e professores, que
tanto contribuíram para a confecção
deste trabalho acadêmico.
4
DEDICATÓRIA
...dedico aos meus familiares e minha
noiva pela compreensão das horas que
deixei de passar com eles para me
dedicar a minha formação acadêmica.
5
RESUMO
A importância da ética nas empresas cresceu a partir da década de 80,
com a redução das hierarquias e a conseqüente autonomia dada às pessoas.
Os chefes, verdadeiros xerifes até então, já não tinham tanto poder para
controlar a atitude de todos, dizer o que era certo ou errado. Por outro lado, o
corte nos organogramas deixou menos espaço para as promoções. A disputa
por cargos cresceu e, com ela, o desejo de “passar a perna” nos colegas para
conseguir sobressair a qualquer custo. Assim, nos últimos anos, os escritórios
viraram um campo fértil para a desonestidade, a omissão, a má conduta e a
mentira. No nosso dia-a-dia, os sete pecados capitais (luxúria, ira, inveja, gula,
preguiça, soberba e avareza) servem como uma espécie de parâmetro para o
bom ou mau comportamento em sociedade. No universo corporativo, a falta de
ética poderia muito bem entrar nessa lista. Assim nenhuma empresa sobrevive
ou sobreviverá sem ter um código de ética, e este levado a sério por todos da
organização, trabalho este que envolve o RH de cada organização.
.
6
METODOLOGIA
O trabalho será desenvolvido através de pesquisas em livros
(Administração, Ética, Recursos Humanos), revistas especializadas e sites de
pesquisa.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Ética Profissional 09
CAPÍTULO II - Desvantagens da falta de Ética
Profissional 23 CAPÍTULO III – Inteligência emocional e ética,
Aspectos positivos na Ambiência
do emprego e atuação do RH 33
CONCLUSÃO 44
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 45
ÍNDICE 46
FOLHA DE AVALIAÇÃO 47
8
INTRODUÇÃO
Ética é o conjunto de regras, normas, leis e princípios que regem
determinada profissão. A palavra de origem grega ethikos (ethos significa
hábito ou costume).
Que devemos aceitar como Ética, por vezes também designada como
Moral (nem sempre adequadamente), e qual sua moderna forma de ser
entendida, enseja a compreensão geral sobre o que, de forma analítica, se
possa desenvolver em uma obra sobre tal assunto.
A preocupação com tal ramo da Filosofia, considerado como ciência,
também, é milenar, desde os trabalhos de Pitágoras, no século VI a.C., e se
agasalha em manifestações remotas, quer em fragmentos que nos chegaram
de escritos antiqüíssimos, quer na obra específica de Aristóteles.
Em seu sentido de maior amplitude, a Ética tem sido entendida como a
ciência da conduta humana perante o ser e seus semelhantes.
Envolve, pois os estudos de aprovação ou desaprovação da ação dos
homens e a consideração de valor como equivalente de uma medição do que é
real e voluntarioso no campo das ações virtuosas.
Encara a virtude como prática do bem e esta como a promotora da
felicidade dos seres, quer individualmente, quer coletivamente, mas também
avalia os desempenhos humanos em relação ás normas comportamentais
pertinentes.
Analisa a vontade e o desempenho virtuoso do ser em face de suas
intenções e atuações, quer relativos à própria pessoa, quer em face da
comunidade em que se insere.
Na organização, por trás de qualquer decisão, de qualquer erro ou
imprudência estão seres de carne e osso. E são eles que vão viver as glórias
ou o fracasso da organização. Por isso, quando falamos de empresa ética,
estamos falando de pessoas éticas.
9
CAPÍTULO I
Ética Profissional
A Ética Profissional tem como finalidade fazer com que a profissão
seja admirada por quem a exerce e respeitada por todos.
Uma das primeiras preocupações éticas no âmbito empresarial de que
se tem conhecimento revela‐se pelos debates ocorridos especialmente nos
países de origem alemã, na década de 60. Pretendeu‐se elevar o trabalhador
à condição de participante dos conselhos de administração das organizações.
O ensino da Ética em faculdades de Administração e Negócios tomou
impulso nas décadas de 60 e 70, principalmente nos Estados Unidos, quando
alguns filósofos vieram trazer sua contribuição. Ao complementar sua
formação com a vivência empresarial, aplicando os conceitos de Ética à
realidade dos negócios, uma nova dimensão surgiu: a Ética Empresarial.
Os primeiros estudos de Ética nos Negócios remontam aos anos 70,
quando nos Estados Unidos o Prof. Baumhart realizou a primeira pesquisa
sobre o tema, junto a empresários. Nessa época, o enfoque dado à Ética nos
Negócios residia na conduta ética pessoal e profissional.
Nesse mesmo período, ocorreu a expansão das empresas
multinacionais oriundas principalmente dos Estados Unidos e da Europa, com
a abertura de subsidiárias em todos os continentes. Nos novos países em que
passaram a operar, choques culturais e outras formas de fazer negócios
conflitavam por vezes com os padrões de ética das matrizes dessas
companhias, fato que incentivou a criação de códigos de ética corporativos.
Durante a década de 80, notou‐se, ainda, tanto nos Estados Unidos
quanto na Europa, esforços isolados, principalmente de professores
universitários, que se dedicaram ao ensino da Ética nos Negócios em
10faculdades de Administração, e em programas de MBA ‐ Master of Business
Administration.
Surgiram publicações sobre o tema, destacando‐se a criação da
primeira revista científica específica na área de Administração: Journal of
Business Ethics.
No início da década de 90, redes acadêmicas foram formadas: a
Society for Business Ethics nos EUA, e a EBEN ‐ European Business Ethics
Network (Europa), originando outras revistas especilizadas, a Business Ethics
Quarterly (1991) e a Business Ethics: a European Review (1992). As reuniões
anuais destas associações permitiram avançar no estudo da Ética, tanto
conceitualmente quanto em sua aplicação às empresas. Daí emergiu a
publicação de duas enciclopédias, uma nos Estados Unidos e outra na
Alemanha: Encyclopedic Dictionary of Business Ethics2 e Lexikoin der
Wirtschaftsethik.3.
Os anos 90 caracterizaram‐se por uma ampliação do escopo da Ética
Empresarial, universalizando o conceito. Visando à formação de um fórum
adequado para essa discussão, foi criada a lnternational Society for Business,
Economics, and Ethics (ISBEE). O Prof. Georges Enderle, então na
Universidade de St. Gallen, na Suíça, iniciou a elaboração da primeira
pesquisa em âmbito global, apresentada no 12º Congresso Mundial da ISBEE,
no Japão, em 1996. A rica contribuição de todos os continentes, regiões ou
países, deu origem a publicações esclarecedoras, informativas e de
profundidade científica.
Com base em sua ampla experiência internacional, Enderle e outros
procuraram sistematizar os vários enfoques perseguidos nos estudos de ética
nos negócios nos cinco continentes, e sintetizaram uma forma de tratar a ética
nos negócios, para facilitar os estudos acadêmicos e empresariais.
Ressaltaram a existência de três modos inter‐relacionados de abordagem: a
semântica, a teoria e a prática. No âmbito de empresas, a ética depende, para
11seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e
executivos.
Ao final da década de 90, alguns desafios puderam ser identificados. A
ética deve ser vivida numa enorme variedade de ambientes empresariais, em
que a importância do clima moral pode diferir de país para país. Além disso,
abordagens não ocidentais demandam forma apropriada de aplicação da
Ética.
Alguns temas específicos de Ética Empresarial se delinearam, como
um foco de preocupação internacional, nesse fim de década e de século: a
corrupção, a liderança e as responsabilidades corporativas.
Sendo o sistema econômico a mola mestra das empresas,
naturalmente seu desenvolvimento, em vários aspectos, coincide com os
sistemas político e sociocultural, em que estão inseridas as organizações. Ora,
ampliando a atividade econômica, a intersecção das duas esferas aumenta.
Fica patente, assim, que a contribuição da empresa à sociedade e ao governo
cresce, à medida que aumentam, por exemplo, seus rendimentos, suas linhas
de produtos, e a qualidade desses produtos
Observou‐se, então, a criação de muitas Organizações Não
Governamentais (ONGs), com um papel importante no desenvolvimento
econômico, social e cultural de todos e cada um dos países. Certamente o
novo século verá como prioridade, no estudo e na aplicação da Ética nos
Negócios, o desempenho das ONGs.
Mais recentemente, a abordagem aristotélica dos negócios vem sendo
recuperada. A boa empresa não é apenas aquela que apresenta lucro, mas a
que também oferece um ambiente moralmente gratificante, em que as pessoas
boas podem desenvolver seus conhecimentos especializados e também suas
virtudes.
