47
1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE ÉTICA PROFISSIONAL Por: Eduardo Ferreira Figueiró Orientador Prof. Marcelo Saldanha Rio de Janeiro 2010

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

1

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

ÉTICA PROFISSIONAL

Por: Eduardo Ferreira Figueiró

Orientador

Prof. Marcelo Saldanha

Rio de Janeiro

2010

Page 2: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

ÉTICA PROFISSIONAL

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Gestão de

Recursos Humanos.

Por: . Eduardo Ferreira Figueiró

Page 3: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

3

AGRADECIMENTOS

....a Deus, pois sem ele nada se pode

fazer, aos amigos e professores, que

tanto contribuíram para a confecção

deste trabalho acadêmico.

Page 4: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

4

DEDICATÓRIA

...dedico aos meus familiares e minha

noiva pela compreensão das horas que

deixei de passar com eles para me

dedicar a minha formação acadêmica.

Page 5: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

5

RESUMO

A importância da ética nas empresas cresceu a partir da década de 80,

com a redução das hierarquias e a conseqüente autonomia dada às pessoas.

Os chefes, verdadeiros xerifes até então, já não tinham tanto poder para

controlar a atitude de todos, dizer o que era certo ou errado. Por outro lado, o

corte nos organogramas deixou menos espaço para as promoções. A disputa

por cargos cresceu e, com ela, o desejo de “passar a perna” nos colegas para

conseguir sobressair a qualquer custo. Assim, nos últimos anos, os escritórios

viraram um campo fértil para a desonestidade, a omissão, a má conduta e a

mentira. No nosso dia-a-dia, os sete pecados capitais (luxúria, ira, inveja, gula,

preguiça, soberba e avareza) servem como uma espécie de parâmetro para o

bom ou mau comportamento em sociedade. No universo corporativo, a falta de

ética poderia muito bem entrar nessa lista. Assim nenhuma empresa sobrevive

ou sobreviverá sem ter um código de ética, e este levado a sério por todos da

organização, trabalho este que envolve o RH de cada organização.

.

Page 6: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

6

METODOLOGIA

O trabalho será desenvolvido através de pesquisas em livros

(Administração, Ética, Recursos Humanos), revistas especializadas e sites de

pesquisa.

Page 7: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Ética Profissional 09

CAPÍTULO II - Desvantagens da falta de Ética

Profissional 23 CAPÍTULO III – Inteligência emocional e ética,

Aspectos positivos na Ambiência

do emprego e atuação do RH 33

CONCLUSÃO 44

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 45

ÍNDICE 46

FOLHA DE AVALIAÇÃO 47

Page 8: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

8

INTRODUÇÃO

Ética é o conjunto de regras, normas, leis e princípios que regem

determinada profissão. A palavra de origem grega ethikos (ethos significa

hábito ou costume).

Que devemos aceitar como Ética, por vezes também designada como

Moral (nem sempre adequadamente), e qual sua moderna forma de ser

entendida, enseja a compreensão geral sobre o que, de forma analítica, se

possa desenvolver em uma obra sobre tal assunto.

A preocupação com tal ramo da Filosofia, considerado como ciência,

também, é milenar, desde os trabalhos de Pitágoras, no século VI a.C., e se

agasalha em manifestações remotas, quer em fragmentos que nos chegaram

de escritos antiqüíssimos, quer na obra específica de Aristóteles.

Em seu sentido de maior amplitude, a Ética tem sido entendida como a

ciência da conduta humana perante o ser e seus semelhantes.

Envolve, pois os estudos de aprovação ou desaprovação da ação dos

homens e a consideração de valor como equivalente de uma medição do que é

real e voluntarioso no campo das ações virtuosas.

Encara a virtude como prática do bem e esta como a promotora da

felicidade dos seres, quer individualmente, quer coletivamente, mas também

avalia os desempenhos humanos em relação ás normas comportamentais

pertinentes.

Analisa a vontade e o desempenho virtuoso do ser em face de suas

intenções e atuações, quer relativos à própria pessoa, quer em face da

comunidade em que se insere.

Na organização, por trás de qualquer decisão, de qualquer erro ou

imprudência estão seres de carne e osso. E são eles que vão viver as glórias

ou o fracasso da organização. Por isso, quando falamos de empresa ética,

estamos falando de pessoas éticas.

Page 9: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

9

CAPÍTULO I

Ética Profissional

A Ética Profissional tem como finalidade fazer com que a profissão

seja admirada por quem a exerce e respeitada por todos.

Uma das primeiras preocupações éticas no âmbito empresarial de que

se tem conhecimento revela‐se pelos debates ocorridos especialmente nos

países de origem alemã, na década de 60. Pretendeu‐se elevar o trabalhador

à condição de participante dos conselhos de administração das organizações.

O ensino da Ética em faculdades de Administração e Negócios tomou

impulso nas décadas de 60 e 70, principalmente nos Estados Unidos, quando

alguns filósofos vieram trazer sua contribuição. Ao complementar sua

formação com a vivência empresarial, aplicando os conceitos de Ética à

realidade dos negócios, uma nova dimensão surgiu: a Ética Empresarial.

Os primeiros estudos de Ética nos Negócios remontam aos anos 70,

quando nos Estados Unidos o Prof. Baumhart realizou a primeira pesquisa

sobre o tema, junto a empresários. Nessa época, o enfoque dado à Ética nos

Negócios residia na conduta ética pessoal e profissional.

Nesse mesmo período, ocorreu a expansão das empresas

multinacionais oriundas principalmente dos Estados Unidos e da Europa, com

a abertura de subsidiárias em todos os continentes. Nos novos países em que

passaram a operar, choques culturais e outras formas de fazer negócios

conflitavam por vezes com os padrões de ética das matrizes dessas

companhias, fato que incentivou a criação de códigos de ética corporativos.

Durante a década de 80, notou‐se, ainda, tanto nos Estados Unidos

quanto na Europa, esforços isolados, principalmente de professores

universitários, que se dedicaram ao ensino da Ética nos Negócios em

Page 10: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

10faculdades de Administração, e em programas de MBA ‐ Master of Business

Administration.

Surgiram publicações sobre o tema, destacando‐se a criação da

primeira revista científica específica na área de Administração: Journal of

Business Ethics.

No início da década de 90, redes acadêmicas foram formadas: a

Society for Business Ethics nos EUA, e a EBEN ‐ European Business Ethics

Network (Europa), originando outras revistas especilizadas, a Business Ethics

Quarterly (1991) e a Business Ethics: a European Review (1992). As reuniões

anuais destas associações permitiram avançar no estudo da Ética, tanto

conceitualmente quanto em sua aplicação às empresas. Daí emergiu a

publicação de duas enciclopédias, uma nos Estados Unidos e outra na

Alemanha: Encyclopedic Dictionary of Business Ethics2 e Lexikoin der

Wirtschaftsethik.3.

Os anos 90 caracterizaram‐se por uma ampliação do escopo da Ética

Empresarial, universalizando o conceito. Visando à formação de um fórum

adequado para essa discussão, foi criada a lnternational Society for Business,

Economics, and Ethics (ISBEE). O Prof. Georges Enderle, então na

Universidade de St. Gallen, na Suíça, iniciou a elaboração da primeira

pesquisa em âmbito global, apresentada no 12º Congresso Mundial da ISBEE,

no Japão, em 1996. A rica contribuição de todos os continentes, regiões ou

países, deu origem a publicações esclarecedoras, informativas e de

profundidade científica.

Com base em sua ampla experiência internacional, Enderle e outros

procuraram sistematizar os vários enfoques perseguidos nos estudos de ética

nos negócios nos cinco continentes, e sintetizaram uma forma de tratar a ética

nos negócios, para facilitar os estudos acadêmicos e empresariais.

Ressaltaram a existência de três modos inter‐relacionados de abordagem: a

semântica, a teoria e a prática. No âmbito de empresas, a ética depende, para

Page 11: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

11seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e

executivos.

Ao final da década de 90, alguns desafios puderam ser identificados. A

ética deve ser vivida numa enorme variedade de ambientes empresariais, em

que a importância do clima moral pode diferir de país para país. Além disso,

abordagens não ocidentais demandam forma apropriada de aplicação da

Ética.

Alguns temas específicos de Ética Empresarial se delinearam, como

um foco de preocupação internacional, nesse fim de década e de século: a

corrupção, a liderança e as responsabilidades corporativas.

Sendo o sistema econômico a mola mestra das empresas,

naturalmente seu desenvolvimento, em vários aspectos, coincide com os

sistemas político e sociocultural, em que estão inseridas as organizações. Ora,

ampliando a atividade econômica, a intersecção das duas esferas aumenta.

Fica patente, assim, que a contribuição da empresa à sociedade e ao governo

cresce, à medida que aumentam, por exemplo, seus rendimentos, suas linhas

de produtos, e a qualidade desses produtos

Observou‐se, então, a criação de muitas Organizações Não

Governamentais (ONGs), com um papel importante no desenvolvimento

econômico, social e cultural de todos e cada um dos países. Certamente o

novo século verá como prioridade, no estudo e na aplicação da Ética nos

Negócios, o desempenho das ONGs.