12Esforços isolados estavam sendo empreendidos por pesquisadores e
professores universitários, ao lado de subsidiárias de empresas multinacionais
em toda a América Latina, quando o Brasil foi palco do I Congresso Latino
Americano de Ética, Negócios e Economia, em julho de 1998. Nessa ocasião,
foi possível conhecer as iniciativas no campo da ética nos negócios,
semelhanças e diferenças entre os vários países, especialmente da América
do Sul.
Da troca de experiências acadêmicas e empresariais, da identificação
criada entre os vários representantes de países latinos presentes, da
perspectiva de se dar continuidade aos contatos para aprofundamento de
pesquisas e sedimentação dos conhecimentos específicos da região em
matéria de ética empresarial e econômica, emergiu a idéia de formação de
uma rede, então fundada: a Associação Latino‐americana de Ética, Negócios e
Economia (ALENE).
Especialmente para os países de língua espanhola, uma efetiva
contribuição para a ética nas organizações veio do Peru, onde os dois
primeiros livros na área foram publicados em 1993 e 1995.
Em Buenos Aires (Argentina), o Instituto para el Desarrollo de
Empresarios en Ia Argentina (IDEA) vem desenvolvendo, desde a década de
80, atividades de formação em ética para executivos: cursos, seminários,
publicações, consultoria e treinamento. Mais recentemente, foi criado o
Instituto de Altos Estudios Empresariales (lAE), da Universidad Austral.
Destaca‐se, pelo ensino da ética a estudantes universitários de Administração,
a Universidad Argentina de Ia Empresa (UADE).
O Instituto de Estudios Superiores de Administración (lESA), em
Caracas, Venezuela, estabeleceu uma cátedra de Ética Gerencial, e pesquisas
de vulto foram desenvolvidas, especialmente no campo da corrupção. Com
sólida formação filosófica, a equipe de professores do Centro de Ética y
13Humanidades, da Universidad Adolfo Ibaftez, em VIDa deI Mar, Chile, vem
contribuindo com o ensino e publicações, além de assessoria a empresas.
No México, o Centro de Ética y Valores do Instituto Tecnológico y de
Estudios Superiores de Monterrey (ITESM) desenvolveu material para cursos
de ética para todos os estudantes da área de administração, em mais de
quinze campi universitários do ITESM, em todo o país. Na Cidade do México, o
Instituto Panamericano de Alta Dirección de Empresa (IPADE) tem primado
pelo ensino da ética em seus cursos, e publicado rica bibliografia para
orientação de executivos.
O Banco Mundial se dispôs a cooperar com o Instituto de Estudios en
Ética Profesional, da Universidad Católica Boliviana, localizada em La Paz
(Bolívia), para desenvolver um projeto de orientação às organizações para a
elaboração de códigos de ética na América Latina.
No Equador, o Instituto de Desarrollo Empresarial (IDE) elevou a ética
à condição de matéria obrigatória em todos os cursos ministrados para
executivos. A oportunidade de os participantes trabalharem de forma interativa
nas aulas tem, por vezes, provocando mudanças radicais na forma de conduzir
as respectivas organizações, com resultados eficazes, inclusive do ponto de
vista econômico.
Em São Paulo, a Escola Superior de Administração de Negócios
(ESAN), primeira faculdade de administração do país, fundada em 1941,
privilegiou o ensino da ética nos cursos de graduação desde seu início.
Em 1992, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) sugeriu
formalmente que todos os cursos de administração, em nível de graduação e
pós‐graduação, incluíssem em seu currículo a disciplina de ética. Nessa
ocasião, o Conselho Regional de Administração (CRA) e a Fundação Fides
reuniram em São Paulo mais de cem representantes de faculdades de
administração, que, com boa disposição, comprometeram‐se a seguir a
instrução do MEc.
14Em 1992, a Fundação Fides desenvolveu uma sólida pesquisa sobre a
Ética nas Empresas Brasileiras, cujos resultados foram publicados no mesmo
ano e apresentados no I Seminário Internacional sobre Ética Empresarial. Em
1999, a Fundação Fides repetiu a mesma pesquisa e publicou os resultados
cotejando os dois períodos.
A convite da Fundação Fides, veio ao Brasil a Profa. Laura L. Nash, da
Boston University, que durante o Seminário Internacional lançou seu livro: Ética
empresarial: boas intenções à parte, primeiro trabalho de fôlego sobre o
assunto, em português, no Brasil.
Também, em 1992, a Fundação Getulio Vargas, em São Paulo, criou o
Centro de Estudos de Ética nos Negócios (CENE). Depois de vários projetos
de pesquisa desenvolvidos com empresas, os próprios estudantes da Escola
de Administração de empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas
(FGVEAESP) solicitaram a ampliação do escopo do CENE, para abarcar
organizações do governo e não governamentais. Assim, a partir de 1997; o
CENE passou a ser denominado Centro de Estudos de Ética nas
Organizações, e introduziu novos projetos em suas atividades.
O CENE‐FGV‐EAESP foi um pólo de irradiação da ética empresarial,
por suas intensas realizações no Brasil e no exterior: ensino, pesquisas,
publicações e eventos. Foi sua iniciativa, por exemplo, a organização do I
Congresso Latino‐Americano de Ética, Negócios e Economia, em 1998, do
qual participaram cerca de seiscentos profissionais, que representaram
diversos países latino‐americanos, além de atrair europeus e
norte‐americanos, interessados em conhecer a maneira como está sendo
tratada a ética no Brasil.
Em julho de 2000, o CENE‐FGV‐EAESP sediou o II Congresso
Mundial da ISBEE ‐ International Society of Business, Economics, and Ethics,
única instituição internacional que congrega professores, economistas e
profissionais de empresas dedicados ou interessados em Ética. Participaram
15cerca de quatrocentas pessoas, oriundas de quarenta e um países, cujo tema
central foi: Os desafios éticos da globalização.
O CENE‐FGV‐EAESP desenvolveu os indicadores de clima ético,
adaptando para o Brasil o modelo de Frank Navran, em parceria com o Ethics
Resource Center. Os indicadores são construídos com base em onze critérios,
com a participação de empresas que integram um painel permanente durante
dois anos. Após esse período, cada organização reavalia seu clima ético e
volta a tomar parte do painel, com os novos dados. Este sistema oferece
oportunidade às empresas de analisarem seus resultados à luz dos esforços
envidados para a melhoria do clima ético e detectar quais as situações que
demandam mais atenção. Isso revela o dinamismo do processo de elaboração
dos indicadores e sua contribuição efetiva para as empresas participantes. A
inclusão contínua de novos dados, ou novas organizações, possibilita uma
visão da evolução do clima ético vigente em setores ou regiões, permitindo a
cada empresa comparar seus resultados com os do indicador médio. No Sul
do Brasil, por exemplo, foi possível avaliar aspectos regionais do ambiente
ético de trinta e cinco empresas procedentes de diferentes ramos, em pesquisa
apresentada no 11 Forum de Ética organizado pela Federação das
Associações Comerciais do Rio Grande do Sul (FEDERASUL), em Porto
Alegre.
No início de 1998, a ESA ‐ Ética ‐ Escola de Altos Estudos de Ética
Profissional iniciou suas atividades com o intuito de desenvolver a ética não só
nos negócios, mas em todas as profissões.
Trabalho de grande projeção vem sendo desenvolvido pelo Instituto
Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, criado em São Paulo, em
1998, e que conta com o apoio de muitas empresas brasileiras comprometidas
com o incremento da responsabilidade social. Sua grande contribuição está em
incentivar profissionais, instituições públicas e privadas a iniciarem esforços
organizados para o combate à corrupção, pobreza e injustiça social. É o caso
da criação da Transparência Brasil, capítulo brasileiro da Transparency
16International, entidade alemã de âmbito global que analisa o grau de corrupção
de mais de oitenta países.
As sociedades normalmente se regem por leis e costumes que
asseguram a ordem na convivência entre os cidadãos.
Cada organização estabelece um sistema de valores, explícito ou não,
para que haja uma homogeneidade na forma de conduzir questões específicas
e relativas a seus stakeholders, ou seja, todos os públicos que de forma ,
direta ou indireta contribuem para o bom desempenho da empresa: acionistas
ou proprietários, empregados, clientes, fornecedores e distribuidores,
concorrentes, governantes e membros da comunidade em que está inserida a
empresa.
Cada pessoa, por sua formação familiar, religiosa, educacional e
social, atua conforme determinados princípios. No dia‐a‐dia, os valores
individuais podem coincidir ou conflitar com os valores da organização, que
caracterizam a cultura empresarial. Dessa forma, é fundamental a existência
de padrões e políticas uniformes para que os empregados possam saber, em
qualquer circunstância, qual a conduta adequada e apropriada.