Mais recentemente, a abordagem aristotélica dos negócios vem sendo

recuperada. A boa empresa não é apenas aquela que apresenta lucro, mas a

que também oferece um ambiente moralmente gratificante, em que as pessoas

boas podem desenvolver seus conhecimentos especializados e também suas

virtudes.

Page 12: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

12Esforços isolados estavam sendo empreendidos por pesquisadores e

professores universitários, ao lado de subsidiárias de empresas multinacionais

em toda a América Latina, quando o Brasil foi palco do I Congresso Latino

Americano de Ética, Negócios e Economia, em julho de 1998. Nessa ocasião,

foi possível conhecer as iniciativas no campo da ética nos negócios,

semelhanças e diferenças entre os vários países, especialmente da América

do Sul.

Da troca de experiências acadêmicas e empresariais, da identificação

criada entre os vários representantes de países latinos presentes, da

perspectiva de se dar continuidade aos contatos para aprofundamento de

pesquisas e sedimentação dos conhecimentos específicos da região em

matéria de ética empresarial e econômica, emergiu a idéia de formação de

uma rede, então fundada: a Associação Latino‐americana de Ética, Negócios e

Economia (ALENE).

Especialmente para os países de língua espanhola, uma efetiva

contribuição para a ética nas organizações veio do Peru, onde os dois

primeiros livros na área foram publicados em 1993 e 1995.

Em Buenos Aires (Argentina), o Instituto para el Desarrollo de

Empresarios en Ia Argentina (IDEA) vem desenvolvendo, desde a década de

80, atividades de formação em ética para executivos: cursos, seminários,

publicações, consultoria e treinamento. Mais recentemente, foi criado o

Instituto de Altos Estudios Empresariales (lAE), da Universidad Austral.

Destaca‐se, pelo ensino da ética a estudantes universitários de Administração,

a Universidad Argentina de Ia Empresa (UADE).

O Instituto de Estudios Superiores de Administración (lESA), em

Caracas, Venezuela, estabeleceu uma cátedra de Ética Gerencial, e pesquisas

de vulto foram desenvolvidas, especialmente no campo da corrupção. Com

sólida formação filosófica, a equipe de professores do Centro de Ética y

Page 13: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

13Humanidades, da Universidad Adolfo Ibaftez, em VIDa deI Mar, Chile, vem

contribuindo com o ensino e publicações, além de assessoria a empresas.

No México, o Centro de Ética y Valores do Instituto Tecnológico y de

Estudios Superiores de Monterrey (ITESM) desenvolveu material para cursos

de ética para todos os estudantes da área de administração, em mais de

quinze campi universitários do ITESM, em todo o país. Na Cidade do México, o

Instituto Panamericano de Alta Dirección de Empresa (IPADE) tem primado

pelo ensino da ética em seus cursos, e publicado rica bibliografia para

orientação de executivos.

O Banco Mundial se dispôs a cooperar com o Instituto de Estudios en

Ética Profesional, da Universidad Católica Boliviana, localizada em La Paz

(Bolívia), para desenvolver um projeto de orientação às organizações para a

elaboração de códigos de ética na América Latina.

No Equador, o Instituto de Desarrollo Empresarial (IDE) elevou a ética

à condição de matéria obrigatória em todos os cursos ministrados para

executivos. A oportunidade de os participantes trabalharem de forma interativa

nas aulas tem, por vezes, provocando mudanças radicais na forma de conduzir

as respectivas organizações, com resultados eficazes, inclusive do ponto de

vista econômico.

Em São Paulo, a Escola Superior de Administração de Negócios

(ESAN), primeira faculdade de administração do país, fundada em 1941,

privilegiou o ensino da ética nos cursos de graduação desde seu início.

Em 1992, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) sugeriu

formalmente que todos os cursos de administração, em nível de graduação e

pós‐graduação, incluíssem em seu currículo a disciplina de ética. Nessa

ocasião, o Conselho Regional de Administração (CRA) e a Fundação Fides

reuniram em São Paulo mais de cem representantes de faculdades de

administração, que, com boa disposição, comprometeram‐se a seguir a

instrução do MEc.

Page 14: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

14Em 1992, a Fundação Fides desenvolveu uma sólida pesquisa sobre a

Ética nas Empresas Brasileiras, cujos resultados foram publicados no mesmo

ano e apresentados no I Seminário Internacional sobre Ética Empresarial. Em

1999, a Fundação Fides repetiu a mesma pesquisa e publicou os resultados

cotejando os dois períodos.

A convite da Fundação Fides, veio ao Brasil a Profa. Laura L. Nash, da

Boston University, que durante o Seminário Internacional lançou seu livro: Ética

empresarial: boas intenções à parte, primeiro trabalho de fôlego sobre o

assunto, em português, no Brasil.

Também, em 1992, a Fundação Getulio Vargas, em São Paulo, criou o

Centro de Estudos de Ética nos Negócios (CENE). Depois de vários projetos

de pesquisa desenvolvidos com empresas, os próprios estudantes da Escola

de Administração de empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas

(FGVEAESP) solicitaram a ampliação do escopo do CENE, para abarcar

organizações do governo e não governamentais. Assim, a partir de 1997; o

CENE passou a ser denominado Centro de Estudos de Ética nas

Organizações, e introduziu novos projetos em suas atividades.

O CENE‐FGV‐EAESP foi um pólo de irradiação da ética empresarial,

por suas intensas realizações no Brasil e no exterior: ensino, pesquisas,

publicações e eventos. Foi sua iniciativa, por exemplo, a organização do I

Congresso Latino‐Americano de Ética, Negócios e Economia, em 1998, do

qual participaram cerca de seiscentos profissionais, que representaram

diversos países latino‐americanos, além de atrair europeus e

norte‐americanos, interessados em conhecer a maneira como está sendo

tratada a ética no Brasil.

Em julho de 2000, o CENE‐FGV‐EAESP sediou o II Congresso

Mundial da ISBEE ‐ International Society of Business, Economics, and Ethics,

única instituição internacional que congrega professores, economistas e

profissionais de empresas dedicados ou interessados em Ética. Participaram

Page 15: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

15cerca de quatrocentas pessoas, oriundas de quarenta e um países, cujo tema

central foi: Os desafios éticos da globalização.

O CENE‐FGV‐EAESP desenvolveu os indicadores de clima ético,

adaptando para o Brasil o modelo de Frank Navran, em parceria com o Ethics

Resource Center. Os indicadores são construídos com base em onze critérios,

com a participação de empresas que integram um painel permanente durante

dois anos. Após esse período, cada organização reavalia seu clima ético e

volta a tomar parte do painel, com os novos dados. Este sistema oferece

oportunidade às empresas de analisarem seus resultados à luz dos esforços

envidados para a melhoria do clima ético e detectar quais as situações que

demandam mais atenção. Isso revela o dinamismo do processo de elaboração

dos indicadores e sua contribuição efetiva para as empresas participantes. A

inclusão contínua de novos dados, ou novas organizações, possibilita uma

visão da evolução do clima ético vigente em setores ou regiões, permitindo a

cada empresa comparar seus resultados com os do indicador médio. No Sul

do Brasil, por exemplo, foi possível avaliar aspectos regionais do ambiente

ético de trinta e cinco empresas procedentes de diferentes ramos, em pesquisa

apresentada no 11 Forum de Ética organizado pela Federação das

Associações Comerciais do Rio Grande do Sul (FEDERASUL), em Porto

Alegre.

No início de 1998, a ESA ‐ Ética ‐ Escola de Altos Estudos de Ética

Profissional iniciou suas atividades com o intuito de desenvolver a ética não só

nos negócios, mas em todas as profissões.

Trabalho de grande projeção vem sendo desenvolvido pelo Instituto

Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, criado em São Paulo, em

1998, e que conta com o apoio de muitas empresas brasileiras comprometidas

com o incremento da responsabilidade social. Sua grande contribuição está em

incentivar profissionais, instituições públicas e privadas a iniciarem esforços

organizados para o combate à corrupção, pobreza e injustiça social. É o caso

da criação da Transparência Brasil, capítulo brasileiro da Transparency

Page 16: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

16International, entidade alemã de âmbito global que analisa o grau de corrupção

de mais de oitenta países.

As sociedades normalmente se regem por leis e costumes que

asseguram a ordem na convivência entre os cidadãos.

Cada organização estabelece um sistema de valores, explícito ou não,

para que haja uma homogeneidade na forma de conduzir questões específicas

e relativas a seus stakeholders, ou seja, todos os públicos que de forma ,

direta ou indireta contribuem para o bom desempenho da empresa: acionistas

ou proprietários, empregados, clientes, fornecedores e distribuidores,

concorrentes, governantes e membros da comunidade em que está inserida a

empresa.