O clima ético predominante na instituição deve acompanhar a filosofia
e os princípios definidos como básicos principalmente pelos acionistas,
proprietários e diretores. Isso se materializa no código de ética, que nada mais
é do que a declaração formal das expectativas da empresa à conduta de seus
executivos e demais funcionários.
Se a consciência ética dos integrantes de uma organização, desde os
altos executivos até o mais simples funcionário, é um patrimônio dessa
organização, há quem dispense a implantação de códigos de conduta, já que
da atuação de cada um emergirá um ambiente ético.
Os códigos de ética não têm a pretensão de solucionar os dilemas
éticos da organização, mas fornecer critérios ou diretrizes para que as pessoas
descubram formas éticas de se conduzir.
17Programas de ética são desenvolvidos por meio de um processo que
envolve todos os integrantes da empresa e que passa pelas etapas de
sensibilização, conscientização, motivação, capacitação e, finalmente, adoção
de um código de conduta baseado em princípios e valores perenes. Uma vez
implantado o código de ética, deve ser desenvolvido um trabalho de
acompanhamento e adequação às circunstâncias internas e externas da
organização, fruto das contínuas mudanças inerentes ao desenrolar dos
negócios.
Os códigos de ética contemplam, normalmente, as relações dos
empregados entre si e com os demais públicos da empresa, os stakeholders.
Da mesma forma que os códigos relativos às profissões, o código de
ética das empresas deve ser regulamentador. Não deve necessariamente
contemplar os ideais, a missão, a visão da empresa, embora se apóie neles,
mas deve deixar claro o que é uma afirmação genérica e o que é uma
afirmação de caráter regulamentador, à qual deve corresponder uma punição.
Alguns códigos de ética descem ao nível concreto dos problemas
enfrentados pela organização, enquanto outros se limitam a fornecer diretrizes
gerais, deixando questões pontuais para manuais de procedimentos das
diversas áreas funcionais da empresa. Assim, enquanto alguns códigos de
ética estabelecem que é proibido presentear os fornecedores ou clientes,
outros vão ao pormenor: não devem ser oferecidos presentes acima de
determinado valor monetário.
Os principais tópicos abordados na maioria dos códigos são: conflitos
de interesse, conduta ilegal, segurança dos ativos da empresa, honestidade
nas comunicações dos negócios da empresa, denúncias, suborno,
entretenimento e viagem, propriedade de informação, contratos
governamentais, responsabilidades de cada stakeholder, assédio profissional,
assédio sexual, uso de drogas e álcool.
18O código de ética, além de possibilitar um trabalho harmonioso, deve
servir também como proteção dos interesses públicos e dos profissionais que
contribuem de alguma forma para a organização, os stakeholders. Por essa
razão diz‐se que deve ser específico, factível, passível de avaliação. A
liberdade de adesão provém da convicção das pessoas, o que gera uma
disposição positiva, bem humorada e agradável de vivenciar todos os seus
itens.
Um código de ética exposto em local de honra de uma empresa não
serve para nada, se não for refletido na vida de cada pessoa que ali trabalha, É
preferível não adotá‐lo. Aliás, importa denunciar o mal que poderá provocar
uma empresa cujos empregados, colaboradores, acionistas transmitam a
imagem de que a empresa é ética pelo simples fato de ter um código de ética
e, na prática, essas mesmas pessoas não o vivenciam, ou até mesmo adotam
posturas antiéticas. Eis a grande desvantagem do código de ética.
Consideradas as vantagens e desvantagens da adoção do código .de
ética, e feita a opção por ele, é de suma importância que em sua elaboração
intervenha o maior número possível de pessoas, desde a alta administração,
até o mais simples funcionário braçal, para assegurar que será, isto é,
atenderá às necessidades e peculiaridades da empresa. Murphy estudou 80
códigos, que compilou em um livro, em que mostra que o código resulta do
clima ético de cada organização, que se retrata nas aspirações de seus
elaboradores.
Algumas organizações enfatizam em seus códigos questões já
constantes na legislação do país em que operam, sendo certo que seu
descumprimento implicaria punições já previstas pelas leis. Outras empresas
partem do princípio de que as leis devem ser conhecidas e cumpridas por
todos os cidadãos, de modo que não deveriam constar novamente dos
códigos. No Brasil, as leis estimulam a adoção de princípios éticos. Na
realidade, a empresa ética acaba por consolidar sua imagem no mercado e
deixa um lastro decorrente do cumprimento de sua missão e de seus
19compromissos. A conduta ética dessas empresas é o reflexo da conduta de
seus profissionais. Tal conduta não se limita ao mero cumprimento da
legislação, mesmo porque pode haver leis que sejam antiéticas ou imorais.
Uma vez que a organização adota um código de ética, é importante
estabelecer um comitê de ética de alta qualidade, geralmente formado por um
número ímpar de integrantes provenientes de diversos departamentos, todos
reconhecidos como pessoas íntegras, por seus colegas. O comitê pode ser útil
como instrumento de aconselhamento ou de tomada de decisão, podendo,
também, investigar e solucionar casos, à medida que surgem dentro da
empresa. O comitê garante que as soluções apontadas são fruto de opiniões
de pessoas idôneas com diferente formação e experiência e que, em conjunto?
analisaram com profundidade e sob diferentes perspectivas o problema
colocado. Cabe ao comitê de ética delinear uma política a ser adotada e
modernizar o código de conduta de tempos em tempos, acompanhando as
mudanças e atendendo às necessidades dos stakeholders.
A maturidade dos membros do comitê não se prende tanto à idade
cronológica de seus componentes, mas à disposição reta, compreensiva e
exigente, muitas vezes resultante de formação específica para assumir uma
função de tal responsabilidade. Entre os membros do comitê de ética, a tônica
de toda troca de informações e das discussões provenientes do estudo de
cada caso ou situação deve ser positiva e construtiva. O nível de exigência
dentro do comitê deve ser o mais elevado possível, no sentido de não se
rotularem pessoas, situações ou casos, o que muitas vezes causa irreparáveis
prejuízos.
A autoridade conferida ao comitê de ética deve ser assegurada pela
figura do vice‐presidente, ou do próprio presidente da organização, que
costuma dirigi‐lo, revelando a importância da ética para a organização. Os
membros do comitê de ética devem ter plena consciência de que, por trás das
questões ou condutas analisadas, estão pessoas normais, com sentimentos,
que têm compromissos familiares, profissionais ou econômicos e, apesar de
20suas fraquezas e dificuldades, são dotadas de valores e merecem total
respeito. O que se critica é o erro de conduta, e não a pessoa, que tem o
direito de se, retratar. Devem ser avaliadas a gravidade da infração ética, a
intenção (que é muito difícil julgar) e as circunstâncias e conseqüências
provocadas. O comitê não pode perder de vista que são os valores e princípios
que norteiam seus critérios, e não apenas a frieza das normas impressas em
um documento.
Para acesso ao comitê de ética, em geral as empresas oferecem uma
linha direta de telefone e e‐mail para receber comunicações, anônimas ou
identificadas, dos funcionários, que apresentam questões que julgam
importantes de serem analisadas, do ponto de vista da ética. O sigilo das
comunicações é um ponto fundamental para o incentivo à participação dos
funcionários.
Muitas empresas nomeiam um profissional de ética, ligado diretamente
à Diretoria da empresa, o que lhe confere independência de ação, para em
dedicação exclusiva ou parcial coordenar os programas de ética, inclusive do
comitê. O profissional deve estar alinhado com as políticas da empresa ‐
missão, visão, valores ‐ e ter capacidade de conquistar a confiança dos
membros do comitê e dos demais funcionários. Sua principal tarefa é manter
vivo e atualizado o código de ética e promover os meios necessários para a
formação contínua de todos os funcionários da empresa neste campo
específico. O caminho mais curto para que a ética passe da teoria à prática é
fazer com que qualquer funcionário sinta que tem crédito, que suas opiniões
não são apenas ouvidas, mas também valorizadas e aplicadas sempre que
conveniente. Assim, o componente de confiabilidade gerado envolve todos os
integrantes da empresa.
Importa que os executivos sejam bem formados, que os profissionais
sejam treinados, pois o cerne da questão está na formação pessoal. Caso
contrário, a implantação de códigos de ética ou de conduta será inócua.
21A ética profissional tem sido muito discutida nos últimos dias dentro da
sociedade brasileira. Vários tipos de problemas sociais vêm acontecendo
ligados aos trabalhos executados por profissionais de diversas áreas; e a mídia
vem divulgando de maneira óbvia para toda população. Também são
mostradas condutas de políticos, empresários e funcionários públicos que
denigrem a imagem do ser humano, criando um constrangimento público
inevitável e desolador.
Envergonha ver na mídia certos acontecimentos de policiais
corrompidos e corrompendo-se uns aos outros e episódios de políticos que,
por causa do dinheiro, trazem para sociedade prejuízos incalculáveis.
Profissionais liberais que praticam atos que desabonam uma boa conduta
profissional que lesa o patrimônio público, gerando prejuízos de natureza social
irreparável, em alguns casos, e em outros, perdendo o conceito de moral e
respeito.
Mas quando uma ação do homem atinge o seu próximo e o prejudica,
gera toda uma situação de injustiça e desconforto, em que a própria sociedade
irá julgar a maneira como se fez determinada atitude censurável. A família
também irá julgá-lo, e o indivíduo será forçado a refletir sobre o que praticou.
Há um modus vivendi, do latim que quer dizer modo de viver, conduta
de vida em cada ser humano que pratica no meio em que vive e atua, seja
como trabalhador ou indivíduo dentro da comunidade ou sociedade, e
ambiente familiar. A ética profissional está pautada em normas estabelecidas
por órgãos de classe ou associações, mas se a pessoa não tiver uma base
familiar bem estruturada e uma vida emocional equilibrada, ela passará a
transferir para profissão este desequilíbrio.
Pois bem, vejamos como tudo à sua volta funciona em equilíbrio.
Observe a natureza, por exemplo, tem quatro estações do ano e elas
funcionam harmonicamente para dar moderação às necessidades humanas.
Imagine se não chovesse para que o camponês plantasse e depois colhesse
os frutos da mãe-terra para dar sustento ao ser humano?
22Deus assim criou tudo de forma harmoniosa, mas o homem com a
ganância por desejar cada vez mais, foi que desequilibrou não só a natureza,
mas também sua própria vida. Quando fazemos ou praticamos atos para
adquirir recursos de maneira arbitrária e que prejudicará o tesouro público e a
vida da população, temos de ver se não vai cair sobre nossas próprias
cabeças, pois funciona em cadeia, tudo que se faz tem um efeito dominó
dentro da sociedade.
A ética profissional tem um leque enorme de temas que o envolve,
podemos citar aqui uma vida regrada dentro de padrões sociais; uma
obediência a certas normas, mas quando temos isso tudo dentro de nós,
funciona com bastante harmonia e perfeição. Não somos perfeitos, mas
desejamos ou devemos desejar fazer o certo; não seguir o errado; praticar um
ato que conduza o bem comum, de todos que estão à nossa volta.
A Bíblia diz - em Gálatas, capítulo 06, versículo 07 - que “tudo o que o
homem semear, isso também ceifará”. Refletindo sobre esse texto da Palavra
de Deus você com certeza irá ter suas conclusões. Nos dias atuais fala-se
muito no mundo como aldeia global, como uma só casa, quer dizer, que tudo o
que você fizer aqui irá refletir em qualquer lugar do planeta.
23
CAPÍTULO II
Desvantagens da falta de Ética profissional
Seu subordinado teve uma idéia brilhante para um novo produto. Dias
depois, você esta sozinho, cara a cara com o diretor da empresa, falando
sobre esse projeto. Ele acha a idéia excelente e pergunta quem é o autor. O
que você responde...
Você sonha há anos em conhecer o Caribe com a família, mas nunca
sobra dinheiro. Eis que um dos seus fornecedores oferece uma semana com
tudo pago em Cancun, como prêmio por ser um ótimo parceiro nos negócios.
Você aceita...
Um relatório secreto do banco onde trabalha caiu em suas mãos. Ao
ler o material, descobre que o valor das ações da empresa X poderá triplicar
em pouco tempo em função de um novo projeto. O que você faz com a
informação...
As situações acima parecem simples. Talvez, para a maioria de nós,
suas respostas sejam óbvias. Elas retratam, porém, cenas cotidianas nas
empresas, fatos que podem ser vividos por qualquer um de nós. E nem
sempre, na hora da decisão, escolhemos a saída ética: falar a verdade sobre o
autor da idéia, recusar o passeio no Caribe e não comprar ações da empresa
X. Nessas escolhas pequenas, aparentemente simples, muitas carreiras
brilhantes podem ser jogadas fora. Hoje, mais do que nunca, a atitude dos
profissionais em relação às questões éticas pode ser a diferença entre o seu
sucesso e o seu fracasso. Basta um deslize, uma escorregadela, e pronto. A
imagem do profissional ganha, no mercado, a mancha vermelha da
desconfiança. Há claro, deslizes que entram na categoria dos crimes. É o caso
que envolve o ex-diretor da Volkswagen. Ele foi acusado pela General Motors,
sua antiga empregadora, de fraude e furto de documentos quando trocou uma
montadora pela outra. O caso ainda está em andamento nos tribunais dos
24Estados Unidos, mas ele que tinha uma carreira brilhante, caiu em desgraça
no mercado mundial.
Atuar eticamente, entretanto, vai muito além de não roubar ou não
fraudar a empresa. A ética nos negócios inclui desde o respeito com que os
clientes são tratados ao estilo de gestão do líder da equipe. Uma enquete
realizada no site da VOCÊ s.a. revela que nem sempre as pessoas têm
consciência do problema ético nos escritórios. Dos participantes, 43% já
pediram ao garçom para aumentar a nota do almoço ou sabem de alguém que
já fez isso. A metade dos votantes disse que já utilizou recursos da empresa
para serviços particulares. Do total, 49% já mentiram, ou sabem de alguém
que já mentiu, para um cliente, dizendo que o serviço ficaria pronto na data
acertada, mesmo sabendo que não poderiam cumprir o prazo.
A maioria de nós age com honestidade simplesmente porque quer
dormir com a consciência tranqüila, ou, então, porque tem medo das
conseqüências, que podem resultar em atos ilegais ou contrários à ética.
O fato, porém é que cada vez mais essa é uma qualidade fundamental
para quem se preocupa em ter uma carreira longa, respeitada e sólida. Quem
está sempre atento ás implicações éticas de cada decisão consegue desistir
de uma empresa pouco confiável antes de se queimar. Pode recusar um
projeto que causaria danos a sua imagem futura. Por outro lado, as
organizações, através do departamento de Recursos Humanos, cada vez mais,
estão adotando o saudável habito de checar e rechecar o passado de todos os
candidatos ao emprego. Resultado: quem tem a ficha limpa sempre terá as
portas abertas nas melhores empresas do mercado.
Mas afinal de contas, o que é ser um profissional ético?
Ser ético nada mais é do que agir direito, proceder bem, sem
prejudicar os outros. ”É ser altruísta, e estar tranqüilo com a consciência
pessoal”, diz Robert Henry, professor da USP e executivo e autor do livro
Ética Empresarial. Ser Ético é, também, agir de acordo com os valores morais
25de uma determinada sociedade. Essas regras morais são resultado da própria
cultura de uma comunidade. Elas variam de acordo com o tempo e sua
localização no mapa. A regra ética é uma questão de atitude, de escolha. Já a
regra jurídica não prescinde de convicção íntima – as leis têm de ser
cumpridas independentemente da vontade das pessoas. Em alguns casos, no
entanto, as questões éticas esbarram em princípios jurídicos. “Nessa situação,
as pessoas devem recorrer ás leis que regem a convivência em sociedade
antes de tomar a decisão”, afirma Maria Cecília Arruda, professora de ética da
Fundação Getúlio Vargas.
Além de ser individual, qualquer decisão ética tem por trás um conjunto
de valores fundamentais. Muitas dessas virtudes nasceram no mundo antigo e
continuam válidas até hoje. Eis algumas das principais:
1. Ser honesto em qualquer situação. “A honestidade é a primeira virtude
da vida nos negócios”, afirma Robert Solomon, professor da Universidade do
Texas, autor do livro A Melhor Maneira de Fazer Negócios. Afinal, a
credibilidade é resultado de uma relação franca.
2. Ter coragem para assumir as decisões. Mesmo que seja preciso ir
contra a opinião da maioria.
3. Ser tolerante e flexível. Muitas idéias aparentemente absurdas podem
ser a solução para um problema. Mas para descobrir isso é preciso ouvir as
pessoas ou avaliar a situação sem julgá-las antes.
4. Ser íntegro. Significa agir de acordo com os seus princípios, mesmo nos
momentos mais críticos.
5. Ser humilde. Só assim a gente consegue ouvir o que os outros têm a
dizer e reconhecer que o sucesso individual é resultado do trabalho da equipe.