Cada pessoa, por sua formação familiar, religiosa, educacional e

social, atua conforme determinados princípios. No dia‐a‐dia, os valores

individuais podem coincidir ou conflitar com os valores da organização, que

caracterizam a cultura empresarial. Dessa forma, é fundamental a existência

de padrões e políticas uniformes para que os empregados possam saber, em

qualquer circunstância, qual a conduta adequada e apropriada.

O clima ético predominante na instituição deve acompanhar a filosofia

e os princípios definidos como básicos principalmente pelos acionistas,

proprietários e diretores. Isso se materializa no código de ética, que nada mais

é do que a declaração formal das expectativas da empresa à conduta de seus

executivos e demais funcionários.

Se a consciência ética dos integrantes de uma organização, desde os

altos executivos até o mais simples funcionário, é um patrimônio dessa

organização, há quem dispense a implantação de códigos de conduta, já que

da atuação de cada um emergirá um ambiente ético.

Os códigos de ética não têm a pretensão de solucionar os dilemas

éticos da organização, mas fornecer critérios ou diretrizes para que as pessoas

descubram formas éticas de se conduzir.

Page 17: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

17Programas de ética são desenvolvidos por meio de um processo que

envolve todos os integrantes da empresa e que passa pelas etapas de

sensibilização, conscientização, motivação, capacitação e, finalmente, adoção

de um código de conduta baseado em princípios e valores perenes. Uma vez

implantado o código de ética, deve ser desenvolvido um trabalho de

acompanhamento e adequação às circunstâncias internas e externas da

organização, fruto das contínuas mudanças inerentes ao desenrolar dos

negócios.

Os códigos de ética contemplam, normalmente, as relações dos

empregados entre si e com os demais públicos da empresa, os stakeholders.

Da mesma forma que os códigos relativos às profissões, o código de

ética das empresas deve ser regulamentador. Não deve necessariamente

contemplar os ideais, a missão, a visão da empresa, embora se apóie neles,

mas deve deixar claro o que é uma afirmação genérica e o que é uma

afirmação de caráter regulamentador, à qual deve corresponder uma punição.

Alguns códigos de ética descem ao nível concreto dos problemas

enfrentados pela organização, enquanto outros se limitam a fornecer diretrizes

gerais, deixando questões pontuais para manuais de procedimentos das

diversas áreas funcionais da empresa. Assim, enquanto alguns códigos de

ética estabelecem que é proibido presentear os fornecedores ou clientes,

outros vão ao pormenor: não devem ser oferecidos presentes acima de

determinado valor monetário.

Os principais tópicos abordados na maioria dos códigos são: conflitos

de interesse, conduta ilegal, segurança dos ativos da empresa, honestidade

nas comunicações dos negócios da empresa, denúncias, suborno,

entretenimento e viagem, propriedade de informação, contratos

governamentais, responsabilidades de cada stakeholder, assédio profissional,

assédio sexual, uso de drogas e álcool.

Page 18: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

18O código de ética, além de possibilitar um trabalho harmonioso, deve

servir também como proteção dos interesses públicos e dos profissionais que

contribuem de alguma forma para a organização, os stakeholders. Por essa

razão diz‐se que deve ser específico, factível, passível de avaliação. A

liberdade de adesão provém da convicção das pessoas, o que gera uma

disposição positiva, bem humorada e agradável de vivenciar todos os seus

itens.

Um código de ética exposto em local de honra de uma empresa não

serve para nada, se não for refletido na vida de cada pessoa que ali trabalha, É

preferível não adotá‐lo. Aliás, importa denunciar o mal que poderá provocar

uma empresa cujos empregados, colaboradores, acionistas transmitam a

imagem de que a empresa é ética pelo simples fato de ter um código de ética

e, na prática, essas mesmas pessoas não o vivenciam, ou até mesmo adotam

posturas antiéticas. Eis a grande desvantagem do código de ética.

Consideradas as vantagens e desvantagens da adoção do código .de

ética, e feita a opção por ele, é de suma importância que em sua elaboração

intervenha o maior número possível de pessoas, desde a alta administração,

até o mais simples funcionário braçal, para assegurar que será, isto é,

atenderá às necessidades e peculiaridades da empresa. Murphy estudou 80

códigos, que compilou em um livro, em que mostra que o código resulta do

clima ético de cada organização, que se retrata nas aspirações de seus

elaboradores.

Algumas organizações enfatizam em seus códigos questões já

constantes na legislação do país em que operam, sendo certo que seu

descumprimento implicaria punições já previstas pelas leis. Outras empresas

partem do princípio de que as leis devem ser conhecidas e cumpridas por

todos os cidadãos, de modo que não deveriam constar novamente dos

códigos. No Brasil, as leis estimulam a adoção de princípios éticos. Na

realidade, a empresa ética acaba por consolidar sua imagem no mercado e

deixa um lastro decorrente do cumprimento de sua missão e de seus

Page 19: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

19compromissos. A conduta ética dessas empresas é o reflexo da conduta de

seus profissionais. Tal conduta não se limita ao mero cumprimento da

legislação, mesmo porque pode haver leis que sejam antiéticas ou imorais.

Uma vez que a organização adota um código de ética, é importante

estabelecer um comitê de ética de alta qualidade, geralmente formado por um

número ímpar de integrantes provenientes de diversos departamentos, todos

reconhecidos como pessoas íntegras, por seus colegas. O comitê pode ser útil

como instrumento de aconselhamento ou de tomada de decisão, podendo,

também, investigar e solucionar casos, à medida que surgem dentro da

empresa. O comitê garante que as soluções apontadas são fruto de opiniões

de pessoas idôneas com diferente formação e experiência e que, em conjunto?

analisaram com profundidade e sob diferentes perspectivas o problema

colocado. Cabe ao comitê de ética delinear uma política a ser adotada e

modernizar o código de conduta de tempos em tempos, acompanhando as

mudanças e atendendo às necessidades dos stakeholders.

A maturidade dos membros do comitê não se prende tanto à idade

cronológica de seus componentes, mas à disposição reta, compreensiva e

exigente, muitas vezes resultante de formação específica para assumir uma

função de tal responsabilidade. Entre os membros do comitê de ética, a tônica

de toda troca de informações e das discussões provenientes do estudo de

cada caso ou situação deve ser positiva e construtiva. O nível de exigência

dentro do comitê deve ser o mais elevado possível, no sentido de não se

rotularem pessoas, situações ou casos, o que muitas vezes causa irreparáveis

prejuízos.

A autoridade conferida ao comitê de ética deve ser assegurada pela

figura do vice‐presidente, ou do próprio presidente da organização, que

costuma dirigi‐lo, revelando a importância da ética para a organização. Os

membros do comitê de ética devem ter plena consciência de que, por trás das

questões ou condutas analisadas, estão pessoas normais, com sentimentos,

que têm compromissos familiares, profissionais ou econômicos e, apesar de

Page 20: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

20suas fraquezas e dificuldades, são dotadas de valores e merecem total

respeito. O que se critica é o erro de conduta, e não a pessoa, que tem o

direito de se, retratar. Devem ser avaliadas a gravidade da infração ética, a

intenção (que é muito difícil julgar) e as circunstâncias e conseqüências

provocadas. O comitê não pode perder de vista que são os valores e princípios

que norteiam seus critérios, e não apenas a frieza das normas impressas em

um documento.

Para acesso ao comitê de ética, em geral as empresas oferecem uma

linha direta de telefone e e‐mail para receber comunicações, anônimas ou

identificadas, dos funcionários, que apresentam questões que julgam

importantes de serem analisadas, do ponto de vista da ética. O sigilo das

comunicações é um ponto fundamental para o incentivo à participação dos

funcionários.

Muitas empresas nomeiam um profissional de ética, ligado diretamente

à Diretoria da empresa, o que lhe confere independência de ação, para em

dedicação exclusiva ou parcial coordenar os programas de ética, inclusive do

comitê. O profissional deve estar alinhado com as políticas da empresa ‐

missão, visão, valores ‐ e ter capacidade de conquistar a confiança dos

membros do comitê e dos demais funcionários. Sua principal tarefa é manter

vivo e atualizado o código de ética e promover os meios necessários para a

formação contínua de todos os funcionários da empresa neste campo

específico. O caminho mais curto para que a ética passe da teoria à prática é

fazer com que qualquer funcionário sinta que tem crédito, que suas opiniões

não são apenas ouvidas, mas também valorizadas e aplicadas sempre que

conveniente. Assim, o componente de confiabilidade gerado envolve todos os

integrantes da empresa.

Importa que os executivos sejam bem formados, que os profissionais

sejam treinados, pois o cerne da questão está na formação pessoal. Caso

contrário, a implantação de códigos de ética ou de conduta será inócua.

Page 21: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

21A ética profissional tem sido muito discutida nos últimos dias dentro da

sociedade brasileira. Vários tipos de problemas sociais vêm acontecendo

ligados aos trabalhos executados por profissionais de diversas áreas; e a mídia

vem divulgando de maneira óbvia para toda população. Também são

mostradas condutas de políticos, empresários e funcionários públicos que

denigrem a imagem do ser humano, criando um constrangimento público

inevitável e desolador.

Envergonha ver na mídia certos acontecimentos de policiais

corrompidos e corrompendo-se uns aos outros e episódios de políticos que,

por causa do dinheiro, trazem para sociedade prejuízos incalculáveis.

Profissionais liberais que praticam atos que desabonam uma boa conduta

profissional que lesa o patrimônio público, gerando prejuízos de natureza social

irreparável, em alguns casos, e em outros, perdendo o conceito de moral e

respeito.

Mas quando uma ação do homem atinge o seu próximo e o prejudica,

gera toda uma situação de injustiça e desconforto, em que a própria sociedade

irá julgar a maneira como se fez determinada atitude censurável. A família

também irá julgá-lo, e o indivíduo será forçado a refletir sobre o que praticou.

Há um modus vivendi, do latim que quer dizer modo de viver, conduta

de vida em cada ser humano que pratica no meio em que vive e atua, seja

como trabalhador ou indivíduo dentro da comunidade ou sociedade, e

ambiente familiar. A ética profissional está pautada em normas estabelecidas

por órgãos de classe ou associações, mas se a pessoa não tiver uma base

familiar bem estruturada e uma vida emocional equilibrada, ela passará a

transferir para profissão este desequilíbrio.

Pois bem, vejamos como tudo à sua volta funciona em equilíbrio.

Observe a natureza, por exemplo, tem quatro estações do ano e elas

funcionam harmonicamente para dar moderação às necessidades humanas.

Imagine se não chovesse para que o camponês plantasse e depois colhesse

os frutos da mãe-terra para dar sustento ao ser humano?

Page 22: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

22Deus assim criou tudo de forma harmoniosa, mas o homem com a

ganância por desejar cada vez mais, foi que desequilibrou não só a natureza,

mas também sua própria vida. Quando fazemos ou praticamos atos para

adquirir recursos de maneira arbitrária e que prejudicará o tesouro público e a

vida da população, temos de ver se não vai cair sobre nossas próprias

cabeças, pois funciona em cadeia, tudo que se faz tem um efeito dominó

dentro da sociedade.

A ética profissional tem um leque enorme de temas que o envolve,

podemos citar aqui uma vida regrada dentro de padrões sociais; uma

obediência a certas normas, mas quando temos isso tudo dentro de nós,

funciona com bastante harmonia e perfeição. Não somos perfeitos, mas

desejamos ou devemos desejar fazer o certo; não seguir o errado; praticar um

ato que conduza o bem comum, de todos que estão à nossa volta.

A Bíblia diz - em Gálatas, capítulo 06, versículo 07 - que “tudo o que o

homem semear, isso também ceifará”. Refletindo sobre esse texto da Palavra

de Deus você com certeza irá ter suas conclusões. Nos dias atuais fala-se

muito no mundo como aldeia global, como uma só casa, quer dizer, que tudo o

que você fizer aqui irá refletir em qualquer lugar do planeta.

Page 23: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

23

CAPÍTULO II

Desvantagens da falta de Ética profissional

Seu subordinado teve uma idéia brilhante para um novo produto. Dias

depois, você esta sozinho, cara a cara com o diretor da empresa, falando

sobre esse projeto. Ele acha a idéia excelente e pergunta quem é o autor. O

que você responde...

Você sonha há anos em conhecer o Caribe com a família, mas nunca

sobra dinheiro. Eis que um dos seus fornecedores oferece uma semana com

tudo pago em Cancun, como prêmio por ser um ótimo parceiro nos negócios.

Você aceita...

Um relatório secreto do banco onde trabalha caiu em suas mãos. Ao

ler o material, descobre que o valor das ações da empresa X poderá triplicar

em pouco tempo em função de um novo projeto. O que você faz com a

informação...

As situações acima parecem simples. Talvez, para a maioria de nós,

suas respostas sejam óbvias. Elas retratam, porém, cenas cotidianas nas

empresas, fatos que podem ser vividos por qualquer um de nós. E nem

sempre, na hora da decisão, escolhemos a saída ética: falar a verdade sobre o

autor da idéia, recusar o passeio no Caribe e não comprar ações da empresa

X. Nessas escolhas pequenas, aparentemente simples, muitas carreiras

brilhantes podem ser jogadas fora. Hoje, mais do que nunca, a atitude dos

profissionais em relação às questões éticas pode ser a diferença entre o seu

sucesso e o seu fracasso. Basta um deslize, uma escorregadela, e pronto. A

imagem do profissional ganha, no mercado, a mancha vermelha da

desconfiança. Há claro, deslizes que entram na categoria dos crimes. É o caso

que envolve o ex-diretor da Volkswagen. Ele foi acusado pela General Motors,

sua antiga empregadora, de fraude e furto de documentos quando trocou uma

montadora pela outra. O caso ainda está em andamento nos tribunais dos

Page 24: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

24Estados Unidos, mas ele que tinha uma carreira brilhante, caiu em desgraça

no mercado mundial.

Atuar eticamente, entretanto, vai muito além de não roubar ou não

fraudar a empresa. A ética nos negócios inclui desde o respeito com que os

clientes são tratados ao estilo de gestão do líder da equipe. Uma enquete

realizada no site da VOCÊ s.a. revela que nem sempre as pessoas têm

consciência do problema ético nos escritórios. Dos participantes, 43% já

pediram ao garçom para aumentar a nota do almoço ou sabem de alguém que

já fez isso. A metade dos votantes disse que já utilizou recursos da empresa

para serviços particulares. Do total, 49% já mentiram, ou sabem de alguém

que já mentiu, para um cliente, dizendo que o serviço ficaria pronto na data

acertada, mesmo sabendo que não poderiam cumprir o prazo.

A maioria de nós age com honestidade simplesmente porque quer

dormir com a consciência tranqüila, ou, então, porque tem medo das

conseqüências, que podem resultar em atos ilegais ou contrários à ética.

O fato, porém é que cada vez mais essa é uma qualidade fundamental

para quem se preocupa em ter uma carreira longa, respeitada e sólida. Quem

está sempre atento ás implicações éticas de cada decisão consegue desistir

de uma empresa pouco confiável antes de se queimar. Pode recusar um

projeto que causaria danos a sua imagem futura. Por outro lado, as

organizações, através do departamento de Recursos Humanos, cada vez mais,

estão adotando o saudável habito de checar e rechecar o passado de todos os

candidatos ao emprego. Resultado: quem tem a ficha limpa sempre terá as

portas abertas nas melhores empresas do mercado.

Mas afinal de contas, o que é ser um profissional ético?

Ser ético nada mais é do que agir direito, proceder bem, sem

prejudicar os outros. ”É ser altruísta, e estar tranqüilo com a consciência

pessoal”, diz Robert Henry, professor da USP e executivo e autor do livro

Ética Empresarial. Ser Ético é, também, agir de acordo com os valores morais

Page 25: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

25de uma determinada sociedade. Essas regras morais são resultado da própria

cultura de uma comunidade. Elas variam de acordo com o tempo e sua

localização no mapa. A regra ética é uma questão de atitude, de escolha. Já a

regra jurídica não prescinde de convicção íntima – as leis têm de ser

cumpridas independentemente da vontade das pessoas. Em alguns casos, no

entanto, as questões éticas esbarram em princípios jurídicos. “Nessa situação,

as pessoas devem recorrer ás leis que regem a convivência em sociedade

antes de tomar a decisão”, afirma Maria Cecília Arruda, professora de ética da

Fundação Getúlio Vargas.

Além de ser individual, qualquer decisão ética tem por trás um conjunto

de valores fundamentais. Muitas dessas virtudes nasceram no mundo antigo e

continuam válidas até hoje. Eis algumas das principais:

1. Ser honesto em qualquer situação. “A honestidade é a primeira virtude

da vida nos negócios”, afirma Robert Solomon, professor da Universidade do

Texas, autor do livro A Melhor Maneira de Fazer Negócios. Afinal, a

credibilidade é resultado de uma relação franca.

2. Ter coragem para assumir as decisões. Mesmo que seja preciso ir

contra a opinião da maioria.

3. Ser tolerante e flexível. Muitas idéias aparentemente absurdas podem

ser a solução para um problema. Mas para descobrir isso é preciso ouvir as

pessoas ou avaliar a situação sem julgá-las antes.

4. Ser íntegro. Significa agir de acordo com os seus princípios, mesmo nos

momentos mais críticos.

5. Ser humilde. Só assim a gente consegue ouvir o que os outros têm a

dizer e reconhecer que o sucesso individual é resultado do trabalho da equipe.