Ninguém está dizendo que as melhores empresas do mercado
resolveram contratar Santos, ou que deixaram de ter o lucro como objetivo. O
fato é que várias organizações estão se convencendo de que, para o seu
26negócio sobreviver, terão de agir com muito mais atenção em relação à ética,
de verdade, sem demagogia. Vejamos:
• Pesquisa da Harvard University, com duração de 11 anos,
mostrou que as companhias voltadas para os stakeholders (todos aqueles que
têm vínculo com a empresa, como fornecedores, consumidores, empregados e
comunidade) geram entre quatro e oito vezes mais empregos do que as que
satisfazem exclusivamente os acionistas. Ou seja, elas crescem mais.
• Em 1999, a Dow Jones criou um novo índice, o Dow Jones
Sustainability Index (Índice de Sustentabilidade). Organizado por uma empresa
suíça especialista em serviços financeiros éticos, o índice é composto por 229
empresas, como Honeywell, Unilever e Fujitsu. Segundo o índice, elas
produzem, em média, maior retorno para os acionistas, em cinco anos, do que
outras empresas na mesma região do mundo. E, de forma geral, elas também
se saíram melhor que o restante das empresas do mesmo setor.
Uma política interna mal definida por um funcionário de qualquer nível
pode atingir em cheio dois dos maiores patrimônios de uma empresa: a marca
e a imagem. Vejamos o caso da Coca-Cola, acusada, nos Estados Unidos, de
discriminação racial por ex e atuais funcionários negros. O grupo de
descontentes chegou a convocar um boicote público aos produtos da
companhia. Resultado: o presidente da empresa, prometeu investir 1 bilhão
de dólares em cinco anos para promover a diversidade e amenizar, com isso,
os estragos que as denúncias provocaram.
Não são apenas funcionários e consumidores que recriminam políticas
antiéticas nas empresas. Os investidores também costumam fugir. Um
exemplo disso é o episódio vivido pela espanhola Telefónica. Suas ações, na
Espanha caíram 5,5% em um dia, após denúncias de que seu presidente
mundial teria usado informações privilegiadas em benefício próprio. Tudo
começou no dia 2 de janeiro de 1998, quando ele comprou opções de ações
da Telefónica e as revendeu dias depois. Seu lucro: 120 000 dólares.
Justamente nesse período, descobriu-se depois, que o então presidente
27estava negociando em segredo uma aliança com a norte-americana MCI
WorldCom. Quando o escândalo estourou, em meados de junho, a Telefónica
divulgou comunicado oficial negando a acusação. Mas isso não impediu a
reação negativa do mercado.
Não é preciso ser uma companhia de capital aberto para que as
decisões erradas tomadas por altos diretores façam rombos no caixa da
empresa. De acordo com dados divulgados pela imprensa, a Schering do
Brasil teve um prejuízo de cerca de 18 milhões de reais, sem contar o custo na
imagem, porque seus diretores foram omissos no episódio da pílula
anticoncepcional falsa, em 1998. Embora o laboratório nada tivesse falsificado,
a empresa foi displicente no controle do descarte de comprimidos produzidos
sem princípio ativo. E, quando soube que o remédio falso estava sendo
vendido em farmácias, foi lenta para alertar a opinião publica sobre o fato. Os
diretores da empresa levaram 15 dias, depois de receberem a denúncia de
uma senhora grávida, para notificar a Vigilância Sanitária. E só o fizeram no dia
em que a notícia foi ao ar pelo Jornal Nacional, da Rede Globo. De vítima de
um roubo, ela passou a ser considerada uma empresa que não respeita seus
consumidores.
A negligência na gestão de uma empresa, muitas vezes, é associada
apenas a problemas técnicos. Onde está, por exemplo, o deslize ético no
vazamento de óleo da Petrobras na Baía de Guanabara, Rio de Janeiro, no
início de 2000. Aparentemente, os dutos que conduzem o óleo teriam se
rompido porque estavam mal conservados e tinham erros de projeto na
construção. Quando se analisa a fundo o caso, entretanto, vê-se que as
conseqüências desastrosas do vazamento de óleo poderiam ter sido evitadas
pelas pessoas com poder de decisão na empresa. Uma delas era o
superintendente de meio ambiente da Petrobras. Notícia publicada pelo Jornal
do Brasil, no dia de fevereiro de 2000, afirma que ele, em depoimento à
Polícia Federal, admitiu que não tinha experiência em gestão ambiental. Ele
estava no cargo há oito meses e há 30 anos na Petrobras. No auge da crise
ele perdeu seu cargo.
28Esse não foi o primeiro caso de vazamento de óleo da Petrobras na
Baía de Guanabara. Em menor escala, outro acidente ocorreu em 1997. Até
2000 Segundo o biólogo Mário Moscatelli, entrevistado pelo jornal Folha de S.
Paulo, a empresa não estava preparada nem para prevenir nem para controlar
os acidentes. Moscatelli diz que os equipamentos usados na contenção do
óleo na Baía de Guanabara eram ineficientes e insuficientes. “A Petrobras não
tem equipamento nem estratégia de ação em caso de acidente”, afirmou o
biólogo à folha. Falta de investimento em equipamento e no treinamento dos
funcionários não é em si um dilema ético, mas resultado de decisões erradas
(postergar investimentos em manutenção, por exemplo) tomadas por alguém.
Como eram os valores éticos em relação à comunidade e ao meio ambiente
desses executivos? No mínimo, frágeis.
Para saber se uma empresa é ou não ética, não basta observar seu
comportamento na hora da crise. Ao contrário, é preciso evitar deslizes e
escorregadelas. A prevenção é a palavra de ordem em qualquer empresa que
valorize a ética nos seus negócios e no ambiente de trabalho. Regras claras de
condução nos negócios e de relacionamento em equipe, além de campanhas
para discutir os limites éticos, são fundamentais. O organograma deve ser
montado de maneira a evitar que as pessoas tomem decisões sozinhas. Os
líderes da organização devem ser os primeiros a dar o exemplo.
Atualmente, ainda são poucas as empresas que têm programas éticos
estruturados. Mas há, certamente, uma tendência acentuada nessa linha. A
equipe do escritório da PriceWaterhouseCoopers, em São Paulo, oferece
serviços de consultoria na área de comportamento ético. O Instituto Ethos,
organização sediada em São Paulo com o objetivo de aglutinar empresas
preocupadas Com a ética, lançou os Indicadores de Responsabilidade Social-
Empresarial. É um sistema de avaliação dos compromissos e práticas sociais
das organizações.
Entre as empresas veteranas em políticas que regem o
comportamento ético está o laboratório Merck Sharp & Dohme. A empresa tem
29um sistema aberto de comunicação que estimula a pessoa a consultar seu
superior ou colega para tirar dúvidas, reclamar ou denunciar irregularidades
éticas. Se não quiser se identificar, pode usar uma linha telefônica confidencial.
O programa gera frutos incalculáveis para a imagem e a credibilidade da
empresa. Em certa ocasião uma gerente de atendimento ao cliente da Merck,
recebeu um telefonema da mãe de um doente com Aids. Seu filho estava há
três dias sem tomar o remédio fabricado pelo Merck por problemas no
abastecimento em São Paulo. Era um caso grave. Isabel decidiu, então,
mandar uma pessoa da sua equipe levar o remédio à casa do paciente.
Como funcionária, Isabel não tinha nenhuma obrigação de enviar o
remédio para o cliente. Mas a ética é parte de seu dia-a-dia. “Além da meta
profissional, que é tratar bem nossos consumidores, há uma satisfação
pessoal imensa em poder ajudar o outro”, diz Isabel. Para profissionais como
ela, o importante é trabalhar numa empresa que valoriza a solidariedade, a
participação e o comprometimento dos funcionários. É de organizações assim
que as pessoas têm orgulho de fazer parte. É nelas que os acidentes
costumam acontecer com muito menos freqüência. O motivo é claro: elas
estão bem mais atentas, preparadas para reagir com rapidez.
Nem tudo, porém, é sempre simples e claro quando se fala em ética.
Existe uma zona cinzenta, em que às vezes é quase impossível encontrar uma
saída 100% correta para todo mundo. Uma companhia americana, por
exemplo, precisava vender uma grande propriedade na Flórida para obter
dinheiro rápido. Após ter colocado o terreno à venda, surgiu uma empresa
interessada em construir um condomínio para aposentados da classe alta. As
negociações prosseguiram até que o vice-presidente da companhia soube que
o terreno tinha servido no passado como local de despejo de resíduos tóxicos.
O solo havia sido contaminado. O que fazer? Falar a verdade ao comprador ou
priorizar a necessidade do dinheiro urgente para salvar a empresa?
Sejamos francos: ética gera questões extremamente delicadas e, na
maioria das vezes, de foro íntimo. Não existe uma receita universal, pronta e
30completamente eficaz para resolvê-las. A decisão sempre varia de pessoa para
pessoa, de consciência para consciência. O que fazer para andar com um
pouco mais de segurança nesse terreno nebuloso? Eis algumas estratégias
que podem ajudar.