Ninguém está dizendo que as melhores empresas do mercado

resolveram contratar Santos, ou que deixaram de ter o lucro como objetivo. O

fato é que várias organizações estão se convencendo de que, para o seu

Page 26: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

26negócio sobreviver, terão de agir com muito mais atenção em relação à ética,

de verdade, sem demagogia. Vejamos:

• Pesquisa da Harvard University, com duração de 11 anos,

mostrou que as companhias voltadas para os stakeholders (todos aqueles que

têm vínculo com a empresa, como fornecedores, consumidores, empregados e

comunidade) geram entre quatro e oito vezes mais empregos do que as que

satisfazem exclusivamente os acionistas. Ou seja, elas crescem mais.

• Em 1999, a Dow Jones criou um novo índice, o Dow Jones

Sustainability Index (Índice de Sustentabilidade). Organizado por uma empresa

suíça especialista em serviços financeiros éticos, o índice é composto por 229

empresas, como Honeywell, Unilever e Fujitsu. Segundo o índice, elas

produzem, em média, maior retorno para os acionistas, em cinco anos, do que

outras empresas na mesma região do mundo. E, de forma geral, elas também

se saíram melhor que o restante das empresas do mesmo setor.

Uma política interna mal definida por um funcionário de qualquer nível

pode atingir em cheio dois dos maiores patrimônios de uma empresa: a marca

e a imagem. Vejamos o caso da Coca-Cola, acusada, nos Estados Unidos, de

discriminação racial por ex e atuais funcionários negros. O grupo de

descontentes chegou a convocar um boicote público aos produtos da

companhia. Resultado: o presidente da empresa, prometeu investir 1 bilhão

de dólares em cinco anos para promover a diversidade e amenizar, com isso,

os estragos que as denúncias provocaram.

Não são apenas funcionários e consumidores que recriminam políticas

antiéticas nas empresas. Os investidores também costumam fugir. Um

exemplo disso é o episódio vivido pela espanhola Telefónica. Suas ações, na

Espanha caíram 5,5% em um dia, após denúncias de que seu presidente

mundial teria usado informações privilegiadas em benefício próprio. Tudo

começou no dia 2 de janeiro de 1998, quando ele comprou opções de ações

da Telefónica e as revendeu dias depois. Seu lucro: 120 000 dólares.

Justamente nesse período, descobriu-se depois, que o então presidente

Page 27: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

27estava negociando em segredo uma aliança com a norte-americana MCI

WorldCom. Quando o escândalo estourou, em meados de junho, a Telefónica

divulgou comunicado oficial negando a acusação. Mas isso não impediu a

reação negativa do mercado.

Não é preciso ser uma companhia de capital aberto para que as

decisões erradas tomadas por altos diretores façam rombos no caixa da

empresa. De acordo com dados divulgados pela imprensa, a Schering do

Brasil teve um prejuízo de cerca de 18 milhões de reais, sem contar o custo na

imagem, porque seus diretores foram omissos no episódio da pílula

anticoncepcional falsa, em 1998. Embora o laboratório nada tivesse falsificado,

a empresa foi displicente no controle do descarte de comprimidos produzidos

sem princípio ativo. E, quando soube que o remédio falso estava sendo

vendido em farmácias, foi lenta para alertar a opinião publica sobre o fato. Os

diretores da empresa levaram 15 dias, depois de receberem a denúncia de

uma senhora grávida, para notificar a Vigilância Sanitária. E só o fizeram no dia

em que a notícia foi ao ar pelo Jornal Nacional, da Rede Globo. De vítima de

um roubo, ela passou a ser considerada uma empresa que não respeita seus

consumidores.

A negligência na gestão de uma empresa, muitas vezes, é associada

apenas a problemas técnicos. Onde está, por exemplo, o deslize ético no

vazamento de óleo da Petrobras na Baía de Guanabara, Rio de Janeiro, no

início de 2000. Aparentemente, os dutos que conduzem o óleo teriam se

rompido porque estavam mal conservados e tinham erros de projeto na

construção. Quando se analisa a fundo o caso, entretanto, vê-se que as

conseqüências desastrosas do vazamento de óleo poderiam ter sido evitadas

pelas pessoas com poder de decisão na empresa. Uma delas era o

superintendente de meio ambiente da Petrobras. Notícia publicada pelo Jornal

do Brasil, no dia de fevereiro de 2000, afirma que ele, em depoimento à

Polícia Federal, admitiu que não tinha experiência em gestão ambiental. Ele

estava no cargo há oito meses e há 30 anos na Petrobras. No auge da crise

ele perdeu seu cargo.

Page 28: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

28Esse não foi o primeiro caso de vazamento de óleo da Petrobras na

Baía de Guanabara. Em menor escala, outro acidente ocorreu em 1997. Até

2000 Segundo o biólogo Mário Moscatelli, entrevistado pelo jornal Folha de S.

Paulo, a empresa não estava preparada nem para prevenir nem para controlar

os acidentes. Moscatelli diz que os equipamentos usados na contenção do

óleo na Baía de Guanabara eram ineficientes e insuficientes. “A Petrobras não

tem equipamento nem estratégia de ação em caso de acidente”, afirmou o

biólogo à folha. Falta de investimento em equipamento e no treinamento dos

funcionários não é em si um dilema ético, mas resultado de decisões erradas

(postergar investimentos em manutenção, por exemplo) tomadas por alguém.

Como eram os valores éticos em relação à comunidade e ao meio ambiente

desses executivos? No mínimo, frágeis.

Para saber se uma empresa é ou não ética, não basta observar seu

comportamento na hora da crise. Ao contrário, é preciso evitar deslizes e

escorregadelas. A prevenção é a palavra de ordem em qualquer empresa que

valorize a ética nos seus negócios e no ambiente de trabalho. Regras claras de

condução nos negócios e de relacionamento em equipe, além de campanhas

para discutir os limites éticos, são fundamentais. O organograma deve ser

montado de maneira a evitar que as pessoas tomem decisões sozinhas. Os

líderes da organização devem ser os primeiros a dar o exemplo.

Atualmente, ainda são poucas as empresas que têm programas éticos

estruturados. Mas há, certamente, uma tendência acentuada nessa linha. A

equipe do escritório da PriceWaterhouseCoopers, em São Paulo, oferece

serviços de consultoria na área de comportamento ético. O Instituto Ethos,

organização sediada em São Paulo com o objetivo de aglutinar empresas

preocupadas Com a ética, lançou os Indicadores de Responsabilidade Social-

Empresarial. É um sistema de avaliação dos compromissos e práticas sociais

das organizações.

Entre as empresas veteranas em políticas que regem o

comportamento ético está o laboratório Merck Sharp & Dohme. A empresa tem

Page 29: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

29um sistema aberto de comunicação que estimula a pessoa a consultar seu

superior ou colega para tirar dúvidas, reclamar ou denunciar irregularidades

éticas. Se não quiser se identificar, pode usar uma linha telefônica confidencial.

O programa gera frutos incalculáveis para a imagem e a credibilidade da

empresa. Em certa ocasião uma gerente de atendimento ao cliente da Merck,

recebeu um telefonema da mãe de um doente com Aids. Seu filho estava há

três dias sem tomar o remédio fabricado pelo Merck por problemas no

abastecimento em São Paulo. Era um caso grave. Isabel decidiu, então,

mandar uma pessoa da sua equipe levar o remédio à casa do paciente.

Como funcionária, Isabel não tinha nenhuma obrigação de enviar o

remédio para o cliente. Mas a ética é parte de seu dia-a-dia. “Além da meta

profissional, que é tratar bem nossos consumidores, há uma satisfação

pessoal imensa em poder ajudar o outro”, diz Isabel. Para profissionais como

ela, o importante é trabalhar numa empresa que valoriza a solidariedade, a

participação e o comprometimento dos funcionários. É de organizações assim

que as pessoas têm orgulho de fazer parte. É nelas que os acidentes

costumam acontecer com muito menos freqüência. O motivo é claro: elas

estão bem mais atentas, preparadas para reagir com rapidez.

Nem tudo, porém, é sempre simples e claro quando se fala em ética.

Existe uma zona cinzenta, em que às vezes é quase impossível encontrar uma

saída 100% correta para todo mundo. Uma companhia americana, por

exemplo, precisava vender uma grande propriedade na Flórida para obter

dinheiro rápido. Após ter colocado o terreno à venda, surgiu uma empresa

interessada em construir um condomínio para aposentados da classe alta. As

negociações prosseguiram até que o vice-presidente da companhia soube que

o terreno tinha servido no passado como local de despejo de resíduos tóxicos.

O solo havia sido contaminado. O que fazer? Falar a verdade ao comprador ou

priorizar a necessidade do dinheiro urgente para salvar a empresa?

Sejamos francos: ética gera questões extremamente delicadas e, na

maioria das vezes, de foro íntimo. Não existe uma receita universal, pronta e

Page 30: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

30completamente eficaz para resolvê-las. A decisão sempre varia de pessoa para

pessoa, de consciência para consciência. O que fazer para andar com um

pouco mais de segurança nesse terreno nebuloso? Eis algumas estratégias

que podem ajudar.

1. Saber exatamente quais são os limites éticos. Refletir sobre as

questões apontadas no início do texto, por exemplo. Será que iremos nos

sentir confortáveis com as respostas? Não ficaria embaraçado ao contá-las a

nossa família, amigos e colegas de trabalho? Não fazer nada que não possa

assumir em público.

2. Avaliar detalhadamente os valores da nossa empresa. Verificar

se eles combinam com os nossos. Se sim, ótimo. Estamos no lugar certo. Se

não, as saídas são poucas: ou mudamos as regras ou caímos fora.

3. Trabalhar sempre com base em fatos. Caso contrário, nossa

avaliação pode ser facilmente derrubada. Não julgar baseando-se em

suposições.

4. Avaliar os riscos de cada decisão que tomar. Medir

cuidadosamente as conseqüências dos nossos atos em relação a todos os

envolvidos.

5. Saber que, mesmo ao optar pela solução mais ética, poderemos

nos envolver em situações delicadas. Um ex-diretor de RH de uma grande

multinacional argentina no Brasil lembra que chegou a ser ameaçado de morte

quando iniciou uma investigação sobre desvio de verbas dentro da empresa.

6. Ser ético significa, muitas vezes, perder dinheiro, status,

benefício. O que fazer com os presentes de Natal? Em muitas empresas, há

um limite de valor para os brindes. Uma caneta, tudo bem. Mas e se ela for

Montblanc? Essa situação não é nada fácil de administrar, principalmente para

nós brasileiros, que fomos criados sob ética da Lei de Gérson, do jeitinho, da

vantagem acima de tudo. “Socialmente, aprendemos que é preciso fazer o

correto, mas na informalidade impera a idéia de que não há nada de errado em

Page 31: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

31levar vantagem”, afirma Srour, da USP. “Há corruptos em outros lugares do

mundo, mas no Brasil pequenos delitos são apoiados e até elogiados por

amigos e pela família. Isso ocorre em função da duplicidade moral típica da

cultura brasileira.”

É assim nas empresas tradicionais, e nas da Nova Economia, como as

de Internet e de genética. Esses dois setores são grandes geradores de

dilemas éticos. Nas empresas de Internet, a polêmica começa no cilco de vida

das empresas, Muitas delas são criadas para serem vendidas meses depois.

“Antes, as pessoas criavam empresas porque queriam mudar o mundo. Agora

elas criam porque querem mudar seus próprios bolsos”, Afirmou Justin Kitch,

CEO do Homestead.com, nos Estados Unidos, numa reportagem publicada

pela revista Fortune. Não que esse objetivo seja em si uma transgressão ética,

mas cria um ambiente em que comportamentos duvidosos podem parecer

normais. “ Pelo fato de o momento ser tão efervescente no mundo digital, as

pessoas começam a fazer tudo o que querem, não vêem limites”, diz Connie

Bagley, da Escola de Negócios da Universidade Stanford.

No mundo da genética, as interrogações não são menos intensas.

Uma das principais polêmicas se refere ao plantio e à comercialização de

sementes geneticamente modificadas. O objetivo é fazê-las resistir a vírus,

fungos, insetos e herbicidas. Por um lado, essas práticas são consideradas

alternativas para aumentar a produção de alimentos e combater a fome. Por

outro, ambientalistas e pesquisadores defendem que organismos

geneticamente modificados podem ser danosos à saúde humana. Os

profissionais que trabalham em empresas de cigarro, bebidas alcoólicas ou

armas os enfrentam há muito mais tempo. Não são raros os casos em que

executivos recusam ótimas propostas financeiras porque não se sentem

confortáveis com o tipo de produto feito pela empresa.

Infelizmente, ainda há casos em que os profissionais são submetidos a

violências que denigrem a imagem e à autoestima da pessoa. Como resultado

surgem: baixo desempenho, absenteísmo e culmina até no desligamento do

Page 32: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

32colaborador da empresa. Trata-se do chamado assédio moral e se manifesta

através de situações constrangedoras ou degradantes como, por exemplo,

rotulação de apelidos, delegação de atividades não compatíveis à função, bem

como atitudes de gestores que fazem do "abuso do poder" uma constante

junto aos membros da sua equipe. O resultado dessa agressão, muitas vezes,

termina até mesmo na Justiça do Trabalho.

Já falando de Ética virtual, a internet está mudando o comportamento

ético nas empresas. A opinião é de Timothy Fort, professor de ética e e-

commerce no MBA da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos.

Segundo ele, além de ser um novo meio de realizar negócios, a Internet muda

a velocidade dos acontecimentos, a forma de remuneração dos funcionários e

o ambiente de trabalho. Resultado: os riscos de quebra de conduta ética são

ainda maiores do que nas empresas tradicionais.

Agir eticamente dentro (ou fora) da empresa sempre foi e será uma

decisão pessoal. Uma vez que tenhamos despertado para o assunto, mais e

mais ele tende a ser considerado nas decisões, num processo permanente,

sem fim. É claro que sempre estamos sujeitos a deslizes e equívocos. Nunca

esquecendo, porém, de que esse costuma ser um caminho sem volta

Page 33: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

33

CAPÍTULO III

Inteligência emocional e Ética, Aspectos positivos na

ambiência do emprego e atuação do RH

Conter o impulso emocional, dirigi-lo no sentido dos preceitos de uma

consciência moldada em princípios éticos, é função da “inteligência emocional”.

Podemos entender, sob a ótica que é objeto de nosso estudo, como

inteligência emocional, pois o uso da razão para o domínio da emoção, através

de uma condução competente do que sentimos, em favor de uma vontade

ética.

Exemplos milenares sobre sugestões ao uso da inteligência emocional

já se encontram nas lições de Buda, ditadas a Ananda, advertindo sobre a

necessidade de suprimir a forte emoção do desejo e substituí-la por uma

consciência inteligente que venha estabelecer o “ domínio dos seis sentidos”.

O grande filósofo oriental sugeriu o governo da emoção como um

caminho; hoje, cientificamente, aceitamos como necessário que todo ser

prepare-se emocionalmente, acionando sua inteligência emocional, para que

disto decorra uma conduta que possa classificar-se como de excelência ética.

A ótica filosófica referida, de Buda, como princípio, desenvolve-se hoje

na “ciência do eu”, no que tange ao campo da conduta, dizendo, pois, respeito,

diretamente, ao “ético”.

Surgiu todo um ramo de conhecimento que se dedica ao que se

denominou de “ciência do eu”, que visa, exatamente, oferecer elementos para

o controle das emoções, para que estas não ultrapassem o limite do razoável e

venham a impedir ou mascarar uma conduta virtuosa, serena, ou seja, de

qualidade ética.

Page 34: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

34Parece-me que a falta de motivação também age como complemento

relevante na disciplina emocional e tal falta compromete a ação dos seres, uns

perante os outros.

Uma imprensa negativista e que só veicula notícias agressivas motiva,

sim, a violência; ao contrário, uma difusão orientada no sentido do bem tende a

motivar a virtude.

O mesmo passa-se com qualquer outro veículo de informação que

chega ao cérebro.

A manipulação da informação tem sido uma forma de abuso do Poder

que governos e grupos econômicos têm utilizado para despertar emoções,

acelerar consumos, acomodar o povo diante da mentira etc.

De forma oposta, também nos países de maior evolução busca-se

motivar cada vez mais a população a crer em seus destinos e no poderio de

suas Nações.

Como a motivação age sobre o emocional e o emocional age sobre o

ético, é axiomático que a motivação tem influências sobre a ética.

Não me parece racional, admito, estabelecer rigores tão radicais que

nos impeçam de entender que o estudo da ética deva estar associado àquele

da Inteligência Emocional, embora isto não seja aceito por alguns pensadores

e estudiosos que entendem que emocional e ético são matérias absolutamente

distintas.

O fato de estudarmos uma matéria correlata não significa que estamos

deformando ou deturpando a que é objeto do conhecimento da nossa.

Entre os estímulos mentais, está o emocional, como porta de entrada

para todo um complexo, e embora não seja, por vezes e até muitas vezes, o

aconselhável para a conduta, não deve ser excluído, inclusive para que possa

ser analisado sob seu ângulo de correção.

Page 35: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

35A Ética estuda atos programados no cérebro, mas, não deve excluir o

que possa influir sobre tal programação.

A crítica pode derivar-se apenas do fator emotivo, mas, também, de

dever ético, baseado na razão, no desejo do acerto.

O perigo está em mesclar esses campos e nada melhor que o uso de

uma inteligência emocional, de uma ética, para transformar a crítica em algo

deveras construtivo, para que não seja uma ofensa, mas sim uma forma de

cooperar.