1. Saber exatamente quais são os limites éticos. Refletir sobre as
questões apontadas no início do texto, por exemplo. Será que iremos nos
sentir confortáveis com as respostas? Não ficaria embaraçado ao contá-las a
nossa família, amigos e colegas de trabalho? Não fazer nada que não possa
assumir em público.
2. Avaliar detalhadamente os valores da nossa empresa. Verificar
se eles combinam com os nossos. Se sim, ótimo. Estamos no lugar certo. Se
não, as saídas são poucas: ou mudamos as regras ou caímos fora.
3. Trabalhar sempre com base em fatos. Caso contrário, nossa
avaliação pode ser facilmente derrubada. Não julgar baseando-se em
suposições.
4. Avaliar os riscos de cada decisão que tomar. Medir
cuidadosamente as conseqüências dos nossos atos em relação a todos os
envolvidos.
5. Saber que, mesmo ao optar pela solução mais ética, poderemos
nos envolver em situações delicadas. Um ex-diretor de RH de uma grande
multinacional argentina no Brasil lembra que chegou a ser ameaçado de morte
quando iniciou uma investigação sobre desvio de verbas dentro da empresa.
6. Ser ético significa, muitas vezes, perder dinheiro, status,
benefício. O que fazer com os presentes de Natal? Em muitas empresas, há
um limite de valor para os brindes. Uma caneta, tudo bem. Mas e se ela for
Montblanc? Essa situação não é nada fácil de administrar, principalmente para
nós brasileiros, que fomos criados sob ética da Lei de Gérson, do jeitinho, da
vantagem acima de tudo. “Socialmente, aprendemos que é preciso fazer o
correto, mas na informalidade impera a idéia de que não há nada de errado em
31levar vantagem”, afirma Srour, da USP. “Há corruptos em outros lugares do
mundo, mas no Brasil pequenos delitos são apoiados e até elogiados por
amigos e pela família. Isso ocorre em função da duplicidade moral típica da
cultura brasileira.”
É assim nas empresas tradicionais, e nas da Nova Economia, como as
de Internet e de genética. Esses dois setores são grandes geradores de
dilemas éticos. Nas empresas de Internet, a polêmica começa no cilco de vida
das empresas, Muitas delas são criadas para serem vendidas meses depois.
“Antes, as pessoas criavam empresas porque queriam mudar o mundo. Agora
elas criam porque querem mudar seus próprios bolsos”, Afirmou Justin Kitch,
CEO do Homestead.com, nos Estados Unidos, numa reportagem publicada
pela revista Fortune. Não que esse objetivo seja em si uma transgressão ética,
mas cria um ambiente em que comportamentos duvidosos podem parecer
normais. “ Pelo fato de o momento ser tão efervescente no mundo digital, as
pessoas começam a fazer tudo o que querem, não vêem limites”, diz Connie
Bagley, da Escola de Negócios da Universidade Stanford.
No mundo da genética, as interrogações não são menos intensas.
Uma das principais polêmicas se refere ao plantio e à comercialização de
sementes geneticamente modificadas. O objetivo é fazê-las resistir a vírus,
fungos, insetos e herbicidas. Por um lado, essas práticas são consideradas
alternativas para aumentar a produção de alimentos e combater a fome. Por
outro, ambientalistas e pesquisadores defendem que organismos
geneticamente modificados podem ser danosos à saúde humana. Os
profissionais que trabalham em empresas de cigarro, bebidas alcoólicas ou
armas os enfrentam há muito mais tempo. Não são raros os casos em que
executivos recusam ótimas propostas financeiras porque não se sentem
confortáveis com o tipo de produto feito pela empresa.
Infelizmente, ainda há casos em que os profissionais são submetidos a
violências que denigrem a imagem e à autoestima da pessoa. Como resultado
surgem: baixo desempenho, absenteísmo e culmina até no desligamento do
32colaborador da empresa. Trata-se do chamado assédio moral e se manifesta
através de situações constrangedoras ou degradantes como, por exemplo,
rotulação de apelidos, delegação de atividades não compatíveis à função, bem
como atitudes de gestores que fazem do "abuso do poder" uma constante
junto aos membros da sua equipe. O resultado dessa agressão, muitas vezes,
termina até mesmo na Justiça do Trabalho.
Já falando de Ética virtual, a internet está mudando o comportamento
ético nas empresas. A opinião é de Timothy Fort, professor de ética e e-
commerce no MBA da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos.
Segundo ele, além de ser um novo meio de realizar negócios, a Internet muda
a velocidade dos acontecimentos, a forma de remuneração dos funcionários e
o ambiente de trabalho. Resultado: os riscos de quebra de conduta ética são
ainda maiores do que nas empresas tradicionais.
Agir eticamente dentro (ou fora) da empresa sempre foi e será uma
decisão pessoal. Uma vez que tenhamos despertado para o assunto, mais e
mais ele tende a ser considerado nas decisões, num processo permanente,
sem fim. É claro que sempre estamos sujeitos a deslizes e equívocos. Nunca
esquecendo, porém, de que esse costuma ser um caminho sem volta
33
CAPÍTULO III
Inteligência emocional e Ética, Aspectos positivos na
ambiência do emprego e atuação do RH
Conter o impulso emocional, dirigi-lo no sentido dos preceitos de uma
consciência moldada em princípios éticos, é função da “inteligência emocional”.
Podemos entender, sob a ótica que é objeto de nosso estudo, como
inteligência emocional, pois o uso da razão para o domínio da emoção, através
de uma condução competente do que sentimos, em favor de uma vontade
ética.
Exemplos milenares sobre sugestões ao uso da inteligência emocional
já se encontram nas lições de Buda, ditadas a Ananda, advertindo sobre a
necessidade de suprimir a forte emoção do desejo e substituí-la por uma
consciência inteligente que venha estabelecer o “ domínio dos seis sentidos”.
O grande filósofo oriental sugeriu o governo da emoção como um
caminho; hoje, cientificamente, aceitamos como necessário que todo ser
prepare-se emocionalmente, acionando sua inteligência emocional, para que
disto decorra uma conduta que possa classificar-se como de excelência ética.
A ótica filosófica referida, de Buda, como princípio, desenvolve-se hoje
na “ciência do eu”, no que tange ao campo da conduta, dizendo, pois, respeito,
diretamente, ao “ético”.
Surgiu todo um ramo de conhecimento que se dedica ao que se
denominou de “ciência do eu”, que visa, exatamente, oferecer elementos para
o controle das emoções, para que estas não ultrapassem o limite do razoável e
venham a impedir ou mascarar uma conduta virtuosa, serena, ou seja, de
qualidade ética.
34Parece-me que a falta de motivação também age como complemento
relevante na disciplina emocional e tal falta compromete a ação dos seres, uns
perante os outros.
Uma imprensa negativista e que só veicula notícias agressivas motiva,
sim, a violência; ao contrário, uma difusão orientada no sentido do bem tende a
motivar a virtude.
O mesmo passa-se com qualquer outro veículo de informação que
chega ao cérebro.
A manipulação da informação tem sido uma forma de abuso do Poder
que governos e grupos econômicos têm utilizado para despertar emoções,
acelerar consumos, acomodar o povo diante da mentira etc.
De forma oposta, também nos países de maior evolução busca-se
motivar cada vez mais a população a crer em seus destinos e no poderio de
suas Nações.
Como a motivação age sobre o emocional e o emocional age sobre o
ético, é axiomático que a motivação tem influências sobre a ética.
Não me parece racional, admito, estabelecer rigores tão radicais que
nos impeçam de entender que o estudo da ética deva estar associado àquele
da Inteligência Emocional, embora isto não seja aceito por alguns pensadores
e estudiosos que entendem que emocional e ético são matérias absolutamente
distintas.
O fato de estudarmos uma matéria correlata não significa que estamos
deformando ou deturpando a que é objeto do conhecimento da nossa.
Entre os estímulos mentais, está o emocional, como porta de entrada
para todo um complexo, e embora não seja, por vezes e até muitas vezes, o
aconselhável para a conduta, não deve ser excluído, inclusive para que possa
ser analisado sob seu ângulo de correção.
35A Ética estuda atos programados no cérebro, mas, não deve excluir o
que possa influir sobre tal programação.
A crítica pode derivar-se apenas do fator emotivo, mas, também, de
dever ético, baseado na razão, no desejo do acerto.
O perigo está em mesclar esses campos e nada melhor que o uso de
uma inteligência emocional, de uma ética, para transformar a crítica em algo
deveras construtivo, para que não seja uma ofensa, mas sim uma forma de
cooperar.
Éticamente, a crítica deve ser evitada quando se refere a trabalhos de
colegas, por exemplo, mas é obrigação quando se relaciona a tarefas de
auxiliares ou de quem se incumbiu de executar um trabalho que transferimos,
mas sem dele perder a responsabilidade.
A ambição, o desenfreado interesse especulativo, pode, entretanto,
fazer esses vícios da emoção prevalecerem e as normas éticas então se
romperem.
As pessoas reagem diferentemente diante da crítica e esta pode ser de
ordem fortemente emocional, ferindo, inclusive, a ética.
Muitas pesquisas, no campo do relacionamento, comprovaram que é
deveras significativo o número de rupturas, em todos os gêneros de
sociedades (conjugais, comerciais, de classe etc.), motivadas pelo uso mal
feito da crítica.
Todos os entes humanos, entretanto, desejariam evitar aquelas árduas
repreensões que ferem.
Os maiores defeitos de relacionamento encontram-se, em quase todos
os lugares, nos problemas oriundos das “cobranças emocionais e funcionais” ,
mas, especialmente no trabalho.
36Um líder não critica, preferindo conduzir o liderado a raciocinar com ele
e esta é uma importante prática ética.
Criticar é, todavia, um ato comum e necessário; o que é incomum,
embora necessário, é saber como criticar.
A crítica mal feita é caminho aberto para a resistência.
Em geral, quem só critica, sem contribuir com argumentos sadios para
que se encontre o caminho certo, é incompetente no campo ético.
Reprovar um ato praticado por nosso semelhante requer mais que o
uso da razão, exigindo sensibilidade e toque emocional.
Nessa área, soma-se a inteligência emocional com a consciência ética
para totalizarem-se em uma conduta eficaz.
A Ética não tem por objeto precípuo de seu conhecimento, repito, o
estudo da emoção como base, mas não pode, entendo, progredir, nem
aprofundar-se, sem unir o indissociável, que é essa ação de uma Inteligência
Emocional e que, sendo associação de razão e emoção, pelo que tem de
racional, interessa, inequivocamente, ao campo da Ética.
Tudo o que está no domínio da mente e do espírito e que pode refletir-
se em conduta é interesse da Ética.
Na condição de empregado, o profissional subordina-se a um poder
patronal, a uma condição especial de relacionamento obediente. A obediência
no emprego não deve, todavia, significar escravidão, nem negação da
Consciência Ética, nem exclusão total da vontade humana, mas exige
subordinação de vontades.
Às vezes, pode-se observar uma transigência acomodada, ou, ainda,
uma concessão que o profissional empregado acaba por fazer perante os
rigores tecnológicos que formam sua Consciência, em favor do interesse
patronal.
37Tal concessão pode ocasionar reações diferentes nos seres, de acordo
com suas estruturas mentais e a importância do fato. Ou ainda, por exemplo,
um profissional funcionário pode terminar por sujeitar-se a tal autocrítica de
que é possível que venham vitimá-lo graves disfunções orgânicas, derivadas
de efeitos psicossomáticos, com origens no superego.
Enfrenta, no caso, um bívio: ou realiza uma tarefa, mesmo consciente
de que não é a melhor, ou perde o emprego e nesse caso abala-se a estrutura
de seus rendimentos ou até sua condição de sobrevivência.
A perspectiva de perda do emprego produz a vontade de preservá-lo,
logo, de praticar o que lhe é comandado; a perda da autonomia para exercer
sua Vontade Ética, promove o desejo de não praticar o que é comandado;
nesse conflito de duas forças energéticas iguais e contrárias, no cérebro,
ocorrem os traumas, as neuroses, os desequilíbrios, que afetam organismo e
tornam vacilantes as condutas.
Um contador, por exemplo, poderá ser comandado para realizar
determinados lançamentos que interessam à diretoria, mas que pioram a
qualidade técnica demonstrativa; assim pode ser exigido, na demonstração do
balanço, na conta dos Clientes, no Ativo Circulante, que se incluam as
duplicatas a receber vencidas e já de há muito não pagas; a lei não impede tal
procedimento, mas, contabilmente, isto provoca uma distorção na evidência da
liquidez, por considerar como “ realizações em dinheiro e a curto prazo” aquilo
que não se consegue receber.
Também um médico, seja empregado de uma cooperativa, de um
hospital, da Previdência Social, pouco importa, exercerá seu conhecimento no
sentido de atender o paciente de forma a proteger-lhe a saúde e a recomendar
o que é aconselhável em matéria de medicação e de comportamentos, mas
como empregado pode estar limitado, em seu tempo clínico, dele sendo
exigido um mínimo de atendimento de pessoas por dia. Nesse caso, para
cumprir a rotina administrativa, pode piorar a qualidade dos exames clínicos.
38Variam, pois, os graus de conhecimento, de poder, de autonomia e
determinação da vontade de acordo com as ambiências.
Quando, todavia, a prática de um ato pode acobertar um delito grave,
aí, sim, o profissional deve recusar-se a ser conivente ou a participar de
conluios que possam prejudicar visivelmente terceiros.
Sabemos que em períodos de crises de empregos, quando os países
enfrentam altos graus de desocupação, perder um lugar é perder muito.
Sabemos, todavia, também que as deformações morais por torturar o Ser por
sua própria Consciência, além de sujeitá-los a riscos muito sérios quanto a seu
conceito.
No Brasil, se os direitos do emprego se defendem nas associações e
sindicatos, na Justiça do Trabalho, por outro lado, os do comportamento moral
do profissional ainda não conseguiram uma posição conveniente e definida.
Em relação ao posicionamento ético e da proteção ao profissional
empregado, quanto aos aspectos de sua conduta, ainda há todo um campo a
ser explorado e normalizado.
São oportunas as palavras de Mardem:
“A dignidade, a paz e o bem-estar não podem existir para
quem voluntariamente se dedica a um trabalho
indecoroso, desses que contribuem para o
relacionamento da imoralidade e têm por base os mais
degradantes vícios e paixões.” (MARDEM,O.S. A escolha
da profissão. Porto: Figueirinhas, s.d. p.127).
Ressaltar só aspectos conflitantes e negativos nas relações entre o
profissional e o empregador é fazer exame parcial da questão. O que
39normalmente o empregado tem como deveres profissionais éticos são as
práticas usuais da virtude: zelo, discrição, pontualidade, disciplina, sigilo,
honradez etc. e devem começar pela seleção de seu trabalho.
São expressivas, a esse respeito, as palavras de Mardem:
“A dignidade, a paz e o bem-estar não podem existir para
quem voluntariamente se dedica a um trabalho
indecoroso, desses que contribuem para o
desenvolvimento da imoralidade e têm por base os mais
degradantes vícios e paixões.” (MARDEM,O.S. A escolha
da profissão. Porto: Figueirinhas, s.d. p.127).
Como o emprego consome grande parte de nossas vidas, a escolha da
forma de viver já é todo um princípio de qualidade espiritual. Isto porque “aquilo
de que os homens vivem é a fé na razão de viver”,”é o estado de certeza e de
crença”, no dizer de Petrone (PETRONE,Igino, Filosofia Del diritto. Varese;
Giuffrè, 1950. P. 266); também afirmou Buda que “vivemos do que pensamos”;
tudo isto moldada ao sabor dos interesses maiores da natureza da tarefa que a
empresa, onde se vai trabalhar, adota.
O empregado deve estar motivado a crer na tarefa que lhe atribuem e
em seu próprio desempenho; deve aceitar convicto de que sem a aludida
tarefa a empresa não estaria completa em suas funções; quando esta é a
mentalidade de que existe um compromisso com a eficácia, o profissional,
também instintivamente, cumpre suas obrigações com adequação ética.
O profissional, como empregado, tem sua ética volvida ao
compromisso com as finalidades empresariais ou institucionais específicas, em
geral, e, em especial, dentro dos limites de sua responsabilidade e autoridade.
40As condutas possuem, portanto, os limites de sua ambiência. Devem
adaptar-se ao exigível para o desempenho das tarefas. Cada função de labor
tem suas características.
Aquelas virtudes pétreas, comuns a todos os desempenhos (zelo,
honradez, pontualidade etc.), conservam-se intactas, mesmo na condição de
emprego, pois a moral não é algo que se transfere pelo fato de estar-se
empregado ou subordinado.
A ambiência do emprego, outrossim, pode ter motivações especiais e
exigir outras formas virtuosas de conduta, específicas. Ninguém deve violentar-
se com atos indignos sob a capa de que foi mandado fazer, mas também
precisa, com dignidade, aceitar o desempenho se deu papel como se um ideal
fosse. Trabalhar para apenas se remunerar, quase sempre compromete a
qualidade do serviço.
O emprego pode transformar-se em um estímulo de vida para o
profissional, de modo que este se identifique com ele e suas virtudes de berço
passam a ser transplantadas para toda sua tarefa, preocupado que fica em
fazer o melhor.
O positivo, no caso, provém da identidade entre a ambiência funcional
e o ideal que ela motivou, de modo a transformar-se em um dever ético.
Ética, no pensamento de uma grande maioria é de que se trata apenas
de mais um "modismo", uma onda passageira que arrastaria as organizações
para um processo de revisão de seus procedimentos internos e externos nos
âmbitos social, cultural, de convívio com clientes, fornecedores e acionistas
diante de uma crise mundial ora instaurada.
Diferentemente da moral, mas estreitamente relacionada ao termo, é
através da ética que a pessoa é levada ao seu momento de introspecção. Isto
é, ele se volta para o seu próprio íntimo fazendo um autoexame de consciência
e avaliando os reflexos de suas atitudes e comportamentos perante a
41sociedade que o circunda; afinal, a atitude ética é necessária em qualquer
segmento, seja na vida profissional ou pessoal.
Ao longo dos anos, a sociedade de um modo geral vem passando por
transformações comportamentais que consequentemente influenciaram as
empresas a passarem por processos de mudanças em relação à sua atuação
e os impactos gerados por elas. Tais mudanças são fundamentais para que
essas organizações sobrevivam em um mercado globalizado, como o atual,
isto é, se realmente estas companhias estiverem de fato dispostas a se
tornarem competitivas e sobreviverem.
Já não existe espaço para as empresas que não se engajam no que
diz respeito à sustentabilidade e à responsabilidade socioambiental, pois os
consumidores estão mais exigentes e conscientes do papel das organizações
nestas questões, o que gera certa pressão para que elas atuem de maneira
sustentável.
Então, o "agir correto" deixou de ser tratado apenas como mais um
"artigo de perfumaria"; é um tema que agora está inserido em planos
estratégicos empresariais e em alguns casos faz parte até mesmo das metas a
serem atingidas pelas equipes de trabalho. É dever de todos nas instituições
manter a boa imagem da organização perante a sociedade através da boa
conduta de seus funcionários, tanto com os clientes internos quanto externos.
Falando sobre assédio moral citado no capitulo II, eis algumas ações
preventivas que podem ser utilizadas pelo RH das organizações:
1 - A empresa pode investir em ações educativas e estimular a paz nos
relacionamentos em todos os níveis. Para isso, os canais internos de
comunicação são indispensáveis no combate ao assédio moral.
2 - Quando a comunicação interna divulgar alguma informação
referente ao assédio moral, a fonte deve ser sempre citada. Isso serve para
matérias, entrevistas, promulgação de leis, entre outros dados relevantes.
423 - A cultura organizacional deve ser reforçada e os colaboradores
informados que os diretos humanos, seja através dos direitos trabalhistas
como também pelos direitos universais do cidadão fazem parte dos valores
internos e devem ser praticados por todos os que atuam na companhia.
4 - Uma ótima oportunidade para saber se o assédio moral circula pela
organização é durante a realização da pesquisa de clima organizacional. Um
dos fatores que podem ser abordados na aplicação da ferramenta é
exatamente saber se os funcionários sentem-se coagidos, humilhados,
discriminados de alguma forma, seja pelos líderes ou demais colegas de
trabalho.
5 - Para combater o assédio moral, a organização pode criar um
comitê permanente e que tenha o objetivo de desenvolver procedimentos que
garantam a integridade dos colaboradores. O mesmo comitê pode, por
exemplo, ser formado por representantes dos departamentos como por
funcionários formadores de opinião, que tenham facilidade de comunicação
com os demais pares.
6 - Outra atividade relevante que dá bons resultados é a criação de um
Código de Ética, que expresse claramente a postura da empresa em relação
ao assédio moral e quais providências serão adotadas, caso algum fato ocorra.
7 - A realização de palestras em eventos realizados pela organização
como treinamentos, encontros comemorativos é uma alternativa para
esclarecer aos colaboradores o que significa assédio moral e as
consequências que pode gerar à empresa, ao assediador e à vítima.
8 - Os gestores têm papel de grande relevância no combate e na
prevenção do assédio moral. Para isso, a empresa pode optar em treinar os
gestores e esses, por sua vez, tornem-se agentes multiplicadores do assunto.
9 - Muitas vezes, as vítimas do assédio moral ficam caladas porque
não se sentem seguras de fazer a denúncia para que o problema venha à
tona. A área de Recursos Humanos, por exemplo, deve deixar claro que suas
43portas sempre estarão abertas para ouvir os funcionários, garantindo o sigilo
dos fatos relatados.
10 - Ao tomar ciência de assédio moral, a área de RH precisa
averiguar a veracidade da denúncia e, quando o fato for constatado,
encaminha o caso rapidamente para a direção, a fim de que as providências
necessárias sejam adotadas.
A área de Recursos Humanos tem sido de fundamental importância,
para disseminar a relevância da ética, adotando-a muitas das vezes como um
valor institucional, que está relacionada a ações e bons comportamentos de
todos os funcionários da organização. Além de alinhar todos os níveis
hierárquicos, convidando-os a participarem democraticamente da elaboração e
implantação de um código de conduta interno, são formas de comprometer e
envolver a organização como um todo, para juntos caminharem em
consonância com os ideais, valores e missão da empresa.
Cabe, neste caso, à área de Recursos Humanos o papel de mediador
dessas questões. É o RH que possui as ferramentas para o envolvimento das
pessoas, convocando-as e incentivando-as a se comprometerem com o
processo de implementação de uma nova cultura organizacional.
Neste novo cenário o RH ganha uma posição de destaque, pois agora
assume um papel mais estratégico nas organizações, funcionando como uma
espécie de elo de ligação entre as áreas. Dessa forma, o departamento atua
verdadeiramente como agente ativo nos processos que envolvam as pessoas
e deixando de lado aquela visão antiga de RH operacional, na qual o setor era
visto apenas como um gerador de custos e sinônimo de demissões.
44
CONCLUSÃO
Um programa de treinamento (que assim como a contratação, entre
outros assuntos envolve o RH estratégico) em ética predispõe a uma conduta
ética e alcança melhores resultados em função de uma experiência em
treinamento interativo, conseguido com análises de casos e discussão de
situações relevantes aos participantes e suas áreas funcionais. A orientação
de novos funcionários, os programas de desenvolvimento gerencial e de
supervisores e os de educação ética em geral podem ser esquematizados.
Isso ajudará a desenvolver as habilidades de raciocínio crítico necessárias à
resolução de difíceis dilemas éticos na organização.
A empresa necessita desenvolver‐se de tal forma que a ética, a
conduta ética, os valores e convicções primários da organização reúnem‐se
parte da cultura da empresa. Para que se mantenha o alto nível do clima ético,
resultante do esforço de cada stakeholder, pode ser útil implementar um
sistema de monitoramento e controle dos ambientes interno e externo da
organização, para detectar pontos que podem vir a causar uma conduta
antiética. Esse sistema, denominado por alguns, auditoria ética, e por outros
compliance, visa ao cumprimento das normas éticas do código de conduta,
certificando que houve aplicação das políticas específicas, sua compreensão e
clareza por parte de todos os funcionários. Esse trabalho de acompanhamento
pode servir como subsídio para o comitê de ética e o treinamento em ética.
A conduta ética gera uma visão de perspectiva que provoca um natural
desejo de antecipar‐se, de ter iniciativas para atender às necessidades da
empresa e das pessoas que nela convivem, como fruto de sua sensibilidade
ética.
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
APOSTILA ÉTICA PROFISSIONAL. Paranhos, Walkyria. Módulo III, fama.
Cecília C. de Arruda, Maria; do Carmo, Maria; Rodriguez Ramos, José Maria.
Fundamentos da ética empresarial e economia, Atlas, 2001.
Lopes de Sá, Antonio. Ética profissional. Atlas, 2007.
Moreira, Joaquim Manhães. A ética empresarial no Brasil. São Paulo: Pioneira,
1999.
Sanchez Valquez, Adolfo. Ética, Editora Civilização Brasileira.
REVISTA VOCÊ S.A. 2000. p.28.
www.eticaempresarial.com.br , acessado em 30/01/2010.
www.rh.com.br, acessado em 20/01/2010.
www.vocesa.com.br, acessado em 20/01/2010.
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
(ÉTICA PROFISSIONAL) 9
CAPÍTULO II
(DESVANTAGENS DA FALTA DE ÉTICA
PROFFISIONAL) 23
CAPÍTULO III
(INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E ÉTICA,
ASPECTOS POSITIVOS NA AMBIÊNCIA
DO EMPREGO E ATUAÇÃO DO RH) 33
CONCLUSÃO 44
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 45
ÍNDICE 46
47
FOLHA DE AVALIAÇÃO
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