Éticamente, a crítica deve ser evitada quando se refere a trabalhos de

colegas, por exemplo, mas é obrigação quando se relaciona a tarefas de

auxiliares ou de quem se incumbiu de executar um trabalho que transferimos,

mas sem dele perder a responsabilidade.

A ambição, o desenfreado interesse especulativo, pode, entretanto,

fazer esses vícios da emoção prevalecerem e as normas éticas então se

romperem.

As pessoas reagem diferentemente diante da crítica e esta pode ser de

ordem fortemente emocional, ferindo, inclusive, a ética.

Muitas pesquisas, no campo do relacionamento, comprovaram que é

deveras significativo o número de rupturas, em todos os gêneros de

sociedades (conjugais, comerciais, de classe etc.), motivadas pelo uso mal

feito da crítica.

Todos os entes humanos, entretanto, desejariam evitar aquelas árduas

repreensões que ferem.

Os maiores defeitos de relacionamento encontram-se, em quase todos

os lugares, nos problemas oriundos das “cobranças emocionais e funcionais” ,

mas, especialmente no trabalho.

Page 36: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

36Um líder não critica, preferindo conduzir o liderado a raciocinar com ele

e esta é uma importante prática ética.

Criticar é, todavia, um ato comum e necessário; o que é incomum,

embora necessário, é saber como criticar.

A crítica mal feita é caminho aberto para a resistência.

Em geral, quem só critica, sem contribuir com argumentos sadios para

que se encontre o caminho certo, é incompetente no campo ético.

Reprovar um ato praticado por nosso semelhante requer mais que o

uso da razão, exigindo sensibilidade e toque emocional.

Nessa área, soma-se a inteligência emocional com a consciência ética

para totalizarem-se em uma conduta eficaz.

A Ética não tem por objeto precípuo de seu conhecimento, repito, o

estudo da emoção como base, mas não pode, entendo, progredir, nem

aprofundar-se, sem unir o indissociável, que é essa ação de uma Inteligência

Emocional e que, sendo associação de razão e emoção, pelo que tem de

racional, interessa, inequivocamente, ao campo da Ética.

Tudo o que está no domínio da mente e do espírito e que pode refletir-

se em conduta é interesse da Ética.

Na condição de empregado, o profissional subordina-se a um poder

patronal, a uma condição especial de relacionamento obediente. A obediência

no emprego não deve, todavia, significar escravidão, nem negação da

Consciência Ética, nem exclusão total da vontade humana, mas exige

subordinação de vontades.

Às vezes, pode-se observar uma transigência acomodada, ou, ainda,

uma concessão que o profissional empregado acaba por fazer perante os

rigores tecnológicos que formam sua Consciência, em favor do interesse

patronal.

Page 37: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

37Tal concessão pode ocasionar reações diferentes nos seres, de acordo

com suas estruturas mentais e a importância do fato. Ou ainda, por exemplo,

um profissional funcionário pode terminar por sujeitar-se a tal autocrítica de

que é possível que venham vitimá-lo graves disfunções orgânicas, derivadas

de efeitos psicossomáticos, com origens no superego.

Enfrenta, no caso, um bívio: ou realiza uma tarefa, mesmo consciente

de que não é a melhor, ou perde o emprego e nesse caso abala-se a estrutura

de seus rendimentos ou até sua condição de sobrevivência.

A perspectiva de perda do emprego produz a vontade de preservá-lo,

logo, de praticar o que lhe é comandado; a perda da autonomia para exercer

sua Vontade Ética, promove o desejo de não praticar o que é comandado;

nesse conflito de duas forças energéticas iguais e contrárias, no cérebro,

ocorrem os traumas, as neuroses, os desequilíbrios, que afetam organismo e

tornam vacilantes as condutas.

Um contador, por exemplo, poderá ser comandado para realizar

determinados lançamentos que interessam à diretoria, mas que pioram a

qualidade técnica demonstrativa; assim pode ser exigido, na demonstração do

balanço, na conta dos Clientes, no Ativo Circulante, que se incluam as

duplicatas a receber vencidas e já de há muito não pagas; a lei não impede tal

procedimento, mas, contabilmente, isto provoca uma distorção na evidência da

liquidez, por considerar como “ realizações em dinheiro e a curto prazo” aquilo

que não se consegue receber.

Também um médico, seja empregado de uma cooperativa, de um

hospital, da Previdência Social, pouco importa, exercerá seu conhecimento no

sentido de atender o paciente de forma a proteger-lhe a saúde e a recomendar

o que é aconselhável em matéria de medicação e de comportamentos, mas

como empregado pode estar limitado, em seu tempo clínico, dele sendo

exigido um mínimo de atendimento de pessoas por dia. Nesse caso, para

cumprir a rotina administrativa, pode piorar a qualidade dos exames clínicos.

Page 38: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

38Variam, pois, os graus de conhecimento, de poder, de autonomia e

determinação da vontade de acordo com as ambiências.

Quando, todavia, a prática de um ato pode acobertar um delito grave,

aí, sim, o profissional deve recusar-se a ser conivente ou a participar de

conluios que possam prejudicar visivelmente terceiros.

Sabemos que em períodos de crises de empregos, quando os países

enfrentam altos graus de desocupação, perder um lugar é perder muito.

Sabemos, todavia, também que as deformações morais por torturar o Ser por

sua própria Consciência, além de sujeitá-los a riscos muito sérios quanto a seu

conceito.

No Brasil, se os direitos do emprego se defendem nas associações e

sindicatos, na Justiça do Trabalho, por outro lado, os do comportamento moral

do profissional ainda não conseguiram uma posição conveniente e definida.

Em relação ao posicionamento ético e da proteção ao profissional

empregado, quanto aos aspectos de sua conduta, ainda há todo um campo a

ser explorado e normalizado.

São oportunas as palavras de Mardem:

“A dignidade, a paz e o bem-estar não podem existir para

quem voluntariamente se dedica a um trabalho

indecoroso, desses que contribuem para o

relacionamento da imoralidade e têm por base os mais

degradantes vícios e paixões.” (MARDEM,O.S. A escolha

da profissão. Porto: Figueirinhas, s.d. p.127).

Ressaltar só aspectos conflitantes e negativos nas relações entre o

profissional e o empregador é fazer exame parcial da questão. O que

Page 39: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

39normalmente o empregado tem como deveres profissionais éticos são as

práticas usuais da virtude: zelo, discrição, pontualidade, disciplina, sigilo,

honradez etc. e devem começar pela seleção de seu trabalho.

São expressivas, a esse respeito, as palavras de Mardem:

“A dignidade, a paz e o bem-estar não podem existir para

quem voluntariamente se dedica a um trabalho

indecoroso, desses que contribuem para o

desenvolvimento da imoralidade e têm por base os mais

degradantes vícios e paixões.” (MARDEM,O.S. A escolha

da profissão. Porto: Figueirinhas, s.d. p.127).

Como o emprego consome grande parte de nossas vidas, a escolha da

forma de viver já é todo um princípio de qualidade espiritual. Isto porque “aquilo

de que os homens vivem é a fé na razão de viver”,”é o estado de certeza e de

crença”, no dizer de Petrone (PETRONE,Igino, Filosofia Del diritto. Varese;

Giuffrè, 1950. P. 266); também afirmou Buda que “vivemos do que pensamos”;

tudo isto moldada ao sabor dos interesses maiores da natureza da tarefa que a

empresa, onde se vai trabalhar, adota.

O empregado deve estar motivado a crer na tarefa que lhe atribuem e

em seu próprio desempenho; deve aceitar convicto de que sem a aludida

tarefa a empresa não estaria completa em suas funções; quando esta é a

mentalidade de que existe um compromisso com a eficácia, o profissional,

também instintivamente, cumpre suas obrigações com adequação ética.

O profissional, como empregado, tem sua ética volvida ao

compromisso com as finalidades empresariais ou institucionais específicas, em

geral, e, em especial, dentro dos limites de sua responsabilidade e autoridade.

Page 40: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

40As condutas possuem, portanto, os limites de sua ambiência. Devem

adaptar-se ao exigível para o desempenho das tarefas. Cada função de labor

tem suas características.

Aquelas virtudes pétreas, comuns a todos os desempenhos (zelo,

honradez, pontualidade etc.), conservam-se intactas, mesmo na condição de

emprego, pois a moral não é algo que se transfere pelo fato de estar-se

empregado ou subordinado.

A ambiência do emprego, outrossim, pode ter motivações especiais e

exigir outras formas virtuosas de conduta, específicas. Ninguém deve violentar-

se com atos indignos sob a capa de que foi mandado fazer, mas também

precisa, com dignidade, aceitar o desempenho se deu papel como se um ideal

fosse. Trabalhar para apenas se remunerar, quase sempre compromete a

qualidade do serviço.

O emprego pode transformar-se em um estímulo de vida para o

profissional, de modo que este se identifique com ele e suas virtudes de berço

passam a ser transplantadas para toda sua tarefa, preocupado que fica em

fazer o melhor.

O positivo, no caso, provém da identidade entre a ambiência funcional

e o ideal que ela motivou, de modo a transformar-se em um dever ético.

Ética, no pensamento de uma grande maioria é de que se trata apenas

de mais um "modismo", uma onda passageira que arrastaria as organizações

para um processo de revisão de seus procedimentos internos e externos nos

âmbitos social, cultural, de convívio com clientes, fornecedores e acionistas

diante de uma crise mundial ora instaurada.

Diferentemente da moral, mas estreitamente relacionada ao termo, é

através da ética que a pessoa é levada ao seu momento de introspecção. Isto

é, ele se volta para o seu próprio íntimo fazendo um autoexame de consciência

e avaliando os reflexos de suas atitudes e comportamentos perante a

Page 41: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

41sociedade que o circunda; afinal, a atitude ética é necessária em qualquer

segmento, seja na vida profissional ou pessoal.

Ao longo dos anos, a sociedade de um modo geral vem passando por

transformações comportamentais que consequentemente influenciaram as

empresas a passarem por processos de mudanças em relação à sua atuação

e os impactos gerados por elas. Tais mudanças são fundamentais para que

essas organizações sobrevivam em um mercado globalizado, como o atual,

isto é, se realmente estas companhias estiverem de fato dispostas a se

tornarem competitivas e sobreviverem.

Já não existe espaço para as empresas que não se engajam no que

diz respeito à sustentabilidade e à responsabilidade socioambiental, pois os

consumidores estão mais exigentes e conscientes do papel das organizações

nestas questões, o que gera certa pressão para que elas atuem de maneira

sustentável.

Então, o "agir correto" deixou de ser tratado apenas como mais um

"artigo de perfumaria"; é um tema que agora está inserido em planos

estratégicos empresariais e em alguns casos faz parte até mesmo das metas a

serem atingidas pelas equipes de trabalho. É dever de todos nas instituições

manter a boa imagem da organização perante a sociedade através da boa

conduta de seus funcionários, tanto com os clientes internos quanto externos.

Falando sobre assédio moral citado no capitulo II, eis algumas ações

preventivas que podem ser utilizadas pelo RH das organizações:

1 - A empresa pode investir em ações educativas e estimular a paz nos

relacionamentos em todos os níveis. Para isso, os canais internos de

comunicação são indispensáveis no combate ao assédio moral.

2 - Quando a comunicação interna divulgar alguma informação

referente ao assédio moral, a fonte deve ser sempre citada. Isso serve para

matérias, entrevistas, promulgação de leis, entre outros dados relevantes.

Page 42: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

423 - A cultura organizacional deve ser reforçada e os colaboradores

informados que os diretos humanos, seja através dos direitos trabalhistas

como também pelos direitos universais do cidadão fazem parte dos valores

internos e devem ser praticados por todos os que atuam na companhia.

4 - Uma ótima oportunidade para saber se o assédio moral circula pela

organização é durante a realização da pesquisa de clima organizacional. Um

dos fatores que podem ser abordados na aplicação da ferramenta é

exatamente saber se os funcionários sentem-se coagidos, humilhados,

discriminados de alguma forma, seja pelos líderes ou demais colegas de

trabalho.

5 - Para combater o assédio moral, a organização pode criar um

comitê permanente e que tenha o objetivo de desenvolver procedimentos que

garantam a integridade dos colaboradores. O mesmo comitê pode, por

exemplo, ser formado por representantes dos departamentos como por

funcionários formadores de opinião, que tenham facilidade de comunicação

com os demais pares.

6 - Outra atividade relevante que dá bons resultados é a criação de um

Código de Ética, que expresse claramente a postura da empresa em relação

ao assédio moral e quais providências serão adotadas, caso algum fato ocorra.

7 - A realização de palestras em eventos realizados pela organização

como treinamentos, encontros comemorativos é uma alternativa para

esclarecer aos colaboradores o que significa assédio moral e as

consequências que pode gerar à empresa, ao assediador e à vítima.

8 - Os gestores têm papel de grande relevância no combate e na

prevenção do assédio moral. Para isso, a empresa pode optar em treinar os

gestores e esses, por sua vez, tornem-se agentes multiplicadores do assunto.

9 - Muitas vezes, as vítimas do assédio moral ficam caladas porque

não se sentem seguras de fazer a denúncia para que o problema venha à

tona. A área de Recursos Humanos, por exemplo, deve deixar claro que suas

Page 43: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

43portas sempre estarão abertas para ouvir os funcionários, garantindo o sigilo

dos fatos relatados.

10 - Ao tomar ciência de assédio moral, a área de RH precisa

averiguar a veracidade da denúncia e, quando o fato for constatado,

encaminha o caso rapidamente para a direção, a fim de que as providências

necessárias sejam adotadas.

A área de Recursos Humanos tem sido de fundamental importância,

para disseminar a relevância da ética, adotando-a muitas das vezes como um

valor institucional, que está relacionada a ações e bons comportamentos de

todos os funcionários da organização. Além de alinhar todos os níveis

hierárquicos, convidando-os a participarem democraticamente da elaboração e

implantação de um código de conduta interno, são formas de comprometer e

envolver a organização como um todo, para juntos caminharem em

consonância com os ideais, valores e missão da empresa.

Cabe, neste caso, à área de Recursos Humanos o papel de mediador

dessas questões. É o RH que possui as ferramentas para o envolvimento das

pessoas, convocando-as e incentivando-as a se comprometerem com o

processo de implementação de uma nova cultura organizacional.

Neste novo cenário o RH ganha uma posição de destaque, pois agora

assume um papel mais estratégico nas organizações, funcionando como uma

espécie de elo de ligação entre as áreas. Dessa forma, o departamento atua

verdadeiramente como agente ativo nos processos que envolvam as pessoas

e deixando de lado aquela visão antiga de RH operacional, na qual o setor era

visto apenas como um gerador de custos e sinônimo de demissões.

Page 44: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

44

CONCLUSÃO

Um programa de treinamento (que assim como a contratação, entre

outros assuntos envolve o RH estratégico) em ética predispõe a uma conduta

ética e alcança melhores resultados em função de uma experiência em

treinamento interativo, conseguido com análises de casos e discussão de

situações relevantes aos participantes e suas áreas funcionais. A orientação

de novos funcionários, os programas de desenvolvimento gerencial e de

supervisores e os de educação ética em geral podem ser esquematizados.

Isso ajudará a desenvolver as habilidades de raciocínio crítico necessárias à

resolução de difíceis dilemas éticos na organização.

A empresa necessita desenvolver‐se de tal forma que a ética, a

conduta ética, os valores e convicções primários da organização reúnem‐se

parte da cultura da empresa. Para que se mantenha o alto nível do clima ético,

resultante do esforço de cada stakeholder, pode ser útil implementar um

sistema de monitoramento e controle dos ambientes interno e externo da

organização, para detectar pontos que podem vir a causar uma conduta

antiética. Esse sistema, denominado por alguns, auditoria ética, e por outros

compliance, visa ao cumprimento das normas éticas do código de conduta,

certificando que houve aplicação das políticas específicas, sua compreensão e

clareza por parte de todos os funcionários. Esse trabalho de acompanhamento

pode servir como subsídio para o comitê de ética e o treinamento em ética.

A conduta ética gera uma visão de perspectiva que provoca um natural

desejo de antecipar‐se, de ter iniciativas para atender às necessidades da

empresa e das pessoas que nela convivem, como fruto de sua sensibilidade

ética.

Page 45: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

45

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

APOSTILA ÉTICA PROFISSIONAL. Paranhos, Walkyria. Módulo III, fama.

Cecília C. de Arruda, Maria; do Carmo, Maria; Rodriguez Ramos, José Maria.

Fundamentos da ética empresarial e economia, Atlas, 2001.

Lopes de Sá, Antonio. Ética profissional. Atlas, 2007.

Moreira, Joaquim Manhães. A ética empresarial no Brasil. São Paulo: Pioneira,

1999.

Sanchez Valquez, Adolfo. Ética, Editora Civilização Brasileira.

REVISTA VOCÊ S.A. 2000. p.28.

www.eticaempresarial.com.br , acessado em 30/01/2010.

www.rh.com.br, acessado em 20/01/2010.

www.vocesa.com.br, acessado em 20/01/2010.

Page 46: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

46

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

(ÉTICA PROFISSIONAL) 9

CAPÍTULO II

(DESVANTAGENS DA FALTA DE ÉTICA

PROFFISIONAL) 23

CAPÍTULO III

(INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E ÉTICA,

ASPECTOS POSITIVOS NA AMBIÊNCIA

DO EMPREGO E ATUAÇÃO DO RH) 33

CONCLUSÃO 44

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 45

ÍNDICE 46

Page 47: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · seu desenvolvimento, do esforço conjunto de professores universitários e executivos. Ao final da década de 90, ... Instituto

47

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição:

Título da Monografia:

Autor:

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: